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1 BAHÁ’Í BRASIL Página 5 Pioneirismo Conheça jovens dedicados a suas novas comunidades Nº 34 - Setembro/2012 Ferramentas do Instituto Ruhí estimulam crianças, jovens e adultos a trilharem o caminho do serviço à humanidade Bahá’í Brasil Assessoria de Comunicação - Órgão da Comunidade Bahá’í Brasileira Jornalista Responsável: Jordana Araújo | Diagramação: Jordana Araújo / Silvana Guimarães | Revisão: Daniella Hiche / Mary Aune / Foad Shaikhzadeh | Impressão: Kaco Gráfica e Editora Entidade Responsável: Assembleia Espiritual Nacional dos Bahá’ís do Brasil - Caixa Postal 7035 | CEP 71635-971 – Brasília-DF | Site: www.bahai.org.br - e-mail: [email protected] | Tiragem: 2.500 exemplares Expediente Participação comunitária na transformação social Rio+20 Bahá’ís participam de conferência histórica Página 8 Página 2 Página 9 Página 4 Conferência do Panamá Indígenas das Américas consultam sobre desenvolvimento comunitário Peregrinação Descubra os lugares sagrados bahá’ís na Terra Santa Novos títulos são garantia de boa leitura Editora Bahá’í Página 12

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Jornal da Comunidade Bahá'í Brasileira

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BAHÁ’Í BRASIL

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Pioneirismo Conheça jovens dedicados a suas novas comunidades

Nº 34 - Setembro/2012

Ferramentas do Instituto Ruhí estimulam crianças, jovens e adultos a trilharem o caminho do serviço à humanidade

Bahá’í BrasilAssessoria de Comunicação - Órgão da Comunidade Bahá’í Brasileira Jornalista Responsável: Jordana Araújo | Diagramação: Jordana Araújo / Silvana Guimarães | Revisão: Daniella Hiche / Mary Aune / Foad Shaikhzadeh | Impressão: Kaco Gráfica e Editora Entidade Responsável: Assembleia Espiritual Nacional dos Bahá’ís do Brasil - Caixa Postal 7035 | CEP 71635-971 – Brasília-DF | Site: www.bahai.org.br - e-mail: [email protected] | Tiragem: 2.500 exemplares

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Participação comunitária na transformação social

Rio+20Bahá’ís participam de conferência histórica

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Conferência do PanamáIndígenas das Américas consultam sobre desenvolvimento comunitário

PeregrinaçãoDescubra os lugares sagrados bahá’ís na Terra Santa

Novos títulos são garantia de boa leituraEditora Bahá’í

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Nº 34 - Setembro/2012

O mês de junho de 2012 testemunhou uma das mais importantes mobilizações mundiais em torno da temática do desenvolvimento e da sustentabilidade desde a realização, vinte anos antes, da primeira Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente – a ECO-92. A Rio+20 e seus eventos paralelos, organizados pela sociedade civil mundial, trouxeram para o Rio de Janeiro milhares de pessoas cujo foco, durante mais de duas semanas de atividades, foi a revisão do modelo de desenvolvimento rumo à sustentabilidade da vida no planeta.

Durante a Cúpula dos Povos – principal articulação de ONGs e movimentos sociais realizada durante a Rio+20 – um contingente de acadêmicos, militantes e curiosos passaram pelo Aterro do Flamengo. Cada uma dessas pessoas trazia consigo a vontade de compartilhar experiências e aprender com os demais participantes acerca das alternativas possíveis para as estruturas e processos vigentes, hoje já consideradas como insuficientes para atender às necessidades da população global.

Entre esses milhares de pessoas, um grupo de dedicados bahá’ís ocupava-se na promoção de atividades de transformação individual e coletiva. Em média 300 pessoas visitavam o estande da comunidade bahá’í por dia. Talvez muitos deles não tenham sequer se dado conta de que um capítulo importante dessa história, que na verdade, teve início muitos anos antes, se desenrolara há poucos metros dali, no renomado Hotel Glória, em 1940.

Naquele ano, um pequeno grupo de mulheres sentadas em uma sacada do hotel discutiam as possibilidades de ampliação das vitórias já alcançadas com o estabelecimento de novos centros de atividades bahá’ís no Brasil e nas principais cidades do continente americano.

May Maxwell, Jeanne Bolles e Leonora Armstrong viviam em um mundo que estava entrando na 2ª Grande Guerra Mundial. Junto com os demais bahá’ís da região, elas experimentavam as dificuldades de apresentar a visão de uma nova sociedade diante da repressão imposta pelos governos a quaisquer novas ideias que não fossem aliadas ao modelo materialista vigente.

Leonora lembrava-se do dia em que desembarcou, dezenove anos antes, no porto do Rio de Janeiro – em suas palavras, “o mais belo porto que já havia visto”. “Suaves nuanças de rosa e violeta no horizonte da formosa baía de Guanabara... pareciam simbolizar o alvorecer de um glorioso Novo Dia”, declarou posteriormente. Então com apenas 25 anos de idade, ela tinha a clara consciência de que não estava sozinha em sua missão de ajudar a estabelecer uma Nova Ordem Mundial baseada nos princípios ensinados por Bahá’u’lláh.

Passados 70 anos desde a memorável conversa na sacada do hotel, tudo parece mais uma vez se renovar. Enquanto o próprio hotel passa por uma abrangente reforma, bahá’ís brasileiros e de diversas partes do mundo participam ativamente na construção dos discursos sociais, influenciando as ideias de indivíduos e instituições rumo à construção de um mundo melhor. Juntamente com as experiências e inovações apresentadas por um grande número de atores sociais e governamentais, são essas as ideias que poderão reformar a maneira como a sociedade vê o próprio desenvolvimento, a relação entre os seres humanos e destes com o meio ambiente que os cerca.

Editorial

Bahá’ís de ontem e hoje unem esforços para contribuir com os discursos da sociedade

Integração, coerência e cooperação rumo ao desenvolvimento sustentável

Em memória

Num mundo desesperado e em busca de possíveis soluções, conceitos como a guardiania coletiva e a unidade do gênero humano traduzem a realidade espiritual de que “cada um de nós ingressa no mundo sob a guarda do todo e, por sua vez, possui como legado certo grau de responsabilidade para com o bem-estar da coletividade1”. Os bahá’ís do passado e do presente seguem unidos espiritualmente pelo mesmo propósito: auxiliar no avanço civilizatório da humanidade, colocando em prática princípios universais.

Safa Rahnemaye Rabbani, Aracaju (SE) Nora Yazdian Taherzadeh, Curitiba (PR)Ozires Pinheiro, Guiné Bissau (África)Kathy Anny Suzuki, Rio Branco (AC) Conceição Fernandes Bergamasco, Mogi Mirim (SP) Heshmatolláh Pezeshkzad, Goiânia (GO) José Roberto Pinheiro, Mogi Mirim (SP) Silvio Rubens Rotthschild, Niterói (RJ) Atiyé Chayani Masrour, Brasília (DF) Leny Everson Sousa, Teresina (PI) Maria de Lourdes Jesus Santos, Salvador (BA)

8 de Abril de 20128 de Abril de 2012

24 de Abril de 201221 de Maio de 201224 de Maio de 201229 de Maio de 2012

22 de Junho de 20127 de Julho de 2012

16 de Julho de 201218 de Julho de 201219 de Julho de 2012

“ ...Ó Senhor! Exalta-lhe a posição; abriga-o à sombra do pavilhão de Tua mercê suprema; faze-o adentrar teu glorioso paraíso e perpetua-lhe a existência em teu sublime jardim de rosas, a fim de que ele venha a se imergir no oceano da luz, no mundo dos mistérios...”

‘Abdu’l-Bahá

Hotel Glória, Rio de Janeiro na década 1940. Leonora Armstrong (à esquerda), May Maxwell (canto inferior direito) e Jeanne Bolles (canto superior direito) se reúnem para discutir temas relevantes da sociedade.

Estande da Comunidade Bahá’í do Brasil na Cúpula dos Povos/Rio+20. Conversas significativas sobre desenvolvimento e sustentabilidade.

1 Declaração da Comunidade Internacional Bahá’í para a Conferência Rio+20.

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Mensagem do Ridván de 2012[Tradução]

“Aos Bahá’ís do Mundo

Amigos ternamente amados,

No meio da tarde do décimo primeiro dia do fes-tival do Ridván, há cem anos, ‘Abdu’l-Bahá, ante uma audiência de várias centenas de pessoas, er-gueu um machado e fendeu o relvado que cobria o terreno do Templo em Grosse Pointe, ao norte de Chicago. Aqueles que haviam sido convidados a junto com Ele fender o solo naquele dia prima-veril eram de diversas origens – noruegueses, indianos, franceses, japoneses, persas, indígenas americanos, para citar apenas alguns. Era como se a Casa de Adoração, ainda por construir, estivesse realizando os desejos do Mestre, em relação a tais edifícios, expressados na véspera da cerimônia: “que a humanidade possa encontrar um lugar de reunião” e “que a proclamação da unicidade da humanidade seja anunciada de seus recintos de santidade”.

Seus ouvintes naquela ocasião, e todos os que O ouviram no decorrer de Suas viagens ao Egi-to e ao Ocidente, devem ter entendido apenas vagamente as profundas implicações de Suas palavras para a sociedade, para seus valores e preocupações. Ainda hoje, pode alguém ter a pretensão de ter vislumbrado qualquer coisa senão uma insinuação, distante e nebulosa, a respeito da futura sociedade que a Revelação de Bahá’u’lláh está destinada a erigir? Pois que ninguém suponha que a civilização em direção à qual os ensinamentos divinos impelem o gê-nero humano resultará simplesmente de ajustes à ordem atual. Longe disso. Numa palestra pro-ferida alguns dias depois de ter Ele lançado a pedra fundamental do Templo-Mãe do Ociden-te, ‘Abdu’l-Bahá afirmou que “Um dos resultados da manifestação das forças espirituais é que o mundo humano tomará uma nova configuração social” que “a justiça de Deus se manifestará em todos os afazeres humanos”. Esta e incontáveis outras elocuções do Mestre às quais a comuni-dade bahá’í está se volvendo repetidas vezes neste período centenário, elevam a percepção da distância que separa a sociedade, como ela é organizada atualmente, da estupenda visão que Seu Pai conferiu ao mundo.

Infelizmente, a despeito dos louváveis esforços de indivíduos bem intencionados em todas as terras, que trabalham para a melhora das condi-ções da sociedade, os obstáculos que impedem a realização de tal visão parecem, para muitos, intransponíveis. Suas esperanças se perdem em premissas errôneas a respeito da natureza hu-mana, as quais de tal maneira permeiam a estru-tura e as tradições de boa parte da vida atual a ponto de terem alcançado a posição de um fato estabelecido. Essas premissas parecem não fazer qualquer concessão ao extraordinário repositó-rio de potencial espiritual disponível a qualquer alma iluminada que a ele recorra; em vez disso, buscam justificativa nas deficiências da humani-dade, cujos exemplos diariamente reforçam um senso comum de desespero. Desse modo, um véu de múltiplas camadas de falsas premissas obscurece uma verdade fundamental: A condi-ção do mundo reflete uma distorção do espírito humano, não sua natureza essencial. O propósi-to de todo Manifestante de Deus é alcançar uma

transformação tanto na vida interior como nas condições externas da humanidade. E esta trans-formação ocorre naturalmente à medida que um crescente contingente de pessoas, unidas pelos preceitos divinos, coletivamente procura desen-volver capacidades espirituais para contribuir a um processo de transformação social. De modo similar à dura terra golpeada pelo mestre há um século, as teorias predominantes desta era podem à primeira vista parecer imunes à alteração, porém, sem dúvida desvanecer-se-ão, e através das “chuvas vernais das graças de Deus”, as “flores da ver-dadeira compreensão” brotarão frescas e formosas.

Rendemos graças a Deus que, através da potên-cia de Sua Palavra, vocês – a comunidade de Seu Nome Supremo – estão cultivando ambientes em que a verdadeira compreensão pode florescer. Mesmo aqueles que sofrem aprisionamento devi-do a Fé, através de seu indizível sacrifício e firme-za, estão fazendo florescer em corações compassi-vos os “jacintos do conhecimento e sabedoria”. Em todo o globo, almas ansiosas estão sendo engaja-das no trabalho de construção de um novo mun-do através do cumprimento sistemático das provi-sões do Plano de Cinco Anos. Suas características foram tão bem compreendidas que não sentimos a necessidade de aqui fazer quaisquer comentá-rios adicionais a respeito. Nossas súplicas, ofereci-das no limiar de uma Providência Toda-Generosa, são para que o auxílio do Concurso Supremo seja concedido a cada um de vocês por contribuírem para o progresso do Plano. Nosso fervoroso dese-jo, estimulado por testemunhar seus consagrados esforços no decorrer do último ano, é que vocês intensificarão a segura aplicação do conhecimen-to que estão adquirindo através da experiência. Agora não é hora para se conterem; há dema-siadas pessoas que permanecem inconscientes do novo alvorecer. Quem, a não ser vocês, pode transmitir a mensagem divina? “Por Deus”, afirma Bahá’u’lláh, referindo-se à Causa, “esta é a arena da perspicácia e do desprendimento, da visão e do enaltecimento, onde cavaleiro algum pode galo-par, exceto os valorosos paladinos do Misericor-dioso, os quais romperam todos os laços com o mundo da existência.”

Observar o mundo bahá’í em atividade é contem-plar um panorama deveras brilhante. Na vida do indivíduo bahá’í, que acima de tudo deseja convi-dar outros à comunhão com o Criador e a prestar serviço à humanidade, pode-se encontrar sinais de transformação espiritual destinada a toda alma pelo Senhor dos Tempos. No espírito que anima as atividades de toda comunidade bahá’í dedica-da a incrementar a capacidade de seus membros, jovens e adultos, bem como de seus amigos e colaboradores, para servir ao bem-estar comum, pode-se perceber um indício de como uma socie-dade alicerçada nos ensinamentos divinos poderá vir a se desenvolver. E naqueles agrupamentos avançados, nos quais há abundância de ativida-des regidas pela estrutura do Plano, e onde há extrema urgência na necessidade de assegurar coerência entre as linhas de ação, as estruturas ad-ministrativas em desenvolvimento oferecem vis-lumbres, por mais tênues que sejam, de como as instituições da Fé virão a assumir, gradativamente, uma extensão mais ampla de suas responsabilida-des para promover o bem-estar e progresso hu-manos. Evidentemente, então, o desenvolvimen-to do indivíduo, da comunidade e das instituições encerra imensa promessa. Mas, além disso, obser-

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vamos com alegria especial o modo como as re-lações unindo esses três elementos são marcadas por tão carinhosa afeição e apoio mútuo.

Em contraste, as relações entre os três atores correspondentes no mundo em geral – o cida-dão, a nação e as instituições da sociedade – refletem a discórdia que caracteriza o turbulento estágio de transição da humanidade. Não dispostos a atuar como partes interdependentes de um todo orgânico, eles estão enredados em uma luta pelo poder que a final prova ser fútil. Quão diferente a sociedade que ‘Abdu’l-Bahá retrata em inúmeras Epístolas e palestras – na qual as interações coti-dianas, tanto quanto as relações de estado, são moldadas pela consciência da unicidade do gê-nero humano. Relacionamentos imbuídos dessa consciência estão sendo cultivados por bahá’ís e seus amigos em povoados e vizinhanças, no mun-do todo; delas se pode detectar a pura fragrância da reciprocidade e da cooperação, da concórdia e do amor. Em meio a tal cenário despretensio-so, está emergindo uma alternativa visível ao co-nhecido conflito da sociedade. Assim, torna-se evidente que o indivíduo que deseja exercer a autoexpressão de forma responsável participa ponderadamente da consulta dedicada ao bem comum e rejeita a tentação de insistir em opini-ões pessoais; uma instituição bahá’í, valorizando a necessidade de uma ação coordenada, canalizada para finalidades proveitosas, não visa controlar, mas sim estimular e encorajar; a comunidade que deve vir a se responsabilizar pelo seu próprio de-senvolvimento, reconhece como um recurso ines-timável a unidade resultante de um engajamento sincero nos planos delineados pelas instituições. Sob a influência da Revelação de Bahá’u’lláh, as relações entre esses três elementos estão sendo dotadas de novo entusiasmo, nova vida; coletiva-mente, elas constituem uma matriz na qual uma civilização espiritual mundial, que leva a marca da inspiração divina, amadurece gradualmente.

A luz da Revelação está destinada a iluminar toda esfera de empenho; em cada uma, as relações que sustentam a sociedade têm que ser remodeladas; em cada uma, o mundo busca exemplos de como os seres humanos devem ser uns para com os outros. Oferecemos para sua consideração, dado o seu visível papel na geração do furor em que tantas pessoas foram recentemente envolvidas -- a vida econômica da humanidade, na qual a in-justiça é tolerada com indiferença e o ganho des-proporcional é considerado como emblema do sucesso. Tão profundamente entrincheiradas es-tão tais atitudes perniciosas que é difícil imaginar como algum indivíduo poderia sozinho alterar os padrões predominantes que regem os relaciona-

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2 As atividades centrais promovidas pela Comunidade Bahá’í são o foco de sua ação social. As aulas para crianças e os grupos de pré-jovens são voltados para a educaçãoespiritual, utilizando artes e contação de histórias como ferramentas para desenvolver o potencial dessas duas faixas etárias. Os bahá’ís promovem ainda círculos de estudo sobre temas espirituais, reuniões de oração e meditação ecumênicas voltados para o público adulto. As atividades são abertas ao público e estão disponíveis gratuitamente em todas as regiões do país. Para saber mais, entre em contato com a comunidade bahá’í mais próxima ou escreva para [email protected] Reflexões sobre a Vida do Espírito é o primeiro de uma série de livros desenvolvidos pelo Instituto Ruhi de Capacitação, utilizados em círculos de estudo promovidos pelos bahá´’is em mais de 180 países e territórios ao redor do globo.

Crescimento orgânico das atividades centraisCrianças, jovens e adultos transformam a realidade

mentos neste campo. Contudo, certamente exis-tem práticas que um bahá’í evitaria, tais como a desonestidade em seus negócios ou a exploração econômica de outros. A fiel adesão às admoesta-ções divinas exige que não haja contradição entre sua conduta econômica e sua crença como bahá’í. Aplicando em sua vida aqueles princípios da Fé que se relacionam à probidade e equidade, uma única alma pode sustentar um padrão muito acima do baixo limiar pelo qual o mundo se autoavalia. A humanidade está cansada, carente por um padrão de vida ao qual possa aspirar; confiamos em que vocês fomentem comunidades cuja conduta dê es-perança ao mundo.

Na nossa mensagem do Ridván de 2001, in-dicamos que em países onde o processo de entrada em tropas estivesse suficientemente avançado e as condições nas comunidades nacionais fossem favoráveis, aprovaríamos o estabelecimento de Casas de Adoração em âmbito nacional, cujo surgimento se tornaria um aspecto da Quinta Época da Idade Forma-tiva da Fé. Com extremo regozijo, anunciamos agora que serão erguidos Mashriqu’l-Adhkars nacionais em dois países: a República Demo-crática do Congo e Papua Nova Guiné. Neles, os critérios que estabelecemos foram demons-travelmente preenchidos e a resposta de seus povos às possibilidades criadas pela atual série de Planos não foi nada menos que notável. Com a construção em andamento do último dos templos

continentais em Santiago, o lançamento de pro-jetos para a construção das Casas de Adoração nacionais oferece ainda outra evidência gratifi-cante da penetração da Fé de Deus no solo da sociedade.

Um passo adicional é possível. O Mashriqu’l--Adhkar, descrito por ‘Abdu’l-Bahá como “uma das instituições mais vitais do mundo”, une dois aspectos essenciais e inseparáveis da vida bahá’í: adoração e serviço. A união desses dois aspectos reflete-se também na coerência existente entre os aspectos de construção de comunidade do Pla-no, especialmente o florescimento de um espírito de devoção que encontra expressão em reuniões para oração e um processo educacional que de-senvolve capacidade para serviço à humanidade. A correlação entre adoração e serviço é especial-mente pronunciada naqueles agrupamentos ao redor do mundo onde as comunidades bahá’ís cresceram significativamente em tamanho e vi-talidade, e onde o engajamento em ação social é evidente. Algumas delas foram designadas como centros para a disseminação da aprendizagem de modo a nutrir a habilidade dos amigos em avançar o programa de pré-jovens em regiões associadas. A capacidade de manter esse programa, confor-me indicamos recentemente, também estimula o desenvolvimento de círculos de estudo e aulas para crianças. Desse modo, além de seu objetivo básico, o centro de aprendizagem fortalece todo o esquema de expansão e consolidação. É nesses

agrupamentos que, nos anos vindouros, a emer-gência de um Mashriqu’l-Adhkar local poderá ser contemplada. Com os corações transbordantes de gratidão à Beleza Antiga, regozijamo-nos em informá-los que estamos entrando em consulta com as respectivas Assembleias Espirituais Na-cionais quanto à construção da primeira Casa de Adoração local em cada um dos seguintes agru-pamentos: Battambang, Camboja; Bihar Sharif, Índia; Matunda Soy, Quênia; Norte del Cauca, Co-lombia; e Tanna, Vanuatu.

Para apoiar a construção dos dois Mashriqu’l--Adhkars nacionais e dos cinco locais, deci-dimos estabelecer um Fundo de Templos no Centro Mundial Bahá’í em benefício de todos esses projetos. Os amigos em todas as partes são convidados a contribuir de modo sacrifi-cial para esse fundo, conforme os seus recursos permitam.

Amados colaboradores: O solo fendido pela mão de ‘Abdu’l-Bahá cem anos atrás deve ser novamente fendido em mais sete países, sen-do isso apenas um prelúdio para o dia em que, em obediência à ordem de Bahá’u’lláh, em cada cidade e povoado será erigido um edifício para a adoração do Senhor. Desses Pontos do Alvorecer da Lembrança de Deus irradiar-se-ão os raios de Sua luz e soarão os hinos em Seu louvor.”

[assina: A Casa Universal de Justiça]

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De norte a sul do Brasil, mais e mais pessoas estão participando das atividades promovidas pela Comunidade Bahá’í. As atividades centrais2, como são conhecidas, oferecem uma oportuni-dade para crianças, adolescentes e adultos apri-morarem percepções espirituais e colocarem seus talentos a serviço da sociedade. As pessoas que participam destas atividades sentem-se con-fiantes em sua responsabilidade e habilidades para contribuírem ativamente para o bem-estar da sociedade em que estão inseridas. A maioria dos participantes naturalmente se interessam em promover atividades nas vizinhanças e convidam os amigos para ingressarem no processo de apren-dizagem coletiva.

Em Aracaju (SE), um grupo de pessoas que ter-minou o círculo de estudo que promove Re-flexões sobre a Vida do Espírito3 demonstraram interesse em promover reuniões devocionais perto de onde moram ou trabalham. “Caso isso aconteça, essas reuniões devocionais se somarão a outras sete que já acontecem na região de Ara-caju e São Cristovão, envolvendo um total de 140 pessoas de várias religiões”, conta Fátima Fontes, do agrupamento Jardim de Ridván. “Os temas tratados pelos participantes deste círculo de es-

tudos e a própria experiência deles em reuniões devocionais das quais tem participado os inspi-ram a quererem compartilhar os benefícios da oração com mais gente”, observa Fátima.

E não são só os adultos que se beneficiam desse tipo de atividade. As crianças da região de Aracaju que participam das aulas de educação espiritual e a ga-rotada de 10 a 14 anos que faz parte dos grupos de pré-jovens também gostam de frequentar as reu-niões devocionais. “Inclusive, costumam apresentar alguma atividade artística ilustrando conceitos que aprenderam em seus grupos”, destaca Fátima.

Raimunda Moreira, Coordenadora do Programa de Empoderamento Espiritual de Pré-Jovens da Região Norte, relata que as crianças que começaram nas aulas de educação espiritual há alguns anos em São Luiz (MA), agora estão em grupos de pré-jovens. “Nove delas, quando já tinham um pouco mais de idade, quiseram participar dos círculos de estudo, que é voltado para adultos, e seis estão em treina-mento para se tornarem monitores”, destaca Raimun-da, do agrupamento Rouxinol do Paraíso.

Cleres Ribeiro é diretora da rede pública municipal de São Luiz, responsável pela Unidade de Educação

Plano de Cinco Anos

Pré-jovens de Tangará da Serra (no alto) e São Luiz (abaixo): “mais preparados para conviver em harmonia”.

Básica Professora Camélia da Costa Vieiro (UEB). Ela relembra que as atividades centrais foram apresenta-das à escola em 2008. “Imediatamente as portas fo-ram abertas e 200 pessoas começaram a participar”,

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Jovens pioneiros do BrasilDesafios, fé e confirmações

conta ela. “Todos nós acreditamos no potencial das crianças e pré-jovens, e eles estão dando uma res-posta muito boa ao programa desenvolvido pelos bahá’ís”, relata. “Eles estão mais disciplinados, reco-nhecem o seu papel como cidadãos, acreditam nas suas capacidades e consequentemente, o rendimen-to escolar aumenta”.

O senso de cidadania observado por Cleres no Ma-ranhão também é notável nos pré-jovens de Tan-gará da Serra (MT) . Danilo Oliveira, de 14 anos, conta que o programa mudou sua vida para me-lhor. “Agora tenho muito mais educação e sou uma pessoa que busca o bem de todos”, diz o rapaz. Gisllany Bezerra, também de 14 anos, co-menta que as lições do livro Trilhando o Caminho Reto ajudam a entender, com base em fatos da realidade, que a mudança do mundo é realmente possível. “Estamos mais preparados para conviver em harmonia com familiares, amigos, colegas e desconhecidos”, ela acredita.

A transformação na atitude dos participantes das atividades centrais é marcante também entre adul-tos. Isso é fruto do constante acompanhamento dos facilitadores das atividades, além do encorajamento e apoio que oferecem quando alguém reconhece que pode ser um agente de transformação, deci-dindo oferecer alguma atividade para seus amigos e familiares. Mais importante que isso, a transforma-ção acontece porque os participantes tomam cons-ciência da importância da educação espiritual, como explica Maria Rosa Zanão Augusto, Coordenadora de Círculos de Estudos que envolvem quase 40 pes-soas na região de Mogi Mirim e Mogi Guaçu (SP). “A transformação é percebida pelos facilitadores assim

como pelos parentes e amigos dos participantes. Eles relatam que seus amigos e familiares comentam que estão ‘diferentes’, e ficam contentes com esses comentários”, afirma Maria Rosa, do agrupamento Rio da Vida Eterna.

Na medida em que a percepção espiritual de um número cada vez maior de crianças, jovens e adultos desabrocha com a ajuda das atividades centrais, é natural que mais monitores e facili-tadores, de todas as idades e com diferentes histórias de vida, se somem ao conjunto de pro-motores e participantes em uma comunidade. Assim, as pessoas aprendem juntas como melhor contribuir para a sociedade, cada um desenvol-vendo o seu próprio potencial e talentos e aju-dando a revelar e fortalecer os dos demais. É o que vem sendo observado nas comunidades de Sapucaia do Sul, Canoas, Esteio e Porto Alegre, cidades que formam o agrupamento Portal da Glória (RS). A cooperação entre os membros da comunidade ajuda a fortalecer o sistema de trans-formação individual e coletiva.

A Casa Universal de Justiça aponta que a melho-ra do mundo depende da disponibilidade de três atores – o cidadão, a nação e as instituições da sociedade – para atuarem como partes interde-pendentes de um todo orgânico. “Enquanto as mentes dos homens não se unirem, nada de im-portante se realizará. Atualmente, a paz univer-sal é uma questão de grande importância, mas a unidade de consciência é essencial, de modo que se tornem seguros os alicerces desta ques-tão, firme seu estabelecimento e robusto seu edi-fício”, observou ‘Abdu’l-Bahá4.

Em todo o país, reuniões devocionais abertas a seguidores de religiões diversas se unem para buscar a conexão com a Palavra Sagrada. Em Aracaju/SE (foto), já são mais de 140 participantes em diferentes reuniões.

Na região dos Mogis, no interior de São Paulo, cerca de 40 pessoas participam de círculos de estudos.

Crianças de Salvador (BA) participam de aulas que atendem às suas necessidades e anseios espirituais.

4 Filho de Bahá`u`lláh, Fundador da Fé Bahá’í - nasceu em Teerã, na antiga Pérsia, atual Irã. É reconhecido como o perfeito exemplo da vida bahá’í. ‘Abdu’l-Bahá foi apontado por Seu Pai como o Interprete de Seus Ensinamentos e o Centro de Seu Convênio.5 Instituição máxima da administração da Fé Bahá’í em âmbito nacional.6 O Instituto Ruhí oferece ferramentas de desenvolvimento espiritual para jovens e adultos, focadas tanto no indivíduo quanto na coletividade. Cada curso consiste no estudo de textos e trechos de escrituras sagradas acerca de temas específicos. Para mais informações sobre o Instituto Ruhi, acesse http://ruhi.org.

“Apoiar as atividades centrais realizadas numa co-munidade e ajudar os amigos que assumiram tra-balhos pela Causa”. É assim que o jovem piauiense Lucas Rodrigo dos Santos, de 18 anos, explica as principais tarefas de um pioneiro bahá’í. Cientes da importância destas tarefas para o desenvolvimen-to e fortalecimento das comunidades bahá’ís em diversos lugares, cada vez mais jovens brasileiros estão atuando como pioneiros.

Lucas deixou o Nordeste, onde nasceu e foi criado, e veio para a cidade de São Sebastião (DF), parte do agrupamento Falcão Real, na região de Brasília. Com o intuito de avançar no cumprimento de seus ob-jetivos, ele decidiu participar do primeiro Curso de Capacitação de Pioneiros Bahá’ís, idealizado pelos Conselheiros do Corpo Continental residentes no Brasil e pela Assembleia Espiritual Nacional5. Junto com mais dez bahá’ís, representantes de seis Esta-dos brasileiros, Lucas imergiu durante dez dias nas escrituras sagradas e revisou toda a sequência dos livros do Instituto Ruhí6, realizando reflexões e prá-ticas conjuntas entre os dias 26 de janeiro e 5 de fe-vereiro de 2012.

“Depois do treinamento, compreendi melhor a im-portância das atividades de um pioneiro, o seu papel em uma nova comunidade e as suas atribuições”, conta Lucas. Em São Sebastião, ele é responsável por uma aula de educação espiritual para crianças e um grupo de empoderamento espiritual de pré-jovens.

Muitas vezes, os jovens pioneiros trazem consigo a experiência que tiveram em suas cidades natais e que contribuem para a vida comunitária onde atu-am como pioneiros. É o que fez Sara Spinassé, de Maceió (AL), também pioneira em São Sebastião. Facilitadora de um círculo de estudos para jovens, a alagoana de 18 anos organizou uma oficina de tea-tro para o grupo de pré-jovens que Lucas também apoia. “O objetivo é oferecer a arte como forma de facilitar o aprendizado e integrar a comunidade, um espaço para discutir a linguagem artística, o auto-co-nhecimento e possibilidades corporais”, conta Sara. “Dessa forma, os pré-jovens unificam seus esforços para melhor servirem sua comunidade”, acredita ela.

Os pioneiros trabalham junto com os membros da comunidade em que se inserem, sempre buscam

utilizar a ferramenta da consulta para decidir como melhor organizar as atividades às quais se dedicarão.

Lucas explica que apenas no campo da ação é pos-sível compreender o verdadeiro significado da Pro-vidência divina: “Basta se levantar, e uma legião de anjos estará ao seu lado”, acredita o jovem, citando um trecho das escrituras bahá’ís. “As graças que eu já recebi desde quando decidi partir para o Centro-Oeste foram inúmeras. Eu pude ver de perto como Deus age em nossas vidas e como todas as coisas vão se encaixando para tudo dar certo”, emociona-se.

Em João Pessoa (PB), Marcos Alan e Talieh Ferreira também atenderam ao chamado das instituições para servir em outras terras. Hoje eles colaboram para que o agrupamento Fênix continue a ofere-cer as atividades centrais de forma organizada para um número cada vez maior de pessoas interessa-das. Conforme mais pessoas se sentem responsá-veis pelo desenvolvimento espiritual e material de suas comunidades, mais rapidamente se dá a multiplicação das atividades, envolvendo números

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Plano de Cinco Anos

7 Essas coordenações são parte da estrutura do Instuto Ruhí de Capacitação.8 Os Templos Continentais Bahá’ís se localizam em Sydney (Austrália), Nova Delhi (Índia), Frankfurt (Alemanha), Kampala (Uganda), Apia (Samoa Ocidental), Cidade do Panamá (Panamá) e Wilmette (Estados Unidos). O Templo em Santiago (Chile) está atualmente em construção. No futuro, templos nacionais e locais serão erguidos em todo o mundo.9 A Terra Santa (Israel) é local sagrado para diversas tradições religiosas, inclusive a Fé Bahá’í. Lá faleceu e foi sepultado Bahá’u’lláh, fundador da religião, e estão localizados vários lugares sagrados para Seus seguidores.10 Os Conselheiros Continentais são designados pela Casa Universal de Justiça para atuar na proteção e propagação da Fé Bahá’í. Cada Conselheiro Continental nomeia indivíduos que o auxiliam no trabalho em uma determinada região, conhecidos como Mem-bros do Corpo Auxiliar de Conselheiros (MCAs).11 Nas eleições bahá’ís, cada eleitor vota num total de nove nomes para compor uma Assembleia Espiritual. Somente são consideradas válidas as cédulas que contenham o total de votos válidos, sem qualquer identificação do votante.

Participantes da Convenção Nacional consultam sobre o desenvolvimento da Fé no país

Mais de 100 pessoas – dentre 62 delegados – participaram da 52ª edição anual da Convenção Nacional dos Bahá’ís do Brasil, realizada entre os dias 28 de abril e 1º de maio de 2012, no Cen-tro Educacional Soltaniéh, em Mogi Mirim (SP). Também estiveram presentes os Conselheiros Continentais10 Pejman Samoori e Ingrid Con-ter, treze membros do Corpo Auxiliar e oito dos nove membros da Assembleia Espiritual Nacio-nal que serviram a comunidade durante o ano 168 da Era Bahá’í (E.B.).

Os participantes da Convenção Nacional tem por objetivo consultar sobre o desenvolvimen-

to da Fé no país e eleger a nova Assem-bleia Espiritual Nacional, que servirá a comunidade brasileira durante o ano 169 E.B. (período de maio de 2012 a maio de 2013).

Com um total de 673 votos válidos11, foi anunciada a composição da nova Assem-bleia: Foad Shaikhzadeh, Antônio Gabriel Marques Filho, Carlos Alberto Silva, Iradj Roberto Eghrari, Heather May McLane Marques, Rolf von Czékus, Catherine May Monajjem, Fariba Shaikhzadeh Vahdat e Neissan Monadjem.

crescentes no processo de consulta sobre como atender à demanda local. “A comunidade está es-perançosa com uma nova fase que o agrupamento pode entrar em breve com o aumento do número de atividades”, conta Marcos.

Ao se tornar pioneiro, uma série de desafios devem ser superados, que vão desde as expectativas para definir o local em que se estabelecerão até o proces-so de adaptação, que inclui encontrar um emprego que possa garantir a subsistência. As dificuldades iniciais são superadas com o apoio das pessoas da comunidade e das instituições bahá’ís do local onde passam a residir e pela confiança nas confirmações divinas. “A saída de São Paulo nos mostrou o quão grande é o poder da Palavra de Bahá’u’lláh”, disse Marcos. “Um trecho da Epístola do Fogo, revelada por Bahá’u’lláh, orienta: ‘quando as espadas cintilam, avança!’; acho que esse trecho é perfeito para quem se levanta como pioneiro”, afirma Marcos.

Martha e Daniel Zonneveld deixaram São Carlos (SP) e se tornaram pioneiros em Aracaju (SE), par-te do agrupamento Jardim de Ridván. Ambos são responsáveis pela implementação do programa de pré-jovens na Escola Municipal Núbia Marques e na Escola Municipal Juscelino Kubitschek, benefician-do quase 90 adolescentes.

“A vontade de chegar logo no posto de pioneirismo foi uma das nossas provações”, confessa Martha. “Foi preciso desenvolver a virtude da paciência e compre-ender que tudo tem seu tempo”, lembra ela. O casal ainda está tentando ingressar no mercado de traba-lho sergipano. “Não é fácil. É um desafio que vamos ter que superar com perseverança, confiantes nas confirmações divinas”, afirma ela.

Daniel ressalta a importância de poderem contar com o apoio incondicional da secretaria do Conse-lho do Nordeste assim como de toda a comunidade bahá’í de Aracaju, que atinge a marca de mais de cem bahá’ís bastante ativos. “Temos ainda o apoio diário

das Coordenações7 de Sequência de Estudos, de Aula Bahá’ís para Crianças e de Grupos de Pré-jovens, que nos auxiliam no planejamento e execução das ações para cumprir as nossas metas de avanço do progra-ma”, disse ele. “O treinamento que recebemos em Brasília foi essencial para revisar conceitos sobre as quatro atividades centrais, pois ajuda efetivamente na prática, que é trabalhar como agentes de transfor-mação do mundo”, complementa Martha.

Pioneirismo internacional

Anis Sami Silva, de 23 anos, é um dos jovens brasilei-ros que optou pelo pioneirismo longe do seu país na-tal. Atualmente, ele faz parte da comissão de logística da construção do último Templo Continental, conhe-cido como Templo Mãe da América do Sul8, localiza-do nos arredores de Santiago (Chile). Além disso, ele também contribui para o fortalecimento das ativida-des centrais da comunidade chilena como membro da Assembleia Espiritual Local de Peñalolén.

Até o final de fevereiro de 2012, Anis morava com os pais em Brasília (DF), e há muito tempo vinha pensan-do em como melhor aproveitar seus talentos e capa-cidades para o serviço à humanidade. “Quando soube da necessidade de pioneiros internacionais em San-tiago para colaborar com a construção da comunida-de, já estava a ponto de me formar. Eu sabia que esse seria o momento ideal para concretizar um sonho de

infância”, diz. Poucas semanas antes, enquanto estava em peregrinação na Terra Santa9, Anis conta que orou muito nos Santuários de Bahá’u’lláh e do Báb e escu-tou palestras inspiradoras que o auxiliaram a tomar a decisão de se levantar como pioneiro. “As guias da Casa Universal de Justiça sobre o pioneirismo confir-maram a minha aspiração”, conta ele.

“Algumas oportunidades de serviço aparecem uma vez na vida. Se deixarmos passar, pode ser que não apareçam novamente”, reforça Anis. “De-vemos orar para que Deus nos permita ver essas oportunidades quando elas chegarem”, acredita. O jovem considera que o clima, a cultura e o idioma são algumas das dificuldades encontradas. “Mas com certeza as maiores barreiras são na verdade psicológicas e espirituais”, diz ele.

Seja em um bairro mais afastado em sua pró-pria cidade, em uma região distante no país ou no exterior, a confiança em Deus e a atitude de aprendizado para se adaptarem à uma nova vida comunitária são fatores determinantes para todos os jovens e adultos envolvidos com o progresso de suas comunidades por meio da promoção das atividades centrais bahá’ís.

Se você gostaria de mais informações sobre as opor-tunidades de pioneirismo, consulte as instituições lo-cais ou entre em contato pelo [email protected].

Composição da Assembleia Nacional para o ano 169Notícias Nacionais

Membros da Assembleia Nacional eleitos durante a 52ª edição da Conven-ção Nacional dos Bahá’ís do Brasil.

Da esquerda para a direita: Anis Silva; Sara Spinassé; Lucas Santos; Marcos Alan e Talieh Ferreira; Daniel e Martha Zonneveld.

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BAHÁ’Í BRASIL

Notícias Nacionais

Após o anúncio dos resultados da eleição, os par-ticipantes da Convenção expressaram, em nome de toda a comunidade bahá’í do Brasil, sua pro-funda gratidão à devotada Guitty Masrour Milani, que dedicou um total de 17 anos de serviço como membro da Assembleia Espiritual Nacional dos Bahá’ís do Brasil, tendo sido eleita em três perío-dos diferentes.

Durante os quatro dias em que estiveram reunidos, delegados, conselheiros e membros de instituições participaram de momentos de oração e meditação, apresentações artísticas e, principalmente, de pro-fundas consultas acerca de temas importantes para a sociedade brasileira e para o desenvolvimento da Fé Bahá’í no Brasil.

O desenvolvimento das atividades centrais nos agrupamentos em todo o país, alavancado pelo Programa de Empoderamento de Pré-jovens, foi um dos principais temas das consultas. Nos últimos anos, o número de grupos voltados para a faixa etária dos 11 aos 15 anos de idade no país aumentou cerca de cinco vezes, alcan-çando aproximadamente 3 mil pré-jovens.

Função dos membros da Assembleia Nacional

Nos dias 11 e 12 de maio, a nova Assembleia Nacional realizou sua primeira reunião plená-ria, na qual foram eleitos os seguintes oficiais: Coordenador - Rolf von Czékus; Vice-Coordena-dora - Heather May McLane Marques; Secretário Nacional - Carlos Alberto Silva; Tesoureiro Na-cional - Foad Shaikhzadeh. Para desempenhar a função de Secretário Nacional de Ações com a Sociedade e o Governo (SASG) foi designa-do Iradj Roberto Eghrari. Os demais membros (vogais) desempenham funções específicas, de acordo com demandas internas da instituição.

Eleição: responsabilidade espiritual

Nas eleições bahá’ís, cada delegado vota de acordo com a sua consciência individual, sem-pre buscando inspiração divina para que possa selecionar os membros que, conjuntamente, estejam mais aptos a contribuir nos processos administrativos de toda a comunidade bahá’í nacional durante o período de um ano. Os prin-cipais quesitos considerados são a diversidade

e o equilíbrio da composição da Assembleia – a experiência em assuntos comunitários – o es-pírito de serviço e a maturidade espiritual dos indivíduos. Todos os bahá’ís maiores de 21 anos com plenos direitos administrativos e residen-tes no país são considerados elegíveis. Não existem partidos ou coalizões partidárias, nem tampouco são realizadas campanhas em prol ou contra qualquer indivíduo.

O sistema bahá’í de administração é funda-mentado na consulta, em que se constata a preservação do interesse coletivo, e não dos interesses individuais. Esta característica mar-ca a singularidade para o estabelecimento do bem-comum. Segundo Shoghi Effendi12, a Con-venção Nacional é um ambiente único, pois permite “uma consulta completa, franca e de-simpedida” entre a Assembleia Nacional e os delegados, fiéis depositários da confiança da população do agrupamento que representam para tratar de assuntos de tamanha complexi-dade.

Entre 28 e 29 de julho, em Brasília (DF), 22 pessoas de Curitiba, São Pau-lo, Belo Horizonte, Aracaju e da pró-pria capital federal participaram da consulta organizada pela Comunida-de Bahá’í do Brasil sobre o tema “Ética e Combate à Corrupção”. O objetivo foi iniciar um processo de aprofun-damento acerca de como contribuir para a promoção da justiça no país.

Esse e outros temas vêm sendo debatidos pelos bahá’ís brasileiros com o propósito de fortalecer o entendimento e atuação sobre temáticas relevantes para a so-ciedade brasileira e internacional. Em 2011 e 2012, foram realizadas consultas pertinentes a questão racial e desenvolvi-mento sustentável, respectivamente. Estas consultas são organizadas pela Secretaria Nacional de Ações com a Sociedade e o Governo (SASG) – órgão da Assembleia Espiritual Nacional responsável pela articulação com instituições go-vernamentais e organizações da sociedade civil brasileira.

“Esse terceiro tema de consultas nos auxilia a criar um quadro de referência para a atuação tanto na prevenção quanto no combate à cor-rupção”, explicou Iradj Eghrari, coordenador das atividades da SASG. “Os participantes tive-ram a oportunidade de questionar o que mo-tiva o surgimento da corrupção na sociedade.

Os bahá’ís acreditam que os seres humanos são essencialmente nobres. Portanto, é inaceitável abordar a temática da corrupção partindo do pressuposto de que o homem seja corrupto por natureza. Na visão bahá’í, a corrupção nasce da carência de valores humanos universais como amor, respeito, paciência, integridade, justiça,

Combate à corrupção é tema de consulta Ativistas, estudantes e profissionais bahá’ís pensam como contribuir para promoção da justiça

generosidade, valores aprimorados por meio da educação espiritual.

Bahá’u’lláh, Fundador da Fé Bahá’í, afirma que “A fumaça da corrupção tem envolvido o mundo inteiro de tal modo que nada se pode ver em parte alguma, senão regimentos de soldados, e nada se ouvir de qualquer região, salvo o choque das espadas.” A atual ordem em que o mundo se encontra reflete uma distorção da condição humana: a fumaça da corrupção difi-culta enxergar o potencial que cada indivíduo, comunidade e instituição tem a oferecer para a construção de um mundo justo.

Durante o evento, os participantes estudaram e consultaram textos bahá’ís sobre o tema e identificaram aspectos conceituais e práticos para combater a corrupção. Uma apresentação realizada por um dos representantes da orga-nização Transparência Brasil, Neissan Monad-jem, assim como uma descrição das várias ini-

ciativas de combate à corrupção existentes no país, realizada por Daniella Hiche, representante bahá’í no Movimento Nacional de Combate à Corrupção Eleito-ral (MCCE), contextualizaram a forma como o tema vem sendo abordado nacionalmente.

O médico Túlio Pfiffer, de São Paulo, acredita que o engaja-mento em atividades corruptas revela a falta de uma consciência espiritual. “A pessoa que é espiri-tualizada e que se preocupa com o bem-estar da humanidade, não cometeria atos ilícitos”, afirma ele. “Existe um padrão de ética que é universal, o qual está sob

a responsabilidade de cada um de nós”, afirma.

O envolvimento da Comunidade Bahá’í do Brasil no combate à corrupção está sendo coordenado por um comitê com funções de pesquisa, reda-ção e articulação com outros grupos da socie-dade civil e governo – modelo seguido também pelos participantes das consultas sobre raça e desenvolvimento. “O envolvimento das bases da comunidade é o que possibilitará que esse discurso possa de fato ser refletido nas práticas individuais e coletivas, tanto no âmbito das em-presas e organizações da sociedade civil, quanto das políticas do primeiro setor”, afirma Iradj.

A próxima consulta temática, prevista para 2013, será sobre o envolvimento dos jovens nas grandes questões sociais. O evento será voltado para o público de 15 a 29 anos de ida-de e os interessados podem entrar em contato pelo email [email protected] e solicitar sua inscrição.

Participação nos discursos da sociedade é uma das áreas de atuação da Comunidade Bahá´í do Brasil.

12 Bisneto de Bahá`u`lláh – nasceu em ‘Akká, na Terra Santa. Em 1921 foi nomeado o Guardião da Fé Bahá’í, em Testamento, por ‘Abdu`l-Bahá, seu avô. Era então um jovem de 24 anos, estudante da Universidade de Oxford, e abandonou todas as suas atividades pessoais para dedicar-se à importante missão que lhe foi conferida.

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Notícias Nacionais

Brasileiros desfrutam de uma experiência transformadora nos lugares sagrados bahá’ís em Israel

Peregrinação à Terra Santa

13 ‘Abdu’l-Bahá, prefácio do livro “Visita aos Lugares Sagrados Bahá’ís”.14 As três figuras centrais da Fé Bahá’í são: Bahá’u’lláh, Fundador da religião; O Báb, Mensageiro de Deus cuja missão foi preparar a humanidade para a vinda de Bahá’u’lláh; e ‘Abdu’l-Bahá, filho mais velho de Bahá’u’lláh, apontado por Seu Pai como o Intérprete de Seus Ensinamentos e o Centro de Seu Convênio.

Conhecer os lugares sagrados da Fé Bahá’í por meio da peregrinação à Terra Santa é uma expe-riência física e espiritual transformadora. ‘Abdu’l--Bahá dizia que “Os lugares sagrados são, sem dú-vida, centros de efusão da graça Divina, já que ao entrar nos luminosos lugares relacionados com a memória dos mártires e almas santas, e ao reve-renciá-los, tanto física como espiritualmente, nos-so coração se comove enormemente13”.

Os brasileiros que fazem a peregrinação voltam para casa com sua energia espiritual renovada. Em busca desta experiência, dois grupos de brasilei-ros tiveram a oportunidade de realizar a peregri-nação ao Centro Mundial Bahá’í em maio de 2012. Por fortalecerem sua ligação com as Figuras Cen-trais da Fé14 e com o centro espiritual da Fé Bahá’í, os peregrinos dedicam-se com um entusiasmo e senso de responsabilidade ainda maiores às ativi-dades centrais de suas comunidades. “A peregri-nação deve produzir efeito em cada aspecto de nossas vidas”, explica Djamile Carreiro, de Vitória (ES), que teve a oportunidade de fazer parte de um dos grupos mais recentes.

“Não é à toa que todo servo, após declarar seu amor por Bahá’u’lláh, anseia conhecer a terra mais sagrada, tocada pelos passos da Glória de Deus, abençoada pela presença de Sua luz e majestade”, declara a jovem peregrina de 22 anos. “Esse en-contro ímpar foi causa de frescor e deleite para a minha alma”, diz ela, relembrando trechos das Es-crituras Sagradas. Vários peregrinos relatam que, ao retornar à sua co-munidade de origem, sentem-se imbuídos de atuar cada vez mais como agentes de transformação. “A vontade de melhorar o mundo cresce pela própria conscientização de que natureza humana é espiritu-al e que todos somos responsáveis pela construção de um mundo que reflita os valores morais e prin-cípios espirituais mais elevados”, afirma Hosseyn Shayani, do Desk Nacional de Peregrinação.

Hosseyn destaca que ainda existem vagas para par-ticipação em dois grupos de peregrinação este ano: um com saída programada para o dia 25 de novem-bro e outro para o dia 10 de dezembro. A partir de outubro, novos grupos nacionais de peregrinação

poderão se beneficiar do apoio do Desk Nacional de Peregrinação, criado em 2010 para auxiliar bahá’ís do Brasil e seus familiares a visitarem a Terra Santa.

“Os novos grupos são formados quando há ao me-nos 20 pessoas interessadas em realizar a peregri-nação em um mesmo período”, explica ele. “Para facilitar o planejamento e auxiliar os peregrinos durante toda a viagem, é preciso que cada grupo nacional escolha uma pessoa que lidere o proces-so, servindo como interlocutor com o Desk Nacio-nal”, informa Hosseyn. “É preciso também que haja uma pessoa responsável por fazer a tradução de todo o programa para o português, garantindo que todos os participantes possam aproveitar ao máximo essa experiência única”, ressalta ele.

Bahá’ís e seus familiares diretos que não tenham realizado peregrinação nos últimos cinco anos e nem apresentem restrições administrativas são elegíveis para fazer parte dos grupos nacionais.

Para mais informações, escreva para o Desk de Pe-regrinação: desk_peregrinaçã[email protected].

Djamille Carreiro, Vitória (ES) - Peregrina entre 21 e 30 de maio de 2012

“A excelência da Casa Universal de Justiça e dos serviços prestados por voluntários de todas as partes do mundo no Centro Mundial Bahá’í fazem com que o nosso amor pela Causa aumente. Ficamos perplexos ao observar du-rante nove dias de visita à Terra Santa a concretização do ensinamento de Bahá’u’lláh sobre a unidade na diversida-de dos povos. Além dos peregrinos bahá’ís, milhares de outros visitantes do mundo inteiro, como cristãos, muçul-manos, judeus e budistas, visitam diariamente os locais sagrados para apreciarem sua beleza extraordinária.

Quando retornamos da Terra Santa o nosso senso de propósito foi fortificado, temos mais clareza de visão so-bre a importância do serviço voltado ao bem comum. Voltei com ainda mais energia para o serviço: organizo reuniões sobre temas significativos duas vezes ao mês, apoio um grupo de pré-jovens e faço a revisão do livro ‘Liberando os potenciais dos pré-jovens’; na Universi-dade Federal do Espírito Santo, promovo a campanha internacional ‘Você Pode Resolver Isso?’, em defesa dos estudantes iranianos impedidos de frequentar o ensino superior no Irã. Além disso, estou ajudando nos prepara-tivos do II Encontro de Jovens do Sudeste, que acontece-rá de 2 a 4 de novembro, no Espírito Santo.”

Roselena Rohr, Novo Hamburgo (RS) - Peregrina entre 7 e 15 de maio de 2012

“Sinto-me como um grão de areia diante da gran-deza de Deus. Na Terra Santa visualizamos a ampli-tude da Fé Bahá’í. É uma experiência incrível pisar nos locais em que Bahá’u’lláh esteve anos atrás. Eu me lembrava com tristeza dos sofrimentos que Ele viveu e de todas as privações dos mártires da Fé e de Sua família. A harmonia dos ensinamentos bahá’ís e a beleza estética dos locais sagrados, juntamente com a organização dos departamentos de limpeza, jardinagem, segurança e todos os demais, mostram nitidamente a eficiente administração da Casa Uni-versal de Justiça.

Tivemos o privilégio de participar de palestras de membros da Instituição Máxima da Fé Bahá’í e também do Centro Internacional de Ensino. Perce-bemos ainda mais a nossa responsabilidade pela transformação deste mundo enfermo. Na minha comunidade, tento ajudar ao máximo nas atribui-ções da Assembleia Espiritual Local, apoio um cír-culo de estudo do livro Reflexões sobre a Vida do Espírito e ofereço semanalmente duas reuniões devocionais.”

A Terra Santa e seus mistérios

O Centro Mundial Bahá’í localiza-se no Monte Car-melo, na cidade de Haifa, Israel. Seus edifícios admi-nistrativos foram construídos em formato de arco, conforme designado por Bahá’u’lláh na Epístola do Carmelo. Os edifícios do Arco incluem a Casa Univer-sal de Justiça, o Centro Internacional de Ensino, os Ar-quivos Internacionais e o Centro de Estudos de Textos Sagrados. No futuro, o projeto será concluído com a construção da Biblioteca Internacional Bahá’í.

A terminologia “Arco” possui base simbólica. Além da disposição física dos edifícios, é uma metáfora relacio-nada à Arca de Noé e à Arca do Convênio das escritu-ras judaicas, cristãs e muçulmanas.

O Arco bahá’í foi construído ao redor do Santuário do Báb, um dos Lugares Sagrados mais importantes para a Fé Bahá’í. Os restos mortais do Báb permaneceram escondidos durante décadas até que pudessem ser depositados no local designado por Bahá’u’lláh. A estrutura inicial foi posteriormente complementada com um suntuoso monumento conhecido como “a Rainha do Carmelo”.

Em Bahjí, a 30km da cidade de Haifa, repousam os restos mortais de Bahá’u’lláh. O local também é cer-cado por jardins simétricos. Os Lugares Sagrados Bahá’ís em Israel incluem ainda a mansão de Mazra’íh – onde Bahá’u’lláh permaneceu em prisão domiciliar entre 1877 e 1879 – e o Jardim do Ridván, um local de águas correntes no qual Bahá’u’lláh costumava con-templar a natureza à Sua volta, após deixar a cela em que foi confinado na cidade prisão de ‘Akká.

Os lugares sagrados bahá’ís receberam o título de “oitava maravilha do mundo” e, desde 2008, são con-siderados pela Unesco o primeiro local de patrimônio da humanidade ligado a uma tradição religiosa dos tempos modernos.

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BAHÁ’Í BRASIL

Cada povo do mundo tem uma contribuição a oferecer para o progresso da civilização huma-na. Seu destino é fazer florescer capacidades que possam ser canalizadas para o desenvol-vimento espiritual e material da humanidade. Este desenvolvimento, por sua vez, contribui para o bem-estar do todo.

Com isso em mente, indígenas de diversas etnias da América Latina compartilharam experiências e consultaram sobre seu papel na promoção da unidade e prosperidade dos povos da Terra durante a Conferência Indígena do Panamá, re-alizada entre os dias 21 e 26 de março. O even-to ocorreu na sede do Instituto Rahmat’u’llah Muhajir e no Centro Cultural Guaymi, do povo Ngobe Bukle.

“A experiência de viajar ao exterior e conhecer ou-tras culturas fez com que eu ganhasse uma visão mais abrangente do serviço que podemos prestar ao mundo”, revela o índio kiriri Carmélio de Jesus. “Pude ver o serviço que bahá’ís indígenas fazem em lugares muito distantes – todos trabalham muito para realizar aquilo que acreditam”, observa o indígena da Bahia. Ele ainda afirma que deseja se dedicar mais ao serviço comunitário e a fazer seu povo avançar. “Vou estimular cada amigo a participar”, disse.

Após participar da Conferência, Ricardo dos San-tos, também kiriri, vislumbrou a dimensão das ati-

Indígenas da América Latina participam de encontro internacional no PanamáCompromisso com as atividades em prol do bem comum é destaque em conferência dedicada à região

vidades que acontecem em seu próprio povoado. “Fiquei até assustado com o desafio que temos pela frente, mas sei que o serviço guiará as nossas vidas e o futuro do mundo”, constata o índio. “Nunca pensei em fazer parte de algo assim, que envol-vesse o mundo todo”, confessa Ricardo, que já finalizou o pri-meiro e o terceiro livro da sequ-ência do Instituto Ruhí, respec-tivamente sobre Reflexões sobre a Vida do Espírito e Ensinando Aulas para Crianças.

Por meio de estudos e refle-xões em grupo, cerca de 1.200 indígenas de 14 países da re-gião consultaram sobre como colocar em ação os ensina-mentos bahá’ís de unidade e paz. Os participantes assistiram a palestras apresentadas por membros de instituições bahá’ís que trouxeram inspiração e sugestões práticas para tornar realidade a contribuição indígena ao processo de construção de uma nova sociedade mundial. Além disso, tiveram a oportunidade de conhecer as vizinhanças locais do agrupamento anfitrião a fim de observar na prática como as atividades bahá’ís contribuem para uma vida comunitária vibrante.

“Após uma breve viagem de carro subindo a montanha, caminha-mos por quatro horas, atravessa-mos rios na escuridão, até chegar à comunidade Plano do Rio Rus-so”, conta Flávio Cardoso, mem-bro do Conselho do Nordeste e integrante da comunidade bahá’í de Maceió (AL). Ele fez o percurso juntamente com índios do Brasil, Colômbia, Costa Rica, Venezue-la, Argentina, Chile, Guatemala e Peru. “Cada um de nós voltou para seu agrupamento com mais clareza de seu papel na sociedade e com ferramentas práticas para impulsionar ações que favoreçam o desenvolvimento comunitário e contribuam com a missão de pro-mover a unidade do gênero hu-mano”, acredita Flávio.

O Dr. Farzam Arbab, membro da Casa Universal de Justiça, foi um dos palestrantes da Conferência. Em sua fala, ele apontou dois ele-mentos da cultura indígena que merecem destaque como contri-buições para o progresso da civi-lização humana: sua relação com a natureza, demonstrando como podemos avançar na agricultura e na economia sem danificar o meio ambiente; e sua capacidade de consultar e chegar a um con-senso. “Estas são características que o resto do mundo ainda pre-cisa desenvolver”, afirmou ele.

“À medida em que agimos, estamos nutrindo nossas capacidades e gerando o conhecimento necessário para desenvolver nossas comunida-des”, disse o Dr. Arbab. “Não há dúvida que os povos indígenas podem atingir seu destino e contribuir para a construção de uma nova ci-vilização espiritual e materialmente próspera”, assegurou ele.

Os escritos bahá’ís sobre o desenvolvimento da humanidade deixam claro o potencial la-tente de contribuição que os povos indíge-nas tem a oferecer. ”Devemos dar a máxima importância aos índios, os habitantes nativos da América, pois se estes índios se educarem e forem guiados corretamente pelos Ensina-mentos Divinos eles se tornarão tão esclareci-dos que a Terra inteira será iluminada”, decla-rou ‘Abdu’l-Bahá.

Histórico: Bahá´ís no Panamá

Há 30 anos, os índios Guaymi decidiram prota-gonizar a transformação de sua realidade por meio do engajamento em atividades promovi-das pelo Instituto Ruhí de Capacitação. Presente em mais de 180 países e territórios ao redor do mundo, o Instituto é responsável por um pro-cesso educacional voltado para o desenvolvi-mento espiritual e intelectual dos participantes e das comunidades nas quais estão inseridos.

Estima-se que cerca de 300 atividades derivadas do processo do Instituto sejam realizadas atual-mente pelos povos originários do Panamá na região em que foi realizada a Conferência. Dos 2.300 bahá’ís de Nedrini, 600 já concluíram o primeiro livro do Instituto, intitulado “Refle-xões sobre a Vida do Espírito”; outros 120 es-tão aptos a serem facilitadores de atividades como aulas de educação espiritual para crian-ças, grupos de empoderamento de pré-jovens e círculos de estudo para o desenvolvimento individual e coletivo.

“Os indígenas criaram, inclusive, uma rádio que funciona como canal de informação sobre as ati-vidades, que são abertas ao público em geral e oferecidas gratuitamente”, conta Flávio.

Notícia Internacional

Indígenas das Américas consultam sobre seu papel no desenvolvimento comunitário.

Alguns participantes da Conferência do Panamá, que reuniu diversas etnias.

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‘Abdu´l-Bahá

Celebrações em 2012 relembram a influência do Mestre sobre a comunidade bahá’í mundialO “Sobrevivente” Esquecido do Titanic

Rainn Wilson, ator e comediante norte-americano

[Tradução]

Temos sido relembrados incontáveis vezes ao longo das semanas passadas que há cem anos o “inafundável” Titanic afundou no Atlântico Norte, levando consigo mais de 1.500 vidas. A tragédia tornou-se tema de históricas épicas.

De todas essas históricas, uma das mais extra-ordinárias é a de um persa de 68 anos de idade que, na verdade, não embarcou na malfadada nau, mas que o deveria ter feito.

Abbas Effendi – conhecido como ‘Abdu’l-Bahá ou “o Servo de Deus” -- foi retratado pela im-prensa europeia e norte-americana como um filósofo, um apóstolo da paz, até mesmo como o retorno de Cristo.

Seus admiradores norte-americanos o envia-ram milhares de dólares para que comprasse uma passagem para viajar no Titanic e o implo-raram que embarcasse com a maior opulência. Ele não aceitou e doou o dinheiro para ações de caridade.

“Convidaram-me para navegar a bordo do Tita-nic,” ele disse depois, “mas este não era o desejo de meu coração.”

Em vez disso, ‘Abdu’l-Bahá navegou até Nova Iorque a bordo do SS Cedric, um navio mais modesto. Todos os grandes jornais de Nova Ior-que cobriram sua chegada em 11 de abril e a sua subsequente caravana de oito meses pelo território estadunidense. Esse forasteiro de tur-bante, que usava “robes orientais” se tornou no-tícia de capa.

O New York Times noticiou que sua missão era “acabar com os preconceitos... preconceitos de nacionalidade, de raça, de religião.” O arti-go também o citou diretamente: “É chegada a hora da humanidade levantar o estandarte da unidade da humanidade a fim de que as fórmu-las e superstições dogmáticas possam chegar ao fim.”

Diversas vezes, a imprensa o chamou de profeta, especificamente de “profeta persa” (ah, as alitera-ções!). Uma chamada, logo após sua palestra na Universidade de Stanford, dizia: “Profeta Diz que Não é Profeta.” ‘Abdu’l-Bahá era na realidade o lí-der da então nascente Fé Bahá’í, apesar de con-sistentemente negar essa coisa de profeta.

Ele pregava a fé fundada por seu pai, Bahá’u’lláh em meados de 1800, fundada na unidade de todas as religiões. À época, havia apenas umas poucas centenas de bahá’ís nos Estados Uni-dos; hoje são 150 mil. Dia após dia, mês após mês, multidões por todo o país (muitas vezes aos milhares) se reuniam para ouvi-lo falar. Em sinagogas ele louvava a Cristo. Em igrejas, exal-

tava os ensinamentos de Maomé. E por todas as suas viagens, sua companhia era buscada por pessoas influentes como Andrew Carnegie, Ale-xander Graham Bell e Kahlil Gibran.

Como foi que ‘Abdu’l-Bahá veio a inspirar tantas pessoas – essa figura obscura do oriente que passara 40 e tantos anos aprisionado por causa de sua religião, que nunca frequentara a escola ou fora exposto à cultura do ocidente?

Suspeito que isso tenha algo a ver não ape-nas com o que ele disse, mas com o que ele fez. “Ele é o único homem no mundo que, ao redor de sua mesa de jantar, juntou persas, zo-roastrianos, judeus, cristãos, muçulmanos”, [sic] escreveu Kate Carew (a Liz Smith de seu tempo) ao New York Tribune. Mais à frente no artigo, ela descreveu a visita de ‘Abdu’l-Bahá à Missão Bowery no Lower East Side – onde ele pessoal-mente entregou moedas de prata a 400 desa-brigados.

Durante toda a sua visita aos Estados Unidos, ele deixou de lado o protocolo da segregação, insistindo que todos os lugares em que falas-se fossem abertos a pessoas de todas as ra-ças. Não era algo que agradasse às multidões na época. No Great Northern Hotel na Rua 57 (onde agora se localiza o Parker Meridien), o gerente veementemente negou-se a permitir que os negros adentrassem o recinto. “Se virem uma pessoa de cor entrando em meu hotel, nenhuma pessoa de respeito jamais colocará seus pés aqui novamente”, disse ele. Então, em vez do encontro no hotel, ‘Abdu’l-Bahá decidiu organizar um banquete multi-racial na casa de um de seus seguidores, no qual vários brancos serviram aos negros – uma atitude subversiva e até mesmo perigosa naqueles tempos.

Somente entre os seres humanos é que a cor da pele era causa de discórdia, afirmou ‘Abdu’l-

-Bahá certa vez. “Os animais, apesar do fato de serem desprovidos de razão e compreensão, não tornam as cores causa de conflito. Por que motivo deveria o homem, que possui razão, criar conflito?”

As palestras de ‘Abdu’l-Bahá surpreendiam a plateia com uma simplicidade radical. E ainda assim, ele promoveu ideias com as quais os norte-americanos lutam até hoje, um século depois: a necessidade da verdadeira harmo-nia racial e a igualdade de gênero; a elimi-nação de extremos de riqueza e pobreza; os perigos do nacionalismo desenfreado e da intolerância religiosa; a insistência na busca independente pela verdade. Alguma dessas fichas caiu em 2012?

Sua missão de unidade, espalhada por toda a na-ção estadunidense há cem anos, deveria ser cele-brada juntamente com as mensagens de Gandhi, do Dalai Lama e de Martin Luther King Jr.

Em sua primeira palestra pública nos Esta-dos Unidos - na Igreja da Ascensão de Nova Iorque, na 5ª Avenida com a Rua 10 – ‘Abdu’l--Bahá estimulou o progresso material da América do Norte nas artes, na agricultura e no comércio, mas com o cuidado de também desenvolvermos nossas potencialidades espi-rituais. “Pois o homem necessita de duas asas. Uma asa é o poder físico e a civilização mate-rial; a outra é o poder espiritual e a civilização divina. Somente com uma asa, o voo torna-se impossível.”

Ele proferiu essa palestra em 14 de abril de 1912. Mais tarde nesse mesmo dia, o Titanic atingiu o iceberg.

Publicado em 12 de abril de 2012 em: http://www.huffingtonpost.com/rainn-wilson/abdul--baha_b_1419099.html?ref=email_share

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BAHÁ’Í BRASIL

Fundos Bahá’í

Relatório da Tesouraria Nacional à 52ª Convenção Nacional dos Bahá’ís do Brasil15 “A evolução do Plano impõe uma obrigação tripla, que todos os crentes individuais, todas as Assembleias locais, assim como a própria Assembleia Nacio-

nal, devem respectivamente reconhecer e conscientemente cumprir. Todo crente, intrépido em meio das incertezas, dos perigos e das dificuldades financeiras que afligem a nação, deve erguer-se e assegurar, na medida plena da sua capacidade, o contínuo e abundante fluxo de fundos para a Tesouraria Nacional, do qual principalmente depende a continuação vitoriosa do Plano... Possa o Espírito todo-avassalador de Bahá’u’lláh de tal modo permear cada parte componen-te deste Sistema harmoniosamente operante que lhe permita contribuir com a sua cota-parte na consumação do Plano.”

Shoghi Effendi, 30 de janeiro de 1938

Fundo Internacional (B. Bradesco: Agência: 1990 – c/c 10248-2)Fundo Continental (B. Bradesco: Agência: 1990 – c/c 1220-3)Fundo Templo do Chile (B. Bradesco: Agência: 1990 – c/c 9229-0)Fundo Dotações (B. Bradesco: Agência: 1990 – c/c 16709-6)Fundo Novos Templos (B. Itaú: Agência: 0198 – c/c 04214-5)

A Tesouraria Nacional solicita aos amigos que sempre informem qualquer doação pelo email [email protected] (de preferência anexando cópia do depósito) ou pelo fax (61) 3364-3470 para que possa ser localizada a origem do depósito e emitido o respectivo recibo.

Fundo Nacional

Banco do Brasil: Agência: 3129-1 – c/c: 9791-8Banco Itaú: Agência: 0198 – c/c 48809-0Banco Bradesco: Agência: 1990 – c/c: 900-8

A Assembleia Espiritual Nacional continua dando especial atenção aos diversos processos para o fortalecimento de sua tesouraria nacional, iniciados em anos anteriores, no que tange aos processos e ao fluxo financeiro para atender as demandas crescentes do Plano no Brasil.

A crescente necessidade de recursos para o Fundo Nacional surge das exigências de res-ponder rapidamente a um maior nível de atividades por todo o país em mais de cem agru-pamentos prioritários. Ajuda financeira precisa ser provida às agências e instituições da Fé onde não existem os recursos para efetivamente promover o processo de crescimento entre populações - especialmente de pré-jovens - que demonstram agora uma receptividade há muito tempo aguardada.

Durante o ano 168, a Tesouraria Nacional concentrou-se nas seguintes ações:

•Educação para os Fundos: As contribuições ao Fundo Nacional e seus ramos regionais cres-ceram no ano 168 em relação ao ano anterior permitindo atender às principais demandas do Plano de Cinco Anos em todo o país. As ações de educação para os Fundos, executadas pelos tesoureiros regionais e locais, precisam ser reforçadas para assegurar a participação universal, garantir regularidade e maior solidez no influxo deste sangue vital aos diversos Fundos da Fé.

• Transparência: O uso e os registros dos fundos em todos os níveis tem se caracterizado por um crescente grau de transparência e confiabilidade. Órgãos regionais e agências de agru-pamento foram orientados por uma nova “Cartilha de Prestação de Contas”, permitindo que seus gastos sejam relatados em consonância com a legislação brasileira. Sistemas adicionais precisam ser desenvolvidos para melhor visualizar as tendências das despesas e suas impli-cações nas necessidades futuras.

• Fluxo dos fundos: Considerando a vastidão do país e os grandes desenvolvimentos que devem ocorrer nos agrupamentos, à medida que os atuais programas de crescimento são expandidos e novos são lançados, o fluxo de dinheiro “de” e “para” os agrupamentos tem sido assegurado por meio da administração e acompanhamento dos Conselhos Regionais, assegurando o controle das despesas e desembolsando recursos materiais e humanos dis-poníveis de forma eficaz, econômica e vigilante.

• Mecanismos de controle: Os sistemas e controles internos implementados em anos ante-riores para diminuir erros humanos e assegurar maior controle e eficácia nas operações da Tesouraria têm sido avaliados por Auditorias Externas anuais cujas sugestões e orientações têm sido executadas. Um novo escritório certificado de contabilidade externa foi contra-tado, permitindo agilizar serviços e incorporar todos os órgãos e agências regionais e de agrupamento que utilizam a personalidade jurídica da Assembleia Nacional.

• Contratação de pessoal: Os diversos processos relativos à contratação de pessoal foram padronizados e sua sistematização permitiu uma maior segurança para os envolvidos bem como melhores registros legais e contábeis.

• Ajudas de custo: Orientações e procedimentos foram estabelecidos para a seleção de bahá’ís que estejam servindo a tempo parcial ou integral em instituições administrativas e do Instituto, preservando os princípios de serviço voluntário e ajuda de custo por prazos limitados.

• Endividamento: Graças aos recursos acumulados da venda de patrimônios dedicados ao Fundo Nacional em anos anteriores, não houve endividamento durante o ano 168, apesar do déficit operacional em vários meses. Tal déficit seria maior não fosse o apoio do Centro Mundial, para as atividades da SASG (Secretaria Nacional de Ações com a Sociedade e o Governo) e de Instituto no país.

A preparação do orçamento nacional parte da elaboração de orçamentos no nível dos agru-pamentos, integrando as suas atividades de instituto e de ensino, que por sua vez são in-

corporados ao orçamento regional de cada Conselho e analisados em uma reunião regional com um representante da Assembleia Nacional e, quando possível, com o Conselheiro de enlace da re-gião. Após a consolidação de todos os orçamentos regionais e a inserção das despesas administrativas necessárias a nível nacio-nal, o orçamento para o ano 169 foi revisado e aprovado pelos Conselheiros e a Assembleia Nacional, verificando como cada alí-nea contribuirá para a execução do Plano.

Estamos confiantes de que os bahá’ís no Brasil continuarão a per-severar em seus esforços por todos os caminhos disponíveis para a promoção da Fé. Para que tal esforço permaneça inalterado ne-cessitamos todos manter uma resposta sacrificial em nossas contri-buições aos Fundos de modo que a marcha avante da Fé não sofra atraso em virtude de uma eventual indisponibilidade de recursos.

Apesar do significativo aumento no valor total recebido pelo Fundo Nacional e seus ramos regionais, continuamos dependentes do Centro Mundial; ajuda esta que objetivamos reduzir gradativamente até ser-mos novamente a comunidade autossuficiente que tanto almejamos.

Com calorosas saudações bahá’ís,Tesouraria Nacional

15 Este relatório foi editado, sem perda de conteúdo, para se adequar à formatação do Bahá’í Brasil.

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Nº 34 - Setembro/2012

Assembleia Espiritual Nacional dos Bahá’ís do BrasilCaixa Postal 7035 – CEP 71635-971 – Brasília-DF

IMPRESSO

Editora Bahá’í

Protagonismo feminino e Convênio de Deus são temas de livros recém-lançados no Brasil

Número de títulos em língua portuguesa já chega a 288

16 A questão da sucessão religiosa tem sido crucial para todas as fés. O fracasso em resolver essa questão tem levado, inevitavelmente, à discórdia e divisão. A ambiguidade sobre os verdadeiros sucessores de Jesus e Maomé, por exemplo, levou a interpreta-ções divergentes das sagradas escrituras e profunda dissensão tanto dentro da Cristandade quanto do Islã. Bahá’u’lláh, porém, evitou o cisma e estabeleceu um alicerce inexpugnável para Sua Fé mediante o que estipulou em Sua última vontade e testamento, documento intitulado “O Livro de Meu Convênio”. Escreveu Ele: “Quando o oceano de Minha presença tiver refluído, e o Livro de Minha Revelação se achar completo, volvei vossas faces Àquele Eleito por Deus, Aquele que brotou desta Raiz Antiga. Este sagrado versículo a nenhuma pessoa se refere, senão ao Mais Poderoso Ramo [‘Abdu’l-Bahá].”17 Organizada pelo Ibope Inteligência em conjunto com o Instituto Pró-Livro.18 Dados correspondem a 50% da população brasileira com cinco anos ou mais.19 Estabelecido em setembro de 2011, o projeto “Oficiais de Literatura Bahá’í”, composto atualmente por 41 pessoas de diferentes Estados brasileiros, é um dos mecanismos para promover a divulgação dos livros da Editora Bahá’í do Brasil.

Durante a 52ª Convenção Nacional, a Editora Bahá’í do Brasil divulgou o lançamento de dois novos títulos. O primeiro deles, Um Amor que Não Espera, conta a histó-ria de nove mulheres do século XX – Lua Getsinger, May Maxwell, Martha Root, Keith Ranson-Kehler, Hyde Dunn, Susan Moody, Dorothy Baker, Ella Bailey e Marion Jack. Citadas pelo Guardião, Shoghi Effendi, como um “dis-tinto rebanho de colaboradoras”, elas dedicaram suas vidas à promoção dos princípios e ensinamentos da Fé Bahá’í em diferentes partes do mundo.

O segundo título lançado na Convenção chama-se O Convê-nio de Bahá’u’lláh, do iraniano Adib Taherzadeh. Trata-se de

uma obra abrangente que proporciona a compreensão do mistério que envolve a dedicação entre Criador e criatura16, fomentando a percepção das suas imensuráveis potencialidades para a unificação da humanidade.

A tradução de O Convênio de Bahá’u’lláh, publicado inicialmente em inglês, em 1992, levou cerca de um ano para ser concluída. Segundo o tradutor, Bijan Ardjomand, a obra está repleta de detalhes históricos relacionados ao Convênio que são absolutamente desconhecidos pela maioria dos bahá’ís. “O livro é uma oportunidade para conhecer mais sobre os fatos históricos depois da ascensão de Bahá’u’lláh, referentes à ‘Abdu’l-Bahá, os filhos infiéis de Bahá’u’lláh, à perseguição, prisão e sofrimento de ‘Abdu’l-Bahá e à queda do Império Otomano”, observa ele.

Apesar de já estar habituado ao modo como este autor desenvolve seus livros, Bijan conta que ficou im-pressionado com esta obra. “Eu havia traduzido alguns dos volumes do livro A Revelação de Bahá’u’lláh, mas ainda assim fiquei encantado com a maneira magnífica como ele sempre entrelaça histórias, personagens, temas, epístolas e as condições do mundo na época”, explica.

Um Amor que Não Espera, da escritora norte-americana Janet Ruhe-Schoen, foi publicado no Brasil em 1988. “Porém, era uma versão muito resumida da vida das primeiras almas que atenderam ao chamado

de ‘Abdu’l-Bahá para se levantarem como pionei-ras da Fé”, revela Sônia Maria Góes, que decidiu então apostar em uma nova versão para este que considera o livro mais marcante de sua vida.

“Eu vinha passando por intensas provações naque-la época e estava buscando algo que me ajudasse na caminhada como mulher bahá’í”, conta Sônia. “Este livro é fonte de estímulo para nós, mulheres, pois mostra a nossa posição no processo de cons-trução da paz. ‘Abdu’l-Bahá testemunhou espe-cialmente ao Ocidente que as mulheres têm mani-festado uma audácia maior que a dos homens ao alistarem-se nas fileiras da Fé”, ressalta ela.

As nove protagonistas de Um Amor que Não Espera se tornaram o estandarte de uma nova espécie humana do tempo em que viveram. “Elas revelaram o papel das mulheres de uma Nova Era, na qual não existem poderes diferenciados na espiritualidade, onde am-bos os sexos são chamados para servir a humanidade de maneira igualitária”, conta Sônia.

Para mais informações, entre em contato com a Editora Bahá’í do Brasil pelo endereço eletrônico: [email protected]

Você sabia

A Editora Bahá’í do Brasil foi funda-da por Shoghi Effendi no ano de 1957. Entre as 33 Editoras Bahá’ís espalhadas pelo mundo, apenas três foram funda-das pelo Guardião: Brasil, Estados Uni-dos e Índia.

A Editora Bahá’í do Brasil é responsá-vel pela tradução oficial dos escritos sa-grados bahá’ís para o português – a 6ª língua mais falada do planeta. Os livros da Editora são exportados para nove países: Timor-Leste, Portugal, Índia Por-tuguesa, China, Angola, Moçambique, Cabo-Verde, São Tomé e Príncipe e Gui-né-Bissau.

Hábito da leitura no Brasil

Em sua 3ª edição, a mais recente pesquisa Retratos da Leitura no Brasil17, lançada no final de março, mostra que os brasileiros estão lendo menos livros. Entrevistas realizadas em 315 municípios revelam que o índice de leitores caiu de 95,6 milhões de leitores em 2007 para 88,2 milhões em 201118.

Apesar dessa queda, observa-se uma elevação no mercado editorial no país. Segundo os especialistas, po-rém, o aumento do consumo não representa uma incoerência, já que o brasileiro costuma comprar livros pela sedução da mercadoria – ou seja: compra e não lê. A Editora Bahá’í do Brasil também vem registrando alta nas vendas no período recente. No primeiro semestre deste ano, 20 mil livros foram vendidos, dobrando as vendas em relação ao mesmo período do ano passado. Para evitar que livros se-jam comprados e deixados nas prateleiras, a Editora vem fortalecendo o papel dos Oficiais de Literatura19, responsáveis pelo fomento do hábito da leitura, com foco principal em títulos ligados à história da Fé Bahá’í.

“Em nosso país há um grande desafio a ser superado neste sentido”, comenta a coordenadora do grupo de Oficiais da Literatura, Ana Ma-ria Vieira. “É necessário tornar o livro acessível e desenvolver ações que despertem o interesse do público pela leitura prazerosa e como fonte de informação. É essa a missão dos oficiais”, explica ela.