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Ano XIV | 236 | Fevereiro 2015
ISSN
217
8-57
81
Defensivos do bemUso é considerado fundamental para grande produção
Capacitação diretamente ligada à melhoria de vida
Qualidade na mesa Instrução Normativa prevê mais cuidado com a produção de leite
A nova classe C que vem do campo
PALAVRA DO PRESIDENTE
A revista Campo é uma publicação da Federação da
Agricultura e Pecuária de Goiás (FAEG) e do Serviço Nacional
de Aprendizagem Rural (SENAR Goiás), produzida pela
Gerência de Comunicação Integrada do Sistema FAEG com
distribuição gratuita aos seus associados. Os artigos assina-
dos são de responsabilidade de seus autores.
CAMPO
CONSELHO EDITORIAL
Bartolomeu Braz Pereira, Claudinei Rigonatto
e Eurípedes Bassamurfo da Costa.
Editora: Denise N. Oliveira (331/TO)
Reportagem: Catherine Moraes, Gilmara Roberto,
Michelle Rabelo, Luiz Fernando Rodrigues (estagiário)
e Laryssa Carvalho (estagiária)
Fotografia: Capture Studios
Revisão: Michelle Rabelo
Diagramação: Rowan Marketing
Impressão: Gráfica Amazonas Tiragem: 15.000
Comercial: (62) 3096-2123
DIRETORIA FAEGPresidente: José Mário Schreiner.
Vice-presidentes: Leonardo Ribeiro; Antônio Flávio Camilo de Lima .
Vice-presidentes Institucionais: Bartolomeu Braz Pereira, Wanderley Rodrigues de Siqueira.
Vice-presidentes Administrativos: Eurípedes Bassamurfo da Costa, Nelcy Palhares Ribeiro de Góis.
Suplentes: Flávio Augusto Negrão de Moraes, Flávio Faedo, Vanderlan Moura, Ricardo Assis Peres, Adelcir Ferreira da
Silva, José Vitor Caixeta Ramo, Wagner Marchesi.
Conselho Fiscal: Rômulo Pereira da Costa, Estrogildo Ferreira dos Anjos, Eduardo de Souza Iwasse, Hélio dos Remédios dos
Santos, José Carlos de Oliveira.
Suplentes: Henrique Marques de Almeida, Joaquim Vilela de Moraes, Dermison Ferreira da Silva, Oswaldo Augusto Curado
Fleury Filho, Joaquim Saeta Filho.
Delegados Representantes: Walter Vieira de Rezende, Alécio Maróstica.
Suplentes: Antônio Roque da Silva Prates Filho, Vilmar Rodrigues da Rocha.
CONSELHO ADMINISTRATIVO SENAR
Presidente: José Mário Schreiner
Titulares: Daniel Klüppel Carrara, Alair Luiz dos Santos, Osvaldo Moreira Guimarães e Tiago Freitas de Mendonça.
Suplentes: Bartolomeu Braz Pereira, Silvano José da Silva, Eleandro Borges da Silva, Bruno Heuser Higino da Costa e Tiago
de Castro Raynaud de Faria.
Conselho Fiscal: Maria das Graças Borges Silva, Elson Freitas e Sandra Maria Pereira do Carmo.
Suplentes: Rômulo Divino Gonzaga de Menezes, Sandra Alves Lemes.
Conselho Consultivo: Arno Bruno Weis, Alcido Elenor Wander, Arquivaldo Bites Leão Leite, Juarez Patrício de Oliveira Júnior,
José Manoel Caixeta Haun e Glauce Mônica Vilela Souza.
Suplentes: Cacildo Alves da Silva, Michela Okada Chaves, Luzia Carolina de Souza, Robson Maia Geraldin, Antônio Sêneca do
Nascimento e Marcelo Borges Amorim.
Superintendente: Eurípedes Bassamurfo da Costa
FAEG - SENARRua 87 nº 662, Setor Sul CEP: 74.093-300
Goiânia - Goiás
Fone: (62) 3096-2200 Fax: (62) 3096-2222Site: www.sistemafaeg.com.br
E-mail: [email protected]
Fone: (62) 3412-2700 e Fax: (62) 3412-2702 Site: www.senargo.org.br
E-mail: [email protected]
Para receber a Campo envie o endereço de entrega para o e-mail: [email protected].
Para falar com a redação ligue: (62) 3096-2114 – (62) 3096-2226.
José Mário SchreinerPresidente do Sistema Faeg
Laris
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O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) Goiás tem o objetivo maior de promover a educação no campo e juntamente com a Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás – FAEG e Sindicatos Rurais têm desen-volvido importantes ações para que o homem do campo possa se capacitar, crescer e com isso mudar a história da sua vida e de sua família. Apesar de esse trabalho incansável e responsável temos muito a fazer. E isso me enche de ânimo. É um misto de sentimentos: alegria por saber que temos investido nossos esforços para que o produtor tenha, cada vez mais, oportunidades de ser orientado e gerando desenvolvimento, e gratidão pelo engajamento dos municípios e dos Sindicatos Rurais (SRs) que engrossam o coro na busca pelo ensinamento no campo.
Nessa edição, trazemos informações sobre a pobreza rural e o alvo de nosso segmento, inclusive estabelecido também pela ministra da Agricultura, Kátia Abreu: alavancar a metade das famílias rurais inseridas nas classes D E para a C e promover a ascensão da metade da classe C para a A B.
A tarefa não é considerada fácil, mas durante minhas andanças pelo esta-do conheço pessoas que me incentivam com suas histórias de luta. Pessoas como Pedro Deusdeth e Isabel Guimarães, que melhoraram de vida acredi-tando no trabalho duro e na capacitação. Assim como Pedro Arraes que à frente da Emater promete uma assistência técnica robusta ao produtor goia-no. Pessoas como o instrutor Andres Peter Brito, que leva conhecimentos ao campo referentes à Segurança do Trabalho, Prevenção no Manuseio de Agrotóxicos e Máquinas Agrícolas.
É com muita satisfação que apresentamos todas essas pessoas nesta edição da revista Campo. Ela foi feita com muito carinho e com uma vontade enorme de contagiar com esperança quem anda desacreditado diante do futuro. Nós sabemos que ainda falta muito: esse é só o começo. Aqui plantamos a semente e acreditamos que ela será regada por milhares de mãos.
Capacitação e assistência para alavancar a classe produtora
Caso de Sucesso – Bons de leite
PAINEL CENTRALFr
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Laris
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Por uma vida economicamente mais fácilO produtor de leite, Pedro Deusdeth, não via muito futuro na lida e já pensava em
largar a atividade, mas hoje comemora a melhoria de vida
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Prosa – Assistência técnica À frente da Emater, Pedro Arraes, fala sobre suas expectativas em relação à extensão rural e sobre como pretende gerir a pasta
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34Emerson e Lucilene comemoram lucros e não abandona mais a propriedade em tempos de crise do lácteo
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Conhecimento que transforma vidas Instrutores do Senar Goiás são responsáveis por modificar realidades. Em troca, recebem lições de vida e histórias inspiradoras
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Ano XIV | 236 | Fevereiro 2015
ISSN
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Defensivos do bemUso é considerado fundamental para grande produção
Capacitação diretamente ligada à melhoria de vida
Qualidade na mesa Instrução Normativa prevê mais cuidado com a produção de leite
A nova classe C que vem do campo
Agenda Rural 06
Fique Sabendo 07
Delícias do Campo 33
Campo Aberto 38
Treinamentos e cursos do Senar 36
Instrução Normativa prevê mais cuidado com leite
Qualidade dentro e fora da porteira 29
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16Defensivos do bem Uso é considerado fundamental para grande produção
15Encontro de Dirigentes Reunião na Faeg também tratou de prestação de contas anuais e previsão para 2015
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Isabel conta sua história e comemora melhoria de vida, já sonhando integrar a classe CFoto: Larissa Melo
Fevereiro / 2015 CAMPO | 54 | CAMPO Fevereiro / 2015 www.sistemafaeg.com.br www.senargo.org.br
AGENDA RURAL
25 a 27 de fevereiro 09 a 11 de fevereiroEscola de confinamento Assocon 2015
Local: Câmara Municipal de BritâniaHorário: 8h às 18h
Informações: (62) 3432-0395
Encontro Técnicos de Instrutores do Senar Local: Sesc de Caldas Novas
Horário: 8h às 20hInformações: (62) 3096-2200
FIQUE SABENDO
Deputado federal suplente, José Mário é diplomado em Goiânia
“Este diploma é de vocês”, afir-
mou José Mário, presidente da Fe-
deração da Agricultura e Pecuária de
Goiás (Faeg). Ele emocionou parcei-
ros e militantes que o aguardavam
descer do palco após a cerimônia de
diplomação realizada pelo Tribunal
Regional Eleitoral (TRE) de Goiás no
dia 19 de dezembro. Candidato a de-
putado federal nas eleições de 2014,
Schreiner recebeu 71.832 votos em
244, dos 246 municípios do Estado,
que o levaram à terceira suplência da
Câmara Federal.
“Se tem um princípio que aprendi
desde muito cedo foi a gratidão. Meus
pais me ensinaram, ainda criança, a
agradecer pela comida, pela vida, por
tudo que recebemos de Deus todos os
dias. Eu não poderia, portanto, deixar
de agradecer a todos que acreditaram
no nosso projeto e dedicar esse diplo-
ma aos amigos de todo o Estado que
nos apoiaram”, declarou José Mário.
A cerimônia reuniu governador, vice-
-governador, senador, deputados esta-
duais e federais e suplentes eleitos nas
eleições deste ano.
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Lançado pela Federação Pana-
mericana de Leite (Fepale), o livro
“Lácteos: produtos essenciais para o
ser humano” reúne diversos artigos
científicos, apresentando evidências
recentes que demonstram o valor
nutritivo dos produtos lácteos. Na
publicação, especialistas de renome
apresentaram uma ampla gama de
evidências científicas sobre os bene-
fícios do consumo de produtos que
vem do leite. Além disso, nas páginas
do livro o leitor vai encontrar as ca-
racterísticas químicas e a composição
de produção e industrialização que
proporcionam para o consumidor um
produto final de maior qualidade do
ponto de vista nutricional. Também
compõem a publicação temas como
a importância das campanhas de pro-
moção do consumo dos lácteos e do
consumo do leite para a prevenção
de doenças como câncer, diabetes e
enfermidades cardíacas.
Qualidade do leite
PESQUISA
REGISTRO ARMAZÉM
Pesquisa testa fruticultura orgânica em larga escalaSistemas orgânicos de produção de diferentes fru-
tas estão sendo construídos de forma pioneira pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embra-pa) com base em experimentos instalados na Chapa-da Diamantina (BA). Todos são resultados de um pro-jeto realizado em parceria com a empresa Bioenergia Orgânico no Município de Lençóis que experimenta so-luções para a produção de orgânicos em larga escala.
Entre as culturas, os resultados mais rápidos foram ob-servados no abacaxi, fruta na qual o trabalho desenvolve um sistema de produção para duas cultivares: a Pérola e a
BRS Imperial, cuja principal característica é a resistência à fusariose - mais importante doença da cultura, que chega a causar 100% de perda da lavoura. Outra vantagem da variedade é não conter espinhos na coroa e na folha, o que facilita o manejo e reduz custos e risco de acidentes. A qualida-de dos frutos tem surpreendi-do a equipe. No caso do abacaxi Pérola, eles apresentaram média de peso entre 1,6 kg e 2 kg.
Horário: 19h30 às 22h
Informações: (62) 3096-2200
2 de fevereiroCidade: Uruaçu
3 de fevereiro Cidade: Formosa
4 de fevereiro Cidade: Catalão
5 de fevereiroCidade: Morrinhos
Seminários de Comercialização
e Mercado Agrícola 2015
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Fevereiro / 2015 CAMPO | 76 | CAMPO Fevereiro / 2015 www.sistemafaeg.com.br www.senargo.org.br
Pedro Arraes é presidente da Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e
Pesquisa Agropecuária (Emater)
PROSA RURALFr
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Ensinando a pescar
Em tempos de dist ribuição de peixes, ensinar a pescar é uma tarefa árdua. À frente
da Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesqui-sa Agropecuária (Emater) desde o início do ano, o pesquisador Pedro Antônio Arraes Pereira é o entrevis-tado da revista Campo deste mês. A escolha de Arraes para o cargo atendeu aos requisitos de excelência acadêmica – ele possui graduação em
Engenharia Agronômica, mestrado em Genética Vegetal e doutorado em Genética Vegetal - e experiência em gestão – foi presidente da Embrapa Nacional e pioneiro do programa de melhoramento genético, que resultou no lançamento de novas variedades de feijão, na Embrapa Arroz e Feijão.Ainda colocando a casa em or-dem, ele fala sobre suas expecta-t ivas em relação à extensão rural e sobre como pretende gerir a pasta.
Michelle Rabelo | [email protected]
Luiz Fernando Rodrigues | [email protected]
Revista Campo: Qual a impor-
tância da Emater no contexto do
desenvolvimento rural em Goiás?
Pedro Arraes: A Emater tem
uma importância estratégica, pois
é a única rede com ações colabo-
rativas na maioria dos municípios
goianos. Se imaginarmos que dos
119.000 estabelecimentos rurais em
Goiás temos 52.167 estabelecimen-
tos rurais com renda bruta média
em torno 0.7 salários mínimos, e
38.790 estabelecimentos com renda
bruta média em torno de 4,7 salários
mínimos. Esses números mostram a
importância de uma Emater forte,
e o nosso desafio em transformar
esses produtores da classe de baixa
renda na classe média rural.
Revista Campo: A nova minis-
tra da Agricultura, Kátia Abreu,
disse recentemente que uma de
suas metas é promover a ascensão
da classe D para a classe C forne-
cendo aos produtores rede de as-
sistência técnica e extensão rural.
Como fazer isso?
Pedro Arraes: Temos que criar
programas estruturantes e ter dis-
cussões nas regiões identif icando
as reais necessidades e gargalos
dos produtores, que muitas vezes
estão ligados às imper feições do
mercado, em vez de gargalos tec-
nológicos. Essa rede permanente
Fevereiro / 2015 CAMPO | 9www.senargo.org.brwww.sistemafaeg.com.br8 | CAMPO Fevereiro / 2015
MERCADO E PRODUTO
O mercado de lácteos no
Brasil cresceu muito
nos últimos anos. No
período de 2009 a 2013, o fatu-
ramento do setor, segundo dados
do Euromonitor, aumentou 61%,
passando de R$ 38,6 bilhões para
R$ 62 bilhões. A explicação para
esse excelente desempenho é o
aumento do consumo de leite e
derivados pela classe C. A me-
lhor distribuição de renda am-
pliou o número de pessoas nesse
segmento e elevou o poder de
compra da população. Hoje, o
brasileiro consome anualmente
171 kg de lácteos, segundo dados
do Milkpoint, que ainda apontam
um consumo de 216 quilos na
Argentina, 219 quilos na França
e 257 quilos nos Estados Unidos.
Isso demonstra que há potencial
para ampliar o mercado brasileiro
e o consumo nos próximos anos.
Grande parte do crescimento
do setor é atribuída ao segmento
de queijos, que representa 27%
da indústria de lácteos. No perí-
odo de 2009 a 2013, as vendas
de queijo registraram uma eleva-
ção de 71%. Elas subiram de R$
9,7 bilhões para R$ 16,6 bilhões.
Segundo estudo do Euromonitor,
a população brasileira, com mais
acesso a produtos de maior valor
agregado e mais conhecimen-
to sobre os benefícios do queijo
como fonte de proteínas, elevou
os gastos com o produto. Além
disso, é crescente o número de
marcas fortes que entram nesse
segmento para conquistar uma
fatia do negócio que antes perten-
cia aos queijeiros regionais.
A muçarela e o queijo prato
representam 60% das vendas de
queijos no Brasil. Sua populari-
dade é maior entre os consumi-
dores de baixa renda. O requei-
jão também é muito consumido
pela população. Já as famílias de
renda maior têm grande prefe-
rência pelos queijos provolone,
parmesão e brie. As variedades
com baixa quantidade de gordu-
ras, caso da ricota e do queijo
minas frescal, são outra linha
que agrada cada vez mais aos
consumidores, por causa do au-
mento do número de adeptos de
um estilo de vida mais saudável.
As perspectivas para o mercado
de queijos são muito promisso-
ras. Segundo o Euromonitor, em
2018, as vendas desse segmento
devem atingir R$ 21,6 bilhões,
um crescimento de 30% em rela-
ção a 2013. Os brasileiros devem
incorporar o queijo no consumo
diário e privilegiá-lo por ser um
alimento saudável. É bom lembrar
também que os laticínios tendem
a ganhar em produtividade e efi-
ciência, o que contribui para au-
mentar a produção de lácteos.
Além do queijo, outro mercado
que apresenta boas oportunida-
des de negócios é o de soro de
leite. Por ter alto valor proteico, o
soro é um ingrediente muito uti-
lizado na indústria de alimentos e
bebidas, além de ser uma impor-
tante matéria-prima nas padarias
e confeitarias e até mesmo nos
próprios laticínios.
Outros segmentos que de-
mandam soro de leite são o de
suplementos alimentares e o de
nutrição esportiva. Este último
tem apresentado um excelente
desempenho, com crescimento
de 124% nas vendas no período
de 2009 a 2013, passando de
R$ 206 milhões para R$ 461 mi-
lhões. Cerca de 90% das vendas
de produtos relacionados à nutri-
ção esportiva tem como base a
proteína em pó. Mais uma vez, a
busca por um estilo de vida mais
saudável é o principal fator que
impulsiona esse setor. Até 2018,
ele deverá crescer 73%, atingindo
faturamento de aproximadamen-
te R$ 800 milhões.
Nos próximos anos, é prová-
vel que o setor de lácteos se be-
neficie de um cenário otimista.
Os segmentos de queijos e de
soro de leite são apenas exem-
plos disso. Mudanças de estra-
tégias, desafios operacionais e
fusões e aquisições tendem a
ocorrer. Para aproveitar essas
oportunidades, as empresas
devem estar preparadas, ado-
tando as melhores práticas de
gestão do mercado.
Queijos e proteínas do soro do leite em altaAna Malvestio | [email protected]
Daniela Coco | [email protected]
Ana Malvestio
é advogada, bacharel
em Ciências Jurídicas
e sócia da PwC
Daniela Coco
é engenheira agronômica,
mestre em Gestão de
Negócios e Gerente de
Agribusiness da PwC
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que a Emater tem um papel de ar-
t iculação com todos os agentes nos
municípios, sendo essencial para o
sucesso dessa meta da minist ra.
Revista Campo: A partir de
março, o Serviço Nacional de
Aprendizagem Rural (Senar) po-
derá oferecer assistência técnica
por meio do Ater – com verba do
governo federal. Como o senhor
enxerga essa mudança?
Pedro Arraes: O Brasil é um
país continental, e com regiões di-
versas e complexas em termos
de renda, cultura e diversidade
de ecossistemas. Assim quanto
mais atores estiverem envolvidos
no processo de assistência técni-
ca, mais rápido poderemos fazer a
nova revolução verde que é t rans-
formar a vida dessas pessoas que
vivem no campo ainda sem renda,
e segurança alimentar. O impor-
tante é que haja uma integração
verdadeira desses atores para que
cada um possa contribuir de forma
ef iciente e complementar.
Revista Campo: Na prática,
representantes da agropecuária
dizem que existe um vazio entre
a pesquisa e o produtor rural. Ou
seja, não há técnico agrícola para
fazer a leitura de como deve ser
aplicado no campo as tecnologias
desenvolvidas em laboratório.
Como resolver esse impasse?
Pedro Arraes: Essa integração
é essencial e temos que construir
essa rede robusta de assistência
técnica que seja alimentada por
um núcleo de inteligência est ra-
tégica que decodif ica os conheci-
mentos da pesquisa e permita que
esses novos conhecimentos sejam
validados nas diferentes realidades
regionais. Esse é um dos projetos
est ruturantes da Emater Goiás a
serem no momento.
Revista Campo: Estudo re-
cente efetuado pela Federação da
Agricultura e Pecuária de Goiás
(Faeg) revela que para se ter uma
assistência técnica que atenda a
demanda atual serão necessários,
no mínimo, 3 mil técnicos das
áreas de Ciências Agrárias e Hu-
manas distribuídos nos 246 mu-
nicípios goianos. Como o senhor
pretende trabalhar para aumen-
tar esse efetivo?
Pedro Arraes: Estamos ten-
tando criar programas estruturan-
tes que possam ter grande capila-
ridade para todo território Goiano.
Sabemos das def iciências que te-
mos no nosso quadro de técnicos.
Acredito que com programas que
sejam importantes para o estado
de Goiás e para sociedade Goiana
poderemos ter uma renovação im-
portante nas nossas competências.
Temos que inovar e criar meca-
nismos mais ágeis de t ransferên-
cia de tecnologia e comunicação
além de est reitar parcerias com
os diversos atores do processo
com metas, e na busca incessante
por resultados. Finalmente é im-
portante ter uma unicidade nos
projetos de cada inst ituição para
que o mesmo seja implementado
em prol do produtor rural que é o
nosso objet ivo f inal.
Revista Campo: O que os pro-
dutores devem fazer para receber
assistência técnica da Emater?
Pedro Arraes: Emater dispõe
de escritórios em 212 municípios e
na nossa página podem ser encon-
trados os contatos de técnicos para
cada região do estado.
O Brasil é um país
continental, e com
regiões diversas
e complexas
em termos de
renda, cultura e
diversidade de
ecossistemas.
Temos que
criar programas
estruturantes e
ter discussões
nas regiões
identificando as
reais necessidades
e gargalos dos
produtores, que
muitas vezes
estão ligados às
imperfeições do
mercado, em
vez de gargalos
tecnológicos.
Fevereiro / 2015 CAMPO | 1110 | CAMPO Fevereiro / 2015 www.sistemafaeg.com.br www.senargo.org.br
AÇÃO SINDICALAÇÃO SINDICAL
MINAÇU
PIRANHAS
RIO VERDE
RIO VERDE
ALEXÂNIA
Foi realizado no distrito de Cana Brava, na propriedade de Irley Moreira, em Minaçu, o curso Com Licença, Vou à Luta. Os cinco módulos (Empreendedorismo, Gestão Financeira, Planejamento, Legislação e Liderança) foram realizados entre os dias 4 e 12 de dezembro com o objetivo de proporcionar às nove mulheres participantes noções de gestão para contribuir na melhoria da administração da propriedade, seja como chefe de família ou auxiliando o marido. Participaram do encerramento do curso o presidente do Sindicato Rural de Minaçu, Ian George Carvalho e o mobilizador Antônio Gomes de Aguiar. (Colaborou com a nota: Sindicato Rural de Minaçu).
Com a participação de 13 pessoas, o município de Piranhas realizou o treinamento de produção de cachaça. O curso, com carga horária de 32 horas, ocorreu no Sítio São João Batista, propriedade de Ana Rosa de Souza, no município de Piranhas. Durante o treinamento, os participantes aprenderam os principais métodos desde a produção até a comercialização do produto sob a instrução de Antônio Geraldo de Souza. (Colaborou com a nota: Rafael Almeida, mobilizador do SR de Piranhas).
O Laboratório de Fitopatologia do Sindicato Rural de Rio Verde está intensificando o trabalho de análise da Ferrugem Asiática e, no dia 26 de novembro, realizou um café da manhã com a presença do presidente do Sindicato Rural do município, Walter Baylão Júnior, diretores, coordenadores do laboratório e representantes da Agência Goiana de Defesa Sanitária (Agrodefesa). O serviço disponibilizado pelo Sindicato Rural em parceria com a Universidade de Rio Verde é gratuito. Para saber mais, procure o SR. (Colaborou com a nota: Assessoria de Comunicação do Sindicato Rural de Rio Verde).
Estudantes do curso técnico em Agropecuária participaram do projeto Pronatec Agro, em Rio Verde, oferecido pelo Senar. O principal objetivo do curso é proporcionar aos estudantes o aprimoramento dos conhecimentos, tornando-os profissionais capacitados para tal exercício. A turma é formada por 20 alunos e as aulas foram ministradas no Centro de Treinamentos do Sindicato Rural de Rio Verde. Com uma metodologia multidisciplinar, os estudantes participantes adquiriram conhecimentos sobre prestação de serviços de assistência técnica e gerencial, com qualidade e eficiência. O curso possui carga horária de 240 horas, divididas nos módulos capacitação metodológica, capacitação tecnológica, capacitação gerencial, e empreender no campo. (Colaborou com a nota: assessoria de comunicação do Sindicato Rural de Rio Verde).
O Programa Balde Cheio foi apresentado aos produtores rurais de Alexânia no dia 5 de dezembro, no salão do Sindicato Rural do município. A apresentação contou com a presença de cerca de 40 produtores do município e da região, além do técnico do Balde Cheio, Carlos Eduardo de Carvalho, do supervisor regional, Dirceu Borges, e membros da diretoria do Sindicato Rural de Alexânia. (Colaborou com a nota: Dirceu Borges, supervisor regional)
Com Licença, Vou à Luta
Produção de Cachaça
Laboratório de Fitopatologia
Pronatec Agro
Balde Cheio
PIRANHAS CORUMBÁ DE GOIÁS
Com a participação de 14 produtores, foi realizado na Fazenda São Domingo, propriedade de Jorge Rodrigues, em Piranhas, o treinamento de Piscicultura. O curso foi realizado sob a instrução de Fernando de Souza Teixeira Malamud e com a realização do Sindicato Rural de Piranhas. Durante a formação com carga horária de 24 horas, os participantes tiveram a oportunidade de aprender sobre o panorama da piscicultura no Brasil, os sistemas de produção, nutrição e alimentação dos peixes e comercialização. Quem participou também teve a oportunidade de conhecer o processo de construção de tanques e de manejo da qualidade da água. (Colaborou com a nota: Rafael Almeida, mobilizador do SR de Piranhas).
No dia 5 de dezembro ocorreu a primeira visita técnica do programa Balde Cheio no município de Corumbá de Goiás. O encontro foi em uma unidade demonstrativa do Balde Cheio do município e contou com a presença dos produtores integrantes do grupo, do Técnico do Balde Cheio, Carlos Eduardo de Carvalho, além do presidente do Sindicato Rural, José Carlos de Oliveira, e do prefeito de Corumbá de Goiás, Célio Fleury. (Colaborou com a nota: Dirceu Borges, supervisor regional)
Piscicultura Balde Cheio
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PORANGATU
No último dia 10 de dezembro foi realizada a entrega de
certificados do Programa Nacional de Acesso ao Ensino
Técnico e Emprego (Pronatec), realizado em Porangatu. O
evento aconteceu no salão do Sindicato Rural de Porangatu
e contou com a participação do supervisor regional, Dirceu
Borges, do prefeito do município, Eronildo Valadares, da
secretária de Ação Social, Vanuza Valadares e dos ofertantes
do Pronatec de Porangatu. Mais de 500 pessoas estiveram
presentes na entrega dos certificados. (Colaborou com a nota:
Dirceu Borges, supervisor regional).
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Pronatec
Fevereiro / 2015 CAMPO | 1312 | CAMPO Fevereiro / 2015 www.sistemafaeg.com.br www.senargo.org.br
Shutt
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Diretores, produtores e presiden-
tes de Sindicatos Rurais se reuniram
no último mês de dezembro, durante
o Encontro de Líderes Empreendedo-
res Rurais 2014. A reunião, realizada
na sede da Federação da Agricultura
e Pecuária de Goiás (Faeg) foi co-
mandada pelo presidente José Má-
rio Schreiner e teve como objetivo a
aprovação das contas da federação e
da previsão orçamentária para 2015.
Além disso, foram apresentados os
principais números e trabalhos de-
senvolvidos pelo corpo técnico e di-
retoria da Faeg ao longo de 2014.
Vice-presidente institucional da Faeg,
Bartolomeu Braz apresentou dados sobre
o trabalho desenvolvido pelos técnicos
da federação que hoje participam de 110
comissões e grupos de representativida-
de dentro e fora da casa. Gerenciando 16
comissões setoriais, os técnicos participa-
ram de 790 reuniões no ano de 2014, uma
média de 131 por pessoa e três por dia.
Entre os temas tratados estiveram
ainda o emplacamento de máquinas
agrícolas, o vazio sanitário da soja e
a necessidade de zelar pelos jovens
para que trilhem os caminhos dos
pais, auxiliando a produção da famí-
lia. Como exemplo, o presidente ci-
tou a realização do Agrojovem, que
reuniu quase 200 jovens em Goiás.
Por fim, Jordana Sara, consultora téc-
nica do Senar Goiás para a área de meio
ambiente tirou dúvidas a respeito do
Cadastro Ambiental Rural (CAR). Ao
longo de 2013 ela participou da capaci-
tação de 4.200 técnicos, com apoio do
Senar Goiás. Jordana alertou para a im-
portância de um bom técnico fazer o Ca-
dastro, incluindo visita à propriedade. A
técnica ainda se disponibilizou a visitar
ainda mais municípios levando informa-
ções a produtores e técnicos da região.
Encontro realizado na Faeg também tratou de prestação de contas anuais e previsão para 2015
Catherine Moraes | [email protected]
Dirigentes se reúnem e fecham balanço de 2014
LÍDERES EMPREENDEDORES
Laris
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PALMEIRAS DE GOIÁS EDÉIA
RIO VERDE TURVELÂNDIA
Dando prosseguimento às atividades do Projeto Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura (PNDS), os produtores da Granja Sobral, propriedade de Francisco Gilson, em Palmeiras de Goiás, foram orientados sobre a criação de Suínos entre os dias 1 e 20 de dezembro. O curso contou com a instrução da veterinária Rachel Leão, que ministrou os seis módulos de manejo, além de cinco módulos do curso para gerentes e líderes da granja. Ao todo, foram realizadas 128 horas de treinamento e capacitação dos funcionários na área de criação de suínos. (Colaborou com a nota: Samantha Leandro, técnica-adjunta do Senar Goiás)
Contando com a presença do presidente do Conselho Administrativo Senar Goiás, José Mário Schreiner, e de membros da diretoria da Faeg, foi realizado em Edéia, no dia 3 de dezembro, o curso de Processamento Caseiro de Plantas Medicinais. O evento foi realizado na fazenda de Gilmione Parreira de Sousa e contou com a participação de 15 produtores. Gilmione considerou que a visita do presidente valoriza as ações e a participação dos produtores.
Em parceria com o Sindicato Rural de Rio Verde, por meio do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), foi realizado o curso de Bovinocultura de Leite no município de Rio Verde. O evento contou com a participação do presidente do Conselho Administrativo do Senar Goiás, José Mário Schreiner, e de membros da diretoria da Faeg. Na ocasião, o presidente considerou que os participantes, que estão concluindo o ensino médio, devem se preparar para ingressar no setor que mais cresce no país.
Na Fazenda Santa Maria do Mirante, propriedade parceira do Senar Goiás, sempre aberta para cursos de capacitação de trabalhadores da região de Turvelândia, o presidente do Conselho Administrativo do Senar Goiás, José Mário Schreiner, e membros da diretoria da Faeg acompanharam o curso de operação de tratores agr ícolas no dia 3 de dezembro. Na ocasião, o presidente cumprimentou os participantes dos cursos e ressaltou a importância dos produtores rurais para o desenvolvimento do país.
Suinocultura Plantas Medicinais
Bovinocultura de Leite Tratores Agrícolas
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Dirigentes se reuniram durante dois dias na sede da federação
Fevereiro / 2015 CAMPO | 1514 | CAMPO Fevereiro / 2015 www.sistemafaeg.com.br www.senargo.org.br
atendendo apenas alguns nichos da
população brasileira.
O status de vilão do defensivo
agrícola, vem de um histórico de
utilização indiscriminada e incor-
reta destes produtos, realizado ge-
ralmente por produtores rurais com
baixa capacitação técnica. Os pro-
dutos químicos atualmente têm uma
legislação de uso bastante rigorosa,
e desde que sejam cumpridos estes
parâmetros, podem ser utilizados
de forma segura, sem trazer riscos
ao meio ambiente, aos alimentos e
aos humanos.
O consultor técnico do Senar Goiás
para área de cereais, fibras e oleagino-
sas, Cristiano Palavro, explica o moti-
vo de o Brasil ser hoje um dos maiores
consumidores de defensivos agrícolas
no mundo. “O Brasil, além de ser um
dos maiores produtores de alimento do
mundo, possui um clima tropical alta-
mente favorável para o desenvolvimen-
to de pragas e doenças. Grande parte
das outras principais regiões produtoras
no mundo apresentam um inverno mui-
to rigoroso, o que dificulta a multiplica-
ção destas moléstias”, afirma Cristiano.
Essa mesma condição climática
tropical, permite que haja uma in-
tensificação da produção brasileira,
com o cultivo de até três safras em
um mesmo ano. Isso facilita a cria-
ção das chamadas “pontes verdes”,
que favorecem a manutenção de pra-
gas e doenças nas regiões produto-
ras, elevando a necessidade de uti-
lização de mecanismos de controle.
O produtor de soja e milho em Rio
Verde, Adriano Barzotto, afir
Com a crescente demanda
mundial por alimentos, o
uso de defensivos agrícolas
nas lavouras é fundamental para
garantir a oferta de produtos para
os consumidores. Por este motivo,
os defensivos químicos são gran-
des aliados da agricultura, mas
exigem uma utilização de forma
consciente, por pessoas treinadas e
orientadas tecnicamente. O mane-
jo racional dos produtos químicos
pode reduzir fortemente o volume
de aplicações e, consequentemen-
te, inibir os problemas gerados pelo
seu uso indiscriminado.
Embora seja visto como vilão,
sobretudo pela população urbana,
o uso dos defensivos agrícolas é o
principal meio para que se consiga
viabilizar a necessária produção em
larga escala. Os cultivos orgânicos,
apesar de extremamente interessan-
tes para nossa alimentação, atual-
mente são escassos e apresentam
um custo muito elevado, o que enca-
rece seus preços aos consumidores,
Laris
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Produtor em Rio Verde, Adriano Barzotto afirma que produtores estão mais cautelosos e conscientes
www.senargo.org.brwww.sistemafaeg.com.br
PRAGAS E DOENÇAS
Defensivos agrícolas: aliados da produçãoCondições climáticas do Brasil favorecem surgimento de pragas e doenças
Karina Ribeiro | [email protected]
Especial para Revista Campo
www.senargo.org.br Fevereiro / 2015 CAMPO | 17Fevereiro / 2015 CAMPO | 1716 | CAMPO Fevereiro / 2015 www.sistemafaeg.com.br16 | CAMPO Fevereiro / 2015
ma que a legislação mais rigorosa,
a preocupação com a saúde do tra-
balhador rural, os custos de produ-
ção e a consciência ambiental são os
principais responsáveis pela mudan-
ça de hábito dos produtores rurais.
Ele afirma que a preocupação com
a utilização dos produtos químicos
começa desde a chegada dos defen-
sivos nas propriedades. “O ambiente
onde são armazenados os produtos
são ventilados e não os colocamos
em contato com o piso do galpão, o
que dificulta a contaminação destes
locais e a exposição dos trabalhado-
res”, explica.
Adriano, que também é engenhei-
ro agrônomo, afirma que as caldas
e dosagens precisam ser feitas de
forma correta, o que torna funda-
mental o treinamento dos funcioná-
rios que vão fazer a aplicação. “Tem
produto certo para cada ocasião e
os técnicos tem que estar conscien-
tes disso”, explica.
“Os produtores mais tecnificados
são mais eficientes e as lavouras são
monitoradas, tornando o processo
de aplicação mais rigoroso. Já os
produtores que não são assistidos
pela assistência técnica, tende a uti-
lizar estes produtos de forma mais
desenfreada”, pontua Adriano.
Manejo
Com a aplicação correta das técni-
cas de cultivo e o respeito a legisla-
ção fitossanitária, é possível reduzir
a quantidade de defensivos agrícolas
empregada nas lavouras e manter
a produtividade em alta. Segundo
Leonardo Furquim, Coordenador do
curso de Aplicação de Defensivos
Agrícolas do Senar Goiás, o correto
é fazer um bom monitoramento de
pragas e doenças, verificar o nível de
incidência e escolher o melhor méto-
do de controle. “O correto monito-
ramento e verificação da incidência
das infestações nos permite definir
o momento ideal de fazer as aplica-
ções. Também em muitos casos, é
possível adotar o combate biológico,
inserindo organismos predadores das
pragas que estão causando prejuízo
à lavoura”, afirma Leonnardo.
A assistência técnica realizada por
um agrônomo capacitado é funda-
mental para a eficiência do comba-
te. É ele que vai apontar a dosagem
Capacitação busca diminuir riscosNo ano passado, foram capacitadas 2,5 mil pessoas no curso de aplicação de defensivos agrícolas ofertado pelo Senar
Goiás. O objetivo agora é focar em produtores que se instalaram nas regiões de fronteira agrícola, aonde os cultivos agríco-las são mais recentes e estão em ampla expansão nos últimos anos, além de pequenos produtores e agricultores familiares.
correta a ser aplicada do produto e a forma
ideal de manejo. A aplicação de subdoses ou
superdoses, por exemplo, contribui para a se-
leção de biótipos de pragas resistentes, o que
torna o controle cada vez mais complicado
ao longo do tempo. O que agrava este fato é
que as liberações de novas moléculas de de-
fensivos no Brasil são muito morosas, e com
a perda de eficiência dos produtos existentes
atualmente no mercado, o produtor pode fi-
car sem opções de controle.
O conselheiro do Conselho Regional de
Química (CRQ-12), Elias Divino Saba, afirma
que o produtor deve seguir à risca o manual
de aplicação de cada produto químico. Deci-
sões contrárias podem trazer riscos à saúde
e ao meio ambiente, causando consequências
de difícil reversão.
Segundo Elias, as multinacionais fabrican-
tes de insumos no país investem em tecnolo-
gia para desenvolver produtos com princípios
ativos menos nocivos à natureza e ao homem.
“Quando apresentam um produto muito
nocivo, seu registro pode ser rejeitado pelos
órgãos competentes. A fiscalização do Brasil
também acompanha de perto os periódicos
e estudos de outros países, analisando os pro-
dutos que são proibidos lá fora”, salienta.
Menos agressivosA gerente de stewardship da Bayer Crops-
ciense, Adriana Ricci, ressalta que os produto-
res devem seguir a orientação do fabricante e
ficar atentos à procedência do produto, sendo
sempre adquiridos de distribuidores e reven-
dedores autorizados. “O uso incorreto de pro-
dutos, além de incorrer em risco à saúde hu-mana, animal e ao meio ambiente, contribui para o aumento de resistência de pragas”, diz.
Ela afirma que a empresa investe continua-mente no desenvolvimento de moléculas para alvos específicos e cada vez mais adequados para o meio ambiente e a saúde humana.
Cristiano Palavro, consultor técnico do Senar Goiás afirma que as condições climáticas tropicais do Brasil favorecem o aparecimento de pragas e doenças Fr
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Gerente de stewardship da Bayer Cropsciense, Adriana
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Fevereiro / 2015 CAMPO | 19www.senargo.org.brwww.sistemafaeg.com.br18 | CAMPO Fevereiro / 2015 Fevereiro / 2015 CAMPO | 19www.senargo.org.brwww.sistemafaeg.com.br18 | CAMPO Fevereiro / 2015 Fevereiro / 2015 CAMPO | 19www.senargo.org.brwww.sistemafaeg.com.br18 | CAMPO Fevereiro / 2015
da natureza A beleza
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ANUNCIO 21X15CM-am.pdf 1 19/02/2015 17:34:26
Encerrando o ano de 2014, o
Fundo para o Desenvolvimento
da Agropecuária do Estado de
Goiás (Fundepec-Goiás) comemorou
os 25 anos de sua fundação homena-
geando produtores rurais, industriais
e lideranças de entidades ligadas à
agropecuária. Na ocasião, foram lem-
brados ainda os primeiros diretores do
Fundo, assim como as entidades que
hoje o compõe. O evento foi realizado
no Tatersal de Elite do Parque de Ex-
posições Agropecuárias de Goiânia,
no último mês de dezembro e lidera-
do pelo presidente José Magno Pato.
Fundado em fevereiro de 1989, o
Fundepec Goiás homenageia anual-
mente, personalidades que atuam em
prol do desenvolvimento do agronegó-
cio. Nesta edição, o troféu foi entre-
gue a Uacir Bernardes, representando
a Associação Goiana de Avicultura;
Crenilda Francisca das Neves Nasci-
mento, da Associação Goiana de Sui-
nocultores; deputado estadual José
Vitti, como Destaque Personalidade
Pública; Edson Teixeira Filho, como
Destaque na Pecuária de Leite e Rui-
ter Eurípedes Azzi, como Destaque
na Pecuária de Corte. Além deles, re-
ceberam a homenagem os conselhei-
ros da última diretoria da casa: Ricar-
do Yano, Adilon Antônio de Souza,
Altino Loyola e Ronam Antônio Azzi.
Em 2014, o troféu foi uma obra
de arte assinada pelo artista plás-
tico Omar Souto. Todas essas pes-
soas receberam o troféu Funde-
pec-Goiás. É uma obra
de arte assinada pelo
artista plástico Omar
Souto. Trata-se da es-
tatueta de um produ-
tor rural em alumínio
escovado, de 40 cm
de altura seguran-
do uma meda-
lha dourada,
cujas esfin-
ges são boi
de corte,
vaca leiteira,
um suíno e
uma ave.
CELEBRAÇÃO
Evento foi realizado no Tatersal de Elite do Parque de Exposições Agropecuárias, em Goiânia Luiz Carlos Rodrigues | [email protected]
Especial para a Revista Campo
Fundepec Goiás comemora 25 anos
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Presidente do Fundepec Goiás, José Magno Pato discursa durante festa de congraçamento
Antenor Nogueira, primeiro presidente do Fundepec discursa em nome dos homenageados
Homenageados Adilon Antônio, Ricardo Yano, Ronam Azzi e Altino Loyola posam para foto com presidente
Parte de homenageados, e representantes, que fundaram a instituição. No detalhe ao fundo, Dr. Gilberto de Sant’Anna Filho
Edson Teixeira Filho, homenageado na categoria pecuária leiteira ladeado de familiares, Agostinho e Alfredo
Presidente homenageia Ruiter Eurípedes Azzi, destaque na pecuária de corte
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Primeira Diretoria do Fundepec, homenageada
Presidente: Antenor de Amorim Nogueira
Vice-presidente: Luiz Barreto Correia de Menezes
Segundo vice-presidente: Ruy Brasil Cavalcanti Júnior
Diretor Administrativo: Antônio Flávio de Lima (In Memoriam)
Diretor Financeiro: Rubens Marianni
Representante da Faeg: Antônio Rastoldo
Representante da Seagro: Ângelo Rosa Ribeiro
Representante da Delegacia Federal do Mapa: José Magno Pato
Titulares do Conselho Curador: João Bosco Gomes Lousa,
(In Memoriam); Nivaldo Gomes Gerais; e Leandro Botacin
*Além desses nomes, fizeram parte do grupo que im-
plantou o Fundepec-Goiás, João Issassi Yano, (In Memo-
riam); Nilo Margon Vaz, (In Memoriam); Jales Rodrigues
Naves; Manuel Barqueiro e Múcio Borges de Freitas.
Fevereiro / 2015 CAMPO | 2120 | CAMPO Fevereiro / 2015 www.sistemafaeg.com.br www.senargo.org.br
Por uma vida economicamente mais fácilEm Goiás, o objetivo é alavancar a metade das famílias ruraisinseridas nas classes D E para a C
Karina Ribeiro | [email protected]
Especial para Revista Campo
A assentada Isabel Guimarães e
seu marido, Pedro Lobo Gui-
marães, conheceram bem a
realidade de quem vê no trabalho o úni-
co caminho para melhorar de vida. Ela
conta que mudou para os 63 hectares de
terra cravados no Assentamento São Se-
bastião da Garganta, localizado no mu-
nicípio de Silvânia, em 2002. Na época,
venderam o que tinham e pagaram R$
15 mil pela gleba. “Não sabíamos que
não podia vender ou comprar terra de
assentamento na época”, justifica.
Na época, com três filhas em idades
próximas, 16 anos, 14 anos e 13 anos,
Isabel informa que não chegaram
a passar fome, mas diz que viveram
momentos difíceis. O marido buscava
fazer diversos tipos de prestações de
serviços nas proximidades, mas nem
sempre a sorte ajudava. Nessas horas,
batia a insegurança batia. Isabel conta
que não sabiam se conseguiriam ali-
mentar a família nos próximos dias.
Mas Isabel explica que realizaram
alguns cursos, mas achava difícil, já
que muitas vezes o técnico não voltava
à propriedade e as dúvidas impediam
tocar a plantação de forma correta. “A
gente plantava as coisas, nem sempre
dava certo e também não sabíamos
para quem vender”, diz.
Mais recentemente fez um curso de
derivados de mandioca no Negócio
Certo Rural. Ela diz que já começa a
ver o resultado. “O instrutor já veio
aqui outras vezes e tiro as dúvidas na
apostila também. Agora sei quanto cus-
ta o produto e quanto posso vender”,
diz. Ela já plantou mandioca e, quando
não tem o próprio produto, adquire o
tubérculo com outras pessoas e divide a
farinha em 50%. “Metade fica comigo
e a outra metade para o dono da man-
dioca”, diz. Aprendeu a fazer ração e
os frangos da propriedade já engordam
mais rapidamente.
Para quem passou dificuldade, a vida
está economicamente mais fácil. “Teve
mês que vendi farinha e ganhei R$
1.050”, diz. Mas, o habitual, explica,
é ficar com renda mais baixa, mas já
muito bem-vinda à família que agora
está reduzida. “Minhas três filhas já ca-
saram”, afirma.
Em Goiás, o objetivo é alavancar a
metade das famílias rurais inseridas nas
classes D E para a C e promover a as-
censão da metade da classe C para a A
B. Esse salto agregaria valores ano, nos
dias atuais, um total de R$ 8 bilhões
para a economia goiana.
A tarefa não é considerada fácil e
especialistas do setor são unânimes ao
afirmar que identificar a população e
unir entidades públicas e privadas em
um único objetivo comum é o caminho.
Além das três esferas do governo: mu-
nicipal, estadual e federal e das entida-
des de classes é observada a integração
das universidades e do Sistema S.
Para o presidente da Federação da
Agricultura e Pecuária do Estado de
Goiás (Faeg), José Mário Schreiner, a
melhor maneira de identificar esse pro-
dutor rural é criando um cadastro na-
cional único. Isso porque, atualmente,
os produtores rurais têm um cadastro
POBREZA RURAL
Isabel fez um curso de derivados de mandioca no Negócio Certo Rural e hoje comemora a melhoria de vida
Laris
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22 | CAMPO Fevereiro / 2015 www.sistemafaeg.com.br Fevereiro / 2015 CAMPO | 23www.senargo.org.br
para cada programa ou entidade ligada
ao setor. “O IBGE aponta os números
por município, agora precisamos iden-
tificar essas pessoas por CPF”, afirma.
Na prática, para o pesquisador da
Embrapa, Eliseu Alves, a melhor forma
de identificar os produtores rurais que
rondam a linha da pobreza é com o en-
gajamento dos municípios e sindicatos
rurais. “Todos têm de fazer parte de
uma solução conjunta para acabar com
as imperfeições do mercado”, ressalta.
Segundo o superintendente do Se-
nar Goiás, Eurípedes Bassamurfo, ao
encontro dessa necessidade, o Senar
Central mudou a missão do órgão em
2014. Anteriormente, explica, a pro-
posta era formar o homem do campo e
agora, a visão é realizar a educação do
homem do campo. “Com isso abriu-se
um leque para que Goiás atinja esse
objetivo”, diz. Ele afirma que tudo
chega ao homem do campo de forma
atrasada. E ainda faltam profissionais
capacitados e treinados para atender a
demanda de produtores carentes tanto
no País quanto em Goiás.
Programas
Alguns programas são considerados
estratégicos para aumentar a gama de
profissionais no campo, despertar in-
teresse no setor rural e, além de ala-
vancar as classes economicamente,
promover a preservação do homem no
campo. O Programa Agrinho, inseri-
do há sete anos nas escolas públicas
pela Faeg, ensina às crianças do ensi-
no fundamental algumas premissas do
trabalho no campo e a importância da
produção dos alimentos e preservação
do meio ambiente.
Já os jovens são amparados pelo Pro-
grama Nacional de Acesso ao Ensino
Técnico e Emprego (Pronatec). O pro-
grama estreita a distância entre o setor
produtivo e a comunidade. “São aulas
ministradas no campo, onde os alunos
aprendem no campo e tem contato com
os grãos e a pecuária de leite e corte”,
diz Bassamurfo, que complementa res-
saltando os cursos de Educação À Dis-
tância (EAD) oferecidos pelo programa.
Para o superintendente, esse traba-
lho em conjunto precisa quebrar pa-
radigmas que permeiam o setor rural.
Para que haja rentabilidade e susten-
tabilidade não são necessárias grandes
áreas de propriedade. Ele explica que
é possível melhorar a produtividade
dentro da capacidade de cada produ-
tor. “É muito importante trabalhar o
comportamental deste produtor. Se ele
quer, com assistência e orientação, ele
consegue”, arremata.
Mas especialistas garantem o ge-
renciamento é tão importante quanto
a implantação da assistência técnica
para alavancar as classes rurais. Plani-
lhas de custos, inventário, controle da
propriedade precisam ser inseridos na
rotina dos produtores. Eurípedes infor-
ma que o produtor rural também pre-
cisa se organizar.
Na opinião do pesquisador da Embra-
pa, Eliseu Alves, de forma geral, esse
movimento das classes sempre ocorreu
no meio rural do País. Ele explica que
a classe média tem uma mobilidade
maior, retraindo ou expandindo, depen-
dendo da situação econômica do País
e da rentabilidade dos produtos cultiva-
dos. “O que o Ministério da Agricultura
está propondo é acelerar essa alavan-
cagem de classes”, pontua. Ele salienta
que existe uma imperfeição no mercado
que achata as possibilidades do peque-
no produtor a alcançar níveis mais ele-
vados de rentabilidade. O argumento é
que a pequena produção é vendida a
um preço mais baixo, enquanto que os
valores dos insumos são elevados. “A
agricultura moderna não é rentável para
essa população”, explica.
A saída, conforme ele, seria dissolver
essas imperfeições do mercado com a
criação de um número maior de coope-
rativas e associações de produtores em
todo o País. Para tanto, são indispen-
sáveis as presenças do poder público e
sindicatos rurais. “O Sul do País faz isso
muito bem. Acredito que primeiro seja
necessário resolver esses problemas,
para depois oferecer assistência técni-
ca. É preciso que as pessoas se unam
para adquirir produtos a menor preço
para vender a um maior preço”, ensina.
Mas ele explica que há um contingen-
te extenso de famílias, cujo tratamento
deve ser diferenciado e individualizado.
Ele lembra que alguns produtores vi-
vem em situação de extrema pobreza,
sobretudo na Região Nordeste do País
(embora lembre que existam famílias
semelhantes em todas as regiões), que
precisam, inicialmente, serem atendi-
dos com programas de transferência
de renda. “Depois disso, tem de fazer
um diagnóstico individual, verificar que
tipo de atividades agrícolas essas famí-
lias podem desenvolver, individualmen-
te, para depois oferecer ajuda técnica e
de associação”, finaliza.
Lucro que vem do leite
A labuta na propriedade do produtor
de leite, Pedro Deusdeth Pereira, loca-
lizada em São Miguel do Passa Quatro,
era dura. O produtor acordava cedo, às
5h30, tirava sozinho o leite das sete
vacas em lactação. A rotina acabava já
no fim do dia, com o cansaço explícito
de um dia cheio. Mas tudo isso está
longe de ser uma reclamação de Pedro
Deusdeth. O problema era a descren-
ça. O produtor não via muito futuro
naquela lida e já pensava em largar a
atividade. Faltava dinheiro para inves-
timento, para suprir as necessidades
básicas do produtor.
Mas a realidade atual é outra. O pro-
dutor se inseriu no programa Goiás
Mais Leite – Metodologia Balde Cheio
na Cooperativa Agropecuária Mista de
Bela Vista de Goiás (Cooperbelgo) em
setembro de 2011. Com a assistência
continuada da médica veterinária, Pa-
trícia Alesse Teixeira e do engenheiro
agrônomo, Bruno dos Reis, os resulta-
dos são expressivos.
No início do projeto, o produtor lei-
teiro tinha sete vacas em lactação que
produziam, diariamente, 70 litros. Atu-
almente são nove vacas, ou seja, ape-
nas dois animais a mais, mas que ren-
dem 190 litros por dia, um incremento
de 171% da produção. Na prática, esse
é apenas um resultado oriundo de mu-
danças sensíveis, mas simples ocorri-
das na propriedade. Os 7,7 hectares
de área útil de braquiara, foram trans-
formados, com orientação técnica, em
piquetes de 0,7 hectares de mombaça,
em sistema rotacionado. “No pico da
chuva conseguimos ter 10 animais nes-
sa área”, diz Patrícia.
Deusdeth conta que pagava R$ 116
pela tonelada de silagem de sorgo.
Hoje sua propriedade possui 0,9 hec-
tares de cana-de-açúcar, cuja produ-
ção é utilizada para alimentar o gado.
Além de melhorar a alimentação, fo-
ram substituídos alguns animais por
outros de melhor desempenho. Os
bezerros foram vendidos para reverter
em melhorias na propriedade ou aqui-
sição de novos animais. “O desem-
penho de uma vaca bem alimentada
pode melhorar em 50%. Às vezes
também é necessário vender dois ani-
mais para comprar um melhor”, afir-
ma Patrícia. Tudo isso feito em cima
dos resultados financeiros e acompa-
nhamento de gestão. Como o produ-
tor já tinha um financiamento, parte
da renda era repassada ao banco o
Para o presidente da Faeg, José Mário Schreiner, a melhor maneira de identificar esse produtor rural é criando um cadastro nacional único
O superintendente do Senar Goiás, Eurípedes Bassamurfo explica que o Senar Central mudou a missão do órgão em 2014
Pedro Deusdeth é o exemplo de como a assistência técnica pode promover uma guinada na vida do trabalhador rural
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alho
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Fevereiro / 2015 CAMPO | 2524 | CAMPO Fevereiro / 2015 www.sistemafaeg.com.br www.senargo.org.br
que gerou dificuldades econômicas
em alguns momentos.
No início do projeto, foi realizado
um inventário da propriedade de Pedro
Deusdeth que preenchia apenas algu-
mas linhas, cujos principais bens eram o
tanque de expansão para leite e o apa-
relho de cerca elétrica. Atualmente in-
tegram também a lista: triturador, orde-
nhadeira, além de benfeitorias em toda
a infraestrutura da pequena proprieda-
de como galpão e curral. Na prática, a
planilha dos resultados econômicos da
atividade implantada pelo programa é
totalmente ascendente. A evolução das
sobras do fluxo de caixa foi de 127%, o
patrimônio (11,96%) e a renda da venda
do leite melhorou 44%, por exemplo.
Segundo a veterinária não há mági-
ca, mas não também não há nenhuma
receita de bolo. O segredo é a assis-
tência técnica continuada, a gestão do
negócio e, sobretudo, potencializar as
características da propriedade. “É feito
o máximo com aquilo que o produtor
tem e só depois buscamos algum recur-
so financeiro”, ensina. Pedro Deusde-
th é o exemplo de como a assistência
técnica continuada e gerenciamento da
propriedade podem promover uma gui-
nada na vida do trabalhador rural. Esse
é o grande objetivo comum das enti-
dades ligadas ao setor: a ascendência
de classe. O desafio recebeu luzes de
holofotes ao ser considerado uma das
principais metas da nova detentora da
pasta do Ministério da Agricultura, a
senadora Kátia Abreu (PMDB).
O objetivo é dobrar o tamanho da
classe média rural brasileira em qua-
tro anos. Para tanto, o foco é proje-
tar a ascensão das classes D E para a
classe C de cerca de 800 mil produto-
res. A chave é o fornecimento de rede
de assistência técnica e extensão rural.
RadiografiaLevantamento da Fundação Getúlio Vargas com base
nos censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) de 2006 aponta que o produtor da classe A corres-
ponde a 12,9% das propriedades goianas e possui renda
mensal superior a R$ 4.083. Na outra ponta, produtores
das classes D E ocupam 63,17% do território produtivo
goiano e ganham menos de R$ 947 por mês. No total são
75.471 propriedades (veja quadro).
Entretanto, a classe mais baixa é desfavorecida também
na contribuição dos impostos. Se por um lado, o impacto
dos impostos para as classes A B é de 3,26% em relação às
despesas, para as classes menos favorecidas, este impacto
é de 5,29%.Manejos que já estão, há anos, incutidos no
dia a dia de médios e grandes produtores goianos, por
exemplo, ainda são realidades distantes para a maioria das
propriedades rurais goianas.
Conforme estudo, somente 2% dos produtores das clas-
ses D E fazem inseminação artificial e 30% recorrem à
adubação para correção do solo. Um total de 77% não
tem acesso à assistência técnica. O gerente de assuntos
técnicos e econômicos da Faeg, Edson Novaes, afirma que
esses indicadores apontam a fragilidade dessas classes e,
por outro lado, o grande potencial de crescimento. “Nosso
maior desafio é fazer uma grande parceria, estadual, mu-
nicipal e federal. Essa ação conjunta precisa do apoio das
entidades de classes do setor público e privado, do Sistema
S e universidades para montarmos uma grande rede de
assistência técnica”, diz.
Radiografia da população rural goianaA renda mensal do grande produtor de Goiás (clas-
se A e B) é acima de R$ 4.083 por família. A renda
mensal do médio produtor (classe C) entre R$ 947 e
R$ 4.083 e corresponde 23,9% das propriedades. Já
a classe D E, cuja renda familiar é inferior a R$ 947,
correspondem 63,16%. Área média do produtor das
classes A B é de 791 hectares, da classe C é de 177
hectares e das classes D E, a média é de 92 hectares.
Produtores das classes A B são responsáveis por 84%
do valor bruto, de produção, da classe C é responsável por
11%. Já as classes D E são responsáveis por apenas 5% do
valor bruto de produção.
Características das classes D E rural em Goiás 30% dos produtores fazem
adubação
2% dos pecuaristas realizam
inseminação artificial
19% dos produtores das classes
fazem algum tipo de investimento
77% não recebem nenhuma
orientação técnica
88% não possuem nenhuma má-
quina e implementos
12% têm acesso ao crédito
Fontes: FGV/IBGE
Fevereiro / 2015 CAMPO | 2726 | CAMPO Fevereiro / 2015 www.sistemafaeg.com.br www.senargo.org.br
EDUCAÇÃO NO CAMPO
Instrutores do Senar Goiás são responsáveis por modificar realidades
Luiz Fernando Rodrigues | [email protected]
Conhecimento que transforma vidas
Disseminar conhecimento e,
em troca, receber grandes
histórias. Essas duas com-
binações fazem parte do trabalho
cotidiano dos instrutores do Ser-
viço Nacional de Aprendizagem
Rural em Goiás (Senar Goiás) ao
percorrer os quatro cantos do esta-
do. Os Profissionais de diferentes
áreas, como veterinários, engenhei-
ros agrônomos e artesãos, são os
responsáveis por levar mais infor-
mações, aper feiçoamento e profis-
sionalização aos produtores rurais
de Goiás, além de proporcionar
melhoria signif icativa na qualidade
de vida de diversas famílias.
Ao todo, o Senar Goiás con-
ta com mais de 260 instrutores,
de diferentes idades e gêneros
que são responsáveis por mi-
nist rar t reinamentos de curta e
média duração, além dos cursos
do Programa Nacional de Aces-
so ao Ensino Técnico e Emprego
(Pronatec) em Goiás. Entre esses
prof issionais, Andres Peter Brito,
40, leva conhecimentos ao cam-
po referentes à Segurança do Tra-
balho, Prevenção no Manuseio de
Agrotóxicos e Máquinas Agr íco-
las e sobre a Norma Regulamen-
tadora (NR) 31. O instrutor faz
questão de ressaltar que o t raba-
lho baseia-se em uma troca, em
que a ajuda acaba sendo mútua.
“Essa é a grande diferença do Se-
nar porque quem participa está
querendo aprender. Então, somos
vistos como uma pessoa de gran-
de valor, somos muito valoriza-
dos pelo aluno”, comenta.
Com trabalho cuidadoso, instrutores ensinam a melhor forma de lidar com o campo
Fred
ox C
arva
lho
www.senargo.org.br Fevereiro / 2015 CAMPO | 27
Entre as diversas histórias lembradas
no decorrer dos sete anos como instru-
tor, a que mais emociona Andres ocor-
reu em um dos momentos mais difíceis
de sua vida, ainda no início da carreira.
Na ocasião, o irmão do educador foi
morto em um acidente na cidade de
Atlanta, nos Estados Unidos. Sem con-
dições de chegar a tempo para o veló-
rio, Andres decidiu ser instrutor de For-
mação e Produção de Pomar Caseiro
em Santa Izabel. “Como estava preso
em casa, pensei que se ficasse parado
poderia ficar mais louco e fui traba-
lhar”, explicou. Ao chegar no local, An-
dres teve uma surpresa. Ao término da
ação foi abordado por uma senhora que
no decorrer do curso apresentou traços
de abatimento. “Ela disse que salvei a
vida dela porque estava deprimida e até
pensava em até se matar. Com o trei-
namento, começou a cuidar das plan-
tinhas dela e isso me marcou muito”,
conta emocionado.
Outro que tem muita história para
contar como instrutor é Tayrone Freitas
Prado, 26. Mestre em Nutrição e Repro-
dução de Ruminantes pela Universida-
de Federal de Goiás (UFG), o
educador lembra que já acom-
panhou muitos alunos a conse-
guirem empregos a partir dos
cursos ministrados e outros que
saíram do caminho das drogas.
“Em Itajá, teve uma senhora
que não trabalhava e que foi
contratada com carteira assi-
nada a partir do momento em
que fez um dos treinamentos.
Vemos que isso faz a diferença
na vida das pessoas”, lembrou.
Em vista das histórias con-
tadas pelos produtores, o pre-
sidente da Federação da Agri-
cultura e Pecuária de Goiás
(Faeg), José Mário Schreiner,
também lembra que o empe-
nho em transmitir conheci-
mentos por parte dos instrutores do
Senar Goiás é fundamental para me-
lhorar a qualidade de vida dos produ-
tores por meio do trabalho. “O Senar
conta com um time de técnicos e ins-
trutores que, sem dúvida nenhuma, é
um dos melhores do Brasil. Em cada
profissional, temos uma pessoa que,
além de muito capacitada, encara o
seu trabalho como uma verdadeira
missão”, declarou o presidente.
Seleção e qualificação dos técnicos
A proposta de mudança de vida pas-
sa pela qualificação
e a seleção dos pro-
fissionais pelo Senar.
Segundo o gestor do
Departamento Téc-
nico do Senar Goiás,
Flávio Henrique Silva,
foi realizado em 2013
uma chamada pública
para o credenciamento
de profissionais com
validade de três anos.
“Nesse processo há
algumas etapas que compreendem a
habilitação da empresa, a análise cur-
ricular de candidatos a professores e
educadores e a aplicação de avaliações
para mensurar a capacidade de repassar
conhecimento”, explica Flávio Henrique.
O gestor do departamento técnico tam-
bém ressalta que, quando identificado a
necessidade de atualização técnica ou de
nivelamento em alguma área, os instruto-
res passam por capacitações para alcan-
çar a excelência. “Em algumas situações,
enviamos esses profissionais para con-
gressos, seminários ou treinamentos. Em
2014, mandamos pessoas para o Mato
Grosso, São Paulo e outros estados em
busca dessa perfeição”, comentou.
Seguindo a ideia de aperfeiçoamento,
entre os dias 9 e 11 de fevereiro ocorre-
rá o Encontro Técnico de Instrutores do
Senar Goiás, em Caldas Novas, com o
objetivo de levar conhecimento e apre-
sentar as metas para 2015. Segundo o
Superintendente da instituição, Eurí-
pedes Bassamurfo, essa parceria com
profissionais preparados é fundamental
para levar mais educação ao homem do
campo. “Acreditamos que tudo o que
estamos plantando resultará em frutos
melhores para os produtores rurais. Para
isso, precisamos dos instrutores para
atender a educação e, principalmente, a
formação profissional dos produtores e
trabalhadores rurais”, ressalta.
Andres encontrou forças para superar perda durante treinamento em Santa Izabel
Eurípedes: o encontro objetiva preparar os instrutores para o futuro da educação
Laris
sa M
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Laris
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Fred
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SANIDADE
Instrução Normativa prevê mais cuidado com a produção
Michelle Rabelo | [email protected]
Leite com qualidade dentro e fora da porteira
Desde que expressões como
alimentação saudável e es-
tilo de vida natural caíram
nas graças da população, os cuida-
dos com o que se coloca na mesa
vêm aumentando. Nem os alimen-
tos que são velhos conhecidos da
dieta conseguiram escapar. Exem-
plo é o leite, que além de consu-
mido sozinho, é base para vários
outros alimentos. Foi assim que a
Mimosa foi inserida em um intenso
processo de profissionalização.
Agora, a aprovação da Instrução
Normativa (IN) 62 pelo Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abaste-
cimento (Mapa) – que regulamenta
os novos parâmetros de qualidade
para o leite nacional – ascendeu o
alerta de quem produz o alimento.
“Eles têm até 2016 para se adequa-
rem, mas a maioria já trabalha com
parâmetros de qualidades bastante
satisfatórios”, pontua o coordena-
dor do programa Balde Cheio do
Serviço Nacional de Aprendizagem
Rural em Goiás (Senar Goiás), Mar-
cos Henrique Teixeira.
A regra veio para substituir a IN
51 e muda os parâmetros para a
Contagem Bacteriana Total (CBT)
– que agora deve ser de 100 mil
unidades formadoras de colônias
(UFC/ml)- e a Contagem de Células
Somáticas (CCS) – que passa a ser
de 400 mil por mililit ros (CS/ml).
As mudanças se referem ainda aos
itens que dizem respeito à qualida-
de como ordenha, higienização e
armazenamento. A CBT mensura o
grau de higiene durante a ordenha
e a CCS monitora a incidência de
mastite – principal doença infecto-
contagiosa - nos rebanhos.
Para auxiliar o produtor a se ade-
quar, o Senar Goiás tem dado des-
taque especial em suas ações de
Formação Prof issional Rural (FPR)
na área de pecuária de leite, e tam-
bém dentro do programa Leite Le-
gal, à apresentação e explicação
Fevereiro / 2015 CAMPO | 2928 | CAMPO Fevereiro / 2015 www.sistemafaeg.com.br www.senargo.org.br
da IN 62. Marcos Henrique expli-
ca que o planejamento é realizado
de acordo com a demanda e que
a procura é relativamente grande.
Em 2012 foram minist rados pelo
Senar Goiás um total de 167 t rei-
namentos na área, o que resultou
em 1.864 pessoas capacitadas.
Em 2013 foram 131 treinamentos
e 1.477 capacitados. Por f im, em
2014 a entidade regist rou 147 t rei-
namentos e 1.727 capacitados.
Dentro dos cursos do tipo FPR,
o coordenador destaca o de Bovi-
nocultura de leite/Qualidade do
leite, que traz em sua grade, além
de conhecimentos sobre as Instru-
ções Normativas 51 e 62, princípios
de fisiologia da glândula mamária,
obtenção higiênica do leite, higie-
nização e limpeza do equipamen-
to e local de ordenha, diagnóstico,
tratamento e controle da mastite e
noções de preservação ambiental e
segurança no trabalho.
Produção
O Brasil é o sexto maior produ-
tor mundial e a produção de leite
cresce 4,5% ao ano. Já Goiás é a
quarta potência do ranking leitei-
ro nacional. A produção goiana é
de 3,5 bilhões de litros por ano, e
consome-se aqui apenas 20% deste
total. O restante é comercializado
para outros estados e alguns países
em forma de leite em pó, leite longa
vida ou produtos derivados, como
queijos, manteiga e iogurtes.
Segundo a Cooperativa Mista dos
Produtores de Leite de Morrinhos
(Complem), a capacidade industrial
goiana gira em torno de 16 milhões.
Essa produção representa 10,8%
da produção brasileira. A estimati-
va é a de que o Estado detenha 60
mil pecuaristas de leite, sendo que
mais de 220 mil pessoas encon-
tram-se envolvidas na atividade,
que movimentou R$ 3,8 bilhões nos
246 municípios goianos, em 2013.
Decréscimo na contagem bacteriana total máxima esperado com o PNQL
A partir de 01/01/2012 a 30/06/2014 - Regiões Centro-Oeste, Sudeste
e Sul. A partir de 01/01/2013 a 30/06/2015
- Regiões Norte e Nordeste.
A partir de 01/07/2014 a 30/06/2016 regiões Centro-Oeste, Sudeste
e Sul. A partir de 01/07/2015 a 30/06/2017
- Regiões Norte e Nordeste.
A partir de 01/07/2016 Regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul. A partir
de 01/07/2017 - Regiões Norte e Nordeste.
600.000 UFC/ml 300.000 UFC/ml 100.000 UFC/ml
Decréscimo na contagem de células somáticas esperado pelo PNQL
A partir de 01/01/2012 a 30/06/2014 - Regiões Centro-Oeste, Sudeste
e Sul. A partir de 01/01/2013 a 30/06/2015
- Regiões Norte e Nordeste.
A partir de 01/07/2014 a 30/06/2016 regiões Centro-Oeste, Sudeste
e Sul. A partir de 01/07/2015 a 30/06/2017
- Regiões Norte e Nordeste.
A partir de 01/07/2016 Regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul. A partir
de 01/07/2017 - Regiões Norte e Nordeste.
600.000 células/ml 500.000 células/ml 400.000 células/ml
Alimentação e controle da qualidade são feitos também dentro da sala de ordenha
Mesmo diante de números tão
positivos, o presidente da Com-
pem, Joaquim Guilherme, alerta
para o fato de que Goiás está per-
dendo lugar no ranking nacional
de maiores produtores para outros
estados. “Embora nós reunamos to-
das as condições necessárias para a
atividade leiteira como terras pro-
pícias, disponibilidade de água e
energia elétrica, boa malha viária,
bom rebanho, fartura de grãos e
grande número de laticínios, esta-
mos perdendo espaço aos poucos.
Acredito que para reverter essa
tendência precisamos trabalhar em
várias frentes: preparar melhor a
sucessão familiar nos modelos tra-
dicionais e nas unidades de econo-
mia familiar e investir em formação
de mão de obra de proprietários e
funcionários, criando gestores que
possam utilizar toda informação e
tecnologia existente”, argumenta.
Ele lembra que o grande poten-
cial do Brasil está nos agricultores
familiares. Mas segundo especia-
listas é aí que mora o problema.
A maioria não tem capital para in-
vestir, acesso a informações e as-
sistência técnica para orientá-los
periodicamente. Mesmo assim, o
que anima o coordenador do Bal-
de Cheio, Marcos Henrique, é saber
que o produtor goiano se desdobra
e se destaca entre tantos outros
que tiram do leite o sustendo da fa-
mília. É o caso de Herman Meyer,
produtor referência em qualidade
do leite no município de Itaberaí.
Produção nota 10
Com o idioma ainda em constru-
ção, o suíço Herman Meyer, produz
leite no município de Itaberaí e ser-
ve de exemplo no que diz respeito à
qualidade do alimento. Com a ajuda
da filha Mônica Meyer, ele produz
1.350 litros/dia e brinca “Nós é que
engordamos o gado”, fazendo refe-
rência ao ditado popular “É o olho
do dono que engorda o gado”. Mô-
nica ajuda o pai e explica “vamos
todos os dias no curral, pelo menos
na hora das ordenhas” – a primeira
acontece ao amanhecer e a segun-
da às 15 horas.
Mônica, que é administ radora de
empresas e técnica em Agronomia,
diz que o segredo para o sucesso é
a disciplina. Ela divide o cuidado
com a produção do leite em três
etapas: o manejo da pastagem e
dos animais – que é a alimentação
do gado -, a ordenha e o cuidado
com o produto f inal. Na fazenda
Palmital, com área total de 83 al-
queires, são criadas 560 cabeças
de gado leiteiro, sendo 112 em lac-
tação. “O pasto está sempre ver-
dinho, a água fresca e uma área
sombreada para os animais des-
cansarem é regra por aqui. O nos-
so objetivo é que eles não f iquem
estressados”, explica Mônica.
Na etapa da ordenha o cuidado
por parte de Herman e Mônica não é
diferente. “Vaqueiros e ordenhado-
res são treinados. Nesse ponto quem
nos auxilia é o Senar Goiás, além da
própria Piracanjuba – empresa eu
compra toda a produção dos Meyers
– que oferece cursos de capacitação,
reciclagem e melhoramento”, conta.
A ordenha é feita em uma sala espe-
cífica na qual também faz-se o teste
da caneca. “Os melhores animais
são ordenhados primeiro – ao todo
são seis conjuntos de ordenhadeiras
– para evitar contaminação. No lo-
cal também é feito o pré-dipping e o
pós-dipping.
Outro cuidado de Mônica e Her-
man é ordenhar os animais com
Fred
ox C
arva
lho
Fred
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lho
Fevereiro / 2015 CAMPO | 3130 | CAMPO Fevereiro / 2015
mastite quatro vezes por dia.
“Quando a mastite está avançada,
utilizamos uma pomada específ i-
ca, mas em caso contrário deixa-
mos que o sistema imunológico do
animal se recupere naturalmente”,
pontua a f ilha do produtor.
Quanto à substituição da IN 51
pela IN 62, Mônica é enfática: “não
estamos preocupados, pois já tra-
balhamos aqui com um ponto de
corte bem abaixo do exigido. A
CCS acima de 100 é considerada
ruim. Acima de 200 já entramos
com antibiótico. Estamos sempre
de olho”. Já a análise da CBT é feita
quinzenalmente pela Piracanjuba.
Eles f icam de olho na qualidade e
o consumidor de olho nas delícias
que vêm do leite.
Mesmo diante de propriedades
como a da família Meyer, o presi-
dente da Complem, Joaquim Gui-
lherme, faz questão de lembrar o
Goiás ainda precisa melhorar muito
no aspecto de conscientização de
toda a cadeia produtiva. “Temos
que alertar os produtores sobre a
importância de se produzir, acon-
dicionar, transportar e fabricar o
leite dentro de critérios e padrões
que possibilitem a produção de
produtos com qualidade. Somente
assim teremos condições de com-
petitividade para participarão de
mercado internacional”.
Mônica e o pai, Herman Meyer, dividem a opinião de que “o olho do dono engorda o gado”
Fred
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Fred
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Reconhecimento que ultrapassa as fronteiras de Goiás Ganhador do prêmio “A Qualidade do Leite Come-
ça Aqui”, o pecuarista Eduardo de Souza Iwasse, da
Fazenda Areias em Piracanjuba, leva o nome de Goiás
para todo o Brasil. A premiação foi criada pela DSM
Tortuga para destacar pecuaristas por índices que mos-
trem o padrão de qualidade da produção, como con-
tagem de células somáticas (CCS), contagem bacteria-
na total (CBT), gordura e proteína. Na propriedade de
Eduardo, animais das raças Gir e Girolando foram sen-
do selecionados para formar um criatório com grau de
sangue 7/8 e alta produção. Atualmente, são 65 vacas
em lactação com produção média diária de 17 litros.
DELÍCIAS DO CAMPO
* Receita enviada pelo tecnólogo em gastronomia e instrutor do Senar Goiás, Cristiano Ferreira
Envie sua sugestão de receita para [email protected] ou ligue (62) 3096-2200
Cristi
ano
Ferr
eira
PUDIM DE MARIA-MOLE
PREPARO:
Coloque o leite quente no liquidificador e a maria-mole e bata por 3 minutos. Em seguida, acrescentar o leite condensado e o creme de leite, bater por mais 3 minutos. Por fim, coloque em forma caramelizada. Leve para geladeira e sirva gelado.
INGREDIENTES:
• 1 lata de leite condensado• 1 lata de creme de leite• 3 latas de leite • 2 caixas de maria-mole sabor coco
Fevereiro / 2015 CAMPO | 3332 | CAMPO Fevereiro / 2015 www.sistemafaeg.com.br www.senargo.org.br
CASO DE SUCESSO Fr
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Uma família que não abandona mais a propriedade em tempos de crise do lácteo Gilmara Roberto | [email protected]
Bons de leite
Há dois anos no Programa Goiás Mais Leite, a produção de Emerson e Lucilene cresceu de 15 para 220 litros por dia
No meio do mar alto de soja que se movimenta pelas terras do município de Portelândia, brota
uma pequena fonte do mais puro lei-te. Alimento que não só esguicha das tetas das vacas, mas também brota das mãos de uma família que já enfrentou mais de uma primavera de dificulda-des, mas não desiste da lida no cam-po. Que continua porque conta o gos-to pela terra que só tem quem cresceu na roça. E que, há dois anos, deixou de sub-viver na terra para viver do leite.
A alguns poucos quilômetros de dis-tância de Portelândia, uma estrada de chão riscada sobre a soja à esquerda da BR-364 leva às terras que Emerson e Lucilene Pereira conheceram há nove anos. No início da atividade, chegaram a produzir mais de 600 litros por dia na propriedade do pai de Emerson, mas a venda do leite não compensava os cus-tos da produção. Era trabalho que não virava lucro e vida tocada num ciclo que, de tempos em tempos, terminava com a família voltando para a cidade.
“É que eu fui criada na fazenda e gosto mesmo é de fazenda”, diz Luci-lene Pereira quando justifica porque sempre voltava para a roça. Esse gos-to pela vida no campo leva à verdade de sua família, que só quer um destino em que suas vidas sejam sustentadas pelo trabalho no campo. E porque têm fé e acreditam no que fazem, em 2013, procuraram assistência do Programa Goiás Mais Leite – Metodologia Balde Cheio, realizado pelo Senar Goiás em parceria com a Prefeitura de Portelândia.
Com dez vacas, sendo seis em fase de lactação e produzindo 15 litros por dia, Emerson precisava se dedicar a outros dois empregos para sobreviver. Hoje, não precisa mais trabalhar 19 horas por dia ou muito menos pedir ajuda da família para dar conta das despesas. Com a assistên-cia de André Carlos Rezende, técnico do Goiás Mais Leite, a família Pereira já chegou a produzir 220 litros de leite por dia com o mesmo número de animais.
Aumento da produção que já permi-tiu grandes aquisições para a Fazen-da Rio Verde. Os rendimentos per-
mitiram a compra de ordenhadeira, tanque para armazenagem do leite e de triturador de milho, usado na pro-dução própria da ração dos animais.
Em cada número lançado nas planilhas de gerenciamento, Emerson tem hoje os registros da produção e os resultados de um trabalho mais seguro. Em tempos de baixos preços do leite, como os de ago-ra, ele não precisa mais vender parte do rebanho para custear despesas e fazer as malas e arrumar trabalho na cidade para não faltar comida em casa. “Eu já esti-ve, como muitos estão hoje, pensando em abandonar a atividade. Hoje, o pre-ço do leite é ruim, porque eu deixo de ganhar, mas isso já não me faz ter que abandonar de novo”, conta Emerson.
E se para a família Pereira, o Progra-ma Goiás Mais Leite já mostrou um novo caminho, para o técnico André não foi diferente. Graduado em zoo-tecnia, iniciou um curso de medicina veterinária em busca de mais conhe-cimento clínico sobre os animais para melhor orientar os produtores. Aos 34 anos, André já pode contribuir para o crescimento de 12 famílias produtoras da região, que recebem sua assistência. Daqui a pouco, ele terá dois diplomas, mas sua profissão será sempre uma só. “Não existe outra profissão que cabe-ria para mim. Sou um extensionista. É
gratificante demais sair daqui vendo o resultado na forma de autoestima e qualidade de vida para eles”, manifesta.
Em dois anos, não faltou alimento para o rebanho da família Pereira nem na época das águas, nem nos dias de seca. O manejo foi alinhado e os ín-dices de saúde animal, melhorados. Hoje, os animais da fazenda produzem 28% a mais, tem período de lactação estendido para em torno de dez me-ses e o percentual de animais produ-zindo leite cresceu de 70% para 84%.
Mas para a vida dessa família, que vive numa casinha pequena, com alpendre de madeira e água fresca para ajudar a passar pelos 41 graus em janeiro, o me-lhor do Goiás Mais Leite, não está nos números. Está nas mãos descansadas de Emerson, que não precisa mais tirar lei-te sem equipamentos. Está no acordar cedo para trabalhar no quintal de casa, e não mais na fazenda vizinha. Na compa-nhia que Lucilene é para o esposo e na ajuda que oferece no pasto, no curral, na ordenha. O melhor de produzir mais não é o dinheiro que sobra. São os detalhes da vida cotidiana que levaram a famí-lia Pereira de volta para suas pequenas riquezas. Como diz Lucilene, “Nossas vaquinhas não são muitas, mas são boas de leite” e foi no pouquinho de cada dia que a vida no campo voltou a ter valor.
Fred
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arva
lho
Hoje, produtor que antes tinha três empregos se dedica exclusivamente à atividade da família
Os interessados no Programa Goiás Mais Leite do Senar, em Goiás, podem informar pelo telefone: (62) 3412-2734.
Fevereiro / 2015 CAMPO | 35www.senargo.org.brwww.sistemafaeg.com.br34 | CAMPO Fevereiro / 2015
EM DEZEMBRO E JANEIRO, O SENAR GOIÁS PROMOVEU
61 CURSOS E TREINAMENTOS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL RURAL* 12 CURSOS E TREINAMENTOS NA ÁREA DE PROMOÇÃO SOCIAL*
799 PRODUTORES E
TRABALHADORES
RURAIS
CAPACITADOS
02 31 02 0 0 02 16 08 06 0 0 0 06 0
Na área de
agricultura
Em atividade
de apoio
agrossilvipastoril
Na área de
silvicultura
Na área de
extrativismo
Em
agroindústria
Na área de
aquicultura
Na área de
pecuária
Em
atividades
relativas à
prestação
de serviços
Alimentação
e nutrição
Organização
comunitária
Saúde e
alimentação
Prevenção de
acidentes
Artesanato Educação para
consumo
CURSOS E TREINAMENTOS
Laryssa Carvalho | [email protected]
Aplicação de Defensivos Agrícolas: estou fazendo certo?
Para o produtor rural o uso de defensivos agrícolas não é novi-dade e para muitos, a utilização se tornou comum. Apesar disso, a aplicação indevida de defensivos agrícolas gera riscos ao meio ambiente, à produção e ao próprio produtor ou trabalhador rural e, portanto, deve ser realizada com cuidado e segurança.
Pensando nisso, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás) oferece o curso de Aplicação de De-fensivos Agrícolas – Pulverizador Costal. O diferencial da ca-pacitação está na tecnologia aplicada e no trabalho que é feito de forma manual, em pequenas produções ou locais de difícil acesso. O objetivo é atender a agricultura familiar que possui menores áreas de aplicação e, por isso, é realizada a utilização do pulverizador que é carregado nas costas do produtor.
Para participar do curso é necessário ser produtor ou traba-lhador rural, ter idade mínima de 18 anos e ser alfabetizado. Durante o aprendizado, o participante será orientado sobre os cuidados ambientais, como descarte e armazenamento de embalagens, riscos da aplicação indevida, medidas higiênicas, durante e após o trabalho, proteção pessoal, regulagem e ma-nutenções dos componentes (pressão e bicos) além das determi-nações do ritmo de trabalho e taxas de aplicação.
De acordo com o coordenador do curso pelo Senar Goi-ás, Leonnardo Furquim, o curso de aplicação de defen-sivos agrícolas é de suma importância não somente ao trabalhador rural, como também ao produtor e todos os envolvidos na cadeia produtiva. “O curso é essencial para que produtor/trabalhador conheça o modo correto da apli-cação de defensivos, para reduzir os riscos sobre ele ou até mesmo sobre a produção que chegará ao consumidor”, enfatiza Leonnardo.
Ainda sobre os riscos da aplicação indevida, o coordenador do curso destaca os erros da superdosagem e da subdosagem. “A superdosagem é quando se aplica uma quantidade maior que a necessária. Com isso, ao invés de matar, as pragas ou doen-ças criam resistência e contaminam a cultura. Na subdosagem ocorre o oposto e o objetivo de eliminar a doença ou praga não é atingido”, completa.
Leonnardo cita como exemplo o carrapaticida bovino. “Isso acontece muito com o carrapaticida bovino, se o produtor apli-car um número maior que o necessário, o carrapato cria resis-tência ao produto, além é claro, de prejudicar o meio ambiente”, exemplifica o técnico.
Shutt
er
Para outras informações sobre treinamentos e cursos oferecidos pelo Senar Goiás entre em contato pelo telefone (62) 3412 2700 ou pelo site www.senargo.org.br
* Cursos promovidos entre os dias 26 de dezembro e 25 de janeiro.Recesso no período de 19 de dezembro a 05 de janeiro.
Faça gestão de você, antes de sua propriedade rural!
CAMPO ABERTO
Acompa nha mento
dos grandes avanços
da biotecnologia e
informática, gestão
de pessoas, quali-
dade dos serviços e
produtos nas disputas comerciais, preocupa-
ção com valores ambientais, são algumas das
várias exigências que mundo atual impõe ao
empresário rural, afastando-o da convivência
familiar e de amigos. Tudo isso acaba fazendo
com que o produtor tenha a impressão de que
o tempo está cada vez mais curto, podendo
gerar ansiedade e stress disfuncional, que são
tentativas do indivíduo em se adaptar a algu-
ma nova situação.
Essas mudanças são frequentes quando os
empresários rurais não conseguem controlar,
tudo o que está fora da porteira, ou seja, fora
de sua propriedade rural e que interferem no
dia a dia, como exemplos: intempéries e preço
de seus produtos. Assim, exigem aos mesmos
que controlem os sintomas mencionados para
se prepararem diante as oscilações advindas
do mercado ou do céu.
Ainda assim, os empresários rurais podem con-
trolar o que está dentro de sua porteira, dentro da
propriedade e para isso utilizam ferramentas de
gestão apropriadas ou a busca de cursos. Geral-
mente cursos e ou treinamentos focados no con-
teúdo técnico aumentam o grau de conhecimento,
mas ainda não influenciando no aspecto compor-
tamental, que se refere a nossa capacidade de
pensar, planejar, ter compromisso, ter tomada de
decisão, de resolver problemas, enfim tudo para
utilizar as nossas aptidões mentais inatas, por-
tanto determinam as decisões que tomamos na
nossa vida pessoal e profissional.
Fazer Gestão de você mesmo é seguir alguns
exemplos abaixo:
1 Praticar regularmente uma atividade física;
2 Procurar lazer junto aos amigos e familiares;
3 Ser seletivo em relação à alimentação;
4 Fazer compromisso com você mesmo para buscar conhecimento, estudar, pesquisar;
5 Reconhecer suas limitações.
E existem muitas dicas para conhecer, mas
a CHAVE que abre uma vida todo mundo tem:
C–Conhecimento, H–Habilidades, A-Atitudes,
V-Valores e E–Empreendedorismo.
Hoje, muitas instituições têm proporciona-
do aos empresários rurais essa ferramenta de
gestão com conteúdo comportamental diluída
em todo o programa, destacando a Faeg, o Se-
nar e o Sebrae e Sebrae que estão juntas em
campo, levando aos municípios goianos desde
de 2007, o programa chamado Empreendedor
Rural, com 17 encontros de um grupo formado
por aproximadamente 30 empresários. O cur-
so dá oportunidade de todos dedicarem-se um
dia para seus projetos de vida e empresarial,
acompanhando o desempenho e promovendo
ações corretivas e de melhorias do sistema de
gestão, a fim de que o empresário rural possa
fazer da sua empresa o melhor lugar para viver
e ganhar dinheiro.
Fernando Veiga
Domingues
é engenheiro civil,
pós-graduado em
gestão de informação
e tecnologia com MBA
em gestão empresarial
e coordenador de
Ações e Projetos do
Senar Goiás
Arqu
ivo
Faeg
Fernando Veiga Domingues | [email protected]
EMPREENDEDORISMO
VALORES
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