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PERFIL DO USUÁRIO DE TRANSPORTE PÚBLICO NO PÓLO UNIVERSITÁRIO (CENTRÓIDE) UFMT Guido Günther CUIABÁ / MT MARÇO/2014 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE ARQUITETURA ENGENHARIA E TECNOLOGIA COORDENAÇÃO DE ENSINO DE ENGENHARIA CIVIL

Análise dos planos de pesquisa · 2019. 2. 18. · vc projeto de pesquisa coordenaÇÃo de ensino de engenharia civil perfil do usuÁrio de transporte pÚblico no pÓlo universitÁrio

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PROJETO DE PESQUISA

PERFIL DO USUÁRIO DE TRANSPORTE PÚBLICO NO PÓLO UNIVERSITÁRIO

(CENTRÓIDE) UFMT

Guido Günther

CUIABÁ / MT

MARÇO/2014

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE ARQUITETURA ENGENHARIA E TECNOLOGIA

COORDENAÇÃO DE ENSINO DE ENGENHARIA CIVIL

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GUIDO GÜNTHER

PERFIL DO USUÁRIO DE TRANSPORTE PÚBLICO NO PÓLO UNIVERSITÁRIO

(CENTRÓIDE) UFMT

Trabalho de Graduação submetido ao Corpo Docente da Faculdade de Arquitetura, Engenharia e Tecnologia da UFMT como requisito parcial para obtenção do titulo de Bacharel em Engenharia Civil.

CUIABÁ / MT MARÇO/2014

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Resumo do Trabalho de Graduação submetido ao corpo docente da FAET/UFMT

como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil.

PERFIL DO USUÁRIO DE TRANSPORTE PÚBLICO NO PÓLO UNIVERSITÁRIO

(CENTRÓIDE) UFMT

Guido Günther

Março/2014

Orientador: Sergio Luis Morais Magalhães,

Departamento: Engenharia Civil

Este trabalho procura traçar o perfil socioeconômico dos usuários do serviço de

transporte coletivo dentro do Campus da Universidade Federal de Mato Grosso.

Paralelamente à avaliação socioeconômica também foi avaliado a qualidade dos

serviços oferecidos. De acordo com os resultados da pesquisa socioeconômica

verificou-se que a maioria dos usuários do transporte é do sexo masculino, com

idade média entre 17 e 23 anos, com formação escolar superior incompleto ou 3º

grau incompleto, renda média de R$ 1.020,00 à R$2.550,00. O estado de

conservação dos pontos de ônibus foi considerado “regular” por 55% dos usuários e

o estado de conservação dos veículos do transporte coletivo foi considerado

“regular” por 38% dos usuários.

Palavras chave: 1.Transporte coletivo

2. Perfil do usuário

3. Pesquisa qualitativa

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Abstract of the monograph submitted to the Graduate Faculty of FAET/UFMT as

partial requirement for obtaining the degree of Bachelor in Civil Engineering

USER PROFILE OF PUBLIC TRANSPORT IN UNIVERSITY POLE (CENTROID)

UFMT

Guido Günther

March/2014

Advisor: Sergio Luis Moraes Magalhães

Department: Civil Engineering

This paper attempts to trace the socio-economic profile of the users of public

transportation service within the campus of the Universidade Federal de Mato Grosso.

At the same time of the socio-economic assessment, the quality of services offered

was also rated. According to the results of the socioeconomic survey it was

ascertained that the majority of users of transportation sector is male, with age

between 17 and 23 years with college education complete or incomplete and

average income from R$ 1,020.00 to R$ 2,550.00. The bus stops condition was

considered regular by 55% of users and preservation of vehicles of public transport

was considered regular by 38% of users.

Key-words 1. Public Passenger Transportation

2. User Profile

3. Qualitative Research

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Integração de Políticas Urbanas e de Transporte........................................4

Figura 2 - Método de avaliação do impacto causado por um pólo gerador de

viagens.......................................................................................................................18

Figura 3 - Modelo quatroetapas.................................................................................19

Figura 4 - Ciclo do transporte.....................................................................................22

Figura 5 - Modelos de distribuição de viagens...........................................................23

Figura 6 - Vista da malha viária da UFMT..................................................................22

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Identificação por sexo dos entrevistados.................................................25

Gráfico 2 – Faixa etária dos entrevistados.................................................................26

Gráfico 3 – Renda mensal da família.........................................................................26

Gráfico 3 – Escolaridade dos entrevistados...............................................................27

Gráfico 4 – Estado de conservação dos pontos de ônibus........................................27

Gráfico 5 – Estado de conservação do transporte público.........................................28

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Sumário

CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO ..................................................................................... 9

CAPÍTULO II - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................... 11

2.1 PLANEJAMENTO DE TRANSPORTE ................................................................ 11

2.2. TRANSPORTE INDIVIDUAL E COLETIVO. ...................................................... 13

2.3 QUALIDADE DO TRANSPORTE PÚBLICO ....................................................... 14

2.4 ZONA DE TRÁFEGO .......................................................................................... 16

2.5 PÓLO DE GERAÇÃO DE VIAGEM ..................................................................... 16

2.6 FLUXO DE TRÁFEGO ........................................................................................ 18

2.7 MODELO DE PLANEJAMENTO 4 ETAPAS ....................................................... 19

2.8 OFERTA E DEMANDA........................................................................................ 20

2.9 DISTRIBUIÇÃO DE VIAGENS ............................................................................ 22

2.10 DIVISÃO MODAL .............................................................................................. 23

2.11 ALOCAÇÃO DE FLUXO DE TRÁFEGO ........................................................... 24

2.13 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO (UFMT) ............................... 25

CAPÍTULO III – MÉTODO ........................................................................................ 29

3.1 CÁLCULO DO PERFIL SÓCIOECONÔMICO ..................................................... 29

3.2 A COLETA DE DADOS COMO INSTRUMENTO DE MUDANÇAS .................... 31

3.3 PESQUISA DE AVALIAÇÃO ............................................................................... 32

3.4 PESQUISA QUALITATIVA-QUANTITATIVA ....................................................... 32

CAPÍTULO IV – ANÁLISES E INTERPRETAÇÕES ................................................ 33

4.1 CARACTERIZAÇÃO DO PERFIL SOCIOECONOMICO..................................... 33

V - CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES.............................................................. 37

IV- REFERÊNCIAS ................................................................................................... 39

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CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO

Neste trabalho de graduação será verificado o perfil socioeconômico dos usuários do

transporte público dentro do Campus Cuiabá da Universidade Federal de Mato Grosso –

UFMT, através de um questionário aplicado aos usuários que embarcam dentro do Campus,

as perguntas serão referentes à sua situação socioeconômica e da qualidade dos serviços

oferecidos.

As respostas foram obtidas através de uma pesquisa quantitativa nos pontos de ônibus e

seus entornos dentro da área do Campus. Paralelamente a pesquisa socioeconômica foi

avaliada a qualidade do transporte e dos pontos de ônibus com objetivo de oferecer mais

informações aos órgãos gestores para que futuramente possam programar melhorias que

visem atender as necessidades dos usuários.

Neste contexto, em decorrência do crescimento populacional, do processo de urbanização,

da criação de pólos municipais e posteriormente centroides agravada com o uso e

ocupação do solo desordenado acarreta numa ineficiência no sistema de transporte da

cidade, o qual deveria ser eficiente e seguro.

Essas adversidades ficam mais evidentes em pontos de grande geração de viagens

(centroide), tal como o Campus de Cuiabá da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT),

nele o número de transporte individual traz problemas tanto dentro do Campus como no seu

entorno, um número elevado de acidentes e excesso de carros no estacionamento, como

também para o trânsito da Avenida Fernando Corrêa da Costa.

Portanto, na busca de melhorar o sistema de transporte na região, este trabalho tem como

objetivo analisar o perfil socioeconômico do usuário de transporte dentro do Campus da

UFMT, além de avaliar os principais motivos que os fazem escolher pelo transporte tipo

utilizado. Sobretudo analisar o perfil socioeconômico e intelectual dos usuários do transporte

coletivo Campus.

Este trabalho se justifica por que os adensamentos dos estacionamentos cada vez mais

estão escassos. A pesquisa se faz necessária para testar a veracidade dessas hipóteses,

pois só a partir das respostas dos usuários que se pode propor maneiras mais precisas para

solucionar o problema do tráfego nas regiões, melhorar a acessibilidade e diminuir os danos

causados a sociedade pela utilização massiva de transporte individual.

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Em busca de uma resposta à questão socioeconômica dos usuários de transporte coletivo

dentro do Campus Universidade Federal de Mato Grosso pode-se elencar algumas

hipóteses, sendo elas:

a) Os questionários da pesquisa socioeconômica permitem traçar o perfil do

usuário?

b) Com a análise das respostas dos questionários é possível indicar melhorias na

qualidade do transporte público ofertado?

Além da introdução o trabalho final de graduação está estruturado em mais quatro

capítulos, que resumidamente tratam do seguinte:

o segundo capítulo - O planejamento de transporte subdividido em transporte

individual e coletivo, qualidade do transporte público, zona de tráfego, pólo de

geração de viagem, fluxo de tráfego, modelo de planejamento 4 etapas, oferta e

demanda, distribuição de viagens, divisão modal, alocação de fluxo de tráfego,

universidade federal de mato grosso;

O terceiro capítulo – O método, cálculo do perfil socioeconômico, coleta de dados

como instrumento de mudança, pesquisa de avaliação e pesquisa qualitativa-

quantitativa;

O quarto capítulo – Aferição do perfil socioeconômico onde são apresentados os

resultados da pesquisa aplicada dentro do Campus da Universidade Federal de Mato

Grosso destacando o perfil socioeconômico dos usuários e os indicadores de

qualidade dos serviços prestados a população;

O quinto capítulo – Conclusões e sugestões, apresenta um resumo conforme os

resultados da pesquisa, destacando o perfil-socioeconômico e aferição da qualidade

do serviço oferecido e as recomendações apresentadas tem como principal objetivo

fornecer sugestões para um melhor planejamento do setor de transporte coletivo e

ao mesmo tempo estimular a continuidade do estudo em questão, para num futuro

próximo proporcionar procedimentos mais eficientes.

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CAPÍTULO II - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 PLANEJAMENTO DE TRANSPORTE

Para assegurar a circulação de pessoas e mercadorias, bem como organizar os

sistemas de transportes, deve haver uma infraestrutura definida, que é feita através do

planejamento de transporte. Além desse planejamento também é necessária uma

regulamentação pública, até mesmo na tecnologia e no nível do serviço oferecido para a

organização dos sistemas de transportes.

Esse planejamento possui alguns fundamentos como a análise do desenvolvimento

da demanda, para que o sistema consiga atender a necessidade e monitoramento das

operações fornecidas para que as modificações e investimentos sejam feitos na medida

necessária, observando também as prioridades.

Em (1979) Bruton baseou o planejamento de transportes em hipóteses e princípios

como, por exemplo, padrões de viagens, que são tangíveis, estáveis e previsíveis e

demanda por movimento, que se relacionam diretamente com a distribuição e intensidade

de uso do solo.

Bruton também verificou algumas hipóteses fundamentais como: (i) os modos de

transporte não podem ser considerados isoladamente, devendo ter um relacionamento entre

todos eles; (ii) o desenvolvimento de uma área é influenciado pelo sistema de transporte da

mesma forma com que a serve; (iii) a situação de transporte deve ser considerada

amplamente nas áreas de urbanização contínua; (iv) o estudo de transporte não pode ser

considerado isoladamente, pois faz parte do processo geral do planejamento; (v) é

necessária a atualização, a confirmação do aperfeiçoamento, pois o processo de

planejamento dos transportes deve ser contínuo.

Em (2007), porém, Magalhães afirmou que o fundamento do transporte é a

possibilidade de poder proporcionar, em diversos níveis de sociedade, o acesso eficaz e

seguro para as atividades as quais o homem exerce.

Sendo assim o planejamento de transporte é um processo dinâmico, já que há

sempre a modificação das necessidades, metas e objetivos, que pode ocorrer devido ao

contexto histórico, inovações tecnológicas, interesses particulares e política governamental.

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Também podemos concluir que um dos objetivos do planejamento de transporte é a

redução de custos, tanto operacional como de capital, além da redução do tempo de

percurso, mas sempre tendo em vista o aumento da segurança.

Planejamento de transporte tem ligação com outros dois planejamentos: o urbano e o

da circulação, como se pode observar na figura 1.

a) Planejamento urbano está ligado ao plano diretor urbano, às leis de

zoneamento, ao código de obras, às redes de serviços públicos, ao

regulamento de pólos geradores e às operações urbanas. E decorrente de um

processo de ocupação desordenado, a maior parte das cidades brasileiras

cresceu a margem do planejamento urbano, com a população ocupando

áreas impróprias ao assentamento humano. Consequentemente, surgiram

arruamentos mal estruturados, sistemas de infraestrutura urbana ineficiente,

adensamento populacional inadequado, enchentes, congestionamentos,

poluição, entre outros problemas que interferem na qualidade de vida da

população principalmente dos usuários de transporte coletivo. O

planejamento é um estudo que serve para projetar a médio e longo prazo a

realização de tarefas de forma mais eficiente para atingir objetivos pré-

definidos, por pessoas ou organizações publicas. Desta forma considerando a

inter-relação entre planejamento urbano e transportes, é importante que haja

um planejamento racional das áreas urbanas, a qual deve se utilizar de

instrumentos e legislações .

b) Planejamento da circulação define como a estrutura viária será utilizada pelas

pessoas e veículos sendo subdividida em quatro atividades relacionadas: a

legislação, que define as regras de utilização das vias e calçadas (Código de

Trânsito); a engenharia de tráfego, que define o esquema de circulação; a

educação, que define o esquema de circulação; a educação que define como

as pessoas serão treinadas para usar o sistema viário; a fiscalização, que

controla o respeito as leis de trânsito.

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Figura 1: Integração de Políticas Urbanas e de Transporte.

Fonte: Rabbani, 2002

Em síntese, Hutchinson (1979) apud Magalhães(2007) afirma que o planejamento de

um sistema de transporte consiste em um conjunto de definições operacionais que

identificam as necessidades econômicas e sociais de uma coletividade. Portanto, o sistema

de transporte deverá satisfazer as necessidades desta coletividade, desempenhando a

função de produtor de serviços intermediários da forma mais adequada à sua operação

econômica.

2.2. TRANSPORTE INDIVIDUAL E COLETIVO

No transporte individual existe uma maior flexibilidade no horário de partida, na

escolha do caminho além de ser feito porta a porta, porém sua capacidade é pequena. O

transporte coletivo possui horários fixos, rotas definidas além de a viagem ser compartilhada

por um número maior de passageiros e as caminhadas até os ponto de acesso são maiores.

No Brasil segundo Ferraz e Torres (2004) optou-se pelo transporte rodoviário

acarretando aumento dos espaços urbanos destinados à circulação de veículos e as

consequências afetaram a comunidade, com: congestionamentos que provocam a queda da

velocidade na circulação de veículos, prejudicando o transporte coletivo que é realizado

junto ao trânsito geral; a poluição atmosférica aumenta causando a diminuição da qualidade

de vida dos seres humanos e de outras formas de vida; a necessidade de investimento de

recursos públicos para melhorar a infraestrutura viária, sendo que esse investimento poderia

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ser utilizado em outros setores de maior relevância social, como educação, saúde,

habitação, etc. O aumento na ocorrência de acidentes que causam mortes, lesões graves e

impede a população de levar uma vida normal, acarretando num grande ônus financeiro

para a sociedade com o diagnóstico e tratamento dos feridos, perda de dias de trabalho,

desvalorização dos veículos envolvidos em acidentes etc. O consumo de energia fóssil

derivada do petróleo compromete o desenvolvimento sustentável com o consumo

desordenado além de ser uma fonte de energia finita.

Oferecer um transporte público de qualidade é uma das soluções para diminuir o

número massivo de transporte particular, além de ser acessível para a população de baixa

renda e aos que não podem dirigir. Para a ANTP (1990) um transporte público de qualidade

inclui condições de segurança e conforto do veículo, os tempos despendidos nas viagens, a

facilidade de acesso além da conveniência. No dimensionamento do serviço de transporte

coletivo, nem todos os requisitos qualitativos podem ser considerados, mas é possível

intervir em fatores muito importantes para a qualidade do serviço prestado. Os critérios que

são mais levados em conta são: a qualidade dos veículos oferecidos, lotação do ônibus,

intervalo entre viagens, horários de partida e chegada que atendam a necessidade do

usuário além de um itinerário otimizado.

Deveríamos seguir os exemplos de outras cidades no mundo, onde o transporte

coletivo funciona bem e todos têm condições de utilizá-lo. Podemos dizer que um país rico é

aquele em que o rico ainda de ônibus, citando exemplos como o de que o Prefeito Boris

Johnson da capital Londres utiliza os serviços públicos para se locomover até a Prefeitura,

inclusive também seus vereadores (FOLHA DE SÃO PAULO, 2013)

2.3 QUALIDADE DO TRANSPORTE PÚBLICO

Para Ferraz e Torres (2004), qualidade do transporte público são todos os fatores

direta ou indiretamente envolvidos no sistema de transporte contemplando usuários,

comunidade, governo, trabalhadores do setor e empresários do ramo.

A qualidade do transporte público esta ligada a fatores bem delimitados onde a

eficiência, a qualidade dos serviços e a responsabilidade fazem parte da capacitação do

sistema.

Transporte coletivo de qualidade a um custo compatível com a renda do usuário é

um dos objetivos do governo em atender os interesses da comunidade. Para os usuários, o

objetivo é ter um transporte publico de qualidade a baixo custo, já os trabalhadores esperam

ter um bom ambiente de trabalho e motivação para realizar bem suas tarefas. Os

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empresários estão em busca do retorno financeiro, garantia da prestação de serviço por um

grande período, em consequência disso o reconhecimento por parte do governo e da

comunidade, esta última tem por obrigação incentivar o sistema de transporte publico,

porém tem direito de um transporte de baixa poluição sonora, visual e atmosférica assim

como a não degradação do espaço publico entre outros.

Segundo Santos (2005), os principais fatores para um sistema de transporte público

de qualidade são medidos pelo nível de qualidade do serviço, avaliado pelas reações dos

usuários, e são caracterizados pelos fatores listados abaixo:

a) Acessibilidade – é relacionada com as distâncias que os usuários caminham

quando utilizam o transporte coletivo, desde a origem da viagem até o ponto

de embarque e do ponto de desembarque até o destino final.

b) Tempo de viagem- é função da velocidade comercial dos ônibus e do traçado

das linhas.

c) Confiabilidade – é relacionada com o grau de certeza dos usuários de que o

ônibus sairá da origem e chegará ao destino no horário previsto,

considerando um atraso tolerável. A confiabilidade, portanto, engloba a

pontualidade.

d) Intervalo entre atendimentos – determina o intervalo de tempo entre

passagens consecutivas dos ônibus pelos pontos de parada, definido também

como headway na engenharia de trafego, tem grande relevância para os

passageiros que chegam aleatoriamente nos locais de embarque.

e) Lotação – é feita através da relação entre o número de passageiros no interior

do ônibus no trecho e período crítico e a capacidade. Este parâmetro, na

percepção do usuário, depende do período em que utilizam o sistema.

f) Características dos veículos – a tecnologia e o estado de conservação dos

ônibus são fatores determinantes do conforto dos passageiros durante as

viagens, no caso dos ônibus são especialmente relevantes: o número de

portas, a largura do corredor e o estado de conservação.

g) Facilidade de utilização - envolve os seguintes aspectos: sinalização dos

pontos de parada, existência de abrigo nos locais de maior demanda,

divulgação de horários e distribuição de mapas simplificados dos itinerários

das linhas com localização dos terminais, disponibilização por telefone, entre

outros.

h) Mobilidade – é caracterizado pelo grau de facilidade de locomoção das

pessoas de um local para outro da cidade, utilizando o transporte público.

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Importante salientar que na mobilidade deve-se considerar, além do

planejamento e distribuição das linhas pela cidade, aspectos relativos aos

passageiros, inclusive os portadores de necessidades especiais.

Nas palavras de Kawamoto (1987) apud Ferraz e Torres (2004): “ No entanto, a

satisfação de ter conseguido um nível maior de conforto e rapidez nas viagens durará pouco

tempo, pois o nível de aspiração está sempre além do nível alcançado. Assim, parece

bastante lógico estabelecer a hipótese de que a natureza hedonista do homem, associada à

aspiração, torna ilimitado o desejo de viajar de modo mais rápido e confortável...”

2.4 ZONA DE TRÁFEGO

A subdivisão da área do estudo e da região e seu entorno, em sub-regiões são

chamadas de zonas de tráfego segundo Santos (1997). Essa definição tem finalidade de

estabelecer a quantidade de fluxo gerado pelos movimentos básicos, a origem e destino dos

mesmos, para poder avaliar o desenvolvimento econômico e de uso do solo.

Para Rabbani (2002), a homogeneização das características de cada zona de tráfego

vem para facilitar e melhorar o grau de exatidão dos dados a serem coletados dentro da

região do estudo.

Centróide nada mais é que, um ponto de concentração de atividades de uma zona

de tráfego, onde se pressupõe que todas as viagens da zona são geradas ou atraídas.

2.5 PÓLO DE GERAÇÃO DE VIAGEM

Segundo Denatran (2001), os polos geradores de tráfego são empreendimentos de

grande porte que atraem ou produzem grande número de viagens, causando reflexos

negativos na circulação viária em seu entorno imediato e, em certos casos, prejudicando a

acessibilidade de toda a região, além de agravar as condições de segurança de veículos e

pedestres.

Os polos geradores de tráfego em sua grande maioria causam grandes impactos de

variadas proporções em seu entorno, dependendo das características do próprio

empreendimento, do tipo de usuário e do ambiente ao seu entorno, como estrutura viária e

uso do solo. Os principais impactos que ocorrem são: aumento da poluição atmosférica e

sonora; congestionamentos em pontos de sua área de influência; aumento de

estacionamentos irregulares; conflitos entre o tráfego de passagem de acesso ao polo

gerador de viagem, aumento nos acidentes de trânsito; dificuldades nas operações de

embarque e desembarque; dificuldade nas operações de carga e descarga. (Silva, 2006).

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Com o intuito de diminuir os impactos negativos que um polo gerador de tráfego

possa causar, o Código de Trânsito Brasileiro (CTB, 1998) diz que, nenhum projeto de

edificação que possa perturbar ou interromper a livre circulação de veículos e pedestres, ou

colocando em risco a segurança poderá ser aprovado sem prévia consulta do órgão com

circunscrição sobre a via, e sem que do projeto conste área para estacionamento e

indicações das vias de acesso adequadas.

Devido ao grande impacto nessas regiões de geração de viagens, um estudo para

dimensionamento adequado de estacionamentos e vias de acesso se faz necessário para

melhor aproveitamento e distribuição da infraestrutura viária local. Entretanto o fluxo do

tráfego depende do grau de desenvolvimento previsto para o uso e ocupação do solo, as

condições do sistema viário e a população ao redor.

Segundo o DENATRAN (2001), o estudo de impacto de um polo gerador de tráfego

pode ser desenvolvido seguindo dois planos distintos de análise, porém complementares,

sendo eles:

a) Análise do impacto sobre as vias de acesso e adjacentes ao empreendimento em

função das prováveis ocorrências de congestionamento e de pontos críticos de

circulação e segurança viária, pela redução ou esgotamento de sua capacidade de

tráfego e assimetria entre oferta e demanda de vagas de estacionamento.

b) Análise do projeto arquitetônico do empreendimento no que diz respeito as

características geométricas e de localização dos acessos, vias internas de circulação,

raios horizontais e declividades em rampas e acessos, bem como ao

dimensionamento, arranjo funcional e suficiência das vagas de estacionamento e de

carga e descarga de veículos, entre outros aspectos.

O método para avaliar os impactos desses polos apresentado por Pinto ET AL. é

representado na Figura 2 abaixo:

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Figura 2: Método de avaliação do impacto causado por um polo gerador de viagens. Fonte: Pinto ET AL.

Em síntese polos geradores de tráfego necessitam de um controle de implantação

por serem empreendimentos que geram grande fluxo de deslocamento, esse controle se faz

necessário para evitar prejuízos futuros.

2.6 FLUXO DE TRÁFEGO

Fluxo é definido na hidrodinâmica como a vazão de um fluído dentro de um duto. O

fluxo de tráfego, também chamado de volume de tráfego, é representado pela variável q. É

uma variável temporal e significa o número de veículos que cruzam uma determinada seção

de uma via considerada dentro de um dado intervalo de tempo. (SILVA, 2007)

Segundo Campos (1997), a concentração de veículos (densidade) e a velocidade

dos veículos são variáveis fundamentais relacionadas com o regime permanente ao fluxo de

um trecho de uma ligação viária. A variável densidade, o autor considera como número de

veículos numa faixa de comprimento unitário de uma rodovia num determinado instante de

tempo t, geralmente expressa em veículos por quilômetro. A velocidade cinemática de um

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fluxo de tráfego em regimente permanente é determinada com a relação entre a distância

percorrida pelos veículos na unidade de tempo, ou seja, quilômetros por hora.

2.7 MODELO DE PLANEJAMENTO 4 ETAPAS

O modelo sequencial de demanda ou também conhecido modelo quatro etapas , é

um procedimento clássico de planejamento de transportes de uma região, ele é aplicado

após uma coleta de dados sendo subdivididos em (Campos 1997):

a) Modelos de geração de viagens – determinam a quantidade de viagens geradas

(produzidas e atraídas) em cada zona de tráfego.

b) Modelos de distribuição de viagens – determinam a partir do total de viagens

geradas em cada zona, a distribuição das mesmas entre as demais zonas de tráfego,

chegando a uma matriz de origem e destino das viagens.

c) Modelos de divisão modal – definem a distribuição das viagens nos vários modos de

transporte. Modelos de alocação de fluxo - fazem a distribuição do fluxo de viagens

na rede de transportes. De forma mais simples esse modelo é apresentado na Figura

3:

Figura 3: Modelo quatro etapas

Fonte: Campos, 1997

As etapas anteriores à alocação de viagens são dependentes dos volumes do

sistema viário devido à existência de congestionamentos. Várias alternativas tem sido

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implementadas levando em conta o efeito congestionamento, com demanda fixa e variável

de viagem, (CARDOSO, 2006).

2.8 OFERTA E DEMANDA

Conforme as notas de aula da EESC/USP (1996), oferta quer dizer intenção de uma

ou mais pessoas físicas ou jurídicas, de colocarem alguma coisa a disposição de quem quer

que seja gratuitamente ou não. Sendo assim essa intenção pode ser mais forte ou mais

fraca, dependendo da situação em que se encontra o ofertante. Demanda é o desejo de

uma entidade (uma pessoa ou de um grupo de pessoas, físicas ou jurídicas) de locomover

alguma coisa (a si próprio, outras pessoas ou cargas), de um lugar para outro. Em

complementação, essa demanda pode estar relacionada a uma dada modalidade de

transporte ou a uma determinada rota.

A demanda de transporte deriva da necessidade de pessoas físicas ou jurídicas, de

trabalhar, estudar, fazer comprar ou transportar bens de consumo, pois raramente alguém

se locomove pelo prazer de locomover.

A necessidade de um projeto de transporte que beneficie a população atual ou futura,

torna indispensável a necessidade do conhecimento da demanda para assim fazer um

planejamento que identifique os potenciais deslocamentos de pessoas ou mercadorias num

determinado espaço físico, ajudando a estabelecer prioridades no atendimento e oferta de

transportes.

Para Campos (1997), a demanda está concentrada em grandes centros urbanos, em

períodos de horário de pico, uma solução para diminuir esses picos seria o horário de

trabalho flexível e escalonamento da jornada de trabalho, isso ocorre por que a demanda é

altamente qualitativa e diferenciada já que pode variar conforme a hora e o dia da semana.

Existem dois métodos de determinação da demanda: agregada e desagregada. A

diferença entre elas é pelo método de levantamento dos dados já que a agregada utiliza

dados como a renda nacional e o consumo global e a desagregada fazem observações que

referem ao indivíduo.

O conhecimento da geração de viagens de uma zona de tráfego é de suma

importância para a determinação do número de viagens futuras. Os modelos matemáticos

que auxiliam a essa previsão e que relacionam características de viagem com o meio

ambiente, segundo Bruton (1979), baseiam-se em três fatores: padrão de uso do solo e o

desenvolvimento da área de estudo; características socioeconômicas da população que se

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desloca na área de estudo; e a natureza, tamanho e capacidade do sistema de transporte

da área de estudo.

Para Rabbani (2002), os fatores que influenciam na geração de viagens são:

a) Intensidade do uso do solo – quanto mais desenvolvida uma zona de tráfego

maiores facilidades como escolas e supermercados vão surgir nela

diminuindo assim o número de viagens geradas dessa para outras zonas.

b) Características socioeconômicas – as características tais como: renda média,

densidade populacional, população economicamente ativa, grau de

motorização e composição das famílias, são elementos que influenciam

fortemente na geração de viagens. Como exemplo pode ser citado o fato de

quanto maior a renda ou investimentos na região maior a probabilidade de

que os ocupantes daquela região tenham condições financeiras de viajar.

c) Localização – a geração de viagens é influenciada pela localização de uma

zona de trafego em relação às áreas centrais, quanto mais afastadas do

centro menor a demanda.

d) Características dos sistemas de transporte – as zonas que dispõem de boas

condições de tráfego podem incentivar seus residentes a viajarem mais,

apresentando com isso, taxa de geração de viagens maiores do que zonas

com condições de tráfego inferiores.

O ciclo de transportes, Figura 4, expressa a iteração entre os fatores citados por

Rabbani (2002), após uma análise é possível constatar que um desequilíbrio da oferta e da

demanda pode ocasionar uma situação caótica dificultando o acesso e a mobilidade da

população. Entretanto a combinação harmônica entre demanda e oferta permite estimar o

fluxo real, o custo e o tempo de viagem entre origem e o destino.

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2.9 DISTRIBUIÇÃO DE VIAGENS

Cardoso (2006) afirma que a distribuição de viagens consiste em distribuir entre os

vários destinos, totais de viagens obtidos para cada zona na fase de geração. Segundo

Rabbani (2002), após estimada a quantidade de viagens atraídas ou geradas por uma zona,

é feita uma distribuição deste total de viagens entre as zonas de tráfego, que é feita sem

considerar o modal de transporte e a rota escolhida.

O objetivo nesta etapa do planejamento é sintetizar as ligações entre zonas de

tráfego, nas palavras de Campos (1997) é estimar o número de viagens entre pares de

zonas de tráfego, criando uma matriz O/D de viagens futuras a partir dos dados do ano base

e das projeções futuras de viagens produzidas e atraídas.

Figura 4: Ciclo do transporte Fonte: Campos, 1997

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A matriz origem-destino (O/D) está dividida em modelos diretos e indiretos onde se

subdividem em vários outros modelos; o modelo direto consiste em projetar as viagens

futuras entre as zonas sem considerar os resultados dos modelos de geração de viagens; e

o indireto em analisar a quantidade de viagens realizadas entre uma zona e todas as demais,

que se aproximem da estimativa de futuras viagens geradas por esta zona.

Dentre os modelos citados na figura 5, segundo Cardoso (2006), um dos modelos

mais usados é o modelo gravitacional, que é uma analogia com a lei da gravidade de

Newton, outros modelos convencionais são os de fator de crescimento. O princípio do

primeiro modelo é que o número de viagens entre duas zonas seja diretamente proporcional

ao produto das massas destas zonas e inversamente proporcional a “distância” entre as

mesmas, tais como: custo, tempo de viagem, inconveniência entre outros. Já o segundo é

baseado na suposição de que o padrão atual de viagem pode ser projetado no futuro,

usando-se valores previstos, da taxa zonal de crescimento (RABBANI, 2002).

Figura 5: Modelos de distribuição de viagens. Fonte: Campos, 1997

2.10 DIVISÃO MODAL

Também conhecida como distribuição de viagens, é realizada após a etapa da

geração de viagens, que visa fazer uma melhor distribuição entre os modais de transporte

os destinos das viagens de cada zona de tráfego.

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Para Rabbani (2002), a divisão equilibrada do número total de viagens de cargas ou

pessoas entre as várias modalidades de transporte é conhecida como fase do planejamento

de transporte.

A escolha pelo tipo de modal é baseada em uma divisão que estima o

comportamento dos usuários, através de variáveis como atratividade relativa traduzido em

tempo de viagem, custo de viagem e qualidade no nível de serviço relativo, sendo que cada

um de nós utiliza um modal dependendo do destino da viagem, e continuará utilizando o

mesmo caso não ocorra mudanças significativas no sistema (RABBANI, 2002)

Os modelos de distribuição de viagens são agrupados em dois modelos: fator de

crescimento e gravitacionais. A aplicação deste último considera a hipótese que o número

de viagens produzidas pela zona i e atraída pela zona j é proporcional:

a) Ao número de viagens produzidas pela zona i;

b) Ao número de viagens atraídas pela zona j; e

c) A uma função de impedância que relacione a separação espacial ou custo de viagem

entre as zonas de tráfego (CAMPOS, 1997).

Nas palavras de Ortúzar e Willumsen apud Cardoso (2006), o modelo gravitacional

baseia-se na suposição de que as viagens entre zonas são diretamente proporcionais à

geração de viagens das zonas e inversamente proporcional a uma função de separação

espacial entre elas (impedância, relacionada com o custo generalizado da viagem) e

pertence à categoria dos modelos sintéticos.

Já os modelos de fator de crescimento, considerados modelos convencionais,

utilizam um procedimento de ajuste baseado em uma matriz de viagens histórica anterior,

por isso exige a determinação preliminar de uma matriz de origem e destino das viagens no

ano base.

2.11 ALOCAÇÃO DE FLUXO DE TRÁFEGO

Segundo Rabbani (2002), alocação de viagens pode ser definida como um processo

pelo qual as viagens entre pares de zonas são atribuídas a um determinado sistema ou rede

de transporte, e é usada para estimar o volume nas várias ligações do sistema para um

determinado ano futuro ou para simular as condições atuais. O processo requer como dado

de entrada uma descrição completa do sistema de transporte existente e futuro, além de

uma matriz de viagens interzonais. O resultado do processo é uma estimativa do volume de

tráfego em cada ligação.

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Nessa fase do planejamento pretende-se avaliar a distribuição do fluxo de viagens

nos sistemas de transporte existentes e/ou em novas alternativas de transporte. A análise

pode ser feita para avaliar o movimento diário ou para a hora (ou período) de pico que

concentra de 10 a 20% das viagens diárias (Campos, 1997). Outros objetivos que podem

ser citadas nessa fase são: avaliar as deficiências atuais no sistema viário, apontar

prioridades de execução de obras viárias além de determinar volumes de tráfego ou de

passageiros para o projeto de diversos elementos do sistema.

Para Melo apud Rabbani (2002), a alocação está embasada que, parte dos usuários

faz a escolha de um determinado percurso, levando em conta alguns fatores como: distância

dos percursos, tempo de viagem, se o trajeto é pedagiado, limitações em relação à altura,

largura ou peso dos veículos, custo da viagem, composição de tráfego, existência ou não de

pontos de apoio ( posto de serviços, oficinas, hotéis, etc), além de uma variedade de

elementos subjetivos como preferências individuais.

Na visão de Rabbani (2002), um dos principais fatores presentes nos modelos de

alocação, é o tempo de viagem, por ser presente exclusivamente em quase todos os fatores

listados acima, e por ser relativamente fácil de ser encontrado.

A primeira técnica foi chamada de Técnica de Alocação Tudo ou Nada (Potts 1972

apud Hutchinson (1979) apud Papacostas (1987). Ela se baseia no conceito de que definida

a melhor rota (caminho mínimo) entre uma origem e um destino, todo fluxo passaria por esta

rota, independentemente da capacidade da mesma. Este conceito seria razoável para redes

com poucas opções de rotas, tendo ligações com alta capacidade e que os custos nestas

rotas fossem bastantes diferentes. Esta técnica, portanto servia apenas para dar uma visão

macro das distribuições do tráfego, principalmente quando se avaliava esta distribuição

incluindo várias O/D´s numa mesma região. Não é, no entanto, eficiente para uma análise

econômica e operacional de alternativas viáveis de transporte.

2.13 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO (UFMT)

A Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) é uma universidade pública federal

criada em 1970 e vinculada ao Ministério da Educação (Brasil), com campi em Cuiabá onde

se situa a atual sede, Rondonópolis, Pontal do Araguaia, Barra do Garças e Sinop no estado

de Mato Grosso, Brasil. As atividades de ensino, pesquisa e extensão estão concentradas

em 99 cursos de graduação (incluídas as habilitações) e 60 de especialização sustentada

em núcleos de investigação e extensão, onde mais de 34 000 estudantes realizam seus

estudos.

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A universidade foi criada em 10 de dezembro de 1970, pela Lei n° 5647, a partir da

fusão da Faculdade de Direito de Cuiabá (que foi criada em 1952) e do Instituto de Ciências

e Letras de Cuiabá. Nesse ano foram abertos os 11 primeiros cursos, oferecidos

no campus universitário, na região do Coxipó. Foram criados os primeiros centros e

iniciadas as obras de construção dos blocos.

Na década de 1980 é iniciado o processo de interiorização do ensino. São criados

os campi de Rondonópolis, do Médio Araguaia e de Sinop. Começa também a oferta de

turmas especiais de graduação e ensino à distância, em diversas cidades e polos

espalhados pelo estado, que não contavam até então com acesso ao ensino superior.

Durante a década de 1990 continuam os projetos de turmas especiais e graduação

parcelada em todos os estados, juntamente com a expansão significativa da oferta de

cursos de graduação nos campi. Em 2006 finalmente é consolidado o campus de Sinop,

com a criação de vários cursos de graduação, lá e também nos outros campi interioranos,

graças ao programa de expansão universitária do Governo Federal. No total, são 11 novos

cursos e 500 vagas abertas no segundo semestre, em vestibular extraordinário.

A UFMT tem 27 institutos e faculdades; o Hospital Universitário Júlio Müller, o

Hospital Veterinário; uma fazenda experimental (em Santo Antônio do Leverger); uma base

avançada de pesquisa no Pantanal (município de Poconé); estações meteorológicas

(Cuiabá e Rondonópolis); herbário; biotério, zoológico, ginásio de esportes, parque aquático,

museus e o único teatro com especificações técnicas exigidas para receber as diversas

modalidades de artes cênicas no Estado, todos em Cuiabá. Conta ainda com o maior

sistema de bibliotecas do Estado, somando mais de 300 mil volumes, sendo 200.908 na

Biblioteca Central em Cuiabá; 47.878 em Rondonópolis; 16.639 no Campus do Araguaia e

15.588 em Sinop.

Os outros três campi possuem área total parecida com a da cidade universitária

(cerca de 600 mil m² cada, a cidade tem 782 mil m²), mas, pela oferta menor de cursos e por

todos os edifícios administrativos estarem na sede, a área construída é bem menor. Em

Sinop serão construídos o campus universitário e um hospital universitário, para atender a

implantação dos novos cursos.

A UFMT ocupa uma área total de 4 360 hectares (contando com os 1775 ha da

fazenda experimental) e 149 mil metros quadrados de área construída, distribuídos

pelos campi. São ofertados em 2004, 69 cursos de graduação (sendo 39 noturnos), 3 403

vagas na graduação, 60 cursos de pós-graduação (sendo 50 cursos de especialização, 32

de mestrado e 9 de doutorado). São 10 835 alunos em Cuiabá, 3 692 em Rondonópolis, 2

414 no Médio Araguaia e 5 454 nas turmas especiais, na graduação, e 3 449 alunos na pós-

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graduação. Atualmente 77% dos professores são mestres ou doutores e 86% trabalham em

regime de dedicação exclusiva. Já formaram quase 40 mil profissionais e oferece 98 cursos

de graduação regulares (distribuídos nos períodos matutino, vespertino e noturno, e alguns

em regime integral).

A cidade universitária possui 8 pontos de acesso ao transporte coletivo dentro do

Campus cadastrados na Secretaria Municipal de Transportes Urbanos – SMTU sendo eles

identificados na figura 6.

a) Ponto entrada UFMT, somente com placa de identificação do ponto;

b) Ponto ICHS, somente banco de concreto e placa de identificação do ponto;

c) Ponto quadras, com cobertura, banco metálico e placa de identificação do

ponto;

d) Ponto agronomia, com cobertura, banco metálico e placa de identificação do

ponto;

e) Ponto ginásio, com cobertura, banco metálico e placa de identificação do

ponto;

f) Ponto engenharia civil, com cobertura, banco metálico e placa de

identificação do ponto;

g) Ponto Teatro, banco em concreto e placa de identificação do ponto; e

h) Ponto Biblioteca, com cobertura, banco metálico e placa de identificação do

ponto.

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Figura 6 – Vista da malha viária da UFMT

FONTE: Google Maps , 2014

a)

b) c)

d)

e)

f)

g) h)

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CAPÍTULO III – MÉTODO

3.1 - CÁLCULO DO PERFIL SÓCIOECONÔMICO

Para aferição do perfil socioeconômico dos usuários do transporte público

intramunicipal com origem no centroide Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT em

Cuiabá – MT, utilizou-se como fonte de dados indicações como idade, sexo e renda mensal

familiar.

De acordo com ROSSETI (1997), indicadores evidenciam, com maior clareza, as

reais diferenças entre as economias. A Organização das Nações Unidas utiliza o Índice de

Desenvolvimento Humano – IDH como instrumento que pode revelar os progressos e

lacunas das estratégias dos países.

O IDH medido no âmbito municipal é chamado de IDH-M, ele utiliza as condições de

vida do ser humano como parâmetros de medição da sua prosperidade.

A pesquisa teve como objetivo geral identificar o perfil socioeconômico dos usuários

do transporte público intramunicipal com origem no centroide Universidade Federal de Mato

Grosso – UFMT em Cuiabá. A pesquisa organiza, facilita e orienta a tomada de decisões por

parte dos governantes, políticos e empresários, fornecendo às empresas e secretarias de

transportes urbanos, indicadores que possibilitam implementar ações de melhoria dos

serviços prestados.

A coleta de dados foi efetuada por acadêmicos do Curso de Engenharia Civil, da

Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT, durante o período de 04/11/2013 à

05/11/2013, junto aos usuários do transporte intramunicipal dentro da Universidade Federal

de Mato Grosso – UFMT – Cuiabá. A técnica utilizada para coleta de dados foi à entrevista

individual com questionários estruturados conforme o modelo apresentado na Tabela 01 ,

logo adiante.

A pesquisa durou 2 (dois) dias, e foram efetuadas 113 entrevistas em vários pontos

de ônibus dentro do centroide Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT em Cuiabá.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL NELT - NÚCLEO DE ESTUDOS DE LOGÍSTICA E TRANSPORTE

1 – Sexo

( ) Masculino ( ) Feminino

2 – Idade

3 – Escolaridade

3 - Renda Mensal da família: ( ) menos de R$ 510,00

( ) de R$ 510,00 a R$ 1.020,00

( ) de R$ 1.020,00 a R$ 2.550,00

( ) de R$ 2.550,00 a R$ 5.100,00

( ) acima de R$ 5.100,00

( ) outro:

3 – O Estado de Conservação dos pontos de ônibus:

( )Ótimo ( )Boa ( )Regular ( )Ruim ( )Péssimo

4 – O Estado de Conservação do Transporte Público:

( )Ótimo ( )Boa ( )Regular ( )Ruim ( )Péssimo Tabela 01: Questionário socioeconômico Fonte: NELT,2013

( ) sem instrução

( ) fundamental ou primeiro grau incompleto

( ) fundamental ou primeiro grau completo

( ) ensino médio ou segundo grau incompleto

( ) ensino médio ou segundo grau completo

( ) superior ou terceiro grau incompleto

( ) superior ou terceiro grau completo

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3.2 A COLETA DE DADOS COMO INSTRUMENTO DE MUDANÇAS

A queda significativa na qualidade de vida da população acontece devido às más

condições de transporte, alavancando o alto índice de acidentes de trânsito, juntamente com

congestionamentos e poluição.

Instrumento capaz de captar as necessidades e expectativas dos diversos

segmentos da população, a pesquisa de opinião consegue medir a satisfação em relação

aos serviços prestados, melhorando a vida das pessoas, além de poder desempenhar

importante papel na concepção, no planejamento e gestão do transporte público de

passageiros.

Hoje em dia de uma forma geral todos estão familiarizados com pesquisas de

opinião, até o dito popular “opinião pública” está presente nos jornais e televisão

principalmente com a crescente divulgação de pesquisas.

Na área de transito as pesquisas de opinião têm por objetivo fornecer subsídios para

elaboração e reformulação de ações e projetos por parte do Poder Público. Destacam-se

projetos de engenharia e segurança viária, campanhas educativas, treinamentos e

identificação do perfil dos diversos agentes do sistema de transporte e trânsito. (ANTP,1997).

Com métodos quantitativos e qualitativos que podem ser utilizados isolados ou

combinados a pesquisa de opinião em transporte utiliza-se de um conjunto de conceitos

estruturados, métodos e técnicas de coletas de dados provenientes da pesquisa de mercado

e fundamentado em teorias da sociologia e psicologia. A análise desses resultados ainda

informam os órgãos gestores, as agências reguladoras e as empresas operadoras do

sistema de transporte sobre a qualidade do serviço prestado, sendo assim permitindo a

adoção de medidas corretivas, fortalecendo o equilíbrio entre as partes evitando

implementações de ações equivocadas.

As variedades de pesquisa de opinião mais utilizadas segundo a ANTP (1997) são

as seguintes:

a) Pesquisa de avaliação de pesquisa de serviço: levantamento das opiniões e

avaliações do usuário sobre o serviço ou aspectos específicos desse serviço;

b) Pesquisa de imagem: levantamento de como a população e os usuários “veem” ou

“percebem” os serviços de transporte;

c) Pesquisa de expectativas: levantamento das projeções futuras do usuário sobre os

serviços de transporte, sendo realizadas em função de inovações e alterações a

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serem introduzidas nos serviços ou em função de serviços ou equipamentos a serem

implantados, como novas linhas, trechos, estações ou terminais;

d) Pesquisa de impacto: levantamento dos efeitos causados pela implantação ou

alterações nos serviços de transporte, avaliando através da opinião e da aceitação

da população e dos grupos afetados, como a intervenção é percebida e absorvida.

3.3 PESQUISA DE AVALIAÇÃO

Seu objetivo é qualificar a opinião das pessoas, no que se refere a ações

operacionais de trânsito, e projetos, bem como basear programas de educação, treinamento

e campanhas educativas. (ANTP, 1997).

Dentre as pesquisas, destacam-se:

a) Avaliação de operações (regulamentação de circulação);

b) Avaliação de novas sinalizações (novos produtos);

c) Avaliação de campanhas;

d) Avaliação para subsidiar programas educativos (avaliação comportamental);

e) Avaliação funcional.

3.4 PESQUISA QUALITATIVA-QUANTITATIVA

Voltadas para o comportamento de pessoas a pesquisa qualitativa tem por objetivo

investigar os motivos pelos quais certos segmentos da população agem e se manifesta de

acordo com o tema a ser tratado. Apresentando custos menores em função de amostras

menores que nos estudos quantitativos, resultados em menor tempo e permite uma rápida

análise (ANTP, 1997).

Na pesquisa qualitativa normalmente as informações são coletadas seguindo um

roteiro que não objetiva medir as opiniões, mas conhecer as razões que as motivam, a

lógica do seu raciocínio e seus critérios para avaliar os serviços de transporte. O método

utilizado são entrevistas aprofundadas e discussões em grupo.

A pesquisa quantitativa vem da tradição das ciências naturais onde as variáveis

observadas são poucas, objetivas e medidas em escalas numéricas, visando mensurar as

opiniões da população ou usuário. A pesquisa quantitativa é empregada tanto na coleta dos

dados quanto em seu tratamento, através de procedimentos estatísticos. A coleta de dados

quantitativa é, geralmente, realizada através de entrevistas individuais com a utilização de

questionários estruturados.

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CAPÍTULO IV – ANÁLISES E INTERPRETAÇÕES

A amostra levantada é de 113 questionários, aplicados nos dias da realização da

pesquisa, nos mais diversos pontos de ônibus e horários. O processo de seleção do

entrevistado foi aleatória, espontânea, realizada antes do embarque.

4.1 – CARACTERIZAÇÃO DO PERFIL SOCIOECONOMICO

As principais características do perfil socioeconômico do usuário do transporte

público no centroide Universidade Federal de Mato Grosso - Cuiabá, constatada na

pesquisa (coleta de dados), está identificada nos gráficos apresentados a seguir:

O gráfico 1 traz a identificação por sexo dos entrevistados onde temos (26%) dos

entrevistados sendo do sexo feminino e (74%) masculino. Caracterizando uma situação em

que na sua grande maioria o transporte público é usado por homens.

Gráfico 1 – Identificação por sexo dos entrevistados

FONTE: UFMT (2012) Fica claro que a grande maioria dos entrevistados é formada por pessoas entre 17 e

23 (68%). Este fator está relacionado diretamente ao tipo de perfil dos usuários do

transporte público no centroide e pode indicar que predominantemente o motivo das viagens

é o acesso dos acadêmicos às dependências da Universidade Federal do Mato Grosso –

Cuiabá.

Masculino 74%

Feminino 26%

Masculino

Feminino

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Gráfico 2 – Faixa etária dos entrevistados

FONTE: UFMT (2013)

A renda média mensal da maioria dos usuários (27%) está na faixa de R$1.020,00 a

R$2.550,00, mostrando que a maioria dos usuários possui renda média acima da

expectativa do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal – IDH-M que é R$ 1.161,49

em 2010.

Gráfico 3 – Renda mensal da família

FONTE: UFMT (2013) O usuário na sua maioria declarou possuir superior incompleto, porém o transporte

também é utilizado por pessoas com curso superior, caracterizando que a maior parte dos

entrevistados estuda na Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT.

De 17 à 23 68%

De 24 à 30 20%

De 31 à 45 11%

Acima de 45 1%

De 17 à 23

De 24 à 30

De 31 à 45

Acima de 45

MENOS DE R$ 510,00

1%

DE R$ 510,00 A R$

1.020,00 16%

DE R$ 1.020,00 A R$ 2.550,00

27% DE R$ 2.550,00 A R$

5.100,00 22%

ACIMA DE 5.100,00 23%

NÃO RESPONDEU 11%

MENOS DE R$ 510,00

DE R$ 510,00 A R$ 1.020,00

DE R$ 1.020,00 A R$ 2.550,00

DE R$ 2.550,00 A R$ 5.100,00

ACIMA DE 5.100,00

NÃO RESPONDEU

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Gráfico 4 – Escolaridade dos entrevistados

FONTE: UFMT (2013)

A avaliação dos usuários quanto a conservação dos pontos de acesso foi

considerada regular por (55%) dos entrevistados, caracterizando uma insatisfação por parte

dos usuários.

Gráfico 5 – Estado de conservação dos pontos de ônibus

FONTE: UFMT (2013)

O gráfico 6 trás a avaliação das condições físicas do transporte público. A avaliação

é classificada em: Ótima, boa, regular, ruim e péssimo. O estado de conservação do

transporte foi considerado na grande maioria regular (38%) para boa (38%).

ENSINO MÉDIO OU SEGUNDO GRAU

COMPLETO 14%

SUPERIOR OU TERCEIRO GRAU

INCOMPLETO 78%

SUPERIOR OU TERCEIRO GRAU

COMPLETO 8%

SEM INSTRUÇÃO

FUNDAMENTAL OU PRIMEIROGRAU INCOMPLETO

FUNDAMENTAL OU PRIMEIROGRAU COMPLETO

ENSINO MÉDIO OU SEGUNDOGRAU INCOMPLETO

ENSINO MÉDIO OU SEGUNDOGRAU COMPLETO

SUPERIOR OU TERCEIRO GRAUINCOMPLETO

SUPERIOR OU TERCEIRO GRAUCOMPLETO

ÓTIMA 8%

BOA 18%

REGULAR 55%

RUIM 19%

ÓTIMA

BOA

REGULAR

RUIM

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Gráfico 6 – Estado de conservação do transporte público FONTE: UFMT (2013)

ÓTIMA 1%

BOA 34%

REGULAR 38%

RUIM 19%

PÉSSIMO 8%

ÓTIMA

BOA

REGULAR

RUIM

PÉSSIMO

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V - CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

A pesquisa possibilitou traçar um perfil socioeconômico dos usuários de transporte

público intramunicipal do Centroide Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT em

Cuiabá.

O perfil socioeconômico dos usuários do transporte coletivo do Centroide

Universidade Federal de Mato Grosso em Cuiabá apresentou o seguinte resultado:

a) a maioria dos usuários é sexo masculino (74%);

b) 68% dos usuários possui idade média de 17 à 23 anos;

c) a escolaridade predominante é superior incompleto (78%);

d) a renda média da maioria está entre R$ 1.020,00 à R$ 2.550,00;

e) o estado de conservação do transporte público foi considerado regular (38%);e

f) o estado de conservação dos pontos de ônibus foi considerado regular (55%).

A análise dos resultados obtidos na pesquisa, pertinente às características

socioeconômicas, conclui que a predominância dos usuários é de sexo masculino com idade

oscilando entre 17 e 30 anos, caracterizando em sua maioria de estudantes da própria

Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), sendo a renda média familiar de 2 a 3

salários mínimos, com ensino superior incompleto.

Na análise referente à qualidade dos serviços oferecidos, o estado de conservação

dos ônibus foi avaliado entre regular e bom 38% e 34% dos entrevistados respectivamente.

O estado de conservação dos pontos de acesso (pontos de ônibus) foi avaliado entre

regular e ruim 55% e 19% .

No balanço geral, a qualidade dos serviços foi considerada regular e inadequada

para as proporções de demanda do centroide, contudo a busca pelo aperfeiçoamento e

procura de uma satisfação constante dos usuários, faz com que sugestões de melhorias

sejam elencadas pelos usuários.

De posse dessas conclusões acima aventadas é possível confirmar que o

questionário permite traçar o perfil socioeconômico; e após uma analise dos dados se

consegue indicar melhorias no transporte público de passageiros dentro do campus

Universidade Federal de Mato Grosso.

No intuito de contribuição, algumas sugestões se fazem necessárias para que os

órgãos responsáveis pelo setor possam programar políticas que busquem a melhoria

contínua dos serviços prestados a população:

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a) Planejamento estratégico para o setor;

b) Proporcionar aos usuários informações como horários e itinerários, de forma

que seja do interesse das prestadoras do serviço manter as informações

atualizadas;

c) Estabelecer um sistema eficiente de fiscalização da qualidade do serviço e

das condições de transporte;

d) Faixas de pedestre no acesso aos pontos de ônibus;

e) Melhorar continuadamente a infraestrutura necessária para um bom

atendimento ao usuário do transporte, como melhoria e reforma dos pontos

de ônibus;

f) Adequar o tamanho dos pontos de ônibus para a demanda do centroide;

g) Colocação de receptores de lixo junto com os pontos de ônibus;

h) Aproveitar espaço dos pontos de ônibus para divulgação de eventos

acadêmicos dentro do campus; e

i) Promover periodicamente pesquisas técnicas, específicas, juntos aos

usuários, que possibilitem evidenciar as necessidades a fim de melhorar a

quantidade e qualidade dos serviços ofertados.

E se faz necessário também que o poder público municipal assuma sua parte da

responsabilidade em fiscalizar e criar legislações eficientes que possam proporcionar ao

setor o devido valor social e econômico.

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