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Broca Helicoidais Tipo H
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DEMEC/UFRGS
ENG03343 PROCESSOS DE FABRICAO POR USINAGEM
FURAO 1 PARTE
Heraldo Amorim
Porto Alegre, agosto de 2003
1. Furao
Processo mecnico destinado obteno de um furo, geralmente cilndrico, com auxlio
de uma ferramenta multicortante. Junto com fresamento e torneamento, a operao de
usinagem mais utilizada na indstria.
Diferente do torneamento, a rotao ocorre no eixo da ferramenta, com avano
perpendicular superfcie a ser furada.
Operao de desbaste (provm fraco acabamento superficial), o processo de furao
usado em conjunto com grande parte dos processos de fabricao a fim de prover elementos de
fixao, muitas vezes de importncia secundria, ou pr-furos para acabam,ento atravs de
outros processos (alargamento, brochamento).
A importncia da operao de furao se pode ser avaliada no consumo de ferramentas.
Estima-se o consumo de brocas seja da ordem de 250 milhes de unidades por ano.
No Brasil, apesar do avano ocorrido no desenvolvimento dos materiais das ferramentas
de furao, tais como: brocas de ao rpido com revestimentos, brocas inteirias de metal duro e
brocas com pastilhas intercambiveis de metal duro, mais da metade das operaes de furao
ainda so realizadas com brocas helicoidais de ao rpido. Isto se deve principalmente s
mquinas operatrizes usadas para o processo, que no oferecem rotao e rigidez suficientes para
que se possa usar materiais de ferramenta mais avanados.
Existem diversas operaes de furao. Algumas das mais comuns esto representadas na
Figura 1.
Figura 1 Operaes de furao. Fonte: Ferraresi.
2. Movimentos em furao
Os movimentos em furao so definidos de forma anloga ao observado no
torneamento, exceto que a velocidade de corte devida rotao da ferramenta em torno de seu
prprio eixo.
Figura 2 Movimentos em furao. Fonte: Diniz
As equaes 1 a 3 mostram, respectivamente, a velocidade de corte, a velocidade de
avano e o tempo de corte
min)/(1000
..m
nDVc
p= (1.)
min)/(..
.1000. mmf
dv
nfV cf p== (2.)
(min)f
c vf
t = (3.)
3. Geometria de ferramenta
As brocas mais.amplamente usadas na indstria so as brocas helicoidais. Estas podem
ser divididas em 3 partes (Figura ):
Ponta (1) onde se localizam as arestas principais e transversal de corte.
Corpo (2) parte da broca que contm os canais helicoidais.
Haste (3) onde feita a fixao da ferramenta. De acordo com o mecanismo de fixao
pode ser:
Cilndrica para montagem em mandril.
Cnica para montagem em cone morse.
Figura 3 Movimentos em furao. Fonte: Diniz
A geometria da parte de corte de uma broca helicoidal pode ser comparada de um bit
para torneamento (Figura 4a), sendo constituda basicamente pelos mesmos componentes (Figura
4b)
Figura 4 Geometria de uma broca helicoidal.
3.1 Formas construtivas de brocas
Alm da diviso j apresentada, uma anlise mais detalhada das formas construtivas de
uma broca inclui (Figura 5):
Haste;
Dimetro (D) medido entre as guias da broca;
Ncleo parte central da broca. Confere a rigidez necessria.
Guias ressaltos observados na superfcie externa da broca. Tm as funes de
guiar a ferramenta e reduzir o atrito desta com o furo.
Canais helicoidais superfcies de sada da ferramenta. ngulo de hlice na
periferia da broca coincide com o ngulo de sada.
Arestas de corte as arestas principais se encontram em uma regio que forma a
aresta transversal de corte.
Figura 5 partes de uma broca helicoidal. Fonte: Diniz.
3.2 ngulos e sistema de referncia de uma broca helicoidal
Tanto os planos quanto o sistema de referncia das brocas helicoidais esto apresentados
nas Figuras 6 e 7, e so os mesmos definidos para a operao de torneamento.
Figura 6 Sistema de referncia de uma broca helicoidal. Fonte: Diniz.
Figura 7 ngulos de uma broca helicoidal. Fonte: Diniz.
Os principais ngulos em furao so:
ngulo de ponta (s) ngulo entre as arestas principais de corte. Normalmente igual a
118, ou 140 para materiais moles. Quando maior que 118, arestas principais de corte tendem a
ficar cncavas. Quando menor que 118, ficam convexos.
ngulo de folga (af) medido no plano de trabalho, varia usualmente entre 12 e 15.
Relaciona-se com o ngulo da aresta transversal. Para que o ngulo de folga efetivo seja
positivo (e o corte seja possvel), a relao af - h>0 deve ser respeitada (afe = af - h).
ngulo da aresta transversal (y) ngulo observado entre as aresta principal de corte e a
aresta transversal. Para os valores dados de af, varia entre 45 e 55.
Figura 8 ngulos de folga e aresta transversal. Fonte: Diniz.
ngulo de hlice (l) ngulo da helicide formada pelos canais da broca. A norma DIN
1836 classifica trs tipos de brocas quanto ao ngulo de hlice (Figura 9):
Tipo N (normal) para furao de aos ligados e no ligados, ferro fundido
cinzento e malevel, nquel e ligas de alumnio de cavacos curtos. ngulos l de
18 a 30;
Tipo H (para materiais duros) ferro fundido com dureza superior a 240 HB; lato,
ligas de magnsio. ngulos l de 10 a 15;
Tipo W (para materiais dcteis) para cobre, alumnio e suas ligas de cavacos
longos, ligas de zinco. ngulos l de 35 a 45.
Figura 9 Classificao de brocas quanto ao ngulo de hlice.
Na furao, observamos que:
Vc varia desde um valor mximo na periferia at 0 no centro da broca;
ngulo de sada (gf) varia desde um valor igual ao ngulo de hlice na periferia at
valores negativos no centro da broca.
afe diminui da periferia para o centro (pois o ngulo da direo efetiva h aumenta na
direo do centro). Tambm o avano causa o aumento de h.
As baixas Vcs prximas ao centro permitem a formao de APC em materiais dcteis.
Condies difceis de usinagem no centro da broca causam esforos elevados, que podem
causar flexo e flambagem da broca e eixo rvore, causando desvios dimensionais e de forma.
A retirada do cavaco produzido problemtica
Cavaco em fita de difcil remoo;
15 130
120
40
30
115
N H W
Cavaco helicoidal ou em lascas so de fcil retirada;
Retirada do cavaco pode ser feita;
o Atravs da retirada peridica da ferramenta (demanda maior tempo
passivo);
o Atravs do fluido de corte.
o O aumento do avano facilita a quebra do cavaco. Porm, causa a reduo
do ngulo de folga efetivo.
4. Foras e momentos em furao
Os esforos verificados em furao so basicamente 3 (Figura 10):
Fora de Avano: ocorre na direo axial da ferramenta.
Fora Passiva: ocorre na direo do raio da ferramenta. As componentes observadas nas 2
arestas de corte anulam-se devido simetria da ferramenta.
Momento Toror: tangencial a ferramenta, ocorre devido rotao da broca.
Figura 10 Foras em furao. Fonte: Stemmer.
Estes esforos so observados devido:
a) Resistncia do material ao corte, observada nas arestas principais de corte;
b) Resistncia do material ao corte e esmagamento na aresta trtansversal de corte;
c) Resistncia devido ao atrito das guias com o furo e do cavaco com a superfcie de
sada da broca.
Devido ocorrncia destas 3 fontes de esforos, sabe-se que a soma dos esforos e
momentos observados na furao so dadas pelas equaes 4 e 5:
cba MMMM ++=+ (4.)
cba FFFF ++=+ (5.)
A contribuio de cada uma das resistncias descritas acima dada por Diniz (Tabela 1):
Tabela 1 Contribuio de diversas grandezas nos esforos de furao. Arestas Principais Aresta Transversal Atritos
Momento Toror 77 - 90% 3 - 10% 3 - 13%
Fora de Avano 39 - 59% 40 - 58% 2 - 5%
4.1 Clculo dos esforos para furao em cheio
Observa-se, em geral, boa concordncia entre os resultados de fora e potncia obtidos na
furao e no torneamento, apesar das inmeras diferenas entre os processos.
Existem diversas teorias que tentam prever os esforos em furao. Atravs do clculo
desenvolvido por Kienzle para torneamento, temos:
hbKF SC ..= e ZS
S h
KK 1= (6.)
Assim,
ZSC hbKF
-= 11 .. (7.)
Sabendo que csen.2f
h = (2 arestas de corte) e que csen
Pab =
Temos
cc
sen.sen.
2
1
1P
Z
SC
afKF
-
= (aP = D/2) (8.)
Considere-se, a fim de facilitar os clculos:
2D
raP == (9.)
Para o clculo de Mt em cada aresta de corte, sabe-se que:
=2
0..
D
rdFM t (10.)
Assim:
( )
-
= 20
121 ...sen
sen..Drdr
KM
ZfS
t cc
( ) ( )2
.sen
sen..1
sensen.. 2
0
121
121 2 rK
ydK
MD
ZfS
ZfS
t --
==c
cc
c
( )2
.sen
sen.. 2121 rKMZf
St c
c -=
Substituindo os limites de integrao (2D
r = ):
( )c
csen8
.sen..2
121
DKM
ZfSt
-=
4.DF
M Ct = (por aresta) (11.)
Logo,
].[]1000.[2
.mN
mmDF
M Ct == (Total)
( )].[
1000.sen4.sen.. 2121 mNDK
MZf
St ==
-
cc
(Total) (12.)
Para pr-furo, substituir D2 por (D2 d2)
Alm de Kienzle, temos:
Clculo do momento toror segundo Kronenberg:
].[.. 111 mmKgffDCMyx
t == (13.)
].[1000
814,9... 111 mNyDC
Mx
t == (14.)
Clculo da Fora de avano para furao em cheio (H. DAAR)
222 ..
yxf fDCF = (15.)
Pode-se ver, pelos expoentes (tabela em anexo), que a influncia do dimetro em Ff
bem menor do que o observado em Mt.
Clculo para Mt com pr-furo (DAAR)
)..(.. 333
30
213
xxxZt dDDfCM
--= (16.)
Clculo PFf com pr-furo (DAAR)
).(.. 4444 011
4xxxy
f dDDfCF -=--
(17.)
Potencia de Corte
3.60.EVM
N CtC = (18.)
4.2 Resistncia da ferramenta e mquina operatriz
Os esforos aos quais uma broca submetida so, basicamente, flexo e toro. Caso a
fiao da broca seja tal que as arestas de corte no sejam simtricas, ocorrer tambm um esforo
de flexo sobre ela. Caso o dimetro da broca seja pequeno (menor que 3,5 m), tambm pode
ocorrer flambagem.
Sabe-se que os esforos dependem basicamente do material usinado, do dimetro da
broca e do avano aplicado. Sabe-se tambm que, a partir de um determinado valor de Ff ou de
Mt a furao ser impossibilitada, ou por impossibilidade mecnica da mquina operatriz
(potncia, rigidez) ou da broca (quebra).
Deve-se ento atentar para estes problemas.
Avano mximo considerando a resistncia da broca
Tenso resultante da ao de uma fora axial (compresso) e um momento toror:
3
4,36D
M ti =s (19.)
A tenso admissvel para ao rpido 25 Kgf/mm2
111 ..
yxC fDCM = [Kronenberg]
Assim:
25...4,36 11 31 =- yx fDC
1
13
max1 .69,0
CD
fx
y-
= (20.)
Avano mximo considerando a fora mxima de penetrao da furadeira.
Para a determinao da fmax de uma furadeira, calcula-se o esforo que gera uma deflexo
de 1,5 mm por metro no brao da furadeira
.
22 ..2yx
f fDCF = (H. DAAR)
Usando Ff = Ffmax,
2
2
.2
max
x
fy
DC
Ff = (21.)
Diniz estudou fmax em funo do dimetro da ferramenta para o ao ABNT 1030.
Verificou-se que, para brocas de dimetro pequeno, fmax funo da resistncia da broca, para
valores maiores da fora da mquina.
Ff max = 2400 Kgf
Figura 11 fmax x dimetro da broca. Fonte: Diniz.
Avano mximo considerando a potncia da mquina
h.mC NN MAX = , (22.)
onde Nm = potncia da mquina
][3.60
.max
maxKw
E
VFP CCC == (23.)
2.DF
M Ct = (Para 2 arestas), assim:
D
MF tC
max
max
2= , e
1000. n
C
DV
p=
Assim,
3.60..1000
..2max
ED
DMN ntCMAX
p= , e
n
Ct D
ENM
MAX ..2
6.60.max
p=
Sabe-se que Mt Max= C1.Dx1.fy1max, ento
11
max1
....2
6.60..x
ny
DCnD
EDNf
p= (p/ N em kW) (24.)
Para NC= CV,
1
1 ..
.716200max1
x
Cy
DCn
Nf = (p/ N em CV) (25.)
Exerccio
(a) Calcule Ff, Mt e PC na usinagem do ao ABNT 1055 com VC =30m/min, s= 118, f=
0,1mm/pot e D= 10mm.
Segundo Kenzle:
( )mN
DKM
ZfS
t .7,4sen4100.sen. 2121 @=
-
cc
Segundo Kronenberg:
NmmmKgffDCM yxt 735,3100081,9
..380.. 111 =
==
C1 = 21,9 Kgf
x1 = 2,01
y1 = 0,77
Segundo DAAR:
NKgffDCF yxf 1300132..22
2 ===
C2 = 22,0
x2 = 1,32
y2 = 0,54
(b) O que aconteceria se fosse feito um pr-furo de 3mm?
Por Kienzle:
( ) ( ) mNdDKM ZfSt .27,41000.sen4.sen.22
121 =
-= -c
c
Segundo DAAR:
( ) mmKgfdDDfCM xxxZt .384... 3333 02131 =-= -- C3 = 20.2
1-Z3 = 0,66
x3 = 1,7
Mt1= 3,77 N.m
( ) KgfdDDfCF xxxyf 54,60... 4444 0114 =-= -- C4 = 38
1-y4 = 0,38
x4 = 0,4
NF f 594= Ff caiu pela metade!