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Em comemoração ao centenário de Vinicius de Moraes e no Dia Nacional das Academias de Letras a AAL realizou sessão solene com múltiplas atividades, incluindo a declamação de versos pelo escritor e ator Dori Carvalho e a execução de músicas do poetinha pelo Coral João Gomes Jr. PÁG. 8 O Conselho Municipal de Política Cultural teve os seus cargos preenchidos por eleição. Mérito do prefeito de Manaus Artur Virgílio e do presidente do Concultura Márcio Souza, ambos membros da AAL. PÁG. 3 Assumiu o comando do Sodalício o acadêmico Almir Diniz, o qual autografou o livro “Mulheres”, na primeira sessão da AAL por ele presidida. PÁG. 2 Os agraciados: UFAM, representada pela reitora Márcia Perales e pelo vice-reitor Hedinaldo Lima, ganhou na categoria Mecenato; o Coral João Gomes Jr, representado pela professora Cleomar Feitoza, em Artes; e Lúcio de Siqueira Cavalcanti na categoria Literatura. PÁG. 5 O ex-prefeito de Manaus, escritor e intelectual Serafim Corrêa recebeu o título de membro Benemérito da Academia Amazonense de Letras. O acadêmico Elson Farias fez a saudação. PÁG. 8 Medalha Péricles Moraes Diniz assume a presiDência Da aaL aaL faz a festa para Vinicius conseLho municipaL De cuLtura serafim é Benemérito Da aaL N˚03 2013 JULHO DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Curta: Academia Amazonense de Letras Leia Online: http://issuu.com/aalboletim ViTorioso Chega a Manaus o Projeto Livro de Graça na Praça. PÁG. 2 arTiGos Leia nesta edição os artigos de Mário Ypiranga Neto (pág. 3), Newton Sabbá Guimarães (pág. 4) e Aurélio Wander Bastos (pág. 7). dia de fesTa da culTura O ex-prefeito de Manaus Serafim Corrêa é agora benemérito da AAL. Na foto com o presidente Almir Diniz e respectivas esposas, dona Lídia e dona Anyria.. PÁG. 8 VEJA tAmbém:

Boletim AAL | Julho | 2013

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Page 1: Boletim AAL | Julho | 2013

Em comemoração ao centenário de Vinicius de Moraes e no Dia Nacional das Academias de Letras a AAL realizou sessão solene com múltiplas atividades, incluindo a declamação de versos pelo escritor e ator Dori Carvalho e a execução de músicas do poetinha pelo Coral João Gomes Jr. PÁG. 8

O Conselho Municipal de Política Cultural teve os seus cargos preenchidos por eleição. Mérito do prefeito de Manaus Artur Virgílio e do presidente do Concultura Márcio Souza, ambos membros da AAL. PÁG. 3

Assumiu o comando do Sodalício o acadêmico Almir Diniz, o qual autografou o livro “Mulheres”, na primeira sessão da AAL por ele presidida. PÁG. 2

Os agraciados: UFAM, representada pela reitora Márcia Perales e pelo vice-reitor Hedinaldo Lima, ganhou na categoria Mecenato; o Coral João Gomes Jr, representado pela professora Cleomar Feitoza, em Artes; e Lúcio de Siqueira Cavalcanti na categoria Literatura. PÁG. 5

O ex-prefeito de Manaus, escritor e intelectual Serafim Corrêa recebeu o título de membro Benemérito da Academia Amazonense de Letras. O acadêmico Elson Farias fez a saudação. PÁG. 8

Medalha Péricles Moraes

Diniz assume a presiDência Da aaL

aaL faz a festa para Vinicius

conseLho municipaL De cuLtura

serafim é Benemérito Da aaL

N˚03 2013 JULHO DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Curta: Academia Amazonense de LetrasLeia Online: http://issuu.com/aalboletim

ViToriosoChega a Manaus o Projeto Livro de Graça na Praça. PÁG. 2

arTiGosLeia nesta edição os artigos de Mário Ypiranga Neto (pág. 3), Newton Sabbá Guimarães (pág. 4) e Aurélio Wander Bastos (pág. 7).

dia de fesTa da culTura

O ex-prefeito de Manaus Serafim Corrêa é agora benemérito da AAL. Na foto com o presidente Almir Diniz e respectivas esposas, dona Lídia e dona Anyria.. PÁG. 8

VEJAtAmbém:

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2 BOLETIM da acadEMIa aMazOnEnsE dE LETras

A Academia Amazonense de Letras, representada pelo presidente em exercício Almir Diniz, recebeu no úl-timo dia 19 de junho, o escritor mi-neiro Arthur Vianna, coordenador do projeto Livro de Graça na Praça, que, após 10 anos de absoluto sucesso em Belo Horizonte, incentivando o hábito da leitura e promovendo a

interação leitor-autor, começa a ga-nhar outras praças brasileiras, sob o estímulo da Lei Rouanet e patrocínio da operadora Oi. Manaus foi uma das três primeiras cidades escolhidas. As outras são as mineiras Uberaba e Uberlândia.

Vianna, que estava acompanhado de Antônio Augusto Salles, gerente ad-

ministrativo do projeto, afirmou que Manaus foi escolhida para mostrar ao resto do país a viabilidade do proje-to para além das fronteiras mineiras. No próximo ano, outras cidades – es-pecialmente, do Nordeste – estarão sendo beneficiadas com o projeto.

A visita dos representantes do Livro de Graça na Praça teve dois objeti-vos: convidar Almir Diniz a participar da primeira edição e pedir o apoio institucional da AAL.

O livro, no gênero conto, resultante do projeto deverá ter a participação de 17 escritores locais, além de 3 es-colhidos em concurso nacional, para o qual as inscrições já estão abertas. O tema não poderia ser outro: a cida-de de Manaus. O título: Manaus – 20 escritores. O lançamento, com distri-buição gratuita, em praça pública, de 3 mil exemplares, será no dia 29 de setembro.

Outras informações podem ser obti-das no site manaus.lgpbrasil.com.

Por Zemaria Pinto, membro da AAL.

aal é parceira do projeto livro de Graça na Praça

desTaQues

eDitoriaLÀs ruas, cidadãos! O Brasil vive dias sem precedentes em sua história. A população, em sua esmagadora maioria, saiu às ruas de maneira pacífica para protestar contra “tudo isto que está aí”e para cobrar uma nova ordem política, que con-temple, para todos, os verdadeiros direitos de cidadania.

O elemento deflagrador das manifestações foi o aumento da tarifas de transporte coletivo. Mas isto, ninguém discorda, foi apenas a gota d’água, posto que, nas passeatas em si, logo afloraram outras demandas por muito tempo represadas como o repúdio à corrupção, o des-contentamento com a classe política, a carga extorsiva de tributos sem a contrapartida es-perada e outras dezenas de questões também importantes para a vida de todos nós.

Esta Academia se irmana, portanto, aos ama-zonenses e brasileiros que lutam por dias melhores. Se as instituições não estão funcio-nando a contento, o povo, nas ruas, sem van-dalismos e com responsabilidade, pode ser o agente das necessárias e inadiáveis transfor-mações. O movimento, não se pode negar, re-vela uma mudança cultural no comportamen-to dos cidadãos, os quais assumem, enfim, o papel de senhores de seus próprios destinos, cumprindo, aliás, o preceito constitucional de o poder emana do povo e, em seu nome, deve ser exercido.

ACAdemIA AmAzOnense de LeTRAsFundada em 1°de janeiro de 1918 Filiada à Federação das Academias de Letras do BrasilRua Ramos Ferreira, n° 1009 – Centro CEP: 69010-120Manaus – Amazonas – BrasilFone/Fax: (92) 3234-0584e-mail: [email protected] Secretaria funciona nos dias úteis, das 08h às 14h.

DIRETORIA 2012/2013Presidente: Arlindo Augusto dos Santos PortoVice-Presidente: Almir Diniz de Carvalhosecretário-Geral: Armando Andrade de MenezesTesoureiro: Abrahim Sena BazeTesoureiro-Adjunto: Mário Ypiranga Monteiro Netodiretor de Patrimônio: Moacir Couto de Andradediretor de eventos: Carmen Novoa Silvadiretor de edições: Marcus Luiz Barroso Barros COnseLHO FIsCALmembros efetivos:Rosa Mendonça de BritoAntônio José Souto LoureiroEuler Esteves RibeiroMembros Suplentes:Abrahim Sena BazeMazé MourãoJosé Geraldo Xavier dos Anjos

exPedIenTe dO BOLeTImCoordenação editorial: Júlio Antonio LopesProjeto Gráfico e diagramação: Lo-Ammi SantosApoio: Ana Silva, Gleciane Kinebre, Danielle Faleiro, Eulane Siqueira e Jaime Bueno.

APOIO InsTITUCIOnAL

A Academia de História do Amazonas (AHA), em ses-são realizada na AAL, outorgou ao desembargador Ari Moutinho, presidente do TJ-AM, a Medalha do Mérito Judiciário Oyama Ituassu e, ao desembargador Flávio Pascarelli, presidente do TRE-AM e diretor da Escola da Magistratura do Amazonas, a Medalha do Educador Cleómenes Chaves. Na foto, ainda, o presidente e o vice da AHA Moacir Andrade e Cláudio Chaves.

Reunião da diretoria da AAL, com Almir Diniz ao cen-tro, que assumiu a presidência em face do afastamento temporário de Arlindo Porto. Na foto, da esquerda para a direita, os acadêmicos Abrahim Baze, Mário Ypiranga Neto, Armando Menezes, Carmen Novoa, Moacir Andra-de e Marcus Barros. A primeira sessão solene presidida por Almir foi exatamente no Dia Nacional das Acade-mias de Letras, numa noite memorável, como se pode conferir nesta edição.

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3BOLETIM da acadEMIa aMazOnEnsE dE LETras

Em solenidade realizada na Acade-mia Amazonense de Letras (AAL), em 10/06/2013, o prefeito e também acadêmico Arthur Virgílio Neto, ao lado do presidente do Concultura e nosso confrade Márcio Souza, deram posse aos novos representantes dos segmentos culturais de Manaus no Conselho Municipal de Política Cul-tural (Concultura). Os conselheiros foram eleitos durante o Fórum Muni-cipal de Cultura, que se desenvolveu entre os dias 13 a 16 de maio pas-sado. Foram eleitos um titular e um suplente, para mandato de dois anos, para os segmentos de dança, teatro, cinema/vídeo, artes visuais, literatu-ra, música e cultura étnica. Confira no quadro a seguir os seus representan-tes:

DançaConselheiro - Alcides Januário de Souza FilhoSuplente – Marcos André Durand Pereira

TeatroConselheiro – Douglas Barroso RodriguesSuplente – José Iran Lamego BarbosaCinema/vídeoConselheiro – José Júnior Rodrigues PinheiroSuplente – Leonardo de Matos Costa

Artes visuaisConselheiro – Cristóvão Coutinho BatistaSuplente – José Carlos Pinheiro de Lima

LiteraturaConselheiro – José da Silva Seráfico de Assis CarvalhoSuplente – Benayas Ignácio Pereira

MúsicaConselheiro - Ellen Lívia Farias MendonçaSuplente – José Adalberto Pereira dos Santos

Cultura ÉtnicaConselheiro – Rosimere Maria Vieira TelesSuplente – Pedro da Silva Vieira

MÁRIO YPIRANGA NETO

Juventude é alegria. Uma espécie de atmosfera de encontros sucessivos com a beleza da vida. A felicidade que mora no agora. É a vida sem pre-ocupações. A leveza e o entusiasmo. As condições de vida da juventude indicam o nível de desenvolvimento de um país e permitem-nos fazer um cálculo antecipado da situação futu-ra.

Constatar a crescente delinquência juvenil no Brasil é indício de que o País não vai bem ao que se refere às políticas de segurança pública e so-ciais. A juventude reflete as possibili-dades de um povo.

A onda de criminalidade no País, pra-ticada por jovens, e a violência cres-cente permitem a análise legislativa da redução da maioridade penal. Não há que se raciocinar demais para pre-ver que, nos próximos anos, os crimi-nosos serão mais jovens e os crimes, hoje testemunhados, são leves ante a indesejável perspectiva apresentada.

Constata-se atualmente, no entan-to, que o Estado Brasileiro repete o erro cometido em relação ao Siste-ma Criminal tradicional, visto que não possui estrutura adequada para interromper a violência ou reeducar seus autores juvenis.

A educação é o caminho adequado aos jovens para se revestirem dos mais belos princípios morais no en-

frentamento da peleja da vida. A humanização do comportamento e a melhor distribuição de renda são fatores decisivos na seleção de cida-dãos dignos ou marginais. Medidas de prevenção devem ser adotadas quanto aos desvios de conduta por meio da educação e do esporte e ga-rantir a aplicação correta das medi-das sócio-educativas.

Essa juventude precisa de heróis comprometidos publicamente com a história de seu povo, personagens ricos em justiça, com quem poderiam identificar-se, sentindo-se vitorio-sos, impulsionados a seguir e não a romper as normas da sociedade, e encorajando-os a viver, não a vida tocada pelo medo e pela fome, mas a vida que passa, ao menos remota-mente, pela mais bela compreensão do mundo.

conselheiros Municipais tomam posse na aal

a juventude e o crime

Prefeito Artur Virgílio, Márcio Souza, Almir Diniz e Celdo Braga na mesa de trabalhos.

Os novos conselheiros. O autor é membro da AAL

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4 BOLETIM da acadEMIa aMazOnEnsE dE LETras

Por uma nova críticaalgumas direções de como não ser crítico...

NEwTON SAbbÁ GuIMARãES*, Ph. D.

RELIA mestre João Ribeiro nas suas obras críticas, detendo-me, espe-cialmente, no volume que trata dos Modernos1, e no dos poetas do Par-nasianismo e do Simbolismo2, em atabalhoada organização de Múcio Leão, um ribeirista de primeira li-nha, grande admirador do polígrafo brasileiro e um sujeito, avis rara, que também sabia escrever. Talvez imi-tasse um pouco o seu ícone... Viven-do em uma época em que brotavam os talentos, em que havia uma como pletora de bons prosadores e bons poetas, João Ribeiro, ao tomar-lhes os livros em mãos, aproveitava para prodigalizar elogios e, ao mesmo tempo, esplender a sua assombrosa cultura humanística, os seus contac-tos diuturnos com a Roma antiga e a Hélade, as suas leituras dos alemães e dos franceses, o seu domínio sem chatice dos clássicos portugueses. Fazia-se simples sem jamais perder a elegância e sem deixar de mostrar a magnitude do seu pensamento esté-tico. Vejo neste fazer-se simples um sinal de classitude e posso dizer que não era em vão que muitos da sua idade e quase todos os mais novos o chamavam de mestre. Era-o pelas aturadas leituras, pelo domínio da Língua e pensamento estético e te-mos este seu retrato nas coletâneas que a diligência de Múcio Leão orga-nizou. Um tanto atabalhoadamente,

1 Cfr. Ribeiro, João. ObRAS DE.CRÍTICA. Os Modernos. Organização e Prefácio de Múcio Leão. Rio de Janeiro: Publicações da Academia Brasileira, 1952. 392p. Muitos autores elogiados desapareceram, de vez.2 Cfr. Ribeiro, João. ObRAS DE.CRÍTICA. Volume II: Poetas. Parnasianismo e Simbolismo. Organização, Prefácio e Notas de Múcio Leão. Rio de Janeiro: Publicações da Academia Brasileira, 1957. 290p. O que salva nessa crítica generosa, arquigenerosa, é que mestre João Ribeiro era um artista da Língua!

disse-o acima e admito que fui duro com o bom e generoso Múcio, mas é que ele, encarregado de trabalho de tal monta, se esqueceu da metodolo-gia: fazer pequenas introduções aos muitos poetas que se não filiavam à mesma escola, e desse uma seqüên-cia, antes por escola literária do que a meramente cronológica (e ainda assim falha), pois esta dizia respei-to aos escritos de João Ribeiro, isto é, pela ordem de aparecimento dos seus artigos na imprensa. É difícil a organização de livro de outro autor, mormente se ele não é uma cele-bridade com farta literatura crítica e com estudos específicos sobre a sua obra. Dos autores, comentados e estudados por mestre João Ribei-ro, muitos sumiram para sempre, sem deixar rastros; outros, sobrevi-vem ainda sabe lá Deus como e uns poucos estão entre os luzeiros das nossas Letras.Crítico que não criti-ca. Limita-se a citar trechos e mais trechos da obra, e dar o seu vaticí-nio, quase sempre baseado em um verso mais feliz do poeta, ou em tre-cho mais bem logrado do prosador. E tome elogios, e mais elogios. Ra-ramente chama a atenção do leitor para o lado fraco do escritor “critica-do”. Algumas vezes, elogiando, tem momentos felizes como, ao comen-tar, no volume dedicado aos poetas, o livro de poesias místicas de Múcio Leão, Tesouro Recôndito. Fala com melancolia do próprio ceticismo e tem estas palavras de grande beleza e humanidade: “Não sou tão negativo e incréu que não me comova a beleza dos sentimentos humanos inspirados na fé”3. Lindo, bem mestre João Ri-beiro! Pensava nestas passagens do erudito, constantes na sua vasta obra crítica, ao tomar conhecimento das recentes republicações que a Aca-demia Amazonense de Letras está

3 Op. cit., p.180.

a fazer dos seus mais conhecidos autores, antigos membros, falecidos alguns faz décadas; outros, mais re-centes nas covas, esquecidos.

Ernst Johann escrevia4, pateticamen-te, que existe um segredo da Litera-tura que nada tem a ver com o segre-do da Língua, mas o de buscar, nesta e naquela, o que pode existir de tão grande que desvende o segredo. A Crítica exige isto. É descoberta e é caminho, é espanto e sensibilidade. Por que engravidar o texto crítico de adjetivação ociosa? Por que en-volver o crítico na vida do estudado? Se aquele teve a ventura de um dia haver privado com este, que faça re-ferência. Não há nada de mal nisto, antes, até poderá ser uma achega elucidativa e decerto contribuirá para o conhecimento do homem. O Cercle Linguistique de Prague conde-nava a intromissão da biografia do autor na crítica. Tolice. Exagero. Nem muito ao mar, nem muito à praia. Co-piemos os latinos com a sua absolu-ta e admirável praticidade neste sur-rado, e já cansativo, “in medio virtus”. Crítica é bom senso. Mas jamais fazer o que fez um “apresentador” de livro de conhecido acadêmico do passa-do: acredito que, em nove folhas de apresentação, sete foram de remi-niscências, sempre muito generosas, elogios sobre si próprio, deixando as duas páginas faltantes para, em vôo de sabiá, falar do autor... Talvez as tocantes e egocêntricas lembranças coubessem em livro de memórias, mas não na apresentação de livro de ensaios do autor falecido.

Faz muitos anos, ainda estudante de Universidade, assisti a polêmicas di-tas “literárias” a partir de uma crítica a livro de autor conterrâneo. Eram terríveis e tudo vinha à tona, desde erros de ortografia e cincadas nas citações, a erros de sintaxe e, pasme--se, até questões pessoais. Eram boas

4 Johann, Ernst. Literaturkunde. Serie Das Wissen der Gegenwart. Geisteswissnschaften. Berlim/Darmstadt/Viena: Carl Habel Verlags-buchhandlung, s/d. P. 7 e seguintes. Vide: Cap. Das Geheimnis der Literatur, de p.7 usque 13. Entre outras coisas escreve Johann: “Das Ge-heimnis der Literatur ist nicht vom Geheimnis der Sprache zu trennen, denn die Sprache stellt das einzige Material dar, aus welchem Literatur ‘hergestellt’ werden kann” – p.8. É preciso que meditemos nestas palavras, sobretudo sem inveja...

bordoadas à lusitana, de fazer medo. Havia um sacerdote, bom conhece-dor do vernáculo, que era impiedo-so nos ataques, até parecia imitar Camilo! mas de crítica, nada vezes nada! De literatura, nada! Outros, eram untuosos, gordurentos, pegajo-sos e... afrancesados pelo avesso. Era um sr. tal para aqui, um sr. tal para lá, só faltava que escrevessem Monsieur l’Écrivain tel et tel... Uma piada infin-dável! Cômico, com o aproveitamen-to dessas francesias, desconhecidas no Brasil. E os “padrinhos”, então!... umas figuras, que davam conselhos a torto e a direito. Irritante esse ar de superioridade que nem calhava bem em algumas circunstâncias, pois adregava de o criticado ser maior do que o crítico. Medito em tudo isto, no momento em que peno este artigo para o Boletim da Academia Amazo-nense de Letras. Peno, escrevi, por-que é sempre penoso escrever sobre critica para gente susceptível, como soem ser os escritores. Mas estas li-nhas não se dirigem especificamen-te a nem um dos que se dizem crí-ticos, nem a ninguém que o deseje ser. São divagações de um homem que faz muitos e muitos longos anos, traduz e critica e ao cabo confessa, já no Inverno desta travessia, árdua, ingrata, mas intimamente enriquece-dora, que ainda não aprendeu a ser crítico - e já não no será! Um alerta, porém: é necessário descobrir o que existe por dentro do texto, esquecer por momentos o autor, não meter-se demasiado aonde não deve ir e per-manecer onde deve permanecer, não assumir ares protetores, nem des-truir o que o outro fez e sim apontar o que existe de bom e mal na obra indigitada. Fora disso, que esteja forrageado em sólida cultura geral, humanística (Ai, do críticastro iletra-do! Ai, do críticastro cego ou vesgo!), que conheça bem a língua pátria e saiba elogiar, se o merecer o texto, sem inveja, sem rancor, impessoal-

mente. Cuidado, a inveja mata. ףאו Todas as“ ׃שא ילחגכ םהירבד לכsuas palavras são carvões ardentes”. Está no Pirqé Aboth. Santo e verda-deiro, e não se esqueçam, o Talmud não mente!

*O autor é membro da AAL.

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5BOLETIM da acadEMIa aMazOnEnsE dE LETras

Medalha Péricles Moraes Discurso de agradecimento de Lúcio Cavalcanti emociona os presentes à solenidade da maior comenda conferida pela AAL. Leia-o, abaixo, na íntegra.

“Nobre Senhor Presidente e demais doutos acadêmicos da Luzida Acade-mia Amazonense de Letras;

Honoráveis Autoridades;

Exmas. Senhoras e Gentis Senhori-nhas;

Ilustrados Cavalheiros:

Nossa presença nesta Tribuna tem por escopo cumprirmos a honrosa missão de agradecer a esse Sodalí-cio, em nome dos agraciados com a outorga da láurea do mérito cultural, que leva o onomástico de uma das insignes figuras que passaram por esse Colegiado – Péricles Moraes , um dos fundadores da Sociedade dos Homens de Letras do Amazonas, célula mater de nossa ACADÊMIA, lu-cifulgente estrela de primeira gran-deza, engastada na constelação dos tesouros literários da Planície.

Conhecemos pessoalmente o emi-nente coestaduano que exorna a

comenda, cuja memória dignifica as tradições deste Grêmio de assinala-dos beletristas.

O valoroso plumitivo foi vulto de marcante e exponencial projeção no seio da intelectualidade de nos-sa metrópole, ao lado de um Adriano Jorge, de um João Leda, de um Oyama Ytuassú, de um Benjamim Lima, de um Salignac, de um Leopoldo Péres e mais um pugilo de imortais que exal-çam e enobrecem nosso Areópago.

Péricles Moraes era um vigoroso es-tilista, com o condâo excepcional de plantar convencimento no ânimo de seus interlocutores, com uma dia-lética inconcussa e uma argumen-tação silogística, precipuamente na imprensa, sendo visível seu pendor vocacional para lides polêmicas, seg-mento em que o intimorato esgri-mista era um exímio espadachim, por isso mesmo respeitável e respeitado.

Mas, nosso culto conterrâneo (era amazonense de Manaus), não era

apenas um vibrante e consagrado polemista, não! Ao dar a lume traba-lhos que puseram em relevo sua as-censão aos páramos da imortalidade, presenteou os coevos e os pósteros, com 0bras de tomo, merecendo, no particular, especial menção: Confis-sões Literárias, Coelho Neto e sua obra, Vida Luminosa de Araújo Filho, além de outras jóias lapidadas por sua pena brilhante, inclusive na poe-sia, como bem pinçou esse valoroso faiscador de sucessos interessantes, o escritor e pesquisador Robério Bra-ga, em sua festejada coluna sabatina, inserta no periódico À Crítica, lide-rado pela jornalista Rita Calderaro, coadjuvada por sua eficiente equipe.

O laurel que nos foi outorgado pelos partícipes das fileiras desse alçapre-mado viveiro de cultores das belas letras, orgulhece-nos e encorája-nos a continuar nossas incursões no va-riegado vergel da imensidão extensa e profunda do conhecimento.

É de real magnitude o contributo de nossa utilíssima e dinâmica uFAM, para o desenvolvimento profissional e cultural de nossa gente, especial-mente de nossa juventude.

A conceituada Universidade faz jus,

incontestavelmente ao galardão com que a AAL vem de premir-lhe o labor fecundo, pondo em destaque sua presença na polimórfica panorâ-mica do Mecenato.

De igual passo, o afinado e bem rece-bido Coral “João Gomes Júnior—fun-dado há mais de meio século pelo esforçado e incansável maestro Ni-valdo Santiago --expressão artística do mais alto nível, cristalizadora de alegrias e festa espiritual no coração dos que amam a sublime e divina arte da música, impôs sua presença em momentos memoráveis da vida social de Manaus e é incontroverso o senso de justiça que presidiu a deci-são da AAL de condecorar o famoso grupo de artistas que delicia e arre-bata a quantos têm a felicidade de escutá-los.

Agradecemos ab imo pectoris, ao competente CONDOTTIERE dos des-tinos desta Casa, o escritor e jornalis-ta Arlindo Augusto dos Santos Porto e seus confrades, nós, os agraciados com a desvanecedora “Medalha do mérito cultural Péricles Moraes”, e em igual diapasão a esse príncipe, Dr Renan, da linhagem ilustre dos Freitas Pinto, por suas eruditas e to-

Os confrades Carmen Novoa, Robério Braga e Arlindo Porto festejam Lúcio de Siqueira Caval-canti, que recebeu a medalha Pericles Moraes na categoria Literatura.

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6 BOLETIM da acadEMIa aMazOnEnsE dE LETras

cantes colocações, bolçadas na bela oração com que nos recepcionou, ao mesmo tempo que formulamos ex toto corde, votos para que essa gloriosa Academia, indormida e vigil sentinela das letras caboclas, con-

tinue sua caminhada altaneira no rumo de um futuro solar, referto de multiplicados triunfos e exitosos cometimentos nos lindes dilargados de sua magnífica e soberba atuação. Manaus, 26 de abril de 2013.

Os acadêmicos Marcus Barros e Rosa Mendonça de Brito entregam aos professores Márcia Perales e Hedinaldo Lima, da UFAM, a medalha Pericles Moraes.

Pelas mãos dos acadêmicos Arlindo Porto e Almir Diniz o Coral João Gomes Jr também recebe a medalha Pericles Moraes, na categoria Artes.

O acadêmico Renan Freitas Pinto fez a saudação aos agraciados com a Medalha Péricles Moraes.

O acadêmico e advogado Júlio Antonio Lopes foi o único amazonense agra-ciado com o Troféu Dom Quixote, que lhe foi outorgado pela revista Justiça e Cidadania e pela Confraria Dom Quixote, em solenidade que teve lugar no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro no dia 21/06 do presente ano.

Alunas da escola estadual Frei Sílvio Vagheggi estiveram na Academia e fo-ram recepcionadas pelo presidente Almir Diniz.

acadêmico recebe Troféu dom Quixote

alunas de escola estadual visitam aal

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7BOLETIM da acadEMIa aMazOnEnsE dE LETras

no contexto democrático.

Nesta jornada de reen-contro com a democracia, mostra o autor o papel de Bernardo Cabral no enfren-tamento da brutalidade e conseqüências do atenta-do à OAB, onde, mesmo na profundidade paradoxal do conflito, encontrou os meios de decisivamente articular a

conciliação. Esta postura conciliadora, este especialíssimo pa-pel nos tempos da abertura política, já Senador eleito pelo Estado do Amazonas, lhe va-leu, na ampliação

de sua formação in-telectual, e alcance polí-

tico ser o “relator histórico da Assembléia Nacional Constituinte, que, tem a marca de seu talento” nas palavras de Ulisses Guimarães, Presidente da Constituinte, com quem, conjuntamente com tantos outros brasileiros contribuiu para a construção da mais avançada e corajosa Constituição do Brasil de 1988, que consagrou em disposi-tivos irremovíveis os direitos e ga-rantias individuais e coletivas, esta última originalíssima posição no quadro dos direitos constitucionais contemporâneos.

Finalmente, este livro não conso-lida apenas a história de um re-publicano nas suas proposições democráticas, e da fervorosa de-fesa federativa de seu torrão natal, convivendo com tantas realidades quanto os seus tantos sonhos, como em nossa observação na própria obra, Quixote com os pés plantados na realidade, como des-

O autor é jurista, cientista político e professor da UNIRIO.

Aurélio WAnder BAstos

Bernardo Cabral, um estadista da república, do escritor amazonen-se Júlio Antonio Lopes, é uma obra ímpar no contexto da literatura política brasileira, combinando a descrição da ação do personagem com a visibilidade convincente das fotos. Título inspirado no li-vro “Joaquim Nabuco – o Estadista do Império”, recupera a ação do monarquista abolicionista, provo-cando, comparadamente, resguar-dadas as dimensões políticas e de grandeza, nos seus efeitos geográ-ficos, a trajetória do republicano Bernardo Cabral, que construiu sua história de homem público nas lu-tas pela emancipação preservacio-nista do desenvolvimento da Ama-zônia. Este mesmo homem que viu nos compromissos de justiça social, não apenas com o homem das águas - o barranqueiro, a for-ça política impositiva dos direitos humanos, na sua dimensão exis-tencial e nos seus espaços de vida imprescindíveis a todos os povos.

Neste contexto, o autor desvenda um Bernardo Cabral, deputado fe-deral destemido, enfrentando as vicissitudes e excessos do governo revolucionário na virada dos anos de 1968/69, fazendo do seu pro-pósito objetivo enfrentar a quebra dos compromissos democráticos e a violação dos direitos individuais à redução da rebelião democrática a imposição revolucionária. Cassado no exercício de seu legítimo man-dato de Deputado Federal voltou à advocacia, faina de sua própria vida, para reconstruir sua história como parte inerente da mobiliza-ção profissional dos advogados na OAB - liame de ligação entre o Di-reito como referência de constru-

creveu em elegante afirmação o prefaciador Marcos Vinícios Vilaça, ex Presidente da Academia Brasi-leira de Letras, que completa, no Império ou na República o que vale são os estadistas. Aqui se cuida de um deles. Não apenas o homem de letras, mas o executivo empreen-dedor, Antonio Oliveira Santos, Presidente da Confederação do Comércio, registrou na mesma li-nha, reconhecendo que a titulação de Bernardo Cabral como Doutor Honoris Causa, pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janei-ro, iniciativa da Diretora da Escola de Ciências Jurídicas à época; em 2003, Rosalina Corrêa de Araújo, a oportunidade especial de prestar homenagem não apenas ao cons-tituinte dos novos tempos, mas ao notável homem público.

Bernardo cabral, um estadista da república

ção do Estado e a desconstrução autoritária.

Por outro lado, o conjunto dos tan-tos e diversificados capítulos da obra fala a todos do homem Ber-nardo Cabral no seu habitat polí-tico e acadêmico, nas dimensões serenas de suas ações, como se verifica nos depoimentos de seus companheiros de geração trans-critos ordenadamente no livro e daqueles que pelas circunstâncias da vida, acompanharam-no como advogado Presidente do Conselho Federal da OAB. Foi nesta corpora-ção profissional que abriu a discus-são sobre a modernização do en-sino jurídico, e, tanto quanto esta iniciativa, a luta pelo Direito, como diria Rudolph Von Ihering, como instrumento de construção dos pa-râmetros da felicidade do homem

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8 BOLETIM da acadEMIa aMazOnEnsE dE LETras

Serafim lê, da tribuna, o seu discurso.

No Dia Nacional das Academias de Letras houve também ex-posição de quadros de Moacir Andrade.

Mais uma vez o Coral João Gomes Jr abrilhantou um evento da AAL, desta vez interpretando músicas de Vinicius de Mo-raes para um auditório lotado.

O confrade Elson Farias fez a saudação a Serafim Corrêda

O poeta, escritor e ator Dori Carvalho declama, no tapete vermelho da AAL, os versos imortais de Vinicius. Foi ovacionado de pé.

Almir Diniz autografa seu livro de poesias “Mulheres”.

Visita da Acadêmica Sarah Rodrigues da Academia Paraense de Letras (APL), acompanhada pelo Acadêmico Jorge Tufic, na opor-tunidade ofertou e dedicou as obras: “Poemas para minha Aldeia”, “Crepúsculo com Chuva”, “I Jogos Florais Salinópolis-PA”, “II Jogos Florais Troféu Sarah Rodrigues” e Revistas da APL, para os Aca-dêmicos Arlindo Porto, Almir Diniz e para Biblioteca Genesino Braga.

A AAL, na sessão solene come-morativa do Dia Nacional das Academias de Letras, realizada em 21/06, brindou os presentes com uma magnífica programa-ção, que incluiu a outorga do título de Benémerito a Serafim Fernandes Corrêa; a mostra de quadros de Moacir Andrade; o lançamento do livro “Mulheres”, de autoria do confrade Almir Diniz; além da interpretação de poesias de Vinicius de Moraes pelo poeta, escritor e ator Dori Carvalho, seguida da execução, pelo Coral João Gomes Jr de mú-sicas do poetinha. Uma noite, de fato, memorável. Confira nas imagens a seguir.

Visita da Bibliotecária Marli Gomes Soares, da U.S. Library of Congress Office, Brazil (Biblioteca do Congresso dos EUA). Com o objetivo de adquirir o nº 32 da Revista da AAL e aproveitando à oportunidade, a secretaria executiva Ana Silva e a bibliotecária Eulane Siqueira ofertaram um kit de obras publicadas por esta Academia, para assim, atualizar o acervo da Biblioteca do Con-gresso dos EUA.

A qual possui escritório no Rio de Janeiro, Brasil, onde reúne uma variedade de materiais a partir dos países da América do Sul do Brasil, Uruguai, Suriname, Guiana e o departamento ultramarino francês da Guiana.

A missão do escritório é enriquecer as coleções de pesquisa da Biblioteca do Congresso e de outras bibliotecas de pesquisa com a riqueza de produção bibliográfica desses países.

Visita e aula de Literatura Brasileira dos acadêmicos do Curso de Letras da UEA, sobre as obras de Graciliano Ramos e José Lins do Rego, “Vidas Secas” apresentação do filme baseado na obra, e “Fogo Morto”, respectivamente. Sob a orientação da profa. Mes-tranda Elaine Andreatta. Realizado no dia 31de maio de 2013.

Visitasdia de festa da cultura