A mente oculta das plantas

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  • 8/14/2019 A mente oculta das plantas

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    A mente oculta das plantasA cincia descobre o surpreendente domnioda conscincia vegetalhttp://galileu.globo.com/edic/98/conhecimento5.htm

    Por Jos Tadeu Arantes

    [email protected]

    As plantas so capazes de perceber agresses vida praticadas dooutro lado da parede. E parecem ter conscincia at mesmo deintenes ocultas na mente humana. Essa fantstica revelao quefoi tema do livro A Vida Secreta das Plantas, de Peter Tompkins eChristopher Bird, e inspirou o lbum de mesmo nome do compositor ecantor Steve Wonder vem sendo confirmada por pesquisascientficas realizadas no Brasil. Ela faz parte de um conjunto dedescobertas que dever revolucionar a viso de mundo do prximosculo e apontam para um relacionamento mais harmonioso entre ohomem e a natureza.

    Os xams homens de conhecimento das comunidades pr-histricas j sabiam que, por trs de seu aparente torpor, as plantaspossuem uma vida secreta, cheia de percepes e atividades. Essemundo oculto foi contactado, desde ento, por visionrios de diferentespocas e lugares, como o mstico alemo Jacob Boehme (1575-1624),que dizia ser capaz de penetrar a conscincia das plantas.

    A cincia materialista, porm, preferiu descartar esse tema, quedesafiava sua limitada descrio da realidade. Ele co ntinuariaprovavelmente ignorado se, em 1966, uma descoberta casual notivesse rompido essa conspirao de silncio. Naquele ano, CleveBackster, ento o maior especialista americano em deteco de mentiras, teve a estranha idia de

    fixar os eletrodos de um de seus detectores numa folha de dracena, espcie tropical utilizada comoplanta ornamental.

    Ele foi movido pela simples curiosidade, mas o que encontrou abalaria os fundamentos da viso demundo dominante. Backster suspeitava que a planta reagisse a agresses reais sua integridadefsica. Mas no podia imaginar que a simples idia dessas agresses provocasse saltos violentosnos grficos traados pelo aparelho. Pois foi exatamente o que aconteceu quando ele pensou emqueimar uma das folhas da dracena.

    E voltou a acontecer quando se aproximou dela com uma caixa de fsforos, disposto a levar suainteno prtica. A planta parecia ler o seu pensamento e sabia distinguir as ameaas reais damera simulao.

    Sem querer, Backster abrira a porta que dava entrada a uma realidade totalmente inesperada edesconcertante.

    A grande novidade do experimento foi ter propiciado um acesso direto s percepes das plantassem a intermediao de sensitivos humanos: no era preciso ser paranormal para contactar omundo da conscincia vegetal. Esse ponto de vista foi reforado, em julho ltimo, por umapesquisa feita na Universidade de Gant, na Blgica.

    Foto Kirlian de uma folha. Apsdcadas de pesquisas, oscientistas ainda no chegaram auma explicao convincente parao halo luminoso que aparece emvolta dos objetos

    http://galileu.globo.com/edic/98/conhecimento5.htmhttp://galileu.globo.com/edic/98/conhecimento5.htmhttp://galileu.globo.com/edic/98/conhecimento5.htmmailto:[email protected]://galileu.globo.com/edic/98/conhecimento5.htmmailto:[email protected]
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    Valendo-se de imagens em infravermelho, o pesquisador Dominique van der Straeten e sua equipedescobriram que as folhas de tabaco tm a capacidade de reagir com uma espcie de febrequando infectadas por certos tipos de vrus. Como relatado no jornal Nature Biotechnology, asfolhas sofreram um aumento de temperatura de at 0,4 grau Celsius, oito horas antes dos efeitosdos vrus se manifestarem, num processo "fisiolgico" semelhante ao do corpo humano.

    Percepo bsicaAtento a tais descobertas, um brasileiro resolveu fazer uma investigao parecida. Trata-se doengenheiro Arlindo Tondin, mestre em eletrnica pela Universidade de Nova York e um dosfundadores da Faculdade de Engenharia Industrial, de So Bernardo do Campo, SP.

    Tondin fixou eletrodos prximo raiz e num dos galhos de um limoeiro."Verifiquei que havia, entre os dois pontos, uma diferena de potencialeltrico da ordem de microvolts", informa. "Eu j desconfiava que aascenso da seiva estivesse associada a um fenmeno eltrico e, paraconfirmar isso, liguei aos eletrodos uma pilha de 1,5 volt, de modo aintensificar a corrente na regio. Resultado: os frutos do galho ondeestava o eletrodo ficaram maiores e amadureceram mais rpido que os

    demais."

    Estava provada a tese da seiva. O prximo passo era averiguar comoas agresses externas afetavam a corrente eltrica que circula naplanta. Para isso, o engenheiro utilizou um osciloscpio de raioscatdicos de alta sensibilidade. "Conectei o osciloscpio aos eletrodose, com uma vela, comecei a queimar algumas folhas. A resposta foiquase imediata: a imagem da tela do osciloscpio, que estavaestacionria, passou a apresentar intensas variaes." Tondinespantou-se com a reao provocada por seu ato. "Comecei aquestionar at que ponto eu tinha o direito de agredir o vegetal e anatureza. E resolvi interromper a pesquisa."

    O engenheiro convenceu-se da seriedade dos experimentos descritos em A Vida Secreta dasPlantas. Num deles, tambm realizado por Backster, trs plantas reagem matana de camares,cometida numa outra sala. Essa investigao foi conduzida com os cuida dos que caracterizam asmelhores pesquisas cientficas:

    1. foram escolhidos, como vtimas, animais de grande vitalidade, pois j tinha sido notado queseres doentes ou a caminho da morte no eram capazes de estimular as plantas adistncia;

    2. para evitar que a subjetividade dos pesquisadores influsse nos resultados, os camareseram despejados numa vasilha de gua fervente por um mecanismo automtico, longe dasvistas de qualquer ser humano;

    3. eliminaram-se as possibilidades de que o prprio funcionamento do mecanismo oueventuais perturbaes eletromagnticas afetassem a forma dos grficos;

    4. as plantas, monitoradas por detectores, foram colocadas em trs salas diferentes,submetidas s mesmas condies de temperatura e iluminao.

    A anlise dos grficos mostrou que as plantas reagiam intensa e sincronizadamente morte doscamares numa proporo que exclua qualquer hiptese de uma flutuao puramente casualdas variveis eltricas. Backster sentiu-se respaldado para formular a tese de que os vegetais,como todo organismo vivo, dispem de uma percepo primria que lhes permite detectar, adistncia, qualquer agresso vida.

    O engenheiro Arlindo Tondin fixaeletrodos numa planta. A foto foirealizada no Laboratrio deMetrologia Eltrica da FEI, emSo Bernardo do Campo, SP. Olocal blindado eletricamentepara eliminar a influncia dosrudos externos

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    Organismos complexosApesar de sua aparncia simples, asplantas so organismos altamentecomplexos. Uma planta pequena,como o p de centeio, possui nada

    menos que 13 milhes de radculasem sua raiz. Estas so formadas, porsua vez, de 14 bilhes de filamentos,que, se fossem enfileirados um apso outro, cobririam uma extenso de11 mil quilmetros, quase a distnciade um plo a outro.

    Toda planta dotada de uma malhaeltrica em equilbrio. Nas rvores, acorrente eltrica sobe pelo anelexterno e desce pelo anel central.Como demonstrou a pesquisa do

    brasileiro Arlindo Tondin, essacorrente est associada ao fluxo daseiva.

    A mente oculta das plantasA cincia descobre o surpreendente domnioda conscincia vegetal

    Os corpos sutis

    Se, no homem, essa percepo bsica nem sempre parece ocorrer,isso se deve ao filtro dos cinco sentidos, fora do pensamentoracional, que obscurece as demais funes psquicas, e a todo umcondicionamento cultural, que determina o que deve ou no deve serpercebido. Como provaram outros experimentos, essa percepo adistncia no bloqueada por dispositivos de blindagem eltrica, comoa gaiola de Faraday, nem por paredes de chumbo.

    E Backster chegou a cogitar que ela no se limitaria aos organismoscomplexos, mas poderia descer aos nveis celular, molecular, atmicoe at mesmo subatmico, perpassando toda a existncia. Essa opinioousada apresenta fortes afinidades com a hiptese da ressonnciamrfica, do bilogo ingls Rupert Sheldrake, e com as revolucionrias

    descobertas sobre a conscincia do psiquiatra checo Stanislav Grof(leia as reportagens "Ressonncia mrfica: a teoria do centsimomacaco" e "Conscincia sem limites", em Galileu, nmeros 91 e 94,respectivamente).

    Em outras palavras, cada planta para no dizer cada ente material estaria associada a uminvisvel e impalpvel campo de conscincia. Tal idia, que vem ganhando adeptos entre oscientistas de vanguarda, converge com a viso de todas as grandes tradies espirituais dahumanidade. Estas so unnimes em considerar a conscincia como um dado primrio da

    Jaqueira tratada com acupuntura:frutificao exuberante

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    existncia e afirmam que, alm de seus corpos fsicos, os entes materiais so constitudos por umasrie de "corpos sutis", encaixados uns dentro dos outros como bonecas russas.

    As percepes descobertas por Backster e seus sucessores configurariam um esboo ou embriodaquilo que algumas tradies chamam de "corpo mental". Entre esse nvel mais alto e o fsico, asplantas, como todos os seres vivos, possuiriam um corpo intermedirio, constitudo pela rede de

    canais por onde flui a chamada "energia vital" (que corresponde ao prana dos indianos e ao qi doschineses). Esse "corpo vital" o objeto de prticas mdicas como a acupuntura, que se destinam adesobstruir os canais e regularizar o fluxo da energia.

    Vantagem econmicaA acupuntura em plantas vem sendo praticada com sucesso pelo mdico Evaldo Martins Leite,presidente da Associao Brasileira de Acupuntura. Ele orientou, h cinco anos, uma pesquisacientfica rigorosa, realizada pelo bilogo Alexandre Eustquio de Sena, na Pontifcia UniversidadeCatlica de Belo Horizonte, MG. Sena dividiu uma plantao de feijo em duas partes iguais,tratando uma com acupuntura e mantendo a outra como grupo de controle. As plantas submetidas acupuntura desenvolveram maior nmero de vagens, maior quantidade de gros em cada vageme maior peso por gro.

    "Como ocorre nos homens e animais, os problemas de sade que afetam os vegetais decorrem deum perturbao na circulao e distribuio do qi, a energia vital", explica Evaldo Martins Leite."Isso resulta de um desequilbrio dos princpios yang e yin (masculino e feminino)." O acupunturistaensina que as reas de ramificao das plantas isto , onde os galhos saem dos troncos ou osramos saem dos galhos so regies de concentrao de qi.

    Os ngulos externos formados nesses lugares so yang e os internos, yin. "A energia yang responsvel pelo crescimento da planta. A yin, pela produo de flores, frutos e sementes. Aintroduo de pregos, agulhas ou a simples raspagem das reas correspondentes estimula um ououtro princpio e promove a funo regida por ele", informa o acupunturista. No possvel ativaras duas funes ao mesmo tempo.

    A energia uma s: se ela for desviada para o crescimento, a produo de frutos cair, e vice-

    versa. Mas as vantagens inclusive econmicas oferecidas pela acupuntura em vegetais soimportantes demais para serem tratadas como simples curiosidade.

    Na Bahia, est em curso uma pesquisa visando aumentar a produo de ltex nas seringueiras e oenraizamento dos toletes de cana-de-acar destinados ao plantio. Reconhecendo as dimensessutis do mundo vegetal, o homem poder estabelecer com ele um novo tipo de relacionamento,vantajoso para ambos.