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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE COMUNICAÇÃO SOCIAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL CAMILA GARCIA KIELING ENTRE A LANÇA E A PRENSA: CONHECIMENTO E REALIDADE NO DISCURSO DO JORNAL O POVO (1838-1840) Porto Alegre 2010

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL

FACULDADE DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL

CAMILA GARCIA KIELING

ENTRE A LANÇA E A PRENSA: CONHECIMENTO E REALIDADE NO DISCURSO DO JORNAL O POVO

(1838-1840)

Porto Alegre

2010

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CAMILA GARCIA KIELING

ENTRE A LANÇA E A PRENSA: CONHECIMENTO E REALIDADE NO DISCURSO DO JORNAL O POVO

(1838-1840)

Dissertação apresentada como requisito para obtenção do título de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação Faculdade de Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

Orientador: Professor Dr. Antonio Hohlfeldt

Porto Alegre

2010

K47e Kieling, Camila Garcia Entre a lança e a prensa: conhecimento e realidade no

discurso do jornal O Povo (1838 - 1840) / Camila Garcia Kieling. - 2010.

249f. ; 27 cm. Dissertação (mestrado) – Programa de Pós-Graduação em

Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2010.

1. Comunicação. 2. Jornalismo impresso. 3. Imprensa – Brasil

– história. 4. “O Povo” – análise do discurso. 4. Revolução Farroupilha – imprensa – história. I. Título.

CDU 070(091)(043.3)

Catalogação na fonte: Paula Pêgas de Lima CRB 10/1229

CAMILA GARCIA KIELING

ENTRE A LANÇA E A PRENSA: CONHECIMENTO E REALIDADE NO DISCURSO DO JORNAL O POVO

(1838-1840)

Dissertação apresentada como requisito para obtenção do título de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação Faculdade de Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

Aprovada em____de__________de________.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Antonio Hohlfeldt – PUCRS

______________________

Prof. Dr. Moacyr Flores – FURG

______________________

Prof. Dr. Juremir Machado da Silva – PUCRS

______________________

Dedico este trabalho aos meus pais, Delmar e Vera.

RESUMO

Nossa pesquisa apresenta uma análise das relações entre conhecimento e realidade através do discurso do jornal O Povo, o primeiro periódico oficial da República Rio-Grandense, que circulou de 1838 a 1840, na cidade de Piratini e depois em Caçapava, no Rio Grande do Sul. A publicação do jornal está inserida no contexto da Revolução Farroupilha, uma das revoltas provinciais que marcaram o período regencial brasileiro.

Para tanto, nossos referenciais teóricos são a Sociologia Fenomenológica de Alfred Schutz, em seu interesse nas relações entre consciência e realidade, a noção de dispositivo, apresentada por Maurice Mouillaud, e a Análise do Discurso de Patrick Charaudeau, através da sua teoria da enunciação.

Aplicada ao campo da Comunicação, a Fenomenologia vê os fenômenos midiáticos como mediadores das subjetividades, reforçando ou confrontando os significados construídos na vida cotidiana. Através dos meios de comunicação, é possível entrar em contato com as relevâncias e tipificações presentes em determinada sociedade. Nosso objeto de análise foi o discurso presente no jornal, visto como uma situação de comunicação, ou seja, o encontro de quatro sujeitos da fala submetidos a um contexto de expectativas, onde determinados contratos e estratégias estão em jogo.

As 160 edições d’O Povo, jornal Político, literário e ministerial da República Rio-Grandense, permitem analisar alguns dos significados partilhados pelos revolucionários republicanos na vida cotidiana, como a questão da legalidade, a influência do pensamento liberal, a participação dos escravos, a constituição dos símbolos pátrios, a visão do papel feminino na sociedade. Além disso, a pesquisa revela procedimentos e características específicos dos jornais brasileiros da primeira metade do século XIX, um momento em que houve, nas palavras de Morel (2003), uma verdadeira “explosão da palavra pública”.

Palavras-chave: Comunicação, História da imprensa brasileira,

Revolução Farroupilha, O Povo, Análise do Discurso, Sociologia Fenomenológica.

ABSTRACT

Our research is an analysis of the relations between knowledge and reality, using the discourse of newspaper O Povo, the first official newspaper of the Rio-Grandense Republic, which circulated from 1838 to 1840, first in Piratini and afterwards in Caçapava, cities of the state of Rio Grande do Sul. The publication of O Povo was inserted into the context of the War of the Farrapos, one of the provincial rebellions that marked Brazil’s regency period.

In order to accomplish this analysis, we used as theoretical references Alfred Schutz’s Sociological Phenomenology on account of its interest in the relations between consciousness and reality, the concept of device, as it was presented by Maurice Mouillaud, and the enunciation theory in Patrick Charaudeau’s Discourse Analysis.

Phenomenology, as applied to the field of Communication, understands mediatic phenomena as mediators between subjectivities, reinforcing or confronting the meanings constructed in daily life. It is possible, through the media, to come into contact with the relevancies and typifications present in a particular society. Our subject of analysis was the discourse practiced by O Povo seen as communication situation, that is, the meeting of four discourse subjects inside an expectational context, where certain contracts and strategies are at play.

160 issues of the political, literary and ministerial newspaper O Povo, allowed us to analyse some of the meanings shared by republican revolutionaries in their daily lives, such as the question of legality, the influence of liberal thought, the participation of slaves, the establishment of patriotic symbols, the opinion on women’s role in society. Moreover, this research revealed procedures and characteristics particular to Brazilian newspapers in the first half of the nineteenth century, a time when there was, in the words of Morel (2003), a true “explosion of the public voice”.

Keywords: Communication, History of Brazilian press, War of the

Farrapos, O Povo, Discourse Analysis, Sociological Phenomenology.

SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 09 1 A IMPRENSA OITOCENTISTA EM PERSPECTIVA ............................................... 13

1.1 O Período Regencial: um laboratório de práticas políticas e sociais .......... 16 1.2 Século XIX: jornalismo, política e opinião ................................................... 23 1.3 Imprensa na História e História na Imprensa: modos de ler ....................... 30

2 AS MÚLTIPLAS HISTÓRIAS DA REVOLUÇÃO FARROUPILHA .......................... 37

2.1 A historiografia sul-rio-grandense e a Revolução de 1835 ......................... 38 2.2 O Cotidiano na República Rio-Grandense .................................................. 49 2.3 A Revolução Farroupilha: momentos decisivos .......................................... 55

3 A SOCIOLOGIA FENOMENOLÓGICA E A ANÁLISE DO DISCURSO COMO LENTES ....................................................................................................... 71

3.1 Fenomenologia Schutziana: uma ponte entre o conhecimento e o mundo da vida ............................................................................................. 73

3.1.1 Traços biográficos .............................................................................. 73 3.1.2 A sociabilidade na obra de Schutz ..................................................... 75 3.1.3 Husserl, Weber, Bergson: três influências ......................................... 77 3.1.4 A atitude natural, o mundo da vida e seus significados ..................... 81 3.1.5 Relevância e Tipificação: Conceitos-chave ....................................... 86

3.1.6 A Fenomenologia Social e a Teoria da Comunicação ....................... 91

3.2 A Análise do Discurso como técnica ........................................................... 96 3.2.1 A Análise do Discurso de Patrick Charaudeau ................................ 100 3.2.2 O discurso nos textos midiáticos...................................................... 106

4. NAS VEREDAS DA OPINIÃO, O JORNALISMO .................................................. 114

4.1 O Povo e seu dispositivo ........................................................................... 114 4.2 O Povo e a situação de comunicação ....................................................... 125 4.3 Mundo da vida, relevâncias e tipificações no cotidiano da República Rio-Grandense .................................................................... 135

4.3.1 Os Brasileiros Americanos ............................................................... 138 4.3.2 A “Galegalidade” versus “a República de Pilha-tinim” ..................... 141 4.3.3 O que pode e o que não pode: eis a questão da legalidade ............ 146 4.3.4 Os símbolos da Revolução .............................................................. 151 4.3.5 Mulheres: o belo sexo entre os farroupilhas .................................... 158 4.3.6 Os escravos do Império e os escravos de cor ................................. 163 4.3.7 Os planos para o futuro através dos textos de doutrina .................. 170 4.3.8 O Povo e seu status midiático ......................................................... 175

CONCLUSÃO ............................................................................................................. 184 REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 191 APÊNDICE A – Tabela do jornal O Povo ................................................................ 195

INTRODUÇÃO

Esta pesquisa teve início com a vontade de estudar os discursos

jornalísticos e literários do século XIX que tivessem como tema a Revolução

Farroupilha, interesse surgido durante as aulas de um pós-graduação em

Literatura Brasileira. A idéia era realizar um estudo interdisciplinar, já que nosso

campo de origem é a Comunicação, com o objetivo de entender as relações

entre os modos de produção e os efeitos discursivos nas manifestações

jornalísticas e literárias sobre o tema.

O primeiro passo foi pesquisar o corpus, e então entramos em

contato com o jornal O Povo, primeiro periódico oficial da República Rio-

Grandense. Com as aulas e a convivência no programa de Pós-Graduação da

Famecos, e também com a necessidade de reduzir o foco do trabalho, a

pesquisa mudou, principalmente porque uma dificuldade mostrou-se constante:

justificar o estudo de um objeto que não se insere na perspectiva de

comunicação de massa. Afirmação controversa, que fez surgir outras

perguntas: o que se produziu nos periódicos da primeira metade do século XIX

pode ser classificado como jornalismo ou constituía-se apenas de opinião e

propaganda política? Quais parâmetros podem ser utilizados para essa

definição? Ao aprofundar o contato com o jornal O Povo, surgiram ainda outras

dúvidas: qual o papel de um periódico oficial naquele momento histórico?

Como o discurso oficial foi articulado com as idéias e com a realidade cotidiana

da época?

Centrando-nos nesses questionamentos, optamos por deixar de lado

o cruzamento com a literatura, pois entendemos que aí já estava estruturada a

10

pesquisa. Com a revisão bibliográfica, descobrimos outros pesquisadores

interessados em um olhar cultural sobre jornais do século XIX, e que circulam

com naturalidade pela Comunicação e pela História, como Ana Paula Goulart,

Marcello Basile, Marco Morel, Marialva Barbosa e Tânia Regina de Luca. Estes

primeiros referenciais teóricos foram essenciais no delineamento da pesquisa,

já que nos permitiram entender que nossas desconfianças e perguntas tinham

fundamento e relevância científica.

A partir desse momento, foi possível, em conjunto com nosso

orientador, definir os referenciais metodológicos e a teoria, além montar o

sumário que serviu de meta para as leituras e para a produção do texto da

dissertação.

Das perguntas iniciais, mais genéricas, centramos nossa pesquisa

nos seguintes problemas:

• Como articular Jornalismo e História de forma a perceber os

periódicos em sua dimensão cultural, e não entendê-los apenas

como uma fonte da verdade ou apenas reflexo de uma infra-

estrutura sócio-econômica?

• De que forma o dispositivo do jornal O Povo revela noções de

procedimentos jornalísticos característicos da primeira metade do

século XIX?

• Em vista do referencial metodológico de Alfred Schutz, de que

forma o discurso presente no jornal O Povo desempenha um

papel de articulador entre conhecimento e realidade?

Estimulados por esses questionamentos, nossos objetivos são:

• Tensionar alguns conceitos que articulam Jornalismo e História,

buscando entender de que forma esses discursos são

construídos no intuito de produzir “palavras para crer”, na

expressão de Pesavento (2006);

• Elaborar um levantamento acerca da Sociologia Fenomenológica

de Alfred Schutz e descrever a técnica de Análise do Discurso de

Patrick Charaudeau;

11

• Promover um levantamento histórico e historiográfico a respeito

da Revolução Farroupilha (1835-1845);

• Conectar o jornal O Povo ao seu dispositivo e a sua situação de

comunicação, de acordo com as teorias de Maurice Mouillaud e

Patrick Charaudeau, a fim de analisar as particularidades da

construção de um periódico da primeira metade do século XIX;

• Examinar de que forma conhecimento e realidade, e as

relevâncias e tipificações estão articuladas nos textos do jornal.

A fim de atingir esses objetivos, estruturamos nosso trabalho em

quatro capítulos: três deles teóricos, e um último, de análise. No primeiro

capítulo, dedicamo-nos à contextualização histórica do período regencial,

destacando o preponderante papel dos periódicos nessa etapa da história

brasileira. Também aprofundamos algumas características dos jornais da

primeira metade do século XIX e, finalmente, tensionamos a relação entre

Jornalismo e História, em suas semelhanças e diferenças na ligação com o

tempo e os fatos. São referenciais importantes para este capítulo os autores

interessados no olhar cultural sobre os periódicos do século XIX, citados

anteriormente.

No capítulo 2, apresentamos um panorama da vasta produção

historiográfica sobre a Revolução Farroupilha, apoiando-nos, principalmente,

nas obras de Ieda Gutfreind e Moacyr Flores. Este último também é a fonte

principal de um breve levantamento de características do cotidiano da

República Rio-Grandense. Na etapa final, elencamos alguns dos principais

episódios da Revolução Farroupilha (1835-1845), trazendo a perspectiva de

diferentes historiadores, como Alfredo Varela, Dante de Laytano, Sandra

Pesavento e Moacyr Flores.

No capítulo 3, realizamos a descrição das opções teóricas e

metodológicas que norteiam nossa pesquisa. A Sociologia Fenomenológica,

sedimentada por Alfred Schutz, serve de guia, preocupada com o terreno da

sociabilidade, da intersubjetividade e da ação da consciência na interpretação

do mundo cotidiano. Essa abordagem, aplicada pelo autor português João

Carlos Correia (2005) no terreno da comunicação, vê os discursos midiáticos

como mediadores das subjetividades e articula noções da teoria do jornalismo,

12

como os valores-notícia, com o sistema de relevâncias e tipificações de Schutz.

O discurso presente nas páginas do jornal é a ponte para entender a província

de significados dos republicanos rio-grandenses e, para acessá-la, optamos

por utilizar como técnica a Análise do Discurso, tal como proposta por Patrick

Charaudeau.

No capítulo 4, chegamos à análise propriamente dita, onde

discutimos em profundidade as principais características do dispositivo do

jornal O Povo, enquadrando-o em uma situação de comunicação e destacando

algumas das principais relevâncias e tipificações presentes em suas páginas.

Destacamos, nesta etapa, a realização de um levantamento, em forma de

tabela, de todas as 160 edições do jornal, apresentada no Apêndice A.

Por fim, articulamos o levantamento realizado na análise d’O Povo

com seus status midiático, procurando desvendar seu sistema de relevâncias e

seu papel como mediador de subjetividades, cumprindo, finalmente, os

objetivos de nossa pesquisa.

1 A IMPRENSA OITOCENTISTA EM PERSPECTIVA

“Uma República não pode existir sem um povo virtuoso”1

A afirmação que utilizamos como epígrafe fala da relevância da

educação para o processo republicano, afirmativa expressa nas páginas do

jornal O Povo, nosso objeto de estudo. A educação seria parte de um

processo, onde o povo reconhece suas necessidades e procura entender o

melhor jeito de remediá-las. Esse ideal demonstra com propriedade a relação

complexa entre o mundo das idéias e a vida cotidiana: é preciso conhecer para

experimentar e experimentar para conhecer.

Nosso estudo concentra-se na análise das relações entre

conhecimento e realidade através do jornal O Povo, publicado de 1838 a 1840.

Trata-se do primeiro periódico oficial da República Rio-Grandense, o governo

que dominou parte do território da Província de São Pedro do Rio Grande do

Sul, entre 11 de setembro de 1836 e 1º de março de 1845, durante a

Revolução Farroupilha (1835-1845), conflito que surge no contexto de

diferentes revoltas das províncias periféricas durante o período regencial.

O confronto entre farrapos e legalistas deu-se para além dos

campos de batalha, refletindo-se também nos jornais. Apesar de incipiente (o

primeiro jornal da província, o Diário de Porto Alegre, data de 1827), a

imprensa sul-rio-grandense também representou a grande agitação política do

período regencial brasileiro: “As publicações periódicas serviam então às duas

causas em conflito, pois tanto farroupilhas quanto legalistas organizaram uma 1 O Povo, n. 155, p. 654. Todas as referências ao jornal têm como base a edição fac-similada publicada pelo Museu e Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul, em 1930.

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série de periódicos através dos quais defendiam suas idéias e atacavam-se

mutuamente” (ALVES, 2000, p.19).

O Povo foi o mais longevo periódico oficial da República Rio-

Grandense. Circulou entre 1838 e 1840, e começou a ser editado na cidade de

Piratini, somando 160 edições. Os equipamentos necessários para a impressão

foram comprados pelo Ministro da Fazenda Domingos José de Almeida, com o

produto da venda de 17 escravos (HARTMANN, 2002). O primeiro redator d’O

Povo foi Luiz Rossetti, um italiano refugiado no Brasil, partidário do movimento

Jovem Itália2, que pretendia a unificação de seu país. De acordo com

Riopardense de Macedo (1994), autor do precioso levantamento Imprensa farroupilha, o italiano ajudou a produzir uma “propaganda republicana de bom

nível que já ensaiava críticas aos processos próprios da burguesia” (p. 7).

À luta política, econômica e militar, somou-se a peleja simbólica,

provocadora de grandes gestos e paixões, os quais repercutiram de diversas

formas na vida cotidiana da sociedade sulina, incluindo a imprensa. Se

“Napoleão Bonaparte dizia que três pasquins raivosos são mais perigosos que

mil baionetas” (BONES, 1996, p. 122), parece que os farroupilhas entenderam

bem o recado, tratando de produzir suas próprias versões dos fatos.

Acessível de forma completa através da edição em fac-símile

produzida em 1930, pelo então Museu e Arquivo Histórico do Rio Grande do

Sul (hoje Museu Julio de Castilhos), O Povo vem sendo utilizado como uma

rica fonte para o estudo histórico da Revolução Farroupilha, pois, como jornal

político, literário e ministerial da República Rio-Grandense, registrou em suas

páginas uma grande quantidade de informações, como decretos, ofícios e

manifestos da época.

O que nos interessa nessa dissertação, porém, é a dimensão

simbólica do discurso produzido no jornal, visto com olhos do pesquisador no

tempo presente, lacuna já assinalada por Riopardense de Macedo, no seu

Imprensa farroupilha, ao comentar “as apagadas cores” das comemorações

do sesquicentenário da Revolução, em 1985:

2 O movimento Jovem Itália foi fundado por Giuseppe Mazzini, em 1831, em Marselha. Dissidente da Carboneria, sua intenção era “promover a insurreição popular republicana, com a participação do povo, que os liberais evitavam” (BONES, 1996, p. 82). Em 1832, passa a publicar um jornal homônimo ao movimento, onde afirma: “As revoluções têm que ser feitas pelo povo e para o povo. Não podem ser mera substituição de uma aristocracia por outra” (BONES, 1996, p.82-83).

15

Faltou, no entanto, um novo trabalho de interpretação de fontes primárias, um mergulho na grande Revolução com as preocupações do presente, uma monografia que recuperasse a informação, especialmente aquelas experiências para os dias de hoje; enfim, faltou um trabalho de recriação de documentos para a realidade presente (MACEDO, 1994, p. 15).

O historiador Nelson Werneck Sodré, autor do clássico História da imprensa no Brasil (1999), também aponta a importância do uso dos jornais

como fonte de pesquisa no estudo da Revolução:

Sem a leitura de O Povo, que circulou de 1838 a 1840, de O

Mensageiro, que circulou de 1842 a 1843, da Estrela do Sul, que circulou em 1843 e uns poucos mais, a história farroupilha é incompleta. Nessas folhas, impressas quase sempre sob condições extremamente difíceis, o movimento ficou espelhado, em todos os seus traços, os gerais e os particulares (SODRÉ, 1999, p. 131).

Longe de querer suprir a ausência apontada por Riopardense de

Macedo, nossa intenção é contribuir para a discussão, utilizando instrumentos

do campo da Comunicação. Desta forma, acreditamos cooperar para um

movimento de renovação do olhar sobre os periódicos produzidos na primeira

metade do século XIX. Ao iniciar essa jornada, torna-se necessário entender

mais a fundo o período regencial no Brasil, que se destaca pela riqueza de

confrontos e de alianças entre grupos de interesses diversos, o que foi vivido

de forma intensa pela imprensa da época. Utilizamos, para este fim, o trabalho

de historiadores que se preocuparam em valorizar os jornais como fonte de

pesquisa, em adequação ao propósito do nosso estudo.

16

1.1 O PERÍODO REGENCIAL:

UM LABORATÓRIO DE PRÁTICAS POLÍTICAS E SOCIAIS

As regências no Brasil têm começo com a abdicação de D. Pedro I,

em 7 de abril de 1831. A renúncia do monarca, que havia proclamado a

independência do país nove anos antes, em 7 de setembro de 1822, foi o ponto

alto de uma série de fatores, entre eles a inflação e o aumento no custo de vida

que colocaram elites, classe média e o povo em geral do mesmo lado. A

incipiente imprensa brasileira, que havia desembarcado no país em 1808, junto

com a Família Real portuguesa, teve um papel decisivo na derrocada do

Imperador. De acordo com Silva (1992), os jornais, em sua maioria de

oposição, atacavam violentamente D. Pedro I e o assassinato do jornalista

opositor Líbero Badaró3 funcionou como pólvora para agitações, passeatas,

discursos, quebra-quebras e ataques generalizados aos portugueses.

No campo político, a monarquia, recém-instalada após a

independência, encarava enfrentamentos externos e internos. A Guerra

Cisplatina colocava Brasil e Argentina em confronto pelo território que hoje

corresponde ao Uruguai. Em 1826, a Assembléia Geral Legislativa do Império

do Brasil, que correspondia à Câmara dos Deputados, e o Senado começavam

suas atividades, abrindo um canal para a manifestação dos diversos interesses

políticos em jogo, o que se refletiu também na imprensa (MOREL, 2003).

Em termos econômicos, a situação também não era fácil. A inflação

onerava cada vez mais a população e, além disso, uma das principais fontes

de renda do governo monárquico, a cobrança de impostos sobre produtos

importados, enfrentava o descontentamento dos fornecedores não

contemplados com a taxa diferencial oferecida à Inglaterra. O Tratado de

Aliança e Amizade com este país foi renovado em 1827, o que garantia uma

taxa de 15% sobre os produtos ingleses, em detrimento dos 24% cobrados

sobre os derivados de outros países (MOREL, 2003). Com a pressão externa,

o que preponderou foi o nivelamento por baixo, causando uma forte queda de

arrecadação. As tentativas de aumentar os impostos sobre os produtos

3 Giovanni Battista Líbero Badaró escrevia no jornal O Observador Constitucional, surgido em 1829.

17

internos eram barradas na Câmara dos Deputados, o que causou ainda mais

desgaste político entre o governo monárquico e as lideranças das províncias.

Nesse cenário, os produtores de café do Rio de Janeiro e do Vale do Paraíba

representavam 44% do total das exportações, número que explicita a sua

relevância política (SILVA, 1992).

A grave crise econômica e financeira fez com que o Brasil buscasse

ainda maiores empréstimos com a Inglaterra (que começaram em 1824), o que

agravou a dívida externa. Entre a população em geral, acirravam-se os ânimos

entre brasileiros e portugueses, revelando-se um acentuado anti-lusitanismo.

As relações com a Europa pareciam mesmo estremecidas. Morel (2003, p. 14-

15) destaca a relevância dada pelos jornais da época a um caso de troca de

agressões entre um fazendeiro brasileiro e marinheiros franceses em setembro

de 1830. O incidente, divulgado com detalhes de cunho xenófobo (“brasileiro

de merda” e “mulato tem que baixar a cabeça para os franceses”, entre outros

insultos, fizeram parte do entrevero), beirou o incidente diplomático. O anti-

lusitanismo passa a fazer parte de um sentimento de repulsa generalizada

contra o Velho Mundo, num processo de afirmação da identidade brasileira

como Americana.

Em meio a essa polêmica, continua Morel (2003), aportam no Brasil

navios franceses tremulando a bandeira azul, branca e vermelha da Revolução

Francesa e não mais o pano branco com a flor-de-lis, símbolo da monarquia

restaurada. São reflexos dos levantes ocorridos em Paris, em julho de 1830,

conhecidos como as Três Jornadas de Julho, que depuseram o rei Carlos X e

coroaram o Duque Luís Felipe de Orléans, conhecido como “rei cidadão”. O

fato provocou uma rápida (e conveniente) mudança de referência em relação à

França:

A França passou a ser designada pela mesma oposição liberal

como a Pátria das Luzes, da civilização, e exemplo de liberdade para o mundo. A assimilação Carlos X Pedro I foi imediata. Nas cidades brasileiras ocorreram festejos pela queda do monarca... francês, com alusões pouco sutis ao imperador do Brasil. A oposição subia de tom (MOREL, 2003, p. 16).

18

Através da análise da imprensa da época, Morel (2003) mostra

esses episódios e pondera as interpretações historiográficas tradicionais, que

afirmam ser o liberalismo na França mais avançado que o do Brasil, e que teria

influenciado o fim do Primeiro Reinado. O autor destaca que, pela palavra da

imprensa, as propostas liberais entre os brasileiros mostravam-se mais

ousadas, mesmo em relação à soberania do monarca e ao direito de

resistência dos povos: “os ‘influenciados’ acabaram escolhendo, por seus

próprios critérios e interesses, que tipo de ‘influência’ valorizar” (p. 17).

Cada vez mais isolado politicamente em um círculo conservador, D.

Pedro I passa a enfrentar a insurreição civil e militar. Entre os dias 11 e 14 de

março de 1831, ocorrem no Rio de Janeiro violentos confrontos entre

portugueses e brasileiros, episódio conhecido como Noite das Garrafadas.

Aconselhado por Benjamin Constant, o monarca busca a saída da abdicação

em nome do príncipe herdeiro, colocando em seu lugar uma Regência, no dia 7

de abril de 1831.

De abril a junho desse ano, o comando da Nação esteve a cargo da

Regência Trina Provisória, composta pelos senadores Nicolau de Campos

Vergueiro e José Joaquim Carneiro de Campos, e pelo brigadeiro Francisco de

Lima e Silva (SILVA, 1992). Entre as suas primeiras resoluções, ocorrem

alguns avanços liberais, como a suspensão temporária do Poder Moderador, e

o ato que proibia os regentes de dissolver a Câmara dos Deputados. A

abdicação movimenta a engrenagem das forças políticas, fazendo andar o

“carro da revolução”, na expressão de Bernardo Pereira de Vasconcelos

(MOREL, 2003). Os interesses se dividiam sobre como dar continuidade ao

processo político no Brasil: “Havia basicamente três respostas [para a

revolução]: negar (absolutistas ou ultramonarquistas), completar e encerrar

(vertente conservadora do liberalismo) e continuar (vertente revolucionária do

liberalismo” (p. 21). Para este autor, tratar o período regencial apenas como

uma troca do poder entre as mãos da elite é uma visão empobrecedora. O

poder centralizador estava enfraquecido, e o que aconteceu foi uma “explosão

da palavra pública como nunca ocorrera no território (que se pretendia)

brasileiro” (p. 24). O poder de decisão passaria a ser visto como o resultado da

negociação entre forças políticas e não apenas pela vontade de um soberano.

Frente aos sinais de fraqueza da monarquia, emergem os partidos

19

políticos no período regencial. É importante destacar que, nesta época, a

noção de partido político é diferente daquela consolidada durante o século XX,

no tipo ideal de partido-máquina. Num momento de integração nacional, de

consolidação do Brasil como pátria independente, a formação partidária

remetia a uma separação, a uma divisão no seio de forças que deveriam lutar

conjuntamente por uma identidade brasileira. Morel (2003) explica o significado

de um partido político naquele período:

Um partido político, na primeira metade do século XIX, era mais

do que tomar um partido e constituía-se em formas de agrupamento em torno de um líder, através de palavras de ordem e da imprensa, em determinados espaços associativos ou de sociabilidade e a partir de interesses ou motivações específicas, além de se delimitarem por lealdades ou afinidades (intelectuais, econômicas, culturais, etc.) entre seus participantes (p.32).

Estabelecida essa noção, a historiografia assinala, grosso modo, a

existência de três partidos que disputavam entre si o poder: Partido

Restaurador (ou Caramuru), que defendia a volta de D. Pedro I e a instalação

do absolutismo; Partido Liberal Moderado (Chimango), representante da

aristocracia rural, que defendia a monarquia escravista, ou seja, o liberalismo

moderado das elites; e o Partido Liberal Exaltado (Jurujubas ou Farroupilhas),

que propunha de forma mais veemente a liberdade das províncias (SILVA,

1992).

O historiador Marcello Basile (2006), ao analisar a imprensa

publicada na Corte durante o período regencial, busca matizar a questão do

separatismo na visão desses três grandes grupos políticos, entendendo que,

pelos jornais, as intenções manifestadas eram muito mais dirigidas ao intuito de

reforçar os laços nacionais do que promover a separação entre as províncias.

Assim, traçou um panorama do posicionamento público de moderados,

exaltados e caramurus.

Entre os moderados, através da leitura de jornais como Aurora

Fluminense, O Independente e O Homem e a América, Basile (2006) entende

que se situavam entre o absolutismo e a democracia, defendendo algum tipo

de limitação ao poder dos governantes através da participação do povo. E a

20

noção de povo, que divergia da plebe, era entendida através do princípio da

maioria dos capazes de Guizot, ou seja: os indivíduos deveriam ter condições

jurídicas e oportunidades iguais, mas, no campo político, a representação

deveria ficar a cargo “dos homens interessantes por suas luzes e talentos, ou

por suas riquezas”4 (p. 63). Ao mesmo tempo, deixavam claro que essa

distinção nada tinha a ver com a cor da pele, e os direitos de cidadania

poderiam ser estendidos a homens negros e mulatos livres. Apesar de terem

apoiado a Revolução de 7 de Abril ao lado dos exaltados, rechaçavam o

regime republicano, entendendo-o como anárquico e fragmentário da nação.

Já os exaltados, através da Nova Luz Brasileira, O Filho da Terra, O

Repúblico e Sentinela da Liberdade, entre outros, defendiam o liberalismo

radical. A igualdade social seria um dos pilares da construção da nação, donde

manifestavam uma forte postura anti-aristocrática. Também utilizavam a divisão

povo e plebe, mas, neste caso, a plebe era constituída pelos aristocratas e os

ricos ociosos. O povo seria constituído por todas as pessoas livres,

independente de cor, renda, instrução ou sexo, abarcando, aqui a concepção

de cidadão. Ao defender a inclusão das mulheres entre os participantes da vida

pública, foram além das propostas políticas da época, incluindo a Revolução

Francesa, como assinalou Morel (2003). Defendiam também a imediata

inclusão dos negros e mulatos livres e libertos à nação, mas nem por isso

defendiam a imediata abolição da escravatura. Apesar do veio “inclusivo”, uma

das principais características do discurso expresso nos periódicos exaltados

era um agressivo anti-lusitanismo.

Em sua maioria republicanos e federativos, os exaltados viam na

revolução o meio justo e legal de garantir a liberdade da nação (embasados

teoricamente pelo direito de resistência dos povos à tirania e à opressão,

preconizado por Locke e Rousseau), mas sem cunho separatista. Pelo

contrário, a revolução era “antes vista como uma forma de regenerar a nação e

mantê-la integrada” (BASILE, 2006, p. 78 – grifo do autor), através da noção de

soberania.

Os caramurus posicionavam-se entre o liberalismo clássico e o 4 O Independente, n. 64, 14 mar. 1832. Apud BASILE, Marcello. “Projetos de Brasil e contrução nacional na imprensa fluminense (1831-1835)”. In: NEVES, Lúcia Maria Bastos, MOREL, Marco e FERREIRA, Tania Maria Bessone (Orgs.). História e Imprensa – Representações culturais e práticas de poder. Rio de Janeiro: DP&A / Faperj, 2006.

21

absolutismo, através das páginas de jornais como A Trombeta, Caramuru e O

Carijó. A visão de cidadania era bem similar à dos moderados, distinguindo

povo e plebe. Apesar da posição conservadora, posicionavam-se contra a

discriminação dos negros e pardos, mas ignoraram solenemente, em seus

periódicos, a questão da abolição. Quanto às mulheres, os caramurus

preferiam sua atuação no apoio aos cidadãos, e não uma participação efetiva

na vida política. Para eles, o governo ideal e as bases da unidade da nação

estavam representados, respectivamente, no primeiro reinado de D. Pedro I e

na Constituição de 1824. O Carijó afirmava que o “7 de abril foi um dia de luto”

e “trouxe ao Brasil a sua maior catástrofe”5 (BASILE, 2006, p. 85).

O embate de idéias travado através dos periódicos não deixa

dúvidas de que o debate político na nova cena pública passou a extrapolar o

âmbito das elites. As temáticas também revelam diversidade: discutia-se a

abolição da escravatura e a redistribuição de terras. A esfera pública cultural e

literária se amplia com o aumento do público leitor e da circulação de

impressos.

De 1831 a 1835, durante a Regência Trina Permanente, o poder

ficou com os liberais moderados que, se por um lado esmagaram as agitações

civis e militares que pipocavam pelo país, através do mando do autoritário

padre Diogo Feijó, ministro da Justiça e criador da Guarda Nacional, por outro

promoveram algumas reformas liberais através do Ato Adicional de 1834. O Ato

foi, na verdade, um acordo entre os três partidos e acabou por conceder maior

autonomia às províncias, mas não avançou no sentido de reforma tributária,

ponto central das divergências, uma vez que a gestão dos recursos continuou

centralizada nas mãos do governo imperial. Os Caramurus sofreram forte abalo

com a morte de D. Pedro I neste mesmo ano, enfraquecendo o partido.

A aproximação não durou muito e, já na primeira eleição para

regente uno, em 1835, os liberais moderados racham com a indicação do

radical Feijó ao cargo. Feijó vence as eleições com uma margem pequena de

votos, ao mesmo tempo que importantes revoluções, como a Farroupilha (Rio

Grande do Sul 1835-45), a Cabanagem (Grão-Pará, 1835-39), a Sabinada

5 O Carijó, n. 6, 21 mar. 1832. Apud BASILE, Marcello. “Projetos de Brasil e contrução nacional na imprensa fluminense (1831-1835)”. In: NEVES, Lúcia Maria Bastos, MOREL, Marco e FERREIRA, Tania Maria Bessone (Orgs.). História e Imprensa – Representações culturais e práticas de poder. Rio de Janeiro: DP&A / Faperj, 2006.

22

(Bahia, 1837-38) e a Balaiada (Maranhão, 1838-41) estouram no país. O

descontentamento é generalizado, e as sedições fundavam-se nas mais

diversas bases sociais, desde abastados estancieiros até escravos.

Com o racha dos moderados, os políticos se reagruparam no Partido

Progressista (criado por Feijó, numa tentativa de golpe) e Partido Regressista

(cujo nome dispensa maiores explicações) que, com a inevitável renúncia do

ex-Ministro da Justiça, chega ao poder através do regente Pedro de Araújo

Lima, em 1838, que, conseqüentemente, revisa as reformas liberais de 1834

(SILVA, 1992).

No final das contas, regressistas e progressistas queriam a volta do

Poder Moderador, o que significava o “restabelecimento da ordem”. Em 1840,

um novo acordo (o Golpe da Maioridade) levou ao jovem D. Pedro II um pedido

para que assumisse o trono, o qual foi prontamente atendido. O mesmo ano

marca o fim do jornal O Povo e o início, no Brasil, do Segundo Reinado.

A Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, apesar de

periférica (tanto política quanto geograficamente) em relação à Corte,

experimenta de forma intensa esse “grande laboratório de formulações e de

práticas políticas e sociais” que constitui o período regencial brasileiro, nas

palavras de Morel (2003, p. 9). Durante nove anos (de 1836 a 1845), instituiu-

se em parte do seu território o governo da República Rio-Grandense, que teve

que se sustentar de forma financeira, política, militar, moral e simbólica.

Conforme o levantamento de Flores (2004), são muitas as

justificativas fornecidas pela historiografia para o gesto extremado de separar-

se do Império, como veremos mais adiante, no capítulo 2. O fato é que, no dia

11 de setembro de 1836, o general Antonio de Souza Neto proclamou:

Camaradas! Nós que compomos a 1ª Brigada do exército

liberal, devemos ser os primeiros a proclamar, como proclamamos, a independência desta província, a qual fica desligada das demais do Império e forma um Estado livre e independente, com o título de República Rio-Grandense e cujo manifesto às nações civilizadas se fará oportunamente. Camaradas! Gritemos pela primeira vez: Viva a República Rio-Grandense! Viva a Independência! Viva o exército republicano rio-grandense! (FLORES, 2004, p. 63)

23

Em uma província afastada das decisões do poder central e palco de

conflitos de fronteira permanentes (a formação militar de Bento Gonçalves, um

dos maiores líderes da Revolução Farroupilha, deu-se dentro da Guarda

Nacional, criada pelo Ministro da Justiça e regente Diogo Feijó), Flores (2002)

explica que “a idéia de formar uma nova Nação tinha razões de existir, pois só

a obediência ligava os Rio-Grandenses ao poder central. Da mesma maneira

que o Brasil se separou de Portugal em 1822, os Rio-Grandenses queriam se

separar do Brasil, em 1836” (p. 10). Houve então uma ruptura, que teve de ser

mantida através do uso de diversas armas, entre elas a prensa tipográfica.

Assim, acreditamos que O Povo, como primeira experiência de comunicação

impressa do governo da República Rio-Grandense, tem muito a nos dizer, tanto

no plano discursivo, como em relação aos fazeres e saberes do jornalismo da

época. Para tanto, torna-se necessário mergulhar mais a fundo na imprensa

oitocentista, em como se deu o nascimento da imprensa no Brasil e sua

articulação com os eventos políticos da época.

1.2 SÉCULO XIX: JORNALISMO, POLÍTICA E OPINIÃO

Ao mesmo tempo fascinado por ela e seu crítico mordaz, o escritor

Honoré de Balzac deixou em seus escritos um relato passional, mas

contundente, sobre a imprensa francesa moderna. Lá, o jornalismo

desabrochou de forma progressiva durante a Restauração da monarquia

(1814-1830), após a queda de Napoleão Bonaparte, e culminou com as

revoluções de 1830, que aconteceram na Europa como um todo e, como

vimos, provocaram reflexos na opinião pública e nos caminhos políticos do

Brasil. Em 1836, Émile de Girardin lança o jornal La Presse e inova a forma de

viabilizar financeiramente o jornalismo, ao diminuir pela metade o valor da

assinatura para aumentar a circulação do jornal e, conseqüentemente, ganhar

mais dinheiro com publicidade e anúncios. De acordo com a nota da edição

francesa de Os jornalistas, esses fatores levam a imprensa a um salto não só

quantitativo, mas também permitiram-lhe

24

[...] exercer uma influência que ela jamais havia conhecido anteriormente. Os jornalistas, verdadeiros reizinhos adulados, fazem tremer os governos, fazem e desfazem as reputações, suscitam invejas e rancores. E, mais freqüentemente do que se imagina, transformam sua influência em vantagens materiais da forma mais abjeta (2004, p. 18 – grifo no original).

Parece que, mesmo na longínqua República Rio-Grandense, a

pecha de “vendido” ou “interesseiro”, em relação aos jornais e jornalistas, está

mesmo imbricada com a gênese da profissão. O próprio prospecto de

apresentação d’O Povo traz o seguinte questionamento:

E agora perguntamo-nos: todos esses jornais sem vida, e sem

alvo, a não ser aquele vergonhoso do lucro, verdadeiras torres de Babel, onde se vê a soberba, e a confusão; e que saem corajosamente, para todo o Império, a cada dia, não sei se, mais para experimentar a constância, do que para cansar a excessiva vontade dos assinantes, cumprirão eles a santidade de seus deveres? (O Povo, n. 1, p. 2)

Assim, ao analisar o comportamento dos jornalistas da primeira

metade do século XIX, Balzac (2004) cataloga-os como um botânico,

separando os tipos em “gêneros”, “sub-gêneros” e “variedades”. Usa o termo

publicistas para caracterizar o “primeiro gênero” de homens que compõem as

redações, definindo-os da seguinte forma:

Publicista, este nome outrora atribuído aos grandes escritores

como Grotius, Puffendorf, Bodin, Montesquieu, Blackstone, Bentham, Mably, Savary, Smith, Rousseau, tornou-se o de todos os escrivinhadores que fazem política. De generalizador sublime, de profeta, de pastor de idéias que era outrora, o Publicista é agora um homem ocupado com os compassos flutuantes da Atualidade. Se alguma espinha aparece na superfície do corpo político, o Publicista a coça, a desdobra, a faz sangrar e tira dela um livro que, quase sempre, é uma mistificação. O publicismo era um grande espelho concêntrico: os publicistas de hoje o quebraram e têm todos um pedaço que eles fazem brilhar aos olhos da multidão (2004, p. 31).

O grande espelho concêntrico que foi quebrado pelos “novos

publicistas” pode ser entendido como uma metáfora das transformações que

25

aconteciam na sociedade francesa da época e também pode ser comparada,

mutatis mutandis, com as agitações do período regencial brasileiro. Se, antes,

apenas os grandes “generalizadores sublimes” tinham a palavra, a imprensa

torna pública a expressão de diferentes visões políticas, “os compassos

flutuantes da Atualidade”, o que não ocorre sem conflitos.

José Marques de Melo (2006), ao comentar a questão da

objetividade jornalística, explica que ela se faz presente desde o momento em

que o jornalismo adquiriu autonomia social, processo que se deu com as

revoluções burguesas na Europa e com a Independência Americana. A idéia de

que todos os homens pudessem ter acesso às informações e também

tornarem-se seus divulgadores foi um importante passo para as noções de

liberdade individual e de democracia. A famosa primeira emenda à Constituição

Americana, de 1791, afirma: “O congresso [...] não limitará a liberdade de

palavra nem de imprensa”. O artigo 11 da Declaração dos Direitos do Homem e

do Cidadão, aprovada em 1789 pela Assembléia Nacional Constituinte da

França, também declara: “A livre comunicação de idéias e opiniões é um dos

direitos mais preciosos do homem. Todos os cidadãos podem, dessa forma,

falar, escrever e imprimir com liberdade”.

A comunicação social massiva está relacionada, então, com o

processo de urbanização acelerado durante o século XIX (HOHLFELDT, 2002).

Nesse primeiro momento, a prática do jornalismo na Europa assume duas

características distintas: na França, predominou a face opinativa e, na

Inglaterra, firmou-se um jornalismo objetivo (MARQUES DE MELO, 2006). Na

matriz inglesa, fincou-se a noção de que os fatos são sagrados e que os jornais

e jornalistas têm o dever de primar pela fidedignidade, exatidão e precisão na

narrativa dos mesmos. A opinião pode existir, desde que em um espaço

demarcado no jornal (MARQUES DE MELO, 2006).

Com o passar do tempo, ambas as vertentes, francesa a inglesa,

sofreram mutações. O jornalismo pasquineiro, repleto de adjetivos e com

linguagem virulenta foi a grande influência dos primeiros jornais brasileiros.

Mas a matriz objetiva acabou se sobrepondo e deu origem à grande imprensa

diária que conhecemos hoje, onde informação e opinião têm seus espaços

delimitados; porém, cada vez mais cresce o posicionamento que considera

essa objetividade um mito.

26

Podemos afirmar, então, que um dos principais impulsos iniciais da

atividade jornalística foram as disputas políticas, o que, na Província de São

Pedro, não foi diferente. O processo de independência e a consolidação do

Estado Nacional brasileiro foi combustível para a solidificação e a diversificação

das publicações no Brasil. Os grupos políticos passam a perceber e a utilizar a

relação entre os periódicos e a opinião pública, fomentando a atividade. Na

Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, o primeiro jornal, O Diário de

Porto Alegre, surge em 1827, patrocinado pelo presidente da Província,

Salvador José Maciel e, de acordo com Francisco Rüdiger (1998), “a folha

constituía no máximo um boletim oficial, que servia basicamente à publicidade

governamental e à publicação dos atos da administração”. Para este autor, que

entendemos compartilhar do olhar de Nelson Werneck Sodré, a doutrina e a

opinião foram preponderantes na imprensa desde seu nascimento até a

década de 30 do século XX, o que retardou, até essa data, a formação de um

estatuto próprio para os jornalistas e jornais. Eles só conquistaram uma

autonomia do processo político ao integrarem-se ao processo capitalista, ou

seja, quando as redações tornaram-se verdadeiras empresas, com caráter

lucrativo.

Assim, para fundamentar seu estudo sobre a história do jornalismo

sul-rio-grandense, Rüdiger (1998) tensiona, apoiando-se em Habermas, as

concepções marxista e weberiana sobre a imprensa. A primeira a considera um

produto direto do capitalismo; a segunda, um instrumento no processo de

construção do Estado moderno. “Habermas, aparentemente, combinou as duas

concepções no clássico Mudança estrutural da esfera pública (1962)” (p. 14),

ao afirmar que tanto a revolução comercial quanto a ascensão da sociedade

burguesa foram influências decisivas para a publicação sistemática de

informações.

De forma que o Estado, com o intuito de se comunicar com a classe

ascendente, foi o patrocinador dos primeiros jornais, gerando um processo de

politização da burguesia que fomentou o desenvolvimento de “[...] uma

imprensa crítica e independente que, no contexto mais geral de formação do

capitalismo industrial, acabaria sendo peça essencial no ciclo das revoluções

burguesas” (RÜDIGER, 1998, p. 14). No Brasil, o nascimento da imprensa

ocorre sob esse mesmo modelo, ou seja, através da promoção do Estado, em

27

1808, com a chegada de D. João VI ao país, que passa a publicar, em

setembro desse mesmo ano, a Gazeta do Rio de Janeiro. Mas o título de

primeiro jornal do Brasil é do Correio Brasiliense, editado por Hipólito José da

Costa, em Londres, e lançado em 1º de junho de 1808. Este é objeto de

diferentes interpretações entre os estudiosos da imprensa brasileira. É

importante salientar que, nesse momento, e até 1821, quando Dom Pedro I

decreta o fim da censura prévia, o uso da tipografia era uma prerrogativa oficial

do Estado, o que justifica a sede inglesa do Correio. A título de ilustração,

destacamos aqui as visões de Sodré (1999) e Juarez Bahia (1990) sobre

nossos periódicos de estréia. Para o primeiro autor, o Correio Brasiliense

representava o ponto de vista da burguesia inglesa (SODRÉ, 1999):

Representavam [refere-se ao Correio e à Gazeta], sem a

menor dúvida, tipos diversos de periodismo: a Gazeta era embrião de jornal, com periodicidade curta, intenção informativa mais do que doutrinária, formato peculiar aos órgãos impressos do tempo, poucas folhas, preço baixo; o Correio era brochura de mais de cem páginas, geralmente, 140, de capa azul escuro, mensal, doutrinário muito mais do que informativo, preço muito mais alto.

[...] Trata-se [referindo-se especificamente ao Correio], assim, de

uma finalidade moralizadora e não modificadora, ética e não revolucionária (p. 22-23).

Bahia (1990) revela uma visão divergente de Sodré:

[...] durante quase quinze anos, Hipólito da Costa edita o

Correio Brasiliense ou Armazém Literário, em Londres, onde vive como exilado. Seu jornal é moderno, dinâmico, crítico. Mensário, impõe-se pela opinião e pela informação política. Costa tornou-se patrono da imprensa brasileira (p. 9).

[...] [...] a Gazeta vai publicando intermináveis relatos dos sucessos

nas frentes portuguesa e espanhola, relacionando cansativos feitos dos “valeroros” soldados de Sua Majestade, pouco se dando à vida local, enquanto o Correio Brasiliense exprime uma aguda visão crítica dos fatos políticos, econômicos e sociais que envolvem o Brasil (p. 14).

Essas amostras são indício das diferentes interpretações às quais a

imprensa oitocentista no Brasil dá a ler, o que provoca uma pergunta essencial

28

para nossa dissertação: afinal, em que medida a relação dessas publicações

com os movimentos políticos poda a sua representatividade da realidade

cotidiana6? Em outras palavras: será que o discurso oficial, ou político, ou

opinativo, ou publicista desses jornais, impediu que fossem representantes do

cotidiano da sociedade em que estavam inseridos? No nosso entendimento,

não.

Na Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, Rüdiger (1998, p.

18-19) informa que, no curto espaço de oito anos, entre o aparecimento do

Diário de Porto Alegre, em 1827, e o início da Revolução Farroupilha, em 1835,

foram lançados 32 jornais. De forma generalizada, esses periódicos

caracterizavam-se por um tamanho pequeno (28 X 18 cm), tiragem em torno de

400 exemplares, circulação de duas a três vezes por semana, e venda feita

através de assinaturas ou direto na tipografia. O conteúdo dos jornais era

eminentemente político-partidário e de linguagem “[...] extremamente virulenta,

não poupando idéias, nem pessoas” (p. 18).

O autor informa que os homens de imprensa da época não são

propriamente os políticos, mas os donos de tipografia, que reuniam múltiplas

funções (muitas vezes, todas as funções) na feitura dos jornais. Francisco das

Neves Alves (2000) traz outros detalhes da figura que comandava a produção

dos impressos:

Os escritores públicos responsabilizavam-se por praticamente

todas as tarefas ligadas à elaboração dos periódicos, já que redigiam a notícia, selecionavam a transcrição, revisavam as provas, gerenciavam a tesouraria e a distribuição da folha e, em alguns casos, faziam mesmo, às vezes de tipógrafo, no intento de manter acesa a flama jornalística que acompanhava as disputas políticas (ALVES, 2000, p. 19-20).

Os jornalistas (ou escritores públicos, ou publicistas) movimentavam-

se de acordo com oportunidades de negócio, sem ter ligação política definitiva:

De fato, esses homens, como seu próprio tempo, não tinham

um conceito preciso de jornalismo, restringiam sua atividade à direção dos

6 No sentido da Sociologia Fenomenológica de Alfred Schutz, que aprofundaremos no capítulo 3.

29

periódicos, confundiam as práticas editoriais com prestação de serviços gráficos e assim reduziam o periodismo à transmissão de conteúdos com os quais propriamente não tinham preocupação (RÜDIGER, 1998, p. 22).

Baseando-nos nas características apontadas pelos autores,

podemos afirmar que parte da historiografia não concede à imprensa

oitocentista o estatuto de jornalismo, assentando-o na noção de literatura

pública; e nem o título de jornalista aos que a elaboraram, prevalecendo as

noções de publicista ou escritor público.

Essa abordagem apontou aspectos importantes da imprensa

oitocientista, ao relacionar sua estreita vinculação com os modos de produção

econômica e fazeres políticos da época. Sem negar a precariedade técnica e

nem o conteúdo eminentemente político desses jornais, parece-nos que a

leitura da imprensa oitocentista, de forma menos generalizada, pode levar a um

novo tensionamento da abordagem do tema. Nesse sentido, o pesquisador

admite que os jornais eram, sim, “tribunas ampliadas”, na expressão de

Benjamin Constant (BAHIA, 1990, p. 36), mas conectados com a realidade

social cotidiana na qual eram produzidos.

O lugar da imprensa foi privilegiado nas discussões sobre os rumos

da nação durante o período regencial. Como indica a análise de Basile (2006),

a virulência da linguagem e a firmeza das posições políticas dos diferentes

grupos que se manifestaram através da imprensa não foram capazes de calar

uma vontade de integração nacional e de reconhecimento e compartilhamento

da heterogeneidade da nação brasileira.

Assim, em sua feitura, tanto na forma quanto no discurso, esses

impressos são portadores de vestígios da realidade cotidiana que dá acesso ao

pesquisador a uma certa sensibilidade, como afirma Pesavento (2008):

Capturar as razões e os sentimentos que qualificam a

realidade, que expressam os sentidos que os homens, em cada momento da história, foram capazes de dar a si próprios e ao mundo, constituiria o crème de la crème da história, a meta buscada por cada pesquisador! Funcionaria como o reduto mais íntimo da enargheia, essa impressão de vida ou força vital deixada pelos homens no mundo (p. 185-186).

30

Os grandes feitos e os protagonistas já foram, de alguma forma,

privilegiados, destacados das fontes primárias para a narrativa histórica. Resta,

como aponta Barbosa (2004), abordar os anônimos, as particularidades, o

comezinho, os vestígios, os restos que o passado legou ao presente e que

podem iluminá-lo.

1.3 IMPRENSA NA HISTÓRIA E HISTÓRIA NA IMPRENSA: MODOS DE LER

A imprensa, como fonte de conhecimento, vem sendo abordada de

diferentes formas pelo campo científico. Passou de matriz da verdade à

falsificadora da mesma: em um momento de cunho historicista ou positivista da

historiografia tradicional, os periódicos foram tratados como fontes

privilegiadas, por constituírem uma porta de acesso do pesquisador à

“verdade”. Mais tarde, os estudos críticos enxergaram nos jornais a questão

ideológica e suas imbricações socioeconômicas, abordando-os como reflexo de

uma infra-estrutura e “falsificadores da verdade” (MOREL e BARROS, 2003, p.

8). Na atualidade, ocorre a renovação da importância da imprensa como

referencial interativo na complexidade de um contexto (MOREL e BARROS,

2003). Ela passa a “ser considerada fonte documental (na medida em que

enuncia discursos e expressões de protagonistas) e também agente histórico

que intervém nos processos e episódios, em vez de servir-lhes como simples

‘reflexo’” (p. 9).

As pesquisas renovam, então, o modo de ler os periódicos e sua

relação com o contexto. O atual estudo dos primeiros jornais brasileiros, a partir

da chegada da Família Real ao país, em 1808, faz-se através de um olhar

cultural, que serve tanto para o campo da Comunicação quanto o da História,

ao redimensionar o objeto como fonte para as memórias de um tempo

escoado7, “apresentando visões distintas de um mesmo fato” e despontando

7 “Tempo escoado”, na expressão de Sandra Pesavento: PESAVENTO, Sandra Jatahy. ‘Fronteiras da história: Uma leitura sensível do tempo”. In.: SCHÜLER, Fernando, AXT, Gunter e SILVA, Juremir

31

“como agente histórico que intervém nos processos e episódios, e não mais

como um simples ingrediente do acontecimento” (NEVES, 2006, p. 10).

A historiadora e pesquisadora da Comunicação, Marialva Barbosa

(2007), ao comentar a relação entre meios de comunicação e a história, aponta

um eixo de análise que contempla, numa perspectiva histórica, as dimensões

interna e externa do processo comunicacional, considerando “a dimensão

processual da história e a comunicação como sistema, no qual ganha relevo o

conteúdo, o produtor das mensagens e a forma como o público entende os

sinais emitidos pelos meios” (p. 16). Nessa perspectiva, o discurso da imprensa

oitocentista passa a ser visto como um “universo de possíveis” (BARBOSA,

2007, p. 15).

Riopardense de Macedo (1994) percebeu e destacou esse universo

sistêmico, ao estudar a imprensa farroupilha:

É fácil perceber que a imprensa, mesmo que esta seja oficial,

órgão vinculado à administração, fornece também informações de caráter não administrativo. E entende-se que o periódico, mesmo quando propriedade de um indivíduo ou grupo oligárquico, está envolvido por posições contrárias em relação a outros periódicos; além disso, pela riqueza de informações que é obrigado a fornecer, não pode fugir ao clima geral dominante na época.

Porque, em verdade, o periódico vive realmente o clima, reproduz, mesmo que não queira, o calor dos acontecimentos, de vários acontecimentos que se cruzam e se inter-relacionam em um sistema de informações (p. 23-24, grifo do autor).

Assim, a ênfase no atraso, na censura e no oficialismo como fatores

explicativos dos primeiros tempos da imprensa, “não parecem suficientes para

explicar a complexidade e compreender as características de tal imprensa,

gerada numa sociedade em mutação, do absolutismo em crise” (MOREL, 2008,

p. 1). Desta forma, entendemos que o nascimento dos periódicos no Brasil deu-

se em um rico caldo de cultura social, político, econômico e cultural, que teve

como impulso inicial a chegada da Família Real portuguesa ao país. Daí para

diante, os jornais, mesmo que de propriedade de governos ou representantes

declarados de ideais políticos, sempre estiveram imbricados com a circulação Machado da (Orgs.). Fronteiras do Pensamento – Retratos de um mundo complexo. São Leopoldo: Ed. Unisinos, 2008.

32

das idéias e com a realidade cotidiana da sociedade, através de artigos de

opinião, notícias, crônicas, poesias, anúncios. Os papéis incendiários8 foram

constantemente alimentados pela lenha dos “extraordinários do dia-a-dia”, e

também pelas grandes transformações sociais, como os movimentos pela

independência ou, mais tarde, a peleja entre o Império e os movimentos

republicanos.

No campo da Comunicação, o olhar mais abrangente sobre os

jornais do século XIX, além de permitir novas abordagens em relação ao

discurso, ao texto que está posto, traz em si desafios epistemológicos e

metodológicos relativos à materialidade e à organização dos conteúdos dos

impressos. Entre eles, está a questão: como definir parâmetros teóricos para

analisar textos que são anteriores à consolidação da Comunicação como

disciplina científica e que, grosso modo, não se encaixam nas categorias do

jornalismo tal como o conhecemos hoje?

Tânia Regina de Luca (2008) cita, como exemplo dessas

dificuldades, a consulta às edições em fac-símile do Correio Braziliense, jornal

fundado por Hipólito José da Costa, de circulação mensal (entre junho de 1808

e dezembro de 1822):

O leitor acostumado aos matutinos atuais talvez se surpreenda

com o formato, mais próximo de um livro, com o número de páginas, que podia chegar a 150, com a extensão dos artigos, que se prolongavam por vários números, e com a divisão interna da matéria, que podia incluir as seguintes seções: política; comércio e artes; literatura e ciências; miscelânea e correspondência. Há mesmo dúvidas a respeito da melhor forma de caracterizar o Correio, não faltando aqueles que consideram mais apropriado chamá-lo de revista (LUCA, 2008, p. 131).

Em vista desse estranhamento, produzido pelas distâncias culturais

e temporais entre o pesquisador e o objeto da pesquisa, pretendemos que um

dos exercícios desta dissertação seja o tensionamento das categorias relativas

à materialidade e à organização dos conteúdos presentes no jornal O Povo. Ao

8 Referência às primeiras manifestações impressas ou manuscritas que, desde o século XVIII, na França, causavam comoção e disse-que-disse na vida urbana, manifestando uma noção de “opinião pública”, na visão da historiadora Arlette Farge (Morel, 2003, p. 12).

33

mesmo tempo que problematiza a questão, Luca (2008) apresenta alguns

caminhos para elaborá-la: “[...] as diferenças na apresentação física e

estruturação do conteúdo não se esgotam em si mesmas, antes apontam para

outras, relacionadas aos sentidos assumidos pelos periódicos no momento de

sua circulação” (p. 132).

Assim, torna-se importante, na análise de um periódico da primeira

metade do século XIX, de forma ainda mais profunda do que se tratássemos de

um veículo contemporâneo ao tempo vivido pelo pesquisador, o deslindamento

das condições técnicas de produção desses jornais e de sua função social,

dentro de aspectos como

[...] a forma como os impressos chegaram às mãos dos leitores, sua aparência física (formato, tipo de papel, qualidade da impressão, capa, presença/ausência de ilustrações), a estruturação e divisão do conteúdo, as relações que manteve (ou não) com o mercado, a publicidade, o público que visava atingir, os objetivos propostos (LUCA, 2008, p. 138 – grifos da autora).

Esses elementos, entre tantos outros, contribuem para dotar o objeto

de sentido, a fim de que se esclareça o lugar que o periódico ocupa em seu

tempo, mas, também, para relativizá-lo em relação às perguntas desde o lugar

do pesquisador. Da mesma forma, a questão da neutralidade e da objetividade

permeia o uso dos textos de imprensa como fonte de pesquisa. No campo da

Comunicação, como indica Marques de Melo (2006), a questão da objetividade

da imprensa contemporânea já não é a mesma que se pretendia na

modernidade inglesa ou francesa, pois parece estar restrita ao domínio de uma

técnica e, portanto, vive como que num campo apriorístico da atividade

jornalística. Sabemos que a neutralidade e a imparcialidade podem e/ou devem

fazer parte do texto do jornalista, mas, em sua totalidade, são uma quimera.

Assim, ao estudar qualquer tipo de texto ou discurso, devemos ter em mente

que as ferramentas de análise do pesquisador devem instrumentalizá-lo para

lidar com essa realidade:

Pode-se admitir, à luz do percurso epistemológico da disciplina

[História] e sem implicar a interposição de qualquer limite ou óbice ao uso

34

de jornais e revistas, que a imprensa periódica seleciona, ordena, estrutura e narra, de determinada forma, aquilo que se elegeu como digno de chegar ao público. O historiador, de sua parte, dispõe de ferramentas provenientes da análise do discurso que problematizam a identificação imediata e linear entre a narração e o próprio acontecimento, questão, aliás, que está longe de ser exclusiva do texto da imprensa (LUCA, 2008, p. 139 – grifos da autora).

De forma que as noções de narrativa e de interpretação mostram-se

essenciais no jornalismo e na história. Pesavento (2006), ao analisar os

discursos da história e da memória, afirma que eles criam “imaginários de

sentido a partir do real. Ficções plausíveis, verossímeis, socializadas,

temporalizadas na sua feitura e na sua recepção. Palavras para crer” (p. 6 –

grifo nosso). Da mesma forma, o discurso jornalístico configura, em seus

modos de feitura e de leitura, palavras para crer, ou seja: aquilo que está posto

nesse tipo de texto quer, sob uma série de circunstâncias, referir o real. E ele

também é lido de forma a referir o real e, nesse momento, também é submetido

a outras circunstâncias que o recriam, torcem, ampliam, ficcionalizam, num

processo catártico (PESAVENTO, 2006). Barbosa sintetiza esse pensamento

ao afirmar:

É a partir de convenções culturais que classificamos os textos

com pretensão à verdade e os textos ficcionais. Devemos considerar, portanto, que todo texto é estruturado de modo narrativo e, como tal, sujeito ao regime de interpretação que se aproxima das narrativas cotidianas com as quais estruturamos a nossa vida (2007, p. 20-21).

Assim, a história ou o jornalismo, na medida em que estão

impregnados pela ação humana, pelos contextos, pelos resultados, pelas

finalidades, não podem romper com a narrativa. Tanto o passado longínquo,

quanto os acontecimentos cotidianos de uma contemporaneidade, ao serem

narrados, estão, irremediavelmente, no passado e não podem ser revividos,

senão de forma discursiva. E ao terem contato com o leitor, esses discursos

são novamente “protocolados” em uma tradição: as regras e os sentidos

lingüísticos, a cultura, o contexto, as experiências individuais.

35

Marialva Barbosa e Ana Paula Goulart Ribeiro (2005), no artigo “O

que a história pode legar aos estudos de jornalismo”, realizam uma articulação

entre as disciplinas, entendendo que elas, mesmo em suas diferenças,

complementam-se. Os textos do jornalismo, em sua temporalidade, estão

“encharcados de consciência do presente e, portanto, da consciência da

universalidade refletida” (BARBOSA e RIBEIRO, 2005, p. 3).

Nesse sentido, as autoras postulam que uma das maiores

contribuições que a teoria da história pode dar aos estudos de jornalismo é o

uso da visão crítica, que seria capaz de transformar sua teoria em uma ponte

para o entendimento dos problemas do presente, assim como a história o faz

com os problemas do passado: “A mesma visão crítica, se aplicada aos

estudos do jornalismo, pode transformar sua teoria numa espécie de médium

para lidar com os problemas do presente” (BARBOSA e RIBEIRO, 2005, p. 6).

Assim, história e jornalismo atuam num processo simbiótico em que,

para entender o passado, desvela-se, através dos periódicos, o que era

presente; e para orientar o presente, busca-se no passado o caminho traçado

até “aqui”. História e jornalismo iluminam-se mutuamente.

O leitor-pesquisador também faz parte desse jogo das narrativas e

das interpretações. Já mencionamos que os periódicos assumiram diferentes

funções em diferentes linhas de pesquisa científica. Da mesma forma, os

impressos servem para responder perguntas distintas, localizadas no tempo

em que o pesquisador vive. Percebemos que há, então, um cruzamento de

perspectivas temporais que devem ser consideradas pelo pesquisador ao

estudar o tipo de narrativa jornalística como o que nos propomos aqui, situada

na primeira metade do século XIX: o tempo histórico em que o discurso foi

produzido; o tempo escoado em que ocorreram os fatos que ele descreve

(lembramos, os eventos não podem ser revividos); e o tempo da leitura do

pesquisador, que abre a narrativa a todo um novo mundo de significados.

Sobre este último, Riopadense de Macedo (1994) afirma haver três tipos de

comportamento temporal do historiador: o tempo dos anais, em que o autor

procura de todas as formas não ultrapassar as dimensões do fato histórico; o

tempo do cronista, em que o autor acrescenta seu próprio conhecimento sobre

os fatos; e o tempo histórico, quando é levado em consideração o

conhecimento sobre o que se passou depois dos eventos, estudando-os em

36

uma perspectiva temporal.

Barbosa (2004), ao indicar alguns caminhos para a escritura de uma

história da imprensa, toma de Paul Ricoeur a noção de que o “passado tinha

um futuro”, e acrescenta que “nós somos o futuro desse passado” (p. 7). Assim,

não cabe ao pesquisador cobrar, do alto do seu conhecimento posterior, um

certo comportamento de suas fontes. Ao contrário, a riqueza da contribuição da

história para o jornalismo, como já foi dito, reside na visão crítica que ilumina o

presente e não no movimento inverso, que usa o presente para olhar o

passado e encerrar os periódicos do século XIX no julgamento da censura, do

oficialismo e da falta de objetividade. A autora sintetiza essa constatação em

uma simplicidade cortante: “Para eles, nós éramos o desconhecido, o futuro, o

inteligível. E eles para nós – mortos que transformamos em vivos – continuarão

sendo sempre o passado, o desconhecido, o inteligível” (p. 10).

2 AS MÚLTIPLAS HISTÓRIAS DA REVOLUÇÃO FARROUPILHA

“De hoje em diante os Boletins das operações de Campanha serão dados neste Jornal e só serão avulsos quando a matéria ou circunstâncias assim o exigirem; não só pela economia de papel e serviços, como ainda para conhecimento de nossa História Militar, visto ser mais fácil a conservação de coleções do jornal que a de avulsos destacados.”9

A Revolução Farroupilha, como episódio icônico da formação

cultural, política e econômica de nosso estado, destaca-se pela multiplicidade

de relatos e pelas diferentes metodologias utilizadas no tratamento das fontes.

Como depreendemos da epígrafe, O Povo tinha noção de sua relevância

documental para o labor histórico. Em vista da vastidão do tema, nosso

objetivo, neste capítulo, é traçar um panorama conciso do episódio, destacando

aspectos do cotidiano da República Rio-Grandense, além de apontar algumas

das abordagens para as quais ele já serviu de tema. Essa escolha se justifica

pelo fato de que nosso objeto de análise, o jornal O Povo, é abordado aqui pelo

viés da comunicação e seu discurso é conectado com o cotidiano. Isso faz com

que nossa análise remeta reiteradamente a diferentes episódios que são, do

ponto de vista do pesquisador, históricos, mas a busca de esclarecimento para

esses eventos aparece a partir do próprio texto, em outras palavras, quando o

texto pede.

Assim, deixamos de lado o confronto de versões e optamos por

basear este levantamento principalmente no trabalho de historiadores

contemporâneos não-filiados à perspectiva tradicionalista (ou ao seu combate

declarado) como: Sandra Pesavento (1985 e 1997), Moacyr Flores (1989,

1990, 2000, 2002 e 2008) e Ieda Gutfreind (1998), sem deixar de lado o

9 O Povo, n. 67, p. 286.

38

consagrado História da grande revolução, obra em seis volumes publicada

em 1933 pelo historiador Alfredo Varela e que ainda hoje é considerada obra

essencial para o estudo do conflito; além do acessível História da República Rio-Grandense (1936), de Dante de Laytano.

Em um primeiro momento, dedicaremo-nos a um levantamento de

diferentes tendências da historiografia sul-rio-grandense, dando destaque aos

historiadores que se preocuparam com a Revolução Farroupilha. Em seguida,

contextualizaremos alguns detalhes da realidade cotidiana da província de São

Pedro do Rio Grande do Sul, na primeira metade do século XIX (geografia,

comércio, dados populacionais, educação etc.), apoiando-nos, principalmente,

na obra República Rio-Grandense: Realidade e utopia, de Moacyr Flores

(2002). Finalmente, estabeleceremos uma breve cronologia dos principais fatos

que marcaram a Revolução.

2.1 A HISTORIOGRAFIA SUL-RIO-GRANDENSE E A REVOLUÇÃO DE 1835

Combinando os trabalhos de historiografia de Gutfreind (1998) e

Flores (1989), é possível produzir um sintético, porém eficiente, panorama de

algumas das tendências de maior relevo daquilo que já se escreveu sobre a

Revolução Farroupilha.

Gutfreind (1998), entendendo que o discurso histórico é integrado às

características de seu momento de produção e orientação intelectual, observa

pelo menos duas grandes matrizes ideológicas na historiografia rio-grandense:

a platina e a lusitana. Na primeira, situam-se os historiadores que dão ênfase

às relações e influências ibéricas da região do Prata na formação histórica da

província, dando destaque à importância da área das Missões Orientais e seus

povoados jesuíticos no século XVII. A matriz lusitana tende a minimizar a

influência platina, defendendo a supremacia da cultura portuguesa.

Flores (1989), por sua vez, procura “sistematizar as tendências da

elaboração do pensamento histórico” (p. 11). Nesse sentido, divide a produção

39

historiográfica nas categorias: “liberalismo”, “positivismo”, “determinismo

sociológico”, “historicismo”, “regionalismo e tradicionalismo”, “história cultural”,

e “materialismo histórico” e situa, dentro de cada uma delas, os autores que

julgou de maior destaque nessas determinadas tendências.

Duas grandes obras, consideradas de orientação lusitana por

Gutfreind (1998), são as pioneiras da historiografia sulina. As Memórias ecônomo-políticas sobre a administração pública no Brasil, de Antônio

José Gonçalves Chaves, vieram a público em 1822. Já José Feliciano

Fernandes Pinheiro, o Visconde de São Leopoldo, publicou em 1839 os Anais da Província de São Pedro, considerada a primeira obra escrita sobre o Rio

Grande do Sul. A matriz lusa, que se fortificou a partir dos anos 1920, retomou

e reforçou a tinta da maioria dos pontos de vista deste autor, exaltando as

características de valentia e audácia dos conquistadores das Missões, ao

mesmo tempo em que esmaecia as relações com a área platina.

Outras publicações marcantes são os relatos de viajantes, como o

botânico e naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire, que esteve na Província

de São Pedro entre 1820 e 1821; Nicolau Dreys, que viveu como comerciante

na região, entre 1817 e 1825, e publicou, em 1839, Notícia descritiva da Província do Rio Grande de S. Pedro do Sul; e Arsène Isabelle, com o seu

Viagem ao Rio Grande do Sul (1833-1834), publicado em 1835. Os relatos

não constituem uma matriz historiográfica, tal como a situa Gutfreind (1998), já

que apresentam impressões pessoais desses viajantes europeus, os quais, na

maior parte das vezes, tendem a analisar os fatos partindo dos estranhamentos

oriundos do contraste com sua própria cultura, e não do rigor da análise de

fontes primárias. Mesmo assim, oferecem ainda hoje, para os historiadores,

muitos elementos para o entendimento da vivência cotidiana na província e

suas implicações com o contexto, dando acesso a uma sensibilidade de época.

Saltando no tempo, a valorização historiográfica da ligação com o

Prata ocorre a partir do final do século XIX, com a publicação de obras

motivadas pelo espírito republicano (GUTFREIND, 1998): em 1882, vêm a

público História popular do Rio Grande do Sul, de Alcides Lima e História da república rio-grandense, de Joaquim Francisco de Assis Brasil. Em 1897,

aparece Rio Grande do Sul: Descrição física, histórica e econômica, de

Alfredo Varela. Em comum, os escritos apresentam a ênfase “na especificidade

40

do Rio Grande do Sul, justificando a necessidade de um regime republicano e

de laços federativos entre as províncias e, em graus diferenciados, destacavam

relações com a área platina” (GUTFREIND, 1998, p. 19). Alcides Lima

defendeu as qualidades do povo sul-rio-grandense, salientou a influência

açoriana na composição da população, além de apresentar o núcleo social da

estância como o primeiro passo para a democracia. Assis Brasil aplicou o

Método de Taine (do influente historiador francês Hippolyte Taine, que viveu

entre 1828 e 1893)10, produzindo sua análise histórica através dos elementos

meio, raça e momento. Destacou o caráter altivo e corajoso do povo,

determinado por elementos que vão da alimentação (a carne e o chimarrão) até

a influência espanhola e a independência econômica da província nas guerras

de fronteira. Flores (1989) posiciona esses dois autores na tendência “liberal”.

O terceiro autor que dá fôlego à matriz platina, Alfredo Varela, é

destacado por Gutfreind (1998), por situar-se no momento em que o regime

republicano já constituía uma realidade no Brasil, e fica clara, como aponta

Flores (1989), a influência positivista que se desenvolvia, em especial no

governo do Rio Grande do Sul. Polemizou, ao defender a tese de que a

Revolução Farroupilha estava ligada aos movimentos platinos, afirmação que

seus contemporâneos rebatiam, localizando a inspiração dos farrapos na

Revolução Francesa. Deu ênfase às biografias dos heróis Bento Gonçalves,

Tito Livio Zambecari e Giuseppe Garibaldi, lançando mão de abundante

documentação e do testemunho de descendentes dos farrapos. Tal como

Alcides Lima e Assis Brasil, ressaltou a branda mistura racial na região e a

nítida diferença da paisagem sulina em relação ao restante do Brasil. Flores

(1989) faz o seguinte comentário sobre a obra de Varela:

O texto em todas as obras é confuso e descontínuo, a

linguagem de epopéia torna a leitura cansativa, as citações fragmentadas de documentos nem sempre correspondem ao verdadeiro texto, pois o historiador muda palavras ao seu bel-prazer. As citações de clássicos da literatura e da história greco-romana quebram a continuidade, dando apenas demonstração de erudição vazia.

A grande utilidade de suas obras está na citação de documentos ao pé da página, que paradoxalmente às vezes não correspondem à interpretação dada por Varela (FLORES, 1989, p. 30).

10 No Brasil, uma exemplar aplicação deste método é a obra Os sertões, de Euclides da Cunha (FLORES, 1989).

41

Mesmo tecendo essa crítica, Varela é uma das referências básicas

de Flores, autor que se destaca pelo aprofundamento dos diversos significados

da Revolução Farroupilha, através de uma criteriosa e contextualizada análise

de fontes primárias.

Entendemos, pelo olhar proporcionado através da nossa

metodologia e técnica de pesquisa, que será discutida no capítulo seguinte,

que um texto comporta diversos possíveis interpretativos e, por isso,

consideramos importante ressaltar que, atualmente, a obra de Varela tem

embasado um grupo de estudos de cunho separatista, chamado Pampa Livre,

que se ocupou de digitalizar e disponibilizar na Internet11, de forma gratuita,

todos os seis volumes da História da Grande Revolução.

Gutfreind (1998) identifica que as obras de Alcides Lima, Assis Brasil

e Varela são marcadas pela influência política do Partido Republicano Rio-

Grandense e nota que, a partir de 1920, a orientação historiográfica volta-se ao

“sentimento de brasilidade” (p. 23), que demonstra um “esforço para criar uma

imagem do Rio Grande do Sul que se assemelhe à do Brasil” (p. 24). Nesse

contexto, destaca-se o interesse dos historiadores pela renovação do olhar

sobre o período da Revolução Farroupilha, dada a relevância do conflito na

definição (ou na falta dela) da identidade rio-grandense frente às influências

platinas e brasileiras. Esse foco é justificado, de acordo com Gutfreind (1998),

pela luta do Rio Grande do Sul por um espaço na política nacional, culminando

com a Revolução de 1930 e a chegada de Getúlio Vargas ao poder.

Os anos 1920 foram marcados pela refundação do Instituto Histórico

e Geográfico do Rio Grande do Sul (IHGRS), da qual participaram, entre

outros, Florêncio de Abreu e Silva, Emílio Fernandes de Souza Docca, João

Pinto da Silva, Alcides Maya e os autores já citados: Alcides Lima, Joaquim

Francisco de Assis Brasil e Alfredo Varela. Naquele período, fica clara a

influência do pensamento positivista entre os membros do Instituto, mas

Gutfreind (1998) esclarece que

a caracterização mais correta que se pode dar à produção historiográfica dos seus membros é a do ecletismo teórico, sem uma discriminação de filosofia específica, comum a todos (...). Recusa-se a nomeação de

11 No endereço www.pampalivre.info/alfredovarela/historia_da_grande_revolucao__alfredo_varela.htm.

42

historiadores positivistas para os membros do IHGRS, pois é uma expressão homogeneizadora de um grupo que apresenta diversidades internas (p. 29).

Ainda de acordo com a autora, se não é possível aproximar a

produção historiográfica dos membros do IHGRS em torno de uma filosofia

específica, é factível agrupá-los no esforço de projetar o Rio Grande do Sul no

Brasil e na relevância dada ao espaço geográfico na formação do estado

sulino.

Ao lado de Alfredo Varela, Rubens de Barcellos e João Pinto da

Silva são autores que dão espaço à influência platina na constituição do Rio

Grande do Sul, e isso foi suficiente para criar polêmica com a matriz lusitana.

João Pinto da Silva, autor de História literária do Rio Grande do Sul (1924) e

de A Província de São Pedro (1930), coloca a situação de fronteira como

decisiva na fisionomia histórica do Rio Grande e, assim como Varela, vê o

embrião de uma sociedade democrática não nas estâncias (como afirmou

Alcides Lima), mas nos acampamentos militares. Considerou o separatismo

apenas teórico e viu no gaúcho sul-rio-grandense semelhanças e diferenças

em relação ao gaúcho platino, principalmente no que diz respeito ao

caudilhismo, prática que considerou inexistente no Rio Grande.

Flores (1989), insere o trabalho de Rubens de Barcellos na linha do

“determinismo sociológico”, com influência do pensamento de Durkheim, o que

trouxe poucas mudanças ao fazer histórico: “a influência do meio geográfico

passou a ser substituída pelo determinismo dos fatos sociais” (FLORES, 1989,

p. 41). A obra de Barcellos também confere forte valor à situação de fronteira e

ressalta a predominância da ascendência açoriana sobre a população. Nesse

sentido, destaca a existência de uma dicotomia entre a campanha e a cidade: a

primeira aproximando-se do Prata e a segunda dando continuidade aos laços

portugueses. Essa comparação entre a cidade e o campo é bastante

característica do pensamento da época, quando se destaca a obra Facundo,

do argentino Domingo Sarmiento (GUTFREIND, 1998). Barcellos também

minimiza o separatismo, considerando-o apenas um expediente para o alcance

da República: a Revolução Farroupilha não difere dos demais levantes das

províncias periféricas durante o período regencial. Em 1925, através dos

43

periódicos, Barcellos polemizou com Paulo Arinos, pseudônimo de Moysés

Vellinho, a respeito da obra literária de Alcides Maya, o que provocou tomada

de posições entre os intelectuais, e mostra a forte efervescência nas

discussões sobre a cultura rio-grandense.

Mansueto Bernardi, jornalista, poeta e funcionário da Livraria do

Globo, foi um expoente dessa conscientização sobre a importância do debate

acerca dos temas regionais e, ainda mais, da tomada de uma posição mais

efetiva do Rio Grande do Sul no panorama brasileiro (GUTFREIND, 1998), fato

que, discursivamente, apontou para textos políticos e históricos de cunho

conciliatório.

Esse panorama deu força à matriz lusitana, que teve como

expoentes Aurélio Afonso Porto, Emílio Fernandes de Souza Docca, Othelo

Rosa, Moysés Vellinho, Dante de Laytano e Walter Spalding.

Aurélio Porto, em seus primeiros escritos, filia-se à matriz platina,

destacando essa influência na Revolução Farroupilha. A partir da segunda

metade dos anos 1930, dedicando-se ao estudo da região das Missões, o autor

parece mudar de opinião e passa a afirmar que o ponto em comum entre

platinos e rio-grandenses era a presença indígena, suficiente para explicar as

semelhanças entre os dois povos. Sobre a Revolução Farroupilha, destacou o

sentimento de brasilidade dos rio-grandenses, decisivo para a assinatura da

paz com o Império.

As pesquisas de Aurélio Porto resultaram na publicação de

comentários junto aos três volumes do Processo dos farrapos e nos quatro

volumes dos Anais do Itamaraty, que, somados, compõem a série Farrapos. No plano nacional, o autor contou com a grata contribuição de Alcides Bezerra,

que tratou de aproximar a Revolução Farroupilha dos levantes ocorridos no

nordeste, integrando-a a uma perspectiva de construção da República

brasileira e redirecionando os valores que indicavam o separatismo,

apontando-os para um patriotismo profundo (GUTFREIND, 1998). Porto,

apesar de afirmar como seu intento a divulgação de um Rio Grande do Sul

culto, cavalheiresco e elevado culturalmente, acabou por oferecer, em sua

obra, uma imagem bastante tradicional, a do gaúcho da campanha: cavaleiro,

belicoso, destemido. Em 1937, faz outra importante contribuição para o registro

da história do estado, com a publicação de dois grandes volumes intitulados

44

Terra farroupilha, onde, mais uma vez, procura destacar os aspectos lusitanos

e brasileiros de nossa formação.

O militar Emílio Fernandes de Souza Docca foi contemporâneo de

Aurélio Porto e compartiu com ele a visão abrasileirada da história sul-rio-

grandense. Sobre o tema da Revolução Farroupilha, polemizou com Alfredo

Varela, que lançou a sua História da grande revolução em 1933, às vésperas

do centenário do conflito e concomitantemente ao governo do gaúcho Getúlio

Vargas, provocando artigos assinados por Docca na revista do IHGRS que

condenavam a visão separatista e platina da história do Rio Grande do Sul

(GUTFREIND, 1998). Publicou, em 1935, O sentido brasileiro da Revolução Farroupilha, onde afirmou que os revolucionários sul-rio-grandenses foram

inspirados pelo processo de independência norte-americano. Nas tendências

apontadas por Flores (1989) foi classificado como “positivista”, o que se

justifica pelo uso da tríade de Taine e a crença absoluta nos documentos como

fonte da verdade, mas apresentou em sua obra um forte ecletismo,

aproximando-se, inclusive, da psicologia e da hereditariedade de Gustave Le

Bon.

A peleja entre Varela, Souza Docca e Othelo Rosa (outro historiador

da vertente lusitana) foi forte, pois, apesar de todos serem homens de seu

tempo e influenciados por uma mesma gama de fatores (classe social,

orientação filosófica, contexto político, fontes), as conclusões de Varela não

eram convenientes aos interesses do Rio Grande do Sul da época. “O

momento histórico exigia outras respostas, e estas foram dadas por Aurélio

Porto, Souza Docca, Othelo Rosa e Moysés Vellinho” (GUTFREIND, 1998, p.

169). Essa resposta era a total coesão entre a identidade sul-rio-grandense e a

identidade brasileira.

O ápice da matriz lusa aconteceu através do trabalho de Moysés

Vellinho. Supera a visão de seus colegas Aurélio Porto e Souza Docca, ao

afirmar que o Rio Grande do Sul não se tornara brasileiro por opção, mas sim

por vocação histórica (GUTFREIND, 1998). Em Captania D’El-Rei, publicado

pela primeira vez em 1964, e dedicado a Othelo Rosa (companheiro de IHGRS

e de lusitanismo), Vellinho (1970), em um texto claro e bem articulado, volta o

componente militar-fronteiriço da Província de São Pedro, mesmo durante a

45

República Rio-Grandense, para um sentimento agregador, e não separatista,

em relação ao Império:

Encarados os fatos substancialmente e não apenas em suas

aparências, o Rio Grande do Sul nunca se sentiu em si próprio uma unidade, uma circunscrição desgarrada do corpo nacional. Nem mesmo, como já foi demonstrado tantas vezes, durante a vigência da República de Piratini.

Uma coisa, com efeito, nunca foi possível erradicar do coração dos Farrapos: o sentimento de sua condição de Brasileiros, condição tão marcada pela presença de uma fronteira que havia cem anos vinha sendo asperamente disputada palmo a palmo. Por isso mesmo deixa de soar como um paradoxo a observação de que entre os rebeldes eram mais agudas que entre os responsáveis pela defesa das armas imperiais as suscetibilidades em face dos vizinhos. Ao que o governo do Centro não recuou de contratar mercenários para o exército de repressão, indo mesmo ao lamentável extremo de tentar uma aliança com Rosas contra o Rio Grande rebelado, os Farrapos preferiram depor as armas ao aceitar, mesmo na desgraça, a ajuda que lhes oferecia o tirano argentino. E a recusa foi formalizada sob a expressa e solene invocação de que seus sentimentos de brasileiros primavam sobre quaisquer considerações de caráter ideológico (VELLINHO, 1970, p. 717-172, grifo nosso).

Flores (1989) destaca outras importante características da obra de

Vellinho, a quem classifica como “determinista sociológico”: a exclusão do

capítulo das reduções jesuíticas como parte da história sul-rio-grandense,

considerando-as um “embrião de império teocrático” (p. 49); a omissão da

participação do negro ou do índio na formação do Rio Grande do Sul; a

inexistência de oposição entre a cidade e o campo (ou entre a barbárie e a

civilização), especialmente durante a Revolução Farroupilha, dada a relevância

da pecuária como atividade econômica.

Vellinho foi um intelectual bastante ativo, participando da Revolução

de 1930 e da política, em nível estadual e federal, ocupando-se de levar seus

textos ao grande público: foi criador e dirigiu a revista Província de São Pedro e

colaborou regularmente com textos para o jornal Correio do Povo. Envolveu-se

em acalorados debates com historiadores de matriz platina sobre a pertinência

do tratamento de Sepé Tiaraju como herói rio-grandense, ocasião na qual se

manifestou veementemente contrário a essa perspectiva, tanto pelo seu

lusitanismo, quanto por suas convicções anticlericais.

46

Acumulando a função de crítico literário, Vellinho conviveu, ao

mesmo tempo em que procurava defender uma visão otimista do gaúcho rio-

grandense (e é importante diferenciá-lo do gaucho malo, ou do gaúcho

platino12), com um intenso movimento literário que abordava, justamente, a

decadência do gaúcho da Campanha. É o caso de Cyro Martins e a sua trilogia

do gaúcho a pé: Sem rumo (1937), Porteira fechada (1944) e Estrada nova

(1953):

Relacionando a literatura e a história, pode-se afirmar que

nunca a literatura foi tão histórica quanto neste momento, no sentido de aproximação com a realidade concreta sulina. Enquanto a preocupação de Moysés Vellinho e de seus colegas historiadores se limitava a diferenciar o gaúcho rio-grandense de seu congênere platino, invocando suas origens, a realidade presente vivida por essa população estava sendo trabalhada na literatura (GUTFREIND, 1998, p. 128).13

Sobre a Revolução Farroupilha, Vellinho considerava a rebelião

como um ato de desespero da Província, circunstancial, totalmente enquadrado

no contexto das revoltas que ocorreram em outras regiões abandonadas pela

Corte, durante o período regencial. Não dedicou estudo específico ao tema,

tratando com naturalidade a abordagem já consolidada por seus companheiros

de frente lusitana (GUTFREIND, 1998). Sobre o consagrado Varela, o autor

reconhecia sua obra pela importância quantitativa, demonstrada pela enorme

quantidade de dados levantada, mas, qualitativamente, “estava seguro de que

poucos teriam lido a obra pelo seu péssimo estilo” (GUTFREIND, 1998, p. 144).

Por sua extensão e diversidade, a obra de Vellinho é permeada por

algumas contradições ou idiossincrasias, pois, como aponta Gutfreind (1998):

dizia-se contrário ao positivismo, mas continuou o discurso de Othelo Rosa,

notório positivista; criticou Varela, mas o usou como fonte; negava

determinismos geográficos, mas valorizava o papel da fronteira na história. 12 Augusto Meyer, no ensaio Gaúcho: História de uma palavra, aponta com estranhamento a ausência do termo gaúcho no cancioneiro farroupilha. Gomes (2009) dedicou-se a entender os diferentes significados atribuídos a esta palavra através da literatura e dos relatos de viajantes do século XIX, concluindo que, até a publicação de O gaúcho, de José de Alencar, em 1872, o uso do termo era tomado em sentido pejorativo, sendo mais comum o uso da expressão monarca das coxilhas para o gaúcho altivo e corajoso que entendemos na contemporaneidade. No período da Revolução Farroupilha, o gaúcho era o vagabundo dos campos, ladrão, homem rude e selvagem, o inimigo do Prata. 13 Essa constatação já havia sido colocada por HOHLFELDT (1982), na obra O gaúcho: Ficção e realidade, onde afirma que Cyro Martins completou a (in)volução do mítico personagem gaúcho.

47

Nenhum desses fatores minora sua obra, apenas nos fazem entender, mais

uma vez, o quão variados são os fios tramados no tecido da historiografia sul-

rio-grandense.

A questão da influência platina, esmaecida durante algum tempo,

voltou a ter espaço através do trabalho de Manoelito de Ornellas, com a obra

Gaúchos e beduínos (1948), na qual enfatizou a interpenetração luso-

espanhola no território do pampa, colocando o gaúcho como um ser

supranacional, além de destacar a influência árabe que, através da Espanha e

de Portugal, espalhou-se pelo Brasil, traçando um paralelo entre o gaúcho e o

beduíno. A hipótese conciliadora, influenciada por Gilberto Freyre, sofreu

diversas críticas, entre elas, alguns textos de Moysés Vellinho na Província.

Até aqui, pelo panorama apresentado por Gutfreind (1998) e Flores

(1989), a produção historiográfica sul-rio-grandense foi fortemente marcada por

uma discussão de cunho nacionalista: parece-nos que o grande desafio foi

definir uma identidade, ao povo do sul, que correspondesse mais ou menos à

identidade brasileira. O tema do separatismo, que teve na Revolução

Farroupilha seu maior destaque e foco de discussão (ao lado da questão

missioneira, que também teve grande relevância), parece perseguir nossos

historiadores. Afinal, o Rio Grande do Sul faz parte do Brasil por opção ou por

vocação histórica? Somos mais portugueses ou platinos? E o negro e o índio,

influenciam ou não na construção da nossa identidade?

Mas houve e há outras tentativas. Flores (1989) classifica a

produção de Dante de Laytano numa perspectiva de “história cultural”, pois

dedicou-se ao estudo da influência do negro na formação cultural do estado, ao

resgate do linguajar açoriano, além de apresentar uma certa digressão

metodológica para os padrões da época: o autor centra sua preocupação na

informação, procurando não acentuar as discussões sobre o separatismo sul-

rio-grandense, apesar de partilhar da visão de que a origem do gaúcho é

exclusivamente luso-brasileira. Sua principal obra é História da República Rio-Grandense, de 1936, “onde, pela primeira vez, é analisada a economia e a

produção cultural dos farroupilhas” (FLORES, 2000, p. 21).

Há de se destacar também o movimento de historiadores ligados ao

materialismo histórico que, a partir da década de 1970, inovou a análise dos

temas regionais, ao partir da visão da estrutura econômica como condicionante

48

das demais e da valorização da luta de classes. São representantes desta

corrente, entre outros, Nelson Boeira, Décio Freitas e Sandra Pesavento. Esta

última, mais tarde, rompeu com a concepção materialista e passou a dedicar-

se à Historia Cultural, produzindo obras essenciais sobre os temas da

memória, da oralidade e da abordagem cultural para os estudos históricos.

A diversidade de perspectivas para a história regional nos

encaminha à questão central de nosso referencial teórico: as complexas

relações entre conhecimento e realidade na articulação dos sentidos, como

veremos em profundidade no capítulo seguinte. Mesmo a tentativa de situar os

autores em correntes de pensamento ou em matrizes é falha, pois muitos deles

mudaram de idéia ao longo do trabalho, descobriram novas fontes, cruzaram

dados de forma diferente ou, simplesmente, incorporaram as contradições. Em

nossa visão, é essa a riqueza da pesquisa científica quando adentra o terreno

dos sentidos, pois é nele que mora a complexidade, no sentido do complexus,

ou seja, do tecer junto, como afirma Morin (2005): articular as diferenças e não

simplesmente isolar os elementos que são dissidentes de nossas hipóteses

iniciais.

Cientes desse panorama diverso, preferimos, para ressaltar alguns

dos principais episódios da Revolução Farroupilha, compondo a base histórica

desta pesquisa, o trabalho de historiadores contemporâneos reconhecidos

academicamente e não filiados à perspectiva tradicionalista, por considerarmos

que esta vertente, por si só, pode condenar o trabalho à parcialidade (mesmo

entendendo que a imparcialidade absoluta por parte do pesquisador é uma

quimera). Antes de passar à cronologia da Revolução, consideramos adequado

um breve passeio por alguns dados do cotidiano da República Rio-Grande, a

fim de situar o leitor na realidade desse momento histórico.

49

2.2 O COTIDIANO NA REPÚBLICA RIO-GRANDENSE

Moacyr Flores é o autor do livro República Rio-Grandense: Realidade e utopia (2002), fruto de sua tese de doutoramento, onde apresenta

um amplo e minucioso levantamento de variadas características da realidade

cotidiana na pátria recém-criada. O autor traz valiosos dados do espaço, da

população, das relações sociais, da educação, do lazer e da economia da

província. Através deles, abre caminho para uma análise dos diversos

componentes que contribuíram para o desenvolvimento das idéias de mudança

naquele tempo. O jornal O Povo é uma das fontes de Flores e é citado diversas

vezes.

Para o entendimento das manobras e do espaço geográfico onde a

República Rio-Grandense foi maturada e defendida, acreditamos ser de grande

valia a Cartografia Histórica da Revolução Farroupilha, publicada pelo

Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul. Neste mapa, é possível

perceber que o domínio da República deu-se principalmente na chamada

região da Campanha, na metade sul da província. Se a historiografia positivista

atribuiu esse fato a uma influência telúrica, Flores (2002) não aceita o

determinismo geográfico e parte para uma reflexão sobre o tempo geográfico,

segundo Fernand Braudel: “Os vínculos sociais, as interações dos grupos, a

facilidade de alimentação, o sistema de guerrilha, a largueza do espaço, o

horizonte das propriedades e o compartimento das cidades não podem ser

desprezados” (p. 28). As quatro vilas que permaneceram fiéis ao Império

estavam situadas fora da Campanha, junto às vias navegáveis e que contavam

com postos da marinha e do exército: São José do Norte, Rio Grande, Rio

Pardo e Porto Alegre.

Não por si só, cabe ressaltar, a geografia teve influência nas causas

e no desenrolar do conflito: a vastidão do pampa ocupado pelos latifúndios, as

constantes mudanças nas fronteiras marcadas por batalhas, que interferiram

na escassez de empregos, nas facilidades do contrabando, na mentalidade

belicosa, nas relações com a região do Prata.

50

Desde o século XVIII, a fronteira da Província mais ao sul do Brasil

foi palco de conflitos armados e de diversas tentativas de acordo entre

Espanha e Portugal, na divisão do território. Entre eles, destaca-se o Tratado

de Santo Ildefonso, de 1777, em que Portugal devolve a região de Sacramento

e dos Sete Povos das Missões à Espanha, em troca de sua soberania na

margem esquerda do Rio da Prata e da ilha de Santa Catarina. No terreno

bélico, destaca-se a Guerra da Cisplatina (1825-28), entre o Brasil e as

Províncias Unidas do Rio da Prata, que disputaram o território da Cisplatina,

que atualmente corresponde ao Uruguai.

Em 1835, a Província de São Pedro do Rio Grande do Sul era

formada por 14 municípios: Porto Alegre, Triunfo, Santo Antônio, Rio Grande,

São José do Norte, Pelotas, Jaguarão, Piratini, Caçapava, Cachoeira, Rio

Pardo, Alegrete, São Borja e Cruz Alta.

O núcleo urbano centrava-se especialmente em Porto Alegre, Rio

Grande, São José do Norte, Rio Pardo e Viamão, e era formado por casas uma

ao lado da outra, onde se concentrava, além das moradias, a oferta de serviços

como oleiro, alfaiate e também o comércio e setores administrativos. Flores

(2002) destaca que os núcleos urbanos compreendiam uma área possível de

ser percorrida a pé, já que, naquela época, os meios de transporte eram

bastante caros e as estradas, praticamente inexistentes. Assim como na

Campanha, a mão-de-obra era essencialmente escrava.

No momento da eclosão da Revolução Farroupilha, a pecuária e o

comércio eram as atividades mais lucrativas. Em razão do ataque da ferrugem

e das dificuldades na manutenção das fronteiras, o trigo foi deixado de lado

pelos produtores regionais, que passaram a dedicar-se exclusivamente à

pecuária. Esta atividade unificou a região da Campanha e fomentou o comércio

de sebo e couro. A ação revolucionária concentrada na Campanha também se

justifica pela facilidade de deslocamento (já que a força dos farrapos foi

predominantemente focada na cavalaria), pelo recrutamento de peões, índios e

guascas que, sem emprego, gravitavam pelas estâncias, e também pelo

confisco do gado.

No que diz respeito à população, o censo de 1834 apontou o número

de aproximadamente 160 mil almas na Província (FLORES, 2002). Os índios

estavam espalhados por todo o território, enquanto que os negros

51

concentravam-se nas áreas urbanas e de charqueadas (especialmente em

Pelotas). Na mentalidade lusitana, qualquer tipo de trabalho braçal era

destinado aos escravos, o que provocava um quadro de ócio entre homens e

mulheres, as quais, ao contrário do que se poderia supor, não se

responsabilizavam pela criação dos filhos ou pela alimentação. O vazio

demográfico e a população heterogênea, segundo o autor, dificultaram a

criação de uma identidade coesa e, por conseqüência, de um sentimento

nacionalista por parte dos sul-rio-grandenses.

Mesmo sem essa coesão, a revolução teve reflexo em todos os

segmentos da sociedade:

A Revolução Farroupilha provocou mudanças na forma de

governo, modificou hierarquias sociais e buscou alternativas para a economia da nova República, tentando fundar uma nova nação, dentro dos princípios de igualdade, fraternidade e humanidade. Mesmo considerando que a maior parte dos combates aconteceram na zona da Campanha onde se concentrava a população, o movimento revolucionário atingiu todos os segmentos sociais (FLORES, 2002, p. 89).

Com a saída dos homens para a luta, muitas mulheres assumiram o

comando dos negócios e da casa, o que provocou um rompimento de

costumes. Mesmo assim, a liberdade, igualdade e fraternidade, apoiada na

teoria liberal, excluía mulheres e negros da cidadania. Para os escravos, só

havia alforria se fosse de propriedade dos imperiais e passasse a combater

com os republicanos.

A formação do corpo de batalha releva aspectos interessantes da

realidade na República Rio-grandense. Sabe-se que grande parte dos

comandantes e dos soldados que se empenharam no combate pertenciam à

Guarda Nacional, organização militar patrocinada pelo Império brasileiro para a

proteção das fronteiras, policiamento e manutenção da ordem na província.

Este fato deu certa coesão às forças, pois esses militares eram todos oriundos

de uma mesma faixa social, “escolhidos entre os caixeiros, agregados e filhos

de proprietários” (FLORES, 2002, p. 93) e sempre eram alocados nos cargos

mais altos. Já os peões, guascas, negros e índios, arregimentados ou à força,

por uma total falta de opção de vida, ou por critérios de fidelidade e obediência,

52

acabavam por formar um corpo de batalha mais disperso, menos

comprometido. O autor contesta a afirmação de alguns historiadores, como

Alcides Lima, de que a estância era um núcleo democrático: “A estância, no

período farroupilha, é um conjunto socioeconômico com várias unidades

familiares, como a do estancieiro, do capataz, dos agregados, dos peões e dos

escravos, portanto sem democracia” (p. 105).

Nessa sociedade, os laços de família, amizade, apadrinhamento ou

parentesco eram definitivos. Todos os cargos da República Rio-Grandense

foram distribuídos com base nesses critérios: “Em nenhum momento encontra-

se o nome de alguém indicado para cargos públicos porque prestou serviços

relevantes à República Rio-Grandense” (FLORES, 2002, p. 101). O casamento

entre os brancos e proprietários era muitas vezes orquestrado por acordos

entre as famílias. Entre os pobres, escravos e mestiços, predominava o

amasio. Também pela questão da distância e da ausência total de escolas,

valores morais eram pouco difundidos, e a imoralidade e libertinagem,

comparada aos padrões europeus, escandalizou muitos dos viajantes que por

aqui estiveram durante o século XIX.

Os índios participaram ativamente da Revolução Farroupilha,

levados pelos estancieiros e pela oportunidade de pilhagem, já que a inserção

dos valores liberais não fazia parte do treinamento da grande massa de

manobra. Desenraizada pela expulsão dos jesuítas e pela conquista e

destruição das reduções, a população indígena ganhou nova movimentação

com os deslocamentos de batalha, sendo utilizada como peão, tropeiro,

domador e soldado.

No caso dos negros, seu deslocamento para os campos de batalha

teve como conseqüência uma crise de mão-de-obra na cidade e no campo,

tanto nas tarefas domésticas quanto em serviços especializados, como:

carpinteiro, marceneiro, carneador, doceiro, pedreiro, alfaiate, calafate. Flores

(2002) informa que os cativos foram massa de manobra na mão dos

Republicanos e da Regência, já que ambos se valeram da oferta de vantagens

para estimular os negros a juntar-se ao exército farroupilha ou a desertar. Em

1838, a Regência ordenou a pena de 200 a 1.000 açoites para o escravo que

fosse pego lutando pelos rebeldes; ao mesmo tempo, oferecia anistia e o

pagamento de transporte para fora da província àqueles que desertassem. Já

53

os farrapos ofereciam aos cativos do império a liberdade em troca do serviço

militar; os que se negassem a pegar em armas eram mantidos como escravos

da República. Mais uma vez, a doutrina liberal era usada como justificativa:

A República não concedeu liberdade aos cativos em seu

território porque, de acordo com a doutrina liberal, o Estado não podia intervir na propriedade. Neste caso o escravo era considerado como um bem móvel, que podia ser vendido, alugado, trocado, hipotecado, herdado e legado como dote (FLORES, 2002, p. 173).

O governo republicano manteve todas as práticas comuns ao

escravismo. O sistema fazia parte da mentalidade da época. O que nos salta

aos olhos, no caso do negro, é o fato de que mesmo em um momento de

guerra, de exceção, onde todos os tipos de pilhagens e ilegalidades eram

efetivados, a preocupação em manter a legalidade em relação ao escravismo

prevaleceu. Por outro lado, percebe-se, inclusive por artigos publicados n’O

Povo, como veremos no capítulo 4, que a mentalidade da época condenava a

entrada de escravos novos no território da República, mas é preciso levar em

conta que essa prática era considerada ilegal pelo Império desde 1831.

Flores (2002), dedicou-se também ao estudo dos momentos de lazer

e à educação no período farroupilha. A violência estava presente em todos os

seguimentos da sociedade, fruto da quase inexistência de aparatos policiais ou

judiciais, e, nos momentos de ócio, refletia-se nas atividades de doma,

marcação, nas corridas a cavalo, na morte do gado, na courama, na rinha de

galo, no carteado e no jogo de osso. Havia também os fandangos (festas

dançantes), as conversas regadas a mate e a dança dos negros ao som do

batuque.

No espaço urbano, foi bastante comum a prática do entrudo, uma

brincadeira popular de rua, onde as pessoas se misturavam e atiravam umas

contra as outras água, limões-de-cheiro e farinha. Com o tempo, os municípios

tiveram que conter o excessos, e o entrudo passou a ser considerado

incompatível com a civilidade. Aos poucos, os bailes de máscaras, em moda no

Rio de Janeiro, foram introduzidos. Havia também as procissões religiosas e a

malhação do Judas. A República Rio-Grandense ocupou-se de realizar

54

comemorações cívicas. A poesia teve como pioneiras as mulheres que, com o

acesso à literatura, adotavam a posição de filósofa ou romântica. Entre elas,

destacam-se Delfina Benigna da Cunha (a Cega), Ana Eurídice Eufrosina de

Barandas e Maria Josefa Barreto Pereira Pinto.

No terreno escolar, a deficiência era extrema. O salário pago aos

professores públicos era baixíssimo, o que favorecia o ensino particular. Quem

quisesse estudar tinha que ir para São Paulo ou para o Rio de Janeiro. A

República preocupou-se com o tema, determinando às Câmaras Municipais a

instalação de escolas provisórias de primeiras letras, mas os rumores de

recrutamento entre os estudantes provocaram a debandada dos alunos.

A distância e o descaso do Império, como também a violência

intrínseca do movimento revolucionário, foram responsáveis por um ambiente

pobre, no sentido de falta de infra-estrutura, de iniciativa empreendedora, de

educação e, principalmente, de justiça e de empregos, favorecendo a

impunidade, a pobreza e a desigualdade.

Para mudar essa situação (e para manter o conflito armado), o

tesouro da nova pátria precisava se organizar. Em um primeiro momento, a

República limitou-se a requisitar e a confiscar gado. Com a recorrência das

pilhagens, o governo criou as coletorias, que cobravam impostos sobre a

circulação de mercadorias. Ao todo, seriam 23 postos, mas alguns nem

chegaram a abrir, devido à instabilidade das fronteiras, o que prejudicou a

arrecadação. As dívidas contraídas pela República eram pagas com critérios

de compadrio e, ao final da revolução, a Comissão Liquidadora do Império teve

que arcar com muitas pendências. O contrabando também era uma prática

cotidiana, que contava com a conivência de funcionários corruptos.

O confisco e o arrendamento de propriedades de inimigos também

era fonte de recursos. Sem acesso ao porto de Rio Grande, sitiado pelos

imperiais, os produtos de exportação, como fumo, couro e charque tinham de

ser embarcados no porto de Montevidéu. Quando o império pressionou

Frutuoso Rivera pelo fechamento do porto aos revolucionários, tornou-se

prioridade a conquista de Laguna, o que ocorreu em 1839, tornando-se zona

livre de impostos ao comércio estrangeiro, principalmente os materiais bélicos

(FLORES, 2002).

55

O dinheiro em espécie era raro, já que os moradores da Campanha

tinham seu capital em terra e gado, além do costume de entesourar cédulas e

moedas em panelas de ferro ou barro:

A República Rio-Grandense não cunhou moedas, adotou as do

Brasil, inclusive as falsas. As várias moedas nacionais e estrangeiras, com pesos e libras diferentes, nomes diversos, tinham como referência de valor a libra de prata, moeda que não existia, mas servia como padrão de todas numa escala de valores (FLORES, 2002, p. 312).

Nesse cenário de insegurança, desorganização e descaso, fica claro

porque a Revolução Farroupilha pode ser descrita como um movimento “das

elites”. Além do poderio econômico para subsidiar uma revolta armada, o

ideário liberal apresentava uma noção muito específica de cidadão, na qual

apenas os homens, brancos e com posses enquadravam-se. Esses cidadãos,

desassistidos pelo governo central, reuniram os requisitos necessários a um

levante. Faltava, primeiro de tudo, legitimidade ao Imperador nestas bandas: o

projeto federativo dos revolucionários ensejava “a delegação de poder de

promulgar o ordenamento jurídico do corpo social e de nomear os funcionários

administrativos” (FLORES, 2002, p. 451). A crise da monarquia era evidente,

mas a revolução não persistiu, entre outros fatores, por uma falta de coesão

cultural e identitária entre os sul-rio-grandenses e pela incompetência dos

insurgentes em promover mudanças no sistema econômico, ainda atado às

amarras coloniais.

2.3 A REVOLUÇÃO FARROUPILHA: MOMENTOS DECISIVOS

Como vimos no primeiro capítulo, o período regencial brasileiro foi

palco de fortes disputas políticas, que fomentaram revoltas em várias

províncias. A mais longeva delas foi a que ocorreu na Província de São Pedro

do Rio Grande do Sul, a Revolução Farroupilha, entre 1835 e 1845. Muitos

56

autores já analisaram esse episódio, como foi exposto em nosso no panorama

historiográfico. A fim de oferecer um quadro sintético, porém abrangente, dos

principais acontecimentos que precederam e consolidaram o conflito, optamos

por utilizar como fontes os trabalhos dos seguintes historiadores: Alfredo

Varela, pela riqueza de fontes e relevância historiográfica; Dante de Laytano,

pela produção pioneira de uma obra breve, que tornou acessível a história da

Revolução Farroupilha àqueles que não dispunham de fôlego para os seis

volumes de Varela; Sandra Pesavento, pela excelência na articulação entre

fatores políticos e infra-estruturais na explicação do conflito; e Moacyr Flores,

pela dedicação contemporânea ao tema, ocupando-se de uma abordagem

ligada aos eventos do cotidiano.

Um dos pontos mais discutidos sobre a Revolução Farroupilha são

as suas causas. Por que valeria a pena entrar em um conflito armado com o

Império e fundar uma nova pátria? É recorrente, no ensino escolar e no senso

comum, que o motivo principal para a insurgência foram os altos impostos

cobrados sobre o charque, produto central na economia da Província. Tal

análise é correta, mas constitui apenas parte do quadro, necessitando

aprofundamento e contextualização, o que nos remete aos fundamentos da

colonização e exploração econômica do extremo sul do Império.

Pesavento (1985) informa que a exploração do gado selvagem foi

alavancada no território que hoje se chama Rio Grande do Sul pelo

desenvolvimento das atividades mineradoras na região das Gerais, na

passagem do século XVII para o XVIII. Até então, a atividade era marcada pelo

contrabando e pela disputa territorial entre portugueses e espanhóis. Nesse

enfrentamento, a fundação, em 1680, da Colônia do Sacramento, é

emblemática das relações da época:

Numa posição de fronteira a Buenos Aires, este núcleo

avançado da Coroa Lusitana se estabeleceu com o objetivo de preservar para Portugal condições de realização de um comércio ilícito com as colônias espanholas. Várias vezes cercada, tomada pelos espanhóis e reconquistada pelos portugueses, a Colônia do Sacramento representava um interesse estratégico militar para a conservação da área. Por outro lado, a fundação da colônia proporcionou aos portugueses o conhecimento das reservas de gado da “Vacaria del Mar” (PESAVENTO, 1985, p. 19).

57

Com o ciclo do minério, o Rio Grande do Sul integrou-se à economia

colonial como provedor de gado de corte e de tração, além da exportação de

couro para a Europa. Até então, o gado vivia solto e era disputado por bandos

armados. O aumento da exploração e da rentabilidade da atividade fez com

que os tropeiros mais bem-sucedidos pressionassem a Coroa pela cessão de

terras onde pudessem investir na criação do gado. O governo viu aí uma

oportunidade de ocupar e defender o território e o comércio no sul e, a partir da

década de 1730, passou a distribuir sesmarias a tropeiros e militares.

Flores (2004) explica como isso aconteceu:

A sesmaria era uma área de mais ou menos uma légua14 de

largura por três de comprimento, concedida pelo rei de Portugal a quem provasse que a terra era devoluta e fosse possuidor de bens, tais como escravos e gado. A autoridade mais próxima, geralmente militar, concedia um documento atestando que a terra era devoluta, o qual seria anexado ao requerimento do peticionário. As autoridades concediam sesmarias de preferência a militares. Alguns sesmeiros receberam terras até pelos filhos que estavam por nascer (FLORES, 2004, p. 12).

A distribuição de sesmarias foi o embrião das estâncias, unidade

básica da economia sul-rio-grandense, como aponta Varela (1933):

A geração inicial do estabelecimento, se exceptuardes serviço

na tomadia de posse do território, restringiu o seu concurso à estréia de nossa existência econômica, fundando as primeiras estancias riograndinas; prasos ruraes destinados ao arrebanhamento, costeio e trafico dos armentios chimarrões ou baguaes, superabundantes nas campanhas desertas (VARELA, 1933, v. 1, p. 133).15

A decadência do minério restringiu o comércio do gado. Ao mesmo

tempo, duas outras produções assumiram a ponta da economia sul-rio-

grandense: o charque e o trigo, este último trazido pelos colonos açorianos

enviados pela Coroa ao sul. A charqueada exigia maior investimento em mão-

de-obra escrava.

14 Uma légua brasileira mede 6.600 metros (N. da A.). 15 Optamos por manter a grafia original de Varela (1933).

58

Aqui cabe ressaltar um aspecto interessante que faz parte da

tradicional historiografia gaúcha e que, assim como o caso do imposto sobre o

charque, ficou gravado no senso comum: o da indistinção social nas estâncias.

Laytano foi um dos que defendeu a teoria da democracia dos pampas: “O

espírito democrático [...] dos povoadores fez morrer qualquer tendência de

aristocracia. A estância é um feudo livre e popular. Delas, com suas

aglomeração e fortuna, dependeu a sorte de 35” (LAYTANO, 1936, p. 17).

Pesavento (1985) afirma que a dominação era tida como natural: “Não há

conflitos, não há diferenças, e quem exerce a dominação o faz porque é, em

tudo, natural e visceralmente superior” (p. 26). Essa naturalidade pode ser

explicada pela aparência menos opulenta da aristocracia sulina em

comparação com a sociedade açucareira, por exemplo. A atividade pastoril,

voltada ao mercado interno, era menos lucrativa que a exportação do açúcar,

oferecendo menos lucro e, conseqüentemente, diminuindo o acesso dos

estancieiros a produtos importados mais refinados. Além disso, os constantes

conflitos pela manutenção das fronteiras colocavam patrões e subalternos do

mesmo lado, ombro a ombro, na defesa da sobrevivência. Mas é importante

ressaltar que a leveza no trato entre diferentes era apenas uma aparência:

O fato do dono da estância levar uma vida simples e praticar,

ele também, as atividades de trato do rebanho não invalida a realidade de que ele é o dono dos meios de produção – terra e gado – da atividade fundamental da economia sulina na época, e que exerce sobre seus subordinados mecanismos de dominação-subordinação baseados inclusive na violência (PESAVENTO, 1985, p. 26, grifos nossos).

Nas charqueadas, essa aparência se sustentava ainda menos,

porque a atividade era mais lucrativa e necessitava de maiores investimentos e

de mais escravos para ser mantida. Mas esse sentimento de compadrio, que

mascara a submissão gerada pela escravidão, pelo desemprego e pela

distribuição desigual das terras foi e ainda é bastante requisitada para compor

a aura de luta pela igualdade, liberdade e fraternidade que cerca a Revolução

Farroupilha.

59

O poder econômico da região sempre esteve intimamente atrelado

às questões militares. Além da distribuição de terras, a Coroa concedia

também cargos militares aos estancieiros pela defesa das fronteiras. As vitórias

em relação ao Prata deram prestígio e poder de barganha cada vez maior à

aristocracia sulina, ao mesmo tempo em que os conflitos desmobilizavam a

concorrência na produção de charque dos saladeros (a versão platina das

charqueadas).

Com a independência, o contexto muda. O sistema colonial

escravista e monopolista passa a não dar mais conta da realidade econômica e

social. Pesavento (1997) defende que a Revolução Farroupilha, em relação às

circunstâncias mundiais, insere-se no contexto de descolonização que ocorreu

na passagem do século XVIII até o século XIX e que culminou, no Brasil, com a

independência. Para a autora, são dois os traços formadores que dão

especificidade ao caso do Rio Grande do Sul, e que podem ser apontados

tanto como fatores de barganha quanto motivadores da ruptura do sul com a

Coroa: “o componente militar-fronteiriço e o peso quase absoluto da pecuária

na economia da região” (1997, p. 10).

Pesavento (1997) afirma ainda que o traço militar-fronteiriço conferiu

à elite regional um comportamento autoritário e um contorno militarizado para a

sociedade sulina. Vale lembrar que grande parte da elite farrapa fez parte da

Guarda Militar do Sul, representante do Império. Já o predomínio absoluto da

pecuária, uma atividade que não se enquadrava nos moldes de uma economia

colonial de exportação, levou a região a depender dos preços oferecidos pelo

centro e das demandas do mercado interno. A situação se agravou com a

conquista da independência pelo território cisplatino, o que abalou a moral dos

militares sulinos e deu oportunidade para que os saladeros se reorganizassem.

O charque cisplatino estava inserido numa lógica de mercado

capitalista exportador, tendo seu processo de fabricação mais moderno, com

mão-de-obra livre assalariada, o que reduzia significativamente os custos de

produção. Além disso, a política econômica do Império brasileiro atuava com

dois pesos e duas medidas: favorecia alguns produtos importados com taxas

mais atraentes, mas, ao mesmo tempo, cobrava pesados impostos de outros.

Essa conjuntura desfavorecia o charque produzido na região sul do Brasil,

onde a produção era rudimentar, com mão-de-obra escrava e gado criado

60

solto, o que demandava a defesa das terras e das reses. Além da

concorrência, essa política lesava os interesses dos charqueadores ao taxar a

importação do sal, por exemplo.

Politicamente, a Corte ignorava as reivindicações vindas do sul com

o centralismo monárquico, através da nomeação dos presidentes da província

e do controle sobre a distribuição dos recursos entre as províncias. Como

agravante, Hartmann (2002) ressalta o desinteresse por parte do governo

central em relação às mais básicas questões reclamadas pela Província de

São Pedro, entre elas, a construção de estradas.

Todos esses fatores opressivos – o fracasso militar, as dificuldades

econômicas, a impossibilidade de reinvindicação – canalizaram-se na política.

Na análise de Pesavento (1985), “tal consideração se justifica na medida em

que se considera que a instância política é o nível privilegiado de cristalização

dos conflitos e exteriorização dos problemas que se expressam em termos de

enfrentamento do poder” (p. 42).

Enquanto houve algum poder de barganha, pela questão militar, as

diferenças entre os interesses dos estancieiros sulinos e os da Corte foram

amenizadas. No momento em que houve o acúmulo das dificuldades políticas,

militares e econômicas, a rebelião foi inevitável. O Ato Adicional de 1834, que

concedeu alguma liberdade política às províncias, não foi suficiente para

abrandar a situação. Entendemos, assim, que concentrar nos problemas

alfandegários do charque a causa da Revolução Farroupilha é uma atitude

simplificadora. Exclui os fatores políticos e todo um espírito do tempo, que

abarca os ideais liberais, a Independência Americana e a Revolução Francesa.

Flores (2004) fornece uma importante informação que atesta essa afirmação:

“O primeiro ato da República Rio-Grandense foi decretar o imposto de 400 réis

sobre a arroba do charque, o que torna inconsistente a afirmação de alguns

escritores que o alto imposto sobre o charque foi a causa da Revolução

Farroupilha” (p. 15).

Assim, entendemos que o preço e as taxas do charque contribuíram

para a insatisfação que gerou a agitação revolucionária, mas foram os

movimentos políticos que estruturaram o levante. O Partido Farroupilha foi

fundado em 1832, em Porto Alegre, com forte participação de exilados de

outras províncias, mandados ao Rio Grande do Sul, uma vez que era praxe

61

que o Império punisse os liberais com a designação de servir na zona de

fronteira com o inimigo espanhol (FLORES, 2002). A Revolução não eclodiu da

noite para o dia. Foi maturada em reuniões particulares e na atuação de Bento

Gonçalves da Silva na política local. Bento, comandante da fronteira de

Jaguarão, foi acusado de acobertar Juan Lavalleja, quando perseguido no

Uruguai, por contrabando de gado e conspiração liberal. Julgado e inocentado

no Rio de Janeiro, aproveitou a estada na Corte para indicar Antônio Rodrigues

Fernandes Braga para a presidência da província, em 1834 (FLORES, 2002 e

2004).

Depois de assumir a presidência em Porto Alegre, Braga foi morar

em Rio Grande, entregando a capital a Bento, que preencheu cargos públicos

com seus companheiros políticos. Laytano (1983) confirma a gestação da

Revolução na Assembléia e os movimentos políticos que a sustentaram:

Mas a origem política da Revolução Farroupilha está

enquadrada de maneira clara. O desentendimento, a violência e o choque do Executivo com o Legislativo. A Assembléia recém-instalada, era sua primeira legislatura. Recém começa e abre oposição ao Presidente da Província, Dr. Antônio Rodrigues Fernandes Braga, que tinha tomado posse a 2 de maio de 1834 e foi deposto pela Revolução. Mas a Revolução foi inteiramente preparada em todos os seus pormenores dentro da própria Assembléia. Até deputados suplentes, e tais o eram José Gomes de Vasconcelos Jardim, Bento Manoel Ribeiro ou José Pinheiro Ulhôa Cintra. Ou quando ela não se completava dentro da própria Assembléia, então iam ser procurados no interior, nas outras cidades da Província, os políticos locais para que não só aderissem ao movimento, mas para que a chefiassem naquela região (LAYTANO, 1983, p. 19).

A Revolução Farroupilha eclodiu em armas no dia 20 de setembro

de 1835 e teve como estopim um atrito durante a inauguração da primeira

Assembléia Legislativa Provincial, em 20 de abril de 1835, quando o presidente

Fernandes Braga acusou Bento Gonçalves de conivência com os caudilhos

platinos e de professar ideário republicano. A figura de Bento gera polêmica:

ora saudado como herói, ora criticado como ladrão. Pesavento (1985) pondera:

Crê-se, contudo, que o que deve ser enfatizado, no caso, é a

inserção de classe de Bento Gonçalves na sociedade de seu tempo, como

62

integrante da camada dominante rio-grandense, que tinha seus interesses ligados ao gado, à terra e aos escravos. Nesta medida, toda a ação de Bento Gonçalves – nem herói, nem ladrão – se enquadra a partir de interesses sociais bem definidos. O contrabando e a usurpação de terras mediante violência, no caso, não podem deixar de ser entendidos senão à luz do seu tempo, como práticas históricas correntes em sua época (PESAVENTO, 1985, p. 48).

Sobre os empreendedores da revolta, Pesavento (1985) afirma que

“não resta a menor dúvida que eles se circunscreviam nos quadros da

chamada elite rio-grandense, camada favorecida da sociedade que tinha seu

patrimônio fundamentado na posse de terra, do gado, dos escravos” (p. 55). As

justificativas para o levante foram expressas nos manifestos assinados por

Bento Gonçalves e publicados no jornal O Povo, sempre levantando posições

assumidas pelo governo central que prejudicavam a Província de São Pedro.

Do lado do Império, acusações de ligação entre os estancieiros e o Estado

Oriental.

Os argumentos apresentados pelos farrapos permitem ler suas

influências ideológicas. O ideário liberal foi estudado por Flores na obra

Modelo Político dos Farrapos (1978). No plano das idéias do movimento

farroupilha, as influências dominante são do liberalismo de John Locke e

Montesquieu, e do republicanismo norte-americano. O autor frisa a forte

influência de Locke no pensamento dos revolucionários, haja visto que o mote

da revolta concernia à ameaça da propriedade privada, ao bem estar dos

cidadãos e à soberana e livre determinação do povo rio-grandense.

Explica Flores (1978, p. 32) que os farrapos encontraram no contrato

social de Locke uma legitimação para a ação revolucionária, uma vez que, ao

abusar da autoridade, o governo imperial quebraria o contrato social e o povo

reassumiria a soberania originária. O autor explicita a noção particular de povo

dos farrapos, excluindo grande parte da população do exercício de direitos

políticos (como mulheres, escravos e pobres), “porque não reconheciam nos

homens comuns condições de selecionar seus representantes, só a classe

ilustrada tinha direito de eleger bons administradores” (FLORES, 1978, p. 34).

Para Pesavento (1985), a Revolução Farroupilha, no decorrer de seu

processo, acabou por evoluir para a defesa da proclamação de uma república

independente, superando a visão de monarquia federativa abraçada pelo

63

Partido Liberal no plano nacional e que também arregimentava muitos

partidários farrapos. Os rebeldes afirmavam, ainda, a disposição de ligar-se,

por laços de federação, às demais províncias que viessem a se desligar do

poder central. Explica Flores (1978, p. 126) que a “federação não significava

um grupo de províncias autônomas unidas sob um poder central, mas um

grupo de Estados independentes, atendendo suas aspirações regionais”.

É importante ressaltar que, tanto os monarquistas federativos quanto

os republicanos defendiam os interesses de um grupo dominante local, os

proprietários de terra. Aqui, a ideologia liberal mostra o laissez-faire europeu

adaptado à realidade sul-rio-grandense: os revolucionários propunham um forte

protecionismo alfandegário para o seu produto, o charque, numa postura

paradoxal em relação aos princípios de não-intervenção estatal na economia

apregoados pelo liberalismo. O interesse no federalismo republicano se justifica

pela necessidade de continuar ligado economicamente a um mercado interno.

Flores (1978) afirma que a idéia de divisão de poderes dos farrapos

vem de Montesquieu, prevendo a separação de três poderes, a fim de evitar o

absolutismo do poder executivo. O desvio para a tirania era uma das maiores

queixas em relação ao governo do Império brasileiro, como veremos em nossa

análise, no capítulo 4. No plano das liberdades individuais, a influência foi de

Rousseau, em sua afirmativa de que a sociedade tornava os homens perversos

e, para resgatar a boa índole original do homem, era preciso modificar as

instituições. Esse discurso serviu de justificativa para a insurgência contra o

Império, mas “sendo os líderes revolucionário latifundiários e militares, não

reconheciam os princípios democráticos de Rousseau” (FLORES, 1978, p. 39).

Sobre a adaptação dos conceitos liberais à realidade dos

estancieiros, expõe Pesavento:

Quando é afirmada a liberdade individual ou há

referências nos manifestos ao povo, a noção deve ser entendida como referente ao conjunto dos homens livres e proprietários, considerados como cidadãos ou detentores dos direitos políticos. Tanto os farrapos legitimaram a escravidão quanto reafirmaram o sistema censitário de voto, restringindo com isso a participação política. Eventuais emancipações de negros durante o conflito devem ser entendidas à luz das necessidades da guerra – era preciso libertar o escravo para armá-lo e torná-lo um soldado da causa rebelde – e não de uma tendência emancipacionista (PESAVENTO, 1997, p. 27)

64

Entendemos, da análise do ideário farroupilha, que há uma

correspondência entre o discurso político e sua base social: trata-se de um

discurso das elites interessadas em defender seus interesses privados,

adaptando à sua realidade o discurso liberal. Pesavento (1997) faz, ainda, uma

provocação: seriam necessárias novas pesquisas que pudessem trazer à luz

(ou não) a existência de proposição, por parte dos farrapos, de novos modelos

como trabalho livre e a repartição de terras aos desfavorecidos do campo.

Voltando ao embate em si, o primeiro enfretamento levou à tomada

de Porto Alegre pelos farrapos, através de um grupo de 200 soldados,

chefiados por José Gomes de Vasconcelos Jardim e Onofre Pires da Silveira

Canto, fazendo com que o presidente Braga fugisse para Rio Grande. Seu

lugar foi ocupado por seu sucessor legal, Marciano Ribeiro – o quarto na linha

de sucessão, já que os três primeiros “deram parte de doentes”, como informa

Flores (2004, p. 45) –, fato que, para alguns representantes da historiografia,

demonstra a vocação mais federativa do que separatista da Revolução, pelo

menos em seus primeiros movimentos.

A Revolução se espalhou: além de Porto Alegre, os farrapos

mantinham o controle das Câmaras de Jaguarão, Piratini, Cachoeira e Santo

Antônio da Patrulha. A Guarda Nacional e o exército, instrumentos do Império,

estavam tomados pelos revolucionários. Depois do ataque à capital, Bento

dirigiu-se a Jaguarão, o que Flores (2004) considera uma mostra de “pouco tino

militar” ao não atacar “Rio Grande e nem tomando o canal. Se assim o fizesse,

dificilmente tropas imperiais entrariam na província” (p. 48). Marciano Ribeiro

seguiu despachando normalmente, definindo a aquisição de armamento para a

defesa do movimento rebelde.

O Império tentou uma manobra política, ao indicar Araújo Ribeiro,

primo de Bento Gonçalves, para a presidência da província. Não houve

conciliação, e o território seguiu com dois comandos: o legalista, em Rio

Grande, sob o comando de Araújo Ribeiro; e o rebelde, com sede em Porto

Alegre, com Marciano Ribeiro. Os combates na capital acirraram-se entre junho

e agosto de 1836, principalmente pelas águas do canal. A manutenção de Rio

Grande nas mãos dos imperiais foi essencial para o envio de reforços, e em 23

de agosto os farrapos afundaram o brigue Bento Gonçalves e o patacho 20 de

Setembro, fugindo por Itapuã. Silva Tavares, comandante legalista, saiu atrás

65

das tropas do revolucionário Antônio de Souza Neto. Enfrentaram-se em 10 de

setembro de 1836, na coxilha do Seival. A vitória foi absoluta dos cavaleiros de

Neto, que mataram 180 imperiais, sem perder nenhum homem (FLORES,

2004).

Ao mesmo tempo em que perderam a capital, uma vitória absoluta

por terra. A situação provoca movimentos contrários, e aqui Flores (2004)

define o começo de uma nova fase no movimento rebelde:

Os liberais moderados, tanto a facção monarquista como a

republicana, pretendiam depor as armas porque o presidente Braga, contra quem fora dirigida a insurreição, fora deposto e o novo presidente José de Araújo Ribeiro oferecia anistia, ainda que dúbia. Aparentemente não havia razões para continuar a luta, com o agravante que os demais brasileiros não participaram da luta pela federação. Os liberais exaltados, chamados de farroupilhas, farrapos ou anarquistas, levantaram a bandeira tricolor da república, continuando o movimento que se transforma em guerra civil (FLORES, 2004, p. 62).

Em 11 de setembro de 1836, na euforia pelo sucesso no combate do

Seival, Neto proclamou a República Rio-Grandense. Neste ponto, a

historiografia oferece diversas explicações, conforme já vimos, dada a

relevância da questão separatista e da existência ou não de sentimentos anti-

brasileiros no movimento de 35. Basicamente, as explicações dividem-se em:

1) os farrapos não eram separatistas porque a proclamação da República não

ocorreu logo nas primeiras vitórias; 2) os brados republicanos foram gestados

desde o começo, surgiram em meio às tropas e tiveram forte influência dos

vizinhos do Prata.

Na primeira proposta situa-se Dante de Laytano (1983, p. 151-153),

que explica o episódio com base nas memórias de Manoel Alves da Silva

Caldeira, major do exército da República Rio-Grandense. O autor atribui papel

decisivo a Joaquim Pedro Soares e Manoel Lucas de Oliveira no

convencimento de Neto de que os revolucionários não poderiam lutar sob a

mesma bandeira nacionalista que o Império, e que uma virada política faria

com que as forças anti-imperiais tomassem novo fôlego. Neto teria

demonstrado preocupação com a aprovação de Bento Gonçalves, mas, como

sua divisão estava perdida e incomunicável, optou pela proclamação.

66

Já Alfredo Varela (1933, v. 3, p. 211-221), em seu estilo rebuscado,

traça o panorama da proclamação de República como um ideal que já vinha

ganhando volume nas frentes da revolução e que tomou ânimo definitivo com a

vitória no Seival:

Entre brindes festivos, Marcos Fioravanti, havia deixado

escapar um estrondoso “viva a república”, traduzindo o secreto anhelo16 de todos os seus confrades. [...] Nas palestras em marcha, como nos mais amplos colloquios em tôrno dos fogões do arraial, constante era o vozeio allusivo à radicalissima, franca mudança, nas instituições, que por demais se protraía. Com a victoria de 10 de setembro, qual previra o talentoso presidente em exercício, houve forte abalo nos ânimos, decidindo-se os liberais a romper alfim com o disfarce que andavam a empregar (VARELA, 1933, v. 3, p. 212).

Desfilando erudição, Varela usa uma citação de Ferdinand Lassale

em carta a Karl Marx para ilustrar que a emanação republicana vinha do povo:

“L’instinct des masses dans les révolutions est ordinairement beaucoup plus sur

que la raison des intellectuels”17 (v. 3, p. 213). No entendimento desse autor, a

República traduzia muito melhor o complexo social daquele momento histórico

e por isso considera a decisão de Neto uma “posição lógica e esperançosa” (v.

3, p. 214). Varela (1933) aventa ainda a influência platina na decisão de Neto,

que teria recorrido ao presidente do Uruguay, Manuel Oribe, que confirmou o

apoio aos rio-grandenses, desde que fosse empunhada a bandeira

republicana. O autor também destaca, como Laytano, a influência de Manuel

Lucas de Oliveira e de Joaquim Pedro Soares no episódio, mas minimiza a

visão de que a proclamação de República foi um ato impensado, impulsivo.

Citando escritos de Zambeccari, polemiza com seus contemporâneos:

Convencem, uma e outra notícia, que tudo que se fez na

campanha estava dentro de idéias previamente assentadas. O modo por que as circumstancias encaminharam o advento do novo regime é que talvez não coincidisse com os termos do planejado, em que de certo se contava com a posse da Capital e com o governo existente desde 20 de setembro; differença esta que muito contribuiria para as perplexidades que

16 Do verbo em espanhol anhelar: desejo veemente de conseguir alguma coisa. 17 “O instinto das massas nas revoluções geralmente está muito acima da razão dos intelectuais”, tradução nossa.

67

uma critica historica fragílima attribue à ausencia de convicções e a nenhum pendor ou interesse pela solução republicana, – perplexidades explicabilissimas, diga-se de passagem, com o ensino de um douto (VARELA, 1933, v. 3, p. 216).

Por sua vez, Flores (2002 e 2004) refuta a tese de que a República

foi proclamada para reativar os ânimos da Revolução. A idéia estava presente

desde antes do conflito, e “as vitórias do arroio Barcelos e a do Seival, bem

como a política conciliatória da regência contribuíram para reforçar o ânimo

rebelde” (FLORES, 2002, p. 361). Até então, o regente Feijó “tratava a

revolução como sedição que requeria medidas conciliatórias” (p. 361, grifo

nosso).

Após esse episódio, Bento Gonçalves foi escolhido chefe da

República Rio-Grandense e a estruturação política compreendeu manobras –

como o oferecimento de cargos ministeriais – que contentassem os chimangos

republicanos e monarquistas, a fim de manter essa base de apoio. O êxito dos

farrapos não durou muito: sofreram duro revés das tropas de Bento Manuel

Ribeiro na Ilha do Fanfa, em outubro de 1836, onde foram presos o próprio

Bento Gonçalves, Onofre Pires, Tito Livio Zambeccari, Pedro Boticário e Corte

Real, além de mais de mil rebeldes (FLORES, 2004). O movimento procurou se

reorganizar em Piratini, sob o comando de Domingos José de Almeida. O cargo

de Presidente coube a José Gomes de Vasconcelos Jardim até a volta de

Bento, que fugiu da prisão em 16 de dezembro de 1837. Durante este ano e no

seguinte, os farrapos conquistaram Rio Pardo, Lages (em Santa Catarina) e

Caçapava. Tentaram algumas vezes o cerco a Porto Alegre, sem sucesso.

O ano de 1839 foi marcado pela conquista de Laguna, da qual

participaram Garibaldi e Canabarro, cidade que preencheria a lacuna de um

porto em que desaguasse o comércio da República Rio-Grandense. Em 29 de

julho foi proclamada a República Catarinense, que só perdurou alguns meses,

até 15 de novembro daquele mesmo ano. A capital da República mudou-se de

Piratini para Caçapava, “ponto mais central para as operações militares”

(FLORES, 2004, p. 89). Entre julho de 1840 e março de 1841, os liberais

assumiram a regência e buscaram uma política conciliatória, sem enviar tropas

ao Rio Grande do Sul.

68

A maioridade de D. Pedro II foi declarada em 23 de julho de 1840. O

novo imperador buscou uma solução conciliatória, mas não houve acordo. A

virada nas forças imperiais veio com o comando militar do Barão de Caxias, em

1842, que organizou uma tropa de 11 mil homens. “O Exército Imperial, com a

Guarda Nacional, somava 21.968 soldados no Rio Grande do Sul” (FLORES,

2004, p. 96). Foram mais de 32 combates até 1845, dentre os quais destacam-

se as vitórias imperiais em Porongos (14 de novembro de 1844) e Ponche

Verde, onde foi negociada a paz. Um dos episódios mais violentos e discutidos

ainda hoje entre os historiadores é o do extermínio da infantaria republicana em

Porongos – efetuada pelos imperiais com a conivência do comandante farrapo

David Canabarro – composta exclusivamente de negros. Isso porque o Império

não queria incluir os libertos na anistia, de acordo com Flores (2004).

O fim do embate é cercado de polêmica. A imagem da paz honrosa,

a assinatura da Paz de Ponche Verde, em 28 de fevereiro de 1845 foi bastante

explorada pela historiografia como episódio icônico da vitória moral dos

farrapos. Flores (2004) afirma que o documento produzido nesse dia foi uma

Ata, chamada erroneamente de Tratado de Paz, pois não foi assinada por

representantes do Império. A ata listou 12 artigos como condições para a paz:

Art. 1º - O indivíduo que for pelos republicanos indicado para

Presidente da Província e aprovado pelo Governo Imperial passará logo a presidir a província.

Art. 2º - A dívida nacional é paga pelo Governo Imperial devendo apresentar-se ao Barão uma relação de relação de credores para ele entregar à pessoa, ou pessoas, para isso nomeadas, a quantia a que montar a dívida.

Art. 3º - Os oficiais da República que por nosso comandante em chefe forem indicados passarão a pertencer ao Exército do Brasil nos mesmos postos, e os que quiserem sua demissão ou não quiserem pertencer ao referido Exército, não serão jamais obrigados a servir tanto em Guarda Nacional quanto em 1ª Linha.

Art. 4º - São livres, e como tais reconhecidos, todos os cativos que serviram à revolução.

Art. 5º - As causas crimes não sendo nulidades escandalosas são válidas, bem como todas as licenças e dispensas eclesiásticas.

Art. 6º - É garantida a segurança individual e de propriedade em toda a sua plenitude.

Art. 7º - Tendo o Barão de organizar um Corpo de Linha, receberá toda a oficialidade para ele dos republicanos, sempre que assim voluntariamente o queiram.

Art. 8º - Nossos prisioneiros de guerra serão logo soltos e aqueles que estão fora da Província serão reconduzidos a ela.

69

Art. 9º - Não são reconhecidos em suas patentes os nossos generais, porém gozarão das imunidades dos demais cidadãos designados.

Art. 10º - O Governo Imperial vai tratar de forma definitiva a linha divisória com o Estado Oriental.

Art. 11º - Os soldados da República pelos respectivos comandantes relacionados ficam isentos de recrutamento de Linha.

Art. 12º - Os oficiais que pertencerem ao Exército Imperial, se se apresentarem ao nosso serviço são plenamente garantidos como os demais republicanos. (FLORES, 2004, p. 103).

Flores explica que dos artigos citados, apenas o 4º, referente aos

escravos, não era aceito pelo Império, e Canabarro ficou em silêncio sobre

esse assunto. A província foi efetivamente pacificada no dia 1/3/1845 nos

termos do Decreto de 18/12/1844, de ordem do Imperador. “Esse Decreto era a

anistia. As negociações de conciliação foram realizadas em segredo, para os

chefes farrapos deporem as armas e solicitarem anistia e depois ganhar a

indenização” (FLORES, 2004, p. 104). A efetiva anistia foi pactuada entre

Canabarro e o Barão de Caxias nos seguintes termos:

1º Anistia geral e plena para todas as pessoas envolvidas na

rebelião; 2º Isenção de serviço militar e da Guarda Nacional para todos

os indivíduos que tinham servido no Exército da rebelião; 3º Gozarem os chefes rebeldes das honras dos seus postos; 4º Pertencerem os escravos, que serviam como soldados da

república ao Estado, que os indenizaria aos seus antigos senhores (ARARIPE apud FLORES, 2004, p. 104).

Pesavento (1985) articula a oferta de paz do Império com os traços

que se desenhavam nas disputas políticas no Prata, com agitações entre a

oligarquia rural e a burguesia comercial na Argentina e o avanço de Rosas

sobre Frutuoso Rivera no Uruguai. Mais uma vez, a questão militar subsidiava

o poder de barganha da província.

Varela (1933 v. 6), dedica o livro 21º, intitulado O crepúsculo dos deuses, ao fim da República Rio-Grandense. O autor descreve em detalhes as

negociações de paz, insistindo na articulação da República com as nações do

Prata, tão contestada por seus coetâneos de matriz lusa: “[...] Far-se-ia a paz,

mediante um convênio entre o Império, de uma parte, e, da outra, o Riogrande,

Uruguay, Corrientes, Entre-rios, comunidades estas que não ficavam

70

submetidas ao trono, sim vinculadas a ele, por um laço federal” (VARELA,

1933. v. 6, p. 231-232).

O autor caracteriza Canabarro como rude e voluntarioso, mas não o

afirma traidor. Descreve o território da República como uma “deplorável

fisionomia”, “um ajuntamento desarmônico, desatado, informe” (VARELA, 1933,

v.6, p. 244) e que combaliu pela falta de orientação política e militar: “O antes

válido organismo político-militar, caído em perigosa, letal acefalia, moveu-se

ainda algum tempo, como se agita num ponto ou outro o corpo de um

decapitado” (p. 255).

Das análises dos historiadores selecionados, depreendemos que a

Revolução Farroupilha, em dez anos de batalha, ruiu pelos mesmos motivos

que ascendeu: a luta pelo ideal liberal e contra a tirania. As impossibilidades

materiais e a centralização do poder minaram tanto as relações da província

com o Império quanto a República Rio-Grandense em si. Assim, interessa-nos

entender de que forma foi articulado o jornal O Povo, tanto formal quanto

discursivamente, no sentido de produzir efeitos e relacionar-se com a opinião

pública, investigando, através da Sociologia Fenomenológica, que

descreveremos no capítulo a seguir, as relevâncias e tipificações mais comuns

em suas páginas e relacionando-as com as práticas cotidianas na República

Rio-Grandense.

3 A SOCIOLOGIA FENOMENOLÓGICA E A ANÁLISE DO DISCURSO COMO LENTES

“A reflexão não é capaz de reconstituir a experiência”18

A afirmação de Alfred Schutz utilizada como epígrafe conduz-nos a

uma questão essencial: a dificuldade na formulação de verdades ou fórmulas

quando tratamos do comportamento humano, o que nos leva, diretamente, ao

problema da separação entre sujeito e objeto no campo das Ciências

Humanas. Controvérsia muito bem sintetizada por Stuart Hall, teórico dos

Estudos Culturais, ao avaliar a centralidade da cultura na vivência humana e a

complexidade dos campos de força envolvidos em sua regulação, na pergunta:

como regular aquilo que nos regula, que nos governa? (HALL, 1997).

Em uma mesma lógica, porém voltada para a questão das relações

entre conhecimento e vida cotidiana, a fenomenologia de Alfred Schutz

questiona: “É o ser social do homem que determina a sua consciência ou é a

sua consciência que determina o seu ser social?” (SCHUTZ apud CORREIA,

2005, p. 13). Assim, a teoria de Schutz debruça-se no terreno da sociabilidade,

da construção intersubjetiva dos processos compreensivos e sua ligação com a

interpretação do mundo cotidiano, entendendo que compreender a

subjetividade dos atores sociais é indispensável para as Ciências Sociais

(CORREIA, 2005, p. 14).

O problema epistemológico da Comunicação é tema de constante

debate. A respeito do fazer científico no campo, Navarro (2003) traz elementos

18 SCHUTZ, Alfred. Life forms and meaning structures, Routledge and Keagan Paul apud CORREIA, João Carlos. A teoria da comunicação de Alfred Schutz. Lisboa: Horizonte, 2005.

72

para tensionar o que chama de “produção social de sentido sobre a produção

social de sentido”. O autor afirma que

a “comunicação”, como quer que a definamos, implica sistemas e práticas socioculturais, cognitivas, econômicas e políticas, e dimensões psicológicas, biológicas e físicas das quais necessariamente participamos. A construção de objetos de conhecimento sobre ela não pode ignorar que, como sujeitos, estamos implicados nesses objetos. Por isso que o fato de construí-los e desenvolvê-los, de uma ou outra maneira, afeta sua natureza objetiva, a institucionaliza e, de alguma maneira, a “naturaliza” (p. 36, grifos do autor, tradução nossa)19.

Nas Ciências Sociais, o pesquisador é constituído, ele mesmo, pelo

que estuda. A Comunicação dá a existir o ser humano e ao mesmo tempo

realiza sobre ele uma influência sócio-histórica particular, determinante, mas

não definitiva (como veremos na teoria schutziana) nos seus “modos de olhar”

(NAVARRO, 2003). O autor explica que as perspectivas mais reducionistas

parecem haver ganho maior espaço na consolidação do campo acadêmico da

Comunicação, centrando as pesquisas nos meios, nas mensagens e na

interação entre os sujeitos e entre estes e as instituições. Em sua opinião, essa

abordagem deixa de fora o que é mais importante de ser entendido: “a

constituição comunicativa da realidade social” (2003, p. 37, grifo nosso).

É nesse mesmo sentido que, para Schutz, a pesquisa social difere

das Ciências Exatas: os objetos que cientistas sociais querem entender já são,

eles mesmos, interpretantes do mundo social (CORREIA, 2005, p. 97). O que

resta ao pesquisador é uma interpretação de segunda ordem, mas esse olhar,

para ultrapassar o senso comum, deve revestir-se de metodologia adequada.

Pelo importante espaço que concede à comunicação e à intersubjetividade,

como fatores da construção social da realidade, nossa opção metodológica

para esta pesquisa é a Sociologia Fenomenológica de Alfred Schutz, à qual

complementamos, como técnica, com a Análise do Discurso de Patrick

Charaudeau e Dominique Maingueneau. 19 La “comunicación” como quiera que que la definamos, implica sistemas y prácticas socioculturales, cognoscitivas, econômicas y políticas, y dimensiones psicológicas, biológicas y físicas de lãs que necessariamente participamos. La construcción de objetos de conocimiento sobre ella no puede ignorar que como sujetos estamos implicados em esos objetos. Por ello el hecho de construirlos y desarrollarlos de uma u outra manera afecta su propria naturaleza objetiva, la institucionaliza y, de alguna manera, la “naturaliza”.

73

3.1 FENOMENOLOGIA SCHUTZIANA:

UMA PONTE ENTRE O CONHECIMENTO E O MUNDO DA VIDA

3.1.1 Traços biográficos

Alfred Schutz não foi um acadêmico convencional, dado que

somente dedicou-se de forma exclusiva a esta atividade a partir de 1956, aos

57 anos. Antes, sua biografia é marcada pelo que poderíamos chamar

“vivência empírica do pensamento abstrato”, uma vez que o autor viveu grande

parte de sua vida como funcionário de um banco em Nova York, e que é

impossível desvincular essa característica do valor dado à vida cotidiana em

seus pressupostos teóricos.

O estudioso português João Carlos Correia (2005), autor da única

obra em língua portuguesa dedicada à abordagem fenomenológica schutziana

da comunicação, informa que o autor nasceu em Viena, na Áustria, em 1899.

Judeu, cresceu em um ambiente de homens de negócios bem-sucedidos e

teve uma educação sólida, incluindo o estudo de latim, grego e apreciação

literária e musical. Aos 17 anos, após concluir os estudos secundários, serviu

na Divisão de Artilharia do Exército Austríaco, durante a Primeira Guerra

Mundial. A experiência do front teria grande influência em seus textos, ao lado

da atuação no mundo dos negócios.

Após o serviço militar, Schutz voltou aos estudos. No nível superior,

dedicou-se à Filosofia, Direito, Sociologia e Economia, numa freqüência de

ensino caracterizada por Correia (2005, p. 26), como “banda larga”. Logo após,

inicia a carreira nos negócios, com a posição de Secretário Executivo da

Associação dos Banqueiros Austríacos. Grande parte da influência em seu

pensamento advém da freqüência no Círculo de Ludwig von Mises, um dos

numerosos círculos vienenses que reunia intelectuais para promover

discussões interdisciplinares. Foi através desses debates que Schutz entrou

em contato com as obras de Henri Bergson e também de Edmund Husserl,

com quem manteve longa correspondência.

Os movimentos de Hitler na Europa, em especial a anexação da

Áustria pela Alemanha, em 13 de março de 1938, influenciam a carreira

acadêmica e de negócios de Schutz, que se exilou primeiro em Paris, e depois

74

em Nova York, onde aportou em 1939. Nos Estados Unidos, torna-se co-

fundador da International Phenomenological Society e funda a revista

Philosophy and Phenomenological Research, onde publica diversos textos,

mais tarde editados com o título de Collected papers. Participa da

organização do Departamento de Filosofia da New School of Social Research

e, só em 1956, passa a dedicar-se com exclusividade à vida acadêmica.

Infelizmente, essa entrega dura pouco, com o falecimento de Schutz em maio

de 1959. Sua mais importante obra, The structures of the life-world, foi

finalizada pelo discípulo Thomas Luckmann e publicada postumamente, em

dois volumes, datados de 1973 e 1984.

Assim, a trajetória de Schutz resume-se, nas palavras de Husserl, a

“banqueiro de dia e fenomenólogo de noite” (CORREIA, 2005, p. 31). Seu

caminho biográfico, como já referimos, tem especial significado se coadunado

com suas perspectivas teóricas, onde o repertório de conhecimentos adquiridos

pelos indivíduos ganha importante significado em suas relações com o mundo

da vida:

[...] Este contato com o mundo do trabalho exterior à academia

e com as preocupações cotidianas aguçou o seu engenho descritivo e a sua excelente relação com o mundo prático da cotidianidade, tornando ao mesmo tempo seus ensaios extremamente acessíveis e criativos para além de extremamente rigorosos na fundamentação teórica. Muita da envolvência determinante do seu trabalho deve-se provavelmente à sua presença num meio onde se verificam pretensões de validade contraditórias. A sua interrogação sobre a relação entre a ciência e o mundo da vida é constante e atinge quase todos seus melhores ensaios (CORREIA, 2005, p. 31).

Este breve comentário biográfico tem importância redobrada em

nosso estudo, pois situa o lugar de fala do autor e o incorpora à técnica

escolhida para esta pesquisa, a Análise do Discurso, onde é essencial definir o

estatuto do sujeito com relação a sua atividade linguageira (CHARAUDEAU e

MAINGUENEAU, 2006, p. 457). A própria forma de produzir de Schutz diz

muito sobre sua posição como intelectual: sua obra é majoritariamente

constituída por textos curtos, ensaios independentes uns dos outros. Trata-se

de uma produção fragmentada, característica que pode ser explicada pelo

curto tempo disponível para os estudos, já que o cargo ocupado no banco

75

exigia dedicação integral (WAGNER, 1979). Outro traço distintivo da produção

de Schutz diz respeito ao intenso diálogo que ele estabelecia com outros

autores. Foi assim com Husserl, através da troca de correspondência que

durou até a morte deste autor, e também com Bergson.

3.1.2 A sociabilidade na obra de Schutz

Schutz incorpora o mundo da vida cotidiana na investigação

sociológica. Traz como objeto de estudo o âmbito da sociabilidade, ou seja, “o

conjunto de relações interpessoais e atitudes pessoais que, ainda que

dependam de padrões adquiridos, são pragmaticamente reproduzidas ou

modificadas na vida quotidiana” (CORREIA, 2005, p. 12). Nesse sentido, o

autor parte da constatação de que a realidade é construída socialmente através

do conhecimento, ou seja, das diferentes atribuições de sentido que os seres

humanos desenvolvem em determinados contextos.

Berger e Luckmann (1991), autores que partem dos pressupostos

teóricos de Schutz para desenvolver sua Sociologia do Conhecimento, na obra

A construção social da realidade, definem de forma bastante sintética (mas

eficiente) os conceitos de “realidade” e “conhecimento”, de forma que, como

eles mesmos pretendem no livro, possamos também neste trabalho dispensar

as aspas nestes termos. A explicação é necessária justamente pelo caráter de

senso comum que invade os conceitos: o conhecimento e a realidade não

podem ser os mesmos para o pesquisador social e o homem comum. Assim, a

realidade constitui “uma qualidade pertencente a fenômenos que

reconhecemos terem um ser independente de nossa própria volição (não

podemos desejar que não existam)” e o “conhecimento” é a “certeza de que

fenômenos sociais são reais e possuem características específicas” (p. 11).

Em um exemplo bastante prosaico, isso explica porque não

procuramos no mapa a localização da universidade a cada vez que queremos

nos dirigir a ela. A universidade é uma realidade, e o conhecimento que temos

76

sobre ela permite que nos desloquemos até lá todos os dias, sem

questionamentos.

Tornando a questão mais complexa, o interesse sociológico pela

relação entre a realidade e o conhecimento justifica-se pela sua relatividade

social: o que é real para um monge tibetano pode não ser real para um homem

de negócios americano (p. 13). Ou seja: existem agrupamentos de noções de

realidade e de conhecimento em contextos sociais específicos, que podem ser

analisados sociologicamente.

Fica claro, a partir de Schutz, que a intersubjetividade é um

elemento essencial na construção social dos sentidos. Correia (2005) explica

que “a comunicação [...] desempenha um papel estruturante nas manifestações

concretas de sociabilidade” (p. 15-16). Os meios de comunicação aparecem,

então, como mediadores das intersubjetividades, desempenhando um papel

preponderante na construção da realidade, ao iluminar determinadas

relevâncias e afirmar ou questionar as tipificações presentes no mundo da vida,

como veremos a seguir, com o aprofundamento desses conceitos.

No terreno da sociabilidade, ocorre uma negociação entre os

indivíduos através do processo comunicativo, o qual permite os sujeitos

entrarem em contato com os pensamentos dos outros, mas não de forma

completa. Assim, a comunicação, de forma bastante freqüente, também produz

estranhezas, plano tão importante quanto o do entendimento na produção de

significados, segundo a teoria de Schutz (CORREIA, 2005):

A comunicação implica a constituição de universos de

significado comuns onde é possível compreender e sermos compreendidos graças a um processo de geração recíproca de expectativas no decurso da qual construímos uma idéia partilhada de realidade (p. 16).

E assim como torna possível esses universos de significados

comuns e a coesão da noção de realidade no tecido social, veremos que a

comunicação também oportuniza o questionamento e o tensionamento do que

é tido como comum ou natural na vida cotidiana. Para entender a perspectiva

77

schutziana desse processo, começamos com a explicitação das referências

que embasam seu pensamento.

3.1.3 Husserl, Weber, Bergson: Três influências

Podemos dizer que o ponto de partida do trabalho de Schutz é o

contato com a fenomenologia de Edmund Husserl e com as propostas

metodológicas de Max Weber. A abordagem dos fenômenos, ou seja, daquilo

que aparece, ou a aparência, abarca certo paradoxo pois, ao mesmo tempo

que o fenômeno pode ser visto como a verdade em si, é também aquilo que a

encobre e, em uma terceira via, o fenômeno vem a constituir, ainda, o caminho

para a verdade, aquilo por meio do qual ela se manifesta (FERRATER MORA,

tomo 2, p. 1011).

O método proposto por Husserl, para entender os fenômenos, tem

como ponto de partida as experiências do ser humano. Para ele, a consciência

humana está sempre ligada a um objeto, material ou não. A construção desses

objetos é intencional, e se dá na síntese dos diferentes olhares lançados pelos

indivíduos a eles, os quais são posteriormente relembrados de forma

generalizada, tipificada (WAGNER, 1979). Assim, o método fenomenológico de

Husserl sugere a reflexão sobre a consciência, num procedimento chamado

redução fenomenológica – epoché – onde o mundo da vida cotidiana é

colocado entre parênteses. Isso significa atingir o momento de consciência

anterior ao mundo que sempre foi assim, importando para o pesquisador como

se dá a construção dos significados. Desta forma seria possível chegar ao

eidos, ou seja, à essência dos fenômenos. Correia (2005) explica o processo

da seguinte forma:

É pelo método da redução fenomenológica, suspendendo a crença do investigador na existência factual do mundo externo, que é possível revelar os atos intencionais pelos quais os fenômenos são constituídos na consciência.

[...] Graças à epoché, o sujeito livra-se de seu entrave mais íntimo

e secreto, a consideração do mundo como um pré-dado, alcançando absoluta autonomia em relação ao mundo e à consciência que dele possui (p. 35).

78

Trata-se, então, de colocar entre parênteses o conhecimento prático

do mundo, os pressupostos das ciências e a existência dos outros e de mim

mesmo. Assim, no lugar de se regressar às coisas, regressa-se à correlação

entre a consciência e as coisas. Em última análise, interessa ao fenomenólogo

a construção dos significados.

A base sociológica do trabalho de Schutz está em Max Weber,

intelectual alemão que viveu entre 1864 e 1920. Sua teoria é centrada na ação

social, qualificada como qualquer conduta humana dotada de significado e de

direção, ou seja, dirigida à conduta de outros (WAGNER, 1979). Dada a

natureza plural e eminentemente irracional dos significados subjetivos

atribuídos às ações humanas, o pesquisador social constrói tipos ideais20 das

condutas, o que resulta no fato de que “[...] o sociólogo trabalha, na melhor das

hipóteses, com possibilidades típicas de que determinados conjuntos de fatos

observáveis levarão a determinados cursos de ação social” (p. 11).

Não considerando suficientes os postulados de Husserl para a

questão da intersubjetividade, Schutz desenvolveu suas próprias idéias nesse

campo, apoiando-se e desenvolvendo as de Weber. Assim, Schutz interessa-

se pelos conceitos de ação social e ação racional. A racionalização das ações

sociais seria a porta de acesso do pesquisador aos sentidos que se

manifestam e encadeiam nas relações sociais:

O cientista social, a fim de compreender um processo social,

tem de se interrogar sobre qual o sentido dessas ações para os agentes que a perpetraram. [...] No fundo, explicar a conexão entre meios e fins é explicar o sentido subjetivo do agente, nos termos de Weber (CORREIA, 2005, p. 75).

A redução racional que Weber persegue exclui os comportamentos

guiados majoritariamente pela tradição, pela rotina, ou pelas irracionalidades

afetivas. Assim, o autor persegue a realidade orientada pela lógica de

20 “O tipo ideal está, antes, destinado a mostrar de que modo funcionam as realidades concretas de que se ocupam historiadores e sociólogos, especialmente estes últimos. Um tipo ideal se caracteriza por uma espécie de ‘conceito-limite’; dado um exemplo determinado de ação, especialmente de ação social, o tipo ideal expressa o que seria esta ação se estivesse completamente racionalizada” (FERRATER MORA, tomo 4, 2001, p. 2874). De onde entendemos que os tipos ideais servem para a compreensão, mas não para a explicação dos fenômenos em termos causais.

79

meios/fins. Schutz parte desses pressupostos sobre a importância da

consciência subjetiva para seguir seu próprio caminho, perseguindo a relação

desta com a compreensão e a percepção da realidade social. Weber e Schutz

concordam que a ação é definida pelo significado.

Do ponto de vista metodológico, esse raciocínio leva a um ponto

central da teoria schutziana: o seguimento de padrões das Ciências Naturais

nas Ciências Sociais conduziria ao behaviorismo e, conseqüentemente,

impossibilitaria o acesso à mente dos outros. A esta questão, o autor responde

com a salvaguarda do ponto de vista subjetivo, que surge como única garantia

“de que a realidade social não será substituída por um mundo fictício,

construído pelo observador”, já que, “na verdade, não é possível compreender

a coisa social sem a reduzir à atividade humana que a criou” (CORREIA, 2005,

p. 80).

Os significados e as ações não podem ser simples reflexos,

resultados dos hábitos e da vivência cotidiana. Num plano mais complexo e

abrangente, as ações são orientadas pelas racionalizações dos indivíduos, que

as dotam de significado: “o significado de uma ação é o seu ato

correspondente” (SCHUTZ apud CORREIA, 2005, p. 86). Deste modo, os

indivíduos estão num mundo de possibilidades nos quais selecionam certos

elementos que consideram relevantes para atingir seus interesses.

Os motivos são objeto de análise mais específica por parte do autor.

Trata-se de uma teoria da motivação, que revela a profunda relação entre o

entendimento das coisas e as ações no mundo da vida. Schutz contribui para o

debate sobre liberdade x determinismo, ao diferenciar as motivações em duas

perspectivas: o in-order-to-motiv, ou motivo-a-fim-de; e o because-motiv, ou

motivo-porque. O motivo-a-fim-de relaciona-se com o que o indivíduo tem de

livre, ou seja, com as pretensões e as apostas que faz em suas ações; já o

motivo-porque está ligado às influências do passado nessas decisões,

revelando as explicações culturais, históricas ou sócio-econômicas que as

determinam em parte (CORREIA, 2005). Assim, o autor entende que não

apenas o passado é determinante em nossas ações, mas também as

perspectivas de futuro.

Schutz repara a expressão ação racional de Weber, pois a

considerou incompatível com o imponderável, o ambíguo e o imprevisível da

80

vida cotidiana. Tensionando os termos, preferiu chamar a ação cotidiana de

razoável, pois considera que a racionalização pouco ocorre no cosmos social

organizado em que vivemos, já que, voltando ao exemplo já citado, não

questionamos o local onde fica a universidade a cada vez que temos que nos

deslocar para lá; assim como não duvidamos diariamente de qual transporte

público dispor, etc:

Assim, como normalmente temos de agir e não de refletir, de

modo a satisfazer as exigências do momento que é a principal tarefa que nos motiva, não estamos interessados no problema da certeza. Damo-nos por satisfeitos se logramos uma oportunidade de realizar os nossos objetivos e se esta oportunidade for lançada colocando em movimento o mesmo mecanismo de hábitos, regras e princípios que já foram comprovados e que continuarão a ser comprovados. O ideal de conhecimento na vida cotidiana não é a certeza, nem sequer a probabilidade no sentido matemático, mas apenas a aproximação (CORREIA, 2005, p. 90).

Entendemos que Schutz admite que a racionalidade pura e simples

é raramente aplicada na vida cotidiana; e, da mesma forma, não deve servir de

metodologia para a interpretação dos atos humanos no mundo da vida

(SCHUTZ apud CORREIA, 2005, p. 91). É neste ponto que começa a influência

de Bergson no pensamento de Schutz: pela crítica à aplicação pura de uma

ciência intelectualista, o positivismo, no âmbito da vivência imediata da

existência humana (p. 62). Bergson aparece como o primeiro filósofo a

diferenciar a percepção pura que temos das coisas, da reflexão ou da memória

sobre esses mesmos objetos, quando eles são integrados aos nossos

esquemas de pensamento:

A duração retém todos os momentos anteriores. A memória, na

verdade, falseia, porque simplifica a experiência vivida, pois as imagens que a memória retém são diferentes da nossa experiência na duração interior.

[...] A ponte entre a vida da consciência e a realidade exterior

processa-se através da atribuição de significados sempre atribuídos retrospectivamente (CORREIA, 2005, p. 66).

81

A retenção das experiências vividas na durée – o tempo da

experiência subjetiva – possibilita a reflexão sobre essas experiências. E é

através da reflexão que os significados aparecem. Assim, percebemos a

importância da contribuição de Bergson para o problema central perseguido por

Alfred Schutz: “o que é o significado e onde ele se origina?” (p. 73).

Com essa noção dos referenciais teóricos de Schutz, partimos para

um aprofundamento dos conceitos-chave de sua obra para chegar, ao final, à

sua aplicação no terreno da Comunicação.

3.1.4 A atitude natural, o mundo da vida e seus significados

É importante entender o lugar onde ocorre a experiência, dada sua

centralidade na formação da consciência. Para Husserl, esse lugar é o mundo

da vida, ou Lebenswelt. Trata-se da vida cotidiana, do modo como

percebemos, interpretamos e agimos no mundo em que nos encontramos. É

aquilo que está dado e sobre o qual a dúvida está suspensa; o entendimento

comum e adequado daquilo que nos cerca (CORREIA, 2005, p. 34).

A análise da atitude natural e do mundo da vida diz respeito à

socialidade, ao mundo dos homens que atribuem significado aos objetos e às

ações que praticam. No plano científico, essa visão fundamenta uma Ciência

Social compreensiva, que tenta superar a relação sujeito-objeto que ocupa a

história do pensamento desde Descartes e do mundo quantificado da ciência

moderna.

Como já comentamos, Schutz parte de onde parou Husserl: da

análise do plano mundano, debruçando-se em especial sobre a comunicação,

a intersubjetividade e a sociabilidade. O fio condutor de seu pensamento é a

relação entre a consciência e o mundo; e a forma que vivemos o mundo é

através da atitude natural:

O mundo da vida cotidiana significará o mundo intersubjetivo que existia muito antes do nosso nascimento, vivenciado e interpretado por outros, nossos predecessores, como um mundo organizado. Ele se dá agora à nossa experiência e interpretação. Toda interpretação desse mundo

82

se baseia num estoque de experiências anteriores dele, as nossas próprias experiências e aquelas que nos são transmitidas por nossos pais e professores, as quais, na forma de conhecimento à mão funcionam como um código de referência (SCHUTZ, 1979, p. 72).

Esse conhecimento à mão constitui um repertório e, assim como

redução fenomenológica, mas operando no sentido oposto, a atitude natural

consiste em um processo de redução. Trata-se da suspensão da dúvida sobre

uma realidade que é preponderante sobre todas as outras:

A certeza de que o mundo existe antes de mim e que vai

continuar depois de eu sair sustenta a história dos meus predecessores, a interação com meus contemporâneos e consociados e os projetos que os afetarão e aos meus sucessores. A atitude natural trabalha com a certeza dos agentes quanto a uma realidade exterior a todas as subjetividades, tomando como dado o mundo existente e suas leis. Só assim os agentes podem reproduzir, rotineiramente, as condições dessa realidade, que é apreendida a partir do conhecimento de receitas e comportamentos, entendidos de um modo que permite assegurar a continuidade da ordem social (CORREIA, 2005, p. 38).

A epoché da atitude natural ocorre no mundo da vida, no cotidiano,

onde os interesses são predominantemente do campo da ação, da pragmática.

Ou seja: não passamos o tempo todo questionando as nossas ações; grande

parte delas está no terreno do evidente, do espontâneo, de forma

eminentemente prática. Schutz divide o mundo social em quatro submundos de

acordo com a experiência partilhada de tempo e espaço:

1. mundo dos consociados (Umwelt): é o mundo em que

compartilhamos tempo e espaço com os outros, com a proximidade do face

a face, criando, entre pessoas que se reconhecem como semelhantes, um

relacionamento de Nós, com orientação-para-o-tu;

2. mundo dos contemporâneos (Mitwelt): Trata-se da

orientação-para-eles, onde não há uma experimentação direta ou imediata

de nossos contemporâneos. Esse mundo usa recursos de tipificação e é

caracterizado pelo anonimato;

3. mundo dos predecessores (Vorwelt): é o passado, acabado

e feito, fixo e determinado;

83

4. mundo dos sucessores (Folgewelt): é futuro, totalmente

indeterminável.

Conforme vamos nos distanciando do Umwelt, as relações tornam-

se cada vez mais distantes, anônimas e inacessíveis à experiência. Por isso,

criamos processos de tipificação (grosso modo, generalizações) para

caracterizar nossos semelhantes. Em nossa consciência, sintetizamos nossas

interpretações das experiências pessoais e alheias para estabelecer relações

de familiaridade ou estranheza com o mundo:

[...] à medida em que os objetos se afastam de nós, apenas se tornam recuperáveis através da memória, através de modalidades tipificadas mergulhadas em contextos de significação socialmente objetivados através da linguagem (CORREIA, 2005, p. 42).21

O mundo dos predecessores é o mais dado aos efeitos de mito

e serve como fundamentação para as tradições. O passado é irrecuperável e

intangível em sua totalidade como experiência, cedendo, assim, espaço para

as tipificações (mitos e tradições) e, no terreno científico, para as releituras da

história. Nosso objeto de estudo, o jornal O Povo, sintetiza muito bem essa

questão: trata-se de uma fonte documental, que nos transporta para um tipo de

experiência do tempo histórico da Revolução Farroupilha; ao mesmo tempo,

seu discurso constitui um ponto de vista e uma interpretação daqueles fatos,

que também servem de base para todo um comportamento tido como

tradicional em nosso estado na contemporaneidade, tal como apresentado pelo

Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG). É inegável, em nossa cultura, que a

Revolução Farroupilha é vista como um mito fundador, que alimenta, sob uma

nuvem mítica, diversas tipificações sobre o habitante do extremo sul brasileiro:

arredio, separatista, injustiçado. Desde já entendemos que a tentativa de cruzar

e compreender esses diferentes discursos revela questões importantes do

passado, mas, também, do presente, desde o local da escrita do pesquisador.

A respeito do labor científico, a historiadora Sandra Pesavento afirma:

21 Como Correia evoca aqui a memória, cabe destacar a perspectiva de Walbwachs (2006), para quem a memória individual existe a partir de uma memória coletiva, que funciona como um quadro de referências.

84

As versões do passado são, pois, temporárias em sua validade, mesmo que sejam todas realizadas mediante laborioso trabalho de arquivo. O que muda não é o acontecimento em si, mas sua forma de interpretá-lo, fazendo da história um contínuo retecer de tramas e respostas (2008, p. 184).

Assim, passado, presente e futuro se misturam no mundo da vida.

Para Schutz, o corpo é como um marco zero de coordenadas que permitem a

orientação dos indivíduos no mundo e que definem os conhecimentos que

estão ao seu alcance ou potencialmente ao seu alcance. A estrutura espacial

relaciona-se com a dimensão temporal da consciência: “o mundo ao meu

alcance – a face presente da corrente da consciência; o mundo que pode ser

recuperado de modo a estar de novo ao meu alcance – a memória; o mundo

que pode efetivamente vir a estar ao meu alcance – a expectativa” (CORREIA,

2005, p. 60).

A atitude natural é, portanto, baseada num conhecimento disponível

(knowledge at hand) no mundo da vida, organizado pelas experiências

partilhadas com nossos contemporâneos e também com nossos predecessores

e na projeção de nossos sucessores. Ao mesmo tempo, adiciona Schutz, a

realidade cotidiana é atravessada por outras realidades, outras províncias de

significado, e isso ocorre através da troca de experiências e da transcendência

dos limites daquilo que julgamos real. Para além daquilo que está prontamente

ao nosso alcance, estão os espaços potenciais, possíveis de serem

alcançados. As múltiplas realidades relacionam-se com a possibilidade de

“transcender a quotidianeidade através de símbolos” (SCHUTZ e LUCKMANN

apud CORREIA, 2005, p. 46).

Assim, as províncias de significado não são estanques. Da mesma

forma que os sujeitos dividem o que lhes parece semelhante, os elementos

estrangeiros, marginais, atuam nessas províncias como um questionamento

eminente de forma que “[...] cada província de significado outra coisa não é

senão um domínio de crenças válidas enquanto os sujeitos as partilharem”

(CORREIA, 2005, p. 48). É também no terreno da sociabilidade e da

comunicação que ocorre a transformação da vida cotidiana, do que é dado

como certo, rotineiro:

85

Na teoria das realidades múltiplas, a idéia tantas vezes repetida de construção social da realidade torna-se particularmente evidente: contra as tendências objetivistas e comportamentais da sociologia, a realidade social é produto da atividade desempenhada pelos agentes sociais na realidade Suprema chamada vida quotidiana e noutras formas de realidade que podem modificar a província de significado do mundo da vida. A dimensão significativa destas realidades, e sua componente simbólica expressamente referida por Schutz, são elementos interessantes que constituem o cerne deste pensamento como uma Teoria da Comunicação (CORREIA, 2005, p. 46-47).

Entendemos, então que, na Fenomenologia Social o contato

intersubjetivo, ou a comunicação, “é pré-requisito para toda a experiência

humana imediata no mundo da vida” (p. 50), o que faz com que o entendimento

do próprio “eu” dependa da relação com os outros indivíduos.

No caso do discurso, do uso de palavras, a observação genuína do

outro só se dá quando é possível relacionar o discurso com uma indicação

sobre as experiências subjetivas de quem fala, ou seja, com o que o outro quer

dizer. Assim, Schutz, ao complementar a teoria husserliana de

intersubjetividade, afirma que só podemos entender as intenções do outro

através de dados do cotidiano, e não do que isso representa para essa pessoa

subjetivamente em uma esfera transcendental.

O autor entende que o relacionamento de nós pressupõe uma

situação de partilha de consciência, que se dá apenas no contato presencial,

em que os interlocutores percebem mutuamente seus gestos e palavras, seus

atos expressivos e interpretativos. Mesmo assim, a compreensão total da

experiência do outro ainda é muito difícil, dadas as diferenças subjetivas.

Baseado nessa constatação, da dificuldade da completude da comunicação,

Schutz quer saber como se estabelece um paradigma de senso comum que

torna possível a sociabilidade (CORREIA, 2005, p. 59). A essa questão, o autor

responde com duas teses básicas:

1) a idéia de que as pessoas são capazes de trocar de lugar com o

outro, assumindo as suas tipificações;

2) a congruência dos sistemas de relevâncias, onde nós assumimos

que escolhemos e interpretamos objetos comuns e seus atributos de forma

idêntica, numa forma de conhecimento anônima e independente das

circunstâncias biográficas de entendimento.

86

Ao adentrar nas formas mais remotas e anônimas de interação

subjetiva, Schutz aproxima a sua Sociologia Fenomenológica da Comunicação

Social. Nesse sentido, os conceitos de relevância e tipificação são essenciais

ao entendimento do conhecimento comum que está presente no discurso

midiático.

3.1.5 Relevância e Tipificação: Conceitos-chave na obra de Schutz

De forma simplificada, as tipificações constituem as generalizações

usadas na vida cotidiana como facilitadoras e simplificadoras do pensamento e

das ações. São um acervo de conhecimento sedimentado cotidianamente

através das experiências e do convívio social e que serve para viver e

interpretar esse mundo. Correia (2005) explica:

Na tipificação, os objetos do mundo social estão constituídos

dentro de um marco de familiaridade e de reconhecimento proporcionados por um repertório de conhecimentos disponíveis cuja origem é sobretudo social. É o que habitualmente Schutz designou de acervo de conhecimentos disponíveis (p. 92).

As tipificações partem do pressuposto de que há uma ordem

garantida, ou seja, que o mundo existe e faz sentido, podendo ser explicado

por esse conjunto de conhecimentos disponíveis. Ao lado da atitude natural, as

tipificações consagram a ordem social, numa esfera eminentemente

relacionada à prática e às rotinas. A crença nessa espécie de permanência, o

sempre foi assim, é também o que orienta o modo como lidamos com o

extraordinário, o inesperado.

Schutz questiona, então, como é possível fazer ciência com base

nas construções do senso comum. E é nesse ponto que o autor defende a

fundação da tipificação científica, a noção de tipo ideal, com base na vida

cotidiana. Os tipos ideais constituem uma síntese científica, uma padronização,

uma cristalização que ordena o estudo dos fenômenos sociais, como vimos no

tópico 2.1.3. Apoiado em Weber, Schutz situa esse esforço no sentido de um

87

tratamento objetivo de realidades dotadas de significados subjetivos, onde o

cientista assume o papel de observador desinteressado, comparável ao

processo de aprendizado do estrangeiro, quando chega a uma cidade

desconhecida, ou com o veterano de guerra que regressa para casa:

O estranho... torna-se em essência o homem que tem de

colocar em questão praticamente tudo aquilo que parece inquestionável para os membros do grupo do qual se aproximou.

Para ele, o padrão cultural do novo grupo não tem a autoridade de um sistema comprovado de receitas, e isso, se por nenhum outro motivo, porque ele não participa da tradição histórica “vivida” através da qual o grupo se formou (SCHUTZ, 1979, p. 87).

Assim, a figura do estranho ou do estrangeiro aparece na obra de

Schutz como uma metáfora do comportamento do pesquisador, no momento

em que atribui sentido a processos de atribuição de sentido. O autor faz um

paralelo entre o fazer científico do sociólogo com a atividade de um cartógrafo

que, no lugar de dados matemáticos, usa os relatos dos moradores da cidade

para desenhar seu mapa (CORREIA, 2005, p. 95-97). O olhar do observador

desinteressado torna-se possível através dos tipos ideais, para os quais Schutz

define quatro princípios aplicáveis:

1) Relevância: diz que o problema selecionado pelo pesquisador

cria, ele mesmo, um esquema de conceitos e tipos a serem utilizados. Ou seja:

o problema de pesquisa pede determinada organização teórica;

2) Consistência lógica: refere-se à validade objetiva do objeto de

estudo, que deve ser claro e nítido como a lógica formal;

3) Interpretação subjetiva: é o momento hermenêutico, onde o

cientista deverá imaginar como construir um modelo de pensamento individual

que lhe permita “construir um conhecimento objetivo e verificável de uma

estrutura de significado subjetivo” (CORREIA, 2005, p. 98). Aqui, há a

indicação de que o pesquisador deverá realizar o exercício de despir-se de sua

situação biográfica ou, reconhecendo a impossibilidade de tal tarefa, aplicar o

questionamento das tipificações como regra: “o que é tido como sendo da

maior relevância num nível passa a ser relativamente irrelevante noutro nível”

(p. 98);

88

4) Adequação: este postulado pretende a aproximação entre as

construções científicas feitas sobre o objeto de pesquisa e as construções do

agir cotidiano. É preciso que o cientista se faça entender pelos seus

contemporâneos, ou seja: mesmo que se refira a algo distante no sentido

histórico, social, moral ou econômico, deve buscar a compreensão,

tematização e explicitação dos contextos da experiência dos atores (CORREIA,

2005, p. 99).

Assim, os tipos ideais desenvolvidos na prática científica, resolvem,

para Schutz, a questão da necessidade de se dotar de objetividade as ações

de significado subjetivo.

É importante entender que as tipificações estão submetidas

socialmente à sua relevância, ou seja, à orientação dos interesses e da

atenção dos sujeitos a um determinado assunto. “A relevância diz respeito à

atenção seletiva pela qual estabelecemos os problemas a serem solucionados

pelo nosso pensamento e os objetivos a serem atingidos pelas nossas ações”

(SCHUTZ apud CORREIA, 2005, p. 100). A orientação do olhar dos agentes

sociais está relacionada com as tradições, com os costumes e, desta forma, a

relevância desempenha diferentes e importantes funções, como: determinar os

fatos que devem ser tratados como semelhantes; funcionar como orientação e

ajudar a construir um universo discursivo comum; favorecer e facilitar as

interações humanas. Mesmo derivando das relações intersubjetivas, a

relevância nem sempre é espontânea, podendo também ser imposta ou

motivada:

A relevância imposta verifica-se, normalmente, quando há uma

modificação do sistema de tipificação habitual, independente da vontade do agente, que torna inválido o procedimento de aplicação reiterado dos esquemas provenientes da experiência (CORREIA, 2005, p. 102).

A variabilidade do sistema de relevâncias tem importantes efeitos

para a teoria da comunicação, dado que o mundo da vida, como vimos, é um

mundo de significados intersubjetivamente partilhados, onde a linguagem atua

como sistema de tipificação. Nesse sentido, Schutz coloca como problema a

89

existência (ou não) de relação hierárquica entre os símbolos e a sociedade: de

onde parte o sentido? Ao que responde, indicando uma interdependência entre

esses elementos.

A comunicação entre os sujeitos se dá no mundo da vida cotidiana e

o processo de criação de significados baseia-se na memória das experiências.

No cruzamento ou na comunicação entre essas memórias é possível

transcender o mundo mais próximo de mim e visitar outras províncias de

significado. Mas isso não se dá de forma fácil, clara ou direta. Apesar de

constituir um elemento essencial da sociabilidade, “Schutz não deixou nunca

de ter em conta que a comunicação plenamente bem sucedida é impossível e

que há sempre uma margem da vida privada do outro que me é inacessível e

transcende as minhas experiências possíveis” (CORREIA, 2005, p. 106).

Entendemos que os processos intersubjetivos, incluindo aí a

Comunicação, para Schutz, desempenham um duplo papel, ou seja: promovem

a coesão social, ao dar sentido ao mundo da vida cotidiana e, ao mesmo

tempo, proporcionam a transcendência das experiências, mesmo em face de

sua imponderabilidade, falência, ou incompletude. A transcendência pode se

dar de formas mais simples, como na transposição de fronteiras espaciais (uma

viagem, por exemplo), ou mais complexas, como o sonho, o êxtase, a

experiência religiosa ou a proximidade da morte. É importante ressaltar a

diferença conceitual que Schutz consolida entre a intersubjetividade e a

comunicação: “[...] a intersubjetividade é prioritária em relação à comunicação”

(CORREIA, 2005, p. 110). De modo que nem toda ação dotada de significado é

comunicativa, pois a comunicação é marcada pela intencionalidade. A ação

comunicativa espera, mais do que ser compreendida, produzir um determinado

efeito no receptor.

Assim, a palavra tem uma face fantasmagórica, pois refere e torna

possível o intercâmbio das experiência interiores, mas as capta em si, de forma

pura. No terreno da comunicação, essa característica da linguagem está

relacionada com a dificuldade de que o receptor entenda exatamente aquilo

que o emissor quis dizer, pois:

90

O que se comparte é um significado lingüístico e não uma experiência, de tal modo que se origina uma possível discrepância entre o sentido que lhe dá o que a pronuncia e o sentido alcançado por aquele que interpreta. A linguagem surge deste modo como um conjunto de tipificações socialmente aceites, de acordo com um sistema de relevância (CORREIA, 2005, p. 114-115).

De forma que as próprias palavras constituem uma pré-interpretação

do mundo que pretendem referir: “A linguagem constrói o mundo na sua

tipicalidade sendo por isso o meio tipificador por excelência através do qual se

transmite o conhecimento socialmente relevante” (p. 115). Antecipando

algumas discussões que se dariam mais tarde nos estudos de Semiótica,

Schutz entende que os signos sempre se encontram no lugar de algo, e, além

disso, refletem uma escolha da parte de seu utilizador, revelando as

circunstâncias de seu uso.

Já os símbolos têm como característica a capacidade de

transcender a realidade cotidiana, como, por exemplo, a cruz para a

cristandade, a bandeira para uma nação, ou um clássico literário para a

natureza humana. Correia (2005) afirma que “Schutz considera a simbolização

como o processo de auto-interpretação da sociedade pelos seus membros” (p.

122), num processo onde o singular representa o universal. Aprofundaremos o

papel da linguagem nos processos de tipificação adiante, quando tratarmos da

Análise do Discurso.

Os sistemas de relevâncias e tipificações, num dado momento

histórico, são uma herança social que desempenha funções importantes, como:

determinar os fatos e as situações que devem ser tratados como homogêneos;

transformar as ações individuais em papéis sociais típicos (é aquilo que se

espera de um homem de negócios ou de um monge); funcionar como um

código de interpretação e orientação dos indivíduos em um determinado grupo,

assim como um universo de discurso comum, para fins de compreensão

mútua; garantir a própria perpetuação do sistema, através dos diversos meios

de controle social; e, finalmente, dar origem aos sistemas de tipificações e

relevâncias individuais, colocando os problemas particulares no contexto dos

problemas do grupo (SCHUTZ, 1979, p. 119-120).

91

Fica clara, portanto, a importância dos sistemas de relevância e

tipificação nos postulados teóricos de Alfred Schutz. É através do contato

intersubjetivo que se dá a ligação dos indivíduos com a realidade já construída

e, portanto, linguagem e comunicação estão no cerne da sociabilidade. E é

verdade que a atividade dos meios de comunicação é um dos elementos de

ligação entre os indivíduos e suas experiências, onde se manifestam e/ou

criam-se as tipificações e as relevâncias, já que eles influem decisivamente nos

“processos pelos quais qualquer corpo de conhecimento chega a ser

socialmente estabelecido como realidade” (BERGER e LUCKMANN, 1991, p.

13-14, grifos dos autores).

3.1.6 A Fenomenologia Social e a Teoria da Comunicação

Vimos que a relevância atua como um “dispositivo pelo qual se elege

o que é importante para um grupo ou sistema social” (CORREIA, 2005, p. 126-

127) e que a partilha de significados entre indivíduos é determinante nas suas

ações. A atuação dos meios de comunicação é importante em ambos os

aspectos, ou seja, na definição dos assuntos relevantes para a agenda pública

e também para a consolidação ou para o questionamento dos significados

partilhados.

Nesse sentido, cabe perguntar o que transforma fatos em notícias

relevantes, ou de onde surge o sistema de relevâncias dado nos meios de

comunicação. Correia (2005) levanta diversos valores que influenciam na

construção das notícias, em uma perspectiva de empresa midiática, realidade

só concretizada no Brasil, segundo Sodré (1999), a partir dos anos 1930. Como

nosso objeto de estudo situa-se em um momento histórico diferente, anterior à

consolidação das empresas de comunicação, como vimos no primeiro capítulo,

trataremos, em nossa análise, de adaptar os conceitos à realidade de produção

do jornal O Povo.

Correia apóia-se no conceito de valor-notícia22 para afirmar que os

elementos que tornam um fato ou uma informação dignos de ocuparem o

22 Conceito oriundo das teorias de news making, centradas na questão da produção das notícias e trabalhadas por diversos autores. Correia cita Nelson Traquina como referência.

92

espaço midiático “[...] refletem a intersecção entre o sistema de relevâncias

vigente na redação, no grupo profissional e no mundo da vida em que estão

inseridos” (2005, p. 128), além das limitações impostas pela organização do

trabalho jornalístico, as restrições orçamentárias e a interação com a audiência.

Assim, entendemos que a relação entre a mídia e a relevância não se dá

simplesmente na escolha das notícias, mas na forma como sua redação ajuda

a determinar ou reforçar o que é importante.

Nesse processo, a mídia age no terreno das tipificações, reforçando

ou questionando as generalizações construídas através da experiência e que

definem a apreciação que fazemos de determinadas partes do mundo da vida.

A informação midiatizada amplia a potencialidade daquilo que nos é possível

experimentar, mas, em um primeiro momento, todas essas informações são

submetidas ao que já se sabe, ou seja, a um conhecimento prévio que já nos é

familiar:

As tipificações são a forma que a atitude natural do mundo da

vida tem de lidar com a erupção generalizada da novidade. São o modo de estabelecer regularidades num mundo ameaçado pela contingência. São a forma de assegurar que é possível lidar com o mundo como até aí. Obviamente que o ator, no mundo social, parece menosprezar tal contingência, tal novidade, tal estranheza. Age [...] como se o mundo lhe surgisse como uma evidência tida por adquirida. Na realidade, o mundo da vida é paradoxal. Como Schutz adivinha, um mundo pode ser instável, marcado pela aceleração das diferenças, pela erupção de acontecimentos permanentes. Porém, aos olhos dos agentes que o integram, as tipificações permitem lidar com essas mudanças de um modo que lhes parece evidente. Nesse sentido, até acontecimentos como a morte são tipificados de um modo que lhes permite serem absorvidos pela visão relativamente natural do mundo que faz parte da vida cotidiana (CORREIA, 2005, p. 131).

Esse processo revela um aspecto bastante interessante da produção

de notícias, já que, de forma geral, como verificou Bourdieu (1997), a mídia

trata cotidianamente do extra-cotidiano e, para que isso aconteça, há uma

parcela de construção, de produção de sentido, que relaciona o que é

considerado extraordinário com a ordem natural do mundo da vida, tal como

considerada nas diferentes condições de produção jornalística. Assim, a noção

de objetividade fica abalada, pois a realidade não pode ser separada da forma

93

como é interpretada pelo campo jornalístico, tomando emprestada a concepção

bourdiana.

As tipificações envolvem também questões práticas de ordem

espaço-temporal, como a periodicidade do veículo e os limites de espaço

(toques, minutos), de forma que a informação midiatizada está sujeita a todo

um quadro de tipos e relevâncias tidos como aceitáveis socialmente, seja na

experiência individual dos jornalistas, seja nos diversos fatores que influenciam

o processo de produção. É produzida uma orientação discursiva que cerceia a

descrição da realidade, adequando-a ao veículo e à comunidade onde ele está

inserido. Explica Correia (2005):

Os jornalistas são elementos essenciais na construção de

imagens que só tem sentido insertas numa história exemplar em que colaboram todas as formas institucionais de narradores e o próprio público. A estrutura subjacente acaba por percorrer formas diversas de relato de modo a proporcionar a adesão ou a repulsa. As imagens funcionam como os arquétipos que se usam para criar esse relato, inserindo-o de modo articulado no conjunto de narrativas dominantes numa dada cultura. De acordo com esta estratégia, a sociedade cria imagens negativas e positivas mas inscreve-as na concepção relativamente natural da comunidade. O risco é o de que, deste modo, se desencadeie uma operação coletiva de naturalização do que é cultural que acentue a vocação alegadamente universal dos valores e visões transmitidos, omitindo os elementos conflituais e contraditórios (CORREIA, 2005, p. 134).

Desta forma, os jornais e jornalistas reforçam as relevâncias e

tipificações tidas como dominantes; ocorre uma correspondência entre as

rotinas profissionais e a atitude natural. Porém, muito do que é dado como a

priori na mídia pode ser questionado, tensionado, posto em dúvida. Chegamos,

novamente e enfim, a um dos pontos mais interessantes da atividade

jornalística: a objetividade.

Como o pesquisador, o jornalista faz parte do mundo que observa e

interpreta. Os próprios eventos que ele noticia já são, eles mesmos,

construções da realidade. O desafio é evitar que a proximidade com o senso

comum se transforme em conformismo. A esta dificuldade metodológica, a

abordagem fenomenológica schutziana responde com a afirmação do ponto de

vista subjetivo, ou seja, com a incorporação do jornalista como observador,

94

mas também agente do processo social. Esta situação propicia ao profissional

a possibilidade de conhecer outros âmbitos de significado:

Ao ganhar consciência do seu estatuto de observador e

participante, o resultado poderá ser a possibilidade de o jornalista se tornar ainda mais observador, desenvolvendo a confiança e a suspeita (num sentido positivo), mais atento à situação complicada que resulta da sua posição peculiar (CORREIA, 2005, p. 139).

A interação entre províncias de significado não se dá sem conflitos,

desentendimentos ou falhas de comunicação, tanto no plano individual quanto

no coletivo. As contradições de uma província de significado só se tornam

aparentes no contato com o estrangeiro, onde a posição natural perante o

mundo é questionada e provocada à reflexão. As relações políticas, por

exemplo, pressupõem o eminente contato entre diferentes, de forma que o

dissenso e o desentendimento sempre estarão presentes. Nesse caso, a forma

como um grupo se vê (suas auto-tipificações) entram em choque com as

heterotipificações de outrem, de forma a surgir antagonismo ou confronto. Isso

porque a atitude natural de um grupo é tida como óbvia, auto-explicável,

compreensível para qualquer um. Por outro lado, esse encontro pode gerar

reflexão, relativização e entendimento. O encontro dessas realidades múltiplas

manifesta-se também no espaço midiático: “as situações comunicativas da vida

cotidiana não são idênticas às do espaço público e a interação entre elas é um

elemento essencial de sobressalto e contingência, de introdução da estranheza

e de questionamento da identidade” (CORREIA, 2005, p. 147).

Acreditamos ser possível entender o confronto de idéias travado

através dos periódicos, durante a Revolução Farroupilha, especialmente nas

relações de choque entre província e Império, brasileiros e sul-riograndenses,

república e monarquia, como um fenômeno que revela o confronto entre

universos de sentidos diferentes.

Os significados serão buscados, no nosso trabalho, através da

linguagem, já que o discurso presente nas páginas do jornal, e os relatos

históricos são nossa porta de acesso ao universo de tipificações que revelam a

realidade da vida cotidiana na República Rio-Grandense. Sabemos que a

95

relação da linguagem com a vida cotidiana não se dá de forma transparente,

mas sim opaca, distorcida. Por isso, escolhemos como técnica a Análise do

Discurso, tal como apresentada por Patrick Charaudeau e Dominique

Maingueneau, que toma a situação de comunicação como encenação,

conforme veremos a seguir.

Voltando à nossa epígrafe, e confrontando-nos com a

impossibilidade de reconstituir a experiência através da reflexão, como

assinalou Schutz, cabe-nos buscar desenhar o melhor mapa possível para o

território de nosso objeto, com as ferramentas metodológicas escolhidas.

Aceitamos que os significados atribuídos às ações humanas são construídos

socialmente, mas questionamo-nos, aqui, sobre a forma como o homem

constrói esses significados e, sobretudo, qual o papel do jornalismo nesse

processo, durante a Revolução Farroupilha, através da amostra escolhida – o

jornal O Povo. De forma que a Sociologia Fenomenológica de Alfred Schutz é

encarada como uma tentativa radical de ir além das mais simples

pressuposições básicas, questionando a própria idéia de conhecimento,

dirigindo-se às próprias coisas, aos fenômenos e às formas como eles nos

aparecem (CORREIA, 2005):

A concepção fenomenológica implica, assim, a existência de

um determinado método que se traduz na adoção de uma certa atitude. Pretende-se que o fenomenólogo enfrente o seu objeto de estudo com uma particular disposição da consciência, com uma atitude característica e com um modo particular de questionar sua relação com o objeto (p. 43).

Ao que complementa Michel Maffesoli (2007), teórico da Sociologia

Compreensiva, que bebe da fenomenologia schutziana, citando a função da

noção de tipicalidade na pesquisa social:

[...] Somos parte integrante (e interessada) daquilo que

desejamos falar. É o que, aliás, faz com que a perspectiva crítica dê lugar à afirmação. Não tendo de decidir entre bem e mal, contentamo-nos em dizer o que é, sabendo que, de diversas maneiras e por distintas modulações, somos elemento deste real (p. 49).

96

Mesmo situando-nos como elemento deste real e utilizando a

salvaguarda do ponto de vista subjetivo que nossa metodologia permite,

afirmamos que este trabalho não está entrincheirado no individualismo ou no

conformismo; ao contrário, pretende valorizar o conhecimento cotidiano

expresso nas páginas d’O Povo como uma rica manifestação da construção de

sentido em sua mais profunda polissemia, na fortuna dos estranhamentos e da

impossibilidade que faz do fenômeno comunicativo um dos mais ricos para a

pesquisa social.

3.2 A ANÁLISE DO DISCURSO COMO TÉCNICA

Descrever a Análise do Discurso como técnica é um desafio, por sua

configuração tautológica: estudar as palavras através delas mesmas. Antes de

explicitar os procedimentos que guiarão nossa análise, acreditamos que seja

necessário justificar essa escolha como uma das lentes para este trabalho.

O jornal O Povo está situado na antiguidade da história da

comunicação, se levarmos em conta uma linha do tempo que, no Brasil,

começa com a chegada da Família Real ao país, em 1808. De sua

materialidade, restam as raras cópias originais que sobreviveram ao tempo

(mais escassas ainda em coleção completa); de seu contexto, multiplicam-se

os discursos históricos, com diferentes enfoques, como vimos no capítulo 2; de

seu redator, Luiz Rossetti, não chegou a nós nem um bico de pena (BONES,

2003). Parece que, para o pesquisador na atualidade, o que resta é o

confronto com o que está posto no objeto: seu discurso, acessível através da

linguagem, ou seja, dos significados que esse texto dá a ler na

contemporaneidade, mas através de um contexto de época.

Para tanto, é preciso escolher um entre tantos instrumentos de

análise. No nosso caso, optamos pela abordagem de Patrick Charaudeau, um

teórico preocupado com a noção de ato de linguagem, que toma o discurso

como “uma atividade humana que se desdobra no teatro da vida social e cuja

97

encenação resulta de vários componentes, cada um exigindo um savoir-faire, o

que é chamado de competência” (CHARAUDEAU, 2008, p. 7 – grifos do autor).

O autor define essas diferentes competências da seguinte forma: uma

competência situacional, ou seja, a definição da finalidade da situação de

comunicação e da identidade dos interlocutores; uma competência

semiolingüística, que diz respeito à organização da encenação do ato de

linguagem de acordo com determinadas características (enunciação, descrição,

narração, argumentação); e, por fim, uma competência semântica, que diz

respeito ao que mais nos interessa como pesquisadores da comunicação, ou

seja, a forma como se dá a construção dos sentidos. Essa análise conta com a

ajuda dos indicativos das

formas verbais (gramaticais ou lexicais), recorrendo aos saberes de conhecimento e de crença que circulam na sociedade, levando em conta os dados da situação de comunicação e os mecanismos de encenação do discurso (2008, p. 7).

Fica claro que, para Charaudeau, a noção de discurso é diferente

das categorias língua, linguagem, frase, texto, enunciado, etc., mesmo que

muitas vezes utilizemos essas palavras como sinônimos. Em sua origem

filosófica, o termo “conhecimento discursivo” opunha-se ao “conhecimento

intuitivo”, filiando-se ao encadeamento de razões e aproximando-se na noção

grega de logos (CHARAUDEAU e MAINGUENEAU, 2006, p. 168). Para afirmar

o discurso como uma categoria distinta, os autores relacionam uma série de

“idéias-força”, resultado da influência de diferentes correntes pragmáticas

dedicadas ao assunto (CHARAUDEAU E MAINGUENEAU, 2006, p. 170 e ss.):

• O discurso supõe uma organização transfrástica. Apesar de

poder ser constituído por uma ou várias frases, o discurso mobiliza

estruturas de outra ordem, que não apenas a gramatical;

• O discurso é orientado. Ele é concebido em função do

propósito do locutor e também se desenvolve no tempo. Considera-

se que ele chegará a alguma parte;

98

• O discurso é uma forma de ação. Toda a enunciação constitui

um ato visando a modificar uma situação;

• O discurso é interativo. Mesmo que não se trate de uma

situação face a face, todo o discurso pressupõe um interlocutor; ele

é uma troca, “supõe sempre a presença de uma instância de

enunciação à qual o locutor se dirige e em relação à qual ele

constrói seu próprio discurso” (p. 171);

• O discurso é contextualizado. Não é possível atribuir qualquer

sentido a um discurso fora de contexto. “Além disso, o discurso

contribui para definir seu contexto e pode modificá-lo durante a

enunciação” (p. 171, grifo do autor);

• O discurso é assumido. Ele deve estar relacionado a uma

instância que se põe como fonte dos pontos de referência pessoal,

temporal e espacial, indicando qual atitude o sujeito adota em

relação àquilo que diz;

• O discurso é regido por normas. Como todo comportamento

social, ele é submetido a normas sociais gerais ou específicas;

• O discurso é assumido em um interdiscurso. Ele só adquire

sentido se colocado em um universo de outros discursos.

Em uma frase, o autor define o discurso como a “totalidade de um

ato de linguagem particular” (2008, p. 33). Mesmo firmando seu objeto,

Charaudeau (2008) também traz à luz a problemática da linguagem, como já

referimos neste capítulo, em relação ao acúmulo de conhecimentos e

parâmetros para guiar as análises, em especial na comparação com as

“ciências exatas”. O autor reconhece que não há como tornar a linguagem um

objeto autônomo. Em outras palavras, não parece haver um itinerário único e

obrigatório a seguir nesse tipo de estudo; assim, as tentativas de empreender

um percurso histórico para esse tipo de estudo seria “resultado de uma decisão

e não de uma constatação” (p. 15). Esse aspecto coloca em harmonia, mais

uma vez, a Análise do Discurso proposta por Charaudeau com a Sociologia

Fenomenológica de Schutz, onde já vimos que a salvaguarda do ponto de vista

subjetivo é um imperativo, mas que não exclui a herança do pensamento:

99

Toda teoria, assim como toda fala, define-se em relação a outras teorias, a outras falas. No entanto, essa herança passa pelo sujeito que produz a teoria ou a fala; o que significa reafirmar que há tantos percursos históricos quantos forem os sujeitos que teorizem (CHARAUDEAU, 2008, p. 15 – grifos do autor).

Evidentemente, existem cruzamentos entre os diferentes percursos

teóricos, de forma que muitas vezes torna-se difícil atribuir paternidade às

idéias, ainda mais em um campo tão vasto quanto o da linguagem. Assim,

restringimo-nos, neste estudo, a dialogar com os sentidos da linguagem e do

discurso segundo as abordagens de Schutz e de Charaudeau, certos de que

podemos, a qualquer momento, confrontar, afirmar ou referir outros autores.

Para Schutz (1979), o papel da linguagem é central nos esquemas

tipificadores: “O meio tipificador par excellence, através do qual o

conhecimento social é transmitido, é o vocabulário e a sintaxe da linguagem

cotidiana” (p. 96 – grifo do autor). Qualquer nomeação faz parte de um sistema

de tipificação e relevância.

Schutz distingue, na categoria linguagem, uma série de

características que podem ser colocadas lado a lado com as idéias-força

levantadas por Charaudeau em relação ao discurso:

Toda palavra e toda sentença é, usando... um termo de William

James, cercada de “orlas” que as ligam, de um lado, com elementos passados e futuros do universo de discurso a que pertencem e, de outro, com um halo de valores emocionais e implicações irracionais, eles próprios inefáveis. As orlas são a substância de que é feita a poesia; podem ser transpostas para a música, mas são intraduzíveis (SCHUTZ, 1979, p. 97).

Além dessas orlas e outras implicações inefáveis, Schutz também

aponta para a enorme variedade de conotações presentes na linguagem, os

termos técnicos, jargões e dialetos específicos, chegando ao indivíduo e seu

próprio código privado.

Está visto que a linguagem desempenha um papel essencial na

Sociologia Fenomenológica schutziana. Cabe, agora, explicitar como vamos

abordá-la, ou seja, nossa técnica de análise.

100

3.2.1 A Análise do Discurso segundo Patrick Charaudeau

A fim de sedimentar sua proposta teórica de análise do

discurso, Patrick Charaudeau (2008) traça um panorama de duas diferentes

vertentes do pensamento lingüístico. O autor evidencia grandes tendências em

relação ao Objeto, ao Método e ao Conhecimento, chegando aos seguintes

tipos de abordagem da linguagem:

- uma que se caracteriza por sua concepção de linguagem-objeto-transparente, por seu método de atividade de abstração, e se interessa por do que nos fala a linguagem; - outra se caracteriza por sua concepção de linguagem-objeto-não-transparente, por seu método de atividade de elucidação, e se interessa por como nos fala a linguagem (CHARAUDEAU, 2008, p. 20).

Por um lado, temos a linguagem em uma situação de

comunicação neutra, com emissor e receptor ideais, esgotando sua

significação em si mesma. O método de análise dos textos é a abstração,

através de comparações e analogias, chegando a uma explicação última da

estrutura linguageira ou, em outras interpretações, à verdade. Assim, essas

teorias buscam do que fala a linguagem, ou seja, qual é o mundo já organizado

que se encontra por trás dela.

Por outro lado, distintas abordagens entendem que o ato de

linguagem não se esgota no seu significado, ligando-se ao seu contexto sócio-

histórico e constituindo um jogo entre implícitos e explícitos. Os seres da fala

(emissor e receptor) são definidos em suas diferenças. Aqui, o método de

análise baseia-se na atividade de elucidação, que joga com a manifestação

linguageira e o contexto, entre o sujeito coletivo e o individual, interessando-se

em como fala a linguagem, ou seja, como a significação é significada.

O que o autor pretende, ao expor essas tendências, é alertar-

nos para a importância de integrá-las em uma mesma problemática, pois a

linguagem é marcada pelo selo da discordância e da concordância (2008, p.

20):

101

O mundo não é dado a princípio. Ele se faz através da estratégia humana de significação. O Método seguido deverá então ser duplo: elucidante do ponto de vista do como e abstratizante do ponto de vista do do quê (2008, p. 21).

Assim, Charaudeau chama a atenção para um duplo valor e

uma dupla dimensão presentes no ato de linguagem: o Explícito e o Implícito. A

produção de sentido depende do jogo entre esses elementos. O Explícito

aparece como uma superfície repleta de lacunas que, quando combinado (ou

preenchido) pelo Implícito, tratando das condições de produção e interpretação

da linguagem, determina a significação deste ato de linguagem. Dessa forma,

“o ato de linguagem é resultado de uma dupla atividade: estrutural (a

Simbolização referencial) e serial (a Significação)” (CHARAUDEAU, 2008, p.

37).

A significação também está sujeita a um conjunto de possíveis

interpretativos, que são sugeridos pelo contexto. Isso ressalta dois aspectos

das condições de Produção/Interpretação do ato de linguagem: a partilha de

saberes entre seus protagonistas, o que remete à condição de partilha

intersubjetiva de significados, como apontada por Schutz; e o saber que esses

sujeitos comunicantes supõem existir entre eles, ou seja, os filtros construtores

de sentido.

A interpretação é assim definida por Charaudeau (2008) como

um processo de criação de hipóteses. Os sujeitos interpretantes e

enunciadores estão a todo tempo criando suposições sobre seus pontos de

vista em relação aos enunciados. Isso evidencia a falta de transparência dos

processos comunicativos, ou seja: as circunstâncias de discurso são definidas

por aspectos como, por exemplo, a Situação extralingüística, o “ambiente

material pertinente para a codificação ou a decodificação” (p. 31). O autor

apresenta um exemplo divertido:

Se uma pessoa sentada em um bar pede “uma caipirinha” e se

o garçom do bar lhe traz uma bebida (e não uma pessoa do sexo feminino, vinda da roça, o que seria inverossímil, é claro) não é porque o ambiente material se impõe a esses dois interlocutores, mas porque o contrato de comunicação que os liga faz com que partilhem um mesmo ponto de vista. Portanto, são as Circunstâncias de discurso (vistas como um conjunto de

102

saberes partilhados) que comandam o ambiente material e não o inverso (CHARAUDEAU, 2008, p. 32 – grifos do autor).

Dado que a significação não é autônoma (depende das

circunstâncias de discurso), Charaudeau (2008) problematiza a questão do

signo e sugere que, nessa linha de raciocínio, o signo, como forma autônoma

de sentido, não existe na língua, somente no discurso. Mas como não é

possível negar que as palavras, mesmo fora do discurso, têm significado (os

dicionários estão aí para comprovar), o autor propõe o exame da questão do

duplo valor do signo: as faces da qualificação referencial e da funcionalidade.

Esses elementos contribuem para algumas constantes de

sentido que se constroem em razão do emprego das palavras em contextos

semelhantes e em contextos diferentes, o que vai sedimentando um certo

saber metacultural sobre os signos. A essas constantes se somam as

circunstâncias de produção e interpretação já referidas, ao que Charaudeau

conclui: “a significação é uma manifestação linguageira que combina signos em

função de uma intertextualidade particular e que depende de Circunstâncias de

discurso particulares” (p. 35 – grifo do autor). A complexidade da discussão

sobre o signo justifica a rejeição do autor à clássica oposição entre denotação,

como um sentido primeiro, básico e neutro, e conotação, como um valor

segundo, uma simples sobre-significação. Donde, também, o autor não utiliza o

termo significado, preferindo a expressão marca lingüística.

Assim, o ato de linguagem, tal como proposto por Charaudeau,

surge da combinação (e não simples adição) dos elementos estruturais e

seriais, levando em consideração aspectos que o aproximam das noções de

intersubjetividade, experiência e províncias de significado que vimos na teoria

schuztiana:

Na verdade, todo ato de linguagem veicula, através de sua

expectativa discursiva, um saber sobre as representações lingüísticas das práticas sociais dos protagonistas da linguagem. É normal que o aspecto perceptivo-sensorial da experiência se encontre integrado nesse saber e seja, como o resto, memorizado na competência discursiva dos protagonistas (CHARAUDEAU, 2008, p. 37).

103

Baseado em sua dupla dimensão hipotética (as hipóteses e

apostas feitas pelos sujeitos enunciador e interpretante), Charaudeau define o

ato de linguagem como uma encenação. Trata-se de um ato inter-enunciativo

entre quatro sujeitos, “lugar de encontro imaginário de dois universos de

discurso que não são idênticos” (2008, p. 45). Designa o EU como o sujeito

produtor do ato de linguagem e o TU como sujeito interlocutor desse ato de

linguagem, da seguinte forma:

EUc = sujeito comunicante. É um sujeito agente que se

institui como locutor e articulador da fala, organizando o ato de linguagem. É

testemunha de um determinado real ligado ao seu universo de discurso.

EUe = sujeito enunciador. É uma imagem de enunciador

construída pelo sujeito produtor da fala e representa seu traço de

intencionalidade (não no sentido maniqueísta, mas num contexto de projeto de

fala) no ato de produção. É responsável pela produção de um certo efeito de

discurso no sujeito interpretante (TUi), mas, ao mesmo tempo, depende da

imagem de fala construída por este para existir.

Assim, entendemos que o EUe é uma espécie de “máscara” de

discurso utilizada pelo EUc. Assim, EUc pode utilizar, de acordo com sua

estratégia, uma relação de maior transparência ou maior ocultação com EUe.

Charaudeau ilustra essa relação com um exemplo bastante

contundente:

Vamos relatar agora uma pequena experiência: mostramos

esta frase a um grupo de pessoas: “Não se mendiga seu direito. O direito é obtido através de uma luta digna”. Em seguida, pedimos às pessoas que imaginassem – pois, no processo de interpretação a imaginação tem lugar de destaque – qual seria a posição político-ideológica do autor da supracitada frase. Repetimos a experiência com públicos diferentes e obtivemos as seguintes respostas:

“É uma pessoa que pertence a um grupo oprimido.” “É um militante sindicalista.” “É um homem de esquerda.” “É um revolucionário.” “É um partidário da luta armada pelos direitos do trabalhador.” Em seguida, revelamos que a frase é uma adaptação de um

aforismo de... Hitler (CHARAUDEAU, 2008, p. 49-50).

104

A experiência demonstra que “um texto interpretado fora de

suas circunstâncias de produção induz à construção de uma imagem do EU

que responde às referências sócio-linguageiras de cada indivíduo” (p. 50).

Assim, o sujeito interlocutor pode criar suas hipóteses baseado apenas na

máscara, no efeito de discurso produzido por EUe. Essa constatação coloca

em xeque a noção de autoria de um discurso, já que o autor, na perspectiva de

Charaudeau, encobre esse duplo sujeito, comunicador e enunciador. Da

mesma forma, o EUc, o produtor da fala, também deve sua existência ao

conhecimento que o interlocutor tem dele: “Assim, uma mesma fala poderá ser

interpretada como ‘provocadora’, ‘demagógica’, ‘denunciadora’ e/ou ‘irônica’

(...)” (p. 51).

TUd = sujeito destinatário. É o interlocutor fabricado pelo EU

como destinatário ideal, adequado a seu ato de enunciação, de acordo com as

circunstâncias de discurso e com o contrato de comunicação. Encontra-se em

uma relação de transparência com a intencionalidade do EU.

TUi = sujeito interpretante. É responsável pelo processo de

interpretação que escapa do domínio do EU. Encontra-se em uma relação de

opacidade com a intencionalidade do EU.

Esquematicamente, o autor representa sua teoria no quadro:

Figura 1: Situação de Comunicação (CHARAUDEAU, 2008, p. 52).

No espaço externo do quadro está o contexto “real”. O

ambiente interno abriga os imaginários, os ideais de comunicação. O sucesso

105

na empreitada de comunicar depende da maior ou menor coincidência entre

TUi e TUd. Para ser bem-sucedido na empreitada comunicacional, o sujeito

comunicador utiliza contratos e estratégias.

A noção de contrato pressupõe que os sujeitos pertencem a

um mesmo corpo de práticas sociais e estão de acordo com as representações

linguageiras das mesmas. Já o contrato de comunicação determina os

protagonistas da linguagem em sua dupla existência de agentes e sujeitos da

fala. O contrato pode deixar transparecer as estratégias de poder existentes na

sociedade, num jogo de ser e de parecer do estatuto social dos sujeitos da

ação linguageira (CHARAUDEAU, 2008).

As estratégias aparecem na concepção, organização e

encenação empreendidas pelo sujeito comunicante (EUc) no intuito de produzir

determinados efeitos nos sujeitos interlocutores. Nesse sentido, as estratégias

podem variar entre dois extremos: a fabricação de uma imagem de real como

um lugar da verdade, com força de lei; e a fabricação de uma imagem de

ficção, como um lugar de identificação e que apela para o imaginário dos

sujeitos.

Mesmo lançando mão dos contratos e estratégias, a produção

linguageira está sempre submetida à revisão do interlocutor. Isso, somado a

fatores subconscientes que podem deixar transparecer elementos impensados

ou indesejados na fala do sujeito produtor, traz à tona a dimensão do

imprevisível no ato de linguagem.

Nessa dimensão múltipla, fica claro que “todo ato de linguagem

depende de um Contrato de comunicação que sobredetermina, em parte, os

protagonistas da linguagem em sua dupla existência de sujeitos agentes e de

sujeitos de fala (fenômeno de legitimação)” (CHARAUDEAU, 2008, p. 61).

Através desta abordagem, o autor acredita ser possível abordar a questão

linguageira tanto em seus aspectos sociológicos quanto psicológicos:

Em nossa concepção, as estratégias de poder exercidas em

uma sociedade são o resultado de um jogo de ser e de parecer entre o estatuto social dos sujeitos do circuito comunicativo (EUc/TUi) e o estatuto linguageiro dos sujeitos que a manifestação linguageira constrói (EUe/TUd) (CHARAUDEAU, 2008, p. 62 – grifos do autor).

106

Aos analistas e pesquisadores, Charaudeau explica que quem

se propõe a estudar um ato de linguagem não pode querer dar conta da

totalidade das intenções do sujeito comunicante. Mas será que a pesquisa se

restringe a uma questão de hermenêutica, de interpretação? Para o autor, esse

dilema não existe, pois a análise de um ato de linguagem deve dar conta não

apenas de EU ou TU, mas sim dos diferentes “possíveis interpretativos que

surgem (ou se cristalizam) no ponto de encontro dos dois processos de

produção e de interpretação” (2008, p. 63). Em síntese, a proposta teórica do

autor instiga o pesquisador a responder à pergunta: Quem o texto faz falar?, ou

Quais sujeitos o texto faz falar?

Os possíveis interpretativos são “testemunhas das práticas

sociais que caracterizam um grupo ou uma comunidade humana”

(CHARAUDEAU, 2008, p. 63). Cabe ao sujeito analisante coletar as variadas

possibilidades de interpretação e, através da comparação, entender as

constantes e as variáveis do objeto para torná-las instrumento de análise.

3.2.3 O discurso nos textos midiáticos

Na obra Discurso das mídias, Charaudeau (2006) concentra-

se na dimensão midiática dos discursos, partindo da constatação de uma

particularidade: esse tipo de discurso não é um simples reflexo do que

acontece no espaço público, mas sim um universo construído. Alguns

princípios conduzem seu raciocínio (p. 12-13):

1- O discurso de informação permite o estabelecimento de um

vínculo social;

2- As mídias se interessam de modo organizado pelo

estabelecimento desse vínculo, propondo um contrato comunicacional;

3- As empresas de fabricar informação concorrem entre si;

4- A partir dessa concorrência, as mídias são levadas a uma

tomada de posição sobre a maneira de tratar a informação.

Corroborando a perspectiva afirmada por Navarro (2003), no

começo deste capítulo, Charaudeau (2006) interessa-se, sobretudo, pela lógica

simbólica fixada nas mídias, ou seja, a produção de sentido:

107

Trata-se da maneira pela qual os indivíduos regulam as trocas sociais, constroem as representações dos valores que subjazem as suas práticas, criando e manipulando signos e, por conseguinte, produzindo sentido (p. 16).

Para este autor, a dificuldade em abordar os textos midiáticos

se dá porque esse discurso tem a pretensão de se definir contra o poder e

contra a manipulação, diferente, por exemplo, do discurso político. Dado o

papel do pesquisador em ciências humanas e sociais de “descrever os

mecanismos que presidem a esse simbólico e as diferentes configurações que

o tornam visível” (2006, p. 17), é preciso superar as aparências e procurar

entender os mecanismos que levam os discursos a mascarar, revelar ou

perverter seu valor simbólico:

A ideologia do “mostrar a qualquer preço”, do “tornar visível o

invisível” e do “selecionar o que é mais surpreendente” (as notícias ruins) faz com que se construa uma imagem fragmentada do espaço público, uma visão adequada aos objetivos das mídias, mas bem afastada de um reflexo fiel (CHARAUDEAU, 2006, p. 20).

Charaudeau (2006) propõe a análise dos discursos midiáticos

numa perspectiva interdisciplinar, apontando para a importância da distinção

dos lugares de construção de sentido nesse tipo de texto, como mostra o

esquema a seguir:

108

Produção

Lugar das condições de produção

ProdutoLugar de construção do produto

Recepção Lugar das condições de interpretação

[Externo-Externo] [Externo-Interno] [Interno] [Interno-Externo] [Externo-Externo]

Práticas de

organização

socioprofissionais

Práticas de

realização do

produtor

Organização estrutural semiodiscursiva segundo hipóteses

sobre a co-intencionalidade

AlvoImaginado pela

instância

midiática

Público Como instância

de consumo do

produto

Representações Por discursos de

justificativa da

intencionalidade

dos “efeitos

econômicos”

Representações Por discursos de

justificativa da

intencionalidade

dos “efeitos

visados”

Enunciador-destinatário

“efeitos posssíveis”

“efeitos

supostos”

“efeitos

produzidos”

Figura 2: Os três lugares da máquina midiática (CHARAUDEAU, 2006, p. 26).

Na medida em que o ato de comunicação consiste na troca

entre as instâncias de produção e recepção, o sentido resultante desse ato

depende da relação de intencionalidade entre essas duas instâncias:

Isso determina três lugares de pertinência: o da instância de

produção, submetida a certas condições de produção; o da instância de recepção, submetida a condições de interpretação; o do texto como produto, que se acha, enquanto tal, submetido a certas condições de construção (CHARAUDEAU, 2006, p. 24).

Nas condições de produção há o espaço externo-externo, que

compreende as condições socioeconômicas da máquina midiática, regulada

por determinadas práticas profissionais. No espaço externo-interno, estão as

condições semiológicas da produção, que se traduzem na intencionalidade dos

jornalistas, editores e demais profissionais da comunicação, através de

Influência recíproca

(intencionalidade e co-construção de sentido)

Retorno de imagens

109

representações consideradas adequadas ao suposto público do veículo. Esta

instância se relaciona com o espaço interno-externo do lugar das condições de

recepção, que representa esse mesmo destinatário ideal, o “alvo” imaginado

pelos produtores (na atualidade, é bastante comum o uso de sondagens como

instrumento de definição desse alvo). No espaço externo-externo das

condições de recepção está o público real, que interpreta as mensagens de

acordo com suas próprias condições psicossociais.

Há, ainda, o lugar das restrições de construção do produto, que

é onde o discurso se configura como texto, “segundo uma certa organização

semiodiscursiva feita de combinação de formas, umas pertencentes ao sistema

verbal, outras a diferentes sistemas semiológicos: icônico, gráfico, gestual”

(CHARAUDEAU, 2006, p. 27). A construção do sentido depende da

estruturação dessas formas, decodificáveis pelo receptor, e realiza-se como

resultado de uma co-intencionalidade, ou seja: as expectativas interpretativas

de produtores e receptores. Assim, Charaudeau (2006) afirma que “com isso,

toda análise de texto nada mais é que a análise dos possíveis interpretativos”

(p. 28).

Assim, analisar um discurso midiático pressupõe o exame dos

sentidos que provêm da estruturação do texto e dos lugares de produção e

recepção. De modo que a informação não corresponde apenas à intenção do

produtor ou do receptor, mas a um conjunto de efeitos possíveis, orientados na

relação de jogo de espelhos entre os lugares caracterizados pelo autor.

Por sua dimensão relacional, de co-intencionalidade,

entendemos que a proposta de Análise do Discurso de Charaudeau está em

harmonia com as perspectivas metodológicas de Schutz, que ressaltam a

intersubjetividade:

Ele [o homem] fala, em princípio, para se colocar em relação

com o outro, porque disso depende a própria existência, visto que a consciência de si passa pela tomada de consciência do outro, pela assimilação do outro e ao mesmo tempo pela diferenciação com relação ao outro. A linguagem nasce, vive e morre na intersubjetividade (CHARAUDEAU, 2006, p. 42 – grifo nosso).

110

Assim, a relação entre mundo da vida e mundo do conhecimento (o

“real” e o “discursivo”) se dá de forma eminente no ato de comunicação, onde a

própria noção de acontecimento é relativizada, tornando-se essencial para o

entendimento do discurso midiático. Para Charaudeau (2006), o acontecimento

está intimamente ligado com a produção de sentido, uma vez que a relação

entre “o que aconteceu” e seu relato não pode ser outra além da de

reconstituição.

Perceber que algo aconteceu pressupõe captar uma modificação na

ordem das coisas, uma ruptura ou desequilíbrio nos sistemas que fundam

aquilo que é entendido como ordem. Para que um acontecimento seja

percebido enquanto tal, é preciso que um sujeito entenda o que nele provoca

um “efeito de saliência na uniformidade do mundo” (p. 100). Após essa

percepção inicial, essa saliência passa pelo processo de significação, ou seja,

por um lado é problematizada em relação àquilo que está dado e, por outro, é

integrada numa recategorização semântica, produzindo um efeito que é

chamado pelo autor de pregnância.

Se a informação midiática tem como finalidade informar o que ocorre

no espaço público, a definição de acontecimento passa pelas noções de

atualidade, socialidade e imprevisibilidade. A questão de atualidade tem a ver

com o marco zero temporal e espacial do corpo, como já referimos na teoria de

Schutz. Trata-se do tempo e do espaço que separam o acontecimento de sua

informação que, dependendo da tecnologia empregada, pode chegar ao

imediatismo do ao vivo.

O potencial da socialidade é avaliado segundo aquilo que pode ser

considerado de interesse coletivo, configurado em editorias como política,

economia, cultura, esportes etc. A dimensão de imprevisibilidade (novamente,

uma categoria que já foi apontada por Schutz) traz aqueles elementos que

abalam a tranqüilidade da ordem ou das expectativas do receptor sobre ela,

fazendo com ele seja obrigado a adaptar e reorganizar seu sistema de

inteligibilidade (CHARAUDEAU, 2006).

É assim que o contrato midiático acaba por construir um espaço

público e uma opinião pública, pois coloca em permanente tensão as

representações de uma comunidade lingüística, jogando com a organização

coletiva dos sistemas de valores, com a exibição dos lugares-comuns da

111

coletividade e encarnando os valores dominantes (CHARAUDEAU, 2006,

p.115-117). O reconhecimento entre os membros de uma comunidade se dá

através do que o autor chama de discurso circulante, uma soma de enunciados

que promove certa coesão social. Esse discurso cumpre, pelo menos, três

funções:

1- Instituição do poder/contra-poder: Esta instância nos interessa

bastante, pois diz respeito às palavras que se impõem como autoridade, que

“confere sentido à ação social, a orienta, lhe serve de guia e fundamenta sua

potência”. É o discurso do poder político, do Estado. Frente a ele, podem surgir

discursos de reivindicação, ou de contestação, que desestabilizam os valores

apresentados até então.

2- Regulação do cotidiano social: Comporta os discursos do

cotidiano, que configuram os comportamentos básicos do corpo social;

3- Dramatização: São os discursos do imaginário, da ficção, dos

mitos.

Assim, Charaudeau (2006) conclui que o espaço público não é

único, nem estanque, nem um fato (p. 120). Entende que a relação das mídias

com a construção de uma opinião pública não deve ser encarada de forma

simplista, verticalizada. Para que isso acontecesse, as mídias deveriam ter

atribuído à sua palavra um valor de sanção (no sentido jurídico) ou de

consagração (no sentido religioso). Em relação ao jornal O Povo, um órgão

oficial de um determinado governo, será que esse tipo de poder se configura?

Passando à problemática das estratégias de encenação da

informação, Charaudeau aponta como uma particularidade do discurso

midiático a influência do dispositivo na formatação das mensagens. Para ele,

não há como dissociar o conteúdo de seu suporte.

O dispositivo é um componente do contrato de comunicação

sem o qual não há interpretação possível das mensagens, da mesma forma que uma peça de teatro não faria muito sentido sem seu dispositivo cênico (CHARAUDEAU, 2006, p. 105).

112

Para o caso que nos interessa aqui, o da imprensa, o autor ressalta

como uma característica a distância entre aquele que escreve e o que lê, mas

ao mesmo tempo, a face do suporte impresso como “um traço para o qual

sempre se pode retornar” (p. 113), seja para corrigir o texto (no caso do

produtor), seja para reler (no caso do interlocutor). Além disso, a imprensa se

caracteriza por demandar tempo entre os lugares da construção de sentido, ou

seja: não pode fazer coincidir o tempo do acontecimento, o tempo da escritura

e o tempo da leitura, o que ocasiona uma atividade de conceitualização mais

analítica e hierarquizada.

É importante observar que os textos midiáticos são sempre frutos de

escolhas, majoritariamente relativas ao tempo, ao espaço e à hierarquia dos

acontecimentos. Nesse sentido, a noção de atualidade é imperativa, atribuindo

a esse tipo de discurso os caracteres de efemeridade e de a-historicidade. “As

mídias nunca podem garantir que o que é relatado traga alguma marca de

perenidade” (CHARAUDEAU, 2006, p. 134).

Em relação ao espaço, o discurso midiático tem como marca um

certo dom de ubiqüidade. Reveste-se da capacidade de narrar a aldeia e o

planeta: o que mais interessa ao cidadão varia entre o que está próximo e o

que está longe, numa gangorra entre egocentrismo e ubiqüidade

(CHARAUDEAU, 2006, p. 137).

Hierarquicamente, a escolha dos acontecimentos que ocupam

espaço na mídia é feita com base em critérios externos e internos. Os externos

são de três tipos: 1) o inesperado, acidental; 2) o programado, que faz parte do

agendamento da vida social (eventos culturais, esportivos etc.); 3) o suscitado,

provocado de forma intencional para chamar a atenção. Os critérios internos

relacionam-se com as representações particulares dos veículos, o perfil da

publicação, a abordagem e os temas que lhe identificam, seus interesses. De

qualquer maneira, e essa também é uma característica importante, os eventos

relatados midiaticamente sempre devem creditar a informação ou citar suas

fontes para dar legitimidade aos eventos.

É evidente que todas essas marcas devem ser relativizadas, quando

aplicadas a um jornal como O Povo, que não está inserido em uma perspectiva

de empresa jornalística, pois se encontra vinculado a um governo (aspecto

fundamental para o entendimento das mídias na atualidade). O que nos parece

113

é que, mesmo na ausência dessas características, é possível encontrar, nos

periódicos do século XIX, alguns fios condutores que se relacionam com as

práticas jornalísticas levantadas aqui e que sua explicitação e entendimento

iluminam o que entendemos hoje por discurso midiático. Assim, como quer a

proposta teórica de Charaudeau, tanto os aspectos formais quanto o conteúdo

do jornal contribuem na busca dos possíveis interpretativos.

4 NAS VEREDAS DA OPINIÃO, O JORNALISMO

“Amicus Plato, sed magis amica veritas”23

4.1 O POVO E SEU DISPOSITIVO

No capítulo 1, aprofundamos as relações entre jornalismo e história

e o papel dos periódicos no período regencial brasileiro. No capítulo 2,

recuperamos alguns dos principais acontecimentos da Revolução Farroupilha,

procurando entender algumas de suas causas, as diferentes abordagens para

as quais se prestou na historiografia e alguns elementos do cotidiano dos sul-

rio-grandenses naquele período. No capítulo 3, descrevemos e tensionamos os

referenciais teóricos que nos guiarão nesta análise, que pretende, através dos

vestígios discursivos, fazer aparecer os possíveis interpretativos dos textos

presentes no jornal O Povo, chegando assim aos esquemas de relevâncias e

tipificações que aparecem nas versões dos fatos que os farrapos apresentaram

como oficiais.

Iniciamos nossa análise pela descrição do dispositivo do jornal O

Povo, utilizando a categoria de Maurice Mouillaud (2002). O autor atribui um

papel essencial às formas que enquadram o discurso jornalístico. O dispositivo

contribui para a formação de sentidos, pois serve para “pôr um pouco de ordem

no caos do mundo [...] e permite ao leitor reconhecer o mesmo jornal, de um

23 “Platão é amigo, mas a maior amiga é a verdade” (O Povo, n. 23, p. 91). Todas as referências ao jornal têm como base a edição em fac-símile publicada pelo Museu e Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul, em 1930. Optamos, também, por atualizar a grafia das palavras.

115

número a outro” (MOUILLAUD, 2002, p. 23). Assim, recusa a dicotomia forma

versus conteúdo.

Para o autor, essa noção alcança mais que a simples descrição do

suporte do jornal, configurando-a como um elemento de preparação para o

sentido, uma espécie de peneira, como o corredor escuro que antecede a sala

de cinema e faz a transição entre a luz do mundo e o mundo da tela (p. 31).

Mouillaud (2002) vê uma relação dinâmica entre o texto e o dispositivo: ao

mesmo tempo, eles se geram e determinam, de forma que o dispositivo

configura uma “matriz que impõe suas formas ao texto” (p. 35, grifo do autor).

Nesse contexto, as mídias são a ponta de um longo processo de

transformação das informações, que passam de um estado difuso a unidades

homogêneas:

O jornal – e a mídia em seu conjunto – não está, entretanto,

face a face ao caos do mundo. Está situado no fim de uma longa cadeia de transformações que lhe entregam [...] um real já domesticado. O jornal é apenas um operador entre um conjunto de operadores sócio-simbólicos, sendo, aparentemente, apenas o último: porque o sentido que leva aos leitores, este, por sua vez, remanejam-no a partir de seu próprio campo mental e recolocam-no em circulação no ambiente cultural. [...] A informação não é o transporte de um fato, é um ciclo ininterrupto de transformações (MOUILLAUD, 2002, p. 51).

Assim, a cadeia de produção em que se funda a informação

midiática faz com que a experiência e a informação que se tem sobre ela não

sejam um reflexo perfeito uma da outra. Mouillaud (2002) cita Gaye Tuchman,

que afirma a realidade “como o produto de um consenso sustentado pelo jogo

das interações e das negociações entre parceiros sociais” (p. 54), seguindo a

mesma linha de pensamento de Alfred Schutz, nossa matriz teórica, sobre a

relação entre consciência e realidade. O discurso das mídias também faz parte

desse jogo de interações e negociações, enquadrando fragmentos segundo

seus modelos de falas, citações, títulos, imagens e outros elementos da

deontologia jornalística, a qual, vale destacar, não foi sempre a mesma através

dos tempos.

Para serem impressas nas páginas de um jornal, as experiências

são retiradas da sua totalidade, passando por um enquadramento. Para

116

Mouillaud (2002), “a experiência não é reprodutível. Ela está ligada a um local,

a um ponto do espaço e a um momento do tempo” (p. 61). Isso nos remete à

noção de marco zero, de Schutz, onde o corpo representa coordenadas que

permitem a orientação dos indivíduos no mundo e que definem os

conhecimentos que estão ao seu alcance ou potencialmente ao seu alcance,

além do contato com o legado do passado e as perspectivas de futuro. Não há

como todos esses fatores serem reproduzidos, tal como na experiência, no

discurso midiático. Assim, na página do jornal, o acontecimento é fragmentado

em facetas múltiplas, que correspondem, cada uma, à captura de uma de suas

dimensões: “A disposição sobre a área da página é o local-suporte de uma

retórica do discurso” (MOUILLAUD, 2002, p. 62-63).

O autor centra-se na produção das mídias em um contexto

contemporâneo, e coloca a questão da transformação da informação através

dos acordos implícitos e explícitos entre as redes (networks). No caso d’O

Povo, um periódico que data da primeira metade do século XIX, a estrutura que

fomentava a transformação das informações não é a mesma da

contemporânea lógica das redes, mas, para efeitos de geração e determinação

dos dispositivos, é possível estabelecer parâmetros análogos aos de Mouillaud,

que dêem conta da realidade d’O Povo.

A respeito do nome do jornal, o autor afirma que ele faz parte do

pacto implícito que o veículo faz com o leitor, configurando a sua leitura

pública, em oposição à leitura privada, que acontece a cada número. Dada a

referência contemporânea de Mouillaud à leitura dos jornais, o autor considera

que cada número é uma unidade autônoma. No caso d’O Povo, isso não

acontece. Foi uma prática recorrente o uso da expressão “Continuar-se-há” ao

final dos textos, indicando sua continuidade no número seguinte. Fez parte dos

modos de fazer desse jornal a possibilidade de um mesmo texto estender-se

por 2, 3 ou mesmo 4 edições, como, por exemplo, no caso do famoso

Manifesto de 1838 (publicado em três partes) e na transcrição do julgamento

do réu Francisco Sabino Alves da Rocha Vieira, pela participação na Sabinada,

na Bahia, que se estendeu pelas edições 9, 11, 12 e 13 (neste último, os

comentários do jornal sobre o caso). A linearidade e a contigüidade entre as

edições refletem mais do que a simples organização dos conteúdos,

117

abrangendo uma noção de consciência histórica. No número 67, isso fica claro

na seguinte afirmação:

De hoje em diante os Boletins das operações de Campanha

serão dados neste Jornal e só serão avulsos quando a matéria ou circunstâncias assim o exigirem; não só pela economia de papel e serviços, como ainda para conhecimento de nossa História Militar, visto ser mais fácil a conservação de coleções do jornal que a de avulsos destacados. Daremos, pois, ao público os referidos Boletins, principiando pelo 1º Boletim em Piratini (O Povo, n. 67, p. 286, grifo nosso).

Assim, além da já pressuposta linearidade na leitura, o jornal

pretendia também a perenidade histórica, mostrando-se consciente de seu

papel documental no momento de conflito e interessado em oferecer condições

para que a coleção fosse preservada. A coleção, sob o nome O Povo,

estabelece uma referência que faz parte do jogo de hipóteses entre os sujeitos

da fala, como nos aponta Charaudeau (2008). A publicação do nome, sempre

acompanhada do subtítulo “Jornal Político, Literário e Ministerial da República

Rio-Grandense” completa a leitura de todas as afirmações presentes em seu

discurso, revelando a identidade liberal que O Povo deu a conhecer aos seus

contemporâneos e a seus sucessores, como os inúmeros pesquisadores que

voltam às suas páginas para tentar entender melhor as bases ideológicas do

movimento republicano rio-grandense:

Institui-se então uma dupla relação que remete ao duplo

sentido do jornal: o nome do jornal é um título que designa todos os seus enunciados e os identifica à maneira de uma pressuposição. Por seu lado, os enunciados preenchem um nome que, sem eles, seria uma referência vazia (MOUILLAUD, 2002, p. 92).

Ao mesmo tempo em que o título do jornal restringe alguns

significados e orienta a leitura por um determinado tipo de contrato

(CHARAUDEAU, 2008), o nome O Povo provocou problemas de interpretação,

pela dificuldade em definir quem fazia parte do “povo” sobre o qual e para o

qual os republicanos rio-grandenses falavam. Tanto na ocasião da publicação

118

do jornal, quanto na interpretação dos historiadores, a questão gerou polêmica.

A participação de Luiz Rosseti como redator foi responsável pela inserção de

algumas idéias da Jovem Itália, consideradas avançadas demais para os

liberais farroupilhas, e que foram logo colocadas de lado. O Prospecto, texto de

abertura do jornal, afirma que um dos objetivos centrais da publicação era o de

“propagar entre o Povo doutrinas essencialmente democráticas” (O Povo, n. 1

p. 1, grifo nosso). No entendimento da Jovem Itália, na noção de povo estavam

incluídas as classes inferiores. Na concepção liberal do governo republicano,

“só uma elite bem dotada estava capacitada a mandar” (FLORES, 1978, p. 59).

Ao mesmo tempo, a República precisava se defender das acusações de falta

de democracia em seu governo. Afinal, a excessiva centralização era uma das

principais críticas dos rio-grandenses em relação ao Império. O verniz

democrático da Jovem Itália pareceu uma boa saída para atenuar, ao menos

discursivamente, e num primeiro momento, a concentração das decisões dos

revolucionários: “Para chegar da Tirania à Liberdade, é mister valer-se de

medidas incompatíveis com a Liberdade regular e permanente” afirma um

trecho traduzido diretamente da publicação Jovem Itália. Mais adiante, no

Prospecto, afirmam: “todas essas exigências [da Revolução] não se pode de

outro modo satisfazer senão concentrando a vontade de todos em mui poucas,

ou numa só” (O Povo, n. 1 p. 1). Em correspondência ao amigo Giovanni

Batista Cunneo, onde comenta os bastidores da publicação do primeiro número

d’O Povo, Rosseti afirma: “Não querem nem que se mencione a idéia de uma

ditadura, já que necessitam sustentar-se dos decretos ditatoriais” (BONES,

1996, p. 104).

Foi justamente a questão da importância dada ao povo que

provocou a saída de Rossetti da redação. A gota d’água foi uma briga com o

revisor, que alterou a frase “o povo é invencível, eterno e onipotente como

Deus”, considerando-a herética, para “O povo é invencível e um dia que não

está longe vos pedirá a conta de vossos delitos” (BONES, 1996, p. 108). Na

correspondência em que justifica seu pedido de demissão a Domingos José de

Almeida, o italiano argumenta que a ignorância e o pedantismo do cadete

responsável pela revisão foram responsáveis por uma interpretação religiosa

de sua “fraseologia poética e política usada por todos os escritores do mundo e

em nada religiosa” (ROSSETI apud BONES, 1996, p. 109).

119

Enfim, o entendimento de povo, na visão de Rosseti, não era o

mesmo da cúpula republicana rio-grandense, como afirma Flores:

Embora o jornal O Povo transcrevesse artigos da Jovem Itália,

isso não significa, como foi erroneamente interpretado por muitos escritores, que a República Rio-Grandense adotou em parte ou em todo as doutrinas democráticas de Mazzini, por duas razões fundamentais: os liberais desejavam o sistema federativo e não queriam a participação do povo no governo (FLORES, 1978, p. 63).

A partir desse exemplo, entendemos que o título, no caso d’O Povo,

estabelece relação de construção de sentido com os demais textos do jornal;

porém, é necessário que esse elemento seja relacionado com o contexto da

época para ser bem compreendido. Através da Sociologia Fenomenológica,

podemos afirmar que o conhecimento partilhado socialmente entre os farrapos

a respeito da tipificação de povo era diferente daquela partilhada por Rossetti e

pelo movimento Jovem Itália. No jornal, muitas outras tipificações foram

relativizadas ou confrontadas, como veremos com mais detalhes adiante.

De acordo com Mouillaud (2002), o tipo de digressão a respeito do

significado do nome do jornal, como aconteceu com O Povo, só tem sentido

nesse tipo de contexto, quando “o nome fazia transição entre um sentido, que

ele representava, e enunciados, que ele designava” (MOUILLAUD, 2002, p.

94). Fora desse contexto, o título vira um nome próprio e vai além, passa a

designar “um conjunto de conotações que se condensaram sob um nome ao

longo de sua história” (p. 94). No caso d’O Povo, como em muitos outros

jornais de sua época, a publicação não sobreviveu tempo suficiente para

alavancar essa transformação semântica.

Além do título, outros elementos fixos do cabeçalho acompanharam

o jornal em toda a sua coleção, com pequenas, mas significativas, variações.

Abaixo do nome, a linha de apoio “Jornal Político, Literário e Ministerial da

República Rio-Grandense” traz outros elementos para o contrato firmado com o

leitor: trata-se de uma publicação oficial, de cunho político e que traria em suas

páginas conteúdos de outras obras e autores. A característica literária do

periódico parece-nos não dizer respeito apenas às eventuais publicações de

120

poemas em homenagem à nascente pátria, mas, também, ao objetivo

doutrinário que ficou expresso desde o primeiro número, e que aparece

claramente nas cartas de Rosseti a Cuneo, onde o redator demonstra

insatisfação por achar que “o jornal afastou-se do rumo que se havia proposto,

de ser mais doutrinário e menos ocupado com as coisas locais” (BONES, 1996,

p. 107). No Prospecto, a propagação de doutrinas aparece como um dos

objetivos principais, como já referimos. Além disso, afirma que o papel do

jornalista, “para não ser inferior nem a sua missão, nem a nossa época, deve

ser essencialmente Educador” (O Povo, n.1, p. 2), o que reforça a perspectiva

doutrinária e a crença, pelo menos da parte de Rosseti, que o povo precisaria

ser educado para que a revolução prosperasse. A convicção nas “luzes do

século” é expressa repetidas vezes no jornal, sendo possível observar a

contraposição entre luzes/ilustração e escuridão/ignorância como uma das

relevâncias mais destacadas no periódico.

Outros elementos fixos na capa do jornal são duas inscrições, lado a

lado, uma de ordem prática e outra de ordem ideológica, numa disposição

característica dos jornais da época. À esquerda, a informação: “Este periódico

é de propriedade do Governo. Se publica na 4ª feira e Sábado de cada

semana. Vende-se em Piratini na Casa do Redator, onde também se recebem

assinaturas a 4$000 rs. em prata cada semestre, pagos adiantados. Folhas

avulsas 80 rs”. A primeira frase explicita a origem do conteúdo Ministerial da

folha e contrata de forma ainda mais evidente com o leitor que todo o conjunto

da publicação está subordinado ao Governo da República Rio-Grandense.

Além disso, torna clara a periodicidade, o preço e as formas de adquirir o

jornal, informações importantes, dadas as dificuldades de distribuição dos

impressos naquele período (o próprio O Povo publicou ofícios e decretos que

relatam tentativas de organizar os paradeiros e o começo da articulação dos

correios na República).

Do lado direito, um dístico destacado e traduzido do Jovem Itália: “O

poder que dirige a revolução tem que preparar os ânimos dos Cidadãos aos

sentimentos de fraternidade, de modéstia, de igualdade e desinteressado e

ardente amor à Pátria”. Mais uma vez, revelam-se as relações do periódico

com as influências ideológicas de Rosseti e também a função do jornal como

um instrumento de comunicação do Governo para orientar “os ânimos dos

121

cidadãos”. O trecho dá a ler alguma influência da Revolução Francesa no

movimento revolucionário, ao evocar as palavras “igualdade” e “fraternidade”,

além de evidenciar a relevância da Pátria no discurso do jornal, tema de

discussão recorrente e que revela uma ambivalência, pela dificuldade dos

republicanos rio-grandenses em definir se os brasileiros são amigos ou

inimigos. Abaixo das inscrições, informa-se o local, a tipografia e o ano

(“Piratini, Tipografia Republicana Rio-Grandense; Ano de 1838”). Número,

local, data completa e volume ocupam o topo da página, acima do nome.

O cabeçalho sofreu algumas alterações ao longo do tempo. Com a

mudança da capital para Caçapava, no número 46, de 6 de março de 1839, o

lema “Liberdade, Igualdade, Humanidade”, que até hoje faz parte do brasão do

Estado, passou a integrar os elementos fixos da capa. Além disso, na inscrição

da coluna da esquerda, a afirmação “Este periódico é de propriedade do

Governo” mudou para “Este periódico é de propriedade da Tipografia

Republicana”. Na bibliografia consultada, não encontramos informações a

respeito dessa alteração e nem no próprio jornal há alguma explicação para o

fato. A mudança da capital, além de suspender a publicação da folha por cerca

de um mês, parece ter afetado as condições de produção, porque é notável a

disparada no número de transcrições de outros jornais, além do aumento no

tom das críticas ao Império. Foi também logo após a mudança para Caçapava

que Rosseti decide retirar-se da direção do periódico. Em abril de 1839, ele já

havia mudado para Camaquã e voltado à Marinha (MACEDO, 1990).

A mudança mais radical ocorreu no cabeçalho do jornal, a poucas

edições de seu fim, na edição n. 155 (a coleção completa soma 160). No novo

formato, o subtítulo passou a ser apenas “Jornal Ministerial” e as informações

da coluna da esquerda (propriedade, valor da assinatura, etc) foram retiradas.

A alteração parece ter sido feita às pressas, deixando um buraco em branco,

no local da informação, sem reorganização dos elementos para compor um

cabeçalho mais harmônico.

Mouillaud dedica-se também às manchetes. Nos jornais brasileiros

da primeira metade do século XIX, esse elemento aparece na forma do que o

autor chama de título-assunto, o topo de uma estrutura hierárquica:

122

Os títulos-assuntos são nomes sem determinante, desprovidos de predicado. Encarados de um ponto de vista lingüístico, não são nem frases nem o produto da transformação de uma frase subjacente. Seu status é comparável àquele dos objetos de um catálogo ou às unidades de um repertório (MOUILLAUD, 2002, p. 103).

Era comum nos jornais da primeira metade do século XIX que essa

hierarquia não sofresse desdobramentos. Os títulos indicavam, normalmente,

apenas a localização, a data ou o tipo de texto que viria a seguir. São

exemplos: Ofício, Correspondência, Anúncio, Decreto, Interior, Exterior. Estes

dois últimos, cabe ressaltar, eram utilizados n’O Povo como uma estratégia

para afirmar a soberania e independência da Nação recém-criada. Abaixo do

título Exterior eram dispostas as informações sobre acontecimentos no Rio de

Janeiro, Bahia, Pará e também das vilas da Província de São Pedro que

permaneceram fiéis ao Império, como Porto Alegre, São José do Norte e Rio

Grande. Na situação em que se encontrava a República, era preciso marcar

forte o seu território, mesmo que apenas no terreno simbólico.

Mouillaud (2002) afirma que, do ponto de vista informacional, os

títulos-assuntos são vazios. Eles remetem a um referente que é considerado,

previamente, conhecido do leitor. Na figura que esquematiza a situação de

comunicação proposta por Charaudeau (2008), os títulos-assuntos fazem parte

do espaço interno, do horizonte de expectativas construídos pelos sujeitos da

fala. Entendendo a linguagem como um meio tipificador por excelência,

podemos dizer que esses títulos fazem parte dos significados partilhados pelos

sujeitos. Os títulos-assuntos orientam o leitor no sentido da categoria à qual os

enunciados que vêm a seguir pertencem, mas não trazem informações que

possam orientar a leitura24. Assim, tanto para o leitor da época, quanto para o

pesquisador que lê O Povo, mais de 170 anos após a sua escritura, não é

possível ter acesso a informações básicas sem avançar no texto. Além disso,

ao realizar a leitura, é importante buscar vestígios da voz que comanda a

palavra, pois, contrariando as generalizações sobre a imprensa oitocentista, a

clara inclinação política desses jornais não impedia a inserção de vozes

dissidentes, não-oficiais, em suas páginas.

Sobre o sistema das citações, Mouillaud (2002) afirma que 24 O que corresponde hoje, em largo, às editorias.

123

a relação entre a fala do jornal e as outras falas modificou-se com a mudança do lugar e da função da imprensa. Até o final do século XIX, o jornal de tribuna era, para Clèmenceau ou Jaurès, para Rochefort ou Vallès, um porta-voz. Permitia aos políticos que fossem veiculados seus discursos (no sentido comum da palavra) para além das tribunas parlamentares. [...] O jornal imitava uma voz antropomórfica (MOUILLAUD, 2002, p. 117).

Aqui, o autor corrobora a expressão tribunas ampliadas, aplicada

aos jornais da primeira metade do século XIX por Benjamin Constant (BAHIA,

1990, p. 36). Ele afirma que, com o desenvolvimento da imprensa-reflexo (de

acontecimentos) e a imprensa-eco (de vozes, que não a sua), as citações se

multiplicaram e, em muitos casos, distanciaram-se da fonte dos enunciados,

constituindo um amálgama entre os despachos de agência, as fontes

especializadas, e as matérias assinadas por colunistas. A maneira como essas

vozes são utilizadas faz parte da estratégia da publicação e as fronteiras entre

elas muitas vezes não são claras: “O jornal [...] é senhor do efeito que confere

às vozes que reproduz” (MOUILLAUD, 2002, p. 121). Nesse sentido, “a citação

coloca face a face universos de discursos diferentes, que devem ser

articulados no interior de uma enunciação única, aquela do locutor que

reproduz o enunciado de outro locutor” (p. 122).

Em um esquema de diálogo, por exemplo, a separação entre os

sujeitos fica evidente. Mas quando o jornal assume citações de diversas fontes

e as incorpora em um mesmo discurso, ocorre uma maior transformação do

status formal dos enunciados. N’O Povo, a tendência é evidenciar a separação

dos enunciados. A publicação de cartas, ordens do dia, boletins e trechos de

outros jornais é marcada por diversos elementos que se alternam. Ocorre o uso

de aspas, de frases introdutórias, de assinaturas, de parênteses com o nome

do jornal que serviu de fonte. Mesmo as cartas privadas interceptadas pela

Polícia ou pelo Exército (o roubo de correspondências era prática comum),

indicam a fonte ilícita. Os comentários dos redatores d’O Povo são separados

por um novo parágrafo, ou por um fio, e raramente são assinados. Nesse

sentido, é interessante observar o uso de notas do rodapé, indicadas por

asteriscos (*) ou por seqüências alfabéticas (a, b, c, d). A publicação de uma

carta de Antonio Elizeario de Miranda e Brito ilustra esses procedimentos:

124

Cartas do Herói do Barro Vermelho25 interceptadas pela polícia Rio-Grandense

Sr. Luiz Pereira Leal. Recebi a sua carta de novembro a poucos dias, e agradecendo a V. M a seus bons ofícios como homem honrado (a) e Legalista prestante, tenho a dizer-lhe que faça com que o Snr. Pedro Moreira aceite a comissão para por sua vez nós sabermos alguma coisa interessante. Não pude falar com a Snra. D. Adelaide Javita da Penha por ter seguido eu para Porto Alegre quando ela chegou ao Rio Grande; deixe voltar esta Sra. com o que careça levar para a sua casa, pois que muito respeito e prezo o Sr. Dr. Nicolau Penha.

Não deixe V. Mc. de dar-me notícias suas, pois muito as prezo e estimo por ser de V. Mc. Atento Venerador e Obrigado Criado. Antonio Eliziário de Miranda e Brito. Porto Alegre, 13 de Fevereiro de 1839 (O Povo, n. 62, p. 262).

Logo abaixo, a nota de rodapé guarda os comentários dos

republicanos rio-grandenses sobre a correspondência:

(a) Nem todos os nossos Leitores saberão que o célebre Luiz

Pereira Leal e o Sevandija conhecido vulgarmente por Luiz Carolina são uma mesma pessoa. Com efeito, compreendemos muito bem como um General, ainda mesmo o do Barro Vermelho, possa sem degradar-se empregar como Espião ao primeiro patife que lhe cai debaixo da mão e que lhe pareça mais apto ao desempenho de tão infame ofício. Mas não acabamos de entender como um que se diz Presidente Imperial, um general do Império, ou qualquer homem de bem e que tem consciência de sua dignidade e algum estímulo de honra possa aviltar-se até o extremo de escrever, e tratar familiar, e amigavelmente, a um Carolina Ladrão, notoriamente por tal havido e reconhecido; e que tantas gentilisas e destrezas tem mostrado furtando firmas e falsificando Moeda de Papel, no que é destríssimo. É preciso confessar que a canalha Legal não deixa de ser coerente em seus princípios, porque vivendo da extorsão, do roubo, e da depredação dos Dinheiros Públicos, sacrificando todas as considerações a este vil interesse, tem necessariamente de ligar-se e associar-se com os mais insignes Ladrões e Cavalheiros de indústria, para melhor chegar aos seus fins; tão longe está ela de achar repugnante a liga que faz hoje com toda a casta de bandalhos e sevandijas (O Povo, n. 62, p. 262).

Neste caso, ocorre um fenômeno interessante a ser observado. A

fala da fonte (aqui, a carta de Elizeario de Miranda e Brito) assume contornos

mais transparentes do que o texto do próprio jornal. Notamos que a

correspondência de Elizeario, isolada, não faz menção direta a espionagem,

operações secretas ou falsificações. A interpretação que o jornal faz da carta

não expõe as citações que poderiam atestar as graves acusações que 25 Herói do barro vermelho é o apelido pelo qual os republicanos chamavam o Presidente da Província do Rio Grande do Sul, fazendo referência à importante derrota sofrida pelas tropas imperiais em Rio Pardo.

125

imputam. Aderir ou não a essa versão parece ser uma questão de orientação

política, ou de opção do leitor: “O lembrete do status do locutor deixa aberta a

legitimidade do seu discurso”, afirma Mouillaud (2002, p. 132). Assim, o

discurso do jornal não assume um caráter neutro, ele é fruto da assimilação de

referências outras, que não estão explícitas no jornal, mas que podem ser de

alguma forma esboçadas pela atuação dos sujeitos na situação de

comunicação (CHARAUDEAU, 2008), tarefa à qual nos dedicaremos a seguir.

4.2 O POVO E A SITUAÇÃO DE COMUNICAÇÃO

Vimos que, para Charaudeau (2008), a significação não é autônoma:

ela depende de circunstâncias de discurso particulares, que configuram, em

determinados contextos, constantes de sentido. Para entendermos melhor a

significação do discurso presente no jornal O Povo, tratamos de definir os

elementos que compõem a sua situação de comunicação.

Como vimos no capítulo 3, a situação de comunicação nasce de

circunstâncias de discurso específicas, de um jogo de implícitos e explícitos

numa encenação entre EU (sujeito produtor do ato de linguagem) e TU (sujeito

interlocutor do ato de linguagem), esquematizada no seguinte quadro:

Figura 1: Situação de Comunicação (CHARAUDEAU, 2008, p. 52).

126

O EUc, ou sujeito comunicante, é o agente que se institui como

locutor e articulador da fala, organizando o ato de linguagem. É testemunha de

um determinado real, ligado ao seu universo de discurso. Já o EUe, ou sujeito

enunciador, configura a imagem de enunciador construída pelo sujeito produtor

da fala e representa seu traço de intencionalidade no ato de produção. É

responsável pela produção de um certo efeito de discurso no sujeito

interpretante (TUi), mas, ao mesmo tempo, depende da imagem de fala

construída por este para existir. No caso específico d’O Povo, ocorre uma

mistura entre esses dois sujeitos que se configura, lingüisticamente, pelo

freqüente uso da primeira pessoa do plural, o nós, nos textos.

Esquematicamente, com base nas informações históricas

disponíveis sobre a organização da redação em seus momentos iniciais,

poderíamos simplesmente afirmar que o EUc era Luiz Rossetti, redator do

jornal, e EUe, a máscara discursiva, o Governo da República Rio Grandense

(não esqueçamos que o cabeçalho trazia, na primeira página, a informação:

“Este periódico é de propriedade do Governo”, ou mais tarde, “da Tipografia

Republicana”). Em correspondência, Domingos José de Almeida pedia que “se

dirigissem a Luiz Rossetti, o redator do jornal” (BONES, 1996, p. 77). Porém, o

comportamento elocutivo da publicação, pretendendo sempre “revelar o ponto

de vista do autor” (CHARAUDEAU, 2008, p. 82), acaba por tornar aparente um

relacionamento mais estreito entre os sujeitos produtores da fala.

Assim, entendemos que o redator do jornal estava comprometido

com os mesmos ideais do Governo Republicano, idealizador e patrocinador da

publicação. Almeida, também em correspondência, afirmou: “O jornal é do

governo e precisa parecer que tudo sai de seu laboratório” (BONES, 1996, p.

77), afirmação que torna claro que havia uma preocupação com a coesão

ideológica dos textos publicados. Para aprofundar ainda mais o entendimento

sobre os sujeitos produtores da fala, cabe distinguirmos três diferentes

situações de produção que aparecem no jornal O Povo: os textos de despacho,

os textos do próprio jornal e as transcrições de publicações contemporâneas.

Em grande parte, O Povo constituiu-se da reprodução de textos de

despacho burocrático, como ofícios, ordens do dia, comunicados e editais.

Esses textos, assinados por funcionários do Governo ou oficiais do Exército,

informavam decisões e ações administrativas ou militares, e, evidentemente,

127

também estavam engajados no projeto Republicano. É importante ressaltar

que, nesse caso, fica aparente a função do jornal como instrumento de coesão

administrativa, em sua face ministerial, já que a publicação pretendia informar

as ações do Governo aos diferentes municípios que se alinharam com a

República, como: organização de coletorias, definição do valor de impostos,

recolhimento da moeda de cobre, compra de insumos ao Exército, enfim,

assuntos diversos da administração da República. De ordem eminentemente

prática, esse tipo de texto apresenta comportamento Alocutivo

(CHARAUDEAU, 2008), ou seja, há influência do locutor sobre o interlocutor.

Assim, os diferentes responsáveis pelas ordens, destacando-se Ministros

como Domingos José de Almeida, Serafim Joaquim de Alencastre e José da

Silva Brandão, além do Vice-Presidente José Mariano de Mattos e do próprio

Presidente Bento Gonçalves da Silva, desempenham o papel de EUc, o

elemento ligado à realidade dos fatos e assumem, ao mesmo tempo, a

legitimidade pela máscara enunciativa do jornal, EUe, que explicita que aquela

é uma fala do governo.

Em uma segunda situação, O Povo manifesta-se como redação,

através de textos não assinados, mas formulados na primeira pessoa do plural.

Nesse sentido, o leitor não conhece o EUc, tendo acesso apenas a sua

máscara enunciativa, ou seja, a República Rio-Grandense. Na atualidade,

esses textos corresponderiam aos Editoriais, o espaço onde a fala é,

explicitamente, da empresa jornalística que banca a publicação:

O editorial é uma notícia qualificada, porque fere e representa o

foro íntimo do veículo. É uma notícia engajada, porque geralmente se envolve em busca de definição e escolha. É uma notícia exclusiva, porque emite uma opinião própria. É uma notícia de profundidade, porque não se limita à superfície dos fatos e incorpora autoridade, consistência e hierarquia ao seu conteúdo (BAHIA, 1990, v.2, p. 99).

N’O Povo, como já referimos, houve, no princípio, a influência do

EUc, Luiz Rossetti, na produção de alguns desses textos, o que gerou

descontentamento no EUe, o Governo, que não se sentiu adequadamente

representado no seu espaço de fala, ou seja: o discurso, mesmo que oficioso,

128

acaba por incluir falhas, dissidências, paradoxos e, principalmente, omissões,

que, percebidas pelo leitor ou pelo pesquisador, dão espaço a interpretações

diferentes daquelas sugeridas pelo texto26.

Em um terceiro momento, O Povo incorpora a fala de outros

periódicos, inclusive legalistas, transcrevendo textos de jornais de locais e de

posicionamentos políticos diversos, como Aurora Fluminense, O Parlamentar,

O Despertador, O Carapuceiro, Jornal do Comércio, Sete de Abril, O Filho do

Sete de Abril, O Cidadão, O Imperialista e O Nacional (Montevidéu). Nesses

momentos, ocorre uma duplicação da situação de comunicação, ou seja: O

Povo assume em suas páginas textos que foram concebidos originalmente por

outros sujeitos produtores de fala, em outros contextos. No caso de textos de

doutrina contrária à republicana, o que costuma ocorrer é a adição de

comentários críticos, irônicos e mesmo jocosos da redação, através de notas

de rodapé ou em parágrafos separados. Nesse sentido, ocorre, ainda, a

publicação de cartas privadas, interceptadas antes de chegarem aos seus

destinos, e também a reprodução de trechos de textos importantes da época,

como as Cartas de Americus e a obra Scienza della Legislazione, de

Gaetano Filangieri.

Na edição 139, o jornal publica três ofícios assinados pelo então

presidente da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, Saturnino de

Souza e Oliveira, em que critica as taxas de comercialização do gado pelo

“Governo rebelde”. Sob o título “Exterior”, um parágrafo introdutório d’O Povo

cita a fonte das peças, o jornal O Imperialista, de Porto Alegre, n. 45, e procura

orientar a interpretação dos leitores, afirmando que “por elas conhecerão os

nossos leitores qual o espírito de civilização que domina o humano legalista” (O

Povo, n. 139, p. 585). Aqui há um caso exemplar da multiplicidade de sujeitos

enunciadores que aparecem no jornal. No parágrafo introdutório, fala o redator

d’O Povo, revestido com sua máscara legitimadora, o Governo da República

Rio-Grandense. Nos ofícios reproduzidos, a fala é do inimigo: o EUc é o

Presidente da Província, representante da intencionalidade do Império

Brasileiro (EUe). No caso apresentado, configura-se uma situação peculiar:

mesmo que o parágrafo introdutório tente orientar a leitura dos ofícios para

26 Não encontramos na bibliografia disponível informação que indicasse a identidade do redator (ou redatores) que assumiu o lugar de Rossetti.

129

uma interpretação pró-Republicana, que condena os atos do Império, a leitura

das peças permite que o leitor tenha acesso aos argumentos do inimigo e,

eventualmente, venha a concluir que, realmente, os farrapos não tinham o

direito de recolher impostos, por constituírem, nas palavras de Saturnino, um

“Governo rebelde”, que atua através de um “intitulado decreto” e que impõe o

“clamor e vexame que sofrem os habitantes da campanha pelos prejuízos que

tem tido por não poderem dar extração a seus gados” (p. 585).

Desta forma, queremos mostrar que há, n’O Povo, uma diversidade

de fontes ligadas ao contexto real, mas por sua configuração política, a

máscara do enunciador, a ideologia liberal e republicana, é sempre forte,

configurando a intencionalidade da publicação. Assim, é importante que o

interlocutor que pesquisa o periódico atente para as informações que indicam a

procedência dos textos, a fim de que não crie hipóteses baseado apenas na

máscara, no efeito de discurso produzido por EUe.

Chegamos, então, à esfera interpretativa, onde os outros dois

sujeitos completam a situação de comunicação proposta por Charaudeau

(2008). São eles: TUd, sujeito destinatário, e TUi, sujeito interpretante. Como

vimos, o TUd é o interlocutor fabricado pelo EU como destinatário ideal,

adequado a seu ato de enunciação, de acordo com as circunstâncias de

discurso e com o contrato de comunicação. Já o TUi é responsável pelo

processo de interpretação que escapa do domínio do EU (CHARAUDEAU,

2008).

São escassos os dados sobre a tiragem, distribuição e número de

leitores d’O Povo. Como já referimos, Rüdiger (1998) informa que, naquela

época, a tiragem média dos periódicos era de 400 exemplares. Sabemos, pelo

panorama traçado por Flores (2002), que a educação pública era precária,

quando inexistente, na República Rio-Grandense, e que somente uma pequena

parte da população era alfabetizada. Além disso, as cidades com maior

potencial de leitores, por serem centros comerciais com um número maior de

habitantes de classe média, como Porto Alegre, São José do Norte e Rio

Grande, mantiveram-se fiéis ao Império. Hartmann (2002) afirma que “os

chefes farrapos concluíram pela necessidade de ter um órgão de imprensa,

capaz de levar às várias outras cidades dominadas por suas tropas e aos

oficiais que elas comandavam, as principais notícias do que ocorria na

130

República” (p. 45). Nesta interpretação, sobressai a função ministerial do

periódico, que contribuiu para a coesão das ações administrativas do governo

republicano.

A leitura do próprio jornal oferece mais detalhes sobre os sujeitos

interlocutores, tanto aqueles imaginados pelos responsáveis pela publicação

(TUd), quanto as reações adversas, que escapam do domínio do enunciador

(TUi). O Povo pretendia que seus leitores fossem educados, doutrinados com

as mais luminosas verdades, como afirma já no primeiro número, no texto

Prospecto, que revela mais informações sobre o contrato que o periódico

pretendeu estabelecer com seu leitor:

Do que temos até aqui expendido aparece rigorosa uma

conseqüência da qual nós não podemos de nenhuma maneira subtrairmos: esta é a de excluir de nossas colunas qualquer correspondência ou comunicado que não esteja em perfeita harmonia com nossas doutrinas.

Aquele que se propõe a escrever para um Povo, e mais particularmente para um Povo que está para surgir à nova vida, tem que assumir o caráter do sacerdócio; e para que a voz dele soe venerada e clara entre as multidões, deve, como a do intérprete de Deus, ser forte, pura e solene. O jornalista, enfim, para não ser inferior nem a sua missão, nem a nossa época, deve ser essencialmente Educador (O Povo, n.1, p. 1 e 2, grifo no original).

Assim, entendemos que o leitor ideal imaginado pelos editores era

aquele que congraçava os ideais liberais e republicanos e que era simpático à

doutrina dos comandantes da Revolução. Ao mesmo tempo, em outros

momentos, o jornal parece ceder maior espaço à interpretação do leitor. Na

edição de número dois, são transcritas duas cartas, uma do Coronel Imperial

Felipe Nery de Oliveira e outra, contestando a primeira, do General uruguaio

Frutuoso Rivera. Após as transcrições, a redação comenta:

Rendendo-nos garantes pela autenticidade desta singular

correspondência, nos seria permitido [desumir] dela importantes conseqüências; mas (e o diremos com toda a sinceridade de que nos sentimos capazes) são tantas e tão confusas as idéias em nós produzidas pela sua leitura que achamos melhor deixar que nossos judiciosos leitores, reflexionando no conteúdo das duas cartas precedentes, atinem com todas as verdades que delas se depreendem (O Povo, n. 2, p. 8, grifo nosso).

131

O texto intitulado “O Povo! O Povo!”, transcrito do Jovem Itália,

aponta a ignorância do povo como um fator importante da inexistência de uma

maior liberdade e da sua subjugação aos desmandos das “castas privilegiadas”

(n. 5, p. 20). No final dessa primeira parte do texto (publicado em duas etapas,

nos números 5 e 6), o sujeito produtor da fala afirma: “Estamos convencidos

que não todos os nossos leitores serão desconformes de nossa opinião” (p.

20). No número 8, em um Comunicado que exalta a conquista de 20 de

Setembro e compara as atitudes dos Republicanos e do Império em relação ao

importante tema da Justiça, chamam mais uma vez a interpretação do leitor:

“Deixamos aos nossos leitores as reflexões e considerações sobre um tal

julgamento” (O Povo, n. 8, p. 34). No texto “Reflexões do Redator” (O Povo, n.

56, p. 233-234), comenta-se trechos retirados de publicações legalistas e

critica-se a administração do Império. Após expressar sua opinião, o texto

considera a autonomia do leitor: “Sobrados Dados terão os nossos Leitores

ainda os menos refletidos para formarem a sua Opinião sobre as circunstâncias

Políticas, e estado atual do moribundo Império do Brasil” (p. 234).

Ao lado do leitor ideal, que corrobora o pensamento republicano, os

responsáveis pela publicação d’O Povo também tinham consciência de que o

inimigo tinha acesso ao material e que, assim como sua propaganda pudesse

arrematar alguma simpatia, também poderia depor contra seus próprios

intentos. A 15 de outubro de 1838, em ofício publicado pelo Campeão da

Legalidade e transcrito n’O Povo, a Província de São Pedro solicita que sejam

monitorados e punidos os cidadãos que apareçam com exemplares do

periódico dos revolucionários:

Tendo aparecido nesta Capital vários números de um Periódico

intitulado – O Povo –, escrito e publicado pelos rebeldes em Piratini, e sendo sua introdução não só prejudicial à magna causa da legalidade, como também contrária às terminantes ordens de S. Ex. o Sr. Presidente da Província, transmitidas a V. S. em Ofício de 30 de junho do corrente ano, cumpre portanto de ordem do mesmo Exm. Sr. Que V. S, pesquisando com o maior escrúpulo quais as pessoas que apareceram com semelhantes papéis, saiba delas de quem os houveram, para que a estas sejam aplicáveis as penas recomendadas no sobredito Ofício (O Povo, n. 48, p. 197).

132

O redator d’O Povo, ao comentar o ofício, afirma em tom jocoso “O

nosso Jornal teve a honra do Anátema” (p. 197), e aproveita para criticar as

restrições impostas pelo Império, utilizando uma dicotomia que aparece

diversas vezes em seu discurso: a ilustração e luzes da República versus a

escuridão e ignorância do Império. Ao mesmo tempo, relativiza o poder da

imprensa na revolução: “fazeis calar a imprensa e apressais a vossa queda.

Além disso, acreditais vós que a grande revolução que lavra vosso poder, que

vos acomete de todos os lados, depende da débil voz de um jornalista? Não

somos nós, não é a nossa mal cortada pena que abala o único trono da

América” (p. 198).

Mais que estimular a censura à propaganda política republicana, os

responsáveis pel’O Povo tinham a noção de que a publicação ministerial

também poderia prejudicar os movimentos da guerra. Em sua última edição

(160), o jornal comenta a dificuldade em conciliar a missão de informar o

público com o risco de vazar informações que comprometessem as

movimentações do exército farroupilha em Taquari, divulgando informações

que servissem ao inimigo, revelando um tipo de estratégia de comunicação:

O Governo era regularmente informado dos movimentos do

inimigo e das manobras do nosso exército. O bom êxito da empresa deste dependia, em grande parte, de não deixar transpirar o mais mínimo indício de quanto o General da República participava sobre este objeto ao governo. Ora, colocados na difícil posição, entre a possibilidade de comprometer com alguma palavra imprudente a vitória que deve dar-nos em resultado a terminação da guerra, e o deixar ignorar tudo à Nação sobre uma questão em que se trata da sua existência, preferimos expormo-nos a merecer a tacha de proseadores, mas satisfazer em parte à pública expectativa, confortando-a a esperar, antes que deixá-la em uma muda obscuridade e na dúvida absoluta, para fazer jus depois ao fácil e estéril mérito de prudentes (O Povo, n. 160, p. 674).

Assim, fica nítida a consciência que os responsáveis pela publicação

tinham em não apenas criticar e se contrapor aos legalistas, ao público que

apoiava a revolução, mas se preocupavam com a audiência em geral, o

público, no sentido de controlar as informações que os pudessem desfavorecer

na guerra.

133

A participação direta dos leitores também revela algumas facetas

dos interlocutores d’O Povo. Em sua maioria, as correspondências corroboram

as teses do jornal e muitas vezes contribuem com informações sobre eventos

ocorridos nas Vilas distantes da Capital. Estas são, na maior parte, assinadas

com iniciais ou com pseudônimos, como “um leitor”, “amigo angustiado”,

“republicano de coração”, “um seu assinante”, “um seu patrício”, etc. Os mais

atentos também corrigem o redator, como no caso do Sr. José Tieté Jardim,

que escreve para alertar sobre a data de morte publicada na biografia de José

Manoel de Lima e Silva, afirmando que o correto é dia 18 de agosto de 1837, e

não a 29 de agosto (O Povo, n. 123 p. 520).

Na edição 137 e na seguinte, a troca de correspondências se dá em

um tom mais acirrado, por causa da repercussão das decisões tomadas na

reunião do Conselho de Procuradores, ocorrida em Caçapava, em dezembro

de 1838. Tudo começa com a carta do Procurador Geral José Carvalho

Bernardes, que corrige a informação publicada n’O Povo de que a votação teria

sido unânime na aprovação da medida que determinou o arremate e venda dos

bens dos dissidentes, pois ele mesmo votou contra. A correspondência gera

indignação de um outro leitor (n. 138, p. 584), que assina apenas “seu

assinante”, e afirma que o referido Procurador deveria “remeter ao

esquecimento” o seu voto. Ele esclarece que o Sr. José Carvalho Bernardes

mostrou-se contrário à venda dos bens e a favor da criação de novos tributos e

da tomada de empréstimos como meios de financiar a guerra, sangrando o

bolso dos patriotas, além de demonstrar o desdém dos burocratas em relação

aos combatentes, ao tecer o seguinte comentário: “Mas grande coisa é um

documento e ter por amigos a quem nos faz a guerra, porque enfim eles

cavalgarão, e...” (O Povo, n. 138, p. 584).

A análise dos dados apresentados até aqui dá a entender a

multiplicidade das condições de interpretação do jornal. Os efeitos supostos,

marcados pela intencionalidade da fala dos produtores do discurso foram, em

parte, confirmados na instância do alvo do jornal, no intuito de divulgar os atos

administrativos do governo e propagar doutrina republicana. Por outro lado, sua

circulação provocou não apenas os efeitos supostos, e atingiu o público em

geral, produzindo efeitos interpretativos fora da sua intenção, como no caso da

censura em Porto Alegre. Assim, encontramos, através do texto do jornal,

134

alguns dos possíveis interpretativos, as vozes consonantes ou dissidentes das

“testemunhas das práticas sociais que caracterizam um grupo ou uma

comunidade humana” (CHARAUDEAU, 2008, p. 63).

Da análise da situação de comunicação, percebemos que os textos

presentes n’O Povo fazem falar diversas vozes, e não apenas a oficial, apesar

das estratégias utilizadas pela publicação para fazer sobressair a máscara do

sujeito enunciador, o Governo da República Rio-Grandense, principalmente

nos textos do seu laboratório, como pretendia Domingos José de Almeida. Ao

transcrever trechos de publicações contemporâneas e publicar anúncios,

correspondências e variedades, O Povo deu espaço aos discursos de outras

testemunhas da realidade social, quadro que possibilitou o aparecimento de

tipificações diferentes daquelas consideras ideais pelos comandantes farrapos.

Com base nessa constatação, passamos, a seguir, à análise das relevâncias e

das tipificações que a publicação dá a ler em suas páginas.

4.3 MUNDO DA VIDA, RELEVÂNCIAS E TIPIFICAÇÕES NO COTIDIANO DA

REPÚBLICA RIO-GRANDENSE ATRAVÉS D’O POVO

Compreender os sujeitos da fala, presentes no jornal O Povo, ajuda-

nos a enquadrá-lo como um elemento no âmbito da sociabilidade, ou seja, no

“conjunto de relações interpessoais e atitudes pessoais que, ainda que

dependam de padrões adquiridos, são pragmaticamente reproduzidas ou

modificadas na vida quotidiana” (CORREIA, 2005, p. 12). O periódico atuou

como mediador das intersubjetividades no seu momento histórico,

desempenhando um relevante papel na manifestação e na construção de

novos sentidos em uma sociedade em crise, onde os valores conhecidos eram

questionados e, ao mesmo tempo, um novo governo tentava articular o

conhecimento republicano e liberal em uma realidade que, até então, estivera a

cargo do Império Brasileiro. A visão de mundo apresentada pelos

revolucionários, através d’O Povo, tensionou muitas das tipificações presentes

na vida cotidiana dos rio-grandenses, ou seja, o conhecimento que se tinha até

135

então e que auxiliava o entendimento do mundo e justificava as ações foi

questionado, pelo menos no plano discursivo. Assim, em meio à revolução, a

sociedade rio-grandense foi atravessada por outros significados, sendo que

muitos deles podem ser reconhecidos pela imprensa, através dos temas que o

nosso objeto de estudo, o jornal O Povo, destacou como relevantes.

O movimento revolucionário, como vimos, nasceu de um contexto de

insatisfação de algumas províncias em relação à administração do período

regencial brasileiro. No caso da Revolução Farroupilha, através da análise do

discurso do jornal O Povo, um dos textos mais marcantes na justificativa do

rompimento com o Império é o Manifesto assinado por Bento Gonçalves27,

publicado em três partes nas edições 2, 3 e 4 do periódico. Neste documento, a

cúpula do movimento revolucionário condena uma série de atitudes do governo

Imperial e, com base nas suas insatisfações, e apoiados no pensamento liberal

da época, justifica a ação separatista. O texto exemplifica o que Schutz

entende como teoria da motivação: as relações existentes entre o

entendimento das coisas e as ações no mundo da vida. Como vimos, de

acordo com esse autor, existem dois tipos de motivações: o motivo-a-fim-de,

que se relaciona com o que o indivíduo tem de livre, com as pretensões e as

apostas que faz em suas ações; e o motivo-porque, que está ligado às

influências do passado nessas decisões, revelando as explicações culturais,

históricas ou sócio-econômicas que as determinam em parte (CORREIA,

2005).

Assim, a influência do o passado e também as perspectivas de

futuro são determinantes naquelas ações. Os farroupilhas, através dos textos

do jornal O Povo, objetivaram alguns dos motivos que os levaram a pegar em

armas contra o Império, e o referido Manifesto é um dos textos emblemáticos

da visão que os próprios revoltosos expuseram das suas insatisfações.

Basicamente, as contrariedades concerniam problemas de ordem financeira,

administrativa, judiciária e, muito importantes, as injúrias cometidas contra a

honra. O texto expõe características que identificam o Rio Grande, como bom

senso, amor da ordem, moderação, justiça, prudência e razão em

27 Flores (2002, p. 373) esclarece que, apesar de assinado pelo então Presidente da República Rio-Grandense, Bento Gonçalves, o Manifesto de 1838 não é de sua autoria. Ele foi elaborado por uma comissão encarregada pela Sociedade Vigilância da Pátria, coordenada por Afonso José da Corte Real. Domingos José de Almeida ficou encarregado de examinar as emendas tipográficas.

136

contraposição às ações do governo do Império do Brasil, que incluem facções,

intrigas, aspirações exaltadas, choque de interesses mal combinados, covardia,

falta de diplomacia, política falsária e indecorosa. Denuncia-se principalmente o

mau uso ou desvio de recursos e o descumprimento das leis, além de descaso

com a Província. Fica claro que, entre todas as fortes denúncias que realizam

contra o Império, a ofensa à honra pessoal é um dos itens mais graves entre as

insatisfações dos farroupilhas, fomentando os motivos-a-fim-de que levaram a

elite a se insurgir:

Estes males, além de outros muitos, nós os temos suportado

em comum com as outras Províncias da União Brasileira; amargamente os deplorávamos em silêncio, sem contudo sentirmos abalada a nossa constância, o nosso espírito de moderação e de ordem. Para que lançássemos mão das armas foi preciso a concorrência de outras causas, outros males que nos dizem respeito particularmente a nós, e que nos trouxeram a íntima convicção da impossibilidade de avançarmos na carreira da civilização e prosperidade, sujeitos a um governo que há formado o projeto iníquo de nos submeter à mais abjeta escravidão, ao despotismo mais abominável.

Há muito desenvolvia o Governo Imperial uma parcialidade imérita, um desprezo insolente e revoltante respeito à nossa Província. O sangue que derramamos na guerra com as Repúblicas Argentinas, o sacrifício das vidas de nossos irmãos, a destruição de nossos campos, a ruína das nossas fortunas, as prodigiosas somas que nos extorquiu a nós, os mais sobrecarregados e cotizados durante aquela luta desastrosa, não nos valeram a menor deferência da parte daquele Governo injusto e tirânico (O Povo, n. 2, p. 6).

O texto demonstra que as perdas materiais e morais, com a derrota

do Brasil na disputa pelo território cisplatino, contribuíram para a gota d’água

que transbordou o balde de insatisfações relacionados ao Império. O próprio

texto afirma, de forma clara e simples que, para o contentamento da classe

revoltosa, bastaria uma “Administração sábia e paternal”, que os tivesse

“indenizado de sacrifícios tais e de tão pesadas cargas pela abolição de alguns

impostos e direitos” (O Povo, n. 2, p. 6).

Assim, fica claro que as motivações pessoais do levante,

corroborando as afirmações dos historiadores que utilizamos como base para a

contextualização histórica, disseram respeito a uma classe muito específica na

sociedade rio-grandense: a elite estancieira. O próprio governo da República

Rio-Grandense, através de seu órgão oficial, fez questão de ressaltar esse

137

aspecto. Ao comentar uma notícia publicada na edição 42, que dava conta da

existência de uma seita no interior de Pernambuco, compara-se o “estado de

progresso social” dos rio-grandenses com o de outras províncias, e se afirma:

“Deveis já estar persuadidos que nós não somos uns simples índios de

charqueadas [...] não somos uns desgraçados parasitas, que quem vos tem

feito a guerra são Estancieiros ricos e a fina flor da mocidade Rio-Grandense”

(O Povo, n. 11, p. 43). O 9º Boletim em Caçapava, marcado pelo ânimo

exaltado pela conquista em Laguna, rebate críticas do Império e esclarece a

natureza dos combatentes:

Quatro anos se hão transcorrido já sem que o Brasil uma só

vantagem tenha sobre nós obtido; e lugar com isso há dado para conhecer-se que não os negros das charqueadas, os peões e mulatos promoveram a anarquia para roubarem, assassinarem e tudo devastarem, como impudicamente nos achacavam nossos antagonistas, mas que conspícuos varões e heróis distintos coligados e superiores às vicissitudes de mais de um gênero, representando o núcleo da liberdade Americana em todo o Brasil ameaçada, se tem constituído e levado suas armas vitoriosas ao coração desse improvisado império (O Povo, n. 96, p. 401).

Os motivos-porque dos rebeldes estão ligados à conjuntura política

nacional e também à influência de um quadro mais amplo, de contexto

internacional, que justificou, embasou e impulsionou o movimento republicano.

São muitas as referências que os textos publicados n’O Povo fazem ao que foi

chamado de “espírito do século XIX”, ou “as luzes do século” e que têm a ver

com a influência das teorias liberais e da independência Americana.

Sob a ótica da Sociologia Fenomenológica, podemos dizer que

essas motivações fizeram com que esse grupo passasse a questionar o mundo

que sempre foi assim, e as práticas abusivas do Império, que eram

consideradas comuns, ou, no mínimo, toleráveis a esse grupo, abarcassem

novos significados. Dados objetivos e racionais, como as questões financeiras

e o desrespeito às Leis, combinados com fatores menos mensuráveis, como a

ofensa da honra e a influência de um “espírito do tempo”, fomentaram a

Revolução Farroupilha como uma ação razoável dos estancieiros do Sul.

138

4.3.1 Os Brasileiros Americanos

A relação com os demais países da América é usada para

caracterizar o movimento republicano como inevitável, já que o Brasil, naquele

momento, é o único Trono do continente. Além disso, embasa os sentimentos

anti-lusitanos que apareceram repetidamente no jornal, evidenciando uma

separação entre o Brasileiro-Português-Europeu, que não consegue deixar de

ser colonizador, e os Brasileiros-Americanos, os únicos dignos de administrar o

país e atingir a verdadeira felicidade da nação. Em texto intitulado “Legalismo

no Pará, Bahia e Rio-Grande”, O Povo sustenta:

E quem hoje procura o Brasil exterminar com mais afinco do

que o mesmo Rio Grande?! E substituí-lo por quem...? Oh, horror! Oh, perversidade inaudita! O sangue nos gela nas veias! Por Portugueses que fizeram vermelhar em 1822 todo o Brasil de sangue Brasileiro...! [...] Somos Americanos. Nossa causa é Americana (O Povo, n. 13, p. 51-52).

Joaquim Teixeira Nunes, comandante da Vanguarda que lutou em

Laguna, também numa Proclamação, afirma: “sacudamos o jugo da Europa,

sejamos Americanos” (O Povo, n. 94, p, 396). Em circular aos cidadãos

catarinenses, afirma que os Brasileiros “sacudiram o jugo Europeu, mas não

quiseram ser Americanos”, são vítimas de um governo que “tornou as

Províncias em verdadeiras colônias da Capital do Império” (O Povo, n. 97, p.

405). Flores (2002) identifica e explica o significado atribuído aos portugueses:

“o termo português era empregado como sinônimo de autocracia, pelos

desmandos da metrópole e dos funcionários reinóis no período colonial. Ser

nacionalista era ser anti-português” (FLORES, 2002, p. 386).

A rixa entre Americanos e Europeus serve como modelo para outra

diferenciação, desta vez entre Rio-Grandenses e Brasileiros:

Desconhece [o governo do Rio de Janeiro] que a guerra

sacrílega que nos faz servirá apenas para extinguir totalmente no ânimo dos Rio-Grandenses algumas relíquias do Brasileirismo de que outrora fomos tão possuídos. [...] Ninguém duvida hoje entre nós que a República Rio-Grandense tanto difere da Província de S. Pedro quanto o homem

139

espirituoso é dessemelhante do corpo pútrido que serve de pasto aos insetos, aos quadrúpedes e às aves de rapina (O Povo, n. 72, p. 307-308).

Nesse sentido, O Povo procurou destacar traços marcantes dos rio-

grandenses que os diferenciassem dos Brasileiros, argumentando, por

exemplo, que o peso das guerras moldou o espírito dos Rio-Grandenses de

forma diferente do resto do Brasil: “A população Rio-Grandense, convém dizê-

lo, não é como sucede a respeito de quase todo o Brasil, o simples resultado

do espírito agrícola e comercial dos antigos Portugueses” (O Povo, n. 74, p.

314) ou “O coração do Rio-Grandense acostumou-se assim a palpitar violento

pela causa pública” (O Povo, n. 74, p. 314) e ainda “O patriotismo não é para

ele, como talvez o seja para os camponeses do Brasil, uma teoria vã e

incompreensível” (O Povo, n. 74, p. 314).

O “espírito americano” serve de sustentação a outras

argumentações. A apatia, a falta de compromisso e a inércia eram

características execradas pelos republicanos rio-grandenses. O levante de

outras nações americanas é exemplo de ação, de atitude:

Cada uma das Províncias Brasileiras tem direitos iguais

àqueles pelos quais pugnamos; se não fazem o mesmo que fazemos, se nos alargam à iniciativa no abandono de um estado de coisas tão aproximado da infâmia, é porque se dão bem sob o manto da realeza ou de outra forma porque se hão deixado dominar por uma frouxidão repreensível, indigna de Americanos (O Povo, n. 74, p. 314).

A comparação com os americanos é elogiosa, como ocorre na

“Proclamação aos Rio-Grandenses” que exalta a tomada de Laguna. Domingos

José de Almeida, que assina o texto, homenageia a Divisão Libertadora, a

mando do “digno Coronel Canabarro, desse Americano, distinta vergôntea dos

Washingtons do Sul” (O Povo, n. 94, p. 393).

O movimento norte-americano serve de modelo e “prepara o terreno”

para medidas duras e amargas, mas necessárias em tempos de guerra. Um

extrato do “Resumo Estatístico-histórico dos Estados Unidos da América

140

Setentrional” narra dois expedientes utilizados na Guerra de Independência

Americana: a declaração de indigno de servir ao país aos soldados que

cometessem faltas graves e a declaração de traidor a qualquer cidadão que

não aceitasse papel moeda (O Povo, n. 24, p. 95). Sabemos que os exemplos

americanos citados no jornal encontram eco nos acontecimentos da República

Rio-Grandense, onde o recrutamento e a indisciplina eram dificuldades

cotidianas e o procedimento do troco da moeda de cobre também exigiu

grandes esforços na tentativa de eliminar esse meio de troca.

Na comparação com os Americanos, muitas vezes os Portugueses

eram retratados no papel dos Ingleses, mas, em um caso específico, a

comparação foi feita no sentido de criticar a inércia do governo brasileiro na

questão da ocupação francesa do território do Oiapoque, no Pará, em oposição

à matreira atuação dos ingleses no caso das Ilhas Falkland. Nessa ocasião, O

Povo reproduziu um artigo do jornal francês Le Siècle (em segunda mão,

publicado originalmente n’O Cronista), para que “nossos leitores conheçam à

justa quais são as idéias da França a respeito do Pará” (O Povo, n. 76, p. 323).

O artigo afirma que os ingleses se aproveitaram da discussão entre espanhóis

e norte-americanos sobre o território das Maldivas para ocupar o local, e

comparam esse comportamento ao do personagem do Juiz, da fábula “Os

Pescadores e a Ostra”28.

28 A fábula de La Fontaine, foi traduzida como por Franciso Manoel do Nascimento sob o título “A Ostra e os Pleiteantes”: “Dois Peregrinos, Um dia encontram Na praia, uma Ostra, Que o mar lançara, Já c'os olhos a sorvem, já c'o dedo A apontam um ao outro Pôr-lhe dente? – isso é ponto contestado. Um se debruça A colher prêa E o outro o arreda E diz: "Saibamos a quem compete Ter d'ella o gozo. O que a avistou primeiro, a trinque; e outro Veja-a com o olho Coma-a co'a testa?" Se o negócio (diz o outro) assim se julga, Tenho (graças a Deus) esperto luzio. Nem os meus são tãos ruins (disse o Primeiro); Que antes que tu, a vi; por vida o juro. Se a viste, a mim cheirou-me. N'este comenos, Chega ao pé d'elles

141

Usando a metáfora para o caso brasileiro, os farroupilhas criticam o

Império por permitir uma invasão estrangeira em seu território enquanto

concentra sua força militar contra os próprios patrícios brasileiros. A França,

aproveitando-se da distração, ia ocupando espaço, supostamente autorizada

por um artigo do Tratado de Vestfália, de 1648. O episódio serve para ilustrar a

conexão e o posicionamento do jornal frente a acontecimentos do mundo,

mesmo com todas as dificuldades tecnológicas e logísticas da época. Através

da leitura dos periódicos contemporâneos, foi possível acompanhar os fatos

que diziam respeito à causa Republicana, fazendo cruzar diferentes províncias

de significados pelo longínquo território sul-rio-grandense.

Mesmo com tantas referências, e apesar de algumas tentativas entre

os governantes de desenvolver o comércio e a agricultura, os farroupilhas não

conseguiram mudar a realidade econômica, política e social da República ao

ponto de aproximá-la do modelo norte-americano de desenvolvimento. As

máximas de pensamento transcritas nos jornais da época, “numa sociedade

pastoril escravocrata teriam o mesmo sentido que malhar em ferro frio”, afirma

Flores (1978).

4.3.2 A “Galegalidade” versus “a República de Pilha-tinim”

Um dos temas relevantes do jornal é o afrontamento com a Europa,

fruto do sentimento de revolta com o passado colonial, que emerge, como já

mencionamos, como um acirrado anti-lusitanismo. Um dos termos mais

utilizados no discurso presente no jornal O Povo, para referir pejorativamente

os portugueses, é galego, que designa os indivíduos luzitanos de mais baixo

nível cultural, sinônimo de rude, grosseiro. A palavra se presta às mais diversas Juiz da Casinha N'elle se louvam. Mui grave o Juiz recebe a Ostra e – papa-a, E os dois a olhar. – Refeição feita, ‘Tomae (lhes diz, em tom de Presidente) Cada um sua casca, Salva de custas, E vão-se andando.’ Contae quanto hoje custa uma Demanda, E o qu'a muitas famílias depois fica; E vereis que o Juiz vos leva o bolo, E vós ficaes c'o saco, e c'os trebelhos.” (LA FONTAINE, Jean de. Fábulas escolhidas entre as de J. La Fontaine. Paris : Aillaud Guillard, 1874).

142

situações: Galegada, Imprensa Galegal e até mesmo um neologismo,

galegalidade, junção de galego com legalidade, a bandeira dos favoráveis ao

Império, palavra bastante utilizada para ironizar os atos do adversário. Na

edição 16, em “Notícias Diversas”, O Povo escreve: “Neste momento somos

informados por pessoa fidedigna que houveram [sic] na Galegalidade do Rio-

Grande as mudanças seguintes [...]” (p. 66).

A criatividade para elencar adjetivos que denegrissem o Império e

seus representantes era inversamente proporcional à escassez dos recursos

para a guerra propriamente dita. Além de galego, encontramos nas páginas do

periódico: tirano (um dos mais repetidos), monstro que engole vidas, déspota,

canalha, opressor, sevo, inexorável, ingrato, desumano, fratricida, ignorante,

satélite, imbecil, gente depravada, ladrão, sáfaro, degenerado, caduco,

sanguessuga, hidrofóbico, infame, faccioso, sem-vergonha, patife, vil,

mentiroso, larápio, sevandija, fantasma, capadócio, pedante, canibal, injusto,

caudilho, mesquinho, saqueador, mercenário. Também podem ser referidos,

em termos mais amenos, como bigodes ou realistas.

Um dos maiores adversários dos farrapos foi o presidente da

Província de São Pedro, Antonio Elizeario de Miranda e Brito e este, por seu

destaque, teve direito a um apelido particular, sendo repetidas vezes referido

como o “Herói do Barro Vermelho”, em homenagem à importante derrota

sofrida pelas tropas Imperiais, por ele comandadas em Rio Pardo, em 1836.

As ofensas aos ministros Bernardo Pereira de Vasconcellos, da

Justiça, e Miguel Calmon du Pin, da Fazenda, também eram corriqueiras. Por

ocasião da vinda do Ministro da Guerra, Sebastião do Rego Barros, a Rio-

Grande, publica-se a homenagem de um leitor, em forma de soneto, ironizando

suas qualificações ao posto ocupado no Ministério das Capacidades:

Cabo de paz, desonra da milícia Bestão de nome, de apelido Rego Vais te entregar sem bóia ao fundo do pego, E aos certames de Marte sem perícia? O ofício de matar requer malícia, Muito estudo requer anos de emprego Tu que és num e noutro inerte e cego, Vais dar prova de orgulho e de estultícia

143

Filhos, netos de heróis às armas dados, São esses bravos que o rancor separa E tu, bisonho, entre tais soldados!!! Ó da Pátria infeliz desgraça amara! Que seus destinos sejam confiados A um pobre Capitão de meia cara!... (O Povo, n. 71, p. 303)

O discurso dos legalistas também tratou de desqualificar seus

adversários, especialmente pelo descrédito às ações e autoridades oficiais da

República, que era sempre tratadas como “Governo rebelde”. Em troca de

cartas entre Saturnino de Souza e Oliveira, presidente da Província que

substituiu Elizeario, e José Fernandes Barbosa, Chefe de Polícia de Pelotas,

em novembro de 1839, o primeiro afirma que o segundo “está revestido de uma

autoridade ilegal, servindo por nomeação de um governo rebelde” (O Povo, n.

123, p. 519). Os adjetivos também eram fartos, sendo os mais comuns

farrapos, rebeldes, revoltosos, sediciosos, anarquistas, caudilhos.

Cabe ressaltar que o termo farrapos, quando citado no discurso do

jornal analisado, não remete à mítica consagrada dos uniformes rasgados. As

menções a esse adjetivo sugerem um tipo específico de posicionamento

político naquele momento histórico, com conotação pejorativa. A única

referência a essa expressão que poderia sugerir a mudança semântica do

termo está em um artigo que louva o 20 de setembro e lembra das dificuldades

naquele momento da luta: “Estávamos nus, descalços, verdadeiramente

esfarrapados” (O Povo, n. 6, p. 23, grifo nosso). Porém, logo em seguida,

afirma que essa situação não era boa ou honrosa: “Quem tivesse julgado de

nós pelo estado de nudez em que nos achávamos, facilmente acreditaria que

nosso Exército não tardaria a desamparar a bandeira da República” (O Povo, n.

6, p. 23). Flores (2002) destaca esse mesmo trecho do jornal e afirma que ele

gerou “confusão entre historiadores apressados”:

Os revolucionários do 20 de setembro não queriam ser

confundidos com proletários e esfarrapados, pois diziam-se proprietários. Ora, o articulista referiu-se à situação em que se encontravam após a derrota do Fanfa, em 4-10-1836, até receberem a adesão de Francisco Manoel Ribeiro, e não a um estado anterior ao 20 de setembro (FLORES, 2002, p. 380).

144

Cabe destacar, também, que a expressão farrapos, sempre que

aparece no jornal O Povo, está ligada à fala de um legalista em relação a um

republicano rio-grandense, como, por exemplo, na seguinte anedota:

Balandronada Aonde estão estes ladrões destes Farrapos? Porque não

aparecem agora? Para que fogem covardes? Ah, cães, guardai-vos que vos parto. Assim gritava em altas vozes na Praça da Matriz de Rio Pardo no dia que ali entrou o Moringue da asa quebrada, quando veio roubar a banda de música, e as fazendas do Sarracin, um proseador legalista, de bigode avulo (sic) e retorcido, montado no seu Pangaré, e de lança enristada, qual outro D. Quixote investido aos Moinhos de Vento.

Uma Senhora Republicana que casualmente se achava na janela, ouvindo e vendo tais despropósitos e balandronadas, aventurou-se a dizer-lhe, com muita presença de espírito: “– O Senhor está enganado, aqui não se acha a quem procura; se queria brigar com os Farrapos, como diz, escusava vir tão longe procurá-los, havendo tantos bem perto da Capital” [...] (O Povo, n. 136, p. 576, grifos nossos).

Flores corrobora a determinação das palavras farrapo ou farroupilha

como apelido político dos liberais exaltados, significando revolucionários que

pretendiam a federação:

Este apelido político já era antigo, pois em 1831 circulavam no

Rio de Janeiro os jornais intitulados Jurujuba dos Farroupilhas e Matraca dos Farroupilhas. Antes da Revolução, o deputado Domingos José de Almeida, em carta de 30/5/1835, à sua esposa, referiu que não podia sair de casa para fazer visitas porque, à noite, a sua casa, em Porto Alegre, se enchia de farrapos. O jornal A Sentinela da Liberdade, de 14/10/1834, criticou a existência do partidos dos farrapos em Porto Alegre. Portanto o nome farrapo não foi usado porque os combatentes andavam esfarrapados, pois é anterior à revolução e também porque todos os seus líderes e comandantes eram abonados estancieiros e oficiais do Exército ou da Guarda Nacional (FLORES, 2004, p. 27, grifos no original).

A leitura do jornal O Povo dá a entender que os comandantes da

revolução não gostariam de ser conhecidos por farrapos pelo motivo de

andarem esfarrapados, dada a necessidade de manter a moral e a disciplina

nas tropas, e a honra da nova Nação que surgia. Os sacrifícios em nome da

guerra eram louvados, é claro, mas era preciso manter o bom nome do

Exército rio-grandense, até mesmo pela questão do recrutamento. Muitos são

145

os textos burocráticos que encaminham pedidos de compra de insumos para

as linhas de combate e a aquisição de fazendas se faz presente em diversas

ocasiões. Além disso, da leitura do jornal é possível perceber que as

denominações mais agradáveis eram: republicano rio-grandense, patrício,

cidadão, continentino. Ressaltamos que o termo gaúcho, naquela época, tinha

sentido pejorativo, sinônimo de caudilho, vagabundo dos campos: “derrubados

os Vice-Reis, ficavam os caudilhos, os ambiciosos, os gaúchos, homens todos

que tinham pelejado por prazer” (O Povo, n. 29, p. 16).

O tom jocoso também acompanhava as digressões dos legalistas.

Em transcrição de trecho do Sete de Abril, que defendia a unidade do Império,

o texto inicia usando a palavra caudilho para referir um rio-grandense. Em nota

de rodapé, O Povo comenta: “Notaremos de passagem que a palavra Caudilho

não se acha no Dicionário da Língua que falamos” (n. 51, p. 208). Mais

adiante, desqualifica a República Rio-Grandense, utilizando o jocoso apelido

Republiqueta de Pilha-tinim. No comentário, após a transcrição do trecho do

Sete, a redação republicana comenta: “Que quer dizer Pilha-tinim na vossa

fraseologia gaiata? Ladroeira; não é isto!” (O Povo, n. 51, p. 209).

O discurso que analisamos é exemplar no que diz respeito à

relatividade social do real. Schutz explicou essa relatividade através do

exemplo do homem de negócios e do monge tibetano. Em nosso caso, a

realidade cotidiana, vivida pelos republicanos rio-grandenses e pelos legalistas,

não configura universos tão diferentes, mas, mesmo assim, os dois grupos

atribuem sentidos completamente diversos aos mesmos fatos. Como vimos na

teoria schutziana, a interação entre províncias de significado não se dá sem

conflitos, desentendimentos ou falhas de comunicação, tanto no plano

individual quanto no coletivo. Isso acontece no contato com o estrangeiro, onde

a posição natural perante o mundo é questionada e provocada à reflexão,

como acontece no caso do nosso objeto, que apresenta um acirrado confronto

político. Esse tipo de encontro pressupõe o eminente contato entre diferentes,

de forma que o dissenso e o desentendimento sempre estão presentes. Nesse

caso, a forma como um grupo se vê (suas auto-tipificações) entram em choque

com as heterotipificações de outrem. Isso porque a atitude natural de um grupo

é tida como óbvia, auto-explicável e compreensível para qualquer um. Outros

146

exemplos do confronto de heterotipificações podem ser encontrados n’O Povo,

e um dos mais eminentes é que a questão da legalidade.

4.3.3 O que pode e o que não pode: eis a questão da legalidade

Uma das mais importantes insatisfações dos republicanos rio-

grandenses em relação à administração do Império foi a questão do

cumprimento das leis. Esse importante valor era freqüentemente associado a

outros, bem característicos do pensamento liberal que embasou o movimento

republicano, como bom senso, amor da ordem, moderação e razão. Opunham-

se ao faccionismo, à falta de diplomacia, à anarquia, às aspirações exaltadas e,

evidentemente, à injustiça. Baseados na teoria contratualista do filósofo inglês

John Locke, uma das mais fortes influências do ideário farroupilha, como

apontado por Flores (1978), os republicanos rio-grandenses consideravam-se

no direito de retomar sua liberdade natural e destituir o governante, caso sua

administração configurasse um sistema tirânico: “O homem é livre e

responsável” (O Povo, n. 7, p. 28), afirmam. A tirania é, de longe, o adjetivo

mais utilizado para qualificar as ações do Império, e a legalidade, bandeira sob

a qual os defensores da unidade do trono lutavam, freqüentemente ironizada.

Já na primeira linha do primeiro texto publicado n’O Povo, está essa noção, o

desejo de “chegar da tirania à Liberdade” (n.1, p.1).

Na edição 7 é publicado um texto intitulado “A Legalidade”, onde ela

é questionada na forma em que é apresentada pelo Império. Usando exemplos

de atitudes dos representantes do trono, o conceito é tensionado, sendo

sempre grafado em itálico. A afirmação principal é a de que a Legalidade é

utilizada como pretexto para saciar “desejos ambiciosos” (O Povo, n. 7, p. 28).

Mais uma vez, o tom do discurso é liberal e denuncia a incompetência da

monarquia em oferecer prosperidade, justiça e felicidade ao povo, o que

justifica a quebra do contrato:

E agora como vós fostes ineptos ao sublime ministério do qual

vos havíamos encarregado, como vocês não têm sabido nos dar nem Leis, nem felicidades, nem a grandeza que herdamos em direito de exigir de vós,

147

nós nos retomamos a parte de nossa Liberdade, que vos havíamos cedido, nós vos retiramos a nossa fé, e declaramos de ora em diante dissolvido qualquer vínculo que nos unia a vós, para prover nós mesmos a nossa prosperidade, a nossa civilização, a nossa glória. E agora que ousareis nos opor? Em que se funda a vossa pretendida legalidade? (O Povo, n.7 p. 29, grifos no original).

O Manifesto do Presidente da República Rio-Grandense enumera,

de forma mais específica, algumas das reclamações a respeito da gestão das

Leis no Império, como: fazer leis sem utilidade e deixar de fazer outras de vital

interesse ao povo; permitir contrabandos vergonhosos e prejudiciais; conservar

cidadãos por longo tempo presos, sem processo em que conste seus crimes;

invalidar pedidos de habeas corpus; ignorar a necessidade de um tribunal na

Província, fazendo com que as longas distâncias prejudiquem a procura de

recursos judiciários (O Povo, n. 2, p. 6), entre outros.

Com o estado de guerra consolidado entre o Império e a República

Rio-Grandense, as divergências mudam de caráter e passam a versar sobre

questões como o tratamento dos prisioneiros, os crimes de guerra, e o

recrutamento.

O tratamento dispensado aos prisioneiros é um assunto que

apresenta grande relevância no jornal O Povo. É recorrente a comparação

entre as ações da República, exaltadas como exemplos de generosidade,

humanidade, filantropia, e as atrocidades cometidas pelo Império. Em

comemoração à entrada do terceiro ano da Independência e da República,

Bento Gonçalves assina e publica o seguinte decreto:

Quando os bárbaros e iníquos sequazes da feroz legalidade

Brasileira devoram o desditoso Pará; quando devastam a infeliz Bahia; quando o Presidente do Júri ali instalado recomenda impudicamente que se façam horrorosos julgamentos, e é obedecido; quando massacram, assassinam e deportam a parte mais preciosa dos filhos de Santa Cruz e enchem de luto e de pranto o resto de seus habitante natos [...] o Presidente do Estado Rio-Grandense em desafronta desses insultos à humanidade oprimida, à filantropia e às Luzes do Século [...] há por bem, que além da soltura de todos os prisioneiros de guerra que se há efetuado, se ponha em plena Liberdade os presos de Justiça que nesta Capital se acharem processados no Juízo de Paz, e não tiverem parte que os acusem (O Povo, n. 8, p. 31).

148

Esse tipo de ato de generosidade era contrastado com relatos dos

piores tipos de perversidade praticados pelo Império, como a repressão

utilizada para debelar os movimento da Sabinada, na Bahia. As notícias davam

conta de um estado de terror, onde “cabeças das vítimas ornavam as sacadas

das grades de ferro dos sobrados em lugar das maçanetas!” (O Povo, n. 3, p.

12); os julgamentos eram parciais e sumários e as prisões amontoavam

multidões em péssimas condições. Assim, O Povo pintava o quadro da

generosidade Republicana em oposição à crueldade do Império.

A bondade era tanta, que até mesmo correspondências de leitores

mostravam descontentamento e cobravam mais rigor na punição dos inimigos,

como a carta seguinte, assinada por “Uns Republicanos”:

A moderação sem exemplo nos anais das revoluções seguida

por nosso governo tem consentido que entre nós existam espias do sanguinário monstro Silva Tavares. [...] Quando enfim nossas autoridades, já cansadas de tanta bonomia, tomam a iniciativa e querem vingar os manes de nossos caros patrícios e amigos, essas raposas levantam um grito contra a falta de cumprimento de lei e formalidades, como se na crise por que passamos, pudessem respeitar o que só é permitido no remanso da paz (O Povo, n. 112, p. 472).

Na ocasião em que noticiou a morte do republicano Justo José

Vieira, a própria redação d’O Povo cobra mais energia do governo: “Ao traçar

estas linhas em obséquio à memória do Patriota que perdemos, rogamos ao

Governo que despregue mais alguma energia acerca das pessoas que nos

rodeiam” [...] e “marche de forma que não se arrependa da criminosa

moderação” (O Povo, n. 115, p. 483). O sumiço dos companheiros embasa as

críticas à letargia do Governo na punição dos inimigos:

Estes precedentes pois nos autorizam a humildemente dirigir

nossa fraca voz aos respeitáveis membros da Administração do Estado, em quem aliás reconhecemos os melhores desejos e o mais acrisolado civismo, e dizer-lhes que se apartem por momento dos princípios de moderação e tolerância que tem adotado, e que sem se lançarem no extremo oposto, trilhem o justo meio termo que convém nas atuais circunstâncias (O Povo, n.44, p. 177, grifo nosso).

149

Contudo, o endurecimento das ameaças do trono em relação aos

rebeldes rio-grandenses provocou reação na mesma medida na República. A

promessa de execução de rebeldes faz o comando do Estado Rio-Grandense

baixar um decreto considerando reféns todos os prisioneiros de guerra

Imperiais; prometendo “sacrificar tantos prisioneiros inimigos quanto tiverem

sido os republicanos assassinados por ordem das Autoridades do Império, um

por um, cabeça por cabeça” (O Povo, n. 47, p. 193). Precede as determinações

do decreto propriamente dito, todo um elenco comparações entre o Império e

tiranos históricos, como Nero, Calígula e a ação dos sans-culotte da Revolução

Francesa. Determina, ainda, a execução sumária de quaisquer participantes de

bandos de saqueadores, temidos grupos que, aproveitando-se do estado de

guerra, promoviam terror entre os habitantes, roubando, assassinando,

destruindo e estuprando, tanto no território republicano quanto na província,

donde os dois governos trocavam acusações de financiamento dessas

quadrilhas. A ação dos salteadores motivava troca de acusações sobre o

descumprimento das leis; os imperiais aproveitavam o ambiente de medo para

afirmar que os republicanos não tinham capacidade de proteger seus cidadãos.

A questão do recrutamento também era motivo de discórdia, já que o

Império e a República disputavam ferozmente os voluntários. Em

correspondência à Aurora Fluminense, reproduzida n’O Povo, um leitor, que

assina “Um militar”, descreve horrores no recrutamento feito pelo Império,

denunciando a chegada à capital de recrutas com gargalheiras ao pescoço, e

que o Ministro Rego Barros tinha conhecimento do fato (O Povo, n. 71, p. 304).

Entre os republicanos, os rumores de que a organização de turmas de

primeiras letras servia para recrutamento de jovens fez o governo baixar uma

circular, determinando que os alunos matriculados e freqüentes das Aulas

Nacionais do Estado eram isentos do recrutamento para a primeira Linha,

Guarda Nacional e polícia (O Povo, n. 87, p. 368).

Através de seu jornal oficial, a República promovia uma imagem de

tropas bem tratadas, coesas, disciplinadas, valentes e uniformes. Procurava

amenizar a situação afirmando que o serviço militar era prática comum e

obrigatória em Estados civilizados, além de recorrer ao “espírito do século”, que

responsabilizava o cidadão pelas suas ações e pela busca da felicidade

individual e coletiva, e apelava para a consciência do papel social de cada um.

150

A apatia e a inércia eram qualidades vergonhosas, indignas ao verdadeiro

republicano, pois “o escravo é mais desprezível que o tirano” (O Povo, n. 97, p.

405). Mesmo assim, os despachos indicam muita dificuldade no recrutamento,

o que deu origem a práticas bastante incisivas, mas nada que lembre as

imagens dos grilhões do Império. Em decreto publicado na edição 136, o

ministro da Guerra Joaquim Serafim d’Alencastre determina que passam a ser

considerados da Guarda Nacional todos os oficiais do Exército que obtenham

demissão, sempre que esta não seja motivada por incapacidade física ou

moral. Outro Decreto, publicado na edição 141, ordena aos cidadãos que não

possuam propriedade em terras estrangeiras, mas se retiraram para fugir do

serviço militar, apresentem-se diante das autoridades republicanas, sob pena

de perda de direitos, como bens e heranças, e até mesmo prisão perpétua.

Além de fechar o cerco àqueles que tentam escapar do recrutamento, o

decreto demonstra uma diferença no tratamento entre o cidadão que tem e o

que não tem propriedade em terras estrangeiras, pois estes últimos foram

compelidos apenas ao pagamento de impostos e multas.

O recrutamento de escravos é um capítulo à parte da troca de

acusações entre republicanos e imperiais, que trataremos com maior

profundidade no tópico 4.3.6.

Em linhas gerais, a problemática da Legalidade é apresentada de

duas formas no jornal O Povo: a primeira diz respeito às reivindicações da

Província em relação ao Império, que ficam claras no texto do Manifesto,

quando os republicanos se referiram a um tempo em que apenas um

comportamento mais sensível e paternal por parte do Império seria capaz de

sanar as insatisfações; a segunda é a legalidade no contexto de guerra entre

duas Nações (como queriam que os imperiais reconhecessem a luta com a

República). Nesta última, os abusos do Império tomam a configuração de

quebra do contrato social e decreta-se, moral e efetivamente, a incapacidade

do Império em administrar a justiça, as finanças, as relações exteriores e, em

última análise, a felicidade dos cidadãos. Assim, quando os imperiais chamam

os rio-grandenses à legalidade, este valor é desmoralizado pelo discurso do

jornal O Povo, representante oficial das opiniões dos republicanos. Ao mesmo

tempo, a condição de rebeldes, revoltosos e sediciosos, atribuída pelo Império

aos rio-grandenses, além da configuração, aos olhos do Império, ilegítima da

151

República, faz com que as duas partes troquem acusações e façam promessas

muito semelhantes. Ilegítimo, o Estado proclamado pelos farrapos não é capaz

de baixar decretos, promulgar leis, julgar, prender, punir. Vejamos como o

discurso dos legalistas apresenta valores muito parecidos com o dos farrapos,

na transcrição de uma proclamação legalista, dirigida aos serranos:

O momento é chegado em que deveis atender a voz soberana

da Lei, da Justiça e da Humanidade. Desapareça de entre voz para sempre a anarquia e o seu horroroso contágio. O reinado do crime, desta mostra gerado nos delírios da sedição, e que não tem produzido senão furores e misérias, que tem destruído a liberdade e estabelecido por toda a parte a mais execrável tirania, pereça de uma vez (O Povo, n. 138, p. 581).

No texto legalista, a luta também é em nome da Lei, da Justiça e da

Humanidade, e pelo fim da miséria, do crime e da tirania. Em outras palavras,

imperiais e republicanos entram em contato com suas heterotipificações com

base nos mesmos termos, construindo significados diversos, porém, para as

mesmas situações. Na esfera discursiva, à qual restringimos nosso estudo,

apresentam-se movidos por diferentes motivações, usam repertórios diferentes

e projetam desfechos distintos.

4.3.4 Símbolos da Revolução

Pela leitura d’O Povo, fica evidente a tentativa do governo da

República Rio-Grandense de firmar-se não apenas pela guerra, pelas leis e

pelas estruturas administrativas, mas, também, através da via simbólica,

procurando envolver os cidadãos em um espírito republicano e patriótico.

Nesse sentido, destacam-se, no jornal, as descrições das comemorações

cívicas, em especial as homenagens aos dias 11 e 20 de setembro

(proclamação da República, em 1836; e início da Revolução, em 1835,

respectivamente) e ao 30 de abril (vitória em Rio Pardo, em 1838) e a definição

de símbolos nacionais, como a bandeira e o tope.

152

Como vimos na teoria schutziana, os símbolos têm como

característica a capacidade de transcender a realidade cotidiana, em um

processo onde o singular representa o universal. Correia (2005) afirma que

“Schutz considera a simbolização como o processo de auto-interpretação da

sociedade pelos seus membros” (p. 122).

A definição do uso obrigatório do Laço da Nação ocorreu por

Decreto de 20 de fevereiro de 1839, publicado na edição 49 d’O Povo, de 16 de

março de 1839. O documento determinou o uso do Laço por todos os cidadãos

da República, com exceção dos escravos, prevendo pena ao descumprimento

da ordem, especialmente duras àqueles nascidos em Portugal: “O Cidadão ou

Súdito Rio-Grandense nascido em Portugal, que tiver reincidido pela segunda

vez, será reputado ter renunciado ao nosso Pacto Social, e conseguintemente

desde logo preso, obrigado a assinar um termo de despejo para sempre do

Território Republicano” (O Povo, n. 49, p. 201). Flores (2002) explica que a

justificativa do decreto para essa obrigatoriedade era a identificação dos

bombeiros (espiões) ou criminosos infiltrados da República Rio-Grandense. O

autor discorda da versão oficial, e entende que o uso do Laço era importante

pelo seu valor simbólico:

Tal medida era inócua, pois bastaria o espião usar o tope

nacional para não ser importunado. As povoações eram pequenas, e quase todos os moradores se conheciam. Qualquer estranho que atravessasse os campos logo seria notado. Portanto, é improcedente essa justificativa. Na realidade, o uso do laço nacional servia para que a população começasse a mentalizar a existência de uma nova nação republicana: a República Rio-Grandense (FLORES, 2002, p. 392).

Da interpretação de Flores, entendemos que fica clara a importância

dimensão da representação universal do Laço Nacional como símbolo na

nação emergente. Pelas páginas d’O Povo, é possível acompanhar a criação

do Tope Nacional do Estado. A edição 51, de 28 de março de 1839, traz a

descrição desse símbolo patriótico, na reprodução do decreto de 12 de

novembro de 1836:

153

O Tope Nacional do Estado Rio-Grandense será de forma circular, contendo as três cores nacionais, dispostas como segue: uma orla verde de largura de quatro linhas contadas da circunferência para o centro, outra escarlate com igual dimensão, formando a outra um botão de ouro, sem algum valor [sic] (O Povo, n. 51, p. 207).

Reparamos um fato interessante, que beirou o cômico, na

caracterização do tope: “o botão de ouro, sem algum valor”. Na edição

seguinte, uma errata corrige a palavra “valor”, informando que o correto era

“lavor”. Realmente, foi um erro importante e que valia ser corrigido, uma vez

que o símbolo pátrio não poderia ser caracterizado como “sem algum valor”.

O tope era formado pelas cores da bandeira da República Rio-

Grandense, que ainda hoje representam o Estado do Rio Grande do Sul: verde,

amarelo e vermelho. Flores (1978) explica que a escolha das cores tem a ver

com a maçonaria, responsável, junto com a imprensa, pela difusão do

liberalismo no país, e com a origem brasileira da República Rio-Grandense,

“assim como acontece a várias nações, que como os Estados Unidos da

América mantiveram o azul e o vermelho da bandeira inglesa, ou países da

América Latina usam cores da Espanha” (FLORES, 1978, p. 40).

Assim, o verde, que simbolizava o liberalismo, aparece unido ao

amarelo, remetendo ao Brasil. Já o vermelho aparece como influência do grupo

maçônico dos farroupilhas que proclamaram a República Rio-Grandense. De

acordo com Flores (1978), a maçonaria se propôs a combater o absolutismo,

em duas orientações: a maçonaria azul (ou inglesa), que defendia a monarquia

parlamentar constitucional, e a vermelha (ou francesa), que sustentava um

governo republicano constitucional (FLORES, 1978, p. 40).

A bandeira é um dos símbolos máximos da Nação emergente, e

estava presente, junto com a Bíblia, nas cerimônias de juramento. O juramento

de fidelidade à República Rio-Grandense também foi um elemento simbólico

importante, e constituiu a marca inexorável do comprometimento com a causa

republicana, servindo tanto aos militares quanto aos funcionários públicos e à

população civil:

Juro manter a religião Católica Apostólica Romana, a

Independência, a Integridade e a Indivisibilidade da República Constitucional Rio-Grandense; observar e fazer observar as leis da mesma

154

República; e provisoriamente a Constituição e Leis do Brasil em tudo quanto for compatível com as atuais circunstâncias da Nação e sua Independência; e de cumprir religiosamente com as ordens do Governo (O Povo, n. 66, p. 282).

O juramento era utilizado, por exemplo, no caso de pessoas

consideradas dissidentes do movimento revolucionário. Para reaver seus bens

e a cidadania rio-grandense, era preciso apresentar-se a uma das autoridades

da República e prestar o juramento, como no caso dos seguintes cidadãos, em

decreto de 23 de novembro de 1839:

Tendo-se apresentado a este Governo os Cidadãos João

Antonio da Silva Cezimbra e Manoel Joaquim da Paixão com ânimo firme e deliberado de fazerem parte da associação Rio-Grandense, como provaram com a certidão que exibiram na Repartição da Fazenda de terem jurado manterem Religião Católica Apostólica Romana, a Independência, a Integridade e a Indivisibilidade da República Constitucional Rio-Grandense, observarem e fazerem observar as Leis em vigor e ordens do Governo como dispõe o Decreto de 28 de Dezembro próximo passado, o Presidente do Estado há por bem receber no grêmio da família Rio-Grandense os referidos Cidadãos, e determina que lhes devolvam todos os bens ainda não arrendados, e direitos que lhes competem na qualidade de membros da República, ficando a respeito sem vigor as mais partes do Decreto citado (O Povo, n. 104, p. 435-436).

É possível perceber algumas alterações no texto do juramento, nas

versões publicadas no jornal, especialmente no trecho da observância das leis,

dependendo da ocasião em que era efetuado. Na primeira versão apresentada,

na ocasião do juramento da 5ª Brigada de Guardas Nacionais, fica clara a

observância das leis do Império brasileiro. Flores (1978) informa que “a

República Rio-Grandense adotou a Constituição e Leis do Império, desde que

não colidissem com a forma republicana, até que sua Assembléia Constituinte

fosse convocada e aprovasse a sua própria Carta Magna” (p. 100). A reunião

da Assembléia só conseguiu ser efetivada em janeiro 1843, mas foi dissolvida

antes de sua conclusão, em virtude da entrada do exército imperial em

Alegrete. Sem que se discutissem os artigos, a Constituição da República Rio-

Grandense não avançou além de um projeto.

155

No caso específico da devolução de bens aos cidadãos, o juramento

garante a observância das “Leis em vigor e ordens do Governo como dispõe o

Decreto de 28 de Dezembro próximo passado”. O Decreto citado, publicado

n’O Povo de 2 de janeiro de 1839, edição 36, p. 144, determina algumas regras

para manter a fidelidade dos dissidentes que se mostravam arrependidos,

retomavam seus bens e voltavam a hostilizar o governo republicano.

O juramento aparece também em uma terceira versão, por ocasião

do Conselho de Procuradores Gerais da República Rio-Grandense, e aborda

diretamente o desempenho das funções dos Procuradores:

Juro manter a Religião Católica Apostólica Romana, a

Independência, Integridade e Indivisibilidade da República Constitucional Rio-Grandense; observar e fazer observar as leis em vigor e ordens do Governo, como em tudo quanto por ele for consultado a bem dos interesses da Nação, dar livremente o parecer, que convier tendo diante dos olhos a Deus e os interesses da Pátria nascente (O Povo, n. 130, p. 550).

As primeiras providências tomadas logo após a entrada dos

republicanos rio-grandenses em Santa Catarina também revelam a importância

das orientações simbólicas no processo de independência de uma província,

naquele momento histórico. A definição da bandeira e do tope nacional foi uma

das primeiras ações na recém-proclamada República Catarinense, para

“revelar a dignidade por tanto tempo abatida da Nação e fixar quais as cores a

cujo brilho hão de reunirem-se os defensores da Pátria” (O Povo, n. 107, p.

449). Um decreto de 10 de setembro de 1839 determinou:

Art. 1º Até o dia em que a Assembléia Constituinte escolher

outras, as cores da República Catarinense serão a verde, a branca e a amarela.

Art. 2º Serão colocadas no Pendão Nacional horizontalmente, e na seguinte ordem: a verde na extremidade superior, a branca no meio, e a amarela na extremidade inferior.

Art. 3º O tope análogo terá o verde na extremidade, o branco no círculo interior e o amarelo no centro.

Art. 4º Todos os empregados e Cidadãos do Estado se condecorarão com ele, colocando-o do meio para cima do lado esquerdo do chapéu, sob pena de incorrer na multa de seis mil réis (O Povo, n. 107, p. 449).

156

Além da determinação da bandeira e do tope, a Vila da Laguna de

Santo Antonio dos Anjos foi elevada à categoria de cidade, passando a

chamar-se, em referência ao mês da chegada dos republicanos em seu

território, de Cidade Juliana da Laguna. Definida como capital, o brasão

também foi fixado:

Art. 3º A Patriótica Câmara Municipal da mesma está

autorizada a adornar o interior do seu brasão com uma Liberdade encostada sobre um escudo, em cujo campo brilhem as palavras – Vinte e dois de julho de 1839 – e a orla do mesmo com a divisa do Governo – Liberdade, Igualdade, Humanidade (O Povo, n. 107, p. 451).

O artigo seguinte determinava a solenização do dia 22 de julho, “o

glorioso acontecimento que fixou seus destinos” (O Povo, n. 107, p. 451).

A realização de comemorações cívicas são descritas em diversas

oportunidades n’O Povo e, de forma geral, incluem a realização de uma

solenidade católica, normalmente, a entonação do hino litúrgico Te Deum

Laudamus, seguido de jantar, baile e iluminação das casas e vias públicas

durante a noite. Em carta, um leitor que assina “Um dos da Sociedade do Dia

20” relata festejos relativos ao 20 de setembro ocorridos na freguesia de São

Leopoldo. A correspondência relata a instalação de uma Sociedade Patriótica,

que promoveu a encenação de um drama, intitulado “Amor e vingança”. O Juiz

de Paz da cidade solicitou a todos os compatriotas que “houvessem de por

luminárias naqueles dois dias, o que assim se praticou, iluminando-se todas as

casas desta freguesia” (O Povo, n. 26, p. 106). Houve, ainda, um jantar na casa

do comandante de Polícia, vivas e leitura de sonetos, finalizando com um baile.

A edição n. 63, de 4 de maio de 1839, noticiou as comemorações de

um ano da vitória republicana na Batalha do Rio Vermelho, em Rio Pardo. Na

capital da República, Caçapava, os festejos incluíram uma solenidade religiosa,

vivas, salvas de canhão, além do baile, que contou, em sua abertura, com a

entonação do Hino Nacional que, naquela época, tinha a seguinte letra,

também reproduzida no jornal:

157

Nobre Povo Rio-Grandense Povo de Heróis Povo Bravo Conquistastes a Independência Nunca mais serás escravo Da gostosa Liberdade Brilha entre nós o clarão Da constância e da coragem Eis aqui o galardão Avante, oh Povo brioso Nunca mais retrogradar Porque atrás fica o inferno Que vos há de sepultar Da gostosa Liberdade, etc, etc. O majestoso progresso É preceito divinal Não tem melhor garantia Nossa ordem social Da gostosa Liberdade, etc, etc. O mundo que nos contempla Que pesa nossas ações Bendirá nossos esforços Cantará nossos brasões Da gostosa Liberdade Brilha entre nós o clarão Da constância e da coragem Eis aqui o galardão (O Povo, n. 63, p. 265)

Percebemos que o hino reproduz os valores característicos do

discurso oficial, contrapondo a liberdade com a escravidão e exaltando o

progresso e a ordem social proporcionados pela Independência. Na descrição

do baile, também são destacadas as vestimentas dos convidados e, em

especial, a participação feminina na comemoração:

Brilhou naquela noite o belo sexo, elegante, mas

modestamente trajado, como convém à simplicidade Republicana, como convém à amabilidade e à formosura que não precisam de postiços e estranhos atavios do luxo e da pompa para se fazerem recomendáveis. Levaram todas as Senhoras ao peito o Laço da Nação, e os homens um raminho de Erva-Mate atado com fitas das cores nacionais (O Povo, n. 63, p. 264).

158

A preocupação com a simplicidade, em contraponto ao luxo e

esbanjamento do Império, é apontada por Flores (2002) entre as características

da sociedade da República rio-Grandense, que “procurava os parâmetros da

modéstia e da simplicidade no trajar e nas atitudes. O luxo, a hipocrisia e os

divertimentos eram considerados como coisas de Satanás, verdadeiros flagelos

dos pais e dos maridos” (FLORES, 2002, p. 206). Destacaremos com mais

detalhes, no tópico seguinte, as referências ao papel das mulheres na

sociedade rio-grandense, presente nas páginas d’O Povo.

Das notas que selecionamos até então, fica evidente, através da

leitura do jornal, a importância da estruturação simbólica na constituição da

nova pátria, ao ressaltar elementos como a bandeira, o tope nacional, o hino e

as comemorações cívicas.

4.3.5 Mulheres: o belo sexo entre os Farroupilhas

Vimos, no capítulo 2, através da análise de Flores (2002), que a

Revolução Farroupilha teve reflexos em todos os segmentos das sociedade,

inclusive no papel social das mulheres. “A experiência civilizada seguia por

caminhos contraditórios em relação à mulher: defendia a domesticidade e

pregava a liberdade” (FLORES, 2002, p. 207). O que se pode ver pelos textos

do jornal O Povo é isso mesmo: havia uma preocupação em exaltar a

participação feminina na sociedade, mas também em educá-las nos costumes

civilizados para a convivência doméstica. Não devemos esquecer que as

mulheres não eram consideradas cidadãs, não tinham direito a voto, e não há

no periódico estudado nenhuma proposta nesse sentido.

Em carta anônima, na edição n. 36, de 2 de janeiro de 1839, um

cidadão faz um alerta às “Patrícias” para que deixem as frivolidades de lado e

entendam sua verdadeira vocação social:

Se as mulheres despidas finalmente das frivolidades que as

ocupam entendessem sua verdadeira vocação social e esquecendo de uma vez todos os vícios de uma educação que só as degrada, compreendessem qual foi a missão que Deus lhes há confiado, quantos bens poderiam derramar sobre a humanidade! Mas ao contrário, por uma

159

fatalidade, cujas conseqüências são tão funestas a elas e a nós, submergidas todavia no erro, acreditam que o Criador somente as têm destinado a seduzir-nos (O Povo, n. 36, p. 146).

Pelo raciocínio do signatário, as mulheres usavam suas qualidades

com a finalidade de “tiranizar” os homens, nas suas próprias palavras. Em sua

opinião, deveriam dirigir esses mesmos atributos para outros fins: “que ela

atine melhor com suas obrigações sociais, que aformoseie sua alma com todas

das virtudes, cultive com afinco o próprio gênio, dê continuados exemplos de

boas e honestas ações” (p. 146). Na prática, o que todo esse discurso queria

dizer? O leitor, em suas últimas frases, explica: “Me limito a pedir às nossas

belas que, como as Americanas do Norte, façam fios para os Hospitais da

República e queiram cozer os fardamentos das tropas [...]” (p. 146). O pedido

reflete a necessidade social de mudança na mentalidade lusitana da época,

que, como já referimos no capítulo 2, considerava qualquer trabalho manual ou

braçal indigno, destinado aos escravos, alimentando o ócio de homens e

mulheres. Em termos fenonenológicos, a manifestação do leitor indica um

estranhamento frente a atitude natural, ou seja: comportamentos, ou ações

razoáveis, que antes eram vistos com familiaridade, passam a ser

questionados em um momento de guerra, onde o ideário liberal republicano

confrontava a mentalidade colonial e imperialista.

O governo republicano, sempre preocupado em manter uma imagem

de generosidade, legalidade e ordem social, regulamentou, em decreto de 15

de dezembro de 1838, o direito à pensão das esposas e filhas dos cidadãos

que viessem a morrer ou ficassem inválidos nos confrontos armados. O artigo

que determinava a exclusão do benefício mostra as conseqüências da “má

conduta” de uma mulher naquela sociedade:

Art. 4º São excluídas do benefício da referida pensão: § 1º As

viúvas que ao tempo do falecimento de seus maridos se achavam deles divorciadas por sentença condenatória a que elas tivessem dado causa, ou por sua má conduta separadas. § 2º As órfãs que viviam apartadas de seus pais e por causa de seu mau procedimento não eram por eles alimentadas (O Povo, n. 39, p. 155).

160

Outra correspondência, assinada por um “Republicano Rio-

Grandense”, apresenta um texto que busca estimular os cidadãos que

empunham armas pela República, citando como exemplos de prosperidade o

florescimento de sociedades como Roma, Veneza, Gênova29, Holanda, Suíça,

América do Norte. Entre os argumentos, conclama o poder de sedução das

Patrícias como fator de convencimento para os homens pegarem em armas,

referindo, mais uma vez, a visão da mulher como uma “tirana” do homem: “E

vós, ternas Patrícias, vossas palavras são encantadoras, tem mais força do

que as minhas, e todo o poder no coração de vossos esposos, inspirai-lhes os

mais nobres sentimentos na defesa da Pátria” (O Povo, n. 57, p. 240).

Este “poder feminino” levantou, inclusive, a suspeita sobre a atuação

de uma espiã. Em uma carta de Antonio Elizeario de Miranda e Brito,

interceptada pela polícia Rio-Grandense, o então presidente da Província

afirma que “não teve o prazer de falar com sua Ilma. Sra., por ter vindo a Porto

Alegre antes dela haver chegado ao Rio Grande”, referindo-se à esposa do Sr.

Nicolau Penha, não citada nominalmente na carta. Em nota de rodapé, a

direção d’O Povo acusa-a de espionagem, questiona sua beleza e sugere que

a dita Senhora tinha um caso com Miranda e Brito:

A senhora Adelaida, que acaba de alistar-se no rol dos Espiões

da Galegalidade, e que viaja em seu serviço, deve saber que em toda parte do Mundo o primeiro quesito, logo depois da destreza, que se requer de uma mulher espiã, é ter beleza; e o segundo é ser facílima, condescendente desde o primeiro abordo etc, etc, etc. Bem o sabia o velhaco do Elisiário, que tanto sentiu não vê-la...! Fora Patifes, vão namorar lá pra sua terra! (O Povo, n. 62, p. 262).

Em outra carta interceptada, o Brigadeiro do Exército Imperial Felipe

Nery de Oliveira especula o acontecimento de uma “coisa grande”, sugerindo

uma ação mais agressiva por parte do Império, para o fim do mês. Em nota de

rodapé, a redação d’O Povo, em tom jocoso, relaciona a afirmação do oficial

com as tradicionais alterações do humor feminino em certo momento do mês:

29 Ressaltamos que essas afirmações estão inseridas num contexto anterior à Unificação Italiana.

161

[...] é o não ser ele tão mulher no físico quando no moral, porque logo me faria lembrar certas indisposições que padecem as Senhoras lá para o fim do mês, e às vezes tão perigosas por diminutas, que lhes fazem subir o sangue ao miolo e dizer e falar muitas asneiras (O Povo, n. 63, p. 265)

Além dessas oscilações de temperamento, o jornal também

identifica, através de transcrição d’O Carapuceiro30, em texto que traçou a

carapuça das “meninas sonsas”, aquelas que, “sob aparência de simpleza e

inocência, escondem boa porção de malícia” (O Povo, n. 132, p. 560). Cita

como exemplo de tal comportamento a D. Mariquinha que, cincunspecta e até

calada (“coisa tão rara em seu sexo”), trata as escravas a bofetadas. D.

Perpetulina “se põe à janela horas esquecidas” e outra menina, que se dizia

talhada para ser freira, não teve outra solução senão casar-se com o primo

“bestalhão”. Ao final, o carapuceiro conclui: “a hipocrisia é talvez mais custosa

de vencer que a própria imoralidade: em tudo agrada a franqueza e a

sinceridade” (p. 560).

O destempero, o gênio difícil e a ocupação com frivolidades parecem

ser as principais características das mulheres a serem combatidas através da

educação moral defendida nas páginas d’O Povo. A preocupação com o

comportamento e os modos do “sexo amável” fica evidente em pequenas dicas

espalhadas pelo jornal, sob o título de “Variedades”. A edição 134 traz algumas

dessas dicas:

– A mulher para ser amada deve ter como primeira qualidade

um gênio brando e dócil. – Não há defeito maior no belo sexo do que a loquacidade e a

garrulice, que são de ordinário filhas da imprudência. – Uma Senhora de honesto e sisudo comportamento atrai a

consideração e o respeito do homem o mais licencioso. – Se uma grande parte dos nossos mancebos evita os laços

conjugais é principalmente pelo excessivo luxo das mulheres. – O luxo desregrado precipita as famílias na miséria e é causa

da imorigeração do sexo amável. – As meninas criadas no ócio e na dissipação não podem ser

boas mães de família (O Povo, n. 134, p. 568).

30 O Carapuceiro, “periódico sempre moral e só por acidente político”, publicado em Recife e redigido pelo Padre Lopes Gama, durante os anos 1830.

162

Na edição 137, as “Variedades” ocupam quase toda a última página

do jornal e dedicam-se exclusivamente ao comportamento feminino. Afirmam

que o casamento é uma questão séria, que deve ter por base “a igualdade de

gênio, de condição, de fortuna, de sentimentos e até de idade” (O Povo, n. 137,

p. 580). No geral, as dicas morais pregam a moderação no trato afetivo, social

e financeiro, como as que destacamos a seguir:

– O asseio não consiste na riqueza dos vestidos e dos móveis,

porque estes devem ser de módico preço, porém limpos. – O amor da mãe para com seus filhos deve ser regulado pela

prudência, a fim de que não prejudique a sua boa educação. – O melhor dote de uma Senhora são a honestidade, a virtude,

a docilidade, a economia e o amor ao trabalho. – A mulher dissipada, que consome grande parte do tempo em

divertimentos e visitas ociosas torna-se pesada e aborrecida para todos. – O recolhimento, a ocupação e o manejo dos negócios

domésticos deve ser o habitual emprego de uma Senhora virtuosa. – Não há defeito maior em uma Senhora, que deve ser amável,

atrativa e graciosa, do que a ferocidade de gênio, a rudeza de costumes e a grosseria de tratos.

– Se desde a tenra infância não procurarmos adquirir o hábito do trabalho empregando o tempo em coisas úteis, nunca possuiremos aquela importante virtude (O Povo, n. 137, p. 580).

Da leitura do jornal, percebemos que as mulheres, em alguns

aspectos, não gozavam de boa fama, mas, ao mesmo tempo, transpareceu nas

doutrinas e opiniões expressas no jornal um movimento no sentido de elevar e

qualificar o papel das mulheres na sociedade nascente, mesmo não lhes

reconhecendo o direito de participar ativamente das decisões políticas. O artigo

“O Povo! O Povo”, que fala do exercício das virtudes do povo, expõe essa

situação: “E a mulher, esta metade do gênero humano, a mãe de nossos filhos

e de nós mesmos, a companheira incansável de nossas desventuras, e deleite

de nossa vida, como foi tratada? Reduzida a vil escrava; à mártir da

Sociedade” (O Povo, n. 6, p. 24, grifo no original).

163

4.3.6 Os escravos do Império e os escravos de cor

Da leitura d’O Povo, fica claro que a palavra escravidão, e suas

derivadas, são utilizadas em dois contextos diferentes: um deles, e mais

comum, é a escravidão dos cidadãos sul-rio-grandenses em relação ao

Império; no segundo caso, refere-se à escravidão propriamente dita, dos

negros. Na província de significados (SCHUTZ, 1979 e CORREIA, 2005) dos

republicanos rio-grandenses, a escravidão era apresentada como um valor

pejorativo, mas isso não quis dizer que a prática escravista tenha sido

questionada ou modificada, como veremos pelos trechos destacados.

São muitos os casos em que a “escravidão” mencionada é aquela

que os rebeldes farroupilhas consideram fruto da tirania do Império brasileiro.

Eles mesmos, estancieiros abastados e brancos, seriam escravos se não se

insurgissem contra esses desmandos. Já no Manifesto, assinado por Bento

Gonçalves e publicado nas edições 2, 3 e 4 do jornal, esse sentido aparece. Ao

mostrar os motivos específicos que levaram os republicanos a pegar em armas

contra o Império, está o “projeto iníquo de nos submeter à mais abjeta

escravidão, ao despotismo mais abominável” (O Povo, n. 2, p. 6). Na parte final

do Manifesto, afirma-se que os rio-grandenses, “tendo de optar entre a

liberdade e os ferros, entre a escravidão e a morte, abraçaram a guerra com

todas as suas conseqüências” (O Povo, n. 4, p.14). Destacamos a palavra

“ferros”, que comprova, junto com “escravidão”, uma real noção de era possível

tratar com os mesmos termos a situação dos estancieiros e a dos negros.

A escravidão, nesse contexto, faz referência à situação do Brasil

como colônia de Portugal, da Província em relação ao Império e da América

em relação à Europa. No artigo “A Legalidade”, que tensiona e ironiza de forma

veemente a maneira como as leis são tratadas pelo Império brasileiro,

encontramos a seguinte afirmação:

Quando escravos de quem nos havia barbaramente dominado

por três longos e afanosos séculos nós nos elevamos à ordem de Nação, de boa vontade nos unimos a quem como nós havia aturado a escravidão, porque a comunhão da desventura cria uniformidade de necessidades, de desejos, de votos; e as nossas necessidades, nossos desejos, nossos votos, eram ter uma Pátria, ter Liberdade, de marchar a uma prosperidade

164

nacional [mas] de colônia de uma corte estrangeira européia, tornamo-nos a escrava donzela de quem se tinha se assumido o alto encargo de representar-nos a face do mundo como uma nação de livres (O Povo, n. 7, p. 29).

A noção de escravidão está vinculada, na situação dos estancieiros

rio-grandenses, com a noção liberal de liberdade, baseada no pensamento de

John Locke, que afirma que, em uma situação de tirania, é legítimo que o povo

rompa o contrato social, restaurando sua primitiva liberdade. Livres, os

republicanos rio-grandenses passam a tratar as tropas do Império como

“hordas de escravos” (2º Boletim em Caçapava, p. 253), assim como os

Brasileiros que não se insurgem contra o Império, já que “a escravidão

amortece no homem os sentimentos mais nobres da alma” (O Povo, n. 42, p.

171).

A leitura d’O Povo oferece, ao lado da noção de escravidão como

sintoma da tirania imperial, diversos exemplos de prática escravista. Escravos

eram arrolados como bens, recrutados para as armas e utilizados como mão-

de-obra.

Como exemplo da consideração dos escravos como propriedade,

temos o expediente da Secretaria da Fazenda de 3 de outubro de 1838, que

“determina que dos bens do ausente Manoel Joaquim Caldeira se separe todo

o gado, escravos e móveis para aparte que toca a seus filhos José e João

como herdeiros [...]” (O Povo, n. 16, p. 64). A edição 17, de 27 de outubro de

1838, traz um aviso assinado por Domingos José de Almeida que reitera a

determinação dos decretos de 11/11/1836 e 5/4/1837, sobre a criação de

Comissões que realizem o arrolamento dos bens “abandonados pelo inimigo”.

Entre as especificações que devem constar do levantamento, estão “quantos

escravos, seus sexos, idades e ofícios” (O Povo, n. 17, p. 70).

O uso de escravos como mão-de-obra pela República Rio-

Grandense é explicitado no expediente da Secretaria da Fazenda de 1º de

outubro de 1838, publicado n’O Povo n. 14, que solicita:

Ofício ao Exm. General Bento Manoel Ribeiro, comunicando-

lhe que para criar recursos a mais justa das guerras, deliberou o Governo estabelecer em Taquari uma fábrica de Erva-Mate sob administração do

165

Cidadão João Xavier de Azambuja, a quem para tal fim fará remeter todos os escravos que no Departamento de sua jurisdição estejam compreendidos nas disposições dos Decretos de 11 de Novembro de 1836 e 5 de abril de 1837 (O Povo, n. 14, p. 57).

O expediente de 15 de outubro ordena que o Sr. João Batista

Meirelles, Juiz de Paz do 4º distrito de Piratini, “passe a pedir no seu distrito a

cada um dos moradores dele um escravo para ser empregado na Fábrica do

Salitre” (O Povo, n. 20, p. 82).

O caso do recrutamento é mais controverso, pela troca de

acusações que produz entre a República e o Império. Na edição 65, O Povo

reproduz um Aviso assinado pelo Ministro da Justiça do Brasil, Bernardo

Pereira de Vasconcelos, determinando a pena de 200 a mil açoites aos

escravos que fizessem parte das forças rebeldes, e também oferecendo alforria

aos desertores em tal situação. Em represália, o governo republicano baixa um

Decreto autorizando que seus oficiais, a partir do momento que tiverem notícia

do açoite de um “homem de cor” a soldo da República, pelas autoridades do

governo do Brasil, tirem a sorte de um prisioneiro do Império e o executem. A

justificativa dos republicanos afirma a arbitrariedade da medida do Império, que

dispensa qualquer tipo de formalidade judicial para a imposição da pena. Além

disso, justifica o uso de cativos pelo seu governo da seguinte forma:

[...] em obediência às sagradas Leis da humanidade, às Luzes

do presente século e aos verdadeiros interesses dos Cidadãos do Estado é que o Governo do mesmo passou a libertar os cativos aptos para as armas, oficinas e colonização a fim de acelerar a pronta emancipação desta parte infeliz do gênero humano, e isso com grave sacrifício da Fazenda Pública, pois que todos os proprietários que tem exigido a importância de tais cativos ou hão sido satisfeitos de pronto, ou hão recebido documentos para o serem oportunamente (O Povo, n. 65, p. 274, grifo nosso).

Assim, nos argumentos da República, o serviço na guerra tem como

objetivo a “emancipação desta parte infeliz do gênero humano”. A retaliação

proposta pelo Presidente é exposta como uma reivindicação “aos Direitos

inalienáveis da humanidade, não consentindo que o livre rio-grandense de

qualquer cor com que os acidentes da natureza o tenham distinguido” (O Povo,

166

n. 65, p. 274, grifo nosso) sofra impune tão bárbaro tratamento. Concluímos,

deste episódio, que, mesmo apelando à humanidade e às luzes do século, a

visão da República diante do negro não é a de que ele seja um cidadão igual

aos outros, pois mesmo os argumentos em sua defesa são carregados de

preconceito: sua cor é um “acidente da natureza” e constitui uma “parte infeliz

do gênero humano”. O argumento a respeito da arbitrariedade do Império na

imposição da pena poderia ser considerado válido, se a retaliação por parte da

República não viesse nos mesmos termos: execução aleatória e sumária.

Logo após este debate, na edição 67, um Decreto determina:

Todo homem de cor ao soldo da República e por ela livre que

fugar para o inimigo, volverá à condição de escravo, sempre que cair prisioneiro das forças Republicanas; pois que tendo sido liberto da escravidão com a condição tácita de servi-la, justo é que fique rescindido aquele Trato condicional uma vez mantido, e que lhe seja aplicada a lei civil que manda volver o forro ao domínio do Senhor que o libertara sempre que este o possa convencer de ingratidão, depois de ter-lhe dispensado tão inapreciável benefício (O Povo, n. 67, p. 285).

Em outras palavras, liberdade, para os negros da República Rio-

Grandense, significava outra situação compulsória, o serviço militar. A

liberdade não era concedida por valores morais ou acordos legais (“condição

tácita”, diz o decreto), ou pelo escândalo configurado por esse tipo de relação,

mas imposta em uma troca entre desiguais em um arranjo que poderia ser

desfeito a qualquer momento pela parte mais poderosa desse acordo, mas não

pela mais fraca. Mesmo que discursivamente o governo tentasse demonstrar

algum arrojo em relação ao escravismo, as práticas cotidianas da República

Rio-Grandense não alteraram a subjugação do negro.

Na sessão de Anúncios, muitos deles referem a fuga de escravos e

oferecem recompensas a quem oferecer informações ou capturá-los. São

exemplos:

No dia 13 de outubro p.p. [próximo passado] fugiu desta capital

um preto crioulo de Pernambuco, oficial de sapateiro, de nome Panerácio, escravo de Antonio José de Abreu, morador na mesma; e tem os sinais seguintes: de boa estatura, cheio do corpo e bastante feio de rosto, sadio,

167

bastante pronóstico; levou camisa de baieta encarnada, calça branca, ponche de mostardas e um pedaço de outro da mesma fazenda feito chiripá. A pessoa que o apreender e entregar ao seu Sr. Será recompensado (O Povo, n. 119, p. 502).

Ao Tenente Manoel Teixeira d’Ávila desapareceu um escravo

de nome Agostinho, de 18 para 19 anos, de estatura ordinária, magro, de feições regulares; tem uma costura no beiço inferior, o falta [sic] uma unha em um dos dedos polegares dos pés, o qual vindo a esta Cidade a 25 do mês passado, até hoje alguma notícia dele tem tido: quem pois souber do referido escravo, e o entregar ou dele notícias verídicas der ao anunciante, receberá boas alvíssaras (O Povo, n. 31, p. 126).

Um anúncio na edição 122 relata a fuga de uma criança:

A Antonio Vieira de Carvalho desapareceu no dia 26 do

corrente da Chácara do Cidadão Machado, um crioulo de nome Roberto, de 9 a 10 anos de idade, beiços grossos, olhos e pés grandes, rosto um pouco comprido: levou camisa e sirela de algodão fino e chapéu de palha. Quem o apanhar e entregar nesta Capital em Casa de José Gonçalves Lopes Ferrugem, será gratificado (O Povo, n. 122, p. 518).

Em outro, o texto comprova a violência no trato dos escravos,

informando que o fugidio “está surrado de pouco tempo”:

Fugiu no dia 12 do corrente um mulato de propriedade de

Evaristo Fernandes de Siqueira: Carioca, de nome Miguel, com os sinais seguintes: alto, magro, barba no queixo e bigode, tem uma brecha no rosto; está surrado de pouco tempo; quem dele souber e der notícia ou agarrar e entregar ao anunciante terá boas alvíssaras (O Povo, n. 145, p. 616).

O relato de um caso policial também demonstra a mentalidade

escravista e a contradição com os princípios de aplicação da Justiça por parte

das autoridades da República. O ofício que solicita interrogatório para

investigação de uma denúncia de roubo por parte de policiais, já determina o

desfecho e a pena para o caso, porque a denunciante era uma escrava:

168

Constando que a mulata Anna, escrava de D. Adriana propalara que os oficiais encarregados do exame a que anteontem se precedera em Casa da mesma por desconfianças de ter consigo pessoas desafetas a Causa da República e comunicações importantes, roubaram à sua senhora todo o dinheiro que tinha em suas gavetas; e não devendo ficar impunido [sic] tal atentado, caso verídico, e menos sem a devida correção a infamante mulata de que trato, sendo que falsa imputação de tal natureza, manda o governo que V. S. com seu Escrivão, e dois homens bons do povo, passe à Casa da referida D. Adriana, e dela, como das mais pessoas da Casa, indague mui escrupulosamente qual o dano sofrido no exame referido: e quando do supracitado exame não resultar crime aos Oficiais daquela diligência, V. S. fará recolher a Cadeia a mulata mencionada e me dará de tudo parte (O Povo, n. 109, p. 459, grifo nosso).

A leitura do jornal também deixa explícito que a venda de escravos

era uma das fontes de renda da República. Em correspondência a Bento

Gonçalves, Domingos José de Almeida relata que a prensa tipográfica e o

papel utilizados pela República foram comprados com o produto da venda de

17 escravos. A correspondência só foi publicada na íntegra porque foi

interceptada pelos imperiais, que a reproduziram n’O Mercantil do Rio Grande

e a utilizaram para atacar a honra de Almeida, caluniando-o de ladrão. Para

defender-se, solicitou a publicação da correspondência na íntegra. A venda dos

escravos não foi o cerne da discussão, mas a informação ficou documentada:

Seguindo o fio de minha narração direi neste lugar que para

pagamento da Tipografia, de papel e de remédios vindos de Montevidéu por mim pedidos; para suprir com um conto de réis aos nossos prisioneiros, cujos clamores acusavam já ao governo de uma maneira espantosa e para pagamento de outras diversas dívidas do Estado, um dia antes de partir de Piratini para esta mandei vender dezessete escravos carneadores que tinha em Montevidéu, e dos jornais dos quais me tenho sustentado e à minha família, expondo-nos por isso agora aos horrores da miséria (O Povo, n. 70, p. 299).

Ou seja: a venda de escravos patrocinou a existência do jornal O

Povo, em uma nítida contradição com as palavras “Liberdade, Igualdade e

Humanidade” grafadas em seu cabeçalho.

Por outro lado, não podemos deixar de grafar que o tráfico de

escravos era veementemente condenado pela República Rio-Grandense nas

páginas do jornal. No Brasil, a entrada de novos escravos era proibida desde

169

1826. Uma carta recebida pela redação denuncia a introdução de novos

escravos em Rio Grande, reduto imperial:

A censura contra um tráfico tão escandaloso, tão bárbaro, tão

desumano, amaldiçoado de Deus e dos homens, todos os jornais do mundo civilizado têm feito; lançaram-se contra ele todos os filósofos e todas as ilustrações; diferentes governos celebraram com o do Brasil tratados para o abolir. Há muito tempo que a opinião pública, a moral e a religião gritam altamente contra contrabando tão ignominioso e tão indigno do século XIX (O Povo, n. 43, p. 174)

A edição 61 denuncia a apropriação de venda de escravos

apreendidos num brigue chamado Brilhante, negociação que teria envolvido os

altos escalões do Império, como os Ministros Bernardo Pereira de Vasconcellos

e Miguel Calmon. A condenação da “negociação de carne humana” é

veemente: “Patriotas do Rio Grande, aqui tendes um ministro do Império

negociando em Carne Humana, mas sem o risco e o trabalho de ir mandar

comprar escravos à Costa da África, porque acha mais fácil e comezinho

roubá-los aos navios apresados para depois vendê-los” (O Povo, n. 61, p.257).

Tratando a questão pelo viés econômico, a reprodução de um artigo

do jornal Aurora Fluminense, na edição 76 d’O Povo, relaciona a prática do

escravismo com o atraso material. Analisando a situação econômica do Brasil,

o articulista critica os administradores das finanças nacionais, que

repetidamente afirmam ter o país imensos recursos e que não há com o que se

preocupar, em contraste com a crescente dívida nacional; na visão do

articulista, o governo conta com recursos outros que não a receita do Estado,

apelando ao clima, aos rios, ao solo fértil, às riquezas minerais, o que ele não

acredita que constituam recursos que sirvam num momento de dificuldade

financeira. O artigo defende uma lógica capitalista industrialista de produção e,

utilizando o exemplo dos Estados Unidos, relaciona a menor riqueza do sul do

país à presença da escravatura e de uma mentalidade de desprezo ao

trabalho.

Flores (1978) indica que a tentativa de desenvolver a indústria e a

agricultura na República não deu certo. “Infelizmente a índole do povo e o

estado de guerra não permitiram que a economia da pecuária fosse mudada

170

para outras atividades” (FLORES, 1978, p. 90). O liberalismo foi adaptado e a

República continuou com as estruturas sociais herdadas do Império brasileiro.

Assim, identificamos que, no plano discursivo, a República Rio-

Grandense apresentou a intenção de modificar a realidade social e econômica

baseada no trabalho escravo. Porém, o jornal, como mediador das

subjetividades, deixou transparecer, pelas informações que divulgava, que as

práticas escravistas não só foram mantidas, como sustentaram o movimento

republicano.

4.3.7 Os planos para o futuro através dos textos de doutrina

Como já apresentamos no capítulo anterior, o mundo dos

sucessores também faz parte do universo social partilhado em determinado

tempo e espaço. Ao projetar, organizar e tentar tornar viável uma Nação no

sistema republicano, o discurso dos farroupilhas, impresso n’O Povo, esteve

impregnado de perspectivas para o futuro. Ao atribuir ao jornalista a missão de

Educador, e confiando na educação como a base para uma verdadeira nação

republicana, a redação do periódico oficial da República Rio-Grandense

preocupou-se em publicar, além dos textos de cunho político, trechos de obras

voltadas a temas como o ensino primário, o sistema prisional, o papel da

religião e até mesmo métodos para cultivo de trigo e batata.

Nos textos ministeriais, é possível perceber o intento do governo

republicano em erguer um sistema educacional baseado no método Lancaster.

Neste método, criado pelo quaker inglês Joseph Lancaster (1778-1838), a

figura do professor era substituída pelo monitor, responsável por toda a

organização da escola e, principalmente, pela manutenção da ordem. O ensino

era mútuo, ou seja, desenvolvido para que os alunos se corrigissem entre si.

Na precária situação financeira da República Rio-Grandense, esta parecia a

solução ideal, porém, a situação de guerra prejudicou muito os planos

educacionais. Além da falta de recursos, os boatos de recrutamento, como já

mencionamos, esvaziaram as salas de aula.

Em ofício de 1º de agosto de 1838, Domingos José de Almeida,

afirmando que o Governo da República, convencido “que só por meio da

171

difusão das luzes e da moral é que podem prosperar e robustecer os Estados”

(O Povo, n. 20, p. 80) solicita às Câmaras Municipais que instalem

provisoriamente escolas de primeiras letras nas povoações “ou lugares

notáveis de seus municípios”. A solicitação revela a dificuldade em encontrar

professores, tanto pelos baixíssimos salários quanto pela escassez de pessoas

com educação disponíveis para lecionar. A orientação era de prover as escolas

de “mestres idôneos, morigerados e instruídos, na falta dos conhecimentos do

sistema Lancaster, pelo menos nas quatro primeiras operações aritméticas e

suas definições, e na escrita com acerto, aos quais farão examinar por duas

pessoas entendedoras da matéria” (O Povo, n. 20, p. 80). Em resposta, nesta

mesma edição do jornal, os ofícios traçam o quadro dos obstáculos à

implantação do sistema educacional: pedem adiantamento no pagamento a

professores que não tenham outro meio de subsistência e informam o

fechamento de escolas por falta de alimentos.

Em ofício de 15 de novembro de 1838, destinado à professora D.

Zeferina Amália d’Oliveira e Silva, o Ministro Domingos José de Almeida

destina 30 mil réis para as despesas mensais da escola. Reconhecendo a

modéstia da quantia, apela ao patriotismo da professora: “sentindo o Governo

não poder ocorrer com soma mais avultada, espera contudo que V. Mce.,

movida do patriotismo que a distingue, não interrompa o ensino do magistério

que lhe foi confiado” (O Povo, n. 23, p. 94).

Aqueles que se propunham a lecionar eram verdadeiros abnegados

que, além da carência material, ainda sofriam com o patrulhamento político. A

edição 92, de 14 de agosto de 1839, reproduz a troca de documentos entre

Domingos José de Almeida, a professora Ana Francisca Rodrigues Pereira e

as autoridades policiais do Município de Cachoeira, sobre uma denúncia

anônima de que a docente propagaria doutrinas opostas à causa do Estado.

Ela se defende, dizendo que leciona por livre e espontânea vontade e que a

doutrina que ensina é a da religião Católica Apostólica Romana. Ao fim do

caso, a professora é diplomada pelo presidente da República, mesmo com a

confirmação pelo Chefe da Polícia de Cachoeira, Antônio Vicente da Fontoura,

que D. Ana Francisca não é afeta ao sistema republicano. Porém, ficou o aviso:

“não é o Exm. Governo da República indiferente expectador, para tolerar

172

procedimentos que menos em regra com o sistema adotado possam ainda que

levemente ofendê-lo” (O Povo, n. 92, p. 386).

De São Gabriel, o professor Luiz Carlos d’Oliveira informa os

progressos de sua turma. Sem receber salário do governo, deu início às aulas

pelo sistema Lancaster no dia 12 de agosto de 1838 e, em outubro, já contava

com mais de 50 alunos e 35 alunas. O governo demonstra, pelo menos em

intenção, tentativas de destinar recursos à educação, como mostra o texto do

Decreto de 15 de fevereiro de 1840, que pressiona as Câmaras Municipais a

realizar um levantamento de todas as propriedades existentes nos Distritos. O

descumprimento da tarefa poderia ser punido com multa e esses recursos

seriam destinados “para o ensino primário da mocidade Rio-Grandense”

(Suplemento d’O Povo n. 141, p. 599).

Em Lages, a necessidade da criação de uma escola também se fez

presente logo nas primeiras resoluções da Câmara Municipal. Entre os motivos

citados para tal preocupação, está a necessidade de “formar da mocidade

Cidadãos capazes de ocupar empregos públicos, cuja falência muito se

deplora” (O Povo, n. 143, p. 606).

Esse era o quadro da dificílima tarefa educacional da República Rio-

Grandense que aparece nas páginas d’O Povo. Por outro lado, a árdua

realidade não fez desaparecer do discurso oficial os planos para o futuro, e o

jornal oficial, em sua missão doutrinária, reproduziu os ideais republicanos em

termos de educação. A transcrição de dois textos, divididos em diversas

edições, destacam-se nesse sentido: a 12ª carta de Americus31, “Idéias

elementares sobre um sistema de educação nacional” e “Vantagens e

necessidades de uma educação pública”, da obra Scienza de la Legislazione,

do jurista e filósofo italiano Gaetano Filangieri.

A carta de Americus sobre a educação é publicada nas edições 97,

103, 104 e 105 d’O Povo, mas fica incompleta. A edição 105 indica que o texto

“continuar-se-há”, mas isso não ocorre até o final da coleção. A idéia básica do

texto é que o papel da Educação é fazer do indivíduo o instrumento da própria

felicidade e daqueles que vivem na mesma comunhão civil (O Povo, n. 97, p.

31 Americus: cartas políticas extraídas do Padre Amaro. Não foi possível encontrar informações mais específicas sobre o autor das cartas. Na indexação do Google Books, a autoria é atribuída a Miguel Calmon du Pin Almeida Abrantes, mas achamos pouco provável que os farrapos publicassem textos do tão criticado Ministro da Fazenda do Império brasileiro.

173

406). Além de explicitar a importância da educação na formação dos cidadãos

em sociedade, propõe um plano de ensino que consiste em três escolas: a

primeira, dos seis aos nove anos, aplicando o método Lancaster; a segunda,

dos nove aos onze anos; e a terceira, dos onze aos 14. Sobre o ensino mútuo,

afirma:

Este sistema de José Lancaster, que tanta bulha tem feito e

está fazendo no mundo, consiste na aplicação de uma máxima mui antiga, segundo a qual tudo quanto um homem sabe pode ensiná-lo e o melhor modo de saber bem as coisas é elas ensinando. O sistema de Lancaster existe portanto em fazer com que os rapazes ensinem uns aos outros (O Povo, n. 103, p. 434).

Americus também critica a prática de castigo físico aos alunos: “A

prática dos açoites e palmatoadas nas escolas excita idéias de vingança e faz

brotar toda a casta de má inclinação” (O Povo, n. 104, p. 437). Afirma que não

há boas escolas sem bons mestres e nem bons mestres sem lhes pagar bem,

contrariando a realidade da República Rio-Grandense, incapaz de aplicar

recursos na educação.

O texto de Filangieri, sob o título de “Vantagens e necessidades de

uma educação pública” afirma a importância da educação promovida pelo

Estado, em detrimento do ensino privado, tutorial, doméstico, bastante comum

entre os cidadãos mais abastados da época. O autor afirma: “Para formar um

homem eu prefiro a educação privada; para formar um povo eu prefiro a

educação pública” (O Povo, n. 156, p. 659). A idéia é que o ensino público deve

fornecer o modelo da conduta dos cidadãos, formando o caráter nacional e

educando a juventude nos princípios constitucionais. Tanto Americus quanto

Filangieri destacam que a educação deve ser direcionada de acordo com as

“distinções” dos indivíduos em sociedade, partindo de um contexto de raríssima

mobilidade social. O italiano propunha um ensino universal, mas que dividia o

povo entre os que servem a sociedade com seus braços e os que oferecem

seus talentos (O Povo, n. 159, p. 671). Na primeira classe, destinada aos que

servem a sociedade com os braços, prevaleceria a parte física da educação, e,

aos que contribuem com seus talentos, a relevância seria da educação moral.

174

Pelo encerramento da publicação d’O Povo, no número 160, a publicação do

texto de Filangieri também ficou incompleta.

Saindo do tema da educação, outras duas cartas de Americus foram

publicadas: a 9ª, sobre as reforma nas cadeias, e a 6ª, sobre as relações entre

religião e política. Sobre o sistema prisional, relaciona o aumento da

criminalidade com o aumento da população, da riqueza pública, dos progressos

da civilização e do luxo (O Povo, n. 82, p. 347). Afirma que as finalidades de

um sistema prisional são três: custódia segura, reforma e castigo. Versando

sobre a custódia, afirma a importância da vigilância ininterrupta sobre o preso,

citando Jeremy Bentham e o modelo do Panótico; declara, ainda, a importância

de se preservar os direitos dos presos: alimento, vestimenta e habitação

sadios, ainda que da procedência mais comum e ordinária. A publicação dessa

doutrina vai ao encontro do interesse da República no sentido de reforçar a

imagem de generosidade e bonomia no tratamento dos presos, em oposição às

atitudes cruéis do Império brasileiro, como citamos anteriormente.

Como reformador, o sistema prisional deveria ser articulado de

forma que a pena cumprisse três fins: desviar outro membro da sociedade que

tenha a intenção de cometer o mesmo delito; desviar o criminoso de repetir o

crime que cometeu e remover o mau hábito do criminoso, fazendo-o adquirir

outros melhores. Sugere que a prisão estimule a prática de bons atos, através

do trabalho que gera vantagens dentro do cárcere (O Povo, n. 85, p. 359-60).

Sobre as relações entre religião e política, em texto publicado nas

edições 89 e 92, Americus defende a presença religiosa na constituição do

Estado, mas abre espaço para a liberdade de culto individual. Sabemos que a

República Rio-Grandense tinha como religião oficial a católica apostólica

romana, incluída no texto do juramento à causa republicana e também em seu

projeto de constituição, no artigo 5º: “A religião do Estado é a católica

apostólica romana. Todas as outras religiões são permitidas em seu culto

doméstico, ou particular, em casas para isso destinadas, sem forma alguma

exterior de templo” (FLORES, 1978, p. 187). Afirma, também, que o homem é

naturalmente religioso e que sua prática é benéfica à nação: “A sociedade

humana não pode, pois, subsistir sem o auxílio dos motivos que resultam da

sanção religiosa” (O Povo, n. 89, p. 376).

175

O texto de Americus demonstra conhecimento da situação

específica da República Rio-Grandense e ressalta que, no momento em que o

governo adotou uma religião oficial, tornou-se responsável pela manutenção

financeira dos ministros do culto e felicita o sistema de distribuição do dízimo,

que, na República, era recolhido ao Tesouro Público e depois dividido entre

ministros da Igreja, impedindo a distribuição desproporcionada das rendas (O

Povo, n. 92, p. 388).

Destacamos, ainda, a publicação, sob o título de “Artigos

Econômicos”, de textos que ensinam a evitar a ferrugem do trigo, a maneira de

preparar o trigo para semear e oferecem dicas para a cultura de batatas. O

jornal justifica a publicação do material ressaltando a importância da agricultura

ao país, e também para “distrair um pouco a atenção dos nossos leitores da

matéria política” (O Povo, n. 145, p. 615).

Há ainda, espalhados por toda a coleção, pequenos textos morais,

que versam sobre temas como amizade, família, higiene, religião, ambição,

felicidade, justiça e caridade. A publicação de textos sobre temas que têm

relação, mas não estão inseridos diretamente no âmbito do debate político

demonstram a preocupação do jornal em aproximar-se do público através de

outras questões, mostrando uma visão mais abrangente dos aspectos julgados

necessários para a formação de uma Nação. Essa situação evidencia que o

discurso oficial do governo republicano, expresso nas páginas d’O Povo,

compreende que a política está relacionada com o cotidiano dos cidadãos. A

mudança para o sistema republicano não seria levada a cabo somente pelas

armas; seria preciso tensionar a atitude natural de um povo acostumado às

situações de colônia e de província, em seus mais variados aspectos.

4.3.7 O Povo e seu status midiático

Ao analisar o jornal O Povo pela ótica fenomenológica, abordando

seu dispositivo através de Mouillaud (2002), seu posicionamento na situação

de comunicação proposta por Charaudeau (2008) e estudando algumas das

176

relevâncias e tipificações presentes em suas páginas, chegamos ao ponto

central desta pesquisa: O Povo como meio de comunicação.

Para analisar o status midiático do jornal O Povo, através de nossa

perspectiva teórica, a Sociologia Fenomenológica, é preciso procurar de onde

surge o sistema de relevâncias apresentado no periódico. Correia (2005)

aponta que o valor-notícia reflete “a intersecção entre o sistema de relevâncias

vigente na redação, no grupo profissional e no mundo da vida em que estão

inseridos” (CORREIA, 2005, p. 128).

No caso do nosso objeto, o valor-notícia deve ser relativizado a partir

da noção de poder, presente no contexto social, político e econômico no qual o

periódico estava inserido, e também no seu próprio discurso, já que tratamos

de um jornal anterior à perspectiva de empresa capitalista. Nesse sentido, a

teoria enunciativa de Charaudeau (2006), em seus pressupostos de análise

dos discursos midiáticos, pode nos ajudar. Perguntamo-nos, no capítulo 3,

como seria a configuração do poder no jornal O Povo, órgão oficial de um

governo. A pergunta partiu da afirmação de Charaudeau (2006) de que a

relação das mídias com a opinião pública não deve ser encarada de forma

simplista, verticalizada, pois, para que isso acontecesse, o discurso midiático

deveria ter valor de sanção jurídica ou de consagração religiosa. O autor

sustenta, ainda, que a diferença entre o discurso político e o midiático é sua

colocação numa posição contra o poder e a manipulação.

No caso d’O Povo, a situação é particularmente delicada, capciosa.

Por um lado, ele representa um governo, a República Rio-Grandense, e uma

posição política bastante clara, que se manifesta na defesa do sistema

republicano e das doutrinas liberais. Dentre os meios de lutar por esses ideais

está a publicação do jornal que, já na sua carta de apresentação, deixa claro

que pode utilizar do expediente de “excluir de nossas colunas qualquer

correspondência, ou comunicado, que não esteja em perfeita harmonia com

nossas doutrinas”. Assim, O Povo estabelece, logo na primeira página, uma

cláusula das mais eminentes em seu contrato com o leitor: trata-se de um

jornal do movimento farroupilha, que defende certos ideais e que se exime de

publicar textos contrários aos seus princípios. Nesse sentido, O Povo age a

favor do poder (a República Rio-Grandense), discrimina a informação e

constituiu um discurso político.

177

Por outro lado, em um contexto maior, os republicanos rio-

grandenses eram um grupo que lutava com outro ainda mais poderoso: os

governantes do Império brasileiro. Esta situação coloca O Povo em um hiato do

poder: podia, teoricamente, tudo dentro de seus limites; mas não representava

nada logo ao lado, em Porto Alegre, Rio Grande, São José do Norte e outras

localidades que não aderiram à República e que, até o fim da batalha, não

reconheceram sua legitimidade. Por isso, foi constantemente obrigado a cruzar

suas províncias de significado com as do inimigo, colocando-se contra o poder

e a manipulação, e fora de si, no leitor imparcial, o juízo final sobre os fatos.

Assim, entendemos que o sistema de relevâncias do jornal O Povo

deriva da intersecção entre as relevâncias do governo da República Rio-

grandense, dos redatores do jornal, de seus leitores, de seus opositores e de

todo um universo de periódicos contemporâneos. Como vimos pela análise das

relevâncias e tipificações presentes no jornal, o movimento da guerra provocou

uma série de questionamentos na atitude natural dos cidadãos da República

Rio-Grandense: o posicionamento político, a questão do cumprimento das leis,

os símbolos pátrios, a moral e os costumes, as relações sociais. Mesmo que a

realidade não tenha sido modificada, o conhecimento que se tinha sobre ela foi

tema de debate.

Assim, a definição do que era novidade, de um acontecimento, ou

em última análise, de uma notícia, passava pelas necessidades administrativas

da República, na iminência de comunicar-se com os municípios (a função

ministerial do jornal), pela propaganda política, pela necessidade de desmentir

o inimigo, pelas manifestações dos leitores através das correspondências, pela

atribuição educacional dada pelos republicanos ao periódico, além, é claro, das

limitações de tempo e espaço do dispositivo.

Assim, o discurso presente no jornal O Povo é um universo

construído, mas não apenas pelo seu viés ideológico fortemente marcado e,

sim, por uma perspectiva de produção de sentido, de acordo com os princípios

marcados por Charaudau (2006): estabelecimento de um vínculo social de

modo organizado, através de um contrato comunicacional; concorrência com

outras publicações; tomada de uma posição sobre a maneira de tratar a

informação.

178

Nesse sentido, portanto, respondendo à pergunta proposta no

capítulo 1 (em que medida a relação d’O Povo com os movimentos políticos

poda sua representatividade social?), podemos dizer que O Povo, enquanto

objeto de pesquisa científica, é tão representativo da sua realidade social

quanto um jornal contemporâneo. Em outras palavras, O Povo não deixa de se

conectar com sua realidade social, revelando uma atitude natural, e nem de se

chocar com significados dissonantes porque tem um referencial ideológico

claro. Referiu, à sua maneira, acontecimentos em diferentes províncias do

Império e até mesmo de outros continentes; superando as dificuldades

tecnológicas, reproduziu argumentos de periódicos contrários à sua própria

causa e revelou intensa leitura de seus contemporâneos. Por um lado, sua

tomada de posição na maneira de tratar as informações pode ser considerada

honesta. Por outro, fica evidente que a insistência em determinados pontos de

vista empobrece a discussão travada em suas páginas.

Entendemos, pelo discurso do jornal O Povo, que havia, naquela

época, algumas expectativas em relação à atuação do jornalista e ao papel da

imprensa. O “Prospecto”, texto de apresentação da publicação, traz algumas

informações sobre o que se deveria esperar de um bom escritor público:

O ofício de jornalista hoje em dia, por culpa de muitos, suspeito

e merecidamente em parte infamado, é ofício santíssimo quando exercido retamente e não se desvia da sublime e luminosa carreira que os novos destinos a humanidade lhes confiam.

Aquele que se propõe a escrever para um Povo, e mais particularmente para um Povo que está para surgir à nova vida, tem que assumir o caráter do sacerdócio; e para que a voz dele soe venerada e clara entre as multidões, deve, como a do intérprete de Deus, ser forte, pura e solene. O jornalista, enfim, para não ser inferior nem a sua missão, nem a nossa época, deve ser essencialmente Educador.

[...] E agora perguntamo-nos: todos esses jornais sem vida, e sem

alvo, a não ser aquele vergonhoso do lucro, verdadeiras torres de Babel, onde se vê a soberba e a confusão, e que saem corajosamente para todo o Império a cada dia, não sei se mais para experimentar a constância, do que para cansar a excessiva bondade dos assinantes, cumprirão eles a santidade de seus deveres?

Invejas pueris, pessoais litígios, disputas insolentes de locais e materiais interesses não desagravam não, o escritor público de sua obrigação! Mas a pregação de princípios fecundos de verdades luminosas, e de profundas virtudes pode só fazer certo o consciencioso escritor de ter cumprido com a santidade de seus deveres.

Nós isto tentaremos fazer; mas livres e independentes como o Cidadão da verdadeira Republica. Queremos concorrer ao edifício Nacional

179

com o nosso mui diminuto préstimo; porém sempre com aquele desenvolvimento de ação peculiar e próprio de cada individuo (O Povo, n.1, p. 1 e 2, grifo no original).

Assim, entendemos que já havia, na perspectiva de produção, a

idealização do papel do bom jornalista, que corresponde em grande parte ao

que se espera ainda na contemporaneidade: educador, incorruptível, desligado

de interesses pessoais, livre, independente. Parece-nos que, naquele momento

da imprensa, o meio de alcançar esse ideal era revelar, claramente, à qual

verdade o escritor público estava engajado e jogar o julgamento final para as

mãos do “leitor imparcial”, conclamado a tirar suas próprias conclusões (como

aparece, nessas mesmas palavras, nas páginas 54, 234 e 524).

Paradoxalmente, em outros momentos, a imparcialidade é apresentada como

um valor da própria publicação, como ocorre na edição 124. Um leitor, que

assina “Oriental”, escreve para a redação demonstrando surpresa pelo silêncio

do periódico em relação à guerra declarada por Frutuoso Rivera, colorado, ao

governo de Rosas, blanco, ao que a redação d’O Povo responde, publicando

em seguida peças extraídas do Nacional, de Montevidéu:

Satisfazendo ao nosso honrado cosmopolita, demos de

asseverar-lhe que nosso silêncio acerca dos negócios de que trata provém de circunstâncias que gravitam ainda sobre a nobre causa que defendemos, e não do voto dos Rio-Grandenses, cujas simpatias em prol da Liberdade é fácil perceber para onde pendem. Desprezando, pois, a neutralidade a que nos votamos, com gosto vamos apresentar nas colunas de nosso jornal as peças de que faz menção o nosso correspondente para mostrar-lhe a imparcialidade que nos dirige na redação desta folha (O Povo, n. 124, p. 524).

A contradição: mesmo admitindo que seu silêncio era provocado por

interesses do governo, o periódico declara-se neutro e imparcial. Confrontado

entre dois interesses, aqui o jornal fica com o leitor.

Já o papel da imprensa expresso n’O Povo é múltiplo: ao lado do

compromisso com as “verdades luminosas”, característico do ideal liberal

proposto pelos farroupilhas, carregado pelos valores de justiça, luzes e

180

educação, estavam: a apresentação de versões contraditórias aos fatos

trazidos por outro jornal:

Pensava que estivéssemos ainda privados da imprensa e que

por conseguinte não o poderíamos contradizer; porém enganou-se. Nós temos imprensa, e estamos habilitados para riscar todas as falsidades que ele se atrever a propagar; podemos lhe lançar no rosto todos os seus crimes (O Povo, n. 3, p. 11).

A denúncia:

Nunca a imprensa preenche com mais gloria os seus fins do

que quando patenteia os atos de opressão e de violência que se faz pesar sobre os povos. Só a publicação de tais fatos poderá fazer recuar o governo e forçá-lo a uma política mais humana, mais justa, mais conforme a lei e a constituição (O Povo, n. 45, p. 182).

É o “eco” de opiniões que se espalham pela imprensa. Essas

opiniões são realmente “ecos”, repercussões, reproduções distorcidas de

determinados fatos ou posicionamentos políticos. Nesse sentido, observamos

que carecia aos periódicos da primeira metade do século XIX a noção de

limites éticos. Como exemplo, citamos a questão das denúncias que, sem

apuração correta, manchavam reputações. O efeito dessa prática pode ser

visto na edição 71, que desfaz uma acusação feita ao Sr. João Antonio Martins

de participar de uma comissão criada no Estado Oriental para sustentar e dirigir

uma quadrilha de salteadores na República:

[...] mas tais eram as evidências dos documentos que

possuíamos, tais as cartas por Eliziário endereçadas a Carolina e a Penha, depois insertas no nº 62, que, com franqueza o dizemos, forçados fomos a apresentá-lo ao público como consócio da citada Comissão em desempenho da obrigação que como escritor havíamos contraído, particularmente em assunto tão delicado. Nossos pressentimentos em relação ao Sr. Martins realizou-se (sic), e com o mais vivo prazer nos apressamos a anunciar que ele nunca fez, nem fará parte daquela Comissão [...] (O Povo, n.71, p. 304).

181

Entendemos que uma das grandes diferenças entre a prática

jornalística da primeira metade do século XIX e a da contemporaneidade está

no desempenho do jornalista enquanto apurador dos fatos e repórter. No caso

d’O Povo, os acontecimentos eram apresentados sem serem trabalhados

jornalisticamente, ou seja: sem contextualização, sem títulos, sem lide, sem

cortes, dando a entender que a maneira de ser objetivo e imparcial era

reproduzir documentos na íntegra, seguidos (ou não) de comentários.

Jornalismo confundia-se com espionagem, já que uma das maiores fontes de

informações advinha de um expediente militar: a interceptação de

correspondências do inimigo. Vale a pena comentar um fato curioso: ao

publicar uma carta interceptada de Felipe Nery de Oliveira, oficial do exército

imperial, a redação d’O Povo faz questão de esclarecer, dando sua “palavra de

honra”, que a carta não havia sido interceptada “propinando-se ópio ao

portador como o costuma praticar o imoral e indigno representante do Brasil em

Montevidéu Pedro Chaveta” (O Povo, n. 63, p. 265).

O Povo traz em suas páginas argumentos de jornais e de cartas

particulares de tendência liberal moderada, que não corroboram a insurgência,

mas denunciam a incapacidade dos governantes designados pelo Império para

apaziguar os conflitos políticos nas províncias. Um exemplo é essa carta

particular que dá notícias das ações do Presidente João Carlos Pardal na

Cidade do Desterro, em Santa Catarina: Em vez de acalmar algumas ligeiras desavenças que

encontrou, tem a elas dado vulto, tem-nas aumentado, até que se encostou num partido fortemente exagerado, que se inculca exclusivamente amigo da ordem e do trono, lançando sobre todos aqueles que cegamente não dizem amém aos atos governativos o anátema de farrapismo e inimigos da causa sagrada da legalidade (O Povo, n. 79, p. 335).

Percebe-se que o remetente não defende a causa republicana,

apenas mostra-se insatisfeito com as atitudes do Império. Mesmo assim, o

jornal toma esse depoimento para confirmar suas convicções na insurgência

republicana. Assim, fica caracterizado o modo como os republicanos tipificam a

novidade e as falas dissonantes, interpretando-as a partir da sua própria

província de significados.

182

Já a relação com periódicos caramurus era crítica, jocosa e

virulenta. Na edição 100, O Povo anuncia e ridiculariza o fim da publicação do

Sete de Abril. Dá a informação sob o título de “Necrologia” e faz analogias do

jornal com o corpo humano:

Expirou ontem de manhã o Sete de Abril! Uma enfermidade

consumptiva minava-lhe a existência desde [ilegível], no princípio deste perdeu o uso da palavra, tendo, havia muito, perdido o uso da razão, de que aliás nunca gozara integralmente. Os assinantes haviam se retirado um por um [...]. Na autópsia cadavérica, segundo se afirma, não se encontrou nem coração, nem entranhas, fato novo nos anais da anatomia humana! Apenas havia o órgão segregador do fel da calúnia, sustentando uma larga vesícula de bile negra e um estômago de dimensões enormes, de um desenvolvimento não visto, o que explica suficientemente certos fenômenos que apresentou durante a vida (O Povo, n. 100, p. 420).

Identifica e condena o fato de que esse jornal vivia do interesse que

uma parte do público tem sobre “as impressões fortes e grotescas, os

estrondos do escândalo, as emoções marcadas pelas malignidade” (O Povo, n.

101, p. 424). Como referimos, a prática da calúnia e da difamação eram

comuns no jornalismo da época:

O Sete de Abril viveu do escândalo e para o escândalo. O

Ministro dominante do Gabinete de Setembro não reparou em pôr este meio no números das molas de sua política, Liberdade ilimitada para a imprensa!, clamava ele, todas as vezes que as vítimas do Sete de Abril se queixavam; o que queria significar em outros termos: em vez de carregar o odioso de uma legislação, aliás, impotente e ilusória, nós, Ministros da coroa, obrigados a oferecer todos os exemplos de justiça e moderação, preferimos mandar rasgar por escritores anônimos o véu sagrado da vida privada de quantos se opuserem às nossas medidas e censuram a nossa administração, cobri-los de doestos e torpes injúrias a fim de assim aterrar as almas menos firmes, que não tem coragem de arrostar a irrisão e a calúnia à face do público (O Povo, n. 101, p. 424).

Mesmo assim, de certa forma O Povo lamenta realmente o fim do

opositor, pois “a imprensa ministerial na capital está reduzida a sua expressão

mais simples, isto é, ao Jornal escrito pelo Redator do Correio Oficial” (O Povo,

n. 101, p. 424), destacando a importância do embate para a circulação de

idéias naquela época.

183

Para finalizar, destacamos um trecho d’O Nacional, de Montevidéu,

reproduzido pel’O Povo, que fala da falência da revolta armada frente o desafio

de construir uma nova Nação, frente a paz, destacando a dificuldade em fazer

emergir novos sentidos em uma sociedade:

[...] a glória militar e a sociabilidade proclamada, e derrubados

os Vice Reis, ficaram os caudilhos, os ambiciosos, os gaúchos, homens todos que tinham pelejado por prazer, e em quem o sentimento de liberdade, e a independência não era o móvel soberano e exclusivo.

A anarquia foi a conseqüência, posto que a mudança só fosse nos nomes, e nos homens: sem amos estrangeiros, sem inimigos que combater, ocupamo-nos em escravizar-nos a nos mesmos.

[...] Temo-nos declarado iguais perante a lei, e perante que lei? Leis, costumes, tendências, tudo está em anarquia; se o

espírito individual quiser lançar-se em um mundo que imagina melhor, o espírito social lhe cai, como uma atmosfera de ferro o oprime, e o destrói. Se o jugo das preocupações é demasiadamente pesado para alguns, o da opinião é contudo mais temível, porque encontra apoio no que forma a consciência, o gosto, a vida da sociedade. Assim o homem e a sociedade estão em luta declarada, o coração e a cabeça, o atraso e o progresso, os elementos todos da idade feudal, em que nos deixou a Espanha (O Povo, n. 29, p. 116).

A dificuldade de vencer a batalha simbólica do cotidiano, mesmo que

precedida ou acompanhada de algumas vitórias armadas, também se fez

presente na longínqua República Rio-Grandense, e foi detectada pelos líderes

rebeldes. Nesse sentido, entendemos que O Povo, através de nossa

perspectiva teórica, apresentou-se como um meio de comunicação, um

eminente mediador de subjetividades, tensionando, questionando e reforçando

alguns dos significados partilhados na sociedade da época.

CONCLUSÃO

O jornal O Povo foi um periódico representativo da explosão da

palavra pública ocorrida durante o período regencial brasileiro. Em um tempo

em que o debate político era a tônica da imprensa, o periódico oficial da

República Rio-Grandense colocou seus ideais de forma veemente, porém, o

marcado viés ideológico não podou sua representatividade enquanto meio de

comunicação, ou seja, O Povo desempenhou um papel de mediador das

subjetividades na realidade cotidiana. Nossa análise demonstrou que suas

páginas estão encharcadas de “consciência do presente e, portanto, da

consciência da universalidade refletida” (BARBOSA E RIBEIRO, 2005, p. 3).

O entendimento da importante relação entre a consciência e a

construção de significados socialmente partilhados foi a linha-guia de nossa

pesquisa. Para acessar os vestígios dessa relação nas páginas do jornal O

Povo, utilizamos como aporte teórico a Sociologia Fenomenológica de Alfred

Schutz aplicada à Comunicação e a Análise do Discurso, tal como proposta por

Patrick Charaudeau.

A estrutura da dissertação, em quatro capítulos, partiu dos objetivos

de pesquisa. No capítulo 1, procuramos resgatar o clima de agitação política do

período regencial, um momento de crise do absolutismo, onde as noções de

liberdade e de felicidade nacional foram constantemente questionadas,

especialmente através das páginas dos jornais. Buscamos também articular

alguns conceitos que da Comunicação e da História, a fim de embasar um

185

olhar abrangente sobre nosso objeto, entendendo que, tanto o discurso

jornalístico quanto o histórico são feitos de palavras para crer (PESAVENTO,

2006), no sentido de constituírem narrativas que querem, sob uma série de

circunstâncias, referir o real. Assim, pretendemos construir um olhar que

percebeu o jornal O Povo em sua dimensão cultural, e não apenas como uma

fonte da verdade ou reflexo de uma infra-estrutura sócio-econômica.

No capítulo 2, centramos nossa atenção na contextualização

regional, procurando destacar, tendo em vista o referencial teórico escolhido,

elementos do cotidiano da República Rio-Grandense que proporcionassem um

quadro mais detalhado do momento em que o periódico O Povo circulava. A

Revolução Farroupilha é tema de vasta bibliografia e mesmo assim, sofre

constantes revisões por parte dos historiadores, dada a sua importância na

formação do caráter regional do Estado do Rio Grande do Sul. Por esse

motivo, procuramos detalhar alguns aspectos da produção historiográfica sobre

o tema, a fim de situar o leitor entre as diferentes abordagens utilizadas no

estudo da Revolução Farroupilha. A partir desse panorama, destacamos a

produção de historiadores contemporâneos não-filiados à perspectiva

tradicionalista (ou ao seu combate declarado): Sandra Pesavento (1985 e

1997), Moacyr Flores (1989, 1990, 2000, 2002 e 2008) e Ieda Gutfreind (1998),

sem deixar de lado o consagrado História da grande revolução, obra em seis

volumes publicada em 1933 pelo historiador Alfredo Varela e que ainda hoje é

considerada obra essencial para o estudo do conflito; além do acessível

História da República Rio-Grandense (1936), de Dante de Laytano.

O capítulo 3 trouxe a exposição dos referenciais teóricos em si: a

Sociologia Fenomenológica, de Alfred Schutz, aplicada ao terreno da

Comunicação por Correia (2005), e a Análise do Discurso de Patrick

Charaudeau, em sua teoria da enunciação voltada ao discurso das mídias.

Nesta etapa, ficou explicitada a visão de que os meios de comunicação são

importantes tanto na definição das relevâncias (os temas que aparecem na

agenda pública) como também para a consolidação ou o questionamento dos

significados partilhados socialmente, os saberes generalizados que dão sentido

à vida cotidiana que Schutz chamou de tipificações. A técnica para acessar

esses significados foi a Análise do Discurso que, na proposta de Charaudeau

(2008), coloca os discursos em uma situação de comunicação: um ato inter-

186

enunciativo entre 4 sujeitos, onde estão presentes e interagem determinados

contratos, estratégias, expectativas e suposições, além do contexto real e dos

ideais de comunicação.

Articulando esses 3 primeiros capítulos com nosso objeto de estudo,

os 160 números do jornal O Povo, chegamos à análise propriamente dita. O

primeiro passo foi realizar uma tabela (reproduzida no Apêndice A) que

oferecesse um panorama geral da publicação, destacando particularidades

discursivas e indicando os temas relevantes e as tipificações evidentes nas

páginas do jornal.

Vimos, através da análise do dispositivo d’O Povo, que elementos

como o nome do jornal, os títulos, os cabeçalhos, as citações, além da prática

de estender a publicação de um mesmo texto por diversos números, revelam

particularidades da construção dos periódicos brasileiros da primeira metade

do século XIX. A perspectiva de uma leitura linear fica clara na intenção de que

os números do jornal, reunidos, formassem uma coleção, ao contrário da

imprensa contemporânea, em que cada edição pode ser analisada de forma

autônoma. Os títulos presentes n’O Povo (como Ofício, Correspondência,

Anúncio, Decreto, Interior, Exterior) enquadram-se no que Mouillaud (2002)

chama de título-assunto, que corresponderiam na atualidade, em largo, às

editorias. Não há legendas, chamadas ou lide. Para saber sobre qual assunto

os textos versam, é preciso ler a matéria em sua totalidade. Era comum a

prática da publicação de artigos de outros jornais, de orientação políticas afins

ou diversas, acompanhadas ou não de comentários da redação, separados por

um fio, com aspas ou em notas de rodapé.

A multiplicidade de fontes e citações nas páginas do jornal O Povo é

evidente, tornando essencial ao pesquisador entender a variedade sujeitos

presentes na situação de comunicação (CHARAUDEAU, 2008). Um dos

aspectos mais evidentes é a máscara enunciativa do Governo da República

Rio-Grandense. Domingos José de Almeida, Ministro da Fazenda e participante

ativo da produção do jornal, afirmou: “O jornal é do governo e precisa parecer

que tudo sai de seu laboratório” (BONES, 1996, p. 77). Fica claro que todos os

enunciados presentes n’O Povo, mesmo as reproduções de textos de jornais

opositores precisam ser vistas, na situação de comunicação, com marcas da

intencionalidade do sujeito enunciador. Mesmo assim, através da própria fala

187

da redação (marcada pelo uso da primeira pessoa do plural), das

correspondências dos leitores e da reação dos periódicos concorrentes, é

possível perceber que o discurso d’O Povo, marcado pelo ideal republicano,

produz também efeitos diferentes daqueles supostos pelo Governo da

República Rio-Grandense.

Nesse sentido, o jornal atuou como um elemento no âmbito da

sociabilidade, em um momento de crise, quando os significados partilhados até

então eram freqüentemente questionados. O Povo buscou apresentar um

conhecimento republicano e liberal como alternativa à realidade que estava, até

então a cargo do Império brasileiro, tensionando muitas das tipificações

presentes na vida cotidiana dos sul-rio-grandenses. As questões que

embasavam a revolta diziam respeito a problemas de ordem infra-estrutural,

administrativa, judiciária, financeira, militar e, muito importante, a injúria à honra

dos rio-grandenses. A corrupção e o descumprimento de leis eram temas

constantes nas críticas ao Império. O discurso contrapunha repetidamente os

valores: liberdade X tirania, luzes X ignorância, legalidade X anarquia,

brasileiros X europeus.

Destacamos em nossa análise os temas que consideramos mais

relevantes e as tipificações utilizadas para sua abordagem nas páginas do

jornal. Começamos com o destaque dado à identificação do movimento

republicano rio-grandense com os processos de independência na América: no

discurso d’O Povo, o verdadeiro brasileiro era americano e não europeu, o que

fomentou um intenso anti-lusitanismo. Discursivamente, sobressai o uso

repetido de adjetivos na caracterização dos inimigos. A troca de insultos

através dos jornais era prática comum, o que nos possibilitou elencar as

ofensas mais comuns e verificar as generalizações que os republicanos rio-

grandenses construíam a respeito dos legalistas: galegos rudes, ignorantes,

déspotas, tiranos, ladrões, etc. Por sua vez, os republicanos eram ironizados e

a autoridade da República era questionada e desqualificada pelos imperiais,

que apelidaram a pretensa nova Nação de “República de Pilha-tinim”.

A questão da legalidade mostrou-se muito importante. Farroupilhas e

imperiais acusavam-se mutuamente de quebrar acordos, descumprir leis,

roubar, matar, violentar. O pensamento liberal republicano, principalmente

através da noção de contrato social de John Locke, fundamentava o restauro

188

da liberdade dos sul-rio-grandenses no momento em que o Império brasileiro

ultrapassasse a barreira entre uma administração centralizada e um governo

tirânico. No entendimento dos farrapos, a tirania estava configurada e o seu

direito à liberdade primitiva, portanto, restaurado.

A importância dos símbolos revolucionários fica evidente nas

páginas d’O Povo, que publicou os decretos que orientavam o uso do tope

nacional e também a determinação das cores da bandeira da efêmera

República Juliana. Os textos também deram acesso aos juramentos, a uma

versão do hino nacional da República Rio-Grandense e também às

comemorações cívicas estimuladas pelo Governo.

Questões relativas à família e ao papel social das mulheres também

foram debatidas no periódico oficial dos republicanos. Mesmo não sendo

consideradas cidadãs e, portanto, sem direito a voto, percebe-se pelos textos

uma tentativa de elevação do lugar feminino na sociedade. Antes consideradas

frívolas e levianas, as mulheres, também pela situação bélica, são chamadas a

participar mais ativamente das decisões familiares e até mesmo a tomar frente

nos negócios durante a ausência dos maridos, por ocasião da guerra.

A abordagem torna-se mais complexa quando trata da escravidão. A

palavra é utilizada em dois contextos diferentes: na situação dos cidadãos sul-

rio-grandenses em relação ao Império e na escravidão propriamente dita, dos

negros. A escravidão era um valor pejorativo, mas a prática escravista não foi

questionada ou modificada, como é possível perceber, inclusive, pelos diversos

anúncios que ofertavam recompensa pela captura de escravos fugidios. Um

dos princípios mais eminentes da doutrina liberal era a preservação da

propriedade privada. Nesse contexto, os escravos eram bens inalienáveis que

serviram tanto como moeda de troca para financiar a guerra quanto como

massa de manobra nas fileiras republicanas. Não podemos deixar de destacar

que os textos d’O Povo mostram que o tráfico e a entrada de novos escravos

no território brasileiro, além de crimes, eram atitudes moralmente condenáveis.

O último tema que destacamos como relevante foi a projeção do

futuro da Nação republicana, expressa em diversos textos de doutrina

traduzidos e/ou reproduzidos nas páginas d’O Povo. Neles eram discutidos

assuntos como o sistema educacional público, o sistema prisional, o papel da

religião na sociedade, e até mesmo dicas para o cultivo de trigo e batata.

189

Textos de cunho moral, versando sobre amizade, família, higiene, felicidade,

caridade também não ficaram de fora do debate no periódico oficial dos

republicanos rio-grandenses.

Discutidas as relevâncias e tipificações, concluímos nossa análise

discutindo o papel d’O Povo como meio de comunicação. Entendemos que o

discurso do jornal com a opinião pública não se deu de forma verticalizada,

como um discurso jurídico (com valor de sanção) ou religioso (com valor de

consagração). Apesar de definir claramente seu posicionamento ideológico, é

preciso levar em conta a posição d’O Povo em um hiato do poder: ao mesmo

tempo que representava um governo centralizado, lutava contra um inimigo

bastante poderoso: o Império brasileiro, que jamais reconheceu a legitimidade

da República. Assim, foi obrigado, em suas páginas, a cruzar seus significados

com os do inimigo, colocando-se contra o poder e a manipulação e deixando

ao “leitor imparcial” o juízo sobre os fatos.

O sistema de relevâncias que determinou o conteúdo publicado n’O

Povo foi influenciado por uma gama de fatores bem maior do que as

pretensões do Governo: configurou-se pelo conjunto das necessidades

ministeriais, da propaganda política, da contingência de desmentir os inimigos,

das manifestações dos leitores, da perspectiva educacional atribuída ao

periódico. Assim, vemos que a clara tomada de posição do jornal não diluiu seu

papel como mediador das intersubjetividades, e nem evitou seu choque com

significados dissonantes. O Povo revela, ainda, que a idealização do bom

jornalismo, como incorruptível, livre e independente já era um valor importante,

mas a prática carecia, evidentemente, de princípios éticos e da noção do

jornalista como repórter, um apurador dos fatos.

Assim, acreditamos atingir na totalidade nossos objetivos de

pesquisa, relacionando O Povo ao seu dispositivo (MOUILLAUD, 2005),

entendendo-o na situação de comunicação proposta por Charaudeau (2006 e

2008), e, finalmente, discutindo alguns dos temas relevantes que aparecem em

suas páginas e que dão a ler as tipificações características da província de

significados (SCHUTZ, 1979, e CORREIA, 2005) do Governo da República

Rio-Grandense. Nesse sentido, procuramos oferecer alguma contribuição ao

estudo dos periódicos da primeira metade do século XIX. Ressaltamos,

também, a importância de iniciativas como a do então Museu e Arquivo

190

Histórico do Rio Grande do Sul que, ao publicar a reprodução fac-similada do

jornal O Povo, em 1930, facilitou o acesso dos pesquisadores a esse

importante material. Temos a intenção de editar e publicar, em formato

eletrônico, a tabela produzida neste trabalho que especifica, edição a edição,

os textos publicados pelo primeiro periódico oficial da República Rio-

Grandense.

Vemos que O Povo, como meio de comunicação, cumpriu sua

função de mediador das subjetividades, revelando a atitude natural da

República Rio-Grandense, tornando aparentes e tensionando as relevâncias e

tipificações de uma sociedade em crise, e que percebeu a importância do uso,

não só da lança, mas da prensa, em busca de seus ideais.

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APÊNDICE A – TABELA DO JORNAL O POVO

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ça” (

farr

apos

) X “v

iolê

ncia

” (Im

pério

) C

obra

um

a ad

min

istra

ção

“sáb

ia e

pat

erna

l” G

over

no im

peria

l os

subm

eteu

à “m

ais

abje

ta e

scra

vidã

o”

7

Inte

rior

Pub

licaç

ão d

e du

as c

arta

s, c

om

vers

ões

dife

rent

es, p

ara

ques

tões

de

com

bate

, um

a do

Cel

. do

Impé

rio

Filip

pe N

eri d

’Oliv

eira

e o

utra

do

Gen

eral

revo

luci

onár

io F

rutu

oso

Riv

era

Sim

, car

tas

assi

nada

s R

elaç

ões

de d

esco

nfia

nça

com

o P

rata

(c

onfli

to, h

eter

otip

ifica

ções

) P

ublic

a as

car

tas

sem

alte

rar s

ua li

ngua

gem

(1ª p

esso

a do

si

ngul

ar) e

as

intro

duz

com

um

par

ágra

fo q

ue ir

oniz

a a

escr

ita d

e Fi

llipe

Ner

i N

o te

xto

do g

ener

al u

rugu

aio,

adv

erte

que

a c

arta

foi t

radu

zida

do

esp

anho

l. C

omen

tário

(1ª p

lura

l) qu

e ch

ama

a in

terp

reta

ção

do le

itor

8

Ext

erio

r (R

io d

e Ja

neiro

/ C

âmar

a do

s de

puta

dos)

– C

omen

ta a

im

poss

ibilid

ade

da a

firm

ação

de

um

acor

do c

omer

cial

ent

re o

Impé

rio e

o

Uru

guai

, que

env

olvi

a pa

rte d

o te

rritó

rio d

a R

epúb

lica

Não

E

m re

laçã

o ao

Min

istro

do

Impé

rio: a

firm

a qu

e há

ent

re

os ri

o-gr

ande

nses

e p

latin

os “i

dent

idad

e de

prin

cípi

os e

in

tere

sses

”, al

ém d

e “u

nifo

rmid

ade

de c

ostu

mes

”.

1ª p

esso

a do

plu

ral

Impé

rio: t

irani

a co

m c

apa

hipó

crita

de

Lega

lidad

e

8

Bah

ia

(den

tro d

e “E

xter

ior”)

– C

omen

tário

s so

bre

o fim

da

Sab

inad

a N

ão

Tend

ênci

a re

volu

cion

ária

da

Am

éric

a eq

uino

cial

; C

ita c

omo

exem

plo

de d

ecad

ênci

a da

mon

arqu

ia C

arlo

s X

, da

Fran

ça, e

Ped

ro I,

no

Bra

sil

Tira

nia.

O p

ovo

que

se re

volta

não

vol

ta a

ser

“esc

ravo

” “In

fam

e fa

cção

Luz

itana

que

inva

de a

terr

a de

Ver

a C

ruz”

03 P

iratin

i, sa

b, 8

set

183

8

9-10

M

anife

sto

par

te. R

ecla

ma

da e

spol

iaçã

o do

R

io G

rand

e em

favo

r de

outra

s pr

ovín

cias

. Afir

ma

que

a pr

ovín

cia

gera

ab

unda

ntes

recu

rsos

, mas

é s

angr

ada

pelo

Impé

rio. P

ovo

altiv

o e

mar

cial

.

Do

pres

iden

te d

a R

epúb

lica

Rio

-G

rand

ense

em

nom

e de

seu

s C

onst

ituin

tes

Rio

-Gra

nde

sem

pre

“pro

nto”

e “g

ener

oso”

, ced

endo

aos

pe

dido

s do

Impé

rio

Rio

-Gra

nde

sust

ento

u a

rique

za d

o Im

pério

enq

uant

o pe

reci

a na

mis

éria

: ren

únci

a à

honr

a, h

umilh

ação

. Um

a po

lític

a le

al e

ben

éfic

a se

ria a

sol

ução

, e o

Impé

rio

pode

ria c

ontin

uar a

tira

r van

tage

m d

a pr

ovín

cia

“Car

áter

alti

vo e

mar

cial

” dos

rio-

gran

dens

es

Hos

pita

lidad

e rio

-gra

nden

se u

nive

rsal

men

te c

onhe

cida

Indi

ca “C

ontin

uaçã

o do

núm

ero

ante

cede

nte”

O

text

o co

meç

a di

reto

, não

reto

ma

o nº

ant

erio

r “P

ortu

gues

es in

grat

os”

“Esc

ravi

zar-

nos”

“T

eve

arro

jo e

ste

noss

o in

sign

e op

ress

or d

e er

igir-

se L

egis

lado

r; as

sum

e at

ribui

ções

Sob

eran

as e

dis

põe

dos

dinh

eiro

s da

fa

zend

a pú

blic

a, d

o m

esm

o m

odo

que

atac

ava

noss

a ho

nra,

se

gura

nça

e lib

erda

de”

para

just

ifica

r o a

silo

a re

fugi

ados

da

Band

a O

rient

al.

Com

bate

a a

cusa

ção

de s

epar

atis

ta (“

delír

io”)

Mor

te

polít

ica

do Im

pério

Súd

ito p

ortu

guês

X C

idad

ão /

Estra

ngei

ros

11

P

orto

Ale

gre

Des

men

te u

ma

Ord

em d

o D

ia d

o en

tão

pres

iden

te d

a pr

ovín

cia

do R

S, A

nton

io

Eliz

eario

de

Mira

nda

e B

ritto

, que

re

lata

va u

ma

vitó

ria d

o ex

érci

to

impe

rial s

obre

os

rebe

ldes

em

Tap

es,

incl

uind

o o

roub

o de

um

a ar

ma

Ord

em d

o D

ia:

Eliz

eario

de

Mira

nda

e B

ritto

. Ver

são

farra

pa: C

oman

dant

e do

Dis

trito

de

Cam

aquã

Pap

el d

a im

pren

sa: d

esm

entir

os

adve

rsár

ios

Exi

stên

cia

de m

erca

do d

e co

ntra

band

o

Líci

to x

ilíc

ito: “

Um

ass

assí

nio

a nó

s re

beld

es s

eria

líci

to,

poré

m n

ão h

á co

mo

escu

sá-lo

num

Gov

erno

circ

unda

do

de fo

rça

e le

gal.

O G

over

no d

o 2º

Ped

ro c

oloc

ou-s

e en

tão

onde

nun

ca e

stiv

emos

, ape

sar d

as c

alún

ias

cont

ra

nós

lanç

adas

pel

o jo

rnal

ism

o po

r ele

ass

alar

iado

” (p.

12)

Rep

rodu

z a

Ord

em d

o D

ia d

e E

lizea

rio (d

e 21

de

julh

o) e

em

te

xto

sepa

rado

apr

esen

ta a

ver

são

dos

fato

s do

s fa

rrapo

s,

cita

ndo

com

o fo

nte

o re

lato

do

Com

anda

nte

do D

istri

to d

e C

amaq

Cita

“um

Mul

ato”

e “u

m p

reto

” Le

itura

dos

jorn

ais

cont

empo

râne

os: a

ord

em fo

i pub

licad

a pe

lo

Cam

peão

da

Lega

lidad

e nº

151

12

Dua

s pa

lavr

as a

o pa

rlam

enta

r – C

idad

ão

– D

espe

rtado

r &

Text

o so

bre

a in

evita

bilid

ade

da

Rep

úblic

a fre

nte

ao n

ovos

tem

pos

e a

tirar

ia d

o si

stem

a m

onár

quic

o

Não

Ti

rani

a. C

onte

xto

repu

blic

ano:

“A re

volu

ção

de 7

de

abril

o cu

mpr

iu a

s su

as p

rom

essa

s. D

erru

bou

o tir

ano,

mas

fic

ou a

tira

nia.

(...)

Lib

erda

de c

om c

orte

jo d

e re

is e

de

nobr

eza

já n

ão é

da

esta

ção;

e a

mud

ança

é re

clam

ada

pela

s ci

rcun

stân

cias

, pel

as c

ivili

zaçã

o, p

ela

ciên

cia

e pe

las

arte

s”

Uso

do

impe

rativ

o: “n

ão v

os d

eixe

is s

eduz

ir po

r um

fals

o am

or à

P

átria

12

B

ahia

N

otíc

ias

da re

pres

são

impo

sta

pelo

Im

pério

aos

rebe

ldes

da

Sabi

nada

e

com

entá

rios

sobr

e a

certe

za d

e qu

e a

revo

luçã

o nã

o pe

rece

rá n

o R

S

Não

G

rand

e vi

olên

cia

e re

pres

são

do Im

pério

diz

imou

os

rebe

ldes

na

Bah

ia, e

pro

met

e o

mes

mo

no S

ul. C

om a

am

eaça

, os

farra

pos

tam

bém

sob

em o

tom

do

disc

urso

Ling

uage

m v

irule

nta

04 P

iratin

i, qu

a. 1

2 se

t. 18

38

13

-15

M

anife

sto

3ª p

arte

. Crit

ica

as le

is d

e cr

iaçã

o de

um

cor

po p

olic

ial d

e im

post

o so

bre

terr

as. R

efer

e-se

a b

atal

ha d

a Ilh

a do

Fa

nfa,

ond

e B

ento

Gon

çalv

es fo

i ap

risio

nado

e 1

20 fa

rrapo

s m

orre

ram

Ass

inad

o po

r Be

nto

Gon

çalv

es e

por

D

omin

gos

José

de

Alm

eida

Impr

ensa

lega

lista

man

ipul

a a

opin

ião

públ

ica

e de

stró

i re

puta

ções

ilib

adas

. A ú

nica

sal

vaçã

o é

a in

depe

ndên

cia

polít

ica

e o

sist

ema

repu

blic

ano

“tend

o de

opt

ar e

ntre

a li

berd

ade

e os

ferr

os, e

ntre

a

escr

avid

ão e

a m

orte

, abr

açar

am a

gue

rra c

om to

das

as

suas

con

seqü

ênci

as” (

p.14

) “V

imos

roto

s os

liam

es d

a so

ciab

ilidad

e, v

iola

das

toda

s as

sua

s le

is, e

ntro

niza

da a

vio

lênc

ia, c

oroa

do o

del

ito, e

a

virtu

de n

os fe

rros

” (p.

15)

Info

rma

que

é co

ntin

uaçã

o do

núm

ero

ante

cede

nte

“Esc

avid

ão” (

4 xs

) Im

agem

lite

rária

: bar

rete

de

Ges

sler

P

átria

= B

rasi

l / “P

atrio

tas

Rio

-Gra

nden

ses”

“d

esum

anos

Por

tugu

eses

15

S

anta

Cat

arin

a R

elat

a a

reaç

ão d

o Im

pério

sob

re a

ag

itaçã

o em

Lag

es

Não

“O

rum

or d

e um

can

hão

não

com

anda

a o

pini

ão”(

p.15

) 1ª

pes

soa

do p

lura

l Im

pério

: “m

onst

ro”

Rio

de

Jane

iro -

Pon

to

salie

nte

da H

istó

ria d

a Le

gisl

atur

a B

rasi

leira

.

Con

ta a

pro

post

a de

lei f

eita

em

182

3 pe

lo d

eput

ado

pern

ambu

cano

Fr

anci

sco

Mon

iz T

avar

es (p

rimei

ro

bras

ileiro

a u

sar d

a pa

lavr

a no

P

arla

men

to, e

m 3

0 de

ago

sto

de

1821

), qu

e su

geria

dis

tingu

ir os

po

rtugu

eses

afe

tos

e de

safe

tos

da

caus

a da

inde

pend

ênci

a

Não

A

travé

s do

resg

ate

hist

óric

o de

mov

imen

taçõ

es p

olíti

cas

na o

casi

ão d

a in

depe

ndên

cia,

pro

cura

com

prov

ar q

ue

Por

tuga

l nun

ca q

uis

abrir

mão

do

Bra

sil:

“Ele

[ref

ere-

se a

D. P

edro

I] n

unca

per

deu

de v

ista

aqu

ele

seu

secr

eto

proj

eto:

os

portu

gues

es (h

onro

sa e

xceç

ão

feita

) nun

ca re

nunc

iara

m a

sua

pre

tens

ão s

obre

a te

rra

de Á

lvar

es”

O m

esm

o de

puta

do q

ue d

efen

deu

a pr

opos

ta d

e le

i no

pass

ado,

ago

ra e

stav

a lig

ado

a um

min

isté

rio d

o pa

rtido

po

rtugu

ês

Rep

rodu

z fa

la d

o de

puta

do A

ndra

da M

acha

do, u

tiliz

ando

-a p

ara

emba

sar o

com

entá

rio (n

a 1ª

pes

soa

do p

lura

l)

Not

ícia

G

arib

aldi

, no

dia

4 do

mês

cor

rent

e,

apris

iono

u a

sum

aca

impe

rial M

inei

ra

Não

Ling

uage

m d

ireta

Mor

al

Peq

ueno

text

o so

bre

a vo

ntad

e de

D

eus

e o

dese

jo re

volu

cion

ário

. A

felic

idad

e de

ve s

er p

rocu

rada

em

terr

a

Não

R

elig

iosi

dade

pes

soa

do p

lura

l

05 P

iratin

i, sa

b. 1

5 se

t. 18

38

17

-18

D

ecre

tos

Cria

ção

de c

orpo

s de

lanc

eiro

s pa

ra a

re

gião

das

Mis

sões

D

esig

naçã

o de

ofic

iais

José

da

Silv

a B

rand

ão, M

inis

tro d

a G

uerr

a

Te

xto

buro

crát

ico

19

In

terio

r A

o co

ntrá

rio d

a pr

eten

são

inic

ial d

o jo

rnal

, que

ser

ia a

pub

licaç

ão d

e ar

tigos

de

dout

rina

e a

educ

ação

dos

C

idad

ãos

no e

spíri

to re

publ

ican

o, o

s fa

tos

obrig

am o

edi

tor a

resp

onde

r ca

lúni

as e

pro

duzi

r des

men

tidos

. O

text

o na

rra

um “a

traiç

oam

ento

” co

met

ido

pelo

líde

r leg

alis

ta F

ranc

isco

P

edro

de

Abr

eu (C

hico

Ped

ro o

u

Não

O

s jo

rnai

s ilu

min

am o

Pov

o qu

e se

vol

ta c

ontra

a ti

rani

a Tr

oca

de p

risio

neiro

s en

tre a

Rep

úblic

a e

o Im

pério

re

vela

cer

to c

ódig

o de

hon

ra e

ntre

as

parte

s; u

m o

ficia

l do

Impé

rio fi

ca p

reso

, mas

o te

xto

faz

ques

tão

de fr

isar

qu

e a

Rep

úblic

a nã

o di

spen

sará

a e

le o

mes

mo

trata

men

to c

ruel

que

é d

ado

aos

rebe

ldes

nas

pris

ões

do

Impé

rio

Gue

rra “e

m c

ampo

e g

ener

osa”

Mor

ingu

e) n

a co

mbi

naçã

o de

troc

a de

do

is p

reso

s en

tre im

peria

is e

rebe

ldes

20

O P

ovo!

O P

ovo!

Te

xto

do J

ovem

Itál

ia q

ue a

pont

a a

igno

rânc

ia d

o po

vo c

omo

um fa

tor

impo

rtant

e da

não

exi

stên

cia

de u

ma

mai

or li

berd

ade

e su

a su

bjug

ação

aos

de

sman

dos

das

elite

s

C

onsc

iênc

ia d

e ép

oca:

o s

écul

o X

IX le

vant

ou a

ban

deira

re

publ

ican

a O

de a

o pe

nsam

ento

libe

ral,

influ

ênci

a de

Loc

ke

O P

ovo

deve

ser

ilus

trado

par

a nã

o se

r gui

ado

pela

s pa

ixõe

s, e

sim

, pel

os s

eus

verd

adei

ros

inte

ress

es,

dist

ingu

indo

o b

em d

o m

al

Fim

dos

priv

ilégi

os d

a ar

isto

crac

ia

Os

defe

itos

do P

ovo

se a

com

odam

mel

hor c

om a

m

onar

quia

Jove

m It

ália

U

sa u

ma

nota

de

pé d

e pá

gina

(*)

Igno

rânc

ia, c

redu

lidad

e, p

aixã

o “E

stam

os c

onve

ncid

os q

ue n

ão to

dos

os n

osso

s le

itore

s se

rão

desc

onfo

rmes

de

noss

a op

iniã

o”

1ª p

esso

al p

lura

l “C

ontin

ua-s

e”

06 P

iratin

i, qu

a. 1

9 se

t. 18

38

21

R

elaç

ão

Dos

Ofic

iais

dos

dife

rent

es c

orpo

s de

Lin

ha d

o ex

érci

to re

publ

ican

o Jo

sé d

a S

ilva

Bra

ndão

, Min

istro

da

Gue

rra

Te

xto

buro

crát

ico

22

-24

P

ara

o gl

orio

so d

ia 2

0 de

set

embr

o C

eleb

raçã

o do

terc

eiro

ani

vers

ário

da

inde

pend

ênci

a. F

ala

da im

pren

sa, d

os

“esf

arra

pado

s” e

do

resp

eito

à

prop

rieda

de

Não

G

uerr

a fo

i res

ulta

do d

e um

“abu

so” p

or p

arte

do

gove

rno

impe

rial

Difi

culd

ade

de c

omun

icaç

ão c

om p

ossí

veis

alia

dos:

“im

pren

sa p

rost

ituíd

a ao

pod

er” (

p.23

) Im

portâ

ncia

de

defe

nder

a le

galid

ade

e lic

itude

do

mov

imen

to re

volu

cion

ário

M

elho

ra d

as c

ondi

ções

de

vida

: com

érci

o, fi

nanç

as,

just

iça,

exé

rcito

, seg

uran

ça

Impé

rio: F

ratri

cida

Li

berd

ade,

Inde

pend

ênci

a 1ª

pes

soal

plu

ral

“Igno

min

iosa

con

diçã

o de

col

onos

” “e

scra

viza

r” “E

stáv

amos

nus

, des

calç

os, v

erda

deira

men

te e

sfar

rapa

dos”

(p

.23)

P

átria

, Naç

ão

24

O

Pov

o! O

Pov

o O

pov

o de

ve e

xerc

er s

uas

virtu

des,

am

plia

r sua

libe

rdad

e. F

ala

da

expl

oraç

ão d

o br

aço

do p

ovo

em n

ome

de re

volu

ções

que

dep

ois

os

esqu

ecem

. Fal

a da

que

stão

da

mul

her

(“m

ártir

da

soci

edad

e”)

Não

“N

ós q

ue s

omos

alg

uma

cous

a al

ém d

o P

ovo”

: dev

er d

os

dirig

ente

s do

mov

imen

to d

e ed

ucar

o p

ovo

Todo

s tê

m d

ireito

de

parti

cipa

r do

bem

com

um

Mul

her:

“E a

mul

her,

esta

met

ade

do g

êner

o hu

man

o, a

m

ãe d

e no

ssos

filh

os e

de

nós

mes

mos

, a c

ompa

nhei

ra

inca

nsáv

el d

e no

ssas

des

vent

uras

, e d

elei

te d

e no

ssa

vida

, com

o fo

i tra

tada

? R

eduz

ida

a vi

l esc

rava

; à m

ártir

da

Soc

ieda

de” (

grifo

no

orig

inal

)

“Con

tinua

ção

do n

úmer

o an

tece

dent

e”

“Des

igua

ldad

e ci

vil”

24

O

ficio

D

ocum

ento

con

vida

ndo

o pá

roco

M

igue

l Jus

tino

Gar

cez

Mon

cada

a

cant

ar u

m T

e D

eum

Lau

dam

us e

m

ação

de

graç

as a

o To

do-P

oder

oso,

pe

lo g

lorio

so 2

0 de

set

embr

o

Vic

ente

Luc

as d

e O

livei

ra, P

resi

dent

e da

Câm

ara

Impo

rtânc

ia d

a ig

reja

no

mov

imen

to re

volu

cion

ário

Te

xto

buro

crát

ico

07 P

iratin

i, sa

b. 2

2 se

t. 18

38

25

A

viso

A

os v

erea

dore

s. P

ede

às c

âmar

as

mun

icip

ais

que

indi

quem

Pro

cura

dore

s G

erai

s

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da e

Ben

to

Gon

çalv

es d

a S

ilva

“vis

to n

ão s

er p

ossí

vel a

inda

a c

onvo

caçã

o da

A

ssem

bléi

a C

onst

ituin

te”,

mas

“que

rend

o o

Pre

side

nte

do

Est

ado

dar m

ais

uma

prov

a do

qua

nto

resp

eita

os

prin

cípi

os a

dota

dos”

Edi

ção

com

6 p

ágin

as

Text

o bu

rocr

átic

o

26

-27

O

fício

s S

ão B

orja

reco

nhec

e e

felic

ita o

G

over

no d

a R

epúb

lica.

Dom

ingo

s Jo

de A

lmei

da re

spon

de, c

itand

o al

gum

as

açõe

s do

nov

o go

vern

o, c

omo:

ar

rend

amen

to d

e pr

oprie

dade

s ab

ando

nada

s, a

juda

ao

exér

cito

, ar

mam

ento

de

lanc

hões

, apl

icaç

ões

no

ensi

no p

rimár

io, g

aran

tia d

as le

is d

e lib

erda

de e

pro

prie

dade

. Ofic

io d

e G

arib

aldi

– in

form

a a

apre

ensã

o da

su

mac

a im

peria

l Min

eira

. Neg

ocia

ções

so

bre

a di

visã

o da

car

ga a

pree

ndid

a.

Dis

tribu

ição

da

farin

ha (a

rtigo

es

cass

o). R

elaç

ão d

os p

rodu

tos

apre

endi

dos

na s

umac

a M

inei

ra

José

Gar

ibal

di,

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

Mét

odo

para

div

isão

de

carg

as a

pris

iona

das:

um

terç

o ao

ar

mad

or, u

m te

rço

ao a

pres

ador

e u

m te

rço

ao te

sour

o na

cion

al

Impo

rtânc

ia d

o pr

onto

reem

bols

o de

Gar

ibal

di

Text

os b

uroc

rátic

o

28

P

edra

s B

ranc

as

Um

sol

dado

mer

cená

rio, q

ue lu

ta p

elo

vil m

etal

, não

resi

ste

ao c

idad

ão q

ue

com

bate

pel

a pá

tria

e pe

los

seus

di

reito

s.Te

nent

e C

el. A

gost

inho

A

nton

io d

e M

ello

par

ticip

a ao

Gen

eral

B

ento

Man

oel R

ibei

ro q

ue n

a su

a

A fo

nte

é C

oron

el

Ago

stin

ho A

nton

io d

e M

ello

, ofic

ial f

arra

po

Rev

ela

uma

troca

de

filei

ra e

ntre

os

sold

ados

: “se

is

hom

ens

pass

aram

-se

para

as

noss

as fi

leira

s”

Con

ta h

istó

ria c

omo

se fo

sse

um n

arra

dor,

mas

afir

ma

um

com

prom

isso

atra

vés

da e

nunc

iaçã

o: “n

ossa

s fil

eira

s”

mar

cha

para

San

to Â

ngel

o, d

erro

tou

um g

rupo

de

impe

riais

.

28-

30

A L

egal

idad

e Te

xto

criti

cand

o fe

rozm

ente

o

mov

imen

to d

e le

galid

ade

do Im

pério

. A

pros

perid

ade

naci

onal

con

cent

rada

so

bre

a ca

beça

de

um d

éspo

ta. P

ara

esta

bele

cer e

quilí

brio

e p

az n

a so

cied

ade,

é n

eces

sário

intro

duzi

r um

a no

va o

rdem

de

cois

as h

arm

oniz

ante

co

m a

von

tade

ger

al. I

mpé

rio a

cusa

os

farra

pos

de a

gire

m p

ela

cobi

ça d

a pi

lhag

em e

ani

mos

idad

es p

esso

ais.

O

jorn

al c

ham

a de

“esp

írito

pop

ular

”, de

stru

ição

dos

rest

os fe

udai

s,

impe

rado

res

e re

is s

ão u

surp

açõe

s co

nsag

rada

s. M

ãos

cale

jada

s no

tra

balh

o do

cam

po e

da

cida

de

Não

M

ásca

ra d

a Le

galid

ade,

que

ass

im c

omo

Libe

rdad

e e

Rel

igiã

o se

rvem

de

pret

exto

à ti

rani

a “O

s jo

rnal

ista

s qu

e vo

s fa

lam

de

pode

r e d

e le

is, e

pr

ostit

uem

dep

ois

a pe

na a

que

m m

ais

os p

aga.

” (p.

28)

“O h

omem

é li

vre

e re

spon

sáve

l” (p

.29)

E

scra

vidã

o (2

): si

tuaç

ão d

o B

rasi

l em

rela

ção

a P

ortu

gal

e da

Pro

vínc

ia e

m re

laçã

o ao

Impé

rio:

“Ao

cont

rário

de

ter a

dqui

rido

uma

Pát

ria, n

os v

imos

re

duzi

dos

a um

a P

roví

ncia

trib

utár

ia”

“De

colô

nia

de u

ma

corte

est

rang

eira

eur

opéi

a, to

rnam

o-no

s a

escr

ava

donz

ela

de q

uem

tinh

a se

ass

umid

o o

alto

en

carg

o de

repr

esen

tar-

nos

à fa

ce d

o m

undo

com

o um

a na

ção

de L

ivre

s” (p

.29)

M

onar

quia

: fau

sto

e óc

io, d

ada

a su

a in

com

petê

ncia

em

pr

omov

er a

felic

idad

e do

s ci

dadã

os, e

stes

reto

mam

a

liber

dade

O

gov

erno

est

á em

con

tradi

ção

com

a s

ocie

dade

D

enun

cia

a pa

rtici

paçã

o de

est

rang

eiro

s as

sold

adad

os

pelo

impé

rio n

a gu

erra

[e o

s ita

liano

s?].

Os

com

bate

ntes

do

Impé

rio s

ão e

scra

vos

que

pena

m s

ob a

esp

ada

livre

do

s fa

rrapo

s

Rep

ete

a pa

lavr

a “le

galid

ade”

, res

salta

ndo

que

sob

este

val

or

são

viol

ados

mui

tos

dire

itos

Esc

ravi

dão

Libe

rdad

e, P

átria

X T

irani

a “C

abeç

a co

road

a de

um

dés

pota

” V

assa

lo X

hom

em

Nem

os

Impe

rado

res,

nem

os

Gra

ndes

, nem

os

Rei

s sã

o a

Pátri

a ou

a N

ação

, e s

im o

Pov

o

30

P

orta

ria

Por

seu

s “p

rincí

pios

fila

ntró

pico

s”, e

em

com

emor

ação

ao

3º a

nive

rsár

io d

o 20

de

Set

embr

o, s

olta

m o

s pr

isio

neiro

s fe

itos

na b

atal

ha d

e 30

de

abril

de

1838

, em

Rio

Par

do.

José

da

Silv

a B

rand

ão, M

inis

tro d

a G

uerr

a

“S

atél

ites”

“in

titul

ada

lega

lidad

e”

08 P

iratin

i, qu

a. 2

6 se

t. 18

38

31

D

ecre

to

Em

com

emor

ação

ao

3º a

nive

rsár

io d

a R

evol

ução

, o P

resi

dent

e da

Rep

úblic

a R

io-G

rand

ense

det

erm

ina

a so

ltura

de

todo

s os

pre

sos

de g

uerr

a e

daqu

eles

qu

e se

ach

arem

pro

cess

ados

no

Juíz

o de

Paz

e n

ão ti

vere

m p

arte

que

os

acus

em

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da e

Ben

to

Gon

çalv

es d

a S

ilva

Con

trast

e en

tre o

s at

os b

enev

olen

tes

da R

epúb

lica

Rio

-G

rand

ense

com

os

desm

ando

s e

viol

ênci

a do

Impé

rio

“Hum

anid

ade”

, “fil

antro

pia”

, “lu

zes

do s

écul

o”

Text

o co

m fi

m b

uroc

rátic

o, m

as, m

esm

o as

sim

, bas

tant

e ad

jetiv

ado

e co

ntun

dent

e

31

-33

In

terio

r Tr

ansc

rição

de

corre

spon

dênc

ia q

ue

“vei

o às

mão

s da

reda

ção”

ac

ompa

nhad

a de

com

entá

rios

Fran

cisc

o X

avie

r da

Cun

ha, B

rigad

eiro

le

galis

ta. O

s co

men

tário

s nã

o sã

o as

sina

dos

O a

utor

da

carta

des

erto

u no

com

bate

de

Rio

Par

do, f

ato

pelo

qua

l est

ava

send

o in

vest

igad

o pe

lo C

onse

lho

de

inve

stig

ação

O

s co

men

tário

s zo

mba

m d

a fa

lta d

e le

alda

de n

as fi

leira

s im

peria

is

“res

taur

ador

es d

o be

ija-m

ão e

das

dem

ais

etiq

ueta

s da

s an

tigas

mon

arqu

ias”

Par

ece

trata

r de

uma

carta

priv

ada

que

acab

ou d

esvi

ada

de s

eu

dest

ino.

Com

entá

rios

irôni

cos

e jo

coso

s, ir

oniz

a os

“d

esin

tere

ssad

os le

galis

tas”

A

s re

prod

uçõe

s sã

o in

dica

das

por a

spas

no

com

eço

das

linha

s U

so d

e no

ta d

e ro

dapé

par

a tra

zer u

ma

info

rmaç

ão a

dici

onal

/ “C

ontin

ua-s

e”

33

-34

C

omun

icad

o.

O d

ia 2

0 de

set

embr

o Te

xto

que

com

para

as

atitu

des

do

Impé

rio e

da

Rep

úblic

a so

bre

clem

ênci

a e

just

iça

Não

“G

ênio

Am

eric

ano

Rio

-Gra

nden

se”

Com

para

as

atitu

des

bene

vole

ntes

dos

farra

pos

com

as

dos

crué

is le

galis

tas

(trat

amen

to d

ispe

nsad

o a

ferid

os e

pr

isio

neiro

s e

a fe

ridos

na

guer

ra)

Impo

rtânc

ia d

a Ju

stiç

a im

parc

ial

“Dei

xam

os a

nos

sos

leito

res

as re

flexõ

es e

con

side

raçõ

es s

obre

um

tal j

ulga

men

to” (

p.34

) C

onsi

dera

o le

itor n

o te

xto

34

D

edic

ado

ao m

emor

ável

10

de

set.

de 1

838

Tam

bém

“Ded

icad

o ao

mem

oráv

el D

ia

20 d

e S

etem

bro

de 1

838”

, P

oem

as re

digi

dos

em B

agé,

em

co

mem

oraç

ão à

s im

porta

ntes

dat

as

Não

P

oem

as d

e rim

a po

bre,

em

qua

rteto

s “C

ontin

entin

os”,

“Pat

riota

s” X

esc

ravi

zaçã

o (a

pare

ce e

m a

mbo

s os

poe

mas

) pel

os “e

stra

ngei

ros”

09 P

iratin

i, sa

b. 2

9 se

t. 18

38

35

-36

D

ecre

to

O G

over

no d

a R

epúb

lica

Rio

-G

rand

ense

dec

reta

que

pas

sará

a

ofer

ecer

gar

antia

s e

prot

eção

a

qual

quer

Cor

so q

ue s

e de

stin

ar c

ontra

o

Impé

rio d

o B

rasi

l A

utor

izaç

ão d

e um

em

prés

timo

para

fin

anci

ar a

“gue

rra

defe

nsiv

a”

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da e

Ben

to

Gon

çalv

es d

a S

ilva

36

-In

terio

r (C

ontin

uaçã

o do

núm

ero

ante

cede

nte)

Fr

anci

sco

Xav

ier d

a O

aut

or p

ede

ao a

mig

o de

stin

atár

io d

a ca

rta q

ue c

onsi

ga

Com

entá

rios

irôni

cos

e jo

coso

s: “t

ocar

os

pauz

inho

s” =

ir e

mbo

ra

38

Tran

scriç

ão d

e co

rresp

ondê

ncia

que

“v

eio

às m

ãos

da re

daçã

o”,

acom

panh

ada

de c

omen

tário

s

Cun

ha, B

rigad

eiro

le

galis

ta. O

s co

men

tário

s nã

o sã

o as

sina

dos

docu

men

tos

sobr

e o

teor

da

acus

ação

. E o

com

entá

rio:

“Ent

re n

ós, o

s re

volu

cion

ário

s, o

que

des

eja

o S

r. C

unha

é,

alé

m d

e po

ssív

el, p

rová

vel,

é at

é um

ato

de

rigor

osa

just

iça:

com

um

sim

ples

requ

erim

ento

o c

onse

guiri

a...

Enf

im, a

Leg

alid

ade

tem

seu

s m

isté

rios,

que

é p

reci

so

resp

eita

r” (p

. 36)

– e

ssa

frase

se

repe

te

Farr

apos

são

“am

igos

da

verd

ade

e da

just

iça”

O

s so

ldad

os fa

rrou

pilh

as tê

m g

rava

do n

o co

raçã

o qu

e é

mel

hor m

orre

r lut

ando

do

que

vive

r um

a vi

da “i

nfam

e e

igno

min

iosa

” (p.

37)

/ “o

negó

cio

ficou

mai

s sé

rio” (

p. 3

7)

Brin

ca o

tem

po to

do c

om a

pal

avra

“leg

aliz

ar”,

“lega

lidad

e”,

dest

acad

as e

m it

álic

o B

rinca

cha

man

do d

e “in

tere

ssei

ra” a

esp

osa

do m

arec

hal

Seb

astiã

o B

arre

to P

erei

ra P

into

, que

não

é n

omea

do n

a ca

rta,

mas

tem

o n

ome

com

plet

o ap

rese

ntad

o em

um

a no

ta d

e ro

dapé

38

E

xter

ior

Tran

scriç

ão d

o ju

lgam

ento

de

um ré

u do

mov

imen

to re

publ

ican

o da

Bah

ia

Não

Tran

scriç

ão

Con

tinua

r-se-

10 P

iratin

i, qu

a. 3

out

. 183

8

39-

41

Dec

reto

s D

ecre

tos

com

fins

de

orga

niza

ção

das

desp

esas

de

guer

ra, s

egui

do d

e um

te

xto

sobr

e o

dire

ito d

e pr

oprie

dade

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

Ben

to G

onça

lves

da

Silv

a. O

com

entá

rio

não

é as

sina

do

O d

ireito

de

prop

rieda

de é

sag

rado

E

nqua

nto

Pro

vínc

ia, e

sse

dire

ito n

ão fo

i res

peita

do p

elo

Impé

rio. L

ei d

e su

spen

são

de g

aran

tias

torn

ou le

gal t

odo

o tip

o de

con

fisco

O

gov

erno

dev

e ga

rant

ir a

prop

rieda

de e

a li

berd

ade

41

E

xter

ior /

Per

nam

buco

Tr

ansc

rição

de

text

o do

Diá

rio d

o R

io

de J

anei

ro n

º 152

, que

cop

iam

“por

ser

cu

rioso

”, se

guid

o de

com

entá

rio. C

onta

o

caso

da

cria

ção

de u

ma

seita

no

inte

rior d

e P

erna

mbu

co, o

nde

o líd

er

mat

ou d

iver

sas

pess

oas.

A re

pres

são

ao g

rupo

pel

a G

uard

a N

acio

nal

tam

bém

foi

vio

lent

a, m

atan

do 2

9 pe

ssoa

s.

Diá

rio d

o R

io d

e Ja

neiro

nº 1

52 /

C

omen

tário

não

as

sina

do

Igno

rânc

ia, s

uper

stiç

ão e

fana

tism

o ai

nda

jaze

m n

o B

rasi

l, es

timul

ados

pel

o Im

pério

, o q

ue im

pede

o a

vanç

o do

s id

eais

repu

blic

anos

. Os

Rio

-Gra

nden

ses

são

mai

s cu

ltos

pela

dis

cipl

ina

mili

tar,

cont

ato

com

os

vizi

nhos

, ho

spita

lidad

e, b

oas

rela

ções

de

com

érci

o.

“[...]

com

pas

mo

se o

uve

conv

ersa

r e d

isse

rtar u

m

sim

ples

sol

dado

sob

re p

olíti

ca, s

obre

os

dife

rent

es

Dire

itos

do h

omem

[...]

” (p.

42)

Leitu

ra d

os jo

rnai

s co

ntem

porâ

neos

“C

urio

sida

de” c

omo

crité

rio e

dito

rial,

com

fins

de

anál

ise

1ª p

esso

a pl

ural

11 P

iratin

i, sa

b. 6

out

. 183

8

43

Sem

títu

lo

Con

tinua

ção

do c

omen

tário

do

núm

ero

ante

cede

nte

Não

Li

berd

ade,

Pát

ria, P

rosp

erid

ade

e In

depe

ndên

cia

“Dev

eis

já e

star

per

suad

idos

que

nós

não

som

os u

ns

sim

ples

índi

os d

e ch

arqu

eada

s [..

.] nã

o so

mos

uns

de

sgra

çado

s pa

rasi

tas.

Que

m v

os te

m fe

ito a

gue

rra s

ão

Est

anci

eiro

s ric

os e

a fi

na fl

or d

a m

ocid

ade

Rio

-G

rand

ense

O te

xto

com

eça

dand

o al

gum

a or

ient

ação

ao

leito

r: “F

oi o

resu

ltado

do

noss

o pr

ogre

sso

soci

al, c

omo

deix

amos

dito

no

nos

so n

úmer

o an

terio

r, o

que

nos

impe

liu n

o di

a 20

de

Set

embr

o de

183

5, a

rom

per o

silê

ncio

ver

gonh

oso

[...]”

43

-46

E

xter

ior

Con

tinua

ção

do n

. 9: T

rans

criç

ão d

o ju

lgam

ento

do

réu

Fran

cisc

o S

abin

o A

lves

da

Roc

ha V

ieira

, do

mov

imen

to

repu

blic

ano

da B

ahia

Não

U

so d

e es

crav

os c

omo

forç

a bé

lica

na re

volu

ção

da

Bah

ia

É u

ma

repr

oduç

ão d

o D

iário

do

Rio

de

Jane

iro (s

ó cr

edita

da n

o nº

12)

, que

não

repr

oduz

a fa

la d

o pr

omot

or:

“Sen

timos

mui

to n

ão p

oder

pub

licar

est

a pe

ça im

porta

nte;

e,

com

a im

parc

ialid

ade

próp

ria d

e um

esc

ritor

co

nsci

enci

oso,

dire

mos

que

o D

r. P

rom

otor

é ju

stam

ente

cr

edor

dos

mai

s al

tos

encô

mio

s [..

.]” (p

. 45)

Aqu

i apa

rece

“esc

ravo

” ref

erin

do a

neg

ro

“esc

ravo

mac

ho”,

“bat

alhã

o de

pre

tos”

“id

éias

ban

ais”

C

orta

m a

tran

scriç

ão e

m u

m m

omen

to b

em d

ram

átic

o, o

nde

o ré

u de

scre

ve o

sof

rimen

to d

a pr

isão

. Sus

pens

e so

bre

a se

nten

ça

final

“C

ontin

uar-s

e-há

46

In

terio

r In

terr

ompe

a tr

ansc

rição

e a

ntec

ipa

a no

tícia

de

uma

vitó

ria d

os fa

rrap

os,

deta

lhad

a no

ofic

io lo

go a

baix

o

Não

G

ener

osid

ade

dos

verd

adei

ros

Am

eric

anos

e h

omen

s liv

res

Usa

a fi

gura

lite

rária

de

Ulis

ses

46

O

fício

P

artic

ipa

a de

rrot

a de

lega

lista

s pe

lo

Maj

or J

oaqu

im M

aria

no A

ranh

a B

ento

Man

oel R

ibei

ro

12 P

iratin

i, qu

a. 1

0 ou

t. 18

38

47

D

ecre

to

Dec

reto

de

elev

ação

da

Pov

oaçã

o da

C

apel

a G

rand

e de

Via

mão

par

a a

cate

goria

de

Vila

Set

embr

ina

de

Via

mão

Ben

to G

onça

lves

da

Silv

a e

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

Pro

blem

a de

fron

teira

com

Por

to A

legr

e, S

ão J

osé

do

Nor

te e

San

to A

nton

io d

a P

atru

lha,

que

per

man

ecer

am

fiéis

ao

Impé

rio

48

C

ircul

ar

Det

erm

ina

que

todo

s os

cou

ros

que

fore

m e

ncon

trado

s se

m g

uia

dos

dono

s da

mar

ca s

erão

con

fisca

dos

e ve

ndid

os

P

robl

ema

do c

ontra

band

o e

da m

atan

ça d

e ga

do n

a fro

ntei

ra

48

O

fício

s A

ssun

tos

dive

rsos

: aus

ênci

a de

au

torid

ades

na

front

eira

est

imul

a a

mat

ança

de

gado

na

regi

ão;

Cria

ção

de in

stân

cias

juríd

icas

na

Vila

S

etem

brin

a de

Via

mão

Im

portâ

ncia

da

cria

ção

de in

stân

cias

juríd

icas

, já

que

esta

é

uma

das

mai

ores

recl

amaç

ões

dos

farra

pos

em re

laçã

o ao

Impé

rio

48

-E

xter

ior

Con

tinua

ção

do d

epoi

men

to d

as

Diá

rio d

o R

io d

e U

so d

e es

crav

os n

os c

orpo

s de

bat

alha

E

scra

vos

(neg

ros)

50

test

emun

has

até

a fin

al s

ente

nça

prof

erid

a co

ntra

o c

idad

ão F

ranc

isco

S

abin

o A

lves

da

Roc

ha V

ieira

Jane

iro

Mili

tare

s nã

o go

stam

de

“cas

acas

” O

réu

diz

que

a B

ahia

nun

ca s

e de

slig

ou to

talm

ente

do

Impé

rio p

orqu

e nu

nca

mud

ou d

e ba

ndei

ra n

em d

e ar

mas

In

surg

ente

foi c

onde

nado

a m

orte

13

Pira

tini,

sab.

13

out.

1838

51-

54

Lega

lism

o no

Par

á,

Bah

ia e

Rio

Gra

nde

Com

entá

rio s

obre

a tr

ansc

rição

do

julg

amen

to d

o ré

u Fr

anci

sco

Sab

ino

Alv

es d

a R

ocha

Vie

ira

Não

C

rimes

e b

arba

rism

o X

Lib

erda

de e

civ

ilida

de

Am

eric

ano

Bra

sile

iro: e

spíri

to fo

rmad

o de

idéi

as d

o S

écul

o e

da A

mér

ica

Des

taca

toda

a d

edic

ação

do

Rio

Gra

nde

ao Im

pério

“S

omos

Am

eric

anos

. Nos

sa c

ausa

é A

mer

ican

a” (p

.52)

R

elat

a at

roci

dade

s co

met

idas

pel

os s

olda

dos

da

lega

lidad

e “J

uiz

com

esp

írito

de

ving

ança

” – H

obbe

s A

cusa

o Im

pério

de

sent

ar N

egro

s em

pra

ça

Toda

a e

diçã

o é

dedi

cada

ao

com

entá

rio

Am

eric

anos

X P

ortu

gues

es

Pre

ocup

ação

em

traz

er fa

tos

para

com

prov

ar s

uas

prop

osiç

ões

Cita

Aris

tóte

les

Rep

rodu

z tre

cho

do J

orna

l do

Com

érci

o n.

72, q

ue c

onta

que

ch

efes

da

insu

rrei

ção

baia

na fo

ram

pre

sos

dent

ro d

a ca

sa d

o cô

nsul

fran

cês,

o q

ue é

con

tra a

Lei

; “le

itor i

mpa

rcia

l ver

á”

14 P

iratin

i, sa

b. 1

7 ou

t. 18

38

55

D

ecre

tos

Pro

mov

e B

ento

Man

oel R

ibei

ro a

ge

nera

l P

rom

ove

Dav

id C

anab

arro

a C

oron

el

Pro

mov

e Jo

aqui

m T

eixe

ira N

unes

a

Tene

nte

Cor

onel

do

1º c

orpo

de

lanc

eiro

s D

efin

e in

imig

os d

a pá

tria

aque

les

que

emba

rcam

gên

eros

aos

siti

ados

em

P

orto

Ale

gre

Ben

to G

onça

lves

da

Silv

a / J

osé

da S

ilva

Bra

ndão

Incl

ui e

ntre

os

inim

igos

da

Rep

úblic

a R

io-G

rand

ense

os

senh

ores

de

escr

avos

que

fore

m p

egos

diri

gind

o-se

a

zona

siti

ada

Ofe

rece

per

dão

e ci

dada

nia

a qu

alqu

er d

eser

tor d

as

tropa

s in

imig

as q

ue s

e ap

rese

nte

a um

a au

torid

ade

civi

l ou

milit

ar

Ofe

rece

ani

stia

aos

arr

epen

dido

s de

des

erçã

o da

s fil

eira

s re

publ

ican

as

Esc

ravi

dão

57

O

fício

C

riaçã

o do

s ca

rgos

de

Col

etor

es

Ger

ais

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

“Nom

ear h

omen

s de

con

fianç

a pú

blic

a e

reco

nhec

ida

inte

ireza

par

a ta

is e

mpr

egos

” Fi

ns d

e or

gani

zaçã

o da

arr

ecad

ação

e c

oibi

ção

do

cont

raba

ndo

57

E

xped

ient

e da

S

ecre

taria

da

Faze

nda

Cria

ção

de u

ma

fábr

ica

de E

rva

Mat

e co

m fi

ns d

e ge

rar d

inhe

iro p

ara

finan

ciar

a g

uerr

a O

utra

s de

term

inaç

ões

rela

tivas

à

arre

cada

ção

da R

epúb

lica

Não

S

olic

ita a

rem

essa

de

escr

avos

par

a a

fábr

ica

58

E

xped

ient

e p

ela

Rep

artiç

ão d

a G

uerra

e

da M

arin

ha

Rec

ados

e d

efin

içõe

s di

vers

as

Não

“A

o Ju

iz d

e P

az d

e B

agé,

dev

olve

ndo-

lhe

o pr

eto

que

rem

eteu

sup

ondo

ser

des

erto

r do

1º C

orpo

de

Lanc

eiro

s,

para

pro

cede

r as

nece

ssár

ias

inda

gaçõ

es s

obre

ele

15 P

iratin

i, sa

b. 2

0 ou

t. 18

38

59

D

ecre

to

Rev

oga

a is

ençã

o de

impo

stos

sob

re

as m

erca

doria

s im

porta

das

do E

stad

o O

rient

al, E

ntre

-Rio

s, C

orrie

ntes

e

Bue

nos

Aire

s, p

assa

ndo

a co

brar

10%

so

bre

mer

cado

rias

em g

eral

, 20%

par

a be

bida

s al

coól

icas

e is

ento

par

a ar

mas

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

59

-60

E

xp. d

a S

ec. d

a Fa

zend

a R

ecad

os e

def

iniç

ões

dive

rsas

N

ão

Exp

. pel

a R

epar

tição

da

Gue

rra e

da

Mar

inha

R

ecad

os e

def

iniç

ões

dive

rsas

N

ão

61

-62

R

io d

e Ja

neiro

(C

âmar

a do

s de

puta

dos)

M

anife

staç

ões

de d

eput

ados

da

opos

ição

sob

re e

men

da q

ue c

erce

ia

sua

fala

na

Câm

ara,

pas

sand

o a

resp

onde

r ape

nas

“sim

” ou

“não

Jorn

al d

o C

omér

cio

Com

entá

rio: D

o R

edat

or

“As

mai

oria

s ne

m s

empr

e sã

o as

que

repr

esen

tam

a

mai

oria

da

naçã

o; m

uita

s ve

zes

uma

pequ

ena

min

oria

da

casa

repr

esen

ta a

mai

oria

da

naçã

o”

O c

omen

tário

con

dena

a a

prov

ação

da

emen

da,

cons

ider

ada

mai

s um

a fa

ceta

da

tiran

ia p

ortu

gues

a

Tran

scre

ve fa

las

dos

depu

tado

s e

depo

is c

omen

ta

Der

rota

r o G

igan

te e

urop

eu q

ue te

ntar

esc

ravi

zar q

ualq

uer

porç

ão d

o te

rren

o A

mer

ican

o

16 P

iratin

i, qu

a. 2

4 ou

t. 18

38

63

D

ecre

to

Est

imul

a qu

alqu

er c

idad

ão a

arm

ar

cors

ário

s pa

ra e

nfre

ntar

o Im

pério

Jo

sé d

a S

ilva

Bra

ndão

e B

ento

Fa

la d

a he

ranç

a de

ixad

a po

r um

cid

adão

: gad

o, e

scra

vos

e m

óvei

s

63

-64

E

xp. d

a S

ec. d

a Fa

zend

a R

ecad

os e

def

iniç

ões

dive

rsas

N

ão

Com

unic

a o

extra

vio

de u

ma

mal

a de

pap

éis

pelo

Te

nent

e R

osse

ti de

stin

a um

edi

fício

par

a o

ensi

no p

rimár

io

64

-65

E

xp. p

ela

Rep

artiç

ão d

a G

uerra

e M

arin

ha

Rec

ados

e d

efin

içõe

s di

vers

as

65

E

xp. d

o Tr

ibun

al d

o Te

sour

o P

úblic

o R

ecad

os e

def

iniç

ões

dive

rsas

, lis

ta

doad

ores

de

recu

rsos

par

a o

Exé

rcito

Nac

iona

l R

epub

lican

o

66

O G

over

no P

ater

nal

Tran

scriç

ão d

o jo

rnal

O P

arla

men

tar,

nº 7

4 , d

e 27

de

junh

o de

183

8 O

Par

lam

enta

r C

onsi

dera

inop

ortu

no e

aci

ntos

o um

pom

poso

jant

ar

ofer

ecid

o pe

lo M

inis

tro d

a Ju

stiç

a (V

asco

ncel

los)

, no

jard

im d

a La

goa,

ao

mes

mo

tem

po e

m q

ue v

ária

s pr

ovín

cias

mos

tram

agi

taçã

o e

desc

onte

ntam

ento

Rio

-Gra

nden

ses/

Amer

ican

os X

Luz

itano

s

66

N

otíc

ias

dive

rsas

M

udan

ças

nos

com

ando

s m

ilitar

es d

a “G

aleg

alid

ade”

do

Rio

Gra

nde

N

ão a

ssin

ado

/ “p

esso

a fid

edig

na”

O e

xérc

ito R

io-G

rand

ense

, dev

ido

às g

rand

e ch

uvas

, fic

ou 5

dia

s se

m c

arne

, mas

nen

hum

sol

dado

recl

amou

(a

luta

pel

a lib

erda

de s

uper

a to

das

as d

ificu

ldad

es)

“Gal

egal

idad

e do

Rio

-Gra

nde”

: neo

logi

smo

de g

aleg

o +

lega

lidad

e. L

egal

idad

e é

a pa

lavr

a qu

e m

ais

usam

par

a iro

niza

r o

Impé

rio e

gal

ego,

que

des

igna

o p

ortu

guês

de

mai

s ba

ixa

estir

pe

66

V

arie

dade

A

Am

biçã

o. P

eque

no p

arág

rafo

com

um

a m

oral

N

ão

17 P

iratin

i, sa

b. 2

7 ou

t. 18

38

67

-68

D

ecre

tos

Dec

reta

o s

eqüe

stro

de

todo

s os

ben

s do

Impé

rio e

de

súdi

tos

do B

rasi

l no

terr

itório

da

Rep

úblic

a R

io-G

rand

ense

, an

ula

cont

rato

s co

m o

Bra

sil,

estim

ula

dela

ção

José

Pin

heiro

de

Ulh

oa C

intra

V

icen

te L

ucas

de

Oliv

eira

São

list

ados

com

o be

ns: “

gado

s, a

nim

ais,

mua

res,

ca

vala

res,

esc

ravo

s, m

óvei

s, e

mba

rcaç

ões.

..”

Exc

etua

do

decr

eto

todo

s os

Rio

-Gra

nden

ses

que

com

prov

arem

que

est

avam

est

udan

do n

o es

trang

eiro

68

-69

E

xp. d

a S

ec. d

a Fa

zend

a In

form

es e

def

iniç

ões

dive

rsas

N

ão

Cita

um

esc

ravo

com

o pa

rte d

os b

ens

de M

anoe

l Gom

es

Gui

mar

ães:

“um

esc

ravo

de

nom

e M

anoe

l Cab

inda

70

A

viso

C

riaçã

o de

com

issõ

es e

m c

ada

mun

icíp

io p

ara

arro

lar a

s ap

ropr

iaçõ

es

da R

epúb

lica

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

“qua

ntos

esc

ravo

s, s

eus

sexo

s, id

ades

e o

fício

s”

“par

a qu

e ta

is p

rodu

tos

conv

enie

ntem

ente

apl

icad

os,

sirv

am p

ara

min

orar

as

priv

açõe

s do

s C

idad

ãos

que

se

acha

m e

m a

rmas

, e d

e su

as fa

míli

as”

70

C

ircul

ar

Leva

ntam

ento

de

prop

rieda

des

aban

dona

das

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

70

A

núnc

ios

Gov

erno

em

ite tr

oco

de c

obre

($)

Sr.

Fran

cisc

o Fr

esco

com

unic

a qu

e ta

rdou

a c

umpr

ir se

us c

ompr

omis

sos

em v

irtud

e de

um

aci

dent

e, m

as

conv

oca

a to

dos

para

a li

quid

ação

de

cont

as

Não

U

so d

o jo

rnal

par

a ch

amad

os e

com

unic

açõe

s pe

ssoa

is

“No

segu

inte

núm

ero

algu

ma

cois

a di

rem

os s

obre

ass

unto

tão

impo

rtant

e”

18 P

iratin

i, qu

a. 3

1 ou

t. 18

38

71

S

em tí

tulo

R

etom

a o

tem

a do

cob

re:

reco

lhim

ento

, ide

ntifi

caçã

o da

s m

oeda

s fa

lsas

, tro

ca p

or u

m

docu

men

to. C

obre

pas

sa a

val

er p

ara

toda

s as

tran

saçõ

es. P

ena

aos

fals

ário

s D

ispo

siçõ

es b

uroc

rátic

as +

Com

entá

rio

Ben

to G

onça

lves

da

Silv

a G

rand

e co

nfus

ão n

o di

nhei

ro, t

enta

tiva

de o

rgan

izar

A

intro

duçã

o do

cob

re c

omo

tent

ativ

a do

Impé

rio d

e de

sest

abili

zar e

cono

mic

amen

te o

mov

imen

to

revo

luci

onár

io

O c

omen

tário

pro

cura

tran

qüiliz

ar a

pop

ulaç

ão s

obre

a

troca

do

cobr

e, c

ham

ado

pela

Rep

úblic

a

Todo

o n

úmer

o de

dica

do à

que

stão

do

cobr

e

74

P

ensa

men

to

Mor

al s

obre

a a

mbi

ção

Não

“A

frag

ilida

de, a

sin

gele

za d

os c

ostu

mes

, a m

odés

tia e

a

mod

eraç

ão fi

rmar

ão a

ven

tura

púb

lica”

(p. 7

4)

19 P

iratin

i, sa

b. 0

3 no

v. 1

838

75

-77

E

xter

ior

Tran

scriç

ão d

e ca

rta +

com

entá

rio

A c

arta

traz

um

a id

éia

de q

ue a

re

volu

ção

se e

spal

he, p

ara

form

ar u

m

novo

Bra

sil

“car

ta d

e pe

ssoa

re

spon

sáve

l e

fided

igna

na p

olíti

ca d

o Im

pério

um

regr

esso

ao

“pur

o ab

solu

tism

o, p

ara

a m

ais

com

plet

a de

pend

ênci

a e

perfe

ita c

olon

izaç

ão d

as P

roví

ncia

s” (p

.75)

Li

berd

ade,

razã

o e

just

iça

A re

volu

ção

tem

com

o ob

jetiv

o sa

lvar

o B

rasi

l N

a R

epúb

lica,

um

a ed

ucaç

ão v

olta

da à

exp

ress

ão

supe

rior;

no Im

pério

, o o

bscu

rant

ism

o

Bra

sile

iros

X E

stra

ngei

ros

Os

Rio

-Gra

nden

ses

são

Bra

sile

iros

Dep

utad

os “e

scra

vos

dos

tiran

os d

o Br

asil”

O

bjet

ivos

: edu

caçã

o, o

rgan

izaç

ão d

a po

lícia

, cria

ção

de

repa

rtiçõ

es fi

scai

s, a

umen

to d

a in

dúst

ria, f

ábric

as d

e lã

, etc

...

77

E

xped

ient

e D

a S

ecre

taria

da

Faze

nda:

Info

rmes

e

defin

içõe

s di

vers

as

Não

77

-78

E

xped

ient

e P

ela

Rep

artiç

ão d

a G

uerr

a e

Mar

inha

: In

form

es e

def

iniç

ões

dive

rsas

N

ão

78

E

xped

ient

e D

o Tr

ibun

al d

o Te

sour

o P

úblic

o N

acio

nal:

Info

rmes

e d

efin

içõe

s di

vers

as

Não

78

N

otíc

ias

1) R

econ

cilia

ram

-se

os p

artid

os d

o E

stad

o O

rient

al e

Fru

tuos

o R

iver

a es

tava

par

a en

trar e

m M

onte

vide

o 2)

Ten

ente

Cor

onel

Fra

ncis

co J

osé

da

Roc

ha d

eixa

as

filei

ras

do Im

pério

e

alia

-se

aos

farra

pos;

Out

ros

vind

os d

a B

ahia

faze

m o

mes

mo

Não

Pro

mes

sa d

e pu

blic

ar m

ais

deta

lhes

da

situ

ação

do

Est

ado

Orie

ntal

e s

obre

os

mot

ivos

que

leva

ram

os

dese

rtore

s a

engr

ossa

r as

filei

ras

dos

repu

blic

anos

20 P

iratin

i, qu

a. 0

7 no

v. 1

838

79

E

xter

ior

(Des

fech

o da

que

stão

do

Esta

do

Orie

ntal

) Saí

da d

o ex

-pre

side

nte

Orib

e e

entra

da d

o ex

érci

to c

onst

ituci

onal

Car

tas

de “p

esso

as

fided

igna

s de

M

onte

vidé

u” e

O

Uni

vers

al

Con

venç

ão

(Den

tro d

e E

xter

ior)

Des

ligam

ento

de

Orib

e

80

-81

In

terio

r O

fício

s so

bre

a cr

iaçã

o de

esc

olas

pr

imár

ias,

mét

odo

Lenc

astre

D

omin

gos

José

de

Alm

eida

R

econ

hece

que

o s

iste

ma

de e

nsin

o es

tá d

estru

ído,

mas

de

mon

stra

pre

ocup

ação

em

recu

perá

-lo, p

ela

difu

são

das

luze

s e

da m

oral

P

robl

emas

no

paga

men

to d

os p

rofe

ssor

es, f

alta

de

alim

enta

ção

de u

m p

rofe

ssor

(!)

81

E

xped

ient

e da

Sec

reta

ria d

a Fa

zend

a: In

form

es e

de

finiç

ões

dive

rsas

N

ão

Sol

icita

ção

de e

scra

vos

para

trab

alha

r em

fábr

ica

de

salit

re

82

E

xped

ient

e pe

la R

epar

tição

da

Gue

rra e

Mar

inha

: In

form

es e

def

iniç

ões

dive

rsas

N

ão

82

E

rrat

a Li

sta

e co

rrig

e er

ros

de c

ompo

siçã

o e

conc

ordâ

ncia

no

núm

ero

ante

rior

Não

21 P

iratin

i, sa

b. 1

0 no

v. 1

838

83

In

terio

r Tr

ansc

reve

um

trec

ho d

’O D

espe

rtado

r N

ão

“Aqu

i o d

ireito

de

prop

rieda

de é

gar

antid

o, o

s be

ns d

os

próp

rios

diss

iden

tes

são

resp

eita

dos,

amor

da

orde

m

e lib

erda

de in

divi

dual

Tran

scriç

ão n

o m

eio

do c

omen

tário

mar

cada

com

asp

as

84

O

fício

s S

obre

a a

titud

e da

Rep

úblic

a em

re

laçã

o ao

s be

ns d

as p

esso

as e

m

atitu

de h

ostil

à re

públ

ica

Não

D

efes

a da

pro

prie

dade

priv

ada

é de

ver,

resp

eito

às

Leis

84

-86

E

xped

ient

e D

a S

ecre

taria

da

Faze

nda:

Info

rmes

e

defin

içõe

s di

vers

as

Não

O

rden

a o

envi

o de

esc

ravo

s a

uma

fábr

ica

de e

rva-

mat

e

86

E

xped

ient

e P

ela

Rep

artiç

ão d

a G

uerr

a e

Mar

inha

: In

form

es e

def

iniç

ões

dive

rsas

N

ão

86

E

xped

ient

e D

o Tr

ibun

al d

o Te

sour

o P

úblic

o N

acio

-na

l: In

form

es e

def

iniç

ões

dive

rsas

N

ão

86

M

áxim

as e

pe

nsam

ento

s P

eque

nos

trech

os m

oral

izan

tes

Não

Ig

norâ

ncia

e a

narq

uia:

infe

licid

ade

das

naçõ

es (a

niqu

ilam

os

prin

cípi

os e

os

dire

itos)

E

scra

vos

(2),

no s

entid

o do

Pov

o em

rela

ção

ao Im

pério

22 P

iratin

i, qu

a. 1

4 no

v. 1

838

87

-89

In

terio

r P

rocl

amaç

ões

do P

resi

dent

e da

P

roví

ncia

de

São

Ped

ro, A

nton

io

Eliz

eario

de

Mira

nda

e B

rito

2 pr

ocla

maç

ões

assi

nada

s po

r E

lizea

rio d

e M

irand

a e

Brit

o +

com

entá

rio

sem

ass

inat

ura

Inte

ress

e do

Impé

rio e

m te

rmin

ar o

s m

ales

que

os

Rio

-G

rand

ense

s so

frem

Le

galid

ade

tam

bém

ofe

rece

ani

stia

C

omen

tário

: o a

rgum

ento

prin

cipa

l é q

ue n

ão s

e po

de

conf

iar e

m p

rom

essa

s do

s po

rtugu

eses

D

ebat

em a

que

stão

do

resg

ate

do c

obre

B

rasi

leiro

s X

Por

tugu

eses

Red

ator

rece

beu

dive

rsas

pro

clam

açõe

s “G

rand

e Fa

míli

a B

rasi

leira

” Im

pério

tam

bém

usa

“con

tinen

tista

s”

Cha

ma

a re

volu

ção

de ‘a

narq

uia’

C

omen

tário

: tom

ora

agr

esss

ivo

e irô

nico

, ora

joco

so

“Rev

oluç

ão R

io-G

rand

ense

89

O

fício

s V

ilas

info

rmam

os

cida

dãos

ele

itos

com

o pr

ocur

ador

es: J

osé

Mar

iano

de

Mat

os (P

iratin

i), S

ever

ino

Ant

onio

da

Silv

eira

(Caç

apav

a), P

e. J

oão

de S

anta

B

árba

ra (C

acho

eira

)

Câm

aras

mun

icip

ais

Alg

um a

ndam

ento

na

ques

tão

da le

galid

ade,

da

artic

ulaç

ão d

os p

oder

es n

a R

epúb

lica

90

E

xped

ient

e P

ela

Rep

artiç

ão d

a G

uerr

a e

da

Mar

inha

N

ão

Ofic

io a

Jos

é G

arib

aldi

, ass

unto

s va

riado

s

23 P

iratin

i, sa

b. 1

7 no

v. 1

838

91

-92

In

terio

r S

obre

a n

otíc

ia d

o er

guim

ento

de

um

mon

umen

to e

qües

tre e

m m

emór

ia d

e D

. Ped

ro I

Não

A

abd

icaç

ão re

flete

pol

itica

men

te

Epí

graf

e: “A

mic

us P

lato

, sed

mag

is a

mic

a ve

ritas

” Le

itura

do

cont

empo

râne

o Jo

rnal

do

Com

érci

o E

scra

vo e

m re

laçã

o ao

Impé

rio

Figu

ra li

terá

ria: F

io d

e A

riadn

e

92-

94

Ext

erio

r Tr

ansc

reve

a fa

la d

e do

is d

eput

ados

, um

do

Par

tido

Con

serv

ador

e o

utro

do

Libe

ral,

sobr

e o

espa

ncam

ento

de

Dav

id P

ampl

ona,

bot

icár

io e

jorn

alis

ta

da o

posi

ção,

por

abu

so d

a im

pren

sa

Fala

s do

s de

puta

dos

And

rada

Mac

hado

e

Rib

eiro

de

And

rade

Idéi

a de

que

a o

con

flito

ain

da é

am

eno,

com

um

car

áter

m

ais

de re

sist

ênci

a, m

as q

ue s

e o

gove

rno

exec

utar

os

revo

ltoso

s pr

esos

na

Bah

ia e

não

mud

ar s

ua a

titud

e, a

si

tuaç

ão p

ode

pior

ar

94

O

fício

s D

estin

a al

guns

recu

rsos

par

a o

ensi

no

prim

ário

em

Ale

gret

e e

Caç

apav

a N

ão

Com

o as

som

as d

estin

adas

a e

duca

ção

são

pequ

enas

, co

nta

com

o p

atrio

tism

o do

s pr

ofes

sore

s

94

E

xped

ient

e D

a S

ecre

taria

da

Faze

nda

Não

In

form

es e

def

iniç

ões

dive

rsas

Exp

edie

nte

Pel

a R

epar

tição

da

Gue

rra

e da

M

arin

ha

Não

In

form

es e

def

iniç

ões

dive

rsas

24 P

iratin

i, qu

a. 2

1 no

v. 1

838

95

E

xter

ior

Nar

ra d

ois

proc

edim

ento

s du

ros

nece

ssár

ios

na G

uerr

a de

In

depe

ndên

cia

Am

eric

ana:

dec

lara

ção

de in

dign

o de

ser

vir a

o pa

ís a

os

sold

ados

que

com

etes

sem

falta

s gr

aves

e d

ecla

raçã

o de

trai

dor a

os q

ue

não

acei

tass

em p

apel

moe

da

“Res

umo

esta

tístic

o-hi

stór

ico

dos

Esta

dos

Uni

dos

da A

mér

ica

Set

entri

onal

U

so d

e no

ta d

e ro

dapé

par

a tra

zer u

ma

info

rmaç

ão a

dici

onal

. B

altim

ore*

cap

ital d

o es

tado

de

Mar

ylan

d

96

In

terio

r Te

xto

mor

al

Não

O

s E

stad

os U

nido

s sã

o um

exe

mpl

o pa

ra o

s R

epub

lican

os R

io-G

rand

ense

s. O

exe

mpl

o do

pap

el

moe

da d

eles

ser

ve c

omo

just

ifica

tiva

à te

ntat

iva

de

reco

lhim

ento

do

cobr

e

96

D

ecre

tos

Pro

moç

ões

e tro

cas

de p

osto

Jo

sé S

. Bra

ndão

96-

97

Circ

ular

es

Con

clam

a as

div

ersa

s in

stân

cias

da

Rep

úblic

a a

um ju

ram

ento

de

fidel

idad

e D

esig

na a

os c

oman

dant

es d

e po

lícia

um

a re

laçã

o do

s as

sass

inat

os

perp

etra

dos

pelo

s ag

ente

s da

Le

galid

ade

Dom

ingo

s J.

de

Alm

eida

“J

uro

man

ter a

Rel

igiã

o C

atól

ica

Apo

stól

ica

Rom

ana,

a

Inde

pend

ênci

a, In

tegr

idad

e e

Indi

visi

bilid

ade

da

Rep

úblic

a C

onst

ituci

onal

Rio

-Gra

nden

se; o

bser

var,

e fa

zer o

bser

var p

rovi

soria

men

te a

Con

stitu

ição

do

Bra

sil,

e Le

is e

m v

igor

em

tudo

qua

nto

for c

ompa

tível

com

as

atua

is c

ircun

stân

cias

da

Naç

ão, e

sua

Inde

pend

ênci

a; e

de

cum

prir

relig

iosa

men

te c

om a

s or

dens

do

gove

rno”

Pub

licar

e m

ostra

r a ín

dole

per

vers

a do

s op

ress

ores

97

E

xped

ient

e D

a S

ecre

taria

da

Faze

nda:

Info

rmes

e

defin

içõe

s di

vers

as

Não

N

eces

sida

des

cotid

iana

s: fa

zend

a pa

ra o

s un

iform

es,

uten

sílio

s pa

ra o

fabr

ico

de p

ólvo

ra, q

uest

ões

de

trans

porte

de

carg

as a

pree

ndid

as, c

ouro

s

98

E

xped

ient

e P

ela

Rep

artiç

ão d

a G

uerr

a e

da

Mar

inha

N

ão

Info

rmes

e d

efin

içõe

s di

vers

as

98

C

onvi

te

Con

vida

os

cida

dãos

Pira

tinen

ses

a pr

esta

r hom

enag

em a

o G

ener

al B

ento

M

anoe

l Rib

eiro

, que

se

enco

ntra

na

cida

de p

ara

disc

utir

o Pl

ano

de

Cam

panh

a

98

N

otíc

ia

“No

nro.

seg

uint

e re

lata

rem

os a

s at

roci

dade

s ul

timam

ente

no

Triu

nfo

prat

icad

os p

elos

cel

erad

os le

gais

, o

que

não

faze

mos

no

pres

ente

por

nos

te

r vin

do a

s m

ãos

tais

not

ícia

s on

tem

à

noite

Não

1ª p

esso

a do

plu

ral

Cha

ma

os le

itore

s pa

ra o

pró

xim

o nú

mer

o D

ificu

ldad

es té

cnic

as

25 P

iratin

i, sa

b. 2

4 no

v. 1

838

99

In

terio

r C

omen

tário

sob

re a

s pr

ocla

maç

ões

do

Sr.

Eliz

eario

de

Mira

nda

e B

rito,

pu

blic

adas

no

n. 2

2, tr

azen

do fa

tos

ocor

ridos

rece

ntem

ente

em

Triu

nfo

Não

A

taqu

e vi

olen

to d

os le

galis

tas

a V

ila d

e Tr

iunf

o, c

om

mui

ta v

iolê

ncia

, saq

ues,

deg

olas

, ass

assi

nato

s, p

risõe

s C

ompa

ra o

s le

galis

tas

com

os

Ingl

eses

na

guer

ra d

e in

depe

ndên

cia

amer

ican

a

Vid

e o

nº 2

2 (le

itura

line

ar)

Deg

ola

de d

ois

escr

avos

do

Cor

onel

Leã

o E

lizea

rio “l

ouva

a b

izar

rice

de s

uas

tropa

s”

10

0-10

1 E

xped

ient

e D

a S

ecre

taria

da

Faze

nda:

Info

rmes

e

defin

içõe

s di

vers

as

Não

10

1 E

xped

ient

e P

ela

Rep

artiç

ão d

a G

uerr

a e

da

Mar

inha

N

ão

10

1-10

2 C

orre

spon

dênc

ia

Car

ta d

e um

leito

r ao

Sr.

Red

ator

“I

nim

igo

do

Reg

ress

o”

Crit

ica

os p

ortu

gues

es p

elo

seu

desp

otis

mo

e in

grat

idão

em

rela

ção

aos

bras

ileiro

s C

omen

ta a

que

stão

da

escr

avid

ão p

elo

viés

da

cor

Impe

riais

cha

mar

iam

os

rebe

ldes

de

“mac

acos

” ou

“tisn

ados

10

2 P

ensa

men

tos

Text

o de

cun

ho m

oral

N

ão

Típi

co p

ensa

men

to li

bera

l (Lo

cke)

, ale

rta p

ara

o G

over

no

vici

oso

em s

eu p

rincí

pio,

o c

erce

amen

to d

a lib

erda

de te

m

um e

feito

de

pres

sion

ar e

faze

r exp

lodi

r mat

eria

l in

flam

ável

26 P

iratin

i, qu

a. 2

8 no

v. 1

838

10

3 In

terio

r D

esm

ente

afir

maç

ão fe

ita n

a C

âmar

a do

s D

eput

ados

do

RJ

que

os

repu

blic

anos

hav

iam

fuzi

lado

milit

ares

do

Impé

rio e

m R

io P

ardo

Não

A

firm

a qu

e os

milit

ares

cita

dos,

ape

sar d

e re

inci

dent

es,

fora

m p

oupa

dos

e re

stitu

ídos

às

suas

fam

ílias

, ao

cont

rário

do

Impé

rio, q

ue n

ão te

m p

ieda

de

Esc

ravi

dão

Hum

anid

ade

da R

epúb

lica

X T

irani

a do

Impé

rio

10

4 C

ircul

ar a

os c

hefe

s de

po

lícia

E

mpr

egad

os d

as c

olet

oria

s do

Est

ado

não

deve

m s

er re

tirad

os d

e se

us

post

os p

ara

serv

ir na

s fil

eira

s m

ilitar

es

Não

É

mai

s im

porta

nte

cole

tar i

mpo

stos

do

que

engr

ossa

r os

pelo

tões

10

4-10

5 E

xped

ient

e D

a S

ecre

taria

da

Faze

nda:

Info

rmes

e

defin

içõe

s di

vers

as

Não

In

form

a a

exis

tênc

ia d

e pr

ofes

sor d

e pr

imei

ras

letra

s em

C

açap

ava

Rev

ela

proc

edim

ento

de

reco

lhim

ento

dos

esc

ravo

s do

s di

ssid

ente

s

10

5 E

xped

ient

e P

ela

Rep

artiç

ão d

a G

uerr

a e

da

Mar

inha

N

ão

10

6 C

orre

spon

dênc

ia

Car

ta d

e um

leito

r ao

Sr.

Red

ator

“U

m d

os d

a so

cied

ade

do d

ia 2

0”

Nar

ra a

oco

rrên

cia

de u

m fe

stej

o cí

vico

em

com

emor

ação

ao

20

de s

etem

bro,

em

São

Leo

pold

o Ja

ntar

, bai

le, a

pres

enta

ção

teat

ral,

leitu

ra d

e so

neto

s, v

ivas

27 P

iratin

i, sa

b. 1

dez

. 183

8

107-

108

Rec

opila

ção

A g

uerra

do

Rio

-Gra

nde

– M

eios

de

a te

rmin

ar

Afir

ma

que

uma

das

solu

ções

par

a o

impa

sse

no R

S po

deria

ser

um

a al

ianç

a do

Impé

rio c

om F

rutu

oso

Riv

era

e co

m a

Fed

eraç

ão B

oliv

io-

Per

uana

, o q

ue re

tom

aria

o te

rritó

rio d

a P

roví

ncia

de

São

Ped

ro e

tam

bém

a

Cis

plat

ina

Rep

rodu

ção

do

Des

perta

dor

Reu

nião

de

bast

ante

forç

a po

r ter

ra e

mar

inha

S

olda

dos

de o

utra

s pr

ovín

cias

não

est

ão h

abitu

ados

a

mon

tar e

dom

ar c

aval

os d

ispe

rsos

pel

o ca

mpo

R

S: “

parte

impo

rtant

e do

Impé

rio”

Est

raté

gia

do Im

pério

é o

cam

inho

do

mei

o: n

em tã

o ho

stil

nem

tão

bran

do, p

ara

não

perd

er o

con

trole

da

situ

ação

Im

pério

con

side

ra u

ma

das

prin

cipa

is c

ausa

s da

lo

ngev

idad

e da

Rev

oluç

ão o

asi

lo q

ue o

s R

io-

Gra

nden

ses

enco

ntra

m n

as n

açõe

s vi

zinh

as, “

pela

ho

mog

enei

dade

de

prin

cípi

os (a

o m

enos

na

form

a) e

pe

los

rece

ios

que

a co

loss

al M

onar

quia

do

Bra

sil v

á ab

sorv

er s

eu te

rritó

rio”

Reb

elde

s: “m

assa

s irr

egul

ares

de

cava

laria

que

se

reún

em o

u di

sper

sam

10

8-11

0 In

terio

r O

com

entá

rio d

o jo

rnal

cha

ma

a at

ençã

o do

s A

rgen

tinos

par

a os

pla

nos

do Im

pério

e p

ropõ

e um

a al

ianç

a co

ntra

o B

rasi

l Tr

ansc

reve

um

trec

ho d

o jo

rnal

In

icia

dor,

de M

onte

vidé

u

Não

ass

inad

o,

repr

oduz

trec

ho d

o In

icia

dor ,

de

Mon

tevi

déu

Fim

do

tem

po d

os im

pério

s, c

omeç

o do

tem

po d

as

Rep

úblic

as n

as A

mér

icas

Im

portâ

ncia

de

traze

r jor

nais

est

rang

eiro

s qu

e aj

udem

a

prop

agar

os

prin

cípi

os re

publ

ican

os

Inic

iado

r: te

xto

que

cond

ena

a le

targ

ia d

os p

ovos

do

min

ados

por

um

tira

no

“Qua

ndo

proc

lam

amos

o S

iste

ma

dem

ocrá

tico.

..” (p

.108

) C

ausa

hum

anitá

ria, d

e to

dos

os h

omen

s, “p

rincí

pios

D

emoc

rátic

os H

uman

itário

s”

Inic

iado

r: “[.

..] q

uere

mos

gov

erno

s pa

tern

ais

e nã

o pa

trono

s, fi

éis

adm

inis

trado

res

dos

bens

de

que

os h

avem

os e

ncar

rega

do, e

o am

os” (

p.11

0)

11

0 E

xped

ient

e D

a S

ecre

taria

da

Faze

nda:

Info

rmes

e

defin

içõe

s di

vers

as

Não

11

0

Not

ícia

In

form

ação

vin

da d

e R

io-G

rand

e qu

e S

ilva

Tava

res

foi d

emiti

do

Não

ass

inad

o,

“pes

soa

fided

igna

Info

rma

e ta

mbé

m c

omen

ta

28 P

iratin

i, qu

a. 5

dez

. 183

8

111-

112

Ext

erio

r Tr

ansc

reve

trec

hos

d’O

Nac

iona

l, de

M

onte

vidé

u O

Nac

iona

l, de

M

onte

vidé

u C

onfo

rme

havi

a pr

omet

ido

no n

úmer

o an

terio

r, tra

z te

xtos

do

est

rang

eiro

que

com

parti

lham

dos

idea

is

Rep

ublic

anos

Fu

ndaç

ão d

e um

a no

va s

ocia

bilid

ade

Am

eric

ana

Mes

mo

voca

bulá

rio d

os R

io-G

rand

ense

s: L

iber

dade

X T

irani

a A

mér

ica

vive

sob

“os

rest

os d

e um

mal

ext

into

des

potis

mo”

(p

.112

)

11

3 In

terio

r P

orta

rias

José

da

S. B

rand

ão,

Min

istro

da

Gue

rra

Pre

ench

imen

to d

e va

gas

de c

irurg

iões

11

3 C

ircul

ar

Mau

func

iona

men

to d

os P

arad

eiro

s Jo

sé d

a S.

Bra

ndão

, M

inis

tro d

a G

uerr

a D

efic

iênc

ia n

a co

mun

icaç

ão a

trasa

as

prov

idên

cias

, pr

ejud

ican

do o

ser

viço

púb

lico

11

4 A

viso

C

irurg

iães

-Mor

es d

a R

epúb

lica

deve

m

rece

ber c

omo

Maj

ores

Jo

sé d

a S.

Bra

ndão

, M

inis

tro d

a G

uerr

a

11

4 E

xped

ient

e P

ela

Rep

artiç

ão d

a G

uerr

a e

da

Mar

inha

N

ão

11

4 S

em tí

tulo

O

cid

adão

Joa

quim

Jos

é da

Silv

a M

aia

nos

pede

a p

ublic

ação

do

docu

men

to

abai

xo tr

ansc

rito

Joaq

uim

Jos

é da

S

ilva

Mai

a Q

uita

ção

de d

ívid

a da

Rep

úblic

a co

m o

cid

adão

em

qu

estã

o U

so d

o jo

rnal

par

a in

stân

cias

de

orde

m p

rátic

a (h

oje,

pub

licaç

ão

de p

erda

de

talõ

es d

e N

F, a

band

ono

de e

mpr

ego,

etc

). Pa

rece

o

mes

mo

prop

ósito

dos

Exp

edie

ntes

29

Pira

tini,

sab.

8 d

ez. 1

838

11

5 E

xter

ior

Aris

tocr

acia

na

Am

éric

a O

Nac

iona

l Fa

la d

a fa

lta d

e un

idad

e re

volu

cion

ária

na

Am

éric

a, d

a di

ficul

dade

de

man

ter a

s co

nqui

stas

“v

ence

dore

s na

luta

, fom

os v

enci

dos

na p

az”

Uso

de

“gaú

cho”

no

sent

ido

pejo

rativ

o

117

Inte

rior

Dec

reto

s Jo

sé d

a S.

Bra

ndão

e

Ben

to G

onça

lves

M

udan

ças

de p

osto

s m

ilitar

es

11

7-11

8 O

ffici

os

Nom

eaçã

o da

Pro

cura

dore

s em

Rio

P

ardo

e C

ruz

Alta

11

8 E

xped

ient

e P

ela

Rep

artiç

ão d

a G

uerr

a e

da

Mar

inha

N

ão

Info

rmes

e d

efin

içõe

s di

vers

as

Esc

ravo

s en

tregu

es a

o ch

efe

de p

olíc

ia d

e B

agé

por

perte

ncer

em a

um

cid

adão

de

Cer

ro L

argo

30 P

iratin

i, qu

a. 1

2 de

z. 1

838

11

9-12

1 E

xter

ior

(Títu

lo) M

onte

vidé

u / D

ecla

raçã

o qu

e fa

z o

Gen

eral

em

Che

fe d

o E

xérc

ito

Frut

uoso

Riv

era

A re

volu

ção

é fe

ita p

ela

opin

ião

públ

ica

+ la

nças

do

exér

cito

con

stitu

cion

al. A

Rep

úblic

a pe

rece

u pe

la fr

aude

Con

stitu

cion

al d

os p

rincí

pios

, que

hão

de

gui

á-lo

no

dese

mpe

nho

da a

lta

mis

são,

que

lhe

conf

iam

os

povo

s do

E

stad

o

de p

eque

nos

tiran

os (O

ribe)

. A ú

nica

sol

ução

é a

cria

ção

de In

stitu

içõe

s fo

rtes

e a

educ

ação

do

Pov

o pa

ra

resp

eitá

-las

12

1-12

2 R

io d

e Ja

neiro

Fun

ção

Mal

ogra

da!!

Text

o fa

z um

a sá

tira

do q

ue s

eria

a

cerim

ônia

de

poss

e do

Reg

ente

, rid

icul

ariz

ando

div

ersa

s fig

uras

do

alto

es

calã

o do

Impé

rio

Não

Tran

scriç

ão d

o C

idad

ão

31 P

iratin

i, sa

b. 1

2 de

z. 1

838

12

3-12

4 E

xter

ior

Rio

de

Jane

iro

Não

O

pes

ar d

o B

rasi

l se

dá p

ela

cons

tant

e am

eaça

à p

az, à

es

tabi

lidad

e da

s in

stitu

içõe

s, d

as li

berd

ades

, dos

ben

s pú

blic

os e

par

ticul

ares

, cor

rupç

ão, v

iolê

ncia

, jus

tiça

pres

idid

a pe

las

circ

unst

ânci

as

Neg

ocia

ção

de e

scra

vos

12

4-12

6 In

terio

r P

arte

Ofic

ial.

Rel

ata

as e

stra

tégi

as

para

frus

tar u

m a

taqu

e le

galis

ta q

ue

junt

aria

forç

as v

inda

s de

Cur

itiba

e

Lage

s

Joaq

uim

Teo

doro

P

rest

es, C

apitã

o fa

rrap

o

“[...]

nós

tem

os d

isso

aqu

i rec

ebid

o pr

ovas

inco

ntes

táve

is

que

a op

iniã

o pú

blic

a do

s ha

bita

ntes

de

S.C

atar

ina,

e

parti

cula

rmen

te d

os d

a V

ila d

e La

ges,

est

á be

m

pron

unci

ada

e de

cidi

da a

nos

so fa

vor e

do

sist

ema

Rep

ublic

ano”

(p. 1

25)

“o im

beci

l Pau

lo A

lano

” E

m 1

ª pes

soa

(plu

ral)

12

5 In

terio

r D

o B

enfa

zejo

de

Sant

a C

atar

ina,

de

13

de ju

lho

próx

imo

pass

ado,

cop

iam

os o

se

guin

te

Jorn

al d

e S

ta.

Cat

arin

a N

otíc

ia d

e qu

e um

a tro

pa d

a le

galid

ade

mat

ou 3

0 re

beld

es

12

5-12

6 In

terio

r D

o Jo

rnal

do

Com

érci

o +

com

entá

rio

Jorn

al d

o C

omér

cio

Tran

scre

ve u

ma

sele

ção

de v

ária

s ed

içõe

s do

JC

e a

s us

a pa

ra d

esm

entir

not

ícia

s de

sfav

oráv

eis

a R

epúb

lica

“Rio

-Gra

nden

ses!

Um

a ou

tra v

ez a

inda

o R

edat

or d

’O P

ovo

tem

de

reco

rdar

-vos

a m

issã

o qu

e pe

la P

rovi

dênc

ia v

os fo

i con

fiada

” (p

. 126

)

126

Cor

resp

ondê

ncia

C

arta

de

Ben

to M

anoe

l Rib

eiro

ag

rade

cend

o o

conv

ite a

os c

idad

ãos

de P

iratin

i a o

bseq

uiar

em s

ua

pass

agem

pel

a ci

dade

Ben

to M

anoe

l Rib

eiro

e

o re

dato

r d’O

Pov

o

O R

edat

or re

spon

de e

agr

adec

e no

min

alm

ente

, ass

inan

do “O

R

edat

or d

’O P

ovo”

12

6 E

xped

ient

e P

ela

Rep

artiç

ão d

a G

uerr

a e

da

Mar

inha

N

ão

12

6 A

núnc

io

Tene

nte

Man

oel T

eixe

ira d

’Ávi

la

ofer

ece

reco

mpe

nsa

por u

m e

scra

vo

que

desa

pare

ceu

E

scra

vidã

o 3ª

pes

soa

32 P

iratin

i, qu

a. 1

9 de

z. 1

838

12

7 D

ecre

tos

Pro

moç

ão d

o ita

liano

Hon

orio

Pec

oud

a pr

imei

ro T

enen

te d

a M

arin

ha

Out

ras

prom

oçõe

s e

3 de

mis

sões

José

da

Silv

a B

rand

ão

Pre

senç

a do

est

rang

eiro

: est

e “v

olun

taria

men

te e

spos

ou

a ca

usa

dest

a R

epúb

lica”

(p. 1

27).

Ofe

rta d

e ci

dada

nia

a es

trang

eiro

s en

gaja

dos

na g

uerra

ao

lado

dos

farra

pos,

de

sde

que

prov

ando

mai

s de

um

ano

de

serv

iço

milit

ar,

resi

dênc

ia fi

xa, i

ntro

duçã

o de

mat

eria

l bél

ico,

cap

ital d

e 4

cont

os d

e ré

is, c

asam

ento

com

cid

adã

rio-g

rand

ense

, ad

oção

de

um ri

o-gr

ande

nse

de q

ue q

ualq

uer d

os s

exos

, co

nhec

imen

tos

para

ser

em a

dmiti

dos

ao M

agis

tério

12

8-13

0 O

fício

s V

aria

dos

P

rinci

palm

ente

pro

blem

as d

e ag

ilida

de n

a ex

ecuç

ão d

as

prov

idên

cias

via

ofíc

io

Cor

resp

ondê

ncia

C

arta

de

um le

itor a

o S

r. R

edat

or

“Rep

ublic

ano

de

cora

ção”

Fr

ente

à in

efic

iênc

ia d

o Im

pério

em

pro

mov

er a

just

iça

e a

adm

inis

traçã

o pú

blic

a, p

ergu

nta

quem

são

os

rebe

ldes

: os

opr

esso

res

ou o

s op

rimid

os?

Os

gove

rnan

tes

ou o

s go

vern

ados

? Q

ualq

uer g

over

no q

ue c

hega

ao

pont

o de

di

ssol

ução

do

Impé

rio p

or s

i mes

mo

prod

uz a

revo

luçã

o

“Os

noss

os in

imig

os c

onfu

ndem

um

a ju

sta

recl

amaç

ão d

e di

reito

s co

m re

beliã

o; L

iber

dade

com

esc

ravi

dão”

13

0

Pen

sam

ento

s P

eque

no tr

echo

mor

al

Não

Im

portâ

ncia

de

um e

spíri

to n

acio

nal d

e ut

ilidad

e pú

blic

a

33 P

iratin

i, sa

b. 2

2 de

z. 1

838

13

1-13

3 E

xter

ior

São

Pau

lo –

A c

ontra

-rev

oluç

ão.

Tran

scriç

ão

O O

bser

vado

r n. 7

2 “O

nde

as li

berd

ades

não

são

dire

itos,

e o

s di

reito

s nã

o sã

o po

dere

s fo

rtem

ente

con

stitu

ídos

e o

rgan

izad

os, n

ão

há d

ireito

s, n

em li

berd

ade”

D

enun

cia

o m

ovim

ento

da

cont

ra-re

volu

ção,

no

qual

o

Impé

rio u

tiliz

a as

efe

rves

cênc

ias

que

tom

am c

onta

do

país

par

a ju

stifi

car u

ma

cent

raliz

ação

cad

a ve

z m

aior

“Ás

inte

rpel

açõe

s da

opo

siçã

o re

spon

de o

min

isté

rio c

om o

si

lênc

io e

com

o d

espr

ezo,

ou

entã

o co

m a

alti

vez

e a

supe

riorid

ade

de u

m s

enho

r par

a co

m s

eu e

scra

vo” (

p. 1

31)

Cita

jorn

ais

cont

empo

râne

os: S

ete

de A

bril,

Ech

o da

Rel

igiã

o, D

o Im

pério

, Car

apuc

eiro

13

3 In

terio

r D

ecre

to

José

da

Silv

a B

rand

ão

Dis

tribu

i pos

tos

da G

uard

a N

acio

nal n

os D

istri

tos

de

Mos

tard

as e

Est

reito

13

4 E

xped

ient

e P

ela

Rep

artiç

ão d

a G

uerr

a e

da

Mar

inha

N

ão

Info

rmes

e d

efin

içõe

s di

vers

as

13

4 E

xped

ient

e da

Sec

reta

ria d

a Fa

zend

a N

ão

Info

rmes

e d

efin

içõe

s di

vers

as

34 P

iratin

i, qu

a. 2

6 de

z. 1

838

13

5-13

6 E

xter

ior

Rio

de

Jane

iro –

Arti

go c

ontra

o

endu

reci

men

to n

o tra

tam

ento

dos

m

ilita

res

do Im

pério

O C

idad

ão (l

egal

ista

) In

form

a qu

e o

exér

cito

do

Impé

rio n

ão é

bem

trei

nado

, ne

m m

otiv

ado,

nem

apa

relh

ado

Ape

sar d

e le

galis

ta, o

jorn

al c

onsi

dera

“hor

rore

s” o

que

fo

i com

etid

o co

ntra

os

venc

idos

na

Bah

ia

Cha

ma

os re

publ

ican

os d

e “fa

rrapo

s re

volta

dos”

“P

rimei

ra c

aval

aria

da

Am

éric

a”, “

flor d

o ex

érci

to b

rasi

leiro

13

6 A

rtigo

s de

um

a ca

rta

vind

a de

Cur

itiba

O P

arla

men

tar

Ben

to M

anoe

l est

á co

m o

s re

beld

es, m

as o

aut

or d

a ca

rta

tinha

esp

eran

ças

de d

emov

ê-lo

(vol

atilid

ade

dos

posi

cion

amen

tos

polít

icos

) M

edid

as p

opul

ares

dos

farra

pos:

libe

rtaçã

o de

pr

isio

neiro

s, tr

atan

do b

em la

vrad

ores

e c

riado

res

Dec

lara

ção

do B

rasi

l em

Est

ado

de G

uerr

a é

cons

ider

ado

um e

rro p

elos

text

os s

elec

iona

dos

dos

jorn

ais

pró-

Impé

rio

1ª p

esso

a (s

ingu

lar e

plu

ral)

“nos

so g

over

no d

o Im

pério

” Ta

mbé

m c

ham

a de

“far

rapo

s”

Par

ece

uma

corr

espo

ndên

cia

desv

iada

(?)

13

7 In

terio

r - O

fício

s P

rocu

rado

r Ger

al d

e Tr

iunf

o: J

osé

Gom

es d

e Va

scon

celo

s Ja

rdim

M

anoe

l Cae

tano

da

Cun

ha

Dem

ora

na re

spos

ta a

o de

cret

o re

vela

a d

ificu

ldad

e de

co

mun

icaç

ão d

as in

stân

cias

da

Rep

úblic

a

13

7-13

8 C

orre

spon

dênc

ia

Brig

a de

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

com

um

func

ioná

rio d

o Te

sour

o D

omin

gos

José

de

Alm

eida

S

uspe

itas

de c

ontra

venç

ão n

o m

odus

ope

rand

i dos

pa

gam

ento

s so

licita

dos

pelo

Min

istro

da

Faze

nda

P

ublic

a a

carta

de

Dom

ingo

s J.

de

Alm

eida

ao

reda

tor e

dep

ois

dois

requ

erim

ento

s, u

m d

o P

resi

dent

e da

Cai

xa d

e A

mor

tizaç

ão,

Man

oel M

artin

s B

arro

zo, e

out

ro d

o pr

óprio

Alm

eida

138

Req

uerim

ento

s R

ecla

ma

de p

roce

dim

ento

ileg

al d

o M

inis

tro d

a Fa

zend

a O

Min

istro

resp

onde

Man

oel M

. Bar

rozo

D

omin

gos

José

de

Alm

eida

Alm

eida

cha

ma

Bar

rozo

de

igno

rant

e na

líng

ua

portu

gues

a: c

onfu

ndiu

“rev

olta

nte”

com

“rev

olto

so”

O o

fício

com

o “r

evol

tant

e” e

stá

publ

icad

o no

n. 3

2

13

8 P

ensa

men

tos

Peq

ueno

s te

xtos

mor

ais

Não

R

eis

têm

esc

ravo

s, n

um p

aís

livre

, tod

os o

s so

ldad

os s

ão

cida

dãos

, e o

s ci

dadã

os, s

olda

dos

Rel

acio

na e

scra

vos

com

mon

arqu

ia (c

ontra

diçã

o co

m a

prá

tica

da R

epúb

lica)

/ N

enhu

ma

refe

rênc

ia a

o N

atal

ou

ao fi

nal d

o an

o 35

Pira

tini,

sab.

29

dez.

183

8

139-

140

Ext

erio

r – P

ará

Not

ícia

s da

Cab

anag

em: C

arta

afir

ma

que

todo

s sã

o re

crut

ados

par

a a

Gua

rda

Nac

iona

l no

Par

á

Car

tas

do P

ará

(O

Par

lam

enta

r) R

ecla

ma

dos

desm

ando

s e

atro

cida

des

do p

resi

dent

e do

G

rão-

Par

á, o

brig

adei

ro F

ranc

isco

Jos

é S

oare

s de

Sou

za

de A

ndré

a. S

uplic

a po

r lim

ites

ao p

oder

exe

cutiv

o, e

cu

mpr

imen

to d

as le

is

14

0 In

terio

r –

Cor

resp

ondê

ncia

s A

ssin

ante

con

ta h

orro

res

com

etid

os

pelo

s le

galis

tas

no in

terio

r: de

gola

s,

mut

ilaçõ

es, a

ssas

sina

tos

“Um

seu

ass

inan

te”

14

0-14

2 In

terio

r –

Cor

resp

ondê

ncia

s C

omen

tário

sob

re o

arti

go p

ublic

ado

no

n. 2

7, M

edid

as p

ara

term

inar

a g

uerr

a do

sul

, tra

nscr

ita d

’O D

espe

rtado

r

“Um

seu

pat

rício

” Q

uest

iona

a c

apac

idad

e do

Impé

rio e

m s

e ar

ticul

ar p

ara

atac

ar a

Rep

úblic

a, a

dis

posi

ção

de R

iver

a em

ane

xar a

C

ispl

atin

a ao

Bra

sil e

ridi

cula

riza

a al

ianç

a co

m a

C

onfe

dera

ção

Bol

ivio

-Per

uana

A

s co

moç

ões

popu

lare

s só

pod

em s

er re

prim

idas

com

m

edid

as s

ábia

s, e

não

com

vio

lênc

ia. N

o B

rasi

l não

ho

uve

aind

a um

pre

side

nte

de P

roví

ncia

pun

ido

ou

mes

mo

repr

eend

ido

“Hom

ens

obsc

uros

tran

sfor

mam

-se

em G

uilh

erm

es T

ells

14

2 P

orto

Ale

gre

Arti

go c

opia

do d

o C

ampe

ão d

a Le

galid

ade

n. 1

71 (3

/10/

1838

) +

com

entá

rio

Cam

peão

da

Lega

lidad

e / C

omen

-tá

rio n

ão é

ass

inad

o

Ata

ca e

iron

iza

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da e

afir

ma

que

a R

epúb

lica

coag

e a

real

izar

doa

ções

àqu

eles

que

não

o “c

hega

dos”

aos

che

fes

da fo

rça

C

omen

tário

: mão

est

rang

eira

env

olta

de

bras

ileiro

s pe

rver

sos.

Exp

lica

nova

men

te o

esq

uem

a do

cob

re

Ling

uage

m d

os le

galis

tas:

rebe

ldes

, far

rapo

s Li

ngua

gem

dos

repu

blic

anos

rio-

gran

dens

es: g

ente

dep

rava

da,

ladr

ões,

sáf

aros

D

evol

ve n

a m

esm

a m

edid

a a

ironi

a a

Dom

ingo

s: o

s gr

ande

s e

honr

ados

fina

ncei

ros

do R

io d

e Ja

neiro

36 P

iratin

i, qu

a. 0

2 ja

n. 1

839

14

3-14

4 In

terio

r - D

ecre

tos

1- C

ria re

gras

(e in

stitu

i pen

as e

m c

aso

de n

ão-c

umpr

imen

to) p

ara

a ex

porta

ção

de g

ado

de c

orte

2-

Est

ende

o p

razo

do

indu

lto à

quel

es

que

jura

rem

fide

lidad

e à

pátri

a

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

Seq

üest

ro d

os b

ens

de q

uem

não

def

endi

a a

Rep

úblic

a.

Se

jura

sse

defe

nder

a R

epúb

lica,

era

obr

igad

o a

fixar

re

sidê

ncia

no

terr

itório

14

5 O

fício

s Jo

sé G

omes

de

Vas

conc

ello

s Ja

rdim

, po

r mot

ivo

de d

oenç

a, n

ão p

ode

acei

tar o

car

go d

e P

rocu

rado

r Ger

al d

e Tr

iunf

o Ju

iz M

unic

ipal

de

Caç

apav

a de

term

ina

a pr

epar

ação

de

aloj

amen

tos

para

a

Sed

e do

Gov

erno

José

Gom

es d

e V

asco

ncel

los

Jard

im,

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da, J

uiz

da P

az

da V

ila d

e C

açap

ava

14

5 S

em tí

tulo

C

omen

ta a

che

gada

de

80 P

olac

os e

m

Rio

Gra

nde

Não

N

ão a

cred

ita q

ue o

s m

esm

os p

olac

os q

ue lu

tara

m c

ontra

os

Cza

res

serã

o so

lidár

ios

a ca

usa

do Im

pério

Bra

sile

iro

14

6 C

orre

spon

dênc

ia

Leito

r ped

e qu

e as

mul

here

s da

R

epúb

lica

tenh

am u

m p

apel

mai

s at

ivo

luta

“Um

seu

ass

inan

te”

As

mul

here

s da

épo

ca s

ão c

ultu

ralm

ente

des

tinad

as à

s fri

volid

ades

, víti

mas

de

uma

educ

ação

que

as

degr

ada

(Moa

cyr F

lore

s fa

la d

isso

). C

oncl

ama

as m

ulhe

res

a cu

mpr

ir um

pap

el s

ocia

l mai

s vi

rtuos

o, fa

zend

o fio

s ao

s

Usa

figu

ras

liter

ária

s pa

ra d

izer

que

não

esp

era

das

“Pat

rícia

s”

atos

ext

raor

diná

rios,

her

óico

s co

mo

o cu

telo

de

Judi

th, o

pun

hal

de C

arlo

tta C

orda

y, a

esp

ada

das

Fern

ing

ou o

s m

orrõ

es d

as

Ipsa

riotta

s

Hos

pita

is d

a R

epúb

lica,

coz

endo

os

fard

amen

tos

14

6 P

arte

Ofic

ial

Info

rma

baix

as e

m C

amaq

João

Ant

onio

da

Silv

eira

, Cor

onel

37 P

iratin

i, sa

b. 0

5 ja

n. 1

839

14

7-14

8

Rep

ete

as d

uas

prim

eira

s pá

gina

s do

mer

o an

terio

r

[E

rro

de ti

pogr

afia

?]

14

9-15

0 C

omun

icad

o

Não

Fe

liz s

erá

a ép

oca

em q

ue o

laço

fede

ral l

igar

todo

o

cont

inen

te b

rasi

leiro

C

ontra

a a

patia

do

Pov

o, q

ue d

eve

aten

tar p

ara

os a

tos

de d

eus

gove

rnan

tes.

Que

r a s

aída

dos

Lus

itano

s da

ce

na p

úblic

a. L

embr

a a

viol

ênci

a na

Bah

ia

Bra

sile

iros

Livr

es X

Bra

sile

iros

Deg

ener

ados

Ti

rani

a, tr

ono

de fe

rro, “

Cad

uca

Eur

opa”

“E

scra

vos

abje

tos

do d

espo

tism

o”

38 P

iratin

i, qu

a. 0

9 ja

n. 1

839

15

1 P

rocl

amaç

ões

O g

over

no v

ai re

mov

er-s

e pa

ra

Caç

apav

a. A

grad

ece

e lo

uva

Pira

tini

Ben

to G

onça

lves

M

udan

ça p

or s

er u

m p

onto

mai

s ce

ntra

l, es

pera

ndo

“faze

r mel

hor s

entir

em

todo

vas

to te

rritó

rio d

a R

epúb

lica

os e

feito

s de

sua

açã

o”

15

1-15

2 In

terio

r - O

fício

s P

e. J

oão

de S

anta

Bár

bara

agr

adec

e a

nom

eaçã

o co

mo

Pro

cura

dor G

eral

da

Vila

de

Cac

hoei

ra, m

as re

cusa

a

posi

ção

por e

star

enf

erm

o: d

or n

o ne

rvo

ciát

ico,

pro

blem

as h

emor

roid

ais,

al

ém d

e um

afa

stam

ento

de

5 an

os d

o pa

ís, q

ue c

ompr

omet

e se

u co

nhec

i-m

ento

das

reai

s ne

cess

idad

es d

a V

ila

Pe.

Joã

o de

San

ta

Bár

bara

/ D

omin

gos

José

de

Alm

eida

A re

spos

ta d

o go

vern

o é

que,

se

cura

do d

as m

olés

tias,

ac

eite

o e

mpr

ego

em C

açap

ava

15

2 D

ecre

to

Def

iniç

ões

de P

aten

tes

no C

orpo

de

Gua

rdas

Nac

iona

is d

e S

ão B

orja

Jo

sé d

a S

ilva

Bra

ndão

Rep

ete

as d

uas

últim

as p

ágin

as d

o nú

mer

o an

terio

r.

[Err

o de

tipo

graf

ia?]

39

Pira

tini,

sab.

12

jan.

183

9

155

Dec

reto

s S

obre

pen

são

das

viúv

as e

filh

as d

os

ofic

iais

mor

tos

ou in

válid

os e

m

com

bate

José

da

Silv

a B

rand

ão

Não

tinh

am d

ireito

à p

ensã

o m

ulhe

res

divo

rcia

das

por

sent

ença

con

dena

tória

ou

por m

á co

ndut

a (o

que

val

ia

tam

bém

par

a as

órfã

s)

15

6 A

viso

N

omei

a C

irurg

ião-

Mór

o C

idad

ão

Joaq

uim

dos

San

tos

Paiv

a Jo

sé d

a S

ilva

Bra

ndão

15

6 E

xped

ient

e P

ela

Rep

artiç

ão d

a G

uerr

a e

Mar

inha

N

ão

Info

rmes

e d

efin

içõe

s di

vers

as

156-

157

Exp

edie

nte

Da

Sec

reta

ria d

a Fa

zend

a N

ão

Info

rmes

e d

efin

içõe

s di

vers

as ,

entre

ela

s, e

stip

ula

a qu

antia

de

30 m

il ré

is m

ensa

is a

o pr

ofes

sor p

úblic

o e

felic

ita o

sr.

Cap

itão

Joaq

uim

Gom

es d

e A

rauj

o, p

or

empr

esta

r 500

pes

os p

ara

o Es

tado

,a s

erem

pag

os

quan

do p

erm

itire

m a

s ci

rcun

stân

cias

do

Teso

uro

“Ao

Com

anda

nte

Ger

al d

a P

olíc

ia d

o D

epar

tam

ento

de

Can

guçu

pa

ra in

daga

r se

em p

oder

da

pard

a V

iuva

Dor

othe

a ex

iste

um

es

crav

o de

pro

prie

dade

inim

iga”

15

8 E

rrat

a C

orrig

e er

ros

de o

rtogr

afia

do

n.

ante

rior

40 P

iratin

i, qu

a. 1

6 ja

n. 1

839

15

9 D

ecre

to

Sus

pend

e pa

gam

ento

s de

sup

rimen

tos

do e

xérc

ito e

cor

ta p

ela

quin

ta p

arte

os

salá

rios

de to

dos

os e

mpr

egad

os d

o E

stad

o. D

ecre

ta re

crut

amen

to o

bri-

gató

rio d

os m

oços

a p

artir

dos

14

anos

José

da

Silv

a B

rand

ão

Pen

úria

fina

ncei

ra e

insu

ficiê

ncia

de

sold

ados

na

Rep

úblic

a R

io-G

rand

ense

16

0-16

2 E

xter

ior

Ord

em d

o D

ia +

com

entá

rios

Ant

onio

Eliz

eario

de

Mira

nda

e B

rito,

co

men

tário

não

as

sina

do

Apr

esen

ta a

rgum

ento

s pa

ra c

ontra

dize

r os

lega

lista

s:

afirm

am n

ão te

rem

nav

egad

o pe

lo ri

o C

aí p

or c

ausa

do

vent

o, m

as is

so n

ão s

eria

pos

síve

l pel

a to

pogr

afia

Rem

ete

a fa

tos

notic

iado

s no

n. 2

5 O

sub

títul

o sa

tiriz

a E

lizea

rio: “

heró

i do

barr

o ve

rmel

ho”

Apr

esen

ta a

ord

em d

o di

a (“s

ublim

e pe

ça”),

na

ínte

gra,

aos

le

itore

s C

ham

a os

lega

lista

s de

“rea

lista

s”

16

2 C

omun

icad

o R

elac

iona

a In

depe

ndên

cia

da A

mér

ica

do N

orte

ao

proc

esso

viv

ido

no s

ul n

o sé

culo

XIX

Não

“O

177

6 tra

çava

o p

rogr

ama

dos

acon

teci

men

tos

do

sécu

lo X

IX”

A A

mér

ica

Esp

anho

la e

o B

rasi

l dev

em a

Inde

pend

ênci

a à

revo

luçã

o N

orte

-Am

eric

ana,

por

ém, p

arar

am d

epoi

s de

ve

ncid

a a

bata

lha:

os

guer

reiro

s pr

estig

ioso

s vi

rara

m

novo

s tir

anos

Con

tinua

r-se-

41 P

iratin

i, sa

b. 2

0 ja

n. 1

839

16

3-16

5 C

orre

spon

dênc

ia

Peç

a lit

erár

ia d

e au

toria

de

um le

itor,

cham

ada

O B

rasi

l em

183

9 “F

.” Ta

mbé

m re

laci

ona

a si

tuaç

ão d

o B

rasi

l com

o m

ovim

ento

A

mer

ican

o. N

o Im

pério

, as

vont

ades

se

disp

ersa

ram

, di

vidi

ndo-

se e

m in

tere

sses

e p

rete

nsõe

s, p

assa

ndo

a su

bmet

er-s

e ao

jogo

das

facç

ões.

Col

oca

culp

a no

pov

o qu

e nã

o sa

be re

sist

ir à

opre

ssão

A d

ata

do c

abeç

alho

indi

ca, e

rrone

amen

te, 1

0 de

jane

iro

Cita

ções

em

fran

cês,

trad

uzid

as e

m n

otas

de

pé d

e pá

gina

in

dica

das

por l

etra

s (a

, b, c

...)

Esc

ravo

, no

sent

ido

da ti

rani

a M

ulhe

res:

“Pud

este

s ilu

dir o

bel

o se

xo”

16

5 C

omun

icad

o C

ontin

uaçã

o do

núm

ero

ante

rior

Não

O

Impé

rio e

stá

fada

do a

o fim

16

6 In

terio

r E

xped

ient

e da

Sec

reta

ria d

a Fa

zend

a N

ão

Ass

unto

s di

vers

os. C

onst

ruçã

o de

cad

eia

em C

acho

eira

16

6 Te

rmo

de D

ecla

raçã

o S

obre

um

roub

o en

volv

endo

um

a es

crav

a E

scriv

ão

Rev

ela

que

uma

pret

a fo

rra ti

nha

uma

escr

ava

8/02

16

7 1º

Bol

etim

do

Gov

erno

em

Mar

cha

para

C

açap

ava

Dom

ingo

s J.

Alm

eida

B

ento

Man

oel v

ence

forç

as im

peria

is n

o C

Açã

o de

cau

dilh

os; M

ensa

gem

ped

indo

pac

iênc

ia, q

ue

com

mai

s al

guns

sac

rifíc

ios

a pa

z se

rá a

tingi

da

16

7 O

fício

B

ento

Man

oel d

etal

ha o

com

bate

no

Caí

B

ento

Man

oel R

ibei

ro

16

8 O

rdem

do

dia

Agr

adec

imen

to p

ela

bem

-suc

edid

a aç

ão

Ben

to M

anoe

l Rib

eiro

42 P

iratin

i, qu

a. 2

3 ja

n. 1

839

16

9-17

2 C

orre

spon

dênc

ias

1) C

ontin

uaçã

o da

peç

a lit

erár

ia d

e au

toria

de

um le

itor,

O B

rasi

l em

183

9;

2) O

utro

leito

r, qu

e vi

ve re

tirad

o em

um

ra

ncho

, env

ia u

m te

xto

onde

sim

ula

tudo

o q

ue d

iria

se p

udes

se fa

lar a

to

das

as C

âmar

as P

rovi

ncia

is

1) N

ão;

2) “L

. L. L

. L.”

1) C

lara

influ

ênci

a de

text

os li

bera

is;

2) C

ritic

a o

recr

utam

ento

de

estra

ngei

ros

por p

arte

do

Impé

rio, c

ham

a à

luta

out

ras

parte

s do

Bra

sil;

A R

epúb

lica

é a

tábu

a de

sal

vaçã

o do

Bra

sil,

gara

nte

dire

itos

e pr

oprie

dade

; Ref

erên

cia

aos

gale

gos:

“Por

que

razã

o pe

rmiti

s qu

e P

ortu

gues

es ti

rado

s da

lam

a, s

em

educ

ação

e s

em v

irtud

e, c

ober

tos

de to

dos

os v

ício

s e

de

toda

s as

mal

dade

s, c

ontin

uem

a d

irigi

r vos

sos

negó

cios

trios

?” (p

. 171

); “e

stra

ngei

ros

ingr

atos

”;

1) (C

ontin

uar-s

e-há

); 2)

Esc

ravi

dão

(em

rela

ção

ao Im

pério

).

Esc

ravi

dão →

col

ônia

; “A

virt

ude

card

eal d

o ho

mem

livr

e é

a aç

ão” (

p.17

1);

“A e

scra

vidã

o am

orte

ce n

o ho

mem

os

sent

imen

tos

mai

s no

bres

da

alm

a” (p

. 171

)

17

2 C

orre

spon

dênc

ias

Ext

rato

de

uma

carta

par

ticul

ar e

scrit

a em

Mon

tevi

déu,

em

11

de d

ezem

bro

Não

R

elat

a o

corte

jo d

e P

edro

Cha

ves,

env

iado

do

Impé

rio

Bra

sile

iro, a

o go

vern

o do

Uru

guai

, par

a qu

e es

te m

ande

tro

pas

para

com

bate

r os

repu

blic

anos

(Pra

ta)

17

2 In

terio

r

Não

In

form

es d

iver

sos.

Que

stio

na o

Jui

z de

Paz

de

Pira

tini

sobr

e o

desl

ocam

ento

do

escr

avo

de u

m c

idad

ão is

ento

pa

ra a

fábr

ica

de s

alitr

e; O

rden

a o

paga

men

to d

o sa

lário

do

pro

f. de

prim

eira

s le

tras

Ant

onio

Ben

to, e

m A

legr

ete,

e

da P

rofa

. Zef

erin

a da

Silv

a, e

m C

açap

ava

Ling

uage

m b

em m

ais

dire

ta q

ue n

os a

rtigo

s

43 P

iratin

i, sa

b. 2

6 ja

n. 1

839

17

3 In

terio

r P

ublic

ação

de

carta

vin

da d

o R

J, d

e 13

de

out

ubro

de

1838

+ c

omen

tário

s “L

.L.L

.” N

otíc

ia d

a po

ssib

ilidad

e de

end

urec

imen

to d

as p

uniç

ões

ao p

risio

neiro

s re

publ

ican

os n

o Im

pério

, alé

m d

o im

pact

o da

pub

licaç

ão d

o M

anife

sto

da R

epúb

lica

Rio

-Gra

nden

se

no R

io d

e Ja

neiro

; Com

entá

rio: q

uest

iona

ond

e es

tá a

re

volta

das

dem

ais

prov

ínci

as; a

mea

ça ta

mbé

m c

om o

en

dure

cim

ento

“Tru

cida

rem

os c

ruel

men

te b

árba

ros,

Bra

sile

iros

que

amam

os”

(p.1

73)

Rev

ela

um c

erto

dis

tanc

iam

ento

ent

re E

Ue

e E

Uc:

“[...

] em

nom

e de

todo

o P

ovo

Bra

sile

iro ro

gam

os a

o no

sso

Gov

erno

que

im

edia

tam

ente

dec

rete

: [...

]. Es

pera

mos

que

o G

over

no d

a R

epúb

lica

tom

ando

tudo

na

devi

da c

onsi

dera

ção

e in

dign

ado

com

o nó

s pe

lo in

íquo

pro

cedi

men

to d

e um

Pod

er q

ue a

com

ete

tudo

, não

ser

á su

rdo

à vo

z da

razã

o e

da h

uman

idad

e. D

ará,

co

mo

lhe

com

pete

, pro

va d

e fo

rte e

gen

eros

os a

um

tem

po”

(p.1

74)

17

4 In

terio

r (co

ntin

uaçã

o)

“De

Arr

oio

Gra

nde

nos

escr

evem

”; D

enun

cia

a in

trodu

ção

de n

ovos

es

crav

os e

m R

io G

rand

e

Não

C

onde

na v

eem

ente

men

te o

tráf

ico

de e

scra

vos,

afir

ma

que

o Im

pério

cont

inui

dade

à p

rátic

a e

que

sem

ne

gros

e e

stra

ngei

ros,

não

teria

con

diçõ

es d

e lu

tar c

ontra

a

Rep

úblic

a

“Isto

é o

que

pod

emos

diz

er a

o pa

triot

a qu

e in

dign

ado

nos

dirig

iu

as p

ouca

s lin

has

que

trans

crev

emos

” (p.

174)

17

4-17

6 In

terio

r (co

ntin

uaçã

o)

Exp

edie

nte

da S

ecre

taria

da

Faze

nda

Não

In

form

es d

iver

sos.

Neg

ocia

nte

Luiz

Nac

imbe

ne a

pare

ce

bast

ante

17

6 E

xter

ior

Ingl

ater

ra, 1

5 de

out

ubro

. Reu

nião

do

Par

tido

Libe

ral i

nglê

s O

Nac

iona

l de

Mon

tevi

déu

15.0

00 p

artic

ipan

tes

na re

uniã

o R

elat

o co

m li

ngua

gem

mai

s di

reta

44 P

iratin

i, qu

a. 3

0 ja

n. 1

839

17

7 In

terio

r D

esap

arec

imen

to d

e 3

cida

dãos

R

edat

or

O s

umiç

o do

s co

mpa

nhei

ros

emba

sa d

uras

crít

icas

à

leta

rgia

do

Gov

erno

na

puni

ção

dos

inim

igos

A

rtigo

de

capa

, com

eça

e te

rmin

a na

prim

eira

pág

ina,

dan

do

mai

s pe

so e

des

taqu

e ao

text

o (o

nº t

odo

está

har

môn

ico)

178

Ext

erio

r P

orto

Ale

gre.

Pro

clam

ação

. Hab

itant

es

da c

ampa

nha

do R

io-G

rand

e! +

co

men

tário

Ant

onio

Eliz

eario

de

Mira

nda

e B

rito,

(r

etira

do d

o M

erca

ntil

de R

io-G

rand

e)

Ofe

rece

ani

stia

aos

rio-

gran

dens

es e

, ao

mes

mo

tem

po,

amea

ça c

om o

exé

rcito

impe

rial,

agor

a am

para

do p

elos

co

ntin

entis

tas

do E

stad

o O

rient

al (r

elaç

ões

com

o P

rata

) C

omen

tário

: não

fala

da

parti

cipa

ção

do U

rugu

ai

Cha

ma

os re

beld

es d

e “c

audi

lhos

” C

ham

a E

lizea

rio d

e “h

erói

do

barr

o ve

rmel

ho”,

usa

a pa

lavr

a “p

ortu

guês

” com

o xi

ngam

ento

E

lizea

rio s

e ap

rese

nta

“Pre

side

nte

da P

roví

ncia

” e o

jorn

al

lem

bra:

“de

Rio

Gra

nde,

Nor

te e

Por

to A

legr

e, s

omen

te”

17

9 A

inda

a p

olíti

ca d

o te

rror

A

rtigo

con

trário

a a

plic

ação

das

leis

de

guer

ra à

rebe

lião

e à

Gua

rda

Nac

iona

l A

uror

a Fl

umin

ense

S

iste

ma

de M

aqui

avel

(“o

prín

cipe

dev

e re

pres

enta

r o

pape

l de

fera

”); fa

natis

mo

polít

ico

que

não

tole

ra o

si

mpl

es d

ebat

e, ta

chad

o de

“fac

ção”

, pol

ítica

do

terr

or

Cita

um

trec

ho d

’O P

rínci

pe

18

0 C

orre

spon

dênc

ia

Leito

r com

enta

out

ra c

orre

spon

dênc

ia

publ

icad

a, s

obre

o tr

áfic

o de

esc

ravo

s “C

onst

ante

leito

r” C

ompa

rtilh

a da

com

plet

a ab

jeçã

o a

essa

prá

tica,

mas

po

nder

a nã

o se

r pos

síve

l esp

erar

mai

s na

da d

o tip

o de

ge

nte

que

povo

a o

Bra

sil

“Com

o es

pera

r dife

rent

e co

ndut

a da

quel

es q

ue, s

em in

dúst

ria,

sem

inst

ruçã

o, s

em m

oral

, man

chad

os d

e to

dos

os v

ício

s vê

m

para

o B

rasi

l com

o nó

s sa

bem

os!”

45 P

iratin

i, sa

b. 0

2 fe

v. 1

839

18

1-18

2 E

xter

ior

Rio

de

Jane

iro -

Arti

go c

ontra

a

cres

cent

e vi

olên

cia

e ar

bítri

o do

trat

o do

Impé

rio c

om a

s P

roví

ncia

s

Aur

ora

Flum

inen

se

Par

ece

que

o co

nflit

o ar

mad

o tin

ha, a

prin

cípi

o, u

m

cará

ter n

ão tã

o vi

olen

to, c

omo

se fo

sse

uma

etap

a de

ne

goci

ação

. A re

pres

são

na B

ahia

par

ece

ter t

orna

do

esse

qua

dro

mai

s vi

olen

to. N

a vi

são

dos

repu

blic

anos

, co

nseq

üênc

ia d

as d

esor

dens

civ

is

“A a

narq

uia

é ho

je a

Med

usa,

é o

esp

anta

lho

que

o m

inis

teria

lism

o ap

rese

nta

aos

olho

s do

púb

lico,

sem

pre

que

se

recl

ama

cont

ra o

regi

me

prat

icad

o na

s pr

ovín

cias

” (p.

182)

18

2-18

3 C

orre

spon

dênc

ias

1) L

eito

r ped

e qu

e se

repr

oduz

a u

ma

carta

do

depu

tado

Otto

ni p

ublic

ada

no

Par

lam

enta

r 2)

Res

post

a do

reda

tor:

afirm

a qu

e va

i pu

blic

ar a

car

ta, a

pesa

r da

lingu

agem

, qu

e lh

e pa

rece

“em

dem

asia

exa

ltada

e

viol

enta

” 3)

Dep

utad

o ta

mbé

m p

ede

que

a ca

rta

seja

pub

licad

a 4)

Rel

ata

as p

éssi

mas

con

diçõ

es d

os

pris

ione

iros

e as

sen

tenç

as d

e m

orte

de

cidi

das

por u

m c

onse

lho

de g

uerra

co

nsid

erad

o ile

gal

1) U

m B

ahia

no

2) a

nôni

mo

3) T

. B. O

ttoni

4)

Idem

1) F

ala

do p

apel

da

impr

ensa

2)

Apr

esen

ta a

lgum

crit

ério

edi

toria

l par

a a

lingu

agem

em

preg

ada

no jo

rnal

, alé

m d

e re

futa

r alg

umas

das

idéi

as

pres

ente

s na

car

ta

4) D

ificu

ldad

e de

exp

ress

ão a

travé

s do

s jo

rnai

s na

Bah

ia

18

4 In

terio

r A

rtigo

rela

ta o

“clim

a” n

o R

J, a

firm

ando

qu

e o

país

par

ece

cam

inha

r par

a o

fim

do s

iste

ma

repr

esen

tativ

o

Não

O

7 d

e ab

ril d

e 18

31 fo

i a p

urifi

caçã

o do

12

de n

ovem

bro

de 1

823

18

4 O

ficio

A

o S

r. M

anoe

l Mad

ruga

de

Bitt

enco

urt,

Che

fe d

e P

olíc

ia d

e Ja

guar

ão,

solic

itand

o to

dos

os e

sfor

ços

para

so

luci

onar

o s

umiç

o do

col

etor

de

Her

val

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

Talv

ez re

spon

dend

o ao

arti

go q

ue c

onde

nou

sua

leta

rgia

(n

.44)

no

caso

do

desa

pare

cim

ento

do

Sr.

Vas

co A

mar

o da

Silv

eira

, o G

over

no d

eter

min

a a

ação

de

todo

s os

re

curs

os p

ossí

veis

par

a vi

ngar

a m

orte

do

Cid

adão

18

4 A

núnc

ios

Info

rmaç

ões

varia

das

N

ão

O re

dato

r con

tinua

indi

gnad

o co

m o

cas

o do

des

apar

e-ci

men

to, l

amen

tand

o a

“frou

xidã

o” d

as a

utor

idad

es lo

cais

do

dep

arta

men

to o

nde

o ca

so a

cont

eceu

e p

ede

ao

gove

rno

grav

es m

edid

as, e

m n

ome

do s

osse

go p

úblic

o

Inte

rrup

ção

da p

ublic

ação

do

jorn

al d

evid

o à

mud

ança

par

a C

açap

ava;

Ass

inat

uras

do

jorn

al

5/02

18

5 D

ecre

to

End

urec

e o

trata

men

to, p

unin

do c

om a

m

orte

, ofic

iais

lega

lista

s qu

e já

hav

iam

si

do p

reso

s e

anis

tiado

s qu

e vo

ltem

a

guer

rear

con

tra a

cau

sa d

a Le

galid

ade

José

da

Silv

a B

rand

ão e

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

ênfa

se a

o cu

mpr

imen

to, p

or p

arte

do

gove

rno

da

Rep

úblic

a, a

o D

ireito

das

Gen

tes

e ao

Dire

ito d

e G

uerr

a un

iver

salm

ente

reco

nhec

ido

46 C

açap

ava,

qua

. 06

mar

. 183

9

187

Sem

títu

lo

Text

o qu

e in

trodu

z a

nova

fase

do

jorn

al, a

gora

em

Caç

apav

a N

ão

Ped

e de

scul

pas

aos

assi

nant

es p

ela

dem

ora

na v

olta

da

publ

icaç

ão d

o jo

rnal

; anu

ncia

a d

istri

buiç

ão d

e um

a er

rata

, por

cau

sa d

e m

uito

s er

ros

que

ocor

rera

m [s

erá

aque

le c

aso

das

pági

nas

troca

das

em 2

núm

eros

?]

Jorn

al v

olta

a s

er p

ublic

ado,

dep

ois

de u

m m

ês

Adi

cion

a ao

cab

eçal

ho “L

iber

dade

, Igu

alda

de, H

uman

idad

e”

Est

abel

ece

que

“de

hoje

em

dia

nte

os a

rtigo

s pe

rtenc

ente

s à

reda

ção

irão

enca

beça

dos

com

o tí

tulo

do

mes

mo

Jorn

al” (

p.18

7)

18

7 P

arte

s O

ficia

is

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da a

grad

ece

à C

âmar

a de

Pira

tini e

est

a re

torn

a D

omin

gos

José

de

Alm

eida

/ C

âmar

a de

P

iratin

i

18

8 P

rocl

amaç

ão

Con

clam

a as

fam

ílias

a p

rote

ger a

ci

dade

Ju

iz d

e P

az (P

iratin

i) R

ecei

o de

que

Pira

tini s

eja

atac

ada

na a

usên

cia

da s

ede

do g

over

no

18

8 In

terio

r Te

xto

sobr

e a

mud

ança

de

Cap

ital

Não

A

firm

a qu

e fo

i pla

neja

da, m

as q

ue p

rova

velm

ente

o

Impé

rio v

ai p

ropa

gand

ear q

ue a

mud

ança

foi u

ma

fuga

Ju

stifi

ca p

ela

posi

ção

cent

ral,

mai

s se

gura

, que

po

ssib

ilitar

á um

a aç

ão m

ais

efet

iva

do g

over

no

Mos

tra m

uito

s el

emen

tos

do c

otid

iano

: O p

resi

dent

e fe

z um

a en

trada

sol

ene

na V

ila, m

úsic

a na

pra

ça, i

lum

inaç

ão, f

ogue

tes.

N

o ou

tro d

ia, S

essã

o E

xtra

ordi

nária

da

Câm

ara,

Mis

sa. C

ham

a pa

ra a

leitu

ra d

o ju

ram

ento

de

fidel

idad

e ao

gov

erno

no

próx

imo

núm

ero

18

9 A

locu

ção

Fala

do

Pre

side

nte

da C

âmar

a de

C

açap

ava

18

9-19

0 O

Pov

o N

otíc

ia d

e qu

e o

Impé

rio h

aver

ia

mat

ado

7 e

apris

iona

do 2

rebe

ldes

em

P

elot

as +

com

entá

rio

Mer

cant

il de

Rio

G

rand

e O

com

entá

rio c

onta

a m

esm

a hi

stór

ia, m

as c

om

aten

uant

es p

ara

os fa

tos:

o ta

l cap

itão

não

esta

va lá

atrá

s do

s re

beld

es, e

sim

de

uma

denú

ncia

de

mul

her i

nfam

e;

os c

aval

os e

ram

de

vizi

nhos

, não

dos

sol

dado

s

“Neg

ro e

scra

vo d

e Ju

ca N

eves

” V

erda

de →

libe

rdad

e X

Men

tira →

esc

ravo

s

19

0 N

otíc

ia

Lanc

hões

da

Rep

úblic

a ap

resa

m

emba

rcaç

ões

de R

io G

rand

e N

ão

O ia

te e

um

a ca

noa

fora

m a

piq

ue, p

ois

esta

vam

mui

to

podr

es; a

car

ga (p

anos

, fer

ros,

cor

rent

es) f

oram

leva

dos

a um

por

to s

egur

o e

a tri

pula

ção,

4 n

egro

s e

um a

lem

ão,

inco

rpor

ados

a m

arin

ha

47 C

açap

ava,

sab

. 09

mar

. 183

9

191

Par

tes

Ofic

iais

S

essã

o E

xtra

ordi

nária

, ofic

ial d

a V

erea

dore

s de

A

mai

or ra

zão

para

o R

io G

rand

e to

mar

arm

as fo

i a

Cita

a a

locu

ção

e, e

m n

ota

de ro

dapé

, ind

ica

a le

itura

no

núm

ero

reco

nhec

imen

to d

a in

depe

ndên

cia

da

Rep

úblic

a R

io-G

rand

ense

C

açap

ava

defe

sa d

e se

us d

ireito

s sa

grad

os, d

ada

a cr

ueld

ade

do

trata

men

to d

ispe

nsad

o pe

lo Im

pério

à e

ntão

Pro

vínc

ia

46

19

2-19

3 D

ecre

tos

Dep

ois

de lo

nga

e ve

emen

te d

igre

ssão

so

bre

a br

utal

idad

e do

Impé

rio,

decr

eta:

Ben

to G

onça

lves

da

Silv

a O

s pr

isio

neiro

s pa

ssam

a s

er c

onsi

dera

dos

refé

ns,

fican

do c

onfin

ados

; a c

ada

pris

ione

iro ri

o-gr

ande

nse

exec

utad

o pe

los

lega

lista

s, o

utro

lega

lista

é e

xecu

tado

na

Rep

úblic

a; o

ficia

is in

ferio

res

e so

ldad

os e

stão

exc

luíd

os,

porq

ue s

ão fo

rçad

os a

o se

rviç

o; b

andi

dos

e m

erce

nário

s de

vem

ser

exe

cuta

dos

imed

iata

men

te

Ref

erên

cias

: Im

pério

: gov

erno

Maq

uiav

élic

o; c

ruel

dade

de

Cal

ígul

a e

Ner

o; R

evol

ução

Fra

nces

a: s

ancu

lote

lism

o,

Rob

espi

erre

, Mar

at

19

3 O

Pov

o Im

pério

exe

cuta

pel

o m

enos

4 fa

rrap

os

que

esta

vam

pris

ione

iros

Não

“A

gue

rra d

e ex

term

ínio

prin

cipi

ou”

Rel

açõe

s no

Pra

ta: “

Cer

tam

ente

ord

em v

ossa

: no

terr

itório

da

Rep

úblic

a O

rient

al fo

rmou

-se

uma

asso

ciaç

ão c

uja

met

a é

sust

enta

r, pa

gar e

diri

gir u

ma

quad

rilha

de

Sal

tead

ores

incu

mbi

da d

e ho

stiliz

ar-n

os

com

eten

do to

da e

spéc

ie d

e cr

imes

” (p.

194

)

Maq

uiav

el a

pare

ce d

e no

vo, s

empr

e co

m c

onot

ação

neg

ativ

a

19

4 C

ircul

ar

Con

voca

um

a re

uniã

o do

Con

selh

o de

P

atrio

tas,

que

reún

e os

Pro

cura

dore

s G

erai

s do

s m

unic

ípio

s

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

48 C

açap

ava,

qua

. 13

mar

. 183

9

195

Dec

reto

s In

form

a qu

e o

Min

istro

dos

Neg

ócio

s da

Gue

rra, J

osé

da S

ilva

Bra

ndão

, as

sum

e in

terin

amen

te o

Min

isté

rio d

a Ju

stiç

a

Ben

to G

onça

lves

/ Jo

sé d

a S

ilva

Bra

ndão

Pub

lica

nova

men

te o

dec

reto

que

ord

ena

a ex

ecuç

ão

imed

iata

que

qua

lque

r pris

ione

iro re

inci

dent

e da

s fil

eira

s le

galis

tas

/ Rel

açõe

s no

Pra

ta: d

esig

na u

m e

nvia

do

dipl

omát

ico

ao P

arag

uai

19

6 C

ircul

ar

Ord

ena

às in

stân

cias

judi

ciai

s qu

e in

vest

igue

m u

m g

rupo

de

saqu

eado

res

José

da

Silv

a B

rand

ão

19

6 E

dita

is

Ass

unto

s di

vers

os

197-

198

Inte

rior

Rep

rodu

z e

com

enta

trec

ho d

’O

Cam

peão

. O

Pov

o é

proi

bido

de

circ

ular

em

São

Jos

é do

Nor

te, P

orto

A

legr

e e

Rio

Gra

nde

Não

Iro

niza

a c

ensu

ra, c

onsi

dera

ndo-

a at

é m

esm

o po

sitiv

a R

efer

e co

mo

trist

e ev

ento

a c

oroa

ção

de N

apol

eão

Cal

ar a

impr

ensa

apr

essa

a q

ueda

dos

regi

mes

tirâ

nico

s

“hon

ra d

o an

átem

a”

“os

escr

avos

não

dev

em ra

cioc

inar

” Ilu

stra

ção

e lu

zes

X ig

norâ

ncia

e e

scur

idão

19

8 S

onet

o

A.M

.C. d

a C

., de

dica

do a

D

omin

gos

José

de

Alm

eida

R

efer

e-se

ao

Impé

rio c

omo

“car

amur

u”

19

8 E

rrat

a do

n. 4

6

Pre

ench

e o

fim d

a pá

gina

49

Caç

apav

a, s

ab. 1

6 m

ar. 1

839

19

9 D

ecre

tos

Def

ine

post

os n

o Ex

érci

to

José

da

S. B

rand

ão

Dec

reto

s O

fere

ce g

aran

tias

e re

galia

s ao

s of

icia

is e

sol

dado

s da

s fil

eira

s re

publ

ican

as

José

da

S. B

rand

ão

Pro

mes

sas

para

dep

ois

que

toda

s as

forç

as im

peria

is

fore

m e

xpul

sas

do te

rritó

rio re

publ

ican

o

Dec

reto

s O

brig

a to

dos

os c

idad

ão e

súd

itos

a us

ar o

Laç

o da

Naç

ão e

m s

eus

chap

éus,

sob

pen

a de

mul

ta e

pris

ão

José

da

S. B

rand

ão

Exc

etua

os

escr

avos

des

sa o

brig

ator

ieda

de

Xen

ofob

ia: p

revê

pen

as m

ais

dura

s ao

s na

scid

os e

m

Por

tuga

l, a

rein

cidê

ncia

con

figur

a re

núnc

ia d

o “P

acto

S

ocia

l” e

gera

pen

a de

exp

ulsã

o

[“súd

itos”

na

Rep

úblic

a?]

20

2 C

ircul

ar

Edi

tal s

obre

o s

orte

io d

os c

onhe

cim

en-

tos

a se

rem

pag

os p

ela

troca

do

cobr

e D

omin

gos

José

de

Alm

eida

20

2 D

uas

pala

vras

sob

re a

qu

estã

o do

Cea

Den

unci

a a

prát

ica

de tr

oca

de

func

ioná

rios

públ

icos

sem

pre

que

eles

m

anife

stam

qua

lque

r opi

nião

con

trária

ao

Impé

rio

Não

D

enun

cia

os d

esm

ando

s do

Impé

rio ta

mbé

m n

o C

eará

Im

pério

→ T

igre

s M

aqui

avel

ism

o, n

ovam

ente

com

sen

tido

pejo

rativ

o C

itaçã

o de

Vol

taire

(Mah

omet

): “O

s In

fern

os e

os

Céu

s ve

reis

un

idos

, / a

ntes

que

nos

ligu

em e

sses

laço

s”

20

2 S

onet

o (p

or d

espe

dida

) J.

G. L

. F.

Idéi

a da

“Pát

ria s

uste

ntan

do a

Lei

50 C

açap

ava,

qua

. 20

mar

. 183

9

203-

204

Dec

reto

s P

rom

ove

João

Jos

é D

amas

ceno

a

Cor

onel

Jo

sé d

a S.

Bra

ndão

D

ispo

siçõ

es g

erai

s so

bre

o A

lmox

ari-

fado

do

Ars

enal

de

Gue

rra,

dad

a a

extin

ção

da R

epar

tição

do

Com

issa

riado

Ger

al d

o E

xérc

ito

José

da

S. B

rand

ão

Que

stõe

s pr

átic

as d

a di

visã

o de

farin

ha, c

arne

, fum

o,

vela

s; c

riaçã

o de

Dep

ósito

s. S

olic

ita a

par

ticip

ação

de

peõe

s e

capa

taze

s pa

ra tr

abal

har n

os d

epós

itos

(par

a nã

o de

sfal

car a

s fil

eira

s do

exé

rcito

)

20

5 C

orre

spon

dênc

ia

“O

Apo

logi

sta

do S

r. E

lizea

rio”

Just

iça

com

o a

prim

eira

das

virt

udes

soc

iais

Iro

niza

Eliz

eario

, diz

endo

que

ele

pre

sta

gran

des

favo

res

à R

epúb

lica

ao p

erde

r em

bate

s e

deix

ar p

ara

trás

arm

amen

tos,

fard

as e

out

ros

mat

eria

is e

scas

sos

nas

Cita

Cam

ões

Ironi

a

filei

ras

repu

blic

anas

. A c

oniv

ênci

a de

Eliz

eario

de

nunc

iaria

um

pei

to re

publ

ican

o

206

Not

ícia

C

onfro

ntos

com

Bug

reiro

, est

e ac

aba

assa

ssin

ado

Lage

s de

clar

a su

a in

depe

ndên

cia

e a

fede

raçã

o à

Rep

úblic

a R

io G

rand

ense

Não

E

stre

mec

imen

to n

as re

laçõ

es c

om o

Pra

ta: “

Bugr

eiro

e

Cha

rá v

iera

m d

e C

orrie

ntes

de

onde

os

emig

rado

s al

i ex

iste

ntes

, bem

com

o os

do

Esta

do O

rient

al, m

ais

uma

vez

são

diri

gido

s a

tala

r nos

so te

rritó

rio: a

pac

iênc

ia e

as

cons

ider

açõe

s in

tern

acio

nais

tam

bém

se

esgo

tam

Por

men

ores

dos

aco

ntec

imen

tos

no p

róxi

mo

núm

ero

20

6 A

núnc

io

Alg

o co

mo

um in

form

e le

gal

Não

“J

osé

Ferre

ira G

omes

filh

o de

clar

a qu

e de

hoj

e em

dia

nte

se a

ssin

ará

José

Fer

reira

Gom

es R

oque

51 C

açap

ava,

sab

. 23

mar

. 183

9

207

Pro

clam

ação

D

o P

resi

dent

e da

Rep

úblic

a R

io-

Gra

nden

se a

os h

abita

ntes

de

Lage

s B

ento

Gon

çalv

es d

a S

ilva

Car

acte

riza

o Im

pério

com

o at

olad

o em

dív

idas

, dev

orad

o pe

las

facç

ões

e co

rrupç

ão. C

ita a

priv

ilegi

ada

posi

ção

geog

ráfic

a da

cid

ade

e o

cará

ter d

os h

abita

ntes

Felic

ita o

s la

gean

os e

pin

ta u

m q

uadr

o de

que

as

rebe

liões

te

riam

con

diçõ

es d

e se

esp

alha

r pel

o B

rasi

l

20

7 D

ecre

tos

Def

ine

com

o é

o To

pe N

acio

nal

José

Gom

es d

e V

asco

ncel

los

Jard

im

e D

omin

gos

José

de

Alm

eida

D

efin

ição

de

um s

ímbo

lo d

a R

epúb

lica

20

8

Taxa

ção

da e

rva-

mat

e na

cion

al

Dom

ingo

s e

Ben

to

Def

ine

a ta

xa d

e 16

0 ré

is p

or a

rrob

a na

exp

orta

ção

208

P

assa

a s

er fr

anco

o c

omér

cio

com

P

orto

Ale

gre

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

As

arm

as ri

o-gr

ande

nses

são

em

punh

adas

ape

nas

cont

ra o

tirâ

nico

gov

erno

do

Bra

sil,

e nã

o ao

s irm

ãos

(“qu

e, a

pesa

r de

desv

aira

dos

[a R

epúb

lica]

que

r ab

raça

r”) (p

.208

)

20

8-21

0 U

ma

pala

vra

aos

ouvi

dos

dos

Red

ator

es

do S

ete

de A

bril

Tran

scre

ve tr

echo

do

Set

e de

Abr

il e

com

enta

Jo

rnal

Set

e de

Abr

il,

o co

men

tário

não

é

assi

nado

Não

-rec

onhe

cim

ento

da

repú

blic

a po

r par

te d

os

impe

riais

, con

side

rand

o-a

prov

ida

de re

curs

os, “

apen

as”

um le

gisl

ativ

o à

parte

; pro

cura

ridi

cula

rizá-

la; a

firm

a po

der o

fere

cer p

erdã

o ao

s re

beld

es, m

as n

unca

re

conh

ecer

ato

s da

“Rep

ubliq

ueta

”.

Impé

rio u

sa “C

audi

lhos

” e “r

ebel

des”

D

ificu

ldad

es fi

nanc

eira

s da

repú

blic

a Tr

oca

de a

cusa

ções

de

roub

o D

esqu

alifi

caçã

o da

font

e do

s im

peria

is (n

ão m

ostra

a

carta

orig

inal

)

O jo

rnal

do

Impé

rio h

avia

tran

scrit

o um

a ca

rta d

e Jo

sé d

e P

aiva

M

agal

hães

Cal

vet,

o P

erni

long

o, m

iltar

e jo

rnal

ista

, red

ator

do

Rec

opila

dor L

iber

al a

o la

do d

e Ti

to L

ivio

Zam

beca

ri. A

car

ta n

ão

apar

ece,

ess

a in

form

ação

é in

dica

da p

or n

ota

de ro

dapé

. Im

peria

is o

cha

mam

de

caud

ilho,

pal

avra

que

os

repu

blic

anos

di

zem

não

apa

rece

r no

dici

onár

io d

e su

a lín

gua

(tam

bém

em

no

ta d

e ro

dapé

). A

o qu

e pa

rece

, a c

arta

dev

ia fa

lar d

e di

ficul

dade

s fin

ance

iras,

que

afirm

am q

ue a

“Pro

vínc

ia d

e R

io G

rand

e nã

o te

m m

eios

de

figur

ar e

ntre

as

Naç

ões

Livr

es e

Inde

pend

ente

s. N

ada

men

os

que

um p

oder

Leg

isla

tivo

à pa

rte”.

Usa

a p

alav

a “re

beld

es”

Faz

troca

dilh

o n

a ex

pres

são

Rep

ubliq

ueta

de

“Pilh

a-tin

im”

(Pira

tini),

sug

erin

do q

ue a

roub

alhe

ira é

a b

ase

da R

epúb

lica.

N

o co

men

tário

, lem

bra

que

Cal

vet f

oi p

reso

no

Fanf

a, ju

nto

com

B

ento

e q

ue a

inda

se

enco

ntra

no

Rio

de

Jane

iro e

que

“n

enhu

ma

influ

ênci

a te

ve o

u te

m ti

do d

esde

ent

ão p

ara

cá e

m

noss

os n

egóc

ios”

, des

qual

ifica

ndo

a fo

nte

dos

Impe

riais

. Nes

se

sent

ido,

afir

ma

tam

bém

que

os

impe

riais

“não

dev

eria

m a

tribu

ir ne

m à

Rep

úblic

a ne

m a

os s

eus

chef

es o

pen

sam

ento

de

um

jove

m, p

osto

que

tale

ntos

o, ta

nto

porq

ue lh

e fa

lta a

exp

eriê

ncia

, qu

ando

dou

trina

est

á tã

o lo

nge

de e

nten

der e

de

fala

r da

polít

ica

que

nos

é pr

ópria

”. S

obre

a d

ificu

ldad

e de

recu

rsos

, afir

ma

que

a po

brez

a na

da te

m a

ver

com

Inde

pend

ênci

a e

Libe

rdad

e. E

sse

pens

amen

to d

eriv

aria

da

prep

otên

cia

dos

impe

riais

. Sob

re o

tro

cadi

lho

“Pilh

a-tin

im”,

argu

men

ta: “

Que

que

r diz

er P

ilha-

tinim

na

vos

sa fr

aseo

logi

a ga

iata

? La

droe

ira?

Não

é is

to!”,

def

ende

a

apro

pria

ção

de b

ens

dos

inim

igos

em

sol

o re

publ

ican

o, c

ita a

al

ianç

a do

Impé

rio c

om S

aque

ador

es v

indo

s do

Est

ado

Orie

ntal

. A

ling

uage

m p

esa:

“mis

eráv

eis”

, des

graç

ados

”, “ig

nora

ntes

”. C

ita

um tr

echo

da

obra

Cas

sand

ra (p

rofe

tisa

que,

por

um

a m

aldi

ção

de A

polo

, é s

empr

e de

sacr

edita

da, m

as p

revê

a g

uerr

a de

Tró

ia)

21

0 O

fício

A

ssun

tos

dive

rsos

Jo

aqui

m M

aria

no

Ara

nha

Impo

rtânc

ia d

e de

fend

er L

ages

, por

sua

pos

ição

ge

ográ

fica

21

0 M

áxim

as d

e C

onfú

cio

Peq

ueno

s tre

chos

mor

ais

Não

Fi

lóso

fo: r

azão

, ver

dade

e ju

stiç

a. C

arid

ade

210

Anú

ncio

Não

Rep

ete

o an

únci

o do

núm

ero

ante

rior

52 C

açap

ava,

qua

. 27

mar

. 183

9

211

Cor

resp

ondê

ncia

s O

Cor

reio

Mer

cant

il da

Bah

ia h

avia

pu

blic

ado

artig

o af

irman

do q

ue o

Sr.

Man

oel G

omes

Per

eira

hav

ia ro

ubad

o os

cof

res

da B

ahia

e fu

gido

par

a a

Man

oel G

omes

P

erei

ra

Des

dobr

amen

tos

dos

conf

ront

os n

a Ba

hia.

P

ara

defe

nder

-se,

des

qual

ifica

o re

dato

r e o

Impé

rio,

além

de

deta

lhar

todo

s os

gas

tos

que

teve

na

viag

em d

a B

ahia

a M

onte

vidé

u

Cita

“um

gên

io d

a lit

erat

ura

franc

esa”

, Jea

n R

acin

e In

sulta

o jo

rnal

ista

do

Cor

reio

Mer

cant

il da

Bah

ia: “

infa

me

Per

iodi

quei

ro d

a Ba

hia”

; usa

tam

bém

“gal

egal

idad

e”, ‘

gale

gos”

, “c

anal

ha p

ortu

gues

a”, “

hidr

ofób

icos

san

gues

suga

s”

Rep

úblic

a R

io-G

rand

ense

Car

ta q

ue c

ritic

a um

a ca

rta d

e U

lhôa

C

intra

pub

licad

a pe

lo C

ampe

ão d

a Le

galid

ade,

de

Por

to A

legr

e

“O in

imig

o de

todo

s os

ped

ante

s do

U

nive

rso

que

quer

em

pass

ar p

or S

ábio

s”

Ofíc

ios

Col

etor

ass

assi

nado

. Che

fe d

e po

lícia

pe

de a

dep

orta

ção

dos

inim

igos

da

caus

a

Man

oel M

adru

ga,

Che

fe G

eral

de

Pol

ícia

Ju

iz d

e pa

z di

z nã

o te

r re

spon

sabi

lidad

e pe

la s

egur

ança

do

cole

tor a

ssas

sina

do

José

Am

aro

da

Silv

eira

Err

ata

Cor

rige

um e

rro

cras

so n

a ed

. ant

erio

r N

ão

Na

cara

cter

izaç

ão d

o to

pe n

acio

nal,

afirm

a o

botã

o ce

ntra

l de

outro

é s

em n

enhu

m v

alor

, mas

o c

orre

to s

eria

la

vor

53 C

açap

ava,

sab

. 30

mar

. 183

9

215

Par

tes

Ofic

iais

C

omeç

a a

orga

niza

r agê

ncia

s do

s C

orre

ios

N

eces

sida

de d

e m

elho

rar a

efic

ácia

da

com

unic

ação

do

gove

rno

com

os

dive

rsos

pon

tos

do E

stad

o

21

6 P

arad

eiro

s D

efin

e o

cam

inho

das

cor

resp

ondê

n-ci

as q

ue s

aem

da

capi

tal p

ara

dife

rent

es p

onto

s: B

agé,

Pira

tini,

Cac

hoei

ra, S

ão G

abrie

l.

21

6-21

8 R

eque

rimen

to

Cid

adão

que

stio

na o

uso

do

Laço

por

br

asile

iros

Joaq

uim

Cân

dido

Pi

nto

do C

astro

/

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

Se

não

usar

o to

pe, c

omet

e cr

ime

na R

epúb

lica;

ut

ilizan

do-o

, pod

e pe

rder

os

dire

itos

polít

icos

com

o B

rasi

leiro

. A re

spos

ta d

a R

epúb

lica

é qu

e, p

or d

ecre

to

ante

rior a

o do

uso

do

laço

, o c

idad

ão te

ve p

razo

par

a ap

rese

ntar

-se

com

o es

trang

eiro

e q

ue, f

indo

est

e pr

azo,

ad

eriu

à c

ausa

repu

blic

ana.

Sab

idam

ente

não

-si

mpa

tizan

te d

a R

epúb

lica,

o p

resi

dent

e dá

um

pra

zo d

e 48

hor

as p

ara

sua

saíd

a da

cap

ital e

20

dias

do

Esta

do

21

8 O

fício

In

form

a qu

e fo

ram

enc

ontra

dos

na

faze

nda

do B

aú v

estíg

ios

do

desa

pare

cido

Vas

co A

mar

o da

Silv

eira

e

o co

rpo

do e

stra

ngei

ro J

osé

Zerb

ony

João

Am

aro

da

Silv

eira

, jui

z de

paz

D

escr

eve

as ro

upas

e m

arca

s no

cor

po

54 C

açap

ava,

qua

. 3 a

bril.

183

9

219-

220

Pro

clam

açõe

s O

Gen

eral

Pre

side

nte

da R

epúb

lica

Rio

-Gra

nden

se a

o P

ovo

de L

ages

B

ento

Gon

çalv

es d

a S

ilva

Afir

ma

que

a R

epúb

lica

Rio

-Gra

nden

se e

stá

disp

osta

a

devo

lver

os

jura

men

tos

de L

ages

se

a pr

ovín

cia

de S

anta

C

atar

ina

proc

lam

ar a

Rep

úblic

a

D

o ca

pitã

o A

nton

io Ig

náci

o de

Oliv

eira

Fi

lho

ao P

ovo

de L

ages

A

nton

io Ig

náci

o de

O

livei

ra F

ilho

O g

over

no b

om é

sáb

io e

pat

erna

l. P

ara

parti

cipa

r da

Naç

ão L

ivre

´, de

ve a

braç

ar a

s in

stitu

içõe

s e

auto

ridad

es

que

zela

m p

ela

Lei,

pelo

s D

ireito

s do

Cid

adão

, seu

s fo

ros

e pr

oprie

dade

s

D

iscu

rso

reci

tado

no

dia

10/0

3/18

39

pelo

Cid

adão

Gen

eros

o P

erei

ra d

o A

njos

, Jui

z de

Paz

de

Lage

s

“Fac

cios

os”

“Gue

rra

Frat

ricid

a”

22

0 O

ficio

s A

tuaç

ão d

e gr

upos

de

saqu

eado

res

Os

ofíc

ios

pass

am in

form

açõe

s

22

1 A

ta

Reu

nião

dos

mem

bros

do

Teso

uro

Nac

iona

l e C

aixa

de

Am

ortiz

ação

: de

finem

a q

ueim

a de

con

heci

men

tos

Ant

onio

Bel

arm

ino

Rib

eiro

22

2 Li

sta

Num

éric

a D

os c

onhe

cim

ento

s so

rtead

os

Form

ato

de T

abel

a 55

Caç

apav

a, s

ab. 6

abr

il. 1

839

22

3 D

ecre

tos

Pro

mov

e Jo

aqui

m M

aria

no A

ranh

a a

Tene

nte-

coro

nel

José

da

Silv

a B

rand

ão

P

rom

ove

Ant

onio

Igná

cio

de O

livei

ra a

Te

nent

e-C

oron

el d

a G

uard

a N

acio

nal

José

da

Silv

a B

rand

ão

C

riaçã

o de

um

Cor

po d

e C

aval

aria

pa

ra a

pro

teçã

o de

Lag

es. L

evan

ta-

men

to e

alis

tam

ento

da

popu

laçã

o

José

da

Silv

a B

rand

ão /

Ben

to

Rel

ação

D

e of

icia

is p

rom

ovid

os e

des

taca

dos

ao 1

º cor

po d

e ca

vala

ria d

e La

ges

José

da

Silv

a B

rand

ão

Ofíc

ios

Info

rmaç

ões

varia

das.

Pre

senç

a de

tro

pas

próx

imas

a S

.Jos

é do

Nor

te,

com

eçam

os

proc

esso

s pa

ra L

ages

re

aliz

ar o

troc

o do

cob

re

Avi

so

Sr.

Laur

entin

o Jo

sé d

a C

osta

é

nom

eado

Col

etor

de

Lage

s; p

rovi

dên-

cias

par

a im

plan

taçã

o do

Cor

reio

Im

portâ

ncia

de

se in

corp

orar

o te

rritó

rio fi

sica

men

te,

adm

inis

trativ

amen

te, m

oral

men

te, i

nstit

ucio

nalm

ente

, le

galm

ente

Div

isão

de

Lag

es e

m D

istri

tos,

def

iniç

ão d

e Ju

ízes

de

Paz

, de

Órfã

os, d

e pr

omot

ores

, do

Pro

cura

dor G

eral

, de

Mes

tres

de

Prim

eira

s Le

tras;

Ver

eado

res

de L

ages

pro

nunc

iam

o ju

ram

ento

. 56

Caç

apav

a, q

ua. 1

0 ab

ril. 1

839

22

7-23

3 S

em tí

tulo

C

omo

epíg

rafe

: “E

xtra

tos

do C

idad

ão,

Par

lam

enta

r , S

ete

de A

bril,

Jor

nal d

o C

omér

cio

e ou

tras

folh

as, o

u m

inis

-te

riais

, ou

da o

posi

ção

do Im

pério

Jorn

ais

cita

dos

As

trans

criç

ões

vers

am s

obre

a s

ituaç

ão fi

nanc

eira

do

Bra

sil;

críti

ca: o

min

isté

rio s

ó tra

ta d

e as

sunt

os d

e “c

onve

niên

cia

imed

iata

”; in

capa

cida

de d

e E

lizea

rio (n

ada

faz

pela

con

córd

ia d

os p

artid

os)

Par

á: e

xtin

ção

dos

indí

gena

s; B

ahia

: mai

s rig

or n

a pu

niçã

o ao

s ne

gros

; Eliz

eario

(“cr

assa

igno

rânc

ia”)

pare

ce q

uere

r ape

nas

proc

rast

inar

a lu

ta?

O C

idad

ão p

ergu

nta

se o

Impé

rio p

oder

á se

man

ter s

e nã

o m

udar

o p

ensa

men

to c

om q

ue g

over

na a

s pr

ovín

-ci

as; a

mes

ma

perg

unta

se

faz

a E

lizea

rio, s

ua p

olíti

ca

dim

inui

a in

triga

, ou

a ex

acer

ba, c

om “s

eus

desa

certo

s,

pers

egui

ções

e v

iolê

ncia

s”?

O c

unho

do

cobr

e fe

z su

mir

os m

etai

s m

ais

valio

sos

da

circ

ulaç

ão; i

nfla

ção;

can

cela

men

to d

e se

ssõe

s na

câm

ara

por f

alta

de

quor

um; C

alm

on fa

z no

vos

empr

éstim

os s

em

expl

icar

det

alhe

s;

“O c

rédi

to n

acio

nal e

stá

aniq

uila

do”,

“ban

carr

ota”

, pol

ítica

de

“san

gue

e te

rror

esc

udad

a em

trib

unai

s ex

cepc

iona

is”

Não

pou

pa a

djet

ivos

, esp

ecia

lmen

te a

o M

inis

tro d

a Fa

zend

a M

anoe

l Cal

mon

(res

pons

ável

pel

o cu

nho

do

cobr

e) e

ao

Min

istro

da

Jus

tiça

Ber

nard

o P

erei

ra d

e V

acon

cello

s: “s

em-v

ergo

nha”

, “p

atife

”, “v

il”, “

men

tiros

o”, “

lará

pio”

; V

asco

ncel

los

“ven

de” a

idéi

a de

um

“min

isté

rio s

olid

ário

” par

a re

solv

er o

s pr

oble

mas

do

país

E

diçã

o co

m 8

pág

inas

+ s

uple

men

to d

e 2;

usa

not

as d

e ro

dapé

pa

ra e

xplic

ar q

uem

os

trech

os re

fere

m, d

ados

os

apel

idos

jo

coso

s e

as ir

onia

s; G

over

no e

m q

ue “o

terro

r é o

prin

cipa

l jei

to

de a

dmin

istra

r” (p

. 233

); “O

obj

eto

que

mai

s oc

upa

hoje

a o

pini

ão

públ

ica

é o

esta

do d

e no

ssas

fina

nças

” (p.

233

);

23

3-23

4 R

EFL

EX

ÕE

S d

o R

edat

or

R

edat

or

A s

eleç

ão d

os tr

echo

s m

ostra

que

mui

tas

veze

s os

jo

rnai

s le

galis

tas

com

parti

lham

opi

niõe

s co

m o

s pe

riódi

cos

min

iste

riais

, rep

rese

ntan

tes

do Im

pério

“Sob

rado

s D

ados

terã

o os

nos

sos

Leito

res

aind

a os

men

os

refle

tidos

par

a fo

rmar

em a

sua

Opi

nião

sob

re a

s ci

rcun

stân

cias

P

olíti

cas,

e e

stad

o at

ual d

o m

orib

undo

Impé

rio d

o B

rasi

l” Le

itor i

mpa

rcia

l; tra

z a

ediç

ão d

e di

fere

ntes

font

es; “

cara

mur

u”,

“sev

andi

jas”

234

Anú

ncio

s D

oaçã

o de

rese

s de

cor

te e

de

dinh

eiro

pa

ra a

cau

sa d

a In

depe

ndên

cia;

taxa

s so

bre

o ga

do e

cou

ro q

ue v

ai p

ara

Mon

tevi

déu

Não

Os

que

ajud

am a

Rep

úblic

a sã

o ch

amad

os d

e “p

atrio

tas”

23

5-23

6 S

uple

men

to d

’O P

ovo

nº 5

6 E

spec

ulaç

ões

sobr

e os

obj

etiv

os d

a vi

sita

do

Sr.

Seb

astiã

o do

Reg

o B

arro

s,

Min

istro

da

Gue

rra,

a R

io-G

rand

e,

trech

o do

jorn

al O

Cid

adão

+

com

entá

rio

Do

jorn

al O

Cid

adão

É

o G

over

no d

o B

rasi

l que

não

que

r aca

bar c

om a

gu

erra

, “pa

ra te

r à s

ua d

ispo

siçã

o ta

nto

dinh

eiro

, tan

to

arbí

trio,

tant

a fo

rça”

(p.2

35);

desq

ualif

ica

de to

das

as

form

as o

Min

istro

, cha

man

do-o

de

“igno

rant

e”, “

embr

ute-

cido

”, “in

capa

z do

s m

enor

es tr

abal

hos”

, “to

lo” e

“asn

o”; o

te

xto,

agr

essi

vo e

irôn

ico,

aca

ba p

or c

oncl

uir q

ue o

M

inis

tro v

em p

orqu

e é

burr

o, já

que

não

teria

mai

s na

da o

qu

e fa

zer e

m R

io G

rand

e;

Na

idéi

a qu

e de

fend

e O

Pov

o , n

ão h

á co

mo

esta

bele

cer

a pa

z co

m o

Impé

rio s

em q

ue e

le re

nunc

ie a

os s

eus

prin

cípi

os p

olíti

cos

Os

xing

amen

tos

mai

s co

mun

s sã

o aq

uele

s qu

e de

squa

lific

am a

s ca

paci

dade

s in

tele

ctua

is e

adm

inis

trativ

as d

os re

pres

enta

ntes

do

Impé

rio; o

text

o d’

O C

idad

ão le

vant

ava

a hi

póte

se d

e qu

e o

min

istro

iria

con

vers

ar c

om o

s re

beld

es, o

que

o c

omen

tário

d’O

P

ovo

ratif

ica

“(sci

licet

Rep

ublic

anos

Rio

-Gra

nden

ses)

23

6 M

emor

ando

D

enun

cia

os g

asto

s da

regê

ncia

de

Ped

ro d

e A

raúj

o Li

ma,

a v

iolê

ncia

na

Bah

ia e

no

Par

á, a

lém

da

inef

iciê

ncia

no

cas

o do

RS

;

Trec

ho d

o jo

rnal

O

Cid

adão

Ironi

za: “

viva

, viv

a o

gabi

nete

de

19 d

e se

tem

bro”

, faz

endo

re

ferê

ncia

à re

núnc

ia d

e Fe

ijó

57 C

açap

ava,

sab

. 13

abril

. 183

9

237

Sem

títu

lo

Trec

ho d

’O C

idad

ão, s

uste

ntan

do q

ue

a an

arqu

ia n

o S

ul s

ó co

ntin

ua p

orqu

e o

gove

rno

é co

rrup

to

Trec

ho d

’O C

idad

ão

Farr

apos

peg

am c

aron

a na

rixa

dos

mod

erad

os c

om o

s ca

ram

urus

par

a en

gros

sar s

eus

argu

men

tos,

com

o m

ostra

m o

s tre

chos

retir

ados

d’O

Cid

adão

.

Ref

ere-

se à

Rep

úblic

a R

io-G

rand

ense

com

o “a

narq

uia”

23

8 S

em tí

tulo

Te

xto

aned

ótic

o so

bre

a vi

nda

do

Min

istro

da

Gue

rra a

Rio

Gra

nde

Sem

font

e e

sem

as

sina

tura

Fa

zend

o um

troc

adilh

o en

tre o

nom

e do

Min

istro

(S

ebas

tião

do R

ego

Bar

ros)

e a

bat

alha

do

Bar

ro

Ver

mel

ho (v

enci

da p

elos

farra

pos)

, com

enta

um

a su

post

a af

irmaç

ão fe

ita p

or V

asco

ncel

los

ao o

uvid

o do

min

istro

“Lem

bra-

te, h

omem

, que

és

Barr

o, q

ue B

arro

tem

sid

o se

mpr

e,

que

Bar

ro v

ás p

ara

Rio

Gra

nde,

e q

ue e

m B

arro

de

lá h

ás d

e vo

ltar”

23

8 S

em tí

tulo

N

otic

ia d

a pr

isão

de

Seb

astiã

o P

erei

ra

Pin

to, c

oman

dant

e pe

rded

or d

a ba

talh

a de

Rio

Par

do, q

ue re

spon

derá

a

Con

selh

o de

Gue

rra

Do

Jorn

al d

o C

omér

cio

23

8 S

em tí

tulo

C

omen

ta e

iron

iza

a pr

isão

refe

rida

no

text

o an

terio

r S

em a

ssin

atur

a Iro

niza

que

Seb

astiã

o nã

o de

veria

ir a

o C

onse

lho

de

Gue

rra,

tão

hábi

l foi

sua

esc

apad

a em

Rio

Par

do; d

es-

denh

a do

efe

tivo

de 4

00 h

omen

s en

viad

os p

elo

Impe

rio

“Gal

egal

idad

e”, “

Gov

erno

Sev

andi

ja”

23

9 O

fício

P

ede

inst

ruçõ

es p

ara

a gu

arda

de

De

José

da

Silv

a

Lage

s B

rand

ão a

Ant

onio

N

etto

e B

ento

M

anoe

l Rib

eiro

239-

240

Cor

resp

ondê

ncia

Te

xto

dirig

e-se

aos

que

em

punh

am

arm

as p

elo

Impé

rio

Ass

ina

o “R

epub

lican

o R

io-

Gra

nden

se”

Mos

tra c

onhe

cim

ento

da

situ

ação

inte

rnac

iona

l, ci

tand

o

o ex

empl

o do

flor

esci

men

to d

e R

oma,

Ven

eza,

Gên

ova,

H

olan

da, S

uíça

, Am

éric

a do

Nor

te;

Cha

ma

a pa

rtici

paçã

o da

s m

ulhe

res

no c

onve

ncim

ento

de

seu

s m

arid

os: “

voss

as p

alav

ras

são

enca

ntad

oras

, tê

m m

ais

forç

a do

que

as

min

has,

e to

do o

pod

er n

o co

raçã

o de

vos

sos

espo

sos,

insp

irai-l

hes

os m

ais

nobr

es

sent

imen

tos

na d

efes

a da

Pát

ria”;

Lem

bra

os h

orro

res

no

Par

á e

na B

ahia

“Rep

ublic

ano

Rio

-Gra

nden

se” p

arec

e se

r a fo

rma

mai

s lis

onje

ira

(não

gos

tam

de

“reb

elde

s” n

em d

e “fa

rrapo

s”)

Cita

os

jorn

ais

da é

poca

par

a em

basa

r sua

arg

umen

taçã

o de

que

o

Impé

rio “o

bra

cont

ra a

libe

rdad

e do

s B

rasi

leiro

s em

ger

al”

“des

potis

mo”

, “tir

ano”

, “m

onst

ro in

dom

ável

”, “in

imig

o da

hon

ra,

da ju

stiç

a e

da h

uman

idad

e”; n

oção

de

fam

ília

entre

os

Rio

-G

rand

ense

s e

os B

rasi

leiro

s (c

ham

am d

e “p

atríc

ios”

) A

tena

s X

Xer

xes;

24

0

“Ext

rato

de

uma

carta

vin

da d

e C

acho

eira

a u

m c

idad

ão d

esta

Cap

ital”

Não

R

elat

a os

fest

ejos

pel

o ju

ram

ento

de

ades

ão à

Rep

úblic

a na

cid

ade

de C

hach

oeira

: mis

sa, b

aile

, ban

da d

e m

úsic

a,

hino

, viv

as

“Gal

egad

a”

24

0 E

rrata

s D

o S

uple

men

to d

’O P

ovo

n. 5

6 N

ão

Erro

s de

com

posi

ção

É c

omum

o e

rro e

ntre

pal

avra

s pa

reci

das,

na

form

a ou

no

sent

ido,

por

exe

mpl

o, “a

cusa

da” n

o lu

gar d

e “a

mea

çada

” 58

Caç

apav

a, q

ua. 1

7 ab

ril. 1

839

24

1 P

rocl

amaç

ão

O G

ener

al P

resi

dent

e da

Rep

úblic

a a

todo

s os

Cid

adão

s R

io-G

rand

ense

s ex

iste

ntes

no

Terri

tório

dos

Est

ados

Li

mítr

ofes

Ben

to G

onça

lves

da

Silv

a B

ento

reite

rada

s ve

zes

afirm

a qu

e a

rede

nção

est

á pr

óxim

a, q

ue a

gue

rra

está

per

to d

o fim

; os

impe

riais

se

esco

nder

am n

as tr

ês c

idad

es q

ue re

sist

em à

Rep

úblic

a po

r med

o; c

onvi

da a

o al

ista

men

to, c

onde

nand

o a

apat

ia

e a

hesi

taçã

o da

quel

es q

ue n

ão s

e di

spõe

m a

luta

r; af

irma

a co

opta

ção

pelo

Impé

rio d

e ba

ndos

de

saqu

eado

res

refu

giad

os n

o E

stad

o O

rient

al

Tira

no, I

mpé

rio F

anta

sma,

esc

ravi

dão,

“esc

rava

tura

impe

rialis

ta”

24

2 D

ecre

to

Sob

re o

ser

viço

milit

ar e

pag

amen

to d

e co

ta m

onet

ária

à R

epúb

lica

Ass

inam

Ben

to

Gon

çalv

es e

Dom

in-

gos

José

de

Alm

eida

Dec

reta

da a

pen

a de

per

da d

a ci

dada

nia,

mul

ta s

obre

be

ns e

até

mes

mo

o se

qües

tro e

per

da d

e di

reito

sob

re

bens

, her

ança

s, e

tc. a

os ri

o-gr

ande

nses

que

neg

arem

pa

gar a

cot

a m

onet

ária

par

a a

man

uten

ção

da P

átria

ou

se d

eslo

cara

m p

ara

país

es v

izin

hos

para

não

cum

prir

o de

ver m

ilita

r

24

2-24

3 S

em tí

tulo

A

rtigo

ext

raíd

o do

Jor

nal d

o C

omér

cio

n. 5

3, d

e 5

de m

arço

+ c

omen

tário

Jo

rnal

do

Com

érci

o In

dica

agi

taçõ

es n

o M

aran

hão

(lide

rada

s po

r Rai

mun

do

Gom

es, d

a B

alai

ada)

; no

com

entá

rio, o

reda

tor d

’O P

ovo

ress

alta

que

est

ão e

ngan

ados

os

lega

lista

s qu

e ap

osta

m

na p

az p

ela

subm

issã

o da

s pr

ovín

cias

24

3 S

em tí

tulo

E

xtra

to d

o R

elat

ório

do

Pre

side

nte

de

Ser

gipe

+ c

omen

tário

Jo

rnal

do

Com

érci

o E

xpõe

o e

stad

o de

plor

ável

das

fina

nças

de

Serg

ipe,

re

clam

a da

inco

mpe

tênc

ia e

fé d

os fu

ncio

nário

s pú

blic

os; o

com

entá

rio d

iz q

ue o

s fu

ncio

nário

das

pr

ovín

cias

seg

uem

o e

xem

plo

dos

mem

bros

do

Impé

rio

24

3-24

4 N

otíc

ias

prov

inci

ais

Ext

raíd

o d’

O D

espe

rtado

r, qu

e ex

traiu

do

Cor

reio

Bra

silie

nse

da B

ahia

+

com

entá

rio

O D

espe

rtado

r , n.

28

3 C

omen

tário

ass

inad

o po

r “C

assa

ndra

Um

juiz

de

paz

da B

ahia

recl

ama

da fa

lta d

e pu

niçã

o do

s re

beld

es d

a S

abin

ada

(!), s

ituaç

ão q

ue o

faz

crer

que

a

opin

ião

públ

ica

é a

favo

r do

mov

imen

to; A

inte

rpre

taçã

o d’

O P

ovo

é qu

e as

aut

orid

ades

não

vêe

m q

ue “o

Bra

sil

todo

que

r a s

epar

ação

abs

olut

a do

avi

ltado

Cen

tro

Adm

inis

trativ

o qu

e tã

o br

utal

e in

dign

amen

te o

tem

di

rigid

o” (p

. 244

)

Con

tradi

ção:

as

pena

s ao

s re

volto

sos

na B

ahia

não

vin

ham

se

ndo

durís

sim

as?

24

4 P

ensa

men

tos

Peq

ueno

s te

xtos

mor

ais

Não

V

ício

e p

aixõ

es X

Raz

ão, v

irtud

e, fe

licid

ade

59

Caç

apav

a, s

ab. 2

0 ab

ril. 1

839

24

5 In

terio

r In

form

a o

roub

o de

um

a ca

rret

ilha

em

9 de

abr

il, le

vand

o ju

nto

papé

is d

o G

ener

al B

ento

Gon

çalv

es

Não

In

sinu

a qu

e há

ent

re o

s pa

péis

um

a ca

rta q

ue c

erta

men

te

não

inte

ress

ará

aos

Lega

lista

s pu

blic

arem

In

form

a os

leito

res

da p

ossí

vel t

rans

criç

ão, à

man

eira

do

Impé

rio,

da c

orre

spon

dênc

ia a

pree

ndid

a; E

lizea

rio: H

erói

do

Barr

o V

erm

elho

; “ga

lega

da”,

“cap

adóc

ios”

245

Bra

sil

Not

ícia

s Pr

ovin

ciai

s M

aran

hão,

12

de ja

neiro

+ c

omen

tário

E

xtra

to d

o D

espe

rtado

r n. 2

79

Mov

imen

taçã

o de

Rai

mun

do G

omes

no

Mar

anhã

o, n

a vi

são

de le

galis

tas;

Com

entá

rio: B

rasi

leiro

s de

vem

ro

mpe

r a le

targ

ia e

o s

ilênc

io

“Reb

elde

s”, “

caud

ilho”

, “se

dici

osos

”, “re

volto

sos”

N

o co

men

tário

: “G

over

nich

o do

Rio

”, es

crav

idão

, “R

eina

do d

o Te

rror d

os R

obes

pier

res

e M

arat

s do

Rio

de

Jane

iro”

24

6

Not

ícia

s de

Ser

gipe

+ c

omen

tário

E

xtra

to d

o D

espe

rtado

r n. 2

79

Nov

o pr

esid

ente

tom

a po

sse

em S

ergi

pe e

par

ece

ser

mai

s po

nder

ado

e se

nsív

el à

situ

ação

da

prov

ínci

a;

poré

m, p

ouco

pod

e fa

zer,

porq

ue n

ão h

á di

nhei

ro

Com

entá

rio: c

hega

a s

er ir

ritan

te, s

e to

dos

recl

amam

que

o te

m d

inhe

iro, p

orqu

e es

pera

r par

a se

revo

ltar;

os

bras

ileiro

s nã

o de

vem

hes

itar

24

6-24

7 P

roví

ncia

de

Min

as

Ger

ais

Trec

ho d

o S

ete

de A

bril

fala

sob

re

rum

ores

de

revo

lta e

m S

ão P

aulo

e n

o S

ete

de A

bril

Com

entá

rio d

’O P

ovo:

a re

volta

no

RS

é pl

enam

ente

ju

stifi

cada

, até

mes

mo

pelo

s jo

rnai

s do

s in

imig

os

“já n

ão s

ão a

pena

s os

farro

upilh

as d

o R

io G

rand

e os

que

que

rem

a

Inde

pend

ênci

a [..

.]” (p

. 247

): dá

a e

nten

der q

ue o

term

o

Cea

farr

oupi

lhas

não

é u

tiliz

ado

apen

as p

ara

os re

beld

es d

o Su

l

247-

248

Dec

reto

s A

prov

a pe

dido

s de

dem

issã

o de

of

icia

is e

pro

mov

e ou

tros

Ben

to G

onça

lves

e

José

da

Silv

a B

rand

ão

24

8 N

otíc

ia

Con

front

o e

derro

ta d

o gr

upo

de

Ladr

ões

Ven

cesl

au e

Ded

eco

A fo

nte

da

info

rmaç

ão é

um

av

iso

do C

apitã

o V

asco

Mar

ques

A a

ção

de b

ando

s de

saq

uead

ores

era

bas

tant

e co

mum

In

segu

ranç

a U

sa n

ota

de ro

dapé

par

a fa

zer o

seg

uint

e co

men

tário

sob

re o

no

me

do la

drão

Ded

eco:

“Faz

-se

notá

vel e

ste

nom

e pe

la s

ua

deriv

ação

do

nom

e (il

egív

el);

dede

cus,

ded

ecor

is, q

ue q

uer d

izer

de

sonr

a. S

ó o

nom

e de

ste

mal

vado

é u

ma

gran

de in

júria

! Que

di

aból

ica

insp

iraçã

o do

futu

ro ti

vera

m o

s pa

is o

u pa

drin

hos

que

tal n

ome

lhe

puse

ram

! Sab

iam

des

de a

quel

a ho

ra q

ue a

tal

cria

nça

esta

va p

rede

stin

ada

para

ass

assi

no e

ladr

ão?”

60

Caç

apav

a, q

ua. 2

4 ab

ril. 1

839

24

9 In

terio

r C

ontin

ua a

list

a do

s of

icia

is

prom

ovid

os d

o nº

ant

erio

r Jo

sé d

a S

ilva

Bra

ndão

24

9-25

0 P

arte

s O

ficia

is

Con

grat

ulaç

ão p

ela

conq

uist

a de

La

ges,

info

rme

de b

atal

ha b

em

suce

dida

nes

se m

esm

o lo

cal

Div

erso

s of

icia

is

Def

esa

de L

ages

N

ota

de ro

dapé

sob

re a

pos

sibi

lidad

e do

Cap

itão

Cân

dido

, do

Impé

rio, e

star

mor

to: “

A d

ifere

nça

não

era

gran

de, s

e nã

o m

orre

u, v

ai m

orre

ndo

aos

peda

ços”

250

Ext

erio

r / B

rasi

l N

otíc

ias

Prov

inci

ais

+ co

men

tário

O

trec

ho tr

ansc

rito

dá c

onta

que

um

co

man

do d

e E

lizea

rio p

oder

ia te

r an

iqui

lado

toda

um

a fo

rça

impe

rial

envi

ada

à R

epúb

lica

Rio

Gra

nden

se,

se n

ão fo

sse

evita

do a

tem

po

Do

Set

e de

Abr

il O

jorn

al c

onse

rvad

or c

ritic

a o

pres

iden

te d

a P

roví

ncia

por

o te

r esp

iões

na

Rep

úblic

a C

omen

tário

d’O

Pov

o: c

lass

ifica

o m

ovim

ento

de

Eliz

eario

com

o Q

uixo

tesc

o, p

arec

e irm

ão o

u co

mpa

dre

do C

aval

eiro

da

Man

cha

Eliz

eario

: “B

arro

Her

ói” o

u “H

erói

do

Bar

ro”

Ironi

za a

situ

ação

, cla

ssifi

cand

o a

ação

do

pres

iden

te c

omo

“atre

vida

”, “a

rroj

ada”

e “s

ublim

e”

25

0-25

1 O

rdem

do

dia

Eliz

iarta

Não

S

imul

aram

os

mov

imen

tos

das

tropa

s de

Eliz

eario

par

a sa

tiriz

á-la

s

25

1-25

2 D

ecre

tos

Reo

rgan

izaç

ão d

os b

atal

hões

de

Caç

ador

es d

a 1ª

linh

a do

Exé

rcito

; pr

omoç

ão d

e ci

rurg

iões

José

da

Silv

a B

rand

ão /

Ben

to

Gon

çalv

es d

a S

ilva

25

2 A

núnc

ios

Mis

sa c

omem

orat

iva

da v

itória

em

Rio

Par

do

O c

idad

ão J

oão

Alv

es d

e C

astro

ofe

rece

reco

mpe

nsa

pelo

“esc

ravo

crio

ulo

de n

ome

Lean

dro”

, des

apar

ecid

o

25

3-25

4 2º

Bol

etim

em

C

açap

ava

Ofíc

io d

e G

arib

aldi

, sob

re c

onfro

nto

com

os

Impe

riais

Jo

sé G

arib

aldi

C

om a

pena

s 11

hom

ens,

rela

ta te

r enf

rent

ado

mai

s de

10

0 ho

men

s, s

ob o

com

ando

de

Fran

cisc

o P

edro

M

orin

gue;

6 fe

ridos

e u

m m

orto

ent

re o

s re

publ

ican

os

“hor

da d

e es

crav

os”;

“um

livr

e pa

ra d

oze

cativ

os”

O

fício

de

Joaq

uim

dos

San

tos

Pra

do

Lim

a, d

a P

olíc

ia d

e A

legr

ete

Te

nsão

na

front

eira

com

o U

rugu

ay, e

vita

r a p

assa

gem

de

ban

dos

O

fício

do

Cel

. Dom

ingo

s C

resc

ênci

o de

C

arva

lho

D

eser

ção

e in

corp

oraç

ão n

as fi

leira

s re

publ

ican

as d

e 16

so

ldad

os im

peria

is, r

elat

am n

ão p

agam

ento

do

sold

o

61 C

açap

ava,

sab

. 24

abril

. 183

9

255

Dec

reto

s

D

efin

em d

emis

são

e pr

omoç

ão n

os q

uadr

os d

o ex

érci

to,

além

de

dest

inar

ver

ba e

def

inir

o tra

tam

ento

dis

pens

ado

ao V

igár

io A

post

ólic

o do

Est

ado

25

6 E

xter

ior /

Bra

sil

D

’O C

idad

ão, n

.33

Arti

go c

ontra

a in

certe

za d

as in

stitu

içõe

s no

gov

erno

do

Bra

sil

O P

ovo

lem

bra

aos

Leito

res

que

são

os p

rópr

ios

lega

lista

s, e

m

seus

jorn

ais,

que

div

ulga

m a

s m

azel

as d

o Im

pério

257

Sem

títu

lo

Den

unci

a ro

ubo

e trá

fico

de e

scra

vos

afric

anos

apr

eend

idos

no

Brig

ue

Bril

hant

e en

volv

endo

o a

ltíss

imo

esca

lão

do Im

pério

(Min

istro

s V

asco

ncel

los,

Cal

mon

)

Não

O

tráf

ico

aind

a ac

onte

ce, a

pesa

r da

cond

enaç

ão m

oral

e

por l

ei

“Pat

riota

s do

Rio

Gra

nde,

aqu

i ten

des

um m

inis

tro d

o Im

pério

ne

goci

ando

em

Car

ne H

uman

a, m

as s

em o

risc

o e

o tra

balh

o de

ir

man

dar c

ompr

ar e

scra

vos

à C

osta

da

Áfri

ca, p

orqu

e ac

ha m

ais

fáci

l e c

omez

inho

roub

á-lo

s ao

s na

vios

apr

esad

os p

ara

depo

is

vend

ê-lo

s” (p

.257

)

258

Mal

Haj

am o

s P

inhe

iros!

S

atiri

za e

des

mor

aliz

a um

sen

hor d

e no

me

S. L

eopo

ldo,

que

pos

icio

nou-

se

cont

ra a

ani

stia

Não

Fi

ca c

lara

a q

uest

ão d

e ho

nra

na re

volta

dos

rio-

gran

dens

es: “

Que

faria

o R

io G

rand

e qu

e ta

nto

pão

tem

da

do a

com

er a

aqu

ele

mis

eráv

el, p

ara

que

sem

pre

tant

o m

al lh

e te

nha

quer

ido?

“San

ta c

ausa

gal

ega

impe

rial d

o B

rasi

l” A

firm

a qu

e “D

. Ped

ro M

alaz

arte

é s

eu m

ui d

igno

am

o e

senh

or”

Sug

ere

que

o se

nado

r ten

ha ti

do u

m c

aso

com

a M

arqu

esa

de

San

tos

25

8 P

ensa

men

tos

Peq

ueno

s te

xtos

mor

ais

Não

S

ó pe

lo e

xerc

ício

das

virt

udes

dom

éstic

as é

que

o

Cid

adão

se

form

a pa

ra a

s vi

rtude

s pú

blic

as

Anú

ncio

C

onvi

te p

ara

uma

mis

sa c

omem

orat

iva

ao ê

xito

na

bata

lha

de R

io P

ardo

N

ão

Rel

igio

sida

de, n

eces

sida

de d

e m

arca

r as

data

s,

traba

lhan

do a

iden

tidad

e rio

-gra

nden

se

25

8 Q

uadr

o co

mpa

rativ

o C

ompa

ra o

câm

bio

do B

rasi

l e o

da

Rep

úblic

a R

io-G

rand

ense

, que

se

mos

tra m

uito

mai

s eq

uilib

rado

Não

Joco

sida

de:”o

Gra

nde,

Pod

eros

o, M

agní

fico,

Esp

ecul

ontrí

fico,

Te

rrífi

co, P

apel

onífi

co, S

anch

o P

ancí

fico

Impé

rio d

o B

rasi

l” V

irulê

ncia

: “Im

post

ores

da

Gal

egal

idad

e”, “

Can

alha

Cal

môn

ica”

, “P

edan

tes”

, “La

droe

ira”

62 C

açap

ava,

qua

. 01

mai

o 18

39

25

9 D

ecre

tos

Lega

ção

Rio

-Gra

nden

se c

ria c

argo

de

emba

ixad

or n

o P

arag

uai

Ben

to G

onça

lves

/ Jo

sé d

a S.

Bra

ndão

Im

portâ

ncia

do

reco

nhec

imen

to c

omo

naçã

o in

depe

nden

te p

or n

açõe

s es

trang

eira

s

P

rom

oçõe

s no

Exé

rcito

Jo

sé d

a S.

Bra

ndão

260

Q

ueim

a de

con

heci

men

tos

resg

atad

os

C

ontin

uida

de n

a po

lític

a ec

onôm

ica

260

Ext

erio

r / B

rasi

l C

onta

mui

tos

horr

ores

e a

rbítr

ios

com

etid

os n

a B

ahia

pel

os le

galis

tas

+ co

men

tário

Ext

rato

do

Filh

o do

S

ete

de A

bril

Não

ser

ia a

pub

licaç

ão d

esse

s ho

rror

es ta

mbé

m u

ma

form

a de

con

venc

er o

s rio

-gra

nden

ses

a pe

gar e

m a

rmas

at

ravé

s do

terr

or?

“Vej

am o

s R

epub

lican

os R

io-G

rand

en-

ses

até

que

extre

mo

de s

evíc

ia c

hego

u a

pers

egui

ção

e o

ódio

enc

arni

çado

dos

Gal

egos

da

Bahi

a” (p

. 261

)

Men

cion

a “g

aleg

os”

26

1 A

núnc

io

Div

ulga

ção

de u

ma

nove

la, e

scrit

a pe

lo

Sr.

Mac

iel M

onte

iro

Não

P

rátic

a da

leitu

ra

“Tod

o pa

i de

fam

ília

que

quis

er c

onst

ituir

sua

casa

e p

aren

tes

em

obje

tos

rom

ântic

os p

rocu

re a

o S

r. M

acie

l Mon

teiro

, que

lhe

apre

sent

ará

uma

bela

pro

va d

e se

u ta

lent

o na

Mar

garid

a, n

ovel

a de

sua

com

posi

ção”

261

Rai

o em

pres

tado

D

enun

cia

fraud

es n

a tro

ca d

e co

bre,

trá

fico

de p

au-b

rasi

l, em

prés

timos

N

ão

Mon

opól

io d

a ve

nda

de p

au-b

rasi

l em

Lon

dres

26

1 V

arie

dade

s (S

em tí

tulo

) Nom

eaçã

o do

Gen

. La

cerd

a W

erne

ck p

ara

Min

istro

da

Gue

rra

da p

roví

ncia

do

Rio

Gra

nde

do

Sul

Não

O te

xto

ironi

za a

troc

a, d

izen

do q

ue a

est

raté

gia

do n

ovo

min

istro

pa

rece

ser

faze

r “pr

ocla

maç

ões

bast

ante

ené

rgic

as” e

“viv

as p

or

min

utos

26

1 S

em tí

tulo

C

rític

a ao

gov

erno

pel

a di

fam

ação

de

cida

dãos

N

ão

Viru

lênc

ia n

a im

pren

sa e

nos

fala

tório

s, im

portâ

ncia

do

reco

nhec

imen

to d

e um

nom

e co

mo

honr

ado

26

2 C

arta

s do

Her

ói d

o B

arro

Ver

mel

ho

inte

rcep

tada

s pe

la

Pol

ícia

Rio

-Gra

nden

se

Car

tas

de E

lizia

rio a

Lui

z Pe

reira

Lea

l e

Nic

olau

Pen

ha

Eliz

eario

é o

aut

or

das

carta

s, o

s co

men

tá-ri

os n

ão s

ão

assi

nado

s

A in

terc

epta

ção

de c

arta

s fu

ncio

nava

com

o um

recu

rso

de e

spio

nage

m, d

e “e

scut

a”; o

s co

men

tário

s na

s no

tas

afirm

am q

ue a

s co

rresp

ondê

ncia

s sã

o pr

ovas

de

espi

onag

em; L

uiz

Per

eira

Lea

l ser

ia a

mes

ma

pess

oa

que

Luiz

Car

olin

a, la

drão

e fa

lsifi

cado

r; A

pont

a a

exis

tênc

ia d

e um

a m

ulhe

r esp

iã.

Not

a de

roda

pé p

ara

expl

icar

que

m s

ão o

s pe

rson

agen

s da

car

ta

de E

lizea

rio

63 C

açap

ava,

sab

. 04

mai

o 18

39

26

3-26

5 In

terio

r R

elat

a as

com

emor

açõe

s do

30

de

abril

, em

Caç

apav

a

Ilum

inar

os

edifí

cios

era

um

dos

ele

men

tos

mai

s im

porta

ntes

das

com

emor

açõe

s; re

lata

a p

artic

ipaç

ão d

o m

aest

ro J

oaqu

im J

osé

de M

enda

nha,

aut

or d

a m

úsic

a do

H

ino

Farr

oupi

lha;

os

fest

ejos

incl

uíra

m m

issa

, jan

tar,

baile

“Lev

avam

as

senh

oras

ao

peito

o L

aço

da N

ação

; e o

s ho

men

s um

ram

inho

de

erva

mat

e at

ado

com

fita

s da

s co

res

naci

onai

s

26

4 S

onet

o R

ecita

do n

a sa

la d

o ba

ile n

o gl

orio

so

dia

30 d

e ab

ril

Não

Tira

nia

/ mon

stro

/ es

crav

idão

26

4 H

ino

Nac

iona

l C

anta

do n

a ab

ertu

ra d

o B

aile

N

ão

Mui

to d

ifere

nte

do h

ino

conh

ecid

o ho

je

265-

266

Sem

títu

lo

Ext

rato

de

uma

carta

inte

rcep

tada

de

Felip

e N

eri a

Man

oel V

elos

o, d

atad

a de

12

de d

ezem

bro

de 1

838

Os

com

entá

rios

do re

dato

r são

inse

ridos

atra

vés

de n

otas

de

roda

pé: f

az q

uest

ão d

e es

clar

ecer

, log

o no

com

eço,

que

a c

arta

o fo

i int

erce

ptad

a ut

ilizan

do o

exp

edie

nte

de m

inis

trar ó

pio

ao

porta

dor;

crití

ca a

ling

uage

m e

scrit

a do

em

itent

e,

26

6 A

ta

Info

rma

o re

sgat

e e

quei

ma

de

conh

ecim

ento

s A

nton

io B

elar

min

o R

ibei

ro

26

6 P

ensa

men

to

N

ão

Impo

rtânc

ia d

e fa

zer L

eis

forte

s, u

nive

rsai

s, e

não

la

vada

s pe

las

paix

ões

e pe

los

abus

os d

os re

curs

os e

su

tilez

as d

a ju

tiça

26

7 3º

Bol

etim

em

C

açap

ava

Rel

ato

de c

onfro

nto

em S

ão B

orja

e n

a co

sta

do J

Não

Ord

em d

o di

a C

omba

te n

a m

arge

m e

sque

rda

do

Cam

aquã

bem

-suc

edid

o pa

ra o

s fa

rrapo

s

José

Gar

ibal

di

Os

feito

s de

Gar

ibal

di s

empr

e sã

o ex

orbi

tant

es;

Con

sciê

ncia

his

tóric

a: “a

his

tória

con

tará

com

ufa

nia”

11

man

cebo

s liv

res

venc

em 1

50 v

eter

anos

esc

ravo

s

26

8 S

em tí

tulo

C

onfro

nto

nas

mar

gens

do

Pira

tini

Não

“Um

Sar

gent

o do

s pr

imei

ros

pass

ados

uni

do a

5 C

idad

ãos

Rep

ublic

anos

bat

eu e

dis

pers

ou u

ma

parti

da d

e 17

esc

ravo

s”

64 C

açap

ava,

qua

. 09

mai

o 18

39

26

9 E

xter

ior /

Bra

sil

Not

ícia

s pr

ovin

ciai

s (B

ahia

) O

Par

lam

enta

r “A

s re

volu

ções

, ou

sedi

ções

, e e

m g

eral

toda

s as

co

moç

ões

públ

icas

são

ver

dade

iras

enfe

rmid

ades

do

corp

o so

cial

. O fi

m d

o m

édic

o po

lític

o, o

u do

hom

em d

e es

tado

, enc

arre

gado

de

cura

r tai

s en

ferm

idad

es, é

re

stitu

ir-lh

e o

seu

esta

do n

orm

al, i

sto

é, p

ôr e

m in

teiro

vi

gor a

s le

is q

ue d

evem

rege

r, se

gund

o a

índo

le e

na

ture

za d

as in

stitu

içõe

s qu

e co

nstit

uem

a b

ase

do

gove

rno

adot

ado”

(p.2

69);

Rev

oluç

ão =

vio

laçã

o da

s

Dis

curs

o lib

eral

regr

as d

o pa

cto

fund

amen

tal;

o po

der p

ater

nal s

ó pu

ne o

su

ficie

nte

para

ser

vir d

e ex

empl

o; n

ão é

isso

o q

ue v

em

ocor

rend

o na

Bah

ia, d

epoi

s de

pac

ifica

da

S

. Pau

lo

O O

bser

vado

r P

aulis

tano

D

enun

cia

a gr

ave

cris

e fin

ance

ira p

ela

qual

pas

sa o

B

rasi

l e a

inép

cia

do a

tual

gov

erno

pes

soa

do p

lura

l

R

io d

e Ja

neiro

(A v

enda

das

apó

lices

) D

enun

cia

uma

vend

a de

qua

se 1

3 m

ilhõe

s de

apó

lices

pel

o go

vern

o, à

s vé

sper

as d

o pa

gam

ento

da

dívi

da

públ

ica,

a p

reço

s ab

aixo

do

mer

cado

, po

ssib

ilitan

do a

o co

mpr

ador

reve

ndê-

las

a pr

eço

mai

or n

o di

a se

guin

te

Aur

ora

Flum

inen

se n

. 73

“O

s B

rasi

leiro

s já

one

rado

s de

trib

utos

e d

e um

a dí

vida

as

sust

ador

a vã

o so

brec

arre

gado

s de

out

ros

novo

s [..

.] O

cr

édito

púb

lico

estre

mec

e, a

car

estia

de

todo

s os

gên

eros

ne

cess

ário

s à

vida

, o p

rêm

io d

o co

bre

sobr

e o

pape

l ci

rcul

ante

sob

revé

m re

pent

inam

ente

, com

o a

cons

eqüê

ncia

do

abus

o e

da q

uebr

a da

fé p

olíti

ca”

Afir

ma

que

paira

um

a m

anch

a ne

gra

sobr

e os

min

istro

s, in

fligi

da

pela

opi

nião

púb

lica,

e o

silê

ncio

da

impr

ensa

min

iste

rial s

obre

o

assu

nto

das

apól

ices

e to

da a

con

junt

ura

econ

ômic

a do

paí

s pa

rece

ape

nas

conf

irmar

as

susp

eita

s

Inte

rior /

Ofíc

ios

Inst

alaç

ão d

o C

onse

lho

de

Pro

cura

dore

s G

erai

s do

Est

ado

para

de

cidi

r ass

unto

s qu

e nã

o ex

ijam

a

pres

ença

do

Pre

side

nte

Dom

ingo

s J.

Alm

eida

65 C

açap

ava,

sab

. 11

mai

o 18

39

27

3 E

xter

ior /

Bra

sil /

Por

to

Ale

gre

- Avi

so

Det

erm

inaç

ões

sobr

e os

esc

ravo

s qu

e fo

rem

peg

os e

mpu

nhan

do a

rmas

pel

os

repu

blic

anos

O C

ampe

ão d

a Le

galid

ade,

avi

so

assi

nado

pel

o M

inis

tro d

a Ju

stiç

a,

Ber

nard

o Va

scon

cello

s

Impõ

e a

pena

de

200

a m

il aç

oite

s ao

s es

crav

os q

ue

fizer

em p

arte

das

forç

as re

beld

es; o

fere

ce a

lforr

ia a

os

dese

rtore

s

27

4 D

ecre

to

Rea

ção

do g

over

no d

a R

epúb

lica

ao

avis

o do

Impé

rio, d

eter

min

ando

, par

a ca

da c

onfir

maç

ão d

e aç

oite

, o s

orte

io e

fu

zila

men

to d

e um

pris

ione

iro d

as

tropa

s do

Impé

rio

Ass

inad

o po

r D

omin

gos

José

de

Alm

eida

e B

ento

G

onça

lves

da

Silv

a

Crit

ica

o m

odo

de fa

zer d

o Im

pério

, que

des

prez

a qu

alqu

er fo

rmal

idad

e ju

rídic

a pa

ra im

posi

ção

da p

ena;

A

firm

a qu

e o

Gov

erno

Rep

ublic

ano

pass

ou a

libe

rtar “

os

cativ

os a

ptos

par

a as

arm

as, o

ficin

as e

col

oniz

ação

a fi

m

de a

cele

rar a

pro

nta

eman

cipa

ção

dess

a pa

rte in

feliz

do

gêne

ro h

uman

o”; U

tiliz

a co

mo

argu

men

to o

gra

nde

cust

o fin

ance

iro d

essa

ope

raçã

o, d

ada

a ne

cess

idad

e de

re

ssar

cir o

s pr

oprie

tário

s; c

oncl

ama

os D

ireito

s in

alie

náve

is d

a hu

man

idad

e pa

ra ju

stifi

car o

dec

reto

Não

usa

a p

alav

ra “e

scra

vo” e

m n

enhu

ma

parte

do

text

o:

“hom

em d

e co

r”, “c

ativ

os”,

“par

te in

feliz

do

gêne

ro h

uman

o”,

Gov

erno

do

Bra

sil:

Tirâ

nico

, “tro

pas

cham

adas

lega

is”,

pres

iden

te d

a P

roví

ncia

é u

m “i

ntru

so”

Cla

ma

os d

ireito

s da

hum

anid

ade,

mas

resp

onde

com

a m

esm

a pu

niçã

o

27

4 P

orto

Ale

gre

(Mai

s um

a pr

ova

do b

om e

stad

o da

s fin

ança

s do

Impé

rio);

solic

itaçã

o de

co

rte (à

met

ade

ou a

1/3

dos

gas

tos

no

Min

isté

rio)

Cor

resp

ondê

ncia

do

Reg

ente

ao

Min

istro

M

igue

l Cal

mon

Cor

tes

para

que

“não

falte

m o

s m

eios

que

exi

ge a

def

esa

da In

tegr

idad

e do

Impé

rio”

27

4

(Do

Uni

vers

al d

e M

onte

vidé

u, n

.107

, de

27

de m

arço

últi

mo

copi

amos

o q

ue

segu

e, p

ara

conh

ecim

ento

de

quem

pe

rtenc

er)

Uni

vers

al d

e M

onte

vidé

u U

rugu

ai d

efin

e a

cobr

ança

de

impo

sto

de 1

9,5%

sob

re o

ga

do d

e pé

que

sej

a in

trodu

zido

des

de p

aíse

s es

trang

eiro

s, e

xclu

indo

a p

rese

nte

safra

;

27

5 In

terio

r Te

xto

sobr

e a

publ

icaç

ão d

a no

tícia

, no

Nac

iona

l de

Mon

tevi

déu,

des

men

tindo

o

reco

nhec

imen

to p

elo

Par

agua

i de

um

agen

te p

leni

pote

nciá

rio d

a R

epúb

lica

Rio

-Gra

nden

se

Nac

iona

l de

Mon

tevi

déu

n. 1

16

Des

men

te o

con

teúd

o da

not

ícia

e re

afirm

a o

esta

bele

cim

ento

de

rela

ções

dip

lom

átic

as e

ntre

a

Rep

úblic

a e

o P

arag

uay;

des

qual

ifica

a fo

nte

da

info

rmaç

ão e

afir

ma

que

são

as re

laçõ

es d

o Br

asil

que

não

são

boas

com

o P

arag

uai;

em d

ois

pequ

enos

text

os

segu

inte

s, re

afirm

a a

viag

em d

o S

r. An

toni

o M

anoe

l C

orre

ia d

a C

âmar

a a

Assu

nção

Des

qual

ifica

ção

da fo

nte:

“Par

a au

toriz

ar o

Red

ator

de

uma

Folh

a P

úblic

a a

desm

entir

qua

lque

r not

ícia

ou

boat

o, e

pr

inci

palm

ente

not

ícia

de

tant

a m

agni

tude

qua

l aqu

ela

que

se

refe

re o

Ped

ante

Cha

ves,

forç

a es

tar s

ufic

ient

emen

te h

abilit

ado

para

fazê

-lo e

ter e

m m

ãos

o qu

e de

smen

te p

rova

s co

nvin

cent

es

do s

eu d

esm

entid

o fo

rmal

” (c

onst

a no

livr

o do

Ach

ylle

s qu

e a

mis

são

no P

arag

uai n

ão

pros

pero

u)

27

6 O

fício

s A

certo

do

arre

ndam

ento

de

uma

estâ

ncia

de

um “i

nim

igo

da R

epúb

lica”

; Li

bera

ção

de v

erba

par

a o

dipl

omat

a em

via

gem

ao

Par

agua

i

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

27

6 C

ircul

ar a

os J

uíze

s de

Pa

z D

eter

min

a o

reco

lhim

ento

de

toda

a

pólv

ora

ao T

rem

de

Gue

rra

de

Caç

apav

a, a

fim

de

evita

r rou

bos

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

27

6 C

ircul

ar à

s C

âmar

as

Sol

icita

, par

a a

reun

ião

do C

onse

lho

de

Pro

cura

dore

s, M

apas

dos

alu

nos

que

freqü

enta

m a

ulas

nos

mun

icíp

ios

e qu

al a

con

duta

dos

pro

fess

ores

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

Inte

ress

e do

s go

vern

ante

s so

bre

a qu

estã

o ed

ucac

iona

l

27

6 A

núnc

io

Anu

ncio

da

fuga

de

um e

scra

vo d

e M

anue

l Bor

ges,

Orie

ntal

S

em a

ssin

atur

a A

núnc

io d

e fu

ga d

e es

crav

o no

mes

mo

núm

ero

em q

ue

se d

ebat

e a

ques

tão

dos

negr

os n

o se

rviç

o m

ilita

r “F

ugiu

-lhe

um e

scra

vo p

reto

27

7-4º

Bol

etim

em

S

ubtít

ulo:

“O A

njo

tute

lar d

a A

mér

ica

José

Alv

es M

orae

s,

Div

ersa

s no

tícia

s de

mov

imen

taçõ

es m

ilita

res,

dos

“A

njo

da A

mér

ica”

– id

entid

ade

amer

ican

a

278

Caç

apav

a co

ntin

ua p

rote

ger-n

os, e

não

mui

di

stan

te v

erem

os to

do o

sol

o de

Cab

ral

expu

rgad

o de

tira

nos”

Tene

nte

Cor

onel

fa

rrapo

s e

dos

lega

lista

s “te

rra

de C

abra

l” X

ant

ilusi

tani

smo

(?)

66 C

açap

ava,

qua

. 15

mai

o 18

39

27

9-28

1 (M

ais

prov

as d

a in

capa

-ci

dade

e v

ício

s do

atu

al

Gov

erno

do

Bra

sil)

Par

ece

ser u

ma

carta

par

ticul

ar q

ue

acab

ou to

rnan

do-s

e pú

blic

a; o

re

met

ente

que

stio

na a

pos

sibi

lidad

e de

M

igue

l Cal

mon

con

corre

r ao

Sen

ado,

en

umer

ando

os

desv

ario

s de

sua

ad

min

istra

ção

na F

azen

da

O C

idad

ão n

. 39

Dife

renç

a en

tre li

vres

e e

scra

vos

é qu

e a

felic

idad

e ou

a

infe

licid

ade

é um

a es

colh

a; o

pov

o é

cons

cien

te s

obre

a

nece

ssid

ade

de u

m b

om g

over

no d

as in

stitu

içõe

s; d

ívid

a pú

blic

a de

300

milh

ões;

o c

unho

de

cobr

e e

seu

resg

ate

em p

apel

tam

bém

fom

enta

ram

a c

rise;

reto

ma

a qu

estã

o da

ven

da d

e ap

ólic

es, n

otic

iada

no

n.64

; o p

eso

da d

ívid

a pú

blic

a se

ria m

enos

odi

oso

se fo

sse

poss

ível

per

cebe

r qu

e o

gast

o fo

i pro

dutiv

o pa

ra o

paí

s: c

onst

ruçã

o de

es

trada

s e

cana

is, p

orto

s pr

oteg

idos

por

arm

adas

que

ga

rant

am o

com

érci

o em

ord

em, g

aran

tia d

e di

reito

s,

pros

perid

ade

nas

ciên

cias

e n

as a

rtes

Livr

es X

Esc

ravo

s

28

1-28

2 In

terio

r / O

fício

s D

eter

min

a a

pres

taçã

o de

jura

men

to

de a

desã

o e

fidel

idad

e à

caus

a da

Li

berd

ade

e In

depe

ndên

cia

da

Rep

úblic

a R

io-G

rand

ense

Ben

to M

anoe

l Rib

eiro

ju

ram

ento

: “Ju

ro m

ante

r a re

ligiã

o C

atól

ica

Apo

stól

ica

Rom

ana,

a in

depe

ndên

cia,

a In

tegr

idad

e e

a In

divi

sibi

lidad

e da

Rep

úblic

a C

onst

ituci

onal

Rio

-G

rand

ense

; obs

erva

r e fa

zer o

bser

var a

s le

is d

a m

esm

a R

epúb

lica;

e p

rovi

soria

men

te a

Con

stitu

ição

e L

eis

do

Bra

sil e

m tu

do q

uant

o fo

r com

patív

el c

om a

s at

uais

ci

rcun

stân

cias

da

Naç

ão e

sua

Inde

pend

ênci

a; e

de

cum

prir

relig

iosa

men

te c

om a

s or

dens

do

Gov

erno

Sím

bolo

s da

Rep

úblic

a: b

ande

ira d

a N

ação

Rio

-Gra

nden

se;

Cita

os

nom

es d

os P

raça

s qu

e pr

esta

ram

jura

men

to

28

3 5º

Bol

etim

em

C

açap

ava

Div

ersa

s no

tícia

s de

mov

imen

taçõ

es

milit

ares

, dos

farra

pos

e do

s le

galis

tas

José

Alv

es M

orae

s,

Tene

nte

Cor

onel

Le

galis

tas

apro

xim

am-s

e de

Pel

otas

67 C

açap

ava,

sab

. 18

mai

o 18

39

28

5 In

terio

r / D

ecre

to

Dec

reta

que

todo

o a

lforr

iado

que

fugi

r pa

ra o

inim

igo

e fo

r cap

tura

do, v

olta

a se

r esc

ravo

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

A c

ondi

ção

da c

once

ssão

da

alfo

rria

pel

a R

epúb

lica

era

o se

rviç

o m

ilitar

“h

omem

de

cor”;

car

acte

riza

o se

rviç

o m

ilitar

com

o um

a “c

ondi

ção

táci

ta”,

ou s

eja,

não

form

al

28

5 O

fício

s Tr

oca

de c

orre

spon

dênc

ias

entre

as

auto

ridad

es c

atól

icas

da

Rep

úblic

a e

do E

stad

o O

rient

al a

resp

eito

de

envi

o de

óle

o sa

grad

o pa

ra o

s rit

uais

, arti

go

esca

sso

nas

paró

quia

s rio

-gra

nden

ses

R

elaç

ões

com

o P

rata

Q

uest

ão re

ligio

sa n

a R

epúb

lica

De

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da: “

A m

edid

a po

r V.E

xa.R

ma.

le

mbr

ada

acer

ca d

e ce

mité

rios

fora

das

Igre

jas

e P

ovoa

ções

se

rá d

ecre

tada

com

bre

vida

de, p

osto

que

não

sej

a m

ui p

olíti

co

bulir

-se

pres

ente

men

te c

om o

fana

tism

o e

a su

pers

tição

28

6-28

8 1º

Bol

etim

do

Gov

erno

em

Mar

cha

para

C

açap

ava

Rep

ublic

a os

text

os d

as p

. 167

-168

D

omin

gos

José

de

Alm

eida

P

reoc

upaç

ão c

om a

pos

terid

ade:

col

eção

do

jorn

al,

econ

omia

de

pape

l “D

e ho

je e

m d

iant

e os

Bol

etin

s da

s op

eraç

ões

de C

ampa

nha

serã

o da

dos

nest

e Jo

rnal

e s

ó se

rão

avul

sos

quan

do a

mat

éria

ou

circ

unst

ânci

as a

ssim

o e

xigi

rem

; não

pela

eco

nom

ia d

e pa

pel e

ser

viço

s, c

omo

aind

a pa

ra c

onhe

cim

ento

de

noss

a H

istó

ria M

ilitar

, vis

to s

er m

ais

fáci

l a c

onse

rvaç

ão d

e co

leçõ

es d

o jo

rnal

que

a d

e av

ulso

s de

stac

ados

. Dar

emos

poi

s ao

púb

lico

os

refe

ridos

Bol

etin

s, p

rinci

pian

do p

elo

1º B

olet

im e

m P

iratin

i”

288

Ext

rato

do

Diá

rio d

a Le

gaçã

o D

escr

eve

a vi

agem

da

mis

são

dipl

omát

ica

José

Ant

unes

da

Por

ciun

cula

28

8 C

orre

spon

dênc

ia

Leito

r per

gunt

a ao

reda

tor s

obre

co

bran

ça d

e im

post

os s

obre

ben

s de

fa

míli

as q

ue v

em d

e P

orto

Ale

gre

para

re

sidi

r na

Rep

úblic

a

José

Man

oel d

e Le

ão

/ Red

ator

es d

’O P

ovo

Info

rma

que

a co

bran

ça é

ape

nas

sobr

e as

beb

idas

al

coól

icas

A

ssin

am “o

s R

edat

ores

do

Pov

o”

68 C

açap

ava,

qua

. 22

mai

o 18

39

28

9 In

terio

r C

ontin

ua re

publ

ican

do o

s bo

letin

s de

C

açap

ava

(2º=

p.25

3-25

4, 3

º=26

7-26

8)

29

1 E

xtra

to d

o D

iário

da

Lega

ção

Des

crev

e a

viag

em d

a m

issã

o di

plom

átic

a Jo

sé A

ntun

es d

a P

orci

uncu

la

29

2 S

em T

ítulo

C

omen

tário

sob

re a

pub

licaç

ão d

e co

rres

pond

ênci

a ro

ubad

a do

Gen

. B

ento

(not

icia

da e

m n

umer

o an

terio

r)

“Mer

cant

il da

G

aleg

alid

ade”

, ref

e-rin

do-s

e ao

Mer

cant

il do

Rio

Gra

nde

Não

repr

oduz

a n

otíc

ia re

tirad

a da

cor

resp

ondê

ncia

ap

reen

dida

, ape

nas

men

cion

a: “E

por

que

não

daria

m a

lu

z pú

blic

a ce

rta c

orre

spon

denc

iazi

nha

de c

erto

Pro

theu

G

over

nant

e, q

ue d

epoi

s no

s ro

eu a

cor

da...

Pro

theu

: ind

ivíd

uo q

ue m

uda

faci

lmen

te d

e op

iniã

o (s

erá

que

se

refe

riam

a a

lgum

líde

r do

Pra

ta?)

E

lizea

rio: “

Hom

em d

e B

arro

” ou

“Bar

ro d

os H

omen

s”

29

2 R

esul

tado

Ger

al d

a O

pera

ção

do tr

oco

do

cobr

e em

todo

o E

stad

o

Tabe

la c

om o

s va

lore

s N

ão

29

2

“Est

ando

alte

rado

o q

uadr

o co

mpa

rativ

o do

val

or m

onet

ário

des

ta

Rep

úblic

a co

m a

quel

e do

Impé

rio

Não

C

ompa

ra a

s fin

ança

s do

Impé

rio c

om a

s da

Rep

úblic

a

Vas

cong

ado-

Cal

mon

ico,

impr

esso

no

n. 6

1 de

ste

jorn

al, o

ra d

amos

o e

xato

” 69

Caç

apav

a, q

ua. 2

2 m

aio

1839

293-

294

Inte

rior /

Dec

reto

s D

emis

sões

/ P

rom

oçõe

s no

Cor

po d

e C

aval

aria

da

Gua

rda

Nac

iona

l Jo

sé d

a S

ilva

Bra

ndão

29

5-29

6 4º

Bol

etim

de

Caç

apav

a C

ontin

ua re

publ

ican

do o

s bo

letin

s (4

º -

p. 2

77-2

78 -

e 5º

- 28

3)

29

6 6º

Bol

etim

de

Caç

apav

a E

ncon

tro d

e tro

pas

repu

blic

anas

e

lega

lista

s pr

óxim

as a

o R

io (c

anal

) São

G

onça

lo, e

m P

elot

as

José

Alv

es d

e M

orae

s

“Brio

zos

Rep

ublic

anos

Rio

-Gra

nden

ses

e os

Lib

erai

s do

Glo

bo”

“cau

sa g

eral

da

Am

éric

a”

29

6 R

efle

xões

de

um

patri

ota

acer

ca d

o av

iso

e de

cret

os in

certo

s no

n.

65 d

’O P

ovo

Indi

gnaç

ão s

obre

as

med

idas

do

Impé

rio e

m re

laçã

o ao

s es

crav

os

“Tig

res

empo

leira

dos”

= le

galis

tas

(tigr

e =

indi

vídu

o cr

uel,

sang

uiná

rio; e

mpo

leira

do =

inve

stid

o de

aut

orid

ade)

29

6 M

onte

vidé

u R

epub

lica

trech

o do

nº a

nter

ior,

sobr

e a

cobr

ança

de

impo

stos

sob

re o

gad

o N

ão

U

sa o

des

enho

de

uma

mão

zinh

a in

dica

dora

par

a de

stac

ar o

tre

cho

70 C

açap

ava,

qua

. 29

mai

o 18

39

29

7 D

ecre

to

Def

ine

post

os n

o 2º

Cor

po d

e la

ncei

ros

José

da

S. B

rand

ão

P

ulou

um

a qu

arta

-feira

de

publ

icaç

ão!

29

7-29

9 C

orre

spon

dênc

ia

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da p

ede

a pu

blic

ação

da

ínte

gra

de c

arta

que

foi

inte

rcep

tada

da

corre

spon

dênc

ia d

e B

ento

Gon

çalv

es e

com

enta

da n

o M

erca

ntil

do R

io G

rand

e n.

168

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

Fala

da

frági

l situ

ação

fina

ncei

ra d

a R

epúb

lica

e ad

mite

te

r ven

dido

17

escr

avos

par

a co

mpr

ar a

Tip

ogra

fia, p

apel

e

rem

édio

s em

Mon

tevi

déu

29

9-30

0 E

xtra

to d

o M

erca

ntil

do

Rio

Gra

nde

Trec

ho d

o jo

rnal

lega

lista

sob

re a

si

tuaç

ão n

a R

epúb

lica

Mer

cant

il do

Rio

G

rand

e +

com

entá

rio

(ass

ina

“O R

edat

or”)

Acu

sa o

s líd

eres

do

mov

imen

to re

publ

ican

o de

roub

o (p

ropr

ieda

de e

gad

o do

s le

galis

tas;

pes

ados

impo

stos

so

bre

os h

abita

ntes

da

cam

panh

a) e

vio

lênc

ia, a

firm

a qu

e a

Rep

úblic

a só

tem

apo

io n

a es

crav

atur

a;

O c

omen

tário

da

reda

ção

d’O

Pov

o

“Rep

úblic

a do

s pi

lhas

”, “re

publ

ique

ta”,

“ana

rqui

a”

Com

entá

rio: “

acla

man

do-n

os c

om e

nerg

ia fa

rrap

os, l

adrõ

es,

assa

ssin

os, e

tc, e

tc”;

ironi

za o

text

o, a

grad

ecen

do a

pub

licid

ade

no Im

pério

, ond

e de

ve s

er u

m “a

ssun

to in

tere

ssan

te v

er u

m

punh

ado

de la

drõe

s e

assa

ssin

os a

bala

r os

fund

amen

tos

de u

m

Impé

rio im

enso

e p

oder

oso”

300

Ofíc

ios

Troc

a de

men

sage

m e

ntre

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da e

o J

uiz

Fran

cisc

o C

oelh

o B

orge

s so

bre

o pa

gam

ento

de

dívi

das

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da e

o J

uiz

Fran

cisc

o C

oelh

o B

orge

s

30

0 S

em tí

tulo

Tr

echo

tran

scrit

o de

Aur

ora

Flum

inen

se n

. 121

A

uror

a Fl

umin

ense

n.

121

Peq

ueno

trec

ho m

oral

, afir

man

do a

ver

dade

ira g

rand

eza

dos

pequ

enos

ges

tos,

em

vez

de

even

tos

gran

dios

os;

utiliz

a co

mo

exem

plo

os fe

itos

dos

Am

eric

anos

do

Nor

te

71 C

açap

ava,

sab

. 01

jun.

183

9

301

Ext

erio

r / C

omun

icad

o Te

xto

que

faz

um re

sgat

e hi

stór

ico

dos

prin

cipa

is a

cont

ecim

ento

s da

pol

ítica

br

asile

ira d

esde

a in

depe

ndên

cia

+ pe

quen

o co

men

tário

Filh

o do

Set

e de

Abr

il / D

o R

edat

or

Saú

da a

Inde

pend

ênci

a, c

ritic

a o

gove

rno

de D

. Ped

ro I;

P

arec

e nã

o se

r con

tra D

. Ped

ro II

, a q

uem

cha

ma

de

“var

ão c

onsp

ícuo

”, “v

irtuo

so b

rasi

leiro

”, m

as n

ão p

oupa

os

rege

ntes

; fal

ta n

o cu

mpr

imen

to d

as le

is é

um

forte

m

otiv

o pa

ra d

esco

nten

tam

ento

; “a

naci

onal

idad

e in

sulta

da p

elo

estra

ngei

ro, [

...] n

ossa

s ar

mas

ent

regu

es a

m

erce

nária

s m

ãos

de c

olon

os p

ortu

gues

es” (

p. 3

02)

“Des

mor

aliz

ado

assi

m o

pov

o pe

lo tr

iste

exe

mpl

o do

des

resp

eito

às

leis

e à

s au

torid

ades

; sol

apad

o o

sist

ema

cons

tituc

iona

l” (p

. 30

1) “U

m g

over

no h

idró

pico

cuj

a se

de d

e ar

bítri

o, fo

rça

e di

nhei

ro te

m s

ido

inca

nsáv

el...

Um

gov

erno

mon

stro

, gov

erno

di

abo”

(301

)

Eco

nom

ia C

lem

entin

a (d

entro

de

Ext

erio

r) D

enún

cia

de u

m te

rmo

assi

nado

pel

o pr

oved

or d

a S

anta

Cas

a so

bre

a cr

iaçã

o de

cria

nças

da

roda

dos

ex

post

os, p

or e

cono

mia

, com

leite

das

co

bras

“mam

adei

ras”

+ c

omen

tário

O C

idad

ão n

. 51

/ D

o R

edat

or

Den

unci

a qu

e, a

lém

de

crue

l, a

econ

omia

é b

urra

, poi

s o

serv

iço

do s

ujei

to c

ontra

tado

sai

mai

s ca

ro q

ue a

mas

de

leite

“Que

mon

umen

to d

e de

grad

ação

, im

oral

idad

e e

depr

avaç

ão te

m

o go

vern

o do

Bra

sil t

rans

miti

do à

s ge

raçõ

es fu

tura

s, n

o se

gred

o de

env

iar a

o tú

mul

o o

inoc

ente

frut

o da

fraq

ueza

hum

ana”

(p

.302

, com

entá

rio)

Cor

resp

ondê

ncia

s C

omen

tário

e s

onet

o de

leito

r sob

re a

id

a do

Min

istro

da

Gue

rra a

Rio

Gra

nde

Sem

ass

inat

ura

do

leito

r, a

font

e é

do

jorn

al O

Cid

adão

51

Fala

mal

de

Vas

conc

ello

s e

Cal

mon

e d

o M

inis

tro d

a G

uerr

a (S

ebas

tião

do R

ego

Bar

ros)

, con

side

rand

o fra

ca

sua

expe

riênc

ia m

ilitar

“Jas

on e

m n

ova

Arg

os”

O s

onet

o é

“ded

icad

o ao

Sr.

Bar

ros,

min

istro

da

guer

ra,

por

ocas

ião

da s

ua v

iage

m” e

sal

ient

a su

a in

com

petê

ncia

P

ersp

icác

ia d

o B

isem

past

ado

(den

tro

de C

orre

spon

dênc

ias)

Den

unci

a o

sum

iço

de A

frica

nos

“livr

es” q

ue d

ever

iam

trab

alha

r em

ob

ras

públ

icas

(Idem

) S

ituaç

ão d

os a

frica

nos

Sem

títu

lo

Fala

da

inco

mpe

tênc

ia d

o M

inis

tro d

a G

uerra

, Seb

astiã

o R

ego

Bar

ros

Ass

ina

“um

milit

ar”.

A

font

e é

o jo

rnal

A

uror

a Fl

umin

enes

e n,

110

Vio

lênc

ia n

o re

crut

amen

to; d

enun

cia

a ch

egad

a à

capi

tal

da P

roví

ncia

de

recr

utas

com

gar

galh

eira

s ao

pes

coço

, e

que

o M

inis

tro te

m c

onhe

cim

ento

do

fato

; que

stio

na a

ci

vilid

ade

do p

aís,

o g

over

no a

travé

s do

terro

r

Inte

rior

Des

faz

a ac

usaç

ão fe

ita a

o S

r. Jo

ão

Ant

onio

Mar

tins

de p

artic

ipar

de

uma

Ass

ina

“O R

edat

or”

Que

stão

da

impr

ensa

que

man

cha

repu

taçõ

es, f

onte

s sã

o do

cum

ento

s e

carta

s; p

apel

do

escr

itor e

sua

s R

efer

e-se

aos

n. 4

7 e

62 d

’O P

ovo

com

issã

o cr

iada

no

Est

ado

Orie

ntal

pa

ra s

uste

ntar

e d

irigi

r um

a qu

adril

ha

de s

alte

ador

es n

a R

epúb

lica

obrig

açõe

s pe

rant

e o

públ

ico

Em

enda

C

orrig

e um

text

o do

n.6

8 N

ão

Ree

scre

ve u

m tr

echo

da

p. 2

91, o

fício

de

Ant

onio

Man

oel

Cor

reia

da

Cam

ara

a Jo

sé d

a Si

lva

Bra

ndão

, sob

re a

Le

gaçã

o em

via

gem

ao

Para

guai

Var

ieda

des

Doi

s pe

quen

os tr

echo

s de

ane

dota

s de

es

pírit

o le

ve, c

om fu

ndo

mor

al s

obre

a

mon

arqu

ia

Do

Aur

ora

Flum

inen

se

Cita

Lui

z X

IV e

a m

onar

quia

Ingl

esa

Cita

o D

r. S

wift

, aut

or d

e G

uliv

er

72 C

açap

ava,

qua

. 05

jun.

183

9

305-

307

Ext

erio

r A

rtigo

que

, mai

s um

vez

, exp

õe a

in

com

petê

ncia

de

Eliz

eario

no

com

ando

da

resi

stên

cia

Impe

rial,

sacr

ifica

ndo

os s

olda

dos

Aur

ora

Flum

inen

se

Rel

ata

o de

sesp

ero

da p

opul

ação

ao

sabe

r das

pr

eten

sões

de

avan

ço m

ilitar

de

Eliz

eario

, pon

do-s

e a

reza

r; O

text

o iro

niza

Eliz

eario

, afir

man

do q

ue e

le,

acre

dita

ndo

na fo

rça

das

prec

es; p

egar

ia B

ento

Man

oel

dist

raíd

o, o

lhan

do a

s es

trela

s; re

prod

uz u

m s

upos

to o

fício

de

Eliz

eario

rela

tand

o ao

rege

nte

os in

frutíf

eros

m

ovim

ento

s m

ilita

res

na P

roví

ncia

É u

m jo

rnal

libe

ral m

oder

ado,

que

cha

ma

Ben

to M

anoe

l de

anar

quis

ta, m

as ta

mbé

m n

ão a

valiz

a as

est

raté

gias

do

gove

rno

do Im

pério

; Rev

ela

alem

ães

luta

ndo

ao la

do d

o Im

pério

; “c

ontin

entin

os” e

“bra

sile

iros”

;

30

7-30

8 In

terio

r A

s es

pera

nças

do

Gov

erno

das

ca

paci

dade

s (s

ubtít

ulo)

N

ão

Que

stio

na a

forç

a do

Impé

rio p

ara

debe

lar o

s re

publ

ican

os; f

elic

idad

e do

s po

vos

depe

nde

mai

s da

s su

as v

irtud

es d

o qu

e da

ilus

traçã

o;

Cap

acid

ades

(à G

uizo

t?)

Rio

-Gra

nden

ses

afas

tand

o-se

da

bras

ilida

de

Usa

a p

alav

ra “R

egre

ssis

tas”

/ “E

scra

vidã

o”

30

8 S

em tí

tulo

A

rmas

impe

riais

est

ão d

entro

dos

círc

ulos

rest

ritos

que

os

repu

blic

anos

pre

scre

vera

m; a

pont

a a

diss

oluç

ão

imin

ente

do

Bra

sil

Bra

sil é

gov

erna

do p

elas

‘pai

xões

’ e p

elos

deu

ses

“forç

a, a

rbítr

io

e di

nhei

ro”

30

8 O

s no

vos

Arg

onau

tas

Afir

ma

que

um p

onch

e e

uma

colc

ha

figur

am n

o Im

pério

com

o so

uven

ires

e ga

rant

ias

da P

az C

ontin

enta

l

Não

Rel

ação

com

a m

itolo

gia

da n

au d

e A

rgos

; “C

ontin

ente

”; o

text

o iro

niza

a h

onra

ria c

once

dida

aos

obj

etos

30

8 A

Lib

erda

de

O p

rimei

ro D

ireito

, o p

rimei

ro B

em d

o H

omem

Th

omaz

– E

logi

o de

M

arco

Aur

élio

Li

berd

ade

= o

hom

em s

ó de

ve à

s Le

is o

bede

cer e

tem

er

Tira

nia

= fa

lta d

e vi

rtude

E

scra

vidã

o, ti

rani

a; d

espo

tism

o de

Ner

o e

Tibé

rio; A

con

stitu

ição

do

Est

ado

pode

mud

ar, m

as o

s di

reito

s do

s ci

dadã

os s

ão ig

uais

73

Caç

apav

a, s

ab. 0

8 ju

n. 1

839

30

9 E

xter

ior /

Not

ícia

s do

C

eará

Aur

ora

Flum

inen

se,

n. 1

09

Rec

ruta

men

to v

iole

nto

no C

eará

: as

aula

s pú

blic

as e

stão

va

zias

e a

s ca

sas

cerc

adas

de

dia

e de

noi

te s

em

nenh

uma

form

alid

ade

lega

l; ile

galid

ade

gene

raliz

ada;

“com

o no

s te

mpo

s co

loni

ais”

C

ita v

iolê

ncia

dos

ana

rqui

stas

à p

opul

ação

mai

s ab

asta

da d

o C

eará

310-

311

Inte

rior /

Ofíc

ios

Ass

unto

s va

riado

s

Ped

ido

de d

emis

são,

por

mot

ivo

de s

aúde

, de

Ant

onio

Jo

sé d

e O

livei

ra, C

oron

el c

oman

dant

e G

eral

de

Pol

ícia

R

elat

ório

s so

bre

a or

gani

zaçã

o da

s co

leto

rias;

tra

nspa

rece

um

a gr

ande

difi

culd

ade

em o

rgan

izar

a

arre

cada

ção

31

2 C

orre

spon

dênc

ia

Qua

dro

dos

rend

imen

tos

das

cole

toria

s do

Est

ado

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

Dom

ingo

s es

crev

e à

reda

ção

para

mos

trar a

o pú

blic

o qu

adro

s re

ferid

os e

m u

ma

carta

con

fiden

cial

diri

gida

a

Ben

to G

onça

lves

que

foi i

nter

cept

ada

e pu

blic

ada

no

Mer

cant

il de

Rio

Gra

nde

Con

side

ra-s

e “d

eved

or a

o pú

blic

o a

quem

sob

rem

anei

ra

resp

eito

74 C

açap

ava,

qua

. 12

jun.

183

9

313

Inte

rior /

Dec

reto

D

emis

são

José

da

Silv

a B

rand

ão

31

3-31

4 A

inda

as

espe

ranç

as d

o re

gres

so

Text

o de

dou

trina

N

ão

Ant

i-lus

itani

smo;

Inde

pend

ênci

a, li

berd

ade

e fe

licid

ade

X

Des

potis

mo,

esc

ravi

dão

e de

sgra

ça d

e di

reito

s P

roví

ncia

s qu

e nã

o se

insu

rgem

sof

rem

de

uma

froux

idão

re

pree

nsív

el, i

ndig

na d

e A

mer

ican

os; o

fard

o da

s gu

erra

s m

oldo

u o

espí

rito

dos

Rio

-Gra

nden

ses

de fo

rma

dife

rent

e do

rest

o do

Bra

sil

“Cor

te c

aduc

a”, “

luza

pre

potê

ncia

’ R

emet

e ao

leito

r;

Rio

-Gra

nden

ses

afas

tand

o-se

da

bras

ilida

de

Rio

-Gra

nden

ses ≠

cam

pone

ses

bras

ileiro

s

31

4-31

5 E

xter

ior /

O L

usita

no

And

rea

ou a

Pes

te d

o P

ará

Not

ícia

s e

com

entá

rios

sobr

e a

situ

ação

do

Par

á O

Filh

o do

Set

e de

A

bril,

que

cita

com

o fo

nte

uma

“pes

soa

cheg

ada

da p

roví

ncia

do

Par

á” q

ue e

stev

e pr

esa

na c

orve

ta

Def

enso

ra

Info

rma

que

só n

essa

em

barc

ação

hav

eria

5 m

il pe

ssoa

s pr

esas

e e

m p

éssi

mas

con

diçõ

es; c

ompa

ra c

om a

s at

itude

s do

s co

nqui

stad

ores

esp

anhó

is n

a pr

opag

ação

do

cato

licis

mo;

ext

erm

ínio

da

cast

a in

díge

na;

defe

nde

que

a m

aior

idad

e de

Ped

ro II

é o

úni

co m

eio

de

salv

ação

Afir

ma

que

a re

pres

são

do p

resi

dent

e A

ndre

a, n

o P

ará,

já h

avia

m

atad

o 30

mil

pess

oas,

mas

não

diz

de

onde

sai

ess

e nú

mer

o

31

5 E

xter

ior /

Sem

títu

lo

Sob

re a

ida

do M

inis

tro d

a G

uerr

a a

Rio

-Gra

nde

Aur

ora

Flum

inen

se

Est

e jo

rnal

pre

tend

ia a

con

cilia

ção

dos

rebe

ldes

, tra

zend

o-os

nov

amen

te a

uni

ão B

rasi

leira

31

5-31

6 E

xter

ior /

Nov

os

Min

istro

s no

Bra

sil

Info

rma

e co

men

ta s

obre

os

novo

s m

inis

tros

Não

H

olan

da C

aval

cant

i (do

Impé

rio e

Est

rang

eiro

s); C

andi

do

Bat

ista

de

Oliv

eira

(da

Faze

nda

e Ju

stiç

a) e

Jac

into

R

oque

(da

Gue

rra e

Mar

inha

)

Não

mer

ecer

ia a

prim

eira

pág

ina?

??

Crit

ica

da a

dmin

istra

ção

“vas

conc

elo-

calm

ônic

a”

Um

dos

obj

etiv

os d

a R

epúb

lica

é “v

inga

r os

ultra

jes,

aci

ntes

e

Sug

ere

para

o q

ue s

ubst

itui V

asco

ncel

los

que

seja

br

ando

; ped

e a

dem

issã

o de

pre

side

ntes

de

dive

rsas

pr

ovín

cias

; sol

icita

o re

conh

ecim

ento

da

Rep

úblic

a R

io-

Gra

nden

se,

viol

ênci

as q

ue o

Con

tinen

te s

ofre

u po

r mai

s de

um

séc

ulo”

(p.

316)

; “m

orib

undo

Impé

rio”

31

6 V

arie

dade

s Tr

echo

da

obra

de

Tocq

uevi

lle

Dem

ocra

cia

da

Am

éric

a do

Nor

te,

de T

ocqu

evill

e

Trec

ho q

ue d

efen

de q

ue o

bem

é m

ais

fáci

l de

ser

alca

nçad

o na

s na

ções

peq

uena

s

31

6 E

scan

dalo

so A

tent

ado

Ass

alto

a e

mba

rcaç

ão re

publ

ican

a em

A

legr

ete

75 C

açap

ava,

sab

. 15

jun.

183

9

317-

318

Ext

erio

r / R

io d

e Ja

neiro

C

omen

tário

sob

re d

esac

ordo

ent

re o

tro

no im

peria

l e a

Igre

ja n

o B

rasi

l A

uror

a Fl

umin

ense

C

ritic

a o

Impé

rio p

or c

eder

às

pret

ensõ

es d

a C

úria

R

oman

a, c

eden

do a

o es

trang

eiro

R

eite

ra a

crít

ica

à po

lític

a im

peria

l, de

sem

pre

recu

ar d

iant

e da

re

lutâ

ncia

est

rang

eira

, afir

maç

ão d

a id

entid

ade

bras

ileira

318

As

apre

ensõ

es d

e de

sord

em n

a B

ahia

(d

entro

de

Ext

erio

r) A

uror

a Fl

umin

ense

, co

men

tand

o no

tícia

s ex

traíd

as d

o C

orre

io

Mer

cant

il

A ju

stiç

a pa

ssa

a ab

solv

er o

s re

beld

es b

aian

os, e

m

opos

ição

às

dura

s co

nden

açõe

s de

term

inad

as h

á po

ucos

m

eses

(lem

brar

julg

amen

to tr

ansc

rito

n’O

Pov

o); c

obra

ju

stiç

a e

mod

eraç

ão; t

eme

novo

leva

nte

dos

rebe

ldes

pe

la fr

ouxi

dão

das

sent

ença

s

“a im

pren

sa m

anife

sta

seus

ala

rmes

” Ju

stiç

a, m

oder

ação

, equ

idad

e; a

frou

xidã

o na

apl

icaç

ão d

as le

is,

assi

m c

omo

a se

verid

ade

em d

emas

ia, c

ontri

buem

par

a a

deso

rdem

31

8-32

0 C

arta

s de

Ofic

iais

Le

galis

tas

(den

tro d

e E

xter

ior)

As

carta

s nã

o sã

o as

sina

das

e fo

ram

re

tirad

as d

a A

uror

a Fl

umin

ense

(Ide

m)

Mov

imen

tos

e si

tuaç

ão d

as fo

rças

do

Impé

rio (r

elat

a di

ficul

dade

s de

recr

utam

ento

e a

rmam

ento

); R

elaç

ões

com

o P

rata

(Fru

tuos

o nã

o pa

rece

dar

esp

aço

aos

lega

lista

s e

há ru

mor

es d

e qu

e re

conh

eceu

a R

epúb

lica

e fe

z um

a al

ianç

a of

ensi

va e

def

ensi

va, t

rain

do o

Impé

rio

após

rece

ber d

este

600

con

tos

de ré

is);

mod

eraç

ão d

os

farr

apos

em

rela

ção

aos

pris

ione

iros

Rea

ções

pro

voca

das

pelo

s pe

riódi

cos,

difi

culd

ade

em id

entif

icar

o

posi

cion

amen

to d

o Im

pério

atra

vés

dele

s “R

epúb

lica

de P

iratin

i”: c

omo

os le

galis

tas

cham

am,

depr

ecia

tivam

ente

32

0 N

otíc

ias

Doi

s tre

chos

cur

tos

Não

S

obre

a m

udan

ça d

o en

carr

egad

o de

Neg

ócio

s do

Bra

sil

no U

rugu

ai; a

firm

a qu

e ai

nda

não

é po

ssív

el a

valia

r a

feiç

ão p

olíti

ca d

o no

vo m

inis

tério

, mas

info

rma

que

ele

decr

etou

impo

sto

de 5

0% s

obre

as

bebi

das

alco

ólic

as

prod

uzid

as e

m p

aíse

s co

m o

s qu

ais

o B

rasi

l não

tem

tra

tado

s es

peci

ais

Text

os m

ais

info

rmat

ivos

do

que

opin

ativ

os

76 C

açap

ava,

qua

. 19

jun.

183

9

321

Ext

erio

r / R

io d

e Ja

neiro

A

Dív

ida

Nac

iona

l (S

ubtít

ulo)

– a

rtigo

qu

e tra

ta d

a si

tuaç

ão fi

nanc

eira

do

Bra

sil

Aur

ora

Flum

inen

se

Reg

ime

atua

l sem

pre

afirm

a qu

e o

país

tem

imen

sos

recu

rsos

e q

ue n

ão te

m c

om o

que

se

preo

cupa

r, em

co

ntra

ste

com

a c

resc

ente

dív

ida

naci

onal

; na

visã

o do

ar

ticul

ista

, o g

over

no c

onta

com

recu

rsos

out

ros

que

não

a re

ceita

do

Esta

do, a

pela

ndo

ao c

lima,

aos

rios

, ao

solo

rtil,

às ri

quez

as m

iner

ais,

o q

ue e

le n

ão a

cred

ita s

ervi

r nu

m m

omen

to d

e ba

ncar

rota

; lóg

ica

capi

talis

ta

indu

stria

lista

de

prod

ução

; util

izan

do o

exe

mpl

o do

s E

UA,

af

irma

que

a m

enor

riqu

eza

do s

ul é

dev

ido

à pr

esen

ça

da e

scra

vatu

ra, d

o de

spre

zo p

ara

o tra

balh

o; a

que

stão

da

dív

ida

deve

ria s

er e

ssen

cial

a u

ma

adm

inis

traçã

o em

co

nson

ânci

a co

m o

inte

ress

e pú

blic

o

“Par

a as

naç

ões

há u

ma

únic

a fo

nte

de ri

quez

as, e

vem

a s

er o

tra

balh

o ac

ompa

nhad

o do

cap

ital”.

“A ri

quez

a, d

isse

mos

nós

, de

riva-

se e

xclu

siva

men

te d

o tra

balh

o ac

umul

ado

e ap

licad

o à

prod

ução

. A m

adei

ra n

as fl

ores

tas,

o o

uro

nas

entra

nhas

das

m

inas

, a g

rand

eza

das

terra

s in

culta

s nã

o co

nstit

uem

a fo

rtuna

de

pov

o al

gum

. A s

oma

do tr

abal

ho e

mpr

egad

o em

torn

ar ú

teis

e

perm

utáv

eis

esse

s ob

jeto

s, e

is a

úni

ca ri

quez

a. T

odos

os

valo

res

são

imat

eria

is; é

o h

omem

, e n

ão a

nat

urez

a, q

uem

os

cria

; a

fortu

na d

e ca

da p

ovo

é su

a at

ivid

ade

indu

stria

l” R

elac

iona

a e

scra

vidã

o ao

atra

so m

ater

ial

32

2-32

4

A F

ranç

a e

os A

mer

ican

os (S

ubtít

ulo)

- ar

tigo

sobr

e os

per

igos

par

a os

am

eric

anos

da

ampl

iaçã

o da

pol

ítica

ex

pans

ioni

sta

da F

ranç

a

Aur

ora

Flum

inen

se

Gov

erno

bra

sile

iro n

ão im

põe

resp

eito

no

estra

ngei

ro;

criti

ca o

alin

ham

ento

do

gove

rno

bras

ileiro

com

a a

lianç

a fra

nces

a e

não

com

o s

iste

ma

amer

ican

o; F

ranç

a us

a po

lític

a da

forç

a; o

arti

go re

prod

uzid

o do

jorn

al fr

ancê

s fa

la d

a si

tuaç

ão d

as Il

has

Falk

land

, se

perte

ncer

iam

à

Esp

anha

, à In

glat

erra

ou

aos

Am

eric

anos

do

Nor

te;

Fran

ça s

e ap

rove

ita d

a di

stra

ção

do B

rasi

l com

as

revo

l-ta

s na

Bah

ia e

no

Rio

Gra

nde

para

ocu

par p

arte

do

Par

á

Ref

ere

o jo

rnal

O S

ete

de A

bril,

“eco

con

heci

do d

as o

pini

ões

do

min

istro

da

just

iça”

; fal

a da

ocu

paçã

o fra

nces

a no

Oia

poqu

e;

Den

tro d

o ar

tigo

há a

repr

oduç

ão d

e um

arti

go d

o jo

rnal

fran

cês

Siè

cle,

pub

licad

o pe

lo C

roni

sta,

“a fi

m d

e qu

e no

ssos

leito

res

conh

eçam

à ju

sta

quai

s sã

o as

idéi

as d

a Fr

ança

a re

spei

to d

o P

ará”

; Cita

a fá

bula

“Os

Pesc

ador

es e

a O

stra

”, af

irman

do q

ue a

In

glat

erra

faz,

no

caso

das

Ilha

s, o

pap

el d

o Ju

iz;

32

4 In

terio

r R

etom

a o

assu

nto

do a

tent

ado

notic

iado

bre

vem

ente

no

n. 7

4 N

ão

Rel

ata

a aç

ão d

e pi

rata

s no

rio

Uru

guai

(a R

epúb

lica

proc

urav

a co

ntro

lar a

s em

barc

açõe

s qu

e po

r ali

pass

avam

par

a ve

rific

ar a

doc

umen

taçã

o da

s m

erca

doria

s e

reco

lher

impo

stos

32

4 N

otíc

ias

Not

as c

urta

s N

ão

1) R

ego

Bar

ros

aind

a nã

o ch

egou

à C

orte

, pro

vave

lmen

te

será

dem

itido

ao

cheg

ar

2) C

omen

ta a

s re

açõe

s do

pre

side

nte

da P

roví

ncia

de

SC

, Par

dal,

que

dão

a en

tend

er q

ue to

do o

con

tinen

te

ader

iu à

cau

sa R

io-G

rand

ense

3)

Cor

rige

a in

form

ação

dad

a no

nº7

4 so

bre

a tro

ca d

e M

inis

tros

+ co

men

tário

s

A fo

nte

da in

form

ação

err

ada

era

um in

diví

duo

vind

o de

Por

to

Ale

gre

e P

iratin

i; pa

ra c

orrig

ir, re

prod

uz o

dec

reto

pub

licad

o no

Jo

rnal

do

Com

érci

o do

Rio

de

Jane

iro; c

orrig

e a

info

rmaç

ão, m

as

reite

ra a

opi

nião

: mud

aram

os

ator

es e

con

tinua

a m

esm

a ce

na;

Pel

as fo

lhas

do

RJ

e S

P, é

pos

síve

l sab

er q

ue o

corr

em

enco

ntro

s en

tre o

s pa

rtido

s fa

rrapo

e li

bera

l em

SP;

77 C

açap

ava,

sab

. 22

jun.

183

9

325

Inte

rior /

Ord

em d

o D

ia

Ant

onio

Net

to a

grad

ece

aos

com

bate

ntes

pel

a re

sist

ênci

a às

nov

as

inve

stid

as d

o Im

pério

em

Pel

otas

e

intro

duz

a Pr

ocla

maç

ão d

o P

resi

dent

e

Ant

onio

Net

to

32

5 P

rocl

amaç

ão

B

ento

Gon

çalv

es

P

atrio

tism

o, o

bedi

ênci

a às

leis

e a

utor

idad

es

32

6 D

ecre

tos

Dem

issã

o de

Jos

é da

Silv

a B

rand

ão,

Min

istro

da

Gue

rra, M

arin

ha e

Ext

erio

r, po

r mot

ivo

de d

oenç

a; a

ssum

e se

u lu

gar J

osé

Mar

iano

de

Mat

tos;

div

isão

da

s ta

refa

s de

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da, q

ue fi

ca s

omen

te c

om a

pas

ta

da F

azen

da, p

assa

ndo

Inte

rior e

Ju

stiç

a ao

Dr.

Seb

astiã

o R

ibei

ro d

e A

lmei

da

32

6-32

7 O

fício

s D

eter

min

a o

reco

lhim

ento

dos

rest

os

do G

ener

al J

oão

Man

oel d

e Li

ma

e S

ilva

para

real

izaç

ão d

e fu

nera

l

32

7 E

xter

ior /

Dis

solu

ção

do

Min

isté

rio

Arti

go s

obre

as

idio

ssin

cras

ias

do

proc

esso

pol

ítico

rege

ncia

l O

Par

lam

enta

r D

efen

de a

mai

orid

ade

de D

. Ped

ro II

32

8 S

onet

os

78 C

açap

ava,

qua

. 26

jun.

183

9

329-

332

Ext

erio

r / S

ão P

aulo

R

epre

sent

ação

diri

gida

ao

gove

rno

impe

rial p

elos

Dep

utad

os d

a A

ssem

bléi

a P

rovi

ncia

l de

S. P

aulo

co

ntra

o P

resi

dent

e +

com

entá

rio

Rep

rodu

ção

da

Aur

ora

Flum

inen

se +

co

men

tário

não

as

sina

do

Dep

utad

os d

e S

ão P

aulo

recl

amam

do

pres

iden

te,

Ven

ânci

o Jo

sé L

isbo

a Fi

lho,

pel

o qu

e co

nsid

eram

açõ

es

exag

erad

as, p

or m

edo

de in

vasã

o do

s re

beld

es ri

o-gr

ande

nses

em

SP;

crit

ica

sua

capa

cida

de a

dmin

istra

tiva

e de

scum

prim

ento

del

iber

ado

das

leis

; C

omen

tário

: ava

lia q

ue “o

esp

írito

de

inde

pend

ênci

a ap

oder

a-se

dos

pau

lista

s” (p

. 332

), ap

esar

do

text

o ex

alta

r as

leis

e n

ão fo

men

tar a

insu

rgên

cia

Ess

e as

sunt

o oc

upa

o nú

mer

o to

do;

Vis

ão d

os p

aulis

tas:

“car

áter

sis

udo

dos

paul

ista

s, tã

o di

fícei

s de

re

solv

er-s

e, q

uant

o ob

stin

ados

dep

ois

que

uma

íntim

a co

nvic

ção

os d

ecid

e” (p

. 332

); E

spíri

to d

o te

mpo

: “é

prec

iso

obra

r, pa

lavr

as já

não

apr

ovei

tam

79 C

açap

ava,

sab

. 29

jun.

183

9

333

Inte

rior –

Dec

reto

s C

onfe

re p

osto

s a

“pat

riota

s”, u

ma

da

Bah

ia e

out

ro it

alia

no

33

4 In

terio

r – O

fício

s B

ento

Man

oel R

ibei

ro d

á no

tícia

s de

su

cess

o em

San

ta C

atar

ina

33

5 In

terio

r – C

ircul

ar

Pro

rrog

a pa

ra 2

0 de

set

embr

o a

inst

alaç

ão d

o co

nsel

ho d

os

Pro

cura

dore

s G

erai

s, p

or m

otiv

o de

vi

agem

de

Ben

to G

onça

lves

Te

ntat

ivas

e a

o m

esm

o te

mpo

a d

ificu

ldad

e de

org

aniz

ar

adm

inis

trativ

amen

te a

Rep

úblic

a; c

onst

ante

nec

essi

dade

de

deb

elar

forç

as im

peria

is (R

io S

ão G

onça

lo, A

legr

ete)

33

5 E

dita

l Q

ueim

a de

con

heci

men

tos

335

Ext

erio

r – S

ta. C

atar

ina

(Des

terr

o, 2

6 de

mar

ço d

e 18

39)

(Car

ta p

artic

ular

, do

Jorn

al d

o C

omér

cio)

N

o de

ster

ro, l

ei q

ue p

roíb

e o

com

érci

o co

m L

ages

; in

capa

cida

de a

dmin

istra

tiva

de P

arda

l; dá

not

ícia

s qu

e os

re

beld

es c

ontin

uam

em

Lag

es e

afir

ma

acre

dita

r que

os

habi

tant

es d

a ci

dade

se

mos

tram

ade

ridos

à c

ausa

re

beld

e po

r coe

rção

“Far

rapi

smo”

, “re

beld

es”

80 C

açap

ava,

qua

. 03

jul.

1839

337-

338

Inte

rior /

Ofíc

ios

Det

erm

ina

a cr

iaçã

o de

um

Gab

inet

e de

Lei

tura

, tal

vez

prec

urso

r da

prim

eira

B

iblio

teca

do

Est

ado,

atra

vés

de

doaç

ões

e do

s liv

ros

apre

endi

dos

entre

os

ben

s ar

rend

ados

dos

inim

igos

da

Rep

úblic

a

33

8 C

ircul

ar a

os C

hefe

s de

P

olíc

ia

Pel

a im

portâ

ncia

da

rapi

dez

na

emis

são

das

orde

ns d

o G

over

no v

ia

corr

eios

, sol

icita

a g

aran

tia d

os d

ireito

s do

s P

arad

eiro

s

Im

portâ

ncia

das

com

unic

açõe

s e

dific

ulda

de e

m

orga

nizá

-la

33

9 E

xter

ior –

Sta

. Cat

arin

a R

epro

duz

ofíc

io e

m q

ue P

arda

l neg

a-se

a s

anci

onar

um

a le

i pro

vinc

ial p

or

cons

ider

á-la

em

des

acor

do c

om a

le

galid

ade

João

Car

los

Par

dal

Par

dal n

ão s

anci

ona

a Le

i que

per

miti

ria a

pena

s a

com

erci

aliz

ação

de

sal e

m L

ages

, por

con

side

rar q

ue

bene

ficia

os

rebe

ldes

e c

ontra

ria a

lega

lidad

e

34

0 C

olet

oria

Ger

al

Sob

re ta

xas

para

impo

rtaçã

o de

gad

o nã

o R

evel

a re

laçõ

es c

om o

Uru

guai

de p

é

340

Anú

ncio

Fr

anci

sco

de P

aula

Per

eira

Bar

ros

info

rma

a di

ssol

ução

de

sua

soci

edad

e co

m F

idel

lis J

osé

da M

ota

não

P

arec

e eq

uiva

ler a

os a

tuai

s an

únci

os le

gais

... s

eria

m p

agos

?

81 C

açap

ava,

sab

. 06

jul.

1839

341

Inte

rior /

Dec

reto

s D

evol

ução

das

pro

prie

dade

s do

Sr.

João

Fer

reira

de

Assi

s, q

ue ju

rou

ades

ão à

cau

sa ri

o-gr

ande

nse

Ben

to /

Dom

ingo

s Fa

lta d

e ca

valo

s pa

ra m

ovim

enta

r as

tropa

s m

uare

s

34

2 O

fício

s P

edid

o de

inst

ruçõ

es p

ara

defin

ição

do

terr

itório

de

São

Bor

ja /

Nap

oleã

o C

aste

lini,

o ita

liano

que

gan

hou

post

o no

n. 7

9, re

nunc

ia a

o sa

lário

/ Fu

ndaç

ão d

e um

a B

otic

a do

Est

ado

34

3-34

4 E

xter

ior –

Sta

. Cat

arin

a O

fício

do

secr

etár

io d

a pr

esid

ênci

a da

pr

ovín

cia

de S

anta

Cat

arin

a re

spon

de

que

as n

otíc

ias

dão

cont

a qu

e La

ges

real

men

te s

epar

ou-s

e, c

onfir

man

do,

entã

o, o

vet

o ao

com

érci

o de

sal

Ant

onio

Jos

é Fa

lcão

da

Fro

ta, s

ecre

tário

da

pre

sidê

ncia

Ava

nço

das

tropa

s re

beld

es s

obre

Lag

es ju

stifi

cam

o

endu

reci

men

to d

o pr

esid

ente

da

Pro

vínc

ia: “

a sa

lvaç

ão

do p

ovo

é a

lei s

upre

ma”

(Con

tinua

ção

do n

úmer

o an

terio

r) S

ó tra

nscr

ição

, sem

com

entá

rios,

ou

seja

, dá

espa

ço à

ver

são

do

pres

iden

te d

a pr

ovín

cia

da S

anta

Cat

arin

a

34

4 C

olet

oria

Ger

al

Rep

ete

o te

xto

do n

º ant

erio

r

Rev

ela

rela

ções

com

o U

rugu

ai

82

Caç

apav

a, q

ua. 1

0 ju

l. 18

39

34

5 In

terio

r / O

fício

s D

r. S

ebas

tião

Rib

eiro

de

Alm

eida

não

ac

eita

o c

argo

de

Min

istro

do

Inte

rior e

da

Jus

tiça,

por

est

ar o

cupa

do n

o C

oman

do d

as D

ivis

ões

do C

entro

e

Dire

ita

S

eraf

im J

osé

da S

ilvei

ra ta

mbé

m n

ão a

ceita

o c

argo

de

Col

etor

; In

speç

ão d

o al

mox

arifa

do d

o tre

m d

e gu

erra

: org

aniz

ação

do

s be

ns p

úblic

os

Por

que

será

que

Ben

to n

omei

a al

guém

que

est

á em

out

ra

ocup

ação

par

a um

car

go tã

o im

porta

nte?

34

6 C

ircul

ar

Det

erm

ina

recr

utam

ento

de

bois

m

anso

s em

todo

s os

mun

icíp

ios

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

Rev

ela

rela

ções

com

o U

rugu

ai, n

eces

sida

de d

e bo

is

para

o tr

ansp

orte

de

mer

cado

rias

34

6-34

7 E

xter

ior /

São

Pau

lo

O

Par

lam

enta

r D

escr

eve

mov

imen

to d

e tro

pas

lega

lista

s em

dire

ção

a S

anta

Cat

arin

a; b

exig

a, fo

me

e in

tem

périe

cas

tigav

a os

so

ldad

os; p

aulis

tas

têm

de

se d

efen

der d

a ac

usaç

ão d

e si

mpa

tizar

com

os

rebe

ldes

, o q

ue n

egam

; a

inco

mpe

tênc

ia d

os a

dmin

istra

dore

s do

Impé

rio d

eixo

u o

bata

lhão

pau

lista

em

um

a si

tuaç

ão c

alam

itosa

Em

sub

títul

o, e

xplic

a o

cont

exto

: “S

upos

to d

e an

tiga

data

ju

lgam

os in

tere

ssan

te a

mat

éria

da

segu

inte

car

ta”

“farr

apos

”;

34

7-34

8 S

em tí

tulo

Tr

ansc

rição

da

Car

ta n

ona

de

Am

eric

us s

obre

a R

efor

ma

das

Cad

eias

Car

ta n

ona

de

Am

eric

us s

obre

a

refo

rma

das

cade

ias

Rel

acio

na o

aum

ento

da

crim

inal

idad

e co

m o

aum

ento

da

popu

laçã

o, d

a riq

ueza

púb

lica,

dos

pro

gres

sos

da

civi

lizaç

ão e

do

luxo

; os

fins

de u

ma

pris

ão s

ão 3

: cu

stód

ia s

egur

a, re

form

a e

cast

igo;

A p

rimei

ra p

arte

ve

rsa

sobr

e a

cust

ódia

; afir

ma

a im

portâ

ncia

da

vigi

lânc

ia

inin

terru

pta

sobr

e o

pres

o, c

itand

o Je

rem

y B

enth

am e

o

mod

elo

do P

anóp

tico;

dec

lara

a im

portâ

ncia

de

se

pres

erva

r os

dire

itos

dos

pres

os: a

limen

to, v

estim

enta

e

habi

taçã

o sa

dios

, ain

da q

ue d

o m

ais

com

um e

ord

inár

io

“Sen

do d

e vi

tal i

nter

esse

a d

ifusã

o do

s pr

incí

pios

em

itido

s na

C

arta

non

a de

Am

eric

us s

obre

a R

efor

ma

das

Cad

eias

, pa

ssam

os a

tran

scre

vê-la

em

nos

so jo

rnal

” U

sa n

ota

de ro

dapé

par

a fa

lar d

a ex

periê

ncia

de

hom

ens

que

se

dedi

cara

m a

vis

itar e

est

udar

as

cade

ias

da E

urop

a, c

om v

ista

a

suge

rir m

elho

rias;

Usa

not

a de

roda

pé p

ara

info

rmar

(sem

ce

rteza

, “di

zem

”) q

ue o

pat

rício

Joã

o S

ever

iano

Mac

iel d

a C

osta

te

ria tr

aduz

ido

a ob

ra d

e B

enth

am;

“Con

tinua

r-se-

há”

34

8 N

otíc

ias

Info

rma

a id

a do

Pre

side

nte

para

C

açap

ava

83 C

açap

ava,

sab

. 13

jul.

1839

349

Inte

rior /

Ofíc

io

Pag

amen

to d

e so

ldo

aos

Ofic

iais

de

Cru

z Al

ta

34

9 C

ircul

ar

Ord

ena

aos

Che

fes

de P

olíc

ia d

os

mun

icíp

ios

do E

stad

o a

orga

niza

ção

de

açou

gues

par

a ra

cion

ar o

gas

to c

om

carn

e pa

ra a

limen

taçã

o da

s tro

pas

34

9-35

1 S

em tí

tulo

Tr

ansc

rição

de

rela

tório

do

Min

istro

da

Gue

rra, S

ebas

tião

do R

ego

Bar

ros

Pub

licad

o no

Jor

nal

do C

omér

cio

n.11

0 R

evel

a an

imos

idad

e em

rela

ção

ao p

ovo

Bra

sile

iro: s

e o

Sr.

Reg

o oc

upa

carg

o de

des

taqu

e no

Bra

sil,

o qu

e se

po

de e

sper

ar d

o re

stan

te d

a N

ação

? Te

xto

de R

ego

afirm

a qu

e a

vont

ade

da p

opul

ação

da

prov

ínci

a é

pela

lega

lidad

e, c

onst

ituiç

ão e

inte

grid

ade

do

Impé

rio; q

ue n

ão ta

rdar

á a

vitó

ria d

o Im

pério

Intro

duz

o te

xto

expl

ican

do a

font

e e

tece

ndo

com

entá

rios

viru

lent

os;

“ban

dos

rebe

ldes

indi

scip

linad

os, n

us, d

isco

rdes

e

desm

oral

izad

os”;

impo

rtant

e pa

ra Im

pério

: Im

pério

uni

do, t

rono

re

spei

tado

, con

stitu

ição

exe

cuta

da, r

ebel

dia

abat

ida,

har

mon

ia

entre

os

bras

ileiro

s

351-

352

Car

ta N

ona

de

Am

eric

us s

obre

a

Ref

orm

a da

s C

adei

as

Tran

scriç

ão d

a C

arta

non

a de

A

mer

icus

sob

re a

Ref

orm

a da

s C

adei

as

Car

ta n

ona

de

Am

eric

us s

obre

a

refo

rma

das

cade

ias

Cad

eia

com

o ca

stig

o: a

sev

erid

ade

deve

se

rest

ringi

r à

sent

ença

(C

ontin

uaçã

o do

núm

ero

ante

cede

nte)

35

2 A

núnc

io

Ofe

rece

reco

mpe

nsa

por f

uga

de

escr

avo

Man

uten

ção

das

prát

icas

do

sist

ema

escr

avis

ta é

evi

dent

e

84 C

açap

ava,

qua

. 17

jul.

1839

353

Inte

rior /

Ofíc

ios

Ass

unto

s di

vers

os: p

erse

guiç

ão a

um

a P

artid

a de

saq

uead

ores

em

Cer

ro

Larg

o re

nde

puni

ção

ao O

ficia

l Fél

ix

Vie

ira, p

or fe

rir d

ireito

s in

tern

acio

nais

R

elaç

ões

com

o P

rata

“s

atél

ites”

com

uso

pej

orat

ivo

35

4 E

dita

l Q

ueim

a de

con

heci

men

tos

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

35

4-35

5 E

xter

ior /

Rio

de

Jane

iro

Rep

rodu

ção

da s

essã

o de

abe

rtura

da

Ass

embl

éia

Ger

al L

egis

lativ

a D

iscu

rso

do re

gent

e A

raúj

o Li

ma

Dis

curs

o de

abe

rtura

cita

a s

ituaç

ão d

o R

S Lu

ta m

otiv

ada

pela

“fas

cina

ção”

de

algu

ns d

os h

abita

ntes

P

erse

vera

nça

e m

oder

ação

do

gove

rno

impe

rial,

firm

eza

e le

alda

de d

os b

rasi

leiro

s

355-

35

6 C

âmar

a do

s D

eput

ados

S

essã

o em

15

de m

aio

+ co

men

tário

s C

omen

tário

sem

as

sina

tura

D

elib

eraç

ões

sobr

e a

poss

ibili

dade

de

julg

ar p

risio

neiro

s fa

rrapo

s ac

usad

os d

e se

diçã

o no

Rio

de

Jane

iro, j

á qu

e a

Pro

vínc

ia d

o R

S nã

o te

m c

ondi

ções

de

real

izar

os

julg

amen

tos,

pre

visã

o ne

gada

pel

os d

eput

ados

N

o co

men

tário

, abo

rda

o re

lató

rio d

e R

ego

Bar

ros

publ

icad

o no

nº a

nter

ior,

a fa

la d

o re

gent

e e

a se

ssão

da

câm

ara;

Ao

com

enta

r a fa

la d

o re

gent

e, c

ita a

s ag

itaçõ

es p

olíti

cas

nas

prov

ínci

as, u

tiliz

ando

ver

bos

de a

ção:

“Ser

gipe

mov

e-se

, P

erna

mbu

co m

exe-

se, C

eará

cam

inha

, Mar

anhã

o av

ança

”; ci

ta 8

m

il as

sass

inat

os n

o P

ará

[não

era

m 3

0 m

il?];

fala

com

o le

itor e

or

ient

a a

sua

inte

rpre

taçã

o pe

los

trech

os s

elec

iona

dos

e pu

blic

ados

: “po

r ela

se

impo

riam

nos

sos

leito

res

da in

solê

ncia

de

sse

moç

o in

expe

rient

e” e

“con

heça

m n

osso

s le

itore

s a

nece

ssid

ade

que

tem

os d

e nã

o m

ais

solta

r um

pris

ione

iro”

35

6 S

em tí

tulo

N

otic

ia o

ass

assi

nato

e ro

ubo

de u

m

cida

dão

em s

ua p

rópr

ia re

sidê

ncia

, por

trê

s ho

men

s qu

e fin

giam

ped

ir po

usad

a

A

firm

a qu

e os

três

agr

esso

res

eram

do

parti

do le

gal

“pel

os g

rand

es b

igod

es q

ue tr

azia

m”

85 C

açap

ava,

sab

. 20

jul.

1839

357-

358

Inte

rior /

Ofíc

ios

Sol

icita

ao

Vic

e-di

reto

r de

arse

nal d

e gu

erra

, Joa

quim

Fra

ncis

co d

e B

em,

que

zele

pel

a su

bord

inaç

ão e

pel

o po

nto

dos

func

ioná

rios

das

ofic

inas

de

alfa

iata

ria e

sap

atar

ia

José

da

Silv

a B

rand

ão

Con

fusã

o na

fisc

aliz

ação

do

cum

prim

ento

do

pont

o e

uso

das

ofic

inas

par

a en

com

enda

s pa

rticu

lare

s;

35

8-35

9 E

xter

ior –

Edi

tal d

a In

tend

ênci

a G

eral

da

Pol

ícia

Det

erm

inaç

ão d

e re

gras

par

a a

fisca

lizaç

ão d

e m

erca

doria

s qu

e ci

rcul

am e

m M

onte

vidé

o

Luiz

Lam

as, d

e M

onte

vidé

o

35

9-36

0 C

arta

Non

a de

A

mer

icus

sob

re a

R

efor

ma

das

Cad

eias

Tran

scriç

ão d

a C

arta

non

a de

A

mer

icus

sob

re a

Ref

orm

a da

s C

adei

as

Car

ta n

ona

de

Am

eric

us s

obre

a

refo

rma

das

cade

ias

Con

dena

qua

lque

r tip

o de

pen

a qu

e re

strin

ja a

al

imen

taçã

o, o

ves

tuár

io, a

hab

itaçã

o, a

luz

ou o

ar d

o pr

eso;

os

crité

rios

da p

ena

deve

m s

er o

tem

po d

e pr

isão

,a in

com

unic

abili

dade

com

os

de fo

ra d

a ca

deira

e

o tra

balh

o de

ntro

do

cárc

ere

A p

risão

, enq

uant

o re

form

a –

a pe

na d

eve

ter s

empr

e 3

fins:

des

viar

out

ro m

embr

o da

soc

ieda

de q

ue te

nha

a in

tenç

ão d

e co

met

er e

sse

delit

o; d

esvi

ar o

crim

inos

o de

re

petir

o c

rime

que

com

eteu

e re

mov

er o

mau

háb

ito d

o cr

imin

oso

e fa

zê-lo

adq

uirir

out

ros

mel

hore

s; e

stim

ular

a

prát

ica

de b

ons

atos

, atra

vés

do tr

abal

ho q

ue g

era

vant

agen

s de

ntro

da

pris

ão

“(C

ontin

uaçã

o do

núm

ero

83)”

“Con

tinua

r-se-

há”

36

0 C

orre

spon

dênc

ias

Ped

e a

Net

to a

dis

pens

a de

um

ofic

ial

que

perd

eu o

pai

, par

a qu

e vi

site

e

conf

orte

a m

ãe

Luca

s de

Oliv

eira

O

ofic

ial e

stav

a re

volta

do p

or n

ão c

onse

guir

a lic

ença

, o

que

mot

ivou

a c

arta

, que

ped

e “T

raba

lham

os u

nido

s pa

ra

mod

erar

as

paix

ões”

Cor

resp

ondê

ncia

s A

car

ta o

fere

ce in

form

açõe

s qu

e pr

ovam

o p

atrio

tism

o do

Sr.

Vas

co

Mad

ruga

de

Bita

ncou

rt, q

ue v

inha

se

ndo

ques

tiona

do

“Um

am

igo

da

verd

ade

e do

Sr.

Vas

co”

Que

stão

da

difa

maç

ão, i

mpo

rtânc

ia d

a ho

nra

“Gal

egos

” = re

ferê

ncia

pej

orat

iva

36

0 A

núnc

io

Pilo

to o

fere

ce o

ser

viço

de

med

ição

de

cam

pos

86 C

açap

ava,

qua

. 24

jul.

1839

361

Inte

rior –

Ofíc

io

Doc

umen

to p

elo

qual

Ben

to M

anoe

l R

ibei

ro d

eslig

a-se

das

ativ

idad

es

mili

tare

s da

Rep

úblic

a

Ben

to M

anoe

l Rib

eiro

O

mot

ivo

da in

dign

ação

de

Ben

to é

a n

omea

ção

de

Fran

cisc

o Jo

sé d

a R

ocha

com

o Te

nent

e C

oron

el

Ref

erên

cia

pejo

rativ

a ao

s ba

iano

s: “e

ste

insu

bord

inad

o ba

iano

”, “u

m o

bscu

ro b

ahia

no”

36

2-36

4 Ex

terio

r / J

orge

W

ashi

ngto

n Te

xto

sobr

e a

dem

ocra

cia

na A

mér

ica

e pa

nora

ma

dos

pres

iden

tes

Nac

iona

l de

Mon

tevi

déu

Cre

nça

na ra

zão

em d

etrim

ento

dos

her

óis

mito

lógi

cos;

Fe

licid

ade

de to

dos,

pro

sper

idad

e na

Am

éric

a; o

pod

er é

um

inst

rum

ento

da

felic

idad

e pú

blic

a

A im

pren

sa d

erra

ma

luz

sobr

e to

das

a ci

ênci

as, n

ão d

eixa

que

ne

nhum

fato

se

obsc

ureç

a e

nem

que

se

perc

am d

ocum

ento

s;

“Con

tinua

r-se-

há”

36

4 E

rrat

a

87

Caç

apav

a, s

ab. 2

7 ju

l. 18

39

36

5 In

terio

r N

otíc

ias

sobr

e a

situ

ação

de

Cor

sos

Rep

ublic

anos

366

Ofíc

ios

Ata

de

cria

ção

e po

sse

dos

vere

ador

es

da V

ila S

etem

brin

a

Via

mão

form

a C

omar

ca ju

nto

com

Por

to A

legr

e, S

ão

José

do

Nor

te e

San

to A

nton

io d

a P

atru

lha,

ape

sar d

e re

conh

ecer

em o

cer

co á

s du

as p

rimei

ras;

usa

m a

lei d

o B

rasi

l par

a os

trâm

ites

da c

riaçã

o da

com

arca

36

7 O

fício

s A

ssun

tos

dive

rsos

Dem

onst

ram

a p

reca

rieda

de d

as fi

nanç

as d

a R

epúb

lica

para

man

ter s

uas

tropa

s; d

ois

ofíc

ios

dão

cont

a de

le

vant

amen

to d

e fu

ndo

para

com

pra

de fa

zend

a e

prod

utos

par

a en

frent

ar o

inve

rno

“uni

ão, f

ilant

ropi

a e

gene

rosi

dade

do

brio

so P

ovo

Rio

-G

rand

ense

36

8 C

ircul

ar

Sob

re e

vasã

o es

cola

r dev

ido

a ru

mor

es d

e qu

e a

Rep

úblic

a us

aria

o

pret

exto

esc

olar

par

a re

crut

amen

to

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

Det

erm

ina

que

os a

luno

s m

atric

ulad

os e

freq

üent

es d

as

Aul

as N

acio

nais

do

Est

ado

seja

m is

ento

s do

recr

uta-

men

to p

ara

a pr

imei

ra L

inha

, Gua

rda

Nac

iona

l e p

olíc

ia;

36

8 E

dita

l Q

ueim

a de

con

heci

men

tos

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

36

8 N

otíc

ia

Info

rma

uma

mor

te e

um

a pr

isão

ent

re

ofic

iais

repu

blic

anos

, sem

mai

s de

talh

e N

ão

36

8 A

núnc

io

Man

uel A

nton

io R

odrig

ues

anun

cia

o es

tabe

leci

men

to d

e se

u aç

ougu

e

88 C

açap

ava,

qua

. 31

jul.

1839

369

Inte

rior /

Dec

reto

D

evol

ve b

ens

a um

cid

adão

que

pr

esto

u ju

ram

ento

repu

blic

ano

36

9-37

0 O

fício

s A

ssun

tos

dive

rsos

Rei

tera

a in

form

ação

de

isen

ção

de s

ervi

ço m

ilita

r aos

al

unos

de

prim

eira

s le

tras

e re

laci

ona

a qu

antid

ade

de

alun

os q

ue fr

eqüe

ntam

ess

as a

ulas

; atri

bui o

boa

to a

os

inim

igos

da

Rep

úblic

a

37

0-37

1 E

dita

is

Que

ima

de c

onhe

cim

ento

s / A

núnc

io

da c

ompr

a de

insu

mos

par

a o

Trem

de

Gue

rra

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da /

Feliz

berto

Fa

gund

es S

ouza

37

1 A

tas

Ata

s de

ses

sões

de

quei

ma

de

conh

ecim

ento

s

37

1-37

2 E

xter

ior -

Car

ta N

ona

de

Am

eric

us s

obre

a

Ref

orm

a da

s C

adei

as

Tran

scriç

ão d

a C

arta

non

a de

A

mer

icus

sob

re a

Ref

orm

a da

s C

adei

as

Car

ta n

ona

de

Am

eric

us s

obre

a

refo

rma

das

cade

ias

Par

a or

gani

zar e

fisc

aliz

ar o

trab

alho

dos

pre

sos,

dev

e-se

vi

ncul

ar o

inte

ress

e pr

ivad

o do

car

cere

iro n

o su

cess

o do

tra

balh

o, o

fere

cend

o-lh

e um

a pa

rte d

o pr

odut

o; p

ara

prev

enir

abus

os, o

trab

alho

do

pres

o é

facu

ltativ

o, e

le

deve

pod

er s

e qu

eixa

r, es

tuda

r e e

xerc

er u

ma

relig

ião

“(C

ontin

uaçã

o do

núm

ero

85)”

“Con

tinua

r-se-

há”

89 C

açap

ava,

sab

. 03

ago.

1839

373

Inte

rior /

Ofíc

io

Juiz

per

gunt

a ao

Min

istro

da

Faze

nda

sobr

e a

valid

ade

de q

uest

ões

lega

is

deci

dida

s an

tes

da R

epúb

lica

Ant

onio

Jos

é M

artin

s C

oelh

o In

defin

içõe

s le

gais

pro

voca

das

pela

sep

araç

ão d

o Im

pério

(uso

da

lei d

o B

rasi

l)

37

3 E

dita

l In

form

a a

redu

ção

do te

mpo

de

audi

ênci

as d

e D

omin

gos

José

de

Alm

eida

, por

ter d

e co

ncen

trar-s

e em

as

sunt

os g

erai

s do

Est

ado

37

3-37

4 A

ta

Ata

de

sess

ão d

e qu

eim

a de

co

nhec

imen

tos

37

4 C

ircul

ar

Sol

icita

rela

tório

do

gado

tira

do p

ara

forn

ecim

ento

no

Exé

rcito

D

omin

gos

José

de

Alm

eida

D

emon

stra

cla

ram

ente

os

inte

ress

es d

a cl

asse

cria

dora

de

gad

o “p

ara

prev

enire

m-s

e os

abu

sos

e de

sper

díci

os q

ue

esca

ndal

osam

ente

se

obse

rva

no c

onsu

mo

dess

e ar

tigo,

a

desp

eito

dos

inte

ress

es d

a im

porta

nte

Cla

sse

cria

dora

e d

a pr

oprie

dade

do

Esta

do”

37

4 P

orta

ria

Dem

ite fu

ncio

nário

s po

r con

tenç

ão d

e de

spes

as

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

“C

resc

ente

s de

spes

as” e

“fra

cos

mei

os fi

nanc

eiro

s”

37

4-37

5 H

igie

ne

Text

o so

bre

o us

o de

cig

arro

s e

pó d

e câ

nfor

a no

ben

efíc

io d

a sa

úde

Jorn

al E

xper

iênc

ia

Cos

tum

es m

edic

inai

s e

doen

ças

com

uns

da é

poca

A

font

e or

igin

al é

De

la G

uian

na, P

erió

dico

Fra

nces

a (s

ic) n

. 24

35

Text

o de

aut

oria

de

Mr.

Ras

pail

37

5 E

xter

ior -

Car

ta N

ona

de

Am

eric

us s

obre

a

Ref

orm

a da

s C

adei

as

Tran

scriç

ão d

a C

arta

non

a de

A

mer

icus

sob

re a

Ref

orm

a da

s C

adei

as

Car

ta n

ona

de

Am

eric

us s

obre

a

refo

rma

das

cade

ias

Con

dena

vee

men

tem

ente

as

pess

oas

que

pens

am q

ue a

ca

deia

tem

que

ser

um

loca

l de

verg

onha

e m

isér

ia

“(C

ontin

uaçã

o do

núm

ero

ante

cede

nte)

37

6 6ª

Car

ta d

e A

mer

icus

D

a R

elig

ião

– C

omo

é a

Rel

igiã

o co

nexa

com

a P

olíti

ca –

Da

Tole

rânc

ia

Am

eric

us

Con

side

ra o

hom

em n

atur

alm

ente

relig

ioso

; def

ende

a

pres

ença

relig

iosa

na

cons

titui

ção

do E

stad

o; d

efen

de a

lib

erda

de d

e cu

lto in

divi

dual

“Con

tinua

r-se-

há”

90 C

açap

ava,

qua

. 07

ago.

1839

37

7 E

xter

ior

Arti

go s

obre

o m

ovim

ento

repu

blic

ano

rio-g

rand

ense

R

evis

ta d

o P

rata

Diá

rio P

olíti

co,

liter

ário

, not

icio

so e

m

erca

ntil

de

Mon

tevi

déu

Esp

írito

am

eric

ano;

mov

imen

to d

e 18

10 n

a A

rgen

tina;

“O

Rio

Gra

nde

é, e

ser

á de

hoj

e em

dia

nte,

um

a N

ação

in

depe

nden

te e

sob

eran

a”

Afir

ma

que

repr

oduz

o a

rtigo

“que

nos

diz

resp

eito

” “R

evis

ta d

o P

rata

não

é o

eco

de

uma

adm

inis

traçã

o”

Bra

sil é

o “ú

nico

tron

o qu

e se

ach

a na

Am

éric

a”

“Fal

ar c

om o

cha

péu

na c

abeç

a àq

uele

mes

mo

ante

que

m e

ra

nece

ssár

io a

joel

har-s

e”

37

8-38

0 B

rasi

l S

essã

o da

Câm

ara

dos

Dep

utad

os

Gaz

eta

Mer

cant

il de

B

ueno

s A

ires

Sr.

Mon

tezu

ma

fala

das

que

stõe

s de

neg

ócio

s es

trang

eiro

s; p

ede

expl

icaç

ões

à ad

min

istra

ção

ante

rior

sobr

e a

pres

ença

da

Fran

ça n

o O

iapo

que;

sob

re a

s re

laçõ

es c

om o

Uru

guai

e o

Méx

ico;

afir

ma

que

o ga

bine

te d

e 19

de

sete

mbr

o si

mpa

tizav

a co

m a

revo

luçã

o de

Fru

tuos

o R

iver

a

Cha

ma

Frut

uoso

Riv

eira

de

“cau

dilh

o”

“Con

tinua

r-se-

há”

91 C

açap

ava,

sab

. 10

ago.

1839

381

Inte

rior /

Edi

tal

Que

ima

de c

onhe

cim

ento

s D

omin

gos

José

de

Alm

eida

38

1 In

terio

r / A

ta

Ata

de

reun

ião

de q

ueim

a

38

1 In

terio

r / C

ircul

ar

Sol

icita

um

leva

ntam

ento

do

cons

umo

de c

arne

D

omin

gos

José

de

Alm

eida

N

eces

sida

de d

e to

mar

med

idas

eco

nôm

icas

, difi

culd

ade

nas

finan

ças

38

2-38

3 E

xter

ior

G

azet

a M

erca

ntil

de

Bue

nos

Aire

s Fa

la d

as e

xigê

ncia

s da

Fra

nça

em re

laçã

o a

Bue

nos

Aire

s pe

lo re

conh

ecim

ento

da

inde

pend

ênci

a da

A

rgen

tina,

afir

man

do q

ue q

uer f

azer

o m

esm

o co

m o

B

rasi

l; pr

opõe

que

o B

rasi

l, po

r ter

o m

aior

exé

rcito

e

mar

inha

, lid

ere

a re

uniã

o de

todo

s os

Est

ados

A

mer

ican

os q

ue o

cer

cam

“(C

ontin

uaçã

o do

núm

ero

ante

cede

nte)

” “C

ontin

uar-s

e-há

38

3 (E

xter

ior)

R

eper

cuss

ão n

a In

glat

erra

das

in

tenç

ões

da F

ranç

a em

Bue

nos

Aire

s Ti

mes

, de

Lond

res

“D

o Ti

mes

de

Lond

res

de 2

0 de

mar

ço e

xtra

ctam

os o

s se

guin

tes

disc

urso

s pr

onun

ciad

os n

a S

essã

o de

19

do m

esm

o m

ês”

“Con

tinua

r-se-

há”

38

4 O

fício

O

rgan

izaç

ão d

as c

omun

icaç

ões

no

exér

cito

A

nton

io N

etto

38

4 7º

Bol

etim

em

C

açap

ava

Not

icia

a c

hega

da d

as fo

rças

re

publ

ican

as a

Lag

una

e co

nfro

nto

com

os

lega

lista

s no

síti

o de

Por

to

Ale

gre

José

Alv

es d

e M

orae

s M

enci

ona

a “r

etira

da d

e es

crav

os”

“Inte

rrom

pida

s as

ope

raçõ

es d

e no

sso

exér

cito

por

cau

sa d

as

copi

osas

chu

vas

que

suce

ssiv

amen

te tê

m c

onse

rvad

o ch

eios

os

imen

sos

rios

que

ferti

lizam

est

e so

lo a

benç

oado

, vam

os

trans

miti

r tod

avia

os

fato

s de

mor

impo

rtânc

ia q

ue d

e 16

de

mai

o pa

ssad

o a

hoje

hão

oco

rrid

o”

92 C

açap

ava,

qua

. 14

ago.

1839

385

Inte

rior /

Ofíc

ios

Info

rma

denú

ncia

anô

nim

a de

que

Ana

Fr

anci

sca

Rod

rigue

s Pe

reira

, pro

fes-

sora

de

prim

eira

s le

tras

na c

lass

e de

m

enin

as, p

ropa

garia

dou

trina

s op

osta

s à

caus

a do

Est

ado

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da a

o ch

efe

de

políc

ia d

e C

acho

eira

Prá

tica

de d

elaç

ão

38

5 (O

fício

s)

Def

esa

da p

rofe

ssor

a, q

ue n

ega

toda

s as

acu

saçõ

es

Ana

Fra

ncis

ca

Rod

rigue

s P

erei

ra

38

6 (O

fício

s)

Dom

ingo

s af

irma

que

pedi

u av

erig

ua-

ção

da in

form

ação

ant

es d

e ex

pedi

r o

dipl

oma

de p

rofe

ssor

a

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

38

6 (O

fício

s)

Afir

ma

que

a pr

ofes

sora

não

é a

feta

ao

sist

ema

repu

blic

ano,

mas

que

se

arre

pend

e

Ant

onio

Vic

ente

da

Font

oura

, che

fe d

a P

olíc

ia d

e C

acho

eira

Pro

fess

ora

fica

avis

ada

“que

não

é o

Exm

o. G

over

no d

a R

epúb

lica

indi

fere

nte

expe

ctad

or, p

ara

tole

rar

proc

edim

ento

s qu

e m

enos

em

regr

a co

m o

sis

tem

a ad

otad

o po

ssam

ain

da q

ue le

vem

ente

ofe

ndê-

lo”

38

6 (O

fício

s)

Pre

side

nte

dipl

oma

a pr

ofes

sora

B

ento

Gon

çalv

es

38

6 A

ta

Reu

nião

de

quei

ma

de c

onhe

cim

ento

s

38

6-38

7 E

xter

ior

Rep

ercu

ssão

na

Ingl

ater

ra d

as

inte

nçõe

s da

Fra

nça

em B

ueno

s A

ires

Tim

es, d

e Lo

ndre

s B

loqu

eio

do c

omér

cio

por v

ia m

aríti

ma

por f

orça

da

Fran

ça n

a A

rgen

tina

“(C

ontin

uaçã

o do

núm

ero

ante

cede

nte)

” “C

ontin

uar-s

e-há

” Tr

az fo

ntes

esp

ecia

lizad

as p

ara

corro

bora

r seu

s ar

gum

ento

s:

“Est

a é

a op

iniã

o de

aut

orid

ades

nav

ais

mui

to e

leva

das”

387-

388

6ª C

arta

de

Am

eric

us

Da

Rel

igiã

o –

Com

o é

a R

elig

ião

cone

xa c

om a

Pol

ítica

– D

a To

lerâ

ncia

A

mer

icus

O

Est

ado

deve

pro

ver a

qua

lific

ação

dos

min

istro

s da

re

ligiã

o e

isso

falta

ao

clér

igo

Rio

Gra

nden

se; c

ritic

a a

dist

ribui

ção

hier

árqu

ica

do d

ízim

o; n

o R

S, o

díz

imo

vai

para

o T

esou

ro P

úblic

o e

depo

is é

dis

tribu

ído

aos

min

istro

s da

Igre

ja

“(C

ontin

uaçã

o do

Núm

ero

90)”:

est

á er

rado

, é d

o nú

mer

o 89

38

8 E

rrat

a

388

Anú

ncio

R

eloj

oeiro

fran

cês

ofer

ece

seus

ser

viço

s em

Rio

Par

do

93 C

açap

ava,

sab

. 17

ago.

1839

389

Inte

rior

O M

aran

hão

proc

lam

ou s

ua

inde

pend

ênci

a; n

otíc

ia d

os

mov

imen

tos

das

tropa

s le

galis

tas

bom

beiro

s ch

egad

os

de R

io G

rand

e D

enun

cia

recr

utam

ento

de

estu

dant

es p

ara

as fi

leira

s le

galis

tas

39

0 E

xter

ior /

Bra

sil

Not

ícia

s Pr

ovin

ciai

s O

Des

perta

dor n

.354

N

otíc

ias

de S

ão P

aulo

, Per

nam

buco

, Mar

anhã

o e

Par

á;

No

Par

á, o

gen

eral

And

rea

ress

alta

a d

isci

plin

a da

s tro

pas

impe

riais

, mes

mo

há 2

0 m

eses

sem

sol

do

No

Mar

anhã

o, c

orre

o b

oato

da

escr

aviz

ação

de

toda

a g

ente

de

cor

39

0-39

2 E

xter

ior /

Bra

sil

Rio

de

Jane

iro /

Câm

ara

Dep

utad

os

Não

V

ersõ

es c

onfli

tant

es d

os e

x-m

inis

tros

(Jus

tiça

e G

uerr

a)

sobr

e a

situ

ação

dos

farr

apos

“(

Con

tinua

ção

do d

iscu

rso

do S

r. Á

lvar

es M

acha

do)”

“Con

tinua

r-se-

há”

Usa

not

as d

e ro

dapé

par

a fa

zer c

omen

tário

s, ir

oniz

ar

39

2 A

núnc

io

Anu

ncia

a e

ntra

da, e

m s

etem

bro,

do

sem

estre

d’O

Pov

o e

info

rma

que

as

assi

natu

ras

cont

inua

m a

os le

itore

s qu

e nã

o m

anife

star

em c

ance

lam

ento

O R

edat

or

94 C

açap

ava,

qua

. 20

ago.

1839

– F

olha

Ext

raor

diná

ria

39

3 P

rocl

amaç

ão

Dec

lara

ção

sole

ne d

a to

mad

a de

La

guna

D

omin

gos

José

de

Alm

eida

O

vaci

ona

Can

abar

ro, “

dess

e A

mer

ican

o, d

istin

ta

verg

ônte

a do

s W

ashi

ngto

ns n

o S

ul”

Intro

duz

o bo

letim

que

seg

ue: “

as p

eças

ofic

iais

de

que

sem

co

mpõ

e o

Bole

tim n

º 8, a

baix

o tra

nscr

ito, v

os im

porã

o do

oc

orrid

o no

dia

1º d

o co

rren

te e

m P

orto

Ale

gre.

..” A

info

rmaç

ão é

da

da a

travé

s da

s fo

ntes

ofic

iais

;

393-

396

8º b

olet

im e

m C

açap

ava

Des

criç

ão d

e co

nfro

nto

em P

orto

A

legr

e e

dos

ocor

ridos

em

Lag

una

Dav

id C

anab

arro

“S

olo

Am

eric

ano”

; “liv

res

Am

eric

anos

”; La

guna

ser

á a

capi

tal,

vist

o qu

e a

Cid

ade

do D

este

rro

é do

Impé

rio;

Nec

essi

dade

de

logo

est

abel

ecer

as

leis

: ele

ição

do

Pre

side

nte,

con

voca

ção

de A

ssem

bléi

a C

onst

ituin

te;

arro

lam

ento

dos

ben

s do

s pa

rtidá

rios

do Im

pério

em

sol

o co

nqui

stad

o pe

los

repu

blic

anos

; arr

ecad

ação

dos

obj

etos

licos

e u

rgen

te re

uniã

o de

todo

s os

cor

pos

milit

ares

A v

itória

em

Lag

una

foi d

ia 2

2 de

julh

o, o

jorn

al d

ata

de 2

0 de

ag

osto

: um

mês

par

a a

publ

icaç

ão d

a in

form

ação

P

ovo

que

jam

ais

volta

rá à

esc

ravi

dão

39

4

Man

ifest

ação

da

Câm

ara

Mun

icip

al d

e La

guna

C

âmar

a M

unic

ipal

de

Lagu

na

Impé

rio é

um

gov

erno

inum

ano,

per

segu

ição

aos

B

rasi

leiro

s, q

uere

m re

spei

to a

os d

ireito

s e

pros

perid

ade;

o q

ue fa

lta p

ara

a fe

licid

ade

dos

Bra

sile

iros

é se

rem

liv

res

e in

depe

nden

tes

39

5 P

rocl

amaç

ão

Rio

-Gra

nden

ses

e B

rasi

leiro

s!

Ant

onio

Net

to

Todo

o c

ontin

ente

de

San

ta C

atar

ina

pass

a a

inte

grar

a

Rep

úblic

a R

io-G

rand

ense

; ped

e ao

Impé

rio q

ue

reco

nheç

a a

Inde

pend

ênci

a R

io-G

rand

ense

e, m

ais,

a

fede

raçã

o da

s pr

ovín

cias

“pro

gres

so d

a de

moc

raci

a no

Bra

sil”;

“ass

umir

os d

ireito

s so

bera

nos”

; Im

pério

= a

rbítr

io, t

erro

r, cr

ise

finan

ceira

39

5 O

rdem

de

Brig

ada

Cam

po e

m G

arop

aba,

26

de ju

lho

de

1839

Jo

aqui

m T

eixe

ira

Nun

es

Nom

eia

a ag

rade

ce o

s co

mba

tent

es q

ue s

e de

stac

aram

na

açã

o em

San

ta C

atar

ina

(ent

re e

les,

Ros

seti)

39

6 Li

berd

ade,

Igua

ldad

e,

Hum

anid

ade

Jo

aqui

m T

eixe

ira

Nun

es

Impo

ssib

ilidad

e de

um

a co

nstit

uiçã

o se

r dita

da e

ex

ecut

ada

por u

m p

rínci

pe q

ue p

ouco

ant

es d

omin

ava

o pa

ís c

omo

colô

nia;

“sac

udam

os o

jugo

da

Eur

opa,

se

jam

os A

mer

ican

os”

Mon

arqu

ia X

Rep

úblic

a; c

asa

de B

raga

nça

= de

spot

ism

o

95 C

açap

ava,

sab

. 24

ago.

1839

397

Inte

rior /

Circ

ular

S

olic

itaçã

o ao

s Ju

ízes

de

Paz

que

ap

reen

dam

toda

s as

moe

das

de c

obre

se

m o

pes

o ad

equa

do

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

Nov

amen

te o

pro

blem

a da

circ

ulaç

ão d

e m

oeda

de

cobr

e

39

7 O

fício

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

Mai

or ri

gor n

o co

ntro

le d

as e

mba

rcaç

ões

na L

agoa

dos

P

atos

39

8 E

xter

ior /

Mon

tevi

déu

Arti

go s

obre

a R

epúb

lica

Rio

-G

rand

ense

R

evis

ta d

o P

rata

n.6

5 D

esta

ca o

bom

trat

amen

to d

ispe

nsad

o pe

los

farr

apos

aos

pr

isio

neiro

s, já

que

luta

m c

ontra

os

inst

rum

ento

s da

tir

ania

, e n

ão c

ontra

seu

s se

mel

hant

es; r

io-g

rand

ense

s qu

erem

pro

ver p

or s

i só

seu

bem

-est

ar, j

á qu

e o

gove

rno

cent

ral m

ostra

-se

ináb

il e

impo

tent

e pa

ra is

so; a

bord

a a

ques

tão

do tr

atam

ento

dis

pens

ado

aos

hom

ens

de c

or

Uso

de

nota

s de

roda

pé p

ara

indi

car a

s da

tas

dos

decr

etos

re

ferid

os

39

9 (s

em tí

tulo

, den

tro d

e E

xter

ior /

Mon

tevi

déu)

R

epro

duçã

o de

text

o so

bre

o M

aran

hão,

pre

cedi

do d

e co

men

tário

O

Nac

iona

l de

Mon

tevi

déo

Rep

rodu

z te

xto

dess

e jo

rnal

, mas

ant

es a

visa

que

não

é

elog

ioso

aos

repu

blic

anos

; o te

xto

repr

oduz

ido

narra

o

viol

ento

ass

assi

nato

de

uma

senh

ora

de m

ais

de 8

0 an

os

Reb

elde

s =

hord

as fe

roze

s, p

ilhag

em, a

ssas

sina

to, “

cani

bais

39

9-40

1 R

io d

e Ja

neiro

C

âmar

a do

s D

eput

ados

, con

tinua

ção

do d

iscu

rso

do S

r. Á

lvar

es M

acha

do

Q

uest

iona

men

tos

sobr

e o

uso

do o

rçam

ento

da

Mar

inha

, qu

estã

o da

ocu

paçã

o do

Oia

poqu

e pe

los

franc

eses

“(

Con

tinua

ção

do n

úmer

o 93

)” “C

ontin

uar-s

e-há

96 C

açap

ava,

qua

. 28

ago.

1839

401-

403

Inte

rior /

9º B

olet

im e

m

Caç

apav

a A

ssun

tos

varia

dos

V

itória

sob

re 2

00 im

peria

is e

m S

C; c

hoqu

e em

Por

to

Ale

gre,

ent

erro

de

mor

tos

em M

osta

rdas

; con

vivê

ncia

co

rdia

l e re

spei

tosa

com

Lav

alle

ja; f

erim

ento

gra

ve d

e

O jo

rnal

info

rma,

atra

vés

da p

ublic

ação

dos

ofíc

ios;

cha

ma

os

impe

riais

de

“big

odes

Felip

e N

ery

40

3 D

ecre

to

Dev

olve

os

bens

e to

dos

os d

emai

s di

reito

s a

um c

idad

ão q

ue p

rest

a ju

ram

ento

à c

ausa

repu

blic

ana

Ben

to G

onça

lves

D

ispo

siçã

o do

s be

ns

40

3-40

4 E

xter

ior /

Rio

de

Jane

iro

Câm

ara

dos

Dep

utad

os, d

iscu

rso

do

Sr.

Mon

tezu

ma

A

firm

a qu

e a

adm

inis

traçã

o an

terio

r est

abel

eceu

um

a po

lític

a no

va n

o pa

ís: p

olíti

ca d

o re

gres

so, d

a vi

ngan

ça,

do d

espe

rdíc

io, d

o ac

inte

“(C

ontin

uaçã

o do

núm

ero

ante

cede

nte)

” “C

ontin

uar-s

e-há

”; no

fina

l do

text

o, p

rom

ete

cont

inua

r com

a fa

la

do d

eput

ado

sobr

e o

caso

do

Rio

Gra

nde

do S

ul

97 C

açap

ava,

sab

. 31

ago.

1839

405

Inte

rior

“Cóp

ia d

a ci

rcul

ar q

ue o

com

anda

nte

da A

vang

uard

a da

Div

isão

Aux

iliado

ra

dirig

iu a

div

erso

s ci

dadã

os c

atar

inen

-se

s ao

inte

rnar

-se

em s

eu te

rritó

rio”

Joaq

uim

Tei

xeira

N

unes

O

s B

rasi

leiro

s nã

o qu

erem

ser

Am

eric

anos

; as

Pro

vínc

ias

torn

aram

-se

colô

nias

da

capi

tal d

o Im

pério

; con

clam

a os

ca

tarin

ense

s a

parti

cipa

rem

ativ

amen

te d

a lu

ta

Ref

ere-

se a

o Br

asile

iros

com

o ‘e

les’

, com

o ‘o

s ou

tros’

, mas

, ao

mes

mo

tem

po, f

az re

ssal

va q

ue a

mai

oria

dos

Bra

sile

iros

tem

um

es

pírit

o di

gno

40

6 P

rocl

amaç

ão

Info

rma

a en

trada

da

divi

são

Aux

iliado

ra n

o M

ampi

tuba

Jo

aqui

m T

eixe

ira

Nun

es

Ped

e qu

e os

cat

arin

ense

s nã

o ac

redi

tem

em

boa

tos

de

saqu

es; o

s ve

rdad

eiro

s liv

res

sabe

m m

ante

r a o

rdem

, ob

edec

er le

is e

resp

eita

r a p

ropr

ieda

de m

esm

o na

gue

rra

“O e

scra

vo é

mai

s de

spre

zíve

l que

o ti

rano

”: es

pírit

o de

açã

o

40

6-40

8 12

ª Car

ta d

e A

mer

icus

“Id

éias

ele

men

tare

s so

bre

um s

iste

ma

de e

duca

ção

naci

onal

” A

mer

icus

E

duca

ção:

faze

r do

indi

vídu

o o

inst

rum

ento

da

próp

ria

felic

idad

e e

daqu

eles

que

viv

em n

a m

esm

a co

mun

hão

civi

l; si

stem

a La

ncas

ter;

tábu

as c

rest

omát

icas

de

Ben

tham

“Con

tinua

r-se-

há”

40

8 A

núnc

io

Igua

l ao

nº 9

3, s

obre

as

assi

natu

ras

no

2º s

emes

tre d

o jo

rnal

98 C

açap

ava,

qua

. 04

set.1

839

40

9-41

0 E

xter

ior /

Cris

e m

oral

do

Bra

sil

A

uror

a Fl

umin

ense

Im

oral

idad

e: c

rise

nos

sent

imen

tos

públ

icos

e in

divi

duai

s;

vê n

a so

cied

ade

um c

erto

sau

dosi

smo

do a

bsol

utis

mo,

po

rque

a li

berd

ade

prob

lem

atiz

ou to

das

as tr

adiç

ões;

cr

ise

pela

falta

de

prin

cípi

os fi

xos,

de

regr

as d

e co

ndut

a qu

e dê

em re

gula

ridad

e e

forç

a à

orde

m s

ocia

l

41

0-41

1 B

rasi

l C

âmar

a do

s D

eput

ados

– c

ontin

uaçã

o do

dis

curs

o de

Álv

ares

Mac

hado

Indi

ca o

com

porta

men

to c

ontra

ditó

rio d

a ad

min

istra

ção

de 1

9 de

set

embr

o, a

o pr

opor

um

a m

onar

quia

co

nstit

ucio

nal,

mas

não

agi

r de

acor

do c

om a

s le

is

“Con

tinua

r-se-

há”

41

2 In

terio

r / C

ircul

ar

Con

fusã

o so

bre

as q

uest

ões

de p

agam

ento

s de

dív

idas

41

2 C

orre

spon

dênc

ia

Tran

scriç

ão d

e ca

rta +

com

entá

rios

Não

S

obre

a a

ção

de L

uiz

Per

eira

Lea

l, o

Car

olin

a, e

m

rela

ção

a fa

lsifi

caçã

o de

moe

da

“Gal

egal

idad

e”, “

vide

o n

r. 62

des

te jo

rnal

”; o

pape

l do

jorn

al n

ão

é pr

ostit

uir-s

e co

m fa

tos

enla

çado

s co

m o

priv

ado

de u

m

indi

vídu

o 99

Caç

apav

a, s

ab. 0

7 se

t.183

9

413

Inte

rior /

Ofíc

ios

Ass

unto

s di

vers

os +

com

entá

rio

Ofíc

ios

assi

nado

s,

com

entá

rio “O

R

edat

or”

List

a de

iten

s co

nfis

cado

s de

um

ale

mão

por

con

traba

ndo

Cid

adão

ofe

rece

sub

orno

a u

m te

nent

e pa

ra q

ue a

utor

ize

a re

tirad

a de

um

a ca

rga

de s

al e

m P

elot

as; a

pro

post

a é

veem

ente

men

te re

pelid

a, a

titud

e lo

uvad

a no

com

entá

rio

do re

dato

r

41

4-41

7 E

xter

ior /

São

Ped

ro d

o S

ul

Com

entá

rios

+ tra

nscr

ição

de

carta

s pa

ra fa

lar d

a si

tuaç

ão d

a P

roví

ncia

de

São

Ped

ro

Car

ta p

ublic

ada

na

Aur

ora

Flum

inen

se,

assi

na o

com

entá

rio

“O R

edat

or d

o P

ovo”

Rid

icul

ariz

a a

orde

m d

o di

a de

Eliz

eario

que

man

da

rebo

car u

ma

canh

onei

ra q

ue fo

i a p

ique

no

pass

o do

Caí

; a

carta

reve

la n

egoc

iaçõ

es e

ntre

o Im

pério

e F

rutu

oso

Riv

era;

as

dific

ulda

des

dos

lega

lista

s

Não

iden

tific

a re

met

ente

ou

dest

inat

ário

da

carta

100

Caç

apav

a, q

ua. 1

1 se

t.183

9

417-

419

Inte

rior

Sob

re o

rebo

que

da c

anho

neira

e

outro

s as

sunt

os d

iver

sos

Não

E

ncon

trado

o c

orpo

do

Cor

onel

Jos

é R

odrig

ues

Bar

bosa

ju

nto

a ou

tros

em M

osta

rdas

; lis

ta d

e ci

dadã

os q

ue

empr

esta

ram

din

heiro

e g

êner

os p

ara

as d

espe

sas

do

Est

ado

(pre

carie

dade

das

fina

nças

); Pe

. Joã

o de

San

ta

Bár

bara

doa

livr

os p

ara

o G

abin

ete

de L

eitu

ra; q

uest

ão

do c

obre

41

9-42

0 E

xter

ior

Câm

ara

dos

Dep

utad

os –

con

tinua

ção

do d

iscu

rso

de Á

lvar

es M

acha

do

“Con

tinua

r-se-

há”

42

0 N

ecro

logi

a A

nunc

ia e

zom

ba d

a “m

orte

” do

perió

dico

Set

e de

Abr

il N

ão

“C

ontin

uar-s

e-há

42

0 E

dita

l A

nunc

ia o

sor

teio

de

conh

ecim

ento

s a

sere

m p

agos

D

omin

gos

José

de

Alm

eida

42

0 C

orre

spon

dênc

ia

Com

emor

açõe

s do

feito

de

Lagu

na e

m

Rio

Par

do

Ass

ina

“um

dos

co

ncor

rent

es”

Des

crev

e as

com

emor

açõe

s na

cid

ade:

toca

ta e

viv

as

nas

ruas

, mis

sa, c

asas

ilum

inad

as à

noi

te, b

aile

101

Caç

apav

a, s

ab. 1

4 se

t.183

9

421

Inte

rior /

Par

tes

Ofic

iais

P

rocl

amaç

ão

Ben

to G

onça

lves

R

epúb

lica

Rio

-Gra

nden

se n

ão e

ntra

em

SC

com

esp

írito

Ti

rani

a do

Pro

cons

ul L

usita

no X

Lib

erda

de A

mer

ican

a

de c

onqu

ista

;

422

Dec

reto

D

esig

naçã

o de

nom

es p

ara

a G

uard

a N

acio

nal e

m C

açap

ava

José

Mar

iann

o de

M

atto

s

42

2-42

3 O

fício

s In

form

a a

aber

tura

de

aula

púb

lica

em

São

Gab

riel

Ant

onio

de

Faria

C

orre

a / D

omin

gos

José

de

Alm

eida

O J

uiz

da P

az d

a C

idad

e us

ou d

o se

u di

nhei

ro p

ara

viab

iliza

r a a

bertu

ra d

a tu

rma;

edu

caçã

o es

tabe

lece

os

verd

adei

ros

fund

amen

tos

do R

epub

lican

ism

o, a

s ve

rdad

eira

s ba

ses

da fe

licid

ade

públ

ica;

Dom

ingo

s so

licita

ao

Juiz

que

env

ie a

con

ta p

ara

ser i

nden

izad

o

42

3 S

em tí

tulo

Li

sta

de c

idad

ãos

que

cont

ribuí

ram

co

m n

ovilh

os p

ara

o pa

gam

ento

de

outro

s in

sum

os a

o E

xérc

ito

Fortu

nato

Reg

ino

Fagu

ndes

, Ten

ente

aj

udan

te

Difí

cil s

ituaç

ão fi

nanc

eira

da

Rep

úblic

a

42

3-42

4 N

ecro

logi

a D

á se

qüên

cia

às ir

onia

s e

críti

cas

sobr

e o

fim d

o jo

rnal

Set

e de

Abr

il A

uror

a Fl

umin

ense

V

ítim

as d

a gu

ilhot

ina

da im

pren

sa; m

udan

ça d

e pr

incí

pios

po

lític

os d

o jo

rnal

; ide

ntifi

ca q

ue p

arte

do

públ

ico

se

inte

ress

a po

r fai

t div

ers:

esc

ânda

los,

impr

essõ

es

grot

esca

s (X

razã

o pú

blic

a, in

telig

ênci

a e

mod

eraç

ão),

inva

são

da p

rivac

idad

e

“(C

ontin

uaçã

o do

núm

ero

ante

cede

nte)

42

4 V

arie

dade

Te

xto

de d

outri

na, s

obre

a

impo

ssib

ilidad

e de

con

serv

ar a

lib

erda

de e

m u

ma

cida

de c

orru

pta

Dis

curs

o po

lític

o de

M

achi

avel

li “O

s bo

ns c

ostu

mes

não

nec

essi

tam

do

soco

rro d

as le

is

para

sus

tent

ar-s

e, c

omo

as le

is n

eces

sita

m d

e bo

ns

cost

umes

par

a se

r man

tidas

e o

bser

vada

s”

42

4 A

nedo

ta

Sob

re a

alta

dos

pre

ços

dos

alim

ento

s

Fe

ra d

o A

rreal

(?)

102

Caç

apav

a, q

ua. 1

8 se

t.183

9

425

Inte

rior /

Ofíc

io

Sol

icita

o c

ontro

le d

e en

trada

s e

saíd

as

das

pess

oas

no te

rritó

rio re

publ

ican

o D

omin

gos

José

de

Alm

eida

42

5-42

6 A

rtigo

com

unic

ado

Tran

scre

ve tr

echo

da

obra

e a

dici

ona

exem

plos

da

Rep

úblic

a R

io-G

rand

ense

at

ravé

s de

not

as d

e ro

dapé

Fran

cisc

o de

Mel

lo

Fran

co. E

lem

ento

s de

Hig

iene

, Lis

boa,

18

14

Forç

a do

s Es

tado

s ve

m d

o am

or à

Pát

ria, s

ábia

le

gisl

ação

e s

ua e

xata

obs

ervâ

ncia

; os

povo

s m

ais

vale

ntes

e m

ais

amig

os d

a P

átria

são

de

país

es fr

ios

e m

onta

nhos

os

Nas

not

as d

e ro

dapé

: hom

ens

virtu

osos

= g

ener

osid

ade

dos

rio-

gran

dens

es c

om o

s pr

isio

neiro

s; X

erxe

s X

300

de

Espa

rta =

co

nfro

nto

em Ib

icuí

, ond

e 60

farr

apos

der

rota

ram

300

lega

lista

s;

Ale

xand

re, O

Gra

nde,

com

ape

nas

algu

ns m

ilhar

es d

e so

ldad

os

mac

edôn

ios

avas

salo

u a

Áfric

a e

a Á

sia

= le

galis

tas

que,

mes

mo

com

9 m

il so

ldad

os c

onta

dos

por R

ego

Bar

ros,

não

ata

ca u

m

“pun

hado

de

ladr

ões”

426-

428

Ext

erio

r / O

7 d

e ab

ril d

e 18

31

Arti

go q

ue tr

ata

do e

vent

o da

ab

dica

ção

de D

. Ped

ro I

+ co

men

tário

(1

par

ágra

fo)

Aur

ora

Flum

inen

se /

Com

entá

rio s

em

assi

natu

ra

Bra

sil d

ista

ncio

u-se

da

pros

perid

ade

das

arte

s e

da

lavo

ura

ao a

post

ar e

m p

ompa

s m

ilitar

es, n

o ap

arat

o da

no

brez

a e

na o

sten

taçã

o e

isso

não

foi m

udad

o pe

lo

even

to d

e 18

31; C

omen

tário

: a R

epúb

lica

deve

ban

ir de

se

u P

acto

o lu

xo e

os

desp

erdí

cios

apa

rato

sos

42

8 A

s N

otíc

ias

de R

io

Gra

nde

cont

a de

gra

nde

agita

ção

na

Pro

vínc

ia d

o R

io G

rand

e do

Sul

pe

dind

o o

afas

tam

ento

de

Eliz

eario

Aur

ora

Flum

inen

se

Sug

ere

que

a po

lític

a ad

equa

da p

ara

trata

r a re

volta

é a

co

ncilia

tória

e n

ão p

ela

via

das

arm

as; o

gov

erno

dev

e “r

eabi

litar

as

influ

ênci

as b

rasi

leira

s na

pos

ição

per

dida

42

8 E

dita

l A

nunc

ia o

sor

teio

de

conh

ecim

ento

s em

itido

s no

troc

o do

cob

re

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

42

9-43

0 3º

Bol

etim

da

Van

guar

da d

a D

ivis

ão

Libe

rtado

ra

O Im

pério

est

á ac

abad

o, é

um

a ilu

são;

col

ocaç

ão d

e A

ndre

as n

a pr

esid

ênci

a da

pro

vínc

ia d

e S

C é

pro

va d

e qu

e o

novo

min

isté

rio s

egue

a p

olíti

ca d

o te

rror

“gal

egos

” “E

stá

conf

orm

e, L

uiz

Ros

setti

, Sec

retá

rio In

terin

o do

Gov

erno

103

Caç

apav

a, s

ab. 2

1 se

t.183

9

431

Inte

rior /

Circ

ular

S

olic

ita o

con

trole

de

entra

das

e sa

ídas

da

s pe

ssoa

s no

terri

tório

repu

blic

ano

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

O c

ontro

le é

um

a m

edid

a pa

ra a

umen

tar a

seg

uran

ça

indi

vidu

al d

os h

abita

ntes

e e

vita

r esp

iona

gem

“b

ombe

iros

e ag

ente

s”

43

1-43

4 E

xter

ior /

A q

ueda

do

Min

istro

A

nális

e cr

ítica

do

gabi

nete

de

19 d

e se

tem

bro

+ co

men

tário

A

uror

a Fl

umin

ense

/ C

omen

tário

sem

as

sina

tura

Ana

lisa

que

o m

inis

tério

com

eçou

sen

do m

ais

cond

enáv

el p

or s

ua in

capa

cida

de; d

epoi

s da

pac

ifica

ção

da B

ahia

, dá

iníc

io a

um

a po

lític

a of

ensi

va à

razã

o e

à ju

stiç

a; a

firm

a qu

e R

io P

ardo

foi u

m d

uro

golp

e no

Im

pério

, tan

to m

ilitar

men

te q

uant

o pe

la o

pini

ão p

úblic

a;

No

com

entá

rio, p

arte

do

quad

ro q

ue o

arti

go d

o A

uror

a ap

rese

ntou

par

a ir

além

, afir

man

do q

ue o

que

mov

e o

mov

imen

to re

publ

ican

o é

um e

spíri

to d

o sé

culo

, das

co

nqui

stas

Am

eric

anas

con

tra o

jugo

eur

opeu

;

Liga

o lu

sita

nism

o a

uma

form

a an

tipát

ica

de s

e re

laci

onar

com

o

povo

bra

sile

iro; d

iz q

ue o

arti

go d

o Au

rora

é a

ntig

o, m

as n

ão

espe

cific

a a

data

; N

o di

scur

so h

á du

as v

erte

ntes

: que

um

gov

erno

mai

s fra

tern

o po

r par

te d

o Im

pério

bra

sile

iro b

asta

ria p

ara

reso

lver

as

reiv

indi

caçõ

es d

os fa

rrapo

s X

a id

éia

que

a re

públ

ica

é o

mov

imen

to in

esca

páve

l das

Am

éric

as é

o e

spíri

to d

o te

mpo

; C

onde

na a

inér

cia

dos

bras

ileiro

s;

43

4 V

arie

dade

s “Im

portâ

ncia

da

inst

ruçã

o pr

imár

ia p

ara

a ad

min

istra

ção

dos

crim

es”

Aur

ora

Flum

inen

se

Bas

eado

num

rela

tório

do

gove

rno

da F

ranç

a, re

laci

ona

os ín

dice

s de

edu

caçã

o co

m o

s de

crim

inal

idad

e C

ritic

a a

polít

ica

euro

péia

, mas

tom

a a

ilust

raçã

o co

mo

exem

plo

43

4 12

ª Car

ta d

e A

mer

icus

“Id

éias

ele

men

tare

s so

bre

um s

iste

ma

de e

duca

ção

naci

onal

” A

mer

icus

P

rimei

ra e

scol

a: d

os s

eis

aos

nove

ano

s: m

étod

o La

ncas

ter;

Seg

unda

esc

ola:

dos

nov

e ao

s on

ze a

nos;

Te

rcei

ra e

scol

a: d

os o

nze

aos

14;

“Con

tinua

ção

do n

úmer

o 97

” “C

ontin

uar-s

e-há

” E

m n

ota

de ro

dapé

, afir

ma

que

o go

vern

o te

m a

inte

nção

de

faze

r um

pla

no p

ara

os e

stud

os d

a un

iver

sida

de n

acio

nal

104

Caç

apav

a, q

ua. 2

5 se

t.183

9

435

Inte

rior /

O Im

orta

l 20

de

Saú

da e

des

crev

e as

com

emor

açõe

s N

ão

Indi

ca a

impo

rtânc

ia d

as fe

stas

cív

icas

par

a m

arca

r e

“gov

erno

ant

i-Am

eric

ano

e co

rrupt

o qu

e po

lui o

info

rtuna

do

Set

embr

o da

Rep

úblic

a fo

rtale

cer o

esp

írito

repu

blic

ano:

ban

da d

e m

úsic

a, v

ivas

, m

issa

, cav

alha

das,

ilum

inaç

ão n

otur

na n

a C

apita

l B

rasi

l”

43

5-43

6 D

ecre

to

Det

erm

ina

a de

volu

ção

dos

bens

a

cida

dãos

que

pre

star

am ju

ram

ento

D

omin

gos

José

de

Alm

eida

43

6 O

fício

s N

otíc

ias

dos

cam

pos

de b

atal

ha /

Nom

eaçã

o de

pro

cura

dor g

eral

em

S

anta

Mar

ia

Ant

onio

Net

to

Difi

culd

ade

em o

rgan

izar

as

inst

ânci

as p

úblic

as n

os

mun

icíp

ios

43

6 A

ta d

o Ju

ram

ento

Ju

ram

ento

de

Ale

gret

e

43

7 E

dita

l A

nunc

ia o

sor

teio

de

conh

ecim

ento

s a

sere

m p

agos

D

omin

gos

José

de

Alm

eida

43

7-43

8 E

xter

ior -

12ª

Car

ta d

e A

mer

icus

“Id

éias

ele

men

tare

s so

bre

um s

iste

ma

de e

duca

ção

naci

onal

” A

mer

icus

E

spec

ifica

a a

plic

ação

prá

tica

do m

étod

o de

Lan

cast

er;

criti

ca o

uso

de

cast

igo

físic

o ao

s al

unos

; afir

ma

que

não

há b

oas

esco

las

sem

bon

s m

estre

s e

nem

bon

s m

estre

s se

m lh

es p

agar

bem

“Con

tinua

ção

do n

úmer

o an

tece

dent

e”

“Con

tinua

r-se-

há”

105

Caç

apav

a, s

ab. 2

8 se

t.183

9

439

Inte

rior /

Ord

ens

do D

ia

Est

ipul

a a

orde

m q

ue d

evem

seg

uir o

s re

quer

imen

tos

na h

iera

rqui

a m

ilitar

Jo

sé M

aria

no d

e M

atto

s N

eces

sida

de d

e or

gani

zaçã

o na

com

unic

ação

43

9-44

0 In

terio

r / O

rden

s do

Dia

P

arab

eniz

a os

ofic

iais

pre

sent

es n

uma

bata

lha

com

os

lega

lista

s na

Aze

nha

Ant

onio

Net

to

44

0 O

fício

s D

omin

gos

resp

onde

a s

olic

itaçã

o do

Ju

iz d

e P

az d

e R

io P

ardo

D

omin

gos

José

de

Alm

eida

E

xtre

ma

pobr

eza

dos

mun

icíp

ios,

pro

blem

as d

e di

nhei

ro

(falta

troc

o) e

de

alim

ento

s; to

dos

os re

curs

os s

ão

empr

egad

os n

a gu

erra

e a

firm

a qu

e se

ria in

just

o e

uma

sobr

ecar

ga a

o Es

tado

ter d

e pr

over

o a

limen

to a

pes

soas

“ta

lvez

vot

adas

ao

víci

o e

à pr

egui

ça”

44

0-44

1 (o

fício

s)

O d

ocum

ento

seg

uint

e vo

lta a

trás

e de

term

ina

a di

strib

uiçã

o de

car

ne

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

Ped

e qu

e se

dife

renc

ie q

uem

é re

alm

ente

nec

essi

tado

do

s “v

adio

s e

de s

aúde

robu

sta”

(ofíc

ios)

D

eter

min

ação

da

mud

ança

da

Câm

ara

de J

agua

rão

para

Her

val

M

udan

ça p

or m

otiv

os d

e se

gura

nça;

dem

onst

ra a

imen

sa

dific

ulda

de e

m o

rgan

izar

a m

ante

r as

inst

ituiç

ões

do

Est

ado

pelo

terr

itório

44

1-44

2 (o

fício

s)

Nom

eaçã

o de

juíz

es d

e ór

fãos

e

mun

icip

ais

da V

ila S

etem

brin

a

44

2 E

xter

ior -

12ª

Car

ta d

e A

mer

icus

“Id

éias

ele

men

tare

s so

bre

um s

iste

ma

de e

duca

ção

naci

onal

” A

mer

icus

E

spec

ifica

a T

erce

ira E

scol

a, d

a di

ficul

dade

de

cruz

ar a

m

atem

átic

a co

m o

utro

s ra

mos

do

conh

ecim

ento

; noç

ão

utilit

ária

do

conh

ecim

ento

, ref

erên

cia

soci

al

“Con

tinua

ção

do n

úmer

o an

tece

dent

e”

“Con

tinua

r-se-

há”

44

2 A

núnc

io

Cid

adão

pas

sa a

ass

inar

out

ro n

ome

por h

aver

um

hom

ônim

o

“Mig

uel L

uiz

Vie

ira J

únio

r” vi

rou

“Mig

uel J

osé

Vie

ira”

106

Caç

apav

a, q

ua. 0

2 ou

t.183

9

443-

444

Inte

rior /

Ofíc

ios

Ass

unto

s va

riado

s

Uso

de

pris

ione

iros

para

form

ação

da

Mar

inha

em

La

guna

; açã

o de

qua

drilh

as (a

ssas

sino

s e

saqu

eado

res)

44

4-44

5 E

xter

ior /

Dec

reto

s “L

iber

dade

, Igu

alda

de, H

uman

idad

e”

A

firm

a qu

e a

Naç

ão a

deriu

a u

m s

iste

ma

dem

ocrá

tico;

N

omei

a M

inis

tro d

a Fa

zend

a In

terio

r e J

ustiç

a: J

oão

Ant

onio

de

Oliv

eira

Tav

ares

; e d

e G

uerra

, Mar

inha

e

Ext

erio

r, An

toni

o C

laud

ino

de S

ouza

Med

eiro

s; D

avid

C

anab

arro

, Gen

eral

do

exér

cito

Cat

arin

ense

s

44

5-44

6 O

fício

s O

fício

de

Teix

eira

Nun

es d

emon

stra

pr

eocu

paçã

o co

m a

situ

ação

em

La

guna

Joaq

uim

Tei

xeira

N

unes

“Se

os p

apéi

s ju

ntos

mer

ecer

em s

ua a

prov

ação

, pod

eria

m

ocup

ar a

s co

luna

s d’

O P

ovo,

afim

de

que

noss

os p

atríc

ios

seja

m

tam

bém

info

rmad

os d

e tu

do q

ue p

or a

qui s

e pa

ssa”

; “ac

eite

re

spei

tosa

s sa

udaç

ões

de R

osse

tti”

44

6 2º

Bol

etim

da

Van

guar

da d

a D

ivis

ão

Aux

iliado

ra

Not

ícia

s de

Lag

una

Joaq

uim

Tei

xeira

N

unes

D

enun

cia

a vi

olên

cia

e va

ndal

ism

o do

s le

galis

tas

(ate

aram

fogo

em

pro

prie

dade

s, ra

sgar

am o

s ve

stid

os

das

mul

here

s);

O to

m d

o of

ício

a B

ento

(dem

onst

ra p

reoc

upaç

ão) é

bem

di

fere

nte

do B

olet

im (m

ais

viru

lent

o); “

saté

lites

44

7 O

fício

s N

otíc

ias

dos

mov

imen

tos

milit

ares

em

La

guna

Jo

aqui

m T

eixe

ira

Nun

es

Info

rma

a su

spen

são

das

gara

ntia

s da

Con

stitu

ição

par

a a

ação

das

trop

as le

galis

tas

a m

ando

de

And

reas

R

elac

iona

a s

uspe

nsão

da

cons

titui

ção

à pe

rpet

raçã

o de

crim

es

Ass

ina

Luiz

Ros

setti

, sec

retá

rio in

terin

o do

Gov

erno

(o

fício

s)

Can

abar

ro re

jeita

o c

argo

de

Gen

eral

do

Exé

rcito

Cat

arin

ense

, mas

não

é

aten

dido

pel

o pr

esid

ente

Ant

onio

Cla

udin

o de

S

ouza

Med

eiro

s

107

Caç

apav

a, s

ab. 0

5 ou

t.183

9

449-

452

Ext

erio

r / D

ecre

tos

Dec

isõe

s di

vers

as, q

ue d

emon

stra

m a

s qu

estõ

es c

onsi

dera

das

mai

s ur

gent

es

para

a n

ação

que

sur

ge

vário

s Is

enta

de

impo

stos

a c

omer

cial

izaç

ão d

e ga

do e

ntre

as

repú

blic

as; d

efin

e a

band

eira

e o

tope

nac

iona

l (co

res:

ve

rde,

bra

nco

e am

arel

o); d

ecre

ta o

anc

orad

ouro

de

Lagu

na c

omo

Por

to F

ranc

o (m

enos

aos

inim

igos

da

Toda

a e

diçã

o é

dedi

cada

a d

ecre

tos,

todo

s pr

eced

idos

da

insc

rição

“lib

erda

de, i

gual

dade

, hum

anid

ade”

; a R

epúb

lica

de

San

ta C

atar

ina

é tra

tada

com

o E

xter

ior;

Def

iniç

ão d

a ba

ndei

ra e

do

tope

nac

iona

l: im

portâ

ncia

dos

Rep

úblic

a); d

efin

ição

de

impo

stos

e d

as e

spéc

ies

mon

etár

ias

acei

tas

para

as

trans

açõe

s co

mer

ciai

s; fa

z pl

anos

par

a o

porto

na

Cid

ade

do D

este

rro,

se

vies

se a

se

r con

quis

tada

; mud

ança

do

nom

e da

cid

ade,

def

iniç

ão

com

o ca

pita

l; de

cora

ção

do b

rasã

o (s

ímbo

lo);

torn

a so

lene

o 2

2 de

julh

o

sím

bolo

s pa

ra “r

elev

ar a

dig

nida

de p

or ta

nto

tem

po a

batid

a da

N

ação

”; “g

rilhõ

es d

o de

spot

ism

o”; “

cont

inua

das

injú

rias

que

o go

vern

o an

ti-am

eric

ano

do 2

º Ped

ro s

e ob

stin

a em

faze

r à

naci

onal

idad

e br

asile

ira”;

108

Caç

apav

a, q

ua. 0

9 ou

t.183

9

453

Inte

rior /

Ata

R

esul

tado

do

sorte

io d

e co

nhec

imen

tos

45

3-45

5 O

fício

s C

omun

ica

os a

taqu

es d

e as

sass

inos

e

salte

ador

es, c

om a

tos

de e

xtre

ma

viol

ênci

a

P

rese

nça

cons

tant

e da

vio

lênc

ia

45

5-45

6 C

orre

spon

dênc

ia

Car

ta q

ue d

etal

ha c

omem

oraç

ões

cívi

cas

em P

iratin

i “U

m e

spec

tado

r” D

escr

eve

bem

com

o er

am a

s co

mem

oraç

ões

da é

poca

; re

ssal

ta a

par

ticip

ação

do

“bel

o se

xo”;

afirm

a qu

e as

co

mem

oraç

ões

fora

m im

pact

adas

pel

a no

tícia

do

assa

ssin

ato

do C

apitã

o N

oé J

osé

de L

ima

“tron

o”, “

diad

ema”

par

a re

ferir

o Im

pério

45

6 C

orre

spon

dênc

ia /

Pira

tini

Ped

e vi

ngan

ça p

ela

mor

te d

o C

apitã

o N

oé J

osé

de L

ima;

exa

lta s

ua m

emór

ia

“Um

pat

riota

“a L

iber

dade

não

con

sist

e só

em

pal

avra

s”

45

6 S

onet

o A

sen

tidís

sim

a m

orte

do

vale

nte

e ho

nrad

o C

apitã

o N

oé J

osé

de L

ima

Não

45

6 A

núnc

io

Cid

adão

pas

sa a

ass

inar

out

ro n

ome

por h

aver

um

hom

ônim

o

“Mig

uel L

uiz

Vie

ira J

únio

r” vi

rou

“Mig

uel J

osé

Vie

ira”

Idem

ao

anun

cio

do n

. 105

109

Caç

apav

a, s

ab. 1

2 ou

t.183

9

457-

458

Ext

erio

r / B

rasi

l C

âmar

a do

s D

eput

ados

(ses

são

de 3

de

junh

o)

Jorn

al d

o C

omér

cio

Sr.

Alv

ares

Mac

hado

faz

um re

trosp

ecto

de

impo

rtant

es

mom

ento

s da

pol

ítica

no

Bras

il: d

isso

luçã

o da

A

ssem

bléi

a C

onst

ituin

te, r

enún

cia

de D

. Ped

ro;

cara

cter

iza

o pe

ríodo

logo

a p

ós a

renú

ncia

com

o es

táve

l, at

é os

car

amur

us to

mar

em o

min

isté

rio

45

8-45

9 R

epúb

lica

de S

anta

C

atar

ina

Pub

licaç

ão d

e pe

ças

ofic

iais

do

Impé

rio in

terc

epta

das

em S

C, d

atad

as

de ju

lho

de 3

9

O

s of

ício

s se

leci

onad

os d

ão c

onta

de

certa

des

orie

ntaç

ão

e de

slei

xo n

as fo

rças

impe

riais

“r

ebel

des”

45

9 In

terio

r / O

fício

s A

ssun

tos

dive

rsos

D

omin

gos

José

de

Alm

eida

ao

Juiz

de

Paz

de

Caç

apav

a

Cas

o de

pol

ícia

env

olve

ndo

escr

ava

/ Lis

ta d

e pe

ssoa

s de

Cru

z A

lta q

ue e

mpr

esta

ram

din

heiro

par

a o

Gov

erno

na

s de

spes

as d

e gu

erra

Men

talid

ade

escr

avis

ta é

pur

a co

ntra

diçã

o co

m o

s pr

incí

pios

de

aplic

ação

da

Just

iça,

já q

ue a

esc

rava

já e

stav

a co

nden

ada

de

ante

mão

460

List

a N

umér

ica.

.. D

os c

onhe

cim

ento

s, q

ue e

m v

irtud

e do

D

ecre

to d

e 8

de ju

lho

do a

no p

assa

do

fora

m s

orte

ados

em

dat

a de

hoj

e

Esc

rivão

da

caix

a de

am

ortiz

ação

, Jos

é Lo

pes

Ferru

gem

110

Caç

apav

a, q

ua. 1

6 ou

t.183

9

461-

463

Ofíc

ios

Ass

unto

s va

riado

s: R

elaç

ão d

e in

diví

duos

pro

mov

idos

no

Cor

po d

a G

uard

a N

acio

nal e

m A

legr

ete;

que

stão

so

bre

conf

isco

de

gado

; fes

tejo

s ao

20

de s

etem

bro

em S

ão B

orja

; Lui

z C

arlo

s de

Oliv

eira

info

rma

sobr

e a

esco

la q

ue

mon

tou

em S

ão G

abrie

l

Fe

stej

os tr

adic

iona

is d

a ép

oca;

mon

tage

m d

e es

cola

pel

o si

stem

a de

ens

ino

mút

uo s

em n

enhu

ma

aplic

ação

de

dinh

eiro

do

esta

do, 5

0 al

unos

e 3

5 al

unas

;

Ped

ido

de p

ublic

ação

no

jorn

al d

irige

-se

a D

omin

gos

José

de

Alm

eida

; São

Bor

ja =

pov

o m

issi

onei

ro; b

ande

ira p

rese

nte

na

esco

la (s

ímbo

lo n

acio

nal);

esc

ravi

dão,

igno

rânc

ia; s

abed

oria

que

co

ntro

la a

s pa

ixõe

s

46

3-46

4 E

xter

ior /

Rep

úblic

a de

S

anta

Cat

arin

a D

á co

ntin

uida

de à

pub

licaç

ão d

e pe

ças

ofic

iais

inte

rcep

tada

s do

Impé

rio

Im

pério

dem

onst

ra p

reoc

upaç

ão c

om a

mor

al d

as tr

opas

, pr

ocur

ando

não

ata

car s

em c

erte

za d

e vi

tória

“C

ontin

uaçã

o do

núm

ero

ante

cede

nte”

: o n

úmer

o an

terio

r não

in

dica

va c

ontin

uaçã

o; “r

ebel

des”

, “lo

ucos

” 11

1 C

açap

ava,

sab

. 19

out.1

839

46

5-46

7 B

iogr

afia

B

iogr

afia

do

fale

cido

Gen

eral

Joã

o M

anoe

l de

Lim

a S

ilva

Não

A

pós

a bi

ogra

fia h

á um

text

o qu

e fa

la d

a im

portâ

ncia

de

se p

rese

rvar

o e

xem

plo

dos

heró

is e

deta

lhes

da

sole

nida

de d

e se

pulta

men

to d

o G

ener

al (d

etal

hes

da

sim

bolo

gia

do e

vent

o);

Úni

co e

xem

plar

da

cole

ção

que

cont

a co

m u

ma

ilust

raçã

o (d

o m

onum

ento

erig

ido

ao g

ener

al?)

; edi

ção

com

5 p

ágin

as;

46

7-46

9 Se

m tí

tulo

(ofíc

ios)

Ex

ames

do

corp

o sã

o re

aliz

ados

par

a co

nfirm

ar q

ue p

erte

ncem

mes

mo

ao

Gen

eral

Man

oel d

e Li

ma

e S

ilva;

Ben

to

solic

ita q

ue o

s re

stos

sej

am re

colh

idos

em

um

a ur

na e

rem

etid

os à

cap

ital

Os

ofíc

ios

publ

icad

os d

epoi

s da

bio

graf

ia e

do

deta

lham

ento

da

cerim

ônia

de

sepu

ltam

ento

par

ecem

nec

essá

rios

para

cor

robo

rar

as in

form

açõe

s e

trâm

ites

112

Caç

apav

a, q

ua. 2

3 ou

t.183

9

471

Inte

rior

“For

ça d

e qu

e se

com

põe

o E

xérc

ito

Rio

Gra

nden

se n

o se

u E

stad

o co

mpl

eto,

con

form

e o

Pla

no d

a or

gani

zaçã

o do

s C

orpo

s da

s di

vers

as

Q

uadr

o qu

e en

umer

a os

cor

pos

de P

rimei

ra L

inha

e d

a G

uard

a N

acio

nal

Arm

as”

47

2 O

fício

A

grad

ecim

ento

dos

fam

iliare

s de

Lim

a e

Silv

a pe

las

hom

enag

ens

pres

tada

s ao

fale

cido

gen

eral

Gen

eral

Fra

ncis

co d

e Li

ma

e S

ilva

47

2 C

ircul

ar

Dom

ingo

s en

via

exem

plar

es d

’O P

ovo

ao g

ener

al A

nton

io N

etto

e o

utro

s of

icia

is d

o ex

érci

to re

publ

ican

o

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

Pre

ocup

ação

em

faze

r a in

form

ação

circ

ular

ent

re a

s tro

pas,

esp

ecia

lmen

te e

m d

ivul

gar o

trat

amen

to d

ado

pela

Naç

ão à

quel

es q

ue m

orre

m e

mpu

nhan

do a

rmas

47

2-47

3 C

orre

spon

dênc

ias

Car

ta c

obra

ndo

mai

s en

ergi

a do

G

over

no n

a pu

niçã

o de

esp

iões

A

ssin

am “u

ns

Rep

ublic

anos

” S

ituaç

ão p

arad

oxal

em

rela

ção

ao c

umpr

imen

to d

e Le

is:

a re

volu

ção

é le

vant

ada

sobr

e um

a qu

eixa

de

que

o Im

pério

não

cum

pre

as L

eis;

num

est

ado

de g

uerr

a, a

po

pula

ção

não

tole

ra a

mod

eraç

ão n

o tra

to d

o in

imig

o

47

3 C

orre

spon

dênc

ias

/ E

stad

o O

rient

al

“U

m v

elho

de

80

anos

O le

vant

e de

arm

as é

con

tra a

“fac

ção

luso

-bra

sile

ira” q

ue d

irige

o

Bra

sil;

o le

itor t

ira a

s su

as im

pres

sões

da

leitu

ra d

os

docu

men

tos

publ

icad

os n

’O P

ovo

47

3 E

xter

ior /

Bra

sil

Câm

ara

dos

Dep

utad

os, s

essã

o de

30

de a

gost

o de

183

9

Fala

do

Sr.

Res

ende

sob

re a

s di

ficul

dade

s do

Bra

sil e

m

reun

ir ho

men

s e

cava

los;

min

isté

rio p

inta

os

rebe

ldes

co

mo

nus,

sem

recu

rsos

, div

idid

os e

ntre

si e

as

forç

as

impe

riais

num

eros

as, b

em p

agas

, bem

ves

tidas

, bem

di

scip

linad

as, n

o en

tant

o, e

ncur

rala

da e

m d

ois

ou tr

ês

cárc

eres

enq

uant

o os

rebe

ldes

ava

nçam

sob

re S

C;

47

4 C

oncl

usão

da

sess

ão

de 1

4 de

junh

o C

âmar

a do

s D

eput

ados

, ses

são

de 1

4 de

junh

o de

183

9, fa

la S

r. M

onte

zum

a

Afir

ma

que

não

é a

lei d

os p

refe

itos

que

man

tém

a p

az

em d

eter

min

adas

pro

vínc

ias,

e s

im a

s bo

as c

ondi

ções

: in

dúst

ria, i

lust

raçã

o e

rique

za

47

4 A

núnc

io

Cid

adão

pas

sa a

ass

inar

out

ro n

ome

por h

aver

um

hom

ônim

o

“Mig

uel L

uiz

Vie

ira J

únio

r” vi

rou

“Mig

uel J

osé

Vie

ira”

Idem

ao

anun

cio

do n

. 105

e 1

08

113

Caç

apav

a, s

ab. 2

6 ou

t.183

9

475-

477

Ext

erio

r “M

ovim

ento

ger

al e

m to

do o

Nor

te d

o B

rasi

l – S

ucin

tas

refle

xões

sob

re n

osso

es

tado

pol

ítico

”; S

ituaç

ão p

olíti

ca n

o M

aran

hão,

Pia

uí e

Cea

O C

inci

nato

/ C

orre

io

Mer

cant

il

cont

a qu

e re

beld

es te

riam

ocu

pado

doi

s po

ntos

ba

stan

te im

porta

ntes

da

prov

ínci

a do

Mar

anhã

o; a

nalis

a:

“as

inst

ituiç

ões

liber

ais

que

nos

rege

m q

uase

que

vão

se

ndo

enca

rada

s co

mo

inca

paze

s de

felic

itare

m a

naç

ão”

(p. 4

75);

corp

o le

gisl

ativ

o nã

o te

m c

onse

guid

o fa

zer l

eis

que

mel

hore

m a

s co

ndiç

ões

de v

ida

do p

ovo;

con

side

ra

uma

gran

de id

éia

que

o m

onar

ca v

olte

a s

e in

vest

ir de

po

der s

upre

mo

(ao

que

o jo

rnal

com

enta

, em

not

a de

ro

dapé

: for

a pa

teta

!!!);

A fo

nte

é um

jorn

al d

e te

ndên

cia

lega

lista

: “se

dici

osos

”, “r

evol

toso

s”, “

deso

rdei

ros”

, “áv

idos

de

sang

ue”

Uso

de

nota

de

roda

pé p

ara

mar

car o

pen

sam

ento

dos

re

publ

ican

os ri

o-gr

ande

nses

; P

apel

da

impr

ensa

: con

solid

ar a

ord

em n

os e

spíri

tos,

sep

arar

as

idea

is fa

lsas

das

ver

dade

iras;

Fon

te: j

orna

is d

o N

orte

che

gado

s no

vap

or

47

7 M

aran

hão

Pro

clam

ação

do

Pre

side

nte

da

Pro

vínc

ia

Man

oel F

eliz

ardo

de

Sou

za e

Mel

o A

firm

a qu

e to

das

as p

rovi

dênc

ias

para

a p

acifi

caçã

o es

tão

send

o to

mad

as; t

orna

rele

vant

e o

inte

ress

e co

letiv

o: “C

idad

ãos

bras

ileiro

s de

qua

isqu

er o

pini

ões

polít

icas

, aba

ndon

ai n

este

sol

ene

mom

ento

as

rival

idad

es

que

vos

reta

lham

e u

nido

s em

um

inte

ress

e co

nspi

rai

todo

s pa

ra a

sal

vaçã

o da

pro

vínc

ia”

“suf

ocar

a a

narq

uia”

, “de

fesa

das

vos

sas

vida

s e

prop

rieda

des”

47

7-47

8 P

iauí

A

gita

ções

na

cida

de d

e P

arna

íba

P

inta

m o

s re

beld

es m

ais

com

o um

ban

do d

e sa

quea

dore

s e

deso

rdei

ros

Reb

elde

s =

“os

mal

vado

s”, “

cáfia

47

8 C

eará

/

Pro

clam

ação

de

João

Ant

onio

de

Mira

nda,

Pre

side

nte

do C

eará

C

orre

io M

erca

ntil

O d

iscu

rso

clam

a po

r alg

uns

valo

res

igua

is a

os d

os

farr

apos

(lea

ldad

e, fe

itos

da h

uman

idad

e, v

erda

deiro

s fil

hos

da p

átria

, rel

igiã

o), m

as te

m u

m to

m m

ais

agre

ssiv

o e

cobr

a a

parti

cipa

ção

dos

cida

dãos

de

um je

ito m

ais

impo

sitiv

o, n

ão c

omo

os fa

rrap

os, q

ue in

voca

m u

m

espí

rito

do te

mpo

, de

ação

47

8 C

âmar

a do

s D

eput

ados

C

oncl

usão

da

sess

ão d

e 14

de

junh

o

Sr.

Mon

tezu

ma

defe

nde

o si

stem

a de

gov

erno

m

onár

quic

o co

nstit

ucio

nal

“con

tinua

ção

do n

úmer

o an

tece

dent

e”

“con

tinua

r-se-

há”

47

8 A

núnc

io

Cid

adão

ofe

rece

reco

mpe

nsa

a qu

em

enco

ntra

r um

a ca

rteira

de

docu

men

tos

114

Caç

apav

a, q

ua. 3

0 ou

t.183

9

479-

480

Inte

rior /

Dec

reto

O

rden

a a

cria

ção

de u

ma

Com

panh

ia

do A

rsen

al d

e G

uerra

, com

post

a po

r ar

tífic

es

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da /

Bent

o G

onça

lves

48

0-48

1 C

orre

spon

dênc

ia O

ficia

l D

escr

eve

os fe

stej

os p

elo

20 d

e se

tem

bro

em L

agun

a D

e D

avid

Can

abar

ro

para

Dom

ingo

s Jo

de A

lmei

da

48

1-48

2 E

xter

ior /

Bra

sil

Câm

ara

dos

Dep

utad

os, s

essã

o de

28

de ju

nho;

sob

re a

pac

ifica

ção

no P

ará,

A p

az é

con

fund

ida

pelo

Impé

rio c

om o

sile

ncia

sep

ulcr

al

impo

sto

pela

vio

lênc

ia d

e um

a au

torid

ade,

ond

e a

Not

as d

e ro

dapé

par

a co

men

tário

s d’

O P

ovo:

“triu

nfo

de u

m

gale

go s

obre

um

Am

eric

ano;

que

bla

sfêm

ia!”;

“os

gale

gos

em

depu

tado

Ang

elo

Cus

tódi

o de

nunc

ia

exce

ssos

, com

o o

açoi

te d

e pr

isio

neiro

s

vont

ade

impe

ra, o

nde

não

há s

egur

ança

indi

vidu

al n

em

de p

ropr

ieda

de; d

eslo

cam

ento

dos

bra

ços

para

os

corp

os

polic

iais

em

vez

da

agric

ultu

ra; c

omér

cio

mon

opol

izad

o;

defe

nde

sist

ema

de m

oder

ação

;

toda

par

te s

ão im

undo

s e

asqu

eros

os. O

Sr.

Eliz

eario

fez

outro

tant

o, m

as n

ão s

e sa

fou

tão

bem

” M

erca

dos

de C

onst

antin

opla

- pr

ocur

ar

115

Caç

apav

a, s

ab. 0

2 no

v.18

39

48

3 In

terio

r N

otic

ia a

mor

te d

o re

publ

ican

o Ju

sto

José

Vie

ira

Não

Jo

rnal

cob

ra n

ovam

ente

mai

or e

nerg

ia d

o G

over

no n

a pu

niçã

o do

s in

imig

os: “

Ao

traça

r est

as li

nhas

em

ob

séqu

io à

mem

ória

do

Pat

riota

que

per

dem

os, r

ogam

os

ao G

over

no q

ue d

espr

egue

mai

s al

gum

a en

ergi

a ac

erca

da

s pe

ssoa

s qu

e no

s ro

deia

m” [

...] e

“mar

che

de fo

rma

que

não

se a

rrep

enda

da

crim

inos

a m

oder

ação

48

3 O

fício

s D

esig

na p

ensã

o à

viúv

a de

Jus

to J

osé

Vie

ira, a

lém

de

ofer

ecer

as

faze

ndas

pa

ra a

con

fecç

ão d

o lu

to d

a fa

míli

a;

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

Trat

amen

to d

a R

epúb

lica

aos

fam

iliar

es d

e m

orto

s em

co

mba

te

48

4 (o

fício

s)

Indi

ca a

ent

rada

vol

umos

a de

obj

etos

licos

vin

dos

de M

onte

vidé

u Fr

anci

sco

Mod

esto

Fr

anco

R

elaç

ões

cord

iais

com

o P

rata

48

4 (o

fício

s)

Cer

co e

exe

cuçã

o de

Ant

onio

da

Ros

a,

com

pars

a de

con

heci

dos

assa

ssin

os

que

atua

m e

m J

agua

rão

Dom

ingo

s C

resc

ênci

o de

C

arva

lho

e Fe

rmia

no

Alv

es d

os S

anto

s

O in

diví

duo

já h

avia

sid

o pr

isio

neiro

três

vez

es; D

omin

gos

cum

prim

enta

a e

xecu

ção;

just

ifica

o e

ndur

ecim

ento

nas

pu

niçõ

es p

elas

con

tínua

s re

pres

ália

s do

Impé

rio (e

nvio

de

And

reas

par

a SC

), re

spon

sabi

lizan

do-o

pel

o sa

ngue

de

rram

ado

48

4-48

5 D

ecre

to

Dev

olve

os

bens

e d

ireito

s a

Man

oel

Vel

lozo

Reb

ello

B

ento

Gon

çalv

es

48

5 R

eque

rimen

tos

Man

oel V

ello

zo R

ebel

lo, p

or m

otiv

o de

do

ença

, tor

na J

osé

de S

á Br

ito s

eu

proc

urad

or p

ara

pres

tar j

uram

ento

48

6 E

dita

l Q

ueim

a de

con

heci

men

tos

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

48

6 E

xter

ior /

Bra

sil

Câm

ara

dos

Dep

utad

os, s

essã

o de

28

de ju

nho

Jorn

al d

o C

omér

cio

Fala

sob

re h

omen

s de

cor

livr

es, o

que

é c

onsi

dera

do

“um

hor

ror”

“con

tinua

ção

do n

úmer

o an

tece

dent

e”

11

6 C

açap

ava,

qua

. 06

nov.

1839

487

Inte

rior /

Ata

R

euni

ão d

e pa

gam

ento

e q

ueim

a de

co

nhec

imen

tos

/ Rel

ação

dos

cid

adão

de

Bag

é qu

e em

pres

tara

m o

u do

aram

di

nhei

ro p

ara

a lu

ta d

a In

depe

ndên

cia

A

con

tribu

ição

de

indi

vídu

os e

ra u

ma

das

font

es d

e re

nda

da re

volu

ção

48

7 E

xter

ior /

Bra

sil

Car

ta d

e um

bah

iano

(de

20 d

e ag

osto

de

183

9)

Pre

serv

a a

iden

tida-

de d

o re

met

ente

R

elat

a m

aus

trato

s a

pris

ione

iros

da s

abin

ada

(Bah

ia);

Aur

ora

do R

io (A

uror

a Fl

umin

ense

) pub

lica

a qu

eixa

de

um d

os p

reso

s (S

abin

o), q

ue e

m re

pres

ália

é m

anda

ndo

ao p

orão

de

uma

corv

eta

pres

o em

ferro

s, in

com

unic

ável

, se

m c

omid

a ou

roup

as;

Sin

aliz

a co

rtes

na c

orre

spon

dênc

ia c

om p

ontin

hos

(.....

..)

Tira

nia

“Faz

dilig

ênci

a pa

ra q

ue a

folh

a re

publ

ican

a de

sse

liber

al

Gov

erno

pub

lique

tudo

isso

e q

ue c

lam

e ao

s po

vos

acer

ca d

os

efei

tos

das

inst

ituiç

ões

do d

esgr

açad

o B

rasi

l”

488

Rio

de

Jane

iro

Câm

ara

dos

Dep

utad

os, s

essã

o de

13

de a

gost

o de

183

9

Sr.

Otto

ni a

firm

a te

r med

o qu

e o

atua

l min

isté

rio s

e ap

rove

ite d

os m

ales

púb

licos

par

a ju

stifi

car a

inda

mai

s ar

bítri

o (id

éias

exp

ress

as n

os jo

rnai

s qu

e de

fend

em o

Im

pério

), cr

itica

a p

rese

nça

de A

ndre

as e

m S

C

Mui

tas

cita

ções

aos

jorn

ais

da é

poca

48

9-49

0

Ses

são

de 2

8 de

junh

o

Sr.N

unes

Mac

hado

que

stio

na p

roce

dim

ento

s ad

min

istra

tivo

de A

ndre

as n

o P

ará,

com

o o

recr

utam

ento

de

todo

s os

hom

ens

entre

15

e 50

ano

s, s

em e

xceç

ão, e

a

impu

taçã

o de

cas

tigos

exc

essi

vos

aos

insu

bord

inad

os

49

0 A

núnc

ios

Rou

bo d

e do

is c

aval

os d

e D

omin

gos

José

de

Alm

eida

, ofe

rece

reco

mpe

nsa

/ Tro

ca d

e no

me

por h

aver

hom

ônim

o /

Rep

ete

o an

únci

o do

n. 1

13 s

obre

a

carte

ira d

e do

cum

ento

s pe

rdid

a

Rep

rodu

z os

des

enho

s da

s m

arca

s tra

zida

s pe

los

cava

los

117

Caç

apav

a, s

ab. 0

9 no

v.18

39

49

1 In

terio

r / D

ecre

to

Pro

moç

ões

na C

ompa

nhia

de

Artí

fices

B

ento

/Dom

ingo

s

491-

492

Cor

resp

ondê

ncia

Le

itor d

efen

de o

fim

da

mod

eraç

ão d

a re

públ

ica

no tr

ato

ao in

imig

o “C

onst

ante

Lei

tor”

Que

stio

nam

ento

do

prin

cípi

o da

mod

eraç

ão; p

opul

ação

so

fre c

om ro

ubos

, mas

sacr

es e

vio

lênc

ia, f

azen

do c

om

que

a qu

estã

o po

lític

a se

ja c

oloc

ada

de la

do: “

as le

is

deve

m re

gula

r-se

sob

re a

s ci

rcun

stân

cias

em

que

se

acha

a s

ocie

dade

” (p.

492

)

49

2-49

3 E

xter

ior /

Bra

sil

Câm

ara

dos

Dep

utad

os, s

essã

o de

28

de ju

nho

D

eput

ados

ped

em e

xplic

açõe

s so

bre

a vi

olên

cia

nos

mét

odos

de

paci

ficaç

ão n

o P

ará

“con

tinua

ção

do n

úmer

o an

tece

dent

e”

Sr.

Otto

ni: “

Eu

já d

isse

ont

em q

ue h

á um

trib

unal

aci

ma

do

tribu

nal s

agra

do, u

m tr

ibun

al d

iant

e do

qua

l tod

os o

s ag

ente

s da

ad

min

istra

ção

públ

ica

tem

obr

igaç

ão d

e ju

stifi

car a

sua

con

duta

; es

te tr

ibun

al é

o d

a op

iniã

o pú

blic

a” (p

. 493

) “c

ontin

uar-s

e-há

494

Anú

ncio

R

oubo

de

dois

cav

alos

de

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da, o

fere

ce re

com

pens

a

Rep

rodu

z as

mar

cas

trazi

das

pelo

s ca

valo

s

118

Caç

apav

a, q

ua. 1

3 no

v.18

39

49

5 In

terio

r / O

fício

R

elat

ório

sob

re o

ata

que

que

assa

ssin

ou J

osé

Man

oel d

e Le

ão

V

iolê

ncia

, ass

assi

nato

s e

roub

o po

r par

te d

e tro

pas

impe

riais

, que

som

aria

m 4

00 h

omen

s

49

6-49

8 E

xter

ior /

Bra

sil

“Mai

s do

cum

ento

s pa

ra s

ervi

r à

His

tória

da

Rev

oluç

ão d

o P

ará”

A

uror

a Fl

umin

ense

, co

rres

pond

ênci

a as

sina

da p

or P

aulo

M

aria

Per

digã

o,

tabe

lião

Pol

ítico

s at

uand

o pe

los

inte

ress

es p

esso

ais,

de

sapa

reci

men

to d

a C

onst

ituiç

ão; c

oloc

a es

crav

os n

o ro

l de

ben

s, a

o la

do d

e ga

do, c

anoa

s; a

lista

men

to

com

puls

ório

, tira

ndo

forç

a de

trab

alho

das

ativ

idad

es

lucr

ativ

as a

o Es

tado

Con

sciê

ncia

que

a p

ublic

ação

de

docu

men

tos

nos

jorn

ais

serv

iria

ao tr

abal

ho h

istó

rico;

“h

abita

ntes

redu

zido

s à

clas

se d

e ne

gros

afri

cano

s”

49

8 R

io d

e Ja

neiro

C

âmar

a do

s D

eput

ados

, ses

são

de 2

8 de

junh

o

Dis

cuss

ões

entre

os

depu

tado

s so

bre

a oc

orrê

ncia

de

abus

os n

a pu

niçã

o de

sol

dado

s no

Par

á

“con

tinua

ção

do n

úmer

o an

tece

dent

e”

“con

tinua

r-se-

há”

119

Caç

apav

a, s

ab. 1

6 no

v.18

39

49

9 In

terio

r /

Cor

resp

ondê

ncia

R

elat

ório

da

orga

niza

ção

das

desp

esas

do

Trem

de

Gue

rra

“Seu

ass

inan

te”

Dem

onst

ra e

cono

mia

a fa

vor d

o E

stad

o co

m o

nov

o si

stem

a

50

0 O

fício

s P

rom

oçõe

s, n

omea

ções

e p

edid

os d

e di

spen

sa

50

1 E

xter

ior /

Bra

sil

Not

as P

rovi

ncia

is –

Pub

licaç

ão d

e um

a ca

rta a

nôni

ma

que

desm

ente

o G

en.

And

réa

sobr

e as

atro

cida

des

com

eti-

das

na c

orve

ta D

efen

sora

, no

Pará

Aur

ora

Flum

inen

se

Den

unci

a a

pris

ão d

e di

vers

as p

esso

as s

em a

nec

essá

ria

docu

men

taçã

o (p

orta

ria):

“O c

ham

ado

alar

do c

onst

a de

pe

quen

os c

ader

nos,

gua

rdad

os e

esc

ritur

ados

com

a

mai

or ir

regu

larid

ade,

e c

om e

les

prat

icou

-se

o qu

e ai

nda

não

se ti

nha

vist

o em

repa

rtiçã

o al

gum

a pú

blic

a no

Bra

sil,

rasg

ou-s

e lh

es a

s fo

lhas

que

con

tinha

m o

s no

mes

das

in

feliz

es v

ítim

as la

nçad

as a

o m

ar, o

u m

orta

s a

ferr

os”.

Pub

lica

exat

amen

te c

omo

na A

uror

a, in

clus

ive

a no

ta s

obre

o

limite

de

espa

ço d

o jo

rnal

, que

perm

itiu

a pu

blic

ação

de

extra

tos

50

1-50

2 O

Sr.

Par

dal e

os

negó

cios

de

San

ta

Cat

arin

a

Text

o pa

utad

o em

um

dis

curs

o do

de

puta

do C

oelh

o, s

obre

o g

over

no d

e Pa

rdal

, em

SC

Aur

ora

Flum

inen

se

Den

unci

a vi

olaç

ões

de d

omic

ílios

par

a re

crut

amen

tos

inju

stos

e il

egai

s; o

dep

utad

o at

ribui

a re

volta

em

Lag

es

ao d

esgo

sto

e irr

itaçã

o da

pop

ulaç

ão c

om o

gov

erno

do

terr

or

Tira

nias

, vio

laçõ

es

50

2 A

núnc

ios

Ofe

rece

reco

mpe

nsa

por e

scra

vo

fugi

do e

repu

blic

a o

anún

cio

dos

cava

los

roub

ados

de

Dom

ingo

s Jo

de A

lmei

da

Não

120

Caç

apav

a, q

ua. 2

0 no

v.18

39

50

3 In

terio

r D

á co

nta

dos

mov

imen

tos

do

Pre

side

nte,

que

vol

tou

a ca

pita

l apó

s vi

agem

por

São

Gab

riel,

Ale

gret

e e

São

Bor

ja

Não

E

m S

ão B

orja

, vis

itou

as ru

ínas

jesu

ítica

s e

cita

o “t

otal

an

iqui

lam

ento

da

infe

liz ra

ça A

mer

ican

a” p

erpe

trado

pel

a “d

estru

idor

a m

ão p

ortu

gues

a”

Por

tugu

eses

X B

rasi

leiro

s / A

mer

ican

os

50

3 C

orre

spon

dênc

ias

Leito

r cita

not

a do

Jor

nal d

o C

omér

cio

(RJ)

e p

ede

espa

ço n

’O P

ovo

para

se

defe

nder

José

Pin

heiro

de

Ulh

ôa C

intra

S

alva

ção

públ

ica

é o

laço

que

une

os

rio-g

rand

ense

s

50

4 (c

orre

spon

dênc

ias)

C

onte

sta

corr

espo

ndên

cia

publ

icad

a n’

O P

ovo

que

afirm

aria

que

os

Pira

tinen

ses

dete

stam

as

Leis

Livr

es P

iratin

ense

s M

anife

staç

ões

popu

lare

s at

ravé

s do

jorn

al, c

obra

m d

o es

crito

r: “D

igne

-se,

poi

s, p

ara

escl

arec

imen

to d

o P

úblic

o,

e m

esm

o se

u, in

serir

est

as, v

isto

que

est

ampo

u tã

o pr

onto

as

outra

s lin

has,

e m

uito

obr

igar

á ao

s Li

vres

P

iratin

ense

s” (p

. 504

)

“gên

ios

atrib

ulár

ios,

per

vers

os e

exa

ltado

s” –

not

a de

roda

pé -

“Jac

obin

os c

omo

os d

e Fr

ança

50

4-50

5 E

xter

ior /

Rep

úblic

a de

S

anta

Cat

arin

a D

ecre

to d

efin

indo

pro

moç

ões

para

os

Cor

pos

de G

uard

as N

acio

nais

e 4

º B

atal

hão

de c

açad

ores

Im

portâ

ncia

da

rápi

da o

rgan

izaç

ão d

o E

xérc

ito n

a no

va

Rep

úblic

a

50

5 O

rdem

do

Dia

(SC

) N

omei

a um

Com

anda

nte

inte

rino

para

ha

bilit

ar a

s fo

rças

da

Gua

rda

Nac

iona

l

Difi

culd

ade

em o

rgan

izar

as

forç

as a

rmad

as, s

olda

dos

inex

perie

ntes

50

6 D

ecre

to (S

C)

Nom

eaçõ

es a

o B

atal

hão

de C

açad

ores

50

6 D

ecre

to (S

C)

Pro

mov

e a

Cor

onel

o M

ajor

Ant

onio

C

laud

ino

de S

ouza

Med

eiro

s V

icen

te F

erre

ira d

os

San

tos

Cor

deiro

50

7-50

8 B

rasi

l “M

apa,

ext

rato

ou

cont

a co

rrent

e do

s ha

bita

ntes

do

Par

á en

cerr

ados

em

m

issõ

es d

e na

vios

, a fe

rros

, e

mas

sacr

ados

” (su

btítu

lo)

Aur

ora

Flum

inen

se

Leva

ntam

ento

num

éric

o do

s pr

esos

, mor

tos,

recr

utad

os,

forç

ados

a tr

abal

har n

as p

risõe

s do

Par

á

50

8 S

em tí

tulo

(A

os re

volu

cion

ário

s do

R

io-G

rand

e)

“Da

Crô

nica

Dra

mát

ica

da R

evol

ução

de

Mai

o, d

ecla

rada

aos

R

evol

ucio

nário

s R

io-G

rand

ense

s,

tradu

zim

os a

ded

icat

ória

que

seg

ue”

Não

reve

la fo

nte

nem

as

sina

tura

In

evita

bilid

ade

da R

epúb

lica

na A

mér

ica

Text

o em

1ª p

esso

a do

sin

gula

r

50

8 A

núnc

io

Rel

ojoe

iro fr

ancê

s of

erec

e se

rviç

os

12

1 C

açap

ava,

sab

. 23

nov.

1839

509

Inte

rior

Est

abel

ecim

ento

de

rela

ções

dip

lom

átic

as c

om a

R

epúb

lica

de S

anta

Cat

arin

a se

rve

de e

xem

plo

às

dem

ais

prov

ínci

as q

ue q

uise

rem

se

sepa

rar d

o Im

pério

50

9 D

ecre

to

Ben

to p

assa

a a

dmin

istra

ção

da

Rep

úblic

a R

io-G

rand

ense

ao

vice

Jos

é M

aria

no d

e M

atos

par

a en

carre

gar-s

e do

exé

rcito

Ben

to G

onça

lves

50

9-51

0 O

fício

s B

ento

pro

rroga

o a

fast

amen

to d

e D

omin

gos

José

de

Alm

eida

no

gove

rno

por c

onta

de

seu

afas

tam

ento

da

pres

idên

cia

para

che

fiar o

exé

rcito

Ben

to G

onça

lves

/ D

omin

gos

José

de

Alm

eida

As

forç

as im

peria

is a

mea

çam

os

rebe

ldes

em

vár

ios

pont

os d

o es

tado

51

0 D

ecre

to

Res

titui

ção

dos

bens

de

cida

dão

que

pres

tou

jura

men

to a

Rep

úblic

a

51

0-51

1 C

orre

spon

dênc

ias

Troc

a de

car

ta e

ntre

com

padr

es

Ass

ina

Thom

ás J

osé

da S

ilva

para

Ant

onio

C

oelh

o de

Sou

za

Thom

ás a

rgum

enta

com

o c

ompa

dre,

ped

indo

que

est

e se

rein

tegr

e ao

Impé

rio p

ara

fugi

r da

mis

éria

da

prov

ínci

a em

gue

rra;

cita

o e

xem

plo

de B

ento

Man

oel R

ibei

ro

Os

líder

es re

publ

ican

os in

fligi

riam

ao

povo

os

mes

mos

de

sman

dos

que

os re

pres

enta

ntes

do

Impé

rio, s

ubm

eten

do o

po

vo “a

um

a es

crav

idão

tal q

ue já

viv

em e

m a

ssoc

iaçã

o co

m

escr

avos

afri

cano

s” (p

. 511

)

511-

512

(cor

resp

ondê

ncia

s)

Troc

a de

car

ta e

ntre

com

padr

es

Ant

onio

Coe

lho

de

Sou

za re

spon

de a

To

más

Jos

é da

Silv

a

Esp

írito

do

sécu

lo; r

epúb

lica

é um

dire

to n

atur

al; r

azão

e

just

iça;

diz

que

o c

aso

de B

ento

Man

oel é

intri

ga, b

oato

E

m n

ota

de ro

dapé

: “N

o nú

mer

o se

guin

te d

irem

os d

uas

pala

vras

ac

erca

des

ta e

da

carta

do

Sr.

Thom

ás

51

3 S

uple

men

to a

o P

ovo

n.

212

Ofíc

ios

Ant

onio

Net

to

Sol

icita

a B

ento

Gon

çalv

es in

fant

aria

e a

rmam

ento

par

a de

senv

olve

r as

guar

niçõ

es e

m S

anta

Cat

arin

a

51

3 A

núnc

ios

Pro

cura

-se

um p

ardo

fugi

do d

e no

me

Silv

estre

; rep

ublic

a an

únci

o so

bre

escr

avo

fugi

dio

do n

º 119

; mud

ança

de

assi

natu

ra (h

omôn

imos

); pr

ocur

a-se

um

a ob

rigaç

ão; r

epub

lica

o an

únci

o do

re

lojo

eiro

fran

cês

do n

º 120

Não

122

Caç

apav

a, q

ua. 2

7 no

v.18

39

51

5 In

terio

r / O

fício

Tr

ansf

ere

a ex

porta

ção

de g

ado

do

Pas

so d

os C

anud

os a

o P

asso

dos

Li

scan

o

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

(N

ão c

umpr

e a

prom

essa

de

fala

r sob

re a

s ca

rtas)

51

5-51

6 D

ecre

to

Med

idas

par

a fo

men

tar e

org

aniz

ar o

co

mér

cio

de g

ado

Ben

to G

onça

lves

/ D

omin

gos

José

de

Alm

eida

Con

sciê

ncia

da

nece

ssid

ade

de e

stim

ular

o c

omér

cio

de

gado

par

a o

dese

nvol

vim

ento

da

Rep

úblic

a

51

6-51

8 C

orre

spon

dênc

ia

Leito

r esc

reve

par

a re

lata

r atro

cida

des

ocor

ridas

em

Triu

nfo

a 18

de

sete

mbr

o,

entre

ela

s o

crue

l ass

assi

nato

do

Cor

onel

Leã

o

“O A

mig

o an

gust

iado

” M

orte

do

Cor

onel

Leã

o; fo

rça

impe

rial a

man

do d

e Fr

anci

sco

Ped

ro d

e A

breu

tortu

ra e

scra

vos

para

sab

er d

a si

tuaç

ão d

o lo

cal;

usar

am fa

rdas

repu

blic

anas

com

o di

sfar

ce

Tortu

rou

“esc

ravo

s em

preg

ados

nos

trab

alho

s ru

rais

51

8 A

núnc

ios

Dua

s fu

gas

de e

scra

vo, u

m d

eles

de

9 an

os d

e id

ade;

epu

blic

a o

da fu

ga d

e S

ilves

tre e

o d

o re

lojo

eiro

fran

cês

Não

123

Caç

apav

a, s

ab. 3

0 no

v.18

39

51

9 In

terio

r / O

fício

s

Del

iber

a in

stal

ação

do

Con

selh

o de

P

rocu

rado

res

Ger

ais

para

o d

ia 1

º de

jane

iro d

e 18

40 a

fim

de

disc

utir

a el

eiçã

o de

aut

orid

ades

mun

icip

ais

e a

inst

alaç

ão d

a As

sem

bléi

a C

onst

ituin

te

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

Est

ado

tem

nec

essi

dade

de

orga

niza

r as

auto

ridad

es

públ

icas

e in

stal

ar a

Ass

embl

éia

Con

stitu

inte

51

9-52

0 (o

fício

s)

Troc

a de

car

tas

entre

Sat

urni

no d

e S

ouza

e O

livei

ra e

Jos

é Fe

rnan

des

Bar

bosa

, Che

fe d

e P

olíc

ia d

e Pe

lota

s;

o pr

imei

ro fa

z am

eaça

s ve

lada

s e

ofer

ece

anis

tia a

o se

gund

o, q

ue

decl

ina

Sat

urni

no d

e S

ouza

e

Oliv

eira

e J

osé

Fern

ande

s B

arbo

sa

O re

pres

enta

nte

do Im

pério

ocu

pa-s

e em

des

qual

ifica

r a

auto

ridad

e do

Che

fe d

e P

olíc

ia, d

ado

que

é um

car

go d

e um

gov

erno

rebe

lde,

e ta

mbé

m p

rom

ove

“sut

is” a

mea

ças

ao re

publ

ican

o, fa

land

o nu

m to

m re

vest

ido

de p

oder

“le

gítim

o”; o

repu

blic

ano

afirm

a qu

e pe

rtenc

e a

um

“Sup

rem

o G

over

no”,

em m

arch

a co

ncilia

dora

, mod

erad

a e

filan

trópi

ca, s

egui

ndo

a m

arch

a do

séc

ulo

e do

en

tend

imen

to h

uman

o;

52

0 C

orre

spon

dênc

ia

Leito

r cor

rige

a da

ta d

e m

orte

pu

blic

ada

na b

iogr

afia

de

José

Man

oel

de L

ima

e Si

lva,

afir

man

do q

ue o

co

rret

o é

dia

18 d

e ag

osto

de

1837

(e

não

a 29

de

agos

to)

José

Tie

té J

ardi

m

Pre

ocup

ação

que

a in

form

ação

pod

e se

r rep

etid

a er

rone

amen

te, p

assa

ndo

para

a H

istó

ria d

a R

epúb

lica

52

0-52

2 “C

ontin

uaçã

o da

C

rôni

ca D

ram

átic

a da

R

evol

ução

de

Mai

o,

decl

arad

a ao

s R

evol

ucio

nário

s R

io-

Gra

nden

ses”

Con

tinua

ção

do te

xto

do n

úmer

o 12

0 “A

.” A

firm

a qu

e a

ques

tão

na A

mér

ica

não

é M

onar

quia

X

Rep

úblic

a e

sim

cen

traliz

ação

ou

não-

cent

raliz

ação

; o

prob

lem

a po

lític

o do

Nov

o M

undo

é a

char

a fó

rmul

a co

nstit

ucio

nal d

as n

ovas

repú

blic

as d

a A

mér

ica;

a

tend

ênci

a re

publ

ican

a rio

-gra

nden

se é

legí

tima

e irr

evog

ável

(a o

bra

é m

ais

forte

que

os

auto

res)

; afir

ma

sua

posi

ção

nas

revo

luçõ

es d

a A

mér

ica

e de

stac

a se

us

feito

s e

heró

is a

o la

do d

os d

emai

s am

eric

anos

Gal

o co

mo

sím

bolo

da

Rep

úblic

a: s

e er

gue

sem

pre

ante

s do

dia

; da

r luz

ao

povo

;

52

2 V

arie

dade

P

eque

no tr

echo

mor

al

Não

522

Anú

ncio

s D

ois

anún

cios

de

escr

avos

fugi

dos

relo

joei

ro fr

ancê

s N

ão

124

Caç

apav

a, q

ua. 0

4 de

z.18

39

52

3 In

terio

r / O

fício

A

ntec

ipa

a re

aliz

ação

do

Con

selh

o de

P

rocu

rado

res

Ger

ais

pelo

fato

de

que

já h

á qu

ase

o nú

mer

o le

gal d

e P

rocu

rado

res

em C

açap

ava

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

E

xérc

ito b

rasi

leiro

X e

xérc

ito re

publ

ican

o

52

3-52

4 C

omun

icad

o C

onte

sta

a ve

rsão

dad

a po

r Eliz

eario

so

bre

a ba

talh

a do

Ros

ário

(oco

rrid

a em

feve

reiro

)

E

lizea

rio a

tribu

i a d

erro

ta à

“ind

igni

dade

dos

doi

s B

ento

s”

e a

vers

ão d

’O P

ovo,

à s

uper

iorid

ade

num

éric

a do

s re

publ

ican

os,à

pos

ição

des

vant

ajos

a da

linh

a de

bat

alha

e

à im

períc

ia d

o S

r. M

arqu

ês d

e B

arba

cena

Cha

ma

à co

nclu

são

o le

itor i

mpa

rcia

l

52

4 C

orre

spon

dênc

ia

Leito

r ped

e qu

e se

pub

lique

m p

eças

do

jorn

al O

Nac

iona

l de

Mon

tevi

déu

sobr

e a

situ

ação

pol

ítica

na

Arg

entin

a

Ass

ina

“Orie

ntal

” O

Nac

iona

l de

Mon

tevi

déu

Que

da d

e R

ozas

na

Arg

entin

a, d

iscu

rso

mui

to p

arec

ido

com

os

repu

blic

anos

rio-

gran

dens

es (t

irano

que

es

pezi

nha

noss

os d

ireito

s, li

berd

ade,

etc

)

Pub

lica

as p

eças

par

a m

ostra

r “a

impa

rcia

lidad

e qu

e no

s di

rige

na re

daçã

o de

sta

folh

a”

“con

tinua

r-se-

há”

52

4-52

6 E

xter

ior /

Mon

tevi

déu

Pub

licam

as

peça

s en

viad

as p

elo

leito

r

125

Caç

apav

a, s

ab. 0

7 de

z.18

39

52

7 E

xter

ior /

Cor

rient

es

Ver

são

dos

“lega

lista

s” d

e C

orrie

ntes

53

0 P

ensa

men

to

Peq

ueno

trec

ho s

obre

a im

portâ

ncia

da

mor

alid

ade

dom

éstic

a N

ão

Fam

ília

é o

mod

elo

das

leis

e d

a so

cied

ade

53

0 A

núnc

ios

Rep

ublic

a os

anú

ncio

s do

nº 1

23

12

6 C

açap

ava,

qua

. 11

dez.

1839

531

Inte

rior /

Dec

reto

R

earr

anjo

no

sist

ema

de im

post

os d

o ga

do d

e co

rte p

assa

dos

ao U

rugu

ai

por e

stan

ciei

ros

rio-g

rand

ense

s

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

Pro

blem

as d

ecor

rent

es d

a m

anut

ençã

o do

por

to d

e R

io-

Gra

nde

nas

mão

s do

Impé

rio

53

1-53

3 O

fício

s N

otic

ia a

taqu

e da

s fo

rças

impe

riais

em

R

io P

ardo

A

nton

io J

oaqu

im /

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

Dem

onst

ra fr

aque

za d

a gu

arda

repu

blic

ana

em R

io

Par

do; a

cid

ade

foi s

aque

ada

e o

exér

cito

pre

judi

cado

em

ar

mam

ento

s e

a ba

nda

e in

stru

men

tos

mus

icai

s; a

cham

im

poss

ível

que

o g

olpe

tenh

a ac

onte

cido

sem

aju

da d

e pe

ssoa

s do

luga

r, ao

que

ord

ena

que

a po

lícia

inst

rua

proc

esso

a to

dos

que

a vo

z pú

blic

a in

dica

r

53

3-53

4 C

omun

icad

o R

epub

lica

a co

ntes

taçã

o a

Eliz

eario

,p

ublic

ada

no n

úmer

o 12

4, “p

or in

exat

o o

prim

eiro

inse

rto”

53

4 E

xter

ior /

Mon

tevi

déu

“c

ontin

uaçã

o do

núm

ero

ante

cede

nte”

U

so d

a pa

lavr

a “s

atél

ites”

535

Sup

lem

ento

ao

Pov

o nº

12

6 / C

onte

staç

ão à

m

ensa

gem

127

Caç

apav

a, s

ab. 1

4 de

z.18

39

53

7 In

terio

r / E

dita

l P

osse

do

vice

-pre

side

nte

José

Mar

iano

de

Mat

tos

53

7 C

ircul

ar

Pro

íbe

a co

mpr

a e

vend

a de

égu

as

para

cor

tum

e

Rem

ete

ao p

reco

ncei

to e

xist

ente

no

Esta

do e

m u

tiliz

ar

égua

s pa

ra m

onta

ria?

53

7 C

orre

spon

dênc

ias

João

Ant

onio

da

Silv

eira

util

iza

o jo

rnal

pa

ra re

unir

os s

olda

dos

de S

ão B

orja

, C

acho

eira

, Ale

gret

e e

Cru

z A

lta

João

Ant

onio

da

Silv

eira

N

eces

sida

de d

e re

crut

amen

to, a

quel

es q

ue n

ão s

e ap

rese

ntam

mer

ecem

o “d

espr

ezo

da P

átria

53

8 (c

orre

spon

dênc

ias)

Le

itor c

omen

ta a

troc

a de

car

tas

entre

S

atur

nino

de

Sou

za e

Oliv

eira

e J

osé

Fern

ande

s B

arbo

sa, C

hefe

de

Pol

ícia

de

Pel

otas

;

R.G

.L

Con

trapõ

e a

afirm

ação

do

Bac

hare

l do

Impé

rio, q

ue d

iz

odia

r der

ram

amen

to d

e sa

ngue

, com

os

rece

ntes

cas

os

de a

ssas

sina

to c

omet

idos

na

Rep

úblic

a;

Des

potis

mo,

cet

ro d

e fe

rro,

inju

stiç

a, a

rbítr

io; r

elac

iona

“S

atur

nino

” com

“Sat

urno

”, qu

e en

goliu

seu

s pr

óprio

s fil

hos

Red

ator

ass

ina

um c

omen

tário

adi

tado

ao

text

o, e

m n

ota

de

roda

pé; c

umpr

e a

prom

essa

de

com

enta

r o c

aso

53

8-54

0 E

xter

ior

“Bel

ezas

do

Sr.

Filip

pe, c

ujos

orig

inai

s se

ach

am n

esta

Tip

ogra

fia, e

vão

co

piad

os c

om a

mes

ma

gram

átic

a e

orto

graf

ia q

ue u

sa s

eu a

utor

” (s

ubtít

ulo)

; Cor

resp

ondê

ncia

de

Filip

pe

Ner

y, p

rova

velm

ente

inte

rcep

tada

Car

ta d

e Fi

llipe

Ner

y pa

ra s

r. V

ello

zo, d

e 12

de

deze

mbr

o de

18

38 (u

m a

no a

trás)

Rot

ina

de ro

ubo

de c

orre

spon

dênc

ias;

com

enta

a

mud

ança

da

situ

ação

da

guer

ra: j

á nã

o é

mai

s po

r op

iniã

o, é

por

sob

revi

vênc

ia; a

firm

a qu

e o

mal

mai

or n

ão

são

os fa

rrap

os, é

a c

onju

ntur

a po

lític

a na

Cor

te; f

ala

dos

jorn

ais

da é

poca

“farr

apos

54

0 A

núnc

io

João

Per

eira

de

Sou

za p

assa

a a

ssin

ar

João

Per

eira

de

Oliv

eira

128

Caç

apav

a, q

ua. 1

8 de

z.18

39

54

1 In

terio

r / D

ecre

to

Nom

eia

o Te

nent

e C

oron

el S

eraf

im

Joaq

uim

de

Ale

ncas

tre c

omo

Min

istro

in

terin

o da

Gue

rra e

da

Mar

inha

José

Mar

iano

de

Mat

tos

É n

omea

do, m

esm

o a

cont

rago

sto

54

1 S

em tí

tulo

R

elaç

ão d

e ci

dadã

os q

ue d

oara

m o

u em

pres

tara

m d

inhe

iro p

ara

a lu

ta

54

2-54

4 E

xter

ior

“Bel

ezas

do

Sr.

Filip

pe, c

ujos

orig

inai

s se

ach

am n

esta

Tip

ogra

fia, e

vão

co

piad

os c

om a

mes

ma

gram

átic

a e

orto

graf

ia q

ue u

sa s

eu a

utor

Car

ta d

e Fi

llipe

Ner

y pa

ra S

r. P

aran

hos,

de

12

de d

ezem

bro

de 1

838

(um

ano

at

rás)

Cita

a “t

raiç

ão d

e Be

nto

Man

oel”;

fala

da

publ

icaç

ão n

o P

ovo

de u

ma

carta

sua

(Ner

y) a

Fru

cto

(Fru

ctuo

so

Riv

era)

, fal

a da

s re

laçõ

es c

om o

Pra

ta

“Con

tinua

ção

do n

úmer

o an

tece

dent

e”

“farr

apos

54

4 B

rasi

l / M

aran

hão

Vis

ão d

e um

lega

lista

da

situ

ação

no

Mar

anhã

o C

arta

Par

ticul

ar

Afir

ma

que

o at

ual p

resi

dent

e da

pro

vínc

ia n

ão d

ispõ

e de

en

ergi

a e

ativ

idad

e ne

cess

ária

par

a de

bela

r os

rebe

ldes

e

criti

ca s

ua a

prox

imaç

ão c

om o

s op

osic

ioni

stas

“rebe

ldes

”, “re

volto

sos”

54

4 (id

em)

Vis

ão d

e um

lega

lista

da

situ

ação

no

Mar

anhã

o

Rel

ata

o en

vio

de c

arne

pod

re p

ara

as tr

opas

lega

lista

s no

Mar

anhã

o, c

ritic

a a

polít

ica

de m

oder

ação

ado

tada

pe

lo Im

pério

, tol

eran

do o

s ab

usos

dos

rebl

edes

54

4 A

núnc

io

João

Per

eira

de

Sou

za p

assa

a a

ssin

ar

João

Per

eira

de

Oliv

eira

129

Caç

apav

a, s

ab. 2

1 de

z.18

39

54

5 In

terio

r / D

ecre

to

Gov

erno

ofe

rece

indu

lto a

os o

ficia

is

que

se e

vadi

ram

do

serv

iço

do e

xérc

ito

José

Mar

iano

de

Mat

tos

Apo

nta

“as

inca

lcul

ávei

s va

ntag

ens

que

a m

aior

par

te d

as

veze

s se

con

segu

em c

om a

cle

mên

cia,

a m

oder

ação

e a

bo

nom

ia d

ispe

nsad

as e

m p

rol d

e er

ros

que

todo

o

rigor

ism

o da

s Le

is n

ão s

eria

suf

icie

nte

para

repr

imi-l

os”;

Vic

e-pr

esid

ente

pre

tend

e “d

erra

mar

sob

re a

s ci

catri

zes

da P

átria

um

bál

sam

o vi

vific

ante

54

5 C

ircul

ar

Min

sitro

da

Gue

rra

cham

a às

arm

as

todo

s os

cid

adão

s m

ilita

res,

des

em-

preg

ados

e d

eslig

ados

do

serv

iço

Ser

afim

Joa

quim

de

Ale

ncas

tre

Rep

ublic

anos

tom

am m

edid

as p

ara

aum

enta

r sua

s fil

eira

s; fo

rças

“do

desp

otis

mo”

des

perta

m e

m v

ária

s pa

rtes

do te

rritó

rio

O d

iscu

rso

apel

a m

ais

ao p

atrio

tism

o e

aos

valo

res

repu

blic

anos

do

que

à c

oaçã

o; n

ão u

sam

a p

alav

ra “r

ecur

tam

ento

54

6 O

fício

s D

eter

min

a a

exec

ução

de

4 co

mpa

rsas

do

sal

tead

or D

edec

o S

eraf

im J

oaqu

im d

e A

lenc

astre

E

m c

ontra

ste

com

a c

lem

ênci

a e

a m

oder

ação

pre

gado

s em

rela

ção

aos

evad

idos

do

exér

cito

repu

blic

ano,

o p

eso

das

leis

não

é a

mor

teci

do n

o ca

so d

os s

aque

ador

es

Não

afir

ma

dire

tam

ente

trat

ar-s

e de

um

a ex

ecuç

ão, m

as, s

im,

cum

prir-

se o

dec

reto

de

4 de

feve

reiro

de

1839

(p.1

85)

54

6 C

orre

spon

dênc

ia

Cid

adão

Ant

onio

de

Cam

pos

pede

que

pu

bliq

uem

o d

espa

cho

do J

uiz

de p

az

que

o in

ocen

ta d

a ac

usaç

ão d

e trá

fico

de e

scra

vos

ao E

stad

o O

rient

al

Ant

onio

de

Cam

pos

A ú

nica

pro

va q

ue h

avia

con

tra e

le e

ra o

dep

oim

ento

dos

ca

tivos

; com

o as

Sen

hora

s do

s es

crav

os n

ão p

rest

aram

qu

eixa

e n

ão h

avia

out

ras

prov

as, f

oi in

ocen

tado

; im

portâ

ncia

da

honr

a, p

rátic

as e

scra

vist

as e

ram

com

uns

54

6-54

8 C

omun

icad

o –

Um

qu

adro

abr

evia

do d

o Im

pério

do

Bra

sil

Text

o da

reda

ção

do P

ovo

criti

cand

o o

Impé

rio e

sua

s in

stitu

içõe

s N

ão a

ssin

ado

“Edi

fício

mon

árqu

ico

do B

rasi

l est

á a

desm

oron

ar-s

e”; a

ju

stiç

a, a

razã

o, a

lei,

o di

reito

e a

hum

anid

ade

são

quim

eras

; inu

tilid

ade

do c

orpo

legi

slat

ivo;

tom

ada

de

empr

éstim

os a

busi

vos;

gov

erno

atra

vés

do a

ssas

síni

o e

do te

rror;

“Rel

igiã

o, H

uman

idad

e, c

obri-

vos

de lu

to, p

orqu

e, n

o sé

culo

19,

ai

nda

exis

te u

ma

facç

ão, a

impe

rial d

o B

rasi

l, cu

jos

dogm

as,

cujo

s fe

itos

faze

m o

hor

ror d

os s

écul

os c

ham

ados

da

into

lerâ

ncia

, das

trev

as e

da

barb

arid

ade”

(p. 5

48)

“det

está

veis

cau

dilh

os d

a es

crav

idão

” (p.

548

) “s

epar

emo-

nos

para

sem

pre

da h

orda

med

onha

dos

sal

tead

ores

do

impé

rio” (

p. 5

48);

Ling

uage

m v

iole

nta

130

Caç

apav

a, q

ua. 2

5 de

z.18

39

54

9 In

terio

r / D

ecre

tos

Pro

mov

e Jo

aqui

m P

edro

Soa

res

a C

oron

el d

a 1ª

Lin

ha d

o E

xérc

ito

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

N

omei

a S

ebas

tião

Rib

eiro

Min

istro

da

Just

iça

e do

Ext

erio

r Jo

sé M

aria

no d

e M

atto

s

54

9-55

0 O

fício

S

olic

ita a

o C

hefe

de

Pol

ícia

de

Caç

apav

a qu

e nã

o pe

rmita

a e

ntra

da

de n

ingu

ém n

a ca

pita

l sem

que

se

apre

sent

e a

ele

E

stad

o po

licia

lesc

o, c

om g

rand

es re

striç

ões

aos

dire

itos

indi

vidu

ais

55

0-55

1 C

onse

lho

de

Pro

cura

dore

s G

erai

s da

R

epúb

lica

Rio

-G

rand

ense

Ata

das

reun

iões

de

21, 2

2 e

23 d

e de

zem

bro

Ass

inad

as p

elo

Vic

e-P

resi

dent

e e

proc

urad

ores

ger

ais

Pro

cura

dore

s pr

esta

m ju

ram

ento

, que

mud

ou: “

Juro

m

ante

r a R

elig

ião

Cat

ólic

a A

post

ólic

a R

oman

a, a

In

depe

ndên

cia,

Inte

grid

ade

e In

divi

sibi

lidad

e da

R

epúb

lica

Con

stitu

cion

al R

io-G

rand

ense

; obs

erva

r, e

faze

r obs

erva

r as

leis

em

vig

or e

ord

ens

do G

over

no,

com

o em

tudo

qua

nto

por e

le fo

r con

sulta

do a

bem

dos

in

tere

sses

da

Naç

ão, d

ar li

vrem

ente

o p

arec

er, q

ue

conv

ier t

endo

dia

nte

dos

olho

s a

Deu

s e

os in

tere

sses

da

Pát

ria n

asce

nte”

; D

ecid

em q

ue a

Ass

embl

éia

será

Con

stitu

inte

e

Legi

slat

iva;

com

post

a po

r 36

depu

tado

s es

colh

idos

por

“g

eral

Ele

ição

, fei

ta p

elo

mét

odo

sem

i-dire

to a

dota

do n

o B

rasi

l cuj

as c

once

rnen

tes

Leis

e In

stru

ções

sej

am

alte

rada

s na

par

te q

ue c

onvi

er”;

elei

ções

das

aut

orid

ades

M

unic

ipai

s; n

egat

iva

a pe

tiçõe

s de

est

abel

ecim

ento

de

char

quea

das

de g

ado

vacc

um; m

edid

as e

conô

mic

as e

fin

ance

iras

para

est

rutu

rar a

s fin

ança

s do

Est

ado:

le

galiz

ação

da

dívi

da p

assi

va, a

rrem

ataç

ão o

u ve

nda

das

prop

rieda

des

dos

diss

iden

tes

da C

ausa

Nac

iona

l; lo

teria

de

alg

uns

cam

pos

de p

ropr

ieda

de N

acio

nal

55

1 E

xter

ior /

Bra

sil

Com

enta

a p

éssi

ma

situ

ação

das

fo

rças

lega

lista

s no

Mar

anhã

o

Car

ta P

artic

ular

(Con

tinua

ção

do n

úmer

o 12

8)

55

1 S

em tí

tulo

C

ritic

a C

arta

Par

ticul

ar, d

o D

espe

rtado

r, n.

467

55

1 A

pariç

ão d

e co

rsár

ios

Not

icia

a a

pariç

ão d

e co

rsár

ios

no

porto

de

San

tos,

açã

o qu

e m

otiv

a um

al

erta

nos

por

tos

Jorn

al d

o C

omér

cio

“c

onta

tere

m s

aído

da

Vila

de

Lagu

na a

lgun

s co

rsár

ios”

55

1 P

ensa

men

to

Peq

ueno

trec

ho m

oral

sob

re o

pap

el

do le

gisl

ador

Faz

parte

do

traba

lho

do le

gisl

ador

pre

para

r os

cida

dãos

pa

ra o

exe

rcíc

io d

a ju

stiç

a e

da p

rudê

ncia

55

1 A

núnc

ios

Per

da d

e um

a le

tra, f

uga

de e

scra

vo e

tro

ca d

e as

sina

tura

A

edi

ção

não

faz

nenh

uma

men

ção

ao N

atal

ou

ao a

no-n

ovo

131

Caç

apav

a, s

ab. 2

8 de

z.18

39

55

3 -5

55

Inte

rior /

10º

Bol

etim

em

C

açap

ava

Not

ícia

s do

con

front

o en

tre B

ento

e

Div

isão

lega

lista

vin

da d

e S

ão P

aulo

, co

m v

itória

dos

farra

pos

Joaq

uim

Tei

xeira

N

unes

D

á co

mo

certa

a u

nião

de

RS

, SC

e S

ão P

aulo

; elo

gia

a di

scip

lina

das

tropa

s

55

5 P

orta

ria

Info

rma

o re

gres

so d

e Jo

aqui

m J

osé

da S

ilva

a Sa

nta

Mar

ia

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

O c

idad

ão fo

i ino

cent

ado

da a

cusa

ção

de a

cobe

rtar o

sa

quea

dor D

edec

o; o

Gov

erno

man

da q

ue e

le s

eja

resp

eita

do c

omo

amig

o da

Rep

úblic

a; q

uest

ão d

o cu

mpr

imen

to d

as le

is, a

padr

inha

men

to (?

)

55

5-55

6 E

xter

ior /

Bra

sil

Ala

goas

N

ão in

form

a a

font

e do

s of

ício

s Le

vant

e co

ntra

a tr

ansf

erên

cia

da c

apita

l da

prov

ínci

a de

A

lago

as, d

a V

ila d

e A

lago

as p

ara

Mac

eió;

o le

vant

e co

ntra

com

a p

artic

ipaç

ão d

as tr

opas

e s

itia

o en

tão

pres

iden

te d

a P

roví

ncia

, Ago

stin

ho d

a S

ilva

Nev

es, n

o pa

láci

o do

gov

erno

, em

poss

ando

o 5

º vic

e-pr

esid

ente

“con

tinua

r-se-

há”

55

6 A

núnc

ios

Rep

ublic

a os

anú

ncio

s do

n.1

30 s

obre

pe

rda

de L

etra

e fu

ga d

e es

crav

o

132

Caç

apav

a, s

ab. 0

4 ja

n.18

40

55

7 In

terio

r / O

fício

E

ncar

rega

do d

o ex

pedi

ente

de

guer

ra

dá e

xplic

açõe

s so

bre

o at

aque

lega

lista

em

Rio

Par

do

55

8 S

em tí

tulo

Te

xto

sobr

e os

vio

lent

os a

tent

ados

pr

atic

ados

por

sal

tead

ores

A

font

e é

o Ju

iz d

e P

az d

e S

ão J

oão

Nar

ra u

m a

tent

ado

prat

icad

o pe

lo s

alte

ador

Mor

ingu

e;

salte

ador

esp

alha

um

a pr

ocla

maç

ão q

ue a

firm

a qu

e B

ento

Man

oel R

ibei

ro e

stá

anis

tiado

“det

está

vel d

esgo

vern

o im

peria

l”; a

firm

a qu

e o

apel

ido

“lega

l” do

ex

érci

to d

o Im

pério

ludi

bria

a le

i; c

onve

rsa

com

o L

eito

r;

“A p

rocl

amaç

ão s

erá

inse

rta n

o nú

mer

o se

guin

te”

55

8-55

9 O

rdem

do

dia

Anu

ncia

o te

mpo

rário

des

ligam

ento

de

Ben

to G

onça

lves

da

Pre

sidê

ncia

, to

man

do a

fren

te d

o ex

érci

to

Gen

eral

Com

anda

nte

em C

hefe

do

Exé

rcito

(A

nton

io N

etto

)

Aur

a he

róic

a de

Ben

to: “

O G

ener

al C

oman

dant

e se

co

ngra

tula

com

todo

o e

xérc

ito a

o an

unci

ar-lh

e qu

e em

po

ucos

dia

s te

rá a

sua

fren

te o

Pat

riarc

a da

Lib

erda

de

Rio

-Gra

nden

se”

55

9 E

xter

ior /

Bra

sil /

A

lago

as

Pre

side

nte

da P

roví

ncia

da

Bah

ia

man

da p

atac

ho re

colh

er o

pre

side

nte

depo

sto

Ofíc

io +

Ext

rato

de

uma

carta

(do

Jorn

al

do C

omér

cio)

A c

arta

diz

que

os

dist

úrbi

os e

m A

lago

as n

ão s

ão m

uito

gr

ande

s e

espe

ra q

ue a

des

orde

m a

cabe

logo

55

9-56

0 A

s M

enin

as S

onsa

s Tr

aça

a ca

rapu

ça d

as m

enin

as s

onsa

s;

apre

sent

a es

tere

ótip

os fe

min

inos

: fal

ar

O C

arap

ucei

ro

“a h

ipoc

risia

é ta

lvez

mai

s cu

stos

a de

ven

cer d

o qu

e a

próp

ria im

oral

idad

e: e

m tu

do a

grad

a a

franq

ueza

e

Text

o de

tom

joco

so

dem

ais,

fica

r à ja

nela

si

ncer

idad

e”

56

0 V

arie

dade

s P

eque

no tr

echo

mor

al

Não

A

Rel

igiã

o de

ve s

er il

ustra

da, i

sent

a de

fana

tism

o e

supe

rstiç

ão

133

Caç

apav

a, q

ua. 0

8 ja

n.18

40

56

1-56

2 In

terio

r / P

orto

Ale

gre

/ P

rocl

amaç

ão

Rep

rodu

z a

proc

lam

ação

dis

tribu

ída

pelo

saq

uead

or M

orin

gue

+ co

men

tário

s do

jorn

al

Sat

urni

no d

e S

ouza

e

Oliv

eira

, Pre

side

nte

da P

roví

ncia

A p

rocl

amaç

ão a

firm

a qu

e o

Impé

rio já

libe

rtou

Lagu

na e

La

ges

e qu

e re

stitu

irá a

paz

e o

goz

o tra

nqüi

lo d

o be

ns;

quer

pou

par o

san

gue

dos

bras

ileiro

s; o

fere

ce a

nist

ia a

os

arre

pend

idos

; C

omen

tário

: Des

mor

aliz

a o

pres

iden

te a

firm

ando

que

ele

é

um c

ruel

crim

inos

o, e

nven

enou

um

pad

re e

um

por

teiro

da

Câm

ara

dos

Dep

utad

os; a

firm

a qu

e o

gove

rno

repu

blic

ano

prot

ege

mes

mo

os C

aram

urus

; den

unci

a qu

e of

erta

de

anis

tia é

men

tiros

a

Inte

rior /

Por

to A

legr

e - ?

??

Diri

ge-s

e ao

s “B

rasi

leiro

s”, “

viva

a c

onci

liaçã

o do

s B

rasi

leiro

s R

io-G

rand

ense

s”

Com

entá

rio: O

text

o va

i cita

ndo

a pr

ocla

maç

ão e

pro

cura

ir

cont

ra-a

rgum

enta

ndo

os tó

pico

s; “c

aram

urus

”; ch

ama

o pr

esid

ente

de

“Sr.

Nin

o”;

56

3 O

fício

s D

emis

são

/ nom

eaçã

o de

Che

fe d

e P

olíc

ia e

m R

io P

ardo

S

eraf

im J

oaqu

im

d’A

lenc

astre

56

3-56

4 E

xter

ior /

Que

stão

A

rgen

tina

“Ord

em e

Lib

erda

de” ;

text

o an

alis

a a

rela

ção

do R

io-G

rand

e co

m a

A

rgen

tina

Sem

ass

inat

ura

Exp

õe q

ue “o

s R

epub

lican

os R

io-G

rand

ense

s ne

cess

itam

at

ualm

ente

dos

Rep

ublic

anos

Arg

entin

os e

del

es te

rão

a m

aior

nec

essi

dade

par

a o

futu

ro” (

copi

ar tr

echo

s)

“Pát

ria d

e B

elgr

ano”

56

4 V

arie

dade

s Fr

ases

cur

tas

com

fim

mor

aliz

ante

N

ão

Des

taca

m-s

e: “A

virt

ude

adqu

ire-s

e pe

lo h

ábito

de

prat

icar

o b

em”;

“Não

são

exc

essi

vas

as ri

quez

as, m

as

sim

a h

ones

ta m

edia

nia

o qu

e fa

z a

felic

idad

e da

vid

a”; “

A m

ulhe

r dis

culta

(sic

) e im

oral

faz

sua

vida

des

graç

ada,

e

acab

a na

mis

éria

ent

regu

e ao

des

prez

o e

aos

rem

orso

s”

56

4 A

núnc

ios

Cid

adão

torn

a pú

blic

o o

roub

o de

doi

s C

redi

tos;

per

da d

e le

tra

Rou

bo d

os c

rédi

tos:

Fr

anci

sco

José

de

Mac

edo

134

Caç

apav

a, s

ab. 1

1 ja

n.18

40

56

5-56

6 In

terio

r / O

fício

s R

eceb

imen

to d

e em

igra

dos

em te

rras

repu

blic

anas

(Bag

é); o

rgan

izaç

ão d

o em

prés

timo

de c

aval

hada

s; A

nton

io

Pau

lo d

a Fo

ntou

ra re

cusa

o c

argo

de

Vic

e-pr

esid

ente

de

Mar

iano

de

Mat

tos

Vár

ios

56

7 S

em tí

tulo

Li

sta

as p

esso

as q

ue c

ontri

buíra

m

finan

ceira

men

te p

ara

o pa

gam

ento

da

Forç

a P

olic

ial d

e Ja

guar

ão

Não

56

7-56

8 E

xter

ior /

Que

stão

A

rgen

tina

“Ord

em e

Lib

erda

de” ;

text

o an

alis

a a

rela

ção

do R

io-G

rand

e co

m a

A

rgen

tina

Não

A

ssum

e po

sici

onam

ento

favo

ráve

l aos

opo

sito

res

de

Ros

as

“esc

ravo

s” X

“vin

gado

res

livre

s”

Tira

nia

= in

triga

, hip

ocris

ia, t

reva

s

56

8 V

arie

dade

s Fr

ases

cur

tas

com

fim

mor

aliz

ante

N

ão

sobr

e as

mul

here

s: c

opia

r tre

chos

56

8 A

núnc

io

Rep

ublic

a o

roub

o do

s cr

édito

s R

oubo

dos

cré

dito

s:

Fran

cisc

o Jo

sé d

e M

aced

o

56

8 Fo

lhin

ha d

o A

no

Bis

sext

o de

184

0 A

nunc

ia o

s lo

cais

de

vend

a da

folh

inha

em

Caç

apav

a

135

Caç

apav

a, s

ab. 1

8 ja

n.18

40 (p

ulou

um

a qu

arta

-feira

)

569

Inte

rior /

Ofíc

ios

Com

eçam

a c

hega

r ban

dos

de

refu

giad

os d

o P

rata

em

Ale

gret

e vá

rios

56

9-57

0 O

rden

s do

dia

B

ento

Gon

çalv

es, d

a V

ila S

etem

brin

a,

agra

dece

os

esfo

rços

dos

com

bate

ntes

e

fala

sob

re L

ages

, mas

com

o se

ain

da

estiv

esse

m n

o co

man

do p

or lá

Ben

to G

onça

lves

57

1

Not

ícia

s do

s m

ovim

ento

s em

san

ta

Cat

arin

a (1

9/12

/183

9)

Ant

onio

Net

to e

Jo

aqui

m T

. Nun

es

“O

Ros

setti

se

ocup

ara

do C

ivil”

57

1-57

2 E

xter

ior /

Rep

úblic

a da

S

anta

Cat

arin

a B

olet

ins

da s

ituaç

ão e

m S

anta

C

atar

ina

(18/

12/1

839)

Lu

iz R

osse

tti

Con

side

ram

o d

ia 1

4 de

dez

embr

o co

mo

a “re

conq

uist

a”

de L

ages

“to

mbo

na

casa

de

Bra

ganç

a, q

ue p

or d

egra

daçã

o ex

iste

na

Am

éric

a”

57

2 A

núnc

io

Rep

ublic

a o

roub

o do

s cr

édito

s R

oubo

dos

cré

dito

s:

Fran

cisc

o Jo

sé d

e M

aced

o

57

2 Fo

lhin

ha d

o A

no

Bis

sext

o de

184

0 A

nunc

ia o

s lo

cais

de

vend

a da

folh

inha

em

Caç

apav

a

136

Caç

apav

a, q

ua. 2

2 ja

n.18

40

57

3 In

terio

r / P

rocl

amaç

ão

(6 d

e no

v. 1

839)

Ant

onio

Net

to

Pin

ta c

om ti

ntas

car

rega

das

o qu

adro

de

revo

ltas

pelo

B

rasi

l; af

irma

quer

er a

“lib

erda

de b

rasi

leira

” “p

rogr

esso

da

dem

ocra

cia”

57

3-57

4 D

ecre

to

Pas

sa a

con

side

rar d

a G

uard

a N

acio

nal t

odos

os

ofic

iais

do

Exé

rcito

qu

e ob

tenh

am d

emis

são,

sem

pre

que

esta

não

sej

a m

otiv

ada

por

inca

paci

dade

físi

ca o

u m

oral

Ser

afim

Joa

quim

de

Ale

ncas

tre

Pro

blem

a do

recr

utam

ento

; usa

com

o ar

gum

ento

que

m

esm

o no

s pa

íses

livr

es o

ser

viço

milit

ar é

obr

igat

ório

57

4 O

fício

s D

eter

min

a o

trein

o co

m a

rmas

na

Com

panh

ia d

os A

rtífic

es, t

odos

os

dias

, das

4h3

0 às

6h3

0 da

man

Ser

afim

Joa

quim

de

Ale

ncas

tre

Obs

ervâ

ncia

dos

prin

cípi

os d

a di

scip

lina

e su

bord

inaç

ão;

exér

cito

s “c

apen

gas”

, sem

inst

ruçõ

es b

ásic

as

57

4 R

eque

rimen

to

Ofic

ial d

a M

arin

ha p

ede

dem

issã

o e

ofer

ece

aos

cofre

s da

naç

ão to

dos

os

seus

ven

cim

ento

s

57

4-57

5 C

omun

icad

o / A

pol

ítica

de

ve v

elar

em

tudo

Não

“O

ver

dade

iro fi

m d

a po

lític

a de

ve s

er o

de

esta

bele

cer o

eq

uilíb

rio e

ntre

os

dive

rsos

obj

etos

das

nec

essi

dade

s do

E

stad

o”; e

quilí

brio

ent

re a

gric

ultu

ra, c

omér

cio;

equ

ilíbr

io

entre

os

cida

dãos

; o b

om g

over

no e

stab

elec

e um

a ca

deia

de

felic

idad

e; re

freio

das

pai

xões

e re

spei

to à

s Le

is

57

5 D

a P

olíc

ia

N

ão

“Ram

o da

Pol

ítica

que

tem

por

obj

eto

a m

anut

ençã

o da

s Le

is”,

não

deve

ser

arb

itrár

ia, c

omo

as L

eis,

dev

e re

gula

r-se

de

acor

do c

om a

s ci

rcun

stân

cias

da

soci

edad

e

57

5-57

6 V

arie

dade

s / A

cab

eça

mon

stru

osa

Des

crev

e a

cabe

ça d

efor

mad

a de

um

te

rnei

ro n

atim

orto

N

ão

Com

para

o b

igod

e do

tern

eiro

com

o d

os le

galis

tas;

af

irma

que

os “f

anát

icos

da

seita

car

amur

uana

-lega

lista

” ac

redi

tara

m q

ue a

cab

eça

era

um s

inal

feliz

57

6 V

arie

dade

s /

Bal

adro

nada

A

nedo

ta s

obre

a ri

xa fa

rrap

os X

le

galis

tas

N

ão

(cop

iar)

“farr

apos

”, “g

over

no g

aleg

al”;

uso

de n

ota

de ro

dapé

57

6 B

om p

ensa

men

to

Ane

dota

sob

re a

rixa

farr

apos

X

lega

lista

s N

ão

(cop

iar)

Sam

bica

ri

57

6 A

nedo

ta In

tere

ssan

te

Ane

dota

sob

re a

rixa

farr

apos

X

lega

lista

s N

ão

(cop

iar)

uso

de n

ota

de ro

dapé

; ref

erên

cia

à tra

gédi

a de

Inês

de

Cas

tro

57

6 A

núnc

io

cont

a do

sum

iço

e of

erec

e al

víss

aras

por

600

ove

lhas

N

ão

57

6 Fo

lhin

ha d

o A

no

Bis

sext

o de

184

0 A

nunc

ia o

s lo

cais

de

vend

a da

folh

inha

em

Caç

apav

a

137

Caç

apav

a, s

ab. 2

5 ja

n.18

40

57

7 In

terio

r / O

fício

s D

eman

da o

tran

spor

te d

os re

stos

m

orta

is d

o Te

nent

e C

oron

el F

ranc

isco

Jo

sé J

acin

to p

ara

fune

ral n

a ca

pita

l

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

O tr

ansp

orte

das

urn

as e

ra g

uarn

ecid

o po

r um

cor

po

polic

ial,

com

as

“reve

rênc

ias

e ca

utel

as p

reci

sas”

(D

omin

gos

José

de

Alm

eida

est

á em

Cru

z A

lta)

57

7 (o

fício

s)

Sol

icita

a c

onst

ruçã

o de

um

a es

trada

en

tre o

s m

unic

ípio

s de

Cac

hoei

ra e

Rio

P

ardo

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

Impo

rtânc

ia d

as e

stra

das

para

o c

omér

cio

e a

com

unic

ação

; em

preg

a fe

rram

enta

s e

escr

avos

dos

di

ssid

ente

s na

con

stru

ção

57

7-57

8 (o

fício

s)

Org

aniz

ação

da

cobr

ança

de

impo

stos

so

bre

a ex

porta

ção

de e

rva-

mat

e D

omin

gos

José

de

Alm

eida

E

rva-

mat

e, d

epoi

s do

gad

o, é

o p

rodu

to q

ue m

ais

apar

ece

nos

desp

acho

s ec

onôm

icos

57

8 (o

fício

s)

Sob

re a

rrol

amen

to d

e be

ns d

os

diss

iden

tes

em C

ruz

Alta

D

omin

gos

José

de

Alm

eida

“ban

do s

edic

ioso

dom

inou

est

a vi

la d

esde

10

a 31

do

mês

pa

ssad

o, e

seg

uiu

na d

ireçã

o de

São

Pau

lo”

57

8 (o

fício

s)

Ord

ena

a en

trega

do

dinh

eiro

da

Câm

ara

Mun

icip

al a

o C

olet

or G

eral

do

Mun

icíp

io, n

o lu

gar d

o ci

dadã

o A

nton

io

de M

elo

e Al

buqu

erqu

e

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

Dom

ingo

s dá

“um

pux

ão d

e or

elha

” nos

ver

eado

res

57

8-57

9 (o

fício

s)

Sol

icita

e o

rgan

iza

a co

ntru

ção

de u

ma

Igre

ja M

atriz

em

Cru

z A

lta

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

Impo

rtânc

ia d

a re

ligiã

o na

soc

ieda

de ri

o-gr

ande

nse:

“sem

um

a Ig

reja

, alé

m d

e de

saco

stum

ar o

Pov

o do

sau

dáve

l ju

go d

a R

elig

ião,

mos

tra a

o vi

ajor

ate

nto

o de

spre

zo d

a m

oral

cris

tã e

dos

bon

s co

stum

es q

ue e

la e

nsin

a” (5

78)

57

9 (o

fício

s)

Info

rma

a M

anue

l Luc

as d

e O

livei

ra

que

foi e

scol

hido

com

o P

rocu

rado

r G

eral

de

Pira

tini

57

9 (o

fício

s)

Man

uel L

ucas

de

Oliv

eira

dec

lina

o ca

rgo,

por

que

é of

icia

l do

exér

cito

57

9-58

0 C

orre

spon

dênc

ia

O p

rocu

rado

r Ger

al J

osé

Car

valh

o B

erna

rdes

cor

rige

a in

form

ação

pu

blic

ada

n’O

Pov

o qu

e a

vota

ção

no

José

Car

valh

o B

erna

rdes

Con

selh

o de

Pro

cura

dore

s fo

i unâ

nim

e em

rela

ção

a ve

nda

dos

bens

dos

di

ssid

ente

s; e

le m

esm

o vo

tou

cont

ra

58

0 V

arie

dade

s Fr

ases

cur

tas

de m

oral

e b

ons

cons

tum

es

Naõ

M

uita

s de

las

vers

am s

obre

o c

ompo

rtam

ento

da

mul

her

(cop

iar)

Esp

arta

58

0 A

núnc

io

cont

a do

sum

iço

e of

erec

e al

víss

aras

por

600

ove

lhas

N

ão

138

Caç

apav

a, q

ua. 2

9 ja

n.18

40

58

1-58

2 E

xter

ior /

Pro

clam

ação

P

rocl

amaç

ão d

irigi

da a

os s

erra

nos,

of

erec

endo

gen

eros

o e

frate

rnal

ac

olhi

men

to a

os q

ue d

issi

diar

em a

ca

usa

repu

blic

ana

+ co

men

tário

Fran

cisc

o X

avie

r da

Cun

ha, c

omen

tário

o as

sina

do

O d

iscu

rso

dos

lega

lista

s é

com

post

o pe

los

mes

mos

va

lore

s qu

e o

dos

farra

pos;

C

omen

tário

: des

acre

dita

as

prom

essa

s do

Impé

rio,

cons

ider

ando

-as

um a

rdil

pela

impo

ssib

ilidad

e de

vitó

ria

pela

s ar

mas

; acu

sa-o

de

dive

rsos

crim

es

“Sed

e Br

asile

iros,

sed

e o

que

deve

is s

er: l

egal

ista

s”

Com

entá

rio: “

saté

lites

”, m

ais

uma

vez,

usa

o re

curs

o de

des

taca

r tre

chos

da

proc

lam

ação

par

a co

men

tar

58

2-58

4 In

terio

r E

xped

ient

e de

repa

rtiçõ

es d

o In

terio

r e

Faze

nda

na J

orna

da a

Cru

z A

lta /

Ass

unto

s di

vers

os: p

ensõ

es, v

alor

es,

estra

da, c

ompr

a de

faze

nda

Não

G

over

no fe

z al

go c

omo

uma

inte

rioriz

ação

, des

pach

ando

os

min

isté

rios

da F

azen

da e

Inte

rior d

e C

ruz

Alta

58

4 P

alav

ras

de u

m c

rent

e Te

xto

de m

oral

relig

iosa

N

ão

“c

ontin

uar-s

e-há

584

Cor

resp

ondê

ncia

Le

itor r

ebat

e a

carta

de

José

Car

valh

o B

erna

rdes

no

núm

ero

ante

rior

Seu

ass

inan

te

Gra

nde

disc

ussã

o so

bre

quem

pag

a a

cont

a da

gue

rra;

Sr.

Ber

nard

es q

ueria

aum

enta

r os

tribu

tos

em v

ez d

e ve

nder

os

bens

dos

inim

igos

; des

dém

e d

eboc

he c

om

aque

les

que

vão

para

a fr

ente

de

bata

lha

58

4 Fo

lhin

ha d

o A

no

Bis

sext

o de

184

0 A

nunc

ia o

s lo

cais

de

vend

a da

folh

inha

em

Caç

apav

a

58

4 A

núnc

io

Ven

da d

e um

bilh

ar, f

uga

de e

scra

va

Não

584

Err

ata

Cor

rige

valo

r pub

licad

o no

nº a

nter

ior

13

9 C

açap

ava,

sab

. 01

fev.

1840

585

Inte

rior /

Dec

reto

D

eter

min

a lo

cais

par

a a

expo

rtaçã

o de

ga

do

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

58

5-58

6 E

xter

ior

O P

ovo

trans

crev

e trê

s of

ício

s pu

blic

ados

em

Por

to A

legr

e n’

O

Impe

rialis

ta, c

om u

ma

pequ

ena

intro

duçã

o

Com

entá

rio n

ão

assi

nado

, ofíc

ios

do

Pre

side

nte

Sat

urni

no

de S

ouza

e O

livei

ra

Afir

ma

que

publ

ica

os o

fício

s pa

ra q

ue o

s le

itore

s co

nheç

am “o

esp

írito

de

conc

iliaç

ão d

e do

min

a o

hum

ano

lega

lista

do

Rio

”, re

ferin

do-s

e ao

Pre

side

nte

Sat

urni

no;

No

1º o

fício

, det

erm

ina

que

as fo

rças

nav

ais

coíb

am

qual

quer

com

érci

o de

gad

o no

Rio

São

Gon

çalo

, e c

ritic

a a

cobr

ança

de

impo

stos

sob

re e

ssa

ativ

idad

e pe

lo

gove

rno

repu

blic

ano;

o 2

º pre

vê a

apr

eens

ão d

e to

dos

os

cour

os q

ue e

ntra

rem

em

Por

to A

legr

e do

s lu

gare

s oc

upad

os p

elos

rebe

ldes

e o

3º d

eter

min

a a

anál

ise

das

mar

cas

dos

cour

os e

xpor

tado

s de

Por

to A

legr

e, p

ara

não

prej

udic

ar o

s pr

odut

ores

lega

lista

s

Con

firm

a a

leitu

ra d

o P

ovo

pelo

s le

galis

tas,

que

refe

rem

-se

ao

decr

eto

com

o “in

titul

ado

decr

eto”

; “re

beld

es”

58

6-58

7 M

onte

vidé

u N

otíc

ia d

as m

ovim

enta

ções

de

Frut

uoso

Riv

era

Frut

uoso

Riv

era

58

7-58

8 A

os R

epub

lican

os R

io-

Gra

nden

ses

Text

o do

utrin

ário

D

o P

arve

nir

Cau

sa d

a “L

iber

dade

Am

eric

ana”

; cer

teza

de

que

os a

tos

ficar

ão n

a hi

stór

ia “c

om to

da a

mag

nific

ênci

a de

sua

luz”

, Ilh

a da

Fan

fa é

um

a te

rra

sagr

ada

Con

tinua

r-se-

há: t

erm

ina

com

um

a pe

rgun

ta: p

orqu

e os

re

publ

ican

os a

inda

não

con

segu

iram

arr

ojar

os

lega

lista

s do

s po

stos

que

ocu

pam

?

588

Ext

rato

do

Arti

go

Trad

ução

da

Men

sage

m

de R

ozas

no

Idio

ma

da

verd

ade,

impr

esso

no

Par

veni

r de

11 d

e ja

neiro

de

1840

Ros

as a

firm

a qu

e ap

óia

Impé

rio d

o B

rasi

l e d

á ad

eus

às c

onqu

ista

s do

E

stad

o O

rient

al e

do

Rio

Gra

nde

58

8 P

alav

ras

de u

m c

rent

e Te

xto

de m

oral

relig

iosa

Sob

re o

aux

ílio

aos

irmão

s ne

cess

itado

s C

ontin

uaçã

o do

núm

ero

ante

cede

nte

58

8 Fo

lhin

ha d

o A

no

Bis

sext

o de

184

0 A

nunc

ia o

s lo

cais

de

vend

a da

folh

inha

em

Caç

apav

a

58

8 A

núnc

ios

Ven

da d

e um

bilh

ar, e

out

ros

dois

so

bre

fuga

s de

esc

ravo

s

140

Caç

apav

a, q

ua. 0

5 fe

v.18

40

58

9 In

terio

r / O

fício

s A

nton

io C

osta

Pav

ão o

fere

ce 5

00 b

ois

para

aju

dar o

Gov

erno

Rep

ublic

ano

58

9 (O

fício

s)

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da s

uger

e qu

e se

inst

ale

um d

esta

cam

ento

em

Pas

so

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

“tam

bém

me

pare

ce d

e ju

stiç

a da

r-se

sold

o a

este

D

esta

cam

ento

par

a m

elho

rmen

te (s

ic) s

e su

jeita

rem

”:

Fund

o us

o da

pal

avra

“suj

eiçã

o” e

m re

laçã

o ao

ser

viço

milit

ar

59

0 (o

fício

s)

Ben

to M

anoe

l dá

notíc

ias

de u

ma

ação

no

s C

orin

tiano

s, a

travé

s ex

travi

ados

do

Ten

ente

Cor

onel

Tei

xeira

Ben

to M

anoe

l Rib

eiro

59

0-59

2 E

xter

ior

“A ú

ltim

a dé

cada

e o

ano

de

1839

” – O

te

xto

faz

um b

alan

ço d

a dé

cada

N

acio

nal d

e M

onte

vidé

u Fa

la d

as m

udan

ças

soci

ais:

“A F

ranç

a vi

u ne

sses

dez

an

os d

esap

arec

er a

árv

ore

da le

gitim

idad

e po

r dire

ito

divi

no .

A no

brez

a da

trad

ição

des

apar

eceu

ao

com

bate

de

um

a re

volu

ção

popu

lar;

e a

nobr

eza

de m

érito

apo

iada

na

s cl

asse

s m

édia

s su

biu

ao p

oder

e s

e pô

s à

cabe

ça d

o m

ovim

ento

rege

nera

dor”

; cita

div

erso

s ex

empl

os d

a E

urop

a oc

iden

tal e

orie

ntal

, Rús

sia;

des

taca

a a

tuaç

ão d

e trê

s m

ulhe

res

nos

prin

cipa

is tr

onos

da

Eur

opa;

fala

da

mud

ança

na

liter

atur

a; d

esta

ca a

situ

ação

na

Ási

a e

na

Áfri

ca; d

os E

stad

os U

nido

s, fa

la d

o de

bate

sob

re a

ab

oliç

ão d

a es

crav

atur

a no

s Es

tado

s U

nido

s

“con

tinua

r-se-

há”

59

2 E

dita

l Q

ueim

a de

con

heci

men

tos

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

A q

uest

ão d

o co

bre

este

ve p

rese

nte

em q

uase

todo

o

jorn

al

59

2 A

núnc

io

Fuga

de

escr

avo

14

1 C

açap

ava,

qua

. 12

fev.

1840

– p

ulou

um

a ed

ição

de

sába

do

59

3-59

7 In

terio

r / D

ecre

to

Inst

ruçõ

es p

ara

proc

eder

às

elei

ções

da

Câm

ara

de D

eput

ados

à

Ass

embl

éia

Con

stitu

inte

e L

egis

lativ

a do

Est

ado

Rio

-Gra

nden

se, d

os

Mem

bros

das

Câm

aras

Mun

icip

ais

e do

s Ju

ízes

de

Paz

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da, J

osé

Mar

iano

de

Mat

tos

Det

erm

ina

os re

quis

itos

para

os

que

pode

m s

e ca

ndid

atar

e

os q

ue p

odem

vot

ar; m

arca

a d

ata

do d

ia 8

de

mar

ço

para

as

elei

ções

; jur

amen

to m

uda

de n

ovo;

pun

e o

nepo

tism

o

Edi

ção

com

6 p

ágin

as

59

7-59

8 E

xter

ior

“A ú

ltim

a dé

cada

e o

ano

de

1839

” – O

te

xto

faz

um b

alan

ço d

a dé

cada

N

acio

nal ,

de

Mon

tevi

déu

Cen

tra a

aná

lise

nas

repú

blic

as d

a A

mér

ica,

co

nsid

eran

do a

s re

volu

ções

impr

odut

ivas

; cau

dilh

os q

ue

usam

sis

tem

as p

ara

disf

arça

r as

ambi

ções

indi

vidu

ais;

af

irma

que

a do

Rio

-Gra

nde

é de

fato

um

a R

epúb

lica,

m

as c

ita a

que

stão

da

escr

avat

ura;

crit

ica

forte

men

te o

go

vern

o de

Ros

as n

a A

rgen

tina

e se

us re

flexo

s na

R

epúb

lica

Orie

ntal

, con

side

rand

o es

ta u

ma

déca

da d

e in

fortú

nio

para

as

Rep

úblic

as d

o P

rata

Con

tinua

ção

do n

úmer

o an

tece

dent

e

59

9 S

uple

men

to a

o P

ovo

/ D

ecre

to

Det

erm

ina

que,

logo

apó

s as

ele

içõe

s,

as C

âmar

as M

unic

ipai

s fa

çam

um

le

vant

amen

to d

e to

das

as

prop

rieda

des

exis

tent

es n

os D

istri

tos

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da, J

osé

Mar

iano

de

Mat

tos

Incl

ui n

o le

vant

amen

to, n

o ite

m 4

, o “n

úmer

o de

es

crav

os, s

eus

prés

timos

, ofíc

ios,

sex

os e

idad

es”;

prev

ê m

ulta

par

a qu

em n

ão c

ontri

buir

com

o le

vant

amen

to e

o

dinh

eiro

ger

ado

com

ess

as m

ulta

s se

rá d

estin

ado

ao

ensi

no p

rimár

io

59

9-60

0 S

uple

men

to a

o P

ovo

/ P

rocl

amaç

ão

Diri

ge-s

e ao

s ci

dadã

os ri

o-gr

ande

nses

ex

iste

ntes

nos

terr

itório

s do

s es

tado

s lim

ítrof

es

Ben

to G

onça

lves

Im

pério

ocu

pa a

pena

s trê

s po

ntos

em

nos

so v

asto

te

rritó

rio; c

ritic

a e

ridic

ular

iza

e un

ião

do Im

pério

com

o

Pra

ta c

ontra

a R

epúb

lica;

cha

ma

os c

idad

ãos

para

si,

usa

sua

figur

a de

Gen

eral

, de

honr

a

Tira

no, “

impé

rio fa

ntas

ma”

; ten

ta e

scra

viza

r; ca

usa

Am

eric

ana;

co

bra

uma

cond

uta

atua

nte,

sem

apa

tia

60

0 S

uple

men

to a

o P

ovo

/ D

ecre

to

Dec

reto

- O

s qu

e se

retir

aram

par

a su

as p

ropr

ieda

des

nos

país

es v

izin

hos

e nã

o en

trara

m n

a lu

ta, t

em q

ue p

agar

pa

ra m

ante

r a c

idad

ania

rio-

gran

dens

e (p

ena:

seq

üest

ro d

e be

ns);

os q

ue n

ão

tem

pro

prie

dade

, mas

se

retir

aram

pa

ra fu

gir d

o se

rviç

o m

ilita

r, pe

rdem

os

dire

itos

e po

dem

ser

con

dena

dos

a pr

isão

per

pétu

a

Ben

to G

onça

lves

, D

omin

gos

José

de

Alm

eida

O d

ecre

to m

ostra

um

aum

ento

na

into

lerâ

ncia

e n

a pu

niçã

o do

s qu

e nã

o se

eng

ajam

na

luta

repu

blic

ana

142

Caç

apav

a, s

ab. 1

5 fe

v.18

40

60

1-60

2 In

terio

r / O

fício

s D

ois

tene

ntes

da

Rep

úblic

a, p

reso

s e

envi

ados

ao

Mar

anhã

o pe

los

lega

lista

s, re

bela

ram

-se

no b

arco

e

cons

egui

ram

reto

rnar

Ber

nard

o P

ires,

ch

efe

de P

olíc

ia d

e P

iratin

i

Iro

niza

os

lega

lista

s, c

ham

ando

-os

“am

igos

da

orde

m”

60

2 (o

fício

) A

grad

ecim

ento

a u

m p

adre

e u

ma

senh

ora

que

cont

ribue

m c

om a

cau

sa

repu

blic

ana

ao tr

atar

sol

dado

s e

ofic

iais

ferid

os

Ben

to M

anue

l Rib

eiro

“T

odos

est

es ra

sgos

de

hum

anid

ade

julg

o de

vere

m

ocup

ar a

s pá

gina

s do

Jor

nal d

o G

over

no, p

ois

que,

em

no

ssas

atu

ais

circ

unst

ânci

as é

o ú

nico

sin

al n

ão e

quív

oco

que

pode

mos

dar

de

noss

a gr

atid

ão”

60

2-60

4 C

omun

icad

o C

omen

tário

sob

re a

s trê

s pe

ças

de

auto

ria d

o pr

esid

ente

da

prov

ínci

a,

Não

C

ritic

a a

situ

ação

eco

nôm

ica

do B

rasi

l e o

s m

étod

os

adm

inis

trativ

os d

e S

atur

nino

; afir

ma

que

o po

vo

“est

ultic

e e

mes

quin

hez”

da

adm

inis

traçã

o de

Sat

urni

no

Con

tinen

te X

Com

unhã

o B

rasi

leira

; cha

ma

os le

itore

s:

publ

icad

as n

o nº

139

co

nduz

ido

por t

ais

med

idas

per

ece

de fo

me

e re

age;

co

mpa

ra o

s ha

bita

ntes

“siti

ados

”, qu

e pa

ssam

fom

e e

priv

açõe

s na

tira

nia,

com

os

repu

blic

anos

, que

frue

m

seus

dire

itos

na a

bund

ânci

a do

s gê

nero

s de

prim

eira

ne

cess

idad

e; o

s ob

jetiv

os d

os re

publ

ican

os s

ão a

Li

berd

ade

Am

eric

ana

e os

prin

cípi

os re

gene

rado

res

do

sécu

lo; g

uerra

de

recu

rsos

; séc

ulo

das

luze

s; Im

pério

re

conh

eceu

a In

depe

ndên

cia

do R

S na

con

venç

ão e

ntre

o

Cor

onel

Cre

scên

cio

Gre

nfel

e S

ilva

Tava

res,

em

junh

o de

183

7, q

ue s

anci

onou

as

troca

s de

pris

ione

iros;

afir

ma

boas

rela

ções

com

erci

ais

com

o E

stad

o O

rient

al

“livr

emen

te c

onte

mpl

em e

adm

irem

”; ex

plic

a a

font

e do

s te

xtos

, “jo

rnal

esc

rito

sob

influ

ênci

a do

Sr.

Sat

urni

no, q

ue p

rete

nde

corr

obor

ar a

s m

edid

as q

ue o

ra o

cupa

m n

ossa

ate

nção

” (p.

602

); “m

erce

nário

esc

ritor

”; ch

ama

os le

galis

tas

de “r

ealis

tas”

(p

artid

ário

s do

rei);

“sat

urni

na m

edid

a”;

ao fi

nal d

o co

mun

icad

o, p

rom

ete

publ

icar

no

próx

imo

núm

ero

o ar

tigo

que

acom

panh

ou a

s pe

ças

e qu

e ci

ta d

iver

sas

veze

s O

P

ovo

60

4 A

núnc

io

Ven

da d

e fo

lhin

has,

env

iada

s pe

lo

“Cor

reio

Nac

iona

l da

Rep

úblic

a”; f

uga

de e

scra

vo

143

Caç

apav

a, q

ua. 1

9 fe

v.18

40

60

5 In

terio

r / D

ecre

to

Rep

ublic

a a

dete

rmin

ação

do

leva

ntam

ento

das

pro

prie

dade

s D

omin

gos

José

de

Alm

eida

, Jos

é M

aria

no d

e M

atto

s

60

6 O

fício

s C

âmar

a de

Lag

es, e

m o

fício

de

12 d

e ja

neiro

, afir

ma

que

foi c

oagi

da p

elo

Impé

rio a

pre

star

nov

o ju

ram

ento

; com

os

nov

os m

ovim

ento

s re

publ

ican

os n

a re

gião

, pro

põem

-se

a ju

rar n

ovam

ente

Ver

eado

res

Nom

eaçã

o de

juíz

es s

em v

otaç

ão, p

or c

ausa

da

guer

ra;

nece

ssid

ade

de e

nsin

o bá

sico

, até

mes

mo

para

form

ar

pess

oas

apta

s ao

s se

rviç

o pú

blic

o; d

ificu

ldad

e em

no

mea

r um

Pro

cura

dor G

eral

Ros

setti

é c

itado

; usa

m a

exp

ress

ão “s

iste

ma

dem

ocrá

tico”

60

7-60

8 A

tas

das

Ses

sões

da

Câm

ara

Mun

icip

al d

a V

ila d

e La

ges

Câm

ara

volta

a p

rest

ar o

jura

men

to d

a R

epúb

lica

Rio

-Gra

nden

se

Ver

eado

res

Ros

setti

faz

um d

iscu

rso;

sob

re o

per

júrio

, afir

ma

que

é m

elho

r “de

itar s

obre

aqu

eles

dia

s o

espe

sso

véu

do

esqu

ecim

ento

60

8 A

núnc

ios

Folh

inha

s de

184

0; fu

ga d

e es

crav

o;

avis

o so

bre

paga

men

to d

e le

tra

“folh

a pú

blic

a”

144

Caç

apav

a, s

ab. 2

2 fe

v.18

40

60

9-61

0 E

xter

ior

Com

o ha

via

prom

etid

o no

n.1

42,

publ

ica

o co

men

tário

do

jorn

al le

galis

ta

O Im

peria

lista

n.4

5 S

empr

e qu

estio

na a

legi

timid

ade

das

açõe

s da

R

epúb

lica:

“int

itula

do d

ecre

to”;

a es

traté

gia

do Im

pério

é

a “g

uerra

de

recu

rsos

”, ou

sej

a: te

ntar

priv

ar o

s re

beld

es

de to

dos

os re

curs

os; a

firm

a qu

e as

Alfâ

ndeg

as d

a P

roví

ncia

est

ão s

ervi

ndo

de c

anai

s de

exp

orta

ção

e fa

vore

cend

o a

cobr

ança

de

impo

stos

pel

o go

vern

o re

beld

e e

que,

par

a ef

etiv

ar a

gue

rra

de re

curs

os, i

sso

deve

ser

com

batid

o; a

esc

asse

z de

recu

rsos

atin

giria

os

inte

ress

es in

divi

duai

s

“rebe

lde”

U

sa n

otas

de

roda

pé p

ara

apon

tar o

que

con

side

ra m

entir

as n

o te

xto,

ou

ironi

zar a

s af

irmaç

ões

61

0-61

2 S

em tí

tulo

“P

ublic

amos

pel

a se

gund

a ve

z o

Com

unic

ado

que

segu

e, p

or in

corr

eto

o pr

imei

ro”

Não

Rep

ublic

a o

text

o do

n.1

42

145

Caç

apav

a, q

ua. 2

6 fe

v.18

40

61

3 In

terio

r / D

ecre

to

Dem

issã

o co

nced

ida

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da, J

osé

Mar

iano

de

Mat

tos

61

3-61

4 O

fício

s C

hefe

de

políc

ia p

ede

disp

ensa

do

carg

o po

r mot

ivo

de d

oenç

a; T

eixe

ira

Nun

es d

á no

tícia

s de

Lag

es;

edifi

caçõ

es e

m te

rreno

s de

volu

tos

em

Cru

z Al

ta

Em

Lag

es, o

col

etor

foi p

reso

pel

os Im

peria

is, G

arib

aldi

ass

ume

prov

isor

iam

ente

a p

osiç

ão d

e co

leto

r

61

5 A

rtigo

s E

conô

mic

os

Mét

odos

de

evita

r a fe

rrug

em d

o tri

go,

man

eira

de

prep

arar

o tr

igo

para

se

mea

r, di

cas

para

cul

tura

de

bata

tas

Não

Im

portâ

ncia

da

agric

ultu

ra; a

o pa

ís in

tere

ssa

o co

nhec

imen

to d

e to

dos

aque

le o

bjet

os p

erte

ncen

tes

ao

ram

o da

agr

icul

tura

; dis

trair

os le

itore

s da

mat

éria

pol

ítica

61

6 A

núnc

ios

Fuga

de

dois

esc

ravo

s; a

viso

sob

re

paga

men

to d

e le

tra

D

escr

eve

o es

crav

o co

mo

“sur

rado

de

pouc

o te

mpo

146

Caç

apav

a, s

ab. 2

9 fe

v.18

40

61

7-61

8 In

terio

r D

ecre

to q

ue e

ndur

ece

a vi

gilâ

ncia

e

exig

ênci

as n

o trâ

nsito

de

pess

oas

dent

ro d

a R

epúb

lica

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da, J

osé

Mar

iano

de

Mat

tos

O e

ndur

ecim

ento

den

unci

a o

aum

ento

da

viol

ênci

a, d

os

roub

os e

da

espi

onag

em e

m te

rras

repu

blic

anas

, com

o

“fim

de

desa

cred

itar o

s si

stem

a de

moc

rátic

o”

O p

assa

porte

dos

hom

ens

bran

cos

é di

fere

nte

dos

escr

avos

; pr

evê

pris

ão p

ara

todo

s qu

e fo

rem

peg

os s

em p

assa

porte

, ex

cetu

ando

os

func

ioná

rios

públ

icos

e o

ficia

is

61

8 S

em tí

tulo

R

elaç

ão d

e pe

ssoa

s qu

e of

erec

eram

ga

do d

e co

rte p

ara

desp

esas

da

guer

ra

61

9 E

xter

ior /

Mon

tevi

déu

Trec

ho d

e m

ensa

gem

do

gene

ral

Gen

. Ros

as

Alia

nça

de R

ozas

com

o Im

pério

bra

sile

iro

Usa

not

as d

e ro

dapé

par

a iro

niza

r as

afirm

açõe

s

Ros

as “q

ue n

os d

iz re

spei

to”

61

9 C

orre

spon

dênc

ia

Torn

a pú

blic

o o

regr

esso

ao

Rio

G

rand

e do

neg

ocia

nte

José

Cal

éro

José

Cal

ero

61

9 A

Am

izad

e Te

xto

que

opõe

os

sent

imen

tos

de

amiz

ade

e de

am

or n

o co

ntex

to d

a gu

erra

Não

Con

tinua

r-se-

62

0 A

rtigo

s E

conô

mic

os

Con

tinua

o te

xto

sobr

e o

culti

vo d

e ba

tata

s N

ão

E

stes

arti

gos

sobr

e ag

ricul

tura

e o

ant

erio

r sob

re a

miz

ade

pare

cem

faze

r ver

que

o jo

rnal

pre

tend

e se

apr

oxim

ar m

ais

de

outra

s qu

estõ

es q

ue n

ão a

pena

s a

polít

ica,

par

a da

r con

ta d

e ou

tros

aspe

ctos

nec

essá

rios

para

form

ar u

ma

Naç

ão

62

0 A

núnc

ios

Rep

ublic

a os

mes

mos

3 a

núnc

ios

do

núm

ero

ante

rior

Não

147

Caç

apav

a, q

ua. 0

4 m

ar.1

840

62

1 In

terio

r / D

ecre

to

Ped

e a

imed

iata

exe

cuçã

o do

dec

reto

so

bre

os p

assa

porte

s D

omin

gos

José

de

Alm

eida

, Jos

é M

aria

no d

e M

atto

s

62

1-62

3 O

fício

s A

nton

io V

icen

te d

a Fo

ntou

ra in

form

a os

resu

ltado

s do

con

front

o co

m u

m

grup

o in

imig

o e

o de

sem

bara

ço d

e do

is

jove

ns e

ncon

trado

s du

rant

e o

conf

ront

o

Ant

onio

Vic

ente

da

Font

oura

, Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

O c

onfro

nto

foi n

a es

tânc

ia d

e um

dis

side

nte,

Pad

ilha,

qu

e ar

mou

seu

s “n

egro

s” p

ara

o co

nfro

nto;

apo

nta

a aç

ão

de q

uilo

mbo

las;

Silv

ana,

de

12 a

nos,

e s

eu ir

mão

Man

oel,

de 7

, fic

am ó

rfãos

; Ant

onio

Vic

ente

da

Font

oura

par

ece

se s

ensi

biliz

ar c

om a

situ

ação

e c

onse

gue

que

o E

stad

o se

enc

arre

gue

de b

atiz

ar, e

duca

r e fa

zê-lo

s ad

otar

por

pe

ssoa

fila

ntró

pica

, em

vez

de

ficar

em c

ativ

os, c

omo

seria

de

cost

ume,

por

sua

orig

em in

díge

na (“

inoc

ente

s bu

grin

hos”

)

Gov

erno

o ex

empl

o de

con

duta

que

esp

era

dos

cida

dãos

62

2-62

3 (o

fício

s)

Org

aniz

ação

do

Bal

anço

Ger

al d

a re

ceita

e d

espe

sa d

o Te

sour

o P

úblic

o N

acio

nal

62

3 (o

fício

s)

Man

da re

colh

er a

um

a ou

tra p

risão

al

guns

det

idos

impe

riais

, em

resp

osta

ao

ass

assi

nato

do

Tene

nte

Ant

onio

C

orre

a R

ange

l

Ser

afim

Joa

quim

de

Ale

ncas

tre

62

3 E

xter

ior /

Rio

de

Jane

iro

/ Cor

resp

ondê

ncia

Le

itor d

enun

cia

o ex

travi

o de

um

map

a da

Pro

vínc

ia d

o R

io G

rand

e do

Sul

m

anda

do c

onfe

ccio

nar p

or E

lizea

rio,

conf

igur

ando

roub

o do

s co

fres

naci

onai

s

Ret

irado

do

Jorn

al d

o C

omér

cio,

ass

ina

a ca

rta P

olyb

io

62

3-62

4 A

Am

izad

e

Não

A

firm

a qu

e o

amor

pro

cura

a fe

licid

ade

próp

ria e

a

amiz

ade

proc

ura

o be

m a

lhei

o C

ontin

uaçã

o do

núm

ero

ante

cede

nte

62

4 A

núnc

ios

Méd

ico

anun

cia

sua

apos

enta

doria

, m

as o

fere

ce c

onsu

ltas

/ Fug

a de

es

crav

o

Ant

onio

Jos

é C

aeta

no d

a S

ilva

148

Caç

apav

a, s

ab. 0

7 m

ar.1

840

62

5-62

6 Lo

taçã

o do

s em

preg

os

das

cole

toria

s Ta

bela

, map

a do

rend

imen

to d

as

cole

toria

s N

ão

62

6-62

7 In

terio

r / O

fício

s V

ice-

pres

iden

te d

ispe

nsa

vário

s co

leto

res

por f

alta

de

orga

niza

ção

e pr

odut

ivid

ade

das

Col

etor

ias

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

Gra

nde

dific

ulda

de e

m o

rgan

izar

a a

dmin

istra

ção

do

Est

ado

62

7 E

xter

ior /

Con

gres

so

Cie

ntífi

co d

e P

isa

/ P

aris

, 26

de o

utub

ro

Not

icia

a re

uniã

o de

cie

ntis

tas

de

dive

rsas

áre

as; c

omen

ta q

ue o

Pap

a te

ntou

frus

trar o

eve

nto

Jorn

al d

o C

omér

cio

Esp

írito

do

tem

po, c

ient

ifici

smo

62

7-62

8 S

onho

Te

xto

liter

ário

, des

criç

ão d

o pa

raís

o e

do in

fern

o na

s N

açõe

s N

ão (C

arap

ucei

ro)

C

ontin

uar-s

e-há

62

8 A

núnc

ios

Rep

ublic

a o

do m

édic

o; m

udan

ça d

e as

sina

tura

; fug

a de

esc

ravo

N

ão

149

Caç

apav

a, q

ua. 1

1 m

ar.1

840

62

9 M

apa

Lota

ção

da p

orce

ntag

em q

ue h

ão d

e ve

ncer

os

Em

preg

ados

das

Col

etor

ias

do E

stad

o

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

62

9-63

1 O

fício

s N

omea

ções

par

a C

omis

são

de

orga

niza

ção

das

Col

etor

ias

do E

stad

o

Org

aniz

ação

do

sist

ema

arre

cada

tório

do

Esta

do

63

1 (o

fício

s)

Pro

blem

as n

a or

gani

zaçã

o da

s as

sem

bléi

as p

rimár

ias

em S

ão G

abrie

l

Dúv

ida

na fo

rmaç

ão d

e um

a m

esa

enca

min

hada

ao

Vic

e-P

resi

dent

e, a

inda

naq

uele

tem

po “o

úni

co P

oder

que

po

de in

terp

reta

r a L

ei, p

orqu

e ne

le re

side

o p

oder

Le

gisl

ativ

o” →

dep

ois

de q

uatro

ano

s, a

Rep

úblic

a ai

nda

não

cons

egui

u su

pera

r o m

odel

o do

Impé

rio

63

1 S

em tí

tulo

Li

sta

dos

cida

dãos

que

obt

iver

am

voto

s pa

ra ju

ízes

de

Paz

de

Caç

apav

a

63

1 S

em tí

tulo

Li

sta

dos

cida

dãos

de

Pal

mas

que

co

ntrib

uíra

m c

om g

ado

de c

orte

par

a as

des

pesa

s da

gue

rra

63

2 S

onho

D

escr

eve

o in

fern

o, to

m jo

coso

O

Car

apuc

eiro

Con

tinua

ção

do n

úmer

o an

tece

dent

e

632

Anú

ncio

s R

enov

ação

das

ass

inat

uras

do

jorn

al /

mud

ança

de

assi

natu

ra

Não

150

Caç

apav

a, s

ab. 1

4 m

ar.1

840

63

3 In

terio

r / E

dita

l In

form

a o

sorte

io d

e nú

mer

os d

e co

nhec

imen

tos

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

63

3-63

4 O

fício

s R

elat

a al

guns

dis

túrb

ios

ocor

ridos

du

rant

e as

ele

içõe

s em

San

ta M

aria

, P

iratin

i e P

elot

as

Des

potis

mo

luso

-bra

sile

iro

63

5 C

ircul

ares

S

olic

ita u

m le

vant

amen

to d

as e

scol

as

públ

icas

e p

artic

ular

es e

m C

açap

ava

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

Impo

rtânc

ia d

a ed

ucaç

ão

63

5-63

6 N

ecro

logi

a H

omen

agem

ao

Dr.

Mar

cian

o P

erei

ra

Rib

eiro

, fal

ecid

o de

cau

sas

natu

rais

em

S

ão G

abrie

l, em

4 d

e m

arço

de

1840

Não

Fo

i dec

lara

do p

resi

dent

e da

pro

vínc

ia n

o lu

gar d

e B

raga

, em

183

5; “h

erói

imor

tal”:

seg

uida

men

te o

s te

xtos

tem

es

se to

m d

e po

ster

idad

e, d

e co

nsci

ênci

a hi

stór

ica

63

6 A

núnc

io

Ren

ovaç

ão d

as a

ssin

atur

as d

o jo

rnal

N

ão

151

Caç

apav

a, q

ua. 1

8 m

ar.1

840

63

7 In

terio

r / O

fício

s R

elaç

ão d

os c

idad

ãos

elei

tos

para

m

embr

os d

a C

âmar

a M

unic

ipal

de

Jagu

arão

e p

ara

Juíz

es d

e P

az

63

8-64

0 (o

fício

s)

Mes

a da

Ass

embl

éia

de S

ão G

abrie

l pe

de e

scla

reci

men

tos

sobr

e o

leva

ntam

ento

das

pro

prie

dade

s

“[.

..] in

cum

bido

aos

Insp

etor

es d

e Q

uarte

irão

o re

cebi

men

to d

as re

ferid

as li

stas

, do

que

resu

ltou

apar

ecer

um

a m

assa

info

rme,

irre

gula

r e d

esor

dena

da,

que

mai

s pa

rece

a c

onfu

são

do p

rimiti

vo c

aos

do q

ue

escl

arec

imen

tos

para

a E

stat

ístic

a de

um

a N

ação

” (O

P

ovo,

n. 1

51, p

. 638

)

64

0 (o

fício

s)

Rel

ação

de

obje

tos

tom

ados

do

diss

iden

te P

adilh

a A

nton

io V

icen

te d

a Fo

ntou

ra

64

0 C

ircul

ar

Info

rma

que

o en

genh

eiro

Cap

itão

Anz

ane

Fran

cisc

o é

o re

spon

sáve

l pel

a or

gani

zaçã

o da

s es

tatís

ticas

do

Esta

do

N

eces

sida

de d

e or

gani

zar o

Est

ado,

de

ter e

stat

ístic

as e

da

dos

atua

lizad

os d

a po

pula

ção,

riqu

ezas

, etc

.

152

Caç

apav

a, q

ua. 0

8 ab

ril.1

840

– jo

rnal

dei

xou

de c

ircul

ar p

or a

lgum

as s

eman

as

64

1-64

2 In

terio

r / C

ircul

ar

Rel

ata

a in

vasã

o da

Cap

ital p

or tr

opas

le

galis

tas,

a 2

1 de

mar

ço d

e 18

40

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

Alg

umas

peç

as d

a tip

ogra

fia fo

ram

ince

ndia

das

64

2 O

fício

s S

olic

itaçã

o de

leva

ntam

ento

dos

do

cum

ento

s do

Tes

ouro

que

fora

m

ince

ndia

dos

/ Rel

ação

dos

Liv

ros

e do

cum

ento

s qu

eim

ados

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da /

Man

oel

Mar

tins

da S

ilvei

ra

Lem

os

A q

ueim

a de

doc

umen

tos

dific

ulta

ain

da m

ais

o co

ntro

le e

a

orga

niza

ção

das

inst

ituiç

ões

64

3 (o

fício

s)

Term

o de

con

ferê

ncia

do

Cof

re G

eral

do

Est

ado

(Idem

) N

ão s

ofre

u av

aria

s co

m o

ata

que

64

3 (o

fício

s)

Sol

icita

ção

de c

ópia

s da

s tra

nsaç

ões

das

cole

toria

s (Id

em)

64

3-64

4 (o

fício

s)

Per

da d

e um

a ca

ixa

cont

endo

pra

tas

vind

as d

e S

ão B

orja

(Id

em)

Ofe

rece

m re

com

pens

a a

quem

ach

ar e

dev

olve

r a ta

l ca

ixa

64

4 O

rdem

de

Div

isão

R

eord

enam

ento

das

forç

as e

m L

ages

Jo

aqui

m T

eixe

ira

Nun

es e

Lui

z R

osse

ti

64

4 S

em tí

tulo

P

rocl

amaç

ão a

os c

idad

ãos

de C

ruz

Alta

, ped

indo

resi

stên

cia

às tr

opas

le

galis

tas

Ant

onio

Vic

ente

da

Font

oura

153

Caç

apav

a, s

ab. 1

1 ab

ril.1

840

64

5 In

terio

r / A

rtigo

s O

ficia

is

Ser

afim

Joa

quim

de

Ale

ncas

tre s

olic

ita

notíc

ias

dos

mov

imen

tos

das

Div

isõe

s

64

5 C

ircul

ar

Sol

icita

a fi

naliz

ação

do

proc

esso

das

el

eiçõ

es n

a C

apita

l, in

terr

ompi

da p

ela

inva

são

dos

lega

lista

s

Dom

ingo

s Jo

sé d

e A

lmei

da

64

6 Li

sta

dos

dive

rsos

di

strit

os e

Mun

icíp

ios

do

Est

ado

que

rem

eter

am

cédu

las

para

Dep

utad

os

à As

sem

bléi

a C

onst

i-tu

inte

e L

egis

lativ

a do

E

stad

o R

io-G

rand

ense

Ass

unto

s di

vers

os

64

8 C

ircul

ar

Sol

icita

ção

de c

ópia

s de

doc

umen

tos

ao c

olet

or d

a C

apita

l

64

8 E

dita

is

Con

clam

a ao

s cr

edor

es d

o E

stad

o qu

e re

met

am s

uas

cont

as a

o Te

sour

o

64

8 A

núnc

io

Ren

ovaç

ão d

as a

ssin

atur

as d

o jo

rnal

N

ão

154

Caç

apav

a, q

ua. 2

9 ab

ril 1

840

64

9 In

terio

r / 1

0º B

olet

im e

m

Caç

apav

a R

elat

a co

nfro

nto

de 1

50 le

galis

tas

e 60

re

publ

ican

os n

a ca

pita

l La

urin

do J

osé

da

Silv

a Fa

rrapo

s ve

ncem

a b

atal

ha

Usa

o te

rmo

“saq

uead

ores

” par

a se

refe

rir a

os s

olda

dos

de J

uca

Cyp

riano

650

Ofíc

ios

Rel

ação

Ger

al d

os c

idad

ãos

elei

tos

com

o Ve

read

ores

e J

uíze

s de

Paz

em

C

acho

eira

R

epúb

lica

tent

a da

r con

tinui

dade

aos

pro

cess

o de

el

eiçõ

es

65

0-65

1

Ata

da

elei

ção

e ap

uraç

ão g

erla

de

voto

s pa

ra o

s Ve

read

ores

da

nova

C

âmar

a M

unic

ipal

de

Caç

apav

a

65

2 Li

sta

Num

éric

a D

os C

onhe

cim

ento

s, q

ue e

m v

irtud

e do

dec

reto

de

8 de

julh

o de

183

8 fo

ram

so

rtead

os e

m d

ata

de h

oje

Con

tado

ria G

eral

do

Teso

uro

em

Caç

apav

a

155

Caç

apav

a, s

ab. 0

2 m

aio

1840

– m

uda

o ca

beça

lho

65

3 In

terio

r / 1

1º B

olet

im e

m

Caç

apav

a In

form

a ba

tida

de fo

rça

inim

iga

no

Pass

o do

Caí

La

urin

do J

osé

da

Silv

a C

orte

de

com

unic

açõe

s co

mo

estra

tégi

a de

gue

rra;

m

arca

abr

il co

mo

um m

ês fu

nest

o à

sorte

dos

lega

lista

s,

rele

mbr

ando

a b

atal

ha d

e R

io P

ardo

À m

edid

a qu

e os

con

front

os fi

cam

mai

s ac

irrad

os, o

jorn

al s

e to

rna

mai

s do

utrin

ário

, dei

xand

o as

var

ieda

des

de la

do

65

3-65

4 A

Rep

úblic

a

Text

o do

utrin

ário

N

ão

Esp

írito

dem

ocrá

tico;

a re

alid

ade

cont

raria

a im

agem

de

anar

quia

pin

tada

pel

os e

scrit

ores

ven

dido

s; s

ober

ania

po

pula

r nas

soc

ieda

des

Am

eric

anas

; com

bate

ntes

re

publ

ican

os s

ão to

dos

volu

ntár

ios;

nec

essi

dade

da

educ

ação

repu

blic

ana;

felic

idad

e da

Rep

úblic

a R

io-

Gra

nden

se

Epí

graf

e da

Jov

em It

ália

: “A

Rep

úblic

a é

para

nós

out

ros

aque

la

form

a de

gov

erno

que

úni

ca p

ode

dar l

ugar

ao

dese

nvol

vim

ento

ha

rmôn

ico

de to

das

as fa

culd

ades

do

hom

em”

65

4 S

em tí

tulo

A

firm

a qu

e as

últi

mas

com

unic

açõe

s sã

o fa

vorá

veis

à c

ausa

Rep

ublic

ana,

qu

e as

trop

as e

stão

ani

mad

as

Não

“O

óci

o é

insu

portá

vel a

os R

io-G

rand

ense

s; e

les

quer

em

uma

vida

ativ

a, s

eja

nos

cam

pos

de b

atal

ha e

m d

efes

a da

Pát

ria, s

eja

nas

útei

s oc

upaç

ões

da P

az” →

esp

írito

de

açã

o

Sím

bolo

da

guer

ra: p

onta

da

lanç

a

65

4-65

6 O

fício

s M

ensa

gem

de

apoi

o da

Câm

ara

de R

io

Par

do a

os g

over

nant

es

Câm

ara

de R

io

Par

do

Mod

eraç

ão e

tole

rânc

ia c

arac

teriz

am a

índo

le d

os

Rep

ublic

anos

Rio

-Gra

nden

ses

Impé

rio: “

sold

ades

ca m

erce

nária

65

5 (o

fício

s)

List

a do

s ci

dadã

os e

leito

s pa

ra J

uíze

s de

Paz

em

Caç

apav

a

65

5 (o

fício

s)

Info

rma

o ro

ubo

de m

alet

a co

m

dinh

eiro

e p

assa

porte

s La

urin

do J

osé

da

Silv

a

65

5-65

6 (o

fício

s)

Sol

icita

refo

rço

da s

egur

ança

nos

pa

rade

iros

a fim

de

evita

r o c

orte

de

com

unic

açõe

s co

m a

col

una

de

Taqu

ari

65

6 S

em tí

tulo

In

form

a vi

tória

de

Lava

lleja

sob

re

Ech

egne

E

xtra

to d

e um

a ca

rta

parti

cula

r

65

6 S

em tí

tulo

Q

uadr

o do

Alm

oxar

ife d

o Ar

sena

l de

Gue

rra

José

Fra

ncis

co V

ás

Via

nna

156

Caç

apav

a, q

ua. 0

6 m

aio

1840

657

Inte

rior /

12º

Bol

etim

em

C

açap

ava

Boa

s no

tícia

s ao

s re

publ

ican

os s

obre

o

front

em

Taq

uari

Laur

indo

Jos

é da

S

ilva

Afir

ma

que

mui

tos

inim

igos

pas

sam

às

filei

ras

repu

blic

anas

65

7-65

9 O

Pov

o / A

Ago

nia

do

Impé

rio

Text

o do

utrin

ário

N

ão

Rio

Gra

nde

inic

iou

a re

volu

ção

bras

ileira

; a re

volu

ção

daqu

i é fe

ita p

or u

m p

rincí

pio;

esp

írito

Am

eric

ano

é R

epub

lican

o (c

onfu

são

de re

públ

ica

com

dem

ocra

cia)

;

Imag

em li

terá

ria: A

nteu

(da

fábu

la)

Impé

rio é

um

a an

omal

ia in

com

patív

el c

om a

s Lu

zes

do

sécu

lo; a

reto

mad

a de

pois

da

derr

otad

a do

fanf

a é

exem

plo

que

a R

epúb

lica

pode

se

recu

pera

r nos

m

omen

tos

mai

s di

fícei

s

65

9 A

Fre

gues

ia d

e Ta

quar

i Te

xto

dout

rinár

io

Não

E

xérc

ito le

gal é

com

post

o de

mer

cená

rios;

Sol

de

30 d

e ab

ril (R

io P

ardo

); ta

lvez

a F

regu

esia

de

Taqu

ary

dê n

ome

ao d

ia q

ue m

arca

rá a

mor

te d

o Im

pério

(noç

ão h

istó

rica)

“lega

l” é

sem

pre

graf

ado

em it

álic

o C

ita P

etra

rca:

“com

o o

páss

aro

notu

rno

inim

igo

da lu

z”

65

9-66

0 V

anta

gens

e

nece

ssid

ades

de

uma

educ

ação

púb

lica

Text

o so

bre

a im

portâ

ncia

da

educ

ação

par

a a

form

ação

de

um p

ovo

Da

obra

Sci

enza

de

la L

egis

lazi

one,

de

Gae

tano

Fila

ngie

ri

Des

taca

a im

potê

ncia

da

educ

ação

priv

ada,

em

def

esa

do e

nsin

o pú

blic

o E

míli

o C

ontin

uar-s

e-há

66

0 N

otíc

ias

cheg

adas

ne

ste

mom

ento

N

ova

derr

ota

das

tropa

s de

Juc

a C

ypria

no

Não

‘Leg

al” e

m it

álic

o

157

Caç

apav

a, s

ab. 0

9 m

aio

1840

661-

663

O P

ovo

/ A A

tual

idad

e Te

xto

dout

rinár

io, a

bord

a a

poss

ibili

dade

de

derr

ota

dos

repu

blic

anos

rio-

gran

dens

es p

ara

o Im

pério

Não

P

ara

os ri

o-gr

ande

nses

, bas

ta a

con

quis

ta d

e to

do o

te

rritó

rio d

a P

roví

ncia

par

a te

rmin

ar a

gue

rra;

a c

oncl

usão

da

gue

rra ri

o-gr

ande

nse

é o

sina

l da

tota

l des

mem

braç

ão

do Im

pério

; ave

nta

a po

ssib

ilida

de d

e de

rrot

a e

mes

mo

assi

m, n

essa

aná

lise,

o Im

pério

est

á fa

dado

a

desa

pare

cer

Libe

rdad

e X

Esc

ravi

dão,

trev

as X

luz,

civ

ilizaç

ão X

bar

bárie

66

3-66

4 V

anta

gens

e

nece

ssid

ades

de

uma

educ

ação

púb

lica

Text

o so

bre

a im

portâ

ncia

da

educ

ação

par

a a

form

ação

de

um p

ovo

Da

obra

Sci

enza

de

la L

egis

lazi

one,

de

Gae

tano

Fila

ngue

ri

O e

nsin

o de

ve fo

rnec

er o

mod

elo

da c

ondu

ta d

os

cida

dãos

, for

man

do o

car

áter

nac

iona

l; C

ita A

ristó

tele

s:

educ

ar a

juve

ntud

e no

s pr

incí

pios

con

situ

cion

ais

Con

tinua

r-se-

66

4 In

terio

r / D

ecre

to

Apr

ovaç

ão d

o or

çam

ento

66

4 Ú

ltim

as n

otíc

ias

Tent

ativ

a de

ata

que

do Im

pério

resu

lta

em m

orte

s e

grav

es fe

rimen

tos

dos

ofic

iais

Fel

ippe

Ner

i e J

osé

Joaq

uim

Não

Dia

gram

ação

dife

rent

e, e

m le

tra d

e co

rpo

mai

or;

“Den

tro e

m p

ouco

ser

emos

info

rmad

os d

este

revé

s qu

e so

frera

o

inim

igo

e en

tão

trans

miti

rem

os a

os n

osso

s le

itore

s”

66

4 A

núnc

io

Ven

da d

e D

icio

nário

s de

Mor

ais

Não

15

8 C

açap

ava,

qua

. 13

mai

o 18

40

66

5 E

xter

ior /

Exé

rcito

Li

berta

dor

Not

icia

impo

rtant

e vi

tória

dos

re

publ

ican

os n

a co

sta

do Q

uebr

acho

Jo

ão L

aval

le

O P

ovo

não

com

enta

a n

otíc

ia, s

ó tra

nscr

eve

a co

rres

pond

ênci

a

66

6-66

7 O

Pov

o / O

Des

perta

dor

O P

ovo

aval

ia e

sse

perió

dico

do

Rio

de

Jane

iro

Não

A

firm

a qu

e O

Des

perta

dor s

ente

indi

gnaç

ão p

or c

ausa

da

liber

dade

de

impr

ensa

que

o G

over

no O

rient

al re

spei

ta

em M

onte

vidé

u, fa

land

o fa

vora

velm

ente

aos

repu

blic

anos

rio

-gra

nden

ses;

crit

ica

e iro

niza

a p

osiç

ão d

este

jorn

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