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ACESSIBILIDADE EM ÁREAS DE PASSEIOS PÚBLICOS:
CONSIDERAÇÕES ACERCA DAS ESPECIFICIDADES DO IDOSO
Ruth Losada de MenezesFisioterapeuta
Mestrado (UnB) e Doutorado (UFG) em Ciências da SaúdeMembro da Diretoria Executiva da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia
(SBGG-Seção Goiás)
Transição Demográfica
As projeções demográficas vêm demonstrando que o séc. As projeções demográficas vêm demonstrando que o séc.
XXI se caracterizará pelo incremento significativo de
IDOSOS no contexto populacional enquanto fenômeno
mundial (Chaimowicz, 1997).
Ruth Losada de Menezes
Definição
Definição de IDOSO Definição de IDOSO(OMS)
Fatores relacionados:
↓ número de nascimentos;
↑ expectativa de vida;
desenvolvimento tecnológico
Ruth Losada de Menezes
Idosos no Brasil
1980 – 7 milhões de idosos
2025 – 34 milhões de idosos (IBGE)
Expectativa de vida ao nascer
Ruth Losada de Menezes
1940: 45,5 anos
2008: 72,7 anos(IBGE)
Goiás - Goiânia
Em Goiás, os idosos já representam 7,17% dapopulação (IBGE, 2007) e em Goiânia há mais depopulação (IBGE, 2007) e em Goiânia há mais de85 mil idosos que correspondem a 6,97% dapopulação (IBGE, 2006).
Ruth Losada de Menezes
Evolução da proporção de idosos e mais idosos na população brasileira por sexo - 1920 / 2020.
idosos - mulheres
idosos - homens
mais idosos - mulheres
mais idosos - homens
(Fonte: IBGE, Censos demográficos. Projeções populacionais IPEA)
Por que falar de acessibilidade emáreas de passeios públicos paraidosos?
Acidentes de trânsito/transportes e as quedas associadas
com o ambiente viário ocupam os dois primeiros lugares
no conjunto de mortalidade por causas externas
específicas em idosos no Brasil, respectivamente comespecíficas em idosos no Brasil, respectivamente com
índices de 29,6% e 16,6%, conforme pesquisa realizada
pela Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ (2002).
Ruth Losada de Menezes
Por que falar de acessibilidade emáreas de passeios públicos paraidosos?
Os idosos são considerados como um grupo de risco no
ambiente viário;
Quando envolvidos em acidentes, apresentam maior índice de
ferimentos graves ou mortes (OECD, 2001);ferimentos graves ou mortes (OECD, 2001);
Um acidente que causa ferimento é 6x mais provável de ser fatal
em alguém com idade >= a 80 anos do que em alguém na faixa
etária dos 40 anos (WHO, 1998).
Ruth Losada de Menezes
Políticas de maior importância para a população idosa em crescimento:
1. Renda para compensar a perda da capacidade laboral (previdência e assistência social);1. Renda para compensar a perda da capacidade laboral (previdência e assistência social);
2. Saúde;
3. Cuidados de longa duração, e
4. Criação de um entorno favorável, que inclua aspectos como habitação, infraestrutura e
acessibilidade.
(IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada)
Ruth Losada de Menezes
O que é acessibilidade?
É o ato de tornar fácil o acesso de todas as pessoas a todos oslugares, de forma segura e autônoma, ou seja, cada cidadão podelugares, de forma segura e autônoma, ou seja, cada cidadão podedesfrutar do seu direito de liberdade de locomoção sozinho, semprecisar pedir ajuda a ninguém.
A acessibilidade, portanto, apresenta-se como um meio degarantia ao acesso à saúde, ao trabalho, ao lazer e à educação,garantia ao acesso à saúde, ao trabalho, ao lazer e à educação,com total facilidade de deslocamento.
(Fonte: Acessibilidade para uma cidade melhor - Ministério Público do Estado do Tocantins, 2008)
Ruth Losada de Menezes
Acessibilidade Espacial
Acessibilidade é um direito de todos!
Ruth Losada de Menezes
Constituição Federal
Acessibilidade: Um direito!
Artigo 227, parágrafo 2º:
“A lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e
dos edifícios de uso público e de fabricação de veículos de
transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às
pessoas portadoras de deficiência”.
Ruth Losada de Menezes
Direitos Fundamentais dos Idosos
Direito ao meio ambiente acessível
A Lei 10.098/00, regulamentada pelo Decreto Federal
Acessibilidade: Um direito!
A Lei 10.098/00, regulamentada pelo Decreto Federal
5.296/04, garante às pessoas com dificuldade de locomoção –
entre elas, os idosos – acessibilidade aos meios de transporte,
aos prédios públicos e privados, às ruas, calçadas e praças, por
meio de rampas, portas mais largas, barras em corredores emeio de rampas, portas mais largas, barras em corredores e
banheiros e toda adaptação necessária para facilitar a
mobilidade.(Idoso – Cidadão Brasileiro. Ministério da Previdência Social, 2008)
Ruth Losada de Menezes
Especificidades dos pedestres idosos
Perdas funcionais relacionadas ao Envelhecimento:
- Diminuição da visão
- Diminuição da audição
- Alteração do equilíbrio corporal e marcha
- Aumento do tempo de reação frente aos estímulos
internos e externos
Ruth Losada de Menezes
Especificidades dos pedestres idosos
Perdas funcionais relacionadas ao Envelhecimento
Ambiente viário
Comportamento dos pedestres idosos
RISCO POTENCIAL
Ruth Losada de Menezes
Envelhecimento ativo:uma política de saúde
Unidade de Envelhecimento e Curso de Vida daOrganização Mundial de Saúde (OMS)
Ruth Losada de Menezes
O que é envelhecimento ativo?
Envelhecimento ativo é o processo de otimização dasEnvelhecimento ativo é o processo de otimização das
oportunidades de saúde, participação e segurança, com
o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que
as pessoas ficam mais velhas.
Condições de acessibilidade favoráveis aos idosos
Envelhecimento ativo
Ruth Losada de Menezes
Determinantes do envelhecimento ativo
gênero
Serviços sociais e de saúde
EnvelhecimentoAtivo
Ambiente Físico
DeterminantesSociais
de saúde
DeterminantesComportamentais
Ruth Losada de Menezes
cultura
Sociais
DeterminantesPessoaisDeterminantes
Econômicos
Fatores determinantesrelacionados ao ambiente físico
Ambientes físicos adequados à idade podem representar Ambientes físicos adequados à idade podem representar
a diferença entre a independência e a dependência para
todos os indivíduos, mas especialmente para aqueles em
processo de envelhecimento.
Ruth Losada de Menezes
Fatores determinantesrelacionados ao ambiente físico
Pessoas idosas que moram em ambientes ou áreas de
risco com múltiplas barreiras físicas saem,risco com múltiplas barreiras físicas saem,
provavelmente, com menos freqüência, e, por isto, estão
mais propensas ao isolamento, depressão, menor
preparo físico e mais problemas de mobilidade.
Ruth Losada de Menezes
Fatores de risco associados ao processo de envelhecimentode envelhecimento
X
Medidas de prevenção (áreas de passeios públicos)públicos)
Ruth Losada de Menezes
Declínio da visão – Medidas de prevenção
Os déficits visuais levam à menor Uso de óculos - melhora do
desempenho visualcomunicação visual, dependência e
restrição de mobilidade, inclusive
levando à maior probabilidade de
traumas em geral (WEST; SOMMER,
2001).
desempenho visual
Uso de sinais audíveis para
indicar a travessia para
pedestres idosos e pessoas com
visão deficitária ou que são
cegas – botoeira
Retirada de obstáculos da
calçada
Ruth Losada de Menezes
Declínio da visão – Medidas de prevenção
Uso diferenciado de texturas e pinturas para guiar a
caminhada por rotas mais seguras
Iluminação artificial, caso seja necessário
Ruth Losada de Menezes
Declínio da visão – Medidas de prevenção
Além dos semáforos colocados acima da via, os que são
colocados na lateral da via melhoram a visualização destes,
pois reduzem a distância necessária para enxergar o sinal e
facilitam o movimento de rotação do pescoço.
Ruth Losada de Menezes
Alteração do equilíbrio e marcha e Caminhar lento – Medidas de prevenção
O uso de óculos, bengalas , andadores e corrimão
Exercícios e atividades físicas Exercícios e atividades físicas
Ruth Losada de Menezes
Alteração do equilíbrio e marcha e Caminhar lento – Medidas de prevenção
Excluir meio-fio alto, buracos e mobiliários públicos
posicionados de forma irregular etc.posicionados de forma irregular etc.
Ruth Losada de Menezes
Alteração do equilíbrio e marcha e Caminhar lento – Medidas de prevenção
A superfície das vias e calçadas não deve gerar brilho nem
ser escorregadia
Acessos com largura adequada para pedestres idosos que
necessitem usar aparelhos de locomoçãonecessitem usar aparelhos de locomoção
Adequar o tempo semafórico...
Ruth Losada de Menezes
Tempo semafórico
Pesquisa (YANOCHLO, 2002)
Queens Boulevard, em Nova York, era conhecida pelo
número elevado de mortes e ferimentos com pedestres
idosos acima de 65 anos.
Problema: Os idosos não conseguiam completar aProblema: Os idosos não conseguiam completar a
travessia dentro do tempo estipulado e tinham dificuldade
em distinguir os sinais de pedestre. Tráfego com excesso
de velocidade.Ruth Losada de Menezes
Tempo semafórico
Queens Boulevard, NovaYork
Programa de prevenção de acidentes
-Aumento do tempo semafórico
-Pintura do meio fio
-Instalação de faixas intermediárias com semáforos
-Instalação de placas de limites de velocidade num raio de
4 km do boulevard e aumento da fiscalização para coibir o4 km do boulevard e aumento da fiscalização para coibir o
excesso de velocidades
-Seminários com pedestres idosos da área sobre
prevenção de acidentes
Ruth Losada de Menezes
Tempo semafórico
Queens Boulevard, NovaYork
Após 30 meses de implementação do projeto, os
resultados obtidos foram:
-44% de redução nas taxas de mortalidade
-77% de redução nas taxas de ferimentos graves, de 3,5
para 0,8 por cada 100.000
-Durante o mesmo período, apenas 4% de redução nas-Durante o mesmo período, apenas 4% de redução nas
fatalidades no restante da cidade
-PREVENÇÃO É VIÁVEL!
Ruth Losada de Menezes
Declínio no tempo de reação – Medidas de prevenção
Aumento da visibilidade do pedestre idoso (experiência Austrália)
Campanhas educativas cujo objetivo foi aumentar a visibilidade do Campanhas educativas cujo objetivo foi aumentar a visibilidade do
idoso para os demais usuários da via, principalmente motoristas
Uso de materiais reflexivos pode aumentar em até 500m a
visibilidade
Nessas campanhas, foram distribuídos folhetos informativos, cintos,
bolsas, camisas e outros acessórios, confeccionados com materialbolsas, camisas e outros acessórios, confeccionados com material
reflexivo, em comunidades com maior concentração de idosos. Os
idosos foram estimulados a usar esses materiais à noite, em dias de
chuva ou nublados (RTA, 2000)
Ruth Losada de Menezes
Declínio da velocidade de julgamento –Medidas de prevenção
Os idosos têm mais dificuldade em julgar e responder à
velocidade dos veículos e são menos sensíveis às mudançasvelocidade dos veículos e são menos sensíveis às mudanças
de velocidade do que jovens (OXLEY, 2001)
Tal fato resulta no risco potencial de se tomar uma decisão
baseada no erro perceptivo de julgar distância e velocidade
Medidas:Medidas:
- Uso de refúgio/ilhas em situações complexas com várias
faixas
Ruth Losada de Menezes
Guia global das Cidades Amigas do Idoso (OMS) – 1º de outubro de 2007
A OMS e parceiros entrevistaram cerca de 1500A OMS e parceiros entrevistaram cerca de 1500
idosos, em 33 cidades de 22 países.
Ruth Losada de Menezes
Guia global das Cidades Amigas do Idoso (OMS)
Os idosos apontaram os aspectos positivos e os obstáculos
que eles encontram na cidade em que vivem, em relação a 8
quesitos:
Ruth Losada de Menezes
Guia global das Cidades Amigas do Idoso (OMS)
Características-chave de uma
cidade amiga do idoso:
Ruth Losada de Menezes
Calçadas amigáveis aos idosos
A condição das calçadas tem um impacto óbvio na capacidade
de locomoção do idoso.de locomoção do idoso.
Calçadas estreitas, desniveladas, com rachaduras, que tenham
meio-fio alto, ou que sejam congestionadas ou apresentem
obstáculos, são potencialmente perigosas e afetam a
capacidade dos idosos caminharem pelas ruas.capacidade dos idosos caminharem pelas ruas.
Ruth Losada de Menezes
Calçadas amigáveis aos idosos
“Eu caí por causa [do estado] da calçada. Quebrei o ombro.”(Idoso, Dundalk)(Idoso, Dundalk)
Obstáculos e o mobiliário urbano dificultam a mobilidade dos pedestres
Ruth Losada de Menezes(Fonte: Pizzol, Ribeiro, 2005)
Calçadas amigáveis aos idosos
Características favoráveis:
1. superfície homogênea, plana, antiderrapante;
2. larga o bastante para circular em cadeira de rodas;
3. rebaixamento do meio-fio para ficar nivelado com a rua;
4. remoção de obstáculos como camelôs, carros 4. remoção de obstáculos como camelôs, carros
estacionados e árvores; e
5. prioridade de acesso para pedestres.
Ruth Losada de Menezes
Cruzamentos seguros para pedestres
A capacidade de atravessar a rua em segurança éA capacidade de atravessar a rua em segurança é
uma preocupação mencionada com freqüência.
Ruth Losada de Menezes
Cruzamentos seguros para pedestres
Em algumas cidades, há relatos que os sinais de trânsitoEm algumas cidades, há relatos que os sinais de trânsito
mudam muito rapidamente. A velocidade média da marcha
de um idoso, para atravessar uma rua, é de 0,4 m/s e a
adotada na maioria das cidades, ao calcular o tempo do
semáforo, é de 1,2 m/s. (BONI e ALMEIDA PRADO, in
KAIROS)
Ruth Losada de Menezes
Cruzamentos seguros para pedestres
Outra preocupação comum é que os motoristas nãoOutra preocupação comum é que os motoristas não
respeitam os sinais de trânsito e não dão chance aos
pedestres.
Na maioria das cidades, o volume e a velocidade do
tráfego representam barreiras para os idosos, sejam eles
pedestres ou motoristas.
Ruth Losada de Menezes
Cruzamentos seguros para pedestres
“O [tempo do] sinal é feito para corredores olímpicos.”(Idoso, Halifax)(Idoso, Halifax)
Ruth Losada de Menezes
(Esq. para dir.) Tom Rice, 81; Robert Bruce, 81; e Edward Cox, 82, competindo nos 100 metros
Fonte: 24/08/2009
Cruzamentos seguros para pedestres
“… há cruzamento de pedestres, mas os motoristas não respeitam os pedestres. Eles vêem você cruzando e vêm em respeitam os pedestres. Eles vêem você cruzando e vêm em
cima. Se o seu coração não for forte, você cai duro.”(Idoso, Jamaica)
Ruth Losada de Menezes
Acessibilidade
Tanto em países desenvolvidos quanto nos emdesenvolvimento, as pessoas acreditam que a sua cidadenão foi planejada para idosos.não foi planejada para idosos.
As barreiras físicas desestimulam os idosos a saírem decasa.
Ruth Losada de Menezes
Acessibilidade
“Eu só vou para a cidade quando tenho algo específico para fazer. Eu vou, faço o que tenho de fazer e volto logo para
casa. Por que eu deveria passear pela cidade? Eu não sou um casa. Por que eu deveria passear pela cidade? Eu não sou um jovem”.
(Idoso, Bairóbi)
Ruth Losada de Menezes
ABNT NBR 9050 / 2004
Acessibilidade: Um direito!
É a Norma Brasileira que estabelece os critérios técnicos que
devem ser obedecidos no desenvolvimento de projetos
aquitetônicos e urbanísticos, em edifícios de uso público,
instalações e adaptações de edificações, mobiliário, espaços e
equipamentos urbanos às condições de acessibilidade.equipamentos urbanos às condições de acessibilidade.(www.acessibilidade.org.br)
Ruth Losada de Menezes
Vídeo – Desafio das calçadas
desafio das calçadas.avidesafio das calçadas.avi
1. Será que já vimos algo semelhante em nosso entorno?
2. Como seria este deslocamento para um indivíduo idoso com mobilidade reduzida?
Ruth Losada de Menezes
Projetar acessibilidade é promover inclusão social
(Fonte: Ministério Público TO, 2008)
Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia – Seção Goiás
Obrigada!
Ruth Losada de [email protected]@uol.com.br