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UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium
Curso em Psicologia
Carlos Eduardo Binutto Maimone
Renata Abe Bairral Dias
AFETOS E EXPECTATIVAS DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS DO CURSO DE FISIOTERAPIA
FRENTE AO TÉRMINO DA GRADUAÇÃO
LINS-SP 2014
Carlos Eduardo Binutto Maimone
Renata Abe Bairral Dias
AFETOS E EXPECTATIVAS DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS DO CURSO DE
FISIOTERAPIA FRENTE AO TÉRMINO DA GRADUAÇÃO
Trabalho de Conclusão de curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, Curso de Psicologia sob a orientação do Profº. Dr. Mauricio Ribeiro de Almeida e orientação técnica da Profª. Ma. Jovira Maria Sarraceni
LINS-SP 2014
Maimone, Carlos Eduardo Binutto; Dias, Renata Abe Bairral Afetos e Expectativas de estudantes universitários do curso de
Fisioterapia frente ao término da graduação / Carlos Eduardo Binutto Maimone; Renata Abe Bairral Dias. -- Lins 2014.
52p. il. 31cm.
Monografia apresentada ao Centro universitário Católico Salesiano
Auxilium – UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação em Psicologia, 2014
Orientadores: Mauricio Ribeiro de Almeida; Jovira Maria Sarraceni 1. Universitário de Fisioterapia - Medo. 2. Desafio mercado de trabalho. 3.
Fisioterapia. 4. Discente de Fisioterapia - Expectativa. 5. Psicologia. I
Título.
CDU 159.9
M19a
CARLOS EDUARDO BINUTTO MAIMONE
RENATA ABE BAIRRAL DIAS
AFETOS E EXPECTATIVAS DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS DO CURSO DE
FISIOTERAPIA FRENTE AO TÉRMINO DA GRADUAÇÃO
Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium para
obtenção do título de Bacharel em Psicologia.
Aprovada em:___/___/_____
Banca Examinadora:
Profº. Orientador: Mauricio Almeida Ribeiro
Titulação: Doutor Em Psicologia Social – Pela Universidade de São Paulo - USP
Assinatura: _____________________________
1º Prof.(a): Liara Rodrigues de Oliveira
Titulação: Mestre em Psicologia da Educação
Assinatura:______________________________
2º Prof.(a): Gislaine Ogata
Titulação: Mestre em Saúde Coletiva
Assinatura:______________________________
Dedico este trabalho primeiramente à DEUS, à minha família, em especial
meus pais, Sylvio e Ivete, e minha irmã Grazielle, a minha noiva e eterna namorada
Renata e meu filho Diogo, juntamente com a sua família, estes como sendo a base
essencial para a sustentação de um sonho, no qual agora está sendo realizado.
Carlos Eduardo Binutto Maimone
Dedico este trabalho:
A minha maravilhosa família: Lauro, Lena, Daniela, Amanda, Wladimir, Diogo,
Carolina, Gustavo, Lívia, Marlene, que sempre me incentivaram em minha caminhada, me
dando forças nos meus momentos difíceis.
A Família Maimone, por ter me acolhido e me encorajado quando mais precisei.
Ao meu namorado Carlos Eduardo pela paciência, amor incondicional por sempre
me incentivar para a realização de meus ideais.
E essa é minha dedicatória a minha família, pois sem Amor eu nada seria.
Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como
o sino que ressoa ou como o prato que retine.
Ainda que eu tenha o dom de profecia e saiba todos os mistérios e todo o
conhecimento, e tenha uma fé capaz de mover montanhas, mas não tiver amor, nada serei.
Ainda que eu dê aos pobres tudo o que possuo e entregue o meu corpo para ser
queimado, mas não tiver amor, nada disso me valerá.
O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha.
Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor.
O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade.
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor nunca perece; mas as profecias desaparecerão, as línguas cessarão, o
conhecimento passará.
Pois em parte conhecemos e em parte profetizamos;
Quando, porém, vier o que é perfeito, o que é imperfeito desaparecerá.
Quando eu era menino, falava como menino, pensava como menino e raciocinava
como menino. Quando me tornei homem, deixei para trás as coisas de menino.
Agora, pois, vemos apenas um reflexo obscuro, como em espelho; mas, então,
veremos face a face. Agora conheço em parte; então, conhecerei plenamente, da mesma
forma como sou plenamente conhecido.
Assim, permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor. O maior deles,
porém, é o amor.
1 Coríntios 13:1-13
Renata Abe Bairral Dias
AGRADECIMENTOS
Quero agradecer primeiramente a DEUS, por tudo o que ele representa e
significa para todas as pessoas do mundo, pois o seu amor para com o próximo é
incondicional, pois, DEUS é bom o tempo todo, o tempo todo DEUS é bom.
Agradeço a minha família, em especial ao meu Pai Sylvio, por ser um
exemplo de garra e trabalho, mostrando-me sempre que podemos conseguir, não
importa as dificuldades, basta estarmos preparado, a minha Mãe Ivete, exemplo de
superação e amor, e que desde sempre desejou apenas o melhor para seus filhos, a
minha irmã Grazielle, que me proporcionou outro sentimento, diferente do de irmãos,
de amor de sangue, mas também de alma, em que a todo o momento tento a
ensiná-la, mas que na verdade ela que me ensina, a eu ser o “rascunho” e ela a
“obra de arte”.
Quero agradecer a você Renata, meu amor e minha companheira, minha
parceira, você me fez viver de novo, restaurou um sentimento antes adormecido, eu
agradeço a DEUS por colocar você em meu caminho e agradeço a você por ter me
“salvado”, você me ensinou o significado de amor sem condições, agradeço também
por ter proporcionado o sentimento de ser “pai”, amando o Diogo da mesma
intensidade que você, a você meu filho declaro meu amor.
Agradeço a nossa orientadora Jovira, por todo o seu apoio e paciência.
Agradeço ao nosso orientador Maurício, o professor, o mestre, o amigo,
sempre disposto a nos ajudar, um dos responsáveis meio que indiretamente pela
minha continuidade no curso de Psicologia e agora diretamente responsável pela
minha formação profissional.
Agradeço a todos os funcionários do Escritório Torres, em especial o Sr.
Edward, pela paciência e contribuição nesses quase 10 anos de convívio.
Agradeço a todos os meus amigos, que construi ao longo dos anos,
principalmente nos últimos e que perduraram pelos intercursos do tempo.
Agradeço a coordenadora do curso Ana Elisa e a todos os professores que
conheci e que me passaram todos os seus conhecimentos.
Carlos Eduardo Binutto Maimone
AGRADECIMENTOS
A DEUS por ter me dado força durante esses cinco anos de muita luta, ter iluminado
meus passos em cada momento vivido e cada obstáculo ultrapassado.
A meus pais Lauro e Lena, por terem sido a luz nos lugares mais obscuros do meu
caminho, e por terem me amado da maneira mais incondicional.
Ao Carlos Eduardo por ter entrado em minha vida, por ter me amado ainda que nos
momentos mais árduos que minha essência mostrou.
A meu filho Diogo, por ter me feito compreender o real sentido do amor materno, por
sua alegria incondicional, mesmos nos momentos turbulentos.
A minha querida irmã Amanda, que apesar de nossas diferenças, sempre esteve ao
meu lado, me acolhendo, apoiando, amando e sempre me entendendo.
A minha querida irmã Daniela, que mesmo estando longe sempre se disponibilizou
em tudo que eu precisei e mostrou seu amor.
A meu irmão Wladimir, por ter sido sempre muito presente em minha infância.
Aos meus sobrinhos Carol e Gustavo por terem me despertado em mim o amor
materno antes de realmente conhecê-lo.
A Ivete e Silvio por terem me acolhido, como filha, sempre me aconselhando e
orientado quando mais precisei.
A minha grande amiga Grazielle por ter estado ao meu lado em todos os momentos,
alegres e não tão felizes.
A minha orientadora Jovira, por nos dar o suporte e pela paciência conosco.
Ao meu orientador Mauricio pelo suporte no pouco tempo que lhe coube, pelas suas
correções, incentivo e disponibilidade, e pela base que tenho hoje.
A Ana Elisa por ter coordenado esses cinco anos com tanta destreza, sempre se
disponibilizando a nos orientar sempre que necessário.
Ao professor Paulo Sergio por ter me dado às primeiras aulas, e ter me ensinado de
forma única a base da psicologia.
Ao professor Agnaldo por ter me dado condições compreender a prática de forma
clara e romantizada.
A Rosislaine por ter sempre estado ao meu lado quando mais precisei.
A Dra Elen por ter me acolhido e por sua paciência.
A Tereza por todos os anos da minha vida.
A Cida por esses dois anos de companheirismo.
Renata Abe Bairral Dias
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Dados dos discentes, sujeito de pesquisa ............................................. 31
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CEP – Comitê de Ética e Pesquisa
CREFITO – Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional
COFITO - Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional
TCLE – Termo de Conhecimento Livre e Esclarecido
RESUMO
O presente trabalho consiste em exibir um estudo no qual visa levantar e identificar os afetos e as expectativas dos estudantes universitários do curso de fisioterapia, do Centro Universitário Católico Auxilium Unisalesiano de Lins/SP, frente ao término de sua graduação. A opção por esse público de participantes foi feita, diante das condições de trabalho que esta categoria tem diante para atuar, sendo, este formato de atuação como de caráter autônomo, ou empregado em alguma Instituição. Para o andamento do trabalho utilizou-se da luz da Psicanálise para conseguir identificar tais conteúdos vivenciados pelos discentes diante do término do curso. A formação em um curso superior nos dias atuais é de grande valia para uma boa qualificação profissional, com a finalização deste curso superior, exacerba sentimentos nos quais os discentes não estão acostumados a lidar, parte-se do pressuposto de que as diversas perdas e interrupções vividas pelos seres humanos originam esses sentimentos, no caso da pesquisa uma expectativa para sua egressão no mercado de trabalho, além dos desafios nos quais os discentes deverão se defrontar, e do possível medo pelo término do curso, ocasionando ao discente um luto, no qual será preciso trabalhar para que assim, posteriormente, ser reparado e substituído por outro objeto a ser empregado. Com o auxílio da teoria psicanalítica para a identificação desses sentimentos, será disponibilizada posteriormente, uma proposta de intervenção para os estudantes universitários do curso de fisioterapia que participarem da pesquisa para o caso de algum discente se defrontar com tais sentimentos difíceis de ser lidado, não os deixando assim sem um apoio necessário.
Palavras chave: Universitário de Fisioterapia - Medo. Desafio Mercado de Trabalho. Fisioterapia. Discente de Fisioterapia - Expectativa. Psicologia
ABSTRACT
This current work presentes a study that identifies affection and expectations of the college students from Centro Universitário Católico Auxilium Unisalesiano de Lins/SP physiotherapy class. The choice by this audience was made by analizing its work conditions, autonomous or working for an institution. Psychoanalysis light will be used to identitfy the contentes presented. Nowadays, graduating in a superior college is highly recommended to a better professional qualification.The end of the graduation exacerbate feelings that the students aren’t used to deal with. It is presumed that several losses and interruptions lived by human beings originate feelings like: expectations to egress the labour Market, the challenges they’ll have to face, fear of the end of the college, creating a mourning that will have to be elaborated and then repaired to be replaced by another object. With the assistence of psychoanalytic theory to identification of these feelings will be avaiable an intervention proposal to the college students that participate of the research, not leaving them without a necessary support.
Keywords: College of Physiotherapy - Fear. Challenge Labour Market. Physiotherapy. Student of Physiotherapy - Expectation. Psychology.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .....................................................................................................
CAPÍTULO I - A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE FISIOTERAPIA ..........
1 A HISTÓRIA DA FISIOTERAPIA. ÁREA E CAMPO DE ATUAÇÃO...............
1.1 Os parâmetros curriculares – e as exigências dos cursos de graduação......
1.2 O mercado de trabalho em fisioterapia: perspectivas e desafios...................
1.3 Pesquisas com egressos do curso.................................................................
CAPITULO II - O PROCESSO GRUPAL ............................................................
2 CONTRIBUIÇÕES DA PERSPECTIVA SÓCIO-HISTÓRICA .......................
2.1 O desenvolvimento do psiquismo e o processo inter-relacional:
Contribuições da Psicanálise .........................................................................
2.2 A Psicanálise e o conceito de Vínculo ...........................................................
2.3 Os processos de luto e a reparação ..............................................................
CAPITULO III – METODOLOGIA .......................................................................
3 ASPECTOS METODOLÓGICOS ..................................................................
3.1 Instrumentos de Coleta de Dados ..................................................................
3.2 Sujeitos da pesquisa ............ .........................................................................
3.3 Métodos de Análise dos dados ......................................................................
CAPÍTULO IV - ANÁLISE DO CONTEÚDO .......................................................
4 PROCESSO DE TRATAMENTO DOS RELATOS ..........................................
4.1 Amor e idealização pelo curso .......................................................................
4.2 Entre o ideal e o real: os desafios para permanecer no curso ......................
4.3 Mudanças ocorridas durante a graduação ....................................................
4.4 Mercado de trabalho – projeções sobre o futuro ...........................................
4.5 Atendimento das expectativas familiares – um outro desafio no início da
carreira .................................................................................................................
4.6 Análise dos Resultados ..............................................................................
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PROPOSTA DE INTERVENÇÃO ........................................................................
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................
REFERÊNCIAS ...................................................................................................
APÊNDICES ........................................................................................................
ANEXOS ..............................................................................................................
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INTRODUÇÃO
O ser humano convive com diversas perdas e interrupções ao longo da vida,
pois a finalização de uma fase na qual se empreendeu um tempo significativo pode
ser vivenciada como uma possível ruptura e desencadear sofrimento psíquico,
conforme se supõe encontrar no período de finalização de um curso de graduação.
Os estudantes apostam todas suas fichas na tentativa de uma boa formação profissional.
(...) grande maioria dos estudantes busca no curso superior, exclusivamente a formação profissional, ou seja, desenvolver habilidades, conhecer técnicas e ferramentas para o exercício de sua profissão. Visão míope, pois o papel do curso superior é desenvolver o ser pensante, crítico, reflexivo e transformador da sociedade em que vive. (FILHO, 2008, p. 1)
A grande ênfase focalizada dos estudantes muitas vezes não tem fundamento
algum, esses estudantes começam o curso na esperança de uma vida estável
financeiramente, sem ao menos ter o perfil para determinada atividade, o que
acarreta em desistências precoces.
(...) a falta de orientação vocacional adequada nas escolas de ensino médio e fundamental, levando os alunos à quase sempre não possuírem uma noção mínima de quais sejam as atribuições da profissão por eles escolhidas. (MORAES, MADEIRO, e BARBOSA, 2002, p. 10).
Após essa frustração vivenciada muitos sentimentos dos estudantes acabam
vindo à tona de forma exacerbada, tais conteúdos emocionais provavelmente se
relacionam ao modo como os estudantes universitários experimentam a etapa da
graduação, sendo esse um momento intenso da vida no qual se deparam com
momentos felizes e tristes.
Todos sabem da importância em obter um diploma de curso superior, pois
além de representar um reconhecimento social, é também condição mínima para a
inserção e competição no mercado de trabalho primário. (FILHO, 2008, p. 1)
Entende-se que o diploma nos dias atuais é importante, mas não é apenas a
única forma de tornar-se um bom profissional, o mercado de trabalho proporciona
diversas outras atividades rentáveis dependendo da característica de cada indivíduo.
(...) a conquista de um espaço no mercado não depende apenas de um diploma, mas também de características pessoais, competências específicas, redes de relações e capacidade de ajustar-se a diferentes demandas de trabalho. (TEIXEIRA e GOMES, 2004, p. 2)
12
Assim, conhecer essa realidade pode ser importante para identificar as
particularidades do processo, e desenvolver estratégias que possam ajudar os
estudantes a enfrentar eventuais sofrimentos.
Outra realidade é do enfrentamento com o luto, ou seja, por mais doloroso
que pareça, temos que acreditar que tudo perece, há de se constatar que a vida é
transitória, e que o nosso desejo de imortalidade não pode reivindicar um direito a
realidade. A vida universitária passa por essa realidade, uma vez que, após estudar
5 anos, conviver quase que diariamente com outras pessoas, fazer amizades
durante esse processo, ter a vida intensificada pela presença de outras pessoas até
então desconhecidas, somos movidos a estabelecer grandes amizades em razão
desse tempo de convivência.
Em Freud encontramos os seguintes apontamentos sobre o luto:
(...) o luto, como sabemos, por mais doloroso que possa ser, chega a um fim
espontâneo. Quando renunciou a tudo que foi perdido, então consumiu-se a
si próprio, e nossa libido fica mais uma vez livre (enquanto ainda formos
jovens e ativos) para substituir os objetos perdidos por novos igualmente, ou
ainda mais, preciosos. (FREUD, 2006, p 319)
Outro luto enfrentado é o da passagem da condição de universitário para a
condição de profissional, nesse sentido verifica-se que uma graduação em ensino
superior insatisfatória, muitas vezes pode levar o aluno a temer a vida profissional,
justificando a grande maioria de profissionais, mas que não exercem suas
profissões.
De acordo com Freud (2006), vivencia-se a todo o momento a experiência da
perda (relacionamentos, emprego, pessoas queridas, mudanças de fases, as
decepções), esta como condição contínua e inerente da vida. Dessa forma, o luto,
vem a ser um processo de compreensão e ressignificação das demandas que nos
são apresentadas ao longo de nossas vidas.
O psicólogo pode trabalhar para amenizar esses sentimentos vividos pelos
estudantes, pois, o término de um curso universitário parece estar relacionado com
um aceno de uma nova fase na vida, uma carreira promissora, independência
financeira, que se iniciará com o exercício de uma profissão escolhida, que faz parte
do crescimento humano.
Com base nesses apontamentos esta pesquisa tem como cenário o término
do curso de graduação em fisioterapia, adotando-se como hipótese de que nesses
estudantes, o sentimento de insegurança e intensificação das emoções, se
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acentuam na fase final da graduação, face às pressões familiares e sociais
concernente ao futuro exercício profissional.
Assim, foi delineado como o objetivo principal o levantamento dos afetos e
das expectativas de estudantes do curso de fisioterapia frente ao término do curso,
verificando as repercussões de tais aspectos quanto ao exercício profissional. Além
desses objetivos, este estudo procurou levantar possíveis propostas de intervenção
junto aos estudantes de Fisioterapia que participarem do estudo.
Com base nessas considerações o presente trabalho foi estruturado por meio
de quatro capítulos. O primeiro capítulo aborda a história da fisioterapia e as
considerações sobre o mercado de trabalho. No capítulo dois fizeram-se
apontamentos sobre as contribuições da teoria sócio histórica, os conceitos básicos
da psicanálise que se referem ao funcionamento psíquico e o processo relacional, a
natureza do vínculo, do luto, da melancolia, e os processos de reparação. A
metodologia está apresentada no capítulo três, no qual se apresentam o método e a
técnicas empregadas, tais como a entrevista, transcrição e análise do material
obtido. Por último ficará o quarto capítulo, no qual será realizada a análise dos
conteúdos levantados, de forma a identificar quais os afetos sentidos pelos
estudantes universitários do curso de fisioterapia.
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CAPÍTULO I
A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE FISIOTERAPIA
1 A HISTÓRIA DA FISIOTERAPIA. ÁREA E CAMPO DE ATUAÇÃO
A Fisioterapia é uma profissão nova em comparação as outras que atuam no
âmbito da Saúde. Sua história começa como a maioria de outras profissões, com
seu nascimento e descobertas em combates e guerras, o que a qualifica por sua
necessidade.
Segundo o Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional –
CREFITO, (2014), a Fisioterapia como profissão surgiu no século XX, quando as
duas guerras mundiais causaram um grande número de lesões e ferimentos graves
que necessitavam de uma abordagem de reabilitação para atender as pessoas
afetadas e reinseri-las em uma vida ativa. Executada a princípio por voluntários nos
campos de batalha, a Fisioterapia acompanhou as grandes mudanças e
transformações do século XX e os profissionais que a desempenhavam souberam
reunir novas descobertas e técnicas às suas práticas, sofisticando e desenvolvendo
uma ciência própria e um campo específico de atuação, independente das outras
áreas da saúde.
No Brasil a Fisioterapia iniciou-se nos meados da 2º Guerra Mundial e criou-
se cursos para a formação de fisioterapeutas na metade do século XX.
(...) a Fisioterapia iniciou-se dentro da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, em 1929, mas foi só em 1951 que foi criado o primeiro curso para formação de fisioterapeutas, na época denominados técnicos, com duração de um ano. Em 1959 foi criada a Associação Brasileira de Fisioterapeutas (ABF), que se filiou a WCPT (World Confederation for Physical Therapy), cujo objetivo era buscar o amparo técnico-científico e sócio-cultural para o desenvolvimento da profissão. Somente no dia 13 de outubro de 1969, a profissão adquiriu seus direitos, por meio do Decreto-lei nº 938/69, no qual a Fisioterapia foi reconhecida como um curso de nível superior e definitivamente regulamentada. (CREFITO, 2014)
Uma das atividades mais conhecidas da Fisioterapia é a reabilitadora e nesta
há a proposição de técnicas reabilitadoras para tratar indivíduos que já estão
doentes ou com alguma deformidade. Tal condição limitou a atuação do
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fisioterapeuta, levando-o a intervir quando a doença já estava instalada e na maioria
das vezes de forma avançada.
Para Botomé e Rebelatto (1999, p.47), “no final do século XX, a Fisioterapia
passa a fazer parte da chamada “Área da Saúde” e evoluiu no decorrer da história,
ao apresentar seus recursos e formas de atuação quase que voltadas
exclusivamente ao atendimento do indivíduo doente”.
O foco na doença caracterizava-se a singularidade da fisioterapia no passado,
tornando-a seu campo de atuação em contínuos desafios, no sentido de propiciar
bem-estar mais mediato aos usuários atendidos.
Sobre essa questão Rebelatto (1998) apontou essa situação denominada
como "inércia profissional", ou seja, caracterizada pela passividade dos profissionais,
que só atuam em condições de problemas de saúde já instalados e só prestam
assistência aos que procuram os serviços quando não suportam mais sua condição
patológica.
Além de reabilitadoras existem outras áreas emergentes da profissão,
conforme passaremos a descrever nos itens a seguir que trata dos parâmetros
curriculares que determinam a formação profissional regulamentar.
1.1 Os parâmetros curriculares – e as exigências dos cursos de graduação
Para a formação do fisioterapeuta como na maioria de outras profissões que
exigem o curso superior, é necessário disciplinas de cunho básico. Na Fisioterapia
as disciplinas básicas são: Anatomia, que é a ciência que estuda a estrutura de
nosso corpo e visa o seu conhecimento de forma geral, Fisiologia, que em conjunto
a Anatomia estuda o funcionamento do organismo, necessária para uma melhor
performance das funções do corpo humano, a Cinesioterapia, disciplina mais focada
para a formação de Fisioterapia, denominada como a terapia do movimento,
enaltecendo a designação dos processos terapêuticos que visam a reabilitação
funcional por meio da realização de movimentos ativos e passivos e, a Ética,
presente em outros cursos devido a sua importância em relação ao trato do
profissional com o paciente, que se propõe a pensar a dimensão empática
profissional-paciente, proporcionando condições para que o tratamento ocorra de
forma responsável e a atender as necessidades do paciente sem dispensar os
princípios e nomes da profissão.
16
O mercado de trabalho para o fisioterapeuta atualmente é extenso, podendo
atuar em diversas áreas.
A Fisioterapia se divide em três grandes áreas de atuação: a Ortopedia, a Neurologia e a Respiratória. Mas existem outras vertentes que estão crescendo no mercado, como a Fisioterapia Estética e a Esportiva. Além disso, o fisioterapeuta hoje é um profissional de promoção e prevenção da saúde, adequando-se ao mercado de várias formas. A prevenção de acidentes de trabalho é um cuidado que algumas empresas têm atualmente. Por esta razão, contratam fisioterapeutas para auxiliarem seus funcionários a ter uma postura melhor durante o trabalho e também a prevenir acidentes durante a execução de tarefas. (CREFITO, 2014)
O curso de Fisioterapia segundo o CREFITO (2014) é reconhecido nos dias
atuais como de nível superior, regulamentado no Brasil apenas em 1969.
O órgão que regula e atua para a formalização do Fisioterapeuta em âmbito
federal é o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional - COFFITO, ele
delega ao Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional - CREFITO,
funções de fiscalização inviáveis para cumprimento em seu poder de atuação.
O Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional - CREFITO é órgão responsável por uma circunscrição (Região). É o representante da sociedade, fomentado o exercício profissional através do cumprimento dos profissionais da legislação em vigor através da fiscalização do exercício profissional dos Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais. (FISIOTERAPIA, 2014)
Como em outra profissão, notou-se um fortalecimento da fisioterapia a partir
da regulamentação dessa atividade profissional, isto possibilitou o enraizamento da
área de atuação e melhor qualificação dos profissionais, bem como fiscalização dos
serviços de fisioterapia ofertados à sociedade.
1.2 O mercado de trabalho em fisioterapia: perspectivas e desafios
Atualmente o mercado de trabalho passa por transformações. Os
profissionais formados de fisioterapia podem encontrar alguns desafios na busca por
trabalho, pois o mercado conta com um significativo número de profissionais e
surgem poucos concursos públicos para fisioterapeutas. Em sua maioria os
profissionais trabalham como autônomo, o que torna o mercado bastante
competitivo.
17
Para Vilhena (2005) trabalhador Autônomo é todo aquele que exerce sua
atividade profissional sem vínculo empregatício, por conta própria e com assunção
de seus próprios riscos. A prestação de serviços é de forma eventual e não habitual.
O trabalho autônomo gera ao profissional uma liberdade maior no que se
refere a cumprir horário, mas, o faz realizar maior número de atendimentos para
propiciar-lhe rendimentos mais significativos, além de gerar alguns custos sem poder
visar um retorno financeiro mais imediato. Tais aspectos se referem a diversos
fatores, como construir o nome no mercado de trabalho, disponibilizar aos pacientes
aparelhos com alto custo de investimento, sem ter a certeza de que será suficiente
para consolidar uma clientela estável.
No que envolve o trabalho em Instituições, proporciona ao profissional uma
estabilidade maior comparado ao trabalho autônomo, seduzindo um grande número
de profissionais recém-formados, mas em contrapartida, restringindo ao profissional
um rendimento fixo, independente de sua atuação diária, podendo ao longo dos
tempos, desmotivar o profissional, estagnando seu crescimento na profissão.
Os pacientes, em todas as áreas da fisioterapia, são os mais distintos
possíveis. O fisioterapeuta atende pessoas em várias faixas etárias, desde crianças
até gestantes, inclusive idosos com quadro de derrame e pessoas portadoras de
deficiência física e mental.
1.3 Pesquisas com egressos do curso
Após a formação, o profissional se confronta com diversas situações que
podem interferir no seu desempenho.
A qualidade do trabalho do fisioterapeuta pode enfrentar alguns desafios,
tendo em vista que o profissional precisa desenvolver seu trabalho, visando muitas
vezes à quantidade em razão de um tempo mínimo para atender muitas pessoas,
isso ocorre quando se atua no trabalho autônomo, pois de acordo com o
pensamento de Vilhena (2005), autônomo é o trabalhador que desenvolve sua
atividade com organização própria, iniciativa e discricionariedade, além da escolha
do lugar, do modo, do tempo e da forma de execução. Os trabalhadores autônomos
têm a vantagem de negociar mais livremente as relações de trabalho com o seu
público, como horários mais flexíveis e salários, mas, nem sempre sendo possível
atender aos interesses de ambos.
18
Para algumas pessoas uma das características que atraem para o trabalho
autônomo é que segundo Vilhena (2005), a sua independência é a principal forma
de atuação, não sendo subordinado a nenhum empregado.
Para profissionais recém-formados, o desafio de atuar como autônomo pode
parecer maior, devido ao fato de ainda não ser reconhecido pelo seu trabalho e
necessitar de diversos investimentos, porém dispõe de um capital intelectual mais
atualizado do que alguns profissionais que atuam há algum tempo, pelo motivo das
Instituições de Ensino, estarem sempre contando com profissionais atualizados e
competentes para transmitir esses ensinamentos, além, do mercado de trabalho
contar com outros tipos de profissionais, que após a sua formação deixam de
procurar novidades na área, pois não julgam necessários esses novos
conhecimentos, ou não consegue disponibilizar tempo para adquirir esses
conteúdos, podendo dificultar o crescimento desses profissionais, pois a todo o
momento aparecem novas técnicas e equipamentos modernos no qual necessitam
de algum treinamento ou aperfeiçoamento para serem manuseados.
19
CAPÍTULO II
O PROCESSO GRUPAL
2 CONTRIBUIÇÕES DA PERSPECTIVA SÓCIO-HISTÓRICA
Somos humanos e diferentes de outros animais, nascemos frágeis e
absolutamente dependentes, não sobrevivemos sem os cuidados do outro; somos
seres gregários, complexos, um ser social que numa configuração de múltiplos
fenômenos, e de uma forma singular se expressa e se localiza em espaços e tempos
históricos.
De acordo com Vygotsky (1991), o homem por meio de sua cultura é
considerado um ser social e socializável, obstando da sua vida vivendo
isoladamente, pois é necessário que ele estabeleça relações com outros seres a fim
de formalizar a constituição de um objeto, para desenvolver sua condição de ser vivo
no pertencimento grupal da civilização.
Para melhor compreensão deste fenômeno psicológico e do registro de
interpretações do processo de humanização do homem, precisa ser considerada a
dimensão de aspectos éticos, crenças religiosas, afetividade, racionalidade e
subjetividade que faz da realidade e das experiências vividas ações concretas sem
dissociá-la do mundo social e cultural. Pensando-se na abordagem sócia histórica,
como tradição da psicologia, bem como de suas contribuições acerca da constituição
social do homem e de seu inerente e inevitável desenvolvimento histórico, verificou-
se ser um aporte teórico importante para desenvolver um diálogo com a Psicanálise.
Afinal, no contexto social no qual ele se insere, encontram-se as suas possibilidades,
limites e os mecanismos para a compreensão dessas exigências, enquanto
possibilidade de crítica e transformação em suas manifestações concretas e
históricas.
De acordo com Vygotsky (1991), a abordagem Sócio Histórica é a relação do
homem com o mundo, mediada pelos instrumentos e símbolos, desenvolvidos
culturalmente, possibilitando o sujeito cognoscente perceber a realidade histórica,
assimilando de forma criativa e inventiva os contornos biopsicofísicos e
socioculturais. Assim, o sujeito que se constrói nas relações sociais, e nestas,
20
constrói a base no qual incorpora e apreende as significações do mundo vivido.
Neste sentido, Oliveira afirma que “o ser humano poderá significar e ressignificar a
sua cultura, estabelecendo relações processuais que conduzam a situações de
aprendizagem desafiadoras das verdades constituídas”. (1992, p. 60).
De acordo com Santos (1999) a subjetividade humana estrutura-se por meio
dessa complexa relação, que é conseqüência daquilo que nos caracteriza enquanto
sujeitos únicos, ou seja, a nossa história de vida, influenciando e condicionando a
forma como outorgamos sentido aos processos relacionais. A subjetividade humana,
portanto, é um produto não apenas da história individual, mas, também, da história
coletiva do homem, de sua cultura, e esta história é um elemento que influencia a
construção de sentido no processo comunicativo, e passa pelo levantamento dos
complexos individuais, das temáticas dominantes da consciência coletivas nas quais
o sujeito está inserido, pois é somente no sujeito que as outras mediações se
efetivam. Por meio desta abordagem teórica pode-se apreender que os indivíduos
em ação, ao estarem localizados num contexto histórico e social, estão imbricados
dos significados formadores do contexto, não recebem ou não internalizam de forma
passiva e estática as representações ou o conhecimento. Pelo contrário,
estabelecem uma relação interativa com os constituintes culturais e naturais,
inventando linguagens e instrumentos, direcionando o pensamento e a ação para
situações e contextos históricos e sociais reinventados.
Assim, como a história individual determina as estruturas da subjetividade
humana, também a história coletiva de um povo, à cultura por meio de estruturas
sociais, é um elemento constitutivo do psiquismo, e cada época histórica agrega
uma nova camada no psiquismo.
Entende-se por meio dos pensamentos de Rey (2003) que, o sujeito, sem
esta relação, é apenas um sujeito biológico não elaborando o mundo exterior, pois o
sentido não se constitui como um ato individual, mas se dá por meio das relações
com uma comunidade interpretativa. É absolutamente necessário que tenhamos
que construir nossa autonomia, e esta será sempre mediada por uma dialética entre
o nós e os outros, primeiro com a família e sucessivamente com a incorporação de
outros na nossa relação de convivência, e dessa forma vamos criando um estilo
próprio, uma personalidade, a subjetividade que nos fazem únicos, enfim, aquilo que
denominamos eu, portanto, somente poderemos ser eu, se algum dia nos permitiram
ser nós.
21
Como se pode observar, os autores Vigotsky (1991) e Rey (2003) evidenciam
a participação dos aspectos sociais e culturais na constituição da subjetividade,
avançam no sentido de ampliar os horizontes das antigas concepções psicológicas,
que centravam seu foco apenas na vida intrapsíquica evidenciando a influência dos
aspectos sociais na constituição do psiquismo.
Em questão da contemporaneidade Rey (2003) ressalta sobre o resgate da
humanidade do homem, o que só poderá ser feita na medida em que se
compreender que o homem além de determinado pode ser também determinante.
Parece ser importante ressaltar esta construção, para que possamos melhor
compreender as variadas formas de que o homem se utiliza para o enfrentamento de
suas demandas e angústias, nessa interdependência entre o biológico e o subjetivo.
2.1 O desenvolvimento do psiquismo e o processo inter-relacional: Contribuições da
Psicanálise
O sujeito tem o desenvolvimento do seu psiquismo a partir do momento em
que ele se conhece como ser humano, sabe-se que isso começa no bebê, na
relação com sua mãe, sendo que ele ainda não se reconhece como um indivíduo e
sim como continuidade da mãe, formando a relação conhecida como mãe-bebê. Por
essa razão podemos falar que um bebê não pode existir sozinho.
(...) “um bebê não pode ser pensado sem a presença de alguém que lhe exerça a função de mãe e sem um ambiente, por esta última criado, onde possa evoluir e desenvolver seu potencial de crescimento e amadurecimento”. (COUTINHO, 1997, p. 98).
O bebê não se conhece como ser pensante, depende da mãe para todas as
suas tarefas, precisa que ela esteja capaz de atendê-lo prontamente em relação as
suas necessidades.
“A noção de vínculo também abrange a tarefa de promover a satisfação das
necessidades afetivas da criança”. (ZIMERMAN, 2004, p. 22)
A dependência do bebê em relação da mãe e a amamentação é uma forma
de construir um registro do ser, ou seja, é uma visão do mundo do bebê. Desde o
inicio podemos falar que o ego do bebê é fraco, sendo acolhido pelo ego da mãe.
“(...) construindo um registro de continuidade de um ser que é mantido, respeitado, não invadido. Não ser invadido significa ser compreendido a partir do que poderíamos chamar de visão do bebê, o que é possível pela adaptação ativa do meio ambiente”. (GUIMARÃES, 2008. pg. 29).
22
Segundo Winnicott (2008), ao falar do sentimento da mãe, este caracteriza-se
como intenso e incondicional, vivido na gestação e no parto, podemos falar de
preocupação maternal primária, cuja verdadeira fusão emocional da mãe com o
bebê, dá à ideia de quase uma doença, na qual a mãe poderia ser considerada uma
esquizóide se não estivesse grávida. A inter-relação do ser humano, portanto, está
baseada na convivência com o outro.
2.2 A Psicanálise e o conceito de Vínculo
O vínculo do ser humano é formado na sua primeira relação com outro ser.
Ou seja, o vínculo se constitui na relação entre a mãe e seu bebê, ou, o bebê e seu
cuidador ou cuidadora. Winnicott (2008) destaca que a palavra mãe é a pessoa
quem melhor realiza a tarefa de cuidar do bebê e a primeira a possibilitar a formação
de um vínculo afetivo.
De acordo com Rivière (2000, p.11), o conceito de vínculo está associado a
“uma estrutura dinâmica e contínuo movimento, que engloba tanto o sujeito quanto o
objeto, tendo esta estrutura características consideradas normais e alterações
interpretadas como patológicas”. Desse modo, vínculo pode ser entendido como
uma gestalt – uma totalidade que integra a relação humana que se dá em constante
processo de evolução.
O exemplo de constituição vincular pode ser tomado da relação filial-materna.
Essa é a primeira e mais significativa relação que acontece entre a mãe e o bebê, é
por meio da amamentação, tornando esse fato muito importante na construção dos
vínculos afetivos.
Nesse contexto infere-se que “todo o processo físico funciona precisamente
porque a relação emocional se está desenvolvendo naturalmente”. (WINNICOTT,
2008, p. 33).
Quanto à formação de vínculo, verifica-se que a amamentação exerce
importante papel. Não se trata de um ato mecânico, mas sim de um verdadeiro
encontro, pois a forma como a mãe se relaciona com o bebê constrói, nessa fase, a
mais profunda forma de amor e de contato, transmitindo por meio dessa relação,
segurança e tranquilidade necessárias a um organismo ainda vulnerável e imaturo.
23
Após essa primeira relação, se bem sucedida, o bebê, relaciona-se com o pai,
outras crianças e finalmente com a sociedade, de uma forma mais natural e regular,
fazendo com que esse caminho seja percorrido com uma sequência de etapas a
serem concluídas.
Sob a perspectiva winnicottiana pode-se entender que no fenômeno da
constituição de vínculos, parte-se de estágios mais primitivos, para os de maior
complexidade o que permite a vivência e o aprofundamento dos afetos nos
relacionamentos interpessoais. (WINNICOTT, 2008)
O bebê, aproximadamente aos nove meses de vida começa as brincadeiras
de atirar todo o objeto que estiver em suas mãos, esperando que um adulto o
apanhe, essa brincadeira do bebê mostra que ele pode estar apto para se desfazer
de algumas coisas, se a relação imposta pela amamentação foi bem elaborada, o
bebê terá a capacidade de fazer um desmame tranquilo, demonstrando segundo
Winnicott (2008) a capacidade do bebê de evoluir seus vínculos até então bem
estabelecidos. Isso demonstra que a amamentação gerou ao bebê experiências
suficiente para encarar essas situações.
O conceito de vínculo aparece com muita frequência nos textos de psicologia,
porém, observa-se uma diversidade de sentidos com o qual este é nomeado.
É necessário compreender conceito de vínculo para compreender como
acontece a sua ruptura entre os sujeitos, Zimerman (2004) destaca que:
O termo “vínculo” tem sua origem no étimo latino vinculum, que significa, uma atadura, uma união duradora (...) também o conceito de “vínculo” alude alguma forma de ligação entre as duas partes que a um mesmo tempo, estão unidas e inseparáveis, apesar de que elas apareçam claramente delimitadas entre si. (p.398)
O vínculo aparece em todas as relações dos seres humanos, sejam elas
pessoais ou sociais isto acontece devido a necessidade de todo sujeito em construir
vínculos e assim constituir-se a partir dessas relações. Retomando-se os conceitos
de Rivière, observa-se:
O vínculo é sempre um vínculo social, mesmo sendo com uma só pessoa; através da relação com essa pessoa repete-se uma história de vínculos determinados em tempo e em espaços (...) Na relação com o objeto está implicada toda personalidade, com seu aparelho psíquico, com suas estruturas, com dois instintos básicos descritos por Freud: a libido e a agressão, Eros e Tanatos. É uma relação estabelecidas com o outrora de uma maneira particular. As características dessa estrutura de relação de objeto adquirem nesse momento, e, nesse sujeito, certa diferenciação, configurando um vínculo
24
pessoal que pode ser diferente com o outro, ou com os outros e também com as coisas (1998, p.31).
No estudante universitário o vínculo aparece como algo que o liga a sua
relação pessoal, para seus colegas de sala, em que posteriormente será
transformado em uma relação profissional, devido a necessidade de estarem
atuando entre si.
Por meio de estudos realizados por Bion para classificar os tipos de vínculos,
Zimerman (2004) evidencia os quatros primordiais tipos: o amor, o ódio, o
conhecimento e o reconhecimento, os três primeiros para estabelecer as relações do
emocional com o intelectual.
O vínculo do amor ocorre quando o sujeito idealiza determinada pessoa ou
objeto, ocasionando a esse vínculo a necessidade de, a todo o momento ter a posse
do requerido objeto. No vínculo instituído pelo ódio, pressupõe-se das mesmas
cargas energéticas do vínculo do amor, mas em forma de ódio, esse é caracterizado
como difícil de desvincular-se, pois o que alimenta a relação é o ódio. No vínculo do
conhecimento e do reconhecimento o indivíduo requer a confiança, pois retém de
um conhecimento do objeto o qual disponibiliza boas condições de relação.
Pôde-se observar no estudante universitário os quatro primordiais tipos de
vínculos, isso acontece, pois em sua maioria, o sujeito começa a estudar por
idealizar uma determinada área, por tudo que se empenhou a conhecer sobre ela,
transformando ao longo do curso seus sentimentos em amor pela área, já outros
podem entrar em um curso e perceber ao longo do tempo que aquele determinado
curso não é o que ele imaginava, gerando muitas vezes o sentimento de ódio,
muitas vezes por serem obrigados pelos seus genitores a concluir o curso devido ao
tempo e dinheiro investido tornando aquele curso difícil de ser concretizado. Quando
se ingressa no curso escolhido por vontade própria, origina ao estudante
universitário a gana de conhecimento pela área escolhida, tornando tudo o que ele
descobre fascinante e mágico, gerando posteriormente o último dos tipos de vínculo,
que é o reconhecimento, pois após dedicar-se anos de estudos, esperam-se que o
profissional seja reconhecido por todo o empenhou realizado até a sua formação.
25
2.3 Os processos de luto e a reparação
Alguns dos processos vividos pelos estudantes universitários é o luto vivido,
devido ao desligamento com a Instituição de Ensino, no caso a faculdade, e de todo
o aparato e base dada pelos professores da Instituição. O luto mal elaborado pode
gerar ao estudante universitário, sentimentos com o qual ele terá dificuldade em lidar
ao ingressar no mercado de trabalho, pois dificilmente conseguirão desvincular-se
de hábitos exercidos como estudante, dificultando seu processo de amadurecimento
na profissão, já o luto bem elaborado, gera condições ao estudante para atuar na
profissão com maior desenvoltura e facilidade ajudando-o na tomada de decisão e
posicionamento.
Para melhor entendimento sobre os processos de perda ou rupturas de
vínculo ao longo da vida precisam-se diferenciar primeiramente os sentimentos que
agem nesses estados emocionais. O luto e a melancolia, por exemplo, não são
coincidentes, como explica Freud (2006, p.250) “o luto, entendido como uma
constelação de reações psíquicas, consciente e inconscientes, há uma perda da
libido antes investida no objeto amado, porém a perturbação da auto estima está
ausente”. Por outro lado, o processo de melancolia também envolve a perda, mas
provoca outro resultado. Destaca Freud: “(...) na melancolia não há necessariamente
uma morte e sim uma perda inconsciente do objeto de amor, levando o ego a um
estado de pobreza da libido (...) dessa forma uma perda objetal se transformou na
perda do ego (...)” (2006, p. 255).
O luto com base em estudos de Freud (2006) é caracterizado como um
processo lento e doloroso, que ressalta uma tristeza profunda, gerando um
afastamento de qualquer atividade que não esteja ligada a pensamentos sobre o
objeto perdido, essa perda de interesse do mundo externo acarreta na dificuldade de
substituir um novo objeto de amor.
Entretanto, a melancolia classificada por Freud (2006), pressupõe em uma
“psiconeurose narcísica” duradoura, diferentemente do luto que indica o sofrimento
da perda como transitório na vida do sujeito. É fato que o ser humano tem
dificuldade para em lidar com a perda, principalmente de algo duradouro e longo,
pois causa um processo de dor que não se consegue explicar.
Sanders (1999, p. 3) relata-a da seguinte forma: "A dor de uma perda é tão impossivelmente dolorosa, tão semelhante ao pânico, que têm que ser
26
inventadas maneiras para se defender contra a investida emocional do sofrimento. Existe um medo de que se uma pessoa alguma vez se entregar totalmente à dor, ela será devastada - como que por um maremoto enorme - para nunca mais emergir para estados emocionais comuns outra vez."
Considerando-se tais aspectos, pode-se apontar com base na Psicanálise,
mais precisamente em Freud (2006) que o luto encontra melhor condição para uma
reparação, pois propicia a substituição de um objeto perdido por outro, condições
essas que não se repetem na melancolia, pois a vivência da perda não é facilmente
elaborada, pois danifica as condições do ego no sentido de percepção da realidade.
Tais aspectos vêm de encontro com os processos de perdas sofridos pelos
discentes em fisioterapia, devido ao modo de encerramento de alguns sentimentos
com o passar do curso.
27
CAPÍTULO III
METODOLOGIA
3 ASPECTOS METODOLÓGICOS
Esta pesquisa é de natureza qualitativa, tendo-se adotado o modelo
exploratório e descritivo. Teve por objetivo a identificação das concepções dos
discentes de graduação em Fisioterapia, frente ao término do curso. Nesse universo
destacaram-se os sentimentos, as expectativas e os desafios enfrentados pelos
entrevistados. Essa particularidade do estudo requereu o emprego de uma
metodologia qualitativa, pois segundo Minayo (1996) é mais complexo captar os
sentimentos e as emoções em procedimentos metodológicos estatísticos no qual se
prestam a quantificação.
O paradigma descritivo utilizado teve como objetivo a descrição do objeto aqui
explicitado, utilizando-se a entrevista semi-estruturada.
De acordo com Gil (2008), as pesquisas descritivas possuem como objetivo a
identificação das características de uma população, de um fenômeno ou de uma
experiência e tem por finalidade observar, registrar e analisar os objetos de estudo.
A pesquisa descritiva é utilizada por vários pesquisadores. Assim, tais
“pesquisas são, juntamente com as exploratórias, as que habitualmente realizam os
pesquisadores sociais preocupados com a atuação prática”. (GIL, 2008, p.28).
Segundo Gil (2008) a pesquisa exploratória também é utilizada para realizar
um estudo de um objeto antes não estudado ou que nada se conhece a seu respeito
e que dê a possibilidade de ser explorado. Além disso, tem como principal finalidade
desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, tendo em vista a formulação
de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudo posteriores.
Pesquisadores que se dedicam a temas pouco escolhidos ou difíceis utilizam
a pesquisa exploratória como um princípio norteador para se abrir discussão sobre
temas pouco explorados ou de maior complexidade que não seriam facilmente
estudados por uma vertente quantitativa.
Pesquisas exploratórias são desenvolvidas com o objetivo de proporcionar visão geral, de tipo aproximativo, acerca de determinado fato. Este tipo de
28
pesquisa é realizado especialmente quando o tema escolhido é pouco explorado e torna-se difícil sobre ele formular hipóteses precisas e operacionalizáveis. . (GIL, 2008, p.27)
De acordo com Gil (2008), a pesquisa exploratória por ser bastante
específica, quase sempre assume a forma de um estudo de caso.
O ciclo de pesquisa, segundo Minayo (1994), compõe-se de três momentos:
fase exploratória da pesquisa, trabalho de campo e tratamento do material.
O referido processo inicia-se com a fase exploratória da pesquisa, na qual
consiste, segundo Minayo (2000) em:
(...) compreender a etapa de escolha do tópico de investigação, de delimitação do problema, de definição do objeto e dos objetivos, de construção do marco teórico conceitual, dos instrumentos de coleta de dados e da exploração do campo. (p. 89)
De acordo com Minayo (2000) e ainda tratando deste processo, a interação
entre o sujeito de pesquisa e o pesquisador para a realização do trabalho de campo
é de essencial valor para o bom andamento da pesquisa, além disso, e referente à
análise dos dados obtidos, pode-se encontrar alguns obstáculos a ser superados,
devidos os relatos obter sentimentos, impossíveis de serem quantificadas.
Após o delineamento do projeto de pesquisa e a aprovação do projeto pelo
comitê de ética, realizou-se as entrevistas com os participantes para a coleta de
dados.
3.1 Instrumentos de Coleta de Dados
Na primeira etapa de coleta de dados, após ter submetido o projeto de
pesquisa à apreciação ética, pelo Comitê de Ética e Pesquisa – CEP do
Unisalesiano de Araçatuba e devidamente aprovado, sob o parecer número 764.481,
datado em 25/08/2014, atendendo a Resolução do Conselho Nacional 466/2012,
Anexo B, que dispõe sobre a pesquisa com seres humanos, entrou-se em contato
com a Professora e Coordenadora do curso de Fisioterapia, com o objetivo de expor-
lhe os objetivos da pesquisa, bem como solicitar a autorização para convidar os
alunos do último ano de graduação para participarem das entrevistas.
Ao contar com o apoio e autorização da referida coordenadora, explicou-se a
ela acerca dos critérios estabelecidos para a seleção dos prováveis alunos que
atendiam ao perfil apresentado inicialmente, a saber: - cursar o último ano de
29
graduação em Fisioterapia, - não ter dependências em disciplinas, o que faria o
curso se estender em 06 meses ou mais, e não assinar o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido – TCLE, Anexo A, após o concorde e a apresentação dos
critérios, foi encaminhado aos discentes o convite para a participação da pesquisa e
o local onde foram realizadas as entrevistas.
O local da seleção dos participantes e aplicação das entrevistas deu-se no
Centro Universitário Católico Unisalesiano de Lins, sendo este, o local em que os
sujeitos da pesquisa cursam Fisioterapia.
Respeitando os aspectos éticos da pesquisa em saúde, aplicou-se as
entrevistas junto aos discentes que aceitaram participar da pesquisa. Por meio de
um contato direito com os alunos, realizou-se uma breve apresentação dos objetivos
do estudo e dos critérios de inclusão na pesquisa. Concluída a seleção solicitou-se a
assinatura do Termo de Consentimento de Livre e Esclarecido – TCLE, deixando
claro aos estudantes que estes poderiam a qualquer momento interromper a
participação, caso sentissem algum desconforto.
Após a exposição dos critérios gerais, observou que os entrevistados estavam
um tanto receosos em participar do estudo. No entanto após um processo de maior
esclarecimento e aceite de um primeiro participante, outros alunos concordaram em
conceder as entrevistas.
As entrevistas ocorreram conforme a disponibilidade dos sujeitos, e foram
realizadas individualmente, por meio de questões norteadoras, sendo possível
captar os sentimentos e as expectativas nas falas apresentadas.
Para a condução das entrevistas utilizou-se um roteiro semiestruturado,
Apêndice “A”, para levantar os aspectos afetivoemociais pertinentes ao fenômeno
estudado, por meio da decomposição das características dos sentimentos
apontados, como: expectativas, medos, angústia, desafio – frente ao término do
curso.
A entrevista semi-estruturada mostrou-se pertinente ao objeto de investigação
aqui eleito, pois permitiu a expressão mais livre de sentimentos e emoções
vivenciados pelos estudantes universitários, o que seria difícil de captar em um
questionário fechado.
Na entrevista semi-estruturada, a resposta não está condicionada a uma padronização de alternativas formuladas pelo pesquisador como ocorre na entrevista com dinâmica rígida. Geralmente, a entrevista semi-estruturada esta focalizada em um objetivo sobre o qual confeccionamos um roteiro com
30
perguntas principais, complementadas por outras questões inerentes as circunstâncias momentâneas à entrevista. O uso do gravador é comum a este tipo de entrevista. É mais adequada quando desejamos que as informações coletadas sejam fruto de associações que o entrevistado faz, emergindo, assim, de forma mais livre. (MANZINI, 1990/1991, p.154).
As entrevistas foram áudio-gravadas com um aparelho celular da marca
Samsung S4 e posteriormente transcritas, garantindo-se a fidedignidade dos relatos
apresentados. No momento de sua aplicação ratificou-se a condição de segurança e
o anonimato dos entrevistados.
O material obtido foi ouvido diversas vezes para assim realizar a etapa de
transcrição e textualização. Efetuou-se de modo cuidadoso e atento a audição e
transcrição do material obtido. Nesse sentido, não se desprezou os erros de
linguagem, as repetições, as falas inaudíveis e, possíveis contradições no discurso,
bem como as questões apresentadas pelos entrevistadores.
Segundo Minayo (2010) os registros, devem ser fidedignos ao relato, e se
possível “ao pé da letra”, todos os registros devem ser realizados em sua integridade
e com consentimento dos interlocutores.
A entrevista foi construída por um roteiro no qual se abordou as seguintes
questões:
1- Como foi a sua escolha em relação ao curso?
2- Quais as suas expectativas quanto a sua inserção no mercado de
trabalho?
3- Como você avalia o aprendizado recebido no curso e as necessidades do
mercado de trabalho? Você acredita que seu aprendizado o(a) qualifica para o
mercado de trabalho?
4- Durante os anos de graduação você sentiu necessidade de realizar alguma
mudança?
5- Em algum momento pensou em mudar de curso? Fale sobre tal
experiência.
6- Como e onde pretende trabalhar depois de formado? Você pretende
trabalhar por conta própria ou em alguma Instituição?
7- Como se sente nessa fase final do curso?
8– Quais são as expectativas dos seus familiares em relação à sua
formatura? O que você pensa sobre isso?
9- Na fase final do curso como a Instituição poderia auxiliar o(a) aluno(a)?
31
Após a realização das entrevistas agradeceu-se aos discentes, tendo sido
colocada a clínica de Psicologia à disposição, caso algum entrevistado tivesse
sentido algum desconforto.
3.2 Sujeitos da pesquisa
Foram sujeitos desta pesquisa estudantes universitários do curso de
Fisioterapia do Centro Universitário Católico Unisalesiano de Lins, os quais se
encontram no último termo do curso de graduação e estavam aptos para os critérios
de inclusão - subtítulo 3.1 – Instrumento de Coleta de Dados.
Para a utilização dos relatos dos sujeitos entrevistados, os seus nomes foram
trocados por nomes fictícios, a fim de garantir o anonimato. Foram entrevistados seis
estudantes universitários, nomeados seguindo a ordem da realização de suas
entrevistas, como segue no Quadro 1.
Quadro 1: Dados dos discentes, sujeito de pesquisa.
Ordem da Entrevista Nome
Entrevistado 1 Maria
Entrevistado 2 João
Entrevistado 3 José
Entrevistado 4 Clara
Entrevistado 5 Júlia
Entrevistado 6 Flávia
FONTE: DIAS e MAIMONE, 2014
3.3 Métodos de Análise dos dados
A técnica utilizada nesta pesquisa é a de análise de conteúdo, proposta por
Bardin (1977), onde revela que a análise de conteúdo é um conjunto de técnicas,
que possui diferentes maneiras para se analisar, como: análise de avaliação ou
representacional; análise de expressão; análise de enunciação e análise temática.
Para analisar um conteúdo obtido é necessário descobrir o seu sentido,
segundo Gil:
32
A análise tem como objetivo organizar e sumariar os dados de tal forma que possibilitem o fornecimento de respostas ao problema proposto para investigação. Já a interpretação tem como objetivo a procura do sentido mais amplo das respostas, o que é feito mediante sua ligação a outros conhecimentos anteriormente obtidos. (1999, p. 168)
Após o processo de organização dos dados coletados de acordo com os
princípios da análise qualitativa de Minayo (2007) e a análise do conteúdo obtido por
meio das técnicas de análise de Bardin (1977), aprofundou-se o estudo dividindo-o
em três etapas: pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados,
inferência e interpretação.
A fase de pré-análise segundo Bardin (1977) consiste em organizar as ideias
iniciais de modo sistemático, a fim de conduzir um esquema preciso de
desenvolvimento da pesquisa. Para a exploração do material, retomamos a hipótese
e os objetivos do estudo, e foram segundo os apontamentos de Minayo (2007)
elaboradas categorias para orientação da interpretação final.
No que se aventa em tratamento de resultados, foi utilizado às técnicas de
interpretação utilizando do embasamento psicanalítico para a identificação dos
dados obtidos.
No que se trata da hipótese do estudo, trabalhou-se em razão da intensidade
das relações afetivas durante a graduação, os estudantes universitários podem
sentir-se inseguros e desconfortáveis emocionalmente tendo em vista que não tem
certeza da permanência das relações afetivas após o término do curso, tal
desconforto pode ser potencializado em razão das pressões familiares e sociais
concernente ao futuro exercício profissional.
33
CAPÍTULO IV
ANÁLISE DOS CONTEÚDOS
4 PROCESSO DE TRATAMENTO DOS RELATOS
Elegendo-se algumas categorias de análise foi possível identificar e analisar
os temas mais significativos que emergiram dos dados. Para esta análise foi
necessário organizar todo o conteúdo das entrevistas transcritas, para assim
posteriormente analisá-las. Os dados levaram à necessidade de retomada da
hipótese, na qual se pressupunha que a expectativa de atuação profissional por
parte dos egressos do curso de fisioterapia poderia trazer sentimentos de angústia e
ou desafios.
Esse processo foi obtido com base nos apontamentos de Minayo (1994), no
qual salienta a fase de análise de dados na pesquisa, que consiste em três
finalidades: estabelecer uma compreensão dos dados coletados, confirmar ou não
os pressupostos da pesquisa e responder as questões levantadas.
Após a leitura atenta e reflexiva do material das entrevistas pode-se pensar 5
categorias que contribuem para a compreensão dos afetos e expectativas de
estudantes de fisioterapia no momento do término do curso, para assim depois
confirmar ou não os pressupostos da pesquisa e responder aos objetivos nas
considerações finais do trabalho. Seguem as categorias observadas:
4.1 Amor e idealização pelo curso
A escolha do curso foi um aspecto de destaque no momento da entrevista.
Nas falas dos discentes identificou-se que a motivação pela área deu-se por um
afeto idealizado que perdurou durante a graduação. Essa idealização, mesmo
alimentada por períodos longos foi estabelecida por meio de diferentes formas, na
fala de Maria, como podemos observar a seguir, encontramos que sua relação pela
área aconteceu após um grave acidente no qual resultou por sua reabilitação, após
esse acontecimento seu amor pela Fisioterapia foi se enraizando:
34
Me apaixonei tanto pela área que naquele ano 2001 foi meu último ano
que fiz balé, e desde então, desde meus 10 anos de idade eu quero ser
fisioterapeuta. (MARIA)
Em outra fala, identificou-se um amor pela profissão influenciado pela avó. Ela
formada em Fisioterapia, apresentou ao entrevistado seus primeiros conhecimentos
da área, após ingressar no curso o entrevistado manteve-se nessa graduação e
conseguiu perceber o real sentimento que o levou a permanecer na área escolhida.
Segue o relato de José:
(...) minha avó tinha feito fisioterapia há muito tempo eu sempre tava
acompanhando, só que eu não tinha certeza ainda que... se era isso que
eu queria. Aí eu entrei mais pra conhecer. Se não desse, não fosse isso,
eu saio. Não entrei querendo muito assim, sabe? Achei bonito, achei
legal, vamos ver se é isso mesmo. Aí entrei e é isso mesmo. (JOSÉ)
Identificaram-se por meio destes relatos, afetos estabelecidos em diferentes
momentos da vida de cada entrevistado, em um dos relatos, a influência de um
familiar na área de Fisioterapia direcionou seu olhar para um foco que até então não
havia percebido. Após o ingresso no curso, a idealização de se formar e de imaginar
a concretização do sonho profissional, mostrou-se como fonte de motivação para o
enfrentamento dos desafios que os anos de graduação impôs.
4.2 Entre o ideal e o real: os desafios para permanecer no curso
Ao entrar no curso os discentes passam por diversas dificuldades para
identificar o que é real e o que é o ideal, o real é caracterizado por toda a
necessidade que a grade de disciplinas do curso solicita para a formação de um
profissional, já o ideal é caracterizado pelas fantasias e sonhos que o discente
podem ter antes de cursar alguma disciplina.
Em uma das falas de Maria pôde-se identificar que no começo do curso ela
estava desiludida pelo que estava encontrando, devido à ênfase nas disciplinas
teóricas. Sua paixão pelo curso ocorreu em razão de um acidente sofrido durante a
infância, sendo que em suas lembranças a Fisioterapia era uma área que ajudava o
35
paciente recuperar seus movimentos, porém, ao iniciar o curso se deparou com
disciplinas teóricas que perduraram até o fim do terceiro ano. Tal realidade causou-
lhe uma frustração com a realidade vivida, pois em sua consciência a teoria
representava um papel significativo, mas sem a atividade prática ficava difícil de
sustentar a realidade. A seguir a experiência de Maria:
(...) porque quando eu me apaixonei pela fisioterapia, eu me apaixonei
pela pratica ai se pensa, meu vou ficar os 5 anos só na sala de aula, só
aprendendo, só aprendendo, só, e até o terceiro ano é isso, é só na sala
de aula, só matéria, prova, e a maldita prova escrita... então assim, até o
terceiro ano, eu tinha uma necessidade muito grande, eu pensei, eu vou
abandonar, vo abandonar porque, eu só vejo teoria, só vejo teoria, eu
num num presenciava prática, e hoje eu digo, eu agradeço a Deus de não
ter parado, porque, o professor fala, precisa da teoria, mas na realidade,
seja tanto, um universitário, na vida, o que te ensina lá fora, a teoria e a
prática muda bastante coisa, nem sempre o que ta na cartilha que o
professor te passam são os reais acontecimentos que você vai viver lá
fora, então assim, querendo ou não aqui na clinica é paciente todo dia,
cada paciente com um prognostico com um diagnostico, que não é
detalhado muitas vezes com o que você aprendeu na teoria, que nem
sempre o paciente vai saber te indicar, direitinho conforme você viu lá
atrás, então assim, se você virar pra mim hoje, você tinha, você mudaria
mesmo assim, não, eu continuaria na fisio e é a fisio que eu quero.
(MARIA)
Em outro caso um dos entrevistados relatou o medo do que poderia acontecer
após o término do curso, pois ele não teria mais o apoio do professor, o que o
deixaria com receio em atuar sozinho, pois ressaltou que o curso era apenas um
começo para atuar na área necessitando de uma base. Além dos colegas que estão
se formando, saturando a profissão.
Em outro momento José ressalta o medo quanto ao futuro e a sensação de
perda do amparo dos professores do curso. Nesse sentido, destaca:
36
É um medo. Um medo que a gente tem. A gente não sabe o que espera a
gente, não sabe como são as pessoas lá fora. Será que é assim? Quais
serão os desafios que eu vou enfrentar? Não sei...
(...) Em relação a tudo... A trabalhar sozinho... Quem são meus
concorrentes? É... Na verdade eu tenho medo por mim. (JOSÉ)
Outro medo dos entrevistados é de ser não conseguir se firmar no mercado
de trabalho, pois, com o fim da graduação pode-se perder espaço, caso não se
consiga colocação imediata, tendo em vista a concorrência de outros profissionais
mais qualificados. Júlia assim se expressa:
Espero conseguir trabalhar eu não escolhi bem a área assim, mas eu
espero conseguir entrar, porque eu tenho medo de se eu não entrar agora
desistir depois de ser fisio, tipo não conseguir ser fisio agora e não querer,
mas tenho medo minha expectativa é sair fazer especialização e entrar no
mercado de trabalho. (JÚLIA)
Pode-se observar também nas falas de Júlia e Flávia como seguem:
As aulas práticas e o estágio no último ano. No quarto ano pensei em
parar, entre as férias e estágio eu pensei em para, ai eu falei não, vou
fazer o estágio, vou ver como é. No meu primeiro paciente que descobri
que era isso, ai eu fiquei, foi a pratica que me motivou a continuar...
(JÚLIA)
Não um atendimento a prática como um tudo depois que a gente começa
fazer estágio agente vê aquilo que viu na teoria, e começa sentir mais
gosto pela coisa, posso contribuir de verdade, posso fazer aquilo, aquilo
outro que vai ter resultado. (FLÁVIA)
Em falas que ressaltam as articulações entre teoria e prática mostrando-se
como motivadoras durante o período de graduação. É curioso observar que na fase
em que há predominância de teoria se constata um grau de frustração, porém,
quando se vê na iminência de terem maiores experiências prática, com o término da
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graduação, também se instala um quadro de desconforto, ocasionando aos
discentes conflitos a serem tratados.
4.3 Mudanças ocorridas durante a graduação
Os entrevistados relataram que ao longo do curso apresentaram mudanças
comportamentais. Conforme já destacado, no início da graduação mantinham uma
acentuada idealização acerca da profissão, com posterior diminuição da motivação
quando se viram na obrigação de dar contar dos conteúdos teóricos das disciplinas.
Em outro momento, ressaltaram que o contato com os pacientes se tornou fator de
grande motivação para a permanência no curso. Tais contatos propiciaram
amadurecimento emocional e aprendizagem dos limites individuais, uma vez que a
capacidade empática para lidar com os pacientes tornou-se condição indispensável.
Seguem as falas que caracterizam esse processo de mudança:
Sim eu acho (mudei). Nossa e muito como profissional lidar com pessoas,
é difícil, e lidar com pessoas doentes mais ainda, exige mudança
(comportamento) tem que ser mais centrada, deixando de ser uma
pessoa mais espalhafatosa. (CLARA)
Acho que mais (mudança) minha, como comportamento, não de ser
grossa, mas eu sou muito tímida.
Chegar em um paciente pra entender até que ponto eu posso contribuir
para ele, quando eu não posso mais interferir, demorei um pouco pra
raciocinar, agente quer abraçar tudo, não só atender o paciente, tem que
abraçar tudo não e só a lesão que ele tem é um todo, tipo eu posso
contribuir mais como fisioterapeuta. (FLÁVIA)
Os conteúdos das falas acima indicam que o processo de mudança ocorre no
processo interpessoal, no qual a dimensão do outro, do doente, torna-se um
elemento que exige mudança nas características pessoais que, se por um momento,
serviu para despertá-lo para a profissão, como jovialidade, energia e papel mais
ativo, no exercício profissional outras habilidades são requeridas, haja vista o
imaginário e as repercussões sociais que incidem sobre uma determinada profissão.
38
Ou seja, aos profissionais de saúde, a necessidade de acolhimento, de
entendimento dos afetos dos pacientes entre outras, são mais requeridas, por
exemplo, do que uma profissão que se dedique a uma área tecnológica ou
administrativa, onde não se precisa lidar com essas necessidades diretamente.
4.4 Mercado de trabalho – projeções sobre o futuro
Observou-se a dificuldade do estudante universitário em lidar com o novo,
com o desafio em se portar no mercado de trabalho, pois em tal condição se vê sem
o apoio de professores e supervisores, que estiveram ao seu lado durante a
graduação, ajudando-os a adquirir estabilidade e manter sonhos de uma profissão.
José exemplifica esse sentimento:
Ah.. a gente tem confiança, angústia, receio... e agora? E agora acabou.
Querendo ou não a gente não tá mais protegido. Querendo ou não a
gente tá protegido aqui. É uma alegria que agora ta acabando uma fase
da nossa vida, mas é um misto de... não sei explicar. (JOSÉ)
O depoimento de José revela um forte sentimento de perda, experimentado
pelo recém formado. Clara, porém, demonstra maior otimismo com o término do
curso, porém, diz estar preparada para assumir qualquer área de atuação da
fisioterapia sem a necessidade de ser a mais adequada ou de maior afinidade para a
entrevistada. Para ela isso deve ao fato da necessidade de aproveitar a
oportunidade de crescimento profissional. Esse é um aspecto interessante, pois se
de um lado pode indicar maior flexibilidade, por outro pode indicar certa resignação
do recém-formado que se vê na obrigação de aceitar o que lhe aparecer com medo
de desemprego, sem que seja estimulado a pensar de modo mais reflexivo sobre a
oportunidade de emprego.
(...) então espero que eu consiga um emprego na área que eu gosto, no
começo o que vier é lucro.
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(...) só por Deus, fico ansiosa pra acabar e ansiosa por que vai acabar
também não vou estar mais nesta correria, nesta rotina um pouco de
vontade de abraçar o mundo e soltar, vai dar saudades. (CLARA)
(...) muito insegura, não sei se eu vou conseguir trabalhar, meu Deus sair
da faculdade, to segura aqui, sai daqui eu me pergunto o que vou fazer,
tem dia que eu choro de muita emoção, fico desesperada ai eu penso vai
dar certo, fico insegura e indecisa. (JÚLIA)
A experiência relatada por Júlia denota sentimentos ambivalentes, que
revelam ao mesmo tempo euforia, como sensação de desespero. Nesse aspecto
não podemos inferir necessariamente um grau de patologia, mas tal quadro requer
melhor atenção, no sentido de que exige a necessidade de maior aprofundamento,
cabendo identificar se tal ansiedade pode prejudicar o profissional em início de
carreira e como enfrentar tal aspecto de modo oferecer melhor contenção para esse
aspecto emocional.
4.5 Atendimento das expectativas familiares – outro desafio no início da carreira
Outro sentimento vivenciado é o da necessidade de atendimento das
expectativas familiares frente ao término da graduação, a grande reclamação dos
entrevistados se relacionou a cobrança imposta pelos familiares de ingresso
imediato no mercado de trabalho, fato esse fonte de angústia e estresse aos
entrevistados uma vez que contraditoriamente lhes gera sentimentos de impotência.
Jose exemplifica esse momento:
Ah sim, porque eu sou filho único, só tem eu. Então tem, eu sinto mesmo,
minha mãe fala, “formou, acabou. Agora tem que trabalhar”. (JOSÉ)
Feliz e com receio, porque é muito expectativa sobre a gente, ah tá se
formando, será que eu vou dar conta de suprir tudo o que é esperado de
mim?!
(...) Cobra, acha que tenho que ser a top, mas não é bem assim,
profissional bem sucedido, eu falo calma mãe e só o primeiro passo tem
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muito pela frente. Mas acho que ela lida bem com isso, sou filha única,
então já viu a queridinha, não vê os pontos negativos, acho que dá pra
suprir!
A expectativa é essa, terminar a faculdade e começar a trabalhar, ela não
entende que o mercado de trabalho é concorridíssimo, que graduação é
um passo simples de tudo, não entende, acha que fez a faculdade já é
assim. (FLÁVIA)
4.6 Análise dos Resultados
Os dados levantados revelam que os estudantes enfrentam sentimentos de
insegurança frente ao término do curso em fisioterapia, pois se veem em alguns
casos sem condições de atuarem sozinhos, isso ocorre quando se deparam com
acontecimentos ainda não vistos no curso, sendo visto como natural esse
sentimento.
Nesse momento de encerramento da graduação são mobilizados sentimentos
de perda para o estudante, devido às transformações ocorridas nesse período,
porém, tal sentimento se mostra com possibilidade de reparação como proposto por
Freud (2006), em decorrência das possíveis oportunidades de trabalho, nas quais os
estudantes estarão de frente com o ingresso na profissão.
Verificou-se que o momento do ingresso no curso de graduação e no
momento do término do curso, há uma tendência em acentuar alguns sentimentos,
pois, junto com as expectativas familiares quanto ao sucesso profissional, os
discentes sentem potencializado o sentimento de perda e desamparo, perante a
necessidade de agradar sua família.
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PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
Por meio desta pesquisa pôde-se perceber que os afetos e expectativas
sentidos pelos discentes de Fisioterapia ocasionaram a eles algumas dificuldades.
Nesse sentido verificou-se que tanto o momento de entrada no curso como o
momento da saída são momentos especiais, requerendo maior atenção das
instituições de ensino. A necessidade de acolhimento se possível nesse momento,
poderia minimizar tais dificuldades. Ações específicas nesse sentido poderiam ser
adotadas internamente no próprio curso de fisioterapia, bem como por cursos de
outras áreas, tais como o de psicologia ou serviço social, auxiliando, por exemplo, os
estudantes por meios de ações psicoterapêuticas ou de colocação profissional.
O compartilhamento de experiências em atividades, tais como os de feiras de
profissões podem ajudar significativamente os candidatos que ingressam no curso
de fisioterapia, além disso, o contato com os profissionais que já ingressaram no
mercado de trabalho podem propiciar significativas contribuições aos concluintes da
graduação.
Como desdobramento dessa pesquisa, pretende-se organizar uma estratégia
para a devolutiva dos dados aos sujeitos que participaram da pesquisa, sendo esta
feita de acordo com a disponibilidade de ambas as partes.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa aqui apresentada retratou os afetos e as expectativas dos
discentes do curso de Fisioterapia. Por meio de um olhar crítico, enfatizou-se a
importância e a necessidade de maior atenção ao momento do encerramento do
curso de graduação, tendo em vista que acentua sentimentos de perda e
insegurança que podem repercutir negativamente no início de carreira.
Os dados permitem compreender que os estudantes entrevistados apesar da
insegurança, mostram-se entusiasmados com a possibilidade da conquista de
independência e autonomia que podem ser gerados com o ingresso no mercado de
trabalho. O apoio familiar é evidente, muito embora revele certa ambiguidade em
razão da necessidade da apresentação de resultados de sucesso ou de ingresso no
mercado de trabalho em prazo reduzido.
Sendo assim esta pesquisa nos capacitou a compreender que os sentimentos
demonstrados pelos discentes de Fisioterapia são parecidos com a hipótese
levantada nesse trabalho. Tal constatação confirma a tese de que o término do
curso pode ser potencializado por meio de sentimentos intensos de medo e
insegurança, além de gerar expectativas na inserção no mercado de trabalho.
43
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45
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APÊNDICES
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APÊNDICE A
Roteiro de Entrevista
ROTEIRO DE ENTREVISTA
Pesquisa: AFETOS E EXPECTATIVAS DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS DO CURSO DE
FISIOTERAPIA FRENTE AO TÉRMINO DA GRADUAÇÃO
Data:
_______/________/2014.
Local Entrevista:
____________________________
Nº Entrevista:
_______
I – Dados de Identificação:
Nome: _______________________________________________________________
Estado Civil: ( ) casado(a) ( ) solteiro(a) ( ) viúvo(a) ( ) outro (a)
Idade: ________ Sexo: ( ) masculino ( ) feminino
II – Informações sobre os afetos e as expectativas quanto ao término do curso de
Fisioterapia.
1- Como foi a sua escolha em relação ao curso? 2- Quais as suas expectativas quanto a sua inserção no mercado de trabalho? 3- Como você avalia o aprendizado recebido no curso e as necessidades do mercado de trabalho? Você acredita que seu aprendizado o(a) qualifica para o mercado de trabalho? 4- Durante os anos de graduação você sentiu necessidade de realizar alguma mudança? 5- Em algum momento pensou em mudar de curso? Fale sobre tal experiência. 6- Como e onde pretende trabalhar depois de formado? Você pretende trabalhar por conta própria ou em alguma Instituição? 7- Como se sente nessa fase final do curso? 8– Quais são as expectativas dos seus familiares em relação à sua formatura? O que você pensa sobre isso? 9- Na fase final do curso como o Unisalesiano poderia auxiliar o(a) aluno(a)?
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ANEXOS
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ANEXO A
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ANEXO B
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