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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Barros, José D'Assunção Teoria da História! José D'Assunção Barros. 3. ed. - Petrópolis, RJ : Vozes, 2014. Conteúdo : 4. Acordes historiográficos - Uma nova proposta para a Teoria da História Bibliografia ISBN 978-85 -326-2467-3 1. História - Filosofia 2. História - Teoria 3. Historiografia I. Título. 10-12120 Índices para catálogo sistemático: 1. História: Filosofia e teoria 901 CDD-901 JOSÉ D'ASSUNÇÃO BARROS Teoria da História 4. Acordes historiográficos - Uma nova proposta para a Teoria da História BIBLIOTECA NGK PUC! SP li li l Ili Ili li li lllll li li 1111 100286255 Ili EDITORA y VOZES Petrópol is

BARROS, José D'Assunção. Uma Metafora Musical Para a Historiografia, in (TEORIA DA HISTÓRIA IV)

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Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP) (Cmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Barros, Jos D'Assuno Teoria da Histria! JosD'Assuno Barros. 3.ed. -Petrpolis, RJ : Vozes, 2014. Contedo : 4. Acordes historiogrficos - Uma nova proposta para a Teoria da Histria Bibliografia ISBN 978-85-326-2467-3 1.Histria - Filosofia2.Histria - Teoria 3. HistoriografiaI. Ttulo. 10-12120 ndices para catlogo sistemtico: 1.Histria: Filosofia e teoria901 CDD-901 JOSD'ASSUNOBARROS Teoria da Histria 4. Acordes historiogrficos - Uma nova proposta para a Teoria da Histria BIBLIOTECANGK PUC!SP li li lIli Ili li li lllll li li 1111 100286255 Ili EDITORA yVOZES Petrpol is 2011, Editora VozesLtda. RuaFrei Lus,100 25689-900Petrpolis, RJ Internet: http://www.vozes.com.br Todososdirei,tosreservados.Nenhumapartedestaobrapo-der serreproduzida ou transmitida por qualquer formae/ou quaisquer meios(eletrnico ou mecnico, incluindo fotocpia e gravao) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de da-dos sem permisso escrita da editora. Diretor editorial Frei Antnio Maser Editores Aline dos Santos Carneiro Jos Maria da Silva Ldia Peretti Marilac Loraine Oleniki Secretrio executivo JooBatista Kreuch f A NF VALOR Editorao:Dora Beatriz V.Noronha Projeto grfico: Victor Mauricio Bello Capa:Omar Santos ISBN 978-85-326-2467-3 Editado conforme o novo acordo ortogrfico. Este livro foicomposto e impresso pela Editora VozesLtda. Sumrio 111rlicedosquadros e figuras,7 I,Uma metfora musical para a historiografia, 9 Introduo, 9 lA ttulo de exemplo: o "Acorde Walter Benjamin", 55 2Plano de anlise: motivaes para nossas escolhas, 63 11 . Ranke:possibilidades de um realismo historicista, 69 111.Droysen:osdesdobramentosrelativistasdoHistoricis-mo, 97 1V.Max Weber:aharmonizaodeparadigmasconflitan-les,129 V.PaulRicoeur:a "consonncia dissonante" - Encontros entre Historicismo, Hermenutica e Fenomenologia, 183 V1.Koselleck:oHistoricismoeoenigmadastemporalida-d S,265 IUma metfora musical para a historiografia ln troduo Todaalma uma melodia que convm renovar. Mallarm Otrabalho de reflexo, pesquisa e imaginao terica que neste volume desenvolveremos apenas experimental. Inter-romperemospor um momentoomodelomaistratadstico deesclarecimentosobreosvriosaspectosqueenvolvema 'fcoria da Histria e a histria da historiografia, e ousaremos 1iberar um pouco de imaginao historiogrfica, propor no-vosinstrumentos deanliseque possam dar conta da com-pixidade que envolve a historiografia e a Teoria da Histria. Passamos aqui ao "ensaio" propriamente dito, no sentido de que essegneroconstituium laboratrio tericopara aex-primentao. Comearemos por lembrar que a matria-prima da His-toriografia' - assim como da "Teoria da Histria" enquanto mbito de conhecimento que se abriga no interior da cincia histrica- evidentementeaprpriaobradoshistoria-dorese osseussistemasdepensamento. Valedizer,oshis-toriadoresefilsofosquetomam aseucargooestudoda historiografia(isto,dasobrasdoshistoriadoresdetodas aspocas,inclusiveasua)trazemnessemomento, parao centro de suas anlises,um tipo muito especfico de fontes histricas,quecorrespondeprecisamenteaostextospro-duzidospelosprprioshistoriadores. Apalavra "historio-grafia",quandonoempregadacomaquelesentidomais abrangente que dela faz um sinnimo de Histria (enquan-to campodeconhecimento), refere-seprecisamente aesse mbitodeestudosmaisespecficoqueexaminacritica-mente tudo oque jfoiproduzido pelos historiadoresat osdiasde hoje. Emuma palavra:a Historiografia pode ser compreendida,emsentidoestrito,comoamodalidadeda Histriaquetomacomo"fonteshistricas"asobrasdos prprios historiadores, e que fazdesteso seu principal ob-jeto de estudo. Nosso objetivo, a seguir, ser de introduzir alguns exer-cciosdehistoriografia, direcionadospara algumasques-tes bastante especficas. O empenho em examinar mais deta-1."Historiografia':aqui, estarsendoumaexpressoempregadanonosentido ampliado de Histria, masno sentido mais especfico do ramo daHistria que exa-mina a prpria obradoshistoriadores como fontesparacompreender ossistemas depensamento,osmodosde fazerhistriadecadapoca,eassociedadesque produziram essas diversas obras historiogrficas. 10 lli ,1 lamente alguns dos historiadores que j mencionamos 11 11 :-1 vo lumesanteriorescontribuirparaquepossamos l lI's ntar,reflexoque ataqui vimos desenvolvendo, .du nsexemplosmaisconcretos.Esseexamedehistoria-d 11 I'sspecficos tambm ser importante para a compre-111 s;10de que, ainda que os grandes paradigmas ofeream 111 1rnbasedeaoedevisodemundoaoshistoriado-11'i.queaelessevinculam,qualquerhistoriador tambm ,qH senta outras influncias para alm do paradigma com o1u al amaior parte desua produo sintoniza, seforo l.1M>.erigualmentecomum,comojfoimencionado, q111.umhistoriadorselocalizeentreparadigmas,eno IH)inleriordeums,ouquespartilheumcertocon-i 11 n lodeaspectos relacionados aum paradigma, mas no 1todos. Htambm asmigraesentre paradigmas, eas 11 1od ificaesque geram,emuma determinada obra his-tor iogrfica,fasesdiferenciadas.Porfim,qualquerviso dl'111undo,quandoreferidaaumhistoriadorespecfi-lo,a presenta menor ou maiorgraudecomplexidade,de 111 odoquepoderemospensarparaosgrandesnomesda 1t isloriografiaverdadeiros"acordestericos",formados porinflunciasdiversas,aindaqueexistamcertasnotas do minantes. Paraconservarmos certo norte neste exercciode histo-1iografia, delimitaremos como problema central a ser inves-1i ado a mesma questo do confronto entre "subjetividade" "objetividade" com a qual vimos ataqui nos debatendo. ( :omoosdiversoshistoriadoresenfrentaramaquestoda subj etividadehistoriogrfica,concretamente enointerior 11 As fontes paraestudarhistoriografiados paradigmas a que se filiam, ou entre eles, e mesmo alm deles? Como cada um deles, em trabalhos historiogrficos especficos, lidou com a questo do relativismo, da objeti-vidade cientfica, da posio da figura do historiador face aoprocessodeproduodoconhecimentohistoriogr-fico?Essasquestesestaroorientandonossasprximas reflexes. Oprincipal aspectoque nos motivou aescrever esteen-saio j foi introduzido em um momento anterior. Ainda que possamosesclarecercomalgumaprecisoquaissoasca-ractersticasessenciaisquedefinemcertosparadigmas- o Positivismo, o Historicismo, o Materialismo Histrico e ou-tros - averdadeque,quando nosdeparamoscom aobra de historiadores especficos, percebemos que esta ou aquela produohistoriogrficanemsemprefacilmenteclassifi-cvel nosquadros deumnico paradigma, eque por vezes essaobraouessehistoriadorespecficomostram-seextre-mamente singulares, ou mesmo nicos. muito difcil clas-sificarumaobra historiogrficacom preciso;diversosau-toresresistemaessaclassificao;htambmtericosque rejeitam a ideia de classificar obras historiogrficas, sob pena de simplific-las ou empobrecer a percepo de suas caracte-rsticas mais singulares. Consideremos, entretanto, quenofazeresteesforode analisar asobras dos historiadores aproximando-os uns dos outros, contrastando-os reciprocamente, identificando suas influnciaseinterfernciasmtuas,agrupando-osporpa-radigmas,escolasoucorrenteshistoriogrficas,tambm perderumaoportunidadeimportantedecompreendera 12 11hll'iatalcomoelafeitapelosprprioshistoriadores. < .1d.1t'SI relaqueexistenofirmamento,cadaplaneta eme-l111111,saonicos, masissonoimpede que osastrnomos d1 l'11volvam um esforo de reflexo que procura analisar os 11 11 111nos celestes, agrup-los, distingui-los, e tantas outras semasquaisaAstronomianoavanariacomo 1 ,1111podisciplinarespecfico.Deixardefalaremplanetas, nli,1 alegao de que cada planeta nico, tambm perder 111111s pccto rico da com preenso do universo. E bvioque,quandoutilizamosconceitoscomoode ' p.1 rnd igmahistoriogrfico","escolashistricas",eoutros, 11111amos a trabalhar modelos. O "modelo" um instru-111t11toterico que favorece a compreenso de alguma coisa; 111,1 s que por sua vez algo distinto da realidade. Asnoes dl"paradigmas"ede"escolashistricas"aplicadashis-lmiografiapermite aproximar historiadores, contrast-los, 1 nx rgar aspectos caractersticos de uns por semelhana ou 1o 11 trasteemrelaoaoutros.Oconceitodeparadigma 11ti1.omoabrirmodesseinteressanteinstrumentode 111,li sc?No entanto, deve-sereconhecer que aobra de um hi storiadortambmnica.Dificilmenteumhistoriador l'igualaoutro, mesmo que possamos situ-los no interior d'qualquer maneira, o importante termos conscincia tl1 q1 1'no possvel a um autor seisolar de sua poca e de 111 ll l'llSpocas;sua prpria poca ele presopor um con-11 loque lhe impe um tom; a todas aspocas ele est preso I''11111arede de leituras pela qual sedeixa capturar. Mesmo q111 1 s ista a todas as influncias autorais e se contraponha a 111d.1slas- se tal fossepossvel - neste caso eletambm es-1.11i1 sdeixando construir pelo contraste. Quando no tiver 1 l1. t'referiraos "autoresdecontraposio" atravsdeseu p1opriotexto,emesmoquenoqueiramencionar out ros 111tor 'S,osleitoresquepercorreremsuaobranaprpria 1po aeemoutraspocasnopoderodeixardesitu-lo 111111ma perspectiva de contrastes. Ainda que um autor no 21 desejesercapturadoporumaredeautoral,sercapturado por uma rede leitora. Cada um que o l o situar necessaria-mente em uma relaointerautoral, seja para pensar analo-gias ou contrastes. Oleitor precisar fazerisso para compre-ender um autor, mesmoque suamaneira(e s possvel compreend-lo sua maneira, maneira do leitor). Contra qualquer vontade que um autor possa expressar em contrrio, ao deixar que seu pensamento se concretize em tex-to, eleestar criando um ambiente no qual seformaro acor-des. Mesmo asinfluncias que ele gostaria de evitar e os seus antpodas autorais talvez deixem a sua marca nesta harmonia inevitvelatravsdesecretos"harmnicos"querepercutem por simpatia ou por antipatia. E tudo o que formou o seu pen-samento talvez retorne de uma maneira ou de outra no texto queelecompe. Amaiorpartedessainfinidadededilogos autorais que ressoa no fundo de um texto talvez no seja per-cebida seno como um timbre, e talvez no apresente qualquer importncia para uma anlise mais atenta; mas algumas notas sedestacaro inevitavelmente aos olhos e ouvidos de quem l ou ouve um texto. Um texto terico, historiogrfico, filosfico, literrio, em nossa metfora ser msica. E nessa metfora no possvel fazer msica sem acordes. claroquequemproduzoacordenofundooleitor. Oautorcompe umambienteharmnicoapartir doqual surgemcertaspossibilidadesdeleitura. Masessaquesto maiscomplexa,demodoquedeixaremospararetom-la oportunamente.Porora,aperguntasepossvelpensar um acorde para o autor, ou se cada texto produz o seu acor-de.Ou, ainda, se uma "questo" que colocamos a interagir 22 , 1111111111 ;llll. l'l11fases diversas de sua produo intelectual. O filsofo ti111,10Fichte, ao ser assimilado pelo historicista Ranke, pro-dtt 11,um outro efeitoque no oque ocorre na assimi-1 111 111d ' Fichte por Marx. preciso atentar, sobretudo, para o 1 1l1111 1ue cada nota incorporada por um acorde passa a inte-1 1 11 1 1 0111as demais notas do mesmo acorde, tal como ocorre 11 1 11111sia, e tambm em nossa metfora. A dialtica hegeliana ' 11l1i111os ta "nota materialista" termina por ver invertido o 1 1 1 1 1 1 ~ 0 de movimento dialtico que havia sido originalmen-hpwvistopor Hegel, de modo que Marx ir afirmar simbo-llo11111111que "colocou adialtica hegeliana em p" (outros 45 afirmaroqueelecolocouadialticahegelianadeponta--cabea)25.Qualquernota,enfim,modifica-seempresena deoutra,eesteosentidodepensarmosemum "acorde terico".O "Evolucionismo",aointeragir com oacorde te-rico de um autor relacionado com o Materialismo Histrico, poder produzir ressonnciasentre a "luta dasespcies" ea "lutadeclasses";masamesmaideiade "luta dasespcies" poderserassimiladapor umautorpositivista,ou mesmo por um terico do Nazismo, para produzir um outro timbre, uma justificao do eurocentrismo, do imperialismo, ou at do extermnio tnico. ainda necessrio lembrarmosqueo"acorde terico" apenas um recursodeque algum pode lanar mo em de-terminadomomentopara formularasualeituraespecfica sobre determinado historiador. Uma leitura seproduz dema-neira diferenciada por cada analista, ou at pelo mesmo analis-ta em dois momentos distintos de sua trajetria como analista da historiografia. Escudier, que escreveu uma "apresentao" sobreDroysenparaaediofrancesadaPrcissobreTeoria daHistria(2002), menciona ofatode que Droysen chegou aser vistoem certomomentocomo um "epgonotardiode Hegel" (cf. BENTIVOGLIO, 2009:11).Hoje predominam as leiturasqueinseremDroysenna "polifoniahistoricista'',ea "nota Hegel" fazparte desua colorao, mas no a sua "nota 25. Naverdade, foi Feuerbach quem afirmou pela primeira vez que teria colocado a dialtica de Hegel de "ponta-cabea". Marx, ao contrrio, dir no posfcio da segun-daedioalemdeO capital (1867): "adialticadeHegel andadeponta-cabea; basta rep-la emp parase achar que tem fisionomi a bem razovel''.46 l11 11