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Formas de discriminação
Discriminação direta
intrageracional
Discriminação indireta
intergeracional
Estratificação social
Exemplo de discriminação indireta
Discriminação indireta ou “discriminação por
impacto desproporcional ou adverso”.
Griggs v. Duke Power Co. de 1970. Empresa de
energia elétrica, que além do racismo clássico,
praticava discriminação indireta, ao instituir testes de
inteligência como condição para a promoção.
Entretanto, tais testes de inteligência não
consideravam que os negros estudavam nas escolas
segregadas, de baixíssima qualidade
O racismo na formação do Estado
brasileiro
Escravidão
Latifúndio
Patrimonialismo
Consequências:
Ausência de um Estado de direito
Ausência de uma República
Ausência de uma cultura democrática
Política do “branqueamento”
Política de “branqueamento”
- “Em 100 anos seremos todos brancos”
Racismo científico
“A raça negra no Brasil [...] há de constituir sempre
um dos fatores da nossa inferioridade como povo.”
(Nina Rodrigues)
A população negra e a cidadania
Direitos Políticos:
- população negra afastada da participação política
Direitos Civis:
- impediu a formação de direitos individuais
- impediu a formação de instituições republicanas capazes de
garantir direitos mesmo formalmente instituídos
Direito Sociais
- menos acesso às políticas universais de saúde, educação, cultura
e lazer
- desemprego e informalidade
O que é ação afirmativa?
• Hipótese de discriminação legítima
• Discriminação positiva (“reverse discrimination”)
• Tratamento preferencial:
• - Dado a grupo historicamente discriminado
• - Visa a impedir que a igualdade formal perpetue a desigualdade.
• Caráter redistributivo e restaurador
• Correção de situação de desigualdades historicamente constituídas
• Tempo determinado
• Objetivos sociais claros
O que é ação afirmativa?
Formulação teórica: segundo pós-guerra.
- Estado indutor ou Estado de bem estar
social.
- Políticas antidiscriminatórias clássicas:
proibitivas ou “neutras”
Foco nos atos concretos de discriminação
Objetivos das ações afirmativas
Coibir a discriminação do presente
Eliminar os efeitos da discriminação no
passado e que tendem a se perpetuar.
Instituir diversidade e maior
representatividade dos grupos minoritários
Valorizar a dignidade e a promover da
autoidentidade.
Ações afirmativas - argumentos
Backward looking argument
Retrospectivo
Justiça corretiva
Reparação histórica
Forward looking argument
Prospectivo
Justiça distributiva
Reconhecimento e redistribuição (diversidade)
Ações afirmativas - base jurídica
Cidadania formal
Base jurídica para as ações afirmativas:
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada
pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático
de Direito e tem como fundamentos:
Ações afirmativas - base jurídica
I - a soberania;
II - a cidadania
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
Ações afirmativas - base jurídica
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da
República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e
reduzir as desigualdades sociais e regionais;
Ações afirmativas - base jurídica
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
formas de discriminação.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros
e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
Homicídios
A probabilidade de um homem preto ou pardo
morrer assassinado é mais do que o dobro se
comparado a de um indivíduo que se declara branco,
é o que revela o relatório.
Apesar de o número de homicídios no país
permanecer estável nos últimos anos, o número de
negros assassinados não para de subir, por outro
lado, os homicídios entre homens brancos vêm caindo.
Homicídios
Entre as mulheres, a morte por homicídio entre as
pretas e pardas é 41,3% maior à observada entre
as mulheres brancas, segundo os dados de 2007.
Expectativa de vida
A esperança de vida da população negra segue
inferior à da população branca. Entre os homens
pretos e pardos, o indicador não passou de 66,74
anos. No contingente masculino da população branca,
a expectativa alcançou 72,39 anos.
No estudo com as mulheres, a esperança de vida
entre pretas e pardas foi de 70,94 anos, abaixo dos
74,57 anos estimados para a parcela feminina da
população branca.
Educação
A avaliação de jovens de 15 a 17 anos mostra que 8 em cada 10 estudantes pretos e pardos estavam cursando séries abaixo de sua idade, ou tinham abandonado o colégio. Entre os brancos, 66% dos estudantes estavam na mesma situação.
Na população de 11 a 14 anos, que segundo o estudo é a fase que jovens começam a abandonar a escola, 55,3% dos jovens brasileiros não estavam na série correta em 2008. Entre os jovens pretos e pardos, essa proporção chega a 62,3%, bem acima dos estudantes brancos (45,7%).
O relatório evidencia que a população branca com idade superior a 15 anos tinha, em 2008, 1,5 ano de estudo a mais do que a negra.
Educação II
A taxa de analfabetismo em 1992 era de 10,6% para
brancos e 25,7% para negros; em 2009, 5,94% para brancos
e 13,42% para negros. Nesse período, embora tenha caído a
desigualdade, a taxa dos negros permaneceu mais que duas
vezes maior que a taxa da população branca, de acordo com
dados do IBGE compilados pelo Ipea.
Por outro lado, o aumento das matrículas em creches ou pré-
escolas é muito maior entre crianças brancas. A entrada no
percurso escolar regular é mais atribulada para as crianças
afrodescendentes.
Saúde
Estabelecimentos do SUS atenderam mais pretos e
pardos (66,9% da sua população atendida em
2008) do que brancos (47,7%), a taxa de não
cobertura também é maior entre o grupo de pretos e
pardos, 27% para afrodescendentes e para 14%
dos brancos.
Em 2008 40,9% das mulheres pretas e pardas nunca
haviam feito mamografia, contra 22,9% das brancas
e 18,1% das mulheres pretas e pardas nunca haviam
feito papanicolau (13,2% entre as brancas).
Políticas sociais
A importância dos benefícios do Bolsa Família sobre a renda das famílias
negras é significativamente maior do que para as famílias brancas. Entre
os afrodescendentes, o programa representa 23,1% da renda da família.
Para os brancos, 21,6%. Além disso, a proporção de famílias cujo chefe é
preto ou pardo beneficiadas pelo programa – 24% do total de famílias
deste grupo no país – é quase três vezes maior do que a das unidades
familiares brancas (9,8%).
embora em números absolutos mais negros tenham ultrapassado a linha da
pobreza, a redução proporcional dos índices ficou em torno de 30% para
os dois grupos, mantendo as diferenças significativas. Em 1997, 57,7% dos
negros brasileiros eram pobres. Dez anos depois, eram 41,7%. Entre os
brancos, o percentual caiu de 28,7% para 19,7% no mesmo período.
Políticas sociais II
“Essas políticas gerais não afetam a maneira como os
afrodescendentes chegam ao mercado, nem como
são tratados dentro dele. A estrutura do vínculo com
cor e raça não muda”. (Marcelo Paixão)
Cenário de agravamento
Mudanças estruturais no Estado
Fordismo e pós-fordismo
Estado de bem estar social
Estado neoliberal
Crise econômica e racismo
Desconstrução das políticas de ação afirmativa
(Schuette v. Coalition to Defend Affirmative Action)
Brasil: Neodesenvolvimentismo
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