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A ADOLESCÊNCIA, RE-SIGNIFICAÇÃO SOCIAL DO O ADOLESCER E O ADOLESCENTE: A PARTIR DA DETERMINAÇÃO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA 1, ADOLESCENCE, ADOLE CING AND ADOLE CENT: REIGN IF ICATION THROUGH OCIAL DETERM INATION OF THE PROCE HEALTH-ILLNE LA ADOLECENClA, EL ADOLECER Y EL ADOLECENTE: IGNIFlCAClÓN PART IR DE LA DET ERMINACIÓN OCIAL DEL PROC EO ALUDE ENFERM EDA D Maria Amélia de Campos Oliveira2 Emiko Yoshika wa Egry3 RESUMO: Este estudo, de referencial materialista histórico e dialético , inscreve-se na perspectiva da redefinição da adolescência, tal como se coloca para intervenção em saúde. Reconhecendo o caráter transdisciplinar dessa tarefa, tomou como objeto privilegiado a assistência de enfermagem ao adolescente, propondo-se a apreendê -lo através da análise do conhecimento produzido no nível de pós - graduação em enfermagem stricto sensu no Brasil. O material empírico foi constituído por22 dissertações de mestrado relativas à temática produzidas no decênio 1 984-1 994. Nelas foram buscados os conteúdos das categorias conceitua is ser humano, sociedade, adolescência/adolescehte, processo saúde doença, enfermagem/assi stência de enfermagem e as propostas de intervenção dirigidas a esse grupo populacional. Verificou-se que tais categorias guardam estreita consonância com o referencial positivista, presente em 21 dos trabalhos analisados. Os conceitos de ser humano e de sociedade resultam e reproduzem uma visão essencialista, idealista e naturalista da realidade. Predominam concepções da adolescência como fenômeno universal e o adolescente é definido por oposição à criança e ao adulto, com ênfase no paradigma médico-biológico para a interpretação do seu processo saúde -doença. Identifica-se a persistência de elementos do saber nightingaliano orientando as propostas da intervenção de enfermagem que, por sua vez , enfatizam a educação em saúde. A recomposição histórica da constituição dos conceitos e de sua vinculação com as práticas que os legitimaram permitiu agregar novos significados às categorias conceituais. PALAVRAS CHAVE: Enfermagem, adolescência, processo saúde-doença 1 Tese de doutorado apresentada à Escola de Enfermagem a Universidade de São Paulo. 2 Professora Doutora do Departamento de Enfermagem em Saúde Coletiva da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo 3 Pfessora tular do Departamento de Enfermagem em Saúde Coletiva da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. R. Bras . Enferm . Brasília, v. 51, n . 4, p. 643-654 out./dez . 1 998 643

A ADOLESCÊNCIA, O ADOLESCER E O …A Adolescência, o Adolescer ... adolescentes brasileiros entre os 10 e 13 anos integravam a PEA, ainda que o trabalho infantil seja proibido por

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A ADOLESC Ê N C IA , R E - S I G N I F I CAÇÃO

SOC IAL DO

O ADOLESC E R E O ADOLESC ENTE : A PART I R DA D ETE R M I NAÇÃO P ROCESSO SAÚ D E - DO E N ÇA 1 ,

ADOLESCENCE, ADOLES"CING AND ADOLES"CENT : RES"IGNIFICATION THROUGH S"OCIAL DETERMINATIONS" OF THE PROCES"S" HEALTH-ILLNES"S"

LA ADOLES"CENClA, EL ADOLES"CER Y EL ADOLES"CENTE: S"IGNIF lCAClÓN PARTIR DE LA DETERMINACIÓN S"OCIAL DEL PROCES"O S"ALUDE ENFERMEDAD

Maria Amélia de Campos Oliveira2 Emiko Yoshika wa Egry3

R E S U M O : Este estudo , de refe renc ia l materia l i sta h i stór ico e d ia lét ico , i nscreve-se na pe rspectiva da redef in ição da adolescênc ia , tal como se coloca para i ntervenção em saúde . Recon hecendo o caráte r t ransd isc ip l i na r dessa ta refa , tomou como objeto pr iv i leg iado a a s s i stê n c i a de enfermagem ao adolescente, p ropondo-se a ap reendê- lo at ravés da anál ise do conhec imento produzido no n ível de pós­g raduação em enfermagem stricto sensu no B rasi l . O mater ial emp ír ico fo i const itu ído por 22 d issertações de mestrado relativas à temática produzidas no decên io 1 984- 1 994. Ne las foram buscados os conteúdos das categor ias concei tua is ser h u mano , sociedade, ado lescênc ia/adolescehte , p rocesso saúde doença , enfermagem/ass istênc ia de enfermagem e as propostas de i ntervenção d i ri g i das a esse g rupo popu laciona l . Ver if icou-se que tais categorias guardam estreita consonância com o refe renc ia l posit iv ista, p resente e m 21 dos traba lhos ana l isados . Os concei tos de ser h umano e de soc iedade resu ltam e reproduzem uma v isão essenc ia l ista, idea l i sta e natu ra l i sta da real idade . P redominam concepções da ado lescênc ia como fen ômeno u n iversa l e o adolescente é def i n i do por oposição à cr iança e ao adul to , com ênfase no parad igma médico-b io lóg ico para a i nte rpretação do seu p rocesso saúde-doença. I dent if ica-se a persistência de e lementos do saber n ight inga l iano o rientando as p ropostas da intervenção de enfermagem que , por sua vez , enfatizam a educação em saúde . A recompos ição h istór ica da const i tu ição dos conce itos e de sua v incu lação com as prát icas que os leg i t imaram permi t iu agregar novos s i gn i f icados às catego rias conce i tua is .

PALAVRAS CHAVE : Enfermagem, ado lescênc ia , processo saúde-doença

1 Tese de doutorado apresentada à Escola de Enfermagem a Universidade de São Pa ulo. 2 Professora Doutora do Departamento de Enfermagem em Sa úde Coletiva da Escola de

Enfermagem da Universidade de São Pa ulo

3 Professora Titular do Departamento de Enfermagem em Saúde Coletiva da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo.

R. Bras. Enferm. B ras í l i a , v. 5 1 , n . 4 , p. 643-654 out . /dez . 1 998 643

OLI VEIRA, Maria Amélia de Campos et aI.

ABSTRACT: Th is study, 01 h istor ica l and d ia lect ic relerentia l , was written I rom the perspective 01 the redel i n i t ion 01 adolescence, and how it l i ts into health i ntervent ion . Recogn iz ing the transd isc ip l i nary character 01 th is task, the objective 01 th is work is to cont ibute to the n u rs ing 01 the ado lescent , learn ing by analyz i ng work is to cont ibute to the n u rs i ng 0 1 the adolescent , learn i ng by ana lyz ing wo rks p roduced w i th i n B raz i l i a n academ ic n u rs i n g stud i es . The e m p i r i ca l m ate r ia l cons isted 01 22 M aste rs d issertat ions with themes re lated to adolescence , lrom the decade 1 984- 1 994. I nvest i gated we re the content 01 conceptual catego ries such as h u man be i ng , society, adolescencel adolescent , heal th - i l l ness p rocess, n u rs i ng/n u rs i ng care and hte proposais 01 i nte rvent ion d riven towards th i s popu lat i o n . Observed was a na rrow consonance between the content 01 these categor ies and the sc ient i l ic relerent ia l 01 pos i t iv ism which o riented 21 01 the d issertations an l ized . There was a p redominant concept 01 adolescence as a u n iversal phenomenon and the adolescencet was del ined in opposit ion both to the adu l t , with emphas is on the medica i b io log ica l parad igm lor the inte rp retat ion 01 its health - i l l ness processo I dent i l ied was the pers istence 01 n i ght inga le knowledge e lements o r ient i ng the n u rs i ng i ntervent ion p ropsals which i n tu rn emphasized ed ucat ion . The h istor ical reconstruct ion 01 the concepts as wel l as their correspondence to p ract ice permi tted the lormu lat ion 01 new s ign il icance to the conceptual categories .

KEYWO R D S : N u rs i ng , ado lescence, heal th- i l l ness process

R E S U M E N : Este estud io de rele rencia l mate r ia l ista h istór ico y d ia léct ico se i nscr ibe en la perspectiva de la redel i n i c ión de la ado lescenc ia ta l como se co loca para la intervenc ión en la sa lud . Reconoc iendo e l carácter t ransd isc ip l i na r de esa tarea se e l ig ió como objeto p riv i leg iado la atenc ión de enlermería a i adolescente . se propone apreenderlo a t ravés dei aná l is is dei conoc im iento produc ido en e l B ras i l a n ivel de la post-g rad uación en enlermería str icto sens u . E I mater ia l emp ír ico lué constitu ído por 22 d isertac iones de maestr ia re lac ionadas com e l tema produc idas d u rante la década de 1 984-1 994. En e l l as lueron buscados los conten idos de las categor ías conceptua les : ser h u mano, soc i edad , ado lescenc ia/ado lescente , p roceso sa l ud - enle rmedad , e nlerme r ía/ate nc i ón de enlermer ía y las propuestas de i ntervenc ión d i ri g idas a ese grupo pob lac iona l . Se ver i l icó que ta les categor ias guardan estrecha re lac ión con e l relerenc ia l posit iv ista, presente en 21 de los t rabajos ana l isados . Los conceptos de ser h u mano y de soc iedad resu ltan y rep roducen uma v is ión esenc ia l ista . idea l ista y natu ra l ista de la rea l idad . P redominan concepc iones de la adolescencia como lenómeno u n iversal y e l ado lescente es del in ido por opos ic ión a i n ino y ai adu lto , com énlas is en e l parad igma médico- b io lóg ico para la i nterp retac ión de su proceso sa lud - enle rmedad . Se ident i l ica l a pers istenc ia de e lementos dei saber n ight inga l iano or ientando las propuestas de in tervenc ión de enlermería y enlat iza l a ed ucac ión en sal ud . La recompos ic ión h i stór ica de la const i tuc ión de los conceptos y de su v incu lac ión com las p ráct icas que los leg i t ima permit ió agregar nuevos s i gn il icados a las categor ías conceptuales.

PALABRAS CLAV E : Enlermería , adolescencia , proceso sa lud - enlermedad.

INTRODUÇÃO

De acordo com o censo de 1 99 1 , os adolescentes, def i n idos segundo os cr ité rios adotados pe la Organ i zação M u nd ia l da Saúde , ou seja , i nd iv íduos s i tuados na fa ixa entre os 1 0 e os 20 anos de idade , correspond iam a 21 ,8% da popu lação b ras i l e i ra . ( I N STITUTO, 1 994) . Ent retanto não é a magn i tude desse cont igente que se conf i gu ra p rob lemát ica , e s i m a extrema pob reza da ma ior ia das fam í l i as de que fazem parte . ( Pimenta; Guerreiro, 1 996 ; Saboia; Scochi; Lima, 1 993) .

Tal fato os obr iga ao engajamento p recoce no traba lho , de tal forma que o I nst i tu to B ras i l e i ra de Geograf ia e Estatíst ica ( I BG E) ca lcu la que traba lhem 7 ,5 m i l hões de b ras i l e i ros d e 1 0 a 1 7 anos , const i tu i n d o 1 1 , 6% da popu lação econom icame nte ativa ( P EA) no pa ís . ( Mateos, 1 995/6) . Segundo os dados obt idos pela Pesqu isa Nac iona l por Amostra de Domic íl ios (PNAD) de 1 990 , ce rca de 1 5% dos

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A A dolescência, o A dolescer . . .

adolescentes b ras i l e i ros entre o s 1 0 e 1 3 anos i nteg ravam a P EA , a inda q u e o traba lho i nfant i l seja p ro ib ido por l e i pa ra meno res de 1 4 anos . ( F U N DAÇÃO , 1 993) .

Seu i n g resso no traba l ho faz-se sob cond ições bastantes adve rsas , já que 8 1 % dos traba lhado res e ntre 1 5 e 1 7 anos idade recebem o sa lár io m ín i mo , cond ição q u e at i nge 93% daq ue les ent re 1 0 e 1 4 anos ( Silva , 1 987 , Mateos, 1 995/6 , Cedroni; Ripper, 1 995/6) . E ge ra lmente é fe i to às custas da i n te rrupção da esco la r ização, po is as cond ições de extrema pob reza ob rigam as fam íl ias a i nse r i r p recocemente seus f i l hos no mercado de traba l ho , i m ped i ndo-as de perceber que ass i m sacr i f icam suas chances futu ras . ( Pimenta; Guerreiro, 1 996) .

A evasão esco la r , j untamente com o i n g resso ta rd i o e a repetênc ia , conco rre para a excl usão de c rianças e adolescentes pob re do s is tema forma l de ens i no , g e rando u m cont i nge nte de exc l u ídos q ue , n o i n íc i o dos anos 90 , e ra de ap rox imadamente 4 m i l hões . ( Saboia; Ribeiro, 1 989 , Silva , 1 987) .

No que d i z respe i to ao perf i l de morb imo rta l i dade , ver i f ica-se dec l ín io das mortes por doenças i nfecciosas e paras i tá rias , ao mesmo tem po em que se observa o aumento da morb idade por enfe rm idades c rôn i cas não t ransm iss íve i s , com o é o caso das doenças do apare l ho c i rcu latór io e dos neop lasmas . ( Yunes; Primo, 1 985) . Entre os adolescentes do sexo mascu l i n o , observa-se a p redo m i nânc ia morta l idade por causas exte rnas , os hom ic íd ios em p ri m e i ro l ugar , segu idos pe los ac identes de trâns i to , e ntre os 1 5 e os 1 9 anos . ( Lolio et aI. , 1 990) . Para o sexo fem i n i n o os ma io res índ ices de morb imortal idade estão l igados às comp l i cações re lac ionadas à gestação , ao parto e ao pue rpér io - fato especia lmente rel evante q uando se sabe que vem crescendo a part i c ipação desse g rupo etário na taxa de fecund idade tota l . ( Camarano, 1 996 , SOC I E DA D E , 1 996) .

A despe i to de seu caráte r genérico , que encobre v ivências s i n g u la res esses dados perm i tem ver i f icar que há uma causação marcadamente extra-b io lóg ica nos pe rf is de morb idade e morta l i dade dos ado lescentes , s i tuação para a q ual A YRES ( 1 990) já a l e rtava ao afi rmar q u e "a adolescência é uma questão que intersecciona, mas não se restringe aos limites do corpo, do na tural, expressando-se relativamente pouco em agra vos orgânicos . . . ", para e ntão conc l u i r q u e o subst rato b io lóg ico não deve r ia ser a d imensão dom i nante a o r ientar a i n te rvenção j un to a esse g rupo popu lac iona l . A m ed ica l i zação dos eventos v i ta is , em que q uestões associadas ao p rocesso de c resc imento e desenvolv i mento dos ado lescentes são t ransformadas em q uestões méd icas - pass íve i s de i nte rvenção a part i r de um t raba lho de base c l ín i ca , pouco i m pacto tem sobre os pe rf is de morb imorta l idade dessa popu lação .

Ass i m s e n d o , como rea l i za r u m a recom po s i ção m a i s tota l i zado ra d o obje to ado lescê n c i a/ado lescen te , de fo rma a s u p e ra r o ca ráte r p a rce l a r e f ra g m e ntado da ass i s tê n c i a q u e l h es é d i r i g i da? A despe i to do ca ráte r t ra n s d i s c i p l i n a r desta ta refa , o reco n h e c i m e n to de q u e h á espec i f i c i dades e n tre as d i fe ren tes p rát icas que compõem o t raba l ho e m saúde pe rm ite i n dagar e m que m e d i d a essa ta refa de co loca pa ra En fe rmage m . É j u sta m e nte essa i n dagação q u e vem o r i e n tando o p e rcu rso ref l ex ivo das au to ras h á a l g u n s a n o s . ( Oliveira; Egry, 1 9 9 3 ; Oliveira , 1 99 5 ; Oliveira; Egry; Gejer, 1 996 ) e tam b é m esta i nvest i gação , q u e teve po r f i n a l i dade s u bs i d i a r essa reco m p o s i ção d o o bj eto a que s e fez refe rê n c i a , ao

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OLI VEIRA, Maria Amélia de Campos et aI.

p ropo r cate gor ias p a ra s u a a n á l i s e e i n te rp retação . P E R C U RSO M ETO DOLÓG I C O

° p ropós ito desta i nvest igação f o i exam i nar a ass istênc ia de enfermagem ao adolescente , cujo objeto , parafraseando Rocha ( 1 990) , " . . . não está imediatamente dado, mas ideado, como é próprio dos produtos da cultura ".

B uscou apreendê- Ia através da aná l i se do conhec i mento p roduz ido a seu respe i to , mais espec i f icamente da p rodução c ient íf ica de pós-g raduação em Enfermagem stricto sensu, para ver i f icar como ta i s estudos p roduzem e expressam conce itos sobre a adolescênc ia e o adolescente , seu p rocesso saúde-doença e as i n te rvenções que p ropõem para esse g rupo popu lac iona l . Buscou a i nda ver i f icar em que concepções de ser h u mano e soc iedade ta is conce itos estão anco rados .

Não fo i seu escopo a aná l i se dessa p rodução na sua coe rênc ia i n te rna , ou seja a coe rênc ia ent re objeto , m étodo e res u ltados , mas s i m ver i f icar qua l o saber que a Enfe rmagem p rod uz e rep roduz sobre a adolescênc ia através de ta is estudos .

Part i u -se do p ressuposto que o saber é u m i nstru mento para a rea l ização de um p rocesso de traba lho , ta l como postu la ram Almeida; Rocha ( 1 986) . Enq uanto i nstru mento , " . . . exprime não só as soluções técnicas adequadas ao processo de trabalho, mas sobre tudo indica como os homens se organizam na produção e reprodução de sua existência e as relações que estabelece entre si". (Rocha et aI. , 1 993) .

Tratou -se , portanto , de ver i f icar como esse sabe r i nstru mental i n fo rma o traba l ho de Enfermagem que toma o ado lescente como seu objeto p riv i l eg iado e de que forma esse conhecimento é conformado h istoricamente pelas d iferentes concepções ace rca do objeto e pe la f i na l idade que antevê o p roduto do traba l ho , em resposta a necess idades concretas e h i stór i cas . Para Rocha ( 1 990) , "a apreensão [do objeto de trabalho} não é um processo meramente intelectual, mas se desdobra em técnicas materiais e não materiais que encontram no saber o seu fio condutor. A apreensão do objeto expressa sua virtual manipulação transformadora ".

Const i tu í-se em fonte do mate r ia l emp ír ico a p rodução c ien t íf i ca nac iona l de Enfe rmagem , em n íve l de pós-graduação , re lat iva a temática da adolescênc ia e p roduzida no decên io 1 984-94 .

Dada a i nex istênc ia de uma fonte ú n ica a reu n i r essa p rodução fo i necessár io recorre r a várias fontes complementares : p rime i ramente aos Catálogos de I nformações sobre Pesq u i sa e Pesq u isadores de Enfe rmagem da Associação B ras i l e i ra de Enfe rmagem (CATÁLOGO , 1 984/93) que se reve la ram i ncomp letos , uma vez que i n co rporam apenas os t raba lho env iados vo l u ntar iamente pe los autores ou pe las Escolas de Enfermagem . Essas p rime i ras i nformações foram então confrontadas com a l i stagem fo rnec ida med iante so l ic i tação pe la coordenadora de Aperfe i çoamento do Ens ino Super ior (CAPES) , que lamentave lmente só d ispunha de dados i nformatizados a part i r de 1 993 . Ass i m sendo , optou-se por recorre r aos p róp r ios C u rsos de Pós­g raduação de modo q u e , tomando por base o Catá logo de C u rsos de Mestrado e Do.!)to rado em Enfe rmagem da CAPES , fo ram consu ltadas :

_ a Escola de Enfe rmagem da U n ivers idade Federal da Bah ia ,

o Departamento de Enfermagem do Centro de C iênc ias da Saúde U n ive rs idade

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A A dolescência, o A dolescer . . .

- Federa l d a Paraíba , _ a Esco la de Enfermagem Anna N é ry da U n ive rs idade Fede ral do R io de Jane i ro ,

_ a Esco la de E nfe rmagem A lfredo P i n to da U n ivers idade do R io de Jane i ro ,

o Departamento de Enfermagem do Centro de C iências da Saúde d a U n iversidade _ Federal de Santa Catar i na ,

a Esco la de Enfe rmagem da U n ive rs idade Federa l de São Pau lo , an t i ga Escola _ Pau l i sta de Med ic i na ,

_ a Esco la de Enfermagem da U n ive rs i dade de São Pau lo ( E E U S P) e

a Esco la de Enfe rmagem de R i be i rão P reto , também da U n ive rs idade de São Pau lo ( E E R P) .

A cada uma de las fo i so l i c i tado i nformar sobre teses e d i sse rtações sobre a temát ica da ado lescênc ias p roduz idas no decê n i o em q uestão , so l i c i tando a inda que fosse env iada uma cóp ia dos res u m o desses traba l hos . A le i tu ra dos resu mos perm it i u rea l izar a se leção de 22 estudos , todos e l es d i ssertações de mestrado , que aparecem reu n idos e m AN EXO, e n u m e rados de acordo com o ano de defesa .

Ver i f icou-se que essas d i ssertações d i str i bu íram-se de modo razoave lmente eqü itat ivo ao longo da década não sendo poss íve l n otar u m a i ntens i f i cação na sua p rodução , mesmo após a p ro m u lgação do P rog rama de Ass istênc ia I n teg ra l à Saúde do Adolescente e m 1 988 (BRAS I L , 1 989) ou do Estatuto da C r iança e do Adolescente em 1 990 ( B RAS I L , 1 99 1 ) . ° G ráf ico aba ixo pe rm i te v isua l izar essa d istr i b u i ção .

G RÁF I C O - D issertações sobre a adolescênc ia segu n do o ano de defesa . N °

4 -

3 ,--- r- r-

2 - r- r- - -

n A no o

8 4 8 5 8 6 8 7 8 8 8 9 9 0 9 1 9 2 9 3 9 4

Foi obt ida uma cóp ia na i n teg ra de cada um dos t raba lhos se lec ionados , a f i m de submetê- los aos p roced imentos ana l ít i cos . Do p ri m e i ro i nstru mento ut i l izado pa ra esse f i m constava m : o t ítu l o e o res u m o do traba l ho , os objet ivos , a popu lação, a temáti ca (tanto aq ue la menc ionada pelo autor do estudo como a ident i f i cada nessa aná l i se ) , o refe renc ia l teór ico-m eto lóg ico m e nc ionado pelo autor e ident i f icado na aná l i se , a lém do método u t i l i zado .

Em segu ida p rocedeu-se a decompos ição dos textos e m a l guns dos seus e lementos const i tu i ntes se lec ionados a p r io ri , q ua is sejam , as categorias conce i tua is de ser h u mano , soc iedade , ado lescênc ia e adolescente , p rocesso saúde-doença, enfe rmagem e ass istênc ia de e nfe rmagem , a lém da p roposta de i n te rvenção

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OLI VEIRA, Maria Amélia de Campos et aI.

advogada , o que foi fe i to med iante a t ranscr ição de exce rtos dos p róp rios autores .

F indo esse pr ime i ro momento anal ít ico, real izou-se a recompos ição dos texto em s ínteses p rog ress ivas , ar ranjando e condensando os conce i tos ident i f icados em q u ad ros i n d iv idua is , para em segu ida novamente rearranjá- Ios para compor q uad ros ma is ge ra i s , i nteg radores dos conce i tos p resentes em todos os t raba lhos .

As p r i nc ipa is temát icas d i z iam respe ito à sexua l i dade e à g rav idez na adolescênc ia o que , por s i só , já se const i tu i em uma i nd i cação da ênfase na d imensão b io lóg ica do fenômeno adolescênc ia . O refe rencia l teórico-metodológico p redominante foi o pos i t iv i smo , com exceção de u m ú n ico traba lho que se va leu da fenomeno log ia . A aná l i se emp reend ida permi t iu ident i f icar o objeto de i n te rvenção ta l como se colocou nesses estudos , decomposto nas categor ias conce i tua is de ser h u mano , soc iedade , ado lescênc ia e ado lesce nte , p rocesso saúde-doença, e nfe rmagem e ass i stênc ia de enfermagem ass i m como as p ropostas de i nte rvenção , tal como apresentado a segu i r .

I D E NTIF ICAN DO O OBJ ETO DE I NTERVENÇÃO

OS conce i tos de ser h u mano e soc iedade ident i f icados gua rdam estre i ta re lação com o refe renc ia l teór ico-meto lóg ico p redom i nante , q ual seja , o pos i t iv i smo . Resu ltam e rep roduze m uma visão essenc ia l i sta , idea l ista e natu ra l i sta da sociedade : essenc ia l i sta po rque o ser h u m ano é conceb ido como possu idor de uma essênc ia que se atua l i za nos d ife ren tes momentos c rono lóg icos de sua ex istênc ia , n u ma perspect iva m etaf ís i ca ; idea l i sta porque abstraem os s uje i tos soc ia is conc retos para p roduz i r uma concepção abstrata de se r hu mano e natu ra l i sta por que p romove a eqü iva lênc ia ent re o ser b io lóg ico e o ser soc ia l .

E m conseq üênc ia , p redom i nam concepções d a adolescênc ia como u m fenômeno natu ral , u n ive rsa l , o q u e resu l ta em u m a v isão u n ívoca e a -h i stór ia dos ado lescentes . A ênfase no ca ráte r te leo lóg ico do desenvolv i mento h u mano , q ue se comp letar ia na idade adu l ta , reduz a ado lescênc ia a uma etapa de t rans ição entre o o rgan i smo i nfant i l , i ncomp leto- para o adu l to , p ronto e soc ia lmente aj ustado. Tanto o é que as p ropostas de i nte rvenção dão-se j ustamente no sent ido desse ajustamento , como se ve rá a segu i r .

N o q u e d i z respe ito ao p rocesso saúde-doença, ver i f ica-se u m a ê nfase nos co n d i c i o n a n tes m i c ro -e p i d e m i o l ó g i co s ou i n d i v i d u a i s e o p re d o m í n i o da m u l t icausa l i dade na i n terp retação desse p rocesso - a inda que seja poss ível perceber a d ivers idade conce i tua l que res u lta da transfo rmação dos marcos de i nfe rênc ia causal ao longo da h i stó r ia . O parad igma méd ico-b io lóg ico ( P E R E S , 1 995) é a matr iz de i nte rp retação m a i s p resente .

Os t raba l hos ana l isados ev idenc iam uma com p reensão da adolescênc ia como um momento de espec ia l vu l ne rab i l idade no dese nvo lv i mento h u mano, assoc iada portanto ao conce i to de r isco . Trata-se , ent retanto , de uma dada ordem de vu l ne rab i l idade , já que se sabe que os adolescentes são menos s uje i tos a ag ravos o rgân icos . A inda ass i m , o r i sco é quase sem p re reduz ido à sua d i mensão b io lóg ica , q uando não ao "desaj ustamento" soc ia l .

N essa p e rspect iva , a ado lescê n c i a é t i da como u m p e r íodo contu rbad o , p ro b l e m át i co . Essa p e rcepção da ado lescê n c i a como u m m o m e nto c r ít i co d o

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A Adolescência, o Adolescer . . .

t raj eto evo l u t i vo d o s e r h u m a n o e m d i reção à i dade adu l ta tom a corpo n o conce i to de c r i se q u e , p o r s u a vez , l as t re i a -se n a conce pção p s i cossoc ia l d a ado lescê n c i a adotada p o r Aberastury; Knobel ( 1 98 1 ) .

Sob a des ignação d e enfe rmagem e ass istênc ia d e e nfe rmagem foi poss ível ver i f icar a pe rs i stênc ia do saber " n i ght i nga leano" o r ien tando as i n te rvenções de e nfe rmagem . A i nda q u e sob a des i gnação de enfoq ue ho l íst i co , t rata-se do mesmo sabe r operante por ocas ião do advento da Enfe rmagem Moderna , que tem como p ressupostos : o reconhec imento de uma u n i dade do ser h u mano , e m "s i n ton ia" com a u n idade cósm ica ; a ex istênc ia de fo rças cu rativas i n e rentes ao se r h u mano , cabendo à Enfe rmagem atuar para resta u rá- Ias ou pa ra pe rm i t i r s ua atuação reparadora ; a saúde i nte rp retada como um estado de e q u i l íb ri o , de homeostase , e ntre o se r h u m a n o , s e u s est i l os de v ida e a natu reza o u amb iente ; e a c rença n a educação i nd iv idual como i nstrumento para a transformação d a real idade. ( Nightingale, 1 989 , Silva , 1 995) .

Por consegu i nte , as p ropostas de i ntervenção q ue resu ltam dessas concepções enfat izam a Educação em Saúde como o i nstru mento por exce lênc ia transfo rmador das cond ições de v ida e saúde dos adolescentes . A me lho r ia de s uas cond ições de saúde é ident i f icada com o ma io r p rov imento de ass i stênc ia à saúde , já que suas demandas são l i das a part i r de um conce i to c l ín i co - a doença .

RE-SIG N I FICANDO O OBJ ETO DE I NTERVENÇÃO

A desconstrução q ue se rea l i zou fo i m ov ida pe la c re nça de que o exame do saber i n st ru m ental e da re lação que o agente do traba l ho estabe lece com esse saber , re i te rando-o ou cr i t icando-o , conf i g u ra u m pos ic ionamento que perm i te c ri t icar e i n ovar a d i me nsão técn ica das p rát icas , pe rspect iva adotada por N E M ES ( 1 996) . A recompos ição a se r ap resentada a seg u i r teve com o p ropós ito agregar novos s i g n i f icados a essas categor ias conce i tua i s , apontando para a l gumas poss i b i l i dades de supe ração .

Ass im é que para superar o modelo de c iênc ias neutra e l ivre de subjet iv idade é p reciso levar em conta o caráter h istórico dos fenômenos socia is e cu l tura is , como é o caso da adolescênc ia . É preciso cons iderar a i nda a identidade parcial entre aquele que busca conhecer o objeto desse conhecimento , ambos suje itos soc ia is mergu l hados na h istória . E , por f im , é p reciso ter em conta os objet ivos antagôn icos das classes sociais na produção do con hec imento .

Pensar a ado lescênc ia nessa perspectiva , ou seja , como um constructo h istó rico­social (Aries , 1 98 1 ) , tem como decorrênc ia pensá- Ia como um conce ito necessariamente p l u ra l , de ntre as m u itas ado lescênc ias pos s íve i s . Tomando e m p restadas as considerações de Louro ( 1 996) sobre gênero , pode-se afi rmar que diferentes sociedades possuem conceitos d isti ntos e que mesmo em uma dada sociedade , n u m determ inado momento h i stór ico, coexistem concepções d ife renc iadas de adolescente , segundo a classe social , a re l i g ião , a etn ia , o gênero -concepções essas em permanente transformação . I sso imp l i ca no deslocamento da ênfase da sua essênc ia , do substrato comu m , natu ra l , para os mú lt ip los p rocessos de sua construção, h istór ica, l i ngü íst ica e socia lmente determinados .

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OLI VEIRA, Maria Amélia de Campos et ai.

Para Castro (1 992), "as categorias raça, gênero e geração têm em comum serem atributos na turais com significados políticos, culturais e econômicos, organizados por hierarquias, privilégios e desigualdades, amparados por símbolos particulares e naturalizados".

Com base no traba l ho p ione i ro de bases metodológicas para a assistência de Enfermagem em Saúde Coletiva, é poss íve l afi rmar que a adolescênc ia refe re-se à d i mensão estrutu ral do fenômeno , re lat iva aos p rocessos mais gera is de estrutu ração da soc iedade ; o adolesce r d i z respe ito à d i mensão part i cu la r , re lat iva às c lasses e g ru pos soc ia i s d ist i ntos ; e o adolescente refe re-se à d imensão s i ngu l a r , onde operam os i nd i v íduos e s uas fam íl ias ou , ma is p ropr iamente , os suje i tos soc ia is concretos . O adolescente genérico a que fazem referênc ia as d issertações ana l isadas não pode ser ma is que "um macro-sujeito, um instrumento de in teligibilidade, de processos coletivos de construção humana da vida" (Ayres, 1 995) .

É poss íve l a i nda ref let i r de que fo rma as concepções sobre a saúde e a doença e m dete rm i n ado momento h istó ri co conformam e são conformadas por opções ideo lóg icas d i st i ntas , exp ressas em modelos de causa l i dade tam bém d ive rsos . ( Castellanos;Bertolozzi, 1 99 1 ) . E são j ustamente essas "escolhas ideológicas' que to rnam dete rm i nadas exp l i cações do rea l ma is l eg ít i mas e ma is potentes que outras .

N o que d i z respe ito à enfe rmagem e a ass istênc ia de enfe rmage m , entendê­las como pa rte do p rocesso de p rodução dos se rviços de saúde - como parte de um trabal ho col et ivo , po rtanto - perm ite supe ra r o seu caráte r subs i d iá r io em relação à p ráti ca méd ica .

S íNTE S E

Acred i ta-se q u e a contri bu i ção deste estudo res ida e m t e r i dent i f i cado os conteúdos das categor ias conce i tua is p resentes nos traba lhos ana l isados , a e las ag regando novos s i gn if i cados . Buscou-se superá- Ias , no sent ido d ia lét ico do te rmo , tendo como ho r izonte a re novação das p rát icas de ass istênc ia à saúde do adol esce nte .

Na construção de catego r ias ana l ít i co- i nterpretativas ma is af i nadas com o objeto de i nte rvenção ass i m recomposto, parece fecundo u ti l i za r catego r ias pass íve is de capta r os momentos de p rodução (fo rmas de traba l ho) e consumo (fo rmas de v ida) , como o q u e re m Queiróz;Salum ( 1 996a ,b ) - "alquimizadas" com catego r ias de r ivadas das re lações socia is ( raça/etn ia , gênero e ge ração) , como p ropõe Fonseca ( 1 996) .

I sso pe rm it i r ia subs id ia r a p ropos ição de i nstrumentos para a captação,

i nterp retação e i n tervenção no p rocesso saúde-doença dos adolescentes evitando reduz i - l o à d imensão f i s io-pato lóg ica , p rop ic iando- l hes ass i m uma ass is tênc ia mais tota l izadora , para amp l i a r o "cardáp io" de necess idades associados a p rocessos concretos de adolesce r e ass i m v iab i l i zar formas alte rnat ivas de objet ivação desse p rocesso . Trata-se de, em ú l t ima i nstânc ia , permi t i r a exp ressão da subjet iv idade dos suje itos soc ia is envolv idos , tanto os ado lescentes com o os t raba l hadores da saúde .

( Schraiber; Mendes-Gonçalves, 1 996) .

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