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2012 – Portal Educação
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - Brasil Triagem Organização LTDA ME Bibliotecário responsável: Rodrigo Pereira CRB 1/2167
Portal Educação
P842e Elaboração de projetos educacionais / Portal Educação. - Campo Grande:
Portal Educação, 2012.
113p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-8241-168-1
1. Planejamento educacional. 2. Projetos educacionais - Elaboração. I.
Portal Educação. II. Título.
CDD 371.207
2
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 4
2 PLANEJAMENTO: DEFINIÇÕES E ABORDAGENS ................................................................ 5
2.1 PREVER NECESSIDADE .......................................................................................................... 6
2.2 DEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS .................................................................................................. 7
2.3 RACIONALIZAÇÃO DOS MEIOS E RECURSOS ...................................................................... 7
2.4 AVALIAÇÃO CONSTANTE ........................................................................................................ 8
3 O PLANEJAMENTO NO CONTEXTO ESCOLAR ..................................................................... 9
3.1 PLANEJAR O PROCESSO EDUCATIVO ................................................................................. 10
3.2 PLANEJAMENTO EDUCACIONAL ........................................................................................... 11
3.3 PLANO CURRICULAR ............................................................................................................. 14
4 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 21
5 PROJETO: PROPOSTA REFERENCIAL – METODOLÓGICA ............................................... 28
5.1 ESTRUTURANDO UM PROJETO ............................................................................................ 29
5.1.1 Por que trabalhar com projetos? ............................................................................................... 34
5.1.1.1Caracterização .......................................................................................................................... 34
5.1.2 Princípios fundamentais no trabalho com projetos .................................................................... 35
6 PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO ...................................................................................... 37
6.1 PRINCÍPIOS ORIENTADORES ................................................................................................ 40
7 ROTEIRO SUGESTIVO PARA PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO .................................... 48
8 CALENDÁRIOS E MATRIZES ESCOLARES ........................................................................... 51
8.1 MATRIZ ESCOLAR ................................................................................................................... 53
3
9 REGIMENTO ESCOLAR .......................................................................................................... 57
9.1 RELAÇÃO EXISTENTE ENTRE PPP E REGIMENTO ESCOLAR ........................................... 59
10 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 60
10.1 PLANO DE CURSO................................................................................................................... 67
11 PLANO DE DISCIPLINA ........................................................................................................... 68
11.1 OBJETIVIDADE E REALISMO .................................................................................................. 88
11.2 FUNCIONALIDADE ................................................................................................................... 90
11.3 SIMPLICIDADE ......................................................................................................................... 90
11.4 FLEXIBILIDADE ........................................................................................................................ 91
11.5 UTILIDADE ................................................................................................................................ 91
12 ETAPAS PARA A ELABORAÇÃO DO PLANO DE DISCIPLINA ............................................ 92
12.1 SONDAGEM .............................................................................................................................. 93
12.2 DEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS ................................................................................................. 93
12.3 SELEÇÃO DOS CONTEÚDOS DA DISCIPLINA ...................................................................... 94
12.4 SELEÇÃO DOS PROCEDIMENTOS ........................................................................................ 98
12.5 SELEÇÃO E ORGANIZAÇÃO DOS RECURSOS DIDÁTICOS ................................................. 99
12.6 PROCESSO DE AVALIAÇÃO .................................................................................................. 100
13 MODELOS DE PLANO DE AULA ........................................................................................... 102
13.1 PLANO CURRICULAR ............................................................................................................. 102
13.2 PLANO BIMESTRAL ................................................................................................................ 103
13.3 PLANO DE UNIDADE .............................................................................................................. 105
14 SUGESTÕES DE ROTEIROS PARA PLANO DE UNIDADE .................................................. 107
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 112
4
1 INTRODUÇÃO
Nos últimos tempos surgiram novos conceitos e novas abordagens para planejamento
educacional, curricular e, principalmente a respeito da elaboração de projetos.
A intenção deste curso é oferecer elementos fundamentais que poderão ser aplicados
na prática e que contribuirão para a formação dos profissionais da educação que creem na
construção de um processo educativo de qualidade.
Vamos iniciar nossos estudos, compreendendo o que é planejamento, planejamento
educacional e planejamento curricular. Esses conceitos serão imprescindíveis para começarmos
a trabalhar com elaboração de projetos educacionais.
Bons estudos!
5
2 PLANEJAMENTO: DEFINIÇÕES E ABORDAGENS
Planejamento! O que significa “planejar”? Devemos ou não planejar nossas ações? Em
que situações precisamos – de fato - planejar algo? Na educação, qual a função e a importância
do planejamento educacional? Planejar o ensino é um constructo que avaliza a aprendizagem?
Para responder a essas e outras questões, vamos começar entendendo o que é
Planejamento. Planejar é definir metas, construir caminhos para se alcançar um determinado
objetivo. Parte-se de uma análise de uma situação ou problemática inicial e de um
reconhecimento dos meios que se dispõe no momento para alcançar o conhecido objetivo.
Quando acordamos e pensamos no que vamos realizar no dia que se inicia, ou quando
estabelecemos rotinas necessárias para cumprir tudo que temos programado, estamos
planejando nosso dia, nossas tarefas. Passamos o dia pensando o que fazer, como fazer, se eu
posso ou não fazer, se faço isso ou aquilo. Todas essas questões são feitas quando desejamos
alcançar alguma coisa, algum objetivo seja para si ou para outros. Isso é o ato de planejar.
Algumas ações diárias não requerem estruturação concreta de cada etapa a ser
realizada, pois já fazem parte do nosso cotidiano, sendo quase que automático a execução
dessas tarefas. Outras, no entanto, precisam de uma organização racional e estruturada para
que se alcancem os objetivos a que se propõe.
Planejar é uma atividade intrínseca ao ser humano. Todos nós planejamos nossas
ações, algumas mais conscientes e estruturadas, outras nem tanto, mas sempre planejamos
para alcançar os resultados que desejamos. Com isso, podemos concluir que ninguém vive sem
planejamento, entretanto podemos viver sem o ato de executar. Muitas vezes, a lacuna existente
entre o PLANEJAR e o EXECUTAR é muito grande, e daí a importância de um planejamento
estruturado, simples, objetivo e que viabilize a sua execução.
Maximiliano Menegolla conceitua planejamento como:
Planejar é uma exigência do ser humano: é um ato de pensar sobre
um possível e viável fazer. E como o homem pensa o seu “quê fazer”,
6
o planejamento se justifica por si mesmo. A sua necessidade é a sua
própria evidência e justificativa. (MENEGOLLA, 2003, pág. 17).
Planejar é, assim, parte do indivíduo, é o desejo de alcançar algo, de transformar
desejos em realidade. Toda a história da humanidade foi construída sobre o pensar o passado,
presente e futuro. O homem sempre pensou e imaginou seu fazer, ou seja, o “pensar sobre” é o
ato de planejar propriamente dito.
As definições e conceitos acima apresentados não são voltados para um determinado
tipo de planejamento. Há diversas abordagens e diferentes características dependendo do que
se planeja. O planejamento pode ser educacional, estratégico, empresarial, econômico ou
industrial, por exemplo. Entretanto, os elementos básicos são os mesmos, o que irá diferenciar
são a complexidade, o enfoque e o direcionamento de cada etapa ou ação.
O ato de planejar possui quatro elementos essenciais na sua definição. São eles:
Prever necessidades;
Racionalização dos meios e recursos;
Definição dos objetivos;
Avaliação constante.
2.1 PREVER NECESSIDADE
Essa etapa do processo requer pensar sobre uma situação real e uma futura que se
deseja alcançar ou construir, seja para corrigir ou para evitar problemas.
Prever necessidades é analisar objetivamente o que se pode fazer para resolver
situações reais ou potenciais, presente ou futura a fim de concretizar algo. Necessidade pode ser
sob esse aspecto, um cenário visto ou previsto.
7
A análise preliminar ou exploração da realidade é a primeira etapa do planejamento.
Somente conhecendo a realidade é que se consegue estabelecer e desenhar com precisão
necessidades que devem ser estudadas e sanadas no planejamento, estabelecendo quais
necessidades são prioritárias e urgentes e, quais medidas serão adotadas em conformidade com
o proposto.
2.2 DEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS
Agora que já se conhece a realidade e já se fez uma análise inicial sobre o cenário
atual e futuro, eis que se faz necessário definir e selecionar quais objetivos deverão ser
alcançados com o planejamento que se está construindo.
Objetivos devem expressar de forma claramente as intenções do projeto, devem incluir
prazos, cronogramas e etapas. Deve-se assim questionar:
Quando será iniciada a execução das ações?
Até que ponto ir, quando encerrar as atividades?
Essas e outras questões são necessárias para que o responsável pela elaboração do
planejamento consiga delimitar o projeto e dimensionar as ações em concordância ao que se
deseja alcançar.
Os objetivos, por sua vez, devem ser claros e concretos e devem anunciar exatamente
os resultados desejados.
2.3 RACIONALIZAÇÃO DOS MEIOS E RECURSOS
Menegolla define “racionalizar” da seguinte forma:
8
racionalizar é saber usar, com sabedoria, a razão para se poder efetivar uma real previsão de todas as condições e dos meios necessários, a fim de poder executar, com eficiência, o plano. É saber tomar decisões sobre o que se deve usar e sobre quem vai executar o plano. (MENEGOLLA, 2003, pág. 19)
Para elaborar um planejamento é necessário ter habilidade e competência para
antecipar ações que irão se realizar em um momento posterior. Para tanto, é essencial uma
análise precisa sobre os meios e recursos que serão necessários em todas as etapas do
planejamento para se alcançar o resultado desejado. Ou seja, uma competência fundamental
para quem elabora o planejamento é visão sistêmica, é ter condições de olhar o todo, em uma
visão de processo em que teremos dados de entrada ou iniciais, que serão processados e ações
serão realizadas e, por fim, as saídas que são os objetivos alcançados propriamente ditos.
A análise e a decisão sobre os meios e recursos necessários para a execução das
ações futuras é de extrema importância no alcance dos resultados e objetivos. Esse é o passo
em que se analisam profundamente e sistematicamente todos os recursos que se dispõe e todos
que poderão ser disponibilizados ou adquiridos, sejam eles humanos ou materiais.
Necessidades
iniciais.
Entrada
Planejamento.
Execução das
ações
planejadas.
Resultados
alcançados.
Saída
Processo
FONTE: Flavia Vargas
9
É somente tendo a clareza e a exatidão do que se quer atingir e de quais objetivos se
quer alcançar é que se consegue decidir sobre os recursos e meios que serão necessários.
2.4 AVALIAÇÃO CONSTANTE
Se o objetivo é a previsão daquilo que se deseja mudar ou construir com um
planejamento, fica evidente a necessidade de se avaliar constantemente e repensar o
planejamento daquilo que se propõe, a fim de observar conformidade ou falta, entre os
elementos que compõem.
Entretanto, para que se possa avaliar e reavaliar o planejamento, é necessário definir
os critérios de avaliação, a função da avaliação no processo e a metodologia utilizada para
avaliar.
Assim, podemos definir que o planejamento precisa de:
• conhecimento ou reconhecimento da realidade, problemática e prioridades;
• definição dos objetivos;
• decisão sobre os meios e recursos;
• critérios de avaliação, e
• cronograma de execução.
FONTE: Flavia Vargas
10
3 O PLANEJAMENTO NO CONTEXTO ESCOLAR
E educação é o que direciona o processo de reconstrução do ser humano em todas as
suas dimensões: pessoais, sociais e culturais. O homem está inserido em uma sociedade com
princípios e regras que circundam e norteiam sua vida. Entretanto, esses conceitos (ou
preconceitos) não são definitivos. Tudo é mutável, isso é o que faz com que o homem necessite
constantemente aperfeiçoar sua capacidade de adaptação e (re)inserção em espaços novos e
dinâmicos.
Evidentemente que nos é dado o poder de escolha, de determinar o nosso modo de
ser e agir enquanto grupo e enquanto indivíduo. A escolha de como viver, de quais caminhos
percorrer e de que forma é uma determinação essencialmente individual. E ao fazer essas
escolhas, estamos exercitando o ato de planejar.
A educação não oferece ao indivíduo tudo que ele necessita, não é a garantia de um
destino determinado. Ela deve ser percebida e construída como algo sistêmico, complexo que
abrange tudo e todos e que nesse espaço cada um – individualmente – está inserido para
construir sua trajetória. E esse é um dos papéis essenciais do planejamento educacional:
alimentar o ser humano com valores, princípios e conhecimentos a fim de auxiliá-lo a fazer suas
escolhas e trilhar seu caminho da melhor forma.
Para tanto, é necessário que a escola, em conformidade com a sociedade em que está
inserida, estabeleça objetivos educacionais condizentes com o teor da educação pura e simples:
desenvolver a totalidade existencial de cada ser humano.
Como vimos anteriormente, o ato de planejar envolve – inicialmente – prever situações
ou necessidades reais ou potenciais. No âmbito educacional é necessário que isso se estruture
por meio de atitudes, conhecimentos científicos e acadêmicos. A primeira atitude é planejar o
processo educacional.
Assim, podemos definir que planejamento é o elemento constitutivo principal do
processo educacional, pois indica as direções e os rumos que se deve seguir. Ele parte de uma
realidade que contextualiza o ser humano e o seu viver.
11
FIGURA 1
FONTE: Disponível em: <http://www.planetaeducacao.com.br/portal/artigo.asp?artigo=1083>. Acesso em: 03.01.2012.
3.1 PLANEJAR O PROCESSO EDUCATIVO
Planejar o processo educativo significa, em linhas gerais, analisar o ser humano e seu
contexto hoje, no presente, para projetar um cenário futuro, entretanto, próximo. As ações
educativas que serão planejadas devem ser capazes de tirar o homem de sua zona existencial
atual e lançá-lo para outro patamar, outro “viver”, com outros sentidos e novas situações e
soluções para as novas necessidades.
O planejamento educacional deve proporcionar às partes envolvidas, essencialmente
os alunos, a superação dos impedimentos para que ele possa determinar os objetivos da sua
vida, sabendo que irá trilhar por caminhos desconhecidos, mas com lucidez e autonomia,
fazendo as melhores escolhas.
Isso não significa que a educação deve ser planejada de forma a manipular ou
direcionar as escolhas de cada ser humano, rígida ou inflexível, dirigindo a aprendizagem com
determinados conteúdos propostos por esferas políticas. Lembre-se que pensar educação é
proporcionar o crescimento e evolução de cada ser humano.
12
Uma das primeiras coisas que aprendemos nesse curso, é que é necessário definir
objetivos em um processo de planejamento. Todavia, em se tratando de educação, se planeja o
indefinido. Os resultados do processo educativo não podem ser predefinidos ou pré-moldados
como se fossem produtos decorrentes de uma ação mecânica.
Devemos ter sempre em mente que planejamos para seres humanos, permitindo que
sejam autores e atores de sua própria história. O planejamento educativo parte de uma análise
contextual real e é guiado por regras e necessidade, entretanto, ele não pode ser dominador e
definitivo, deve sim, orientar a busca por novos caminhos e novas soluções, por isso não é
conclusivo e definitivo.
Entendemos educação como algo que deve libertar, conscientizar e comprometer o
indivíduo dentro da sociedade em que está inserido. Assim, o educando passará a ser
personagem principal da ação educacional. Esse deve ser o eixo condutor de qualquer
planejamento educacional.
Ao planejar a ação educacional deve-se ter o cuidado de não restringir o potencial do
educando de se autodeterminar, escolher seus valores e seus princípios e, principalmente de
tomar suas decisões. Planejar uma educação significa, nesse contexto, conscientizar e
comprometer o indivíduo a ser parte integrante e ativa de uma sociedade que está em constante
evolução.
Daí se entende a importância do profissional responsável pelo planejamento
educacional, conhecer profundamente os princípios da filosofia da educação e como incorporá-
los na ação educacional.
A filosofia é assim a orientadora do planejamento, pois o que fazer e como fazer diante
de um determinado contexto ou realidade. Menegolla nos coloca que a filosofia “é a verdadeira
impulsora da ação educativa em uma direção antropológica.” (Menegolla, 2003, pág. 28)
13
FIGURA 02
FONTE: Disponível em: <http://pedagogiavida.blogspot.com/2010/06/busca-do-sentido-da-
formacao-humana.html>. Acesso em: 03.01.2012.
Assim podemos definir que o planejamento educacional deve ter o início no ser
humano e sua realidade como integrante da sociedade formada por outros seres humanos, que
juntos compõem uma determinada problemática social.
HOMEM
SOCIEDADE
PLANEJAMENTO
EDUCACIONAL
Concluímos então, que o planejamento educacional deve:
• Desenvolver indivíduos;
• Desenvolver nas pessoas no sentido da vida e o desejo de viver e evoluir;
• Desenvolver liberdade, autonomia e senso crítico e reflexivo;
• Desenvolver consciência e autorrespeito; e
• Ter como ponto de apoio: o homem e sua vida, valores e necessidades, problemas e soluções.
FONTE: Flavia Vargas
14
3.2 PLANEJAMENTO EDUCACIONAL
O Planejamento Educacional está em constante evolução. Ele não é estático ou rígido.
Avança constantemente para a construção de um futuro com outros horizontes e perspectivas. O
planejamento educacional deve ainda, ser pensado e construído a fim de que possa auxiliar os
educandos a planejar seu futuro e aprender a viver em consonância com uma sociedade em
constante transformação.
A educação é atividade humana, ela é pensada e formulada para seres humanos e
como tal deve atender as demandas humanas. Menegolla nos coloca:
Sendo a pessoa o fim último da educação, necessário se faz refletir, profundamente, sobre a essência da educação e sobre o processo da educação, que tem como reta final a formação integral do homem. (MENEGOLLA, 2003, pág. 30)
Para que a educação cumpra sua missão, ela deve ser objetiva, ter metas claras e
direcionar para que os educandos se realizem enquanto profissionais e pessoas. É preciso que a
escola conheça profundamente sua realidade, sua comunidade escolar, seus anseios e
preocupações antes de elaborar o planejamento educacional.
Assim, o planejamento educacional deve ser estruturado com alguns elementos
constitutivos, como tal:
• Identificação das prioridades da comunidade escolar;
• Constituição de equipe multidisciplinar responsável pela elaboração do
planejamento;
• Construção de metas educacionais, face às prioridades acima
identificadas;
• Identificação dos recursos humanos e materiais disponíveis; e
• Elaboração do cronograma de implementação do planejamento. FONTE: Flavia Vargas
15
Por ser algo complexo, que prima pela construção de um futuro promissor para seus
educandos, o planejamento escolar deve ser pensado sob todas as esferas, sendo:
O planejamento, construído para todos os níveis acima descritos, deve ser um alicerce
para todo o processo educacional, pois é ele quem identifica todas as prioridades e seleciona os
recursos que serão utilizados para que se possa chegar aos resultados esperados.
É ainda nesse documento que estarão estabelecidas a finalidade da ação educacional
a partir dos valores e princípios de cada escola. Nas diferentes esferas são elaborados os
Planos Nacionais e Estaduais, bem como os Regionais que deverão ser orientadores das
escolas para a construção de seus projetos político-pedagógicos, currículos e planos de ensino.
Assim, o planejamento é um instrumento não só escolar, mas deve ser entendido e
pensando como algo mais amplo que envolve todo o país, estado e municípios. Ou seja, a
escola deve conhecer e se posicionar dentro do contexto socioeconômico em que está inserida.
Governo
Federal
Governo
Estadual
Governo
Municipal
Comunidade
escolar
Regional
Planejamento
Educacional
FONTE: Flavia Vargas
16
A UNESCO conceitua planejamento educacional da seguinte forma:
Planejamento educacional é, antes de tudo, aplicar à própria educação
aquilo que os verdadeiros educadores se esforçam para inculcar a
seus alunos: uma abordagem racional e científica dos problemas. Tal
abordagem supõe a determinação dos objetivos e dos recursos
disponíveis, a análise das consequências que advirão das diversas
atuações possíveis, a escolha entre essas possibilidades, a
determinação de metas específicas a atingir em prazos bem definidos
e, finalmente o desenvolvimento dos meios mais eficazes para
implantar a política escolhida. Assim concebido, o planejamento
educacional significa bem mais que a elaboração de um projeto: é um
processo contínuo que engloba uma série de operações
independentes. (UNESCO, 1968, pág. 14).
Agora que compreendemos a definição de Planejamento Educacional, vamos conhecer
em detalhes os aspectos mais importantes segundo a definição da UNESCO para a elaboração
do primeiro e grande projeto de uma escola: o seu PLANEJAMENTO EDUCACIONAL.
Abordagem racional e científica dos problemas
Esse aspecto é o primeiro que deve ser observado ao se estruturar o planejamento
educacional, pois envolve uma sondagem inicial da realidade em que se está inserida e para
qual o planejamento está sendo pensado. Assim, sob esse enfoque deve-se:
1) Identificação das reais necessidades e prioridades;
2) Identificação das carências;
3) Identificação das possibilidades e disponibilidades dos recursos humanos e
materiais.
17
Determinação dos objetivos e dos recursos
Tendo identificado os pontos acima descritos, a equipe multidisciplinar responsável
pela elaboração do planejamento educacional consegue definir os objetivos que deverão ser
alcançados mediante a ação educacional a ser proposta.
A análise das consequências que advirão das diversas atuações possíveis, a
escolha entre essas possibilidades
Toda a ação requer uma reação. Aqui não é diferente. Ao se realizar uma ação, uma
série de consequências será desencadeada em todos os níveis. Sair de uma zona de conforto
para se colocar um planejamento educacional em prática, requer quebra de paradigmas e
análise do trajeto a ser percorrido.
A determinação de metas específicas a atingir em prazos bem definidos
Com a realidade analisada e conhecida, os recursos e consequências identificados, é
chegada a hora de definir metas. Elas são úteis para que se consiga chegar aonde se planeja.
Para tanto, a equipe responsável deve refletir sobre todo o processo para que possam tomar as
decisões certas. É fundamental que todos na equipe, os planejadores, tenham competência e
visão sistêmica.
Além disso, após definir objetivos e metas, é hora de definir o cronograma de
implantação. Ele deve ser desafiador, mas também de acordo com os recursos disponíveis.
18
Desenvolvimento dos meios mais eficazes para implantar a política escolhida
Definidos os recursos que serão usados, eis que surge a maneira para agilizar a sua
utilização. Isso pode comprometer todo o projeto, ou seja, muitas vezes, para que não
comprometa a política definida, devem-se encontrar novas formas de conseguir recursos.
Planejamento educacional significa bem mais que a elaboração de um projeto: é
um processo contínuo que engloba uma série de operações independentes
O planejamento educacional será colocado em prática mediante a realização de vários
projetos menores que servirão de ponte entre o planejamento e os resultados a ser alcançados.
Entretanto, é mais global e é alicerçado pela definição de uma filosofia educacional que orientará
a realização de todos os projetos escolares.
Planejar a educação é decidir, é avaliar e reavaliar constantemente. É entender a
atender as demandas da sua comunidade escolar. É agir no ser humano, é atender as suas
demandas e atingir metas educacionais.
Planejamento nacional Planejamento estadual
Planejamento educacional
Planos curriculares/ensino
FONTE: Flavia Vargas
19
De tal modo, conclui-se que a escola é o agente de toda a ação educativa. Para que
atinja os objetivos propostos é necessário um plano curricular adequado as suas demandas.
Sendo assim, é necessário pensar a escola como instituição referência quando se fala em
projetos e planejamentos. Esses são termos conhecidos do contexto pedagógico, uma vez que
todos os setores e todas as disciplinas e aulas fazem uso deles para trabalhar sua prática
pedagógica e suas ações educacionais.
FIGURA 03
FONTE: Disponível em: <http://www.tracegp.com.br/blog/trabalho-colaborativo-sobre-
planejamento-estrategico/>. Acesso em: 03.01.2012.
Ora, falamos em planos ou planejamento, ora falamos em projetos e ainda vamos ouvir
falar em programas. Mas qual a diferença? O que é cada um?
20
A diferença está no nível hierárquico. Vamos analisar a pirâmide a seguir para
entender melhor esses conceitos.
Projetos
Programas
Plano
s
Diretrizes, princípios e finalidade da
educação. Orienta a elaboração dos
outros documentos.
Traça o perfil do profissional,
comportamento, postura administrativa,
identifica situações. Refere-se a áreas
restritas. É um derivado dos planos.
Refere-se à ação propriamente
dita. É como serão executadas
as atividades referenciadas nos
planos e programas. É o plano
de ação: o que, como quando e
onde. É o que orienta os que
estão envolvidos diretamente na
realização do projeto.
21
Assim, no que se refere ao contexto educacional, podemos definir da seguinte forma:
O que é essencial é entendermos que os três conceitos acima definidos devem ser
pensados e estruturados em harmonia e um em consonância com o outro. Ou seja, o que é
estabelecido em um documento deve ser rigorosamente seguido no outro. Desse modo, o plano
passa a ser o fio condutor das ações educacionais estruturadas nos programas e projetos que
virão escalonados a seguir.
3.3 PLANO CURRICULAR
Quando pensamos em Currículo, qual a ideia que nos vêm na cabeça?
Projetos
Programas
Plano
s
São elaborados baseados e respeitando a
LDB, PCN – parâmetros curriculares
nacionais e planos nacionais, estaduais e
municipais de educação que balizam as
ações educativas.
São as diversas áreas de atuação da
educação: básica, especial, EJA,
profissional, superior, técnica, cultural, etc.,
na rede pública e privada.
Forma como os programas serão
executados. Projetos temáticos,
projetos didáticos, entre outros.
FONTE: Flavia Vargas
22
Currículo nos remete a ideia de caminho percorrido durante a vida. Por isso a
expressão “Curriculum Vitae”. Assim, podemos entender como currículo algo amplo, complexo,
que transmite a ideia de uma existência escolar e social do aluno.
Currículo é a ação educacional em si. É o passado, o presente e o futuro unidos em
prol da construção de um cenário. É tudo que se refere à vida do aluno no âmbito escolar e/ou
fora dele, mas que influencia no processo escolar. É a vida da escola, o que ela já fez, faz e vai
fazer.
FIGURA 04
FONTE: Disponível em: <http://lourenzi.blogspot.com/>. Acesso em: 03.01.2012.
Assim, definimos como currículo todas as ações realizadas sob a orientação da escola
em conformidade com um objetivo traçado. Ou seja, vai muito mais além de conteúdos e
matérias, abrangem as experiências, atividades e ações do aluno na escola e fora dela para
alcançar os objetivos educacionais traçados no planejamento.
Segundo Menegolla “Tudo o que promover e ativar o processo educativo deve
constituir o currículo escolar.” (2003, pág. 52). Isto é, tudo que orienta a educação, em uma visão
sistêmica, dinâmica e mutável, expressando a filosofia da educação da escola, as disciplinas e
23
conteúdos essenciais, bem como atividades curriculares e extracurriculares que servirão de
ponte para que se chegue aos resultados planejados.
O currículo, assim, é uma sólida base para que a metodologia de trabalho se constitua
e atinja seus propósitos. Todos os elementos precisam, dessa forma, ser minuciosamente
planejados e projetados em um cenário futuro, precisam ser sistematizados e estruturados na
sua filosofia, envolvendo toda a ação pedagógica da escola.
O currículo é assim, estruturado e realizado no ambiente educativo e deve exaltar a
vida escolar do aluno, acompanhando o processo de crescimento do educando.
Mas como elaborar, na prática, um planejamento curricular?
Algumas fases são fundamentais. Vejamos no quadro abaixo:
Realizado os estudos acima destacados, e agora? O que fazer? O que decidir? Como
organizar o planejamento curricular?
1) Estudo da realidade sociopolítica – econômica e religiosa da sociedade
em que está inserida;
2) Estudo da filosofia da educação da escola;
3) Estudos dos fatores sócios – culturais e psicológicos envolvidos no
processo educacional;
4) Estudo das teorias e legislação nacional, estadual e municipal.
FONTE: Flavia Vargas
24
Abaixo um fluxograma que mostra claramente o processo de elaboração do plano curricular,
baseado no modelo de Menegolla. Vejamos:
1) Definem-se os objetivos das disciplinas e seus conteúdos;
2) Seleciona-se e organizam-se as disciplinas e conteúdos
necessários para se atingir os objetivos;
3) Identificação das melhores técnicas e procedimentos para se
alcançar os objetivos;
4) Identificação e seleção dos recursos humanos e materiais que
auxiliarão professor e aluno na construção do conhecimento;
5) Construção do processo e método de avaliação.
Bases do Planejamento
Curricular
Realidade local
Filosofia
Sociologia
Psicologia
Teorias de
ensino
Bases Legais
Sondagem
Definição dos
Objetivos
Seleção das
disciplinas
Seleção dos
meios
Seleção dos
recursos
Avaliação
Plano Curricular
FONTE: Flavia Vargas
FONTE: Maximiliano Menegolla.
25
Todos os elementos acima apresentados precisam ser vistos de forma sistêmica e
unificada, independentes entre si, mas identificar os princípios que os integram e os unificam.
Sendo assim, se faz necessário, conhecer os elos que se ligam e as características que os
separam.
Mas você sabe quais os elementos que – tipicamente – compõe um plano curricular e
que devem estar relacionados diretamente aos objetivos? São eles:
Hilda Taba nos apresenta outro modelo que demonstra a inter-relação entre os
elementos:
SONDAGEM
OBJETIVOS
CONTEÚDOS
PROCEDIMENTOS
RECURSOS
AVALIAÇÃO
Objetivos
Matérias Organização e
métodos
Avaliação
FONTE: Maximiliano Menegolla.
FONTE: Hilda Taba
26
Percebemos assim que todos os elementos dependem um do outro para que se possa
elaborar um plano curricular unificado, harmônico e consistente.
Estamos concluindo esse módulo introdutório. Nele conhecemos alguns conceitos que
serão fundamentais para os estudos dos próximos módulos referente à elaboração de projetos
educacionais. Vamos recapitular os principais tópicos?
O planejamento educacional deve ter como fio condutor os princípios
educacionais que orientam o homem a ser entendido como um ser que se
constitui e dá sentido a sociedade, e para tanto, deve-se entender que tipo de
educação será capaz de integrar homem e sociedade de forma uniforme e
harmônica.
Um bom trabalho em sala de aula começa fora dela. Como assim?
Ora, para que um professor realize seus projetos com excelência é necessário
que ele esteja respaldado por um planejamento educacional consistente,
harmonioso com o plano curricular e abastecido com teorias ricas e coerentes
com a realidade local, projetando um futuro próximo.
FONTE: Flávia Vargas
FONTE: Flávia Vargas
27
Vamos lembrar as principais etapas do planejamento,
resumidamente:
1) Diagnóstico: levantamento de dados e reconhecimento inicial de
uma situação;
2) Implementação e acompanhamento: plano de ação e execução;
3) Avaliação: processo de melhoria contínuo.
FONTE: Flávia Vargas
28
4 INTRODUÇÃO
Como visto no módulo 1, por meio do Planejamento a escola exerce o compromisso
com a realidade socioeducativa – política – cultural vinculado com o material instrucional que
juntos resultam em uma aprendizagem efetiva e significativa.
O que será abordado nesse módulo pretende fornecer aos professores e educadores
modelos e dicas que irão ajudar nas suas tarefas educativas e que contribuirão para sua ação e
prática pedagógica.
Atualmente, há um universo enorme de modelos para a organização do processo de
ensino-aprendizagem. O que os diferencia entre si é a fundamentação teórica e os princípios
filosóficos norteadores. Ou seja, há alguns modelos de ensino que estão fundamentados em
informação oral, competências e habilidades básicas para o desenvolvimento cognitivo de um
aluno passivo, sem favorecer a socialização e interação dos alunos que se limita a ouvir a
informação.
Infelizmente, esse modelo é o que está presente na maioria das nossas escolas.
Entretanto, muitas já compreenderam a necessidade de mudar. É necessário construir um novo
caminho, com novos paradigmas que acompanham a nova geração que está se moldando.
Nas próximas páginas vamos apresentar alternativas com o objetivo de mostrar ao
educador como ele pode conceber seu processo de ensino-aprendizagem alicerçado nos pilares
de construção do conhecimento.
Bons estudos!
29
5 PROJETO: PROPOSTA REFERENCIAL - METODOLÓGICA
Como vimos anteriormente o professor não é só um arcabouço de conhecimentos não
estruturados e organizados, ele é sim um agente transformador da realidade e com tal tem um
compromisso que precisa ser rigorosamente cumprido.
O modelo de ensino clássico, aquele como fomos educados, não atende mais as
demandas da sociedade, pois não consegue acompanhar a dinâmica caracterizada à
necessidade constante de inovações.
A estrutura de disciplinas apresentadas de forma fragmentada, desvinculada uma da
outra, sem um elo, entre elas vem sendo repensado e rediscutido nos meios acadêmicos, pois
não condiz com as características dos alunos.
É nesse contexto que estruturaremos nosso trabalho durante esse curso,
apresentando as características e a estrutura de um bom trabalho com projetos, inclusive a
elaboração do projeto político-pedagógico da escola.
Antes vamos pensar sobre o significado do termo “Projeto”. Vejamos algumas ideias
soltas:
Projeto é intenção, um sonho.
Projeto é filosofia, diretriz.
Projeto é ideia.
Projeto é concepção de
produto ou serviço
Projeto é proposta.
Projeto é desenho que orienta
a construção.
FONTE: Flávia Vargas
30
Qual das frases acima é a correta?
Qual delas melhor exprime o conceito de projeto na sua concepção?
Todas estão corretas. Resumidamente, projeto é:
Trabalhar com projetos significa tirar o aluno de sua posição cômoda e passiva e
instigá-lo a participar, provocá-lo a ponto de torná-lo ativo no seu processo de ensino-
aprendizagem. Ou seja, um agente responsável por sua aprendizagem, envolvendo-se
plenamente no planejamento e desenvolvimento das atividades educativas propostas pelos
projetos inter e multidisciplinares.
O trabalho com projetos ganhou força no final dos anos 80 com a chamada
“tematização” como recurso pedagógico da metodologia socioconstrutivista. Contudo, foi a partir
dos anos 90 que conquistou um espaço maior e passou a fazer parte dos discursos dos
educadores e órgãos ligados a educação. Porém, não saiu muito do âmbito do discurso e muito
pouco se tornou prática nas escolas que continuaram com seu modelo clássico de educação.
Muitos autores, no entanto, defendem a ideia de que o aluno ativo aprende mais, ele
passa ser pesquisador e investigador, passa a ser autor de novos conceitos e novas
informações, criando procedimentos e soluções para a resolução de problemas, não só na
escola, mas no seu trabalho, na sua casa e em todos os ambientes que surgirão ao longo da sua
vida. Passa-se então a falar em “Aprendizagem para a Vida”.
Vejamos no quadro abaixo algumas características do trabalho com projetos:
Atividade estruturada que busca resolver um problema.
FONTE: Flávia Vargas
31
Dessa forma, entendemos o trabalho com projetos didáticos uma forma de organizar e
planejar o tempo, os conteúdos e as situações de aprendizagem para atender um dado objetivo
educacional. O trabalho com projetos tem dois grandes objetivos, a saber:
Didático
O que os alunos devem aprender.
Quais competências e habilidades
eles devem desenvolver.
Social
Trabalha-se com a construção de
um produto final, seja um livro ou
uma exposição por exemplo.
Enfoque globalizador / sistêmico;
Foco na resolução de problemas significativos;
Conhecimento como instrumento para compreensão e
intervenção da realidade;
Criação de situações problematizadoras;
Aluno como sujeito ativo no processo;
Destaque para as experiências já vivenciadas;
Contextualização dos conteúdos;
Sequenciação proporcional às possibilidades dos alunos;
Análise global da realidade;
Flexibilidade no tempo e espaço;
Atividades abertas e estratégias estabelecidas pelos próprios
alunos.
FONTE: Flávia Vargas
FONTE: Flávia Vargas
32
Bom, agora que já aprendemos o que envolve o trabalho com projetos, precisamos
conhecer quais ações são fundamentais ao planejar um trabalho nessa estrutura. A revista Nova
Escola de Abril de 2011 traz algumas ações que devem ser observadas pelos educadores em
trabalhos dessa natureza.
(FONTE imagem: http://trinityeyes.files.wordpress.com/2009/10/importante1.jpg)
1) Delimitar e conhecer bem o assunto que será
estudado e pesquisá-lo previamente;
2) Escolher uma meta de aprendizagem
principal e outras secundárias que atendam
às necessidades;
3) Ter clareza do que os alunos conhecem e
desconhecem sobre o tema e o conteúdo do
trabalho;
4) Construir um cronograma com prazos para
cada atividade, delimitando a duração total
do trabalho;
5) Selecionar os recursos e materiais que serão usados;
6) Deixar claro para a turma os objetivos sociais do trabalho e os passos a ser
seguidos;
7) Relacionar uma etapa à outra, em uma complexidade crescente;
8) Antecipar quais serão as perguntas que você fará para encaminhar as atividades;
9) Prever quais momentos serão em grupos, duplas e individuais;
10) Revisar o que os alunos já fizeram;
11) Escolher um produto final forte para dar visibilidade aos processos de
aprendizagem e aos conteúdos aprendidos;
12) Prever critérios de avaliação e registrar a participação de cada um ao longo do
trabalho.
33
Um dos pontos que precisa ser observado é a questão da interdisciplinaridade. Nem
todo projeto precisa ser interdisciplinar, isso vai depender do que se propõe ao planejar um
projeto. O bom trabalho com projeto precisa deixar claro seus reais objetivos e deve permitir a
construção de novas aprendizagens relacionadas à(s) disciplina(s) envolvidas.
Há diferença entre projetos didáticos, estes trabalhados em sala de aula, e projetos
instrucionais. Esse último envolve a escola inteira em prol de um objetivo comum. Em outra
instância também está o trabalho com temas geradores, que pode ser, por exemplo, meio
ambiente. Nesse caso o professor, dentro da sua disciplina, vai criar o elo entre tema gerador e
conteúdos programáticos.
Mas como planejar um trabalho com projetos?
Primeiro o educador precisa ter claro quais são seus objetivos ao propor uma atividade
desse porte, ou seja, ele precisa saber o GAP (lacuna) de competência da turma: o que eles já
sabem e o que precisam saber. Assim é possível agir direto no ponto a ser desenvolvido,
garantindo a continuidade e a variedade de conteúdos que serão trabalhados.
Ainda no planejamento é fundamental pensar no itinerário formativo, ou seja, qual o
caminho que os alunos percorrerão para atingir determinado objetivo, que deve resultar em um
produto final. É claro que todo o processo precisa ser constantemente avaliado. Assim, o
planejamento também deve prever os critérios de avaliação.
Portanto, o educador precisa perceber as inúmeras possibilidades que existem nessa
forma de trabalhar. Esse é o primeiro passo para uma mudança realmente significativa no
cenário educacional que pretende formar.
34
5.1 ESTRUTURANDO UM PROJETO
5.1.1 Por que trabalhar com projetos?
No módulo 1 vimos que nossa vida é feita basicamente de projetos. Projetamos nosso
dia, nossa semana, nosso ano, nossas atividades, carreira, vida pessoal, ou seja, tudo é –
inicialmente – um planejamento para depois construir um projeto em busca de um objetivo a ser
alcançado.
Dessa forma, transportarmos para a vida escolar essa metodologia de projetos que já
carregamos na vida é uma forma: “segura de eliminarmos o distanciamento entre vida e a
escola, além de propiciarmos a integração do educando à própria vida.” (MENEGOLLA, pág.
105)
Trabalhar com projetos permite, entre outras coisas:
Respeito e atendimento às diferenças individuais de cada aluno;
Identificação, análise e avaliação do desempenho do aluno;
Aprender a fazer, fazendo;
Desenvolvimento de competências e habilidades cognitivas do
educando.
FONTE: Flávia Vargas
35
5.1.1.1 Caracterização
Menegolla nos coloca que o “projeto é um meio pedagógico por excelência”.
Mas o que isso quer dizer?
O projeto exige dos educadores e educandos sair da sua zona de conforto e entrar em
um mundo por vez desconhecido, que implicará em atividades de investigação e pesquisa por
parte dos envolvidos. Ou seja, tanto professor quanto aluno deverão atuar como sujeitos ativos,
críticos – reflexivos durante a situação metodológica que o projeto irá impor.
Portanto, essa é uma metodologia ativa, viva, no qual o aluno “aprende fazendo”,
culminando em um crescimento significativo do aluno enquanto indivíduo e enquanto grupo.
Além disso, proporciona ao aluno o desenvolvimento da consciência crítica e reflexiva que o
ajudará na resolução de problemas em todas as instâncias de sua vida.
Mas como o professor pode, por meio do trabalho com projetos, desenvolver essas
características nos alunos?
Qual seu papel no processo de ensino-aprendizagem nessa proposta metodológica?
Vamos analisar o esquema abaixo para entender melhor essa construção.
36
Um bom projeto possui algumas características essenciais segundo Aguayo, a saber:
Mas afinal, qual o maior objetivo de se trabalhar com essa metodologia?
O que o aluno deve aprender ao final do trabalho?
Professor Aluno
Incentivador
Problematizador
Orientador
Mediador
Agente da sua própria
aprendizagem
Atividade proposital e motivadora;
Deve ter presente um valor educativo;
Deve consistir em fazer algo por meio dos próprios alunos;
Deve ser realizado no ambiente natural deles.
FONTE: Flávia Vargas
FONTE: Maximiliano Menegolla
37
O principal objetivo do trabalho com projetos, pensando de forma ampla e sistêmica,
podemos dizer que é:
5.1.2 Princípios fundamentais no trabalho com projetos
Princípio da Intenção
É fundamental que o aluno tenha claro qual a intenção do projeto e que ela esteja
alinhada aos seus próprios objetivos, ou seja, o aluno precisa saber de fato que se quer e aonde
se quer chegar com a realização do projeto.
Com isso, o aluno percorrerá o caminho correto alcançando o propósito maior e
consequentemente conquistando uma realização pessoal.
A cada etapa concluída o aluno terá construído um degrau de experiências e
conhecimentos que o auxiliarão a alcançar o resultado final, desenvolvendo a capacidade
analítica, de autocrítica, de iniciativa e persistência.
Princípio da Situação – Problema
Refletir sobre suas decisões;
Ter consciência sobre as coisas que mais contempla;
Utilizar da melhor forma materiais e objetos que estejam a sua
disposição;
Expressar suas ideias, atitudes, sentimentos, ideais.
FONTE: Maximiliano Menegolla
38
Esse é o princípio fundamental do trabalho com projeto uma vez que essa técnica é
usada como método de resolução de problema.
A situação - problema inicialmente identificado deve despertar o interesse individual e
grupal a ponto de motivar neles a busca de solução, incentivando a pesquisa, investigação e
análise crítica de dados, cenários e informações.
Expor o aluno a situações – problema desperta neles a capacidade de ver, ouvir,
sentir, vivenciar e realizar-se pelas conquistas obtidas.
Princípio da Ação
Como falamos anteriormente, no trabalho com projetos o aluno é o agente ativo no seu
processo de aprendizagem, pois instiga a busca por saber mais, ir além e conquistar novos
espaços e consequentemente novas aprendizagens.
Para tanto é necessário que o projeto esteja estruturado para que esse aluno busque,
construa, reaja, teste, manipule e decida proporcionando, dessa forma, que haja constantemente
resultado diretamente na sua aprendizagem.
Princípio da Experiência Real Anterior
O caminho a ser percorrido para uma nova aprendizagem deve levar em consideração
as aprendizagens anteriores, ou seja, é um sistema de prerrequisito. Para que uma nova
situação de aprendizagem ocorra é necessário que o aluno já tenha assimilado situações
anteriores.
Princípio da Investigação
Aprendizagem é uma busca constante por novos significados. Esse caminho é
baseado na experimentação, exploração e intuição.
39
É necessário que o projeto proporcione ao aluno situações que ele possa explorar,
manipular e experimentar de forma simbólica ou não, construindo novas aprendizagens.
Princípio da Integração
Um projeto envolve conhecimento multi e interdisciplinares. É fundamental que esses
conteúdos ou disciplinas estejam conectados ou enredados para que possam ser vistos de forma
integrada.
Princípio da Prova Final
É necessário perceber o fim do projeto. Chegar nele e resgatar os objetivos iniciais,
verificando se foram de fato e de direito alcançados.
Além disso, é necessária uma análise do desempenho do grupo e individual, bem
como de todas as ações realizadas no decorrer do processo, ou seja, que seja revisto de forma
sistêmica e analisado o que deu certo e o que precisa ser melhorado em próximos projetos.
Princípio da Eficácia Social
Talvez esse seja o principal legado que um trabalho com projetos deixa: a socialização.
Por meio de um projeto, as crianças aprendem a conviver socialmente, a extrair do outro o que
há de melhor, a aceitar as diferenças e particularidades de cada integrante do grupo.
Esses são ensinamentos que ela levará para toda a vida.
40
6 PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO
Tanto falamos em projetos, em construções com significados para os alunos e que
contribuam para a formação da sua identidade.
Mas e a identidade da escola?
E o compromisso da escola em formar um indivíduo crítico – reflexivo e ativo na
sociedade a que pertence?
Em que a escola define essas orientações e deixa claro a sua diretriz social e filosófica
que norteará todas as suas ações?
Essas e tantas outras questões devem ser pensadas e respondidas quando a escola
for conceber seu PPP – Projeto Político Pedagógico demonstrando seu comprometimento com a
transformação da sociedade, para que seja mais justa e humanitária.
Falamos em PPP – Projeto Político Pedagógico.........o que é isso?
Ilma Alencastro Veiga conceitua Projeto Político – Pedagógico da seguinte forma:
O projeto busca um rumo, uma direção. É uma ação intencional, com
um sentido explícito, com um compromisso definido coletivamente. Por
isso, todo o projeto pedagógico da escola é, também, um projeto
político por estar intimamente articulado ao compromisso sociopolítico
com os interesses reais e coletivos da população majoritária. É político
no sentido de compromisso com a formação do cidadão para um tipo
de sociedade. ...Na dimensão pedagógica reside a possibilidade da
efetivação da intencionalidade da escola, que é a formação do cidadão
41
participativo, responsável, compromissado, crítico e criativo.
Pedagógico, no sentido de definir as ações educativas e as
características necessárias às escolas de cumprirem seus propósitos
(VEIGA, 2010, pág. 13)
Assim, entendemos o PPP de uma escola como algo que deve ser construído e
vivenciado diariamente, em cada ação, com todas as partes interessadas. É dessa forma um
processo de melhoria contínua, em que são analisados e discutidos os problemas buscando
alternativas viáveis e condizentes com a realidade.
É um processo democrático, construído por todos os interessados, sejam eles:
Equipe Administrativa;
Diretor geral;
Diretor adjunto;
Secretário;
Auxiliares de secretaria;
Agente administrativo.
Equipe Pedagógica:
Coordenador pedagógico;
Orientador pedagógico;
Orientador educacional;
Supervisor escolar.
Funcionários:
Serventes;
Merendeiras;
Inspetores;
Alunos, pais, comunidade em geral.
42
A própria LDB – Lei de Diretrizes e Bases – Nº 9394/96 regulamentou a gestão
democrática das escolas públicas e, em seu artigo 12, traz a incumbência das escolas em
elaborar e executar sua proposta pedagógica.
Vejamos:
Ainda, a LDB destaca três grandes linhas relativas à elaboração do PPP pela escola:
Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de:
I - elaborar e executar sua proposta pedagógica; II - administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros; III - assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula
estabelecidas; IV - velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente; V - prover meios para a recuperação dos alunos de menor
rendimento; VI - articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos
de integração da sociedade com a escola; VII - informar pai e mãe, conviventes ou não com seus filhos, e, se for
o caso, os responsáveis legais, sobre a frequência e rendimento dos alunos, bem como sobre a execução da proposta pedagógica da escola; (Redação dada pela Lei nº 12.013, de 2009)
VIII – notificar ao Conselho Tutelar do Município, ao juiz competente da Comarca e ao respectivo representante do Ministério Público a relação dos alunos que apresentem quantidade de faltas acima de cinquenta por cento do percentual permitido em lei.(Incluído pela Lei nº 10.287, de 2001)
LDB – Lei de Diretrizes e Bases
43
Até agora procuramos entender o conceito de projeto político pedagógico.
Mas como – de fato – construir e implementar um Projeto Político Pedagógico em uma
escola?
Essa pergunta é complexa, pois exige que tenhamos uma receita pronta, o que não
temos.
Cada escola terá que encontrar seu caminho, mas vamos sintetizar algumas dicas e
sugestões que podem ser seguidas e adaptadas pelos responsáveis pela elaboração do PPP.
O primeiro ponto é quando começar o planejamento. Ele deve ser iniciado quando
todos os envolvidos reconhecerem a necessidade de mudar, de melhorar sua escola e que – da
mesma forma – estejam dispostos a atuar coletivamente em prol de uma realidade desejada,
considerando as dificuldades que irão encontrar no caminho.
O segundo ponto refere-se às atribuições de cada segmento para com a construção,
execução e avaliação do PPP. A escola precisa criar espaços e momentos para atrair a
comunidade escolar para a análise e discussão de aspectos que precisam estar em evidência
quando se pensa em melhorar. A direção pode organizar um cronograma de reuniões
Flexibilidade autonomia ao organizar o trabalho.
Avaliação deve ser constantemente avaliada e reavaliada,
destacando um ponto fundamental a ser observado nos diversos níveis
educacionais.
Liberdade revela-se por meio do pluralismo de ideias, concepções
pedagógicas e da proposta de gestão democrática.
FONTE: Flávia Vargas
44
envolvendo todos na discussão sobre o PPP dentro da própria escola. A equipe pedagógica, por
exemplo, pode servir de articuladora, dirigindo as discussões e seus desdobramentos,
acompanhando a implementação de cada etapa e a avaliação contínua.
Há ainda um terceiro ponto que se refere ao clima que se forma no momento da
concepção ou reconstrução de um PPP segundo os preceitos de uma gestão democrática.
È imprescindível confiança e respeito mútuo. Construir um ambiente acolhedor e
harmonioso nem sempre é uma tarefa fácil, mas é fundamental que seja um ambiente propício
ao desenvolvimento e execução das atividades a que se propõe.
Mas como começar?
Uma sugestão é começar com uma reflexão sobre o ideal de escola que se deseja ter.
Algumas questões que podem ajudar nessa reflexão são:
1) Analisando o ano anterior e o que havia sido planejado, o que deu certo e o que
falhou?
2) Quanto ao nível de aprendizagem dos alunos, está adequado? Deve-se ser elevado,
o que fazer para melhorar a aprendizagem dos alunos?
3) Referente às questões sociais: quais os valores de cidadania, companheirismo e
socialização que queremos passar aos nossos alunos?
4) Qual o papel da nossa escola dentro da comunidade que ela está inserida?
5) Qual o perfil de aluno que queremos entregar a sociedade?
6) Existem outras partes da sociedade que podem se envolver nesse processo de
reconstrução? (empresas, comércio, clubes...)
7) O que é para nossa escola educação e qualidade de ensino?
45
Essas são só algumas sugestões de questões que podem servir de marco referencial
para o início das atividades de planejamento do PPP. Evidentemente que cada escola possui
suas especificidades e deverá refletir sobre quais pontos merecem atenção nesse momento.
Bom, vimos até agora a primeira parte do PPP: o marco referencial.
A segunda parte do PPP é o trabalho de diagnóstico.
Este se refere a uma análise detalhada das respostas obtidas no marco referencial.
Questiona-se até que ponto o que foi discutido no marco referencial está implementado na
escola, ou seja, qual a lacuna entre o que se tem e o que se deseja alcançar.
Esse estudo minucioso irá alimentar a elaboração de um posterior plano de ação para
a realização de estratégias que reconstruam caminhos que levarão ao “ideal” desejado e
planejado.
O plano de ação deve apresentar um conjunto de ações a serem realizadas a curto,
médio e longo prazo. Essas ações devem ser coerentes com os objetivos, alinhadas a realidade
identificada no marco referencial.
Vale lembrar que o PPP deve ser avaliado periodicamente e essas avaliações devem
ser registradas para posterior consulta e manutenção de histórico.
Dimensões do PPP
O PPP de uma escola deve ser construído a fim de orientar o cumprimento da principal
função de uma escola: a sua função social.
Entretanto, para que se cumpra essa função, diversas dimensões devem ser observadas
na elaboração ou reelaboração de um PPP, a fim de que se mantenha um estreito elo entre
pensar e fazer.
Você sabe quais são essas dimensões?
46
Será que uma análise financeira e administrativa também deve fazer parte um projeto
tão pedagógico como PPP?
Vejamos quais são as dimensões que devem ser observadas minuciosamente na
concepção e avaliação de PPP:
Dimensões do PPP –
Projeto Político
Pedagógico
Pedagógica
Financeira
Administrativa
Jurídica
FONTE: Cássia Medel
47
Percebemos assim que são quatro as dimensões do Projeto Político Pedagógico:
Concluímos assim que o PPP é dinâmico e deve estar presente em todos os momentos
da vida da escola, como um documento norteador de suas ações.
Pedagógica
- Trabalho da escola
propriamente dito: educar
e ensinar;
Atividades de gestão,
abordagem curricular
- Relação comunidade –
escola.
Administrativa
- Aspectos gerais da
escola: gerenciamento de
pessoal, patrimônio,
merenda, registros etc.
Financeira
- Captação e aplicação
de recursos financeiros;
- Capacitação dos
docentes por meio de
aquisição de materiais e
cursos.
Jurídica
- Legalidade das ações;
- Relação da escola com
outras instâncias do
sistema de ensino.
FONTE: Cássia Medel
48
A escola pauta suas ações sempre em dois grandes grupos que circulam pelas
dimensões acima apresentadas:
Um que se refere ao que a escola já é;
Outro que corresponde ao que ela deseja ser a partir das ações planejadas.
6.1 PRINCÍPIOS ORIENTADORES
Para finalizar, vamos conhecer os princípios que orientam um PPP. Já vimos às
dimensões, entretanto os princípios ampliam o relacionamento entre escola e comunidade
escolar, visando à observância a um sistema mais amplo e complexo.
Mas esses princípios estariam relacionados especificamente a quê?
Vamos refletir sobre quais seriam esses princípios norteadores pensando em tudo que
já discutimos até agora...
Chegou a alguma conclusão????
Vejamos quais são eles...
49
Esses princípios não podem ser analisados de forma independente, precisam sim ser
vistos de forma interligada, pois um depende do outro para se fazer acontecer. Ainda que cada
um tenha um conceito próprio, eles se complementam e se misturam, sendo impossível serem
compreendidos de forma fragmentada.
Como assim?
Estamos falando o tempo todo que a escola deve estreitar relações com a comunidade
local, propiciando a participação de todos nas suas decisões e especialmente na concepção do
seu PPP. Ora, abrir a porta da escola para a comunidade é democratizar a sua gestão.
Gestão
Democrática
Relação
Comunidade -
Escola
Autonomia
Qualidade de
ensino
Valorização dos
Profissionais
Democratização
do ensino
Princípios
orientadores do
PPP
FONTE: Cássia Medel
50
Observou que no parágrafo acima interligamos dois princípios fundamentais? Gestão
Democrática e Relação Comunidade – Escola.
Dessa forma, e por essas razões é que dissemos que os princípios criam uma relação
de interdependência que deve ser estimulada a cada etapa do processo de construção do PPP.
Para encerrar nossos estudos sobre PPP recomendo o livro Projeto Político-
Pedagógico: Construção e Implementação na Escola, de Cássia Ravena Mulin de Assis
Medel, Ed. Autores Associados.
51
7 ROTEIRO SUGESTIVO PARA PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO
(Baseado no Modelo da Secretaria de Educação da Prefeitura Municipal de Porto
Alegre/RS - http://www2.portoalegre.rs.gov.br/smed/default.php?p_secao=29)
Sumário – capítulos, títulos e subtítulos, números de páginas.
Identificação – dados de identificação
Introdução - concepções e aspectos que julgar importantes do processo de elaboração do
documento,
Histórico – apresentar a história da escola; como é mantida, em qual comunidade está inserida,
qual a influência do trabalho realizado pela escola na comunidade.
Diagnóstico - como é a comunidade e a situação do entorno da escola, características culturais
e sociais da comunidade, situação socioeconômica das famílias, como as relações são
estabelecidas.
Fundamentos - concepções/visões/princípios que norteiam seu PPP, no que se refere a:
criança, infância, desenvolvimento infantil, aprendizagem, escola e educadores; educação
inclusiva, diferenças de gênero, etnia, raça e religião. Definir sua linha pedagógica e quais
teóricos utilizados para embasar sua prática pedagógica diária. Levar em conta os princípios:
• Filosóficos: Visão de mundo, sociedade, homem, conhecimento, criança, infância,
instituição de Educação Infantil, educador/a.
• Socioantropológicos: Visão do contexto sociocultural das crianças e de suas
famílias, concepções sobre as relações com as famílias, com a comunidade, com
outras entidades, movimentos sociais, órgãos da cidade.
• Psicopedagógicos: Visão de desenvolvimento infantil, de ensino-aprendizagem, de
construção do conhecimento.
Planejamento – concepção de planejamento e a organização interna, com base em referencial
teórico. Como planeja sua ação educativa, como organiza os espaços e tempos, como, quando e
com quem faz as reuniões, como documenta e registra o planejamento.
Organização da ação educativa - planejamento da ação didático-pedagógica, qual metodologia
é utilizada (pedagogia de projetos, rede temática, tema gerador, linguagens geradoras...), bem
como a fundamentação teórica que a sustenta. Apontar quais eixos de trabalho são priorizados e
52
como garantem acesso às diferentes manifestações culturais, respeitando as diversas
linguagens e expressões, como promove a integração entre elas, como integra as diversas áreas
do conhecimento e os aspectos da vida cidadã em uma abordagem interdisciplinar.
Acompanhamento e registro – concepções e critérios sobre a avaliação. Esclarecer o que
compõe o documento final de avaliação do aluno (relatório, ficha, produções das crianças,
portfólio...), de que maneira é entregue e para quem. Informar que é avaliado: crianças,
profissionais, escola, comunidade, família.
Organização dos grupos etários – definir como estão organizados os grupos e quais os
critérios utilizados para esta classificação, nome dos grupos e se há diferença na organização
entre os turnos.
Organização do Ambiente Físico - apresentar o espaço físico e suas funcionalidades em
consonância com a ação e proposta pedagógica da escola. Equipe Multiprofissional –
apresentar toda a equipe que trabalha na escola. Informar se há atividades/oficinas extras,
definindo por que são oferecidas e como acontecem.
Referências - referências bibliográficas e/ou virtuais que foram utilizadas na construção do
Projeto Político Pedagógico.
Dicas
Evitar dados que possam ser alterados anualmente;
Fazer correção ortográfica;
Cuidado com o plágio, não faça cópias de sites da Internet, a não ser
que sejam mencionados nas referências;
Utilizar as normas da ABNT;
Não ilustrar.
Prefeitura Municipal de Porto Alegre
53
8 CALENDÁRIOS E MATRIZES ESCOLARES
Quando falamos em calendário escolar, o que lhe vem na mente????
- Datas importantes que a escola deve considerar?
- Número de dias letivos?
- Número de horas que cada disciplina deve ter no decorrer do ano?
Pois bem, calendário escolar de fato refere-se a todos os pontos acima descritos e mais
alguns.
Calendário escolar é um dos vários documentos oficiais que a escola deve elaborar
anualmente. Nele devem constar as atividades e ações que serão realizadas no decorrer do ano,
respeitando quantidade de dias letivos, feriados e outras datas importantes. Ou seja, é o
cronograma físico do ano letivo.
Entretanto, há um regramento na sua estruturação.
A LDB – Lei de Diretrizes e Bases dispõe sobre o calendário:
Art. 23 § 2º O calendário escolar deverá adequar-se às
peculiaridades locais, inclusive climáticas e econômicas, a critério do
respectivo sistema de ensino, sem com isso reduzir o número de horas
letivas previsto nesta Lei.
LDB – Lei de Diretrizes e Bases
54
E mais...
Assim, toda a programação feita para o ano letivo vigente deverá estar contida no
calendário escolar elaborado, respeitando a carga horária e quantidade de dias letivos previsto
na legislação vigente.
Quando da sua elaboração, a instituição de ensino deverá observar o disposto no
Regimento Escolar, Proposta Pedagógica, Legislação, bem como deve estar alinhado às
expectativas da comunidade escolar.
É fundamental que todos os documentos oficiais de uma escola sejam elaborados
alinhados um ao outro, mantendo uma coerência e harmonia entre as informações constantes.
Mas como elaborar na prática um calendário escolar?
Vamos propor algumas dicas que lhe ajudarão nesse trabalho que é um verdadeiro
quebra-cabeça.....
Art. 24 I - a carga horária mínima anual será de oitocentas horas,
distribuídas por um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho
escolar, excluído o tempo reservado aos exames finais, quando
houver;
LDB – Lei de Diretrizes e Bases
55
Cabeçalho....
nome da Escola
dados gerais
ato legal de credenciamento ou recredenciamento
etapas e modalidades de educação e ensino especificando os períodos
regime (anual ou semestral)
ano a que se refere o Calendário
Estrutura do Calendário....
código de cores
número de dias letivos de cada mês, com os totais semestrais e anual;
Legenda....
férias dos professores;
data da apresentação dos professores;
semana pedagógica;
períodos de estudos de recuperação semestral e final e de exames
finais, de acordo com o que dispõe o Regimento Escolar,
reuniões ordinárias dos Conselhos de Classe;
reuniões de pais e professores;
relação dos feriados e recessos (dia e mês);
assinatura do Diretor da instituição,
atividades desenvolvidas nos sábados letivos especiais com a
participação dos alunos
dias dedicados às comemorações cívicas, sociais e religiosas;
período de matrículas;
para os cursos de Educação Profissional – nível técnico, deve constar na
legenda, além do início e término do ano/semestre letivo, o início e o
término do horário de aulas, tempo reservado para o intervalo, total de
horas de cada módulo e carga horária total da habilitação técnica,
excetuando-se as horas reservadas ao estágio. FONTE: Flávia Vargas
56
Obs.: Para a Educação Básica devem estar programados 200 dias letivos / 800 horas. (não são
computados nessa carga horária o tempo de estudos individuais, reservados para estudos de
recuperação e exames finais)
FONTE: modelo calendário abaixo: http://sergiocatarino.blogs.sapo.pt/4351.html
57
8.1 MATRIZ ESCOLAR
A matriz curricular é mais um documento que deve ser construído de forma coletiva e
precisa ser compreendida e adaptada de acordo com a realidade de cada escola.
Esse é um processo demorado e complexo que exige uma visão sistêmica, gerando
resultados positivos no processo de ensino e aprendizagem dos alunos.
Mas como eu, enquanto professor posso avaliar as reais necessidades dos alunos?
Como saber o que exatamente eu devo ensinar a eles?
De que forma ensinar tais conteúdos a eles?
Essas e tantas outras são dúvidas do professor e de toda a equipe pedagógica. Porém,
podem ser esclarecidas com o auxílio de uma matriz curricular.
O professor deve excluir a ideia de que o currículo é apenas uma lista de disciplinas e
conteúdos fragmentados a serem dados aos alunos durante o ano letivo vigente.
Visando esclarecer a importância e a melhor forma de elaborar uma matriz curricular que
tenha como produto final uma prática pedagógica eficiente e eficaz de dada disciplina e seus
conteúdos, seguem no quadro abaixo algumas orientações:
58
Ter como fundamentação a LDB e os PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais;
Embasamento teórico;
Ementas das disciplinas;
Os objetivos, competências e habilidade de aprendizagem para cada ano / série / ciclo;
Os conteúdos que serão trabalhados no período para alcançar essas expectativas, justificando cada um deles;
Orientações didáticas, referências bibliográficas, sugestões de atividades e leituras complementares.
FONTE: Disponível em:
<http://educador.brasilescola.com/orientacao-
escolar/elaborando-matriz-curricular-forma-coletiva.htm>.
Acesso em: 03.01.2012
59
9 REGIMENTO ESCOLAR
Toda organização, seja ela acadêmica ou corporativa, precisa possuir um conjunto de
normas, regras e diretrizes que norteiem e conduzam suas atividades, atribuindo limites,
constituindo direitos e deveres e o respaldando legalmente na condução de suas ações e função
social.
Isso vale também para as escolas, sejam elas públicas ou privadas. Nesse caso esse
documento chama-se REGIMENTO ESCOLAR, e nele consta discutido e aprovado pelos seus
integrantes, as "Normas Regimentais Básicas" em que são definidas as regras de funcionamento
da instituição e as de convivência da equipe e comunidade escolar que a formam.
Dessa forma, o REGIMENTO ESCOLAR, enquanto documento administrativo e
normativo pauta-se nos princípios e diretrizes definidos no PPP e na legislação educacional
vigente. Reforçamos assim que esse documento precisa estar em consonância e harmonia com
os demais documentos oficiais da instituição de ensino.
Por se tratar de um documento oficial, normativo e legal, sua vigência (ou alteração) só
passa a valer a partir do primeiro dia do ano seguinte à sua elaboração ou modificação.
A modificação do REGIMENTO ESCOLAR deve obedecer às mesmas normas que da
legislação comum, não se podendo suprimir ou adicionar novo texto, sem uma análise minuciosa
e detalhada.
Tipicamente, os REGIMENTOS ESCOLARES devem conter, no mínimo, os seguintes
elementos:
1. Identificação e caracterização da escola;
2. Objetivos gerais e específicos da educação escolar;
3. Gestão administrativa e normas de convivência;
4. Processo de avaliação;
60
5. Organização e desenvolvimento do ensino;
6. Organização da vida escolar.
9.1 RELAÇÃO EXISTENTE ENTRE PPP E REGIMENTO ESCOLAR
A escola é feita de pessoas, e como tal cada um possui características, ideias e
princípios diferentes, formando assim um grupo heterogêneo de membros e, consequentemente
passível de mal-entendidos e desentendimentos.
Mas como resolver isso?
Como todo o grupo heterogêneo, para dar certo é preciso ter regras, e essas devem
estar expressas no Regimento Escolar como mencionamos acima.
Todavia, é fundamental que o Regimento Escolar seja construído pautado pelas
diretrizes e orientações constantes no PPP, pois é nele que estão considerados os objetivos
educacionais e a função social de uma escola.
O regimento escolar oferece a direção da escola, a capacidade de tomar decisões
rápidas no caso de conflitos e descumprimento de regras. Porém, para que o regimento tenha
previsto os problemas passíveis de acontecer, facilitando o processo de tomada de decisão, o
PPP deve conter a análise dos problemas e realidade da escola e sua comunidade.
Dessa forma, por exemplo, se o PPP apresenta uma concepção de disciplina
preventiva, o regimento escolar deve direcionar direito e deveres por meio de um código de ética
– disciplinar alinhado ao proposto no PPP ao invés de estipular medidas punitivas.
61
Abaixo um modelo padrão de sumário de um Regimento Escolar extraído do site
Conteúdo Escola. Antes de elaborar o regimento de sua escola, consulte a legislação regional
para analisar as diretrizes específicas, pois as orientações podem mudar de Estado para Estado.
(FONTE: http://www.conteudoescola.com.br/regimento/45-modelo-de-regimento-
escola-particular-de-ensino-fundamental)
COLÉGIO XYZXYZXYZ - ENSINO FUNDAMENTAL
Regimento Escolar Nº 1234
Diretoria de Ensino- 0000000000 - 0
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DE XXXXXXXX
SUMÁRIO
TÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES.........................................
CAPÍTULO I
DA IDENTIFICAÇÃO......................................................................
CAPÍTULO II
FINS E OBJETIVOS DO ESTABELECIMENTO............................
TÍTULO II
DA ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA E TÉCNICA.....................
CAPÍTULO I
DA ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA........................................
SEÇÃO I
DA DIREÇÃO................................................................................
SEÇÃO II
DA SECRETARIA..........................................................................
62
SEÇÃO III
DO PESSOAL TÉCNICO, ADMINISTRATIVO E DE APOIO.........
CAPÍTULO II
DA ORGANIZAÇÃO TÉCNICA.....................................................
SEÇÃO I
DOS CONSELHOS DE CLASSE E SÉRIES.................................
SEÇÃO II
DOS CONSELHOS ESCOLARES.................................................
SUB-SEÇÃO I
DO CONSELHO DE ESCOLA......................................................
SUB-SEÇÃO II
DOS CONSELHOS DE CLASSES/SÉRIES.................................
SUB-SEÇÃO III
DA APM - ASSOCIAÇÃO DE PAIS E MESTRES.......................
SEÇÃO III
DA COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA.........................................
SEÇÃO IV
DA SALA DE LEITURA...............................................................
SEÇÃO V
DO LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA....................................
TÍTULO III
DA ORGANIZAÇÃO GERAL DOS CURSOS E DO PROCESSO EDUCATIVO
CAPÍTULO I
NÍVEIS, MODALIDADES DE EDUCAÇÃO E ENSINO............
SEÇÃO I
FINS E OBJETIVOS DOS CURSOS............................................
SEÇÃO II
MÍNIMOS DE DURAÇÃO E CARGA HORÁRIA...........................
SEÇÃO III
CRITÉRIOS DE ORGANIZAÇÃO E COMPOSIÇÃO CURRICULARES........
63
CAPÍTULO II
DA PROPOSTA PEDAGÓGICA ....................................................
CAPÍTULO III ...
DO PLANO ESCOLAR E DO PLANO DE CURSO .....................
TÍTULO IV
DO ACOMPANHAMENTO DO DESEMPENHO, DA FREQUÊNCIA E DA PROGRESSÃO DO
ALUNO AO LONGO DO CURSO.........
CAPÍTULO I
VERIFICAÇÃO DO RENDIMENTO ESCOLAR.............................
SEÇÃO I
FORMAS DE AVALIAÇÃO...........................................................
SEÇÃO II
DA RECUPERAÇÃO....................................................................
SEÇÃO III
PROMOÇÃO................................................................................
SEÇÃO IV
DA RETENÇÃO...........................................................................
SEÇÃO V
DA FREQUÊNCIA..................................................................
SEÇÃO VI
DA COMPENSAÇÃO DE AUSÊNCIAS.......................................
TÍTULO V
DA ORGANIZAÇÃO DA VIDA ESCOLAR...................................
CAPÍTULO I
CLASSIFICAÇÃO E RECLASSIFICAÇÃO...................................
SEÇÃO I
DA CLASSIFICAÇÃO...................................................................
SEÇÃO II
DA RECLASSIFICAÇÃO..............................................................
64
CAPÍTULO II
MATRÍCULAS...............................................................................
SEÇÃO I
DAS TRANSFERÊNCIAS...........................................................
SEÇÃO II
DO APROVEITAMENTO DE ESTUDOS E ADAPTAÇÃO PEDAGÓGICA.......
CAPÍTULO III
EXPEDIÇÃO DE DOCUMENTOS................................................
SEÇÃO I
EXPEDIÇÃO DE HISTÓRICOS ESCOLARES............................
SEÇÃO II
CERTIFICADOS DE CONCLUSÃO DE CURSOS.......................
TÍTULO VI
DIREITOS E DEVERES DOS PARTICIPANTES DO PROCESSO
EDUCATIVO................................................................................
CAPÍTULO I
DOS DIREITOS E DEVERES......................................................
SEÇÃO I
DOS PROFESSORES...........................................................................
SEÇÃO II
DOS ALUNOS..............................................................................
SEÇÃO III
DOS PAIS....................................................................................
SEÇÃO IV
DO PESSOAL TÉCNICO, ADMINISTRATIVO E DE APOIO - DIREITOS E DEVERES.........
TÍTULO VII
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS.......................................................
CAPÍTULO I
DA ASSISTÊNCIA AO ALUNO...................................................
CAPÍTULO II
65
DAS BOLSAS DE ESTUDO........................................................
CAPÍTULO III
DO GRÊMIO ESCOLAR..............................................................
CAPÍTULO IV
DOS CASOS OMISSOS...............................................................
CAPÍTULO IV
DO CALENDÁRIO ESCOLAR......................................................
CAPÍTULO V
DAS ALTERAÇÕES REGIMENTAIS..........................................
TÍTULO VIII
DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS.......................................
Estamos concluindo esse módulo. Nele conhecemos os referenciais metodológicos
para o trabalho com projetos, a concepção e construção de um PPP e o que envolve a
elaboração de calendários e matrizes escolar, bem como os princípios que fundamentam a
construção de um regimento escolar. Vamos recapitular os principais tópicos?
FONTE: Flávia Vargas
O projeto exige dos educadores e educandos sair da sua zona de
conforto e entrar num mundo por vez desconhecido, que implicará em
atividades de investigação e pesquisa por parte dos envolvidos. Ou seja, tanto
professor quanto aluno deverão atuar como sujeitos ativos, críticos – reflexivos
durante a situação metodológica que o projeto irá impor.
66
FONTE: Flávia Vargas
FONTE: Flávia Vargas
O PPP norteia a competência esperada de um educador quando da
sua função social. Solidifica o espaço escolar com lugar central da educação,
descentralizado de um sistema. Oferece a garantia de um processo de ensino
– aprendizagem eficaz e eficiente, se bem construído.
O maior desafio é entender e assegurar a permanente revisão e
avaliação de um PPP. Entendê-lo assim como algo que está sempre em
construção.
O regimento escolar deve ser não linear, perpassando todas as áreas da
escola, assegurando os preceitos legais vigentes e as diretrizes condizentes
com a prática pedagógica e filosofia da escola.
67
10 INTRODUÇÃO
Nos módulos anteriores estudamos sobre planejamento escolar, projeto político
pedagógico, documentos oficiais da escola, calendários e matrizes escolares e estrutura
curricular.
Esses conceitos estão localizados em uma área macro do campo educacional.
Todos esses conceitos vão servir de alicerce para que agora possamos aprender sobre
os planejamentos do ensino propriamente dito, no ambiente em que a aprendizagem ocorre
diretamente: a sala de aula ou espaços equivalentes.
Assim, nesse último módulo do nosso curso, vamos estudar sobre Planos de Curso e
Planos de Aula. Além do aporte teórico, vamos trazer alguns exemplos desses planos prontos
para serem aplicados nas suas aulas.
Bons estudos!
68
10.1 PLANO DE CURSO
Um curso é composto de uma série de disciplinas que, organizadas lógica e
sequencialmente, formam o conjunto de matérias que serão ensinadas durante o ano letivo.
Essa estrutura não é tão livre. Apesar de a escola ter uma flexibilidade, ela precisa respeitar o
disposto na legislação, obedecendo a regras e princípios orientadores.
Um curso pode conter diferentes níveis de ensino, por exemplo, o ensino fundamental,
médio e superior. Os conteúdos são formados por um núcleo comum, mas também é integrada
na sua estrutura uma parte flexível e diversificada.
Segundo Maximiliano Menegolla:
O plano de curso pode ser considerado, ainda, como um conjunto de
elementos que constituem a organização estrutural de um determinado
evento promocional, em relação à educação, ao ensino, ou à
aprendizagem de alguma profissão, atividades, ou o desenvolvimento
de habilidades específicas, dentro de um campo geral ou específico.
(MENEGOLLA, pág. 59)
Alinhado a esse conceito, podemos citar os cursos técnicos e superiores, que possuem
na sua estrutura uma série de conteúdos e disciplinas distribuídos de forma lógica e sequencial
durante três ou quatro anos respeitando uma carga horária definida em legislação.
Claro que cada curso, mesmo tendo a obrigatoriedade que a legislação exige, possui
suas características próprias, sua filosofia, sua proposta pedagógica e social, e todos os
conteúdos trabalhados devem perfazer essa proposta.
Ao elaborar um novo curso, a instituição de ensino deve elaborar um plano de curso,
consoante com a sua proposta pedagógica e submeter às autoridades competentes para
69
aprovação. Essa autoridade pode ser a Secretaria Municipal ou Estadual ou mesmo o MEC –
Ministério da Educação, para que seja analisado, aprovado e homologado. Esse é o
procedimento para que a instituição possa abrir turmas e ofertar o novo curso ao seu público.
As exigências para a estruturação de um novo curso estão dispostas na LDB – Lei de
Diretrizes e Bases – Nº 9394/96. Além disso, as Secretarias Municipais e Estaduais possuem
exigências próprias que devem ser observadas na concepção de um novo curso.
Estar atento às diretrizes e normas da legislação vigente.
Mas como elaborar o Plano de Curso?
O que ele deve conter?
O site “Conteúdo Escola” traz seis pontos fundamentais que devem compor o Plano de
Curso:
1. Objetivos dos cursos.
2. Integração e sequência dos componentes curriculares.
3. Síntese dos conteúdos programáticos, como subsídio à elaboração dos
planos de ensino.
4. Carga horária mínima dos cursos e seus componentes curriculares.
5. Planos de estágio profissional (tratando-se de curso técnico).
6. Procedimentos de acompanhamento e avaliação.
FONTE: Disponível em: <http://www.conteudoescola.com.br/plano-de-curso/52>.
Acesso em: 16 dez. 2012.
70
É importante salientar que o Plano de Curso não é elaborado pelos professores
isoladamente. Ele é elaborado pela escola quando submete a aprovação das autoridades.
Porém, os professores podem e devem participar da sua concepção, uma vez que eles têm o
domínio sobre uma parte fundamental do processo: os conteúdos.
Para exemplificar, vamos apresentar abaixo um modelo de Plano de Curso completo do
SENAC / SP – Curso Técnico em Lazer e Recreação para que você possa utilizar como modelo
para estruturar o seu plano de curso.
FONTE: Disponível em: <http://www.sp.senac.br/downloads/122_lazer_e_recreacao.pdf>.
Acesso em: 16 dez. 2012.
Plano de Curso
Instituição: SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM COMERCIAL
SENAC SÃO PAULO
CNPJ: 03.709.814/0001-98
Data: 06 de Novembro de 2007
Número do Plano: 122
Área do Plano: Lazer e desenvolvimento social
Plano de Curso para:
Nome do Curso: Habilitação Técnica de Nível Médio em Lazer e
Recreação
Carga Horária: 800 horas
Este plano de curso é válido para turmas iniciadas a partir de 24/11/2007,
autorizado pela Portaria CEE/GP-638 publicada no DOE de 24/11/2007.
71
1. JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS
A Habilitação Técnica de Nível Médio em Lazer e Recreação – Área Profissional de
Lazer e desenvolvimento social atende ao disposto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional – LD B – Lei Federal nº 9.394/96, no Decreto Federal nº 5.154/04, na Resolução
CNE/CEB nº 04/99 e no Parecer CNE/ CEB nº 16/99 do Conselho Nacional de Educação, na
Indicação CEE /SP nº 08/2000 do Conselho Estadual de Educação de São Paulo, no Regimento
das Unidades Educacionais Senac São Paulo e demais normas do sistema de ensino.
Segundo dados do censo mensal realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE, fev./2007), o setor de serviços ocupa mais de 47% dos empregos gerados na
região metropolitana de São Paulo e apresenta forte tendência crescente.
Em 2006, a mais recente Pesquisa Anual de Serviços (PAS, 2006 – IBGE) estimou que
o cenário nacional também apresenta grande número de vagas no setor de serviços e, em 2005
havia quase um milhão de empresas atuando nesse setor – o que revela um crescimento médio
do setor de 8% ao ano, sendo que quase um quarto dessas empresas está voltado ao segmento
de serviços prestados às famílias, incluindo turismo, gastronomia, eventos e lazer.
Sendo o setor de lazer um forte gerador de emprego e renda e diante do enorme
potencial de expansão do setor de serviços inexplorado no estado de São Paulo, principalmente
no que se refere aos serviços de recreação, acredita-se que o investimento na qualificação e
capacitação de mão de obra para o setor seja uma grande necessidade do mercado. Diante
desse cenário, o Senac São Paulo apresenta o curso Técnico em Lazer e Recreação, em
sintonia com sua Proposta Pedagógica, considerando as competências gerais da área de Lazer
e desenvolvimento social e as competências específicas da habilitação técnica de nível médio
em Lazer e Recreação, respeitando valores estéticos, políticos e éticos, bem como mantendo
compromisso com a qualidade, o trabalho, a ciência, a tecnologia e as práticas sociais
relacionadas aos princípios da cidadania responsável.
Na perspectiva de atualizar o perfil profissional de conclusão do Técnico em Lazer e
Recreação e mediante as transformações do setor produtivo e da sociedade, o Plano de Curso
de Técnico em Lazer e Recreação, aprovado pela Portaria Senac/GDE nº 36/04 de 01/04/04,
publicada no Diário Oficial do Estado – DOE de 08/04/04 pela Portaria CEE-GP nº 53/04, passa,
72
nesta oportunidade, por revisão, redefinindo-se suas bases tecnológicas e promovendo as
práticas educacionais que vão direcionar os novos conhecimentos ao aluno, na sua capacidade
crítica, criativa, inovadora e empreendedora, necessária para enfrentar os fenômenos que o
lazer apresenta.
Para tanto, tais bases contemplam as novas tendências culturais e mercadológicas
observadas e privilegiam a busca pela qualidade de vida, individual e coletiva, para que a área
de Lazer possa crescer ainda mais e desenvolver-se adequadamente, não apenas para a oferta
de um serviço, mas para o crescimento e qualificação do setor e a valorização de seus
profissionais.
Nesse contexto, o curso propicia condições aos alunos para que constituam as
competências gerais da área e específicas dessa habilitação técnica, definidas a partir da análise
do processo desse segmento.
A Instituição se propõe a permanente atualização do Plano de Curso, a fim de
acompanhar as transformações tecnológicas e socioculturais do mundo do trabalho,
especialmente da área de Lazer e desenvolvimento social.
2. REQUISITOS DE ACESSO
Para matrícula no curso, o candidato deverá estar cursando, no mínimo, a 2º série do
ensino médio.
Documentos:
– Requerimento de matrícula.
– Documento de identidade com foto e validade nacional (cópia).
– Histórico Escolar de conclusão do Ensino Médio (duas vias: original e cópia ou cópia
autenticada e cópia simples) ou,
– Declaração da escola comprovando que o aluno está cursando a escolaridade
mínima exigida (original).
73
As inscrições e as matrículas serão efetuadas conforme cronograma estabelecido pela
Unidade, atendidos os requisitos de acesso e os termos regimentais.
A Unidade poderá promover processo seletivo quando julgar necessário, incluindo
avaliação de conhecimentos e habilidades adquiridos pelo candidato no ensino médio, desde
que relacionados com as competências essenciais ao desenvolvimento do curso.
3. PERFIL PROFISSIONAL DE CONCLUSÃO
O Técnico em Lazer e Recreação é o profissional capaz de compreender as
características, necessidades e potencialidades de grupos e comunidades para organizar,
propor, executar e avaliar programas e projetos de lazer e recreação, mobilizando pessoas,
instituições e recursos para a sua realização e coordenando as ações em direção ao resultado
final desejado.
Esse profissional poderá atuar em espaços de diversão, hospedagem, culturais,
educacionais, esportivos, governamentais e corporativos, entre outros.
Nesse sentido, deve, no decorrer do curso, mobilizar e articular com pertinência os
saberes necessários à ação eficiente e eficaz, integrando suporte científico, tecnológico e
valorativo que lhe permita:
– Buscar atualização constante e autodesenvolvimento, por meio de estudos e
pesquisas, para propor inovações, identificar e incorporar, criticamente, novos métodos, técnicas
e tecnologias às suas ações e responder às situações cotidianas e imprevisíveis com
flexibilidade e criatividade. – Assumir postura profissional condizente com os princípios que
regem as ações pertinentes ao lazer, atuando em equipes multidisciplinares e relacionando-se
adequadamente com outros profissionais, clientes e fornecedores envolvidos no processo,
contribuindo de forma efetiva para atingir os objetivos estabelecidos no seu campo de trabalho.
– Gerenciar seu percurso profissional, com iniciativa e de forma empreendedora,
visualizando oportunidades de trabalho nos diversos setores e possibilidades para projetar seu
itinerário formativo, seja prestando serviços em organizações ou na condução do seu próprio
negócio.
74
– Atuar com responsabilidade, comprometendo-se com os princípios da ética, da
sustentabilidade ambiental, da preservação da saúde e do desenvolvimento social, orientando
suas atividades por valores expressos no ethos profissional, resultante da qualidade e do gosto
pelo trabalho bem-feito.
Para atender às demandas do processo produtivo, o Técnico em Lazer e Recreação
deverá constituir as seguintes competências específicas da habilitação:
– Elaborar e propor atividades visando o aproveitamento do tempo livre individual ou
coletivo, identificando as características dos diversos públicos e setores;
– Dominar técnicas recreativas para interagir com as diferentes áreas de atuação;
– Utilizar criteriosamente os recursos ambientais e de infraestrutura, buscando educar,
orientar e assessorar seus clientes, comunidades e segmentos;
– Compreender as políticas nacionais e regionais de lazer e desenvolvimento social,
sensibilizando as comunidades, visando à fruição artística cultural de recreação e de
entretenimento, objetivando a melhoria da qualidade de vida;
– Expressar-se adequadamente utilizando a linguagem verbal e não verbal e interagir
de forma criativa, compreendendo a complexidade das relações sociais e interpessoais que são
necessárias às atividades de Lazer e Recreação.
Em consonância com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Profissional de Nível Técnico, este profissional deve, também, constituir as competências
gerais da área profissional de Lazer e desenvolvimento social:
– Identificar os indicadores sociais sobre as questões comunitárias que exigem
atuação;
– Organizar programas e projetos de lazer e de ação social, adequados ao
atendimento das necessidades identificadas, considerando os interesses, atitudes e expectativas
da população-alvo;
– Organizar ações que atendam aos objetivos da instituição, pública, privada ou do
terceiro setor, e que visem ao lazer, ao bem-estar social, às práticas de desenvolvimento
75
sustentável nos diferentes aspectos da vida coletiva, ao associativismo cooperativo, aos
processos de formação de grupos de interesses coletivos, e à inclusão social de indivíduos e de
grupos, seja no trabalho e no lazer, seja na vida familiar e na comunitária;
– Promover e difundir práticas e técnicas de desenvolvimento sustentável nas
comunidades, coletividades e grupos, visando à melhoria de qualidade de vida e do
relacionamento social e pessoal;
– Identificar instituições, grupos e pessoas que poderão cooperar com programas,
projetos e ações, estabelecendo parcerias institucionais, de recursos financeiros e materiais e de
colaboradores multiprofissionais, inclusive voluntários, mediando interesses e práticas
operacionais;
– Identificar e utilizar, de forma ética e adequada, programas de incentivos e outras
possibilidades de captação de recursos e patrocínios para a viabilização das atividades;
– Articular meios para a realização das atividades com prestadores de serviços e
provedores de apoio e de infraestrutura;
– Organizar espaços físicos para as atividades, prevendo sua ambientação, uso e
articulação funcional, e fluxo de trabalho e de pessoas;
– Operar a comercialização de produtos e serviços com direcionamento de ações de
divulgação e de venda;
– Executar atividades de gerenciamento econômico, técnico e administrativo, articulando
os setores internos e coordenando os recursos;
– Executar atividades de gerenciamento do pessoal envolvido nas atividades e serviços;
– Avaliar a qualidade das atividades e serviços realizados;
– Aplicar a legislação nacional, bem como os princípios e normas internacionais
pertinentes.
76
4. ORGANIZAÇÃO CURRICULAR
A organização curricular deste Plano de Curso compreende o currículo necessário à
formação do Técnico em Lazer e Recreação – Área Profissional de Lazer e desenvolvimento
social, contendo três módulos sem terminalidade.
Estrutura Curricular
Módulos Horas
I Ambientação Profissional 100
II Laboratório de Recreação 580
III Inovação e Empreendedorismo em Lazer e Recreação 120
Total de horas 800
Módulo I – Integra o aluno no campo do lazer e recreação, mediante contato com
profissionais da área e ambientes onde atuam, com participação em atividades vivenciais
simuladas que permitem contextualizar as atividades profissionais, de modo que possa articular
suas expectativas sobre a profissão com as que ela oferece, visando o seu desenvolvimento
profissional. Deve ser desenvolvido no início do curso, ou concomitante ao Módulo II.
Módulo II – O aluno desenvolve conhecimentos significativos sobre o setor, por meio
de debates em sala de aula e vivências externas, voltados ao desenvolvimento de habilidades e
à formação de valores e atitudes fundamentais ao seu exercício profissional. Pode ser
desenvolvido após, ou concomitante ao Módulo I.
Módulo III – Prioriza a autonomia do futuro profissional por meio do estímulo à
criatividade do aluno, buscando o desenvolvimento da capacidade de inferência, diante das
áreas de atuação. O aluno desenvolve um plano de negócios constituindo competências que
favoreçam a criação de seu empreendimento, a participação no gerenciamento de empresas, ou
ainda, a atuação estratégica na prestação de serviços. Deve ser desenvolvido após o Módulo
I e em concomitância com o módulo II.
77
Competências Profissionais a serem desenvolvidas nos Módulos
Módulo I – Ambientação Profissional
– Exercer suas funções profissionais, compreendendo sua formação como um
processo contínuo de desenvolvimento de competências, consciente das implicações sociais de
suas ações;
– Desenvolver ações profissionais considerando e utilizando os princípios éticos,
técnicos e científicos e respeitando a diversidade e a complexidade das relações humanas e
sociais;
– Exercitar a interdisciplinaridade, compartilhando habilidades, conhecimentos e
valores para atuar em equipes multiprofissionais;
– Reconhecer-se profissionalmente na área de lazer e recreação, compreendendo-a
como um mecanismo de transformação pessoal e social;
– Atuar de maneira consciente para desenvolver nas pessoas a consciência ambiental,
assim como a valorização e a preservação do meio ambiente, por meio de ações voltadas à
melhoria da qualidade de vida;
– Reconhecer os impactos ambientais, econômicos, sociais e culturais gerados pelas
ações do lazer, observando os conceitos etimológicos e técnicos que regem a área para
assegurar uma atuação profissional responsável;
– Estabelecer comunicação adequada com diferentes tipos de públicos nas atividades
programadas;
– Assumir postura adequada, visando facilitar a receptividade dos diversos públicos,
proporcionando a inclusão e tendo em vista a respeitabilidade da profissão.
Módulo II – Laboratório de Recreação
– Exercer a capacidade criativa e inovadora, mobilizando conhecimentos sobre
desenvolvimento humano e social e das técnicas recreativas e lúdicas, para promover as
funções do lazer e atender o público de acordo com suas necessidades e características;
78
– Utilizar de maneira adequada recursos materiais, bem como zelar pela conservação
da estrutura física, criando ambientes práticos, confortáveis e acolhedores, buscando alcançar o
melhor resultado.
– Analisar e compreender situações-problema com as quais se depara, mobilizando
seus conhecimentos para resolvê-las, assumindo as responsabilidades que emergem de sua
profissão;
– Reconhecer aspectos das manifestações populares, compreendendo seus
significados para ampliar sua formação cultural;
– Analisar e elaborar propostas a partir da compreensão do fenômeno do lazer e do
entretenimento em sua evolução histórica, considerando a importância da administração do
tempo livre e do tempo de trabalho;
– Conhecer práticas de primeiros socorros, sabendo como proceder nos casos que
necessitam da aplicação de alguma manobra de auxílio à vida do próximo.
Módulo III – Inovação e Empreendedorismo em Lazer e Recreação
– Visualizar as características do comportamento empreendedor e sua importância
para o desenvolvimento pessoal e profissional, aplicando modelos mentais e técnicas de
desenvolvimento do perfil empreendedor na busca do comprometimento com o objetivo do
curso;
– Realizar mudanças significativas e sistêmicas, mobilizando conceitos e técnicas de
criatividade e inovação com o objetivo de propor produtos e serviços com diferenciais
competitivos;
– Identificar oportunidades e planejar negócios, mobilizando atitudes e técnicas
empreendedoras e conceitos de inovação e criação de valor para analisar a viabilidade
mercadológica, econômico-financeira e social de novos empreendimentos ou projetos
corporativos que atendam às demandas de mercado;
– Propor ações e metas alinhadas com as prioridades corporativas, compreendendo as
diretrizes estratégicas da empresa e percebendo como o processo de planejamento é realizado
em organizações, de modo a proporcionar uma visão sistêmica;
79
– Buscar a sustentabilidade do empreendimento, propondo estratégias de
comunicação e comercialização, utilizando a análise de ambiente de negócios, baseando-se nos
conceitos e práticas de marketing;
– Planejar a arquitetura organizacional de uma nova iniciativa, entendendo as
principais funções e atividades desenvolvidas para o planejamento e gestão dos recursos
humanos da empresa, visando o desempenho eficiente das pessoas e, consequentemente, do
empreendimento;
– Propor estrutura de produção, operação ou prestação de serviços, conhecendo as
atividades desse processo nas empresas, suas principais funções, técnicas e tendências, a fim
de aprimorar o desempenho e competitividade da organização;
– Criar modelos financeiros que simulem uma nova iniciativa de negócios,
reconhecendo a atividade de finanças, contabilidade e controladoria, suas principais funções e
atividades em empresas, visando o planejamento financeiro, controle e tomada de decisão;
Indicações Metodológicas
As indicações metodológicas que orientam o desenvolvimento deste Plano de Curso,
em consonância com a Proposta Pedagógica do Senac São Paulo, pautam-se nos princípios da
aprendizagem com autonomia e do desenvolvimento de competências profissionais, entendidas
como a “capacidade de mobilizar, articular e colocar em ação valores, conhecimentos e
habilidades necessários para o desempenho eficiente e eficaz de atividades requeridas pela
natureza do trabalho”.1
As competências profissionais descritas na organização curricular foram definidas com
base no perfil profissional de conclusão, considerando processos de trabalho de complexidade
crescente relacionados com o lazer e recreação. Tais competências desenham um caminho
metodológico que privilegia a prática pedagógica contextualizada, colocando o aluno perante
situações problemáticas que possibilitem o exercício contínuo da mobilização e da articulação
dos saberes necessários para a ação e a solução de questões inerentes à natureza do trabalho
nesse segmento.
80
A incorporação de tecnologias e práticas pedagógicas inovadoras previstas para este
curso, como o trabalho por projeto, atende aos processos de produção da área, às constantes
transformações que lhe são impostas e às mudanças socioculturais relativas ao mundo do
trabalho, pois propicia aos alunos a vivência de situações contextualizadas, gerando desafios
que levam a um maior envolvimento, instigando-os a decidir, opinar, debater e construir com
autonomia o seu desenvolvimento profissional.
1 Definição de competência profissional presente nas Diretrizes Curriculares Nacionais
para a Educação Profissional de Nível Técnico – Resolução CNE/CEB nº 04/99.
Oferece, ainda, a oportunidade de trabalho em equipe, assim como o exercício da
ética, da responsabilidade social e da atitude empreendedora.
As situações de aprendizagem previstas para cada módulo têm como eixo condutor um
projeto que considera contextos similares àqueles encontrados nas condições reais de trabalho e
estimula a participação ativa dos alunos na busca de soluções para os desafios que dele
emergem.
Estudo de casos, proposição de problemas, pesquisas em diferentes fontes, contato
com empresas e especialistas da área, visitas técnicas, atividades comunitárias, trabalho de
campo, simulações de contextos e vivências em laboratório compõem o repertório de atividades
do trabalho por projeto que serão especificadas no planejamento dos docentes a ser elaborado
sob a coordenação da Área Técnica da Unidade e registrado em documento próprio.
Cabe ressaltar que, na mediação dessas atividades, o docente deve atuar no sentido
de possibilitar a identificação de problemas diversificados e desafiadores, orientando na busca
de informações, estimulando o uso do raciocínio lógico e da criatividade, incentivando respostas
inovadoras e criando estratégias que propiciem avanços, tendo sempre em vista que a
competência é formada pela prática e que esta se dá em situações concretas.
5 CRITÉRIOS DE APROVEITAMENTO DE CONHECIMENTOS E EXPERIÊNCIAS
ANTERIORES
81
As competências anteriormente adquiridas pelos alunos, relacionadas com o perfil
profissional de conclusão do Técnico em Lazer e Recreação, podem ser avaliadas para
aproveitamento de estudos, nos termos da legislação vigente.
Assim, podem ser aproveitados no curso os conhecimentos e as experiências
adquiridos:
– Em cursos, módulos, etapas ou certificação profissional técnica de nível médio,
mediante comprovação e análise da adequação ao perfil profissional de conclusão e, se
necessário, com avaliação do aluno;
– Em cursos de formação inicial e continuada de trabalhadores, no trabalho ou por
outros meios informais, mediante avaliação do aluno.
O aproveitamento, em qualquer condição, deve ser requerido antes do início do
módulo correspondente e em tempo hábil para o deferimento pela direção da Unidade, com a
devida análise por parte dos docentes, aos quais caberá a avaliação das competências e a
indicação de eventuais complementações.
Os docentes que participarem do processo de avaliação de competências
apresentarão relatório com indicação das atividades e do resultado da avaliação. O relatório será
arquivado no prontuário individual do aluno, juntamente com os documentos que instruíram esse
processo.
6 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO
A avaliação da aprendizagem será contínua, priorizando aspectos qualitativos
relacionados com o processo de aprendizagem e o desenvolvimento do aluno observado durante
a realização das atividades propostas, individualmente e/ou em grupo – tais como pesquisas,
relatórios de atividades e visitas técnicas, estudo de casos, diagnóstico ou prognóstico sobre
situações de trabalho e com os produtos gerados pelos projetos desenvolvidos.
A observação deve se pautar em critérios e indicadores de desempenho, pois se
considera que cada competência traz em si determinada experiência cognitiva, valorativa e
82
comportamental. Assim, pode-se dizer que o aluno constituiu determinada competência quando
seu desempenho expressa esse patamar de exigência qualitativa.
Para orientar o processo de avaliação, torná-lo transparente e capaz de contribuir para a
promoção e a regulação da aprendizagem, é necessário que os indicadores de desempenho
sejam definidos no plano de trabalho do docente e explicitados aos alunos desde o início do
curso, a fim de direcionar todos os esforços da equipe técnica, docente e do próprio aluno para
que ele alcance o desempenho desejado.
Desse modo, espera-se potencializar a aprendizagem e reduzir ou eliminar o
insucesso. Isso porque a educação por competência implica em assegurar condições para que
o aluno supere as dificuldades de aprendizagem diagnosticadas durante o processo
educacional.
A autoavaliação será estimulada e desenvolvida por meio de procedimentos que
permitam ao aluno acompanhar o próprio progresso e identificar os pontos a serem aprimorados,
considerando-se que esta é uma prática imprescindível à aprendizagem com autonomia.
O resultado do processo de avaliação será expresso em menções:
– Ótimo: capaz de desempenhar, com destaque, as competências exigidas pelo perfil
profissional de conclusão.
– Bom: capaz de desempenhar, a contento, as competências exigidas pelo perfil
profissional de conclusão.
– Insuficiente: ainda não capaz de desempenhar, no mínimo, as competências
exigidas pelo perfil profissional de conclusão.
As menções serão atribuídas por módulo, considerando-se os critérios e indicadores
de desempenho relacionados às competências previstas em cada um, as quais integram as
competências profissionais descritas no perfil de conclusão. Será considerado aprovado aquele
que obtiver, no final de cada módulo, a menção Ótimo ou Bom e a frequência mínima de 75%
do total de horas de efetivo trabalho educacional.
83
Será considerado reprovado, aquele que obtiver menção Insuficiente em qualquer
um dos módulos, mesmo após as oportunidades de recuperação, ou tiver frequência inferior a
75% do total de horas de efetivo trabalho educacional.
Ao aluno com frequência mínima de 75% e menção Insuficiente será oferecida
oportunidade de recuperação de aprendizagem, organizada em diferentes formatos e
desenvolvida de maneira contínua, no decorrer do módulo ou, quando couber, no final do
processo.
O aluno com menções, Ótimo ou Bom, mas com frequência inferior a 75% e igual ou
superior a 60%, por motivos justificados, poderá ter sua situação apreciada pelo Conselho de
Curso para avaliação da possibilidade de promoção.
Os alunos devem ter pleno conhecimento dos procedimentos a serem adotados para o
desenvolvimento do curso, bem como sobre as normas regimentais e os critérios de avaliação,
recuperação, frequência e promoção.
7 INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS
Instalações:
– Sala de aula adequadamente mobiliada com cadeiras móveis para a composição de
diferentes arranjos que privilegiem a diversidade de atividades.
– Espaços específicos nas Unidades do Senac ou de terceiros para realização das
atividades de recreação.
Equipamentos:
A Unidade disponibilizará:
– Amplificador;
– Aparelho de som;
– Aparelho de videocassete ou DVD;
– Computadores;
84
– D ata Show;
– Flip chart;
– Microfones;
– Retroprojetor;
– Tela para projeção;
– Televisão.
Materiais Específicos para Recreação:
– Apito;
– Arcos;
– Bolas de borracha;
– Bomba para encher balões;
– Cones;
– Cordas de nylon;
– Jogos de mesa/ tabuleiros;
– Kit Primeiros Socorros;
– Maquilagem teatral;
– Material de Papelaria.
8 PESSOAL DOCENTE E TÉCNICO
Estão habilitados para a docência neste curso profissionais licenciados (licenciatura
plena ou programa especial de formação) na área profissional.
Poderão, ainda, ser admitidos profissionais com a seguinte ordem preferencial:
85
– Na falta de profissionais licenciados, os graduados na correspondente área profissional
ou de estudos;
– Na falta de profissionais graduados nas áreas específicas, profissionais graduados em
outras áreas e que tenham experiência na área do curso;
– Na falta de profissionais graduados, técnicos de nível médio na área do curso, com
comprovada experiência profissional na área;
– Na falta de profissionais de nível técnico com comprovada experiência, outros
reconhecidos por sua notória competência.
Aos não licenciados será propiciada formação docente em serviço.
A coordenação do curso será realizada por profissional com graduação e experiência
compatível com as necessidades do cargo.
9. CERTIFICADOS E DIPLOMA
Àquele que concluir todos os módulos que compõem a estrutura curricular deste Plano
de Curso e comprovar a conclusão do ensino médio será conferido o diploma de Técnico em
Lazer e Recreação – Área Profissional de Lazer e desenvolvimento social, registrado com
validade nacional.
Bibliografia Básica:
Para atender às necessidades de consulta e pesquisa dos docentes e dos alunos, a Unidade
constituirá seu acervo com livros, revistas e publicações técnicas, incluindo, necessariamente, os
seguintes títulos:
86
BROTTO, F. O. Jogos Cooperativos: O Jogo e o Esporte Como Um Exercício de Convivência. 2.
ed. São Paulo: Cepe, 2002.
BRUHNS, H. T. Introdução Aos Estudos do Lazer. Campinas: Unicamp, 2001.
CAMARGO, L. O. L. Educação Para o Lazer. São Paulo: Moderna, 1998.
______. Hospitalidade. São Paulo: Aleph, 2004.
CAMPOS, L. C. A. M. Lazer e Recreação. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2002.
CAVALLARI, V. R.; ZACHARIAS, V. Trabalhando com Recreação, 9. ed. São Paulo: Ícone,
2007.
CIDADE, RUTH E. A.; FREITAS, PATRICIA S. Introdução à Educação Física e ao desporto para
pessoas portadoras de deficiência. 1. ed: Editora UFPR, 2002.
CORNELL, J. Brincar e aprender com a natureza: um guia sobre a natureza para pais e
professores. São Paulo: Melhoramentos / SENAC. 1996
______. A alegria de aprender com a natureza. São Paulo: Melhoramentos / SENAC. 1997.
DOLABELA, e. O Segredo de Luiza. São Paulo: Cultura, editores associados, 1999.
DUMAZEDIER, J. Lazer e Cultura Popular. 3. ed. São Paulo: Perspectiva, 2000.
______. Sociologia Empírica do Lazer. 2. ed. São Paulo: Perspectiva, 1999.
HONORE, C. Devagar – Como um movimento mundial está desafiando o culto da velocidade.
São Paulo: Record, 2005.
KRAUSE, Hubert. Ganhe dinheiro brincando: recreação em festas e eventos. São Paulo:
Ícone, 2007.
LETTIERI, F. Acampando com a garotada. São Paulo: Ed. Ícone, 1999.
MARCELLINO, N. C. Estudos do Lazer: Uma Introdução. 3. ed. Campinas: Autores
Associados, 2002.
______. Repertorio de atividades de recreação e lazer. Campinas, ed. Papirus, 2002.
87
______. Lazer e Empresa: Múltiplos Olhares. 3. ed. Campinas: Papirus, 2002.
PIMENTEL, G. Lazer: Fundamentos, estratégias e atuação profissional. Jundiaí: ed. Fontoura,
2003.
88
11 PLANO DE DISCIPLINA
Falamos anteriormente sobre Plano de Curso. Hierarquicamente, abaixo dele, teremos o
plano de disciplina, constituído em um nível micro do planejamento de ensino.
O plano de disciplina é uma derivada do plano de curso e do planejamento curricular que
vimos no primeiro módulo.
Entretanto, ele tem uma metodologia própria, é específico e relativo a uma determinada
disciplina ou matéria. É concebido no ambiente micro da sala de aula ou espaço reservado para
a aprendizagem.
O plano de disciplina pode ser construído em conjunto com os alunos e demais
integrantes da escola. Assim, Menegolla nos diz:
O planejamento, num primeiro momento, deveria ser pensado pelo
professor com seus alunos e, num segundo momento, deveria ser
discutido e analisado por todos os professores e setores pedagógicos
da escola. E por fim replanejado pelo professor com seus alunos que
são os que vão tomar as decisões finais sobre o plano. (MENEGOLLA,
pág. 63)
Assim, podemos dizer que o Plano de Disciplina é a ferramenta que melhor traduz a
ação didática – pedagógica do professor, sua prática docente. É por meio desse documento que
se traça o caminho para que os objetivos da aprendizagem de fato aconteçam.
Ao elaborar o plano de disciplina é preciso estar atento se ele está contemplando:
89
Presciência dos conhecimentos e conteúdos;
Identificação dos principais objetivos de aprendizagem;
Procedimentos e técnicas de ensino;
Recursos e mídias utilizadas; e
Critérios de avaliação.
Nunca é demais reforçar a necessidade de todos os documentos oficiais da escola
estar alinhados e serem construídos por um mesmo fio condutor que é a proposta filosófica e
pedagógica da escola. Com o plano de disciplina não é diferente, pois é por intermédio dele que
ocorre a ação docente propriamente dita que fará com que todos os objetivos sejam alcançados
e que a aprendizagem de fato ocorra.
É importante salientar ainda que os conteúdos são os meios utilizados para que os
objetivos educacionais – que são os fins - sejam alcançados. Por isso, toda a ação pedagógica
deve estar calcada nos objetivos e não nos conteúdos, pois esses serão os instrumentos que
levarão ao fim maior.
Planejamento é “pensar sobre”. Isso requer habilidade, competência e sabedoria por
parte do professor, pois ele precisa ver a sua disciplina sobre todos os aspectos e ângulos.
Assim, o plano da disciplina ajuda o professor a:
- Definir objetivos que atendam os interesses dos alunos;
- Seleção e organização dos conteúdos mais significativos;
- Organização dos conteúdos de forma lógica obedecendo a uma estrutura da
disciplina;
- Seleção dos melhores procedimentos e recursos para desencadear um ensino
eficiente, orientando o professor no como e com que deve agir;
- Ajuda o professor a agir com maior segurança na sala de aula;
- Evita a improvisação, repetição e a rotina;
- Melhor integração com as mais diversas experiências de aprendizagem
Integração e continuidade do ensino;
- Ajuda a ter uma visão global de toda a ação docente e discente;
- Ajuda professor e alunos a tomarem decisões de forma cooperativa e
participativa.
90
Um plano de disciplina possui algumas características particulares, diferentes dos outros
planos que já estudamos, que são:
Objetividade e Realismo;
Funcionalidade;
Simplicidade;
Flexibilidade;
Utilidade.
Vejamos cada uma delas.
11.1 OBJETIVIDADE E REALISMO
Todo o plano, independente de qual for, deve ser objetivo, real e aplicável, caso
contrário ele se torna inviável e inexequível.
O plano de disciplina deve possuir um objetivo construído para uma dada realidade. O
objetivo por sua vez, deve ser real, deve ser fundamentado em uma ação concreta.
A clareza e transparência tornam-se assim, aspectos fundamentais a serem observados.
Elas devem estar traduzidas por técnicas, recursos e mídias e nos processos de avaliação.
11.2 FUNCIONALIDADE
91
O plano de disciplina é a ferramenta condutora do trabalho docente, assim ele deve ser
funcional e de fácil entendimento e aplicação pelo professor e pelo aluno, uma vez que esses
são os principais atores do plano de disciplina. Esse é o segredo para que o plano de disciplina
tenha valor didático, facilidade, estruturando o processo de ensino-aprendizagem.
11.3 SIMPLICIDADE
Coerente com os dois aspectos acima descritos, o plano de disciplina deve ser
simples, viável e de fácil compreensão. Cuida para não usar termos que possam ter o significado
dúbio e causar confusão, pois dificulta a sua implementação.
Menegolla reforça que “no mento de planejar, tentar evitar toda e qualquer tendência
de complexidade ou rebuscamento pedagógico”.
Devemos partir dos instrumentos que temos em mãos, ou seja, a realidade escolar,
buscando, por meio de esquemas e estilos próprios, a simplicidade do planejamento escolar,
mesmo se tratando de assuntos complexos e enredados e profundos.
11.4 FLEXIBILIDADE
Para que um plano de disciplina seja real, objetivo e simples é necessário que o
professor deixe espaço para uma possível readaptação ou reorganização, ou seja, que ele o
estruture de forma flexível e não rígida ou engessada.
92
Essa característica é fundamental, pois muitas vezes ocorrem situações imprevistas
que não estavam pensadas no planejamento. O professor precisa ter sensibilidade e sabedoria
para perceber quando o processo de ensino e aprendizagem está tomando um rumo diferente do
planejado inicialmente e readaptar as mudanças cabíveis.
11.5 UTILIDADE
Um plano de disciplina deve ser útil e significativo para os personagens do processo de
ensino-aprendizagem. Ele deve ter um embasamento pedagógico que atenda diretamente as
demandas dos alunos a que se propõe o planejamento disciplinar.
Assim, é fundamental que o professor escolha conteúdos realmente condizentes com
os objetivos propostos alinhados a uma visão inter e multidisciplinar, visando integração de
conceitos e consistência na construção da aprendizagem.
93
12 ETAPAS PARA A ELABORAÇÃO DO PLANO DE DISCIPLINA
Agora de forma bem prática, vamos conhecer as etapas do processo de elaboração de
um plano de disciplina. Vamos seguir o modelo de Menegolla, principal referência usada nesse
curso.
Ao se planejar uma disciplina, devemos obedecer a uma sequência, conforme segue:
Conhecer a realidade escolar e dos atores envolvidos;
Identificação e seleção dos objetivos da disciplina;
Identificação e seleção dos conteúdos mais importantes e alinhos aos objetivos;
Seleção dos procedimentos e técnicas de ensino;
Seleção dos recursos, mídias e materiais utilizados;
Critérios e instrumentos de avaliação.
12.1 SONDAGEM
Essa é a primeira etapa do processo de elaboração do planejamento da disciplina. Ele
proporciona um pensar sobre a realidade de seus alunos e comunidade em que estão inseridos,
buscando os aspectos mais importantes e passíveis de interferência por meio da ação docente.
Requer assim um estudo detalhado das situações mais significativas e que merecem
atenção do professor, pois ela é a situação real que irá conduzir o processo de ensino
aprendizagem e proporcionar a construção do conhecimento significativo.
94
Para tanto, é necessário pensar em como agir diante da situação apresentada, meios
para ação concreta e momento adequado para intervenção.
Além de conhecer a realidade local sob uma ótica macro, conheça também seus
alunos. Procure saber quem eles são, do que gostam, quais são seus principais interesses,
quais as características do grupo de alunos, suas capacidades, conhecimentos prévios,
influências, carências entre outros aspectos que julgar fundamental. Esses aspectos são
variáveis e sofrem alterações em cada grupo ou em cada momento em que o grupo se encontra.
Assim, concluímos a etapa da sondagem com uma coleta de dados que alimentarão
todo o processo de ensino-aprendizagem e alicerçará a prática e a intervenção pedagógica.
12.2 DEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS
A próxima etapa, após conhecer bem a realidade do aluno, é a definição e delimitação
dos objetivos do professor e dos alunos ao que se referem às disciplinas os conteúdos a serem
trabalhados.
Os dados identificados na etapa anterior vão agora nortear a construção dos objetivos.
Portanto, os objetivos dos conteúdos serão identificados a partir da análise da realidade, sendo
os conteúdos apenas um meio para alcançá-los.
Definir objetivos significa claramente aonde se quer chegar e por qual caminho. Todas
as próximas decisões deverão ser tomadas obedecendo ao proposto nos objetivos. Eles ainda
servem como indicadores para os outros elementos que constituem o plano: conteúdos,
procedimentos, técnicas e avaliação.
A partir do conhecimento da realidade escolar e da realidade da
clientela, o primeiro passo a ser dado no processo de planejamento é
95
definir os objetivos gerais e específicos da disciplina. (MENEGOLLA,
pág. 78)
Os objetivos são definidos em três níveis diferentes que obedecem a uma ordem lógica
que parte do nível operacional que se processa concretamente na sala de aula por meio da
ação.
Segundo Nélio Parra, podemos constatar a seguinte graduação dos objetivos
educacionais:
1º) Objetivos gerais de um curso;
2º) Objetivos gerais das diversas séries ou ciclos;
3º) Objetivos gerais das atividades, áreas e disciplinas;
4º) Objetivos específicos da unidade de estudo.
Falando especificamente dos objetivos de ensino, relativos aos conteúdos e disciplinas,
temos a seguinte graduação:
1) Objetivos Gerais;
2) Objetivos Específicos;
3) Objetivos Operacionais.
96
FONTE: Por que Planejar? Como Planejar? Maximiliano Menegolla – pág. 83.
Menegolla traz alguns exemplos bem claros de objetivos nos três níveis. Vejamos:
Objetivo geral: da disciplina de Língua Portuguesa: compreensão oral e escrita da
Língua Portuguesa. Desde os objetivos serão deduzidos os objetivos específicos, a fim de torná-
lo menos vago e mais concreto.
FONTE: Por que Planejar? Como Planejar? Maximiliano Menegolla – pág. 85.
Objetivos Gerais
Amplos
Abrangentes
Observáveis em longo Prazo
Objetivos Específicos
Concretos
Delimitados
Observáveis a médio e curto prazo
97
Objetivos específicos:
1.1 Identificar as regras da pontuação;
1.2 Definir os diferentes substantivos;
1.3 Conjugar o verbo cantar em todos os modos e tempos;
1.4 Citar as regras básicas da pontuação;
1.5 Identificar as classes gramaticais.
Estes objetivos específicos deverão ser traduzidos e definidos operacionalmente, a fim
de que indiquem exatamente o que o aluno deve dizer ou fazer de forma bem expressa e clara.
FONTE: Por que Planejar? Como Planejar? Maximiliano Menegolla – pág. 85
Objetivos operacionais:
O objetivo operacional, além do comportamento e do conteúdo, devem apresentar
claramente o critério e a condição. Os exemplos que seguem todos apresentam os elementos
necessários para um objetivo ser operacional:
1.1.1Escrever três regras da pontuação, após a explicação do professor;
1.1.2 Elaborar duas frases, aplicando a regra do uso da vírgula, consultando a
gramática;
1.1.3 Citar cinco exemplos de substantivos abstratos após a leitura de um texto.
- Identificar cinco substantivos comuns.
1.1.4 No período de cinco minutos, escrever o presente do indicativo do verbo cantar.
- Escrever duas frases, empregando o verbo cantar, após a explicação do professor.
98
1.1.5 Citar todas as regras de pontuação, após o estudo em grupo.
- Identificar cinco palavras acentuadas com suas respectivas regras, consultando a
gramática.
- Após uma hora de estudo definir quatro classes gramaticais
FONTE: Por que Planejar? Como Planejar? Maximiliano Menegolla – pág. 86.
12.3 SELEÇÃO DOS CONTEÚDOS DA DISCIPLINA
Identificado os objetivos da disciplina, a etapa seguinte é a seleção dos conteúdos mais
consistentes para alcançar os objetivos.
O plano de disciplina deve trazer de forma explícita os conteúdos básicos que deverão
ser trabalhados em sala de aula.
Há alguns critérios usados para seleção de conteúdos. Harold T. Johnson e outros
autores apresentam alguns, conforme segue:
- Significação;
- Adequação as necessidade sociais e culturais;
- Interesse;
- Validade;
- Utilidade;
- Possibilidade de reelaboração;
- Flexibilidade.
99
12.4 SELEÇÃO DOS PROCEDIMENTOS
Procedimentos são conjuntos de atividades que vistas de forma unificada, facilita o
processo de aprendizagem do aluno. São as diferentes formas de organizar as situações
externas de modo a promover a aprendizagem.
Segundo Menegolla, há dois estilos que os procedimentos podem ser caracterizados,
dependendo dos objetivos e das particularidades do processo:
Ensino Individualizado ênfase no atendimento as diferenças individuais de
cada aluno. Respeita o ritmo de cada aluno e a capacidade que ele tem de aprofundar
determinados conteúdos em determinados momentos. Podem ser utilizadas técnicas de estudo
dirigido, projetos, ensino contratual, pesquisas, exercícios individuais, fichas de estudos entre
tantas outras.
Ensino Socializado atenção centrada no grupo. Aprendizagem se dá pelo
trabalho em equipe. É dinâmico, foca na distribuição de responsabilidades, cooperação, mútua,
respeito à opinião do outro, desenvolvimento interpessoal, relacionamento e conscientização
sobre o trabalho coletivo. Podem-se usar práticas de técnicas grupais, como discussões em
grupos, painéis, mesas redondas, dramatizações e quaisquer outras que permitam a troca de
informações.
Assim, podemos dizer que os procedimentos, mais uma vez, devem remeter aos
objetivos, devem estar alinhados a eles, as possibilidades da escola, do professor e da turma e
devem ser implementação concreta e viável.
100
12.5 SELEÇÃO E ORGANIZAÇÃO DOS RECURSOS DIDÁTICOS
Recursos didáticos são todos os recursos sejam humanos ou materiais usados no
desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem. Ou seja, são os meios que serão
utilizados para que ocorra uma aprendizagem de fato significativa e que ao mesmo tempo seja
motivadora e estimulante.
A aprendizagem deve ocorrer mediante intensos estímulos, o que é favorecido pelo
uso dos recursos didáticos. Eles despertam o interesse pela busca de novos conceitos, por uma
análise direta dos fatos e das coisas. “Trata-se de ver o fato, a coisa em si mesma, ou seja, estar
junto, e sentir o próprio fato e a coisa própria.” (MENEGOLLA, pág. 93).
O professor deve considerar os recursos didáticos como uma forma de objetivar a
aprendizagem, torná-la mais real, concreta, palpável, pois concretiza a assimilação de conceitos
abstratos, desenvolve a percepção e auxilia na comunicação de conteúdos.
12.6 PROCESSO DE AVALIAÇÃO
A avaliação serve como diagnóstico. Ela deve ser qualitativa e não apenas quantitativa.
É muito mais que atribuir notas ou conceitos quantificando o conhecimento adquirido.
É por intermédio da avaliação que se conhece a real situação do aluno para que se
possa traçar intervenções condizentes e melhorar seu aproveitamento escolar.
101
Ao planejar a disciplina é importante definir claramente quais serão os critérios de
avaliação, os instrumentos e os métodos que serão utilizados para avaliar os alunos e verificar o
rendimento dos alunos em relação a todo aproveitamento escolar.
102
13 MODELOS DE PLANO DE AULA
Condizente com o referencial teórico usado em todo o curso, vamos abaixo, para
finalizar nosso curso, trazer os modelos de planos de Maximiliano Menegolla.
FONTE: Por que Planejar? Como Planejar? – Maximiliano Menegolla – pág. 123 a 132.
13.1 PLANO CURRICULAR
0.0 Dados de Identificação da Escola.
1.0 Caracterização descritiva da comunidade em que se insere a escola.
2.0 Caracterização descritiva da escola e dos resultados obtidos em ano anterior.
3.0 Caracterização descritiva das relações escola – comunidade.
4.0 Estrutura organizacional da escola expressa por organograma.
5.0 Estrutura de funcionamento da escola expressa funções de setores e atribuições
de pessoal.
6.0 Discriminação das necessidades / problemas identificados, de forma a
evidenciar quais as prioridades e quais as que, efetivamente, serão atendidas.
7.0 Explicitação dos objetivos de execução para atendimento de
necessidades/problemas, em termos de:
- o que será feito;
- por quem será feito;
- sob que condições;
103
- quais os indicadores de consecução.
8.0 Programação. Explicitação das atividades e tarefas que serão desenvolvidas nos
setores da escola para consecução dos objetivos. Discriminação dos procedimentos e meios que
serão utilizados. Procedimentos, instrumentos e critério de avaliação, tempo previsto.
Cronogramas.
9.0 Cronograma geral.
10.0 Calendário escolar.
11.0 Descrição do sistema de controle e avaliação do desempenho da escola e de
seus resultados, bem como do rendimento escolar dos alunos.
12.0 Anexos: Plano de Currículo por Atividades, Área de Estudo, Disciplinas.
OBS. 1: Os itens já contidos no Regimento Escolar não constarão do Plano Curricular,
sendo apenas mencionados.
OBS. 2: Os itens 7 e 8 poderão constituir um só item. Os objetivos introduzirão
imediatamente as respectivas programações de execução.
13.2 PLANO BIMESTRAL
I. Dados de Identificação
Escola:
Endereço:
Telefone:
Turno:
104
Nº de alunos: ( ) Masc. ( ) Fem.
Disciplina ou Componente Curricular:
Área:
Professor:
Coordenador Pedagógico:
Coordenador da Disciplina:
Coordenador da Área:
Bimestre: Início: Término:
II. Distribuição do Tempo
Total de aulas previstas:
Previsão de feriados:
Previsão de avaliações:
Previsão de recuperação:
Aulas destinadas à revisão de conteúdos:
- antes das provas:
- depois das provas:
Aulas:
Meses:
Dias:
III. Características do grupo:
Procedência:
Repetentes:
Nível socioeconômico:
IV. Objetivos Gerais
105
V. Conteúdo Programático:
VI. Procedimentos:
VII. Recursos: Humanos – Materiais – Físicos
VIII. Avaliação: Instrumentos – Critérios
13.3 PLANO DE UNIDADE
Objetivos Gerais
Da série Da área Da escola
Da disciplina
Objetivos Específicos
Cognitivos Afetivos Psicomotor
106
Elementos:
I. Título: (Foco, assunto central ou ideia integradora);
- pode ser sugerido pelo professor e/ou alunos;
- pode decorrer de unidade anterior ou fatos ocasionais;
- deve ser sugestivo, permitindo o despertar de necessidades, interesses e
oportunizando atividades diversas além de experiências significativas;
- pode ser apresentado em forma de pergunta ou problema, sugerir o conteúdo e
finalidade do mesmo.
II. Duração
Deve ser flexível, observando-se o interesse dos alunos, faixa etária, maturidade.
Aconselha-se que seja desenvolvido no prazo mínimo de uma semana e máximo de 30
dias.
III. Fases de Execução:
Atividades Iniciais (síncrese);
Atividades de desenvolvimento (análise);
Atividades finais (integração e avaliação).
IV. Culminância: atividade culminante. Pode ocorrer antes de iniciar o plano,
durante ou ao final do mesmo.
107
14 SUGESTÕES DE ROTEIROS PARA PLANO DE UNIDADE
Esquema 1 – Dados de Identificação
Escola:
Turma: Turno: Série:
Prof.: Nº de alunos:
Data Inicial: Término da Unidade:
Ideia Integradora
Objetivos Conteúdos Meios Avaliação
Unidade
SUB -
Unidade
Situações
de
Experiênci
a
Recursos Técnicas
Na realização (Feedback)
108
Esquema 2 – Plano da Unidade
I – Dados de Identificação
Escola: Disciplina: Turma:
Endereço:
CEP: Telefone:
Professor:
Características do Grupo:
Data Início: Término: Duração provável:
Série:
Disciplina:
Bimestre:
II – Distribuição de tempo:
Aulas teóricas:
Aulas práticas:
Número de avaliações:
Data das avaliações:
Aulas de feedback:
III – Ideia Integradora
IV – Objetivos:
a. Quanto ao conteúdo da matéria: b. Quanto às habilidades mentais: c. Quanto às atitudes:
109
V – Atividades Introdutórias: Linha operacional – Recursos VI – Desenvolvimento:
VII – Atividades Finais:
a. Integração
b. Avaliação
VIII – Feedback – (realização) Plano de Aula Esquema 1:
Observações:
Esquema 2:
I. Dados de Identificação:
Conteúdo Recursos Linha operacional
Objetivos: Atividades avaliativas:
Atividades de
aprendizagem:
Bibliografia:
Obra:
Pag. Const:
Tipo de exercícios:
Conteúdos
110
Escola:
Endereço:
Professor:
Características do grupo:
Sexo M:
Sexo F:
Classe social:
Turno:
Tipo de escola:
Data:
II. Foco: Caracterização, ideias centrais ou assuntos da aula. Qual a lição de hoje?
III. Objetivos: O que meus alunos deverão fazer para comprovar o binômio ensino-
aprendiz?
IV. Atividades de aprendizagem:
a. Atividade Inicial: Incentivo:
O que eu usarei para despertar e manter o interesse de meus alunos para com esta
aula?
b. Atividades de desenvolvimento:
- Introdução (síncrese)
- Desenvolvimento (análise)
- Conclusão (síntese)
c. Atividades de avaliação: Que instrumentos e critérios utilizarei para confirmar que os
objetivos foram alcançados?
V – Referências Bibliográficas
VI – Observações
Esquema 3
I – Dados de Identificação:
II – Ideia central:
111
III – Objetivos:
IV – Procedimentos: (atividades, técnicas)
V – Recursos:
VI – Avaliação:
VII – Observações: (surgiu algum fato que precisa ser anotado? O plano foi todo
desenvolvido? Etc.)
Esquema 4
Dados de Identificação
Objetivos Conteúdos Estratégias Recursos Avaliação
Instrumentos:
Critérios:
112
REFERÊNCIAS
MARTINEZ, M.J.; Lahore, C. Oliveira. Planejamento Escolar. Saraiva: São Paulo. 1977. MEDEL, Cássia Ravena Mulin de Assis. Projeto Político – Pedagógico – Construção e Implementação na Escola. Autores Associados: São Paulo. 2008. MENEGOLLA, Maximiliano; Sant’anna, Ilza Martins. Por que planejar? Como planejar? Currículo – Área – Aula. Petrópolis/RJ: Vozes, 1991. VEIGA, Ilma P. Alencastro. Projeto Político – Pedagógico da Escola. Uma construção Possível. São Paulo: Papirus, 1995.