105
FACULTADE DE XEOGRAFÍA E HISTORIA DEPARTAMENTO DE HISTORIA CONTEMPORÁNEA E DE AMÉRICA MEMORIA DE INVESTIGACIÓN Sindicatos, Cooperativas e algumhas certezas: Mobilizaçom campesinha na Límia na Transición (1973-1982) Andrés Taboada Casteleiro Vº Bº Lourenzo Fernández Prieto Santiago de Compostela, Dezembro de 2009 1

Sindicatos, Cooperativas e algumhas certezas: Mobilizaçom campesinha na Límia na Transición

Embed Size (px)

Citation preview

FACULTADE DE XEOGRAFÍA E HISTORIA

DEPARTAMENTO DE HISTORIA CONTEMPORÁNEA

E DE AMÉRICA

MEMORIA DE INVESTIGACIÓN

Sindicatos, Cooperativas e algumhas certezas: Mobilizaçom campesinha na Límia na Transición (1973-1982)

Andrés Taboada Casteleiro

Vº Bº

Lourenzo Fernández Prieto Santiago de Compostela, Dezembro de 2009

1

INDICE

INTRODUÇOM

I PARTE: À PROCURA DUM CONTEXTO: MOBILIZAÇOM, REPRESSOM E

RESISTÊNCIAS: OS LABREGOS GALEGOS (1900-1960)

1. MOBILIZAÇOM CAMPESINHA NO Iº TERÇO DO SÉCULO XX

1.1. Situaçom sócio-económica

1.2. O “pulo” societário

1.3. Quem impulsiona as sociedades?

1.4. As sociedades agrárias: úteis para a reivindicaçom, úteis para a reproduçom

comunitária

2. AS PEGADAS DA Gª CIVIL E O PRIMEIRO PÓS-GUERRA: ACÇOM

GOVERNAMENTAL, DESMOBILIZAÇOM CAMPESINHA E

CONSEQUÊNCIAS SOCIAIS.

3. A NOVA REALIDADE SINDICAL AGRÁRIA: AS HERMANDADES

SINDICALES DE LABRADORES Y GANADEROS

3.1. Percurso legislativo

3.2. O novo mapa sindical agrário

3.3. As Hermandades perante o campesinato

3. O CAMPESINATO: ATURANDO O FRANQUISMO?

II PARTE. O MUNDO AGRÁRIO GALEGO NO TARDOFRANQUISMO E NA

TRANSICIÓN (1960-1982)

4. O TARDOFRANQUISMO E A TRANSICIÓN. NEM OPOSIÇOM TAM

“FRACA”, NEM DITADURA TAM “FORTE”

5.1. Contexto geral

5.2. A queda do aparato sindical agrário franquista. O novo sindicalismo agrário

2

4.2. A “Transición” no nosso país. Umha breve contextualizaçom

5. A SOCIEDADE RURAL GALEGA NO TARDOFRANQUISMO E NA

TRANSICIÓN.

6.1. O Tardofranquismo. O rural “descrido”

6.1.1. Os campesinhos galegos e a sua condiçom de empresários! Por volta da

Cuota Empresarial Agrária

6.2. O Protesto agrário na Transición

6.3. Sindicatos, imprensa e novos actores sociais no campo galego.

III PARTE. SINDICALISMO AGRÁRIO, COOPERATIVISMO E

MOBILIZAÇOM NUM CASO CONCRETO: A LÍMIA

7. A LÍMIA. APROXIMAÇOM AO ESPAÇO DE ESTUDO

8. AS FONTES

8.1. As fontes orais

8.2. Fontes hemerográficas

8.3. Outra documentaçom

9. ESTADO DA QUESTOM

10. A POLÍTICA AGRÁRIA NA LÍMIA (1956-1982).

10.1. A dessecaçom da Lagoa. Consequências sociais e medioambientais

11. OS SINDICATOS AGRÁRIOS ACTUANTES NA LÍMIA: CCLL, CCCC,

SAGA

11.1. As CCLL. O principal sindicato agrário nacionalista

11.1.1. As Comisións Labregas na Límia. Umha organizaçom “pantasma”.

11.2. As Comisiós Campesiñas, logo Sociedades Agrarias

11.2.1. As Comisiós Campesiñas na comarca limiá.

3

11.3. O SAGA. A referència sindical

11.3.1. Breve nota introdutória

11.3.2. As Origens, Comisións Labregas – Terra e independentes

11.3.3. O Sindicato Agrario Galego. A Organizaçom

11.3.4. As campanhas do Sindicato Agrario Galego.

11.3.5. A Límia, ponta-de-lança do Sindicato Agrário Galego

11.3.6. A Política de preços agrários. O “Leit-motiv” da mobilizaçom agrária na

Límia.

11.3.7. Cooperativismo e política institucional. O trabalho comunitário que sim trunfou

Conclusões

Fontes

Orais

Hemerográficas

Outra Documentaçom

Bibliografia

4

INTRODUÇOM

Costumam-nos advertir a quem defrontamos umha investigaçom de tipo histórico que um “repouso” de 25-30 anos é mesmo aconselhável; quando tomei consciência de que a minha primeira incursom séria na investigaçom, havia circunscrever-se ao período da “Transición” espanhola, reparei, aliás, que a perene actualidade de dita etapa entre os comentadores políticos, e nom políticos, supunha antes bem, umha contínua luta nom contra a conveniência cronológica, mas contra a sua utilizaçom impúdica.

Por seu lado, sem entrarmos na pura quantificaçom estatística, o crescimento da história do tempo presente, como disciplina historiográfica (Abdón Mateos, 1998) (ainda por encerrar no seu marco teórico) e a definitiva aceitaçom do testemunho oral para recompor o passado recente, fai com que a rejeiçom cara a valia desta ferramenta em tempos passados (Moraes Ferreira, M. de, 2002), esteja hoje felizmente superada. A problemática que supom a consulta arquivística, devido à legislaçom que a contempla; tentaremos compensá-la com a profusa utilizaçom da testemunha oral e hemerográfica, junto às cada vez mais numerosas reflexões bibliográficas sobre o tema que nos ocupa.

Sem dúvida, um período como a “Transición”, no qual o “momentum” político parecia eclipsar qualquer outra questom, é difícil de ser tratado sem o elemento “câmbio” que mesmo atingia aos disciplinados membros da “força pública”1. Da nossa parte também apontámos ao momento para encenarmos o “câmbio”, de umha perspectiva local, de A Límia; e com intento de analisarmos a eclosom de todo um leque de organizações sindicais, políticas, vicinais, que com “o medo ainda no corpo”, começavam a experimentar um novo cenário.

Por afinar mais os propósitos do nosso trabalho, quigemos centrá-lo nos processos de mobilizaçom do campesinato limiao e interligá-lo com o nascimento de organizações inexistentes até à chegada da Transición, para avaliar as relações mútuas, os protagonismos respectivos, e o seu leque de reivindicações, reparando aliás no seu particular momento político, nas dificuldades que entranhava esse terreno fronteiriço no legal e no político que veio ser a transiçom à democracia.

Confiávamos alargar a análise, com um ânimo comparativo ao norte português, sabedores do similar universo cultural, político e económico e a parangonável experiência ditatorial que se viveu aquém e além (Lanero Táboas, D., 2005). A distinta formalidade na saída das ditaduras, fazia mais apetitoso o encontro de ambas realidades, conhecendo aliás a ininterrompida comunicaçom entre ambas as margens da fronteira (Godinho, P, 2004). Diversos impedimentos formais e a falta de um horizonte temporal adequado para tamanho intento, fixo com que renunciássemos a tal comparativa.

1 Entrevista nº 5, Anónimo, Ourense5

Como o nosso propósito vem ser caracterizar, o campesinato limiao da Transición, começaremos por debruçar a situaçom pretérita da povoaçom rural galega, atendendo para a sua mobilizaçom desde os primórdios de século à clivagem que supujo a guerra civil e as consequências do primeiro franquismo para já depois centrarmonos na Transición na Galiza, com especial atençom para a questom sindical e cooperativa agrária e concluindo no caso que sobremaneira nos atinge; a mobilizaçom campesinha na Límia da “Transición”.

A Transición, verificou a substantiva achega dos mass-média como potenciais catalisadores do descontentamento camponês, aqueles converterám-se em decididos interlocutores entre a reivindicaçom campesinha e as propostas e acções governamentais. A inusitada liberdade com que os repórteres gráficos, membros de redacçom, etc…actuam, fai que a interpretaçom dos seus escritos, das suas palavras passem a detentar suma importância.

Ficamos devendo, aliás, umha interpretaçom sucinta da importância dos movimentos sociais como bissagras entre as instituições primeiro pré-democráticas e posteriormente democráticas (a partir de 1978) que contornam a Transición e os episódios de protesto isolados, acompanhamos o critério de Fernández e Sabucedo (2004), à hora de categorizar os movimentos sociais como as formas mais acabadas e complexas do repertório moderno, por serem quem de manterem esforços colectivos, por criarem e desenvolverem campanhas mobilizatórias preenchidas de contido, mas achamos imprescindível umha pesquisa sociológica que defina os protagonismos de cada quem, e face à frialdade da análise politológica, quanto aos critérios de mobilizaçom, pensamos que é necessário introduzir as consequências psicossociais do facto repressivo.

A Transición, foi antes de mais, umha época de criaçom de expectativas, na que a perspectiva a longo prazo ficava condicionada pola instabilidade institucional e pola imaturidade democrática, o “bebé” democrático; todos estavam a aprender. É evidente que o alargamento da estrutura de oportunidades políticas, permitia as pessoas agirem num marco concreto de liberdades, mas essa concreiçom, é filha dum contexto, onde se sedimentavam ainda os medos contraídos pola repressom e a animosa acçom desmobilizadora do regime.

Teimam os defensores a ultranza do processo de Transición, em categorizá-lo como modélico, mas muitos deles forom verdugos e a um tempo vítimas das receitas amnésicas que prescreveu o regime, enseguida se esqueceu o labor empenhado de muitos actores sociais à hora de corroer os cimentos do regime (Ysás, 2004). A percepçom da Transición como um pacto entre elites, a asseveraçom mantida de que daquela se fazia “alta política” e de que o “consenso” foi nom só palavra, mas realidade, escondem trás este pretencioso exercício de bonomia formal, umha outra versom, nom tam pacífica, nem tam elitista.

6

Em certo modo, trunfa mediaticamente, o “estatismo” do que nos fala Guha2, a transformaçom do regime como conseguido desde a horizontalidade e o compromisso entre os “políticos”, entre os políticos de Estado, mesmo os que figeram parte do Estado que deixava atrás a Transición .

Esta “verdade”, tamém é transladada à Galiza, e particularmente à interpretaçom do que se passava no campo, a infantilizaçom do campesinhado, era curiosamente pontificada desde os organismos estatais como desde os agentes que visavam mobilizar esse campesinhado (Lanero Táboas, 2007:16-17), esse “nom poder” autonomamente, viciava-se da mesma propaganda ideológica dos anos de chumbo.

Nom é esta a altura do trabalho para colocar mais fasquias interpretativas e sim para agradecer de antemao todos aqueles que estiveram à nossa beira na “produçom” deste trabalho, para eles e para a gente que ocupa outros momentos diferentes do meu percurso vital, vá este trabalho.

2 GUHA, R.: Las voces de la historia y otros estudios subalternos. Barcelona, Crítica, 2002

7

I PARTE: À PROCURA DUM CONTEXTO: MOBILIZAÇOM, REPRESSOM E RESISTÊNCIAS: OS LABREGOS GALEGOS (1900-1960)

1. MOBILIZAÇOM CAMPESINHA NO Iº TERÇO DO SÉCULO XX

1.1. Situaçom sócio-económica

Galiza entrava no século XX, com a paisagem liberal cada vez mais assente na vida quotidiana dos seus rurais; as resistências “comunitárias” às receitas liberais, forom substituídas parcialmente por umha progressiva individualizaçom do protesto como resposta às medidas governamentais, sempre e quando assi afectassem as pessoas e nom ao marco comunitário, onde continuavam a se tecer relações do tipo; mantinha-se a colaboraçom vicinal nos trabalhos agrícolas, regulando-se à par todo um leque de solidariedades, a comunidade continuava a ser útil (Cabo Villaverde, 1999).

Com efeito, a progressiva consolidaçom do serviço militar obrigatório, as quintas; a pressom fiscal, forom aturadas agora desde o lar, favorecendo umha domesticaçom do protesto, sem por isso perderem incidência (Hervés Sayar et alii, 2000: 150).

A complicada situaçom económica, no que supunha de reestruturaçom capitalista, com a mundializaçom dos mercados agrários, a queda dos preços na Europa Ocidental e porfim as receitas proteccionistas dos governos europeus, favoreceu ainda umha prolongaçom da vaga migratória às Américas, já começada no fim do século XIX; os excedentes nom eram só produtivos, mas humanos…foi umha saída “barata” e tamém individual à acuciante crise económica (Fernández Prieto, 2000:150).

Entretanto a burguesia, vinha de substituir a fidalguia, como ponta-de-lança do sistema foral, a depreciação da renda agrária na década de 1890 favoreceu a entrada deste novo actor, sem linhagem nobre como a “velha” fidalguia, prioriza no entanto o credo capitalista, a maximizaçom de lucros, e a capitalizaçom.

1.2. O “pulo” societário

Como nos lembra Anxo Collarte (2006:25) os governos da “Restauración” teriam tentado promover a integraçom do movimento associativo agrário nas instituições, ao abeiro da ideologia regeneracionista, sem qualquer compromisso ideológico, a vertente explorada havia ser a técnica e cooperativista impulsionada desde o sindicalismo

8

católico e polas câmaras agrárias para esbater as influências políticas no mundo agrário3.

Contodo o que singulariza este primeiro terço do século adentro do mundo rural, é a mobilizaçom supracomunitária, excendendo os marcos aldeãos, assistimos pola primeira vez na história do país à proliferaçom de pequenas organizações de base que arreigam sob o comum denominador da dinâmica societária, criam-se sociedades agrárias, que agem numha dupla vertente: a difusom técnica e o activismo sócio-político.

O societarismo campesinho, expressom organizativa do “complexo movemento” que supujo o Agrarismo em palavras de Cabo Villaverde (1998:11), serve, assomade, como instrumento negociador com o Estado, socializa o campesinhado e permite a interelaçom entre as elites urbanas sensibilizadas, os retornados ou indianos e os labregos, oferecendo antes de mais umha resposta à crise económica do momento, que ameaça com transtornar o meio rural como nunca antes.

Como sinalam Román Lago e Bernárdez Sobreira (2005:4) tem sido aceite por vários estudosos do Agrarismo, o facto deste último ter surgido, como resposta aos esbirros da crise agrária finisecular, perante a retracçom exportadora de gado ao estrangeiro, designadamente Inglaterra paralelo à introduçom do ferrocarril e a reorientaçom cara a península; aliás aparecia um sistema foral esgotado no seu percorrido histórico ante as novas atitudes sócio-económicas dos seus protagonistas, afectados como outros sectores pola nova situaçom.

1.3. Quem impulsiona as sociedades?

Ademais de guardachuvas perante a crescente volatilidade dos mercados (Cabo Villaverde, 1999), o Societarismo, permitiu todo um ensaio sociológico; como dizíamos linhas atrás, vários actores convergiram na dinamizaçom societária: por um lado os “americanos”, galegos emigrados nas Américas e que frequentemente puderam socializar e politizar-se além-mar (Núñez Seixas, 1998), contribuíram economicamente para a dignificaçom das aldeias de origem, achegavam dinheiro para a construçom de novos caminhos, escolas públicas, ou centros de recreio, se nom mesmamente a própria sé da sociedade agrária. O seu labor tinha umha grande repercusom económica de cara à prosperidade vicinal, mas o que é talvez mais importante supunha a posta em causa, das tradicionais relações de padroado e dependência entre os “clientes” (labregos) e “senhores” (Domínguez Almansa 1996:469) rurais, revertendo o seu “imperium” económico, revertia-se tamém, pelo menos em parte, a hierarquia social pré-existente.

3 Cabo Villaverde, sostém que hái que fugir de dicotomias arriscadas entre um “agrarismo batallador” e um agrarismo

católico ordeiro, o investigador, lembra para isso o papel dos “católicos” na divulgaçom técnica (1998:54)9

As remessas dos “indianos” ajudaram ainda a que as pessoas pudessem redimir os foros, acelerando o processo que anunciava o fim do próprio sistema, a luta pola redençom foral será umha das primeiras e mais claras reivindicações do que se deu chamar em Agrarismo, termo que amalgamava toda umha série de propostas de melhoria para as comunidades (Cabo Villaverde, 1998).

As mutações operadas nas comunidades rurais, bem por factores esóxenos (monetarizaçom, novas cargas fiscais, serviço militar) bem por endógenos como o acesso à propriedade plena da terra (o dinheiro partia se nom do interior da comunidade, dum membro “americano” da mesma), forom acompanhadas por umha nova realidade urbana, trasmutada precisamente polo elemento rural, a sua paulatina proletarizaçom e a assunçom da “cidadania” de modo a se integrar na urbe sem por isso perder os seus laços culturais e humanos com a aldeia (Míguez Macho, 2007), campesinhos e operários, a tempo parcial, acontecendo amiúde baixas no persoal fabril para atender os períodos mais “atarefados” da lavoura agrícola (Xavier Castro 2008: 740).

A relaçom em qualquer caso seria multidireccional, como sinala Míguez Macho, as sociedades agrárias nascem parelhas ao movimento operário e sindical, e apesar das influências inegáveis, nem todas tinham um perfil ideológico paragonável ao que se dava no mundo obreiro (2007: 168 e ss.). O mesmo autor, conclui que sem que compartilhassem elementos ideológicos claves, cumpre desbotar discursos progressivos que “negativizem” o teórico “atrasso” rural face a “pujança” urbana, reparando na inteligência adaptativa dos rurais perante os novos condicionantes.

O Societarismo, significou, aliás, a superaçom consciente do marco comunitário, para isso, como vimos, tivo os seus aliados políticos e económicos, mesmo alguns com certa transcendência simbólica, com certo “imperium” sobre os fregueses, a crescente implicaçom da igreja, testemunhava a necessidade desta de “salvar as almas” de ideologias perniciosas e que pervertiam nom só as crenças tradicionais, mas o funcionamento tradicional da comunidade.4

Com as sociedades agrárias opera umha substituiçom conceptual e real, agora tratava-se da defesa pública dos interesses colectivos, com umha pretensom totalizadora, face a defesa comunitária, privativa e circunstancial que os rurais faziam antes, da sua comunidade (Míguez Macho, 2007:179).

O contexto da época, permitiu por sua vez, um alargamento das oportunidades políticas, leis como a de Asociaciones de 1887, ou a de Sufrágio Universal de 1890, a perene crise institucional e o desastre de Cuba (1898), animariam as possibilidades de participaçom pública.5

4 Lembra-nos Hervés Sayar en “O nacemento do asociacionismo campesiño na rexión baixomiñota

1900-1905” (FERNÁNDEZ PRIETO L. (Ed.):Terra e Progreso, Historia Agraria da Galicia Contemporánea, Vigo,

Xerais, 2000), algumhas das receitas que o movimento social-católico tinha previsto para o campo (p. 172 e ss.)

5 Román Lago e Bernárdez Sobreira, consideram a apertura do marco de oportunidades políticas, um factor mais

determinante de cara à consolidaçom do societarismo face à crise agrária finisecular, preponderando por tanto o 10

1.4. As sociedades agrárias: úteis para a reivindicaçom, úteis para a reproduçom comunitária

Sinala Cabo Villaverde, que além da sua manifesta diversidade ideológica -questom por seu lado que o autor trata devagar- as agrárias teriam agido com umha curiosa uniformidade na defesa dos interesses de “campanário”, fazendo ver a prevalência da comunidade parroquial sobre quaisquer outra reivindicaçom político-ideológica, (1998:52). As sociedades agrárias teriam certa utilidade até porque no plano identitário estavam à par da parróquia e os seus interesses. As cedências nos postulados ideológicos, revelavam, por sua vez, a voz nítida do campesinato.

As sociedades, forom antes bem, um importante instrumento com o qual catalisar o descontentamento, projectar as reivindicações e finalmente obter aquilo que se reivindicava, desde a tangibilidade da difusom técnica à abstracta noçom da propriedade plena da terra.

Quanto às funções concretas que forneciam as agrárias, deparamos com funções económicas como os seguros para o gado, as compras em comum, produtos de consumo, inputs, eliminado os temidos intermediários; a saída a produções excedentárias, empregando canles alternativas de comercializaçom. Aponta Cabo Villaverde que o associativismo agrário, permitiu amortecer os riscos próprios da economia de mercado (1998:53)

Com efeito, a competitividade que os mercados americanos ofereciam em termos de custe, fixo necessária a tecnificaçom do campo galego, partindo no entanto, do que Lourenzo Fernández Prieto, deu em chamar em “sucesión de pequenas melloras” e a “idea de pervivencia e convivência”.

O certo é que umha outra das funções das sociedades agrárias era a difusom técnica como tamém assinala o próprio Fernández Prieto, a situaçom mudara significativamente, além da mercantilizaçom e definitiva monetarizaçom da vida campesinha, estes passavam de proprietários de facto, a “labregos”, de iure, se antes só podiam preocupar-se com as rendas, a redençom foral6, fixo que as preocupações se pudessem reorientar à optimizaçom da produçom (2000:239 e ss.), com o qual, a difusom técnica, converteu-se numha inaprazável necessidade. Os labregos dispunham, aliás, agora, da solvência económica que lhes permitiam as remessas dos emigrantes.

O padroado económico dos indianos, acompanhou-se de iniciativas culturais que desembocam no próprio tecido societário, socializam aos campesinhos com as compras colectivas, com as escolas agrárias, e animam a própria fundaçom de sociedades, que

“agente” de câmbio político sobre o económico (2005:6)

6 Confirmada legislativamente através do D. e o Regulamento de 25 de junio e 23 de Agosto de 192611

umha vez postas em andamento, incorporam a demanda de inovaçom e difusom técnica, como bem adverte Fernández Prieto7, contodo, a sua preocupaçom nom se cinge à instrucçom agrária, mediante a colaboraçom entre indianos e lugarelhos, as sociedades impulsionam a criaçom de escolas de primária, atendem a educaçom para adultos… cobrindo o défice que a “Instrucción Pública”, mantinha no âmbito rural.

Das agrárias partia tamém a defesa estrita do marco comunitário, a vigilância de comunais, o arranjo de caminhos, a defesa e auxílio laboral dos seus associados, a gestom do lazer (festas, bailes…) ou o desenvolvimento mercantil (feiras…)

A maioria das sociedades tinham como horizonte espacial e de actuaçom, o parroquial, no entanto, procuravam exercer a “maior influencia” no poder municipal (Cabo Villaverde, 1998:57) conscientes das crescentes funções administrativas do município e a sua incidência sobre a vida dos rurais…atendiam reivindicações globais, que afectavam o campesinato galego no seu conjunto, a questom foral abraçada finalmente desde todo o leque ideológico do agrarismo, apesar da primeira renuência social-católica ou o discurso da propriedade vicinal que continuava invisibilizada polo poder público.

A progressiva capitalizaçom económica do campo intercalava-se com a aquisiçom de novos conhecimentos, as novas oportunidades económicas, convertiam em factíveis, certas reivindicações, como a redençom foral (Román Lago & Bernárdez Sobreira, 2005) e o discurso cultural que peneirava (a defesa dos interesses colectivos, a necessidade de reuniões, sés físicas para as mesmas, as escolas agrárias para formar o campesinato) assumia estas reivindicações….

2. AS PEGADAS DA GUERRA CIVIL E O PRIMEIRO PÓS-GUERRA: ACÇOM GOVERNAMENTAL, DESMOBILIZAÇOM CAMPESINHA E CONSEQUÊNCIAS SOCIAIS.

Umha das evidências resgatadas polo estudo da sociedade rural galega da pré-guerra, foi a sua incipiente mobilizaçom associativa, como nunca antes, acelerando mesmo, na II

7 FERNÁNDEZ PRIETO, L.: “Selección de innovacións nunha agricultura atlántica de pequenas explotacións .

Galicia, 1900-1936. A adopción das máquinas de mallar” en Terra e Progreso, Historia Agraria da Galicia

Contemporánea, Vigo, Xerais, 200012

República8, evidente será tamém a clivagem que supom o golpe de Estado do 18 de xullo.

O desmantelamento societário, foi articulado com precisom, “caíram” antes as sociedades agrárias do que as gandeiras (apesar da relaçom estreita que amiúde mantinham), mais politizadas conforme o juíço do próprio regime, ao respeito o Novo Estado “promoverá” tam-só o mutualismo gandeiro.

A teima no controlo social e o exhaustivo seguimento às novas sociedades criadas, refundadas ou “reorientadas” nos primeiros momentos, impediu a permeabilizaçom dos ideais difundidos polos quadros agrários da República, e isolou o novo enquadramento campesinho, as Hermandades Sindicales9 de qualquer afecto ao período democrático

Os procedementos no desmantelamento das redes societárias a começar polo seu descabeçamento10 é só um exemplo prático da filosofia que tentárom espalhar os sublevados, a alergia a qualquer associaçom, reuniom ou debate público; asfixiaram, portanto a vida rural galega durante os tempos da guerra que na Galiza, como já se tem apontado (Fernández Prieto 2000:196) foi antes bem, um longo pós-guerra ao ficar desde “os primeiros dias” sob poder dos sublevados. A inexistência dumha resistência aberta, a falta de experiência bélica no próprio terreno, peculiarizou as consequências do golpe na Galiza respeito outras zonas do Estado; atrevemo-nos a apontar aqui que a mesma articulaçom da resistência ao franquismo se viu influída polo longo pós-guerra do que falávamos.

Algumhas das pegadas do ·”pós-guerra galego”, testemunha-no-lo mesmamente a sociedade rural galega do nosso tempo, como assinala Ana Cabana11, as nossas comunidades rurais mantenhem bem que mal, umha memória comunitária que transcende os marcos familiares, nom acontece o mesmo porém, com o reservado e privado “parecer político”, a demonstraçom da filiaçom política ou ideológica está

8 Os dados que aponta Lourenzo Fernández Prieto testemunham a “efervescência” fundacional do quinquénio

republicano, “unha media anual próximas as corenta”, cara “xullo de 1936 a media semestral aproximábase xa á de

1931 (29)” (em 1931 fundaram-se 60, conforme a mesma fonte). “Represión franquista e desarticulación social en

Galicia. A destrucción da organización societaria campesiña. 1936-1942”, p 201, en Terra e Progreso. Historia

Agraria da Galicia Contemporánea. Vigo, Xerais, 2000. Nom é esta, umha questom acabada, Cabo Villaverde

(1999), receia desta visom, e vê umha certa estagnaçom na mobilizaçom societária da II República, viciada, talvez

pola frustraçom que supôs a cooptaçom que o regime primorriverista figera dalgumha das S.S.A.A.

9 Será com a lei de 2 de setembro de 1941 (Ley de Unidad Sindical Agraria) que estas entidades se preenchem de

contido. Sobre o desempenho das Hermandades Sindicales: LANERO TÁBOAS, D.: Sindicalismo agrario

franquista na provincia de Pontevedra (1936-1975). Tese de Doutoramento Inédita, USC, 2005.

10 Sobre o descabeçamento das S.S.A.A.A. vid. (Fernández Prieto, 2000, pp 205-210)

11 CABANA IGLESIA, A.: “A memoria tolleita. As pegadas da represión franquista na memoria rural galega” en

Grial, 170, Tomo XLIV, abril, maio, xuño, (2006) pp 36-4313

prenhada de reservas, e este comportamento parece ter resposta no clima pouco propício do pós-guerra. Adverte, Cabana:

“En liña com esta actitude está a de optar pola non sindicación. O número de afiliados a sindicatos agrarios en Galicia é dos menores do Estado (…), a opinión negativa sobre a filiación (…) fúndase en tópicos sobre a súa corrupción e a súa inoperatividade” (Cabana Iglesia 2006b: 36).

Com efeito, o longo prazo, testemunha as receitas implementadas polo regime, a aversom ao discurso público e livre, à discrepância, fixo da política umha “cousa perigosa” da que só se podia falar no âmbito privado, a desmobilizaçom, trouxo tamém umha negaçom da memória recente e umha interiorizaçom das atitudes avessas ao regime12. A repressom, amiúde, preventiva, deveio, rapidamente numha auto-repressom colectiva, troçeando aliás a memória compartida numha baralha de lembranças individuais (Cabana, 2006b).

A propaganda franquista procurou contrapor a orde que o movimento social-católico “demonstrava”- beneficiado imediato da “substituiçom” societária, nom sem algumhas tensões interfamiliares (às “Familias” do regime me refiro)13- face ao “prosselitismo” e a agitaçom ideológica das sociedades agrárias contodo, frequentemente pegarám mao dalgumhas das iniciativas do modelo societário de pré-guerra14.

Com certeza, a publicística franquista funcionou já no pós-guerra com modelos dicotómicos e falsificadores, distorcendo a memória colectiva, enfatizando a “violência” agrarista face a desejada paz social que agora se entrevia graças ao “caudillo”.

De resto, construiu-se uma imagem do “labrego” que o afastava da reivindicaçom; umha imagem pacífica, mas submissa e comprazente com a ordem, com a ordem imposta, porque nom estaria na ideia dos labregos “minar a paz social”, por sua vez, do ponto de vista psicossocial, tentou-se combater a essência mesma das tradições

12 Como aponta Cabana, o aparente consentimento, amiúde agocha um disenso cara ao régime. CABANA IGLESIA,

A.: Entre a resistencia e adaptación: A sociedade rural galega no franquismo (1939-1960). Tese de Doutoramento ,

USC, 2006.

13 LANERO TÁBOAS, D.: Sindicalismo agrario franquista na provincia de Pontevedra (1936-1975). Tese de

Doutoramento, USC, 2005.

14 CABANA IGLESIA, A.: Entre a resistencia e adaptación: A sociedade rural galega no franquismo (1939-1960).

Tese de Doutoramento, USC, 2006. 14

comunitárias15, aprofundando no certeiro “individualismo” que caracterizava os labregos, toda umha literatura preventiva contra crises revolucionárias.

Como virom, temos contornado a repressom da mobilizaçom campesinha de umha óptica meramente social e psicológica, importa destacar estes dous perfis, pois som aqueles que ham-de ter o percurso vital e mesmamente histórico suficiente para explicarmos algumhas das atitudes que caracterizam a povoaçom rural da Transición, objecto de mais centrado análise pola nossa parte.16

A instituiçom à qual se lhe encomendará a difusom do ideário do Novo Estado, há-de ser a Igreja; o laxismo com que as autoridades franquistas permitem a penetraçom da Igreja na educaçom ou nos meios de comunicaçom, liga-se com a firmeza com que a instituiçom eclesiástica combateu a heresia social, tratava-se pois, combater ideologias disgregadoras, “amorais”, “anti-espanholas” e nesse plano, a Igreja, protagonista da “Cruzada” nacional, tinha muito a ensinar

Curiosamente, e como veremos avançado o trabalho e perfilhado o estudo que nos atinge, elementos pertencentes a um dos agentes da repressom social, os novos cregos rurais criados ao abeiro dos postulados do Concilio Vaticano II e os encontros com o marxismo, iram impulsionar as mobilizações agrárias do tardofranquismo e a Transición.

Nom se nos esqueçam certos condicionamentos estruturais; o arrasamento do sistema produtivo agrário em benefício do esforço bélico, coligado com anos de más colheitas e a lógica autárquica do regime, fixo com que a olhos do campesinhado se estivesse a produzir um saqueio dos seus recursos básicos, tudo isto num contexto de maciça reruralizaçom e pressom crescente sobre a terra que asfixiava as hipóteses reprodutivas do rural galego.

3. A NOVA REALIDADE SINDICAL AGRÁRIA: AS HERMANDADES SINDICALES DE LABRADORES Y GANADEROS

15 O regime, na sua “voracidade” autárquica, nom tivo qualquer reparo em substraír, com a maior efectividade de

sempre alguns dos usos seculares do campesinato, designadamente, o monte. E é que apesar do impetuoso discurso

“ruralista” do ministro falangista Fernández Cuesta, a “cruzada forestal”, como recolhe Rico Boquete (1999:375),

teimou na repovoaçom de uma vasta porçom da “España húmeda” para atender a demanda da incipiente indústria

celulósica, verdadeira beneficiada da política “ruralista” do regime.

16 Vid. AGUILAR FERNÁNDEZ, P.: Memoria y olvido de la guerra civil española. Madrid, Alianza Editorial, 1996.15

“Non tuvemos relación nós cas Hermandades pr’esta cousa…pero é que non

facían nada! Portanto non tiñan de que mosquearse, non era competencia

ninguna, non lle facíamos competencia, porque iles non facían nada…”17

As asseverações que acompanham o título desta epígrafe correspondem a umha

entrevista que repassa os tempos do tardofranquismo e a Transición, da opiniom do

entrevistado, podemos tirar a conclusom de que as Hermandades eram naquele tempo

umha organizaçom, pelo menos, esclerótica, mas como veremos nom “quedava outra”

que enquadrar-se nelas.

3.1. Percurso legislativo

Após o Decreto de Unificación de 19 de Abril de 193718, polo qual a F.E.T. y de las

JONS, irám-se esclarecendo as intencionalidades últimas do regime, que no plano

sindical como no político passavam-se polo enquadramento interclassista dos seus

filiados, fossem operários, patrões na indústria, ou jornaleiros, pequenos ou abastados

proprietários no campo.

Em 1938, promulga-se o “Fuero del Trabajo”, que regulava as relações e condições

laborais, e o caminho cara a unidade sindical conhecia mais um chanço com o D. de 21

de Abril de 1938 polo qual todas as organizações sindicais do “Movimiento” se tinham

que colocar sob o mandato da recém-criada Central Nacional-Sindicalista.

Ao efeito em 1939 nasce a Delegación Nacional de Sindicatos, adscrita à FET e em 26

de Janeiro de 1940, é promulgada a Ley de Unidad Sindical, entretanto o ministro de

Organización e Acción Sindical, González Bueno, preparava para Dezembro de 1940 a

17 Entrevista nº 4, Anónimo, Parada de Outeiro, Vilar de Santos (Ourense), 2008

18 Até ao D. de Unificación, a confusom parecía a tónica na zona nacional no que tem a ver com as organizações

sindicales, vid. LANERO TÁBOAS, D.: Sindicalismo agrario franquista na provincia de Pontevedra (1936-1975).

Tese de Doutoramento, USC, 2005.

16

ley de Bases de la Organización Sindical, começando a “organización do

nacionalsindicalismo agrario no plano local” (Collarte Pérez, 2006:27), as Hermandades

Sindicales de Labradores y Ganaderos som umha realidade desde 1943, em base à lei de

Unidade Sindical Agraria (1941).

3.2 O novo mapa sindical agrário

À par da rearticulaçom do sindicalismo agrário, umha das notas que sobranceiam neste

processo é a relativa aposta como viramos polo mutualismo gandeiro (Fernández Prieto,

2000:202) e o pulo dado ao cooperativismo de raigame católica (Lanero Táboas, 2005),

permanências significativas da época democrática, contodo as cooperativas devirám

subjugadas como meras secções “comerciales” das Hermandades Sindicales

Como sinala Lanero (2005), as Hermandades serám a aposta gremial que para o campo

reserva a ditadura, enfatizando o carácter de irmandade para banir a luta de classes e

apostar no enquadramento interclassista; precisamente através do artigo 17 da citada

Ley de Bases de la Organización Sindical, permitiria-se às Hermandades enquadrarem

os trabalhadores e imporem cotas.

A distribuiçom espacial das mesmas, era o plano local, comarcal e provincial, contodo,

a sua implantaçom tornou-se fundamentalmente local, pois às entidades comarcais

haviam destinar-se a labores de coordenaçom, enquanto as provinciais deviriam nas

Câmaras Oficiais Sindicais Agrarias. Acima do aparelho sindical, aparecia a Junta

Nacional de Hermandades, mudando o seu nome a partir de 1962, para Hermandad

Sindical Nacional de Labradores y Ganaderos; na segunda metade dos anos 60 e perante

as negociações de Madrid com a Organizaçom Mundial do Trabalho, desgaja-se aos

sindicatos verticais do Movimiento Nacional, enquanto a Delegación Nacional de

Sindicatos mudava o seu nome para Ministerio de Relaciones Sindicales (Collarte

Pérez, 2006)

17

Quanto aos órgaos de direcçom, compunham a Hermandad, dous órgaos colegiados, a

Asamblea Plenaria e o cabildo sindical e dous unipessoais, a Presidência e a secretaria19

3.3. As Hermandades perante o campesinato

Um dos primeiros atrancos com que depara o novo entramado sindical franquista é a

questom territorial; as Hermandades nascem em 1943, e nascem desligadas da

conceituaçom territorial que os labregos entendiam como o próprio do país, naquela

altura, na ideia dos labregos, as relações ainda se estabeleciam interparroquialmente e a

pura funcionalidade administrativa dos “ayuntamientos” nada lle dicían20.

O seu inserimento no meio rural em pleno desenvolvimento da política autárquica,

causou amiúde durante o 1º Franquismo que os labregos reagissem contrariados com

umha política de cupos forçosos – cuja asignaçom gerenciavam os alcaides, os jefes

locales del Movimiento e o Jefe local da Hermandad- que lhes levava boa parte da

mantença para umha época como aquela, de fome. Por seu lado a escassa

representatividade conferida aos concelhos eleitos durante a guerra civil, causaria muita

impopulariedade entre a vizinhança.

A impopulariedade das Hermandades entronca com outro facto duradouro no território

de fronteira, mas que designadamente ocupou o tempo de muitos labregos congraçados

com a fome, nom é outra que a prática do estraperlo. A sua perene prática tinha a ver

19 Tanto Anxo Collarte Pérez quanto Daniel Lanero achegaram informaçom sucinta sobre o funcionamento interno

das Hermandades, o primeiro para o caso ourensano e o segundo para o pontevedrés graças à sua pesquisa

arquivística vid. LANERO TÁBOAS, D.: Sindicalismo agrario franquista na provincia de Pontevedra (1936-1975).

Tese de Doutoramento, USC, 2005. e COLLARTE PÉREZ, A. Labregos no Franquismo. Economia e Sociedade

Rural na Galiza Interior. As Hermandades Sindicales en Ourense (1943-1978 ). Ourense, Difusora, 2006.

20 Como veremos o apego aos chamados “concellos abertos” no que se reunia a vizinhança da parróquia, ainda será

muito maior do que ao “ayuntamiento” nos tardios anos 70: “no 69 foi cuando fun pra lá e apenas había presupuesto

pras zonas agrarias (…)e nas zonas agrárias vivían exclusivamente do que facía o concello do pueblo, non? O

concello, concello…dos mismos veciños, entonces, pois mira, arreglaban os camiños a mao bruta (…)O Concello

oficial, pois púñache unha fonte se lle cadraba, se lle cadraba eh, o município, pois dicía, “vamos por unha fonte en tal

sitio ou arreglar ali a que hai”…porque non lle mandaban cuartos ós concellos…o concello, bó é que o había...hehe!

(Entrevista nº 5, Anónimo, Ourense)18

com a consciência “por arriba” (dos abastados) e “por abaixo” (dos pequenos labregos)

das corruptelas administrativas que prebendavam a discreçom às pessoas da sua

confiança, bem colocadas nos centros decisórios e demonstravam a ineficácia

económica do governo (Soutelo Vázquez, 2001).

A desconfiança dos labregos face às Hermandades tamém se assumia em sentido

inverso, quer dizer, das Hermandades face aos labregos; em relaçom com a

institucionalizaçom do controlo social e político, reorienta-se21 “amparando” o labor

daquelas,22 a Polícia rural à qual ser-lhe-á encomendado o controlo da produçom, e

provocando toda umha série de inconvenientes a práticas comunitárias tradicionais:

“Esta insistencia na defensa a ultranza da propiedade rústica e dos froitos nela

producidos tiña moito que ver cunha específica conxuntura histórica autárquica,

definida pola política de intervención sobre os productos agrarios, polas dificultades

de abastecemento alimentario da poboación (en especial da urbana pero tamén dos

sectores máis desfavorecidos das sociedades rurais) e polas auténticas situacións de

fame e escaseza vividas durante a posguerra. Todos estes factores contribuiron a un

control exhaustivo da producción (principalmente da de cereais e leguminosas) que

dificultou as tradicionais prácticas da "economía moral", como o respigeo, o

aproveitamento de rastroxeiras ou o pastoreo de gando menor nalgunhas fincas

privadas (...)provocando unha intensificación na estratificación das sociedades rurais

e unha certa quebra dos lazos de solidaridade intracomunitaria” (Lanero Táboas,

2005:210).

Ainda que, por vezes a conflitualidade entre instituições, permitia entrever a

incomodidade das Hermandades com certas receitas da política autárquica,

precisamente polas consequências pouco populares que tinha entre a vizinhança, a

intermediaçom, das Hermandades serviu, amiúde para atenuar a sua incidência (Lanero,

2005)

Por seu lado, o cerimonial eleitoral, de “obrigado voto” e consumada fraude, com o

controlo, tamém exhaustivo, dos perfis ideológicos dos candidatos, o seu carácter

21 A sua existência contodo, remonta-se a 1898 (O de 8 de junio de 1898)

22 Como recolhe Lanero Táboas (2005) a partir de 1945 as Hermandades podiam solicitar o passo da Polícia Rural

dos concelhos à sua competência directa.19

indirecto, a descarada presença dos prohomes do sindicato no processo eleitoral, e a

interesseira dificuldade do mesmo, fazia que a desmobilizaçom política e a desafecçom

cara as instituições se fossem manifestando em grau crescente até a reestruturaçom

eleitoral de 1974.

4. O CAMPESINATO: ATURANDO O FRANQUISMO?

Tentamos até ao de agora fazer um percurso polos roteiros da mobilizaçom campesinha

de pré-guerra; a trágica ruptura que supóm a guerra civil e a repressom coeva e

posterior, esta última tivo consequências duradouras para as comunidades rurais, e que

latejam através da impossibilidade da discrepância, a negaçom do passado recente, ou a

destruiçom significativa do sistema produtivo rural.

Encaminhamos a nova realidade franquista atendendo brevemente para o novo mapa

institucional no que tinha a ver em puridade com os interesses agrários, assi detivemo-

nos na análise das Hermandades Sindicales de Labradores y Ganaderos, como órgaos

enquadradores do campesinato, tentando albiscar as atitudes do campesinato cara elas.

Como se pode comprovar, dispugemos um “diálogo” entre mobilizaçom de pré-guerra e

desmobilizaçom de pós-guerra. Analisamos o contexto de pré-guerra, desde os

condicionamentos económicos, com umha sociedade agrária em mutaçom devido à

fenomenologia estrutural (introduçom definitiva da economia de mercado, crise de

excedentes, reubicaçom de mercados, capitalizaçom…), mas também social,

substituiçom das elites tradicionais, esmorecemento da velha fidalguia, influência

crescente dos emigrados e retornados; e aínda política; alargamento das oportunidades

políticas, com leis sucessivas, como a de Asociaciones de 1887, ou a Ley do Sufrágio

Universal masculino de 1890, que permitia o acesso ao debate público de sectores até a

altura invisibilizados, e com eles, as suas reivindicações e problemáticas particulares.

O contexto de pós-guerra, em troca, dispunha toda umha série de condicionamentos

adversos para a mobilizaçom pública, a começar pola própria adjectivaçom negativa da

participaçom política, a consumaçom prática da repressom, com o descabeçamento dos

dirigentes políticos e sindicais em forma aleccionadora (Prada, 2004) ou a actividade

20

propagandística que se encarregava com sanha de lembrar quem eram os bons, quem os

maus.

O “exemplo dos vencedores” confirmava como opçom válida a desconfiança cara a

política, nisso forom até coerentes com o seu discurso, como sinala Raul Soutelo

(2001), a política económica do regime, foi todo um exemplo de como se pode

“socializar a fome” e a “corrupçom política”…e engadimos nós, alimentar a

resignaçom.

O Estado Novo franquista prometera impetuosamente, que havia chegar a redençom dos

seus rurais, prenhava a propaganda de encendidos discursos ruralistas e contrapunha-o

ao perigoso e disgregador mundo urbano, isso sim, sem consultar ao povo a melhoria da

sua situaçom; no entanto, esta atitude despótica nom tinha qualquer cousa de ilustrada,

assi o demonstrava a “ambiciosa” política industrialista a custe precisamente da

tradicional orde campesinha, como se encenou por exemplo com a política repovoadora

da “Espanha atlântica” (Rico Boquete, 1999).

Contra a constância repressiva, contra a abafante presença do Estado, contra a

inadequaçom entre o discurso oficial, cheio de esbirros demagógicos e a política real, o

campesinato tivo que articular toda umha série de respostas evidentemente

condicionadas polo contexto.

O contexto informa-nos que na Galiza do pós-guerra se dera umha reruralizaçom

efectiva nos patrões demográficos, e por outra banda, assistiamos a prática anulaçom da

estrutura de oportunidades políticas, que nom só modificava os cauces para o protesto,

mas o protesto mesmo podia vir ser modificado.

Conforme Cabana (2006a), perante o contexto, a atitude geral do campesinato, será a de

nom admitir fazer parte de uma dissidência respeito ao regime, veremos ao longo do

Franquismo que se tornarám “habituais” estes comportamentos; por seu lado a “rede

repressiva” provocava umha ausência de confronto directo e do lado académico nem

sempre se soube categorizar umha dissidência como esta, nom admitida.

Hobsbawm (1986), tinha concluído que o afastamento de os camponeses de “nódulos”

relacionais amplos (a nível nacional), a sua falta de inserimento em marcos

institucionais e a sua despreocupaçom pola aquisiçom de direitos (burgueses) bem como

a falta de alvos concretos, nom permitia intitular as acções dos camponeses como 21

plenamente políticas; com tal apreciaçom negava-se-lhe aos campesinhos, a “arte” de

fazerem política, mas nom se explicava as consequências que “colectivamente” tinham

as suas acções aparentemente isoladas e silentes, em definitiva, omitia-se a possibiliade

destas responderem a qualquer eleiçom racionalmente eleita e programada, nem se

observava o cálculo que das mesmas faziam as autoridades.

O regime franquista, nom era, no entanto, um lugar-comum onde adquirir novos

direitos, nem tam sequer onde articular reivindicações a nível nacional, pois estas

estavam coacionadas pola falta de liberdade, por outro lado a construçom ideológica do

Franquismo espalhou a ideia de os campesinhos serem “normalmente” servis e

submissos “como Dios manda!”, de qualquer jeito, o próprio regime, categorizava a

dissidência de política, como amiúde expunham na documentaçom interna, portanto,

permitiria-nos a asseverar a condiçom política da acçom campesinha (Cabana, 2006a).

A inexistência oficial do protesto, nom queria dizer, porém, que nom existisse, a sua

existência por outro lado nom teria porque responder à progressividade com que se

tenhem categorizado os repertórios de protesto (Cabana, 2006a), mas dependeria das

opções reais, da viabilidade com que se pudesse levar a termo.

O Franquismo supom umha clivagem respeito a articulaçom do protesto, os

campesinhos ficam orfos dos modelos organizativos de pré-guerra e portanto dum

instrumento com o qual canalizar “impessoalmente” o protesto e minguar os riscos do

mesmo; por sua vez a ausência desses modelos, fai reactivar formas históricas de

resistência que sem terem desaparecido, melhor se adaptavam aos “tempos que

corriam”.

Sinala Cabana que é “a forte pegada da cultura de resistência a que determina a génese

histórica dos modos de resistência e fundamenta a tipologia empregue polo campesinato

galego” (2006a:119), o campesinho sedimenta tudo aquilo aprendido e apreendido para

combater as ameaças pretéritas à sua supervivência e empregá-lo-á no Franquismo,

sempre é quando convier.

O campesinhado galego durante o primeiro Franquismo, portanto, assumirá um leque

variado de acções que vam desde o início de processos judiciários para provar a

propriedade vicinal dos montes (Rico Boquete, 1999) até o aproveitamento em seu

benefício das liortas havidas entre as diferentes administrações para apurar um sistema

22

de cupos mais justo23 que nom abafasse a precária situaçom económica do pós-guerra

(Cabana, 2006a). Outras vezes era o crego, como detentor de certa autoridade moral,

quem dirigia no nome de comunidade protestos contra a lamentável situaçom da

comunidade24. A cumplicidade das administrações locais, forçada polos acontecimentos,

amiúde, permitiam excepcionais motins dos que participava toda a populaçom.25

A possibilidade de ficar isento de repressálias graças à mediaçom de “homens ordeiros”,

permite-nos por outra banda, testemunhar quam prudentes eram as atitudes das pessoas,

a simples discrepância verbal podia punir-se de jeito imediato se se tornava visível,

portanto a dissidência tinha um alto grau de subtileza e um carácter indirecto,

dissentia-se sim, mas conjurando todo o tipo de artimanhas invisíveis26, as rádios

clandestinas, o absentismo eleitoral, a invasom de monte repovoado…

23 Sobre as arbitrariedades do sistema de cupos, os quais eram nom casualmente , repartidos polos agricultores mais

abastados junto a membros da administraçom, vid. LANERO TÁBOAS, D.: Sindicalismo agrario franquista na

provincia de Pontevedra (1936-1975). Tese de Doutoramento, USC, 2005.

24 Nos seródios anos 70, o crego de Paradela, Porqueira, relata-nos como um outro crego-jornalista, figera de porta-

voz das demandas vicinais nas páginas de La Región: “Acórdome ali en Paradela empezáranse a sacar unhas…

valéndose dun periodista que era cura tamén, empezárase a sacar un, na prensa…nos falábamos dali, daquela

zona…que non había luz pública, que estaban feitos unha miséria…e sacárase así e entonces o periodista e que era

cura, pois, fixo unhas cuantas páginas na Región e…nos apreceu ali, un dia un señor, que lle chamo, señor non era,

que era novo, era unha persona nova, desde Xinzo, que era de Extensión Agraria…o nombre, vamos a ver, ahora

non che sei…estuvo en Extensión Agraria, pero non sei se en Xinzo se sigue, penso que non e ahora non me acordo o

nome…Apareceu ali, dicindo “pero que é o que pasa aqui!!” pero en plan, que “non hai dereito a salir esto na

prensa!!” e eu díxenlle “home pois ven por aquí que imos ver o que hai…e xa verás se hai razón ou non!!” e

entonces através daquel señor, daquel amigo que despois volveuse amigo…non era,…pouco a pouco falando com él

era “ó revés”, era todo “ó revés” …o que pasa é que el estaba sujeto a unhas normas, eran moi estritos com él e él

claro, viña case de parte dos outros, pero non era de parte dos outros, era formal e era boa persona, entonces a raiz

daquelo viñeron cuartos pra arreglar os camiños e pra poñer a luz pública, que se lle dera un arreglo ó camiño,

grande, bastante grande, de Paradela, non sei terá por aí, 1 km por aí, cos seus ramales e cas suas cousas e

arregláronse os camiños que aquelo foi…[notas de prensa e eles fixeronse eco]…despois puxérase a luz pública…

Entrevista nª5, Anónimo, Ourense

25 Adverte Lanero sobre a atitude por vezes “cúmplice” das Hermandades com as injustiças da política autárquica:

“O por qué desta actitude pode ter que ver co desexo de parte dos seus dirixentes por mellorar o lamentable nivel de

vida dos labregos galegos, por entender que a intervención da producción e distribución de certas produccións

agropecuarias era un camiño errado que non só perxudicaba ós labregos senón que tamén impedía retomar vellos

procesos de especialización productiva de anteguerra (concretamente a mellora gandeira) ou, sinxelamente – en

especial na actuación de Prohombres, secretarios de Hermandad e alcaldes no ámbito local – pola necesidade de

manter a súa posición de privilexio respecto do control dos escasos recursos (adubos, anticriptogámicos,

carburantes,…), ou da fiscalidade (distribución de cupos, amillaramentos, etc.).” (2005:355)23

II PARTE. O MUNDO AGRÁRIO GALEGO NO TARDOFRANQUISMO E NA TRANSICIÓN (1960-1982)

“…Entonces, pois mira, arreglaban os camiños a mao bruta, enfin, pero así e todo,

andábase en lama praticamente sempre, unhos carreiriños polo medio do camiño pra

poder andar e andar pois eso, mais ou menos limpos, nin había luz pública”27

5. O TARDOFRANQUISMO E A TRANSICIÓN. NEM OPOSIÇOM TAM “FRACA”, NEM DITADURA TAM “FORTE”

5.1. Contexto geral

Pere Ysás nos seus estudos sobre a crise final do franquismo tem denunciado um pré-

conceito convertido em clássico, conforme tal prejuíço a simbólica morte “na cama” do

ditador Francisco Franco revelaria a fraqueza da ou das Oposições ao regime e a

fortaleza dum regime que dizia deixar tudo atado “y bien atado”. (Ysás, 2004)

Para o citado autor, a simples “centralidad de la violência represiva en toda su

trayectoria desde sus sangrientos origenes hasta sus últimas ejecuciones en 1975”,

demonstrariam que as vozes que o contestavam estavam aí, desde o começo, por vezes,

26 Umha amostra da picardia campesinha, desvela-no-la, C.D.F., 1932, Sandiás (Ourense), Entrevista nº 3: “Cando a

fiscalía de tasas si, entonces marchábanche ca cosecha,botábanche un cupo, un cupo excesivo eh… non podías

pagalo e entonces tiñas que esconder debaixo da herba, debaixo da palla e unhas arcas facer unhas arcas, meter o

grao nelas e botarlle a palla por riba botar tal. As patatas había que sacalas en carros de noite a unhas poulas

donde viñan cargalas un cochiño eh… engrasar os eixes dos carros con xabón pa que non cantaran; os carros das

vacas para sacar as patatas.

27 Entrevista nº5, Anónimo, Ourense24

ocultas, como já analisáramos, devido ao medo inoculado desde as primeiras medidas

do Novo Estado (2004:10)

Nom nos corresponde a nós aprofundar nos elementos que testemunham a vitalidade da

oposiçom, nem avaliarmos a sua influência a posteriori na hora da Transición à

democracia, nem nos corresponde o espaço analítico (O estado espanhol), nem é, strictu

senso, o nosso objecto de estudo28, contodo, nom recusamos dar umhas “pinceladas”

gerais ao período que em qualquer caso abrangemos neste trabalho.

O Tardofranquismo conhece um incremento da mobilizaçom social e política como

nunca antes no período ditatorial e cresce aliás, em múltiplas vertentes, aparentemente

estamos perante umha conflitualidade social, que nom arruma a maiores reivindicações

solapada pola continuada violência repressiva, mas através da mesma, começara a

colher forma toda umha intencionalidade política. O sindicalismo vertical começava a

sofrer o “entrismo” táctico das recém-criadas CCOO (sindicato impulsionado polo

PCE); a universidade assistira a um relevo geracional, os jovens universitários nom

viveram o trauma da guerra civil, e a conscientizaçom política destes, chegava mesmo

desde o professorado universitário e os já cansos intelectuais, até a Igreja parecia viver

tempos novos sob o esteio do Concilio Vaticano II e a humanizaçom da liturgia e a sua

mais decidida acçom social.

28 Sobre o período histórico, têm achegado as suas interpretações autores como Josep Mª COLOMER (1998): La

Transición a la Democracia: El modelo españoizl, Barcelona, Anagrama, quem desde umha perspectiva politológica,

avalia o jogo de contrapessos, e a dialéctica ruptura-reforma que caracterizarom a “Transición” espanhola. O finado

Javier TUSSEL e Álvaro SOTO CARMONA editam em 1996 a que pretende ser umha obra de carácter global sobre

o período Historia de la Transición (1975-1986), Madrid, Alianza, significativa é a cronologia achegada desde este

livro, para Tussel e Soto, a Transición só remata com a entrada de Espanha na C.E.E., idêntica preocupaçom

cronológica tenhem Juan Pablo FUSI e Raymond CARR, España de la dictadura a la democracia, Barcelona,

Planeta, 1979 para os quais o acontecemento que pom fim à Transición som as legislativas de 1977, bem é certo que

figerom um exercício de história “presentíssima” . Entorno às discussões sobre a fase de consolidaçom e os factores

que a explicam, LINZ J. J. & Alfred STEPAN A.: Problems of democratic transition and consolidation: Southern

Europe, South America and post-communist Europe, The Johns Hopkins University Press, 1996. Outras obras de

referencia sobre o Tardofranquismo e a Transición, mais recentes: SOTO CARMONA A. (2005): “Transición y

cambio en España: 1975 - 1996”; ORTÍ MATA M. (2005): “Memoria y desmemoria del desencanto: una

reinterpretación de los discursos populares en torno al ciclo de transición postfranquista en España” en L.E. Alonso

Benito e G. Rodríguez Cabrero (dirs.); YSÁS i SOLANES, P.: “La Transición: treinta años después” (2006);

SARTORIUS, N. e SABIO ALCUTÉN, A.: “El final de la dictadura: la conquista de la democracia en España

(noviembre de 1975 – junio de 1977); Balfour, S. e Quiroga, A. (2007): “España reinventada: nación e identidad

durante la Transición”25

O governo Franquista, por seu lado, reage com um discurso relegitimador, com a

propaganda da sua “exitosa” receita económica, o Plan de Estabilización de 1959 e os

posteriores “planes de desarrollo”, aplicados nas décadas de 60 e 70; esta é empregue

polo regime para falar no Desarrollismo e o alargamento da clase média, isso nom

impede, porém, exemplos de protesto pola realidade da situaçom económica como as

greves da siderurgia basca ou a greve do metal na Galiza de 1972.

A chegada da democracia, verbalizou umha máxima, a sua elaboraçom em consenso, e

assentou umha outra ideia: A sua feitura teria sido só “cousa” de elites, um pacto entre

umha oposiçom formal a reboque da iniciativa dos reformadores do Franquismo,

personalizados na figura, hoje celebrada, de Adolfo Suárez, e naquele Fevereiro de

1981, repudiada pola ineficaz gestom da crise económica dos anos 70. A “Política”, e a

sua exaltaçom em maiúsculo, solapou as outras lutas encenadas no Tardofranquismo e

no começo da Transición.

5.2. A queda do aparato sindical agrário franquista. O novo sindicalismo agrário29

Particular importância para a nossa pesquisa, tem a sorte que correrom as instituições

franquistas que directamente intermediavam com o mundo agrário.

Sob o Estado autárquico do primeiro Franquismo, a campanha propagandística do

regime de marcado cariz pró-ruralista, fizera comungar a muitos rurais com o

corporativismo agrário que sagravam entidades como as Hermandades Sindicales. A

retórica proteccionista30 afirmava-se como contrapondo-se ao malverso mundo urbano,

é por isso que as disfunções aparacerám no mundo agrário e no verticalismo que o

29 Seguiremos para esta caracterizaçom os apontamentos que o professor Eduardo MOYANO ESTRADA, achegava

em 1984, no seu artigo “Ideologías y Sindicalismo Agrario en la Transición Democrática” Agricultura y Sociedad,

abril-junio 1984

30 Rico Boquete (1999) já tem apontado quanto de veraz tinha o discurso ruralista. Outros autores no mesmo tema.

SEVILLA GUZMÁN, E. & GINER, S.: “La evolución del campesinado en España. Elementos para una sociología

política del campesinado. Barcelona, Península, 1979. VELASCO MURVIEDRO, C. et Alii.: “El pensamiento

agrario y la apuesta industrializadora en la España de los cuarenta” en Agricultura y Sociedad, nº 23, 1982, pp

233-27326

“protegia” umha vez que o “desarrollismo” dos anos 60, se converte na nova verdade

oficial

Face as visíveis tensões que no mundo industrial se verificavam respeito a Organización

Sindical Española31, no mundo agrário, as cousas parecerom ir mais devagarinho,

mesmo movendo-se numha calculada ambiguidade (Moyano Estrada 1984:1). Na

dialéctica dissoluçom ou simples reforma, optou-se diafanamente pola segunda opçom.

Dessarte as Hermandades transformar-se-ám nas chamadas Câmaras Agrarias, sem

qualquer brusquedade em base ao D de 2 de Junio de 1977; sucedendo-se mesmo os

carregos, os antigos secretários da Hermandad, passaram a converter-se nos novos

presidentes das Câmaras32. A postura de força da governamental UCD33, passava-se por

umha reforma gradual das entidades do verticalismo que incluísse a celebraçom de

eleições livres, mas sem que realmente se efectuasse umha “limpeza” dos quadros

sindicais da ditadura; as câmaras agrárias mantiveram basicamente as funções das

Hermandades (representaçom, acçom reivindicativa e serviços burocrático-

administrativos)34; Mais complicada transformaçom se verificou, no entanto nos

31 O RD ley 19/1976 de 8/10/1976 faria desaparecer à Organización Sindical Agraria (em adiante O.S.E.), substitui-

la-á a Administración Institucional de Servicios Socio-Profesionales. Com o D de 2 de junio de 1977, estabelece-se a

liberdade sindical e as câmaras agrárias começam a substituir as Hermandades Sindicales.

32 “No, as câmaras agrárias non participaron para nada… (a xente da Hermandá), volveron, rengancharon,

colocáronos a todos en puestos, millores cós que tiñan incluso…” Entrevista nº 3, C.D.F., 1932, Sandiás (Ourense)

ou ainda, esta outra reflexom sobre as eleições às câmaras agrárias de 1978, mui ilustrativa “Tuvo pouca,

porque, porque claro eran unhas elecciós

p

, pero estaban praticamente fechadas, toda a estrutura inda estaba, inda

dependía ó principio, estaba toda a xente incrustada de antes, entonces apenas serviu pa nada, ganáranse as

elecciós e había os seus candidatos aí e tal, pero, serviu para pouco eso…porque así, seguiron as mismas personas ó

principio…nas cámaras…” Entrevista nº4, Anónimo, Parada de Outeiro, Vilar de Santos (Ourense)

33 Conforme Moyano Estrada (1984:8), a U.C.D., teria usado a estratégia gradualista para garantir-se apoios firmes de

cara o panorama eleitoral que se encetava e à par apagar as “veleidades” dos sindicatos menos pacíficos.

34 Sobre o funcionamento das Cámaras Agrarias, vid. COLLARTE PÉREZ, A.: Labregos no Franquismo. Economia

e Sociedade Rural na Galiza Interior. As Hermandades Sindicales en Ourense (1943-1978 ). Ourense, Ed. Difusora,

2006. (pp 171-172)27

sindicatos de Rama35, verdadeiros “lobbies” agrários, onde o jogo de interesses

complicava sobremaneira a sua reconduçom democrática.

O apagamento da memória associativa e reivindicativa que o Franquismo se encarregou

de concretar ao longo de todo o período ditatorial e as dependências burocráticas que o

sector agrário continuava a manter, explicará a baixa filiaçom sindical agrária que se

manterá como umha das anormalidades herdadas do período franquista

5.3. A “Transición” no nosso país. Umha breve contextualizaçom

No caso galego, a Transición incorporou o debate territorial e a adequaçom democrática

à especificidade galega. O nosso país, no entanto partilhava algumha fenomenologia

com o que acontecia no resto do Estado, tamém na Galiza se deu a progressiva

infiltraçom nos quadros do sindicalismo oficial, (particularmente o braço sindical do

PCE, CCOO), apareciam por toda a parte ateneus, telecubles, associações sócio-

culturais, ora vinculadas a determinadas estruturas partidárias, ora com um cariz mais

“independente”; à vez, tamém no caso galego ecoa a nova postura ideológica da Igreja,

os preceptos do Concilio Vaticano II, som postos em andamento por curas rurais

preocupados com a situaçom social e económica das suas paróquias36.

35 À altura de 1977, havia sete sindicatos sectoriais, os que deterom algumha importância económica, valerom-se do

seu carácter privado, para devirem em grupos de pressom; no tocante ao agro, surgiu umha elite que haveria agir

apenas em prol dos seus interesses particulares. Alguns outros de menor pujança económica desaparecerom sem

fazerem muito estorvo.

O poder económico daqueloutros sectores agrários, obstaculizou o processo de democratizaçom sindical,

umha vez desligados do aparelho burocrático da O.S.E., estes erigiram associacções profissionais na defesa dos seus

interesses e contra as pretensões de reduzir a sua influência por parte do sindicalismo agrário democrático (Moyano

Estrada, 1984:10)

36 “….na década dos 70, pois fumos un grupos…claro que xa había antes, un grupo de cregos e de xente…pero mais

cregos, claro, preocupados polo mundo rural, xente que vivia, que vivíamos no mundo rural, en zonas distintas, pero

limítrofes, por exemplo aqui na Limia e logo tamén, xente da zona de Cela Nova, e xente da zona de Bande, eran as

tres comarcas que estabamos mas relacionadas, com cregos presentes en cada unha delas; entonces nós estábamos xa

mais ou menos relacionados co, ou intentamos crear algo do que se chama hoxe “Movimiento Rural Cristiano” , por

entendernos, non? (…), e estábamos preocupados polas cousas da xente, dos problemas da xente, e empezamos desde

o principio a traballar coa xente…cousas de equipamento comunitário, eu que sei, traída de augas, luz, non, (…) 28

Voltando sobre a questom da especificidade galega, sublinha Xulio Prada, o

protagonismo de dous partidos um deles, a UPG, defensor da ruptura táctica com o

galeguismo de pré-guerra e a adopçom dos postulados marxistas bem como a luta

anticolonial no esteio dos processos de descolonizaçom da África; um outro o PCE, que

graças ao valdeorrês Santiago Álvarez, impulsiona a regionalizaçom do Partido

Comunista em 1968. Cinco anos antes, fundárase o Partido Socialista Galego e em

1964, a já citada UPG.

O protagonismo dos partidos nacionalistas galegos no fim do Franquismo e o começo

da Transición, vem apoiado polo que Prada, considera o “pesado lastre” da

“identificación entre franquismo e nacionalismo español”, (Prada & De Juana, 2005), o

que sem dúvida redobrava, havida conta do debate territorial, as necessidades de se

justificarem por parte dos partidos “espanhóis”. Porém, isso nom foi óbice para que essa

mesma esquerda, designadamente o PCG e o seu braço sindical, as CCOO de Galiza,

criadas em 1966, marcassem umha presença significativa em episódios de especial

relevância, que inserem à Galiza plenamente na luta oposicionista ao regime, falamos na

greve geral de Setembro de 1972 de Vigo37, ou a tragicamente lembrada folga da Naval

ferrolá que fixo dous mortos o 10 de marzo, logo dos tiros da polícia franquista.

À par da mobilizaçom obreira, da que tamém fará parte a UPG, a movimentaçom

estende-se ao mundo estudantil; o “68 galego”, tamém terá os seus recitados através do

colectivo “Voces Ceibes” e organizações como a citada UPG, constituirám grupos

ideologicamente afins (Estudantes Revolucionarios Galegos, ERGA) (Prada & De

Juana, 2005) quem de colocarem o debate sobre a situaçom da universidade e do país

em geral.

Tamém no campo, e ainda que lhe dedicaremos atençom mais polo miúdo em linhas

posteriores, surgem desde começos dos 70, embriões dos futuros sindicatos agrários,

como os Comités de Apoio á Loita Labrega, (depois Comisións Labregas), aparecidos

em 1970, o primeiro e em 1973, o segundo; sob o patrocínio estes da UPG, as Comisiós

Campesiñas, promovidas polas CCOO, em meados dos anos 60, bem como o SAGA38

de implantaçom mais focalizada no sul-oeste da província de Ourense.

camiños…e cousas de esas, non? Nos pueblos, cousas comunitárias, promover un pouquiño, o espírito comunitário

da xente” Entrevista nº 4, Anónimo, Parada de Outeiro (Vilar de Santos)

37 "O Vigo dos obreiros", Faro de Vigo, Suplemento "150 años con Vigo", 3 de diciembre de 2002, pp. 32-34.29

6. A SOCIEDADE RURAL GALEGA NO TARDOFRANQUISMO E NA

TRANSICIÓN.

6.1. O Tardofranquismo. O rural “descrido”

A situaçom do rural galego estava longe de ser idílica no Tardofranquismo, os labregos

galegos continuavam a emigrar, agora ao coraçom de Europa; nas comunidades rurais

porém, continuavam-se a resolver os problemas no seio das mesmas, e tinha-se umha

ideia diáfana do que os organismos agrários do Estado podiam vir a fazer polo rural:

“[A Hermandá] pois eu non teño idea de que colaborasen [com traballos

comunitários], o que sí tiñan que pagar a contribución, pero a contribución era no

concello…a hermandá de labradores, aquelo era nada…non sei, com algún motivo a

farían, non sei, pero a incidência real que tiña…nada!”39

A situaçom esclerótica das instituições agrárias do Franquismo, é denunciada,

persistentemente na fonte oral consultada, avançaremos mais algumha opiniom sobre a

mesma, e sobre umha administraçom local afogada economicamente.

Nom estranha que apesar dos intentos intermediadores das Hermandades, os sindicatos

agrários, substituíssem estas, mesmo já no período pré-democrático, como altifalantes

das problemáticas vicinais; a política amiguista e corrupta daquelas, dera-lhe poucas

hipóteses de popularidade aos organismos agrários do regime, mais ainda quando as

receitas aplicadas, o monopólio na distribuiçom de insumos, sêmolas…e o arbítrio com

que se fazia, se viam desfasadas polas novas condições produtivas do campo galego40.

38 Sindicato Agrario Galego, cujo nome, adverte um informante foi ideado polo intelectual, crego na altura Xosé

Chao Rego, Entrevista nº 6 C.M.D.F., 1942, Grou, Lóvios (Ourense)

39 Entrevista nº 5, Anónimo, Ourense

40 O impacte da Revoluçom Verde, que em palavras de David Soto (2003:397), significou: “unha mudanza

substancial nas posibilidades productivas da pequena explotación. O contexto tecnolóxico dominante implica a

necesidade dun redimensionamento das explotacións para poder competir en termos de productividade e de renda

por ocupado. Que non se producise este redimensionamento en Galicia levou a que se producise unha caída da 30

Outras das funções adscritas às Hermandades foi aquela da “Previsión Social” (O. de

Presidencia del Gobierno de 23 de marzo de 1945), sem entrarmos a caracterizá-la, é

bom lembrar que o Franquismo, utilizá-la-á tacticamente como mecanismo de

integraçom, mas a sua natureza, reconhecida polo próprio regime e polos labregos,

distava de ser própria de um estado de bem-estar, nom era pois um direito ao que

pudessem aceder as pessoas, mas umha concessom que o Estado tinha com os seus

cidadáns. Apesar da retribuiçom económica que supunha a Previsión Social, a sua

gestom desde os funcionários aos quais lhe competia, estava longe de ser modélica,

multas por impago na cotizaçom, retençom de subsídios (Lanero, 2005)41

6.1.1. Os campesinhos galegos e a sua condiçom de empresários! Por volta da

Cuota Empresarial Agrária

Além das questões produtivas, o campo galego enfrentava-se a novos desafios

derivados da produçom legislativa do regime, o relativo fracasso do modelo de

“Previsión Social Agraria”42 que vigorou durante os anos 40 e 50, fixo necessário

modificá-lo. Cara 1966-1967, sancionava-se o “Régimen Especial Agrario de la

productividade do traballo en relación á media española e a Europa”. O mesmo autor sinala ainda: “A forma

concreta que adoptou a revolución verde en Galicia levou a unha acentuación de esa perda de productividade. Non

se aproveitaron as condicións medioambientais para centrar os cambios na intensificación dos usos do solo e na

practica as tecnoloxías dirixidas a este fin tiveron un papel moi cativo, rachando coa tendencia precedente. As

causas de que se dera esta situación hai que buscalas en que a especialización da agricultura galega na producción

gandeira, e especialmente de leite, non foi acompañada dunha subespecialización en productos agrícolas

comercializables como a pataca, o viñedo e a horta. Estes productos esenciais no crecemento da producción no

primeiro tercio do século XX viviron unha crise importante nos primeiros anos do franquismo e non se recuperaron

nos vinte anos posteriores”

Ligadas tamém à Revoluçom Verde estám a definitiva substituiçom energética, a crescente dependência

das energias fósseis e os vaivéns dos preços, com a crise alcista de 1973 que condicionaram sobremaneira a

actividade agrícola.

41 Umha amostra da “segurança social” entendida pola Hermandad: “foron tan inútiles que incluso para ir ó médico,

tiñas que ir pedir unha baixa à “armada”?, que esa era a coña mais grande; recordo dunha vez que estaba eu na

Hermandá, non sei a que fun ali, quizá a curiosear, e chega un home cun dedo esmagado, que queria ir ó médico a

pedir un parte de seguro e dixéronlle que como esmagara o dedo, e dice “pois tapando un portal” e dicen “pois non

o taparas, eso non entra no seguro”, e xa non lle deron o parte pa ir ó médico, tuvo que ir por sua conta e esas

cousas, eran os seguros agrários que había daquela” Entrevista nº 3, C.D.F., 1932, Sandiás,Ourense31

Seguridad Social” , cara Julho de 1971 (D. 2123/1970) publica-se um texto refundido

do REASS. Surge a posteriormente combatida “Cuota Empresarial Agraria”.43

A realidade galega, enraizada na exploraçom de pequenas dimensões, recebia espantada

a qualificaçom que os técnicos de Agricultura lhe davam às suas explorações, os

pequenos proprietários galegos, eram por via de regra, empresários, mesmamente

arrendatários e aparceiros tinham de contribuir tamém; os titulares na íntegra, e os

anteriores parcialmente.

As insuficiências do sistema revela-no-lo o seu modelo de cotizaçom, as tristemente

recordadas “jornadas teóricas”, aplicadas desde 1972, estas eram distribuídas polos

municípios, conforme o tipo de culturas, a camada gandeira, a floresta ou o grau de

mecanizaçom. Forom empregues para a sua elaboraçom, os imprecisos dados

estatísticos fornecidos polo Cadastro de Rústica e polas HSLG.

Ninguém se livrava da cobrança, o anterior sistema reconhecia um mínimo imponhível

de 5000 pts, agora o cobro era geralizado, como geralizados serám os protestos por toda

a geografia galega, somava-se-lhe o cobro mensal de 245 pts pola Mutualidad Nacional

Agraria por cada trabalhador por conta própria/autónomo, isto atingia tamém a mulher e

os filhos do titular que nom justificassem qualquer ingresso alheio à exploraçom; da

mesma nom se discutia a sua legalidade mas a sua legitimidade estava longe de ser

admitida, animada tamém polas coacções às quais eram sujeitas as pessoas para

procederem com o pago44.

Já no primeiro trimestre de 1970, os labregos começam a se cobrar os recibos de 1967 e

1968, e isso fai prender o mal-estar, já nesse mesmo ano, oito mil labregos negam-se a 42 Apoio-me na caracterizaçom geral que da questom fai Daniel Lanero Táboas em “Estudio introductorio”,

Memorias de José Arias, ¿Mis Pecados? Santiago de Compostela, Fundación 10 de marzo, Colec. Testemuños nº 3,

43 Os governos “Ucedeiros”, optaram repetidamente pola postergaçom do pagamento da Cuota, embora nom se atrevessem a suprimi-la

44 “como era no caso ise da cuota empresarial agraria, pois eh, amenzándoos que si non a pagaban, pois que, que

os borraban do censo e esas cousas, non?(…) realmente os labradores deiquí non eran empresários, é dicir, non

tiñan xente ó cargo diles a quen lle pagaban un salario, eran iles autónomos, e traballaban iles mismos as súas

terras, está claro…salvo que non sei, eso está ben en Andalucía, en Estremadura, ou en Castilla onde había

terratenientes e había, e tiñan enfin os seus empleados, xente que de feito, hai o régimen especial agrario por cuenta

propia, como era no caso iste deiquí, de Galicia, polo menos nesta zona e, llo régimen especial agrario por cuenta

ajena que son Aquiles que traballaban para outras personas, entonces ises poderíanse considerar empresarios, pero

os deiquí non, claramente (…)” Entrevista nº 1, A.C.C, 1945, Vilar de Santos (Ourense)32

pagar ao calor da campanha que já começa a entrever a legenda do “Non Pagar”. Nesse

mesmo ano 1970, assiste-se a umha concentraçom no concelho de Moinhos (Baixa-

Límia).

No segundo semestre de 1970, proliferam panfletos de informaçom para “non pagar” e

no mês de Novembro, celebram-se assembleias em Verim, cara Maio de 1972, 400

cregos galegos, mormente de Lugo escrevem ao Ministerio de Trabajo com razóm da

Cuota Empresarial Agrária. Significativamente adere a Caixa Provincial Cooperativa de

Crédito de A Corunha.

Em Junho de 1972, é o sector da advogacia que apoia os labregos, através do Colegio de

Abogados de Galicia, ainda o Consejo Económico Sindical de Galicia adere ao

manifesto, explicitando-se o geralizado mal-estar que a dita Cuota criava em amplos

sectores da sociedade galega, mesmo em tempos da Ditadura.

6.2. O Protesto agrário na Transición

Os novos sindicatos agrários, Comisións Labregas, Comisiós Campesiñas, ou o SAGA,

assumiram a tabela reivindicativa respeito a Cuota Empresarial Agrária, a modalidade

do protesto, o impago colectivo, encenado na “Campaña do Non Pagar”, nom tinha

qualquer cousa de novidoso, com o impago responderam os campesinhos de outras

épocas face os gravosos trabucos que sofriam, mas o cariz mediático45 que alcançou o

protesto, merece ser significado, aproveitando as fendas abertas à liberdade de

expressom pola lei de Imprensa de 1966, a famosa “Ley Fraga”, proliferaram os artigos

contra a cuota empresarial agrária e outras questões que atingiam aos nossos rurais com

destino final na imprensa geralista.

Os escritos de protesto, respondiam a umhas características concretas; amiúde, eram

cartas colectivas que minimizavam as hipóteses de os labregos serem repressaliados, 45 Sobre o papel da imprensa geralista como novidoso “altifalante”· do protesto campesinho vid. LANERO

TÁBOAS, D.: “El conflicto socio –ambiental en la Galicia del final del franquismo y de la Transición a la

democracia: el papel social de la prensa.” Colóquio Internacional. Comunicação História e Política. Natal, Rio

Grande do Norte (Brasil), 2007.

33

outras vezes os protagonistas eram os cregos progressistas os que assumiam as queixas

dos seus fregueses, quem de liderarem a reivindicaçom no seio parroquial e por vezes

fazerem de jornalistas na comarca onde se encontravam de ministério pastoral46

Para além da Cuota Empresarial, assistíamos, a todo um leque de mobilizações da mais

diversa índole em relaçom as diferentes problemáticas que atingiam o campo galego, e

que tinham a ver com questões ambientais, políticas de preços agrários, ou a

concretizaçom da devoluçom dos montes vicinais em mao comum.

No plano do concreto, podemos citar entre outras as lutas ambientais contra a nuclear de

Xove (Lugo) a luta que em 1965 começava contra o encoro de Castrelo de Minho47, ou a

abnegada oposiçom da vizinhança d’As Encrobas (Cerzeda) (anos 1976-1977) contra a

expropriaçom das suas terras em benefício da Térmica de Meirama, cujo objectivo era a

exploraçom de lignite, a poluiçom da Térmica será objecto de debate durante a década

dos 90, particularmente em 199548.

Similar projecçom tiveram os protestos contra a política de preços, afectando tanto ao

sector gandeiro quanto ao agrícola; a problemática dos excedentes e as dificuldades

respeito das canles de distribuiçom dos mesmos, atingiram produtos básicos como o

leite e a pataca. No repertório do protesto deparamos com, desde o derramamento de

leite nas estradas, até as tractoradas49 na procura dumha saída digna aos baixos preços

que manejavam os produtores de pataca.

Singularmente tiveram muito eco as campanhas do leite, em pleno Tardofranquismo

encoa o protesto desde Dezembro do 73 até Março do ano 74, justo 4 anos depois as

CC. LL., já legalizadas convocam umha greve polémica pola falta de adesom sindical,

mas que conta com relativo êxito na gandeira província de Lugo.

46 Entrevista nº 6 C.M.F.D., 1942, Grou, Lóvios (Ourense)

47 Com menor significância quanto à mobilizaçom, deparamos tamém com os casos do encoro de Belesar (Lugo) ou

Portomarim, tamém em Lugo. Com efeito a especial importância agrícola, e especialmente vitivinícola do vale de

Castrelo, aprofundou a sensaçom de descontentamento contra a empresa executora, FENOSA.

48 Sobre o conflito d’As Encrobas vid. LANERO TÁBOAS, D.: “El conflicto socio –ambiental en la Galicia del final

del franquismo y de la Transición a la democracia: el papel social de la prensa.” Colóquio Internacional.

Comunicação História e Política. Natal, Rio Grande do Norte (Brasil), 2007.

49 Umha análise sucinta sobre o significado das “tractoradas” en FERNÁNDEZ, C. & SABUCEDO, XOSÉ M.: Do

descontento à Acción: A construcción social da protesta campesiña em Galiza. Vigo, Ed. Xerais, 2004.34

6.3. Sindicatos, imprensa e novos actores sociais no campo galego.

Como já brevemente indicáramos umha das relações que novidosamente se explicitarám

na crise final do Franquismo e mais decididamente na Transición, será a do mundo

agrário com a imprensa; inúmeras declarações, artigos, simples notícias quotidianas ou

directamente protestos e episódios grevísticos, terám o seu oco nas páginas dos jornais

galegos e mesmo estatais.

Se nos determos brevemente numha análise da sua utilizaçom, a iniciativa de travar

contacto com a imprensa, partia bem dos próprios concelhos parroquiais, ajudados

mormente polas pessoas com certa autoridade sobre a comunidade, como os cregos,

bem de outras entidades ou pessoas físicas.

A renovaçom nos quadros técnicos dos organismos agrários, trouxera umha nova

geraçom de técnicos que por umha banda se deviam à sua profissom, mas que por outro

lado, tinham umha formaçom cultural e umhas preocupações que os levaram a tomar

contacto com as problemáticas próprias do nosso rural, falamos por exemplo, da nova

fornada de técnicos adscritos ao ministerio, os agentes de Extensión Agraria, que face

ao inmobilismo institucional que representavam as Câmaras Agrárias, herdeiras da

esclerose das Hermandades; achegavam os seus conhecementos para o

impulsionamento de entidades cooperativas comunitárias ou moviam os fios para

acelerar os arranjos que os povos precisavam50.

Os sindicatos agrários, exporám amiúde as suas queixas face a política agrária

governamental, empregando os jornais para dar fé do seu marco de mobilizações:

Concentrações, lançamento de octavilhas, tractoradas, amiúde, combinando-se a

convocatória dumha mobilizaçom, com a presença já táctica noutra:

“Unos mil labradores se concentraron ayer en la plaza del Obradoiro para protestar

contra la cuota empresarial agraria”

50 Entrevistas 4 , Anónimo, Parada de Outeiro, Vilar de Santos (Ourense) e 5, Anónimo, Ourense35

“Anunciaron la posibilidad de llevar a cabo nuevas movilizaciones de tractores para

cortar el tráfico en toda Galicia”51

Um recurso mui frequente, foi tamém o da convocatória de greves:

“Primera jornada de huelga de productores lecheros convocada por Comisiós

Labregas”52

Curiosamente a legenda que acompanha o titular, revela parte das querelas que com a

legalizaçom sindical se estabeleceram entre os diferentes sindicatos agrários:

“Acusan (As CCLL) a SS.AA. y SAGA de “Sindicatos Amarelos”

Certamente, o comportamento de algum sindicato, era quanto menos polémico, no

centro da polémica, naquela altura, estava a construçom da Autoestrada do Atlántico

que uniria Vigo e A Corunha, a oposiçom à sua construçom devido ao impacte

ambiental e a sua repercussom no agro, nom era compartida por “Reforma Sindical

Agraria Gallega” a qual:

“Apoya la construcción de la Autopista y de las celulosas” E “no están de acuerdo con

el boicot de CCLL53 a las ferias ni con la concentración de tractores para protestar por

el pago de la cuota de la Seguridad Social Agraria”54

Tememo-nos, no entanto, que as querelas entre as CCLL, SSAA55 e o SAGA, tenham a

ver mais com umha luta polo espaço político que com a estratégia reivindicativa…

A imprensa era tamém o lugar para expor os critérios próprios de cada organizaçom:

“El ministerio de Agricultura no acepta las peticiones del S.A.G.A.”

51 Quinta-feira, 8 de Dezembro de 1977, La Voz de Galicia

52 8 de Marzo de 1978, La Región

53 Comisións Labregas.

54 21 de Dezembro de 1977, La Voz de Galicia.

55 Sociedades Agrarias que substituíram formalmente as Comisións Campesiñas na Assembleia Constuínte de 17 de

Abril de 1977 em Santiago de Compostela SANTIDRIÁN V.M.: “La Conflictivad agraria y las Comisións

Campesiñas de Galicia” en Antonio-Miguel BERNAL: Sindicalismo Jornalero y Campesino en España: Del

Franquismo a la democracia (1939-1995). Inédito. 199636

“Pero tomará medidas para facilitar la comercialización de la patata”56

Ou as iniciativas que agrupavam os diferentes sindicatos na defesa dos sectores

produtivos estratégicos, como eram o leiteiro ou o cárnico:

“Co apoio do “SAGA”, “SILGA” e “SSAA”

“Aprobada a plataforma unitária pró sector leiteiro”

“Tamén se piden precios estables prá carne”57

Frequentes eram as análises que se faziam sobre aquelas questões que afectavam ao

dia-a-dia dos labregos, a Cuota Empresarial Agraria, é objecto de pormenorizada análise

por parte de José A. Faíña Medín na secçom “Colaboraciones” de la Voz de Galicia58,

onde denunciava entre outros, o “violento exodo” que estava a sofrer o rural devido às

políticas governamentais, ou a “escasa potencia recaudatoria” que na verdade tinha a

devandita Cuota.

Ao encontro da comunicaçom social acodiam tamém, dirigentes históricos do

nacionalismo galego, como o membro do PSG, Mario Orxales, sociólogo, quem refletia

“Sobre as relacións de producción na Galicia Rural”59, oferecendo umha amostra da

mudança explicitada no tratamento informativo

III PARTE. SINDICALISMO AGRÁRIO, COOPERATIVISMO E

MOBILIZAÇOM NUM CASO CONCRETO: A LÍMIA

56 17 de Dezembro de 1977, La Región

57 12 de Janeiro de 1978, La Voz de Galicia

58 5 de Marzo de 1978, La Voz de Galicia.

59 16 de Abril de 1978, La Voz de Galicia37

7. A LÍMIA. APROXIMAÇOM AO ESPAÇO DE ESTUDO

A comarca ourensá d’A Limia, apresenta ainda hoje um dia umhas características

demográficas e sociológicas marcadamente rurais, com um peso específico do sector

agrícola ainda mui manifesto (1423 pessoas dedicam-se na actualidade ao agro por

tam-só 1122 á industria60 1387 á construcçom e 3674 ao sector serviços, o 18’7% da

povoaçom dedica-se ainda ao agro, para o conjunto da Galiza a percentagem desce para

o 11%).

A Límia conta com 11 concelhos, sendo a sua cabeceira comarcal Ginzo de Límia, na

vila vivem aproximadamente 6000 pessoas em canto que na totalidade do concelho som

10022 os residentes; tendo em conta que A Limia ten umha povoaçom de 23918

habitantes, podemos concluir que quase metade da povoaçom limiá se concentra na vila

e concelho de Ginzo. Esta comarca apresenta umha povoaçom mui avelhantada, sendo a

media de idade de 50'9 anos para a comarca e de 44'4 anos para o caso do Concelho de

Ginzo de Límia.

Umha das tendências mais novidosas que se tem experimentado a nível da vila é a

crescente presença de povoaçom estrangeira, hoje som 497 os estrangeiros residentes

supondo o 4'8 % da poboaçom, sendo as colectividades marroquina e portuguesa as

mais importantes; no resto da comarca a presença de forâneos é quase testemunhal,

apenas 189 persoas repartidas nos 10 concelhos restantes.

É-nos útil, compararmos a demografia actual da Límia, com a que apresentava para os

censos de 1970 e de 1981 (anos que por outro lado contornam o nosso período de

estudo), e por sua vez contrastá-la com a de referência para o total provincial, por forma

a conhecermos a evoluiçom relativa do seu peso demográfico. A comarca tinha em

1970, 43140 habitantes, perde 2660 habitantes em 11 anos, ao apresentar 40480

habitantes em 1981, mas dá calafrios pensar na descida populacional que se verifica até

2007, com os já sabidos, 23918 habitantes, em 27 anos, perdeu 59% da sua populaçom,

nom contamos com dados da estrutura etária comarcal em 1970 ou para 198161, mas

nom nos é mui difícil especularmos com o fracasso da Revoluçom Verde em termos

60 Fonte: IGE

61 O nível comarcal nom se contemplava nesse nível da estatística demográfica na altura dos censos de 1970 e 198138

sociais e o impacte posterior da Política Agrária Comum como responsáveis de um

ultimíssimo êxodo intraestatal e aos países da Europa Ocidental.

Mais revelador se calhar som os dados se os contrastarmos com a referência provincial,

Em 1970 os 43140 habitantes da comarca supunham o 9’7 % dos 441260 ourensanos;

em 1981, os 40480 limiaos, mantinham o diferencial, 9’7 % dos agora 415862

habitantes, mas cara 2007, os 23918 habitantes da Limia suponhem 7% dos 336926

habitantes da província. Perde populaçom mais rapidamente do que o conjunto

ourensano, podendo-se explicar se o compararmos com a pujança demográfica da

capital, mas dificilmente aturável se temos em conta baleiros demográficos como a

Terra de Viana, A Ribeira Sacra ou a mesma Baixa-Límia.

Geograficamente, A Límia vem supor umha das comarcas melhor definidas da Galiza,

distribuída em 807 km2, com umha alargada chaira central, 30 kms de longa por umha

media de 10 km de larga, e um sector montanhoso ao sul correspondente com os

concelhos fronteiriços de Calvos de Randim, Baltar e Os Brancos situados a unha

altitude media (800 metros) maior do que a chaira (620 mts). O relativo afastamento do

mar, a altitude e o feito de estar rodeada por serras como o Larouco ao Sul, Sam

Mamede ao Norte ou Penamá cara o nor-noroeste fai que a Limia tenha um clima

atlántico continentalizado com veráns pouco chuvosos, quentes de dia, frescos pola

noite e invernos rudes.

8. AS FONTES

Para além dumha pesquisa bibliográfica62, quem investiga, maneja todo um leque de

fontes que servem às finalidades concretas do trabalho, a este respeito e atendendo para

as contornas cronológicas do trabalho que defendemos -1973-1982- a fonte oral, torna-

se em informante ineludível. Devidamente contrastadas as informações que os

protagonistas daquela altura nos fornecerem, poderám justificar em grande as

motivações que nos levarom à eleiçom do tema que abordamos.

62 O tratamento da questom bibliográfica, na epígrafe número 939

8.1. As fontes orais63

Se começarmos pola análise da fonte oral, cumpre fazer, para maior compreensom do

leitor, umha análise das pessoas que entrevistamos como apoio à investigaçom:

Dum total de seis entrevistas, três (um deles, está hoje secularizado, más na altura

exercia como crego) dos entrevistados pertencem sócio-profissionalmente ao mundo da

Igreja, concretamente exerciam como cregos rurais, dous dos quais na Límia, um

terceiro na Baixa-Limia, mas a comunicaçom entre os três, era mesmo fluida e nem só

por questões religiosas. A sua adscriçom ideológica ao mundo nacionalista de esquerda,

designadamente o PSG, embora sem militância, advertiam os três; e a sua implicaçom

na posta em andamento do SAGA, no nível comarcal, caracteriza-os como pessoas com

um alto grau de politizaçom, a um tempo exemplificam a nova postura assumida polas

bases da Igreja Católica no tardofranquismo e a Transición, ao calor dos ventos

renovadores do Concilio Vaticano II.

O seu discurso, decididamente renovador, vem acompanhado dumha atitude vital e

prática transformadora da realidade que os rodeia, com actividades paralelas ao

exercício sacerdotal, como som o trabalho numha fábrica de automóveis, o desempenho

numha cooperativa com secçom de consumo inclusa e o labor de jornalista para o jornal

La Región, respectivamente.

Som fontes nom só válidas por pertencerem a um sector daquela, dinâmico na

sociedade, mas porque o seu contacto com o mundo rural nom parte das suas “missões”

rurais, mas os três provenhem da aldeia, O Irijo, Vilar de Bárrio e Soutopenedo e

portanto conhecem de primeira mao a sociologia do rural, sinalar que forom cregos nas

paróquias limiás de Paradela (Porqueira) e Parada de Outeiro (Vilar de Santos) e na

baixo-limiá de Grou (Lóvios) aquando o momento histórico que visamos por em análise

Nom som polo geral mui críticos com os seus fregueses, e a ideia que transmitem da

vizinhança é justificativa nom com as suas eivas, mas com as suas queixas, quer dizer, é

63 Sinalar o facto de contarmos tamém com as testemunhas orais reproduzidas em MARTÍNEZ CARNEIRO, X.

LUIS.: Antela, A Memoria Asolagada. Vigo, Xerais, 1997. Labregos, agentes de extensom agrária som parte da

sociologia profissional que os caracteriza

40

umha interpretaçom decididamente inclusiva e mesmo construtiva, ao pretenderem

articular ou reconstruír antigas alianças, solidariedades etc…

Quanto às outras três fontes orais consultadas, cada umha representa, umha actividade

profissional distinta, embora os três pertencerem tamém ao mundo rural. Contamos com

os detalhes transmitidos por umha pessoa de temperá militância política, o PCE, fugido

no pós-guerra e activo guerrilheiro, impulsiona precisamente no período do

tardofranquismo e a Transición, o PCE comarcal e as Comisiós Campesiñas,

desvinculando-se destas últimas, curiosamente após a reuniom de Santiago de

Compostela que certificou o câmbio de nome para Sociedades Agrarias64. Umha outra

das pessoas entrevistadas, de extracçom labrega, viveu os tempos da emigraçom na

Alemanha e à volta, com a sua actividade de camioneiro, participa da venda directa de

patacas, dispondo o seu meio de trabalho, o camiom, para a posta à venda de patacas

nas principais cidades do país, a sua apoximaçom ao SAGA, contorna finalmente a valia

da sua testemunha. Estas duas testemunhas, provenhem do concelho de Sandiás

(Ourense).

O sexto informante, vem ser o primeiro alcaide eleito democraticamente em Vilar de

Santos desde 1936, e que governou o concelho limiao de 1979 a 1982; a candidatura65

que o informante encabeça é umha alternativa vicinal apoiada tacticamente polo PSG, a

sua vem ser umha achega centrada na problemática da consolidaçom das insituições

democráticas sem prejuíço de outras apreciações.

8.2. Fontes hemerográficas

Há umha janela que se abre indiscutivelmente à reivindicaçom social em geral, e

particularmente ao âmbito que nos atinge, o do mundo agrário. Talvez fosse polas 64 Nom nos ressistimos a incorporar aqui a reflexom do entrevistado: “e logo tamén pois ó final estas Comisiós

Campesiñas que empezaban a funcionar moi bem na Limia, pois, alá tuveron unha reunión en Santiago, que foi un

verdadeiro fracaso aquela reunión, que entre unhos cuantos decidiron…e…anular, cambiarlle o nombre de

Comisiós Campesiñas polo de Sociedades Agrarias, aquelo sentou moi mal, a xente veuse pra casa, dicindo, un

sindicato que empeza a nacer e xa lle están cambiando de nombre; sociedades agrárias para eles non dicía nada”

Entrevista C.D.F., 1932, Sandiás (Ourense)

65 Candidatura Independente de Vilar de Santos41

ânsias de liberdade que arrumavam no período de transiçom democrática, o certo é que

a implicaçom dos médios de comunicaçom nos debates abertos por volta da situaçom do

agro galego foi manifesta.66

Para o nosso trabalho, centrado na comarca ourensana da Limia, tornou-se-nos

imprescindível vaziar conteúdos do jornal ourensano, La Región, sinalávamos no

apartado dedicado ao tratamento das fontes orais que um dos informantes fora a tempo

parcial corresponsal de La Región, designadamente na Baixa-Límia e Terra de Cela

Nova.

É evidente que o ratio de frequência com que deparamos com novas da Límia en La

Región é maior do que noutros jornais, tenhem-nos servido particularamente as

informações do corresponsal na comarca limiá, Fernández Sobrino, notícias que

correspondem com os anos 1976, 1977 e mesmamente 1978.

No entanto, tamém outros jornais achegam informações, escritos, reivindicações sobre o

que acontece na Límia, e nem só; vaziamos informações sobre a Cuota Empresarial

Agrária, os preços agrários, do leite, da pataca, da castanha…sobre a situaçom gandeira,

sobre a política medioambiental, etc…de La Voz de Galicia, El Correo Gallego, El

Ideal Gallego e mesmamente jornais de âmbito estatal como Diario 16 ou El País.

Nas páginas da comunicaçom social consultada, deparamos ainda, monografias sobre os

mais variados assuntos ligados com o agro.67

Através da fonte hemerográfica tamém pudemos dar conta das medidas implementadas

polos governos de turno, designadamente a UCD, respeito ao agro.

66 Já analisamos devagarinho, numha epígrafe anterior, os relacionamentos mútuos entre ambas esferas, a da

comunicaçom social, e a da reivindicaçom agrária.

67 Quigéssemos destacar três tratamentos informativos em particular: “El aniversario olvidado” Los Domingos de la Voz, 30 de Maio de 1976, no que se fai umha abordagem do que foi a experiência do cooperativismo comunitário que cumpria “diez años dominados por la presión migratoria de los planes de desarrollo”. Doutra banda, o trabalho de caracterizaçom da “especialmente gravosa” cuota empresarial agrária, encabeçado por José A. Faíña Mendín para La Voz de Galicia, 5 de marzo de 1978, e finalmente o extra tamém de La Voz de Galicia sobre “Agricultura y Ganadería” de 17 de Novembro de 1977, onde se destaca entre outras questões, o “insano” que era dedicar-se ao agro na Galiza dos anos 70.

42

Por seu lado, consultamos tamém alguns dos órgãos de expressom68 dos sindicatos

agrários galegos, o Voceiro Labrego de Comisiós Campesiñas, a FOUCE69 das

Comisións Labregas e o voceiro TERRA, de CCLL-TERRA, que explicitam de forma

directa os pareceres dos sindicatos agrários sobre a situaçom do campo galego, bem

como os seus actos reivindicativos. A inegável valia desta documentaçom nom nos fai

esquecer a sua grande carga ideológica, sendo preciso puirmos aqueles cantos mais

“suspeitosos”.

8.3.Outra documentaçom

Este estudo, visa umha modesta caracterizaçom dos sindicatos agrários no período da

transiçom democrática, tanto as CCLL (posteriormente Sindicato Labrego Galego)

como as CCCC (posteriormente Sociedades Agrarias) forom tratadas desde o âmbito

investigador70, ainda que sem umha caracterizaçom global.

O peso específico do SAGA, tem sido bem menor no âmbito académico e por que nom

reconhece-lo no estrito plano da mobilizaçom sindical, mas o seu especial arreigamento

na Límia, fai-no protagonista principal desta caracterizaçom.

Se bem contamos com documentaçom relativa à organizaçom, funcionamento interno e

estatutário das CCLL e das CCCC, o nosso interesse maior centra-se no perfil do

SAGA, para o acaso dispomos de documentaçom inédita, sobre os estatutos e os

princípios de organizaçom e funcionamento interno do Sindicato Agrário Galego.

De resto sublinharmos algumhas outras achegas, como folhas informativas, boletos de

voto para as câmaras agrárias ou planfetos de outro cariz.

68 O SAGA nom contava com órgão de expressom próprio

69 Sinalarmos que foi consultada aquela que corresponde ao período da clandestinidade, quer dizer, 1973-1977 (ed. facsimilar)

70 SANTIDRIÁN V.M.: “La Conflictivad agraria y las Comisións Campesiñas de Galicia” en Antonio-Miguel

BERNAL: Sindicalismo Jornalero y Campesino en España: Del Franquismo a la democracia (1939-1995). Inédito.

1996; MUÑIZ DE LAS CUEVAS, R.: Historia das Comisións Labregas” en A Nosa Terra, A Nosa História, 5, pp

48-51

43

Para concluirmos e se quigermos honestos com o horizonte do nosso trabalho, nom

dispomos de legados documentais de particulares com o que cotejarmos a nossa

pesquisa dum jeito mais sistemático, sinalemos por aqui, no entanto, que nom se exclui

o achegamento em posteriores investigações a tal documentaçom.

É importante destacarmos que existem impedimentos legislativos para a consulta de

arquivos públicos, no entanto, esta pode ser compensada com a colaboraçom das

entidades implicadas naquela altura à hora da consulta dos seus fondos privados (UPG,

CCOO, SLG…).

Além do tratamento dos vozeiros citados, som de estimável consulta, as revistas

Encrucillada e Teima, El Pope, Terra e Tempo, bem como as referências que nos

poderem achegar as hemerotecas públicas da Galiza, as hemerotecas dos principais

jornais do país ou o Centro Bibliográfico Superior de Galicia.

9. ESTADO DA QUESTOM

No que respeita ao marco geral em que enquadramos este trabalho, a história agrária, a

produçom científica tem sido felizmente fecunda, particularmente no nosso país; os,

O labor desempenhado por professores como A. Eiras Roel, ou X. García-Lombardero

com a introduçom a partir dos anos 60 e 70 das novas correntes historiográficas,

designadamente a renovadora escola francesa de Annales; foi chave para espertar no

país, umha historiografia preocupada com a questom rural, e particularmente agrária.

Trabalhos de geógrafos como A.Bouhier, La Galice (1979), ou La propiedad de la

tierra (1982), ou os do professor Ramón Villares, facilitarom enormemente o

aparecemento dumha equipa mais ou menos formal de investigadores da questom

agrária.

A investigaçom tem sido compartimentada em duas linhas básicas:

A história política das sociedades rurais contemporâneas e a história agrária

propriamente dita, se no primeiro caso, preocupa nomeadamente, os processos de

construçom da sociedade civil, o espalhamento do liberalismo político, a incidência do

44

processo nacionalizador espanhol ou a clivagem que supóm a guerra civil, no segundo,

o que atinge estritamente à História Agrária, a investigaçom centra-se na análise dos

diferentes paradigmas tecnológicos71.

Exemplos dessa preocupaçom pola articulaçom política das sociedades rurais

contemporâneas, encontramo-las em trabalhos como os do professor Xosé Ramón

Barreiro, e que junto ao já mencionado Ramón Villares inaugurárom a prolífica

investigaçom da historiografia agrária galega, de Barreiro, na temperá data de 1980, é a

obra geral, El campesinado gallego en el siglo XIX, Economía y Sociedad, naquela

altura as preocupações científicas, centravam-se na caracterizaçom da propriedade da

terra, evoluiçom, e liquidaçom do sistema foral, desamortizaçom, e montes em mao

comum.

A preocupaçom polo inserimento das sociedades agrárias “nom tam” tradicionais, nas

novas receitas capitalistas, com a capacidade adaptativa dos labregos quanto ao câmbio

do paradigma tecnológico, tem produzido literatura científica nom só do âmbito

histórico, mas económico (Artiaga, A, F. Prieto, L. et ali, 1991, Beiras X. M, 1968,

Dopico, F., 1988, Quintana Garrido, X. R., 1991).

Só três anos antes que o trabalho de Xosé Ramón Barreiro, encontramo-nos com o

trabalho de J. A. Durán Agrarismo y movilización campesina en el país gallego

(1875-1912), encenava o crescente interesse pola articulaçom da sociedade civil, através

dum dos movimentos mais sobranceiros que tiverom lugar no nosso país no esteio do

câmbio tecnológico finisecular, a crise exportadora e a apertura da estrutura de

oportunidades políticas explicitada polo regeneracionismo que vigorava entre a classe

política da Restauración.

Umha interessante caracterizaçom e renovadora visom sobre a questom agrarista

representa-a o trabalho de Cabo Villaverde, o Agrarismo (1998), de recente publicaçom,

concretamente 10 anos após (2008) a publicaçom do professor Cabo, é a investigaçom

de Antonio Míguez Macho, La Construcción de la ciudadanía a través de los

movimientos sociales. El movimiento obrero en Galicia (1890-1936), quem teima em

relativizar, e foge de visões dicotómicas à hora de interpretar os relacionamentos

71 Mais referências en www.usc.es/histagra website do grupo de investigaçom de Historia Agraria e Política do Mundo Rural. Departamento de Historia Contemporánea e América. USC

45

estabelecidos entre o movimento obreiro e o Agrarismo numha Galiza em processo de

urbanizaçom como é a do primeiro terço de século.

Este processo racha com a clivagem que supóm a guerra civil; neste âmbito, os

trabalhos têm sido igualmente abundantes: a caracterizaçom da guerra civil, o processo

repressivo ou as resistências ao processo de instauraçom e posterior consolidaçom do

regime, têm sido tratado por diversos autores, seria um trabalho de clara

improdutividade reproduzirmos aqui, a inumerável literatura sobre o período, a

definitiva consolidaçom democrática, permitiu o acesso investigador a um terreno antes

coutado a hispanistas de diverso compromisso ideológico (Paul Preston, Stanley G.

Payne,..).

Mas de facto nem é este o terreno que nos atinge:

Para explicarmos algumhas claves que informam o processo da Transición no nosso

rural, é-nos de imprescindível consulta algumha da literatura deitada nos últimos anos

sobre o primeiro franquismo em Galiza falamos por exemplo da preocupaçom do

professor Fernández Prieto pola desarticulaçom do societarismo durante o “eterno”

pós-guerra galego (2000: 193-211), nom podemos deixar de citar a recente publicaçom

editada por Jesús de Juana, e Julio Prada e que conta com diversas colaborações Lo que

han hecho en Galicia Violencia política, represión y exilio (1936-1939), 2006. Do

mesmo cariz é a obra de Carlos Velasco Souto (2006).

No mesmo momento em que se estava a começar o processo repressivo, contamos na

Galiza, com formas diversas de dissentimento cara a institucionalizaçom do regime, os

fugidos, a articulaçom da guerrilha, por um lado, o descontentamento subtil cara aos

procedementos da política autárquica, ou contra a política florestal que leva a cabo o

regime.

A luta contra as imagens preconceituosas sobre o campesinato que o contornam como

um ser manipulável, servil, submisso, e o intento de banir o pré-conceito que situa o

campesinhado no campo da desmobilizaçom, tem lavrado o esforço de vários

investigadores, destaquemos por aqui o trabalho de Ana Cabana (2006) que exprime

desde coordenadas “scottianas” todo um leque de atitudes disconformes com o regime,

nom se derrubava o regime, mas minava-se essa teórica aquiescência geral

46

Sem qualquer dúvida achegarmo-nos ao estudo do sindicalismo agrário na Transición, é

arriscado pola novidade que representa, apenas se está a iniciar o percurso investigador

nesse sentido. Isto é assi para o país e para o conjunto do Estado, contodo nestes últimos

anos, a historiografia espanhola tem prestado umha atençom crescente para o marco

histórico do Tardofranquismo e a Transición à democracia. Relativamente a esta

questom, contamos com a celebraçom de recentes congresssos e encontros científicos

que certificam os novos ventos; Alacante acolheu em 2005, um encontro organizado

polo Grupo de Investigaçom sobre o franquismo existente naquela universidade, acerca

do franquismo e a sociedade espanhola da década de 60, mais amostras do interesse

científico, dá-no-lo o encontro que recentemente tivo lugar em Valderas (León) e

Salamanca, organizado pola “Asociación de Historiadores del Presente” ou o

interessante seminario monográfico sobre a Transición, organizado no outono de 2007,

polo Grupo de Investigación sobre o Franquismo e a Transición liderado polos

professores Carme Molinero e Pere Ysás na Universitat Autónoma de Barcelona. O

atrevimento de professores como Molinero ou Ysás, demonstra por seu lado, que além

da caracterizaçom do Franquismo, começa-se a dar cabo desde umha perspectiva

multidisciplinar onde acode tamém a politologia ou psicologia social (Fernández &

Sabucedo, 2004), do que veu significar um período clave na história recente do Estado

Espanhol, como foi a Transición.

Já passou tempo desde o aparecimento da que podemos ainda considerar umha obra de

referência, porquanto encetou a diagnose histórica do nosso passado mais recente. A

monografia de P. Aguilar Fernández (1996): “Memoria y olvido de la Guerra civil

española”, Madrid, Alianza; tem essa saudável virtualidade e nela esta autora analisava

tanto os câmbios na legitimidade política do franquismo durante a segunda fase da

dictadura (1960 – 1975) como o peso que a memória da Guerra civil tivo sobre o

proceso de Transición cara á democracia en España. Esta mesma linha, embora

reformulada e adaptada aos tempos e às preocupações historiográficas actuais, tem sido

retomada no ámbito historiográfico galego, através das achegas que vários autores

(nomeadamente Michael Richards e Ana Cabana) fazem no recente monográfico que a

revista Grial, no seu nº 170 (2006) dedicou á repressom franquista na Galiza. Especial

interesse tenhem as reflexões de A. Cabana, sobre as ligações entre repressom

franquista no mundo rural e a fraqueza das organizações sindicais agrarias campesinhas

na Galiza da Transición e da democracia.

47

Em tempo máis próximo de nós, tem aparecido toda umha serie de literatura científica

sobre a Transición (talvez máis numerosa do que a disponível sobre o Tardofranquismo

propriamente dito) da que algúm dos trabalhos máis representativos poderiam ser os

seguintes:

Soto Carmona (2005): “Transición y cambio en España: 1975 - 1996”; M. Ortí Mata

(2005): “Memoria y desmemoria del desencanto: una reinterpretación de los discursos

populares en torno al ciclo de transición postfranquista en España” en L.E. Alonso

Benito e G. Rodríguez Cabrero (dirs.); Ysás i Solanes, P.: “La Transición: treinta años

después” (2006); Sartorius, N. e Sabio Alcutén, A.: “El final de la dictadura: la

conquista de la democracia en España (noviembre de 1975 – junio de 1977); Balfour, S.

e Quiroga, A. (2007): “España reinventada: nación e identidad durante la Transición”.

Som tam-só algumhas obras recentes que exemplificam um crescente interesse por este

período histórico. No que di aos trabalhos de escala estatal dedicados de modo

específico ao mundo rural durante o Tardofranquismo e a Transición, nom se pode

afirmar que contemos com muitos exemplos. Entre as escassas excepções cumpre citar

as investigações de Alonso et alii (1976); E. Moyano Estrada (1988); A. Sabio Alcutén

(2001) ou a mui recente achega feita por A. Herrera Glez de Molina (2007).

Para o ámbito galego, ao igual que para o conjunto do Estado, detectam-se ainda muitas

eivas, tanto polo que di respeito ao Tardofranquismo quanto à etapa de Transición à

democracia. Talvez, o aspecto melhor cuberto é o relativo aos conflitos protagonizados

polo movemento obreiro, e mais em particular, aqueles com umha participaçom directa

das ”Comisiones Obreras” (CCOO), tal e como amostram os inúmeros trabalhos

(monografías, capítulos de libro e diferentes artigos) da autoria de J. Gómez Alén

( 1992, 1995 e 1996 entre outros) ou Víctor Santidrián Arias (1996, 2001, 2002, 2006),

se bem máis centrados na historia do PCE en Galicia, no estudo de diferentes conflitos

laborais urbanos e nas “Comisións Campesiñas”. Abundam os estudos de caso sobre

diferentes greves obreiras (Vigo 1972, Ferrol) e outro tipo de conflitos, assi como os

perfis biográficos de dirigentes e militantes das organizaçõess político – sindicais

comunistas na Galiza.

Polo que fai ao contono da nossa investigaçom en si mesmo; a mobilización política e a

conflitividade social no mundo rural galego do Tardofranquismo e a Transición á

democracia, a carência de traballos é practicamente a norma até a actualidade. A 48

meirande parte dos disponíveis (além de reportagens na comunicaçom social que

aparecem con certa periodicidade con motivo de aniversários, conmemorações ou actos

públicos…) som obra de pessoas com um protagonismo político mais ou menos activo

no período histórico que pretendemos estudar. Cabe destacar os trabalhos de X.

Fernández Roupar (1979); R. Muñiz De las Cuevas (1988); X. Carballa (1988); Mª C.

González Crespo (1988), varios deles recolhidos no número 5 da publicaçom A Nosa

Terra. A Nosa Historia (1988). Existem varios trabalhos, já algo posteriores e da autoria

de científicos sociais nom coevos dos factos, dedicados ao estudo dalgúns conflitos

sociais, nomeadamante de natureza socioambiental, detectados no ámbito rural galego

entre 1960 e 1980, máis em concreto o conflito en torno á construcçom do encoro de

Castrelo de Minho, com aproximações específicas, como as de J.R. Alberte Castiñeiras

(1990) e R. Soutelo Vázquez (1998), ou algo mais globais, por exemplo en D. Lanero

Táboas (2005) ou A. Collarte Pérez (2006). O mesmo se poderia dizer para o caso do

conflito socioambiental de As Encrobas (Cerceda, A Coruña) do que se tem ocupado en

detalhe, de umha perspectiva antropológica, en varios trabalhos diferentes, a professora

N. Herrero Pérez (1995, 1997 e 2002). Por seu lado, a obra de B. Do Castro (2003) na

que se homenageia o vulto dum dos principais activistas políticos do mundo rural

galego da época, o crego Ramón Valcarce, fai umha achega bastante sintética a algum

dos principais conflitos que bateram no período que analisamos no presente trabalho

(As Encrobas, Baldaio, a oposiçom à instalaçom dumha central nuclear en Xove, as

loitas contra a “Cuota Empresarial da Seguridade Social Agraria”, a “guerra do leite”,

ou os desafiuçamentos de As Enchousas, entre outros). Máis recentemente, a Fundación

10 de Marzo de CCOO de Galicia, vem de publicar (2006) o nº 11 da súa revista Dez

Eme, dedicado ó estudo dos Movementos Sociais durante o franquismo, que conta com

o já citado artigo de Víctor Santidrián, dedicado ó estudo das “Comisións Campesiñas”,

entre outras achegas, como as de C. Cabrero, R. González Piñeiro ou X. Gómez Alén

(sobre os Movementos Sociais no Arquivo da Fundación 10 de marzo).

Para a Límia, apenas contamos com literatura que se circunscreva à análise do nosso

período, contodo, Martínez Caneiro (1997) pretendia analisar através da ediçom do livro

“Antela, A Memoria Asolagada”, as consequências sócias e medioambientais que

trouxe a dessecaçom da Lagoa, este facto está na base como vamos ver dalgum dos

protestos desencadeados à volta da morte de Franco, como os que tinham a ver com a

política de preços.

49

Finalmente, cumpre fazer referencia a varias obras (case todas manuais) que abordam

dum jeito integral a Historia da Galicia contemporánea. É o caso dos capítulos

elaborados por Xan Carmona e Ángel Fernández; E. Rico; J.M. Cardesín e J. De Juana e

X. Prada para o recente manual de Historia de Galicia (2005) coordenado por estes dous

últimos autores e publicado pola editorial Ariel. Por outra parte compre destacar a

“Historia de Galicia” (2005) dirigida polo Prof. Dr. Ramón Villares, que conta com

vários fascículos (do nº 19 ó nº 23) dedicados às etapas do final do franquismo e da

Transición.

10. A POLÍTICA AGRÁRIA NA LÍMIA (1956-1982).

“eso afectoulle a xente tamén e a xente dicía cuando viñan a misa “ai que frío notamos

ahora, polos camiños, antes viñamos mais arrimados, polos árboles e ahora non

notamos esa cousa”, eso notaba a xente”72

10.1. A dessecaçom da Lagoa. Consequências sociais e medioambientais73

Assumimos em parte, a leitura concisa que David Soto (2003) fai sobre a adaptaçom do

agro galego aos condicionamentos que trouxe a Revoluçom Verde, tenhamos em conta

como já apontáramos que umha das consequências da Revoluçom Verde foi o

necessário redimensionamento das parcelas agrárias (isto, nom era a priori um problema

na extensa chaira limiá), para ajeitar a superfície agrária à incipiente motorizaçom,

como sinala Soto, se no caso gandeiro sim se deu umha especializaçom ordenada, nom

se acompanhou dumha subespecializaçom dos produtos comercializáveis, entre os quais

a pataca. As respostas sempre parciais, de cara a optimizaçom agrária, tiverom mais a

72 Em referência aos efeitos da dessecaçom da Lagoa. Entrevista nº 4, Anónimo, Parada de Outeiro (Vilar de Santos)

73 No website www.culturapopulardesandias.com, contamos com a possibilidade de consulta pública de vários

artigos e trabalhos sobre A Límia, Domingo Fontán, Jaime Solá, Álvaro Cunqueiro, Vicente Risco, Ramón Otero-

Pedraio, som alguns dos pessoeiros com que podemos deparar na citada página50

ver com projectos mui questionáveis do ponto de vista medioambiental e

agronomicamente desastrosas, vejamos:

Como nos lembra Anxo Collarte (2006:120-122) a Límia foi mais umha vítima da

política “desarrollista”, encetada nos anos 60. A ley de Colonización de interés local

previa o regadio de até 32000 hectares nos vales do Rio Arnoia, Límia, Tâmega, bem

como a Lagoa de Antela. Especial sifnificaçom tivo o desaugamento do considerado na

altura maior espaço lacustre da península ibérica.

A Lagoa da Antela, tinha sofrido projectos de dissecaçom desde época romana, e os

intentos forom outra vez impulsionados durante o XVIII, o XIX e o primeiro terço do

s.XX74, apoiados numha publicística rotundamente proclive ao desaugamento, apesar de

que essas mesmas reflexões reconhecessem o valor produtivo das terras limiás, mesmo

com a Lagoa ainda presente:

“Sin hablar de estas empresas gigantescas no siempre tan útiles (…)se han hecho

productivos terrenos condenados antes por eriales, se desecan los pantanos nocivos, se

riegan las crestas de las altas sierras, y por una especie de milagro de la maquinaria se

hace brotar agua de las peñas, se cambia el aspecto de un país, y hasta las influencias

de la atmósfera (…)opone todavía obstáculos á la estensión del cultivo y á la seguridad

de las cosechas (…)Estas circunstancias reúne el desagüe de la gran laguna Antela, en

que entiende de orden del Rey N.º S. (Que Dios guarde) el Lic D. Julian de Toubes,

Corregidor de la villa de Ginzo de Limia…”,

mas no mesmo texto, admitia-se:

“A pesar de todo es tal la feracidad del suelo que se considera la Limia como el

granero de Galicia. Produce trigo en abundancia(…)el centeno es tanto y de tan

superior calidad, que después de surtir cumplidamente el país abastece los mercados

de las cercanas villas de Verín, Allariz y Celanova (…) y hasta los de Pontevedra,

Redondela, Vigo y frontera con Portugal.

74 De recente publicaçom e centrado nos projectos de dissecaçom do XIX, vid. RICO BOQUETE E.: “Liberales y

emprendedores. Los Proyectos de desecación de la laguna de Antela (A Limia, Ourense), 1827-1874” pp 841-866, en

AXEITOS X.L., GRANDÍO SEOANE E. VILLARES R. (eds): A Patria Enteira, Homenaxe a Xosé Ramón Barreiro

Fernández, Santiago de Compostela, Consello da Cultura Galega, Real Academia Galega, USC, 200851

No es menor ni de menos estima la cosecha de maíz (…)Cógese mucha

patata(…)Produce asimismo ricas frutas y toda clase de legumbres(…)el cultivo del

lino(…)es todavía de tanta consideración que sostiene el único ramo industrial que

introduce en el país crecidas sumas

Admitia mesmo que A Límia tivesse umha “excelente” cabanha gandeira:

“Sus campos praderas y tojales mantienen mucho y escelente ganado de cerda y

vacuno (…) mantiene así mismo ganado caballar y mular de inferior y numerosos

rebaños del lanar…”

Mas, a pesar do panegírico, havia que desaugar:

“Tantas ventajas naturales reclaman…los auxílios del arte para remover el único

obstáculo que hace siglos se opone a su opulencia. Este es el grande y pestilente charco

de la Laguna Antela, enemigo declarado de la industria agrícola de la grangería

pecuaria75 y de la misma humanidad”76

Contodo só em 1956, coincidindo com os primeiros esbirros “desarrollistas” do regime,

declara-se de Alto Interés Nacional, a dissecaçom da Lagoa. Ao efeito, começava um

período de informaçom pública e cara Outubro de 1958, começavam uns trabalhos que

baniam as 4000 hectares do humidal limiao (Collarte Pérez, 2006:121).

Dumha parte estava a induvitável ideia que os engenheiros agrónomos tinham na altura

sobre o melhor aproveitamento do espaço lacustre77 e dumha outra a opiniom que lhe

75 A fonte oral nom deixava de testemunhar a nostalgia pola Lagoa, anos depois, e precisamente ressaltava a

abundância de gado que ela mantinha: “A Veiga era o lugar tal para o gado máis que pra agricultura. ¡Os bois que

eiquí se mantiñan! Nos secos [da Lagoa], á hora de virse un prá casa, ali non vias mais ca cornos de vacas do país”

Antonio, 82 anos. Labrego, cesteiro e barqueiro. Cortegada (Sarreaus), 1994. Citado em MARTÍNEZ CARNEIRO,

X. LUIS.: Antela, A Memoria Asolagada. Vigo, Xerais, 1997

76 BEDOYA, J. Manuel.: Memoria sobre el desagüe de la laguna Antela ó de la Limia en la província y obispado de

Orense, reino de Galicia. Por el Dr. D. Juan Manuel Bedoya, Canónigo Cardenal de la S.I.C. de Orense, é individuo

de la Real Academia de Historia. Ourense, 1831

77 “La gente de los pueblos estaba encantada con que se desecara la laguna (…)porque el aprovechamiento que se

hacía de ella era mínimo (…) Es evidente que hoy en día no sé permitiría la desecación, pero en aquella época había

un ambiente muy favorable para hacerla y supuso una mejora absoluta para el nivel de vida de la población”

Francisco Contreras Brotóns, Engenheiro agrónomo, director da obra de desaugamento da Lagoa, 79 anos, Ourense,

1996, citado em MARTÍNEZ CARNEIRO, X. LUIS.: Antela, A Memoria Asolagada. Vigo, Xerais, 199752

merecia nom só a dissecaçom da Lagoa, mas os procedementos formais de distribuiçom

da terra dessecada aos lugarenhos:

“Eiquí na Laguna, o espacio que é hoxe a Laguna das parcelas, iso era do pueblo,

vamos era do pueblo, era da parroquia!!...dos veciños, había comuneros, tiña que

habe-los! E incluso eu acordo a pagar a contribución polo monte e mais pola Laguna,

que tiña cada veciño que pagar, incluso cuando querías ir cortar o estrume se dividía

en parcelas e claro eso despois dixeron que non facía falta e abandonouse; a Laguna

foi expropiada sin enterarse os comuneros de nada, os pueblos de nada; entre o alcalde

que tiñamos de turno, o secretario que tiñamos de turno e toda aquela xente entregaron

eso, claro nunha ditadura a xente estábamos cheos de medo, ou estaban cheos de

medo, outros quizá non tiñamos tanto, pero non había nada que facer…78

Apesar de que a informaçom parecia ser manifestamente insuficiente, a precária

situaçom económica, foi aproveitada para que grande parte da força laboral empregue

para os labores de acondicionamento agrícola do antigo leito lacustre, como tamém para

rematar o encauçamento da canle de dessecaçom; os labores que se estenderom por

quatro anos, até 1962, forom feitos em plena vigência da ditadura, e além da pressom

económica, havia umha ameaça repressiva latente:

“a xentiña non se moveu, a xentiña apareceron alí as máquinas, empezaron a traballar,

claro, hoxe quizá non se deixara facer eso, pero entonces hasta pa moita xente, pois foi

moi ben, xente que se cuadra estaba traballando os capitales doutros señores que

levaban a mitá ou a terceira parte da cosecha, chegaron alí e traballaron porque alí as

parcelas, claro parecíanlles moi grandes, incluso querían parcelas de cinco hectáreas,

as de 8 e as de 10, para eles eran grandísimas, e entón a xentiña foi cando empezou a

moverse por si, e claro a Laguna, en cuanto existiu a obra, eiquí non había onde ganar

un duro, llos sueldiños eran moi pequenos, pero a xentiña iba traballar, cuando se

revestiu o canal, e cuando se fixeron os puentes e entón botáronse tres ou cuatro ou

cinco anos traballando e claro a xente empezou a respirar un pouco”79

78 Entrevista nº 2, M.F.F., 1939, Sandiás (Ourense)

79 Ver nota anterior53

Só com a chegada do período da Transición, os labregos puderom efectuar escritos e

demais actos reivindicativos que refletissem o desconforto com o processo de

dessecaçom , e sobretudo com a exploraçom posterior.80

Cumpre sublinhar para finalizar este apartado, além de mais, que com o desaugamento

da Lagoa, os povos que a contornavam (Cardeita, Zadagós, Folgoso, Cortegada, A

Corga, Casassoá) tiveram que substituir, grande parte dos aproveitamentos tradicionais;

os secos da Lagoa, com efeito, davam de pascer a umha grande quantidade de gado81,

que aproveitava as férteis padrarias que se formavam no verao; o peso específico da

actividade gandeira diminuiu, como se modificou tamém os aspectos climatológicos e

edafológicos, a perda substancial de humidade, diminuíram os adubos, e os extremos

térmicos acentuarom-se ao desaparecer a capacidade reguladora que detinha a Lagoa.

Como vimos a substituiçom efectuada, basicamente a reorientaçom cara a produçom de

pataca estivo de longe de ser satisfatória, de facto estará na base como veremos, dumha

das mobilizações mais sobranceiras do campesinhado limiao durante o período de

transiçom à democracia.

Tudo isto acontecia numha província, Ourense, cujos dados sócio-económicos, tamém

nom apontavam para o optimismo, a renda per cápita era de 132956 pesetas (a meia

estatal, andava nas 215.253 pesetas, um 61’7 da renda espanhola representava Ourense,

a meia galega 159734 pesetas, Ourense representava um 83’2 da media nacional) para

1977, a mais baixa das quatro províncias galegas, e a quarta renda mais baixa de todas

as províncias do Estado, só superando a Granada, Badajoz e Jaén, bem é verdade, que

80 “Cuestión que fixemos tamén aqui na Lagoa cuando xa habían dado as parcelas, pois veu o ministro de

Agricultura aqui e entonces tíñamos as parcelas en arrendamiento, os que collemos parcela na Lagoa, tíñamolas en

arrendamento e entonces o sindicato SAGA…e…Comisiós Campesinas pois fixemos unhos escritos por separado e

presentamos os escritos…e…bueno, fun eu precisamente o que llo lin ó ministro elí e donde se pedia, pois que as

parcelas pasaran à propiedad dos campesinos, que desen un plazo largo para poder pagar com tal…e efectivamente

o ministro comprometeuse a que así se diria e así foi efectivamente, déronos quince anos de plazo para paga-las…

estamos falando xa do [ano] 77, 78…” Entrevista nº 3, C.D.F., 1932, Sandiás (Ourense)

81 “A reforma agraria realizada coa desecación da Lagoa de Antela, non acadou os êxitos esperados daquela

(“Granero de Galicia, zona de pastos para 7000 cabezas de ganado vacuno”…) O mellor aproveitamento da Lagoa

de Antela estaba en non desecar aqueles e si inundalos, aínda que seña paradóxico , e destinalos a prados naturais.

Lembremos só que os bois da Limia eran considerados como os mellores animais de carne de Galicia” Agente de

Extensión Agraria da Limia, 1995 citado em MARTÍNEZ CARNEIRO, X. LUIS.: Antela, A Memoria Asolagada.

Vigo, Xerais, 199754

nisto pouco mudou a cousa. Demograficamente estava em números vermelhos, com um

crescimento vegetativo de -1’49, sendo para já a província galega com piores dados ao

respeito (as províncias atlânticas, cresciam A Corunha, 1’43, enquanto Ponte Vedra, um

3’75, Lugo, por seu lado, apresentava dados negativos num -0’90)82

11. OS SINDICATOS AGRÁRIOS ACTUANTES NA LÍMIA: CCLL, CCCC,

SAGA

“Comisiós Campesinas, ali apenas había nada…e logo cando empezou a nacer o

sindicato ese (SLG) houbo certa preocupación…boeno, pois as CCLL e as Campesiñas,

non vían com bos ollos que nacera outro sindicato, o SAGA, e boeno, por un lado

dábanlle padiante, por outro…desde logo o Bloque pois, daquela, ó revés, tratou de

molestar en vez de colaborar, e…que pasou”,83

Na primavera de 1977 e ao abeiro da lei de 1 de Abril e o D. de 22 de Abril desse

mesmo ano que reconhecia o direito de associaçom sindical, coabitavam na Galiza

sindicatos agrários do mais diverso prisma ideológico e sectorial, a secçom campesinha

da UGT, FTT-UGT84, o SILGA85, que a partir do 26 de Maio de 197886, passa a

fusionar-se com USO.

82 Renta Nacional de España. Banco de Bilbao. 1977

83 Entrevista nº 5, Anónimo (Ourense)

84 Federación de Trabajadores de la Tierra

85 Sindicato Independente Labrego Galego. O seu líder era Pena Rábade, entre as pessoas influentes na organizaçom

deparamos com o daquela crego, Xosé Chao Rego. A sua área de maior influência vinha ser a comarca luguesa da

Terra Chá

86 Nota de prensa nessa ediçom de La Voz de Galicia55

Outros sindicatos que operavam na altura do 77, era a USAC, Unión Sindical Agraria

Coruñesa, de implantaçom apenas como o seu nome indica, na Província da Corunha, e

cujos líderes tiveram algumha relaçom com o sindicalismo vertical87. Tamém a AGAP,

asociación de ganaderos de Pontevedra, a ARPHAG de Eulogio Gómez Franqueira, a

AGR ou a RSAG, se caraterizarom, bem polas suas ligações com os quadros

sindicalismo agrário franquista, bem pola sua docilidade face ao governo, unia-os aliás

a sua implantaçom provincial (agás no caso da RSAG), e forom renuentes a

participarem de certas reivindicações do sindicalismo agrário de classe88

Tamém em 1977, deparamos com o CNJA (Centro Nacional de Jovenes Agricultores)

de filiaçom ideológica demo-cristá.

Mas, os sindicatos de maior projecçom em todo o país, talvez fossem as Comisións

Labregas, as Comisións Campesiñas e em menor medida, o SAGA, forom estes três

sindicatos os que basicamente marcarom presença na comarca da Límia, ainda que

curiosamente a sua força era inversamente proporcional à que detinham no resto do

país, sendo como veremos e analisaremos devagar, o SAGA, seguido das Comisiós

Campesiñas, e finalmente as Comisións Labregas.

Introduziremo-nos nos perfis básicos dos três sindicatos, começando polas Comisiós

Campesiñas e as Comisións Labregas, e detendo-nos mais polo miúdo na especial

87 Destacavam-se Manuel Corzo, secretário-geral da USAC, deputado naquela altura na deputaçom da Corunha,

presidente que fora do sindicato vertical, secçom gadaria na Corunha, Juan Antonio Graíño Amarelle, SENADOR

POR UCD, desde as primeiras eleições de 1977 até o 2008, antigo presidente da COSA (A Corunha), presidente, por

sua vez de AGRUFOR (Agrupación Forestal). Armando Romero, presidente do sindicato e empresário do leite.

Enrique Martelo Villaverde, antigo tenente de alcalde de Santiago e vice-presidente da USAC.

88 A ARPHAG, era liderada por E. G. Franqueira mestre nacional, prócer do sindicalismo vertical n’O Ribeiro, no seu

papel de chefe local da Hermandad Sindical de Castrelo de Minho (1954-1963) e impulsor das UTECO-COREN,

desde que chega à gerência de UTCC-UTECO en 1959. Por sua vez a AGR (Asociación de Ganaderos del Reino)

tinha implantaçom em Lugo, a presidência detinha-a Ricardo Pérez Rosón, curmám do posterior presidente da Xunta,

Antonio Rosón. Pérez Rosón, já era presidente da AGR, mesmo antes de abandonar a sua filiaçom no sindicalismo

vertical e mantinha como veterinário ligações com a indústria cárnica (FRIGSA). Doutra banda, deparamos com a

AGAP, Asociación de Ganaderos de Pontevedra, logicamente de implantaçom na província pontevedresa, liderada

polo senador por UCD nas eleições legislativas de Junho de 1977, José García García, antigo presidente da COSA de

Pontevedra e com influência na porrinhesa FRIGO-LOURO. Por seu lado, a RSAG, Reforma Sindical Agraria

gallega, demonstrava a sua docilidade ao manter umha postura de apoio à industria celulósica (La Voz de Galicia, 21

de Dezembro de 1977)56

significaçom que o SAGA tivo na Límia e ainda em comarcas vizinhas como a Terra de

Cela Nova e a Baixa Limia.

11.1. As CCLL. O principal sindicato agrário nacionalista

“Tíñamos na clandestinidade moi boas relaciós com todos…nós participabamos nas

plataformas políticas que había ó tempo…nós com Comisións Labregas dantes da

formalización sindicatos tiñamos moi boas relaciós”89

O comité central da UPG90, fazia públicas no verao de 1977, as suas valorizações sobre

o Iº Congresso da recém-legalizada formaçom nacionalista, celebrado nos dias 26, 27 e

28 de Agosto de 1977.

Um dos sectores tratados no processo congressual, fora o do agro; afirmava o Comité

Central:

“Froito da necesidade de autorganización son os grupos sindicáis que, entre o ano

setenta e tres e setenta e catro, vai creando o noso partido, grupos que no ano setenta e

cinco darán lugar ao SOG (Sindicato Obreiro Galego). No setenta e catro fundárase a

UTEG e, xa anteriormente, as CCLL”91

89 Entrevista nº 6, C.M.D.F., 1942, Grou (Lóvios)

90 1º Congreso da Unión do Pobo Galego (U.P.G.). Galicia, Edicións Terra e Tempo. Setembro de 1977

91 Quanto ao labor das CCLL, nas suas reflexões os membros do Comité Central da UPG, presidido por Bautista

Álvarez, som contundentes: “A actividade das CCLL foise reafirmando na loita antiimperialista e anticolonial deica

o punto de promover enfrentamentos victoriosos contra o o gran capital monopolista español (Encrobas, Xove, etc,)

(…)primeira e única organización sindical que se enfrentóu coa problemática e a defensa dos labregos, fixo que

oportunamente, o españolismo de esquerdas creara alternativas sindicáis (…)a situación sindical no campo é hoxe

reflexo, tamén, da situación política que se dá na nosa nación: están as alternativas amarelas patrocinadas polos

caciques (Graiño, Franqueira, etc.); está a alternativa pseudonacionalista, representada polo SAG [SAGA],

pantasma localista promovido pola APG e polo PSG no seu sectarismo antinacional-popular; están as Sociedades

Agrarias do PCE, adicadas a facer manifestos (…)que cuidadosamente difunde en lugares destacados. Pero, a

traietoria de loita das CCLL, hoxe xa formalizadas no Sindicato Labrego Galego, e a sua capacidade de decisión

firme pra organizar e asumir a defensa dos labregos..”57

O novo Sindicato Labrego Galego92, nascera com efeito e em realidade, em 1973,

herdando o labor começado três anos polos Comités de Apoio à Loita Labrega (CALL).

As Comisións Labregas germolam parelhas ao nascimento do seu vozeiro nacional A

FOUCE, que tira do prelo o seu primeiro número em Novembro de 1973 e percorre até

a legalizaçom das CCLL em Abril de 1977, um período de clandestinidade, no que

porém se distinguem duas subetapas, umha primeira até a morte do ditador, onde se

priorizarám as questões exclusivamente sindicais, pondo em causa por exemplo a

consabida Cuota Empresarial, a defesa da consolidaçom da propriedade vicinal dos

Montes, a política de preços agrogandeiras, a carne, o leite, a pataca; o reconhecimento

dos direitos sociais das paróquias…Morto o ditador, as circunstâncias mudam, as

expectativas criadas polo novo cenário fazem politizar o discurso das Comisións

Labregas, veiculizado através d’A FOUCE, e nela se transmite o apoio táctico ao

Consello de Forzas Políticas Galegas promovido pola UPG como órgão do possível

governo galego, enquanto acham à AN-PG, como a instituiçom, onde legitimamente

depositar o “poder popular da nación galega”93,

O cenário aberto após a morte de Franco, refletiu, aliás, novos ventos na comunicaçom

social do país, e tanto antes da legalizaçom formal de Abril de 1977, quanto depois, a

presença das CCLL, nos mass-média galegos cresce exponencialmente, será na

imprensa geralista que exponhem abertamente o seu “Programa Agrario”94 e explicitam

92 O SLG-Comisiós Labregas, é legalizado na vila de Melide (A Corunha), o 30 de Abril de 1977 ao abeiro da lei

19/1977 de 1 de Abril de regulaçom dos direitos de Asociación Sindical. Assinavam Jaime González Costoya, José

Turnes P. e Hilario López Rego, postulando a defesa de “os labregos que exploten com traballo de seu ou de

familiares, fincas ou térreos propios ou alleos, destinados á producción agrícola, gandeira, forestal e hortofrutícola”,

compreendiam o âmbito quadriprovincial da Galiza (art. 1), mas estruturariam-se conforme os níveis parroquial,

comarcal e rexional” (art. 5)

93Fouce : voceiro das Comisións Labregas de Galicia : etapa de clandestinidade (1973-1977) / estudio e edición

Carlos Díaz Martínez, Ramón Muñiz de las Cuevas ; epílogo Lidia Senra ; Díaz Martínez, Carlos ; Muñiz de las

Cuevas, Ramón. A Coruña, Espiral Maior, 1995

94 No “Programa Agrario” (Introducción, 1977) das Comisións Labregas podemos entrever a aposta por umha

“reforma agrária” que se passasse previamente pola formaçom dum “amplio e forte Movimento Agrario Galego”,

cumpria caminhar “cara a consecusión do poder polas clases traballadoras galegas pra poder, eisí, efeitivizar unha

auténtica Reforma Agraria”, esta inscrevia-se “na loita de liberación nacional e social do Pobo Galego”, denunciavam

a “arrepiante miséria” das “cativas esplotacións multiparceladas…traballadas com teínicas rudimentarias…”, “a

emigración…[o] abandono das nosas terras”, tamém colhia a denúncia dos preços do leite, da carne, da Cuota

Empresarial, a discriminaçom “dos labregos galegos”…e por isso apostavam no governo provisório galego

encabeçado pola AN-PG, dous anos antes, o nº 9 d’A Fouce (Junho, 1975), reclamavam “Aiceso a terra”, “A terra pra 58

todo o tipo de campanhas polo país adiante, pontificava a necessidade de racionalizar as

unidades de produçom, defendiam os pequenos proprietários face os grandes

monopolistas e intermediários, procuravam umha justa política de preços, ajudas

técnico-económicas, o achegamento das indústrias ao campo, umha melhora dos

seguros agrários e a eliminaçom de gravamens como a já citada Cuota Empresarial.

Na comunicaçom social, contamos como dizia com exemplos que testemunham a

capacidade mobilizatória do sindicato agrário nacionalista, destaquemos dous:

A greve do leite da que a ediçom do sábado 11 de Marzo de 1978 de El Ideal Gallego

dá notícia da sua finalizaçom e a escassa incidência “en Coruña y Orense”, apesar de

que as CCLL, consideravam en La Voz de Galicia, desse mesmo dia terem apurado os

seus objectivos95.

A greve começara a 7 de Março, e saldou-se com várias detenções, cinco deles em

Monforte de Lemos, três ingressando em prisom,96, na verdade a greve tivera algum

sucesso na província “leiteira” da Galiza, Lugo, e a capacidade que demonstrarom as

Comisións Labregas à hora de condicionar nom só o sector leiteiro, mas os elementos

negociadores da administraçom, verificam o seu peso específico.

Na sua contra jogava precisamente a postura dos demais sindicatos que viam que o

mantemento da greve do leite, apenas perjudicava os interesses dos produtores97

Por seu lado, quigéssemos tamém destacar a campanha que em Dezembro de 1977

encetava as CCLL contra a Cuota Empresarial Agrária:

quen a traballa”·, “Unha xusta política de precios”, “Unha produción nacional” “Comercialicemos os labregos”…

mais informaçom vid Fouce : voceiro das Comisións Labregas de Galicia : etapa de clandestinidade (1973-1977) /

estudio e edición Carlos Díaz Martínez, Ramón Muñiz de las Cuevas ; epílogo Lidia Senra ; Díaz Martínez, Carlos ;

Muñiz de las Cuevas, Ramón. A Coruña, Espiral Maior, 1995

95 Afirmaram ter conseguido a suba do 18 % no preço do leite e obrigar-se-ia às empresas a pagarem o leite no praço

mínimo estabelecido

96 Concretamente “un piquete informativo compuesto por Manuel Pérez Rodríguez, Domingo Fernández, Julio López

Casanova, e Isabel Riaño…por tirarle el cántaro a una vieja y derramarle la leche sobre la carretera” informava El

Ideal Gallego, 11 de marzo de 1978

97 La Región, 10 de marzo de 197859

“Desde hoy [sábado] al lunes, habrá tractores en las carreteras de Galicia, según

“CC.LL.”98

O “pré-aviso” da campanha, que exemplificava a capacidade mobilizatória das CC. LL.,

dera-o a concentraçom em Lugo de 15000 pessoas no Pazo Municipal de Deportes, em

27 de Novembro de 197799, é curioso, comprovarmos como tamanha concentraçom, só

“serve” para anunciar umha “ameaça” maior para as autoridades, nom é outra que as

tractoradas que começariam no 3 de Natal de 1977. Cumpre-se dalgumha forma a

sucinta análise de Fernández e Sabucedo (2004) respeito à novidade disruptiva que

representavam as tractoradas, nom é que as concentrações fossem mui habituais no

tradofranquismo, mas menos ainda, empregar o símbolo da Revoluçom Verde para

reivindicar melhoras na condiçom dos labregos.

11.1.1. As Comisións Labregas na Límia. Umha organizaçom “pantasma”.

Camilo Modesto Domínguez Fernández, crego da paróquia de Grou (Lóvios), lembrava

na entrevista que tivemos a honra de lhe realizar, que acontecera umha clivagem entre

CC. LL. e o SAGA, difícil de decifrar racionalmente, entre o tardofranquismo e a a

legalizaçom sindical de 1 de Abril, no período de clandestinidade, “mandaban-nos

FOUCE” afirmava Camilo Modesto, e no ano 1975, fora-lhes encomendado a ele, e

algum companheiro um labor mui especial, “passar” para Portugal, um “rapaz” das

CC.LL. d’O Ribeiro; tudo virou após a legalizaçom, considerava Camilo Modesto, que

todo o relacionamento se viciara polas influências respectivas, UPG e PSG, mas

remarcava que em qualquer caso as “CCLL viannos independentes”, “eles eran mais

agresivos e nós éramos mais moderados”.100

Seja como for, a abafante presença do nacionalismo partidário e a necessidade de lhe

“roubarem” presença um ao outro polas diferentes comarcas do país, respondia, isso

sim, a critérios de pura estratégia mais do que a discursos, em puridade, diferentes.

98 La Voz de Galicia, 3 de Dezembro de 1977

99 La Voz de Galicia

100 Entrevista nº 6, C.M.D.F, 1942, Grou, Lóvios, Ourense60

Há um facto significativo que logicamente a excelente memória de Camilo Modesto

nom foi quem de reter com exactitude, no verao de 1975, acontece umha cissom no seio

de CC. LL., distingindo-se duas organizações alcumadas conforme os vozeiros

respectivos CC. LL.-Fouce e CC. LL.-Terra, apesar das vontades nacionais que

“agromavam” tanto numha como na outra organizaçom resultantes da cissom, a verdade

é que mantinham comportamentos comarcais coesos, que fazia com que comarcas

inteiras “vocacionassem” pertencer a umha ou umha outra organizaçom sindical.

Em seguida um grupo de independentes, antes próximos às CC. LL. originais, porám

em andamento na Terra Chá, SILGA (Sindicato Independiente Labrego Galego),

minguando significativamente a presença das CC. LL.; enquanto a militância das

CCLL-Terra das comarcas do suroeste ourensano (Cela Nova, Baixa Limia, Verín, A

Limia) devenhem no SAGA, as CCLL ficam sem qualquer representaçom eficaz na

contorna e verifica-se a comarcalizaçom do sindicalismo agrário101.

A consulta da fonte oral e hemerográfica é teimuda nas suas coincidências; a fonte oral

testemunha-nos a foraneidade dos membros de Comisións Labregas, face os membros

locais que sim tinham as Comisiós Campesiñas e o SAGA para o caso limiao102, outras

vezes a simples omissom da sua presença, marca o que para o nosso ver, é a sua nula

estrutura na comarca.

Significativa, é no entanto, a nota de imprensa que La Voz de Galicia103, sobre a

concorrida tractorada que o sábado, 20 de Novembro de 1977, tem lugar na cabeceira

comarcal, em Ginzo de Límia:

101 “O SINDICATO AGRARIO GALEGO (SAGA). Antecedentes e características fundamentais”. Copia do articulo

pra revista “Encrucijada” dos colexios rurales, sobor do SAGA, 11 de Fevereiro de 1978. Fondo privado.

Documentaçom inédita. Puímos os cantos mais prosselitistas deste artigo, que denunciavam entre outras questões os

boicotes que Comisiós Campesiñas e CC. LL.-Fouce figeram à “ideia de lanzar xuntos un Sindicato Único Galego”

proposta por CC. LL.-Terra, no Outono de 1976 (Outubro). A leitura do texto, permite-nos no entanto, certificarmos a

fraqueza das relações supracomarcais entre a militância sindical agrária.

102 “A relación era boa, e colaboramos, de feito cuando o da tractorada, aunque non participaron directamente (o

SAGA) na cuestión de piquetes e esas cousas, pero sin embargo despois falouse, todos os grupos falaron ali, en

Xinzo, ali falaron polo SAGA, falou o cura, Manuel Crespo, creo que era, e falou Miguel, o cura de Parada, falou

outra rapaz, en nome de Sociedades, vamos, do SAGA tamén, falaron outros, creo que eran de Lugo, en nombre de

FOUCE e de TERRA,” Entrevista nº 3 C.D.F, 1932, Sandiás (Ourense)

103 Nota de imprensa de 22 de Novembro de 197761

“En el transcurso de la intervención de un miembro de “Comisiós Labregas” se

produjeron protestas cuando el portavoz de éstas minimizó la tabla reivindicativa

presentada por el “SAGA”, rechazando la labor de otros sindicatos a los que

censuraron de promover únicamente protestas públicas y panfletarismo. “mentras

outros presentamos feitos” refiriéndose concretamente a la reunión de coordinadores

celebrada días antes en Xinzo y a la lucha para impedir el pago de la cuota

empresarial. Los silbidos y las voces de la mayoría acallaron al líder de CC. LL.,

siendo aplaudida, sin embargo, la intervención de un representante de “Sociedade

Agrarias” que aludió a la necesidad de unión en un solo sindicato de todos los

labriegos”

Os enfrontamentos entre as CC. LL. e os Sindicatos SS. AA. e SAGA nom se

circunscreviam, apenas à comarca da Límia, frequente é as acusações de sectarismo e

“amarelismo” particularmente cara o SAGA, e de oportunismo espanholista cara as SS.

AA. nom só em reflexões internas como as do comité central da UPG, acontece porém,

que a situaçom de franca minoria com que agia as CC. LL. na Límia, nom lhes permitia

despregarem “pacificamente” o seu discurso.

Resulta curioso, comprovar que apesar da importância que o representante das CC. LL.

lhe dá à reuniom de coordenadores para a luta contra a cuota empresarial agrária, esta

nom parece ser a maior das lutas, a contundência com que a fonte oral exprime a ordem

de prioridades dos labregos limiaos104, com a política de preços agrários no ponto de

104 Foi-nos mui fácil isolar essa ordem de prioridades, face os ilustrativos relatos sobre a política de preços, e nem só

da pataca, tamém do leite, na zona de Cela Nova e Bande; a questom da cuota empresarial agrária, aparece difusa,

como muito opiniões particulares evidentemente nada pacíficas com a questom, a referência a algumha campanha

sim, nada especificada, e por seu lado as pressões a que eram sometidos os labregos, sobretudo antes da morte do

ditador para efectuarem o seu pagamento:

“A cuota empresarial agraria ou algo así que lle chamaban me parece, entonces despois queríano meter

através da Hermandá un pouco coaccionando, un pouco forzando a, a situación, querendo obligar á xente que

estaba pagando o que lle chamaban o censo entonces, pois a pagar a cuota ahí, porque se non os, os amenazaban un

pouco com da-los de baixa” (…) ““Ó millor tamén o da cuota, o da cuota empresarial igual tamén foi algo contra

eso, eu a verdá como xa hai tantos anos pois xa non me acordo moi bem, de que foi eso, sei que tamén participei,

que tiña daquela, tiña o coche aquel, o “coupé”” Entrevista nº 1, A.C.C., 1945, Vilar de Santos (Ourense)

“Sí esa [A cuota] notouse a nível de Galicia…nós non fixemos demasiada (campaña) porque eu penso que

a xente tampouco lle facía demasiado caso, claro, non había demasiada conciencia de pagar, me parece a min, ou

pagábana? Boeno, algo pagaban, o que pasa é que vinculábana tamén a, ó que lle soltaba a posibilidade de, de que

lle arranxaba os papeles pra, pra xubilación e cousas desas” Entrevista nº 4, Anónimo, Parada de Outeiro62

mira; revela-nos, que com ser gravosa e injusta [a cuota], nom implicava para as

economias familiares maior inquietaçom que os baixos preços da pataca, numha

comarca onde o peso específico da agricultura (48% da populaçom em 1977) era

importante, mas o da pataca em particular, representava o grande indicador económico

comarcal105

Quase monopolizada a reivindicaçom agrária pola questom dos preços agrários, e

substraída sindicalmente polo SAGA, a tabela reivindicativa das CC. LL., apenas

penetrava no tecido labrego limiao

Todo o sindicalismo agrário da Transición teima na ideia da sua independência, do seu

apartidismo, no sentido de “vocacionarem” um sindicalismo por e para os labregos sem

os “vícios” da política, 40 anos de corrupçom institucionalizada e propaganda

despolitizadora -apesar da intensa política que o regime fai para despolitizar- incidem na

necessidade formal de apresentarem-se como independentes, “limpos”. Nessa corrida

pola independência, a pré-existência de bases capitalizadas por militantes da cissom CC.

LL.-Terra fixo com que o SAGA, ganhasse vantagem à hora de aglutinar a vizinhança

limiá.

11.2. As Comisiós Campesiñas, logo Sociedades Agrarias106

“Da cuota empresarial, sí, sí, que se tocou e había bastantes lemas…eu ahora non me acordó cáles eran e

entre eles, penso que iba o da cuota empresarial [os paisanos eran conscientes de que estaban pagando] algo que

non debían, falouse moito da cuota empresarial, eso evidentemente, non me acordo ahora, era o Xardón, penso que

levaba así mais…pois ali non seis e fixo algo nese sentido ou se non [o “non pagar”], claro, mais era o da patata,

porque era o que os traía de calle, que vivían dela e non tiña un precio xusto, nin o sigue tendo…” Entrevista nº 5,

Anónimo, Ourense

105 O fracasso policultor da Lagoa, onde se pretendia um ensaio multifuncional (Collarte, 2006) com prantas

forrageiras, camada gandeira, etc…está na base da crise excedentária do tubérculo limiao. Avelino González

Taboada, de Rebordechá, Ginzo de Limia, laiava-se nas páginas de La Región do 16 de Abril de 1978: “Seica os da

Agricultura fixeron un estúdio fai algún tempo e sairanlle unhos cen millós de kilos. Pero se lles sairon eses, hay

moitos mais...¡Onde vai! Eiquí debe haber algún que fai solo, oitocentos mil kilos…e así moitos mais”

106 Tomamos como referencia principal para o desenvolvimento em parte deste epígrafe o traballho de SANTIDRIÁN

V.M.: “La Conflictivad agraria y las Comisións Campesiñas de Galicia” en Antonio-Miguel BERNAL: Sindicalismo

Jornalero y Campesino en España: Del Franquismo a la democracia (1939-1995). Inédito.63

“Das comisiós campesiñas sí, porque eu tamén axudei a formar Comisiós Obreras e a

prueba é que … pero despois vimos que era necesario organizar tamén o campo, e

entonces pois empezamos a traballar cara ó campo, non solo politicamente sinón

sindicalmente…e…contei coa colaboración do “Partido” en primer lugar aqui na

Limia…e…sobretodo pois cun amigo, un compañeiro moi bó, que era de Extensión

Agraria, que viñera aqui como maestro daquelas famosas “escuelas rurales”, Mario”

As “Xuventudes Comunistas de Galicia”, analisavam a mobilizaçom agrária à que se

assistia cara 1969:

“Os CAMPESIÑOS E A SUA LOITA. Os xóvenes labradores de San Martín,

Fonsagrada, Lugo, traballando cando fai falta a xornal para Forestal. Un dia fixeron

folga e sentáronse no chan…non estaban dacordo coas condiciós do traballo…

As posibilidades do movimento campesiño galego acraranse vendo as aicións dos

derradeiros tempos: Escrito com mais de mil firmas dos labradores de Fonsagrada,

Lugo, protestando pola baixa do precio do leite na derradeira primavera.

En Maus de Salas, Ourense, os labradores tiran pola noite coas señalizacións de presa

que queren construir ali.

En Curraxais, Barco de Valdeorras, Ourense, cando a recollida do viño na

cooperativa, que se concretou nunha octavilla das Comisións Campesiñas.

Manifestación e sentada na carretera de Madrid, en Xinzo de Limia, polo traslado dun

cura, isto foi no vran…”107

O escrito das Xuventudes Comunistas, para além de revelar-nos todo um alargado

repertório de protesto (greve e sentada contra a Forestal na Fonsagrada, escritos contra o

preço do leite, tamém na Fonsagrada, acções contra a construçom do encoro de Salas

em Ourense, reparto de “octavilhas” por mor da política cooperativa no Barco e

assentada tamém em Ginzo), indica-nos a presença das daquela chamadas Comisións

107 AICIÓN. Orgao das Xuventudes Comunistas de Galicia, febreiro de 1969. s/n64

Campesiñas no protesto do Barco de Valdeorras, será esta umha das primeiras ocasiões

em que ouviremos falar nas Comisiós Campesiñas

Porém o accionar do protesto campesinho entorno ao conflito de Castrelo de Minho

(1965-1967) parece com que esteja na base da criaçom das Comisiós Campesiñas. Será

nessa mesma comarca, O Ribeiro, com tensões desatadas a respeito do cooperativismo

vitivinícola e a sua necessidade de democratizaçom interna, que apareceram as

primeiras folhas assinadas polas CCCC108.

A presença das Comisiós Campesiñas em Castrelo de Minho, permite comprovarmos o

jogo de lideranças entre as tamém presentes CC. LL. e o sindicato agrário comunista,

entre a UPG em fim e o PCE.

A significaçom social e mediática de Castrelo de Minho, com a implicaçom da classe

intelectual galega, de sectores profissionais diversos, e mesmo da Igreja109, face o

projecto de FENOSA, permitiu popularizar as Comisiós Campesiñas.

O líder local do sindicalismo vertical, Eulogio Gómez Franqueira pareceu estar detrás

da desactivaçom do protesto, ao negociar com FENOSA os preços do m2, nom sem a

indignaçom dalgum dos membros do PCG d’O Ribeiro110

Cara 1967, desencadea-se a greve do leite em Lugo, e a preocupaçom da direcçom do

PCG, vai no caminho de inserir o campesinhado na luta pola democracia (Santidrián,

1996:13).

As Comisiós implantam-se com força em Ourense, logo do seu protagonismo nos

episódios de Castrelo de Minho, e a chegada do militante comunista Santos Costa a

108 Comisiones Campesinas de Orense, julio de 1970, Fundación 10 de Marzo, Archivo Histórico de Comisións

Obreiras de Galicia (AHCCOOG), Legado Santos Costa, Caja Movemento Campesiño, citado em SANTIDRIÁN

V.M.: “La Conflictivad agraria y las Comisións Campesiñas de Galicia” en Antonio-Miguel BERNAL: Sindicalismo

Jornalero y Campesino en España: Del Franquismo a la democracia (1939-1995). Inédito.

109 Santidrián (1996) recolhe pormenorizadamente as impressões que nesses sectores causou a construçom do encoro

de Castrelo de Minho

110 Entrevista a Xosé Arias, um campesino do Ribeiro, candidato do PCG por Ourense. A Voz do Pobo, primavera de

1977. O mesmo protagonista dá conta nas suas memórias ¿Mis pecados?(2007:172), das precárias relações entre as

Comisiós Campesiñas e as Comisións Labregas, bem como da crescente preocupaçom, com que técnicos agrícolas e

outras personalidades, próximos ao PCE, tinham com a questão agrária, ele próprio cita, Carlos Barros e Xosé Carlos

Ucha.65

Lugo, permite o seu espalhamento por essa província cara 1969. As CC. CC., nom

participam da Coordinadora General de Comisiones Campesinas de España, celebrada

em Agosto de 1969, contodo cara Maio de 1970, sim assistem como CC. CC. de Galicia

à I Asamblea General de Comisiones Campesinas.

Para aquela altura, começava a luta contra a Cuota Empresarial Agrária, sempre logo

após aos procedementos de cobro que se encetaram nesse mesmo ano 1970, a campanha

atinge todo o país, e insiste-se na peculiaridade do sistema rural galego baseado na

pequena exploraçom para denunciar o seu carácter descaradamente injusto, como já

advertimos noutros apartados do nosso trabalho, serám frequentes os escritos pedindo a

supressom ou profunda modificaçom do Regimem Agrario.

A campanha tem algumha significaçom em Verim, e o relato dum dos nossos

entrevistados nom tem perda, perante a confusom, que por vezes se dava nas

reivindicações:

“e loitamos contra a cuota empresarial agrária, e “non pagar”, e sacamos unha

propaganda e logo esa propaganda era “semi-legal”, pero complicáronse as cousas

(Ano 1976) e fumos detidos unhos cuantos homes, porque a cousa, a complicación foi ,

a falta de experiencia, xente nova que había entrado en Comisiós Campesinas, outros

habían entrado nas juventudes do partido, e empezaron en Tamaguelos, Mourazos e

por aí, conocía eu esa zona, a zona de Verín e empezamos a organizar por alá tamén

(…), tíñamos unha multicopista que xa era do “Partido” e empezamos a facer a

propaganda contra a cuota empresarial agrária, pero mezclaron a propaganda e

sacaron un documento legal contra o cura de Tamaguelos que había feito por ali unha

barrabasada cunha vella, que se lle había apoderado das terras, ofrecéndolle a cambio

un lugar no ceo, e (…) e recollían firmas pra botar ó cura, pero o documento habíano

feito ca multicopista e entonces nós habíamos feito a propaganda contra a cuota

empresarial agrária e tamén a favor da República, o 14 de Abril, (…), e enfin,

mezclamos un pouco todo, pero claro a policia non era parva e diuse conta que estaba

feito ca misma multicopista unhos papeles e outros, os legales e os ilegales”111

Além da luta contra a Cuota Empresarial Agrária, a significativa militância com que

contava as CC. CC., fará-a ser um dos açoutes mais contornados do Cooperativismo112

111 Entrevista nº3 C.D.F., 1932, Sandiás (Ourense)66

liderado polo ribeirao Eulogio Gómez, com a Unión Territorial de Cooperativas de

Ourense, bem como a Cooperativa Vinícola do Ribeiro, fundada em 1968.

De Franqueira e os seus acólitos, as CC. CC., denunciavam o seu “cacicato”, e a

reproduçom de vícios trazidos da sua experiência no verticalismo franquista113. A falta

de transparência administrativa, e os intentos de venda da cooperativa por parte de

Franqueira, estariam na base do encerro do militante comunista José Arias e outros 6

sócios nas instalações da mesma, assi mesmo, era fequente a posta em causa dos

procedimentos do “Consejo Regulador del vino del Ribeiro”, criado em 1957, e do que

acusavam de más práticas (adulteraçom de vinhos) (Lanero Táboas, 2007:63).

Logo do intento frustrado de tirar avante Democracia Campesiña (só tiraram um

número em 1974), as CCCC, cristalizam os intentos de se fornecerem dum vozeiro

através de O Voceiro Labrego.

No nº 6 d’O Voceiro Labrego em plena Transición, Outubro de 1976, as CC.CC.,

reclamam, entre outras questões, um passo à frente, com a anulaçom da Cuota

Empresarial Agraria e mostravam-se corajosas apesar das “derradeiras prohibicións de

Asambleas e todo tipo de actos promovidos polas CC. CC.,” num cenário ainda de

ilegalidade. Apostam num sindicato agrário galego, unitário, democrático e

independente e como vimos para o caso das CC. LL., as questões de índole política

arrumam com força às preocupações do sindicato comunista, a aceitaçom das

peculiaridades intrínsecas do nosso país é recolhida diafanamente, no órgão de

expressom das Comisiós:

“A planificación e fomento da nosa riqueza forestal, agrícola e gandeira non pode vir

imposta.

112 Sobre os desenvolvimentos do Cooperativismo vitivínicola e agropecuário na provincia de Ourense vid.

DOMÍNGUEZ CASTRO, L.: “Sindicalismo vertical y cooperativismo: Los orígenes del cooperativismo vitícola en

Ribeiro (Ourense), 1952-1967” en Tiempo de Silencio: Actas del IV Congreso de Investigadores del Franquismo.

Valencia, Fundació d’Estudis i iniciatives sociolaborals, 1999 ou COLLARTE PÉREZ, A. Labregos no Franquismo.

Economia e Sociedade Rural na Galiza Interior. As Hermandades Sindicales en Ourense (1943-1978 ). Ourense, Ed.

Difusora, 2006., concretamente pp 75-94

113 Algumhas das notas mais comprometidas com que jogou a aposta cooperativa do verticalismo n’O Ribeiro, foi o

poder jogar com um amplo leque de trabalhadores “desorganizados trás la dura represión del combativo sindicalismo

agrário de la comarca (Domínguez Castro, 1999:327)67

O cooperativismo, os servicios mutualistas, de previsión social, de aforro e crédito,

teñen que en Galicia estar en función da nosa realidade, non podem decidirse en

Madrí”

Mais à frente, ressumiam brevemente algumhas das aspirações do agro galego, nas

quais se entremisturavam, assuntos de claro perfil político:

“O POBO XA FALOU: Sindicato galego, reforma agrária, planificación agropecuária,

cooperativismo, aforro e crédito, espropiaciós, sanidade, ensino galego i en galego,

lexislación cicvil, Banco de Galicia, inversión do nosso aforro…industrialización,

promoción agrária, desgravación de aranceles, tarifas eléitricas diferenciales,

recoñecemento da parroquia, goberno próprio, son aspiraciós defendidas pola

aplastante maioria da sociedade galega, oxe”

O encontro do discurso partidário e sindical, é intercalado com a formaçom de

plataformas, como a Táboa Democrática e o Consello de Forzas Políticas, que

pretendiam amalgamar num todo unitário as reivindicações do povo galego, é curioso

comprovarmos a radicalidade dalgumha das propostas, como a autonomia bancária,

cousa que propóm o sindicalismo agrário comunista.

Ao mesmo tempo, em vésperas do morte do ditador, Abril de 1975, a Coordenadora

Nacional de CC.CC. de Galicia, pretendia dar um pulo nacional à organizaçom e

reconheciam estarem dispostas a praticar o entrismo no sindicalismo agrário franquista,

como já figeram os quadros de CC. OO.114

No verao de 1976, agromam inúmeras assembleias das CCCC, e começa a colher força

a ideia de articular um verdadeiro sindicato agrário, cuja base teria de estar no

societarismo de pré-guerra.

Será em Outubro de 1976, que as Sociedades Agrárias começam a colher força, logo do

fracasso negociador com as entidades sindicais nacionalistas para o impulsionamento do

sindicato agrário galego unitário, deduz-se que as querelas interpostas, tinham muito a

114 “A conquista das Hermandades no camiño da gran xornada de loita campesiña. Chamamento da Coordinadora

Nacional Galega das Comisiós Campesiñas”. AHCCOOG. Legado Santos Costa, Caja Movemento Campesiño citado

em SANTIDRIÁN V.M.: “La Conflictivad agraria y las Comisións Campesiñas de Galicia” en Antonio-Miguel

BERNAL: Sindicalismo Jornalero y Campesino en España: Del Franquismo a la democracia (1939-1995). Inédito.

68

ver, com o “momentum” político que se respirava no país. No ano seguinte a 31 de

Março de 1977, é constituída umha Comisión Técnica para preparar a Asamblea

Constituínte da Junta Gestora das Sociedades Agrárias. O 17 de Abril de 1977, em

Santiago nascem as novas Sociedades Agrárias, ao tempo que se preparava o caminho a

andar cara a primeira cita democrática do sindicalismo agrário após a queda do ditador,

as eleições a Câmaras Agrárias de 21 de Maio de 1978115, a este respeito, as já

Sociedades Agrárias interpelavam os demais “sindicatos democráticos del campo

gallego para la formación de un frente anticaciquil por unas cámaras democráticas”116

11.2.2. As Comisiós Campesiñas na comarca limiá.

Sem o dinamismo doutras comarcas, como o já citado caso do Ribeiro, as Comisiós

Campesiñas mantiveram na Límia algumha representaçom, tinham umha relaçom mais

saudável com o sindicato hegemónico na comarca, o SAGA, do que com CCLL,

portanto, colaborarám decisoriamente nalgumha das mobilizações lavradas no período

em terras limiás, ainda que por vezes se julgasse como pouco importante o seu labor.117

Parece com que a concreiçom do SAGA, e a sua força mobilizatória espertava algum

rezelo, maior se calhar nos órgaos directivos nacionais, do que nos comarcais, o acaso é

que entre os factos que nos confirmam a colaboraçom entre as Comisiós Campesiñas e

o precedente directo do SAGA, CC. LL.-Terra da Límia, está a redacçom de um

escrito118 onde desconfiam dum projecto, que se rumoreava, de impulsionamento oficial,

115 O jornal El País, noticiava esse dia: “El absentismo en las elecciones a Cámaras Agrarias se espera que sea

elevado - 8500 Cámaras esperan cubrirse democraticamente”

116 El Ideal Gallego, 10 de Março de 1978

117 “Pois mira eso estaba médio morto, eso, Comisiós Campesiñas, por alí al menos nada…non…había o Partido

Comunista que eu sei que tiñan reuniós ali entre eles, pero o que é Comisiós Campesinas, ali apenas había nada…e

logo cando empezou a nacer o sindicato ese (SLG) houbo certa preocupación…boeno, pois as CCLL e as

Campesiñas, non vían com bos ollos que nacera outro sindicato, o SAGA, e boeno, por un lado dábanlle padiante,

por outro…desde logo o Bloque pois, daquela, ó revés, tratou de molestar en vez de colaborar, e…que pasou,”

Entrevista nº 4, Anónimo, Ourense

118 Nom contamos com a data precisa do escrito, “¿unha cooperativa pra comercializar a pataca da Limia?

Chamamento das Comisións Labregas “TERRA” da Limia e das Comisións Campesiñas” –Fondo Privado, 69

umha cooperativa para a comercializaçom da pataca; para as CCCC e as CCLL-Terra da

Limia, as cooperativas só teriam se funcionando sob critérios democráticos, achavam de

necessário que para isso se eliminassem os ditosos intermediários, e se apostasse desde

elas para exigir uns preços mínimos.

Visavam um modelo de cooperativa, que aliás permitisse o reagrupamento do

campesinhado “hoxe débil e sin forza”para eles podia sementar o nascimento de um

novo “sindicato agrário, democrático e galego”.

Por seu lado, do modelo proposto, porque faltava, um “estudo prévio, serio, sobor da

rentabilidade da cooperativa” e eram renuentes a “unha “gran” cooperativa a nível de

toda a Limia, feita dende enriba a baixo” porque “pode endeudarnos …co perigo

evidente de vernos atrapados nas mãos dos que nos emprestaron o diñeiro” e “reduce

ó mínimo o grado de participación democrática”, propunham, no entanto, “a creación

de pequenas cooperativas de consumo a nível parroquial, que valian pra mercar

abonos, patacas de semente, sulfatos, piensos…a mais baixos precios”

A simples intençom de promover um escrito conjunto, numha época onde pesavam mais

os movementos tácticos hegemónicos por forma a acaparar representatividades tamém

hegemónicas, fai ver que a colaboraçom era a tona e via-se mais factível, achamos, polo

facto de Comisiós Campesiñas e SAGA, pertencerem a linhas ideológicas diversas, a

primeira adscrita ao comunismo espanhol, a segunda a nacionalismo de esquerda.

Comisiós Campesiñas, participará, aliás das exigências por volta duns preços mínimos

para a pataca e marcará presença na manifestaçom de 20 de Novembro de 1977 que

reúne 4000 campesinhos e 600 tractores119, embora sobre os protagonismos respectivos

houvesse algumhas discrepâncias120

Documentaçom inédita- mas é-nos evidente que se situa entre Julho do 75 e Abril do 77, entre a cissom em CCLL, e

a formalizaçom do SAGA, a partir de CCLL-Terra e os independentes

119 22 de Novembro de 1977, La Voz de Galicia

120 “A relación era boa, e colaboramos, de feito cuando o da tractorada, aunque non participaron directamente (o

SAGA) na cuestión de piquetes e esas cousas..” Entrevista nº 3, C.D.F., 1932, Sandiás (Ourense)

“entonces aí aproveitou algo o de Comisiós Campesinas, o Camilo Dios, que non pintou nada de nada, de

nada no asunto [na tractorada]!! Eso sí, eso veña padiante, porque usté é moi bó, pero o que é dicir organizar algo,

nada! Dábanlle mais ben p’atrás! Aproveitou ese momento para él falar, falaba moi bem, colleu cuatro notas das

que eu precisamente tiña escritas e tal, e ”…pois esto sí” Entrevista nº 5, Anónimo, Ourense.70

Comisiós tamém aborda a questom dos arrendamentos da extinta Lagoa, e tamém nesta

ocasiom de maos dadas com o SAGA121 e participa decididamente das campanhas

contra a Cuota empresarial que se estavam a dar na vizinha comarca de Monterrei, nos

povos de Tamaguelos, Mourazos, e Tamagos.

A desligaçom dos vultos mais representativos das CC. CC. da Límia, logo após a

refundaçom das Comisiós nas Sociedades Agrárias, o 17 de Abril de 1977, marca o

começo do fim da organizaçom na comarca, solapada polo maior peso estratégico do

PCE comarcal que tinha algumha esperança posta nas eleições municipais de 1979 ,

pola maior pujança do SAGA, o fracasso da negociaçom por um sindicato unitário e o

descontentamento que parecia agromar no campesinhado adepto às CC. CC. perante a

mudança de nome, no que viam a morte de um sindicato e o “pôr” doutro.122

11.3. O SAGA. A referência sindical limiá

“A xente estaba nunha ditadura, e despois da ditadura com medo, desconfiaba de

todo o bem que lle podias facer, porque nunca lle deran nada, nin nunca fixera por

iles, entón calquera que lle prometia algo…incluso había unha desconfianza entre a

xente mui grande; cuando se fundou o primeiro sindicato labrego que foi cunha

intención enorme e unha xente maravillosa que traballar sin fin de lucro nin nada

pero se fixo dunha forma que p’aquela época non estuvo bem feita…”123

11.3.1. Breve nota introdutória

121 Cuestión que fixemos tamén aqui na Lagoa cuando xa habían dado as parcelas, pois veu o ministro de

Agricultura aqui e entonces tíñamos as parcelas en arrendamiento, os que collemos parcela na Lagoa, tíñamolas en

arrendamento e entonces o sindicato SAGA…e…Comisiós Campesinas pois fixemos unhos escritos por separado e

presentamos os escritos…e…bueno, fun eu precisamente o que llo lin ó ministro elí e donde se pedia, pois que as

parcelas pasaran à propiedad dos campesinos, que desen un plazo largo para poder pagar com tal…e efectivamente

o ministro comprometeuse a que así se diria e así foi efectivamente, déronos quince anos de plazo para paga-las…

estamos falando xa do [ano] 77, 78… Entrevista nº 3, C.D.F., 1932, Sandiás (Ourense)

122 Ver nota 64, pp 37

123 Entrevista nº 2, M. F. F., 1939, Sandiás (Ourense)71

Polo especial peso que o SAGA há ter no período e espaços tratados, bem merecia o

dedicarmos-lhe umha epígrafe aparte, mas nom seríamos justos com umha certa ideia de

conjunto que devemos transmitir sobre a mobilizaçom agrária na Límia, contodo, e por

forma a revelarmos o seu peso específico, neste subapartado, serám tratadas polo miúdo

questões relativas à sua penetraçom social, influência institucional, designadamente

municipal e a sua participaçom de projectos particulares, como o cooperativismo

parroquial, nortearmos devidamente todas estas questões nem é tarefa doada, até porque

existe ainda umha nebulosa sobre os lindes cronológicos da vitalidade do SAGA,

surgindo isso sim, como vimos da cissom das CCLL-Terra e esfarelado logo nos anos

80, num processo ida e volta, vítima, entretanto das querelas interpartidárias dos que se

visavam partidos hegemónicos do nacionalismo galego, a UPG e o PSG.

Começaremos retratando com a maior fidelidade que nos permite a documentaçom

manejada por fazer um percurso polas suas origens, o seu particular processo estatutário

e de consolidaçom, apoiados com similar importância no fondo documental que se nos

foi fornecido, nas valiosas achegas da fonte oral e a comunicaçom social.

Pretendemos aliás, dar umha ideia de conjunto, daquilo que eram as prioridades

reivindicativas do Sindicato Agrário Galego, tentando debulhar as inquietações que

peneiravam no seio da organizaçom e esculcaremos como dissemos, a traduçom prática

dalgumha das propostas do sindicato na comarca da Límia e a contorna próxima

11.3.2. As Origens, Comisións Labregas – Terra e independentes

As Comisións Labregas devinham nos últimos esbirros do Franquismo, o único

sindicato agrário de classe de corte nacionalista; em epígrafes anteriores

caracterizáramos bem que mal, as CC. LL. como umha organizaçom sindical

impulsionada a partir dos Comités de Axuda à Loita Labrega124, e sob o patrocínio da

Unión do Povo Galego, cuja pretensom no período tardofranquista era a de criar de

124 Estes emergiram em 1970. Vid. MUÑIZ DE LAS CUEVAS R.: “Historia das Comisións Labregas” en A Nosa A

Nosa Terra. História, Eds A Nosa Terra.5. 1988, pp 48-5172

organizações de base que estivessem presentes em diferentes sectores da sociedade civil

galega.

Apenas um ano e meio após a apariçom pública das CC. LL. (Novembro de 1973)

através do seu vozeiro nacional, A FOUCE; verificavam-se tensões manifestas entre as

diferentes sensibilidades que coabitavam nas Comisións Labregas, impulsionadas pola

UPG, tinham no entanto militância proveniente de outras sensibilidades do

nacionalismo galego que entendia mesmo em termos organizativos e estratégicos de

forma diferente a mobilizaçom agrária, pareciam confirmar, ou, talvez, procuravam

tamém hegemonizar partidariamente a entidade sindical; seja como for, à altura do

verao de 1975, os diferentes movimentos tácticos dam na crebra de Comisións

Labregas; as organizações resultantes distinguir-se-ám polo vozeiro que publicam, as

CC. LL. históricas, devenhem para os alheios à organizaçom, CC. LL.-Fouce, as

Comisións Labregas escindidas, chamar-se-ám, CC. LL.-Terra, conforme o próprio

vozeiro que tiraram à luz.

Durante o primeiro ano de vida da nova organizaçom CC. LL-Terra, deciframos a

escassa vontade de adscreverem-se a quaisquer sigla política, e começa a verificar-se a

implantaçom do novo sindicato; cara Junho de 1976, constituem-se as Comisións de

apoio às Comisións Labregas e apresenta-se o “programa mínimo e reglamento das CC.

LL.” aceitado polos assistentes125.

O “reglamento provisorio das CC. LL.” advertia que “pertencerán ás CC. LL. todos os

labregos, sin discriminación algunha, que asuman na práctica o noso Programa

Mínimo, o que supón participar de cheo na loita labrega a traveso do artelllamento

sindical clandestiño que son as CC. LL. de Galicia”

125 Terra, nº 3, Xuño de 1976. A consulta de Terra, ajuda-nos a entrever algumhas das reivindicações deitadas polo

sindicato CC. LL.-Terra e mesmo os lugares de maior implantaçom do sindicato. Contamos por exemplo, com o nº2

do vozeiro, de Março de 1976, onde fazem um estudo sobre o impacte da Segurança Social Agrária, anexam umha

carta da vizinhança da Marinha, Lugo contra a cuota empresarial e analisam o estado do ensino pré-escolar. No nº3,

de Junho de 1976, a cuota empresarial volta a ocupar a queixa da Terra, mas tamém tenhem oco para denunciarem as

práticas pouco saudosas da cooperativa do Ribeiro e analisam devagar o problema do leite. Consta tamém os

contactos com o Movimento Agrario de Asturias apartir da agrupaçom de Riba d’Eu. O verao incendiário de 1976,

ocupa parte das reflexões de Outubro do 76, a problemática da vizinhança de Campobecerros (Castrelo do Vale) com

a eléctrica Iberduero e abrangem mais devagar outras novas, entre elas umha que atinge particularmente à Límia, os

protestos da vizinhança de Vilar de Bárrio respeito da cessom gratuita dumha finca na Lagoa que o IRYDA lhe figera

à UTECO. Já analisamos devagar, no epígrafe dedicado às CCCC-Límia, a colaboraçom das CCLL-Terra da Límia,

na elaboraçom dum escrito sobre as conveniências dumha cooperativa para comercializar a pataca.73

Os membros das CC. LL.-Terra, uniriam-se em Comissões “cuio número non debe

esceder de tres ou catro indivíduos” agindo “normalmente” a nível parroquial. Acima

das Comissões aparecia, o Plenario de Zona, que reunia as comissões que abrangia essa

zona (lembremos distribuíram-se cinco zonas por todo país) e entendia sobre questões

supraparoquiais.

O órgão executivo do Plenario, havia ser a Coordinadora de Zona, formada por

membros de cada Comissom, sendo o órgão superior a Asamblea Nacional, composta

por todos os membros da Comisión….

Advertia-se, aliás, que nemgumha pessoa “non labrega” poderia pertencer às CC. LL.,

mas paradoxalmente no ponto a seguir, concluíam:

“Na actual etapa, caracterizada por un baixo nível de concencia e loita as CC. LL.

teñen que contar coa axuda de persoas non labregas, pero vinculadas dalgún xeito ao

sector…”

Mais umha vez, entrevia-se a infantilizaçom à que se submetia a um campesinhado,

previamente já, visto com falta de consciência, ao qual era preciso prestar ajuda com

pessoas vinculadas ao sector, com efeito, a configuraçom sociológica dos sindicatos

agrários na Transición distava, em puridade, de ser majoritariamente labrega.

Será no verao de 1976, que entra em cena, o Partido Socialista Galego, o qual apostava

por um Frente Labrego, as CC-LL-Terra participam a partir de Outubro de 1976 com as

CC. CC., as CC. LL.-Fouce e grupos de indepentes de Lugo e Ourense, numha série de

reuniões com horizonte posto na articulaçom de um “Sindicato Único Galego”, as

reuniões parecem chegar a bó porto e chegam a explicitarem umha série de acordos que

incluíam a datas de 6 e 13 de Fevereiro de 1977 (sempre e ainda na clandestinidade) a

criaçom de Juntas Comarcais de Agricultores e Gandeiros, proclamavam que havia ser

um sindicato “noso”, “independente” e “libre” e encaminhavam-se à criaçom dumha

Xunta Nacional Provisoria 126.

Infelizmente, desconhecemos a data precisa da ruptura de negociações, mas sim

algumhas notas sobre as incompatibilidades respectivas, deparámos na documentaçom

consultada as incomodidades das CC. CC., com as CC. LL.-Fouce e a acusaçom de

“españolistas” por parte das Comisións Labregas-Fouce, cara os chamados de Comités 126 Sindicato Agrario Galego. Fondo Privado. Documentaçom inédita

74

de Apoio das CC. LL-Terra, condicionando o seu apoio à desligaçom do grupo de Terra

respeito dos Comités de Apoio127.

Seja como for, o esfarelamento começa mesmamente com o processo de legalizaçom

dos diferentes sindicatos ao amparo da lei de 1 de Abril de 1977, as Comisións

Campesiñas encetavam o seu percurso como Sociedades Agrarias, as CC. LL.-Fouce

começavam a trabalhar no que havia ser futuro Sindicato Labrego Galego. Grupos de

independentes da Terra Chá e Lugo, promoviam o SILGA, Sindicato Indepente Labrego

Galego, enquanto os núcleos diversos de CCLL-Terra e os independentes de Ourense,

constituem a 1 de maio de 1977, o Sindicato Agrario Galego.

11.3.3. O Sindicato Agrario Galego. A Organizaçom128

La Voz de Galicia noticiava o 2 de Maio de 1977 que “os representantes dos Comités

de Lanzamento das 19 zonas en que está dividida Galicia, xuntáronse en Santiago pra

o lanzamento do Sindicato Agrario Galego”, advertia-se que o congresso constituinte

seria “denantes de Outono” e ao respeito nomeava-se unha “Xunta nacional de

lanzamento, composta por un representante de cada zona”

O SAGA, nasce formalmente na cidade de Santiago de Compostela num primeiro de

Maio de 1977, assinam seis pessoas, provenientes de diferentes partes do país, Lalim,

Vimianço, O Rosal, Riba d’Éu, duas delas provenhem de terras limiás, José Nogueiras

Jardón, de Vilar de Santos e Javier Alonso Domínguez de Grou, Lóvios, na Baixa-

Límia.

De seguido e conforme rezam os seus estatutos, fixa a sua residência na paróquia de

Pinheira, Riba d’Éu, e configura-se o seu funcionamento interno, em base às agrupações

locais, comarcais e os órgaos de governo centrais. As agrupações locais, constituir-se-

iam de filiados das distintas paróquias, entendendo como tal a organizaçom histórica do

127 O SINDICATO AGRARIO GALEGO (SAGA). Antecedentes e características fundamentais”. Copia do articulo

pra revista “Encrucijada” dos colexios rurales, sobor do SAGA, 11 de Fevereiro de 1978. Fondo privado.

Documentaçom inédita

128 Sindicato Agrario Galego. Fondo Privado. Documentaçom inédita75

território galego, existiria umha Assembleia Local, inclusos todos os membros do

sindicato e um Comité Local, composto por um presidente, um vice-presidente, um

secretário, um tessoureiro e quantos vogais se estimassem oportunos, o Comité eleger-

se-ia polo prazo de um ano. O Comité local poderia convocar quantas assembleias

achasse oportunas e executaria os dispores da Asamblea Xeral do SAGA (esta

conformava-se dos presidentes de cada agrupaçom local e comarcal, bem como de um

representante por cada cem filiados, eleitos pola Agrupaçom comarcal, a Asamblea

Xeral elegia aliás um Comité Xeral), como órgão superior que assi se estabelecia.

Sempre que possível, várias agrupações locais, poderiam vir a formar umha agrupaçom

comarcal, cujo funcionamento se assimilava ao das agrupações locais.

Formavam parte do primeiro Comité Xeral do SAGA, os promotores que assinavam a

acta fundacional do sindicato, até o congresso constituinte previsto para o primeiro

trimestre do 78.

Umha vez constituído, o SAGA, iria delimitando os seus objectivos129 que se passavam

por acabar com os “andaços” que atingiam o país, o minifúndio, as concentrações

parcelarias “mal feitas”, a falta de indústria, a Segurança Social Agrária, os preços

agrários, rematando por outro lado com os medos que o controlo social implementado

polas Hermandades, criaram nos labregos.

Por outra banda, do SAGA, insistem na autoexclusom das Sociedades Agrárias e as

Comisións Labregas, a pantasma da influência partidária, voltava nortear as reflexões

do SAGA:

“Pensamos que esta xente estaba demasiado ligada a partidos políticos,

respectivamente, PC e UPG”

Aparece no SAGA, umha necessidade perene de afirmarem a sua independência,

respeito das estruturas partidárias, tinham alergia aliás ao burocratismo, apostando, em

troca, na flexibilidade organizativa, nom paradoxalmente respeito à primeira questom, e

na Límia, onde a implantaçom do sindicato há-de ser mais do que notável, veremos no

entanto membros do SAGA, acederam à governabilidade municipal e de maos dadas

com o PSG, partido que diafanamente apoiara primeiro as CC. LL.-Terra e

posteriormente o Sindicato Agrário Galego.129 “Orientaciós pra presentación do SAGA”. Fondo Privado. Documentaçom inédita

76

A contumaz aposta na flexibilidade organizativa leva ao membro dos Comité de Apoio

do SAGA, Xosé Antón Xardón Da Cal, a fazer umha contundente crítica130 pola

anarquia que parecia peneirar entre os filiados do sindicato; fazia um chamamento à

aprovaçom dumhas normas de funcionamento sectoriais e por comarcas, sobre questões

como a cotizaçom, a afiliaçom, a organizaçom em geral, etc…e cujo cumprimento

estaria sujeito a um regime sancionador, desconhecendo a data precisa, no documento

sinalava-se que ainda estava por vir o processo constituinte, mas a preocupaçom latente

polo seu funcionamento pré-congressual, deixava entrever as grandes dificuldades que

supunha a construçom sindical.

Criticava-se, por seu lado, a falta de quadros e a inexistência dumha estrutura sindical

bem articulada, nesse sentido insitia-se na aposta da estrutura territorial que se assumira

aquando a legalizaçom do sindicato face o que parecia ser certos esbirros “provinciais”,

devido à pujança dos sindicatos herdeiros da estrutura vertical como USAC ou AGAP.

Xardón, considerava “imprescindible” a criaçom de equipos técnicos e de formaçom

“istes equipos supoñen a realización das alternativas no plano teórico que irán

perfilando e asumindo as bases do sindicato”

O 25 de Junho de 1978131, a “Permanente Nacional”, tinha umha reuniom em Santiago,

onde se havia propor umha reorganizaçom do sindicato e a atitude que o SAGA devia

ter perante as recém-eleitas câmaras agrárias.

Serám os Comités de Apoio do sindicato que farám a proposta de reorganizaçom, as

suas funções extravazavam em puridade as que em princípio se lhe atribuíam de

sustemento táctico da organizaçom. Este Comité de Apoio era composto, mormente por

pessoas provenientes do âmbito universitário, com o qual certificava-se que a sociologia

dos quadros do SAGA era indistinta da de outras organizações, achamos que a sua

própria ascendência sobre a organizaçom, revelava magras disfunções na organizaçom

interna.

No disposto polos Comités de Apoio, acentuava-se a necessidade dumha reestruturaçom

em clave burocrática que fosse quem de apontalar a estrutura anárquica da organizaçom

e jogava-se com prazos a cumprir.

130 Notas encol do SAGA. Fondo Privado. Documentaçom inédita

131 SAGA, permanente nacional, 26 de Junho de 1978. Fondo Privado. Documentaçom inédita77

Preocupava na organizaçom, a estagnaçom na filiaçom, a data de Junho de 1978,

contava-se apenas com os dados de natal de 1978, fazendo umha leitura aproximada,

assi o reconheciam eles, o sindicato contava por volta de 3530 filiados, e a

descompensaçom era manifesta, 2000 dos 3530 filiados pertenciam à Límia, e Cela

Nova-Bande, (1000 filiados cada comarca, sempre com as reservas pertinentes nom

parecia estar mui longe da realidade a significativa presença no sul-oeste ourensano) o

“Norde” luguês contava 500 filiados, significativamente na Marinha Oriental e a

terceira zona em importância seria a terra do Deza, com até 400 filiados.

Os falhanços eram múltiplos, e tinham a ver com o desleixo nos censos de filiaçom, a

articulaçom orgânica… deduzimos que os diferentes comités territoriais estavam longe

de cumprirem as suas funções, ora que o sindicato haveria apurar representantes, como

veremos, nas câmaras agrárias; finalmente a questom técnica continuava a preocupar ao

agora Secretario da Permanente Nacional, Xosé Antón Xardón Da Cal.

Por seu lado, a disgregaçom territorial que o sindicato herdara das CC. LL.-Terra, com

núcleos de actuaçom importantes em lugares tam dispares da geografia galega como

Lalim, Riba d’Éu ou A Límia, condicionaria sobremaneira o trabalho militante e a

articulaçom de reivindicações nacionais. Este facto era aproveitado precisamente polas

CC. LL., melhor articuladas territorialmente para atizar o SAGA132.

Do SAGA, reconheciam a este respeito que “non esiste unha planificación da

propaganda a nível nacional, fundamental pro espallamento do SAGA e pra coñecer as

campañas da loita sindical”133

No Sindicato Agrário Galego, a preocupaçom pola questom territorial, levava-os nesse

mesmo relatório, a procurar umha restruturaçom que afectava à paróquia (agora

Asamblea de Parroquia e segredaría parroquial) à comarca (Consello Comarcal e

segredaría comarcal) e ao âmbito nacional (Consello Nacional), mas interessa-nos

analisar um elemento corrector curioso, a criaçom dumha Coordenadora Provincial. Os

prazos deviam estar apurados a 3 de Setembro de 1978.

132 “Por otra parte respecto al SAGA, afirman [CC. LL.] que “é totalmente descoñecido en toda Galicia, fora da Limia

e de Celanova-Bande””, La Región, 8 de marzo de 1978

133 SAGA, permanente nacional, 2 de Julho de 1978. Fondo Privado. Documentaçom inédita78

A proposta provincial que contRariava o discurso clássico nacionalista de vertebraçom

parroquial, comarcal, e nacional, embora só lhe correspondesse o labor de

coordenaçom, respondia ao nosso juízo, à necessidade de atalhar a influência que já

detendo dantes das eleições a Câmaras, agora iriam incrementar as ganhadoras AAG,

asociación de agricultores y ganaderos, em Ourense, AGAP em Ponte Vedra e AAG da

Corunha. A superaçom do marco provincial, portanto, ficou condicionado polo sucesso

eleitoral dos sectores agrários vinculados ao sindicalismo vertical, cujas atitudes

pareciam reproduzir tal qual as maneiras das antigas Hermandades no que di respeito à

corrupçom e amedrontamento eleitoral134,

11.3.4. As campanhas do SAGA.

Um repasso as actividades desenvoltas na Transición polo SAGA, deixa-nos entrever

umha série de constâncias; a sua peculiar presença territorial, fará-o pôr o acento nas

reivindicações particulares das zonas onde estava implantado, por outro lado som

frequentes as ânsias de programar as suas actividades à margem dos que antes foram

parceiros de militância, as CC. LL.; as tensões veladas entrambos das que dam conta

titulares da época135, desembocara no trasvasse de militantes das Comisións ao SAGA

na comarca de Santiago em véspera da convocatória da greve no sector leiteiro que para

o segundo fim de semana de Março de 1978 tinham programada as Comisións. Nom

nos é difícil ligar a nom coincidência nas convocatórias de actos, com as más relações

destes sindicatos; por sua vez o rastrejo hemerográfico confirma-nos que as liortas

tinham mais a ver com critérios de funcionamento interno do que a um programa

sindical di respeito.

A implantaçom territorial, dizíamos, condicionava sobremaneira, as campanhas

empreendidas polo SAGA, com efeito, o SAGA nom dispunha dum tecido nacional o 134 “Boeno, a xente….daquela inda existían as Hermandades de Labradores [fala nas eleccións

municipais, portanto falará em realidade das Cámaras], e entonces iban cobrar o subsidio e

procuraban pagarllo o dia antes das elecciós e dicíanlle “boeno, e votar pra quen vos da os cuartos”, eso

era o primeiro que lle advertían à xente “votar pra quen dos da os cuartos” Entrevista nº 3, C.D.F.,

1932, Ourense

135 “Entraron en el SAGA antiguos miembros de Negreira y Val do Dubra”-“Criticaban los exclusivismos de UPG en

las “Comisións Labregas”-“…se decidió entrar en negociaciones con el SAGA, cuyo programa sindical es

coincidente con el de CC. LL….si bien…en su práctica ofrece mayores posibilidades para conseguir la auto-

organización de los campesinos” El Ideal Gallego, 5 de Marzo de 197879

suficientemente abrangente para empreender greves sectoriais a nível nacional,

portanto, comprovamos que a estratégia “sagista”, respondia à presença em plataformas

reivindicativas aglutinantes136, que minguassem a sensaçom dumha estrutura nacional

“falida” e a convocatória de concentrações a nível comarcal lá onde a sua presença me

permitia um cálculo exitoso137.

A tipologia da reivindicaçom, dependia do aprémio comarcal, em comarcas estratégicas

polo nível de militância como A Límia ou Cela Nova-Bande, a centralidade da

problemática dos preços agrários, abafou qualquer outra reivindicaçom, a questom da

pataca na primeira e da produçom leiteira na segunda, tipificavam-se fulcrais para o

futuro económico de ambas zonas e o SAGA soube capitalizar esse descontentamento,

centralizando tamém a sua linha reivindicativa na questom dos preços agrários.

11.3.5. A Límia, ponta-de-lança do Sindicato Agrário Galego

A história do sindicato agrário galego na Límia, começava um 19 de Setembro de 1977,

domingo em Xinzo de Límia, e conforme intitulava La Región138, à assembleia

constituinte achegavama-se “500 campesinos”, ficava eleita provisoriamente umha

Junta directiva que incluía trinta agricultores que representavam outras tantas paróquias,

a assembleia qualificada de “histórica” polos presentes conforme crónica de La Región,

pretendia continuar o labor encetado polas CCLL-Terra da Límia, que já deitaram

algumha impressom sobre o que acontecia na comarca através do seu vozeiro nacional,

Terra, deixando-se ver na questom da comercializaçom através da alternativa de

cooperativa que expugeram conjuntamente com os membros de Comisiós Campesiñas.

136 “Co apoio do “SAGA”, “SILGA” e “SSAA”, aprobada a plataforma unitária do sector leiteiro”, La Voz de

Galicia, 12 de Janeiro de 1978

137 “Xinzo de Limia. Cuatro mil personas y 600 tractores se manifestaron el domingo para reclamar un precio justo

para la patata” La Voz de Galicia, 22 de Novembro de 1977

“Celanova. Dos mil quinientos campesinos se concentraron en el campo de futbol. Eligieron una Comisión

que negociará los nuevos precios de la leche”, La Voz de Galicia, 17 de Fevereiro de 1978

138 20 de Setembro de 197780

Na Assembleia constituinte reclamava-se para o sindicato a administraçom do

património das “ineficaces” Hermandades Sindicales. As principais demandas

passavam-se por uns preços mínimos para a pataca, a recolhida eficaz de leite,

informaçom adequada sobre os subsídios estatais, aos que poderiam vir aspirar os

agricultores bem como as demandas relacionadas com a futura exploraçom da Lagoa.

Sem qualquer dúvida, as comarcas do sul-oeste ourensano, nomeadamente A Límia, a

Baixa-Límia e Terra de Cela Nova, forom as principais áreas de actuaçom do sindicato

agrário galego, conforme mesmo estimava o próprio sindicato e como já avançamos,

2000 nos 3530 filiados à altura do natal de 1977, pertenciam a estas três comarcas, das

quais a primeira computava sozinha 1000 filiados e as outras duas por volta doutros mil,

entre as três representavam aproximadamente o 56% da militância do SAGA e apesar

de a sé social estar situada num primeiro momento em Riba d’Éu, de seguido, o

epicentro reivindicativo do SAGA se situou na parte meridional de Ourense. Achamos

que precisamente essa mesma circunstância, a excessiva “localizaçom” do SAGA, fixo

com que a sua notoriedade a nível de todo país, fosse mais bem escassa.

Cremos que além de mais, que a sua implantaçom na comarca tem muito a ver com

umha questom conjuntural, e é a presença dinamizadora de umha nova geira de cregos

rurais, que testemunhavam umha série de preocupações mui distintas aos cregos que

procederom.

Para certificarmos umha amostra da sua importância nos desenvolvimentos do

sindicato, três cregos, apenas três, apareceram em postos de relevância para a vida

municipal, agrária e do corpo institucional agrário. Os cregos de Paradela (A Porqueira),

de Parada de Outeiro (Vilar de Santos) e Grou (Lóvios), aparecerám o primeiro, como

alcaide de Porqueira polo PSG nas primeiras eleições municipais de 3 de Abril de 1979,

como impulsor da Cooperativa parroquial “O Vincallo” a partir da sua constituiçom em

11 de Fevereiro de 1980, o segundo é eleito presidente da câmara agrária local em

81

Junho de 1978139, o terceiro. Um dos nossos informantes dá boa conta dessa nova

atitude nas bases da Igreja:

“Na década dos 70, pois fumos un grupo…claro que xa había antes, un grupo de

cregos e de xente…pero mais cregos, claro, preocupados polo mundo rural, xente que

vivia, que vivíamos no mundo rural, en zonas distintas, pero limítrofes, por exemplo

aqui na Limia e logo tamén, xente da zona de Cela Nova, e xente da zona de Bande,

eran as tres comarcas que estabamos mas relacionadas, com cregos presentes en cada

unha delas; entonces nós estábamos xa mais ou menos relacionados co, ou intentamos

crear algo do que se chama hoxe “Movimiento Rural Cristiano” , por entendernos,

non? Inda que de entonces ó mellor non tiña estas palabras, pero algo deso era, e

estábamos preocupados polas cousasda xente, dos problemas da xente, e empezamos

desde o principio a traballar coa xente…cousas de equipamento comunitário, eu que

sei, traída de augas, luz, non, jej…que eso xa estaba mais ou menos resolto, camiños…

e cousas de esas, non? Nos pueblos, cousas comunitárias, promover un pouquiño, o

espírito comunitário da xente, porque ó mismo tempo que se preocupaba, a xente

uníase…e así houbo algunhos intentos de facer cousas e traballos nesse sentido algún

tempo.”140

Contodo, como acontecia noutras partes do país e do estado, e que tem sido parte dos

modelos explicativos que contornam a Transición à democracia, couberam

significativas mudanças na sociedade limiá. A chegada dumha nova fornada de técnicos

agrários e o acesso ao mundo universitário de moços de extracçom labrega141, tamém é

139 O SAGA, consegue nas eleições a Cámaras Agrárias, 162 representantes, 166, as Sociedades Agrarias, 42, SILGA

e 526, as Comisións Labregas, porém, na província de Ourense, sai eleito presidente da Cámara Agrária Provincial,

José María Casas Rosendo, da provincial, Asociación de Agricultores y Ganaderos e afecto ao antigo sindicalismo

vertical. O SAGA consegue contodo a presidência da Cámara Agraria Local de Lóvios (Baixa-Límia) na pessoa de

Camilo Modesto Domínguez Fernández, o citado, advertia-nos na entrevista que lhe figemos que houvera

negociações até a última hora com CC. LL., para umha lista conjunta às Cámaras Agrárias mas nom frutificaram.

Entrevista nº 6, C.M.D.F., 1942, Grou (Lóvios)-

A atitude do SAGA., respeito das Cámaras Agrarias, era diáfana na altura, o SAGA, achava as Cámaras

Agrárias como umha imposiçom governamental, que nom se correspondiam com a realidade galega e que visavam

substituir e anular o papel dos sindicatos. Programa Electoral SAGA. Fondo privado. Documentaçom inédita

140 Entrevista nº 4, Anónimo, Parada de Outeiro (Vilar de Santos)

141“ logo empeceime a relacionar moitisimo porque eu era novo tamén, pois com toda a xente nova de por ali,

incluídos os de Vilar de Santos porque tiña moi contato com iles, a raiz de Parada de Outeiro, iba ali as veces…e…e 82

um facto indiscutível na comarca limiá como fora no país, o relevo geracional, permitira

entre outras questões, ladear os cantos mais controvertidos da memória colectiva.

11.3.6. A Política de preços agrários. O “Leit-motiv” da mobilizaçom agrária na

Límia.

A dessecaçom da Lagoa, como vimos minguou mais ainda a produçom gandeira, e o

que se pretendia fora um aproveitamento multifuncional dos terrenos da mesma

(Collarte, 2006), ficou por se cingir basicamente à simples produçom agrícola, e

designadamente à produçom de tubérculo, as condições edafológicas dos terrenos da

Lagoa, nom permitiam pensar numha pataca de qualidade, mais as consequências da sua

cultura forom além da simples valia alimentar ou produtiva.

Como veremos doravante, o campesinato limiao, no que respeita às mobilizações

agrárias da Transición centrará o seu ponto de mira na política de preços, sobre a qual

nom ham-de faltar interpretações; em todo o processo veremos, aliás qual há ser a

postura dos sindicatos agrários actuantes na comarca Limiá (CCCC, depois SSAA,

CCLL e SAGA), a receptividade das pessoas à sua mensagem e as experiências que se

contraem (Cooperativas, etc…) para articular alternativas às teimudas regras do

mercado

Sobre a falida optimizaçom agrária que se visara com a dessecaçom da Lagoa,

opinavam descontraidamente os labregos nas páginas do jornal La Región142. Quem

repassar as noticias desenvoltas polo corresponsal do jornal na Límia, Fernández

Sobrino, pode mesmo reparar nas queixas dos campesinhos cara o aproveitamento

agrícola da Lagoa. Reconhecia Fdez Sobrino na ediçom do 14 de Abril de 1978 que

“Cuando en Xinzo se habla de “a pataca”, la gente comenta algo y hace un gesto

expresivo de que es algo gordo”, as pessoas preocupavam-se com o preço da pataca:

era a misa…e boeno, tiña moita relación com eles, por este motivo, de que me relacionaba moito com Parada de

Outeiro e entonces daí nos veu toda amistá, co Jardón, com toda esta xente, que moitos deles xa non me acordo do

nombre…o Arturo, o Cao, e toda esa xente, Entonces eu non sei, como empezou a salir a idea…do Miguel saliría ou

por aí, de facermos un sindicato…” Entrevista nº 5, Anónimo, Ourense

142 Edições de 14 e 16 de Abril de 1978, págs 11 e 12 respectivamente83

“Mire, comentó Jardón Pérez –a nos o primeiro que non comprendemos e como a

pataca pode ir tan barata. Por eiquí estamos vendendo a catro ou seis pesetas o kilo e

eso non da pra nada (…) a nos todo isto vennos da Laguna – e da competencia de

Castilla”

O labrego, com que fala Fernández Sobrino, lamentava-se da competência castelhana,

mas tamém da competência da “Laguna”, para Jardón Pérez:

“A Laguna quitaronlle a auga, seica, pra facer terras de cultivo. Pero non pra

cosechar patacas….senon que había que coidar a ganadería, pero claro….o gando da

moito traballo…”

O titular destas reflexões rematava “La Patata de Castilla y la de la Laguna producen

el excedente”

A sementeira, e o tratamento com pesticidas, comportava uns gastos que apenas merecia

a posta no mercado da pataca, e o que parecia era haver umha crise excedentária.

Outros dos culpáveis pareciam ser os armazenistas que aproveitavam para tirar lucro a

costa da vizinhança:

“porque a cosecha eiquí importante era a patata, eiquí había 4 ou 5 almacenistas que

xogaban cos precios e xogaban ca xente, e entonces tratouse de facer o sindicato”143

A este respeito, o SAGA, combinará na Límia, como fará tamém na outra grande

comarca de referência, Terra de Cela Nova e Bande, diferentes ritmos de actuaçom,

desde as concentrações, como as que afectarom ao leite em Celanova e a da pataca em

Ginzo de Límia, com acções concretas para assegurar a venda dos produtos sem a

mediaçom de grandes armazenistas144.

A da venda directa da pataca, foi umha das acções mais originais que o SAGA,

emprendeu na comarca da Límia; o trabalho de graça, de muitos colaboradores do

sindicato, faliu como analisam algum dos nossos informantes145.143 Entrevista nº 2, M.F.F, 1939, Sandiás (Ourense)

144 “El SAGA efectuará la venta directa de patatas de la Limia en plazas de abastos de Galicia” La Voz de Galicia, 9

de Dezembro de 1977

145 Foi cunha intención enorme e unha xente maravillosa que traballar sin fin de lucro nin nada pero se fixo dunha

forma que p’aquela época non estuvo bem feita(…) eiquí o que era, porque a cosecha eiquí importante era a patata, 84

A experiência da venda directa da pataca e o seu estrepitoso fracasso, retrata, no nosso

modo de ver perfeitamente os vícios transmitidos pola economia intervida do regime, e

que no meio rural continuou a se transmitir mesmo depois da mudança para a política

desarrollista, o compadreio entre altos carregos, os “amiguismos” e portanto a fraude

geralizada, interiorizárom nos campesinhos, umha contumaz desconfiança a quaisquer

rede de mercantilizaçom que extravazasse o seu controlo directo.

A oferta que o sindicato agrário galego fazia de comercializar os excedentes que se

geravam na produçom limiá era vigilada de perto polos próprios labregos e a sua

presença em todo o processo de mercantilizaçom da pataca, revelava precisamente o

escasso credo que no mundo campesinho se tinha em fórmulas associativas, porque

associar-se já se sabe, era mau146.

Do mesmo jeito, as pessoas nom se filiavam ao sindicato, achamos por questões que

tivessem a ver com linhas estratégicas de acçom sindical, ou na defesa de um modelo

que atenuasse as suas dificuldades como “classe”. Cabana (2006), considerou a

eiquí había 4 ou 5 almacenistas que xogaban cos precios e xogaban ca xente, e entonces tratouse de facer o

sindicato, porque eu fun un dos transportistas que me prestei a levarlle a mercancía e axudarlle a vender, entón se

fixo, pero claro como a xente non estaba acostumbrada a eso e se veu mais ben por necesidá, non porque estuvera

convencida de que había que face-lo…e claro se lle vendeu moita cosecha e todo pero a última hora, pois quedou a

cousa en nada…, dedicábame ó transporte (…)eu colaborei, axudei a vender muita pataca, pero eu vin desde que

levábamos xa unha temporada traballando, que aquelo que iba ser un fracaso, porque a xentiña desde o momento

que lle abriches os ollos, quixo traballar por conta dela; incluso tiña o sindicato unhas máquinas pa envasar patacas

da quilo, en bolsiñas da quilo, da dous (quilos), da tres ou de cinco e terminaron desaparecendo, se lles deixaban ós

agricultores pa que envasaran, pa cuando chegara un camión poder cargarlle mercancía e levábamos a carga de

cuatro ou cinco agricultores pa que todos foran vendendo algo.” Entrevista nº2 , , M.F.F, 1939, Sandiás (Ourense)

146 “Logo, o gran fallo, xa pasando da tractorada, o gran fallo foi…daquela había a posibilidá sin meterse en

fonduras con Hacienda ninguna, de vender directamente do produtor ó consumidor, entonces foi cando veu o de

vender patatas, a raiz daquelo, case foi a tractorada e empezar xa a vender patacas pra fora, pra Vigo, pra

Santiago…a vender patacas, do produtor ó consumidor, pero eso, penso que non, non se traballou bem a cuestión,

porque un sindicato non é pra vender patacas, é pra chamar a atención, e crear enfin sobre a opinión pública e non

pra vender patacas, pra eso compre, pois que sei eu, unha cooperativa bem preparada, que en Galicia nunca deron

resultado as cooperativas, salvo algunhas excepciós.” Entrevista nº5,Anónimo, Ourense

85

importância, explicitamente maior, da rede relacional comunitária para entender as

resistências articuladas contra as políticas do regime.

O SAGA, vertebrou a sua militância na Límia, ciente do seu acervo popular, da

pertenência de muitos dos seus quadros directivos às suas aldeias, às comunidades

rurais e da mensagem simbólica e reestruturante que podiam transmitir os cregos, como

detentores de certa autoridade147

A comunicaçom directa, e franca, a sensaçom de se transmitir umha mesma linguagem

emocional e racional, jogou muito a favor do SAGA, para ultrapassar as renuências das

pessoas, e prova disto, foi a articulaçom de experiências cooperativas comunitárias,

opostas à via empresarial empreendida polo ribeirao Eulogio Gómez Franqueira.

11.3.7. Cooperativismo e política institucional. O trabalho comunitário que sim

trunfou

Sob a iniciativa de dous cregos, um o de Santa Comba de Bande, José Benito Sieiro, e o

outro o crego de Parada de Outeiro (Vilar de Santos), veiculizaram-se propostas

orientadas a cooperativas de produçom, que em palavras do segundo pudessem vir a

recuperar o “espírito comunitário” de antano.

A cooperativa de Santa Comba, estava centrada na produçom leiteira, cuja importância

na Baixa-Límia, era muito maior do que a produçom agrícola, enquanto para o caso da

iniciativa de Parada de Outeiro, pretendia-se primeiro umha cooperativa de produçom e

posteriormente abrir umha secçom de consumo, a Cooperativa “O Vincallo” começava

a sua andaina em 11 de Fevereriro de 1980, mas como mesmo se ressalta nas seguintes

palavras, bem que mal, as iniciativas que logo se incorporaram ao afazeres da

Cooperativa já se vinham articulando de cedo:

147 “Nós eiquí tuvemos hai da dez ou doce anos que temos un cura que está actualizado e está ca xente, pero os que

tuvemos antes…cando veu Miguel e Manolo

t

p’aiquí , incluso os outrso curas os “cerraron”, moito, moito…o que

pasa é que iles foron moi valentes e estuveron ó lado do pueblo, quizá o pueblo non lles correspondeu como debía,

iles foron moi bos e trataron de estar ó lado, abrirlle os ollos…e…e buscarlle forma de traballar, non coma antes, o

que pasa é que, érache unha época moi mala, moi mala…” Entrevista nº2, M.F.F., Sandiás, Ourense

86

“Unha das cousas que primeiro se empezaron a traballar, foi a unión da xente através

destes actos de equipación comunitária e tamén indo pondo xa bases pra facer xa algo

mais organizado, mais autonamente organizado como por exemplo cooperativas e

cousas desas e fíxose algo en algunhas zonas, a zona de Bande, fíxose e eiquí

empezamos pola base dunha cooperativa (…) O VINCALLO”, escollemos ese nombr

(…), entonces era unha especie de símbolo da unión que nos queríamos crear na xente

e ó principio non naceu de forma xa perfectamente estruturada, senón que empezamos

a facer cousas en común, por exemplo: ter patatas, nos anos 70 (…) era cando

praticamente desparecera xa a única productora de patacas que había na Limia, había

unha productora, unha ou duas, pero solo quedara unha, iba desparecendo, apenas

tiña xa actividade e entonces a xente viu a necesidá de renovar a semente, nós

trouxemos pataca pra moitisma xente, non só pra parroquia, Vilar de Santos, senón pra

outras zonas…e bueno, pois com eso, tamén unha das cousas que empezamos xa a

traballar desde o principio coa idea de unir a xente, é facer cousas non solamente pró

agro, como podia ser iso da semente, das patacas, ó mellor, piensos tamén, tamén

abonos… pero empezamos a facer unha cousa tamén pra economia doméstica, que era

por exemplo os aceites, partindo da base tamén dunha especie de cooperativa de

consumo…entonces, aceites, sales, cousas destas fáciles de comercializar e de

distribuir e algunha cousa mais por aí…

…fixemos representantes de distintas zonas a Córdoba (España) pois a un centro de

produción de aceite importante, pois fumos vernos ali coas casas comerciales pra ver

se nos podían suministrar e algo deso fixemos…a Cooperativa quedou constituída no

ano 79, 80 ou por aí, o 77 ou por aí, ó redor dos anos 80…e o almacén fíxose, fixemolo

nós tamén, tivemos unha axuda pequena do estado…, pero o demais fixémolo nós co

nosso traballo, unha pequena cota que deu a xente…e as instalaciós eran bastante

boas.…eso xa o facíamos antes eh! Antes de quedar constituída a cooperativa, xa

comercializabamos tamén a pataca, que eran duas facetas, os insumos que se chaman,

a adquisición de produtos pra consumir e tal, na “cousa” agrícola ou na “cousa”

doméstica, como vender e como aqui non se vende a pataca, entonces empezamos a

comercializar, a entrar en contato por aí com almacéns e a vender”148

A cooperativa apresentava-se como correctora das injustiças trazidas polos

intermediários e implicava para o seu correcto desenvolvimento a colaboraçom vicinal, 148 Entrevista nº4, Anónimo, Parada de Outeiro, Vilar de Santos

87

mais umha vez foi na esfera da comunidade que as hipóteses de sucesso, medravam; no

caso de Parada de Outeiro, aliás serviu para que se produzisse um movimento eleitoral

de significativa repercussom, a ausência de siglas comprometidas para a vizinhança e a

introduçom dos desconsiderados concelhos rurais para tecer a nova realidade

institucional local, revelou-se, como um dos grandes logros que já conseguira o SAGA;

a Candidatura Independente de Vilar de Santos, foi tacticamente apoiada por este

sindicato, e a aposta saiu adiante, mediante a implicaçom de vários sindicalistas e

vizinhos do povo no processo eleitoral de 1979, entre eles, gente como o membro do

primeiro Comité Xeral do SAGA, José Nogueiras Jardón, ou o secretário da Permanente

Nacional, Xosé Antón Jardón Da Cal, ambos vizinhos do concelho de Vilar de

Santos.149

Mais dous concelhos se somaram ao sucesso eleitoral dos afins a um sindicato que se

apresentava como “apartidário”. O PSG ganhava em Porqueira, com Manuel Crespo e

em Rairiz com Francisco Rodríguez.

Conclusões

O estudo da articulaçom dos sindicatos agrários na Transición, como vimos, apenas é

um trabalho por encetar, permita-se-me sublinhar que precisamente por isso, este

149 bueno, entonces empezouse así, foi apoiada por il e formáronse as candidaturas…xuntamos os “concellos” en

cada pueblo, xuntouse o concello, dábanse unhas propostas de xente que podían ir, dous, tres ou cuatro de cada

pueblo, non?, dos que podían formar a candidatura, porque íbamos como “independientes de Vilar de Santos”

p

eh…bueno, mais ou menos os que propuñamos foi os que a xente eligiu, o sea que, fumos pueblo por pueblo pa que

todos os pueblos, non, non exactamente todos pero bueno –unha especie de concellos abertos- de que tuveran

representación na candidatura, non?... Entrevista nº 1, A.C.C., 1945, Vilar de Santos (Ourense)88

trabalho pudo ser vítima dunha certa deriva “descritivista”, toda vez que começamos

agora a caracterizar, humilde e brevemente estes actores fundamentais na

recomposiçom do mundo agrário após o fim da Ditadura.

Preliminarmente, quigera voltar apontar um dado que por anecdótico, nom deixa de ser

curioso, o estudo que foquei na Límia, inverte os protagonismos respectivos que

tiveram os principais sindicatos agrários de classe ao longo do país: Face à crescente

importância do sindicalismo agrário nacionalista vertebrado nas Comisións Labregas, e

a considerável implantaçom das Sociedades Agrárias –anteriormente Comisiós

Campesiñas- empurradas polo PCE, como as Comisións Labregas pola UPG, o SAGA,

foi um sindicato com umha presença mais humilde no conjunto do país; mas é

precisamente na Límia que o Sindicato Agrário Galego, se torna em sindicato de

referência, com umha estimável filiaçom (aproximadamente 1000 filiados) e um nom

menos considerável poder convocatória (até 500 labregos na assembleia constituinte de

17 de Setembro de 1977). As Sociedades Agrárias, vimos que dependiam em excesso

das personalidades que a integravam e das orientações que o Partido marcava em termos

de mobilizaçom, enquanto as Comisións Labregas apareciam com um certo sesgo

“estrangeirizante” impedidas pola “ocupaçom” da comarca que as CC. LL.-Terra

levárom a termo.

Tentamos fazer ver, portanto, que a vida do sindicalismo agrário galego de classe,

apresentava disfuncionalidades organizativas, que se revelarom nas impossibilidades de

articular um só sindicato agrário galego; a este respeito e do ponto de vista territorial, o

cenário de referência, por vezes, era apenas o comarcal, a singular fortaleza das

Comisiós Campesiñas nom tinha parangóm na Límia, as Comisións Labregas

capaitalizárom o descontentamento nas comarcas interiores da Corunha, mas o SAGA,

era especialmente forte, noutras realidades comarcais, como eram as do suroeste

ourensano, achamos que nom é certo, além da propaganda accionada por cada sindicato,

que se pudessem articular por todo o país, havia isso sim umha vontade, mas se

deixarmos a um lado a vontade discursiva, o certo é que a anulaçom da territorialidade

galega durante o Franquismo, apenas expressom de outras medidas coercitivas mais

concretas, retrotraiu em grande medida as pessoas a cenários mais constritos, como a

89

comarca e a paróquia, que por outra banda nom deixárom de existir como marcos

relacionais básicos.

Apesar de que medidas legislativas como a cuota empresarial agrária, ou

condicionamentos de mercado, como os preços agrários, afectavam todos os galegos e

havia um accionar dos quadros intelectuais, sindicais e políticos por integrar num marco

de injustiça coeso e “galego”; quanto a reivindicaçom, as pessoas atendiam primeiro a

critérios que tinham a ver com aquela parte das medidas governamentais que mais

inteiramente lhe atingiam. Um exemplo eloquente dá-o o campesinhado limiao quando

no 4 de Natal de 1977, com Galiza saindo à rua pola autonomia, os tractores limiaos, em

número bem mais reduzido do que no 20 de Novembro de 1977, saíam a rua sim mas

basicamente pola questom dos preços.

Em puridade, como testemunham autores como Lanero (2005) ou Collarte (2006),

numha dupla direcçom as corruptelas dos concelhos e as entidades sindicais franquistas,

figérom mui pouco, porque houvesse umha identificaçom do campesinhado com as

instituições locais.

O SAGA, portanto, nom foi na verdade, mui distinto no seu accionar, a comarcalizaçom

estrema da sua implantaçom, sim o fai, no entanto, peculiarizar a sua tabela

reivindicativa, e centrar-se directamente nas reivindicações que atingem ao nudo

comarcal no que está presente. Por seu lado a capacidade de influir do campesinhado,

manifesta-se precisamente nessa contínua eleiçom da reivindicaçom.

O repertório do protesto nom é distinto do que se accionava no resto do país, a

incorporaçom da tractorada a dito repertório, estendeu-se por outras comarcas da

Galiza, a sua eficácia residia na sua mesma inovaçom, a estupefacçom que causava

numha administraçom a cavalo de um outro cenário, de um cenário democrático, era

mesmo bem aproveitada polos campesinhos (Fernández & Sabucedo, 2004).

Compartilhamos com Mc Adam (1994) e Laraña (1999), a ideia de que há que

relativizar a importância que se lhe outorga à estrutura de oportunidades políticas

quando se opera um câmbio de regimem de um a priori com limitaçom das liberdades

fundamentais a um cenário menos restrito desse ponto de vista. A invasom da

“Política”, é relativa, toda vez, que o que se pretendeu por parte das estruturas

partidárias na Transición, polo menos, aquelas que se atribuíam serem as que marcavam

90

os ritmos transitados no caminho à democracia foi a de atenuar a viragem de regimem,

encauçar a mudança sob a latência da guerra civil e a repressom do pós-guerra (Linz,

1996).

Achamos, com efeito, que existiam outros “criadores de significados” que mesmo

canalizavam o descontentamento; a comunicaçom social e a forma como se recorreu a

ela, foi sem dúvida de tal importância na Transición, que este trabalho nom puido

escapar à sua interpretaçom, muitas vezes e foi o caso tamém da Límia, as impressões

dos campesinhos aparecem nuas, inteiramente refletidas.

Nom obviamos a implicaçom ideológica que pudessem ter os jornalistas e as facilidades

que a apertura de oportunidades políticas viesse a dar à “desnudez” das suas crónicas,

mas acontece que num cenário de falta de liberdades públicas, como foi o

Tardofranquismo, começava a verificar-se já um distinto tratamento informativo, por

seu lado como sinala Pere Ysás (2004), a multiplicaçom do protesto, era umha

evidência, e o primeiro que lhe dava consistência era o regime.

Contodo, os efeitos do regime, verificam-se ao nosso juízo, nas dificuldades para gerar

confiança por parte do sindicato agrário galego, do ponto de vista da organizaçom. A

vida económica das pessoas sob o Franquismo recém ultrapassado, fora, por muitas

vezes vigilada, controlada; as “pantasmas” desse controlo diário, dessa economia

intervida até nos afazeres domésticos, nom casava adequadamente com a vontade bem

pura que fosse, do sindicato, a de ajudar à comercializaçom da pataca; a procura de

saída aos excedentes já o pugeram em prática as Sociedades Agrárias de pré-guerra, mas

a reactualizaçom dessa prática, tivo de passar o filtro das corruptelas e amanhos das

Hermandades e a fraude sistematizada dos tempos da fome e o estraperlo. O sentimento

de fracasso, inundou os membros do Sindicato, com certeza nom havia tempo para

diagnoses históricas.

Mas, contodo, integrou-se às pessoas na vida política e sindical, sem fazer “política em

maiúsculo”, interaccionando sob o elemento central que constituía a comunidade, assi o

reconhecia o crego de Paradela, quando intermediava com o agente de Extensión

Agraria e a imprensa para que as queixas do “concello” de Paradela150, nom ficassem

esfareladas e essa defesa que o crego fixo da comunidade rural, tivo algumha

compensaçom, pois concluirá na vitória eleitoral da sua candidatura municipal de 150 Ver nota 24, p. 18

91

Porqueira, nom se importavam daquela as siglas, PSG, mas ele já fora “o alcaide da

paróquia”. Prevalecia enfim, a ideia de identidade face a ideia de ideologia.

FONTES

HEMEROGRÁFICAS

Terra

Fouce : voceiro das Comisións Labregas de Galicia : etapa de clandestinidade

(1973-1977) / estudio e edición Carlos Díaz Martínez, Ramón Muñiz de las Cuevas ;

92

epílogo Lidia Senra ; Díaz Martínez, Carlos ; Muñiz de las Cuevas, Ramón. A Coruña,

Espiral Maior, 1995

La Voz de Galicia.

La Región

El Ideal Gallego

El Correo Gallego

El País

Diario 16

A Voz do Pobo

Faro de Vigo

ORAIS

Entrevista nº 1 Entrevistado A.C.C. (1945), Vilar de Santos (Ourense)

Entrevista nº 2 Entrevistado M.F. F. (1939), Sandiás (Ourense)

Entrevista nº 3 Entrevistado C. D. F. (1932), Sandiás (Ourense)

Entrevista nº 4, Anónimo, Parada de Outeiro, Vilar de Santos (Ourense)

Entrevista nº 5, Anónimo, Ourense

Entrevista nº 6, C.M.D.F., Grou, Lóvios (Ourense)

Outra documentaçom

Renta Nacional de España. Banco de Bilbao. 1977.

Sindicato Agrario Galego. Fondo Privado. Documentaçom inédita.

93

BIBLIOGRAFIA

1º Congreso da Unión do Pobo Galego (U.P.G.). Galicia, Edicións Terra e Tempo.

Setembro de 1977

ABDÓN MATEOS .: Historia, memoria y tiempo presente” en Hispania Nova, nº 1,

junio, (1998)

AGUILAR FERNÁNDEZ, P.: Memoria y olvido de la guerra civil española. Madrid, Alianza Editorial, 1996.

BEDOYA, J. Manuel.: Memoria sobre el desagüe de la laguna Antela ó de la Limia en

la província y obispado de Orense, reino de Galicia. Por el Dr. D. Juan Manuel

Bedoya, Canónigo Cardenal de la S.I.C. de Orense, é individuo de la Real Academia de

Historia. Ourense, 1831

CABANA IGLESIA, A. & LANERO TÁBOAS, D.:“La Reactualización de la

Protesta en la Galicia Rural (1960-1980): Conflicto entorno a la “Cuota Empresarial” de

la Seguridad Social Agraria” en VIII Congreso de la Asociación de Historia

Contemporánea (AHC). Movimientos sociales en la España Contemporánea. Vitoria-

Gasteiz. 20-22 de setembro de 2006.

CABANA IGLESIA, A.: Entre a resistencia e adaptación: A sociedade rural galega

no franquismo (1939-1960). Tese de Doutoramento, USC, 2006.

94

CABANA IGLESIA, A.: “A memoria tolleita. As pegadas da represión franquista na

memoria rural galega” en Grial, 170, Tomo XLIV, abril, maio, xuño, (2006) pp 36-43

CABO VILLAVERDE, M.: O Agrarismo. Vigo, Eds A Nosa Terra, 1998.

CASTRO, X.: “A mantenza dos galegos” en A Patria Enteira. Homenaxe ao profesor

Xosé Ramón Barreiro Fernández. en Axeitos, X. L., Grandío Seoane, E. Villares R.

(eds): A Patria Enteira, Homenaxe a Xosé Ramón Barreiro Fernández, Santiago de

Compostela, Consello da Cultura Galega, Real Academia Galega, USC, 2008

COLLARTE PÉREZ, A. Labregos no Franquismo. Economia e Sociedade Rural na

Galiza Interior. As Hermandades Sindicales en Ourense (1943-1978 ). Ourense, Ed.

Difusora, 2006.

DOMÍNGUEZ CASTRO, L.: “Sindicalismo vertical y cooperativismo: Los orígenes del

cooperativismo vitícola en Ribeiro (Ourense), 1952-1967” en Tiempo de Silencio: Actas

del IV Congreso de Investigadores del Franquismo. Valencia, Fundació d’Estudis i

iniciatives sociolaborals, 1999

DOMÍNGUEZ ALMANSA, A.:“O papel da emigración na transformación da sociedade

rural galega: Asociacionismo agrario e poder local no concello de Teo (1900-1936)” en

Lourenzo Fernández Prieto et alli. (Eds), Poder local, elites e cambio social na Galicia

non urbana (1874-1936). USC, Servicio de Publicacións e Intercambio Científico,

1997.

FERNÁNDEZ, C. & SABUCEDO, XOSÉ M.: Do descontento à Acción: A

construcción social da protesta campesiña em Galiza. Vigo, Ed. Xerais, 2004.

95

FERNÁNDEZ PRIETO, L.: “Represión Franquista e desarticulación social en Galicia.

A destrucción da organización societaria campesiña” en Lourenzo Fernández Prieto

(Ed.) Terra e Progreso. Historia agraria da Galicia contemporánea. Vigo, Ed. Xerais,

2000.

FERNÁNDEZ PRIETO, L.: “Selección de innovacións nunha agricultura atlántica de

pequenas explotacións . Galicia, 1900-1936. A adopción das máquinas de mallar” en

Terra e Progreso, Historia Agraria da Galicia Contemporánea, Vigo, Xerais, 2000

FREIRE, D., FONSECA, I., & GODINHO P.: Mundo rural : transformação e

resistência na Península Ibérica (século XX). Lisboa, Edições Colibri, Centro de

Estudos de Etnologia Portuguesa, 2004.

GODINHO, P.: (2004) "Conflictividad rural en Portugal en el Estado Nuevo

(1958-1962): perspectiva general y estudio de un caso" en Historia Social, 49, Valencia,

(2004), pp. 117-133.

GUHA, R.: Las voces de la historia y otros estudios subalternos. Barcelona, Crítica,

2002

HERVÉS SAYAR E.: “O nacemento do asociacionismo campesiño na rexión

baixomiñota 1900-1905” en Fernández Prieto, L. (Ed.): Terra e Progreso, Historia

Agraria da Galicia Contemporánea, Vigo, Xerais, 2000.

96

HERVÉS SAYAR et Alii.: “Resistencia e organización. A conflictividade rural en

Galicia desde a crise do Antigo Réxime ao Franquismo” en Fernández Prieto, L. (Ed.):

Terra e Progreso, Historia Agraria da Galicia Contemporánea, Vigo, Xerais, 2000.

LANERO TÁBOAS, D.: Sindicalismo agrario franquista na provincia de Pontevedra

(1936-1975). Tese de Doutoramento, USC, 2005.

LANERO TÁBOAS D.: Memorias de José Arias ¿Mis pecados? Santiago de

Compostela, Fundación 10 de Marzo, Col. Testemuños, 2007.

LANERO TÁBOAS, D.: “El conflicto socio –ambiental en la Galicia del final del

franquismo y de la Transición a la democracia: el papel social de la prensa.” Colóquio

Internacional. Comunicação História e Política. Natal, Rio Grande do Norte (Brasil),

2007.

LARAÑA, E.: La Construcción de los Movimientos Sociales. Madrid, Alianza Editorial,

1999.

LINZ, J. J.: “La Transición a la democracia en España en perspectiva comparada” en J.

Tusell & A. Soto (eds), Historia de la Transición (1975-1986). Madrid, Alianza

Editorial, 1996.

HOBSBAWM, E.: Los Campesinos y la Política. Barcelona, Anagrama, 1986.

MOYANO ESTRADA, E.:“Ideologías y Sindicalismo Agrario en la Transición

Democrática” en Agricultura y Sociedad, 31, abril-junio 1984, pp. 33-58.

97

MARTÍNEZ CARNEIRO, X. LUIS.: Antela, A Memoria Asolagada. Vigo, Xerais,

1997

McADAM, D.: “Cultura y Movimientos Sociales, en E. Laraña & J. Gusfield (eds.),

Los nuevos movimientos sociales. De la ideología a la identidad. Madrid, Centro de

Investigaciones Sociológicas, 1994.

MÍGUEZ MACHO, A.: La Construcción de la Ciudadanía a través de los movimientos

sociales. El movimiento obrero en Galicia (1890-1936). Santiago de Compostela,

Fundación 10 de Marzo, 2007.

MORAES FERREIRA, M. DE.: “História, tempro presente e história oral” en Topoi,

Dezembro (2002), Rio de Janeiro.

NÚÑEZ SEIXAS, X.M.: Emigrantes, Caciques e Indianos. O influxo sociopolítico da

emigración transoceénica en Galicia (1900-1930). Vigo, Xerais, 1998.

PRADA RODRÍGUEZ, J. & DE JUANA, J.: “La Transición política y la Galicia

postautonómica” en Historia Contemporánea de Galicia. pp 353-392. Barcelona, Ariel,

2005.

PRADA RODRÍGUEZ, J.: Ourense (1936-1939), Alzamento, Guerra e Represión.

Sada, A Coruña, Ediciós do Castro, 2004.

98

RICO BOQUETE, E.: “Política forestal y conflictividad social en Galicia durante el

Primer Franquismo (1939-1959)” en Tiempo de Silencio: Actas del IV Congreso de

Investigadores del Franquismo. Valencia, Fundació d’Estudis i iniciatives

sociolaborals, 1999

RICO BOQUETE E.: “Liberales y emprendedores. Los Proyectos de desecación de la

laguna de Antela (A Limia, Ourense), 1827-1874” pp 841-866, en Axeitos, X.L.,

Grandío Seoane, E. Villares, R. (eds): A Patria Enteira, Homenaxe a Xosé Ramón

Barreiro Fernández, Santiago de Compostela, Consello da Cultura Galega, Real

Academia Galega, USC, 2008

ROMÁN LAGO I. & BERNÁRDEZ SOBREIRA , A.: “Agrarismo en la Galicia

contemporánea: Entre el populismo y la reivindicación social” en XI Congreso de

Historia Agraria, Aguilar de Campoo, 2005.

SANTIDRIÁN V.M.: “La Conflictivad agraria y las Comisións Campesiñas de Galicia”

en Antonio-Miguel BERNAL: Sindicalismo Jornalero y Campesino en España: Del

Franquismo a la democracia (1939-1995). Obra Inédita. 1996

SCOTT, J.: Los dominados y el arte de la resistencia. Discursos ocultos. México, Ed.

Era, 2000.

SOTO FERNÁNDEZ, DAVID.: Transformacións productivas na agricultura galega

contemporánea. Da Agricultura Orgánica á Revolución Verde (1752-1986).Unha

aproximación a partir das macromagnitudes. Tese de Doutoramento, USC, 2003.

99

SOUTELO VÁZQUEZ, R.: “Galicia nos tempos de medo e fame: Autarquía, sociedade

e mercado negro no primeiro Franquismo (1936-1959)” en Documentos de Traballo do

IDEGA, 2001.

TILLY CH, L. & RICHARD.: El Siglo Rebelde (1830-1930). Publicaciones de la

universidad de Zaragoza, 1997.

YSÁS, P.: Disidencia y Subversión. La lucha del régimen franquista por su

supervivencia, 1960—1975. Barcelona, Crítica, 2004.

100

101

APÉNDICE DOCUMENTAL

102

Recibo de pagamento das cotas do SAGA

Frontal do cartóm de filiaçom do SAGA

103

“Campaña de espallamento” do Sindicato Agrario Galego

Notícia relacionada com a mobilizaçom agrária na Límia

104

105