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prof-isabel-martins
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A composio na fotografia 1
A composio na fotografia
Regra dos Teros na fotografia As reas de design, arte e fotografia tm muitas regras em comum. Talvez pela
caracterstica encontrada em todas: a percepo de esttica e a nossa reao ela. A regra do teros usada desde a poca quando fotografias no exisitiam e quem
retratava em telas a realidade eram os pintores.
Regra dos teros um resumo
O espao onde a imagem registada divide-se em trs faixas verticais e horizontais. Os
pontos importantes da sua foto devem ficar em alguma das 4 convergncias dessas
linhas recm-desenhadas. Se existirem linhas na imagem, d preferncia em posicion-
las junto s linhas da regra dos teros. Abaixo, nos pontos vermelhos, voc v onde
enquadrar os itens preferenciais da foto:
Usando as convergncias
O segredo que cada foto tem suas caractersticas prprias e nem sempre fcil definir o
que vai nas bolinhas. O importante que antes de tirar a foto voc defina o que deve estar
em evidncia, e faa a composio de acordo com este item.
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ISO 800 | 10mm | f/3.5 | 1/60seg
Neste primeiro exemplo voc v que o barco claramente o ponto de destaque. Por isso
ele se encontra na convergncia inferior esquerda: o restante da cena s complementa e
d sentido.
ISO 100 | 52mm | f/2.8 | 1/80seg
Em retratos o uso bsico da regra sempre manter os olhos no tero superior.
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ISO 100 | 10mm | f/22 | 0.8seg
No caso da foto acima existem dois pontos de interesse, mas eles se equilibram: a
cachoeira tendo seu incio no canto superior esquerdo e a ponte ocupando a maior parte
do canto inferior direito.
Horizontes
s vezes, como em uma foto de paisagem, voc vai se concentrar nas prprias linhas do
tero ao invs das bolinhas. mais simples do que voc imagina: no centralize o
horizonte! No centralize a rvore! No centralize o monumento! No centralize as
linhas.
ISO 100 | 12mm | f/5.0 | 1/125seg
Se o cu est mais interessante, deixe ele em evidncia deixando o horizonte abaixo da
linha inferior, como na foto acima.
A composio na fotografia 4
Foto usando o efeito HDR
Se o cu no tem nada demais e voc quer dar destaque para o que est abaixo dele,
coloque a linha do horizonte posicionada no tero superior.
Quebre essa e outras regras de vez em quando
A regra dos teros tem como mote a no centralizao dos pontos de interesse na
imagem, mas existem outras regras, e temos que usar o bom senso e a experincia
para junt-las e criar a composio mais harmoniosa possvel.
ISO 100 | 10mm | f/5.0 | 30seg
Nesta foto d para ver a regra dos teros usada para posicionar o horizonte e os itens de
interesse, mas tambm d para notar o princpio da simetria. Exatamente: a foto est
centralizada verticalmente (alm do reflexo causar mais simetria horizontal)! O segredo
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no s saber a regra, mas tambm quando utiliz-la
At agora estudamos formas bsicas de composio que lidam com a distribuio de
volumes - como a proporo dos teros e a razo urea - e outras que, dependendo da
situao, funcionam melhor, seja posicionando o assunto principal radicalmente fora de
centro, seja colocando-o exatamente no centro.
Conforme vocs comearo a perceber a partir de agora, h elementos de composio
que tem um peso consideravelmente maior no resultado final.
Foto do caminho da entrada de um hotel de montanha prximo a Lucerna, na Suia. O pergolado o elemento
principal da composio, pois suas linhas formam uma persceptiva, aprofundando-se na imagem. O bonito
contraste de cores entre o vermelho da trepadeira e o verde ao fundo, ambos saturados pelo filtro polarizador,
o outro elemento importante de composio da imagem. Em uma foto com elementos poderosos como esses,
as propores so irrelevantes.
Um dos mais poderosos elementos de composio na fotografia so as linhas;
especialmente linhas de fuga, que criam uma perspectiva.
Nessa aula voc ir aprender a buscar perspectivas. E o melhor exerccio para isso est
nas fotos de paisagens. Desde que h pouca possibilidade do fotgrafo intervir na
paisagem no tem como mudar uma montanha de lugar, nem prdios ou rvores a
chave para fotografar paisagens prospectar, descobrir detalhes interessantes, observar
como os elementos esto arranjados. E ento as linhas, curvas, padres, texturas e cores
vo se revelando ao olhar cuidadoso.
Lembre-se que a fotografia uma representao tridimensional em uma superfcie
bidimensional. Pense no plano da imagem como uma foto em papel.
A grosso modo podemos dividir as linhas em dois tipos, conforme sua orientao em
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relao ao plano da imagem: linhas paralelas e linhas inclinadas em relao ao plano da
imagem (que parecem entrar para dentro do plano).
Linhas paralelas ao plano da imagem
As linhas horizontais, verticais ou diagonais que esto paralelas ao plano da fotografia no
formam perspectivas.
Uma das mais fortes e certamente a mais presente na fotografia a linha do horizonte,
com a qual ns devemos sempre nos preocupar, pois ela tem impacto at nas fotos mais
comuns que tiramos de nossos parentes e amigos por exemplo, se a linha do horizonte
passar no rumo do pescoo da pessoa, causar a impresso de que est cortando a
cabea.
Porque ela surge dividindo massas de terra, gua e ar, a linha do horizonte mais afeita
s propores. J aprendemos como resolver a linha do horizonte nas aulas anteriores.
Linhas diagonais so mais expressivas e tem um efeito forte sobre a composio porque
elas produzem variao na imagem no so montonas como as linhas horizontais ou
verticais.
Elas ficam ainda mais especiais quando convergem para um assunto. O esquema ao lado
mostra linhas diagonais formando tringulos e reproduz exatamente as linhas da foto
abaixo.
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Esse um p de pra. Pra mim foi uma baita novidade. L em Minas eu era mais conhecedor de p de
jabuticaba, manga e goiaba.
Esse lugar fica a 20 km de Lucerna e lindssimo. Tirei boas fotos da famlia l. Outro
exemplo bem parecido em Interlaken, uma cidadezinha na regio dos alpes da Suia.
Repare que as linhas diagonais formam tringulos interessantes e so paralelas ao plano,
no formam ngulo com o plano da foto e portanto no formam, por si s, uma
perspectiva.
As linhas da montanha e o rico contraste de cores quentes e frias formam uma composio agradvel. A
perspectiva aqui no feita pelas linhas, porque esto paralelas ao plano. Apenas o efeito atmosfrico de
esfriamento das cores, que tendem ao azul, quem sugere a distncia. Foto em Interlaken, Suia.
Linhas inclinadas em relao ao plano da imagem
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As linhas inclinadas em relao
ao plano so chamadas de linhas de fuga. No desenho de perspectiva, so linhas que
reproduzem o efeito de profundidade convergindo para um ponto distante, dentro da
imagem, chamado de ponto de fuga. As linhas de fuga do a sensao de
tridimensionalidade e so elementos muito fortes na imagem. Elas podem ser reais, como
as linhas da estrada e dos prdios, ou imaginrias (projeo), como as linhas da base e da
copa das rvores.
Ponto de fuga (PF) o ponto imaginrio de interseco das linhas de fuga com a linha do
horizonte (LH), para onde todas as linhas paralelas convergem, quando vistas em
perspectiva. Ele marca a direo para onde os objetos se aprofundam e, por conseguinte,
o ponto de vista do fotgrafo.
Mas mesmo na ausncia de linhas de fuga, a perspectiva pode ser formada por outros
elementos que do a iluso de profundidade. So eles:
O efeito atmosfrico de esfriamento de cores (tendem ao azul, como na foto de
Interlaken acima);
A perda de contraste (as cores vo esmaecendo com a distncia, por causa da
atmosfera);
A luz lateral que enfatiza relevos, com sombras longas, criando a sensao de
profundidade.
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O hotel onde tirei as fotos acima. Aqui no h nenhuma linha de fuga. Mas h uma iluso de profundidade
formada por dois dos elementos descritos acima: a perda de contraste cores vo esmaecendo com a distncia
e a luz lateral no gramado forma um relevo perfeitamente tridimensional com longas sombras de rvores.
Pintores sabem de tudo de perspectiva em detalhes e quem cai direto na fotografia sem
passar pela pintura ou desenho, como foi o meu caso, demora um pouco para perceber.
As linhas de fuga e o ponto de fuga esto bem evidentes nessa foto do Parque Orangerie,
em Estrasburgo, Frana, em pleno outono:
E nessa foto de Veneza tambm:
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Em fotos urbanas as linhas retas so mais comuns. Na natureza, quase tudo curvo.
Vista do Arco do Triufo em direo a La Defense.
Estou ilustrando essa aula com fotos que eu tirei como turista, ou seja, sem muito apuro ou
esmero e sem escolher a melhor posio, pois eu no estava ali para fotografar e sim
acompanhado da famlia, passeando, apenas com uma cmera na mo. Mas valem como
um exemplo do poder das linhas de perspectivas: mesmo fotos de turista podem ficar
bonitas. So fotos de diversos lugares, selecionadas de acordo com uma nica coisa em
comum: as linhas retas ou curvas de perspectiva.
As linhas curvas so bem mais ricas em variao que as retas e, portanto, produzem
resultados mais graciososos. As fotos a seguir foram de cima da torre Eiffel a verdadeira
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torre de Babel, visitada por turistas do mundo inteiro. L voc ouve ao mesmo tempo uma
grande profuso de idiomas. Abaixo, a cidade mgica se descortina aos olhos:
O sol baixo no horizonte enfatiza relevos, torna mais evidentes as linhas do urbanismo. Do alto da torre Eifel, eu
busquei as curvas.
Eu adoro curvas. Procuro sempre elas no enquadramento, como nas fotos abaixo, tiradas
na Villa del Balbianello, no Lago de Como, na Itlia. O jardim todo feito em curvas e as
linhas de fuga (ou seriam curvas de fuga?) conduzem os olhos para o lago:
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O tempo estava chuvoso e eu aproveitei o baixo contraste de luz. Usei um filtro polarizador
para eliminar os reflexos das folhas molhadas e da gua a fim de aumentar a saturao do
verde da vegetao e do azul do lago. Medio bsica de luz pontual no verde, checada
de vez em quando no histograma da cmera, sem grandes alteraes porque a luz estava
estvel.
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Curvas em S so ainda mais especiais que as curvas normais.
Vrias linhas retas, em diferentes patamares, cada uma levando a uma esttua em uma
perspectiva bem diferente neste outro fantstico jardim no Lago Maggiore, na Itlia:
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Eu gostei muito dessa foto em Isola Bella Lago Maggiore, IT
Voltando Suia, em Lucerna, eu arrisquei algumas fotos em preto e branco:
Longas linhas de fuga com uma charmosa curvinha depois da torre.
Do alto da roda gigante, em Zurich, balanando, cmera na mo, com asa 1600:
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As linhas do rio aprofundam a vista na cidade. Sem essas linhas (ou melhor, esse plano, porque o rio inteiro
serve como condutor da perspectiva) a foto iria ficar sem graa, s com telhados.
Da janela de um trem em movimento, subindo a montanha Jungfraujoch, na Suia:
Curva em S de novo.
As linhas esto por toda a parte. At nas fotos macros, como dessa flor no alto da Serra da
Canastra, em Minas Gerais, minha terra natal. Observe essa sempre-viva. De longe, as
linhas no so nada relevantes:
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Mas de perto, as linhas de fuga aparecem com bastante tridimensionalidade:
E aqui, bem de pertinho, as linhas quase evanescentes, com essas micro florzinhas na
ponta, olha que beleza:
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Perspectiva tambm o que a fotografia lhe traz: novas maneiras de enxergar o mundo,
perceber detalhes, nuances de luz, cores e texturas, depurar sua viso e lhe trazer poesia.
O que mais esperar da fotografia?