26
FRAUDES Prof.: Fernando André Tavares de Menezes NATAL/RN 2003

A Fraude

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Tipos de fraudes nas empresa

Citation preview

FRAUDES

Prof.: Fernando André Tavares de Menezes

NATAL/RN

2003

2

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................3

2. PRÁTICAS DA FRAUDE. ................................................................4

2.1. CONIVÊNCIA PASSIVA NA FRAUDE ......................................4

2.2. O TESTE DO FRAUDADOR......................................................5

2.3. GRUPO PARA A FRAUDE – CONIVÊNCIA ATIVA .................6

2.4 A AUTORIDADE É UM GERENTE PODEROSO .......................6

2.5. O EXEMPLO DE CIMA ..............................................................6

2.6. A TÉCNICA DO ENVOLVIMENTO-SUBORNO ........................7

2.7. A CONQUISTA DA CONFIANÇA ..............................................8

2.8. A TÉCNICA DA JUSTIFICATIVA ..............................................9

2.9. FRAUDES E NECESSIDADES................................................10

2.10. FRAUDE E CRISE MORAL ...................................................10

3. PREVENÇÃO DE FRAUDES.........................................................12

3.1 A TRÍADE DA FRAUDE............................................................14

3.2 TIPOS DE FRAUDADORES .....................................................14

3.3 MEDIDAS PREVENTIVAS........................................................15

3.4 CONTROLE INTERNO .............................................................18

4. HISTÓRICO DA INVESTIGAÇÃO DE FRAUDE EM AUDITORIA 19

4.1. INVESTIGAÇÃO DA FRAUDE ................................................20

4.2. PROCEDIMENTOS INICIAIS E PLANEJAMENTO.................21

4.3. INÍCIO DA INVESTIGAÇÃO ....................................................22

4.4. COLETA E VERIFICAÇÃO DE FATOS...................................22

5. CONCLUSÃO.................................................................................24

BIBLIOGRAFIA..................................................................................26

3

1. INTRODUÇÃOFraude é uma palavra bem conhecida pelos brasileiros, pois sempre fez

parte da história política do Brasil. De alguns anos para cá, algumas fraudes

escandalosas vieram à tona pelos diversos meios de comunicação, e provocaram

uma mobilização da população em todo país. As fraudes no INSS, na construção

do TRT de São Paulo, nas privatizações das Teles e, mais recentemente, na

Sudam e na Sudene são apenas alguns exemplos que tiveram repercussão

nacional.

Entretanto, não é somente no setor público que as fraudes estão

presentes. Milhares de empresas em todo o mundo são fraudadas, e os valores

correspondem a uma parcela significativa de suas receitas. Jesus (2000), por

exemplo, cita que nos EUA as empresas de médio porte perdem

aproximadamente 6% de sua receita brutal anual com desvios cometidos por seus

funcionários.

As entidades, públicas e privadas, enfrentam cada vez mais dificuldades

para combater as fraudes em seu meio, principalmente pela falta de uma política

prevencionista.

As investigações de fraudes só acontecem, na maioria dos casos, a partir

de denúncias de ocorrências destes ilícitos através de diversas fontes. Pode-se

dizer que, geralmente, tais denúncias são feitas por:

• Esposas de fraudadores que se separam;

• Pessoa conluiada que se sentiu traída de alguma forma;

• Pessoa que tomou conhecimento de fraude por algum motivo;

• Órgãos/setores fiscalizadores (auditoria externa e auditoria interna).

Os dois últimos itens são mais difíceis de ocorrer, pois os fraudadores

procuram encobrir todas as evidências dos crimes. Conforme LEVI, citado por

JESUS (2000), pouquíssimas são as fraudes descobertas pela auditoria externa e

somente algumas as são pela auditoria interna. Segundo ele, não existem

instrumentos seguros para detecção de fraudes, principalmente pela falta de

preparação dos auditores/peritos e pela baixa alocação de recursos no processo

de investigação. Diante deste fato, a psicologia tornou-se uma poderosa aliada no

combate às fraudes. Através dela é traçado o perfil de um fraudador, o que, de

4

certa forma, permite que a entidade direcione sua fiscalização, sem deixar de

lado, é claro, os outros pontos que contribuem para a prática de fraudes.

Em face a essa carência de uma política prevencionista, este trabalho foi

desenvolvido, tendo como objetivo o auxílio ao profissional contábil no que tange

à prevenção e à investigação de fraudes.

Inicialmente, será falado sobre a relação das fraudes com a contabilidade,

procurando-se mostrar a responsabilidade desta na prevenção. No próximo

tópico, será mostrado como as fraudes geralmente são praticadas.

Posteriormente, tratar-se-á da instalação de alguns meios disponíveis que podem

ser utilizados na prevenção de fraudes. Por fim, falar-se-á sobre a investigação de

fraudes, mostrando-se os procedimentos necessários à realização dessa.

2. PRÁTICAS DA FRAUDE. 2.1. CONIVÊNCIA PASSIVA NA FRAUDEA infidelidade na vigília sempre foi punida duramente na Antiguidade.

Há quase 4 000 anos havia uma lei no Oriente que prescrevia: "Se um vigia

foi negligente na guarda de uma casa e um ladrão a arrombou, o vigia da casa

será morto e, sem sepultura, será enterrado junto ao lugar do arrombamento".

O rigor dos sábios da época demonstrava todo o repúdio que possuíam

pela negligência na guarda do bem de terceiros.

Obviamente, o progresso trouxe o relaxamento das penas, mas não um

tratamento de impunidade.

As fraudes, em geral, possuem também como co-responsáveis os que se

negligenciam na supervisão ou no controle.

Os efeitos "colaterais" chegam a inspirar em certos autores a crença de

que “toda fraude se opera dentro de um regime de convencia, quer ativa ou

passiva”.

O princípio da "conivência" é, pois, um aspecto que sempre merece

atenção quando se procura estudar um "processo fraudulento".

A fraude, dificilmente, tem um só culpado, quer ativa, quer passivamente.

Se um almoxarife subtrai artigos do armazém, geralmente falham os

controles que permitem a saída da mercadoria, tal como a ausência de

5

conferências periódicas ou o critério de amostragem adotado para conferir.

No caso exemplificado, existe um "clima para a fraude", ou uma

"conivência passiva".

2.2. O TESTE DO FRAUDADORA experiência ensina que o fraudador, quase sempre, "testa os controles".

De início comete um "pequeno engano" para ver como e percebido.

Se passar, ele "aumenta a dose".

A seguir, comprovada a debilidade dos controles, "implanta o processo".

Por exemplo: um encarregado de cobrança deixa de dar entrada do

recebimento de uma duplicata no valor de R$ 25,00. Aguarda os acontecimentos.

A seguir, nada ocorre. Ninguém reclama a quitação da duplicata, no

vencimento.

Encorajado pela medida, dá entrada do numerário 30 dias depois.

Ninguém continua a reclamar.

Por um acaso reclamasse, teria a resposta pronta: "Como o valor é

pequeno fui relaxando na entrega, mas o valor estava na gaveta da escrivaninha".

Ninguém duvidaria da "insignificância" do valor e da "honesta prestação de

contas", mesmo 30(trinta) dias após.

Passa, então, a repetir o processo com uma duplicata de R$ 1.500,00 (mil

e quinhentos reais). Depois com uma de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), e

finalmente, observando que existe um "clima para a fraude", começa a "não mais

prestar contas".

O fraudador quase sempre testa os controles antes de praticar o seu ato

doloso.

Ao perceber que os "coniventes passivos" estão ao seu dispor, pratica com

segurança o seu crime contra o patrimônio da empresa.

Outro erro comum e involuntário para alguns, mas sempre "a favor" para o

delito, é o da "inversão de números" nos saldos.

Assim, por exemplo, ao invés de puxar-se um estoque cujo saldo é de 32

(trinta e duas) unidades, inverte-se a ordem e "transfere-se" para a ficha nova

23(vinte e três).

Um teste singular de 21(vinte e um) para 12(doze) ou de 32(trinta e dois)

6

para 23(vinte e três), pode representar um "início" ou "teste" de controle.

2.3. GRUPO PARA A FRAUDE – CONIVÊNCIA ATIVA A fraude pode ter CONIVÊNCIA ATIVA ou um "grupo de fraudadores".

É comum a reunião de elementos que representem um "ciclo do bem", por

exemplo: "comprador-almoxarife-despachante" ou "caixa-cobrador-correntista".

Quando existe ACUMULAÇÃO de funções, a fraude torna-se ainda mais

fácil como, por exemplo, quem aprova os pagamentos ser também quem faz os

pagamentos.

Na acumulação de poderes ou de funções, o grupo de fraudadores pode

agir com facilidade na execução dos atos dolosos.

Quem estuda ou faz a perícia de um caso de fraude não pode abandonar a

hipótese da conivência ativa.

É bastante comum a reunião de elementos para "romper as barreiras do

controle".

2.4 A AUTORIDADE É UM GERENTE PODEROSO Quem tem autoridade pode cometer fraudes com maior facilidade.

Seja qual for o grau de comando, se ele não estiver preso a um controle

maior, sempre haverá chance de facilidade para fraudar.

Um grande número de fraudes é cometido pelos que possuem autoridade.

Em pesquisas realizadas sobre o assunto chegou-se à conclusão que:

Um expressivo número de fraudes é cometido por pessoas "de confiança".

Isto não deve ser tomado como uma "lei", mas como uma "'probabilidade"

que, na prática, tem ocorrido com freqüência.

Quem "arma" uma fraude precisa ter "chance" para realizá-la e isto quase

sempre ocorre através de quem "mereceu confiança" ou teve transferido a seu

cargo uma "autoridade".

2.5. O EXEMPLO DE CIMA Geralmente o empregado sente-se estimulado à fraude quando o

empresário também frauda.

Muitos são os casos que conhecemos de empresas que nem sequer

7

puderam punir os faltosos, porque elas mesmas praticavam a fraude através de

sonegação de impostos, adulteração de produtos, subtração de pesagens, etc.

O fraudador procura quase sempre uma "justificativa própria" para o delito

e a encontra com facilidade quando o "exemplo de cima" (dos dirigentes) sugere o

evento.

Nas grandes empresas encontra-se também a sonegação, porém "mais

sofisticada", de modo a não transpirar o delito aos funcionários.

Quando, todavia, os princípios são honestos quando a atividade se

desenvolve dentro de um clima de sinceridade, tem a administração plena

condição moral para punir o infrator.

Dentre as estratégias, todavia, da fraude, acha-se, sem dúvida, a que se

apóia no "exemplo de cima”.

2.6. A TÉCNICA DO ENVOLVIMENTO-SUBORNO Nas fraudes mais sofisticadas, praticadas por homens de maior quociente

de inteligência, observa-se que estes procuram sempre "envolver" pessoas de

prestígio (que às vezes são inocentes úteis, mas nem sempre).

Ceder "participação" para conseguir determinados fins, tem sido uma forma

usual de corrupção, no regime da fraude.

Os "envolvimentos", geralmente, estão combinados com o "prestígio" e

com a "autoridade".

Não faz muito tempo e a imprensa de todo o mundo noticiou o

envolvimento de Ministros, nobres e altos funcionários de governo na corrupção

da venda de aviões, feita pela Lockheed (1975).

Mais de 200 milhões de dólares de propinas foram pagas segundo a

própria declaração daquela empresa em 06 de agosto de 1975 (relatório aos

acionistas, denominado Starletter).

Outros envolvimentos, como o da Gulf Ou Company, da United Brands,

etc., acham-se relatados pelo Professor Abraham J. Briloff (3) e demonstram a

ação das empresas no sentido do suborno, do envolvimento, da forma dolosa e

anticompetitiva.

A fraude, pois, alcança "todos os níveis".

Em agosto de 1981, uma alta autoridade do exército brasileiro divulgou a

8

imprensa sua impressão sobre a corrupção em nosso país (Estado de Minas de

27-08-81); alegando que ele a considerava em níveis mais elevados que aquela

da época da Revolução de 1964.

Os "envolvimentos", portanto, alastra-se por todas as partes, em todas as

camadas, sob todas as formas, pois a filosofia da "vantagem fácil" tem fascinado

muitos na prática de crimes de todas as variedades.

O enriquecimento ilícito à custa do poder é das fraudes mais tradicionais

que se conhece e há mais de 2 000(dois mil) anos já formava processos famosos

(como o de Verres, que inspirou as "Verrinas" de Cícero).

As rapinagens de C. Licínio Verres, procônsul romano (119-43 antes de

Cristo) na Sicília, tinham grandes "envolvimentos", mas também, basicamente, o

"abuso pela influência" como ocorreu, também, com Nicolau Foucquet,

superintendente de finanças de Luís XIV, da França, cujas malversações e

fraudes foram descobertas por Colbert que, em 1661, o mandou prender na

fortaleza-prisão de Pignerol, onde morreu em 1680.

O poder facilita o envolvimento, quer ativo, quer passivo e isto tanto se dá

nas instituições como nas empresas, quer em Roma, quer na Sicília, quer na

França, quer no Brasil.

O suborno, a malversação de fundos, a peita, são filhas dos envolvimentos.

Fraude não é apenas o "furto" comum pela subtração direta de bens, mas

toda forma de lesão premeditada ao direito de terceiros, tramada através de

artifícios, executadas através de métodos e práticas desonestas.

2.7. A CONQUISTA DA CONFIANÇA Outra estratégia do fraudador é, como base, "ganhar a confiança”, pois e

através desta que consegue ”autoridade“ e abre as portas que necessita.

Muitas fraudes são cometidas através dos "homens de confiança”

A "boa fé" tem feito mais vítimas que as epidemias.

Tanto o corruptor como o falsário procuram sempre "parecer eficientes".

Na sua busca desenfreada da "confiança" mostram-se os fraudadores:

1 - Desprendidos de interesses

2 - Solícitos

9

3 - Eficientes

4 - Minuciosos em prestar contas etc.

A tática da "conquista" inclui, ainda:

5 - Bajulação ou adulação

6 - Subserviência

7 - Aplauso irrestrito às ações do superior

8 - Ausência total de crítica

9 - Chantagens emocionais (fazer-se de vítima, por exemplo)

10 - Gratidão exagerada etc.

Para conseguir "confiança" os fraudadores gastam, às vezes, longo tempo,

mas trabalham, perseverantemente, na elaboração de um "conceito".

Procuram mostrar "competência" e provocam "louvores" através de

inocentes úteis, na trama que urdem para se posicionarem.

2.8. A TÉCNICA DA JUSTIFICATIVA O pesquisador da fraude deve estar sempre muito atento quando encontrar

alguém muito preocupado em "justificar" o que faz.

Quem faz certo geralmente não está muito aflito por buscar “razões” que

justifiquem seus atos.

O excesso de justificativas pode ser um forte indício de fraude.

Uma das características, que envolve certas fraudes é, exatamente, a

"exuberância" de "razões" ou de "papéis".

Fraudes sofisticadas estão, às vezes, cobertas por vasto documentário

(que na essência é falso), procurando-se pela "forma", encobri o "vazio da

essência".

Um grande poeta português escreveu que as "heras dão sempre um tom

de primavera aos torreões góticos a cair"; parafraseando, pode-se dizer que

certas documentações dão sempre a aparência de honestidade à fraude

consumada.

Por isso é que a fraude necessita de ser enfrentada através de critérios

tecnológicos, pois, ao leigo, àquele que está desprovido de conhecimentos, não é

possível reconhecer o dolo com profundidade.

10

2.9. FRAUDES E NECESSIDADES Em pesquisa que realizamos, pessoalmente, conseguimos associar

determinadas "necessidades" com determinadas fraudes.

A pergunta que havíamos imposto a nós mesmos era: "Por que as pessoas

fraudam?”.

Queríamos conhecer as "causas” que levavam funcionários a utilizar-se de

suas funções para atentar contra o patrimônio.

As causas principais que encontramos foram as seguintes:

1ª - Cobrir perda em jogo;

2ª - Cobrir gastos com mulheres;

3ª - Levar padrão de vida mais alto;

4ª - Cobrir infortúnio.

O mais elevado número de casos estava (nas empresas) ligada ao "jogo".

Os três primeiros casos foram os que mais se repetiram em um universo de

100 fatos que escolhemos, em fraudes de pequeno e médio porte.

As "grandes fraudes", todavia, estavam, em quase sua totalidade, ligadas à

"ambição de um patrimônio poderoso", em 12 casos que estudamos (em tal

universo elas representaram cerca de 90%).

O pesquisador da fraude deve estar sempre atento nos casos de

funcionários que:

1. Possuem vício do jogo (ainda que este seja o promovido pelo Poder

Público).

2. Freqüentam casas de diversões de alto luxo ou que possuem

diversas mulheres às suas expensas.

3. Adquirem bens de valor superior às suas possibilidades de renda.

4. Promovem reuniões sociais dispendiosas, com freqüência, ou que

levam vida social incompatível com a sua função.

Tais dispêndios exigem altas rendas, quase sempre, e representa

necessidades ligadas aos vícios do jogo, da concupiscência, da megalomania,

cleptomania, etc.

2.10. FRAUDE E CRISE MORAL A crise moral que em diversas partes do mundo tem ocorrido

11

lamentavelmente valeu-se do "uso da Contabilidade" para mistificar.

Rumorosos escândalos ocorridos no mercado de capitais, evasões

ensejadas pela elaboração de leis (que tudo nos sugere crer foram feitas para

protegerem segmentos da sociedade com aplicação de "evasões legais"), uso

indevido do poder e outras atitudes, levaram à descrença nos balanços.

Nos Estados Unidos da América do Norte por exemplo, falhas enormes

ocorreram em empresas que possuíam "Certificados de Auditoria", lavrados por

grandes firmas de profissionais colocando em descrédito perante o público a

prática contábil da revisão. No Brasil igual fenômeno se repetiu com uma

prodigiosa sucessão de prejuízos ao investidor (Halles, Delfim, Coroa-Brastel,

Brasilinvest etc.).

Os oligopólios do American Institute of Certified Public Accountants

(Instituto dos Contadores Americanos), como denuncia Brillof como o faz

igualmente, o Senado dos Estados Unidos, estabeleceram normas que foram

incompetentes para a auditagem condizente com o grau de responsabilidade que

o público espera de um auditor, segundo afirma aquela alta câmara.

Naquele grande país, como entre nós, ocorreram fracassos expressivos na

qualidade do método dos auditores (e o Senado acusa-os até de conluio),

internacionais, como os ocorridos com a Penn Central (colapso), Equity Funding

(fraudes), Gulf Oil Co. (atividades ilegais), Northrop Co. (ilegalidades), United

Brands (corrupção por propinas e práticas ilegais junto ao Governo de Honduras),

Lockheed (escândalo que envolveu Ministros, nobres e agentes governamentais

em vários países do mundo, por corrupção), Veco (Robert L. Vesco) (caso do

famoso I.O.S. que também atingiu muita gente no Brasil), etc.

Faliu o método de auditoria, pois, não bastam "procedimentos" (que são

meras aplicações isoladas), sendo necessária uma metodologia.

O Senado dos E.U.A. foi categórico em afirmar que a competência das

maiores firmas de auditoria está sendo questionada (na década de 70).

Em nosso modo de entender o problema metodológico, na maioria dos

casos, o ético, em outros e o moral, em alguns formou um complexo, mas prefiro

admitir que o erro de método foi o principal.

A crise moral de nossos dias, com a elevada corrupção generalizada, exige

que os auditores se dediquem à questão da fraude com maior seriedade.

12

Quer no setor público, quer no setor particular, o número de fraudes tem

aumentado consideravelmente.

Até o uso de manobras com computadores tem sido aplicado para colocar

a máquina a serviço da fraude.

Neste particular, sofisticadas interferências, inclusive de comandos

eletrônicos, têm sido utilizadas, provocando substanciais lesões ao patrimônio de

Bancos, grandes empresas e até ao próprio Poder Público.

Tudo defluiu da determinação dos costumes, da debilidade moral, do

egoísmo acentuado e até de defeitos nos sistemas sociais onde o excesso da

concentração da renda cria uma espécie de "justificativa" para a mente

fraudadora.

3. PREVENÇÃO DE FRAUDES Faz-se notório que é impossível eliminar por completo o risco de fraude. O

que se pode fazer é desestimular as práticas ilícitas, criando-se condições que

dificultam a sua realização, que aumentam a possibilidade de sua descoberta, e

que promovam penalidades pesadas. Todo fraudador teme ser descoberto, por

isto as medidas prevencionistas são tomadas em função deste temor.

A responsabilidade pela implementação/fiscalização de sistemas de

prevenção de fraudes não é só da alta administração. O ambiente de controle é

dividido em vários níveis, conforme figura 3.1.

NÍVEL RESPONSABILIDADEComunidade Cultura

Autoridades fiscalizadoras Autorização de funcionamento e fiscalização

Diretoria Controle global da instituição

Administração da matriz Controle minucioso da matriz

Administração da filial Controle minucioso da filial

Figura 3.1

13

A sociedade tem grande responsabilidade em proporcionar um ambiente

propício ao controle na prevenção de fraudes. Qualquer tentativa de se

implementar/controlar procedimentos prevencionistas fica prejudicada em um

ambiente cultural que se caracterize pela fraude e pela corrupção endêmicas. Se,

por exemplo, em determinado setor da empresa, a prática ilícita faz parte da

cultura dos funcionários, qualquer tentativa de se reduzir essas fraudes jamais

terá êxito.

As características das autoridades fiscalizadoras devem ser a qualidade e

a independência. Deve-se buscar a qualidade nos serviços de fiscalização,

executando-os com rigor e zelo. A independência é fundamental para se evitar

que influências políticas venham prejudicar as ações daqueles órgãos.

A responsabilidade primordial pela prevenção da fraude pertence aos

diretores. Parte desta responsabilidade é atribuída, no entanto, ao Conselho de

Administração, que goza da confiança das instituições que dirigem. Um ponto

importante, no repasse desta responsabilidade, é determinar quem coibirá os

próprios administradores de participarem das fraudes. Se existe a possibilidade

de os administradores participarem de conluios, logicamente não haverá

confiança nestes para implementar e monitorar os controles destinados a prevenir

fraude. E isto é uma realidade. Jesus (2000) mostra uma pesquisa realizada nos

EUA, que tem os seguintes dados:

• As fraudes causadas pelos empregados de nível gerencial são 4

vezes maiores do que as causadas por empregados de nível inferior.

• As fraudes médias causadas por executivos são 16 vezes maiores

do que as causadas por funcionários subalternos.

Nos níveis inferiores da estrutura de comando, há a responsabilidade direta

pela implementação e monitoramento de controles minuciosos. Deve existir a

preocupação em assegurar que as medidas adequadas à prevenção de fraudes

foram tomadas, visando o aumento das chances de suas descobertas. Dessa

forma, o fraudador sentir-se-á coibido de praticar o ilícito pelo temor de ser

revelado.

14

3.1 A TRÍADE DA FRAUDE Para que uma fraude seja cometida, três requisitos devem ser preenchidos

pelo fraudador:

• Obtenção das ferramentas de fraude.

• Conhecimento dos procedimentos para execução da fraude.

• Objetivo de valores facilmente conversíveis em dinheiro.

Segundo Jesus (2000) as maiorias dos fraudadores externos às entidades

tiveram êxito graças a uma única ferramenta: habilidade lingüística de

convencimento. Outras ferramentas, no entanto, também são muito utilizadas no

cometimento das fraudes, principalmente no que diz respeito à apresentação:

escritórios bem montados, postura e vestes do fraudador, uso de tecnologias:

notebboks, celulares, datashows e carros importados de luxo etc. Estas

ferramentas ludibriam o cliente, deixando transparecer uma falsa credibilidade no

negócio.

O conhecimento de como proceder no cometimento da fraude limita o

campo de atuação do fraudador. Um funcionário, por exemplo, que pratica a

fraude sozinho, limita-se ao setor onde esse tem conhecimento dos processos. À

medida que se tem a necessidade de utilizar-se de processos dos quais não

tenha conhecimento/acesso, o fraudador conta com a conivência de outros

funcionários para a execução da fraude. Souza, citado por Jesus (2000), cita

como exemplo o recente caso da venda de dados da Receita Federal em São

Paulo. Este crime foi executado por funcionários graduados do SERPRO

conluiados, pois seria praticamente impossível executá-lo sozinho.

O terceiro elemento da tríade da fraude refere-se aos valores monetários

ou bens facilmente conversíveis em dinheiro, alvos estes dos fraudadores. A

preferência por valores ou bens de alta liquidez justifica-se pela dificuldade que se

tem no rastreamento de tal ilícito.

3.2 TIPOS DE FRAUDADORES Viu-se anteriormente que as medidas preventivas são voltadas ao temor da

descoberta da fraude. Entretanto, dependendo do tipo de fraudador, este medo

apresenta-se com diversos graus de importância no processo de prevenção.

Podem-se dividir os fraudadores em três tipos:

15

1) FRAUDADORES CONVICTOS: são aqueles que têm a intenção de

fraude, planejando-a minuciosamente em formas de esquemas que considera

imperceptível. Para este tipo de fraudador, o risco da descoberta não assusta,

pois dentro do seu esquema de fraude encontra-se também um plano de fuga. Os

valores fraudados são geralmente muito altos, pois só assim compensaria correr o

risco pela fraude. Pode-se citar, como exemplo, um caso recente de uma

construtora de casas de madeira, cujos sócios fraudaram o equivalente a mais de

um milhão de reais de diversos mutuários no interior de Minas Gerais.

Geralmente, as fraudes neste caso estão relacionadas com o poder público, como

é o caso do juiz Nicolau, envolvido na fraude da construção do TRT de São Paulo

e da advogada Jorgina, acusada de desvios de recursos do INSS.

2) FRAUDADORES IMPULSIONADOS: estes tipos de fraudadores

iniciam suas carreiras de maneira honesta. Entretanto, com o passar do tempo,

são motivados a executar a fraude por outros funcionários ou por situações

delicadas. Geralmente, eles são usados nos esquemas dos fraudadores

convictos, que precisam conluiar-se para obter sucesso na aplicação da fraude.

Algumas situações também podem levá-lo a cometer o ilícito, tais como,

endividamento excessivo, insatisfação financeira, mau exemplo etc. Os valores

fraudados são, na sua maioria, baixos e o medo de ser descoberto tem forte

influência no fraudador, pois o resultado da fraude, neste caso, não compensa o

risco.

3) FRAUDADORES DE OCASIÃO: são aqueles que nunca tiveram a

intenção de fraudar, entretanto, as circunstâncias o fizeram tornar-se insolvente.

São diversos os casos: falência não criminosa, falha no gerenciamento de

recursos financeiros, excesso de gastos com variáveis incontroláveis, tais como

incêndios e enchentes, insucessos nos projetos elaborados etc.

3.3 MEDIDAS PREVENTIVAS O ditado popular prevenir é melhor do que remediar enquadra-se

perfeitamente quando se fala em fraudes. O primeiro ponto a ser considerado na

implantação de uma política prevencionista é que a fraude é uma realidade

mundial, e por isto deve-se tomar medidas que coíbam essa prática ilícita, ainda

16

que se saiba que não exista programa ou método seguro para impossibilitar a sua

ocorrência.

Viu-se que um fraudador somente comete a fraude se dispuser dos três

elementos que a compõe, conforme visto na figura 3.3.1.

Figura 3.3.1

Por isto, a política prevencionista deve ser voltada para o propósito de

impedir que o fraudador tenha sucesso na aquisição de tais elementos. Esta ação

faz com que o temor da descoberta coíba a prática de fraude. Perceber-se-á que

tal política muito está relacionada com o controle interno da entidade, pois quanto

mais frágil for este maior a possibilidade do cometimento de fraudes.

Podem-se enumerar algumas medidas relacionadas com os elementos da

tríade da fraude:

1) FERRAMENTAS DE FRAUDE

• Não confiar em estranhos.

• Não deixar se envolver pela boa conversa.

• Procurar agir de formar racional, deixando de lado as emoções.

• Ignorar seu lado ambicioso.

• Não confiar na apresentação pessoal, nem na tecnologia

apresentada.

• Verificar pessoalmente as instalações físicas, bem como as

credenciais dos funcionários.

17

• Verificar, a nível nacional, a procedência da empresa junto aos

diversos órgãos de cadastros.

• Procurar através da Internet, se houve golpes parecidos em outros

estados.

• Atentar para o horário de atendimento.

• Questionar sobre o negócio, verificando o grau de conhecimento do

vendedor.

• Estar atento se o comprador realiza compras sem verificar o

produto, ou barganhar preços e prazos.

2) CONHECIMENTO DOS PROCEDIMENTOS PARA EXECUÇÃO DA FRAUDE

• Estabelecer uma estrutura organizacional baseada no princípio de

controles internos eficazes.

• Assegurar-se que a seleção de pessoal seja feita com o mais

absoluto censo crítico, garantindo adequação e qualidade.

• Estabelecer procedimentos que exijam a aprovação de cada

transação, antes que seja concretizada, por pessoa não relacionada

com quem deu origem à operação (segregação de funções).

• Definir claramente as responsabilidades dos funcionários.

• Estar atento a quaisquer alterações ou omissões nas rotinas

previstas, reagindo rapidamente aos problemas.

• Exigir informações confiáveis e tempestivas.

• Manter elevada a qualidade do departamento de Auditoria Interna,

enaltecendo sua relevância para a empresa.

• Monitorar a implementação das diretrizes.

• Manter uma política salarial e seu grau de relação com o

desempenho.

• Manter rotatividade de pessoal.

• Promover uma política de treinamentos, supervisão e avaliação de

pessoal.

• Estabelecer uma política de incentivos.

• Observar o número de horas extras da empresa.

18

3) OBJETIVO DE VALORES FACILMENTE CONVERSÍVEIS EM DINHEIRO Muitas medidas aplicáveis contra a obtenção deste elemento já foram

vistas, principalmente, pela relação que se tem com o controle interno da

empresa. Então se pode dizer que, basicamente, as medidas preventivas seriam:

• Qualidade no processo de recrutamento.

• Segregação de funções.

• Fiscalização contínua.

Desta forma, percebe-se a importância do controle interno na prevenção de

fraudes, através da vigilância e controle exercidos.

3.4 CONTROLE INTERNO Os principais fenômenos que compõem a formação de critérios de

controles internos são os seguintes:

• Segregação de funções: independência para as funções de

execução operacional, autorizações, aprovações e execução de

custódia física, manutenção de registros e contabilização de fatos

mercantis. Cada uma destas fases deve ser executada por pessoas

e/ou setores independentes entre si;

• Sistemas de autorização, aprovação e execução: a pessoa que

autoriza, a que aprova e a que executa devem ser totalmente

independentes umas das outras para não expor a riscos os

interesses da empresa;

• Determinação de funções e responsabilidades: organogramas claros

que determinam as responsabilidades e a operacionalidade das

funções e cargos em todos os níveis da estrutura da empresa.

• Rodízio de funcionários e cargos: freqüente rotatividade de

funcionários em níveis subalternos para evitar a formação de

vínculos e/ou vícios que possam eventualmente causar um sinistro;

• Cartas de fiança e seguro de fidelidade: exigência de carta de fiança,

nota promissória de garantia ou seguro de fidelidade para

desestimular atos nocivos;

19

• Contagens físicas independentes, de rotina ou de surpresa: executar

contagens físicas de bens e recursos de forma periódica ou de

surpresa;

• Processo de dupla assinatura na manipulação de recursos: a

manipulação de valores e recursos líquidos ou materiais, execução

de pagamentos, manipulação de verbas devem ter como

responsáveis dois executivos para evitar acúmulo de autoridade e

poderes;

Enfim, os principais critérios para conservar a precisão, confiabilidade e

fidedignidade no processo de implantação de controles internos deveriam resultar

nos seguintes fenômenos:

• Documentação fidedigna: a utilização de documentos hábeis para os

registros e transações mercantis na empresa;

• Conciliação: o processo que identifica ou constata a precisão ou

eventuais diferenças propositais ou não entre as diversas fontes de

informações e documentos, utilizando o confronto ou conciliação

entre informações e documentos;

• Plano de contas: um sistema de classificação unificada e

padronizada no processamento de dados contábeis baseados em

códigos e classificações de contas preestabelecidas e inalteráveis;

• Tempo hábil: o registro das operações dentro de períodos de

competência e no menor espaço de tempo possível.

Uma auditoria atuando em nível de assessoria poderá implementar um

método ou programa de prevenção de fraudes, protegendo o patrimônio da

empresa, seus recursos líquidos, e salvaguardando a execução de sua política

operacional.

4. HISTÓRICO DA INVESTIGAÇÃO DE FRAUDE EM AUDITORIA Poderíamos dividir os períodos de investigação de fraude pela Auditoria em

quatro fases que são (Porter. 1997):

a) A fase anterior a 1910, quando a investigação de fraude era

considerada como uma tarefa primordial da Auditoria. Nesta época

20

esperava-se que o Auditor tivesse as habilidades e o conhecimento

necessários para identificar a fraude em todas as circunstâncias.

b) A fase entre 1920 e 1960, destacou-se pela diminuição da

importância da responsabilidade do Auditor de detectar fraudes.

Sendo assim, a responsabilidade da empresa de detectar fraudes

ficou com os gerentes e diretores. O auditor tinha a responsabilidade

de atestar a credibilidade dos demonstrativos contábeis e

financeiros.

c) Durante o período de 1960 a 1980, a responsabilidade de detecção

de fraude começou a ser questionada novamente. Surgiram alguns

escândalos que provocaram a seguinte reflexão: se os auditores

atestam que os demonstrativos da empresa são confiáveis, podem

também atestar que pode existir a possibilidade de fraudes nesta

empresa.

d) Após os anos 80, surgiram muitos casos de fraude em todo o

mundo, de maneira que retornou ao auditor a responsabilidade de

detectar e informar suspeitas de fraude. Porém esta visão não é

compartilhada por todos os países, sendo freqüente nos países de

língua anglo-saxônica, que possuem um sistema empresarial e

jurídico semelhante, tais como Estados Unidos da América, Canadá,

Austrália, Reino Unido e Nova Zelândia.

4.1. INVESTIGAÇÃO DA FRAUDE A investigação de fraude é uma forma de auditagem na qual somente as

provas da mais alta qualidade são aceitáveis e na qual se deposita pouca – ou

nenhuma - fé nos controles internos para definir o volume e a natureza do

trabalho de verificação a ser empreendido. Não raro, investigações de fraude

consomem meses ou até anos, podendo envolver a virtual reconstituição dos

registros contábeis. As autoridades regulamentadoras, ou compradores potenciais

de um banco, empenhados em operação de saneamento em nome das

autoridades, entretanto, podem precisar de indicações preliminares urgentes

quanto à existência de fraudes de proporções maiores e, em caso afirmativo,

quanto aos impactos sobre a condição financeira do banco. Assim, os auditores

21

que tenham suspeitas sobre a lisura dos demonstrativos disponíveis podem se

ver forçados a determinar com urgência se devem, ou não, proceder a uma

investigação de fraude minuciosa. Nessas circunstâncias, faz-se necessário

contar com uma abordagem à investigação de fraudes que permita chegar

rapidamente a conclusões preliminares, embora tais conclusões necessariamente

sejam panorâmicas e tentativas.

O processo de fraude pode ser visto como contendo quatro elementos

principais:

• Procedimentos Iniciais e Planejamento;

• Início da Investigação;

• Coleta e Verificação de Fatos;

• Análise, Avaliação e Relatórios.

4.2. PROCEDIMENTOS INICIAIS E PLANEJAMENTO Determine o contexto – Instruções para empreender uma investigação em

um banco freqüentemente são emitidas em conjunturas de problemas financeiros

sérios. O investigador terá que entender o contexto em que é chamado a

empreender o trabalho e determinar os precedentes que levaram à situação atual,

bem como a posição, incluindo poderes e responsabilidades, dos solicitantes do

trabalho.

Obtenha termos de referência – O investigador deve assegurar de obter,

em entendimento com o cliente, termos adequados de referência. Propõe-se que

tais termos tratem de:

• Abrangência do Trabalho;

• Relatórios;

• Procedimentos de autorização;

• Estimativas de prazo.

Obtenha autoridade apropriada – Devem-se tomar providências no

sentido de obter as competentes autorizações e no sentido de instruir a

administração superior.

Obtenha informações financeiras básicas – As seguintes informações

devem ser solicitadas:

• Organograma referente à estrutura do grupo;

22

• Contas auditadas referentes ao três últimos anos e;

• Informações financeiras referentes ao período transcorrido

desde as últimas contas auditadas se estiverem disponíveis.

Escale equipe adequada – É essencial criar a impressão certa junto à

administração e aos quadros de pessoal

4.3. INÍCIO DA INVESTIGAÇÃO

• Defina a Alocação Inicial do Pessoal –

• Prepare a equipe –

• Conheça a Administração –

• Obtenha informações financeiras –

• Verifique os controles-chave –

• Revise o quadro de pessoal –

• Obtenha os relatórios de auditoria interna –

4.4. COLETA E VERIFICAÇÃO DE FATOS Ao final da fase inicial, o investigador terá identificado áreas que devam ser

submetidas à investigação minuciosas e deverá, em seguida, preparar programas

de trabalho.

• Examine Fundos de depósitos -

• Verifique as últimas reconciliações bancárias -

• Examine a carteira de empréstimo. -

• Examine as planilhas de consolidação e de compilação dos demonstrativos financeiros. -

• Reúna-se com os auditores -

• Investigação minuciosa – confirmação; verificação da precisão de

processamento; e busca por transações não registradas.

• Obtenha confirmações de terceiros – todos os saldos na data de

confirmação; quaisquer contas abertas ou encerradas no decorrer

do último ano; e quaisquer débitos ou comprometimentos a

depósitos junto às contrapartes.

• Examine as contas correspondentes -

23

• Examine empréstimos e perdas potenciais – A revisão dos

empréstimos visa, primordialmente, assegurar: - Que os

empréstimos estão corretamente lançados, se é possível o

recebimento e que as garantias são genuínas e têm titulação

adequada; - Que os tomadores finais estão corretamente

identificados; - Que os empréstimos individuais não tenham sido

reduzidos ou eliminados por transações impróprias ou fictícias; -

Que os riscos globais com tomadores individuais e seus associados

não ultrapassam os limites legais e regulamentares; e – Que as

provisões necessárias foram constituídas contra perdas potenciais

que podem vir a se cristalizar em prejuízo do banco.

• Procure transações não registradas – A observância de

transações que foram devidamente registradas pela empresa, pode

caracterizar um forte indicio de fraude, procure informações sobre o

porquê da falta do registro.

24

5. CONCLUSÃO

Desde os tempos remotos da história da civilização do homem, nas épocas

do classicismo, pré-colombiano, idade média até a época atual, os homens que

possuem poderes, em certas circunstâncias, têm abusado destes poderes para se

enriquecer e lesar as instituições das quais obtiveram confiança e poder.

Desvios ilícitos, fraudes, furtos, provocação de comissões e gorjetas não

são novidades na estrutura de qualquer sociedade. Começam em quantidade

pequena e aumentam sucessivamente com a confiança do delinqüente, pois não

existem sistemas de controles internos, auditoria e naturalmente uma justiça

severa que puna estes atos.

A grande ocorrência destes atos nocivos deve-se principalmente à falta de

uma política de prevenção e às leis que punem com pouca severidade,

considerando-os como “delitos de cavalheiros”.

As medidas preventivas contra as fraudes devem ser tomadas por todas as

pessoas e entidades, mesmo aquelas que nunca foram fraudadas. Não existem

medidas preventivas pra todos os casos, mas as lições de casos já acontecidos

devem ser consideradas. A única maneira de prevenir é estar consciente de que

ela existe e pode nos atingir a qualquer momento

A atividade de compras é uma das áreas mais sensíveis que favorece

fraudes em qualquer nível hierárquico e precisa ser fiscalizado, especialmente o

processo de compras propriamente dito, a recepção de materiais, a dispensa de

materiais para outros centros de produção e o processo de pagamento de contas

a pagar.

Na maioria das empresas um único executivo ou subalterno possui o poder

de tomada de decisões nas transações com compras, sem fiscalização, sistemas

de controles internos e auditoria. Poucas empresas exigem a execução de

pesquisas de vários fornecedores e de uma listagem comparativa para identificar

a compra mais favorável para a empresa. Quando o almoxarife tem acesso total à

documentação histórica da compra, ou seja, desde a ordem de compra até a nota

fiscal, que abre naturalmente uma grande oportunidade de manipular a recepção

de compras com eventuais benefícios para ele mesmo ou em conjunto com os

25

fornecedores. Igualmente, na área de contas a pagar existe uma série de falhas

de controle interno.

É fácil sugerir que alguém está mentindo quando não se tem de se

confrontar diretamente com ele e quando o relacionamento é impessoal. A fraude

que está lá batendo à nossa porta é muito mais difícil de se lidar. As pessoas

boas e honestas freqüentemente são as vítimas e os perdedores.

Nesse momento é que a perícia contábil mostra-se importante na

prevenção da fraude, pois conhece os setores mais vulneráveis a ela e quais os

sistemas de controle interno adequados para dificultar sua ocorrência. Poderia,

assim, contribuir de uma maneira significativa na formação de uma política de

prevenção, conforme a necessidade de cada entidade.

Primordialmente, o sistema de controles internos forma um conjunto de

regras e instruções que evita a consolidação de excessivos poderes nas mãos de

executivos, através da segregação de funções que no seu efeito final, produz

sistemas auditáveis e conciliações e análises de operações.

O economista Stefan Kanitz disse que o Brasil não é o país mais

fraudulento, mas o menos auditado. Se for assim, voltamos à questão de

gerenciamento de risco. Auditar faz parte de prevenir, inibir, etc. Ocorre que nós

nos prevenimos muito pouco.

26

BIBLIOGRAFIA

COMER, Michael J., Fraude, Corrupção e Desonestidade nos Negócios, São Paulo: McGraw-Hill, 1990.

JESUS, Fernando de. Perícia e Investigação de Fraude. Goiânia: AB, 2000.

KLEIN, Tolstoy Claderciano. Fraudes (Dolo e Culpa) em Contabilidade. Rio de Janeiro: Aurora, 1970.

KPMG. A Fraude em Bancos. Traduzido pelo IBCB. São Paulo, 1991.

RASMUSSEM, Uwe Waldemar. Desvios, Desfalques e Fraudes nas Transações de Compras nas Empresas: uma análise transacional da aplicação de controles internos, São Paulo: Aduaneiras, l988;

SÁ, Antônio Lopes de. Fraudes Contábeis. São Paulo: Tecnoprint, 1982.