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1
UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
ESCOLA DE NUTRIÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE E NUTRIÇÃO
BIOMARCADORES INFLAMATÓRIOS EM INDIVÍDUOS ADULTOS
COM SOBREPESO E OBESIDADE
Laís Roquete Lopes
Ouro Preto -MG
2014
2
LAÍS ROQUETE LOPES
BIOMARCADORES INFLAMATÓRIOS EM INDIVÍDUOS ADULTOS
COM SOBREPESO E OBESIDADE
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Saúde e Nutrição da Universidade
Federal de Ouro Preto, como requisito parcial para
obtenção do título de Mestre em saúde e nutrição.
Área de concentração: Bioquímica e fisiologia da
nutrição.
Orientador: Prof. André Talvani
Co-orientadora: Silvana Mara Luz Turbino Ribeiro
OURO PRETO – MG
4
Catalogação: [email protected]
L658l Lopes, Laís Roquete. Biomarcadores inflamatórios em indivíduos adultos com sobrepeso e obesidade/ Laís Roquete Lopes. - 2014.
50 f.: il. color.; grafs.; tabs. Orientador: Profº Dr André Talvani Pedrosa da Silva. Co-orientadora; Profª Drª Silvana Mara Luz Turbino Ribeiro. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Escola de Nutrição. Programa de Pós-Graduação em Saúde e Nutrição. Área de concentração: Bioquímica e Fisiopatologia da Nutrição
1. Obesidade - Teses. 2.Quimiocinas - Teses. 3. Biomarcadores inflamatórios - Teses. I. Silva, André Talvani Pedrosa da. II. Ribeiro, Silvana Mara Luz Turbino. III. Universidade Federal de Ouro Preto. IV. Título.
CDU: 612.43
CDU: 669.162.16
3
5
Dedicatória
Aos meus pais e irmã, pelo carinho, apoio e incentivo sempre.
6
AGRADECIMENTO ESPECIAL
Ao Prof. André Talvani, pelo seu amor e dedicação à pesquisa e a arte de ensinar.
Por ter dado um significado muito especial à palavra orientador, sempre demostrando muito
carinho, incentivo e competência para realização deste trabalho. Obrigada pela oportunidade e
confiança em mim depositada.
7
AGRADECIMENTOS
Á Deus pela vida e conquistas realizadas.
Aos meus pais pelo amor, ensinamentos, apoio e incentivo constante para a realização dos meus
sonhos.
A minha irmã e familiares, em especial minhas avós e madrinha, pelo carinho e orações.
As minhas colegas de graduação, Tatiane e Fernanda, por continuarem sendo amigas e
companheiras; as colegas da pós-graduação por me acompanharem durante a realização deste
trabalho; as meninas quem moraram comigo em Ouro Preto pela ajuda e amizade, obrigado a
todas por estarem sempre presentes.
A Silvana Mara pela carinhosa co-orientação, apoio e auxilio na realização do projeto.
Aos amigos do laboratório de Doença de Chagas, pelo auxilio, convivência agradável e bons
momentos compartilhados, em especial a Prof. Arlete e Vívian pelos ensinamentos.
Aos voluntários do projeto, pela dedicação e forma carinhosa com que participaram da
pesquisa.
Ao Prof. Roney Luiz de Carvalho Nicolato, pelo auxílio no LAPAC.
Á Prof. Ana Carolina Pinheiro Volp, pelo apoio, incentivo e por dividir experiências na
realização do estágio docência.
Ao Prof. Fernando pelo auxilio e ensinamento na realização das analises do projeto.
Aos professores e funcionários da Escola de Nutrição/ICEB/NUPEB que, de alguma forma
contribuíram para esse trabalho.
8
Resumo
A obesidade é um grave problema de saúde publica cuja prevalência vem crescendo
acentuadamente nas ultimas décadas, inclusive em países em desenvolvimento. Trata-se de um
fenômeno de transição nutricional precursor de doenças crônico-degenerativas não
transmissíveis. A obesidade como condição inflamatória basal tem aberto novos horizontes para
a identificação demarcadores inflamatórios com utilização em diagnostico ou prognóstico para
as doenças crônico-degenerativas. Nesse sentido, o presente estudo objetiva a quantificação de
marcadores inflamatórios plasmáticos (CCL2, CCL5, CXCL16, leptina, resistina e BMP-2)
correlacionando-os com marcadores clínicos, bioquímicos (glicose de jejum, hemograma
completo, colesterol total e frações, hormônios T3, T4 e TSH) e antropométricos (peso, altura,
circunferências corporais, pregas cutâneas e porcentagem de gordura corporal) em adultos
jovens (18 a 30 anos) com sobrepeso e obesidade. Nossos resultados demostraram aumento dos
parâmetros antropométricos em indivíduos com sobrepeso/obesidade, bem como dos níveis
plasmáticos dos marcadores, exceto o BMP-2. Ainda, observou-se correlação da resistina,
CCL2 e CCL5 com valores de índice de massa corporal e porcentagem de gordura corporal nos
indivíduos avaliados. Dessa forma, o presente estudo indica um risco potencial para os
indivíduos com sobrepeso pela similaridade nos níveis de marcadores inflamatórios associados
às comorbidades associadas à obesidade. Sugere-se, ainda, que novas investigações sejam
realizadas objetivando um estudo de amostragem populacional para confirmação das
quimiocinas CCL5, CCL2, CXCL16 como indicadores de prognóstico clinico para
comorbidades associadas à obesidade humana.
Palavras-chave: Obesidade, marcadores inflamatórios, quimiocinas, parâmetros
antropometricos.
9
Abstract
Obesity is a serious and growing world healthy problem affecting developed and in developing
countries. Considered a phenomenon of the nutritional transition, the obesity is a precursor of
some non-transmitted chronic degenerative diseases. The new conception of obesity as a basal
inflammatory condition opens a new window of possibilities to identify inflammatory
biomarkers to be used in the diagnosis or prognosis of obesity-associated comorbidities.
Following this conception, this present works aim the quantification and correlation of classic
(Leptin and Resistin) and new soluble markers (CCL2, CCL5, CXCL16 and BMP-2) with
clinical, biochemical (fasting glucose, hemogram, cholesterol, T3, T4 and TSH) and
anthropometric (weight, height, body circumferences, skinfold thickness and percentage of
body fat) parameters in young adults (18 to 30 years old) presenting obesity and overweight.
Our data showed increasing in anthropometric parameters in those individuals with overweight
and obesity as well as in the plasma levels of inflammatory markers except to BMP-2. There
was also observed correlation among CCL2, CCL5 and values of body mass index and body fat
percentage in the individuals from this study. In summary, this present work proposes the
existence of a potential risk to individuals with overweight due the similarity of the circulating
inflammatory mediators that is commonly associated with obesity comorbidities. In addition,
more investigations should be proposed, in population scale, to reinforce and define the role of
the chemokines CCL2, CCL5 and CXCL16 as prognostic indicators of human obesity
comorbidities.
Palavras-chave: Obesity, , inflammatory biomarkers, chemokines, anthropometric parameters.
10
Lista de abreviatura
AMB - Área muscular do braço
BMP-2 - Proteínas morfogenéticas ósseas- 2
CB - Circunferência do braço
CC - circunferência da cintura
CMB - Circunferência muscular do braço
CQ - circunferência do quadril
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IL-17 A– Interleucina 17
IL-6 – Interleucina 6
IMC- Índice de massa corporal
PCR - Proteína C-reativa
PCT - Prega cutânea do tríceps
POF- Pesquisa de Orçamentos Familiares
RCQ - relação da cintura para o quadril
T3 - Tri-iodotironina
T4- Tiroxina
TNF-alfa – Fator de necrose tumoral – alfa
TSH - Hormônio tireotrófico
VEGF - Vascular endothelial growth factor
11
Lista de tabela
Tabela 1 – Riscos relativos para doenças crônicas associadas à obesidade segundo.......2
Tabela 2 – Classificação do sobrepeso e da obesidade através do IMC e circunferência da
cintura e do risco de doenças associados......................................................................5
Tabela 3 - Mediadores inflamatórios e suas principais funções...............................9 e 10
Tabela 4: Características gerais e antropométricas dos voluntários classificados pelo estado
nutricional relacionado ao IMC............................................................................18
Tabela 5 – Avaliação bioquímica dos indivíduos...........................................................19
Tabela 6: Ausência de correlação entre CCL2, CCL5, CXCL16, resistina e leptina com
parâmetros bioquímicos e antropométricos.....................................................................34
12
Lista de figuras
Figura 1 - Concentração plasmática das quimiocinas CCL2, CCL5 e CXCL-16..........21
Figura 2 – Concentração plasmática das adipocinas leptina, resistina e BMP-2...........23
Figura 3 – Correlação da quimiocina CCL5...........................................................24 e 25
Figura 4 – Correlação da quimiocina CCL2...........................................................26 e 27
Figura 5 – Correlação da quimiocina CXCL16.......................................................28e 29
Figura 6 – Correlação da adipocina resistina..........................................................30 e 31
Figura 7 – Correlação da adipocina leptina............................................................32 e 33
13
Sumário
1– Introdução ............................................................................................................................ 1
2.1 – O tecido adiposo como um órgão secretor ..................................................................... 7
2.2 – Mediadores inflamatórios .............................................................................................. 9
3. Objetivos ............................................................................................................................. 11
3.1 – Objetivo geral .............................................................................................................. 11
3.2 – Objetivos específicos: .................................................................................................. 11
4- Material e métodos ............................................................................................................. 12
4.1. População ....................................................................................................................... 12
4.2. Analise antropométrica e composição corporal ............................................................. 13
4.3. Processamento e análise dos exames bioquímicos ........................................................ 14
4.4- Processamento e análise do material para os ensaios imunoenzimáticos ...................... 15
4.5. Comitê de ética .............................................................................................................. 16
4.6. Análise estatística .......................................................................................................... 16
5.0- Resultados ........................................................................................................................ 17
5.1- Avaliação antropométrica .............................................................................................. 17
5.2 - Avaliações bioquímicas ................................................................................................ 19
5.3 - Avaliação dos mediadores inflamatórios ...................................................................... 20
5.4 - Correlação entre mediadores inflamatórios e parâmetros antropométricos em adultos
jovens eutróficos, com sobrepeso e obesidade. .................................................................... 24
6.0 - Discussão..........................................................................................................................35
7.0 – Conclusão........................................................................................................................42
8.0 – Referência bibliográfica ...............................................................................................43
9.0 – Anexo...............................................................................................................................50
1– Introdução
14
1.1- Obesidade
A prevalência de sobrepeso e obesidade tem aumentado de forma preocupante nas duas
ultimas décadas em todo o mundo, atingindo pessoas de todas as idades, principalmente
adolescentes e adultos (Terres, 2006). De fato, esta é uma doença universal de prevalência
crescente, considerada um grave problema de saúde pública nos países desenvolvidos e um
exponencial problema nos países em desenvolvimento (Lopes et al, 2006).
A obesidade é uma doença crônica não-degenerativa caracterizada pelo acúmulo
excessivo de tecido adiposo no organismo em decorrência de um desequilíbrio entre a
quantidade de energia ingerida e o gasto energético do organismo, por um longo período
acarretando males à saúde (WHO, 2006).
O Brasil vem passando por um processo de transformação do seu panorama nutricional.
Devido às mudanças econômicas, sociais e demográficas do país, ocorreram modificações no
estilo de vida e alimentação dos brasileiros. A urbanização da população é apontada como um
dos principais determinantes das alterações dos padrões de comportamento alimentar que,
juntamente com a redução da atividade física, ocasionaram mudanças na qualidade de vida das
populações (Batista, 2008).
Resultados da pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
justificam a importância de se trabalhar com indivíduos obesos. Este instituto publicou dados
recentes da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF-2008-2009) revelando que na população
de 20 anos ou mais de idade, foi diagnosticada uma prevalência de excesso de peso e uma
elevada obesidade quando comparada aos outros anos da POF. Os dados indicam que 50,1%
dos homens e 48% das mulheres apresentavam excesso de peso, ou seja, índice de massa
corpórea (IMC) maior ou igual a 25 Kg/m2. Em relação à prevalência de obesidade, IMC maior
ou igual a 30 Kg/m2, 12,4% dos homens e 16,9% das mulheres apresentaram-se com obesidade
(POF - 2008, 2009).
Muitos estudos têm sido realizados com o intuito de identificar os principais fatores que
contribuem para o desenvolvimento da obesidade; a obesidade não é uma desordem singular e
sim um grupo de condições com múltiplas causas (OPAS, 2006). Grande parte dos problemas
que estão relacionados com a obesidade baseia-se na formação dos hábitos alimentares (o
aumento da ingestão de lipídios saturados, açúcares, refrigerantes e alimentos refinados) e
também na redução da atividade física e aumento da vida sedentária. O balanço energético sofre
influência tanto de hábitos alimentares e de estilo de vida, como também dos fatores
sociológicos e das alterações metabólicas e neuroendócrinas e componentes hereditários
(Guimaraes et al, 2012).
15
A prevalência da obesidade atinge a todas as faixas etárias da população, de acordo com
Sichieri e Souza, aproximadamente 20% das crianças com idade de 4 anos que apresentavam
obesidade tornaram-se adultos obesos, e entre os adolescente obesos esse percentual foi de 80%
(Shicieri e Souza, 2008). É possível verificar com esse perfil que a obesidade na infância e
adolescia e é fator de risco para o desenvolvimento de diversas comorbidades na fase adulta do
individuo.
O portador de excesso de peso tem maiores chances de desenvolver doenças
cardiovasculares e metabólicas, com maior prevalência de hipertensão arterial, dislipidemia,
infarto agudo do miocárdio e diabetes tipo II, doenças ortopédicas e diversos tipos de câncer
em cólon, mama, rins, vesícula biliar e endométrio (Pappas et. al, 2010). A tabela 1 apresenta
dados de uma metanálise publicada com diversos estudos que evidenciam que a obesidade está
associada a um maior risco de desenvolvimento de doenças.
Tabela 1 – Riscos relativos para doenças crônicas associadas à obesidade segundo Guh et al. 2009
IMC: índice de massa corporal ≥ 30 kg/m2
Circunferência da cintura ≥ 88 cm, para mulheres e ≥102 cm para homens.
Segundo o estudo nacional americano NHANES (National Health and Nutrition
Examination Survey), o sobrepeso e a obesidade estão associados ao aumento significativo na
mortalidade por desenvolvimento de diabetes e problemas renais (mais de 61.249 mortes/ano
IMC Circunferência da cintura
Homem Mulher Homem Mulher
Diabetes tipo 2 6,7 (5,6-8,2) 12,4 (9,0-17,1) 5,1 (3,8-6,9) 11,1 (8,2-15,0)
Doença cardiovascular
Hipertensão 1,8 (1,5-2,2) 2,4 (1,6-3,7) 1,9 (1,8-2,0)
Doença arterial coronariana 1,7 (1,5-2,0) 3,1(2,8-3,4) 1,8(1,4-2,2) 2,7(2,0-3,5)
Insuficiência cardíaca 1,8(1,2-2,6) 1,8(1,1-2,9)
Câncer
Colo retal 1,9 (1,6-2,4) 1,7(1,5-1,8)
Renal 1,8(1,6-2,0) 1,8(1,1-2,9)
Mama 1,1(1,0-1,2)
Ovários 1,3(1,2-1,4)
Outras
Doença biliar 1,4(1,1-2,0) 2,3(1,2-4,6) 2,4(2,1-2,7)
Asma 1,4(1,1-1,8) 1,8(1,4-2,3)
Osteoartrite 4,0(2,8-6,4) 2,0(1,9-2,0)
16
no país), por doença cardiovascular (mais de 112.159 mortes/ano) e câncer (mais de 13.839
mortes/ano) (Huang, et al. 2009).
Com a análise de estudos prospectivos realizados em 2009, (PSC- Prospective Studies
Collaboration), foi possível observar com maior precisão o risco de mortalidade associado a
doenças crônicas. Em ambos os sexos a mortalidade foi menor para os indivíduos que
apresentavam IMC entre 22,5 e 25 kg/m2 (Sobrepeso), acima dessa faixa o risco associado ao
IMC é aditivo. Aumento de 5 kg/m2 no IMC está associado ao aumento de 30% na mortalidade,
40% de riscos cardiovasculares e até 120% na mortalidade por diabetes (Huang, et al. 2009).
Considera-se que a obesidade, além de promover uma redução da expectativa de vida
do indivíduo, os danos à saúde gerados pelo indivíduo também leva a um aumento da utilização
dos recursos de saúde com elevados custos econômicos. No Brasil, cerca de 1,5 bilhões de reais
por ano são gastos no tratamento da obesidade, abrangendo internações hospitalares, consultas
médicas e medicamentos. Desse valor, 600 milhões são provenientes do governo via Sistema
Único de Saúde, representando 12% do orçamento gasto com todas as outras doenças (Nissen,
2012 e ABESO- 2012). Pelo menos 2,6 milhões de pessoas morrem a cada ano como resultado de
doenças associadas ao excesso de peso (WHO, 2010).
1.2- Diagnóstico da obesidade
O índice de massa corporal (IMC) é uma medida comumente utilizada na classificação
do estado nutricional do individuo. É calculado por meio da razão entre o peso (quilogramas) e
o quadrado da altura (metros). Em 1995, um Comitê de Especialistas da Organização Mundial
da Saúde modificou os pontos de corte do IMC para emagrecimento e, em 1998, para obesidade,
preconizando sua utilização tanto para diagnóstico de desnutrição quanto de obesidade (WHO,
1995), sendo descritos a seguir: magreza grau III (grave): IMC < 16,0; magreza grau II
(moderada): 16,0 < IMC < 16,99; magreza grau I (leve): 17,0 < IMC < 18,49; faixa normal:
18,5 < IMC < 24,99; pré-obesidade (aumentado): 25,0 < IMC < 29,99; obesidade grau I
(moderado): 30,00 < IMC < 34,99; obesidade grau II (grave): 35,0 < IMC < 39,99; obesidade
grau III (muito grave): IMC >40,00 (Acunã et al. 2008).
O IMC apesar de ser considerado um bom indicador, não está totalmente correlacionado
com a distribuição da gordura corporal, pois possui algumas limitações como a relação com a
proporcionalidade do corpo, a relação com a estatura, particularidades entre pessoas com pernas
curtas para a sua altura, que neste último caso apresentarão IMC aumentado, constituem
exemplos dessas limitações. E também apresenta deficiência por não diferenciar a massa gorda
da massa magra do indivíduo levando a um erro no diagnóstico do estado nutricional (Silveira
17
et al, 2010). O IMC também não é capaz de indicar a localização da gordura, necessitando uma
complementação com medidas que certifiquem a correta mensuração do percentual de gordura
total da avaliação antropométrica. Por outro lado, apesar de o IMC não indicar a composição
corporal, a facilidade de sua mensuração e sua relação com a morbi-mortalidade parecem ser
motivos suficientes para sua utilização como indicador do estado nutricional em estudos
epidemiológicos em associação ou não com outras medidas antropométricas (Anjos et al, 2009).
O tecido adiposo tem grande variabilidade em sua distribuição, isso indica que
diferentes tipos e localização da gordura têm ações distintas. Com isso tem sido proposto que o
excesso de gordura localizado na região abdominal (andróide) pode levar a maiores
complicações metabólicas quando comparado a gordura localizada na região dos quadris
(ginóide) (Heyward et al, 2005).
As circunferências são afetadas pela massa gorda, massa muscular e tamanho ósseo,
sendo um método simples que permite medir uma grande variedade de circunferências
corporais. As principais circunferências utilizadas na prática clínica são: circunferência da
cintura (CC); circunferência do quadril (CQ) e relação da cintura para o quadril (RCQ).
A CC e CQ são medidas usadas como indicador da adiposidade abdominal; a RCQ está
fortemente associada à gordura visceral, sendo um índice aceitável de gordura intra-abdominal
é a medida de adiposidade mais frequentemente utilizada, permitindo diferenciar a obesidade
ginecóide e andróide. Uma RCQ de 1,0 ou mais para homens e de 0,8 ou mais para mulheres é
indicativo de obesidade andróide e risco aumentado de doenças relacionadas com a obesidade
(Heyward et al, 2005).
Assim pode ser proposto a classificação da obesidade associada dos valores de IMC,
CC e risco de doenças associadas (Tabela 2).
Tabela 2 – Classificação do sobrepeso e da obesidade através do IMC e circunferência da
cintura e do risco de doenças associado segundo Heyward et al, 2005.
Índice de massa
corporal (kg/m2)
Risco de doença* para peso normal e
circunferência da cintura
18
Homens ≤102cm
Mulheres ≤88cm
Homens >102cm
Mulheres >88cm
Baixo peso < 18
Peso normal 18,5-24,9
Sobrepeso 25,0-29,9 aumenta alta
Obesidade
grau 1 30,0-34,9 alta muito alta
grau 2 35,0-39,9 muito alta muito alta
grau 3 ≥40,0 extremamente extremamente
(Obesidade
extrema)
alta alta
*Risco para diabetes tipo 2, hipertensão e doença cardiovascular
A distribuição mais detalhada do excesso de tecido adiposo pode influenciar a relação entre
obesidade e doença cardiovascular, por exemplo; sendo que o excesso de tecido adiposo abdominal,
localizado principalmente na região visceral juntamente com e excesso de triglicerídeos no fígado,
no músculo esquelético e nos tecido cardíaco estão associados com insuficiência hepática,
resistência insulínica e debilidade na função ventricular (Pappas et. al, 2010; Manchine, 2006).
A Circunferência do braço (CB) é muito utilizada, pois a sua combinação com a medida
da prega cutânea do tríceps (PCT) permite, através da aplicação de fórmulas, calcular a
circunferência muscular do braço (CMB) e a área muscular do braço (AMB), área de músculo
sem osso, permitindo observar a massa muscular corporal total do individuo (Ddehoog, 1998).
Sendo todas estas mediadas de fácil mensuração e isoladamente, podem predizer riscos
de desenvolvimento de doenças metabólicas relacionadas à obesidade, torna-se necessária sua
averiguação para complementação da avaliação do estado nutricional do individuo avaliado.
A gordura subcutânea corresponde a 50% da gordura armazenada do corpo, e com
relação à composição corporal, o percentual de gordura é um dos componentes mais estudados.
As pregas cutâneas são muito utilizadas na prática clinica tendo como vantagem fornecer uma
maneira simples e não-invasiva de estimar a gordura corporal e caracterizar a distribuição da
gordura subcutânea (Acuña et al, 2008).
Através da somatória das pregas (tríceps, bíceps, subescapular, supra-ilíaca), obtém-se
a porcentagem de gordura corporal com o auxílio de uma equação de regressão linear. A medida
isolada da prega cutânea do tríceps proporciona uma estimativa das reservas gordurosas do
tecido subcutâneo, a qual se relaciona com o volume de gordura do organismo (Castro et al,
2008).
19
A impedância biolelétrica é um método rápido, não-invasivo, utilizado para avaliar a
composição corporal. Este método utiliza a passagem de uma corrente elétrica de baixo nível
através do corpo do paciente e a impedância oposição ao fluxo da corrente, é medida (Heyward,
2005). Além de avaliar a densidade da massa livre de gordura e a densidade da massa gorda, a
impedância bioelétrica mede a porcentagem corporal de água e a massa óssea corporal.
A escolha do método é dependente de uma série de fatores como, por exemplo, os
recursos disponíveis, tempo para a coleta de dados e tipo de estudo a ser realizado.
O tecido adiposo subcutâneo é responsável pela liberação da maioria doa AGLs
encontrados na circulação quando comparado à gordura visceral. No entanto é também
responsável pela liberação de uma grande variedade de adipocinas e citocinas inflamatórias,
que por sua vez influenciam no desenvolvimento da resistência a insulina no individuo (Lima
e Curi, 2008).
Atualmente, na prática clínica tem-se utilizado inúmeros marcadores, como exames
antropométricos, clínicos, marcadores bioquímico/imunológicos (hormônios/citocinas) para
avaliar o quadro de obesidade. Dessa forma, pesquisas vêm sendo realizadas com o intuito de
entender o conjunto dos fatores de risco em indivíduos, associado à avaliação de marcadores
com o propósito de estabelecer alvos potenciais de terapia na prevenção ou no tratamento de
doenças e complicações associadas ao quadro de obesidade (Volp et al., 2008).
2 – Tecido adiposo e inflamação
2.1 – O tecido adiposo como um órgão secretor
O tecido adiposo é constituído por adipócitos (50%), tecido nervoso, fibras de colágeno,
nódulos linfáticos, pré-adipócitos (células precursoras dos adipócitos) e cerca de 20% de
neutrófilos, linfócitos e macrófagos infiltrados. Anatomicamente, o tecido adiposo está
distribuído principalmente entre os compartimentos subcutâneo e visceral (Caspar-Bauguil et
al. 2009).
O tecido adiposo humano é subdividido em tecido adiposo branco (TAB) e marrom
(TAM). O TAB, localizado perifericamente nas regiões subcutânea e visceral, armazena energia
20
na forma de triglicerídeos e participa da regulação do balanço energético mediante processos
de lipogênese e lipólise. Histologicamente, ele é composto por adipócitos, células do sistema
imune, tecido conjuntivo, nervoso e vascular (Leite et al. 2009). O TAM, localizado no sistema
nervoso central, tem um papel muito relacionado com funções de termorregulação, é mais
vascularizado, possui maior número de mitocôndrias e diminui com a idade sendo mais
abundante nos recém-nascidos (Virtanen et al. 2009).
O tecido adiposo atualmente é um dos principais focos das pesquisas em obesidade, a
partir de uma revolução no entendimento da função biológica desse tecido desde a última
década. Além de ser a principal reserva de energia, armazenando triacilglicerol em períodos de
excesso de energia, o tecido adiposo secreta substâncias que participam de respostas
inflamatórias e imunológicas, de eventos vasculares, da regulação do apetite, do controle das
funções reprodutivas e do controle da secreção e sensibilidade à insulina, por exemplo
(Kershaw e Flier, 2004; Prado et al. 2009).
Neste sentido, o tecido adiposo passou a ser considerado um verdadeiro órgão endócrino, pois
secreta uma variedade de proteínas sintetizadas e liberadas pelos adipócitos, denominadas adipocinas.
As adipocinas influenciam uma variedade de processos fisiológicos, entre eles: e balanço
energético, imunidade, sensibilidade à insulina, angiogênese, inflamação e resposta de fase aguda,
pressão sanguínea e metabolismo de lipídeos (Fruhbeck et al, 2011). Dentre as adipocinas
destacam-se a leptina, grelina, adiponectina e resistina como elementos essenciais no controle
do metabolismo energético, sendo seu desbalanço um forte indicador pró-inflamatório
(Gnacińska et al, 2009).
As adipocinas são também produzidas por outros tecidos, sendo difícil determinar a
contribuição do tecido adiposo para os seus níveis circulantes; porém pode-se afirmar que
muitas dessas adipocinas são ligadas à imunidade e inflamação, uma vez que foram
estabelecidos paralelos (relações) entre os adipócitos e as células imunológicas (Fantuzzi
et al, 2005).
Recentemente, a evidência de que o quadro de obesidade interfira diretamente na
resposta inflamatória e consequentemente nos quadros de resistência à insulina e doenças
cardiovasculares têm crescido exponencialmente (Dulcan et al, 2006). Em indivíduos obesos,
o desenvolvimento gradual dos eventos inflamatórios é determinado pelo aumento plasmático
de alguns mediadores inflamatórios como proteína C-reativa (PCR), citocinas (TNF-alfa, IL-6,
IL-8, CCL2), bem como das proteínas leptinas (Bouloumié et al, 2005). Assim, pesquisas
relacionando o tecido adiposo, recrutamento de células inflamatórias e sua ativação tornam-se
importantes para o entendimento da patologia da obesidade associada às suas co-morbidades
(Trayhurn et al, 2008).
21
2.2 – Mediadores inflamatórios
Alguns marcadores inflamatórios tem recebido grande destaque em estudos,
relacionando a importância de sua atuação na obesidade e seu papel importante na homeostasia
energética, sensibilidade à insulina, resposta imunológica e doença vascular. Corroborando a
importância das adipocinas na mediação das respostas imunes de indivíduos obesos, alguns
estudos mostraram que baixas concentrações da adiponectina estão associadas à ocorrência de
diversos tipos de câncer e altas concentrações da mesma relaciona-se à inibição do crescimento
de tumores (Fruhbeck, 2011; Brakenhielm, 2004).
Diversas adipocinas são abundantemente sintetizadas pelo tecido adiposo, como
exemplo adiponectina, leptina, o fator de necrose tumoral-α (TNF-α), interleucina 6 (IL-6),
interleucina 1 (IL-1), CCL2, dentre outras (Borges, 2007). Mesmo diante de alguns marcadores
inflamatórios previamente descritos na literatura, torna-se importante identificar novos
marcadores com potencial capacidade de utilização em diagnóstico, prognóstico e
acompanhamento da obesidade e de outras doenças metabólicas. Nesse sentido, a proposta do
presente estudo é avaliar marcadores inflamatórios já descritos na literatura por seu
envolvimento na obesidade e outros com indícios biológicos para associação com a obesidade
(Tabela 3) em indivíduos adultos jovens.
9
Tabela 3 - Mediadores inflamatórios e suas principais funções
Mediadores
inflamatórios
Células
produtoras
Função/Efeito Referências
Leptina
Adipócitos
Atua como um fator de sinalização entre o tecido adiposo e o sistema nervoso
central, atuando sobre o hipotálamo, promovendo a regulação da ingestão alimentar,
do gasto energético e, consequentemente, da massa corporal. Influência na
sensibilização insulínica. A concentração plasmática de leptina está
proporcionalmente relacionada ao tamanho da massa de tecido adiposo presente no
corpo, sendo encontrada em níveis elevados nos indivíduos obesos. Estimula ou
suprime a produção das citocinas inflamatórias e regulatória, promovendo o
aumento da produção de citocinas, a adesão e a fagocitose em macrófagos, além de
estimular a proliferação das células T.
Muzumdar,
2003
Gomes, 2010
Ikeoka, 2010
Sweeney, 2010
Martin, 2008
Resistina
Monócitos
Adipócitos
Influencia no desenvolvimento à resistência insulínica. Apresenta correlação
positiva com marcadores inflamatórios (IL-6, PCR, ICAM-1) em indivíduos com
sinais inflamatórios severos, sendo preditora da aterosclerose em humano.
Gomez-
Ambrosi, 2005
Funahashi,
2004
BMP-2
Proteínas
morfogenéticas
ósseas-2
Osteoblastos
Odontoblastos
Aplicação no tratamento de fraturas não cicatrizadas, reparação de defeitos ósseos,
periodontites e malformações congênitas. Possui grande capacidade osteoindutora e
induz o aumento das células mesenquimais pluripotenciais (células-tronco), com
capacidade para se diferenciarem em células produtoras de tecido ósseo ou vascular.
Wozney, 2005
Ripamonti,
2001
10
Citocina Células
produtoras
Função/Efeito Referências
CCL5/Rantes
Regulated on
Activation Normal T-
Cell Expressed and
Secreted
Atua estimulando a migração de monócitos, linfócitos T, eosinófilos, basófilos para
o sítio inflamatório.
Guerreiro, 2011
Camargo, 2011
CXCL-16
Proteína
transmembran
ar
Sua expressão tem sido associada a diversas doenças crônico-inflamatórias,
incluindo artrite reumatoide, doenças pulmonares, aterosclerose, doença
coronariana e lesão hepática. Expressa em células Th1, em linfócitos e infiltrados
tumorais.
Sheikine, 2008
Darash-
Yahana, 2009
Ruth, 2006
CCL2/ MCP-1
Monocyte
chemotractant
protein
Macrófagos
Adipócitos
Células do
estroma
Leucócitos
Participa do recrutamento de monócitos. É considerada um marcador de inflamação
em diversas doenças, principalmente nas doenças cardiovasculares e também é
expressa nas fases iniciais da
aterosclerose. Suas concentrações encontram-se elevadas no soro de indivíduos
obesos e em algumas doenças inflamatórias (Ex: Doenças de Chagas).
Dwyer, 2007
Talvani, 2004
Murdolo, 2007
11
3. Objetivos
3.1 – Objetivo geral
Quantificar a produção de marcadores inflamatórios plasmáticos correlacionando-os com
marcadores clínicos, bioquímicos e antropométricos em adultos jovens apresentando sobrepeso
e obesidade.
3.2 – Objetivos específicos:
(I) Avaliação da composição corporal de adultos jovens apresentando sobrepeso e
obesidade pela avaliação antropométrica (peso, altura, circunferências e pregas cutâneas, % de
gordura corporal, massa óssea e % de água).
(II) Correlacionar aspectos clínicos da composição corporal dos pacientes com os
seguintes marcadores inflamatórios plasmáticos (CCL2, CCL5, CXCL16, leptina, resistina,
BMP-2);
(III) Correlacionar marcadores bioquímicos (hemograma completo, glicose de jejum,
colesterol e frações, T3, T4 e TSH) com os marcadores clínicos e inflamatórios,
12
4- Material e métodos
4.1. População
Os participantes desta pesquisa foram agrupados por idade (adulto jovem: de 18 a 30
anos) e condição clínica (obesidade e sobrepeso). A população avaliada foi composta por 47
voluntários, todos alunos da Universidade Federal de Ouro Preto.
Foram considerados critérios de inclusão: (I) apresentar idades entre 18 anos e 30 anos;
(II) apresentar sobrepeso (IMC acima de 25 para adultos) ou condição de eutrofia, (III) aceitar
participar da pesquisa de forma voluntária e, para isso, assinar o termo de consentimento livre
e esclarecido (TCLE).
Foram considerados critérios de exclusão: (I) possuir idade fora da faixa estabelecida
para a pesquisa; (II) recusar-se a participar do estudo, independente da justificativa, após ter
recebido todas as informações contidas no termo de consentimento deste projeto de pesquisa;
(III) impossibilidade ou ausência de disponibilidade para a realização dos exames; (IV) pessoas
que fazem uso constante de medicamentos antiinflamatorios, antidepressivo, sibutramina e
inibidores de apetite ; (V) episódio prévio sugestivo de doença reumática aguda; (VI) apresentar
disfunção tireoidiana, manifesta por níveis anormais de hormônio estimulante da tireóide e da
tiroxina livre; (VII) apresentar insuficiência renal, definida pelo aumento dos níveis de
creatinina e uréia; (VIII) apresentar doença pulmonar obstrutiva crônica, conforme presença de
história, exame físico, ECG e alterações radiológicas sugestivas; (IX) apresentar distúrbios
hidroeletrolíticos (níveis séricos anormais de potássio e sódio) e/ou anemia significativa,
definida como hemoglobina menor que 10g/dl; (X) apresentar qualquer outra doença sistêmica
significativa, crônica ou aguda.
Os participantes voluntários dessa pesquisa foram agrupados, sem que tivessem
conhecimento dessa classificação, em: (I) adulto eutrófico, (II) adultos com sobrepeso (IMC
acima de 25 Kg/m2) (III) adulto obeso (IMC acima de 30 Kg/m2).
13
4.2. Analise antropométrica e composição corporal
A avaliação antropométrica foi realizada por uma nutricionista, em uma sala privativa.
(I) Altura: Os indivíduos foram medidos em pé, descalços, com os pés unidos, de costas para o
marcador, em posição ereta, olhando para frente. A medida foi realizada através do
estadiométro transportável Welmy® com escala em centímetros e a precisão de 1 milímetro.
(II) Peso: Os indivíduos foram pesados em balança portátil calibrada TANITA®, com monitor
para composição corporal por bioimpedância bipolar, sendo a mesma utilizada durante toda a
pesquisa e em todos os pacientes. Esse equipamento possui capacidade máxima de 136 kg e
precisão de 0,5 kg. Os indivíduos foram pesados em pé, descalços e posicionados corretamente
nos eletrodos, sem adornos metálicos e com roupas leves.
(III) Índice de Massa Corporal: O IMC foi obtido dividindo-se o peso pela altura em metros
(m2). IMC: Peso (kg) / Altura (m)2
(IV) Circunferência do braço (CB): Foi solicitado aos indivíduos que utilizassem roupas leves
e, de pés juntos e braços estendidos lateralmente, foi realizada medida em plano horizontal.
(V) Circunferência da cintura: A medida foi realizada com o individuo em pé, com os pés
juntos, os braços estendidos lateralmente e o abdome relaxado. A medida foi tomada no ponto
médio entre a ultima costela e a supra ilíaca, com a fita inelástica em plano horizontal.
(VI) Circunferência do quadril: A medida foi realizada com individuo em pé, pés juntos, braços
levantados para os lados; A fita antropométrica foi colocada estendida em plano horizontal no
quadril sobre a pele sem comprimir as partes moles.
(VII) Relação da cintura para o quadril (RCQ): O calculo foi realizado dividindo a medida da
circunferência da cintura (cm) pela do quadril (cm). RCQ: CC/CQ
(VIII) Circunferência abdominal: A medida foi realizada com individuo em pé, pés juntos,
braços levantados para os lados. A fita antropométrica foi colocada estendida em plano
horizontal na região do umbigo, sobre a pele sem comprimir as partes moles
14
(IX) Pregas cutâneas: As pregas cutâneas foram medidas com o adipômetro no com braço solto
e relaxado e mantendo a pressão constante. A medida da prega cutânea do tríceps e bíceps foi
realizada no braço não dominante; a prega cutânea bicipital foi obtida na parte média do braço;
a prega cutânea subescapular foi medida 1 cm abaixo do ângulo inferior da escápula e a prega
cutânea supra-ilíaca foi medida na linha axilar média, com o tronco estendido, 1 cm acima da
crista ilíaca anterior superior.
(X) Porcentagem de gordura corporal: O percentual de gordura corporal foi mesurado pelo
aparelho de impedância bioelétrica a balança portátil calibrada TANITA®.
4.3. Processamento e análise dos exames bioquímicos
As amostras de sangue venoso foram obtidas com o individuo em jejum de 12 a 14 horas
e sob orientação para evitar ingestão de álcool nas 72 horas que antecederam a coleta, assim
como evitar a atividade física extenuante no dia anterior.
A coleta foi realizada por um profissional farmacêutico e as amostras foram coletadas
em tubos contendo heparina e tubos sem anticoagulante, conforme a indicação do método. Após
a coleta estas foram acondicionadas em gelo e transportadas imediatamente para Laboratório
Piloto de Análises Clínicas - Escola de Farmácia- Universidade Federal de Ouro Preto
(LAPAC).
Foram avaliados no soro o perfil lipídico (colesterol total, triglicérides, HDL-c e LDL-
c) e glicose, utilizando kits da marca Bioclin®. A determinação do colesterol total (CT), HDL-
c e triglicérides (TG) foi realizada através da metodologia enzimática colorimétrica. A dosagem
triglicerídeos foi realizada a partir de uma série de reações enzimáticas de hidrólise e oxidação,
para a formação de peróxido de hidrogênio que, sob a influência catalítica da peroxidase, gera
o composto quinoneimina, um indicador colorimétrico medido fotometricamente, cuja cor é
proporcional a concentração do componente lipídico de interesse.
Na dosagem de HDL-c foi realizada utilizando o método homogêneo direto, em que o
colesterol HDL transforma-se em colestenona e peróxido de hidrogênio por ação enzimática,
na presença de surfactantes específicos. O peróxido de hidrogênio formado reage com um
cromógeno, sob ação catalítica da peroxidase, gerando o corante quinona, cuja absorbância é
diretamente proporcional à concentração do HDL-c na amostra.
O colesterol LDL foi quantificado usando-se a equação de Friedewald, descrita a seguir:
LDLC = CT – (VLDLC + HDLC), sendo que VLDLC = TG/5.
15
O método empregado para determinação da glicose foi o método cinético, o qual é
baseado na reação de oxidação da glicose e posteriormente na reação de acoplamento de um
dos produtos formados, levando à formação de um composto corado (antipirilquinonimina),
cuja intensidade de cor é proporcional à concentração de glicose na amostra.
4.4- Processamento e análise do material para os ensaios imunoenzimáticos
Os ensaios imunoenzimáticos para os mediadores inflamatórios (CCL2, CCL5,
CXCL16, leptina, resistina e BMP-2) foram realizados utilizando-se o plasma previamente
armazenado no freezer -80° C. Utilizando placas de 96 poços, foram adicionados 100 ul de
anticorpo monoclonal contra a proteína a ser dosada, diluídos em PBS contendo 0.1% de
albumina de soro bovino - BSA (SIGMA). Após incubação por 12 horas à temperatura
ambiente, os anticorpos não adsorvidos foram descartados e as placas bloqueadas com 300
ul/poço de uma solução contendo PBS-BSA 1%, durante 1 hora a 37o C. As amostras de
plasma/ou sobrenadante, previamente padronizadas por nosso grupo foram aplicadas em um
volume de 100ul para cada poço. Paralelamente, diluiu-se a proteína investigada em várias
concentrações para o estabelecimento da curva padrão e, a seguir, incubou-se a placa por 12
horas à temperatura ambiente. Posteriormente os anticorpos secundários foram diluídos em
PBS-BSA 0.1% e incubados por 2 horas à temperatura ambiente. Finalmente, 100 ul de
estreptoavidina ligada à peroxidase na diluição de 1:4000 em PBS-BSA 0.1% foi adicionados
à placa e a mesma mantida sob agitação por 30 minutos. O cromógeno utilizado para a revelação
foi o OPD (-phenylenediamine -SIGMA) na diluição de 4 mg para 10 ml de tampão citrato.
No momento da aplicação de 100ul desta solução nos poços, foi adicionado 2ul/placa de H2O2
30 volumes como catalisador da reação. Após vinte minutos de incubação em ausência de luz,
a reação sofreu bloqueio ao adicionar 50 ul de H2SO4 3M por poço. A leitura da intensidade de
marcação foi realizada em leitor de ELISA utilizando-se o comprimento de onda de 490 nM.
Para este ensaio foram utilizados kits (Peprotech, da cidade de São Paulo).
4.5. Comitê de ética
16
O projeto em questão foi aprovado pelo Comitê de ética da Universidade Federal de
Ouro Preto, parecer CAAE:07639512.0.0000.5150. (em ANEXO). A pesquisa consiste no
seguimento do projeto realizado pela Doutoranda Silvana Mara, do Laboratório de Doença de
Chagas, aprovado no mesmo parecer do comitê de ética.
4.6. Análise estatística
Toda abordagem técnica estatística será submetida à consultoria do Departamento
Estatística da Universidade Federal de Ouro Preto, com a colaboração com o Prof. Dr. Fernando
Luiz Pereira Oliveira.
Os resultados são apresentados, para cada grupo avaliado, por técnicas de estatística
descritiva como mediana e intervalo interquartil. Foi realizado um teste de Shapiro Wilk para
todas as variáveis estudadas para verificar o tipo de distribuição das variáveis.
Após avaliar uma distribuição assimétrica, dos grupos separados de acordo com a
composição corporal, foi realizado o teste de análise de variância one-way (ANOVA). Quando
a ANOVA indicou diferença significativa, para identificar quais são os níveis que diferem os
valores médios da variável resposta, foi realizado o teste de comparações múltiplas de
Bonferroni.
Posteriormente foi realizado o teste de correlação de Pearson e Spearman para verificar
associação entre as variáveis dependentes (marcadores inflamatórios) e as variáveis
antropométricas e bioquímicas. O nível de significância dos testes realizados foi de 5%. Todas
as análises foram feitas através dos programas GraphPad Prism 5 e e do software estatístico R.
5.0- Resultados
5.1- Avaliações antropométricas
17
A amostra total de voluntários que participaram do projeto foi de 48 indivíduos, sendo
68,75% do sexo feminino e 31,25% do sexo masculino, com a média de idade de 24,04±3,5. A
Tabela 4 apresenta os dados de medidas antropométricas e composição corporal dos
voluntários divididos de acordo com o estado nutricional pelo IMC, sendo 23 indivíduos
classificados como eutróficos (IMC= 18,5 Kg/m2 a IMC ≥ 24,99 Kg/m2), 18 apresentando
sobrepeso (IMC+ 25 Kg/m2 a IMC ≥ 29,9 Kg/m2) e 7 com obesidade (IMC ≥ 30,0 Kg/m2).
Com exceção da RCQ, todas as medidas antropométricas e composição corporal foram
significativamente maiores (p < 0,05) no grupo de sobrepeso e obesidade quando comparado
ao grupo de indivíduos com eutrófia. Porém não foi apresentado diferença quando comparado
os grupos de sobrepeso e obesidade.
18
Características gerais e antropométricas dos voluntários classificados pelo estado nutricional relacionado ao IMC
Eutrófico (E)
(n:23)
Sobrepeso (S)
(n:18)
Obesidade (O)
(n:7)
P
Mediana IQ Mediana IQ Mediana IQ
Peso (Kg) 60,00 52,80-67,20 72,70 66,10-83,35 92,80 78,30-105,2 < 0.0001*
IMC (Kg/m2) 21,55 19,47-22,90 26,00 25,52-27,40 33,68 31,16-34,31 < 0.0001*
CB (mm) 26,50 23,50-29,00 29,75 28,13-33,38 33,00 30,50-36,00 < 0,0008*
PCT(mm) 14,20 8,00-19,02 20,43 14,63-23,03 23,60 21,30-31,40 < 0,0004*
PCB(mm) 7,16 3,50-12,00 12,78 10,69-15,73 23,10 20,30-24,50 < 0,0004*
PCSE(mm) 18,25 13,50-22,50 28,35 23,00-35,05 45,80 32,15-51,00 < 0.0001*
PCSI(mm) 11,75 8,20-18,35 22,20 20,07-24,85 32,60 29,70-37,20 < 0.0001*
CA (cm) 80,00 77,60-88,00 91,00 86,73-97,00 111,5 93,00-114,2 < 0.0001*
CQ (cm) 98,00 93,00-102,0 106,0 102,9-109,9 121,0 117,0-127,0 < 0.0001*
CC (cm) 76,50 70,80-82,00 85,75 79,90-91,13 107,5 95,00-109,7 < 0.0001*
RCQ (cm) 0,78 0,73-0,85 0,80 0,78-0,85 0,88 0,78-0,94 0,0810
% gordura corporal 24,00 18,00-29,00 36,00 33,00-39,25 45,90 44,08-58,25 < 0.0001*
IQ: Intervalo interquartil (Q1-Q3) - IMC: índice de massa corporal; CB: circunferência do braço; PCT: prega cutânea triciptal; PCB: prega cutânea bicipital; PCSE:
prega cutânea subescapular; PCSI: prega cutânea supra ilíaca; CA: circunferência abdominal; CQ: circunferência do quadril; CC: circunferência da cintura; RCQ:
relação cintura quadril. Para a diferença entre os grupos foi realizado o teste One-way para analise de variâncias e teste de Bonferroni's de comparação múltiplas, p
< 0,05. * A diferença encontrada quando comparado os grupos eutrófico e obesidade.
19
5.2 - Avaliações bioquímicas
As avaliações bioquímicas realizadas nas amostras de sangue dos voluntários encontram-se descritas na tabela 5. A tabela contem os valores de
referência para cada uma das determinações conforme disponibilizado pelo seu respectivo kit comercial que é utilizado pelo Laboratório Piloto de
Análises Clínicas - Escola de Farmácia- Universidade Federal de Ouro Preto (LAPAC).
Tabela 5 – Avaliação bioquímica dos indivíduos
Eutrófico
(n:23)
Sobrepeso
(n:18)
Obesidade
(n:7)
P Referências
Mediana IQ Mediana IQ Mediana IQ
Glicose (mg/dl) 87,00 80,00-95,00 89,00 86,00-93,00 87,00 85,00-91,00 0,26 70-100
Colesterol (mg/dl) 204,0 181,0-226,0 209,0 181,0-238,0 224,0 180,0-265,0 0,54 < 200
HDL (mg/dl) 67,58 50,59-76,98 58,31 52,21-68,31 56,69 48,53-58,70 0,29 > 60
LDL (mg/dl) 121,2 99,70-151,5 132,3 117,8-148,4 141,5 118,4-182,6 0,39 < 130
Triglicerídeos
(mg/dl)
57,00 42,00-97,00 85,00 55,00-105,0 97,00 72,00-117,0 0,021* < 150
VLDL (mg/dl) 11,49 8,34-19,32 16,97 10,97-21,02 19,40 14,50-23,36 0,025* < 30
TSH (mU/m) 2,05 1,40-4,00 2,19 1,73-2,54 2,52 2,04-2,95 0,95 0,4 a 4,0
T3(mcg/dl) 1,20 1,12-1,48 1,34 1,22-1,51 1,44 1,00-1,48 0,3940 1,0 a 3,0
T4 (mcg/dl) 11,43 10,12-12,90 11,10 9,90-12,60 11,84 9,04-14,66 0,77 9,0 a 17,0
HDL (high density lipoprotein): lipoproteína de alta densidade; LDL (low density lipoprotein): lipoproteína de baixa densidade; VLDL (very low density
lipoprotein): lipoproteína de muito baixa densidade; TSH: hormônio tireoestimulante; T3: triiodotironina; T4: tiroxina.
Para a diferença entre os grupos foi realizado o teste One-way para análise de variâncias e teste de Bonferroni's de comparação múltiplas, p < 0,05.
20
No presente estudo as avaliações bioquímicas de triglicerídeos e VLDL do grupo de
indivíduos obesos apresentaram valores significativamente maiores quando comparado ao
grupo estrófico. Em relação às outras dosagens bioquímicas não foi encontrado diferença entre
os grupos.
5.3 - Avaliações dos mediadores inflamatórios
Os resultados da avaliação dos mediadores inflamatórios no soro dos voluntários da
pesquisa serão apresentados agrupados em (i) quimiocinas (CCL2, CCL5 e CXCL-16) (figura
1) e (ii) adipocinas (leptina, resistina e BMP-2) (figura 2).
21
Eutr
ófico
Sobre
peso
Obes
o
0
100
200
300
400p<0.05
p<0.05A
CC
L2 (
pg
/mL
)
Eutr
ófico
Sobre
peso
Obes
o
0
200
400
600 p<0.05
p<0.05
B
CC
L5 (
pg
/ml)
Eutr
ófico
Sobre
peso
Obes
o
0
50
100
150
200
250 p<0.05
p<0.05
C
CX
CL
16 (
pg
/ml)
Figura 1 – Concentração plasmática das quimiocinas CCL2, CCL5 e CXCL-16. O plasma
dos indivíduos voluntários foi submetido ao ensaio imunoenzimático (ELISA) e as quimiocinas
CCL2 (A), CCL5 (B) e CXCL16 (C) avaliadas e apresentadas como média +/- SEM., P<0.005
= existência de diferença significativa.
22
De acordo com os resultados obtidos, a CCL2 (Figura 1A) o grupo eutrófico apresentou
valores menores quando comparado ao grupo com sobrepeso e obesidade (p < 0,0001). Em
relação à concentração plasmática de CCL5 (Figura 1B) foi possível observar diferença apenas
entre o grupo eutrófico quando comparado aos indivíduos com sobrepeso e obesidade (p <
0,031). Na dosagem da quimiocina CXCL16 (Figura 1C) foram observados concentrações
menores nos indivíduos eutróficos e apresentaram diferença significativa quando comparados
aos grupos com sobrepeso e obesidade (p < 0.0001).
A figura 2 apresenta os resultados das concentrações das adipocinas dosadas nos grupos
de indivíduos eutróficos, com sobrepeso e obesos.
Na avaliação dos níveis de leptina (Figura 2A) foi observado concentrações maiores da
proteína em indivíduos obesos quando comparado aos indivíduos eutróficos (p < 0,024), Perfil
inverso foi observado em relação às dosagens de resistina, (Figura 2B) onde os indivíduos
eutróficos apresentaram níveis plasmáticos menores quando comparados aos grupos com
sobrepeso e obesidade (p < 0.0001). Já para os valores das concentrações de BMP-2 não foi
encontrado diferença significativa entre os grupos (Figura 2C).
23
Eutrófic
o
Sobrepes
o
Obes
o
0
60
120
180
p<0.05
A
Lep
tin
a (
pg
/ml)
Eutr
ófico
Sobre
peso
Obes
o
0
200
400
600p<0.05
p<0.05B
Resis
tin
a (
pg
/ml)
Eutrófic
o
Sobrepes
o
Obes
o
400
600
800
1000
1200
C
BM
P-2
(p
g/m
l)
Figura 2 – Concentração plasmática das adipocinas leptina, resistina e BMP-2. O plasma
dos indivíduos voluntários foi submetido ao ensaio imunoenzimático (ELISA) e as quimiocinas
leptina (A), resistina (B) e BMP-2 (C) avaliadas e apresentadas como média +/- SEM., P<0.005
= existência de diferença significativa.
24
.
5.4 - Correlação entre mediadores inflamatórios e parâmetros antropométricos em
adultos jovens eutróficos, com sobrepeso e obesidade.
As análises de correlação foram realizadas com os mediadores inflamatórios que
apresentaram diferença entre os grupos estudados.
Com base na importância da quimiocina CCL5 para o recrutamento celular em
diferentes sítios do corpo humano, estabeleceu-se a correlação entre essa quimiciona e
parâmetros antropométricos de maior relevância nesse estudo. A saber, CCL5 apresentou
correlação negativa com peso (Figura 3A), IMC (Figura 3B), porcentagem de gordura (Figura
3C) e VLDL (Figura 3D); além dos parâmetros antropométricos de circunferência da cintura
(Figura 3E), circunferência abdominal (Figura 3F), circunferência do quadril (Figura 3G),
circunferência do braço (Figura 3H) e as pregas cutâneas subescapular (Figura 3I) e supra ilíaca
(Figura 3J). Para as variáveis de triglicerídeos, prega cutânea tricipital e bicipital não foram
encontradas correlações significativas (p > 0,05), esses valores não significativos estão
apresentados na tabela 6.
150 300 450
50
100
150
p=0,013
r=0,36
A
CCL5
Peso
(K
g)
100 200 300 400 50010
20
30
40
r=0,31
p=0,033B
CCL5 (pg/ml)
IMC
(kg
/m2)
200 300 400 5000
20
40
60
80
p=0,037
r=0,31
C
CCL5 (pg/ml)
Go
rdu
ra (
%)
100 200 300 400 5000
10
20
30
40
p=0,0005
r=0,40
D
CCL5 (pg/ml)
VL
DL
(m
g/d
L)
Figura 3 – Correlação da quimiocina CCL5. A CCL5 foi relacionada com o peso peso
(Figura 3A), IMC (Figura 3B), porcentagem de gordura (Figura 3C) e VLDL (Figura 3D).
P<0.005 = existência de diferença significativa.
25
100 200 300 400 50040
60
80
100
120
140 r=0,30
p=0,04
E
CCL5 (pg/ml)
Cin
cu
nfe
rên
cia
da c
intu
ra (
cm
)
100 200 300 400 500
60
80
100
120
140
p=0,032
r=0,31
F
CCL5 (pg/ml)
Cin
cu
nfe
rên
cia
ab
do
min
al (c
m)
100 200 300 400 500 60050
100
150
G
CCL5 (pg/ml)
Cin
cu
nfe
rên
cia
do
qu
ad
ril (c
m)
200 300 400 50010
20
30
40
H
CCL5 (pg/ml)
Cin
ferê
ncia
do
bra
ço
(cm
)
150 300 450 6000
20
40
60
I
CCL5 (pg/ml)
PC
SE
(m
m)
150 300 450 6000
10
20
30
40
50
J
CCL5 (pg/ml)
PC
SI (m
m)
Figura 3 – Correlação da quimiocina CCL5. A CCL5 foi relacionada com circunferência da
cintura (Figura 3E), circunferência abdominal (Figura 3F), circunferência do quadril (Figura
3G), circunferência do braço (Figura 3H) e as pregas cutâneas subescapular (Figura 3I) e supra
ilíaca (Figura 3J). P<0.005 = existência de diferença significativa.
Em relação à quimiocina CCL2, responsável pela quimiotaxia de monócitos/macrófagos
para o sítio inflamatório, foi também estabelecido um estudo de correlação com parâmetros
26
antropométricos mais relevantes desse estudo. A CCL2 apresentou correlação positiva para o
peso (Figura 4A), para o IMC (Figura 4B), porcentagem de gordura corporal (Figura 4C) e
circunferência da cintura (Figura 4D), circunferência do quadril (Figura 4E), circunferência
abdominal (Figura 4F), circunferência do braço (Figura 4G) e a prega cutânea supra ilíaca
(Figura 4H). A quimiocina também apresentou correlação positiva como o exames bioquímicos
de triglicerídeos (Figura 4I). Não houve associação significativa quando relacionado às
concentrações de CCL2 e as pregas cutâneas bicipital, tricipital e subescapular, (tabela 6).
0 100 200 300 4000
50
100
150 p=0,024
r=0,33
A
CCL2 (pg/ml)
Peso
(K
g)
0 100 200 300 4000
10
20
30
40
50 p=0,0039
r=0,41
B
CCL2 (pg/ml)
IMC
(kg
/m2)
0 100 200 300 4000
20
40
60
80 p=0,026
r=0,32
C
CCL2 (pg/ml)
Go
rdu
ra (
%)
0 100 200 300 4000
50
100
150 p=0,30
r=0,31
D
CCL2 (pg/ml)
Cin
cu
nfe
rên
cia
da c
intu
ra (
cm
)
Figura 4 – Correlação da quimiocina CCL2. A CCL2 foi relacionada peso (Figura 4A), para o
IMC (Figura 4B), porcentagem de gordura corporal (Figura 4C) e circunferência da cintura (Figura
4D). P<0.005 = existência de diferença significativa.
27
0 100 200 300 40050
100
150
p=0,018
r=0,34
E
CCL2 (pg/ml)
Cin
cu
nfe
rên
cia
do
qu
ad
ril (c
m)
0 100 200 300 400
50
100
150 p=0,036
r=0,30
F
CCL2 (pg/ml)
Cin
cu
nfe
rên
cia
ab
do
min
al (c
m)
0 100 200 300 4000
10
20
30
40
50 p=0,02
r=0,34
G
CCL2 (pg/ml)
Cin
ferê
ncia
do
bra
ço
(cm
)
0 100 200 300 4000
10
20
30
40
50 p=0,03
r=0,31
H
CCL2 (pg/ml)
PC
SI (m
m)
150 3000
50
100
150 r=0.47
p=0.0011
I
CCL2 (pg/ml)
Tri
glic
eri
deo
s (
mg
/dL
)
Figura 4 – Correlação da quimiocina CCL2. A CCL2 foi relacionada circunferência do quadril
(Figura 4E), circunferência abdominal (Figura 4F), circunferência do braço (Figura 4G), a prega
cutânea supra ilíaca e de triglicerídeos (Figura 4I). (Figura 4H). P<0.005 = existência de diferença
significativa.
28
Em relação à quimiocina CXCL16, as suas concentrações plasmáticas apresentaram
correlação positiva com o peso (Figura 5A), IMC (Figura 5B), porcentagem de gordura (Figura
5C), circunferência da cintura (Figura 5D), circunferência abdominal (Figura 5E) e as pregas
cutâneas bicipital (Figura 5F), subescapular (Figura 5G) e supra ilíaca (Figura 5H). Além do
exame bioquímico VLDL (Figura 5I).
Não houve associação significativa quando relacionado às concentrações de CXCL16
com triglicerídeos, circunferência do quadril, circunferência do braço e as pregas cutâneas
bicipital e tricipital (tabela 6).
50 100 150 200 250
50
100
150
p=0,013
r=0,36
A
CXCL16
Peso
(K
g)
0 50 100 150 200 25010
20
30
40
r=0,42
p=0,003B
CCL5 (pg/ml)
IMC
(kg
/m2)
0 50 100 150 2000
20
40
60
80
p=0,007
r=0,48
C
CXCL16 (pg/ml)
Go
rdu
ra (
%)
100 150 20040
60
80
100
120
140 r=0,30
p=0,04
D
CXCL16 (pg/ml)
Cin
cu
nfe
rên
cia
da c
intu
ra (
cm
)
Figura 5 – Correlação da quimiocina CXCL16. A CXCL16 foi relacionada peso (Figura 5A), IMC
(Figura 5B), porcentagem de gordura (Figura 5C), circunferência da cintura (Figura 5D). P<0.005 =
existência de diferença significativa.
29
0 50 100 150 200
60
80
100
120
140
p=0,032
r=0,31
E
CXCL16 (pg/ml)
Cin
cu
nfe
rên
cia
ab
do
min
al (c
m)
50 100 150 200 2500
10
20
30
p=0,02
r=0,34
F
CCL5 (pg/ml)
PC
B (
mm
)
50 100 150 200 2500
20
40
60
p=0,021
r=0,34
G
CCL5 (pg/ml)
PC
SE
(m
m)
50 100 150 200 2500
10
20
30
40
50
p=0,006
r=0,40
H
CCL5 (pg/ml)
PC
SI (m
m)
0 100 200 3000
10
20
30
40 p=0,032
r=0,31
I
Leptina(pg/ml)
VL
DL
(m
g/d
L)
Figura 5 – Correlação da quimiocina CXCL16. A CXCL16 foi correlacionada com a
circunferência abdominal (Figura 5E), pregas cutâneas bicipital (Figura 5F), pregas cutâneas
subescapular (Figura 5G), pregas cutâneas supra ilíaca (Figura 5H) e VLDL (Figura 5I). P<0.005
= existência de diferença significativa.
As concentrações plasmáticas de resistina presente no soro dos indivíduos avaliados
nesse estudo apresentaram correlação positiva para o peso (Figura 6A), para o IMC (Figura
30
6B), porcentagem de gordura corporal (Figura 6C), para a circunferência: abdominal (Figura
6D), cintura (Figura 6E), quadril (Figura 6F) e braço (Figura 6G). Bem como para as pregas
cutâneas: biciptal (Figura 6H), subescapular (Figura 6I), supra ilíaca (Figura 6J) e triciptal
(Figura 6K) e também para os níveis de VLDL (Figura 6L). Já os valores de triglicerídeos não
se correlacionaram significativamente com as concentrações de resistina (p > 0,05), dado
apresentado na tabela 6.
150 300 450 6000
50
100
150
p=0,0016
r=0,47
A
Resistina (pg/ml)
Peso
(K
g)
150 300 450 6000
10
20
30
40
50
p=0,0005
r=0,49
B
Resistina (pg/ml)IM
C (
kg
/m2)
150 300 450 6000
20
40
60
80 p=0,0004
r=0,50
C
Resistina (pg/ml)
Go
rdu
ra (
%)
150 300 450 6000
50
100
150
p=0,012
r=0,36
D
Resistina (pg/ml)
Cin
cu
nfe
rên
cia
ab
do
min
al (c
m)
Figura 6 – Correlação da adipocina resistina. A resistina foi relacionada com peso (Figura 6A),
para o IMC (Figura 6B), porcentagem de gordura corporal (Figura 6C) e circunferência abdominal
(Figura 6D). P<0.005 = existência de diferença significativa.
31
150 300 450 6000
50
100
150
p=0,007
r=0,38
E
Resistina (pg/ml)
Cin
cu
nfe
rên
cia
da c
intu
ra (
cm
)
150 300 450 60060
80
100
120
140
160 p=0,0004
r=0,5
F
Resistina (pg/ml)
Cin
cu
nfe
rên
cia
do
qu
ad
ril (c
m)
0 200 400 6000
10
20
30
40 p=0,02
r=0,31
L
Resistina (pg/ml)
VL
DL
(m
g/d
L)
150 300 450 6000
10
20
30
40
50 p=0,004
r=0,42
G
Resistina (pg/ml)
Cin
ferê
ncia
do
bra
ço
(cm
)
150 300 450 6000
10
20
30
40
50 p=0,007
r=0,38
K
Resistina (pg/ml)
PC
T (
mm
)
150 300 450 6000
10
20
30 p=0,006
r=0,4
H
Resistina (pg/ml)P
CB
(m
m)
150 300 450 6000
20
40
60 p=0,002
r=0,45
I
Resistina (pg/ml)
PC
SE
(m
m)
150 300 450 6000
10
20
30
40
50 p=0,003
r=0,42
J
Resistina (pg/ml)
PC
SI (m
m)
Figura 6 – Correlação da adipocina resistina. A resistina foi relacionada com circunferência da
cintura (Figura 6E), circunferência quadril (Figura 6F), circunferência do braço (Figura 6G). Pregas
cutâneas: biciptal (Figura 6H), subescapular (Figura 6I), supra ilíaca (Figura 6J) e triciptal (Figura
6K) e VLDL (Figura 6L). P<0.005 = existência de diferença significativa.
32
Já a leptina, um importante e já conhecido marcador biológico associado à obesidade,
também apresentou correlação positiva com os seguintes parâmetros antropométricos
avaliados: peso (Figura 7A), IMC (Figura 7B), circunferência abdominal (Figura 7C),
circunferência do quadril (Figura 7D) e as pregas cutâneas: bicipital (Figura 7E), tricipital
(Figura 7F), subescapular (Figura 7G), supra ilíaca (Figura 7H). Os exames bioquímicos
triglicerídeos (Figura 7I) e VLDL (Figura 7J) também apresentaram correlação positiva com a
leptina. Para as variáveis porcentagem de gordura corporal e PCT não foram encontradas
correlação significativa (p > 0,05), (tabela 6).
0 100 200 3000
50
100
150 p=0,010
r=0,37
A
Leptina(pg/ml)
Peso
(K
g)
0 100 200 3000
10
20
30
40
50 p=0,0004
r=0,52
B
Leptina(pg/ml)
IMC
(kg
/m2)
0 100 200 300
50
100
150 p=0,007
r=0,48
C
Leptina(pg/ml)
Cin
cu
nfe
rên
cia
ab
do
min
al (c
m)
0 100 200 30050
100
150
p=0,0034
r=0,42
D
Leptina(pg/ml)
Cin
cu
nfe
rên
cia
do
qu
ad
ril (c
m)
Figura 7 – Correlação da adipocina leptina. A leptina foi relacionada com peso (Figura 7A), IMC
(Figura 7B), circunferência abdominal (Figura 7C), circunferência do quadril (Figura 7D) P<0.005
= existência de diferença significativa.
33
0 100 200 3000
10
20
30 p=0,03
r=0,31
E
Leptina(pg/ml)
PC
B (
mm
)
0 100 200 3000
10
20
30
40
50 p=0,0007
r=0,48
F
Leptina(pg/ml)
PC
T (
mm
)
0 100 200 3000
20
40
60 p=0,001
r=0,47
G
Leptina(pg/ml)
PC
SE
(m
m)
0 100 200 3000
10
20
30
40
50 p=0,04
r=0,29
H
Leptina(pg/ml)
PC
SI (m
m)
0 100 200 3000
50
100
150
p=0,002
r=0,44
I
Leptina(pg/ml)
Tri
gliceri
deo
s (
mg
/dL
)
0 100 200 3000
10
20
30
40 p=0,032
r=0,31
J
Leptina(pg/ml)
VL
DL
(m
g/d
L)
Figura 7 – Correlação da adipocina leptina. A leptina foi relacionada as pregas cutâneas: bicipital
(Figura 7E), tricipital (Figura 7F), subescapular (Figura 7G), supra ilíaca (Figura 7H). Os exames
bioquímicos triglicerídeos (Figura 7I) e VLDL (Figura 7J). P<0.005 = existência de diferença
significativa.
34
A tabela abaixo especifica as correlações das quimiocinas e adipocinas que não
apresentaram diferença significativa com os dados de medidas antropométricas, porcentagem
de gordura corporal e exames bioquímicos dos voluntários participantes do projeto.
Tabela 6: Ausência de correlação entre CCL2, CCL5, CXCL16, resistina e leptina com
parâmetros bioquímicos e antropométricos.
Quimiocinas Adipocinas
CCL5 CCL2 CXCL16 Resistina Leptina
Triglicerideos
(mg/dl)
P= 0,9 ___ P= 0,10 P= 0,4 ___
VLDL (mg/dl) P= 0,10
PCT (mm) P= 0,5 P= 0,13 P= 0,09
PCB (mm) P= 0,25 P= 0,10 P= 0,11
CB (cm) P= 0,065
PCSE (mm) P= 0,08 P= 0,07
% gordura corporal P= 0,10
Circunferência do
quadril (cm)
P= 0,23
CB: circunferência do braço; PCT: prega cutânea triciptal; PCB: prega cutânea bicipital;
PCSE: prega cutânea subescapular, nem mesmo com o parâmetro bioquímico VLDL (very
low density lipoprotein): lipoproteína de muito baixa densidade apresentando todas um (p
> 0,05).
35
6.0 - Discussão
A epidemia global da obesidade é uma realidade em nossa sociedade há mais de quatro
décadas e as estratégias profiláticas para seu controle ainda são arcaicas e pouco expressivas,
principalmente por se confrontarem com produtos ofertados pelas empresas alimentícias,
automobilísticas e de equipamentos eletroeletrônicos (computadores, TVs, escadas-rolantes
etc), mantenedores do indivíduo em sua zona de conforto, em sua residência, em seu quarto,
em seu estado de sedentarismo. As taxas de obesidade em indivíduos adultos e idosos,
principalmente em países considerados “desenvolvidos” têm crescido exponencialmente nas
últimas décadas e, mesmo cientes dessa cadástrofe futura na saúde e na economia mundial,
poucos governantes têm, de fato, se mobilizado e propostos ações profiláticas para contê-las
(Gortmarker et al. 2011). Mas uma tendência já desperta a atenção de profissionais da área de
saúde, o sobrepeso e a obesidade que antes era evidenciado na segunda metade da vida, começa
a se destacar em crianças e jovens como catalisadores de doenças crônicas e de mortalidade
precoce na fase adulta.
A obesidade, além de constituir-se uma doença, é também um fator de risco para
inúmeras doenças crônicas não transmissíveis como as cardíacas, acidentes vasculares
cerebrais, câncer, diabetes e doenças respiratórias. O excesso de peso é hoje reconhecido como
um dos cinco mais importantes fatores responsáveis pela mortalidade mundial (hipertensão
13%, tabagismo 9%, hiperglicemia 6%, inatividade física 6% e excesso de peso ou obesidade
5%), além da contribuição para o aumento de diversas doenças em diferentes continentes
(OMS, 2009).
Reconhecendo-se a obesidade como uma doença inflamatória crônica basal e por isso
uma condição patológica onde coexistem produtos da resposta imune, a identificação de
marcadores capazes de prever ou identificar precocemente o aparecimento de comorbidades,
tornam-se importantes estratégias de investigação. No presente estudo, indivíduos jovens foram
agrupados de acordo com o critério de eutrofia, sobrepeso e obesidade e parâmetros
antropométricos, bioquímicos e inflamatórios avaliados e correlacionados.
O colesterol é um importante marcador já utilizado na rotina clínica como “mediador”
preditor de doenças vascular (Prado et al. 2009). É relevante observar que os valores de
colesterol dos indivíduos participantes desse estudo não diferiram entre os grupos, apresentando
nível médio de colesterol acima de 200 mg/dL. Os dados encontrados merecem atenção, pois
estes indivíduos apesar de apresentarem índice de massa corpórea (IMC) com eutrofia, mostram
36
uma porcentagem de gordura corporal elevada (maior que 24%) para a faixa 18 a 30 anos sendo
o recomendado pela OMS o máximo de 20% (Acuña et al, 2008).
Outro marcador empregado nesse estudo foi a medida da circunferência da cintura,
altamente prevalente em indivíduos acima de 40 anos de idade pelas próprias condições. Mesmo
sendo este estudo focado em indivíduos mais jovens (abaixo de 30 anos de idade), observou-se
que, 52% dos indivíduos com sobrepeso apresentavam a circunferência da cintura acima do
indicado para seu sexo e faixa etária apresentando, assim, elevado risco para o desenvolvimento
de doenças relacionadas à obesidade. A medida de circunferência da cintura aumentada indica
aumento da gordura visceral e tem sido destacada como preditora independente de distúrbios
metabólicos e hemodinâmicos (Anjos et al, 2009). Por outro lado, 18% dos indivíduos
eutróficos também apresentaram a circunferência da cintura (cm) aumentada, reforçand0 a
baixa sensibilidade do IMC como parâmetro para avaliação de risco da adiposidade. Estudos
têm revelado que o acúmulo de gordura na região abdominal, independente da idade, contribui
para a fisiopatogênese da síndrome metabólica e está fortemente relacionado com o
desenvolvimento de doença cardiovascular e morte prematura (Ritchie, et al 2007, Silveira et
al, 2010).
Além dos marcadores antropométricos e bioquímicos clássicos, alguns
marcadores circulantes de natureza proteica/peptídica têm se apresentado como estratégias
promissoras para identificação de grupos de risco. A leptina é um bom exemplo de marcador
peptídico circulante. Trata-se de um hormônio peptídico, codificado pelo gene ob, e expressa
principalmente pelo tecido adiposo branco, especialmente pelo tecido subcutâneo, sendo este
responsável por 80% da produção de leptina no ser humano (Antuna-Puente et al, 2008). A
leptina tem um importante papel no controle do apetite, do metabolismo e do balanço energético
corporal. Em condições fisiológicas, no pâncreas, a leptina é responsável pela supressão da
secreção de insulina; no músculo mostra aumento da oxidação de ácidos graxos livres, do
consumo de glicose e síntese de glicogênio e no tecido adiposo inibe a lipogênese e estimula a
lipólise. Os indivíduos com obesidade apresentam níveis elevados de leptina, pois seus níveis
séricos se correlacionam diretamente com a massa de tecido adiposo (Donohoe et al, 2010).
Nos indivíduos obesos foram encontrados níveis plasmáticos elevados de leptina, quando
comparado ao grupo de indivíduos eutróficos. Esse resultado é condizente com a literatura
científica, pois sabe-se que a obesidade favorece o aumento das concentrações de leptina
(Gomes et al, 2010). A hiperleptinemia observada parece não exercer função reguladora da
obesidade, mas sim de resistência hipotalâmica ao receptor da leptina, resultando em uma
redução dos efeitos biológicos desse hormônio (Wozniak et al, 2009).
37
Ainda no contexto da relação entre a hiperleptinemia e o estado de inflamação crônica
durante a obesidade, é proposto que a leptina seja capaz de estimular a produção de TNF- e
MCP-1/CCL2, propiciando a ativação e o recrutamento de monócitos para o sítio da
inflamação, nesse caso, os depósitos lipídicos (Donohoe et al, 2010). Por outro lado, parece
também que o TNF- e a interleucina 6 (IL-6) são capazes de estimular a produção de leptina
pelos adipócitos, criando um feedback positivo. O oxido nítrico sintase (NOS) e espécies
reativas de oxigênio (ROS), também induzem a ativação, proliferação e migração de monócitos
circulantes. Esses achados suportam a teoria de a leptina ser o elo entre o estado nutricional e a
função celular imune (Wozniak et al, 2009).
Em indivíduos jovens observou-se que a leptina apresentou correlação positiva com o
peso, IMC, circunferência abdominal, circunferência da cintura, circunferência do quadril e os
níveis de VLDL e triglicerídeos resultados similares aos observados em um estudo de coorte
realizado com mulheres obesas mórbidas jovens, com idades similares aos indivíduos do nosso
presente estudo. Nesse estudo as mulheres com IMC < 40 kg/ml, a leptina plasmática foi
positivamente correlacionada com variáveis antropométricas (IMC, circunferência da cintura,
relação cintura-quadril) colesterol total, LDL, triglicerídeos plasmáticos, AST, ALT e
negativamente ao HDL (Garcia Lorda P et al, 2011).
Da mesma forma, avaliou-se a produção plasmática de outro mediador denominado
resistina. Ele foi recentemente descoberta e pertence a uma família de proteínas ricas em
cisteína, e é secretada por monócitos e adipócitos, sendo encontrada em regiões de inflamação
(Carvalho et al, 2006). A resistina é expressa, especificamente, no tecido adiposo branco e sua
secreção esta fortemente relacionada à resistência a insulina, mediante prejuízo na sinalização
da insulina e captação de glicose, ela aumenta a produção de endotelina-1 (potente
vasoconstritor) e CCL2/MCP1 (Filková et al, 2009). Os níveis de resistina encontram-se
elevados em camundongos obesos geneticamente ou por dieta, assim como em indivíduos
obesos (Fantuzzi et al, 2007). Esses estudos reforçam nossos achados onde níveis de resistina
encontrado nos indivíduos obesos apresentaram-se mais elevados do que nos indivíduos
eutróficos.
A expressão da resistina pode também estar aumentada em até 20% em populações com
diabetes mellitus do tipo 2 (DM2) do que naquelas sem (Stofkova et al,2010). Em relação aos
depósitos específicos de gordura corporal, é descrito para o tecido adiposo visceral uma
expressão duas a três vezes maior de resistina, seguido dos subcutâneo abdominal e subcutâneo
glúteo-femural, podendo esse aumento ser um importante elo entre obesidade abdominal e
DM2. Além disso, detectou-se sua expressão é três vezes maior em pré-adipócitos quando
38
comparada aos adipócitos maduros, sugerindo-a como potencial reguladora da adipogênese
(Hermsdorff et al, 2004).
Em indivíduos jovens, observamos correlação positiva com o peso, IMC, porcentagem
de gordura, circunferências abdominais, exame bioquímico de VLDL e as pregas cutâneas.
Resultados semelhantes foram descritos por Azuma, et al, em adultos jovens (idade 30± 5,2)
após 1,5 anos em um programa de redução de peso (atividade física +dieta). Nesse estudo, os
indivíduos obesos apresentaram níveis maiores de resistina com uma correlação positiva com
IMC, gordura corporal e glicose, porém a analise transversal não apresentou nenhuma alteração
dos fatores correlacionados com esse marcador plasmático. É proposto, ainda, que a inflamação
sistemática leva a um aumento da produção e circulação dos níveis de resistina em indivíduos
obesos, esse aumento é provavelmente um resultado indireto de níveis elevados de citocinas
inflamatórias características de estados de aumento da adiposidade (De Luis et al, 2011).
Outra evidencia que liga a resistina à inflamação e que os níveis de resistina plasmáticos
foram associados com vários marcadores inflamatórios em algumas condições patológicas. Em
indivíduos com sinais inflamatórios graves, foi encontrada uma correlação positiva entre a
resistina e os marcadores inflamatórios, dentre eles IL-6, PCR, ICAM-1 e que é preditiva da
aterosclerose em humanos, sugerindo ser, a resistina um elo entre sinais metabólicos,
inflamação e aterosclerose (Reilly et al, 2005; Tilg et al, 2006).
Além dos mediadores inflamatórios descritos anteriormente, nesse estudo avaliou-se
também a quimiocina CCL2, CCL5 e CXCL16. É sabido que o tecido adiposo tem, na sua
constituição, macrófagos residentes. Pelo processo inflamatório de baixa intensidade presente
nesse tecido ou quando este tecido se torna disfuncional, há um aumento do infiltrado de
macrófagos, decorrente do aumento na produção de CCL2 pelos adipócitos (Maury & Brichard,
2010). Em decorrência de maior quantidade de gordura corporal os indivíduos obesos podem
apresentar uma elevação nas concentrações de CCL2. De fato, nosso resultados mostraram que
indivíduos obesos apresentam níveis maiores dessa quimiocina quando comparado com os
indivíduos do grupo eutrófico. Observou-se, também, que as concentrações de CCL2,
apresentaram correlação positiva para peso e IMC e dados de circunferência da cintura e
abdominal, as pregas cutâneas e os valores de triglicerídeos e VLDL.
A CCL2 é considerada um marcador de inflamação em diversas doenças,
principalmente nas cardiovasculares e também é expressa nas fases iniciais da aterosclerose.
Apresenta-se envolvida na aterogênese através de diferentes mecanismos, promovendo o
recrutamento de monócitos e linfócitos T circulantes do sangue para o espaço subendotelial,
estes monócitos periféricos recrutados podem diferenciar-se em macrófagos ativos (Dwyer et
39
al, 2007). Paralelamente, os pré-adipócitos também têm a capacidade de se diferenciar em
macrófagos e a CCL2 contribui para a diferenciação dos macrófagos em células espumosas,
reforçando o estabelecimento da placa aterosclerótica. Os produtos derivados dos macrófagos
ativos podem afetar também a função dos adipócitos e estão envolvidos em alterações do
processamento da glicose nestas células, contribuindo para a insulino-resistência. Entretanto é
necessário que novos estudos sejam conduzidos sobre esta quimiocina quanto as suas funções
e mecanismos de ação (Donohoe et al, 2010).
Outra quimiocina envolvida no recrutamento de macrófagos para o tecido adiposo e
envolvido na patogênese da insulina é a CCL5, também conhecida como RANTES (Regulated
on Activation Normal T-Cell Expressed and Secreted). Além de macrófagos, essa quimiocina
também atua no recrutamento de linfócitos T, eosinófilos, basófilos para o sítio inflamatório
(Camargo et al, 2011). Nos resultados obtidos em nosso estudo, observamos o aumento das
concentrações de CCL5 nos indivíduos obesos quando comparado ao grupo eutrófico, fato que
pode ser explicado pela obesidade estar relacionada a um estado de baixo grau de inflamação
sistêmica. As quimiocinas secretadas pelos adipócitos podem iniciar uma infiltração de
leucócitos no tecido adiposo e, assim, mediar um passo importante para o estabelecimento de
ativação imune crônica (Camargo et al, 2011). O estudo de Camargos et al. foi realizado com
adipócitos maduros, sendo as células estimuladas com lipopolissacarídeo (LPS), IFN-gama,
interleucina 4 (IL-4) e exposta à baixa pressão de oxigénio. A CCL5 foi expressa e secretada
continuamente na maioria das amostras de adipócitos, sendo a sua libertação dependente do
tamanho dos adipócitos e também apresentou elevação a partir de células de dadores obesos. A
hipóxia (4%) causou um aumento de aproximadamente 36% de libertação de CCL5 (Skurk T
et al, 2009).
A terceira e última quimiocina estudada foi identificada recentemente, a proteína
chamada CXCL16 combina as funções e propriedades de uma quimiocina inflamatória. A
CXCL16 é transmembranar e composta de um domínio quimiocina extracelular. Esse domínio
atua como um receptor facilitando a absorção e eliminação LDL-ox, fosfatidilserina,
favorecendo a formação de células espumosas (Abel et al, 2004). A proteína CXCL16 é
expressa em macrófagos e células musculares lisas aórticas e sua expressão está aumentada nas
placas ateroscleróticas. A expressão da CXCL16 também tem sido associada com algumas
doenças inflamatórias, incluindo artrite reumatoide, doenças intersticiais pulmonares, doença
arterial coronariana e lesão hepática (Sheikine et al, 2008). O receptor de CXCL16, CXCR6,
tem sido relatado como sendo expressos em células Th1, em linfócitos infiltrados tumorais e
numa variedade de leucócitos em sítios de tecidos inflamados (Ruth et al, 2006).
40
Um estudo realizado por Yongqing Lv et al mostrou a associação de CXCL16/CXCR6
com aterosclerose carotídea em pacientes com síndrome metabólica (Yongqing Lv, 2013).
Pacientes com síndrome metabólica apresentaram aumento significativo da circunferência da
cintura, colesterol total, triglicerídeos e aumento de anomalias da estrutura e função da artéria
carótida. Esses pacientes apresentaram os níveis de CXCL16 e expressão de CXCL16
aumentados, bem como o número de células CXCR6 + células T associado ao índice de
formação de placa aterosclerótica. Em nosso estudo, também observamos maiores
concentrações plasmáticas dessa quimiocina em indivíduos com obesidade.
A saber, a disfunção imune está envolvida na iniciação e progressão da aterosclerose,
leucócitos encontrados na região aterosclerótica são principalmente macrófagos e linfócitos T,
que podem promover a formação de placas e a sua instabilidade. A CXCL16/solúvel funciona
como um mediador de células com perfil Th1, promovendo a migração de linfócitos e a
absorção de ox-LDL para áreas de lesão aterosclerótica (Sheikine et al, 2008). Citocinas
derivadas de células T poderiam contribuir para a produção de CXCL16 que por sua vez, levaria
a um recrutamento de mais células T, formando uma retroalimentação positiva para aumentar
a resposta imune no sitio da lesão aterosclerótica (Yongqing Lv, et al, 2013).
Ainda buscando novos marcadores com potencial aplicação na identificação de
comorbidades associadas à obesidade, avaliou-se as proteínas morfogenéticas ósseas (BMP),
por representarem um produto do metabolismo dos osteoblastos, odontoblastos e de várias
células tumorais (referencias). Essas proteínas são encontradas no tecido ósseo, na dentina,
onde se encontram armazenadas de forma mais concentrada, e também podem ser encontradas
em alguns tumores de células ósseas (Ripamonti et al, 2001). Atualmente existe em torno de 20
proteínas morfogênicas descritas, dentre essas proteínas morfogenéticas ósseas, a BMP-2
possui a maior capacidade osteoindutora, ela induz o aumento das células mesenquimais
pluripotenciais (células-tronco), com capacidade para se diferenciarem em células produtoras
de tecido ósseo ou vascular (Wozney et al, 2005).
A manutenção do tecido ósseo e complexa e necessita de vários fatores circulantes como
hormônios, proteínas e sais inorgânicos, esses fatores devem permanecer em equilíbrio caso
contrário pode resultar em problemas ósseos, diminuindo a sua mobilidade e qualidade de vida.
Para sustentar a força mecânica a que o tecido é submetido, diariamente, torna-se necessário
um mecanismo de reparo aos microdanos estruturais no tecido e isso só é possível através da
constante formação e absorção do tecido ósseo. As primeiras estruturas para o remodelação do
tecido ósseo são as BMPs (Lindholm, 1996; Wozney et al, 2005) e criando a hipótese da
sobrecarga do tecido adiposo sobre as estruturas ósseas, principalmente dos indivíduos mais
41
jovens, postulou-se a hipótese do BMP-2 estar elevado em indivíduos obesos ou com sobrepeso.
No entanto, não observamos diferenças nas concentrações de BMP-2 nos diferentes grupos
avaliados.
Excetuando o BMP-2, os demais mediadores estudados (tanto os já descritos quanto os
denominados “novos”) apresentaram sua maior produção associada à obesidade e, na maioria
dos casos, ao sobrepeso. Esses dados sugerem que, se o indivíduo obeso é aquele com maiores
riscos de desenvolver comorbidades e levar o indivíduo ao óbito, o individuo com sobrepeso
encontra-se com riscos mais próximos dos obesos que daqueles considerados eutróficos. E
ainda, conclui-se que as quimiocinas e os marcadores denominados adipocinas (leptina e
resistina), bem como o TNF-alfa são bons marcadores para a obesidade pela identificação dos
grupos de indivíduios e pelas correlações favoráveis com outros marcadores bioquímicos e
antropométricos clássicos, merecendo maior atenção em estudos futuros associados às doenças
secundárias associadas ao quadro da obesidade.
7.0 – Conclusão
Com base nos marcadores inflamatórios plasmáticos clássicos (Leptina e Resistina),
bem como nos novos marcadores avaliados (quimiocinas CCL2, CCL5 e CXL16), conclui-se
que os indivíduos com sobrepeso, de forma similar aos indivíduos obesos, apresentam maiores
níveis plasmáticos desses marcadores inflamatórios, sugestivos de pré-condição para o
desenvolvimento de comorbidades associadas à obesidade.
42
8.0- Referências bibliográficas
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9.0 – Anexo