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Audiência pública sobre o uso do Amianto
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Audiência pública sobre o uso do Amianto
Subsídios do Ministério do Trabalho e Emprego – 24 de agosto de 2012.
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
Eduardo de Azeredo Costa*Presidente da FUNDACENTRO
*Doutor em Medicina, Mestre em Saúde Pública, PhD em Epidemiologia.
Representante do Ministério do Trabalho e Emprego:
Presidente Getúlio Vargas:
•”Cada etapa da evolução econômica nacional, da mesma forma que corresponde a uma certa composição da população e a uma
determinada distribuição de mão de obra, também apresenta seus definidos problemas
sanitários a serem com possibilidade de sucesso solucionados.”*
• * Mensagem ao Congresso Nacional, 1951.
Amianto e saúde (1):• CONSENSOS CIENTÍFICOS:
• I. Todas as formas (anfibólios e serpentina) são responsáveis por doenças em trabalhadores e em outros expostos na população (familiares, habitantes do entorno de fábricas, etc.).
• II. Produz doenças graves, crônicas e irreversíveis por tratamento médico.
• III. Risco relativo em expostos muito alto, caracterizando causalidade direta (sem associação de outros riscos).
Amianto e Saúde (2)
• CONSENSOS CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICOS• Agravos à saúde do trabalhador amianto-relacionados
• Fibrose pulmonar (asbestose) e placas pleurais• Câncer de pulmão, laringe e ovário• Mesotelioma (pleura e peritônio)
• É um dos carcinógenos melhor estudados.• Período de latência dos agravos
• Asbestose: 10-15 anos• Cânceres: 20 a 40 anos
Amianto e Saúde (3)ESTIMATIVAS DA MAGNITUDE NO BRASIL (1)
(incidência, prevalência, mortalidade e importância relativa):
• I. Dificuldade de diagnóstico e registro de casos:
• Treinamento médico inadequado (medicina de mercado)
• Sonegação voluntária
• Casos ocorrem frequentemente depois da demissão ou aposentadoria
• Regiões desprovidas de recursos adequados de saúde
Amianto e Saúde (3)ESTIMATIVAS DA MAGNITUDE NO BRASIL (2)
(incidência, prevalência, mortalidade e importância relativa):
• II. Riscos associados à exposição:• Risco na população em geral é de difícil estimação
(poucos estudos, metodologicamente complexo).
• Risco ocupacional ocupa centro das discussões nessa audiência (Franco, Algranti, Castro, Giannasi e outros).
Amianto: custo social.
• Custo da doença/risco.• Sofrimento pessoal: dificuldade respiratória, susceptibilidade a
intercorrências infecciosas, incapacidade.• Sofrimento familiar: assistência médico-social, incapacidade e
morte prematura.• Financeiro: direto e indireto: pessoal, familiar, empresas e
governo: assistência médica do SUS e das empresas, afastamentos, previdência social – auxílio-doença e
aposentadoria especial - investimentos em equipamentos.• Inspeções do trabalho e monitoramento dos expostos.• Destino adequado dos rejeitos.
Amianto e Mesotelioma no Reino Unido (Peto, 1995)
Regulamentação atual !NR 15 – ANEXO 12
•Obriga ao cadastro das empresas utilizadoras, a ser renovado a cada 2 anos
•Define Limite de tolerância (LT)
LT=2,0 f/cm3
•Define rotulagem dos produtos
•Proíbe spray de qualquer tipo
•Proíbe grupo dos anfibólios
Distribuição das minas e empresas que beneficiam amianto no Brasil, a partir de 1991
Fontes: 1. DNPM/MME; 2. MTE/SRTE-SP
Distribuição das empresas utilizadoras de amianto e nº de postos de trabalho, por região do país, em 2012
Fonte: cadastro SIT/MTE
Ações fiscais MTE: jan. 2010 a jun. 2012
• Ações fiscais realizadas: 51 (1 por empresa do cadastro do AMIANTO)
Fonte: SIT/MTE
DESAFIOMINAÇU (Goiás)
*
Produção em 2009:290.972 ton =R$ 370.390.457,00(Fonte: DNPM, 2010)
Fundamentos para uma nova abordagem do MTE
Estratégia Populacional X Alto RiscoBaseado nos conceitos de Geoffrey Rose*(The Strategy of Preventive Medicine**)
Características do enfoque populacional
• Estratégia epidemiológica: baseada em análise do fator causal.
• Estratégia sanitária: preventiva (remoção do fator de risco).• Estratégia operacional: eliminação do risco e não seu uso
controlado.• Exame acurado e soluções para situações especiais.• Vigilância e cuidados aos que continuarão adoecendo nas
próximas décadas.
Quem já decidiu por eliminar o uso:
• Organismos internacionais • OMS, OIT
• Governos de 66 países, estados e municípios brasileiros• (São Paulo, Rio Grande do Sul, entre outros)
• Entidades internacionais de Saúde• ICOH, Sociedades Internacionais de Epidemiologia
• Entidades nacionais de Saúde• ABRASCO• FIOCRUZ• FUNDACENTRO
Posição do Ministério do Trabalho e Emprego:
ACÚMULO TÉCNICO e ORIENTAÇÃO POLÍTICA:
• Em 2004 : A FUNDACENTRO e o MTE já haviam se posicionado sobre estratégia a ser adotada no país para a substituição do amianto a partir de Grupo de Estudo (Doc. 1).
• Em 2005: Recomendação da OMS sobre a Prevenção de doenças relacionadas ao Asbesto (Doc. 2).
• Em 2006: Resolução sobre o Asbesto da 95ª. Conferência Internacional do Trabalho, Genebra 2006 (Doc. 3)
• Em 2010: Dossiê AMIANTO Brasil, Câmara dos Deputados, Relator Dep. Edson Duarte (Doc. 4)
• Em 2011: Decreto 7602 de 07/11/2011 cria a Política Nacional de Saúde e Segurança o Trabalho.
• Em 2012 : Reconhecimento de que a SST é questão fundamental para o trabalho decente no Brasil. ( Ia. Conferência Nacional do Trabalho Decente)
Posição do Ministério do Trabalho e Emprego:
PROTAGONIZAR AÇÕES PARA TORNAR EFETIVO O BANIMENTO DO AMIANTO
1. Propor e implementar políticas públicas visando:
• a revisão imediata dos limites de tolerância da NR15.
• a substituição do insumo na cadeia produtiva
• a capacitação para melhoria diagnóstica
Posição do Ministério do Trabalho e Emprego:
PROTAGONIZAR AÇÕES PARA TORNAR EFETIVO O BANIMENTO DO AMIANTO
2. Propor Programa Emergencial visando:• ações específicas relacionadas ao desemprego e treinamento
para novas atividades: seguro desemprego e requalificação (MTE/FAT/PNQ/PRONATEC/MDS/parcerias: sindicatos, patronato, sistema S)
• substituição tecnológica: incentivos à inovação, financiamento para processos industriais alternativos – MCTI, MDIC/BNDES
• proibição da importação: MF/CACEX/MDIC/PF/ANVISA
CONCLUSÃO:
O MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO CONSIDERA QUE O BANIMENTO DO AMIANTO NO BRASIL É:
•SAUDÁVEL E DESEJÁVEL;
•FACTÍVEL (tecnológica, financeira e operacionalmente)
•RESPONDE AOS COMPROMISSOS COM OS TRABALHADORES E A SOCIEDADE BRASILEIRA COMO UM TODO;
•É UM PASSO IMPORTANTE NA INSERÇÃO DO BRASIL NO PROCESSO CIVILIZATÓRIO MUNDIAL.
Agradecimentos:
1.À oportunidade que o STF abre para o diálogo social;2.À indicação do Ministro Brizola Neto para que o presidente da FUNDACENTRO representasse o Ministério do Trabalho e Emprego.
3.A Domingos Lino e Ricardo Lorenzi, que nos assessoraram na apresentação.4.Às contribuições de Rodolfo Torelli, Vera Albuquerque, Fernanda Giannasi e outros técnicos do MTE.
5.A especialistas da FUNDACENTRO, em particular Eduardo Algranti, que estudam o problema há mais de duas décadas.
6.Ao verdadeiro movimento social que perpassa entidades e pessoas que lutam pela vida saudável e conhecem o sofrimento dos afetados pela exposição ao amianto.
Obrigado!