Apostila Comunicacao e Expressao

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  • 7/13/2019 Apostila Comunicacao e Expressao

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    Comunicao e Expresso I

    Material elaborado e organizado pela Prof.: Neide Elias

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    Observe o texto abaixo e discuta com um colega de classe com o que ele se parece. Faa um levantamentode elementos que voc conhece.

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    Indicadores do paratexto: ttulo, ndice,imagens, subttulos, negrito, tamanho de letra

    PARATEXTO

    Etimologicamente o que rodeia ou o que acompanha o texto, para (junto a, ao lado de), ainda que no seja

    evidente qual a fronteira que separa o texto do seu entorno. Genette (Apud Alvarado, 1994:20) define oparatexto como um discurso auxiliar, a servio do texto, que sua razo de ser.O elementos paratextuais cumprem em muitos casos a funo de reforo, j que compensam a ausnciado contexto compartilhado pelo emissor e receptor. Em revistas, jornais, relatrios, manuais, livros tcnicose cientficos, os elementos paratextuais tais: como ttulo, ndice, imagens, subttulos, negrito, tamanho deletra, antettulo, legendas, olho, olhinho, fotos, ilustraes, ttulos de quadros e grficos, contribuem para aconstruo ou desconstruo dos sentidos do texto.

    Alguns elementos de paratexto prprios dos livros

    CapaOrelhaPrlogos

    SubttulosIndicao de fontesEplogosIlustraesEpgrafes de textoGlossrioUso de negrito, aspas e sublinhado

    ContracapandiceTtulos

    NotasAdvertnciasBibliografiaQuadros (grficos)Legendas de ilustraes e quadrosApndices

    Alguns elementos de paratexto prprios dos jornais e revistas

    ndiceSubttuloOlhoQuadros (grficos)Legenda de ilustraes e quadros

    TtuloChamadaNotasOlhinho (fragmentos separados do texto e realados)Uso de negrito, aspas

    TTULO

    O ttulo facilita a leitura porque ativa os conhecimentos que o leitor tem sobre o assunto do texto. Noentanto, h quem considere seu aspecto desfavorvel, Eco (apud, Alvarado, 1994:48) afirma queinfelizmente, um ttulo j uma forma de interpretao1.

    Segundo Genette (apud Alvarado, 1994) o ttulo de um livro tem trs funes:

    1. Identificar a obra;2. designar seu contedo;3. atrair o pblico.

    Se considerarmos sua relao com o texto, os ttulos se classificam em:

    - ttulos que classificam contedo ou tema: A peste / Guerra e paz- ttulos genricos: Histria de um homem jovem- ttulos mistos, em obras cientficas ou tericas podemos encontrar: Teorias cognitivas da

    aprendizagem: um estudo sobre crenas, teorias pedaggicas e professores do ensinofundamental.

    1Traduo nossa.

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    SUBTTULO

    Organiza o texto.

    OLHO

    Tem a funo de esclarecer o ttulo e deixar claro de que tipo de texto se trata. As notcias de jornal

    (impresso ou Internet), artigos de divulgao cientfica normalmente apresentam nos ttulos um resumo queantecipa ao leitor o contedo da totalidade do texto. Algumas revistas e jornais incluem informao sobre oautor e a importncia do tema. Estes resumos tm a funo de condensar o contedo do texto, orientar aleitura e apresentar de algum modo uma das possveis interpretaes do texto (ASSUMPO e BOCCHINI,2002).

    ITLICO

    Estilo de letra que aparece no texto deitada. Usado para destacar palavras e expresses estrangeiras.

    LEGENDA

    Texto explicativo que acompanha uma ilustrao, foto, um grfico, etc.

    NEGRITO

    Letras em bold. Mais grossas que as usadas no texto. Para destacar.

    NDICE (SUMRIO)2

    Lista de ttulos do texto por ordem de apario com a indicao da pgina correspondente, que pode estarno comeo ou no final do livro. Sua funo no somente facilitar ao leitor a busca dos temas de seuinteresse, mas sobretudo refletir a estrutura lgica do texto (centro e periferia, tema central e ramificaes).

    IMAGENS

    Alm de dar beleza ao texto e atrair a ateno do pblico, as imagens podem ter tambm a funo dedialogar com outros elementos do texto construindo um jogo discursivo.

    PRLOGOS (PREFCIO OU PREMBULO)

    Texto que aparece no comeo do livro. Habitualmente tem as seguintes funes:

    - informativa e explicativa j que informa e explica o contedo do texto e como est organizado; e,

    - instrumental: apresenta instrues ou recomendaes para a utilizao do livro.

    NOTA DE RODAP

    Tem a funo de agregar informao sem interromper o texto, pode apresentar:

    - uma ampliao,

    - um esclarecimento;

    - uma explicao de um conceito em um contexto mais amplo;

    - indicao de que algo se diz no texto pertence a outro autor;

    - remisso a outra parte do livro ou revista;

    - meno a outro texto (referncia bibliogrfica).

    2. A ABNT oficializou o uso de sumrio com o sentido de ndice. Segundo Rezende (2005) as duas palavras, ndice e Sumrio soantigas e de uso corrente em portugus; a primeira para indicar a relao da matria e sua localizao no texto, e a segunda paradesignar um pequeno resumo destinado a orientar o leitor (...) possvel que a confuso entre as duas tenha surgido emconseqncia da apresentao de sumrios to resumidos a ponto de conterem apenas os ttulos dos artigos ou dos captulos.

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    BIBLIOGRAFIA

    Lista de livros, artigos ou outros textos que aparecem no final de livros ou artigos. Algumas diferenas na

    apresentao deste elemento de paratexto:

    BIBLIOGRAFIA: este elementoapresenta em ordem alfabtico os nomes dos autores de todos os

    textos que foram consultados para escrever o livro ou artigo. Possibilita ao leitor consultar fontes

    bibliogrficas para conhecer o tema com mais profundidade. A bibliografia permite tambm

    conhecer a orientao terica na qual o texto est apoiado, alm disso refora o carter cientfico do

    texto.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS: em muitos textos aparecem citaes de autores ao longo do

    texto, como por exemplo (Fvero, 1999), neste caso, ao final do texto dever aparecer sob o ttulo

    Referncias bibliogrficas os dados completos do livro do autor, desta maneira:

    FVERO, Leonor Lopes. Coeso e coerncia textuais.So Paulo, Editora tica, 1999.

    BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA: lista de autores e obras que aparece ao final de alguns textos

    com o propsito de que os leitores ampliem seus conhecimentos sobre o tema.

    Dados que aparecem nas listas de bibliografias ou nas notas:

    Sobrenome e nome do autor

    Ttulo do livro

    Lugar de edio

    Editora

    Data da edio

    FVERO, Leonor Lopes. Coeso e coerncia textuais.So Paulo, Editora tica, 1999.

    Sobrenome e nome do autor Ttulo do livro Lugar de edio Editora Data da edio

    TTULO3

    Por que o ttulo do texto informativo precisa dizer logo do que se trata?As pesquisas mostram que difcil compreender rapidamente um texto, se a pessoa no tem alguma indicaoque ative seus conhecimentos sobre o assunto. por isso que o ttulo precisa dizer logo do que se trata.Os bons ttulos de textos informativos dizem rapidamente ao leitor qual o contedo do texto,ajudam o leitor a saber, antecipadamente, qual a estrutura do texto, quais so as subdivises.

    Os bons ttulos economizam o tempo do leitorA leitura confortvel no o nico benefcio dos bons ttulos. Eles tambm ajudam o leitor a tomar decises queeconomizam tempo, como s passar os olhos pelo texto, ler apenas um trecho que interessa mais ou at

    desistir de ler, porque no interessa.

    3O texto e exerccios a seguir foram extrados do livro Para escrever bem das autoras Maria E. Assumpo e Maria O. Bocchini, So Paulo, Manole, 2002. pp. 18-22.

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    Na literatura, ttulo outra histriaTtulo de conto e romance no ttulo de reportagem, ensaio, relatrio. O leitor de literatura tem objetivosdiferentes daqueles do leitor de textos informativos.Quem l um romance, por exemplo, no quer saber tudo de sada. Ao contrario, quer uma sugesto, quersonhar, quer ficar curioso, quer ler o livro at o fim, para s ento entender o significado do ttulo.

    Exemplos:

    RECORDAES DA CASA DOS MORTOS, de Fidor Dostoievski.SENHORA, de Jos de AlencarJANGADA DE PEDRA, de Jos Saramago.PERTO DO CORAO SELVAGEM, de Clarice LispectorVIDAS SECAS, de Graciliano Ramos.

    Se o livro Vidas Secas de Graciliano Ramos fosse um relatrio, o ttulo provavelmente seria: Elementos dahistria de uma famlia de retirantes em perodo de seca no Nordeste brasileiro.

    Como fazer bons ttulosEscreva ttulos, subttulos, olho e legendas que informem o leitor sobre o assunto do texto, seus temas esubtemas.Veja como isso foi feito numa reportagem sobre o 13 salrio, na revista Viva Mais.

    AntettuloVoc e sua grana

    TtuloFaa o seu 13 salrio durar mais

    OlhoAdiar a compra dos presentes e poupar o dinheiro pode ser ma boa opo.SubttulosFuja das dvidasNo se iluda!Crie um p-de-meiaFundos de renda fixaCompre vistaConsumidor linha-duraTtulos formais e informaisOs ttulos podem dizer logo de que tratam os textos, em linguagens diferentes. Isso vai depender do tipo depublicao e dos leitores a que se destinam.Na revista feminina Viva Mais, o redator usou expresses informais, como sua grana e linha-dura, p-de-meia. Tambm escreveu ttulos com ordens ao leitor, como Fuja das dvidas e Compre vista. Mesmo naforma de ordens, esses ttulos expressam os assuntos que vo ser tratados.Para textos explicativos e relatrios, convm usar ttulos descritivos, em linguagem mais formal.

    Exemplos:Relatrio anual do Departamento de FsicaO funcionamento dos pulmesComo funcionam os pulmesNmeros primos: conceituao e propriedadesPara entender a conceituao e as propriedades dos nmeros primosSituao do abastecimento de leo combustvel no sul do pas, no segundo dia de greve das transportadorasSomente 13% dos postos de gasolina da regio Sul ficam sem estoque de leo combustvel no segundo diade greve das transportadorasInforme sobre as providncias da Secretaria de Sade quanto ao surto de dengue na cidadeSecretaria da Sade pe 350 novos profissionais na preveno da dengue.Ttulos narrativos em ordem diretaPara textos narrativos, como notcias de jornal e certos relatrios, a informao do ttulo pode ser dada por umaorao simples em ordem direta (sujeito+verbo+complemento), como Congresso aprova novo salrio mnimo.Esse ttulo bem melhor do que Final feliz de votao em Braslia, que no tem verbo nem diz de que se trata.Sujeito+verbo+complemento a estrutura da maioria dos ttulos do jornalismo dirio. Por conveno, ttulos soredigidos sem ponto final.

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    Ttulos e sumrio de trabalhos extensosAntes de comear a ler um relatrio ou qualquer trabalho extenso, o leitor precisa saber qual o contedo gerale como o redator organizou as partes.O ideal oferecer ao leitor um ttulo descritivo e logo em seguida apresentar o sumrio, isto , a lista de ttulosdas partes principais do trabalho. Convm colocar sempre os nmeros das pginas, para que o leitor encontrerapidamente a parte que deseja ler.Todas essas informaes do satisfao a quem l, porque a pessoa sente-se com liberdade de folhear o

    conjunto e comear a ler pela parte que julgar mais interessante.Exemplo:Ttulo descritivoRelatrio anual do Grupo de Criao de Produtos

    SumrioInstalao do Grupo de Criao: objetivos e metasSeleo de projetosProduo de prottiposTestes com consumidoresAvaliao e perspectivas para o prximo trinio

    Ttulos de fantasiaSe o redator desejar, pode escrever um ttulo de fantasia para um relatrio, com um toque potico ou bem-humorado, contanto que apresente o ttulo descritivo logo em seguida. No exemplo acima, o ttulo de fantasiapoderia ser Criar para crescer ou Um ano de vitrias.

    Exemplos:Alguns autores escreveram dois ttulos para seus livros, um de fantasia e o outro, descritivo.ALMANAQUE DE BICHOS QUE DO EM GENTE Vermes, vrus, bactrias, fungos e outros bichos. Comoreconhecer, evitar e tratar. Sonia Hirsch, CorreCotia, 1999.A LINGUA DE EULLIA Novela sociolingstica.Marcos Bagno, Contexto, 1997.COMO VENDER SEU PEIXE NA INTERNET Um guia prtico de marketing e comrcio eletrnicos.Tom Venetianer, Campus, 1999.

    Exerccios

    Leia os textos a seguir e crie ttulos com a funo de ativar os conhecimentos que o leitor tem sobre oassunto.Texto 1

    ______________________________________________________________________________________

    Os maiores vulces em atividade so meros brinquedos de criana, se comparados com a caldeira hojeadormecida sob o Parque Yellowstone, nos Estados Unidos, alguns quilmetros abaixo da superfcie.Cientistas acham que o vulco pode voltar ao e que sua capacidade de destruio to grande quepoderia at acabar com a civilizao. Por enquanto, no h sinais de atividade. O despertar do monstro

    pode levar alguns anos, dez milnios ou no acontecer nunca.Texto adaptado deSuperinteressante, maro de 2000.

    Texto 2

    ______________________________________________________________________________________

    Delegar dar a outra pessoa uma tarefa cuja responsabilidade, em ltima instncia, cabe a quem a delega.Essa tarefa pode variar de pequenos afazeres cotidianos de uma empresa como organizarconfraternizaes ou entrevistar o candidato para uma vaga a trabalhos tais como liderar uma equipe queest desenvolvendo um novo produto.

    Texto adaptado do livroComo delegar tarefas, de Robert Helle, Publifolha, 1999.

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    Texto 3

    ______________________________________________________________________________________

    A mais recente pesquisa sobre a poluio do ar em vinte grandes cidades do mundo, feita pelo ImperialCollege, da Inglaterra, revelou que So Paulo ocupa a quinta colocao, dividindo o posto com Manila, nasFilipinas, e Pequim, na China. A primeirssima posio ficou com a capital do Egito, Cairo. O Rio de Janeiro

    aparece na 12 posio. Adaptado deTerra, maro de 2000.

    Texto 4

    ______________________________________________________________________________________

    Levantamento realizado em 271 empresas mostrou que a participao dos salrios e contribuies nopassivo das empresas caiu de 3,4% em 1998 para 2,8% em 1999! Traduzindo, no so os salrios quepressionam o custo Brasil...

    JornalEm Tempo, fevereiro de 2000

    Texto 5

    ______________________________________________________________________________________

    No s nos livros de ortografia que h distino entre vogais e consoantes. Uma pesquisa daUniversidade de Harvard, nos Estados Unidos, mostrou que a diferena entre esses dois tipos de sons estgravada no fundo do crebro, que os processa em reas separadas. Os cientistas perceberam isso aotestarem dois pacientes com leses em regies cerebrais diferentes. Um dos doentes trocava uma vogalpor outra, mas no confundia as consoantes, e o outro falhava nas consoantes, acertando as vogais.

    Adaptadode Superinteressante, maro de 2000.

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    GNEROS DISCURSIVOS

    Segundo Bakhtin (2005) o que define o gnero discursivo do texto a atividade ao qual est relacionado,estrutura interna, tema e o estilo. Emissor e receptor no compartilham o mesmo espao e tempo, paracompensar esta ausncia, os gneros discursivos apresentam uma regularidade no uso da linguagem, quevisa assegurar que o contedo do texto e a inteno com que foi composto se mantenha e se transmita semequvocos.

    As esferas de atividade do homem e os gneros do discurso

    discurso tudo o que o homem fala ou escreve, isto , produz em termos de linguagem. Dessaforma, h um nmero enorme e bastante varivel de discursos produzidos ou que esto sendo produzidosna sociedade. dessa forma que falamos em discurso cientfico, religioso, poltico, jornalstico, docotidiano etc. Como pelo texto que temos acesso aos discursos, para estudar o discurso religioso, porex., devemos ler textos como: sermo, oraes, cantos religiosos, livros da Bblia, o Alcoro, escritos deautores que tratam do tema etc.

    Os discursos so produzidos de acordo com as diferentes esferas de atividade do homem. Por ex.,em relao ao discurso escolar: a escola um lugar em que aparecem diferentes esferas de atuao; cadauma dessas esferas de atividade gera uma srie de discursos tambm diferentes. Assim, temos uma

    esfera de atividade que a aula, outra que a reunio da APM, ou a reunio dos professores, o encontrodos alunos no recreio, etc. Cada uma dessas situaes que constitui uma esfera de atividade vai exigir dofalante um uso diferente de linguagem, isto , um gnero de discurso* diferente: a aula, a reunio, aconversa. Os gneros do discurso so, portanto, diferentes formas de uso da linguagem conforme asesferas de atividade em que o falante/escritor est engajado.

    A lngua usada no dia a dia, a lngua usada no trabalho, nas narraes literrias, no tribunal, nostextos polticos etc. so modalidades diferentes de usos da linguagem e mostram a necessidade de umfalante verstil que tenha mltiplos conhecimentos: conhecimento gramatical da lngua, do gneroadequado situao, do nvel de linguagem (formal ou informal) apropriado. Isto , para dar conta dalinguagem nas diferentes situaes, necessrio que os falantes dominem a lngua nas suas diferentesvariedades de uso. Se, por ex., um indivduo est sendo entrevistado para obter emprego usar umalinguagem informal, cheia de grias, adequada a uma conversa entre amigos, mas inadequada situaode entrevista, provavelmente ele ser reprovado.

    Assim, quando falamos ou escrevemos, lemos ou ouvimos, ns o fazemos dentro de gneros dediscurso adequados situao de comunicao. Em cada esfera de atividade social, os falantes utilizam alngua de acordo com gneros de discurso especficos que so construdos, codificados coletivamente.Somos sensveis desde o incio de nossas atividades de linguagem aos gneros do discurso, isto ,sabemos como nos comportar e como usar o gnero de discurso adequado a cada esfera de atividade.Assim, quando um indivduo fala/escreve ou ouve/l um texto, ele de antemo tem uma viso do textocomo um todo acabado justamente pelo conhecimento prvio dos gneros que ele adquiriu nas suasrelaes de linguagem.

    Os gneros do discurso constituem a economia da linguagem, pois, se eles no existissem e se, acada vez que, em nossas atividades, tivssemos que interagir criando novos gneros, a troca verbal seriaimpossvel (Bakhtin,1992).

    justamente baseado em um conhecimento de como se do nossas interaes, que o falante,muitas vezes, especifica, durante a sua fala, o gnero do texto que esto produzindo ou a que esto sereferindo (Marcuschi, 2002). Assim, comum ouvirmos as pessoas dizerem:- no telefonema de ontem...- na palestra de hoje...- na conversa que tivemos...- a entrevista do presidente...- o noticirio desta noite...

    em que telefonema, palestra, conversa, entrevista, noticirio referem-se a gneros discursivos.Muitas vezes, esses gneros discursivos tm marcas lingsticas mais ou menos fixas, que

    identificam o gnero j logo de incio. Ex.:- era uma vez (abertura de uma narrativa)- prezado amigo (abertura de carta, bilhete)- tome 2 xcaras de acar e adicione... (receita culinria)- al, quem ? (telefonema)

    BRANDO, Helena H. N. Analisando o discurso. Disponvel em http://www.museudalinguaportuguesa.org.br/

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    Exerccios

    1. Leia os textos e identifique o gnero discursivo ao qual pertence cada um.

    Texto 1: _______________________________________________________________

    16/08/2006 - 09:56:54Paris Hilton enterra bode de estimao ao lado do tmulo de Marilyn

    Monroe

    A socialite e cantora Paris Hiltonchocou a comunidade artstica de Hollywood ao comprar,num cemitrio de estrelas, um jazigo para enterrar Billy, o seu bode de estimao. O localreservado fica ao lado do tmulo da atriz Marilyn Monroe.

    Segundo informaes do blog HollywoodRag, quando Paris comprou o jazigo no cemitrioPierce Bros Westwood Village Memorial Park,os funcionrios pensaram que o local estariaguardado para algum parente de Paris Hilton.

    Alm do jazigo, Paris contratou o coral de uma igreja da regio para se apresentar no funeralde Billy. Paris uma confessa adoradora de animais, possuindo um furo, um macaco e doisces chihuahua, entre outros.

    No cemitrio, esto enterradas estrelas como Truman Capote, Dean Martine JackLemmon.

    Extrado de http://www.tecontei.com.br/site/noticia_msn.php?noticia=25427 16/08/06

    Texto 2: : _______________________________________________________________

    Drama

    Quase dois irmosLcia Murat

    O amadurecimento da histria poltica de um pas passa pela anlise de todos os lados de uma questo. OBrasil no tem o hbito de rever o seu passado para aprender com ele. Por isso, nesta poca de Severinos,crises e feridas abertas, vem a calhar este belo filme de Lcia Murat, que mergulha em suas experinciaspessoais de presa poltica durante a ditadura, nos anos 70 no Rio de Janeiro, e escrutina tanto medo deuma classe mdia desengajada e chafurdada na burocracia e na violncia quanto o processo decriminalizao de um lder. como se ela dissesse que o Brasil no tem jeito, mas olhar para os erros epersonagens l de trs funciona como um bom comeo.

    Lcia Valentim Rodriques, Folha de So Paulo, 18 de setembro de 2005.

    Texto 3: _______________________________________________________________

    TestemunhoVem do latim testimonium, derivado de testi, principalmente no plural testes: jurar sobre os testculos.

    O termo testiculus diminutivo de testi, que vem do osco, lngua pr-latina na Pennsula Itlica, dizemErnout e Meillet (Dictionnaire tymologique de la Langue Latine). O ensurdecimento do o de testimoniumteria ocorrido no portugus (a verso arcaica em 1255 era testemyo).

    Muitas culturas antigas levavam em alta conta o juramento dado empenhando-se a prpria virilidade.Nos tribunais gregos, rkosera juramento, termo semelhante a rkhis (testculo), embora o grego clssicodenominasse a testemunha propriamente dita de mrtyr. Juan Corominas confere vnculo entre testculo etestemunho, mas Antenor Nascentes duvida da vinculao, em Dicionrio Etimolgico(1932), invertendoo parentesco: testculo viria de testiculu(pequena testemunha), como seriam chamados os depoentes naabertura dos processos antigos.

    (In Lngua Portuguesa Especial Sexo & Linguagem, So Paulo, Editora Segmento, p. 19.)

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    Texto 4: _______________________________________________________________

    PORTUGUS DA GENTE, O

    Autores: Renato Basso ,Rodolfo Ilari

    O portugus do Brasil falado por mais de 170 milhes de pessoas em um imenso territrio, mas muita genteteima em afirmar que ele no existe, ou, pior, no deveria existir. Ilari e Basso, seguindo uma tradio iniciada nosanos 20 por Mrio de Andrade e Amadeu Amaral, oferecem-nos, em O portugus da gente, um estudo da lnguaque ns falamos e que pouco a pouco vai conquistando seus direitos. Este um livro para ler, estudar e discutir, na

    sala de aula e fora dela. Mrio A. Perini (PUC-Minas)Preo:R$ 35,00ISBN:85-7244-328-2N de pginas:272Formato:16X23Orelha:SimPeso:0,41 Kg

    Extrado de http://www.editoracontexto.com.br/ficha.asp?codlivro=330

    Texto 5: _______________________________________________________________

    (Extrado de http://pcworld.uol.com.br/galerias/dezmaisfeios/)

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    Texto 6: _______________________________________________________________

    Para evitar esse problema, as baterias de on-ltio de celular possuem um chip, que no permite a carga

    completa da bateria, nem mesmo sua descarga completa, explica Ricardo Hauch Ribeiro de Castro, professor

    de engenharia da FEI.

    Ribeiro de Castro explica que nos PC portteis que utilizam baterias compostas por quatro ou seis clulas - ou

    seja, grupo de baterias de on-ltio trabalhando como se fossem apenas uma - quem responsvel por essa

    regulagem de segurana o prprio computador.

    Por conta disso, o usurio deve ficar atento freqncia com a qual recarrega a bateria do notebook. Isso

    necessrio uma vez que a rotina com que isso realizado armazenada pelo chip ou pelo computador, que

    com o tempo passa a trabalhar de acordo com ela.

    Procedimento ideal

    O que isso quer dizer? Se a bateria sempre recarregada quando ela est com metade da carga, com o tempo

    o carregador ir reconhecer a carga total da bateria como 50%, dando somente a carga necessria para

    completar esse desgaste, mesmo se 70% da bateria tiverem sido consumidos.

    O ideal utilizar a bateria at 40% de sua carga, explica Ribeiro de Castro, da FEI. Para no deixar que o

    computador vicie a recarga de sua bateria, o professor recomenda que o procedimento dos 40% seja

    executado de 20 a 30 vezes, realizando uma descarga completa em seguida.

    Esse processo evita que a bateria receba carga demais e que se vicie em liberar cargas menores que a

    capacidade real da bateria.

    Outro cuidado do usurio deve ser a velocidade com a qual a carga da bateria drenada. Aplicaes maispesadas, muito brilho no LCD e gravao e execuo de DVDs so processos que consomem muita energia,

    diminuindo a autonomia da bateria.

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    A dica: mantenha o equipamento ligado corrente eltrica toda vez que for realizar alguma dessas tarefas.

    Se tais tarefas forem imprescindveis, pode-se reduzir o consumo da bateria diminuindo a luminosidade do

    LCD, desconectar dispositivos externos USB e desligar a luminosidade do teclado (se houver). So pequenos

    detalhes que podem garantir alguns minutos a mais de carga.

    O professor da FEI afirma que um outro mito, de que utilizar o notebook sempre com o carregador pode

    danificar a bateria, no passa de folclore. H pessoas que inclusive retiram a bateria do notebook quando ele

    est ligado na fonte de alimentao. Ribeiro de Castro explica que isso pode gerar problemas mais srios.Quando o notebook recebe uma sobrecarga de energia, ele envia essa energia a mais para a bateria, evitando

    que algum circuito seja queimado. Retirar a bateria ir deix-la intacta, mas o mesmo pode no acontecer com

    o notebook, adverte.

    Um outro fator que contribui para o mau funcionamento das baterias o calor. O ltio muito instvel. Acima

    de 60 Celsius, o que no difcil em um computador, a bateria comea a apresentar problemas, explica

    Ricardo.

    Portanto, os que gostam de trabalhar com o notebook fora de casa, evitem ao mximo exp-lo ao sol. Isso

    serve tambm para os celulares, que esto mais sujeitos ao aquecimento que os notebooks. Esquecer um

    celular no painel do carro [ou deixar o notebook no porta-malas] um problema. Um carro fechado num dia de

    sol pode chegar temperatura de 50, afirma Castro.

    Seguindo essas recomendaes, tomando cuidado com as recargas e fugindo do calor pode garantir a sua

    bateria um funcionamento mais eficiente, evitando dores de cabea por falta de energia.

    (Extrado de http://pcworld.uol.com.br/dicas/2008/02/15/como-tirar-o-maximo-proveito-da-bateria-do-notebook-e-do-celular/)

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    Texto 7: _______________________________________________________________

    1. 1 A Escrita: um Fazer Dialgico

    Para Bakhtin (1992), a fala (e a escrita) sempre de natureza social, pressupondo-se, portanto,

    a existncia de um interlocutor o Outro , mesmo que potencialmente; isto vale dizer que o discurso sempre e inevitavelmente constitudo pelo discurso do Outro. Decorrem da duas concepes: aprimeira de que a homogeneidade sempre uma iluso, ou seja, um efeito de sentido imposto pelaideologia e a segunda a de que o discurso sempre heterogneo e a subjetividade revela-se atravsda disperso e difuso dos sentidos. A homogeneidade ou unicidade consiste, nessa linha, como umefeito de sentido que produzido pelo autor (do discurso monogrfico, por exemplo), em seu texto,atravs de seus argumentos, organizados previamente. Pode-se dizer, outrossim, que os contra-argumentos que marcam lingisticamente as eventuais interferncias das palavras do Outro.

    Assim, o sujeito-enunciador acomoda no seu discurso o discurso do Outro, por isso, ele nunca original (1ailuso), e sempre original (pelas novas condies de produo) e tambm nunca vai serentendido da mesma maneira (2a iluso), pois mudam-se sempre as condies, at para o mesmosujeito.

    Tendo, nesses termos, explicitado um pouco o que diz respeito produo do discurso, do

    ponto de vista discursivo, voltemos nosso olhar para a sua recepo, ou seja, para a leitura.

    1. 2 A leitura como processo discursivo

    A partir dos pressupostos assinalados nos itens anteriores, chegamos a algumas definies detexto e de leitura4.

    Texto no um receptculo de sentidos, no passando de um conjunto amorfo de sinaisgrficos, incapazes de reter sentido fora do jogo discursivo (Wittgenstein, 1969; apud Coracini, 1995:17). Se considerarmos que as verdades so estabelecidas a partir da racionalidade inscrita numdeterminado momento scio-histrico-ideolgico e que tais condies de produo encontram-seirremediavelmente perdidas, definimos textos como:

    // grafismos empilhados sob a poeira das bibliotecas, dormindo um sono profundo em direo aoqual no pararam de deslizar desde que foram pronunciados, desde que foram esquecidos e queseu efeito visvel se perdeu no tempo. (Foucault, 1969)

    Sendo assim, no o texto que determina a leitura, mas o sujeito, enquanto participante deuma determinada formao discursiva, pois apenas uma nova situao de enunciao ser capaz deconferir sentido a esses sinais grficos, transformando-os em sinais lingstico-textuais (cf. Coracini,1995: 17).

    Quanto leitura, podemos postular que existem tantas leituras quantas situaes deenunciao se puder conceber. A leitura consiste em uma transcodificao desses sinais grficos emsinais lingstico-textuais, dentro de uma determinada condio de produo, operada pelo sujeito,enquanto participante de uma formao discursiva, sujeito esse clivado, heterogneo e perpassadopelo inconsciente.

    Portanto, no o texto que determina o sentido, mas o sujeito enquanto inserido em umdeterminado contexto ideolgico.

    As diferentes leituras referem-se no s leituras realizadas por diferentes indivduos, mas aosdiferentes momentos histrico-sociais que podem variar de indivduo para indivduo. Trata-se dadisseminao de sentidos (Derrida, 1972).

    Na postura terica que privilegia as condies de produo e o imaginrio discursivo,desconstruindo as verdades inerentes ao texto, no possvel, portanto, falar em oposies do tipo"leitura literal" x "leitura metafrica", pois o que literal em uma determinada posio discursiva podeser metafrica em outra. Tais acepes, assim como tudo o mais, s tm sentido dentro de umadeterminada formao discursiva.

    Assim sendo, a objetividade, neutralidade e homogeneidade do texto monogrfico no passamde iluses (2a iluso), iluses essas necessrias para que se constitua o discurso. Porm, preciso

    ressaltar que este se revela como uma porta aberta pela qual atravessaro muitas interpretaes,

    4 1 Para uma melhor explicitao das concepes de leitura na linha discursiva, remetemos o leitor ao captulo de livro intitulado

    Leitura: uma Proposta Discursivo-Desconstrutiva, de autoria de Mascia, no prelo, pela Mercado de Letras.

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    calcadas e legitimadas pelas novas condies de produo.

    1. 3 O estatuto do autor

    Com base nos pressupostos da escrita como um fazer dialgico e da leitura como um processodiscursivo, perguntamo-nos, qual o papel do autor nessa linha (sempre pensando no discursomonogrfico)?

    Para tanto, fazemos nossas as palavras de Coracini (1999: 173-174), para a qual:

    O autor aquele que imprime unidade ao texto, efeito discursivo que deriva do princpio deautoria, efeito esse que faz parecer nico o que mltiplo, transparente o que opaco,desempenhando, assim uma funo jurdica de responsabilidade, ento, a ascenso da autoria sed quando o sujeito, ocupando uma determinada posio numa dada formao discursiva,consegue organizar o j dito, segundo as regras de um discurso legitimado.

    Assim, a identidade do sujeito e do autor do discurso monogrfico, em nosso caso, deve serconcebida na sua heterogeneidade, sempre constitutiva, e no na homogeneidade, j que esta seapresenta de modo aparente e enganoso. Decorre, da, as mltiplas re-significaes provocadas peloestranhamento da presena do Outro (ou de outros) no fio do discurso monogrfico, desestruturando edesestabilizando a sua prpria identidade.

    MASCIA, Mrcia Aparecida Amador. Os discursos monogrficos nos movimentos da globalizao versus virtualizao e da ps-modernidade. In Reverte 2, 2004.

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    Exerccios

    TEXTO 1 TEXTO 2 TEXTO 3 TEXTO 4 TEXTO 5 TEXTO 6 TEXTO 7

    Autor

    Atividadehumana aoqual estrelacionado

    Estilo

    Organizaointerna

    Finalidade

    Gnerodiscursivo

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    TIPOS DE SEQNCIA TEXTUAL

    Organizao interna:

    Do ponto de vista da organizao interna os gneros discursivos se caracterizam pelo predomnio de umtipo de seqncia:

    - narrativa- descritiva- explicativa- argumentativa- instrucional- dialogal

    Essas seqncias so conjuntos relativamente autnomos de oraes (sub-oraes ou proposies, emalguns casos), vinculados entre si de uma maneira prpria e com propriedades especficas que osdistinguem do resto.

    NARRAO E DESCRIO

    Caractersticas:Exemplo:

    O homem entrou em casa e com passadas firmes foi reto procurar a mulher que estava na cozinha,enchendo a chaleira dgua.

    Estas oraes expressam acontecimentos com uma ordem temporal, isso configura o que habitualmentedenominamos seqncia narrativa.

    Na seqncia do texto anterior, temos:

    Ele tinha a cara rubra, os olhos brilhantes mas os lbios estavam brancos e secos, teve que passar a ponta

    da lngua entre eles para separ-los, a saliva virou cola?Estas oraes constituem uma descrio, j que apontam traos de um personagem.

    NARRAO

    A narraoconsiste em contar uma srie de acontecimentos reais ou imaginrios ordenados no tempo.Esta ordem no necessariamente linear, mas intuitivamente o leitor a busca.

    Elementos do texto narrativo:

    Ordem Temporal: linear (ordem cronolgico) ou no-linear (rompimento da ordem cronolgica).Espao: Onde acontecem os fatos.

    Narrador: narrador-personagem (em 1apessoa) ou onisciente (em 3a. pessoa).

    Narrador protagonistaInterno

    Narrador personagem secundrioNarrador

    OniscienteExterno

    Observador

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    Caractersticas lingsticas da narrao:

    verbos no pretrito perfeito do indicativo ou no presente do indicativo (presente histrico) marcadores de tempo

    DESCRIO

    Ostextos descritivostm como objetivo representar a aparncia e/ou a composio de objetos, pessoas,espaos, situaes, animais, processos, emoes, etc.

    Tipos de descrio

    Topografia:descrio de um lugar: Ordem espacial dos elementos, extenso, localizao e aspecto geral.

    Prosopografia: Descrio fsica de uma pessoa: olhos, nariz, orelhas, cabelo, altura, peso, vestimenta eoutros aspectos importantes

    Etopia: Descrio da personalidade de uma pessoa: atitudes, carter, hbitos, etc

    Descrio de um objeto: Material, para que serve, tamanho, como se usa, forma, cor, etc

    Como se organiza um texto descritivo?

    1.- Selecionara informao mais importante.

    2.- Ordenaressa informao do geral ao particular ou vice-versa.

    Estrutura:

    a) Segundo o referente ou objeto descrito:

    baseia-se na distribuio e organizao da estrutura, as partes do objeto descrito e a relao queexiste entre eles. O todo e suas partes.

    b) Segundo a redao:

    apresentao ou introduo do referente desenvolvimento: detalhamento

    Caractersticas lingsticas:

    verbos em presente e/ou pretrito imperfeito advrbios de lugar estruturas comparativas

    substantivos acompanhados de adjetivos advrbios de modo acompanhados de verbos

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    Na maioria dos textos narrao e descrio se combinam, com a predominncia de alguma delas. Nos textoshistricos, por exemplo, a predominncia da seqncia narrativa. Leia os textos a seguir, sobre a o livro naIdade Mdia e renncia do ex-presidente Jnio Quadros, e localize neles partes narrativas e partesdescritivas.

    Os Livros na Idade MdiaSem refazer aqui toda a histria do livro medieval, convm antes recordar que sua confeco e circulao

    foram sempre cercadas por mltiplos obstculos que tornavam difcil o acesso a ele.Oprimeiro e principal obstculo era de ordem econmica. O livro custava caro. Esse custo vinha, antes demais nada, do preo do suporte. Um livro requeria grande quantidade de pergaminho (de acordo com oformato do livro, obtinha-se de dez a dezesseis folhas por pele) e o pergaminho era um material oneroso. Adifuso do papel chiffon, ocorrida na Espanha desde o sculo XII, na Frana no XIII, permitiu baixar o preo.Mas somente no sculo XIV e, sobretudo, no XV que o uso do papel se difundiu largamente no domnio dolivro manuscrito. Com igual superfcie, calculando-se a partir de documentos franceses, o papel podiatornar-se cinco vezes mais barato que o pergaminho no sculo XIV e at treze vezes mais barato no sculoXV, graas melhoria das tcnicas de papelaria e multiplicao das oficinas de papel. Mas em outroslugares, especialmente na Alemanha, a diferena foi, sem dvida, menor.De qualquer modo, o ganho sobre o preo total do livro permanecia relativamente limitado, na ordem de 10a 20% somente em relao s obras em pergaminho. A relativa modstia desse ganho permitiu a esse tipode livro guardar uma posio suficientemente slida, visto que muitos letrados parecem ter tido um

    preconceito desfavorvel contra o livro de papel, julgado, ao mesmo tempo, menos nobre e menos slido,sobretudo para os textos importantes e para obras pelas quais o dono se apegava, desejando transmiti-lasaos descendentes.Na realidade, o fator principal do elevado preo dos livros era o custo da cpia. Os bons copistas eramraros. No final da Idade Mdia, os scriptoriamonsticos haviam perdido o essencial de sua importncia e amaior parte dos escribas seriam, doravante, artesos profissionais que se encontravam principalmente emgrandes cidades, especialmente aquelas que abrigavam uma clientela importante, quer dizer, as capitais danobreza e as cidades universitrias. Mesmo deixando de lado o caso dos livros de luxo ornados deminiaturas, verdadeiras obras de arte destinadas sobretudo aos prelados, aos grandes senhores e aos reis,a confeco de livros tomava tempo. Os bons copistas trabalhavam lentamente> por volta de duas folhas emeia por dia, em mdia. Por outras palavras, em um ano, um bom copista produzia apenas cinco livros deduzentas folhas; ou ainda, se preferirmos, para chegar a fornecer mil livros deste tipo em um ano, no sepoderia ter menos de duzentos copistas trabalhando o tempo inteiro. Nas cidades universitrias, onde

    mestres e estudantes tinham necessidade de muitos livros, mas dispunham de limitados recursosfinanceiros, procurou-se reduzir a um mnimo o preo de revenda dos livros: pequenos formatos, linhasapertadas, escrita mais cursiva, multiplicao das abreviaturas permitiam economizar o pergaminho ou opapel, sempre ganhando um pouco de tempo de cpia. A adoo do sistema de pecia, que acelerava arotao dos exemplares a serem reproduzidos, permitia igualmente melhorar a produtividade dos escribas,sempre preservando a qualidade dos textos postos em circulao.

    VERGER, Jacques. Homens e Saber na Idade Mdia.

    A rennciaO presidente vinha administrando o pas sem contar com uma base poltica de apoio. O PSD e o PTBdominavam o Congresso; Lacerda passara para a oposio, martelando suas crticas a Jnio com a mesmaveemncia com que o apoiara. A UDN tinha vrias razes de queixa. O presidente agia praticamente semconsultar a liderana udenista no Congresso. Alm disso, a poltica externa independente causavapreocupaes, assim como a simpatia presidencial pela reforma agrria.Na noite de 24 de agosto de 1961, Lacerda que tinha sido eleito governador da Guanabara fez umdiscurso, transmitido pelo rdio, denunciando uma tentativa de golpe janista articulado pelo ministro dajustia Oscar Pedroso Horta. Estranhamente, teria sido convidado a aderir a ele. Pedroso Horta negou aacusao. Logo no dia seguinte, Jnio renunciou presidncia da Repblica, comunicando a deciso aoCongresso Nacional.A renncia no chegou a ser esclarecida. O prprio Jnio negou-se a dar uma verso clara dos fatos,aludindo sempre s foras terrveis que o levaram ao ato. A hiptese explicativa mais provvel combina osdados de uma personalidade instvel com um clculo poltico equivocado. Segundo esta hiptese, Jnioesperava obter com uma espcie de tentativa de renncia maior soma de poderes para governar, livrando-se at certo ponto do Congresso e dos partidos. Ele se considerava imprescindvel para os partidos nacampanha presidencial e se julgava imprescindvel para o Brasil como presidente. Acaso os conservadorese os militares iriam querer entregar o pas a Joo Goulart?

    FAUSTO, Boris, In.:. Historia do Brasil.

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    TIPOSDESEQNCIATEXTUAL

    EXPOSITIVA-EXPLICATIVA e ARGUMENTATIVA5

    Normalmente h uma predominncia dos textos expositivos-explicativos no mbito didtico. Algunsgneros discursivos nos quais predomina a seqncia expositiva/explicativa:

    aulas, verbetes de enciclopdia, exposies orais, relatrios, manuais de diferentes cincias.

    Os textos argumentativos em geral aparecem no mbito jurdico, poltico, jornalstico. Alguns gnerosdiscursivos nos quais predominam a seqncia argumentativa:

    falas no congresso ou cmara, debates, editorial, acusao ou defesa em um julgamento, ensaio, propaganda.

    Embora apresentem diferenas os textos expositivose argumentativosse caracterizam por desenvolveruma exposio elaborada de um tema ou da soluo de um problema, ou fundamentar uma opinio. Ambosos tipos de textos apresentam a propriedade de expor idias, mas se considerados individualmente, podemtender ao plo expositivo-explicativo ou argumentativo (ARNOUX, 2005).

    Exemplos:

    Um texto que trate o tema de como se sucedem as estaes do ano, hoje objeto de explicao mas antes,quando no havia comprovao socialmente legitimada era objeto de argumentao.

    Um texto que trate as principais causas da delinqncia juvenil objeto de argumentao, j que no h umconsenso sobre o assunto que possibilite a sua explicao. Assuntos que poderiam ser objeto deargumentao em certas ocasies so abordados de maneira explicativa, na tentativa de apresentarargumentos como verdades aceitas.

    5O material que segue uma adaptao de ARNOUX, Elvira, DI STEFANO, Mariana, PEREIRA, Ceclia. La lectura y la escritura en launiversidad.Buenos Aires, Eudeba, 2005.

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    O DISCURSO EXPOSITIVO-EXPLICATIVO

    Tipos de exposio:

    exposio de um saber construdo alhurese j reconhecido socialmente.

    muito recente a inveno histrica da nao, entendida como Estado-nao, definida pelaindependncia ou soberania poltica e pela unidade territorial e legal. Sua data de nascimento poder ser

    colocadapor volta de 1830.De fato, a palavra nao vemde um verbo latino, nascor(nascer), e de um substantivo derivado desse

    verbo, natioou nao, que significa o parto de animais, o parto de uma ninhada. Por significar o parto de umaninhada, a palavra natio/ nao passou a significar por extenso, os indivduos nascidos ao mesmo tempode uma mesma me, e , depois os indivduos num mesmo lugar.6

    CHAUI, Marilena. Brasil Mito fundador e sociedade autoritria, 2000.

    exposio de um saber terico ou quase terico constatado por um observador.

    (...) Medimos a atividade cerebral de voluntrios enquanto ouviam trs tipos de sentenas: frasescorretas, frases cuja semntica era incorreta, ou seja, que continham uma palavra com significado absurdo oufrases com erros sintticos-gramaticais.

    Para definir que regies elaboram informaes semnticas, os participantes escutavam frases nas quais a

    sintaxe e a prosdia permaneciam constantes e apenas a semntica mudava. Observou-se, ento, que osignificado das palavras responsvel por mudanas na atividade neuronal todos os outros aspectospermaneceram iguais.7

    FRIEDERICI, ngela D. A escuta da mente. In.:Viver Mente & Crebro, 2005, no. 151.

    Caractersticas:

    tendncia a no apresentar as marcas de um sujeito enunciadorcom a eliminao de marcasvalorativas, afetivas ou apreciativas. Este recurso instaura uma distncia entre o sujeito enunciadore o enunciado (tema ou problema exposto) e gera um efeito de objetividade.

    Um novo grupo para os desgarrados

    No oeste da Europa, na sia e na Amrica do Norte, lnguas isoladas, como o basco, parecemdesprovidas de qualquer parentesco. Comparaes recentes mostram que elas pertencem a umanica famlia, o deno-caucasiano.

    POR MERRITT RUHLEN

    O conceito de famlias de lnguas conhecido: todos sabem que o portugus e as outras lnguasromanas, como o romeno, italiano, catalo, espanhol e francs, evoluram a partir do latim, falado noImprio Romano h 2 mil anos. A classificao por famlias revela a origem histrica de semelhanasobservadas entre as lnguas contemporneas. A famlia romana apresenta uma particularidade rara: sualngua-me, o latim, era escrita e deixou documentos, o que nos permite fazer a reconstituio de suahistria e desenvolvimento. Para a maioria das outras famlias de lnguas, como a germnica (alemo,

    neerlands, ingls, sueco, etc) ou a eslava (russo, polons, theco, sebo-croata, blgaro etc), a ancestralda qual se originaram as lnguas modernas no era escrita e no dispomos de uma atestao histricadireta. No entanto, a realidade das famlias germnica ou eslava no menos evidente do que a dafamlia romana: cada uma caracterizada por uma srie de vocbulos que so semelhantes nas lnguasfilhas (ou herdeiras), tenha a lngua-me sido escrita ou no.

    Para um falante de uma lngua de origem romana, fcil identificar os outros membros da famliapela simples comparao. O vocbulo mo em portugus assemelha-se ao romeno mn, ao espanhol eao italiano mano, ao francs mainou ainda ao sardo manu, bem mais do que ao ingls hand, ao russoruka, ou ao japons te,todos como o mesmo significado.

    As lnguas que pertencem a uma mesma famlia resultam da evoluo divergente de uma nicaanterior, a protolngua. Por exemplo, a palavra camundongo, que se diz mouseem ingls, musemsueco, Mausem alemo, muisem neerlands, muusem latim, msem grego clssico, mySem russo,myzem polons e miSem serbo-croata, deriva, segundo especialistas, do vocbulo proto-indoeruopeu

    *muus(o asterisco indica que se trata de uma palavra reconstruda).

    6Grifo nosso.7Idem.

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    Apesar desses 200 anos de pesquisas taxonmicas, inmeras lnguas continuam isoladas, aosmenos aparentemente: elas parecem no pertencer a nenhuma famlia identificvel. O exemplo maisfamoso est na Europa. Trata-se do basco, idioma distinto da outras lnguas europias. O buruchasquifalado no norte do Paquisto e o ket da Sibria central so dois outros desses casos lingsticosisolados. Essas trs lnguas eram consideradas desprovidas de parentesco e para vrios especialistasainda hoje continuam sendo. Contudo, nos ltimos 20, graas a uma das hipteses mais audaciosas dahistria da taxonomia lingstica, esses trs casos isolados encontram seu lugar na classificao das

    lnguas do mundo. Alm disso, de modo inesperado foi confirmado que as trs pertencem mesmafamlia, atualmente chamada deno-caucasiana. Alm do basco, do buruchasqui e do ket, o deno-caucasiano, o sino-tibetano e o na-deno.

    Fragmento extrado da revista Biblioteca entre livros no. 4.

    presena de recursos que respaldem e autorizem consideraes expostas, e indiquem rigorcientfico, como por exemplo:

    linguagem tcnica;

    Quadro 3 comparando a linguagem corrente com a linguagem tcnicaLinguagem corrente Linguagem tcnica

    O cncer de boca mata muita gente. Parece que estadoena causada pelo fumo, que provoca umconjunto de alteraes nas clulas da gente. Obilogo Wirshow, que pela primeira vez estudou ocncer, dizia que esta doena como uma loucuraque causa nas clulas. Elas mudam decomportamento mas quem paga o pato voc. Aindamais quando as doidinhas do de invadir o seucorpo. Acho que isso a.

    A transio epitlio-mesenquimal um processochave na invaso e mesttase em carcinomas, sendoresponsvel pela ativao de genes mesenquimaiscomo a Vimentima e pela inibio de genes epiteliaiscomo as Citoqueratinas. Uma srie de eventos seguea transio epitlio-mesenquimal, como a perda deadeso celular, a sntese de componentes exclusivosda matriz extracelular como a glicosaminoglicanaFibronectina e a sntese de proteases como aEstromelisina-1.Rogrio Moraes de Castilho (2003). Transio epitlio-mesenquimal em carcinomas epidermides bucais.So Paulo: Universidade de So Paulo, tese dedoutoramento.

    CASTILHO, Ataliba. Saber uma lngua saber separar o certo do errado?Disponvel em http://www.museudalinguaportuguesa.org.br.

    uso do discurso direto com citaes textuais entre aspas (ou itlico) dentro do pargrafo ouseparado do pargrafo com fonte menor.

    4.1 Teoria 1: a lngua uma atividade mental

    De acordo com esta vertente, a lngua uma atividade mental, por meio de que representamos semntica egramaticalmente os elementos do mundo nossa volta, captados por nossos rgos de percepo. Seu estudo,portanto, implica em descobrir como a mente humana, cuja sede o crebro, funciona no que diz respeito produode uma lngua.

    Uma pergunta e tanto, no mesmo? Inspecionar a mioleira, e entender seu funcionamento! Logo de cara vocpode perceber que esse programa ter de envolver muitas especialidades cientficas: a biologia, a neurologia, a

    psiquiatria, a neurolingstica, as cincias cognitivas - numa palavra, a miolologia, que no brinca em servio. No toa que muitos desses cientistas afirmam cheios de razo que a pergunta que eles fazem a ltima das perguntas,a mais bsica dentre todas.

    Alis, faz tempo que os homens fazem esta pergunta. A teoria da lngua como uma atividade mental entronca emvertentes racionalistas clssicas e modernas tendo sido retomada no sc. XIX por Wilhelm von Humboldt, e no sc. XXpor Chomsky, a partir de 1957, para ficar apenas com estes dois.

    Humboldt (1836: 63)havia traado um programa de pesquisas que o identifica plenamente com o que estouchamando aqui de Teoria 1. Ele afirmou que

    "se deve considerar a lngua no tanto como um produto inerte, mas sobretudo comoproduo; [deve-se] abstrair em maior medida sua ao designadora de objetos, emediadora da compreenso, remontando com maior afinco sua origem, toestreitamente unida atividade interior do esprito, e influncia que exercem alinguagem sobre esta, e esta sobre aquela".

    Aprofundando sua definio da lngua como uma entidade dinmica, ele diz que "a lngua mesma no umaobra (rgon), mas uma atividade (enrgeia); por isso, sua verdadeira definio s pode ser gentica": pg. 65.Voc j notou: ele est separando a lngua como enunciado, como obra acabada (rgon), da lngua como enunciao,

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    como uma atividade sem fim (enrgeia).Em seguida, Humboldt passa a operar com os conceitos de "forma da lngua" e "matria da lngua".Ele mostra que a matria da lngua heterognea, catica, e tem sido descrita e sistematizada pela gramtica e

    pelo dicionrio, que servem ao aprendizado, mas no explicam a verdadeira natureza da lngua.J a forma um "elemento constante e homogneo que subjaz ao trabalho do esprito por meio do qual o

    som articulado elevado expresso das idias"; [esse elemento] "apreendido da maneira mais cabalpossvel em seu travejamento interno, e exposto com sistema". Naturalmente, a forma da lngua "umaabstrao construda pela cincia" (pgs. 66 e 67), e "no deve ser entendida to somente como a chamada forma

    gramatical": pg. 68.Numa clara priorizao da forma sobre a matria enquanto objeto de estudos e de definio da lngua, ele afirmaque "num sentido absoluto, dentro da lngua no pode haver matria sem forma", e at o som articulado derivasua natureza "justamente pela forma que ele recebe": pg. 69.

    A contribuio maior de Humboldt foi secundarizar a funo comunicativa como uma considerao central para acompreenso da linguagem. Ele afirma repetidas vezes que a importncia maior da lngua est em permitir a construode uma viso do mundo, em constituir nossas experincias para que, secundariamente, possamos compartilh-las como outro - da ser ela uma enrgeia, pois constantemente retorna sobre si mesma, e se reconstri: Humboldt (1836: 157).Franchi (1977) tematizou cuidadosamente estas idias, quando escreveu sobre a "lngua como uma atividadeconstitutiva".

    Chomsky comea por separar a Lngua I, ou internalizada a lngua como uma entidade mental da Lngua E,ou externalizada aquela que a gente ouve, e na qual escreve. Ele mostra que, enquanto a Lngua E corresponde maisou menos s descries das manifestaes lingusticas, o verdadeiro alvo da cincia est em entender a Lngua I. Ouseja, ele est de acordo com Humboldt. Para isso, ele prope diferentes princpios, para garantir que o raciocnio sejacuidadosamente guiado, evitando associaes intuitivas que possam prejudicar o trabalho.

    A partir dessas idias, Chomsky construiu um programa de investigaes, assim sintetizado por Raposo (1992):1. Qual o contedo do sistema de conhecimentos do falante, por exemplo, do Portugus? O que

    que existe na mente desse falante que lhe permite falar e compreender expresses doPortugus e ter intuies sobre os sons, as construes e os sentidos dessa ou de outraslnguas?

    2. Como que esse sistema de conhecimentos se desenvolve na mente do falante? Que tipo deconhecimentos necessrio pressupor que a criana traz a priori para o processo de aquisiode uma lngua particular, ou seja, para explicar o desenvolvimento dessa lngua em sua mente?

    3. Como que o sistema de conhecimentos adquirido utilizado pelo falante em situaesdiscursivas concretas?

    4. Quais so os sistemas fsicos do crebro do falante que servem de base ao sistema deconhecimentos lingsticos?

    Diversas teorias esmiam a compreenso da lngua como uma atividade mental: os estudos sobre aquisio da

    linguagem*, a gramtica gerativa*, a gramtica cognitivista*, e a Lingustica cognitivista*. Outros textos do Portal tratarodesses ramos de estudos.

    CASTILHO, Ataliba de. O que se entende por lngua e linguagem? Disponvel em http://www.museudalinguaportuguesa.org.br

    uso da forma do discurso indireto (parfrase) com remisso clara s fontes bibliogrficas.

    A contribuio maior de Humboldt foi secundarizar a funo comunicativa como uma considerao central para acompreenso da linguagem. Ele afirma repetidas vezes que a importncia maior da lngua est em permitir aconstruo de uma viso do mundo, em constituir nossas experincias para que, secundariamente, possamoscompartilh-las com o outro - da ser ela uma enrgeia, pois constantemente retorna sobre si mesma, e sereconstri: Humboldt (1836: 157).

    A partir dessas idias, Chomsky construiu um programa de investigaes, assim sintetizado por Raposo

    (1992):1. Qual o contedo do sistema de conhecimentos do falante, por exemplo, do Portugus?

    O que que existe na mente desse falante que lhe permite falar e compreenderexpresses do Portugus e ter intuies sobre os sons, as construes e os sentidosdessa ou de outras lnguas?

    2. Como que esse sistema de conhecimentos se desenvolve na mente do falante? Que tipode conhecimentos necessrio pressupor que a criana traz a priori para o processo deaquisio de uma lngua particular, ou seja, para explicar o desenvolvimento dessalngua em sua mente?

    3. Como que o sistema de conhecimentos adquirido utilizado pelo falante em situaesdiscursivas concretas?

    4. Quais so os sistemas fsicos do crebro do falante que servem de base ao sistema deconhecimentos lingsticos?

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    o uso da primeira pessoa do plural ns que caracteriza o enunciador como um membro deuma comunidade cientfica.

    Lembramos aqui que a classe dirigente romana foi centralizadora no plano militar e poltico, mas no no planolingstico e cultural, pois nunca impuseram com a fora de lei o uso da lngua latina (De Mauro 1979). A aquisio dalngua de Roma era uma escolha do povo dominado. Por outro lado, falar latim foi considerado sinal de grandedistino social para todos os verdadeiros cidados, orgulhosos da prpria lngua e do prprio prestgio poltico. Aimportncia capital de Roma, o fato de que nela estivessem concentrados os direitos civis, o prestgio imenso que

    derivava do pertencer ao Estado mais forte do Mediterrneo, tornaram o latim um objetivo de elevao social paravastas camadas de populao. Participar da latinidade queria dizer conquistar um espao poltico (Gensini 1985:40-41).8

    OLIVEIRA, Marilza. Para a Histria social da lngua portuguesa em So Paulo: sculos SVI-XVIII. Lingstica 2002. So Paulo, ALFAL, 2002, vol. 14.

    o uso de citaes (discurso direto) ou parfrases (discurso indireto) serve tambm para ampliar ouesclarecer a informao sobre determinado tema ou problema.

    1. 3 O estatuto do autor

    Com base nos pressupostos da escrita como um fazer dialgico e da leitura como um processodiscursivo, perguntamo-nos, qual o papel do autor nessa linha (sempre pensando no discursomonogrfico)?

    Para tanto, fazemos nossas as palavras de Coracini (1999: 173-174), para a qual:O autor aquele que imprimi unidade ao texto, efeito discursivo que deriva do princpio de autoria,efeito esse que faz parecer nico o que mltiplo, transparente o que opaco, desempenhando,assim uma funo jurdica de responsabilidade, ento, a ascenso da autoria se d quando osujeito, ocupando uma determinada posio numa dada formao discursiva, consegue organizaro j dito, segundo as regras de um discurso legitimado.

    Assim, a identidade do sujeito e do autor do discurso monogrfico, em nosso caso, deve serconcebida na sua heterogeneidade, sempre constitutiva, e no na homogeneidade, j que esta seapresenta de modo aparente e enganoso. Decorre, da, as mltiplas re-significaes provocadas peloestranhamento da presena do Outro (ou de outros) no fio do discurso monogrfico, desestruturandoe desestabilizando a sua prpria identidade.

    MASCIA, Mrcia Aparecida Amador. Os discursos monogrficos nos movimentos da globalizao versus virtualizao e da ps-modernidade. In Reverte 2, 2004.

    8Grifo nosso.

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    O DISCURSO ARGUMENTATIVO

    Os textos argumentativos apresentam a construo de novos conceitos a partir do prprio desenvolvimentodiscursivo.

    Caractersticas:

    tendncia a construo de novos conceitos a partir do prprio desenvolvimento discursivo apresentam a marca de um sujeito enunciador que se ope opinio de outros. o enunciador se prope a persuadir seu destinatrio presena da subjetividade do enunciador dada pelas marcas valorativas, afetivas ou apreciativas na

    linguagem

    Vamos observar um fragmento9 de um texto de Noam Chomsky, Professor de Lingstica no MITMassachusetts Institute of Technology.

    Em qual dos diversos sentidos que atribumos democracia queremos que esta sociedade seja uma sociedadedemocrtica? Permitam-me contrapor duas concepes de democracia. Em uma delas o pblico pode participar de umamaneira significativa na direo dos seus prprios assuntos, e os meios de informao so abertos e livres. Se algumprocurar a palavra democracia no dicionrio obter mais ou menos essa definio.

    Uma concepo alternativa de democracia que o pblico deve ser excludo da administrao de seus prpriosassuntos e os meios de informao devem ser rgida e estritamente controlados. Esta poderia soar como umaconcepo extravagante de democracia, mas, no entanto a que prevalece, no somente nos fatos mas tambm nateoria. H uma longa histria deste ponto de vista que comea nas primeiras revolues democrticas da Inglaterra dosculo XVII. Vejamos agora como e por qu o problema dos meios de comunicao e da desinformao cabem nestecontexto.A primeira operao de propaganda em um governo moderno aconteceu durante a administrao de Woodrow Wilson.Wilson foi eleito presidente dos Estados Unidos em 1916 com uma plataforma cujo lema era Paz sem vitria. Era umlema acertado em plena Primeira Guerra Mundial. A populao norte-americana era extremamente pacifista e no viarazo alguma para intervir no conflito europeu. Mas a administrao de Wilson havia se comprometido em atuar e deviafazer algo a respeito. Estabeleceu assim uma comisso de propaganda do governo, denominada comisso Creel, queem menos de seis meses conseguiu converter uma populao pacifista em uma histrica e belicosa massa que ansiavadestruir a Alemanha, despedaar os alemes membro por membro, ir guerra e salvar o mundo. Foi uma conquistafenomenal, e deu lugar a outras conquistas.

    Nesta mesma poca e depois da guerra, as mesmas tcnicas foram empregadas para estimular o Medo aosVermelhos. Como se sabe, com elas se alcanou um enorme sucesso na destruio dos sindicatos e na delimitao deperigosos problemas como a liberdade de imprensa e a liberdade de pensamento poltico. Esta cruzada contou com um

    forte apoio dos meios de comunicao e das grandes empresas, que organizaram e impulsionaram o trabalho.

    Linguagem persuasiva

    Entre os que participaram com entusiasmo havia alguns intelectuais progressistas, gente do crculo de JohnDewey (filsofo e educador), que sentiam grande orgulho em mostrar como se pode ver por seus escritos dessapoca que os mais inteligentes membros da comunidade como eles se denominavam a si prprios faziamdesviar em direo guerra uma populao que no a desejava, aterrorizando-a e inflamando-a com um fanatismopatriota.

    Os meios que se empregaram foram dos mais imaginativos. Houve, por exemplo, uma abundante fabricao deatrocidades cometidas: criancinhas belgas com os braos arrancados e adolescentes alsacianas10 que tinham ascabeas arremessadas contra a parede e toda a sorte de coisas terrveis que ainda se podem ler nos livros dehistria.Tudo isso foi inventado pelo Ministrio de Propaganda britnico, cujo compromisso central naquele momento tal como escreveram nas atas de suas deliberaes secretas era controlar o pensamento de todo o mundo. Mas

    aquilo que mais interessava era controlar o pensamento dos membros mais inteligentes da comunidade dos EstadosUnidos, que poderiam difundir a propaganda que o ministrio havia tramado e converter um pas pacifista em umhistrico guerreiro.

    A propaganda para a democracia o que o cassetete ou os instrumentos de tortura so para os governostotalitrios. Os Estados Unidos foi o pioneiro na indstria das relaes pblicas. O objetivo dessa indstria controlar amente das massas. Os Estados Unidos aprendeu muito da Comisso Creel e com o lucro obtido com o Medo aosVermelhos.

    uma vasta indstria. Gasta atualmente um bilho de dlares por ano. A mensagem essencial que devemostrabalhar todos juntos e em harmonia em prol do ideal norte-americano . Quem poderia se opor a isso? Quem poderiase opor a um slogan como Apie nossos soldados? So todas frases vazias. De fato, se te perguntam: Voc apia aspessoas de Iowa? Voc responderia que sim, claro, sem saber muito bem o que isso significa. O que tudo isso significa: apie nossa poltica. Mas voc no quer que as pessoas percebam isso. Aqui est a sutileza da boa propaganda.Trata-se de criar um slogan ao qual ningum se oponha e que todos apiam porque ningum sabe o que significa,porque a ateno est desviada daquilo que de fato significa algo: Voc apia nossa poltica?

    9Traduo nossa.10Alsaciano.: ADJ 1natural ou habitante da Alscia (Frana).

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    Para convencer o destinatrio de seu julgamento sobre a funo dos meios de comunicao de massa nasdemocracias atuais Chomsky lana mo de diferentes estratgias:

    interpelao do destinatrio com uma pergunta inicial

    O texto inicia com uma pergunta que envolve o leitor ao convid-lo a pensar sobre a democraciaque queremos:

    Em qual dos diversos sentidos que atribumos democracia queremos que esta sociedade seja umasociedade democrtica?

    Este tipo de pergunta se distingue daquelas que encontramos no discurso expositivo-explicativo,normalmente neste tipo de texto a pergunta se apresenta de forma mais neutra e tem a funo deesclarecer uma questo que o leitor desconhece:

    O que a fenomenologia? (..) A fenomenologia o estudo das essncias, e segundo ela, todos osproblemas se resolvem no estudo das essncias:...

    MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologa de la percepcin, Barcelona, Planeta, 1985.

    No texto argumentativo de Chomsky, a pergunta do enunciador compromete o leitor. O uso daprimeira pessoa do plural nesse caso tem a funo de incluir o destinatrio (que sentido atribumos democracia que queremos / voc e eu....?), como se enunciador e destinatrio compartilhassemdas mesmas opinies.

    uso argumentativo da definio do conceito de democracia

    O autor apresenta a definio de democracia com seleo de algumas caractersticas do significadode democracia (tomada de decises e a liberdade de imprensa), o que permite a introduo de umnovo conceito que se constri no desenvolvimento discursivo na confrontao com a definio dodicionrio, com a qual dialoga polemicamente:

    Permitam-me contrapor duas concepes de democracia. Em uma delas o pblico pode participar deuma maneira significativa na direo dos seus prprios assuntos, e os meios de informao soabertos e livres. Se algum procurar a palavra democracia no dicionrio obter mais ou menos essa

    definio.Uma concepo alternativade democracia que o pblico deve ser excludo da administrao deseus prprios assuntos e os meios de informao devem ser rgida e estritamente controlados. Estapoderia soarcomo uma concepo extravagantede democracia, mas no entanto a que prevalece,no somente nos fatos mas tambm na teoria. H uma longa histria deste ponto de vista que comeanas primeiras revolues democrticas da Inglaterra do sculo XVII.

    uso de segmento narrativo com inteno argumentativa

    O terceiro pargrafo introduz uma seqncia narrativa que contribuiu com explicaes quefundamentam a analogia que aparece nas concluses do pargrafo oito: A propaganda para ademocracia o que o cassetete ou os instrumentos de tortura so para os governos totalitrios.

    incluso de outras vozes de forma fragmentadaNo texto de Chomsky o discurso de outrem est acompanhado pelos comentrios do enunciador.

    Entre os que participaram com entusiasmo havia alguns intelectuais progressistas, gente do crculo de JohnDewey (filsofo e educador), que sentiam grande orgulhoem mostrar como se pode ver por seus escritosdessa poca que os mais inteligentes membros da comunidade como eles se denominavam a siprprios faziam desviar em direo guerra uma populao que no a desejava, aterrorizando-a einflamando-a com um fanatismo patriota.

    A incluso de outras vozes no texto aparece de forma hbrida, ou seja, sem marcas definidas, istosupe uma interpretao do discurso do outro pelo argumentador que deixa transparecer sua

    posio ideolgica ou afetiva.

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    criancinhas belgas com os braos arrancados e adolescentes alsacianas que tinham as cabeasarremessadas contra a parede e toda a sorte de coisas terrveis que ainda se podem ler nos livros dehistria.Tudo isso foi inventadopelo Ministrio de Propaganda britnico, cujo compromisso central naquelemomento tal como escreveram nas atas de suas deliberaes secretas era controlar o pensamento detodo o mundo.

    Neste tipo de seqncia textual predomina o discurso indireto, a contaminao de vozes e odiscurso indireto livre.

    interpelao do destinatrio em segunda pessoa

    No ltimo pargrafo o enunciador, de forma mais direta, volta a interpelar o enunciador paracompromet-lo em um suposto dilogo em que trata de evidenciar o funcionamento dos meios decomunicao de massa nas democracias:

    uma vasta indstria. Gasta atualmente um bilho de dlares por ano. A mensagem essencial quedevemos trabalhar todos juntos e em harmonia em prol do ideal norte-americano . Quem poderia se opor aisso? Quem poderia se opor a um slogan como Apie nossos soldados? So todas frases vazias. De fato, sete perguntam: Voc apia as pessoas de Iowa? Voc responderia que sim, claro, sem saber muito bem o queisso significa. O que tudo isso significa : apie nossa poltica. Mas voc no quer que as pessoas percebamisso. Aqui est a sutileza da boa propaganda. Trata-se de criar um slogan ao qual ningum oponha e que

    todos apiam porque ningum sabe o que significa, porque a ateno est desviada daquilo que de fatosignifica algo: Voc apia nossa poltica?

    Neste pargrafo h a representao de diferentes vozes com a finalidade de acentuar o controlesocial exercido pelos meios de comunicao.

    Quadro esquemtico das caractersticas dos textos expositivo-explicativo e argumentativo:

    expositivo-explicativo argumentativo apresenta-se como um saber construdo

    alhurese j reconhecido socialmente, oucomo um saberterico.

    Tendncia a apagar as marcas do sujeitoenunciador e instaurar uma distancia quegere o efeito de objetividade.

    As fronteiras entre discurso citante ecitado so ntidas.

    Prope-se a informar.

    A dimenso relativa ao conhecimento central.

    Apresenta-se como a construo denovos conceitos a partir do prpriodesenvolvimento discursivo.

    O sujeito enunciador se manifesta econfronta sua opinio com a de outros.

    Aparecem distintas formas decombinaes de vozes.

    Prope-se a persuadir.

    dimenso relativa ao conhecimento seacrescenta a emocional.

    ATIVIDADES

    Leia os textosValores universitrios e Teoria 1: a lngua uma atividade mental). Considere a caracterizao dostextos expositivo-explicativo e argumentativo e compare entre ambos:

    - tipo de seqncia predominante- tendncia ausncia ou presena do sujeito enunciador- formas de incluso da palavra de outros- finalidade

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    EXPLICAO/EXPOSIO

    Aspectos a serem considerados no texto explicativo-expositivo:

    Recursos discursivos:

    tendncia a apagar marca enunciativas do sujeito para gerar efeito de objetividade;

    delimitao clara do discurso citado, com citaes textuais ou remisso clara sfontes bibliogrficas.

    Recursos retricos:

    definio comparao e analogia reformulao exemplo reiterao organizadores de discurso

    A SEQNCIA EXPLICATIVA-EXPOSITIVA

    Esquema tpico:

    apresentao (facultativa) formulao do problema (explcita ou implcita) resposta ao problema avaliao (facultativa)

    Os tomos esto compostos de prtons, nutrons e eltrons. Podemos cortar um eltron? Sebombardearmos prtons com outras partculas elementares a grandes energias outros prtons,por exemplo comeamos a vislumbrar unidades mais fundamentais que se ocultam dentro doprton. Os fsicos propem atualmente que as chamadas partculas elementares como os prtons e

    os nutrons esto compostos na realidade por partculas mais elementares, chamadas quarks,...11

    SAGAN, C. Cosmos. Buenos Aires, Planeta, 1980.

    Podemos observar as seguintes partes no texto anterior:

    apresentao:

    Os tomos esto compostos de prtons, nutrons e eltrons

    Aqui temos a situao inicial que neste caso trata-se de um saber j reconhecido socialmente, e que sepresume que o leitor conhea.

    formulao do problema

    Podemos cortar um eltron?

    O problema a ser explicado aparece em forma de pergunta. Encontrar partculas menores umdilema para a cincia, como se trata de um livro de divulgao cientfica pressupe-se que o leitor necessiteda informao.

    resposta ao problema

    Se bombardearmos prtons com outras partculas elementares a grandes energias outros prtons, porexemplo comeamos a vislumbrar unidades mais fundamentais que se ocultam dentro do prton.

    Temos aqui a resposta ao problema com os conhecimentos constatados pela cincia at omomento da publicao do livro.

    11Traduo nossa.

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    avaliao

    Os fsicos propem atualmente que as chamadas partculas elementares como os prtons e os nutronsesto compostos na realidade por partculas mais elementares, chamadas quarks,...

    Nesta ltima parte so apresentadas as especulaes dos cientistas sobre a existncia departculas subatmicas, podemos entend-la como uma avaliao que o autor faz do estado doconhecimento da cincia.

    Nem sempre temos estas quatro partes em todas as seqncias explicativas, h casos em quealguma delas pode estar implcita. Normalmente quando se supe que o leitor conhece a situao inicialno h apresentao, em alguns casos at mesmo a formulao do problema pode estar ausente.

    ATIVIDADE:

    Leia o texto e identifique o problema que explicado.

    ______________________________________________________________________

    Durante mais de quatro sculos o discurso oficial se referiu ao descobrimento da Amrica paradesignar a chegada de Colombo a Guanahan, em 12 de outubro de 1492. No entanto, em torno doQuinto Centenrio registrou-se um gesto que merece ser observado e explicado: seus promotores o Estado espanhol e os governos latino americanos descartaram o conhecido descobrimento embeneficio de um termo que expresse melhor sua tica atual. Assim passaram a usar paracomemorar aquele acontecimento histrico o nome Encontro de dois mundos.Descobrimento ou conquista? Faanha civilizadora ou lenda negra? Encontro de dois mundos ougenocdio? So termos de uma polmica que no cessa, porque o nome das coisas sempre umterreno de disputa.Dar nome a um fato, longe de ser um ato de objetividade, envolve necessariamente uma valorizaoque no arbitraria, nem responde a simples vontades individuais, mas materializa a viso que seproduz a partir de uma determinada linha ideolgica, poltica, cultural e social. (...).12

    Di Stefano, M. E Gorini, U.: El nombre de la cosa. In : El descubrimiento, Buenos Aires, Desde la gente, 1992.

    12Traduo nossa.

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    O QUE DESENCADEIA A EXPLICAO

    Normalmente o ponto de partida para o desenvolvimento do discurso explicativo a existncia de umproblema que pode ser enunciado das seguintes formas:

    oraes interrogativas diretas

    Alimentos transgnicosO que so? Sementes transgnicas so as que tm seu material gentico alterado por meio da

    inoculao de outros organismos para gerar plantas resistentes a herbicidas ou pragas.Vantagens Podem produzir alimentos mais nutritivos e baratos Seu cultivo mais eficiente do que o convencionalRiscos potenciais Causar alergias ou danificar o sistema imunolgico Transmitir seus genes a outras espcies, gerando superpragas Genes das sementes modificadas podem afetar animais e insetos

    Folha de So Paulo, 22/04/99.

    oraes interrogativas indiretasQuem jovem corre mais riscos

    H 25 doenas relacionadas com o cigarro, segundo a OMS (Organizao Mundial de Sade).Algumas atingem mais diretamente quem comea a fumar antes dos 20 anos. Todo mundo sabeque fumar pode causar cncer no pulmo. Mas poucos sabem que o cigarro responsvel por90% das mortes por cncer do pulmo, ou seja, quase todas.

    Ftima Gigliotti. Folha de So Paulo, 31/05/99.

    O texto anterior poderia apresentar o problema da seguinte forma:

    Neste estudo os especialistas trataram de investigar se existe um grupo que corre mais riscos de

    doenas relacionadas com o cigarro.

    com ttulos que antecipem o problema

    Calvcie e queda de cabelo

    Nossos cabelos esto constantemente caindo e sendo repostos. A calvcie acontecequando a taxa de queda de cabelos superior ao normal e no h a reposio dos fios decabelo. A calvcie tambm ocorre em mulheres, porm, ao contrrio dos homens nos quaisa esmagadora maioria dos casos decorrente da gentica ou hormnios, no sexo femininoas causas so mais complexas.

    http://www.copacabanarunners.net/calvicie.html 31/10/05

    sem uso de formas interrogativas

    A descoberta de que o mundo se tornou mundo, de que o globo no mais apenas uma figuraastronmica, de que a Terra o territrio no qual todos se encontram relacionados e atrelados, diferenciados eantagnicos, essa descoberta surpreende, encanta e atemoriza. Trata-se de uma ruptura drstica nos modos deser, sentir, agir, pensar e fabular. Um evento heurstico13de amplas propores, abalando no s convices, mastambm vises do mundo.

    Ocorre que o mundo no mais exclusivamente uma coleo de naes, sociedades nacionais, estados-naes, em suas relaes de interdependncia, dependncia, colonialismo, imperialismo, bilateralismo,multilateralismo. Simultaneamente, o centro do mundo no mais principalmente o indivduo, tomado singular ecoletivamente, como povo, classe, grupo, minoria, maioria, opinio pblica. Ainda que a nao e o indivduocontinuem a ser muito mais reais, inquestionveis e presentes todo o tempo, em todo lugar, povoando a reflexo e

    a imaginao, ainda assim j no so hegemnicos14. Foram subsumidos15formal ou realmente pela sociedade

    13Heurstico.: Adj. que busca inveno ou a descoberta; investigativo.14Hegemnico.: Adj. que tem hegemonia. (Hegemonia.: 1preponderncia de um povo ou uma classe social sobre a outra. 2posio destacada; supremacia; superioridade).15Subsumir. V. considerar como dependente ou como compreendido.

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    global, pelas configuraes e movimentos da globalizao. O mundo mundializou-se, de tal maneira que o globodeixou de ser uma figura astronmica para adquirir mais plenamente sua significao histrica.

    Da nascem a surpresa, o encantamento e o susto. Da a impresso de que se romperam modos de ser,sentir, agir, pensar e fabular. Algo parecido com as drsticas rupturas epistemolgicas16 representadas peladescoberta de que a Terra no mais o centro do universo, conforme Coprnico, o homem no mais filho deDeus, segundo Darwin, o individuo um labirinto povoado de inconsciente, de acordo com Freud. claro que adescoberta da sociedade global, que o pensamento cientfico est realizando no declnio do sculo XX, noapresenta as mesmas caractersticas das descobertas mencionadas. Mesmo porque so diversas e antigas as

    instituies e indicaes mais ou menos notveis da globalizao. Desde que o capitalismo desenvolveu-se naEuropa, apresentou sempre conotaes internacionais, multinacionais, transnacionais, mundiais, desenvolvidas nointerior da acumulao originria, mercantilismo, colonialismo, imperialismo, dependncia, interdependncia. Eisso est evidente no pensamento de Adam Smith, David Ricardo, Herbert Spencer, Karl Marx, Max Weber emuitos outros. Mas inegvel que a descoberta de que o globo terrestre no mais apenas uma figuraastronmica, e sim histrica, abala modos de ser, pensar, fabular.

    Nesse clima, a reflexo e a imaginao no s caminham de par-em-par como multiplicam metforas,imagens, figuras, parbolas e alegorias destinadas a dar conta do que est acontecendo, das realidades nocodificadas, das surpresas inimaginadas. As metforas parecem florescer quando os modos de ser, agir, pensar efabular mais ou menos sedimentados sentem-se abalados. claro que falar em metfora pode envolver no simagens e figuras, signos e smbolos, mas tambm parbolas e alegorias. So mltiplas as possibilidades abertasao imaginrio cientifico, filosfico e artstico, quando se descortinam os horizontes da globalizao do mundo,envolvendo coisas, gentes e idias, interrogaes e respostas, explicaes e intuies, interpretaes e previses,nostalgias e utopias.

    A problemtica da globalizao, em suas implicaes empricas e metodolgicas, ou histricas e tericas,pode ser colocada de modo inovador, propriamente heurstico, se aceitamos refletir sobre algumas metforasproduzidas precisamente pela reflexo e imaginao desafiadas pela globalizao. Na poca da globalizao, omundo comeou a ser taquigrafado como aldeia global, fbrica global, terra ptria, nave espacial, nova babel eoutras expresses. So metforas razoavelmente originais, suscitando significados e implicaes. Povoam textoscientficos, filosficos e artsticos.

    IANNI, Octavio. In: Sociedade e Linguagem. Unicamp, Campinas, SP, 1997

    Qual o problema que o texto tenta explicar?

    _____________________________________________________________________

    16Epistemolgico.:Adj. de ou relativo a epistemologia. (Epistemologia.: conjunto de estudos sobre a origem, natureza e limites do conhecimento).

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    FORMAS DE EXPLICAR: recursos retricos

    Para dar resposta a uma pergunta a explicao pode usar diferentes recursos, como por exemplo tratar deapresentar as causas que explicam o fenmeno, ou narrar a origem de algum acontecimento, definiesque facilitem a compreenso do que se pretende explicar, exemplos, etc.

    Explicaes que remetem a enunciados geraisO objetivo deste ensaio discutir as sempre delicadas relaes entre sociedade e literatura,

    privilegiando, no amplo aspecto destas relaes, o processo pelo qual, em diferentes momentos, distintasformaes sociais estabeleceram formas diversas de gerenciamento da literatura.

    Identificando-se muitas vezes com a proibiodo literrio ou de algumas de suas manifestaes, masno se esgotando no puro gesto censrio, pois que outras vezes manifesta-se na recomendao oumesmo na obrigao de determinadas leituras, o gerenciamento que a sociedade impe literaturasugere a grande influncia desta sobre aquela.

    Encenando, simbolizando ou exprimindo identidades, valores, emoes, sentimentos, pontos de vistae linguagens sociais, a literatura ela prpria, uma dessas linguagens simultaneamente radar eespelho, reflexo e sinal.

    Os olhos mais do que ressabiados com que a sociedade costuma encarar a literatura talvez sedevam exatamente a este perfil instvel e ubquo de uma prtica social simblica que vem h sculosacompanhando o homem. Impiedade, loucura, excentricidade, marginalidade, criminalidade, subverso...so conceitos que, implcita ou explicitamente se fazem presentes em diferentes discursos sociais sobreprticas literrias, na expectativa de cortar-lhes as arestas, modul-las e model-las.

    de alguns destes discursos que se ocupa o presente ensaio, que seleciona diferentes formas degerenciamento da literatura pelo Estado, para, a partir delas, refinar questes, levantar hipteses e sugerirconcluses. (...)

    LAJOLO, Marisa. Sociedade e literatura: parceria sedutora e problemtica. In: Sociedade e Linguagem.Unicamp, Campinas, SP, 1997.

    Qual o assunto mais geral, e qual o mais particular que o texto aborda?

    ___________________________________________________________________________

    Reformulao

    Procedimento para facilitar a compreenso do leitor, consiste em apresentar um enunciado queesclarea o segmento anterior do texto, ou que acrescente informao sobre este.

    Marcadores de reformulao:isto , a saber, ou, ou seja, em outras palavras, sintetizando

    Estes no so marcadores exclusivos de reformulao.

    Um terremoto que mede 7 na escala Richter (em torno de 25 por ano), libera 1025ergs de energia, isto , deztrilhes de trilhes de ergs, a energia equivalente queima de 38 bilhes de litros de gasolina! (GLEISER,Marcelo)17

    Usando o fato de que ondas-S jamais so detectadas em pontos diametralmente opostos do planeta, ou seja,que elas no atravessam a Terra passando pela sua regio central,deduzimos que essa regio deve serlquida.

    Funes mais habituais da reformulao em um texto expositivo:

    1) definir o sentido da formulao original ou indicar em que sentido deve ser interpretada2) indicar equivalncia na significao3) desenvolver ou exemplificar o conceito original4) propor um enunciado mais fcil de compreender

    A partir das funes 1 e 3 podemos perceber que a definio e o exemplo so procedimentos de

    reformulao. No texto explicativo funcionam tambm como recurso para facilitar a compreenso.

    17Folha de So Paulo, 24/10/99.

  • 7/13/2019 Apostila Comunicacao e Expressao

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    Comunicao e Expresso IProf.: Neide Elias 1 SEMESTRE DE 2008

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    Exemplos

    O exemplo apresenta um caso concreto, particular, do conceito que est sendo explicado. Todoexemplo estabelece uma relao entre o caso particular, por um lado, e o conceito abstrato poroutro. Normalmente este recurso no texto explicativo tem a finalidade de esclarecer.

    Marcadores do exemplo:expresses: por exemplo, como por exemplo(exclusivas da exemplificao)

    a saber, assim, como, o caso de

    signos de pontuao: dois pontos, parnteses, hfen.

    Exemplo:

    Seja, por exemplo, o caso de uma companhia eltrica que necessita manter o cadastro de toda a redeeltrica, com seus com seus vrios elementos constituintes, tais como: transformadores, capacitores,cabos, postes, etc. (SILVA, 2002:18)18

    DefinioO termo banco de dados significa um conjunto de dados organizados de maneira a atender uma determinadafinalidade, ou um conjunto de finalidades integradas. O termo banco de dados espaciais utilizado quando osdados a serem armazenados possuem caractersticas espaciais, ou seja, possuem propriedades quedescrevem a sua localizao no espao e a sua forma de representao. Seja, por exemplo, o caso de umacompanhia eltrica que necessita manter o cadastro de toda a rede eltrica, com seus vrios elementosconstituintes, tais como: transformadores, capacitores, cabos, postes, etc. Alm disso, importante para aconcessionria saber quem so seus clientes, como se comporta o consumo desses clientes e a que parte darede eles esto conectados.(SILVA, 2002:18)

    A definio de um termo tem como funo reduzir a opacidade e ambigidade das palavras. Tiposde definies:

    descritiva- descreve ou caracteriza o conceito.

    Marcadores: expresses como est formado por, est constitudo por, est composto por,consiste em, etc.

    Exemplo:

    O Processamento da Consulta Espacial consiste nainterpretao (sinttica e semntica) de umaconsulta escrita em linguagem de alto nvel para instrues de baixo nvel, gerando-se um planoestratgico de execuo e diretrizes para o processame