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1 UniRV UNIVERSIDADE DE RIO VERDE FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA BEM-ESTAR DE LEITÕES NA FASE DE CRECHE JUSCELINO JERONIMO REZENDE DE SOUZA Orientadora: Profa. Dra. MARIA CRISTINA DE OLIVEIRA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Medicina Veterinária da UniRV Universidade de Rio Verde, resultante de Estágio Supervisionado Obrigatório como parte das exigências para obtenção do título de Médico Veterinário RIO VERDE-GOIÁS 2015

UNIVERSIDADE DE RIO VERDE

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UniRV – UNIVERSIDADE DE RIO VERDE

FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA

BEM-ESTAR DE LEITÕES NA FASE DE CRECHE

JUSCELINO JERONIMO REZENDE DE SOUZA

Orientadora: Profa. Dra. MARIA CRISTINA DE OLIVEIRA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à

Faculdade de Medicina Veterinária da UniRV –

Universidade de Rio Verde, resultante de Estágio

Supervisionado Obrigatório como parte das exigências

para obtenção do título de Médico Veterinário

RIO VERDE-GOIÁS

2015

2

Dedico este trabalho a Deus e

minha família, em especialmente meus pais pela fé e confiança demonstrada. Aos meus

amigos pelo apoio incondicional.

A minha orientadora pela paciência demonstrada no decorrer deste trabalho.

Enfim a todos que de alguma forma me deram forças para concretizar meus ideais.

4

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por me oferecer o sagrado dom da vida, por ser meu

guia, por realizar meus sonhos e objetivos e por ter me dado saúde necessária para que

pudesse concluir este trabalho.

Agradeço a todos os professores desta universidade que contribuíram para a minha

formação acadêmica.

Agradeço a todos que participaram, direta ou indiretamente, para conclusão deste

trabalho.

5

RESUMO

SOUZA, J. J. R. Bem-estar de leitões na fase de creche. 2015. 51f. Trabalho de Conclusão

de Curso (Graduação em Medicina Veterinária) – UniRV – Universidade de Rio Verde,

20151.

O presente trabalho contém atividades desenvolvidas durante o Estágio Curricular

Supervisionado em Medicina Veterinária na BRF S.A, na área de extensão em suinocultura.

As atividades foram realizadas durante o período de 18/02/2015 à 21/05/2015. Durante o

estágio foram realizadas diversas atividades nas granjas do Sistema de Produção de Leitões

(SPL). A relevância do estágio supervisionado na BRF S.A está não somente na oportunidade

de aplicar os conhecimentos teóricos adquiridos na Universidade, mas, principalmente em

ampliar o conhecimento prático a campo na maior Empresa de produção de aves e suínos no

Brasil, oportunizando o relacionamento interpessoal entre profissionais da área e os

integrados.

PALAVRAS-CHAVE

Bem-estar animal, granjas, suinocultura, sistema produtor de leitão

1

Banca Examinadora: Prof . Dra. Maria Cristina de Oliveira (Orientadora); Prof.MS. Anaiza Simão

Zucatto do Amaral – (UniRV);Médica Veterinária.MS. Denise Russi Rodrigues.

6

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 Fluxograma de produção de suínos na unidade de Rio Verde – GO........ 14

FIGURA 2 Foto aérea do sistema produtor de leitões (SPL)........................................... 15

FIGURA 3 Pedilúvio fixo no corredor que facilita a aplicação de Hoofcare® na chegada

dos animais, e impede que animais deitem durante a aplicação... 17

FIGURA 4 Animal deitado na maternidade recebendo aplicação de Hoofcare®..... 18

FIGURA 5 Posição dos bebedouros que facilita a ingestão de

água................................................................................................................ 18

FIGURA 6 Baia com ração disponível, espaçamento adequado e boa limpeza diária... 19

FIGURA 7 Conservadora de vacina equipada com bateria e ligada a um estabilizador de

corrente...................................................................................................... 20

FIGURA 8 Pressão lombar de forma moderada na fêmea durante o contato focinho-

focinho com o rufião...................................................................................... 21

FIGURA 9 Fita específica para estimativa de peso, e maneira correta de utilizá-la na

determinação aproximada do peso de leitoas HS e AGPIC....................... 21

FIGURA 10 Conservadora de sêmen apropriada, equipada com ventilação interna,

bateria gerador, estabilizador de corrente e termômetro de máxima e

mínima.............................................................................................................. 22

FIGURA 11 Uso de grades para facilitar a homogeneização sem aquecer as doses e a

conservadora.................................................................................................. 23

FIGURA 12 Posicionar o rufião na frente de três a quatro leitoas a serem inseminadas,

sempre priorizando o contato focinho-focinho............................................ 23

FIGURA 13 Inseminação artificial em leitoas................................................................... 25

FIGURA 14 Fêmea em lactação no setor de maternidade............................................... 26

FIGURA 15 Fêmeas alojadas no setor de maternidade.................................................... 26

FIGURA 16 Materiais para amarração corte e desinfecção do umbigo com iodo a 10%. 28

FIGURA 17 Aplicação de medicamento preventivo (protexim)...................................... 28

FIGURA 18 Demonstrando primeiro grupo e segundo grupo de mamada parcelada... 29

FIGURA 19 Aplicação de ferro.......................................................................................... 29

FIGURA 20 Desgaste dos dentes....................................................................................... 30

FIGURA 21 Corte do último terço da cauda...................................................................... 30

FIGURA 22 Setor interno da sala de creche....................................................................... 32

FIGURA 23 Transferência da maternidade para creche e pesagem dos leitões........... 33

FIGURA 24 Consumo de ração.......................................................................................... 33

FIGURA 25 Carregamento de leitões para sistema vertical terminador......................... 36

FIGURA 26 4 bebedouros para cada 100 animais............................................................. 45

FIGURA 27 Cocho sem chupeta de água........................................................................... 46

FIGURA 28 Adequação de chupetas nos comedouros..................................................... 46

FIGURA 29 10 bebedouros para cada 100 animais.......................................................... 47

FIGURA 30 10 bebedouros para cada 100 animais.......................................................... 47

FIGURA 31 10 bebedouros para cada 100 animais......................................................... 47

8

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 Esquema de vacinação realizado nas granjas integradas à BRF.................. 18

TABELA 2 Protocolo de inseminação adotado na BRF................................................... 23

TABELA 3 Tabela de uso de medicamentos no Sistema de Produção de Leitões – SPL. 33

TABELA 4 Temperatura dos leitões na fase de creche por semana................................ 34

TABELA 5 Resultados de desempenho produtivo de leitões na fase de Creche nas 52

semanas anteriores às modificações, em 2014, e nas 10 semanas após as

modificações (2015)....................................................................................... 47

9

LISTA DE ABREVIATURAS

SPL – Sistema produtor de leitões

CA - Conversão alimentar

TCD – Termo de Compromisso de Desempenho

CADE - Conselho Administrativo de Defesa Econômica

SVT - Sistema Vertical Terminador

SVTR - Sistema Vertical de Terminação e Recria

CDG - Central de Difusão Genética

CDM - Central de Distribuição de Medicamentos

10

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................. 12

2.1. 2 DESCRIÇÃO DA EMPRESA....................................................................................... 13

2.2. 2.1 Sistema de produção de leitões................................................................................... 14

3 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES............................................................................... 15

2.3. 3.1 Gestação...................................................................................................................... 15

2.4. 3.2 Recebimento de leitoas até a cobertura...................................................................... 16

2.5. 3.3 Alojamento das leitoas................................................................................................ 17

2.6. 3.4 Vacinação.................................................................................................................... 18

2.7. 3.5 Manejo de estímulo ao cio.......................................................................................... 19

2.8. 3.6 Critérios de cobertura.................................................................................................. 20

2.9. 3.7 Inseminação de leitoas e matrizes............................................................................... 22

3.8 Maternidade................................................................................................................ 24

3.9 Preparação da maternidade para o recebimento da matriz.................................... 25

3.10 Manejo nutricional.................................................................................................... 26

3.11 Indução do parto...................................................................................................... 26

3.12 Manejo de leitões...................................................................................................... 26

3.13 Manejo de leitões no terceiro dia de vida.................................................................. 28

3.14 Manejo sanitário dos leitões...................................................................................... 30

3.15 Desmame................................................................................................................... 30

3.16 Creche....................................................................................................................... 30

3.17 Limpeza e desinfecção da sala.................................................................................. 31

3.18 Alojamento do leitão na creche................................................................................. 31

3.19 Arraçoamento de leitões na creche........................................................................... 32

3.20 Medicação................................................................................................................. 33

321 Manejo de cortina....................................................................................................... 34

3.22 Regulagem de cocho e bebedouros........................................................................... 34

3.23 Carregamento dos leitões para o SVT....................................................................... 34

4 REFERENCIAL TEÓRICO.......................................................................................... 36

4.1 Suinocultura brasileira................................................................................................ 36

4.2 Bem-estar animal na suinocultura............................................................................... 36

4.2.1 Comportamento de suínos........................................................................................ 38

4.2.2 Definições baseadas em patologias e no funcionamento biológico................... 40

4.3 Fase de creche e o bem-estar....................................................................................... 42

5 RELATO DE CASO...................................................................................................... 44

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................... 48

REFERÊNCIAS................................................................................................................ 49

12

1 INTRODUÇÃO

Este trabalho foi realizado para relatar as atividades desenvolvidas durante o Estágio

Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária realizado na BRF S.A, que localizada no

município de Rio Verde – GO na Rodovia BR 060 km 394, durante o período de 18/02/2015 a

21/05/2015 totalizando 408 horas, sob a orientação da Professora Dr. Maria Cristina de

Oliveira e supervisão do Médico Veterinário da BRF, Edilson Dias Caldas.

Durante o estágio curricular supervisionado foram realizadas diferentes atividades na

área da suinocultura nos setores de gestação, maternidade e creche. O auxílio dos Médicos

Veterinários nas granjas mostrou a importância de um profissional qualificado para o

desenvolvimento saudável dos suínos.

A escolha pela BRF S.A teve como objetivo aperfeiçoar os conhecimentos adquiridos

no decorrer do curso. As atividades vivenciadas nas visitas a campo e a observação do

comportamento dos animais auxiliaram na identificação de possíveis mudanças na estrutura

no setor de creche, que possam melhorar o bem-estar dos leitões e, consequentemente, o seu

desempenho.

Dentre os vários temas que poderiam ser abordados, foi escolhido o tema Bem-estar de

leitões na fase de creche, pois este assunto é um dos maiores desafios da suinocultura

brasileira, tendo recebido grande atenção nos meios técnicos, científicos e acadêmicos. Uma

vez que o animal esteja o mais perto possível de expressar o seu comportamento natural, as

influências negativas sobre a conversão alimentar, ganho de peso diário e mortalidade serão

minimizadas e, consequentemente, haverá melhorias nos resultados zootécnicos da granja.

.

13

2 DESCRIÇÃO DA EMPRESA

A BRF S.A. é uma empresa fruto da associação entre Perdigão e Sadia, firmada por

troca de ações, anunciada em 19 de maio de 2009 e concluída em 2012 com o cumprimento

do Termo de Compromisso de Desempenho (TCD) acordado com o Conselho Administrativo

de Defesa Econômica (CADE).

A empresa atua nos segmentos de carnes (aves, suínos e bovinos), alimentos

processados de carnes, lácteos, margarinas, massas, pizzas e vegetais congelados, com marcas

consagradas como Sadia®, Perdigão®, Batavo®, Elegê

®, Qualy

®, entre outras.

A BRF destaca-se entre as maiores empresas globais de alimentos em valor de

mercado. Respondendo por mais de 9% das exportações mundiais de proteína animal a

empresa registrou, em 2012, receita líquida de 28,5 bilhões.

Operando com 50 fábricas em todas as regiões do Brasil a empresa é uma das maiores

empregadoras do país, com cerca de 110 mil funcionários e leva seus produtos aos

consumidores em 98% do território nacional. No mercado externo, mantém nove unidades

industriais na Argentina e duas na Europa (Inglaterra e Holanda), além de 19 escritórios

comerciais para atendimento a mais de 120 países dos cinco continentes.

Um dos maiores valores da empresa é o desenvolvimento sustentável. Os pilares de

sustentabilidade foram estabelecidos pela empresa para garantir a perenidade de seus negócios

e sua competitividade no mercado global. Em 2012 os investimentos ambientais passaram os

157 milhões enquanto o investimento em desenvolvimento social foi de 1,4 milhão.

Na área da suinocultura a empresa conta com 39 granjas integradas ao Sistema

Produtor de Leitões (SPL), com as genéticas HS, PIC e TOPIGS, 161 granjas integradas ao

Sistema Vertical Terminador (SVT), e 9 granjas integradas ao Sistema Vertical de

Terminação e Recria (SVTR). Além disso, a unidade também conta com uma Central de

Difusão Genética (CDG), onde se localizam todos os reprodutores e são produzidas todas as

doses de sêmen destinadas ao SPL. Figura 1 demonstra o fluxograma de produção de suínos.

Todas as áreas contam com o apoio da Central de Distribuição de Medicamentos

(CDM), que é responsável pelo fornecimento dos medicamentos, e da fábrica de ração, que

fornece rações balanceadas aos integrados.

FIGURA 1 - Fluxograma de produção de suínos na unidade de Rio Verde – GO.

O plano de atividades é bastante amplo dentro da empresa BRF, porém o foco foi

vivenciar as atividades veterinárias realizadas a campo, como: visitas técnicas a produtores

integrados (atividade de extensão rural). Esta atividade tem por finalidade ampliar os

resultados adquiridos pelos produtores, implantando melhorias no manejo, métodos que

possam melhorar o bem-estar dos animais e solução de problemas que possam trazer prejuízos

ao integrado e a empresa, como problemas sanitários.

2.1 Sistema de produção de leitões

As granjas SPL são divididas em quatro fases: gestação, maternidade, creche e fábrica

de ração, além disso, as granjas possuem composteiras, lagoas de dejetos, biodigestores,

cinturão verde e uma barreira sanitária. A barreira é composta por dois vestiários um

masculino e outro feminino, por um escritório e um refeitório.

As granjas SPL da Unidade BRF Rio Verde – GO atendem um projeto padrão de

1.500 ou 2.300 matrizes produtivas, sendo responsáveis por produzir leitões para o SVT.

15

3 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES

As atividades foram desenvolvidas na Unidade de Rio Verde – GO da Empresa BRF,

(Figura 2) durante o período de 18/02/2015 à 21/05/2015, totalizando 408 horas, na área de

Sistema Produtor de Leitão (SPL), sob a supervisão do Médico Veterinário Edilson Dias

Caldas, Supervisor da Equipe do Sistema Produtor de Leitões.

FIGURA 2 - Foto aérea do sistema produtor de leitões (SPL).

3.1 Gestação

Descrição das atividades desenvolvidas:

Recebimentos de leitoas;

Manejo de fêmeas jovens;

Inseminação artificial;

Medicação de animais doentes;

Diagnóstico de cio;

Arraçoamento dos animais (baias, gaiolas e flushing);

Tratamento de casco;

Carregamento de fêmeas descartes;

Vacinação de leitoas e porcas;

Manejo de cortina, ventiladores e nebulizadores;

Transferência de fêmeas (gestação para a maternidade);

Indução de cio com macho;

Limpeza das instalações (baia);

Avaliação de escore corporal.

3.2 Recebimento de leitoas até a cobertura

O recebimento das leitoas ocorria a cada 15 dias e, nesta ocasião realiza-se a avaliação

visual do animal (peso, aparelho locomotor, glândulas mamárias e vulva). Caso houvesse

algum problema, no dia da visita do médico veterinário responsável pela granja, era realizado

laudo de substituição. As leitoas que apresentavam menor desenvolvimento ou problemas

sanitários eram manejadas de forma diferenciada, sendo alojadas em baias separadas, para a

sua recuperação. Também eram conferidos os brincos e tatuagens com o boletim de

identificação e, em seguida, esta leitoa entrava no Sistema PigChamp (Sistema de

Gerenciamento).

No caminho para a baia era realizado tratamento de casco, com a aplicação de

Hoofcare®

(Produto aplicado no casco, para preventivo de futuros problemas que possam

ocorrer no casco das matrizes), por meio de pedilúvio em 100% das leitoas e nos quatro

membros locomotores. Este produto era diluído em 1 litro do mesmo em 9 litros de água

(Figura 3 e 4).

FIGURA 3 - Pedilúvio fixo no corredor que facilita a aplicação de Hoofcare® na chegada dos

animais, e impede que animais deitem durante a aplicação.

FIGURA 4 - Animal deitado na maternidade recebendo aplicação de Hoofcare®.

3.3 Alojamento das leitoas

- Lavagem e desinfecção das baias.

- Verificação de todos os equipamentos (piso, cortina, comedouro, encanamento e

bebedouro), para verificar se estavam em bom estado de funcionamento (Figura 5 e 6).

Cada animal recebe uma ficha individual com as informações:

Data de nascimento.

Previsão de cobertura.

Granja origem.

Previsão de vacinas.

Espaço para anotações de cio, peso, data de transferência para o flushing, cobertura

e medicação.

FIGURA 5 – Posição dos bebedouros que facilita a ingestão de água.

FIGURA 6 - Baia com ração disponível, espaçamento adequado e boa limpeza diária.

O fornecimento de ração era conforme a genética da leitoa, ou seja, para HS e PIC

fornecia-se ração gestação à vontade até o momento de inseminação e para TOPIGS eram

fornecidos 2,5Kg de ração por leitoa até a inseminação.

3.4 Vacinação

Eram realizadas as seguintes vacinas Respisure One, Autógena APH, Circoflex, para

Mycoplasma Hyopneumonea, APP, HPS, Pasteurella sp. e Circovírus. Sendo as mesmas para

o controle de doenças respiratórias e circovirose suína. No momento da vacinação anotava-se

na ficha individual das leitoas todas as vacinas realizadas e as respectivas datas em que foram

realizadas (Tabela 1). As vacinas eram armazenadas em uma conservadora, com temperatura

entre 2 a 5 graus, conforme a Figura 7.

TABELA 1 – Esquema de vacinação realizado nas granjas integradas à BRF

Vacinas Laboratório Antígeno Dose Porcas

Porcillis ar-t MSD Pasteurella e Bordetella 2 ml Uma dose: 90 (100) dias de gestação

Somente OP 0, 1, 3 e 5

Circoflex Boehringer

Ingelhein

Circovírus - PCV2 2 ml Uma dose: 6 a 9 dias pós-parto

Autógena aph Microvet App, Pasteurella e HPS 2 ml Uma dose: 90 (100) dias de gestação

Autógena str Microvet Streptococcus suis 2 ml Uma dose: 90 (100) dias de gestação

Litterguard Zoetis E. coli e Clostridium 2 ml Uma dose: 90 (100) dias de gestação

FIGURA 7 - Conservadora de vacina equipada com bateria e ligada a um estabilizador de

corrente.

3.5 Manejo de estímulo ao cio

- Iniciava-se com o contato com o macho (rufião) conforme a idade recomendada para

cada genética.

- Genética HS e TOPIGS, iniciar com idade média de 180 dias de vida.

- Genética PIC, iniciar com a idade média de 170 dias de vida.

- Condução do rufião até a baia de leitoas uma vez ao dia, preferencialmente pela

manhã.

- Observação neste momento do reflexo de tolerância ao macho (funcionário fazia a

pressão lombar, enquanto o rufião mantinha contato focinho a focinho com a leitoa testada.

As fêmeas em cio eram marcadas e fazia-se o registro na ficha individual da leitoa), conforme

Figura 8.

- Transferência da leitoa após o cio detectado para as gaiolas/flushing, onde recebiam

a ração de gestação à vontade e ficavam nesta gaiola por, no mínimo 15 dias antes da

cobertura.

- Genética HS

Peso acima de 127 Kg ou 87 cm de flanco a flanco (Figura 9).

Idade acima de 200 dias.

- Genética AGPIC

Peso acima de 127 Kg ou 87cm de flanco a flanco.

Idade acima de 190 dias.

- Genética TOPIGS

Peso acima de 122 Kg.

Idade acima de 200 dias.

FIGURA 8 - Pressão lombar de forma moderada na fêmea durante o contato focinho-focinho

com o rufião.

FIGURA 9 - Fita específica para estimativa de peso, e maneira correta de utilizá-la na

determinação aproximada do peso de leitoas HS e AGPIC.

3.6 Critérios de cobertura

Após a detecção dos sinais de cio, outros parâmetros eram observados para cada

leitoa:

Mínimo de 15 dias de adaptação em gaiolas e flushing.

Pelo menos 15 dias de intervalo entre a segunda dose de vacina Parvosuin MR, para

as doenças Parvovírus e Erisipela, sendo a primeira dose 170 dias de idade e segunda dose

190 dias de idade e a cobertura.

Se a fêmea é saudável, sem nenhum problema sanitário nos últimos 15 dias.

Genéticas HS

- Peso ideal entre 140 e 150 kg (mínimo 135 kg).

- Idade superior a 220 dias.

- Segundo cio ou mais.

Genética AGPIC

- Peso ideal entre 140 e 150 kg (mínimo 135kg).

- Idade superior a 210 dias.

- Segundo cio ou mais.

Genética TOPIGS

- Peso ideal entre 130 kg e 150 kg

- Idade superior a 220 dias

- Segundo cio ou mais.

As figuras 10, 11 e 12 representam a conservação de sêmen, homogeneização e o

momento da inseminação artificial.

FIGURA 10 - Conservadora de sêmen apropriada, equipada com ventilação interna, bateria

gerador, estabilizador de corrente e termômetro de máxima e mínima. Com

temperatura ideal de 16 graus.

FIGURA 11 - Uso de grades para facilitar a homogeneização sem aquecer as doses e a

conservadora.

FIGURA 12 - Posicionar o rufião na frente de três a quatro leitoas a serem inseminadas,

sempre priorizando o contato focinho-focinho.

3.7 Inseminação de leitoas e matrizes

Sequência de eventos que fazem parte da rotina de inseminação de leitoas e matrizes:

Separar todo o material necessário para realizar a inseminação

- Pipetas descartáveis

- Papel toalha

- Gel lubrificante

- Cintas com peso (ou elásticas)

- Caixa térmica com o sêmen

Posicionar o rufião em frente das leitoas a serem inseminadas.

- Utilizar-se um rufião na frente de três ou quatro leitoas a serem inseminadas.

- Posicionava-se o rufião de forma que as fêmeas estivessem mais próximas possíveis

do focinho do rufião.

Testar o cio antes de iniciar o processo de limpeza e introdução da pipeta.

- Colocar-se a cinta na leitoa a ser inseminada. A leitoa em cio ficará “travada”, e o

processo de limpeza e introdução da pipeta será facilitado.

- Se a granja optar pelo não uso da cinta, o funcionário precisa estimular a fêmea

fazendo a pressão lombar levemente.

- Nunca iniciar a inseminação com uma fêmea apresentando reflexo de tolerância ao

macho negativo.

Em caso de reflexo de tolerância positivo, iniciar a inseminação propriamente dita:

- Limpar a vulva externamente com papel seco, e descartar.

- Lubrificar a ponta da pipeta descartável moderadamente.

- Abrir a vulva com uma mão, e introduzir a pipeta com a outra até sentir a fixação na

cérvix.

- Acoplar a dose.

- Estimular a leitoa que está sendo inseminada, mesmo que ela esteja com a cinta.

- Ao final da dose, lembrar que ainda pode haver sêmen na pipeta. Esperar mais um

minuto para que toda a dose seja introduzida dentro da fêmea.

- Fechar a ponta da pipeta, e a deixá-la por mais alguns minutos.

- O rufião pode permanecer na frente das fêmeas inseminadas. O melhor é utilizar dois

rufiões na inseminação de leitoas: o 1º para a inseminação propriamente dita, e o 2º para

realizar o estímulo por mais tempo nas fêmeas recém inseminadas.

- Retirar as pipetas e descartá-las.

As leitoas e Matrizes deverão ser inseminadas conforme o protocolo descrito na

Tabela 2, (diagnóstico de cio de manhã, inseminação artificial á tarde, segunda dose 24 horas

após a primeira, á tarde e terceira dose desde que as leitoas apresentem reflexo de tolerância

ao macho ocorrer no período da tarde).

TABELA 2 – Protocolo de inseminação adotado na BRF

DIAGNÓSTICO DE CIO 1ª DOSE 2ª DOSE 3ª DOSE

MANHÃ TARDE TARDE TARDE

Após 21 dias de lactação, as matrizes vão do setor maternidade para a gestação, onde

receberão ração à vontade até o momento da inseminação. O intervalo de desmame – cio é de

aproximadamente cinco dias. Neste momento as matrizes eram selecionadas novamente para

observação de quais continuarão no plantel, de acordo com a avaliação dos parâmetros:

aprumo, escore de condição corporal, idade da fêmea e índices de nascidos.

A detecção de cio da matriz era realizada diariamente, no período da manhã, e as

inseminações eram realizadas no período da tarde (primeira e segunda doses) e se necessária

terceira dose de sêmen. Conforme demonstrado na figura 13.

FIGURA 13 - Inseminação artificial em leitoas.

3.8 Maternidade

Na maternidade são recebidas as matrizes para a fase de lactação (Figura 14) com,

aproximadamente, 110 dias de gestação. Atividades desenvolvidas na maternidade:

Limpeza e desinfecção da maternidade;

Transferência das fêmeas gestantes;

Tratamento de casco;

Acompanhamento do parto;

Manejo dos leitões recém nascidos (corte do umbigo, secagem do leitão com pó

secante, ingestão de colostro e mamada parcelada);

Toque;

Toalete (tatuagem, corte do último terço da calda, aplicação de ferro e aplicação de

medicamento preventivo para diarréia);

Uniformização de leitões;

Medicação e vacinação de matrizes;

Medicação em leitões doentes;

Desmame e transferência de leitões para a creche.

FIGURA 14 - Fêmea em lactação no setor de maternidade.

3.9 Preparação da maternidade para o recebimento da matriz

A sala era higienizada antes do recebimento das matrizes e ocorria vazio sanitário

mínimo de 48 horas após a saída do lote anterior. As porcas devem ser transferidas no mínimo

6 dias antes da data do parto previsto, para que possam se adaptar ao novo ambiente e não

ocorra estresse no momento do parto (Figura 15).

Figura 15 - Fêmeas alojadas no setor de maternidade.

3.10 Manejo nutricional

Fêmeas AgroceresPIC®

e HiperSadia®

Assim que eram alojadas na maternidade, as fêmeas recebiam 2,0 kg de ração de

lactação até o dia do parto. No dia do parto, estas matrizes recebiam somente 0,5 kg de ração.

Após o parto, a ração é liberada à vontade para estas fêmeas. Para fêmeas primíparas e/ou

debilitadas era realizado um manejo com o fornecimento de 0,250 kg/fêmea/dia de Aminoplus

colocado acima da ração lactação, a partir do 7º dia pós-parto.

Fêmeas Topigs®

Era fornecido Aminoplus da mesma maneira que para as demais, porém no pós-parto

as fêmeas começavam recebendo 2,0 kg de ração lactação e esta quantidade era aumentada

em 1,0 kg de ração por dia, até o 6º dia. Dessa maneira, no 6º dia as fêmeas recebiam 7,0 kg

de ração/dia. A partir do 7º a ração é liberada à vontade para estas matrizes.

3.11 Indução do parto

A finalidade deste procedimento é de concentrar os partos nos dias da semana e

durante o dia, para garantir que o manejo ao parto seja realizado da maneira correta e

intensificada, uma vez que nos finais de semana e durante a noite a mão de obra é restrita.

Porém, observa-se que a média de gestação de muitas granjas é de 115,6 dias, portanto era

recomendado nunca induzir antes dos 114 dias de gestação. Sempre ficando muito atento aos

sinais de parto antes de induzir: inquietação, ejeção de leite, rompimento da bolsa e

eliminação de mecônio.

3.12 Manejo de leitões

Era oferecido um ambiente limpo, desinfetado, aquecido e com higienização nas baias

3 vezes ao dia (antes e após o parto). Após o nascimento, os leitões eram limpos e secos com

pó secante, aplicava-se 1 ml via oral de medicamentos preventivos para diarréia (Protexin)

(Figura 17), o cordão umbilical era amarrado de 3 a 5 cm da barriga, e cortado com posterior

desinfecção com iodo 10% (Figura 16).

FIGURA 16 - Materiais para amarração corte e desinfecção do umbigo com iodo a 10%.

FIGURA 17 - Aplicação de medicamento preventivo (protexim).

Após essa etapa é muito importante à ingestão de colostro de cada leitão. Essa

ingestão era facilitada com a “mamada parcelada” (Figura 18), que consiste na identificação

dos seis primeiros leitões que nasciam e que eram postos para ingerir o colostro. Após o

nascimento do sétimo leitão, fechava os seis primeiros no escamoteador para que os últimos a

nascer pudessem ser amamentados, fazendo o revezamento entre eles de 30 em 30min durante

as seis primeiras horas.

GRUPO I GRUPO II

FIGURA 18 - Demonstrando primeiro grupo e segundo grupo de mamada parcelada.

Após a ingestão de colostro e encerramento do parto, os leitões em excesso eram

distribuídos para que cada matriz ficasse com, no máximo, 14 leitões.

3.13 Manejo de leitões no terceiro dia de vida

Aplicação de ferro

Era realizada a aplicação de ferro Dextran, para prevenção da anemia dos leitões,

aplicação intramuscular (Figura 19).

FIGURA 19 - Aplicação de ferro.

Desgaste dos dentes

Utiliza-se um aparelho de desgaste dos dentes, que gera menor inflamação da gengiva

em relação ao método antigo de corte com alicate (Figura 20).

FIGURA 20 - Desgaste dos dentes.

Corte do último terço da cauda

Esse corte é realizado como medida preventiva contra canibalismo no setor de creche e

terminação. Cortava-se a cauda com um aparelho que possui uma lamina aquecida, que

realiza o corte e a cauterização da cauda, facilitando sua cicatrização e evitando infecções

secundárias (Figura 21).

FIGURA 21 - Corte do último terço da cauda.

Tatuagem dos leitões

Cada granja possui um número específico (código), com a qual é possível identificar a

origem de cada leitão.

3.14 Manejo sanitário dos leitões

O manejo sanitário dos leitões tem como finalidade controlar as doenças que

acometem estes animais. Durante o período de aleitamento parte das leitegadas apresentavam

diarréia, principalmente na primeira e segunda semana de vida, geralmente Colibacilose

Neonatal e Isosporose.

Estes animais eram tratados com Enrofloxacina, Tilosina, Lincomicina e Ceftiofur. Na

maioria dos casos medicava-se toda a leitegada em uma dose de 0,3 ml em três aplicações de

Bioxel (Ceftiofur). No caso da Isosporose era feita a medicação preventiva com o

coccidiostático Baycox®,1 ml via oral, aos três dias de idade.

3.15 Desmame

O desmame ocorria aos 21 dias de idade, sendo os animais separados por sexo,

pesados e, posteriormente, encaminhados à creche. Esta fase é denominada janela imunológica,

pois há um declínio da imunidade passiva que foi transferida pela mãe e a imunidade ativa ainda não

está completamente desenvolvida.

3.16 Creche

Atividades desenvolvidas no setor de creche:

Lavagem e desinfecção da sala;

Transferência de leitões desmamados;

Pesagem na entrada da creche;

Uniformização dos leitões (grande, médio e pequeno);

Regulagem de cocho e bebedouros;

Manejo de cortina;

Medicação e vacinação de leitões;

Seleção e pesagem de leitões para o SVT;

Esse setor recebe leitões da maternidade com 21 dias de idade, com peso médio de 6

kg onde ficavam alojados por, aproximadamente, 42 dias, sendo depois carregados para o

SVT com a média de 22 kg (Figura 22).

,

FIGURA 22 - Setor interno da sala de creche.

3.17 Limpeza e desinfecção da sala

Após o carregamento dos animais retirava-se toda sujeira orgânica grossa (fezes)

utilizando-se bomba de alta pressão e lavando toda superfície da instalação (tetos, vigas,

pilares, cantos, cortinas, paredes, portas, pisos, utensílios e valas coletoras internas);

Realizava-se manutenção de equipamentos e instalações (cochos, chupetas, pisos)

antes da aplicação do detergente e desinfetante.

Aplicava-se detergente na instalação em toda superfície da sala de creche (tetos,

vigas, pilares, cantos, cortinas, paredes, portas, pisos, utensílios e valas coletoras internas)

deixando agir por, no mínimo, 30 minutos e enxaguava-se com água em alta pressão.

Após secagem da instalação, realizava-se a desinfecção em toda superfície (tetos,

vigas, pilares, cantos, cortinas, paredes, portas, pisos, utensílios e valas coletoras internas).

Iniciava-se então o período de vazio sanitário, no qual as cortinas deviam estar

erguidas e a sala totalmente vedada, impedindo a entrada de pessoas ou animais por 72h.

3.18 Alojamento do leitão na creche

Os leitões eram conduzidos cuidadosamente até a balança, usando tábuas de manejo.

Colocava-se, aproximadamente, 40 leitões por balança e após a pesagem, eram

encaminhados á sala de alojamento (Figura 23).

O alojamento dos animais era feito com separação de sexo, tamanho e com

quantidades iguais por baia.

FIGURA 23 - Transferência da maternidade para creche e pesagem dos leitões.

3.19 Arraçoamento de leitões na creche

Quantidade kg ração/animal.

Papinha (0,350 gr)

Pré-inicial 1 (1,5 kg)

Pré-inicial 2 (2.5 kg)

Pré-inicial 3 (4 kg)

Inicial (Até transferência SVT).

Consumo de ração demonstrado na figura 24.

FIGURA 24 - Consumo de ração.

3.20 Medicação

A monitoria de cada sala da creche era realizada três vezes ao dia por um funcionário

que passava no meio dos leitões avaliando e marcando algum animal que apresentasse sinais

clínicos, tais como: artrite, problemas entéricos, respiratórios e refugagem. Os animais eram

medicados posteriormente conforme a Tabela 3.

TABELA 3 - Tabela de uso de medicamentos no Sistema de Produção de Leitões - SPL

1ª opção 2ª opção 3ª opção 4ª opção 1ª opção 2ª opção 3ª opção

Pesos AGROVET PLUS (penicilina) VETRIMOXIN L.A (amoxilina) AGEMOXI 15% (amoxicilina) AGROPLUS (ampicilina) VETFLOGIN (diclofenaco) FLUNIXIN (flunixin meglumine) CORTIFLAN (dexametasona)

6 0,3 ml 0,6 ml 0,6 ml 0,6 ml 0,2 ml 0,2 ml 0,2 ml

7 a 10 Kg 0,5 ml 1 ml 1 ml 1 ml 0,3 ml 0,3 ml 0,3 ml

11 a 16 Kg 0,8 ml 1,5 ml 1,5 ml 1,5 ml 0,4 ml 0,4 ml 0,4 ml

17 a 22 Kg 1,1 ml 2 ml 2 ml 2 ml 0,5 ml 0,5 ml 0,5 ml

AGROVET PLUS (penicilina) VETRIMOXIN L.A (amoxilina) AGEMOXI 15% (amoxicilina) Agroplus (ampicilina) xxxxx xxxxx xxxxx

6 0,3 ml 0,6 ml 0,6 ml 0,6 ml xxxxx xxxxx xxxxx

7 a 10 Kg 0,5 ml 1 ml 1 ml 1 ml xxxxx xxxxx xxxxx

11 a 16 Kg 0,8 ml 1,5 ml 1,5 ml 1,5 ml xxxxx xxxxx xxxxx

17 a 22 Kg 1,1 ml 2 ml 2 ml 2 ml xxxxx xxxxx xxxxx

IFLOX (enrofloxacina) KINETOMAX (enrofloxacina) SpectoLin (lincomicina) GENTRIN (gentamicina) xxxxx xxxxx xxxxx

6 0,3 ml 0,5 ml 0,6 ml 0,6 ml xxxxx xxxxx xxxxx

7 a 10 Kg 0,5 ml 0,7 ml 1 ml 1 ml xxxxx xxxxx xxxxx

11 a 16 Kg 0,8 ml 1,2 ml 1,5 ml 1,5 ml xxxxx xxxxx xxxxx

17 a 22 Kg 1,1 ml 1,5 ml 2 ml 2 ml xxxxx xxxxx xxxxx

DENAGARD (tiamulina) TYLADEN (tilosina) xxxxx xxxxx xxxxx xxxxx xxxxx

6 0,3 ml 0,3 ml xxxxx xxxxx xxxxx xxxxx xxxxx

7 a 10 Kg 0,5 ml 0,5 ml xxxxx xxxxx xxxxx xxxxx xxxxx

11 a 16 Kg 0,8 ml 0,8 ml xxxxx xxxxx xxxxx xxxxx xxxxx

17 a 22 Kg 1,1 ml 1,1 ml xxxxx xxxxx xxxxx xxxxx xxxxx

AGROVET PLUS (penicilina) VETRIMOXIN L.A (amoxilina) AGEMOXI 15% (amoxicilina) xxxxx VETFLOGIN (diclofenaco) FLUNIXIN (flunixin meglumine) xxxxx

6 0,3 ml 0,6 ml 0,6 ml xxxxx 0,2 ml 0,2 ml xxxxx

7 a 10 Kg 0,5 ml 1 ml 1 ml xxxxx 0,3 ml 0,3 ml xxxxx

11 a 16 Kg 0,8 ml 1,5 ml 1,5 ml xxxxx 0,4 ml 0,4 ml xxxxx

17 a 22 Kg 1,1 ml 2 ml 2 ml xxxxx 0,5 ml 0,5 ml xxxxx

VETRIMOXIN L.A (amoxilina) AGEMOXI 15% (amoxicilina) AGROVET PLUS (penicilina) AGROVET PLUS (penicilina) VETFLOGIN (diclofenaco) FLUNIXIN (flunixin meglumine) xxxxx

6 0,6 ml 0,6 ml 0,3 ml 0,3 ml 0,2 ml 0,2 ml xxxxx

7 a 10 Kg 1 ml 1 ml 0,5 ml 0,5 ml 0,3 ml 0,3 ml xxxxx

11 a 16 Kg 1,5 ml 1,5 ml 0,8 ml 0,8 ml 0,4 ml 0,4 ml xxxxx

17 a 22 Kg 2 ml 2 ml 1,1 ml 1,1 ml 0,5 ml 0,5 ml xxxxx

VETRIMOXIN L.A (amoxilina) AGEMOXI 15% (amoxicilina) ROFLIN (florfenicol) KINETOMAX (enrofloxacina) VETFLOGIN (diclofenaco) FLUNIXIN (flunixin meglumine) xxxxx

6 0,6 ml 0,6 ml 0,5 ml 0,5 ml 0,2 ml 0,2 ml xxxxx

7 a 10 Kg 1 ml 1 ml 0,7 ml 0,7 ml 0,3 ml 0,3 ml xxxxx

11 a 16 Kg 1,5 ml 1,5 ml 1,2 ml 1,2 ml 0,4 ml 0,4 ml xxxxx

17 a 22 Kg 2 ml 2 ml 1,5 ml 1,5 ml 0,5 ml 0,5 ml xxxxx

DENAGARD (tiamulina) TYLADEN (tilosina) xxxxx xxxxx xxxxx xxxxx xxxxx

6 0,3 ml 0,3 ml xxxxx xxxxx xxxxx xxxxx xxxxx

7 a 10 Kg 0,5 ml 0,5 ml xxxxx xxxxx xxxxx xxxxx xxxxx

11 a 16 Kg 0,8 ml 0,8 ml xxxxx xxxxx xxxxx xxxxx xxxxx

17 a 22 Kg 1,1 ml 1,1 ml xxxxx xxxxx xxxxx xxxxx xxxxx

AGROVET PLUS (penicilina) VETRIMOXIN L.A (amoxilina) AGEMOXI 15% (amoxicilina) AGROPLUS (ampicilina) VETFLOGIN (diclofenaco) FLUNIXIN (flunixin meglumine) xxxxx

6 0,3 ml 0,6 ml 0,6 ml 0,6 ml 0,2 ml 0,2 ml xxxxx

7 a 10 Kg 0,5 ml 1 ml 1 ml 1 ml 0,3 ml 0,3 ml xxxxx

11 a 16 Kg 0,8 ml 1,5 ml 1,5 ml 1,5 ml 0,4 ml 0,4 ml xxxxx

17 a 22 Kg 1,1 ml 2 ml 2 ml 2 ml 0,5 ml 0,5 ml xxxxx

Obs: Aplicar ANTINFLAMATÓRIO 30 minutos antes da aplicação do ANTIBIÓTICO. Repetir a recomendação em todas as aplicações até recuperação do animal. É imprtante fornecer água e ração em pequenas quantidades várias vezes ao dia.

Tosse com catarro, febre, apatia e respiração

abdominal (BATEDEIRA).

PROBLEMA RESPIRATÓRIO E

REFUGAGEM

Obs: Nos animais mais debilitados ou de enfermaria deve-se associar um antinflamatório.

Cauda ou orelha dilacerada, ato de comer a

cauda, dor e inflamação.CANIBALISMO

Obs: Nos animais mais debilitados ou de enfermaria deve-se associar um antinflamatório e aplicar HOOF CARE no local da ferida diariamente.

PROB. NERVOSO (ENCEFALITE

/ MENINGITE)

Incoordenação motora, sonolência, febre alta,

animais "pedalando"

Pesos

ECZEMA ÚMIDO (PROB. PELE)

Obs: Nos casos mais severos realizar associado à medicação injetável banho diário com tintura de iodo a 2 % por 3 a 5 dias.

ANTIBIÓTICO ANTINFLAMATÓRIOSPesos

Fezes amolecidas, pastosas, líquidas, de cores

variadas sem presença de sangue

ANTIBIÓTICO ANTINFLAMATÓRIOS

Pesos ANTIBIÓTICO ANTINFLAMATÓRIOS

Pesos ANTINFLAMATÓRIOS

Pesos

ANTIBIÓTICO ANTINFLAMATÓRIOS

ANTIBIÓTICO ANTINFLAMATÓRIOS

PROBLEMA RESPIRATÓRIO Tosse seca persistente, sem catarro

Pesos ANTIBIÓTICO ANTINFLAMATÓRIOS

DIARRÉIAS COM SANGUEFezes amolecidas, líquidas, escuras ou

avermelhadas, normalmente com sangue. (ILEÍTE)

Pesos

ARTRITEAumento de volume nas articulações, manqueira,

dor e inflamação.

Pesos

Aumento de volume abaixo da pele que quando

perfurado sai pús.

Obs: abrir com bisturi e fazer limpeza injetando 5-10 ml de tintura de IODO e aplicar um cicatrizante (Matabicheira)

ABSCESSO / OTOHEMATOMA

Pele espessada, machucada, com crostas,

cascão.

ANTIBIÓTICO

ANTIBIÓTICO ANTINFLAMATÓRIOS

TABELA DE USO DE MEDICAMENTOS SPL - LEITÕES DE CRECHE

DOENÇAS SINAIS CLÍNICOS ANIMAIS

ANTIBIÓTICO ANTINFLAMATÓRIOS

DIARRÉIAS SEM SANGUE

3.21 Manejo de cortina

As cortinas eram manejadas sempre que necessário, após a avaliação do

comportamento dos leitões e da observação da temperatura da sala pelo termômetro (Tabela

4). Muito importante verificar a presença de gás (amônia) e, caso haja o acúmulo deste gás,

realizar o ajuste da cortina.

TABELA 4 – Temperatura dos leitões na fase de creche por semana

SEMANA TEMP. MÍNIMA TEMP. MÁXIMA

1° 27°C 32°C

2° 26°C 30°C

3° 24°C 28°C

4° 22°C 26°C

5° 22°C 25°C

6° 22°C 24°C

7° 21°C 24°C

3.22 Regulagem de cocho e bebedouros

Os bebedouros eram regulados conforme o crescimento dos animais, sendo a altura

recomendada aquela em que a chupeta fique na altura do dorso do animal, avaliada pelo

menor animal da baia. É recomendado que cada chupeta apresente vazão de 0,500ml por

minuto. Já a regulagem de cocho era feita durante todo o período de creche, abrindo o cocho o

máximo possível, sem desperdício e todos padronizados.

3.23 Carregamento dos leitões para o SVT

Soltavam os leitões no corredor e eles eram pesados de 10 em 10 na balança e eram

conduzidos até o caminhão, conforme figura 25.

Todos os leitões a serem transportados ficavam em jejum de 8 horas. Não eram

carregados animais com os seguintes sinais clínicos: peso baixo (menor que 18 kg), hérnia,

necrose de orelha, canibalismo, artrite, problema de pele, cifose, refugo e pálidos.

FIGURA 25 - Carregamento de leitões para sistema vertical terminador.

37

4 REFERENCIAL TEÓRICO

4.1 Suinocultura brasileira

A agropecuária é uma importante atividade para a economia brasileira, tanto na

geração de divisas, pela magnitude das exportações, quanto na geração de empregos, diretos e

indiretos, e renda. Entre os diversos setores produtivos que fazem parte da agropecuária, se

destaca a suinocultura (PADRÃO; DOROW, 2015).

A carne suína é considerada a fonte de proteína, animal, mais consumida no mundo,

sendo praticamente o dobro da carne bovina, porém, no Brasil, a carne bovina ainda é a mais

consumida (USDA, 2015).

Segundo dados do USDA (2015) o Brasil possui uma produção de 3,37 milhões de

toneladas de carne suína, o que representa 3% do total produzido no mundo.

Atualmente no Brasil, a suinocultura é realizada em sua grande maioria de forma

bastante profissional, integrada à indústria de processamento evitando, assim, a maioria das

oscilações pontuais que podem afetar a produção (PADRÃO; DOROW, 2015).

No cenário atual, a carne suína brasileira é produzida com alta tecnologia, manejo e

também possui certificação sanitária. A produção, hoje, ocorre em propriedades pequenas,

médias e integradas a grandes processadores como as empresas BR Foods, Grupo Marfrig,

Cooperativa Copérdia entre outras (SEAB, 2013).

4.2 Bem-estar animal na suinocultura

Os estudos de cientistas e filósofos sobre o bem-estar animal (BEA) começaram a ser

desenvolvidos na década 70 com o objetivo de entender e articular o bom relacionamento

entre os animais e o homem. Esses estudos foram impulsionados pelo interesse público em

saber como os animais eram criados e tratados (FRASER, 2000).

Nos dias atuais, o BEA é um dos assuntos mais polêmicos e, embora não seja um

conceito novo, nota-se a sua crescente importância no cenário suinícola mundial,

principalmente por ser um requisito demandado pelos mercados internacionais consumidores

da carne suína brasileira (MAIA et AL., 2013).

O BEA é um conceito científico que descreve uma qualidade de vida potencialmente

mensurável de um ser vivo em um determinado momento, no entanto, ressalta-se que a

abordagem científica do tema deve estar amplamente distinta da ética (BROOM, 2011).

Bem-estar é um termo utilizado para animais, incluindo-se o ser humano. É

considerado de importância especial por muitas pessoas; porém, requer uma definição estrita

se a intenção é a sua utilização de modo efetivo e consistente. Um conceito claramente

definido é necessário para sua utilização em medições científicas precisas, em documentos

legais e em declarações e discussões públicas (BROOM; MOLENTO, 2004).

Ao relacionar o termo saúde com o bem-estar deve-se compreender que o mesmo se

refere a um estado de harmonia, de equilíbrio dos sistemas corporais que participam do

combate aos patógenos, da recuperação dos danos teciduais e/ ou dos transtornos fisiológicos.

Portanto, a saúde pode ser definida como um estado positivo do animal em relação às

tentativas de enfrentar uma patologia (BROOM, 2011).

Para melhor compreender o conceito de bem-estar animal, é necessário entender

também os conceitos da homeostasia sendo que esta é um fator determinante para a

manutenção do equilíbrio ou o estado de constância do meio interno que, em essência, é

decorrente das funções desempenhadas por todos os órgãos e tecidos do corpo sendo assim, o

bem-estar é comprometido quando o animal não consegue manter a homeostase ou quando a

mantém sob elevado esforço (MANTECA et al.,2013).

O controle homeostático e feito dos diferentes sistemas de controle do animal, que

quando estimulados têm a necessidade de recorrer a recursos para atendê-los (DIAS et al.,

2014).

O BEA está intimamente ligado à ausência de uma resposta fisiológica ao estresse, ou

pelo menos à ausência de uma ampla resposta, pois quando o animal é confrontado com uma

alteração no ambiente, a adaptação envolve uma série de respostas fisiológicas para manter o

equilíbrio homeostático, e essas respostas podem ser agudas ou crônicas dependendo da

duração da ativação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (DIAS et al., 2014).

Assim, o BEA deve ser visto de forma ampla, desde as instalações na criação,

passando pela alimentação, considerando os aspectos sanitários e genéticos, e finalmente o

transporte e o abate em estabelecimentos adequados, garantindo um produto final da melhor

qualidade (CANDIANI et al., 2008).

BEA se refere a ações humanas que procuram melhorar o bem-estar animal, sendo que

este pode variar entre muito ruim e muito bom, porém não podemos simplesmente pensar em

preservar e garantir o bem-estar, mas sim em melhorá-lo ou assegurar que ele é bom,

(POLETTO, 2010).

De acordo com Maia et al (2013), as definições de bem-estar se classificam de modo

positivo, indicando ausência de sofrimento ou estresse, e são baseadas nos princípios de bem-

estar embasados nas cinco liberdades dos animais, onde se relata que os animais devem ser

livres de fome e sede, de desconforto, de dor, sofrimento e doenças, de medo e angústia e

livre para expressar seu comportamento natural.

Baptista et al. (2011) relatou que assim como o conceito, a avaliação do bem-estar na

produção de suínos é complexa e envolve vários fatores, desde instalações, ambiente e até o

manejo,podendo ser realizada por meio de aspectos comportamentais, fisiológicos, sanitários

e produtivos.

Independente do conceito de bem-estar é preciso inserir no sistema de criação medidas

que visem melhorar o BEA, atendendo pelo menos o conceito das “cinco liberdades” (MAIA

et al., 2013).

4.2.1 Comportamento de suínos

Bergeron et al. (2008) citou que algumas necessidades de comportamento são

imprescindíveis para a manutenção do bem-estar dos suínos, pois quando não são atendidas

alteram a produtividade e causa padecimento mental. As necessidades de comportamento em

que o suíno é altamente motivado envolvem:

1. Necessidade de exploração, busca de alimento;

2. Necessidade de locomoção;

3. Necessidade de construção do ninho antes do parto;

4. Necessidade de contato social.

A observação das alterações comportamentais é um dos métodos mais rápidos e

práticos para a avaliação do BEA. Nesta observação é possível mensurar estado do indivíduo

em relação ao seu ambiente. Os comportamentos destrutivos são aqueles que causam lesões

nos animais, tais como: as mordeduras e os vícios de sucção da cauda, orelha, flanco e vulva,

bem como os comportamentos agressivos (POLETTO, 2010).

Esses comportamentos podem estar relacionados com uma série de fatores

estressantes, causados por problemas nas instalações e no manejo inadequado dos animais e

são chamados de estereotipias (CANDIANI et al., 2008).

Estereotipia é uma forma particular de comportamento anormal, e pode ser descrita

como movimento repetitivo que ocorre várias vezes e ocupa quantidade substancial do tempo

do animal (MAIA et al., 2013).

Quando os suínos são confinados em baias ou presos por amarras por longo tempo,

alguns indivíduos evidenciam comportamentos estereotipados, enquanto outros se tornam

extremamente inativos e não responsivos. Nos suínos, as estereotipias mais comuns são

enrolar a língua, falsa mastigação e mastigação de parte das instalações como, por exemplo,

barras, portas, entre outros (POLETTO, 2010).

O comportamento apático, evidenciado pela inatividade excessiva, ocorre quando o

ambiente não é estimulante. Esse tipo comportamental indica que o indivíduo em questão está

com dificuldade em lidar com o ambiente em que ele vive (BROOM, 2011).

O ambiente do sistema de criação intensivo influi diretamente na condição de conforto

e BEA, por promover dificuldade na manutenção do balanço térmico no interior das

instalações, na qualidade química do ar e na expressão dos comportamentos naturais, afetando

o desempenho produtivo e reprodutivo dos suínos (BROOM; FRASER, 2010).

Broom e Molento (2004) descreveram alguns indicadores de BEA afirmando que estes

fatores podem ser mensurados por meio de avaliações fisiológicas, tais como a frequência

cardíaca, a atividade da glândula adrenal e a resposta do sistema imunológico.

Baptista et al. (2011) descreveram o comportamento como uma das característica mais

importantes na avaliação do BEA, pois é fundamental nas adaptações das funções biológicas e

representa a parte do organismo que interage com o ambiente.

Broom e Fraser (2010) avaliaram leitegadas submetidas a três tratamentos: a

manutenção da leitegada na baia maternidade, a transferência de uma leitegada para a creche e

a mistura de duas leitegadas de nove a 12 semanas alojadas na creche. Os autores concluíram

que a mistura de leitões de diferentes origens foi o fator que mais afetou o BEA, evidenciado

pela grande inquietação e pelas interações agonísticas, frisando que essas interações podem

causar lesões na pele e aumentar a susceptibilidade do animal às doenças, sendo que a

mudança de ambiente físico também contribuiu com o estresse durante o desmame e

potencializou a incidência de interações agonísticas e a frequência de vocalizações.

Os diversos comportamentos apresentados pelos animais nada mais são do que um

reflexo do estado emocional ou fisiológico causado por um evento externo aos quais estão

submetidos. A vocalização é a produção de sons capaz de exprimir uma sensação animal,

podendo ocorrer de forma espontânea, como parte de seu repertório natural ou ser mediado

por fatores que alterem o bem-estar particular de cada indivíduo (RISI, 2010).

A pressão sonora também é um indicativo de BEA, podendo ser facilmente mensurada

através de decibel metro. Os registros do nível de pressão sonora e vocalização destacam-se

como metodologia inovadora (não-invasiva) de indicativo comportamental, sendo que o termo

"pressão sonora" se refere à vocalização de um grupo de animais enquanto que o termo

"vocalização" representa o som emitido individualmente por um animal, variando de acordo

com as situações ambientais às quais os animais são submetidos (TOLON et al., 2010).O

Departamento do Meio ambiente, Alimentos e Assuntos Rurais do Reino Unido criou o

“Código de Recomendação para o Bem-estar na Criação de Suínos”, em que consta a

recomendação de valores de pressão sonora abaixo de 85 dB (DEFRA, 2003).

Tolon et al. (2010) citaram que acima desse nível de pressão sonora (85dB), o animal

poderá ficar impossibilitado de desenvolver seu comportamento natural e os grunhidos, curtos

ou longos, podem indicar situações de comportamentos exploratórios e ameaças, bem de

contato e excitação em massa.

A falta de conhecimento da importância das necessidades comportamentais pode

desfavorecer a maximização da produtividade, pois tem sido aceito que, desempenhar os

comportamentos típicos da espécie contribui para a aptidão biológica do animal, porém, para

demonstrar que uma necessidade é realmente verdadeira, deve-se mostrar que a falta do

atendimento da mesma necessidade, resulta em comprometimento do bem-estar, com

consequências negativas quando essas ações não podem ser realizadas de forma satisfatória

(MANTECA et al., 2013).

O BEA estaria adequado quando são cumpridas as seguintes condições: nutrição

adequada; conforto térmico e físico; ausência de enfermidades e lesões; possibilidade de

expressar as condutas próprias da espécie, sobretudo as que o animal demonstra forte

motivação; e ausência de dor ou estresse intenso ou duradouro (MANTECA, 2011).

4.2.2 Definições baseadas em patologias e no funcionamento biológico

Segundo Morés (2000) a suinocultura moderna, as doenças que afetam os animais

podem ser alocadas em dois grandes grupos:

1) Doenças epizoóticas, causadas por agentes infecciosos específicos que se

caracterizam por apresentar alto índice de contagio e altas taxas de morbidade e mortalidade;

2) Doenças multifatoriais de etiologia complexa (doenças de rebanho) que tendem a

permanecer nos rebanhos de forma enzoótica, afetando muitos animais,com baixa taxa de

mortalidade, mas com impacto econômico acentuado, devido a seu efeito negativo sobre os

índices produtivos do rebanho.

Segundo Morés e Amaral (2001), a aplicação de diferentes inovações tecnológicas aos

sistemas intensivos de produção de suínos tem gerado alguns problemas relacionados com a

saúde e o bem-estar dos animais nas granjas modernas. O novo sistema de criação baseado na

alta produtividade vem promovendo mudanças substanciais no ambiente criatório dos suínos,

particularmente porque promovem alterações expressivas na flora microbiana e exploram ao

máximo a capacidade de adaptação dos animais ao ambiente.

Zanella (1995) descreveu a relação homem-animal, como sendo um dos principais

fatores que desencadeiam a mudança no microbismo, ou seja, presença, no organismo, de

micróbios não patogênicos, ambiental, sendo que a demanda exagerada dos mecanismos de

adaptação conduzem ao surgimento de doenças de etiologia complexa, que desencadeiam a

presença de enfermidades multifatoriais.

No ambiente de sistemas de criação com alta produtividade são observadas várias

patologias, tais como desordens do aparelho locomotor, infecções geniturinárias, infestações

parasitárias, prolapso retal ou vaginal, mordedura de cauda e de vulva, anorexia, úlceras

gástricas massivas, torsão do mesentério e índices de mortalidade equivalentes (BROOM e

MOLENTO, 2004).

Na suinocultura brasileira um dos maiores problemas é o estresse térmico que causa

problemas relacionados ao estado imunológico do animal. Sempre que um animal é

submetido a um estresse prolongado, a concentração de corticóides aumenta na corrente

sanguínea, atuando deforma antagônica ao sistema imunológico, ou seja, há uma redução na

resposta imune permitindo a instalação de um processo infeccioso (RISI, 2010).

A fase de creche é um período crítico na produção de leitões, devido à ocorrência de

problemas de desempenho e de ordem sanitária, principalmente, a síndrome da diarréia pós-

desmame (SDPD) e a doença do edema (DE), entretanto, essas patologias são consideradas de

etiologia multifatorial, onde agentes infecciosos como E. colie o Rotavirus, exercem seu

poder patogênico, predominantemente, em lotes de leitões sob condição de risco (MORÉS;

AMARAL, 2001).

Outro fator que aumenta a troca de patógenos é a mistura de leitegadas, pois favorece

a suscetibilidade às infecções em um momento em que a imunidade passiva é baixa, paralelo

ao momento em que ocorrem mudanças drásticas na alimentação (DIAS et al., 2014).

O bem-estar é considerado reduzido nas situações onde o animal sofre por doenças e

injúrias, sendo que na outra ponta, o bem-estar será indicado pelos níveis de crescimento e

reprodução observados funcionamento normal dos processos fisiológicos e comportamentais,

e através das altas taxas de longevidade e aptidão física (DUNCAN; FRASER, 1997).

4.3 Fase de creche e o bem-estar

A alta taxa de mortalidade de leitões lactentes é um grave problema produtivo sendo

assim um dos principais desafios de bem-estar na suinocultura (DIAS et al., 2014).

O desmame é a etapa do manejo mais traumática para o leitão devido à separação da

matriz suína, a acomodação em outro grupo social com as consequentes brigas para

estabelecer a nova hierarquia, a brusca mudança na composição da dieta e a adaptação aos

novos ambiente e manejo e estes fatores são estressantes e determinam a queda no

desempenho deste anima (VISENTINI et al., 2008).

A conduta dos suínos quanto ao comportamento ao desmame é similar a dos javalis

selvagens. Os leitões são desmamados naturalmente ente 14 e 17 semanas de idade e, neste

período, eles diminuem gradualmente a frequência de mamadas aumentando assim a ingestão

de outros alimentos, ficando assim independentes da mãe (DIAS et al., 2014).

No entanto, em condições intensivas de produção, o desmame ocorre entre 21 e 28

dias de idade, de forma brusca, ocasionando situações adversas aos leitões. É uma fase muito

crítica, pois o leitão está submetido a vários fatores estressantes simultaneamente que agem de

maneira antagônica ao bem-estar do leitão (DIAS et al., 2014).

As abordagens para facilitar a transição entre a maternidade e a creche devem

contemplar a minimização dos estressores fisiológicos e psicológicos, como o aumento do

tempo em que a mãe e os filhotes ficam separados antes do desmame e tornando a dieta mais

atrativa para o lactente (MANTECA; GASA, 2008).

O maior efeito do estresse desta fase é o baixo consumo alimentar e os reflexos na taxa

de crescimento. Pode-se reduzir o estresse do desmame por meio da realização de desmame

com leitões com peso mais elevado e melhora das condições de alojamento e manejo na fase

da creche. Os principais cuidados de BEA na fase de creche estão relacionados também ao

uso adequado do piso, ambiência térmica e, no futuro próximo, na relação de comedores por

animal e densidade por metro quadrado (DIAS et al., 2014).

Estes fatores são muito importantes para todo o desenvolvimento do animal, pois, se

um leitão menor precisar disputar espaço para se alimentar com outros mais pesados, a

tendência é que se alimente mal e tenha o desenvolvimento prejudicado, pondera

(MANTECA; GASA, 2008).

45

5 RELATO DE CASO

Problema: no período do estágio curricular, foi realizada uma visita técnica na Granja

Avelino Marcon, pois o proprietário se queixava de que a conversão alimentar (C.A) na fase

de Creche estava muito ruim, quando comparado com a meta estabelecida pela BRF S/A que

é de 1,55.

Após vistoria no referido Setor, foi possível observar que o número de bebedouros do

tipo chupeta era inadequado. A recomendação é de 1 bebedouro para cada 10 leitões e na

Granja havia 1 para cada 25 leitões (Figura 26).

Foi constatado também o baixo nível de Bem-estar a que os animais estavam

submetidos devido ao baixo consumo de água por alguns deles. Em dias com alta

temperatura, notou-se que grande parte dos animais ficava agrupados embaixo dos poucos

bebedouros que havia em busca de melhor conforto térmico e impedindo que os demais

animais da baia consumissem água adequadamente durante grande parte do dia.

Observou-se também que os comedouros estavam desprovidos de chupetas de água,

diminuindo o consumo de água e também de ração, conforme demonstrado na Figura 27.

FIGURA 26 - 4 bebedouros para cada 100 animais.

FIGURA 27 - Cocho sem chupeta de água.

Diagnóstico: devido à falta de conforto térmico e baixo consumo de água, os animais

consumiam ração adequadamente somente nas horas frescas do dia, prejudicando,

consequentemente, o desempenho produtivo da leitegada com elevada conversão alimentar.

Solução: foi proposto ao proprietário a adequação do número de bebedouros por

animal para 1 para 10 leitões, sendo que os mesmos deveriam ser instalados em vários pontos

da baia (Figuras 29,30 e 31) e a adição de chupetas nos comedouros (Figura 28).

Tal proposta visa melhorar o consumo de água por animal e ambiência dos leitões na

fase final de creche. Dessa maneira, os leitões ficarão mais dispersos na baia em dias de altas

temperaturas, o acesso à água será maior e, melhor consumo de água resulta em melhor

consumo de ração e melhor absorção de nutrientes, reduzindo assim a conversão alimentar.

FIGURA 28 – Adequação de chupetas nos comedouros.

FIGURA 29 – 10 bebedouros para cada 100 animais.

FIGURA 30 – 10 bebedouros para cada 100 animais.

FIGURA 31 – 10 bebedouros para cada 100 animais.

Verificação dos resultados: após a adequação pelo proprietário, foram coletados os

resultados de desempenho da fase de Creche durante 10 semanas que foram comparados com

os resultados obtidos nas 52 semanas anteriores às modificações propostas (Tabela 5).

TABELA 5 - Resultados de desempenho produtivo de leitões na fase de Creche nas 52

semanas anteriores às modificações, em 2014, e nas 10 semanas após as

modificações (2015)

Resultados da Granja 52 Semanas de 2014 10 Semanas de 2015

Conversão Alimentar 1.704 1.511

Ganho de peso diário 0.393 0.390

Depois da adequação o proprietário relatou que está satisfeito com os resultados, pois

houve uma melhoria de 11,33% (193 gramas) na conversão alimentar dos leitões.

49

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estágio supervisionado na BRF S.A contribuiu grandemente para meu crescimento

pessoal e profissional, demonstrando o quanto é importante e útil à vivência de campo,

servindo para ampliar os conhecimentos adquiridos durante o curso de Medicina Veterinária,

assim pude colocar em prática tudo que foi visto em minha graduação, principalmente na área

de Bem-estar animal.

Por ser um dos temas de grande importância e relevância na suinocultura atual e

futura, o Bem-estar na suinocultura passa a ser primordial para o sucesso nos índices

zootécnicos e no futuro próximo, será um fator primordial para exportação da carne suína.

Por fim, deve-se ressaltar que o estágio proporciona maior segurança e a certeza de

que o profissional “Médico Veterinário” escolheu a área de maior afinidade durante a vida

acadêmica.

50

REFERÊNCIAS

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