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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM ARQUITETURA E URBANISMO CORREDOR E SUBÁREA NA ANÁLISE DA FORMA URBANA: ESTUDO DE CASO ADRIANA INIGO DE LIMA Dissertação de mestrado apresentada à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade São Judas Tadeu, para a obtenção do título de Mestre em Arquitetura e Urbanismo. Orientadora: Prof. Dr. Adilson Macedo. SÃO PAULO 2019

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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU

MESTRADO EM ARQUITETURA E URBANISMO

CORREDOR E SUBÁREA NA ANÁLISE DA FORMA URBANA:

ESTUDO DE CASO

ADRIANA INIGO DE LIMA

Dissertação de mestrado apresentada à

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da

Universidade São Judas Tadeu, para a obtenção

do título de Mestre em Arquitetura e Urbanismo.

Orientadora: Prof. Dr. Adilson Macedo.

SÃO PAULO

2019

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ADRIANA INIGO DE LIMA

CORREDOR E SUBÁREA NA ANÁLISE DA FORMA URBANA:

ESTUDO DE CASO

Dissertação de mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação da Universidade São

Judas Tadeu, para a obtenção do título de Mestre

em Arquitetura e Urbanismo.

Área de concentração: Arquitetura e Cidade

Linha de Pesquisa: Projeto, produção e

Representação.

SÃO PAULO

2019

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APROVADO EM:

BANCA EXAMINADORA

PROFª. DRª:______________________INSTITUIÇÃO: _____________________

JULGAMENTO: ___________________ASSINATURA: ____________________

PROFª. DRª:______________________INSTITUIÇÃO: _____________________

JULGAMENTO: ___________________ASSINATURA: ____________________

PROFª. DRª:______________________INSTITUIÇÃO: _____________________

JULGAMENTO: ___________________ASSINATURA: ____________________

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Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho por qualquer meio

convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

ASSINATURA:

e-mail: [email protected]

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca

da Universidade São Judas Tadeu

Bibliotecária: Cláudia Silva Salviano Moreira - CRB 8/9237

Lima, Adriana Inigo de

L732c Corredor e Subárea na análise da forma urbana: estudo de caso / Adriana

Inigo de Lima. - São Paulo, 2019.

f.: il.; 30 cm.

Orientador: Adilson Costa Macedo.

Dissertação (mestrado) – Universidade São Judas Tadeu, São Paulo,

2019.

1. Arquitetura. 2. Projetos. 3. Urbanismo. I. Macedo, Adilson Costa. II.

Universidade São Judas Tadeu, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu

em Arquitetura e Urbanismo. III. Título

CDD 22 – 711.50981611

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“Porque esperava a cidade que tem fundamentos, da qual o arquiteto e construtor é

Deus”

Hebreus 11.10

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AGRADECIMENTOS

A Deus em primeiro lugar, por me sustentar em todos os momentos, a minha

família, mãe, esposo e filhos que sempre me apoiaram. Ao meu orientador professor

Adilson, pela orientação dedicada, pelas conversas, pela compreensão e pelo apoio.

A professora Maria Isabel Imbronito, que ajudou em momentos decisivos da pesquisa.

A coordenação do curso e demais professores da pós-graduação que contribuíram

direta ou indiretamente para a realização desse trabalho.

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RESUMO

Esta dissertação trata dos conceitos de corredor e subárea que complementam

os elementos básicos via, quadra, lote e edifícios de uso corrente nos trabalhos de

Morfologia Urbana. O corredor é entendido como um elemento cuja largura total

resulta da soma da largura do viário, do caminho da infraestrutura, mais as faixas

lindeiras dos lotes para edificações. A subárea, é a superfície interna definida pela

linha poligonal de fundo dos lotes voltados para a via que a delimita, alinhados por

suas divisas frontais e divisas laterais. Com a finalidade de estudar os procedimentos

de análise da forma urbana destes elementos, passou-se a acompanhar os trabalhos

do GPAC, Grupo de Pesquisa Arquitetura da Cidade, da Universidade São Judas

Tadeu, se tornando responsável pela investigação de um subsetor que é parte de um

setor maior, sendo este integrado ao elenco de quinze setores que compõe o distrito

da Mooca, e ao conjunto dos distritos que completam a cidade. O Objetivo da pesquisa

é a aplicação da proposta metodológica por corredores e subáreas, a utilização do

procedimento em pauta serve para auxiliar o processo de análise do território através

do mapeamento da região. O procedimento dos corredores e subáreas, facilita e

organiza o programa para propostas urbanas em diversas escalas, favorecendo o

fornecimento de dados físicos para embasamento do planejamento e formulação de

novos projetos na escala urbana. Este procedimento é baseado no conhecimento de

campo como fator indispensável para a apreensão da forma urbana e implica no

estudo da cidade por partes, que é a sistemática utilizada pelo GPAC e cuja origem

está explicada no início do texto.

PALAVRAS CHAVE: análise urbana, arquitetura da cidade, projeto urbano.

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ABSTRACT

This dissertation deals with the concepts of corridor and subarea that

complement the basic elements via, block, lot and buildings of current use in the works

of Urban Morphology. The corridor is understood as an element whose total width

results from the sum of the width of the road, the path of the infrastructure, plus the

slopes of the lots for buildings. The subarea is the internal surface defined by the

polygonal bottom line of the parcels facing the road that delimits it, aligned by its front

currencies and side currencies. In order to study the procedures for analyzing the

urban form of these elements, the work of the GPAC, Research Group Architecture of

the City, of the São Judas Tadeu University, became responsible for the investigation

of a subsector that is part of a larger sector, being integrated into the list of fifteen

sectors that make up the district of Mooca, and the set of districts that complete the

city. The objective of the research is the application of the methodological proposal by

corridors and subareas, the use of the procedure in question serves to assist the

process of analysis of the territory through the mapping of the region. The corridors

and subareas procedure facilitates and organizes the program for urban proposals at

different scales, favoring the provision of physical data to support the planning and

formulation of new projects at the urban scale. This procedure is based on field

knowledge as an indispensable factor for the apprehension of the urban form and

implies the study of the city in parts, which is the system used by the GPAC and whose

origin is explained at the beginning of the text.

KEYWORDS: urban analysis, city architecture, urban design.

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Lista de Figuras

Figura 1 – Diagrama ilustrativo das unidades de vizinhança................................16

Figura 2A – A formação dos corredores por vias..................................................24

Figura 2B - A formação dos corredores com componente adicionado.................24

Figura 3 - Diagrama ilustrativo de uma subárea...................................................26

Figura 4 - Diagrama ilustrativo elementos da unidade de vizinhança..................27

Figura 5 - Unidade de vizinhança.........................................................................28

Figura 6 – Diagrama Conceitual Andrés Duany....................................................29

Figura 7 A - Diagrama mostrando um grande setor..............................................30

Figura 7 B - Diagrama mostrando subdivisão do grande setor.............................31

Figura 8 - A região e o espaço local ....................................................................34

Figura 9 - Distritos da subprefeitura Mooca..........................................................35

Figura 10A - Mapa da cidade de São Paulo em 1924..........................................36

Figura 10B - Mapa da cidade de São Paulo em 1924 ampliado .........................37

Figura 11 - Mapa do subsetor 7b em 1933 .........................................................38

Figura 12 - Mapa de 1954, evidencia-se a consolidação dos lotes estreitos e

profundos .............................................................................................................39

Figura 13 - Mapa sistema viário definido 1988 ....................................................40

Figura 14 - Mapa do subsetor 7b em 2018 ..........................................................41

Figura 15 - Setores, subdistrito Mooca ................................................................42

Figura 16 - Subsetores, subdistrito Mooca...........................................................44

Figura 17 - Subsetor 7b de vista aérea ................................................................45

Figura 18 - Diagrama de vias e corredores ..........................................................46

Figura 19 - Mapa base subsetor 7b .....................................................................47

Figura 20 - Diagrama dos corredores ..................................................................48

Figura 21 - Subáreas resultantes dos corredores que atravessam .....................48

Figura 22 - Subáreas resultantes dos corredores que atravessam e

distribuem.............................................................................................................49

Figura 23 - Rodoanel, espaço metropolitano de São

Paulo....................................................................................................................50

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Figura 24 - Vias que compõem o subsetor...........................................................51

Figura 25 - Representação da avenida Paes de Barros.......................................52

Figura 26 - Representação da rua Leocádia Cintra .............................................53

Figura 27 - Representação da rua Curupacê .......................................................53

Figura 28 - Representação da rua Canuto Saraiva..............................................54

Figura 29 - Representação da rua Araribóia.........................................................55

Figura 30 - Representação da rua Pedro de Lucena............................................55

Figura 31 - Representação da rua São Raphael, Adelaide e Virgílio de Freitas..56

Figura 32 - Representação da rua João Baptista de Freitas................................56

Figura 33 A- Representação rua dos Bancários...................................................57

Figura 33 B - Foto do local, ano 2018...................................................................57

Figura 34 - Ilustração vias públicas subsetor 7b ..................................................59

Figura 35 - Diagrama dos corredores ..................................................................59

Figura 36 - Subsetor 7b vias A2, D2, D5, D1 .......................................................60

Figura 37 - Numeração das quadras ...................................................................62

Figura 38 - Zoneamento subsetor7b.....................................................................63

Figura 39– Quadras com concessão de outorga onerosa....................................64

Figuras 40 A e B - Bairro com centro da cidade ao fundo e na rua chegando do

centro de um bairro ..............................................................................................65

Figura 41- Quadras sem recuo frontal subsetor 7b .............................................66

Figura 42 - Quadras com recuo frontal subsetor 7b.............................................66

Figura 43 - A B C D - diagrama situação/quadras................................................67

Figura 44 - Subáreas menores ............................................................................68

Figura 45 - Lotes ..................................................................................................70

Figura 46 - Zoneamento São Paulo .....................................................................71

Figura 47 - Diagrama de usos ..............................................................................72

Figura 48 – Edifício ..............................................................................................73

Figura 49 - Edifícios implantadas na faixa lindeira ao passeio público.................74

Figura 50 - Ilustração projeção dos edifícios .......................................................75

Figura 51 - Subárea subsetor 7b .........................................................................76

Figura 52 - Ilustração subáreas menores ............................................................77

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Figura 53 - Tipo 01................................................................................................79

Figura 54 - Tipo 01 no corredor ...........................................................................80

Figura 55 - Tipo 01 na subárea ............................................................................81

Figura 56 - Tipo 2 .................................................................................................81

Figura 57 - tipo 2 nos corredores .........................................................................82

Figura 58 - tipo 2 na subárea ...............................................................................82

Figura 59 - tipo 04 ................................................................................................83

Figura 60 - tipo 04 no corredor .............................................................................83

Figura 61 - tipo 04 na subárea .............................................................................84

Figura 62 - tipo 05 ................................................................................................85

Figura 63 - tipo 05 no corredor .............................................................................85

Figura 64 - tipo 05 na subárea .............................................................................86

Figura 65 - tipo 06 ................................................................................................87

Figura 66 - tipo 06 no corredor .............................................................................88

Figura 67- tipo 06 na subárea ..............................................................................89

Figura 68 – Tipologia 1933 x2016 – moradora local.............................................90

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Lista de Tabelas

Tabela 01 – Análise quantitativa de vias....................................................................58

Tabela 02 – Quantitativo subsetor, quadras e lotes...................................................70

Tabela 03 – Tipos x Pavimentos................................................................................76

Tabela 04 – Tipos x Pavimentos - subáreas menores ..............................................77

Tabela 05 – Tipos x Pavimentos............................................................................... 78

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...........................................................................................................15

CAPÍTULO 1 – Fundamentação teórica ...................................................................19

1.1 – Escola Inglesa – Análise histórico geográfica – M.G.R.Conzen...................20

1.2 – Escola Italiana – Análise dos elementos vernaculares da cidade italiana como

parâmetro para o projeto urbano Saverio Muratori................................21

1.3 – Corredores e subáreas ................................................................................23

1.4 – Setor, subsetor e área de vizinhança ..........................................................27

1.5 – Afirmação do procedimento de corredores e subáreas .............................. 30

CAPÍTULO 2 – Sobre a origem do procedimento de corredores e subáreas .......... 32

2.1 – Aplicação do procedimento de corredores e subáreas ....................................33

2.2 – O distrito da Mooca cidade de São Paulo, SP..................................................34

2.3 – O distrito, os setores e os subsetores ..............................................................42

CAPÍTULO 3 – Configuração urbana do subsetor 7b ...............................................43

3.1 – Informações gerais do subsetor 7b ..................................................................46

3.1.1 – Vias ................................................................................................................49

3.1.2 – Vias e corredores ..........................................................................................58

3.1.3 – Quadras..........................................................................................................61

3.1.4 – As quadras, os corredores e as subáreas .....................................................67

3.1.5 – Lotes...............................................................................................................68

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3.1.6 – Edifício – Subsetor 7b ...................................................................................73

3.1.7 – Tipologias dos edifícios .................................................................................78

3.1.8 - Critério de análise para subárea....................................................................89

CONCLUSÃO ...........................................................................................................91

REFERÊNCIAS..........................................................................................................92

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INTRODUÇÃO

Esta pesquisa trata de conceitos e da aplicação de um conjunto de

procedimentos de trabalho denominado por Análise da forma urbana através dos

corredores e subáreas, ora em desenvolvimento pelo Grupo de Pesquisa Arquitetura,

GPAC, da Cidade da Universidade São Judas Tadeu, na linha de pesquisa Estudo

dos Elementos Urbanos. (USJT-CNPQ).O GPAC tem como objetivo de uma das

linhas de pesquisa, desenvolver através da aplicação dos corredores e subáreas a

aproximação do tecido urbano através de levantamento de dados e análises,

adquiridos através de processo metodológico que envolve visitas técnicas e

levantamento qualiquantitativos da região em estudo, no campo da morfologia urbana

essas análises auxiliam e complementam o desenvolvimento de projetos urbanos.

Devido ao interesse pelo tema e de acordo com orientação do professor Macedo se

delineou a pesquisa que resultou nesta dissertação. Trata-se do aprofundamento do

estudo do subsetor 7b, uma parte da estrutura física do distrito da Mooca. Como o

trabalho se situa no campo da Morfologia Urbana, a base da investigação são os

elementos via (V), quadra (Q), lote (L), edifício (E). Quatro elementos fundamentais

nos estudos da morfologia urbana clássica. Os conceitos de corredor (C) e subárea

(S), complementam o quarteto VQLE, formando o conjunto VQLECS.

O procedimento de estudo do espaço urbano através dos corredores e subáreas tem

origem nos trabalhos do arquiteto-professor Adilson C. Macedo, para o Plano de

Gestão Urbana do Distrito de Barão Geraldo, Campinas, SP, ano 20001.

Na fase inicial do trabalho do GPAC foi considerada a subdivisão da cidade em

distritos, adotando o critério oficial, depois subdivisões de ordem menor do distrito em

setores e estes em subsetores sucessivamente procurando-se chegar a espaços

pequenos para aumentar o conhecimento de espaços cada vez menores. Isto foi feito

utilizando-se o mapa oficial, com pequenos ajustes no perímetro do distrito oficial para

¹A parte conceitual do trabalho foi publicada em 2002 com o título O espaço urbano por partes. Revista Sinopses

n.38, outubro 2002, FAUUSP

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adaptá-lo a subdivisão por vias que atravessam e distribuem de interesse do GPAC.

Esta subdivisão modificada continuou com a denominação de distrito. As subdivisões

menores foram chamadas de setores e subsetores. Daí o trabalho de mestrado ora

em atenção se referir ao subsetor 7b. Lembrando-se que a área escolhida para estudo

nessa dissertação, sendo parte de um trabalho em andamento em escala maior, tem

a mesma relevância, destacando-se, contudo, as particularidades do subsetor

investigado.

A orientação inicial do professor foi para se estudar a ideia da unidade de

vizinhança proposta Clarence Perry e suas subdivisões, figura 01, basicamente os

aglomerados residenciais e a parte central2. Isto para se observar a estruturação dos

espaços em partes. A dimensão final preconizada da ordem de sessenta hectares e

suas partes, seis a nove, incluindo o Centro da unidade de vizinhança, importa em

porções de aproximadamente seis a dez hectares. O conjunto – unidade de

vizinhança – sugerido por Perry foi e ainda é uma referência norte-americana e

internacional (FARR, 2013).

Figura 01 : Diagrama ilustrativo das unidades de vizinhança

Fonte: Livro Urbanismo sustentável de Douglas Faar, 2013

2Perry, C. 1998 Plan of New York and environs / the Neighborhood Unit (1929) Reprinted Routledge/Thoemmes, London, 1998, p.25-44.

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Pretendia-se utilizar na análise do espaço por partes alguma forma de relação

dos estudos do GPAC com o ideário da unidade de vizinhança, mas, isto logo foi

abandonado pela razão objetiva de não ser possível associar os parâmetros de

análise da forma que são essencialmente físicos, com as questões de vizinhança,

referência dimensional de raízes socioeconômicas. Ainda na busca do GPAC para

setores menores se chegou ao que hoje se identifica por micro planejamento, voltado

para estudos de pequenas áreas com raízes em manifestações de ordem social

(ROSA, 2011). O estudo do tecido tradicional da cidade de São Paulo por partes, na

medida em que a subdivisão por trechos cada vez menores pode abraçar uma

intervenção micro, talvez possa adequar o relacionamento das questões de inserção

física com os aspectos socioeconômicos.

A primeira parte da investigação do GPAC tratou de explicar os conceitos

considerando a estrutura da cidade de São Paulo e seu tecido urbano tradicional3. O

subdistrito da Mooca, onde se situa a USJT, foi selecionado como espaço urbano para

ser estudado. O mesmo foi subdivido em quinze setores delimitados pelas vias que

atravessam e que distribuem os fluxos principais de pessoas e cargas. Essas vias são

responsáveis por corredores que se interceptam e caracterizam um núcleo interior ou

miolo que é denominado de subárea.

A segunda parte e objeto da pesquisa para o mestrado, tem interesse maior

no estudo incluindo o conjunto VQLECS com apoio em pesquisa de campo, para

identificar tipos associados a esses elementos. Tomou-se para pesquisa o setor 7 e

nele foi selecionado o subsetor 7b como área estudo. Os subsetores definidos por

vias estabelecem seus próprios corredores e subáreas.

No decorrer da dissertação serão esclarecidos os conceitos de VQLECS, com

suas referências bibliográficas e respaldo na aplicação prática através da disciplina

Arquitetura e Urbanismo Projetos Urbanos e Paisagismo, AUPU 402, onde esses

procedimentos vêm sendo experimentados e da qual a mestranda participou em um

semestre para cumprir os créditos exigidos pela universidade como Estágio Docente.

No primeiro capítulo, apresentam-se os conceitos básicos utilizados na

dissertação e desenvolvidos no âmbito do GPAC: vias que atravessam, vias que

3 Mathew Carmona explica o tecido urbano tradicional como contraponto ao tecido do Urbanismo Moderno, em Public places - urban places.

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distribuem, corredores e subáreas. Discutem-se as teorias que influenciaram o

desenvolvimento do procedimento no campo da morfologia urbana e como o

procedimento de subárea poderia ter a ver com a unidade de vizinhança de Perry.

No caso dos estudos de campo do GPAC acontecerem no distrito da Mooca e

a nossa investigação ter sido circunstanciada ao subsetor 7b, não foi fato casual. Este

subsetor apresenta característica tipológica das quadras baseada na cidade-jardim,

lembrando Perry e com a vontade de investigar a possibilidade de se criar diretrizes

urbanísticas para esta área singular, onde os empreendedores imobiliários ainda não

entraram, no sentido de mantê-la como uma área protegida se efetivou a escolha4.

O capítulo dois trata da aplicação dos procedimentos de investigação à partir

dos corredores e subáreas no subsetor 7b, onde através de trabalhos de campo e de

escritório se consolidou um melhor conhecimento do local.

No terceiro capítulo se apresentam dados referentes aos elementos urbanos

utilizando-se desenho em planta, fotos e quadros de tipos e quantidades. Foi

organizado um arquivo de imagens dos tipos resultantes do estudo. Nessa fase foi

realizada a interpretação de dados e a definição de tipos, resumidos em tabelas

quantitativas.

A conclusão do trabalho comenta a eficácia do procedimento de corredores e

subáreas como instrumento de análise da forma urbana e base para apoio aos

estudos desenvolvidos pelo professor Adilson Macedo, associado a pesquisas de

iniciação cientifica que estão abordando subsetores do setor 7.

4 O termo área protegido, utilizado pelo professor e o conceito de preservação decorrente nesta situação pode ser

aplicado a outras áreas da cidade. Locais onde poderiam ser desenvolvidos projetos com intensa participação dos

moradores.

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19

CAPÍTILO 1 - Fundamentação teórica

O estudo do tecido urbano contribui para a compreensão da formação da

cidade, seja para a formação de uma base teórica, seja no planejamento como

instrumento de análise ou propositivo para transformações urbanísticas, seja

principalmente para embasar novos projetos urbanos envolvendo ou não a

preservação do existente. Serve para registrar as transformações físicas ao longo do

tempo com suporte na história permitindo o estudo dos tipos consolidados ou a

proposta de novos. Considerando-se o conhecimento dos tipos atuais, pode-se sugerir

outros tipos para aplicação em projetos, que por sua vez serão também revistos.

...a forma urbana da cidade é sempre a forma de um tempo da cidade, e existem

muitos tempos na forma da cidade. No próprio decorrer da vida de um homem, a

cidade muda de fisionomia em volta dele e as referências não são as mesmas...

(ROSSI: 2001, p. 57).

A observação dos tipos propicia aos profissionais envolvidos uma visão

ampliada da realidade urbana, podendo-se considerar diversas formas e

procedimentos que viabilizam sua compreensão, tendo por base recursos da

disciplina de morfologia urbana.

As concepções do desenho da cidade, suas extensões e suas complexidades,

vão se estendendo em diversas escalas até se incorporar nas formulações de

planejamento urbano e regional. Nesse sentido é importante observar que a

morfologia urbana alimenta projetos para áreas claramente definidas, que por sua vez

decorrem de decisões ao nível de planejamento.

Sem o profundo conhecimento da morfologia urbana e da história da forma urbana,

arriscam-se os arquitetos na forma de desenhar a cidade segundo práticas

superficiais, usando feitos sem conteúdo disciplinar.

(LAMAS, 2011, p.22)

Como aponta Lamas, no livro Morfologia Urbana e Desenho da Cidade, a

morfologia pressupõe análise das partes para compreensão do todo e da escala que

se classifica. Lamas cita o exemplo da composição do edifício, onde notam-se

elementos como: a janela, a porta e as escadas. Embora essa disposição seja alterada

em alguns períodos da história, as vezes sendo repetidas e definidas e outras não,

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existem com o propósito de atender as necessidades estéticas ou funcionais e

independente da maneira a qual estão inseridos na construção, a qualificam como tal.

O termo Morfologia Urbana se distingue do que se chama Análise da Forma

Urbana. Para Stael5, autora do livro Fundamentos de Morfologia Urbana, alguns

estudiosos se reportam ao método e a sua aplicação muito mais do que ao conceito.

Para ela o conceito define-se como sendo o estudo da forma urbana, considerando

um produto físico das ações da sociedade sobre o meio, que vão edificando-o ao longo

do tempo.

O método para se estabelecer a evolução da forma urbana ou os aspectos tipo

morfológicos da edificação possui critérios significativos e de fácil aplicação, embora

muitas vezes pouco disseminados. Na pesquisa da Morfologia Urbana há

abordagens distintas, porém complementares para a análise da estrutura formal da

paisagem urbana. (COSTA, 2017, p.32)

Tratando-se de morfologia urbana é pertinente ressaltar a influência exercida

pelas duas principais escolas dedicadas ao assunto, a inglesa e a italiana, ressaltando

a contribuição de ambas para a disciplina. As duas escolas atuaram paralelamente

em meados do século XX, tendo como mentores o geógrafo alemão M.G.R. Conzen6

e o arquiteto italiano Saverio Muratori7 respectivamente. A contribuição das escolas

para essa investigação se dá de forma indireta, como repertório de modelos das

multiformas de análises e observações da forma e evolução do tecido urbano, o que

está implícito nas investigações aqui realizadas.

1.1. Escola inglesa – Análise histórico geográfica – M.G.R.Conzen

5 Stael de Alvarenga P. Costa – Arquiteta e Urbanista pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Mestre

em Desenho Urbano – Oxford Brookes University. Doutora em Estruturas Ambientais Urbanas – USP.

Coordenadora do Laboratório da Paisagem –UFMG. Professora Associada da Escola de Arquitetura e Urbanismo

– UFMG.

6 M.G.R. Conzen - (Berlim, 21 de janeiro de 1907 - 4 de fevereiro de 2000) foi um geógrafo, fundador da escola

anglo-alemã de morfologia urbana. O trabalho mais influente dele é um detalhado estudo morfológico da cidade

mercantil inglesa de Alnwick. Seu trabalho é conhecido, entre outros, pelo estudo em microescala da evolução

das parcelas. Estudou geografia, história e filosofia na Universidade de Berlim entre 1926-1932. Em 1933, emigrou

para o Reino Unido, onde estudou na Universidade de Victoria, em Manchester, obtendo primeiro um diploma em

planejamento urbano em 1936 e o mestrado em geografia histórica em 1942.

7 Saverio Muratori - (Modena, 1910 - Roma, 1973) foi um arquiteto e histórico italiano, bem como uma

conferencista na Universidade de Roma. Ele fundou uma nova metodologia para o estudo da arquitetura e

planejamento urbano. Sua pesquisa foi sempre em conflito direto com a cultura contemporânea, denunciando seus

erros em vários setores, especialmente dentro da Universidade de Roma, onde lecionou.

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A linha de pesquisa traçada pelos ingleses, sendo representada por M.G.R.

Conzen foca na evolução da forma urbana. A análise evidencia a repetição de

padrões semelhantes os quais se destacam como elementos característicos do tecido,

revelando uma identidade singular em determinado espaço de tempo.

A escola inglesa define como seu objeto o estudo da evolução das formas urbanas

como parâmetro as modificações e transformações, com o propósito de estabelecer

uma teoria sobre a construção das cidades. Essa teoria estabelece como linha de

investigação as transformações ocorridas no parcelamento do solo: os

remembramentos e desmembramentos dos quarteirões e dos lotes e no sistema

viário. (COSTA, 2017, p. 35)

Os espaços de tempo onde observam-se as transformações na história são os

períodos morfológicos. Nesse contexto os efeitos culturais e sócio econômicos agem

em consonância com outros fatores resultando na transformação do espaço físico.

Nascido na Alemanha, filho de escultor, Conzen inicia seus estudos

acadêmicos em Geografia Histórica e Filosofia, onde adquiriu conhecimento dos

conceitos geográficos por meio de práticas acadêmicas. Esses conceitos geográficos

difundidos no final do século XIX pela escola inglesa, consistiam na investigação das

cidades através de bases cadastrais contendo as informações físicas das mesmas, o

exercício contemplava a representação física dos fatos urbanos com a análise da

evolução da paisagem urbana através da sua evolução formal. As aulas eram

coordenadas pelo professor Otto Schluter (1899), mestre que influenciou Conzen

passando ao longo dos anos de estudante a propagador, onde seu trabalho é

amplamente difundido.

1.2. Escola italiana – Análise dos elementos vernaculares da cidade italiana como parâmetro para o projeto urbano – Saverio Muratori

A outra linha de pesquisa, na área da morfologia urbana que se sobressai, é a

italiana. Difundida por Saverio Muratori e denominada como Escola Italiana de

Morfologia Urbana concentra seus estudos na adoção de elementos das tradições

vernaculares da cidade italiana, para projetos urbanos e arquitetônicos. Sua linha de

pesquisa que se opunha ao movimento moderno, acarretou grande rejeição por parte

dos arquitetos atraindo poucos adeptos. Contudo, após sua morte em 1970, alguns

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de seus seguidores como Gianfranco Caniggia, continuou difundindo seu trabalho

diligentemente.

Para Saverio Muratori, existe um modo de construir edificações, um modelo que se

manifesta em cada momento e em cada cultura, intrínseco a determinado povo.

Esse fazer é inerente às pessoas e já enraizado como um protótipo na mente de

alguém que se propõe a construir uma casa. Essa capacidade de reprodução desse

modelo, sem barreiras e sem censuras por parte do construtor é denominada pela

Escola de Morfologia Italiana como a “consciência espontânea”. (COSTA, 2017, p.

154)

Sendo, portanto, a escola inglesa e a italiana formada por grupos de

pesquisadores que se intitulam como “escola”, somam-se a essa categoria a

experiência da França, podendo ser expressa através dos estudos de Phillipe Paneraí,

e de Portugal através dos trabalhos desenvolvidos no Laboratório Forma Urbis, que

tem editado livros importantes do tema, coordenados pelo arquiteto Carlos Dias

Coelho.

Em Portugal existe também o PNUM, Portuguese Network of Urban Morfology.

Associado a congênere inglesa o ISUF (Seminar Internacional on Urban Form), que

foi inaugurado em 1994 e reúne estudiosos de Morfologia Urbana em todo o mundo,

promove conferências, possui uma revista científica (Journal of the Internacional

Seminar on Urban Form), e uma rede internacional de comunicação entre os

participantes. O grupo PNUM, se atribuindo o papel de catalizador de estudos urbanos

engloba o grupo de Sintax Analysis do professor Wiliam Hillier (Inglaterra) como

componente dos estudos de morfologia urbana.

No Brasil, o GPAC/USJT (Grupo de pesquisa Arquitetura da Cidade da

Universidade São Judas Tadeu), tem desenvolvido pesquisas no campo da Morfologia

Urbana, com artigos publicados nos anais do PNUM e periódicos. O grupo propõe

através de ensaios e exercícios envolvendo a observação e levantamentos

qualitativos e quantitativos, a aplicação do procedimento de corredores e subáreas

como instrumento de análise da forma urbana. Seu intuito é a divisão e subdivisão do

tecido urbano por partes possibilitando a aproximação entre o pesquisador e o

desenho da cidade, fomentando novas propostas que auxiliarão no planejamento

urbano.

O grupo de pesquisa tem se dedicado .... procurando relacionar padrões de tecido

urbano e das edificações, com setores de potencial para requalificação. São trechos

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de tecido urbano onde se percebe pela vista aérea a uniformidade do tecido urbano

e sua inserção entre corredores que os delimitam, as subáreas. Observações para

depois serem confirmadas por vistoria no local. Segundo dois momentos: o primeiro

com o objetivo de elucidar e estabelecer critérios de análise para o que se chama

de área de vizinhança protegida; depois, mostrar como da interpretação da

realidade resultam conceitos, expressos por um programa para o projeto urbano.

(IMBRONITO, 2016: p.87).

O GPAC adota o distrito (nomenclatura oficial) como parâmetro associado às

divisões da Prefeitura do Município de São Paulo para a subdivisão do tecido urbano

e início das investigações. Pretende-se ao longo do tempo adaptar a subdivisão oficial

para uma rigorosa subdivisão através das vias que atravessam e distribuem e assim

trabalhar com um conceito e subdivisão própria. No enfoque morfológico este tipo de

ajuste torna-se necessário. Levando-se em conta que a criação, a organização e a

supressão de Distritos, em São Paulo, se dão através de lei municipal. Assim a

delimitação da divisa do Distrito Administrativo é definida pelo IGC8 (Instituto

Geográfico e Cartográfico), através de verificação da área de influência da sede do

futuro Distrito, considerando-se, os acidentes naturais e as conveniências dos

moradores da região.

1.3. Corredores e subáreas

Ocerne da pesquisa envolve, antes da aplicação do procedimento, que vem

como experimentação prática, a definição e compreensão dos chamados corredores

e subáreas como elementos que auxiliam no estudo do tecido urbano.

8 IGC- (Instituto Geográfico e Cartográfico) A missão do Instituto consiste em promover o conhecimento do território

paulista através da produção cartográfica de detalhe e precisão, e dos estudos geográficos relacionados à Divisão

Administrativa e Territorial do Estado de São Paulo.O Instituto Geográfico e Cartográfico é uma instituição que

integra o quadro de Institutos de Pesquisa do Estado de São Paulo. Suas atividades técnico-científicas

caracterizam-se pela produção e aplicação de conhecimento geográfico na solução de problemas relativos à

Divisão Administrativa e Territorial e na edição de produtos cartográficos de alta precisão.Criado em 1979, o IGC

recebeu as suas atuais atribuições legais ao suceder o antigo Instituto Geográfico Geológico (1938-1975) e, antes

deste, a Comissão Geográfica e Geológica (1886-1931). Ambos executaram atividades similares às do IGC, com

a adição de pesquisas, trabalhos de campo e análise nas áreas de Geologia, Geodésia e Meteorologia entre outras.

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Os corredores compreendem o sistema de vias públicas somados com as

faixas lindeiras dos lotes. A figura 2A ilustra o caso mais simples do corredor formado

por uma via e faixas lindeiras de lotes.

Figura 2A: Formação dos corredores por vias

Fonte: Croqui de Adilson C. Macedo, 2007

Na figura 2B, se acrescentou componente central, canal ou linha de alta tensão.

Figura 2B: Formação dos corredores com componente adicionado

Fonte: Croqui de Adilson C. Macedo,2007

Os corredores são classificados como corredores que atravessam, corredores

que distribuem e vias locais, sendo:

• Vias que atravessam, são as que passam tangenciando o setor e o

definem. Elas fazem a ligação com outros pontos da cidade, ou são as vias que

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cortam o setor, dependendo abrangência da análise. Como a cidade por definição é

um setor do município, nesta escala destacam-se as vias que atravessam. Na

dimensão do bairro, o setor pequeno se identifica por possuir limites determinados

pelas vias que o atravessam tangenciando, são vias que distribuem se consideradas

na escala da cidade.

• Vias que distribuem, são vias que fazem conexão com a principal e

tem a finalidade de distribuir o tráfego para as vias locais. Quando a via que

atravessa for uma rodovia ou via arterial importante em geral há uma via paralela

para participar do conjunto como via de distribuição e dela o tráfego se espraia para

outras vias de distribuição ou diretamente para as locais. Quando se tratar de uma

via que atravessa de porte menor as vias de distribuição saem delas diretamente, e

fazem a ligação com as vias locais. Uma situação que favorece as subáreas

formadas por quadras de lotes pequenos e que tem resistido a investidas de

empreendedores especializados na construção de condomínios de porte grande

aparece quando há uma via de distribuição interna que acompanhe o corredor em

um segmento extenso de determinado setor.

• Vias locais, são as vias que formam a trama local articulada com as

vias de distribuição. Elas se localizam entre duas vias de distribuição, podem ser do

tipo loop (saindo e voltando da mesma via), ou tipo cul-de-sac (entrando e saindo

pelo mesmo acesso da via de distribuição). Ao aplicar o procedimento de trabalho

resultante destes conceitos é indispensável ter presente a relatividade da

classificação das vias, isto é, considerar que um logradouro indicado como via que

atravessa um setor, no contexto maior poderá ser considerado uma via de

distribuição, fato corrente quando se reparte o espaço da cidade em corredores e

subáreas, (MACEDO, 2018)

O meio urbano pode ser objeto de múltiplas leituras, consoantes os instrumentos ou

esquemas de análise utilizados. No essencial, os instrumentos de análise vão fazer

ressaltar os fenômenos implicados na produção do espaço...A leitura disciplinar, se

bem que rica de conteúdos e esclarecimentos sobre o objeto, não o explicará

totalmente, quer na sua configuração quer no seu processo de formação. Só o

cruzamento de diferentes leituras e informações poderá explicar um objeto tão

complexo como a cidade (LAMAS, 1993, p.37)

Devido a configuração orgânica da cidade tradicional, os corredores se

interceptam formando núcleos, e como os corredores são considerados as faixas de

espaços formados pelas vias que lhes dá origem somados as faixas lindeiras de lotes,

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surge um miolo que é delimitado pelas divisas de fundo desses lotes, dando origem

ao que se chama de subáreas. Ela contém as vias distribuidoras do tráfego para as

vias locais, espaços públicos abertos, quadras, lotes e edifícios.

A figura 3, representa o diagrama ilustrativo de um setor de dimensão grande,

configurado por corredores que atravessam a cidade.

Figura 3: Diagrama ilustrativo de uma subárea

Croqui de Adilson C. Macedo,2002

A subárea poderá ser grande ou pequena dependendo da distância relativa dos

corredores, determinada pela subdivisão do tecido urbano em setores. Isto

dependerá da abrangência do estudo desejado pois também é possível subdividir

os espaços com apoio nas vias de distribuição do setor maior (MACEDO, 2002).

1.4 Setor, subsetor e área de vizinhança

O interesse inicial por esta pesquisa surgiu das potencialidades latentes que

certos setores e subsetores, como nosso estudo de caso apresenta em relação ao

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conceito de unidade de vizinhanças difundida por Clarence Perry9. Questões como a

preservação da vida comunitária, os equipamentos urbanos próximos das unidades

residenciais que proporcionariam, por exemplo, trajetos curtos e seguros para as

crianças percorrerem até a escola, é um dos pilares desse conceito segundo Perry.

(Figura 4).

Figura 4: Diagrama ilustrativo, elementos da unidade de vizinhança

Fonte: The new civic art – ed. Rizolli, New York, 2003

Segundo a formulação original do início do século XX, Unidade de Vizinhança é

uma área residencial que dispõe de relativa autonomia em relação às necessidades

quotidianas de consumo de bens e serviços urbanos. Os equipamentos de consumo

coletivo teriam assim sua área de atendimento coincidindo com os limites da área

residencial. Considera-se que o conceito de Unidade de Vizinhança (UV) foi

formulado originalmente por Clarence Arthur Perry no contexto do plano de Nova

York de 1929 (BARCELLOS, 2001).

Para se considerar uma unidade de vizinhança (figura 5), o tamanho da área

deve ser dimensionado de acordo com a demanda populacional requerida pela escola

primária. Leva-se em conta também os limites estabelecidos para cada unidade, onde

as ruas perimetrais devem ser largas o suficiente para não interromper o tráfego de

9 Clarence Arthur Perry foi um planejador, sociólogo, autor e educador americano. Ele nasceu em Truxton, Nova

York. Mais tarde, trabalhou no departamento de planejamento de Nova York, onde se tornou um forte defensor da

unidade de vizinhança.

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passagem. A unidade prevê espaços públicos, que se comportarão como lugares de

convívio e recreação para os moradores. Assim como as áreas institucionais,

agrupadas em lugar central e comum. O comércio local, deve ser implantado

adequando-se a população e o sistema de ruas, desenhado como um todo, deve

facilitar a circulação interna sempre fomentando a diminuição do tráfego de passagem.

Figura 5: Unidades de vizinhança - The Lexicon of the new Urbanism, by Duany - 1929

Fonte: The new civic art – ed. Rizolli, New York, 2003

O resultado adquirido no desenho da cidade a partir desses critérios adotados

para se estabelecer a unidade de vizinhança, referindo-se a morfologia do tecido

urbano, se assemelha ao encontrado no subsetor 7b, objeto de estudo dessa

pesquisa. Contudo, no decorrer da investigação, notou-se que há dificuldades e

divergências para se estabelecer essa relação. O fator preponderante desse

distanciamento conceitual é o fato de que, no caso do subsetor investigado, trata-se

de uma área onde o tecido urbano tradicional já está edificado, diferente da unidade

de vizinhança que é planejada em uma área vazia.

No entanto, para efeito de análise, e como fator influenciador do procedimento

de corredores e subáreas esses fatores são muito uteis, assim como os diagramas

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conceituais de Andrés Duany10 (figura 6) e Douglas Faar11, que aperfeiçoaram os

diagramas de Perry ao longo do tempo, ambos arquitetos urbanistas estudiosos de

espaços buscando soluções que viabilizem melhor qualidade de vida. A partir daí

partiu-se para análise da área 7b, intitulando-a então, de subárea, considerando-a

uma área protegida.

Em 1998 Andrés Duany atualizou este diagrama dando mais atenção a evolução

do sistema de transportes e pouco depois, em 2008, Douglas Farr repassa o

diagrama de Duany incluindo aspectos básicos de como deveria ser o diagrama ou

modelo de uma neighborhood unit sustentável (Farr, 2008: p.64)

Figura 6: diagramas conceituais de Andrés Duany

Fonte: Livro Urbanismo sustentável de Douglas Faar. Bookman. Porto Alegre, 2013

1.5 Afirmação do procedimento de corredores e subáreas

No artigo, o espaço urbano por partes, Macedo esclarece através de diagramas

o processo de subdivisões do espaço por partes acentuando a questão de escalas

10 Andrés Duany é um arquiteto americano, urbanista e um dos fundadores do Congresso para o Novo Urbanismo.

Duany nasceu em Nova York, mas cresceu em Cuba até 1960. Frequentou a The Choate School e o Aiglon College

e recebeu seu diploma de graduação em arquitetura e planejamento urbano da Universidade de Princeton.

11 Douglas Faar- é um arquiteto e urbanista americano. Farr nasceu em Detroit, Michigan e recebeu seu diploma

de graduação em arquitetura pela Universidade de Michigan em Ann Arbor e seu mestrado pela Columbia

Graduate School of Architecture, Planning and Preservation. faz uma vigorosa defesa do Urbanismo Sustentável,

mostrando como configurar o ambiente construído para o benefício dos seres humanos e da natureza, priorizando

o pedestre e os ciclistas. Aborda questões como o uso compartilhado do automóvel, sistemas de coleta e reuso

de água da chuva, a produção de alimentos nas próprias comunidades, a integração entre transporte, uso do solo

e tecnologia, o comércio de bairro e muito mais.

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que o procedimento pode abranger, (figuras 7A e 7B). Em 6A observa-se uma subárea

grande, configurada por corredores que atravessam a cidade. Em 6B, mostra-se que

a subárea pode ser subdividida em três partes pelos corredores associados às duas

vias de distribuição existentes e posteriormente ter um dos trechos subdividido de

novo em três outros, chegando ao ponto de não interessar subdivisões menores para

determinado estudo.

Figura 7A: diagrama mostrando um grande setor

Fonte: diagrama por Adilson Macedo, 2002

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Figura 7B: diagrama mostrando a subdivisão do grande setor

Fonte: diagrama por Adilson Macedo, 2002

Importante ainda é esclarecer a diferença conceitual que existe entre os

corredores que atravessam e os que distribuem e os corredores viários definidos pela

administração pública. Estes são o resultado de estudos tráfego e se classificam de

maneira relacionada ao transporte público, paradas de ônibus, fruição dos pedestres,

áreas de eixo e de influência na estruturação urbana.

Os corredores aqui tratados, são sugeridos como procedimento de análise para

suporte do planejamento e projeto urbano, não para divisão física com o intuito de ser

utilizado pelos veículos como é o caso das vias urbanas definidas pelo código de

transito brasileiro No Código de Trânsito Brasileiro – CTB, a via urbana é conceituada

como “ruas, avenidas, vielas, ou caminhos e similares abertos à circulação pública,

situados na área urbana, caracterizados principalmente por possuírem imóveis

edificados ao longo de sua extensão. ” E se dividiram em quatro tipos de qualificações:

vias de trânsito rápido, vias arteriais, vias coletoras e as vias locais.

É comum que essas vias definidas pela administração pública, como é o caso

dos corredores de ônibus, por exemplo, coincidam com os corredores que atravessam

ou que distribuem no contexto da aplicação do procedimento dos corredores e

subáreas, como instrumento de análise do tecido urbano, independente classificação

oficial das vias (arteriais, coletoras, locais ou de trânsito rápido).

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Capítulo 2. Sobre a origem do procedimento de corredores e subáreas

A utilização do procedimento de corredores e subáreas teve início nos ensaios

com estudantes de arquitetura da Pontifícia Universidade Católica de Campinas,

PUCCAMP, no período de 1997 a 2000. Segundo o professor Adilson o que se

pretendia era deixar claro aos alunos o que vai além do edifício isolado e dos planos

diretores municipais, ou seja, que o projeto de arquitetura que envolve a compreensão

da relação do objeto arquitetônico com o tecido urbano, extrapola o terreno, sua

implantação e as normas edilícias a ele aplicadas. Disto resultou um processo

simplificado de compreensão do tecido, auxiliando no planejamento urbano da cidade

e da região. Esse experimento aconteceu em Barão Geraldo, distrito de Campinas,

SP.

Trabalhou-se para destacar o papel do arquiteto como idealizador e

desenhador dos espaços, analisar, considerar potencialidades, gerar propostas

preliminares de tipos ou constructos urbanos e finalmente diretrizes para embasar

projetos significativos na cidade (adaptado de conversa com o professor). A aplicação

desses conceitos deu origem ao que se passou a chamar de procedimentos de

corredores e subáreas. Na análise do subsetor 7b leva-se em consideração os

parâmetros definidos para os corredores, tanto os que atravessam como os que

distribuem. Lembrando que esses parâmetros além da largura da via, compreendem

“... uma estrutura de tecido urbano onde os corredores de circulação atraem uma

acentuada quantidade de comércios, serviços, habitação, instituições e industrias.”

(MACEDO,2002).

Além do emprego em Barão de São Geraldo, os procedimentos de corredor e

subárea tiveram continuidade em São Paulo, particularmente através do Grupo de

Pesquisa Arquitetura da Cidade, da Universidade São Judas Tadeu, GPAC/USJT e

são referenciados em diversos artigos12.

12 Referência ao artigo mais antigo O espaço urbano por partes e outros recentes do professor Adilson em parceria

com a professora Maria Isabel Imbronito.

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2.1. Aplicação do procedimento de corredores e subáreas.

A metodologia utilizada em Barão de São Geraldo é essencialmente a mesma

de hoje, exceto pelo fato dos avanços tecnológicos, que oferecem otimização de

tempo e maior alcance em relação a observação dos espaços. Tudo começa com a

observação do espaço: conhecer a área, identificar visualmente os elementos básicos,

que serão depois estudados em profundidade.

A partir da década de 1980, crescia no Brasil o interesse pela organização das

estruturas territoriais e das partes da cidade. Nesse momento reinicia-se a valorização

do projeto urbano, o planejamento regional e urbano mantém seu espaço, buscando

ações menos conservadoras quanto ao zoneamento e diretrizes gentis com as

pessoas contexto da cidade. Esse avanço na forma de ver a cidade, evidenciam como

as questões do espaço físico se relacionam com as necessidades locais e como a

interdisciplinaridade é indispensável para um resultado bem-sucedido do projeto

urbano.

A aplicação dos procedimentos de análise da forma urbana através dos

corredores e subáreas, implica em observação, análise visual da paisagem,

percepção cognitiva do espaço e deve refletir os anseios dos cidadãos quanto ao

lugar. A averiguação de projetos anteriores serve para formar o juízo crítico das

relações entre os espaços urbanos e dar apoio às decisões de planejamento em

diversas escalas. Nesse processo a arquitetura coopera significativamente com a

responsabilidade da organização territorial, aliada ao planejamento social/ econômico/

político e legislativo.

A base do processo é subdividir o espaço urbano por partes e assim identificar

os corredores ou faixas de influência dos eixos de movimento e as subáreas ou

espaços de continuidade das pessoas (moradia, trabalho, estudo, lazer, etc...)

Parte-se do território, onde os elementos presentes na sua constituição

caracterizam as partes para análise, dependendo da ocupação.

“No contexto regional ou urbano, o terreno é um grande espaço constituído pelo

relevo, curso d’água, matas, espaços rurais e urbanos modificados ou não pela ação

humana. Este espaço é o suporte físico no qual ocorrem as atividades de locomoção

ou de maior permanência.” (MACEDO, 2002)

As pessoas se apropriam do território de formas distintas. Essa ocupação se

dá através das construções e outras intervenções, às vezes planejadas e

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regulamentadas pela legislação urbanística e outras não, gerando uma diversidade

de espaços, figura 8, fomentando variedade de usos e ocupação do solo no

planejamento urbano.

A proposta metodológica utiliza o procedimento em pauta para auxiliar o

processo de análise do território através do mapeamento da região. O procedimento

dos corredores e subáreas, facilita e organiza o programa para propostas urbanas em

diversas escalas, favorecendo o fornecimento de dados físicos para embasamento do

planejamento e formulação de novos projetos na escala urbana. O estudo de caso

que será apresentado no capítulo três dessa dissertação, mostra em detalhes como

esse processo ocorre.

Figura 8: A região e espaço local

Fonte: Croqui de Adilson C. Macedo, 2001

2.2- O distrito da Mooca, cidade de São Paulo, SP

A área escolhida para aplicação do procedimento de análise decorrente dos

conceitos de corredor e subárea é o distrito da Mooca na cidade de São Paulo. A

denominação distrito é utilizada pelo poder público para efeito de planejamento e

administração municipal e os distritos são delimitados pelo sistema viário.

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O distrito da Mooca é delimitado por vias principais, tem superfície de 7,70km²,

população 75.724 (PMSP 2010) e densidade demográfica de 9.834 habitantes por

quilometro quadrado. A superfície deste distrito corresponde a 0,005% da área do

município, que é de 1521km². O perímetro oficial definido pelo sistema viário

corresponde ao interesse desta investigação quanto a subdividir o espaço em setores,

tendo apoio nas vias que atravessam e que distribuem. Dentre os noventa e seis

distritos em que se subdivide o município de São Paulo a Mooca ocupa posição a

Leste da área central, sendo classificado entre os distritos de menor superfície, (figura

9). Entre os cidadãos da Mooca se reconhece a superfície toda da Mooca (7,7km²)

como o bairro da Mooca.

Figura 9: Distritos da Subprefeitura Mooca

Fonte: https://www.prefeitura.sp.gov.br/ Acesso em fevereiro de 2018

Inicialmente chamada de Arraial de Nicolau Barreto, a Mooca seguiu rural

e na função de passagem de bandeirantes e jesuítas para o litoral até que, nos anos

de maior imigração, a paisagem começou a mudar e a dinâmica da região também.

No fim do século XIX e começo do XX, de 1870 a 1890, mais ou menos, houve a

dinâmica do café que levou a construção da ferrovia, a chegada dos estrangeiros e a

industrialização (O Estado de São Paulo, 2015).

A história do bairro mostra a crescente e rápida transformação no final do

século XIX. Um bairro tradicionalmente italiano pela presença dos imigrantes,

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marcado pela figura da continuidade e a regularidade, definidas por Bernardo Sechi

em Primeiras Lições de urbanismo (SECHI, 2006).

Nota-se no desenho do tecido urbano, durante o período de ascensão das

indústrias alocadas ao longo da estrada de ferro, o recorte por todo o Estado de São

Paulo, promovendo e alimentando simultaneamente o crescimento e a evolução da

região, tanto do ponto de vista da economia, como do crescimento da população e da

estrutura urbana correspondente. O mapa (figura 10A), dá uma visão geral da cidade

de São Paulo em 1924, onde identifica-se a passagem da linha férrea, os arrabaldes13

e terrenos arruados. E na figura 10B, o mapa ampliado na região da Mooca e Alto

Mooca, onde identifica-se com maior clareza esses elementos.

Figura 10A : Mapa da cidade de São Paulo em 1924 -sem escala

Fonte: Secretaria de Estado de Economia e Planejamento. Instituto Geográfico e Cartográfico - IGC.

Acervo - Tombo: 1162.

13 Arrabaldes - Os arrabaldes de São Paulo se diferenciavam muito entre si, eram praticamente cortados por

chácaras e cortados pelos caminhos de saída da cidade. A documentação apresenta a origem da consolidação

urbana dos bairros Brás e Mooca a partir da retaliação de antigas chácaras. Estas foram sendo divididas de áreas

maiores em lotes menores, muitas vezes subdivididos, ...No geral a partir da última década do séc. XIX, esses

lotes pararam na mão dos que foram os responsáveis por sua edificação, consolidando dessa forma os bairros do

Brás e Mooca. (Fonte: Genari - Arquitetes - Cidade: Impasses e Perspectivas)

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Figura 10B : Mapa da cidade de São Paulo em 1924 – Foco no bairro da Mooca -sem escala

Fonte: Secretaria de Estado de Economia e Planejamento. Instituto Geográfico e Cartográfico - IGC.

Acervo - Tombo: 1162.

Em meados de 1930, conforme o recorte que corresponde a figura 11, refere-

se exatamente a área objeto de estudo do presente trabalho, o subsetor 7b, ilustrado

no mapa de 1933. O processo de industrialização revela o contexto em que o processo

de urbanização se acelerou. O município de São Paulo tinha, em 1930, cerca de

890.000 habitantes. Em 1933, esse número já ultrapassava 1.000.000 de

habitantes.(GENARI,2005).

O subsetor 7b é a área escolhida para estudo de caso dessa dissertação. O

mesmo pertence ao distrito da Mooca e que por critério estabelecido pela

investigação subdividiu-se o distrito em 15 setores. Cada setor se subdivide em

setores menores e são identificados por ordem numérica e alfabética

respectivamente. Esses por sua vez, são denominados de subsetores. Nosso

subsetor é o 7b e é delimitado pelo sistema viário, ocupando uma área de

162.739,00m² (16,27ha), que subdivide-se na área ocupada pelas quadras, 7,22ha, e

pelo sistema de vias públicas, 6,72ha. O perímetro é formado pela rua Leocádia

Cintra, D1, avenida Paes de Barros, A2, rua Curupacê, D2 e rua Canuto Saraiva, D4.

O capítulo três dessa dissertação, descreve a investigação detalhada desse subsetor,

todavia para melhor compreensão da região estudada, a evolução cartográfica

apresentada a seguir mostra o entorno do subsetor 7b.

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Figura 11: Mapa do subsetor 7B em 1933- -sem escala

Fonte: http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/PaginasPublicas/_SBC.aspx.

Acesso em fevereiro de 2019.

A chegada das indústrias e o crescimento acelerado, marcou a história da

Mooca, que absorveu o ritmo frenético e acelerado do desenvolvimento do bairro

resultando em imediata transformação da paisagem. Embora preservando-se o

espírito “bairrista” (MAGNANI,1998), o bairro é tomado pelos empreendimentos

imobiliários.

...a partir da retaliação das chácaras existentes, e durante toda primeira

metade do século XX, houve uma legislação genética que reelegeu boa parte das

questões construtivas da cidade, o que deu certa mobilidade para as decisões de

uso e ocupação do solo. A construção da ferrovia, sem dúvida, estabeleceu algumas

diretrizes para essa área. (GENARI,2005, pg.127)

Genari explica que nos grandes lotes próximos da ferrovia, as indústrias

procuravam instalar seus galpões, pois a região favorecia o transporte e atividades

comerciais, assim como as residências, pela presença das fabricas, pelo custo do

terreno, infraestrutura, ou pela proximidade com o centro da cidade. Esses lotes eram

no geral estreitos e profundos, (figura 12).

Os demais funcionários das fábricas e das instituições financeiras, como os

bancários, também formavam uma parcela da comunidade local, onde suas moradias

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apresentavam características semelhantes, construídas em série, remetiam a nova

ordem de construções populares na época.

Figura 12: No mapa de 1954, do subsetor 7b, evidencia-se a consolidação dos lotes estreitos e profundos. - sem escala

Fonte: http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/PaginasPublicas/_SBC.aspx.

Acesso em janeiro de 2019.

Procurou-se através desses mapas, ilustrar a transformação do tecido urbano,

especificando o subsetor 7B, onde nota-se ao longo dos anos a consolidação dos

bairros: Brás e Mooca. A figura 13, refere-se a região, área estudo dessa dissertação

em 1988, onde o sistema viário já bem definido, permanece com mesmo aspecto

homogêneo, que vemos até os dias de hoje, cito 2019.

...Mesmo quem possuía grandes quantidades de terrenos tinha interesse em

construir habitações, ao edifica-las subdividia o terreno inicial em tamanhos

reduzidos, com a menor medida possível de testada que conseguisse para o local.

E são essas dimensões projetadas neste momento de construção de conjuntos de

casas seriadas, que ajudaram a consolidar boa parte dos bairros do Brás e da

Mooca na forma como atravessavam o século XX, estabelecendo ainda hoje as

porções e formas de terrenos negociados na área.” (GENARI, 2005, pg. 127).

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Figura 13: Mapa sistema viário definido 1988 -sem escala

S/E

Fonte: http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/PaginasPublicas/_SBC.aspx.

Acesso em janeiro de 2019.

É importante ressaltar que a construção dessas casas em série não era sinônimo

da produção de casas seriadas ou espaços operários. Os bairros do Brás e da

Mooca tinham características próprias e por esse motivo não foi encontrado nenhum

pedido de construção de palacete para eles. Mas podemos encontrar essas casas

seriadas como tipologia ou modo de produção habitacional em terrenos cujas

dimensões são maiores e mais generosas, isoladas no lote e em regiões mais

nobres da cidade. Casas cujos programas não eram o mínimo exigido por lei, ...

Não houve para este período uma lei que estipulasse dimensões máximas e

mínimas para abertura de loteamentos, e, onde a legislação14 permitisse, havia por

parte dos proprietários de imóveis o interesse de adensar ao máximo essas áreas.

O objetivo era de se obter um maior aproveitamento do terreno, e com isso maior

lucro em sua exploração, contando inclusive com a isenção de taxas para a

construção de casas de operários. (GENARI, 2005, p 127).

Nos anos seguintes, com a desativação da ferrovia, em 1981, a Mooca sofre

novas transformações, e a verticalização vem com a força dos investidores, são

14 Este benefício estava previsto na lei nº. 498, de 14/12/1900 para construção de vilas operárias fora do perímetro

urbano da cidade de São Paulo onde Brás e Mooca estavam localizados. Mesmo após alguns anos, com a sua

inclusão desse perímetro estabelecido pela lei nº.1.788 de 28/05/1914, a construção de casas com padrão operário

nestes locais não se tornou ilegal, pois pelo artigo 5 era permitida a construção de vilas operárias nas imediações

de fábricas. Como esta era uma região fabril, essa era uma das escapadas legais para se continuar construindo

nesta área como padrão mínimo.

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implantados edifícios de grande porte que rapidamente se espalham pelo bairro e dão

novo desenho ao território. Devido as características da ocupação, são utilizadas a

terminologia Mooca e Alto da Mooca, até os dias de hoje.

A atenção dada ao subsetor que estudaremos no capítulo seguinte, o 7b,

refere-se a essa porção de terra, que preserva um gabarito baixo e não cede a

verticalização (figura 14). Na visão ampliada do entorno verifica-se o aspecto do tecido

semelhante a uma área protegida.

Figura 14: Foto do subsetor 7b em 15/02/2018 -sem escala

Fonte: Google Maps

Para efeitos de análise foi adotado o contorno do Distrito, divisão oficial feita

pelo poder público, como referência para divisão inicial, apesar de ela não coincidir

exatamente com a divisão de interesse para esse trabalho. Pode-se observar na figura

14, onde nos setores 1, 12 e 13 não há coincidência. Assim na escala do bairro, há o

setor, que é delimitado pelas vias que o tangenciam. As vias que delimitam o setor em

geral são as vias principais da cidade.

2.3 - O distrito, os setores e os subsetores

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Com esse critério foi selecionado no bairro da Mooca, um setor, que é parte do

estudo que vem sendo desenvolvido pelo GPAC (Grupo de Pesquisa Arquitetura da

Cidade – USJT). O distrito subdivide-se em 15 setores, cada setor se subdivide em

setores menores e são identificados por ordem numérica e alfabética

respectivamente.

Será considerado para efeito da investigação de QLE o setor 7, parte de quinze

setores definidos na primeira parte da investigação desenvolvida pelo GPAC/USJ

(figura 15).

Figura 15: Setores, subdistrito Mooca

Fonte: Acervo GPAC / USJT

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Capítulo 3 - Configuração urbana do subsetor 7b

O setor 7 foi subdivido em sete subsetores em função das características dos

fluxos de circulação e das quadras, delimitado pelas vias: rua da Mooca, avenida Paes

de Barros, rua Borges Figueiredo, rua Sarapui / rua Jumana. Para classificar as vias

adota-se a nomenclatura: A - via que atravessa; D - via que distribui.

Vias que atravessam:

A1 - Rua da Mooca

A2 - Avenida Paes de Barros

A3 - Rua Sarapui / Jumana

A4 - Rua Padre João Antônio de Oliveira

A5 – Rua Borges Figueiredo

Vias que distribuem:

D1 – Rua Leocádia Cintra

D2 - Rua Curupacê

D3 - Rua Visconde de Inhomirim

D4 - Rua Guaratinguetá

D5 – Rua Canuto Saraiva [fig.2]

Procuram-se as relações entre estes elementos, RQLE, quanto aos tipos,

quantitativos e características encontradas, dentro da estrutura da divisão do setor em

subsetores já estabelecida, (figura 16).

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Figura 16: Subsetores, subdistrito Mooca

Fonte: Acervo GEPAC / USJT

O subsetor 7b, nossa parte do setor de estudo, apresenta um tecido com

aspecto resiliente. Sendo de interesse, como modelo para esse trabalho, onde para

fins de estudo nota-se transformação do tecido urbano de maneiras distintas, sendo

possível delimitar uma área-estudo como indica Aldo Rossi, em Arquitetura da Cidade.

A pretensão, ao expor a aplicação de um procedimento preestabelecido para análise

física, é que sirva para fornecer novos elementos sobre estudo do projeto urbano,

sendo que o método pode ser aplicado a outras regiões.

Introduzirei o conceito de área-estudo. Já que supomos existir uma interrelação

entre qualquer elemento urbano e um fato urbano de natureza mais complexa, até

a cidade que eles se manifestam, devemos esclarecer a que entorno urbano nos

referimos. Esse entorno mínimo é considerado área-estudo... uma abstração

relativamente ao espaço da cidade; ela serve para definir melhor um determinado

fenômeno. Por exemplo, para compreender as características de determinado lote

e sua influência sobre um tipo de habitação, será necessário examinar os lotes

contíguos aqueles que precisamente constituem um certo entorno, para ver se tal

forma é de todo anormal ou se ela nasce de condições mais gerais da cidade.

(ROSSI, 2001, pg. 62).

O subsetor 7b chama atenção pela presença homogênea do tecido, resultante

dos tipos ali edificados, onde observa-se resistência à notória transformação do

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entorno imediato, alcançado pela crescente verticalização que de certa forma foi

favorecida pela legislação urbanística pouco restritiva no período, a área possuí

muitos lotes considerados pequenos, (figura 17). Não sendo patrimônio histórico

oficial, nem área em processo de tombamento, chama a atenção pela homogeneidade

do tecido e conservação das construções que de alguma forma não foi atingida pelas

incorporadoras imobiliárias, embora seja frequente a disputa entre o Conselho

Municipal de Preservação do Patrimônio, CONPRESP e o mercado imobiliário.

... as vilas particulares constituíam a maioria dessas habitações, pois era um tipo

de empreendimento viável tanto aos pequenos investidores como às grandes

empresas construtoras e sociedades mutuarias, já que permitia o máximo de

aproveitamento dos terrenos, muitas vezes no centro do quarteirão, e a

racionalização dos projetos tendo em vista a economia de materiais. (BONDUKI,

1998 pag. 50)

Figura 17: subsetor 7b, vista aérea

Fonte: Elaborado pelos autores, Google Earth.

3.1. Informações gerais do subsetor 7b

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O subsetor 7b, delimitado pelo sistema viário, ocupa uma área de 162.739,00m²

(16,27ha), que subdivide-se na área ocupada pelas quadras, 7,22ha, e pelo sistema

de vias públicas, 6,72ha. O perímetro é formado pela rua Leocádia Cintra, D1, avenida

Paes de Barros, A2, rua Curupacê, D2 e rua Canuto Saraiva, D4.

Este perímetro desenha-se por um corredor que atravessa e três corredores

que distribuem, (figura 18). O corredor que atravessa, em decorrência da

acessibilidade pela passagem de transporte coletivo de longa distância, se

caracteriza pelo volume maior de construções e uso do solo. Tem atratividade para

as atividades comerciais e de serviços além de ser local adequado para implantação

de edifícios residenciais, com oferta de unidades com área construída média e

pequena. Isso representa o adensamento de construções de tipo misto, edifícios

caracterizados por um embasamento comercial e pavimentos superiores destinados

a escritórios e moradia. Os corredores que distribuem apresentam a mesma

configuração de usos, em menor escala e proporcionam o sentido de pertencimento

a comunidade local, estar em um bairro).

Figura 17: Diagrama de vias / corredores

Fonte: Acervo GEPAC / USJT

Chama-se atenção para o conceito da via que dá origem ao corredor e para o

papel deste no contexto em análise, ou seja, destacando-se no subsetor 7b, as vias

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que distribuem os fluxos D1, D2 e D4 e classificadas como de distribuição na escala

do setor, no âmbito do subsetor podem ser entendidas como vias que atravessam,

pois passam tangenciando a área do subsetor. Daí a relatividade do procedimento de

análise da forma da cidade usando-se os princípios de corredor e subárea.

Mostra-se uma sequencia de quatro diagramas, desde o traçado do setor até

os lotes que definem os corredores. Na figura 19 observa-se, o traçado viário, as

quadras e os lotes; na figura 20, as vias que atravessam e as que distribuem. Na figura

21, os corredores que atravessam e a subárea resultante da passagem desses

corredores e por fim, na figura 22, os corredores que distribuem somados aos que

atravessam e as respectivas subáreas. Nesse caso, nota-se o acréscimo de uma

subárea menor resultante do corredor que distribui.

Figura 19: Mapa base do subsetor 7B

Fonte: EMPLASA - 1972 – GEGRAN / SP

Figura 20: Diagrama dos corredores

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Fonte: Acervo GEPAC / USJT

Figura 21: Subáreas resultantes dos corredores que atravessam

Fonte: Acervo GEPAC / USJT

Figura 22: Subáreas resultantes dos corredores que atravessam e que distribuem.

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Fonte: Acervo GEPAC / USJT

3.1.1. Vias

A via como um elemento de morfologia urbana faz parte do quarteto clássico

VQLE: via, quadra, lote edifício, que caracteriza o tecido urbano de uma cidade.

Adilson C. Macedo, explica “...as cidades construídas por pequenos

incrementos ou mesmo adições maiores, assentam-se no terreno formando setores

passíveis de subdivisão em partes até um mínimo onde não haja mais interesse em

repartir”. E complementa, “...as parcelas loteadas originalmente são indicadoras

fortes para a seleção de setores, mas, não precisam sempre coincidir com a

subdivisão em corredores e subáreas”. (MACEDO,2002)

São Paulo cresceu de forma concêntrica e por vias radiais partindo do centro e

cortando anéis, (figura 23) desenhados em diferentes tempos na expectativa que

delimitassem área de maior concentração urbana. A superfície de cada um dos anéis,

é dividida por setores demarcados pelas radiais com início no Centro Histórico (anel

central). O sistema cresce até o Anel Rodoviário, entendido o município como um

setor metropolitano.

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Figura 23: Rodoanel espaço metropolitano de São Paulo

Fonte: Desenho Adilson Macedo, 2017

Coelho diz serem indissociáveis os elementos que compõem o tecido conforme

o tempo, a cultura, e a forma de ocupação, como processo evolutivo próprio de cada

território. Para o autor as limitações de se estudar o tecido urbano desmembrando-o

para analisar é justificado apenas para facilitar a leitura e reconstituir uma

interpretação (COELHO, 2013).

Partindo desse princípio, e sabendo-se que os corredores e subáreas também

se interpretam a partir da correspondência com os demais elementos, isto é, são

indissociáveis, embora complementares. Procurou-se para melhor compreensão do

subsetor 7b, descrever com detalhes cada elemento individualmente, VQLECS e

interpretar a relação entre ambos quando possível.

As vias do corredor podem estar associadas a diversos elementos urbanos

como um canal ou uma linha de alta tensão. Há os que interligam setores e

atravessam a cidade, até o corredor de uma pequena área vizinhança, o que evidência

diferentes forma de relação entre os corredores e o tecido urbano. Sua caracterização

e importância é acentuada devido à variedade do uso do solo atraída por ele, pelo fato

dos corredores acompanharem os eixos principais de movimento na cidade. [Fig.8]

O tecido urbano diferencia-se pelos corredores de tráfego, situação devida aos

níveis diferenciados de importância: via expressa, avenida e rua principal de um

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bairro. São os eixos por onde fluem os veículos, tendo papéis diferenciados

conforme sua inserção na trama urbana. Destaca-se o tipo de elemento urbano que

relaciona o espaço da via e as faixas lindeiras de lotes incluindo suas edificações,

quadra a quadra, para formar um sistema linear chamado corredor.

(MACEDO,2002)

No subsetor 7b, encontram-se 1503,20 metros lineares, considerando as vias

perimetrais. Esse total corresponde as vias que fazem parte dos corredores aqui

classificados por: que atravessam, que distribuem, isto é , todos os corredores. O total

de vias que compõe o subsetor são onze, incluindo as que compõe o perímetro (figura

24), considerando as vias locais também. São elas:

Figura 24: Ilustração: Vias que compõe o subsetor

Fonte: Própria – desenho do autor

Av. Paes de Barros, localizada no mapa a leste (figura 25). A via denominada

de avenida15 possui mão dupla de direção, sendo que no sentido bairro centro,

15 De acordo com o Dicionário Aurélio, rua é uma “via pública para circulação urbana, total ou parcialmente ladeada

de casas”, enquanto avenida é uma “via urbana mais larga do que a rua, em geral com diversas pistas para

circulação de veículos”. Mas como a definição é imprecisa, na prática podem existir avenidas estreitas e ruas com

várias pistas. Além disso, há vários outros nomes para os espaços destinados à circulação de veículos e pedestres,

como travessa, viela e passarela. Para tentar resolver a confusão, a Prefeitura de São Paulo baixou um decreto,

em dezembro de 1988, dando nome aos logradouros. Mas como cada município tem autonomia para nomear suas

vias, o que é uma rua em São Paulo pode ser uma avenida em Manaus. contudo para o município de São Paulo

o decreto prevê a medida dos espaços definidos na cidade, sendo: avenida com pelo menos 20 metros de largura,

ou seja, via com largura igual ou maior que 20 metros via com largura entre 7,2 e 19,99, via para a circulação

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351.21 m lineares de extensão, considerando o eixo central das vias que a

intersectam assim como o eixo da sua largura, correspondem a medida que define o

perímetro do setor 7b. A avenida possui alto trafego de veículos e tem papel

importante no desenvolvimento do bairro, pela sua extensão permite a ligação entre

diversos bairros ao redor, inclusive centrais. Incorpora os corredores que atravessam

em todos os subsetores do setor 7.

Figura 25: Representação da Avenida Paes de Barros no mapa.

Fonte: Própria – imagem sem escala /extraída do google maps

Rua Leocádia Cintra, possui 324.04 metros lineares, é uma via que possui

sentido único de direção, localizada ao norte , no subsetor 7b, (figura 26), liga a de

Barros a Canuto Saraiva, é basicamente uma via que atende o subsetor e facilita o

retorno para as vias principais como a rua da Mooca por exemplo, otimizando o

percurso dos motoristas e transeuntes. Na classificação faz parte dos corredores

que distribuem.

Figura 26: Representação da Leocádia Cintra no mapa.

exclusiva de pedestres e largura mínima de 2 metros, travessa ou passagem, via com largura entre 3,61 e 7,19

metros.(fonte: artigo revista superinteressante- por redação mundo Estranho, acesso em 12/02/2019 - Publicado em

18 abr 2011, 18h48

.

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Fonte: Própria – imagem sem escala / extraída do google maps

Rua: Curupacê: ao sul na visão por satélite, (figura 27), possui 340,65m de

comprimento, a via possui sentido único de direção, liga a Paes de Barros a

Canuto Saraiva, nessa direção. Juntas, a Curupacê e a Leocádia Cintra,

formam uma barreira, que separa as habitações residenciais, das edificações

ao redor, formando as subáreas do subsetor 7B. Devido ao seu caráter local,

inibe o movimento de veículos que não sejam moradores, dando a conotação

de área protegida. No subsetor 7b faz parte dos corredores que distribuem.

Figura 27: Representação da Rua Curupacê no mapa.

Fonte: Própria – imagem sem escala / extraída do google maps

Rua Canuto Saraiva: Com 487,12 m de comprimento, a via faz parte dos

corredores que atravessam no subsetor 7b, (figura 28), possui os sentidos de

direção em duas situações, da Leocádia Cintra pra dentro do subsetor 7b até

a rua Curupacê, nosso limite de perímetro e três quadras fora do subsetor 7b

a via mantém os dois sentidos de direção. Da Leocádia Cintra pra traz, isto é

sentido rua da Mooca, ela muda de nome (Rua Orville Derby), e passa a ter

um sentido único de direção, essa situação faz com que o tráfego da rua

Mooca não penetre a área protegida, pois a via não permite esse acesso,

assim como quem está na Paes de Barros e quer ir para rua da Mooca,

referindo-se a duas vias de vital importância para região, usa a Rua Leocádia

Cintra ou a Curupacê de passagem, sem adentrar a subárea.

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Figura 28: Representação da Rua Canuto Saraiva no mapa.

Fonte: Própria – imagem sem escala / extraída do google maps

As demais vias do subsetor, tanto as que distribuem como as vias locais

apresentam características singulares também, nota-se:

Rua Araribóia (figura 29).: A via possui 347,21 m lineares de extensão, dentro

do subsetor 7b, sua continuação dá início a rua do largo São Rafael e do

outro lado (bifurcação), a rua dos Bancários A via é o exemplo clássico da

flexibilidade do procedimento de corredores e subáreas, visto que é

considerada no subsetor 7b, como via que distribui e facilmente identificada

como corredor que atravessa no setor 7, variando de acordo com a escala

escolhida para estudo. Ela destaca-se pela semelhança com a via paralela,

referindo-se a quantidade de comércios e serviços acumulados que se

estendem pela via, também é provável que essa característica se dê ao fato

de ser a via receptora das vias locais de toda a subárea, assim como a via de

ligação direta com o corredor que atravessa, formado pela rua Canuto

Saraiva.

Figura 29: Representação da Rua Araribóia no mapa.

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Fonte: Própria – imagem sem escala / extraída do google maps

Rua Pedro de Lucena: Na análise do subsetor a via considerada como via

local, tipo 337,99 metros de comprimento, possui sentido único de direção,

com isso contorna a quadra toda preservando o mesmo nome, (figura 30).

Essa tipologia de via é conhecida como loop, e é considerada uma via

adequada para serviços de entrega, como por exemplo, os correios, já que o

percurso é linear facilita a logística.

Figura 30: Representação da Rua Pedro de Lucena no mapa.

Fonte: Própria – imagem sem escala / extraída do google maps

Diferente das paralelas que se enquadram na mesma classificação, mas por

possuírem duplo sentido de direção mudam de nome em todas as curvas.

(figura 30). São as vias:

Rua: São Rafael, com 178,30 metros lineares de comprimento

Rua: Adelaide de Freitas, com 178,44 m lineares

Rua: Virgílio de Freitas, com 178,78 m lineares

Figura 31: Representação das ruas São Rafael / Rua Adelaide / Virgilio de Freitas

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Fonte: Própria – imagem sem escala / extraída do google maps

Todas ligadas a via:

Rua: João Baptista de Freitas (figura 31), com 108,94 m lineares de extensão.

Figura 32: Representação da Rua João Baptista de Freitas

Fonte: Própria – imagem sem escala / extraída do google maps

Dentre a diversidade de tipos de vias no subsetor 7b, encontram-se

configurações do tipo cul- de - sac caracterizadas por possuir acesso único de entrada

e saída, a chamada, conforme tradução para o português: beco sem saída. Na nossa

área de estudo essa via é a:

Rua dos Bancários, com 166,29 m de extensão, (figura 33A e 33B). É

atualmente uma das ruas de referência da região, por preservar seu

aspecto de vizinhança e manter elementos construtivos de época,

como os paralelepípedos na via.

Figura 33 A: Representação da Rua dos Bancários

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Fonte: Própria – imagem sem escala / extraída do google maps

Figura 33 B: Foto tirada no local em 2018

Fonte: Acervo GPAC/USJT

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A tabela abaixo traz o resumo da análise quantitativa realizada no subsetor 7b,

e relaciona esses resultados com o comprimento e área no distrito assim como no

setor 7. O intuito é saber o percentual de abrangência do subsetor em relação ao

setor, como por exemplo a Av. Paes de Barros, que tem uma área total, de 162.555,74

m² no distrito, sendo 33052,16 m² referentes ao setor 7 , e desse valor apenas 4% faz

parte do subsetor 7b (tabela1).

Tabela 1 – Análise quantitativa de vias

Fonte: Autora

3.1.2. Vias e corredores

A partir do levantamento das vias, evidencia-se a relação direta instrinseca na

composição dos corredores. O procedimento de corredores e subáreas está sempre

relacionado aos classicos elementos da morfologia urbana, e a sua aplicação como

instrumento de análise do tecido urbano, age em consônancia com eles.

A figura 34 mostra as vias públicas, que resultam em uma área de 6,7 ha, as

vias locais que se encontram no núcleo estritamente residencial, são basicamente

utilizadas pelos moradores locais. Assim como os corredores, que formam o perímetro

do subsetor, por apresentarem intenso fluxo de veículos e serviços, acabam formando

uma barreira natural que preserva o miolo residencial, a área protegida.

Figura 34: Ilustração – Vias públicas - Subsetor 7b

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Fonte: Acervo GPAC

Os corredores perimetrais, figura 35, do subsetor 7b se consolidaram como

tal ao longo de anos, pela intensidade dos fluxos de veículos e pessoas resultando na

gradual transformação dos térreos residenciais para comercio e serviços, ainda

restando pequenas instalações industriais (oficinas).

Figura 35: Diagrama dos corredores

Fonte: desenho do autor

No subsetor 7b em estudo a figura 36, apresenta imagens do corredor que

atravessa e dos outros três que distribuem, delimitando o subsetor, (figura 35). Em 35

A aparece o corredor A2 (Avenida Paes de Barros); em 35 B, o corredor D2 (Rua

Curupacê); em 35 C, o corredor D5 (Rua Canuto Saraiva) e, em 35 D, o corredor D1

(Rua Leocádia Cintra).

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60

Figura 36 : subsetor 7b, vias A2, D2, D5, D1

Fonte: fotos do autor, 2018.

Nesse contexto nota-se a formação dos corredores que atravessam e que

distribuem bem delimitados, característica do subsetor 7b, fomentando o uso

comercial nas principais vias de circulação, resultando em subáreas com uso

exclusivamente residencial. No caso da Canuto Saraiva (D5), por exemplo, a presença

do comércio que se expande a rua paralela, a Araribóia, que começa a receber

comércios de uso variados, essa ocupação além de fatores físicos , como a situação

das vias, provavelmente se dá pela relação direta com o valor do lote fora dos

corredores podendo oferecer alugueis menos onerosos, já que saem da visibilidade

que os corredores proporcionam. Lembrando-se que independente dessa incidência,

ela permanece no subsetor 7b pertencente ao corredor que distribui. Mesmo com esse

avanço, a região preserva o núcleo residencial.

Outra situação apresentada nos corredores desse setor é a direção dos fluxos

dos veículos em duas das principais vias, a Leocádia Cintra e a Curupacê, que

apresentam sentido único de circulação de veículos, essa condição preserva de certa

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forma, o acesso de veículo até as subáreas aos que não são moradores, o que é

comum da “vila”.

As características dos corredores que delimitam o subsetor 7b é expressa pelos

elementos urbanos, via (largura de sua caixa, tipos de faixa de rolamento de veículos

e calçadas), densidade de ocupação e altura das edificações, paisagismo, mobiliário

urbano e sinalização. Quesitos estes que conferem qualidade espacial para a via.

Por exemplo o corredor que atravessa e os que distribuem no subsetor 7b tem

dimensões apropriadas, mas uma modesta paisagem urbana se considerados os

cinco padrões de qualidade citados. Situação que se repete nos demais corredores

do setor 7. Por esta razão a presente análise será restrita aos elementos urbanos

como se apresentam do ponto de vista físico.

[...] a cidade não é, por natureza, uma criação que possa ser reduzida a uma só

ideia básica. Isso é verdade para a metrópole moderna, mas também o para o

próprio conceito de cidade, que a soma de muitas partes, bairros e distritos, muito

diferentes em suas características formais e sociológicas (Rossi, 2001 pag,66)

Identificou-se que nos corredores que distribuem há menor quantidade de

linhas de transporte coletivo, porém há significativo tráfego de automóveis e veículos

de carga de pequeno e médio porte.

3.1.3. Quadras

A quadra pode ser definida como o traçado do parcelamento fundiário, ou como

o mesmo foi construído,contempla um agrupamento de edificações em anel ou

sistema fechado. (LAMAS,2011, p.88) “A parcela não é um terreno a ser ocupado de

qualquer maneira mas uma unidade de solo organizada a partir da

rua.”(PANERAI,2006, p.87 ).Está interligada as vias de trânsito, ao traçado, aos

edifícios, aos espaços, ruas e outros, tornanado-se importante elemento na produção

da cidade tradicional.

Para a análise quantitativa relacionando os tipos de quadras e lotes foram

adotados os seguintes procedimentos:

Numerar e calcular a área das quadras.

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62

Verificar o tamanho dos lotes por quadra.

Estabelecer segmentos conforme a dimensão dos lotes.

Contar o número de lotes por quadras.

Classificar os lotes conforme os segmentos estipulados.

Inicialmente fez-se o levantameno do número e área das quadras. O subsetor

7b possui dez quadras, somando o total de 89.850,00m² e 67.248,51m² de vias

públicas. Como este subsetor foi projetado para abrigar lotes residenciais pode-se

observar que a vias de distribuição atendem a este programa pela aplicação de tipos

de arranjos do traçado usuais em projeto de núcleos residenciais- áreas de vizinhança

- em loop e em cul-de-sac. Opção que somada a existência de lotes residenciais

pequenos não atrai os grandes empreendedores imobiliários. De outra parte sugere

que pequenos ajustes nos acessos ao subsetor pelas vias de distribuição, poderiam

contribuir para a criação de uma área protegida, sem ser fechada como nos

condomínios usuais. Na figura 36 mostra-se a numeração das quadras.

Figura 37: subsetor 7b, numeração das quadras

Fonte: Diagrama elaborado pela autora

No subsetor 7b, as quadras são formadas por lotes com testada estreita e

existem construções novas feitas pela junção de dois ou mais lotes para edificações

do tipo comércio/serviço no térreo e escritórios e residências nos pavimentos

elevados. Um tipo que se repete com frequência na cidade é o prédio de esquina com

espaço comercial no térreo e um ou dois pavimentos para residências ou escritórios

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na parte superior, com acesso por escada; em geral, obra de um pequeno

empreendedor local.

Observa-se que as quadras que acompanham o corredor, possuem as faixas

lindeiras comprometidas com ele e a faixa detrás definida por um anel de transição

onde os lotes pertencem a subárea. Todas as quadras do subsetor estão classificadas

pelo uso como zona mista (ZM), pelo último zoneamento, lei 16402/2016, conforme

figura 38, extraída do mapa digital da cidade. Sendo assim a região é pouco restritiva

quanto ao uso, mais um ponto que chama atenção pela preservação do carácter

residencial preservado.

Figura: 38 mapa de zoneamento

Fonte: http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/PaginasPublicas/_SBC.aspx

Acessado em janeiro de 2018

Na figura abaixo estão destacados as quadras que adquiriram outorga

onerosa, segundo levantamento no mapa digital da cidade, em 2019, nota-se que o

subsetor está cercado por investidores que aumentaram o potencial construtivo,

(figura 39). Contudo no subsetor 7b, encontra-se na quadra 08, somente um edificio

que foi contemplado com a aquisição da outorga.

Figura 39: Quadras com concessão de outorga onerosa

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Fonte: http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/PaginasPublicas/_SBC.aspx

Acessado em janeiro de 2018

A partir desse olhar inicial sobre o desenho urbano do subsetor 7b é que

despertou a possibilidade de trabalhar com o conceito de área de vizinhança16, mas

durante as investigações, visitas de campo e principalmente nas pesquisas

referenciadas nos trbalhos desenvlvidos por Douglas Faar, Andrés Duany dentre

outros estudiosos do tema, concluiu-se que as particularidades da região não a

caracterizam como tal, assim preferimos adotar o termo: área protegida, por barreiras

físicas.

A quadra, cuja faixa lindeira de lotes acompanha a via responsável pelo

corredor, tem a faixa de lotes voltados para a via oposta em condição diferenciada

daquela do corredor. No caso de ser quadra da área central de cidade grande, o uso

do solo na via de fundo, se assemelha ao do corredor em decorrência da pujança das

atividades de comércio e serviços. No bairro em transformação de industrial para

residencial, comercial e serviços, as plantas industriais maiores cedem lugar para

16 Área de vizinhança, o conceito de área de vizinhança fundamenta-se nas proposições que ocorreram no tempo: na ideia de neighborhood unit de raízes na cidade jardim, na definição de unidade de vizinhança do Urbanismo Moderno, e nas versões contemporâneas de sustentabilidade. É considerado que estes “modelos” foram pensados para espaços vazios, sem pré-existência de urbanização.

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grandes condomínios residenciais ou mistos, mas, ficam trechos onde os lotes são de

dimensão que não chega a atrair os empreendedores imobiliários, resultando uma

complexa e interessante mistura de tipos edificados, figura 40A. No contexto do bairro

a densidade de ocupação dos lotes aumenta na medida da aproximação com a área

central e acompanhando este processo segue as transformações do uso do solo,

figura 40B. (MACEDO,2017)

Figura 40A e 40B: Bairro com o centro da cidade ao fundo e rua chegando ao centro de um

bairro

Fonte: Fotos – Acervo GPAC

Há quadras nas quais, parte da frente dos imóveis estão voltadas para o

corredor e outra parte com a frente voltada para subárea. Como acontece na quadra

01, por exemplo, onde os imóveis a norte na ilustração voltam-se para a Av. Paes de

Barros, enquanto a face sul da quadra, encontram-se voltados para subárea, com a

frente para rua: Guia Lopes. A figura 41 mostra a disposição das dez quadras,

considerando-as sem o recuo frontal.

Figura 41: Ilustração – Quadras sem recuo frontal - Subsetor 7b

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66

Fonte: Acervo GPAC

Na figura 42, mostra-se para efeito de estudo, a mesma situação, mas com

recuo frontal, isto é, o recuo de cinco metros estabelecido pela legislação urbanística,

a partir do passeio.

Figura 42: Ilustração – Quadras - Subsetor 7b – com recuo

Fonte: Acervo GPAC

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3.1.4. As quadras, os corredores e as subáreas

Na análise do subsetor através da aplicação do procedimento, considerando

inicialmente os corredores que delimitam o subsetor, nota-se diferentes situações na

relação das quadras, lotes e edifícios com os corredores e subáreas, horas com a

quadra inserida completamente nos corredores como é o caso da quadra um, e outras

inseridas totalmente nas subáreas como as quadras três, cinco, seis e sete.

O diagrama apresenta na figura 43A, os corredores que delimitam a área

protegida (subárea), e no 43B a projeção da quadra 01, como ela se posiciona inserida

cem porcento no corredor. A figura 43C e 43D, mostram as quadras número cinco e

sete como exemplo de inserção total na subárea.

Figuras: 43A, 43B, 43C, 43D: Diagramas: situação / quadras

Fonte: Acervo GPAC

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Quando aplicamos o procedimento considerando todos os corredores, inclusive

os que distribuem para as vias locais, o conjunto QRLE fica inserido nos corredores,

ora total e ora parcialmente. Através dessa observação, nota-se a relação

estabelecida entre as quadras e os corredores, que por sua vez demostra flexibilidade

e indissociabilidade. Na figura 44, evidencia-se as subáreas resultantes da passagem

de todos os corredores, totalizando duas subáreas menores.

Figura 44: Subáreas menores

Fonte: Acervo GPAC

3.1.5. Lotes

“O edificio está diretamente relacionado com o lote, para Lamas, o lote é o

principio essencial na relação entre o edificio e o terreno” (LAMAS, 2011, p. 86), ainda

reforça que nessa relação destaca-se a questão da divisão através do lote do espaço

publico e privado.

Desde as mais antigas cidades até o período moderno, a edificação urbana foi

interdependente da divisão cadastral. Construir uma cdade foi também separa o

domínio público do domínio privado. A forma do lote é condicionanate da forma do

edifício e, condicionantemente da forma da cidade. Até os anos vinte e trinta o lote

foi o lugar do edificio e um meio e instrumento de planificação e separação entre o

espaço público e o privado. ( LAMAS ,2011 p.86)

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No setor 7 como um todo, desenvolve-se o processo de agregar lotes para

construir edifícios isolados e condomínios de dois ou mais prédios. O subsetor 7b,

em particular, devido a resiliência de moradia nas casas da subárea e por haver lotes

nos corredores não só de área pequena como de pouca profundidade, tem sido pouco

atrativo quanto a pretensão das grandes empresas construtoras. No subsetor 7b

constatou-se a existencia de apenas seis lotes maiores que 1000,00m² e cinco prédios

construídos em altura. Evidencia-se a diversidade no tamanho e forma dos lotes, com

o registro da predominância de 125,00m² a 250,00m² na subárea do subsetor 7b.

As vias de distribuição interna do subsetor 7b, derivadas das vias que

atravessam, formam um núcleo de predominância residencial. Esse caráter é

preservado pela existência dos lotes estreitos, sendo reforçada pelo sentido de

permanência de muitos moradores oriundos de gerações passadas de imigrantes. A

escolha deste subsetor para estudo deve-se entre outras razões a esta, observação

de haver uniformidade do tecido urbano da subárea, com base na ocupação

residencial e a preservação dos tipos de VQLE..

Os dados quanto ao tamanho e a quantidade dos lotes foram obtidos pelo

estudo de plantas cadastrais, fotos aéreas e observações em campo para confirmação

final. Com este material se organizou a tabela 1 que mostra as dez quadras nas

colunas, com as respectivas áreas. Nas colunas os lotes separados por sua área e

agrupados em quatro segmentos: 0 a 125 m²; 125 a 250 m² ; 250 a 1000 m² , e

maior que 1000 m². Nas colunas finaliza-se com a soma da quantidade de lotes por

quadra. Fazendo-se então relação da tabela quantitativa com o diagrama, confirma-

se o resultado no desenho da malha urbana no subsetor. Um tecido homogêneo, com

o parcelamento fundiário onde a maioria dos lotes são estreitos e finos.

No diagrama procurou-se identificar inicialmente os tipos de lotes por área,

chegando a quatro situações, primeiro os lotes com a área de zero a cento e vinte

cinco metros quadrados, na sequência,em ordem crescente os de cento e vinte cinco

a duzentos e cinquenta, de duzentos e cinquenta a mil e por fim, maiores do que mil

metros quadrados, (figura 45 e tabela 2). A divisão foi feita quadra a quadra do sub

setor, estabelecendo assim a relação lote e quadras.

Figura 45: Ilustração – Lotes - setor 7b

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70

Fonte: Própria

Tabela 2: quantitativo subsetor 7b, quadras e lotes

Fonte: Autora

Hoje o número total de lotes existentes no subsetor 7b é de 491 unidades.

Concernente ao aproveitamento dos lotes, referindo-se a implantação dos edificios os

dados apontam a presença predominante de residências térreas e de 2 a 4

pavimentos, tipo sobrado. que dependendo da inclinação do terreno chegam a possuir

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quatro pavimentos. podendo-se estimar 70 % da ocupação com essas características.

Essa implantação demosntra uma ocupação do lote com a maioria edificada sem

recuo frontal, ou seja, chegando a oitenta por cento de aproveitamento. Essa

ocupação quase que total, deve-se a legislação urbanística da época que era pouco

restritiva, e proporcionava aos donos do loteamento um aroveitamento máximo do

terreno por lote.

Considerando-se que em São Paulo a subárea frequentemente é residencial

embora haja incentivo dos planos municipais fomentando a zona mista, conforme

observa-se no mapa do zoneamento / 2016, da prefeitura de São Paulo, (figura 46),

poderia se considerar que toda a cidade tem o uso predominante misto. Observa-se

que nas áreas onde o zoneamento prescreve uso estritamente residencial, como é o

caso dos bairros-jardim em São Paulo, a realidade mostra a inevitabilidade de

algumas vias se transformarem em corredores e a decorrente pressão de

responsáveis por lojas e escritórios, ocupando irregularmente residências, forçarem o

órgão municipal de planejamento para modificações na lei de uso e ocupação do solo

(MACEDO,2018).

Figura 46: Zoneamento São Paulo

Fonte: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/

Acesso em janeiro de 2019.

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Quanto aos usos dos lotes do subsetor 7b, evidencia-se através do

diagrama abaixo, (figura 47), a predominância do uso residencial, considerando a

aplicação do procedimento de corredores e subáreas, confirma-se essa

predominância nas subáreas, e a diversidade de usos, como comercial, institucional,

serviços e industrial, nos corredores. Através de visita técnica esses dados foram

quantificados e confirmados lote a lote.

O aumento da quantidade de unidades residenciais de uma área implica maior

quantidade de acessos privados na relação com o espaço público (...), sugerindo

maior probabilidade de encontros entre os residentes, ao entrarem e saírem das

suas edificações, e favorecendo a interação social entre eles. Além disso,

comprimento (relativo à quadra) e largura da rua também estão associados ao

favorecimento de encontros no ambiente, incrementando as possibilidades de

contato social entre os moradores (GAMBIM: 2007, pp. 27 e 28).

Figura 47: Ilustração – Usos - subsetor 7b

Fonte: Autora

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3.1.6. Edifício - Subsetor 7b

“É através dos edificios que se constitui o espaço urbano e se organizam os

diferentes espaços identificáveis e com forma própria...” (LAMAS,2011,p.84). Lamas,

aponta o edificio como o elemento mínimo, levando em consideração a exclusão dos

elementos de caracter transitório, algumas vezes parasitários, como diz o autor, que

fazem parte da composiçaõ do espaço urbano, trata-se dos neons, anúncios entre

outros. Também o mobiliário urbano, bancos da praça, postes, canteiros e etc.

O edificio não pode ser desligado do lote ou superficie de solo que ocupa. O lote

não é apenas uma porção cadastral: é também a gênese e fundamento do edificado.

Não é sem razão que, na giria do construtor, as expressões lote,

loteamento,,substituem as expressõesedificio e urbanização. (LAMAS, 2011,p. 86)

No subárea de estudo, as edificações possuem gabarito baixo, com

predominância do “sobrado” (térreo e pavimento superior), na implantação identifica-

se oitenta por cento das edificações sem recuos frontais, nem laterais, formando-se

uma imagem longitudinal contínua entre muros e fachadas, onde as cores variadas

das paredes externas possibilitam a percepção do limite entre diferentes propriedades

(figura 48).

Figura 48: Foto – edifício - subsetor 7b

Fonte: Própria

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Para efeito de classificação foi considerada a implantação das edificações

em relação a suas divisas de frente e laterais, considerando as situações de estarem

recuadas na frente do lote ou estarem no alinhamento da via.

Em São Paulo, fora o centro da cidade, no período anterior a Lei de

Zoneamemto, de 1972, era possível se construir na divisa de frente ou optar por um

recúo a critério do proprietário. A partir desta lei se estabeleceu o recúo obrigatório de

cinco metros, espaço para ser a transição com o espaço público, a rua. Em pouco

tempo este espaço tornou-se local para estacionar veículos e com a desculpa de se

construir proteção leve para o auto, se passou a fazer telhados completos.

No caso do subsetor 7b, as edificações foram construídas no período em que

havia uma liberdade construtiva, possibilitou-se aos proprietários dos lotes o máximo

de aproveitamento, assim grande parte dos edificios foram implantados da faixa

lindeira a calçada, com esse objetivo. (Figura 49).

Figura 49: Foto – edificações implantadas na faixa lindeira ao passeio

Fonte: Própria

A presente pesquisa traz em detalhes, resultantes dos levantamentos e

pesquisas de campo, esses dados com precisão apresentados em tabelas e

diagramas. Nota-se a uniformidade das edificações através da projeção dos edifícios

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identificadas na figura 50. Observa-se uma área densamente ocupada, com menos

de 5% de lotes vazio.

Figura 50: Ilustração – projeção dos edifícios - setor 7b

Fonte: Acervo GPAC

Para o subsetor 7b foi organizado um conjunto de dados que relacionam seis

situações tipo entre o edifício e as divisas do lote, três considerando o edifício no

alinhamento e três com recúo de frente. Estendendo-se a análise dessas tipologias

para os corredores e para as subáreas, percebe-se modificações e adaptaçaões de

uso nessas mudanças de classificação espacial, isto é, os edificios alteram seu uso,

independente da tipologia, de acordo com o pertencimento: se nos corredores ou nas

subáreas. A subárea derivada dos corredores perimetrias do sub setor 7b, é a maior

em área, nela estão contidas a diversidade de tipos edificados. (figura 51)

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Figura 51: Ilustração – subárea - subsetor 7b

Fonte: Acervo GPAC

Quanto aos tipos investigados nas subáreas, identificou-se seis tipologias

(tabela 3). Somam-se na subárea maior 338 edificações. Considerando inicialmente o

núcleo resultante dos corredores que delimitam a área protegida (subárea).

Tabela 03 - tipo x pavimentos

Fonte: Autora

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No segundo momento, analisou-se as subáreas derivadas de todos os

corredores existentes na área estudo, tanto os que delimitam o subsetor 7b, quanto

os que dão acesso as vias locais. (figura 52)

Figura 52: Ilustração – Subáreas menores - subsetor 7b

Fonte: Acervo GPAC

O levantamento quantitativo dos tipos edificados na subárea resultante dos

corredores que delimitam e dos que distribuem para a via local foi feito conforme

tabela 4.

Tabela 04 - tipo x pavimentos subáreas menores

Fonte: Autora

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No caso de edificações híbridas, com embasamento destinado a

comércio, serviços ou garagem e o bloco superior para habitação ou escritórios, a

referencia para os recúos é tomada apenas para o embasamento. Isto, pois na região

os prédios de gabarito alto são de construções recentes e atendem as restrições do

zoneamento de 1972. É o caso dos poucos prédios acima de quatro pavimentos que

se encontram no subsetor. A tabela 5 mostra o levantamento quantitativo tipos x

pavimentos nos corredores.

Tabela 5: Tipos x Pavimentos corredores

Fonte: Autora

3.1.7. Tipologias dos edifícios

“A tipologia edificada determina a forma urbana e a forma urbana é

condicionadora da tipologia edificada, numa relação dialética” (LAMAS: 2004, p. 86).

Tipo 01– Edificação implantada sem recuo frontal e lateral. Esse tipo é

caracterizado pela presença de edificações que não possuem recuos frontais nem

laterais, a construção é implantada com a testada do edifício totalmente encostada

no alinhamento das calçadas (passeio público), e as laterais nas divisas dos lotes. O

levantamento feito nos corredores, tanto nos que atravessam como nos que

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distribuem, mostram cento e trinta e três unidades desse tipo com gabarito variado,

predominando os sobrados de dois a quatro pavimentos, que contabilizam oitenta e

três unidades. As edificações térreas comparecem com 43 unidades , em geral

construídas em fileira, por iniciativa de um mesmo empreendedor .(figura 53).

Figura 53: subsetor 7b, exemplos do tipo 1

Fonte: fotos da autora, acervo 2018

Nos corredores do setor 7b, devido há dificuldade de acesso a planta baixa dos

tipos ali edificados, o levantamento foi realizado através de outros recursos, onde foi

possível encontrar a projeção e a imagem dos tipos selecionados para essa

investigação.

A variação de tipos existentes nos corredores e subáreas respectivamente,

podem ser melhor observados a partir da implantação do edifício no lote, como

apresentado nas imagens e projeções abaixo, tipo a tipo.

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Tipo 01 - no corredor - Rua Leocádia Cintra, 163 (Figuras 54)

Figura 54: Tipo 01 nos corredores

Fonte: Autora

Nota-se que as edificações implantadas nos corredores começam tomar

partido e incorporar um novo uso, ainda preservando a fachada com caráter

residencial cede a antiga garagem para a oficina mecânica, surgindo uma nova

perspectiva para o espaço que tende a ser ampliado com o tempo, dependendo do

sucesso do empreendimento. Isso acontece também com pequenos salões de

cabeleireiro, barbearia, mercadinhos e outros. Nos corredores que distribuem é bem

comum, pela oportunidade de iniciar uma nova atividade sem grandes custos com a

locação do imóvel. Nos corredores que distribuem e que possuem mão dupla de

direção, como o caso da Canuto Saraiva, o fluxo de veículos e pedestres é maior,

atraindo investidores de grande porte como ocorre nos corredores que atravessam,

cita-se a avenida Paes de Barros como exemplo.

Tipo 01 – na subárea – (figura 55) Edificação sem recuo frontal nem lateral. A maioria

das casas construídas nessa subárea pertencem a essa classificação, a investigação

indicou 110 das 338, são assim classificadas. Nessa situação a preocupação foi o

máximo aproveitamento do solo em área construída, essa condição confere a

edificação um baixo desempenho, tanto em relação a insolação como quanto a

ventilação.

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Figura 55: Foto tipo 01 na subárea

Fonte: Autora

Tipo 02 – Edificação implantada sem recuo frontal e com recuo de um lado.

Elas seguem o padrão de implantação do tipo 1, com a observação de que foram

construídas duas a duas. É comum o emprendedor da época, proprietário de vários

lotes construí-las aos pares vendê-las ainda em construção e começar novo par até

esgotar os lotes da gleba inteira, (figura 56).

Figura 56: subsetor 7b, exemplos do tipo 2

Fonte: fotos do autor, acervo 2018

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Tipo 02 – no corredor - Rua Leocádia Cintra, 111 (Figura 57)

Figura 57: subsetor 7b, exemplos do tipo 2

Fonte:GPAC, acervo 2018

Na observação da implantação das residências nos lotes, verifica-se como os

lotes são estreitos e longos, podendo haver como nesse exemplo uma frente de seis

metros para casa edificada, um recuo de um metro sem considerar a projeção do

beiral, inseridos em um lote de 34 metros de comprimento

Tipo 02 – na subárea (figura 58) - Edificação sem recuo frontal com recuo lateral.

Figura 58: Foto tipo 02

Fonte: Google imagens

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Tipo 03 – no corredor - Edificação implantada sem recuo frontal e com recuos laterais

dos dois lados – Tipologia não existente no subsetor.

Tipo 04 – Edificação implantada com recuo frontal e sem recuo lateral. Somam-

se 24 unidades nos corredores com esse tipo. Foram consideradas como sem recuo

na análise e levantamento quantitativo desse tipo, as edificações que possuem

cobertura no recuo frontal utlizando elemento tipo removível, vazado ou pergolado.

(Figura 59).

Figura 59: subsetor 7b, exemplos do tipo 04

Fonte: Autora

Tipo 04 – no corredor -Rua Canuto Saraiva, 99, (figura 60).

Figura 60: tipo 04 no corredor.

Fonte: Autora

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As edificações com essa tipologia apresentam melhor aproveitamento do

terreno, embora os terrenos sejam estreitos também como vemos na imagem aérea

da implantação, o recuo frontal de 6,5 m do lado mais largo do lote favorece a

insolação direta, apesar de não haver recuo lateral nos primeiros oito metros, dá-se

a continuação do corredor com dois metros de largura, sendo assim o estreitamento

da área edificada favorece a ventilação, o acesso a área externa e a insolação.

Tipo 04 - na subárea - Com recuo frontal, sem recuo lateral (figura 61)

Figura 61: tipo 04 na subárea

Fonte: Autora

Tipo 05 – Edificação implantada com recuo frontal e lateral de um dos lados.

São as edificações que pertencem ao grupo de construções, onde a presença dos

recuos consolidam uma tipologia ímpar, esse tipo possue quantidade mediana de

unidades, totalizando em apenas trinta e duas. Atendem as diretrizes da legislação

urbanísticade 1972 e são residencias que atendem aos requisitos da norma de

eficiência da edificação incluindo, por exemplo, boa incidência da luz solar e ventilação

(figura 62)

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Figura 62: Exemplo do tipo 05 -subsetor 7b

Fonte: Autora

Tipo 05 – no corredor - Rua Canuto Saraiva, 115 (figura 63)

Figura 63: Exemplo do tipo 05 no corredor

Fonte: Autora

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Tipo 05 – na subárea - Edificação com recuo frontal e lateral de um lado. (figura

64)

Figura 64: Tipo 05 na subárea

Fonte: Google imagens

O fundo dos lotes dos corredores que marcam o contorno do subsetor 7b,

define uma subárea com predominância de uso residencial em lotes pequenos e

médios com frente variando entre cinco a dez metros. A subárea se caracteriza por

um loteamento organizado por vias de distribuição do tipo tradicional. Nas edificações

residenciais de uma maneira geral variam os tipos entre casas térreas ou

assobradadas, algumas com recuos lateral e frontal. Há ainda algumas fusões onde a

edificação está implantada em mais de um lote.

Tipo 06 – Edificação implantada com recuo frontal e com recuos laterais.

Predominam nesse tipo, edificacões de médio porte para residências térreas ou

assobradadas, e de porte maior para edificios residenciais ou escritórios. Ainda as

construcões de uso institucional como escola primaria e a igreja do Largo São Rafael

(figura 65).

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Figura 65: Exemplo do tipo 06

Fonte: Autora

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Tipo 06 – no corredor - Rua Canuto Saraiva, 59, (figura 66)

Figura 66: Tipo 06 no corredor

Fonte: Autora

Nos corredores que distribuem, como o corredor da rua: Canuto Saraiva, que

apresenta vias de circulação de veículos nos dois sentidos de direção, nota-se a

implantação de edifícios com uso exclusivamente comercial. São propostas

contemporâneas, que incorporam algumas das novas diretrizes para construções.

Tipo 06 - na subárea - Edificação com recuo frontal e laterais dos dois lados. Na

imagem A verifica-se a implantação do edifício com recuos em todos os lados, essa

situação está aplicada no caso do subsetor 7b a edifícios de porte maior e casas em

fileiras nos condomínios residenciais. (figura 67)

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Figura 67: Tipo 06 na subárea

Fonte: Autora

3.1.8. Critério de análise para as subáreas

Temos as subáreas como núcleo de edificações resultante dos corredores. A

análise física das subáreas foi feita em dois momentos. O primeiro considerando os

84.460,00 m² de área total, sendo 49.718,215 de área construída e 37.739,90 de vias

públicas, com um perímetro 1.709,57 metros que compreende a subárea derivada

dos corredores que delimitam o subsetor 7b, esse perímetro é formado pelas: vias

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que distribuem; a rua Leocádia Cintra, a rua Canuto Saraiva, a rua Curupacê e a via

que atravessa, a avenida Antônio de Barros.

Durante a pesquisa de campo, após diversas tentativas, foi cedido por

moradora local, um croqui da sua residência em 1933 e como projetaram sua reforma

em 2016. A residência encontra -se na subárea e servirá para compor o acervo de

exemplos no quarto capítulo dessa pesquisa.

Residência tipo, proposta para rua Adelaide de Freitas, subárea. A figura 68

mostra a representação da mesma casa em 1933, segundo a moradora esse projeto

foi apresentado para reforma das casas antigas da mesma rua, por apresentarem

lotes do mesmo tamanho.

Figura 68: tipologia 1933 x 2016

Fonte: Planta cedida por uma moradora do bairro

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CONCLUSÃO

Entendemos esta dissertação como uma contribuição a pesquisa do professor

Macedo que se encontra em fase adiantada de elaboração inserida na linha de

pesquisa de um trabalho do GPAC. A investigação do professor incluirá o estudo de

outros dois subsetores além do subsetor 7b, escolhidos por suas características

próprias e diversas deste. Hoje ainda não completamente terminado, mas, com os

dados de campo concluídos o que servirá para se adicionar pormenores em função

da experiência adquirida com o estudo do subsetor 7b. Dois estudantes de iniciação

científica estão colaborando com o trabalho do professor. São o subsetor 7a, cujo

interesse reside em ter uma área pequena, com apenas uma via estreita separando

duas quadras de grande extensão e o subsetor 7e, fazendo divisa com os anteriores

e tendo caráter de um grande conjunto edificado, por condomínios de alta ocupação

residencial e farto comércio multiuso, tanto em decorrência de imóveis vizinhos

transformados para outras atividades como projetados no térreo dos novos

empreendimentos. Assim este trabalho de mestrado será um piloto para a nova fase

da pesquisa e para as reflexões do grupo pesquisador. Seu conteúdo como

procedimento ou método será incorporado no relatório da terceira fase da pesquisa

do GPAC e objeto de artigo em sequência dos anteriores: Análise da forma urbana

através dos corredores e subáreas, parte 3.

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