81
%0§SIoIa 6% %0§SIoIa 6% *)àsE*ml ãla Tex 1X 21X2l12 1X1211X1211X 211X1211X2 11X1NI: 6 7 Indique o n. e a data do concurso BILHETE ESPECIAL Pode ser litilizado em quýilquei concurso Ler insrijcc)es no verso do reciffio t>Z0 i rý A NOSSA CAPA:ý M~Uraes a ýda indistria calueira nrnctor: A.Maose, Alindo Lopes, Bartolo arosCardo ' L: 5'bI6, M, s de Oliveira. Miguéis Lopes Júnic Catanheira 1%'t elr'em XôvieCs ne; Potoqrafia: Kok Naý, Danilo Naifa Us e,A rto a indo Afonso (colaborador); Ma Eugénio d,, s se, alaSeal 'CornAndentes Nacionais: Nelson Kapú Corres!p .;es internacAónaiu "AguýZlqcj nchgli a (Angola), Jane Berger< Afria ýýu1)i ary àoyta (E;fadoslnidos); Colaboraçio Editorial c Mandou G.arian (N.Y.): ýAqnoý-\lM, Prensa Lafina; Registo: 0( PUB:/78; coP)iedâq nndereço Postal: A-. Amed St 1078.A e 8. 1P917;'7TAf, N,/,,3I Maputo, República Popular de M O Conselho de Ministros acaba de legislar sobre as normas de actuaéo e comportamento aos trabalhadores do aparelho de estado. Objectivo: intensiti" car o desmantelamento da máquina estatal herdada do colonialismo. NPgl as 34 # 31 As mulheres da indústria cajueira constituem o corpo feminino principal da classe operária moçambicana. A Caju do Chamanculo encerr a história de muitas dessas mulheres ao longo das últimas três décadas. Págias 28 o33 A especulação, a higiene e as tradi" ções sociais são fenómenos que no Nias sa têm características específicas e outras que reflectem o resto do país. O nosso correspondente Nelson Kapúui reportaP~ 25 a 217 A ligação EUA-Irão num «dossier» sobre os acontecimentos que nos últimos meses têm posto em causa o regime do Páginas 42 a 49 5- PÁGINA POR PÁGINA

%0§SIoIa 6% - psimg.jstor.orgpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem... · o desmantelamento da máquina estatal herdada do colonialismo. NPgl as 34 # 31 As

  • Upload
    buikien

  • View
    214

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

%0§SIoIa 6%

%0§SIoIa 6%

*)àsE*mlãlaTex1X 21X2l12 1X1211X1211X 211X1211X2 11X1NI:67Indique o n. e a data do concursoBILHETE ESPECIALPode ser litilizado em quýilquei concurso Ler insrijcc)es no verso do reciffiot>Z0 i rý

A NOSSA CAPA:ý M~Uraes a ýda indistria calueiranrnctor: A.Maose, Alindo Lopes, BartoloarosCardo ' L: 5'bI6, M, s de Oliveira. Miguéis Lopes Júnic Catanheira 1%'telr'em XôvieCs ne; Potoqrafia: Kok Naý, Danilo Naifa Us e,A rto aindo Afonso (colaborador); MaEugénio d,, s se, alaSeal 'CornAndentes Nacionais: Nelson Kapú Corres!p .;esinternacAónaiu "AguýZlqcj nchgli a (Angola), Jane Berger<Afria ýýu1)i ary àoyta (E;fadoslnidos); Colaboraçio Editorial c MandouG.arian (N.Y.): ýAqnoý-\lM, Prensa Lafina; Registo: 0(PUB:/78; coP)iedâq nndereço Postal: A-. Amed St 1078.A e 8. 1P917;'7TAf,N,/,,3I Maputo, República Popular de MO Conselho de Ministros acaba de legislar sobre as normas de actuaéo ecomportamento aos trabalhadores do aparelho de estado. Objectivo: intensiti" caro desmantelamento da máquina estatal herdada do colonialismo.NPgl as 34 # 31As mulheres da indústria cajueira constituem o corpo feminino principal da classeoperária moçambicana. A Caju do Chamanculo encerr a história de muitas dessasmulheres ao longo das últimas três décadas.Págias 28 o33A especulação, a higiene e as tradi" ções sociais são fenómenos que no Nias satêm características específicas e outras que reflectem o resto do país. O nossocorrespondente Nelson Kapúui reportaP~ 25 a 217A ligação EUA-Irão num «dossier» sobre os acontecimentos que nos últimosmeses têm posto em causa o regime doXáPáginas 42 a 495-PÁGINA POR PÁGINA

Cartas dos Leitores ..... ... 2 Semana a semana Nacional ...... 8 Porque nãoparticipou o Niassa no Campeonato Nacional de Futebol 13Atenção! .............................................14Mãos à Obra ............... 16O Livro «FRELIMO 3.' Congresso ... 17 Cooperativas de Consumo ...... 22Niassa: Da Especulação às Tradições 25 Mulheres Operárias ............ 28Construir o Aparelho de Estado deTransição para o Socialismo ... 34 Zimbabwe: A Educação e os Refugiados................. 38«Dossier» Irão .............. 40.Uganda invade Tanzânia ....... 50 Nigéria: Criação dos Partidos ... 51 AméricaLatina: A repressão Cultural 53 Portugal: Transição para Quê? (2) 55Noticiário Internacional ...... ... 57Tempos Livres ........... 60Festa ... . ... ... ... ... 64PODE COMPRAR «TEMPO» NAS SEGUINTES LOCALIDADES.PROVINCIA DE MAPUTO: Namaacha, .Msinhiça, Moamba lncoluane. Xinaanee Boane; PROVÍNCIA DE GAZA: Xa,-Xai, Chicualacuala. Chibuto. Chbkwé.Massg ;r Maniacaze Caniçado, Mabaldne e, Nhamavila' PROVINCIA DEINHÁMBANE: Inhambane' Quiss;co-Zavala, Maxxe, Hornoíne, Morrumbene.Mambone Panda e Mabote- PROVlNCIA DE MANICA: Chimoio, Espungabera eManica; PROVINCIA DE SOFALA: Beira, Dondo e Marromeu; PROVINCIADE TETE: Tete, Songo Angón;a, Mutarara Z6bué, Moatize e Mãgoé:PROVÍNCIA DE ZAMBÉZIA: Quelimane, Pebane, Gilé, Ie. agaia da Costa,.Narnacurra, Chinde. Luabo, Alto Molocué, Lugela, Gúrué, Mocuba e Macuse;PROVlNCIA DE NAMPULA: Nampula, Nacala, Angoche, Lumbo, Murrupula,Me. conta e Mossuril: PROVINCIA DE CABO DELGADO: Pemba, Mocmboada Praia e Montepuez; PROVINCIA DO NIASSA. Lchinga e Marrupa. EMANGOLA: Lua nda, Lubango, Huambc, Cabinda, Benguela e Lobito. EMPORTUGAL: Lisboa.CONDIÇÕES DE ASSINATURA:PROVíNCIAS DE MAPUTO. GAZA a INHAMBANEý 1 ANO t52NÚMEROS) 40$00; O, MESES (25 NÚMEROS) 470$00; 3 MESES (13NÚMEROS) Z35$00. OUTRAS PROVíNCIAS. POR VIA AÉREA. 1 ANO (52NÚMEROS) 1.1700l100; MESES (28 NÚMEROS) 585$00; 3 MESES 13NOME)ROS> A9100. O PE01DO DE ASSINATURA DEVE SERACOMPANHADO DA IMPORTÂNCIA RESPECTIVA,.. . .. . . . . .. í . . . . . .1,em T~tt . uimarães, (Niassa m «Terc-ur o u Tourgf

PREÇOSDE CURANDEIRODepois da Independência o povo moçambicano engajou-se na Luta contra aespeculação. Na verdade um especulador é ao mesmo tem po ladrão de todos nós.

Ora, até hoje muitos especuladores vi ram-se obrigados a desistir de tais atitudes;mas existem ainda autênticos especuladores do tipo de cantineiros e vendedoresam bulantes: são os curandeiros.Do Rovuma ao Maputo não há tabela das suas consultas. As suas consultas sãosempre in dividuais, e quem quer faz as suas sem consultar aos colegas. Aconsulta de cuche-cuche (Ti holo) é desde 25 escudos até cinquenta, até duzentose 50 escudos! A consulta de «Nhamussoro», desde 200 escudos até mil escudos.Qualquer medicamento vai desde cem escudos para cima. Não tem limite.«Kuvyia muti» desde mil e 500 escudos a três mil e 500 escudos e mais ainda adoutoragem é de simples ma neira: só por seis meses. um ano, dois, três. quatroou cine,) anos alguém já é baptizado.Na aprendizagem só admitem internados. e nunca externatos. Porque?Vejamos: durante a aprendi zagem este trabalha todos os serviços leves ePesados, mas não pode deslocar-se para casa nem manter relações sexuais mesmoque seja casado ou casada. Porquê?Sabendo que um mestre gosta sempre dessa liberdade, até em Moçambique osgrandes poliga mistas são os curandeiros! Vamos comparar um curandeiro emrelação ao doutor; este apren deu muito mais do que aquilo que nós pensamos.Hoje em dia graças à FRELIMO a consulta é só 7850!Quem estabeleceu essa tabela?Foi o nosso Governo da FRE LIMO. Pergunto eu agora:Os curandeiros n u n c a são lembrados na especulação que fazem, porquê? Outalvez seja porque eles usam drogas. Ir ao curandeiro não é apenas dar umpasseio, pelo contrário ao curan deiro vão aqueles que cansados vêem-se arrascade salvar. Com isto quero dizer que vão os que não gostam deles, mas que com adoença a , apertar tentam a sorte.E precis amente nesta altura em que os curandeiros atacam as suas vítimas,explorando-as demasiadamente. Eu próprio sei que os curandeiros hoje em diatêm reuniões. Que reuniões são' essas? De explorar o povo moçambicanofomentando a forma de nudez e miséria?Faço apelo aos que leiam es ta carta o favor de analisar esse estado de coisas edando as vossas opiniões.G.M.Infulene/MaputoNR -O método do curandeiro é o método do antigo médico capitalista: fazer danossa doença mina de ouro.como o afirmou o Presidente Samora quando anunciou a nacionalização damedicina.Os curandeiros aproveitam-se da superstição e obs, curantismo para explorar.Os médicos capitalistas apro veitavam-se dos seus conhecimentos científicos paraex plorar. Esta é a diferençaentre uns e outros. De comum, têm o gosto pela exploração.Como o leitor aponta, ospreços praticados pelos curandeiros s ão altíssimos.

Muitos operários durante um mês de trabalho não ganham o que eles pedem numa consulta, e isto é especulação, é roubo. São estes os pequenos jacarés, que querem crescer em Moçambique.A SELECÇÃODA CORAGEMA nossa Selecção Nacional dis putou o Campeonato Mundial de Hóquei emPatins na Argentina.PIo primeiro jogo a nossa Selecção, Nacional Moçambicana perdeu por umamargem grande demais para o seu veraadeiro valor.Utaro que perderíamos com o seleccionado português mesmo que a nossaSelecção se encontrasse em condições normais, mas não por uma margem tãogrande de diferença. Mas que condições normais seriam essas? Seriam: contactoscom equipas veteranas no hóquei patinado mundial com a devida antecedência,contactos esses que nos permitiriam a necessária roda gem para evitarmos termosgripado no primeiro encontro, por precisamente estar-se a iniciar a rodagem danossa Selecção Moçambicana nesse mesmo pri meiro jogo.Ora um automóvel ou motor novinho em folha se mesmo de pois de lubrificado,preparado. afinado, mas não rodado, entrar logo num rally, o que acontece? Gripaevidentemente.Pergwn.tar-se-d agora: será que se esquecéu esse importante por menor pela partedos técnicos do nosso Seleccionado? Não.Temos a certeza, assim como também temos a certeza de que certas «hienas»ainda acoutadas___________________________ A __________________________ a t~Dr~ V.I-, ,l~2 n~n 2

" 'r o nosso despor:to. tudo fizan Iira que Moçambique a- prft, cípio nãoparticipasse : stý &und aí, e na impossibilUad,desse boicote, iniciaram:Q t.balho de sabotage, a nívezs Provas, dirao alguns.SIM existem essas kienenosso despo, to- 'que devem sei erradicadas, duma vez por todana Ropsa e'pública PoprularMoçarbiqueSaío &ç as «henas que disse rar que «o a'ricri Oease preto) não dá para ohóquei em patins», assim c:o oL: f'qr tempo colonial algue7i ter a P guntado«ingéni amn.te» se o preto por ter nieco daiuýêe ria por essa ra.,zo que não praticava natação?Temos por isso c a ma,a esta Selecção Moçambicana, a Selecção da Coragem, .precisa mente por teremtravado uma luta surda com os que tuda fizeram para que Mçafmbiquc nãoparticipasse, e se participasse, participasse mal, e por conse gu ie desprestigiasseo nosso País em termos ae resultado,: Nesta Selecção da Coragem 'te,-' mos quesalientar um nome, o nome ae Fernando Adrião, que foi um grande obreiro e batalhador para que Moçambiq 1ue' 1não só estivesse presente eomo representassecon.dignamene a nossa República Popular.. Ql¿as tudo fizeram para que Adric"o

desistisse do hóquei em pâtins, inclusive proibirem-no dc jogar, e outras pressoes-i &iCOl g:"s. mais, ele que até é moçambicano.Mas qual o interesse que es tas «hienas» no nosso desporto: têm? É por demaisevidentè. con tribuir para desprest iglar a '.-no sa querida pVý eMoçambique precísanen-te por ser POPULAR.Tudo fizeram desde a I nde pendência do nosso Pais para. «matar» o hóquei empatins, alegando que era uma- modalidade de elite», equipamento Car, etc. Mas averdadeira razão não eraié- falso que exisies de «elite» nu Cpular. A verda 4aere771 Que o :.:é r--'U"(nwanm-: Imente, em que a dar d Moçambi« iv nmrn. fgar honroso. e dos modos só'nossa Selecção Zeste certame entina, para além > uma vitória ýu..e o seu des-J. J.TAPARqualquer ca.nhã, quandO 'é disparado é"~ n ot0 COMO fogo capazírmnda ar qualquer papel caimpedir a sua saída do c ã como' imperialismo q-e- Poemos discutír com ele 1 a paz, mas como ele t a sua tatraa de matar, massac.r Por QesMeutos ao desen f)gViento eçmórnóco, Socialc I-dos outros países cumUnidos da América é 1?rýefro:da Organização dasNaÇoesliUnidas e dO Conselho de Se 9WlanÇa da ONU mas recebe, discute ealoja umuagressor, ban ' . da, vapa0uní l' , ..mith. Lo'go as tarefas: des Io o ánsso país, a intenS*ficÇão de ma ssacre&. ao povoS ra przr ast«refa~s do seu patrão o imperia's ag ora, foi fazer entregae - tir e trazer novos piaFernando Carolino NaMpujaOS SAPATOS DO HOTELDE NAMPULAFiquei espantado quando um dia um dos empregados do Hotel de Nampuladirigindo.se a uma mamana que acabava de entrar no café do dito Hotel disse.-Senhora, é proibido entrar sem sapatos neste hotel.Fiquei sem saber se essa decisão tinha sido tomada a nível superior ou entãosimples preconceito injectado pelo colonialismo na cabeça daquele empregado.Será que as nossas fábricas já estão capacitadas tanto em meios financeiros ehumanos e em: maquinaria para fabricar sapatos para todo o povo?Por.ventura,todo o povo dispõe já demeios para adquirir calçado? E enquanto não se criamessas condições o Hotel de Nampula será interdito aos descalços?Manuel Seisse Nampula,N .1.:Este problema existiaigualmente ao nível dos cinemas onde foi tomada, uma medida: toda a pes.soa que esteja calçada ou descalça, bem vestida ou mal vestida, desde que. esteja-limpa (e estar limpoTZMPO N., 423- pág. 3I!

não significa estar vestido com roupa nova ou que não esteja rota) pode entrar noscinemas, pode assistir a qualquer espectáculo. Esta medida veio proteger ostrabalhadores, veio acabar com certas discriminações c r i a d a s pela sociedadecolonial ca pitalista.Naturalmente que se nos cinemas é assim, se nos aviões é assim, se em todo olado se passa desta maneira não há razão para que o Hotel de Nampula - pelamentalidade do referido empregado venha a ser diferente.MISSÃO DE MUTUALIE para contar sobre uma passagem que vi na localidade de Mutuáli. Foi no dia 13de Outubro deste ano naquela locali dade, distrito de Malema. À minha chegadaquis ir visitar as instalações da antiga missão de Mutuáli. É muito triste elamentávei, quem conhece o que era Mutuáli.Embora é uma localidade menos habitada era muito envolvida na parte daprodução. O terreno dos senhores padres era muito agradável, mas agora tudo émato. Laranjeiras estão a secar, parece não haver funcioná rios.Os funcionários que se encontram a trabalhar recebem mecânico, 200 escudos a300 escudos; condutor 500 escudos; os ser ventes não digo, varia o vencimento decem ou 150 escudos. Nós ao vermos isso, é o troco do salário daqueles querecebem mais. Encontram-se os filhos sem roupa e muitos deles querem sair paraa cidade, pelo menos arranjarem emprego que po dem ganhar mil e 500 escudos.Indo para diante.A missão tinha muitas vacas, mas agora acabaram por abater. O dinheiro onde vainão se sabe. A missão não tem machamba nem gado. Moinho para a população. Aminha opinião era de:1 - uma, proposta à estrutura competente, a fim de adquirir moinho, con tactarcom a agricultura para emprestar um tractor para lavrar o terreno.2 - as estruturas competentes criassem uma brigada junto com o adminis trador dalocalidade a fim de estudar os pro blemas dos funcionários no que diz respeito aosalário.3- houvesse reuniões comos trabalhadores4- fizessem propostas paraa abertura da escola e arranjo -do material estragado.Artur J. Ambade Malema/NampulaA ESTRADAPARA A MOAGEMNa célula deste Distrito de Ile encontra-se edificada uma moagem. Antes da suaedificação já tinham feito uma reunião a fim de esclarecer a população e estavamde acordo. Como a moagem encontrava-se edificada na célula de Mehegane-Mocuaba cus ta-me compreender a estrada que sai de lá para a via pública é quaseatalho todo coberto de valetas. O caso principal que me conduziu a narrar mais,até quando a ambulância passa nesta estrada e no transporte do doente passaquase ao mato.Neste caso custa-me compreen der quem é o culpado.

Armando Gabriel IleconalaIle/ZambéziaFABRICARTRANSFORMADORESA cooperação que devia exisi. tir entre a Eletromoc e a Tudor por escassez depilhas que se verifica no país.Esse empresa que se formou pela fusão da Radiónica com a Construtora Eléctricae outras devia prosseguir com a produção de aparelhos como rádio, gravador eoutros; devia fabricar um outro tipo de aparelho que parece que se encontraesquecido, sendo importante para aqueles que se encontram a vi ver em casaselectrificadas. Esses também são privados de escutar a rádio por falta desteaparelho - o transformador-É que a quantidade de pilhas gastas por estes referidos rádios em electricidade etransforma dor nas casas electrificadas devia ser para os que não possuem energia.Eu penso que desta ma neira as pilhas poderiam chegar para todos enquanto afábrica es pera a matéria-prima.E.i peço desculpa se estou a propor que a Eletromoc faça uma coisa impossível,isto é, uma coisa importadaJosé Paulo Bambo MaputoTEMPO N., 423 - pág. 4

COMBATERA IESPECULAÇAOTrata-se de uma crítica em es pecial aos vendedores ambulantes. Encontram-seambulantes nas esquinas da Fernão Veloso a vender lâminas por nove escudos,sendo o pacote de cinco lâminas a 4 5 escudos. Fiquei bastante admirado e seráque esses preços são recentes? Porque é que não há nas lojas enquanto eles têm avender disso em fartura',Porque se tivesse nas lojas à venda não seria esses preços, ou mesmo nosmercados. Uma lâmina «nacete» que era um escudo, encontra-se agora a noveescudos fora das lojas e do mercado. Onde é que arranjam se há tanta falta. Essa euma autênica especulação. Essa especulação existe na província de NamPula,distrito de Nacala.Belmiro Armando Ulale FPLMNampulaN.R.:O caso que este leitoraponta não é apenas a especulação. Os indivíduos que especulam com os preçossão também açambarcadores. Por isso, é que nas lojas não há lâminas enquantoeles as têm em grande quantidade a ponto de as poderemvender.ABUSODE CARROS DE ESTADOEu sa2 " o ue se encontr - .r na sededistr - ',. :a-Velha daODabdmos saí a

,; 'rreira que ia aM~ Mr ús de três minutos na portaw apareceu o camião daDirecção Nacional de Estradas em que está escrito ESTADo na porta com letrasDNE,matrícula MLP-16-83, motorista Florentino colocado nessa estrada.Com a confiança que iria-nos levar quando eu pedi logo ele exigiu-me dinheiro.Ele disse-me «você, tem dinheiro para pagar»? Eu respondi, sim tenho dinheiropara pagar.Naquela estação havia oito homens e seis mulheres. Todos nós pagámos o valorde cinquenta escudos cada, portanto setecentos escudos. O caso contado não é sónós, é de toda a vida dele. Quando vai a Memba carrega sempre o pessoal cobrando o dinheiro. Eu quando. vi isso senti pena e fiquei com olhos abertos. Será quee.sse dinheiro entrou na Direcção Nacional de Estradas ou ele recebeu ordens parafazer como carreira?Isto é uma coisa que ele não devia fazer. Apelo para todos estarem vigilantes aeste motorista porque esse camião é para carregar a terra e melhoramento dasestradas. Por último peço às estruturas competentes ýe consciencializar esteelemento e outros para servir de lição para melhor eles servirem as largas massastrabalhadoras.Jorge MomadeMemba/NampulaCOMERCIANTES D5 MOCUBAO objectivo desta carta é que verifiquei i7ãrias vezes ós comerciantes cá emMocuba fazem er.ros na parte do açúcar. Pensei que seria melhor que eles venaessem logo querecebessem o saco de açúcar fizessem assim: começar a vender sem lazer bicna,porque há sofrimento de crianças nas bichas. Os comerciantes recebem o açúcar edeixam durante muito tempo, abrem só uma loja por*dia ou por semana.Acerca dos trocos eles obrigam a comprar uma coisa que o indivíduo não queriacomprar. Querendo reservar o dinheiro para o dia seguinte ir com ele ao hospitalou qualquer trabalho, obrigam como por exemplo, se você quer cinco quilos deaçúcar eles dizem não - «só comprar seis ou sete quilos com dinheiro trocado». Sevocê tiver cem escudos em nota não pode comprar cinco quilos.Valentim C. Caixote MocubaNA PADARIAAinda sobre trocos recebemos uma outra carta de Branquinho José Alves, tambémde Mocuba, relacionando este problema com uma padaria:Dei uma nota de 50 escudos para comprar pão de 25 escudos e a senhora dapadaria disse-me que não tinha trocos para devolver. Eu fiquei admirado por eladizer que não tinha enquanto na gaveta havia muito trocado. Pergunto-lhe estaquestão da gaveta com trocos e ela respondeu-me dizendo: «se o senhor não quercomprar pão é melhor seguir.» Com aquilo fiquei chocado.TEMPO N.' 423- pág. 5

,RESTAURANTE «Vt.LORESTA»IM NAMPULA:

o motivo justificado que me levou- a e-screver esta carta é peto seg-uite:Foi simplesmente dia 8 de Apogo do ano corrente em que meiesloquei deQuelimane para a cidade de Nampula com o b bectivo de ir visitar o meu prínque se encontra lormiciliado na mesma cidade. No dia seguinte, portanto, dia 9peas 15.30 horas diriVi-me para Restaurante «Floresíta» onde encontrei nobalcão, três empre g~s que estavam de serviçoQuando ld cheguei sentei-me num dos bancos do balcão onde fiquei durante 30minutos esperando 'alguém para atender-me- Passado algum tempo, ten tei chamar 4m dlos trabalhadores de nome AntóioChico que andava a tele/onar em assuntos pessoais.Este, não se importou e nem sequer respondeu-me continuando a conversar e sódepois -de*.ter - acabado de conversar tele Jonicamente é que dirigiu-se à minha frente edisse. - aO senhor precisa alguma coisa? E não sabe esperar atender prim otelefone? Mesmo se .eu quisesse acabar uma hora de tempo a atender, o Sr. tinhadireito de esperar-me. Eu realmen-tião quis- responder-lhe, por lmínha vez pedi-lhe 1 café e 1- rr~ e após consumir entreguei-lho m nota de cinquentativa nota logo disse: -- Ora, tenho só 30p0 na caixa de trocoEu reonheoendo ecompreendendo a sýtwzçào- no que diz respeito a falta de troco, quis pedir maisum prego no pão, para assim faciLitar 'seu- troco. Efectivamente ele deuýme edepois de c~nsumir fiquei ainda mais de 40 mit àsper a do tro.Dirigime a el ' rm .rntei se havia troco ou- não. Ele ,por sua vez disse falsamente com a caraaran4Sdr.:= :deve arranjar-me. tr~ea o em dinheiro, porque- não teInho tro co na caixa.Eu voltei a pergutar ond e:, nha posto osSOS0 qfLê ele prirnzeiramertte dizia,Nem ,sequer respostan e mmtr.-Mas o que -me levou a sujar este papel é depois da minha chegada, vieram doisenhore ã. atrás de-mim, e que--cada umdeles pediu -1 - caIêý--25 -I tinha* 7le e2a. aum o,.seu troco completo.E no meio do balcão esteve sentado um camaraosa, que vendo essas atitudesdecadentes, resolveu interrogar aquele, tra :alhador qual &<i a intenção, dee 1tEesc >-er-lientes paro dar. o troco. ,Respondendo o mesmo traba, lhador disse: - ',. senhor não výnna Ia-zer justiçanesta empresa, mas sim vinha com intenção de ser atendido tal qual comno se, -fosse en-e . mas nãocoDirectQr da JustiçaEu pela minhaw vez não lhe respondipela sua resposta que lançou ao clite e infeli-zmente não lhe discuti fiqz~ei com aboca calada- esp;erando o meu troco,A~Y- pergunto eu, será que o senh6r António Chico, esta a sua maneira deatender os clientes e o seu método de falar acompanha o ritmo dos passos danossa Revolução? Eu julgo que este conipanheiro ainda não ganhou Qíndã a novaini iva da consciência política e não saoe profundamente o ~Iísei do sectorHoteleiro.Não s a b e verdadeiramente que o sectOr Hoteleiro é designado como. * CentroPolítico onde os operários e camponeses trocam as suas experiências.

No meu ponto de vista, julgo eu que apesar de ignorar a troca de experiências, dacriação do Homem Novo com uma mentalidade nova, ele recusa a transformação;não aceita o largamento do passo da Revolução rumo ao Socialismo.MaW, seá que na sua empresa não exis-e-as estruturas competentes para poderaniquilar essas más acções que ele, sistematicamente procede?Embora que passei poucos dias na m4esma empresa. fran eamente verifiquei quea organi zação dos trabalhadores desta empresa é antagónica em relação da qualse prelende estender em todos pontos do nosso País.Ao ter0minar aproveito a oportuni"dqe- pedindo desculpas pelo ttemp(>O quelhes roubei e espao. que ocupei por palavras desnç,"esSárias e, peço melhoresclarecimento aos leitores que sempre têm contribuído.Elias João Moreira Fucionário do Hotel Um de Julho - Ex-Vera CruzQuelimane/ZambéziaT6-. ------- -

UMA PROPOSTAMeses atrás, fiz certas compras, e com a falta de trocos deram-me os seguintespapéis de «haveres» aba i x o discriminados:- Cinema ABC .............três papéis de 3500 (cada).- Pousada ...........dois papéis- de 45$00 (cada).-Casa Pires .........um papel de 2100 (cada).- Messe Empresa Lojas do'Povo um papel de 15$00(cada).Nisto, acontece que três meses se findaram, e cada vez que eu ia em busca do meudeixado dinheiro, sempre me diziam venha outro dia ou amanhã, e assimsucessivamente. Com este movimento de vaivém fiquei apenas com dois papéis.Ora eu pergunto aos caros leitores, já que não posso mais ir pedir aquele meudinheiro, uma vez perdidos os papéis, para quem fica a quantia a mais dos outroscomo eu, que nada tem a ser controlado pela caixa das referidas empresas?- Caros leitores, já que do Rovuma ao Maputo se vive a falta de trocos, não seriame lhor que as referidas Empresas ligadas à venda de certos pro dutoslegalizassem uns blocos razoáveis, onde em duplicado poderiam passar esses«haveres» com uma identificação do clien te? - Pois é que se assim fosse eu iriapedir às referidas empre sas para consultarem nos refe ridos blocos, o mês, e coma apresentação da minha identificação, sem falta receberia o meu dinheiro.Em suma: - O original pre enchido ficaria com o cliente, e o duplicado ficaria naEmpresa.Pios MagaiaFPLMLichingaEscrevo simplesmente para estabelecer contactos de amizade com o jovemangolano Firmi. no Avelino de Andrade da Rá dio Nacional de Angola.

Antes, desejo-lhe as minhas calorosas saudações revolucionárias assim como atodos os jovens angolanos de ambos os sexosSou um jovem de nome Joa quim Adelino Baessa, estudante da Escola Industriale Comerci-ai <3 de Fevereiro». natural da província da Zambézia e residente na zona nortede Moçambique. Tendo lido a tua carta publicada na revista «Tempo> fiqueientusiasmado e passo a responder. O meu objectivo é criar amizade, trocarmoscorrespondência sobre temas políticos referentes a Moçambique e Angola, paísesirmãos que lutam pela mesma causa rumo ao socialismo.Joaquim BaessaCaixa Postal, 277Nampula - MoçambiqueTRFUIPf N" 493-nAn 71TI::h PN N " 9 -- rtítn

LANA A SEMOFERTA DA HUNGRIA -REFORÇA NOSSA CAPACIDADE DEFENSIVAPara reforço da nossa ca pacidade defensiva, a República Popular da Hungria fezuma importante oferta de material de guerra à República Popular deMoçambiquecuja entrega foi feita pelo tenente-coronel Imre Orfzag envia do especial doMinistro da Defes'a daquele País socialista, ao Vice-Ministro da Defesamoçambicano, Armando Guebuza O titular da pasta da Defesa húngaro. Lajos Czinege, enviou também uma mensagem.No decorrer da cerimónia, realizada no passado dia 1 o Embaixador húngaro emMaputo Gabor Suto, afirmouque «entregámos este material convencidos de que temos de aumentar a capacidade defensiva da R e v olução moçambicana, a capa cidade defensiva da suapolítica anti-imperialista. a capacidade defensiva das ideias socialista e doMarxismo Leninismo neste país e nesta região.»O Diplomata h ún g a r o manifestou também o desejo do seu Governo e doPartido Socialista Operário Húngaro em defender a revolução na Africa Austral esalientou que o referido auxilio resulta das decisões tomadas nas duas últimassessões do Co-mité Central do P.S.O.H. onde foi analisada a política ex terna da Hungria,particular mente face à situação na África Austral.Respondendo às palavras do enviado do Ministro da O ýe f e s a húngaro,Armando Gíebuza afirmou a certa altura que «esta ajuda é uma contribuição doExército Popular Húngaro ao reforço da nossa capacidade defensiva, face àagressão do imperialismo- ao nosso Pais, que constitui uma retaguarda se gurados movimentos de libertação da Africa Austral e, em particular, do Zimbabwe»CONSTITUIÇÃO REPRESENTAA FORÇA DO POVO*Presidente Samora Machel ao receber primeiro exemplardo novo texto fundamental

O primeiro exemplar do novo t e x t o da Constituição aprovada na TerceiraSessão da Assembleia Popular foi entregue, no passado .dia 6, ao PresidenteSamora Machel pelo membro do Comité Politico Permanente do Comité Centralda FRELIMO e Ministro do Plano, Marcelino dos Santos, na qualidade deSecretário da Comissão Permanente da Assembleia Popular.«Muito obrigadoY aos membros da Comissão Permanente da Assembleia Popular, ao Povo moçambicano, aoscombatentes caídos, aos deportados e aos combatentes da clandestinidade que souberam representar a resistênciado Povo junto do inimigo» TEMPO N. 423 - pag. 8afirmou o Presidente da FRE. LIMO e Presidente da República Popular deMoçambique no decorrer da cerimónia, ocasião, em que salientou que «sentimosque o nosso Povo tinha avançado bastante e necessitava de um documen to queinterpretasse esse avanço. A Constituição da RPM é o ponto mais alto querepresenta a força do nosso Povo, é o resultado do esforço de todos nós,particularmente nos três anos de Independência»Por sua vez, Marcelino dos Santos, no início da cerimó nia a que estiverampresentes membros da Comissão permanente da Assembleia Popular, afirmou adado passo.«É uma honra remeter-lhe este exemplar a si, Excelên cia, na sua qualidade dePre. si dente da FRELIMO e da RPM. Estamos conscientes de que astransformações operadas, as conquistas realizadas pelos trabalhadores, ope ráriose camponeses do nosso País, foram obtidas porque tivemos a sua direcção e o seuestímulo».Momentoem queMarcelinodos Santosfaziaa entregado primeiroexemplar do novo texto daConstituiçãoao PresidenteSamora Machel

JOAQUIM CHISSANO RECEBIDO PELO CHEFE DE ESTADO DA RDA* Ministro dos Negócios Estrangeiros visitou também a Roménia e JugosláviaO Ministro dos Negócios Estrangeiros d a República Popular de Moçambique,Joaquim Chissano. iniciou no passado dia 7 uma visita ofi. cial à RepúblicaSocialista e F e d e r a tiva da Jugoslávia, após ter visitado oficialmente aRepública Democrática Alemã e a República Socialista da Roménia, desde que nodia 30 do mês findo d3i xou Maputo.

Em Berlim, o Ministro dos Negócios Estrangeiros d o nosso Pais foi recebido porErich Honecker, Chefe de Estado da República Democrá tlica Alemã, a quem feza entrega de uma mensagem pessoal do Presidente Samora Machel.Durante o encontro, Joa quim Chissano sublinhou que o fim estratégico dosactuais esforços do Povo moçambi-cíalísmo, acrescentando que í.nesse sentido Moçambique alargará e consolidará,em todos os domínios, a aliança com os estados socialistas».O Chefe da Diplomacia moçambicana avistou se também com o PrimeiroMinistro da RDA, Willi Stop, e teve conversações oficiais com o seu homologo,Oskar Fischer. Para além de uma troca de informiçoes sobre a politica dos doisEstados e de pontos de vista sobre a situação internacional, foi também objectivodas conversações o alargamento das relações bilaterais entre e RDA e Moçambique.A visita à República So cialista da Roménia teve inicio no dia 4 e, como as res.tantes, efectuou-se a convi te do respectivo Ministro dos Negócios Estrangeiros.cano era a construção do So'MOÇAMBIQUE PARTICIPA NO CONSELHO DA ORGANIZAÇÃO PAN-AFRICANA DAS MULHERES :,0elegação da OMM chefiada porSalomé MoianeUma delegação da OMM, chefiada pela SecretáriaGeral da Organização, SaloméMoiane, participou no Conselho da Organização Pan.-Africana das Mulheres que decorreu de 6 a 8 do corrente, em Madagáscar.A agenda do encontro in cluia a discussão da situação actual da OrganizaçãoPanAfricana das Mulheres e acções a realizar no âmbito do Ano Internacionalda Criança.A Organização Pan-Africana das mulheres foi criada há15 anos e constitui um instruir.antode unidade das mu. iheras de todo oContinente Africano na sua luta Pela libertação política, económ:ca e social e temcomo órgão coordenador dos trabalhos entre os Congressos, o Conselho.A delegação da OMM in tegrava ainda a responsável do Departamento deRalações Exteriores d o Secretariado Nacional daque!a Organização Democráticade Massas.PRESIDENTE NYEREREEM MAPUTOPara contsultas com o Presidente Samora Machel, deslocou-se na passada semanaa Maputo o Presidente da República Unida da Tanzania, Julius VYerere. Oencontro esteve programado para terça-feira na cidade de Nampula, mas oPresidente Nyerere não pôde comparecer devido à agressão desencadeada peloregime ugandês contra o seu País, deslocando-se no dia seguinte a Maputo. Apósconsultas com o Presidente Samora, o Presideí¿te da República Unida daTanzânia regressou na manhã de quinta-feira ao seu País. As consultas entre osdois Chefes de Estado seguiram-se a intensa actividade diplomática ao nível dosPaí ses da Linha da Frente com a finalidade de fazer frente às últimas manobrasdo imperialismo em relação ao Zimbabwe. Seguiram-se também à reabertura, porparte da Zâmbia, da sua fronteira com a colónia britânica da Rodésia do Sul.

Recorde-se que no domingo anterior teve lugar em Dar-es-Salaam uma reuniãodos Chefes de Estado da Linha da Frente, na qual Moçambique?ão c tev" representado.TEMPO N." 423 pág. 91

COOPERAÇÃO COM A BULGARIA PARA CONSTRUÇÃO DACENTRONORDESTEUm contrato de cooperaçáo técnica para a construção da estrada Centro-Nordeste,cuja conclusão está prevista para finais de 1979. foi assi nado no passado dia 4,em Maputo, entre a República Popular de Moçambique e a República Popular daBulgária.O referido contrato, que é o primeiro do género entre os dois países, prevê o en.vio de 50 técnicos para Moçambique, uma parte dos quais orientará a execuçãodas obras, enquanto outra parte será afecta aos vários planos de construção deestradas e pontes.O Contrato de Cooperação Técnica foi assinado por Boyan Zachev, vice.director da Transkompekt, em represen tação da Bulgária, e porFrancisco Manuel Pereira, Director Nacional de Estradas, em representação deMoçambi que.Na ocasião da assinatura do Contrato, o Director Nacional de Estradas salientouque a construção da Centro-Nordeste ligará a Província de Maputo à de CaboDelgado e foi definida pelo Partido como uma das tarefas prio ritárias a levar acabo antes de 1980, com vista a facilitar a comunicação por terra e o escoamentode produtos entre as províncias do norte e sul do País.EMPRÉSTIMO E DONATIVO CONCEDIDOS PELA DINAMARCAUm acordo de empréstimo no valor de 30 milhões de coroas dinamarquesas(cerca) de 200 mil contos), a ser concedido ao nosso País pelo Reino daDinamarca foi assinado no passado dia 6, em Maputo. Na mesma oca sião foitambém assinada uma acta para a utilizaçáode um donativo da Dinamarca à RPM, no valor de 24 milhões de coroas(aproxima damente 165 mil contos). Os dois documentos foram assinados peloMinistro das Obras Públicas e Habitzção do nosso País, João Baptista Cosme, epelo Ministro Sem Pasta da Dinamarca. Lise Oes-I Aspecto das onversações entre as delegações da RPMe do Reino da Dfnamarca, chefiadas pelo Ministro moçambicano João BaptustaCosme e pelo Mínistro donamarquês Lise Oesterqardtergard, que desde há alguns dias se encontrava em Mo çambique, chefiando umadelegação do seu País.Dos 30 milhões de coroas dinamarquesas a serem concedidos por empréstimo,metade é destinada ao matadouro de galinhas da empresa estatal «Avícola» e aoutra metade à compra de 1 100 moto-bombas para a «Hidromoc», empresaestatal de tratamento de águas. No que se refere aos 24 milhões de co roasoferecidos ao n o s s o País, a maior parte será utilizada na importação de trigo e orestante na compra de sobressalentes para a «Pes. com.

No decorrer das conversações entre as delegações dos dois Países, foramdiscutidasas perspectivas de cooperação entre Moçambique e a Dina marca, que incluem orecrutamento de cooperantes, o fornecimento de barcos de inspecção pesqueira,pequenos projectos de irrigação e casas pré-fabricadas, assim como apossibilidade de adesão da República Popular de Moçambique à Convenção deLomé.Durante a sua estada em Moçambique, o Ministro Sem Pasta do Reino daDinamarca Lise Oestergard, foi recebido pelo Presidente da FRELIMO ePresidente da República Popular de Moçambique, Samora Machel, e pelomembro do Comité Político Perrha nente do Comité Central da FRELIMO eMinistro do Plano, Marcelino dos Santos.EXAMES DA 11.a CLASSENA UEM EM FEVEREIROOs exames da 11.' classe serão efectuados em Fevereiro do próximo ano na Univrsidade Eduardo Mondiane (UEM). Um comunicado da reitoria da Universidadepre cisa que poderão fazer os exames os estudantes que tenham ti d oaproveitamento em pelo menos 2 disciplinas da 11. classe. Para efei-tos de a p r o v e i tamento exclui-se a disciplina do cor riculum colonialOrganização Política e Administrativa da Nação. Não podem apresentar-se aexame os estudantes que tenham frequentado o curso Propedêutico da UEMdurante o ano de 78.As inscrições para os exames deverão ser feitas nas Direcções Provinciais deEducação e Cultura até ao dia 25 de Novembro. No acto de inscrição osestudantes deverão apresentar a certidão de habiiitações, o ver-bate de inscrição, e uma autorização dos Serviços onde trabalham que os autorizea fazer os exames e, mediante aprovação, prosseguirem os seus estudos na UEM.Este último requisito compreende somente os estudantes-trabalhadores.Para informações suplementares deverá ser contactada a Direcção dos Servi çosda UEM.

ADMISSÃODE ESTUDANTESEM SERVIÇOS PNRLWOSOU PRIVADO.#Resolução do Conselode MinistrosComo objectivo de impedir que os progra mas e planos traçados pelo. Partido eGoverno, para a Educação sejam prejudicados, o Conselho de Ministros aprovou,recentemente uma re solução que determina que, nenhum sector de actividadeeconómica poderá admitir pessoal que , se encontre a frequentar estabelecimentosde -en-sino sem autorização do Ministro da Educa ão.-. e Cultura. ou de quem forpor:ele delegado para o efeito. .É o seguinte o texto da referida Resoüç¿i; 1«Nos últimos tempos tem.se assistido a um abandonodas escolas pqr parte demuitos estudantes, acarretando desorganização nos programas e planos traçadosquan to à Educação. Uns fazem-no aliciados pela tentação de benefícios materiais;

outros, levados por dificuldades fin-anceiras familiares, para cuja resoluçãoadoptam a soluçãto que a família ou a, própria iniciativa lhes dita.Por outro lado, estas acções encontram, muitas vezes, aliciamento e cobertuporparte de estruturas, s»r viços e empresas, quer esta-.tais, quer privados, os quais,confrontados com problemas de carência de pessoal, se socorrem de todos osmeiospara os resolver. "Urge pôr cobro a esta - situaçãO.SendO a Educação um dos instrumentos fundamentais na formação de quadrospara os diversos sectores de activiýdade, torn.-se necessária a planificação edistribuição correctas Clos recursos hu manog Sxistentes neste- etor de forma acorresponder 1O Presidente da FRELIMO e Presidente da Rep '&éeiPopular de Moçam2bj ue,Samora Machel, recebeu no Pa-Otx:,Oda 1 uma delegação especial evi í:el. Ppe.-gsi1err- ric-o MPLA - Partido do Trabalho è2i'eéý,dqi t9 da Repúbili§ca Popularde* Angola, Agostinho xeý_ý ... .f.....ra composta por Pascoal Luvutatu, .nem~o-ru,petce do ýBureau» Poto do Comité.Central do MPLA (r i-a m cor o PresidenteSamora) e An dré Miranda, encairr-gad de Negócios da República Popular deAngola na Zmbiaaos objectivos definidos peloP Partido e pelo Estado.Nestes termos, ao abrigo do -ds#osto na alínea c) do arigo 60.o da Constituição oConselho de Minstros de termin : - .ARTIGO 1. - Nenhuma en-tidada pública ou úpriv9íãpoý dará admi'itir aoss5vçindivíduos que se~ encontrem a frequentar estabelecimentos d ensino sem préviaau. torização -do Mínitro da Edu cação e Cultura, ou de quemfor por ele dei ê"lpJ esse 1efeft6ý2-2- b vIos a adrtiitirdeverão fazer prova de que nos dois anos lectivos- antecedentes aO pedido de adm i s s , o não frequentaram ,qualquer estabelcitwto dere o nu~ir- nteriõr deveráser passada pelo últirmo:e: ä.es belecimetnto -deý ensin.o frequentado. 'ARTIGO 2. - A presente r4soluçío entra ', - : tár.ýn:-1e em, vigor,2, no Paldc'o da Pr.s-gdncia. o Ministro da« In úStria:- Miias e Turismo do Reino do Suazilãnd --owl-.,.-- NýgjmalU' Nã ýmagem, o Presz-dentp «~EI~%- este da gepúbica Popular de Moa zMinistro sudzí, quando trocavam impressõe s-cOPRÇAo COM A LFoi assinado no passado dai 1 um protocolo relativo, o-- projecýto. agrozootécnico sm curso, que o Governo-i -rno. financia.o pr oofõColO prevê o pro-" toigauento até Dezembro de 1!ý79 do citado projectoe a participação da Itália na cem panha nacional para a cria-Qoe divulgação depequenas espécies e foi assinadopelo chefe da mí so 'taltana, Cl udio Moeno, e apei : direiítora naciona. da Coope . ração Internaei,3n1,J4 r -G Mondlane. - '

A cerimónia, zove também-: pofr- im a -eýnrreí a Moçaei, bíque de umcoritríbFLUttttiomi ceiro do Governo itasiano-pa r a assistência às populaçõé.atmgicdas pelas cheias de Mar ço último ne0 rir) Z!ýn :ze., no valor de 12tXMOdólareS.TEMPO N,' 423- pág. 11

ANA A SEMMoçambique-VietnameALIANÇA NATURAL* Assinado Comunicado ConjuntoO vice-presidente vietnamita Nguyen HuuTho, falando em nome de Ton Duc Tang. Presidente da República Socialista doVietname, con vidou o Presidente da FRELIMO e da República Popular deMoçambique, Samora Machel a efectuar uma visita de Amizade ao Vietname,convite esse que foi aceite pelo Chefe de Estado moçambicano - é saliente pelocomunicado conjunto moçambicano-vietflamita emitido no dia 1 deste mês, apóso términus da visita de Nguyen Huu Tho à República Popular de Moçambique.O que sobressai no comunicado são as apreciações que as representações dos doispaíses fizeram sobre Moçambique e Vietname, bem como a identidade dos pontosde vista sobre a politica e situação internacional.Sobre as apreciações que se fizeram aos dois países, segundo o comunicado, «oVice.-Presidente, Nguyen Huu Tho, saudou calorosamente os im portantes sucessosconseguidos pelo Povo de Mo-,ambique sob a direcção da FRELI MO,encabeçada pelo Presi dente Samora Moisés Machel, na defesa da suaindependência e da sua soberania, nacional, na neutralização dos ac tos agressivosdas forças im-perialístas e dos racistas, na preservação eficaz das su'as c o n q u ista5revolucionárias e na edificação do seu País».Por sua vez «a parte moçambicana exprimiu a sua alta apreciação pela vitória completa e histórica do Povo vie tnamita, na sua luta patrió. tica contra os agressoresamericanos pela libertação do Vietname do Sul e a reunificação do País, nelavendo uma vitória comum das for,Moçambique-Vietname; idênticas posições quanto às po.líticas internar e externas dos dois paísesTEMPO :. "3- pág. 12 ,ças da paz, do progresso e da justiça em todo o Mundo».Tanto Moçambique como o Vietname «congratularam-se vivamente pelas brilhantes vitórias do movimento de libertação nacional e exprimi ram o seu apoio total»à luta dos povos da Ásia, África e América Latina contra o imperialismo, ocolonialismo, o neocoloníalismo, o racismo o apartheid e o sionismo.Por isso os dois países reafirmaram o apoio à luta dos Povos do Zimbabwe,Namíbia, África do Sul e Palestina liderados respectivamente pela FrentePatriótica do Zimbabwe, pela SWAPO, pelo ANC e pela OLI, «pela liqui daçãoda dominação brutal do imperialismo, do colonialismo e do racismo, pelaconquista da independência nacional» nesta parte da África Austral e para arecuperação juntamente com 'os povos Árabes de «todos os territórios ára. be

ocupados, restaurar os direitos sagrados e inalienáveis do Povo palestino»condenando simultaneamente «as tentativas desesperadas das forças imperialistase dos agressores sionistas, israelitas para aliciar os Estados árabes e dividi-lospara liquidar os direitos nacionais do Povo Palestino e para negar o papel daOLP».Ambas as partes exprimiram igualmente idênticas posições sobre «as aspiraçõeslegítimas dos povos do Sudeste Asiático» e sobre as «importantes contribuiçõesdo Movimento dos Países Não.Alinhados».Assim, as duas partes ma nifestaram o seu «apoio total às aspirações legítimas dospovos do Sudeste Asiátíco a coexistircm na paz, arni zade e cooperção, s in igerências estrar gera, o u t r o l a d o, «--í. calorosamente as :tes contribuições do movi mento dos Países Não-Alinhados a luta comum pela irdependência, paz, segurançá e desenvolvimento, e pela instauração de uma novaor dem económica internacional justa e racional», sublinhando particularmente,a importância da 6." Conferência Cimeira dos Países Não-Alinhados, que serealizará em Havana no próximo ano convictos de que a mesma contribuirá para aconsolidação do movimento, para o reforço da sua unidade e para a solução deimportantes pro blemas internacionais.Moçambique mostrou a sua preocupação pelos diferendos existentes entre oVietname, a China e Campu chea, e desejou o encontro de uma solução pacíficane gociada «no mais breve espaço de tempo» baseada no respeito mútuo econforme a amizade e solidariedade militantes forjadas pelo povos daquelespaíses asiáticos «durante os longos, duros e heróicos anos de luta contra aagressão imperialista». Nguyen Huu Tho, apreciaria o papel relevantedesempenha do por Moçambique e pelos restantes países da «Linha da Frente»«na luta pela libertação total do Continene Africano' e pela eliminação dosvestígios do -oloni-.ismo e do racismo,»Os dois países disseram apoiar também a luta dos Povos de Angola, da Etiópia kde ou tros países africanos nç.r d ', d. sia indeperr.i l ,«» ço das

FRELIMOFLLL iO livro «FRELIMO Terceiro Congresso», vai ser apresentado ao PresidenteSamora no próximo dia 11. Encontrar-se-á portanto pronto nessa data, ao fim decerca de um ano de trabalho, de aproximações, de tentativas, de determinação, deeniu siasmo, de entrega. Ele neste momento está a sair da linha de acabamento.Nasceu.O título «FRELIMO - Terceiro Congresso» é, de certo modo, enganador já que olivro não aborda apenas aquele importante acontecimento. O livro ambicionacontar-nos a nossa História - ambiçào que o leitor dirá se conseguida.O primeiro capítulo dá-nos a cronologia histórica não só de Moçambique, comotambém os factos mais marcantes ocorridos no mundo e ainda aqueles que hojesão bandeiras: da vida e vitória dos movimentos de libertação de uma Áfricaestrangulada pelos colonialistas portugueses, Estc cronologia dá-nos ainda a

passada irreversível da História e dá-nos na sua fria sequência, matéria de estudopara as coordenadas do futuro.A Independência Nacional é o tema do segundo capítulo. Independência política,q u e determina o processo de insujeição- às forças económicas mundiais - umpercursoTEMPO N.~ 423- pág. 13

difícil pelo qual passa a crise, obviamente provocada pelos actos da especulação eda reacção.O terceiro capítulo deste livro informa-nos sobre a preparação do TerceiroCongresso - a entrega de todo um povo a um dos passos mais importantes da suaHistória. A sua sensibilidade ao Congresso está expressa em dezenas de imagens.O quarto capítulo dá-nos, do Terceiro Congresso, o discurso do CamaadaPresidente Samora Machel, que é lido através de inúmeras fotos. Ao longo delasvemos as preocupa-1çõesdo Comité Central, a sua an(aJ iS";e -:idad. e o seu programa de~~ ~.c itulos seguintes encon* - tratmos a concretização desse progra- ma -asrealizações mais impoi-tcntes dele. ? A rkizçção das conquis--ê tumad revolução,0 liVrQ:termina emvrorminaem Dezembro de m a, l ocuçâo de fim de ano-do Pésdenle Saamora Machel.1 na verdade, leitores, é difi ial a ste livro. Em cada páginarece~-nos discursos humanosaýiý. ç profundos que ao pretender tran tinti-lo s, os minímizamos , "!:,na próxima semana, cto' ! dóa Povomoçgambicano, poisOSOBRE 0 LIVRO2Z1XZ3 bnleccionadas entre 3 500:nento - Encadernado ,brecapa a 4 cores íýprmas: fotogrãfica - 220m2e papel couchet i6-forro - para a capa -- hpa de f otolito -200 É61as de cartão -1100 Desdle -i conC-epçcio co'_nos- rabalhadores detuo6u 6120 khqrcu detrTEMPO N. 423 - pag 14

PORQUE NÃO ENTROU O NIASSANO CAMPEONATO NACIONAL DE FUTEBOLNão passa despercebido a qualquer pessoa atenta que a Província do Nias. ta nãoesteve representada por nenhum clube no Nacional de futebol. Esta ausência fazcom que seja necessário explicar o porquê do atraso do futebol no Niassa tantomais que o desporte de alta competição necessita ser muito acarinhado nestaprovíncia para que, na melhor das hipóteses no próximo ano o Niassa não prime

pela ausência mais uma vez no acontecimente desportivo -mais destacado deMoçambique.Nos tempos coloniais praticava-se futebol em Lichinga. Era um futebol de elitesem que paticipavam elementos da tropa portuguesa, funcionários e comercianteslocais. O sagregacionismo afastava todos os moçambicanos desde que não fossemda) tropa. Sendo um desporto colonialist e racista morreu quando morreu ocoloniaJismo, portanto em 1975.O ano de 1976 foi todo ele preenchido por um vácuo total no respeitante aofutebol. Tendo-se retirado todos aqueles que praticavam o desporto de elite comeles foi a bola. Era necessárário criar um futebol popular e este tarefa nem sequerpoderia ser começada das ruínas da anterior experiên cia. Era necessário começardo nada.Alguns adeptos do futebol criaram a Orpanização Distrital de Futebol de Lichingaque se propunha desenvolver o futebol neste distrito. Isto no ano de 1977. A tarefanão era fácil. Mas foi iníciada e, finalmente saíram os esta. tutos da Organização.Corr o trabalho incansável dos elementos da ODFL e, a partir de certa altura, coma participação activa de um reeducando que foi grande jogador ç,de í1 e opopular, «Quarentinha»algo começou a tomar corpo. Começaramt a surgir as equipas. O seu nível técnicoera e continua a ser bastante baixo. O sentido de disciplina de alguns jogadoresdeixava e deixa, muito a desejar. Um jogador que na primeira parte do encontroenvergava uma camisola podia, descontraidamente, apa recer na segunda parteenvergando a camisola do grupo rival só porque teve um desentendimento com osseus colegas de equipa. A juntar a isto tudo- falta de sentido de disciplina, falta de espírito de equipa - estavam os própriosárbitros inexperientes que, por vezes mostravam o cartão amarelo duas vezes nomesmo jogo a um mesmo jogador ...Mas fosse como fosse a coisa avançou e pensou-se então na oficialização daOrganização no decurso deste ano. Feitos os devidos contactos com o Ministérioda Educação não foi deferida a oficialização da ODFL. Foi-lhe apresentada acontraproposta de se constituir em Federação Provincial de Futebo' alargando,portanto, o seu âmbito. E foi assim que de um pequeno agrupamento de adeptosde futebol de competição nasceu a muito jovem Federação Provincial de Futeboldo Ni assa neste ano de 1978.Há equipas mas não há clubes, pelo menos um clube com estatutos, associado,,Instalações-sede, etc. É uma si tuação única de todas as províncias do país. Porisso uma das grandes batalhar actuais da FPFN é a dinamização da criação declubes, a real transformação do futebol do Niassa em futebol de alta competição.Não é uma tarefa fácil. Exige toda uma paciência e tolerância para as limitaçõesdas equipas e dos jogadores individuglrmen te tomados. Exige uma exploraçaoacyterreno para que se sinta bem em que direcção as coisas vão. Exige uma educaçãodo público pois a participação nos jogos quase que se restringe aos própriosassociados da Federação Provincial, O grande público ainda não se seíntecativado a assistir a este futebol em que as bolas, não raro, voam alto demai, aonível das montanhas .. e onde não falta aquele herói atleta que finta um, finta dois,

finta três corre com a bola em direcção á baliza no melhor estilo arcaico deMatateu ... 'Tendo sentido a necessidade de dar apoio à província do Niassa a Federaçãí)Nacional ofereceu, há meses atrás a quantia de cinquenta contos à FederaçãoProvincial. Recentemente, e de outra estrutura, esta colectividade recebeudinheiro para completar a vedação do recinto de jogos de Lichinga que estáapenas parcialmente vedado. As receitas das entradas não são suficientes paracustear esta despesa.Ertretanto em muitos distritos começam a chover pedidos de auxilio à Fe(ýyaçãoProvincial por parte de clubes em potência. Pedem bolas, meias de encher botas etodo o material desportivo ligado ao futebol. Mas a Federaçáo não tem nem é dasua competência fornecer fardamento aos clubes (neste caso futuros clubes).É neste estágio que se encontra a oganização desportiva de futebol em Niassa.Para o ano há fortes esperanças de que a província participará no Nacional deFutebol. Pelo menos estáse a fazer tudo por tudo para tal. E aqui fica a reslSosta àpergunta que certamente muitos terão feito; poro le não participa nk2 ihum clubedo Nias"a 'no Nacional F F utebol?s .oe KapÉri

(DESPORTIVO DE MAPUTO-CAMPEÃO NACIONAlATENÇAO!Pessoas ou grupos de pessoas ou estes e outros factores que por agoradesconhecemos, conseguiram criar em torno do Desportivo de Maputo um climade antipatia que toca as raias do inédito O último jogo desta equipa com oSporting da Beira foi testemunha viva disso; cada vez que um jogador -doDesportivo tocava na bola uma vaga de apupos se fazia ouvir pelo estádir, d,-Machava, principalmente, no topo onde se encontrava uma pequena multidão decrianças e jovens.Este tipo de facciosismo exacerbado é extrema. mente pernicioso e mais o équando começa a atingir aqueles a quem nó3 chamamos os continuadores destarevolução. O clubismo que herdámos - assente sobre estruturas clubistasabertament3 capitalistas já de si é negativo Mas esse clubisr-:o começa a de.sembocar no ser-se absolutamente contra esta ou aquela equipa, então há queinvest gar e há, acima de tudo, que repensar todo o despo lo federado.E não é novidade para ninguém a quantidade.de absurdas crendices que orbitamem torno do nosso futebol; que os clubes têm os seus curandeiros; que essescurandeiros exercitam xicuembos contra os adTEMPO N. 423 -pag. 16versários, que as bolas à trave são resultado desses xicuembos. etc.Mas enquanto não desapa:'ecem estes exercícios de puro obscurantismo; enquantose pensa a reconstrução de um novc papel para os clubes; enquanto isso, a únicaatitude correcta a tomar neste momen. to é esta:a) o Desportivo de Maputo ganhou o campeo.nato nacional de futebol de 78;b) se o Benfia de Maputo tivesse sido o vencedor, não surpreenderia ninguém;c) mas foi o Desportivo o vencedor;

d) pois então, é o Desportivo que merece todoo nosso apoio porque é ele o clube que vai representar o nosso futebol na taça doscampeões africanos.Este país foi reconquistado sob a bandeira e a clareza da Unidade. Se no DesportoFederado, ou a sua volta, há pessoas ou grupos que pretendem institucionalizar odivisionismo com base no clubismo que fiquem desde já sabendo que as suasintenções poucas chances têm de materialização.

COMEÇAA "TAÇA DE MOÇAM[BIQUE"O Desportivo do Maputo sagrou-se Bicampeão Nacional de Futebol ao derrotarno domingo o Sportirg da Beira por quatro bolas a duas.Com a realização daquele encontro e dos jogos Benfica do Maputo-Textáfrica doChimoio - no inesmo domingo - que terminou num nulo e Associaão Desportivade Penba.Sporting da Beira na terça-feira seguinte - em que saiu vencedora aturma beirense pela margenm expressiva de seis bolas a duas, deu-se portermin6dc o Campeonato Nacional de Futebol.Sendo o Campeão Nacional, o Desportivo do Ma. puto participará na Taça dosCampeões Africanos q1i2 engloba os campeões nacionais de f,,tebol de váriospaíses do continente africano.Por outro lado, principiam neste domingo - 12 de Novembro - os jogos daprimeira eliminatória da «Taça de Moçambique» em futebol a fim de se Pncontraruma equipa que representará o Pais na «Taça das Taças» a nível do nossocontinente.E a seguinte a c],ssificação das equipas após a realização de todos o!; jogos doCampeonato Naci:ial de Futebol.J VE D B P1." - DESPORTIVO do Maputo -4 3 1 0 12-6 7 2.'- Benfica do Maputo - 4 2 11 9-4 5I<, - Textáfrica do Chimoio -4 1 3 0 6-3 54.- Sporting da Beira -4 1 1 2 10-12 35." - Ass Desportiw de Pemba -4 0 0 4 5.16 OTEMPO N. 423 - pág. 17

QUEI EM,, PATINSMÃOS OBRAAté à hora de pormos ponto final a este número da revista, a equipa moçambicanatinha perdido seis jogos e ganho somente um. Um balanço a favorecer pessimismos, como 100 quilos em cada mão a puxarem os nossos ombros, para baixo.Aqueles que no pessimismo encontram, paradoxalmente, quilo e meio de ronfortomoral e psicológico, importa dizer que em solo desse nem mesmo o capim cresce.As breves considerações que aqui tecemos antecedem uma segunda metade docampeonato a qual, para nós neste momento, continua incógnita. É que tem sidoum campeonato c h e i o de surpresas com o Brasil a derrotar Portugal, a Itália aperder com a Bélgica; enfim, os «badamecos» de outrora a botarem discurso fortee feio. Portanto, não nos admiraria que, ao relermos estas linhas daqui a dias,

tenhamos que acrescentar mais uma vitórias ao cinco moçambicano.Mas não éisso que importa.Quanto a nós o fundamental é meter a mão sobre as sobrancelhas e languçar ohorizonte. Há possibilidades que seria crime desprezar. Ainda anteontem aoentrarmos num prédio depois do almoço, mesmo à frente da porRESULTADOS DA EQUIPA MOÇAMBICANA ATÉ À SEXTA JORNADAPortugal (19) - Moçambique (O)Moçambique (8) - Japão (1)Argentina (14) - Moçambique (1)EUA 14) - Moçambique (3)Espanha (15) - Moçambique (1)Austrália (5) Moçambique (3)tli <9) - Moçambique (1)ta, vimos uma coisa que nos ficou gravada no cérebro; a miudagerm do costumebrincava com a bola de plástico do costume mas desta vez cada miúdo e cadamiúda brandia futuristicamente, um pau a servir de «stick». Ali estava o conceitode hoquei patinado. O que é que falta?Faltam os patins e esses, com um pouco de imaginação e iniciativa.poderão ser fabricados em Moçambique. Os «sticks» também que madeira nãonos falta. Também não faltam campos de hóquei, pelo menos, para a «matéria-prima» dos primeiros anos. Quanto aos clubes basta referirmos o tão repetidochavão: nem só de futebol vive o desporto.Pois então mãos e inteligênciaao barulho. E, leitor amigo, diga connosco um palavrão de desabafo e acrescente-lhe o melhor dos remédios: abaixo espiríto de resignação, abaixo a ideologia desubdesenvolvido.@TEMPO N., 423 - náa. 1

TEMPO N., 423 pág. 19

Percorrêramos já uma l~a distância por baixo daquele ex tenso pomar delaranjeiras e to ranjeiras quando, de súbito, se nos depararam quatro ernormesbarracões todos caiados de branco.Toda aquela distancia percorrida eram os 26 mil pés de árvores produtoras decitrinos plantadas na Machamba Estatal 16 de Junho. Está localizada mesmo aentrada da vila da Palmeira, localidade da província do Maputo, distrito daManhiça.Pouco depois da nossa chegada dirigimo-nos para um dos barracões a que hápouco nos referimosFoi aqui numa sala de reuniões que também serve de escolaque tivemos uma breve conversa com os trabalhadores da Machamba Estatal 16de Junho:«Esta machamba aqui - dizia Venício Timane, um dos responsáveis daqueleunidade de produção, «pertencia a um senhor la tilundiário e dono de prédios derendimento no Maputo. Este ho mem abandonou o Pais e en tregou a machambaa um «sócio» dele que ainda estava cd».

Se no designativo da macham ba havia a palavra «Estatal» é óbvio que a mesmaestivesse in-tervencionada pelo Estado. Por quê e como?Quisemos um esclarecimento e, desta vez é João Cambotsa, tra balhador eresponsável pelo bloco 1 da machamba, quem interveio dizendo: «Esse amigocom quem o patrão deixou a macham ba mostrou não ter interesse por manter istoem condições de continuar a produzir como devia ser.»Deoois de um longo período de expectativa, pois não se sabia ao certo qual orumo que os acontecimentos iriam tomar, os trabalhadores resolveram comunicaro caso às estruturas competentes, neste caso à Administração do distrito donde asestruturas da agricultura vieram a ter conhecimento.A machamba foi intervencionada em 1976 e foi desde aí que se iniciou o trabalholevado a cabo pelos trabalhadores no sentido de proceder a uma reestruturaçãoglobal da machamba.ULTRAPASSADA META PARA EXPORTAÇAONa altura em que aquela unidade produtiva foi intervencionada já se aproximava aépoca do empacotamento. Daí, não foi pos~Algumas empresas com gado leiteiro passam neste momento uma crise de falta decevada, que é um bom alimento para as vacas. Nalgumas, esta situaçãoestá-se reilectindo através de uma diminuiçãQ da produção normal TEMPO N."423- pag. 20sível alcançar as metas estabelecidas para exportação durante a campanha agrícola76/77. Todo o trabalho que envolve o tratamento adequado das plantas para queproduzissem em quantidade e qualidade satisfatórias não foi efectuado a tempo.Quem haveria de dirigir e condicionar isso se não havia quem de direito para seresponsabilizar da machamba?A derrota sofrida muito longe de provocar o desânimo dos trabalhadores contribuipara que no período seguinte, ou seja, campanha agrícola 77/78, promovessem umsignificativo melhoramento do sistema de trabalho o que culminou em se terexportado caixas de citrinos em número que antes nunca tinha sido alcançado:134 contos foram adquiridos com a venda de laranjas no mercado interno e 73 milcaixas de toranjas foram exportadas este ano, enquanto que a meta estabelecida.era de 65 mil caixas. Um considerável contributo para a entrada de divisas noPaís.Dos 45 trabalhadores que constituíam o efectivo da machamba, ela passou acontar com 168 trabalhadores: «Dantes, o número de trabalhadores só aumentavana altura da apanha e empacotamento de citrinos.» - Isto segundo dizia oresponsável Venicio Timane que logo a seguir acrescentou: «Esses trabalhadoresque só vinham no tempo de empacotamen to eram os c«jornas». Depois de acabareste trabalho eles iam em-

Ao lado: Os trabalhaaores da Machamba Estatal 16 de Junho organizadosprocedem a trabalhos de manutenção do pomar de citrinos. Na foto: durante apulverizaçãoEm baixo: Alguns trab,. adores da Machamba Estatal 16 de Junho co.a ouemconversámos

bora e só ficavam aqui os 45 efectivos.»Esta não era senão uma forma de manter os trabalhadores moçambicanos emregime de subemprego o que veio a ser compreendido e combatido pelostrabalhadores daquela unidade estatal. Presentemente são 168 os trabalhadores(homens e mulheres) que se movimentam pelo extenso pomar, procedendo atrabalhos de tratamento das árvores como seja a rega, fertilizantes, pulverização eoutros cuidados a ter para a manutenção do pomar.Um outro aspecto contribui pa ra o significativo aumento da produção naMachamba Estatal 16 de Junho: «Porque isto já é nosso, nós os trabalhadoresdaqui sabemos que quando trabalhamos mais é para nosso próprio bem e tambémpara Moçambique. Muitas vezes nós trabalhamos até nos sábados e domingossem olhar para as horas.» - disse a terminar o responsável Venício Timane.OS PROJECTOSDiversificar a produção da machamba é o objectivo que os trabalhadores querematingir. Neste ânbito já se estabeleceram contactos com os serviços veterinários dodistrito, para possível criação de pequenas espécies. Já possuem alguns coelhos epatos para a materialização deste objectivo.Foram adquiridas recentemente 32 cabeças de gado bovino paracriação que se encontram concen tradas num dos blocos da machamba.A fabricação de blocos para construção de casas para os trabalhadores é tambémum dos planos a ser cumprido num futuro próximo. De notar que estas realizaçõesse enquadram na campanha de Emulação em apoio à cam panha de Estruturaçãodo Partido.Já falando sobre a Estruturação do Partido, refirase que esta machamba já possui asua Célula do Partido implantada e oficializada tendo um dos seus elementosabandonado a responsabilidade que lhe cabia como membro da célula alegando«que tinha xicuem bo» (espíritos) que não lhe dleixavam ser membro do Partido.FALTA RAÇÃOPARA GADO LEITEIRODe regresso a Maputo tivemos uma pequena paragem em Marracuene, maisprecisamente na Sociedade Agro-Pecuária Machale.De formação recente, esta empresa conta presentemente com 317 cabeças de gadobovino, das quais 85 são vacas leiteiras com produção diária que roda nor,malmente os 600 litros de leite.Contudo, esta quantidade não constitui aquilo que em condições normais se podeextrair por dia. Vejamos o porquê: uNos anos 76/77 a nossa produção diária deleite já rondava pelos 800 litros. Mas aquele camião que trazia cevada, que eraboa comida para asvacas, deixou de nos trazer. Por isso a nossa produção está cada vez a descer»,diria mais tarde AIfiado Mazive, um dos 25 trabalhadores daquela empresa,quando se dirigia aos elementos da brigada de erulação que para ali sedeslocaram.O leite produzido naquela empresa é posteriormente fornecido à Cooperativa dosCriadores de Gado e a uma cantina que se encontra relativamente perto destaempresa, onde as populações o adquirem.

Segundo revelou um trabalhador dos serviços veterinários de Marracuene, a faltade ração adequada para o gado leiteiro não só se faz sentir naquela empresa comotambém em muitas outras do género:«Há outras empresas, como as que estão na Moamba, Umbelúzi e outra que sechama Estação Uni versitária, que está aqui em Marracuene, também éramfornecidas pelo mesmo camião pertencente à Cooperativa dos Criadores deGado», adiantou aquele trabalhador da veterinária.Contactámos depois com um dos responsáveis desta Cooperativa que nos disseser a falta de transporte o motivo pelo qual algumas empresas criadoras de gadoleiteiro não têm recebido cevada, que é a ração adequada para estes animais. Afalta de pneus, entre outros importantes acessórios dos camiões usados para oefeito é a causa principal para esta falta.TEMPO N. 423 -pág. 21

C ... ...... ...... .. .� . . * ......~ *..' :. . : :.,.: ::, ::*: .. ......CAMPORTESESA cooperativa de consumo 7 deSetembro, da aldeia comunal de Malehiça, localidade situada a algunsquilómetros da vila de Chibuto, vive grandes problemas.Ali, apesar dos sucessos que estãosendo alcançados nas várias frentes de produção e organização, nomeadamente nosector de construção de casas, os camponeses vivem tristes, num clima dedesconfiança para com tudo e todos. Foram enganados, roubados pelos seuspróprios irmãos a quem confiaram os seus haveres.* Texto de Harciso Castanheira 0 Fetos de Joaquim HascimentoTEMPO N.' 423 - pág. 22DEIAldeia Comunal de Malehiça. Arnaldo Macaringue, membro da comissão degestão da cooperativa de consumo da aldeia é acusado de ter roubado cerca de 34contos com a cumplicidade de outros.Numa conversa que tivemos com os camponeses daquela aldeia, o acusado tentou«justificar» o seu mau procedimento afir mando: «O que posso responder sobreisso? Eles dizem que roubei, explico mas não querem com preender. Tenhoapenas conhecimento de que houve repetição de nomes na lista e portanto nãopodia haver aquele dinheiro todo que eles diziam haver...»Como será possível haver repetições numa lista, conforme alegou ArnaldoMacaringue, repetições que pudessem trazer diferenças tão grandes como trintacontos face a uma contribuição

IUNCIAMindividual de 100 escudos para cerca de 470 sócios?«Só depois de nós pedirmos as contas é que deu a conhecer o tal problema dosnomes repetidos cortou uma camponesa - E quando nós procurávamos saber diziaque somos reaccionários, reaccionarios porque queríamos saber as verdades.»

Outras intervenções se seguiram. Uns começavam por hesitar para depoisdizerem, por exemplo: .Não queria ser eu a dizer, mas como estão a ocultar umacoisa importante, quero lembrar que em certa altura esse elemento conjessou tergasto determinada quantia em assuntos pessoais, quantia essa que também gastoucom outro componente da comissão de gestão» - intervenção de AlbertoChissano. Depois disto, arrogantemente, Arnaldo Macaringue disparou:sumo» - disse muito excitada uma velha camponesa.DO QUESE APROVEITAMvender mandioca para poder con- Uma das fraquezas que esses tribuir para acooperativa de con- ladrões aproveitam Dara se apo-Arnaldo Macaringue. Acusc'<E esse que gastaste dei A 1 b e r t o Chissano «Nãodo de ter roubado 34 con- quem era? Olha que foi ne- queria ser eu a dizer, mrstos da cooperativa de con cessário eu vender man- como estão a ocultar uma sumode "Malehiça. Arro dioca para poder contribu- c o i s a importante, q u egantemente disse: «Lá isso ir para a cooperativa lembra ue em certa altudessedinheiro que eu gas- ra esse elemento confessoutei eu disse. Gastei e pron consumo» -disse a velha ter g a s t o determlinadat ..)» 1 da foto quantia (...)»TEMPO N., 423- pág. 23ROUBOS«Lá isso desse dinheiro que gastei eu disse. Gastei e pronto. Mas este dos trintacontos eu não sei.» tE esse que gastaste de quem era? Olha que foi necessário eu1 -1

Tractor. Um dos meios de transporte utilizados para o transporte de mercadoriapara as cooperativas de consumo das aldeias comunais de Manjacazederarem do dinheiro que os camponeses contribuem para a organização da suavida,' o baixo nível de escolarização existente no campo. Este factor muitocontribui para que os camponeses sejam enganados, pois desconhecem o mínimode como se processa um movimento contabilístico, isto é, como se distribui e emque despesas se deve empregar o di nheiro, depósitos, levantamentos, etc.É'natural que, ao ser feita a escolha daqueles que vão fazer a gestão nacooperativa, haja sempre preocupação dos camponeses em escolher as pessoasmais habilitadas entre eles. Mas na altura da escolha, nem sempre é possívelprever que certos elementos se deixam eleger com a finalidade de abusar daconfiança que lhes é depositada. É claro que nem sempre esses indivíduos seencarregam desses trabalhos com a Intenção de desviar dinheiro-Mas há os que setornam moles quando a febre da ambição lhes sobe à cabeça. Então roubam edepois tentam inventar histórias que com o andar do tempo deixam de convencer,pois acontece uma vez, outra e outra e por fim é descoberto.Aqui vemos mais uma vez a necessidade de por um lado aceleMoisés Uamba,respons*velprovincialdas cooperativas

de consumode Oaza.tEssa coisa dos roubos* desviosde fundos nascooperativasé umproblemaque afecta odesenvolvimentoeficaz dasn*esmas»rar o processo de alfabetização e escolarização, e por outro estreitar cada vez maisa vigilância. Por outro lado, essa vigilância não pode ser eficaz enquanto houverum sentimento de «pena» entre os camponeses, como se verificou no caso dacooperativa de consumo da aldeia comunal de Malehiça onde certas pessoasdiziam que se calavam por ter «pena do ladrão por ele ter famíliau.SABOTAGEMVerifica-se outro tipo de si' uação na cooperativa de consumo «Liberdade deMarango». Um dos responsaveis da comissão de gestão disse: «Lá nas Lojas doPovo um dos postos onde nos abastecemos, 'há uma desorganização muito grande.Quando pedimos a conta aos produtos que levanta mos paraa cooperativa eles nunca nos dão uma conta fixa, tratando-se da mesma conta. Uma vez pedimos a contae disseram,-nos que era 7 480$00- E, quando íamos para pagar essa mesma conta falaram-nos em 17 680$00. Quer dizer hái muita confusão entre as lacturas que nos dão eaquelas que encontramos lá quan do vamos para liquidar. Vimos que isso jáestava a ser demais, por isso nós canalizámos o problema para a província eestamos à espera da sol,ção.»,E como é que vocês se têm abastecido assim com esSas confusões?»«Nós levantamos os produtos em dois postos. Um é lá na Loja do Povo e outro éno armazenista Mussagy, de Manjacaze também. Esse é que nunca nos arranjaproblemas, tanto no fornecimento dos produtos como na altura em que vamospagar as contas.»Um outro problema que aquela cooperativa vive é a distância quesepara a aldeia onde ela está situada e a vila de Manjacaze. São cerca de 48quilómetros de areia solta, onde so um carro com trac ção às quatro rodasconsegue circular. Não há autocarros colectivos de passageiros. Quando não seconsegue baleia -' é raro arranjar - leva-se dois dias para se percorrer essadistancia. «Só con seguimos o transporte dos pro uos com o tractor do ConselhoExecutivo de Manjacaze. Mas para lá irmos e vir no tractor temos de percorreressa distância-a pé»- afirmou um dos responsáveis .da cooperativa. Entretanto, foi-nos dado aconhecer por um cam ponês daquela aldeia que estavam a pensar em" arranjarurna carroça que poderá ser puxada por burros ou bois, enquanto não conseguiremmelnor solução.

E quando se diz melhor sclu ção é porque, por exemplo na cooperativa deconsumo 25 de Junno, situada na aldeia do mes mo nome, no distrito de Chibuto,já compraram um meio de transporte próprio. Ali, há igualmente a salientar acompra de uma casa, que hoje serve de armazém e que lhes custou 20 milescudos. A questão de as cooperativas disporem de um meio de transporte próprioé muito importante na medida que põe de lado alguns proprietários de viaturasque co bram preços exorbitantes para o transporte de mercadoria 600$00 poruma distância de 1 quilómetro e meio, conforme deram a conhecer os camponesesda aldeia comunal 25 de Junho.Todavia, todo este tipo de manobras de sabotagem não fazem recuar oscamponeses que se estão organizando cada vez mais em moldes' de vidacolectiva. E a criação do mais cooperativas de consumo é uma das condições quelhes permite uma vida mais or ganizada, com um abastecimento eficaz e seguro.Mas para isso, é necessário que todos assumam a sua responsabilidade individualno colectivo de modo a denunciar todos aqueles que querem criar uma imagemdiferente daquela que se pretende com a criação e desenvolvimento dascooperativas de consumo, ou seja para a destruição da rede de exploração eespeculação que alguns ainda tentam fomentar.e

NIASSA:Especulaçãotra diçõlesdo nosso correspndente Nelson lapúriDesde a independência para cá a população do Niassa aumentou. Esse aumentodeve-se à avalanche de regressados, camponeses que fugindo à guerrarefugiaramse na Tanzânia e no Malawi. Três anos após a declaração deindependência esse movimento de retorno às terras abandonadas continua. Sãomilhares e milhares de famílias que repovoam vastas regiões dos distritos deMavago. Lago e Sanga - fronteira com a Tanzânia -, Lichinga, Mandimba eMecanhelas - fronteira com o Malaw.Alguns destes regressados lograram já ganhar um nível político e organizacionaldigno de nota como acontece com os regressados do Malawi que edificaram aAldeia Comunal OUA no distrito de Lichinga. Eles, que no M, lawi vegetavam ouvendiam a sut mão-de-obra nas plantações, encontram-se hoje a viverorganizadamente, cooperativa agrícola constituída, escola primária implantada, fo m e eficientemente combatida.UMA MENTALIDADE NEOCOLONIALMas nem todos os regressados vivem assim organizadamente. Nem todos seadaptam assim facilmente à nova vida moçambicana. A existência que deixaramao fugir da guerra morreu com o desenvolvimento dessa mesmaguerra. Tendo estado longos anos no Malawi ou nas zonas rurais tanzanianas eles'perderam o contacto com a luta ideológica desencadeada com a revoluçãoarmada., Obrigados a sobreviver, cus,tasse o que custasse, em terra estranha,desenvolveram, muitos deles, vícios e hábitos contrários não só àquilo que

designamos por nova vida moçambicana mas mesmo às mais sãs tradiçõesculturais dos camponeses.É assim que um condutor que esteve engajado na compra da produção, verificadaem Outubro, conta-nos que em Xala, futura aldeia de regressados junto à fronteiracom o Malawi, teve de comprar «exima» a cinquenta escudos porque nãoconseguiu arranjá-la gratuitamente. Esta atitude, só possível num regressado,demons tra claramente os vícios adquiridos. É que nenhum camponês das zonasrurais moçambicanas, de norte a sul, nenhum camponês das zonas libertadaspoderia vender «exima» fosse a quem fosse e muito menos a um condutorempenhado num trabalho que diz respeito directamente ao próprio camponês.Outro condutor narra-nos que teve de comprar ovos a vinte escudos cada (para sie para os ajudantes do camião) numa ou tra comunidade de regressados doMalawi. Neste país existem lojecas onde se pode comer cexima» por algumas«Kwachas». Foi o contacto com este mundo que vi-iou muitos dos nossos camponeses na comercialização de alimentosconfeccionados, coisa que é tabu em todas as tradições ancestrais moçambicanas.Nas terras de Banda rareiam produtos como óleo de cozinha, sal, açúcar epetrSleo. Este último é vendido a preços astronómicos. Por isso os regressadosinstalados nas zonas fronteiriças dedicam-se, muitas vezes, a contrabandear estesprodutos para o Malawi após tê-los comprado em grandes quantidades naquelesvezes que existem nas Lojas do Povo. Trocam-nos por cigarros, que não existem àvenda nas Lojas do Povo, por este e outro produto difícil de encontrar na suaregião. Por isso a vigilância das estruturas é acesa nestas zonas.Um outro problema delicado nas fronteiras é o das moagens. .Para a confecçãode «exima» é necessário farinha de milho. Esta farinha pode-se obter por meio dopilão, mas a mulher camponesa prefere a farinha da moagem porque tem a duplavantagem de lhe poupar trabalho cansativo e de ser mais fina. Em Xala e emMatipa, distrito de Lichinga. não há moagens. Como, para além da fronteira essaprocurada máquina encontra-se à sua disposi ção a troco de uma peneira de milhoou. outra forma de pagamento por produtos a mulher quase que diariamente pedeguia para atravessar a fronteira a fimTEMPO N. 423 - pág. 25e

de se ir servir da moagem malaviana. Uma situação inconveniente com aagravante de que o tratamento dispensado às mulheres moçambicanas não é dosmelhores.Por isto tudo a montagem de moagens nestas zonas é considerada prioritária.A ESPECULAÇÃOOutro dos problemas dos regressados é a especulação sempre que se metem emnegócios. Por exemplo o de pilhas. Muitos regressados trazem pequenos maspotentes rádios «National» de quatro pilhas. Como não existem pilhas no mercadoda província o pequeno especulador regressado, que já conhece quais são oscaminhos para o Malawi ou Tanzânia, empreende viagens por vezes de três dias apé para ir comprarHIGIENE

A sarna e a lepra são doenças provocadas pela falta de higiene crónica. Por isso aprimneira (sarna) é um autêntico flagelo no Niassa. Em Matipa, a 12 quilómetrosde Xala, quase toda a população está afectada pela sarna ou tem cicatrizes queindicam a sua cura recente. Um adolescente dos seus quinze anos só no rosto nãotinha sarna. Dos pés aos ombros apresentava-se com a pele toda marcada porferidas resultantes das constantes coçadelas. Em verdade o problema da falta dehigiene é um problema grave. A população não conhece as mais elementaresregras higiénicas e vêem-se crianças com a pele a desaparecer debaixo decamadas de matope seco à mistura com poeira recente das suas brincadeiras. Asmulheres, após o trabalho dopassado) e ao, trabalho agrícola fica reduzida a sua actividade, por razõesnaturais: são, afinal, camponeses doentes e com uma das mais difíceis doenças,envolvida de tabus sociais e que frequentemente levou à criação de preguiçacrónica em virtude do parasitismo em que o leproso foi levado a viver no tempocolonial. Mas a vontade dos leprosos da aldeia de M'papa é notória: para alémdesta pré-cooperativa edificaram casas de pau a pique de dimensões bem maioresque as de muitas aldeias de camponeses sãos.Outra das consequências da anti-higiene é o flagelo da mataquenha. O Niassa éfértil neste parasita. Não se lhe conhece antídotoUm ovo por 20$00pilhas, campainhas de bicicleta, pentes, etc. De regresso vende cada pilha a25$00. Um rádio que toca é um bom companheiro. E as pilhas a esse preçoespeculativo desaparecem num instante com um lucro fabuloso para o pequenoespeculador. O espírito comercial de muitos regressados é a marca mais evidentede toda uma mentalidade neocolonial 'que trazem. principalmente do Malawi, aqual não exclui a prostituição camuflada de muitas mulheres que dela se servirampara sobreviver no estrangeiro.O combate a esta mentalidade é uma tarefa difícil que só terminará quando osregressados estiverem devidamente enquadrados nas estruturas organizativas daFrelimo e tiverem uma vida poífleiý de impacto social e culturalTEMPO N. 423- pag. 26campo, nada fazem para tirar a lama que se cola nos pés e nas mãos emconsequência de horas seguidas a remexer a terra. Os homens não ficam atrásnesta anti-higiene resultante de ignorância. Apenas numa aldeia, a de M'zin ze,em Mavago, encontramos uma população infantil relativamente mais asseada emulheres que denotam conhecer e praticar a limpeza corporal.Uma das mais graves consequências, deste pf<ado de coisas é a lepra que levou aformação de uma aldeia comunal de leprosos em M'papa, distrito de Mandimba anove quilómetros da sede distri tal. São cerca de trezentos leprosos que vivemcom as respectivas famíliq- Oou pomada preventiva, mas é bem sabido que a mataquenha não se desenvolve nahumidade dai a sua inexistência no tempo chuvoso. Vive na terra e é da terra quepassa a parasitar os dedos dos pés e mesmo os dedos das mãos. Homens, mulherese crianças apresentam-se com os pés gretados e a deitaram pús devido àmataquenha. Unhas cortadas e banho todos os dias são uma das formas de seevitar este parasita que só é quase que eficientemente combatY o quando se anda

sempre calçado e com os sapatos bem fechados de modo a não deixarem entrarareia para os pés. Mas o camponês anda descalço e, co mo já o dissemos. nãoconhece as mais elementares regras de higiene. Dai o verdadeiro flagelo qu e amataquenha no Niassa

pois ela existe em abundância neste solo argiloso. RITOS DE INICIAÇÃOPOLIGAMIAE CASAMENTOS PREMATUROSOs ritos de iniciação (principalmente para as adolescentes) a poligamia e oscasamentos prematuros são outro grupo de problemas sociais cuja frequência éimpressionante. Diríamos sem exagero, que os homens monogämicos não existemem número que atinja os 40%. Falámos atrás do polígamo com dezoito mulheresem Nkalapa. Algumas mulheres bem poderiam ser suas filhas.- frequente encontrar um velho de cinquenta anos casado com moças de menos dedezoito anos. Na verdade as moças são levadas ao casamento com 12, 13, 14, 15anos. É dai que se encontra a explicação para o facto de a população masculinaser de longe superior à população feminina nas escolas primárias destas zonasrurais. Elas ficam em casa a acarretar água do rio ou do poço, a pilar o milho, acozinhar ou a trabalhar com a enxada na machamba. A moça, aos quinze anos játem um filho de colo. Quando chegaOs cigarros no Niassa têm servido de troca com muitos produtos a preçosaltamente especulativosaos vinte anos começam-lhes a sair rugas no rosto. Por isso o casamnentoprematuro também leva a mulher a um envelhecimento prematuro. E adesgastante associação do duro trabalho aliado à maternidade precoce (e orecémnascido mama da mãe por vezes cerca de dois anos no mínimo).Vão as mulheres à machamba. Quando se faz a colheita e se consegue vender aprodução o homem apropria-se do dinheiro da venda e gasta-o em seu benefíciocomo, por exemplo, na compra de uma bicicleta que é o trans porte popular porexcelência no Niassa. (Só esta província está apta a consumir metade da produçãoem bicicletas da fábrica da Matola.) O camponês das dezoito mulheres vendeu,em seu nome, cinquenta sacos de feijão produzidos pelas suas mulheres. Cadasaco de feijão está a mil escudos. É este um dos aspectos da -exploração damulher e prova evidente das origens económicas da poligamia.Finalmente os ritos de iniciação femininos existem de uma forma camuflada. Nãose faz a festa tradicional, não se constroem as casas onde decorria a iniciação.Todo o cerimonial tenta iludir o combate imposto pelas estruturas políticas eprossegue de uma forma oculta. O rito de iniciação é como é sabido, uma formatradicional de educação sexual, envolto em rituais obscuraútistas e que só seráeficientemente combatido quando forem introduzidas formas mais científicas deeducação sexual da juventude.Presentemente os ritos decorrem no segredo familiar e uma das provas da suaexistência é a continuação do casamento prematuro pois nenhuma moça se podecasar tradicionalmente sem que tenha passado pela cerimóniaW

MULHERES OPERARIASTEMPO N." 423 - pag. 28

Há mais de 20 anos que Ester Manjate, Cecília Ngungulo, Fiorinda Cumbane etantas outras mulheres partem castanha e despeliculam amendoa na CajuIndustrial fundada em 1950. Por volta dessa altura os empresários da indústriacajueira começam a recrutar mão-de-obra feminina em Inhambane e Manjacaze,regiões com uma alta percentagem de trabalho migratório masculino. A incipienteclasse ope rária moçambicana é assim alargada por alguns milhares de mulheresque deixam a miséria da plantação do colono e a opressão inteira da famíliapatriarcal. É o primeiro romprimento da nossa mulher com a escravatura, primeiropasso para a sua situação económica.Se por um lado o surgimento da indústria cajueira abria à mulher as portas daprodução social com o advento de um salário mensal - por outro lado, essaaberturaera feita sob o carimbo de uma dupla exploração: a mulher operáriaficaria adstrita a empregos não-qualificados e com ordenados inferiores aos doshomens mesmo quando o trabalho delas era mais custoso e exigia maior perícia.A Caju Industrial espelhou bem essa situação com as mulheres a trabalhar nossectores de descasque, selecção e , despeliculagem.Para além dos salários de fome e da discriminação sexual a eles adjacente, asmulheres operárias sofriam todas as consequências'Em Moçambiqueseguem o mesmo«Sou Miguel Rungoý Tenho35 anos. A razão que me levou a candidatar-me é esta: preciso compreender maisprofundamente a política, se for membro posso compreender melhor comodecorre o processo político, serei capaz de cumprir e realizar as tarefas do Partido,porqueescolhi por mim.. »«Penso que as mulheresdevem candidatar.se em grando colonial-racismo que os patrões e as instituições repressivas do estadopormenorizavam na sua carne.MEMÓRIAS«Desde o tempo colonial nunca fui membro de coisa alguma; era uma pessoa quesofria aqui dentro da fábrica. Quando estava grã vida ou quando tinha filho nascostas muitas vezes empurravam-me. Não fui considerada humana mas sim umadesgraçada qualquer... Era uma das pobres muito pobres.»>É Ester Manjate que recorda. Nove horas de trabalho duro a partir castanha. Tudoà mão. Nun ca uma máquina pusera pé na fábrica e, muito menos, sob as mãos deuma mulher. E depois havia os PIDES.homens e mulherescaminho"de quantidade porque a política não veio para "os ho-| mens e sim para todos os Moçambicanos ... digo istoporque acho que sý forem muitas, isso irá engrandecer o nosso Partido e os povos

de outros países ficarão sa bendo que afinal, em Moçam | bique; tanto homenscomo mulheres seguem o mesm |caminho: a linha política d,FRELIMO-»«Aqui existiam Os PIDES e maltratavam as pessoas», continua Ester. «D e s d e-o colonialismo aqui dentro desta casa realmente me habituava a sentir fome, sofrimento, mesmo que não fosse eu própria mas minhas irmãs. Por exemplo,quando uma pessoa comesse uma castanha era presa, apertavam-lhe os maxilares.A fi lha de Moçambique chorava tan to. tanto, até ao ponto de que milava devidoa essas acções. Uma velha foi dada porrada pelo Enoque até cair por terra.Acabaram por carregar com ela para o hos pital para baixar e nunca maisvoltamos a vê-la.»TEMPO N. 423V- pag. 2

O pó do descasque nas narinas, nos olhos, o caçete, a prisão. O mínimo gesto deresistência era imediatamente denunciado por um dos muitos agentes da redePidesca montada pelo Roquete.Devido à ferocidade do sistema e à implacável necessidade de sobrevivênciamuitas se prostituiram a troco de alguns favores. Outras até contra isso resistirame é com orgulho que, enfaticamen te, o dizem: «Mantive-me», diz Ester, e o seucorpo não serviu de pasto à depravação racista dos-chefes-bufos.UM ONTEMMAIS RECENTEDepois da independência as mulheres tentam lutar prganizadamente e as maisconscientes aderem à OMM procurando dar rumo político à sua vida, ao seutrabalho.Dão-se alguns passos para pequenas melhorias; arranja-se dinheiro parauma creche e a OMM mobiliza as mulheres para o enchimento das latas (vercaixa). Mas o colonialismo deixara as suas raízes humanas, as mentalidadescriadas à sua imagem. O dinheiro da creche é desviado pelo secretário do GrupoDinamizador, Jonas Bambo, e a Comis-são Administrativa não permite o enchimento das latas feito por mulheres.Qualquer tentativa de a mulher «invadir» as tarefas outrora monopolizadas peloshomens encontrava resistência por parte dos novos gestores. Intensifica-se a lutapelo poder, a infiltração para a conquista de postos-chave, o desvio de fundos da empresa. Moçambicanos de comportamentoreaccionário tentam substituir os antigos patrões.«Oh! digo que na verdade havia um que agora é responsável dos AssuntosSociais, era um dos que maltratava dentro do descasque, o Enoque», diz-nosEster. Em su. ma, a composição e prática das"Somos capazes de fazer o trabalho dos homens«Sou Ester Ananias Manjate, nascida em Manjacaze Casei-mq mas meu marido jáfaleceu. Meus anos desconhe ço. Tenho 7 filhos.» «Ester Maniate é uma mulherque roda a casa dos qua tenta e poucos anos, Ar decidr1 r .;" -. Quandohd reuniões de massas, como vimo). uma vez, tem o total apo da ma aoria desuas companheiras. Goza de um prestígio que lhe advém da dedicação queemprega no desempenho das suas funções de secretária da organização local da

OMM: Quan do outras companheiras a ela se referem por várias vezes repetem:«Oh!. essa Mãe guia-nos.»«Estou a partir castanhas ,de caju. Meu trabalho é esse desde a altura em queaprendi a partir castanhas.»Será que nunca antes mudara de trabalho e será que gostaria de ter mudado?.ESTER - «Gostaria. É porque a maneira de trabalhar aqui na casa, naquele tempoescolhiam, tinham preferências e davam outros trabalhos às pessoas com quemtinham relações sexuais. Eu desde que fui entre,ue a esse tra1Úalho de des tasquemantive-me e até que a certo tempo de trabalho fiquei contagiada de doença>, uo causa da pobreza.E os filhos o que comeriam? Trabalho por me esforçar. Em casa lavo, cozinhopara as crianças, varro, arranjo as crianças e mando-as para a escola.»Não tenho mais além das crianças com quem vivo, mas sim vivo com aspopulações de Moçambique que sãomeu.? vizinhos.»«Compreendi que se traba lhar para o Partido é o poder do Povo para realmenteme conduzir, pada me educar, e poder educar meus filhos e também o Povomoçambicano...»Outras falam para menosprezar dizendo que é chefe agora, enquanto que são elaspróprias que me aceitaram; mas outras dizem «A mãe guia-nos, pois orienta-nosfinalmente nisto, desconsegue naquilo, mas orienta.nos , finalmente ... Quandovejo que me criticam fora dirijo-me -a meus colegas e digo: «olhem emdeterminadas coisas se me criticarem é a mim porque eu também erro. Porque notempo colonial, onde nasci, amamentei-me do colonialismo e não sou capaz deseguir tudo correctamente sem errar alguma coisa, e autocritico-me perante as minhas colegas trabalhadoras... «Ler e escrever não sei, gostaria de estudar agora,mas..,« i-ião vê bemterei que !recluentar a esco-la porque estar a orientar as massas sem ter estudado tor na-me dijfcil ... porquehá momentos que sinto.me defrontar situações que devo saber bem para dar vidaàs massas ...« ...Quando comecei a fazer o trabalho da OMM, fiz uma experiência: entregueiuma lata de castanha; levantou-se uma mulher de Matalane e começou a encher alata de castanha de caju. Ela usou calças, o que deu graça às massas. E riram-se.Ela então foi enchendo, enchendo com as castanhas a lata, até que todas nósapoiános por se mostrar capaz de fazer o trabalho dos homens. Mais uma seentregou ao mesmo trabalho. E essa tam bém apoiámos como a primeira ... eassim apareceram mais mulheres ...«... mas outros chefes, que já saíram, verificaram que as mulheres realizavam omesmo trabalho, convocaram uma reunião e'perguntaram quem afinal tinhamandado as mulheres encher latas de castanha, Respondi que fui eu e que seguiorientações que vêm nos documentos da FRELIMO que dizem que a mulher deverealizar trabalho feito pelo homem... responderam-me que não!«Enchi-me de surpresa. Mas afinal onde está aquilo que tenho ouvido dizer «AHiyeni Malhweni Moçambi.

Ester Manjateque» - Avante Moçambique- homens mulheres juntos a trabalhar. F i q u ei sur, prendida e perguntei se afinalo grupo de mulheres que apoiavam o trabalho dos homens ia ser retirado. Responderam: «Olhe, já não são necessárias essas mulheres continuarem lá.»«Quando fui a uma reunião do Partido, na Sede, foquei esse assunto. As responsáveis da OMM apanharam surpresa e disseram: «essa fábrica está cheia decolonialismo ainda.»(2) «Até fui julgada. Disseram-me que calasse. Calei até queaconteceu a dada altura que verifiquei que no descasque os homens escasseavam.Vi que estavam a con duzir mulheres e pô-las a encher latas. Mas não forampostas pela OMM ... Foram eles que mandaram as mulhe 'que i"sin i.Â-À a~.99 1

I"Sou Cacilda Mbíza, membro da ctlula"«Quando chegou a altura de ir levantar meu bilhete de identidade procuraram quedissesse meus anos. Respondi que não sabia. Olharam para mim e deram-me obilhete dizendo que terr ;nto. Tenho 23 anos. Agr, i» «já fui empregada n speliculagem, depois ram-me; levaram me t ção de amêndoas e às . S para odescasque. Quase que fiz todo o serviço ..» «Não é que me transferissem (1) porme gramarem. Não. É porque me desprezavam, porque quando vejo coisascontraditõrias, falo intervindo imediatamen te. Não gostavam de mim, só que nãopodiam despedir-me porque ainda não me compliquei com alguém por coisas injustas e sem cabi-mento. Quando falo é den. tro das razões e com direito e daí que surge que diziam«hás-de andar rondando com vários trabalhos». Como vim trabalhar não recuso.Traba lho no descasque agora e bem.»«Antes trabalhei em ýAnjacaze na Fábrica de rý', "0 e mqr',-vamcs 12.S0: is, rque meu pai faleceu há ito e deixou-nos a mýým e meus irmãos novos ... Erapequena quando fui trabalhar. Mal me tinham saído as mamas. As medidas eramem canecas - latas de litro. Quando completasse 12 latas per dia valia 12$50:»«Trabalhar no Partido significa que nós também somos pessoas como outras,dignas.'Porque antes quando cozinhasse uma galinha emcasa, oh! -tinha que ir cozi nhat ao lado matapa, porque diziam que nós, mulheres,não éramos coisa alguma. Agora ... Josina lutou por nós, mostrou dignidade eemancipação da mulher, e hoje sentimo-nos como pes. soas dignas. Agora jáposso comer perna de galinha e até moela, quando dantes nem pensar nissoousava...»«Agora até ao andar sinto-me alguém. Quando me vêem dizem: Aquela pessoa...expliquei no bairro que no serviço me candidatei. Logo perceberam ... Estetrabalho realiza ... »(1) - Esta é a altura referente à situação que naque la fábrica existia antes doprocesso de estruturação do Partido.uuctuaa m ozza

estruturas locais começam, pouco a pouco, a revelar as aspirações da- pequena-burguesia moçambicana.Em Abril deste ano inicia se na Caju Industrial o processo de estruturação doPartido que culminaria, meses mais tarde, com um vasto saneamento interno.Após os trabalhadores, e principalmente as mulheres, terem feito à brigada umasérie de denúncias públicas, são presos vários membros do Grupo Dinamizador eda Comissão Administrativa (ver «Tempo» n.' 414). Posteriormente sãodetectados alguns ex-agentes da PIDE-DGS e da OPV. As mulheres tinham ditoque o mato ainda não estava limpo quando do primeiro saneamento.Paralelamente dá-se a intervenção do Ministério da Indústria e Ener gia no sectorcajueiro criando-se uma cómissão de reorganização para todo o sector.Foram dias de muita alegria para os trabalhadores e um sentimento de vitória deque se fizeram letras para canções.O HOJEOS PROJECTOSA Caju Industrial (hoje Fábrica de Caju do Chamanculo) é uma das sete fábricasque integram a futura Empresa Estatal do Caju.A meta global para este ano devido à falta de matéria-prima entre outras causasficou determinada a previsão de se atingir ape nas 50 por cento do previsto, ouseja, divisas para a compra de cem camiões. Para 1970 o plano de produção prevêo aumento de 50 por cento do que se vai alcan çar agora.Três objectivos se põem à célula do Partido e à nova direcção da fábrica assentesna intensa batalha política dos últimos meses: melhorar as condições de trabalho,transformar as relações de produção conferindo à mulher a participação emtarefas produtivas mais avançadas do ponto de vista técnico, e aumentar a produção e a produtividade. Surgem portanto vários projectos:a) está prevista para fins deFevereiro do próximo ano a entrada em funcionamento de uma linha dedescasque mecanizada.A melhoria de condiçõesTEMPO N. 423 .pág 32de trabalho que daí advêm é paralelizada por uma maior produtividade e umsalto cultural relaCionado com o manejo de novos domínios técnicocientíficos;bt as mulheres mais velhas na perícia da despeliculagem estão a ensinar as maisnovas, nomeadamente, na Cajuca; por outro lado alguMas operárias desta fábricafarão u m estágio na C a j u do Chamanculo.Outras passarão para tarefas menos pesadas com carácter social e educativo;trabalho na crechee alfabetização;L operárias mais novas vãofrequentar cursos de especialização para estarem apt as a manejar maquinaria p ar a descasque;

1 "As mulheres devem ser muitas a candidatarem-se para o Partido"Helena Macucute, e uma das cinco mulheres que per. tencem ao secretariado dacélula do Partido na Fdbrica de Chamanculo. Helena é mulher de meia idade. É

viúva e veste negro no vestido, no lenço e na capulana. Mulher calma, exprime-sede uma forma pausada.Helena assim nos falou:«Não conheço meus anos. E ra casada e vivia em Inham bane. Fizemos 2 filhos.Meu marido depois de ter adoecido muito, morreu. Quando meu marido morreu,saí e fui viver com a irmã dele durante 8 anos. Por estar a passar mal, dadas asdesgraças a que os colonos nos sub metiam, era cada vez pior a vida e foi quandoresolvi sair de lã e vim até cá, pedi ser viço na Caju Industrial e aceitaram-me noemprego... Logo que fui empregada puseram-me na secção de despeliculagem. Senão estouem erro, estive 10 anos. Depois adoeci ... Fui transferi da para a selecção deamêndoas e até hoje encontro-me lá a trabalhar seleccionandoÉ da dureza do traoalho esta doença. Helena não é única. Mulheres iaosas temdoenças de peito, a mesma que contagiou de Mamã Ester, porque não havia e hojeainda não hd condições de trabalho mínimas na FábrL ca, apesar de estarem agoraprevistas melhorias (ver artigo central).Para Helena Macucule é importante que a mulher esteja no Partido porque ela trazao Partido mais força no combate pela emancipação da mulher.«As mulheres devem ser muita, a candidatarem-se para o Partido Até ontem, mãeJosina saiu de nós, sem sabermos nada. Mamã arranjou meio de fugir e foisejuntar com outros camiradas lá nas matas. Pai Samo ra, e Pai Mondlane saíram juntos, reuniram, estudaramaté encontrar a maneira e lutaram até ganhar esta nossa terra ... até mãe Josina nãose poupou, mais outras mulheres que estavam lá na mata, na luta, até queconseguimos vencer e termos o País. Porque é que nós não nos podemos entregar?Porque até mãe Josina lutou por nós, as mulheres, para que não voltássemos maisa ser espezinhadas .. Nós temos também que nos entregar até vermos o resultadoda nossa luta, porque se espreguiçarmos, Mãe Josina cairá por terra, terá morridoem vão Quando vemos por ai fotografias da luta, das mulheres que trazem filhonas costas, panelas nas c"beças, ma chados e armas em punho, para nós, que nãoestuddmos dá-nos a conhecer que a mulher tem valor e luta como o homemporque é des-Helea Macuoulesa maneira que ganhanoa a nossa terra. Por isso decidi entregar-me e que maisoutras se entreguem, para que nos encontremos unidos. 'o. mens mulheres, sermosmm bros do Partido, determinados na edificação do nosso Pais»d) hoje já há 150 mulheresna alfabetização mas pre vê-se que o númercí triplique em breve dado queexistem 12 monitores ese conseguiram mais 4 salas de aula; a actual creche não merece ainda a confiançadas mães trabalhadoras peloque um arquitecto recen temente contactado pela direcção da fábrica estuda nestemomento as novas instalações com rigor para critérios de higiene e condiçõespedagógicas.

Há alguns dias uma equipa de dois médicos e um enfermeiro estiveram na fábricapara estuda rem as condições da futura cre che e o apoio que mais tarde poderãodar.Cerca de 2 mil trabalhadores fazem rodar a Caju do Chamanculo; 80 por centosão mulheres de entre as quais sairam as mais conscientes para a célula doPartido. Muito mais haveria a dizer sobre estas mulheres e muito mais sobre oseu enquadramento na classe operária moçambicana. Porque pouco a pouco, nestaterra, mulheres há que de outras herdaram e prosseguem o quali ficativoVANGUARDA.oTEMP3 W. 423 - pág. 33

CONSTRUIR O APARELHO 1) DA TRAConstruir o Aparelho de Estadoda transição para o socialismo tem sido,tal como muitos outros aspectos do processo moçambidano, tentar traduzir emlinhas deorientação a expressão política e cultural dosinteresses populares, sintetizados na dinâmica da Luia de Classes.Esta é a essência das «Normas de Trabalho e Disciplina para o Aparelho deEstado»recentemente aprovadas peloConselho de Ministros.TEMPO N., 423 - -pág. 34No campo específico da Admi nistração interna aquela acção gera lovos conflitosde interesses, tão mais agudos quanto mais representem «martelada» efectiva nospilares que veiculavam a dominação colonial-capitalista. Se atentarmos a que afunção primordial do Estado é manter e proteger um dado sistema de propriedadeque constitui o esqueleto funcional da sociedade a que preside, poderemos avaliara urgência desta questão. No Moçambique colonial, para além do Aparelho deestado ter agido como colete de forças polí, tico, social e cultural do evoluirhistórico natural, desempenhou papel activo na ýetP dnrpcta da exploraçao t'.. ãacção rcrvsu

E ESTADO. SIÇO PARA O SOCIALISMOfraco desenvolvimento do sistema capitalista aqui implantado e ligado aosinteresses de uma burguesia completamente dependente do imperialismo.Através do trabalho forçado e escravo controlado pelas adminis trações, seprocurava aumentar a taxa de lucro e a acumulaçáo de Capital arrancadas na sobreexploração dos moçambicanos.Ao lutar por uma independência que significa o derrube do Estado colonial aFRELIMO vai entrar em confronto aberto com o sistema de propriedade de queaquele é agente e expressão. Ao ter que utilizar as reminiscências das estruturasdesse aparelho de Estado colonial a FRELIMO acelerou a desmultiplicação dacontradiçao antagónica entre explo-

rados e exploradores em inúmeras pequenas batalhas de classes que se processamno todo nacional.AS TENTAÇõES REFORMISTASAs nacionalizações e as conquistas populares no campo económico são ummuniciamento fornecido pelo Partido aos trabalhadores municiamento cujaoperacionalidade não é completamente aproveitada precisamente por ser até certoponto aprisionada em estruturas caducas mas que são as únicas existentes para asua veiculação. Os aspectos principais desta contradição, a nível estatal, têm comopolos, por um lado, as tentações reformistas dos infiltrados e dos funcionários«herdados». Es tes em última análise, prolongam a imagem burguesa do aparelhode Estado pretensamente neutro que pode ser utilizado para a defesa da classerevolucionária com umas pequQnas alterações de pormenor relativamente'aoesquema colonial. Por outro lado, há a opção revolucionária, construída nodecurso da luta armada e da edificação das nozas libertadas que afirma anecessidade de arrasar até ao pormenor esse mesmo Aparelho de Estado e noprocesso construir um novo. Construir uma Democracia Popular que reflicta nasua composição e natureza de classe os interesses populares e de que a vanguardapolítica é fruto e motor. A vingar a primeira tese, alimentada pela influênciaideológica que as estruturas coloniais continuam a exercer nos indivíduos que apreenchem, estaria seriamente ameaçada aalternativa revolucionária. Com acrescente importância do sector estatal da economia seria a porta aberta para oemergir de um estado burguês de fachada popular onde os interesses popularesseriam geridos e controladospor uma camada de burocratas e «especialistas», em nome do Povo. No entanto,destruir num ápi ce o esquema colonial sem possuir a alternativa quecorrespondesse exactamente às necessidades do processo ou aplicarmecânicamente uma fórmula importada ou concebida em gabinetes seriaestabelecer o espontaneismo ou o dogmatismo a nível da expressão da ditaduradas massas populares sobre os reaccionários nacionais. Seria uma contradição determos que traria ou o caos, ou um novo tipo de burocracia mais difícil decombater porque encapada à som bra da pretensa defesa dos explorados.O ECLODIR DA CRISETomando de novo a vanguarda nesta luta a FRELIMO agudiza o eclodir da crise,buscanao nas respostas concretas dadas em cada batalha de classe, ao nível dabase operária e camponesa os seus antidotos, construindo lenta mas seguramente,o esboço do Aparelho de Estado de tipo novo. E nesta dinâmica da base para otopo, de destruição e construção num só acto, que o poder de Estado DemocráticoPopular implanta b a s e s seguras. A guarda avançada da luta mais geral peladitadura do proletariado, enquanto forma autêntica cta democracia. Chamam-seessas pri meiras b as e s Assembleias do Povo.No processo político que leva a sua constituição, desde logo é visível que asmassas assumem pro fundamente o seu significado real. Os inúmerossaneamentos de infiltrados, burocratas e reaccionários até então acobertados pelasestruturas coloniais cuja permaaência'procuravam perpetuar, são acsso uma provaevidente. Por outro lado, permitiram o gradualTEMPO N." 423- pág. 35

alastratíento e -fortalecimento de instituições e práticas democrãticas entre ostrabalhadores directamente ligadas ao exercício do poder de Estado.Nascidas deste processo as Assembleias do Povo escangalham pela b aseos'alicerces do Estado colonial. Isso porque pela primeira vez na sua História oPovo moçambicano se reconhece culturalmente num sistema õrganiza tivo quematerializa suas aspirações a todos os níveis, ao invés de as reprimir e esmagar.Por outro lado ainda não estão nas mãos das massas os instrumentos de controlode todas as instituições estatais. Estas de momento, ainda não reflectemcompletamente-dado o fraco desenvolvimento das forças produtivas - uma composição dê cl a ss e dominantemente operário-camponesa.Nesta importante luta de emancipação' sè já estão constituídas as bases de apoio,falta ainda alar gar as «zonas libertadas» no Aparelho de Estado. Possibilitar atransformação efectiva,ý dos elementos pertencentes ao funcionalismo,actualmente provenientes na maioria dos casos, da pequena bur aýesa, definindocom clareza o inimigo entre os que se recusem a submeter aos interessespopulares e se definam portanto como aliados dareacção. Isso, enquanto se criamcondições para a ascensão ao aparelho- de estado de elementos de origem declasse e ideologia solidamente enraizadas no quotidiano das massas.Pretendendo constituir um contributo decisivo para que estes objectivos serealizem, as «Normas de Trabalho e Disciplina no Aparelho de Estadq» sãotambém a instituição, a nível jurídico, da correspondência entre a'base eco nómicae social que se implanta no nosso País e a sua expressão através dos canais quesob a direcção do Partido a administram.CONTRARIARA INFILTRAÇÃOAbalando as possibilidades de infiltração da burguesia e possibilitando umcombate mais eficaz contra a corrupção material e ideológica -.que nos últimostem pos atingiram proporções preocupantes - elas e -_ntrarão fortes reacções nacorte dos que, àTEMPO . 423 - pág, 36capa de militantismos de fachada pretendem servir-se a si, antes e à custa do Povoque fez este país e esta revolução.Esses alegarão mais, ou menos sub-repticiamente, mais ou menos em surdina, queas normas são excessivas, draconianas, ríspidas demais. Do alto dos seus tacões,no interior dos seus camuflados privilégios, esses aspirantes frustrados a novosexploradores serão os primeiros a estudar as lacunas que as normasnecessariamente conterão, no sentido de tentarem prosseguir o reinado das suas: oroubo descarado e uso indevido dos bens do Povo à custa das pilhas de papéis,formulários e minutas em cujo manuseamento se tornaram peritos. Mas isso seráMnut da, articipaçã______o de quaque cidaoa ue poderá0 apresenta para O OO~PoSo oATCdenunciar desvios comnetidos por trabalhadores do Estadoo factor dinamizador de uma intensificação da luta de classes no interior doaparelho de estado, nova escola de ensinamentos e de comprovação da iniciativa

popular, da imaginação criadora que se querem ver constituídas como fermento dasociedade socialista.Nesse processo desempenharão papel fundamental as células do Partidorecentemente criadas, li derando esse combate político onde não há, umavezmais, cam pos «neutros» e que, uma vez mais, não se detém à porta de denenhuma instituição.Ao proporem a combinação da direcção e responsabilidade individual com oespírito de trabalho colectivo e ajuda mútua pretendem essas normas acabar comos redutos inacessíveis do funcionário e «especialista». Elas tentam possibilitarque cada trabalhador do aparelho de estado, perspectiva os objectivos finais doseu trabalho e do seu significado relativamente à sociedade que o rodeia, e nãoapenas às paredes do seu gabinete. Ao procurarem a natureza de classe deoperários e camponeses elas contribuem para o processo de estabelecimento derelações de trabalho de tipo novo entre os funcionários e dos funcionários com oPovo. Aí, a velha imagem do burocrata «sabe-tudo», do «vol te para a semana»,nao têm lugar. Ao punir e reprimir os desvios, de forma a educar o infractor,procura-se afastar a marca indelevel qz<e o funcionalismo velho. lançava sobre osque punia.LIGAR O PARTICULAR AO GERALAo organizar cientificamente métodos e conhecimentos para obter resultadospreviamenté'fi xados estas normas dão sentido à tarefa de cada trabalhador doaparelho de estado. Assim é afastada a ideia do gesto mecanicamente repetido íia-a-dia e que ganha o significado do absurdo ao ser considerado «em si» pelofuncionário, ao invés de representar um movimento numa luta mais global eexaltante. Por outro lado elas prevêem a planificação das tarefas com base r -análise de uma realidade transformação permanente e não em relação a códigosbolorentos e estáticos destinados a obliterar a entrada dessa mesma realidade nodia-adia dos funcionários.Ao estabelecer a igualdade de direitos e benefícios para todos os trabalhadores,independentemente das suas funções, ele procura eliminar toda a «auréola» do«iuncionalismo» como carreira privilegiada por oposição às restantes actividades,consideradas menores e próprias de brutos e ignorantes.Ao estabelecer deveres especiais aos dirigentes elas concretizam o princípio deque a maior respon-

sabilidade não deve ser sinónima-de mais privilégios, mas, muito pelo contrário, de maiores obrigações na defesada revolução. E para que a política esteja no comando ao -nível dos quadros elesnão serão seleccionados por concursos feitos com base em «ca nhenhos»-burocráticos. O termómetro para a escolha desses quadros não serão os seusconhecimentos técnicos, mas, antes, a con fiança que o Partido deposita nas suascapacid&des políticas. Por outro lado, será sob orientação da FRELIMO que osquadros recrutados de entre operários e camponeses, trabalhadores em geral, ejovens, serão formados e posteriormente integrados no Aparelho de Estado,; umaforja de trabalhadores do Aparelho de Esta do, não remetida meramente aos

alíenantes aspectos técnicos, mas sobretudo, e à partida, à formação política eideológica, de acordo com as necessidades de cada fase.CONTROLO DIRECTOAs normas abrem caminho tam bém por entre a anterior intrin-cada e inacessível- muralha dos processos disciplinares fazendo com que ostrabalhadores compreendam e tenham possibilidades de serem eles próprios aelaborar um processo. Por outro lado, os acusados ,serão obrigatoriamenteouvidos antes de ser emitida qualquer sentença para apresentação da sua defesa.Importante aspecto é também o de qualquer cidadão poder participar funcionáriosque ache terem procedido incorrectamente no cumprimento das suas funções.Para tal ser-lhe-á concedida a faculdade de comunicar, oralmente ou por escrito,segundo um formulário simplificado ao máximo e que visa precisamente,possibilitar um controlo directo dos trabalhadores do Aparelho- de Estado porparte daqueles a quem o mesmo deve servir. Muita da prepotência e arrogânciacaracterística do velho funcionalismo po derão ser afogadas nesta medida. dida.Ainda para contrariar o espírito de submissão a uma hierarquia rígida eomnipotente é considerado como um dever - mais que um direito - do-trabalhadorpronunciar-se abertamente sobre as deficiências e erros que encontre no seutrabalho a qualquer nz vel, sendo-lhe facultadas as vias práticas para o fazer.As normas determinam ainda que o. Estado pode, em qualquer momento por suaprópria iniciativa ou a pedido do trabalhador, exonerar qualquer, trabalhador doAparelho de Estado. A exoneração, no entanto, não constitpl uma medidadisciplinar. ] o poóprio Estado que -nestes casos, e sem prejuizo dos direitosadquiridos pelo visado assegura a colocação do trabalhador em actividadesadequadas às suas capacidades fora do Aparelho de Estado.Através desta medida e ainda da cessação de funções, que implica a afectação dotrabalhador a novas tarefas no aparelho de es tado, provê-se a que sejamverdadeiramente aprõveitadas ascapacidades e os recursosý humanos disponíveis.Elas dão possibilidade do cidadão se realizar num tra balho adequado às suasaptidões, não o encerrando numa actividade feita de frustrações a moldes do queacontecia à ýuz das regras vigei ts no funcionalismo co lonial. Eram situáçõesdeste tipo que criavam o espírito de rotina, e do «não te rales», verdadeirostrampolins para a burocratização do Apgrelho de Estado.A finalizar, as normas definem concretamente o papel do Ministério de Estado nâPresidência no acompÁnhamento e apoio da sua aplicação. Recolhendo assugestões e iniciatiVás dos trabalhadores aquele Minisiério poderá canalizar aqualquer momento propostas de alteração que garantirão a adequação do diplomaas diversas fases do processo revolucionário.Medida legal revolucionária, as Normas de Trabalho e Disciplina poderãoconstituir ,na sua aplicação, mais um' importante arma nas mãos das classestrabalhadoras moçambicanas. -Nas difi ceis batalhas de classe em curso e nas queadvirão na~longa estrada a percorrer, elas apoiarão, sob a direcção do Partido devanguarda marxista-leninista, a cons trução do socialismo.NTEMPO N.° 423 - pág. 37

Acabar com os redutos inacessíveis do Íuncionário «especialista»

educação nas zonas libertadas e nos campos de refugiadosDzngani Mutum buka, Secretário, muitos miro !,- s o 2m ro de crianças, em idade escolar refugiadas nos camposde 7iimbabweanos em MoçambiqueP: Qual é o trabalho -do Departamento de Educação e Cultura?R: Nós somos responsáveis pela oducação de todas as nossas crianças que seencontram em Moçambique bem como nas áreas liberta. das dentro doZimbabwe. Há mais de 20 mil estudan tes aqui e nada menos que 300 mil naszonas libertadas. Nós planeamos reabrir as escolas de lá mas onde é que iremosarranjar recursos para o fazer? Nós temos x'Inda grandes dificuldades TEMPO N.'423 - pág. 38As vezes eu digo de brincadeira que deveria ser denominado o «Secretário dosPedintes» por gastar tanto do meu tempo pedindo pelas portas o material de quenecessitamos. Smith continua a atacar as nossas escolas e a destruir tudo o quetemos. Fui à Embaixada dos E.U.A. no Maputo e apenas pedi 10 mil cadernos.Disse. ram-me para voltar. Quando voltei responderam-me que o Congressorecusara. P: 9uais são os objectivos do novo sistema educacio-nal que estão a desenvolver na luta?R: Nós queremos destruir o-sistema colonial que produzia uma mentalidadecolonial. Surgiu uma cultura proveniente da assim chamada educação que existiae que diz que o negro é inferior, que não sabe nada e que o branco é superior esabe tudo.O método e conteúdo da educação colonial tem como objectivo produzir uma mentalidade servil. Têm por fim escravizar e não desenvolverEducação eum génio criador inerente a todas as pessoas. O professor preside como um reimedieval sobre os seus servos, os seus vassalos. Eles são in. becis que não sabemnada e ele é um génio que sabe tudo.Além de criar uma mentalidade colonial, este sistema cria também uma sociedadeestratificada. Alguns africanos recebem autorização para entrar neste mundoOcidental devido à bondade dos seus educadores. brancos.Numa sociedade colonial os brancos não podem ser pobres ou desempregadosporque isso destruiria o mito da superioridade branca. O mito diz que o trabalhomental é melhor para o bran co e o trabalho manual é sujo e é para os africanos.Neste sistema os estudantes são castigados por mau comportamento sendoobrigados a fazer trabalhos físicos. Fa. zendo isto os brancos estão a dizer: «nóstinhamos-te elevado acima do trabalho físico até à nossa sociedade. Sedesobedeceres mandamos-te de volta para o mundo da tua inferioridade ondeestás destinado a realizar trabalho físico.»Isto distorceu os nossos valores e criou uma concepção errada sobre -o. frabalhomanual. Nós não podemos permitir que jovens revolucionários sejamsubmetidos a tais lavagens ao cérebro segundo linhas

falsas e erróneas. Nós temos uma equipa de investigação em cada escola quedescobre estes valores negativos e tra balha com os nossos educandos para osdestruir.P: Que progressos obtiveram n o estabeleciment'o deste novo sistema deeducação?R: Nós estamos ainda num estádio experimental. Seria errado dar a impressão deque resolvemos o problema. Não, nós reconhecemos o problema. Nós sabemosonde estamos e para onde vamos e quais os obstáculos que encontraremos nocami nho'. Nós estamos a apren. der da nossa experiência e das experiências dosocialisno. Nós sabemos qual é o nosso objectivo no fundo do túnel. Nóscomeçamos ape nas a percorrer a estrada. Sabemos também que as coisas nuncamudarão a menos que nos empenhemos a modificá.las.Nós vemos o treino como um triângulo que tem como componentes a educaçãofísica, o estudo éa produção. A juventude deve conservar-se saudável de modo aconseguir correr duas ou três milhas- diariamente e praticar o desporto. O estudoinclui o Shona, o Ndebele e o Inglês porque nós queremos que toda a gente noZimbabwe possa comunicar entre si. Outras disciplinas são amatemática,geografia, história, ciências agrícolas, trabalho com, metais, carpintaria e assuntoscorrentes. Damos ênfase especial ao tra. balho manual e gostaríamos de produzirtoda a nossa co. mida, mas devido aos ata. ques do inimigo temos de estarcontinuamente a mudar o local das nossas escolas. Nós ensinamos que toda ariqueza provém do tra. balho humano e que construir uma palhota é tãoimportante como, por exemplo, escrever um ensaio.Nós queremos transformar totalmente o sistema educacional do Zimbabwe. Aprimeila coisa que faremos é encerrar -todas as velhas instituições de prestigio.Reabri-las.emos sobre bases mais firmes no interesse das massas.P: Como é que a cultura estd a ser utilizada na luta para construir uma novasociedade?R: Uma nova cultura está a brotar da revoluão. Nós temos de adaptar as nossasideias a novas circunstâncias. Por exemplo é importante notar o papel dasmulheres na luta. Antigamente os homens eram considerados mais importantesdo que as mulheres. As mulheres eram meramente objectos. Mas quando nóslutamos lado a lado com as nossas mulheres e as vemos sacrificar-se não podemospor mais tempo defender essas ideias. A-. guns dos nossos mais corajososcombatentes são mulheres.O colonialismo provoca a destruição da cultura popular. No processo de que visaadaptá.las aos valores Ocidentais, diz-se às pessoas que a sua cultura é feia ou má.Minimizam-se os aspectos comunais, desencorajam-se.O colonialismo encorajava o individualismo e o culto da personalidade. Alimentava o conceito da propriedade privada. A mais bela coi. sa da nossa situação é quenenhum de nós possui coisa alguma. Tudo é propriedade do partido para o bem detodos. Nós queremos transferir este conceito para úm Zimbabwe independenteonde todas as coisas pertençam a todo o povo. As nossas crianças gostam derealizar peças de teatro. As peças estão relacionadas com os acontecimentosactuais. No dia 8 de Agosto, dia da ZANU, elas fizeram

uma peça sobre o «acordo interno» da Rodésia chamado «O Povo é invencível.»Também representaram outra peça sobre dois chefes - um que apoiava a lutaarmada e outro que traia. O traidor arrepende-se e regressa e é perdoado pelopovo. Fiquei impressionado pelo facto de que, no meio da guerra estivessem apensar em perdão.P: Que espécie de educação política recebe a juventude?R: A nossa juventude está politicamente motivada em alto grau, mas nós tentamosnão lhes dar quantidades exageradas de complexo material socialista. Não é bomteorizar apenas. Eles escutam os discursos de Mugabe e fazem perguntas sobre ,aluta armada e sobre a nova sociedade que estão a construir.Nós tentamos ensinar-lhes novos valores e atitudes atra vês da prática. Ascrianças comem juntas, brincam juntas e fazem todo comunitariamente. Os novosvalores são expressos em poemas e ensaios de sua autoria. Uma rapariguinha, porexemplo, escreveu um poema sobre o motivo pelo qual não queria ser capitalista.Nós trabalhamos de mãos dadas com -o Comissariado Político que é responsávelpela educação política.P: Como são escolhidos os estudantes que irão receber educação superior?R: Juntamente com o Departamento para o Planeamento da Mão-de-Obra fizemosum cálculo das nossas necessrades de mão.de-obra. É possível ganhar uma vitóriamilitar e não estar preparado para assumir o poder, por isso fizemos planos paraeducar os nossos quadros em vários campos; Por exemplo, temos três pilotos queforam enviados para fora em 1975 e que se gradua. rão este ano. Estamos a trei-nar as nossas próprias secretárias. Quando seleccionamos gente para camposesPecializados, nós temos cer. tos critérios - não só capacidade académica comoconsciência ideológica. Seria uma ironia educar pessoas que fossem subverter atrans formação social. Alguns têm relutãicia em partirem e nós temos de lhesexplicar os diferentes aspectos da luta. Se não treinamos o nosso próprio pessoal,os ingleses e os americanos usarão os seus agentes para subverter a nossarevolução. Nós estamos a planear criar o «Instituto, do Zimbabwe» para treinarquadros médios para governar o pais. Haverá vários componentes mas o maisimportante se. rá a integração do trabalho manual e intelectual. Haverá cursos deadmin-istração, de professores, bibliotecários, desenvolvimento rural, saúde eindústrias de pequena escala.O modelo de desenvolvimento terá de ser claramente definido. Pensamos que serábaseado na agricultura. Se formos auto-suficientes na produção de alimentos abase é firme. Se pudermos a~mntar o nosso povo podemos continuar em frente. Aluta pelg vida é uma luta pela produção.P: Quais são algunrs dos vossos problemas?R: Nós temos problemas devido às nossas circunstâncias. Não temos giz, quadros,lápis, papel ou livros. Ainda não construmos abrigos, por isso quando chove nãopode haver aulas. NóS temos alunos que estão a terminar os seus estudos e quepassaram os últimos dois anos debaixo das árvores.Não temos problemas de motivação. O nosso problemá é logístico; onde arranjaro dinheiro de que ne cessitamos.TEMPO N.' 423 - pág. 39

A chávena do XáOs E.U.A. tem sido a «chávena» onde o Xd verte n ão só o petróleo como aindependência nacional do Ir ão. Em troca tem recebido as baionetas necessárias àsua manutenção no Poder. Só que o Xd se mostra actual mente demasiado«amargo» para ser tragado por mais tempo pelos irania nos e quiçá demasiadodébil como receita para o policiamento de zonas estratégicas do Globo.Por entre a jogada de Camp David, os acontecimentos do Irão constituem notadissonante no estabelecimento da ,,Paz Americana» no Médio Oriente: a fielmonarquia iraniana está a braçosTEMPO N. 423 - pág. 40com um movimento de contestação generalizado a nível interno.A diplomacia estadunidense vem fazendo todos os esforços para controlar aregião cuja importância ficou cabalmente de-monstrada na chamada,, guerra do petróleo». O recrutamento de -regi mes-clientes» que ajam como fiscais dos seus interesses é táctica desde há muitoutilizada para o efeito tanto neste como noutros

pontos estratégicos do Globo. Com a entrada do Cairo para o rol desses «clientes»o domínio imperialis ta do Médio-Oriente parecia mais assegurado que nunca.Um poderoso quadrilátero constituído pelo Egipto, Israel, Arábia Saudita e Irãogarantia o policiamento da zona e constituía poderoso colete de forças àsaspirações dos explorados e à chamada «causa árabe». Os dois últimos, emespecial, eram peões privilegiados nesse tabuleiro. Possuindo estratégicas gerais ede defesa comuns eram os «infiltrados» capazes de minar por dentro as veleidadesindependentistas das burguesias nacionais no poder em alguns países árabesprogressistas.A agudização das lutas de classes e o desenvolvimento das manifestações contra oregime iraniano. vêm perturbar o esquema.Paradoxalmente a raiz dessa explosão mais violenta de contradições encontra-senuma viragem da estratégia imperialista relativamente às suas actuais oupotenciais zonas de iiãfluência. Nelas, alguns países de posição geopolíticadeterminante no balanço de forças internacional casos do Brasil, Indonésia, (entreoutros e para além dos já citados) - foram «dotados» de ditaduras sustentadaspelas forças armadas e por uma cerrada repressão policial. Eles actuam comodestacamentos avançados do exército imperialista. Asseguram ainda que asriquezas naturais dos respectivos territórios fiquem inteiramente subordinadas aosditames do capitalismo internacional.CHOQUE CULTURALImperativos vários tais como, a radicalização da luta dos Povos desses países faceà repressão «demasiado aberta» de que eram alvo, e fundamentalmente,necessidades ligadas ao desenvolvimento do capitalismo monopolista de estadono seu estágio imperialista apontaram a necessidade de camuflar e sofisticar adominação naqueles países.A transição para uma «demo cracia», (musculada embora), e o fortalecimento deuma infra-estrutura industrial ditada pelos interesses dos monopólios e dasmultinaconais, constituiria a via a seguir. .

Acelerar o desenvolvimento de burguesias nacionais que o anterior esquemaperturbara e garantir o seu enfeudàmento seria a forma pela qual as aspiraçõesmais radicais das massas se diluiriam e amorteceriam. Em alguns «ensaiospositivos» imediatamento esses países, (Brasil, Taiwan), foram apontados como«exemplos» dos «milagres econômicos» alcançados sob a égide do Capital. -...Simplesmente as condições históricas dos diferentes tertitórios- classificados de «subimperialistas» por algumas correntes de pensamento - sãodesiguais, im. p l i c a n do desenvolvimentos diferentes e imprevisíveis das lutasde classes.Na monarquia iraniana as reformas que o Xá tenta introduzir desde 1963 noâmbito da sua assim apelidada «Revolução Branca» são na sua essência ocumprimento da estratégica da «reconversão». O monarca deseja assegurar aadaptação das estruturas sócio-económicas do país às necessidades do capitalismoin ternacional. Mesmo que cuidada e, dentro do possivel, controlada, a introduçãodessas reformas viria a originar perturbações consideráveis na formação socialiraniana. Para além do facto de abalarem profundamente as estruturas feudais,(mantidas precisamente para assegurar até então a sobrevivência da aristocraciadominante), introduziam factores ideológicos de certa forma antagónicos com osda religião dominante (Islamismo) que corresponde a um estágio dedesenvolvimento pré-capitalista. Estas são algumas das premissas que fazemjuntar na contestação ao regime organizações que vão da extrema direita àextrema esquerda. Os líderes religiosos, ao manifestarem a sua oposição amedidas preconizadas oficialmente tais como ae. u g 0 O O* , *1 * 0, 0conce. de voo às mulhr e,dernização fod do XáR rFerlPçopulantãda 34, mihõscurútimo noe na miéra .o a- mai- e1977 Áerease.1,mihedek2D esidade opucona 2i,.pia Terã -- popuaã 4, mihõs Línmao (98% Crsãs Jueu e~ioias riqeastfi e rema m Condiçõesdesonómicas:nAs eaconso lidaçãos deupetbresoa pnacipalfot e rieari . u 00 resida eproecto idutras otaletia depn Priniais eporas. Petróleoerut Pin iae da esa da eltTe - 4 (2 Holanda(p') Estdo Undo (9) ImportaFeea e18%) Japo (16%).0.1rL 00ld. + 920 mihe de dóOrtet (17/7) Reets 19 2 00mihe de dólres Depss 190 miconcesã de votors. àosieál mulheres, soroexnempodovioento couçoe cutrald qua gracma e vetudo apao derizço forçsada rdo Xáioarerte(na7miséria,2sob0 miõs cre dla dsrepssõs

íI IRÃO

dominante. Por issj se verifica que a contestação da monarquia se alarga asectores sociais que noutras circunstâncias tomariam posições bem diversas. Oregime teve no entanto que «apressar» até certo ponto a sua reconversãoeconómica porquan to, inteiramente dependente, do petróleo, está a par de que ospoços e jazigos iranianos «seca rao». segundo os cálculos mais optimistas, até1999. Assim é que a totalidade das reservas anuais de divisas provenientes davenda do «ouro negro» têm vindo a ser investidas no desenvolvimento aceleradoda indústria. Por ou tro lado, e para abrigar um pro. jecto de energia atómica foiconstruída uma cidade «surgida do nada» em Isfahan.GENDARME PRIVILEGIADOA situação estratégica do país vem agigantar a importância das «perturbações» elevantamentos ocorridos. A queda do regime de Phalevi poderá dar-se numaaltura em que a alternativa imperia lista ainda não esteja consolida da. O Irãopossui saídas directas simultaneamente para o Golfo Pérsico (guardando o estreitode Hormuz) e Oceano Indico. De sempenha ainda o papel de ,gen darme» dosfornecimentos de hidrocarbonetos ao Japão e à Europa, controlando essa rota vitalpara o capitalismo internacional. A este propósito. um relatório do Senado dosEUA recorda que 74 por cento do petróleo do mundo .não-comunista» transita aolon go da costa iraniana para além de 18, 52 e 75 por cento das importaçõesamericanas, europeias e japonesas respectivamente.Através do regime do Cairo a monarquia iraniana tem vindo a tentar estabelecerduas bases aéreas em Port Said e Suez. Estas garantiriam o controlo quaseabsoluto da rota petrolífera atra vés do canal de Suez. Nas últimasTEMPO N. 423 -- pág. 42conversações Sadat-C4rter-Begin, a traição egípcia foi considerada pelo Irãocomo «construtiva iniciativa de paz». Por outro lado, são também conhecidas assuas ligações com os regimes de Israel e da Africa do Sul. Dois terços e umquinto do petróleo dos re gimes sionista e do ,,apartheid», respectivamente,provêem de Teerao,Outra preocupação de Washington é o facto do Irão fazer fronteira com a UniãoSoviética e ser por isso considerado como «guarda avançado» dos valoresocidentais e capitalistas face,à de nominada «ameaça comunista». Isso muitoembora os dois países tenham mantido até à data uma política de boa vizinhança.Phaleví apresenta-se como defensor da doutrina de que a política não deveinterferir com as- relações entre os Estados.Dentro da sua paranoia anticorounista os estrategas do Pentágono não descansamno entanto a sombra das boas relações irano-soviéticas no campo comercial. Ogolpe de estado ocorrido no Afeganistão. de orientação progressista. veioaumentar ainda mais os seus receios.Dentro do esquema, de pensamento que os caracteriza a URSS. ,inspiradora dogolpe», possuiria agora um acesso directo ao Mar Aábico, ameaçando as posiçõesda Arábia Saudita e do Irão.AS BAIONETAS DO XAComo ,polícia» geopolítico do imperialismo, o Xá tem conseguido substanciais«ajudas» militares de quase todos os países oci. dentais. em especial dos E.U.A.Possui um exército de quadros treinados na América do Norte que se eleva

actualmente a 220 mil homens, apoiados por 300 mil reservistas. Os motivosinvocados para a crescente militarização do país assentam no argumento de que.embora não disponha de capacidade bélica para de ter um avanço soviético poderáconstituir o ,ferrolho» que seria necessário partir antes dos «co munistas» selançarem «ao assal-to do Ocidente,. em caso de confrontação mundial. A instalaçÚo recente de umsofisticado siste ma «AWACS» de comunicação via satélite destina-se tambén a«poupar tempo» na detecç4o do tal eventual «ataque em grande escala» e nolançamento do «grito de alarme».Até 1980 segundo os projectos revelados oficialmente, o Irão- estará dotado comum aparato bélico colossal de que se destacam 3000 tanques, 700 caças a jacto e60 vasos de guerra. Está prevista ainda a instalação no território de diversassucursais de empresas norte-americanas que fabricarão as peças sobressalentespara aquelas armas, para além de munições de todos os tipos.Washington tem correspondido amplamente, no seu interesse.

A missão perlA economia Iraniana sofreu uma importante transformação desde os princípios de1960, quando o estado começou a promover o desenvolvimento capitalista dummodo organizado. Em termos correntes o Produto Nacional Bruto subiu 8%o porano nos anos 60, 14,2o em 1972/3, 30,3% em 1973/4 e 42% em 1974/5. Entre1972 e 1978 o PNB subiu de 17,3 para 54,6 biliões de dólaressegundo as estimativas.A base desta expansão oi.é claro, o petróleo.Em 1977 ele representava 77% das receitas do governo e 87% das receitas emdivisa:. O crescimento do Irão, passado e futuro, seria impensável sem ele. Asreceitas do governo provenien tes do petróleo subiram de 817 (em 1968) para2250 mi lhões de dólares em 1972/3 e 19100 milhões em 1975/76. Os planos dedesenvolvimento do Governo subiram também na mesma proporção: o Primeiroplano (1948-56) ti nha despesas projectadas em 350 milhões de dólares mas oQuarto (1968-72) projectava uma despesa de 8 284 milhões e o Quinto <1973 78)foi aumentado depois da subida do petróleo para 69 bi. liões de dólares. Opetróleo tem apenas um efeito substancial: fornece 1 ao estado uma receita que apode ser tratada como uma t espécie de renda. Os efeitos s subsequentes dopetróleo de- t pendem daquilo que se fizer 1 com essa renda, isto é, do n carácterde classe do estado d e das suas prioridades polí- e ticas e sociais que se reflec- vtem nos programas de desen volvimento que elo inicia. aA injecção de largas somas ci de capital levanta mais dois n problemas adicionais.A tr transformação envolve não di só a superação de bloqueios nna economia (por exemplo, o analfabetismo e a falta de comunicações), mastambém a remoção de novos obstá culos criados pela afluencia de dinheiros dopetróleo, tal como a inflação, indústria não corripetitiva, uma explosão deactividades económi cas não produtivas e desigualdade de rendimentosA transformação da receita em aumento de pro. dução é, por isso, uma corridacontra o tempo - utili zar o petróleo de modo que a economia seja tão

independente dele e tão desen volvida quanto possível na altura em que o petróleose esgotarO Irão tem três fontes de receita relacionadas provenientes da exportação deenergia. petróleo, petroquímicos e gás.Informações actuais indi. cam-nos que o Irão tem somente uma década para setornar independente das re ceitas do petróleo. O Irão tentou aumentar as suasreceitas de exportação refinan- o do o petróleo em vez de o exportar em bruto, iaso e valor adicionado pela refi- 1 nação é muiTo baixo e já r existe uni excedentemundi- e ai de capacidade de refina. 2 ção. As petroquímicas são c ima área óbviaonde o va or das exportações pode ser i íumentado, e o investimen- t> o emempreendimentos des_ ri e tipo constitui a maior par- Ia e do Plano Quinquenalp, 973-78, tendo apenas aos netais e ao aço sido atribui q a uma percentagem maislevada dos fundos de desen n olvimento industrial, te Além disso, à medida quen procura interna iraniana ce rescer, a quantidade dispo- n ível para ganhar divisasesangeiras diminuirá. A proaI ução petroquímica do lIr, qu ão reduzirá substai . ',mente a d pendênc:ia < exportações de petroýle> p>.' ra efeitos de aquisieäo d(divisas e receitas do gover, io.As perspectivas quanto a exportações de gás são mais favoráveis. O Irão tem reservas calculadas em 10 600 biliões de metros cúbico', de gás. Isto é 16% do totalmundial e mais do que qual quer país isolado excepto a União Soviética. As taxasde 1975 o Irão poderia continuar a produzir gás durante 234 anos. É esta,potencial mente, a maior fonte de re ceita e desde 1970 o Irão tem vindo aexportar gás pa ra a. União Soviética í meio dum pipeline. Calcula-se que as receitas iranianas provenientes do gás poder, am elevar-se entre 3 4001mi lhões de dólares e 5 600 ni lhões de dólares até fins dor: anos 80. Muitodepeidr,ía da importancia do papel sempenhado pelo gás a necessidadesenergéticas .. países capitalistas a%,:< , los nas décadas futuras D.aIrão nãopoderá dejWnao> lo gás para preenchr . una deixada pelo peir. ts estimativasmais elXva, elativas às receitas p1í..: ites do gás atingem r.i,;. 5% daquilo que s(.orn o petrólo. A da a.t,; Qenti:, a coiocaçao d , raniano na Europa O: ti a!enco.ntrarà srií, -e o!í líí.:: - da Al gdí í da 1.', ind: ue 1::a;1ão em r., QSa ;ageográa/irIe f .ii ((: d'srI,> (:das exporadeía; J. o [futu1ýo ' , t .írtas quanto ao ii ,. i0 compeisarão ad >. e-nte* a p-,io de& ando : 1> -ía>43J

dRomX ,aos pedidos .de armas do Xá.i O Irão é o ~ r recipiente dearmamento americano no Médio-Oriente, logo depois de Israel.De 1973 a 1977 Teerão adquiriu armamento 4nericano no valor de 16 biliões dodólares e este ano as suas encomendas rondam os três biliões e incluem osultramodernos aviões F-15 e F-16.Gunulados - de privilégios ao

nível dos seus quadros superiores são estas forças armadas o suporte de Pahlevi eda sua ditadura, absoluta. A este respeito é significativa F carta que recentemente300 oficiais superiores dirigiram ao Xá exigindo que o mesmo pusesse termo aoslevan tamentos, O motivo invocado era de que as organizaçõesdos revoltososestavam já a efectuar um trabalho de Consciencialização a nível dos ,soldados equadros inferiores, mais receptivos dada a sua origem de classe aos apelosde sublevação.AS ALTERNATIVASMantendo para um apoio tácitoa Phalevi, Washington busca afa: nosamente.a alternativa que permita manter oIrão firmemente li gado aos seus interesses. Se Carter «sossegou o soberano,telefonando-lhe num intervalo das conversações de Camp David para lhecomunicar esse apoio, tem pres ýionado para que se acelere no país a introduçãodas apregoadas reformas. Atrávés do embaixador do Teerão nos EUA, ArdechirZahedi, os amerlcanos fizeram saber que o Xá deve optar por uma alternativa«possível e razoável».Zamedi, chegado à capital iraniana em meadds de Outubro informa o regime queos EUA viram com bons olhos a entrada de Charif-Emani para o cargo de primeiro-ministro., Ao mesmo tempo encorajavam a persecussão da repressãoviolenta aos levantamentos dos revoltosos devido à «ameaça» revolucionária queosTEMPO N.' 423- pág. 44mesmos potencialmente continham. Outro ponto onde Washington parece terconseguido, fazer vingar as suas teses de «liberali zação com pulso firme» é aonível da polícia política. Assim, a tenebrosa «Savak», inicia a sua reconversão e«democratização» aparente com a substituição do seu anterior chefe generalNassiri, pelo general Nasser Moghadaam.Entretanto a CIA trabalha na sombra no sentido de descobrir uma alternativa deúltimo recurso nas fileiras dos sublevados. Dado o amplo leque de conotaçõespolíticas que os engloba muitos dos líderes revoltosos são passíveis de«recuperação». Dirigentes religiosos como Ayatollah Khomeini, por outro lado,ecoam reivindicações de carácter democrático-burguês e que nas presen tescondições podem ser consideradas como patrióticas e progressistas. A respeito da«Revolução Branca «Khomeini afirma nomea damente: «apoiamos aindustrialização, mas não a forma como o Xá pensa fazê-la. Queremos umaindustria completamente nacio nal e independente. A política industrial e agrícolado Xá transformou-nos numa sociedade de consumidores em beneficio daspotências imperialistas.»As preocupações da administração Carter são visíveis no estabelecimento recentedo «Grupo de Trabalho do Irão» dentro do Departamento de Estado e destinado amanter o Presidente ao corrente dos últimos desenvolvimentos, alternativas eprojectos de futuro para aquele território.As greves que eclodiram no vital sector petrolífero apressarão e farão intensificaras manobras do executivo ianque no sentido duma solução de compromisso quesilencie momentaneamente a rebelião.TEMORES COMUNS

Ponto comum nos temores do Xá e dos EUA relaciona-se com a possibilidade deum partido comunista forte emergir em resultado dos acontecimentos.Washington olha com receio a possibilidade do Tudeh, (P.C. tradicional do Irão),cuja legalização foi exigida em algumas manifestações, vir a constituir numacharneira para a subversão da URSS no país.Moscovo e Teerão têm boas relações comerciais, existindo mesmo uma ComissãoPermanente de Cooperação Irano-Soviétíca. Esta patrocinou diversos acordosbilate rais nos domínios técnicos, agríco la e cultural. Para o Xá, no entanto. essasrelações são mais uma ques tão de pragmatismo ditado pela longa fronteiracomum. Elas não representaram de forma alguma o esfriamento no seuanticomunismo histérico e característico do soberano que se vê envolvido numasituação com pontos~comuns com a que prenunciou a queda do último Czar.A China Popular, por seu turno, e dentro do conflito ideológico que. a opóe àorientação política soviética viria a afirmar o seu apoio a Reza Phalevi.O Xá entretanto vem correspondendo às pressões americanas mas dando-lhesseguimento por forma a garantir a sua posição como peão indispensável junto dochefe de fila do imperialismo.Isento de pruridos subjectivos relativos ao «agente» que ocupe aquela sua«esquadra de polícia», Washington poderá manobrar no sentido de «acontecer»um golpe em que precisamente apenas se alterem os nomes ou o sistema degoverno desde que este mantenha, na essência, as vínculos de dependência aoimperialismo.Dados os interesses em jogo, no entanto, a intervenção aberta também é hipóteseque não pode deixar de ser ponderada se a dinâmica do movimento de massasultrapassar decisivamente todos os engodos reformistas que se lhe deparam.

Esboço para uma análise sial e das contradiçoes económicasA análise da economia iraniana na última década tem tido a tendência para cairem duas categorias distintas: a perspectiva do regime do Xá e os seus ministros; ea perspectiva da oposição iraniana bem como um número crescente deespecialistas académicos e financeiros Ocidentais. O regime acena com osenormes lucros potenciais do petróleo, para as transformações já conseguidas epara as potencialidades ainda maiores das duas próximas décadas. É aí que seenquadra o apelo do Xá para que o Irão se torne numa «Grande Ciiilização». para«alcançar» os mais importantes países industrializados no final da década de 80.Os funcionários encarregados da economia no regime, apresentam relatóriosfavoráveis daquilo que já fizeram e tudo o que em breve porão em prática.Quando as coisas correm mal-como acontece cada vez com mais frequência -fornecem explicações convenientes: a corrupção dos funcionários ou dos homensde negócios iranianos ou das firmas estrangeiras, os preços cada vez maiselevados dos produtos importados que o Irão tem de pagar, a úrlç<o dárabes que impedem , tirar .o máximo proveit, exportações de petrÚl1c- v,, emquando o Xá, tIb u. gesto dramático para dar a impressão de que as coisas estão amudar: uma comissão imperial antidesperdício, ou um esforço anticorrupção sãoiniciados, uma firma estrangeira é processada; é substituído o Primeiro-Ministro...

Até a propaganda oficial adoptou agora um outro tom: é prática comum criticarcertos funcionários como um. meio de desviar as atenções duma análise global.A CRÍTICA BURGUESANum artigo recente, típico da segunda perspectiva, o jornal britânico «Guardian»(10. de Abril) falava dos «graves problemas económicos, sociais e políticos» queassediavam o Xá:,«a maior parte do dinheiro do Plano Quinquenal foi desperdiçado... A análisedetalhada d o s problemas envolvidos constitui um exemplar único de histórias dehorror sobre economia do Terceiro Mundo. Uma mão-de-obra cheia de maushábitos e na sua maioria n ã o especializada, que se habituou a uma subida desalários anual de 25 a 50%, tem pouca noção de disciplina. A produtividade ébaixa e está a descer. O Governo está encantado por a inflação ter sido reduzida auma taxa anual de 24%... As importações de produtos alimentares a t i n g e m.valores médios anuais de $2 000 milhoes porque os camponeses agricultores estãoa ser atraí-dos para as grandes cidades.Os economistas dizem que oXá pouco pode fazer.»0 mesmo artigo chama a ateni çáo para o facto de que a burguesia iranianarecentemente çnriquecida está cada vez mais a colocar o seu~dinheiro noestrangeiro. A quantia total que está a ser exportada por pessoas privadas écalculada em cerca de 3 biliões mais ou menos. 15% do total das receitas dopetróleo.Esta análise inclui diplomatas Norte-Americanos e Banco Mundial que criticam oXá por não seguir os seus conselhos prejudicando assim o futuro do capitalismonaquela região.Isto porque os motivos normal mente evocados nas críticas não são os que melhorconduzem a uma análise científica da sociedade irana bem como da suaeconomia. Os críticos capitalistas banqueiros, homens de negócios. Um temasempre repetido em todas as criticas burguesas e liberais do programa económicoiraniano e a qual, foi reproduzida no aiý"go do Guardi'an, é que uma das maisimportantes cau-Tanques em Teerão cometem massacre atrás de .massacreTEMPO N.' 423- -P

F sas da crise económica iranianaé o aumento excessivo de saláriosconcedido aos trabalhadores.Por sua vez a oposição tem-seconcentrado apenas na argumentação de que as reformas do Xá são fraudulentas,de que não se alteraram tantas coisas como ele pretende. A verdade é que o Irãomudou consideravelmente desde1960.Só agora há quem comece achamar a atenção para a necessidade de verdadeiras transformações sócio-económicas e para o irac4sso do capitalismo no Irão em satisfazer os fins

primários que com ele historicamente se associam noutros lados - odesenvolvimento da agricultura capitalista e dum forte sector industrial e amelhoria dos níveis deeducação e saúde do povo.Entre as modificaçoes sociaisque se processam no Irão, a mais evidente é o esquema de distribuiçãodemográfica do país. Até aos anos 30, cerca de 21% da população vivia nascidades. O última recenseamento, de 1976, mostrava que de uma população de33,6 milhões, 15,7 milhões (45%) vivia nas áreas urbanas e 17,9 milhões nocampo. Segundo estiinativas a população iraniana alcançará os 53,5 milhões em1992 < por essa altura 57% do país ha:a nas cidades. 0 Irão não éainda, nem o será nas décadas mtais próximas uma sociedade tt edominantementeurbana, mas Íiouvc uma afluência dramática e pÃ-ovavelmente permanente, da a-optlaço aos centros urbanos, com í-p 1caçoes para o carácter daquelas forças quepoderão cons- tuir una ameaça para o reEste processo de urbanizaçãosu sirultaneamente com uma -.:o 5ubstancial dos padrões.,irego. Em 1946 cerca de 'da orça do trabalho total doa 1.a no sector rural,calculava-se que apenas 40%, ou até mesmo 33%, da população trabalhadoraestaria ainda na agricultura. Uma percentagem mais elevada da população viviaainda no campo (55%) mas uma proporção substancial desta estava empregadaem ocupações não-agrícolas tais como a construção civil (numa base sasonal) ouindústria rural. Dum total da força de trabalho constituída em 1977 por 10,3 a10,6 milhões, calcula-se que 2,5 milhões estavam empregados em qualquerespécie de manufactura, outro milhão na construção civil e mais de 3 milhões nosector terciário.SOBRE A COMPOSIÇAO DE CLASSEÉ possível fazer algumas observações de carácter geral sobre a composição declasse da sociedade iraniana, que se está a alterar, durante as duas últimasdécadas, as quais nos darão uma imagem minimamente esboçada daquilo que sepassou.Para começar, houve um declínio em certos grupos sociais deslocados pelaevolução capitalista. Nas áreas rurais, os maiores proprietários perderam algumasdas suas terras e forafií substituidos pelo estado como força dominante naquelaregião Não foram expropriados nem expulsos da classe dominante mas os seusdomínios tradicionais e o poder que os acompanhava foram semdúvida reduzidos. Em segundo lugar, o significado do sector nómada nasociedade iraniana continuou a declinar. Nas primeiras décadas deste século cercade um quarto ou até um terço dos iranianos eram nómadas; cerca de 2 milhões,actualmente, (6%) realizam uma migração sasonal e o peso demográfico bemcomo o peso político potencial dos nómadas diminuiu grandemente. Nas cidades avítima principal foi o mercado local (bazar), historicamente o centro do poderfinanceiro e comercial, agora enfraquecido pelo aparecimento de no, vasinstituições financeiras (os bancos) e de novas entidades comerciais, empresas ecompanhias. O bazar não foi completamente destruído pela ascensão das forças

capitalistas conteinporâneas, e muitos daqueles que agora domhinam fora dele,vieram de lá nos anos 40. Mas houve uma redução inegável e irreversível no seupeso económico e político. Parte do recente descontentamento entre oscomerciantes, expresso nas revoltas populares, foi um resultado desta deslocação.Em contraste, está a surgir um novo mapa de classes no Irão, ainda difícil dedelinear, mas que é claramente um produto das evo luções económicas das duasúltimas décadas. Três processos em particular requerem es p e c i a 1 atenção.Primeiramente houve uma transformacão considerável; r i das. 't d2u1' i2 í)C»it& 2 $ 0½ ?e otivo para iZoa0 "m .ra o uife,

na estrutura de classe nas áreas rurais, em consequência do programa de reformaagrária de 1962-1971. Embora a reforma fosse um fracasso económico, elaoriginou alterações substanciais na estrutura social e política do campo -alterações que se operaram simultaneamente com a corrida da população docampo para a cidade.Antes do inicio da reforma, havia cerca de 3,5 milhões de famílias nas áreas ruraisiranianas, a grande maioria das quais não tinha terra süficiente. A reformadistribuiu terra a cerca de 1,6 milhão de famílias, criando assim uma burguesiarural. A este sector recentemente transformado em proprietários, foi facultado oacesso a empréstimos estatais para desenvolvimento bem como o controlo denovas cooperativas de produtores estabelecidas nas áreas rurais. Os antigosproprietários conser varam alguma da sua terra; pela restante foi-lhes dada umaabundante compensação e eles desviaram a sua atenção paraas activi dadesurbanas tais como especulação imobiliária onde muitos deles tinham jádesenvolvido a sua actividade. Mas enquanto cerca de metade da população ruraladquiriu terra, a outra metade não o fez e, na realidade, perdeu até o acesso aosdireitos de cultivo e trabalho que tinha anterior mente. Lado a lado com a criaçãoduma nova classe de proprietários rurais veio a constituição duma nova classesem terra que nada tinha para vender excepto a sua força de trabalho.Em segundo lugar, surgiu nas cidades uma nova classe de assalariados. Oemprego na manufactura e na construção civil quase triplicou no período quedecorreu entre 1975 e 1976, de modo que os assalariados urbanos actuais(incluindo mas não limitado ao proletariado), constituem uma força desconhecidamas da maior importãncia na sociedade iraniana e que ultrapassa os 3 milhões.Apesar do peso numérico desta classe, ela não é facilmente mobilizável para finspolíticos. Mui-to poucos, dos seus membros trabalham em algo que se assemelhe, mesmoremotamente, com uma instalação industrial. O petróleò, que em termos de lucrosconstitui a base da economia iraniana, emprega cerca de 40 mil pessoas (menos de0,5% da mão-de-obra total), -e os aumentos maciços da produção de petróleo portrabalhador (2 000% desde 1950) permitiram uma redução drástica no número dosempregados das décadas anteriores. Os que trabalham na indústria damanufactura, encontram-se em esmagadora proporção, em estabelecimentosartesanais de pequena escala. Do número total de 225 mil estabelecimentosmanufacturais em 1972, 219 mil empregavam menos de dez pessoas, e em 1977calculava-se que 72% dos empregados em tais estabelecimentos (1,8 milhão)

encontravam-se em unidades de menos de dez pessoas. Uma minoria substancialdestes localizam-se em áreas rurais em pequenas unidades produtoras de tapetes etêxteis. O número de pessoas empregadas em unidadesindustriais desenvolvidas é provavelmente cerca de 700 mil, isto é, melaos de 7%da população total economicamente activa. A classe assalariada urbana é por issoextremamente fragmentada. Contudo, certas secções da classe trabalhadoraurbana conseguiram exercer uma influência maciça nas estruturas salariais desdeas subidas do preço do petróleO em 1973, usando as suas posições comotrabalhadores especializados para provocarem um aumento de salários de 30 a50% por ano. Isto provocou protestos dos patrões, tanto nacionais como,estrangeiros, e o regime tentou abalar as pressões salariais e encorajar umaurmento de produ[tividade com pseudo-programas de assistência social. Oregime iraniano tem tentado em vão incorporar a classe trabalhadora. de cujasenergias necessita, aos seus esforços para aumentar a produtividade e paraimplementar um programa de expansão económica.O regime do Xa recebe mnaterzal ju guerra; de todos os países rnperiai stas. Emcima o avião norte-amercano F-5UMA BURGUESIA DE ESTADODo outro lado da barreira de classe, foi criada uma burguesia do estadograndemenýe aumentada. Nos termos mais gerais, esta burguesia - a classe quedirecta ou indirectamente a b s o r v e a maior proporção dos excedentes dopetróleo e cujos interesses o regime defende - pode dividir-se em três sectores: osescalões superiores do aparelho de esta do tanto militar como civil, osproprietários capitalistas com extensas propriedades e os empresários privados,que sededicam à finança, ao comércio e à indústria. Esta bur guesia como um todo,depende para a sua sobrevivênèia do for necimento, pelo estawd 1 : soseconómicosnómica, e nxdente c'1o.nTEMPO- N.'44- 4

países ço mo a Índia. Contudo, esta classe é capaz/de certas iniciativas limitadas: ela demonstrou que emboraaproveite os benefícios decorrentes dos programas do Xá para o desenvolvimentoeconómico, não está preparada f para colaborar nos programas deinvestimento a longo-prazo necessário para consolidar o capitalismo iraniano.O capital privado do Irão está esmagadoramente localizado no comércio e nosimóveis. O capital está cada vez mais a ser enviado para o estrangeiro porqueaqueles que vão enriquecendo no Irão, sentem que a prosperidade actual étemporária e preferem colocar os seus fundos em países capitalistas mais seguros.Mas apesardum certo mal estar que reina entre classes e o regime de Pa hlavi, é claro que eleé um regime capitalista que defende os iateresses da burguesia iranianaMesmo que a forma especifica do estado capitalista no Irão seja derrubada - oregime de Pahlavi - a burguesia iraniana re ceberia certamente; uma poderosa

ajuda internacional não só dos estados Árabes como-dOs E.U.A., para defender asua posiçáo,Cronologia da confrontaçãof/ 15 de Novembro de l977 Durante uma visita do Xá a Washington," x6estudantes são assassinados pela polícia quando esta tentava dispersar um grupode 4, mil pessoas numa sessão de. leitura de poesia na Universidade de Teerão.Cerca de so universidades encerram ou entram em greve.9 de Janeiro de 1978 - A polícia assassina 7o pessoas entre os 5 mil manifestantesque na «cidade santa de Qom protestavam contra um artigo publicado num jornaldo governo insultando o «ayatollah Khomeini. O massacre pôs em movimentouma sucessão de manifestações realizadas de 4o em 4o dias, termo tradicional doluto muçulmano.í8 de Fevereiro - Líderes, políticos e religiosos apelam ao encerramento docomércio para chorar as vítimas do massacre de Qom. Em Tabriz, a grevetransforma-se num levantamento popular que a polícia recusa reprimir. Mais deSo estabelecimentos bancários são atacados. O exército intervém 36 horas depois,apoiado por tanques (fabricados nos EUA e na Inglaterra) massacrando mais roopessoas e prendendo 6so.28/3o de Março - Greve queassinalam o massacre de Tabriz, por ocasião do 4o.0 dia de luto, são reprimidascom mais assas.sinatos.9 de Maio - Novas manifestações em Qom, Tabriz e 30 outras cidades.Prolongam-se e alastram-se a Teerão, onde osTEMPO . A.23 4Rmanifestantes s e confrontam com a polícia no mercado.17 de Junho - Luto nacional sem incidentes decorre -na capital e em várias outrascidades.22 de junho - Confrontações na «cidade' santa» de Mashad provocam 25o mortos.5 de Agosto - O Xá anuncia a realização de eleições para Junho de x979.12 de Agosto - É decretada a lei marcial em Isfahan após tumultos de três diasque vitimaram 1oo pessoas.59 de Agosto - Estranho incêndio vitima 377 pessoas num cinema em Abadan. Asua responsabilidade é atribuída ao Xá pela oposição. Geram-se manifestaçõesque culminam com a intervenção de tanques.27 de Agosto - Q Xá nomeia um gabinete novo na esperança de diminuir apressão exercida pela oposição.4 a 7 de Setembro -, Gigantescas manifestações pacificas decorrem em Teerão.8 de Setembro - Lei marcial é instaurada em Teerão e em li outras cidades. Tropas7,. ,'er fogo assassinando z5 yý as e ferindo centenas o os't. Ge neral Ali Oveissi énomcado gcvernador da lei marcial.io de Setembro - O Xá impõe censura à Imprensa, rádio e televisão e inicia vagade prisões de políticos opositores e jornalistas. Grupo de deputados abandona oParlamento recusandose a dar voto de confiançaao Governo do novo Primeiro-Ministro Sharif Emami: Outro deputado entra emgreve de fome em -protesto contra os massacres. Nos EUA. Carter analisa com o

secretário de Estado Cyrus Vance e o conselheiro da Segurança ZbigniweBrzezunski, a situação no Irão. Nos Estados Unidos, e na Itália decorremmanifestações de estudantes iranianos contra o Xá. Ayatolah Khomeini apela àinsurreição do exército contra a ditadura, e aos dirigentes políticos que se unam aoPovo para acabar com a di-adura.ii de Setembro - Cinc. pessoas são assassinadas em Teerão pelas autóridades. Oitoantigos altos funcionários incluindo o ex-ministro da Saúde e dois deputados sãopresos acusados de fomentarem a revolta. Frente Nacional de Oposição apela àmaior intensificação da luta contra o Xá. Comerciantes da áreaujtoUlah 3~-rIatmadarícentral da capital entram em greve.12 de Setembro - Ayatollah Khomeini é preso no Iraque e apela à greve geral. OGoverno proíbe a. publicação de cinco jornais. Registam-se atentados contracapitalistaS'iranianos naItália. O Presidente Jimmy Carter dos EUA telefona ao Xá prometendo-lhe apoio.Ayatollah Nouri, importante dirigente da oposição, o ex-vice primeiro-Ministro,Aktar Etemad, e outros ex.ministros são detidos, acusados de fomentarem arevolta. O antigo Primeiro-Ministro Ali Amini revela ao jornal «Le Monde», deParis, que durante as manifestações antigovernamentais 2 mil pessoas foramassassinadas. Deputado da oposição crítica violentamente a ditadura do Xá. Nacapital milhares de pessoas participam nos funerais das vitimas. Em Qom eMeshad, milhares de manifestantes são dispersos pela policia, que faz mais cincoassassinatos. As autoridades exigem. aos comerciantes o fim da greve sob ameaçade sanções.13 de Setembro - AyatollahNouri, apela da prisão à greve geral. Deputados daoposição criticam fortemente o Xá no Parlamento pela imposição da lei marcialsem consulta prévia ao Parlamento. O edifício do Parlamento é cercado peloexército apoiado por tanques.20 de Setembro - Éanunciado que os EUA pretendem ex ' portar para o Irão, 250milhões de dólares em material bélico para instalação de manutenção de mísseisantiaéreos «Hawk». 21 de Setembro - O ex-Primeiro-Ministro, JamshidAmuzegar, demite-se do cargo de Secretário-Geral do Partido «Rastakhiz», assimcomo o seu tesoureiro, Ali Farschi. A constituição autorizava até Agosto, a1 d~EPILO

existência de um partido. O chefe da polícia de Qom é demitido. Durante umaentrevista, o Xá apela de novo ao Ocidente para apoiar a sua luta contra a arevolta popular.3o de Setembro - Em Mashad cidade do leste do Irão, decorre uma manifestaçãode 40 mil pessoas que é reprimida pela polícia onde resulta um morto e umferido.de Outubro - Perante aexigência popular, o Xá promulga uma amnistia de certo número de presospolíticos. Um chefe de polícia é abatido. A Frente Nacional de Oposição apela àgreve geral. Eclodem confrontações entre manifestantes e autoridades. O

Governo autoriza o regresso do Ayatollah Khomeini. Três pessoas são mortas emKumansh e 21 feridas. As cidades de Rezayeh e Azerbaidjan são palco demanifestações. Em Desfoul 20 mil manifestantes antigovernamentais desafiam alei marcial. Cinco cidades estão paralisadas, lojas escritórios e bancos entram emgreve.5 de Outubro - Numa manifestação realizada na cidade de Kermanshah, a polidareprime uma demgnstiação causando 12 mortos.7 de Outubro - Hospitais ministérios, empresa estatal de tabaco, os correios, aelectricidade, a refinaria de petróleo, a Cruz Vermelha iraniana,estabelecimentos de ensino de todos os níveis, táxis, rádio e televisão, companhiaaérea nacional aderem ao apelo para a greve geral. Cinco cidades ficamparalisadas. O exército toma posições em estabelecimentos de ensino nasequência de confrontações com a polida.9 de Outubro - A guarda es,pedal do Xá patrulha Teerão e outras cidades apóstumultos, enquanto a greve geral se alastra também a repartições públicas,centrais de energia, fábricas, transportes ferroviários, rodoviários e atinge aactividade judicial, ficando todos os julgamentos interrompidos. Na cidade deAmol a i8o quiiómetrosda capital, em Batal, a 211 kI a nordeste de Teerão, três pessoas são assassinadaspela polícia. Ayatoilah Khomeini apela aos estudantes para encorajarem oexército a insurgir-se contra o Xá e a apoiarem greves de operários e funcionários.i i de Outubro - «Teliat* e «Kayaham» principais períodicos iranianos aderem àgreve geral E noticiado que se prevê a revisão do gigantesco orçamento militardo regime do Xá, a encomenda de 2 mil carros ingleses «Chleftain», sete radaresvoadores norte-americanos, e oito centrais nucleares. Num total de 6oo milfuncionários já aderiram à greve geral.17 de Outubro - GKeves e manifestações decorrem nas cidades de Andimeshk,Dezful e Zanjan. Durante cerimónias de luto pelas vítimas da polícia iraniana,mais 16 pessoas são assassinadas. Em Teerão, soo mil manifestantesantigovernamentais concentram-se no principal cemitério condenando osmassacres de 8 de Setembro. A «Frente. Nacional de Oposição apresenta umamoção de censura e denúncia exigindo explicações ao Xá acerca dos massacres,fim da lei marcial e julgamento de funcionários corruptos. O ex-chefe doorganismo governamental de espionagem «Savak» é submetido a julgamento.19 de Outubro - O Xá envia um emissário a Paris para pedir um encontro comAyatollah Khomeini, que recusa encontrar-se com ele.22 de Outubro - As autoridades assassinam vários manifestantes durante umademonstração de 4 mil pessoas em Teerão 23 de Outubro - Secretário-adjunto daDefesa dos EUA, Charles Duncan acompanhado pelo director da venda dearmas do Pentágono, tenente-general, Ernest Graves mantêm conversações com oXá Mohamed Reza Pahlevi e visitam instalaç%6es militares nas cidades delsfahan e Shiraz.- Vinte e oito políticos daoposição iraniana endereçamuma carta aberta ao Presidente Jimmy Carter criticando o seu apoio ao regime doXá e o seu silêncio perante os massacres.

24 de Outubro - EmGorgan, a 300 quilómetros da capital, 3o mil manifestantes são dispersos a tiromorrendo nume rosas pessoas. Os manifestantes incendeiam bancos,estabelecimentos públicos, cinemas e restaurantes. Em Hame4an, 120 milmanifestantes são dispersos por comandos que assassinam numerosas pessoas. Nacidade de Khorrambad durante uma manifestação de 2o mil pessoas a políciafaz mais três vítimas.26 de Outubro - Em Jabrom, cidade meridional do Irão, é abatido um outro chefeda polícia. O administrador da lei marcial na cidade é ferido. Completa-se 30 diasque decorre uma greve na Indústria petrolífera.29 de Outubro - Quinze milestudantes e roo professores manifestam-se contra a política do Xá no interior daUniversidade de Teerão durante a reabertura do estabelecimento após umencerramento provocado por ou tras manifestações realizadas. A manifestação éreprimida .e a universidade é cercada pelQ exército. Em Machhad é imp.storecolher obrigatório e em Ahwaz, um dos maiores centros petrolíferos . Asmanifestações são proibidas... O Governo estabelece plano de emergência parapôr termo à greve nos sectores vitais, nomeadamente, energia, água, telefones,abastecimentos, transportes, hospitais e indústria petrolifera. Na gigantescafábrica de refinaria de petróleo de Abadab, os trabalhadores reiniciam a greve e30 mil empregados bancários aderem àgreve.i de Novembro - o exércitoocupa instalações petroliferas do país paralisadas. Nai sequência desta greve, aexportação de- petróleo que constitui a maiorfonte de divisas para o Irão, cessou. Carregadores de petroleiros e pilotos derebocadores entraram igualmente em greve* de solidariedade com os seuscolegas.2 de Novembro - Trabalhadores portuários aderem à greve geral. O BancoNacional do Irão paralisa todas as operações bancárias e os juizes da cidade deSanandki, a ocidente do país. largaram o trabalho em protesto contra o assassinatode ii pessoas aí cometido pela polída.3 de Novembro - Segundo o «National Iranian 01l Com pany» a produçãopetróleo baixou de 5,8 milhões de barris diários para 2 milhões. A ilha de Kharg,principal terminal petrolifera do país continua com 29 petroleiros de grande porteparalisados. Cerca de 6 6oo ooo con tos é o valor do prejuízo já causado pelagreve.4 de Novembro - Exército assassina sete estudantes e fere gravemente outros trêsdurante uma manifestação na Universidade de Teerão para assinalar o aniversáriodo prolongado exílio do Ayatollah Khomeini. Os manifestantes q u e gritaram«morte ao Xá> incendiaram bancos, viaturas e retratos do Xá. Registam-seconflitos laboriais que paralisam trabalho em fábricás e estaleiros.5 de Novembro - Cerca de 6o mil estudantes desfilam da Universidade de Teerãoaté aos quarteirões centrais da capital condenando o Xá e apelando à revolta

popular. Os professores juntam-se à marcha dos estudantes, que incendiaram oMinistério da Informação entre outros edifícios do Governo. Durante amanifestação que dura o dia inteiro, a voz do Ayatollah Khomeini exilado noFrança, é ouvida através de altifalantes. Os tralalhadores das telecomunicaçõesentram também em greve exigindo melhoria de condições de vida, aumento desalários, fim da lei marcial, libertação de presas políticos e melhoria do custo devida. A Frente Nacional Iraniana apela para o derrube do regime do Xá.TEMPO N.- 423 - pág. 49

A agressão UgandesaàTanzâniaNa madrugada do dia 27 do mês passado um avião da força aérea ugandesabombardeia a localidade tranzaniana de Bukoba e é poste riormente abatido pelaartilharia antiaérea tanzaniana. No dia seguinte mais 2 aviões ugandeses sãoabatidos, desta feita, sobre a área de Kyaka.,,Mantivemos o silêncio e nãodemos muita importância a estes incidentes», diria o Presidente Julius Nyereredias mais tarde. Porém, no dia 31, começa a invasão. Milhares de soldados doexército ugandês apoiados por tanques e artilharia pesada, penetram em territóriotanzaniano cerca de 30 quilómetros ocupando 700 milhas quadradas a oeste doLago Victoria. As aldeias de Muiziro, Kalunyo e Mutukula são atacadas.Nessa altura o governo tanzaniano reage fortemente declarando o país em guerracontra as forças ugandesas e reforçando os seus contingentes na região doconflito.Antes da invasão, o Presidente ugandês, Idi Amin, fez uma série de acusações àTanzânia que pouca credibilidade ganharam nos círculos diplomáticos deKampala e Dar-es-Salaam. Em Setembro a Rádio Kampala. ci tando Idi Amin,dizia que tropas tanzanianas tinham ocupado parte do território ugandês comauxilio cubano. Dias depois da invasão Idi Amin chamou o encarregado denegócios cubano na capital ugandesa e disse-lhe que o Uganda queria reforçar asrelaçoes com Cuba.Por entre o nebulado de ambiguidades e falsidades os observadores crêem que aorigem imediata deste conflito provocado pelo presidente Idi Amin foi o motimde tropas ugandesas num quartel situado a cerca de 40 quilómetros da fronteiratanzaniana. Segundo notícias divulgadas na altura essas tropas amotinadasmataram 150 soldados fiéis a Idi Amin. O motim, que durou três semanas, foiaparentemente pro-vocado pela demissão do vice-presidente d o Uganda, Muztafa Zdrisi, nasequência de um estranho acidente de viação que o levou a procurar tratamento noestrangeiro onde se exilou. Após estes acontecimentos que envolveram a figura deZdrisi,. ter-se-ia dado o motim entre as tropas ugandesas provocando umamovimentação política interna que Idi Amin procurou afastar inventando uminimigo externo, argumentam os observadores.Desde 1971 que uma série de escaramuças fronteiriças têm posto a Tanzânia emestado permanente de alerta contra o exército de Amin. Desde essa altura o

presidente Amin tem reivindicado parte do território tanzamano che gando mesmoa reclamar toda uma faixa do norte até ao mar. Nessa altura Idi Amin teria pedidoajuda militar à Grã-Bretanha para a invasão à Tanzânia. ajuda essa que os inglesesrecusaram, seguindo-se então as já famosasQuandoA frieachoraJoanesburgo, 1975. Já lá vão cinco meses que o filme está a correr e a sala deespectáculos do riquíssimo bairro de Houghton continua ch a uma plateia......racise.. racismoralissimo império do paternalismo. Nesta noite de sá. bado o ambiente perfumadodo «hall» de entrada regor. gita de sofisticados comentários sobre «as inexperiên.cias» dos países africanos independentes. Um chocalhar de risinhos estala na salaescura. No ecran, Idi Amin vai dando corpo à imagem que as agências noticiosas,jornais, televisões, o cinema, e ele próprio criaram da estranha mistura de umhoniem rme ou;lt rorapeão de boxe e hoje é presidente do Uganda. Idi Amin gaba-se dos 18 filhos quefez a várias mulheres; «nunca falho o alvo», diz ele com uma risada que fazestremecer os seus um metro e noventa de carne Idi Amin «fala» com oscrocodilos do lago Victória, promete tomar os montes Golan com os seus pára-quedistas e organiza uma reunião com os seus ministros para Lhes falar de um rorde banalidades como quem admoesta criuc-inhas malandras. E ofilme prossegue neste tom, nesta palhaçada monstruosa a que o presidenteuganclês habituou meio mundo, para gáudio de muitas institui. ções que dissofizeram-gorda fonte de lucros. Se fosse Idi Amin o único alvo dos risos cor-de-rosa desta e doutras plateias, se fos. se Idi Amin o único motivo desta chacota,tudo estaria bem e reduzi-lo-íamos à dimensão inofensiva de uma comédia demau gasto. Mas não. Idi Amin, mais do que facto 4 Drd:-

provocações verbais de Amln a instituições políticas da Inglaterra. Os ingleses,que haviam colaborado no golpe de estado que derrubou Milton Obote e levouAmin ao poder, não estava-i inr. teressados em ser cúmplices o a-que a um paistão prestígiaIO :jternacionalmente como a Tati; zàiiia.Para além destes acontecimentos há a ter em c ont em que eles se eeriolam e teceruma série de consildera que pelo menos possibilitem umapapel de Idi Arnin nEtn , z continiente arcn ~-epeháda n1wma a-tdade d eauran respeito à ,luta de iÍberta cional na Affrica AusTral. ficamente, noZimbabwe, todo o interesse do ImperI ver a Tanzânia «ant marradaý*dies do "seu terrÍlitórL-9 dédo assim dar todo, o si diDuto à libertação da pa docontinenteý.Obetvostitum.se 01,í'r v<~ Incio a conta nlkr ýões parapolitca sk Coberto daiva para o retorno A 'ai -t inh m operado, em partidos pocívil na NigrIa Ou Espera-se que surjam quatíe

o de 1979. O sinal foi dado pelo dos políticos; co tuO, a: Caaee de EstadoGeneral. Olusun nas três foramnuasanio numa comunicaço à nâção informações divulgadas sohre:l; 'dio e pela TV. feita no passado tidos jd criados - e :que são ia 21 de Setembro,quandd _l anun- parí poderem fazer umaI WAIiou que o estado de Ea eGmpia im- forças sociais q rese t5n- mosto ao país quando os- mlitares t. tanto da seu soiait ldeú lJgCexram o poder em 198 tinha agoa. os que se seguem:sato, e que o Governo Militar Fe~I nh decidido levantar a proi- .DUN,o das actividades políticas, 0 UART.DO .Uk UNIDADEMenos de 24 horas depois da comu- DA .IG ..A::UP.)n.caçáo de Obasanjo, os políticos que vinham trabalhando clandestinamenteLiderado pelo Chefe Obafenit durante os últimos meses, puseram-se wo, antigolíder do agora extint em acção transformando as organ' - põ de Acção» o UPNnascePretexto para se'ir racistiamente mais longe do que a sua pessoa, mais longa atédo que a sua presidência. Esta e outras plateias ao apontarem para Idi Amin nãopronunciam o seu nome mas, ,sm o nome de Africa.sem de rir. Esses risos formam; objectivamente, un'aá cumplicidade -:or-mais ef.mera que ela seja. 'Esses ri soa africanos, acnompanhados Pela persistente recusaa uma denúncia pública de 1dAfrica sabe que ele n o-re :Amin e -do seu regime de presenta senão a eIsprópjýIio or, são como que aplau megalomania temporária aos à obra-primade.'aägstía um reinado sem futuro. .,je é actuialmente o Ugai-ida, Por isso-mesmo, muitos- -milhares de mo-,rtos às _anze s africanos que e roIdadesca dor,,le- comr ele -nas ins- :urna eúnOlia sem o mníinmo,: e» í, tfrica. qe Cei: 4eér.... atestam a necessi_

PARTIDO DO POVONIGERIANO (NPPEmbora o NPP não tenha ainda escolhido um líder, inclui entre os seus membrosmais importantes Alhaji Waziri Ibrahim, um antigo ministro no último governofederal. O NPP é a união de três grupos parapolíticos que foram formados antesdo levantamento da proibição de actividades políticas. Eram estes o Conselho daUnião Nacional. Club 19 (devido aos 19 esta-Obafemi Awolowodos da República Federal) e o Conse. lho para a Unidade e Progresso Nacionais.Na conferência de imprensa inaugural Alhaji Wazlri expõs um programa com setealíneas, que abarcava: igualdade de oportunidade política, cívica e económica;pleno emprego e educação grátis. Apresentou também uma lista de 42 nomes defiguras nacionalmente conhecidas de todos os cantos da Nigéria entre ossimpatizantes do NPP.PARTIDO NACIONAL DA NIGÉRIA (NPN)o terceiro novo partido a ser formado em Lagos no mês passado, o NPN incíuivários Nigerianos proeminentes. Entre eles contam.se os antigos ComissáriosFederais Shehu Shagari, Richara Akinjide, Joseph Tarka e Inua Wada. A eles se

juntaram o Major General Adeyinka Adebayo e o antigo Inspector Geral daPolícia, Kam Selem, bem como vários membros da recentemente extintaAssembleia Constituinte Ainda não se conhecem detalhes sobre a liderança e oprograma do NPN.AS ADVERTÊNCIAS DE OBASANJOi" da meia-noite, o Gen- Ii sý ý -; políticos do paisque «com a ressurreição da política de partidos, gostaria de recordar a todos osaspirantes e a todos os nigerianos. que as questões que conduziram o pais a umatrágica guerra civil não estão ainda muito longe e que devemos abstermo-nosdelas.»O líder nigeriano disse também que «a democracia não é sinónimo duma doentiae excessiva luta pelo poder; nem significa necessariamente consegui- sempre omelhor homem ou a me-Alhaj; Inua Wadalhor equipa para conduzir o governo.» «A democracia» disse ele «significa que ogoverno deve ser guiado pelos desejos da maioria no interesse de todos.»Anunciou depois que um novo decreto seria promulgado para cobrir o restanteperíodo detempo em que ainda existirá o governo militar. Ele dará poderes aoChefe de Pessoal e ao Director da Policia para deter «elementos indesejáveis»para além de 24 horas. Outro decreto, declarou, será também promulgado paratornar efectiva a nova Constituição para o país. Apêndices à Constituição,aprovados pelo Conselho Militar Supremo, incluem a desqualilicação para aseleições de 1979, de pessoas culpadas em tribunal de corrupção, enriquecimentoinjusto ou abusa de poder. O Gen. Obasanjo anunciou também que para além douso da lnga,. inglesa para efeitos práticos, na Assembleia Nacional, as outras trêslínguas principais Hausa, Ibo e Yorub - podian ser utilizadas nos parlamentos.Darante a semana que precedýiu a emissão, o General dirigira-se às assembleiasde chefes tradicionais, lideres religiosos, administradores das uni versidades,funcionários públicos superiores, executivos dos meios de comunicação e oficiaissuperiores do exército todos eles convidados a ",ir a La-gos pronunciar-se sobre o papel que deverão ter quando a administração civiltomar posse em Outubro do ano que vem.PONTO DE ENCONTRODisse nesse encontro aos líderes tradicionais, incluindo o influente Sultão deSokoto, Alhaji Abubakar III, emirs, obas, obis e obongos ,que tinham sidoconvidados «por se ter reconhecido o papel fundamental que se esperava vi. riama ter, especialmente durante este delicado período de transição dum governomilitar para um civil, não só para assegurar uma transferência de poder semproblemas das mãos dos militares para as do Governo representativo eleito, mastambém pará assegurar uma regeneração moral, paz, e es tabilidade, daqui emdiante.» Exortouos 'i não se envolverem com políticas partidárias mas para«utilizarem o seu poder paternal e responsabilidade para reduzir construtivamewteas deficiências da sociedade, em lugar de contri. buir para a sua destruição.»Três dias mais tarde, quando se di rigiu aos líderes religiosos, o Gen. Obasanjoapelou para que eles «usassem o seu poder de oração para salvar o pais do caos

político», avisando de que «não devemos deixar-nos cair de novo na. quelas erassombrias em que os politicos - como barcos sem leme - permitiam à nação seguirsem qualquer rumo enquanto eles ou gozavqm com o passeio à deriva ouobservavam com satistação criminosa.» Falando aos administradores dasUniversidades, o chefe do governo militar nigeriano disse que erã dever deles«assegurar que os recintos universitários não lossem usados como terreno decultura para revoltas de estudantes.» Disse aos funcionários superiores doGoverno que «deviam adaptar-se ao novo sis tema presidencial de governo», disseele «nõo toleraria faltas na execução dos seus programas.»O Gen. Obasanjo recordou a todos que «tinham forçado as forças armadas a tomarconta do poder em 1966: as perdas, em termos de retrocesso físic9 eeconómico, destruição de vidas e de bens sãó inexprimíveis»acrescentando que «felizmente todos tivemos as nossas experiências amargas e,espero, aprendemos a lição.» 6Alhafi Waziri lbrahim

AMÉRICA LATINAPorquê luta armadaA compreensão do actual momento político na América Latina exige,naturalmente, uma reflexão sobre os seus antecedentes históricos. Porque,contudo, este apontamento não pretende ser essa análise, mas sim uma tentativade reflexão sobre o momentoý actual, dela só tentaremos salientar .os traçosfundamentais à sua caracterização.Em especial nas últimas décadas a história da América Latina foi marcada porincessantes lutas populares de resistência, confrontos de classe, mobilizações deoperários e camponeses, contra os governos e ditaduras impostos peloimperialismo, a quem as classes dirigentes entregaram todo o controlo daseconomias, e permitiram uma hegemonia e uma subordinação político-culturalpoderosas.As posições reformistas assumidas pelos partidos tradicionais que dirigiam aslutas dos trababalhadores desde os anos 30, conduziram a um processo dedispersão ideológica, aproveitada pelas burguesias nacionais para retomar acondução das massas trabalhadoras sob formas de populismo. Através defórmulas demagógicas as reivindicações operárias foram recuperadas eenquadradas no esquema capitalista.Com o triunfo da revolução cubana abrem-se porém novas perspectivas noContinente. Ela comprova a justeza da estratégia da tomada do poder através daluta armada e da reactivação da luta ideológica, como alternativa a con trapor aopopulismo burguês e ao reformismo na direcção das massasA década de 60 marca assim uma confrontação entre as direcções tradicionais dospartidos operários e urna nova geração de revolucionários inspirados pelo riunfoda revolução cubana.Desse processo surge a perspectiva da criação de grupos de guer-Voluntários panamianos para lutar na Nicardgua ao lado -dos Sandinistasrilheiro5 que se dispusessem a enfrentar de armas na mão os poderes nacionais e oimperialismo. Os grupos são de facto criados em quase todos os países da

América Latina mas, um após outro, são até ao fim da década quase totalmenteexterminados.A análise autocrítica dos sobreviventes e continuadores desse movimentorevolucionário atribui a derrota «ao desconhecimento do marxismo-leninismo e ànão assimilação das experiências anteriores do movimento operário noContinente.,, Essas insuficiências, materializaram-se essencialmente na nãocompreensão da ne cessidade de organizar Partidos revolucionários, e na ãocompreensão da necessidade de desen volver correcta- po]ticas de alian ças Issotornar - batalha muito desigual conwx; ao isolamento dos gaerriihç -à e. cm oseuLt e X run TIiO. c« c ¿ U';l de »r dício 1a - _»cs re«, : nSe a derrota foi dura, ela não foi --como não podia ser - o fim do processo de lutados explorados da América Latina. Essa autocrítica, que esboçamos acima emduas linhas, não foi, evidentemente, um processo linear, não foi um processoconclusivo. Ela foi o aprofundamento da luta ideológica no seio das forças darevolução. O debate com o reformismo centrou-se então fundamentalmente nocarácter da revolução a fazer, nas políticas de alianças, seu carácter, na estratégiapara a tomada do poder.Porque as organizações revolucionárias souberam transportar esse debate para oseio das massas trabalhadoras, nelas se inseriram de maneira segura. Issoconduziu urna nova situação pré-revolucionária, generalizada a quase todo oContinente.ý-;» pro'esso (e o processo a níel global, de todo o inundo, ondo as forçasprogressistas e revo-

AMllCA LATINAlucionátias infligiam fortes golpes ria flegemonia imperialista, concLuziram a umenaurecímeno uo imperialismo.-A crise prolongada do capitalismo munaial não lhe permite outro modelo paraesse Continente que naoseja o surgido da contrarevolução, cuja hegemonia foi imposta pelo capital dos monopólios financeiros. Assim o imperialismo organiza eorquestra sangrentos golpes de estado militares, e entrega o poder a ditadurasmilitares que, através da implantação -de estados de excppção desenvolvem umaguerra aberta contra a classe operária e o povo, expressa pela perseguição política,pela imposição de políticas económicas e salariais ditadas pelo FMI, pelàrepressão indiscri. minada.Breve, porém, a história mostra que as ditaduras - vítimas das suas própriascontradições - só se poderão aguentar no poder o tempo que as vanguardasrevolucionárias necessitam para formular urna táctica que se apoiefundamentalmente, na classe operária a agite e a enquadre na luta, permitindo-lheassumir a condução das restantes camadas do povo, hoje numa posição deoposição 'passiva às ditaduras, ao mesmo tempo que exploram as contradi ções noseio da burguesia.. essa a alternativa das forças revolucionárias da América Latina à via reformista,que através da difuaáo de ideias pacifistas e libèrais,-do legalismo e doparlamientarismo, tem permitido o re. orço das classes inimigas e que os- seus

exércitos levem a cabo os mais ferozes massacres sobre o povo, atemorizado coma ideia de que as-ditaduras são invencíveis.- nessa, reflexão que se prova a justeza da utilização da luta ar :mada comoforma privilegiada de luta e, essencialmente, a oportunidade, a urgência, dautilização dessa córno de todas as formas de luta para a tomada do poder. .quando o. imperialismo não tem alternativa para as ditaduras, como acontece nomomento actual em -relação à' maioria dos países ,da Anérica Latina. TMPO N.423-pág. ý4E essa não é só a alternativa, a estratégia, preconizada pelas forças revolucionáriasda América Latina, como é já também, a prática dessas forças revolucionárias,neste momento, em alguns países da América Central e noutros do Cne Sul doContinente. É por exemplo o caso dos Montoneros na Argentina. Ao fazer da suaacção - político-militar - o apoio ao movimento operário nas suas lutas sindicais ede massas, ao fazer da sua acção - político-militar - o apoio à constituição- e às reivindicações de uma frente patriótica antiditadura, os Mon tonerosconseguiram já hoje dois anos de luta - imprimir ao movimento de massas, no seutodo, ao movimento operário, no seu todo, ao movimento de frente antiditadura, noseu todo, o carácter revolucionário da sua Linha.A dinâmica imprimida pelos Montoneros a todo esse movimen to, o seu papel-revolucionário e determinante nessa dinâmica, conduziram a que a bandeiramontonera seja a bandeira da resistência e a bandeira da luta nos sectoresfundamentais da luta do povo argentino.A sua estratégia é a estratégia desenvolvida pelo MIR na Bolívia, é a estratégiadesenvolvida pelos Sandinistas na Nicarágua, é a estratégia desenvolvida pelasvanguardas revolucionárias dos povos de El Salvador e da Guatemala, que àsemelhança do que acontece na Nicarágua, intensificam de novo grandemente aguerrilha. É a estratégia dos Tupamaros para o Uruguai, é a estratégia do MIRpara o Chile.É interessante analisar por exemplo o caso dos Sananistas. Os Sanainistasenquadravam originalmente tres correntes essenciais: os «terceiristas», ospreconizadores da «guerra popular prolongada» e a «tendência proletária.» Osprimeiros, também confie cidos por «insurreccionistas», preconizavam aconstituição de uma frente ampla, a insurreição geral, e a subsequenteconstituição de um regime de transição. Como forma de pressão defendiam autilização da guerrilha urbana, os ataques a quartéis, etc. Os da «guerra popularprolongada» defendiam a criação de bases nas montanhas, e uma guerrilha prolongada, de desgaste. A «tendência proletária» a luta pela hegemorna doproletariado.Do debate sério e aprofundadd nasceram: primeiro a decepção de uma plataformatáctica comum. Depois a materialização dessa táctica. Passaram a fazê-lo. Quevemos hoje? Vemos que os bandinistas são o movimento que desencadeou aguerra contra Somoza, que dirige e enquadra o movimento de insurreição geralem todo o país, que imprime o carácter às reivindicações da fren te ampla anti-somozista.

Apesar da absoluta impopularidade de Somoza, apesar do colapso eminente doseu regime, apesar de não se vislumbrar hipótese nenhuma para a suasobrevivência, o imperialismo continua apoiando Somoza, deu ordens àsditaduras da vizinhança para intervirem em seu apoio, não está totalmente postade parte a hipótese do imperialismo intervir directamente. Porquê? É evidente:porque não tem na Nicarágua alternativa nenhuma para Somoza e porque, sabe, osSandinistas são a pior alternativa para preservação dos seus interesses.Isto prova claramente que a análise do movimento revolucionário é justa, queé.justaa sua estratégia e a sua táctica. Encontrada a estratégia correcta:a AméricaLatina vai ser novamente a partir de agora. «foco. de tensão» permanente.Mendes de Oliveira

PORTUGALýTransição para qu...(2)No artigo anterior observámos alguns aspectos da grave crise política e socialportuguesa e fomos procurar ao p.ercurso histórico do país após o 25 de Abril de1974 algumas das razões da actual situação.Voltando agora à actualidade vamos encontrar uma enorme desmobilizaçãopolítica das massas populares, um desânimo e um encolher de ombros perante adegradação da sua qualidade de vida e perante as constantes provocações dareacção.A crise económica trouxe uma subida n. taxa de desemprego e esta imediatamenteconduziu a um grande aumento do banditismo e da prostituição Hoje, a todas ashoras do dia ou da noite se encontram nos passeios de Lisboa mulheres que sevendem. Os assaltos são constantes e os bandidos parecem gozar de certaimpunidade. Bandidos conhecidos pelas suas façanhas e apanhados em flagrantedelito são postos em liberdade ou fogem às dezenas das prisões onde cumprempena. Dos Pides presos após o 25 de Abril não devem estar na cadeia mais de trêsou quatro.Esta situação cria na população um estado de insegurança. Ouvi mulheresqueixarem-se que a sua liberdade tinha diminuido com o 25 de Abril porque antesiam para onde queriam de noite e hoje têm medo de sair à rua sem companhia.Este tipo de comparação é constante. A falta de politização que muitas pessoasmantêm leva-as a comparar os males actuais com a relativa estabilidade e a «pazpodre» em que viviam durante o fascismo.No sector económico este fenômeno assume aspectos igualmente graves, Apesaide nacionalizada, a banca nunca se afastou muito do tipo de gestão capitalista quesempre tinha praticado. Não auxiliou as empresas nacionalizaias nem ascooperativas ou as empresas em autogestão. Os créditos às unidades colectivas dazona da Reforma Agrária nunca foram muito grandes~ tenêr --m riesmoEsta situação, aliada à saboagem económica dos antigos patrões e à natural faltade experiência de gestão de muitPs trabalhadores conduziu grande parte destasempresas a uma situação económica grave. Isto abriu as portas à propaganda dareacção e à devolução das empresas aos antigos donos.

Esta devolução, bem como grande parte das outras medidas contra os interessesdos trabalhadores portugueses, são igualmente exigidas pelo grande capitalismointernacional, em especial pelo Fundo Monetário Internacional, como condiçãopara que Portugal possa receber os grandes empréstimos com que o governosocialista procura resolver a crise económica.Através de uma dura pressão económica o MF1 fez exigências a Portugal que sãoclaramente uma ingerência nos assuntos internos do pais. As medidas que foramtomadas para obedecer a essas exigências, como não podia deixar de ser,favorecem apenas os interesses da burguesia, fazendo com que sejam ostrabalhadores a pagar o pesado preço'da crise económica.Os bancos portugueses pagam hoje pelo dinheiro posto a prazo pelos seusdepositantes, um juro de cerca de 20%. Se pensarmos que o banco tem que reaveressa taxa, e ainda os seus lucros, dos empréstimos que faz às em. presas e pessoasque necessitam de crédito, vemos que o crédito sai ca. ríssimo. O pequenocomércio e a pequens indústria têm a maior dificuldade em suportar estesencargos e isso conduz frequentemente à falência. É este crédito a custos elevadosque es tá, por outro lado, na origem das ren. das de casa escandalosamente carasque referimos no artigo anterior.Em resumo, quem tem dinheiro e o deposita nos bancos vê esse dinheiroreproduzir-se m u i t o rapidamente. Quem não tem dinheiro e precisa decrédito para criar uma empresa ou para a desenvolver, tem que -pigar esMas isto passa-se com uma banca nacionalizada. Uma banca que deverialogicamente estar ao serviço da construção do Socialismo que a Constituiçãoprevê.A banca nacionalizada não apoiou de.vidamefte a Reforma AgrdriaE voltamos ao problema da forma como está a ser posta em prática, em Portugal,esta «transição para o Soclamo»Após a entrada em vigor da Consti-' tulção, realizaram-se eleições para aAssembleia da República e para a Presidência da República.Tudo isto se passa, noentanto, com o pafs ainda debaixo da influência do golpe militar de -direita de 25de Novembro e do clima de anticomunismo h5 ýýlérico desencadeado pelospartidos... ireita e por um do partido Socialista.TEMPO N." 423- íg' 55

PORTUGALEste Partido Socialista, de longe o mai votado em todas as eleições realizadasapós o 25 de Abril, é em grande parte a chave para a compreensão da actualsituação portuguesa.Com um programa claramente de esquerda, com bases marxistas, mas compersonalidades na sua cúpula defendendo uma vasta gama de posições, o PSatraiu a si uma massa de votantes com interesses de classe muito diferentez. Paramanter esta mobilização eleitoral os dirigentes do partido têm procurado manter aindefinição actual sobre os verdadeiros objectivos do partido.

O facto de ser de longe o mais votado, deu ao PS uma grande força a nívelparlamentar: Quer as forças de esquerda quer as de direita precisam dos votos doPS para que as suas leis sejam aprovadas na Assembleia da República. Osdirigentes do partido aproveitaram-se disso para tentar governar sem aliançaspermanentes. Vo tando nuns casos com a direita e noutros com a esquerda,Mários Soares conseguiu aguentar o seu 1 Governo Constitucional durante cercade um ano. O seu profundo anticomunismo, no entanto, depressa o foiempurrando para uma aliança privilegiada com a direita.Esta tendência foi-se agravando à custa de progressivas cedências como é, o casoda contra-lei. da Reforma Agrária, do Ministro António Barreto e de umaincapacidade real para assumir um poder que só teoricamente dominava. Incapazde se aliar à esquerda por razões internas e por uma posição claramente contráriadas forças armadas, representadas pelo Presidente da República, o PS perdeu oapoio parlamentar do Partido Comunista. Os partidos reaccionários apro, i' ý,arampara lhe fazer exigências que não podia cumprir e assim caiu o I GovernoConstitucional. A formação do II Governo Constitucional reflecte mais umacedência do PS à direita. A coligação com o partido reaccionário CDS (Centro-Democrático Social) tinha o seu preço. O choque surgiu com a apresentação pe. loministro da saúde de um projecto de Serviço Nacional de Saúde. Este projecto,talvez a.única medida verda deiraimente socialista tomada por qualquer dosgovernos de Mário Soares, encontrou imediatamente a oposição do ÇDS, Estechoque, agravado porTEMPO N.1 423-pág. 56uma política de moderação na aplicação da lei Barreto, fez com que o CDSdesfizesse a coligação levando à queda do I1 Governo.Com mais esta crise política vai-se acentuar a onda de críticas e descré. ditoperante o sistema pluripartidário parlamentar. Da extrema esquerda à extremadireita sucedem-se as críticas a um sistema que manifestamente se mostia incapazde resolver os problemas nacionaisÉ comum ouvir-se em conversas dizer que os partidos não se entendam e o país équem paga a conta desse desentendimento.Mdrio Soares, Primeiro Ministro e dirigente socialista diz que não há condiçõespara a passagem ao SocialismoEste descontentamento tem, no entanto aspectos diferentes conforme é encaradoda esquerda ou da direita. Ambos os sectores têm consciência que o verdadeiropoder se encontra nas mãos das forças armadas. Estas, depois do regresso àdisciplina hierár quica que caracterizou o pós.-25 de Novembro, estãoaparentemente controladas por homens fiéis ao actual Presidente da República. Épois o general Ramalho Eanes o fiel da balança política portuguesa. Grande parteda actual crise reside numa disputa entre o PS e o general Eanes, para ver quemocupa esse lugar de charneira no processo português. Consciente disto, a direitavai cana li7ar para o Presidente da República o seu descontentamento em relaçãoaos partidos, no sentido de o levar a uma posição de força que, pondo oparlamento em segundo plano, leve a uma recuperação capitalista mas firme eacelerada.

A esquerda, consciente de que não poderá pressionar mais para a esquerda umhomem profundamente antico-munista, procura manter o status quo, não como algo de desejável mas como ummal menor. É esta a posição do PCP,.por exemplo que leva este partido a posiçõesmuito cautelosas quer no p!aro político quer no sindical. A extrema esquerda,procura manter vivos os restos da enorme mobilização popular que durante 1.0período do pós 25 de Abril esteve na base de importantes conquistas das classestrabalhadoras.Neste contexto, o Presidente da República parece ter feito uma escolha clara aonomear o engenheiro Nobre da Costa para formar o III Governo. Homem ligado àgrande finança, Nobre da Costa trabalhou com Champalí. maud na SiderurgiaNacional e nas empresas de cimentos e esteve na ori gem das primeirasdevoluções de empresas aos antigos donos feitas durante o 1 governo de MárioSoares. Constituindo um governo de recuperação capitalista com elementos semfiliaçáo partidária, o Primeiro-Ministro e o Presidente da República pro. curavamo duplo objectivo da restauração dos privilégios burguesas com base num poderestatal forte baseado na hierarquia militar e do afastamento dos partidos doverdadeiro poder através da sua colocação numa posi ção secundária e pouco maisdo que correctiva das decisões do governo. Esta tentativa não resultou, no entanto,devido à atitude de firmeza tomada pela maioria dos partidos. Entrandoclaramente em choque com a Presidência, e 1 e s puseram o general Eanes peranteo dilema de ter que os aceitar como parceiros de primeiro plano no controlo dopoder do Estado ou ter que tomar posições inconstitucionais de força para fazervingar o seu projecto.A derrota do governo Nobre da Costa no parlamento levou esta contradição aoseu ponto mais agudo. O desfecho do processso não está ainda à vista, mas ossintomas parecem ir no sentido de uma vitória partidária. Mas a crise interna quedevora o sistema psrtidário, não está resolvida nem parece com possibilidades desolução.O ponto principal do problema português continua a ser que tipo de transição seestá a dar e para quê. O projecto socialista, esse parece cada vez mais distante.Machado da Graça

Noticifrio latumacionalURSSEm 7 de Novembro decorrido, assinalou-se a pAssagem do 61.' aniversário dahistórica Revolução de Outubro. Para resumir ,a importância deste memorávelacontecimento, citemos as palavras do nosso Presidente Samora Maehel; acercado significativa acontecimento da História da Humanidade, há tempopronunciadas:UI e, uC(UUT Ç~ILIUTU», GU7U3disparos contra o Paldcio de Inverno do'Czar foz um sinal para odesencadeamento da Revolução de Outubro«A realização vitoriosa da Revolução de Outubro pelo proletariado russo, sob adirecção do grande guia Vladimir Ilich Lénine, deu início ao desmoronamento dosistema capitalista e à edificação da nova sociedada "so cialista, à liquidação de

todas as formas de exploração e opressão... Para todos os povos do mundo, paramassas exploradas, para todas as forças revolucionárias, Revolução de Outubro eo seu grande guia Vladimir Ilièh Lénine constituem uma.fonte de força einspiração na luta».Nestas palavras, é bem acentuado que a actual correlação de forças existente nomundo,.c o n s t i t u i um avanço da marcha iniciada pela Humanidade naqueledia já longínquo de Outubro de 1917 que pelo actual calendário é 7 da Novembro.SwazilândiaNo décimo aniversário da independência da Swazilândia, no mês passado, oexército Swazique tený registado um rápido crescimento, - foi formado em 1973 com 65ohomens apenas- saiu para a rua em força. Foram colocados mil soldados em redor do estádioonde se realizaram os festejos e, segundo o «Star» de Joanesburgo, as estradasestratégicas estavam também fortemente guardadas. De acordo com rtodas asestimativas, o Rei Swazi Sobhuza II que conta 79 anos de idade, mantém aindaum apoio político generalizado, mas a intensificação dos preparativos de ordemmilitar sob a supervisão dos Chefes das Forças Armadas Maphevu Dlamini,primeiro-ministro desde 1976, sugere que o Governo não está totalmentedespreocupado acerca duma pos sível oposição.Há um ano, as manifestações dos professores em greve e dos seus adeptos,acalmaram após um apélo pessoal do rei. Mas o líder da oposição, AmbroseNgwane, detido pela última vez em Fevereiro deste ano, fugiu em Agosto logodepois de ter recebido nova ordem de detenção. Duas semanas mais tardeapareceram panfletos nas principais áreas industriais do país anundando um novoMovimento de Libertação Swazi (SWALIMO) e apelando para o derrube doregime de Díamini.Em Abril deste ano, o governo Swazi prendeu 39 membros do Congresso PanAfricano (PAC), expulsando mais tarde do país a maioria deles. Nove encontram-se ainda detidos, mas o antigo representante do movimento n a Swazilândia, JoeMkwanazi, residente naquele país desde 1963, chegou a Londres no mêspassado.Segundo as autoridades Swazis, a ofensiva contra os membros do PAC foimotivada por eles terem violado as restrições a actividade política e terem sidoimplicados com facções Swazi antigovernamentais. Ao ser libertado, Mkwanaziafirmou que fora o próprio presidente do PAC, Potlako Leballo, que instigara asprisões devido a dis-putas dentro do Partido; mas os líderes do PAC negam veementemente taisafirmações dizendo que tentaram em vão con vencer os swazis a não prender ouexpulsar os refugiados. «Não tivemos qualquer interferência na detenção daquelaspessoas» afir mou uni representante do movimento na ONU, David Sibeko.Em Setembro a Swazilândia prendeu também um importante membro doCongresso Nacional Africano da África do Sul, September Mohlongo, acusando-ode posse ilegal de armas de fogo. A policia de segurança Sawzi afirmou quecolegas de Mohlongo tinham estado ocupados a organizar bases de guerrilha..soonuía ii

A coberto da polícia oficial Swazi, o ANC e o PAC têm autorização para manterrepresentantes no país enquanto estes movimentos nacionalistas respeitarem asrestrições impostas às suas» actividades.Apesar da sua vulnerabilidade a um ataque da África do Sul e um certo grau deressentimento popular contra o exército, o regime Swazi parece seguro enquanto orei sobreviver e a economia prosperar, alimentada pelas ligações comerciais coma África do Sul e uma porta aberta a investimentos estrangeiros.A maior exportação do País é o açúcar, representando as 220 ooo toneladasvendidas no ano passado 35% das receitas de exportação. A indústria açucareiraestá predominantemente nas mãos de estrangeiros com uma participaçãominoritária do governo em empreendimentos como as gigantescas proprieda-des de Umbombo pertencentes à Lonrho. Há também uma nova moagem emconstrução com a participação da Tate & Lyle da Grã-Bretanha e a Coca-oa dosEUA. Os produtos citrinos são exportados para a África do Sul duma fábrica deconservas da Libby. E a Courtaulds da Grã-Bretanha é accionista da maiorfloresta feita pelo homem do mundo, a qual produz a segunda maior exportaçãoda Swazilândia, a polpa de madeira As minas Swazis produzem fer ro e asbestos,mas com a exaustão do minério de ferro de alta qualidade, a contribuição destasduas exportações declinou subitamente de 33% em 197o para apenas t6% emr976. Poderá brevemente explorar-se o carvão, que substituirá parcialmente asreceitas do ferro, Futuros planos económicos assentam sobre a continuação deíntimas ligações com a África do Sul, Os investimentos da África do Sul, ligaçõesmonetárias e uma predominância no mercado Sawzi são reforçados por umaafluência anual de mais de iooooo turistas atraídos, por exemplo, pelo casino daHoliday lnn na capital, Mbabane. Está prevista a abertura duma nova ligaçãoferroviária com a África do Sul que será inaugurada em Novembro e quesuplementará a saida existente por Moçambique através do Maputo. E, segundo oServiço de Notícias Gemini, está a ser estudado um plano para outra linha férrea aNorte do Transvaal que fará da Swazilãndia um corredor para as exportaçõesmineiras da África do Sul a caminho do porto de Richards Bay no Oceano indico.MauríciasNo meio duma considerável agitação económica e política, o mais importantepartido da oposição das llhas Maurícias surpreendeu os observadores políticosoferecendo-se para colaborar com o governo para arrancar o país duma situaçãomuito próxima do caos,TEMPO N. 423- pág. 57

Noc ino internacioinaiO oferecimento, feito pelo Movimento Militante das Maurícias <MMM) naoposiçip, não é feito*em condições. O MMM tem o maior número de lugares no parlamentb, e temsido impedido de formar governo apenas devido a uma aliança entre o Partido doTrabalho e os Sociais-Democratas das Maurícias. Como preç9 para a suacooperação, o MMM pede a cessação da aliança dos seus rivais bem como aanulação do Acto de Ordem Pública de i97o.

A consequência do primeiro pedido seria muito provavelmente a realização deeleições nacionais e a derrota do Primeiro-Ministro, ýir Sewoosagur Ram-~ewoosapur Ramgoolamgoolam. A anulação do Acto de Ordem Pública, por. outro lado, daria ao MMM ea outros grupos da oposição mais espaço de acção.O Acto de Ordem Pública, segundo o MMM, tem sido mal aplicado pelo Governocomo um instrumento para a repressão da oposição. A coberto do Acto, a políciapode deter pessoas sem julgamento sob suspeita de actividade subersiva,incluindo ultrage ou incitamento à violência. Conforme as acusações, a sentençapode ir de is dias a três anos.Foi este Acto que a polícia utilizou em Julho para prender 1'4 membros 9, MMM,incluindo o Presidente da Câmara de Port Louis e nove dos deputados do Partido.Todos receberam sentenças de três meses por participar em manifestações deprotesto contra 3o% de aumento nas tarifas dos transportes públicos. Segundo o«Le Monde» TEMPO N.' 423- pág. 58de Paris, apenas membros do MMM foram presos embora vá rios gruposparticipassem. A polícia recusou os pedidos de centenas de outros participantesnas manifestações que desejavam ser presos em solidariedade com os detidos doMMM.Apesar das sentenças, todos os membros do MMM excepto um, foram libertosdurante a primeira semana de Agosto, aparentemente como parte de um esforçopara aliciar a cooperação do MMM. Em 3o de Agosto, porém, 28 pessoas eram denovo levadas a tribunal, incluindo a maior parte dos 14 originais, acusados destavez de obstruir uma via pública».Segundo a revista «Afrique-Asie», um recente dcsertor dos serviços secretos dogoverno testemunhou que existe sem dúvida uma campanha contra o MMM. Asacções empreendidas para destruir a oposição incluem um fogo posto que destruiuos escritórios do jornal do MMM em Janeiro último.O Movimento Militante tem um forte apoio entre os jovens, intelectuais etrabalhadores, atravessando muito mais que outros partidos da pequena Ilha doOceano Indico, linhas étnicas, religiosas e de classé. Ele tem apoiado sempre ostrabalhadores em pedidos de aumento de salário e tem atacado o regime deSeewoosagur por permitir desemprego generalizado.O MMM tem também feito uma campanha contra a aquiescência do governoperante a penetração militar estrangeira no Oceano Indico. Sir Seewoosagurentregou o controlo da Ilha de Diego Garcia em meados da década de 6o para queos E.U.A. pudessem lá construir uma base militar, e cedeu Tromelin à França parauma pista de aterragem e uma estação meteorológica. Seewoosagur quer Tromelinde volta, mas o MMM está também a exercer pressão para a restituição de DiegoGarcia.Economicamente, as Maurícias estão em má situação. O açú-car,ý sua principal exportação, teve uma produção baixa este ano, apenas trêsquartos da tonelagem esperada. Preçqs mun-diais baixos reduziram ainda maisesta receita. O turismo também declinou com os hotéis fun ciQnando com metadeda sua capacidade.

Apesar da agitação, Sir Seewoosagur, de 78 anos de idade, ainda não deu provasde estar disposto a renunciar ao poder. Quer estabelecer uma república com elemesmo como primeiro presidente - um presidente com poderes executivos.Também aqui é contrariado pelo MMM que também quer uma república, mascom um presidente figurativo. Entretanto, o partido do Trabalho de SirSeewoosagur está ele próprio dividido, alinharído- declaradamente atrás dosprincipais pretendentes à sucessão do Primeiro-Ministro assim que surja aoportunidade.ZaireO «Plano Mobutu» que tem por objectivo apresentar a candidatura do Zaire anova ajuda e crédito internacionais, foi estudado numa recente reuhião emBruxelas de ii nações afluentes.O encontro, que teve lugar a 12 e 13 de Outubro é sequência duma sessãorealizada em junho durante a qual a maior parte dos mesmos países chegaram aum acordo sobre um programa de auxílio de emergência de ioo milhões dedólares. Os participantes incluiram a Bélgica, os E.U.A., a Grã-Bretanha, o ja pão,a Alemanha Federal, a Fran ça, a Itália, o Canadá, a Holanda, o Irão e a ArábiaSaudita (que não esteve presente na reunião anterior).A ajuda oferecida vem com algumas importantes condições. Uma delas foipreenchida em Agosto com a nomeação de Erwin Blumental, do BancoCentral da Alemanha Federal, para Vice-Governador do Banco Central do Zaire.Um segundo es-trangeiro será brevemente nomeado auditor chefe do Ministério das Finanças.Outra pré-condição para a concessão da ajuda foi uma redução na corrupção, umproblema que tem provocado uma importante fuga das divisas do país e assimreduzido a sua capacidade para pagar aos seus credores estrangeiros. Várias dasnações que são simultancamente dadoras e credoras incluindo os E.U.A, o Japãoe o Irão - exerceram pressão sobre o Zaire no sentido de conseguir reformasadicionais. Mas os belgas e outros governos europeus declaram-se prontos aconceder novo auxílio.Um dos factores chave nas deliberações foi o estado da produção mineral do país.R&laõrios recentes de Kinshasa disseram que a produção de cobre atingiurecentemente 9o0% daquilo que era antes da revolta na província de Shaba emJunho último.Ao mesmo tempo, os países que apoiam o Zaire têm vindo a exercer pressãosobre Mobutu para que este tome medídas no sentido de evitar uma repetição dosrecentes surtos de oposição violenta. Pediram-lhe que fizesse propostas aos seusoponentes r ,lííicos e melhorasse a sua imãsm em relação aos direitos hu manos.SomáliaPerante milhares de expectadores, um pelotão de fuzilamento executou 17oficiais do exército somali condenados à morte sob a acusação de participaremnuma malograda tentativa de derrube do regime de Siad Barre em Abril passado.Entre os oficiais fuzilados no passado dia 26 encontra-se o coronel MohamoudSheiv tido como cabecilha da conspiração.

A tentativa de golpe de Estado, veio na sequência do descontentamento no seio doexército somali motivado pela medida do Presidente Barre em desistir de invadir aEtiópia.

Noticiário intenadonaEaDas s7 pessoas implicadas na tentativa, o Tribunal de Segurança do Estadosentenciou à pena capital em 12 de Setembro, os x7 considerados autores datentativa fracassada; 19 foram absolvidos e os demais con denados a penas quevão de três a 3o anos de cadeia.'smza isarreAlguns dos conspiradores encontram-se asilados no Quénia após terem escapadodas forças fiéis ao Presidente Barre que esmagaram a tentativa de golpe. Por outrolado, uma fonte oficil em Mogadíscio informou que por ocasião do 9. aniversárioda ascensão ao poder de Siad Baire, i83o prisioneiros seriam amnistiados peloPresidente. No entanto não foi revelado qualquer nome dos amnistiados, nem sesão presos de delito comum ou político.EgiptoUm tribunal egípcio julga 16 pessoas, sob a acusação de conspirarem contra oPresidente An. war Sadat.Os réus fazem parte de um grupo de 42 pessoas, entre estudantes, engenheiros emédicos, presos pela polícia do Egipto.Os acusados declaram opor-,aos acordos de Camp David. As prisões agora feitasdenotam o aumento do descontentamento para a polícia capitulicionista de Sadat.Recorda-se que anteriormente, o ministro dos Negócios Estrangeiros se demitiupor não concordar -com a política de Sadat. Mais tarde o próprio Presidenteegípcio demitiu também os principais chefes militares do país.PalestinaYasser Arafat, presidente da OLP rejeitou uma proposta norte-americanasugerindo que a sua organização- participe em eleições para a «autonomia» dosterritórios usurpados por Israel.A proposta chegou às mãos de Arafat através da Arábia Saudita.aasser ArafatRecorda-se que os acordos de Camp David prevêem que Israel concedaautonomia às zonas palestinas que ocupou. Os palestinos e o mundo árabe emgeral, exigem a retirada imediata das forças sionistas da sua Pátria não aceitando adita «autonomia».PortugalO exército português laureou diversos oficiais portugueses que «demonstraramqualidades excepcionais durante a guerra colonial» movida pelo Governo deSalazar-Caetano-Tomás contra a FRELIMO, MPLA e PAIGC. Na última reuniãomensal de altos comandos das Forças Armadas Portuguesas ,ue decorreu noPorto, foi decidido condecorar e louvar por «feitos no Ultramar» os heróis queprestirm' Nh.n serviços ct r r mo,--e ,: ;-e aa 8uarre Silva, cos.andante da região militar do norte «por louvores deacções no comando operacional da defesa de Cahora-Bassa em Moçambique».

O jornal português «Expresso» comenta que se èstranha estas atitudes «numPortugal Democrático e anticolonialista», neste momento em que se tentanormalizar as relações com pai-ses africanos que alcançaram a liberdade derrotando o -xércto português.BrasilNo Estado brasileiro de S. Paulo, 3oo mil operários paralisa. ram diversoscomplexos industriais engajados na maior greve realizada na República Federaldo Brasil durante os últimos iS anos.A greve iniciada no passado dia 3o foi decidida por uma as. sembleia de 20 miloperários de S. Paulo que a eles se juntaram os dos centros industriais de Osasco eGuarulhos.O -Patronato mostra-se dispos. to a dar um aumento inferior ao exigido pelosgrevistas que também reivindicam melhoria das condições laboriais.ChipreA questão da ilha do Chipre começou a ser debatida na reufilão da AssembleiaGeral da ONU do dia 6 de Novembro com a participação do Ministro dosNegócios Estrangeiros ci'pr.o-A partir de 1974 quando a Turquia invadiu o Chipre, ilha sihnda no rnmarMediterrâneo, o governo deste país tem apresen10 esta questão à Assembleia-A - das Nações Unidas que aprovou naquele ano uma resolução ainda,-nãoaplicada. A resolução do Conselho de Segurança da ONU, estipula a retirada detropas turcas do Chipre e o repatriamento de todos os refugiados cipriotas.GuatemalaMorreram 25 pessoas, 8o0 foram encarceradas nas masmorras do regime fascistadurantemanifestações populares regista dos na capital da Guatemala de protesto contra oaumento em roo por cento das tarifas dos transportes públicos.Desde o seu início a repressão contra as manifestações provocou ainda mais de3oo feridos enquanto os prejuízos elevam-se acima de 5 milhões de dólares.As massas trabalhadoras exploradas nesse pais começaram a corresponder aoapelo à greve geral feito pelos sindicatos em repúdio à acção policial. Ultrapassa 5mil, o número de trabalhadores dos Ministérios da Agricultura e de ObrasPúblicas que se juntaram à greve iniciada por milhares de operários dos Correiose Telefones assim como da companhia de electricidade da cidade de Guatemala.As duas principais centrais sindicais da Guatemala, expressaram que não pensamcessar a greve, antes de ser anulado o decreto governamental que estabeleceu oaumento da tarifa dos transportes comprometendo a situação já difícil dostrabalhadores. Um dirigente do «Conse-lho das Entidades dos Trabalhadores doEstado» advertiu-que se a repressão aumentasse os operários sairiam à rua para sejuntarem aos manifestantes, que continuam a erguer barricadas nos bairrosperiféricos. Pelotões policiais patrulharam. a cidade de Guatemala onde vivemperto-de um milhão de pessoas. Segundo as autoridades 'locais, as patrulhas nãose encontravam armadas, mas fotografias e video-cassetes provaram o contrário.Os meios de informação incomodam por este motivo o Go- . --..

verno, tendo muitos jornalistas. recebido ameaças de morte enquanto os jornais«Novo Diário» e «E Gráfico» e, bem como duas emissoras de rádio foram alvosde ataques armados.As associações dos, meios-de informação exigiram ao Gover- ino investigações sobre os' aiaqueS.TEMPO N.' 423 pãg. 59

tempslivresPALAVRAS CRUZADASHIORIZONTAIS - 1 - Monte mais alto de Ti morLeste; Instrumento de combate.2 - Ave trepadeira semelhante ao papagaio (plural); Peça de música para uma sóvoz (plural). 3 - Desassossego. 4 - Aquelas que gaguejam; Estais. 5 - Vestes;Símbolo químico do Actínio; Pena. 6 - Espalhar. 7 - Margem; Acolá; Sau dável. 8- Arco; Espécie de veado das regiões setentrionais. 9 - Lavre; Basta; Sufixo quedesigna abundância, acção, ajuntamento (invertido); Símbolo químico do cobre.10 - Nota musical; Dança moçambicana; O mais. 11 Ferro temperado; Elevo. 12 -Antigo Estado que existiu no Vale do Zambeze. VERTICAIS - 1 - Capital daBirmânia; Silenciam. 2 - Superfícies; Orifício. 3 - Espécie de greda que seemprega na olaria (plural); Criminosa; Laço (invertido). 4 - Plantas; Concordo!(invertido). 5 - País da Ásia; Arrasavam. 6 - Assinatura (abreviado); Fileira;Símbolo químico da prata. 7 - Engodo. 8 - Moti vo; Que sabe um pouco a sal(feminino). 9 Suspensão de guerra. 1& - Corrente de água doce (plural); Empartes iguais. 11 - Imper-1 2 3'4 5 6 7 8 9 101112feita; Emites; Gesso. 12 - Membro das aves; Vaticínio.1 COLABORAÇÃO DOS LEITORES 1Muitos são os leitores que nos tem enviado colaboração para «TEMPOSLIVRES», de tal forma que apenas tem sido possível publicar uma pequena partedas dezenas de cartas que recebemos semanalmente.Sucede também, que grande parte da colaboração enviada pelos leitores é umasimples cópia de anedotas, adivinhas, palavras cruzadas etc., já muito conhecir " sdas em outras pe , temos recebido -,' .tamer.te iguais deEstes os motivos por que não é possivel publicar toda a colaboração recebida e aresposta às cartas sobre o assunto que nos têm sido dirigidas por vários leitores.Pedimos, pois, aos leitores que procurem e n v i a r-nos passatempos originais,que sejam o resultado da imaginação de cada um e que, sem._ýque possivel,estejam relaciona;i o nosso País e � Africa,~-aede paiw. eqenos contos ou hist6d d * u or, jogos tradicionais, etc.TEMPO N.' 423-pág. 60L

JOGO DE PALAVRASDistritos da Provínciade Cabo Delgado

- - -- .--E- - --- * --/D -/-L -- --- --Gaoraã - - - - - ------0 - - - - --(Colaboração de Juma Achá - Mecúli)ANEDOTASNO TRIBUNAL- Qual é a sua profissão?-Estou desempregado. Mas antes de estar desempregado oque fazia?-Caçador de hipopótamos.-Caçador de hipopótamos? Mora onde? No AltoMaé.-Mas no Alto-Maé não há hipopótamos!- Por isso mesmo estou desempregado!MAIS RÁPIDO!- Carlota, a água ainda não ferve?-Não mãe. Mas como a primeira estava a demorar muito, deitei-a fora e já metioutra na panela!(Colaboração de Azarias Zefanias Chumane - Inhambane)SEMPRE A SOMARPreencha as casas em branco com algarismos, de forma a direita, em baixo e nadiagonal fiquem certasque as somas indicadas à(Colaboração de «Pachola. - Maputo)TEi - 1

ipo~ iivres~GLlFOS COMPRIMIDOSAMB~ANO~ CMINHO7 letras;PLATADA CHINA51 101-+-Ade saP 2aibo Jan Mahomed),DiSENUHE A CASAurn caa, ejase é capuz sern!~ei nenhutm dos tr'NOTA MUSICALjfigura-Chimoto)

ADIVINHASÀ direita é um homem S6 quatro letras têm A esquerda se o quiseres Só à noite éque vem.Qual é a coisa, qual é ela Que tem quatro pés Em cima de quatro pés está Àespera de quatro pés?

(Colaboração Milange)de F. Khwaja -Qual é a coisa, qual é ek Que é inteiro mas tem nome de pedaço?(Colaboração de Juma Achá Mecúfi)IvSabemos que um passageiro não pode entrar com uma galinha dentro de umautocarro, principalmente dos S.M.V: Mas, dizemos que a galinha entra. Como épossível?(Colaboração de Eugénio Antánío Bendzane - Maputo)SOLUÇÕES DO NÚMERO ANTERIORGRIFOGRAMAPALAVRAS CRUZADAS1 2 345 6 78 91011AP "C- M 0TOcE4~ RUvm oA TL IL 1IT A 1 NA 5F Ol L f~ tE o R 1o 0 iA= Avultada; B= Rosáceo; C= Salamaleque; D= Quimbembeque; E= Elege; F-Semeia; G= Falangarquia; H= Aparece; 1= Eco; J= Zona; L= Acha; M= Ena,'HIERGLIFOS COMPRIMIDOS - 1 - Correios; 2 - Madeira; 3 - Revista; 4Tempo.ADIVINHAS - 1 -A agulha; I1 - Se en tras, eu saio!; 1i1 - O caixão; IV -- Ofósforo; V - O sol.TEMPO t' .

É~*. a fsaco oe u'sacã tu , s ppa. if est prmt e e forte.apareh de Esao o inte ea qu te i su cabeç e na sua eno a cosruã * eeoilin va- també

Brevemente em Ma uto.

IaLquai kimol'Ti ýmp