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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: ZOOLOGIA A DINÂMICA DO ZOOPLÂNCTON EM UM RESERVATÓRIO PROFUNDO DO SEMIÁRIDO BRASILEIRO: INFLUÊNCIA DA COMUNIDADE FITOPLANCTÔNICA, DO CLIMA E DA SAZONALIDADE Ana Carolina Brito Vieira Profª Drª Maria Cristina Crispim (Orientadora) João Pessoa, Novembro de 2016

A DINÂMICA DO ZOOPLÂNCTON EM UM RESERVATÓRIO … · 2 ana carolina brito vieira a dinÂmica do zooplÂncton em um reservatÓrio profundo do semiÁrido brasileiro: influÊncia da

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: ZOOLOGIA

A DINÂMICA DO ZOOPLÂNCTON EM UM

RESERVATÓRIO PROFUNDO DO SEMIÁRIDO

BRASILEIRO: INFLUÊNCIA DA COMUNIDADE

FITOPLANCTÔNICA, DO CLIMA E DA

SAZONALIDADE

Ana Carolina Brito Vieira

Profª Drª Maria Cristina Crispim

(Orientadora)

João Pessoa, Novembro de 2016

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Ana Carolina Brito Vieira

A DINÂMICA DO ZOOPLÂNCTON EM UM RESERVATÓRIO

PROFUNDO DO SEMIÁRIDO BRASILEIRO: INFLUÊNCIA DA

COMUNIDADE FITOPLANCTÔNICA, DO CLIMA E DA

SAZONALIDADE

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências

Biológicas, área de Concentração: Zoologia, para concessão do

título de Doutor em Ciências Biológicas.

Profª Drª Maria Cristina Crispim

(Orientadora)

João pessoa, Novembro de 2016

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ANA CAROLINA BRITO VIEIRA

A DINÂMICA DO ZOOPLÂNCTON EM UM RESERVATÓRIO

PROFUNDO DO SEMIÁRIDO BRASILEIRO: INFLUÊNCIA DA

COMUNIDADE FITOPLANCTÔNICA, DO CLIMA E DA

SAZONALIDADE

.

BANCA EXAMINADORA

Dr. Luiz Carlos Serramo Lopez UFPB-CCEN

(Examinador interno)

Dr. Ricardo de Sousa Rosa UFPB-CCEN

(Examinador interno)

Dr. Ênio Wocyli Dantas UEPB- CCBSA

(Examinador externo)

Dr. Paulo Roberto de Medeiros UFCG-CFP

(Examinador externo)

Drª Maria Cristina Crispim UFPB-CCEN (Orientadora)

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AGRADECIMENTOS

Á DEUS, sobretudo, pelo seu grande amor, fidelidade e misericórdia que nos concede coragem para

lutar e para superar as dificuldades encontradas durante a vida;

Aos meus pais, AGRIPINO VIEIRA DE SOUZA e ANA GLÓRIA DE BRITO VIEIRA, e a minha tia SARA

MARTINS DE BRITO (In memorian), pelo amor, apoio e confiança em todos os momentos da minha vida;

À minha orientadora, Profª. Drª. MARIA CRISTINA CRISPIM, pela amizade em todos esses anos,

conhecimento transmitido e apoio durante o desenvolvimento desse projeto;

À SEU NOVINHO e THIAGO, meus braços direitos no açude, e que foram de ajuda inestimável

durante as coletas e a execução dos experimentos. Vocês foram incríveis

Ao Prof. Dr. JOSÉ CEZARIO, da UFCG, Campus Cajazeiras, pelo grande auxílio durante a execução

da parte de campo desse trabalho;

Ao IFPB Campus Cajazeiras, em especial a Coordenação de Pesquisa, na pessoa da Profª Msc

WILZA MOREIRA, pelo apoio logístico e financeiro durante a execução da parte experimental desse trabalho;

Aos colegas FLÁVIA, LARISSA, AMANDA, AUGUSTO, ANDRÉ, PAULA E DANIELE, pela ajuda com

as análises de zooplâncton e fitoplâncton. A todos vocês os meus agradecimentos mais que especiais;

À Profª Drª DENISE DIAS, do DSE/CCEN, UFPB pelo auxilio inestimável na execução das análises

estatísticas;

Ao PPGCB: ZOOLOGIA e a todos os seus professores pelo conhecimento transmitido e por

proporcionarem a realização deste trabalho;

À todos os meus colegas e amigos do Laboratório de Ecologia Aquática (FLÁVIA, RANDOLPHO,

AMANDA, LARISSA, FABIANA, ÊMILE E JANE TORELLI,) pela amizade, apoio e momentos de descontração

no laboratório.

À todos que de maneira direta e indireta contribuíram para a realização deste trabalho, os meus

mais sinceros agradecimentos.

ANA CAROLINA BRITO VIEIRA

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A minha filha Estela, minha pequena estrela,

por sua paciência nas horas em que estive ausente,

por seu amor, seu carinho e sua singela inocência.

A você, meu pedacinho de esperança, dedico este

trabalho e o meu amor incondicional. .

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MINHA SERRAMINHA SERRAMINHA SERRAMINHA SERRA

Quando o sol nascente se levantaQuando o sol nascente se levantaQuando o sol nascente se levantaQuando o sol nascente se levanta Espalhando os seus raios sobre a terra,Espalhando os seus raios sobre a terra,Espalhando os seus raios sobre a terra,Espalhando os seus raios sobre a terra, Entre a mata gentil da minha serraEntre a mata gentil da minha serraEntre a mata gentil da minha serraEntre a mata gentil da minha serra

Em cada galho um passarinhoEm cada galho um passarinhoEm cada galho um passarinhoEm cada galho um passarinho canta.canta.canta.canta.

Que bela festa! Que alegria tanta!Que bela festa! Que alegria tanta!Que bela festa! Que alegria tanta!Que bela festa! Que alegria tanta! E que poesia o verde campo encerra!E que poesia o verde campo encerra!E que poesia o verde campo encerra!E que poesia o verde campo encerra!

O novilho gaiteia a cabra berraO novilho gaiteia a cabra berraO novilho gaiteia a cabra berraO novilho gaiteia a cabra berra Tudo saudando a natureza santa.Tudo saudando a natureza santa.Tudo saudando a natureza santa.Tudo saudando a natureza santa.

Ante o concerto desta orquestra infindaAnte o concerto desta orquestra infindaAnte o concerto desta orquestra infindaAnte o concerto desta orquestra infinda Que o Deus dos pobres ao serrano brinda,Que o Deus dos pobres ao serrano brinda,Que o Deus dos pobres ao serrano brinda,Que o Deus dos pobres ao serrano brinda,

Acompanhada da suave aragem.Acompanhada da suave aragem.Acompanhada da suave aragem.Acompanhada da suave aragem.

BeiBeiBeiBeijando a choça do feliz caipira,jando a choça do feliz caipira,jando a choça do feliz caipira,jando a choça do feliz caipira, Sinto brotar da minha rude liraSinto brotar da minha rude liraSinto brotar da minha rude liraSinto brotar da minha rude lira O tosco verso do cantor selvagemO tosco verso do cantor selvagemO tosco verso do cantor selvagemO tosco verso do cantor selvagem

Patativa do AssaréPatativa do AssaréPatativa do AssaréPatativa do Assaré....

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Bacia do Alto Piranhas, destacando em vermelho o açude Engenheiro Ávidos. Fonte:

FARIAS, 2004

Figura 2. Vista do Açude Engenheiro Ávidos. Fonte: Ana Carolina Vieira

Figura 3. Pluviosidade e volume do açude acumulados ao longo dos dois anos de estudo; nas

colunas a pluviosidade e na linha a variação do volume do açude, onde se destacam a porcentagem

da capacidade total no início do estudo, o volume mais alto atingido e o volume no fim do estudo.

Figura 4. Temperaturas registradas no Açude Engenheiro Ávidos ao longo do período estudado.

Figura 5. Valores de pH registrados no Açude Engenheiro Ávidos ao longo do período estudado

Figura 6. Valores de condutividade no Açude Engenheiro Ávidos ao longo do período estudado.

Figura 7. Valores de oxigênio dissolvido no Açude Engenheiro Ávidos ao longo do período

estudado

Figura 8. Valores de transparência da água no Açude Engenheiro Ávidos ao longo do período

estudado.

Figura 9. Valores de clorofila-a da água no Açude Engenheiro Ávidos ao longo do período

estudado

Figura 10. Valores de nitrito da água no Açude Engenheiro Ávidos ao longo do período estudado

Figura 11. Valores de nitrato da água no Açude Engenheiro ávidos ao longo do período estudado

Figura 12. Valores de amônia da água no Açude Engenheiro ávidos ao longo do período estudado

Figura 13. Valores de ortofosfato da água no Açude Engenheiro ávidos ao longo do período

estudado

Figura 14. Valores de fósforo total da água no Açude Engenheiro ávidos ao longo do período

estudado

Figura 15. Evolução do IET no Açude Engenheiro Ávidos durante o período estudado

Figura 16. Densidades comparativas dos diferentes grupos fitoplanctônicos no Açude Engenheiro

ávidos ao longo do período estudado.

Figura 17. Densidades das cianobactérias no Açude Engenheiro ávidos ao longo do período

estudado

Figura 18. Densidades das clorofíceas no Açude Engenheiro ávidos ao longo do período estudado

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Figura 19. Densidade das desmideaceas no Açude Engenheiro ávidos ao longo do período

estudado

Figura 20. Densidade das euglenofíceas no Açude Engenheiro ávidos ao longo do período

estudado

Figura 21. Densidade das diatomáceas no Açude Engenheiro ávidos ao longo do período estudado

Figura 22. Densidades totais do zooplâncton no Açude Engenheiro ávidos ao longo do período

estudado

Figura 23. Densidade dos grupos de copépodes no Açude Engenheiro ávidos ao longo do período

estudado

Figura 24. Densidade dos cladóceros no Açude Engenheiro ávidos ao longo do período estudado

Figura 25. Densidade dos cladóceros no Açude Engenheiro ávidos ao longo do período estudado

Figura 26. Variação mensal da contribuição relativa de cada grupo para a densidade total no Açude

Engenheiro ávidos durante o período estudado

Figura 27. Variação dos índices de diversidade (H’) e equitabilidade no Açude Engenheiro Ávidos

durante o período estudado

Figura 28. Variação mensal do número de taxa e do índice de dominância (D’) e equitabilidade

no Açude Engenheiro Ávidos durante o período estudado

Figura 29. Ordenação simples entre as variáveis ambientais: Nos eixos: Pluv (pluviosidade); Vol

(volume do açude); Temp. (temperatura); pH (pH); Cond. (condutividade); Transp.

(transparência); Clora (clorofila-a); O.D. (oxigênio dissolvido); NO2 (nitrito); NO3 (nitrato); NH4

(amônia); PO4 (ortofosfato); P.T. (Fósforo total). Espécies: Ciano (cianofíceas); Cloro

(clorofíceas); Desmi (Desmidiáceas); Eugleno (euglenofíceas); Diato (diatomáceas); Calano

(copépodos calanóides); ciclo (copépodos ciclopóides); Clado (Cladóceros); Roti (rotíferos).

Figura 30. Locais de Ponto de coleta para variação espacial: Entrada do rio Piranhas (acima);

banco de macrófitas; região do açude perto da barragem (abaixo). Foto: Ana Carolina Vieira

Figura 31. Variação sazonal da temperatura nas diferentes estações de coleta do Açude

Engenheiro Ávidos.

Figura 32. Variação sazonal do pH nas diferentes estações de coleta do Açude Engenheiro Ávidos.

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Figura 33. Variação sazonal da condutividade nas diferentes estações de coleta do Açude

Engenheiro Ávidos.

Figura 34. Variação sazonal do oxigênio dissolvido nas diferentes estações de coleta do Açude

Engenheiro Ávidos.

Figura 35. Variação sazonal da transparência nas diferentes estações de coleta do Açude

Engenheiro Ávidos.

Figura 36. Variação sazonal da clorofila-a nas diferentes estações de coleta do Açude Engenheiro

Ávidos.

Figura 37. Variação sazonal do nitrito nas diferentes estações de coleta do Açude Engenheiro

Ávidos

Figura 38. Variação sazonal do nitrato nas diferentes estações de coleta do Açude Engenheiro

Ávidos

Figura 39. Variação sazonal da amônia nas diferentes estações de coleta do Açude Engenheiro

Ávidos

Figura 40. Variação sazonal do ortofosfato nas diferentes estações de coleta do Açude Engenheiro

Ávidos

Figura 41. Variação sazonal do fósforo total nas diferentes estações de coleta do Açude

Engenheiro Ávidos

Figura 42. Classificação segundo o IET nos diferentes locais do açude Engenheiro ávidos nas

duas estações de coleta. Barras azuis – estação chuvosa; barras vermelhas – estação de estiagem

Figura 43. Variação espacial da densidade das cianobactérias no Açude Engenheiro Ávidos, nas

estações chuvosa e seca

Figura 44. Variação espacial dos demais grupos fitoplanctônicos das clorofíceas no Açude

Engenheiro Ávidos: C – período chuvoso; E – período de estiagem

Figura 45. Variação espacial da densidade total do zooplâncton no Açude Engenheiro Ávidos,

nos períodos chuvoso e seco

Figura 46. Distribuição espacial dos grupos de copépodos no Açude Engenheiro Ávidos nos

períodos chuvoso e de estiagem; C – período chuvosa; E – período de estiagem

Figura 47. Densidade espacial dos cladóceros no Açude Engenheiro Ávidos nos períodos chuvoso

e seco

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Figura 48. Densidade espacial dos rotíferos no Açude Engenheiro Ávidos nos períodos chuvoso

e seco

Figura 49. Índice de diversidade de Shanon-Wiener (H’) nas estações de coleta durante o período

chuvoso e de estiagem.

Figura 50. Índice de equitabilidade de Pielou (J’) nas estações de coleta durante o período chuvoso

e de estiagem

Figura 51. Índice de dominância de Simpson (D’) nas estações de coleta durante o período

chuvoso e de estiagem.

Figura 52. Coordenadas principais (PCO) entre as áreas do Açude Engenheiro Ávidos no período

chuvoso. Em verde o grupo formado pelas macrófitas; em vermelho o grupo formado pela entrada

e em azul o grupo formado pelo açude.

Figura. 53. Coordenadas principais (PCO) entre as áreas do Açude Engenheiro Ávidos no período

de estiagem. Em verde o grupo formado pelas macrófitas; em vermelho o grupo formado pela

entrada e em azul o grupo formado pelo açude.

Figura 54. Alto Rio Piranhas, destacando-se o Açude Engenheiro Ávidos

Figura 55. Acima, vista do acesso superior ao Açude Engenheiro Ávidos, abaixo vista da

barragem. Fonte: Ana Carolina Vieira

Figura 56. Pluviosidade e volume do açude acumulados ao longo dos dois anos de estudo. Nas

colunas, a pluviosidade, e na linha o volume de açude.

Figura 57. Variação da temperatura nas diferentes profundidades do Açude Engenheiro Ávidos

Figura 58. Variação do pH nas diferentes profundidades do Açude Engenheiro Ávidos.

Figura 59. Variação da condutividade nas diferentes profundidades do Açude Engenheiro Ávidos

Figura 60. Variação do oxigênio dissolvido nas diferentes profundidades do Açude Engenheiro

Ávidos.

Figura 61. Variação da clorofila-a nas diferentes profundidades do Açude Engenheiro Ávidos

Figura 62. Variação do nitrato nas diferentes profundidades do Açude Engenheiro Ávidos.

Figura 63. Variação do nitrito nas diferentes profundidades do Açude Engenheiro Ávidos.

Figura 64. Variação da amônia nas diferentes profundidades do Açude Engenheiro Ávidos.

Figura 65. Variação do ortofosfato nas diferentes profundidades do Açude Engenheiro Ávidos.

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Figura 66. Variação do fósforo total nas diferentes profundidades do Açude Engenheiro Ávidos.

Figura 67. Variação da densidade fitoplanctônica total nas diferentes profundidades do Açude

Engenheiro Ávidos.

Figura 68. Variação das cianobactérias nas diferentes profundidades do Açude Engenheiro

Ávidos.

Figura 69. Variação das demais algas nas diferentes profundidades do Açude Engenheiro Ávidos.

Figura 70. Variação da densidade total do zooplâncton nas diferentes profundidades do Açude

Engenheiro Ávidos.

Figura 71. Variação da densidade dos rotíferos nas diferentes profundidades do Açude Engenheiro

Ávidos.

Figura 72. Variação da densidade dos cladóceros nas diferentes profundidades do Açude

Engenheiro Ávidos.

Figura 73. Variação da densidade dos diferentes grupos de copépodos e náuplios nas diferentes

profundidades do Açude Engenheiro Ávidos.

Figura 74. Índice de diversidade de Shanon-Wiener (H’) nas diferentes profundidades e estações

Figura 75. Índice de equitabilidade de Pielou (J’) nas diferentes profundidades e estações

Figura 76. Índice de dominância de Simpson (D’) nas diferentes profundidades e estações

Figura 77. Coordenadas principais (PCO) entre as profundidades do Açude Engenheiro Ávidos

no período chuvoso.

Figura 78. Coordenadas principais (PCO) entre as profundidades do Açude Engenheiro Ávidos

no período de estiagem.

Figura 79. Esboço esquemático dos tanques e do bioensaio

Figura 80. Mesocosmos já instalados no açude Engenheiro ávidos

Figura 81. Aspecto dos tanques no mesocosmo. A esquerda o tanque controle, à direita o tanque

enriquecido com nutrientes

Figura 82. Densidade total das comunidade fitoplanctônica no experimento ao longo do tempo Figura 83. Densidade das cianobactérias nos tanques de experimento ao longo do tempo.

Figura 84. Densidade dos demais grupos de fitoplâncton no experimento ao longo do tempo

Figura 85. Densidade total do zooplâncton nos diferentes tipos de tratamentos, ao longo do tempo.

Figura 86. Densidade dos rotíferos nos diferentes tipos de tratamentos ao longo do tempo.

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Figura 87. Densidade dos cladóceros nos diferentes tipos de tratamentos ao longo do tempo.

Figura 88. Densidade dos grupos de copépodos nos diferentes tipos de tratamentos ao longo do

tempo.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1.Variáveis ambientais e respectivos métodos de análise

Tabela 2. Estatística descritiva dos parâmetros ambientais do Açude Engenheiro Ávidos

Tabela 3. Lista de espécies encontradas no Açude Engenheiro ávidos ao longo do período

estudado

Tabela 4. Lista de taxa zooplanctônicas encontradas no Açude Engenheiro ávidos ao longo do período estudado

Tabela 5. Sumário da análise de CCA entre as variáveis ambientais e os principais grupos de fito e zooplâncton.

Tabela 6.Variáveis ambientais e respectivos métodos de análise

Tabela 7. Distribuição das chuvas durante o período estudado Tabela 8. Estatística descritiva dos parâmetros ambientais nas diferentes estações de coleta do

Açude Engenheiro Ávidos

Tabela 9. Lista de espécies encontradas nas diferentes estações de coleta do Açude Engenheiro

Ávidos

Tabela 10. Lista de espécies zooplanctonicas encontradas nas estações de coleta do açude

Engenheiro Ávidos

Tabela 11. Resultados do ANOSIM entre as diferentes áreas do açude. (Permutações possíveis:

10000, p ≥ 0,001)

Tabela 12.Variáveis ambientais e respectivos métodos de análise

Tabela 13. Distribuição das chuvas durante o período estudado

Tabela 14. Estatística descritiva dos parâmetros ambientais do Açude Engenheiro ávidos, nas

profundidades nas estações de chuvas e de estiagem

Tabela 15. Lista de espécies encontradas nas diferentes estações de coleta do Açude Engenheiro

Ávidos

Tabela 16. Lista de taxa zooplanctônicas encontradas no Açude Engenheiro Ávidos ao longo do período estudado

Tabela 17. Resultados do ANOSIM entre as diferentes profundidades de coleta. (Permutações

possíveis: 10000; p ≥0,001). Em destaque os ambientes cujo R value não apresentou

dissimilaridade

Tabela 19. Estatística descritiva dos tratamentos ao longo do tempo no bioensaio

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Tabela 20. Lista de taxa fitoplanctônicos registrados nos taques, de acordo com os dois tipos de

tratamento, durante o experimento

Tabela 21. Lista de taxa zooplanctônicos registrados no experimentos, nos dois tratamentos

Tabela 22. Resultados da MANOVA com os grupos zooplanctônicos, entre os tratamentos, ao

longo do tempo

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SUMÁRIO

Resumo..........................................................................................................................................17

Abstract.........................................................................................................................................18

1. Introdução geral ......................................................................................................................19

2. Objetivos...................................................................................................................................25

3. Hipóteses...................................................................................................................................27

4. Capítulo 1. A influência do ciclo hidrológico nas relações entre zooplâncton e fitoplâncton

num reservatório profundo no semiárido..................................................................................28

Introdução..........................................................................................................................28

Material e Métodos............................................................................................................31

Resultados e discussão.......................................................................................................38

5. Capítulo 2. Variação espacial do zooplâncton em um açude profundo na região semiárida

brasileira.......................................................................................................................................69

Introdução..........................................................................................................................69

Material e Métodos............................................................................................................71

Resultados e discussão.......................................................................................................75

6. Capítulo 3. Distribuição vertical e sazonal da comunidade zooplanctônica num açude

profundo no semiárido brasileiro..............................................................................................104

Introdução........................................................................................................................104

Material e Métodos...........................................................................................................107

Resultados e discussão.....................................................................................................111

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7. Capítulo 4. Enriquecimento artificial e seus efeitos na comunidade planctônica num

reservatório do semiárido paraibano........................................................................................139

Introdução........................................................................................................................139

Material e Métodos...........................................................................................................142

Resultados e discussão.....................................................................................................145

8. Considerações Finais..............................................................................................................161

9. Referências..............................................................................................................................162

Anexos

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RESUMO

A dinâmica do zooplâncton em um reservatório profundo do semiárido brasileiro: influência do clima, da qualidade da água e da comunidade fitoplanctônica. As regiões semiáridas no mundo são caracterizado por poucas chuvas, altas temperaturas o ano todo, seguidos por longos períodos de estiagem, tornando-os muitas vezes temporários; isto afeta diretamente a qualidade das águas e, consequentemente a diversidade e abundância dos organismos ali presentes. A maioria dos sistemas aquáticos no semiárido, especialmente no Brasil, são rasos e por isso os estudos planctônicos foram conduzidos nesses locais. Diante disso, este trabalho teve por objetivo analisar a dinâmica do zooplâncton num açude profundo no semiárido nordestino, e observar a influência das variáveis ambientais, da comunidade fitoplanctônica e da sazonalidade do clima sobre ela. Este estudo foi conduzido em quatro partes: o primeiro foi sobre a relação entre fitoplanctônica e zooplanctônica ao longo de dois ciclos hidrológicas. Observou-se o predomínio das cianobactérias sobre todos os demais grupos fitoplanctônicos, o que refletiu na baixa diversidade zooplanctônica do açude; os rotíferos foram as espécies mais diversas e mais abundantes durante as chuvas; os copépodos foram registrados durante toda as coletas, em especiais os estágios juvenis; cladóceros apresentaram densidades baixíssimas, e só apareceram quando a condições do ambiente se tornaram menos eutrofizadas. O capítulo 2 tratou das diferenças espaciais na distribuição da comunidade zooplanctônica e a influência dos períodos chuvosos e seco sobre a distribuição desta comunidade; observou-se que a densidade de ambos os grupos planctônicos foram maiores na entrada, especialmente de cianobactérias e de rotíferos; os microcrustáceos foram especialmente mais abundantes na época seca; no capítulo 3 analisou-se a distribuição vertical da comunidade zooplanctônica e a influência da sazonalidade sobre esta; o que se observou é que enquanto os rotíferos tiveram um distribuição mais homogênea, os microcrustáceos apresentaram uma distribuição típica de migração vertical, especialmente na época seca; por fim, o capítulo 4 apresentou a simulação artificial do acúmulo de nutrientes provocada pela diminuição da do volume hídrico, no caso de uma seca prolongada; para isso foram instalados no açude um bioensaio em mesocosmo, com taques, onde um tratamento foi enriquecido com nutrientes, nitrogênio e fósforo e outro serviu como controle. Como resultado inesperado, ocorreu a formação de um biofilme de perifiton no tratamento enriquecido com nutrientes, que teve o poder de diminuir as densidades de cianobactérias, ao ponto de trazer transparência total da água no fim do experimento; isso sugere um esgotamento de recursos nutritivos nas águas do açude, devido ao tempo de residência da água. As comunidades fitoplanctônicas e zooplanctônicas responderam a essa diferença. Os calanóides e cladóceros só apareceram no fim do estudo, nos tratamentos enriquecidos, enquanto que os ciclopóides baixaram suas densidades. Com o estudo podemos concluir que à diferença dos ambientes mais rasos, o os açudes mais profundos apresentam um tempo maior de residência da água, que se reflete na baixa diversidade zooplanctônica, especialmente dos microcrustáceos e na ocorrência de blooms de cianobactérias; enquanto que os lagos rasos mostram um sucessão ecológica concomitante a evolução do ciclo hidrológico, refletindo uma maior diversidade zooplanctônica, os reservatórios mais profundos exibem uma estabilidade maior e para que essa sucessão ocorra é necessário maiores regimes pluviométrico.

Palavras-chave: Limnologia; plâncton; ciclo hidrológico

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ABSTRACT Zooplankton dynamics on a deep reservoir of Brazilian semiarid region: influence of weather, water quality an phytoplankton community. The semiarid region around the world are characterized by low rainfall, high temperatures throughout the year followed by long periods of drought, making them often temporary; it directly affects the quality of water and hence the diversity and abundance of organisms. Several aquatic systems in the semiarid region especially in Brazil, are shallow and so the planktonic studies were conducted at these sites. Thus, the present study aimed to analyze the dynamics of zooplankton in a deep dam in the northeastern semi-arid, and to observe the influence of environmental variables, phytoplankton community and seasonal climate on it. This study was conducted in four parts: the first was about the relationship between phytoplankton and zooplankton over two hydrological cycles. There was a predominance of cyanobacteria over all other phytoplankton groups, which resulted in low diversity zooplankton of the dam; rotifers were the most diverse and most abundant species during the rainy season; copepods were recorded throughout the collections in special juvenile stages; cladocerans had very low densities, and only appeared when environmental conditions have improved. Chapter 2 deals with the spatial differences in the distribution of zooplankton community and the influence of rainy and dry seasons on the distribution of these species; it was observed that the density of both planktonic groups were higher at the inlet, especially cyanobacteria and rotifers; microcrustaceans were especially abundant in the dry season; Chapter 3 analyzed the vertical distribution of zooplankton community and the influence of seasonality; what is observed is that while the rotifers shows a more homogeneous distribution while the microcrustaceans showed a typical distribution of vertical migration, especially in the dry season; Finally, Chapter 4 presents a simulation of artificial nutrient accumulation caused by the reduction of the water volume in case of prolonged drought; for that it were installed in the dam a bioassay mesocosm with tanks where treatment has been enriched with nutrients, nitrogen and phosphorus and the other served as a control. An unexpected result was the formation of a biofilm in periphyton treatment enriched with nutrients, which has the power of reducing the density of cyanobacteria, to the point of bringing the total transparency of the water at the end of the experiment; this suggests a breakdown of nutritional resources in the dam waters, due to the residence time of the water. The phytoplankton and zooplankton communities responds to this difference. The calanoid and cladocerans only appeared at the end of the study, namely the enriched treatments, while cyclopoids lowered their densities. From the study one can conclude that the difference in shallower environments, the deeper reservoirs shows an increased residence time of the water, which is reflected in the low zooplankton diversity, especially microcrustaceans and the occurrence of blooms of cyanobacteria; while shallow lakes show a concomitant ecological succession evolution of the hydrological cycle, reflecting a larger zooplankton diversity, the deeper reservoirs exhibit greater stability and that succession occurs is required higher rainfall regimes. Keywords: Limnology; plankton; hydrological cycle

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1. INTRODUÇÃO GERAL

A comunidade zooplanctônica desempenha um dos principais papéis dentro dos

ecossistemas aquáticos, sendo considerada um elo na transferência de energia e matéria dos

produtores (fitoplâncton) para os demais níveis tróficos, sendo fundamental portanto na ciclagem

de nutrientes nesses ecossistemas. Por conta disso, o seu estudo é de fundamental importância para

a compreensão do funcionamento dos ecossistemas aquáticos (ESTEVES, 1998).

Os organismos zooplanctônicos, especialmente os herbívoros, são altamente sensíveis às

mudanças na qualidade do ambiente (MAEMETS, 1983; PEIJER, 1983); essas alterações podem

afetar a reprodução, crescimento e dinâmica populacional (FERRÃO-FILHO et al., 2005)

alterações morfológicas conhecidas como ciclomorfoses (LAFORSCH & TOLLRIAN, 2004)

produção de formas de resistência, (ARAÚJO et al., 2013; CRISPIM & WATANABE, 2001), e

mesmo o desaparecimento da população da coluna de água (GANNON & STEMBERGER, 1978;

SCHRÖDER et al., 2007). Por esses motivos, esses organismos são considerados bons indicadores

da qualidade da água e do ambiente.

Dentre os principais fatores que afetam a dinâmica da comunidade zooplanctônica, os

recursos alimentares é uma das mais importantes (COLE et al., 2002). A qualidade e a quantidade

alimentar influencia aspectos tais como reprodução, crescimento corporal e populacional,

sobrevivência (BULLEJOS et al., 2014). As relações tróficas entre zooplâncton e fitoplâncton, seu

principal alimento, referem-se a um estudo bastante complexo, pois envolve não só aspectos

biológicos, mas climáticos, hidrológicos e biogeoquímicos (DANIELSDOTTIR, et al 2007)

No zooplâncton dulceaquícolas, cladóceros, copépodos calanóides, formas juvenis de

copépodos ciclopóides e alguns grupos de rotíferos são filtradores (seletivos ou não), enquanto

que ciclopóides adultos e as outras espécies de rotíferos são predadores. As espécies filtradoras,

apesar de apresentarem um comportamento preferencialmente herbívoro generalista, obtém boa

parte de sua necessidade nutricional de bacterioplâncton e matéria orgânica dissolvida, em

ocasiões de oferta alimentar mais escassa (BURIAN et al., 2014; SANTOS et al., 2006;

AOYAGUI & BONECKER, 2004).

Devido a sua sensibilidade às alterações nas condições ambientais, estudos acerca da

influência da qualidade da água sobre a comunidade zooplanctônica, e como esta afeta suas

relações com o fitoplâncton já foram realizados em diversos países e no Brasil (BERZINS & JLER,

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1989; BLANK et al., 2010; BRET et al., 2000; BYRON et al., 1984; CARAMUJO & BOAVIDA,

2000; CONDE-PORCUNA et al. 2002; CRISPIM & BOAVIDA, 1995; DUGGAN et al., 1998;

GANNON & STEMBERGER, 1978; HUNT et al., 2012; MARNEFFE et al., 1998; MATVEEV

& MATVEEV, 1997; MÄEMETS, 1983; PEJLER, 1983 e 1998; PUJIN et al., 1991). Em

ambientes sujeitos naturalmente a alterações constantes na qualidade da água, como é o caso dos

ambientes aquáticos das regiões semiáridas, entender a dinâmica populacional desses organismos

e como eles respondem a essas alterações é de fundamental importância para o entendimento do

funcionamento do próprio ecossistema.

Reservatórios de regiões semiáridas estão entre os ambientes aquáticos menos estudados

no mundo, em comparação com outros ecossistemas, e os trabalhos realizados sobre a ecologia

desses ecossistemas tratam em sua maioria da caracterização ambiental e dos efeitos das

perturbações hidrológicas sobre os corpos aquáticos dessas regiões, além das adaptações e

estratégias dos organismos às condições ambientais extremas (ANGELER et al., 2000; BROCK

et al., 2003; De STATIO, 1990; FAHD et al., 2000; FRYER, 1996; HAVEL et al., 2000;

HUMPHRIES & BALDWIN, 2003; KELLEY et al., 2000; LAKE, 2003; MALTICHIK &

FLORÍN, 2002; MERGEAY et al., 2006; MCMAHON & FINLAYSON, 2003; MURA &

BRECCIAROLI, 2003; ORTEGA et al., 2000; PÉREZ-MARTÍNEZ et al., 1991; RICCI, 2001;

THOMAZ et al., 2000)

No mundo, as regiões semiáridas concentram-se no centro do continente africano, abaixo

do deserto do Sahara, sudeste asiático, nordeste brasileiro e parte da costa oeste da América do sul

(BARBOSA et al., 2012) Espanha (ANGELER, et al., 2000; ORTEGA et al., 2000), região oeste

da América do Norte (OHTE et al., 2007), e região do centro norte da Austrália (MCMAHON et

al., 2003; CHESSMAN et al., 2010). Todas são caracterizadas pelo irregular e baixo regime

pluviométrico (em média, menos 500 mm/ano) e altas temperaturas anuais (acima dos 25ºC).

Devido à pouca oferta de água, a vegetação típica é formada por poucas espécies de árvores e

arbustos, espalhadas em grandes áreas cobertas por solo nu, ervas e cactáceas (no Novo mundo)

(KERKHOFF et al., 2004). Assim, as regiões semiáridas são os principais locais sujeitos ao

processo de desertificação (SARDINHA, 2008). Abrigando mais de 1 bilhão de pessoas, a maior

parte dos corpos de água dessa são região artificiais, como açudes e barragens, cujo intuito é prover

água para o uso humano e dessedentação animal.

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A caatinga é o bioma mais quente e seco do Brasil, com temperatura média elevada o ano

todo (25-29°C), baixos índices de pluviosidade, forte insolação e altas taxas de evaporação; esses

fatores são os principais responsáveis pelo déficit no balanço hídrico da região, que torna a maioria

dos corpos de água naturais destas áreas temporários, podendo passar longos períodos secos,

apresentando água apenas nos períodos de chuvas, o que provoca uma grande variação nos níveis

dos corpos de água nos açudes anualmente. Por isso, o abastecimento de água nessa região torna-

se crítico, sendo suprido pela construção de reservatórios superficiais, que visam garantir o

abastecimento durante a estiagem (CEBALLOS, 1995).

As chuvas distribuem-se irregularmente principalmente entre os meses de março-junho,

seguido por longos períodos secos (BARBOSA, 2002). Essa grande variação no volume hídrico

afeta profundamente a qualidade e o equilíbrio do ecossistema, pois promove a concentração das

substâncias ali presentes, tais como sais, fato maximizado devido aos solos naturalmente salinos

da região (SANTIAGO, 1996) e nutrientes, o que acarreta no aumento dos níveis tróficos nesses

ambientes (PEREZ-MARTINEZ et al., 1991; CRISPIM & WATANABE, 2000a) num curto

período de tempo e de uma forma cíclica.

Devido a essas alterações no ambiente, não só a comunidade zooplanctônica, como

também, toda a biota aquática, tendem a desenvolver estratégias para permanecerem no ambiente,

apesar das alterações que ocorrem na qualidade do meio, ou até em caso de seca completa do corpo

de água, sendo observadas sucessões ecológicas e estratégias de sobrevivência, como os ovos de

resistência, quando o ambiente tornas-lhes impróprio (CRISPIM & WATANABE, 2000b;

BROCK et al., 2003).

É de fundamental importância a compreensão deste processo, pois além de fornecer as

bases para a compreensão da dinâmica ecológica, até então desconhecida em ambientes de

profundidade no semiárido brasileiro, este estudo poderá servir de subsídio para outras pesquisas

ambientais nesses locais. Dada a importância ecológica, social e econômica para as regiões de

semiárido, estudos-base em corpos de água dessas regiões, fornecem dados para estudos de

avaliação de impacto ambiental, onde haja aumento do estado trófico, estudos de detecção de

espécies bioindicadoras de qualidade de água, estudos de biomanipulação em que as comunidades

possam ser manejadas para a melhoria da qualidade da água, além de estudos de melhor

aproveitamento do potencial econômico da região. Atualmente, com o fenômeno do aquecimento

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global entender essa dinâmica é ainda mais importante, pois pode servir de modelo para alterações

ambientais que ocorrem em outros locais, ela elevação da temperaturas da água.

Dentre as principais mudanças que ocorrem em ambientes de semiárido, o aumento do

estado trófico é sem dúvida o fenômeno que mais afeta o ecossistema. Em ambientes em que o

processo de eutrofização dá-se de forma unidirecional, pela adição de nutrientes, ocorre uma

mudança permanente na comunidade fitoplanctônica, que passa a ter baixa diversidade e

abundância de algumas espécies, em geral cianobactérias e euglenofíceas (SMITH et al., 1999;

STERZA et al., 2002; BOERSMA & VIJVERBERG, 1996). Nesses ambientes, os componentes

do microzooplâncton (rotíferos e protozoários) passam a dominar em relação ao macrozooplâncton

(cladóceros e copépodos calanóides), que por serem pequenos filtradores não conseguem mais

controlar eficientemente a biomassa algal, que cresce excessivamente, tornando a água

eutrofizada. Entretanto, quando esse processo dá-se de maneira cíclica, como nos ambientes

aquáticos das regiões áridas e semiáridas, ocorre uma volta às condições oligotróficas, as

populações de microcrustáceos voltam a aparecer no ambiente todos os anos, quando se reinicia o

ciclo hidrológico.

Observa-se que a grande variabilidade nos corpos de água do semiárido possibilita a

criação de condições “ideais” de desenvolvimento para determinadas espécies em alturas distintas

do ciclo hidrológico, à medida em que ocorre a mudança na qualidade do meio. Assim, observa-

se uma sucessão ecológica que é cíclica, ou uma sucessão temporal, dependente da variação da

qualidade alimentar e da qualidade ambiente, possibilitando diferentes espécies dominem em

certas ocasiões do ciclo hidrológico, desaparecendo fora desses períodos, mas deixando suas

sementes na forma de bancos de ovos de diapausa. Esse é processo é bem registrado e

compreendido em ambientes rasos (CRISPIM et al, 2003; CRISPIM & WATANABE, 2000,

2001), mas em ambientes mais profundos, não se sabe se esse processo ecológico acontece dessa

forma.

Segundo Mageed & Heikal (2006), a mudança na composição química da água, é o principal

fator responsável pelas mudanças sazonais na composição das comunidades fito e zooplanctônica

nos ambientes tropicais, diferente dos corpos de água das regiões temperadas, nos quais a

temperatura é o fator determinante (SARMA et al., 2005). O estado trófico em regiões temperadas

ou subtropicais apresenta uma evolução linear que pode demorar anos para alterar as suas

condições tróficas. Em regiões mais quentes, especialmente no semiárido, em consequência do

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clima e dos ambientes aquáticos efêmeros, isso pode ocorrer no período de um ou poucos anos,

permitindo que estudos de sucessão ecológica possam ser desenvolvidos num período muito mais

curto, trazendo subsídios para o entendimento dos fatores ambientais que determinam a presença

das espécies no ecossistema. Desta forma informações locais, poderão servir para a previsão de

alterações em ecossistemas aquáticos continentais em todo o Brasil, dependentes do estado trófico,

ou qualidade alimentar.

No semiárido brasileiro já foram realizados alguns estudos sobre a comunidade

zooplâncton nesses locais em vários estados nordestinos, especialmente após o ano de 2000

(BRAGA et al., 2015; CRISPIM et al., 2000 e 2003; CRISPIM & WATANABE, 2000a, 2000b,

2000c e 2001; ESKINAZI-SANT’ANNA et al., 2007 e 2013; FREITAS & CRISPIM, 2005;

FREITAS et al 2007 e 2012; LEITÃO et al., 2006; MEDEIROS et al 2010; MOURA, et al., 2015

RIBEIRO, 2006; SIMÕES et al., 2008 e 2009; SOUZA et al., 2008; VIEIRA, 2000 e 2001;

VIEIRA et al., 2009 e 2011). Devido as próprias características físicas desses ambientes, a maioria

dos trabalhos realizados desde então estão restritos a açudes relativamente rasos (menos de 20m),

sujeitos a mudanças bruscas no volume de água e consequentemente nas condições físicas e

químicas.

A grande maioria dos corpos de água lênticos em regiões semiáridas são artificiais e rasos.

Diante deste fato, o balanço entre as estações seca e chuvosa são mais impactantes na variação da

comunidade planctônica nesses ecossistemas; em ambientes mais profundos, alguns estudos

limnológicos já foram realizado, a exemplo o Lago Nasser (média de 25m) no norte da África (EL-

HABRAWY & DUMONT, 2003; MAGEED et al., 2006), e o Reservatório Armando Ribeiro

Gonçalves, nordeste brasileiro (em média 20m) (ESKINAZI-SANT’ANNA et al., 2007, 2013;

SOUZA et al., 2008), contudo, estudos mais aprofundados são imprescindíveis para se

compreender se o regime hidrológico é o principal fator regulador, ou se existe outros fatores

intrínsecos do próprio ambiente reguladores da dinâmica planctônica.

Diante desta perspectiva, questiona-se se esses ambientes são mais ricos em termos de

diversidade planctônica do que os ambientes rasos por conta de sua “estabilidade” hidrológica, ou

se ao contrário, as perturbações hidrológicas de ambientes rasos permitem que mais espécies

possam colonizar ao longo do tempo, enquanto que a “estabilidade’ dos ambientes mais profundos

criem condições restritas que favoreçam a dominância de poucas espécies. Como funciona a

dinâmica entre fitoplâncton e zooplâncton nesses ambientes? Como as condições abióticas,

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especialmente o fluxo de nutrientes afeta esta relação? Existe diferença entre as diversas regiões

do reservatório, ou a comunidade é homogênea?

Assim, este trabalho apresenta os resultados do estudo da comunidade zooplanctônica no

Açude Engenheiro Ávidos, semiárido paraibano, e é dividido em quatro sessões: variação temporal

da comunidade zooplanctônica e fitoplanctônica ao longo de 2 anos de estudo; a variação espacial

da comunidade zooplanctônica e a influência das estações seca e chuvosa; analisar a distribuição

vertical da comunidade zooplanctônica ao longo da coluna e verificar se existe diferenças dessa

composição nas diferentes estações climáticas; e simular o impacto o enriquecimento de nutrientes

sobre as comunidades planctônicas.. Desta forma, espera-se ter um entendimento maior dos

principais fatores que influenciam a comunidade zooplanctônica desses ambientes, abrindo portas

para estudos posteriores acerca do assunto.

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2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral

Analisar a diversidade e a dinâmica populacional da comunidade zooplanctônica num

açude profundo do semiárido brasileiro, frente às mudanças na comunidade fitoplanctônica e

alterações na qualidade da água, decorrentes das variações sazonais e hidrológicas, e determinar

os fatores ambientais indutores de variação nas comunidades.

2.2. Objetivos Específicos

- Caracterizar o Açude Engenheiro Ávidos quanto às suas variáveis químicas e físicas

(temperatura, condutividade, transparência, pH, oxigênio dissolvido, N-amônia, N-nitrito, N-

nitrato, fósforo total, ortofosfato) e às concentrações de clorofila-a, nas diferentes zonas do açude,

bem como identificar seu estado trófico

- Analisar qualitativa e quantitativamente o zooplâncton o e fitoplâncton no Açude

Engenheiros Ávidos, identificando os taxa predominantes em cada fase do ciclo hidrológico,

durante dois anos;

- Examinar a influência do ciclo hidrológico e das alterações sazonais sobre a qualidade da

água e desenvolvimento das duas comunidades, comparando com ambientes rasos de semiárido, e

observar se a profundidade do açude influência a diversidade e as relações ecológicas das duas

comunidades estudadas;

- Comparar as comunidades zooplanctônicas nas diferentes regiões do açude, e observar se

ocorre diferenças entre essas, e como o ciclo hidrológico influencia essas diferenças;

- Observar a distribuição vertical da comunidade zooplanctônica no açude, e observar quais

as diferenças entre a composição da comunidade nos diferentes extratos da coluna de água e se o

ciclo hidrológico influencia nessa distribuição.

- Realizar bioensaios de enriquecimento trófico, em mesocosmo, com altas concentração

de nutrientes (Nitrogênio e fósforo), no intuito de simular o que acontece nos corpos de água em

períodos de seca extrema, e observar sua influência sobre o fitoplâncton e zooplâncton.

- Comparar as informações obtidas em campo e os resultados dos experimentos e a partir

disto, determinar os principais fatores ambientais que influenciam a dinâmica das principais

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populações dos três grupos zooplanctônicos dulceaquícolas, e compará-los com estudos realizados

em ambientes rasos de semiárido.

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3. HIPÓTESES

H1: A irregularidade no ciclo hidrológico afeta diretamente a qualidade da água e seu estado

trófico, o que é refletido sobre a comunidade planctônica, com menor intensidade em

ambientes profundos;

H2: Ambientes profundos sofrem menor influência das alterações do volume hídrico,

proporcionando maior estabilidade nas condições físico-quimicas, permitindo que os

microcrustáceos, mais sensíveis às mudanças no ambiente e que precisam de um tempo

maior de residência da água possam estabelecer suas populações;

H3: Ambientes de semiárido estão mais sujeitos à maiores densidades de cianobactérias

devido as suas condições ambientais (alterações ambientais rápidas e altas temperaturas), e

isso afeta diretamente a estrutura da comunidade zooplanctônica;

H4: Ocorrem diferenciações entre a estrutura e a composição da comunidade zooplanctônica

nas diferentes regiões do açude, baseadas nas características ambientais locais, que são

influenciadas diretamente pelo ciclo hidrológico;

H5: A sazonalidade influencia a distribuição vertical do organismos, por proporcionar

condições ambientais diferentes nas diferentes profundidades do açude;

H6: Ambientes oligotróficos, caracterizado por condições equilibradas de nutrientes nos

quais as quantidades alimentares são menores e a comunidade algal é mais diversa, favorece

espécies mais seletivas tais como cladóceros e copépodos calanóides, enquanto que o

acumulo de nutrientes torna o ambiente mais eutrofizado, favorecendo o desenvolvimento

dos rotíferos.

H7: Espera-se que devido a maior estabilidade do meio em relação a ambientes mais rasos,

a comunidade zooplanctônica é menos diversa do que nesses ambientes, em virtude de

maiores alterações ambientais favorecerem maior diversidade, contando com mais espécies

oportunistas.

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4. CAPITULO 1. A INFLUÊNCIA DO CICLO HIDROLÓGICO NAS RELAÇÕES ENTRE ZOOPLANCTON E FITOPLANCTON NUM RESERVATÓRIO PROFUNDO NO SEMIARIDO. 4.1. Introdução As interações entre as comunidades planctônicas são a base da cadeia alimentar e do ciclo

de energia e matéria em ecossistemas aquáticos, e sua biomassa e diversidade são fortemente

influenciadas pelas alterações ambientais ao seu redor. Fitoplâncton e bacterioplâncton

desenvolvem um papel essencial na incorporação e reciclagem de matéria e energia do ambiente

ao redor, sendo fortemente influenciadas pela disponibilidades dos recursos abióticos (VREDE et

al., 1999), e o zooplâncton, como consumidor primário, tem papel fundamental na disponibilização

desses recursos para os diversos níveis da cadeia trófica aquática (ESTEVES, 1998).

Esse efeito dá-se pelo hábito alimentar herbívoro filtrador dos copépodos calanóides,

cladóceros, rotíferos; estes, por sua vez, servem de presa para invertebrados (copépodos

ciclopóides e larvas de insetos e macrocrustáceos) e peixes planctívoros (SARMA et al., 2005), e

daí pra os demais níveis tróficos. Dentre os fatores que controlam a biomassa e a diversidade do

zooplâncton nos reservatórios, estes fatores são os principais.

Sendo a principal fonte alimentar do zooplâncton filtrador, o fitoplâncton é composto por

um grupo variado de microalgas, das mais diversas classes taxonômicas, e que são a base da cadeia

alimentar nos ambientes aquáticos (RICKLEFS, 2003). Em ambientes de água doce o fitoplâncton

é representado principalmente por clorofíceas e cianofíceas, além de em menor proporção por

diatomáceas e flagelados (ESTEVES, 1998).

Como principais representantes em termos de diversidade da comunidade fitoplanctônica,

as clorofíceas são preferidas pelos microcrustáceos filtradores, pois fornecem quantidades

satisfatórias de carbono, nitrogênio e fósforo, característica essa compartilhada pelas diatomáceas

e haptofíceas (RAVEN, 2007; REPKA, 1997). Espécies unicelulares ou colônias com poucos

indivíduos, tais como Chlorella, Ankistrodesmus e Scenedesmus são preferidas às espécies

coloniais grandes, como Volvox, pois estas podem obstruir o aparelho filtrador dos cladóceros

(REPKA et al.,, 1999).

Usualmente, cianobactérias são preteridos em relação aos outros itens alimentares, por

diversas razões, tais como seu baixo teor nutritivo (REPKA, 1999), os filamentos e a mucilagem

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caraterística de alguns gêneros podem obstruir o aparelho filtrador dos cladóceros (GHADOUANI

et al., 2003) e a capacidade de produção de substâncias tóxicas (BOUVY et al.,, 2001). Estudos

realizados com espécies de cladóceros apontam ocasiões em que as cianobactérias são a principal

fonte de alimentação, mas em consequência disso, ocorrem alterações tanto na taxa de crescimento

como de fecundidade nas populações de cladóceros (STERNER & SCHULZS, 1998).

A composição, os valores de biomassa e a produtividade fitoplanctônica em reservatórios

são dependentes de vários fatores físicos, químicos e biológicos inter-relacionados, que variam em

função do clima, regime hidrológico, do tamanho e natureza da bacia de drenagem, morfologia do

reservatório, natureza e volume do fluxo do rio e da estrutura da cadeia trófica. (STRASKRABA

& TUNDISI, 1999). Entretanto observa-se que usualmente os ambientes tropicais são dominados

por cianobactérias, em detrimento dos outros grupos, e portanto, a composição, densidade,

tamanho individual e ciclo de vida dos componentes do zooplâncton são diferentes dos que

observados nos ambientes temperados (HAVENS et al., 2009)

Também é válido ressaltar a influência da própria comunidade zooplanctônica sobre o

fitoplâncton, que se dá tanto de forma direta, pela pressão de alimentação sobre as algas palatáveis

– top-down (GASIUNAITE & OLENINA, 1998), quanto pela influência da excreção do

zooplâncton na competição entre diferentes grupos de algas promovidos pelo incremento no

fornecimento de nutrientes – bottom up (KIVI et al., 1993). Em ecossistemas temperados, observa-

se que o controle do fitoplâncton por pressão alimentar é eficiente e bem documentado (KÂ et al.,

2006); em ambientes tropicais, entretanto, esta relação parece ser menos efetiva e o controle da

comunidade fitoplanctônica pode sofrer mais influência dos fatores abióticos, especialmente a

temperatura e carga de nutrientes (VON RÜCKERT & GIANNI, 2008).

O conhecimento das relações entre o zooplâncton e fitoplâncton em ambientes tropicais

ainda é bem escasso em relação a ambientes temperados, tendo ganhado espaço há apenas alguns

anos, principalmente com a preocupação do aquecimento global das águas. Em ambientes de

semiárido, o conhecimento é praticamente inexistente. A compreensão das relações fito-

zooplâncton nesses ambientes é de extrema importância não só para a elucidação dos mecanismos

ecológicos que determinam a densidade e a diversidade de ambos os grupos, mas também podem

ser usados como ferramenta para predição de processos ecológicos em águas aquecidas, e como

base para os estudos de gestão ambiental de corpos de água, afetados pelo aquecimento global.

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Diante destes fatos o presente trabalho teve por objetivo analisar as variações da densidade

e diversidade das comunidades zooplanctônica e fitoplanctônica e a influência do ciclo hidrológico

sobre suas relações.

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4.2. Material e métodos

4.2.1 Área de estudo

O Açude Engenheiro Ávidos (Fig.2) está localizado na bacia hidrográfica do Alto Piranhas,

uma das sub-bacias do rio Piranha-Açu na Paraíba (Fig. 1). Com um volume de 255.000.00 m3,

ocupa uma área total de 1.124 km2, e tem profundidade máxima de 45m. A bacia do Rio Piranhas

situa-se na região sudoeste do estado da Paraíba, entre as coordenadas geográficas de 6º 50’ e 7º

25’S e 38º 10’ e 38º 40’W.

Figura 1. Mapa da Bacia do Alto Piranhas, destacando em vermelho o açude Engenheiro Ávidos. Fonte:

FARIAS, 2004

A bacia abrange uma área de 1.219,40 km2, limitada ao oeste com o estado do Ceará, ao

norte com a bacia do rio do Peixe, ao nordeste com a bacia do Médio Piranhas e ao sul e leste com

a bacia do rio Piancó, na região do alto sertão paraibano. É caracterizada em termos de clima,

segundo a classificação de Köeppen, como do tipo Awig, isto é, quente com chuvas de verão –

outono, influenciado pela Frente de Convergência Intertropical (CIT). A temperatura na região,

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32

varia entre 30º C (novembro) e 25º C (junho). Quanto à pluviometria, indicam uma precipitação

média anual em torno de 800 mm. Os meses de fevereiro, março e abril concentram

aproximadamente 65% do total anual precipitado na bacia (FARIAS 2004).

Figura 2. Vista do Açude Engenheiro Ávidos. Fonte: Ana Carolina Vieira

4.2.2. Dados climatológicos

Para a análise da variação temporal e espacial, foram obtidos os índices de pluviosidade e

o volume do açude através do Laboratório de Meteorologia e Sensoriamento Remoto da Paraíba

(LMRS-PB), disponíveis no site da Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba

(AESA) (http://www2.aesa.pb.gov.br/meteoro/chuvas.shtml).

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33

4.2.3. Variáveis abióticas

As variações temporais dos parâmetros ambientais e comunidades planctônicas foram

analisadas através de coletas de campo, num período que abrangeu janeiro de 2013 a janeiro de

2015, num total de 22 coletas, na superfície da região liminética do açude, próximo a barreira do

açude (média de profundidade de 20m). Foram coletadas sempre 5 réplicas, para correta análise

estatística. Para os parâmetros ambientais (tabela 1), algumas medidas foram tomadas em campo,

enquanto que para demais análises, amostras de água foram acondicionadas em frascos

apropriados, resfriadas, devidamente identificadas e levadas para o laboratório para

processamento.

Tabela 1.Variáveis ambientais e respectivos métodos de análise

Análise Método

Temperatura Termômetro de mercúrio

pH pHmetro digital

Condutividade Condutivímetro portátil

Transparência Disco de Secchi

Oxigênio Dissolvido Oxímetro digital

Nitrito 4500 NO2 – B Método colorimétrico (APHA, 1998)

Nitrato 4500 NO3 – E Método da coluna de cádmio (APHA, 1998)

Amônia 4500 NH3 – F Método do fenol (APHA, 1998)

Ortofosfato 4500 P – E Método do ácido ascórbico (APHA, 1998)

Fósforo Total 4500 P – B.5 Método da digestão pelo Perssulfato/ 4500 P – E Método do ácido ascórbico (APHA, 1998)

Para a análise de clorofila a, as amostras foram coletadas em frascos de polietileno e

concentradas sob pressão negativa, em filtros de fibra de vidro Whatman GF/C de 47 mm de

diâmetro. Como solvente foi utilizado acetona a 90%. Após 24 horas de extração, no escuro e a

baixa temperatura, as medidas de absorbância dos extratos foram tomadas

espectrofotometricamente a 663nm e 750nm de comprimento de onda, antes e após a acidificação

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com HCl a 1N. As concentrações de clorofila-a foram obtidas através da fórmula proposta por

Lorensen (1967).

��������� � (�/ ) = � × (���� − ����) × ���� × �� � ��

Em que:

P = Constante de proprocionalidade para acetona (26,7 cm. mg. L-1)

A665 = Absorbância do extrato no comprimento 665, corrigido com a absorbância do extrato acidificado

A750 = Absorbância do extrato no comprimento 750, corrigido com a absorbância do extrato acidificado

V = Volume filtrado da amostra

v = Volume do extrato (10 ml)

PL = Comprimento ótico da cubeta (1cm)

Também foi calculado o Índice de Estado Trófico (IET) proposto por Carlson, modificado

por Toledo Jr. (LAMPARELLI, 2004) para ambientes tropicais, que considera os valores de

transparência, de clorofila-a, fósforo total e ortofosfato, onde o IET final é a média dos IETs

calculados a partir das fórmulas:

IET��� ! = 10$6 − &(0,64 + ��� !)/*+2-.

/0��.�. = 10$6 − &(80,32 + �. �. )/*+ 2-.

/0�4.�. = 10$6 − &(21,67 + 4. �. )/*+ 2-.

/0�678�9. = 10$6 − &(21,67 + 678�9. )/*+ 2-.

Em que: Trans.= Medida da transparência (m) P.T.= Valores de fósforo total da superfície (µg/L) O.P. = Valores de ortofosfato medidos na superfície (µg/L) Clorα= Valor de clorofila a medidas na superfície (µg/L)

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35

4.2.4. Comunidade zooplanctônica

A comunidade zooplanctônica foi amostrada através da filtragem de 75L de água da por

uma rede de plâncton de 45 μm de malha. As amostras foram fixadas e conservadas com formol a

uma concentração final de 4%, saturado com glicose (HANEY & HALL, 1972; PREPAS, 1978).

Em laboratório, os organismos foram identificados e contados, com o auxílio de um microscópio

binocular, com capacidade de aumento de até 1000x e com uma câmara de contagem do tipo

Sedgewick-Rafter. Na análise das densidades foram contadas sub-amostras de 1ml ou até

encontrar um número mínimo de 100 indivíduos. Os organismos foram identificados segundo

Edmondson (1959), Koste, (1972 e 1978) e Ruttner-Kolisko (1954) (Rotifera), El Moor-Loureiro

(1997) (Cladocera) e Reid (1985), Rocha & Matsumura-Tundisi (1976), Silva (2003) e Silva &

Matsumura-Tundisi (2005) (Copepoda). Suas densidades foram expressas em indivíduos por litro

(ind/L), e calculados de acordo com a fórmula seguir:

/ :. �;� = <(+ × =>*?) @ 1=>*A B @ =>*C

Em que: n = número de indivíduos contados

VolA = volume da amostra

VolC = volume contado

VolF = volume filtrado

4.2.5. Comunidade fitoplanctônica

Para a análise qualitativa e quantitativa da comunidade fitoplanctônica, foi realizada a

coleta direta de amostras de água em frascos apropriados e preservadas com formol a 4%

neutralizado com bórax (BICUDO & BICUDO, 2004). Os organismos foram através da contagem

em microscópio invertido pelo método de Utermöhl (1958). A identificação foi feita nível de

gênero e espécie, com base em literatura especializada (DESIKACHARY, T.V., 1959; KUMAR,

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36

K., 1967; TELL, G., 1986; GERMAIN, H, 1991). Foram contados pelo menos 400 organismos

(células, filamentos, cenóbios e colônias) da espécie mais frequente, em campos distribuídos

sistematicamente. A densidade dos indivíduos foram calculados através da fórmula:

/ :. D7;� = < +. (E. F)B . <1

ℎB . C

Onde: n= número de indivíduos contados s = superfície do campo (mm2) c = números de campos contados h= altura da câmara de sedimentação F = fator de correção (103. mm3. ml-1) 4.2.6. Análises estatísticas e de diversidade

A estatística descritiva dos dados ambientais (média, mediana, desvio padrão, máximo e

mínimo) foram feitas através do programa Action Stat (EQUIPE STATCAMP, 2014). Para a

análise da diversidade biológica foram calculados alguns índices biológicos, com o auxílio do

programa Past (HAMMER et al., 2001). O índice de diversidade de Shannon- Wiener, que

considera a diversidade (H’) como função da proporção de cada espécie (pi) e do número total de

espécies amostradas (S).

O índice de equitabilidade de Pielou (J’) (PIELOU, 1966) também foi calculado. Este

índice varia entre 0 e 1, estando mais próximo do limite máximo quanto mais uniforme for a

proporção das espécies na amostra, e mais próxima do limite mínimo quanto menor for esta

uniformidade.

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HI = JI

JD�� KLMN� JD�� = �M (O)

Onde: H’ = índice de diversidade de Shanon-Wiener S = número total de espécies amostradas

Já o índice de dominância de Simpson (D’) mede a proporção de dois selecionados ao acaso

na amostra, pertencer à mesma espécie (GORENSTEIN, 2002). Uma comunidade de espécies com

maior diversidade terá uma menor dominância. O valor estimado de C varia de 0 (zero) a 1 (um),

sendo que para valores próximos de um, a diversidade é considerada maior.

PI = Q R( R − �)(S(S − �))

O

RT�

Onde: ni = número de indivíduos amostrados para a i-ésima espécie N = número total de indivíduos amostrados

Para observar as interações entre os fatores abióticos e as comunidades planctônicas foi

feita uma Análise de Correspondência Canônica (CCA) para a determinação dos fatores mais

associados, ao longo do período estudado, com o auxílio do Programa CANOCO 4.5 for Windows

(TER BRAAK & SMILAUER, 2002). Os dados foram transformados em log de base 10 para

melhor execução do teste.

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4.3. Resultados e discussão

Os valores de pluviosidade acumulados entre o período estudado foi de 768,3mm para o ano

de 2013 e de 985,3mm no ano de 2014 (Fig.3). O ano anterior ao estudo, 2012 foi o ano em que

ocorreu a maior seca registrada nos últimos 40 anos, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia

(BRASIL, 2012), com total acumulado de 447 mm, o que fica bem abaixo da média histórica,

748mm. As duas estações chuvosas se deram entre janeiro a junho de 2013 e de janeiro a junho de

2014; as estações secas foram de julho a dezembro de 2013 e de julho de 2014 a janeiro de 2015.

Essa estiagem foi refletida no volume total do açude, que ficou em torno dos 40 milhões do

metros cúbicos, menos de 1/6 da capacidade total do mesmo. A redução do volume do açude vem

se agravando com o passar dos anos (ANEXO 1), e tem gerado preocupação por parte da população

local e das agências de gestão hídrica. Isso se reflete diretamente nos parâmetros ambientais, cujos

resultados da estatística descritiva encontram-se descritos na tabela abaixo.

Tabela 2. Estatística descritiva dos parâmetros ambientais do Açude Engenheiro Ávidos entre janeiro de

2013 a janeiro de 2015.

Unidade Média Mediana Mínimo Máximo Desv. Pad. Variância

Pluviosidade mm 68,52 22,05 0,00 379,90 31,33 981,51

Vol. Açude 106. m3 33173,51 32010,00 24369,00 11,60 1,64 2,70

Temperatura ºC 28,58 28,50 27,20 230,00 39,88 1590,05

pH - 8,46 8,60 7,30 9,59 10,06 101,17

Condutividade µS.cm 233,70 237,75 20,80 379,90 31,33 981,51 Oxigênio Dissolvido mg.L-1 7,16 7,30 4,10 11,60 1,64 2,70

Transparência cm 76,39 61,00 41,60 230,00 39,88 1590,05

Clorofila µg.L-1 17,44 17,62 0,53 48,59 10,06 101,17

Nitrito µg.L-1 4,04 2,43 0,11 29,04 4,49 20,19

Nitrato µg.L-1 1012,95 627,50 27,50 7277,50 1255,14 1575371,35

Amônia µg.L-1 136,39 65,46 9,69 861,23 186,48 34774,26

Ortofosfato µg.L-1 53,75 46,80 34,80 150,80 19,87 394,91

Fósforo total µg.L-1 32235,31 110,00 23,75 1058,75 179,54 32235,31

As temperaturas mantiveram-se elevadas (Fig. 4) entre os 26-30ºC, o que é esperado para a

região. Segundo Barbosa et al (2002) e Araújo et al (2000) as altas temperaturas e a baixa

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amplitude térmica anual do ar, característica do semiárido nordestino, influenciam diretamente a

baixa variabilidade térmica nos corpos de água.

Figura 3. Pluviosidade e volume do açude acumulados ao longo dos dois anos de estudo; nas colunas a

pluviosidade e na linha a variação do volume do açude, onde se destacam a porcentagem da capacidade total

no início do estudo, o volume mais alto atingido e o volume no fim do estudo.

Figura 4. Temperaturas registradas no Açude Engenheiro Ávidos ao longo do período estudado.

Os valores de pH (Fig. 5) mantiveram uma tendência alcalina durante todo o período

estudado (7,4 a 9,5). Observou-se a diminuição dos valores de pH durante a época de chuvas na

-

5000,0

10000,0

15000,0

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25000,0

30000,0

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45000,0

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região. Este fato é explicado pela decomposição da matéria orgânica carreada pela chuva do

entorno, que além de ocasionar um incremento discreto na concentração de gás carbônico, causa

um maior consumo de oxigênio (SAWYER et al., 1994; LEITE et al., 2001). Durante os períodos

de estiagem, principalmente a partir do mês de outubro pode dever-se ao aumento da atividade

fitoplanctônica, que absorvendo o CO2 para fotossíntese, eleva os valores de pH.

Figura 5. Valores de pH registrados no Açude Engenheiro Ávidos ao longo do período estudado

Sobre os valores de condutividade (Fig. 6) observou-se que os valores médios sempre se

mantiveram abaixo de 300 µs/cm, resultados similares aos encontrados por Câmara et al (2009),

no Açude Armando Ribeiro Gonçalves e Dantas et al (2009), no Açude Mundaú, ambos também

no semiárido nordestino. Em comparação com outros ambientes de semiárido são valores

relativamente baixos. Bouvy et al (1999), em seu trabalho no açude Ingazeira, Pernambuco,

registraram valores entre 600 e 1800 µs/cm, enquanto que Simões et al (2009), registrou valores

entre 2000 e 10000 µs/cm, em seu trabalho na Bacia hidrográfica de Jequiezinho, na Bahia. Esses

valores vaiáveis de condutividade pode ser mais influenciado pelas características locais de cda

entorno dos açudes do que de uma padrão geral de semiárido.

6

6,5

7

7,5

8

8,5

9

9,5

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Figura 6. Valores de condutividade no Açude Engenheiro Ávidos ao longo do período estudado.

Os valores de oxigênio dissolvido (Fig.7) foram menores durante os períodos de estiagem.

Entretanto observou-se que no segundo ano de estudo, a medida em que o nível de água do açude

decrescia, os valores de oxigênio também foram diminuindo. Provavelmente deve-se ao acúmulo

das matérias orgânica, provocando assim o aumento do consumo de oxigênio pelos agentes

decompositores e acréscimo de CO2 livre no corpo de água (ABRANTES et al., 2006; SAWYER

et al., 1994; LEITE et al., 2001). Os maiores valores foram registrados durante os meses de março

a agosto, quando os ventos são bastante fortes na região, aumentando dessa forma a incorporação

de oxigênio atmosférico na água, resultado também registrado por Esteves, (1998)

A transparência da água no açude (Fig. 8) apresentou os valores mais elevados no primeiro

ano de estudo, excetuando o maior valor, fator este explicado por chuvas que caíram na região no

dia anterior ao dia da coleta. Os valores menos elevados na época de chuva, pode-se explicar

devido ao carreamento de material alóctone, que interfere na turbidez da água e consequentemente

na penetração de luz (MERCANTE & BICUDO, 1996; LEITE & FONSECA, 2002). Os valores

mais elevados, foram registrados nos meses que sucederam as primeiras chuvas, fato este devido

ao aumento na coluna d`água. Segundo Leite & Fonseca (2002) este fato deve-se primeiramente

ao aumento da profundidade do açude, que acarreta consequentemente no aumento da zona

eufótica e também na sedimentação do material alóctone trazido pelos meses de chuvas mais

intensas. Entretanto, observou-se uma diminuição da transparência concomitante com a

diminuição do volume do açude.

100

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Figura 7. Valores de oxigênio dissolvido no Açude Engenheiro Ávidos ao longo do período estudado

Figura 8. Valores de transparência da água no Açude Engenheiro Ávidos ao longo do período estudado.

Sobre os valores de clorofila-a (Fig. 9) os maiores valores foram registrados entre os meses

de julho de 2013 e maio de 2014, conforme o volume do açude ia diminuindo. Entretanto,

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conforme a estiagem se tornou mais severa, a produção fitoplanctônica começou a diminuir. Este

fator pode dever-se tanto as condições abióticas se tornarem mais severas, como com a dinâmica

da predação, como por exemplo, em junho de 2014 observa-se que as quedas clofila-a coincidiu

com um pico de densidade de rotíferos.

Figura 9. Valores de clorofila-a da água no Açude Engenheiro Ávidos ao longo do período estudado

Os valores dos compostos nitrogenados para o açude foram bastante variados, mas observa-

se algumas tendências. Os valores de nitrito (Fig. 10) foram bastante variados ao lomgo do estudo,

mas eram especialmente elevados nas épocas de menor valor de oxigênio dissolvido nas águas.

Este fato é natural e deve-se à alta instabilidade desse composto nos ambientes naturais, pois é um

produto da nitrificação da amônia, passando logo a nitrato na presença de oxigênio (ARAÚJO et

al., 2000).

Os valores de nitrato (Fig. 11) foram altos durante todo o período estudado (média de

aproximadamente 1500 µg/L), mas os maiores picos durante as estações chuvosas. Por açude estar

inserido em uma região agrícola, na época das chuva os fertilizantes artificiais são carreados para

a água, incrementando este nutriente no açude, resultado semelhante observado por Vieira, (2006).

0

5

10

15

20

25

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Tempo (meses)

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44

Figura 10. Valores de nitrito da água no Açude Engenheiro Ávidos ao longo do período estudado

Figura 11. Valores de nitrato da água no Açude Engenheiro ávidos ao longo do período estudado

As concentrações de N-amônia (Fig.12) variaram bastante no período estudado, sendo em

geral mais elevadas após o período chuvoso, com maior pico no mês junho (209 µg/L). Mas

observou-se uma forte tendência de aumento à medida do decréscimo do volume do reservatório.

O aumento da decomposição da matéria orgânica acumulada pela baixa do volume hídrico, deve

0,00

2,00

4,00

6,00

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Tempo (meses)

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45

ser um dos principais responsáveis por este aumento. Em ambientes naturais, a amônia é a forma

de nitrogênio preferida pelas microalgas devido à sua absorção rápida e economicamente

energética (GOLDMAN & HORNE, 1983; WETZEL, 1981), e por ser uma da formas mais lábeis

e reativas de nitrogênio é rapidamente metabolizado pela biota aquática (WEBSTER et al., 2003).

Figura 12. Valores de amônia da água no Açude Engenheiro ávidos ao longo do período estudado

Os valores de ortofosfato (Fig.13) foram relativamente baixos em comparação com outros

estudos realizados em ambientes de semiarido no Brasil e no mundo (BARBOSA, 2002; BOUVY

et al., 1999; AL-KHARABSHEH, 1999; STRAUTCH et al., 2009). As maiores concentrações

ocorreram logo após picos de chuvas, mais sujeitas as entradas de material alóctone, resultado este

também registrado por Abrantes et al., (2006) no Lago Vela, em Portugal e por Kendirim (2005)

no Reservatório Kangimi, Nigéria. O fosfato é originário principalmente das rochas que formam

a bacia de drenagem, e, em águas não poluídas, sua quantidade reflete diretamente o conteúdo de

fósforo presente nas rochas (REID & WOOD, 1976), mas também pode ser produto da

decomposição da matéria orgânica carreada pelas chuvas. O caráter altamente variável do

ortofosfato é comum, pois a liberação deste para a coluna de água requer condições especiais, tais

como baixos níveis de oxigenação; este fato foi detectado em vários trabalhos feitos no mundo

todo (KELLEY et al., 2000; GILDFORD & HECKY, 2000; GOPHEN et. al., 1990).

0,00

100,00

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46

Figura 13. Valores de ortofosfato da água no Açude Engenheiro ávidos ao longo do período estudado

Os valores de fósforo total (Fig.14) mostrou uma tendência para o aumento após os meses

iniciais de chuvas, provocado pelo carreamento do material alóctone para o açude (KIRCHNER,

1975); este fato também foi encontrado em estudos feitos por Vieira et al (2005) para 3 corpos de

água diferentes na Bacia do Rio Taperoá, e por Mattos et al (1986), para o Lago Paranoá, em

Brasília; a tendência de aumento nas concentrações de fósforo, concomitante com a diminuição

no volume hídrico, é explicado pela evaporação de água (BARBOSA et al., 2002), que produz a

concentração deste composto na água, o que está em acordo com o estudo realizado por Lake

(2003) na Austrália. O fósforo, em ambientes dulceaquícolas é considerado o principal fator

limitante para a produtividade biológica (HENRY, 1990; GILDFORD & HECKY, 2000;

LATHROP et al., 1999); e suas concentrações são utilizadas para indicação do grau de trofia do

ambiente (WETZEL, 1983; CARLSON, 1977; ESTEVES, 1988; ROCHA, 2002).

30,00

40,00

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47

Figura 14. Valores de fósforo total da água no Açude Engenheiro ávidos ao longo do período estudado

O Açude Engenheiro Ávidos permaneceu a maior parte do período estudado entre meso e

eutrófico (Fig. 15) com exceção do início e do fim do estudo na classificação do Índice de estado

trófico (IET). Mais uma vez a forte influência do balanço hídrico sobre o estado trófico nos corpos

de água de regiões semiáridas: com pluviosidade baixa, seguidas por dois anos de seca mais severa,

as chuvas não foram suficientes para repor o volume de água perdido com a evaporação (Vide

ANEXO 1). Durante todo o estudo o volume foi decrescente, e mesmo as chuvas mais intensas de

2014, não foram suficientes para a volta ao estado oligotrófico registrado no início do estudo.

Em ambientes do semi-árido no mundo todo, o grande agente influenciador nos níveis

tróficos é o regime hídrico, especialmente se estes não sofrem influencias antrópicas. Segundo

Perez-Martínez et al. (1991), ocorre a elevação no estado trófico concomitante com o decréscimo

do volume dos corpos de água, dando-se principalmente pela concentração de nutrientes o que

proporciona o crescimento da biomassa algal. Hessen et al. (2006) afirma que para cada átomo de

fósforo adicionado num lago, 150 átomos de carbono são acrescentados na biomassa algal; vê-se,

portanto, a dimensão do efeito provocado pela concentração de nutrientes por ocasião da redução

do volume de água. Outro efeito da eutrofização, é a mudança na comunidade fitoplanctônica, que

passa a ser dominada por euglenofíceas e cianobactérias filamentosas, podendo estas ser tóxicas

(WATSON & KALFF, 1981; LAMPERT, 1977), provocando assim alterações sobre a cadeia

0,00

100,00

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alimentar e conseqüentemente em toda a estrutura do ecossistema (GULATI et al., 1990;

JEPPESEN et al., 2000).

Figura 15. Evolução do IET no Açude Engenheiro Ávidos durante o período estudado

Sobre a comunidade fitoplanctônica (Tab. 3), foi registrado um total de 116 taxa, a nível

genérico e específico. Em comparação com outros ambientes do semiárido, esse número é

relativamente alto. Bouvy et al (1999), em seu trabalho no reservatório de Ingazeira (PE) encontrou

cerca de 40 taxa, enquanto que Câmara et al (2009), no reservatório de Armando Ribeiro Alves

(RN), listou cerca de 42 taxa. Um dos aspectos mais evidentes foi a alta abundância de

cianobactérias, especialmente filamentosas, sobre os outros grupos, fato este esperado para regiões

de clima tropical, onde a dominância pode durar o ano todo, principalmente em águas naturalmente

quentes, como é o caso do semiárido (HONG et al., 2015). Entretanto, o que ficou evidente durante

o tempo e estudo foi o grande predomínio das cianofíceas, filamentosas (Fig. 16), especialmente

as três espécies mais abundantes Raphidiopsis brookii, Cylindrospermopsis raciborskii e

Anabaena constricta, cujas densidades na maioria das vezes superavam em mais de dez vezes as

densidades dos outros grupos.

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5

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Mesotrófico

Oligotrófico

Ultraligotrófico

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Tabela 3. Lista de espécies encontradas no Açude Engenheiro ávidos ao longo do período estudado

CYANOBACTERIA

Taxon Autor

Anabaena ambígua Rao (1937) Anabaena constricta Geitler (1925) Anabaena fertilíssima Rao (1937)

Anabaenopsis tanganyikae Miller (1923) Aphanocapsa koordesii Strom (1923)

Artrospira sp

Chrorochoccus minutus (Kützing) Nägeli (1849) Cylindrospermopsis raciborskii (Woloszynska) Seenayya & Subba Raju (1972) Cylindrospermum doryphorum Brühl & Biswas (1922) Dactylococcopsis raphidioides Hansgirg (1888)

Eucapsis densa Azevedo, Sant'Anna, Senna, Komárek &

Komárková 2003

Geitlerinema amphibium (C.Agardh ex Gomont) Anagnostidis (1989) Komvophoron aff crassum (Vozzhennikova) Anagnostidis & Komárek 1988

Limnococcus limneticus (Lemmermann) Komárková, Jezberová, O.Komárek

& Zapomelová 2010 Liminothrix sp

Lyngbya sp

Merismopedia glauca (Ehrenberg) Kützing 1845

Merismopedia minima G.Beck 1897

Merismopedia punctata Meyen 1839 Merismopedia tenuissima Lemmermann 1898

Oscillatoria curviceps C.Agardh ex Gomont 1892 Oscilatoria nigroviridis Thwaites ex Gomont 1892

Planktolymbia raphidiopsis

Phormidium tergestinum (Rabenhorst ex Gomont) Anagnostidis & Komárek

1988 Pseudoanabaena aff catenata Lauterborn 1915

Phormidium tergestinum Rabenhorst ex Gomont) Anagnostidis & Komárek

1988 Raphidiopsis brookii Hill 1972 Raphidiopsis curvata F.E.Fritsch & M.F.Rich 1930 Spirulina laxissima G.S.West 1907

Spirulina meneghiniana Zanardini ex Gomont 1892 Synechocystis aquatilis Sauvageau 1892

CHLOROPHYCEAE

Taxon Autor

Actinastrum aciculare Playfair 1917 Actinastrum gracillimum Smith 1916 Actinastrum hantzschii Lagerheim 1882

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Ankistrodesmus convolutus Corda 1838 Ankistrodesmus falcatus (Corda) Ralfs 1848

Chlamydomonas sp

Chlorella vulgaris Beyerinck [Beijerinck] 1890

Chlorococcum chlorococcoides (Korshikov) Philipose 1967 Chlorococcum infusionum (Schrank) Meneghini 1842

Coelastrum indicum W.B.Turner 1892 Coelastrum microporum Nägeli in A.Braun 1855 Coelastrum reticulatum (P.A.Dangeard) Senn 1899 Conococcus elongatus H.J.Carter 1869 Crucigenia fenestrata (Schmidle) Schmidle 1900

Desmosdesmus sp

Dictyosphaerium pulchellum H.C.Wood 1873 Kirchneriella contorta (Schmidle) Bohlin 1897 Kirchneriella dianae (Bohlin) Comas Gonzalez 1980 Kirchneriella lunaris (Kirchner) Möbius 1894

Koliella longiseta (Vischer) Hindák 1963 Monoraphidium contortum (Thuret) Komárková-Legnerová in Fott 1969 Monoraphidium griffithii (Berkeley) Komárková-Legnerová 1969

Monoraphidium irregulare (G.M.Smith) Komárková-Legnerová 1969 Scenedesmus acuminatus (Lagerheim) Chodat 1902 Scenedesmus bernardii G.M.Smith 1916

Scenedesmus bicaudatus Dedusenko 1925 Scenedesmus bijugatus Kützing 1834

Scenesdesmus dimorphus (Turpin) Kützing 1834 Scenedesmus incrassatulus Bohlin 1897

Scenedesmus linearis Komárek 1974 Scenedesmus opoliensis P.G.Richter 1895

Scenedesmus sp

Selenastrum gracile Reinsch 1866 Tetraedron bilobulatum (Nägeli) Hansgirg 1888

Tetraedron deltoide

Tetrastrum heteracanthum (Nordstedt) Chodat 1895 Tetraedron minimum (A.Braun) Hansgirg 1888 Tetraedron muticum (A.Braun) Hansgirg 1888

Tetraedron proteiforme Hortobagyi

Tetraedron regulare var. torsum Brunnthaler 1915 Tetraedrum trigonum (Nägeli) Hansgirg 1888

Treubaria triappendiculata C.Bernard 1908

ZYGNEMAPHYCEAE

Closterium sp

Cosmarium sp.

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Pleurotaenium sp

Staurastrum sp

EUGLENOPHYCEAE

Taxon Autor

Euglena agilis aff. Var agilis H.J.Carter 1856 Euglena circularis Gojdics 1953

Euglena polymorpha P.A.Dangeard 1902 Euglena proxima P.A.Dangeard 1902 Euglena oblonga F.Schmitz 1884

Euglena splendens P.A.Dangeard 1902 Euglena schmitzii Gojdics 1953 Euglena viridis (O.F.Müller) Ehrenberg 1830

Euglena sp

Lepocinclis avum (Ehrenberg) Lemmermann 1901 Lepocinclis fusiformis (H.J.Carter) Lemmermann 1901

Phacus viguieri Dujardin, F. 1841 Trachelomonas abrupta var. abrupta Svirenko [Swirenko] 1914 Trachelomonas abrupta var. armata Svirenko [Swirenko] 1914

Trachelomonas bacillifera var. mínima Playfair 1915 Trachelomonas crebea var. crebea Kellicott 1887

Trachelomonas curta var. curta A.M.Cunha 1913 Trachelomonas hispida var hispida F.Stein 1878

Trachelomonas intermedia P.A.Dangeard 1902 Trachelomonas kellogii var. kellogii Skvortzov 1919

Trachelomonas lacustris Drezepolski 1925 Trachelomonas mucosa Swirenko [Svirenko] 1914 Trachelomonas oblonga Lemmermann 1899

Trachelomonas planctonica Svirenko 1914 Trachelomonas volvocina var. punctata Playfair 1915 Trachelomonas volvocina var. volvocina (Ehrenberg) Ehrenberg 1834

Trachelomonas volvocinopsis var. volvocinopsis Svirenko 1914 Trachelomonas sp

Strombomonas verrucosa var. verrucosa (E.Daday) Deflandre 1930

BACILLARIOPHYCEAE

Amphora veneta Kützing 1844 Aulacoseira granulata (Ehrenberg) Simonsen 1979

Gomphonema angustatum Kützing) Rabenhorst 1864 Navicula coconeiformes

Navicula halophila (Grunow) Cleve 1894 Nitzschia palea (Kützing) W.Smith 1856 Surirella ovalis Brébisson, [L.] A. de (1838).

Surirella delicatissima F.W.Lewis 1864

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52

Stauroneis smithii Grunow 1860 Stauroneis anceps Ehrenberg 1843

Figura 15. Densidades comparativas dos diferentes grupos fitoplanctônicos no Açude Engenheiro ávidos ao

longo do período estudado.

As cianobactérias (Fig 17) tiveram maior densidade em relação aos outros grupos de

fitoplanctônicos. Cianobactérias são as espécies dominantes dos ambientes aquáticos de regiões

semiáridas e em áreas sujeitas a seca, fato este amplamente comprovado na literatura (PANOSSO

et al., 2007; COSTA, 2003; BARBOSA et al., 2002; HADAS et al., 2012; BOUVY et al., 2001).

Isso acontece devido a sua ampla capacidade de adaptação as mudanças no meio, podendo ser

encontradas em praticamente todos os ambientes da terra. Elas podem se desenvolver em diversas

condições de pH, temperatura, salinidade e disponibilidade de nutrientes, já que possuem

adaptações fisiológicas que as tornam extremamente competitivas em relação aos outros grupos.

Essa explosão de densidade em comparação com os outros grupos, denominadas florações, podem

potencialmente perigosas já que a produção de toxinas é bem documentada para alguns gêneros,

inclusive Cylindrospermopsis raciborskii, documentada no presente estudo.

020406080

100120140160180200

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Tempo (meses)

Desmideaceas Bacilarioficeas Euglenoficeas Cloroficeas Cyanoficeas

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53

Figura 17. Densidades das cianobactérias no Açude Engenheiro ávidos ao longo do período estudado

Ambientes tropicais, devido as suas altas temperaturas anuais, favorece o crescimento

dessas populações, por aumentar seu metabolismo (ESTEVES, 1998); além disso, os ambientes

de semiárido, que sofrem de grande estresse hídrico, desfavorece os outros grupos que necessitam

de maior estabilidade ambiental para se desenvolverem, o que explica o domínio desse grupo em

detrimento dos outros.

As clorofíceas (Fig. 18) tiveram uma distribuição de densidade bastante irregular ao longo

do tempo. Kirchneriella contorta, Koliollela longiseta e Monoraphidium contortum, foram as

espécies mais representativas. A baixa diversidade e a grande diferença de densidade das

clorofíceas em relação as cianofíceas é típica dos ambientes impactados, onde as condições

ambientais impedem o desenvolvimento das demais espécies (FERREIRA & ROCHA, 1988;

ESTEVES, 1998).

As desmideaceas (Fig. 19) registraram 4 taxa identificados apenas a nível genérico durante

o estudo. Elas apresentaram um importante pico de densidade o início do estudo, desaparecendo

após os 4 primeiros meses iniciais do estudo. Brook (1965), e um dos trabalhos mais clássicos

sobre tipologia de lagos utilizando espécies indicadoras constatou que as desmideaceas são mais

diversas e abundantes em lagos oligotróficos do que em eutróficos. Diante disto podemos observar

que com o avanço da estação seca, as condições do ambiente tornaram-se inóspitas para a

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54

permanência dessas algas na coluna de água. Como em 2014, as condições oligotróficas não se

registram mais, mesmo com as chuvas, estas não foram registradas no açude.

Figura 18. Densidades das clorofíceas no Açude Engenheiro ávidos ao longo do período estudado

Figura 19. Densidade das desmideaceas no Açude Engenheiro ávidos ao longo do período estudado

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As euglenofíceas (Fig. 20) apresentaram densidades baixas durante o período estudado,

tendo um pico de diversidade logo após as chuvas mais intensas que ocorreram no segundo ano

do estudo. Kemkal et al (2009) observaram resultados semelhantes em seu estudo em um lago

hipertrófico em Camarões, com condições ambientais semelhantes às do açude Engenheiro

Ávidos. O táxon mais representativo em termos de diversidade foi Trachelomonas, com cerca de

16 espécies registradas.

As diatomáceas (Fig. 21) tiveram as densidades mais baixas registradas dos grupos

fitoplanctonicos, tendo suas maiores densidades registradas nos períodos secos. Provavelmente

esse fato deve-se as perturbações hidrológicas causadas pelo influxo de água durante a chuva, que

parece ser menos tolerado por diatomáceas (YANG et al 2008).

Figura 20. Densidade das euglenofíceas no Açude Engenheiro ávidos ao longo do período estudado

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Figura 21. Densidade das diatomáceas no Açude Engenheiro ávidos ao longo do período estudado

A diversidade zooplanctônica (Tab. 4) foi mais baixa em comparação a estudos realizados

em ambientes rasos do semiárido. Crispim et al (2006), encontrou mais de 50 espécies de rotíferos,

enquanto que Simões et al (2008), encontrou mais de 10 espécies apenas de cladóceros. Este fato

é bastante interessante em comparação a ambientes rasos de semiárido; ambientes rasos sofrem

alterações mais bruscas em relação ao volume de água, chegando muitas vezes a sua seca completa.

Isso proporciona diferentes condições tróficas ao longo do ciclo hidrológico para que diferentes

espécies possam colonizar o ambiente concomitante à mudança no ambiente (VIEIRA et al.,

2009). Em ambientes profundos, o tempo de residência da água é maior, inclusive com sua carga

natural de nutrientes e outras substâncias dissolvidas. Isto parece afetar a diversidade

zooplanctônica.

Tabela 4. Lista de taxa zooplanctônicas encontradas no Açude Engenheiro ávidos ao longo do período estudado

COPEPODA

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Notodiaptomus sp Thermociclops sp

Mesociclops sp

CLADOCERA

Espécie Autor Alona dentifera Sars, 1901

Bosmina sp.

Ceriodaphnia cornuta Sars, 1885 Diaphanosoma spinulosum Herbst, 1975

Moina minuta Hansen, 1899

ROTIFERA

Espécie Autor Anuraeopsis fissa. Gosse, 1851

Asplanchna

Bdelloidea

Brachionus calyciflorus Pallas, 1766 B. havanaensis Rousselet, 1911

B. falcatus Zacharias, 1998 B. urceolaris Müller, 1773

Euchlanis dilatata Ehrenberg, 1832

Filinia terminalis Plate, 1886 F. longiseta Ehrenberg, 1834

Hexarthera mirra (Hudson, 1871 Keratella americana Carlin, 1943

K. cochleares Gosse, 1851 K. tropica Apstein, 1907 K. valga Ehrenberg, 1834

Lepadella ovalis O.F. Muller, 1896 Lecane bulla Nitzsch, 1827

L. hamata Stokes, 1896 L. lunaris Ehrenberg, 1832

L. luna Müller, 1776 L. pusilla Harring, 1914

L. pyriformes Daday, 1905 L. stichaea Harring, 1913

Macrochaetus longipes Myers, 1934 Polyarthra dolichoptera Idelson 1925

Trichocerca gracilis Tessin 1890 T. iernis Gosse, 1887

OUTROS

Larvas de inseto Ostracoda

Larvas de crustáceo (camarão) Protozoários

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A comunidade zooplanctônica (Fig. 22) obteve suas maiores densidades após as primeiras

chuvas, especialmente no segundo ano, quando a pluviosidade foi mais intensa. Essa tendência de

aumento após as chuvas também foi registrada nos trabalhos de Vieira et al., (2009) e Eskinazi-

Sant’anna (2013) e Leitão et al (2006).

Figura 22. Densidades totais do zooplâncton no Açude Engenheiro ávidos ao longo do período estudado

Os copépodos (Fig. 23) foram os principais responsáveis pela densidade do zooplâncton,

dominando os demais grupos de zooplâncton. Os nauplios foram os mais abundantes, com picos

associados a meses logo após as chuvas e nos meses com estado trófico mais elevado.

Notodiaptomus foi o táxon registrado para calanóides, sendo este um táxon bastante comum nas

regiões tropicais (GER & PANOSSO, 2014). Os calanóides são mais seletivos no tipo e tamanho

da partícula alimentar a ser ingerida, conseguindo evitar assim componentes tóxicos, como

algumas cianobactérias, o que não é observado em cladóceros (SOMMER et al., 2002)

Os ciclopóides registrados pertenciam a espécies dos gêneros Thermociclops e

Mesociclops, ambos gêneros de origem neotropical (BOXSHAAL & DEFAYE, 2008), e apesar

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de serem preferencialmente carnívoros seletivos, especialmente de cladóceros, rotíferos e

náuplios, eles também conseguem se alimentar de outras fontes tais como algas e protozoários

(LANDA et al., 2007). Diante deste fato observa-se que copépodos ciclopóides tem maior

capacidade adaptativa que os cladóceros e são bastante associados a ambientes com níveis tróficos

mais elevados (ESTEVES & SENDACS, 1988).

Figura 23. Densidade dos grupos de copépodes no Açude Engenheiro ávidos ao longo do período estudado

Os cladóceros (Fig. 24) apresentaram apenas cinco espécies registradas. Diaphanosoma e

Alona e Moina, são gêneros comuns em ambientes tropicais (SARMA et al., 2005) e com espécies

congenéricas já registradas em outros ambientes do semiárido no Brasil e no mundo (VIEIRA et

al 2009; CRISPIM 2006).

Devido ao domínio das cianobactérias na comunidade fitoplanctônica, este parece ter sido

o principal fator que influenciou a baixa densidade dos cladóceros na região. Segundo

Amarasinghe et al (1997), em um estudo no Sri Lanka sobre a alimentação de cladóceros, observou

que estes se desenvolviam muito bem quando alimentados com culturas de clorofíceas, enquanto

que culturas de cianofíceas provocavam queda nas taxas de reprodução e retardo no

desenvolvimento.

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Figura 24. Densidade dos cladóceros no Açude Engenheiro ávidos ao longo do período estudado

Figura 25. Densidade dos cladóceros no Açude Engenheiro ávidos ao longo do período estudado

Os rotíferos (Fig. 25) apresentaram as maiores densidades durante o período chuvoso do

segundo ano, com pluviosidade mais intensa para a região. O carreamento de matéria orgânica

pode ser a explicação para esse fato, já que rotíferos tem uma capacidade maior de adaptação as

perturbações ecológicas, tais como o influxo de água em ambientes de regiões semiáridas

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(ANGELER, et al., 2000) A maior diversidade de espécies de rotíferos em detrimento dos outros

grupos é comum nos reservatórios brasileiros, segundo Rocha et al (1995), e este fato deve-se à

sua baixa exigência alimentar, alta fecundidade, rápida reprodução e curtos ciclos de vida, além

de terem alta adaptação às mudanças no ambiente, características do semiárido nordestino

(MATSUMURA-TUNDISI et al., 1990; ALLAN, 1976; CRISPIM et al., 2000a).

Figura 26. Variação mensal da contribuição relativa de cada grupo para a densidade total no Açude

Engenheiro ávidos durante o período estudado

Um dos principais dados observados no estudo é a baixa densidade de cladóceros em

relação aos demais grupos zooplanctônicos (Fig. 26), só sendo observados em ocasiões

específicas, como no fim do estudo, quando as densidades de cianobactérias tiveram uma queda

brusca; provavelmente a baixa densidade de cianobactérias na ocasião pode ter facilitado a

ingestão de partículas alimentares mais nutricionalmente favoráveis e que possibilitaram o

crescimento da população; é conhecido que apesar de serem filtradores herbívoros, boa parte de

sua nutrição provem do seston ingerido passivamente, que é uma boa fonte de carbono, fósforo e

ácidos graxos diversos (FERRÃO-FILHO & ARCIFA, 2006). Os copépodos foram sem dúvida o

grupo que mais contribuíram para a densidade zooplanctônica, em especial os estágios larvais. Os

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Nauplio Calanoida Ciclopoide Cladoceros Rotiferos

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62

calanóides foram especialmente abundantes nos meses em que a qualidade da água estava entre

oligo-mesotrófico, e que também foram os meses com menor densidades de cianobactérias, o que

provavelmente possibilitou um maior acesso as partículas alimentares. Os rotíferos tiveram suas

proporções mais evidentes no segundo ano de estudo, quando as chuvas foram mais intensas e o

estado trófico aumentou; o consequente carreamento de matéria orgânica particulada e sua

decomposição no reservatório possibilitou o desenvolvimento desses organismos. Segundo

Boëchat & Adrian (2006), os rotíferos conseguem se alimentar de uma grande variedade de

partículas, com tamanhos entre 1-200 µm, o que inclui bactérias, matéria orgânica particulada e

alguns protozoários

Através da análise dos índices de diversidade e de equitabilidade (Fig. 27), observa-se que

os maiores valores se deram nos meses de chuvas mais intensas, especialmente no segundo ano de

estudo; este fator é comum em ambientes de semiárido, tanto pelo aumento da diversidade dos

rotíferos, quanto pelo aparecimento de novos nichos a serem colonizados (RIBEIRO, 2006). As

populações apresentaram uma distribuição mais homogênea logo após os período de chuva,

especialmente no primeiro ano; segundo o índice de dominância de Simpson (Fig.28); as maiores

dominâncias foram registradas durante o período de chuva, especialmente no último mês de

estudo, quando foi registrado o maior número de taxa e de dominância no estudo.

Figura 27. Variação dos índices de diversidade (H’) e equitabilidade no Açude Engenheiro Ávidos

durante o período estudado

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63

Figura 28. Variação mensal do número de taxa e do índice de dominância (D’) e equitabilidade no Açude

Engenheiro Ávidos durante o período estudado

A seguir, os resultados da análise de correspondência canônica (Tab. 5). Todos os

autovalores obtidos são canônicos e correspondem a eixos que são constrangidos pelas variáveis

ambientais e essas variáveis ambientais são significativas na determinação do padrão ambiental

observado (Teste de Monte Carlo: p = 0010). Cerca de 42% da variância das espécies é explicada

pelos dois eixos, e 81% da variância na relação espécie-ambiente é explicada pelo primeiro e

segundo eixos.

Tabela 5. Sumário da análise de CCA entre as variáveis ambientais e os principais grupos de fito e zooplâncton.

Axis 1 Axis 2

Autovalores 0.101 0.044 Correlações espécies-ambiente 0.920 0.751 Percentagem cumulativa de variância

Dos dados de espécie 29.9 42.7 Da relação espécie-ambiente 56.9 81.3 Sumário de todos os autovalores 0.339 Sumário de todos os autovalores canônicos 0.178 Inércia total 0.339 Sumário do Teste de Monte Carlo (999 permutações) F-ratio p

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cia

(C')

de

taxa

reg

istr

ados

Tempo (meses)

Taxa Dominância (D')

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Das relações observadas na CCA (Fig. 29), destacam-se à parte os cladóceros para o

zooplâncton e as desmideaceas para o fitoplâncton, onde ambos apresentaram uma relação

distanciada com os demais grupos. Isso por que eles apareceram apenas no início do estudo, e que

foram associados a situações específicas do ambiente; as desmideaceas, apenas no início do estudo

quando açude se encontrava oligotrófico, estando associadas ao maior volume de água do açude e

a maior transparência. As desmideaceas são clorofíceas de grande porte conhecidas como

representantes de ambientes oligotróficos (Brooks, 1965); no Brasil é bem diversificada em lagos

da bacia Amazônica, chegando a dominar o fitoplâncton de alguns desses lagos mais oligotróficos

(PAIVA et al 2006).

Os cladóceros se apresentaram associados aos nutrientes nitrogenados e a transparência da

água, e uma relação inversa com a clorofila-a; esta relação se especifica especialmente pelos

últimos meses de estudo, quando as chuvas iniciais da estação chuvosa 2014-2015 começaram. As

chuvas além de carrearem os componentes nitrogenados para o açude, provocam estresse

hidromecânicos e baixam o pH, o que afetam diretamente a comunidade fitoplanctônica; no caso

do açude, como a comunidade fitoplanctônica dominante eram as cianobactérias, isso favoreceu

positivamente os cladóceros, que registraram nesta altura suas densidades mais expressivas.

Diaphanosoma spinulosum, que foi a espécie de cladocera mais expressiva é bem registrada em

ambientes de semiárido, especialmente em condições oligotróficas (VIEIRA et al., 2009), e

espécies do mesmo gênero são comuns em condições de baixa densidade fitoplanctônica. Boikova

(2005) observou em seu experimento com D. brachyurum, que as populações obtiveram as

menores taxas de crescimento e desenvolvimento pós-embrionário mais tardio nas condições de

maior quantidade de alimento. Segundo Wacker et al. (2007), Diaphanosoma é um dos gêneros

de cladóceros tropicais com baixas necessidades alimentares e com baixa tolerância à eutrofização.

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Figura 29. Gráfico de ordenação simples entre as variáveis ambientais: Nos eixos: Pluv (pluviosidade); Vol

(volume do açude); Temp. (temperatura); pH (pH); Cond. (condutividade); Transp. (transparência); Clora

(clorofila-a); O.D. (oxigênio dissolvido); NO2 (nitrito); NO3 (nitrato); NH4 (amônia); PO4 (ortofosfato); P.T.

(Fósforo total). Espécies: Ciano (cianofíceas); Cloro (clorofíceas); Desmi (Desmidiáceas); Eugleno

(euglenofíceas); Diato (diatomáceas); Calano (copépodos calanóides); ciclo (copépodos ciclopóides); Clado

(Cladóceros); Roti (rotíferos).

Outro grupos associados a transparência foram as clorofíceas, diatomáceas e calanóides,

associados ao volume do açude e à transparência da água, que é explicada pelas condições

oligotróficas do açude nos primeiros 6 meses do estudo; este fato é comum e é registrado para

ambientes de semiárido, especialmente quando as densidades das cianobactérias não eram tão

altas. É bem documentado que copépodos calanóides são herbívoros seletivos e que possuem a

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capacidade de escolher ativamente as partículas alimentares, e reconhecem, provavelmente por

quimiorrecepção, partículas mais nutritivas ou tóxicas (BECKER et al 2004).

Em uma associação oposta estão os ciclopóides, rotíferos e euglenofíceas, relacionados à

pluviosidade, e ao fósforo total; isto é devido principalmente pelo crescimento dos rotíferos e das

euglenofíceas associadas a maior taxa de pluviosidade ocorrida na segunda estação chuvosa do

estudo; o carreamento de matéria orgânica pelas chuvas mais intensas foi provavelmente o

responsável pelo aumento das densidades de rotíferos e das euglenofíceas, oferecendo mais

recursos nutritivos que sustentam o crescimento de ambas as populações; resultado este

comprovado pela maior quantidade de fósforo total dissolvido na água; além disso, as

euglenofíceas também constituem uma fonte alimentar comum para rotíferos, e são consideradas

boas fontes de nutrição e influenciam positivamente o crescimento e o desenvolvimento de

rotíferos (MOHR & ADRIAN, 2002). Além disso, os rotíferos sendo umas das principais presas,

foram associados ao copépodos ciclopóides.

A grande maioria dos estudos zooplanctônicos realizados em semiárido no mundo todo até

então foram feitos em lagos pouco profundos, pois a grande maioria dos ambientes são rasos e

temporários; essa é a realidade do semiárido nordestino, que além das questões, possui solos rasos,

sujeitos a processos de desertificação (ARAÚJO, 2011). e por conta disso alguns padrões já foram

observados: fitoplâncton dominado por cianobactérias, na maioria do tempo; maior diversidade do

zooplâncton na época de chuva e logo após esta estação; predomínio de rotíferos e ciclopóides na

época mais eutrofizada, seja na seca ou quando há um maior carreamento de matéria orgânica para

dentro do reservatório com as chuvas; cladóceros e calanóides se estabelecendo apenas quando as

condições do açude se encontram oligotróficas, com o aumento de algas mais nutritivamente

aproveitáveis, tais como clorofíceas e diatomáceas (ATASHBAR et al., 2014; BARBOSA et al.,

2012; BRAGA, 2015; BOUVY et al., 1999; ESKINAZI-SANT’ANNA et al., 2013; FREITAS et

al., 2012; KÂ, 2006; KÂ et al 2011; KOBAYASHI et al., 2015; LEITÃO, et al., 2006; ORTEGA-

MAYAGOITIA et al., 2000; PANOSSO et al., 2007; SOUZA et al., 2008; VIEIRA et al., 2011).

Em comparação, os estudos do zooplanctônicos em lagos e reservatórios mais profundos

são poucos, e já foram realizados no Lago Nasser (EL-SHABRAWY & DUMONT, 2003;

MAGEED & HEIKAL, 2006), no Mar da Galiléia (PINEL-ALLOUL et al., 2004; EASTON &

GOPHEN, 2003; GOPHEN; SERRUYA, 1999; RACHAMIM et al., 2010) e em alguns

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reservatórios na Tunísia (SELLAMI, et al., 2010). No semiárido brasileiro, apenas o Açude

Armando Ribeiro Gonçalves e Gargalheiras tiveram estudos planctônicos realizados. Estes

também fazem parte da bacia hidrográfica Piranhas-Açu, com porte similar ao Açude Engenheiro

Ávidos, mas diferente deste último, encontram-se cercados por áreas urbanas e regiões agrícolas,

sofrem impactos antrópicos, já observados na sua condição hipertrófica na maior parte do ano e a

presença de florações de Cylindrospermopsis raciborskii, Microcystis spp., Aphanizomenon e

Anabaena circinalis (ESKINAZI-SANT’ANNA et al., 2007; PANOSSO et al., 2007; SOUZA et

al., 2008).

No caso do Açude Engenheiro ávidos, observa-se que o grande fator controlador a

qualidade da água no local é efetivamente a pluviosidade. Á semelhança dos açudes rasos, a

sucessão ecológica ligada ao estado trófico, se dá de forma semelhante: a entrada de água com as

chuvas dilui os componentes dissolvidos, que se reflete na qualidade da água; entretanto, o volume

de água requerido para que esse processo aconteça é bem maior do que em ambientes rasos. Como

o período de estudo foi precedido por um período de seca extremamente severa, apenas as espécies

que podem se adaptar à diminuição da entrada de água prevaleceram, especialmente as

cianobactérias.

Outro fator que pode ter influenciado no dominância das cianobactérias durante todo o

estudo foi o tempo de residência da água; devido a severidade do seu clima, os reservatórios

artificiais tem alto tempo de residência da água, superiores a 1 ano, em períodos em que não ocorre

seca (BARBOSA, et al., 2012); em anos de chuvas mais intensas, especialmente durante La Niña,

a renovação ocorre mais rapidamente, principalmente em lagos mais rasos, onde a “sangria” leva

à jusante boa parte da matéria e dos nutrientes antes estocados nesses corpos de água; entretanto,

em épocas de secas severas, as águas podem ficar um bom tempo estocadas, enquanto que alguns

recursos são esgotados, outros são acumulados, dentre eles nutrientes essenciais para o

crescimento das microalgas. A redução da entrada de nitrogênio-nitrato com a chuva, por exemplo,

é limitante para o crescimento de algumas algas, mas cianobactérias, podendo fixar o nitrogênio

aéreo, se beneficia das altas temperaturas e luminosidade anual para se proliferarem rapidamente

(ROMO et al., 2013). No que se pode observar do estudo, apenas quando houve uma maior entrada

de água durante o segundo ano foi que os microcrustáceos, em especial os cladóceros conseguiram

se recuperar, mesmo representando uma parcela muito discreta da biomassa total do zooplâncton.

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Em ambientes tropicais, as cianobactérias predominam em algumas épocas do ano, e em

ambientes temperados só em casos em que há algum desequilíbrio ambiental, seja antrópico ou

natural. Entretanto, com a mudança climática global, casos de blooms de cianobactérias e todo o

consequente desequilíbrio da biota estão sendo cada vez mais comuns. Estudos realizados em

regiões temperadas já tem sido realizados na tentativa de predição das possíveis consequências

acerca desse processo (FEUCHTMAYR et al., 2009; LIBORIUSSEN et al., 2011). Entretanto, em

ambientes onde essas algas são naturalmente predominantes, o que se pode esperar? Essa é uma

questão premente a ser estudada, principalmente pela importância ecológica, econômica e social

que esses corpos de água tem para sua região.

Com os resultados obtidos, observa-se o forte impacto da dinâmica hídrica e suas

consequências sobre a estrutura da comunidade zooplanctônica. Esse fato parece ser comum e

esperado para regiões semiáridas, onde resultados similares foram observados em ambientes na

África, Austrália e Espanha. Em ambientes rasos as perturbações hidrológicas são mais drásticas

do que em ambientes mais profundos; entretanto como o volume de água a ser reposto com as

chuvas é menor do que em reservatórios maiores, o ambiente tem a capacidade de renovação

hídrica maior, proporcionando a capacidade de colonização para diversas espécies conforme a

evolução do ciclo hidrológico. No Açude Engenheiro Ávidos, por sua profundidade, esse processo

parece só acontecer se há maior entrada de água com as chuvas no açude. Devido a este processo,

o ambiente permanece mais estável ao longo do tempo, permitindo que apenas espécies adaptadas

possam sobreviver. Outra consequência disso é que a variação do estado trófico ao longo do ano

registrado nos ambientes mais rasos, parece não acontecer em açudes mais profundos, o que requer

mais estudos em épocas de diferentes intensidades chuvosas, para verificar como a qualidade da

água se apresenta nessas ocasiões.

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5. CAPÍTULO 2. VARIAÇÃO ESPACIAL DO ZOOPLANCTON EM UM AÇUDE PROFUNDO NA REGIÃO SEMIÁRIDA BRASILEIRA. 5.1. Introdução A distribuição espacial da comunidade zooplanctônica em um corpo de água é influenciado

por uma série de fatores abióticos e interações bióticas com as demais comunidades aquáticas,

influenciando a biomassa, densidade, diversidade e riqueza dos diferente grupos de zooplâncton.

A coexistência dessas espécies envolve a capacidade destas se desenvolverem frente as diferentes

condições do meio, compartilhando os recursos, e são esses fatores que irão delimitar os espaços

ocupados por estas no meio aquático (SMILEY & TESSIER, 1998). Um bom número de estudos

sobre o assunto já foram realizados e alguns padrões foram observados (DALLAS et al., 2014;

GEORGE & WINFIELD, 2009; SIMÕES et al., 2008; STEFANIDIS & PAPASTERGIADOU,

2010; EL-SHABRAWY; DUMONT, 2003). Entretanto devido a diferenças entre os tipos de

corpos de água, paisagem e clima onde estão inseridos e a latitude onde estes se encontram, esses

padrões não podem ser generalizados, sendo necessário mais estudos para sua compreensão.

Alimento de boa qualidade, competição interespecífica e a presença de fatores prejudicais,

tais como predadores ou algas toxicas (que podem ser detectados pela presença de infoquímicos)

são alguns dos fatores biológicos que determinam a distribuição das espécies zooplanctônicas

(LAURÉN-MAATTA et al 1997). Padrões de vento, temperatura, incidência de luz, pH,

transparência e turbidez da água, concentração de nutriente e gradientes tróficos são os fatores

ambientais que influenciam direta ou indiretamente a variação espacial das comunidades

zooplanctônicas (FERNÁNDEZ-ROSADO & LUCENA, 2001). Além disso, a heterogeneidade

estrutural de um corpo de água proporciona nichos diferenciados para a colonização das diferentes

espécies. Como espécies sensíveis as mudanças no meio sua distribuição podem ser utilizadas

como ferramenta para inferir as condições do meio.

Os reservatórios artificiais construídos para abastecimento de água são geralmente feitos

através do barramento de um rio, e por esse fator apresenta regiões e características tanto de rio

quanto de lagos, oferecendo assim um mosaico de nichos que são colonizados pelas diferentes

espécies (SIMÕES & SONODA, 2009). Em regiões semiáridas são os corpos de água mais

comuns, podendo ou não ser temporários. Devido à grande variação no balanço hídrico, a área

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ocupada por esses corpos de água variam bastante entre as estações seca e chuvosa, o que acaba

criando nichos diferentes concomitantes as mudanças no ciclo hidrológico.

A paisagem e a estrutura dos corpos de água se modificam muito durante as estações seca

e chuvosa. O nível dos rios sofrem alterações bruscas, e terras que na época de estiagem estavam

completamente secas podem ser cobertas de água (wetlands), especialmente em ambientes rasos,

o que oferece uma série de locais propícios para a colonização pela comunidade zooplanctônica.

Na maioria dos estudos realizados nas regiões semiáridas, a maior diversidade é encontrada na

região logo após os meses de chuvas mais intensas, por essa oferta de novos nichos, especialmente

se estes vierem acompanhados da formação de bancos de macrófitas

O crescimento dos bancos de macrófitas na época das chuvas, e que tendem a desaparecer

ou diminuir drasticamente (PEDRO et al., 2006) na época a medida que a estação seca avança é

um fato comum no semiárido. As macrófitas, tem um papel importante nos ecossistemas lacustres,

pois além de participarem na ciclagem de nutrientes e matéria, oferecem um importante nicho

ecológico para peixes e outros organismos epifíticos (KATEYO, 2006). Diversos estudos sobre a

importância dos bancos de macrófitas para a comunidade zooplanctônica foram realizados em

diversas partes do mundo (ROCHA et al., 1982; HAMBRIGHT et al., 1984; TIMMS & MOSS,

1984; TURNER & MITTELBACH, 1990; KUCZYNSKA-KIPPEN & NAGENGAST, 2006) No

ambiente do semiárido brasileiro alguns trabalhos sobre levantamento florístico dessa comunidade

já foram realizados, e constatou-se uma riqueza tão grande quanto de outros corpos de água da

região tropical (PEDRO et al.,2006). Em ambientes não antropizados, as formas submersas e

anfíbias são as mais comuns (HENRY-SILVA, 2010), em virtude da maior transparência e

penetração de luz.

Apesar de estudos acerca da comparação entre a comunidade zooplanctônica de diferentes

tipos de corpos de água já terem sido realizados em ambientes do semiárido, especialmente em

ambientes rasos (AZEVEDO, et al., 2015; ATASHBAR et al , 2014; CRISPIM, et al 2006) e

como a comunidade zooplanctônica varia em ambientes temporários também terem sido realizados

(FRISH et al 2009; SIMÕES et al., 2008), a distribuição espacial nos reservatórios não temporários

ainda necessitam de mais estudos para o seu entendimento. Diante disto, o presente trabalho

avaliou a distribuição espacial da comunidade zooplanctônica no açude Engenheiro Ávidos,

avaliando a influência da estação seca e chuvosa sobre a diversidade e abundância dos diferentes

grupos zooplanctônicos nas diferentes regiões do açude.

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5.2. Material e métodos

5.2.1 Área de estudo e locais de coleta

O Açude Engenheiro Ávidos está localizado na bacia hidrográfica do Alto Piranhas, uma

das sub-bacias do rio Piranha-Açu na Paraíba. Com um volume de 255.000.00 m3, ocupa uma área

total de 1.124 km2, e tem profundidade máxima de 45m. A bacia do Rio Piranhas situa-se na região

sudoeste do estado da Paraíba, entre as coordenadas geográficas de 6º 50’ e 7º 25’S e 38º 10’ e 38º

40’W. O principal rio da bacia é o rio Piranhas, cujas nascentes se encontram os municípios de

Bonito de Santa Fé, Monte Horebe e São José de Piranhas. O rio apresenta curso no sentido

nordeste em direção ao Estado do Rio Grande do Norte após encontrar o trecho correspondente a

bacia do Médio Piranhas. Recebe contribuições hídricas de quatro cursos de água na sua margem

esquerda: Riacho do Juá, Riacho da Caiçara, Riacho Cajazeiras, Riacho Grande. Na sua margem

direita recebe seis contribuições, quais sejam, Riacho do Domingos, Riacho São Domingos,

Riacho Mutuca, Riacho Logradouro, Riacho Catolé, Riacho Bonfim. Da sua nascente o rio

Piranhas caminha 31 km e então forma em Cajazeiras o açude Engenheiro Avidos; percorrendo

em direção ao norte mais 22,5 km, forma nos municípios de Sousa e Nazarezinho, o açude São

Gonçalo (FARIAS, 2004).

A bacia abrange uma área de 1.219,40 km2, limitada ao oeste com o estado do Ceará, ao

norte com a bacia do rio do Peixe, ao nordeste com a bacia do Médio Piranhas e ao sul e leste com

a bacia do rio Piancó, na região do alto sertão paraibano. É caracterizada em termos de clima,

segundo a classificação de Köeppen, como do tipo Awig, isto é, quente com chuvas de verão –

outono, influenciado pela Frente de Convergência Intertropical (CIT). A temperatura na região,

varia entre 30º C (novembro) e 25º C (junho). Quanto à pluviometria, indicam uma precipitação

média anual em torno de 800 mm. Os meses de fevereiro, março e abril concentram

aproximadamente 65% do total anual precipitado na bacia (FARIAS 2004).

As coletas foram feitas durante o período de janeiro de 2013 a janeiro de 2015, o que

possibilitou a abrangência de dois ciclos pluviométricos. Os meses coletados foram agrupados em

duas estações: chuvas e estiagem, segundo a pluviosidade. Para a determinação das variações

espaciais dentro das assembleias zooplanctônicas foram determinadas 3 estações de coleta

(Fig.30): uma na zona litorânea, em um banco de macrófitas submersas compostas principalmente

por raízes e caules de plantas ribeirinhas da família Poaceae, presentes na época de chuva; uma na

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entrada principal do Rio Piranhas (profundidade média durante o estudo de 3m); e uma na região

liminética do reservatório, perto da barragem (profundidade média de 20m) (Fig.3). A escolha das

estações de coleta se basearam na metodologia proposta por Bicudo & Bicudo (2004). Todas as

coletas foram feitas na superfície.

5.2.2. Dados climatológicos, variáveis abióticas, comunidades fitoplanctônica e

zooplanctônica

Os dado climatológicos foram obtidos de acordo com a sessão 4.2.2; as análises das

variáveis abióticas foram feitas de acordo com as metodologias descritas na sessão 4.2.3; as

comunidades zooplanctônica e fitoplanctônica foram analisads de acordo com as sessões 4.2.4 e

4.2.5 respectivamentes.

5.2.3. Análises estatísticas e de diversidade

A estatística descritiva dos dados ambientais (média, mediana, desvio padrão, máximo e

mínimo) foram feitas através do programa ACTION STAT (EQUIPE STATCAMP, 2014), para

as duas estações. Para a análise da diversidade biológica foram calculados os índices de Sahanon-

Wienner, Equitabilidade de Pielou e o de Dominância de Simpson.

Para a comparação da diversidade planctônicas entre as estações de coleta nas estações

seca e chuvosa foi feita uma Análise de Similaridade (ANOSIM) para se observar quão

homogêneo é o reservatório no tocante a distribuição das espécies zooplanctônicas; a análise foi

baseada na distância de Bray-Curtis. Este teste foi seguido pelo SIMPER (porcentagem de

similaridade) para identificar quais as espécies responsáveis pela similaridade entre as áreas e pelo

PCO (principal coordenates) para se observar quais região são mais similares entre si. Todos as

análises foram feitas através do programa PAST (HAMMER et al., 2001).

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Figura 30. Locais de Ponto de coleta para variação espacial: Entrada do rio Piranhas (acima); banco de

macrófitas; região do açude perto da barragem (abaixo). Foto: Ana Carolina Vieira

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5.3. Resultados e discussão

Para melhor compreender a influência do regime hidrológico sobre as variações entre as

estações de coleta, todos os dados, tanto abióticos, quanto das comunidades fitoplanctônicas e

zooplanctonicas foram agrupados por estações chuvosa e seca, nos dois anos de estudo (Tab.7). A

caracterização dos locais de coleta e suas profundidades estão descritos na metodologia. Os dados

descritivos dos parâmetros ambientais analisados constam na tabela 8.

Tabela 7. Distribuição das chuvas durante o período estudado

Período Pluviosidade acumulada (mm)

Estação chuvosa 2013 Janeiro 2013 a junho de 2013 630,3

Estação chuvosa 2014 Dezembro de 2013 a junho de 2014 958,3

Total 1588,6

Estação seca 2013 Julho a novembro de 2013 47,6

Estação seca 2014 Julho de 2014 adiante 138,3

Total 185,9

Os valores de temperatura (Fig. 31) foram considerados esperados para a região, sempre

acima dos 28ºC, registrando-se os menores valores na região da barragem, obviamente pelo maior

volume de água. As maiores temperaturas foram registradas na época de chuvas que é esperada

por ser a estação quente no hemisfério sul; entretanto, a diferença não ultrapassou os 2ºC. Essa

característica é interessante se comparada com ambientes tropicais, com médias em torno dos 25º,

e as diferenças entre as estações fria e quente, não ultrapassam os 5ºC. As temperaturas mais

elevadas são as responsáveis pela alta produtividade biológica e dos processos biogeoquímicos

das regiões tropicais (ESTEVES, 1998), e em ambientes semiáridos a tendência é que esses

processos sejam ainda mais acelerados.

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Tabela 8. Estatística descritiva dos parâmetros ambientais nas diferentes estações de coleta do Açude

Engenheiro Ávidos

Local/ Parâmetro

Média Mediana Mínimo Máximo Desv. Pad. Variância

Chuva Estiage

m Chuv

a Estiage

m Chuv

a Estiage

m Chuva

Estiagem

Chuva Estiage

m Chuva Estiagem

Temperatura (Cº)

Entrada do rio 29,45 28,38 29,55 28,60 26,40 26,70 31,50 29,30 1,19 0,70 1,41 0,48 Banco de macrófitas 29,53 28,11

29,60 28,20 27,30 27,00 31,20 29,30 0,99 0,50 0,97 0,25

Açude barragem

29,19 28,05 29,05 27,90 27,30 27,20 31,20 29,00 1,05 0,55 1,09 0,31

pH

Entrada do rio 8,62 9,02 8,75 9,10 6,90 7,90 9,60 9,90 0,74 0,49 0,55 0,24 Banco de macrófitas

8,55 8,75 8,60 8,90 7,30 7,60 9,50 9,40 0,60 0,43 0,36 0,19

Açude barragem 8,38 8,51 8,50 8,60 7,30 7,60 9,40 9,20 0,70 0,40 0,49 0,16 Condutividade (µS/cm)

Entrada do rio 224,08 253,44

221,55 255,20

189,50 212,30 263,20 357,10 21,49 20,66 461,72 426,73

Banco de macrófitas 223,73 244,79

217,90 248,30

192,30 202,10 301,70 274,50 23,83 18,32 567,87 335,75

Açude barragem 225,79 238,94

229,45 245,60

191,90 20,80 379,90 265,70 28,04 33,97 786,06 1154,27

Oxigênio Dissolvido (mg/L)

Entrada do rio 6,30 7,06 5,85 7,00 4,30 5,20 10,70 9,50 1,52 0,94 2,30 0,88 Banco de macrófitas 7,15 7,35 7,30 6,80 5,10 5,80 10,20 11,20 1,30 1,42 1,68 2,02 Açude barragem 7,68 6,80 7,50 6,50 5,20 4,10 10,20 11,60 1,25 1,95 1,57 3,78 Transparência (cm)

Entrada do rio 38,17 32,55 40,50 30,00 20,00 20,00 55,00 52,00 12,42 9,62 154,21 92,47 Banco de macrófitas 53,83 40,27 49,50 40,00 40,00 28,00 80,00 50,00 13,70 7,14 187,77 50,94 Açude barragem 74,67 81,33 60,00 65,00 45,00 41,60 110,00 230,00 24,87 51,09 618,36 2610,39 Clorofila (µg/L)

Entrada do rio 39,17 34,31 39,25 34,71 2,08 5,87 108,40 67,82 19,56 17,35 382,62 300,93 Banco de macrófitas 24,01 29,63 24,30 27,23 7,21 8,01 40,10 58,21 9,06 11,22 82,12 125,85 Açude barragem 19,43 14,43 19,22 14,95 2,67 0,53 48,59 39,52 10,80 8,43 116,60 71,11

Nitrito (µg/L)

Entrada do rio 3,77 3,22 2,25 1,89 0,11 0,46 17,25 14,04 4,11 2,70 16,89 7,26 Banco de macrófitas 2,14 3,79 1,89 2,61 0,11 0,11 10,82 13,32 2,05 3,25 4,21 10,54 Açude barragem 3,11 4,85 1,71 3,32 0,11 0,11 19,04 29,04 3,57 5,08 12,75 25,84 Nitrato (µg/L)

Entrada do rio 1050,8

3 730,23 627,5

0 677,50 52,50 102,50 8252,5

0 2002,50 1607,9

0 434,47 2585357,3

4 188765,5

7 Banco de macrófitas 708,33 658,86

552,50 602,50

102,50 52,50

6752,50 1452,50 930,07 344,64 865028,95

118778,20

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77

Açude barragem

1135,00 841,59

615,00 627,50 27,50 77,50

7277,50 2552,50

1584,61 639,95

2511002,12

409531,57

Amônia (µg/L)

Entrada do rio 56,93 97,85 48,15 48,15 8,92 11,23 252,00 1131,23 47,50 168,35 2256,42 28340,49 Banco de macrófitas 72,04 99,38 55,08 51,23 8,92 9,69 577,38 732,77 91,90 159,40 8445,87 25409,52 Açude barragem 83,64 191,66 65,46 65,85 9,69 10,46 452,00 861,23 84,61 238,43 7158,63 56850,18 Ortofosfato (µg/L)

Entrada do rio 77,34 56,30 50,80 50,80 34,80 38,80 534,80 138,80 88,36 21,36 7807,49 456,07 Banco de macrófitas 56,64 53,71 50,80 50,80 34,80 34,80 214,80 120,80 26,32 15,52 692,79 241,01 Açude barragem 52,87 54,06 46,80 44,80 34,80 34,80 146,80 150,80 19,08 20,53 363,93 421,63 Fósforo total (µg/L)

Entrada do rio 173,63 202,52

172,50 208,75 28,75 36,25 373,75 603,75 81,62 99,80 6661,53 9959,92

Banco de macrófitas 202,52 36,25

208,75 202,52 36,25 208,75 603,75 603,75 99,80 99,80 9959,92 9959,92

Açude barragem 118,67 193,20 91,25 126,25 23,75 23,75 888,75 1058,75 127,81 236,32 16334,53 55848,54

Figura 31. Variação sazonal da temperatura nas diferentes estações de coleta do Açude Engenheiro Ávidos.

Sobre os valores de pH (Fig. 32), observa-se a tendência sempre alcalina nas águas,

característica dos ambientes de semiárido, sendo os menores valores de pH registrados durante a

estação chuvosa, com exceção da região do açude, talvez pela profundidade desse maior do que

nos outros lugares. Nas demais regiões, a época da chuva carreia matéria orgânica para dentro da

27,00

27,50

28,00

28,50

29,00

29,50

30,00

Entrada do rio Macrófita Barragem

Te

mp

era

tura

(C

º)

Estações de coleta

CHUVA ESTIAGEM

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78

água, aumentando a decomposição e liberação de CO2 na água (VIEIRA, 2009); excetuando na

região do açude, onde o maior volume de água acabou neutralizando este fato. Os maiores valores

foram registrados na região da entrada do rio, onde a maior produtividade da biomassa

fitoplanctônica pode ser a causa desse efeito, com a absorção de CO2 livre para a fotossíntese.

Figura 32. Variação sazonal do pH nas diferentes estações de coleta do Açude Engenheiro Ávidos.

A condutividade (Fig. 33) também demonstrou a mesma tendência do pH, sendo maior na

região de entrada na época de estiagem. Segundo Guisande et al (2000), o aumento de nutrientes

dissolvidos na água, decorrente da decomposição de matéria orgânica, especialmente ortofosfato

pode ocasionar o aumento da condutividade da água, o que parece ser similar aos resultados

encontrados em Engenheiros ávidos, especialmente na entrada do rio. Mas um dos aspectos mais

interessantes entretanto, é a comparação com outros ambientes do semiárido nordestino, onde a

condutividade média pode ultrapassar os valores de 300 µS/cm, com máximos de 10.000 µS/cm

(BARBOSA et al., 2012); como a maioria dos corpos de água artificiais no nordeste são rasos,

esse pode ser um efeito do maior volume de água no Açude Engenheiro Ávidos.

8,20

8,30

8,40

8,50

8,60

8,70

8,80

8,90

9,00

9,10

Entrada do rio Macrófita Barragem

pH

Estações de coleta

CHUVA ESTIAGEM

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79

Figura 33. Variação sazonal da condutividade nas diferentes estações de coleta do Açude Engenheiro Ávidos.

Figura 34. Variação sazonal do oxigênio dissolvido nas diferentes estações de coleta do Açude Engenheiro

Ávidos.

205,0

210,0

215,0

220,0

225,0

230,0

235,0

240,0

245,0

250,0

255,0

260,0

Entrada do rio Macrófita Barragem

Co

nd

uti

vid

ad

e (

µS

/cm

)

Estações de coleta

CHUVA ESTIAGEM

5,00

5,50

6,00

6,50

7,00

7,50

8,00

Entrada do rio Macrófita Barragem

Oxi

nio

dis

solv

ido

(m

g/L

)

Estações de coleta

CHUVA ESTIAGEM

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80

Os valores de oxigênio dissolvido (Fig. 34) foram sempre acima dos 6 mg/L, em todas

regiões, sendo mais baixos na época das chuvas na entrada e no banco de macrófitas, fortalecendo

a tese do aumento da decomposição da matéria orgânica trazida com as chuvas; na barragem, o

comportamento foi inverso. O provável efeito disso devido a maior profundidade do açude, as

chuvas ao cair acabaram provocando a incorporação de O.D. pela agitação mecânica, e junto com

os ventos típicos dessa época podem ter ajudado a aumentar a oxigenação na supefíce.

Os valores de transparência da água (Fig. 35) e a clorofila-a (Fig. 36) apresentaram o

padrão clássico inversamente proporcionais conhecido de ambientes temperados e tropicais, sendo

portanto considerada um bom indicador do processo de eutrofização. Este padrão é diferente da

realidade dos demais corpos de água artificiais do semiárido brasileiro, em que a transparência é

afetada principalmente pelo sedimento particulado (BRAGA et al., 2015), os menores valores

foram encontrados na região de entrada, onde a produtividade fitoplanctônica – maior

concentração de clorofila-a - e os maiores na região do açude. Observa-se que os maiores valores

de transparência foi encontrado na época seca na barragem, enquanto que no rio e nas macrófitas

foram na época de chuva, o que é explicado pela diminuição drástica da profundidade do rio, que

passou de 6m no início do estudo para 80cm no fim das coletas.

Com relação aos valores de clorofila-a, observa-se que os maiores valores foram

registrados na entrada do Rio Piranhas, principal tributário do reservatório. Segundo Tundisi

(1983), valores de clorofila superiores a 10,0 µg/L são indicadores de grande atividade

fotossintética, sendo que apenas na região da barragem, esses valores foram mais baixos. Essa

grande atividade fotossintética deve ser devido ao grande aporte de nutrientes que vem com os

despejos de esgotos domésticos na região da cidade de São José de Piranhas, que na época de

chuvas escoam ara dentro do rio, já que estes oferecem um combinado dos principais nutrientes

requeridos para a fertilização dos vegetais, nitrogênio e fósforo, sempre em altas concentrações

(KHAN & ANSARI, 2005). Diante do observado pode-se inferir que apesar dos altos valores de

clorofila na região de entrada do rio, o que é indicativo de uma água mais eutrofizada, na região

de captação da água para abastecimento da população, observa-se que açude possui uma boa

capacidade de autodepuração, pelo seu tamanho, e pela carga de efluentes domésticos serem

pequenas. Vale salientar que esse reservatório fornece água para a cidade de Cajazeiras.

Comparando-se com valores de clorofila de outros açudes de semárido, estes são considerados até

baixo, onde valores acima de o que indica uma qualidade de água melhor, já que valores mais

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elevados como 50µg/L já foram registrados, especialmente em açudes mais rasos ou impactados

artificialmente (BARBOSA et al, 2000; BRAGA et al., 2015)

Figura 35. Variação sazonal da transparência nas diferentes estações de coleta do Açude Engenheiro Ávidos.

Figura 36. Variação sazonal da clorofila-a nas diferentes estações de coleta do Açude Engenheiro Ávidos.

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00

90,00

Entrada do rio Macrófita Barragem

Tra

nsp

arê

nci

a (

cm)

Estações de coleta

CHUVA ESTIAGEM

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

35,00

40,00

45,00

Entrada do rio Macrófita Barragem

Clo

rofi

la-a

g/L

)

Estações de coleta

CHUVA ESTIAGEM

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82

Os valores de nitrito (Fig. 37) variaram de acordo com a região da coleta, sendo mais

elevados na época das chuvas na entrada do rio, e na época de estiagem nas macrófitas e na região

da barragem do açude. Isto pode ser explicado pela diminuição do volume do açude, por conta da

baixa pluviosidade na época dos 2012-2013, mas o baixo valor deste composto na água é um bom

indicativo quanto a qualidade da água. O nitrito é um composto altamente instável e reativo, sendo

rapidamente reduzido a amônia ou oxidado a nitrato, e permanecendo estável apenas em águas

anóxicas, o que torna o nitrito um bom indicador de poluição orgânica (ROLLA et al., 1990).

Figura 37. Variação sazonal do nitrito nas diferentes estações de coleta do Açude Engenheiro Ávidos

Os valores de nitrato (Fig.38) foram especialmente altos na época das chuvas,

especialmente na entrada na região do açude, observando-se uma diminuição da sua concentração

nas épocas de estiagem em todas estações. Este fato deve-se ao carreamento dos solos fertilizados

artificialmente do entorno do açude, sendo estas as formas mais comuns de entrada deste nutriente

no corpo de água (KHAN & ANSARI, 2005), comprovando sua origem alóctone. O maior valor

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

Entrada do rio Macrófita Barragem

Nit

rito

g/L

)

Estações de coleta

CHUVA ESTIAGEM

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83

na região da barragem pode dever-se do efeito cumulativo ao longo do rio, pois este é o ponto mais

a jusante, retendo ai então os compostos trazidos pelo rio.

Os valores de amônia (Fig.33) fora bem mais baixos na época de chuvas, e aumentaram na

época de estiagem, especialmente na região da barragem. Estes altos valores refletem o acúmulo

do nitrogênio metabolizado pelos decompositores a medida que o volume de água do açude

baixava. Apesar de ser facilmente absorvido pela comunidade fitoplanctônica, altas concentrações

são indicadores de corpos de água com alta carga de matéria orgânica, seja por incremento

artificial, ou processos naturais, tais como o que acontece com reservatório, na época da estiagem

(EDYY, 2005).

Figura 38. Variação sazonal do nitrato nas diferentes estações de coleta do Açude Engenheiro Ávidos

0,00

200,00

400,00

600,00

800,00

1000,00

1200,00

Entrada do rio Macrófita Barragem

Nit

rato

g/L

)

Estações de coleta

CHUVA ESTIAGEM

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Figura 39. Variação sazonal da amônia nas diferentes estações de coleta do Açude Engenheiro Ávidos

Os valores de ortofosfato (Fig 40) foram mais elevados na entrada, e foram mais elevados

na época das chuvas. O caráter altamente variável do ortofosfato é comum, pois a liberação deste

do sedimento para a coluna de água requer condições especiais, tais como baixos níveis de

oxigenação; este fato foi detectado em vários trabalhos feitos no mundo todo (KELLEY et al.,

2000; GILDFORD & HECKY, 2000; GOPHEN et. al., 1990). Observa-se que os valores de

fósforo total (Fig. 41) foram mais elevados na época da estiagem, o que pode ser explicado pelo

aumento da concentração desse composto conforme o nível do corpo de água baixava. É

especialmente conhecido que o fósforo é o nutriente limitante em ecossistemas dulceaquícolas

(ELSER et al., 2007; GUILDFORD & HECKY, 2000).

0,00

40,00

80,00

120,00

160,00

200,00

240,00

Entrada do rio Macrófita Barragem

Am

ôn

ia (

µg

/L)

Estações de coleta

CHUVA ESTIAGEM

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Figura 40. Variação sazonal do ortofosfato nas diferentes estações de coleta do Açude Engenheiro Ávidos

Figura 41. Variação sazonal do fósforo total nas diferentes estações de coleta do Açude Engenheiro Ávidos

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00

90,00

Entrada do rio Macrófita Barragem

Ort

ofo

sfa

to (

µg

/L)

Estações de coleta

CHUVA ESTIAGEM

0,00

40,00

80,00

120,00

160,00

200,00

240,00

Entrada do rio Macrófita Barragem

sfo

ro t

ota

l (µ

g/L

)

Estações de coleta

CHUVA ESTIAGEM

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Segundo a classificação do Índice de estado trófico, a região das macrófitas foi a mais

eutrofizada, especialmente na época de chuvas, provavelmente devido ao carreamento de matéria

orgânica e nutrientes para a água, por ser uma região litorânea e com pouca profundidade, esse

efeito local deve ter sido mais sentido, especialmente no IETOP e no IETP.T.. Nas outras duas

regiões, o IET apresentou um comportamento semelhante ao que se observa na maioria dos corpos

de água do semiárido, com este aumentando na época de estiagem. Mas mesmo assim, ficou na

faixa mesotrófica, o que é diferente da realidade da maioria dos corpos de água da região. No

açude Armando Ribeiro Gonçalves, reservatório de mesmo porte do Engenheiro Ávidos e na

porção potiguar da mesma bacia, a classificação usual é de eu-hipertrófico, e onde já foi registrado

blooms tóxicos de cianobactérias (COSTA et al., 2006).

Figura 42. Classificação segundo o IET nos diferentes locais do açude Engenheiro ávidos nas duas estações de

coleta. Barras azuis – estação chuvosa; barras vermelhas – estação de estiagem

Foram encontrados 116 taxa (Tab. 9), sendo as cianobactérias filamentosas Raphidiopsis

brookii, Cylindrospermopsis raciborskii, Anabaena constricta e a clorofícea Kirchneriella

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

Entrada Macrófita Barragem

IET

Estações de coleta

Eutrófico

Mesotrófico

Oligotrófico

Ultraoligotrófico

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87

contorta registradas em todas as coletas e em todas as estações de coleta. Apesar de cianobactérias

serem um grupo comumente dominante nos ambientes tropicais quentes, a presença de

cianobactérias filamentosas é frequentemente associados com ambientes eutrofizados (O’BRIEN

et al., 2009).

Tabela 9. Lista de espécies encontradas nas diferentes estações de coleta do Açude Engenheiro Ávidos

CYANOBACTERIA

Taxon Autor

Anabaena ambígua Rao (1937) Anabaena constricta Geitler (1925)

Anabaena fertilíssima Rao (1937) Anabaenopsis tanganyikae Miller (1923)

Aphanocapsa koordesii Strom (1923) Artrospira sp

Chrorochoccus minutus (Kützing) Nägeli (1849) Cylindrospermopsis raciborskii (Woloszynska) Seenayya & Subba Raju (1972) Cylindrospermum doryphorum Brühl & Biswas (1922) Dactylococcopsis raphidioides Hansgirg (1888)

Eucapsis densa Azevedo, Sant'Anna, Senna, Komárek &

Komárková 2003

Geitlerinema amphibium (C.Agardh ex Gomont) Anagnostidis (1989) Komvophoron aff crassum (Vozzhennikova) Anagnostidis & Komárek 1988

Limnococcus limneticus (Lemmermann) Komárková, Jezberová, O.Komárek

& Zapomelová 2010 Liminothrix sp

Lyngbya sp

Merismopedia glauca (Ehrenberg) Kützing 1845

Merismopedia minima G.Beck 1897

Merismopedia punctata Meyen 1839 Merismopedia tenuissima Lemmermann 1898

Oscillatoria curviceps C.Agardh ex Gomont 1892 Oscilatoria nigroviridis Thwaites ex Gomont 1892

Planktolymbia raphidiopsis

Phormidium tergestinum (Rabenhorst ex Gomont) Anagnostidis & Komárek

1988 Pseudoanabaena aff catenata Lauterborn 1915

Phormidium tergestinum Rabenhorst ex Gomont) Anagnostidis & Komárek

1988 Raphidiopsis brookii Hill 1972 Raphidiopsis curvata F.E.Fritsch & M.F.Rich 1930 Spirulina laxissima G.S.West 1907

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88

Spirulina meneghiniana Zanardini ex Gomont 1892 Synechocystis aquatilis Sauvageau 1892

CHLOROPHYCEAE

Taxon Autor

Actinastrum aciculare Playfair 1917 Actinastrum gracillimum Smith 1916 Actinastrum hantzschii Lagerheim 1882

Ankistrodesmus convolutus Corda 1838

Ankistrodesmus falcatus (Corda) Ralfs 1848

Chlamydomonas sp

Chlorella vulgaris Beyerinck [Beijerinck] 1890 Chlorococcum chlorococcoides (Korshikov) Philipose 1967

Chlorococcum infusionum (Schrank) Meneghini 1842 Coelastrum indicum W.B.Turner 1892

Coelastrum microporum Nägeli in A.Braun 1855 Coelastrum reticulatum (P.A.Dangeard) Senn 1899 Conococcus elongatus H.J.Carter 1869 Crucigenia fenestrata (Schmidle) Schmidle 1900

Desmosdesmus sp

Dictyosphaerium pulchellum H.C.Wood 1873 Kirchneriella contorta (Schmidle) Bohlin 1897 Kirchneriella dianae (Bohlin) Comas Gonzalez 1980 Kirchneriella lunaris (Kirchner) Möbius 1894

Koliella longiseta (Vischer) Hindák 1963 Monoraphidium contortum (Thuret) Komárková-Legnerová in Fott 1969 Monoraphidium griffithii (Berkeley) Komárková-Legnerová 1969

Monoraphidium irregulare (G.M.Smith) Komárková-Legnerová 1969 Scenedesmus acuminatus (Lagerheim) Chodat 1902 Scenedesmus bernardii G.M.Smith 1916

Scenedesmus bicaudatus Dedusenko 1925 Scenedesmus bijugatus Kützing 1834

Scenesdesmus dimorphus (Turpin) Kützing 1834 Scenedesmus incrassatulus Bohlin 1897

Scenedesmus linearis Komárek 1974 Scenedesmus opoliensis P.G.Richter 1895

Scenedesmus sp

Selenastrum gracile Reinsch 1866 Tetraedron bilobulatum (Nägeli) Hansgirg 1888

Tetraedron deltoide

Tetrastrum heteracanthum (Nordstedt) Chodat 1895 Tetraedron minimum (A.Braun) Hansgirg 1888 Tetraedron muticum (A.Braun) Hansgirg 1888

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Tetraedron proteiforme Hortobagyi

Tetraedron regulare var. torsum Brunnthaler 1915 Tetraedrum trigonum (Nägeli) Hansgirg 1888

Treubaria triappendiculata C.Bernard 1908

ZYGNEMAPHYCEAE

Closterium sp

Cosmarium sp.

Pleurotaenium sp

Staurastrum sp

EUGLENOPHYCEAE

Taxon Autor

Euglena agilis aff. Var agilis H.J.Carter 1856 Euglena circularis Gojdics 1953

Euglena polymorpha P.A.Dangeard 1902 Euglena proxima P.A.Dangeard 1902 Euglena oblonga F.Schmitz 1884

Euglena splendens P.A.Dangeard 1902 Euglena schmitzii Gojdics 1953 Euglena viridis (O.F.Müller) Ehrenberg 1830

Euglena sp

Lepocinclis avum (Ehrenberg) Lemmermann 1901 Lepocinclis fusiformis (H.J.Carter) Lemmermann 1901

Phacus viguieri Dujardin, F. 1841 Trachelomonas abrupta var. abrupta Svirenko [Swirenko] 1914 Trachelomonas abrupta var. armata Svirenko [Swirenko] 1914

Trachelomonas bacillifera var. mínima Playfair 1915 Trachelomonas crebea var. crebea Kellicott 1887

Trachelomonas curta var. curta A.M.Cunha 1913 Trachelomonas hispida var hispida F.Stein 1878

Trachelomonas intermedia P.A.Dangeard 1902 Trachelomonas kellogii var. kellogii Skvortzov 1919

Trachelomonas lacustris Drezepolski 1925 Trachelomonas mucosa Swirenko [Svirenko] 1914 Trachelomonas oblonga Lemmermann 1899

Trachelomonas planctonica Svirenko 1914 Trachelomonas volvocina var. punctata Playfair 1915 Trachelomonas volvocina var. volvocina (Ehrenberg) Ehrenberg 1834

Trachelomonas volvocinopsis var. volvocinopsis Svirenko 1914 Trachelomonas sp

Strombomonas verrucosa var. verrucosa (E.Daday) Deflandre 1930

BACILLARIOPHYCEAE

Amphora veneta Kützing 1844

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Aulacoseira granulata (Ehrenberg) Simonsen 1979 Gomphonema angustatum Kützing) Rabenhorst 1864 Navicula coconeiformes

Navicula halophila (Grunow) Cleve 1894 Nitzschia palea (Kützing) W.Smith 1856 Surirella ovalis Brébisson, [L.] A. de (1838).

Surirella delicatissima F.W.Lewis 1864 Stauroneis smithii Grunow 1860 Stauroneis anceps Ehrenberg 1843

As cianobactérias (Fig. 42) foram dominantes durante o período estudado, em todas a

estação da coleta. As maiores densidades de cianobactérias foram registradas durante a estação

chuvosa apenas na barragem, mas na entrada, por ser o local que mais recebe despejos de efluentes

das populações ribeirinhas, a densidade nas duas estações foram bastante semelhantes;

cianobactérias tem maior resistência as mudanças no ambiente e podem crescer em diversas

situações, tais como altas temperaturas, luminosidade baixa ou variável, tempo de residência longo

da água e alta carga de nutrientes (O’BRIEN et al., 2009). Em relação as maiores densidades na

época da seca nos bancos de macrófitas, isso explicado pelo desaparecimento das macrófitas

submersas durante o período seco, que provocam sombreamento na água durante o período de

chuva. A competição por nutrientes e luz entre macrófitas e cianofíceas é bem documentado na

literatura (LÜRLING et al., 2006).

Em comparação com as cianobactérias, os demais grupos fitoplanctônicos (Fig. 43) tiveram

densidades muito menores. Apesar de serem dominantes em ambientes topicais, quando ocorre

uma diferença muito grande entre cianobactérias e clorofíceas, é um forte indicador de processos

de eutrofização, (ESTEVES & SENDACS, et al, 1988). As clorofíceas foram mais abundantes no

período chuvoso e na região das macrófitas; provavelmente a competição entre as cianofíceas e as

macrófitas submersas favoreceu a o desenvolvimento das clorofíceas.

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91

Figura 43. Variação espacial da densidade das cianobactérias no Açude Engenheiro Ávidos, nas estações

chuvosa e seca

Figura 44. Variação espacial dos demais grupos fitoplanctônicos das clorofíceas no Açude Engenheiro

Ávidos: C – período chuvoso; E – período de estiagem

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

Entrada Macrófita Barragem

De

nsi

da

de

(In

d.

ml-1

)

Estações de coleta

CHUVA ESTIAGEM

0

0,125

0,25

0,375

0,5

0,625

0,75

0,875

1

1,125

1,25

1,375

1,5

Entrada C Entrada E Macrófitas C Macrófitas E Barragem C Barragem E

De

nsi

da

de

s (I

nd

. m

l-1)

Estações de coleta

CLOROFICEAS DESMIDEACEAS

EUGLENOFICEAS DIATOMÁCEAS

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92

Os outros grupos foram menos expressivos em termos de diversidade e de abundância do

que cianofíceas e clorofíceas. As desmideaceas só foram registradas em todas as estações durante

a época chuvosa quando o influxo de água ajudou a renovar o ambiente, já que estas são bastante

sensíveis a processo de eutrofização (BROOKS, 1965). As euglenofíceas foram mais abundantes

na época da estiagem, especialmente a entrada, o que pode ser associado com o aumento do estado

trófico na região (SENDACZ & ESTEVES, 1988); estes organismos apresentam comportamento

heterotrófico facultativo, mostrando a capacidade de fagocitose de partículas alimentares presentes

em locais ricos em matéria orgânica. As desmideaceas apresentaram as menores densidades, e só

foram registradas na entrada durante a estação chuvosa. Esses organismos são muito sensíveis e

necessitam de um ambiente nutricionalmente mais estável, e apesar de serem mais diversos em

águas meso-oligotróficas, podem ser encontradas em diversos graus de trofia (LEIRA et al., 2009)

Sobre a comunidade zooplanctônica (Fig 45), observa-se que a maior densidade total foi

obtida na região da entrada. Essa diferença em relação as outras regiões deve-se provavelmente a

maior disponibilidade de alimento nessa região, especialmente na época das chuvas, resultado este

similar ao observado no trabalho de Havens et al (2011). Foram registrados 39 taxa (Tab. 10), um

número considerado baixo em relação a outras regiões de semiárido (FREITAS et al, 2006;

ESKINAZI-SANT’ANNA, 2007); esta baixa diversidade deve-se principalmente a maior

estabilidade da água no meio, que favorece apenas as espécies adaptadas às condições existentes.

As maiores densidades foram observadas na região da entrada devendo-se principalmente ao

aumento da densidade dos nauplios na época das chuvas.

Tabela 10. Lista de espécies zooplanctonicas encontradas nas estações de coleta do açude Engenheiro Ávidos

COPEPODA

Calanoida Ciclopoida

Notodiaptomus sp Thermociclops sp

Mesociclops sp

CLADOCERA

Espécie Autor Alona dentifera Sars, 1901

Bosmina sp.

Ceriodaphnia cornuta Sars, 1885 Diaphanosoma spinulosum Herbst, 1975

Moina minuta Hansen, 1899

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ROTIFERA

Espécie Autor Anuraeopsis fissa. Gosse, 1851

Asplanchna

Bdelloidea

Brachionus calyciflorus Pallas, 1766 B. havanaensis Rousselet, 1911

B. falcatus Zacharias, 1998 B. urceolaris Müller, 1773

Euchlanis dilatata Ehrenberg, 1832

Filinia terminalis Plate, 1886 F. longiseta Ehrenberg, 1834

Hexarthera mirra (Hudson, 1871 Keratella americana Carlin, 1943

K. cochleares Gosse, 1851 K. tropica Apstein, 1907 K. valga Ehrenberg, 1834

Lepadella ovalis O.F. Muller, 1896 Lecane bulla Nitzsch, 1827

L. hamata Stokes, 1896 L. lunaris Ehrenberg, 1832

L. luna Müller, 1776 L. pusilla Harring, 1914

L. pyriformes Daday, 1905 L. stichaea Harring, 1913

Macrochaetus longipes Myers, 1934 Polyarthra dolichoptera Idelson 1925

Trichocerca gracilis Tessin 1890 T. iernis Gosse, 1887

OUTROS

Larvas de inseto Ostracoda

Larvas de crustáceo (camarão) Protozoários

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Figura 45. Variação espacial da densidade total do zooplâncton no Açude Engenheiro Ávidos, nos períodos

chuvoso e seco

Os copépodos (Fig. 46) foram dominantes e relação aos outros grupos, sendo os nauplios

do grupo a densidade mais expressiva. Os calanóides foram mais abundantes durante o período

seco, devido as perturbações hidrológicas durante as chuvas que afetam o estabelecimento de suas

populações. Também observa-se que sua abundância foi maior na região da barragem do que nas

outras estações de coleta. Este fato é interessante pois observa-se que também foi na região de

açude onde as densidades de cianobactérias foram menores e a transparência. Esta baixa densidade

pode favorecer a captação das clorofíceas, alimento preferido pelos microcrustáceos filtradores em

detrimento dos outros grupos pelo valor nutricional; ao contrário dos cladóceros, filtradores

passivos os copépodos calanóides tem um método de captação raptorial, o que explicaria a sua

maior abundância em relação aos cladóceros (PINTO-COELHO et al., 2008). Os ciclopóides

foram mais abundantes na estação Entrada no período chuvoso, e na estação da barragem durante

o período de estiagem. Este fator parece estar diretamente associado a oferta de alimento nessas

duas regiões: alta densidade de rotíferos na região de Entrada e maior densidade de cladóceros na

estação da barragem. Os copépodos ciclopóides são carnívoros generalistas, mas tem a capacidade

de selecionar seu alimento, estando rotífero e cladóceros entre suas preferências. (RAO &

KUMAR, 2002).

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

1100

1200

Entrada do rio Macrófitas 1 Barragem

De

nsd

ad

e (

Ind

.L-1

)

Estações de coleta

CHUVA ESTIAGEM

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Figura 46. Distribuição espacial dos grupos de copépodos no Açude Engenheiro Ávidos nos períodos chuvoso

e de estiagem; C – período chuvosa; E – período de estiagem

Os cladóceros (Fig. 47) foram mais abundantes quando as densidades de clorofíceas foram

maiores, na região de entrada do rio durante o período chuvoso, e no banco de macrófitas durante

o período seco. Diaphanosoma spinulosum foi a espécie mais expressiva e é um gênero bem

documentado nas regiões tropicais, por ter um curto ciclo de vida em águas quentes (HAN et al.,

2011). Apesar das altas densidades de cianobactérias no açude, o aumento nas clorofíceas pode ter

influenciado o aumento das populações de cladóceros; sabe-se que Diaphanosoma é um gênero

de cladóceros tropicais que consegue crescer em situações de pouca disponibilidade alimentar por

poder selecionar partículas alimentares pequenas (tamanho do seu filtro alimentar0, tais como as

clorofíceas do tamanho de Monoraphidium e Chlorella (PAGANO, 2008, HAN et al., 2011).

Talvez por esse fato, num corpo de água dominado por cianobactérias, esta capacidade tenha sido

fundamental para o sucesso desta espécie em relação aos outros gêneros como Alona e Moina, que

abrangem um espectro alimentar maior, e dessa forma acaba por ingerir alimentos não tão

nutritivos.

0

25

50

75

100

125

150

175

200

225

250

275

300

325

350

Entrada C Macrófitas C Barragem C Entrada E Macrófitas E Barragem E

De

nid

ad

e I

nd

/L

Estações de coleta

Nauplio Calanoida Ciclopoida

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Figura 47. Densidade espacial dos cladóceros no Açude Engenheiro Ávidos nos períodos chuvoso e seco

Os rotíferos (Fig.48) foram especialmente abundantes na região de entrada do rio,

especialmente na época da chuva, que pode ser explicado pela maior oferta de alimento disponível

para estes organismos, matéria orgânica carreada pelas chuvas para dentro do rio. Rotíferos são

preferencialmente filtradores, mas estudos apontam a sua capacidade de se alimentar de séston;

enquanto que para cladóceros bacterioplâncton é apenas uma fonte suplementar de nutrição, os

rotíferos podem sobreviver a base de bacterivoria (OOMS-WILMS, 1997). Isso seria uma

alternativa viável para um ambiente dominado por cianobactérias, que explicaria a maior

abundancia dos rotíferos em relação aos cladóceros.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

Entrada Macrófitas Barragem

De

nsi

da

de

(Id

.ml-1

)

Estações de coleta

CHUVA ESTIAGEM

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Figura 48. Densidade espacial dos rotíferos no Açude Engenheiro Ávidos nos períodos chuvoso e seco

Sobre a diversidade (Fig.49) e a equitabilidade (Fig.50) dos dois períodos, observa-se que

para todas as estações de coleta a diversidade foi maior na estação seca do açude; este fato pode

ser explicado pela recuperação das populações de cladóceros e de calanóides na época da seca,

que podem ter contribuído para o aumento do pool de espécies do local. Este fato é interessante, e

similar ao encontrado por Angeler (2000) em seu estudo sobre a influência do influxo de água

sobre a biomassa planctônica em regiões semi-áridas da Espanha; no período chuvoso a grande

entrada de água no sistema provoca a diminuição da biomassa e da diversidade planctônica tanto

pelo efeito diluidor, quanto pelo estresse hídrico – o aumento do material em suspensão e

alterações na qualidade da água (FISHER & GRIMM, 1991). Com relação ao índice de

dominância (Fig. 51), observa-se que esse foi muito maior na região da barragem do que nos outros

locais. Provavelmente a entrada do rio e o banco de macrófitas ofereceram maior oferta de

alimentos e nichos que permitiram a colonização de mais espécies do que no açude propriamente

dito.

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

Entrada Macrófitas Açude

De

nid

ad

e (

Ind

. m

l -1

)

Estações de coleta

CHUVA ESTIAGEM

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Figura 49. Índice de diversidade de Shanon-Wiener (H’) nas estações de coleta durante o período chuvoso e

de estiagem.

Figura 50. Índice de equitabilidade de Pielou (J’) nas estações de coleta durante o período chuvoso e de

estiagem.

1,60

1,65

1,70

1,75

1,80

1,85

1,90

1,95

2,00

2,05

2,10

Entrada Macrófita Barragem

Div

ers

ida

de

(H

')

Estação de coleta

CHUVA ESTIAGEM

0,62

0,62

0,62

0,62

0,62

0,63

0,63

0,63

0,63

Entrada Macrófita Barragem

Eq

uit

ab

ilid

ad

e (

J')

Estações de coleta

CHUVA ESTIAGEM

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Figura 51. Índice de dominância de Simpson (D’) nas estações de coleta durante o período chuvoso e de

estiagem.

A seguir os resultados da análise de similaridade (ANOSIM) das estações de coleta

baseadas nas populações zooplanctônicas, durante os dois períodos climáticos (tabela 11).

Observa-se que apesar de nos dois períodos as regiões foram diferentes, essa dissimilaridade foi

mais marcante no período seco; quando as conexões entre o rio e o açude foram ficando mais

estreita e rasa, a medida que o nível de água baixava.

Tabela 11. Resultados do ANOSIM entre as diferentes áreas do açude. (Permutações possíveis : 10000, p ≥

0,001)

R global R específico

Chuva 0,7689

Entrada x Macrófitas 0,0088

Entrada x Açude 0,0072

Macrófitas x Açude 0,0087

Estiagem 0,9929

Entrada x Macrófitas 0,0057

Entrada x Açude 0,0093

Macrófitas x Açude 0,0079

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

0,70

Entrada Macrófita Barragem

Do

min

ân

cia

(D

')

Título

CHUVA ESTIAGEM

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Figura 52. Gráfico das coordenadas principais (PCO) entre as áreas do Açude Engenheiro Ávidos no período

chuvoso. Em verde o grupo formado pelas macrófitas; em vermelho o grupo formado pela entrada e em azul

o grupo formado pelo açude.

Analisando os gráficos do PCO do período chuvoso (Fig. 52) e seco (Fig. 53), observa-se

que as amostras na região da paredão foram mais coesas do que das outras áreas outros grupos, e

que todas as espécies registradas no açude também foram registradas nos outros locais. Através do

SIMPER, observou-se que os principais responsáveis pelas diferenças entre as comunidades

zooplanctônicas na entrada do rio e no banco de macrófitas foram os nauplios, seguidos dos

rotiferos Brachionus havanensis e Bdelloida e os ciclopóides; a maior diferença entre estes foi

principalmente da densidade, que na região da entrada do rio que foram bem maior do que no

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banco de macrófitas. O carreamento de séston para dentro do rio provavelmente deve ter sido a

causa. Rotíferos do gênero Brachionus são muito comuns nos trópicos e são bons indicadores de

poluição orgânica, se alimentando de uma variedade de itens, entre ele matéria orgânica e

componentes do picoplâncton, mostrando um crescimento rápido conforme a oferta de recursos

(STEVENSON et al., 1998); além disso o crescimento das densidades de ciclopóides,

representados pelos gêneros Thermocyclops e Mesocyclops também reforçam essa teoria, já que

os rotíferos são uma das suas principais presas (RAO & KUMA, 2002). Aparentemente, estes

parecem ter investido forte na reprodução, pela densidade muito elevada de nauplios na região; a

presença maior de fitoflagelados na região da entrada em relação as outras áreas parece ser um

fator decisivo para isto, pois estes são os principais constituintes de alimentação dos estágios

iniciais de desenvolvimento dos copépodos (HANSEN & HAIRSTON Jr., 2000); o mesmo padrão

é observado entre entrada e o açude.

Entre o banco de macrófitas e o açude, observa-se que mais uma vez os responsáveis pelas

diferenças foram as densidades dos nauplios, seguidos do rotífero Hexarthra mirra e Brachionus

calyciflorus; mais uma vez a presença de maior quantidade de alimento parece influenciar esse

quadro, já que na época das chuvas a quantidade de algas palatáveis, tais como as clorofíceas põem

ter influenciado nesse quadro. Tanto Hexarthra quanto Brachionus são gêneros de rotíferos

filtradores de se alimentam preferencialmente de fitoflagelados quanto de gêneros de algas verdes

cocoides, tais como o gênero Ankistrodesmus, Kirchineriella e Monoraphidium, (JARAMILLO-

LONDOÑO & PINTO-COELHO, 2010), sendo todos os gêneros registrados na área.

Na época seca as diferenças entre as regiões foram dadas pelos mesmo grupos

zooplanctônicos; entretanto, a dissimilaridade foi mais acentuada pelo crescimento das populações

de calanóides cujas densidades foram maiores na época seca, e na região da entrada, cujas

densidades foram decrescendo no sentido do açude. A maior quantidade de alimento na região da

entrada pode ser a explicação para o estabelecimento das populações desses copépodos. Esses

microcrustáceos são herbívoros filtradores, mas que tem uma boa capacidade de selecionar as

partículas alimentares; dessa forma eles obtém mais sucesso na colonização dos ambientes menos

favoráveis do que os cladóceros, seu equivalente ecológico quanto a alimentação. Outrossim,

outros trabalhos mostram a capacidade de alguns copépodos se alimentarem de cianobactérias

(KOSHI et al., 2002; KOZLOWSKY-SUZUKI et al., 2003); na região do semiárido com um

espécie congenérica de Notodiaptomus cearensis, N. iheringia, Panosso et al (2003) mostrou a

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capacidade desta conseguir ingerir cianobactérias coloniais e filamentosas; no trabalho conclui-se

alguma adaptação fisiológica permite que eles consigam metabolizar essas partículas alimentares.

Figura. 53. Gráfico das coordenadas principais (PCO) entre as áreas do Açude Engenheiro Ávidos no período

de estiagem.. Em verde o grupo formado pelas macrófitas; em vermelho o grupo formado pela entrada e em

azul o grupo formado pelo açude.

Em comparação a estudos realizados em ambientes rasos com relação as flutuações do

nível de água nas diferentes regiões do açude, os resultados obtidos no Açude Engenheiro Ávidos

merece algumas considerações. Ambientes rasos, na época das chuvas recebem um grande influxo

de água e regiões que secam na época de estiagem se enchem de água novamente; ocorre a

colonização desses ambientes tanto pelas espécies que seguem o fluxo de água quanto das espécies

que deixaram bancos de ovos no sedimento (FRISH et al., 2009). Isto proporciona um aumento da

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diversidade nessas regiões, especialmente ocorre a formação de bancos de macrófitas nas regiões

litorais desses corpos de água. Macrófitas submersas são importantes nichos de colonização por

parte do zooplâncton, pois oferecem refúgio contra predadores, locais para reprodução e boa

qualidade alimentar, já que estas são competidoras diretas das cianobactérias, favorecendo a

proliferação de algas de boa qualidade (ESTLANDER et al., 2009; STANSFIELD et al., 2006).

No entanto o que se observa é que os bancos de macrófitas foram tão diversos quanto a entrada do

rio. A entrada a matéria orgânica na região do rio pode ter sido o fator decisivo para isto, pois

proporcionou o desenvolvimento das populações de rotíferos nessa região, que como organismos

partogenéticos, conseguem crescer rapidamente, aproveitando o recurso disponível.

Outro fator interessante é o desenvolvimento dos cladóceros e dos copépodos calanóides

na época de estiagem. Esse resultado difere dos observados em ambientes rasos, onde a diversidade

de cladóceros são mais altas e observamos picos de dominância das espécies de acordo com a

evolução do estado trófico (VIEIRA, et al., 2009); apesar do açude ter sido classificado como

mesotrófico na maioria das estações de coleta, esses microcrustáceos só apareceram quando as

perturbações hidrológicas advindas da chuva diminuíram. Calanoides e cladóceros são

microcrustáceos sensíveis a esses distúrbios, e no caso dos calanóides, que são K-estrategistas,

com um período de desenvolvimento longo, em comparação com copépodos ciclopóides

(SIMÕES et al., 2009). Dessa forma, estes microcrustáceos herbívoros filtradores precisam de um

tempo maior de estabilidade hídrica para se aclimatar as condições do meio e estabelecer suas

populações (MURA & BRECCIAROLI, 2003; WALZ, 1995). Este parece ser o caso do nosso

estudo.

Assim, conclui-se que a diferença entre as áreas do açude não se dá pela diversidade de

espécies, mas pela densidade das mesmas espécies, que mudaram de área para área e durante as

estações climáticas. Mesmo na região de macrófitas onde era esperado maior diversidade, este fato

não foi constatado, possivelmente pelo fato do banco não ser tão expresivo; A sucessão ecológica

típica de ambientes rasos do semiárido não foi observada no açude Engenheiro Ávidos durante o

período estudado; este fato pode dever-se ao grande período de residência da água, que pode ter

criado condições específicas para apenas poucas espécie sobreviverem. A realização de outros

estudos em épocas de maior pluviosidade, nos anos de chuvas mais intensas e uma boa renovação

da água pode oferecer outros resultados que ajudem a elucidar o mecanismos de colonização

espacial desses corpos de água.

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104

6 - CAPITULO 3. DISTRIBUIÇÃO VERTICAL E SAZONAL DA

COMUNIDADE ZOOPLANCTÔNICA NUM AÇUDE PROFUNDO NO

SEMIÁRIDO BRASILEIRO

6.1. Introdução

A distribuição vertical dos organismos zooplanctônicos em lagos, rios e mares é

influenciado por uma série de fatores abióticos, tais como luz, transparência da água temperatura

e oxigênio dissolvido, e interações bióticas, especialmente fuga da pressão por predação e

disponibilidade de alimento (BEKLIOGLU et al., 2008; RINKE et al., 2007). Devido à sua

importância ecológica, a distribuição desses organismos ao longo da coluna de água tem sido alvo

de muitos estudos na tentativa de elucidação dos mecanismos que determinam essa distribuição,

principalmente em ambientes temperados, e mais recentemente em águas tropicais (BEZERRA-

NETO et al., 2002; CERBIN et al., 2003; REJAS et al., 2007; TOLOMEYEV & ZADEREEV,

2005).

De todos os mecanismos já estudados acerca da distribuição dos organismos, um dos

movimentos bem documentado e reconhecido é a Migração Vertical Diária (DMV em inglês), que

é um dos maiores movimentos em massa de organismos e é realizado em várias classes

taxonômicas, apesar de não ser obrigatória a todos (PANARELLI, & NOGUEIRA, 1997).

Geralmente esse movimento é realizado para conferir algum tipo de vantagem ecológica, seja por

alimentação, por competição ou para fuga de predador.

A distribuição vertical e o DMV foi primeiramente citada por Cuvier em 1817 (REJAS et

al., 2007), e desde então tem sido bem explorado nas últimas décadas especialmente em ambientes

temperados. Apesar dos diferentes tipos de abordagens dos estudos e dos diferentes mecanismos

realizados por esses organismos, alguns padrões foram observados como: a concentração dos

organismos em águas mais fundas do corpo de água, especialmente cladóceros e copépodos de

maior porte, fugindo da predação por parte de predadores visualmente orientados, tais como larvas

de invertebrados e peixes planctívoros (BEZERRA-NETO & PINTO-COELHO, 2002); influência

da distribuição da comunidade fitoplanctônica, também com capacidade de deslocamento vertical

(PINEL-ALLOUL et al., 2004) e a limitação da distribuição de acordo com a temperatura e a

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105

concentração de oxigênio, especialmente comum em hipolímnios anóxicos (WISSEL &

RAMACHARAN, 2003), embora estudos apontem a permanência em hipolímnios com níveis de

oxigênio muito baixos, em torno de 3 mg/L, a fim de fugirem de peixes, que não toleram níveis de

oxigênio tão baixos. Esses padrões são especialmente comuns em ambientes mais frios e com

baixa produtividade fitoplanctônica e alta transparência. Em lagos temperados, durante o inverno,

a temperatura pode ser um fator limitante na distribuição vertical desses organismos, pois retarda

o metabolismo celular e o desenvolvimento dos ovos (BEKLIOGLU et al., 2008). O controle da

distribuição vertical é feito de acordo com sinais ambientais percebidos, tais como mudanças na

luminosidade e na temperatura, ou na percepção de infoquímicos, tais como os queromônios

liberados por predadores (BEZERRA-NETO & PINTO-COELHO, 2002; ORAM et al., 2013).

Em ambiente temperados, esse padrão tem sido amplamente discutido e testado, em

ambientes tropicais, o padrão de distribuição vertical pode ser diferente principalmente por conta

da temperatura, que influencia paradoxalmente sua distribuição: deixa de ser um fator limitante

por si só, mas pode ser determinante na baixa dos valores de oxigênio da água, pois diminui sua

solubilidade e acelera o processo de decomposição na região do hipolíminio, tornando-o anóxico

com muito mais facilidade (ESTEVES, 1998). Além disso, a produtividade fitoplânctonica é maior

nas regiões tropicais, mais sujeitas a blooms ocasionais de cianobactérias, especialmente próximos

da superfície, o que pode influenciar a distribuição vertical desses organismos na busca de regiões

onde as condições alimentares sejam melhor (REICHWALDT, 2008).

A grande maioria dos ambientes no semiárido nordestino é de reservatórios rasos (3 m), e

com temperaturas semelhantes em todo o corpo de água, acima dos 27ºC, durante todo o ano

(VIEIRA et al., 2009). Reservatórios desse porte já tiveram migrações verticais estudadas por

Freitas et al. (2012), que observaram os padrões de distribuição vertical em relação ao

enriquecimento nutricional vindo de aquicultura intensiva praticados no açude do Carneiro-PB,

entretanto, padrões de distribuição vertical ainda não foram estudados e seus mecanismos ainda

não estão claros. O efeito da sazonalidade pluviométrica, a comparação dos padrões de distribuição

em reservatórios onde há a presença de predadores visualmente orientados, e onde não os há, fato

comum em açudes que receberam peixamento com espécies exóticas (LEÃO et al., 2011); a

influência dos blooms de cianobactérias sobre a distribuição desses organismos, por exemplo, são

fatores que merecem atenção no entendimento da distribuição desses organismos.

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106

Esses fatos merecem atenção para ambientes rasos, e mais ainda para ambientes profundos,

onde as condições ambientais podem variar de acordo com a profundidade. Diante disto, o presente

trabalho tem por objetivo analisar a influência da sazonalidade sobre a distribuição vertical da

comunidade zooplanctônica no Açude Engenheiro Ávidos, no semiárido paraibano.

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107

6.2. Material e métodos

6.2.1 Área de estudo e locais de coleta

O Açude Engenheiro Ávidos está localizado na bacia hidrográfica do Alto Piranhas, uma

das sub-bacias do rio Piranha-Açu na Paraíba (Fig.5). Com um volume de 255.000.00 m3, ocupa

uma área total de 1.124 km2, e tem profundidade máxima de 45m. A bacia do Rio Piranhas-Açu

situa-se na região sudoeste do estado da Paraíba, entre as coordenadas geográficas de 6º 50’ e 7º

25’S e 38º 10’ e 38º 40’W. O principal rio da bacia é o rio Piranhas, cujas nascentes se encontram

os municípios de Bonito de Santa Fé, Monte Horebe e São José de Piranhas, seguindo para o Rio

Grande do Norte, e recebe o nome de Rio Açu, após o represamento Armando Ribeiro Gonçalves,

desagua no município potiguar de Macau. (FARIAS, 2004). É um dos rios beneficiados com o

projeto federal de transposição do Rio São Francisco, que ainda está em andamento.

Figura 54. Mapa do alto Rio Piranhas, destacando-se o Açude Engenheiro Ávidos

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Figura 55. Acima, vista do acesso superior ao Açude Engenheiro Ávidos, abaixo vista da barragem. Fonte:

Ana Carolina Vieira

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109

Abrange uma área de 1.219,40 km2, limitada ao oeste com o estado do Ceará, ao norte com

a bacia do rio do Peixe, ao nordeste com a bacia do Médio Piranhas e ao sul e leste com a bacia do

rio Piancó, na região do alto sertão paraibano. É caracterizada em termos de clima, segundo a

classificação de Köeppen, como do tipo Awig, isto é, quente com chuvas de verão –outono,

influenciado pela Frente de Convergência Intertropical (CIT). A temperatura na região, varia entre

25º C (junho) 30º C (novembro) . Quanto à pluviometria, indica uma precipitação média anual em

torno de 800 mm. Os meses de fevereiro, março e abril concentram aproximadamente 65% do total

anual precipitado na bacia (FARIAS, 2004).

As coletas foram feitas durante o período de janeiro de 2013 a janeiro de 2015, o que

possibilitou a abrangência de duas estações secas e duas chuvosas. Todas as coletas foram

realizadas no período da manhã, sempre entre 10h e 12h da manhã. Os meses foram agrupados em

duas estações: chuva e estiagem, segundo a pluviosidade. Para a avaliação da distribuição vertical

das assembleias zooplanctônicas foram determinadas 3 profundidades fixas para coleta na região

do açude (Fig.53), sendo todas as amostragens foram realizadas com o auxílio da garrafa de Van

Dorn; na superfície; na região logo abaixo da zona fótica com 2m de profundidade; e p´roximi ao

fundo, com 10 m de profundidade. Esta seleção foi baseada em proposta elaborada por Bicudo e

Bicudo, 2004).

6.2.2. Dados climatológicos, variáveis abióticas, comunidades fitoplanctônica e

zooplanctônica

Os dados climatológicos foram obtidos de acordo com a sessão 4.2.2; as análises das

variáveis abióticas foram feitas de acordo com as metodologias descritas na sessão 4.2.3; as

comunidades zooplanctônica e fitoplanctônica foram analisads de acordo com as sessões 4.2.4 e

4.2.5 respectivamentes.

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110

6.2.3. Análises estatísticas e de diversidade

A estatística descritiva dos dados ambientais (média, mediana, desvio padrão, máximo e

mínimo) foram feitas através do programa ACTION STAT (EQUIPE STATCAMP, 2014), para

as duas estações. Para a análise da diversidade biológica foram calculados alguns índices

biológicos, com o auxílio do programa PAST (HAMMER et al., 2001). O índice de diversidade

de Shannon- Wiener, (H’), o índice de Equitabilidade de Pielou (J’) e o índice de Dominância de

Simpson (S’).

Para a comparação da diversidade zooplanctônica entre as diferentes profundidades nas

estações seca e chuvosa foi feita uma Análise de Similaridade (ANOSIM) para se observar a

similaridade entre as diferentes faixas da coluna d´água; a análise foi baseada na distância de Bray-

Curtis. Este teste foi seguido pelo SIMPER (porcentagem de similaridade) para identificar quais

as espécies responsáveis pela similaridade entre as áreas e pelo PCO (principal coordenates) para

se observar quais regiões são mais similares entre si. Todas as análises foram feitas através do

programa PAST (HAMMER et al., 2001).

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111

7.3 Resultados e discussão

Para melhor compreender a influência do regime hidrológico sobre as variações entre as

estações de coleta, estes foram agrupados por estações chuvosa e seca, nos dois anos de estudo

(Tab.13). A estatística descritiva dos parâmetros ambientais se encontra na tabela 14.

Tabela 13. Distribuição das chuvas durante o período estudado

Período Pluviosidade acumulada (mm)

Estação chuvosa 2013 Janeiro 2013 a junho de 2013 630,3

Estação chuvosa 2014 Dezembro de 2013 a junho de 2014 958,3

Total 1588,6

Estação seca 2013 Julho a novembro de 2013 47,6

Estação seca 2014 Julho de 2014 adiante 138,3

Total 185,9

Os valores de pluviosidade acumulados entre o período estudado foi de 768,3mm para o ano

de 2013 e de 985,3mm no ano de 2014 (Fig.56). O ano anterior ao estudo, 2012 foi o ano em que

ocorreu a pior seca registrada nos últimos 40 anos, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia

(BRASIL, 2012), com total acumulado de 447 mm, o que fica bem abaixo da média histórica de

748mm. Essa estiagem foi refletida no volume total do açude, que ficou em torno dos 40 milhões

do metros cúbicos, menos de 1/6 da capacidade total do mesmo. Isso afetou diretamente na

profundidade média dentro do açude, que passou dos 25m iniciais para 15m no final do estudo

(Fig.54).

Os valores de temperatura (Fig. 57) foram considerados esperados para a região, sempre

acima dos 25ºC, registrando-se os menores valores no ponto mais profundo, especialmente nos

meses de outono-inverno na região, entretanto essa diferença não ultrapassou os 3ºC. Essa

característica é comum em ambientes tropicais, com temperaturas sempre acima dos 25º, em toda

a coluna de água. Este é um dos fatores fundamentais para a alta produtividade biológica e a

rapidez dos processos biogeoquímicos dessas regiões (ESTEVES, 1988). No entanto, é importante

salientar que há uma fraca termoclina no ambiente , o que poderá favorecer a permanência de

nutrientes disponibilizados pela alça microbiana em águas mais superficiais.

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112

Figura 56. Pluviosidade e volume do açude acumulados ao longo dos dois anos de estudo. Nas colunas, a

pluviosidade, e na linha o volume de açude.

Tabela 14. Estatística descritiva dos parâmetros ambientais do Açude Engenheiro ávidos, nas profundidades nas

estações de chuvas e de estiagem

Parâmetro/ Profundidade

Média Mediana Mínimo Máximo Desv. Pad. Variância

Chuva Estiage

m Chuv

a Estiage

m Chuv

a Estiage

m Chuva

Estiagem

Chuva Estiage

m Chuva

Estiagem

Temperatura (Cº)

Superfície 29,19 28,05 29,05 27,90 27,30 27,20 31,20 29,00 1,05 0,55 1,09 0,31

Meia água 28,69 27,70 28,70 27,80 27,00 26,60 31,00 28,90 0,97 0,65 0,95 0,42

Fundo 27,88 25,90 28,30 27,03 26,50 27,20 28,80 28,40 0,70 0,72 0,49 0,52

pH

Superfície 8,38 8,51 8,50 8,60 7,30 7,60 9,40 9,20 0,70 0,40 0,49 0,16

Meia água 8,25 8,45 8,55 8,60 7,10 7,40 9,10 9,10 0,66 0,42 0,44 0,18

Fundo 7,77 7,89 8,20 8,20 6,30 6,10 8,90 8,80 0,84 0,71 0,71 0,50

Condutividade (µS/cm)

Superfície 225,79 238,94 229,4

5 245,60

191,90

20,80 379,90 265,70 28,04 33,97 786,06 1154,27

Meia água 227,59 248,35 230,4

0 250,70

193,40

206,70 251,00 289,10 16,48 16,58 271,51 274,75

Fundo 233,70 245,20 230,6

0 250,00

194,30

201,70 341,30 278,90 26,18 22,03 685,33 485,16

Oxigênio Dissolvido (mg/L)

-

5000,0

10000,0

15000,0

20000,0

25000,0

30000,0

35000,0

40000,0

45000,0

50000,0

0

50

100

150

200

250

300

350

jan

/13

fev/

13

ma

r/1

3

ab

r/1

3

ma

i/1

3

jun

/13

jul/

13

ag

o/1

3

set/

13

ou

t/1

3

no

v/1

3

de

z/1

3

jan

/14

fev/

14

ma

r/1

4

ab

r/1

4

ma

i/1

4

jun

/14

jul/

14

ag

o/1

4

set/

14

ou

t/1

4

no

v/1

4

de

z/1

4

jan

/15

Vo

lum

e d

o a

çud

e (

10

6 m

3)

Plu

vio

siad

e (

mm

)

Tempo (meses)

18

16,3

%

9,6

%

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113

Superfície 7,68 6,80 7,50 6,50 5,20 4,10 10,20 11,60 1,25 1,95 1,57 3,78

Meia água 5,94 5,90 5,50 5,75 3,40 3,50 10,60 8,60 1,84 1,57 3,40 2,47

Fundo 3,77 0,90 3,90 2,94 1,30 2,80 8,00 4,80 1,24 1,09 1,53 1,19

Clorofila (µg/L)

Superfície 19,43 14,43 19,22 14,95 2,67 0,53 48,59 39,52 10,80 8,43 116,60 71,11

Meia água 21,58 17,24 18,96 14,69 4,01 0,53 117,48 59,27 16,49 12,52 271,96 156,82

Fundo 17,89 10,36 17,09 8,54 4,27 0,00 55,54 33,64 12,07 6,91 145,72 47,78

Nitrito (µg/L)

Superfície 3,11 4,85 1,71 3,32 0,11 0,11 19,04 29,04 3,57 5,08 12,75 25,84

Meia água 2,69 0,11 1,54 5,59 0,11 2,61 19,04 29,75 3,33 6,79 11,12 46,13

Fundo 3,53 3,78 1,89 2,25 0,11 0,11 26,54 14,75 5,12 3,99 26,19 15,89

Nitrato (µg/L)

Superfície 1135,0

0 841,59

615,00

627,50 27,50 77,50 7277,50 2552,50 1584,6

1 639,95

2511002,12

409531,57

Meia água 640,00 77,50 627,5

0 1120,50 52,50 815,00 1827,50 4077,50 351,89 993,14 123824,15

986327,55

Fundo 1032,5

0 102,50

727,50

628,86 77,50 602,50 12877,5

0 1827,50

1861,06

396,00 3463539,7

7 156815,2

4 Amônia (µg/L)

Superfície 83,64 191,66 65,46 65,85 9,69 10,46 452,00 861,23 84,61 238,43 7158,63 56850,18

Meia água 63,65 213,85 43,92 71,62 9,69 13,54 351,23 848,15 61,91 263,15 3833,27 69246,88

Fundo 89,06 280,57 73,54 102,77 15,08 8,15 370,46 1532,00 69,68 332,29 4855,39 110419,3

8 Ortofosfato (µg/L)

Superfície 52,87 54,06 46,80 44,80 34,80 34,80 146,80 150,80 19,08 20,53 363,93 421,63

Meia água 59,24 34,80 46,80 52,39 34,80 50,80 324,80 104,80 45,16 13,54 2039,25 183,30

Fundo 114,33 140,89 93,75 126,25 23,75 46,25 381,25 328,75 77,12 63,65 5947,96 4051,56

Fósforo total (µg/L)

Superfície 118,67 193,20 91,25 126,25 23,75 23,75 888,75 1058,75 127,81 236,32 16334,53 55848,54

Meia água 114,33 140,89 93,75 126,25 23,75 46,25 381,25 328,75 77,12 63,65 5947,96 4051,56

Fundo 133,92 31,25 93,75 170,02 21,25 166,25 1636,25 431,25 236,65 74,47 56004,09 5545,57

Os valores de pH apresentaram pouca variação sazonal nas diferentes profundidades de

coleta; entretanto, comparando-se as diferentes profundidades, houvera diferenças, sendo os

valores de pH mais elevados na superfície que no fundo, havendo uma diminuição gradual (Fig.

58), mesmo assim, nunca ficando abaixo de 7,5. No entanto, essa diferença de pH entre a superfície

e o fundo foi baixa, de 0,3. A tendência alcalina dos açudes do semiárido brasileiro é uma

característica comum, mesmo na região do hipolíminio, especialmente na época mais seca. Esse

fato deve-se tanto ao tipo de solo onde se encontra a bacia e também pela alta atividade

fitoplanctônica, que consome a maior parte do CO2 dissolvido, tornando-o mais alcalino na

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114

superfície. Esse mesmo padrão foi achado por Eskinazzi-Santa’nna et al., 2007 e por Vieira et al.,

(2009).

Figura 57. Variação da temperatura nas diferentes profundidades do Açude Engenheiro Ávidos.

Figura 58. Variação do pH nas diferentes profundidades do Açude Engenheiro Ávidos.

25

25,5

26

26,5

27

27,5

28

28,5

29

29,5

30

Superfície Meia água Fundo

Te

mp

ratu

ra (

Cº)

Profundidades

CHUVAS ESTIAGEM

7

7,2

7,4

7,6

7,8

8

8,2

8,4

8,6

8,8

9

Superfície Meia água Fundo

pH

Profundidades

CHUVAS ESTIAGEM

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115

Sobre a condutividade (Fig. 59), esta foi mais alta na região mais profunda, reflexo de sua

relação com o sedimento e resultado da decomposição e apresentou uma diferença entre a estação

chuvosa e a seca, o que mostra os efeitos da diminuição do volume do açude e acúmulo de sais

(BARBOSA et al., 2000), principalmente causado pelas taxas de evaporação, que são bastante

elevadas no semiárido brasileiro, chegando a 2.240 mm/ano (AESA, 2006), o que diminui a água,

mas concentra os sais. Entretanto, em comparação com outros corpos de água no semiárido, estes

valores são baixos. Cujos valores podem atingir mais de 1000 µS/cm (BARBOSA et al, 2000).

Figura 59. Variação da condutividade nas diferentes profundidades do Açude Engenheiro Ávidos.

O oxigênio apresentou a típica distribuição clinógrada, com os menores valores próximos

ao fundo (ESTEVES, 1998), com mínimos de 3mg/L, o que a respeito da tolerância zooplanctônica

ainda se encontra dentro dos limites. Entretanto, as variações entre as estações chuvosa e de

estiagem não foram muito grandes (Fig. 60). A meia água verificou-se que os teores de oxigênio

foram mais abundantes na estiagem que na chuva, ao contrário do observado nas outras

profundidades, isso pode ser o efeito da maior densidade algal, que geralmente ocorre abaixo da

subsuperfície, sendo favorecida com o aumento do estado trófico no período de estiagem

215

220

225

230

235

240

245

250

Superfície Meia água Fundo

Co

nd

uti

ivid

ad

e (

µS/

cm)

Profundidades

CHUVAS ESTIAGEM

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116

Figura 60. Variação do oxigênio dissolvido nas diferentes profundidades do Açude Engenheiro Ávidos.

A clorofila-a (Fig. 61) foi maior na época chuvosa, o que culmina com o carreamento de

nutrientes pela chuva, especialmente nitrato (Fig. 60), que promovem o aumento da atividade

fitoplanctônica (TWOMEY et al., 2005). Esse efeito é típico e bem documentado. Segundo

DUSSART (1976), o aporte de nitrogênio-nitrato em águas de lagoas e açudes, essencialmente dá-

se por escoamento superficial das águas fluviais, por dissolução e lixiviação dos solos e recicla-se

permanentemente por mineralização dos organismos que o contêm em sua constituição. Observa-

se que os valores de clorofila-a foram altos em todas as profundidades, inclusive na zona afótica.

Este efeito pode ser dado pelo poder de regulação da profundidade da coluna de água por algas,

em especial cianobactérias, comunidade que dominou o fitoplâncton durante o estudo (BROOKS

et al., 1999; CHU et al., 2007), ou pelo decaimento natural desta comunidade, pela força da

gravidade.

O nitrato apresentou valores muito semelhantes em todas as profundidades durante o

período chuvoso, mas apresentou valores menores no período de estiagem, principalmente a meia

água e no fundo (Fig. 62). No período chuvoso, a maior mistura das águas pode ter permitido uma

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Superfície Meia água Fundo

Oxi

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Profundidades

CHUVASESTIAGEM

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117

maior mistura das águas, até porque a diferença de temperatura entre superfície e fundo foi menor

(1,3 oC) que no período de estiagem (Tabela 14). A maior concentração de nitrato nas águas mais

superficiais, tanto no período chuvoso como no período de estigem, pode ser o efeito da alça

microbiana, que mantém os nutrientes na superfície, pela disponibilidade de alimento a partir de

microorganismos presentes nessa camada, não dependendo da decomposição em águas mais

profundas, para a sua disponibilização. Os exsudatos de algas e excretas de zooplâncton, fornecem

compostos alimentares para bactérias, que depois servem de alimento para ciliados, que são

alimento mais eficiente de zooplâncton, que as próprias bactérias. Este processo é mais importante

em ambientes menos produtivos, com menos nutrientes disponíveis à superfície (PINTO-

COELHO, 2007).

Figura 61. Variação da clorofila-a nas diferentes profundidades do Açude Engenheiro Ávidos.

O nitrito foi mais abundante nos períodos de estiagem, principalmente na superfície. Mais uma

vez é possível que os processos de nitrificação, estejam ocorrendo nestas regiões (0 a 2 m de

profundidade), pelas bactérias presentes e pela presença de Oxigênio dissolvido, que permite a

transformação da amônia em nitrito. Este composto foi ligeiramente mais concentrado na

0

2,5

5

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10

12,5

15

17,5

20

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25

Superfície Meia água Fundo

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Profundidades

CHUVAS ESTIAGEM

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118

superfície que a 2 m, no período chuvoso (Fig. 63). Já no período de estiagem foi mais abundante

a 2 m de profundidade e menos concentrado nas águas do fundo.

Figura 62. Variação do nitrato nas diferentes profundidades do Açude Engenheiro Ávidos.

Figura 63. Variação do nitrito nas diferentes profundidades do Açude Engenheiro Ávidos.

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200

400

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Superfície Meia água Fundo

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Profundidade

CHUVAS

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Superfície Meia água Fundo

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Profundidade

CHUVAS ESTIAGEM

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119

A amônia (Fig.64) apresentou um comportamento típico, aumentando à medida que se

aproxima do fundo, o que reflete a decomposição da matéria orgânica acumulada no hipolímnio

(VIEIRA et al, 2009). Entretanto, em comparação com outros ambientes do semiárido no Brasil e

no mundo, os níveis de amônia e nitrito não apontam para um processo de enriquecimento artificial

como encontrado em reservatórios no semiárido brasileiro (ESKINAZI-SANT’ANNA et al., 2007;

SILVA & COSTA, 2015), na África (WANKE & WANKE, 2007) e no Oriente Médio (AL-

KHARABSHEH, 1999; KHARABSHEH & TA’ANY), apresentando valores menores.

Figura 64. Variação da amônia nas diferentes profundidades do Açude Engenheiro Ávidos.

O ortofosfato (Fig. 65) na superfície apresentou valores semelhantes, seja no período

chuvoso seja no período de estiagem. Isso demonstra que não há dependência desse composto de

material alóctone carreado pelas chuvas, podendo sua disponibilidade, mais uma vez ser atribuída

a metabolismo interno do sistema aquático. A 2 m de profundidade, na estação de estiagem estes

valores foram superiores aos da estação chuvosa. Pode ser que a pequena termoclina presente na

água (diferença de 2,1 oC), tenha mantido esse nutriente em águas superficiais, pela dinâmica da

alça microbiana, não se misturando com as águas com temperatura mais baixa do fundo, logo mais

densa. Além disso, a diminuição de ortofosfato a 2 m, no período chuvoso, pode ser o resultado

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Superfície Meia água Fundo

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Profundidade

CHUVAS ESTIAGEM

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120

da maior absorção deste nutriente pelo fitoplâncton, que foi mais abundante nesse período e nessa

profundidade. No entanto, no fundo, verificou-se um padrão diferente, com maiores concentrações

no período chuvoso. Aqui pode ser que o fator cumulativo, por ser a região mais a jusante do

açude, tenha concentrado os compostos de ortofostato transportados pela água, que estava com

algum fluxo no período chuvoso, visto que não é provável que tenha havido liberação de fosfato

do sedimento, por estarem estas águas mais oxigenadas no período chuvoso, que no período de

estiagem.

Figura 65. Variação do ortofosfato nas diferentes profundidades do Açude Engenheiro Ávidos.

O fósforo total (Fig. 66) apresentou padrão distinto do ortofosfato, apresentando sempre

concentrações mais elevadas no período de estiagem. Mais uma vez isso demonstra a origem

autóctone deste composto. Após as chuvas, o mecanismo de ressuspensão do sedimento de fundo

provoca um aumento das concentrações de fósforo (VEIGA, 2010).

0

10

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Superfície Meia água Fundo

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Profundidade

CHUVAS ESTIAGEM

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Figura 66. Variação do fósforo total nas diferentes profundidades do Açude Engenheiro Ávidos.

Sobre a comunidade fitoplanctônica foram registrados 116 taxa (Tab. 15), sendo as

cianobactérias filamentosas Raphidiopsis brookii, Cylindrospermopsis raciborskii, Anabaena

constricta registradas em todas as coletas e em todas as profundidades (superfície, 2m e 12 m).

Tabela 15. Lista de espécies encontradas nas diferentes estações de coleta do Açude Engenheiro Ávidos

CYANOBACTERIA

Taxon Autor

Anabaena ambígua Rao (1937) Anabaena constricta Geitler (1925) Anabaena fertilíssima Rao (1937)

Anabaenopsis tanganyikae Miller (1923) Aphanocapsa koordesii Strom (1923)

Artrospira sp

Chrorochoccus minutus (Kützing) Nägeli (1849) Cylindrospermopsis raciborskii (Woloszynska) Seenayya & Subba Raju (1972) Cylindrospermum doryphorum Brühl & Biswas (1922) Dactylococcopsis raphidioides Hansgirg (1888)

Eucapsis densa Azevedo, Sant'Anna, Senna, Komárek &

Komárková 2003

Geitlerinema amphibium (C.Agardh ex Gomont) Anagnostidis (1989)

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Superfície Meia água Fundo

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Profundidade

CHUVAS ESTIAGEM

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Komvophoron aff crassum (Vozzhennikova) Anagnostidis & Komárek 1988

Limnococcus limneticus (Lemmermann) Komárková, Jezberová, O.Komárek

& Zapomelová 2010 Liminothrix sp

Lyngbya sp

Merismopedia glauca (Ehrenberg) Kützing 1845

Merismopedia minima G.Beck 1897

Merismopedia punctata Meyen 1839 Merismopedia tenuissima Lemmermann 1898

Oscillatoria curviceps C.Agardh ex Gomont 1892 Oscilatoria nigroviridis Thwaites ex Gomont 1892

Planktolymbia raphidiopsis

Phormidium tergestinum (Rabenhorst ex Gomont) Anagnostidis & Komárek

1988 Pseudoanabaena aff catenata Lauterborn 1915

Phormidium tergestinum Rabenhorst ex Gomont) Anagnostidis & Komárek

1988 Raphidiopsis brookii Hill 1972 Raphidiopsis curvata F.E.Fritsch & M.F.Rich 1930 Spirulina laxissima G.S.West 1907

Spirulina meneghiniana Zanardini ex Gomont 1892

Synechocystis aquatilis Sauvageau 1892

CHLOROPHYCEAE

Taxon Autor

Actinastrum aciculare Playfair 1917 Actinastrum gracillimum Smith 1916 Actinastrum hantzschii Lagerheim 1882

Ankistrodesmus convolutus Corda 1838 Ankistrodesmus falcatus (Corda) Ralfs 1848

Chlamydomonas sp

Chlorella vulgaris Beyerinck [Beijerinck] 1890

Chlorococcum chlorococcoides (Korshikov) Philipose 1967 Chlorococcum infusionum (Schrank) Meneghini 1842

Coelastrum indicum W.B.Turner 1892 Coelastrum microporum Nägeli in A.Braun 1855 Coelastrum reticulatum (P.A.Dangeard) Senn 1899 Conococcus elongatus H.J.Carter 1869 Crucigenia fenestrata (Schmidle) Schmidle 1900

Desmosdesmus sp

Dictyosphaerium pulchellum H.C.Wood 1873 Kirchneriella contorta (Schmidle) Bohlin 1897 Kirchneriella dianae (Bohlin) Comas Gonzalez 1980 Kirchneriella lunaris (Kirchner) Möbius 1894

Koliella longiseta (Vischer) Hindák 1963

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123

Monoraphidium contortum (Thuret) Komárková-Legnerová in Fott 1969 Monoraphidium griffithii (Berkeley) Komárková-Legnerová 1969

Monoraphidium irregulare (G.M.Smith) Komárková-Legnerová 1969 Scenedesmus acuminatus (Lagerheim) Chodat 1902 Scenedesmus bernardii G.M.Smith 1916

Scenedesmus bicaudatus Dedusenko 1925 Scenedesmus bijugatus Kützing 1834

Scenesdesmus dimorphus (Turpin) Kützing 1834 Scenedesmus incrassatulus Bohlin 1897

Scenedesmus linearis Komárek 1974 Scenedesmus opoliensis P.G.Richter 1895

Scenedesmus sp

Selenastrum gracile Reinsch 1866 Tetraedron bilobulatum (Nägeli) Hansgirg 1888

Tetraedron deltoide

Tetrastrum heteracanthum (Nordstedt) Chodat 1895 Tetraedron minimum (A.Braun) Hansgirg 1888 Tetraedron muticum (A.Braun) Hansgirg 1888

Tetraedron proteiforme Hortobagyi

Tetraedron regulare var. torsum Brunnthaler 1915 Tetraedrum trigonum (Nägeli) Hansgirg 1888

Treubaria triappendiculata C.Bernard 1908

ZYGNEMAPHYCEAE

Closterium sp

Cosmarium sp.

Pleurotaenium sp

Staurastrum sp

EUGLENOPHYCEAE

Taxon Autor

Euglena agilis aff. Var agilis H.J.Carter 1856 Euglena circularis Gojdics 1953

Euglena polymorpha P.A.Dangeard 1902 Euglena proxima P.A.Dangeard 1902 Euglena oblonga F.Schmitz 1884

Euglena splendens P.A.Dangeard 1902 Euglena schmitzii Gojdics 1953 Euglena viridis (O.F.Müller) Ehrenberg 1830

Euglena sp

Lepocinclis avum (Ehrenberg) Lemmermann 1901 Lepocinclis fusiformis (H.J.Carter) Lemmermann 1901

Phacus viguieri Dujardin, F. 1841 Trachelomonas abrupta var. abrupta Svirenko [Swirenko] 1914

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124

Trachelomonas abrupta var. armata Svirenko [Swirenko] 1914 Trachelomonas bacillifera var. mínima Playfair 1915

Trachelomonas crebea var. crebea Kellicott 1887 Trachelomonas curta var. curta A.M.Cunha 1913

Trachelomonas hispida var hispida F.Stein 1878 Trachelomonas intermedia P.A.Dangeard 1902

Trachelomonas kellogii var. kellogii Skvortzov 1919 Trachelomonas lacustris Drezepolski 1925 Trachelomonas mucosa Swirenko [Svirenko] 1914 Trachelomonas oblonga Lemmermann 1899

Trachelomonas planctonica Svirenko 1914 Trachelomonas volvocina var. punctata Playfair 1915 Trachelomonas volvocina var. volvocina (Ehrenberg) Ehrenberg 1834

Trachelomonas volvocinopsis var. volvocinopsis Svirenko 1914 Trachelomonas sp

Strombomonas verrucosa var. verrucosa (E.Daday) Deflandre 1930

BACILLARIOPHYCEAE

Amphora veneta Kützing 1844 Aulacoseira granulata (Ehrenberg) Simonsen 1979

Gomphonema angustatum Kützing) Rabenhorst 1864 Navicula coconeiformes

Navicula halophila (Grunow) Cleve 1894 Nitzschia palea (Kützing) W.Smith 1856 Surirella ovalis Brébisson, [L.] A. de (1838).

Surirella delicatissima F.W.Lewis 1864 Stauroneis smithii Grunow 1860

Stauroneis anceps Ehrenberg 1843

Refletindo os valores da clorofila-a, os maiores valores da densidade total (Fig. 67) do

fitoplâncton foram registrados na estação chuvosa, especialmente na superfície onde é maior a

incidência solar, mas com densidades semelhantes a 2 m. As densidades totais foram elevadas em

todas as profundidades, incluindo na região afótica.

Como esperado, as cianobactérias (Fig. 68) foram responsáveis pela densidade maciça do

fitoplâncton, em especial as espécies Raphidiopsis brookii, Cylindrospermopsis raciborskii,

Anabaena constricta, que foram dominantes em relação às demais espécies. Elas tiveram alta

densidade inclusive na região mais profunda, o que comprova a capacidade desses organismos em

regularem a sua distribuição na coluna dágua de acordo com as condições do meio, a fim de

aproveitar melhor os recursos, como por exemplo, os nutrientes e CO2 associados ao fundo, e a

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luz na superfície (CHU et al., 2007). Um dos principais fatores que restringiriam essas algas e que

limitariam a sua altura na coluna de água, seria a temperatura, mas que no caso de Engenheiro

Ávidos e da maioria dos sistemas de semiárido não é limitante (ZHAO et al., 2008); isso explica

a predominância dessas algas sobre os demais grupos fitoplanctônicos.

Figura 67. Variação da densidade fitoplanctônica total nas diferentes profundidades do Açude Engenheiro

Ávidos.

Figura 68. Variação das cianobactérias nas diferentes profundidades do Açude Engenheiro Ávidos.

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CHUVA ESTIAGEM

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Figura 69. Variação das demais algas nas diferentes profundidades do Açude Engenheiro Ávidos.

Em comparação com as cianobactérias, seguindo a tendência do açude, os outros grupos

algais tiveram densidades baixíssimas (Fig. 69), sendo a mais representativa as clorofíceas, em

especial na época chuvosa. Observa-se que as densidades foram maiores nas regiões profundas do

açude no período chuvoso; isto pode ser em resposta à competição com a grande biomassa de

cianobactérias; apesar de terem maior crescimento em locais com maior luminosidade, as

cloroficeas, em especial as pequenas cocóides podem tolerar uma grande heterogeneidade de

condições ambientais (LONGHI & BEISNER, 2009), permanecendo no ambiente mesmo em

baixas densidades. No período de estiagem, as euglenofíceas foram mais abundantes,

provavelmente devido à maior quantidade de material particulado, que as beneficia pela

capacidade de serem organismos facultativos, que podem realizar a fagocitose.

Foram registrados cerca de 40 taxa zooplanctônicos (Tab.16), o que reflete a baixa

diversidade do açude, em relação a outros ambientes. (ORTEGA- MAYAGOITIA et al., 2000;

SIMÕES et al, 2008; CRISPIM et al, 2006). Em ambientes mais estáveis, as condições vão se

tornando cada vez mais restritas, o que permite que apenas poucas espécies consigam colonizá-

los.

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Profundidades

CLOROFICEAS DESMIDEACEAS

EUGLENOFICEAS DIATOMÁCEAS

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Tabela 16. Lista de taxa zooplanctônicas encontradas no Açude Engenheiro Ávidos ao longo do período estudado

COPEPODA

Calanoida Ciclopoida

Notodiaptomus sp Thermociclops sp

Mesociclops sp

CLADOCERA

Espécie Autor Alona dentifera Sars, 1901

Bosmina sp.

Ceriodaphnia cornuta Sars, 1885 Diaphanosoma spinulosum Herbst, 1975

Moina minuta Hansen, 1899

ROTIFERA

Espécie Autor Anuraeopsis fissa. Gosse, 1851

Asplanchna

Bdelloidea

Brachionus calyciflorus Pallas, 1766 B. havanaensis Rousselet, 1911

B. falcatus Zacharias, 1998 B. urceolaris Müller, 1773

Euchlanis dilatata Ehrenberg, 1832

Filinia terminalis Plate, 1886 F. longiseta Ehrenberg, 1834

Hexarthera mirra (Hudson, 1871 Keratella americana Carlin, 1943

K. cochleares Gosse, 1851 K. tropica Apstein, 1907 K. valga Ehrenberg, 1834

Lepadella ovalis O.F. Muller, 1896 Lecane bulla Nitzsch, 1827

L. hamata Stokes, 1896 L. lunaris Ehrenberg, 1832

L. luna Müller, 1776 L. pusilla Harring, 1914

L. pyriformes Daday, 1905 L. stichaea Harring, 1913

Macrochaetus longipes Myers, 1934 Polyarthra dolichoptera Idelson 1925

Trichocerca gracilis Tessin 1890

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T. iernis Gosse, 1887

OUTROS

Larvas de inseto Ostracoda

Larvas de crustáceo (camarão) Protozoários

As densidades totais de zooplâncton (Fig. 70) foram maiores na época das chuvas, o que

pareceu influenciar as camadas superiores do açude, sendo seu efeito não sentido na camada mais

profunda. Observa-se que as densidades totais na profundidade de meia água foram maiores em

relação à superfície, fato este devido à migração vertical do zooplâncton, que evita a maior

incidência de raios UV e fugir da predação por predadores visuais, tais como peixes planctívoros

e larvas de insetos, fato amplamente discutido na literatura (SILVA et al., 2009; RAMOS-

JILIBERTO et al., 2004; FARREL & HODGSON, 2012), ou porque nessa profundidade tem mais

algas, principalmente no período chuvoso.

Figura 70. Variação da densidade total do zooplâncton nas diferentes profundidades do Açude Engenheiro

Ávidos.

Como esperado os rotíferos (Fig. 71) foram particularmente abundantes nas regiões mais

superiores do açude, principalmente a 2m apesar de apresentarem também altas densidades no

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CHUVA ESTIAGEM

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fundo. Um dos aspectos mais interessantes foi a diminuição drástica na superfície e na meia água

das densidades de rotiferos em relação ao período seco, comparado com o período de chuva. Isso

foi o reflexo da densidade algal, que foi mais elevada no período chuvoso e este grupo responde

rapidamente ao aumento de alimento. Outro fato deve-se a que com as chuvas o carreamento do

solo no entorno traz matéria orgânica, também alimento de rotíferos. Nas regiões mais profundas,

com decomposição acontecendo o ano todo, essa diferença não foi notada. A associação rotíferos

– cianobactérias já foi observada em diversos estudos, e a explicação do sucesso desse grupo em

relação aos demais grupos zooplanctônicos é sua capacidade de complementar sua dieta herbívora

pobre nutricionalmente com ácidos graxos, aminoácidos e outros minerais com a matéria orgânica

particulada ao seu redor (LEONARD & PAERL, 2009). Por outro lado, é possível que o

decaimento destes organismos também provoque as densidades observadas no fundo, e por ter

algas nessa profundidade também, eles conseguem se manter vivos, provavelmente sem a

necessidade de realizar migrações verticais.

Figura 71. Variação da densidade dos rotíferos nas diferentes profundidades do Açude Engenheiro Ávidos.

Os cladóceros (Fig. 72) apresentaram uma distribuição diferente sendo registrados

principalmente na época seca, quando as densidades de cianobactérias foram menores. Observa-

se que as maiores densidades foram registradas na barragem, na região de meia água. Estes

organismos são de fácil predação pelos predadores visuais, e como as densidades de algas foram

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Superfície Meia água Fundo

De

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Profundidade

CHUVA ESTIAGEM

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130

semelhantes nas duas profundidades (superfície e 2 m) as espécies de Cladocera ocuparam

preferencialmente águas mais profundas, por estarem mais protegidas contra a predação. Por outro

lado, nesta profundidade, as densidades de cianobactérias era ligeiramente menor, o que pode ter

facilitado a sua alimentação. Sabe-se que as cianofíceas são inadequadas para o densenvolvimento

dos cladóceros, tanto em crescimento populacional quanto em tamanho corporal, por poder

produzir componentes tóxicos, serem deficientes nutricionalmente (principalmente em esteróis) e

por seus agregados e filamentos serem de difícil filtração (GER et al., 2014). Assim, em locais que

são dominados por cianobactérias, a abundância de cladóceros é sempre baixa. Outro fator

interessante é observar o padrão de migração diurna para locais mais profundos a fim de se evitar

predadores, fato este bem documentado na literatura e já registrado em açudes do semiárido

(PINEL-ALLOUL et al., 2004; SILVA et al., 2009).

Figura 72. Variação da densidade dos cladóceros nas diferentes profundidades do Açude Engenheiro Ávidos.

Os náuplios foram o estágio mais representativo dos copépodos (Fig. 73), estando suas

maiores densidades durante a época seca, especialmente na altura de meia água e de fundo,

correspondendo às maiores densidades de ambos os grupos de copépodos adultos (Calanoida e

0

2

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Superfície Meia água Fundo

De

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Profundidade

CHUVA ESTIAGEM

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131

Ciclopoida). A mesma explicação para a distribuição de Cladocera vale para os Copepoda, visto

que são organismos de maiores dimensões que são facilmente predados por predadores visuais,

como peixes e larvas de inseto. Na estiagem, este grupo apresentou maiores densidades,

acompanhando o mesmo padrão de distribuição observado no período chuvoso, com maiores

densidades na profundidade de 2 m. Uma densidade semelhante de alimento nesta profundidade

pode ter mantido este grupo em águas mais seguras para evitar a predação.

Figura 73. Variação da densidade dos diferentes grupos de copépodos e náuplios nas diferentes

profundidades do Açude Engenheiro Ávidos.

Observa-se que a diversidade (H’) (Fig.70) foi maior na época seca, culminando com o

aparecimento dos microcrustáceos. A maior diferença entre as estações deu-se na superfície, que

apresentou valores de H’ menores na época da chuva, o que pode ser explicado pela perturbação

0

40

80

120

160

200

240

280

Superfície C Meia água C Fundo C Superfície E Meia água E Fundo E

De

nsi

da

de

(In

d/L

)

Profundidade

Nauplio Calanoida Ciclopoida

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132

hidrológica. A comunidade apresentou diferenças de densidades entre espécies, a 2 m, com o

aumento de espécies dominantes, provavelmente espécies oportunistas que ocupam o ambiente

temporariamente o que é refletido nos índices de equitabilidade (Fig. 71) e de dominância (Fig.72).

Observa-se que esses resultados devem-se à dominância dos rotíferos na época das chuvas,

especialmente Brachionus havanaensis Anuraeopsis fissa e Hexarthra mira. Esses gêneros de

rotíferos são reconhecidos como microherbívoros, mas com grande capacidade de complementar

suas necessidades nutricionais com partículas orgânicas dissolvidas (JARAMILLO-LONDOÑO;

PINTO-COELHO, 2010).

Figura 74. Índice de diversidade de Shanon-Wiener (H’) nas diferentes profundidades e estações

1,5

1,55

1,6

1,65

1,7

1,75

1,8

1,85

1,9

1,95

2

Superficie Meia água Fundo

Div

ers

ida

de

(H

')

Profundidades

CHUVA ESTIAGEM

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133

Figura 75. Índice de equitabilidade de Pielou (J’) nas diferentes profundidades e estações

Figura 76. Índice de dominância de Simpson (D’) nas diferentes profundidades e estações

0,48

0,5

0,52

0,54

0,56

0,58

0,6

0,62

0,64

0,66

Superficie Meia água Fundo

Eq

uit

ab

ilid

ad

e (

J')

Profundidade

CHUVA ESTIAGEM

0,56

0,58

0,6

0,62

0,64

0,66

0,68

0,7

0,72

0,74

0,76

Superficie Meia água Fundo

Do

min

ân

cia

(D

')

Profundidades

CHUVA ESTIAGEM

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134

A seguir os resultados do ANOSIM que mostram a semelhança ou diferença entre as

profundidades baseada na comunidade zooplanctônica, nas duas estações (tabela 17). Observa-se

que a superfície foi diferente das outras profundidades, tanto na estação seca, quanto na chuvosa,

enquanto que as profundidades de meia água e fundo foram similares quanto à sua comunidade

zooplanctônica nas duas estações.

Tabela 17. Resultados do ANOSIM entre as diferentes profundidades de coleta. (Permutações possíveis:

10000; p ≥0,001). Em destaque os ambientes cujo R value não apresentou dissimilaridade

R global R específico

Chuva 0,7853

Superfície x Meia

água 0,0186

Superfície x Fundo 0,0153

Meia água x Fundo 0,1002

Estiagem 0,8974

Superfíce x Meia água 0,174

Superfície x Fundo 0,019

Meia água x Fundo 0,1002

Figura 77. Gráfico das coordenadas principais (PCO) entre as profundidades do Açude Engenheiro Ávidos

no período chuvoso.

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135

.

Observando o gráfico formado pelas coordenadas principais (PCO) observa-se que ele

evidenciou apenas um grupo, entretanto, vê-se que as amostras de superfície estiveram separadas

das outras profundidades, mostrando que estas foram similar em sua composição. Através do

SIMPER, observou-se que a dissimilaridade entre a superfície e a meia água na estação chuvosa

foram os náuplios, Brachionus hanavaensis, e os ciclopóides, tanto a forma adulta quanto o instar

juvenil copepodito. Só essas espécies foram responsáveis por 80% da dissimilaridade entre a

superfície e a meia água. Observa-se o padrão típico de migração vertical, com os organismos mais

distribuídos em águas mais profundas, menos transparentes, para fugir à predação, no entanto, não

se pode afirmar que houve migração, porque não foi realizada a análise nictemeral (diuturna).Os

grupos responsáveis pela dissimilaridade entre a superfície e o fundo foram os náuplios, e os

rotíferos B. havanaensis e Anuraeopsis fissa, e os copépodos adultos tanto ciclopóides quanto

calanóides, respondendo por 75% da dissimilaridade. Os crustáceos apresentaram o padrão típico

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136

de MVD, mas o comportamento de B. havanaensis e A. fissa foram diferenciados no tocante às

suas densidades e merecem algumas considerações. B. havanaensis teve suas densidades mais

elevadas na superfície,no período chuvoso, isso reflete a não necessidade de fugir de predação

visual pela pequena dimensão do seu organismo, assim como a resposta à maior quantidade de

fitoplâncton que ocorreu no período chuvoso.; Brachionus também é um gênero reconhecido por

sua plasticidade alimentar e é comumente encontrado em águas ricas de matéria orgânica,

crescendo rapidamente concomitante a oferta de alimento (STEVENSON et al., 1998), logo

poderiam ficar na superfície, aproveitando a maior oferta de alimento, e diminuindo a competição

com os crustáceos, que estavam em águas mais profundas. A. fissa, pelo contrário teve suas

maiores densidades perto do fundo, onde as concentrações de fósforo foram maiores. Esta espécie,

também exibe uma grande plasticidade alimentar; entretanto em seu estudo sobre competição e

limitação alimentar com A. fissa, Conde-Porcuna (2000) detectou que esta espécie é fortemente

limitada por alimentação deficiente em fósforo. Provavelmente, esta espécie estava associada ao

fundo devido às maiores concentrações de fósforo terem sido registradas lá, e HABERMAN

(2000), indica que esta espécie pode ser bioindicadora de condições eutróficas. Constata-se então

a adaptabilidade dos rotíferos em explorar as diferentes condições do ambiente, o que reflete no

sucesso de colonização desses organismos nos ambientes semiáridos.

Durante a estação de estiagem, o SIMPER apontou que a dissimilaridade entre superfície

e os demais pontos – meia água e fundo - deu-se exclusivamente pelos microcrustáceos, que

responderam por 92% e 82.4%, respectivamente. Os microcrustáceos recuperaram suas

populações com a estabilidade da estação seca, especialmente calanóides e cladóceros, que foram

ambos registrados nessa estação, e nas maiores profundidades. Observa-se que estes apresentaram

o padrão típico de migração vertical, e que mesmo com os baixos valores de oxigênio (3-0,5 mg/L)

dessa região conseguiram permanecer nas camadas mais profundas. Vários estudos apontam a

tolerância desses organismos a baixas concentrações de oxigênio (BEZERRA NETO & PINTO-

COELHO, 2002). O gráfico do PCO (Fig. 74) reflete a maior diferença entre as áreas baseada na

comunidade fitoplanctônica.

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Figura 78. Gráfico das coordenadas principais (PCO) entre as profundidades do Açude Engenheiro Ávidos

no período de estiagem.

Observa-se que na maioria dos estudos realizados em ambientes temperados a temperatura

é um dos principais fatores limitantes na distribuição desses organismos na coluna de água, pois

estes estão sujeitos a mudanças na escala de até 15ºC de temperatura entre o verão e o inverno, e

pode aumentar para 20ºC à medida que a profundidade aumenta. Entretanto, no caso de ambientes

de semiárido, a temperatura não é o fator limitante; dessa forma, parâmetros tais como

transparência da água, presença de predadores e alimentação devem ser investigados na tentativa

de se descobrir o mecanismo que determina a distribuição desses organismos ao longo da coluna

de água.

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No açude Engenheiro Ávidos, diferentemente de outros ambientes rasos e/ou eutrofizados

artificialmente, a transparência da água parece ser o fator decisivo de colonização para

microcrustáceos, especialmente copépodos e cladóceros de maior porte (WISSEL &

RAMACHARAN, 2003); maior transparência, maior visibilidade por parte do predador visual e

com isso ocupam águas mais profundas. Em ambientes mais rasos do semiárido, a baixa

transparência é recorrente, tanto pelo sedimento particulado na água, quanto pela floração de

cianobactérias, muito comuns nesses ambientes (BRAGA et al., 2015) e dessa forma, os

microcrustáceos não necessitam de realizar migrações verticais típicas alcançando a superfície de

noite, ocupam estratos intermediários (ainda ricos em alimento) durante a noite e durante o dia

podem permanecer em águas mais profundas com cerca de 1% de luminosidade (Silva et al., 2009).

Os rotíferos, à diferença dos microcrustáceos, foram mais heterogêneos em sua distribuição

vertical não mostrando uma coesão como grupo no tocante à escolha dede uma profundidade. Essa

parece ter sido uma escolha bem mais associada a disponibilidade de oferta alimentar do que a

outro fator. Resultado semelhante foi encontrado por Silva et al. (2009) e Azevedo et al. (2015).

Os rotíferos por serem de pequenas dimensões evitam apenas competição entre si, não

necessitando fugir de predadores visuais, assim ocupam todas as profundidades disponíveis, até

porque o alimento estava em todas as profundidades também.

O que se observa nos ecossistemas de semiárido é que mais do que diferenciação específica

entre as diferentes alturas da coluna de água, a diferença entre as estações é mais determinante. A

influência dos distúrbios hidrológicos durante a chuva dificultam que algumas espécies de

microcrustáceos consigam se estabelecer, é benéfico para rotíferos; durante a seca, a estabilidade

hidrológica permite que os microcrustáceos consigam se desenvolver, mas a grande densidade de

cianobactérias impede que estas populações estabeleçam grandes populações. Estudos posteriores

sobre a migração vertical desses organismos poderão trazer maior esclarecimento sobre o padrão

de distribuição vertical na coluna de água.

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7. CAPITULO 4. ENRIQUECIMENTO ARTIFICIAL E SEUS EFEITOS NA COMUNIDADE PLANTONICA NUM RESERVATÓRIO DO SEMIARIDO PARAIBANO 7.1. Introdução Eutrofização (do grego eu = verdadeiro e trophen = nutrição) é um processo ecológico que

se dá pelo aumento das taxas de nutrientes, especificamente nitrogênio e fósforo total nas águas

naturais. Esse processo, que acontecia naturalmente e de forma lenta, se acelerou de forma

alarmante nos últimos anos. As atividades industriais, o usos de fertilizantes na agropecuária e o

crescimento da população e dos centros urbanos com seus esgotamentos sanitários são as

principais causas desse processo (SOARES et al 2013; VREDE et al. 2005). Esse processo,

chamado de eutrofização artificial ou cultural, tem grandes impactos sob os ciclos biogeoquímicos

(N, P, C e da água), na estrutura e diversidade das comunidades biológicas e nas interações tróficas

dos entre os componentes da cadeia alimentar dos ecossistemas aquáticos.

Além das mudanças imediatas nas condições abióticas do meio, a comunidade planctônica

é a primeira e a mais fortemente afetada. Muitas mudanças nos processos ecológicos dentro desta

comunidade são observadas a partir do incremento dos nutrientes nas águas, tais como mudanças

na diversidade, abundância e relações de dominância entre as espécies, mudanças no controles top

down e bottom up e nas relações de competição intraespecífica (SOARES et al., 2013). Para a

comunidade fitoplanctônica, observa-se o predomínio das cianobactérias sobre os outros grupos

de algas, das quais alguns grupos são produtores de toxinas muito potentes, inclusive para o

homem (SMITH et al 1999).

Para o zooplâncton, observa-se uma forte mudança nas relações entre as dominâncias das

espécies, onde espécies maiores perdem espaço para outras de ciclo de vida rápida e de mais fácil

adaptação. Vakkilainen et al. (2004) em um trabalho desenvolvido em conjunto em seis lagos da

Europa, no qual experimentos em mesocosmos de enriquecimento de nutrientes, revelaram um

aumento na biomassa dos rotíferos, protozoário e cladóceros de pequeno porte, em detrimento dos

grandes filtradores, como cladóceros de maior porte e copépodos calanóides. Resultado

semelhante encontraram Sendacz & Esteves (1988) para 16 reservatórios de São Paulo,

Kozlowsky-Suzuki & Bozelli (2001), na Lagoa Imboassica, e Sterza et al. (2002) na Lagoa Açu

no Rio de Janeiro; nesses trabalhos observou-se que o aumento da biomassa algal e a alteração na

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comunidade fitoplanctônica induzidas pelo aumento dos nutrientes foram os principais fatores que

afetaram a estrutura da comunidade zooplanctônica.

Para ambientes temperados, os efeitos do processo de eutrofização nas águas doces tem

sido amplamente estudados nos últimos 20 anos, e a influência deste processo sobre as interações

fito-zooplâncton tem sido estabelecido, especialmente em lagos rasos; entretanto em ambientes

tropicais esses fatores podem diferir dos ambientes temperados por conta da influência da

temperatura sobre o processo de eutrofização (HONG et al 2015); é bem estabelecido que

temperaturas mais elevadas promovem o crescimento algal, com um ótimo de crescimento por

volta dos 30ºC (KHAN & ANSARI, 2005), especialmente em cianobactérias; para o zooplâncton

observa-se que ambientes com águas aquecidas tem uma predominância por espécies de corpo

pequeno em detrimento de espécies de tamanho corpóreo maior (HAVENS et al., 2009); este fator

por si só já mostra diferenças entre os dois ambientes, pois em ambientes frios, as altas densidades

do macrozooplâncton, com muitas espécies com corpos maiores que 1mm exercem um controle

efetivo sobre a biomassa algal pela herbivoria, o que não é observado em ambientes de águas

quentes.

Diante desses fatos observa-se que os efeitos da eutrofização sobre os ambientes de águas

temperadas são diferentes do que em águas quentes. O fator temperatura influencia diretamente na

velocidade com que os processos bioquímicos e por conseguinte ecológicos, se dão. Uma mesma

quantidade de nutrientes carreada para um lago de águas frias pode permanecer na lama abaixo do

hipolíminio durante o inverno, não causando a eutrofização, enquanto em que essa mesma

quantidade em águas tropicais é processada rapidamente em águas mais quentes, enriquecendo de

nutrientes que são rapidamente absorvidos pela comunidade algal (KHAN & ANSARI, 2005). O

que se observa é que as cianobactérias aproveitam melhor essas mudança, pois apresentam

crescimento rápido e alta capacidade de adaptação, e que podem apresentar um crescimento

explosivo numa séries de situações, como altas taxas de insolação, longo período de residência da

água, além dos outros fatores já citados acima. Em ambientes de águas frias, essas condições só se

apresentam durante um curto período do verão, enquanto que em ambientes tropicais, essas

condições podem ser encontradas durante o ano todo, especialmente no semiárido.

Por esses fatores, corpos de água do semiárido são especialmente susceptíveis a

dominância por cianobactérias durante o ano todo, e taxa tóxicos como Microcystis, e as

filamentosas Oscillatoria, Anabaena e Cylindrospermopsis são comumente encontradas nos

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corpos de água do semiárido em todo o globo (BOUVY et al., 1999 e 2000; CÂMARA et al.,

2009; COSTA et al., 2006 e 2015; DOWNING et al 2015; FONSECA et al., 2015, O’BRIEN et

al 2009; ROMO et al., 2013; SILVA & COSTA, 2015; ZHAO et al., 2008). O baixo valor

nutricional, a toxicidade e a forma filamentosa tornam as cianobactérias um alimento pouco

comestível para a maioria do zooplâncton (LEONARD & PAERL, 2005); em um ambiente

dominado por cianofíceas, como o zooplâncton se desenvolve?

Com o aumento das temperaturas globais e as mudanças climáticas, as alterações nos

regimes pluviométricos já são uma realidade, com locais úmidos mais úmidos, e locais já secos

mais secos ainda (DORE, 2005). Os regimes pluviométricos estão cada vez mais variáveis, e as

estações secas mais severas nas regiões de semiáridas. No semiárido brasileiro, a seca registrada

no ano de 2012 foi a pior em 40 anos. Em corpos de água em que o grau de trofia é diretamente

dependente do balanço hídrico, o que se pode esperar da relação nutrientes-fito-zooplâncton?

Compreender esses processos é vital para fornecer dados que auxiliem na gestão das águas, e na

elaboração de ferramentas que possam auxiliar na mitigação dos efeitos nocivos desse processo.

Diante disto, esse trabalho tem por objetivo verificar, artificialmente, o efeito do aumento de

carreamento de nutrientes para as águas de um reservatório do semiárido sobre a comunidade fito

e zooplanctônica.

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7. 2. Material e métodos

7.2.1. Delineamento experimental

Os experimentos foram instalados no região litorânea, com cerca de 2m de profundidade,

do Açude Engenheiro Ávidos, primeiro reservatório da bacia do Rio Piranhas-Açu. Com um

volume de 255.000.00 m3, ocupa uma área total de 1.124 km2, e tem profundidade máxima de 45m,

com média de 25m. A bacia do Rio Piranhas situa-se na região sudoeste do estado da Paraíba,

entre as coordenadas geográficas de 6º 50’ e 7º 25’S e 38º 10’ e 38º 40’W (FARIAS, 2004).

O bioensaio de enriquecimento foi feito em mesocosmo (Fig. 75), em tanques feitos de

plástico polietileno dentro do açude. Os tanques possuíam capacidade de 500L, cilíndricos, com

dimensões de 150cm x 50cm de raio. Os tanques foram divididos em Controle e Enriquecido de

Nutrientes, de acordo com (Tab. 18), metodologia baseada em STERZA et al (2002), com 5

réplicas cada. Para a determinação da concentração final desejada para o enriquecimento, foi

utilizada a média das concentrações dos nutrientes registradas no açude. A concentração foi cerca

de 10 vezes maior que a média encontrada d e acordo com estudos anteriores, simulando um

ambiente hipertrófico, situação que é comum em ambientes de semiárido em épocas de seca

severa, conforme o volume do açude baixa. (BARBOSA et al 2000).

Tabela 18. Diluições e compostos usados no enriquecimento

Nutriente Composto usado Concentração inicial Concentração final

Nitrato (N-NO3) Nitrato de Potássio (KNO3) 1 mg/L 10 mg/L

Ortofosfato (PO4) Fosfato de sódio dibásico (Na2HPO4) 0,1 mg/L 1 mg/L

Para o monitoramento das condições ambientais nos tanques foram realizadas coletas da

comunidade fitoplanctônica e zooplanctônica, bem como medidas de temperatura, oxigênio

dissolvido, pH, condutividade, transparência, clorofila-a foram realizadas seguindo as mesmas

metodologias citadas nos capítulos anteriores. Os experimentos foram mantidos por cerca de 3

semanas, com coletas iniciais, após 10 dias, e no fim do experimento com, 20 dias. Todas foram

feitas em 5 réplicas, para correta aplicação dos testes estatísticos (Fig.76).

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143

Figura 79. Esboço esquemático dos tanques e do bioensaio

Figura 80. Mesocosmos já instalados no açude Engenheiro ávidos

5 Réplicas 5 Réplicas

CONTROLE ADIÇÃO DE N E P

Variáveis ambientais, fitoplâncton e zooplâncton a cada 10 dias

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144

7.2.2 Análises estatísticas

A estatística descritiva dos dados ambientais (média, mediana, desvio padrão, máximo e

mínimo) foram feitas através do programa Action Stat (EQUIPE STATCAMP, 2014). Para

verificar a diferença entre os tratamentos ao longo do tempo sobre a comunidade zooplanctônica

foi feita uma Análise Multivariada de Variância (MANOVA), também através do programa Action

Stat; esta análise foi feita apenas com os grupos zooplanctônicos que foram presentes nos

tratamentos ao longo do tempo: nauplios, copépodos ciclopóides e rotíferos.

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7. 3. Resultados

Um dos aspectos mais interessantes observados no experimento foi o surgimento de um

biofilme nas paredes dos tanques onde foram adicionados nutrientes (Fig 81). Aparentemente, este

biofilme serviu como uma espécie de filtro de nutrientes, aumentando a transparência da agua, que

no fim do experimento foi total em todos os tanques tratados. O aumento combinado de N e P

parece ser um dos principais fatores que levam ao crescimento do perifiton (LIESS, 2006), que

utilizaram as paredes dos mesocosmo como local de desenvolvimento. Abaixo a tabela com a

estatística descritiva dos parâmetros ambientais (Tab.19).

Tabela 19. Estatística descritiva dos tratamentos ao longo do tempo no bioensaio

Parâmetro Local Média Mediana Mínimo Máximo Desv. Pad.

Variância

Temperatura (Cº) Inicio 29,240 29,300 29,100 29,300 0,089 0,008

Controle 10 dias

28,880 28,900 28,800 28,900 0,045 0,002

Controle Final

28,660 28,700 28,600 28,700 0,055 0,003

Nutrientes 10 dias

29,020 29,000 28,900 29,100 0,084 0,007

Nutrientes Final

28,600 28,600 28,500 28,700 0,071 0,005

pH Inicio 8,640 8,600 8,500 8,900 0,167 0,028

Controle 10 dias

8,900 8,900 8,800 9,000 0,100 0,010

Controle Final

9,160 9,200 9,000 9,300 0,114 0,013

Nutrientes 10 dias

8,480 8,500 8,400 8,600 0,084 0,007

Nutrientes Final

8,120 8,100 8,000 8,200 0,084 0,007

Condutividade (µS/cm) Inicio 254,400 261,000 234,000 262,000 11,845 140,300

Controle 10 dias

290,400 288,000 284,000 298,000 6,656 44,300

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Controle Final

293,400 308,000 214,000 329,000 45,313 205, 3

Nutrientes 10 dias

290,400 288,000 284,000 298,000 6,656 44,300

Nutrientes Final

1875,000 1870,000 1865,000 1902,000 15,232 232,000

Oxigênio Dissolvido (mg/L)

Inicio 7,660 7,700 7,400 7,800 0,167 0,028

Controle 10 dias

6,520 6,500 6,400 6,600 0,084 0,007

Controle Final

6,460 6,500 6,200 6,600 0,167 0,028

Nutrientes 10 dias

6,520 6,500 6,400 6,600 0,084 0,007

Nutrientes Final

7,560 7,600 7,400 7,700 0,114 0,013

Transparência (cm) Inicio 45,000 45,000 45,000 45,000 0,000 0,000

Controle 10 dias

39,000 40,000 34,000 42,000 3,162 10,000

Controle Final

32,000 32,000 30,000 34,000 1,581 2,500

Nutrientes 10 dias

80,800 80,000 78,000 86,000 3,347 11,200

Nutrientes Final

150,000 150,000 150,000 150,000 0,000 0,000

Clorofila (µg/L) Inicio 28,836 29,370 8,544 46,458 16,228 263,342

Controle 10 dias

24,457 18,690 16,020 35,244 9,652 93,160

Controle Final

24,030 24,030 12,816 33,108 7,293 53,182

Nutrientes 10 dias

7,262 3,204 1,068 21,360 8,499 72,230

Nutrientes Final

5,233 5,874 0,000 11,748 4,812 23,155

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147

Figura 81. Aspecto dos tanques no mesocosmo. A esquerda o tanque controle, à direita o tanque enriquecido

com nutrientes.

A temperatura observada nos tanques foram compatíveis com a região, bem como os

valores de oxigênio e pH, que não diferiram entre os tratamentos e nem ao longo do tempo. Os

valores de condutividade foram bem mais elevados nos tanques enriquecidos do que nos tanques

de controle, por conta da adição dos nutrientes; ambos os compostos usados são sais, que em água

se dissociam nos íons NO3- e PO4+, o que está de acordo com a teoria proposta por Biggs (1990

apud FONSECA & RODRIGUES, 2007). Os resultados mais interessantes entretanto foram a

clorofila e a transparência. Ambos os parâmetros refletiram a atuação da camada de perifiton

formada na parede do açude. A transparência aumentou quase 40 cm com 10 dias, e o experimento

terminou com transparência total. Os valores de clorofila acompanharam a tendência e já na

primeira coleta, com 10 dias de experimento os níveis de clorofila baixaram mais de 15µg/L, e

mantiveram a tendência de baixar. As algas perífiticas associadas a substratos podem ser

responsáveis por uma boa parte da produção primária de um lago, e assim, responsável por uma

boa parcela da reciclagem de nutrientes e matérias (VADEBONCOEUR et al., 2006), podendo,

em condições certas, oferecerem frente ao domínio do fitoplâncton pelágico; esta competição é

fortemente influenciada pelas condições do meio (SÁNCHEZ et al., 2010).

A comunidade fitoplanctônica (Tab. 20) foi a mais afetada pelo tratamento com nutrientes.

É muito bem conhecido que os nutrientes, junto com a disponibilidade de luz são os fatores

fundamentais no desenvolvimento dos produtores. Segundo Fanta et al (2010), luz e nutrientes

afetam não só a quantidade da produção primária nos ecossistemas aquáticos, como também a

qualidade e a estrutura da comunidade algal, e consequentemente, o crescimento e

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148

desenvolvimento dos herbívoros. A densidade total do fitoplâncton (Fig.82) baixou nos dois

tratamentos ao longo do tempo, mas a maior queda foi observada nos primeiros 10 dias nos tanques

enriquecidos. Observa-se mais uma vez a influência da camada de perifiton na parede dos tanques.

Esta competição entre as algas pelágicas e benticas é bem conhecida e particularmente importante

em ambientes rasos, ou de águas claras; entre os fatores que influenciam sua dinâmica temos a

ressuspensão do sedimento, ricos em nutrientes para a água, bem como a disposição de substratos

onde as algas benticas possam crescer (HAVENS et al., 1996). Como a taxa de luminosidade não

é o fator limitante nas regiões semiáridas nordestinas, obviamente o substrato fornecido pelas

paredes do tanque combinado com o excesso de nutrientes parece ter sido o fator determinante que

desencadeou o crescimento dessa comunidade.

Figura82. Densidade total das comunidade fitoplanctônica no experimento ao longo do tempo

0

50

100

150

200

250

300

Dia 1 Cont. Dia 10 Cont Fim Nut Dia 10 Nut Fim

De

nsi

da

de

(In

d/m

l)

Tratamentos ao longo do tempo

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149

Tabela 20. Lista de taxa fitoplanctônicos registrados nos taques, de acordo com os dois

tipos de tratamento, durante o experimento

CYANOPHYCEAE Controle Nutrientes

Anabaena constricta Anabaena constricta

Cylindrospermopsis raciborskii Cylindrospermopsis raciborskii

Eucapsis densa Eucapsis densa

Microcistis aeruginosa Merismopedia punctata

Oscilatoria aff. Rubenscens Oscilatoria aff. Nigroviridis

Oscilatoria aff. Nigroviridis Oscilatoria aff. Subbrevis

Oscilatoria aff. Subbrevis Raphidiopsis brookii

Raphidiopsis brookii Spirulina laxissima var.major

Raphidiopsis curvata Spirulina meneghiniana

Spirulina laxissima var.major Spirulina sp

CHLOROPHYCEAE Controle Nutrientes

Desmodesmus quadricauda Ankistrodesmus falcatus

Desmodesmus sp Chlorococcum aff valiosum

Kirchneriella contorta Coelastrum microporum

Monoraphidium contortum Coelastrum sp

Monoraphidium irregulare Desmodesmus quadricauda

Scenedesmus acuminatus Desmodesmus sp

Scenedesmus arcuatus Kirchneriella contorta

Scenedesmus bijugatus Koliella longiseta

Scenedesmus bijugatus var.

bicelularis Monoraphidium contortum

Scenedesmus dimorphus Scenedesmus bijugatus

Scenedesmus dimorphus var.

tortus Scenedesmus dimorphus

Scenedesmus incrassatulus Scenedesmus arcuatus

Scenedesmus sp Scenedesmus sp

Selenastrum gracile Tetraedron minimum

Tetraedron minimum

ZYGNEMATACEAE Controle Nutrientes

Staurastrum sp

EUGLENOPHYCEAE Controle Nutrientes

Euglena cingula Euglena circularis

Euglena viridis Euglena oblonga

Lepocinclis fusiformis Euglena viridis

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150

Trachelomonas curta var curta

Trachelomonas intermedia var.

intermedia

Trachelomonas kelogii var kelogii

Trachelomonas kelogii var

kelogii

Trachelomonas volvocina var

punctata

Trachelomonas volvocina var

punctata

Trachelomonas volvocina var.

volvocina

Trachelomonas volvocinopsis

var. volvocinopsis

Trachelomonas volvocinopsis var.

volvocinopsis

BACILLARIOPHYCEAE Controle Nutrientes

Amphora veneta

Aulacoseira sp.

Nitzchia paleacea

Nitzchia hungarica

Pinnularia acoricola

Surirella delicatissima

As cianobactérias (83) foram as mais afetadas no tanque enriquecido. As densidades

baixaram em média 10 vezes a densidade inicial. Observa-se que as algas benticas tiveram um

impacto mito grande sobre a competição por recursos contra as algas fitoplanctônicas. Apesar de

não haver sido feita análises da comunidade perifítica, por este ter sido um resultado inesperado

do bioensaio, provavelmente os componentes dessa comunidade podem ser de espécies

encontradas no próprio fitoplâncton; sabe-se que espécies de cianobactérias são importantes

componentes do perifiton, e espécies registradas no fitoplâncton, tais como Anabaena,

Cylindrospermopsis, Merismopedia, por exemplo, também apresentam capacidade de colonizar o

perifiton, conforme resultados encontrados por Fonseca & Rodrigues (2007).

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151

Figura 83. Densidade das cianobactérias nos tanques de experimento ao longo do tempo.

As densidades dos outros grupos de fitoplanctônicos (Fig.84) também decresceram nos

dois tratamentos em relação ao início, apesar de que o comportamento foi diferente entre eles.

Observa-se que nos tanques-Controle, as densidades de clorofíceas e euglenofíceas, que foram os

únicos grupos registrados além das cianofíceas, decresceram em direção ao final do tratamento;

como o tanque sendo um ambiente fechado sem fluxo de troca de água, provavelmente os recursos

nutricionais foram se esgotando, o que levou a uma diminuição das densidades dessas

comunidades, já que disponibilidade de luz era a mesma.

Nos tanque enriquecidos observa-se um comportamento completamente diferente do

observado no controle: o registro das desmideaceas, mesmo que com baixa densidade foi um os

fatores mais interessantes a serem considerados; mesmo com baixas densidades, esse grupo só foi

registrado no açude como um todo na época em que se apresentou oligotrófico, com altas taxas de

transparência da água. Provavelmente a competição com o perifiton proporcionou um ambiente

mais adequado para o desenvolvimento desse grupo. Segundo a classificação por grupos

funcionais do fitoplâncton, que é uma ferramenta importante na compreensão dos processos

ecológicos em águas doces, as desmideaceas estão classificadas no grupo N e Na, que são algas

típicas de ambientes oligo-mesotróficos (DANTAS, 2010).

0

25

50

75

100

125

150

175

200

225

250

275

Dia 1 Cont. Dia 10 Cont Fim Nut Dia 10 Nut Fim

De

nsi

da

de

(In

d.m

ll-1

)

Tratamentos ao longo do tempo

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152

Figura 84. Densidade dos demais grupos de fitoplâncton no experimento ao longo do

tempo

Outro fato bastante interessante foi o aumento da densidade das diatomáceas,

especialmente nos primeiros 10 dias de experimento; sabe-se que estas são espécies extremamente

comuns em ambientes aquáticos doces, especialmente em ambientes temperados, bem como

importantes componentes do fito bentônico (LAVOIE et al., 2008) e são muito utilizadas como

indicadoras ambientais, de poluição orgânica e concentração de nutrientes, alterações no pH da

água (STEVENSON et al., 2008). O aumento da transparência da água, com a diminuição drástica

da turbidez provocada pelas cianobactérias, e a grande oferta de nutrientes auxiliou no

desenvolvimento desta comunidade. Em seus estudo sobre a influência dos recursos luz e

nutrientes sobre as diatomáceas, Lange et al (2011) observou-se que alguns gêneros, dentre eles

Nitzschia, registrada nesse estudo, respondiam positivamente ao aumento da luz e dos nutrientes.

Reforçando essa ideia, observa-se que alguns lagos tropicais observa-se a diminuição da

diversidade e da densidade das diatomáceas, à medida que esta vai sendo dominada pelas

cianobactérias (TRIEST et al., 2012, STAGER et al., 2009). As clorofíceas apresentaram um

comportamento diferente, similar ao apresentado pelas cianobactérias, aumentando suas

densidades no final do experimento nos tanques enriquecidos. A diversidade registrada são de

0

0,25

0,5

0,75

1

1,25

1,5

1,75

2

2,25

2,5

2,75

3

3,25

3,5

Dia 1 Cont. Dia 10 Cont Fim Nut Dia 10 Nut Fim

De

nsi

da

de

(In

d.m

l-1)

Tratamentos ao longo do tempo

CLORO DESMID EUGLENO DIATO

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153

algas cocóides de pequeno porte, pertencentes aos grupos funcionais X1 e J, típicas de ambientes

eutrofizados e comuns em reservatórios de semiárido (SILVA & COSTA, 2015).

Sobre a comunidade zooplanctônica, em reflexo ao surgimento do biofilme nos tanques

enriquecidos sofreu alterações na suas densidades e composição da comunidade como um todo.

Foram registradas 28 taxa de zooplâncton (Tab.20), que reflete a baixa diversidade do açude. Um

dos aspectos mais interessantes foi o surgimento de uma espécie da cladócero Diaphanosoma

spinulosum e do calanoide Notodiaptomus cearensis, ambos já registrados no açude, no fim do

experimento no tratamento de nutrientes, o que reflete o processo de melhora na qualidade

ambiental pelo efeito de biofilme do perifiton.

Sobre a densidade total (Fig. 85), observa-se que esta foi maior no início, mas não muito

diferente entre os tratamentos, apresentando a mesma tendência de decrescimento em direção ao

fim do experimento. No fim do experimento só foram registrados rotíferos, cladóceros e calanóides

nos tanques enriquecidos, enquanto que nos tanques-controle apenas rotíferos.

Tabela 21. Lista de taxa zooplanctônicos registrados no experimentos, nos dois

tratamentos

COPEPODA Controle Nutrientes

Ciclopoida Ciclopoida Thermociclops sp Thermociclops sp

Calanoida

Notodiaptomus

cearensis

CLADOCERA Controle Nutrientes

Diaphanosoma

spinulosum

ROTIFERA Controle Nutrientes

Asplanchna sp. Asplanchna sp.

Anuraeopsis fissa Anuraeopsis fissa

Brachionus calyciflorus Brachionus calyciflorus

Brachionus havanaensis Brachionus havanaensis

Cephalodella sp Hexarthra cf. mira

Colurella sp. Filinea opoliensis

Hexarthra cf. mira Keratella tropica

Keratella tropica Lecane bulla

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154

Lecane cf. aegana Lecane imbricata

Lecane bulla Lecane luna

Lecane inopinata Lecane lunaris

Lecane luna Lecane nana

Lecane lunaris Lecane pyriformis

Lecane scutata Lepadella patella

Lecane stichaea Polyarthra dolichoptera

Lepadella ovalis Trichocerca sp. Polyarthra dolichoptera Bdelloidea

Trichocerca sp.

Bdelloidea

As maiores densidades foram dos rotíferos (Fig. 86), cujas densidades não diferiram muito,

apenas no tocante a diversidade e no desenvolvimento das populações ao longo do tempo nos dois

tratamentos; enquanto que no controle, as populações apontaram uma tendência de queda, ao

passar do tempo, no tanque enriquecido, elas tenderam a aumentar. Isso mostra a plasticidade dos

rotiferos, que conseguem se adaptar mais facilmente as mudanças no ambiente; seu tamanho

diminuto, a diversidade de itens alimentares que estes podem consumir, e a sua rápida reprodução

partenogenética, são os motivos do sucesso populacional desse grupo, especialmente em grupos

típicos de aguas quentes, como os Lecanidae e os Brachionidae (SEGERS, 2008).

Figura 85. Densidade total do zooplâncton nos diferentes tipos de tratamentos, ao longo do

tempo.

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

Inicio Controle 10

dias

Controle

Final

Nutrientes

10 dias

Nutriente

final

De

nsi

da

de

(In

d/L

)

Tratamentos

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155

Figura 86. Densidade dos rotíferos nos diferentes tipos de tratamentos ao longo do tempo.

Com relação aos cladóceros (Fig. 87), estes não foram registrados nos tanques a excessão

do final nos taques enriquecidos. Apenas uma espécie foi registrada, Diaphanosoma spinulosum,

em baixa densidade em comparação com os rotíferos. Essa espécie, cujo gênero é

predominantemente tropical, é comumente registrada em trabalhos realizados em semiárido

(CRISPIM & WATANABE, 2001; ESKINAZI-SANT’ANNA et al., 2007, 2013; VIEIRA et al.,

2009). Essa espécie sempre é registrada quando as condições do corpo de água se encontram de

meso a oligotrófica, e geralmente é associada com ocasiões de maior transparência. Em estudos

realizados com espécies congenéricas observa-se que as populações se desenvolvem melhor em

condições oligotróficas, com alta transparência e pouca oferta alimentar (NEVES et al., 2003;

GULATI, 1990; MENGESTOU & FERNANDO, 1991). Boikova (2005), em seu estudo com D.

brachyurum observou que as populações se desenvolviam melhor sobre baixas condições tróficas

e que nas condições mais elevadas, além de ser registrado alterações na densidade populacional,

também ocorreram alterações no desenvolvimento embrionário e pós-embrionário (MALHOTRA

et al., 1993).

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

Inicio Controle 10

dias

Controle

Final

Nutrientes 10

dias

Nutriente

final

De

nsi

da

de

(In

d/L

)

Tratamentos

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156

Figura 87. Densidade dos cladóceros nos diferentes tipos de tratamentos ao longo do tempo.

Sobre os copépodos (Fig. 88), os dois grupos tiveram um comportamento diferenciado,

com relação aos tratamentos. Náuplios foram mais uma vez o grupo com maiores densidades;

entretanto, no controle ocorreu o desaparecimento destes d coluna de água, nos últimos dias de

experimento, e mesmo com a presença de euglenofíceas, principal alimento dos nauplios, eles

desapareceram no fim do experimento no taque de controle. Este fato pode dever-se ao

desaparecimento dos ciclopóides, que foram registrados em altas densidades no início e com 10

dias de coleta no controle, desapareceram no fim do experimento dos tratamentos. Apesar da

presença maciça das suas principais presas, os rotíferos, alguma condição ambiental foi

desfavorável a permanência desse grupo nos tanques. Um dos comportamentos mais interessantes

observados no entanto, foi o registro dos calanóides nos tanques enriquecidos, juntamente com

uma baixa densidade de nauplios. Sabe-se que calanóides e ciclopóides tem estratégias de vida

diferentes, e juntamente com os nauplios, suas formas juvenis, conseguem colonizar os ambientes

em várias condições (ADRIAN, 1997). No fim do experimento os nauplios só apareceram nos

tanques enriquecidos, e mesmo assim em baixíssimas densidades. Pelo que se observa, a alteração

no meio foi fundamental para o comportamento das populações de microcrustáceos como um todo.

Cladóceros e copépodos com ciclos de vida mais longos e mais sensíveis às mudanças ambientais,

tendem a desaparecer no ambiente conforme este se torna impróprio (WALZ & WELKER, 1998),

0

2,5

5

7,5

10

12,5

15

17,5

20

22,5

25

Inicio Controle 10

dias

Controle

Final

Nutrientes

10 dias

Nutriente

final

De

nsi

da

de

(In

d/L

)

Tratamento

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157

e só recuperam suas populações quando as condições se tornam propícias novamente. Além disso,

são mais exigentes na sua alimentação e requerem um tempo maior aclimatação para o

estabelecimento das suas populações (MURA & BRECCIAROLI, 2003; WALZ, 1995).

Figura 88. Densidade dos grupos de copépodos nos diferentes tipos de tratamentos ao longo

do tempo.

A seguir os resultados da Análise de variância multivariada MANOVA, que foram feitos

com os 3 grupos cujo n foi suficiente para se realizar a análise, o que deixa de fora os calanóides

e os cladóceros por só terem aparecido no fim no tanque enriquecido. Todos os testes foram feitos

a nível de 5% de confiança.

Tabela 21. Resultados da MANOVA com os grupos zooplanctônicos, entre os

tratamentos, ao longo do tempo

Estat. Wilks Estat. F P-valor

Rotiferos 0,98756839 0,04405835 0,957161304 Nauplios 0,148159477 20,12319348 0,001251852

Ciclopoides 0,333259576 7,002323865 0,021366788

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

Inicio Controle 10 dias Controle Final Nutrientes 10

dias

Nutriente final

De

nsi

da

de

(In

d/L

)

Tratamentos

Nauplio Ciclopoide Calanoide

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158

Como intuído a partir dos gráficos com densidade, e segundo a MANOVA apenas os

microcrustáceos diferiram entre os tratamentos ao longo do tempo. Isso mostra a grande

capacidade adaptativa dos rotíferos, de resistir as mudanças ocorridas no meio.

Em ambientes que sofrem alterações constantes como ambientes de semiárido, os

organismos que mostram maior capacidade de adaptação e de crescer rapidamente, aproveitando

os recursos disponíveis para aumentar suas populações, são aqueles que tem maior sucesso de

colonização. Rotíferos e cianobactérias, tendem então a ter maior sucesso em estabelecer suas

populações, pois conseguem se adaptar as mudanças drásticas que ocorrem em ambientes de

semiárido, sejam no caso de secas severas - com diminuição do volume de agua e acumulo de

matérias e nutrientes - seja no caso de renovação da água, em épocas de chuvas mais intensas.

Esses resultados tem sido registrados em estudos tanto no primeiro caso (BARBOSA et al., 2000;

VIEIRA et al., 2015) quanto no segundo caso (ANGELER et al., 2000; ORTEGA-MAYAGOITIA

& ROJO, 2000; VIEIRA et al., 2009).

Em regiões temperadas e tropicais, onde a chuva não é um fator limitante, a eutrofização

se dá pela adição de nutrientes no meio, de forma artificial, esse processo é, na grande maioria das

vezes, unidirecional e irreversível (KAHN & ANSARI, 2005). Isto provoca mudanças

permanentes nas comunidades aquáticas, que passam a ter uma baixa diversidade e predomínio de

poucas espécies, mesmo com as estratégias de sobrevivência desenvolvidas para resistir às

intempéries do meio (SMITH et al., 1999). Entretanto, quando a eutrofização dá-se pela

concentração de nutrientes provocada pelo regime hidrológico, este processo é cíclico, e é

revertido com a estação chuvosa. Portanto, observa-se uma sucessão ecológica nas comunidades

aquáticas concomitantes com a mudança na qualidade do meio (CRISPIM et al., 2000; ANGELER

et al., 2000). Esse fato é importante, pois algumas espécies só são encontradas no ambiente sobre

determinadas condições ambientais, em diferentes épocas do ciclo hidrológico, o que as tornam

boas bioindicadoras (MARGALEF, 1983; PEJLER, 1983; ESTEVES & SENDACZ, 1988;

CRISPIM & FREITAS, 2005).

Apesar dos poucos estudos, quando se comparado a ambientes temperados e tropicais, este

parece ser um mecanismo bem identificado para regiões do semiárido, especialmente em lagos

rasos. Em lagos mais profundos essa realidade pode ser um pouco diferente, pois devido ao maior

volume de água esta demora mais tempo a ser renovado, o que pode acumular certas substâncias,

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159

enquanto esgota outras, afetando a diversidade; nesse caso espécies mais adaptadas a essas

mudanças começam a dominar o ambiente. Dessa forma, a intensidade do regime pluviométrico é

quem determina como esse processo irá se dá.

As mudanças climáticas que estamos vivendo nos dias atuais apontam grandes impactos

sobre a dinâmica da eutrofização em águas doces. Esse fato ocorre por conta das alterações sobre

os padrões de pluviosidade no mundo todo. Dore (2005) em seu trabalho sobre as mudanças

climáticas decorrentes do aquecimento global, mostra um padrão geral de seca para regiões mais

áridas e aumento das chuvas nas regiões com alta pluviosidade; para o Brasil, observa-se um

quadro de secas mais intensas para o nordeste, e chuvas mais intensas no sul-sudeste, além do

aumento da variação entre as estações de estiagem e de chuvas. Na prática, já observamos esse

processo, com secas mais prolongadas, seguidas de anos com menor pluviosidade, como foi o caso

de 2012-2013, que foi a pior em 40 anos.

Em ambientes temperados, a preocupação com os efeitos do aumento de temperatura x

eutrofização, e esperado domínio das cianobactérias, tem gerado estudos experimentais

(FEUCHTMAYR et al., 2009; MOSS et al., 2003), onde se observa que tanto N quanto P aumenta

a biomassa das plantas, pois sua captação é feita mais rapidamente devido ao metabolismo mais

acelerado; entretanto nos dois estudos, observou-se que nos tanques com presença de macrófitas

aquáticas, o domínio de fitoplancton foi bem menor do que o esperado, o que foi considerado um

bom resultado; no Lago Ohrid, antigo e profundo, observa-se a progressão do lago originalmente

oligotrófico para mesotrófico, pelo aumento das taxas de P e com o aumento da temperatura a

previsão é que exista regiões de anoxia até o fim desse século, onde antes não havia.

(MATZINGER et al., 2007).

A eutrofização e o predomínio das cianobactérias nos reservatórios do semiárido brasileiro

é um processo que vem sido estudado especialmente nas duas últimas décadas (BARBOSA et al.,

2000; CÂMARA et al., 2009; COSTA et al., 2006 e 2015). Compreender esse mecanismo e suas

nuances em ambientes de semiárido é de vital importância para o manejo adequado desses

ecossistemas, pois estes constituem os principais mananciais de abastecimento para a população

dessa região. Isso é ainda mais imprescindível se estes recebem impactos antrópicos. Como

exemplo, citamos o Armando Riberio Gonçalves, que recebe efluentes domésticos e carreamento

de solo de áreas agrícolas, e é classificado de eu a hipertrófico, com registros de florações tóxicas

de Cylindrospermopsis, Anabaena e Microcystis (PANOSSO et al., 2007).

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160

Diante do quadro apresentado, encontrar formas de amenizar ou reverter o processo de

eutrofização e dominância por cianobactérias é fundamentalmente importante: do ponto de vista

ecológico, para a manutenção da diversidade das comunidades aquáticas, e do ponto de vista sócio-

econômico, na oferta de agua potável para a população. O resultado obtido no estudo através dos

experimentos de enriquecimento foi inesperado, mas aponta para uma solução interessante na

absorção do excesso de nutrientes no ambiente, principal causa da eutrofização, e na melhoria das

condições ambientais como um todo. Resultado semelhante foi obtido por Crispim et al (2009),

com a utilização de biofilme de perifiton na absorção do excesso de N e P provenientes de

aquacultura. A biomanipulação se mostra uma ferramenta adequada na restauração dos padrões de

qualidade das águas, sejam através do perifiton, da manipulação de grandes microcrustáceos

filtradores (cladóceros e calanóides) (PERETYATKO et al 2009), peixes filtradores (FULTON III

et al 2015) e macrófitas submersas (BROTHERS et al., 2013; SCHULZ, 2006; SØNDERGAARD

et al 2010).

De um modo geral, com o experimento, observou-se que as baixas pluviosidades

registradas no local nos anos anteriores foram os fatores decisivos para baixa taxa de renovação

da água, e consequente predomínio das cianobactérias; a adição de nutrientes parece ter simulado

o influxo de nutrientes trazidos pelas chuvas, o que pode ter sido o gatilho inicial para o

desenvolvimento das outras comunidades algals, o que consequentemente permitiu o aparecimento

de espécies que não tinham sido registradas, como cladóceros e calanóides; este estudo pode

apontar as direções para a melhoria da qualidade da agua nesses locais, bem como para possíveis

estudos de biomanipulação do local no sentido de recuperação ambiental.

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8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo no açude Engenheiro Ávidos foi conduzido num período de estiagem severa, o

que foi verificado no volume do açude e consequentemente na qualidade da água e nas

comunidades planctônicas. O domínio das cianobactérias foi constante, em detrimento dos demais

grupos fitoplanctônicos. Isso afetou diretamente a estrutura e a densidade da comunidade

zooplanctônica, favorecendo os grupos típicos de ambientes eutrofizados, rotíferos e ciclopóides,

apesar de no primeiro ano de estudo o açude ter sido classificado como oligotrófico.

Apesar do nível d’água do açude se encontrar muito baixo, o grande volume de água

permitiu uma estabilidade maior do ambiente, estabilidade esta que foi suficiente para resistir as

mudanças trazidas pelas chuvas, o que não se observa em açudes mais rasos, cujo estado trófico

acompanha o ciclo hidrológico e influencia diretamente na distribuição das espécies. Este maior

tempo de residência da água acabou influenciando na diversidade e na distribuição das espécies

planctônicas ao longo do tempo, espaço e profundidade. Pesquisa futuras sobre os demais

componentes dos ecossistemas aquáticos, como a ictiofauna, macrozoobentos, bacterioplâncton e

macrófitas aquáticas, bem como o estudo das formas de resistência dos organismos podem ajudar

na compreensão do funcionamento desse ecossistema.

A eutrofização é um dos impacto ambientais que mais vem chamado a atenção dos

ecólogos e estudos acerca de seu mecanismo vem sido feitos nos últimos 50 anos. Em ambientes

de semiárido esse fenômeno é comum, devido as elevadas temperaturas e ao ciclo hidrológico

irregular, sofrendo com blooms ocasionais de cianobactérias que comprometem a biota aquática e

a qualidade da água para abastecimento humano. Com o aumento do aquecimento global, entender

como este processo influencia na dinâmica dos ecossistemas aquáticos do semiárido é de

fundamental importância na predição das consequências desse fenômeno sobre a dinâmica

aquática, em especial ambientes já naturalmente quentes. Dessa forma, o presente trabalho serve

de base para futuros estudos que possam ajudar a entender as diferenças da dinâmica dos

ecossistemas aquáticos de semiárido.

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ANEXO

Volumes acumulados ao longo de 10 anos no açude Engenheiro Ávidos