Angelus 14 de Novembro de 2010 - Bento XVI - agricultura, resposta para crise económica

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  • 8/8/2019 Angelus 14 de Novembro de 2010 - Bento XVI - agricultura, resposta para crise econmica

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    Bento XVI: agricultura, resposta para crise econmicaHoje, antes da orao do Angelus

    CIDADE DO VATICANO, domingo, 14 de Novembro de 2010 (ZENIT.org) Apresentamos, a seguir, as palavras que o Papa Bento XVI pronunciou hoje, ao introduzira orao mariana do Angelus com os peregrinos reunidos na Praa de So Pedro.

    * * *Queridos irmos e irms:

    Na segunda leitura da liturgia de hoje, o apstolo Paulo sublinha a importncia do trabalhopara a vida do homem. Este aspecto tambm recordado pelo "Dia de Aco de Graas"que se comemora tradicionalmente na Itlia neste segundo domingo de Novembro, comoagradecimento a Deus no trmino da estao das colheitas. Ainda que em outras reasgeogrficas os tempos de cultivo sejam naturalmente diferentes, hoje eu gostaria deaproveitar a oportunidade das palavras de So Paulo para umas reflexes, em particularsobre o trabalho agrcola.

    A crise econmica actual, sobre a qual se tratou tambm nestes dias na reunio dochamado G20, deve ser concebida em toda a sua seriedade; esta tem numerosas causas

    e exige uma reviso profunda do modelo de desenvolvimento econmico global (cf.encclica Caritas in veritate, 21). um sintoma agudo que se somou a outros tambmgraves e j bem conhecidos, como o perdurar do desequilbrio entre riqueza e pobreza, oescndalo da fome, a emergncia ecolgica e, actualmente, tambm geral, o problemadas greves. Neste quadro, parece decisivo um relanamento estratgico da agricultura. Defacto, o processo de industrializao s vezes ensombrou o sector agrcola, o qual, aindacontando com os benefcios dos conhecimentos e das tcnicas modernas, contudo,perdeu importncia, com notveis consequncias tambm no campo cultural. Este pareceser o momento para um convite a revalorizar a agricultura, no em sentido nostlgico, mascomo recurso indispensvel para o futuro.

    Na situao econmica actual, a tentao para as economias mais dinmicas a derecorrer a alianas vantajosas que, contudo, podem acabar sendo prejudiciais para osEstados mais pobres, prolongando situaes de pobreza extrema de massas de homens e

    mulheres e esgotando os recursos naturais da Terra, confiada por Deus Criador ao homem como diz o Gnesis para que a cultive e a proteja (cf. 2, 15). Alm disso, apesar dacrise, consta que nos pases de antiga industrializao, se incentivam estilos de vidamarcados por um consumo insustentvel, que tambm acabam por prejudicar o ambientee os pobres. necessrio dirigir-se, portanto, de forma verdadeiramente concertada, a umnovo equilbrio entre agricultura, indstria e servios, para que o desenvolvimento sejasustentvel, no falte po a ningum e para que o trabalho, o ar, a gua e os demaisrecursos primrios sejam preservados como bens universais (cf. Caritas in veritate, 27).

    Para isso, fundamental cultivar e difundir uma clara conscincia tica altura dosdesafios mais complexos do tempo presente; educar-se num consumo mais sbio eresponsvel; promover a responsabilidade pessoal junto dimenso social das actividadesrurais, fundadas em valores perenes, como o acolhimento, a solidariedade, a partilha do

    cansao no trabalho. Muitos jovens j escolheram este caminho; tambm muitoslicenciados voltam a dedicar-se empresa agrcola, sentindo responder assim nosomente a uma necessidade pessoal e familiar, mas tambm a um sinal dos tempos, auma sensibilidade concreta pelo bem comum.

    Oremos a Nossa Senhora, para que estas reflexes possam servir de estmulo comunidade internacional, enquanto elevamos a Deus a nossa aco de graas pelosfrutos da terra e do trabalho do homem.