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A Pausa do Tempo (sample)

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Amostra com 25 páginas do livro "A Pausa do Tempo", de Valéria Martins, no qual a autora presenteia seus leitores com textos de seu blog. São 67 crônicas tecidas com sutileza e perspicácia, reflexões lúcidas acerca de amor, literatura, cotidiano, viagens, música e cinema.

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EDITORA JAGUATIRICA DIGITAL

EDITORA Paula Cajaty

CAPA E DIAGRAMAÇÃO

M. F. Machado Lopes

Copyright © 2013 Editora Jaguatirica DigitalNenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida ou armazenada, por quaisquer meios, sem a autorização prévia e por escrito da editora e do autor.

CONTATO Rua da Quitanda, 86, 2o andar - CentroRio de Janeiro - RJ - CEP 20.091-902Tel. (21) 3185-5132 | (21) 3942-0222 email: [email protected]

Mar298 Martins, Maria Valéria de Garcia A pausa do tempo / Maria Valéria de Garcia Martins. - 1. Ed. - Rio de Janeiro: Jaguatirica Digital, 2013. 156 p.; 14x21 cmISBN 978-85-66605-05-1 (broch.)1. Crônicas brasileiras. 2. Reflexões. I. Título

CDD 869.8

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

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Para Flávio

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Aos meus filhos Clarissa e Gabriel pelo Amor; a minha mãe, a Miss Martha, pelo Aprendizado; ao

meu pai Justino Martins, pelo Norte; a Carolina Drago, pela Lealdade; aos meus amigos, pela Amizade; aos clientes da Shahid/Oasys, pela

Inspiração; à Tradição, pela Luz. Aos meus editores, Paula Cajaty e Marcel Felipe, por

apostarem no meu trabalho. Muito obrigada.

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Apresentação da autora

A pausa do tempo é uma parada para respirar e observar a si mesmo e ao momento presente, para retornar ao eixo antes de a vida continuar. Às vezes fazemos isso por querer, um break na correria. Às vezes a motivação vem de fora: um fato que sucede, uma pessoa que conhecemos, uma notícia que ouvimos. Pode ser algo aparentemente sem importância. Mas à medida que nos faz parar e refletir, e em última instancia chegar a algum resultado positivo, tem valor.

Assim eu me enriqueço no dia a dia, sempre aberta a novos impactos. Descarto os negativos, aproveito os positivos. Sinto que continuo a aprender. E sigo feliz.

A intenção do blog A Pausa do Tempo, inicialmente, era somente me fazer escrever. Porque a escrita sempre permeou minha vida. Foi por isso que escolhi a carreira de jornalista, que me conduziu ao trabalho com livros e escritores. Curiosamente, quem gosta de escrever acaba indo trabalhar com livros e para de fazer o que mais gosta. O desafio é continuar.

Muito obrigada a todos que leram A Pausa do Tempo esses anos. Muito obrigada, antecipadamente, àqueles que vão ler – em formato de livro. No fundo, todo mundo quer sair do virtual para o papel. Essa é uma grande realização para mim. Só tenho a agradecer.

Valéria Martins

Nota: os textos publicados neste livro foram escritos, em sua maioria, entre janeiro de 2007 e dezembro de 2011.

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Índice

7Apresentação da autora 9

ReflexãoA solidão, a liberdade 14A estranha paz das coisas que não dão certo 16À maneira de Deus ou à maneira dos homens? 18Coragem de se aventurar 20O maior luxo: ser dono do tempo 22Deixo amorosamente o meu passado para trás 24O significado de Adab 25O tempo 27Provérbios 29Olhar o céu à noite 31Tudo está certo 33Qual é o seu maior sonho? 34Saúde, trabalho, felicidade 36Boca solta no ar 38Conexão com a essência 39Coragem de ser feliz 41Longe 42Viver é muito perigoso 44Senhor, tende piedade de nós 45O portal 47

AmorA Luz e a Beleza de quem está aberto para amar 50As ondas 51O verdadeiro encontro 53

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O novo mandamento 54O olhar de um homem 56Saudade de gostar de alguém 57Não foi nem nunca será 59Freud e as mulheres 60

LiteraturaA biblioteca de Carlos 63Mr. William Gordon 65A onda que sobe no ar 67Biblioterapia 69Na companhia de Lya 71Noll e a liberdade 74O amor 20 anos depois 76O nascimento de um best-seller 78Para escrever... 81Paris é uma festa 83O jovem Benjamin Moser 86Encontro com Lygia 88Vai voltar! 90Viver para escrever 92

CotidianoFuneral carioca 94A escravidão 96A vida no palco 98Grandes emoções 100Três voltas de pérolas 102And so this is Christmas... 104O rato embaixo da geladeira 106Margô e sua família 108Os problemas e suas dádivas 111

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Les Voyages Extraordinaires de YSL 113A verdadeira idade 115Miss Martha na Veja Especial - 50 anos de Brasília 117Uma mulher linda 119

ViagemThe Freud Museum, Londres 123Gaudí 126Quem tem medo de cavernas? 129Ilha do Marajó 132A praia inesperada 136O Porto 138

CinemaO guerreiro Gengis Khan 141O Rei Leão e o destino 143Impressionante e assustador 145Mulheres com lente de aumento 147A todo volume 149Acreditar 151

Amigos de blogAmigos da Pausa do Tempo 153

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Reflexão

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A solidão, a liberdade

Em 2 de março de 2008, Martha Medeiros escreveu na Revista O Globo sobre os quatro fantasmas que assombram o ser humano: a

solidão, a liberdade, a morte e a falta de sentido da vida. No dia anterior, recém-chegada da Europa, convidei minhas amigas mais íntimas a minha casa, para ver fotos e dar presentes. Curiosamente, falamos sobre isso, antecipando o assunto da coluna da Martha.

Junto de minhas amigas, me senti à vontade para fazer um balanço da viagem e compartilhar os sentimentos múltiplos e contraditórios que a marcaram. Foram duas semanas viajando sozinha. Tudo bem que à noite eu sempre estava acompanhada – Julie, minha anfitriã em Londres; Gisele e Diego, meus amigos brasileiros em Barcelona. Mas durante o dia, essa gente ia trabalhar, cuidar da vida e eu ficava... Sozinha.

Lembro que no primeiro dia da viagem saí pelas ruas de Londres determinada a fazer o “roteiro Bloomsbury”, caminhada a pé pelos quarteirões que abrigam as casas de Virginia Woolf, Clive Bell, Lytton Strachey. No meio do caminho, vi uma placa indicando a rua onde Charles Dickens morou, onde fica a casa dele. Resolvi me desviar e acabei me perdendo. Já era perto do meio-dia, eu estava com fome e calor. Decidi mudar meus planos e ir direto ao British Museum, naquela região, para não perder mais tempo. Após caminhar feito louca, pedindo informações aqui e ali, alcancei o museu. Porém, entrei por uma porta lateral e fui cair direto na parte do Egito. A essa altura, estava exausta, mal-humorada, faminta, achando tudo ruim, a ponto de chorar. STOP!

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Desci para a área interna do museu, onde fica a lanchonete. Havia uma apresentação de crianças chinesas comemorando o Ano Novo chinês. Meu humor só piorava.

Tudo mudou depois que fiz uma pausa no tempo. Comprei um suco, desembrulhei meu sanduíche, tomei um café expresso. Observei o carinho e a cumplicidade de um casal de idosos norte-americanos que lanchavam ao meu lado. Então, me levantei e voltei à exposição, recuperando a minha tranquilidade interna.

Essa foi apenas uma das situações desgastantes da viagem, que também teve momentos maravilhosos. Mas, observem: por fora, não havia nada errado. Tudo se passava dentro de mim. Viajando sozinha em um país estranho, eu me defrontava a todo instante com a solidão e a liberdade. O que vou fazer agora? Ir a outro museu? Voltar para casa e ler um livro? Sentar-me em um café e meditar? Andar pelas ruas olhando as vitrines? Ao escolher uma das opções, necessariamente eu eliminava as outras. A liberdade pode ser angustiante... Em certas horas eu pedia um sinal, algo que me indicasse qual direção seguir! Mas na maioria das vezes, esse sinal não vinha e eu tinha que decidir... Sozinha!

Em Londres, isso aconteceu várias vezes. E eu me vi assim também na vida, tateando, procurando o melhor caminho a seguir, tentando acertar... Na verdade, nós andamos meio às cegas. Quem sabe, no momento final, vamos nos deparar com o quadro completo e compreender início, meio e fim.

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A estranha paz das coisas que não dão certo

Q uando temos expectativa muito elevada em relação a algo que esperamos que aconteça, essa esperança nos mantém em alta; ora pode

nos angustiar um pouquinho (principalmente se somos pessimistas), mas a maior parte do tempo nos mantém com a cabeça nas nuvens, fazendo planos, imaginando como será a nova etapa que se anuncia (se conseguimos ser otimistas).

Porém, quando o desfecho é diferente do que imaginamos, há um suave despencar do alto da montanha. Descemos rolando em câmara lenta, esbarrando numa pedra aqui, num arbusto ali, até chegar lá embaixo, onde ficamos estendidos por algum tempo no chão, respirando, absorvendo a experiência da queda, contemplando o céu, reunindo forças para levantar e olhar em volta: qual direção tomar agora?

Essa é uma das formas da pausa do tempo. Temos a sensação de que a vida parou, mas na verdade é uma trégua que ela nos dá, e que devemos nos permitir desfrutar enquanto aguardamos um sinal, uma pista de qual rumo seguir.

O vento parou de soprar – é o que as pessoas que velejam chamam de calmaria. Elas têm a certeza de que é temporário, logo surgirá uma brisa que inflará as velas e porá o barco em movimento. Tudo o que temos que fazer é esperar, nos ocupar das pequenas coisas a nossa volta, limpar, jogar fora o que não presta, abrir espaço para que o novo – ainda oculto – possa chegar.

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E a qualquer momento, um relâmpago, uma luz ilumina nossa mente: surge a nova direção. É por ali que eu vou. Subindo novamente a montanha, escalando, cabeça nas nuvens... Uma hora dessas, vou voar.

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À maneira de Deus ou à maneira dos homens?

Até mesmo entre as flores, há diferença de sorte.

Umas enfeitam a vida, outras enfeitam a morte.

Perto do meu trabalho há uma maternidade. Todos os dias há um desfile de mães com seus bebês recém-nascidos no colo. São

mães de baixa renda, pobres, mas não miseráveis.

Outro dia, vi uma cena diferente: um homem carregando o filho recém-nascido com todo cuidado, todo orgulhoso, e a mãe atrás, gordinha, ainda inchada do parto, carinha simpática, feliz. Pensei: esse bebê tem sorte. Os pais vão cuidar bem dele.

Logo em seguida, outra mãe: magra, seca, andando devagar, olhar perdido, braços frouxos, o bebê pendurado, outro menino magrinho agarrado à barra da saia. Pensei: pobres crianças...

Isso me faz lembrar uma história de Nasruddin1 que deixa muita gente indignada. É mais ou menos assim:

Quatro garotos se aproximam de Nasruddin e entregam a ele uma bolsa cheia de doces.

“Nasruddin, nós não conseguimos dividir esse doces entre

1 Nasruddin é um personagem comum em países como Turquia, Irã, Iraque e Síria. É um mestre sufi que transmite ensinamentos através do humor.

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nós. Pode nos ajudar?”

Nasruddin coça a barba e pergunta:

“Vocês querem que eu faça a divisão à maneira de Deus ou à maneira dos homens?”

As crianças se entreolham e respondem em uníssono:

“À maneira de Deus!”

Nasruddin abre a bolsa e entrega duas mãos cheias de doces à primeira criança, uma mão cheia à segunda, dois doces à terceira e nenhum à quarta.

“Nasruddin, que tipo de divisão é esta?”, perguntam atordoados.

“Bem, meninos, é à maneira de Deus. Ele dá muito a algumas pessoas, pouco a outras e nada a alguns. Se vocês tivessem pedido que eu fizesse a divisão à maneira dos homens, eu daria mais ou menos a mesma quantidade de doces a cada um”.

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Coragem de se aventurar

“Para mim, a sociedade com mais de quatro pessoas é dura de suportar” - Albert Camus, Diário de viagem – A visita de Camus

ao Brasil (Ed. Record).

Em sua coluna na Folha de São Paulo, Danuza Leão fala das pessoas que reclamam que a vida está chata, mas não saem de casa por

nada desse mundo. Jantar com amigos? De vez em quando. Mas o jantar terá convidados fora do comum? Melhor inventar uma boa desculpa. Ir ao cinema e enfrentar fila? Melhor pegar um DVD. Ir a uma festa, tomar um porre, chegar tarde em casa? Melhor não, amanhã vamos acordar tarde e de ressaca. Assim por diante.

Refleti sobre esse fenômeno e concluí que a conquista da solidão, de estar só e bem consigo mesmo, é tão árdua que depois que chegamos lá não queremos nos aventurar a perder essa “estabilidade”.

O problema é que viramos uma cápsula, um casulo, e todo mundo sabe que em um casulo não tem lugar para dois. Solidão chama mais solidão e logo nos bastamos, damos conta de tudo sozinhos, e não há lugar para outro. Ruim! É preciso estar de olhos – e coração – abertos para não cair nessa armadilha.

Nas postagens logo após a viagem sozinha à Europa, narrei as dificuldades internas causadas pelo excesso de liberdade e solidão. Um duro aprendizado, mas muito valioso. Hoje fico em casa só e feliz lendo um livro, ouvindo música, cuidando das plantas, escrevendo.

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Confesso que, quando surge um convite inesperado, fico em dúvida: melhor ficar quieta em casa, acomodada e feliz (?), ou ir de encontro ao desconhecido? Escolho sempre a segunda opção. Ainda bem.

Danuza Leão está com 70 anos. É uma mulher jovem de espírito, sem dúvida. Mas seus amigos, pelo que ela conta, envelheceram... Acho que isso é envelhecer: perder a capacidade ou a coragem de se aventurar.

E você? Ainda consegue se aventurar?

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O maior luxo: ser dono do tempo

“Sou dono do meu tempo, esse é o meu maior luxo.”

A fala é de Paulo Coelho, em entrevista à revista Caras.

Paulo mora em um bairro chiquérrimo de Paris, é dono de apartamentos em Dubai (Emirados Árabes, ganhou do governo de lá), Alpes Franceses (casa de “campo”) e Rio de Janeiro (na Av. Atlântica, Copacabana).

Em Paris, acorda de manhã, caminha pela vizinhança, vai à natação, no fim da tarde pratica arco e flecha dentro de casa. O restante do tempo é passado na internet, através da qual mantém contato com leitores no mundo inteiro. “Mas o que me diverte mais é escrever”, diz.

Que sonho!... Ser dona do meu tempo! E tem gente que tem a coragem de dizer: “Ah, que tédio, eu ficaria deprimida, sem ter o que fazer...”. Como assim?

Um escritor carioca tem vida parecida. A família tem vários imóveis e ele recebe os aluguéis. Perguntei como era sua rotina:

- Passo metade do dia lendo, porque ler é parte do trabalho de ser escritor, e a outra metade escrevendo.

Que delícia!

Fico pensando no que eu faria se fosse dona do meu tempo. Acordaria razoavelmente cedo durante a semana, faria aulas de yoga, depois um mergulhinho no mar, depois almoçar e... cochilinho à tarde! Depois acordar

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e ler e escrever, ler e escrever, ler e escrever... Depois ficar com os filhos, à noite sair com os amigos ou para jantar fora. Quando ficasse muito repetitivo, viajaria para as minhas outras casas ou hotéis maravilhosos mundo afora.

E lembrar que conheci o Paulo quando tinha 23 anos, trabalhava numa revista feminina e fui entrevistá-lo – antes de começar o sucesso com O diário de um mago. Ficamos amigos. Até hoje, o considero assim. Mas isso é assunto para outro post.

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Deixo amorosamente o meu passado para trás

Essa frase recomendada por Louise Hay2 no livro Você pode curar sua vida é milagrosa. Pois à medida que a incorporamos ela tem

um efeito secundário espantoso. Não apenas se aplica ao passado remoto de dores e perdas, que muitas vezes arrastamos conosco como bolas de ferro nos pés, mas também aponta para frente. À medida que a repetimos e acreditamos nela, aprendemos a olhar adiante. As situações surgem em nosso caminho, permanecem o tempo que é necessário e passam. Nós seguimos em frente.

Isso diminui o tamanho dos dramas, a importância que imprimimos a eles. Pois, como diz Dom Juan – personagem de A erva do diabo –, “nada tem muita importância”. Essa é uma das frases mais enigmáticas do livro. O autor, então estudante de antropologia, Carlos Castañeda, questiona: “o que quer dizer?” Dom Juan simplesmente repete: “nada tem muita importância”.

Sim, as coisas têm importância para nós no contexto da nossa história e no organismo formado por nossa mente, corpo, emoções e espírito. Mas a prática do desapego – e eu não estou falando de bens materiais, mas sim do que ficou para trás, lá onde deve ficar – nos torna leves, confiantes, cheios de esperança e curiosidade pelo que há por vir. Com a certeza de que tudo passa.

2 (Ed. BestSeller)

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