22
Capítulo Ciências

Capítulo - smbrasil.com.br · 46 3 A estrutura da Terra A foto acima mostra a parte exterior de uma mina de diamantes desativada em Mirna, na Sibéria (Rússia). A perfuração tem

Embed Size (px)

Citation preview

Capítulo

Ciências

46

3 A estrutura da Terra

A foto acima mostra a parte exterior de uma mina de diamantes desativada em Mirna, na Sibéria (Rússia). A perfuração tem 1,25 quilô-metro (km) de diâmetro e pouco mais de 500 metros de profundidade.

Além de extrair diamantes e outros recursos naturais, perfura-ções na superfície da Terra possibilitam, por exemplo, investigar o tipo de solo de uma região para verificar se é possível construir casas sobre ele. Elas também proporcionam informações sobre o planeta Terra, sua constituição, a maneira como varia a temperatura em seu interior, etc.

Porém, há limite para as escavações. As altas temperaturas encon-tradas nas regiões internas do planeta impedem perfurações muito profundas. Para saber o que acontece no interior da Terra e conhecer sua estrutura, os cientistas precisam utilizar outras técnicas.

Os profissionais que estudam a estrutura e a evolução da Terra, bem como as rochas e os minerais, são denominados geólogos. Esses profissionais investigam a formação de montanhas, o surgi-mento de terremotos e vulcões, e vários outros fenômenos geoló-gicos relacionados à estrutura da Terra, alguns dos quais você verá neste capítulo.

Mina de diamantes desativada localizada na cidade de Mirna, na Rússia. Fotografia de 2001.

Mina: nesse caso, escava-ção ou perfuração feita para extrair pedras pre-ciosas, metais ou outro recurso natural.

Ser

gei K

arpu

khin

/Reu

ters

/Lat

inst

ock

UVC6_LA_E12_C03_044A065.indd 46 6/25/12 7:17 PM

47

Planeta em mudançaA superfície do planeta Terra não foi sempre do jeito

que é hoje. Modificações ocorreram e continuam acon-tecendo, transformando a superfície do planeta. Muitas dessas modificações devem-se ao ser humano, como a construção de casas, cidades, usinas, estradas e li-nhas de transmissão de energia elétrica e a devastação de florestas.

Porém, outras modificações ocorrem sem a interfe-rência humana. Muito antes de o ser humano existir, a Terra já passava por grandes transformações. Para se ter uma ideia, até a posição dos continentes mudou e, como veremos adiante neste capítulo, continua mudando.

Atualmente, as transformações ainda ocorrem tan-to no interior como na superfície do planeta. Algumas dessas transformações são muito lentas e, por isso, é difícil percebê-las. Os ventos, a chuva, as ondas do mar e as alterações climáticas, entre outros fatores, trans-portam fragmentos de rochas e partículas do solo de uma região para outra. Esse processo, conhecido como erosão, trans-forma a superfície da Terra. Em longo prazo, a erosão muda o curso dos rios, destrói morros e montanhas e até mesmo transforma áreas cobertas por vegetação em desertos. Embora seja um processo natu-ral, a erosão é intensificada por atividades humanas, como o desma-tamento. Esse assunto será retomado no capítulo seguinte.

Esta rocha sofreu erosão pelos ventos, que a esculpiram. Em razão de seu formato é chamada de Árvore de Pedra. Bolívia, 2008.

A erosão formou a Pedra Furada, beleza natural do Parque Nacional da Serra da Capivara. Piauí, 2010.

Palê

Zup

pani

/Pul

sar

Imag

ens

Nat

aiki

/Dre

amst

ime.

com

/ID/B

R

Outras transformações ocor-rem rapidamente. É o caso dos vulcões, que expelem lava e cin-zas e alteram instantaneamente a paisagem local, ou dos terre-motos, que podem destruir cida-des inteiras e provocar inunda-ções de grandes proporções.

O velho homem de Hoy: coluna de pedra em uma ilha da Escócia. A coluna, que atinge 137 m, é resultado da erosão das rochas ao redor.

Erupção do vulcão Tungurahua. Província de

Ambato, Equador, 2010.

Lava: material muito quente e pastoso expe-lido por vulcões ou por fraturas da superfície ter-restre. Antes de atingir a superfície, isto é, quando ainda está no interior do planeta, a lava é chama-da de magma.

Dê um exemplo de transformação da superfície terrestre que ocorre rapida-mente e um exem-plo de transforma-ção lenta.

Ash

ley

Coo

per/

Ala

my/

Oth

er Im

ages

Rod

rigo

Bue

ndia

/AFP

/Get

ty Im

ages

UVC6_LA_E12_C03_044A065.indd 47 6/25/12 7:17 PM

48

Estrutura interna da TerraVocê sabe como é nosso planeta por dentro? Olhando a superfície

da Terra, vemos um planeta sólido e rochoso. Até mesmo o leito dos oceanos é rochoso.

O centro da Terra está a cerca de 6 400 km abaixo da superfície. É impossível ir até lá. As maiores perfurações feitas por seres humanos atingiram apenas poucos quilômetros, pois a temperatura e a pressão aumentam com a profundidade.

Ainda assim, os geólogos descobriram informações sobre a estru-tura da Terra baseando-se em dados como: amostras de rochas que vieram à superfície expelidas por vulcões; análise dos terremotos; análises em laboratório simulando as condições do centro da Terra, etc.

Com essas observações indiretas e experiências, os geólogos descobriram que a Terra tem uma estrutura interna em forma de camadas concêntricas, que apresentam características próprias. As três principais camadas da estrutura da Terra são: a crosta, o manto e o núcleo.

Luis

Mou

ra/ID

/BR

Camadas internas da Terra: crosta, manto superior, manto, núcleo exterior e núcleo interior.

A crosta, a camada mais exterior da Terra, onde nós vivemos, é sólida e rochosa. Ela é, também, a camada mais fina do planeta, com apenas algumas dezenas de quilômetros de profundidade. As regiões mais finas da crosta são aquelas sob os oceanos.

O manto se estende até quase 3 mil km de profundidade. A parte mais externa, perto da crosta, chamada manto superior, é relativa-mente rígida, enquanto a parte mais interna – chamada manto in-ferior – é viscosa. O núcleo se divide em uma parte exterior, consti- tuída de metais em estado líquido, e uma parte interior, muito densa, de metal sólido. Quanto maior a profundidade no interior da Terra, maior a temperatura. Talvez você esteja se perguntando como o nú-cleo interior do planeta pode ser sólido a temperaturas tão altas, que derretem metais. Porém, a pressão também aumenta com a profun-didade, pois, quanto mais fundo se vai, maior é o peso das camadas acima. A pressão no centro da Terra é enorme e isso faz com que os metais permaneçam sólidos, mesmo a altas temperaturas.

Concêntrica: que tem o mesmo centro.Ficcionista: aquele que escreve obras de ficção, isto é, histórias que não são reais.

Na estanteViagem ao centro da Terra,deJúlioVerne

Livro escrito em 1864 pelo famoso ficcionista francês Júlio Verne, autor de clássicos como 20 000 léguas submarinas e Volta ao mundo em 80 dias. Conta a história de um grupo de pessoas que teria descido ao interior da Terra pela cratera de um vulcão e encontrado animais pré-históricos no caminho. Na época em que o livro foi escrito, não se conhecia a estrutura da Terra e, por isso, havia muitas teorias sobre ani-mais e pessoas vivendo em seu interior. Apesar de não ser uma obra cien-tífica e não trazer ideias aceitas pela ciência sobre o interior da Terra, esse livro foi precursor de todo um gênero literário que mantém relação com a ciência, a ficção científica, e ilustra a curiosidade humana sobre o interior do planeta.

cores--fantasia

Representação sem proporção detamanho.

núcleo interno

núcleo externo

manto inferior

manto superior

crosta

Veja também o objeto educacional digital “A estrutura da Terra”.

UVC6_LA_E12_C03_044A065.indd 48 6/25/12 7:17 PM

49

CrostaA casca sólida, fina e rochosa que envolve nosso planeta recebe o

nome de crosta. Ela se formou pelo material derretido do manto, que esfriou e endureceu.

Estudos mostram que a crosta é a única camada que abriga vida. Tudo o que vemos ao nosso redor pertence à crosta: montanhas, va-les, rios, mares, etc. Mesmo as minas mais profundas não vão além da crosta terrestre.

A crosta não é uniforme e pode ser dividida em crosta continen-tal, na qual estão os continentes da Terra, e crosta oceânica, que forma o fundo dos oceanos. Elas variam em espessura, composição e densidade.

A crosta continental é constituída, em grande parte, por rochas, e sua espessura varia entre 30 km e 60 km, aproximadamente. A idade das rochas que compõem a crosta continental varia, e as mais antigas têm quase 4 bilhões de anos.

Já a crosta oceânica é formada principalmente por rochas mais finas, com espessuras entre 5 km e 10 km. Em geral, as rochas com-ponentes da crosta oceânica são muito mais jovens do que as da crosta continental.

ID/C

L

Representação das crostas ocêanica e continental em vista lateral.

O conjunto da crosta e da parte mais externa do manto constitui a litosfera, que está dividida em placas, denominadas litosféricas, que se movem sobre a porção interna do manto, levando junto os continentes.

Para saber mais

AsgrandesperfuraçõesUma das mais profundas perfurações já feitas pelo ser humano fica na Rússia, na península de Kola. A iniciativa partiu

de um projeto científico que visava estudar melhor o interior da crosta terrestre. Após anos de planejamento e construção de máquinas especiais para a missão, a perfuração teve início, em 1970.

Os cientistas conseguiram perfurar a uma profundidade de mais de 12 quilômetros e descobriram que a temperatura encontrada a essa profundidade era bem maior do que os estudos indicavam. Por causa dessa temperatura e das altas pressões, as rochas no fundo do buraco têm uma consistência pastosa, de modo que o buraco se fechava novamente após a retirada de material do solo. Assim, o projeto chegou ao fim em 1994.

cores--fantasia

Representação sem proporção detamanho.

crosta oceânica

crosta continental

UVC6_LA_E12_C03_044A065.indd 49 6/25/12 7:17 PM

50

Para saber mais

ExploraçõesPara explorar o manto,

os cientistas perfuram áreas da crosta oceânica. Em 2007, o navio de pesquisa britânico RRS James Cook visitou um local onde um buraco na crosta terrestre deixa o manto exposto. Esse local fica entre o mar do Caribe e o Cabo Verde.

Jazida: depósito natural de rochas que contêm metais ou pedras precio-sas, por exemplo.

Técnico mede o nível de ruído em uma mina de carvão. Os mineiros usam protetores auriculares para evitar danos causados por ruídos intensos à audição.

Ulis

ses

Job/

Futu

ra P

ress Mineração

A crosta contém vários recursos naturais que são explorados pelo ser humano, como os metais ferro, ouro, prata, cobre, chumbo e zinco. Em geral, esses materiais são retirados da crosta terrestre nas minas, como a mostrada na abertura deste capítulo.

Algumas das minas mais profundas estão na África do Sul e che-gam a quase 4 km de profundidade. A temperatura nessa profundi-dade chega a 45 °C, por isso um sistema de ventilação e refrigeração é essencial.

Embora a mineração seja necessária para obtermos diversos ma-teriais, ela pode causar vários danos ao ambiente, como poluição do solo e da água, desmatamento e erosão.

Por isso, antes de minerar uma área, é preciso fazer estudos que avaliem o impacto dessa atividade.

Reutilizar e reciclar objetos de alumínio e ferro, por exemplo, é um modo de usar mais de uma vez o metal já extraído, além de evitar a exploração desnecessária das jazidas.

MantoO manto é uma camada de qua-

se 3 mil quilômetros, e corresponde a cerca de 84% do volume do planeta. É formado por rochas ricas em ferro e magnésio, e suas características per-mitem dividi-lo em manto superior e manto inferior.

O manto superior, que vai da parte final da crosta até cerca de 400 quilômetros de profundidade, é cons-tituído de material rochoso rígido. A camada mais externa do manto su-perior faz parte da litosfera terrestre, junto com a crosta.

O manto inferior está sujeito a temperaturas maiores e, por cau-sa disso, o material que o constitui se apresenta em um estado visco-so, como se fosse um líquido pastoso, muito espesso. Quanto maior a profundidade, porém, mais sólido se torna o material viscoso do manto, porque a pressão se eleva em grandes profundidades.

A viscosidade do manto inferior permite que esse material se mova, levando consigo a litosfera acima dele. Por isso, as placas litos-féricas estão em constante movimento.

A temperatura do manto vai de 600 ºC, na região do manto su-perior próximo à crosta, até mais de 4 000 ºC, na região do manto inferior próxima ao núcleo. Ao nível do mar, as rochas que formam o manto derretem a cerca de 1 200 °C. Porém, na profundidade em que se encontra a porção mais interna do manto inferior, a pressão é muito maior do que ao nível do mar, o que faz que nessa região esse material permaneça no estado sólido mesmo a altas temperaturas.

O esquema mostra as subcamadas do manto terrestre.

Luis

Mou

ra/ID

/BR

Representação sem proporção detamanho.

cores--fantasia

manto superior

manto inferior

UVC6_LA_E12_C03_044A065.indd 50 6/25/12 7:17 PM

51

NúcleoO núcleo, parte central da Terra,

é constituído basicamente por fer-ro, enxofre e níquel. Assim como o manto, o núcleo pode ser dividido em núcleo interno e externo.

O núcleo externo começa onde termina o manto e vai até pouco mais de 5 mil quilômetros, onde co-meça o núcleo interno. Sua tempe-ratura vai de 4 000 °C, na fronteira com o manto, até 5 000 °C, próximo ao núcleo interno. Por causa dessas altas temperaturas, semelhantes às da superfície do Sol, os cientistas sabem que os metais que compõem o núcleo externo permanecem em estado mais líquido que os materiais do manto. Os estudos tam-bém mostram que o núcleo externo está relacionado ao campo mag-nético da Terra, responsável por orientar as agulhas das bússolas, por exemplo.

O núcleo interno é uma esfera sólida de níquel e ferro, com cerca de 1 200 km de raio, a uma temperatura aproximada de 5 500 °C. Apesar de ser composto pelos mesmos elementos que o núcleo ex-terno, o núcleo interno se apresenta em estado sólido por causa da imensa pressão a que está submetido.

Uma teoria científica bem aceita afirma que, em algum momento da formação do planeta, os materiais mais densos, como o ferro, afundaram em direção ao centro. Essa teoria explica a constituição do núcleo da Terra.

Para saber mais

AestruturadaLuaEstudos sobre a estru-

tura da Lua mostram que ela também tem três camadas: uma crosta, com aproximadamente 65 km de espessura, um manto denso e um pequeno núcleo de ferro.

Rob

erto

Mel

o/ID

/BR

A composição de todo o núcleo é a mesma, porém, o núcleo externo é líquido, enquanto o núcleo interno é uma esfera sólida.

Durante a formação da Terra, o ferro afundou em direção ao centro e os materiais menos densos ficaram nas camadas mais altas.

1. Em qual camada da Terra a tempe-ratura é maior?

2. Por que os cien-tistas, ao estudar o manto, procu-ram fazer perfu-rações na crosta oceânica em vez de fazê-lo na cros-ta continental?Fonte de pesquisa: Frank Press et al. Para entender a Terra. 4. ed. Porto Alegre:

Bookman, 2006. p. 32.

ferro material menos denso

Luis

Mou

ra/ID

/BR

núcleo externo

núcleo interno

Representação sem proporção detamanho.

cores--fantasia

Representação sem proporção detamanho.

cores--fantasia

UVC6_LA_E12_C03_044A065.indd 51 6/25/12 7:17 PM

52

Os continentes em movimentoApós vários estudos durante o século XX, os cientistas concluíram que

a litosfera, a camada rochosa formada pela crosta terrestre e por parte do manto superior, é dividida em várias placas litosféricas.

Há algumas placas principais, grandes, além de várias placas menores. As placas litosféricas podem incluir porções de continentes, oceanos ou ambos. Por exemplo, a placa Sul-americana, onde está o Brasil, abrange não só o continente da América do Sul, mas também boa parte do oceano Atlântico.

Algumas das placas principais são: Antártica, Africana, Norte-america-na, Sul-americana, Indo-australiana, Eurasiática e do Pacífico. Além delas, podem-se citar algumas placas menores, como a placa Arábica, a placa do Caribe e a placa de Nazca, esta última vizinha à placa Sul-americana.

As placas litosféricas não são estáticas. A litosfera é mais rígida e menos densa do que o manto inferior, sobre o qual as placas se apoiam. As placas estão em constante movimento umas em relação às outras, aproximando-se ou se afastando, com velocidades entre 10 mm/ano e 160 mm/ano.

Os trabalhos científicos apontam que a fonte de energia para o movi-mento dos continentes é o calor do manto abaixo da litosfera. Parte desse calor é transformado em energia que movimenta as placas.

Durante seu movimento, as placas litosféricas podem chocar-se, cau-sando vários fenômenos, como terremotos. Por isso, as regiões nas frontei-ras das placas são propícias a tremores de terra, surgimento de montanhas e de vulcões, como veremos adiante.

PlacaAfricana

PlacaAustraliana

PlacaSul-americana

PlacaArábica Placa

Indiana

Placa deNazcaPlaca do

Pacífico

PlacaAntártica

Placade Cocos

Placa Scotia

Placa Juande Fuca

PlacaNorte-americana

Placa dasFilipinas

PlacaAustraliana

PlacaCaribenha

PlacaEurasiática

PlacaEurasiática

Sentido do movimento das placas

Equador

Trópico de Câncer

Trópico de Capricórnio

Círculo Polar Antártico

Mer

idia

no

de

Gre

enw

ich

Círculo Polar Ártico

60°O 0°

60°L120°O120°L 180°

0 2715 5430 km

1 cm – 2715 km

PriNCiPais PlaCas liTOsfériCas da TErra

ID/B

R

Mapa ilustrativo das principais placas litosféricas da Terra. As setas indicam o sentido do movimento das placas. Fonte de pesquisa: <http://pubs.usgs.gov/gip/dynamic/slabs.html>. Acesso em: 12 abr. 2012.

cores--fantasia

UVC6_LA_E12_C03_044A065.indd 52 6/25/12 7:17 PM

53

Tipos de movimentos litosféricosA teoria do movimento das placas litosféricas

nem sempre foi bem aceita. Outras teorias ante-riores propunham que os continentes poderiam se mover, mas o leito oceânico, não. Outra teoria propunha um modelo segundo o qual o planeta estaria “inchando”, aumentando de tamanho, e, com isso, os continentes estariam todos se afas-tando uns dos outros.

Atualmente, o movimento das placas litosféri-cas é monitorado via satélite, usando o Sistema de Posicionamento Global (GPS). Por meio dessa tecnologia, os geólogos conseguem medir desloca-mentos de placas litosféricas da ordem de alguns milímetros ao ano.

Luis

Mou

ra/ID

/BR

Representação dos movimentos das placas litosféricas. Esse esquema serve apenas para explicar como são os movimentos das plantas. Ele não re-presenta nenhuma região específica do planeta.

Representação sem proporção detamanho.

cores--fantasia

O supercontinente: PangeiaSe as placas litosféricas se movem, será que, no

passado, os continentes estiveram em posições di-ferentes? Tudo indica que sim. Mais do que isso, evidências indicam que há 250 milhões de anos os continentes estavam todos juntos, formando um su-percontinente denominado Pangeia (do grego pan = todo e geo = terra). Esse supercontinente teria, então, sofrido inúmeras rachaduras, rompimentos e encontros, e as placas assim formadas teriam se mo-vimentado até as posições atuais.

Vale Alfagia, originado pelo aparecimento de uma fenda decor-rente do movimento de afastamento das placas eurasiática e norte-americana. Islândia, 2010.

Oxf

ord

Sci

entif

ic/G

etty

Imag

es

A ilustração mostra o formato do supercontinente Pangeia, que, há centenas

de milhões de anos, unia todos os continentes hoje conhecidos. As linhas

indicam o contorno aproximado dos continentes atuais e da Índia.

Austrália

Paul

a R

adi/I

D/B

R

Europa e Ásia

América do Norte

América do Sul

África

Índia

Antártida

cores--fantasia

Região em que as placas deslizam em

direções opostas.

Região em que as placas se

afastam.

Região em que as placas se aproximam.

Faça a atividade complementar da página 234.

UVC6_LA_E12_C03_044A065.indd 53 6/25/12 7:17 PM

54

Evidências do movimento das placas no passadoVários são os indícios de que os continentes estiveram juntos no

passado. Por meio deles é possível obter pistas a respeito da posição original dos nossos atuais continentes.

Os primeiros indícios que chamaram a atenção de vários pesqui-sadores ao longo dos séculos, levando-os a propor que os continentes estiveram unidos no passado, foram os contornos da costa leste da América do Sul e da costa oeste da África. Observando-os em um mapa-múndi, tem-se a impressão de que eles se “encaixam” como se fossem peças de um quebra-cabeça que foram separadas.

Mais um forte indício é a similaridade entre plantas, animais e fósseis encontrados em locais hoje muito distantes. Como a idade estimada desses fósseis indica que eles são mais antigos do que o ser humano, não há possibilidade de que tenham sido levados de um local a outro por pessoas. Esse indício reforça a hipótese de que, no passa-do, os fósseis estavam no mesmo lugar. Por exemplo, fósseis de um antigo animal aquático chamado de mesossauro foram encontrados na costa do Brasil e na região ocidental da África do Sul.

Desenho do esqueleto de um mesossauro, com cerca de 1 m de comprimento.

The

Uni

vers

ity o

f C

hica

go/

Pres

s Pu

blic

ity D

epar

tmen

t

Aves como o avestruz e a ema, que atualmente habitam respec-tivamente a África e o Brasil, apresentam características similares às encontradas nos fósseis de aves-elefantes, encontrados na ilha de Madagascar, na África.

As fotos do avestruz, 2,5 m, 1 e da ema, 1,8 m, 2 comparadas à representação da ave-elefante, 3 m, (extinta), 3 mostram a similaridade na aparência das três aves.

Art

ur K

eune

cke/

Puls

ar Im

agen

s

2

Jaim

e C

hirin

os/S

PL/

Latin

stoc

k

3

Joha

n63/

Dre

amst

ime.

com

/ID/B

R

1

Fóssil: resto ou vestígio de seres vivos que vive-ram há mais de 11 mil anos. Esse assunto será detalhado no capítulo seguinte.

Quais as possíveis consequências do movimento das pla-cas tectônicas para os seres vivos?

UVC6_LA_E12_C03_044A065.indd 54 6/25/12 7:17 PM

aTividadEs

55

1. Dê exemplos de modificações na superfície da Terra, tanto naturais como provocadas pelo ser humano.

2. Observe a tabela ao lado, com dados sobre a estrutura interna da Terra. Em seguida, responda às questões. a) Reescreva a tabela colocando as camadas em

ordem crescente de profundidade.

b) Com base nos dados da tabela, estime o diâmetro da Terra. Dica: faça um desenho do planeta e suas camadas, indicando a espessura de cada uma.

3. Leia o texto abaixo.

De Pangeia aos continentes atuais

A Terra se formou há aproximadamente 4,6 bilhões de anos; chamamos esse amplo in-tervalo de tempo de tempo geológico e o dividimos em quatro eras: Pré-cambriana, Paleo-zoica, Mesozoica e Cenozoica. As alterações do supercontinente Pangeia até a configuração atual dos continentes ocorreram ao longo de bilhões de anos, durante as três últimas eras.

ID/B

R

Linha do tempo geológico mostrando as alterações ocorridas desde o supercontinente Pangeia até os continentes atuais. Fonte de pesquisa: Atlas geográfico escolar. 4. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2007.

Pangeia

Permiano 225 milhões de anos

Laurásia

Gondwana

Triássico 200 milhões de anos

Quartenário hoje

Jurássico 135 milhões de anos

Cretáceo 65 milhões de anos

a) Qual a causa do movimento dos continentes?

b) Cite um indício de que, no passado, os continentes estavam em outras posições.

4. O mapa ao lado contém várias setas que ilus-tram a direção do movi-mento da placa litosfé-rica naquela região. Para qual direção a região do Brasil tende a se mover?

CamadaEspessura média

(km)

Manto superior 720

Núcleo externo 2 259

Manto inferior 2 171

Crosta 30

Núcleo interno 1 221

Fonte de pesquisa: <http://pubs.usgs.gov/gip/interior/>. Acesso em: 23 abr. 2012.

ID/B

R

Mapa ilustrativo representando o movimento das placas litosféricas.Fonte de pesquisa: <http://sideshow.

jpl.nasa.gov/mbh/series.html>. Acesso em: 22 abr. 2012.

ID/B

R60°O 50°O90° O120°O150°O150°L120°L90°L60°L30°L0° 180°

30°S

30°N

60°N

90°N

0°Equador

OCEANO ÍNDICO OCEANO

PACÍFICO

OCEANO GLACIAL ÁRTICO

OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO

60°S

Trópico de Capricórnio

Trópico de Câncer

Círculo Polar Ártico

Círculo Polar Antártico

Mer

idia

no

de

Gre

enw

ich

BRASIL

0 4185 8370 km

1 cm – 4185 km

MOviMENTO das PlaCas liTOsfériCas

UVC6_LA_E12_C03_044A065.indd 55 6/25/12 7:17 PM

56

Ciência por escrito

… E a américa do sul se fez

A estrutura geológica da América do Sul é um imenso caleidoscópio de blocos de rochas que se quebraram, se colaram e se movimentaram de modo impressionante. Em Pirapora do Bom Jesus, município a 60 quilômetros de São Paulo, o geólogo Colombo Tassinari, professor do Instituto de Geo-ciências (IGc) da Universidade de São Paulo (USP), exibe evidências dessas transformações, que dezenas de geólogos estudam em profundidade há pelo menos 50 anos e seu colega da USP Benjamim Bley Brito Neves sintetizou em um artigo recém-publicado [...]. “Tudo isso aqui já foi o fundo do mar, há mais de 600 milhões de anos”, diz Tassinari, ao chegar ao alto de uma colina em um dos bairros do município de Pirapora do Bom Jesus. [...].

Ao subir o morro ele já tinha mostrado um depósito natural de calcário e indicado a direção de uma antiga mina de magnetita – outros resquícios do fundo de um mar que se fechou como resul-tado do embate entre placas [...] [litosféricas] que vinham em direções opostas. A força das placas era intensa a ponto de fazer com que fragmentos de crosta oceânica que estavam a estimados 4 mil metros de profundidade fossem lançados para dentro do continente e se apresentem hoje a cerca de 600 metros de altitude (possivelmente já formaram morros ainda mais altos).

Rog

ério

Reu

s/Pu

lsar

Imag

ens

O cânion Itaimbezinho, que pertence ao Parque Nacional dos Aparados da Serra – Cambará do Sul (RS), 2011 –, é uma cicatriz geológica de 130 milhões de anos.

UVC6_LA_E12_C03_044A065.indd 56 6/25/12 7:17 PM

57

Pesquisadores da USP, Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e de outros centros de pesquisa geológica do Brasil normalmente examinam a origem e a composição de partes desse imenso quebra-cabeça [...]. Ao mesmo tempo, especialistas de outros países – Argentina, Estados Unidos, Espanha, Alemanha, Inglaterra, Dinamarca e Austrália – trabalham para entender a formação de seus próprios continentes. Com frequência eles se encontram para se ajudar ou ver como os continentes se encaixavam, já que blocos de rochas hoje na América do Sul estiveram ao lado dos que hoje estão na América do Norte ou na China.

[...]

Na América do Sul, como em todo o globo, há uma destruição e uma reconstrução contínuas. Ou-tro exemplo a céu aberto dos embates [...] [litosféricos] é o Parque Nacional de Itatiaia. Sua estrutura geológica básica resulta dos derrames de lava liberados por um vulcão [...].

Tassinari acredita que a antiga bacia oceânica de Pirapora do Bom Jesus, que ele começou a es-tudar há 30 anos, deve ser valorizada. [...] Segundo ele, esse é o único trecho do estado de São Paulo com uma crosta oceânica relativamente bem conservada.

Outra indicação de braços de oceanos extintos são os sedimentos de mar profundo como os en-contrados em Araxá, Minas, e em Afrânio e Dormentes, Pernambuco. “A vida de um oceano é muito curta, raramente vai muito além de 200 milhões de anos. A crosta oceânica, por ser mais fina que a continental, é constantemente reciclada”, diz Cordani. [...]

Há 2,5 bilhões de anos houve uma reviravolta na história da Terra, com picos de perda de calor, que permitiram a formação da crosta, a camada mais superficial do planeta, antes tomado por uma sopa quente de magma.

[...]

A maior parte da América do Sul tornou-se relativamente estável por volta de 60 milhões de anos atrás. Os fragmentos [...] formaram uma área relativamente estável da Venezuela à Argentina, a pla-taforma Sul-Americana, vasto conjunto de blocos de rochas completados com bacias sedimentares com a da bacia do Paraná, com cerca de cinco quilômetros de sedimentos. “Sobre esse pacote de ro-chas sedimentares e vulcânicas formaram-se depressões onde correm o rio Paraná e seus afluentes”, explica Bley.

A oeste, porém, existe uma área ainda geologicamente instável, a cordilheira dos Andes, resul-tado da convergência entre a placa de Nazca e a placa continental sul-americana. Os Andes ainda crescem, incorporando as rochas de Nazca, que afundam no manto da Terra, derretem e depois vol-tam para a superfície. “A placa de Nazca se movimenta um centímetro por ano”, observa Tassinari.

Os oceanos também estão em transformação. “O Atlântico está se expandindo e o Pacífico se fechando”, informa Bley. O resultado? “Daqui a 200 milhões de anos, os continentes vão se unir de novo.” Embora distante, o continente que deve resultar dessa fusão já ganhou vários nomes. Um de-les é Amásia, já que deve unir outra vez a América e a Ásia.

Fioravanti, C. ... E a América do Sul se fez. Revista Pesquisa Fapesp, n. 188, outubro 2011. Disponível em: <http://revistapesquisa.fapesp.br/?art=4523&bd=1&pg=1&lg=>. Acesso em: 24 jan. 2012.

1. Em sua opinião, esse processo dinâmico de formação e transformação da superfície da Terra terá fim?

2. A movimentação das placas litosféricas pode levar a choques entre elas, e as fissuras ao longo de uma placa podem possibilitar a saída do magma. Quais consequências você acha que esses fenômenos podem causar?

UVC6_LA_E12_C03_044A065.indd 57 6/25/12 7:17 PM

58

Trópico de Capricórnio

Equador

Mer

idia

no

de

Gre

enw

ich

Trópico de Câncer

Círculo Polar Ártico

OCEANOPACÍFICO

OCEANOPACÍFICO

OCEANOATLÂNTICO

OCEANOÍNDICO

0 4250 8500 km

1 cm – 4250 km

160°O 20°O 80°O 40°O 0° 40°L 80°L 120°L

40°N

40°S

80°N

160°L

formação de cadeias montanhosasUma das consequências do movi-

mento das placas litosféricas é a forma-ção de cadeias montanhosas. Quando duas placas que se movimentam em sentidos opostos se encontram, elas podem se dobrar ou uma se sobre-por à outra. Nos dois casos, surgem elevações da crosta terrestre. Como a velocidade das placas litosféricas é da ordem de alguns centímetros por ano, esse processo pode durar milhões de anos. O resultado é uma cadeia mon-tanhosa.

Assim, é comum que as cadeias de montanhas estejam localizadas nas bordas de placas litosféricas, pois são as regiões que mais sofrem com o im-pacto das placas.

A cordilheira do Himalaia, locali-zada na Ásia, apresenta algumas das montanhas mais altas do mundo e é um exemplo do processo descrito an-teriormente: há milhões de anos, a Ín-dia ficava em uma placa separada do resto da Ásia. Movendo-se cerca de 15 centímetros por ano, essa placa aca-bou por atingir a placa da Ásia, cau-sando uma elevação de terra ao longo da fronteira entre as duas placas. Essa elevação ocorreu continuamente por milhões de anos, resultando no que é hoje a cordilheira do Himalaia.

Observações por satélites mostram que ainda hoje a placa da Índia continua adentrando a Ásia, o que significa que a cadeia do Himalaia ainda está subindo: sua altura aumenta alguns milímetros por ano.

Na América do Sul, um exemplo desse tipo de formação mon-tanhosa é a cordilheira dos Andes, que é resultado do movimento das placas de Nazca e da Antártica, entrando embaixo da placa Sul--americana.

Para saber mais

OutrasmaneirasdeformarmontanhasExistem outros processos de formação de montanhas. Um deles é o vulcanismo,

que você verá adiante. A lava, expelida por vulcões, quando resfriada, endurece e se transforma num tipo de rocha.

Elabore uma expli-cação para o fato de não haver altas cadeias montanho-sas no Brasil, como os Andes.

cores--fantasia

Processo de formação de montanhas por superposição de placas litosféricas. Observe que as duas placas movem-se uma em direção à outra; a placa da esquerda move-se sob a placa da direita.

Luis

Mou

ra/ID

/BR

LitosferaLitosfera

Crosta continentalCrosta continental

Representação sem proporção detamanho.

Mapa-múndi representando os contornos das placas litosféricas. Observe como muitas elevações montanhosas estão próximas às fronteiras das placas.

ID/B

R

lOCalizaçãO das PriNCiPais CadEias dE MONTaNhas

Fontes de pesquisa: Atlas geográfico escolar. 4. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2007. p. 57; <http://sideshow.jpl.nasa.gov/mbh/series.html>. Acesso em: 22 abr. 2012.

UVC6_LA_E12_C03_044A065.indd 58 6/25/12 7:17 PM

59

TerremotosVocê já deve ter visto, na TV ou em

jornais, reportagens sobre terremoto. Um terremoto é um evento em que o solo de uma região treme e se desloca abrupta-mente. Embora esse tremor de terra dure pouco tempo, cerca de um ou dois minu-tos, ele pode, caso seja intenso, provocar muita destruição.

Um terremoto pode ser causado por atividade vulcânica ou mesmo por inter-ferência humana (veja boxe nesta pági-na). Entretanto, uma das principais cau-sas é o movimento de placas litosféricas. Quando duas placas vizinhas tendem a se mover uma contra a outra ou mesmo deslizar, geram uma força na região entre elas, empurrando as rochas umas contra as outras. Se essa força for maior do que a resistência das rochas, elas se rompem e se deslocam, gerando o tremor de terra.

O ponto onde ocorrem esses rompimentos e deslocamentos pode estar a vários quilômetros de profundidade, mas seus efeitos podem chegar até a superfície. Isso não se deve apenas ao deslocamento das rochas em si, mas, principalmente, às ondas que são geradas por ele. Essas ondas, denominadas ondas sísmicas, viajam pelo interior da Terra em todas as direções, provocando vibrações por onde passam, e podem atingir regiões distantes do local onde se originou o tremor.

O ponto em que ocorre o deslocamento rochoso é denominado foco, ou hipocentro, e o ponto na superfície bem acima do foco é denominado epicentro. Quanto menos profundo for o foco do terre-moto, maiores serão os danos sofridos na superfície.

Trópico de Capricórnio

Equador

Trópico de Câncer

Círculo Polar Ártico

Círculo Polar Antártico

Mer

idia

no

de

Gre

enw

ich

OCEANOPACÍFICO

OCEANOPACÍFICO

OCEANOATLÂNTICO

OCEANOÍNDICO

160°O 120°O 80°O 40°O 0° 40°L 80°L 120°L

40°N

40°S

80°N

160°L

Regiões onde os terremotossão mais frequentes

0 3325 6650 km

1 cm – 3325 km

Para refletirAçãohumana

Construções de barragens, perfurações de poços de petróleo e escavações em minas de carvão, por exemplo, podem induzir tremores de terra. Alguns pesqui-sadores acreditam que as causas de um terremoto que atingiu a cidade de Newcastle, na Austrália, em 1989, podem estar relacionadas às milhões de toneladas de carvão retiradas do subsolo em duzentos anos de mineração.

Escreva sobre a necessi-dade de se extraírem car-vão e petróleo do solo para fins de obtenção de energia, e quais as possíveis ações para obter um desenvol-vimento sustentável.

A ilustração mostra o hipocentro e o epicentro de um terremoto. As ondas sísmicas estão ilustra-das em vermelho.

Luis

Mou

ra/ID

/BR

cores--fantasia

Representação sem proporção detamanho.

Epicentro

Foco ou hipocentro

ID/B

R

iNCidêNCia dE TErrEMOTOs

Mapa-múndi representando os contornos das placas litosféricas. Os pontos em amarelo indicam regiões onde os terremotos são mais frequentes. Observe como essas regiões coincidem com a borda das placas litosféricas.

Fonte de pesquisa: Wilson Teixeira e outros. Decifrando a Terra. São Paulo: Oficina de textos, 2000. p. 44.

UVC6_LA_E12_C03_044A065.indd 59 6/25/12 7:17 PM

60

detectando um terremotoOs geólogos conseguem, com o uso de um aparelho, detectar e

registrar as trepidações do solo, mesmo que sejam mínimas. Esse aparelho, denominado sismógrafo, permite não apenas registrar um terremoto, mas também prever a aproximação de um tremor e obter informações sobre as ondas sísmicas.

Há no mundo milhares de estações sísmicas, equipadas com sis-mógrafos, que coletam dados sobre tremores em todo o planeta. Essas informações ajudam os geólogos a compreender melhor a es-trutura da Terra, ao revelar detalhes sobre a densidade das camadas, por exemplo, além de ser um sinalizador importante para a defesa civil alertar a população quando há um abalo que possa causar gran-des estragos.

Zeph

yr/S

PL/

Latin

stoc

kPara saber mais

ComoostremoreseramdetectadosnopassadoO primeiro aparelho usado para detectar tremores do solo, ao que se sabe, foi inventado no século II por Zhang Heng,

na China. Heng era astrônomo, matemático, geógrafo e poeta, e concebeu um dispositivo capaz de apontar a direção de um tremor de terra a centenas de quilômetros de distância. O mecanismo era formado por um vaso de bronze, no qual ficavam penduradas oito figuras com formato de dragão, cada uma representando uma direção. Na boca de cada uma dessas figuras, havia uma bola de bronze. Quando ocorria um tremor de terra, uma das cabeças soltava sua bola, que caía sobre a boca de um sapo de bronze abaixo dela, produzindo um som de alarme e indicando a direção do tremor.

Foto

graf

ias:

SS

PL/

Keys

tone

Reconstrução do mecanismo inventa-do por Zhang Heng, na China antiga.

Defesacivil: organização civil que atua na pre-venção e no socorro às vítimas de desastres ou catástrofes naturais.

O sismógrafo detecta e registra vibrações do solo. Ao lado,

estão sendo gravadas as atividades sísmicas do vulcão

Merapi, Indonésia, 2003.

UVC6_LA_E12_C03_044A065.indd 60 6/25/12 7:17 PM

61

Magnitude de um terremotoPara medir a intensidade de um terremoto, foi desenvolvida, na

década de 1930, uma escala especial, denominada escala Richter. Essa escala foi construída da seguinte maneira: o valor zero foi atri- buído ao terremoto mais fraco capaz de ser detectado pelos sismógra-fos existentes na época. Além disso, cada grau de magnitude nessa escala corresponde a um terremoto dez vezes mais intenso do que o do grau anterior. A tabela abaixo apresenta os graus da escala Richter. Os efeitos associados podem ser mais ou menos intensos, dependendo da profundidade do hipocentro do terremoto.

ESCALARiChTER

Magnitude (escala Richter) Efeitos do terremoto

menor que 2,0 Microterremoto, não sentido na superfície.

3,0 Sentido por algumas pessoas.

4,0 Louças chacoalham, algumas podem quebrar.

5,0 Sentido por todos, muitas janelas podem se quebrar.

6,0Queda de chaminés, grandes danos a construções pouco rígidas.

7,0População em pânico, pontes e estruturas de alvenaria destruídas.

8,0Grandes danos a pontes e represas, trilhos de trem entortam.

9,0 ou maiorDestruição quase completa, o chão se move em ondas, objetos atirados ao ar.

Fonte de pesquisa: Universidade Southern Utah. Disponível em: <http://www.suu.edu/faculty/col-berg/Hazards/Earthquakes/Earthquake_SG.html>. Acesso em: 9 mar. 2012.

Como você vê, alguns tremores de terra são muito fracos, de modo que não são percebidos na superfície, sendo registrados apenas por sismógrafos. Estima-se que ocorram milhares desses tremores todos os anos. Já os terremotos fortes, de magnitude maior do que 8,0 na escala Richter, ocorrem cerca de uma vez por ano em algum ponto do planeta.

Maremotos ou tsunamisQuando um terremoto de grande magnitude ocorre sob o leito oceâ-

nico, uma grande massa de água pode se dirigir aos continentes, alagan-do cidades inteiras e provocando destruição em massa. Esse fenômeno é conhecido como tsunami, ou maremoto, e afeta vários países costeiros, como o Japão e a Tailândia. A população desses países é instruída a fugir para regiões altas assim que soar o alarme de tsunami, disparado pelas estações sísmicas.

Em 11 de março de 2011, um terremoto de magnitude 9 na escala Richter ocorreu a 70 quilômetros da costa do Japão, produzindo um tsunami que devastou várias cidades e matou milhares de pessoas. A quantidade de vítimas só não foi maior por causa do sistema de alerta a terremotos.

O epicentro de um terremoto pode estar um quilômetro abaixo do solo?

Sinal de alerta de tsunami.

Paul

a R

adi/I

D/B

R

UVC6_LA_E12_C03_044A065.indd 61 6/25/12 7:17 PM

62

vulcõesVulcões são aberturas na crosta terrestre, muitas vezes na forma

de crateras, pelas quais uma parte do material de regiões internas da Terra pode vir à superfície, em um fenômeno chamado de erupção vulcânica.

Nas camadas mais profundas da crosta e nas camadas mais ex-ternas do manto, há um material denominado magma – um conjun-to de rochas sólidas e derretidas, cristais e gases. Em uma erupção, esse material é expelido para a superfície e, então, passa a receber o nome de lava. Além da lava, os vulcões expelem também muitas cin-zas, poeira e gases, às vezes em forma de jatos que alcançam muitos quilômetros de altura.

O esquema ilustra o interior de um tipo

de vulcão. O magma presente em uma câmara abaixo do

solo, a altas tempe-raturas e pressão,

é expelido por uma chaminé, que o leva

a sair pela cratera. Às vezes, magma e gases são expe-lidos também por

chaminés vizinhas, menores.

Luis

Mou

ra/ID

/BR

chaminé

cratera

lava

chaminé secundária

magma

Há milhares de vulcões no planeta. Alguns entram em erupção com regularidade e são popularmente conhecidos como vulcões ativos. Outros já entraram em erupção no passado, mas estão em repouso há algum tempo – são chamados de vulcões dormentes. Finalmente, os vulcões que não entram em erupção há muitos séculos são deno-minados extintos.

Arqueólogo: cientista que estuda civilizações antigas por meio de escavações.Cratera: cavidade afunilada na superfície da Terra, da Lua ou de outro astro.d.C.: sigla para “depois de Cristo”, isto é, depois do nasci-mento de Jesus Cristo, evento que marca o início da conta-gem dos anos no calendário ocidental, adotado pela maio-ria dos países do mundo.

Conexões

PompeiaEm 79 d.C., a cidade

romana de Pompeia (na atual Itália) foi com-pletamente arrasada pela erupção do vulcão do monte Vesúvio. A erupção durou dois dias e enterrou a cidade sob uma camada de cerca de 5 metros de cinzas, de modo que só foi redes-coberta em 1749. A loca-lidade, perto de Nápoles, é hoje atração turística, pois algumas constru-ções foram preservadas sob camadas de lama e cinzas. Ao escavar o local, os arqueólogos encontraram cavidades sob o solo, onde havia esqueletos. Preenchendo as cavidades cuidado-samente com gesso, foi possível obter estátuas correspondentes aos habitantes de Pompeia. Todas essas descobertas trouxeram aos historia-dores mais informações sobre a vida naquela época.

Patr

ick

Land

man

n/S

PL/

Latin

stoc

k

Molde do corpo de um cida-dão de Pompeia agachado, tampando o nariz e a boca com as mãos, provavelmen-te por causa das cinzas e gases venenosos expelidos pelo vulcão do monte Vesú-vio. Nápoles, Itália.

Lava expelida, em 2003, pelo vulcão Kilauea, no Havaí – um dos vulcões mais ativos do mundo. A temperatura da lava quando expelida pode chegar a mais de 1 000 °C.

U.S

. Dep

artm

ent

of In

terio

r/U

.S. G

eolo

gica

l Sur

vey

UVC6_LA_E12_C03_044A065.indd 62 6/25/12 7:17 PM

63

60°O90°O120°O150°O150°L120°L90°L 180°

30°S

30°N

60°N

0°Equador

60°S

Trópico de Capricórnio

Trópico de Câncer

Círculo Polar Ártico

CÍ R

CU

L O

D E

FO

GO

ÁSIA

OCEANIA

AMÉRICADO NORTE

AMÉRICADO SUL

0 2455 4910 km

1 cm – 2455 km

OCEANOPACÍFICO

OCEANOATLÂNTICO

OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO

OCEANOÍNDICO

formação dos vulcõesOs vulcões são formados principalmente pelo

movimento de placas litosféricas.No caso em que as placas se chocam, geral-

mente uma entra sob a outra. Nesse movimen-to, parte das placas se funde, gerando magma. O magma em alta temperatura e pressão pode então subir de repente para a superfície.

Se uma das placas for oceânica e a outra con-tinental, normalmente a primeira entra sob a se-gunda. Desse modo costuma surgir uma cadeia de vulcões ao longo da costa. Um exemplo típico são os vulcões na cordilheira dos Andes.

Se as duas placas forem oceânicas, pode formar--se um sistema de ilhas vulcânicas, como o existente no Japão. Já no caso de as duas placas serem con-tinentais, em vez de vulcões, formam-se em geral cadeias montanhosas, como visto anteriormente.

O afastamento das placas pode provocar uma fenda entre elas que permite que o magma venha à superfície. Isso costuma acontecer no oceano Atlântico, que fica sobre a divisa de várias placas litosféricas que estão se afastando. O magma, ao sair do interior da Terra, solidifica-se, e se deposi-ta, formando uma cadeia de montanhas subma-rinas. Em alguns pontos, essas montanhas ficam acima do mar, formando ilhas, como a Islândia.

Assim, pelos motivos descritos anteriormente, é comum que os vulcões se encontrem ao longo das bordas de placas litosféricas.

Representação da formação de vulcões costeiros. Observe que as duas placas se aproximam. A placa oceânica move-se por baixo da placa continental.

Luis

Mou

ra/ID

/BR

Manto inferior

Representação da formação de vulcões e ilhas marinhas. Observe que as duas placas se aproximam. A placa à esquerda move-se por baixo da placa à direita.

Luis

Mou

ra/ID

/BR

Mapa-múndi evidenciando uma região ao longo da costa do oceano Pacífico onde erupções vulcânicas e terremotos são frequentes: é o chamado Círculo de Fogo, que passa pelas margens de várias placas litosféricas.

Fonte de pesquisa: <http://pubs.usgs.gov/gip/dynamic/fire.html>. Acesso em: 22 abr. 2012.

Manto inferior

LitosferaLitosfera

Litosfera

Crosta oceânica

Litosfera

CírCulO dE fOgO

ID/B

R

UVC6_LA_E12_C03_044A065.indd 63 6/25/12 7:17 PM

64

vulcanismo e terremotos no BrasilComo nosso país está situado no meio da placa Sul-americana,

e não nas bordas, estamos fora das regiões de maior incidência de vulcões e terremotos.

vulcanismo Não existe nenhum vulcão ativo no Brasil e não há registros de

nenhuma atividade vulcânica no país nos últimos 80 milhões de anos. Entretanto, nem sempre foi assim. O território nacional já teve vulcões, como atestam as rochas encontradas na região denominada Serra Ge-ral, na divisa entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Esse vulca-nismo ocorreu em um período conhecido como Cretáceo, há muitos milhões de anos, quando a América do Sul se separou da África.

A atividade vulcânica mais recente deu origem a algumas ilhas do litoral brasileiro, como Trindade e Fernando de Noronha. Outras formações vulcânicas ocorreram no passado, no Sudeste do país.

TerremotosApesar de o Brasil estar longe das bordas de placas litosféricas,

tremores fracos são comuns. Costumam ocorrer no nosso país, em média, vinte tremores com magnitude maior do que 3,0 a cada ano, e dois tremores por ano de magnitude superior a 4,0. Muitas vezes, um terremoto intenso na região da cordilheira dos Andes gera ondas sísmicas que chegam até o Brasil. Esse foi o caso de um tremor de terra sentido em Porto Alegre, em 1994: um terremoto na Bolívia, a mais de 2 mil quilômetros de distância, fez lustres balançarem e mó-veis vibrarem na capital gaúcha.

O maior terremoto registrado no Brasil ocorreu em 1955, a 370 km de Cuiabá, e atingiu 6,2 graus na escala Richter. Veja abaixo um mapa com as ocorrências de terremotos no Brasil. Estima-se que deve ocor-rer no país um terremoto de magnitude maior do que 7,0 a cada qui-nhentos anos. Em alguns países andinos, como o Chile, isso ocorre a cada poucos anos.

Que materiais são expelidos em uma erupção vulcânica?

Para saber mais

VulcanismoforadaTerra

O fenômeno do vulca-nismo não ocorre apenas no nosso planeta. Em Marte, por exemplo, há vários vulcões atual-mente extintos, que foram ativos no passado. O planeta Júpiter tem satélite natural chamado Io, no qual há centenas de vulcões ativos.

NA

SA/J

PL/

Uni

vers

ity o

f Ariz

ona

A imagem mostra atividade vulcânica em Io, uma lua de Júpiter (no detalhe). Essa imagem foi obtida pela Sonda espacial Galileo, em 1997.

Vulcõesvulcões

Fonte de pesquisa: <http://www. obsis.unb.br/index.php?option= comcontent&view=article&id= 59&Itemid=71&lang=pt>. Acesso em: 8 mar. 2012.

Equador

OCEANOPACÍFICO

OCEANOATLÂNTICO

Trópico de Capricórnio

30°S

60°O70°O80°O 40°O50°O

10°S

20°S

3,0

Magnitude

4,0

5,0

6,0

7,0

8,0

0 730 1460 km

1 cm – 730 km

RR

AM

RO

AC

PA

AP

PI

CEMA

TO

GO

BA

MG

ES

RJ

RNPB

PE

SE

AL

SP

PR

SC

RS

MS

MT

DF

ID/B

R

PriNCiPais TrEMOrEs dE TErra NO Brasil ENTrE 1811 E 2008

UVC6_LA_E12_C03_044A065.indd 64 6/25/12 7:17 PM

aTividadEs

65

1. O que cadeias montanhosas, vulcões e terremotos têm em comum?

2. Quais são as regiões do planeta mais propensas à ocorrência dos fenômenos geológi-cos descritos na questão anterior? Por quê?

3. As montanhas mudam de lugar? Responda a essa pergunta considerando os seguintes intervalos de tempo.

a) Décadas. b) Milhões de anos.

4. A gravura em madeira mostrada a seguir foi feita pelo artista japonês Katsushika Hokusai (1760-1849) e se chama A grande onda de Kanagawa. Nela, veem-se barcos de pesca no mar agitado e, ao fundo, uma importante montanha do Japão: o monte Fuji. A gravura provavelmente representa uma onda causada pelo vento e não um tsunami.

A grande onda de Kanagawa. Katsushika Hokusai. Xilogravura colorizada a mão, 1831.C

oleç

ão P

artic

ular

. Fot

ogra

fia :

The

Sta

plet

on C

olle

ctio

n/Th

e B

ridge

man

Art

Lib

rary

/Key

ston

e

a) Explique um processo geológico de formação de montanhas.

b) Por que eventos como terremotos e tsunamis são frequentes no Japão?

5. Leia o texto abaixo.

Em 8 de junho de 1994, a cidade de Porto Alegre (RS) foi atingida pelas ondas sísmicas provocadas por um terremoto que ocorreu na Bolívia, a 2 200 km de distância. O abalo, que atingiu 7,8 graus na escala Richter, foi mais forte que aquele ocorrido nos Estados Unidos em janeiro daquele ano, e que, com uma magnitude de 6,6 graus, destruiu diversos bairros de Los Angeles. O terremoto da Bolívia, porém, teve consequências bem menos sérias porque seu hipocentro situou-se a grande profundidade, 600 km abaixo da superfície.

Disponível em: <http://www.cprm.gov.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=1052&sid=129>. Acesso em: 8 out. 2011.

a) Qual a diferença entre hipocentro e epicentro?

b) Pode-se dizer que o terremoto ocorrido na Bolívia foi ao menos dez vezes mais inten-so do que o ocorrido nos Estados Unidos naquele ano? Por quê?

c) Explique a diferença entre a origem de uma onda marinha comum e de um tsunami.

UVC6_LA_E12_C03_044A065.indd 65 6/25/12 7:17 PM