Aleni Falando Sobre Surdez No Braasil

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  • No Brasil, oficialmente, a educao dos surdos se inicia em 1857 com

    a fundao do Instituto Nacional de Surdos-mudos, no Rio de Janeiro (INSM),

    que atualmente se chama Instituto Nacional de Educao de Surdos (INES).

    Neste momento histrico, a educao voltada para os surdos era atravs de

    sinais, chama de LS, ou seja, Lngua de Sinais. Porm, alguns anos anteriores,

    um deputado de nome Cornlio Ferreira, j havia feito um projeto de lei que

    criava o cargo de professor para surdos-mudos e cegos, no entanto, seu

    projeto no foi aprovado.

    Acredita-se que a educao de surdos no Brasil finalmente veio a

    concretizar-se pelo fato da prpria filha do imperador Pedro II, a princesa

    Isabel, ter um filho surdo e seu prprio marido o DEu ser parcialmente surdo.

    Isto, talvez, influenciou crucialmente a fundao em 1855 de um instituto

    chamado de Imperial Instituto dos Surdos Mudos (IISM). Instituto este voltado

    para a educao de surdos no pas.

    Desta forma, com a criao do IISM, veio para o Brasil, um professor

    francs surdo de nome Ernest Huet que utilizava a Lngua de Sinais (LS) no

    processo de ensino. Por isso que a Lngua Brasileira de Sinais (Libras) tem

    influncia da Lngua de Sinais francesa.

    O mtodo de trabalhar a Lngua de Sinais na educao de surdos no

    Brasil foi utilizado durante dcadas. Porm, em 1911, foi introduzido um novo

    mtodo chamado de Oralismo. Anos depois, em 1970, foi introduzido outro,

    denominado de Comunicao Total. E uma dcada aps esta ltima, a

    educao de surdos no Brasil conheceu o Bilinguismo.

    A primeira metodologia, ou seja, a corrente filosfica oralista, surgiu

    para substituir a Lngua de Sinais (LS), utilizada no Brasil at ento. Este

    mtodo constitua-se na tentativa de reabilitar a pessoa surda. Ou seja, atravs

    do estmulo auditivo, tentava fazer com que o surdo usasse a lngua oral e

    esquecesse a de sinais. Para isto, nas aulas o aluno surdo era obrigado a

    sentar-se sobre as mos para que no tentasse utiliz-las na tentativa de

    comunicar-se. Assim, este mtodo tratava-se mais de um modelo clnico-

    teraputico do que pedaggico.

    O segundo mtodo, a Comunicao Total, diferente do primeiro, no

    tinha por objetivo substituir o modelo anterior, mas de somar-se a ele. Assim,

    sua viso era pluralista, ou seja, objetivava as vrias formas e possibilidades

  • do processo ensino-aprendizagem na educao dos alunos surdos, inclusive, a

    prpria lngua de sinais (LS). No entanto, no tinha esta ltima como lngua

    prioritria dos surdos e desta forma utilizava tanto o mtodo da fala (oral) como

    o de sinais (LS). Por isso, ao associar, simultaneamente, dois mtodos

    diferentes: a oral e a de sinais, os alunos encontravam uma barreira que os

    retardavam no processo de ensino-aprendizagem.

    No entanto, na dcada seguinte, em 1980, aps a ltima corrente

    filosfica, ou seja, a Comunicao Total; surge o mtodo conhecido por

    Bilinguismo. Este modelo, finalmente, passou a valorizar a lngua de sinais (LS)

    e a tornou como a primeira lngua dos surdos, a L1. E a lngua (escrita)

    majoritria, ou seja, a lngua predominante dos ouvintes com quem estes

    surdos convivem, passou a ser chamada para estes de L2, isto , a segunda

    lngua. O portugus (escrito) um exemplo desta lngua para os surdos que

    nasceram e vivem no Brasil. Enquanto que a primeira lngua para estes a

    Lngua Brasileira de Sinais (Libras).

    Esta metodologia importante para o aluno surdo, pois por meio dela,

    ele mantm sua prpria identidade e cultura e ao mesmo instante no precisa

    se afastar da metodologia educacional ouvinte. Desta forma, tanto a

    comunidade surda como a ouvinte consegue melhor se relacionar e ter ampla

    interatividade sem que nenhuma precise se isolar uma da outra.

    Pode-se abordar ainda outra metodologia de educao para surdos a

    chamada Pedagogia Surda. Neste modelo, h uma preocupao maior quanto

    identidade e cultura surda, pois ela tem a ideia de que o aluno surdo tem que

    ser submetido ao processo de ensino-aprendizagem por meio de um professor

    que tambm seja surdo. Assim, acredita-se que o aluno se sentir mais incluso

    no processo educacional.

    Porm, a incluso do aluno surdo na educao vai alm de

    metodologias educacionais. Obviamente que elas so de extrema importncia,

    pois uma boa prtica parte de uma boa teoria, porm necessrio mais

    investimento por parte dos governos federal, estadual e municipal. A incluso

    do aluno surdo de fato acontece quando h aes mais concretas que vo

    alm do papel. Ou seja, quando ele ver escolas com melhores estruturas para

    trabalhar com alunos surdos, professores capacitados que dominem a lngua

    brasileira de sinais (Libras), etc. para que desta forma o aluno surdo possa ter

  • acesso aos currculos escolares como os alunos ouvintes. Claro que para se

    chegar a esse ponto ainda h uma longa jornada. Porm, cada um tem que

    fazer a sua parte como pessoas cientes de que todos, inclusive as minorias do

    nosso pas, tm direito a dignidade humana e a educao de qualidade a viver

    em sociedade tendo seus direitos respeitados.

    E para fazer jus aos direitos das pessoas surdas brasileiras foi criada a

    Lei n 10.436 de 24 de abril de 2002, que reconhece a lngua brasileira de

    sinais como meio legal de comunicao e expresso dos surdos. Ela assegura

    que os mesmos tenham sua prpria lngua reconhecida, o que os tornam iguais

    aos demais cidados. Assim, a comunidade surda do Brasil ganhou mais um

    incentivo bastante significativo para a construo da sua prpria identidade e

    cultura. Outro fator bastante importante que possibilita que as autoridades

    polticas possam beneficiar a comunidade surda, por meio de vias legais, com

    polticas pblicas voltadas para melhorar a qualidade de vida dos surdos no

    meio social.