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Os efeitos do treinamento funcional em praticantes de Ballet Clássico The Effects of Functional Training on Classical Ballet Practitioners Aline Daiana Santos Maria Ana Modesto Nicolielo Mayara Rocha de Oliveira Katia Maíra Câmara Moreira Paccola Jovira Maria Sarraceni RESUMO. O ballet clássico é um exercício físico caracterizado por movimentos de flexões e extensões, saltos e giros envolvendo velocidade e equilíbrio, além de requerer que o praticante possua graça, leveza e delicadeza. Treinamento Funcional está embasado na melhoria dos aspectos neurológicos que afetam a capacidade funcional do corpo humano, utilizando exercícios que desafiem os diferentes componentes do sistema nervoso e que assim, estimulam sua adaptação, isto resulta em uma melhoria das principais qualidades físicas. O treinamento funcional estimula o corpo humano de maneira à adaptá- lo para as atividades normais da vida cotidiana, Sendo que um aspecto essencial neste tipo de treinamento a ser bem explorado são os exercícios que estimulem a propriocepção, a força, a resistência muscular, a flexibilidade, a coordenação motora, o equilíbrio e o condicionamento físico. O presente estudo foi desenvolvido com alunas que frequentam aulas de ballet clássico, todas do sexo feminino, com idade entre 09 a 14 anos, pertencentes a faculdade Unisalesiano, totalizando 10 bailarinas com pelo menos 1 (um) ano de pratica de balé clássico. Foram divididos em dois grupos sendo o grupo B (praticantes de ballet) e grupo FB (praticantes de ballet e treino funcional) e aplicados testes para avaliar no início e final do estudo as capacidades físicas que influenciam diretamente na qualidade técnica de uma bailarina, sendo elas o equilíbrio, flexibilidade e força de membros inferiores e 1

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Os efeitos do treinamento funcional em praticantes de Ballet Clássico The Effects of Functional Training on Classical Ballet Practitioners

Aline Daiana SantosMaria Ana Modesto Nicolielo

Mayara Rocha de Oliveira Katia Maíra Câmara Moreira Paccola

Jovira Maria Sarraceni

RESUMO.

O ballet clássico é um exercício físico caracterizado por movimentos de flexões e extensões, saltos e giros envolvendo velocidade e equilíbrio, além de requerer que o praticante possua graça, leveza e delicadeza. Treinamento Funcional está embasado na melhoria dos aspectos neurológicos que afetam a capacidade funcional do corpo humano, utilizando exercícios que desafiem os diferentes componentes do sistema nervoso e que assim, estimulam sua adaptação, isto resulta em uma melhoria das principais qualidades físicas. O treinamento funcional estimula o corpo humano de maneira à adaptá- lo para as atividades normais da vida cotidiana, Sendo que um aspecto essencial neste tipo de treinamento a ser bem explorado são os exercícios que estimulem a propriocepção, a força, a resistência muscular, a flexibilidade, a coordenação motora, o equilíbrio e o condicionamento físico. O presente estudo foi desenvolvido com alunas que frequentam aulas de ballet clássico, todas do sexo feminino, com idade entre 09 a 14 anos, pertencentes a faculdade Unisalesiano, totalizando 10 bailarinas com pelo menos 1 (um) ano de pratica de balé clássico. Foram divididos em dois grupos sendo o grupo B (praticantes de ballet) e grupo FB (praticantes de ballet e treino funcional) e aplicados testes para avaliar no início e final do estudo as capacidades físicas que influenciam diretamente na qualidade técnica de uma bailarina, sendo elas o equilíbrio, flexibilidade e força de membros inferiores e abdome. A duração do treinamento foi de dois meses, com frequência semanal de dois treinos por semana intercalados com duas aulas de ballet semanal. Para comparação dos resultados, foi utilizado o Test-T e adotou-se um nível de significância de p ≤ 0,05. Diante desta análise, observou-se que não houve um resultado significante nas comparações dos grupos, mas uma tendência de melhora no grupo FB. Conclui-se que o treinamento funcional pode ser de bastante relevância na performance de bailarinas, porém o período deve ser maior que dois meses, para que as mesmas possam ter as adaptações necessárias e desenvolverem melhor as capacidades físicas.

Palavras–chaves: Treinamento Funcional. Capacidades Funcionais. Ballet Clássico.

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ABSTRACT.

Classical ballet is a physical exercise characterized by movements of flexions and extensions, jumps and turns involving speed and balance, and require that the practitioner has grace, lightness and delicacy. Functional Training is based on improving the neurological aspects that affect the functional capacity of the human body, using exercises that challenge the different components of the nervous system and thus, stimulate their adaptation, this results in an improvement of the main physical qualities. Functional training stimulates the human body in order to adapt it to the normal activities of everyday life. Being an essential aspect in this type of training to be well explored are exercises that stimulate proprioception, strength, muscular endurance, Flexibility, motor coordination, balance and fitness. The present study was developed with students who attend classical ballet classes, all female, aged between 9 and 14 years, belonging to university Unisalesiano, totalizing 10 dancers with at least one (1) year of classical ballet practice. They were divided into two groups: group B (ballet practitioners) and group BF (ballet practitioners and functional training) and applied tests to assess at the beginning and end of the study the physical abilities that directly influence the technical quality of a dancer. They balance, flexibility and strength of lower limbs and abdomen. The duration of the training was of two months, with weekly frequency of two trainings per week interspersed with two weekly ballet classes. To compare the results, the T-test was used and a significance level of p ≤ 0.05 was adopted. Considering this analysis, it was observed that there was not a significant result in the comparisons of the groups, but a trend of improvement in the BF group. It is concluded that the functional training can be of great relevance in the performance of dancers, but the period should be longer than two months, so that they can have the necessary adaptations and better develop the physical capacities.

Keywords: Functional Training. Functional Capabilities. Classic ballet.

INTRODUÇÃO

O ballet clássico é um exercício físico caracterizado por movimentos de flexões e extensões, saltos e giros envolvendo velocidade e equilíbrio, além de requerer que o praticante possua graça, leveza e delicadeza. (SILVA; FAYH, 2011).

Nas últimas décadas se tem assistido a participação das mulheres no desporto, repercutindo em estudos, a grande preocupação aos aspectos voltados à saúde, às pressões sociais.

Treinamento Funcional está embasado na melhoria dos aspectos neurológicos que afetam a capacidade funcional do corpo humano, utilizando exercícios que desafiem os diferentes componentes do sistema nervoso e que assim, estimulam sua adaptação, isto resulta em uma melhoria das principais qualidades físicas. (SILVA, 2011).

O ballet clássico é uma modalidade de dança praticada por crianças e adolescentes que ao longo do processo de crescimento e desenvolvimento, o alcance de altos níveis de desempenho físico depende de dedicação diária por longos anos.

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Este estudo tem como objetivo geral verificar os efeitos do treinamento funcional avaliando as qualidades importantes no ballet, neste sentido o equilíbrio, força de membros inferiores e abdome e flexibilidade, as quais podem determinar o desempenho e qualidade técnica de uma bailarina.

Após aprovação da pesquisa pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Unisalesiano o presente estudo foi desenvolvido na faculdade Unisalesiano Lins, onde foram realizados as aulas de ballet e os treinamentos funcionais duas vezes por semana.

A pesquisa será norteada pela seguinte questão: o treinamento funcional pode melhorar o desempenho das capacidades funcionais das bailarinas?

Em resposta a este questionamento, pode-se levantar a seguinte hipótese: o treinamento funcional estimula o corpo de maneira a adaptar as bailarinas para ter um melhor desempenho e qualidade de movimentos.

2 PERCURSO METODOLOGICO

Este estudo foi realizado na faculdade Unisalesiano Lins é um espaço que tem por objetivo promover a formação, com cursos de graduação, pós graduação e ensino a distância.

Os participantes foram divididos em dois grupos de treinamento, sendo no total de 10 participantes divididos em dois grupos de cinco cada, sendo um grupo ballet (GB) e outro sendo o grupo funcional/ballet (FB), este além de participar das aulas de ballet, realizava o treinamento funcional. O período total dos treinamentos foi de dez semanas sendo uma para testes iniciais e outra para os finais e oito para o treinamento dos participantes, sendo dois treinos semanais com duração de uma hora. Após este período foi realizada uma nova avaliação para comparação dos resultados. A população investigada foi de bailarinas, todas do sexo feminino, com idade entre 09 a 14 anos, pertencentes ao programa de ballet da faculdade Unisalesiano, totalizando 10 bailarinas. Todas as bailarinas tem pelo menos 1 (um) ano de pratica de balé clássico.

A escolha das alunas que participaram do estudo foi por conveniência, ou seja, todas as bailarinas que apresentaram interesse em participar, que tinham disponibilidade, apresentaram o termo de consentimento livre e esclarecido com assiduidade de pelo menos 80% das aulas e treinos funcionais durante a pesquisa.

3 RESULTADOS

Para a apresentação dos dados, os mesmos foram apresentados em forma de tabelas.

Tabela 1- Características Biométricas do Grupo Ballet Idade Peso (kg) Altura (m) IMC (Kg/m2)

Media 10,4 43 1,45 20,46DP 1,14 1,87 0,03 0,61

Fonte: Elaborada pelos autores, 2016.

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Tabela 2 – Características Biométricas do Grupo Funcional/balletIdade Peso (kg) Altura (m) IMC (Kg/m2)

Media 10,8 45 1,45 21,32DP 1,48 1,87 0,03 1,01

Fonte: Elaborada pelos autores, 2016.

Tabela 3- Apresentação dos dados de Força de Membros Inferiores, salto vertical com livre movimentação dos membros superiores dos participantes entre o Grupo Ballet e Grupo Funcional/Ballet.

Grupo de Ballet (cm) Grupo Funcional/Ballet (cm)Pré Pós Pré Pós1,22 ± 0,16 1,22 ± 0,16 1,23 ± 0,14 1,23 ± 0,13

Fonte: Elaborada pelos autores, 2016.

Tabela 4- Apresentação dos dados de Força Abdominal dos participantes entre o Grupo Ballet e Grupo Funcional/Ballet.

Grupo de BalletForça Abdominal (seg)

Grupo Funcional/BalletForça Abdominal (seg)

Pré Pós Pré Pós15,60 ± 3,72 14,40 ± 4,31 10,20 ± 1,72 10,40 ± 2,33

Fonte: Elaborada pelos autores, 2016.

Tabela 5- Apresentação dos dados de Flexibilidade, Sentar e Alcançar dos participantes entre o Grupo Ballet e Grupo Funcional/Ballet.

Grupo de BalletSentar e Alcançar (cm)

Grupo Funcional/BalletSentar e Alcançar (cm)

Pré Pós Pré Pós34,20 ± 4,35 34,00 ± 4,33 33,60 ± 2,24 33,40 ± 1,96

Fonte: Elaborada pelos autores, 2016.

Tabela 6- Apresentação dos dados de Flexibilidade, Sentar e Alcançar dos participantes entre o Grupo Ballet e Grupo Funcional/Ballet.

Grupo de BalletEquilíbrio (min) perna direita

Grupo Funcional/BalletEquilíbrio (min) perna direita

Pré Pós Pré Pós0,03 ± 0,19 0,02 ± 0,14 0,02 ± 0,08 0,02 ± 0,06

Fonte: Elaborada pelos autores, 2016.

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Tabela 7- Apresentação dos dados de Flexibilidade, Sentar e Alcançar dos participantes entre o Grupo Ballet e Grupo Funcional/Ballet.

Grupo de BalletEquilíbrio (min) perna esquerda

Grupo Funcional/BalletEquilíbrio (min) perna esquerda

Pré Pós Pré Pós0,03 ± 0,19 0,02 ± 0,14 0,02 ± 0,08 0,02 ± 0,06

Fonte: Elaborada pelos autores, 2016.

Como pode ser observado nas tabelas acima, não houveram diferenças significativas em nenhuma das capacidades avaliadas. Salientamos que o Grupo Funcional/Ballet obteve melhoras, porém não estatisticamente em todas as capacidades. Os resultados expostos demonstram que o tempo curto de treinamento pode ter influenciado.

4 DISCUSSÃO

As Tabelas 3,4,5,6,7 e 8 apresentam os resultados dos testes do pré e pós-

treinamento.

O Grupo Ballet, obteve-se a média de resultado do teste de salto vertical com

livre movimentação dos membros superiores (Matsuda 1995) no pré-treinamento de

1,22 (± 0,16 cm), e no pós-treinamento, de a mesma média. O grupo funcional/ballet,

conforme pode ser observado na Tabela 3, obteve a média de resultado do teste de

Salto vertical com livre movimentação dos membros superiores (Matsuda 1995) no

pré-treinamento de 1,23 (± 0,14 cm), e no pós-treinamento, 1,23 (± 0,13 cm).

O objetivo foi verificar a potência muscular de membros inferiores após

protocolo de treinamento neuromuscular e de força muscular. Para tal, foi utilizado o

protocolo funcional salto vertical com livre movimentação dos membros superiores

(Matsuda 1995).

Na Tabela 4 a apresentação dos dados de Força Abdominal O Grupo Ballet,

obteve-se a média de resultado da força abdominal no pré-treinamento de 15,60

(±3,72), e no pós-treinamento, 14,40 (±4,31). O grupo funcional/ballet obteve a

média de resultado no pré-treinamento de 10,20 (± 1,72), e no pós-treinamento,

10,40 (± 2,33).

A força abdominal é de extrema importância para os bailarinos, principalmente na manutenção de postura, movimentos isométricos, rotação do tronco e compensar o acentuado trabalho realizado pela coluna lombar.

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O próximo teste é de sentar e alcançar sabendo que á flexibilidade é uma técnica essencial na prática do balé clássico é o alongamento, que auxilia no desenvolvimento de consciência corporal, melhorando a postura, reduzindo as tensões articulares provocadas por músculos muito encurtados, além de aumentar a eficiência mecânica, propiciando melhora da força, agilidade e resistência, aumentando o comprimento das estruturas dos tecidos moles. Outra vantagem fundamental do alongamento que, apesar de ainda não ter base científica, tem sido bastante comprovada na prática, é a prevenção de lesões e distensões.

Uma técnica essencial na prática do balé clássico é o alongamento, que auxilia no desenvolvimento de consciência corporal, melhorando a postura, reduzindo as tensões articulares provocadas por músculos muito encurtados, além de aumentar a eficiência mecânica, propiciando melhora da força, agilidade e resistência, aumentando o comprimento das estruturas dos tecidos moles. Outra vantagem fundamental do alongamento que, apesar de ainda não ter base científica, tem sido bastante comprovada na prática, é a prevenção de lesões e distensões. Contudo, é importante que o alongamento muscular não seja confundido com ganho de flexibilidade extrema, que é um desejo da maioria dos dançarinos. (SALLES, 2008).

Pode se observar na tabela 5 o teste sentar e alcançar o grupo Ballet, obteve

se a média de resultado da força abdominal no pré-treinamento de 34,20 (±4,35), e

no pós-treinamento, 34,00 (±4,33). O grupo funcional/ballet obteve a média de

resultado no pré-treinamento de 33,60 (± 2,24), e no pós-treinamento, 33,40 (± 196).

A tabela 6 e 7 prossegue os testes de equilíbrio foi utilizada a contagem de

minutos em ambas as pernas sendo que o grupo Ballet, obteve-se a média no pré-

treinamento de 0,03 (±0,19), e no pós-treinamento, 0,02 (±0,14). O grupo

funcional/ballet obteve a média de resultado no pré-treinamento de 0,02 (± 0,08), e

no pós-treinamento, 0,02 (± 0,06).

Contudo, é importante que o alongamento muscular não seja confundido com ganho de flexibilidade extrema, que é um desejo da maioria dos dançarinos. (SALLES, 2008).

5 CONCLUSÃO

Mediante resultados obtidos neste estudo, podemos verificar que o treinamento funcional pode ser uma ferramenta importante utilizada na melhoria da performance de praticantes de ballet clássico. Sugere-se a implantação de treinamentos funcionais nas aulas de ballet clássico para que as bailarinas adquirem mais facilidade em desenvolver o equilíbrio, a força abdominal, a força dos membros inferiores a flexibilidade entre outros exercícios dentro do ballet e do cotidiano de uma bailarina, além de prevenir lesões e dores.

Espera-se que este trabalho possa fomentar interesse em realizar novas pesquisas relacionadas.

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REFERÊNCIAS

KAPANDJI, A.I. Fisiologia articular: membro inferior. São Paulo: Panamericana, 2000.

SALLES, T.A. O balé clássico: principais lesões e um trabalho preventivo baseado na preparação física. Universidade Estadual de Campinas. Campinas. 2008.

SILVA, L. X. N. Revisão da Literatura acerca do Treinamento Funcional Resistido e seus Aspectos Motivacionais em Alunos de Personal Trainning. Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011.

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