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  • Dissertao de Mestrado apresentada ao Programa dePsGraduaoemDesigndaFaculdadedeArquitetura,Artes eComunicaodaUniversidade Estadual PaulistaJlio de Mesquita Filho Campus de Bauru, comorequisitoparaaobtenodottulodeMestreemDesign.TrabalhodesenvolvidocomapoiodaCAPES.Orientadora:Prof.Dr.PauladaCruzLandim

  • Pizarro, Carolina Vaitiekunas. O designer e a prtica profissional na indstria automobilstica no Brasil / Carolina Vaitiekunas Pizarro, 2014. 305 f. Orientadora: Paula da Cruz Landim Dissertao (Mestrado) Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicao, Bauru, 2014. 1. Designer. 2. Design de Produto 3. Automobilstico. I. Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicao. II. Ttulo.

  • minhafamlia.

  • Agradecimentos

    Deuspormeacompanhar,protegereauxiliaremtodososmomentos.minhaorientadoraPauladaCruzLandimpelaamizade,disposioeconfianarefletidosematendimentosenriquecedores,sempreacompanhadosdetimasconversaseanimadasrisadas.AosprofessoresProf.Dr. JosCarlosPlcidoda Silva,Profa.Dra.MaristelaMitsukoOno,Prof.Dr.OsmarVicenteRodrigueseProfa.Dra.LucyCarlindadaRochadeNiemeyerpelagentilezaemaceitarcolaborarnaconstruodapresentepesquisa.AosprofessoresdodepartamentodeDesignedaPsgraduaoemDesigndaUnespdeBauru, em especial aos professores Plcido, Osmar, Paschoarelli e Marizilda pelo auxlioduranteacaminhada.AosmeuspaisOscareMagda,minhairmMarianaeaocunhadoGustavopeloincentivoeapoioconstantesnabuscapelosmeusobjetivosprofissionais,dedicaoestaqueporvezesexigemuitoalmdesuaspossibilidadesequemesmoassimrealizadademaneiracorajosa.A todos os amigos da Psgraduao emDesign pelo carinho, amizade, parceria e pelosdiversosmomentosfelizesqueacrescentaramcoraosmeusdias.Aosdesignersquecolaboraramcomapresentepesquisa,porsuadisposioaocompartilharseusconhecimentosepercepesconstituindoabasedessainvestigao,eemespecialaosdesignersAnsioCampos,AriRochaeFernandoMoritapelascontribuiessobrearealidadedesefazerdesignautomotivonoBrasilnopassadoenaatualidade.AodesigneretambmprofessordetcnicasaplicadasaodesignautomotivoNelsonLopesque to gentilmente cedeu sketches de sua autoria para o desenvolvimento do projetogrficodestadissertao.A todos os profissionais da Seo de PsGraduao da FAAC pelo comprometimento ededicaomissodemanterentreoutrastantasatribuiesavidaacadmicadensalunosemordem. Gislaine e Rosana do Departamento de Design pela simpatia e pratividade amimdedicadosdesdequecurseiaGraduaonesta instituioequedamesmamaneiraforamconstantesnoscaminhosdaPsGraduao.EfinalmenteCAPESporpermitiraminhadedicaointegralpesquisa.

  • Odesigner,inicialmente,precisaaceitararealidade,oquenosignificaconformarsecomela.

    (BONSIEPE,2011,p.201)

  • PIZARRO, C. V. O DESIGNER E A PRTICA PROFISSIONAL NA INDSTRIA AUTOMOBILSTICA NOBRASIL. 2014. 309f. Dissertao (Mestrado em Design). Faculdade de Arquitetura, Artes eComunicao,UNESP,Bauru,2014.RESUMOEntre os objetos de uso produzidos em escala industrial, o automvel figura como umemblemticoe complexoproduto resultantedeanosdepesquisas,asquais contriburampara o aprimoramento de seus diversos componentes e pautaram sua evoluo.Notadamente aps a Revoluo Industrial, os avanos obtidos em termos de prtica deprojeto, velocidade de produo e concorrncia crescente de mercado, delinearam aformao da atividade do desenhista industrial ou designer, o qual, ao longo do tempo,tornouse responsvel tambm pelo projeto de veculos. Na indstria automotiva daatualidade, incumbncia dos designers projetar e acompanhar o desenvolvimento deautomveis,levandoemconsideraotantoaspectosobjetivoscomosegurana,confortoedesempenho, quanto subjetivos potencial para evocar emoes e identificao com ousurio na produo do produto. A presente pesquisa se props a investigar como osdesignersdeempresasdosetorautomobilsticonoBrasilpercebemosprocessosenvolvidosemsuarotinaprofissional,levantandoaspectosdaprticaqueinfluenciamnodesempenhodessesprofissionaisenoprocessodedesigndeautomveis.Tambmobjetivoucontribuirpara a produo e divulgao dos conhecimentos cientficos nesta rea do design que ainda pouco investigada. Para tanto, recorreuse investigao de enfoquequalitativo/quantitativo realizando em um primeiro momento entrevistas abertas comespecialistas, a partir das quais se obtiveram os parmetros necessrios elaborao dequestionrios fechadosposteriormente aplicados auma amostradouniversopesquisado,visandoobtenodedadosmaisprecisosemrelaoaotemapesquisado.Osresultadoselucidaramvariadosaspectosreferentesprticaprofissionaleaanlisedestespermitiuarealizao de inferncias sobre a atividade do designer de automveis brasileiro,construindoumpanoramaatualdaprofissoapartirdoolhardosprpriosprofissionais.Porfim, os resultados da investigao foram tomados como base para a elaborao depropostas voltadas s Universidades e indstrias polos de formao e de prticaprofissionalcomoobjetivodecontribuirtambmparaamelhoriadaprticaprofissionalemdesignautomotivo.Palavraschave:Design;Automvel;Designer;Indstriaautomobilstica

  • PIZARRO,C.V. THEDESIGNERANDPROFESSIONALPRACTICEAT THEAUTOMOBILE INDUSTRY INBRAZIL.2014.309f.Dissertation(MasterinDesign).FaculdadedeArquitetura,ArteseComunicao,UNESP,Bauru,2014.ABSTRACTAmongtheobjectsproducedonanindustrialscale,thecarisanemblematicandacomplexproduct that is result of years of research,which contributed to the improvement of itsvariouscomponentsandguided itsevolutionalongthetime.Especiallyafterthe IndustrialRevolution, the progressmade in terms of project practice, speed of production and theincreasingmarketcompetition,outlinedtheformationoftheindustrialdesigner,whichovertimealsobecameresponsibleforvehiclesprojects.Intheautomotiveindustryofnowadays,is incumbentondesigners todesignandmonitor thedevelopmentofvehicles taking intoaccount both the objective aspects such as safety, comfort and performance, like thesubjective ones potential to evoke emotions and identification with the user at theproduct production. The present research aimed to investigate how the designers ofcompanies intheautomotivesector inBrazilperceivetheprocesses involved intheirworkroutine, raising aspects of the practice which influence the performance of theseprofessionalsand theprocessofcardesign. It soughtat the same time,contribute to theproductionanddisseminationofscientificknowledgeinthisareaofdesignresearchwhichisstilltimidlystudiedinBrazil.Tothisend,weresortedtothequalitative/quantitativeresearchapproach, initially applying open interviewswith experts, fromwhichwere obtained thenecessaryparameterstotheelaborationoftheclosedquestionnairessubsequentlyappliedtoasamplegroupstudiedinordertoobtainmoreaccuratedatatotheresearchtopic.Theresultselucidatevariousaspectsrelatedtoprofessionalpracticeand itsanalysisallowedtomake inferencesabouttheactivityofthebrazilianautomobiledesigner,buildingacurrentoverview of the profession from the look of the professionals themselves. Finally, theresearchresultswereusedasabasisfortheelaborationofproposalsaimedatUniversitiesand industriespolestrainingandprofessionalpracticewiththe intenttoalsocontributetoandimproveprofessionalpracticeinautomotivedesign.Keywords:Design;Automobile;Designer;Automobileindustry

  • LISTADEFIGURASFigura1PrimeirafbricamontadoradaFordnoBrasilp.46Figura2InauguraodosescritriosefbricadaGeneralMotorsnoBrasilem1925p.46Figura3PrimeirainstalaodefbricadaVolkswagendoBrasilp.48Figura4LinhademontagemdaRomiIsettap.50Figura5PeruaDKWVemagp.51Figura6PickupFordF100p.51Figura7ToyotaBandeirantep.52Figura8ModelodoprojetoItapuanp.54Figura9Democratap.55Figura10OprojetoAruandap.57Figura11Brasinca4200GTp.60Figura12UmdosprimeirosprottiposdoGurgelp.60Figura13MalzoniGTfabricadopelaDKWVemagp.61Figura14SketcheseprojetoArpoadorp.62Figura15Carcarp.62Figura16Carcarfinalizadop.63Figura17ProttipoPumaderivadodoGTMalzonip.63Figura18PumaGTouDKWp.64Figura19PumaGTEp.64Figura20OstrsPumaGT4Rp.65Figura21ProttipoFEIX1p.65Figura22FordGalaxie500p.66Figura23FordCorcelp.67Figura24Opalap.67Figura25LorenaGT;BuggyLorenaeJipeGaiatop.68Figura26PropagandadoBuggyGlaspacnarevistaQuatroRodasp.69Figura27VolkswagenFusca1500p.69Figura28KarmannGhiaTCp.70Figura29BuggyTropiKadronp.71Figura30VolkswagenSP2p.72Figura31VolkswagenBrasliap.73Figura32MPLaferde1977p.74Figura33AvalloneTF;Alfa1931;Super90eFeraXKp.75Figura34GurgelXavantep.75

  • Figura35JipeJEGp.76Figura36Miura1977p.76Figura37Biancop.77Figura38SM4.1p.77Figura39GurgelItaipueMiniPumap.78Figura40VolkswagenPassatp.80Figura41Fiat147p.82Figura42ChevetteEnvemoTargap.83Figura43PassatMalzonip.84Figura44PeruasPassatdeduasequatroportasp.84Figura45CorcelIIconversvelp.85Figura46PropagandadoFormigoveiculadanarevistaQuatroRodasp.85Figura47VolkswagenGolp.86Figura48Disetap.87Figura49Laserp.87Figura50Farusp.88Figura51GolCabrioletp.88Figura52CorcelHatchbackp.89Figura53CountryeBlazerp.89Figura54CobraGlaspacp.90Figura55SketchdoMiniDaconeimagemdeentradadotesteQuatroRodasp.90Figura56MiuraSpyderp.91Figura57GurgelXefp.91Figura58EscortXR3p.92Figura59FiatUnop.92Figura60FurglaineePoCaravellep.93Figura61UnoCabrioletSultanp.93Figura62Hofstetterp.94Figura63Ibizap.95Figura64Topazziop.95Figura65GurgelBR800p.96Figura66Nickp.97Figura67ChevroletKadettp.97Figura68PropagandadeEnvemoeanncioempginadupladaSidcarp.98Figura69GMBonanzap.98

  • Figura70FerrariF40p.99Figura71Futurap.100Figura72Alfa164p.101Figura73BMWVeronap.101Figura74HondaAccordp.102Figura75GurgelSuperminip.102Figura76ChevroletVectrap.103Figura77ChevroletCorsap.103Figura78GolgeraoIIp.104Figura79FachadadafbricadaHondaautomveisp.106Figura80ToyotaCorollap.106Figura81TrollerT4p.107Figura82PlantafabrilPSAPeugeotCitronp.108Figura83NissanFrontierp.108Figura84CitronC3p.109Figura85VolkswagenFoxp.110Figura86bvio!8282p.111Figura87Prottipo012dabvio!p.111Figura88Lobinip.113Figura89LSPSp.114Figura90GolgeraoVp.115Figura91Peugeot207p.116Figura92DoniRossetp.116Figura93ProjetoSabi6p.117Figura94NovoUnop.118Figura95HyundaiHB20p.120Figura96NovoEcosport2013p.122Figura97NovoFuscap.122Figura98Volkswagenup!p.123Figura99KineticDesignp.131Figura100FluidicSculpturep.132Figura101BentleyContinentalGTp.136Figura102SketchdomodeloVolkswagenup!p.136Figura103SketchdosedVolkswagenJettap.137

  • LISTADEDIAGRAMAS,GRFICOSEQUADROSDiagrama1CadeiaProdutivadaindstriaautomotivap.125Diagrama2ProcessodeDesignp.134Diagrama3Passosdaanlisedecontedodasentrevistasp.149Diagrama4Sntesedosaspectospercebidospelosdesignersacercadesuaprticaprofissionalp.207Diagrama5RelaespossveisdeseremestabelecidasentreUniversidadeeIndstriavisandomelhoriadaprticadodesignerautomotivoeoreconhecimentodaprofissop.231Grfico1Formaodosprofissionaisentrevistadosp.153Grfico2Hquantotempotrabalhacomdesignautomotivop.154Grfico3Formaodosprofissionaisparticipantesp.209Grfico4Hquantotempoquetrabalhacomdesignautomotivop.210Grfico5Conhecimento/reconhecimentododesignpelosdemaisprofissionais/departamentosp.211Grfico6Aumentodeoportunidadesparaosdesignersnareaautomotivap.212Grfico7Autonomiaparaacriaoedesenvolvimentodeprojetosp.213Grfico8Tendnciadedesenvolvimentodeprojetosglobaisp.213Grfico9Aspectosnegativospresentesnaprticaprofissionalp.215Grfico10Melhoriasnaprticaprofissionalp.216Grfico11Acurtoemdioprazosomercadoeaproduobrasileirosnosofreromuitasmodificaesp.217Grfico12Odesignerterpapelfundamentalparaamelhoriaeodesenvolvimentodoprodutocarro,damobilidadeemgeraledasociedadep.218Grfico13Atuaodoprofissionaldependerdepolticaspblicaseficientes,empresasresponsveisesociedadeconscientep.218Grfico14Setornarnecessriaacriaodecentrosdepesquisaemdesignavanadonosquaisaparticipaododesignerseressencialp.219Quadro1CategoriasdeAnliseeseusrespectivostemasp.155Quadro2ndiceseindicadoresoriginadosdoTema1Ap.155Quadro3ndiceseindicadoresoriginadosdoTema1Bp.158Quadro4ndiceseindicadoresoriginadosdoTema2Ap.162Quadro5ndiceseindicadoresoriginadosdoTema2Bp.169Quadro6ndiceseindicadoresoriginadosdoTema3Ap.174Quadro7ndiceseindicadoresoriginadosdoTema3Bp.179Quadro8ndiceseindicadoresoriginadosdoTema3Cp.188Quadro9ndiceseindicadoresoriginadosdoTema4Ap.197

  • GLOSSRIOBriefing Termo em ingls que no mbito do design automotivo utilizado para fazerrefernciaelaboraoporpartedosdesigners,dasinstruesediretrizesnecessriasparao encaminhamento do projeto junto aos parceiros e fornecedores direcionando seudesenvolvimento.Clay Termo em ingls que denomina uma argila plstica. Tratase de um material demodelagemmacioemalevel,compostodepartculasdePVC(PolyvinylChloride).Quandoempontodeargilapodesermoldadoeesculpido,aceitandodiversasaesdemodelagem.Umavez finalizadoo trabalho,aargilaaquecidaembaixa temperaturaeporum tempoprogramando, processo responsvel por fundir as partculas de PVC componentes,resultandoemumplsticoduro,resistenteedurvel.Color&Trim rea do design automotivo responsvel pelo desenvolvimento de cores eacabamentosinternoseexternosdosveculos.Comerciais levesVeculosvendidosnoBrasilquepossuemPBT,PesoBrutoTotal,deat3,5toneladas,incluemsepickupspequenasderivadasdoscarrosdepasseio,vans,furgeseutilitriosesportivos.ConceptsTermo inglsutilizadonombitododesignautomotivoparafazerreferncia:ideias inovadorasouconceitodeprojeto;umsetor/timedeprofissionaisque trabalhaemnovasideiasouconceitosinovadoresparafuturosveculos;carrosconceito.Crash test Termo em ingls que designa os testes de impacto contra barreirasindeformveis (blocos de concreto ou ferro) ou deformveis (bloco deformvelmetlico)realizadosporempresasespecializadasparaavaliaraseguranaautomotiva,verificandoseosveculostestadoscumpremasnormasdeseguranadeproteocolisoemsituaesdeacidentedetrnsito.Crossover Veculo com caractersticas combinadas de veculos compactos e utilitriosesportivos.FaceliftMudana incrementaldas linhasdoveculoessencialmenteestticasem implicaremumamodificaoradicaldodesigndoproduto.Feasible Termo ingls utilizado no mbito do design automotivo referente criaesfactveis,possveisdeseremfabricadasemtermosdeviabilidadetcnica.FeaturesComponentes.Flexfuel Tecnologia de motorizao que permite ao automvel funcionar com doiscombustveis:lcoolougasolinaequalquermisturadeambos.Fluidic Sculpture Tendncia de estilo adotada mundialmente pela Hyundai, a qualincorporanosprojetosdosveculosaexecuodeformasfluidasedinmicas.

  • Gr Turismo,Gran TurismoouGT Termodeorigem italiana,utilizadopara referenciarveculos esportivos de luxo e alto desempenho, capazes de realizar viagens de longadistnciaemaltavelocidadecomconfortoeelegncia.HatchCarrocompactoparaatcincoocupantescomportamalasintegradoaohabitculodospassageiros,podeterdeduasquatroportasmaisatampatraseira.Hatch mdio Maiores que os compactos de entrada apresentam motorizao maispotente (acima de 1.0) e mantm espao para at cinco ocupantes com portamalasintegradoaohabitculodospassageiros,pode terdeduasquatroportasmaisa tampatraseira.InputTermoeminglstraduzidocomoentrada,equenombitododesignautomotivoutilizado para fazer referncia informaes que do incio s atividades projetuais; ocomeodostrabalhos.IntentInteno;objetivo.JewelinsertsTermoeminglsutilizadonombitododesignautomotivoparareferenciarpeas trabalhadas visualmente a fim de simular acabamentos superiores (cromados, aoescovado,fibradecarbonoentreoutros).Kinetic Design Tendncia de estilo adotada mundialmente pela Ford, pautada nodinamismodasformasaplicadasaointerioreexteriordosveculosdamarca,representandoaenergiaemmovimento.KnowhowTermoem inglsquedesignaoconhecimento;osaberfazeremdeterminadarea.MindsetModelomental.Mini Carro compacto para dois ou quatro ocupantes e duas portas, com carroceriamonovolume.MinivanCarrofamiliarcomcarroceriamonovolumeparaatseisocupantescomduasouquatroportasetampatraseira(inteiriaoubipartida).MonoblocoVeculoscujochassi,motorecarroceria integramumapeanica,comoporexemplo,osnibusosquaiseramanteriormentemontadossobrechassisdecaminhes.MultivanCarrofamiliarparaquatrooucincoocupantes,comtrsouquatroportas(comaopo de portas deslizantes) e uma porta traseira (inteiria ou bipartida). Veiculomultiespaocomcarroceriadoisvolumes.PackagereadodesignautomotivoresponsvelpeloaspectodimensionaldoveculoAtuaconsiderandoosespaoseposicionandooscomponentesdocarro,ajustandoedefinindootamanhoidealdomesmoapartirdeestudosergonmicosedeviabilidadetcnica.

  • PickupVeculo levederivadodosedanouperuadamesmafamlia,oqualservedebaseparafurges.Almdaopocabinesimplesoudupla,apresentacaamba.PremiumTermo inglsutilizadonombitododesignautomotivopara fazerrefernciamodelossofisticadosdeautomveis.RenderingExpressoempregadanailustrao2D(duasdimenses),manualoudigitalenailustraoeanimao3D(trsdimensesexclusivamentedigitais).Quandoempregadoporartistas2Dotermorenderingreferesetcnicade ilustraoquepermiteaobtenodeimagenscomgrandeapelovisualede forma rpida,muitoempregadanareadoDesignpara ilustrar ideias de novos produtos. Na rea dacomputao grfica3Dorenderingcompreendegerarumaimagem2Dapartirdomodelo3Dpreviamenteconstrudo.Shape rea do design automotivo responsvel pelo estudo e projeto da forma doautomvel.SketchesDesenhos realizadosmo livreou comaajudade recursosdigitais,osquaisrepresentamasideiasoudiretrizesdeumprojeto,materializandovisualmenteumconceito.Sedan Carro de passeio para quatro ou cinco ocupantes com trs volumes separados(cap,cabineeportamalas).SuppliersFornecedores.TimingOprazoquesetemparaodesenvolvimentodoveculo.TrendyTermoeminglsquedesignaalgoquetendncia;queestnamoda.Van Carro familiar para at oito ocupantes, com trs ou quatro portas (com opo deportasdeslizantes),tampatraseira(inteiriaoubipartida)ecarroceriamonovlume.

  • LISTADEABREVIATURASESIGLASABSAcrnimoparaaexpressoalemAntiblockierBremssystem.Tratasedeumsistemadefreiosantitravamentoderodas,oqualemcasodefrenagemabruptaevitaaderrapagemdocarro,afaltadeadernciadospneuspistaeconsequentedescontroledoveculo.ANFAVEAAssociaoNacionaldosFabricantesdeVeculosAutomotoresCAPESCoordenaodeAperfeioamentodePessoaldeNvelSuperiorCBTCompanhiaBrasileiradeTratoresCESPCompanhiaEnergticadeSoPauloCIPEDCongressoInternacionaldePesquisaemDesignCKD Sigla adotadamundialmente pela indstria automotiva para designar o termo emlnguainglesaCompletelyKnockedDownemtraduolivrecompletamentedesmontadoaqual se refereao fornecimentode veculos,agregadosepeasdesmontadoseque somontadosefinalizadosnopasondeservendido.CONTRANConselhoNacionaldeTrnsitoCPIComissoParlamentardeInquritoDKWDampfKraftWagenDNA Termo emprestado da rea das Cincias Biolgicas e que na rea do DesignAutomotivorefereseidentidadedamarcarepresentadanodesigndeseusprodutosESDIEscolaSuperiordeDesenhoIndustrialFEIFaculdadedeEngenhariaIndustrialFNMFbricaNacionaldeMotoresGEIAGrupoExecutivodaIndstriaAutomobilsticaGMGeneralMotorsIBAPIndstriaBrasileiradeAutomveisPresidenteIPEAInstitutodePesquisaEconmicaAplicadaP&DDesignCongressoBrasileirodePesquisaeDesenvolvimentoemDesignP&LPanhardeLevassorPIBProdutoInternoBrutoSPECSSiglaadotadaemreferentesespecificaestcnicasSRSouzaRamosconcessionriaFordSUV Sigla adotadamundialmente pela indstria automotiva para designar o termo emlngua inglesa Sport Utility Vehicle em traduo livre Veculo Utilitrio Esportivo desenvolvidoparaquatrooucincoocupantescomduasouquatroportas.UNESPUniversidadeEstadualPaulista

  • SUMRIO1INTRODUO................................................................................................................202OBJETIVOS.....................................................................................................................253REVISOBIBLIOGRFICA...............................................................................................273.1AindstriaautomobilsticanoBrasil:contextualizaodosetor......................................283.2Afabricaodeautomveiseaatuaodosdesigners:aspectoshistricos...................323.3OdesigneosdesignersautomotivosnoBrasil:doincioatualidade............................404MATERIAISEMTODOS...............................................................................................1424.1Aspectosticos.................................................................................................................1434.2Materiais...........................................................................................................................1444.3Procedimentosdecoleta..................................................................................................1464.4Anlisededados...............................................................................................................1475RESULTADOSEDISCUSSES.........................................................................................1515.1Resultadosdaprimeirafasedapesquisa...................................................................1525.1.1PerfildaAmostra...........................................................................................................1535.1.2Anlisedecontedodosdadosobtidos.......................................................................1545.1.2.1Categoria1:OprofissionaldesignerautomotivonoBrasil........................................1555.1.2.2Categoria2:Odesignerautomotivoeainterdisciplinaridade.................................1625.1.2.3Categoria3:Autonomia,desafiosemelhoriasnaprticaprofissionaldodesignerdeautomveisbrasileiro............................................................................................................1745.1.2.4Categoria4:OfuturodaprofissonoBrasil.............................................................1975.2Resultadosdasegundafasedapesquisa...................................................................2085.2.1PerfildaAmostra...........................................................................................................2085.2.2Anlisedosdadosobtidos............................................................................................210CONSIDERAESFINAIS................................................................................................222

  • 7REFERNCIASUTILIZADASECONSULTADAS................................................................2348APNDICES..................................................................................................................244

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    1INTRODUO

    As primeiras intervenes do Homem na natureza objetivando a modificao doentornoparaatenders suasnecessidades,permitiramqueaaocriativaHumana fosseresponsvel pela produo dos mais variados artefatos. Ao longo do tempo, oaprimoramento das tcnicas e o desenvolvimento de novas e diferentes ferramentas,materiaiseprocessospermitiramqueaproduodestesobjetosevolussedemaneiracadavezmaisveloz,resultandonoaprimoramentodosdiferentesprodutos.

    NotadamenteapsaRevoluoIndustrial,osavanosobtidosemtermosdeprticade projeto, velocidade de produo e concorrncia crescente demercado, delinearam aformao da atividade do desenhista industrial ou designer como profissionalencarregadoda criaoedesenvolvimentodeprojetos,quedemaneira interdisciplinarresponsvel por conjugar em sua prtica diria, entre outros fatores, o aprimoramentoconstantedeprojetos,aotimizaodosprocessosprodutivos,odesenvolvimentodenovosmateriais e o uso de recursos naturais. Tais fatores permeiam a atividade, a qual buscaequilibrarosinteressesdeempresasemercadocomasnecessidadesedesejosdosusuriosnaproduodosartefatos.

    Entreosobjetosdeusoproduzidosemescalaindustrial,oautomvelfiguracomoumemblemtico e complexo produto resultante de anos de pesquisas as quais contriburampara o aprimoramento de seus diversos componentes e pautaram sua evoluo. Com opassar dos anos, um produto inicialmente caro e com pblico consumidor restritopopularizouseprincipalmenteapsadifusodaproduoemlinhademontagemsendoatualmenteumdosobjetosmaisutilizadosnocotidianodosindivduos,oqualincorpora,seadaptaerefleteasmudanasdegostos,hbitosenecessidadessociaisnoespaodetempoemqueseencontrainserido.

    Tambm a indstria automotiva tornouse produtora de tecnologias as quaiscontribuem diretamente para o desenvolvimento industrial como um todo, produzindoinovaes e processos incorporados inclusive por outras reas tais como o motor combustoeaproduoemlinhademontagembemcomoaomesmotempofoieainda influenciadapornovosavanosoriundosdasmaisdiversasreastaiscomooempregocrescente das tecnologias digitais no formato de computadores de bordo e centrais deinteratividade,cadavezmaispresentesnosprojetoscontemporneos.

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    Na produo deste objeto de uso, a atuaodo designer se faz essencial. Em umcenrio de concorrncia acirrada, no qual as tecnologias so empregadas de maneiraequivalentepelasdiferentesmarcas,odesigndoprodutoumdos importantesfatoresosquaisinfluenciamnosucessodoprojetojuntoaopblico,sendoporvezesdeterminantenaescolha por parte do usurio quando do momento da compra (ROBERTI; MATSUBARA,2012).

    No Brasil, a rea de design automotivo vem crescendo nos ltimos anosprincipalmente devido implantao de estdios de design anexos s plantas fabris deempresas multinacionais instaladas em territrio nacional. Tratase de um reflexo daexpansodaatividadededesignnasmatrizes,asquaisvmreconhecendoaimportnciadamesmaeexpandindoas subsidirias.Muitosprojetosde sucesso forameainda sodesenvolvidoscomimportantescontribuiesdeprofissionaisbrasileiros,osquaistmsidosolicitados mais recentemente a trabalhar dentro da tendncia atual da produo deprojetosglobaisadotadapelasempresas.

    No mbitoda formaoprofissional, apartirdadcadade1960,noBrasil, com acriaodos cursosdeDesenho Industrialoferecidospor instituiesdeensino superiorsendo o primeiro deles criado em 1963 com a fundao da Escola Superior deDesenhoIndustrialESDInacidadedoRiodeJaneiroareadedesigndeautomveispassouafigurar como mais um campo de atuao para os estudantes egressos. Tambm odesenvolvimentoeaexpansodasindstriasinstaladasnopasfavoreceramaampliaodocampo de trabalho para que os profissionais interessados se especializassem na rea.Atualmente,algumasinstituiesmantmcursosdedesigndetransportesoudesignparaamobilidade,osquais sooferecidosnasmodalidadesdepsgraduao,especializaoouextenso,promovendoaprofissoecapacitandoosestudantesdedesignparaaatuaonosetor.

    incumbnciadosdesignersprojetareacompanharodesenvolvimentodeveculosque sejam esteticamente atraentes, ergonomicamente adequados, levando emconsideraotantoaspectosobjetivoscomoseguranaedesempenho,quantosubjetivospotencialparaevocaremoeseidentificaocomoestilodevidadousurionaproduodoproduto.Aprticaempreendidapelosdesignersdentrodosestdiosdasmontadorasatualmente caracterizada como uma atividade interdisciplinar, inserida em um cenrioproblemticoemtermosdemobilidade,noqualonmerodeveculospresentesnasruas

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    tomado como um dos fatores causadores do trnsito, por vezes catico, verificadoprincipalmente em grandes cidades. Somase a estes pontos a demanda crescente eminovaoporpartedasempresasem relaoaosdesigners,como reflexodaconcorrnciaacirrada. Nesse cenrio, a importncia do design para a produo de automveis sejainegvel, a prtica dos designers neste meio apresenta importantes desafios a seremvencidos.

    Emboraosetorautomotivosejaumdosmaisvisadospelosdesignersbrasileirososquaisbuscamumaoportunidadenarea,noqueconcernereadedesigndeautomveisepesquisarelativaaestecampodeatuaonoBrasilprincipalmentesobreaatuaodosdesignersnestemeioobservaseaindaumamodestaproduodebibliografias,quandocomparadassdemaisreasdepesquisaemdesign.Salvoalgumasexcees(LAMM;HOLLS,1996;SPARKE,2002;LARICA,2003;ONO,2004;VIEIRA,2010;KINDERSLEY,2012),amaioriadaproduoenvolvendoocarrocomoobjetodeestudoconfigurasecomouma literaturade lazer,voltadaaopblicoadmiradordeautomveis,sendoescassasaspublicaesmaisaprofundadas,deteorcrticoouanalticovoltadasaoassunto.

    Noqueserefereproduocientficadeautoriabrasileiraverificada,asquaistmporobjetodeestudoo setorautomotivo,boaparte refereseaestudosdeengenhariaeprocessos de produo, sendo voltadas principalmente s discusses na rea da gesto(VIEIRA;GARCIA,2004),estratgiasdecompetitividade (DIAS,2001;DIAS;SALERNO,2003;CARVALHO,2005;SCAVARDA;BARBOSA;HAMACHER,2005),processosdentroda indstriacom nfase em engenharia (CARDOSO; KISTMANN, 2009), identidade e marketing(OLIVEIRA,2006),sendoocasionalmenteinvestigadosaspectoshistricos(CAMARGO,2006)ouculturaisnosprojetosemdesign(ONO,2004).

    Tambm as publicaes de autoria brasileira ou realizadas em parceria cominstituiesestrangeiras,referentesaosetorautomobilsticoencontradasnos41volumesdoInternationalJournalofAutomotiveTechnologyandManagementosquaiscompilamumtotal de 278 estudos publicados entre os anos de 2001 e 2012 perfazem um total deapenas9artigos,dosquaisnenhumversasobreocampododesigndeautomveis,sendoem sua maioria referentes gesto da produo (BALCET; CONSONI, 2007; MIYAKE;NAKANO,2007;PROFF,2011; IBUSUKI;KOBAYASHI;KAMINSKI,2012),gestodaproduodeautopeas(RACHID,2001;TOLEDO;FERRARI;ALLIPRANDINI;MARTINS;MARTINS;SILVA,2004), aspectos histricos (ZIBOVICIUS; MARX; SALERNO, 2002) estratgias de

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    competitividade(ZILBER;VASCONCELLOS,2005),eengenharia(AMATUCCI;SPERS,2010).Notocanteproduocientficaespecficadareadodesign,envolvendoosetorautomotivo,amesma tambm semostra tmida. Em estudobibliomtrico realizado (PIZARRO; LANDIM,2012), foramanalisadasasproduescientficaspublicadasnastrsediesmaisrecentesdedoisimportantescongressosdareadoDesign,oP&DDesignCongressoBrasileirodePesquisaemDesigneoCIPEDCongressoInternacionaldePesquisaemDesign.Somadasasproduesdasseisediestrsdecadaeventoverificouseque,deumtotalde2.526trabalhos,apenas21abordavamdealgumamaneiraoautomvelcomooobjetodeestudo.TalresultadorefleteabaixaproduosobreotemanoBrasilenomundoumavezqueaanliserealizadacompreendeuumeventonacionaleuminternacionalndicepreocupanteemse tratandodeum setornoqualodesign temgrandepesonosucessodoproduto.Abaixa produo reflete a pouca ateno que tem sido dispensada pela comunidadeacadmicaaum campodeatuaoparaodesign,noqualapesquisadesempenharumpapel importantenosprximosanos,principalmentenoque tangeaosproblemasque seesboamnaatualidade,emtermosdemobilidade.

    A presente pesquisa propese a investigar como se d a prtica profissional dosdesigners dentro dos processos de design nas montadoras, quais os aspectos que acaracterizam,osobstculosaseremequacionados,ospontospositivosaseremreforadoseaprimorados,bemcomooquesepodeesperarparaofuturodaprofisso.Afimdeobterrespostas fiis realidade vivida por esses profissionais, recorreuse investigao dapercepo de profissionais inseridos no mercado e atuantes na rea de design deautomveis.Percepo compreendidanestapesquisade acordo comCoelho (2008,p.44)como[...]processoouatodeperceber,ouaoefeitoouprodutodessamesma faculdade[...] o fato de perceber atravs dos sentidos e emoo, ou a representao consciente apartirdesensaes.usadoparaofatodetomarconhecimentodeobjetosemgeral,outeraconscinciadealgo.Podendoaperceposervista,aindadeacordocomoautor,como[...] o reconhecimento intuitivo de uma qualidade moral ou esttica [...] diz respeito cognioouaojulgamentoimediatoouintuitivo(COELHO,2008,p.44).

    Amotivaoparaapesquisa teveorigemapartirdasexperinciasprofissionaisdapesquisadoranosdepartamentosdedesigndeduasmontadorasdeveculosVolkswagendoBrasileCAIOInduscar.Duranteoperododeatuaonasempresas,almdoaprendizadoevivnciadaprticaprofissional,foramdetectados importantesaspectosquepermeiama

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    prticaprofissional,osquaisresultavamemfortesinflunciasnodesempenhoprofissionalede projeto dos designers. Com a inteno de investigar e registrar tais aspectos, apossibilidadedetransformarosproblemasvivenciadosouobservadosnaprticaemumproblema de pesquisa apresentouse como um caminho natural e desafiador, dado aescassezdebibliografiascorrelatasaotemaesdificuldadespresentesquandosepretendetrabalhar junto a empresas nas quais o sigilo configurase como parte importante dotrabalho. Uma vez aprovada em processo seletivo pelo Programa de PsGraduao emDesign daUNESP campus deBauru, a presente pesquisa financiada pelaCAPES pde serdesenvolvida.

    Aestruturadadissertao resultanteda investigao correspondea seis captulos,sendo o primeiro dedicado introduo do tema e o segundo ao esclarecimento dosobjetivosdapesquisa.

    O captulo trs compreende a reviso bibliogrfica acerca do tema pesquisadoestabelecendorelaesapartirdedadoshistricosreferentess indstriasdeautomveisinstaladas no Brasil, abordando os fatos histricos, as iniciativas de desenvolvimentobrasileirasparalelasproduodasmultinacionais,osurgimentoeaatuaodosdesignersnestemeio,bemcomoapresentadadosprovenientesdepesquisasrecentessobreosetor.

    O captulo quatro elucida osmateriais emtodos empregados no decorrer destapesquisaemsuasduasfases,atendendoaosaspectosticos,relatandoosprocedimentosdecoletaeomtododeanlisededados.

    Emseguida,ocaptulocincoapresentaaanlisecompletaeasdiscussesdosdadoscoletados nas duas fases da pesquisa.As consideraes finais foram tecidas realizando ofechamentodapesquisaapartirdaretomadadasreflexesapresentadas,integrandoasaocenrio obtido a partir da anlise dos dados e apresentando sugestes consideradaspertinentessUniversidadeseindstriasdeautomveis,visandocontribuirparaamelhoriadaprticaprofissional.

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    2OBJETIVOS

    ODesigndesempenha importantepapelnodesenvolvimentodoobjetoautomvel,sendo o campo do design automotivo um dos mais competitivos do mercado para osdesignersemformaoeumdosmaispromissoresparaosdesignersematividade.

    OpresenteestudotevecomoobjetivogerallevantareanalisarcomoosdesignersdeempresasdosetorautomobilsticonoBrasilpercebemosaspectosqueenvolvemsuaprticaprofissional no desenvolvimento de automveis na atualidade e que perspectivasprofissionaisfuturasanteveemparaareadedesignautomotivo.

    Comoobjetivosespecficos,oestudo intencionouapartirdeumacontextualizaodo setor automotivo, analisar como se deu o surgimento do profissional designer deautomveis; conhecer, compilar e registrar os principais modelos de veculoscomercializados no Brasil e desenvolvidos no pas a partir de iniciativas e de projetosbrasileiros; levantar e analisar a partir do contato com designers automotivos atuantescomo os vrios aspectos da prtica profissional influenciam no desempenho dosprofissionaisenoprocessodedesigndeautomveis.

    Pretendeusequeaofimdapesquisa,fossemobtidos indicadoressobreaatividadeprofissional,osquaisfavorecessemaelaboraoderecomendaesquecontribuamparaamelhoriadaformaoprofissionalcontnuaedaprticadosdesignersnareaautomotiva.Porfim,pretendeusecolaborarparaaproduoedivulgaodosconhecimentosnestareadodesignaindatimidamenteabordada.

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    3REVISOBIBLIOGRFICA3.1AindstriaautomobilsticanoBrasil:contextualizaodosetor

    Desdeosmaisremotostempos,oserhumanomodificaoambienteemfavordesuasnecessidades. Muito alm de apenas buscar garantir sua sobrevivncia, a histria daHumanidadefoiepermeadapelompetohumanodevencerlimites,transporbarreiras,conviver em sociedade ebuscarobemestar.Neste cenrio, criouse e sedesenvolveu aculturamaterialhumana,metamorfoseandoseatravsdostempos,hbitosenecessidadesdoHomemetornandoseaomesmotempoobjetodeestudoedeaododesign.

    ParaVieira (2008,p.15),oHomem,pornatureza, impelidoporuma foramotrizqueofazmoverseadiante,rumoaodesenvolvimento,evoluo,stcnicasetecnologiaspara vencer o tempo e o espao e, para tal, Ao longo de sua histria cria ferramentas,substncias, engenhocas, mquinas, veculos, dispositivos, computadores tcnicas etecnologiasquefazemessemovimentocadavezmaisveloz,cadavezmaisvelozmente.

    Na esteira de tais criaes, muitas foram as solues encontradas para as maisdiferentesnecessidades,asquaisculminaramna invenodosmaisdiversosobjetos.Entretaisobjetos,aroda influencioudemaneira importanteocursodosacontecimentos,sendosuainvenotosignificativaparaaevoluohumana,quantoadescobertadofogo(VIEIRA,2008,p.19).Seuuso,aplicado inicialmentenotransportedecargaspesadas,comopassardosanos foiampliado,tornandoapeacomponenteprincipalparaamontagemdemeiosdetransportehumanosedecarga.Asdiversasinvenesposterioresrodafavoreceramacomposiodoambienteeaproduodasferramentasideaisparaacriaodeumdosmaisemblemticosobjetoscriadospelohomem:oautomvel.

    Os avanos em termos de maquinrio e velocidade de produo verificadosprincipalmentenoperodoconhecidocomoRevoluo Industrialresultaramemsucessivastransformaes no processo produtivo, culminando na incorporao do projeto e doprofissionalprojetistanasproduesemsrie,noaprimoramentodemtodosdeproduoe fabricao, na criao de inovadoras tcnicas construtivas e tambm na pesquisa edesenvolvimento de novos materiais. O carro, um objeto to popular na atualidade, ,portantoasntesedetodooarcabouohistrico,tecnolgicoematerialqueoprecedeuepermitiuasuamaterializao.Otransporte,deacordocomLarica(2003,p.13),corresponde

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    necessidadede locomoversedeumpontoaoutro,pormeiosmecnicos,comamximaconvenincia e segurana e o mnimo desconforto, por meio de uma atividade queproporcione satisfao e divertimento. Ainda para o autor, os meios de transporte noapenasservemparaotransportedemercadoriasou locomoohumana,mastambmsoagentesquemoldamocursodenossasvidas,ecompleta:

    Algumasvezesafunomaisimportantedoqueoprazer.Outrasvezesoprazeressencial. Mas, seja qual for o percurso, ambos os atributos funo e prazercoexistemladoalado,cadaumcomsuaprpriaintensidade.Tantoafunocomoo prazer dizem respeito ao campo de trabalho do designer industrial. (LARICA,2003,p.13).

    Assim,odesigndeautomveissepropeadesenvolverprojetos levandoemcontatanto os aspectos prticofuncionais do objeto como ergonomia, segurana, conforto edesempenho, quanto os aspectos subjetivos e simblicos do mesmo, os quais sejam aidentificaoemocional,adequaoaogostodo consumidorematerializaodosdesejosdos mesmos. Desde sua popularizao o automvel progressivamente foi se tornandoindispensvelparaocotidianodegrandepartedos indivduos tambmnoBrasil,osquaisfazemdoprodutouma extensode si,pormeiodoqual expressam seu estilo de vida edentrodoqualpassammuitashorasdoseudianaidaaotrabalho,viagensedemaisafazeresque impliquemamobilidadeemvariadasdistncias.Sua importnciatambmdestacadaporOno(2004).

    O automvel tem afetado profundamente no somente o desenvolvimentoeconmicoeastransformaesdosmeiosprodutivos,mastambmosmodosdevidadasociedade,omeioambienteeaconfiguraodaarquiteturaedosespaosurbanos. Tratase de um elemento emblemtico, que tem influenciado direta eindiretamenteasatividades,asrelaeseosreferenciaisculturaisdosindivduosegrupossociais.(ONO,2004,p.142).

    Naatualidade,umdossetoresnoqualodesignreconhecidamenteimportantepara

    ainovao,competitividadeepresenanomercadooautomotivo.Nocenrioatual,areacaracterizadapelaforteconcorrnciaentreasmarcas,sendopartedocotidianodeprojetodetaisempresasanecessidadedesurpreenderousurioemumsetornoqualasdiferentesmarcas absorvem quase que instantaneamente as novas tecnologias. Neste sentido, acriao,odesenvolvimentoeaproduodenovosprodutostornamseograndediferencial

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    entre as mesmas. Assim, incumbncia dos designers manteremse atentos aos vriosaspectosculturaisesociaisdacomunidadenaqualestoinseridosesdiferentese,muitasvezessutismudanasnoscomportamentos,prefernciasehbitosdosconsumidores,afimde desenvolver projetos inovadores e cada vez mais adequados ao estilo de vida e saspiraesdopblico.

    As empresasmultinacionais e de iniciativa nacional tais como aGurgel, Puma eTroller instaladasnopasajudaramaconstruiremanterumdosmais importanteselucrativos setores industriais brasileiros, capacitando profissionalmente um grandecontingentedemodeobra,geradoempregos,designeinovao.Atualmente,asempresasdosetorinvestemnopotencialdecrescimentodomercadonacionalebuscam,pormeiododesign, produzir de acordo com os anseios do pblico brasileiro, o que no significasobremaneira isentarsedodesenvolvimentodedesigne inovaocompotencialglobal.Ouso de plataformas globais tem se tornado uma constante no setor automotivo, nessesistema,hum compartilhamentodasestruturasdebasedoveculo,asquaispodem sercompostaspelochassiestruturametlicanaqualsomontadosoconjuntomecnicoeacarroceria ou o monobloco estrutura composta pelo chassi soldado diretamente carroceriapermitindoqueumamesmaplataformadorigemadiferentesmodelos.

    DeacordocomDiaseSalerno(2003),asvantagensrelacionadasproduodeumprodutoglobalabrangemfatorescomoademanda,naqualsebuscaumapadronizaodegostoseusosentreaspopulaes;aoferta;abuscaporeconomiasdeescalaumavezqueosdesenvolvimentosdeprodutoseprocessossorealizadosumanicavezparaumvolumedeproduoglobal,ea reduodo tempodedesenvolvimento.Taisvantagenspassamprincipalmentepelaconcentraodasatividadesdedesenvolvimentodeprodutosemumslocal: a matriz. Todavia, afirmam os autores, verificase uma tendncia diferente, dedescentralizaodaproduodeprodutosglobais.

    O conceito de produto global, em realidade, modificouse, pois em muitossetoresopressupostorelativopadronizaodademandanoseverificou;dessaforma,aindaqueumprodutopossaserconcebidocomvistasavriosmercadosaomesmotempo,eledeveserminimamenteadaptadoaosgostoseusoslocais.Almdisso, ao concentrar as atividades de desenvolvimento em uma unidade, acorporaopodeperderoportunidadesdeacessoatecnologiasdesenvolvidasforadesse centro, em suas subsidirias ou em instituies externas s filiais, masprximasaelas(taiscomouniversidadesecentrosdepesquisa).Haveria,portanto,no uma centralizao de atividades de desenvolvimento, mas sim uma

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    descentralizaodessasatividadesbuscandoproximidadedosmercadosalvoedastecnologiasdesenvolvidaslocalmente.(DIAS;SALERNO,2003,p.1e2).

    Embora importantesdecisesediretrizesprojetuais sejam tomadasnombitodas

    matrizes das empresas, cada vez maior o reconhecimento de que fatores como asnecessidades locais, a diversidade dos diferentes mercados nos quais tais companhiasatuam,eprincipalmentenocasodoBrasil,opesoqueafilialbrasileiratemparaosnegciosdamarca,desenhamcenriosmaiscomplexosnoquetangeproduodeprojetos locaise/ouglobais.

    Enquantoacentralizaoapresenta suasvantagens,adescentralizaodeprojetosmostrasemaisadequadanabuscapelareduodotempodedesenvolvimentoquandoosprodutosdestinadosaosmercadosdassubsidiriassofremmuitasadaptaes.Esteocasodomercado brasileiro, o qual, alm de aquecidomercado interno atualmente apresentagrandeinflunciatambmnaregiodaAmricaLatina.Destamaneira,tmsidocrescentesas solicitaes de participao de designers e estdios de subsidirias brasileiras nodesenvolvimentodeprojetosglobais,atmesmo liderandoessesprojetos, sendoosmaisrecentesexemplosodesenvolvimentodosnovosmodelosFordEcosport,lanadoem2012,eFordKaConcept,umnovoconceitodesignparaoFordKaasercomercializadoemescalaglobaleapresentadoem2013,masaindasemprevisodelanamento(MAGALHES,2013).Oprojetoeproduodeambososmodelosfoi lideradopelaequipedosestdiossatlitesdamarcainstaladosnoBrasilnascidadesdeGravata(BA)eSoBernardodoCampo(SP).

    Em anurio publicado noms de Junho de 2013 com dados referentes a 2012, aANFAVEAAssociaoNacionaldosFabricantesdeVeculosAutomotores, fundadaem15de maio de 1956, e que rene as empresas fabricantes de autoveculos (automveis,comerciaisleves,caminhes,nibus)emquinasagrcolasautomotrizes(tratoresderodasede esteiras, colheitadeiras e retroescavadeiras) com instalaes industriais no Brasil compilouedivulgou importantesestatsticas sobreas indstriasdeautomveis instaladasnopas,bemcomoseudesempenhoemrelaosparesinternacionais.

    No escopo da presente pesquisa, considerouse apenas os dados referentes aosautoveculos, especificamente os automveis e comerciais leves. De acordo com apublicao, o Brasil figura como o stimo maior produtor de veculos do mundo,apresentando3.387unidadesfabricadassomentenoanode2012,recebendoinvestimentoscrescentes por parte das matrizes das empresas j instaladas e de novas empresas que

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    buscam entrar nomercado nacional. Tambm a indstriade autoveculos respondeu porcercade18,7%doPIBIndustrialdopasnoanode2012,faturandocercade90bilhesdedlaresnomesmoano (ANFAVEA,2013).Aanlisedosdadosapresentadospelo relatriorevelouaimportnciadosetorparaaeconomiaesociedadebrasileiras,sendosignificativasascontribuiesdaindstriaautomotivaparaodesenvolvimentodopas,gerandovolumesdeexportao,almdedesenvolver tecnologiae conhecimento, capacitando cidadosnareaindustrial,criandosignificativaquantidadedepostosdetrabalhodiretoseindiretos.

    Nosentidodeaprimorarconstantementeaproduodosetoregarantiraampliaodepesquisasparaoprojetodoprodutoautomobilstico,ogovernobrasileirolanou,nomsde Setembro de 2012, o programa InovarAuto ou Programa de Incentivo InovaoTecnolgica e Adensamento da Cadeia Produtiva de Veculos Automotores, que tem porobjetivoestimularoinvestimentoeacompetitividadedaindstriaautomotivanoBrasilpormeiodo investimentoempesquisaedesenvolvimentoparaa fabricaodeveculosmaiseconmicoseseguros.OProgramaInovarAutofazpartedapolticaindustrial,tecnolgicaede comrcio exterior chamado PlanoBrasilMaior, e concede benefcios em relao aoImposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para as empresas que estimularem einvestiremna inovao e em pesquisa e desenvolvimento dentro do pas (BRASIL, 2012).Esperasequeat2015oPrograma levantarmaisdeR$50bilhesem investimentosnosetor,panoramaessequepodefavorecerodesigneapesquisaemdesignbrasileiros,umavez que se abre a possibilidade de que parte desses investimentos sejam aplicados nosomenteemtecnologiasemaquinrios,mastambmnodesenvolvimentoeaprimoramentodeprojetosdedesign.3.2Afabricaodeautomveiseaatuaodosdesigners:aspectoshistricos

    A inveno e o desenvolvimento do automvel se interrelacionam com a prpriaevoluodosmeiosdeproduoedasociedade.Noh,portanto,umadataexata,aqualpossasertomadacomomarcoinicialdaproduodesteobjeto.Aexemplodetantosoutrosartefatosfrutosdacriaohumana,osurgimentodoautomveldeuseapartirdeumasriederevoluestcnicasempreendidasnodecorrerdosanos,resultantes,emsuamaioria,deinvenesaliadasauma sriedeprocedimentosempricososquais resultaramemnovasdescobertas.Desdeainvenodaroda,atribudahistoricamenteaospovosquehabitavama

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    Mesopotmia (VIEIRA,2008p.1920),passandopelodesenvolvimentodametalurgiaedoasfalto,datadosdemilharesdeanosantesdeCristo,muitasforamasmudanas,incluindoaaberturadasprimeirasestradas,feitoatribudoaosromanosedatadodecercade312a.C(VIEIRA, 2008 p.30).Mais frente no tempo, durante a IdadeMdia, inmeros avanosforamconquistadosemtermosdemobilidadedecargas,paraasquaisosprimeirosveculossobrerodasforamempregados.Surgiramnesteperodotambmasprimeirascontribuiesinventivasvisandomobilidadehumana.NotadamenteentreofimdaIdadeMdiaeincioda Idade Moderna dentro do movimento cultural da Renascena cabe destacar ascontribuies de Leonardo da Vinci e seus estudos de engenharia, os quais se tornaramrefernciasparaprojetos futurosdemobilidade,aeronutica,engenhariamecnica,entreoutroscamposdoconhecimento.

    No perodo da IdadeModerna com incio emmeados do sculo XV at fins dosculoXVIIImuitosforamoscontributosparaosexperimentosemtermosdemobilidade.Disseminouseousodascarruagenseamplosforamosepisdiosdedescobertas,osquaisculminaram com o aprimoramento de invenes mecnicas e com o surgimento dosmotoresvapor.Apartirdestes,deuseo inciodeumperododevelozestransformaestcnicasconhecidocomoRevoluoIndustrial.Talrevoluoacompanhouecontribuiuparaasmudanas,asquais,entrefinsdosculoXVIIeinciodosculoXIX,marcaramoinciodaIdadeContempornea,aqualperduraatosdiasatuais.

    Durante a Revoluo Industrial ergueramse fbricas, e surgiram ao seu redor asprimeiras aglomeraes urbanas, originando assim as grandes cidades. O perodo foimarcado por invenes significativas para o avano da mobilidade e, no futuro, para acriao do automvel. Ao longo deste perodo, como ressalta Vieira (2008, p.96130),tiveram papel significativo o surgimento dos trens e alguns veculos vapor; a criao econstruodasferrovias;osprimeirosmotorescombustointernaeexterna;adescobertade potencialidades industriais da borracha e seu processo de vulcanizao, patente n3.633deCharlesGoodyearem1844,dandoorigemaospneus;osdiversosestudosetestescom combustveis; a fabricao do ao; o revestimento asfltico criado por Edward J. deSmedt,datadode1870eaprimoradopeloinventorem1872,eomotorgasolina.

    Tais invenes entre muitas mais foram imperativas para o surgimento dosprimeirosautomveisedasprimeirasindstriasfabricantesdeveculosapartirdemeadosdosculoXIXemdianteconstituindo,assim,umdosmaisimportantessetoresindustriais

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    do mundo na atualidade. Neste cenrio, a origem do profissional hoje conhecido comodesignerdeautomveisremontaorigemdoprofissionaldesenhista industrialempregadopelaindstria,oqualcomeouasurgirapartirdoperododaRevoluoIndustrial,noqualainserodamecanizaonosmeiosdeproduofoiacompanhadaporumaradicaldivisodotrabalho,umavezqueparaosartefatosproduzidosindustrialmente,aformadetrabalhotpicadoartesanatonaqualprojetoeproduoeramexecutadospelomesmotrabalhadorficoucadavezmaisobsoleta.Talmudanaorganizacionalocorreuno sculoXVIII (FORTY,2007,p.43),naqualumdosaspectosquemarcaramatransiodafabricaooficinalparaaindustrial foi o uso de projetos oumodelos de base para a produo seriada. Foi nestecontextoqueseconstituiuaprofissodedesenhista industrialoudesigner,como ressaltaSchneider:

    Acriaodosobjetos(trabalhomental)easuaproduo(trabalhodasmquinas)tornaramseatividadesdistintas.Aqui,nadiviso industrialdo trabalho, surgiuamodernaatividadedeprojetodeprodutos,surgiuodesignindustrial.Jnoeramosartesosqueproduziamamaioriadosobjetoselhesdavamforma.(SCHNEIDER,2010,p.16).

    Oautoraindadestacaque,comoresultadodestamudana,osempresriosdonosde

    manufaturas ou fbricas [...] encarregavam os ento denominados projetistas oufazedores de amostras (tambm chamados de desenhistas ou modeladores) dedesenvolverem os produtos que depois seriam produzidos pelas mquinas. A formaodestes profissionais ocorria em parte nas escolas de desenho ou de arte, ou osmesmosobtinham seus juzos de gosto no entorno das academiasde arte.Aproximadamente em1800,otrabalhodeprojetistatornouseentoumaprofissoindependentee,porvoltade1850, o termo designer j era utilizado para fazer referncia a este profissional. ComoCardoso(2012)destaca:

    Entre1850e1930aproximadamentetrsgeraesdenovosprofissionaisalgunsj apelidados de designers dedicaram seus esforos imensa tarefa deconformar a estrutura e a aparncia dos artefatos demodo que ficassemmaisatraenteseeficientes.Suametaeranadamenosque reconfiguraromundocomconfortoebemestarparatodos.(CARDOSO,2012,p.16).

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    Para os fabricantes industriais, empregar um designer, alm de garantir apadronizaodeprojetos,aindaresultavaemaprimoramentonoprocessoprodutivo,maiorcontrole sobreasetapasde trabalhoeeconomiaem termosde remuneraodemodeobra especializada. Para Cardoso (2008, p. 33) Separando os processos de concepo eexecuo, e desdobrando esta ltima em uma multido de pequenas etapas de alcanceextremamente restrito, eliminavase a necessidade de empregar trabalhadores com altograu de capacitao tcnica. Tornavase suficiente, portanto, a contratao de um bomdesignerparadesenvolveroprojeto,umgerentepara supervisionaraproduoemuitostrabalhadoressemqualificaoparaexecutarasetapasemsuamaioriamecanizadas.

    medidaqueamecanizaodaproduoseestabelecia,acategoria incipientedosdesigners foiseconstituindocomoprofissional,eovalormonetriodoprojetosetornavamais explcito. Em pouco tempo, os empresrios da indstria perceberam que o custoenvolvido na criao de um padro ou omodelo de base oumesmo a compra de talpadro/modelodeumdesignerindependenteeranicoesuapossibilidadedereproduoilimitada,oque tambmgarantiasempresasgrande lucratividade.Cabedestacarqueonveldemecanizaodaproduoerabastante variadodeumaempresaparaoutra.Emalgumas, determinados processos ainda eram executados mo sendo as primeirasmontadorasdeautomveisumexemplodestas.

    Com o tempo, a dinmica industrial foi beneficiada por polticas e investimentosgovernamentaisemdiversospases,poreventoscomoasgrandesexposiesinternacionais,pelo surgimento de indstrias concorrentes para os mais diversos setores, alm dasinmeras inovaesemtermosdemquinasecomponentesquesesucediamacadanovadescoberta demateriais e aprimoramento de processos. Assim, a expanso da produoindustrial ocorreu de maneira importante e, nas primeiras dcadas do sculo XX, umavariadagamadeprodutoseraproduzidaemsrieapartirdeprojetosprconcebidos.

    Apartirdestesdesenvolvimentos,umadasreasdegrandeimpactotantoemtermosda produo de inovao e projeto, quanto pelo significativo papel desempenhado naHistria da indstria mundial como um todo, merece lugar de destaque a indstriaautomotiva. A fabricao de automveis resultou da juno de diferentes descobertastecnolgicasedemateriais,sntesedoesforodeempresrioseinventores,osquaismuitasvezesdemaneiraemprica foram responsveispor avanosquederamorigem aumdosobjetos de uso que modificaram em grande medida a cultura e a sociedade. O

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    desenvolvimentodocarroocorreuinicialmentedemaneiralenta.Produzidocomoobjetodeluxoepormeiodetcnicasartesanais,ocarroeramontadoevendidoempoucasunidades.No incio,muitosmodeloseramproduzidosemfbricasdemquinaseferramentas,comoporexemplo,aempresafrancesaPanhardeLevassorouP&L,que,em1894,eraaprincipalcompanhia automobilstica do mundo (WOMACK et al 2004, p. 9) e adotava o SystmePanharddemontagem,oqualeracompostopelaconfigurao:motoralocadona frente,tracionandoasrodastraseirascomospassageirossentadosemfilaatrsdele.

    Eentre as muitas invenes e modelos produzidos e testados, a maior parte dodesenvolvimento inicial dos automveis se deu na Europa Ocidental, sendo a P&L umexemplodetalpioneirismo.Entretanto, foinosEstadosUnidosqueoveculodeproduoemmassaebaixocusto foipopularizado, inicialmenteem1901pelaOldsmobile,pormeiodaproduodeumveculocompactosemelhanteaumacarruagem,eposteriormenteem1908,comoModeloTdaFord.EntreofinaldosculoXIXeinciodosculoXX,muitasdasmarcasatualmenteconhecidasjhaviamsidolanadasecontavamcominmeraspatentescomo fabricantes de peas, motores e mesmo automveis, entre elas a Peugeot, RollsRoyce,Bugatti,Renault,Fiat,FordeMercedes(VIEIRA,2010p.176334).

    Os primeiros projetos de veculos no envolviam um profissional desenhistaindustrialdedicadoaodesigndo carro.Emgeralestavamenvolvidosnoprojeto,almdeengenheiros e do empresrio fabricante, os prprios trabalhadores das empresasmontadorasouprestadoresdeserviodeoficinasautnomascomamploconhecimentotcnico formado a partir da prtica adquirida no diaadia da fabricao de peas ecomponentes para o carro. Tais trabalhadores conheciam em detalhes os princpios demecnica e os materiais com que trabalhavam. Nos sales de empresas montadoras osveculos eram produzidos de maneira personalizada objetivando atender ao gosto dosclientes.Sobasupervisodosengenheiros,osmontadoresencaixavamaspeasfornecidasde maneira artesanal, ajustando suas medidas, buscando assim alinhar cada pea nacomposio do veculo como um todo. De acordo com Womack et al (2004, p. 12), aproduoartesanaldeveculosapresentavacomocaractersticas:

    Foradetrabalhoaltamentequalificadaemprojeto,operaodemquinas,ajusteeacabamentos,naqualmuitos trabalhadoresprogrediamatravsdeumaprendizadoabrangendotodooconjuntodehabilidadesartesanaisporvezestornandoseprestadoresdeserviosparaasmontadoras;

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    Organizao da produo descentralizada embora concentrada em umamesma cidade na qual a maioria das peas e grande parte do prprioprojeto do automvel vinha de pequenas oficinas autnomas, sendo osistema de compras e montagem coordenado por umproprietrio/empresrio responsvel pelo contato direto com todos osenvolvidosnoprojetocomoconsumidores,empregadosefornecedores;

    Emprego de mquinas de uso geral perfurao, corte entre outrasoperaesemmetalemadeiranasvriasfasesdemontagem;

    Baixovolumedeproduodemiloumenosunidadesdeautomveisporano,sendo50oumenosderivadosdomesmoprojeto,emesmoentreestes50noseproduziamsequerdoisidnticos,umavezqueatcnicaartesanalporsiproduzia variaes.Obviamente como todo setorprodutivo, asprimeirasmontadoras tiveram de enfrentar crescente concorrncia de empresas asquais produziam veculos de maneira semelhante: Por volta de 1905centenas de companhias na EuropaOcidental eAmricado norte estavamproduzindoautomveisempequenosvolumeseusandotcnicasartesanais(WOMACKetal2004,p.12).

    Osanosqueseguiramverificaramamaturidadecrescentedaproduo industrial,aproduodenovosmaquinrioseotimizaodeprocessosprodutivosparaafabricaodeprodutosemgerale tambmdoautomvel.Aproduoartesanaldeveculos,entretantonodeixoudeexistir.EmboraempresascomoaP&Lnotenhamsobrevividoaosaltoparaaproduo em massa verificado posteriormente especialmente aps a Primeira GuerraMundial seu mtodo artesanal de produo inspirou o desenvolvimento de empresasdedicadas aeste tipodeproduoequeperduram atosdias atuais. Embora adotandonovas tecnologias, taismarcas conservam a tcnica artesanal em significativas partes doprojeto, trabalhando e montando componentes dos carros a partir de projetospersonalizadospeloclienteedevendaexclusivaalgunsexemplosdestasempresassoasmarcasAstonMartineBentley.

    Apartirdocrescimentodonmerodeempresasquesededicavammontagemdeveculos,aproduoartesanalcomeouarevelarsuasdesvantagens.Oscustosdeproduoeramelevados;opblicoconsumidorerarestritoapenasosmuitoricostinhamcondiesde arcar com o valor do produto; cada carro produzido assemelhavase muito a um

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    prottipo, o que oferecia riscos reais aos ocupantes; a falta de testes sistemticos dosveculosproduzidosnogarantiaaqualidadeedurabilidadedoproduto.

    Alm destes fatores, cresceram tambm em nmero e velocidade as descobertastecnolgicasenvolvendoprojetosdeprodutosemgeral,e tambmosdeautomvel. Istono significou, contudo, que as pequenas oficinas e os prprios artesos conseguissemproduzir tecnologias no mesmo ritmo, uma vez que seus recursos no permitiam queperseguissem inovaestecnolgicasfundamentais,asquaisseriamfrutode investimentosempesquisas sistemticas eno apenasde tentativas isoladas um sistemaque apenasgrandes companhias teriam condies de executar. Assim, tais limitaes esboaram umcenrio favorvel ao surgimento de uma nova concepo de produo, a qual viria aacontecer com a contribuio do americano Henry Ford, empresrio responsvel pelaintroduodalinhademontagemnaproduodoautomvel,formandoasbasesdosistemadeproduoemmassa.

    Em verdade, foi aps a disseminao das tcnicas de produo em massa e doconsequenteaumentodoconsumo,queaforteconcorrnciaentreasempresasincludasasfabricantesdeautomveisforoumelhoriasnaproduoenoprojeto,trazendocomoconsequncia a especializao dos profissionais envolvidos, favorecendo a formao doprofissionaldesigner,comoSchneider(2010,p.94)complementaComacrescentepressoda concorrncia, por exemplo, no setor automobilstico, o design tornouse um fatorimportanteparaadiferenciaodosconcorrentesnomercado.Aomesmo tempo,novasdescobertastambmpermitiramummaiordesenvolvimentodoatentotmidopapeldodesign na fabricao de automveis originalmente mais orientado pelos aspectos deengenharia. Um exemplo destas inovaes que foram absorvidas pelas empresas foi aadoo em produo da tinta laca de secagem rpida desenvolvida pela DuPont,denominadaDUCO(nitrocelluloselacquer),aqualpodiaseraplicadaporpistolaepermitiuaintroduodecoresdeacabamentovariadasnosprojetos.Antes,oscarroseramfabricadosapenasnacorpreta,desecagemmaisrpida (LARICA,2003,p.74).Taisavanos,aliadosimplantao de diversas linhas demontagem em grande escala nos EstadosUnidos e naEuropa, permitiram que o volume de produo de carros tivesse aumento significativo,ampliandotambmaconcorrnciaeocampodeatuaododesigncomoconsequncia.

    No decorrer do sculo XX, notadamente o perodo entre e psGuerras, o que sepresenciou foi uma ampla gama de invenes ou novas aplicaes para as tecnologias

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    disponveis.Nestecenrio,tambmaespecializaodamodeobraconsolidouopapeldoprofissional projetista ou designer tambm nas empresas fabricantes de automveis, osquais eram responsveis por produzir a interface entre as aplicaes das tecnologias, aindstriaeosconsumidores.Assim,constantementeacategoriafoidesafiadaadesenvolvernovas formas e expresses para as sucessivas descobertas. A profisso de designer tevegrandeimpulsonoinciodacriseeconmicamundialqueresultounarecessode1929,umavezqueos fabricantes reconhecerama importnciadeumaproduodiferenciadaeumaconfiguraoconsistenteparaincrementarasvendas.DeacordocomHeskett(2006):

    Foi nesse contexto econmico que surgiu uma nova gerao de desenhistasindustriais.Elesvinhamdediversasformaeseseusmtodoserealizaeserammuitovariados,masoresultadodeseutrabalho,odesign,seriareconhecidocomocaracterstica essencial da atividade comercial e industrial, um elemento deespecializaodentrodadivisodetrabalhoimplcitanaproduoenasvendasemmassa.(HESKETT,2006,p.107).

    Nos anosque se seguiram, sendoodesignumdosprincipais fatores responsveis

    peloequilbrioentreos interessesempresariaiseasnecessidadesdosusurios,deacordocomLbach(2001,p.121)suaaceitaodentrodasempresassedeuprincipalmenteaps1945,quando asmesmasde fato comearam aestruturarosprprios setoresdedesign.Mesmo antes de 1945, os denominados departamentos de estilo foram grandesempregadoreseigualmenteimportantesbasesdetreinamentoparaosdesignersdapoca.Tambm neste perodo surgiram os designers autnomos ou consultores, os quaismantinhamescritrioseprestavamserviosavriasempresasinteressadas.

    Os avanos tecnolgicos alcanados no perodo entre e durante as Guerras,culminaramcomodesenvolvimentoeaproduodenovosmateriais,osquaissetornarammatriaprimaparaosdesigners.Assim,aindstriaautomotivanosomentefoibeneficiadaporestesavanos,mastornouseelaprpriaumamplocampodepesquisaevetordenovastendncias e uso de materiais. O design de automveis carrega no apenas os gostosvigentesemdeterminadapoca,mas tambm todoum repertrio formaledemateriaisque registraaevoluonoapenasdas tcnicasdeconstruo,demecnicaoumeiosdeproduodesteobjeto,mas tambm um testemunhoda evoluododesign comoumtodo ao longo da histria. Sendo um setor no qual investimentos em pesquisa e

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    desenvolvimentosofeitosnaordemdosmilhes,odesignautomotivosetornoureferncianoapenasparaseuspares,mastambmparadiversasoutrasreasdaprofisso.3.3OdesigneosdesignersautomotivosnoBrasil:doincioatualidade

    AproduoecomercializaodeveculosdesdeainstalaodasprimeirasindstriasnoBrasilvmsedestacandoecomopassardosanosconstruiuocenrioparaosurgimentodeprojetosdedesign automotivonoBrasil.Nosltimos cinquenta anos, asmatrizesdasindstrias de grande volume verificaram no pas ummercado promissor, bem como umterritriocomgrandepotencialparaatenderprincipalmentearegiodaAmricaLatina.Talpotencial, fez com que muitas empresas instalassem estdios de design no Brasil,empregandoosprimeirosdesignersdoramo.

    Paralelamente produo industrial, outros tantos designers brasileiros notadamenteapartirdofimdadcadade1960estiveramempenhadosemdesenvolverprojetos inovadores parte do grande mercado. A criao e desenvolvimento destesmodeloschamadosdeforadesrieeram,em suamaioria, frutodauniodedesigners,engenheiroseempresriosbrasileirosentusiastasdoautomobilismoGurgel,Puma,AldoAuto Capas/Miura, Lafer, Santa Matilde, Renha, Lautomobile, Furglass, Glaspac entreoutras,surgiramnessecontexto.

    As criaes desses projetos tinham como objetivo preencher lacunas nacomercializaodealgunsmodelos,osquaisnoeramproduzidosnoBrasilesportivos,porexemploecujosusuriosouempresas interessadosenfrentavamgrandesdificuldadesnaimportao de peas e veculos montados, devido s medidas restritivas impostas pelogovernobrasileiroinicialmentenadcadade1950comoobjetivodeprotegeraincipienteindstria instaladanopaseposteriormentetornandoaindamaisfortesasrestriesaosimportadosnadcadade1970,visandosegurarodesenvolvimentotecnolgicodosmodelosproduzidospelasmultinacionaisnoBrasil,paramanterospreospraticados.

    Como consequnciadeste cenrio, surgiramnovasexperimentaesemprojetoseproduesdeveculosforadesrie,refletidosnaproduoderplicasdemodelosfamosos,buggiesproduzidosemfibradevidro,almdamultiplicaodeprofissionaisespecializadosnamodificaodeveculosoriginaisdefbrica.Essassoluesnacionaisganharamforanadcadade1980e,emum curtoespaode tempo,vriasempresas surgiramdedicadas

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    criao, produo ou modificao de veculos Dacon, Envemo, Souza Ramos, Sultan,Engerauto, Sorana,Caltabiano,entreoutrasbuscandoatenderdemandapormodelosdiferenciados no suprida pelas indstrias aqui instaladas. Percebese, portanto, que acriatividadeeatuaodosprimeirosdesignersautomotivosbrasileirosnose restringirams grandes indstrias, antes, se fez da fora de vontade e comprometimento com aproduodeprojetosbemexecutadose inovadores, independentedessaatuaose fazerdentroouforadasmultinacionais.

    Noqueserefereatuaodentroda indstriaautomotiva,comopassardosanos,os estdios das subsidirias brasileiras de grandes empresas mostraram sua capacidadecriativa e conquistaram espao diante dos desafios econmicos emercadolgicos que seapresentaram no setor. A importncia da produo do pas voltada regio latinapermanece, sendo cada vez maior a participao por parte dos estdios brasileiros nodesenvolvimentodeprojetosglobaisosquaissocomercializadosaoredordomundo.

    Opapeldodesignernaindstriavemsemodificandoaolongodosanos.Apartirdoempregodosprimeirosprofissionaisprojetistas,aprofissoseestabeleceueseadaptousconstantesmudanasdentrodo setor industrialedoambiente sociocultural, firmandosecomoumcampodeatuaodeextremarelevnciatambmnoBrasil.ParaLandim(2010,p.24e25)odesignenglobaamplavariedadedefunes,tcnicas,atitudes,ideiasevalores.Aautoracompleta:

    ummeioatravsdoqualexperimentaesecompreendeomundoquenosrodeia,desdebensdeconsumoeembalagensatsistemasdetransporteeequipamentodeproduo,enopodesertotalmentecompreendidoforadoscontextossocial,econmico, poltico, cultural e tecnolgico que levaram sua concepo erealizao.(LANDIM,2010,p.24,25).

    Neste sentido, cabe aodesignera tarefadeprojetarprodutos, imagense servios

    que atendam aos desejos e necessidades da sociedade, levando em considerao asvariaessocioculturais,econmicasepolticasdeseutempo,comoressaltaOno:

    Considerandose que o design envolve planejamento, seleo de modos depensamentoevalores,entendesequeodesignercorresponsvelpelasrelaesque se estabelecem entre os artefatos e as pessoas, bem como pelas suasimplicaesnasociedade.(ONO,2006,p.1).

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    O designer desempenha, portanto, importante papel ao participar da construodinmica da paisagem cultural visvel da vida cotidiana ao projetar artefatos, agregandofunese significadosvariadosnaconcepodeprojetoscomosquaisos sereshumanosinteragem (ONO,2004,2006;HESKETT,2008;NORMAN,2008; LANDIM,2010;BONSIEPE,2011).Um produto do designmodificase conforme avanam as tecnologias emateriais;otimizamse os processos industriais; modificamse as sociedades e suas culturas. Nestesentido,areasofreinflunciadiretadestasmudanasdemaneiraconstante,paraOno:

    Nodesenvolvimentodeprodutos industrializados,odesignsofre,porum lado,oimpactodosdesenvolvimento tecnolgicoedosprocessos tcnicos,e,poroutro,aspressesdastransformaesculturaisdecorrentesdosurgimentodenovosusosenecessidades,promovidospelosartefatosquesoinseridosnasociedade.(ONO,2006,p.29).

    A contemporaneidade reflete um tempo marcado pelo avano das mais variadas

    tecnologias, caracterizada pela ampliao de horizontes por meio de novas mdias,processoseservios,bemcomopela forte interatividadequecrianovasredesderelaesemescalaglobal,ampliando,destaforma,opanoramadeatuaodoprpriodesignedosprofissionaisdestarea,fomentandonovasdescobertas,criaeseinovaes.ParaCardoso(2012, p.25), tratase de ummundo complexo, no qual o autor entende a complexidadecomo[...]umsistemacompostodemuitoselementos,camadaseestruturas,cujas interrelaescondicionameredefinemcontinuamenteofuncionamentodotodo.

    Neste cenrio global e complexo, cada vezmais exigidododesigner atuantenomercadoacompanharetraduzirestemundonaformadeprojetosdedesignquelevememconsiderao o usurio, omercado, a produo, os custos envolvidos, a concorrncia, asnovastecnologias,materiaiseprocessosdefabricao,almdaergonomiaeengenhariadeproduo. Atualmente, esto sob a tutela do profissional com diferentes graus deautonomianoapenasaatividadeprojetiva,mas tambmempreender juntosdemaisreas o desenvolvimento das diferentes fases do projeto, alinhando expectativas daempresaedousurionaproduodoproduto.

    Inseridos no sistema econmico pautado pelo modo de produo capitalista, osdesigners alm dos desafios intrnsecos prtica, lidam com diversos obstculos em suatrajetriaprofissional.Emboraporvezesmesmoimbudodeticaprofissionalnoestejaaoalcancedodesigneratomadadedecisoemcertosnveisdentrodasempresas,istono

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    significa sobremaneira que o profissional seja alienado perante a realidade social e demercado sobre a qual atua. Para alm de fatores econmicos e demercado, tambm incumbnciadodesigner conhecere considerar asespecificidadesenecessidades sociais,ambientais e culturais ao seu redor, visando uma prtica abrangente e transformadora.Nestesentido,GuiBonsiepe(2011,p.21)alertaparaaimportnciadeodesignerutilizarsede suas capacidades projetuais [...] para interpretar as necessidades de grupos sociais eelaborar propostas viveis, emancipatrias, em forma de artefatos instrumentais esemiticos,umaprticaqueeledenominacomohumanismoprojetual,eprossegue:

    Essa afirmao no deve ser interpretada como expresso de um idealismoingnuo e fora da realidade. Ao contrrio, uma possvel e incmoda questofundamental que qualquer profissional, no somente os designers, deveriaenfrentar. Tambm seria errado interpretla comouma exigncianormativa aotrabalho do designer, que est sempre exposto s presses do mercado e santinomiasentreoqueeoquepoderiaserarealidade.A intenoaquimaismodesta: formarumaconscinciacrtica frenteaoenormedesequilbrioentreoscentros de poder e os que esto submetidos a eles. A partir desta conscinciacrtica, podemse explorar espaos alternativos, no se contentando com apetrificaodasrelaessociais.(BONSIEPE,2011,p.21).

    Adaptarsesmudanasconsequentesdeummundoglobalizadoapenaspartedeuma responsabilidade que ultrapassa omero abastecimento demercados com produtosnovoseredesenhados.Significa,antes,realizarumaprticainovadora,pormconscientedeseupapeledaimportnciadosobjetosresultantesdestetrabalhojuntosociedade.

    Apesardaatividadeestarnaatualidadepermeadapelaideologiadavendaaqualseimpscomocondiodetrabalhoaprticadodesignerdevetercomoobjetivoprincipalproduzir para atender s necessidades do usurio/sociedade para a qual trabalha edesenvolveestas inovaes.Desta forma, tornase imperativoosensocrticoapuradoporpartedestesprofissionais, tantonoqueconcerneprticadeprojeto,quantoaosefeitosqueoproduto resultantedomesmo terquandodisponibilizadonomercadoe acessadopelosusurios.partedarotinadosdesignersatuantesnoBrasilenomundo,acompanharo processo de design, estabelecendo as conexes necessrias entre as demais reasenvolvidas no projeto, aglutinando informaes e negociando estratgias de ao demaneiraqueoproduto resultantematerializeumobjetode valor significativoparao serhumano.atravsdaprticacoerentedestesprofissionaisqueodesignpodeconstituirse

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    emprticaemancipatria, comodestacaOno (2004 apud LANDIM,2010,p.2223),desdequeparticipedodesenvolvimentodeprodutosquepromovamoaperfeioamento,aautoexpressoeasoberaniados indivduosedassociedades, inclusivedaquelesquevivememcondiesdepobrezaemargemdosmercadoseconmicos.Tratase,portanto,deumaprofissoquesintetizagranderesponsabilidadeeampla influnciaperanteasociedadenaqualosprojetosresultantesdeseutrabalho,permeiamdemaneiradiretaeemvariadosnveisavidados indivduos.Apresentepesquisaconsiderataisaspectosna investigaodo papel desempenhado pelos designers de automveis dentro da indstria automotiva,tecendoconsideraesapartirdosdiscursosdosprpriosprofissionais,umavezque,comodestacadoporHeskett, a visodosmesmos acercade sua atividade umadas reasdeinflunciadocontextodeatuaonaprticadodesign:

    Emtermosgerais,trsreasdeinflunciadocontextosorelevantesparaaprticadodesign:aorganizaoprofissionaldodesign,oucomoosdesignersvema simesmos;ocontextocomercialnoqualest inseridaamaiorpartedasatividadesde design; e as polticas governamentais, que variam entre os pases, mas namaioriadelespodemterumadimensosignificativa.(HESKETT,2008,p.119).

    OdiscursonestecasodosprofissionaisdesignerssegundoKrippendorff(2006 inMEYER,2011,p.32),sintetiza,apresentaasseguintescaractersticas:1.constriseemumcorpodematriatextual;2.mantidovivodentrodacomunidadedeseuspraticantes;3.Institucionalizaassuasprticasrecorrentes;4.desenhaosseusprprioslimites;5.justificaasua identidadeparaopblicoexterno.Considerandosequeaconstruodeumdiscursovalese de procedimentos distintos, que variam desde a produo de teorias abstratas experincia concretada realizaodeprticasprofissionais, analisaro contedopresentenosdiscursosdosdesignersautomotivosparticipantesforneceelementosimportantesparaapesquisa,nabuscaporconhecermelhorasconcepesdosmesmosacercadeseucampodeatuaoedesuaprpriaprtica,comoMeyer(Ibid.,p.32)destaca:

    A imagemqueosdesigners fazemdosdomniosdasuaprofissoumelementovivododiscursoprofissional,dizrespeitoaoslimitesdaprofissoeanunciatraoscaractersticosdodesignparaopblicocomum.(MEYER,2011,p.32).

    Cabe,nestemomento,umbreveresgatehistricoda instalaoeconsolidaodas

    indstriasdeautomveisnoBrasil,bem comodaatuaodosdesignersbrasileirosneste

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    cenrio.Tambmpertinenteoregistrodevriasdasmaisnotveiscontribuiesdemuitosdestes designers na tentativa de promover o desenvolvimento de projetos nacionais muitas vezes fora das indstriasmultinacionais visando estabelecer as bases para umaindstrianacional.Aatuaodosdesignersbrasileirosdentroeforadas indstriasresultouna criao de projetosmemorveis que vieram a se tornar cones do design automotivonacional,osquaisinspiramatosdiasatuaismuitosoutrosprofissionaisemformaooudecarreira.

    Oprimeiroveculoacircularporruasbrasileiras foiummodeloPeugeot importadopelomilionriocafeicultorHenriqueDumontpaideAlbertoSantosDumontnoanode1893.Jem1903,SoPaulotinhaseiscarros,enoanoseguinteassistiriaaoprimeiroboomdo setor:a frotapaulistana cresceriaquase catorzevezeschegandoa impressionantes83veculos (ANFAVEA, 2006, p.94). Importa ressaltar o fato de que muitas das empresasiniciaramsuasatividadesnopasapartirdeespaosalugadosparaareceptaoerevendade veculos montados, ou ainda, para a receptao de veculos completamentedesmontados sistema este denominado pela sigla CKD, empregada em substituio aotermoem inglsCompletelyKnockedDownparamontagemnoBrasil,visandoreduodecustos.Portanto,emumprimeiromomentonose instalaram fbricas. NestesentidodestacaCamargo:

    A instalaoda indstriaautomotivanoBrasil foicondicionadapela formacomoocorreu a expanso da indstria internacional desde seu incio, ou seja, numprimeiro momento, a expanso feita via exportao de veculos montados e,principalmente,deveculosnaformaCKDs;numsegundomomento,investimentosdiretoscoma instalaodeunidadesprodutivasverticalizadas.(CAMARGO,2006,p.120).

    AtaPrimeiraGuerraMundial,oBrasilapenasimportavaautomveismontados.Nosanosqueseseguiram,ascondiesbrasileiras,taiscomoobaixocustodeproduo,modeobra barata e mercado consumidor pouco explorado favoreceram os primeirosinvestimentosnoBrasil.

    Nas pginas seguintes, divididos por dcadas, sero apresentados marcos dodesenvolvimento do design automotivo no pas, realizados tanto dentro da indstria deautomveis, quanto fora dela por meio de iniciativas de construtores e empresriosatuantesnocenriobrasileiro.Asimagensapresentadassoregistrosdeapenasalgunsdos

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    muitosmodelos representativosproduzidosem cadapoca,osquais foramdispostosemumalinhadotempoproduzidapelaautoraeapresentadanoApndiceA.

    Dcadasde1920,1930e1940Aprimeiralinhademontageminstaladanopas,noanode1919,foiinauguradapela

    Ford,aqualproduziaoModeloTpartirdosistemaCKD.Nestesistema,aspartesdoveculovinhamdesmontadasjuntamentedocumentaodeorientaoparaosprocedimentosdemontagem do veculo, de acordo com os padres Ford.A Figura 1 registra a fachada daprimeiramontadoradaFordinstaladanoBrasil.

    Figura1PrimeirafbricamontadoradaFordnoBrasil

    Fonte:Contagiros.Disponvelem:.Acessoem:12/01/2013

    Tambmneste sistema,noanode1925,aGeneralMotorsGM se instalounoBrasilFigura2einiciouamontagemdeseusveculos,seguidapelaFiatnoanode1928.

    Figura2InauguraodosescritriosefbricadaGeneralMotorsnoBrasilem1925.

    Fonte:ANFAVEAASSOCIAONACIONALDOSFABRICANTESDEVECULOSAUTOMOTORESBRASIL.IndstriaAutomobilsticaBrasileira50anos.SoPaulo,2006.Disponvelem:

    .Acessoem:12/01/2013

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    Em1929,osetorsofreuoimpactodacriseeconmicamundial,fatoquenoimpediuque no ano de 1930, a GM instalasse sua primeira fbrica no Brasil, na cidade de SoCaetanodoSul(SP).Todavia,apenasapsaSegundaGuerraMundialaindstriaautomotivaretomariaofortecrescimento,umavezque,duranteoperododebeligerncia,ogovernobrasileiro adotou uma poltica de substituio de importaes incluindo veculos eautopeas.Comoconsequncia,asempresasbrasileiras forammotivadasaproduzirpeasnacionaisdemontagemereposio.Nestecenrio,GetlioVargas,entopresidente,criouem1938,aestatalFbricaNacionaldeMotoresFNMdestinadaproduodemotoresparaaeronaves,eque,em1949,tornouseempresadeeconomiamistaparamontagemdecaminhes licenciados da empresa italiana Isotta Fraschini, a qual acabou falindo, sendosubstitudapelaAlfaRomeo.

    AlmdaFNM,aVemag,empresa100%brasileira iniciousuasatividadesnoanode1945,aqual,deacordocomOno (2004,p.150), foiestabelecidacomoobjetivo inicialdemontaredistribuirautomveisecaminhesStudebakers,eque,posteriormente,passouamontar caminhesKenworth,mquinas agrcolasMasseyFerguson eHarris, e caminhesScaniaVabis.

    Dcadade1950Osanosde1950podemserconsideradosummarcoparaahistriada indstriade

    automveis no Brasil, dcada a qual, ainda de acordo com Ono (2004, p.148) [...] foimarcada por uma grande expanso rodoviria, com a produo em larga escala deautomveisecaminhes.Defato,naquelapoca,deacordocomaANFAVEA(2006,p.98),importavase100milveculos/ano, sendo60% caminhes,almdeautopeas,dadosquesuperavam em valor o que o Brasil gastava com petrleo e trigo. Assim, o governonacionalistadeGetlioVargastomoucomomedidaarestriodeimportaeseemAgostode1952,oentopresidenteproibiua importaodeautopeascom similarnacional.EmMarode1953,proibiutambmaentradadeveculoscompletos.AindaemMarode1952VargascriouaSubcomissodeJipes,Tratores,CaminheseAutomveis,aqualeraligadaComissodeDesenvolvimento Industrial.Naocasio,oalmiranteLcioMeira,defensordaproduodeveculosnacionais,presidiuacomisso,queconsideradaembriodaindstriaautomotiva (ANFAVEA, 2006, p. 98). J em 1954,Vargas criaria a Comisso Executiva deMaterialAutomobilstico.

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    Adcadadecinquentatestemunhouaconsolidaoda indstriaeatransformaodoautomvelemmaisdoqueumtilmeiode transporte, tambmumobjetodedesejogeneralizado. Naquela poca, a publicidade relacionada ao setor ganhou destaque epreencheu revistas com peas grficas comerciais. O pas atravessava um perodo deincertezasapsodeclniodaculturacafeeirae,por isso,ogovernoediferentesempresasvisavam revitalizar e economia do pas por meio da indstria, caminho este tortuoso edesafiador,umavezque,parao florescimentodaatividade industrialno setor,milhesemilhesdedlaresseriam investidosnoprocessodenacionalizaodasmontadoras.Almdestes fatores,quasenohavianapoca trabalhadoreshabilitados,a tecnologia localeraincipiente,eadisponibilidadedecapitalparaaindstriadeautopeastambmeraescassa,sendoainfraestruturadopas,portantoconsideradaprecria.

    Noanode1950,aVolkswagenimportouoprimeiroFuscacommotor1200afimdetestarsuaaceitaonomercadobrasileiro,e,em23deMarode1953,foiinauguradaaprimeiramontadora da Volkswagen do Brasil, instalada em armazm alugado na Rua doManifesto, bairro do Ipiranga, em So Paulo (SP), a qual iniciou os trabalhos com amontagemdaKombiedo sed1200, comopode ser vistona Figura3. Em1953, a Fordcomemorou 50 anos de fundao porHenry Ford e o volume de 40.000.000 de veculosproduzidosnomundo.Amarca tambm inaugurouuma fbricanobairrodo Ipiranga,emSoPaulo(SP),aopassoqueaGMadquiriuvastareadeterranacidadedeSoJosdosCampos(SP)paraaconstruodefundiodemotoresesegundafbrica.

    Figura3PrimeirainstalaodefbricadaVolkswagendoBrasilnobairrodoIpiranga

    nacidadedeSoPaulo

    Fonte:Vieira(Vol.3),2010,(adaptado),p.896.

    Em 1955, as indstrias instaladasnoBrasil criaramo Sindicatodos FabricantesdeVeculosAutomotoresSinfaveaefundaramaAssociaoProfissionaldosFabricantesde

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    Tratores,Caminhes,AutomveiseVeculos Similaresdo Estadode SoPaulo.Em15deMaiode1956,aindstriadeveculosagrupadanoSinfaveacriouaAssociaoNacionaldosFabricantesdeVeculosAutomotoresAnfaveaentidade civilque ganhou fora comopassar dos anos e se estabeleceu como importante instituio de pesquisa e auxlio aodesenvolvimentodosetor.

    Nombitodasiniciativasbrasileiras,cabedestacarainda,em1956,olanamentodoRomiIsettaFigura4oprimeirocarrofabricadonopas.Oprojetooriginalfoiconcebidona Itlia do psguerra 1953 sendo construdo pela empresa IsoAutomoveicoli,fabricantedemotocicletase tricicloscomerciais.Noanode1955,oprojeto foi licenciadoparaaBMW,aqualrebatizouoautomvelcomoBMWIsetta. Noanoseguinte,oimigranteitaliano Comendador Amrico Emlio Romi, fundador da Romi fbrica de mquinasagrcolas estabelecida em Santa Brbara do Oeste (SP) iniciou a produo do modeloIsetta,denominadoRomiIsetta,emparceriacomoutrascolaboradoras:

    Vriasempresasestiveramenvolvidasemsuafabricao.ATecnogeral,fabricantedemveisdeao,produziaacarroceria;aProbel,doscolches,faziaobanco;ospneuseramPirelli,omotorera feitoaquicombasenoda Iso italiana,eaRomifaziaochassiemontavaosveculos.(VINHOLES,2008).

    EmboraoRomiIsetta tenha sidoummodelobem sucedidonomercado,oGrupo

    Executivoda IndstriaAutomobilsticaGEIA, instauradoem1956peloentopresidenteJuscelino Kubitschek criou uma lei para obteno de subsdios, a qual classificava oautomvel em si como um veculo que deveria obrigatoriamente transportar quatropessoas.

    Tal deciso prejudicou de maneira definitiva o potencial do veculo no mercado.Desta forma, sem os benefcios fiscais, sem uma empresa para firmar parceria e semcondiesdeproduzirem largaescalacomvistasreduodopreodomodelo,aRomiIsetta tornouse invivel. Os modelos restantes foram montados at 1961, utilizando oestoqueremanescentedafbricadaRomi,eototaldaproduonacionalchegousomentea3milunidades.

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    Figura4LinhademontagemdaRomiIsetta(1956)Fonte:Facobras,2012.Disponvelem:.Acessoem:12/01/2013.Comapossede JuscelinoKubitscheknoanode1956desenvolveuseumapoltica

    quebeneficiariademaneira importantea indstriadeautomveispormeiodo chamadoPlanodeMetas,pormeiodoqual,segundoOno(2004,p.150),[...]instauraramsemedidascambiais e tarifrias, voltadas promoo da instalao, expanso e diversificao daindstria nacional, com especial enfoque no setor automobilstico, que figurava entre asindstriasdemaioresefeitosmultiplicadores.

    AcriaodoGEIA tinhaporobjetivoestimulara fabricao localenosomenteamontagemdeveculosnoBrasil,almdosPlanosNacionaisdaIndstriaAutomobilstica,osquaiseramdirecionadosacaminhes,jipes,caminhonetas,caminheslevesefurges,cujafabricaofoiinicialmenteestimulada(ONO,2004)emboranocasodoRomiIsetta,comovisto,alegislaodoGEIAtenhaprejudicadodemaneiradecisivaopotencialdomodeloedaempresa.Aindaemde1956aVemagproduziuaprimeiracaminhonetaDKWsob licenada Dampf Kraft Wagen DKW montadora alem integrante daAuto Union,atualmenteAudidaAlemanha,comndicede60%denacionalizao.

    EntendesepornacionalizaoousodepeasecomponentesfabricadosnoBrasil(ANFAVEA,2006,p.103).UmdosmodelosdesucessocomercializadospelamarcanoBrasilficouconhecidocomoperuaDKWVemag,presentenaFigura5.

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    Figura5PeruaDKWmontadapelaVemagem1956

    Fonte:Facobras,2012.Disponvelem:.Acessoem:12/01/2013

    J em 1957, a Volkswagen inaugurou sua fbrica na cidade de So Bernardo do

    Campo (SP), produzindo a Kombi com um ndice de 50% de nacionalizao. A empresafechou aquele ano com2.268 Fuscase522Kombisproduzidos. Entreos lanamentosdaFordnaqueleanodestacaramseapickupF100Figura6eocaminhoF600,esteltimooprimeirodaempresacomndicedenacionalizaode40%,sendotambmoprimeirocommotoragasolinadoBrasil.

    Figura6PickupFordF100

    Fonte:QuatroRodas,2005.Disponvelem:.Acessoem:12/01/2013

    Tambmem1957,houveainstalaodamarcasuecaScaniaVabisMotoresDiesel,a

    FNM comeou a produzir caminhes, e aWillysOverland marca de veculos at entosomenteimportadostambmentraemproduonoBrasil(ANFAVEA,2006,p.103),sendopioneiranainstalaodeumdepartamentodeestilo,comorecordaOno(2004):

    AWillysOverlanddoBrasilfoiaprimeiraempresaautomobilsticaaconstituirumarea de design no pas, denominada, na poca, Departamento de Estilo.Entretanto, a falta de profissionais com formao especfica em design levou aempresa contratao de profissionais de outras reas relacionadas ao

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    desenvolvimento de produtos, tais como de modelos, ferramentaria, etc. e contratao de vrios projetistas italianos, espanhis e norteamericanos. Maistarde, passouse a contratar pessoas da rea de design, sobretudo nos EstadosUnidos.(PIANCASTELLI,2001inONO,2004,p.156157).

    Em23deJaneirode1958,aToyotachegouaoBrasilcomadenominaodeToyota

    doBrasilIndstriaeComrcio.AempresainstalousenaRuaBoaVista,noCentrodacidadedeSoPaulo,e,emmenosdeumano,inauguroulinhademontagemnaAvenidaPresidenteWilson,nobairrodoIpiranga.Oanode1959marcouolanamentodoprimeiroFusca95%nacionalna fbricadaVolkswagenem SoBernardodoCampo.Omodelo foioprimeiroautomveldebaixocusto,responsvelpelamotorizaodemilhesdebrasileiros.Tambmem1959foiinauguradaanovafbricaGMemSoJosdosCampos.OanotambmmarcouaprimeiravisitaaoBrasildeHenryFord,queassistiuaolanamentodocaminholeveF350brasileiro.NestemesmoanoestabeleceuseaKarmannGhiadoBrasil.AToyota lanouomodelo Bandeirante Figura 7 com 60% de nacionalizao, o qual seria fabricado at2001,eaScania inaugurousua fbrica, fazendoseuprimeiromotornoBrasil,enquantoafbricaSimcaentrouemproduo.

    Figura7ToyotaBandeirante1979:lanadoem1959,foiummodelodegrandesucessodaToyotaatoanode2001,quandosuaproduofoisuspensa

    Fonte:QuatroRodas,2006.Disponvelem:.Acessoem:12/01/2013

    Dcadade1960Noanode1960,apresidnciadoBrasilpassousmosdeJnioQuadros,e,nodia

    25 de Novembro de 1960, aconteceu o primeiro Salo do Automvel de So Paulo noPavilho de Exposies do Parque do Ibirapuera. Em 1961, ocorreu a segunda edio doevento, alcanandoonmerode150expositores compostospormontadoras,marcasdeautopeas,componenteseacessrios.Em1962,oentopresidenteJooGoulartinaugurou

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    afabricaScaniaemSoBernardo,eoalmiranteLcioMeira inaugurouafbricadaToyotanaestradadePiraporinha,emSoBernardodoCampo(SP).Jem1964,apsumgolpedeestado o Brasil entrou no perodo de regimemilitar sob o comando do general CasteloBranco.Oregimedurariaatoanode1985comapresidnciarevezadapormilitares.

    Emmeadosdadcadade1960,aVemagcriouseudepartamentodeestilo,oqualfoiconstitudo[...]comoapoiodogerentede fabricaodeento,AntniodePduaPradoSantos, que defendeu que o melhor seria criar um setor especfico de design e de AriAntniodaRochaestagiriodaempresa(ROCHA,2002 inONO,2004,p.161)eapartirdeento,segundoOno(2004),foramdesenvolvidasnovascoresparaosveculos,buscousearacionalizaodeprocessos,visandoevitarodesperdciodemateriais,entreoutrasmedidasvisando a adequao dos produtos ergonomia e ao aprimoramento do produto. Foitambm nesta dcada que comearam a surgir as primeiras iniciativas brasileiras deconstruodeveculosnacionais independentesdegrandes indstrias.Estesprojetoseramfruto da criatividade de designers e engenheiros aliada a investimentos de empresriosentusiastasdoautomobilismo.

    O interesse crescente da sociedade e dos empresrios sobre o automvel e opotencialdoBrasilnacriaoeproduodeveculosestimulou,noanode1962,ainciativado brasileiro Caio de Alcntara Machado ento idealizador e promotor do Salo doAutomvelempremiar talentosdodesign automobilstico.Assim, tendononomeumahomenagemaoAlmiranteLcioMeiraprimeiropresidentedoGEIAnoanodesuacriaoem 1956, e encarregado do governo Kubitschek para os assuntos relacionados ao setorautomobilsticofoicriadooPrmioLcioMeiradeDesignAutomobilstico.

    O concurso tinha por objetivo descobrir novos talentos do design. Sua primeiraedioocorreudentrodoterceiroSalodoAutomvel,em1962oqualapartirdaqueleano passou a ser bienal. Entre os projetos premiados encontravase o veculo Itapuan Figura8deautoriadeMrcioLimaPiancastelli,premiaoestaquegarantiuaodesigneraoportunidadedeestagiarnaempresaGhia,localizadaemTurim,naItlia,e,deacordocomOno(2004,p.168),emseuretornoaoBrasilatuounaWillysOverlande,apartirde1967naVolkswagendoBrasil,naqualchefiouaequipededesignentodenominadaEstiloat1992,perodonoqual,juntamenteaoutrosdesigners,foiresponsvelpelodesenvolvimentodeimportantesprojetossendoosgrandesmarcososmodelosBrasliaeSP2contribuindoparaodesenvolvimentododesignnoBrasil.

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    Figura8ModelodoprojetoItapuan,deautoriadeMrcioLimaPiancastelliFonte:QuatroRodas,jan.1963,p.28.Disponvelem:.Acesso

    em:13/01/2013.No Brasil da dcada de 1960, alm do concurso de designmencionado, entre as

    iniciativasbrasileirasdecriaoeproduodeumveculonacional,cabedestacarocasodaIndstria Brasileira de Automveis Presidente IBAP. Criada no ano de 1963 peloempresrioNlsonFernandes,aempresaerafinanciadacompletamenteporcapitalnacionalepretendiadesenvolverecomercializaromodeloDemocrataFigura9.Consideradoumcarro fantasmaporno ter sidode fato comercializado, foramproduzidasapenas cincounidadesdomodelo,oqualsepretendiaquefosseproduzidoapartirdaentradadecapitaldosinvestidoresbrasileirosqueteriampreferncianacompradosprimeirosDemocratasasairda linhadeproduomasquese tornouumdoscasosmais intrigantesdosetornoperodo,comodestacaSilva:

    [...]Semfbricasquepudessemajudloadesenvolveromotor(haviaumboicotedasempresasestrangeirasinstaladasnoBrasilaoprojeto),ocarrofoialvodeumaconfusaCPI,cujasmaioresprovaseramas reportagenspublicadasna imprensapor exemplo sobre um carregamento de 500motores italianos apreendidos emguas internacionais, antes de chegar ao porto de Santos. Era poca do regimemilitar e a fbrica foi interditada sob acusaodeoprojeto ser invivel. (SILVA,2012,p.95).

    Nas palavras do empresrioNlson Fernandes: O exrcitomandou que eu fosseinvestigado. Mandaram invadir minha casa para saber qual era a minha ligao comJuscelino Kubistchek (FERNANDES in SILVA, 2012, p. 95). Acusado de corrupo, oempresriosseriainocentadojudicialmentenoanode1987.Semoapoiodeinvestidoresedogovernobrasileiro,aIBAPfoifalncia.

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    Figura9Democrata(conhecidocomoo