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UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Metodologia do Ensino Superior Maria Regina Ferreira A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NO ENSINO SUPERIOR LINS-SP 2009

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UNISALESIANO

Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Metodologia do Ensino

Superior

Maria Regina Ferreira

A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NO ENSINO

SUPERIOR

LINS-SP

2009

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MARIA REGINA FERREIRA

A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NO ENSINO SUPERIOR

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Metodologia do Ensino Superior sob a orientação dos Professores M.Sc. Fátima Eliana Frigatto Bozzo e M.Sc. Heloisa Helena Rovery da Silva.

Lins - SP

2009

3

Ferreira, Maria Regina A importância da leitura no ensino superior / Maria Regina Ferreira. – – Lins, 2009.

38p. il. 31cm.

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins, SP para Pós-Graduação “Lato Sensu” em Metodologia do Ensino Superior, 2009

Orientadores: Fátima Eliana Frigatto Bozzo; Heloisa Helena Rovery da Silva

1. Leitura. 2. Conhecimento. 3. Pesquisa Educacional. I Título

CDU 37

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MARIA REGINA FERREIRA

A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NO ENSINO SUPERIOR

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,

para obtenção do título de especialista em Metodologia do Ensino Superior.

Aprovada em: ____/____/____

Banca Examinadora:

Prof. M.Sc. Fátima Eliana Frigatto Bozzo

Mestre em Educação pela USC – Bauru/SP

Profª. Ms. Heloisa Helena Rovery da Silva

Mestre em Administração pela CNEC/FACECA – MG

LINS – SP

2009

5

Dedico este trabalho à minha

família, que durante todo tempo

demonstraram carinho e compreensão

comigo e que lutaram muito para

poderem agora aplaudirem esta vitória.

6

AGRADECIMENTOS

Aos professores e orientadores:

Pela paciência, dedicação e por passarem seus conhecimentos.

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RESUMO

Apesar de todo o avanço tecnológico observado na área de comunicação, principalmente audiovisuais, nos últimos tempos, ainda é, fundamentalmente, pois com a leitura que se realiza o processo de transmissão/aquisição da cultura. Daí a importância capital que se atribui ao ato de ler, enquanto habilidade indispensável, nos cursos de graduação. O objetivo da pesquisa é descrever a importância da leitura no ensino superior. A leitura é o ato de se envolver, de se sensibilizar, de criar, de conhecer e de se atualizar. É um envolvimento tanto psicológico quanto prático, físico, que a pessoa adquire, pois sua sensibilidade de conhecimento ultrapassa todos os sentidos. Através dos livros, jornais, revistas, gibis, entre outros, o ser humano descobre um mundo esclarecedor. A leitura para formação do indivíduo é de muita importância nos dias de hoje, sendo primordial analisar os fatores que impedem e apresentar caminhos de renovação e qualificação. A leitura sempre teve um papel social de grande interferência na sociedade, como pesquisa educacional e sua evolução diante dos problemas sociais, políticos e econômicos. A leitura tem por finalidade levar outros mundos possíveis, seja a literatura ou as revistas e livros. Pode entreter ao mesmo tempo em que favorece a reflexão sobre a realidade ou a fuga de dificuldade que se enfrenta no cotidiano. Além disso, desperta sonhos, curiosidades e ativa a criatividade. Aprender a ler não é uma tarefa tão simples, pois exige uma postura crítica, sistemática e intelectual por parte do leitor, e esses requisitos básicos só podem ser adquiridos através da prática. Palavras-chave: Leitura. Conhecimento. Pesquisa Educacional.

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ABSTRACT

Despite all the technological advances in the area of communication, especially media in recent times, it is still, fundamentally, because the reading takes place the process of transmission and acquisition of culture. Hence the importance it attaches to the act of reading as a skill essential in undergraduate courses. The purpose of the study is to describe the importance of reading in higher education. Reading is the act of getting involved, to raise awareness, to create, to learn and to upgrade. It is an involvement of both psychological and practical, physical, that the person acquires, for his sensitivity knowledge surpasses all directions. Through books, newspapers, magazines, comic books, among others, human beings discover a world enlightening. The reading for the formation of the individual is very important nowadays, and analyze the key factors that prevent and present ways of renewing and qualification. Reading has always had a social role as a great influence in society, such as educational research and developments on the social, political and economic. The reading is intended to bring other possible worlds, be it literature or magazines and books. Can entertain at the same time it promotes reflection on the reality or the escape of difficulties we face in everyday life. Moreover, waking dreams, curious and active creativity. Learning to read is not a simple task, since it requires a critical, systematic and intellectually from the reader, and these basic requirements can only be acquired through practice.

Keywords: Reading. Knowledge. Educational Research.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................................. 10

CAPÍTULO I - LEITURA .................................................................................. 12

1 CONCEITO DE LEITURA E SUAS IMPLICAÇÕES................................. 12

1.1 O que é ler?........................................................................................... 12

1.2 A importância do ato de ler.................................................................... 13

1.3 A leitura na escola ................................................................................. 14

CAPÍTULO II - LEITURA PARA A FORMAÇÃO DO INDIVÍDUO................... 16

2 A IMPORTÂNCIA DA LEITURA PARA A FORMAÇÃO DO INDIVÍDUO 16

2.1 Leitura infantil ........................................................................................ 19

2.1.1 Contos de fadas................................................................................. 21

2.2 Leitura infanto-juvenil ............................................................................ 21

CAPÍTULO III - LEITURA NO ENSINO SUPERIOR ....................................... 23

3 A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NO ENSINO SUPERIOR...................... 23

3.1 Práticas de leitura na graduação........................................................... 25

3.2 Leitura: compreensão e crítica .............................................................. 26

3.2.1 Textos ................................................................................................ 27

3.3 A aprendizagem do ensino e da leitura ................................................. 29

CONCLUSÃO .................................................................................................. 34

REFERÊNCIAS ............................................................................................... 36

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INTRODUÇÃO

Desde os tempos primitivos a escrita foi necessária para identificar

momentos, descobrimentos e com isso, no decorrer dos tempos ela se

desenvolve para dar continuidade aos avanços da humanidade.

Decorrência disso, a leitura torna-se uma mania, uma maneira de se

relacionar, de se informar em relação com outros pensamentos, outros países,

culturas diferentes, religiões, etc.

O processo de comunicação tornou-se a essência do mundo moderno,

como Freire (2005) disse: a leitura do mundo precede sempre a leitura da

palavra, e a leitura desta implica a continuidade da leitura daquela.

Com a leitura se pode compreender amplamente a noção das noticias,

dos acontecimentos, pois sem o saber da leitura, a pessoa começa a ter um

bloqueio na capacidade de entendimento, a se frustrar com isso, se tornando

impossibilitada de compreender, de conhecer tanto no contexto pessoal quanto

para o resto do mundo.

O educador que trabalha no processo de iniciação da leitura,

principalmente com crianças, tem que possuir sensibilidade ao ler, pois através

da voz, gera emoções, gestos que tornam a leitura interessante e

conseqüentemente começa a dar impulso para o aprendizado.

O objetivo do trabalho é descrever a importância da leitura, tanto para a

formação no indivíduo, como para alunos que cursam o ensino superior.

Durante a pesquisa levantou-se o questionamento: quais os benefícios

que a leitura traz para o indivíduo durante a sua formação escolar?

Em resposta, procurou-se demonstrar, através de uma revisão

bibliográfica entre os anos de 1974 a 2009, a verdadeira importância do ato de

ler e suas implicações na formação do indivíduo, principalmente quando este

cursa o ensino superior.

O trabalho está assim dividido:

Capítulo I: descreve o que é a leitura, seus conceitos, implicações e sua

importância.

Capítulo II: fala sobre a importância da leitura para a formação do

indivíduo.

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Capítulo III: descreve a leitura no ensino superior.

Por fim, a conclusão.

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CAPÍTULO I

LEITURA

1 CONCEITO DE LEITURA E SUAS IMPLICAÇÕES

1.1 O que é ler?

Segundo Orlandi (1988), a leitura pode ter vários sentidos como na

escola que significa o aprender a ler e escrever, em termos acadêmicos as

várias formas de compreender um texto, a leitura também pode ser uma

ideologia ou uma atribuição de sentidos, entre outras definições.

Ler é saber compreender, interpretar, e essa interpretação não é única,

depende de cada pessoa, de seu contexto de vida, de sociedade, de trabalho,

de família, de época, entre outros. Um texto para ser legível depende desses

fatores e também do leitor virtual que se insere dentro do texto, pois se a

relação entre leitor virtual (leitor para que o autor destina o texto) e leitor real

(pessoa que lê o texto) é muito distante e fica difícil haver a compreensão.

E o que é compreensão? Para Freire (1992), a compreensão do texto a

ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o

texto e o contexto, ou seja, se entende a partir de que se conhece o contexto

do que é falado no texto, então a compreensão do texto é mais importante do

que simplesmente decodificar as palavras, a compreensão faz com que a

leitura seja um momento crítico.

Um texto pode ter vários sentidos escondidos que somente com essa

leitura crítica pode-se compreender. Um mesmo texto pode ser lido de várias

formas: comparando com outro; procurando saber o que o autor quis dizer

(dessa forma de leitura não se pode abster de saber o contexto histórico do

autor); procurando saber o que o professor quer que se compreenda do texto;

ou ler procurando uma multiplicidade de sentidos no texto.

Martins (1994), conceitua a leitura não somente para decifrar as

palavras, mas para refletir o que esta sendo abordado. O ato de ler está

13

extremamente relacionado com a escrita, trazendo a si o texto e elevando o

pensamento. A reflexão da leitura organiza e eleva o grau de conhecimento,

proporcionando assim, um conhecimento mais amplo.

A leitura é tão importante que desde o início das civilizações, quem

detém a palavra, ou a capacidade de comunicação é quem está com o poder, e

até hoje continua assim, o governo não quer que o povo saiba realmente ler,

ele quer pessoas alfabetizadas de letras, para não ser categorizado como país

subdesenvolvido, mas quer analfabetas de compreensão, para poder continuar

no poder.

A leitura nada mais é do que uma forma de absorver a cultura, pois ela

tanto pode ser feita assistindo a uma peça, quanto a um pagode ou a leitura de

um livro. Ou seja, a leitura, vista de um aspecto mais amplo e completo, traz a

cultura, e há a necessidade de se conhecer a cultura, para haver a realidade da

escolha; não há preferência se não há o conhecimento da opção.

Ler é prazer e não dever.

1.2 A importância do ato de ler

O ato de ler é muito importante, pois, através da leitura pode-se adquirir

vários conhecimentos tanto antigos como modernos.

A leitura permite viajar através de mundos, culturas e religiões

diferentes, tornando-nos pessoas mais informadas e interadas do que acontece

ao redor.

Ganhar o gosto pela leitura é como provar o vinho pela primeira vez, ao

principio parece amargo, mas depois se habitua ao gosto e [...] passado algum

tempo, quem não sente um enorme prazer em saborear um bom cálice de

vinho?[...] ora, com a leitura é a mesma coisa, quando se está iniciando, ler um

livro faz sono, não se tem muita paciência, nem tempo, mas depois de se

ganhar o hábito de ler, então se olhará o livro como uma paixão, uma

necessidade, uma companhia, um amigo inseparável, como um hábito de que

não se pode nem se quer fugir. (NOGUEIRA, 2001)

Os livros, de um modo geral, expressa a forma pela qual seus autores

vêem o mundo, para entendê-los é indispensável não só penetrar em seu

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conteúdo, mas ter a sensibilidade, para identificar, vários níveis de significação

e várias interpretações das idéias expostas.

Segundo Freire (1988), a leitura do mundo foi sempre fundamental para

a compreensão da importância do ato de ler, de escrever ou de reescrevê-lo, e

transformá-lo através de uma prática consciente.

O processo de ler implica vencer as etapas de interpretação e depois à

aplicação. A interpretação baseia-se na continuidade da leitura do mundo, isto

é, na apreensão e interpretação das idéias, nas relações entre o texto e o

contexto.

Ler é saber ver, enxergar o mundo com todas as suas belezas e

mistérios, e querer cada vez mais desvendá-lo e deixá-lo mais bonito ainda,

querer crescer para o mundo também crescer.

1.3 A leitura na escola

O objetivo maior da maioria das escolas, principalmente nas primeiras

séries, é assegurar o domínio da leitura e da escrita, esse também é o da

maioria dos pais ao colocar seus filhos na escola. O aluno é pressionado pela

escola, família e sociedade para cumprir esse objetivo, às vezes não tendo

nem noção do porquê dessa meta.

Mas qual é o papel da escola no ensino da leitura? A escola deve

entender que a leitura tem um sentido mais amplo e deve dar liberdade para o

professor ensinar para seus alunos sua importância, e todo o tipo de leitura. A

leitura de textos, de desenhos, de charges, de mímicas, de gestos, de danças,

deve também valorizar o que acontece na sociedade, tudo isso é importante

para que se amplie a visão de mundo da criança, para que ela possa

interpretar qualquer coisa.

Muitas coisas que se aprende na escola são esquecidas com o tempo,

pois não se pratica e, através da leitura rotineira tais conhecimentos se fixariam

de forma a não serem esquecidos posteriormente. Dúvidas que se tem ao

escrever poderiam ser sanadas pelo hábito de ler, talvez nem as teriam, pois a

leitura torna o conhecimento mais amplo e diversificado. (PERCILIA, 2009)

O professor deve ver que o livro didático não é um professor, e não é

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feito para todos os alunos, então ele não pode limitar-se somente a ele, e sim

tentar compreender o aluno, ensinando de uma maneira que ele possa

entender, compartilhar seu saber, pois o conhecimento se constrói com a

relação na sala de aula.

A alfabetização deve ter sentido para o aluno. O professor deve

estimulá-la trazendo a escrita para a sala de aula, lendo e escrevendo para as

crianças e demonstrando que a alfabetização é algo lógico e simples.

16

CAPÍTULO II

LEITURA PARA A FORMAÇÃO DO INDIVÍDUO

2 A IMPORTÂNCIA DA LEITURA PARA A FORMAÇÃO DO INDIVÍDUO

Vista como um instrumento de poder, a leitura vem através dos tempos

assumindo seu papel na sociedade, que é o de contribuir como decodificadora

de signos, embora vá além deste nível. Freire (1992) comenta que os signos

são os próprios fatos, acontecimentos, situações reais ou imaginárias em que

os sons, paisagens, imagens tendem a melhorar a relação homem-meio-

mundo.

A importância de trabalhar nesta investigação é por crer que o hábito de

ler exerce uma grande força num contexto social, político, econômico e cultural,

uma nova perspectiva de vida e visão de mundo.

Kleiman (2000) aborda a leitura de mundo através da atuação do

conhecimento prévio, essencial à compreensão, pois é o conhecimento que o

leitor tem sobre o assunto, mundo, que lhe permite fazer as inferências

necessárias para relacionar partes de um texto num todo coerente.

A realidade está aí para mostrar a problemática existente na sociedade

quando Pinheiro (1988) afirma que o desinteresse pela leitura é um grave

problema, pois a falta de informação leva à preguiça mental e conduz a

humanidade ao caos social e cultural; infelizmente, nos meios acadêmicos

também. Ora, se o contingente universitário apresenta sérios problemas no que

diz respeito à leitura, linguagem, sendo ele considerado parte da elite pensante

do país, isso nada mais é do que o reflexo de uma organização desestruturada

em termos de formação de futuros leitores e incentivadores da leitura.

A leitura, tomada como problema social se relacionada com maus

leitores, raramente é vista como leitura de prazer. Evidentemente, algumas

perguntas surgem: é preciso ler? Por que? Para que? Muitas respostas

existem, como por exemplo: para estudar; para instruir-se; para ser alguém na

vida, enfim, uma série de respostas que têm como conseqüência à ação. Ação

17

esta que proporcione vantagens, não uma ação que resulte em prazer; uma

leitura comparada à alimentação que se saboreia conforme a fome e a

disposição momentânea, em que se engole, devora, mastiga. (BARTHES,

1974)

Não se pode ser omissos, quanto à afirmação de que as diferenças de

nível econômico acarretam, geralmente, diferenças de possibilidades

educativas. Nesse sentido, a ação da leitura de prazer também é afetada por

essa diferença, pois o acesso a instrumentos culturais e o tempo de lazer não

são estimulados nem entendidos como lazer, hobby, ou simplesmente

ignorados como direito ou como necessidade.

A leitura amplia os conhecimentos do ser humano. É através dela ou

mesmo pelo hábito de ler que o indivíduo habilita-se a exercer os

conhecimentos culturalmente construídos e dessa forma escala com maior

facilidade os novos degraus do ensino, e em conseqüência atinge também sua

realização profissional.

O ato de ler é função primordial da escola, e é esta que possibilita o

educando a ler o mundo, de construir a sua própria história.

Se observar a realidade, não existe outro caminho senão investir na

educação para todos sem discriminação, há necessidade de que se ultrapasse

a estrutura educacional atual.

Escola, na medida mesma em que trabalha com indivíduos diferentes,

com valores, crenças, hábitos lingüísticos e comportamentais diferentes, é

também um campo de batalha – luta de idéias e de linguagens, como

expressão da luta de classes. (ZIBERMAN et al, 1982)

Colocada como base da educação, a leitura assume seu papel político

democrático ou não, dependendo do grupo social a que está submetida.

Portanto se a escola pretende participar no processo democrático do país deve

estimular a leitura nas séries iniciais, partindo em primeiro lugar de uma

metodologia de ensino da leitura que fomente no educando o prazer de ler,

desenvolvendo o senso crítico diante do que foi lido, relacionando com a

realidade.

Freire (1980) enfatiza: a leitura do mundo precede sempre a leitura da

palavra e a leitura desta implica a continuidade da leitura daquele.

De alguma maneira, porém, pode-se ir mais longe e dizer que a leitura

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da palavra não é apenas precedida pela leitura do mundo, mas por uma certa

forma de escrevê-lo ou de reescrevê-lo, quer dizer, de transformá-lo através da

prática consciente.

A leitura constitui-se num instrumento de produção e reprodução. É esta

um bem cultural onde o ser humano se constrói como sujeito de sua própria

história, interagindo no seu mundo ou na sociedade em que vive.

Assim a leitura propiciará a mudança almejada pela sociedade, porque

se privará de seus obstáculos que impedem a popularização do livro.

Portanto, pode-se reconhecer que a literatura é um válido e precioso

recurso para desenvolver na escola a democracia, esta necessita empenhar-se

para que a literatura faça parte efetiva em sala de aula. Ela desenvolve o

respeito, atitudes de solidariedade, sentimentos de valorização dos laços

familiares, e auxiliam a criança a satisfazer suas necessidades de segurança,

de natureza emocional, espiritual e intelectual.

Através das histórias, nas mais variadas situações resolvem seus

problemas, inclusive como lutaram para superar perigos e ameaças. Elas

desenvolvem o senso crítico, o senso do humor e ampliam os conhecimentos,

favorecendo as relações e a vida em sociedade.

A preocupação quanto à formação estética deve estar presente desde o

primeiro dia de aula e acompanhar todo desenvolvimento das aptidões, quer

lingüísticas, quer propriamente literárias. O caminho da arte não é um passeio

domingueiro que leva os alunos até um formoso parque, mas, sim, uma

peregrinação de todos os dias. (ZIBERMAN et al, 1982)

A capacidade de perceber o belo, amar o belo, tem de ser adquirida na

convivência com o belo. Concluí-se aí pela necessidade de dar ao aluno muita

literatura relacionada. Quem se habitua às boas leituras não aceita livros de

trabalho mal acabado, sabe por de lado o joio. A orientação, durante o período

escolar, na escolha de bons livros, preserva o aluno na sua integridade estética

e ética.

O que se constata hoje, diante das problemáticas sociais, econômicas e

políticas, é um verdadeiro duelo elite/massa, ou seja, opressor/oprimido.

É possível que ações isoladas possam dar resultados a curto prazo, mas

seus resultados não serão suficientes, pois ter mais bibliotecas, mais livros e

tecnologias de ponta para organização de documentos em diversas

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instituições, não é o suficiente, embora seja fundamental para desenvolvimento

cultural do país. Mas, o fundamental mesmo será fazer com que a população

leia mais, e faça da leitura um instrumento para que cada indivíduo empreenda

a conquista da cidadania. Só se terá resultados duradouros quando a leitura for

um hábito que se reproduza naturalmente.

Partindo desse pressuposto pode-se assegurar que o o aluno sentirá

interesse e ficará motivado à leitura.

2.1 Leitura infantil

A prática da leitura se faz presente em todos os níveis educacionais

desde o período da alfabetização. A escola concebe o livro didático como

instrumento básico, como um complemento primeiro às funções pedagógicas

exercidas pelo professor. É por essa razão que o texto escrito é colocado no

centro da vivência professor-aluno, despontando como mediador dessa relação

e veículo para instigar discussões, reflexões ou novas práticas.

A idéia de que a leitura vai fazer bem à criança ou o jovem, leva-nos a obrigá-los a ler, como lhes impomos a colher de remédio, a injeção, a escova de dentes, a escola. Assim, é comum o menino sentir-se coagido, tendo de submeter-se a uma avaliação, e sendo punido se não cumprir as regras do jogo que ele não definiu, nem entendeu. É a tortura sutil e sem marcas observáveis a olho nu, de que não nos damos conta. (CUNHA, 1997, p.51)

Segundo Zilberman et al (1985), a leitura passa a ser valorizada a partir

da ascensão da burguesia, nesta época a escola e a educação se

desenvolveram, devido à organização da sociedade burguesa. À escola cabia

transmitir os ideais da burguesia e promover a união familiar.

A literatura infantil, por muito tempo, foi vista sob um segundo plano

dentro da literatura. Como coloca Coelho (apud CUNHA, 1997), a valorização

da literatura infantil, como fenômeno significativo de amplo alcance na

formação das mentes infantis e juvenis, bem como dentro da vida cultural das

sociedades, é conquista recente.

A expressão literatura infantil vulgarmente, sugere de imediato a idéia de

belos livros coloridos destinados à distração e ao prazer das crianças em lê-los,

20

folheá-los ou ouvir suas histórias contadas por alguém.

Para compreender as razões desse ponto de vista, é preciso voltar no

tempo e resgatar a história do surgimento da literatura infantil.

A primeira função da literatura infantil foi pedagógica.

A literatura infantil surgiu da necessidade de se criar um gênero capaz

de educar as crianças através de histórias.

A literatura é, sem dúvida, uma das expressões mais significativas que

garante a transmissão de valores e conhecimentos em qualquer época da

história.

Segundo Ziberman et al (1985), a Literatura Infantil passa a ser

valorizada a partir da acessão da burguesia. No Brasil, teve início por volta da

metade do século XIX e sua formação ocorre simultaneamente com as

transformações sociais porque passava o país daquele período. Entre essas

mudanças: estão a implantação, no Rio de Janeiro, de um setor burocrático,

provocando um inchaço do funcionalismo; a expansão administrativa do

Império; a interrupção do tráfico negreiro, que permitiu a utilização do dinheiro

nas indústrias; a presença do Barão de Mauá, fazendo a ligação ferroviária

entre a capital e Petrópolis; o crescimento do Rio de Janeiro e São Paulo,

graças à economia agrícola do café; a expansão do ensino universitário e a

organização do exército.

Aponta Ziberman et al (1985) que a própria ascensão da escola e da

educação ocorreu devido à organização da burguesia. À escola cabia transmitir

os ideais da burguesia e promover a união familiar.

Assim, o Segundo Reinado presencia e estimula, de um lado a regimentação da sociedade burguesa, de outro, a emergência de seus instrumentos de ação: uma ideologia das famílias, patrocinada na sua privacidade e isolada das influências dos laços de parentesco, os quais constituíam, no período colonial, um sistema de relações bastante forte e autônoma; e a organização da escola, lugar de integração do ser humano aos padrões burgueses e urbanos da vida. (ZIBERMAN et al, 1985, p. 96)

Nesse contexto, a criança passa a ter um valor maior no núcleo familiar,

núcleo este super valorizado para a ascensão e manutenção da classe

burguesa que se formava. Costa (apud ZIBERMAN et al, 1985), resgata o

surgimento naquele momento de uma nova valorização da infância, a exemplo

do que aconteceu nos demais países da Europa.

21

2.1.1 Contos de fadas

Os contos de fadas nem sempre foram da maneira como se conhece

hoje, eles foram adaptados pela literatura infantil para ajudar na educação das

crianças, pois os contos de fadas mostravam as dificuldades da vida para os

seres humanos, principalmente os mais pobres.

O conto de fadas tradicional tem sua origem na adaptação de contos

folclóricos. Os heróis eram ajudados por forças sobrenaturais e, na

transformação dos relatos folclóricos para os contos de fadas da literatura

infantil que se tem atualmente, manteve-se esse componente fantástico.

Os heróis dos contos de fadas vivem uma situação de desespero pela

ausência de perspectivas de melhora, a menos que ocorra a interferência de

algum elemento mágico.

Trata-se do conto maravilhoso, formas de narrativa maravilhosa surgidas de fontes bem distintas, dando expressão a problemáticas bem diferentes, mas que, pelo fato de pertencer ao mundo do maravilhoso, acabaram identificadas entre si como formas iguais. (COELHO apud CUNHA, 1997, p.11)

2.2 Leitura infanto-juvenil

O professor deve procurar oferecer ao aluno os mais variados textos, a

fim de que ele tenha contato com discursos de características e registros de

linguagem diversos. No entanto, como a compreensão é tanto mais facilitada

quanto mais denotativa for a linguagem, cabe ao trabalho com o livro de

literatura infanto-juvenil, na escola, um papel fundamental e privilegiado na

formação de leitores proficientes, em função do caráter específico de sua

estrutura de sua linguagem.

Segundo Ziberman et al (1985), três justificativas fundamentais

alicerçam esta idéia.

Inicialmente, a literatura, uma vez que não tem comprometimento com a

realidade, mas com o real que ela mesma cria, é ficção e, por natureza, da

ordem da fantasia. Assim, fomenta no leitor a curiosidade e o interesse pela

descoberta; permite que ele vivencie situações pelas quais jamais passou,

22

alargando seus horizontes e tornando-o mais capaz de enfrentar situações

novas. Ou seja, ao romper com as barreiras da realidade, possibilita ao leitor o

acúmulo de experiências só vividas imaginariamente, o que o torna mais crítico

e mais criativo, além de ensiná-lo a reagir a situações desagradáveis e de

ajudá-lo a resolver seus próprios conflitos.

Em segundo lugar, a literatura possibilita a internalização, além do

registro padrão da Língua, de estruturas lingüísticas mais complexas,

desenvolvendo de modo globalizado o desempenho lingüístico do falante.

Desta forma, por meio da leitura é possível dominar, de acordo com o que a

norma culta preconiza, a acentuação gráfica, a colocação de pronomes, o

emprego dos verbos impessoais, das conjunções subordinativas, além da

regência e da concordância. Tudo isso sem a necessidade de obrigar o aluno à

árdua e infrutífera memorização de regras gramaticais, nunca utilizadas a não

ser no momento em que faz a prova, e com a imensa vantagem de que a

assimilação deste aspecto funcional da linguagem terá repercussões não só na

escrita, mas também na fala e na própria leitura.

O último dos aspectos diz respeito à importância da leitura no

desenvolvimento de estruturas de pensamento, com evidentes repercussões

no desenvolvimento do raciocínio lógico do aluno. Embora as relações de

interdependência entre linguagem e pensamento, ou entre pensamento e

linguagem, há décadas venham originando polêmicas entre lingüistas,

psicólogos e pedagogos de diversas correntes teóricas, que privilegiam, neste

processo, ora o pensamento ora a linguagem.

Uma vez que o desenvolvimento da linguagem se traduz como elemento

essencial ao crescimento intelectual do indivíduo, e como o desenvolvimento

da linguagem depende, intrinsecamente, ao domínio de habilidades de leitura,

tal fator acaba por interferir de forma substantiva no desenvolvimento de

estruturas de pensamento, tornando-se, conseqüentemente, essencial ao

desempenho intelectual do falante, durante a vida inteira.

23

CAPÍTULO III

LEITURA NO ENSINO SUPERIOR

3 A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NO ENSINO SUPERIOR

A importância da leitura pode ser considerada um manual para

principiantes em graduação, que através de uma linguagem clara e objetiva

mostra que o ato de ler exige uma consciência crítica, sistemática, adquiridos

através da prática.

Segundo Rios (1999), a leitura não deve ser confundida com o simples

ato de descodificar sinais gráficos, pelo contrário, é necessário passar pelos

planos da intelecção, da interpretação para finalmente chegar a aplicação,

podendo ser: icônica, gestual, sonora, além de ter o código verbal, tem como

finalidade três tipos específicos: formativa, que está ligada à cultura geral, às

notícias e informações genéricas; distração ou entretenimento e laser,

dispensando comentários; e a informativa, que deve seguir fases distintas, a

leitura de reconhecimento ou pré-leitura, que é uma visão global do assunto

para verificar a existência das informações úteis para o seu objetivo especifico,

a leitura seletivas ou seja, seleciona as informações pertinentes à elaboração

do trabalho, a leitura critica ou reflexiva que compreende reflexão, comparação

diferenciação e julgamento das idéias do texto e a interpretativa que foi

subdividida em três fases: identificação das informações, correlacionamento

das informações identificadas com problema a ser investigado, julgamento da

veracidade das mesmas.

A importância da leitura no ensino superior tem sido objeto de estudo

nos dia atuais.

Esses estudos falam sobre os caminhos que levam o aluno ao acesso e

à produção do conhecimento, enfatizando a leitura crítica como forma de

recuperar todas as informações acumuladas historicamente e de utilizá-las de

forma eficiente. Entretanto, tem sido demonstrado que os alunos ingressam no

curso superior apresentando grandes dificuldades em relação à leitura, isto é,

24

não conseguem compreender os textos lidos, textos esses que são solicitados

pelos professores e, portanto, imprescindíveis para uma sólida formação

acadêmica.

A dificuldade de ler na graduação pode ser perfeitamente compreendida.

Ela se deve, principalmente, à ausência de tradição no ensino do país de

práticas docentes que conduzam à formação de um leitor proficiente.

Se a dificuldade existe, não adianta reclamar, ou atribuir a culpa aos

professores do Ensino Básico, esperar que a dificuldade desapareça como

num passe de mágica, ou ignorar o fato e prosseguir com a aula acreditando

que se está ensinando e o aluno aprendendo.

É necessário que se ofereça condições para que o aluno tenha

oportunidades para sanar suas deficiências e isso não acontecerá por acaso,

depende do professor.

O ato de aprender já se tornou um ponto fundamental na Educação, mas

para tanto é imprescindível um leitor proficiente, um leitor que seja capaz de

compreender um texto escrito, que seja capaz de se posicionar diante dele com

uma crítica e que tenha autonomia intelectual. Senão, o aluno não conseguirá

buscar novos conhecimentos, aprender sem a leitura, encontrar soluções para

os problemas sem a fundamentação teórica proporcionada através da leitura.

É importante refletir sobre a dimensão da importância da leitura no

contexto universitário para que se conduza a uma análise de conceitos e

objetivos que servem de referência para o professor em sala de aula.

O saber fazer bem tem uma dimensão técnica, a do saber e do saber fazer, isto é, do domínio dos conteúdos de que o sujeito necessita para desempenhar o seu papel, aquilo que se requer dele socialmente, articulado com o domínio das técnicas, das estratégias que permitam que ele, digamos, dê conta de seu recado em seu trabalho. (RIOS, 1999, p.47)

Com todas as transformações que estão ocorrendo no mundo, é preciso

desenvolver a autonomia nos alunos levando-os a aprender a aprender. Isso

implica oferecer-lhes a condição de refletir, analisar e tomar consciência do que

sabe e a mudar os conceitos, seja para processar novas informações, substituir

conceitos adquiridos no passado e adquirir novos conhecimentos.

Nessa concepção, a educação visa a preparar o aluno para a vida sócio-

política e cultural, cumprindo seu ideal político que é a emancipação do

homem.

25

(...) a compreensão da natureza da educação enquanto um trabalho não material cujo produto não se separa do ato de produção nos permite situar a especificidade da educação como referida aos conhecimentos, idéias, conceitos, valores, atitudes, hábitos, símbolos sob o aspecto de elementos necessários à formação da humanidade em cada indivíduo singular, na forma de uma segunda natureza, que se produz, deliberada e intencionalmente, através de relações pedagógicas historicamente determinadas que se travam entre os homens. (SAVIANI, 1992, p. 29)

A leitura é essencial para o aprendizado do aluno, e, conseqüentemente,

tem implicações na sua formação acadêmica e no seu desempenho como

futuro profissional e, além disso, de ser a base de toda ação pedagógica.

Identificar as habilidades e estratégias envolvidas na leitura é decisivo

para se realizar um bom trabalho em sala de aula, pois essa é uma ação que

poderá contribuir para corresponder às necessidades emergentes do ensino

atualmente, isto é, conduzir o aluno à produção de conhecimentos novos, sem

perder de vista o conhecimento já elaborado.

Embora a leitura tenha muitos aspectos, lê-se por muitas razões como,

por exemplo, para obter informações ou para entretenimento. Sua importância

é dada por considerá-la fundamentalmente como fonte de conhecimento

indispensável para a formação acadêmica e, posteriormente, para o exercício

profissional.

3.1 Práticas de leitura na graduação

Após a indicação da bibliografia, o professor solicita aos alunos a leitura

dos textos que serão discutidos na sala de aula. A aula do professor está

diretamente articulada à realização dessa leitura prévia dos textos.

Porém, como os alunos demonstram dificuldades para compreendê-los,

o que se percebe é que não há propriamente uma discussão em sala de aula

sobre as idéias apresentadas pelo autor e sim a exposição, pelo professor,

daquilo que considera importante. Ou então, a partir da leitura do texto, passa-

se a discutir um tema; porém não se dialoga com as idéias do autor. O aluno

afasta-se do texto lido passando a comentar o tema conforme o seu

conhecimento prévio, extrapolando para outras questões paralelas.

26

Além disso, a leitura dos textos também é utilizada para a realização de

resumos, sendo que, muitas vezes, não há explicitação de um objetivo para

essa atividade, bem como não há o retorno para o aluno sobre o texto que

produziu.

O problema se agrava quando o professor solicita uma resenha. Não há

como o aluno posicionar-se criticamente diante de um texto quando ele sequer

compreendeu as idéias apresentadas. O texto do aluno, geralmente, revela a

sua incompreensão e se caracteriza como uma colagem do texto original, isto

é, revela que ainda não se constituiu como um leitor proficiente.

Em relação a não compreensão dos textos pelos alunos, não há uma

ação pedagógica planejada para orientá-los quanto ao desenvolvimento das

suas habilidades e de estratégias cognitivas utilizadas na leitura proficiente.

Não é realizado nenhum trabalho pedagógico com desenvolvimento de

atividades cognitivas de reflexão, com ativação do conhecimento prévio e

análise crítica do conteúdo lingüístico que possa levar os alunos à

compreensão do texto.

Os resultados obtidos das práticas empregadas parecem conduzir o

aluno à reprodução e à memorização, não ocorrendo a aprendizagem

significativa.

Certamente, o professor tem papel fundamental no processo ensino-

aprendizagem, pois deve conhecer os conceitos teóricos sobre processamento

de textos escritos para uma ação pedagógica bem informada e fundamentada.

Sendo assim, se o aluno ainda não desenvolveu as habilidades

necessárias e não sabe utilizar estratégias para a compreensão de textos, o

professor deve criar oportunidades em sala de aula para que isso ocorra. O

professor tem um papel determinante na formação e no desenvolvimento das

habilidades e competências que os alunos ainda não adquiriram. Deve criar

situações para despertar a curiosidade, desenvolver a autonomia; e condições

necessárias para a formação de um leitor proficiente. (SEVERINO, 1998)

3.2 Leitura: compreensão e crítica

A dificuldade dos alunos para compreender os diferentes textos que são

27

necessários para a sua formação acadêmica, principalmente os propostos nos

trabalhos de leitura em sala de aula, requer uma reflexão sobre a prática

efetiva de ler, compreender e criticar.

Os diversos conceitos de leitura existentes podem ser agrupados em

duas grandes concepções, geralmente vistas como antagônicas.

Uma primeira tendência é a que prioriza o texto, conseqüentemente, a

leitura é vista como produto, como reconhecimento de sentidos materializados

na superfície textual. Essa posição não considera a importância do leitor e

preconiza a noção de texto como objeto autônomo e fechado de sentidos

estáveis. (SEVERINO, 1998)

Essa postura provém de uma visão estruturalista e mecanicista da

linguagem, entendendo que o sentido está no texto. Portanto, caberia ao leitor

a tarefa de decodificar e reconhecer os elementos lingüísticos já conhecidos e

descobrir o significado dos elementos desconhecidos.

Uma segunda tendência prioriza o leitor, ele é visto como fonte de

sentidos. Segundo essa posição, a leitura consiste justamente em um processo

de atribuição de sentidos ao texto cuja materialidade lingüística tem a

significação que lhe for atribuída pelo leitor. (SEVERINO, 1998)

Essa segunda concepção de leitura está fundamentada na psicologia

cognitivista e considera que o leitor é a fonte de sentido, portanto opõe-se, em

parte, à concepção anterior.

O que se pode perceber é que essas duas tendências têm se revelado

incapazes de produzir um leitor crítico, um leitor capaz de construir sua

compreensão a partir das palavras do autor e posicionar-se com sua contra-

palavra.

3.2.1 Textos

O texto não pode ser considerado como um objeto lingüístico cujos

sentidos existem fora de contexto. Koch (1997) define texto como evento

discursivo, que vai além da sua materialidade lingüística, encaminhando-se,

assim, para uma perspectiva interacional com inclusão do aspecto

sóciohistórico.

28

Kleiman (1998), ao discutir sobre questões de letramento, adota uma

concepção de texto escrito como evento discursivo que não pode ser

desvinculado do contexto sócio-cultural em que é produzido. Assim, reivindica

a necessidade de se legitimar outros modos de ler, diferentes do padrão

escolar, os quais se constituem em função do contexto em que seus

participantes estão inseridos.

Sendo assim, é através da leitura e sua compreensão que se consegue

entender a realidade. Compreender um texto é estabelecer uma relação

dinâmica com um determinado contexto, bem como perceber criticamente a

objetividade dos fatos desse contexto. Dessa maneira, a leitura de um texto

precisa transcender os limites dele mesmo e remeter o leitor à percepção e

análise da realidade.

Discorrendo sobre a importância do ato de ler - a realidade e a palavra,

Freire (1999) enfatiza que a leitura não deve ser apenas um processo

mecânico de repetição das palavras, mas da compreensão destas e do

contexto que as envolve. Para ele, o aprendizado da leitura está presente em

todas as fases da vida, iniciando-se na infância, quando se tem a primeira

percepção de mundo e segue através da leitura da palavra propriamente dita.

“A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a

percepção das relações entre o texto e o contexto”. (FREIRE, 1999, p.11)

Ao narrar suas primeiras experiências de leitura como momentos em

que os textos se ofereciam à nossa inquieta procura, Freire (1999) coloca uma

outra idéia interessante que é a do ato de ler como engajamento, como busca

interessada e significativa por parte do leitor em oposição à recepção passiva e

indiferente que caracteriza a leitura no contexto escolar.

Essas duas noções são fundamentais para configurar uma leitura crítica.

São igualmente necessárias a percepção das relações texto-contexto e a ida

ao texto com uma disposição de procura significativa, em uma atitude de

engajamento reflexivo. Faz-se necessário ressaltar que a palavra contexto está

sendo utilizada em um sentido bastante abrangente, isto é, como contexto

sócio-histórico (situação social, cultural, histórica e ideológica que envolve a

produção), discursivo (situação de enunciação) e intertextual (relação do texto

lido com outros textos com os quais ele dialoga).

Para Freire (1982) não se pode fazer apenas uma leitura mecânica do

29

texto, na qual se memoriza o conteúdo, sem compreendê-lo. É imprescindível

ter postura crítica para que o estudo possa ser produtivo.

Essa postura crítica necessária ao ato de estudar requer que se assuma

o papel de sujeito desse ato. Logo, um determinado trecho de um texto pode

suscitar reflexões no sujeito que o levem a novos caminhos, às novas

descobertas.

É, portanto, necessário, na leitura de um texto, além da compreensão do

seu conteúdo, ter postura constante de busca.

Também o ato de estudar um texto implica numa relação dialógica com

o seu autor, em que se evidencia seu posicionamento histórico-sociológico e

ideológico.

É função do leitor perceber esse posicionamento que, muitas vezes, está

implícito no texto.

Leitura e compreensão são atividades de grande importância na

aprendizagem; portanto, o trabalho em sala de aula desencadeado a partir da

leitura deve privilegiar o desenvolvimento do processo de compreensão e da

crítica. A leitura dos alunos não pode limitar-se à decodificação. Formar um

aluno que realize uma leitura proficiente e seja crítico, supõe formar alguém,

cuja compreensão da leitura ultrapasse a simples decodificação, alguém que

construa um significado através dos elementos lingüísticos e dos elementos

implícitos no texto, que estabeleça relações com outros textos já lidos

posicionando-se diante das idéias do autor.

3.3 A aprendizagem do ensino e da leitura

Kleiman (1989) abordando aspectos da leitura e da compreensão de

textos afirma que esta é uma atividade complexa, pois envolve uma

multiplicidade de processos cognitivos, nos quais o leitor se engaja para

construir o sentido de um texto escrito. A autora enfatiza a importância de

conhecer tais aspectos, pois são eles que constituem e contribuem na

formação do leitor.

Dessa forma, os esclarecimentos sobre o conhecimento prévio que se

tem no ato de ler são seus objetivos e suas expectativas, suas estratégias de

30

processamento do texto e a interação na leitura.

Os conhecimentos que o aluno possui são denominados de

conhecimentos prévios, como um dos fatores essenciais para a compreensão

de um texto.

O leitor, ao ler um texto, utiliza-se do conhecimento que ele já tem, como

o conhecimento lingüístico, o textual e o conhecimento de mundo para construir

o significado desse texto. Dessa forma, a compreensão de um texto é um

processo que se caracteriza pela utilização do conhecimento já adquirido pelo

leitor, pois sem esse conhecimento ou com a sua limitação, não haverá

compreensão, ou pelo menos, haverá um comprometimento em relação ao seu

significado.

Fazem parte desse conhecimento prévio do leitor o conhecimento

lingüístico, o conhecimento textual e o conhecimento de mundo. Segundo

Kleiman (1989), é na interação desses níveis de conhecimento que o leitor

consegue construir o sentido do texto; por isso, esses conhecimentos devem

ser ativados durante a leitura para se atingir o momento da compreensão.

Aquilo que é individual na leitura, os aspectos que são únicos e que são

determinados pelos objetivos e propósitos específicos do leitor também são

relevantes no processo de compreensão.

(...) uma das atividades do leitor, fortemente determinada pelos seus objetivos e suas expectativas é a formulação de hipóteses de leitura. Essas atividades são de natureza metacognitiva e opõem-se aos automatismos e mecanismos típicos de uma leitura superficial. (KLEIMAN, 1989, p. 36)

Ao se entender leitura como um ato individual de construção de

significado num contexto que se apresenta mediante a interação entre autor e

leitor, Kleiman (1989) considera necessário o ensino de estratégias de leitura,

entendendo-as como operações regulares para abordar o texto. Estratégias em

leitura é uma ação, ou uma série de ações, utilizadas com a finalidade de

construir significados.

Kleiman (1989) e Koch (1997) conceituam estratégias como formas

deliberadas de construção de significado, quando a compreensão é

interrompida. Classificando-as em estratégias metacognitivas e estratégias

cognitivas, o ensino estratégico de leitura consistiria no desenvolvimento

dessas e na modelagem daquelas.

31

As estratégias metacognitivas são definidas como operações (não regras) realizadas com algum objetivo em mente, sobre as quais tem-se controle consciente, no sentido de ser capazes de dizer e explicar a ação. (KLEIMAN, 1998, p. 50)

Se o leitor tiver controle consciente sobre essas operações, saberá dizer

para que ele está lendo um texto e saberá dizer quando não está entendendo

um texto. Essas são as características básicas apontadas para que um leitor

seja considerado proficiente.

As estratégias cognitivas da leitura regem os comportamentos

automáticos, inconscientes do leitor, sendo aqueles processos através do qual

o leitor utiliza elementos formais do texto para fazer as ligações necessárias à

construção de um contexto.

É através de estratégias de processamento de texto que o leitor

interpreta as suas marcas formais, que são percebidas como elementos de

ligação entre as formas contíguas de suas micro e macroestruturas. É uma

tarefa que pode ser complexa em função da rede de relações (sintáticas,

lexicais, semânticas e pragmáticas) que se sustentam no texto e que o tornam

um objeto rico demais para uma percepção rápida, imediata e total. Essas

relações estabelecem o processo de compreensão e orientam o leitor na

organização de formas e regras utilizadas para o estabelecimento da coesão e

da construção de uma macroestrutura.

Apresentando algumas considerações sobre o caráter interacional da

leitura, Kleiman (1989) afirma que existe uma responsabilidade mútua entre

autor e leitor, pois ambos devem zelar para que os pontos de contato sejam

mantidos, apesar das possíveis divergências de opiniões.

Esse caráter interacional da leitura pressupõe a presença do autor no

texto, caracterizado pelas marcas formais, que atuam como pistas para a

reconstrução do caminho percorrido por ele durante a produção do texto. A

competência do leitor para análise dessas pistas é considerada como pré-

requisito para o seu posicionamento crítico frente ao texto.

A leitura deve estar fundamentada numa concepção teórica consistente

sobre os aspectos cognitivos envolvidos na compreensão de textos.

Kleiman (1989) diz que sua proposta para o ensino de leitura consiste no

modelamento de estratégias metacognitivas, mediante a formulação de

objetivos prévios à leitura e à elaboração de hipóteses sobre o conteúdo do

32

texto. No início, ou até que o aluno adquira autonomia, o professor pode

elaborar atividades visando a ensinar o aluno, através de um modelo, a ler com

objetivos prédeterminados.

Para Koch (1997), o processamento textual deve ser visto como uma

atividade tanto de caráter lingüístico, como de caráter sociocognitivo. Para o

seu processamento contribuem três grandes sistemas de conhecimento: o

lingüístico, o enciclopédico e o interacional. As estratégias de processamento

textual implicam na mobilização on-line dos diversos sistemas de conhecimento

e podem ser divididas em três tipos: estratégias cognitivas, sócio-interativas e

textuais.

Segundo Kleiman (1989), uma boa leitura seria aquela em que o leitor

conseguisse perceber que além da significação explícita, existe a significação

implícita que está ligada a intencionalidade do emissor. Assim, defende a idéia

de que o texto apresenta uma multiplicidade de interpretações ou de leituras,

não sendo possível atribuir apenas uma interpretação como única e verdadeira.

Porém, nem toda compreensão é válida; pois a compreensão de um texto

consiste na apreensão das significações possíveis que são representadas

através de marcas lingüísticas que funcionam como pistas para que o leitor

faça a decodificação adequada.

Assim sendo, o aluno precisa ser preparado para reconhecer essas

marcas e alertado para o fato de que elas estão inseridas na própria gramática

da língua. É preciso também fazer com que o aluno saiba que através das

pistas que são fornecidas pelo texto é possível não só reconstruir o evento da

enunciação, como também recriá-lo a partir do conhecimento e da visão de

mundo de cada um. Conseqüentemente, em cada nova leitura de um texto

poder-se-á descobrir novas significações.

Kleiman (1989) enfatiza que se essas habilidades forem desenvolvidas

elas constituir-se-ão na competência de leitura e, conseqüentemente, o aluno

deixará de ser um elemento passivo e participará como sujeito ativo.

Koch (1996) ressalta a importância do ensino da leitura para que o aluno

se torne sujeito do ato de ler e seja capaz de ler o mundo, demonstrando crítica

diante da realidade em que está inserido. Para que o aluno torne-se apto para

isso, o professor exerce papel fundamental. Durante as atividades na sala de

aula, o professor deve mostrar ao aluno que um texto apresenta diversos níveis

33

de significação.

Orlandi (1996) diz que para quem a leitura deve ter uma importante

função no trabalho intelectual, considera-a como uma questão lingüística,

pedagógica e social ao mesmo tempo. Diz também que a leitura não deve ficar

restrita ao seu caráter mais técnico, pois isso conduziria o seu tratamento em

termos de estratégias pedagógicas imediatistas.

Assumindo a perspectiva da análise do discurso, na leitura de um texto

não há apenas a decodificação e a constatação de um sentido que já está dado

nele. Para Orlandi (1996) o texto não deve ser entendido apenas como um

produto, mas sim observando o processo de sua produção e da sua

significação.

Como consequência, o leitor não aprende um sentido que está no texto,

mas sim atribui sentidos ao texto. Portanto, a leitura é produzida e procura-se

determinar o processo e as condições de sua produção.

São mencionados como componentes das condições de produção da

leitura: os sujeitos (autor e leitor), a ideologia e os diferentes tipos de discurso.

34

CONCLUSÃO

Sendo a palavra escrita o instrumento mais eficiente para a expressão e

fixação da cultura e dos conhecimentos científicos e técnicos da sociedade, a

leitura constitui a mais importante atividade de aquisição de saberes.

O processo de comunicação tornou-se a essência do mundo moderno.

Deve-se ler sempre livros que interessem e que favoreçam a mudança

da prática, procurando se interar dos textos.

Desde muito pequenos se aprende a entender o mundo, por isso mesmo

antes de começar a ler e escrever as palavras já se está lendo, criando aos

poucos uma disciplina intelectual que levará enquanto professores e

estudantes não somente fazer uma leitura do mundo, mas escrevê-lo, ou seja,

transformá-lo através da prática consciente.

Se melhorar o hábito de ler, terá condições de formar as bibliotecas

populares, incentivando os grupos populares e a escrever seus textos desde o

início da alfabetização; assim aos poucos se formariam acervos históricos

escritos pelos próprios educados, através da cultura popular o que se quer é a

afetiva participação do povo, pois quanto mais consciente o povo faça sua

história, tanto mais que o povo perceberá com lucidez as dificuldades que tem

a enfrentar, no domínio econômico, social e cultural, no processo permanente

de sua libertação.

O educador que trabalha no processo de iniciação da leitura, tem que

possuir sensibilidade ao ler, pois através da voz, gera emoções, gestos que

tornam a leitura interessante e conseqüentemente começa a dar impulso para

o aprendizado.

As formas de se envolver na leitura dependem de preliminares no caso

sensorial, a visão, o tato, a audição, o olfato e o paladar, revelam emoções,

tristezas alegrias, imaginações. O livro é um objeto que possui formar, cores,

cheiros, são atrações que impulsionam o leitor. O nível emocional é o que

mostra, na verdade que, gostar de ler não é privilégio de todos, pois através do

emocional que se fantasia, que abusa da imaginação para proceder a leitura.

O conhecimento da prática não basta, precisa-se ir além dele, estudar é

um dever.

35

É de conhecimento de todos que a leitura é um processo de contínuo

aprendizado, mas além disso, é ainda uma ferramenta que desenvolve a

reflexão e o espírito crítico, sendo uma fonte inesgotável de assuntos para

melhor se compreender e ao mundo em que se vive.

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