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A Terceira Travessia do Tejo
em Lisboa
A solução em ponte “Chelas-Barreiro”
Nota introdutória
Da sua foz à fronteira com a Espanha, o rio Tejo tem cerca de 15 atravessamentos, sendo 2 deles
ligações directas da cidade de Lisboa à Margem Sul :
as pontes “25 de Abril”, em Alcântara, e “Vasco da Gama” na zona do Parque Expo.
Ambas constituem obras magníficas que se adaptam às características geológicas dos seus locais e
traduzem, de certo modo, a tecnologia dos seus tempos.
No entanto, a natureza estrutural de uma nova ponte, embora relevante porque marcará a maravilhosa
paisagem de Lisboa vista do rio, não é o que importa na avaliação das diferentes alternativas de
atravessamento.
A questão é do âmbito do ordenamento do território: dos acessos à cidade de Lisboa e às zonas
urbanas da Margem Sul, das redes rodoviária e ferroviária entre o norte e o sul do país, das ligações
com a Europa.
A questão fulcral é esta .
As actuais 2 travessias do Tejo
A ponte “25 de Abril”, de 1966, é constituída por uma estrutura metálica, suspensa, com
uma distância entre amarrações de 2.227 m (na altura a maior da Europa) e um vão central de
1.012m. O seu tabuleiro está a 70m acima do nível da água.
É uma ponte rodo-ferroviária:
A ponte “Vasco da Gama”, de 1998, é uma estrutura de betão armado pré-esforçado com
um comprimento total (viadutos e pontes) de 12.345m, uma ponte principal de tirantes com
826m e um tramo central de 420m. O tabuleiro está a 47m acima do nível da água.
É uma ponte rodoviária
As duas pontes estão implantadas como a seguir se ilustra, o que permite melhor visualisar as
hípóteses de localização de uma nova travessia para o desenvolvimento de uma “Grande Lisboa”:
1) a montante (para o lado de Vila Franca de Xira) da ponte “Vasco da Gama”, o que obriga,
dada a largura a vencer, a uma obra com uma extensão superior a cerca de 10 km.
2) entre as duas pontes existentes, garantindo um objectivo de ligação entre a cidade de Lisboa
e as zonas urbanas do Barreiro e do Montijo.
3) a jusante (para o lado da foz do rio) da ponte “25 de Abril”, zona do estuário mais estreita
da ordem dos 3 km.
Algumas propostas de ligação entre as duas margens
Desde 1991 que se analisam corredores para uma travessia do Tejo. Datam dessa altura a escolha da
localização da actual ponte “Vasco da Gama”, assim como os corredores “Chelas-Barreiro” (aprovado
por Resolução do Conselho de Ministros de 10 de Janeiro do corrente ano) e “Algés-Trafaria”.
Para além daqueles corredores, também se apresentaram mais recentemente outras alternativas,
nomeadamente uma com arranque em Alverca e outra “Beato-Montijo + Montijo-Barreiro”.
Deve também fazer-se referência a uma ligação “Cais do Sodré-Almada” por serviço de metro.
Em Alverca
Algés-Trafaria Beato-Montijo + Montijo-Barreiro
Chelas-Barreiro
Ponte
Vasco da Gama
Ponte 25 Abril
metro
São estas as propostas de alternativa de que se tem conhecimento e, delas, apenas existe
informação relativa à alternativa “Chelas-Barreiro”, actualmente em avançada fase de
projecto.
A informação acessivel é muito resumida, encontrando-se espalhada em alguns “sites” da
net, nomeadamente os do MOPTC e da RAVE.
Para cabal esclarecimento do comum dos cidadãos (que a ele tem todo o direito) e não
apenas de elites (que se querem cativar para o aval de uma qualquer decisão) , seria
desejável que esta situação fosse corrigida agora e no futuro.
A alternativa “Chelas-Barreiro”
(Apresentação simples e sumária feita com base na informação publicitada pelo MOPTC e pela RAVE).
Em Lisboa
Fotografia tirada da Escola Afonso Domingues
...vê-se a amarração no Barreiro...
...mais ou menos por aqui...
Fotografia tirada do Barreiro, no enfiamento da Av. das Nacionalizações - Via Rápida do Barreiro (IC 21)
Do Barreiro, vê-se a amarração de Chelas...
O modo ferroviário
O modo ferroviário da ponte tem duas componentes:
- Via férrea convencional (CFC) e via férrea de alta velocidade (AV).
Em Lisboa, estão consideradas 2 ligações:
- À estação do Oriente (cuja expansão não é possível) em alta velocidade (eixo Lisboa-Vigo) e em
linha convencional (CFC);
- À estação Chelas/Olaias (CFC).
Na Margem Sul, estão consideradas 3 ligações:
- À Linha do Alentejo (CFC), com redução de 30 minutos do tempo entre Lisboa e Setúbal;
- À linha de alta velocidade (AV), nos dois eixos:
- Lisboa-Évora-Faro-Huelva;
- Lisboa-Évora-Elvas-Madrid (tempo total de percurso de 2h45m).
(Desenvolvimento de Évora como “cidade AV”).
A linha ferroviária convencional (CFC)
Com a ligação da Linha de Cintura (Chelas) com a Linha do Alentejo, é efectuado o fecho do
anel ferroviário da Área Metropolitana de Lisboa (AML):
Linha do Norte + Linha de Sintra + Linha de Cascais (na Margem Norte) +
(Estima-se que o percurso Entrecampos-Setúbal, sem paragens, pela ponte “Chelas-Barreiro” tenha menos meia hora do que pela ponte “25 de Abril”).
+ Linha do Sul + Linha do Alentejo (na Margem Sul).
(http://www.portugal.gov.pt/NR/rdonlyres/135B9E13-AA2F-4F67-8201-C83BC3A1B786/0/Apres_TTT.pdf)
Na Margem Sul
Poceirão – Vendas Novas - Évora – Portalegre – Elvas
Lisboa – TTT – Barreiro – Pinhal Novo
Alcácer do Sal
Setúbal
Beja
Faro
1. Conceito ligado a velocidades entre 160 km/h e 300 Km/h .
A “Velocidade Elevada” corresponde ao intervalo de velocidades 160 km/h – 220 km/h .
Portugal já tem uma linha deste tipo (combóios pendulares): a “Linha do Norte”, entre Porto e
Faro.
A “Muito Alta Velocidade” corresponde a velocidades de cruzeiro entre 250 km/h e 300 km/h.
2. O projecto foi inicialmente pensado para o transporte de passageiros e para a ligação directa de
grandes cidades (viagens de 1 a 3 horas , 150 km a 600 km).
3. Custo: 10 milhões de euros por kilómetro (Linha LGV Est, França, 2004).
A linha férrea de alta velocidade (AV)
Na Europa, apenas a Áustria, a Alemanha, a Bélgica, a Espanha, a França e a Holanda têm
linhas “TGV”.
Os restantes países ou só possuem infraestruturas ferroviárias convencionais ou têm linhas
para a “Alta Velocidade” (combóios pendulares). São, provavelmente entre outros, os
casos da Finlândia, Irlanda, Itália e Noruega. Também a Grã Bretanha tem “TGV” na ligação
da sua capital à França, em túnel pelo Canal da Mancha.
A título informativo, ilustram-se a seguir a rede de França (precursora da construção e
exploração deste tipo de linha) e as redes de Espanha.
Em Portugal
Por Resolução do Conselho de Ministros de Junho de 2004, foram associados aos 4 eixos de
ligação entre Portugal e Espanha (Porto-Vigo, Lisboa-Madrid, Aveiro-Salamanca e Faro-Huelva)
2 eixos nacionais:
. Lisboa-Leiria-Coimbra-Aveiro-Porto-Braga.
. Évora-Faro.
É o chamado traçado em π (pi) invertido...
Huelva Vigo
Madrid Salamanca
Concurso em 2008, entrada em serviço prevista para 2013 (informação do MOPTC)
Lisboa
(http://www.rave.pt/pdf/rel_comissao_3tejo/2007-11-22_Relatorio_Comissao_TTT_anexo_4.pdf)
A ligação ao Novo Aeroporto de Lisboa (NAL) em Alcochete
à rede convencional (CFC)
à rede de alta velocidade (Lisboa-Madrid)
Ligações
O modo rodoviário
O modo rodovíário numa nova
travessia do Tejo em Lisboa contribuirá
para contrariar a tendência de ocupação
excessiva das áreas a poente de Lisboa e da
orla costeira e melhorará a ligação ao NAL
em Alcochete.
A alternativa “Chelas –Barreiro” oferece o
que é único e importante:
uma acessibilidade directa ao Barreiro,
actualmente inexistente.
Custos
Uma ponte com os 3 modos (rodoviário, ferroviário “CFC” e ferroviário “AV”) tem um custo
superior em cerca de 50 % ao de uma ponte com um só modo e superior em cerca de 20 % ao de
uma com 2 modos.
No caso da alternativa “Chelas-Barreiro”, o investimento total em construção é estimado em 1.700
milhões de euros, sendo 1.200 milhões correspondentes à obra ferroviária e 500 milhões à
rodoviária .
Apresentam-se, seguidamente, gráficos elaborados com base na informação do MOPTC, nos quais
se distinguem as componentes “ferrovia”, “rodovia”, “ponte” e “acessos”.
(http://www.portugal.gov.pt/NR/rdonlyres/135B9E13-AA2F-4F67-8201-C83BC3A1B786/0/Apres_TTT.pdf)
A alternativa “Beato + Montijo + Montijo- Barreiro” ?
(http://www.rave.pt/pdf/apres_publ_3tejo/2008-02-12%20OE%20RAVE%20C%20Fernandes%2097-2003.pdf)
Montijo-Barreiro
A informação disponível (praticamente nula para o comum dos cidadãos) apenas permite
caracterizar os modos dos atravessamentos:
Beato-Montijo apenas com os modos ferroviários (CFC+AV) e
Montijo-Barreiro com o modo rodoviário.
Comparando com a solução com os 3 modos “Chelas-Barreiro”, o senso comum aponta para que
a dupla solução “Beato-Montijo-Montijo-Barreiro” seja mais cara.
A reter :
. “Chelas-Barreiro”: 3 modos (rodoviário, ferroviário CFC e ferroviário AV);
. “Beato-Montijo” (dois modos ferroviários, CFC+AV)+“Montijo-Barreiro”(com modo rodoviário).
25 de Fevereiro de 2008
Luís Leite Pinto, Eng. Civil IST
F I M
...mas, na situação em que as coisas estão, valerá a pena saber mais?...