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homens e mulheres como metades -faces da moeda inteira
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1 Criatura de Duas Cabeccedilas
Cara Metade
2 Trabalho Feito pela Metade 3 Completa-mente
4 Casamento da Famiacutelia e Aleacutem 5 Con-soacutecio de Construccedilatildeo
6 Feliz-cidade 7 Espaccedilotempo de Reuniatildeo
Vitoacuteria segunda-feira 16 de junho de 2008 Joseacute Augusto Gava
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Capiacutetulo 1 Criatura de Duas Cabeccedilas
Na realidade a humanidade eacute uma equaccedilatildeo que comeccedila
como frac12 + frac12 = 100 e natildeo 1 + 1 = 2 como o mito biacuteblico de Adatildeo e Eva nos induziu a pensar Natildeo somos homem + mulher e sim um par fundamental feito de um soacute ser com duas cabeccedilas quatro pernas quatro braccedilos e assim por diante com a vantagem enorme de estarmos separados-unidos pela sexualidade da Curva do Sino que a Natureza inventou para a gente
bull bifacial (duas faces) UM DESENHO DO PAR FUNDAMENTAL
bull quadruacutepede (quatro pernas uns satildeo mais que outros)
bull quadruacutemano (quatro matildeos) bull bimental (duas mentes quatro hemisfeacuterios) bull hermafrodita (consegue se reproduzir soacute pois
tem os dois sexos) bull e segue
CURVA DO SINOPAI E DO NANOMAtildeE (a coroa da humanidade tem dois lados que se reuacutenem atraacutes)
homem
uniatildeo
mulher
cara
moeda futura
coroa
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Trono pelo centro reunindo os pares de oposto-complementares
Veja soacute que coisa interessante A coroa natildeo eacute de um soacute eacute de dois eacute do rei e da rainha
que constituem pelo centro a cara-coroa De um lado o homem que natildeo tolera tarefas ciacuteclicas vai agrave
guerra correr riscos do outro a mulher que natildeo suporta conflitos repete os recorrentes que subjugariam os homens ateacute o cansaccedilo
A Natureza laacute nos primoacuterdios separou o ser uacutenico (que lembre-se teria chance muito menor de conflitos internos ateacute porque se fossem destrutivos demais a evoluccedilatildeo nem teria acontecido) em dois mas uniu-os novamente pela sexualidade foi um risco enorme mas tambeacutem foi sabedoria
SEXO (isso eacute bom demais)
O mundo gira em torno do sexo e o sexo gira em torno do mundo
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Sexo natildeo eacute apenas isso que noacutes racionais pensamos eacute muito mais eacute o panorama geral de construccedilatildeo de toda a evoluccedilatildeo que veio dos fundos ateacute hoje que comeccedilou a acontecer laacute para traacutes Como eacute tatildeo fundamental para o nosso futuro a nossa integridade psicoloacutegica e tudo mais deveriacuteamos estar estudando-o obsessivamente desde as algas cianofiacuteceas desde 38 bilhotildees de anos desde o comeccedilo da vida Sexo eacute chance de problemas e de soluccedilotildees eacute ceder seu corpomente para agradar o ldquooutrordquo sexo
Pense que soacute noacutes seres humanos somos 65 bilhotildees de na Terra em vaacuterios graus de sexualizaccedilatildeo do nascer ao morrer em qualquer idade Quem natildeo faz pelo menos tenta lembrar Ocupa uma porccedilatildeo enorme dos nossos dias e das nossas noites e eacute inventado e reinventado todos os dias
Sexo estaacute infinitamente mais em nossas vidas do que futebol ou qualquer outra atividade Na realidade uma grande quantidade de preceitos se volta para impedir ou controlar a excessiva sexualizaccedilatildeo humana ndash haacute uma quantidade incriacutevel de proibiccedilotildees claras ou veladas
SIacuteMBOLO TAMBEacuteM DO SEXO YIN+YANG
Homem Mulher
Com essa roupa de astronauta por cima natildeo daacute para saber se eacute homem ou mulher natildeo estou estimulando nada soacute dizendo que eacute um conjunto que nos levou laacute na Lua e a
tantos lugares da Terra A Natureza plantou dentro de cada uma a necessidade do
outro e dentro de cada outro a necessidade de uma e disso fez uma geo-histoacuteria beliacutessima E noacutes fomos adiante conjuntamente Em duas metades natildeo eacute uma metade soacute
De que maneira somos duas metades Somos oposto-complementares um precisa da outra eacute
uma combinaccedilatildeo selada por 38 bilhotildees de anos da vida 100 milhotildees de anos dos primatas 10 milhotildees de anos dos hominiacutedeos 200 mil dos neanderthais 80 a 70 mil anos dos cro-magnons nossa espeacutecie De problemas tornados soluccedilotildees Eacute de fato como o siacutembolo do YinYang independentemente de interpretaccedilatildeo oriental dentro de cada lado existe uma imagem do outro que nos guia
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Capiacutetulo 2 Trabalho Feito pela Metade
Mas haacute alguns que natildeo reconhecem isso
MACHISTAS 25
A CURVA DO SINO LEVADA AOS EXTREMISMOS 475 475 FEMINISTAS
25 superafirmaccedilatildeo
dos machos superafirmaccedilatildeo
das fecircmeas Isso porque existem quatro sexos e natildeo dois e daiacute todas
as combinaccedilotildees que vem deles (como estaacute dito no modelo) bull machos bull fecircmeas bull pseudo-machos (veados gays boiolas e todos os
apelidos ofensivos a ofensibilidade natildeo estaacute no nome e sim no desejo de ofender)
bull pseudo-fecircmeas (sapatotildees leacutesbicas e demais enquadramentos)
Machismo leva a homossexualismo masculino (se eacute homossexual como pode ser maacutesculo) e feminismo leva a homossexualismo feminino (idem) Satildeo extremizaccedilotildees supertemperaturas que soacute aparecem em excesso em certas situaccedilotildees que declararemos depois
UMA LISTA IMENSA DE TRABALHOS FEITOS PELA NOSSA OUTRA METAD
E (significa que vocecirc ficou livre disso ficou livre ficou vocecirc teve tempo para vocecirc porque algueacutem que participa de seu projeto de vida livrou-o ou livrou-a de ter de fazer tudo o que significou milhotildees de produtos postos a seu serviccedilo)
Na verdade a lista acima eacute pequena bem pequena Ela poderia ser encomprida ilimitadamente para conter tudo que a humanidade faz pois a soma de tudo eacute feita pela outra metade outra metade em relaccedilatildeo a uma e outra uma em relaccedilatildeo agrave metade
Todas as coisas que existiram existem e existiratildeo (fora o que vem dos natildeo-humanos fungos plantas animais e primatas) vem da outra metade alguma outra metade soma da metade-homem e metade-mulher E se incluirmos cada uma das outras espeacutecies (dizem que satildeo 30 milhotildees) entatildeo eacute tudo mesmo
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Vocecirc pensa que se metade fosse excluiacuteda sempre poderiacuteamos aprender a fazer o que ela faz mas pense em todas as coisas tatildeo difiacuteceis de VOCEcirc fazer se aceitaria fazecirc-las de agora em diante
TODAS AS COISAS QUE VOCEcirc DETESTA FAZER
PENSANDO BEM TODAS MESMO
E em relaccedilatildeo a tudo que a humanidade faz e tudo que as espeacutecies fazem nem haveria forccedila no indiviacuteduo
Olhe para todas as tarefas OLHE MESMO para tudo TUDO MESMO e comece entatildeo a reparar na utilidade de sua outra metade em como seremos (ou poderiacuteamos ser) felizes se nos dedicarmos (ou se nos dedicaacutessemos) mais agrave felicidade e menos a reclamar
homem-hemisfeacuterico
DUAS METADES DE ESFERA FAZEM A VIABILIDADE QUANDO ESFERA
casal-esfeacuterico mulher-hemisfeacuterica
A esfera eacute totalmente estaacutevel
Capiacutetulo 3 Completa-mente
Somos criaturas de duas cabeccedilas quatro braccedilos quatro
pernas e assim por diante tudo duplicado soacute que separado vocecirc natildeo sente TANTA falta - se estaacute soacute - porque o trabalho da outra
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metade estaacute sendo socialmente suprido Natildeo somos 66 bilhotildees (para dar conta certa) somos 33 bilhotildees de pares potenciais
DUAS CABECcedilAS (mas natildeo somos monstros porque as cabeccedilas estatildeo postas em corpos diferentes)
DUAS E QUATRO FACES (embora natildeo reparemos na realidade partes de noacutes estatildeo operando suprindo nossas faltas)
casal
famiacutelia
Pois noacutes natildeo somos mais indiviacuteduos somos grupo Um desses grupos chamado ldquoGrande Vitoacuteriardquo tinha
menos de 300 mil faces em 1971 quando vim morar aqui agora passa de 1400 mil cresceu muito incorporando vaacuterias cidades Existem outros muito maiores
Maiores Cidades do planeta 7 nov 2006
AS MAIORES AGLOMERACcedilOtildeES URBANAS
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OS MAIORES PIBs EM 2020
AS MELHORES CIDADES PARA VIVER
Segue-se uma lista com as melhores cidades do mundo para se viver de acordo com a revista
(cidades satildeo supermaacutequinas e superprogramas superprogramaacutequinas para se viver Le Corbusier natildeo as viu como maacutequinas de morar)
Business Week com relaccedilatildeo agrave qualidade de vida
215 grandes cidades foram avaliadas
Embora ainda nos vejamos como indiviacuteduos esses satildeo
grupos indefectivelmente grupos grupos imensos inimaginaacuteveis Por exemplo a cidade-capital de Satildeo Paulo sozinha tem 104 do PIB brasileiro e a Grande SP tem 2500 km2 de aacuterea ocupada com construccedilotildees
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Embora eu diga ldquominha menterdquo metade dela a minha outra metade estaacute fora muito mais que isso 33 bilhotildees das nossas metades estatildeo amplamente disseminadas em toda longitude latitude altitude Quase natildeo sinto falta quando estou soacute (exceto sexualmente) porque todos esses 3300 milhotildees estatildeo por aiacute trabalhando com afinco para suprir o que natildeo sei fazer em relaccedilatildeo agraves ocupaccedilotildees delas (sem falar dos 33 bilhotildees do nosso lado que fazem tudo que vocecirc e eu natildeo sabemos mas isso eacute outra histoacuteria)
HEMISFEacuteRIAS
AS OUTRAS DUAS METADES
(vocecirc eu vivemos em feacuterias do que faz a outra metade e nem agradecemos isso)
NOSSAS DUAS METADES 12 12 12 12
hemisfeacuterio esquerdo
hemisfeacuterio direito
hemisfeacuterio esquerdo
hemisfeacuterio direito
Como Koestler disse primeiro (dividindo nosso ceacuterebro em reptiliano mamiacutefero e humano) e o modelo colocou de outro modo temos vaacuterios ceacuterebros em cada um de noacutes de fato reparando sermos um-em-dois eacute uma profusatildeo uma quantidade insuspeitada ainda mais porque vamos muito aleacutem do indiviacuteduo
Os paleontoacutelogos os arqueoacutelogos os antropoacutelogos e os geo-historiadores natildeo analisaram e porisso natildeo sintetizaram uma teoria-praacutetica coerente da convivecircncia um-uma e nem do conjunto da humanidade DO PONTO DE VISTA DA FUSAtildeO ou da tentativa constante dela exceto pelo lado do episoacutedico quer dizer de cada tentativa homem-mulher (ou outras) Mas esse vasto mecanismo no tempo e no espaccedilo natildeo foi visto a contento
a) GEO-HISTOacuteRIA DO CASAMENTO
1 casamento dos indiviacuteduos CASAMENTO PESSOAL
2 casamento das famiacutelias 3 casamento dos grupos 4 casamento das empresas (embora as empresas natildeo
prestem atenccedilatildeo se os indiviacuteduos no casamento natildeo satildeo estaacuteveis em todos os sentidos as empresas seratildeo afetadas com grandes danos)
b) 5 mediaccedilatildeo municipal-urbana
CASAMENTO COLETIVO
6 mediaccedilatildeo estadual 7 mediaccedilatildeo nacional 8 mediaccedilatildeo mundial O que quer dizer casamento 1 o que quer dizer ser o homem 2 o que quer dizer ser a mulher
Capiacutetulo 4
Casamento das Famiacutelias e Aleacutem
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UMA AacuteRVORE GENEALOacuteGICA Eacute UMA INDICACcedilAtildeO DE MISCIGENACcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS
O tempo todo em toda parte as pessoas estatildeo
miscigenando misturando indiviacuteduos formando famiacutelias estas grupos estes empresas e assim por diante Como diz o povo em toda parte a todo instante uma ldquoafliccedilatildeo de genterdquo estaacute se misturando sexualmente (homem e mulher) racialmente (negros brancos amarelos vermelhos) por idade (jovens e novos) por origem por classe social e segue
Onde fica a individualidade nisso tudo Essa individualidade QUE NAtildeO SE MISTURA eacute um defeito de visatildeo de nossas mentes racionais segregadoras Eacute verdade que somos indiviacuteduos poreacutem eacute verdade tambeacutem que natildeo somos
Primeiro haacute o aleacutem-de-mim que satildeo os ambientes e as pessoas natildeo-eu Depois temos TODAS AS MISTURAS de natildeo-eu (sexo raccedila idade origem classe e segue) de que dependo A seguir todo o saber natildeo-eu todas as memoacuterias e inteligecircncias que o mundo produz
Enfim o natildeo-eu eacute uma amplidatildeo para o passado e o futuro no presente abrindo-se em 200 naccedilotildees 4000 estados e o resto todo Em resumo natildeo-eu em relaccedilatildeo a eu eacute tanto mais aleacutem de mim que quase desapareccedilo
Sou metade com minha metade e soacute nesse par sou um embora metade 05 + 05 = 10 = casamento aleacutem desse par-de-
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defesa quer dizer aleacutem do casamento monogacircmico estatildeo as inumeraacuteveis facetas do mundo as complexidades ilimitadas que natildeo posso resolver
Entatildeo Natureza-Deus quebrou-nos em duas partes que devem voltar a se unir para produzir a necessidade de uniatildeo em famiacutelias e aleacutem para criar as sociedades
Capiacutetulo 5 Con-soacutecio de Construccedilatildeo
Entatildeo noacutes temos vaacuterios tipos de sociedades a) dentro de noacutes vieram nos montando todas as
sociedades que deram no indiviacuteduo por exemplo sociedade dos oacutergatildeos
b) a seguir nos unimos em famiacutelias com ou sem filhos (no meu caso tive dois grandes amigos)
c) e aiacute segue todos aqueles niacuteveis pessoais e ambientais De fato a vida eacute uma sociedade tremenda
i sociedades vitais (fungos plantas animais e primatas)
ii sociedades psicoloacutegicas (pessoas e ambientes)
Cada sociedade dessas abre-se em multiacuteplices camadas de complexidades complexidades quase indescritiacuteveis que os estudiosos penam para descrever apenas no niacutevel bioloacutegico-p2 No niacutevel psicoloacutegico-p3 claro eacute muito mais difiacutecil chega a ser impossiacutevel pois estamos dentro Natildeo existe nenhum SUPERMUNDO que esteja de fora olhando o mundo somos noacutes as mesmas cabeccedilas individuais que ousam pensar a totalidade dividindo-a e subdividindo-a em numerosas fraccedilotildees trataacuteveis
NOacuteS NOS SENTIMOS ESMAGADOS PELA CRESCENTE COMPLEXIDADE (eacute preciso comeccedilar urgentemente o processo de re-uniatildeo)
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Quanto mais tentamos alisar
mais o cabelo embola
Uma galaacutexia de dados e nem haacute um centro
gravitacional O meacutetodo cientiacutefico redutor eacute muito bom produziu a
maioria das coisas que vemos e grande parte de nossas liberdades (e prisotildees) atuais Contudo tambeacutem foi ruim porque o redutor (e ampliador) levou ao reducionismo a superafirmaccedilatildeo da reduccedilatildeo Jaacute que funcionava tatildeo bem as pessoas natildeo se preocuparam com um meacutetodo cientiacutefico ampliador
Em particular a Ciecircncia geral natildeo ajudou a colar homem e mulher despedaccedilados nem as famiacutelias nem os grupos nem mesmo coisa alguma na verdade ajudou a rebentar Natildeo fez de noacutes felizes criaturas re-unidas fez de noacutes consumidores seres infelizes superconsumindo e mesmo assim incapazes de chegar agrave felicidade ainda que livres para procuraacute-la
A re-uniatildeo deve comeccedilar pela re-uniatildeo do par fundamental Re-construir a famiacutelia eacute fundamental
Capiacutetulo 6 Feliz-Cidade
Se a cidade eacute apesar de tudo feliz se eacute feliz-cidade eacute
porque o trabalho eacute muito dividido e enquanto estou de feacuterias deitado na rede por toda parte milhotildees estatildeo se azafamando trabalhando continuamente com afinco se tiro um mecircs de feacuterias nem um dia de mim vai trabalhar ndash por 30 dias eu falto ao trabalho sem que o trabalho falte a mim
Minha casa continua comendo bebendo e fazendo todas as competentes graccedilas que nos datildeo E por toda parte milhotildees operam com vigor quando estou dormindo Se algueacutem entra em coma natildeo acorda num mundo destruiacutedo na sua ausecircncia todos continuaram a trabalhar diligentemente
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O FORMIGUEIRO CONTINUA DIA E NOITE
Eu formiguinha formiguinha vocecirc VIDA DE FORMIGA Z NO FORMIGUEIRO Z (Woody Allen interpreta o filho quinto-milhatildeo Z pois existe todo um abecedaacuterio de formigas e formigueiros com iacutendices e sub-iacutendices)
A formiga Z se apaixona pela princesa Bala e termina enfrentando os desafios do mundo exterior e o impiedoso General Mandiacutebula Com vozes de Woody Allen Sharon Stone Jennifer Lopez Gene Hackman e Sylvester
Stallone
Ficha Teacutecnica Elenco
Sinopse Criacuteticas
Pocircsters
Imagens Trailers
Premiaccedilotildees Curiosidades
Ficha Teacutecnica
Tiacutetulo Original AntZ Gecircnero Animaccedilatildeo Computadorizada Tempo de Duraccedilatildeo 82 minutos Ano de Lanccedilamento (EUA) 1998
Site Oficial wwwpepsicomantz Estuacutedio DreamWorks SKG Pacific Data Images
Distribuiccedilatildeo DreamWorks Distribution LLC UIP Direccedilatildeo Eric Darnell e Tim Johnson
Roteiro Todd Alcott Chris Weitz e Paul Weitz Produccedilatildeo Brad Lewis Aron Warner e Patty Wooton Muacutesica Harry Gregson-Williams e John Powell
Desenho de Produccedilatildeo John Bell
Direccedilatildeo de Arte Kendall Crockhite Ediccedilatildeo Stan Webb
Efeitos Especiais Pacific Data Images Elenco (Vzes)
Woody Allen (Z) Sharon Stone (Princesa Bala)
Gene Hackman (General Mandiacutebula) Jennifer Lopez (Azteca) Danny Glover (Barbatus)
Sylvester Stallone (Weaver)
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Christopher Walken (Coronel Cutter) Dan Akroyd (Chip)
Anne Bancroft (Rainha) Jane Curtin (Muffy)
Paul Mazursky (Psicoacutelogo)
Sinopse A formiguinha Z eacute apenas um operaacuterio que sonha roubar o coraccedilatildeo da princesa Bala Para isso convence seu amigo
soldado a trocar de lugar com ele o que faz com que tenha que enfrentar o impiedoso General Mandiacutebula que planeja
uma grande ofensiva contra o formigueiro
A formiguinha tendo ao fundo o
formigueiro
Um dos formigueiros sem que se veja
uma soacute formiguinha Isto eacute a Terra o terraacuterio-aquaacuterio da humanidade a gaiola
redonda dos loucos de pedra Somos 66 bilhotildees de formigas dentro deste formigueiro-mundo
E NOacuteS AINDA PARTILHAMOS A TERRAARAacuteGUA (aqui as aves)
Em resumo embora nos vejamos como indiviacuteduos na
verdade somos um CORRELATIVO DE EMPREENDIMENTOS em furiosa mutaccedilatildeo tempespacial
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Capiacutetulo 7 Espaccedilotempo de Reuniatildeo
Pois entatildeo eacute hora de re-unir a humanidade de fazer
cessar o pecado original divisor RE-FAZENDO famiacutelia natildeo mais ilha Famiacutelias de todos os tipos com todas as uniotildees todas as misturas
Eacute preciso eacute fundamental que os governos de todo o
mundo invistam maciccedilamente na reuniatildeo dos pares fundamentais nos casamentos no estudo das uniotildees estaacuteveis na restauraccedilatildeo no contorno natildeo-forccedilado dos divoacutercios e separaccedilotildees digamos com um periacuteodo de experiecircncia antes da consagraccedilatildeo do casamento uniotildees-em-experiecircncia
A gestaccedilatildeo da nova famiacutelia deve ser o mote deste seacuteculo XXI todo e do futuro
Vitoacuteria quinta-feira 12 de marccedilo de 2009 Joseacute Augusto Gava
Anexos Capiacutetulo 5
O MEacuteTODO CIENTIacuteFICO REDUTOR (logo de cara esse quebrar em partes rompe os viacutenculos da totalidade da funcionabilidade total)
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II2 Caracteriacutesticas do meacutetodo cientiacutefico O meacutetodo dedutivo o meacutetodo indutivo e o meacutetodo
hipoteacutetico-dedutivo satildeo os trecircs meacutetodos cientiacuteficos a que se refere a denominaccedilatildeo geneacutetica de meacutetodo cientiacutefico A primeira caracteriacutestica do meacutetodo cientiacutefico eacute a sua
natureza convencional a de servir de marco de geraccedilatildeo do conhecimento objetivo Por isso existem muacuteltiplas caracteriacutesticas em funccedilatildeo da perspectiva com que se
classifiquem se estudem e inclusivamente se denominem A primeira que me chama a atenccedilatildeo eacute o fato de que os dois primeiros tecircm um nome difiacutecil de distinguir visto que no acircmbito linguumliacutestico podem representar um soacute conceito com
duas manifestaccedilotildees raciociacutenio numa direccedilatildeo ou na contraacuteria do geral para o particular ou vice-versa
O problema logicamente deriva da dificuldade conceptual de separar um meacutetodo cientiacutefico de outro de uma forma clara evidentemente os termos escolhidos natildeo ajudam a
reter na memoacuteria estes dois conceitos de meacutetodo cientiacutefico Tambeacutem natildeo ajuda muito a denominaccedilatildeo do
terceiro meacutetodo cientiacutefico Uma caracteriacutestica de ambos meacutetodos eacute que podem ir do
geral para o particular ou vice-versa num sentido ou no inverso Ambos utilizam a loacutegica e chegam a uma conclusatildeo
Em uacuteltima instacircncia sempre tecircm elementos filosoacuteficos subjacentes
Ambos costumam ser susceptiacuteveis de verificaccedilatildeo empiacuterica Ainda que o meacutetodo dedutivo seja mais proacuteprio das ciecircncias formais e o indutivo das ciecircncias empiacutericas nada impede a aplicaccedilatildeo indistinta de um meacutetodo cientiacutefico ou outro a
uma teoria concreta Para mim sem pretender entrar em polecircmica neste tema a diferenccedila fundamental entre o meacutetodo dedutivo e o meacutetodo indutivo eacute que o primeiro aspira a demonstrar mediante a loacutegica pura a conclusatildeo na sua totalidade a partir de
umas premissas de maneira que se garante a veracidade das conclusotildees se natildeo se invalida a loacutegica aplicada Trata-se do modelo axiomaacutetico proposto por Aristoacuteteles como meacutetodo
cientiacutefico ideal Pelo contraacuterio o meacutetodo indutivo cria leis a partir da
observaccedilatildeo dos fatos mediante a generalizaccedilatildeo do comportamento observado na realidade o que realiza eacute uma espeacutecie de generalizaccedilatildeo sem que atraveacutes da loacutegica possa conseguir uma demonstraccedilatildeo das citadas leis ou conjunto de
conclusotildees As referidas conclusotildees poderiam ser falsas e ao mesmo tempo a aplicaccedilatildeo parcial efetuada da loacutegica poderia manter a sua validade por isso o meacutetodo indutivo necessita de uma condiccedilatildeo adicional a sua aplicaccedilatildeo
considera-se vaacutelida enquanto natildeo se encontrar nenhum caso que natildeo cumpra o modelo proposto
O meacutetodo hipoteacutetico-dedutivo ou de verificaccedilatildeo de hipoacuteteses natildeo coloca em princiacutepio nenhum problema visto
que a sua validade depende dos resultados da proacutepria verificaccedilatildeo
Este meacutetodo cientiacutefico costuma utilizar-se para melhorar ou precisas teorias preacutevias em funccedilatildeo de novos
conhecimentos nas quais a complexidade do modelo natildeo permite formulaccedilotildees loacutegicas Portanto tem um caraacuteter
predominantemente intuitivo e necessita natildeo soacute para ser rejeitado mas tambeacutem para impor a sua validade a
verificaccedilatildeo das suas conclusotildees
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Poderia propor-se para estas trecircs variantes do meacutetodo cientiacutefico a denominaccedilatildeo de meacutetodo dedutivo meacutetodo
intuitivo e meacutetodo experimental ou meacutetodo de verificaccedilatildeo ou qualquer conjunto de palavras que faccedilam referecircncia agraves suas diferenccedilas fundamentais e natildeo coloquem problemas agrave memoacuteria linguumliacutestica Natildeo obstante nesta exposiccedilatildeo
manterei a nomenclatura geralmente utilizada A Teoria Geral da Evoluccedilatildeo Condicionada da Vida seria em
princiacutepio uma teoria baseada no meacutetodo hipoteacutetico-dedutivo ou meacutetodo de verificaccedilatildeo de hipoacuteteses
A teoria de Darwin pelo contraacuterio estaria enquadrada no meacutetodo indutivo mas que apesar de encontrar exemplos contraacuterios natildeo se invalida adeacutequa-se para encaixar
qualquer triacircngulo Porque seraacute
Como se disse anteriormente toda a teoria deve ser resistente agrave sua refutaccedilatildeo contudo uma teoria que natildeo pode ser refutada por nenhum fato concebiacutevel natildeo eacute
cientiacutefica A impossibilidade de refutaccedilatildeo de uma teoria cientiacutefica natildeo eacute uma virtude mas sim um viacutecio
TEORIA SOBRE O MEacuteTODO CIENTIacuteFICO EM BUSCA DE UM MODELO UNIFICANTE PARA AS CIEcircNCIAS
E DE UM RETORNO Agrave UNIVERSIDADE CRIATIVA I -- INTRODUCcedilAtildeO
Alberto Mesquita Filho Comeccedilo regra geral as minhas liccedilotildees sobre Meacutetodo
Cientiacutefico dizendo aos meus alunos que o meacutetodo cientiacutefico natildeo existe Acrescento que tenho obrigaccedilatildeo de saber isso tendo eu sido durante algum tempo pelo menos o uacutenico professor desse inexistente assunto em toda a Comunidade
Britacircnica
Tendo entatildeo explicado aos meus alunos que natildeo haacute essa coisa que seria o meacutetodo cientiacutefico apresso-me a comeccedilar o meu discurso e ficamos ocupadiacutessimos Pois um ano mal chega para roccedilar a superfiacutecie mesmo de um assunto
inexistente Karl R Popper [1]
Resumo Este artigo eacute o primeiro de uma seacuterie de artigos relacionados agrave metodologia cientiacutefica e cuja temaacutetica foi dividida em cinco toacutepicos principais Corresponde a uma
versatildeo atualizada de consideraccedilotildees expressas pelo autor a partir de 1983 em livros artigos e conferecircncias citados no texto colaborou para esta atualizaccedilatildeo a experiecircncia adquirida pelo autor no processo de remodelaccedilatildeo da Proacute-Reitoria Comunitaacuteria da USJT (1992-1993) bem como aquela adquirida junto aos demais membros da equipe criada pelos Conselhos Superiores da USJT (1994) --expandida em 1995--
com a finalidade de implantar o Centro de Pesquisa da USJT Os conceitos foram axiomatizados de forma a darem
corpo a uma nova teoria sobre o meacutetodo cientiacutefico permitindo mesmo a constataccedilatildeo de possiacuteveis aplicaccedilotildees dentro de um contexto abrangente tais como 1) a teoria
fornece os meios necessaacuterios para que se promova a integraccedilatildeo das ciecircncias e 2) propicia a sustentaccedilatildeo de um projeto visando a caracterizar a universidade como o local apropriado para a formaccedilatildeo de cientistas Os cinco
toacutepicos a serem abordados satildeo pela ordem I - Introduccedilatildeo na qual eacute proposta a regra delimitante da ciecircncia II - O macromeacutetodo cientiacutefico e a Histoacuteria da Ciecircncia III - O
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papel da universidade na produccedilatildeo de conhecimentos IV - O meacutetodo cientiacutefico propriamente dito a) A teoria da
praacutetica em ciecircncia b) A praacutetica da teorizaccedilatildeo cientiacutefica V - O micromeacutetodo cientiacutefico e a Filosofia da Ciecircncia Os demais toacutepicos estatildeo em fase de projeto natildeo havendo portanto previsatildeo quanto agrave eacutepoca de publicaccedilatildeo []
1 Colocaccedilatildeo do problema Meacutetodo entre outras coisas significa caminho para chegar
a um fim ou pelo qual se atinge um objetivo Que dizer entatildeo do meacutetodo cientiacutefico [2] Poderia dizer que eacute o caminho trilhado pelo cientista quando em busca de verdades cientiacuteficas
Afirma-se com grande frequumlecircncia que o cientista eacute aquele que se utiliza do meacutetodo cientiacutefico Os que aceitam esta
Percebam que estou meramente jogando com as palavras e associando-as ao conceito de
meacutetodo acima postulado Quais satildeo as verdades cientiacuteficas O que eacute ser cientista O que eacute ciecircncia Existe uma ciecircncia uacutenica Quando nos reportamos a uma hipoteacutetica linha demarcatoacuteria a separar o que julgamos
ser uma verdade cientiacutefica de outras possiacuteveis verdades a que nos estamos referindo
verdade --e haacute muitos que o fazem-- devem procurar uma conceituaccedilatildeo para meacutetodo cientiacutefico diferente da exposta no paraacutegrafo anterior sob pena de andarem em ciacuterculo Ou definimos cientista a partir da definiccedilatildeo de meacutetodo frac34algo tentado por Popper ao propor o falsificacionismo [3]frac34 ou definimos meacutetodo a partir da definiccedilatildeo de cientista do contraacuterio natildeo chegamos a nada Conservarei a ideacuteia de meacutetodo cientiacutefico como caminho trilhado pelo cientista
2 O que eacute ciecircncia
com o que estou assumindo o risco de ter que definir ciecircncia eou cientista Eacute o que tentarei fazer nesta
introduccedilatildeo
Natildeo eacute faacutecil definir ciecircncia e satildeo inuacutemeros os tratados sobre o assunto a abordarem esta dificuldade Ao leitor
principiante em ciecircncia e que queira penetrar na complexidade do tema ou entatildeo perceber a quantas anda nossa ignoracircncia a respeito sugiro se tiver pendores
filosoacuteficos que comece pelo livro de Chalmers (1976) [4] ou entatildeo se preferir algo mais ameno e mais voltado agrave
praacutetica cientiacutefica pelo livro de Beveridge (1980) [5] Ao leitor acomodado e que natildeo tenha amplo conhecimento do
assunto ou mesmo para aquele que pretenda prosseguir com esta leitura ciente de que eacute possiacutevel pelo menos em niacutevel conjetural enfrentar o desafio apontado relatarei aqui a
conclusatildeo de um ensaio que sintetiza uma ideacuteia que me ocorreu haacute cerca de dez anos [6] e que apresentei na
sessatildeo de debates da mesa redonda A Pesquisa na Universidade Particular ocorrida por ocasiatildeo da IV Semana de Psicologia da USJT (1994) com as seguintes palavras Vejo a ciecircncia como a aacuterea do conhecimento que se apoacuteia natildeo num meacutetodo mas sim na regra da repetitividade a que
eu tenho chamado de regra cientiacutefica fundamental Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que
pesquisado se repetiu eacute de se admitir que em futuras verificaccedilotildees o mesmo suceda [7]
A regra cientiacutefica fundamental conquanto aceita intuitivamente por todos os cientistas ocupa entre os mesmos e ateacute entre os filoacutesofos da ciecircncia um papel
secundaacuterio quando natildeo totalmente ignorada Via de regra considera-se a ciecircncia como que apoiada em regras outras
19
como por exemplo o princiacutepio da causalidade de Kant a regra metodoloacutegica de Popper que se associa a seu meacutetodo
dedutivo de prova o princiacutepio ou argumento indutivista e as regras ou criteacuterios de utilidade Como posiccedilotildees
extremas e apoiadas em regras mais riacutegidas podemos citar a visatildeo paradigmaacutetica de Thomas Kuhn a defender o
dogmatismo cientiacutefico o ponto de vista de Chalmers a questionar a argumentaccedilatildeo filosoacutefica no que diz respeito agrave delimitaccedilatildeo da ciecircncia e a visatildeo anarquista de Feyerabend
a se opor frontalmente ao racionalismo em ciecircncia A fim de ilustrar o comentado no paraacutegrafo anterior
vejamos como Thomas Kuhn (1962) --defensor de uma posiccedilatildeo cientiacutefico-filosoacutefica incompatiacutevel com a que aqui pretendo apresentar-- retrata a importacircncia da repetitividade dos eventos como algo a semear o surgimento de novas ideacuteias Existem em princiacutepio somente trecircs tipos de fenocircmenos a propoacutesito dos quais pode ser desenvolvida uma nova teoria O primeiro tipo compreende os fenocircmenos jaacute bem explicados
pelos paradigmas existentes Tais fenocircmenos raramente fornecem motivos ou um ponto de partida para a construccedilatildeo de uma teoria Quando o fazem as teorias resultantes raramente satildeo aceitas visto que a natureza natildeo proporciona nenhuma base para uma discriminaccedilatildeo entre as alternativas Uma segunda classe de fenocircmenos compreende aqueles cuja
natureza eacute indicada pelos paradigmas existentes mas cujos detalhes somente podem ser entendidos apoacutes uma maior
articulaccedilatildeo da teoria Os cientistas dirigem a maior parte de sua pesquisa a esses fenocircmenos mas tal pesquisa visa antes agrave articulaccedilatildeo dos paradigmas existentes do que agrave invenccedilatildeo de novos Somente quando esses esforccedilos de articulaccedilatildeo fracassam eacute que os cientistas encontram o
terceiro tipo de fenocircmeno as anomalias reconhecidas cujo traccedilo caracteriacutestico eacute a sua recusa obstinada a serem
assimiladas aos paradigmas existentes Apenas esse uacuteltimo tipo de fenocircmeno faz surgir novas teorias [8]
Ora se um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se recusou obstinadamente a ser assimilado aos paradigmas
existentes e se esta recusa eacute quem orienta a caracterizaccedilatildeo de novas teorias e mais se a ciecircncia eacute fundamentalmente o conjunto das ideacuteias e teorias geradas pela mente humana bem como a aplicaccedilatildeo pelo homem dessas ideacuteias e teorias em busca de um relacionamento sadio com a natureza e com os seus semelhantes podemos sossegadamente
concluir que ciecircncia eacute o processo pelo qual o homem se relaciona com os fenocircmenos universais que se sujeitam agrave
regra cientiacutefica fundamental 3 O ser cientista
Cientista diz-nos Ferreira (1986) eacute a pessoa que cultiva ou que eacute especialista em alguma ciecircncia ou em ciecircncias
[9] e ciecircncia eacute um processo definido no item anterior Se aceitarmos estas premissas concluiremos que o conhecimento
cientiacutefico eacute aquele factiacutevel de reproduccedilatildeo enquanto o cientista eacute aquele que de alguma forma cultiva esses conhecimentos Eacute importante aqui salientar que muitas
vezes o que se espera reproduzir eacute um dado probabiliacutestico Por exemplo se dissermos que 80 das moleacuteculas de um gaacutes
satildeo do elemento quiacutemico oxigecircnio isto natildeo significa estarmos afirmando ser oxigecircnio esta ou aquela moleacutecula objeto de verificaccedilatildeo experimental o que a regra nos
preconiza eacute que independentemente de qual cientista for tentar reproduzir a medida ou do local escolhido para que
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esta segunda medida seja efetuada observando-se as condiccedilotildees em que a mesma foi realizada anteriormente o
valor obtido concordaraacute com o valor precedente dentro de uma margem de erro tambeacutem estimaacutevel por meacutetodos
experimentais Todos noacutes vez ou outra nos comportamos como cientistas Ser cientista natildeo eacute possuir um roacutetulo mas sim postar-se com uma atitude cientiacutefica por outro lado mesmo aquele que se diz cientista vez ou outra assume atitudes natildeo cientiacuteficas e penetra em terrenos apoiados em regras
proacuteprias ou ateacute mesmo sem regras O roacutetulo eacute frequumlentemente utilizado quando queremos nos referir agraves
pessoas que se utilizam de seus talentos cientiacuteficos como meio de vida seriam entatildeo os cientistas profissionais A filosofia por exemplo eacute um campo de atuaccedilatildeo bem mais
abrangente que aquele ditado pela regra cientiacutefica fundamental Poderiacuteamos dizer que a filosofia comporta a
ciecircncia ainda que esta ideacuteia natildeo agrade a alguns cientistas mas jamais poderiacuteamos dizer e quanto a isso
todos satildeo concordes que a ciecircncia comporta a filosofia O bom cientista utiliza-se da filosofia da mesma forma que a maioria dos indiviacuteduos com sede se utilizam do copo Outras
aacutereas do conhecimento seriam 1) o ocultismo frac34e aqui poderiacuteamos incluir a tiacutetulo de exemplo a alquimia e a astrologia 2) as artes frac34e vale a pena aqui frisar que a arte pode ser encarada cientificamente postura esta que foi frequumlentemente adotada por Leonardo da Vinci [10] e defendida em sua Teoria do Conhecimento 3) a teologia
etc A busca pela verdade que tambeacutem eacute objetivo da grande maioria destas aacutereas natildeo cientiacuteficas segue-se por caminhos nem sempre limitados ou compatiacuteveis com a regra cientiacutefica
fundamental O cultivo da ciecircncia pode se dar atraveacutes da observaccedilatildeo de alguns ou todos dentre seus objetivos nobres quais sejam
1) aquisiccedilatildeo transmissatildeo e aplicaccedilatildeo de conhecimentos cientiacuteficos jaacute sistematizados e 2) produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
de novos conhecimentos Visto sob este acircngulo satildeo cientistas 1) o estudioso eou o professor eou o
profissional bacharel em quaisquer das ciecircncias 2) o tecnoacutelogo 3) o pesquisador em aacutereas cientiacuteficas 4) o
teorizador em ciecircncias 5) e o autor de artigos cientiacuteficos relatando ideacuteias proacuteprias eou revisotildees bibliograacuteficas Sob um ponto de vista mais rigoroso o cientista seria apenas aquele capaz de dominar as teacutecnicas inerentes a todos os
objetivos nobres acima apontados Nem tanto ao ceacuteu nem tanto agrave terra Percebam que jaacute
conceituamos ciecircncia e jaacute conseguimos ir aleacutem a ponto de fornecer dados para que se analise o comportamento daqueles
que trabalham em ciecircncia Observado este comportamento poderiacuteamos assumir como cientistas aqueles que realmente contribuem para o progresso das ciecircncias Adotarei esta
postura mas gostaria de esclarecer conforme seraacute comentado oportunamente que a noccedilatildeo de progresso aqui defendida eacute um pouco mais abrangente do que aquela
preconizada pelos pensadores iluministas [11] que tanto influenciaram os positivistas Aceita esta premissa frac34a de que cientistas satildeo somente aqueles que real e diretamente [12] contribuem para o progresso das ciecircnciasfrac34 suponha que consigamos caracterizar os cientistas assim definidos como aqueles que ao contribuir para o progresso das
ciecircncias se utilizam de um meacutetodo comum a que chamaremos
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meacutetodo cientiacutefico Poderemos entatildeo afirmar e natildeo se trata aqui da busca por uma definiccedilatildeo que o cientista eacute aquele que se utiliza do meacutetodo cientiacutefico o raciociacutenio ciacuteclico da forma como foi agora utilizado estaacute livre de consequumlecircncias funestas Notem com o auxiacutelio da figura 1 a sintetizar as ideacuteias principais aqui focalizadas que do ponto de vista conceitual natildeo estamos andando em ciacuterculo
REGRA CIENTIacuteFICA FUNDAMENTAL
Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu eacute de se admitir que em futuras
verificaccedilotildees o mesmo suceda
DEFINICcedilAtildeO DE CIEcircNCIA
Ciecircncia eacute o processo pelo qual o homem se relaciona com os fenocircmenos universais que se sujeitam agrave regra cientiacutefica
fundamental
OBSERVACcedilAtildeO DO COMPORTAMENTO DOS QUE TRABALHAM EM CIEcircNCIA
VERIFICACcedilAtildeO DE QUE ALGUNS CONTRIBUEM PARA O PROGRESSO DAS CIEcircNCIAS
Cientista eacute todo ser racional que contribui diretamente para o progresso das ciecircncias
CONSTATACcedilAtildeO DE QUE ESTES SE UTILIZAM DE UM MEacuteTODO COMUM
Figura 1 - Para explicaccedilatildeo vide texto Resta-nos entatildeo para que a ideacuteia ganhe em consistecircncia comprovar a existecircncia de um uacutenico meacutetodo cientiacutefico e
isto natildeo parece ser uma tarefa faacutecil Antes de enfrentarmos esta dificuldade vamos verificar como as ideacuteias aqui apresentadas se conformam a conceitos classicamente
adotados como modelos de meacutetodo cientiacutefico
[] Muitos dentre esses toacutepicos satildeo apresentados em um contexto diverso em
Referecircncias
Ensaios sobre a Filosofia da Ciecircncia ou entatildeo em outros artigos expostos acima na
seccedilatildeo Temas relacionados [1] POPPER K R 1956 Acerca da inexistecircncia do meacutetodo
cientiacutefico in Prefaacutecio da ediccedilatildeo de 1956 do livro O realismo e o objetivo da ciecircncia
[2] FERREIRA A B H 1986
Publicaccedilotildees Dom Quixote (traduccedilatildeo) Lisboa 1987 Este prefaacutecio foi lido num
encontro dos Fellows of Center for Advanced Study in the Behavioral Sciences em Stanford Califoacuternia em novembro
de 1956 Novo dicionaacuterio da liacutengua
portuguesa[3] POPPER K R (1959)
Ed Nova Fronteira Rio de Janeiro p 1128 A loacutegica da pesquisa
cientiacutefica Ed Cultrix (traduccedilatildeo 1975) Satildeo Paulo
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[4] CHALMERS A F 1976 (traduccedilatildeo 1993) O que eacute ciecircncia afinal[5] BEVERIDGE W I B 1980
Ed Brasiliense Satildeo Paulo 225 p Sementes da descoberta
cientiacutefica[6] MESQUITA Fdeg A 1987
Edusp (traduccedilatildeo) Satildeo Paulo Confesso que blefei --
Fiacutesica antiga vs moderna
[7] Perguntas e Debates 1995 item V
editado pela USJT (na eacutepoca Faculdades Satildeo Judas Tadeu) Satildeo Paulo capiacutetulo 13 A
Ciecircncia Existe p 92-8 Sobre Pesquisa e
Filosofia da Ciecircncia p 75 in EspecialIntegraccedilatildeo A pesquisa na universidade particular Integraccedilatildeo
[8] KUHN T S 1962 (traduccedilatildeo 1975)
I(1)51-75 1995 Este ensaio foi tambeacutem apresentado e discutido em palestra (natildeo publicada) que ministrei por ocasiatildeo da
Semana de Filosofia da USJT de 1994 A estrutura das
revoluccedilotildees cientiacuteficas Ed Perspectiva Satildeo Paulo 257 pp capiacutetulo 8 A natureza e a necessidade das revoluccedilotildees
cientiacuteficas[9] FERREIRA 1986 Idem p 404
p 131 [Os grifos satildeo meus]
[10] Leonardo da Vinci in The New Encyclopaedia Britannica Vol 22 (Macropaedia) Enc Brit Inc
Chicago 1993 p 946 (Leonardo as artist-scientist[11] SANTOS G T
) Os caminhos do pensamento cientiacutefico a
partir do Iluminismo Integraccedilatildeo I(5)131-6 1996 conferecircncia proferida por ocasiatildeo da Semana de Filosofia da USJT de 1995 Na sessatildeo de debates Santos dentre outras consideraccedilotildees interessantes a respeito faz a
seguinte observaccedilatildeo O progresso como vai ser definido no Iluminismo eacute uma noccedilatildeo de abandono passa pelo abandono necessaacuterio de coisas que ficaram ou que deveratildeo ficar no
passado[12] O termo diretamente aqui empregado eacute essencial a natildeo ser levado em conta corremos o risco de considerar
como cientistas dentre outros os mecenas que no passado contribuiacuteram de maneira indireta para o progresso
das ciecircncias
O argumento indutivista Uma criacutetica imparcial conquanto demolidora ao
indutivismo eacute apresentada por Chalmers nos trecircs primeiros capiacutetulos de seu livro [13] Veremos aqui apenas alguns toacutepicos interessantes do ponto de vista epistemoloacutegico
eou necessaacuterios para um melhor entendimento da teoria ora sendo apresentada
Um sumaacuterio completo do argumento indutivista da ciecircncia estaacute esquematizado na figura 2 adaptada de Chalmers [14]
Chama a atenccedilatildeo a omissatildeo da deduccedilatildeo de hipoacuteteses o indutivista admite ser possiacutevel partir da observaccedilatildeo e chegar a leis apelando exclusivamente ao raciociacutenio
indutivo O meacutetodo indutivo baseia-se na crenccedila de que eacute possiacutevel confirmar um enunciado universal (lei) atraveacutes de um certo nuacutemero de observaccedilotildees singulares Via de regra
quando se questiona o indutivista a respeito da omissatildeo da hipoacutetese ele logo repete uma frase de Newton Natildeo faccedilo
hipoacuteteses Obviamente este indutivista ingecircnuo ouviu esta frase sabe que foi proferida por Newton mas demonstra
natildeo saber a que Newton estava se referindo A hipoacutetese a que Newton se refere natildeo eacute a mesma que hoje se conceitua nos tratados de metodologia cientiacutefica ou de estatiacutestica Newton deixou bastante claro em sua obra que natildeo fazia como cientista especulaccedilotildees ou conjecturas infundadas No
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que se refere a hipoacuteteses no contexto em que o termo eacute hoje aceito rariacutessimos foram os cientistas que em sua
fase produtiva as levantaram em nuacutemero tal cuja ordem de grandeza se aproximasse daquela atingida por Newton
O argumento indutivista baseia-se na crenccedila no princiacutepio da induccedilatildeo que dentre outras formas pode ser enunciado como Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno
sempre que pesquisado se repetiu em futuras verificaccedilotildees o mesmo sucederaacute
Figura 2 - O argumento indutivista (segundo Chalmers)
[15] Escolhi esta versatildeo para que fique claro o contraste entre o princiacutepio da induccedilatildeo e a regra
cientiacutefica fundamental expliacutecita na figura 1 Trecircs comentaacuterios merecem ser feitos a respeito 1) Conquanto
seja usado como regra metodoloacutegica o princiacutepio da induccedilatildeo natildeo define o nuacutemero de observaccedilotildees singulares a permitir uma generalizaccedilatildeo (obtenccedilatildeo de leis) 2) Esta e outras falhas conceituais inerentes ao argumento indutivista propiciam interpretaccedilotildees ingecircnuas ao princiacutepio conforme
veremos abaixo 3) O princiacutepio sem perder em generalidade no que diz respeito agraves premissas (tem o
mesmo campo de atuaccedilatildeo que a regra cientiacutefica fundamental) e para que possa caracterizar-se como metodoloacutegico e natildeo apenas norteador torna-se mais
restritivo que a regra cientiacutefica fundamental frac34afirma ao inveacutes de suporfrac34 Consequumlentemente os que abraccedilam esta ideologia devem procurar por uma outra definiccedilatildeo de ciecircncia que natildeo a apresentada no item 2 e figura 1 As
consequumlecircncias epistemoloacutegicas daiacute resultantes seratildeo objeto de discussatildeo em itens posteriores
O indutivista ingecircnuo eacute aquele que dentre outras falhas conceituais eou de raciociacutenio consegue provar
cientificamente por exemplo a inexistecircncia de Deus pelo simples fato de Deus natildeo se manifestar a ele tendo em vista que ele natildeo possui uma regra para delimitar a ciecircncia que natildeo seja o princiacutepio da causalidade --natildeo haacute efeito sem causa-- ele tenta inverter o princiacutepio frac34que no caso ficaria natildeo haacute causa sem efeitofrac34 e apelando para o argumento indutivista consegue por meacutetodos cientiacuteficos chegar a conclusotildees natildeo cientiacuteficas frac34no caso teoloacutegicas Mais comum no entanto eacute o erro agora natildeo tatildeo ingecircnuo cometido por alguns indutivistas que conseguem provar cientificamente que todas as maccedilatildes satildeo vermelhas prova esta vaacutelida somente ateacute o dia em que eles se
depararem com maccedilatildes verdes Neste caso a falha decorre da crenccedila num meacutetodo repleto de incoerecircncias internas
5 O argumento dedutivista
24
O argumento dedutivista ainda que natildeo isento de criacuteticas representou sem duacutevida alguma uma evoluccedilatildeo no sentido em que propiciou uma metodologia cientiacutefica dotada de
coerecircncia interna A esse respeito eacute dito com frequumlecircncia que o raciociacutenio dedutivo constitui o
argumento da loacutegica A fim de padronizar comparaccedilotildees apresentarei o argumento
dedutivista como apoiado no seguinte princiacutepio Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa para que seja hipoacutetese deveraacute ser
passiacutevel de verificaccedilatildeo observacional A figura 3 ilustra a proposiccedilatildeo deste argumento
Eacute importante observar que nem toda a afirmaccedilatildeo deduzida seraacute uma hipoacutetese motivo pelo qual natildeo utilizamos o argumento loacutegico se e somente se ao enunciarmos o
princiacutepio
Figura 3 - O argumento dedutivista
[16] Em particular eacute de se ressaltar a opiniatildeo de Severino (1994) a respeito
Eacute preciso natildeo confundir hipoacutetese com pressuposto com evidecircncia preacutevia
Hipoacutetese eacute o que se pretende demonstrar e natildeo o que jaacute se tem
demonstrado [17] A loacutegica dedutiva ao caminhar do geral para o particular
nos garante a formulaccedilatildeo de hipoacuteteses e hipoacutetese comprovada atraveacutes de uma observaccedilatildeo controlada (teste eou experiecircncia) nos permite suspeitar atraveacutes de um raciociacutenio indutivo (do singular para o geral) sua condiccedilatildeo de lei Observem o cuidado na colocaccedilatildeo das palavras Eu disse nos permite suspeitar e natildeo nos
permite garantir Por que esse cuidado A experimentaccedilatildeo natildeo nos garante verdades A esse respeito Popper assim se
referiu Natildeo haacute um meacutetodo para determinar se
uma hipoacutetese eacute lsquoprovaacutevelrsquo ou provavelmente verdadeira [18]
Eacute interessante notar que algumas limitaccedilotildees inerentes ao indutivismo e que propiciam o aparecimento de conclusotildees ingecircnuas satildeo aqui substituiacutedas por uma impossibilidade
Sob esse aspecto o dedutivismo natildeo solucionou o problema mas simplesmente reduziu a possibilidade de que se
cometessem determinados raciociacutenios ingecircnuos Rigorosamente falando o problema natildeo eacute tatildeo insoluacutevel
assim Seraacute insoluacutevel tatildeo-somente para aqueles que julgam estar cientificamente buscando por verdades absolutas A verdade cientiacutefica e soacute o leigo talvez natildeo saiba eacute uma
verdade provisoacuteria tomada por empreacutestimo da natureza e da forma como ela se nos aparenta ser As verdades
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cientiacuteficas de hoje seratildeo quando natildeo negadas lapidadas e reformuladas amanhatilde Se chegaremos ou natildeo por meacutetodos
cientiacuteficos agrave verdade absoluta eacute um questionamento que a ciecircncia natildeo estaacute aparelhada para responder E talvez nunca esteja o que natildeo nos impede de que continuemos procurando
pela verdade Popper foi mais aleacutem demonstrando ser impossiacutevel ateacute mesmo probabilizar uma afirmaccedilatildeo comprovada por um
raciociacutenio que siga a metodologia dedutiva (incluindo e eacute aiacute que reside o problema principal do meacutetodo a induccedilatildeo -- vide lado direito da figura 3) A esse respeito Popper
propotildee a substituiccedilatildeo do termo probabilizar por corroborar Uma hipoacutetese seria tanto mais corroboraacutevel quanto mais propiciasse verificaccedilotildees experimentais e teria sido tanto mais corroborada e natildeo haacute como se
atribuir nuacutemeros probabiliacutesticos a esse efeito quanto mais resistisse a essas verificaccedilotildees Siegel (1977
traduccedilatildeo) adota provavelmente com o mesmo objetivo a expressatildeo grau de aceitabilidade
Efetuamos pesquisas a fim de determinar o grau de aceitabilidade de
hipoacuteteses deduzidas de nossas teorias [19]
Esta impossibilidade em garantir um acerto preocupou bastante Popper e certamente foi um dos motivos que o
levou a expandir o argumento dedutivista atraveacutes da proposiccedilatildeo do falsificacionismo a ser apresentado no
item 7 Independentemente das dificuldades apontadas neste e nos itens precedentes a verdade eacute que a ciecircncia progride e este progresso eacute guiado por homens que conhecem o terreno por onde pisam E conquanto todos saibam da natildeo existecircncia em ciecircncia de verdades absolutas da impossibilidade de se
chegar a uma soluccedilatildeo definitiva para os problemas cientiacuteficos e da natildeo existecircncia de provas observacionais irrefutaacuteveis quase todos [20] entendem e concordam com a
afirmaccedilatildeo de GIL (1994) expressa a seguir A pesquisa cientiacutefica inicia-se
sempre com a colocaccedilatildeo de um problema solucionaacutevel O passo seguinte
consiste em oferecer uma soluccedilatildeo possiacutevel atraveacutes de uma proposiccedilatildeo ou seja de uma expressatildeo suscetiacutevel de ser declarada verdadeira ou falsa A
esta proposiccedilatildeo daacute-se o nome de hipoacutetese Assim a hipoacutetese eacute a
proposiccedilatildeo testaacutevel que pode vir a ser a soluccedilatildeo do problema [21]
6 O que eacute teoria Eacute importante salientar que a finalidade primordial da ciecircncia natildeo eacute formular hipoacuteteses e sim sistematizar teorias e que teoria natildeo eacute pura e simplesmente uma
coletacircnea de hipoacuteteses Teoria eacute um conjunto de hipoacuteteses coerentemente interligadas tendo por finalidade explicar
elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio do conhecimento [22] Por que entatildeo os livros de
metodologia insistem em justificar os meacutetodos atraveacutes de hipoacuteteses uacutenicas e via de regra desinteressantes tais
como As maccedilatildes satildeo vermelhas os cisnes satildeo brancos etc A verdade eacute que nem sempre eacute faacutecil encontrar teorias ao mesmo tempo simples e de amplo espectro ou seja que
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possam ser entendidas por leitores das vaacuterias aacutereas do conhecimento Por outro lado os argumentos que corroboram ou derrubam teorias satildeo em princiacutepio idecircnticos aos que corroboram ou derrubam hipoacuteteses frac34poderiacuteamos tambeacutem dizer
que uma hipoacutetese eacute ou simula ser uma teoria cujo conjunto de hipoacuteteses eacute unitaacuterio Em geral a dificuldade inerente ao grau de complexidade de uma teoria pode ser
superada desde que o cientista conheccedila a fundo esta teoria cujo grau de aceitabilidade pretende testar e domine a loacutegica envolvida em situaccedilotildees similares poreacutem simples como aquelas que aparecem nos compecircndios sobre o
assunto A ecircnfase dada pelos textos de metodologia cientiacutefica a meacutetodos relacionados a testes de hipoacuteteses contrasta com a quase ausecircncia de referecircncias a meacutetodos relativos agrave
praacutetica da teorizaccedilatildeo Existem exceccedilotildees a esta regra e eu natildeo poderia deixar de citar [23] os livros de Bunge [24] e de Lacey [25] indicados especialmente para os iniciantes da aacuterea de exatas Embora natildeo especificamente dirigido a esta temaacutetica haacute que se destacar tambeacutem o livro de Bohm e
Peat [26] e que merece ser lido posto que focaliza a essecircncia da problemaacutetica aqui apontada neste caso e por este motivo eacute indicado aos iniciantes de todas as aacutereas A praacutetica da teorizaccedilatildeo com rariacutessimas exceccedilotildees natildeo se
aprende na escola Grandes teorizadores por terem aprendido a utilizar uma teacutecnica natildeo encontrada nos livros tradicionais e que nem mesmo eacute ensinada na maioria dos
regimes de iniciaccedilatildeo cientiacutefica chegaram a ser confundidos com gecircnios Eacute bem possiacutevel que estes gecircnios tenham adquirido esta praacutexis cultuando algum resquiacutecio da
filosofia que a sociedade moderna natildeo conseguiu despedaccedilar
A lacuna acima apontada fomenta a ingenuidade ou ateacute mesmo o charlatanismo multiplicando sobremaneira o nuacutemero dos que sem estarem devidamente preparados para teorizar frac34uma atividade que natildeo eacute elementarfrac34 ainda assim teorizam e teorizam mal frac34fato este que chega a incomodar cientistas de respeito que ocupam postos importantes nas
universidades [27] Por outro lado e em decorrecircncia disto permite que se condene agrave marginalidade cientiacutefica
e por periacuteodos variaacuteveis de tempo todos aqueles que certos ou errados pretendem evoluir seriamente no sentido de atender agrave finalidade uacuteltima da ciecircncia a edificaccedilatildeo de
teorias representacionais Que meacutetodos estes homens seguiram que natildeo a paixatildeo a
devoccedilatildeo a persistecircncia e a crenccedila num espiacuterito universal frac34Espiacuterito este que segundo alguns admitem natildeo estaacute a se
divertir com nossos erros e acertos o que foi sintetizado pelo maior dos gecircnios do seacuteculo XX nas
seguintes palavras Deus natildeo joga dados A resposta nos eacute dada pelo proacuteprio autor desta afirmaccedilatildeo
O alvo de construir uma teoria de campo eletromagneacutetico da mateacuteria
permanece inatingiacutevel por ora embora em princiacutepio nenhuma objeccedilatildeo possa ser levantada contra a possibilidade de vir a se alcanccedilar tal objetivo O que reteve qualquer tentativa posterior nessa direccedilatildeo foi a falta de qualquer meacutetodo sistemaacutetico que levasse a uma
soluccedilatildeo [28]
27
Seraacute que natildeo existem meacutetodos ou regras a serem adotados nesta praacutexis E por falar nisso a praacutetica da teorizaccedilatildeo
natildeo seria uma teorexis [29] Seraacute que teorizar em ciecircncia eacute uma atividade puramente filosoacutefica Natildeo existe uma
metodologia cientiacutefica a orientar aqueles que se preocupam em decifrar os segredos que estatildeo por traacutes dos fenocircmenos que se adaptam agrave regra cientiacutefica fundamental Caso exista
um meacutetodo a ser sistematizado Seria ele diferente do meacutetodo cientiacutefico O que eacute o meacutetodo cientiacutefico
Tentarei dentro do possiacutevel e da finalidade a que me propus ao conceber esta seacuterie de artigos responder
oportunamente eou orientar o leitor se houver como no que diz respeito aos questionamentos aqui assinalados De qualquer forma mais detalhes sobre teoria eou teorizaccedilatildeo seratildeo apresentados no toacutepico IV-b A praacutetica da teorizaccedilatildeo
(em preparo)
[13] CHALMERS A F 1976 Referecircncias
op cit (Voltar pelo browser) pp 23-63
[14] Idem p 28 [15] Esta versatildeo eacute uma adaptaccedilatildeo do princiacutepio da induccedilatildeo
como enunciado por CHALMERS (1976) op cit Se um grande nuacutemero de As foi observado sob uma ampla variedade de condiccedilotildees e se todos esses As observados possuiacuteam sem exceccedilatildeo a propriedade B entatildeo todos os As possuem a propriedade B
[16] Neste caso o princiacutepio ficaria
Aparentes contradiccedilotildees que o iniciante possa descobrir ao comparar os dois enunciados natildeo
comprometem o raciociacutenio que se segue razatildeo pela qual admitirei a equivalecircncia sem justificaacute-la
Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa seraacute hipoacutetese se e somente se for passiacutevel de verificaccedilatildeo
observacional
[17] SEVERINO J S 1994
O primeiro se torna a afirmaccedilatildeo inconsistente
Metodologia do trabalho cientiacutefico[18] POPPER K R 1956
Cortez Editora Satildeo Paulo op cit
[19] SIEGEL S 1977 Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica
[20] Eacute possiacutevel que alguns dentre os indutivistas natildeo concordem com alguns dos termos da afirmaccedilatildeo por motivos que podem ser suspeitados tendo em vista o apresentado
neste e no item anterior
Ed McGraw-Hill do Brasil Ltda Satildeo Paulo p 6
[21] GIL A C 1994 Como elaborar projetos de pesquisas
[22] Em FERREIRA A B H 1986
Editora Atlas S A Satildeo Paulo p 35 [Os grifos satildeo
meus] op cit (Voltar pelo
browser) encontramos uma definiccedilatildeo mais geral a satisfazer tambeacutem o argumento indutivista Teoria eacute um
conjunto de conhecimentos natildeo ingecircnuos que apresentam graus diversos de sistematizaccedilatildeo e credibilidade e que se
propotildeem a explicar elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio de fenocircmenos ou de acontecimentos que se
oferecem agrave atividade praacutetica [23] Os trecircs livros citados a seguir natildeo satildeo os uacutenicos
nos gecircneros assinalados a despeito da disparidade apontada Ao tempo em que registro com estes exemplos a exceccedilatildeo agrave regra presto tambeacutem uma homenagem a autores que ao serem por mim lidos transmutaram em duacutevidas muitas das
respostas a questotildees fundamentais e que eu
28
pretensiosamente julgava possuir [24] BUNGE M Teoria e realidade
[25] LACEY HM 1972
Ed Perspectiva (traduccedilatildeo 1994) Satildeo Paulo
A linguagem do espaccedilo e do tempo
[26] BOHM D e PEAT F D
Ed Perspectiva SA
Ciecircncia ordem e criatividade
[27] A esse respeito vale a pena ler
Gradiva Publicaccedilotildees Ltda (traduccedilatildeo 1989) Lisboa
Cientiacuteficos Chiflados capiacutetulo XIV do livro BERNSTEIN J 1988 Observacioacuten de
la Ciencia[28] EINSTEIN A
Ed Fondo de Cultura Econoacutemica Meacutexico Fiacutesica e realidade in Albert Einstein
Pensamento poliacutetico e uacuteltimas conclusotildees (1983 traduccedilatildeo) Edit Brasiliense S A Satildeo Paulo [O grifo eacute meu]
[29] Este termo eu utilizei pela primeira vez no artigo MESQUITA Fdeg A 1983 Ciecircncia empiacuterica uma arma ou uma daacutediva Faculdade
Antes de mais nada afirmarei sem me alongar que uma teoria adotado o argumento dedutivista pode ser
corroborada ou negada fundamentalmente atraveacutes de um dos trecircs procedimentos seguintes 1) Pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de uma de suas hipoacuteteses 2) pela verificaccedilatildeo ou negaccedilatildeo de uma de suas prediccedilotildees 3) pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de teorias auxiliares deduzidas da teoria principal (teoria em teste ou sob suspeita) as teorias
auxiliares podem ser de trecircs tipos teorias ou hipoacuteteses de nulidade teorias ou hipoacuteteses salvadoras e teorias ou hipoacuteteses assassinas
(Revista do IAMC) ndeg 6 p 28-43 agosto83
7 O falsificacionismo O falsificacionismo natildeo foi proposto como um meacutetodo novo mas sim como um criteacuterio ou conduta a ser ou natildeo adotado por aqueles que se conformam ao meacutetodo dedutivo de prova
Natildeo haacute nada no falsificacionismo do ponto de vista metodoloacutegico que natildeo esteja previsto ou que natildeo decorra naturalmente de uma opccedilatildeo a ser seguida espontaneamente ou natildeo por este ou aquele dedutivista Qual seria entatildeo este criteacuterio Com que finalidade foi proposto A resposta a estas perguntas bem como o meacuterito do falsificacionismo constituem o objetivo deste e dos proacuteximos dois itens
[30] Incluem-se no rol das teorias auxiliares como veremos oportunamente as teorias
transcendentais frequumlentemente conotadas por experiecircncias de pensamento As prediccedilotildees e as hipoacuteteses ou teorias auxiliares satildeo teorias geradas utilizando-se do proacuteprio argumento dedutivista esquematizado na figura 3 Neste caso o foco de atenccedilatildeo inicial frac34representado na figura como observaccedilatildeofrac34 eacute nada mais nada menos que a proacutepria teoria que deu origem agrave prediccedilatildeo eou agrave teoria auxiliar Ao valorizar a falseabilidade como criteacuterio a ser adotado
pelos dedutivistas Popper nada mais fez que tentar expandir ou trazer para o domiacutenio da metodologia
cientiacutefica uma praacutetica amplamente utilizada com sucesso em estatiacutestica o criteacuterio de tomada de decisatildeo atraveacutes da
hipoacutetese de nulidade (Ho
O primeiro passo ou estaacutegio no processo de tomada de decisatildeo eacute
definir a hipoacutetese de nulidade (
)
Ho) Formula-se usualmente com o expresso propoacutesito de ser rejeitada Se eacute
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rejeitada pode-se aceitar a hipoacutetese alternativa (H1) A hipoacutetese
alternativa eacute a definiccedilatildeo operacional da hipoacutetese de pesquisa do
pesquisador A hipoacutetese de pesquisa eacute a prediccedilatildeo deduzida da teoria que estaacute
sendo comprovada [31] A contribuiccedilatildeo de Popper a esse respeito limitou-se agrave ecircnfase que deu agrave importacircncia da procura por hipoacuteteses de
nulidade Ateacute entatildeo este costume estava restrito agrave procura por previsotildees frac34apresentadas via de regra pelo proacuteprio autor da teoriafrac34 eou hipoacuteteses salvadoras frac34levantadas
pelos adeptos da teoria em focofrac34 eou hipoacuteteses assassinas frac34levantadas pelos criacuteticos da teoria em questatildeo As quatro
tecircm uma caracteriacutestica comum satildeo todas teorias falseadoras
A boa teoria dentre outras qualidades [32] e segundo Popper eacute aquela potencialmente geradora de hipoacuteteses
falseadoras e tanto melhor seraacute quanto maior for o risco de ser negada Ela pode ateacute mesmo ser derrubada no primeiro teste a que for submetida o que natildeo invalida o que foi
dito foi uma boa teoria enquanto durou e voltaraacute a ser se conseguir ressurgir das cinzas Dito em outras palavras o criteacuterio para se avaliar a virtude de uma teoria nascente repousa no seu grau de submissatildeo a testes adversos Uma teoria de baixo risco raramente eacute bem vinda [33] e uma
teoria sem risco algum na opiniatildeo de Popper natildeo eacute cientiacutefica e eu iria aleacutem sequer eacute teoria
Levando-se em conta que o criteacuterio falsificacionista peca pela subjetividade deve-se tomar cuidado ao se optar por uma teoria em detrimento de outra pelo fato de a primeira
ser mais falseaacutevel que a segunda Diferentes hipoacuteteses falseadoras devem apresentar pesos diferentes e este peso
mesmo quando bem estimado frequumlentemente o eacute por um processo subjetivo Natildeo eacute raro utilizar-se desta
subjetividade inerente ao falsificacionismo para justificar escolhas feitas segundo criteacuterios poliacuteticos econocircmicos
interesseiros corporativistas ou entatildeo apoiados em princiacutepios outros que tambeacutem deixam a desejar no que diz
respeito agrave eacutetica do cientista 8 Entendendo o falsificacionismo
Suponha que algueacutem deduza a seguinte hipoacutetese H1 As maccedilatildes do Estado de Satildeo Paulo satildeo vermelhas A teoria assim
simulada eacute uma teoria de hipoacutetese uacutenica Percebam que no argumento da hipoacutetese estaacute se admitindo como pressupostos uma infinidade de conceitos tais como fruta maccedilatilde cor
vermelho local Satildeo Paulo Brasil etc Estes pressupostos satildeo o que Severino chama de evidecircncias preacutevias como vimos no item 5 e constituem uma das bases da argumentaccedilatildeo de Chalmers [34] ao contestar os que afirmam que a ciecircncia
comeccedila com a observaccedilatildeo Um exemplo de previsatildeo desta teoria seria as maccedilatildes de
Jundiaiacute devem ser vermelhas tendo em vista que Jundiaiacute se localiza no Estado de Satildeo Paulo
Suponha tambeacutem que algueacutem tenha demonstrado que em condiccedilotildees X outra fruta que natildeo a maccedilatilde e que
originalmente era de determinada cor se modifica e conclui que se a teoria sobre as maccedilatildes for verdadeira ela
deveraacute permanecer verdadeira nas condiccedilotildees X Pode-se entatildeo construir a seguinte hipoacutetese de nulidade Ho Em
condiccedilotildees X obter-se-atildeo em Satildeo Paulo maccedilatildes natildeo
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vermelhas Esta previsatildeo natildeo decorre da teoria (H1) mas de evidecircncias preacutevias outras e estranhas agrave mesma Se esta
hipoacutetese (Ho) for verificada a hipoacutetese original H1
Seraacute que este simples fato condena a teoria original Para o falsificacionista ingecircnuo sim Para aquele que entendeu e aceitou o significado da afirmaccedilatildeo de Popper citada
neste artigo ao final do
estaraacute falseada
quarto paraacutegrafo do item 5 natildeo Optar por uma teoria natildeo significa crer numa verdade
absoluta Se eu afirmo que Ho eacute verdadeira e consequumlentemente H1 eacute falsa isto natildeo significa que eu
estou atribuindo o grau de veracidade 100 a uma hipoacutetese e 0 agrave outra significa simplesmente que a verificaccedilatildeo experimental me convenceu a optar por uma teoria em
detrimento da outra A opccedilatildeo eacute uma das maneiras pelas quais o cientista expressa a sua feacute na ciecircncia [35] e o
falsificacionismo estabelece normas a lhe orientar nesta opccedilatildeo
Suponha agora que em condiccedilotildees X ou em outra condiccedilatildeo qualquer se encontrem no Estado de Satildeo Paulo maccedilatildes verdes Significa isto que a hipoacutetese H1
Natildeo podemos em satilde consciecircncia dizer que a psicanaacutelise por exemplo natildeo pertenccedila ao campo da ciecircncia pelo simples
fato de uma de suas teorias precursoras ser natildeo falseaacutevel Sequer podemos dizer que o autor dessa ideacuteia natildeo
fosse cientista se eacute verdade que a psicanaacutelise se desenvolveu em cima desta ideacuteia e apesar disso conseguiu
eacute falsa Natildeo Simplesmente ela foi falseada Nada impede que amanhatilde com a evoluccedilatildeo da ciecircncia se descubra que estes frutos verdes a que hoje associamos a ideacuteia maccedilatilde estejam inseridos num
outro contexto e que realmente natildeo sejam maccedilatildes Por que entatildeo se daacute preferecircncia a verificaccedilotildees falseadoras em detrimento das corroboradoras Ora isto nem sempre
acontece conquanto seja esta uma das regras propostas pelo falsificacionismo Por exemplo tanto a teoria da
relatividade quanto a mecacircnica quacircntica satildeo teorias fiacutesicas amplamente aceitas graccedilas a terem sido
corroboradas por previsotildees que se confirmaram e pouco valor se deu a um grande nuacutemero de testes que as falsearam Por outro lado estas duas teorias satildeo concomitantemente aceitas pelos fiacutesicos conquanto existam fortes argumentos
a provar que cada uma destas duas teorias falseia a outra e ambas falseiam a teoria de Maxwell que tambeacutem eacute aceita como verdadeira Certos ou errados neste caso os fiacutesicos modernos dentre os quais se inclui Popper fizeram uma opccedilatildeo contraacuteria agrave norma falsificacionista e natildeo haacute
como criticaacute-los por essa conduta a menos que se pretenda atribuir ao falsificacionismo uma qualidade que ele natildeo
possui a de estabelecer criteacuterios absolutos de veracidade O falsificacionismo presta-se tambeacutem a fomentar o diaacutelogo e a criatividade Neste caso surge quase como que um apelo para que se invista mais em experiecircncias de pensamento um
recurso legiacutetimo e de grande valor em ciecircncia 9 O falsificacionismo como delimitador da ciecircncia
Vimos no item 7 que para Popper uma teoria sem risco algum natildeo eacute cientiacutefica e eu acrescentei sequer eacute teoria Popper quis se aproveitar deste argumento para delimitar a ciecircncia utilizando-se entatildeo do falsificacionismo como
criteacuterio de cientificidade Com esta opccedilatildeo Popper desagradou a muitos e convenceu a poucos ainda que sua
ideacuteia natildeo fosse de todo maacute
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de alguma forma se impor como ciecircncia muito provavelmente queiramos ou natildeo seu autor contribuiu diretamente para o progresso da ciecircncia Mesmo que hoje algueacutem chegasse a concluir categoricamente pelo caraacuteter natildeo cientiacutefico da psicanaacutelise isto de forma alguma nos autorizaria a hipoteticamente condenaacute-la agrave estagnaccedilatildeo Se um cientista utilizando-se de maus criteacuterios ou ateacute mesmo apoiando-se em dogmas constroacutei de maneira natildeo
cientiacutefica um determinado campo do conhecimento isto natildeo significa que este campo natildeo possa vir a ser estudado cientificamente e que natildeo se possam criteriosamente
aproveitar as conclusotildees de seus estudos Nada impede que uma teoria considerada hoje como natildeo cientiacutefica pelo fato de possuir uma ou mais hipoacuteteses natildeo falseaacuteveis adquira
esse status apoacutes passar por ligeiras reformulaccedilotildees Natildeo podemos assumir que um campo do conhecimento seja natildeo cientiacutefico pelo simples fato de natildeo encontrarmos nele
teorias cientiacuteficas Este posicionamento de Popper a meu ver natildeo se justifica o falsificacionismo natildeo eacute um bom
criteacuterio delimitador da ciecircncia e isto eu espero que tenha ficado claro para o leitor E mais natildeo existem aacutereas natildeo cientiacuteficas mas sim aacutereas onde ainda natildeo foram produzidos conhecimentos cientiacuteficos O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo e pelo menos nesta etapa nada eacute absolutamente corroboraacutevel ou falseaacutevel Podemos ainda
dizer que a ciecircncia natildeo se localiza aqui ou acolaacute sob esse aspecto a ciecircncia natildeo tem fronteiras
10 Enfim a teoria do meacutetodo Nos demais artigos desta seacuterie irei demonstrar ser possiacutevel partindo da regra cientiacutefica fundamental desenvolver uma teoria sobre o meacutetodo cientiacutefico
utilizando-se das trecircs hipoacuteteses seguintes 1 O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo 2 A produccedilatildeo de conhecimentos passa
necessariamente pelas etapas deduccedilatildeo anaacutelise induccedilatildeo e
siacutentese na ordem apresentada 3 Os princiacutepios cientiacuteficos fundamentais satildeo universais
Por questatildeo de simplicidade subdividirei o estudo do meacutetodo em trecircs etapas correspondentes a cada uma das hipoacuteteses 1) o estudo do macromeacutetodo cientiacutefico 2) o estudo do meacutetodo cientiacutefico propriamente dito e 3) o estudo do micromeacutetodo cientiacutefico Os toacutepicos nos quais
desenvolverei estas etapas estatildeo em fase de projeto natildeo havendo portanto previsatildeo quanto agrave eacutepoca de publicaccedilatildeo
Meacutetodo cientiacutefico
Origem Wikipeacutedia a enciclopeacutedia livre
A palavra meacutetodo vem do grego meacutethodos (caminho para chegar a um fim) O meacutetodo cientiacutefico eacute um conjunto de regras baacutesicas para desenvolver uma experiecircncia a fim de produzir novo conhecimento bem como corrigir e integrar conhecimentos preacute-existentes Na maioria das disciplinas cientiacuteficas consiste em juntar evidecircncias observaacuteveis empiacutericas (ou seja baseadas apenas na experiecircncia) e
mensuraacuteveis e as analisar com o uso da loacutegica Para muitos autores o meacutetodo cientiacutefico nada mais eacute do que a loacutegica
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aplicada agrave ciecircncia (Haddad) Metodologia literalmente refere-se ao estudo dos meacutetodos e especialmente do meacutetodo da ciecircncia que se supotildee universal Embora procedimentos variem de uma aacuterea da
ciecircncia para outra (as disciplinas cientiacuteficas) diferenciadas por seus distintos objetos de estudo
consegue-se determinar certos elementos que diferenciam o meacutetodo cientiacutefico de outros meacutetodos (filosoacutefico algoritmo
ndash matemaacutetico etc)
Primeiramente os pesquisadores definem proposiccedilotildees loacutegicas ou suposiccedilotildees (hipoacuteteses) para explicar certos fenocircmenos e observaccedilotildees e entatildeo desenvolvem experimentos que testam essas hipoacuteteses Se confirmadas as hipoacuteteses podem gerar leis e teorias Integrando-se hipoacuteteses de certa aacuterea em uma estrutura coerente de conhecimento contribuiacute-se na
formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bem como coloca as hipoacuteteses em um conjunto de conhecimento maior que satildeo as
leis e teorias reconhecidas consensualmente pela comunidade cientiacutefica eou o
O contexto de uma pesquisa
paradigma de seu tempo Outra caracteriacutestica do meacutetodo eacute que o processo precisa
ser objetivo e o cientista deve ser imparcial na interpretaccedilatildeo dos resultados Sobre a objetividade o seja
atente agraves propriedades do objeto e natildeo do sujeito (subjetividade) eacute conhecida a afirmaccedilatildeo de Hans Selye
pesquisador canadense que formulou a moderna concepccedilatildeo de stress ldquoQuem natildeo sabe o que procura natildeo entende o que encontrardquo referindo-se a necessidade de formulaccedilatildeo de definiccedilotildees precisas (a essecircncia dos conceitos) e que
possam ser respondidas com o simples sim ou natildeo Tanto a imparcialidade (evidecircncia) como a objetividade foram incluiacutedas por Reneacute Descartes (1596 ndash 1649) nas regras
loacutegicas que caracterizam o meacutetodo cientiacutefico Aleacutem disso o procedimento precisa ser documentado tanto no que diz respeito agrave fonte de dados como as regras de anaacutelise para que outros cientistas possam re-analisar reproduzir e verificar a confiabilidade dos resultados Assim se distingue os relatos cientiacuteficos (artigos
monografias teses e dissertaccedilotildees) de um simples estilo (padratildeo) ou arquitetura de texto orientados pelo que caracteriza as normas da Retoacuterica ou estudo do uso persuasivo da linguagem em funccedilatildeo da eloquumlecircncia
Eacute comum o uso da anaacutelise matemaacutetica ou estatiacutestica quando possiacutevel ou aproximaccedilatildeo de modelos abstratos (tipos ideais) e categorias de classificaccedilatildeo a depender do
objetivo da pesquisa (identificar descrever analisar) que pode ser basicamente quantitativa ou qualitativa A divisatildeo da ciecircncia em aacutereas ou distintas disciplinas
cientificas tem levado a tais adequaccedilotildees da metodologia Eacute comum a afirmaccedilatildeo de que em funccedilatildeo da evoluccedilatildeo do meacutetodo
cientifico num extremo temos a fiacutesica e quiacutemica seguida da biologia e por uacuteltimo as ciecircncias sociais psicologia e ciecircncias juriacutedicas quase se aproximando da filosofia e estudo das crenccedilas (senso comum) ou ciecircncias do espiacuterito
(sistemas miacutetico - religiosos) Contudo pesquisadores contemporacircneos vecircem nessas duas abordagens uma oposiccedilatildeo complementar enquanto as pesquisas quantitativas visam descrever e explicar fenocircmenos que produzem regularidades mensuraacuteveis satildeo recorrentes (ou discrepantes) e exteriores ao sujeito
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(objetivos) na pesquisa qualitativa o observador (sujeito) eacute da mesma natureza que o objeto de sua anaacutelise e ele proacuteprio uma parte de sua observaccedilatildeo (o subjetivo)
Eacute importante ter em mente que as pesquisas cientificas relacionam-se com um modelo (paradigmaacutetico) ou uma
constelaccedilatildeo de pressupostos e crenccedilas escalas de valores teacutecnicas e conceitos compartilhados pelos membros de uma determinada comunidade cientiacutefica num determinado momento
histoacuterico
Ciecircncia eacute muito mais uma maneira de pensar do que um corpo de conhecimentos -
Elementos do meacutetodo cientiacutefico
Carl Sagan ciecircncia consiste em agrupar factos para que leis
gerais ou conclusotildees possam ser tiradas deles - Charles Darwin
O meacutetodo cientiacutefico eacute composto dos seguintes elementos bull Caracterizaccedilatildeo - Quantificaccedilotildees observaccedilotildees e
medidas bull Hipoacuteteses - Explicaccedilotildees hipoteacuteticas das observaccedilotildees e
medidas bull Previsotildees - Deduccedilotildees loacutegicas das hipoacuteteses
bull Experimentos - Testes dos trecircs elementos acima O meacutetodo cientiacutefico consiste dos seguintes aspectos bull Observaccedilatildeo - Uma observaccedilatildeo pode ser simples isto eacute
feita a olho nu ou pode exigir a utilizaccedilatildeo de instrumentos apropriados
bull Descriccedilatildeo - O experimento precisa ser replicaacutevel (capaz de ser reproduzido)
bull Previsatildeo - As hipoacuteteses precisam ser vaacutelidas para observaccedilotildees feitas no passado no presente e no
futuro bull Controle - Para maior seguranccedila nas conclusotildees toda
experiecircncia deve ser controlada Experiecircncia controlada eacute aquela que eacute realizada com teacutecnicas que permitem descartar as variaacuteveis passiacuteveis de mascarar
o resultado bull Falseabilidade[1]
bull Explicaccedilatildeo das Causas - Na maioria das aacutereas da Ciecircncia eacute necessaacuterio que haja causalidade Nessas
condiccedilotildees os seguintes requerimentos satildeo vistos como importantes no entendimento cientiacutefico
- toda hipoacutetese tem que ser falseaacutevel ou refutaacutevel Isso natildeo quer dizer que o experimento seja falso mas sim que ele pode ser verificado
contestado Ou seja se ele realmente for falso deve ser possiacutevel provaacute-lo
bull Identificaccedilatildeo das Causas bull Correlaccedilatildeo dos eventos - As causas precisam se
correlacionar com as observaccedilotildees bull Ordem dos eventos - As causas precisam preceder
no tempo os efeitos observados Na aacuterea da sauacutede a natureza da associaccedilatildeo causal foi formulada por Hence e adaptada por Robert Koch em 1877
para demonstraccedilatildeo da relaccedilatildeo causal entre microrganismos e patologias consistindo basicamente no enunciado acima ou seja forccedila da associaccedilatildeo (conectividade) sequumlecircncia temporal (assimetria) transitividade (evidecircncia experimental) previsibilidade estabilidade
Uma maneira linearizada e pragmaacutetica de apresentar os quatro pontos acima estaacute exposto a seguir passo-a-passo
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Vale a pena notar que eacute apenas um exemplo natildeo sendo obrigatoacuterio a existecircncia de todos esses passos Na
verdade na maioria dos casos natildeo se segue todos esses passos ou mesmo parte deles O meacutetodo cientiacutefico natildeo eacute
uma receita ele requer inteligecircncia imaginaccedilatildeo e criatividade O importante eacute que os aspectos e elementos
apresentados acima estejam presentes bull Definir o problema
bull Recolhimento de dados bull Proposta de uma hipoacutetese
bull Realizaccedilatildeo de uma experiecircncia controlada para testar a validade da hipoacutetese
bull Anaacutelise dos resultados bull Interpretar os dados e tirar conclusotildees o que serve
para a formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bull Publicaccedilatildeo dos resultados em monografias
dissertaccedilotildees teses artigos ou livros aceitos por universidades e ou reconhecidos pela comunidade
cientiacutefica Observe-se que nem todas as hipoacutetese podem ser confirmadas
ou refutadas por experimentos e que em muitas aacutereas do conhecimento o recolhimento de dados e a tentativas de interpretaacute-los jaacute eacute uma grande tarefa como nas ciecircncias
humanas e juriacutedicas (criminologia)
Ciecircncias humanas A limitaccedilatildeo eacutetica da realizaccedilatildeo experimentos com seres humanos o estudo das subjetividades ou essencialmente
subjetivo individual e particular psiquismo humano ou a natureza histoacuterica do objeto das ciecircncias sociais conduziram os pensadores a distintos caminhos ou
proposiccedilotildees de estudo para o meacutetodo cientiacutefico Contudo parafraseando Minayoldquouma base de dados quando bem trabalhada teoacuterica e praticamente produz riqueza de informaccedilotildees aprofundamento e maior fidedignidade
interpretativardquo As principais divergecircncias na anaacutelise dos resultados de pesquisas em ciecircncias sociais ou humanas se datildeo no plano da contextualizaccedilatildeo dos dados ou informaccedilotildees obtidas em campo nos diversos sistemas teoacutericos ou seja conjunto de teorias e leis reconhecidas como consensuais em distintos
momentos histoacutericos eou segmentos das comunidades cientiacuteficas Nas ciecircncias sociais identifica-se trecircs
grandes correntes de pensamentos bull Positivismo Auguste Comte
bull Fenomenologia (Fenomenologia do Espiacuterito Estruturalismo
bull Materialismo dialeacutetico Dialeacutetica Marxismo
A histoacuteria do meacutetodo cientiacutefico se mistura com a histoacuteria da ciecircncia Documentos do
A evoluccedilatildeo do conceito de meacutetodo
Antigo Egito jaacute descrevem meacutetodos de diagnoacutesticos meacutedicos Na cultura da Greacutecia
Antiga os primeiros indiacutecios do meacutetodo cientiacutefico comeccedilam a aparecer Grande avanccedilo no meacutetodo foi feito no comeccedilo da filosofia islacircmica principalmente no uso de experimentos
para decidir entre duas hipoacuteteses Os principios fundamentais do meacutetodo cientiacutefico se consolidaram com o surgimento da Fiacutesica nos seacuteculos XVII e XVIII Francis
Bacon em seu trabalho Novum Organum(1620)-uma referecircncia
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ao Organon de Aristoacuteteles-especifica um novo sistema loacutegico para melhorar o velho processo filosoacutefico do
silogismo A metodologia cientiacutefica tem sua origem no pensamento de
Descartes que foi posteriormente desenvolvimento empiricamente pelo fiacutesico inglecircs Isaac Newton Reneacute Descartes propocircs chegar agrave verdade atraveacutes da duacutevida sistemaacutetica e da decomposiccedilatildeo do problema em pequenas
partes caracteriacutesticas que definiram a base da pesquisa cientiacutefica
Lecirc-se no livro o Discurso do meacutetodo E como a multiplicidade de leis serve frequentemente para escusar os viacutecios de sorte que um estado eacute muito melhor governado quando possuindo poucas elas satildeo aiacute rigorosamente aplicadas assim em lugar de um grande
nuacutemero de preceitosde qua a loacutegica eacute composta acrediteis que jaacute me seriam bastante quatro contanto que tomasse a firme e constante resoluccedilatildeo de natildeo deixar uma vez soacute de
observaacute-los O primeiro consistia em nunca aceitar por verdadeira coisa nenhuma que natildeo conhecesse como evidente isto eacute
devia evitar cuidadosamente a precipitaccedilatildeo e a prevenccedilatildeo e nada incluir em meus juizos que natildeo se apresentasse tatildeo claramente e tatildeo distintamente ao meu espiacuterito que natildeo
tivesse nenhuma ocasiatildeo de o por em duacutevida O segundo ndash dividir cada uma das dificuldades que
examinasse em tantas parcelas quantas pudesse ser e fossem exigidas para melhor compreendecirc-las
O terceiro ndash conduzir por ordem os meus pensamento comeccedilando pelos objetos mais simples e faacuteceis de serem conhecidos para subir pouco a pouco como por degraus ateacute o conhecimento dos mais compostos e supondo mesmo
certa ordem entre os que natildeo se precedem naturalmente uns aos outros
e o uacuteltimo ndash fazer sempre enumeraccedilotildees tatildeo completas e revisotildees tatildeo gerais que ficasse certo de nada
omitir Correntemente estas regras satildeo 1 ndash da evidecircncia 2 ndash da
divisatildeo ou anaacutelise 3 ndash da ordem ou deduccedilatildeo 3 da enumeraccedilatildeo (contar especificar) classificaccedilatildeo
O acidente (serendipity
Eacute comum considerar alguns dos mais importantes avanccedilos na ciecircncia tais como as
)
descobertas da radioatividade por Henri Becquerel ou da penicilina por Alexander Fleming como tendo ocorrido por acidente no entanto o que eacute possiacutevel afirmar agrave luz da observaccedilatildeo cientiacutefica eacute que
teratildeo sido parcialmente acidentais uma vez que as pessoas envolvidas haviam aprendido a pensar cientificamente
estando portanto conscientes de que observaram algo novo e interessante
Os progressos da ciecircncia satildeo acompanhados de muitas horas de trabalho cuidadoso que segue um caminho mais ou menos sistemaacutetico na busca de respostas a questotildees cientiacuteficas
Eacute este o caminho denominado de meacutetodo cientiacutefico
A A hipoacutetese
Hipoacutetese (do gr Hypoacutethesis) eacute uma proposiccedilatildeo que se admite de modo provisoacuterio como princiacutepio do qual se pode
deduzir pelas regras da loacutegica um conjunto dado de proposiccedilotildees ou um mecanismo da experiecircncia a explicar
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Literalmente pode ser compreendida como uma suposiccedilatildeo ou pergunta conjetura que orienta uma investigaccedilatildeo por
antecipar caracteriacutesticas provaacuteveis do objeto investigado e que vale quer pela confirmaccedilatildeo atraveacutes de deduccedilotildees loacutegicas dessas caracteriacutesticas quer pelo encontro de novos caminhos de investigaccedilatildeo (novas hipoacuteteses e novos
experimentos) No meacutetodo cientiacutefico a hipoacutetese eacute o caminho que deve levar agrave formulaccedilatildeo de uma teoria O cientista na sua hipoacutetese tem dois objetivos explicar um fato e prever
outros acontecimentos dele decorrentes (deduzir as consequencias) A hipoacutetese deveraacute ser testada em
experiecircncias laboratoriais controladasSe apoacutes muitas dessas experiecircncias os resultados obtidos pelos
pesquisadores natildeo contrariarem a hipoacutetese entatildeo ela seraacute aceita como uma lei e integrada agrave uma teoria eou sistema
teacuteoacuterico
Referecircncias 1 uarr [PDF] Estudos do meacutetodo cientiacutefico
Ver tambeacutem bull Verdade
bull Falseabilidade bull Karl Popper
bull Filosofia da ciecircncia bull Histoacuteria da ciecircncia
bull Epistemologia bull Loacutegica
bull Aristoacuteteles bull Georg Wilhelm Friedrich Hegel
bull Complexidade bull Reducionismo
bull Navalha de Occam bull Ciecircncia
bull Pseudociecircncia bull Paradigma
bull Paul Feyerabend bull Thomas Kuhn
bull Gaston Bachelard bull Teoria
bull Lei (ciecircncias) bull Hipoacutetese
bull Tese bull Dissertaccedilatildeo
Bibliografia
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Comte August Discurso preliminar sobre o espiacuterito positivo
Descartes Reneacute Discurso do meacutetodo (traduccedilatildeo prefaacutecio e notas de Joatildeo Cruz Costa SP Ed de Ouro 1970 disponiacutevel
para download em domiacutenio puacuteblico httpwwwdominiopublico e eBooket
httpwwweBooketnet IntraText Reneacute Descartes - e-books
37
Haddad Nagib Metodologia de estudos em ciecircncias da sauacutede como planejar analisar e apresentar um trabalho
cientiacutefico SP Roca 2004 Minayo Maria C de Souza (org) Deslandes (Suely F
Gomes Romeu Pesquisa social teoria meacutetodo e criatividade Petroacutepolis RJ Vozes 2007
Lakatos Eva Maria Marconi Marina de A Meacutetodologia cientiacutefica SP Atlas 2007
Selye Hans Stress a tensatildeo da vida SP IBRASA 1965
Ligaccedilotildees externas bull Explicando o Meacutetodo Cientiacutefico
bull Prova Cientiacutefica bull Diretrizes para elaboraccedilatildeo de dissertaccedilotildees e teses -
USP bull Centro Cochrane do Brasil
bull Metodologiaorg bull Evidecircnciascom
bull Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq)
bull Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciecircncia bull Lista de Perioacutedicos cientificos brasileiros por
assunto bull SciELO - Scientific Electronic Library Online
bull Perioacutedicos UNESCO bull Ciecircncia Hoje
bull Scientific American - Brasil bull Scientific American
COLCHA DE RETALHOS CIENTIacuteFICA (a realidade natildeo eacute Frankenstein ela eacute uacutenica e funcional)
A realidade segundo a Ciecircncia geral
A senhora Ciecircncia trabalhando com
seus remendos
Drordf Ciecircncia e seu filho
Mary Shelley viu o futuro
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Somos Monstros 6 05 2008
Tudo comeccedilou com um desafio feito a Mary Shelley (1797-1851) entatildeo uma jovem de 21 anos por Lord Byron Na eacutepoca 1918 Byron propocircs a Mary e seu marido que
escrevessem um conto de terror uma maneira de passar o tempo jaacute que suas feacuterias estavam sendo consumidas
intediantemente pelo mau tempo Mary foi a uacuteltima a dar iniacutecio ao seu conto que acabou baseado em um pesadelo que
teve numa daquelas noites de chuva E dentre todos o conto de Shelley foi o que mais surpreendeu e arrepiou Insentivada a continuar Mary Shelley desenvolveu ainda
mais sua histoacuteria e transformou-a em um dos mais conhecidos e celebrados livros da Histoacuteria Frankenstein
Victor Frankenstein era um jovem curioso com sede de conhecimento apaixonado pela ciecircncia intrigado com os segredos da vida e louco para deixar sua marca no mundo Havia aprendido sozinho em casa sobre as fantasias da Alquimia no entanto apenas na universidade ele foi descobrir que toda sua bagagem de conhecimento estava ultrapassada haacute muito Acabou se tornando um aluno
exemplar dedicado agrave quiacutemica e agrave biologia Foi assim que sozinho em seu laboratoacuterio em Ingolstadt Victor deu iniacutecio agrave sua criaccedilatildeo misturando seus conhecimentos
teoacutericos de fisiologia e filosofia natural com princiacutepios de mecacircnica decido a descobrir se o princiacutepio que
mantinha animado o corpo poderia pernecer mesmo apoacutes a morte Como Victor fez isso todos jaacute sabemos deu vida a uma criatura formada por partes de cadaacuteveres de tamanho
descomunal (cerca de 25m de altura) e aparecircncia horripilante E eacute aqui que daacute-se iniacutecio ao grande trunfo
da histoacuteria Ao despertar da Criatura Frankenstein acaba por cair na realidade vendo como era realmente feia sua criaccedilatildeo com
seus membros desproporcionais seu olhos aquosos e amarelos incompleta a ponto de seus tecidos nem sequer
cobrirem todo o corpo deixando agrave mostra muacutesculos e ossos Desesperado e com medo arrependido de sua audaacutecia Victor
abandona sua Criatura decaindo num suacutebito acesso de naacuteusea e lucidez
Pobre Criatura um ser vazio de conhecimentos ignorante em relaccedilatildeo ao conviacutevio social solto num mundo de pessoas
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preconceituosas e indiferentes A personificaccedilatildeo perfeita da famosa teoria de Rousseau a do ldquobom selvagemrdquo que diz
que todo o homem nasce ldquopurordquo e eacute corrompido pela sociedade violenta viciosa e materialista Quem lecirc a
histoacuteria de Frankenstein espera encontrar terror suspense e aventura onde um monstro estaria a solta para destruir e matar No entanto descobre um mundo onde noacutes humanos somos totalmente repugnantes e no qual o uacutenico ser que
realmente tem algum valor eacute o monstro excluiacutedo por todos Poucos livros retratam tatildeo bem a indiferenccedila humana e a nossa mania de dar mais valor agraves aparecircncias do que aos
sentimentos carater e virtudes Mary Shelley escreveu uma autecircntica obra-prima da
literatura universal um romance capaz de despertar no leitor a pena e a compaixatildeo por um monstro e a repugnacircncia
de nossa proacutepria raccedila Uma liccedilatildeo que ainda natildeo foi aprendida mesmo depois de quase 200 anos
Ficha Teacutecnica Tiacutetulo Frankestein (Frankenstein or the Modern
Prometheus) Autor Mary Shalley Paiacutes Inglaterra
Publicaccedilatildeo Original 1818 Publicaccedilatildeo Lida Martin Claret Editora 2001
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Capiacutetulo 1 Criatura de Duas Cabeccedilas
Na realidade a humanidade eacute uma equaccedilatildeo que comeccedila
como frac12 + frac12 = 100 e natildeo 1 + 1 = 2 como o mito biacuteblico de Adatildeo e Eva nos induziu a pensar Natildeo somos homem + mulher e sim um par fundamental feito de um soacute ser com duas cabeccedilas quatro pernas quatro braccedilos e assim por diante com a vantagem enorme de estarmos separados-unidos pela sexualidade da Curva do Sino que a Natureza inventou para a gente
bull bifacial (duas faces) UM DESENHO DO PAR FUNDAMENTAL
bull quadruacutepede (quatro pernas uns satildeo mais que outros)
bull quadruacutemano (quatro matildeos) bull bimental (duas mentes quatro hemisfeacuterios) bull hermafrodita (consegue se reproduzir soacute pois
tem os dois sexos) bull e segue
CURVA DO SINOPAI E DO NANOMAtildeE (a coroa da humanidade tem dois lados que se reuacutenem atraacutes)
homem
uniatildeo
mulher
cara
moeda futura
coroa
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Trono pelo centro reunindo os pares de oposto-complementares
Veja soacute que coisa interessante A coroa natildeo eacute de um soacute eacute de dois eacute do rei e da rainha
que constituem pelo centro a cara-coroa De um lado o homem que natildeo tolera tarefas ciacuteclicas vai agrave
guerra correr riscos do outro a mulher que natildeo suporta conflitos repete os recorrentes que subjugariam os homens ateacute o cansaccedilo
A Natureza laacute nos primoacuterdios separou o ser uacutenico (que lembre-se teria chance muito menor de conflitos internos ateacute porque se fossem destrutivos demais a evoluccedilatildeo nem teria acontecido) em dois mas uniu-os novamente pela sexualidade foi um risco enorme mas tambeacutem foi sabedoria
SEXO (isso eacute bom demais)
O mundo gira em torno do sexo e o sexo gira em torno do mundo
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Sexo natildeo eacute apenas isso que noacutes racionais pensamos eacute muito mais eacute o panorama geral de construccedilatildeo de toda a evoluccedilatildeo que veio dos fundos ateacute hoje que comeccedilou a acontecer laacute para traacutes Como eacute tatildeo fundamental para o nosso futuro a nossa integridade psicoloacutegica e tudo mais deveriacuteamos estar estudando-o obsessivamente desde as algas cianofiacuteceas desde 38 bilhotildees de anos desde o comeccedilo da vida Sexo eacute chance de problemas e de soluccedilotildees eacute ceder seu corpomente para agradar o ldquooutrordquo sexo
Pense que soacute noacutes seres humanos somos 65 bilhotildees de na Terra em vaacuterios graus de sexualizaccedilatildeo do nascer ao morrer em qualquer idade Quem natildeo faz pelo menos tenta lembrar Ocupa uma porccedilatildeo enorme dos nossos dias e das nossas noites e eacute inventado e reinventado todos os dias
Sexo estaacute infinitamente mais em nossas vidas do que futebol ou qualquer outra atividade Na realidade uma grande quantidade de preceitos se volta para impedir ou controlar a excessiva sexualizaccedilatildeo humana ndash haacute uma quantidade incriacutevel de proibiccedilotildees claras ou veladas
SIacuteMBOLO TAMBEacuteM DO SEXO YIN+YANG
Homem Mulher
Com essa roupa de astronauta por cima natildeo daacute para saber se eacute homem ou mulher natildeo estou estimulando nada soacute dizendo que eacute um conjunto que nos levou laacute na Lua e a
tantos lugares da Terra A Natureza plantou dentro de cada uma a necessidade do
outro e dentro de cada outro a necessidade de uma e disso fez uma geo-histoacuteria beliacutessima E noacutes fomos adiante conjuntamente Em duas metades natildeo eacute uma metade soacute
De que maneira somos duas metades Somos oposto-complementares um precisa da outra eacute
uma combinaccedilatildeo selada por 38 bilhotildees de anos da vida 100 milhotildees de anos dos primatas 10 milhotildees de anos dos hominiacutedeos 200 mil dos neanderthais 80 a 70 mil anos dos cro-magnons nossa espeacutecie De problemas tornados soluccedilotildees Eacute de fato como o siacutembolo do YinYang independentemente de interpretaccedilatildeo oriental dentro de cada lado existe uma imagem do outro que nos guia
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Capiacutetulo 2 Trabalho Feito pela Metade
Mas haacute alguns que natildeo reconhecem isso
MACHISTAS 25
A CURVA DO SINO LEVADA AOS EXTREMISMOS 475 475 FEMINISTAS
25 superafirmaccedilatildeo
dos machos superafirmaccedilatildeo
das fecircmeas Isso porque existem quatro sexos e natildeo dois e daiacute todas
as combinaccedilotildees que vem deles (como estaacute dito no modelo) bull machos bull fecircmeas bull pseudo-machos (veados gays boiolas e todos os
apelidos ofensivos a ofensibilidade natildeo estaacute no nome e sim no desejo de ofender)
bull pseudo-fecircmeas (sapatotildees leacutesbicas e demais enquadramentos)
Machismo leva a homossexualismo masculino (se eacute homossexual como pode ser maacutesculo) e feminismo leva a homossexualismo feminino (idem) Satildeo extremizaccedilotildees supertemperaturas que soacute aparecem em excesso em certas situaccedilotildees que declararemos depois
UMA LISTA IMENSA DE TRABALHOS FEITOS PELA NOSSA OUTRA METAD
E (significa que vocecirc ficou livre disso ficou livre ficou vocecirc teve tempo para vocecirc porque algueacutem que participa de seu projeto de vida livrou-o ou livrou-a de ter de fazer tudo o que significou milhotildees de produtos postos a seu serviccedilo)
Na verdade a lista acima eacute pequena bem pequena Ela poderia ser encomprida ilimitadamente para conter tudo que a humanidade faz pois a soma de tudo eacute feita pela outra metade outra metade em relaccedilatildeo a uma e outra uma em relaccedilatildeo agrave metade
Todas as coisas que existiram existem e existiratildeo (fora o que vem dos natildeo-humanos fungos plantas animais e primatas) vem da outra metade alguma outra metade soma da metade-homem e metade-mulher E se incluirmos cada uma das outras espeacutecies (dizem que satildeo 30 milhotildees) entatildeo eacute tudo mesmo
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Vocecirc pensa que se metade fosse excluiacuteda sempre poderiacuteamos aprender a fazer o que ela faz mas pense em todas as coisas tatildeo difiacuteceis de VOCEcirc fazer se aceitaria fazecirc-las de agora em diante
TODAS AS COISAS QUE VOCEcirc DETESTA FAZER
PENSANDO BEM TODAS MESMO
E em relaccedilatildeo a tudo que a humanidade faz e tudo que as espeacutecies fazem nem haveria forccedila no indiviacuteduo
Olhe para todas as tarefas OLHE MESMO para tudo TUDO MESMO e comece entatildeo a reparar na utilidade de sua outra metade em como seremos (ou poderiacuteamos ser) felizes se nos dedicarmos (ou se nos dedicaacutessemos) mais agrave felicidade e menos a reclamar
homem-hemisfeacuterico
DUAS METADES DE ESFERA FAZEM A VIABILIDADE QUANDO ESFERA
casal-esfeacuterico mulher-hemisfeacuterica
A esfera eacute totalmente estaacutevel
Capiacutetulo 3 Completa-mente
Somos criaturas de duas cabeccedilas quatro braccedilos quatro
pernas e assim por diante tudo duplicado soacute que separado vocecirc natildeo sente TANTA falta - se estaacute soacute - porque o trabalho da outra
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metade estaacute sendo socialmente suprido Natildeo somos 66 bilhotildees (para dar conta certa) somos 33 bilhotildees de pares potenciais
DUAS CABECcedilAS (mas natildeo somos monstros porque as cabeccedilas estatildeo postas em corpos diferentes)
DUAS E QUATRO FACES (embora natildeo reparemos na realidade partes de noacutes estatildeo operando suprindo nossas faltas)
casal
famiacutelia
Pois noacutes natildeo somos mais indiviacuteduos somos grupo Um desses grupos chamado ldquoGrande Vitoacuteriardquo tinha
menos de 300 mil faces em 1971 quando vim morar aqui agora passa de 1400 mil cresceu muito incorporando vaacuterias cidades Existem outros muito maiores
Maiores Cidades do planeta 7 nov 2006
AS MAIORES AGLOMERACcedilOtildeES URBANAS
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OS MAIORES PIBs EM 2020
AS MELHORES CIDADES PARA VIVER
Segue-se uma lista com as melhores cidades do mundo para se viver de acordo com a revista
(cidades satildeo supermaacutequinas e superprogramas superprogramaacutequinas para se viver Le Corbusier natildeo as viu como maacutequinas de morar)
Business Week com relaccedilatildeo agrave qualidade de vida
215 grandes cidades foram avaliadas
Embora ainda nos vejamos como indiviacuteduos esses satildeo
grupos indefectivelmente grupos grupos imensos inimaginaacuteveis Por exemplo a cidade-capital de Satildeo Paulo sozinha tem 104 do PIB brasileiro e a Grande SP tem 2500 km2 de aacuterea ocupada com construccedilotildees
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Embora eu diga ldquominha menterdquo metade dela a minha outra metade estaacute fora muito mais que isso 33 bilhotildees das nossas metades estatildeo amplamente disseminadas em toda longitude latitude altitude Quase natildeo sinto falta quando estou soacute (exceto sexualmente) porque todos esses 3300 milhotildees estatildeo por aiacute trabalhando com afinco para suprir o que natildeo sei fazer em relaccedilatildeo agraves ocupaccedilotildees delas (sem falar dos 33 bilhotildees do nosso lado que fazem tudo que vocecirc e eu natildeo sabemos mas isso eacute outra histoacuteria)
HEMISFEacuteRIAS
AS OUTRAS DUAS METADES
(vocecirc eu vivemos em feacuterias do que faz a outra metade e nem agradecemos isso)
NOSSAS DUAS METADES 12 12 12 12
hemisfeacuterio esquerdo
hemisfeacuterio direito
hemisfeacuterio esquerdo
hemisfeacuterio direito
Como Koestler disse primeiro (dividindo nosso ceacuterebro em reptiliano mamiacutefero e humano) e o modelo colocou de outro modo temos vaacuterios ceacuterebros em cada um de noacutes de fato reparando sermos um-em-dois eacute uma profusatildeo uma quantidade insuspeitada ainda mais porque vamos muito aleacutem do indiviacuteduo
Os paleontoacutelogos os arqueoacutelogos os antropoacutelogos e os geo-historiadores natildeo analisaram e porisso natildeo sintetizaram uma teoria-praacutetica coerente da convivecircncia um-uma e nem do conjunto da humanidade DO PONTO DE VISTA DA FUSAtildeO ou da tentativa constante dela exceto pelo lado do episoacutedico quer dizer de cada tentativa homem-mulher (ou outras) Mas esse vasto mecanismo no tempo e no espaccedilo natildeo foi visto a contento
a) GEO-HISTOacuteRIA DO CASAMENTO
1 casamento dos indiviacuteduos CASAMENTO PESSOAL
2 casamento das famiacutelias 3 casamento dos grupos 4 casamento das empresas (embora as empresas natildeo
prestem atenccedilatildeo se os indiviacuteduos no casamento natildeo satildeo estaacuteveis em todos os sentidos as empresas seratildeo afetadas com grandes danos)
b) 5 mediaccedilatildeo municipal-urbana
CASAMENTO COLETIVO
6 mediaccedilatildeo estadual 7 mediaccedilatildeo nacional 8 mediaccedilatildeo mundial O que quer dizer casamento 1 o que quer dizer ser o homem 2 o que quer dizer ser a mulher
Capiacutetulo 4
Casamento das Famiacutelias e Aleacutem
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UMA AacuteRVORE GENEALOacuteGICA Eacute UMA INDICACcedilAtildeO DE MISCIGENACcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS
O tempo todo em toda parte as pessoas estatildeo
miscigenando misturando indiviacuteduos formando famiacutelias estas grupos estes empresas e assim por diante Como diz o povo em toda parte a todo instante uma ldquoafliccedilatildeo de genterdquo estaacute se misturando sexualmente (homem e mulher) racialmente (negros brancos amarelos vermelhos) por idade (jovens e novos) por origem por classe social e segue
Onde fica a individualidade nisso tudo Essa individualidade QUE NAtildeO SE MISTURA eacute um defeito de visatildeo de nossas mentes racionais segregadoras Eacute verdade que somos indiviacuteduos poreacutem eacute verdade tambeacutem que natildeo somos
Primeiro haacute o aleacutem-de-mim que satildeo os ambientes e as pessoas natildeo-eu Depois temos TODAS AS MISTURAS de natildeo-eu (sexo raccedila idade origem classe e segue) de que dependo A seguir todo o saber natildeo-eu todas as memoacuterias e inteligecircncias que o mundo produz
Enfim o natildeo-eu eacute uma amplidatildeo para o passado e o futuro no presente abrindo-se em 200 naccedilotildees 4000 estados e o resto todo Em resumo natildeo-eu em relaccedilatildeo a eu eacute tanto mais aleacutem de mim que quase desapareccedilo
Sou metade com minha metade e soacute nesse par sou um embora metade 05 + 05 = 10 = casamento aleacutem desse par-de-
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defesa quer dizer aleacutem do casamento monogacircmico estatildeo as inumeraacuteveis facetas do mundo as complexidades ilimitadas que natildeo posso resolver
Entatildeo Natureza-Deus quebrou-nos em duas partes que devem voltar a se unir para produzir a necessidade de uniatildeo em famiacutelias e aleacutem para criar as sociedades
Capiacutetulo 5 Con-soacutecio de Construccedilatildeo
Entatildeo noacutes temos vaacuterios tipos de sociedades a) dentro de noacutes vieram nos montando todas as
sociedades que deram no indiviacuteduo por exemplo sociedade dos oacutergatildeos
b) a seguir nos unimos em famiacutelias com ou sem filhos (no meu caso tive dois grandes amigos)
c) e aiacute segue todos aqueles niacuteveis pessoais e ambientais De fato a vida eacute uma sociedade tremenda
i sociedades vitais (fungos plantas animais e primatas)
ii sociedades psicoloacutegicas (pessoas e ambientes)
Cada sociedade dessas abre-se em multiacuteplices camadas de complexidades complexidades quase indescritiacuteveis que os estudiosos penam para descrever apenas no niacutevel bioloacutegico-p2 No niacutevel psicoloacutegico-p3 claro eacute muito mais difiacutecil chega a ser impossiacutevel pois estamos dentro Natildeo existe nenhum SUPERMUNDO que esteja de fora olhando o mundo somos noacutes as mesmas cabeccedilas individuais que ousam pensar a totalidade dividindo-a e subdividindo-a em numerosas fraccedilotildees trataacuteveis
NOacuteS NOS SENTIMOS ESMAGADOS PELA CRESCENTE COMPLEXIDADE (eacute preciso comeccedilar urgentemente o processo de re-uniatildeo)
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Quanto mais tentamos alisar
mais o cabelo embola
Uma galaacutexia de dados e nem haacute um centro
gravitacional O meacutetodo cientiacutefico redutor eacute muito bom produziu a
maioria das coisas que vemos e grande parte de nossas liberdades (e prisotildees) atuais Contudo tambeacutem foi ruim porque o redutor (e ampliador) levou ao reducionismo a superafirmaccedilatildeo da reduccedilatildeo Jaacute que funcionava tatildeo bem as pessoas natildeo se preocuparam com um meacutetodo cientiacutefico ampliador
Em particular a Ciecircncia geral natildeo ajudou a colar homem e mulher despedaccedilados nem as famiacutelias nem os grupos nem mesmo coisa alguma na verdade ajudou a rebentar Natildeo fez de noacutes felizes criaturas re-unidas fez de noacutes consumidores seres infelizes superconsumindo e mesmo assim incapazes de chegar agrave felicidade ainda que livres para procuraacute-la
A re-uniatildeo deve comeccedilar pela re-uniatildeo do par fundamental Re-construir a famiacutelia eacute fundamental
Capiacutetulo 6 Feliz-Cidade
Se a cidade eacute apesar de tudo feliz se eacute feliz-cidade eacute
porque o trabalho eacute muito dividido e enquanto estou de feacuterias deitado na rede por toda parte milhotildees estatildeo se azafamando trabalhando continuamente com afinco se tiro um mecircs de feacuterias nem um dia de mim vai trabalhar ndash por 30 dias eu falto ao trabalho sem que o trabalho falte a mim
Minha casa continua comendo bebendo e fazendo todas as competentes graccedilas que nos datildeo E por toda parte milhotildees operam com vigor quando estou dormindo Se algueacutem entra em coma natildeo acorda num mundo destruiacutedo na sua ausecircncia todos continuaram a trabalhar diligentemente
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O FORMIGUEIRO CONTINUA DIA E NOITE
Eu formiguinha formiguinha vocecirc VIDA DE FORMIGA Z NO FORMIGUEIRO Z (Woody Allen interpreta o filho quinto-milhatildeo Z pois existe todo um abecedaacuterio de formigas e formigueiros com iacutendices e sub-iacutendices)
A formiga Z se apaixona pela princesa Bala e termina enfrentando os desafios do mundo exterior e o impiedoso General Mandiacutebula Com vozes de Woody Allen Sharon Stone Jennifer Lopez Gene Hackman e Sylvester
Stallone
Ficha Teacutecnica Elenco
Sinopse Criacuteticas
Pocircsters
Imagens Trailers
Premiaccedilotildees Curiosidades
Ficha Teacutecnica
Tiacutetulo Original AntZ Gecircnero Animaccedilatildeo Computadorizada Tempo de Duraccedilatildeo 82 minutos Ano de Lanccedilamento (EUA) 1998
Site Oficial wwwpepsicomantz Estuacutedio DreamWorks SKG Pacific Data Images
Distribuiccedilatildeo DreamWorks Distribution LLC UIP Direccedilatildeo Eric Darnell e Tim Johnson
Roteiro Todd Alcott Chris Weitz e Paul Weitz Produccedilatildeo Brad Lewis Aron Warner e Patty Wooton Muacutesica Harry Gregson-Williams e John Powell
Desenho de Produccedilatildeo John Bell
Direccedilatildeo de Arte Kendall Crockhite Ediccedilatildeo Stan Webb
Efeitos Especiais Pacific Data Images Elenco (Vzes)
Woody Allen (Z) Sharon Stone (Princesa Bala)
Gene Hackman (General Mandiacutebula) Jennifer Lopez (Azteca) Danny Glover (Barbatus)
Sylvester Stallone (Weaver)
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Christopher Walken (Coronel Cutter) Dan Akroyd (Chip)
Anne Bancroft (Rainha) Jane Curtin (Muffy)
Paul Mazursky (Psicoacutelogo)
Sinopse A formiguinha Z eacute apenas um operaacuterio que sonha roubar o coraccedilatildeo da princesa Bala Para isso convence seu amigo
soldado a trocar de lugar com ele o que faz com que tenha que enfrentar o impiedoso General Mandiacutebula que planeja
uma grande ofensiva contra o formigueiro
A formiguinha tendo ao fundo o
formigueiro
Um dos formigueiros sem que se veja
uma soacute formiguinha Isto eacute a Terra o terraacuterio-aquaacuterio da humanidade a gaiola
redonda dos loucos de pedra Somos 66 bilhotildees de formigas dentro deste formigueiro-mundo
E NOacuteS AINDA PARTILHAMOS A TERRAARAacuteGUA (aqui as aves)
Em resumo embora nos vejamos como indiviacuteduos na
verdade somos um CORRELATIVO DE EMPREENDIMENTOS em furiosa mutaccedilatildeo tempespacial
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Capiacutetulo 7 Espaccedilotempo de Reuniatildeo
Pois entatildeo eacute hora de re-unir a humanidade de fazer
cessar o pecado original divisor RE-FAZENDO famiacutelia natildeo mais ilha Famiacutelias de todos os tipos com todas as uniotildees todas as misturas
Eacute preciso eacute fundamental que os governos de todo o
mundo invistam maciccedilamente na reuniatildeo dos pares fundamentais nos casamentos no estudo das uniotildees estaacuteveis na restauraccedilatildeo no contorno natildeo-forccedilado dos divoacutercios e separaccedilotildees digamos com um periacuteodo de experiecircncia antes da consagraccedilatildeo do casamento uniotildees-em-experiecircncia
A gestaccedilatildeo da nova famiacutelia deve ser o mote deste seacuteculo XXI todo e do futuro
Vitoacuteria quinta-feira 12 de marccedilo de 2009 Joseacute Augusto Gava
Anexos Capiacutetulo 5
O MEacuteTODO CIENTIacuteFICO REDUTOR (logo de cara esse quebrar em partes rompe os viacutenculos da totalidade da funcionabilidade total)
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II2 Caracteriacutesticas do meacutetodo cientiacutefico O meacutetodo dedutivo o meacutetodo indutivo e o meacutetodo
hipoteacutetico-dedutivo satildeo os trecircs meacutetodos cientiacuteficos a que se refere a denominaccedilatildeo geneacutetica de meacutetodo cientiacutefico A primeira caracteriacutestica do meacutetodo cientiacutefico eacute a sua
natureza convencional a de servir de marco de geraccedilatildeo do conhecimento objetivo Por isso existem muacuteltiplas caracteriacutesticas em funccedilatildeo da perspectiva com que se
classifiquem se estudem e inclusivamente se denominem A primeira que me chama a atenccedilatildeo eacute o fato de que os dois primeiros tecircm um nome difiacutecil de distinguir visto que no acircmbito linguumliacutestico podem representar um soacute conceito com
duas manifestaccedilotildees raciociacutenio numa direccedilatildeo ou na contraacuteria do geral para o particular ou vice-versa
O problema logicamente deriva da dificuldade conceptual de separar um meacutetodo cientiacutefico de outro de uma forma clara evidentemente os termos escolhidos natildeo ajudam a
reter na memoacuteria estes dois conceitos de meacutetodo cientiacutefico Tambeacutem natildeo ajuda muito a denominaccedilatildeo do
terceiro meacutetodo cientiacutefico Uma caracteriacutestica de ambos meacutetodos eacute que podem ir do
geral para o particular ou vice-versa num sentido ou no inverso Ambos utilizam a loacutegica e chegam a uma conclusatildeo
Em uacuteltima instacircncia sempre tecircm elementos filosoacuteficos subjacentes
Ambos costumam ser susceptiacuteveis de verificaccedilatildeo empiacuterica Ainda que o meacutetodo dedutivo seja mais proacuteprio das ciecircncias formais e o indutivo das ciecircncias empiacutericas nada impede a aplicaccedilatildeo indistinta de um meacutetodo cientiacutefico ou outro a
uma teoria concreta Para mim sem pretender entrar em polecircmica neste tema a diferenccedila fundamental entre o meacutetodo dedutivo e o meacutetodo indutivo eacute que o primeiro aspira a demonstrar mediante a loacutegica pura a conclusatildeo na sua totalidade a partir de
umas premissas de maneira que se garante a veracidade das conclusotildees se natildeo se invalida a loacutegica aplicada Trata-se do modelo axiomaacutetico proposto por Aristoacuteteles como meacutetodo
cientiacutefico ideal Pelo contraacuterio o meacutetodo indutivo cria leis a partir da
observaccedilatildeo dos fatos mediante a generalizaccedilatildeo do comportamento observado na realidade o que realiza eacute uma espeacutecie de generalizaccedilatildeo sem que atraveacutes da loacutegica possa conseguir uma demonstraccedilatildeo das citadas leis ou conjunto de
conclusotildees As referidas conclusotildees poderiam ser falsas e ao mesmo tempo a aplicaccedilatildeo parcial efetuada da loacutegica poderia manter a sua validade por isso o meacutetodo indutivo necessita de uma condiccedilatildeo adicional a sua aplicaccedilatildeo
considera-se vaacutelida enquanto natildeo se encontrar nenhum caso que natildeo cumpra o modelo proposto
O meacutetodo hipoteacutetico-dedutivo ou de verificaccedilatildeo de hipoacuteteses natildeo coloca em princiacutepio nenhum problema visto
que a sua validade depende dos resultados da proacutepria verificaccedilatildeo
Este meacutetodo cientiacutefico costuma utilizar-se para melhorar ou precisas teorias preacutevias em funccedilatildeo de novos
conhecimentos nas quais a complexidade do modelo natildeo permite formulaccedilotildees loacutegicas Portanto tem um caraacuteter
predominantemente intuitivo e necessita natildeo soacute para ser rejeitado mas tambeacutem para impor a sua validade a
verificaccedilatildeo das suas conclusotildees
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Poderia propor-se para estas trecircs variantes do meacutetodo cientiacutefico a denominaccedilatildeo de meacutetodo dedutivo meacutetodo
intuitivo e meacutetodo experimental ou meacutetodo de verificaccedilatildeo ou qualquer conjunto de palavras que faccedilam referecircncia agraves suas diferenccedilas fundamentais e natildeo coloquem problemas agrave memoacuteria linguumliacutestica Natildeo obstante nesta exposiccedilatildeo
manterei a nomenclatura geralmente utilizada A Teoria Geral da Evoluccedilatildeo Condicionada da Vida seria em
princiacutepio uma teoria baseada no meacutetodo hipoteacutetico-dedutivo ou meacutetodo de verificaccedilatildeo de hipoacuteteses
A teoria de Darwin pelo contraacuterio estaria enquadrada no meacutetodo indutivo mas que apesar de encontrar exemplos contraacuterios natildeo se invalida adeacutequa-se para encaixar
qualquer triacircngulo Porque seraacute
Como se disse anteriormente toda a teoria deve ser resistente agrave sua refutaccedilatildeo contudo uma teoria que natildeo pode ser refutada por nenhum fato concebiacutevel natildeo eacute
cientiacutefica A impossibilidade de refutaccedilatildeo de uma teoria cientiacutefica natildeo eacute uma virtude mas sim um viacutecio
TEORIA SOBRE O MEacuteTODO CIENTIacuteFICO EM BUSCA DE UM MODELO UNIFICANTE PARA AS CIEcircNCIAS
E DE UM RETORNO Agrave UNIVERSIDADE CRIATIVA I -- INTRODUCcedilAtildeO
Alberto Mesquita Filho Comeccedilo regra geral as minhas liccedilotildees sobre Meacutetodo
Cientiacutefico dizendo aos meus alunos que o meacutetodo cientiacutefico natildeo existe Acrescento que tenho obrigaccedilatildeo de saber isso tendo eu sido durante algum tempo pelo menos o uacutenico professor desse inexistente assunto em toda a Comunidade
Britacircnica
Tendo entatildeo explicado aos meus alunos que natildeo haacute essa coisa que seria o meacutetodo cientiacutefico apresso-me a comeccedilar o meu discurso e ficamos ocupadiacutessimos Pois um ano mal chega para roccedilar a superfiacutecie mesmo de um assunto
inexistente Karl R Popper [1]
Resumo Este artigo eacute o primeiro de uma seacuterie de artigos relacionados agrave metodologia cientiacutefica e cuja temaacutetica foi dividida em cinco toacutepicos principais Corresponde a uma
versatildeo atualizada de consideraccedilotildees expressas pelo autor a partir de 1983 em livros artigos e conferecircncias citados no texto colaborou para esta atualizaccedilatildeo a experiecircncia adquirida pelo autor no processo de remodelaccedilatildeo da Proacute-Reitoria Comunitaacuteria da USJT (1992-1993) bem como aquela adquirida junto aos demais membros da equipe criada pelos Conselhos Superiores da USJT (1994) --expandida em 1995--
com a finalidade de implantar o Centro de Pesquisa da USJT Os conceitos foram axiomatizados de forma a darem
corpo a uma nova teoria sobre o meacutetodo cientiacutefico permitindo mesmo a constataccedilatildeo de possiacuteveis aplicaccedilotildees dentro de um contexto abrangente tais como 1) a teoria
fornece os meios necessaacuterios para que se promova a integraccedilatildeo das ciecircncias e 2) propicia a sustentaccedilatildeo de um projeto visando a caracterizar a universidade como o local apropriado para a formaccedilatildeo de cientistas Os cinco
toacutepicos a serem abordados satildeo pela ordem I - Introduccedilatildeo na qual eacute proposta a regra delimitante da ciecircncia II - O macromeacutetodo cientiacutefico e a Histoacuteria da Ciecircncia III - O
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papel da universidade na produccedilatildeo de conhecimentos IV - O meacutetodo cientiacutefico propriamente dito a) A teoria da
praacutetica em ciecircncia b) A praacutetica da teorizaccedilatildeo cientiacutefica V - O micromeacutetodo cientiacutefico e a Filosofia da Ciecircncia Os demais toacutepicos estatildeo em fase de projeto natildeo havendo portanto previsatildeo quanto agrave eacutepoca de publicaccedilatildeo []
1 Colocaccedilatildeo do problema Meacutetodo entre outras coisas significa caminho para chegar
a um fim ou pelo qual se atinge um objetivo Que dizer entatildeo do meacutetodo cientiacutefico [2] Poderia dizer que eacute o caminho trilhado pelo cientista quando em busca de verdades cientiacuteficas
Afirma-se com grande frequumlecircncia que o cientista eacute aquele que se utiliza do meacutetodo cientiacutefico Os que aceitam esta
Percebam que estou meramente jogando com as palavras e associando-as ao conceito de
meacutetodo acima postulado Quais satildeo as verdades cientiacuteficas O que eacute ser cientista O que eacute ciecircncia Existe uma ciecircncia uacutenica Quando nos reportamos a uma hipoteacutetica linha demarcatoacuteria a separar o que julgamos
ser uma verdade cientiacutefica de outras possiacuteveis verdades a que nos estamos referindo
verdade --e haacute muitos que o fazem-- devem procurar uma conceituaccedilatildeo para meacutetodo cientiacutefico diferente da exposta no paraacutegrafo anterior sob pena de andarem em ciacuterculo Ou definimos cientista a partir da definiccedilatildeo de meacutetodo frac34algo tentado por Popper ao propor o falsificacionismo [3]frac34 ou definimos meacutetodo a partir da definiccedilatildeo de cientista do contraacuterio natildeo chegamos a nada Conservarei a ideacuteia de meacutetodo cientiacutefico como caminho trilhado pelo cientista
2 O que eacute ciecircncia
com o que estou assumindo o risco de ter que definir ciecircncia eou cientista Eacute o que tentarei fazer nesta
introduccedilatildeo
Natildeo eacute faacutecil definir ciecircncia e satildeo inuacutemeros os tratados sobre o assunto a abordarem esta dificuldade Ao leitor
principiante em ciecircncia e que queira penetrar na complexidade do tema ou entatildeo perceber a quantas anda nossa ignoracircncia a respeito sugiro se tiver pendores
filosoacuteficos que comece pelo livro de Chalmers (1976) [4] ou entatildeo se preferir algo mais ameno e mais voltado agrave
praacutetica cientiacutefica pelo livro de Beveridge (1980) [5] Ao leitor acomodado e que natildeo tenha amplo conhecimento do
assunto ou mesmo para aquele que pretenda prosseguir com esta leitura ciente de que eacute possiacutevel pelo menos em niacutevel conjetural enfrentar o desafio apontado relatarei aqui a
conclusatildeo de um ensaio que sintetiza uma ideacuteia que me ocorreu haacute cerca de dez anos [6] e que apresentei na
sessatildeo de debates da mesa redonda A Pesquisa na Universidade Particular ocorrida por ocasiatildeo da IV Semana de Psicologia da USJT (1994) com as seguintes palavras Vejo a ciecircncia como a aacuterea do conhecimento que se apoacuteia natildeo num meacutetodo mas sim na regra da repetitividade a que
eu tenho chamado de regra cientiacutefica fundamental Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que
pesquisado se repetiu eacute de se admitir que em futuras verificaccedilotildees o mesmo suceda [7]
A regra cientiacutefica fundamental conquanto aceita intuitivamente por todos os cientistas ocupa entre os mesmos e ateacute entre os filoacutesofos da ciecircncia um papel
secundaacuterio quando natildeo totalmente ignorada Via de regra considera-se a ciecircncia como que apoiada em regras outras
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como por exemplo o princiacutepio da causalidade de Kant a regra metodoloacutegica de Popper que se associa a seu meacutetodo
dedutivo de prova o princiacutepio ou argumento indutivista e as regras ou criteacuterios de utilidade Como posiccedilotildees
extremas e apoiadas em regras mais riacutegidas podemos citar a visatildeo paradigmaacutetica de Thomas Kuhn a defender o
dogmatismo cientiacutefico o ponto de vista de Chalmers a questionar a argumentaccedilatildeo filosoacutefica no que diz respeito agrave delimitaccedilatildeo da ciecircncia e a visatildeo anarquista de Feyerabend
a se opor frontalmente ao racionalismo em ciecircncia A fim de ilustrar o comentado no paraacutegrafo anterior
vejamos como Thomas Kuhn (1962) --defensor de uma posiccedilatildeo cientiacutefico-filosoacutefica incompatiacutevel com a que aqui pretendo apresentar-- retrata a importacircncia da repetitividade dos eventos como algo a semear o surgimento de novas ideacuteias Existem em princiacutepio somente trecircs tipos de fenocircmenos a propoacutesito dos quais pode ser desenvolvida uma nova teoria O primeiro tipo compreende os fenocircmenos jaacute bem explicados
pelos paradigmas existentes Tais fenocircmenos raramente fornecem motivos ou um ponto de partida para a construccedilatildeo de uma teoria Quando o fazem as teorias resultantes raramente satildeo aceitas visto que a natureza natildeo proporciona nenhuma base para uma discriminaccedilatildeo entre as alternativas Uma segunda classe de fenocircmenos compreende aqueles cuja
natureza eacute indicada pelos paradigmas existentes mas cujos detalhes somente podem ser entendidos apoacutes uma maior
articulaccedilatildeo da teoria Os cientistas dirigem a maior parte de sua pesquisa a esses fenocircmenos mas tal pesquisa visa antes agrave articulaccedilatildeo dos paradigmas existentes do que agrave invenccedilatildeo de novos Somente quando esses esforccedilos de articulaccedilatildeo fracassam eacute que os cientistas encontram o
terceiro tipo de fenocircmeno as anomalias reconhecidas cujo traccedilo caracteriacutestico eacute a sua recusa obstinada a serem
assimiladas aos paradigmas existentes Apenas esse uacuteltimo tipo de fenocircmeno faz surgir novas teorias [8]
Ora se um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se recusou obstinadamente a ser assimilado aos paradigmas
existentes e se esta recusa eacute quem orienta a caracterizaccedilatildeo de novas teorias e mais se a ciecircncia eacute fundamentalmente o conjunto das ideacuteias e teorias geradas pela mente humana bem como a aplicaccedilatildeo pelo homem dessas ideacuteias e teorias em busca de um relacionamento sadio com a natureza e com os seus semelhantes podemos sossegadamente
concluir que ciecircncia eacute o processo pelo qual o homem se relaciona com os fenocircmenos universais que se sujeitam agrave
regra cientiacutefica fundamental 3 O ser cientista
Cientista diz-nos Ferreira (1986) eacute a pessoa que cultiva ou que eacute especialista em alguma ciecircncia ou em ciecircncias
[9] e ciecircncia eacute um processo definido no item anterior Se aceitarmos estas premissas concluiremos que o conhecimento
cientiacutefico eacute aquele factiacutevel de reproduccedilatildeo enquanto o cientista eacute aquele que de alguma forma cultiva esses conhecimentos Eacute importante aqui salientar que muitas
vezes o que se espera reproduzir eacute um dado probabiliacutestico Por exemplo se dissermos que 80 das moleacuteculas de um gaacutes
satildeo do elemento quiacutemico oxigecircnio isto natildeo significa estarmos afirmando ser oxigecircnio esta ou aquela moleacutecula objeto de verificaccedilatildeo experimental o que a regra nos
preconiza eacute que independentemente de qual cientista for tentar reproduzir a medida ou do local escolhido para que
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esta segunda medida seja efetuada observando-se as condiccedilotildees em que a mesma foi realizada anteriormente o
valor obtido concordaraacute com o valor precedente dentro de uma margem de erro tambeacutem estimaacutevel por meacutetodos
experimentais Todos noacutes vez ou outra nos comportamos como cientistas Ser cientista natildeo eacute possuir um roacutetulo mas sim postar-se com uma atitude cientiacutefica por outro lado mesmo aquele que se diz cientista vez ou outra assume atitudes natildeo cientiacuteficas e penetra em terrenos apoiados em regras
proacuteprias ou ateacute mesmo sem regras O roacutetulo eacute frequumlentemente utilizado quando queremos nos referir agraves
pessoas que se utilizam de seus talentos cientiacuteficos como meio de vida seriam entatildeo os cientistas profissionais A filosofia por exemplo eacute um campo de atuaccedilatildeo bem mais
abrangente que aquele ditado pela regra cientiacutefica fundamental Poderiacuteamos dizer que a filosofia comporta a
ciecircncia ainda que esta ideacuteia natildeo agrade a alguns cientistas mas jamais poderiacuteamos dizer e quanto a isso
todos satildeo concordes que a ciecircncia comporta a filosofia O bom cientista utiliza-se da filosofia da mesma forma que a maioria dos indiviacuteduos com sede se utilizam do copo Outras
aacutereas do conhecimento seriam 1) o ocultismo frac34e aqui poderiacuteamos incluir a tiacutetulo de exemplo a alquimia e a astrologia 2) as artes frac34e vale a pena aqui frisar que a arte pode ser encarada cientificamente postura esta que foi frequumlentemente adotada por Leonardo da Vinci [10] e defendida em sua Teoria do Conhecimento 3) a teologia
etc A busca pela verdade que tambeacutem eacute objetivo da grande maioria destas aacutereas natildeo cientiacuteficas segue-se por caminhos nem sempre limitados ou compatiacuteveis com a regra cientiacutefica
fundamental O cultivo da ciecircncia pode se dar atraveacutes da observaccedilatildeo de alguns ou todos dentre seus objetivos nobres quais sejam
1) aquisiccedilatildeo transmissatildeo e aplicaccedilatildeo de conhecimentos cientiacuteficos jaacute sistematizados e 2) produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
de novos conhecimentos Visto sob este acircngulo satildeo cientistas 1) o estudioso eou o professor eou o
profissional bacharel em quaisquer das ciecircncias 2) o tecnoacutelogo 3) o pesquisador em aacutereas cientiacuteficas 4) o
teorizador em ciecircncias 5) e o autor de artigos cientiacuteficos relatando ideacuteias proacuteprias eou revisotildees bibliograacuteficas Sob um ponto de vista mais rigoroso o cientista seria apenas aquele capaz de dominar as teacutecnicas inerentes a todos os
objetivos nobres acima apontados Nem tanto ao ceacuteu nem tanto agrave terra Percebam que jaacute
conceituamos ciecircncia e jaacute conseguimos ir aleacutem a ponto de fornecer dados para que se analise o comportamento daqueles
que trabalham em ciecircncia Observado este comportamento poderiacuteamos assumir como cientistas aqueles que realmente contribuem para o progresso das ciecircncias Adotarei esta
postura mas gostaria de esclarecer conforme seraacute comentado oportunamente que a noccedilatildeo de progresso aqui defendida eacute um pouco mais abrangente do que aquela
preconizada pelos pensadores iluministas [11] que tanto influenciaram os positivistas Aceita esta premissa frac34a de que cientistas satildeo somente aqueles que real e diretamente [12] contribuem para o progresso das ciecircnciasfrac34 suponha que consigamos caracterizar os cientistas assim definidos como aqueles que ao contribuir para o progresso das
ciecircncias se utilizam de um meacutetodo comum a que chamaremos
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meacutetodo cientiacutefico Poderemos entatildeo afirmar e natildeo se trata aqui da busca por uma definiccedilatildeo que o cientista eacute aquele que se utiliza do meacutetodo cientiacutefico o raciociacutenio ciacuteclico da forma como foi agora utilizado estaacute livre de consequumlecircncias funestas Notem com o auxiacutelio da figura 1 a sintetizar as ideacuteias principais aqui focalizadas que do ponto de vista conceitual natildeo estamos andando em ciacuterculo
REGRA CIENTIacuteFICA FUNDAMENTAL
Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu eacute de se admitir que em futuras
verificaccedilotildees o mesmo suceda
DEFINICcedilAtildeO DE CIEcircNCIA
Ciecircncia eacute o processo pelo qual o homem se relaciona com os fenocircmenos universais que se sujeitam agrave regra cientiacutefica
fundamental
OBSERVACcedilAtildeO DO COMPORTAMENTO DOS QUE TRABALHAM EM CIEcircNCIA
VERIFICACcedilAtildeO DE QUE ALGUNS CONTRIBUEM PARA O PROGRESSO DAS CIEcircNCIAS
Cientista eacute todo ser racional que contribui diretamente para o progresso das ciecircncias
CONSTATACcedilAtildeO DE QUE ESTES SE UTILIZAM DE UM MEacuteTODO COMUM
Figura 1 - Para explicaccedilatildeo vide texto Resta-nos entatildeo para que a ideacuteia ganhe em consistecircncia comprovar a existecircncia de um uacutenico meacutetodo cientiacutefico e
isto natildeo parece ser uma tarefa faacutecil Antes de enfrentarmos esta dificuldade vamos verificar como as ideacuteias aqui apresentadas se conformam a conceitos classicamente
adotados como modelos de meacutetodo cientiacutefico
[] Muitos dentre esses toacutepicos satildeo apresentados em um contexto diverso em
Referecircncias
Ensaios sobre a Filosofia da Ciecircncia ou entatildeo em outros artigos expostos acima na
seccedilatildeo Temas relacionados [1] POPPER K R 1956 Acerca da inexistecircncia do meacutetodo
cientiacutefico in Prefaacutecio da ediccedilatildeo de 1956 do livro O realismo e o objetivo da ciecircncia
[2] FERREIRA A B H 1986
Publicaccedilotildees Dom Quixote (traduccedilatildeo) Lisboa 1987 Este prefaacutecio foi lido num
encontro dos Fellows of Center for Advanced Study in the Behavioral Sciences em Stanford Califoacuternia em novembro
de 1956 Novo dicionaacuterio da liacutengua
portuguesa[3] POPPER K R (1959)
Ed Nova Fronteira Rio de Janeiro p 1128 A loacutegica da pesquisa
cientiacutefica Ed Cultrix (traduccedilatildeo 1975) Satildeo Paulo
22
[4] CHALMERS A F 1976 (traduccedilatildeo 1993) O que eacute ciecircncia afinal[5] BEVERIDGE W I B 1980
Ed Brasiliense Satildeo Paulo 225 p Sementes da descoberta
cientiacutefica[6] MESQUITA Fdeg A 1987
Edusp (traduccedilatildeo) Satildeo Paulo Confesso que blefei --
Fiacutesica antiga vs moderna
[7] Perguntas e Debates 1995 item V
editado pela USJT (na eacutepoca Faculdades Satildeo Judas Tadeu) Satildeo Paulo capiacutetulo 13 A
Ciecircncia Existe p 92-8 Sobre Pesquisa e
Filosofia da Ciecircncia p 75 in EspecialIntegraccedilatildeo A pesquisa na universidade particular Integraccedilatildeo
[8] KUHN T S 1962 (traduccedilatildeo 1975)
I(1)51-75 1995 Este ensaio foi tambeacutem apresentado e discutido em palestra (natildeo publicada) que ministrei por ocasiatildeo da
Semana de Filosofia da USJT de 1994 A estrutura das
revoluccedilotildees cientiacuteficas Ed Perspectiva Satildeo Paulo 257 pp capiacutetulo 8 A natureza e a necessidade das revoluccedilotildees
cientiacuteficas[9] FERREIRA 1986 Idem p 404
p 131 [Os grifos satildeo meus]
[10] Leonardo da Vinci in The New Encyclopaedia Britannica Vol 22 (Macropaedia) Enc Brit Inc
Chicago 1993 p 946 (Leonardo as artist-scientist[11] SANTOS G T
) Os caminhos do pensamento cientiacutefico a
partir do Iluminismo Integraccedilatildeo I(5)131-6 1996 conferecircncia proferida por ocasiatildeo da Semana de Filosofia da USJT de 1995 Na sessatildeo de debates Santos dentre outras consideraccedilotildees interessantes a respeito faz a
seguinte observaccedilatildeo O progresso como vai ser definido no Iluminismo eacute uma noccedilatildeo de abandono passa pelo abandono necessaacuterio de coisas que ficaram ou que deveratildeo ficar no
passado[12] O termo diretamente aqui empregado eacute essencial a natildeo ser levado em conta corremos o risco de considerar
como cientistas dentre outros os mecenas que no passado contribuiacuteram de maneira indireta para o progresso
das ciecircncias
O argumento indutivista Uma criacutetica imparcial conquanto demolidora ao
indutivismo eacute apresentada por Chalmers nos trecircs primeiros capiacutetulos de seu livro [13] Veremos aqui apenas alguns toacutepicos interessantes do ponto de vista epistemoloacutegico
eou necessaacuterios para um melhor entendimento da teoria ora sendo apresentada
Um sumaacuterio completo do argumento indutivista da ciecircncia estaacute esquematizado na figura 2 adaptada de Chalmers [14]
Chama a atenccedilatildeo a omissatildeo da deduccedilatildeo de hipoacuteteses o indutivista admite ser possiacutevel partir da observaccedilatildeo e chegar a leis apelando exclusivamente ao raciociacutenio
indutivo O meacutetodo indutivo baseia-se na crenccedila de que eacute possiacutevel confirmar um enunciado universal (lei) atraveacutes de um certo nuacutemero de observaccedilotildees singulares Via de regra
quando se questiona o indutivista a respeito da omissatildeo da hipoacutetese ele logo repete uma frase de Newton Natildeo faccedilo
hipoacuteteses Obviamente este indutivista ingecircnuo ouviu esta frase sabe que foi proferida por Newton mas demonstra
natildeo saber a que Newton estava se referindo A hipoacutetese a que Newton se refere natildeo eacute a mesma que hoje se conceitua nos tratados de metodologia cientiacutefica ou de estatiacutestica Newton deixou bastante claro em sua obra que natildeo fazia como cientista especulaccedilotildees ou conjecturas infundadas No
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que se refere a hipoacuteteses no contexto em que o termo eacute hoje aceito rariacutessimos foram os cientistas que em sua
fase produtiva as levantaram em nuacutemero tal cuja ordem de grandeza se aproximasse daquela atingida por Newton
O argumento indutivista baseia-se na crenccedila no princiacutepio da induccedilatildeo que dentre outras formas pode ser enunciado como Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno
sempre que pesquisado se repetiu em futuras verificaccedilotildees o mesmo sucederaacute
Figura 2 - O argumento indutivista (segundo Chalmers)
[15] Escolhi esta versatildeo para que fique claro o contraste entre o princiacutepio da induccedilatildeo e a regra
cientiacutefica fundamental expliacutecita na figura 1 Trecircs comentaacuterios merecem ser feitos a respeito 1) Conquanto
seja usado como regra metodoloacutegica o princiacutepio da induccedilatildeo natildeo define o nuacutemero de observaccedilotildees singulares a permitir uma generalizaccedilatildeo (obtenccedilatildeo de leis) 2) Esta e outras falhas conceituais inerentes ao argumento indutivista propiciam interpretaccedilotildees ingecircnuas ao princiacutepio conforme
veremos abaixo 3) O princiacutepio sem perder em generalidade no que diz respeito agraves premissas (tem o
mesmo campo de atuaccedilatildeo que a regra cientiacutefica fundamental) e para que possa caracterizar-se como metodoloacutegico e natildeo apenas norteador torna-se mais
restritivo que a regra cientiacutefica fundamental frac34afirma ao inveacutes de suporfrac34 Consequumlentemente os que abraccedilam esta ideologia devem procurar por uma outra definiccedilatildeo de ciecircncia que natildeo a apresentada no item 2 e figura 1 As
consequumlecircncias epistemoloacutegicas daiacute resultantes seratildeo objeto de discussatildeo em itens posteriores
O indutivista ingecircnuo eacute aquele que dentre outras falhas conceituais eou de raciociacutenio consegue provar
cientificamente por exemplo a inexistecircncia de Deus pelo simples fato de Deus natildeo se manifestar a ele tendo em vista que ele natildeo possui uma regra para delimitar a ciecircncia que natildeo seja o princiacutepio da causalidade --natildeo haacute efeito sem causa-- ele tenta inverter o princiacutepio frac34que no caso ficaria natildeo haacute causa sem efeitofrac34 e apelando para o argumento indutivista consegue por meacutetodos cientiacuteficos chegar a conclusotildees natildeo cientiacuteficas frac34no caso teoloacutegicas Mais comum no entanto eacute o erro agora natildeo tatildeo ingecircnuo cometido por alguns indutivistas que conseguem provar cientificamente que todas as maccedilatildes satildeo vermelhas prova esta vaacutelida somente ateacute o dia em que eles se
depararem com maccedilatildes verdes Neste caso a falha decorre da crenccedila num meacutetodo repleto de incoerecircncias internas
5 O argumento dedutivista
24
O argumento dedutivista ainda que natildeo isento de criacuteticas representou sem duacutevida alguma uma evoluccedilatildeo no sentido em que propiciou uma metodologia cientiacutefica dotada de
coerecircncia interna A esse respeito eacute dito com frequumlecircncia que o raciociacutenio dedutivo constitui o
argumento da loacutegica A fim de padronizar comparaccedilotildees apresentarei o argumento
dedutivista como apoiado no seguinte princiacutepio Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa para que seja hipoacutetese deveraacute ser
passiacutevel de verificaccedilatildeo observacional A figura 3 ilustra a proposiccedilatildeo deste argumento
Eacute importante observar que nem toda a afirmaccedilatildeo deduzida seraacute uma hipoacutetese motivo pelo qual natildeo utilizamos o argumento loacutegico se e somente se ao enunciarmos o
princiacutepio
Figura 3 - O argumento dedutivista
[16] Em particular eacute de se ressaltar a opiniatildeo de Severino (1994) a respeito
Eacute preciso natildeo confundir hipoacutetese com pressuposto com evidecircncia preacutevia
Hipoacutetese eacute o que se pretende demonstrar e natildeo o que jaacute se tem
demonstrado [17] A loacutegica dedutiva ao caminhar do geral para o particular
nos garante a formulaccedilatildeo de hipoacuteteses e hipoacutetese comprovada atraveacutes de uma observaccedilatildeo controlada (teste eou experiecircncia) nos permite suspeitar atraveacutes de um raciociacutenio indutivo (do singular para o geral) sua condiccedilatildeo de lei Observem o cuidado na colocaccedilatildeo das palavras Eu disse nos permite suspeitar e natildeo nos
permite garantir Por que esse cuidado A experimentaccedilatildeo natildeo nos garante verdades A esse respeito Popper assim se
referiu Natildeo haacute um meacutetodo para determinar se
uma hipoacutetese eacute lsquoprovaacutevelrsquo ou provavelmente verdadeira [18]
Eacute interessante notar que algumas limitaccedilotildees inerentes ao indutivismo e que propiciam o aparecimento de conclusotildees ingecircnuas satildeo aqui substituiacutedas por uma impossibilidade
Sob esse aspecto o dedutivismo natildeo solucionou o problema mas simplesmente reduziu a possibilidade de que se
cometessem determinados raciociacutenios ingecircnuos Rigorosamente falando o problema natildeo eacute tatildeo insoluacutevel
assim Seraacute insoluacutevel tatildeo-somente para aqueles que julgam estar cientificamente buscando por verdades absolutas A verdade cientiacutefica e soacute o leigo talvez natildeo saiba eacute uma
verdade provisoacuteria tomada por empreacutestimo da natureza e da forma como ela se nos aparenta ser As verdades
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cientiacuteficas de hoje seratildeo quando natildeo negadas lapidadas e reformuladas amanhatilde Se chegaremos ou natildeo por meacutetodos
cientiacuteficos agrave verdade absoluta eacute um questionamento que a ciecircncia natildeo estaacute aparelhada para responder E talvez nunca esteja o que natildeo nos impede de que continuemos procurando
pela verdade Popper foi mais aleacutem demonstrando ser impossiacutevel ateacute mesmo probabilizar uma afirmaccedilatildeo comprovada por um
raciociacutenio que siga a metodologia dedutiva (incluindo e eacute aiacute que reside o problema principal do meacutetodo a induccedilatildeo -- vide lado direito da figura 3) A esse respeito Popper
propotildee a substituiccedilatildeo do termo probabilizar por corroborar Uma hipoacutetese seria tanto mais corroboraacutevel quanto mais propiciasse verificaccedilotildees experimentais e teria sido tanto mais corroborada e natildeo haacute como se
atribuir nuacutemeros probabiliacutesticos a esse efeito quanto mais resistisse a essas verificaccedilotildees Siegel (1977
traduccedilatildeo) adota provavelmente com o mesmo objetivo a expressatildeo grau de aceitabilidade
Efetuamos pesquisas a fim de determinar o grau de aceitabilidade de
hipoacuteteses deduzidas de nossas teorias [19]
Esta impossibilidade em garantir um acerto preocupou bastante Popper e certamente foi um dos motivos que o
levou a expandir o argumento dedutivista atraveacutes da proposiccedilatildeo do falsificacionismo a ser apresentado no
item 7 Independentemente das dificuldades apontadas neste e nos itens precedentes a verdade eacute que a ciecircncia progride e este progresso eacute guiado por homens que conhecem o terreno por onde pisam E conquanto todos saibam da natildeo existecircncia em ciecircncia de verdades absolutas da impossibilidade de se
chegar a uma soluccedilatildeo definitiva para os problemas cientiacuteficos e da natildeo existecircncia de provas observacionais irrefutaacuteveis quase todos [20] entendem e concordam com a
afirmaccedilatildeo de GIL (1994) expressa a seguir A pesquisa cientiacutefica inicia-se
sempre com a colocaccedilatildeo de um problema solucionaacutevel O passo seguinte
consiste em oferecer uma soluccedilatildeo possiacutevel atraveacutes de uma proposiccedilatildeo ou seja de uma expressatildeo suscetiacutevel de ser declarada verdadeira ou falsa A
esta proposiccedilatildeo daacute-se o nome de hipoacutetese Assim a hipoacutetese eacute a
proposiccedilatildeo testaacutevel que pode vir a ser a soluccedilatildeo do problema [21]
6 O que eacute teoria Eacute importante salientar que a finalidade primordial da ciecircncia natildeo eacute formular hipoacuteteses e sim sistematizar teorias e que teoria natildeo eacute pura e simplesmente uma
coletacircnea de hipoacuteteses Teoria eacute um conjunto de hipoacuteteses coerentemente interligadas tendo por finalidade explicar
elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio do conhecimento [22] Por que entatildeo os livros de
metodologia insistem em justificar os meacutetodos atraveacutes de hipoacuteteses uacutenicas e via de regra desinteressantes tais
como As maccedilatildes satildeo vermelhas os cisnes satildeo brancos etc A verdade eacute que nem sempre eacute faacutecil encontrar teorias ao mesmo tempo simples e de amplo espectro ou seja que
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possam ser entendidas por leitores das vaacuterias aacutereas do conhecimento Por outro lado os argumentos que corroboram ou derrubam teorias satildeo em princiacutepio idecircnticos aos que corroboram ou derrubam hipoacuteteses frac34poderiacuteamos tambeacutem dizer
que uma hipoacutetese eacute ou simula ser uma teoria cujo conjunto de hipoacuteteses eacute unitaacuterio Em geral a dificuldade inerente ao grau de complexidade de uma teoria pode ser
superada desde que o cientista conheccedila a fundo esta teoria cujo grau de aceitabilidade pretende testar e domine a loacutegica envolvida em situaccedilotildees similares poreacutem simples como aquelas que aparecem nos compecircndios sobre o
assunto A ecircnfase dada pelos textos de metodologia cientiacutefica a meacutetodos relacionados a testes de hipoacuteteses contrasta com a quase ausecircncia de referecircncias a meacutetodos relativos agrave
praacutetica da teorizaccedilatildeo Existem exceccedilotildees a esta regra e eu natildeo poderia deixar de citar [23] os livros de Bunge [24] e de Lacey [25] indicados especialmente para os iniciantes da aacuterea de exatas Embora natildeo especificamente dirigido a esta temaacutetica haacute que se destacar tambeacutem o livro de Bohm e
Peat [26] e que merece ser lido posto que focaliza a essecircncia da problemaacutetica aqui apontada neste caso e por este motivo eacute indicado aos iniciantes de todas as aacutereas A praacutetica da teorizaccedilatildeo com rariacutessimas exceccedilotildees natildeo se
aprende na escola Grandes teorizadores por terem aprendido a utilizar uma teacutecnica natildeo encontrada nos livros tradicionais e que nem mesmo eacute ensinada na maioria dos
regimes de iniciaccedilatildeo cientiacutefica chegaram a ser confundidos com gecircnios Eacute bem possiacutevel que estes gecircnios tenham adquirido esta praacutexis cultuando algum resquiacutecio da
filosofia que a sociedade moderna natildeo conseguiu despedaccedilar
A lacuna acima apontada fomenta a ingenuidade ou ateacute mesmo o charlatanismo multiplicando sobremaneira o nuacutemero dos que sem estarem devidamente preparados para teorizar frac34uma atividade que natildeo eacute elementarfrac34 ainda assim teorizam e teorizam mal frac34fato este que chega a incomodar cientistas de respeito que ocupam postos importantes nas
universidades [27] Por outro lado e em decorrecircncia disto permite que se condene agrave marginalidade cientiacutefica
e por periacuteodos variaacuteveis de tempo todos aqueles que certos ou errados pretendem evoluir seriamente no sentido de atender agrave finalidade uacuteltima da ciecircncia a edificaccedilatildeo de
teorias representacionais Que meacutetodos estes homens seguiram que natildeo a paixatildeo a
devoccedilatildeo a persistecircncia e a crenccedila num espiacuterito universal frac34Espiacuterito este que segundo alguns admitem natildeo estaacute a se
divertir com nossos erros e acertos o que foi sintetizado pelo maior dos gecircnios do seacuteculo XX nas
seguintes palavras Deus natildeo joga dados A resposta nos eacute dada pelo proacuteprio autor desta afirmaccedilatildeo
O alvo de construir uma teoria de campo eletromagneacutetico da mateacuteria
permanece inatingiacutevel por ora embora em princiacutepio nenhuma objeccedilatildeo possa ser levantada contra a possibilidade de vir a se alcanccedilar tal objetivo O que reteve qualquer tentativa posterior nessa direccedilatildeo foi a falta de qualquer meacutetodo sistemaacutetico que levasse a uma
soluccedilatildeo [28]
27
Seraacute que natildeo existem meacutetodos ou regras a serem adotados nesta praacutexis E por falar nisso a praacutetica da teorizaccedilatildeo
natildeo seria uma teorexis [29] Seraacute que teorizar em ciecircncia eacute uma atividade puramente filosoacutefica Natildeo existe uma
metodologia cientiacutefica a orientar aqueles que se preocupam em decifrar os segredos que estatildeo por traacutes dos fenocircmenos que se adaptam agrave regra cientiacutefica fundamental Caso exista
um meacutetodo a ser sistematizado Seria ele diferente do meacutetodo cientiacutefico O que eacute o meacutetodo cientiacutefico
Tentarei dentro do possiacutevel e da finalidade a que me propus ao conceber esta seacuterie de artigos responder
oportunamente eou orientar o leitor se houver como no que diz respeito aos questionamentos aqui assinalados De qualquer forma mais detalhes sobre teoria eou teorizaccedilatildeo seratildeo apresentados no toacutepico IV-b A praacutetica da teorizaccedilatildeo
(em preparo)
[13] CHALMERS A F 1976 Referecircncias
op cit (Voltar pelo browser) pp 23-63
[14] Idem p 28 [15] Esta versatildeo eacute uma adaptaccedilatildeo do princiacutepio da induccedilatildeo
como enunciado por CHALMERS (1976) op cit Se um grande nuacutemero de As foi observado sob uma ampla variedade de condiccedilotildees e se todos esses As observados possuiacuteam sem exceccedilatildeo a propriedade B entatildeo todos os As possuem a propriedade B
[16] Neste caso o princiacutepio ficaria
Aparentes contradiccedilotildees que o iniciante possa descobrir ao comparar os dois enunciados natildeo
comprometem o raciociacutenio que se segue razatildeo pela qual admitirei a equivalecircncia sem justificaacute-la
Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa seraacute hipoacutetese se e somente se for passiacutevel de verificaccedilatildeo
observacional
[17] SEVERINO J S 1994
O primeiro se torna a afirmaccedilatildeo inconsistente
Metodologia do trabalho cientiacutefico[18] POPPER K R 1956
Cortez Editora Satildeo Paulo op cit
[19] SIEGEL S 1977 Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica
[20] Eacute possiacutevel que alguns dentre os indutivistas natildeo concordem com alguns dos termos da afirmaccedilatildeo por motivos que podem ser suspeitados tendo em vista o apresentado
neste e no item anterior
Ed McGraw-Hill do Brasil Ltda Satildeo Paulo p 6
[21] GIL A C 1994 Como elaborar projetos de pesquisas
[22] Em FERREIRA A B H 1986
Editora Atlas S A Satildeo Paulo p 35 [Os grifos satildeo
meus] op cit (Voltar pelo
browser) encontramos uma definiccedilatildeo mais geral a satisfazer tambeacutem o argumento indutivista Teoria eacute um
conjunto de conhecimentos natildeo ingecircnuos que apresentam graus diversos de sistematizaccedilatildeo e credibilidade e que se
propotildeem a explicar elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio de fenocircmenos ou de acontecimentos que se
oferecem agrave atividade praacutetica [23] Os trecircs livros citados a seguir natildeo satildeo os uacutenicos
nos gecircneros assinalados a despeito da disparidade apontada Ao tempo em que registro com estes exemplos a exceccedilatildeo agrave regra presto tambeacutem uma homenagem a autores que ao serem por mim lidos transmutaram em duacutevidas muitas das
respostas a questotildees fundamentais e que eu
28
pretensiosamente julgava possuir [24] BUNGE M Teoria e realidade
[25] LACEY HM 1972
Ed Perspectiva (traduccedilatildeo 1994) Satildeo Paulo
A linguagem do espaccedilo e do tempo
[26] BOHM D e PEAT F D
Ed Perspectiva SA
Ciecircncia ordem e criatividade
[27] A esse respeito vale a pena ler
Gradiva Publicaccedilotildees Ltda (traduccedilatildeo 1989) Lisboa
Cientiacuteficos Chiflados capiacutetulo XIV do livro BERNSTEIN J 1988 Observacioacuten de
la Ciencia[28] EINSTEIN A
Ed Fondo de Cultura Econoacutemica Meacutexico Fiacutesica e realidade in Albert Einstein
Pensamento poliacutetico e uacuteltimas conclusotildees (1983 traduccedilatildeo) Edit Brasiliense S A Satildeo Paulo [O grifo eacute meu]
[29] Este termo eu utilizei pela primeira vez no artigo MESQUITA Fdeg A 1983 Ciecircncia empiacuterica uma arma ou uma daacutediva Faculdade
Antes de mais nada afirmarei sem me alongar que uma teoria adotado o argumento dedutivista pode ser
corroborada ou negada fundamentalmente atraveacutes de um dos trecircs procedimentos seguintes 1) Pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de uma de suas hipoacuteteses 2) pela verificaccedilatildeo ou negaccedilatildeo de uma de suas prediccedilotildees 3) pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de teorias auxiliares deduzidas da teoria principal (teoria em teste ou sob suspeita) as teorias
auxiliares podem ser de trecircs tipos teorias ou hipoacuteteses de nulidade teorias ou hipoacuteteses salvadoras e teorias ou hipoacuteteses assassinas
(Revista do IAMC) ndeg 6 p 28-43 agosto83
7 O falsificacionismo O falsificacionismo natildeo foi proposto como um meacutetodo novo mas sim como um criteacuterio ou conduta a ser ou natildeo adotado por aqueles que se conformam ao meacutetodo dedutivo de prova
Natildeo haacute nada no falsificacionismo do ponto de vista metodoloacutegico que natildeo esteja previsto ou que natildeo decorra naturalmente de uma opccedilatildeo a ser seguida espontaneamente ou natildeo por este ou aquele dedutivista Qual seria entatildeo este criteacuterio Com que finalidade foi proposto A resposta a estas perguntas bem como o meacuterito do falsificacionismo constituem o objetivo deste e dos proacuteximos dois itens
[30] Incluem-se no rol das teorias auxiliares como veremos oportunamente as teorias
transcendentais frequumlentemente conotadas por experiecircncias de pensamento As prediccedilotildees e as hipoacuteteses ou teorias auxiliares satildeo teorias geradas utilizando-se do proacuteprio argumento dedutivista esquematizado na figura 3 Neste caso o foco de atenccedilatildeo inicial frac34representado na figura como observaccedilatildeofrac34 eacute nada mais nada menos que a proacutepria teoria que deu origem agrave prediccedilatildeo eou agrave teoria auxiliar Ao valorizar a falseabilidade como criteacuterio a ser adotado
pelos dedutivistas Popper nada mais fez que tentar expandir ou trazer para o domiacutenio da metodologia
cientiacutefica uma praacutetica amplamente utilizada com sucesso em estatiacutestica o criteacuterio de tomada de decisatildeo atraveacutes da
hipoacutetese de nulidade (Ho
O primeiro passo ou estaacutegio no processo de tomada de decisatildeo eacute
definir a hipoacutetese de nulidade (
)
Ho) Formula-se usualmente com o expresso propoacutesito de ser rejeitada Se eacute
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rejeitada pode-se aceitar a hipoacutetese alternativa (H1) A hipoacutetese
alternativa eacute a definiccedilatildeo operacional da hipoacutetese de pesquisa do
pesquisador A hipoacutetese de pesquisa eacute a prediccedilatildeo deduzida da teoria que estaacute
sendo comprovada [31] A contribuiccedilatildeo de Popper a esse respeito limitou-se agrave ecircnfase que deu agrave importacircncia da procura por hipoacuteteses de
nulidade Ateacute entatildeo este costume estava restrito agrave procura por previsotildees frac34apresentadas via de regra pelo proacuteprio autor da teoriafrac34 eou hipoacuteteses salvadoras frac34levantadas
pelos adeptos da teoria em focofrac34 eou hipoacuteteses assassinas frac34levantadas pelos criacuteticos da teoria em questatildeo As quatro
tecircm uma caracteriacutestica comum satildeo todas teorias falseadoras
A boa teoria dentre outras qualidades [32] e segundo Popper eacute aquela potencialmente geradora de hipoacuteteses
falseadoras e tanto melhor seraacute quanto maior for o risco de ser negada Ela pode ateacute mesmo ser derrubada no primeiro teste a que for submetida o que natildeo invalida o que foi
dito foi uma boa teoria enquanto durou e voltaraacute a ser se conseguir ressurgir das cinzas Dito em outras palavras o criteacuterio para se avaliar a virtude de uma teoria nascente repousa no seu grau de submissatildeo a testes adversos Uma teoria de baixo risco raramente eacute bem vinda [33] e uma
teoria sem risco algum na opiniatildeo de Popper natildeo eacute cientiacutefica e eu iria aleacutem sequer eacute teoria
Levando-se em conta que o criteacuterio falsificacionista peca pela subjetividade deve-se tomar cuidado ao se optar por uma teoria em detrimento de outra pelo fato de a primeira
ser mais falseaacutevel que a segunda Diferentes hipoacuteteses falseadoras devem apresentar pesos diferentes e este peso
mesmo quando bem estimado frequumlentemente o eacute por um processo subjetivo Natildeo eacute raro utilizar-se desta
subjetividade inerente ao falsificacionismo para justificar escolhas feitas segundo criteacuterios poliacuteticos econocircmicos
interesseiros corporativistas ou entatildeo apoiados em princiacutepios outros que tambeacutem deixam a desejar no que diz
respeito agrave eacutetica do cientista 8 Entendendo o falsificacionismo
Suponha que algueacutem deduza a seguinte hipoacutetese H1 As maccedilatildes do Estado de Satildeo Paulo satildeo vermelhas A teoria assim
simulada eacute uma teoria de hipoacutetese uacutenica Percebam que no argumento da hipoacutetese estaacute se admitindo como pressupostos uma infinidade de conceitos tais como fruta maccedilatilde cor
vermelho local Satildeo Paulo Brasil etc Estes pressupostos satildeo o que Severino chama de evidecircncias preacutevias como vimos no item 5 e constituem uma das bases da argumentaccedilatildeo de Chalmers [34] ao contestar os que afirmam que a ciecircncia
comeccedila com a observaccedilatildeo Um exemplo de previsatildeo desta teoria seria as maccedilatildes de
Jundiaiacute devem ser vermelhas tendo em vista que Jundiaiacute se localiza no Estado de Satildeo Paulo
Suponha tambeacutem que algueacutem tenha demonstrado que em condiccedilotildees X outra fruta que natildeo a maccedilatilde e que
originalmente era de determinada cor se modifica e conclui que se a teoria sobre as maccedilatildes for verdadeira ela
deveraacute permanecer verdadeira nas condiccedilotildees X Pode-se entatildeo construir a seguinte hipoacutetese de nulidade Ho Em
condiccedilotildees X obter-se-atildeo em Satildeo Paulo maccedilatildes natildeo
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vermelhas Esta previsatildeo natildeo decorre da teoria (H1) mas de evidecircncias preacutevias outras e estranhas agrave mesma Se esta
hipoacutetese (Ho) for verificada a hipoacutetese original H1
Seraacute que este simples fato condena a teoria original Para o falsificacionista ingecircnuo sim Para aquele que entendeu e aceitou o significado da afirmaccedilatildeo de Popper citada
neste artigo ao final do
estaraacute falseada
quarto paraacutegrafo do item 5 natildeo Optar por uma teoria natildeo significa crer numa verdade
absoluta Se eu afirmo que Ho eacute verdadeira e consequumlentemente H1 eacute falsa isto natildeo significa que eu
estou atribuindo o grau de veracidade 100 a uma hipoacutetese e 0 agrave outra significa simplesmente que a verificaccedilatildeo experimental me convenceu a optar por uma teoria em
detrimento da outra A opccedilatildeo eacute uma das maneiras pelas quais o cientista expressa a sua feacute na ciecircncia [35] e o
falsificacionismo estabelece normas a lhe orientar nesta opccedilatildeo
Suponha agora que em condiccedilotildees X ou em outra condiccedilatildeo qualquer se encontrem no Estado de Satildeo Paulo maccedilatildes verdes Significa isto que a hipoacutetese H1
Natildeo podemos em satilde consciecircncia dizer que a psicanaacutelise por exemplo natildeo pertenccedila ao campo da ciecircncia pelo simples
fato de uma de suas teorias precursoras ser natildeo falseaacutevel Sequer podemos dizer que o autor dessa ideacuteia natildeo
fosse cientista se eacute verdade que a psicanaacutelise se desenvolveu em cima desta ideacuteia e apesar disso conseguiu
eacute falsa Natildeo Simplesmente ela foi falseada Nada impede que amanhatilde com a evoluccedilatildeo da ciecircncia se descubra que estes frutos verdes a que hoje associamos a ideacuteia maccedilatilde estejam inseridos num
outro contexto e que realmente natildeo sejam maccedilatildes Por que entatildeo se daacute preferecircncia a verificaccedilotildees falseadoras em detrimento das corroboradoras Ora isto nem sempre
acontece conquanto seja esta uma das regras propostas pelo falsificacionismo Por exemplo tanto a teoria da
relatividade quanto a mecacircnica quacircntica satildeo teorias fiacutesicas amplamente aceitas graccedilas a terem sido
corroboradas por previsotildees que se confirmaram e pouco valor se deu a um grande nuacutemero de testes que as falsearam Por outro lado estas duas teorias satildeo concomitantemente aceitas pelos fiacutesicos conquanto existam fortes argumentos
a provar que cada uma destas duas teorias falseia a outra e ambas falseiam a teoria de Maxwell que tambeacutem eacute aceita como verdadeira Certos ou errados neste caso os fiacutesicos modernos dentre os quais se inclui Popper fizeram uma opccedilatildeo contraacuteria agrave norma falsificacionista e natildeo haacute
como criticaacute-los por essa conduta a menos que se pretenda atribuir ao falsificacionismo uma qualidade que ele natildeo
possui a de estabelecer criteacuterios absolutos de veracidade O falsificacionismo presta-se tambeacutem a fomentar o diaacutelogo e a criatividade Neste caso surge quase como que um apelo para que se invista mais em experiecircncias de pensamento um
recurso legiacutetimo e de grande valor em ciecircncia 9 O falsificacionismo como delimitador da ciecircncia
Vimos no item 7 que para Popper uma teoria sem risco algum natildeo eacute cientiacutefica e eu acrescentei sequer eacute teoria Popper quis se aproveitar deste argumento para delimitar a ciecircncia utilizando-se entatildeo do falsificacionismo como
criteacuterio de cientificidade Com esta opccedilatildeo Popper desagradou a muitos e convenceu a poucos ainda que sua
ideacuteia natildeo fosse de todo maacute
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de alguma forma se impor como ciecircncia muito provavelmente queiramos ou natildeo seu autor contribuiu diretamente para o progresso da ciecircncia Mesmo que hoje algueacutem chegasse a concluir categoricamente pelo caraacuteter natildeo cientiacutefico da psicanaacutelise isto de forma alguma nos autorizaria a hipoteticamente condenaacute-la agrave estagnaccedilatildeo Se um cientista utilizando-se de maus criteacuterios ou ateacute mesmo apoiando-se em dogmas constroacutei de maneira natildeo
cientiacutefica um determinado campo do conhecimento isto natildeo significa que este campo natildeo possa vir a ser estudado cientificamente e que natildeo se possam criteriosamente
aproveitar as conclusotildees de seus estudos Nada impede que uma teoria considerada hoje como natildeo cientiacutefica pelo fato de possuir uma ou mais hipoacuteteses natildeo falseaacuteveis adquira
esse status apoacutes passar por ligeiras reformulaccedilotildees Natildeo podemos assumir que um campo do conhecimento seja natildeo cientiacutefico pelo simples fato de natildeo encontrarmos nele
teorias cientiacuteficas Este posicionamento de Popper a meu ver natildeo se justifica o falsificacionismo natildeo eacute um bom
criteacuterio delimitador da ciecircncia e isto eu espero que tenha ficado claro para o leitor E mais natildeo existem aacutereas natildeo cientiacuteficas mas sim aacutereas onde ainda natildeo foram produzidos conhecimentos cientiacuteficos O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo e pelo menos nesta etapa nada eacute absolutamente corroboraacutevel ou falseaacutevel Podemos ainda
dizer que a ciecircncia natildeo se localiza aqui ou acolaacute sob esse aspecto a ciecircncia natildeo tem fronteiras
10 Enfim a teoria do meacutetodo Nos demais artigos desta seacuterie irei demonstrar ser possiacutevel partindo da regra cientiacutefica fundamental desenvolver uma teoria sobre o meacutetodo cientiacutefico
utilizando-se das trecircs hipoacuteteses seguintes 1 O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo 2 A produccedilatildeo de conhecimentos passa
necessariamente pelas etapas deduccedilatildeo anaacutelise induccedilatildeo e
siacutentese na ordem apresentada 3 Os princiacutepios cientiacuteficos fundamentais satildeo universais
Por questatildeo de simplicidade subdividirei o estudo do meacutetodo em trecircs etapas correspondentes a cada uma das hipoacuteteses 1) o estudo do macromeacutetodo cientiacutefico 2) o estudo do meacutetodo cientiacutefico propriamente dito e 3) o estudo do micromeacutetodo cientiacutefico Os toacutepicos nos quais
desenvolverei estas etapas estatildeo em fase de projeto natildeo havendo portanto previsatildeo quanto agrave eacutepoca de publicaccedilatildeo
Meacutetodo cientiacutefico
Origem Wikipeacutedia a enciclopeacutedia livre
A palavra meacutetodo vem do grego meacutethodos (caminho para chegar a um fim) O meacutetodo cientiacutefico eacute um conjunto de regras baacutesicas para desenvolver uma experiecircncia a fim de produzir novo conhecimento bem como corrigir e integrar conhecimentos preacute-existentes Na maioria das disciplinas cientiacuteficas consiste em juntar evidecircncias observaacuteveis empiacutericas (ou seja baseadas apenas na experiecircncia) e
mensuraacuteveis e as analisar com o uso da loacutegica Para muitos autores o meacutetodo cientiacutefico nada mais eacute do que a loacutegica
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aplicada agrave ciecircncia (Haddad) Metodologia literalmente refere-se ao estudo dos meacutetodos e especialmente do meacutetodo da ciecircncia que se supotildee universal Embora procedimentos variem de uma aacuterea da
ciecircncia para outra (as disciplinas cientiacuteficas) diferenciadas por seus distintos objetos de estudo
consegue-se determinar certos elementos que diferenciam o meacutetodo cientiacutefico de outros meacutetodos (filosoacutefico algoritmo
ndash matemaacutetico etc)
Primeiramente os pesquisadores definem proposiccedilotildees loacutegicas ou suposiccedilotildees (hipoacuteteses) para explicar certos fenocircmenos e observaccedilotildees e entatildeo desenvolvem experimentos que testam essas hipoacuteteses Se confirmadas as hipoacuteteses podem gerar leis e teorias Integrando-se hipoacuteteses de certa aacuterea em uma estrutura coerente de conhecimento contribuiacute-se na
formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bem como coloca as hipoacuteteses em um conjunto de conhecimento maior que satildeo as
leis e teorias reconhecidas consensualmente pela comunidade cientiacutefica eou o
O contexto de uma pesquisa
paradigma de seu tempo Outra caracteriacutestica do meacutetodo eacute que o processo precisa
ser objetivo e o cientista deve ser imparcial na interpretaccedilatildeo dos resultados Sobre a objetividade o seja
atente agraves propriedades do objeto e natildeo do sujeito (subjetividade) eacute conhecida a afirmaccedilatildeo de Hans Selye
pesquisador canadense que formulou a moderna concepccedilatildeo de stress ldquoQuem natildeo sabe o que procura natildeo entende o que encontrardquo referindo-se a necessidade de formulaccedilatildeo de definiccedilotildees precisas (a essecircncia dos conceitos) e que
possam ser respondidas com o simples sim ou natildeo Tanto a imparcialidade (evidecircncia) como a objetividade foram incluiacutedas por Reneacute Descartes (1596 ndash 1649) nas regras
loacutegicas que caracterizam o meacutetodo cientiacutefico Aleacutem disso o procedimento precisa ser documentado tanto no que diz respeito agrave fonte de dados como as regras de anaacutelise para que outros cientistas possam re-analisar reproduzir e verificar a confiabilidade dos resultados Assim se distingue os relatos cientiacuteficos (artigos
monografias teses e dissertaccedilotildees) de um simples estilo (padratildeo) ou arquitetura de texto orientados pelo que caracteriza as normas da Retoacuterica ou estudo do uso persuasivo da linguagem em funccedilatildeo da eloquumlecircncia
Eacute comum o uso da anaacutelise matemaacutetica ou estatiacutestica quando possiacutevel ou aproximaccedilatildeo de modelos abstratos (tipos ideais) e categorias de classificaccedilatildeo a depender do
objetivo da pesquisa (identificar descrever analisar) que pode ser basicamente quantitativa ou qualitativa A divisatildeo da ciecircncia em aacutereas ou distintas disciplinas
cientificas tem levado a tais adequaccedilotildees da metodologia Eacute comum a afirmaccedilatildeo de que em funccedilatildeo da evoluccedilatildeo do meacutetodo
cientifico num extremo temos a fiacutesica e quiacutemica seguida da biologia e por uacuteltimo as ciecircncias sociais psicologia e ciecircncias juriacutedicas quase se aproximando da filosofia e estudo das crenccedilas (senso comum) ou ciecircncias do espiacuterito
(sistemas miacutetico - religiosos) Contudo pesquisadores contemporacircneos vecircem nessas duas abordagens uma oposiccedilatildeo complementar enquanto as pesquisas quantitativas visam descrever e explicar fenocircmenos que produzem regularidades mensuraacuteveis satildeo recorrentes (ou discrepantes) e exteriores ao sujeito
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(objetivos) na pesquisa qualitativa o observador (sujeito) eacute da mesma natureza que o objeto de sua anaacutelise e ele proacuteprio uma parte de sua observaccedilatildeo (o subjetivo)
Eacute importante ter em mente que as pesquisas cientificas relacionam-se com um modelo (paradigmaacutetico) ou uma
constelaccedilatildeo de pressupostos e crenccedilas escalas de valores teacutecnicas e conceitos compartilhados pelos membros de uma determinada comunidade cientiacutefica num determinado momento
histoacuterico
Ciecircncia eacute muito mais uma maneira de pensar do que um corpo de conhecimentos -
Elementos do meacutetodo cientiacutefico
Carl Sagan ciecircncia consiste em agrupar factos para que leis
gerais ou conclusotildees possam ser tiradas deles - Charles Darwin
O meacutetodo cientiacutefico eacute composto dos seguintes elementos bull Caracterizaccedilatildeo - Quantificaccedilotildees observaccedilotildees e
medidas bull Hipoacuteteses - Explicaccedilotildees hipoteacuteticas das observaccedilotildees e
medidas bull Previsotildees - Deduccedilotildees loacutegicas das hipoacuteteses
bull Experimentos - Testes dos trecircs elementos acima O meacutetodo cientiacutefico consiste dos seguintes aspectos bull Observaccedilatildeo - Uma observaccedilatildeo pode ser simples isto eacute
feita a olho nu ou pode exigir a utilizaccedilatildeo de instrumentos apropriados
bull Descriccedilatildeo - O experimento precisa ser replicaacutevel (capaz de ser reproduzido)
bull Previsatildeo - As hipoacuteteses precisam ser vaacutelidas para observaccedilotildees feitas no passado no presente e no
futuro bull Controle - Para maior seguranccedila nas conclusotildees toda
experiecircncia deve ser controlada Experiecircncia controlada eacute aquela que eacute realizada com teacutecnicas que permitem descartar as variaacuteveis passiacuteveis de mascarar
o resultado bull Falseabilidade[1]
bull Explicaccedilatildeo das Causas - Na maioria das aacutereas da Ciecircncia eacute necessaacuterio que haja causalidade Nessas
condiccedilotildees os seguintes requerimentos satildeo vistos como importantes no entendimento cientiacutefico
- toda hipoacutetese tem que ser falseaacutevel ou refutaacutevel Isso natildeo quer dizer que o experimento seja falso mas sim que ele pode ser verificado
contestado Ou seja se ele realmente for falso deve ser possiacutevel provaacute-lo
bull Identificaccedilatildeo das Causas bull Correlaccedilatildeo dos eventos - As causas precisam se
correlacionar com as observaccedilotildees bull Ordem dos eventos - As causas precisam preceder
no tempo os efeitos observados Na aacuterea da sauacutede a natureza da associaccedilatildeo causal foi formulada por Hence e adaptada por Robert Koch em 1877
para demonstraccedilatildeo da relaccedilatildeo causal entre microrganismos e patologias consistindo basicamente no enunciado acima ou seja forccedila da associaccedilatildeo (conectividade) sequumlecircncia temporal (assimetria) transitividade (evidecircncia experimental) previsibilidade estabilidade
Uma maneira linearizada e pragmaacutetica de apresentar os quatro pontos acima estaacute exposto a seguir passo-a-passo
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Vale a pena notar que eacute apenas um exemplo natildeo sendo obrigatoacuterio a existecircncia de todos esses passos Na
verdade na maioria dos casos natildeo se segue todos esses passos ou mesmo parte deles O meacutetodo cientiacutefico natildeo eacute
uma receita ele requer inteligecircncia imaginaccedilatildeo e criatividade O importante eacute que os aspectos e elementos
apresentados acima estejam presentes bull Definir o problema
bull Recolhimento de dados bull Proposta de uma hipoacutetese
bull Realizaccedilatildeo de uma experiecircncia controlada para testar a validade da hipoacutetese
bull Anaacutelise dos resultados bull Interpretar os dados e tirar conclusotildees o que serve
para a formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bull Publicaccedilatildeo dos resultados em monografias
dissertaccedilotildees teses artigos ou livros aceitos por universidades e ou reconhecidos pela comunidade
cientiacutefica Observe-se que nem todas as hipoacutetese podem ser confirmadas
ou refutadas por experimentos e que em muitas aacutereas do conhecimento o recolhimento de dados e a tentativas de interpretaacute-los jaacute eacute uma grande tarefa como nas ciecircncias
humanas e juriacutedicas (criminologia)
Ciecircncias humanas A limitaccedilatildeo eacutetica da realizaccedilatildeo experimentos com seres humanos o estudo das subjetividades ou essencialmente
subjetivo individual e particular psiquismo humano ou a natureza histoacuterica do objeto das ciecircncias sociais conduziram os pensadores a distintos caminhos ou
proposiccedilotildees de estudo para o meacutetodo cientiacutefico Contudo parafraseando Minayoldquouma base de dados quando bem trabalhada teoacuterica e praticamente produz riqueza de informaccedilotildees aprofundamento e maior fidedignidade
interpretativardquo As principais divergecircncias na anaacutelise dos resultados de pesquisas em ciecircncias sociais ou humanas se datildeo no plano da contextualizaccedilatildeo dos dados ou informaccedilotildees obtidas em campo nos diversos sistemas teoacutericos ou seja conjunto de teorias e leis reconhecidas como consensuais em distintos
momentos histoacutericos eou segmentos das comunidades cientiacuteficas Nas ciecircncias sociais identifica-se trecircs
grandes correntes de pensamentos bull Positivismo Auguste Comte
bull Fenomenologia (Fenomenologia do Espiacuterito Estruturalismo
bull Materialismo dialeacutetico Dialeacutetica Marxismo
A histoacuteria do meacutetodo cientiacutefico se mistura com a histoacuteria da ciecircncia Documentos do
A evoluccedilatildeo do conceito de meacutetodo
Antigo Egito jaacute descrevem meacutetodos de diagnoacutesticos meacutedicos Na cultura da Greacutecia
Antiga os primeiros indiacutecios do meacutetodo cientiacutefico comeccedilam a aparecer Grande avanccedilo no meacutetodo foi feito no comeccedilo da filosofia islacircmica principalmente no uso de experimentos
para decidir entre duas hipoacuteteses Os principios fundamentais do meacutetodo cientiacutefico se consolidaram com o surgimento da Fiacutesica nos seacuteculos XVII e XVIII Francis
Bacon em seu trabalho Novum Organum(1620)-uma referecircncia
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ao Organon de Aristoacuteteles-especifica um novo sistema loacutegico para melhorar o velho processo filosoacutefico do
silogismo A metodologia cientiacutefica tem sua origem no pensamento de
Descartes que foi posteriormente desenvolvimento empiricamente pelo fiacutesico inglecircs Isaac Newton Reneacute Descartes propocircs chegar agrave verdade atraveacutes da duacutevida sistemaacutetica e da decomposiccedilatildeo do problema em pequenas
partes caracteriacutesticas que definiram a base da pesquisa cientiacutefica
Lecirc-se no livro o Discurso do meacutetodo E como a multiplicidade de leis serve frequentemente para escusar os viacutecios de sorte que um estado eacute muito melhor governado quando possuindo poucas elas satildeo aiacute rigorosamente aplicadas assim em lugar de um grande
nuacutemero de preceitosde qua a loacutegica eacute composta acrediteis que jaacute me seriam bastante quatro contanto que tomasse a firme e constante resoluccedilatildeo de natildeo deixar uma vez soacute de
observaacute-los O primeiro consistia em nunca aceitar por verdadeira coisa nenhuma que natildeo conhecesse como evidente isto eacute
devia evitar cuidadosamente a precipitaccedilatildeo e a prevenccedilatildeo e nada incluir em meus juizos que natildeo se apresentasse tatildeo claramente e tatildeo distintamente ao meu espiacuterito que natildeo
tivesse nenhuma ocasiatildeo de o por em duacutevida O segundo ndash dividir cada uma das dificuldades que
examinasse em tantas parcelas quantas pudesse ser e fossem exigidas para melhor compreendecirc-las
O terceiro ndash conduzir por ordem os meus pensamento comeccedilando pelos objetos mais simples e faacuteceis de serem conhecidos para subir pouco a pouco como por degraus ateacute o conhecimento dos mais compostos e supondo mesmo
certa ordem entre os que natildeo se precedem naturalmente uns aos outros
e o uacuteltimo ndash fazer sempre enumeraccedilotildees tatildeo completas e revisotildees tatildeo gerais que ficasse certo de nada
omitir Correntemente estas regras satildeo 1 ndash da evidecircncia 2 ndash da
divisatildeo ou anaacutelise 3 ndash da ordem ou deduccedilatildeo 3 da enumeraccedilatildeo (contar especificar) classificaccedilatildeo
O acidente (serendipity
Eacute comum considerar alguns dos mais importantes avanccedilos na ciecircncia tais como as
)
descobertas da radioatividade por Henri Becquerel ou da penicilina por Alexander Fleming como tendo ocorrido por acidente no entanto o que eacute possiacutevel afirmar agrave luz da observaccedilatildeo cientiacutefica eacute que
teratildeo sido parcialmente acidentais uma vez que as pessoas envolvidas haviam aprendido a pensar cientificamente
estando portanto conscientes de que observaram algo novo e interessante
Os progressos da ciecircncia satildeo acompanhados de muitas horas de trabalho cuidadoso que segue um caminho mais ou menos sistemaacutetico na busca de respostas a questotildees cientiacuteficas
Eacute este o caminho denominado de meacutetodo cientiacutefico
A A hipoacutetese
Hipoacutetese (do gr Hypoacutethesis) eacute uma proposiccedilatildeo que se admite de modo provisoacuterio como princiacutepio do qual se pode
deduzir pelas regras da loacutegica um conjunto dado de proposiccedilotildees ou um mecanismo da experiecircncia a explicar
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Literalmente pode ser compreendida como uma suposiccedilatildeo ou pergunta conjetura que orienta uma investigaccedilatildeo por
antecipar caracteriacutesticas provaacuteveis do objeto investigado e que vale quer pela confirmaccedilatildeo atraveacutes de deduccedilotildees loacutegicas dessas caracteriacutesticas quer pelo encontro de novos caminhos de investigaccedilatildeo (novas hipoacuteteses e novos
experimentos) No meacutetodo cientiacutefico a hipoacutetese eacute o caminho que deve levar agrave formulaccedilatildeo de uma teoria O cientista na sua hipoacutetese tem dois objetivos explicar um fato e prever
outros acontecimentos dele decorrentes (deduzir as consequencias) A hipoacutetese deveraacute ser testada em
experiecircncias laboratoriais controladasSe apoacutes muitas dessas experiecircncias os resultados obtidos pelos
pesquisadores natildeo contrariarem a hipoacutetese entatildeo ela seraacute aceita como uma lei e integrada agrave uma teoria eou sistema
teacuteoacuterico
Referecircncias 1 uarr [PDF] Estudos do meacutetodo cientiacutefico
Ver tambeacutem bull Verdade
bull Falseabilidade bull Karl Popper
bull Filosofia da ciecircncia bull Histoacuteria da ciecircncia
bull Epistemologia bull Loacutegica
bull Aristoacuteteles bull Georg Wilhelm Friedrich Hegel
bull Complexidade bull Reducionismo
bull Navalha de Occam bull Ciecircncia
bull Pseudociecircncia bull Paradigma
bull Paul Feyerabend bull Thomas Kuhn
bull Gaston Bachelard bull Teoria
bull Lei (ciecircncias) bull Hipoacutetese
bull Tese bull Dissertaccedilatildeo
Bibliografia
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Comte August Discurso preliminar sobre o espiacuterito positivo
Descartes Reneacute Discurso do meacutetodo (traduccedilatildeo prefaacutecio e notas de Joatildeo Cruz Costa SP Ed de Ouro 1970 disponiacutevel
para download em domiacutenio puacuteblico httpwwwdominiopublico e eBooket
httpwwweBooketnet IntraText Reneacute Descartes - e-books
37
Haddad Nagib Metodologia de estudos em ciecircncias da sauacutede como planejar analisar e apresentar um trabalho
cientiacutefico SP Roca 2004 Minayo Maria C de Souza (org) Deslandes (Suely F
Gomes Romeu Pesquisa social teoria meacutetodo e criatividade Petroacutepolis RJ Vozes 2007
Lakatos Eva Maria Marconi Marina de A Meacutetodologia cientiacutefica SP Atlas 2007
Selye Hans Stress a tensatildeo da vida SP IBRASA 1965
Ligaccedilotildees externas bull Explicando o Meacutetodo Cientiacutefico
bull Prova Cientiacutefica bull Diretrizes para elaboraccedilatildeo de dissertaccedilotildees e teses -
USP bull Centro Cochrane do Brasil
bull Metodologiaorg bull Evidecircnciascom
bull Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq)
bull Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciecircncia bull Lista de Perioacutedicos cientificos brasileiros por
assunto bull SciELO - Scientific Electronic Library Online
bull Perioacutedicos UNESCO bull Ciecircncia Hoje
bull Scientific American - Brasil bull Scientific American
COLCHA DE RETALHOS CIENTIacuteFICA (a realidade natildeo eacute Frankenstein ela eacute uacutenica e funcional)
A realidade segundo a Ciecircncia geral
A senhora Ciecircncia trabalhando com
seus remendos
Drordf Ciecircncia e seu filho
Mary Shelley viu o futuro
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Somos Monstros 6 05 2008
Tudo comeccedilou com um desafio feito a Mary Shelley (1797-1851) entatildeo uma jovem de 21 anos por Lord Byron Na eacutepoca 1918 Byron propocircs a Mary e seu marido que
escrevessem um conto de terror uma maneira de passar o tempo jaacute que suas feacuterias estavam sendo consumidas
intediantemente pelo mau tempo Mary foi a uacuteltima a dar iniacutecio ao seu conto que acabou baseado em um pesadelo que
teve numa daquelas noites de chuva E dentre todos o conto de Shelley foi o que mais surpreendeu e arrepiou Insentivada a continuar Mary Shelley desenvolveu ainda
mais sua histoacuteria e transformou-a em um dos mais conhecidos e celebrados livros da Histoacuteria Frankenstein
Victor Frankenstein era um jovem curioso com sede de conhecimento apaixonado pela ciecircncia intrigado com os segredos da vida e louco para deixar sua marca no mundo Havia aprendido sozinho em casa sobre as fantasias da Alquimia no entanto apenas na universidade ele foi descobrir que toda sua bagagem de conhecimento estava ultrapassada haacute muito Acabou se tornando um aluno
exemplar dedicado agrave quiacutemica e agrave biologia Foi assim que sozinho em seu laboratoacuterio em Ingolstadt Victor deu iniacutecio agrave sua criaccedilatildeo misturando seus conhecimentos
teoacutericos de fisiologia e filosofia natural com princiacutepios de mecacircnica decido a descobrir se o princiacutepio que
mantinha animado o corpo poderia pernecer mesmo apoacutes a morte Como Victor fez isso todos jaacute sabemos deu vida a uma criatura formada por partes de cadaacuteveres de tamanho
descomunal (cerca de 25m de altura) e aparecircncia horripilante E eacute aqui que daacute-se iniacutecio ao grande trunfo
da histoacuteria Ao despertar da Criatura Frankenstein acaba por cair na realidade vendo como era realmente feia sua criaccedilatildeo com
seus membros desproporcionais seu olhos aquosos e amarelos incompleta a ponto de seus tecidos nem sequer
cobrirem todo o corpo deixando agrave mostra muacutesculos e ossos Desesperado e com medo arrependido de sua audaacutecia Victor
abandona sua Criatura decaindo num suacutebito acesso de naacuteusea e lucidez
Pobre Criatura um ser vazio de conhecimentos ignorante em relaccedilatildeo ao conviacutevio social solto num mundo de pessoas
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preconceituosas e indiferentes A personificaccedilatildeo perfeita da famosa teoria de Rousseau a do ldquobom selvagemrdquo que diz
que todo o homem nasce ldquopurordquo e eacute corrompido pela sociedade violenta viciosa e materialista Quem lecirc a
histoacuteria de Frankenstein espera encontrar terror suspense e aventura onde um monstro estaria a solta para destruir e matar No entanto descobre um mundo onde noacutes humanos somos totalmente repugnantes e no qual o uacutenico ser que
realmente tem algum valor eacute o monstro excluiacutedo por todos Poucos livros retratam tatildeo bem a indiferenccedila humana e a nossa mania de dar mais valor agraves aparecircncias do que aos
sentimentos carater e virtudes Mary Shelley escreveu uma autecircntica obra-prima da
literatura universal um romance capaz de despertar no leitor a pena e a compaixatildeo por um monstro e a repugnacircncia
de nossa proacutepria raccedila Uma liccedilatildeo que ainda natildeo foi aprendida mesmo depois de quase 200 anos
Ficha Teacutecnica Tiacutetulo Frankestein (Frankenstein or the Modern
Prometheus) Autor Mary Shalley Paiacutes Inglaterra
Publicaccedilatildeo Original 1818 Publicaccedilatildeo Lida Martin Claret Editora 2001
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Trono pelo centro reunindo os pares de oposto-complementares
Veja soacute que coisa interessante A coroa natildeo eacute de um soacute eacute de dois eacute do rei e da rainha
que constituem pelo centro a cara-coroa De um lado o homem que natildeo tolera tarefas ciacuteclicas vai agrave
guerra correr riscos do outro a mulher que natildeo suporta conflitos repete os recorrentes que subjugariam os homens ateacute o cansaccedilo
A Natureza laacute nos primoacuterdios separou o ser uacutenico (que lembre-se teria chance muito menor de conflitos internos ateacute porque se fossem destrutivos demais a evoluccedilatildeo nem teria acontecido) em dois mas uniu-os novamente pela sexualidade foi um risco enorme mas tambeacutem foi sabedoria
SEXO (isso eacute bom demais)
O mundo gira em torno do sexo e o sexo gira em torno do mundo
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Sexo natildeo eacute apenas isso que noacutes racionais pensamos eacute muito mais eacute o panorama geral de construccedilatildeo de toda a evoluccedilatildeo que veio dos fundos ateacute hoje que comeccedilou a acontecer laacute para traacutes Como eacute tatildeo fundamental para o nosso futuro a nossa integridade psicoloacutegica e tudo mais deveriacuteamos estar estudando-o obsessivamente desde as algas cianofiacuteceas desde 38 bilhotildees de anos desde o comeccedilo da vida Sexo eacute chance de problemas e de soluccedilotildees eacute ceder seu corpomente para agradar o ldquooutrordquo sexo
Pense que soacute noacutes seres humanos somos 65 bilhotildees de na Terra em vaacuterios graus de sexualizaccedilatildeo do nascer ao morrer em qualquer idade Quem natildeo faz pelo menos tenta lembrar Ocupa uma porccedilatildeo enorme dos nossos dias e das nossas noites e eacute inventado e reinventado todos os dias
Sexo estaacute infinitamente mais em nossas vidas do que futebol ou qualquer outra atividade Na realidade uma grande quantidade de preceitos se volta para impedir ou controlar a excessiva sexualizaccedilatildeo humana ndash haacute uma quantidade incriacutevel de proibiccedilotildees claras ou veladas
SIacuteMBOLO TAMBEacuteM DO SEXO YIN+YANG
Homem Mulher
Com essa roupa de astronauta por cima natildeo daacute para saber se eacute homem ou mulher natildeo estou estimulando nada soacute dizendo que eacute um conjunto que nos levou laacute na Lua e a
tantos lugares da Terra A Natureza plantou dentro de cada uma a necessidade do
outro e dentro de cada outro a necessidade de uma e disso fez uma geo-histoacuteria beliacutessima E noacutes fomos adiante conjuntamente Em duas metades natildeo eacute uma metade soacute
De que maneira somos duas metades Somos oposto-complementares um precisa da outra eacute
uma combinaccedilatildeo selada por 38 bilhotildees de anos da vida 100 milhotildees de anos dos primatas 10 milhotildees de anos dos hominiacutedeos 200 mil dos neanderthais 80 a 70 mil anos dos cro-magnons nossa espeacutecie De problemas tornados soluccedilotildees Eacute de fato como o siacutembolo do YinYang independentemente de interpretaccedilatildeo oriental dentro de cada lado existe uma imagem do outro que nos guia
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Capiacutetulo 2 Trabalho Feito pela Metade
Mas haacute alguns que natildeo reconhecem isso
MACHISTAS 25
A CURVA DO SINO LEVADA AOS EXTREMISMOS 475 475 FEMINISTAS
25 superafirmaccedilatildeo
dos machos superafirmaccedilatildeo
das fecircmeas Isso porque existem quatro sexos e natildeo dois e daiacute todas
as combinaccedilotildees que vem deles (como estaacute dito no modelo) bull machos bull fecircmeas bull pseudo-machos (veados gays boiolas e todos os
apelidos ofensivos a ofensibilidade natildeo estaacute no nome e sim no desejo de ofender)
bull pseudo-fecircmeas (sapatotildees leacutesbicas e demais enquadramentos)
Machismo leva a homossexualismo masculino (se eacute homossexual como pode ser maacutesculo) e feminismo leva a homossexualismo feminino (idem) Satildeo extremizaccedilotildees supertemperaturas que soacute aparecem em excesso em certas situaccedilotildees que declararemos depois
UMA LISTA IMENSA DE TRABALHOS FEITOS PELA NOSSA OUTRA METAD
E (significa que vocecirc ficou livre disso ficou livre ficou vocecirc teve tempo para vocecirc porque algueacutem que participa de seu projeto de vida livrou-o ou livrou-a de ter de fazer tudo o que significou milhotildees de produtos postos a seu serviccedilo)
Na verdade a lista acima eacute pequena bem pequena Ela poderia ser encomprida ilimitadamente para conter tudo que a humanidade faz pois a soma de tudo eacute feita pela outra metade outra metade em relaccedilatildeo a uma e outra uma em relaccedilatildeo agrave metade
Todas as coisas que existiram existem e existiratildeo (fora o que vem dos natildeo-humanos fungos plantas animais e primatas) vem da outra metade alguma outra metade soma da metade-homem e metade-mulher E se incluirmos cada uma das outras espeacutecies (dizem que satildeo 30 milhotildees) entatildeo eacute tudo mesmo
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Vocecirc pensa que se metade fosse excluiacuteda sempre poderiacuteamos aprender a fazer o que ela faz mas pense em todas as coisas tatildeo difiacuteceis de VOCEcirc fazer se aceitaria fazecirc-las de agora em diante
TODAS AS COISAS QUE VOCEcirc DETESTA FAZER
PENSANDO BEM TODAS MESMO
E em relaccedilatildeo a tudo que a humanidade faz e tudo que as espeacutecies fazem nem haveria forccedila no indiviacuteduo
Olhe para todas as tarefas OLHE MESMO para tudo TUDO MESMO e comece entatildeo a reparar na utilidade de sua outra metade em como seremos (ou poderiacuteamos ser) felizes se nos dedicarmos (ou se nos dedicaacutessemos) mais agrave felicidade e menos a reclamar
homem-hemisfeacuterico
DUAS METADES DE ESFERA FAZEM A VIABILIDADE QUANDO ESFERA
casal-esfeacuterico mulher-hemisfeacuterica
A esfera eacute totalmente estaacutevel
Capiacutetulo 3 Completa-mente
Somos criaturas de duas cabeccedilas quatro braccedilos quatro
pernas e assim por diante tudo duplicado soacute que separado vocecirc natildeo sente TANTA falta - se estaacute soacute - porque o trabalho da outra
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metade estaacute sendo socialmente suprido Natildeo somos 66 bilhotildees (para dar conta certa) somos 33 bilhotildees de pares potenciais
DUAS CABECcedilAS (mas natildeo somos monstros porque as cabeccedilas estatildeo postas em corpos diferentes)
DUAS E QUATRO FACES (embora natildeo reparemos na realidade partes de noacutes estatildeo operando suprindo nossas faltas)
casal
famiacutelia
Pois noacutes natildeo somos mais indiviacuteduos somos grupo Um desses grupos chamado ldquoGrande Vitoacuteriardquo tinha
menos de 300 mil faces em 1971 quando vim morar aqui agora passa de 1400 mil cresceu muito incorporando vaacuterias cidades Existem outros muito maiores
Maiores Cidades do planeta 7 nov 2006
AS MAIORES AGLOMERACcedilOtildeES URBANAS
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OS MAIORES PIBs EM 2020
AS MELHORES CIDADES PARA VIVER
Segue-se uma lista com as melhores cidades do mundo para se viver de acordo com a revista
(cidades satildeo supermaacutequinas e superprogramas superprogramaacutequinas para se viver Le Corbusier natildeo as viu como maacutequinas de morar)
Business Week com relaccedilatildeo agrave qualidade de vida
215 grandes cidades foram avaliadas
Embora ainda nos vejamos como indiviacuteduos esses satildeo
grupos indefectivelmente grupos grupos imensos inimaginaacuteveis Por exemplo a cidade-capital de Satildeo Paulo sozinha tem 104 do PIB brasileiro e a Grande SP tem 2500 km2 de aacuterea ocupada com construccedilotildees
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Embora eu diga ldquominha menterdquo metade dela a minha outra metade estaacute fora muito mais que isso 33 bilhotildees das nossas metades estatildeo amplamente disseminadas em toda longitude latitude altitude Quase natildeo sinto falta quando estou soacute (exceto sexualmente) porque todos esses 3300 milhotildees estatildeo por aiacute trabalhando com afinco para suprir o que natildeo sei fazer em relaccedilatildeo agraves ocupaccedilotildees delas (sem falar dos 33 bilhotildees do nosso lado que fazem tudo que vocecirc e eu natildeo sabemos mas isso eacute outra histoacuteria)
HEMISFEacuteRIAS
AS OUTRAS DUAS METADES
(vocecirc eu vivemos em feacuterias do que faz a outra metade e nem agradecemos isso)
NOSSAS DUAS METADES 12 12 12 12
hemisfeacuterio esquerdo
hemisfeacuterio direito
hemisfeacuterio esquerdo
hemisfeacuterio direito
Como Koestler disse primeiro (dividindo nosso ceacuterebro em reptiliano mamiacutefero e humano) e o modelo colocou de outro modo temos vaacuterios ceacuterebros em cada um de noacutes de fato reparando sermos um-em-dois eacute uma profusatildeo uma quantidade insuspeitada ainda mais porque vamos muito aleacutem do indiviacuteduo
Os paleontoacutelogos os arqueoacutelogos os antropoacutelogos e os geo-historiadores natildeo analisaram e porisso natildeo sintetizaram uma teoria-praacutetica coerente da convivecircncia um-uma e nem do conjunto da humanidade DO PONTO DE VISTA DA FUSAtildeO ou da tentativa constante dela exceto pelo lado do episoacutedico quer dizer de cada tentativa homem-mulher (ou outras) Mas esse vasto mecanismo no tempo e no espaccedilo natildeo foi visto a contento
a) GEO-HISTOacuteRIA DO CASAMENTO
1 casamento dos indiviacuteduos CASAMENTO PESSOAL
2 casamento das famiacutelias 3 casamento dos grupos 4 casamento das empresas (embora as empresas natildeo
prestem atenccedilatildeo se os indiviacuteduos no casamento natildeo satildeo estaacuteveis em todos os sentidos as empresas seratildeo afetadas com grandes danos)
b) 5 mediaccedilatildeo municipal-urbana
CASAMENTO COLETIVO
6 mediaccedilatildeo estadual 7 mediaccedilatildeo nacional 8 mediaccedilatildeo mundial O que quer dizer casamento 1 o que quer dizer ser o homem 2 o que quer dizer ser a mulher
Capiacutetulo 4
Casamento das Famiacutelias e Aleacutem
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UMA AacuteRVORE GENEALOacuteGICA Eacute UMA INDICACcedilAtildeO DE MISCIGENACcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS
O tempo todo em toda parte as pessoas estatildeo
miscigenando misturando indiviacuteduos formando famiacutelias estas grupos estes empresas e assim por diante Como diz o povo em toda parte a todo instante uma ldquoafliccedilatildeo de genterdquo estaacute se misturando sexualmente (homem e mulher) racialmente (negros brancos amarelos vermelhos) por idade (jovens e novos) por origem por classe social e segue
Onde fica a individualidade nisso tudo Essa individualidade QUE NAtildeO SE MISTURA eacute um defeito de visatildeo de nossas mentes racionais segregadoras Eacute verdade que somos indiviacuteduos poreacutem eacute verdade tambeacutem que natildeo somos
Primeiro haacute o aleacutem-de-mim que satildeo os ambientes e as pessoas natildeo-eu Depois temos TODAS AS MISTURAS de natildeo-eu (sexo raccedila idade origem classe e segue) de que dependo A seguir todo o saber natildeo-eu todas as memoacuterias e inteligecircncias que o mundo produz
Enfim o natildeo-eu eacute uma amplidatildeo para o passado e o futuro no presente abrindo-se em 200 naccedilotildees 4000 estados e o resto todo Em resumo natildeo-eu em relaccedilatildeo a eu eacute tanto mais aleacutem de mim que quase desapareccedilo
Sou metade com minha metade e soacute nesse par sou um embora metade 05 + 05 = 10 = casamento aleacutem desse par-de-
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defesa quer dizer aleacutem do casamento monogacircmico estatildeo as inumeraacuteveis facetas do mundo as complexidades ilimitadas que natildeo posso resolver
Entatildeo Natureza-Deus quebrou-nos em duas partes que devem voltar a se unir para produzir a necessidade de uniatildeo em famiacutelias e aleacutem para criar as sociedades
Capiacutetulo 5 Con-soacutecio de Construccedilatildeo
Entatildeo noacutes temos vaacuterios tipos de sociedades a) dentro de noacutes vieram nos montando todas as
sociedades que deram no indiviacuteduo por exemplo sociedade dos oacutergatildeos
b) a seguir nos unimos em famiacutelias com ou sem filhos (no meu caso tive dois grandes amigos)
c) e aiacute segue todos aqueles niacuteveis pessoais e ambientais De fato a vida eacute uma sociedade tremenda
i sociedades vitais (fungos plantas animais e primatas)
ii sociedades psicoloacutegicas (pessoas e ambientes)
Cada sociedade dessas abre-se em multiacuteplices camadas de complexidades complexidades quase indescritiacuteveis que os estudiosos penam para descrever apenas no niacutevel bioloacutegico-p2 No niacutevel psicoloacutegico-p3 claro eacute muito mais difiacutecil chega a ser impossiacutevel pois estamos dentro Natildeo existe nenhum SUPERMUNDO que esteja de fora olhando o mundo somos noacutes as mesmas cabeccedilas individuais que ousam pensar a totalidade dividindo-a e subdividindo-a em numerosas fraccedilotildees trataacuteveis
NOacuteS NOS SENTIMOS ESMAGADOS PELA CRESCENTE COMPLEXIDADE (eacute preciso comeccedilar urgentemente o processo de re-uniatildeo)
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Quanto mais tentamos alisar
mais o cabelo embola
Uma galaacutexia de dados e nem haacute um centro
gravitacional O meacutetodo cientiacutefico redutor eacute muito bom produziu a
maioria das coisas que vemos e grande parte de nossas liberdades (e prisotildees) atuais Contudo tambeacutem foi ruim porque o redutor (e ampliador) levou ao reducionismo a superafirmaccedilatildeo da reduccedilatildeo Jaacute que funcionava tatildeo bem as pessoas natildeo se preocuparam com um meacutetodo cientiacutefico ampliador
Em particular a Ciecircncia geral natildeo ajudou a colar homem e mulher despedaccedilados nem as famiacutelias nem os grupos nem mesmo coisa alguma na verdade ajudou a rebentar Natildeo fez de noacutes felizes criaturas re-unidas fez de noacutes consumidores seres infelizes superconsumindo e mesmo assim incapazes de chegar agrave felicidade ainda que livres para procuraacute-la
A re-uniatildeo deve comeccedilar pela re-uniatildeo do par fundamental Re-construir a famiacutelia eacute fundamental
Capiacutetulo 6 Feliz-Cidade
Se a cidade eacute apesar de tudo feliz se eacute feliz-cidade eacute
porque o trabalho eacute muito dividido e enquanto estou de feacuterias deitado na rede por toda parte milhotildees estatildeo se azafamando trabalhando continuamente com afinco se tiro um mecircs de feacuterias nem um dia de mim vai trabalhar ndash por 30 dias eu falto ao trabalho sem que o trabalho falte a mim
Minha casa continua comendo bebendo e fazendo todas as competentes graccedilas que nos datildeo E por toda parte milhotildees operam com vigor quando estou dormindo Se algueacutem entra em coma natildeo acorda num mundo destruiacutedo na sua ausecircncia todos continuaram a trabalhar diligentemente
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O FORMIGUEIRO CONTINUA DIA E NOITE
Eu formiguinha formiguinha vocecirc VIDA DE FORMIGA Z NO FORMIGUEIRO Z (Woody Allen interpreta o filho quinto-milhatildeo Z pois existe todo um abecedaacuterio de formigas e formigueiros com iacutendices e sub-iacutendices)
A formiga Z se apaixona pela princesa Bala e termina enfrentando os desafios do mundo exterior e o impiedoso General Mandiacutebula Com vozes de Woody Allen Sharon Stone Jennifer Lopez Gene Hackman e Sylvester
Stallone
Ficha Teacutecnica Elenco
Sinopse Criacuteticas
Pocircsters
Imagens Trailers
Premiaccedilotildees Curiosidades
Ficha Teacutecnica
Tiacutetulo Original AntZ Gecircnero Animaccedilatildeo Computadorizada Tempo de Duraccedilatildeo 82 minutos Ano de Lanccedilamento (EUA) 1998
Site Oficial wwwpepsicomantz Estuacutedio DreamWorks SKG Pacific Data Images
Distribuiccedilatildeo DreamWorks Distribution LLC UIP Direccedilatildeo Eric Darnell e Tim Johnson
Roteiro Todd Alcott Chris Weitz e Paul Weitz Produccedilatildeo Brad Lewis Aron Warner e Patty Wooton Muacutesica Harry Gregson-Williams e John Powell
Desenho de Produccedilatildeo John Bell
Direccedilatildeo de Arte Kendall Crockhite Ediccedilatildeo Stan Webb
Efeitos Especiais Pacific Data Images Elenco (Vzes)
Woody Allen (Z) Sharon Stone (Princesa Bala)
Gene Hackman (General Mandiacutebula) Jennifer Lopez (Azteca) Danny Glover (Barbatus)
Sylvester Stallone (Weaver)
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Christopher Walken (Coronel Cutter) Dan Akroyd (Chip)
Anne Bancroft (Rainha) Jane Curtin (Muffy)
Paul Mazursky (Psicoacutelogo)
Sinopse A formiguinha Z eacute apenas um operaacuterio que sonha roubar o coraccedilatildeo da princesa Bala Para isso convence seu amigo
soldado a trocar de lugar com ele o que faz com que tenha que enfrentar o impiedoso General Mandiacutebula que planeja
uma grande ofensiva contra o formigueiro
A formiguinha tendo ao fundo o
formigueiro
Um dos formigueiros sem que se veja
uma soacute formiguinha Isto eacute a Terra o terraacuterio-aquaacuterio da humanidade a gaiola
redonda dos loucos de pedra Somos 66 bilhotildees de formigas dentro deste formigueiro-mundo
E NOacuteS AINDA PARTILHAMOS A TERRAARAacuteGUA (aqui as aves)
Em resumo embora nos vejamos como indiviacuteduos na
verdade somos um CORRELATIVO DE EMPREENDIMENTOS em furiosa mutaccedilatildeo tempespacial
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Capiacutetulo 7 Espaccedilotempo de Reuniatildeo
Pois entatildeo eacute hora de re-unir a humanidade de fazer
cessar o pecado original divisor RE-FAZENDO famiacutelia natildeo mais ilha Famiacutelias de todos os tipos com todas as uniotildees todas as misturas
Eacute preciso eacute fundamental que os governos de todo o
mundo invistam maciccedilamente na reuniatildeo dos pares fundamentais nos casamentos no estudo das uniotildees estaacuteveis na restauraccedilatildeo no contorno natildeo-forccedilado dos divoacutercios e separaccedilotildees digamos com um periacuteodo de experiecircncia antes da consagraccedilatildeo do casamento uniotildees-em-experiecircncia
A gestaccedilatildeo da nova famiacutelia deve ser o mote deste seacuteculo XXI todo e do futuro
Vitoacuteria quinta-feira 12 de marccedilo de 2009 Joseacute Augusto Gava
Anexos Capiacutetulo 5
O MEacuteTODO CIENTIacuteFICO REDUTOR (logo de cara esse quebrar em partes rompe os viacutenculos da totalidade da funcionabilidade total)
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II2 Caracteriacutesticas do meacutetodo cientiacutefico O meacutetodo dedutivo o meacutetodo indutivo e o meacutetodo
hipoteacutetico-dedutivo satildeo os trecircs meacutetodos cientiacuteficos a que se refere a denominaccedilatildeo geneacutetica de meacutetodo cientiacutefico A primeira caracteriacutestica do meacutetodo cientiacutefico eacute a sua
natureza convencional a de servir de marco de geraccedilatildeo do conhecimento objetivo Por isso existem muacuteltiplas caracteriacutesticas em funccedilatildeo da perspectiva com que se
classifiquem se estudem e inclusivamente se denominem A primeira que me chama a atenccedilatildeo eacute o fato de que os dois primeiros tecircm um nome difiacutecil de distinguir visto que no acircmbito linguumliacutestico podem representar um soacute conceito com
duas manifestaccedilotildees raciociacutenio numa direccedilatildeo ou na contraacuteria do geral para o particular ou vice-versa
O problema logicamente deriva da dificuldade conceptual de separar um meacutetodo cientiacutefico de outro de uma forma clara evidentemente os termos escolhidos natildeo ajudam a
reter na memoacuteria estes dois conceitos de meacutetodo cientiacutefico Tambeacutem natildeo ajuda muito a denominaccedilatildeo do
terceiro meacutetodo cientiacutefico Uma caracteriacutestica de ambos meacutetodos eacute que podem ir do
geral para o particular ou vice-versa num sentido ou no inverso Ambos utilizam a loacutegica e chegam a uma conclusatildeo
Em uacuteltima instacircncia sempre tecircm elementos filosoacuteficos subjacentes
Ambos costumam ser susceptiacuteveis de verificaccedilatildeo empiacuterica Ainda que o meacutetodo dedutivo seja mais proacuteprio das ciecircncias formais e o indutivo das ciecircncias empiacutericas nada impede a aplicaccedilatildeo indistinta de um meacutetodo cientiacutefico ou outro a
uma teoria concreta Para mim sem pretender entrar em polecircmica neste tema a diferenccedila fundamental entre o meacutetodo dedutivo e o meacutetodo indutivo eacute que o primeiro aspira a demonstrar mediante a loacutegica pura a conclusatildeo na sua totalidade a partir de
umas premissas de maneira que se garante a veracidade das conclusotildees se natildeo se invalida a loacutegica aplicada Trata-se do modelo axiomaacutetico proposto por Aristoacuteteles como meacutetodo
cientiacutefico ideal Pelo contraacuterio o meacutetodo indutivo cria leis a partir da
observaccedilatildeo dos fatos mediante a generalizaccedilatildeo do comportamento observado na realidade o que realiza eacute uma espeacutecie de generalizaccedilatildeo sem que atraveacutes da loacutegica possa conseguir uma demonstraccedilatildeo das citadas leis ou conjunto de
conclusotildees As referidas conclusotildees poderiam ser falsas e ao mesmo tempo a aplicaccedilatildeo parcial efetuada da loacutegica poderia manter a sua validade por isso o meacutetodo indutivo necessita de uma condiccedilatildeo adicional a sua aplicaccedilatildeo
considera-se vaacutelida enquanto natildeo se encontrar nenhum caso que natildeo cumpra o modelo proposto
O meacutetodo hipoteacutetico-dedutivo ou de verificaccedilatildeo de hipoacuteteses natildeo coloca em princiacutepio nenhum problema visto
que a sua validade depende dos resultados da proacutepria verificaccedilatildeo
Este meacutetodo cientiacutefico costuma utilizar-se para melhorar ou precisas teorias preacutevias em funccedilatildeo de novos
conhecimentos nas quais a complexidade do modelo natildeo permite formulaccedilotildees loacutegicas Portanto tem um caraacuteter
predominantemente intuitivo e necessita natildeo soacute para ser rejeitado mas tambeacutem para impor a sua validade a
verificaccedilatildeo das suas conclusotildees
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Poderia propor-se para estas trecircs variantes do meacutetodo cientiacutefico a denominaccedilatildeo de meacutetodo dedutivo meacutetodo
intuitivo e meacutetodo experimental ou meacutetodo de verificaccedilatildeo ou qualquer conjunto de palavras que faccedilam referecircncia agraves suas diferenccedilas fundamentais e natildeo coloquem problemas agrave memoacuteria linguumliacutestica Natildeo obstante nesta exposiccedilatildeo
manterei a nomenclatura geralmente utilizada A Teoria Geral da Evoluccedilatildeo Condicionada da Vida seria em
princiacutepio uma teoria baseada no meacutetodo hipoteacutetico-dedutivo ou meacutetodo de verificaccedilatildeo de hipoacuteteses
A teoria de Darwin pelo contraacuterio estaria enquadrada no meacutetodo indutivo mas que apesar de encontrar exemplos contraacuterios natildeo se invalida adeacutequa-se para encaixar
qualquer triacircngulo Porque seraacute
Como se disse anteriormente toda a teoria deve ser resistente agrave sua refutaccedilatildeo contudo uma teoria que natildeo pode ser refutada por nenhum fato concebiacutevel natildeo eacute
cientiacutefica A impossibilidade de refutaccedilatildeo de uma teoria cientiacutefica natildeo eacute uma virtude mas sim um viacutecio
TEORIA SOBRE O MEacuteTODO CIENTIacuteFICO EM BUSCA DE UM MODELO UNIFICANTE PARA AS CIEcircNCIAS
E DE UM RETORNO Agrave UNIVERSIDADE CRIATIVA I -- INTRODUCcedilAtildeO
Alberto Mesquita Filho Comeccedilo regra geral as minhas liccedilotildees sobre Meacutetodo
Cientiacutefico dizendo aos meus alunos que o meacutetodo cientiacutefico natildeo existe Acrescento que tenho obrigaccedilatildeo de saber isso tendo eu sido durante algum tempo pelo menos o uacutenico professor desse inexistente assunto em toda a Comunidade
Britacircnica
Tendo entatildeo explicado aos meus alunos que natildeo haacute essa coisa que seria o meacutetodo cientiacutefico apresso-me a comeccedilar o meu discurso e ficamos ocupadiacutessimos Pois um ano mal chega para roccedilar a superfiacutecie mesmo de um assunto
inexistente Karl R Popper [1]
Resumo Este artigo eacute o primeiro de uma seacuterie de artigos relacionados agrave metodologia cientiacutefica e cuja temaacutetica foi dividida em cinco toacutepicos principais Corresponde a uma
versatildeo atualizada de consideraccedilotildees expressas pelo autor a partir de 1983 em livros artigos e conferecircncias citados no texto colaborou para esta atualizaccedilatildeo a experiecircncia adquirida pelo autor no processo de remodelaccedilatildeo da Proacute-Reitoria Comunitaacuteria da USJT (1992-1993) bem como aquela adquirida junto aos demais membros da equipe criada pelos Conselhos Superiores da USJT (1994) --expandida em 1995--
com a finalidade de implantar o Centro de Pesquisa da USJT Os conceitos foram axiomatizados de forma a darem
corpo a uma nova teoria sobre o meacutetodo cientiacutefico permitindo mesmo a constataccedilatildeo de possiacuteveis aplicaccedilotildees dentro de um contexto abrangente tais como 1) a teoria
fornece os meios necessaacuterios para que se promova a integraccedilatildeo das ciecircncias e 2) propicia a sustentaccedilatildeo de um projeto visando a caracterizar a universidade como o local apropriado para a formaccedilatildeo de cientistas Os cinco
toacutepicos a serem abordados satildeo pela ordem I - Introduccedilatildeo na qual eacute proposta a regra delimitante da ciecircncia II - O macromeacutetodo cientiacutefico e a Histoacuteria da Ciecircncia III - O
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papel da universidade na produccedilatildeo de conhecimentos IV - O meacutetodo cientiacutefico propriamente dito a) A teoria da
praacutetica em ciecircncia b) A praacutetica da teorizaccedilatildeo cientiacutefica V - O micromeacutetodo cientiacutefico e a Filosofia da Ciecircncia Os demais toacutepicos estatildeo em fase de projeto natildeo havendo portanto previsatildeo quanto agrave eacutepoca de publicaccedilatildeo []
1 Colocaccedilatildeo do problema Meacutetodo entre outras coisas significa caminho para chegar
a um fim ou pelo qual se atinge um objetivo Que dizer entatildeo do meacutetodo cientiacutefico [2] Poderia dizer que eacute o caminho trilhado pelo cientista quando em busca de verdades cientiacuteficas
Afirma-se com grande frequumlecircncia que o cientista eacute aquele que se utiliza do meacutetodo cientiacutefico Os que aceitam esta
Percebam que estou meramente jogando com as palavras e associando-as ao conceito de
meacutetodo acima postulado Quais satildeo as verdades cientiacuteficas O que eacute ser cientista O que eacute ciecircncia Existe uma ciecircncia uacutenica Quando nos reportamos a uma hipoteacutetica linha demarcatoacuteria a separar o que julgamos
ser uma verdade cientiacutefica de outras possiacuteveis verdades a que nos estamos referindo
verdade --e haacute muitos que o fazem-- devem procurar uma conceituaccedilatildeo para meacutetodo cientiacutefico diferente da exposta no paraacutegrafo anterior sob pena de andarem em ciacuterculo Ou definimos cientista a partir da definiccedilatildeo de meacutetodo frac34algo tentado por Popper ao propor o falsificacionismo [3]frac34 ou definimos meacutetodo a partir da definiccedilatildeo de cientista do contraacuterio natildeo chegamos a nada Conservarei a ideacuteia de meacutetodo cientiacutefico como caminho trilhado pelo cientista
2 O que eacute ciecircncia
com o que estou assumindo o risco de ter que definir ciecircncia eou cientista Eacute o que tentarei fazer nesta
introduccedilatildeo
Natildeo eacute faacutecil definir ciecircncia e satildeo inuacutemeros os tratados sobre o assunto a abordarem esta dificuldade Ao leitor
principiante em ciecircncia e que queira penetrar na complexidade do tema ou entatildeo perceber a quantas anda nossa ignoracircncia a respeito sugiro se tiver pendores
filosoacuteficos que comece pelo livro de Chalmers (1976) [4] ou entatildeo se preferir algo mais ameno e mais voltado agrave
praacutetica cientiacutefica pelo livro de Beveridge (1980) [5] Ao leitor acomodado e que natildeo tenha amplo conhecimento do
assunto ou mesmo para aquele que pretenda prosseguir com esta leitura ciente de que eacute possiacutevel pelo menos em niacutevel conjetural enfrentar o desafio apontado relatarei aqui a
conclusatildeo de um ensaio que sintetiza uma ideacuteia que me ocorreu haacute cerca de dez anos [6] e que apresentei na
sessatildeo de debates da mesa redonda A Pesquisa na Universidade Particular ocorrida por ocasiatildeo da IV Semana de Psicologia da USJT (1994) com as seguintes palavras Vejo a ciecircncia como a aacuterea do conhecimento que se apoacuteia natildeo num meacutetodo mas sim na regra da repetitividade a que
eu tenho chamado de regra cientiacutefica fundamental Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que
pesquisado se repetiu eacute de se admitir que em futuras verificaccedilotildees o mesmo suceda [7]
A regra cientiacutefica fundamental conquanto aceita intuitivamente por todos os cientistas ocupa entre os mesmos e ateacute entre os filoacutesofos da ciecircncia um papel
secundaacuterio quando natildeo totalmente ignorada Via de regra considera-se a ciecircncia como que apoiada em regras outras
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como por exemplo o princiacutepio da causalidade de Kant a regra metodoloacutegica de Popper que se associa a seu meacutetodo
dedutivo de prova o princiacutepio ou argumento indutivista e as regras ou criteacuterios de utilidade Como posiccedilotildees
extremas e apoiadas em regras mais riacutegidas podemos citar a visatildeo paradigmaacutetica de Thomas Kuhn a defender o
dogmatismo cientiacutefico o ponto de vista de Chalmers a questionar a argumentaccedilatildeo filosoacutefica no que diz respeito agrave delimitaccedilatildeo da ciecircncia e a visatildeo anarquista de Feyerabend
a se opor frontalmente ao racionalismo em ciecircncia A fim de ilustrar o comentado no paraacutegrafo anterior
vejamos como Thomas Kuhn (1962) --defensor de uma posiccedilatildeo cientiacutefico-filosoacutefica incompatiacutevel com a que aqui pretendo apresentar-- retrata a importacircncia da repetitividade dos eventos como algo a semear o surgimento de novas ideacuteias Existem em princiacutepio somente trecircs tipos de fenocircmenos a propoacutesito dos quais pode ser desenvolvida uma nova teoria O primeiro tipo compreende os fenocircmenos jaacute bem explicados
pelos paradigmas existentes Tais fenocircmenos raramente fornecem motivos ou um ponto de partida para a construccedilatildeo de uma teoria Quando o fazem as teorias resultantes raramente satildeo aceitas visto que a natureza natildeo proporciona nenhuma base para uma discriminaccedilatildeo entre as alternativas Uma segunda classe de fenocircmenos compreende aqueles cuja
natureza eacute indicada pelos paradigmas existentes mas cujos detalhes somente podem ser entendidos apoacutes uma maior
articulaccedilatildeo da teoria Os cientistas dirigem a maior parte de sua pesquisa a esses fenocircmenos mas tal pesquisa visa antes agrave articulaccedilatildeo dos paradigmas existentes do que agrave invenccedilatildeo de novos Somente quando esses esforccedilos de articulaccedilatildeo fracassam eacute que os cientistas encontram o
terceiro tipo de fenocircmeno as anomalias reconhecidas cujo traccedilo caracteriacutestico eacute a sua recusa obstinada a serem
assimiladas aos paradigmas existentes Apenas esse uacuteltimo tipo de fenocircmeno faz surgir novas teorias [8]
Ora se um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se recusou obstinadamente a ser assimilado aos paradigmas
existentes e se esta recusa eacute quem orienta a caracterizaccedilatildeo de novas teorias e mais se a ciecircncia eacute fundamentalmente o conjunto das ideacuteias e teorias geradas pela mente humana bem como a aplicaccedilatildeo pelo homem dessas ideacuteias e teorias em busca de um relacionamento sadio com a natureza e com os seus semelhantes podemos sossegadamente
concluir que ciecircncia eacute o processo pelo qual o homem se relaciona com os fenocircmenos universais que se sujeitam agrave
regra cientiacutefica fundamental 3 O ser cientista
Cientista diz-nos Ferreira (1986) eacute a pessoa que cultiva ou que eacute especialista em alguma ciecircncia ou em ciecircncias
[9] e ciecircncia eacute um processo definido no item anterior Se aceitarmos estas premissas concluiremos que o conhecimento
cientiacutefico eacute aquele factiacutevel de reproduccedilatildeo enquanto o cientista eacute aquele que de alguma forma cultiva esses conhecimentos Eacute importante aqui salientar que muitas
vezes o que se espera reproduzir eacute um dado probabiliacutestico Por exemplo se dissermos que 80 das moleacuteculas de um gaacutes
satildeo do elemento quiacutemico oxigecircnio isto natildeo significa estarmos afirmando ser oxigecircnio esta ou aquela moleacutecula objeto de verificaccedilatildeo experimental o que a regra nos
preconiza eacute que independentemente de qual cientista for tentar reproduzir a medida ou do local escolhido para que
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esta segunda medida seja efetuada observando-se as condiccedilotildees em que a mesma foi realizada anteriormente o
valor obtido concordaraacute com o valor precedente dentro de uma margem de erro tambeacutem estimaacutevel por meacutetodos
experimentais Todos noacutes vez ou outra nos comportamos como cientistas Ser cientista natildeo eacute possuir um roacutetulo mas sim postar-se com uma atitude cientiacutefica por outro lado mesmo aquele que se diz cientista vez ou outra assume atitudes natildeo cientiacuteficas e penetra em terrenos apoiados em regras
proacuteprias ou ateacute mesmo sem regras O roacutetulo eacute frequumlentemente utilizado quando queremos nos referir agraves
pessoas que se utilizam de seus talentos cientiacuteficos como meio de vida seriam entatildeo os cientistas profissionais A filosofia por exemplo eacute um campo de atuaccedilatildeo bem mais
abrangente que aquele ditado pela regra cientiacutefica fundamental Poderiacuteamos dizer que a filosofia comporta a
ciecircncia ainda que esta ideacuteia natildeo agrade a alguns cientistas mas jamais poderiacuteamos dizer e quanto a isso
todos satildeo concordes que a ciecircncia comporta a filosofia O bom cientista utiliza-se da filosofia da mesma forma que a maioria dos indiviacuteduos com sede se utilizam do copo Outras
aacutereas do conhecimento seriam 1) o ocultismo frac34e aqui poderiacuteamos incluir a tiacutetulo de exemplo a alquimia e a astrologia 2) as artes frac34e vale a pena aqui frisar que a arte pode ser encarada cientificamente postura esta que foi frequumlentemente adotada por Leonardo da Vinci [10] e defendida em sua Teoria do Conhecimento 3) a teologia
etc A busca pela verdade que tambeacutem eacute objetivo da grande maioria destas aacutereas natildeo cientiacuteficas segue-se por caminhos nem sempre limitados ou compatiacuteveis com a regra cientiacutefica
fundamental O cultivo da ciecircncia pode se dar atraveacutes da observaccedilatildeo de alguns ou todos dentre seus objetivos nobres quais sejam
1) aquisiccedilatildeo transmissatildeo e aplicaccedilatildeo de conhecimentos cientiacuteficos jaacute sistematizados e 2) produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
de novos conhecimentos Visto sob este acircngulo satildeo cientistas 1) o estudioso eou o professor eou o
profissional bacharel em quaisquer das ciecircncias 2) o tecnoacutelogo 3) o pesquisador em aacutereas cientiacuteficas 4) o
teorizador em ciecircncias 5) e o autor de artigos cientiacuteficos relatando ideacuteias proacuteprias eou revisotildees bibliograacuteficas Sob um ponto de vista mais rigoroso o cientista seria apenas aquele capaz de dominar as teacutecnicas inerentes a todos os
objetivos nobres acima apontados Nem tanto ao ceacuteu nem tanto agrave terra Percebam que jaacute
conceituamos ciecircncia e jaacute conseguimos ir aleacutem a ponto de fornecer dados para que se analise o comportamento daqueles
que trabalham em ciecircncia Observado este comportamento poderiacuteamos assumir como cientistas aqueles que realmente contribuem para o progresso das ciecircncias Adotarei esta
postura mas gostaria de esclarecer conforme seraacute comentado oportunamente que a noccedilatildeo de progresso aqui defendida eacute um pouco mais abrangente do que aquela
preconizada pelos pensadores iluministas [11] que tanto influenciaram os positivistas Aceita esta premissa frac34a de que cientistas satildeo somente aqueles que real e diretamente [12] contribuem para o progresso das ciecircnciasfrac34 suponha que consigamos caracterizar os cientistas assim definidos como aqueles que ao contribuir para o progresso das
ciecircncias se utilizam de um meacutetodo comum a que chamaremos
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meacutetodo cientiacutefico Poderemos entatildeo afirmar e natildeo se trata aqui da busca por uma definiccedilatildeo que o cientista eacute aquele que se utiliza do meacutetodo cientiacutefico o raciociacutenio ciacuteclico da forma como foi agora utilizado estaacute livre de consequumlecircncias funestas Notem com o auxiacutelio da figura 1 a sintetizar as ideacuteias principais aqui focalizadas que do ponto de vista conceitual natildeo estamos andando em ciacuterculo
REGRA CIENTIacuteFICA FUNDAMENTAL
Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu eacute de se admitir que em futuras
verificaccedilotildees o mesmo suceda
DEFINICcedilAtildeO DE CIEcircNCIA
Ciecircncia eacute o processo pelo qual o homem se relaciona com os fenocircmenos universais que se sujeitam agrave regra cientiacutefica
fundamental
OBSERVACcedilAtildeO DO COMPORTAMENTO DOS QUE TRABALHAM EM CIEcircNCIA
VERIFICACcedilAtildeO DE QUE ALGUNS CONTRIBUEM PARA O PROGRESSO DAS CIEcircNCIAS
Cientista eacute todo ser racional que contribui diretamente para o progresso das ciecircncias
CONSTATACcedilAtildeO DE QUE ESTES SE UTILIZAM DE UM MEacuteTODO COMUM
Figura 1 - Para explicaccedilatildeo vide texto Resta-nos entatildeo para que a ideacuteia ganhe em consistecircncia comprovar a existecircncia de um uacutenico meacutetodo cientiacutefico e
isto natildeo parece ser uma tarefa faacutecil Antes de enfrentarmos esta dificuldade vamos verificar como as ideacuteias aqui apresentadas se conformam a conceitos classicamente
adotados como modelos de meacutetodo cientiacutefico
[] Muitos dentre esses toacutepicos satildeo apresentados em um contexto diverso em
Referecircncias
Ensaios sobre a Filosofia da Ciecircncia ou entatildeo em outros artigos expostos acima na
seccedilatildeo Temas relacionados [1] POPPER K R 1956 Acerca da inexistecircncia do meacutetodo
cientiacutefico in Prefaacutecio da ediccedilatildeo de 1956 do livro O realismo e o objetivo da ciecircncia
[2] FERREIRA A B H 1986
Publicaccedilotildees Dom Quixote (traduccedilatildeo) Lisboa 1987 Este prefaacutecio foi lido num
encontro dos Fellows of Center for Advanced Study in the Behavioral Sciences em Stanford Califoacuternia em novembro
de 1956 Novo dicionaacuterio da liacutengua
portuguesa[3] POPPER K R (1959)
Ed Nova Fronteira Rio de Janeiro p 1128 A loacutegica da pesquisa
cientiacutefica Ed Cultrix (traduccedilatildeo 1975) Satildeo Paulo
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[4] CHALMERS A F 1976 (traduccedilatildeo 1993) O que eacute ciecircncia afinal[5] BEVERIDGE W I B 1980
Ed Brasiliense Satildeo Paulo 225 p Sementes da descoberta
cientiacutefica[6] MESQUITA Fdeg A 1987
Edusp (traduccedilatildeo) Satildeo Paulo Confesso que blefei --
Fiacutesica antiga vs moderna
[7] Perguntas e Debates 1995 item V
editado pela USJT (na eacutepoca Faculdades Satildeo Judas Tadeu) Satildeo Paulo capiacutetulo 13 A
Ciecircncia Existe p 92-8 Sobre Pesquisa e
Filosofia da Ciecircncia p 75 in EspecialIntegraccedilatildeo A pesquisa na universidade particular Integraccedilatildeo
[8] KUHN T S 1962 (traduccedilatildeo 1975)
I(1)51-75 1995 Este ensaio foi tambeacutem apresentado e discutido em palestra (natildeo publicada) que ministrei por ocasiatildeo da
Semana de Filosofia da USJT de 1994 A estrutura das
revoluccedilotildees cientiacuteficas Ed Perspectiva Satildeo Paulo 257 pp capiacutetulo 8 A natureza e a necessidade das revoluccedilotildees
cientiacuteficas[9] FERREIRA 1986 Idem p 404
p 131 [Os grifos satildeo meus]
[10] Leonardo da Vinci in The New Encyclopaedia Britannica Vol 22 (Macropaedia) Enc Brit Inc
Chicago 1993 p 946 (Leonardo as artist-scientist[11] SANTOS G T
) Os caminhos do pensamento cientiacutefico a
partir do Iluminismo Integraccedilatildeo I(5)131-6 1996 conferecircncia proferida por ocasiatildeo da Semana de Filosofia da USJT de 1995 Na sessatildeo de debates Santos dentre outras consideraccedilotildees interessantes a respeito faz a
seguinte observaccedilatildeo O progresso como vai ser definido no Iluminismo eacute uma noccedilatildeo de abandono passa pelo abandono necessaacuterio de coisas que ficaram ou que deveratildeo ficar no
passado[12] O termo diretamente aqui empregado eacute essencial a natildeo ser levado em conta corremos o risco de considerar
como cientistas dentre outros os mecenas que no passado contribuiacuteram de maneira indireta para o progresso
das ciecircncias
O argumento indutivista Uma criacutetica imparcial conquanto demolidora ao
indutivismo eacute apresentada por Chalmers nos trecircs primeiros capiacutetulos de seu livro [13] Veremos aqui apenas alguns toacutepicos interessantes do ponto de vista epistemoloacutegico
eou necessaacuterios para um melhor entendimento da teoria ora sendo apresentada
Um sumaacuterio completo do argumento indutivista da ciecircncia estaacute esquematizado na figura 2 adaptada de Chalmers [14]
Chama a atenccedilatildeo a omissatildeo da deduccedilatildeo de hipoacuteteses o indutivista admite ser possiacutevel partir da observaccedilatildeo e chegar a leis apelando exclusivamente ao raciociacutenio
indutivo O meacutetodo indutivo baseia-se na crenccedila de que eacute possiacutevel confirmar um enunciado universal (lei) atraveacutes de um certo nuacutemero de observaccedilotildees singulares Via de regra
quando se questiona o indutivista a respeito da omissatildeo da hipoacutetese ele logo repete uma frase de Newton Natildeo faccedilo
hipoacuteteses Obviamente este indutivista ingecircnuo ouviu esta frase sabe que foi proferida por Newton mas demonstra
natildeo saber a que Newton estava se referindo A hipoacutetese a que Newton se refere natildeo eacute a mesma que hoje se conceitua nos tratados de metodologia cientiacutefica ou de estatiacutestica Newton deixou bastante claro em sua obra que natildeo fazia como cientista especulaccedilotildees ou conjecturas infundadas No
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que se refere a hipoacuteteses no contexto em que o termo eacute hoje aceito rariacutessimos foram os cientistas que em sua
fase produtiva as levantaram em nuacutemero tal cuja ordem de grandeza se aproximasse daquela atingida por Newton
O argumento indutivista baseia-se na crenccedila no princiacutepio da induccedilatildeo que dentre outras formas pode ser enunciado como Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno
sempre que pesquisado se repetiu em futuras verificaccedilotildees o mesmo sucederaacute
Figura 2 - O argumento indutivista (segundo Chalmers)
[15] Escolhi esta versatildeo para que fique claro o contraste entre o princiacutepio da induccedilatildeo e a regra
cientiacutefica fundamental expliacutecita na figura 1 Trecircs comentaacuterios merecem ser feitos a respeito 1) Conquanto
seja usado como regra metodoloacutegica o princiacutepio da induccedilatildeo natildeo define o nuacutemero de observaccedilotildees singulares a permitir uma generalizaccedilatildeo (obtenccedilatildeo de leis) 2) Esta e outras falhas conceituais inerentes ao argumento indutivista propiciam interpretaccedilotildees ingecircnuas ao princiacutepio conforme
veremos abaixo 3) O princiacutepio sem perder em generalidade no que diz respeito agraves premissas (tem o
mesmo campo de atuaccedilatildeo que a regra cientiacutefica fundamental) e para que possa caracterizar-se como metodoloacutegico e natildeo apenas norteador torna-se mais
restritivo que a regra cientiacutefica fundamental frac34afirma ao inveacutes de suporfrac34 Consequumlentemente os que abraccedilam esta ideologia devem procurar por uma outra definiccedilatildeo de ciecircncia que natildeo a apresentada no item 2 e figura 1 As
consequumlecircncias epistemoloacutegicas daiacute resultantes seratildeo objeto de discussatildeo em itens posteriores
O indutivista ingecircnuo eacute aquele que dentre outras falhas conceituais eou de raciociacutenio consegue provar
cientificamente por exemplo a inexistecircncia de Deus pelo simples fato de Deus natildeo se manifestar a ele tendo em vista que ele natildeo possui uma regra para delimitar a ciecircncia que natildeo seja o princiacutepio da causalidade --natildeo haacute efeito sem causa-- ele tenta inverter o princiacutepio frac34que no caso ficaria natildeo haacute causa sem efeitofrac34 e apelando para o argumento indutivista consegue por meacutetodos cientiacuteficos chegar a conclusotildees natildeo cientiacuteficas frac34no caso teoloacutegicas Mais comum no entanto eacute o erro agora natildeo tatildeo ingecircnuo cometido por alguns indutivistas que conseguem provar cientificamente que todas as maccedilatildes satildeo vermelhas prova esta vaacutelida somente ateacute o dia em que eles se
depararem com maccedilatildes verdes Neste caso a falha decorre da crenccedila num meacutetodo repleto de incoerecircncias internas
5 O argumento dedutivista
24
O argumento dedutivista ainda que natildeo isento de criacuteticas representou sem duacutevida alguma uma evoluccedilatildeo no sentido em que propiciou uma metodologia cientiacutefica dotada de
coerecircncia interna A esse respeito eacute dito com frequumlecircncia que o raciociacutenio dedutivo constitui o
argumento da loacutegica A fim de padronizar comparaccedilotildees apresentarei o argumento
dedutivista como apoiado no seguinte princiacutepio Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa para que seja hipoacutetese deveraacute ser
passiacutevel de verificaccedilatildeo observacional A figura 3 ilustra a proposiccedilatildeo deste argumento
Eacute importante observar que nem toda a afirmaccedilatildeo deduzida seraacute uma hipoacutetese motivo pelo qual natildeo utilizamos o argumento loacutegico se e somente se ao enunciarmos o
princiacutepio
Figura 3 - O argumento dedutivista
[16] Em particular eacute de se ressaltar a opiniatildeo de Severino (1994) a respeito
Eacute preciso natildeo confundir hipoacutetese com pressuposto com evidecircncia preacutevia
Hipoacutetese eacute o que se pretende demonstrar e natildeo o que jaacute se tem
demonstrado [17] A loacutegica dedutiva ao caminhar do geral para o particular
nos garante a formulaccedilatildeo de hipoacuteteses e hipoacutetese comprovada atraveacutes de uma observaccedilatildeo controlada (teste eou experiecircncia) nos permite suspeitar atraveacutes de um raciociacutenio indutivo (do singular para o geral) sua condiccedilatildeo de lei Observem o cuidado na colocaccedilatildeo das palavras Eu disse nos permite suspeitar e natildeo nos
permite garantir Por que esse cuidado A experimentaccedilatildeo natildeo nos garante verdades A esse respeito Popper assim se
referiu Natildeo haacute um meacutetodo para determinar se
uma hipoacutetese eacute lsquoprovaacutevelrsquo ou provavelmente verdadeira [18]
Eacute interessante notar que algumas limitaccedilotildees inerentes ao indutivismo e que propiciam o aparecimento de conclusotildees ingecircnuas satildeo aqui substituiacutedas por uma impossibilidade
Sob esse aspecto o dedutivismo natildeo solucionou o problema mas simplesmente reduziu a possibilidade de que se
cometessem determinados raciociacutenios ingecircnuos Rigorosamente falando o problema natildeo eacute tatildeo insoluacutevel
assim Seraacute insoluacutevel tatildeo-somente para aqueles que julgam estar cientificamente buscando por verdades absolutas A verdade cientiacutefica e soacute o leigo talvez natildeo saiba eacute uma
verdade provisoacuteria tomada por empreacutestimo da natureza e da forma como ela se nos aparenta ser As verdades
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cientiacuteficas de hoje seratildeo quando natildeo negadas lapidadas e reformuladas amanhatilde Se chegaremos ou natildeo por meacutetodos
cientiacuteficos agrave verdade absoluta eacute um questionamento que a ciecircncia natildeo estaacute aparelhada para responder E talvez nunca esteja o que natildeo nos impede de que continuemos procurando
pela verdade Popper foi mais aleacutem demonstrando ser impossiacutevel ateacute mesmo probabilizar uma afirmaccedilatildeo comprovada por um
raciociacutenio que siga a metodologia dedutiva (incluindo e eacute aiacute que reside o problema principal do meacutetodo a induccedilatildeo -- vide lado direito da figura 3) A esse respeito Popper
propotildee a substituiccedilatildeo do termo probabilizar por corroborar Uma hipoacutetese seria tanto mais corroboraacutevel quanto mais propiciasse verificaccedilotildees experimentais e teria sido tanto mais corroborada e natildeo haacute como se
atribuir nuacutemeros probabiliacutesticos a esse efeito quanto mais resistisse a essas verificaccedilotildees Siegel (1977
traduccedilatildeo) adota provavelmente com o mesmo objetivo a expressatildeo grau de aceitabilidade
Efetuamos pesquisas a fim de determinar o grau de aceitabilidade de
hipoacuteteses deduzidas de nossas teorias [19]
Esta impossibilidade em garantir um acerto preocupou bastante Popper e certamente foi um dos motivos que o
levou a expandir o argumento dedutivista atraveacutes da proposiccedilatildeo do falsificacionismo a ser apresentado no
item 7 Independentemente das dificuldades apontadas neste e nos itens precedentes a verdade eacute que a ciecircncia progride e este progresso eacute guiado por homens que conhecem o terreno por onde pisam E conquanto todos saibam da natildeo existecircncia em ciecircncia de verdades absolutas da impossibilidade de se
chegar a uma soluccedilatildeo definitiva para os problemas cientiacuteficos e da natildeo existecircncia de provas observacionais irrefutaacuteveis quase todos [20] entendem e concordam com a
afirmaccedilatildeo de GIL (1994) expressa a seguir A pesquisa cientiacutefica inicia-se
sempre com a colocaccedilatildeo de um problema solucionaacutevel O passo seguinte
consiste em oferecer uma soluccedilatildeo possiacutevel atraveacutes de uma proposiccedilatildeo ou seja de uma expressatildeo suscetiacutevel de ser declarada verdadeira ou falsa A
esta proposiccedilatildeo daacute-se o nome de hipoacutetese Assim a hipoacutetese eacute a
proposiccedilatildeo testaacutevel que pode vir a ser a soluccedilatildeo do problema [21]
6 O que eacute teoria Eacute importante salientar que a finalidade primordial da ciecircncia natildeo eacute formular hipoacuteteses e sim sistematizar teorias e que teoria natildeo eacute pura e simplesmente uma
coletacircnea de hipoacuteteses Teoria eacute um conjunto de hipoacuteteses coerentemente interligadas tendo por finalidade explicar
elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio do conhecimento [22] Por que entatildeo os livros de
metodologia insistem em justificar os meacutetodos atraveacutes de hipoacuteteses uacutenicas e via de regra desinteressantes tais
como As maccedilatildes satildeo vermelhas os cisnes satildeo brancos etc A verdade eacute que nem sempre eacute faacutecil encontrar teorias ao mesmo tempo simples e de amplo espectro ou seja que
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possam ser entendidas por leitores das vaacuterias aacutereas do conhecimento Por outro lado os argumentos que corroboram ou derrubam teorias satildeo em princiacutepio idecircnticos aos que corroboram ou derrubam hipoacuteteses frac34poderiacuteamos tambeacutem dizer
que uma hipoacutetese eacute ou simula ser uma teoria cujo conjunto de hipoacuteteses eacute unitaacuterio Em geral a dificuldade inerente ao grau de complexidade de uma teoria pode ser
superada desde que o cientista conheccedila a fundo esta teoria cujo grau de aceitabilidade pretende testar e domine a loacutegica envolvida em situaccedilotildees similares poreacutem simples como aquelas que aparecem nos compecircndios sobre o
assunto A ecircnfase dada pelos textos de metodologia cientiacutefica a meacutetodos relacionados a testes de hipoacuteteses contrasta com a quase ausecircncia de referecircncias a meacutetodos relativos agrave
praacutetica da teorizaccedilatildeo Existem exceccedilotildees a esta regra e eu natildeo poderia deixar de citar [23] os livros de Bunge [24] e de Lacey [25] indicados especialmente para os iniciantes da aacuterea de exatas Embora natildeo especificamente dirigido a esta temaacutetica haacute que se destacar tambeacutem o livro de Bohm e
Peat [26] e que merece ser lido posto que focaliza a essecircncia da problemaacutetica aqui apontada neste caso e por este motivo eacute indicado aos iniciantes de todas as aacutereas A praacutetica da teorizaccedilatildeo com rariacutessimas exceccedilotildees natildeo se
aprende na escola Grandes teorizadores por terem aprendido a utilizar uma teacutecnica natildeo encontrada nos livros tradicionais e que nem mesmo eacute ensinada na maioria dos
regimes de iniciaccedilatildeo cientiacutefica chegaram a ser confundidos com gecircnios Eacute bem possiacutevel que estes gecircnios tenham adquirido esta praacutexis cultuando algum resquiacutecio da
filosofia que a sociedade moderna natildeo conseguiu despedaccedilar
A lacuna acima apontada fomenta a ingenuidade ou ateacute mesmo o charlatanismo multiplicando sobremaneira o nuacutemero dos que sem estarem devidamente preparados para teorizar frac34uma atividade que natildeo eacute elementarfrac34 ainda assim teorizam e teorizam mal frac34fato este que chega a incomodar cientistas de respeito que ocupam postos importantes nas
universidades [27] Por outro lado e em decorrecircncia disto permite que se condene agrave marginalidade cientiacutefica
e por periacuteodos variaacuteveis de tempo todos aqueles que certos ou errados pretendem evoluir seriamente no sentido de atender agrave finalidade uacuteltima da ciecircncia a edificaccedilatildeo de
teorias representacionais Que meacutetodos estes homens seguiram que natildeo a paixatildeo a
devoccedilatildeo a persistecircncia e a crenccedila num espiacuterito universal frac34Espiacuterito este que segundo alguns admitem natildeo estaacute a se
divertir com nossos erros e acertos o que foi sintetizado pelo maior dos gecircnios do seacuteculo XX nas
seguintes palavras Deus natildeo joga dados A resposta nos eacute dada pelo proacuteprio autor desta afirmaccedilatildeo
O alvo de construir uma teoria de campo eletromagneacutetico da mateacuteria
permanece inatingiacutevel por ora embora em princiacutepio nenhuma objeccedilatildeo possa ser levantada contra a possibilidade de vir a se alcanccedilar tal objetivo O que reteve qualquer tentativa posterior nessa direccedilatildeo foi a falta de qualquer meacutetodo sistemaacutetico que levasse a uma
soluccedilatildeo [28]
27
Seraacute que natildeo existem meacutetodos ou regras a serem adotados nesta praacutexis E por falar nisso a praacutetica da teorizaccedilatildeo
natildeo seria uma teorexis [29] Seraacute que teorizar em ciecircncia eacute uma atividade puramente filosoacutefica Natildeo existe uma
metodologia cientiacutefica a orientar aqueles que se preocupam em decifrar os segredos que estatildeo por traacutes dos fenocircmenos que se adaptam agrave regra cientiacutefica fundamental Caso exista
um meacutetodo a ser sistematizado Seria ele diferente do meacutetodo cientiacutefico O que eacute o meacutetodo cientiacutefico
Tentarei dentro do possiacutevel e da finalidade a que me propus ao conceber esta seacuterie de artigos responder
oportunamente eou orientar o leitor se houver como no que diz respeito aos questionamentos aqui assinalados De qualquer forma mais detalhes sobre teoria eou teorizaccedilatildeo seratildeo apresentados no toacutepico IV-b A praacutetica da teorizaccedilatildeo
(em preparo)
[13] CHALMERS A F 1976 Referecircncias
op cit (Voltar pelo browser) pp 23-63
[14] Idem p 28 [15] Esta versatildeo eacute uma adaptaccedilatildeo do princiacutepio da induccedilatildeo
como enunciado por CHALMERS (1976) op cit Se um grande nuacutemero de As foi observado sob uma ampla variedade de condiccedilotildees e se todos esses As observados possuiacuteam sem exceccedilatildeo a propriedade B entatildeo todos os As possuem a propriedade B
[16] Neste caso o princiacutepio ficaria
Aparentes contradiccedilotildees que o iniciante possa descobrir ao comparar os dois enunciados natildeo
comprometem o raciociacutenio que se segue razatildeo pela qual admitirei a equivalecircncia sem justificaacute-la
Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa seraacute hipoacutetese se e somente se for passiacutevel de verificaccedilatildeo
observacional
[17] SEVERINO J S 1994
O primeiro se torna a afirmaccedilatildeo inconsistente
Metodologia do trabalho cientiacutefico[18] POPPER K R 1956
Cortez Editora Satildeo Paulo op cit
[19] SIEGEL S 1977 Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica
[20] Eacute possiacutevel que alguns dentre os indutivistas natildeo concordem com alguns dos termos da afirmaccedilatildeo por motivos que podem ser suspeitados tendo em vista o apresentado
neste e no item anterior
Ed McGraw-Hill do Brasil Ltda Satildeo Paulo p 6
[21] GIL A C 1994 Como elaborar projetos de pesquisas
[22] Em FERREIRA A B H 1986
Editora Atlas S A Satildeo Paulo p 35 [Os grifos satildeo
meus] op cit (Voltar pelo
browser) encontramos uma definiccedilatildeo mais geral a satisfazer tambeacutem o argumento indutivista Teoria eacute um
conjunto de conhecimentos natildeo ingecircnuos que apresentam graus diversos de sistematizaccedilatildeo e credibilidade e que se
propotildeem a explicar elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio de fenocircmenos ou de acontecimentos que se
oferecem agrave atividade praacutetica [23] Os trecircs livros citados a seguir natildeo satildeo os uacutenicos
nos gecircneros assinalados a despeito da disparidade apontada Ao tempo em que registro com estes exemplos a exceccedilatildeo agrave regra presto tambeacutem uma homenagem a autores que ao serem por mim lidos transmutaram em duacutevidas muitas das
respostas a questotildees fundamentais e que eu
28
pretensiosamente julgava possuir [24] BUNGE M Teoria e realidade
[25] LACEY HM 1972
Ed Perspectiva (traduccedilatildeo 1994) Satildeo Paulo
A linguagem do espaccedilo e do tempo
[26] BOHM D e PEAT F D
Ed Perspectiva SA
Ciecircncia ordem e criatividade
[27] A esse respeito vale a pena ler
Gradiva Publicaccedilotildees Ltda (traduccedilatildeo 1989) Lisboa
Cientiacuteficos Chiflados capiacutetulo XIV do livro BERNSTEIN J 1988 Observacioacuten de
la Ciencia[28] EINSTEIN A
Ed Fondo de Cultura Econoacutemica Meacutexico Fiacutesica e realidade in Albert Einstein
Pensamento poliacutetico e uacuteltimas conclusotildees (1983 traduccedilatildeo) Edit Brasiliense S A Satildeo Paulo [O grifo eacute meu]
[29] Este termo eu utilizei pela primeira vez no artigo MESQUITA Fdeg A 1983 Ciecircncia empiacuterica uma arma ou uma daacutediva Faculdade
Antes de mais nada afirmarei sem me alongar que uma teoria adotado o argumento dedutivista pode ser
corroborada ou negada fundamentalmente atraveacutes de um dos trecircs procedimentos seguintes 1) Pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de uma de suas hipoacuteteses 2) pela verificaccedilatildeo ou negaccedilatildeo de uma de suas prediccedilotildees 3) pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de teorias auxiliares deduzidas da teoria principal (teoria em teste ou sob suspeita) as teorias
auxiliares podem ser de trecircs tipos teorias ou hipoacuteteses de nulidade teorias ou hipoacuteteses salvadoras e teorias ou hipoacuteteses assassinas
(Revista do IAMC) ndeg 6 p 28-43 agosto83
7 O falsificacionismo O falsificacionismo natildeo foi proposto como um meacutetodo novo mas sim como um criteacuterio ou conduta a ser ou natildeo adotado por aqueles que se conformam ao meacutetodo dedutivo de prova
Natildeo haacute nada no falsificacionismo do ponto de vista metodoloacutegico que natildeo esteja previsto ou que natildeo decorra naturalmente de uma opccedilatildeo a ser seguida espontaneamente ou natildeo por este ou aquele dedutivista Qual seria entatildeo este criteacuterio Com que finalidade foi proposto A resposta a estas perguntas bem como o meacuterito do falsificacionismo constituem o objetivo deste e dos proacuteximos dois itens
[30] Incluem-se no rol das teorias auxiliares como veremos oportunamente as teorias
transcendentais frequumlentemente conotadas por experiecircncias de pensamento As prediccedilotildees e as hipoacuteteses ou teorias auxiliares satildeo teorias geradas utilizando-se do proacuteprio argumento dedutivista esquematizado na figura 3 Neste caso o foco de atenccedilatildeo inicial frac34representado na figura como observaccedilatildeofrac34 eacute nada mais nada menos que a proacutepria teoria que deu origem agrave prediccedilatildeo eou agrave teoria auxiliar Ao valorizar a falseabilidade como criteacuterio a ser adotado
pelos dedutivistas Popper nada mais fez que tentar expandir ou trazer para o domiacutenio da metodologia
cientiacutefica uma praacutetica amplamente utilizada com sucesso em estatiacutestica o criteacuterio de tomada de decisatildeo atraveacutes da
hipoacutetese de nulidade (Ho
O primeiro passo ou estaacutegio no processo de tomada de decisatildeo eacute
definir a hipoacutetese de nulidade (
)
Ho) Formula-se usualmente com o expresso propoacutesito de ser rejeitada Se eacute
29
rejeitada pode-se aceitar a hipoacutetese alternativa (H1) A hipoacutetese
alternativa eacute a definiccedilatildeo operacional da hipoacutetese de pesquisa do
pesquisador A hipoacutetese de pesquisa eacute a prediccedilatildeo deduzida da teoria que estaacute
sendo comprovada [31] A contribuiccedilatildeo de Popper a esse respeito limitou-se agrave ecircnfase que deu agrave importacircncia da procura por hipoacuteteses de
nulidade Ateacute entatildeo este costume estava restrito agrave procura por previsotildees frac34apresentadas via de regra pelo proacuteprio autor da teoriafrac34 eou hipoacuteteses salvadoras frac34levantadas
pelos adeptos da teoria em focofrac34 eou hipoacuteteses assassinas frac34levantadas pelos criacuteticos da teoria em questatildeo As quatro
tecircm uma caracteriacutestica comum satildeo todas teorias falseadoras
A boa teoria dentre outras qualidades [32] e segundo Popper eacute aquela potencialmente geradora de hipoacuteteses
falseadoras e tanto melhor seraacute quanto maior for o risco de ser negada Ela pode ateacute mesmo ser derrubada no primeiro teste a que for submetida o que natildeo invalida o que foi
dito foi uma boa teoria enquanto durou e voltaraacute a ser se conseguir ressurgir das cinzas Dito em outras palavras o criteacuterio para se avaliar a virtude de uma teoria nascente repousa no seu grau de submissatildeo a testes adversos Uma teoria de baixo risco raramente eacute bem vinda [33] e uma
teoria sem risco algum na opiniatildeo de Popper natildeo eacute cientiacutefica e eu iria aleacutem sequer eacute teoria
Levando-se em conta que o criteacuterio falsificacionista peca pela subjetividade deve-se tomar cuidado ao se optar por uma teoria em detrimento de outra pelo fato de a primeira
ser mais falseaacutevel que a segunda Diferentes hipoacuteteses falseadoras devem apresentar pesos diferentes e este peso
mesmo quando bem estimado frequumlentemente o eacute por um processo subjetivo Natildeo eacute raro utilizar-se desta
subjetividade inerente ao falsificacionismo para justificar escolhas feitas segundo criteacuterios poliacuteticos econocircmicos
interesseiros corporativistas ou entatildeo apoiados em princiacutepios outros que tambeacutem deixam a desejar no que diz
respeito agrave eacutetica do cientista 8 Entendendo o falsificacionismo
Suponha que algueacutem deduza a seguinte hipoacutetese H1 As maccedilatildes do Estado de Satildeo Paulo satildeo vermelhas A teoria assim
simulada eacute uma teoria de hipoacutetese uacutenica Percebam que no argumento da hipoacutetese estaacute se admitindo como pressupostos uma infinidade de conceitos tais como fruta maccedilatilde cor
vermelho local Satildeo Paulo Brasil etc Estes pressupostos satildeo o que Severino chama de evidecircncias preacutevias como vimos no item 5 e constituem uma das bases da argumentaccedilatildeo de Chalmers [34] ao contestar os que afirmam que a ciecircncia
comeccedila com a observaccedilatildeo Um exemplo de previsatildeo desta teoria seria as maccedilatildes de
Jundiaiacute devem ser vermelhas tendo em vista que Jundiaiacute se localiza no Estado de Satildeo Paulo
Suponha tambeacutem que algueacutem tenha demonstrado que em condiccedilotildees X outra fruta que natildeo a maccedilatilde e que
originalmente era de determinada cor se modifica e conclui que se a teoria sobre as maccedilatildes for verdadeira ela
deveraacute permanecer verdadeira nas condiccedilotildees X Pode-se entatildeo construir a seguinte hipoacutetese de nulidade Ho Em
condiccedilotildees X obter-se-atildeo em Satildeo Paulo maccedilatildes natildeo
30
vermelhas Esta previsatildeo natildeo decorre da teoria (H1) mas de evidecircncias preacutevias outras e estranhas agrave mesma Se esta
hipoacutetese (Ho) for verificada a hipoacutetese original H1
Seraacute que este simples fato condena a teoria original Para o falsificacionista ingecircnuo sim Para aquele que entendeu e aceitou o significado da afirmaccedilatildeo de Popper citada
neste artigo ao final do
estaraacute falseada
quarto paraacutegrafo do item 5 natildeo Optar por uma teoria natildeo significa crer numa verdade
absoluta Se eu afirmo que Ho eacute verdadeira e consequumlentemente H1 eacute falsa isto natildeo significa que eu
estou atribuindo o grau de veracidade 100 a uma hipoacutetese e 0 agrave outra significa simplesmente que a verificaccedilatildeo experimental me convenceu a optar por uma teoria em
detrimento da outra A opccedilatildeo eacute uma das maneiras pelas quais o cientista expressa a sua feacute na ciecircncia [35] e o
falsificacionismo estabelece normas a lhe orientar nesta opccedilatildeo
Suponha agora que em condiccedilotildees X ou em outra condiccedilatildeo qualquer se encontrem no Estado de Satildeo Paulo maccedilatildes verdes Significa isto que a hipoacutetese H1
Natildeo podemos em satilde consciecircncia dizer que a psicanaacutelise por exemplo natildeo pertenccedila ao campo da ciecircncia pelo simples
fato de uma de suas teorias precursoras ser natildeo falseaacutevel Sequer podemos dizer que o autor dessa ideacuteia natildeo
fosse cientista se eacute verdade que a psicanaacutelise se desenvolveu em cima desta ideacuteia e apesar disso conseguiu
eacute falsa Natildeo Simplesmente ela foi falseada Nada impede que amanhatilde com a evoluccedilatildeo da ciecircncia se descubra que estes frutos verdes a que hoje associamos a ideacuteia maccedilatilde estejam inseridos num
outro contexto e que realmente natildeo sejam maccedilatildes Por que entatildeo se daacute preferecircncia a verificaccedilotildees falseadoras em detrimento das corroboradoras Ora isto nem sempre
acontece conquanto seja esta uma das regras propostas pelo falsificacionismo Por exemplo tanto a teoria da
relatividade quanto a mecacircnica quacircntica satildeo teorias fiacutesicas amplamente aceitas graccedilas a terem sido
corroboradas por previsotildees que se confirmaram e pouco valor se deu a um grande nuacutemero de testes que as falsearam Por outro lado estas duas teorias satildeo concomitantemente aceitas pelos fiacutesicos conquanto existam fortes argumentos
a provar que cada uma destas duas teorias falseia a outra e ambas falseiam a teoria de Maxwell que tambeacutem eacute aceita como verdadeira Certos ou errados neste caso os fiacutesicos modernos dentre os quais se inclui Popper fizeram uma opccedilatildeo contraacuteria agrave norma falsificacionista e natildeo haacute
como criticaacute-los por essa conduta a menos que se pretenda atribuir ao falsificacionismo uma qualidade que ele natildeo
possui a de estabelecer criteacuterios absolutos de veracidade O falsificacionismo presta-se tambeacutem a fomentar o diaacutelogo e a criatividade Neste caso surge quase como que um apelo para que se invista mais em experiecircncias de pensamento um
recurso legiacutetimo e de grande valor em ciecircncia 9 O falsificacionismo como delimitador da ciecircncia
Vimos no item 7 que para Popper uma teoria sem risco algum natildeo eacute cientiacutefica e eu acrescentei sequer eacute teoria Popper quis se aproveitar deste argumento para delimitar a ciecircncia utilizando-se entatildeo do falsificacionismo como
criteacuterio de cientificidade Com esta opccedilatildeo Popper desagradou a muitos e convenceu a poucos ainda que sua
ideacuteia natildeo fosse de todo maacute
31
de alguma forma se impor como ciecircncia muito provavelmente queiramos ou natildeo seu autor contribuiu diretamente para o progresso da ciecircncia Mesmo que hoje algueacutem chegasse a concluir categoricamente pelo caraacuteter natildeo cientiacutefico da psicanaacutelise isto de forma alguma nos autorizaria a hipoteticamente condenaacute-la agrave estagnaccedilatildeo Se um cientista utilizando-se de maus criteacuterios ou ateacute mesmo apoiando-se em dogmas constroacutei de maneira natildeo
cientiacutefica um determinado campo do conhecimento isto natildeo significa que este campo natildeo possa vir a ser estudado cientificamente e que natildeo se possam criteriosamente
aproveitar as conclusotildees de seus estudos Nada impede que uma teoria considerada hoje como natildeo cientiacutefica pelo fato de possuir uma ou mais hipoacuteteses natildeo falseaacuteveis adquira
esse status apoacutes passar por ligeiras reformulaccedilotildees Natildeo podemos assumir que um campo do conhecimento seja natildeo cientiacutefico pelo simples fato de natildeo encontrarmos nele
teorias cientiacuteficas Este posicionamento de Popper a meu ver natildeo se justifica o falsificacionismo natildeo eacute um bom
criteacuterio delimitador da ciecircncia e isto eu espero que tenha ficado claro para o leitor E mais natildeo existem aacutereas natildeo cientiacuteficas mas sim aacutereas onde ainda natildeo foram produzidos conhecimentos cientiacuteficos O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo e pelo menos nesta etapa nada eacute absolutamente corroboraacutevel ou falseaacutevel Podemos ainda
dizer que a ciecircncia natildeo se localiza aqui ou acolaacute sob esse aspecto a ciecircncia natildeo tem fronteiras
10 Enfim a teoria do meacutetodo Nos demais artigos desta seacuterie irei demonstrar ser possiacutevel partindo da regra cientiacutefica fundamental desenvolver uma teoria sobre o meacutetodo cientiacutefico
utilizando-se das trecircs hipoacuteteses seguintes 1 O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo 2 A produccedilatildeo de conhecimentos passa
necessariamente pelas etapas deduccedilatildeo anaacutelise induccedilatildeo e
siacutentese na ordem apresentada 3 Os princiacutepios cientiacuteficos fundamentais satildeo universais
Por questatildeo de simplicidade subdividirei o estudo do meacutetodo em trecircs etapas correspondentes a cada uma das hipoacuteteses 1) o estudo do macromeacutetodo cientiacutefico 2) o estudo do meacutetodo cientiacutefico propriamente dito e 3) o estudo do micromeacutetodo cientiacutefico Os toacutepicos nos quais
desenvolverei estas etapas estatildeo em fase de projeto natildeo havendo portanto previsatildeo quanto agrave eacutepoca de publicaccedilatildeo
Meacutetodo cientiacutefico
Origem Wikipeacutedia a enciclopeacutedia livre
A palavra meacutetodo vem do grego meacutethodos (caminho para chegar a um fim) O meacutetodo cientiacutefico eacute um conjunto de regras baacutesicas para desenvolver uma experiecircncia a fim de produzir novo conhecimento bem como corrigir e integrar conhecimentos preacute-existentes Na maioria das disciplinas cientiacuteficas consiste em juntar evidecircncias observaacuteveis empiacutericas (ou seja baseadas apenas na experiecircncia) e
mensuraacuteveis e as analisar com o uso da loacutegica Para muitos autores o meacutetodo cientiacutefico nada mais eacute do que a loacutegica
32
aplicada agrave ciecircncia (Haddad) Metodologia literalmente refere-se ao estudo dos meacutetodos e especialmente do meacutetodo da ciecircncia que se supotildee universal Embora procedimentos variem de uma aacuterea da
ciecircncia para outra (as disciplinas cientiacuteficas) diferenciadas por seus distintos objetos de estudo
consegue-se determinar certos elementos que diferenciam o meacutetodo cientiacutefico de outros meacutetodos (filosoacutefico algoritmo
ndash matemaacutetico etc)
Primeiramente os pesquisadores definem proposiccedilotildees loacutegicas ou suposiccedilotildees (hipoacuteteses) para explicar certos fenocircmenos e observaccedilotildees e entatildeo desenvolvem experimentos que testam essas hipoacuteteses Se confirmadas as hipoacuteteses podem gerar leis e teorias Integrando-se hipoacuteteses de certa aacuterea em uma estrutura coerente de conhecimento contribuiacute-se na
formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bem como coloca as hipoacuteteses em um conjunto de conhecimento maior que satildeo as
leis e teorias reconhecidas consensualmente pela comunidade cientiacutefica eou o
O contexto de uma pesquisa
paradigma de seu tempo Outra caracteriacutestica do meacutetodo eacute que o processo precisa
ser objetivo e o cientista deve ser imparcial na interpretaccedilatildeo dos resultados Sobre a objetividade o seja
atente agraves propriedades do objeto e natildeo do sujeito (subjetividade) eacute conhecida a afirmaccedilatildeo de Hans Selye
pesquisador canadense que formulou a moderna concepccedilatildeo de stress ldquoQuem natildeo sabe o que procura natildeo entende o que encontrardquo referindo-se a necessidade de formulaccedilatildeo de definiccedilotildees precisas (a essecircncia dos conceitos) e que
possam ser respondidas com o simples sim ou natildeo Tanto a imparcialidade (evidecircncia) como a objetividade foram incluiacutedas por Reneacute Descartes (1596 ndash 1649) nas regras
loacutegicas que caracterizam o meacutetodo cientiacutefico Aleacutem disso o procedimento precisa ser documentado tanto no que diz respeito agrave fonte de dados como as regras de anaacutelise para que outros cientistas possam re-analisar reproduzir e verificar a confiabilidade dos resultados Assim se distingue os relatos cientiacuteficos (artigos
monografias teses e dissertaccedilotildees) de um simples estilo (padratildeo) ou arquitetura de texto orientados pelo que caracteriza as normas da Retoacuterica ou estudo do uso persuasivo da linguagem em funccedilatildeo da eloquumlecircncia
Eacute comum o uso da anaacutelise matemaacutetica ou estatiacutestica quando possiacutevel ou aproximaccedilatildeo de modelos abstratos (tipos ideais) e categorias de classificaccedilatildeo a depender do
objetivo da pesquisa (identificar descrever analisar) que pode ser basicamente quantitativa ou qualitativa A divisatildeo da ciecircncia em aacutereas ou distintas disciplinas
cientificas tem levado a tais adequaccedilotildees da metodologia Eacute comum a afirmaccedilatildeo de que em funccedilatildeo da evoluccedilatildeo do meacutetodo
cientifico num extremo temos a fiacutesica e quiacutemica seguida da biologia e por uacuteltimo as ciecircncias sociais psicologia e ciecircncias juriacutedicas quase se aproximando da filosofia e estudo das crenccedilas (senso comum) ou ciecircncias do espiacuterito
(sistemas miacutetico - religiosos) Contudo pesquisadores contemporacircneos vecircem nessas duas abordagens uma oposiccedilatildeo complementar enquanto as pesquisas quantitativas visam descrever e explicar fenocircmenos que produzem regularidades mensuraacuteveis satildeo recorrentes (ou discrepantes) e exteriores ao sujeito
33
(objetivos) na pesquisa qualitativa o observador (sujeito) eacute da mesma natureza que o objeto de sua anaacutelise e ele proacuteprio uma parte de sua observaccedilatildeo (o subjetivo)
Eacute importante ter em mente que as pesquisas cientificas relacionam-se com um modelo (paradigmaacutetico) ou uma
constelaccedilatildeo de pressupostos e crenccedilas escalas de valores teacutecnicas e conceitos compartilhados pelos membros de uma determinada comunidade cientiacutefica num determinado momento
histoacuterico
Ciecircncia eacute muito mais uma maneira de pensar do que um corpo de conhecimentos -
Elementos do meacutetodo cientiacutefico
Carl Sagan ciecircncia consiste em agrupar factos para que leis
gerais ou conclusotildees possam ser tiradas deles - Charles Darwin
O meacutetodo cientiacutefico eacute composto dos seguintes elementos bull Caracterizaccedilatildeo - Quantificaccedilotildees observaccedilotildees e
medidas bull Hipoacuteteses - Explicaccedilotildees hipoteacuteticas das observaccedilotildees e
medidas bull Previsotildees - Deduccedilotildees loacutegicas das hipoacuteteses
bull Experimentos - Testes dos trecircs elementos acima O meacutetodo cientiacutefico consiste dos seguintes aspectos bull Observaccedilatildeo - Uma observaccedilatildeo pode ser simples isto eacute
feita a olho nu ou pode exigir a utilizaccedilatildeo de instrumentos apropriados
bull Descriccedilatildeo - O experimento precisa ser replicaacutevel (capaz de ser reproduzido)
bull Previsatildeo - As hipoacuteteses precisam ser vaacutelidas para observaccedilotildees feitas no passado no presente e no
futuro bull Controle - Para maior seguranccedila nas conclusotildees toda
experiecircncia deve ser controlada Experiecircncia controlada eacute aquela que eacute realizada com teacutecnicas que permitem descartar as variaacuteveis passiacuteveis de mascarar
o resultado bull Falseabilidade[1]
bull Explicaccedilatildeo das Causas - Na maioria das aacutereas da Ciecircncia eacute necessaacuterio que haja causalidade Nessas
condiccedilotildees os seguintes requerimentos satildeo vistos como importantes no entendimento cientiacutefico
- toda hipoacutetese tem que ser falseaacutevel ou refutaacutevel Isso natildeo quer dizer que o experimento seja falso mas sim que ele pode ser verificado
contestado Ou seja se ele realmente for falso deve ser possiacutevel provaacute-lo
bull Identificaccedilatildeo das Causas bull Correlaccedilatildeo dos eventos - As causas precisam se
correlacionar com as observaccedilotildees bull Ordem dos eventos - As causas precisam preceder
no tempo os efeitos observados Na aacuterea da sauacutede a natureza da associaccedilatildeo causal foi formulada por Hence e adaptada por Robert Koch em 1877
para demonstraccedilatildeo da relaccedilatildeo causal entre microrganismos e patologias consistindo basicamente no enunciado acima ou seja forccedila da associaccedilatildeo (conectividade) sequumlecircncia temporal (assimetria) transitividade (evidecircncia experimental) previsibilidade estabilidade
Uma maneira linearizada e pragmaacutetica de apresentar os quatro pontos acima estaacute exposto a seguir passo-a-passo
34
Vale a pena notar que eacute apenas um exemplo natildeo sendo obrigatoacuterio a existecircncia de todos esses passos Na
verdade na maioria dos casos natildeo se segue todos esses passos ou mesmo parte deles O meacutetodo cientiacutefico natildeo eacute
uma receita ele requer inteligecircncia imaginaccedilatildeo e criatividade O importante eacute que os aspectos e elementos
apresentados acima estejam presentes bull Definir o problema
bull Recolhimento de dados bull Proposta de uma hipoacutetese
bull Realizaccedilatildeo de uma experiecircncia controlada para testar a validade da hipoacutetese
bull Anaacutelise dos resultados bull Interpretar os dados e tirar conclusotildees o que serve
para a formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bull Publicaccedilatildeo dos resultados em monografias
dissertaccedilotildees teses artigos ou livros aceitos por universidades e ou reconhecidos pela comunidade
cientiacutefica Observe-se que nem todas as hipoacutetese podem ser confirmadas
ou refutadas por experimentos e que em muitas aacutereas do conhecimento o recolhimento de dados e a tentativas de interpretaacute-los jaacute eacute uma grande tarefa como nas ciecircncias
humanas e juriacutedicas (criminologia)
Ciecircncias humanas A limitaccedilatildeo eacutetica da realizaccedilatildeo experimentos com seres humanos o estudo das subjetividades ou essencialmente
subjetivo individual e particular psiquismo humano ou a natureza histoacuterica do objeto das ciecircncias sociais conduziram os pensadores a distintos caminhos ou
proposiccedilotildees de estudo para o meacutetodo cientiacutefico Contudo parafraseando Minayoldquouma base de dados quando bem trabalhada teoacuterica e praticamente produz riqueza de informaccedilotildees aprofundamento e maior fidedignidade
interpretativardquo As principais divergecircncias na anaacutelise dos resultados de pesquisas em ciecircncias sociais ou humanas se datildeo no plano da contextualizaccedilatildeo dos dados ou informaccedilotildees obtidas em campo nos diversos sistemas teoacutericos ou seja conjunto de teorias e leis reconhecidas como consensuais em distintos
momentos histoacutericos eou segmentos das comunidades cientiacuteficas Nas ciecircncias sociais identifica-se trecircs
grandes correntes de pensamentos bull Positivismo Auguste Comte
bull Fenomenologia (Fenomenologia do Espiacuterito Estruturalismo
bull Materialismo dialeacutetico Dialeacutetica Marxismo
A histoacuteria do meacutetodo cientiacutefico se mistura com a histoacuteria da ciecircncia Documentos do
A evoluccedilatildeo do conceito de meacutetodo
Antigo Egito jaacute descrevem meacutetodos de diagnoacutesticos meacutedicos Na cultura da Greacutecia
Antiga os primeiros indiacutecios do meacutetodo cientiacutefico comeccedilam a aparecer Grande avanccedilo no meacutetodo foi feito no comeccedilo da filosofia islacircmica principalmente no uso de experimentos
para decidir entre duas hipoacuteteses Os principios fundamentais do meacutetodo cientiacutefico se consolidaram com o surgimento da Fiacutesica nos seacuteculos XVII e XVIII Francis
Bacon em seu trabalho Novum Organum(1620)-uma referecircncia
35
ao Organon de Aristoacuteteles-especifica um novo sistema loacutegico para melhorar o velho processo filosoacutefico do
silogismo A metodologia cientiacutefica tem sua origem no pensamento de
Descartes que foi posteriormente desenvolvimento empiricamente pelo fiacutesico inglecircs Isaac Newton Reneacute Descartes propocircs chegar agrave verdade atraveacutes da duacutevida sistemaacutetica e da decomposiccedilatildeo do problema em pequenas
partes caracteriacutesticas que definiram a base da pesquisa cientiacutefica
Lecirc-se no livro o Discurso do meacutetodo E como a multiplicidade de leis serve frequentemente para escusar os viacutecios de sorte que um estado eacute muito melhor governado quando possuindo poucas elas satildeo aiacute rigorosamente aplicadas assim em lugar de um grande
nuacutemero de preceitosde qua a loacutegica eacute composta acrediteis que jaacute me seriam bastante quatro contanto que tomasse a firme e constante resoluccedilatildeo de natildeo deixar uma vez soacute de
observaacute-los O primeiro consistia em nunca aceitar por verdadeira coisa nenhuma que natildeo conhecesse como evidente isto eacute
devia evitar cuidadosamente a precipitaccedilatildeo e a prevenccedilatildeo e nada incluir em meus juizos que natildeo se apresentasse tatildeo claramente e tatildeo distintamente ao meu espiacuterito que natildeo
tivesse nenhuma ocasiatildeo de o por em duacutevida O segundo ndash dividir cada uma das dificuldades que
examinasse em tantas parcelas quantas pudesse ser e fossem exigidas para melhor compreendecirc-las
O terceiro ndash conduzir por ordem os meus pensamento comeccedilando pelos objetos mais simples e faacuteceis de serem conhecidos para subir pouco a pouco como por degraus ateacute o conhecimento dos mais compostos e supondo mesmo
certa ordem entre os que natildeo se precedem naturalmente uns aos outros
e o uacuteltimo ndash fazer sempre enumeraccedilotildees tatildeo completas e revisotildees tatildeo gerais que ficasse certo de nada
omitir Correntemente estas regras satildeo 1 ndash da evidecircncia 2 ndash da
divisatildeo ou anaacutelise 3 ndash da ordem ou deduccedilatildeo 3 da enumeraccedilatildeo (contar especificar) classificaccedilatildeo
O acidente (serendipity
Eacute comum considerar alguns dos mais importantes avanccedilos na ciecircncia tais como as
)
descobertas da radioatividade por Henri Becquerel ou da penicilina por Alexander Fleming como tendo ocorrido por acidente no entanto o que eacute possiacutevel afirmar agrave luz da observaccedilatildeo cientiacutefica eacute que
teratildeo sido parcialmente acidentais uma vez que as pessoas envolvidas haviam aprendido a pensar cientificamente
estando portanto conscientes de que observaram algo novo e interessante
Os progressos da ciecircncia satildeo acompanhados de muitas horas de trabalho cuidadoso que segue um caminho mais ou menos sistemaacutetico na busca de respostas a questotildees cientiacuteficas
Eacute este o caminho denominado de meacutetodo cientiacutefico
A A hipoacutetese
Hipoacutetese (do gr Hypoacutethesis) eacute uma proposiccedilatildeo que se admite de modo provisoacuterio como princiacutepio do qual se pode
deduzir pelas regras da loacutegica um conjunto dado de proposiccedilotildees ou um mecanismo da experiecircncia a explicar
36
Literalmente pode ser compreendida como uma suposiccedilatildeo ou pergunta conjetura que orienta uma investigaccedilatildeo por
antecipar caracteriacutesticas provaacuteveis do objeto investigado e que vale quer pela confirmaccedilatildeo atraveacutes de deduccedilotildees loacutegicas dessas caracteriacutesticas quer pelo encontro de novos caminhos de investigaccedilatildeo (novas hipoacuteteses e novos
experimentos) No meacutetodo cientiacutefico a hipoacutetese eacute o caminho que deve levar agrave formulaccedilatildeo de uma teoria O cientista na sua hipoacutetese tem dois objetivos explicar um fato e prever
outros acontecimentos dele decorrentes (deduzir as consequencias) A hipoacutetese deveraacute ser testada em
experiecircncias laboratoriais controladasSe apoacutes muitas dessas experiecircncias os resultados obtidos pelos
pesquisadores natildeo contrariarem a hipoacutetese entatildeo ela seraacute aceita como uma lei e integrada agrave uma teoria eou sistema
teacuteoacuterico
Referecircncias 1 uarr [PDF] Estudos do meacutetodo cientiacutefico
Ver tambeacutem bull Verdade
bull Falseabilidade bull Karl Popper
bull Filosofia da ciecircncia bull Histoacuteria da ciecircncia
bull Epistemologia bull Loacutegica
bull Aristoacuteteles bull Georg Wilhelm Friedrich Hegel
bull Complexidade bull Reducionismo
bull Navalha de Occam bull Ciecircncia
bull Pseudociecircncia bull Paradigma
bull Paul Feyerabend bull Thomas Kuhn
bull Gaston Bachelard bull Teoria
bull Lei (ciecircncias) bull Hipoacutetese
bull Tese bull Dissertaccedilatildeo
Bibliografia
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para download em domiacutenio puacuteblico httpwwwdominiopublico e eBooket
httpwwweBooketnet IntraText Reneacute Descartes - e-books
37
Haddad Nagib Metodologia de estudos em ciecircncias da sauacutede como planejar analisar e apresentar um trabalho
cientiacutefico SP Roca 2004 Minayo Maria C de Souza (org) Deslandes (Suely F
Gomes Romeu Pesquisa social teoria meacutetodo e criatividade Petroacutepolis RJ Vozes 2007
Lakatos Eva Maria Marconi Marina de A Meacutetodologia cientiacutefica SP Atlas 2007
Selye Hans Stress a tensatildeo da vida SP IBRASA 1965
Ligaccedilotildees externas bull Explicando o Meacutetodo Cientiacutefico
bull Prova Cientiacutefica bull Diretrizes para elaboraccedilatildeo de dissertaccedilotildees e teses -
USP bull Centro Cochrane do Brasil
bull Metodologiaorg bull Evidecircnciascom
bull Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq)
bull Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciecircncia bull Lista de Perioacutedicos cientificos brasileiros por
assunto bull SciELO - Scientific Electronic Library Online
bull Perioacutedicos UNESCO bull Ciecircncia Hoje
bull Scientific American - Brasil bull Scientific American
COLCHA DE RETALHOS CIENTIacuteFICA (a realidade natildeo eacute Frankenstein ela eacute uacutenica e funcional)
A realidade segundo a Ciecircncia geral
A senhora Ciecircncia trabalhando com
seus remendos
Drordf Ciecircncia e seu filho
Mary Shelley viu o futuro
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Somos Monstros 6 05 2008
Tudo comeccedilou com um desafio feito a Mary Shelley (1797-1851) entatildeo uma jovem de 21 anos por Lord Byron Na eacutepoca 1918 Byron propocircs a Mary e seu marido que
escrevessem um conto de terror uma maneira de passar o tempo jaacute que suas feacuterias estavam sendo consumidas
intediantemente pelo mau tempo Mary foi a uacuteltima a dar iniacutecio ao seu conto que acabou baseado em um pesadelo que
teve numa daquelas noites de chuva E dentre todos o conto de Shelley foi o que mais surpreendeu e arrepiou Insentivada a continuar Mary Shelley desenvolveu ainda
mais sua histoacuteria e transformou-a em um dos mais conhecidos e celebrados livros da Histoacuteria Frankenstein
Victor Frankenstein era um jovem curioso com sede de conhecimento apaixonado pela ciecircncia intrigado com os segredos da vida e louco para deixar sua marca no mundo Havia aprendido sozinho em casa sobre as fantasias da Alquimia no entanto apenas na universidade ele foi descobrir que toda sua bagagem de conhecimento estava ultrapassada haacute muito Acabou se tornando um aluno
exemplar dedicado agrave quiacutemica e agrave biologia Foi assim que sozinho em seu laboratoacuterio em Ingolstadt Victor deu iniacutecio agrave sua criaccedilatildeo misturando seus conhecimentos
teoacutericos de fisiologia e filosofia natural com princiacutepios de mecacircnica decido a descobrir se o princiacutepio que
mantinha animado o corpo poderia pernecer mesmo apoacutes a morte Como Victor fez isso todos jaacute sabemos deu vida a uma criatura formada por partes de cadaacuteveres de tamanho
descomunal (cerca de 25m de altura) e aparecircncia horripilante E eacute aqui que daacute-se iniacutecio ao grande trunfo
da histoacuteria Ao despertar da Criatura Frankenstein acaba por cair na realidade vendo como era realmente feia sua criaccedilatildeo com
seus membros desproporcionais seu olhos aquosos e amarelos incompleta a ponto de seus tecidos nem sequer
cobrirem todo o corpo deixando agrave mostra muacutesculos e ossos Desesperado e com medo arrependido de sua audaacutecia Victor
abandona sua Criatura decaindo num suacutebito acesso de naacuteusea e lucidez
Pobre Criatura um ser vazio de conhecimentos ignorante em relaccedilatildeo ao conviacutevio social solto num mundo de pessoas
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preconceituosas e indiferentes A personificaccedilatildeo perfeita da famosa teoria de Rousseau a do ldquobom selvagemrdquo que diz
que todo o homem nasce ldquopurordquo e eacute corrompido pela sociedade violenta viciosa e materialista Quem lecirc a
histoacuteria de Frankenstein espera encontrar terror suspense e aventura onde um monstro estaria a solta para destruir e matar No entanto descobre um mundo onde noacutes humanos somos totalmente repugnantes e no qual o uacutenico ser que
realmente tem algum valor eacute o monstro excluiacutedo por todos Poucos livros retratam tatildeo bem a indiferenccedila humana e a nossa mania de dar mais valor agraves aparecircncias do que aos
sentimentos carater e virtudes Mary Shelley escreveu uma autecircntica obra-prima da
literatura universal um romance capaz de despertar no leitor a pena e a compaixatildeo por um monstro e a repugnacircncia
de nossa proacutepria raccedila Uma liccedilatildeo que ainda natildeo foi aprendida mesmo depois de quase 200 anos
Ficha Teacutecnica Tiacutetulo Frankestein (Frankenstein or the Modern
Prometheus) Autor Mary Shalley Paiacutes Inglaterra
Publicaccedilatildeo Original 1818 Publicaccedilatildeo Lida Martin Claret Editora 2001
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Sexo natildeo eacute apenas isso que noacutes racionais pensamos eacute muito mais eacute o panorama geral de construccedilatildeo de toda a evoluccedilatildeo que veio dos fundos ateacute hoje que comeccedilou a acontecer laacute para traacutes Como eacute tatildeo fundamental para o nosso futuro a nossa integridade psicoloacutegica e tudo mais deveriacuteamos estar estudando-o obsessivamente desde as algas cianofiacuteceas desde 38 bilhotildees de anos desde o comeccedilo da vida Sexo eacute chance de problemas e de soluccedilotildees eacute ceder seu corpomente para agradar o ldquooutrordquo sexo
Pense que soacute noacutes seres humanos somos 65 bilhotildees de na Terra em vaacuterios graus de sexualizaccedilatildeo do nascer ao morrer em qualquer idade Quem natildeo faz pelo menos tenta lembrar Ocupa uma porccedilatildeo enorme dos nossos dias e das nossas noites e eacute inventado e reinventado todos os dias
Sexo estaacute infinitamente mais em nossas vidas do que futebol ou qualquer outra atividade Na realidade uma grande quantidade de preceitos se volta para impedir ou controlar a excessiva sexualizaccedilatildeo humana ndash haacute uma quantidade incriacutevel de proibiccedilotildees claras ou veladas
SIacuteMBOLO TAMBEacuteM DO SEXO YIN+YANG
Homem Mulher
Com essa roupa de astronauta por cima natildeo daacute para saber se eacute homem ou mulher natildeo estou estimulando nada soacute dizendo que eacute um conjunto que nos levou laacute na Lua e a
tantos lugares da Terra A Natureza plantou dentro de cada uma a necessidade do
outro e dentro de cada outro a necessidade de uma e disso fez uma geo-histoacuteria beliacutessima E noacutes fomos adiante conjuntamente Em duas metades natildeo eacute uma metade soacute
De que maneira somos duas metades Somos oposto-complementares um precisa da outra eacute
uma combinaccedilatildeo selada por 38 bilhotildees de anos da vida 100 milhotildees de anos dos primatas 10 milhotildees de anos dos hominiacutedeos 200 mil dos neanderthais 80 a 70 mil anos dos cro-magnons nossa espeacutecie De problemas tornados soluccedilotildees Eacute de fato como o siacutembolo do YinYang independentemente de interpretaccedilatildeo oriental dentro de cada lado existe uma imagem do outro que nos guia
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Capiacutetulo 2 Trabalho Feito pela Metade
Mas haacute alguns que natildeo reconhecem isso
MACHISTAS 25
A CURVA DO SINO LEVADA AOS EXTREMISMOS 475 475 FEMINISTAS
25 superafirmaccedilatildeo
dos machos superafirmaccedilatildeo
das fecircmeas Isso porque existem quatro sexos e natildeo dois e daiacute todas
as combinaccedilotildees que vem deles (como estaacute dito no modelo) bull machos bull fecircmeas bull pseudo-machos (veados gays boiolas e todos os
apelidos ofensivos a ofensibilidade natildeo estaacute no nome e sim no desejo de ofender)
bull pseudo-fecircmeas (sapatotildees leacutesbicas e demais enquadramentos)
Machismo leva a homossexualismo masculino (se eacute homossexual como pode ser maacutesculo) e feminismo leva a homossexualismo feminino (idem) Satildeo extremizaccedilotildees supertemperaturas que soacute aparecem em excesso em certas situaccedilotildees que declararemos depois
UMA LISTA IMENSA DE TRABALHOS FEITOS PELA NOSSA OUTRA METAD
E (significa que vocecirc ficou livre disso ficou livre ficou vocecirc teve tempo para vocecirc porque algueacutem que participa de seu projeto de vida livrou-o ou livrou-a de ter de fazer tudo o que significou milhotildees de produtos postos a seu serviccedilo)
Na verdade a lista acima eacute pequena bem pequena Ela poderia ser encomprida ilimitadamente para conter tudo que a humanidade faz pois a soma de tudo eacute feita pela outra metade outra metade em relaccedilatildeo a uma e outra uma em relaccedilatildeo agrave metade
Todas as coisas que existiram existem e existiratildeo (fora o que vem dos natildeo-humanos fungos plantas animais e primatas) vem da outra metade alguma outra metade soma da metade-homem e metade-mulher E se incluirmos cada uma das outras espeacutecies (dizem que satildeo 30 milhotildees) entatildeo eacute tudo mesmo
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Vocecirc pensa que se metade fosse excluiacuteda sempre poderiacuteamos aprender a fazer o que ela faz mas pense em todas as coisas tatildeo difiacuteceis de VOCEcirc fazer se aceitaria fazecirc-las de agora em diante
TODAS AS COISAS QUE VOCEcirc DETESTA FAZER
PENSANDO BEM TODAS MESMO
E em relaccedilatildeo a tudo que a humanidade faz e tudo que as espeacutecies fazem nem haveria forccedila no indiviacuteduo
Olhe para todas as tarefas OLHE MESMO para tudo TUDO MESMO e comece entatildeo a reparar na utilidade de sua outra metade em como seremos (ou poderiacuteamos ser) felizes se nos dedicarmos (ou se nos dedicaacutessemos) mais agrave felicidade e menos a reclamar
homem-hemisfeacuterico
DUAS METADES DE ESFERA FAZEM A VIABILIDADE QUANDO ESFERA
casal-esfeacuterico mulher-hemisfeacuterica
A esfera eacute totalmente estaacutevel
Capiacutetulo 3 Completa-mente
Somos criaturas de duas cabeccedilas quatro braccedilos quatro
pernas e assim por diante tudo duplicado soacute que separado vocecirc natildeo sente TANTA falta - se estaacute soacute - porque o trabalho da outra
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metade estaacute sendo socialmente suprido Natildeo somos 66 bilhotildees (para dar conta certa) somos 33 bilhotildees de pares potenciais
DUAS CABECcedilAS (mas natildeo somos monstros porque as cabeccedilas estatildeo postas em corpos diferentes)
DUAS E QUATRO FACES (embora natildeo reparemos na realidade partes de noacutes estatildeo operando suprindo nossas faltas)
casal
famiacutelia
Pois noacutes natildeo somos mais indiviacuteduos somos grupo Um desses grupos chamado ldquoGrande Vitoacuteriardquo tinha
menos de 300 mil faces em 1971 quando vim morar aqui agora passa de 1400 mil cresceu muito incorporando vaacuterias cidades Existem outros muito maiores
Maiores Cidades do planeta 7 nov 2006
AS MAIORES AGLOMERACcedilOtildeES URBANAS
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OS MAIORES PIBs EM 2020
AS MELHORES CIDADES PARA VIVER
Segue-se uma lista com as melhores cidades do mundo para se viver de acordo com a revista
(cidades satildeo supermaacutequinas e superprogramas superprogramaacutequinas para se viver Le Corbusier natildeo as viu como maacutequinas de morar)
Business Week com relaccedilatildeo agrave qualidade de vida
215 grandes cidades foram avaliadas
Embora ainda nos vejamos como indiviacuteduos esses satildeo
grupos indefectivelmente grupos grupos imensos inimaginaacuteveis Por exemplo a cidade-capital de Satildeo Paulo sozinha tem 104 do PIB brasileiro e a Grande SP tem 2500 km2 de aacuterea ocupada com construccedilotildees
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Embora eu diga ldquominha menterdquo metade dela a minha outra metade estaacute fora muito mais que isso 33 bilhotildees das nossas metades estatildeo amplamente disseminadas em toda longitude latitude altitude Quase natildeo sinto falta quando estou soacute (exceto sexualmente) porque todos esses 3300 milhotildees estatildeo por aiacute trabalhando com afinco para suprir o que natildeo sei fazer em relaccedilatildeo agraves ocupaccedilotildees delas (sem falar dos 33 bilhotildees do nosso lado que fazem tudo que vocecirc e eu natildeo sabemos mas isso eacute outra histoacuteria)
HEMISFEacuteRIAS
AS OUTRAS DUAS METADES
(vocecirc eu vivemos em feacuterias do que faz a outra metade e nem agradecemos isso)
NOSSAS DUAS METADES 12 12 12 12
hemisfeacuterio esquerdo
hemisfeacuterio direito
hemisfeacuterio esquerdo
hemisfeacuterio direito
Como Koestler disse primeiro (dividindo nosso ceacuterebro em reptiliano mamiacutefero e humano) e o modelo colocou de outro modo temos vaacuterios ceacuterebros em cada um de noacutes de fato reparando sermos um-em-dois eacute uma profusatildeo uma quantidade insuspeitada ainda mais porque vamos muito aleacutem do indiviacuteduo
Os paleontoacutelogos os arqueoacutelogos os antropoacutelogos e os geo-historiadores natildeo analisaram e porisso natildeo sintetizaram uma teoria-praacutetica coerente da convivecircncia um-uma e nem do conjunto da humanidade DO PONTO DE VISTA DA FUSAtildeO ou da tentativa constante dela exceto pelo lado do episoacutedico quer dizer de cada tentativa homem-mulher (ou outras) Mas esse vasto mecanismo no tempo e no espaccedilo natildeo foi visto a contento
a) GEO-HISTOacuteRIA DO CASAMENTO
1 casamento dos indiviacuteduos CASAMENTO PESSOAL
2 casamento das famiacutelias 3 casamento dos grupos 4 casamento das empresas (embora as empresas natildeo
prestem atenccedilatildeo se os indiviacuteduos no casamento natildeo satildeo estaacuteveis em todos os sentidos as empresas seratildeo afetadas com grandes danos)
b) 5 mediaccedilatildeo municipal-urbana
CASAMENTO COLETIVO
6 mediaccedilatildeo estadual 7 mediaccedilatildeo nacional 8 mediaccedilatildeo mundial O que quer dizer casamento 1 o que quer dizer ser o homem 2 o que quer dizer ser a mulher
Capiacutetulo 4
Casamento das Famiacutelias e Aleacutem
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UMA AacuteRVORE GENEALOacuteGICA Eacute UMA INDICACcedilAtildeO DE MISCIGENACcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS
O tempo todo em toda parte as pessoas estatildeo
miscigenando misturando indiviacuteduos formando famiacutelias estas grupos estes empresas e assim por diante Como diz o povo em toda parte a todo instante uma ldquoafliccedilatildeo de genterdquo estaacute se misturando sexualmente (homem e mulher) racialmente (negros brancos amarelos vermelhos) por idade (jovens e novos) por origem por classe social e segue
Onde fica a individualidade nisso tudo Essa individualidade QUE NAtildeO SE MISTURA eacute um defeito de visatildeo de nossas mentes racionais segregadoras Eacute verdade que somos indiviacuteduos poreacutem eacute verdade tambeacutem que natildeo somos
Primeiro haacute o aleacutem-de-mim que satildeo os ambientes e as pessoas natildeo-eu Depois temos TODAS AS MISTURAS de natildeo-eu (sexo raccedila idade origem classe e segue) de que dependo A seguir todo o saber natildeo-eu todas as memoacuterias e inteligecircncias que o mundo produz
Enfim o natildeo-eu eacute uma amplidatildeo para o passado e o futuro no presente abrindo-se em 200 naccedilotildees 4000 estados e o resto todo Em resumo natildeo-eu em relaccedilatildeo a eu eacute tanto mais aleacutem de mim que quase desapareccedilo
Sou metade com minha metade e soacute nesse par sou um embora metade 05 + 05 = 10 = casamento aleacutem desse par-de-
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defesa quer dizer aleacutem do casamento monogacircmico estatildeo as inumeraacuteveis facetas do mundo as complexidades ilimitadas que natildeo posso resolver
Entatildeo Natureza-Deus quebrou-nos em duas partes que devem voltar a se unir para produzir a necessidade de uniatildeo em famiacutelias e aleacutem para criar as sociedades
Capiacutetulo 5 Con-soacutecio de Construccedilatildeo
Entatildeo noacutes temos vaacuterios tipos de sociedades a) dentro de noacutes vieram nos montando todas as
sociedades que deram no indiviacuteduo por exemplo sociedade dos oacutergatildeos
b) a seguir nos unimos em famiacutelias com ou sem filhos (no meu caso tive dois grandes amigos)
c) e aiacute segue todos aqueles niacuteveis pessoais e ambientais De fato a vida eacute uma sociedade tremenda
i sociedades vitais (fungos plantas animais e primatas)
ii sociedades psicoloacutegicas (pessoas e ambientes)
Cada sociedade dessas abre-se em multiacuteplices camadas de complexidades complexidades quase indescritiacuteveis que os estudiosos penam para descrever apenas no niacutevel bioloacutegico-p2 No niacutevel psicoloacutegico-p3 claro eacute muito mais difiacutecil chega a ser impossiacutevel pois estamos dentro Natildeo existe nenhum SUPERMUNDO que esteja de fora olhando o mundo somos noacutes as mesmas cabeccedilas individuais que ousam pensar a totalidade dividindo-a e subdividindo-a em numerosas fraccedilotildees trataacuteveis
NOacuteS NOS SENTIMOS ESMAGADOS PELA CRESCENTE COMPLEXIDADE (eacute preciso comeccedilar urgentemente o processo de re-uniatildeo)
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Quanto mais tentamos alisar
mais o cabelo embola
Uma galaacutexia de dados e nem haacute um centro
gravitacional O meacutetodo cientiacutefico redutor eacute muito bom produziu a
maioria das coisas que vemos e grande parte de nossas liberdades (e prisotildees) atuais Contudo tambeacutem foi ruim porque o redutor (e ampliador) levou ao reducionismo a superafirmaccedilatildeo da reduccedilatildeo Jaacute que funcionava tatildeo bem as pessoas natildeo se preocuparam com um meacutetodo cientiacutefico ampliador
Em particular a Ciecircncia geral natildeo ajudou a colar homem e mulher despedaccedilados nem as famiacutelias nem os grupos nem mesmo coisa alguma na verdade ajudou a rebentar Natildeo fez de noacutes felizes criaturas re-unidas fez de noacutes consumidores seres infelizes superconsumindo e mesmo assim incapazes de chegar agrave felicidade ainda que livres para procuraacute-la
A re-uniatildeo deve comeccedilar pela re-uniatildeo do par fundamental Re-construir a famiacutelia eacute fundamental
Capiacutetulo 6 Feliz-Cidade
Se a cidade eacute apesar de tudo feliz se eacute feliz-cidade eacute
porque o trabalho eacute muito dividido e enquanto estou de feacuterias deitado na rede por toda parte milhotildees estatildeo se azafamando trabalhando continuamente com afinco se tiro um mecircs de feacuterias nem um dia de mim vai trabalhar ndash por 30 dias eu falto ao trabalho sem que o trabalho falte a mim
Minha casa continua comendo bebendo e fazendo todas as competentes graccedilas que nos datildeo E por toda parte milhotildees operam com vigor quando estou dormindo Se algueacutem entra em coma natildeo acorda num mundo destruiacutedo na sua ausecircncia todos continuaram a trabalhar diligentemente
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O FORMIGUEIRO CONTINUA DIA E NOITE
Eu formiguinha formiguinha vocecirc VIDA DE FORMIGA Z NO FORMIGUEIRO Z (Woody Allen interpreta o filho quinto-milhatildeo Z pois existe todo um abecedaacuterio de formigas e formigueiros com iacutendices e sub-iacutendices)
A formiga Z se apaixona pela princesa Bala e termina enfrentando os desafios do mundo exterior e o impiedoso General Mandiacutebula Com vozes de Woody Allen Sharon Stone Jennifer Lopez Gene Hackman e Sylvester
Stallone
Ficha Teacutecnica Elenco
Sinopse Criacuteticas
Pocircsters
Imagens Trailers
Premiaccedilotildees Curiosidades
Ficha Teacutecnica
Tiacutetulo Original AntZ Gecircnero Animaccedilatildeo Computadorizada Tempo de Duraccedilatildeo 82 minutos Ano de Lanccedilamento (EUA) 1998
Site Oficial wwwpepsicomantz Estuacutedio DreamWorks SKG Pacific Data Images
Distribuiccedilatildeo DreamWorks Distribution LLC UIP Direccedilatildeo Eric Darnell e Tim Johnson
Roteiro Todd Alcott Chris Weitz e Paul Weitz Produccedilatildeo Brad Lewis Aron Warner e Patty Wooton Muacutesica Harry Gregson-Williams e John Powell
Desenho de Produccedilatildeo John Bell
Direccedilatildeo de Arte Kendall Crockhite Ediccedilatildeo Stan Webb
Efeitos Especiais Pacific Data Images Elenco (Vzes)
Woody Allen (Z) Sharon Stone (Princesa Bala)
Gene Hackman (General Mandiacutebula) Jennifer Lopez (Azteca) Danny Glover (Barbatus)
Sylvester Stallone (Weaver)
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Christopher Walken (Coronel Cutter) Dan Akroyd (Chip)
Anne Bancroft (Rainha) Jane Curtin (Muffy)
Paul Mazursky (Psicoacutelogo)
Sinopse A formiguinha Z eacute apenas um operaacuterio que sonha roubar o coraccedilatildeo da princesa Bala Para isso convence seu amigo
soldado a trocar de lugar com ele o que faz com que tenha que enfrentar o impiedoso General Mandiacutebula que planeja
uma grande ofensiva contra o formigueiro
A formiguinha tendo ao fundo o
formigueiro
Um dos formigueiros sem que se veja
uma soacute formiguinha Isto eacute a Terra o terraacuterio-aquaacuterio da humanidade a gaiola
redonda dos loucos de pedra Somos 66 bilhotildees de formigas dentro deste formigueiro-mundo
E NOacuteS AINDA PARTILHAMOS A TERRAARAacuteGUA (aqui as aves)
Em resumo embora nos vejamos como indiviacuteduos na
verdade somos um CORRELATIVO DE EMPREENDIMENTOS em furiosa mutaccedilatildeo tempespacial
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Capiacutetulo 7 Espaccedilotempo de Reuniatildeo
Pois entatildeo eacute hora de re-unir a humanidade de fazer
cessar o pecado original divisor RE-FAZENDO famiacutelia natildeo mais ilha Famiacutelias de todos os tipos com todas as uniotildees todas as misturas
Eacute preciso eacute fundamental que os governos de todo o
mundo invistam maciccedilamente na reuniatildeo dos pares fundamentais nos casamentos no estudo das uniotildees estaacuteveis na restauraccedilatildeo no contorno natildeo-forccedilado dos divoacutercios e separaccedilotildees digamos com um periacuteodo de experiecircncia antes da consagraccedilatildeo do casamento uniotildees-em-experiecircncia
A gestaccedilatildeo da nova famiacutelia deve ser o mote deste seacuteculo XXI todo e do futuro
Vitoacuteria quinta-feira 12 de marccedilo de 2009 Joseacute Augusto Gava
Anexos Capiacutetulo 5
O MEacuteTODO CIENTIacuteFICO REDUTOR (logo de cara esse quebrar em partes rompe os viacutenculos da totalidade da funcionabilidade total)
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II2 Caracteriacutesticas do meacutetodo cientiacutefico O meacutetodo dedutivo o meacutetodo indutivo e o meacutetodo
hipoteacutetico-dedutivo satildeo os trecircs meacutetodos cientiacuteficos a que se refere a denominaccedilatildeo geneacutetica de meacutetodo cientiacutefico A primeira caracteriacutestica do meacutetodo cientiacutefico eacute a sua
natureza convencional a de servir de marco de geraccedilatildeo do conhecimento objetivo Por isso existem muacuteltiplas caracteriacutesticas em funccedilatildeo da perspectiva com que se
classifiquem se estudem e inclusivamente se denominem A primeira que me chama a atenccedilatildeo eacute o fato de que os dois primeiros tecircm um nome difiacutecil de distinguir visto que no acircmbito linguumliacutestico podem representar um soacute conceito com
duas manifestaccedilotildees raciociacutenio numa direccedilatildeo ou na contraacuteria do geral para o particular ou vice-versa
O problema logicamente deriva da dificuldade conceptual de separar um meacutetodo cientiacutefico de outro de uma forma clara evidentemente os termos escolhidos natildeo ajudam a
reter na memoacuteria estes dois conceitos de meacutetodo cientiacutefico Tambeacutem natildeo ajuda muito a denominaccedilatildeo do
terceiro meacutetodo cientiacutefico Uma caracteriacutestica de ambos meacutetodos eacute que podem ir do
geral para o particular ou vice-versa num sentido ou no inverso Ambos utilizam a loacutegica e chegam a uma conclusatildeo
Em uacuteltima instacircncia sempre tecircm elementos filosoacuteficos subjacentes
Ambos costumam ser susceptiacuteveis de verificaccedilatildeo empiacuterica Ainda que o meacutetodo dedutivo seja mais proacuteprio das ciecircncias formais e o indutivo das ciecircncias empiacutericas nada impede a aplicaccedilatildeo indistinta de um meacutetodo cientiacutefico ou outro a
uma teoria concreta Para mim sem pretender entrar em polecircmica neste tema a diferenccedila fundamental entre o meacutetodo dedutivo e o meacutetodo indutivo eacute que o primeiro aspira a demonstrar mediante a loacutegica pura a conclusatildeo na sua totalidade a partir de
umas premissas de maneira que se garante a veracidade das conclusotildees se natildeo se invalida a loacutegica aplicada Trata-se do modelo axiomaacutetico proposto por Aristoacuteteles como meacutetodo
cientiacutefico ideal Pelo contraacuterio o meacutetodo indutivo cria leis a partir da
observaccedilatildeo dos fatos mediante a generalizaccedilatildeo do comportamento observado na realidade o que realiza eacute uma espeacutecie de generalizaccedilatildeo sem que atraveacutes da loacutegica possa conseguir uma demonstraccedilatildeo das citadas leis ou conjunto de
conclusotildees As referidas conclusotildees poderiam ser falsas e ao mesmo tempo a aplicaccedilatildeo parcial efetuada da loacutegica poderia manter a sua validade por isso o meacutetodo indutivo necessita de uma condiccedilatildeo adicional a sua aplicaccedilatildeo
considera-se vaacutelida enquanto natildeo se encontrar nenhum caso que natildeo cumpra o modelo proposto
O meacutetodo hipoteacutetico-dedutivo ou de verificaccedilatildeo de hipoacuteteses natildeo coloca em princiacutepio nenhum problema visto
que a sua validade depende dos resultados da proacutepria verificaccedilatildeo
Este meacutetodo cientiacutefico costuma utilizar-se para melhorar ou precisas teorias preacutevias em funccedilatildeo de novos
conhecimentos nas quais a complexidade do modelo natildeo permite formulaccedilotildees loacutegicas Portanto tem um caraacuteter
predominantemente intuitivo e necessita natildeo soacute para ser rejeitado mas tambeacutem para impor a sua validade a
verificaccedilatildeo das suas conclusotildees
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Poderia propor-se para estas trecircs variantes do meacutetodo cientiacutefico a denominaccedilatildeo de meacutetodo dedutivo meacutetodo
intuitivo e meacutetodo experimental ou meacutetodo de verificaccedilatildeo ou qualquer conjunto de palavras que faccedilam referecircncia agraves suas diferenccedilas fundamentais e natildeo coloquem problemas agrave memoacuteria linguumliacutestica Natildeo obstante nesta exposiccedilatildeo
manterei a nomenclatura geralmente utilizada A Teoria Geral da Evoluccedilatildeo Condicionada da Vida seria em
princiacutepio uma teoria baseada no meacutetodo hipoteacutetico-dedutivo ou meacutetodo de verificaccedilatildeo de hipoacuteteses
A teoria de Darwin pelo contraacuterio estaria enquadrada no meacutetodo indutivo mas que apesar de encontrar exemplos contraacuterios natildeo se invalida adeacutequa-se para encaixar
qualquer triacircngulo Porque seraacute
Como se disse anteriormente toda a teoria deve ser resistente agrave sua refutaccedilatildeo contudo uma teoria que natildeo pode ser refutada por nenhum fato concebiacutevel natildeo eacute
cientiacutefica A impossibilidade de refutaccedilatildeo de uma teoria cientiacutefica natildeo eacute uma virtude mas sim um viacutecio
TEORIA SOBRE O MEacuteTODO CIENTIacuteFICO EM BUSCA DE UM MODELO UNIFICANTE PARA AS CIEcircNCIAS
E DE UM RETORNO Agrave UNIVERSIDADE CRIATIVA I -- INTRODUCcedilAtildeO
Alberto Mesquita Filho Comeccedilo regra geral as minhas liccedilotildees sobre Meacutetodo
Cientiacutefico dizendo aos meus alunos que o meacutetodo cientiacutefico natildeo existe Acrescento que tenho obrigaccedilatildeo de saber isso tendo eu sido durante algum tempo pelo menos o uacutenico professor desse inexistente assunto em toda a Comunidade
Britacircnica
Tendo entatildeo explicado aos meus alunos que natildeo haacute essa coisa que seria o meacutetodo cientiacutefico apresso-me a comeccedilar o meu discurso e ficamos ocupadiacutessimos Pois um ano mal chega para roccedilar a superfiacutecie mesmo de um assunto
inexistente Karl R Popper [1]
Resumo Este artigo eacute o primeiro de uma seacuterie de artigos relacionados agrave metodologia cientiacutefica e cuja temaacutetica foi dividida em cinco toacutepicos principais Corresponde a uma
versatildeo atualizada de consideraccedilotildees expressas pelo autor a partir de 1983 em livros artigos e conferecircncias citados no texto colaborou para esta atualizaccedilatildeo a experiecircncia adquirida pelo autor no processo de remodelaccedilatildeo da Proacute-Reitoria Comunitaacuteria da USJT (1992-1993) bem como aquela adquirida junto aos demais membros da equipe criada pelos Conselhos Superiores da USJT (1994) --expandida em 1995--
com a finalidade de implantar o Centro de Pesquisa da USJT Os conceitos foram axiomatizados de forma a darem
corpo a uma nova teoria sobre o meacutetodo cientiacutefico permitindo mesmo a constataccedilatildeo de possiacuteveis aplicaccedilotildees dentro de um contexto abrangente tais como 1) a teoria
fornece os meios necessaacuterios para que se promova a integraccedilatildeo das ciecircncias e 2) propicia a sustentaccedilatildeo de um projeto visando a caracterizar a universidade como o local apropriado para a formaccedilatildeo de cientistas Os cinco
toacutepicos a serem abordados satildeo pela ordem I - Introduccedilatildeo na qual eacute proposta a regra delimitante da ciecircncia II - O macromeacutetodo cientiacutefico e a Histoacuteria da Ciecircncia III - O
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papel da universidade na produccedilatildeo de conhecimentos IV - O meacutetodo cientiacutefico propriamente dito a) A teoria da
praacutetica em ciecircncia b) A praacutetica da teorizaccedilatildeo cientiacutefica V - O micromeacutetodo cientiacutefico e a Filosofia da Ciecircncia Os demais toacutepicos estatildeo em fase de projeto natildeo havendo portanto previsatildeo quanto agrave eacutepoca de publicaccedilatildeo []
1 Colocaccedilatildeo do problema Meacutetodo entre outras coisas significa caminho para chegar
a um fim ou pelo qual se atinge um objetivo Que dizer entatildeo do meacutetodo cientiacutefico [2] Poderia dizer que eacute o caminho trilhado pelo cientista quando em busca de verdades cientiacuteficas
Afirma-se com grande frequumlecircncia que o cientista eacute aquele que se utiliza do meacutetodo cientiacutefico Os que aceitam esta
Percebam que estou meramente jogando com as palavras e associando-as ao conceito de
meacutetodo acima postulado Quais satildeo as verdades cientiacuteficas O que eacute ser cientista O que eacute ciecircncia Existe uma ciecircncia uacutenica Quando nos reportamos a uma hipoteacutetica linha demarcatoacuteria a separar o que julgamos
ser uma verdade cientiacutefica de outras possiacuteveis verdades a que nos estamos referindo
verdade --e haacute muitos que o fazem-- devem procurar uma conceituaccedilatildeo para meacutetodo cientiacutefico diferente da exposta no paraacutegrafo anterior sob pena de andarem em ciacuterculo Ou definimos cientista a partir da definiccedilatildeo de meacutetodo frac34algo tentado por Popper ao propor o falsificacionismo [3]frac34 ou definimos meacutetodo a partir da definiccedilatildeo de cientista do contraacuterio natildeo chegamos a nada Conservarei a ideacuteia de meacutetodo cientiacutefico como caminho trilhado pelo cientista
2 O que eacute ciecircncia
com o que estou assumindo o risco de ter que definir ciecircncia eou cientista Eacute o que tentarei fazer nesta
introduccedilatildeo
Natildeo eacute faacutecil definir ciecircncia e satildeo inuacutemeros os tratados sobre o assunto a abordarem esta dificuldade Ao leitor
principiante em ciecircncia e que queira penetrar na complexidade do tema ou entatildeo perceber a quantas anda nossa ignoracircncia a respeito sugiro se tiver pendores
filosoacuteficos que comece pelo livro de Chalmers (1976) [4] ou entatildeo se preferir algo mais ameno e mais voltado agrave
praacutetica cientiacutefica pelo livro de Beveridge (1980) [5] Ao leitor acomodado e que natildeo tenha amplo conhecimento do
assunto ou mesmo para aquele que pretenda prosseguir com esta leitura ciente de que eacute possiacutevel pelo menos em niacutevel conjetural enfrentar o desafio apontado relatarei aqui a
conclusatildeo de um ensaio que sintetiza uma ideacuteia que me ocorreu haacute cerca de dez anos [6] e que apresentei na
sessatildeo de debates da mesa redonda A Pesquisa na Universidade Particular ocorrida por ocasiatildeo da IV Semana de Psicologia da USJT (1994) com as seguintes palavras Vejo a ciecircncia como a aacuterea do conhecimento que se apoacuteia natildeo num meacutetodo mas sim na regra da repetitividade a que
eu tenho chamado de regra cientiacutefica fundamental Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que
pesquisado se repetiu eacute de se admitir que em futuras verificaccedilotildees o mesmo suceda [7]
A regra cientiacutefica fundamental conquanto aceita intuitivamente por todos os cientistas ocupa entre os mesmos e ateacute entre os filoacutesofos da ciecircncia um papel
secundaacuterio quando natildeo totalmente ignorada Via de regra considera-se a ciecircncia como que apoiada em regras outras
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como por exemplo o princiacutepio da causalidade de Kant a regra metodoloacutegica de Popper que se associa a seu meacutetodo
dedutivo de prova o princiacutepio ou argumento indutivista e as regras ou criteacuterios de utilidade Como posiccedilotildees
extremas e apoiadas em regras mais riacutegidas podemos citar a visatildeo paradigmaacutetica de Thomas Kuhn a defender o
dogmatismo cientiacutefico o ponto de vista de Chalmers a questionar a argumentaccedilatildeo filosoacutefica no que diz respeito agrave delimitaccedilatildeo da ciecircncia e a visatildeo anarquista de Feyerabend
a se opor frontalmente ao racionalismo em ciecircncia A fim de ilustrar o comentado no paraacutegrafo anterior
vejamos como Thomas Kuhn (1962) --defensor de uma posiccedilatildeo cientiacutefico-filosoacutefica incompatiacutevel com a que aqui pretendo apresentar-- retrata a importacircncia da repetitividade dos eventos como algo a semear o surgimento de novas ideacuteias Existem em princiacutepio somente trecircs tipos de fenocircmenos a propoacutesito dos quais pode ser desenvolvida uma nova teoria O primeiro tipo compreende os fenocircmenos jaacute bem explicados
pelos paradigmas existentes Tais fenocircmenos raramente fornecem motivos ou um ponto de partida para a construccedilatildeo de uma teoria Quando o fazem as teorias resultantes raramente satildeo aceitas visto que a natureza natildeo proporciona nenhuma base para uma discriminaccedilatildeo entre as alternativas Uma segunda classe de fenocircmenos compreende aqueles cuja
natureza eacute indicada pelos paradigmas existentes mas cujos detalhes somente podem ser entendidos apoacutes uma maior
articulaccedilatildeo da teoria Os cientistas dirigem a maior parte de sua pesquisa a esses fenocircmenos mas tal pesquisa visa antes agrave articulaccedilatildeo dos paradigmas existentes do que agrave invenccedilatildeo de novos Somente quando esses esforccedilos de articulaccedilatildeo fracassam eacute que os cientistas encontram o
terceiro tipo de fenocircmeno as anomalias reconhecidas cujo traccedilo caracteriacutestico eacute a sua recusa obstinada a serem
assimiladas aos paradigmas existentes Apenas esse uacuteltimo tipo de fenocircmeno faz surgir novas teorias [8]
Ora se um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se recusou obstinadamente a ser assimilado aos paradigmas
existentes e se esta recusa eacute quem orienta a caracterizaccedilatildeo de novas teorias e mais se a ciecircncia eacute fundamentalmente o conjunto das ideacuteias e teorias geradas pela mente humana bem como a aplicaccedilatildeo pelo homem dessas ideacuteias e teorias em busca de um relacionamento sadio com a natureza e com os seus semelhantes podemos sossegadamente
concluir que ciecircncia eacute o processo pelo qual o homem se relaciona com os fenocircmenos universais que se sujeitam agrave
regra cientiacutefica fundamental 3 O ser cientista
Cientista diz-nos Ferreira (1986) eacute a pessoa que cultiva ou que eacute especialista em alguma ciecircncia ou em ciecircncias
[9] e ciecircncia eacute um processo definido no item anterior Se aceitarmos estas premissas concluiremos que o conhecimento
cientiacutefico eacute aquele factiacutevel de reproduccedilatildeo enquanto o cientista eacute aquele que de alguma forma cultiva esses conhecimentos Eacute importante aqui salientar que muitas
vezes o que se espera reproduzir eacute um dado probabiliacutestico Por exemplo se dissermos que 80 das moleacuteculas de um gaacutes
satildeo do elemento quiacutemico oxigecircnio isto natildeo significa estarmos afirmando ser oxigecircnio esta ou aquela moleacutecula objeto de verificaccedilatildeo experimental o que a regra nos
preconiza eacute que independentemente de qual cientista for tentar reproduzir a medida ou do local escolhido para que
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esta segunda medida seja efetuada observando-se as condiccedilotildees em que a mesma foi realizada anteriormente o
valor obtido concordaraacute com o valor precedente dentro de uma margem de erro tambeacutem estimaacutevel por meacutetodos
experimentais Todos noacutes vez ou outra nos comportamos como cientistas Ser cientista natildeo eacute possuir um roacutetulo mas sim postar-se com uma atitude cientiacutefica por outro lado mesmo aquele que se diz cientista vez ou outra assume atitudes natildeo cientiacuteficas e penetra em terrenos apoiados em regras
proacuteprias ou ateacute mesmo sem regras O roacutetulo eacute frequumlentemente utilizado quando queremos nos referir agraves
pessoas que se utilizam de seus talentos cientiacuteficos como meio de vida seriam entatildeo os cientistas profissionais A filosofia por exemplo eacute um campo de atuaccedilatildeo bem mais
abrangente que aquele ditado pela regra cientiacutefica fundamental Poderiacuteamos dizer que a filosofia comporta a
ciecircncia ainda que esta ideacuteia natildeo agrade a alguns cientistas mas jamais poderiacuteamos dizer e quanto a isso
todos satildeo concordes que a ciecircncia comporta a filosofia O bom cientista utiliza-se da filosofia da mesma forma que a maioria dos indiviacuteduos com sede se utilizam do copo Outras
aacutereas do conhecimento seriam 1) o ocultismo frac34e aqui poderiacuteamos incluir a tiacutetulo de exemplo a alquimia e a astrologia 2) as artes frac34e vale a pena aqui frisar que a arte pode ser encarada cientificamente postura esta que foi frequumlentemente adotada por Leonardo da Vinci [10] e defendida em sua Teoria do Conhecimento 3) a teologia
etc A busca pela verdade que tambeacutem eacute objetivo da grande maioria destas aacutereas natildeo cientiacuteficas segue-se por caminhos nem sempre limitados ou compatiacuteveis com a regra cientiacutefica
fundamental O cultivo da ciecircncia pode se dar atraveacutes da observaccedilatildeo de alguns ou todos dentre seus objetivos nobres quais sejam
1) aquisiccedilatildeo transmissatildeo e aplicaccedilatildeo de conhecimentos cientiacuteficos jaacute sistematizados e 2) produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
de novos conhecimentos Visto sob este acircngulo satildeo cientistas 1) o estudioso eou o professor eou o
profissional bacharel em quaisquer das ciecircncias 2) o tecnoacutelogo 3) o pesquisador em aacutereas cientiacuteficas 4) o
teorizador em ciecircncias 5) e o autor de artigos cientiacuteficos relatando ideacuteias proacuteprias eou revisotildees bibliograacuteficas Sob um ponto de vista mais rigoroso o cientista seria apenas aquele capaz de dominar as teacutecnicas inerentes a todos os
objetivos nobres acima apontados Nem tanto ao ceacuteu nem tanto agrave terra Percebam que jaacute
conceituamos ciecircncia e jaacute conseguimos ir aleacutem a ponto de fornecer dados para que se analise o comportamento daqueles
que trabalham em ciecircncia Observado este comportamento poderiacuteamos assumir como cientistas aqueles que realmente contribuem para o progresso das ciecircncias Adotarei esta
postura mas gostaria de esclarecer conforme seraacute comentado oportunamente que a noccedilatildeo de progresso aqui defendida eacute um pouco mais abrangente do que aquela
preconizada pelos pensadores iluministas [11] que tanto influenciaram os positivistas Aceita esta premissa frac34a de que cientistas satildeo somente aqueles que real e diretamente [12] contribuem para o progresso das ciecircnciasfrac34 suponha que consigamos caracterizar os cientistas assim definidos como aqueles que ao contribuir para o progresso das
ciecircncias se utilizam de um meacutetodo comum a que chamaremos
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meacutetodo cientiacutefico Poderemos entatildeo afirmar e natildeo se trata aqui da busca por uma definiccedilatildeo que o cientista eacute aquele que se utiliza do meacutetodo cientiacutefico o raciociacutenio ciacuteclico da forma como foi agora utilizado estaacute livre de consequumlecircncias funestas Notem com o auxiacutelio da figura 1 a sintetizar as ideacuteias principais aqui focalizadas que do ponto de vista conceitual natildeo estamos andando em ciacuterculo
REGRA CIENTIacuteFICA FUNDAMENTAL
Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu eacute de se admitir que em futuras
verificaccedilotildees o mesmo suceda
DEFINICcedilAtildeO DE CIEcircNCIA
Ciecircncia eacute o processo pelo qual o homem se relaciona com os fenocircmenos universais que se sujeitam agrave regra cientiacutefica
fundamental
OBSERVACcedilAtildeO DO COMPORTAMENTO DOS QUE TRABALHAM EM CIEcircNCIA
VERIFICACcedilAtildeO DE QUE ALGUNS CONTRIBUEM PARA O PROGRESSO DAS CIEcircNCIAS
Cientista eacute todo ser racional que contribui diretamente para o progresso das ciecircncias
CONSTATACcedilAtildeO DE QUE ESTES SE UTILIZAM DE UM MEacuteTODO COMUM
Figura 1 - Para explicaccedilatildeo vide texto Resta-nos entatildeo para que a ideacuteia ganhe em consistecircncia comprovar a existecircncia de um uacutenico meacutetodo cientiacutefico e
isto natildeo parece ser uma tarefa faacutecil Antes de enfrentarmos esta dificuldade vamos verificar como as ideacuteias aqui apresentadas se conformam a conceitos classicamente
adotados como modelos de meacutetodo cientiacutefico
[] Muitos dentre esses toacutepicos satildeo apresentados em um contexto diverso em
Referecircncias
Ensaios sobre a Filosofia da Ciecircncia ou entatildeo em outros artigos expostos acima na
seccedilatildeo Temas relacionados [1] POPPER K R 1956 Acerca da inexistecircncia do meacutetodo
cientiacutefico in Prefaacutecio da ediccedilatildeo de 1956 do livro O realismo e o objetivo da ciecircncia
[2] FERREIRA A B H 1986
Publicaccedilotildees Dom Quixote (traduccedilatildeo) Lisboa 1987 Este prefaacutecio foi lido num
encontro dos Fellows of Center for Advanced Study in the Behavioral Sciences em Stanford Califoacuternia em novembro
de 1956 Novo dicionaacuterio da liacutengua
portuguesa[3] POPPER K R (1959)
Ed Nova Fronteira Rio de Janeiro p 1128 A loacutegica da pesquisa
cientiacutefica Ed Cultrix (traduccedilatildeo 1975) Satildeo Paulo
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[4] CHALMERS A F 1976 (traduccedilatildeo 1993) O que eacute ciecircncia afinal[5] BEVERIDGE W I B 1980
Ed Brasiliense Satildeo Paulo 225 p Sementes da descoberta
cientiacutefica[6] MESQUITA Fdeg A 1987
Edusp (traduccedilatildeo) Satildeo Paulo Confesso que blefei --
Fiacutesica antiga vs moderna
[7] Perguntas e Debates 1995 item V
editado pela USJT (na eacutepoca Faculdades Satildeo Judas Tadeu) Satildeo Paulo capiacutetulo 13 A
Ciecircncia Existe p 92-8 Sobre Pesquisa e
Filosofia da Ciecircncia p 75 in EspecialIntegraccedilatildeo A pesquisa na universidade particular Integraccedilatildeo
[8] KUHN T S 1962 (traduccedilatildeo 1975)
I(1)51-75 1995 Este ensaio foi tambeacutem apresentado e discutido em palestra (natildeo publicada) que ministrei por ocasiatildeo da
Semana de Filosofia da USJT de 1994 A estrutura das
revoluccedilotildees cientiacuteficas Ed Perspectiva Satildeo Paulo 257 pp capiacutetulo 8 A natureza e a necessidade das revoluccedilotildees
cientiacuteficas[9] FERREIRA 1986 Idem p 404
p 131 [Os grifos satildeo meus]
[10] Leonardo da Vinci in The New Encyclopaedia Britannica Vol 22 (Macropaedia) Enc Brit Inc
Chicago 1993 p 946 (Leonardo as artist-scientist[11] SANTOS G T
) Os caminhos do pensamento cientiacutefico a
partir do Iluminismo Integraccedilatildeo I(5)131-6 1996 conferecircncia proferida por ocasiatildeo da Semana de Filosofia da USJT de 1995 Na sessatildeo de debates Santos dentre outras consideraccedilotildees interessantes a respeito faz a
seguinte observaccedilatildeo O progresso como vai ser definido no Iluminismo eacute uma noccedilatildeo de abandono passa pelo abandono necessaacuterio de coisas que ficaram ou que deveratildeo ficar no
passado[12] O termo diretamente aqui empregado eacute essencial a natildeo ser levado em conta corremos o risco de considerar
como cientistas dentre outros os mecenas que no passado contribuiacuteram de maneira indireta para o progresso
das ciecircncias
O argumento indutivista Uma criacutetica imparcial conquanto demolidora ao
indutivismo eacute apresentada por Chalmers nos trecircs primeiros capiacutetulos de seu livro [13] Veremos aqui apenas alguns toacutepicos interessantes do ponto de vista epistemoloacutegico
eou necessaacuterios para um melhor entendimento da teoria ora sendo apresentada
Um sumaacuterio completo do argumento indutivista da ciecircncia estaacute esquematizado na figura 2 adaptada de Chalmers [14]
Chama a atenccedilatildeo a omissatildeo da deduccedilatildeo de hipoacuteteses o indutivista admite ser possiacutevel partir da observaccedilatildeo e chegar a leis apelando exclusivamente ao raciociacutenio
indutivo O meacutetodo indutivo baseia-se na crenccedila de que eacute possiacutevel confirmar um enunciado universal (lei) atraveacutes de um certo nuacutemero de observaccedilotildees singulares Via de regra
quando se questiona o indutivista a respeito da omissatildeo da hipoacutetese ele logo repete uma frase de Newton Natildeo faccedilo
hipoacuteteses Obviamente este indutivista ingecircnuo ouviu esta frase sabe que foi proferida por Newton mas demonstra
natildeo saber a que Newton estava se referindo A hipoacutetese a que Newton se refere natildeo eacute a mesma que hoje se conceitua nos tratados de metodologia cientiacutefica ou de estatiacutestica Newton deixou bastante claro em sua obra que natildeo fazia como cientista especulaccedilotildees ou conjecturas infundadas No
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que se refere a hipoacuteteses no contexto em que o termo eacute hoje aceito rariacutessimos foram os cientistas que em sua
fase produtiva as levantaram em nuacutemero tal cuja ordem de grandeza se aproximasse daquela atingida por Newton
O argumento indutivista baseia-se na crenccedila no princiacutepio da induccedilatildeo que dentre outras formas pode ser enunciado como Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno
sempre que pesquisado se repetiu em futuras verificaccedilotildees o mesmo sucederaacute
Figura 2 - O argumento indutivista (segundo Chalmers)
[15] Escolhi esta versatildeo para que fique claro o contraste entre o princiacutepio da induccedilatildeo e a regra
cientiacutefica fundamental expliacutecita na figura 1 Trecircs comentaacuterios merecem ser feitos a respeito 1) Conquanto
seja usado como regra metodoloacutegica o princiacutepio da induccedilatildeo natildeo define o nuacutemero de observaccedilotildees singulares a permitir uma generalizaccedilatildeo (obtenccedilatildeo de leis) 2) Esta e outras falhas conceituais inerentes ao argumento indutivista propiciam interpretaccedilotildees ingecircnuas ao princiacutepio conforme
veremos abaixo 3) O princiacutepio sem perder em generalidade no que diz respeito agraves premissas (tem o
mesmo campo de atuaccedilatildeo que a regra cientiacutefica fundamental) e para que possa caracterizar-se como metodoloacutegico e natildeo apenas norteador torna-se mais
restritivo que a regra cientiacutefica fundamental frac34afirma ao inveacutes de suporfrac34 Consequumlentemente os que abraccedilam esta ideologia devem procurar por uma outra definiccedilatildeo de ciecircncia que natildeo a apresentada no item 2 e figura 1 As
consequumlecircncias epistemoloacutegicas daiacute resultantes seratildeo objeto de discussatildeo em itens posteriores
O indutivista ingecircnuo eacute aquele que dentre outras falhas conceituais eou de raciociacutenio consegue provar
cientificamente por exemplo a inexistecircncia de Deus pelo simples fato de Deus natildeo se manifestar a ele tendo em vista que ele natildeo possui uma regra para delimitar a ciecircncia que natildeo seja o princiacutepio da causalidade --natildeo haacute efeito sem causa-- ele tenta inverter o princiacutepio frac34que no caso ficaria natildeo haacute causa sem efeitofrac34 e apelando para o argumento indutivista consegue por meacutetodos cientiacuteficos chegar a conclusotildees natildeo cientiacuteficas frac34no caso teoloacutegicas Mais comum no entanto eacute o erro agora natildeo tatildeo ingecircnuo cometido por alguns indutivistas que conseguem provar cientificamente que todas as maccedilatildes satildeo vermelhas prova esta vaacutelida somente ateacute o dia em que eles se
depararem com maccedilatildes verdes Neste caso a falha decorre da crenccedila num meacutetodo repleto de incoerecircncias internas
5 O argumento dedutivista
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O argumento dedutivista ainda que natildeo isento de criacuteticas representou sem duacutevida alguma uma evoluccedilatildeo no sentido em que propiciou uma metodologia cientiacutefica dotada de
coerecircncia interna A esse respeito eacute dito com frequumlecircncia que o raciociacutenio dedutivo constitui o
argumento da loacutegica A fim de padronizar comparaccedilotildees apresentarei o argumento
dedutivista como apoiado no seguinte princiacutepio Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa para que seja hipoacutetese deveraacute ser
passiacutevel de verificaccedilatildeo observacional A figura 3 ilustra a proposiccedilatildeo deste argumento
Eacute importante observar que nem toda a afirmaccedilatildeo deduzida seraacute uma hipoacutetese motivo pelo qual natildeo utilizamos o argumento loacutegico se e somente se ao enunciarmos o
princiacutepio
Figura 3 - O argumento dedutivista
[16] Em particular eacute de se ressaltar a opiniatildeo de Severino (1994) a respeito
Eacute preciso natildeo confundir hipoacutetese com pressuposto com evidecircncia preacutevia
Hipoacutetese eacute o que se pretende demonstrar e natildeo o que jaacute se tem
demonstrado [17] A loacutegica dedutiva ao caminhar do geral para o particular
nos garante a formulaccedilatildeo de hipoacuteteses e hipoacutetese comprovada atraveacutes de uma observaccedilatildeo controlada (teste eou experiecircncia) nos permite suspeitar atraveacutes de um raciociacutenio indutivo (do singular para o geral) sua condiccedilatildeo de lei Observem o cuidado na colocaccedilatildeo das palavras Eu disse nos permite suspeitar e natildeo nos
permite garantir Por que esse cuidado A experimentaccedilatildeo natildeo nos garante verdades A esse respeito Popper assim se
referiu Natildeo haacute um meacutetodo para determinar se
uma hipoacutetese eacute lsquoprovaacutevelrsquo ou provavelmente verdadeira [18]
Eacute interessante notar que algumas limitaccedilotildees inerentes ao indutivismo e que propiciam o aparecimento de conclusotildees ingecircnuas satildeo aqui substituiacutedas por uma impossibilidade
Sob esse aspecto o dedutivismo natildeo solucionou o problema mas simplesmente reduziu a possibilidade de que se
cometessem determinados raciociacutenios ingecircnuos Rigorosamente falando o problema natildeo eacute tatildeo insoluacutevel
assim Seraacute insoluacutevel tatildeo-somente para aqueles que julgam estar cientificamente buscando por verdades absolutas A verdade cientiacutefica e soacute o leigo talvez natildeo saiba eacute uma
verdade provisoacuteria tomada por empreacutestimo da natureza e da forma como ela se nos aparenta ser As verdades
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cientiacuteficas de hoje seratildeo quando natildeo negadas lapidadas e reformuladas amanhatilde Se chegaremos ou natildeo por meacutetodos
cientiacuteficos agrave verdade absoluta eacute um questionamento que a ciecircncia natildeo estaacute aparelhada para responder E talvez nunca esteja o que natildeo nos impede de que continuemos procurando
pela verdade Popper foi mais aleacutem demonstrando ser impossiacutevel ateacute mesmo probabilizar uma afirmaccedilatildeo comprovada por um
raciociacutenio que siga a metodologia dedutiva (incluindo e eacute aiacute que reside o problema principal do meacutetodo a induccedilatildeo -- vide lado direito da figura 3) A esse respeito Popper
propotildee a substituiccedilatildeo do termo probabilizar por corroborar Uma hipoacutetese seria tanto mais corroboraacutevel quanto mais propiciasse verificaccedilotildees experimentais e teria sido tanto mais corroborada e natildeo haacute como se
atribuir nuacutemeros probabiliacutesticos a esse efeito quanto mais resistisse a essas verificaccedilotildees Siegel (1977
traduccedilatildeo) adota provavelmente com o mesmo objetivo a expressatildeo grau de aceitabilidade
Efetuamos pesquisas a fim de determinar o grau de aceitabilidade de
hipoacuteteses deduzidas de nossas teorias [19]
Esta impossibilidade em garantir um acerto preocupou bastante Popper e certamente foi um dos motivos que o
levou a expandir o argumento dedutivista atraveacutes da proposiccedilatildeo do falsificacionismo a ser apresentado no
item 7 Independentemente das dificuldades apontadas neste e nos itens precedentes a verdade eacute que a ciecircncia progride e este progresso eacute guiado por homens que conhecem o terreno por onde pisam E conquanto todos saibam da natildeo existecircncia em ciecircncia de verdades absolutas da impossibilidade de se
chegar a uma soluccedilatildeo definitiva para os problemas cientiacuteficos e da natildeo existecircncia de provas observacionais irrefutaacuteveis quase todos [20] entendem e concordam com a
afirmaccedilatildeo de GIL (1994) expressa a seguir A pesquisa cientiacutefica inicia-se
sempre com a colocaccedilatildeo de um problema solucionaacutevel O passo seguinte
consiste em oferecer uma soluccedilatildeo possiacutevel atraveacutes de uma proposiccedilatildeo ou seja de uma expressatildeo suscetiacutevel de ser declarada verdadeira ou falsa A
esta proposiccedilatildeo daacute-se o nome de hipoacutetese Assim a hipoacutetese eacute a
proposiccedilatildeo testaacutevel que pode vir a ser a soluccedilatildeo do problema [21]
6 O que eacute teoria Eacute importante salientar que a finalidade primordial da ciecircncia natildeo eacute formular hipoacuteteses e sim sistematizar teorias e que teoria natildeo eacute pura e simplesmente uma
coletacircnea de hipoacuteteses Teoria eacute um conjunto de hipoacuteteses coerentemente interligadas tendo por finalidade explicar
elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio do conhecimento [22] Por que entatildeo os livros de
metodologia insistem em justificar os meacutetodos atraveacutes de hipoacuteteses uacutenicas e via de regra desinteressantes tais
como As maccedilatildes satildeo vermelhas os cisnes satildeo brancos etc A verdade eacute que nem sempre eacute faacutecil encontrar teorias ao mesmo tempo simples e de amplo espectro ou seja que
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possam ser entendidas por leitores das vaacuterias aacutereas do conhecimento Por outro lado os argumentos que corroboram ou derrubam teorias satildeo em princiacutepio idecircnticos aos que corroboram ou derrubam hipoacuteteses frac34poderiacuteamos tambeacutem dizer
que uma hipoacutetese eacute ou simula ser uma teoria cujo conjunto de hipoacuteteses eacute unitaacuterio Em geral a dificuldade inerente ao grau de complexidade de uma teoria pode ser
superada desde que o cientista conheccedila a fundo esta teoria cujo grau de aceitabilidade pretende testar e domine a loacutegica envolvida em situaccedilotildees similares poreacutem simples como aquelas que aparecem nos compecircndios sobre o
assunto A ecircnfase dada pelos textos de metodologia cientiacutefica a meacutetodos relacionados a testes de hipoacuteteses contrasta com a quase ausecircncia de referecircncias a meacutetodos relativos agrave
praacutetica da teorizaccedilatildeo Existem exceccedilotildees a esta regra e eu natildeo poderia deixar de citar [23] os livros de Bunge [24] e de Lacey [25] indicados especialmente para os iniciantes da aacuterea de exatas Embora natildeo especificamente dirigido a esta temaacutetica haacute que se destacar tambeacutem o livro de Bohm e
Peat [26] e que merece ser lido posto que focaliza a essecircncia da problemaacutetica aqui apontada neste caso e por este motivo eacute indicado aos iniciantes de todas as aacutereas A praacutetica da teorizaccedilatildeo com rariacutessimas exceccedilotildees natildeo se
aprende na escola Grandes teorizadores por terem aprendido a utilizar uma teacutecnica natildeo encontrada nos livros tradicionais e que nem mesmo eacute ensinada na maioria dos
regimes de iniciaccedilatildeo cientiacutefica chegaram a ser confundidos com gecircnios Eacute bem possiacutevel que estes gecircnios tenham adquirido esta praacutexis cultuando algum resquiacutecio da
filosofia que a sociedade moderna natildeo conseguiu despedaccedilar
A lacuna acima apontada fomenta a ingenuidade ou ateacute mesmo o charlatanismo multiplicando sobremaneira o nuacutemero dos que sem estarem devidamente preparados para teorizar frac34uma atividade que natildeo eacute elementarfrac34 ainda assim teorizam e teorizam mal frac34fato este que chega a incomodar cientistas de respeito que ocupam postos importantes nas
universidades [27] Por outro lado e em decorrecircncia disto permite que se condene agrave marginalidade cientiacutefica
e por periacuteodos variaacuteveis de tempo todos aqueles que certos ou errados pretendem evoluir seriamente no sentido de atender agrave finalidade uacuteltima da ciecircncia a edificaccedilatildeo de
teorias representacionais Que meacutetodos estes homens seguiram que natildeo a paixatildeo a
devoccedilatildeo a persistecircncia e a crenccedila num espiacuterito universal frac34Espiacuterito este que segundo alguns admitem natildeo estaacute a se
divertir com nossos erros e acertos o que foi sintetizado pelo maior dos gecircnios do seacuteculo XX nas
seguintes palavras Deus natildeo joga dados A resposta nos eacute dada pelo proacuteprio autor desta afirmaccedilatildeo
O alvo de construir uma teoria de campo eletromagneacutetico da mateacuteria
permanece inatingiacutevel por ora embora em princiacutepio nenhuma objeccedilatildeo possa ser levantada contra a possibilidade de vir a se alcanccedilar tal objetivo O que reteve qualquer tentativa posterior nessa direccedilatildeo foi a falta de qualquer meacutetodo sistemaacutetico que levasse a uma
soluccedilatildeo [28]
27
Seraacute que natildeo existem meacutetodos ou regras a serem adotados nesta praacutexis E por falar nisso a praacutetica da teorizaccedilatildeo
natildeo seria uma teorexis [29] Seraacute que teorizar em ciecircncia eacute uma atividade puramente filosoacutefica Natildeo existe uma
metodologia cientiacutefica a orientar aqueles que se preocupam em decifrar os segredos que estatildeo por traacutes dos fenocircmenos que se adaptam agrave regra cientiacutefica fundamental Caso exista
um meacutetodo a ser sistematizado Seria ele diferente do meacutetodo cientiacutefico O que eacute o meacutetodo cientiacutefico
Tentarei dentro do possiacutevel e da finalidade a que me propus ao conceber esta seacuterie de artigos responder
oportunamente eou orientar o leitor se houver como no que diz respeito aos questionamentos aqui assinalados De qualquer forma mais detalhes sobre teoria eou teorizaccedilatildeo seratildeo apresentados no toacutepico IV-b A praacutetica da teorizaccedilatildeo
(em preparo)
[13] CHALMERS A F 1976 Referecircncias
op cit (Voltar pelo browser) pp 23-63
[14] Idem p 28 [15] Esta versatildeo eacute uma adaptaccedilatildeo do princiacutepio da induccedilatildeo
como enunciado por CHALMERS (1976) op cit Se um grande nuacutemero de As foi observado sob uma ampla variedade de condiccedilotildees e se todos esses As observados possuiacuteam sem exceccedilatildeo a propriedade B entatildeo todos os As possuem a propriedade B
[16] Neste caso o princiacutepio ficaria
Aparentes contradiccedilotildees que o iniciante possa descobrir ao comparar os dois enunciados natildeo
comprometem o raciociacutenio que se segue razatildeo pela qual admitirei a equivalecircncia sem justificaacute-la
Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa seraacute hipoacutetese se e somente se for passiacutevel de verificaccedilatildeo
observacional
[17] SEVERINO J S 1994
O primeiro se torna a afirmaccedilatildeo inconsistente
Metodologia do trabalho cientiacutefico[18] POPPER K R 1956
Cortez Editora Satildeo Paulo op cit
[19] SIEGEL S 1977 Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica
[20] Eacute possiacutevel que alguns dentre os indutivistas natildeo concordem com alguns dos termos da afirmaccedilatildeo por motivos que podem ser suspeitados tendo em vista o apresentado
neste e no item anterior
Ed McGraw-Hill do Brasil Ltda Satildeo Paulo p 6
[21] GIL A C 1994 Como elaborar projetos de pesquisas
[22] Em FERREIRA A B H 1986
Editora Atlas S A Satildeo Paulo p 35 [Os grifos satildeo
meus] op cit (Voltar pelo
browser) encontramos uma definiccedilatildeo mais geral a satisfazer tambeacutem o argumento indutivista Teoria eacute um
conjunto de conhecimentos natildeo ingecircnuos que apresentam graus diversos de sistematizaccedilatildeo e credibilidade e que se
propotildeem a explicar elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio de fenocircmenos ou de acontecimentos que se
oferecem agrave atividade praacutetica [23] Os trecircs livros citados a seguir natildeo satildeo os uacutenicos
nos gecircneros assinalados a despeito da disparidade apontada Ao tempo em que registro com estes exemplos a exceccedilatildeo agrave regra presto tambeacutem uma homenagem a autores que ao serem por mim lidos transmutaram em duacutevidas muitas das
respostas a questotildees fundamentais e que eu
28
pretensiosamente julgava possuir [24] BUNGE M Teoria e realidade
[25] LACEY HM 1972
Ed Perspectiva (traduccedilatildeo 1994) Satildeo Paulo
A linguagem do espaccedilo e do tempo
[26] BOHM D e PEAT F D
Ed Perspectiva SA
Ciecircncia ordem e criatividade
[27] A esse respeito vale a pena ler
Gradiva Publicaccedilotildees Ltda (traduccedilatildeo 1989) Lisboa
Cientiacuteficos Chiflados capiacutetulo XIV do livro BERNSTEIN J 1988 Observacioacuten de
la Ciencia[28] EINSTEIN A
Ed Fondo de Cultura Econoacutemica Meacutexico Fiacutesica e realidade in Albert Einstein
Pensamento poliacutetico e uacuteltimas conclusotildees (1983 traduccedilatildeo) Edit Brasiliense S A Satildeo Paulo [O grifo eacute meu]
[29] Este termo eu utilizei pela primeira vez no artigo MESQUITA Fdeg A 1983 Ciecircncia empiacuterica uma arma ou uma daacutediva Faculdade
Antes de mais nada afirmarei sem me alongar que uma teoria adotado o argumento dedutivista pode ser
corroborada ou negada fundamentalmente atraveacutes de um dos trecircs procedimentos seguintes 1) Pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de uma de suas hipoacuteteses 2) pela verificaccedilatildeo ou negaccedilatildeo de uma de suas prediccedilotildees 3) pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de teorias auxiliares deduzidas da teoria principal (teoria em teste ou sob suspeita) as teorias
auxiliares podem ser de trecircs tipos teorias ou hipoacuteteses de nulidade teorias ou hipoacuteteses salvadoras e teorias ou hipoacuteteses assassinas
(Revista do IAMC) ndeg 6 p 28-43 agosto83
7 O falsificacionismo O falsificacionismo natildeo foi proposto como um meacutetodo novo mas sim como um criteacuterio ou conduta a ser ou natildeo adotado por aqueles que se conformam ao meacutetodo dedutivo de prova
Natildeo haacute nada no falsificacionismo do ponto de vista metodoloacutegico que natildeo esteja previsto ou que natildeo decorra naturalmente de uma opccedilatildeo a ser seguida espontaneamente ou natildeo por este ou aquele dedutivista Qual seria entatildeo este criteacuterio Com que finalidade foi proposto A resposta a estas perguntas bem como o meacuterito do falsificacionismo constituem o objetivo deste e dos proacuteximos dois itens
[30] Incluem-se no rol das teorias auxiliares como veremos oportunamente as teorias
transcendentais frequumlentemente conotadas por experiecircncias de pensamento As prediccedilotildees e as hipoacuteteses ou teorias auxiliares satildeo teorias geradas utilizando-se do proacuteprio argumento dedutivista esquematizado na figura 3 Neste caso o foco de atenccedilatildeo inicial frac34representado na figura como observaccedilatildeofrac34 eacute nada mais nada menos que a proacutepria teoria que deu origem agrave prediccedilatildeo eou agrave teoria auxiliar Ao valorizar a falseabilidade como criteacuterio a ser adotado
pelos dedutivistas Popper nada mais fez que tentar expandir ou trazer para o domiacutenio da metodologia
cientiacutefica uma praacutetica amplamente utilizada com sucesso em estatiacutestica o criteacuterio de tomada de decisatildeo atraveacutes da
hipoacutetese de nulidade (Ho
O primeiro passo ou estaacutegio no processo de tomada de decisatildeo eacute
definir a hipoacutetese de nulidade (
)
Ho) Formula-se usualmente com o expresso propoacutesito de ser rejeitada Se eacute
29
rejeitada pode-se aceitar a hipoacutetese alternativa (H1) A hipoacutetese
alternativa eacute a definiccedilatildeo operacional da hipoacutetese de pesquisa do
pesquisador A hipoacutetese de pesquisa eacute a prediccedilatildeo deduzida da teoria que estaacute
sendo comprovada [31] A contribuiccedilatildeo de Popper a esse respeito limitou-se agrave ecircnfase que deu agrave importacircncia da procura por hipoacuteteses de
nulidade Ateacute entatildeo este costume estava restrito agrave procura por previsotildees frac34apresentadas via de regra pelo proacuteprio autor da teoriafrac34 eou hipoacuteteses salvadoras frac34levantadas
pelos adeptos da teoria em focofrac34 eou hipoacuteteses assassinas frac34levantadas pelos criacuteticos da teoria em questatildeo As quatro
tecircm uma caracteriacutestica comum satildeo todas teorias falseadoras
A boa teoria dentre outras qualidades [32] e segundo Popper eacute aquela potencialmente geradora de hipoacuteteses
falseadoras e tanto melhor seraacute quanto maior for o risco de ser negada Ela pode ateacute mesmo ser derrubada no primeiro teste a que for submetida o que natildeo invalida o que foi
dito foi uma boa teoria enquanto durou e voltaraacute a ser se conseguir ressurgir das cinzas Dito em outras palavras o criteacuterio para se avaliar a virtude de uma teoria nascente repousa no seu grau de submissatildeo a testes adversos Uma teoria de baixo risco raramente eacute bem vinda [33] e uma
teoria sem risco algum na opiniatildeo de Popper natildeo eacute cientiacutefica e eu iria aleacutem sequer eacute teoria
Levando-se em conta que o criteacuterio falsificacionista peca pela subjetividade deve-se tomar cuidado ao se optar por uma teoria em detrimento de outra pelo fato de a primeira
ser mais falseaacutevel que a segunda Diferentes hipoacuteteses falseadoras devem apresentar pesos diferentes e este peso
mesmo quando bem estimado frequumlentemente o eacute por um processo subjetivo Natildeo eacute raro utilizar-se desta
subjetividade inerente ao falsificacionismo para justificar escolhas feitas segundo criteacuterios poliacuteticos econocircmicos
interesseiros corporativistas ou entatildeo apoiados em princiacutepios outros que tambeacutem deixam a desejar no que diz
respeito agrave eacutetica do cientista 8 Entendendo o falsificacionismo
Suponha que algueacutem deduza a seguinte hipoacutetese H1 As maccedilatildes do Estado de Satildeo Paulo satildeo vermelhas A teoria assim
simulada eacute uma teoria de hipoacutetese uacutenica Percebam que no argumento da hipoacutetese estaacute se admitindo como pressupostos uma infinidade de conceitos tais como fruta maccedilatilde cor
vermelho local Satildeo Paulo Brasil etc Estes pressupostos satildeo o que Severino chama de evidecircncias preacutevias como vimos no item 5 e constituem uma das bases da argumentaccedilatildeo de Chalmers [34] ao contestar os que afirmam que a ciecircncia
comeccedila com a observaccedilatildeo Um exemplo de previsatildeo desta teoria seria as maccedilatildes de
Jundiaiacute devem ser vermelhas tendo em vista que Jundiaiacute se localiza no Estado de Satildeo Paulo
Suponha tambeacutem que algueacutem tenha demonstrado que em condiccedilotildees X outra fruta que natildeo a maccedilatilde e que
originalmente era de determinada cor se modifica e conclui que se a teoria sobre as maccedilatildes for verdadeira ela
deveraacute permanecer verdadeira nas condiccedilotildees X Pode-se entatildeo construir a seguinte hipoacutetese de nulidade Ho Em
condiccedilotildees X obter-se-atildeo em Satildeo Paulo maccedilatildes natildeo
30
vermelhas Esta previsatildeo natildeo decorre da teoria (H1) mas de evidecircncias preacutevias outras e estranhas agrave mesma Se esta
hipoacutetese (Ho) for verificada a hipoacutetese original H1
Seraacute que este simples fato condena a teoria original Para o falsificacionista ingecircnuo sim Para aquele que entendeu e aceitou o significado da afirmaccedilatildeo de Popper citada
neste artigo ao final do
estaraacute falseada
quarto paraacutegrafo do item 5 natildeo Optar por uma teoria natildeo significa crer numa verdade
absoluta Se eu afirmo que Ho eacute verdadeira e consequumlentemente H1 eacute falsa isto natildeo significa que eu
estou atribuindo o grau de veracidade 100 a uma hipoacutetese e 0 agrave outra significa simplesmente que a verificaccedilatildeo experimental me convenceu a optar por uma teoria em
detrimento da outra A opccedilatildeo eacute uma das maneiras pelas quais o cientista expressa a sua feacute na ciecircncia [35] e o
falsificacionismo estabelece normas a lhe orientar nesta opccedilatildeo
Suponha agora que em condiccedilotildees X ou em outra condiccedilatildeo qualquer se encontrem no Estado de Satildeo Paulo maccedilatildes verdes Significa isto que a hipoacutetese H1
Natildeo podemos em satilde consciecircncia dizer que a psicanaacutelise por exemplo natildeo pertenccedila ao campo da ciecircncia pelo simples
fato de uma de suas teorias precursoras ser natildeo falseaacutevel Sequer podemos dizer que o autor dessa ideacuteia natildeo
fosse cientista se eacute verdade que a psicanaacutelise se desenvolveu em cima desta ideacuteia e apesar disso conseguiu
eacute falsa Natildeo Simplesmente ela foi falseada Nada impede que amanhatilde com a evoluccedilatildeo da ciecircncia se descubra que estes frutos verdes a que hoje associamos a ideacuteia maccedilatilde estejam inseridos num
outro contexto e que realmente natildeo sejam maccedilatildes Por que entatildeo se daacute preferecircncia a verificaccedilotildees falseadoras em detrimento das corroboradoras Ora isto nem sempre
acontece conquanto seja esta uma das regras propostas pelo falsificacionismo Por exemplo tanto a teoria da
relatividade quanto a mecacircnica quacircntica satildeo teorias fiacutesicas amplamente aceitas graccedilas a terem sido
corroboradas por previsotildees que se confirmaram e pouco valor se deu a um grande nuacutemero de testes que as falsearam Por outro lado estas duas teorias satildeo concomitantemente aceitas pelos fiacutesicos conquanto existam fortes argumentos
a provar que cada uma destas duas teorias falseia a outra e ambas falseiam a teoria de Maxwell que tambeacutem eacute aceita como verdadeira Certos ou errados neste caso os fiacutesicos modernos dentre os quais se inclui Popper fizeram uma opccedilatildeo contraacuteria agrave norma falsificacionista e natildeo haacute
como criticaacute-los por essa conduta a menos que se pretenda atribuir ao falsificacionismo uma qualidade que ele natildeo
possui a de estabelecer criteacuterios absolutos de veracidade O falsificacionismo presta-se tambeacutem a fomentar o diaacutelogo e a criatividade Neste caso surge quase como que um apelo para que se invista mais em experiecircncias de pensamento um
recurso legiacutetimo e de grande valor em ciecircncia 9 O falsificacionismo como delimitador da ciecircncia
Vimos no item 7 que para Popper uma teoria sem risco algum natildeo eacute cientiacutefica e eu acrescentei sequer eacute teoria Popper quis se aproveitar deste argumento para delimitar a ciecircncia utilizando-se entatildeo do falsificacionismo como
criteacuterio de cientificidade Com esta opccedilatildeo Popper desagradou a muitos e convenceu a poucos ainda que sua
ideacuteia natildeo fosse de todo maacute
31
de alguma forma se impor como ciecircncia muito provavelmente queiramos ou natildeo seu autor contribuiu diretamente para o progresso da ciecircncia Mesmo que hoje algueacutem chegasse a concluir categoricamente pelo caraacuteter natildeo cientiacutefico da psicanaacutelise isto de forma alguma nos autorizaria a hipoteticamente condenaacute-la agrave estagnaccedilatildeo Se um cientista utilizando-se de maus criteacuterios ou ateacute mesmo apoiando-se em dogmas constroacutei de maneira natildeo
cientiacutefica um determinado campo do conhecimento isto natildeo significa que este campo natildeo possa vir a ser estudado cientificamente e que natildeo se possam criteriosamente
aproveitar as conclusotildees de seus estudos Nada impede que uma teoria considerada hoje como natildeo cientiacutefica pelo fato de possuir uma ou mais hipoacuteteses natildeo falseaacuteveis adquira
esse status apoacutes passar por ligeiras reformulaccedilotildees Natildeo podemos assumir que um campo do conhecimento seja natildeo cientiacutefico pelo simples fato de natildeo encontrarmos nele
teorias cientiacuteficas Este posicionamento de Popper a meu ver natildeo se justifica o falsificacionismo natildeo eacute um bom
criteacuterio delimitador da ciecircncia e isto eu espero que tenha ficado claro para o leitor E mais natildeo existem aacutereas natildeo cientiacuteficas mas sim aacutereas onde ainda natildeo foram produzidos conhecimentos cientiacuteficos O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo e pelo menos nesta etapa nada eacute absolutamente corroboraacutevel ou falseaacutevel Podemos ainda
dizer que a ciecircncia natildeo se localiza aqui ou acolaacute sob esse aspecto a ciecircncia natildeo tem fronteiras
10 Enfim a teoria do meacutetodo Nos demais artigos desta seacuterie irei demonstrar ser possiacutevel partindo da regra cientiacutefica fundamental desenvolver uma teoria sobre o meacutetodo cientiacutefico
utilizando-se das trecircs hipoacuteteses seguintes 1 O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo 2 A produccedilatildeo de conhecimentos passa
necessariamente pelas etapas deduccedilatildeo anaacutelise induccedilatildeo e
siacutentese na ordem apresentada 3 Os princiacutepios cientiacuteficos fundamentais satildeo universais
Por questatildeo de simplicidade subdividirei o estudo do meacutetodo em trecircs etapas correspondentes a cada uma das hipoacuteteses 1) o estudo do macromeacutetodo cientiacutefico 2) o estudo do meacutetodo cientiacutefico propriamente dito e 3) o estudo do micromeacutetodo cientiacutefico Os toacutepicos nos quais
desenvolverei estas etapas estatildeo em fase de projeto natildeo havendo portanto previsatildeo quanto agrave eacutepoca de publicaccedilatildeo
Meacutetodo cientiacutefico
Origem Wikipeacutedia a enciclopeacutedia livre
A palavra meacutetodo vem do grego meacutethodos (caminho para chegar a um fim) O meacutetodo cientiacutefico eacute um conjunto de regras baacutesicas para desenvolver uma experiecircncia a fim de produzir novo conhecimento bem como corrigir e integrar conhecimentos preacute-existentes Na maioria das disciplinas cientiacuteficas consiste em juntar evidecircncias observaacuteveis empiacutericas (ou seja baseadas apenas na experiecircncia) e
mensuraacuteveis e as analisar com o uso da loacutegica Para muitos autores o meacutetodo cientiacutefico nada mais eacute do que a loacutegica
32
aplicada agrave ciecircncia (Haddad) Metodologia literalmente refere-se ao estudo dos meacutetodos e especialmente do meacutetodo da ciecircncia que se supotildee universal Embora procedimentos variem de uma aacuterea da
ciecircncia para outra (as disciplinas cientiacuteficas) diferenciadas por seus distintos objetos de estudo
consegue-se determinar certos elementos que diferenciam o meacutetodo cientiacutefico de outros meacutetodos (filosoacutefico algoritmo
ndash matemaacutetico etc)
Primeiramente os pesquisadores definem proposiccedilotildees loacutegicas ou suposiccedilotildees (hipoacuteteses) para explicar certos fenocircmenos e observaccedilotildees e entatildeo desenvolvem experimentos que testam essas hipoacuteteses Se confirmadas as hipoacuteteses podem gerar leis e teorias Integrando-se hipoacuteteses de certa aacuterea em uma estrutura coerente de conhecimento contribuiacute-se na
formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bem como coloca as hipoacuteteses em um conjunto de conhecimento maior que satildeo as
leis e teorias reconhecidas consensualmente pela comunidade cientiacutefica eou o
O contexto de uma pesquisa
paradigma de seu tempo Outra caracteriacutestica do meacutetodo eacute que o processo precisa
ser objetivo e o cientista deve ser imparcial na interpretaccedilatildeo dos resultados Sobre a objetividade o seja
atente agraves propriedades do objeto e natildeo do sujeito (subjetividade) eacute conhecida a afirmaccedilatildeo de Hans Selye
pesquisador canadense que formulou a moderna concepccedilatildeo de stress ldquoQuem natildeo sabe o que procura natildeo entende o que encontrardquo referindo-se a necessidade de formulaccedilatildeo de definiccedilotildees precisas (a essecircncia dos conceitos) e que
possam ser respondidas com o simples sim ou natildeo Tanto a imparcialidade (evidecircncia) como a objetividade foram incluiacutedas por Reneacute Descartes (1596 ndash 1649) nas regras
loacutegicas que caracterizam o meacutetodo cientiacutefico Aleacutem disso o procedimento precisa ser documentado tanto no que diz respeito agrave fonte de dados como as regras de anaacutelise para que outros cientistas possam re-analisar reproduzir e verificar a confiabilidade dos resultados Assim se distingue os relatos cientiacuteficos (artigos
monografias teses e dissertaccedilotildees) de um simples estilo (padratildeo) ou arquitetura de texto orientados pelo que caracteriza as normas da Retoacuterica ou estudo do uso persuasivo da linguagem em funccedilatildeo da eloquumlecircncia
Eacute comum o uso da anaacutelise matemaacutetica ou estatiacutestica quando possiacutevel ou aproximaccedilatildeo de modelos abstratos (tipos ideais) e categorias de classificaccedilatildeo a depender do
objetivo da pesquisa (identificar descrever analisar) que pode ser basicamente quantitativa ou qualitativa A divisatildeo da ciecircncia em aacutereas ou distintas disciplinas
cientificas tem levado a tais adequaccedilotildees da metodologia Eacute comum a afirmaccedilatildeo de que em funccedilatildeo da evoluccedilatildeo do meacutetodo
cientifico num extremo temos a fiacutesica e quiacutemica seguida da biologia e por uacuteltimo as ciecircncias sociais psicologia e ciecircncias juriacutedicas quase se aproximando da filosofia e estudo das crenccedilas (senso comum) ou ciecircncias do espiacuterito
(sistemas miacutetico - religiosos) Contudo pesquisadores contemporacircneos vecircem nessas duas abordagens uma oposiccedilatildeo complementar enquanto as pesquisas quantitativas visam descrever e explicar fenocircmenos que produzem regularidades mensuraacuteveis satildeo recorrentes (ou discrepantes) e exteriores ao sujeito
33
(objetivos) na pesquisa qualitativa o observador (sujeito) eacute da mesma natureza que o objeto de sua anaacutelise e ele proacuteprio uma parte de sua observaccedilatildeo (o subjetivo)
Eacute importante ter em mente que as pesquisas cientificas relacionam-se com um modelo (paradigmaacutetico) ou uma
constelaccedilatildeo de pressupostos e crenccedilas escalas de valores teacutecnicas e conceitos compartilhados pelos membros de uma determinada comunidade cientiacutefica num determinado momento
histoacuterico
Ciecircncia eacute muito mais uma maneira de pensar do que um corpo de conhecimentos -
Elementos do meacutetodo cientiacutefico
Carl Sagan ciecircncia consiste em agrupar factos para que leis
gerais ou conclusotildees possam ser tiradas deles - Charles Darwin
O meacutetodo cientiacutefico eacute composto dos seguintes elementos bull Caracterizaccedilatildeo - Quantificaccedilotildees observaccedilotildees e
medidas bull Hipoacuteteses - Explicaccedilotildees hipoteacuteticas das observaccedilotildees e
medidas bull Previsotildees - Deduccedilotildees loacutegicas das hipoacuteteses
bull Experimentos - Testes dos trecircs elementos acima O meacutetodo cientiacutefico consiste dos seguintes aspectos bull Observaccedilatildeo - Uma observaccedilatildeo pode ser simples isto eacute
feita a olho nu ou pode exigir a utilizaccedilatildeo de instrumentos apropriados
bull Descriccedilatildeo - O experimento precisa ser replicaacutevel (capaz de ser reproduzido)
bull Previsatildeo - As hipoacuteteses precisam ser vaacutelidas para observaccedilotildees feitas no passado no presente e no
futuro bull Controle - Para maior seguranccedila nas conclusotildees toda
experiecircncia deve ser controlada Experiecircncia controlada eacute aquela que eacute realizada com teacutecnicas que permitem descartar as variaacuteveis passiacuteveis de mascarar
o resultado bull Falseabilidade[1]
bull Explicaccedilatildeo das Causas - Na maioria das aacutereas da Ciecircncia eacute necessaacuterio que haja causalidade Nessas
condiccedilotildees os seguintes requerimentos satildeo vistos como importantes no entendimento cientiacutefico
- toda hipoacutetese tem que ser falseaacutevel ou refutaacutevel Isso natildeo quer dizer que o experimento seja falso mas sim que ele pode ser verificado
contestado Ou seja se ele realmente for falso deve ser possiacutevel provaacute-lo
bull Identificaccedilatildeo das Causas bull Correlaccedilatildeo dos eventos - As causas precisam se
correlacionar com as observaccedilotildees bull Ordem dos eventos - As causas precisam preceder
no tempo os efeitos observados Na aacuterea da sauacutede a natureza da associaccedilatildeo causal foi formulada por Hence e adaptada por Robert Koch em 1877
para demonstraccedilatildeo da relaccedilatildeo causal entre microrganismos e patologias consistindo basicamente no enunciado acima ou seja forccedila da associaccedilatildeo (conectividade) sequumlecircncia temporal (assimetria) transitividade (evidecircncia experimental) previsibilidade estabilidade
Uma maneira linearizada e pragmaacutetica de apresentar os quatro pontos acima estaacute exposto a seguir passo-a-passo
34
Vale a pena notar que eacute apenas um exemplo natildeo sendo obrigatoacuterio a existecircncia de todos esses passos Na
verdade na maioria dos casos natildeo se segue todos esses passos ou mesmo parte deles O meacutetodo cientiacutefico natildeo eacute
uma receita ele requer inteligecircncia imaginaccedilatildeo e criatividade O importante eacute que os aspectos e elementos
apresentados acima estejam presentes bull Definir o problema
bull Recolhimento de dados bull Proposta de uma hipoacutetese
bull Realizaccedilatildeo de uma experiecircncia controlada para testar a validade da hipoacutetese
bull Anaacutelise dos resultados bull Interpretar os dados e tirar conclusotildees o que serve
para a formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bull Publicaccedilatildeo dos resultados em monografias
dissertaccedilotildees teses artigos ou livros aceitos por universidades e ou reconhecidos pela comunidade
cientiacutefica Observe-se que nem todas as hipoacutetese podem ser confirmadas
ou refutadas por experimentos e que em muitas aacutereas do conhecimento o recolhimento de dados e a tentativas de interpretaacute-los jaacute eacute uma grande tarefa como nas ciecircncias
humanas e juriacutedicas (criminologia)
Ciecircncias humanas A limitaccedilatildeo eacutetica da realizaccedilatildeo experimentos com seres humanos o estudo das subjetividades ou essencialmente
subjetivo individual e particular psiquismo humano ou a natureza histoacuterica do objeto das ciecircncias sociais conduziram os pensadores a distintos caminhos ou
proposiccedilotildees de estudo para o meacutetodo cientiacutefico Contudo parafraseando Minayoldquouma base de dados quando bem trabalhada teoacuterica e praticamente produz riqueza de informaccedilotildees aprofundamento e maior fidedignidade
interpretativardquo As principais divergecircncias na anaacutelise dos resultados de pesquisas em ciecircncias sociais ou humanas se datildeo no plano da contextualizaccedilatildeo dos dados ou informaccedilotildees obtidas em campo nos diversos sistemas teoacutericos ou seja conjunto de teorias e leis reconhecidas como consensuais em distintos
momentos histoacutericos eou segmentos das comunidades cientiacuteficas Nas ciecircncias sociais identifica-se trecircs
grandes correntes de pensamentos bull Positivismo Auguste Comte
bull Fenomenologia (Fenomenologia do Espiacuterito Estruturalismo
bull Materialismo dialeacutetico Dialeacutetica Marxismo
A histoacuteria do meacutetodo cientiacutefico se mistura com a histoacuteria da ciecircncia Documentos do
A evoluccedilatildeo do conceito de meacutetodo
Antigo Egito jaacute descrevem meacutetodos de diagnoacutesticos meacutedicos Na cultura da Greacutecia
Antiga os primeiros indiacutecios do meacutetodo cientiacutefico comeccedilam a aparecer Grande avanccedilo no meacutetodo foi feito no comeccedilo da filosofia islacircmica principalmente no uso de experimentos
para decidir entre duas hipoacuteteses Os principios fundamentais do meacutetodo cientiacutefico se consolidaram com o surgimento da Fiacutesica nos seacuteculos XVII e XVIII Francis
Bacon em seu trabalho Novum Organum(1620)-uma referecircncia
35
ao Organon de Aristoacuteteles-especifica um novo sistema loacutegico para melhorar o velho processo filosoacutefico do
silogismo A metodologia cientiacutefica tem sua origem no pensamento de
Descartes que foi posteriormente desenvolvimento empiricamente pelo fiacutesico inglecircs Isaac Newton Reneacute Descartes propocircs chegar agrave verdade atraveacutes da duacutevida sistemaacutetica e da decomposiccedilatildeo do problema em pequenas
partes caracteriacutesticas que definiram a base da pesquisa cientiacutefica
Lecirc-se no livro o Discurso do meacutetodo E como a multiplicidade de leis serve frequentemente para escusar os viacutecios de sorte que um estado eacute muito melhor governado quando possuindo poucas elas satildeo aiacute rigorosamente aplicadas assim em lugar de um grande
nuacutemero de preceitosde qua a loacutegica eacute composta acrediteis que jaacute me seriam bastante quatro contanto que tomasse a firme e constante resoluccedilatildeo de natildeo deixar uma vez soacute de
observaacute-los O primeiro consistia em nunca aceitar por verdadeira coisa nenhuma que natildeo conhecesse como evidente isto eacute
devia evitar cuidadosamente a precipitaccedilatildeo e a prevenccedilatildeo e nada incluir em meus juizos que natildeo se apresentasse tatildeo claramente e tatildeo distintamente ao meu espiacuterito que natildeo
tivesse nenhuma ocasiatildeo de o por em duacutevida O segundo ndash dividir cada uma das dificuldades que
examinasse em tantas parcelas quantas pudesse ser e fossem exigidas para melhor compreendecirc-las
O terceiro ndash conduzir por ordem os meus pensamento comeccedilando pelos objetos mais simples e faacuteceis de serem conhecidos para subir pouco a pouco como por degraus ateacute o conhecimento dos mais compostos e supondo mesmo
certa ordem entre os que natildeo se precedem naturalmente uns aos outros
e o uacuteltimo ndash fazer sempre enumeraccedilotildees tatildeo completas e revisotildees tatildeo gerais que ficasse certo de nada
omitir Correntemente estas regras satildeo 1 ndash da evidecircncia 2 ndash da
divisatildeo ou anaacutelise 3 ndash da ordem ou deduccedilatildeo 3 da enumeraccedilatildeo (contar especificar) classificaccedilatildeo
O acidente (serendipity
Eacute comum considerar alguns dos mais importantes avanccedilos na ciecircncia tais como as
)
descobertas da radioatividade por Henri Becquerel ou da penicilina por Alexander Fleming como tendo ocorrido por acidente no entanto o que eacute possiacutevel afirmar agrave luz da observaccedilatildeo cientiacutefica eacute que
teratildeo sido parcialmente acidentais uma vez que as pessoas envolvidas haviam aprendido a pensar cientificamente
estando portanto conscientes de que observaram algo novo e interessante
Os progressos da ciecircncia satildeo acompanhados de muitas horas de trabalho cuidadoso que segue um caminho mais ou menos sistemaacutetico na busca de respostas a questotildees cientiacuteficas
Eacute este o caminho denominado de meacutetodo cientiacutefico
A A hipoacutetese
Hipoacutetese (do gr Hypoacutethesis) eacute uma proposiccedilatildeo que se admite de modo provisoacuterio como princiacutepio do qual se pode
deduzir pelas regras da loacutegica um conjunto dado de proposiccedilotildees ou um mecanismo da experiecircncia a explicar
36
Literalmente pode ser compreendida como uma suposiccedilatildeo ou pergunta conjetura que orienta uma investigaccedilatildeo por
antecipar caracteriacutesticas provaacuteveis do objeto investigado e que vale quer pela confirmaccedilatildeo atraveacutes de deduccedilotildees loacutegicas dessas caracteriacutesticas quer pelo encontro de novos caminhos de investigaccedilatildeo (novas hipoacuteteses e novos
experimentos) No meacutetodo cientiacutefico a hipoacutetese eacute o caminho que deve levar agrave formulaccedilatildeo de uma teoria O cientista na sua hipoacutetese tem dois objetivos explicar um fato e prever
outros acontecimentos dele decorrentes (deduzir as consequencias) A hipoacutetese deveraacute ser testada em
experiecircncias laboratoriais controladasSe apoacutes muitas dessas experiecircncias os resultados obtidos pelos
pesquisadores natildeo contrariarem a hipoacutetese entatildeo ela seraacute aceita como uma lei e integrada agrave uma teoria eou sistema
teacuteoacuterico
Referecircncias 1 uarr [PDF] Estudos do meacutetodo cientiacutefico
Ver tambeacutem bull Verdade
bull Falseabilidade bull Karl Popper
bull Filosofia da ciecircncia bull Histoacuteria da ciecircncia
bull Epistemologia bull Loacutegica
bull Aristoacuteteles bull Georg Wilhelm Friedrich Hegel
bull Complexidade bull Reducionismo
bull Navalha de Occam bull Ciecircncia
bull Pseudociecircncia bull Paradigma
bull Paul Feyerabend bull Thomas Kuhn
bull Gaston Bachelard bull Teoria
bull Lei (ciecircncias) bull Hipoacutetese
bull Tese bull Dissertaccedilatildeo
Bibliografia
Becker Howard S Meacutetodos de pesquisa em ciecircncias sociais SP Hucitec 1999
Chizzotti Antonio Pesquisa em ciecircncia humanas e sociais SP Cortez 2006
Comte August Discurso preliminar sobre o espiacuterito positivo
Descartes Reneacute Discurso do meacutetodo (traduccedilatildeo prefaacutecio e notas de Joatildeo Cruz Costa SP Ed de Ouro 1970 disponiacutevel
para download em domiacutenio puacuteblico httpwwwdominiopublico e eBooket
httpwwweBooketnet IntraText Reneacute Descartes - e-books
37
Haddad Nagib Metodologia de estudos em ciecircncias da sauacutede como planejar analisar e apresentar um trabalho
cientiacutefico SP Roca 2004 Minayo Maria C de Souza (org) Deslandes (Suely F
Gomes Romeu Pesquisa social teoria meacutetodo e criatividade Petroacutepolis RJ Vozes 2007
Lakatos Eva Maria Marconi Marina de A Meacutetodologia cientiacutefica SP Atlas 2007
Selye Hans Stress a tensatildeo da vida SP IBRASA 1965
Ligaccedilotildees externas bull Explicando o Meacutetodo Cientiacutefico
bull Prova Cientiacutefica bull Diretrizes para elaboraccedilatildeo de dissertaccedilotildees e teses -
USP bull Centro Cochrane do Brasil
bull Metodologiaorg bull Evidecircnciascom
bull Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq)
bull Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciecircncia bull Lista de Perioacutedicos cientificos brasileiros por
assunto bull SciELO - Scientific Electronic Library Online
bull Perioacutedicos UNESCO bull Ciecircncia Hoje
bull Scientific American - Brasil bull Scientific American
COLCHA DE RETALHOS CIENTIacuteFICA (a realidade natildeo eacute Frankenstein ela eacute uacutenica e funcional)
A realidade segundo a Ciecircncia geral
A senhora Ciecircncia trabalhando com
seus remendos
Drordf Ciecircncia e seu filho
Mary Shelley viu o futuro
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Somos Monstros 6 05 2008
Tudo comeccedilou com um desafio feito a Mary Shelley (1797-1851) entatildeo uma jovem de 21 anos por Lord Byron Na eacutepoca 1918 Byron propocircs a Mary e seu marido que
escrevessem um conto de terror uma maneira de passar o tempo jaacute que suas feacuterias estavam sendo consumidas
intediantemente pelo mau tempo Mary foi a uacuteltima a dar iniacutecio ao seu conto que acabou baseado em um pesadelo que
teve numa daquelas noites de chuva E dentre todos o conto de Shelley foi o que mais surpreendeu e arrepiou Insentivada a continuar Mary Shelley desenvolveu ainda
mais sua histoacuteria e transformou-a em um dos mais conhecidos e celebrados livros da Histoacuteria Frankenstein
Victor Frankenstein era um jovem curioso com sede de conhecimento apaixonado pela ciecircncia intrigado com os segredos da vida e louco para deixar sua marca no mundo Havia aprendido sozinho em casa sobre as fantasias da Alquimia no entanto apenas na universidade ele foi descobrir que toda sua bagagem de conhecimento estava ultrapassada haacute muito Acabou se tornando um aluno
exemplar dedicado agrave quiacutemica e agrave biologia Foi assim que sozinho em seu laboratoacuterio em Ingolstadt Victor deu iniacutecio agrave sua criaccedilatildeo misturando seus conhecimentos
teoacutericos de fisiologia e filosofia natural com princiacutepios de mecacircnica decido a descobrir se o princiacutepio que
mantinha animado o corpo poderia pernecer mesmo apoacutes a morte Como Victor fez isso todos jaacute sabemos deu vida a uma criatura formada por partes de cadaacuteveres de tamanho
descomunal (cerca de 25m de altura) e aparecircncia horripilante E eacute aqui que daacute-se iniacutecio ao grande trunfo
da histoacuteria Ao despertar da Criatura Frankenstein acaba por cair na realidade vendo como era realmente feia sua criaccedilatildeo com
seus membros desproporcionais seu olhos aquosos e amarelos incompleta a ponto de seus tecidos nem sequer
cobrirem todo o corpo deixando agrave mostra muacutesculos e ossos Desesperado e com medo arrependido de sua audaacutecia Victor
abandona sua Criatura decaindo num suacutebito acesso de naacuteusea e lucidez
Pobre Criatura um ser vazio de conhecimentos ignorante em relaccedilatildeo ao conviacutevio social solto num mundo de pessoas
39
preconceituosas e indiferentes A personificaccedilatildeo perfeita da famosa teoria de Rousseau a do ldquobom selvagemrdquo que diz
que todo o homem nasce ldquopurordquo e eacute corrompido pela sociedade violenta viciosa e materialista Quem lecirc a
histoacuteria de Frankenstein espera encontrar terror suspense e aventura onde um monstro estaria a solta para destruir e matar No entanto descobre um mundo onde noacutes humanos somos totalmente repugnantes e no qual o uacutenico ser que
realmente tem algum valor eacute o monstro excluiacutedo por todos Poucos livros retratam tatildeo bem a indiferenccedila humana e a nossa mania de dar mais valor agraves aparecircncias do que aos
sentimentos carater e virtudes Mary Shelley escreveu uma autecircntica obra-prima da
literatura universal um romance capaz de despertar no leitor a pena e a compaixatildeo por um monstro e a repugnacircncia
de nossa proacutepria raccedila Uma liccedilatildeo que ainda natildeo foi aprendida mesmo depois de quase 200 anos
Ficha Teacutecnica Tiacutetulo Frankestein (Frankenstein or the Modern
Prometheus) Autor Mary Shalley Paiacutes Inglaterra
Publicaccedilatildeo Original 1818 Publicaccedilatildeo Lida Martin Claret Editora 2001
5
Capiacutetulo 2 Trabalho Feito pela Metade
Mas haacute alguns que natildeo reconhecem isso
MACHISTAS 25
A CURVA DO SINO LEVADA AOS EXTREMISMOS 475 475 FEMINISTAS
25 superafirmaccedilatildeo
dos machos superafirmaccedilatildeo
das fecircmeas Isso porque existem quatro sexos e natildeo dois e daiacute todas
as combinaccedilotildees que vem deles (como estaacute dito no modelo) bull machos bull fecircmeas bull pseudo-machos (veados gays boiolas e todos os
apelidos ofensivos a ofensibilidade natildeo estaacute no nome e sim no desejo de ofender)
bull pseudo-fecircmeas (sapatotildees leacutesbicas e demais enquadramentos)
Machismo leva a homossexualismo masculino (se eacute homossexual como pode ser maacutesculo) e feminismo leva a homossexualismo feminino (idem) Satildeo extremizaccedilotildees supertemperaturas que soacute aparecem em excesso em certas situaccedilotildees que declararemos depois
UMA LISTA IMENSA DE TRABALHOS FEITOS PELA NOSSA OUTRA METAD
E (significa que vocecirc ficou livre disso ficou livre ficou vocecirc teve tempo para vocecirc porque algueacutem que participa de seu projeto de vida livrou-o ou livrou-a de ter de fazer tudo o que significou milhotildees de produtos postos a seu serviccedilo)
Na verdade a lista acima eacute pequena bem pequena Ela poderia ser encomprida ilimitadamente para conter tudo que a humanidade faz pois a soma de tudo eacute feita pela outra metade outra metade em relaccedilatildeo a uma e outra uma em relaccedilatildeo agrave metade
Todas as coisas que existiram existem e existiratildeo (fora o que vem dos natildeo-humanos fungos plantas animais e primatas) vem da outra metade alguma outra metade soma da metade-homem e metade-mulher E se incluirmos cada uma das outras espeacutecies (dizem que satildeo 30 milhotildees) entatildeo eacute tudo mesmo
6
Vocecirc pensa que se metade fosse excluiacuteda sempre poderiacuteamos aprender a fazer o que ela faz mas pense em todas as coisas tatildeo difiacuteceis de VOCEcirc fazer se aceitaria fazecirc-las de agora em diante
TODAS AS COISAS QUE VOCEcirc DETESTA FAZER
PENSANDO BEM TODAS MESMO
E em relaccedilatildeo a tudo que a humanidade faz e tudo que as espeacutecies fazem nem haveria forccedila no indiviacuteduo
Olhe para todas as tarefas OLHE MESMO para tudo TUDO MESMO e comece entatildeo a reparar na utilidade de sua outra metade em como seremos (ou poderiacuteamos ser) felizes se nos dedicarmos (ou se nos dedicaacutessemos) mais agrave felicidade e menos a reclamar
homem-hemisfeacuterico
DUAS METADES DE ESFERA FAZEM A VIABILIDADE QUANDO ESFERA
casal-esfeacuterico mulher-hemisfeacuterica
A esfera eacute totalmente estaacutevel
Capiacutetulo 3 Completa-mente
Somos criaturas de duas cabeccedilas quatro braccedilos quatro
pernas e assim por diante tudo duplicado soacute que separado vocecirc natildeo sente TANTA falta - se estaacute soacute - porque o trabalho da outra
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metade estaacute sendo socialmente suprido Natildeo somos 66 bilhotildees (para dar conta certa) somos 33 bilhotildees de pares potenciais
DUAS CABECcedilAS (mas natildeo somos monstros porque as cabeccedilas estatildeo postas em corpos diferentes)
DUAS E QUATRO FACES (embora natildeo reparemos na realidade partes de noacutes estatildeo operando suprindo nossas faltas)
casal
famiacutelia
Pois noacutes natildeo somos mais indiviacuteduos somos grupo Um desses grupos chamado ldquoGrande Vitoacuteriardquo tinha
menos de 300 mil faces em 1971 quando vim morar aqui agora passa de 1400 mil cresceu muito incorporando vaacuterias cidades Existem outros muito maiores
Maiores Cidades do planeta 7 nov 2006
AS MAIORES AGLOMERACcedilOtildeES URBANAS
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OS MAIORES PIBs EM 2020
AS MELHORES CIDADES PARA VIVER
Segue-se uma lista com as melhores cidades do mundo para se viver de acordo com a revista
(cidades satildeo supermaacutequinas e superprogramas superprogramaacutequinas para se viver Le Corbusier natildeo as viu como maacutequinas de morar)
Business Week com relaccedilatildeo agrave qualidade de vida
215 grandes cidades foram avaliadas
Embora ainda nos vejamos como indiviacuteduos esses satildeo
grupos indefectivelmente grupos grupos imensos inimaginaacuteveis Por exemplo a cidade-capital de Satildeo Paulo sozinha tem 104 do PIB brasileiro e a Grande SP tem 2500 km2 de aacuterea ocupada com construccedilotildees
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Embora eu diga ldquominha menterdquo metade dela a minha outra metade estaacute fora muito mais que isso 33 bilhotildees das nossas metades estatildeo amplamente disseminadas em toda longitude latitude altitude Quase natildeo sinto falta quando estou soacute (exceto sexualmente) porque todos esses 3300 milhotildees estatildeo por aiacute trabalhando com afinco para suprir o que natildeo sei fazer em relaccedilatildeo agraves ocupaccedilotildees delas (sem falar dos 33 bilhotildees do nosso lado que fazem tudo que vocecirc e eu natildeo sabemos mas isso eacute outra histoacuteria)
HEMISFEacuteRIAS
AS OUTRAS DUAS METADES
(vocecirc eu vivemos em feacuterias do que faz a outra metade e nem agradecemos isso)
NOSSAS DUAS METADES 12 12 12 12
hemisfeacuterio esquerdo
hemisfeacuterio direito
hemisfeacuterio esquerdo
hemisfeacuterio direito
Como Koestler disse primeiro (dividindo nosso ceacuterebro em reptiliano mamiacutefero e humano) e o modelo colocou de outro modo temos vaacuterios ceacuterebros em cada um de noacutes de fato reparando sermos um-em-dois eacute uma profusatildeo uma quantidade insuspeitada ainda mais porque vamos muito aleacutem do indiviacuteduo
Os paleontoacutelogos os arqueoacutelogos os antropoacutelogos e os geo-historiadores natildeo analisaram e porisso natildeo sintetizaram uma teoria-praacutetica coerente da convivecircncia um-uma e nem do conjunto da humanidade DO PONTO DE VISTA DA FUSAtildeO ou da tentativa constante dela exceto pelo lado do episoacutedico quer dizer de cada tentativa homem-mulher (ou outras) Mas esse vasto mecanismo no tempo e no espaccedilo natildeo foi visto a contento
a) GEO-HISTOacuteRIA DO CASAMENTO
1 casamento dos indiviacuteduos CASAMENTO PESSOAL
2 casamento das famiacutelias 3 casamento dos grupos 4 casamento das empresas (embora as empresas natildeo
prestem atenccedilatildeo se os indiviacuteduos no casamento natildeo satildeo estaacuteveis em todos os sentidos as empresas seratildeo afetadas com grandes danos)
b) 5 mediaccedilatildeo municipal-urbana
CASAMENTO COLETIVO
6 mediaccedilatildeo estadual 7 mediaccedilatildeo nacional 8 mediaccedilatildeo mundial O que quer dizer casamento 1 o que quer dizer ser o homem 2 o que quer dizer ser a mulher
Capiacutetulo 4
Casamento das Famiacutelias e Aleacutem
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UMA AacuteRVORE GENEALOacuteGICA Eacute UMA INDICACcedilAtildeO DE MISCIGENACcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS
O tempo todo em toda parte as pessoas estatildeo
miscigenando misturando indiviacuteduos formando famiacutelias estas grupos estes empresas e assim por diante Como diz o povo em toda parte a todo instante uma ldquoafliccedilatildeo de genterdquo estaacute se misturando sexualmente (homem e mulher) racialmente (negros brancos amarelos vermelhos) por idade (jovens e novos) por origem por classe social e segue
Onde fica a individualidade nisso tudo Essa individualidade QUE NAtildeO SE MISTURA eacute um defeito de visatildeo de nossas mentes racionais segregadoras Eacute verdade que somos indiviacuteduos poreacutem eacute verdade tambeacutem que natildeo somos
Primeiro haacute o aleacutem-de-mim que satildeo os ambientes e as pessoas natildeo-eu Depois temos TODAS AS MISTURAS de natildeo-eu (sexo raccedila idade origem classe e segue) de que dependo A seguir todo o saber natildeo-eu todas as memoacuterias e inteligecircncias que o mundo produz
Enfim o natildeo-eu eacute uma amplidatildeo para o passado e o futuro no presente abrindo-se em 200 naccedilotildees 4000 estados e o resto todo Em resumo natildeo-eu em relaccedilatildeo a eu eacute tanto mais aleacutem de mim que quase desapareccedilo
Sou metade com minha metade e soacute nesse par sou um embora metade 05 + 05 = 10 = casamento aleacutem desse par-de-
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defesa quer dizer aleacutem do casamento monogacircmico estatildeo as inumeraacuteveis facetas do mundo as complexidades ilimitadas que natildeo posso resolver
Entatildeo Natureza-Deus quebrou-nos em duas partes que devem voltar a se unir para produzir a necessidade de uniatildeo em famiacutelias e aleacutem para criar as sociedades
Capiacutetulo 5 Con-soacutecio de Construccedilatildeo
Entatildeo noacutes temos vaacuterios tipos de sociedades a) dentro de noacutes vieram nos montando todas as
sociedades que deram no indiviacuteduo por exemplo sociedade dos oacutergatildeos
b) a seguir nos unimos em famiacutelias com ou sem filhos (no meu caso tive dois grandes amigos)
c) e aiacute segue todos aqueles niacuteveis pessoais e ambientais De fato a vida eacute uma sociedade tremenda
i sociedades vitais (fungos plantas animais e primatas)
ii sociedades psicoloacutegicas (pessoas e ambientes)
Cada sociedade dessas abre-se em multiacuteplices camadas de complexidades complexidades quase indescritiacuteveis que os estudiosos penam para descrever apenas no niacutevel bioloacutegico-p2 No niacutevel psicoloacutegico-p3 claro eacute muito mais difiacutecil chega a ser impossiacutevel pois estamos dentro Natildeo existe nenhum SUPERMUNDO que esteja de fora olhando o mundo somos noacutes as mesmas cabeccedilas individuais que ousam pensar a totalidade dividindo-a e subdividindo-a em numerosas fraccedilotildees trataacuteveis
NOacuteS NOS SENTIMOS ESMAGADOS PELA CRESCENTE COMPLEXIDADE (eacute preciso comeccedilar urgentemente o processo de re-uniatildeo)
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Quanto mais tentamos alisar
mais o cabelo embola
Uma galaacutexia de dados e nem haacute um centro
gravitacional O meacutetodo cientiacutefico redutor eacute muito bom produziu a
maioria das coisas que vemos e grande parte de nossas liberdades (e prisotildees) atuais Contudo tambeacutem foi ruim porque o redutor (e ampliador) levou ao reducionismo a superafirmaccedilatildeo da reduccedilatildeo Jaacute que funcionava tatildeo bem as pessoas natildeo se preocuparam com um meacutetodo cientiacutefico ampliador
Em particular a Ciecircncia geral natildeo ajudou a colar homem e mulher despedaccedilados nem as famiacutelias nem os grupos nem mesmo coisa alguma na verdade ajudou a rebentar Natildeo fez de noacutes felizes criaturas re-unidas fez de noacutes consumidores seres infelizes superconsumindo e mesmo assim incapazes de chegar agrave felicidade ainda que livres para procuraacute-la
A re-uniatildeo deve comeccedilar pela re-uniatildeo do par fundamental Re-construir a famiacutelia eacute fundamental
Capiacutetulo 6 Feliz-Cidade
Se a cidade eacute apesar de tudo feliz se eacute feliz-cidade eacute
porque o trabalho eacute muito dividido e enquanto estou de feacuterias deitado na rede por toda parte milhotildees estatildeo se azafamando trabalhando continuamente com afinco se tiro um mecircs de feacuterias nem um dia de mim vai trabalhar ndash por 30 dias eu falto ao trabalho sem que o trabalho falte a mim
Minha casa continua comendo bebendo e fazendo todas as competentes graccedilas que nos datildeo E por toda parte milhotildees operam com vigor quando estou dormindo Se algueacutem entra em coma natildeo acorda num mundo destruiacutedo na sua ausecircncia todos continuaram a trabalhar diligentemente
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O FORMIGUEIRO CONTINUA DIA E NOITE
Eu formiguinha formiguinha vocecirc VIDA DE FORMIGA Z NO FORMIGUEIRO Z (Woody Allen interpreta o filho quinto-milhatildeo Z pois existe todo um abecedaacuterio de formigas e formigueiros com iacutendices e sub-iacutendices)
A formiga Z se apaixona pela princesa Bala e termina enfrentando os desafios do mundo exterior e o impiedoso General Mandiacutebula Com vozes de Woody Allen Sharon Stone Jennifer Lopez Gene Hackman e Sylvester
Stallone
Ficha Teacutecnica Elenco
Sinopse Criacuteticas
Pocircsters
Imagens Trailers
Premiaccedilotildees Curiosidades
Ficha Teacutecnica
Tiacutetulo Original AntZ Gecircnero Animaccedilatildeo Computadorizada Tempo de Duraccedilatildeo 82 minutos Ano de Lanccedilamento (EUA) 1998
Site Oficial wwwpepsicomantz Estuacutedio DreamWorks SKG Pacific Data Images
Distribuiccedilatildeo DreamWorks Distribution LLC UIP Direccedilatildeo Eric Darnell e Tim Johnson
Roteiro Todd Alcott Chris Weitz e Paul Weitz Produccedilatildeo Brad Lewis Aron Warner e Patty Wooton Muacutesica Harry Gregson-Williams e John Powell
Desenho de Produccedilatildeo John Bell
Direccedilatildeo de Arte Kendall Crockhite Ediccedilatildeo Stan Webb
Efeitos Especiais Pacific Data Images Elenco (Vzes)
Woody Allen (Z) Sharon Stone (Princesa Bala)
Gene Hackman (General Mandiacutebula) Jennifer Lopez (Azteca) Danny Glover (Barbatus)
Sylvester Stallone (Weaver)
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Christopher Walken (Coronel Cutter) Dan Akroyd (Chip)
Anne Bancroft (Rainha) Jane Curtin (Muffy)
Paul Mazursky (Psicoacutelogo)
Sinopse A formiguinha Z eacute apenas um operaacuterio que sonha roubar o coraccedilatildeo da princesa Bala Para isso convence seu amigo
soldado a trocar de lugar com ele o que faz com que tenha que enfrentar o impiedoso General Mandiacutebula que planeja
uma grande ofensiva contra o formigueiro
A formiguinha tendo ao fundo o
formigueiro
Um dos formigueiros sem que se veja
uma soacute formiguinha Isto eacute a Terra o terraacuterio-aquaacuterio da humanidade a gaiola
redonda dos loucos de pedra Somos 66 bilhotildees de formigas dentro deste formigueiro-mundo
E NOacuteS AINDA PARTILHAMOS A TERRAARAacuteGUA (aqui as aves)
Em resumo embora nos vejamos como indiviacuteduos na
verdade somos um CORRELATIVO DE EMPREENDIMENTOS em furiosa mutaccedilatildeo tempespacial
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Capiacutetulo 7 Espaccedilotempo de Reuniatildeo
Pois entatildeo eacute hora de re-unir a humanidade de fazer
cessar o pecado original divisor RE-FAZENDO famiacutelia natildeo mais ilha Famiacutelias de todos os tipos com todas as uniotildees todas as misturas
Eacute preciso eacute fundamental que os governos de todo o
mundo invistam maciccedilamente na reuniatildeo dos pares fundamentais nos casamentos no estudo das uniotildees estaacuteveis na restauraccedilatildeo no contorno natildeo-forccedilado dos divoacutercios e separaccedilotildees digamos com um periacuteodo de experiecircncia antes da consagraccedilatildeo do casamento uniotildees-em-experiecircncia
A gestaccedilatildeo da nova famiacutelia deve ser o mote deste seacuteculo XXI todo e do futuro
Vitoacuteria quinta-feira 12 de marccedilo de 2009 Joseacute Augusto Gava
Anexos Capiacutetulo 5
O MEacuteTODO CIENTIacuteFICO REDUTOR (logo de cara esse quebrar em partes rompe os viacutenculos da totalidade da funcionabilidade total)
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II2 Caracteriacutesticas do meacutetodo cientiacutefico O meacutetodo dedutivo o meacutetodo indutivo e o meacutetodo
hipoteacutetico-dedutivo satildeo os trecircs meacutetodos cientiacuteficos a que se refere a denominaccedilatildeo geneacutetica de meacutetodo cientiacutefico A primeira caracteriacutestica do meacutetodo cientiacutefico eacute a sua
natureza convencional a de servir de marco de geraccedilatildeo do conhecimento objetivo Por isso existem muacuteltiplas caracteriacutesticas em funccedilatildeo da perspectiva com que se
classifiquem se estudem e inclusivamente se denominem A primeira que me chama a atenccedilatildeo eacute o fato de que os dois primeiros tecircm um nome difiacutecil de distinguir visto que no acircmbito linguumliacutestico podem representar um soacute conceito com
duas manifestaccedilotildees raciociacutenio numa direccedilatildeo ou na contraacuteria do geral para o particular ou vice-versa
O problema logicamente deriva da dificuldade conceptual de separar um meacutetodo cientiacutefico de outro de uma forma clara evidentemente os termos escolhidos natildeo ajudam a
reter na memoacuteria estes dois conceitos de meacutetodo cientiacutefico Tambeacutem natildeo ajuda muito a denominaccedilatildeo do
terceiro meacutetodo cientiacutefico Uma caracteriacutestica de ambos meacutetodos eacute que podem ir do
geral para o particular ou vice-versa num sentido ou no inverso Ambos utilizam a loacutegica e chegam a uma conclusatildeo
Em uacuteltima instacircncia sempre tecircm elementos filosoacuteficos subjacentes
Ambos costumam ser susceptiacuteveis de verificaccedilatildeo empiacuterica Ainda que o meacutetodo dedutivo seja mais proacuteprio das ciecircncias formais e o indutivo das ciecircncias empiacutericas nada impede a aplicaccedilatildeo indistinta de um meacutetodo cientiacutefico ou outro a
uma teoria concreta Para mim sem pretender entrar em polecircmica neste tema a diferenccedila fundamental entre o meacutetodo dedutivo e o meacutetodo indutivo eacute que o primeiro aspira a demonstrar mediante a loacutegica pura a conclusatildeo na sua totalidade a partir de
umas premissas de maneira que se garante a veracidade das conclusotildees se natildeo se invalida a loacutegica aplicada Trata-se do modelo axiomaacutetico proposto por Aristoacuteteles como meacutetodo
cientiacutefico ideal Pelo contraacuterio o meacutetodo indutivo cria leis a partir da
observaccedilatildeo dos fatos mediante a generalizaccedilatildeo do comportamento observado na realidade o que realiza eacute uma espeacutecie de generalizaccedilatildeo sem que atraveacutes da loacutegica possa conseguir uma demonstraccedilatildeo das citadas leis ou conjunto de
conclusotildees As referidas conclusotildees poderiam ser falsas e ao mesmo tempo a aplicaccedilatildeo parcial efetuada da loacutegica poderia manter a sua validade por isso o meacutetodo indutivo necessita de uma condiccedilatildeo adicional a sua aplicaccedilatildeo
considera-se vaacutelida enquanto natildeo se encontrar nenhum caso que natildeo cumpra o modelo proposto
O meacutetodo hipoteacutetico-dedutivo ou de verificaccedilatildeo de hipoacuteteses natildeo coloca em princiacutepio nenhum problema visto
que a sua validade depende dos resultados da proacutepria verificaccedilatildeo
Este meacutetodo cientiacutefico costuma utilizar-se para melhorar ou precisas teorias preacutevias em funccedilatildeo de novos
conhecimentos nas quais a complexidade do modelo natildeo permite formulaccedilotildees loacutegicas Portanto tem um caraacuteter
predominantemente intuitivo e necessita natildeo soacute para ser rejeitado mas tambeacutem para impor a sua validade a
verificaccedilatildeo das suas conclusotildees
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Poderia propor-se para estas trecircs variantes do meacutetodo cientiacutefico a denominaccedilatildeo de meacutetodo dedutivo meacutetodo
intuitivo e meacutetodo experimental ou meacutetodo de verificaccedilatildeo ou qualquer conjunto de palavras que faccedilam referecircncia agraves suas diferenccedilas fundamentais e natildeo coloquem problemas agrave memoacuteria linguumliacutestica Natildeo obstante nesta exposiccedilatildeo
manterei a nomenclatura geralmente utilizada A Teoria Geral da Evoluccedilatildeo Condicionada da Vida seria em
princiacutepio uma teoria baseada no meacutetodo hipoteacutetico-dedutivo ou meacutetodo de verificaccedilatildeo de hipoacuteteses
A teoria de Darwin pelo contraacuterio estaria enquadrada no meacutetodo indutivo mas que apesar de encontrar exemplos contraacuterios natildeo se invalida adeacutequa-se para encaixar
qualquer triacircngulo Porque seraacute
Como se disse anteriormente toda a teoria deve ser resistente agrave sua refutaccedilatildeo contudo uma teoria que natildeo pode ser refutada por nenhum fato concebiacutevel natildeo eacute
cientiacutefica A impossibilidade de refutaccedilatildeo de uma teoria cientiacutefica natildeo eacute uma virtude mas sim um viacutecio
TEORIA SOBRE O MEacuteTODO CIENTIacuteFICO EM BUSCA DE UM MODELO UNIFICANTE PARA AS CIEcircNCIAS
E DE UM RETORNO Agrave UNIVERSIDADE CRIATIVA I -- INTRODUCcedilAtildeO
Alberto Mesquita Filho Comeccedilo regra geral as minhas liccedilotildees sobre Meacutetodo
Cientiacutefico dizendo aos meus alunos que o meacutetodo cientiacutefico natildeo existe Acrescento que tenho obrigaccedilatildeo de saber isso tendo eu sido durante algum tempo pelo menos o uacutenico professor desse inexistente assunto em toda a Comunidade
Britacircnica
Tendo entatildeo explicado aos meus alunos que natildeo haacute essa coisa que seria o meacutetodo cientiacutefico apresso-me a comeccedilar o meu discurso e ficamos ocupadiacutessimos Pois um ano mal chega para roccedilar a superfiacutecie mesmo de um assunto
inexistente Karl R Popper [1]
Resumo Este artigo eacute o primeiro de uma seacuterie de artigos relacionados agrave metodologia cientiacutefica e cuja temaacutetica foi dividida em cinco toacutepicos principais Corresponde a uma
versatildeo atualizada de consideraccedilotildees expressas pelo autor a partir de 1983 em livros artigos e conferecircncias citados no texto colaborou para esta atualizaccedilatildeo a experiecircncia adquirida pelo autor no processo de remodelaccedilatildeo da Proacute-Reitoria Comunitaacuteria da USJT (1992-1993) bem como aquela adquirida junto aos demais membros da equipe criada pelos Conselhos Superiores da USJT (1994) --expandida em 1995--
com a finalidade de implantar o Centro de Pesquisa da USJT Os conceitos foram axiomatizados de forma a darem
corpo a uma nova teoria sobre o meacutetodo cientiacutefico permitindo mesmo a constataccedilatildeo de possiacuteveis aplicaccedilotildees dentro de um contexto abrangente tais como 1) a teoria
fornece os meios necessaacuterios para que se promova a integraccedilatildeo das ciecircncias e 2) propicia a sustentaccedilatildeo de um projeto visando a caracterizar a universidade como o local apropriado para a formaccedilatildeo de cientistas Os cinco
toacutepicos a serem abordados satildeo pela ordem I - Introduccedilatildeo na qual eacute proposta a regra delimitante da ciecircncia II - O macromeacutetodo cientiacutefico e a Histoacuteria da Ciecircncia III - O
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papel da universidade na produccedilatildeo de conhecimentos IV - O meacutetodo cientiacutefico propriamente dito a) A teoria da
praacutetica em ciecircncia b) A praacutetica da teorizaccedilatildeo cientiacutefica V - O micromeacutetodo cientiacutefico e a Filosofia da Ciecircncia Os demais toacutepicos estatildeo em fase de projeto natildeo havendo portanto previsatildeo quanto agrave eacutepoca de publicaccedilatildeo []
1 Colocaccedilatildeo do problema Meacutetodo entre outras coisas significa caminho para chegar
a um fim ou pelo qual se atinge um objetivo Que dizer entatildeo do meacutetodo cientiacutefico [2] Poderia dizer que eacute o caminho trilhado pelo cientista quando em busca de verdades cientiacuteficas
Afirma-se com grande frequumlecircncia que o cientista eacute aquele que se utiliza do meacutetodo cientiacutefico Os que aceitam esta
Percebam que estou meramente jogando com as palavras e associando-as ao conceito de
meacutetodo acima postulado Quais satildeo as verdades cientiacuteficas O que eacute ser cientista O que eacute ciecircncia Existe uma ciecircncia uacutenica Quando nos reportamos a uma hipoteacutetica linha demarcatoacuteria a separar o que julgamos
ser uma verdade cientiacutefica de outras possiacuteveis verdades a que nos estamos referindo
verdade --e haacute muitos que o fazem-- devem procurar uma conceituaccedilatildeo para meacutetodo cientiacutefico diferente da exposta no paraacutegrafo anterior sob pena de andarem em ciacuterculo Ou definimos cientista a partir da definiccedilatildeo de meacutetodo frac34algo tentado por Popper ao propor o falsificacionismo [3]frac34 ou definimos meacutetodo a partir da definiccedilatildeo de cientista do contraacuterio natildeo chegamos a nada Conservarei a ideacuteia de meacutetodo cientiacutefico como caminho trilhado pelo cientista
2 O que eacute ciecircncia
com o que estou assumindo o risco de ter que definir ciecircncia eou cientista Eacute o que tentarei fazer nesta
introduccedilatildeo
Natildeo eacute faacutecil definir ciecircncia e satildeo inuacutemeros os tratados sobre o assunto a abordarem esta dificuldade Ao leitor
principiante em ciecircncia e que queira penetrar na complexidade do tema ou entatildeo perceber a quantas anda nossa ignoracircncia a respeito sugiro se tiver pendores
filosoacuteficos que comece pelo livro de Chalmers (1976) [4] ou entatildeo se preferir algo mais ameno e mais voltado agrave
praacutetica cientiacutefica pelo livro de Beveridge (1980) [5] Ao leitor acomodado e que natildeo tenha amplo conhecimento do
assunto ou mesmo para aquele que pretenda prosseguir com esta leitura ciente de que eacute possiacutevel pelo menos em niacutevel conjetural enfrentar o desafio apontado relatarei aqui a
conclusatildeo de um ensaio que sintetiza uma ideacuteia que me ocorreu haacute cerca de dez anos [6] e que apresentei na
sessatildeo de debates da mesa redonda A Pesquisa na Universidade Particular ocorrida por ocasiatildeo da IV Semana de Psicologia da USJT (1994) com as seguintes palavras Vejo a ciecircncia como a aacuterea do conhecimento que se apoacuteia natildeo num meacutetodo mas sim na regra da repetitividade a que
eu tenho chamado de regra cientiacutefica fundamental Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que
pesquisado se repetiu eacute de se admitir que em futuras verificaccedilotildees o mesmo suceda [7]
A regra cientiacutefica fundamental conquanto aceita intuitivamente por todos os cientistas ocupa entre os mesmos e ateacute entre os filoacutesofos da ciecircncia um papel
secundaacuterio quando natildeo totalmente ignorada Via de regra considera-se a ciecircncia como que apoiada em regras outras
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como por exemplo o princiacutepio da causalidade de Kant a regra metodoloacutegica de Popper que se associa a seu meacutetodo
dedutivo de prova o princiacutepio ou argumento indutivista e as regras ou criteacuterios de utilidade Como posiccedilotildees
extremas e apoiadas em regras mais riacutegidas podemos citar a visatildeo paradigmaacutetica de Thomas Kuhn a defender o
dogmatismo cientiacutefico o ponto de vista de Chalmers a questionar a argumentaccedilatildeo filosoacutefica no que diz respeito agrave delimitaccedilatildeo da ciecircncia e a visatildeo anarquista de Feyerabend
a se opor frontalmente ao racionalismo em ciecircncia A fim de ilustrar o comentado no paraacutegrafo anterior
vejamos como Thomas Kuhn (1962) --defensor de uma posiccedilatildeo cientiacutefico-filosoacutefica incompatiacutevel com a que aqui pretendo apresentar-- retrata a importacircncia da repetitividade dos eventos como algo a semear o surgimento de novas ideacuteias Existem em princiacutepio somente trecircs tipos de fenocircmenos a propoacutesito dos quais pode ser desenvolvida uma nova teoria O primeiro tipo compreende os fenocircmenos jaacute bem explicados
pelos paradigmas existentes Tais fenocircmenos raramente fornecem motivos ou um ponto de partida para a construccedilatildeo de uma teoria Quando o fazem as teorias resultantes raramente satildeo aceitas visto que a natureza natildeo proporciona nenhuma base para uma discriminaccedilatildeo entre as alternativas Uma segunda classe de fenocircmenos compreende aqueles cuja
natureza eacute indicada pelos paradigmas existentes mas cujos detalhes somente podem ser entendidos apoacutes uma maior
articulaccedilatildeo da teoria Os cientistas dirigem a maior parte de sua pesquisa a esses fenocircmenos mas tal pesquisa visa antes agrave articulaccedilatildeo dos paradigmas existentes do que agrave invenccedilatildeo de novos Somente quando esses esforccedilos de articulaccedilatildeo fracassam eacute que os cientistas encontram o
terceiro tipo de fenocircmeno as anomalias reconhecidas cujo traccedilo caracteriacutestico eacute a sua recusa obstinada a serem
assimiladas aos paradigmas existentes Apenas esse uacuteltimo tipo de fenocircmeno faz surgir novas teorias [8]
Ora se um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se recusou obstinadamente a ser assimilado aos paradigmas
existentes e se esta recusa eacute quem orienta a caracterizaccedilatildeo de novas teorias e mais se a ciecircncia eacute fundamentalmente o conjunto das ideacuteias e teorias geradas pela mente humana bem como a aplicaccedilatildeo pelo homem dessas ideacuteias e teorias em busca de um relacionamento sadio com a natureza e com os seus semelhantes podemos sossegadamente
concluir que ciecircncia eacute o processo pelo qual o homem se relaciona com os fenocircmenos universais que se sujeitam agrave
regra cientiacutefica fundamental 3 O ser cientista
Cientista diz-nos Ferreira (1986) eacute a pessoa que cultiva ou que eacute especialista em alguma ciecircncia ou em ciecircncias
[9] e ciecircncia eacute um processo definido no item anterior Se aceitarmos estas premissas concluiremos que o conhecimento
cientiacutefico eacute aquele factiacutevel de reproduccedilatildeo enquanto o cientista eacute aquele que de alguma forma cultiva esses conhecimentos Eacute importante aqui salientar que muitas
vezes o que se espera reproduzir eacute um dado probabiliacutestico Por exemplo se dissermos que 80 das moleacuteculas de um gaacutes
satildeo do elemento quiacutemico oxigecircnio isto natildeo significa estarmos afirmando ser oxigecircnio esta ou aquela moleacutecula objeto de verificaccedilatildeo experimental o que a regra nos
preconiza eacute que independentemente de qual cientista for tentar reproduzir a medida ou do local escolhido para que
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esta segunda medida seja efetuada observando-se as condiccedilotildees em que a mesma foi realizada anteriormente o
valor obtido concordaraacute com o valor precedente dentro de uma margem de erro tambeacutem estimaacutevel por meacutetodos
experimentais Todos noacutes vez ou outra nos comportamos como cientistas Ser cientista natildeo eacute possuir um roacutetulo mas sim postar-se com uma atitude cientiacutefica por outro lado mesmo aquele que se diz cientista vez ou outra assume atitudes natildeo cientiacuteficas e penetra em terrenos apoiados em regras
proacuteprias ou ateacute mesmo sem regras O roacutetulo eacute frequumlentemente utilizado quando queremos nos referir agraves
pessoas que se utilizam de seus talentos cientiacuteficos como meio de vida seriam entatildeo os cientistas profissionais A filosofia por exemplo eacute um campo de atuaccedilatildeo bem mais
abrangente que aquele ditado pela regra cientiacutefica fundamental Poderiacuteamos dizer que a filosofia comporta a
ciecircncia ainda que esta ideacuteia natildeo agrade a alguns cientistas mas jamais poderiacuteamos dizer e quanto a isso
todos satildeo concordes que a ciecircncia comporta a filosofia O bom cientista utiliza-se da filosofia da mesma forma que a maioria dos indiviacuteduos com sede se utilizam do copo Outras
aacutereas do conhecimento seriam 1) o ocultismo frac34e aqui poderiacuteamos incluir a tiacutetulo de exemplo a alquimia e a astrologia 2) as artes frac34e vale a pena aqui frisar que a arte pode ser encarada cientificamente postura esta que foi frequumlentemente adotada por Leonardo da Vinci [10] e defendida em sua Teoria do Conhecimento 3) a teologia
etc A busca pela verdade que tambeacutem eacute objetivo da grande maioria destas aacutereas natildeo cientiacuteficas segue-se por caminhos nem sempre limitados ou compatiacuteveis com a regra cientiacutefica
fundamental O cultivo da ciecircncia pode se dar atraveacutes da observaccedilatildeo de alguns ou todos dentre seus objetivos nobres quais sejam
1) aquisiccedilatildeo transmissatildeo e aplicaccedilatildeo de conhecimentos cientiacuteficos jaacute sistematizados e 2) produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
de novos conhecimentos Visto sob este acircngulo satildeo cientistas 1) o estudioso eou o professor eou o
profissional bacharel em quaisquer das ciecircncias 2) o tecnoacutelogo 3) o pesquisador em aacutereas cientiacuteficas 4) o
teorizador em ciecircncias 5) e o autor de artigos cientiacuteficos relatando ideacuteias proacuteprias eou revisotildees bibliograacuteficas Sob um ponto de vista mais rigoroso o cientista seria apenas aquele capaz de dominar as teacutecnicas inerentes a todos os
objetivos nobres acima apontados Nem tanto ao ceacuteu nem tanto agrave terra Percebam que jaacute
conceituamos ciecircncia e jaacute conseguimos ir aleacutem a ponto de fornecer dados para que se analise o comportamento daqueles
que trabalham em ciecircncia Observado este comportamento poderiacuteamos assumir como cientistas aqueles que realmente contribuem para o progresso das ciecircncias Adotarei esta
postura mas gostaria de esclarecer conforme seraacute comentado oportunamente que a noccedilatildeo de progresso aqui defendida eacute um pouco mais abrangente do que aquela
preconizada pelos pensadores iluministas [11] que tanto influenciaram os positivistas Aceita esta premissa frac34a de que cientistas satildeo somente aqueles que real e diretamente [12] contribuem para o progresso das ciecircnciasfrac34 suponha que consigamos caracterizar os cientistas assim definidos como aqueles que ao contribuir para o progresso das
ciecircncias se utilizam de um meacutetodo comum a que chamaremos
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meacutetodo cientiacutefico Poderemos entatildeo afirmar e natildeo se trata aqui da busca por uma definiccedilatildeo que o cientista eacute aquele que se utiliza do meacutetodo cientiacutefico o raciociacutenio ciacuteclico da forma como foi agora utilizado estaacute livre de consequumlecircncias funestas Notem com o auxiacutelio da figura 1 a sintetizar as ideacuteias principais aqui focalizadas que do ponto de vista conceitual natildeo estamos andando em ciacuterculo
REGRA CIENTIacuteFICA FUNDAMENTAL
Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu eacute de se admitir que em futuras
verificaccedilotildees o mesmo suceda
DEFINICcedilAtildeO DE CIEcircNCIA
Ciecircncia eacute o processo pelo qual o homem se relaciona com os fenocircmenos universais que se sujeitam agrave regra cientiacutefica
fundamental
OBSERVACcedilAtildeO DO COMPORTAMENTO DOS QUE TRABALHAM EM CIEcircNCIA
VERIFICACcedilAtildeO DE QUE ALGUNS CONTRIBUEM PARA O PROGRESSO DAS CIEcircNCIAS
Cientista eacute todo ser racional que contribui diretamente para o progresso das ciecircncias
CONSTATACcedilAtildeO DE QUE ESTES SE UTILIZAM DE UM MEacuteTODO COMUM
Figura 1 - Para explicaccedilatildeo vide texto Resta-nos entatildeo para que a ideacuteia ganhe em consistecircncia comprovar a existecircncia de um uacutenico meacutetodo cientiacutefico e
isto natildeo parece ser uma tarefa faacutecil Antes de enfrentarmos esta dificuldade vamos verificar como as ideacuteias aqui apresentadas se conformam a conceitos classicamente
adotados como modelos de meacutetodo cientiacutefico
[] Muitos dentre esses toacutepicos satildeo apresentados em um contexto diverso em
Referecircncias
Ensaios sobre a Filosofia da Ciecircncia ou entatildeo em outros artigos expostos acima na
seccedilatildeo Temas relacionados [1] POPPER K R 1956 Acerca da inexistecircncia do meacutetodo
cientiacutefico in Prefaacutecio da ediccedilatildeo de 1956 do livro O realismo e o objetivo da ciecircncia
[2] FERREIRA A B H 1986
Publicaccedilotildees Dom Quixote (traduccedilatildeo) Lisboa 1987 Este prefaacutecio foi lido num
encontro dos Fellows of Center for Advanced Study in the Behavioral Sciences em Stanford Califoacuternia em novembro
de 1956 Novo dicionaacuterio da liacutengua
portuguesa[3] POPPER K R (1959)
Ed Nova Fronteira Rio de Janeiro p 1128 A loacutegica da pesquisa
cientiacutefica Ed Cultrix (traduccedilatildeo 1975) Satildeo Paulo
22
[4] CHALMERS A F 1976 (traduccedilatildeo 1993) O que eacute ciecircncia afinal[5] BEVERIDGE W I B 1980
Ed Brasiliense Satildeo Paulo 225 p Sementes da descoberta
cientiacutefica[6] MESQUITA Fdeg A 1987
Edusp (traduccedilatildeo) Satildeo Paulo Confesso que blefei --
Fiacutesica antiga vs moderna
[7] Perguntas e Debates 1995 item V
editado pela USJT (na eacutepoca Faculdades Satildeo Judas Tadeu) Satildeo Paulo capiacutetulo 13 A
Ciecircncia Existe p 92-8 Sobre Pesquisa e
Filosofia da Ciecircncia p 75 in EspecialIntegraccedilatildeo A pesquisa na universidade particular Integraccedilatildeo
[8] KUHN T S 1962 (traduccedilatildeo 1975)
I(1)51-75 1995 Este ensaio foi tambeacutem apresentado e discutido em palestra (natildeo publicada) que ministrei por ocasiatildeo da
Semana de Filosofia da USJT de 1994 A estrutura das
revoluccedilotildees cientiacuteficas Ed Perspectiva Satildeo Paulo 257 pp capiacutetulo 8 A natureza e a necessidade das revoluccedilotildees
cientiacuteficas[9] FERREIRA 1986 Idem p 404
p 131 [Os grifos satildeo meus]
[10] Leonardo da Vinci in The New Encyclopaedia Britannica Vol 22 (Macropaedia) Enc Brit Inc
Chicago 1993 p 946 (Leonardo as artist-scientist[11] SANTOS G T
) Os caminhos do pensamento cientiacutefico a
partir do Iluminismo Integraccedilatildeo I(5)131-6 1996 conferecircncia proferida por ocasiatildeo da Semana de Filosofia da USJT de 1995 Na sessatildeo de debates Santos dentre outras consideraccedilotildees interessantes a respeito faz a
seguinte observaccedilatildeo O progresso como vai ser definido no Iluminismo eacute uma noccedilatildeo de abandono passa pelo abandono necessaacuterio de coisas que ficaram ou que deveratildeo ficar no
passado[12] O termo diretamente aqui empregado eacute essencial a natildeo ser levado em conta corremos o risco de considerar
como cientistas dentre outros os mecenas que no passado contribuiacuteram de maneira indireta para o progresso
das ciecircncias
O argumento indutivista Uma criacutetica imparcial conquanto demolidora ao
indutivismo eacute apresentada por Chalmers nos trecircs primeiros capiacutetulos de seu livro [13] Veremos aqui apenas alguns toacutepicos interessantes do ponto de vista epistemoloacutegico
eou necessaacuterios para um melhor entendimento da teoria ora sendo apresentada
Um sumaacuterio completo do argumento indutivista da ciecircncia estaacute esquematizado na figura 2 adaptada de Chalmers [14]
Chama a atenccedilatildeo a omissatildeo da deduccedilatildeo de hipoacuteteses o indutivista admite ser possiacutevel partir da observaccedilatildeo e chegar a leis apelando exclusivamente ao raciociacutenio
indutivo O meacutetodo indutivo baseia-se na crenccedila de que eacute possiacutevel confirmar um enunciado universal (lei) atraveacutes de um certo nuacutemero de observaccedilotildees singulares Via de regra
quando se questiona o indutivista a respeito da omissatildeo da hipoacutetese ele logo repete uma frase de Newton Natildeo faccedilo
hipoacuteteses Obviamente este indutivista ingecircnuo ouviu esta frase sabe que foi proferida por Newton mas demonstra
natildeo saber a que Newton estava se referindo A hipoacutetese a que Newton se refere natildeo eacute a mesma que hoje se conceitua nos tratados de metodologia cientiacutefica ou de estatiacutestica Newton deixou bastante claro em sua obra que natildeo fazia como cientista especulaccedilotildees ou conjecturas infundadas No
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que se refere a hipoacuteteses no contexto em que o termo eacute hoje aceito rariacutessimos foram os cientistas que em sua
fase produtiva as levantaram em nuacutemero tal cuja ordem de grandeza se aproximasse daquela atingida por Newton
O argumento indutivista baseia-se na crenccedila no princiacutepio da induccedilatildeo que dentre outras formas pode ser enunciado como Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno
sempre que pesquisado se repetiu em futuras verificaccedilotildees o mesmo sucederaacute
Figura 2 - O argumento indutivista (segundo Chalmers)
[15] Escolhi esta versatildeo para que fique claro o contraste entre o princiacutepio da induccedilatildeo e a regra
cientiacutefica fundamental expliacutecita na figura 1 Trecircs comentaacuterios merecem ser feitos a respeito 1) Conquanto
seja usado como regra metodoloacutegica o princiacutepio da induccedilatildeo natildeo define o nuacutemero de observaccedilotildees singulares a permitir uma generalizaccedilatildeo (obtenccedilatildeo de leis) 2) Esta e outras falhas conceituais inerentes ao argumento indutivista propiciam interpretaccedilotildees ingecircnuas ao princiacutepio conforme
veremos abaixo 3) O princiacutepio sem perder em generalidade no que diz respeito agraves premissas (tem o
mesmo campo de atuaccedilatildeo que a regra cientiacutefica fundamental) e para que possa caracterizar-se como metodoloacutegico e natildeo apenas norteador torna-se mais
restritivo que a regra cientiacutefica fundamental frac34afirma ao inveacutes de suporfrac34 Consequumlentemente os que abraccedilam esta ideologia devem procurar por uma outra definiccedilatildeo de ciecircncia que natildeo a apresentada no item 2 e figura 1 As
consequumlecircncias epistemoloacutegicas daiacute resultantes seratildeo objeto de discussatildeo em itens posteriores
O indutivista ingecircnuo eacute aquele que dentre outras falhas conceituais eou de raciociacutenio consegue provar
cientificamente por exemplo a inexistecircncia de Deus pelo simples fato de Deus natildeo se manifestar a ele tendo em vista que ele natildeo possui uma regra para delimitar a ciecircncia que natildeo seja o princiacutepio da causalidade --natildeo haacute efeito sem causa-- ele tenta inverter o princiacutepio frac34que no caso ficaria natildeo haacute causa sem efeitofrac34 e apelando para o argumento indutivista consegue por meacutetodos cientiacuteficos chegar a conclusotildees natildeo cientiacuteficas frac34no caso teoloacutegicas Mais comum no entanto eacute o erro agora natildeo tatildeo ingecircnuo cometido por alguns indutivistas que conseguem provar cientificamente que todas as maccedilatildes satildeo vermelhas prova esta vaacutelida somente ateacute o dia em que eles se
depararem com maccedilatildes verdes Neste caso a falha decorre da crenccedila num meacutetodo repleto de incoerecircncias internas
5 O argumento dedutivista
24
O argumento dedutivista ainda que natildeo isento de criacuteticas representou sem duacutevida alguma uma evoluccedilatildeo no sentido em que propiciou uma metodologia cientiacutefica dotada de
coerecircncia interna A esse respeito eacute dito com frequumlecircncia que o raciociacutenio dedutivo constitui o
argumento da loacutegica A fim de padronizar comparaccedilotildees apresentarei o argumento
dedutivista como apoiado no seguinte princiacutepio Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa para que seja hipoacutetese deveraacute ser
passiacutevel de verificaccedilatildeo observacional A figura 3 ilustra a proposiccedilatildeo deste argumento
Eacute importante observar que nem toda a afirmaccedilatildeo deduzida seraacute uma hipoacutetese motivo pelo qual natildeo utilizamos o argumento loacutegico se e somente se ao enunciarmos o
princiacutepio
Figura 3 - O argumento dedutivista
[16] Em particular eacute de se ressaltar a opiniatildeo de Severino (1994) a respeito
Eacute preciso natildeo confundir hipoacutetese com pressuposto com evidecircncia preacutevia
Hipoacutetese eacute o que se pretende demonstrar e natildeo o que jaacute se tem
demonstrado [17] A loacutegica dedutiva ao caminhar do geral para o particular
nos garante a formulaccedilatildeo de hipoacuteteses e hipoacutetese comprovada atraveacutes de uma observaccedilatildeo controlada (teste eou experiecircncia) nos permite suspeitar atraveacutes de um raciociacutenio indutivo (do singular para o geral) sua condiccedilatildeo de lei Observem o cuidado na colocaccedilatildeo das palavras Eu disse nos permite suspeitar e natildeo nos
permite garantir Por que esse cuidado A experimentaccedilatildeo natildeo nos garante verdades A esse respeito Popper assim se
referiu Natildeo haacute um meacutetodo para determinar se
uma hipoacutetese eacute lsquoprovaacutevelrsquo ou provavelmente verdadeira [18]
Eacute interessante notar que algumas limitaccedilotildees inerentes ao indutivismo e que propiciam o aparecimento de conclusotildees ingecircnuas satildeo aqui substituiacutedas por uma impossibilidade
Sob esse aspecto o dedutivismo natildeo solucionou o problema mas simplesmente reduziu a possibilidade de que se
cometessem determinados raciociacutenios ingecircnuos Rigorosamente falando o problema natildeo eacute tatildeo insoluacutevel
assim Seraacute insoluacutevel tatildeo-somente para aqueles que julgam estar cientificamente buscando por verdades absolutas A verdade cientiacutefica e soacute o leigo talvez natildeo saiba eacute uma
verdade provisoacuteria tomada por empreacutestimo da natureza e da forma como ela se nos aparenta ser As verdades
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cientiacuteficas de hoje seratildeo quando natildeo negadas lapidadas e reformuladas amanhatilde Se chegaremos ou natildeo por meacutetodos
cientiacuteficos agrave verdade absoluta eacute um questionamento que a ciecircncia natildeo estaacute aparelhada para responder E talvez nunca esteja o que natildeo nos impede de que continuemos procurando
pela verdade Popper foi mais aleacutem demonstrando ser impossiacutevel ateacute mesmo probabilizar uma afirmaccedilatildeo comprovada por um
raciociacutenio que siga a metodologia dedutiva (incluindo e eacute aiacute que reside o problema principal do meacutetodo a induccedilatildeo -- vide lado direito da figura 3) A esse respeito Popper
propotildee a substituiccedilatildeo do termo probabilizar por corroborar Uma hipoacutetese seria tanto mais corroboraacutevel quanto mais propiciasse verificaccedilotildees experimentais e teria sido tanto mais corroborada e natildeo haacute como se
atribuir nuacutemeros probabiliacutesticos a esse efeito quanto mais resistisse a essas verificaccedilotildees Siegel (1977
traduccedilatildeo) adota provavelmente com o mesmo objetivo a expressatildeo grau de aceitabilidade
Efetuamos pesquisas a fim de determinar o grau de aceitabilidade de
hipoacuteteses deduzidas de nossas teorias [19]
Esta impossibilidade em garantir um acerto preocupou bastante Popper e certamente foi um dos motivos que o
levou a expandir o argumento dedutivista atraveacutes da proposiccedilatildeo do falsificacionismo a ser apresentado no
item 7 Independentemente das dificuldades apontadas neste e nos itens precedentes a verdade eacute que a ciecircncia progride e este progresso eacute guiado por homens que conhecem o terreno por onde pisam E conquanto todos saibam da natildeo existecircncia em ciecircncia de verdades absolutas da impossibilidade de se
chegar a uma soluccedilatildeo definitiva para os problemas cientiacuteficos e da natildeo existecircncia de provas observacionais irrefutaacuteveis quase todos [20] entendem e concordam com a
afirmaccedilatildeo de GIL (1994) expressa a seguir A pesquisa cientiacutefica inicia-se
sempre com a colocaccedilatildeo de um problema solucionaacutevel O passo seguinte
consiste em oferecer uma soluccedilatildeo possiacutevel atraveacutes de uma proposiccedilatildeo ou seja de uma expressatildeo suscetiacutevel de ser declarada verdadeira ou falsa A
esta proposiccedilatildeo daacute-se o nome de hipoacutetese Assim a hipoacutetese eacute a
proposiccedilatildeo testaacutevel que pode vir a ser a soluccedilatildeo do problema [21]
6 O que eacute teoria Eacute importante salientar que a finalidade primordial da ciecircncia natildeo eacute formular hipoacuteteses e sim sistematizar teorias e que teoria natildeo eacute pura e simplesmente uma
coletacircnea de hipoacuteteses Teoria eacute um conjunto de hipoacuteteses coerentemente interligadas tendo por finalidade explicar
elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio do conhecimento [22] Por que entatildeo os livros de
metodologia insistem em justificar os meacutetodos atraveacutes de hipoacuteteses uacutenicas e via de regra desinteressantes tais
como As maccedilatildes satildeo vermelhas os cisnes satildeo brancos etc A verdade eacute que nem sempre eacute faacutecil encontrar teorias ao mesmo tempo simples e de amplo espectro ou seja que
26
possam ser entendidas por leitores das vaacuterias aacutereas do conhecimento Por outro lado os argumentos que corroboram ou derrubam teorias satildeo em princiacutepio idecircnticos aos que corroboram ou derrubam hipoacuteteses frac34poderiacuteamos tambeacutem dizer
que uma hipoacutetese eacute ou simula ser uma teoria cujo conjunto de hipoacuteteses eacute unitaacuterio Em geral a dificuldade inerente ao grau de complexidade de uma teoria pode ser
superada desde que o cientista conheccedila a fundo esta teoria cujo grau de aceitabilidade pretende testar e domine a loacutegica envolvida em situaccedilotildees similares poreacutem simples como aquelas que aparecem nos compecircndios sobre o
assunto A ecircnfase dada pelos textos de metodologia cientiacutefica a meacutetodos relacionados a testes de hipoacuteteses contrasta com a quase ausecircncia de referecircncias a meacutetodos relativos agrave
praacutetica da teorizaccedilatildeo Existem exceccedilotildees a esta regra e eu natildeo poderia deixar de citar [23] os livros de Bunge [24] e de Lacey [25] indicados especialmente para os iniciantes da aacuterea de exatas Embora natildeo especificamente dirigido a esta temaacutetica haacute que se destacar tambeacutem o livro de Bohm e
Peat [26] e que merece ser lido posto que focaliza a essecircncia da problemaacutetica aqui apontada neste caso e por este motivo eacute indicado aos iniciantes de todas as aacutereas A praacutetica da teorizaccedilatildeo com rariacutessimas exceccedilotildees natildeo se
aprende na escola Grandes teorizadores por terem aprendido a utilizar uma teacutecnica natildeo encontrada nos livros tradicionais e que nem mesmo eacute ensinada na maioria dos
regimes de iniciaccedilatildeo cientiacutefica chegaram a ser confundidos com gecircnios Eacute bem possiacutevel que estes gecircnios tenham adquirido esta praacutexis cultuando algum resquiacutecio da
filosofia que a sociedade moderna natildeo conseguiu despedaccedilar
A lacuna acima apontada fomenta a ingenuidade ou ateacute mesmo o charlatanismo multiplicando sobremaneira o nuacutemero dos que sem estarem devidamente preparados para teorizar frac34uma atividade que natildeo eacute elementarfrac34 ainda assim teorizam e teorizam mal frac34fato este que chega a incomodar cientistas de respeito que ocupam postos importantes nas
universidades [27] Por outro lado e em decorrecircncia disto permite que se condene agrave marginalidade cientiacutefica
e por periacuteodos variaacuteveis de tempo todos aqueles que certos ou errados pretendem evoluir seriamente no sentido de atender agrave finalidade uacuteltima da ciecircncia a edificaccedilatildeo de
teorias representacionais Que meacutetodos estes homens seguiram que natildeo a paixatildeo a
devoccedilatildeo a persistecircncia e a crenccedila num espiacuterito universal frac34Espiacuterito este que segundo alguns admitem natildeo estaacute a se
divertir com nossos erros e acertos o que foi sintetizado pelo maior dos gecircnios do seacuteculo XX nas
seguintes palavras Deus natildeo joga dados A resposta nos eacute dada pelo proacuteprio autor desta afirmaccedilatildeo
O alvo de construir uma teoria de campo eletromagneacutetico da mateacuteria
permanece inatingiacutevel por ora embora em princiacutepio nenhuma objeccedilatildeo possa ser levantada contra a possibilidade de vir a se alcanccedilar tal objetivo O que reteve qualquer tentativa posterior nessa direccedilatildeo foi a falta de qualquer meacutetodo sistemaacutetico que levasse a uma
soluccedilatildeo [28]
27
Seraacute que natildeo existem meacutetodos ou regras a serem adotados nesta praacutexis E por falar nisso a praacutetica da teorizaccedilatildeo
natildeo seria uma teorexis [29] Seraacute que teorizar em ciecircncia eacute uma atividade puramente filosoacutefica Natildeo existe uma
metodologia cientiacutefica a orientar aqueles que se preocupam em decifrar os segredos que estatildeo por traacutes dos fenocircmenos que se adaptam agrave regra cientiacutefica fundamental Caso exista
um meacutetodo a ser sistematizado Seria ele diferente do meacutetodo cientiacutefico O que eacute o meacutetodo cientiacutefico
Tentarei dentro do possiacutevel e da finalidade a que me propus ao conceber esta seacuterie de artigos responder
oportunamente eou orientar o leitor se houver como no que diz respeito aos questionamentos aqui assinalados De qualquer forma mais detalhes sobre teoria eou teorizaccedilatildeo seratildeo apresentados no toacutepico IV-b A praacutetica da teorizaccedilatildeo
(em preparo)
[13] CHALMERS A F 1976 Referecircncias
op cit (Voltar pelo browser) pp 23-63
[14] Idem p 28 [15] Esta versatildeo eacute uma adaptaccedilatildeo do princiacutepio da induccedilatildeo
como enunciado por CHALMERS (1976) op cit Se um grande nuacutemero de As foi observado sob uma ampla variedade de condiccedilotildees e se todos esses As observados possuiacuteam sem exceccedilatildeo a propriedade B entatildeo todos os As possuem a propriedade B
[16] Neste caso o princiacutepio ficaria
Aparentes contradiccedilotildees que o iniciante possa descobrir ao comparar os dois enunciados natildeo
comprometem o raciociacutenio que se segue razatildeo pela qual admitirei a equivalecircncia sem justificaacute-la
Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa seraacute hipoacutetese se e somente se for passiacutevel de verificaccedilatildeo
observacional
[17] SEVERINO J S 1994
O primeiro se torna a afirmaccedilatildeo inconsistente
Metodologia do trabalho cientiacutefico[18] POPPER K R 1956
Cortez Editora Satildeo Paulo op cit
[19] SIEGEL S 1977 Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica
[20] Eacute possiacutevel que alguns dentre os indutivistas natildeo concordem com alguns dos termos da afirmaccedilatildeo por motivos que podem ser suspeitados tendo em vista o apresentado
neste e no item anterior
Ed McGraw-Hill do Brasil Ltda Satildeo Paulo p 6
[21] GIL A C 1994 Como elaborar projetos de pesquisas
[22] Em FERREIRA A B H 1986
Editora Atlas S A Satildeo Paulo p 35 [Os grifos satildeo
meus] op cit (Voltar pelo
browser) encontramos uma definiccedilatildeo mais geral a satisfazer tambeacutem o argumento indutivista Teoria eacute um
conjunto de conhecimentos natildeo ingecircnuos que apresentam graus diversos de sistematizaccedilatildeo e credibilidade e que se
propotildeem a explicar elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio de fenocircmenos ou de acontecimentos que se
oferecem agrave atividade praacutetica [23] Os trecircs livros citados a seguir natildeo satildeo os uacutenicos
nos gecircneros assinalados a despeito da disparidade apontada Ao tempo em que registro com estes exemplos a exceccedilatildeo agrave regra presto tambeacutem uma homenagem a autores que ao serem por mim lidos transmutaram em duacutevidas muitas das
respostas a questotildees fundamentais e que eu
28
pretensiosamente julgava possuir [24] BUNGE M Teoria e realidade
[25] LACEY HM 1972
Ed Perspectiva (traduccedilatildeo 1994) Satildeo Paulo
A linguagem do espaccedilo e do tempo
[26] BOHM D e PEAT F D
Ed Perspectiva SA
Ciecircncia ordem e criatividade
[27] A esse respeito vale a pena ler
Gradiva Publicaccedilotildees Ltda (traduccedilatildeo 1989) Lisboa
Cientiacuteficos Chiflados capiacutetulo XIV do livro BERNSTEIN J 1988 Observacioacuten de
la Ciencia[28] EINSTEIN A
Ed Fondo de Cultura Econoacutemica Meacutexico Fiacutesica e realidade in Albert Einstein
Pensamento poliacutetico e uacuteltimas conclusotildees (1983 traduccedilatildeo) Edit Brasiliense S A Satildeo Paulo [O grifo eacute meu]
[29] Este termo eu utilizei pela primeira vez no artigo MESQUITA Fdeg A 1983 Ciecircncia empiacuterica uma arma ou uma daacutediva Faculdade
Antes de mais nada afirmarei sem me alongar que uma teoria adotado o argumento dedutivista pode ser
corroborada ou negada fundamentalmente atraveacutes de um dos trecircs procedimentos seguintes 1) Pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de uma de suas hipoacuteteses 2) pela verificaccedilatildeo ou negaccedilatildeo de uma de suas prediccedilotildees 3) pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de teorias auxiliares deduzidas da teoria principal (teoria em teste ou sob suspeita) as teorias
auxiliares podem ser de trecircs tipos teorias ou hipoacuteteses de nulidade teorias ou hipoacuteteses salvadoras e teorias ou hipoacuteteses assassinas
(Revista do IAMC) ndeg 6 p 28-43 agosto83
7 O falsificacionismo O falsificacionismo natildeo foi proposto como um meacutetodo novo mas sim como um criteacuterio ou conduta a ser ou natildeo adotado por aqueles que se conformam ao meacutetodo dedutivo de prova
Natildeo haacute nada no falsificacionismo do ponto de vista metodoloacutegico que natildeo esteja previsto ou que natildeo decorra naturalmente de uma opccedilatildeo a ser seguida espontaneamente ou natildeo por este ou aquele dedutivista Qual seria entatildeo este criteacuterio Com que finalidade foi proposto A resposta a estas perguntas bem como o meacuterito do falsificacionismo constituem o objetivo deste e dos proacuteximos dois itens
[30] Incluem-se no rol das teorias auxiliares como veremos oportunamente as teorias
transcendentais frequumlentemente conotadas por experiecircncias de pensamento As prediccedilotildees e as hipoacuteteses ou teorias auxiliares satildeo teorias geradas utilizando-se do proacuteprio argumento dedutivista esquematizado na figura 3 Neste caso o foco de atenccedilatildeo inicial frac34representado na figura como observaccedilatildeofrac34 eacute nada mais nada menos que a proacutepria teoria que deu origem agrave prediccedilatildeo eou agrave teoria auxiliar Ao valorizar a falseabilidade como criteacuterio a ser adotado
pelos dedutivistas Popper nada mais fez que tentar expandir ou trazer para o domiacutenio da metodologia
cientiacutefica uma praacutetica amplamente utilizada com sucesso em estatiacutestica o criteacuterio de tomada de decisatildeo atraveacutes da
hipoacutetese de nulidade (Ho
O primeiro passo ou estaacutegio no processo de tomada de decisatildeo eacute
definir a hipoacutetese de nulidade (
)
Ho) Formula-se usualmente com o expresso propoacutesito de ser rejeitada Se eacute
29
rejeitada pode-se aceitar a hipoacutetese alternativa (H1) A hipoacutetese
alternativa eacute a definiccedilatildeo operacional da hipoacutetese de pesquisa do
pesquisador A hipoacutetese de pesquisa eacute a prediccedilatildeo deduzida da teoria que estaacute
sendo comprovada [31] A contribuiccedilatildeo de Popper a esse respeito limitou-se agrave ecircnfase que deu agrave importacircncia da procura por hipoacuteteses de
nulidade Ateacute entatildeo este costume estava restrito agrave procura por previsotildees frac34apresentadas via de regra pelo proacuteprio autor da teoriafrac34 eou hipoacuteteses salvadoras frac34levantadas
pelos adeptos da teoria em focofrac34 eou hipoacuteteses assassinas frac34levantadas pelos criacuteticos da teoria em questatildeo As quatro
tecircm uma caracteriacutestica comum satildeo todas teorias falseadoras
A boa teoria dentre outras qualidades [32] e segundo Popper eacute aquela potencialmente geradora de hipoacuteteses
falseadoras e tanto melhor seraacute quanto maior for o risco de ser negada Ela pode ateacute mesmo ser derrubada no primeiro teste a que for submetida o que natildeo invalida o que foi
dito foi uma boa teoria enquanto durou e voltaraacute a ser se conseguir ressurgir das cinzas Dito em outras palavras o criteacuterio para se avaliar a virtude de uma teoria nascente repousa no seu grau de submissatildeo a testes adversos Uma teoria de baixo risco raramente eacute bem vinda [33] e uma
teoria sem risco algum na opiniatildeo de Popper natildeo eacute cientiacutefica e eu iria aleacutem sequer eacute teoria
Levando-se em conta que o criteacuterio falsificacionista peca pela subjetividade deve-se tomar cuidado ao se optar por uma teoria em detrimento de outra pelo fato de a primeira
ser mais falseaacutevel que a segunda Diferentes hipoacuteteses falseadoras devem apresentar pesos diferentes e este peso
mesmo quando bem estimado frequumlentemente o eacute por um processo subjetivo Natildeo eacute raro utilizar-se desta
subjetividade inerente ao falsificacionismo para justificar escolhas feitas segundo criteacuterios poliacuteticos econocircmicos
interesseiros corporativistas ou entatildeo apoiados em princiacutepios outros que tambeacutem deixam a desejar no que diz
respeito agrave eacutetica do cientista 8 Entendendo o falsificacionismo
Suponha que algueacutem deduza a seguinte hipoacutetese H1 As maccedilatildes do Estado de Satildeo Paulo satildeo vermelhas A teoria assim
simulada eacute uma teoria de hipoacutetese uacutenica Percebam que no argumento da hipoacutetese estaacute se admitindo como pressupostos uma infinidade de conceitos tais como fruta maccedilatilde cor
vermelho local Satildeo Paulo Brasil etc Estes pressupostos satildeo o que Severino chama de evidecircncias preacutevias como vimos no item 5 e constituem uma das bases da argumentaccedilatildeo de Chalmers [34] ao contestar os que afirmam que a ciecircncia
comeccedila com a observaccedilatildeo Um exemplo de previsatildeo desta teoria seria as maccedilatildes de
Jundiaiacute devem ser vermelhas tendo em vista que Jundiaiacute se localiza no Estado de Satildeo Paulo
Suponha tambeacutem que algueacutem tenha demonstrado que em condiccedilotildees X outra fruta que natildeo a maccedilatilde e que
originalmente era de determinada cor se modifica e conclui que se a teoria sobre as maccedilatildes for verdadeira ela
deveraacute permanecer verdadeira nas condiccedilotildees X Pode-se entatildeo construir a seguinte hipoacutetese de nulidade Ho Em
condiccedilotildees X obter-se-atildeo em Satildeo Paulo maccedilatildes natildeo
30
vermelhas Esta previsatildeo natildeo decorre da teoria (H1) mas de evidecircncias preacutevias outras e estranhas agrave mesma Se esta
hipoacutetese (Ho) for verificada a hipoacutetese original H1
Seraacute que este simples fato condena a teoria original Para o falsificacionista ingecircnuo sim Para aquele que entendeu e aceitou o significado da afirmaccedilatildeo de Popper citada
neste artigo ao final do
estaraacute falseada
quarto paraacutegrafo do item 5 natildeo Optar por uma teoria natildeo significa crer numa verdade
absoluta Se eu afirmo que Ho eacute verdadeira e consequumlentemente H1 eacute falsa isto natildeo significa que eu
estou atribuindo o grau de veracidade 100 a uma hipoacutetese e 0 agrave outra significa simplesmente que a verificaccedilatildeo experimental me convenceu a optar por uma teoria em
detrimento da outra A opccedilatildeo eacute uma das maneiras pelas quais o cientista expressa a sua feacute na ciecircncia [35] e o
falsificacionismo estabelece normas a lhe orientar nesta opccedilatildeo
Suponha agora que em condiccedilotildees X ou em outra condiccedilatildeo qualquer se encontrem no Estado de Satildeo Paulo maccedilatildes verdes Significa isto que a hipoacutetese H1
Natildeo podemos em satilde consciecircncia dizer que a psicanaacutelise por exemplo natildeo pertenccedila ao campo da ciecircncia pelo simples
fato de uma de suas teorias precursoras ser natildeo falseaacutevel Sequer podemos dizer que o autor dessa ideacuteia natildeo
fosse cientista se eacute verdade que a psicanaacutelise se desenvolveu em cima desta ideacuteia e apesar disso conseguiu
eacute falsa Natildeo Simplesmente ela foi falseada Nada impede que amanhatilde com a evoluccedilatildeo da ciecircncia se descubra que estes frutos verdes a que hoje associamos a ideacuteia maccedilatilde estejam inseridos num
outro contexto e que realmente natildeo sejam maccedilatildes Por que entatildeo se daacute preferecircncia a verificaccedilotildees falseadoras em detrimento das corroboradoras Ora isto nem sempre
acontece conquanto seja esta uma das regras propostas pelo falsificacionismo Por exemplo tanto a teoria da
relatividade quanto a mecacircnica quacircntica satildeo teorias fiacutesicas amplamente aceitas graccedilas a terem sido
corroboradas por previsotildees que se confirmaram e pouco valor se deu a um grande nuacutemero de testes que as falsearam Por outro lado estas duas teorias satildeo concomitantemente aceitas pelos fiacutesicos conquanto existam fortes argumentos
a provar que cada uma destas duas teorias falseia a outra e ambas falseiam a teoria de Maxwell que tambeacutem eacute aceita como verdadeira Certos ou errados neste caso os fiacutesicos modernos dentre os quais se inclui Popper fizeram uma opccedilatildeo contraacuteria agrave norma falsificacionista e natildeo haacute
como criticaacute-los por essa conduta a menos que se pretenda atribuir ao falsificacionismo uma qualidade que ele natildeo
possui a de estabelecer criteacuterios absolutos de veracidade O falsificacionismo presta-se tambeacutem a fomentar o diaacutelogo e a criatividade Neste caso surge quase como que um apelo para que se invista mais em experiecircncias de pensamento um
recurso legiacutetimo e de grande valor em ciecircncia 9 O falsificacionismo como delimitador da ciecircncia
Vimos no item 7 que para Popper uma teoria sem risco algum natildeo eacute cientiacutefica e eu acrescentei sequer eacute teoria Popper quis se aproveitar deste argumento para delimitar a ciecircncia utilizando-se entatildeo do falsificacionismo como
criteacuterio de cientificidade Com esta opccedilatildeo Popper desagradou a muitos e convenceu a poucos ainda que sua
ideacuteia natildeo fosse de todo maacute
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de alguma forma se impor como ciecircncia muito provavelmente queiramos ou natildeo seu autor contribuiu diretamente para o progresso da ciecircncia Mesmo que hoje algueacutem chegasse a concluir categoricamente pelo caraacuteter natildeo cientiacutefico da psicanaacutelise isto de forma alguma nos autorizaria a hipoteticamente condenaacute-la agrave estagnaccedilatildeo Se um cientista utilizando-se de maus criteacuterios ou ateacute mesmo apoiando-se em dogmas constroacutei de maneira natildeo
cientiacutefica um determinado campo do conhecimento isto natildeo significa que este campo natildeo possa vir a ser estudado cientificamente e que natildeo se possam criteriosamente
aproveitar as conclusotildees de seus estudos Nada impede que uma teoria considerada hoje como natildeo cientiacutefica pelo fato de possuir uma ou mais hipoacuteteses natildeo falseaacuteveis adquira
esse status apoacutes passar por ligeiras reformulaccedilotildees Natildeo podemos assumir que um campo do conhecimento seja natildeo cientiacutefico pelo simples fato de natildeo encontrarmos nele
teorias cientiacuteficas Este posicionamento de Popper a meu ver natildeo se justifica o falsificacionismo natildeo eacute um bom
criteacuterio delimitador da ciecircncia e isto eu espero que tenha ficado claro para o leitor E mais natildeo existem aacutereas natildeo cientiacuteficas mas sim aacutereas onde ainda natildeo foram produzidos conhecimentos cientiacuteficos O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo e pelo menos nesta etapa nada eacute absolutamente corroboraacutevel ou falseaacutevel Podemos ainda
dizer que a ciecircncia natildeo se localiza aqui ou acolaacute sob esse aspecto a ciecircncia natildeo tem fronteiras
10 Enfim a teoria do meacutetodo Nos demais artigos desta seacuterie irei demonstrar ser possiacutevel partindo da regra cientiacutefica fundamental desenvolver uma teoria sobre o meacutetodo cientiacutefico
utilizando-se das trecircs hipoacuteteses seguintes 1 O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo 2 A produccedilatildeo de conhecimentos passa
necessariamente pelas etapas deduccedilatildeo anaacutelise induccedilatildeo e
siacutentese na ordem apresentada 3 Os princiacutepios cientiacuteficos fundamentais satildeo universais
Por questatildeo de simplicidade subdividirei o estudo do meacutetodo em trecircs etapas correspondentes a cada uma das hipoacuteteses 1) o estudo do macromeacutetodo cientiacutefico 2) o estudo do meacutetodo cientiacutefico propriamente dito e 3) o estudo do micromeacutetodo cientiacutefico Os toacutepicos nos quais
desenvolverei estas etapas estatildeo em fase de projeto natildeo havendo portanto previsatildeo quanto agrave eacutepoca de publicaccedilatildeo
Meacutetodo cientiacutefico
Origem Wikipeacutedia a enciclopeacutedia livre
A palavra meacutetodo vem do grego meacutethodos (caminho para chegar a um fim) O meacutetodo cientiacutefico eacute um conjunto de regras baacutesicas para desenvolver uma experiecircncia a fim de produzir novo conhecimento bem como corrigir e integrar conhecimentos preacute-existentes Na maioria das disciplinas cientiacuteficas consiste em juntar evidecircncias observaacuteveis empiacutericas (ou seja baseadas apenas na experiecircncia) e
mensuraacuteveis e as analisar com o uso da loacutegica Para muitos autores o meacutetodo cientiacutefico nada mais eacute do que a loacutegica
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aplicada agrave ciecircncia (Haddad) Metodologia literalmente refere-se ao estudo dos meacutetodos e especialmente do meacutetodo da ciecircncia que se supotildee universal Embora procedimentos variem de uma aacuterea da
ciecircncia para outra (as disciplinas cientiacuteficas) diferenciadas por seus distintos objetos de estudo
consegue-se determinar certos elementos que diferenciam o meacutetodo cientiacutefico de outros meacutetodos (filosoacutefico algoritmo
ndash matemaacutetico etc)
Primeiramente os pesquisadores definem proposiccedilotildees loacutegicas ou suposiccedilotildees (hipoacuteteses) para explicar certos fenocircmenos e observaccedilotildees e entatildeo desenvolvem experimentos que testam essas hipoacuteteses Se confirmadas as hipoacuteteses podem gerar leis e teorias Integrando-se hipoacuteteses de certa aacuterea em uma estrutura coerente de conhecimento contribuiacute-se na
formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bem como coloca as hipoacuteteses em um conjunto de conhecimento maior que satildeo as
leis e teorias reconhecidas consensualmente pela comunidade cientiacutefica eou o
O contexto de uma pesquisa
paradigma de seu tempo Outra caracteriacutestica do meacutetodo eacute que o processo precisa
ser objetivo e o cientista deve ser imparcial na interpretaccedilatildeo dos resultados Sobre a objetividade o seja
atente agraves propriedades do objeto e natildeo do sujeito (subjetividade) eacute conhecida a afirmaccedilatildeo de Hans Selye
pesquisador canadense que formulou a moderna concepccedilatildeo de stress ldquoQuem natildeo sabe o que procura natildeo entende o que encontrardquo referindo-se a necessidade de formulaccedilatildeo de definiccedilotildees precisas (a essecircncia dos conceitos) e que
possam ser respondidas com o simples sim ou natildeo Tanto a imparcialidade (evidecircncia) como a objetividade foram incluiacutedas por Reneacute Descartes (1596 ndash 1649) nas regras
loacutegicas que caracterizam o meacutetodo cientiacutefico Aleacutem disso o procedimento precisa ser documentado tanto no que diz respeito agrave fonte de dados como as regras de anaacutelise para que outros cientistas possam re-analisar reproduzir e verificar a confiabilidade dos resultados Assim se distingue os relatos cientiacuteficos (artigos
monografias teses e dissertaccedilotildees) de um simples estilo (padratildeo) ou arquitetura de texto orientados pelo que caracteriza as normas da Retoacuterica ou estudo do uso persuasivo da linguagem em funccedilatildeo da eloquumlecircncia
Eacute comum o uso da anaacutelise matemaacutetica ou estatiacutestica quando possiacutevel ou aproximaccedilatildeo de modelos abstratos (tipos ideais) e categorias de classificaccedilatildeo a depender do
objetivo da pesquisa (identificar descrever analisar) que pode ser basicamente quantitativa ou qualitativa A divisatildeo da ciecircncia em aacutereas ou distintas disciplinas
cientificas tem levado a tais adequaccedilotildees da metodologia Eacute comum a afirmaccedilatildeo de que em funccedilatildeo da evoluccedilatildeo do meacutetodo
cientifico num extremo temos a fiacutesica e quiacutemica seguida da biologia e por uacuteltimo as ciecircncias sociais psicologia e ciecircncias juriacutedicas quase se aproximando da filosofia e estudo das crenccedilas (senso comum) ou ciecircncias do espiacuterito
(sistemas miacutetico - religiosos) Contudo pesquisadores contemporacircneos vecircem nessas duas abordagens uma oposiccedilatildeo complementar enquanto as pesquisas quantitativas visam descrever e explicar fenocircmenos que produzem regularidades mensuraacuteveis satildeo recorrentes (ou discrepantes) e exteriores ao sujeito
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(objetivos) na pesquisa qualitativa o observador (sujeito) eacute da mesma natureza que o objeto de sua anaacutelise e ele proacuteprio uma parte de sua observaccedilatildeo (o subjetivo)
Eacute importante ter em mente que as pesquisas cientificas relacionam-se com um modelo (paradigmaacutetico) ou uma
constelaccedilatildeo de pressupostos e crenccedilas escalas de valores teacutecnicas e conceitos compartilhados pelos membros de uma determinada comunidade cientiacutefica num determinado momento
histoacuterico
Ciecircncia eacute muito mais uma maneira de pensar do que um corpo de conhecimentos -
Elementos do meacutetodo cientiacutefico
Carl Sagan ciecircncia consiste em agrupar factos para que leis
gerais ou conclusotildees possam ser tiradas deles - Charles Darwin
O meacutetodo cientiacutefico eacute composto dos seguintes elementos bull Caracterizaccedilatildeo - Quantificaccedilotildees observaccedilotildees e
medidas bull Hipoacuteteses - Explicaccedilotildees hipoteacuteticas das observaccedilotildees e
medidas bull Previsotildees - Deduccedilotildees loacutegicas das hipoacuteteses
bull Experimentos - Testes dos trecircs elementos acima O meacutetodo cientiacutefico consiste dos seguintes aspectos bull Observaccedilatildeo - Uma observaccedilatildeo pode ser simples isto eacute
feita a olho nu ou pode exigir a utilizaccedilatildeo de instrumentos apropriados
bull Descriccedilatildeo - O experimento precisa ser replicaacutevel (capaz de ser reproduzido)
bull Previsatildeo - As hipoacuteteses precisam ser vaacutelidas para observaccedilotildees feitas no passado no presente e no
futuro bull Controle - Para maior seguranccedila nas conclusotildees toda
experiecircncia deve ser controlada Experiecircncia controlada eacute aquela que eacute realizada com teacutecnicas que permitem descartar as variaacuteveis passiacuteveis de mascarar
o resultado bull Falseabilidade[1]
bull Explicaccedilatildeo das Causas - Na maioria das aacutereas da Ciecircncia eacute necessaacuterio que haja causalidade Nessas
condiccedilotildees os seguintes requerimentos satildeo vistos como importantes no entendimento cientiacutefico
- toda hipoacutetese tem que ser falseaacutevel ou refutaacutevel Isso natildeo quer dizer que o experimento seja falso mas sim que ele pode ser verificado
contestado Ou seja se ele realmente for falso deve ser possiacutevel provaacute-lo
bull Identificaccedilatildeo das Causas bull Correlaccedilatildeo dos eventos - As causas precisam se
correlacionar com as observaccedilotildees bull Ordem dos eventos - As causas precisam preceder
no tempo os efeitos observados Na aacuterea da sauacutede a natureza da associaccedilatildeo causal foi formulada por Hence e adaptada por Robert Koch em 1877
para demonstraccedilatildeo da relaccedilatildeo causal entre microrganismos e patologias consistindo basicamente no enunciado acima ou seja forccedila da associaccedilatildeo (conectividade) sequumlecircncia temporal (assimetria) transitividade (evidecircncia experimental) previsibilidade estabilidade
Uma maneira linearizada e pragmaacutetica de apresentar os quatro pontos acima estaacute exposto a seguir passo-a-passo
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Vale a pena notar que eacute apenas um exemplo natildeo sendo obrigatoacuterio a existecircncia de todos esses passos Na
verdade na maioria dos casos natildeo se segue todos esses passos ou mesmo parte deles O meacutetodo cientiacutefico natildeo eacute
uma receita ele requer inteligecircncia imaginaccedilatildeo e criatividade O importante eacute que os aspectos e elementos
apresentados acima estejam presentes bull Definir o problema
bull Recolhimento de dados bull Proposta de uma hipoacutetese
bull Realizaccedilatildeo de uma experiecircncia controlada para testar a validade da hipoacutetese
bull Anaacutelise dos resultados bull Interpretar os dados e tirar conclusotildees o que serve
para a formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bull Publicaccedilatildeo dos resultados em monografias
dissertaccedilotildees teses artigos ou livros aceitos por universidades e ou reconhecidos pela comunidade
cientiacutefica Observe-se que nem todas as hipoacutetese podem ser confirmadas
ou refutadas por experimentos e que em muitas aacutereas do conhecimento o recolhimento de dados e a tentativas de interpretaacute-los jaacute eacute uma grande tarefa como nas ciecircncias
humanas e juriacutedicas (criminologia)
Ciecircncias humanas A limitaccedilatildeo eacutetica da realizaccedilatildeo experimentos com seres humanos o estudo das subjetividades ou essencialmente
subjetivo individual e particular psiquismo humano ou a natureza histoacuterica do objeto das ciecircncias sociais conduziram os pensadores a distintos caminhos ou
proposiccedilotildees de estudo para o meacutetodo cientiacutefico Contudo parafraseando Minayoldquouma base de dados quando bem trabalhada teoacuterica e praticamente produz riqueza de informaccedilotildees aprofundamento e maior fidedignidade
interpretativardquo As principais divergecircncias na anaacutelise dos resultados de pesquisas em ciecircncias sociais ou humanas se datildeo no plano da contextualizaccedilatildeo dos dados ou informaccedilotildees obtidas em campo nos diversos sistemas teoacutericos ou seja conjunto de teorias e leis reconhecidas como consensuais em distintos
momentos histoacutericos eou segmentos das comunidades cientiacuteficas Nas ciecircncias sociais identifica-se trecircs
grandes correntes de pensamentos bull Positivismo Auguste Comte
bull Fenomenologia (Fenomenologia do Espiacuterito Estruturalismo
bull Materialismo dialeacutetico Dialeacutetica Marxismo
A histoacuteria do meacutetodo cientiacutefico se mistura com a histoacuteria da ciecircncia Documentos do
A evoluccedilatildeo do conceito de meacutetodo
Antigo Egito jaacute descrevem meacutetodos de diagnoacutesticos meacutedicos Na cultura da Greacutecia
Antiga os primeiros indiacutecios do meacutetodo cientiacutefico comeccedilam a aparecer Grande avanccedilo no meacutetodo foi feito no comeccedilo da filosofia islacircmica principalmente no uso de experimentos
para decidir entre duas hipoacuteteses Os principios fundamentais do meacutetodo cientiacutefico se consolidaram com o surgimento da Fiacutesica nos seacuteculos XVII e XVIII Francis
Bacon em seu trabalho Novum Organum(1620)-uma referecircncia
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ao Organon de Aristoacuteteles-especifica um novo sistema loacutegico para melhorar o velho processo filosoacutefico do
silogismo A metodologia cientiacutefica tem sua origem no pensamento de
Descartes que foi posteriormente desenvolvimento empiricamente pelo fiacutesico inglecircs Isaac Newton Reneacute Descartes propocircs chegar agrave verdade atraveacutes da duacutevida sistemaacutetica e da decomposiccedilatildeo do problema em pequenas
partes caracteriacutesticas que definiram a base da pesquisa cientiacutefica
Lecirc-se no livro o Discurso do meacutetodo E como a multiplicidade de leis serve frequentemente para escusar os viacutecios de sorte que um estado eacute muito melhor governado quando possuindo poucas elas satildeo aiacute rigorosamente aplicadas assim em lugar de um grande
nuacutemero de preceitosde qua a loacutegica eacute composta acrediteis que jaacute me seriam bastante quatro contanto que tomasse a firme e constante resoluccedilatildeo de natildeo deixar uma vez soacute de
observaacute-los O primeiro consistia em nunca aceitar por verdadeira coisa nenhuma que natildeo conhecesse como evidente isto eacute
devia evitar cuidadosamente a precipitaccedilatildeo e a prevenccedilatildeo e nada incluir em meus juizos que natildeo se apresentasse tatildeo claramente e tatildeo distintamente ao meu espiacuterito que natildeo
tivesse nenhuma ocasiatildeo de o por em duacutevida O segundo ndash dividir cada uma das dificuldades que
examinasse em tantas parcelas quantas pudesse ser e fossem exigidas para melhor compreendecirc-las
O terceiro ndash conduzir por ordem os meus pensamento comeccedilando pelos objetos mais simples e faacuteceis de serem conhecidos para subir pouco a pouco como por degraus ateacute o conhecimento dos mais compostos e supondo mesmo
certa ordem entre os que natildeo se precedem naturalmente uns aos outros
e o uacuteltimo ndash fazer sempre enumeraccedilotildees tatildeo completas e revisotildees tatildeo gerais que ficasse certo de nada
omitir Correntemente estas regras satildeo 1 ndash da evidecircncia 2 ndash da
divisatildeo ou anaacutelise 3 ndash da ordem ou deduccedilatildeo 3 da enumeraccedilatildeo (contar especificar) classificaccedilatildeo
O acidente (serendipity
Eacute comum considerar alguns dos mais importantes avanccedilos na ciecircncia tais como as
)
descobertas da radioatividade por Henri Becquerel ou da penicilina por Alexander Fleming como tendo ocorrido por acidente no entanto o que eacute possiacutevel afirmar agrave luz da observaccedilatildeo cientiacutefica eacute que
teratildeo sido parcialmente acidentais uma vez que as pessoas envolvidas haviam aprendido a pensar cientificamente
estando portanto conscientes de que observaram algo novo e interessante
Os progressos da ciecircncia satildeo acompanhados de muitas horas de trabalho cuidadoso que segue um caminho mais ou menos sistemaacutetico na busca de respostas a questotildees cientiacuteficas
Eacute este o caminho denominado de meacutetodo cientiacutefico
A A hipoacutetese
Hipoacutetese (do gr Hypoacutethesis) eacute uma proposiccedilatildeo que se admite de modo provisoacuterio como princiacutepio do qual se pode
deduzir pelas regras da loacutegica um conjunto dado de proposiccedilotildees ou um mecanismo da experiecircncia a explicar
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Literalmente pode ser compreendida como uma suposiccedilatildeo ou pergunta conjetura que orienta uma investigaccedilatildeo por
antecipar caracteriacutesticas provaacuteveis do objeto investigado e que vale quer pela confirmaccedilatildeo atraveacutes de deduccedilotildees loacutegicas dessas caracteriacutesticas quer pelo encontro de novos caminhos de investigaccedilatildeo (novas hipoacuteteses e novos
experimentos) No meacutetodo cientiacutefico a hipoacutetese eacute o caminho que deve levar agrave formulaccedilatildeo de uma teoria O cientista na sua hipoacutetese tem dois objetivos explicar um fato e prever
outros acontecimentos dele decorrentes (deduzir as consequencias) A hipoacutetese deveraacute ser testada em
experiecircncias laboratoriais controladasSe apoacutes muitas dessas experiecircncias os resultados obtidos pelos
pesquisadores natildeo contrariarem a hipoacutetese entatildeo ela seraacute aceita como uma lei e integrada agrave uma teoria eou sistema
teacuteoacuterico
Referecircncias 1 uarr [PDF] Estudos do meacutetodo cientiacutefico
Ver tambeacutem bull Verdade
bull Falseabilidade bull Karl Popper
bull Filosofia da ciecircncia bull Histoacuteria da ciecircncia
bull Epistemologia bull Loacutegica
bull Aristoacuteteles bull Georg Wilhelm Friedrich Hegel
bull Complexidade bull Reducionismo
bull Navalha de Occam bull Ciecircncia
bull Pseudociecircncia bull Paradigma
bull Paul Feyerabend bull Thomas Kuhn
bull Gaston Bachelard bull Teoria
bull Lei (ciecircncias) bull Hipoacutetese
bull Tese bull Dissertaccedilatildeo
Bibliografia
Becker Howard S Meacutetodos de pesquisa em ciecircncias sociais SP Hucitec 1999
Chizzotti Antonio Pesquisa em ciecircncia humanas e sociais SP Cortez 2006
Comte August Discurso preliminar sobre o espiacuterito positivo
Descartes Reneacute Discurso do meacutetodo (traduccedilatildeo prefaacutecio e notas de Joatildeo Cruz Costa SP Ed de Ouro 1970 disponiacutevel
para download em domiacutenio puacuteblico httpwwwdominiopublico e eBooket
httpwwweBooketnet IntraText Reneacute Descartes - e-books
37
Haddad Nagib Metodologia de estudos em ciecircncias da sauacutede como planejar analisar e apresentar um trabalho
cientiacutefico SP Roca 2004 Minayo Maria C de Souza (org) Deslandes (Suely F
Gomes Romeu Pesquisa social teoria meacutetodo e criatividade Petroacutepolis RJ Vozes 2007
Lakatos Eva Maria Marconi Marina de A Meacutetodologia cientiacutefica SP Atlas 2007
Selye Hans Stress a tensatildeo da vida SP IBRASA 1965
Ligaccedilotildees externas bull Explicando o Meacutetodo Cientiacutefico
bull Prova Cientiacutefica bull Diretrizes para elaboraccedilatildeo de dissertaccedilotildees e teses -
USP bull Centro Cochrane do Brasil
bull Metodologiaorg bull Evidecircnciascom
bull Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq)
bull Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciecircncia bull Lista de Perioacutedicos cientificos brasileiros por
assunto bull SciELO - Scientific Electronic Library Online
bull Perioacutedicos UNESCO bull Ciecircncia Hoje
bull Scientific American - Brasil bull Scientific American
COLCHA DE RETALHOS CIENTIacuteFICA (a realidade natildeo eacute Frankenstein ela eacute uacutenica e funcional)
A realidade segundo a Ciecircncia geral
A senhora Ciecircncia trabalhando com
seus remendos
Drordf Ciecircncia e seu filho
Mary Shelley viu o futuro
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Somos Monstros 6 05 2008
Tudo comeccedilou com um desafio feito a Mary Shelley (1797-1851) entatildeo uma jovem de 21 anos por Lord Byron Na eacutepoca 1918 Byron propocircs a Mary e seu marido que
escrevessem um conto de terror uma maneira de passar o tempo jaacute que suas feacuterias estavam sendo consumidas
intediantemente pelo mau tempo Mary foi a uacuteltima a dar iniacutecio ao seu conto que acabou baseado em um pesadelo que
teve numa daquelas noites de chuva E dentre todos o conto de Shelley foi o que mais surpreendeu e arrepiou Insentivada a continuar Mary Shelley desenvolveu ainda
mais sua histoacuteria e transformou-a em um dos mais conhecidos e celebrados livros da Histoacuteria Frankenstein
Victor Frankenstein era um jovem curioso com sede de conhecimento apaixonado pela ciecircncia intrigado com os segredos da vida e louco para deixar sua marca no mundo Havia aprendido sozinho em casa sobre as fantasias da Alquimia no entanto apenas na universidade ele foi descobrir que toda sua bagagem de conhecimento estava ultrapassada haacute muito Acabou se tornando um aluno
exemplar dedicado agrave quiacutemica e agrave biologia Foi assim que sozinho em seu laboratoacuterio em Ingolstadt Victor deu iniacutecio agrave sua criaccedilatildeo misturando seus conhecimentos
teoacutericos de fisiologia e filosofia natural com princiacutepios de mecacircnica decido a descobrir se o princiacutepio que
mantinha animado o corpo poderia pernecer mesmo apoacutes a morte Como Victor fez isso todos jaacute sabemos deu vida a uma criatura formada por partes de cadaacuteveres de tamanho
descomunal (cerca de 25m de altura) e aparecircncia horripilante E eacute aqui que daacute-se iniacutecio ao grande trunfo
da histoacuteria Ao despertar da Criatura Frankenstein acaba por cair na realidade vendo como era realmente feia sua criaccedilatildeo com
seus membros desproporcionais seu olhos aquosos e amarelos incompleta a ponto de seus tecidos nem sequer
cobrirem todo o corpo deixando agrave mostra muacutesculos e ossos Desesperado e com medo arrependido de sua audaacutecia Victor
abandona sua Criatura decaindo num suacutebito acesso de naacuteusea e lucidez
Pobre Criatura um ser vazio de conhecimentos ignorante em relaccedilatildeo ao conviacutevio social solto num mundo de pessoas
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preconceituosas e indiferentes A personificaccedilatildeo perfeita da famosa teoria de Rousseau a do ldquobom selvagemrdquo que diz
que todo o homem nasce ldquopurordquo e eacute corrompido pela sociedade violenta viciosa e materialista Quem lecirc a
histoacuteria de Frankenstein espera encontrar terror suspense e aventura onde um monstro estaria a solta para destruir e matar No entanto descobre um mundo onde noacutes humanos somos totalmente repugnantes e no qual o uacutenico ser que
realmente tem algum valor eacute o monstro excluiacutedo por todos Poucos livros retratam tatildeo bem a indiferenccedila humana e a nossa mania de dar mais valor agraves aparecircncias do que aos
sentimentos carater e virtudes Mary Shelley escreveu uma autecircntica obra-prima da
literatura universal um romance capaz de despertar no leitor a pena e a compaixatildeo por um monstro e a repugnacircncia
de nossa proacutepria raccedila Uma liccedilatildeo que ainda natildeo foi aprendida mesmo depois de quase 200 anos
Ficha Teacutecnica Tiacutetulo Frankestein (Frankenstein or the Modern
Prometheus) Autor Mary Shalley Paiacutes Inglaterra
Publicaccedilatildeo Original 1818 Publicaccedilatildeo Lida Martin Claret Editora 2001
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Vocecirc pensa que se metade fosse excluiacuteda sempre poderiacuteamos aprender a fazer o que ela faz mas pense em todas as coisas tatildeo difiacuteceis de VOCEcirc fazer se aceitaria fazecirc-las de agora em diante
TODAS AS COISAS QUE VOCEcirc DETESTA FAZER
PENSANDO BEM TODAS MESMO
E em relaccedilatildeo a tudo que a humanidade faz e tudo que as espeacutecies fazem nem haveria forccedila no indiviacuteduo
Olhe para todas as tarefas OLHE MESMO para tudo TUDO MESMO e comece entatildeo a reparar na utilidade de sua outra metade em como seremos (ou poderiacuteamos ser) felizes se nos dedicarmos (ou se nos dedicaacutessemos) mais agrave felicidade e menos a reclamar
homem-hemisfeacuterico
DUAS METADES DE ESFERA FAZEM A VIABILIDADE QUANDO ESFERA
casal-esfeacuterico mulher-hemisfeacuterica
A esfera eacute totalmente estaacutevel
Capiacutetulo 3 Completa-mente
Somos criaturas de duas cabeccedilas quatro braccedilos quatro
pernas e assim por diante tudo duplicado soacute que separado vocecirc natildeo sente TANTA falta - se estaacute soacute - porque o trabalho da outra
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metade estaacute sendo socialmente suprido Natildeo somos 66 bilhotildees (para dar conta certa) somos 33 bilhotildees de pares potenciais
DUAS CABECcedilAS (mas natildeo somos monstros porque as cabeccedilas estatildeo postas em corpos diferentes)
DUAS E QUATRO FACES (embora natildeo reparemos na realidade partes de noacutes estatildeo operando suprindo nossas faltas)
casal
famiacutelia
Pois noacutes natildeo somos mais indiviacuteduos somos grupo Um desses grupos chamado ldquoGrande Vitoacuteriardquo tinha
menos de 300 mil faces em 1971 quando vim morar aqui agora passa de 1400 mil cresceu muito incorporando vaacuterias cidades Existem outros muito maiores
Maiores Cidades do planeta 7 nov 2006
AS MAIORES AGLOMERACcedilOtildeES URBANAS
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OS MAIORES PIBs EM 2020
AS MELHORES CIDADES PARA VIVER
Segue-se uma lista com as melhores cidades do mundo para se viver de acordo com a revista
(cidades satildeo supermaacutequinas e superprogramas superprogramaacutequinas para se viver Le Corbusier natildeo as viu como maacutequinas de morar)
Business Week com relaccedilatildeo agrave qualidade de vida
215 grandes cidades foram avaliadas
Embora ainda nos vejamos como indiviacuteduos esses satildeo
grupos indefectivelmente grupos grupos imensos inimaginaacuteveis Por exemplo a cidade-capital de Satildeo Paulo sozinha tem 104 do PIB brasileiro e a Grande SP tem 2500 km2 de aacuterea ocupada com construccedilotildees
9
Embora eu diga ldquominha menterdquo metade dela a minha outra metade estaacute fora muito mais que isso 33 bilhotildees das nossas metades estatildeo amplamente disseminadas em toda longitude latitude altitude Quase natildeo sinto falta quando estou soacute (exceto sexualmente) porque todos esses 3300 milhotildees estatildeo por aiacute trabalhando com afinco para suprir o que natildeo sei fazer em relaccedilatildeo agraves ocupaccedilotildees delas (sem falar dos 33 bilhotildees do nosso lado que fazem tudo que vocecirc e eu natildeo sabemos mas isso eacute outra histoacuteria)
HEMISFEacuteRIAS
AS OUTRAS DUAS METADES
(vocecirc eu vivemos em feacuterias do que faz a outra metade e nem agradecemos isso)
NOSSAS DUAS METADES 12 12 12 12
hemisfeacuterio esquerdo
hemisfeacuterio direito
hemisfeacuterio esquerdo
hemisfeacuterio direito
Como Koestler disse primeiro (dividindo nosso ceacuterebro em reptiliano mamiacutefero e humano) e o modelo colocou de outro modo temos vaacuterios ceacuterebros em cada um de noacutes de fato reparando sermos um-em-dois eacute uma profusatildeo uma quantidade insuspeitada ainda mais porque vamos muito aleacutem do indiviacuteduo
Os paleontoacutelogos os arqueoacutelogos os antropoacutelogos e os geo-historiadores natildeo analisaram e porisso natildeo sintetizaram uma teoria-praacutetica coerente da convivecircncia um-uma e nem do conjunto da humanidade DO PONTO DE VISTA DA FUSAtildeO ou da tentativa constante dela exceto pelo lado do episoacutedico quer dizer de cada tentativa homem-mulher (ou outras) Mas esse vasto mecanismo no tempo e no espaccedilo natildeo foi visto a contento
a) GEO-HISTOacuteRIA DO CASAMENTO
1 casamento dos indiviacuteduos CASAMENTO PESSOAL
2 casamento das famiacutelias 3 casamento dos grupos 4 casamento das empresas (embora as empresas natildeo
prestem atenccedilatildeo se os indiviacuteduos no casamento natildeo satildeo estaacuteveis em todos os sentidos as empresas seratildeo afetadas com grandes danos)
b) 5 mediaccedilatildeo municipal-urbana
CASAMENTO COLETIVO
6 mediaccedilatildeo estadual 7 mediaccedilatildeo nacional 8 mediaccedilatildeo mundial O que quer dizer casamento 1 o que quer dizer ser o homem 2 o que quer dizer ser a mulher
Capiacutetulo 4
Casamento das Famiacutelias e Aleacutem
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UMA AacuteRVORE GENEALOacuteGICA Eacute UMA INDICACcedilAtildeO DE MISCIGENACcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS
O tempo todo em toda parte as pessoas estatildeo
miscigenando misturando indiviacuteduos formando famiacutelias estas grupos estes empresas e assim por diante Como diz o povo em toda parte a todo instante uma ldquoafliccedilatildeo de genterdquo estaacute se misturando sexualmente (homem e mulher) racialmente (negros brancos amarelos vermelhos) por idade (jovens e novos) por origem por classe social e segue
Onde fica a individualidade nisso tudo Essa individualidade QUE NAtildeO SE MISTURA eacute um defeito de visatildeo de nossas mentes racionais segregadoras Eacute verdade que somos indiviacuteduos poreacutem eacute verdade tambeacutem que natildeo somos
Primeiro haacute o aleacutem-de-mim que satildeo os ambientes e as pessoas natildeo-eu Depois temos TODAS AS MISTURAS de natildeo-eu (sexo raccedila idade origem classe e segue) de que dependo A seguir todo o saber natildeo-eu todas as memoacuterias e inteligecircncias que o mundo produz
Enfim o natildeo-eu eacute uma amplidatildeo para o passado e o futuro no presente abrindo-se em 200 naccedilotildees 4000 estados e o resto todo Em resumo natildeo-eu em relaccedilatildeo a eu eacute tanto mais aleacutem de mim que quase desapareccedilo
Sou metade com minha metade e soacute nesse par sou um embora metade 05 + 05 = 10 = casamento aleacutem desse par-de-
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defesa quer dizer aleacutem do casamento monogacircmico estatildeo as inumeraacuteveis facetas do mundo as complexidades ilimitadas que natildeo posso resolver
Entatildeo Natureza-Deus quebrou-nos em duas partes que devem voltar a se unir para produzir a necessidade de uniatildeo em famiacutelias e aleacutem para criar as sociedades
Capiacutetulo 5 Con-soacutecio de Construccedilatildeo
Entatildeo noacutes temos vaacuterios tipos de sociedades a) dentro de noacutes vieram nos montando todas as
sociedades que deram no indiviacuteduo por exemplo sociedade dos oacutergatildeos
b) a seguir nos unimos em famiacutelias com ou sem filhos (no meu caso tive dois grandes amigos)
c) e aiacute segue todos aqueles niacuteveis pessoais e ambientais De fato a vida eacute uma sociedade tremenda
i sociedades vitais (fungos plantas animais e primatas)
ii sociedades psicoloacutegicas (pessoas e ambientes)
Cada sociedade dessas abre-se em multiacuteplices camadas de complexidades complexidades quase indescritiacuteveis que os estudiosos penam para descrever apenas no niacutevel bioloacutegico-p2 No niacutevel psicoloacutegico-p3 claro eacute muito mais difiacutecil chega a ser impossiacutevel pois estamos dentro Natildeo existe nenhum SUPERMUNDO que esteja de fora olhando o mundo somos noacutes as mesmas cabeccedilas individuais que ousam pensar a totalidade dividindo-a e subdividindo-a em numerosas fraccedilotildees trataacuteveis
NOacuteS NOS SENTIMOS ESMAGADOS PELA CRESCENTE COMPLEXIDADE (eacute preciso comeccedilar urgentemente o processo de re-uniatildeo)
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Quanto mais tentamos alisar
mais o cabelo embola
Uma galaacutexia de dados e nem haacute um centro
gravitacional O meacutetodo cientiacutefico redutor eacute muito bom produziu a
maioria das coisas que vemos e grande parte de nossas liberdades (e prisotildees) atuais Contudo tambeacutem foi ruim porque o redutor (e ampliador) levou ao reducionismo a superafirmaccedilatildeo da reduccedilatildeo Jaacute que funcionava tatildeo bem as pessoas natildeo se preocuparam com um meacutetodo cientiacutefico ampliador
Em particular a Ciecircncia geral natildeo ajudou a colar homem e mulher despedaccedilados nem as famiacutelias nem os grupos nem mesmo coisa alguma na verdade ajudou a rebentar Natildeo fez de noacutes felizes criaturas re-unidas fez de noacutes consumidores seres infelizes superconsumindo e mesmo assim incapazes de chegar agrave felicidade ainda que livres para procuraacute-la
A re-uniatildeo deve comeccedilar pela re-uniatildeo do par fundamental Re-construir a famiacutelia eacute fundamental
Capiacutetulo 6 Feliz-Cidade
Se a cidade eacute apesar de tudo feliz se eacute feliz-cidade eacute
porque o trabalho eacute muito dividido e enquanto estou de feacuterias deitado na rede por toda parte milhotildees estatildeo se azafamando trabalhando continuamente com afinco se tiro um mecircs de feacuterias nem um dia de mim vai trabalhar ndash por 30 dias eu falto ao trabalho sem que o trabalho falte a mim
Minha casa continua comendo bebendo e fazendo todas as competentes graccedilas que nos datildeo E por toda parte milhotildees operam com vigor quando estou dormindo Se algueacutem entra em coma natildeo acorda num mundo destruiacutedo na sua ausecircncia todos continuaram a trabalhar diligentemente
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O FORMIGUEIRO CONTINUA DIA E NOITE
Eu formiguinha formiguinha vocecirc VIDA DE FORMIGA Z NO FORMIGUEIRO Z (Woody Allen interpreta o filho quinto-milhatildeo Z pois existe todo um abecedaacuterio de formigas e formigueiros com iacutendices e sub-iacutendices)
A formiga Z se apaixona pela princesa Bala e termina enfrentando os desafios do mundo exterior e o impiedoso General Mandiacutebula Com vozes de Woody Allen Sharon Stone Jennifer Lopez Gene Hackman e Sylvester
Stallone
Ficha Teacutecnica Elenco
Sinopse Criacuteticas
Pocircsters
Imagens Trailers
Premiaccedilotildees Curiosidades
Ficha Teacutecnica
Tiacutetulo Original AntZ Gecircnero Animaccedilatildeo Computadorizada Tempo de Duraccedilatildeo 82 minutos Ano de Lanccedilamento (EUA) 1998
Site Oficial wwwpepsicomantz Estuacutedio DreamWorks SKG Pacific Data Images
Distribuiccedilatildeo DreamWorks Distribution LLC UIP Direccedilatildeo Eric Darnell e Tim Johnson
Roteiro Todd Alcott Chris Weitz e Paul Weitz Produccedilatildeo Brad Lewis Aron Warner e Patty Wooton Muacutesica Harry Gregson-Williams e John Powell
Desenho de Produccedilatildeo John Bell
Direccedilatildeo de Arte Kendall Crockhite Ediccedilatildeo Stan Webb
Efeitos Especiais Pacific Data Images Elenco (Vzes)
Woody Allen (Z) Sharon Stone (Princesa Bala)
Gene Hackman (General Mandiacutebula) Jennifer Lopez (Azteca) Danny Glover (Barbatus)
Sylvester Stallone (Weaver)
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Christopher Walken (Coronel Cutter) Dan Akroyd (Chip)
Anne Bancroft (Rainha) Jane Curtin (Muffy)
Paul Mazursky (Psicoacutelogo)
Sinopse A formiguinha Z eacute apenas um operaacuterio que sonha roubar o coraccedilatildeo da princesa Bala Para isso convence seu amigo
soldado a trocar de lugar com ele o que faz com que tenha que enfrentar o impiedoso General Mandiacutebula que planeja
uma grande ofensiva contra o formigueiro
A formiguinha tendo ao fundo o
formigueiro
Um dos formigueiros sem que se veja
uma soacute formiguinha Isto eacute a Terra o terraacuterio-aquaacuterio da humanidade a gaiola
redonda dos loucos de pedra Somos 66 bilhotildees de formigas dentro deste formigueiro-mundo
E NOacuteS AINDA PARTILHAMOS A TERRAARAacuteGUA (aqui as aves)
Em resumo embora nos vejamos como indiviacuteduos na
verdade somos um CORRELATIVO DE EMPREENDIMENTOS em furiosa mutaccedilatildeo tempespacial
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Capiacutetulo 7 Espaccedilotempo de Reuniatildeo
Pois entatildeo eacute hora de re-unir a humanidade de fazer
cessar o pecado original divisor RE-FAZENDO famiacutelia natildeo mais ilha Famiacutelias de todos os tipos com todas as uniotildees todas as misturas
Eacute preciso eacute fundamental que os governos de todo o
mundo invistam maciccedilamente na reuniatildeo dos pares fundamentais nos casamentos no estudo das uniotildees estaacuteveis na restauraccedilatildeo no contorno natildeo-forccedilado dos divoacutercios e separaccedilotildees digamos com um periacuteodo de experiecircncia antes da consagraccedilatildeo do casamento uniotildees-em-experiecircncia
A gestaccedilatildeo da nova famiacutelia deve ser o mote deste seacuteculo XXI todo e do futuro
Vitoacuteria quinta-feira 12 de marccedilo de 2009 Joseacute Augusto Gava
Anexos Capiacutetulo 5
O MEacuteTODO CIENTIacuteFICO REDUTOR (logo de cara esse quebrar em partes rompe os viacutenculos da totalidade da funcionabilidade total)
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II2 Caracteriacutesticas do meacutetodo cientiacutefico O meacutetodo dedutivo o meacutetodo indutivo e o meacutetodo
hipoteacutetico-dedutivo satildeo os trecircs meacutetodos cientiacuteficos a que se refere a denominaccedilatildeo geneacutetica de meacutetodo cientiacutefico A primeira caracteriacutestica do meacutetodo cientiacutefico eacute a sua
natureza convencional a de servir de marco de geraccedilatildeo do conhecimento objetivo Por isso existem muacuteltiplas caracteriacutesticas em funccedilatildeo da perspectiva com que se
classifiquem se estudem e inclusivamente se denominem A primeira que me chama a atenccedilatildeo eacute o fato de que os dois primeiros tecircm um nome difiacutecil de distinguir visto que no acircmbito linguumliacutestico podem representar um soacute conceito com
duas manifestaccedilotildees raciociacutenio numa direccedilatildeo ou na contraacuteria do geral para o particular ou vice-versa
O problema logicamente deriva da dificuldade conceptual de separar um meacutetodo cientiacutefico de outro de uma forma clara evidentemente os termos escolhidos natildeo ajudam a
reter na memoacuteria estes dois conceitos de meacutetodo cientiacutefico Tambeacutem natildeo ajuda muito a denominaccedilatildeo do
terceiro meacutetodo cientiacutefico Uma caracteriacutestica de ambos meacutetodos eacute que podem ir do
geral para o particular ou vice-versa num sentido ou no inverso Ambos utilizam a loacutegica e chegam a uma conclusatildeo
Em uacuteltima instacircncia sempre tecircm elementos filosoacuteficos subjacentes
Ambos costumam ser susceptiacuteveis de verificaccedilatildeo empiacuterica Ainda que o meacutetodo dedutivo seja mais proacuteprio das ciecircncias formais e o indutivo das ciecircncias empiacutericas nada impede a aplicaccedilatildeo indistinta de um meacutetodo cientiacutefico ou outro a
uma teoria concreta Para mim sem pretender entrar em polecircmica neste tema a diferenccedila fundamental entre o meacutetodo dedutivo e o meacutetodo indutivo eacute que o primeiro aspira a demonstrar mediante a loacutegica pura a conclusatildeo na sua totalidade a partir de
umas premissas de maneira que se garante a veracidade das conclusotildees se natildeo se invalida a loacutegica aplicada Trata-se do modelo axiomaacutetico proposto por Aristoacuteteles como meacutetodo
cientiacutefico ideal Pelo contraacuterio o meacutetodo indutivo cria leis a partir da
observaccedilatildeo dos fatos mediante a generalizaccedilatildeo do comportamento observado na realidade o que realiza eacute uma espeacutecie de generalizaccedilatildeo sem que atraveacutes da loacutegica possa conseguir uma demonstraccedilatildeo das citadas leis ou conjunto de
conclusotildees As referidas conclusotildees poderiam ser falsas e ao mesmo tempo a aplicaccedilatildeo parcial efetuada da loacutegica poderia manter a sua validade por isso o meacutetodo indutivo necessita de uma condiccedilatildeo adicional a sua aplicaccedilatildeo
considera-se vaacutelida enquanto natildeo se encontrar nenhum caso que natildeo cumpra o modelo proposto
O meacutetodo hipoteacutetico-dedutivo ou de verificaccedilatildeo de hipoacuteteses natildeo coloca em princiacutepio nenhum problema visto
que a sua validade depende dos resultados da proacutepria verificaccedilatildeo
Este meacutetodo cientiacutefico costuma utilizar-se para melhorar ou precisas teorias preacutevias em funccedilatildeo de novos
conhecimentos nas quais a complexidade do modelo natildeo permite formulaccedilotildees loacutegicas Portanto tem um caraacuteter
predominantemente intuitivo e necessita natildeo soacute para ser rejeitado mas tambeacutem para impor a sua validade a
verificaccedilatildeo das suas conclusotildees
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Poderia propor-se para estas trecircs variantes do meacutetodo cientiacutefico a denominaccedilatildeo de meacutetodo dedutivo meacutetodo
intuitivo e meacutetodo experimental ou meacutetodo de verificaccedilatildeo ou qualquer conjunto de palavras que faccedilam referecircncia agraves suas diferenccedilas fundamentais e natildeo coloquem problemas agrave memoacuteria linguumliacutestica Natildeo obstante nesta exposiccedilatildeo
manterei a nomenclatura geralmente utilizada A Teoria Geral da Evoluccedilatildeo Condicionada da Vida seria em
princiacutepio uma teoria baseada no meacutetodo hipoteacutetico-dedutivo ou meacutetodo de verificaccedilatildeo de hipoacuteteses
A teoria de Darwin pelo contraacuterio estaria enquadrada no meacutetodo indutivo mas que apesar de encontrar exemplos contraacuterios natildeo se invalida adeacutequa-se para encaixar
qualquer triacircngulo Porque seraacute
Como se disse anteriormente toda a teoria deve ser resistente agrave sua refutaccedilatildeo contudo uma teoria que natildeo pode ser refutada por nenhum fato concebiacutevel natildeo eacute
cientiacutefica A impossibilidade de refutaccedilatildeo de uma teoria cientiacutefica natildeo eacute uma virtude mas sim um viacutecio
TEORIA SOBRE O MEacuteTODO CIENTIacuteFICO EM BUSCA DE UM MODELO UNIFICANTE PARA AS CIEcircNCIAS
E DE UM RETORNO Agrave UNIVERSIDADE CRIATIVA I -- INTRODUCcedilAtildeO
Alberto Mesquita Filho Comeccedilo regra geral as minhas liccedilotildees sobre Meacutetodo
Cientiacutefico dizendo aos meus alunos que o meacutetodo cientiacutefico natildeo existe Acrescento que tenho obrigaccedilatildeo de saber isso tendo eu sido durante algum tempo pelo menos o uacutenico professor desse inexistente assunto em toda a Comunidade
Britacircnica
Tendo entatildeo explicado aos meus alunos que natildeo haacute essa coisa que seria o meacutetodo cientiacutefico apresso-me a comeccedilar o meu discurso e ficamos ocupadiacutessimos Pois um ano mal chega para roccedilar a superfiacutecie mesmo de um assunto
inexistente Karl R Popper [1]
Resumo Este artigo eacute o primeiro de uma seacuterie de artigos relacionados agrave metodologia cientiacutefica e cuja temaacutetica foi dividida em cinco toacutepicos principais Corresponde a uma
versatildeo atualizada de consideraccedilotildees expressas pelo autor a partir de 1983 em livros artigos e conferecircncias citados no texto colaborou para esta atualizaccedilatildeo a experiecircncia adquirida pelo autor no processo de remodelaccedilatildeo da Proacute-Reitoria Comunitaacuteria da USJT (1992-1993) bem como aquela adquirida junto aos demais membros da equipe criada pelos Conselhos Superiores da USJT (1994) --expandida em 1995--
com a finalidade de implantar o Centro de Pesquisa da USJT Os conceitos foram axiomatizados de forma a darem
corpo a uma nova teoria sobre o meacutetodo cientiacutefico permitindo mesmo a constataccedilatildeo de possiacuteveis aplicaccedilotildees dentro de um contexto abrangente tais como 1) a teoria
fornece os meios necessaacuterios para que se promova a integraccedilatildeo das ciecircncias e 2) propicia a sustentaccedilatildeo de um projeto visando a caracterizar a universidade como o local apropriado para a formaccedilatildeo de cientistas Os cinco
toacutepicos a serem abordados satildeo pela ordem I - Introduccedilatildeo na qual eacute proposta a regra delimitante da ciecircncia II - O macromeacutetodo cientiacutefico e a Histoacuteria da Ciecircncia III - O
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papel da universidade na produccedilatildeo de conhecimentos IV - O meacutetodo cientiacutefico propriamente dito a) A teoria da
praacutetica em ciecircncia b) A praacutetica da teorizaccedilatildeo cientiacutefica V - O micromeacutetodo cientiacutefico e a Filosofia da Ciecircncia Os demais toacutepicos estatildeo em fase de projeto natildeo havendo portanto previsatildeo quanto agrave eacutepoca de publicaccedilatildeo []
1 Colocaccedilatildeo do problema Meacutetodo entre outras coisas significa caminho para chegar
a um fim ou pelo qual se atinge um objetivo Que dizer entatildeo do meacutetodo cientiacutefico [2] Poderia dizer que eacute o caminho trilhado pelo cientista quando em busca de verdades cientiacuteficas
Afirma-se com grande frequumlecircncia que o cientista eacute aquele que se utiliza do meacutetodo cientiacutefico Os que aceitam esta
Percebam que estou meramente jogando com as palavras e associando-as ao conceito de
meacutetodo acima postulado Quais satildeo as verdades cientiacuteficas O que eacute ser cientista O que eacute ciecircncia Existe uma ciecircncia uacutenica Quando nos reportamos a uma hipoteacutetica linha demarcatoacuteria a separar o que julgamos
ser uma verdade cientiacutefica de outras possiacuteveis verdades a que nos estamos referindo
verdade --e haacute muitos que o fazem-- devem procurar uma conceituaccedilatildeo para meacutetodo cientiacutefico diferente da exposta no paraacutegrafo anterior sob pena de andarem em ciacuterculo Ou definimos cientista a partir da definiccedilatildeo de meacutetodo frac34algo tentado por Popper ao propor o falsificacionismo [3]frac34 ou definimos meacutetodo a partir da definiccedilatildeo de cientista do contraacuterio natildeo chegamos a nada Conservarei a ideacuteia de meacutetodo cientiacutefico como caminho trilhado pelo cientista
2 O que eacute ciecircncia
com o que estou assumindo o risco de ter que definir ciecircncia eou cientista Eacute o que tentarei fazer nesta
introduccedilatildeo
Natildeo eacute faacutecil definir ciecircncia e satildeo inuacutemeros os tratados sobre o assunto a abordarem esta dificuldade Ao leitor
principiante em ciecircncia e que queira penetrar na complexidade do tema ou entatildeo perceber a quantas anda nossa ignoracircncia a respeito sugiro se tiver pendores
filosoacuteficos que comece pelo livro de Chalmers (1976) [4] ou entatildeo se preferir algo mais ameno e mais voltado agrave
praacutetica cientiacutefica pelo livro de Beveridge (1980) [5] Ao leitor acomodado e que natildeo tenha amplo conhecimento do
assunto ou mesmo para aquele que pretenda prosseguir com esta leitura ciente de que eacute possiacutevel pelo menos em niacutevel conjetural enfrentar o desafio apontado relatarei aqui a
conclusatildeo de um ensaio que sintetiza uma ideacuteia que me ocorreu haacute cerca de dez anos [6] e que apresentei na
sessatildeo de debates da mesa redonda A Pesquisa na Universidade Particular ocorrida por ocasiatildeo da IV Semana de Psicologia da USJT (1994) com as seguintes palavras Vejo a ciecircncia como a aacuterea do conhecimento que se apoacuteia natildeo num meacutetodo mas sim na regra da repetitividade a que
eu tenho chamado de regra cientiacutefica fundamental Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que
pesquisado se repetiu eacute de se admitir que em futuras verificaccedilotildees o mesmo suceda [7]
A regra cientiacutefica fundamental conquanto aceita intuitivamente por todos os cientistas ocupa entre os mesmos e ateacute entre os filoacutesofos da ciecircncia um papel
secundaacuterio quando natildeo totalmente ignorada Via de regra considera-se a ciecircncia como que apoiada em regras outras
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como por exemplo o princiacutepio da causalidade de Kant a regra metodoloacutegica de Popper que se associa a seu meacutetodo
dedutivo de prova o princiacutepio ou argumento indutivista e as regras ou criteacuterios de utilidade Como posiccedilotildees
extremas e apoiadas em regras mais riacutegidas podemos citar a visatildeo paradigmaacutetica de Thomas Kuhn a defender o
dogmatismo cientiacutefico o ponto de vista de Chalmers a questionar a argumentaccedilatildeo filosoacutefica no que diz respeito agrave delimitaccedilatildeo da ciecircncia e a visatildeo anarquista de Feyerabend
a se opor frontalmente ao racionalismo em ciecircncia A fim de ilustrar o comentado no paraacutegrafo anterior
vejamos como Thomas Kuhn (1962) --defensor de uma posiccedilatildeo cientiacutefico-filosoacutefica incompatiacutevel com a que aqui pretendo apresentar-- retrata a importacircncia da repetitividade dos eventos como algo a semear o surgimento de novas ideacuteias Existem em princiacutepio somente trecircs tipos de fenocircmenos a propoacutesito dos quais pode ser desenvolvida uma nova teoria O primeiro tipo compreende os fenocircmenos jaacute bem explicados
pelos paradigmas existentes Tais fenocircmenos raramente fornecem motivos ou um ponto de partida para a construccedilatildeo de uma teoria Quando o fazem as teorias resultantes raramente satildeo aceitas visto que a natureza natildeo proporciona nenhuma base para uma discriminaccedilatildeo entre as alternativas Uma segunda classe de fenocircmenos compreende aqueles cuja
natureza eacute indicada pelos paradigmas existentes mas cujos detalhes somente podem ser entendidos apoacutes uma maior
articulaccedilatildeo da teoria Os cientistas dirigem a maior parte de sua pesquisa a esses fenocircmenos mas tal pesquisa visa antes agrave articulaccedilatildeo dos paradigmas existentes do que agrave invenccedilatildeo de novos Somente quando esses esforccedilos de articulaccedilatildeo fracassam eacute que os cientistas encontram o
terceiro tipo de fenocircmeno as anomalias reconhecidas cujo traccedilo caracteriacutestico eacute a sua recusa obstinada a serem
assimiladas aos paradigmas existentes Apenas esse uacuteltimo tipo de fenocircmeno faz surgir novas teorias [8]
Ora se um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se recusou obstinadamente a ser assimilado aos paradigmas
existentes e se esta recusa eacute quem orienta a caracterizaccedilatildeo de novas teorias e mais se a ciecircncia eacute fundamentalmente o conjunto das ideacuteias e teorias geradas pela mente humana bem como a aplicaccedilatildeo pelo homem dessas ideacuteias e teorias em busca de um relacionamento sadio com a natureza e com os seus semelhantes podemos sossegadamente
concluir que ciecircncia eacute o processo pelo qual o homem se relaciona com os fenocircmenos universais que se sujeitam agrave
regra cientiacutefica fundamental 3 O ser cientista
Cientista diz-nos Ferreira (1986) eacute a pessoa que cultiva ou que eacute especialista em alguma ciecircncia ou em ciecircncias
[9] e ciecircncia eacute um processo definido no item anterior Se aceitarmos estas premissas concluiremos que o conhecimento
cientiacutefico eacute aquele factiacutevel de reproduccedilatildeo enquanto o cientista eacute aquele que de alguma forma cultiva esses conhecimentos Eacute importante aqui salientar que muitas
vezes o que se espera reproduzir eacute um dado probabiliacutestico Por exemplo se dissermos que 80 das moleacuteculas de um gaacutes
satildeo do elemento quiacutemico oxigecircnio isto natildeo significa estarmos afirmando ser oxigecircnio esta ou aquela moleacutecula objeto de verificaccedilatildeo experimental o que a regra nos
preconiza eacute que independentemente de qual cientista for tentar reproduzir a medida ou do local escolhido para que
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esta segunda medida seja efetuada observando-se as condiccedilotildees em que a mesma foi realizada anteriormente o
valor obtido concordaraacute com o valor precedente dentro de uma margem de erro tambeacutem estimaacutevel por meacutetodos
experimentais Todos noacutes vez ou outra nos comportamos como cientistas Ser cientista natildeo eacute possuir um roacutetulo mas sim postar-se com uma atitude cientiacutefica por outro lado mesmo aquele que se diz cientista vez ou outra assume atitudes natildeo cientiacuteficas e penetra em terrenos apoiados em regras
proacuteprias ou ateacute mesmo sem regras O roacutetulo eacute frequumlentemente utilizado quando queremos nos referir agraves
pessoas que se utilizam de seus talentos cientiacuteficos como meio de vida seriam entatildeo os cientistas profissionais A filosofia por exemplo eacute um campo de atuaccedilatildeo bem mais
abrangente que aquele ditado pela regra cientiacutefica fundamental Poderiacuteamos dizer que a filosofia comporta a
ciecircncia ainda que esta ideacuteia natildeo agrade a alguns cientistas mas jamais poderiacuteamos dizer e quanto a isso
todos satildeo concordes que a ciecircncia comporta a filosofia O bom cientista utiliza-se da filosofia da mesma forma que a maioria dos indiviacuteduos com sede se utilizam do copo Outras
aacutereas do conhecimento seriam 1) o ocultismo frac34e aqui poderiacuteamos incluir a tiacutetulo de exemplo a alquimia e a astrologia 2) as artes frac34e vale a pena aqui frisar que a arte pode ser encarada cientificamente postura esta que foi frequumlentemente adotada por Leonardo da Vinci [10] e defendida em sua Teoria do Conhecimento 3) a teologia
etc A busca pela verdade que tambeacutem eacute objetivo da grande maioria destas aacutereas natildeo cientiacuteficas segue-se por caminhos nem sempre limitados ou compatiacuteveis com a regra cientiacutefica
fundamental O cultivo da ciecircncia pode se dar atraveacutes da observaccedilatildeo de alguns ou todos dentre seus objetivos nobres quais sejam
1) aquisiccedilatildeo transmissatildeo e aplicaccedilatildeo de conhecimentos cientiacuteficos jaacute sistematizados e 2) produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
de novos conhecimentos Visto sob este acircngulo satildeo cientistas 1) o estudioso eou o professor eou o
profissional bacharel em quaisquer das ciecircncias 2) o tecnoacutelogo 3) o pesquisador em aacutereas cientiacuteficas 4) o
teorizador em ciecircncias 5) e o autor de artigos cientiacuteficos relatando ideacuteias proacuteprias eou revisotildees bibliograacuteficas Sob um ponto de vista mais rigoroso o cientista seria apenas aquele capaz de dominar as teacutecnicas inerentes a todos os
objetivos nobres acima apontados Nem tanto ao ceacuteu nem tanto agrave terra Percebam que jaacute
conceituamos ciecircncia e jaacute conseguimos ir aleacutem a ponto de fornecer dados para que se analise o comportamento daqueles
que trabalham em ciecircncia Observado este comportamento poderiacuteamos assumir como cientistas aqueles que realmente contribuem para o progresso das ciecircncias Adotarei esta
postura mas gostaria de esclarecer conforme seraacute comentado oportunamente que a noccedilatildeo de progresso aqui defendida eacute um pouco mais abrangente do que aquela
preconizada pelos pensadores iluministas [11] que tanto influenciaram os positivistas Aceita esta premissa frac34a de que cientistas satildeo somente aqueles que real e diretamente [12] contribuem para o progresso das ciecircnciasfrac34 suponha que consigamos caracterizar os cientistas assim definidos como aqueles que ao contribuir para o progresso das
ciecircncias se utilizam de um meacutetodo comum a que chamaremos
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meacutetodo cientiacutefico Poderemos entatildeo afirmar e natildeo se trata aqui da busca por uma definiccedilatildeo que o cientista eacute aquele que se utiliza do meacutetodo cientiacutefico o raciociacutenio ciacuteclico da forma como foi agora utilizado estaacute livre de consequumlecircncias funestas Notem com o auxiacutelio da figura 1 a sintetizar as ideacuteias principais aqui focalizadas que do ponto de vista conceitual natildeo estamos andando em ciacuterculo
REGRA CIENTIacuteFICA FUNDAMENTAL
Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu eacute de se admitir que em futuras
verificaccedilotildees o mesmo suceda
DEFINICcedilAtildeO DE CIEcircNCIA
Ciecircncia eacute o processo pelo qual o homem se relaciona com os fenocircmenos universais que se sujeitam agrave regra cientiacutefica
fundamental
OBSERVACcedilAtildeO DO COMPORTAMENTO DOS QUE TRABALHAM EM CIEcircNCIA
VERIFICACcedilAtildeO DE QUE ALGUNS CONTRIBUEM PARA O PROGRESSO DAS CIEcircNCIAS
Cientista eacute todo ser racional que contribui diretamente para o progresso das ciecircncias
CONSTATACcedilAtildeO DE QUE ESTES SE UTILIZAM DE UM MEacuteTODO COMUM
Figura 1 - Para explicaccedilatildeo vide texto Resta-nos entatildeo para que a ideacuteia ganhe em consistecircncia comprovar a existecircncia de um uacutenico meacutetodo cientiacutefico e
isto natildeo parece ser uma tarefa faacutecil Antes de enfrentarmos esta dificuldade vamos verificar como as ideacuteias aqui apresentadas se conformam a conceitos classicamente
adotados como modelos de meacutetodo cientiacutefico
[] Muitos dentre esses toacutepicos satildeo apresentados em um contexto diverso em
Referecircncias
Ensaios sobre a Filosofia da Ciecircncia ou entatildeo em outros artigos expostos acima na
seccedilatildeo Temas relacionados [1] POPPER K R 1956 Acerca da inexistecircncia do meacutetodo
cientiacutefico in Prefaacutecio da ediccedilatildeo de 1956 do livro O realismo e o objetivo da ciecircncia
[2] FERREIRA A B H 1986
Publicaccedilotildees Dom Quixote (traduccedilatildeo) Lisboa 1987 Este prefaacutecio foi lido num
encontro dos Fellows of Center for Advanced Study in the Behavioral Sciences em Stanford Califoacuternia em novembro
de 1956 Novo dicionaacuterio da liacutengua
portuguesa[3] POPPER K R (1959)
Ed Nova Fronteira Rio de Janeiro p 1128 A loacutegica da pesquisa
cientiacutefica Ed Cultrix (traduccedilatildeo 1975) Satildeo Paulo
22
[4] CHALMERS A F 1976 (traduccedilatildeo 1993) O que eacute ciecircncia afinal[5] BEVERIDGE W I B 1980
Ed Brasiliense Satildeo Paulo 225 p Sementes da descoberta
cientiacutefica[6] MESQUITA Fdeg A 1987
Edusp (traduccedilatildeo) Satildeo Paulo Confesso que blefei --
Fiacutesica antiga vs moderna
[7] Perguntas e Debates 1995 item V
editado pela USJT (na eacutepoca Faculdades Satildeo Judas Tadeu) Satildeo Paulo capiacutetulo 13 A
Ciecircncia Existe p 92-8 Sobre Pesquisa e
Filosofia da Ciecircncia p 75 in EspecialIntegraccedilatildeo A pesquisa na universidade particular Integraccedilatildeo
[8] KUHN T S 1962 (traduccedilatildeo 1975)
I(1)51-75 1995 Este ensaio foi tambeacutem apresentado e discutido em palestra (natildeo publicada) que ministrei por ocasiatildeo da
Semana de Filosofia da USJT de 1994 A estrutura das
revoluccedilotildees cientiacuteficas Ed Perspectiva Satildeo Paulo 257 pp capiacutetulo 8 A natureza e a necessidade das revoluccedilotildees
cientiacuteficas[9] FERREIRA 1986 Idem p 404
p 131 [Os grifos satildeo meus]
[10] Leonardo da Vinci in The New Encyclopaedia Britannica Vol 22 (Macropaedia) Enc Brit Inc
Chicago 1993 p 946 (Leonardo as artist-scientist[11] SANTOS G T
) Os caminhos do pensamento cientiacutefico a
partir do Iluminismo Integraccedilatildeo I(5)131-6 1996 conferecircncia proferida por ocasiatildeo da Semana de Filosofia da USJT de 1995 Na sessatildeo de debates Santos dentre outras consideraccedilotildees interessantes a respeito faz a
seguinte observaccedilatildeo O progresso como vai ser definido no Iluminismo eacute uma noccedilatildeo de abandono passa pelo abandono necessaacuterio de coisas que ficaram ou que deveratildeo ficar no
passado[12] O termo diretamente aqui empregado eacute essencial a natildeo ser levado em conta corremos o risco de considerar
como cientistas dentre outros os mecenas que no passado contribuiacuteram de maneira indireta para o progresso
das ciecircncias
O argumento indutivista Uma criacutetica imparcial conquanto demolidora ao
indutivismo eacute apresentada por Chalmers nos trecircs primeiros capiacutetulos de seu livro [13] Veremos aqui apenas alguns toacutepicos interessantes do ponto de vista epistemoloacutegico
eou necessaacuterios para um melhor entendimento da teoria ora sendo apresentada
Um sumaacuterio completo do argumento indutivista da ciecircncia estaacute esquematizado na figura 2 adaptada de Chalmers [14]
Chama a atenccedilatildeo a omissatildeo da deduccedilatildeo de hipoacuteteses o indutivista admite ser possiacutevel partir da observaccedilatildeo e chegar a leis apelando exclusivamente ao raciociacutenio
indutivo O meacutetodo indutivo baseia-se na crenccedila de que eacute possiacutevel confirmar um enunciado universal (lei) atraveacutes de um certo nuacutemero de observaccedilotildees singulares Via de regra
quando se questiona o indutivista a respeito da omissatildeo da hipoacutetese ele logo repete uma frase de Newton Natildeo faccedilo
hipoacuteteses Obviamente este indutivista ingecircnuo ouviu esta frase sabe que foi proferida por Newton mas demonstra
natildeo saber a que Newton estava se referindo A hipoacutetese a que Newton se refere natildeo eacute a mesma que hoje se conceitua nos tratados de metodologia cientiacutefica ou de estatiacutestica Newton deixou bastante claro em sua obra que natildeo fazia como cientista especulaccedilotildees ou conjecturas infundadas No
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que se refere a hipoacuteteses no contexto em que o termo eacute hoje aceito rariacutessimos foram os cientistas que em sua
fase produtiva as levantaram em nuacutemero tal cuja ordem de grandeza se aproximasse daquela atingida por Newton
O argumento indutivista baseia-se na crenccedila no princiacutepio da induccedilatildeo que dentre outras formas pode ser enunciado como Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno
sempre que pesquisado se repetiu em futuras verificaccedilotildees o mesmo sucederaacute
Figura 2 - O argumento indutivista (segundo Chalmers)
[15] Escolhi esta versatildeo para que fique claro o contraste entre o princiacutepio da induccedilatildeo e a regra
cientiacutefica fundamental expliacutecita na figura 1 Trecircs comentaacuterios merecem ser feitos a respeito 1) Conquanto
seja usado como regra metodoloacutegica o princiacutepio da induccedilatildeo natildeo define o nuacutemero de observaccedilotildees singulares a permitir uma generalizaccedilatildeo (obtenccedilatildeo de leis) 2) Esta e outras falhas conceituais inerentes ao argumento indutivista propiciam interpretaccedilotildees ingecircnuas ao princiacutepio conforme
veremos abaixo 3) O princiacutepio sem perder em generalidade no que diz respeito agraves premissas (tem o
mesmo campo de atuaccedilatildeo que a regra cientiacutefica fundamental) e para que possa caracterizar-se como metodoloacutegico e natildeo apenas norteador torna-se mais
restritivo que a regra cientiacutefica fundamental frac34afirma ao inveacutes de suporfrac34 Consequumlentemente os que abraccedilam esta ideologia devem procurar por uma outra definiccedilatildeo de ciecircncia que natildeo a apresentada no item 2 e figura 1 As
consequumlecircncias epistemoloacutegicas daiacute resultantes seratildeo objeto de discussatildeo em itens posteriores
O indutivista ingecircnuo eacute aquele que dentre outras falhas conceituais eou de raciociacutenio consegue provar
cientificamente por exemplo a inexistecircncia de Deus pelo simples fato de Deus natildeo se manifestar a ele tendo em vista que ele natildeo possui uma regra para delimitar a ciecircncia que natildeo seja o princiacutepio da causalidade --natildeo haacute efeito sem causa-- ele tenta inverter o princiacutepio frac34que no caso ficaria natildeo haacute causa sem efeitofrac34 e apelando para o argumento indutivista consegue por meacutetodos cientiacuteficos chegar a conclusotildees natildeo cientiacuteficas frac34no caso teoloacutegicas Mais comum no entanto eacute o erro agora natildeo tatildeo ingecircnuo cometido por alguns indutivistas que conseguem provar cientificamente que todas as maccedilatildes satildeo vermelhas prova esta vaacutelida somente ateacute o dia em que eles se
depararem com maccedilatildes verdes Neste caso a falha decorre da crenccedila num meacutetodo repleto de incoerecircncias internas
5 O argumento dedutivista
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O argumento dedutivista ainda que natildeo isento de criacuteticas representou sem duacutevida alguma uma evoluccedilatildeo no sentido em que propiciou uma metodologia cientiacutefica dotada de
coerecircncia interna A esse respeito eacute dito com frequumlecircncia que o raciociacutenio dedutivo constitui o
argumento da loacutegica A fim de padronizar comparaccedilotildees apresentarei o argumento
dedutivista como apoiado no seguinte princiacutepio Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa para que seja hipoacutetese deveraacute ser
passiacutevel de verificaccedilatildeo observacional A figura 3 ilustra a proposiccedilatildeo deste argumento
Eacute importante observar que nem toda a afirmaccedilatildeo deduzida seraacute uma hipoacutetese motivo pelo qual natildeo utilizamos o argumento loacutegico se e somente se ao enunciarmos o
princiacutepio
Figura 3 - O argumento dedutivista
[16] Em particular eacute de se ressaltar a opiniatildeo de Severino (1994) a respeito
Eacute preciso natildeo confundir hipoacutetese com pressuposto com evidecircncia preacutevia
Hipoacutetese eacute o que se pretende demonstrar e natildeo o que jaacute se tem
demonstrado [17] A loacutegica dedutiva ao caminhar do geral para o particular
nos garante a formulaccedilatildeo de hipoacuteteses e hipoacutetese comprovada atraveacutes de uma observaccedilatildeo controlada (teste eou experiecircncia) nos permite suspeitar atraveacutes de um raciociacutenio indutivo (do singular para o geral) sua condiccedilatildeo de lei Observem o cuidado na colocaccedilatildeo das palavras Eu disse nos permite suspeitar e natildeo nos
permite garantir Por que esse cuidado A experimentaccedilatildeo natildeo nos garante verdades A esse respeito Popper assim se
referiu Natildeo haacute um meacutetodo para determinar se
uma hipoacutetese eacute lsquoprovaacutevelrsquo ou provavelmente verdadeira [18]
Eacute interessante notar que algumas limitaccedilotildees inerentes ao indutivismo e que propiciam o aparecimento de conclusotildees ingecircnuas satildeo aqui substituiacutedas por uma impossibilidade
Sob esse aspecto o dedutivismo natildeo solucionou o problema mas simplesmente reduziu a possibilidade de que se
cometessem determinados raciociacutenios ingecircnuos Rigorosamente falando o problema natildeo eacute tatildeo insoluacutevel
assim Seraacute insoluacutevel tatildeo-somente para aqueles que julgam estar cientificamente buscando por verdades absolutas A verdade cientiacutefica e soacute o leigo talvez natildeo saiba eacute uma
verdade provisoacuteria tomada por empreacutestimo da natureza e da forma como ela se nos aparenta ser As verdades
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cientiacuteficas de hoje seratildeo quando natildeo negadas lapidadas e reformuladas amanhatilde Se chegaremos ou natildeo por meacutetodos
cientiacuteficos agrave verdade absoluta eacute um questionamento que a ciecircncia natildeo estaacute aparelhada para responder E talvez nunca esteja o que natildeo nos impede de que continuemos procurando
pela verdade Popper foi mais aleacutem demonstrando ser impossiacutevel ateacute mesmo probabilizar uma afirmaccedilatildeo comprovada por um
raciociacutenio que siga a metodologia dedutiva (incluindo e eacute aiacute que reside o problema principal do meacutetodo a induccedilatildeo -- vide lado direito da figura 3) A esse respeito Popper
propotildee a substituiccedilatildeo do termo probabilizar por corroborar Uma hipoacutetese seria tanto mais corroboraacutevel quanto mais propiciasse verificaccedilotildees experimentais e teria sido tanto mais corroborada e natildeo haacute como se
atribuir nuacutemeros probabiliacutesticos a esse efeito quanto mais resistisse a essas verificaccedilotildees Siegel (1977
traduccedilatildeo) adota provavelmente com o mesmo objetivo a expressatildeo grau de aceitabilidade
Efetuamos pesquisas a fim de determinar o grau de aceitabilidade de
hipoacuteteses deduzidas de nossas teorias [19]
Esta impossibilidade em garantir um acerto preocupou bastante Popper e certamente foi um dos motivos que o
levou a expandir o argumento dedutivista atraveacutes da proposiccedilatildeo do falsificacionismo a ser apresentado no
item 7 Independentemente das dificuldades apontadas neste e nos itens precedentes a verdade eacute que a ciecircncia progride e este progresso eacute guiado por homens que conhecem o terreno por onde pisam E conquanto todos saibam da natildeo existecircncia em ciecircncia de verdades absolutas da impossibilidade de se
chegar a uma soluccedilatildeo definitiva para os problemas cientiacuteficos e da natildeo existecircncia de provas observacionais irrefutaacuteveis quase todos [20] entendem e concordam com a
afirmaccedilatildeo de GIL (1994) expressa a seguir A pesquisa cientiacutefica inicia-se
sempre com a colocaccedilatildeo de um problema solucionaacutevel O passo seguinte
consiste em oferecer uma soluccedilatildeo possiacutevel atraveacutes de uma proposiccedilatildeo ou seja de uma expressatildeo suscetiacutevel de ser declarada verdadeira ou falsa A
esta proposiccedilatildeo daacute-se o nome de hipoacutetese Assim a hipoacutetese eacute a
proposiccedilatildeo testaacutevel que pode vir a ser a soluccedilatildeo do problema [21]
6 O que eacute teoria Eacute importante salientar que a finalidade primordial da ciecircncia natildeo eacute formular hipoacuteteses e sim sistematizar teorias e que teoria natildeo eacute pura e simplesmente uma
coletacircnea de hipoacuteteses Teoria eacute um conjunto de hipoacuteteses coerentemente interligadas tendo por finalidade explicar
elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio do conhecimento [22] Por que entatildeo os livros de
metodologia insistem em justificar os meacutetodos atraveacutes de hipoacuteteses uacutenicas e via de regra desinteressantes tais
como As maccedilatildes satildeo vermelhas os cisnes satildeo brancos etc A verdade eacute que nem sempre eacute faacutecil encontrar teorias ao mesmo tempo simples e de amplo espectro ou seja que
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possam ser entendidas por leitores das vaacuterias aacutereas do conhecimento Por outro lado os argumentos que corroboram ou derrubam teorias satildeo em princiacutepio idecircnticos aos que corroboram ou derrubam hipoacuteteses frac34poderiacuteamos tambeacutem dizer
que uma hipoacutetese eacute ou simula ser uma teoria cujo conjunto de hipoacuteteses eacute unitaacuterio Em geral a dificuldade inerente ao grau de complexidade de uma teoria pode ser
superada desde que o cientista conheccedila a fundo esta teoria cujo grau de aceitabilidade pretende testar e domine a loacutegica envolvida em situaccedilotildees similares poreacutem simples como aquelas que aparecem nos compecircndios sobre o
assunto A ecircnfase dada pelos textos de metodologia cientiacutefica a meacutetodos relacionados a testes de hipoacuteteses contrasta com a quase ausecircncia de referecircncias a meacutetodos relativos agrave
praacutetica da teorizaccedilatildeo Existem exceccedilotildees a esta regra e eu natildeo poderia deixar de citar [23] os livros de Bunge [24] e de Lacey [25] indicados especialmente para os iniciantes da aacuterea de exatas Embora natildeo especificamente dirigido a esta temaacutetica haacute que se destacar tambeacutem o livro de Bohm e
Peat [26] e que merece ser lido posto que focaliza a essecircncia da problemaacutetica aqui apontada neste caso e por este motivo eacute indicado aos iniciantes de todas as aacutereas A praacutetica da teorizaccedilatildeo com rariacutessimas exceccedilotildees natildeo se
aprende na escola Grandes teorizadores por terem aprendido a utilizar uma teacutecnica natildeo encontrada nos livros tradicionais e que nem mesmo eacute ensinada na maioria dos
regimes de iniciaccedilatildeo cientiacutefica chegaram a ser confundidos com gecircnios Eacute bem possiacutevel que estes gecircnios tenham adquirido esta praacutexis cultuando algum resquiacutecio da
filosofia que a sociedade moderna natildeo conseguiu despedaccedilar
A lacuna acima apontada fomenta a ingenuidade ou ateacute mesmo o charlatanismo multiplicando sobremaneira o nuacutemero dos que sem estarem devidamente preparados para teorizar frac34uma atividade que natildeo eacute elementarfrac34 ainda assim teorizam e teorizam mal frac34fato este que chega a incomodar cientistas de respeito que ocupam postos importantes nas
universidades [27] Por outro lado e em decorrecircncia disto permite que se condene agrave marginalidade cientiacutefica
e por periacuteodos variaacuteveis de tempo todos aqueles que certos ou errados pretendem evoluir seriamente no sentido de atender agrave finalidade uacuteltima da ciecircncia a edificaccedilatildeo de
teorias representacionais Que meacutetodos estes homens seguiram que natildeo a paixatildeo a
devoccedilatildeo a persistecircncia e a crenccedila num espiacuterito universal frac34Espiacuterito este que segundo alguns admitem natildeo estaacute a se
divertir com nossos erros e acertos o que foi sintetizado pelo maior dos gecircnios do seacuteculo XX nas
seguintes palavras Deus natildeo joga dados A resposta nos eacute dada pelo proacuteprio autor desta afirmaccedilatildeo
O alvo de construir uma teoria de campo eletromagneacutetico da mateacuteria
permanece inatingiacutevel por ora embora em princiacutepio nenhuma objeccedilatildeo possa ser levantada contra a possibilidade de vir a se alcanccedilar tal objetivo O que reteve qualquer tentativa posterior nessa direccedilatildeo foi a falta de qualquer meacutetodo sistemaacutetico que levasse a uma
soluccedilatildeo [28]
27
Seraacute que natildeo existem meacutetodos ou regras a serem adotados nesta praacutexis E por falar nisso a praacutetica da teorizaccedilatildeo
natildeo seria uma teorexis [29] Seraacute que teorizar em ciecircncia eacute uma atividade puramente filosoacutefica Natildeo existe uma
metodologia cientiacutefica a orientar aqueles que se preocupam em decifrar os segredos que estatildeo por traacutes dos fenocircmenos que se adaptam agrave regra cientiacutefica fundamental Caso exista
um meacutetodo a ser sistematizado Seria ele diferente do meacutetodo cientiacutefico O que eacute o meacutetodo cientiacutefico
Tentarei dentro do possiacutevel e da finalidade a que me propus ao conceber esta seacuterie de artigos responder
oportunamente eou orientar o leitor se houver como no que diz respeito aos questionamentos aqui assinalados De qualquer forma mais detalhes sobre teoria eou teorizaccedilatildeo seratildeo apresentados no toacutepico IV-b A praacutetica da teorizaccedilatildeo
(em preparo)
[13] CHALMERS A F 1976 Referecircncias
op cit (Voltar pelo browser) pp 23-63
[14] Idem p 28 [15] Esta versatildeo eacute uma adaptaccedilatildeo do princiacutepio da induccedilatildeo
como enunciado por CHALMERS (1976) op cit Se um grande nuacutemero de As foi observado sob uma ampla variedade de condiccedilotildees e se todos esses As observados possuiacuteam sem exceccedilatildeo a propriedade B entatildeo todos os As possuem a propriedade B
[16] Neste caso o princiacutepio ficaria
Aparentes contradiccedilotildees que o iniciante possa descobrir ao comparar os dois enunciados natildeo
comprometem o raciociacutenio que se segue razatildeo pela qual admitirei a equivalecircncia sem justificaacute-la
Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa seraacute hipoacutetese se e somente se for passiacutevel de verificaccedilatildeo
observacional
[17] SEVERINO J S 1994
O primeiro se torna a afirmaccedilatildeo inconsistente
Metodologia do trabalho cientiacutefico[18] POPPER K R 1956
Cortez Editora Satildeo Paulo op cit
[19] SIEGEL S 1977 Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica
[20] Eacute possiacutevel que alguns dentre os indutivistas natildeo concordem com alguns dos termos da afirmaccedilatildeo por motivos que podem ser suspeitados tendo em vista o apresentado
neste e no item anterior
Ed McGraw-Hill do Brasil Ltda Satildeo Paulo p 6
[21] GIL A C 1994 Como elaborar projetos de pesquisas
[22] Em FERREIRA A B H 1986
Editora Atlas S A Satildeo Paulo p 35 [Os grifos satildeo
meus] op cit (Voltar pelo
browser) encontramos uma definiccedilatildeo mais geral a satisfazer tambeacutem o argumento indutivista Teoria eacute um
conjunto de conhecimentos natildeo ingecircnuos que apresentam graus diversos de sistematizaccedilatildeo e credibilidade e que se
propotildeem a explicar elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio de fenocircmenos ou de acontecimentos que se
oferecem agrave atividade praacutetica [23] Os trecircs livros citados a seguir natildeo satildeo os uacutenicos
nos gecircneros assinalados a despeito da disparidade apontada Ao tempo em que registro com estes exemplos a exceccedilatildeo agrave regra presto tambeacutem uma homenagem a autores que ao serem por mim lidos transmutaram em duacutevidas muitas das
respostas a questotildees fundamentais e que eu
28
pretensiosamente julgava possuir [24] BUNGE M Teoria e realidade
[25] LACEY HM 1972
Ed Perspectiva (traduccedilatildeo 1994) Satildeo Paulo
A linguagem do espaccedilo e do tempo
[26] BOHM D e PEAT F D
Ed Perspectiva SA
Ciecircncia ordem e criatividade
[27] A esse respeito vale a pena ler
Gradiva Publicaccedilotildees Ltda (traduccedilatildeo 1989) Lisboa
Cientiacuteficos Chiflados capiacutetulo XIV do livro BERNSTEIN J 1988 Observacioacuten de
la Ciencia[28] EINSTEIN A
Ed Fondo de Cultura Econoacutemica Meacutexico Fiacutesica e realidade in Albert Einstein
Pensamento poliacutetico e uacuteltimas conclusotildees (1983 traduccedilatildeo) Edit Brasiliense S A Satildeo Paulo [O grifo eacute meu]
[29] Este termo eu utilizei pela primeira vez no artigo MESQUITA Fdeg A 1983 Ciecircncia empiacuterica uma arma ou uma daacutediva Faculdade
Antes de mais nada afirmarei sem me alongar que uma teoria adotado o argumento dedutivista pode ser
corroborada ou negada fundamentalmente atraveacutes de um dos trecircs procedimentos seguintes 1) Pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de uma de suas hipoacuteteses 2) pela verificaccedilatildeo ou negaccedilatildeo de uma de suas prediccedilotildees 3) pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de teorias auxiliares deduzidas da teoria principal (teoria em teste ou sob suspeita) as teorias
auxiliares podem ser de trecircs tipos teorias ou hipoacuteteses de nulidade teorias ou hipoacuteteses salvadoras e teorias ou hipoacuteteses assassinas
(Revista do IAMC) ndeg 6 p 28-43 agosto83
7 O falsificacionismo O falsificacionismo natildeo foi proposto como um meacutetodo novo mas sim como um criteacuterio ou conduta a ser ou natildeo adotado por aqueles que se conformam ao meacutetodo dedutivo de prova
Natildeo haacute nada no falsificacionismo do ponto de vista metodoloacutegico que natildeo esteja previsto ou que natildeo decorra naturalmente de uma opccedilatildeo a ser seguida espontaneamente ou natildeo por este ou aquele dedutivista Qual seria entatildeo este criteacuterio Com que finalidade foi proposto A resposta a estas perguntas bem como o meacuterito do falsificacionismo constituem o objetivo deste e dos proacuteximos dois itens
[30] Incluem-se no rol das teorias auxiliares como veremos oportunamente as teorias
transcendentais frequumlentemente conotadas por experiecircncias de pensamento As prediccedilotildees e as hipoacuteteses ou teorias auxiliares satildeo teorias geradas utilizando-se do proacuteprio argumento dedutivista esquematizado na figura 3 Neste caso o foco de atenccedilatildeo inicial frac34representado na figura como observaccedilatildeofrac34 eacute nada mais nada menos que a proacutepria teoria que deu origem agrave prediccedilatildeo eou agrave teoria auxiliar Ao valorizar a falseabilidade como criteacuterio a ser adotado
pelos dedutivistas Popper nada mais fez que tentar expandir ou trazer para o domiacutenio da metodologia
cientiacutefica uma praacutetica amplamente utilizada com sucesso em estatiacutestica o criteacuterio de tomada de decisatildeo atraveacutes da
hipoacutetese de nulidade (Ho
O primeiro passo ou estaacutegio no processo de tomada de decisatildeo eacute
definir a hipoacutetese de nulidade (
)
Ho) Formula-se usualmente com o expresso propoacutesito de ser rejeitada Se eacute
29
rejeitada pode-se aceitar a hipoacutetese alternativa (H1) A hipoacutetese
alternativa eacute a definiccedilatildeo operacional da hipoacutetese de pesquisa do
pesquisador A hipoacutetese de pesquisa eacute a prediccedilatildeo deduzida da teoria que estaacute
sendo comprovada [31] A contribuiccedilatildeo de Popper a esse respeito limitou-se agrave ecircnfase que deu agrave importacircncia da procura por hipoacuteteses de
nulidade Ateacute entatildeo este costume estava restrito agrave procura por previsotildees frac34apresentadas via de regra pelo proacuteprio autor da teoriafrac34 eou hipoacuteteses salvadoras frac34levantadas
pelos adeptos da teoria em focofrac34 eou hipoacuteteses assassinas frac34levantadas pelos criacuteticos da teoria em questatildeo As quatro
tecircm uma caracteriacutestica comum satildeo todas teorias falseadoras
A boa teoria dentre outras qualidades [32] e segundo Popper eacute aquela potencialmente geradora de hipoacuteteses
falseadoras e tanto melhor seraacute quanto maior for o risco de ser negada Ela pode ateacute mesmo ser derrubada no primeiro teste a que for submetida o que natildeo invalida o que foi
dito foi uma boa teoria enquanto durou e voltaraacute a ser se conseguir ressurgir das cinzas Dito em outras palavras o criteacuterio para se avaliar a virtude de uma teoria nascente repousa no seu grau de submissatildeo a testes adversos Uma teoria de baixo risco raramente eacute bem vinda [33] e uma
teoria sem risco algum na opiniatildeo de Popper natildeo eacute cientiacutefica e eu iria aleacutem sequer eacute teoria
Levando-se em conta que o criteacuterio falsificacionista peca pela subjetividade deve-se tomar cuidado ao se optar por uma teoria em detrimento de outra pelo fato de a primeira
ser mais falseaacutevel que a segunda Diferentes hipoacuteteses falseadoras devem apresentar pesos diferentes e este peso
mesmo quando bem estimado frequumlentemente o eacute por um processo subjetivo Natildeo eacute raro utilizar-se desta
subjetividade inerente ao falsificacionismo para justificar escolhas feitas segundo criteacuterios poliacuteticos econocircmicos
interesseiros corporativistas ou entatildeo apoiados em princiacutepios outros que tambeacutem deixam a desejar no que diz
respeito agrave eacutetica do cientista 8 Entendendo o falsificacionismo
Suponha que algueacutem deduza a seguinte hipoacutetese H1 As maccedilatildes do Estado de Satildeo Paulo satildeo vermelhas A teoria assim
simulada eacute uma teoria de hipoacutetese uacutenica Percebam que no argumento da hipoacutetese estaacute se admitindo como pressupostos uma infinidade de conceitos tais como fruta maccedilatilde cor
vermelho local Satildeo Paulo Brasil etc Estes pressupostos satildeo o que Severino chama de evidecircncias preacutevias como vimos no item 5 e constituem uma das bases da argumentaccedilatildeo de Chalmers [34] ao contestar os que afirmam que a ciecircncia
comeccedila com a observaccedilatildeo Um exemplo de previsatildeo desta teoria seria as maccedilatildes de
Jundiaiacute devem ser vermelhas tendo em vista que Jundiaiacute se localiza no Estado de Satildeo Paulo
Suponha tambeacutem que algueacutem tenha demonstrado que em condiccedilotildees X outra fruta que natildeo a maccedilatilde e que
originalmente era de determinada cor se modifica e conclui que se a teoria sobre as maccedilatildes for verdadeira ela
deveraacute permanecer verdadeira nas condiccedilotildees X Pode-se entatildeo construir a seguinte hipoacutetese de nulidade Ho Em
condiccedilotildees X obter-se-atildeo em Satildeo Paulo maccedilatildes natildeo
30
vermelhas Esta previsatildeo natildeo decorre da teoria (H1) mas de evidecircncias preacutevias outras e estranhas agrave mesma Se esta
hipoacutetese (Ho) for verificada a hipoacutetese original H1
Seraacute que este simples fato condena a teoria original Para o falsificacionista ingecircnuo sim Para aquele que entendeu e aceitou o significado da afirmaccedilatildeo de Popper citada
neste artigo ao final do
estaraacute falseada
quarto paraacutegrafo do item 5 natildeo Optar por uma teoria natildeo significa crer numa verdade
absoluta Se eu afirmo que Ho eacute verdadeira e consequumlentemente H1 eacute falsa isto natildeo significa que eu
estou atribuindo o grau de veracidade 100 a uma hipoacutetese e 0 agrave outra significa simplesmente que a verificaccedilatildeo experimental me convenceu a optar por uma teoria em
detrimento da outra A opccedilatildeo eacute uma das maneiras pelas quais o cientista expressa a sua feacute na ciecircncia [35] e o
falsificacionismo estabelece normas a lhe orientar nesta opccedilatildeo
Suponha agora que em condiccedilotildees X ou em outra condiccedilatildeo qualquer se encontrem no Estado de Satildeo Paulo maccedilatildes verdes Significa isto que a hipoacutetese H1
Natildeo podemos em satilde consciecircncia dizer que a psicanaacutelise por exemplo natildeo pertenccedila ao campo da ciecircncia pelo simples
fato de uma de suas teorias precursoras ser natildeo falseaacutevel Sequer podemos dizer que o autor dessa ideacuteia natildeo
fosse cientista se eacute verdade que a psicanaacutelise se desenvolveu em cima desta ideacuteia e apesar disso conseguiu
eacute falsa Natildeo Simplesmente ela foi falseada Nada impede que amanhatilde com a evoluccedilatildeo da ciecircncia se descubra que estes frutos verdes a que hoje associamos a ideacuteia maccedilatilde estejam inseridos num
outro contexto e que realmente natildeo sejam maccedilatildes Por que entatildeo se daacute preferecircncia a verificaccedilotildees falseadoras em detrimento das corroboradoras Ora isto nem sempre
acontece conquanto seja esta uma das regras propostas pelo falsificacionismo Por exemplo tanto a teoria da
relatividade quanto a mecacircnica quacircntica satildeo teorias fiacutesicas amplamente aceitas graccedilas a terem sido
corroboradas por previsotildees que se confirmaram e pouco valor se deu a um grande nuacutemero de testes que as falsearam Por outro lado estas duas teorias satildeo concomitantemente aceitas pelos fiacutesicos conquanto existam fortes argumentos
a provar que cada uma destas duas teorias falseia a outra e ambas falseiam a teoria de Maxwell que tambeacutem eacute aceita como verdadeira Certos ou errados neste caso os fiacutesicos modernos dentre os quais se inclui Popper fizeram uma opccedilatildeo contraacuteria agrave norma falsificacionista e natildeo haacute
como criticaacute-los por essa conduta a menos que se pretenda atribuir ao falsificacionismo uma qualidade que ele natildeo
possui a de estabelecer criteacuterios absolutos de veracidade O falsificacionismo presta-se tambeacutem a fomentar o diaacutelogo e a criatividade Neste caso surge quase como que um apelo para que se invista mais em experiecircncias de pensamento um
recurso legiacutetimo e de grande valor em ciecircncia 9 O falsificacionismo como delimitador da ciecircncia
Vimos no item 7 que para Popper uma teoria sem risco algum natildeo eacute cientiacutefica e eu acrescentei sequer eacute teoria Popper quis se aproveitar deste argumento para delimitar a ciecircncia utilizando-se entatildeo do falsificacionismo como
criteacuterio de cientificidade Com esta opccedilatildeo Popper desagradou a muitos e convenceu a poucos ainda que sua
ideacuteia natildeo fosse de todo maacute
31
de alguma forma se impor como ciecircncia muito provavelmente queiramos ou natildeo seu autor contribuiu diretamente para o progresso da ciecircncia Mesmo que hoje algueacutem chegasse a concluir categoricamente pelo caraacuteter natildeo cientiacutefico da psicanaacutelise isto de forma alguma nos autorizaria a hipoteticamente condenaacute-la agrave estagnaccedilatildeo Se um cientista utilizando-se de maus criteacuterios ou ateacute mesmo apoiando-se em dogmas constroacutei de maneira natildeo
cientiacutefica um determinado campo do conhecimento isto natildeo significa que este campo natildeo possa vir a ser estudado cientificamente e que natildeo se possam criteriosamente
aproveitar as conclusotildees de seus estudos Nada impede que uma teoria considerada hoje como natildeo cientiacutefica pelo fato de possuir uma ou mais hipoacuteteses natildeo falseaacuteveis adquira
esse status apoacutes passar por ligeiras reformulaccedilotildees Natildeo podemos assumir que um campo do conhecimento seja natildeo cientiacutefico pelo simples fato de natildeo encontrarmos nele
teorias cientiacuteficas Este posicionamento de Popper a meu ver natildeo se justifica o falsificacionismo natildeo eacute um bom
criteacuterio delimitador da ciecircncia e isto eu espero que tenha ficado claro para o leitor E mais natildeo existem aacutereas natildeo cientiacuteficas mas sim aacutereas onde ainda natildeo foram produzidos conhecimentos cientiacuteficos O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo e pelo menos nesta etapa nada eacute absolutamente corroboraacutevel ou falseaacutevel Podemos ainda
dizer que a ciecircncia natildeo se localiza aqui ou acolaacute sob esse aspecto a ciecircncia natildeo tem fronteiras
10 Enfim a teoria do meacutetodo Nos demais artigos desta seacuterie irei demonstrar ser possiacutevel partindo da regra cientiacutefica fundamental desenvolver uma teoria sobre o meacutetodo cientiacutefico
utilizando-se das trecircs hipoacuteteses seguintes 1 O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo 2 A produccedilatildeo de conhecimentos passa
necessariamente pelas etapas deduccedilatildeo anaacutelise induccedilatildeo e
siacutentese na ordem apresentada 3 Os princiacutepios cientiacuteficos fundamentais satildeo universais
Por questatildeo de simplicidade subdividirei o estudo do meacutetodo em trecircs etapas correspondentes a cada uma das hipoacuteteses 1) o estudo do macromeacutetodo cientiacutefico 2) o estudo do meacutetodo cientiacutefico propriamente dito e 3) o estudo do micromeacutetodo cientiacutefico Os toacutepicos nos quais
desenvolverei estas etapas estatildeo em fase de projeto natildeo havendo portanto previsatildeo quanto agrave eacutepoca de publicaccedilatildeo
Meacutetodo cientiacutefico
Origem Wikipeacutedia a enciclopeacutedia livre
A palavra meacutetodo vem do grego meacutethodos (caminho para chegar a um fim) O meacutetodo cientiacutefico eacute um conjunto de regras baacutesicas para desenvolver uma experiecircncia a fim de produzir novo conhecimento bem como corrigir e integrar conhecimentos preacute-existentes Na maioria das disciplinas cientiacuteficas consiste em juntar evidecircncias observaacuteveis empiacutericas (ou seja baseadas apenas na experiecircncia) e
mensuraacuteveis e as analisar com o uso da loacutegica Para muitos autores o meacutetodo cientiacutefico nada mais eacute do que a loacutegica
32
aplicada agrave ciecircncia (Haddad) Metodologia literalmente refere-se ao estudo dos meacutetodos e especialmente do meacutetodo da ciecircncia que se supotildee universal Embora procedimentos variem de uma aacuterea da
ciecircncia para outra (as disciplinas cientiacuteficas) diferenciadas por seus distintos objetos de estudo
consegue-se determinar certos elementos que diferenciam o meacutetodo cientiacutefico de outros meacutetodos (filosoacutefico algoritmo
ndash matemaacutetico etc)
Primeiramente os pesquisadores definem proposiccedilotildees loacutegicas ou suposiccedilotildees (hipoacuteteses) para explicar certos fenocircmenos e observaccedilotildees e entatildeo desenvolvem experimentos que testam essas hipoacuteteses Se confirmadas as hipoacuteteses podem gerar leis e teorias Integrando-se hipoacuteteses de certa aacuterea em uma estrutura coerente de conhecimento contribuiacute-se na
formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bem como coloca as hipoacuteteses em um conjunto de conhecimento maior que satildeo as
leis e teorias reconhecidas consensualmente pela comunidade cientiacutefica eou o
O contexto de uma pesquisa
paradigma de seu tempo Outra caracteriacutestica do meacutetodo eacute que o processo precisa
ser objetivo e o cientista deve ser imparcial na interpretaccedilatildeo dos resultados Sobre a objetividade o seja
atente agraves propriedades do objeto e natildeo do sujeito (subjetividade) eacute conhecida a afirmaccedilatildeo de Hans Selye
pesquisador canadense que formulou a moderna concepccedilatildeo de stress ldquoQuem natildeo sabe o que procura natildeo entende o que encontrardquo referindo-se a necessidade de formulaccedilatildeo de definiccedilotildees precisas (a essecircncia dos conceitos) e que
possam ser respondidas com o simples sim ou natildeo Tanto a imparcialidade (evidecircncia) como a objetividade foram incluiacutedas por Reneacute Descartes (1596 ndash 1649) nas regras
loacutegicas que caracterizam o meacutetodo cientiacutefico Aleacutem disso o procedimento precisa ser documentado tanto no que diz respeito agrave fonte de dados como as regras de anaacutelise para que outros cientistas possam re-analisar reproduzir e verificar a confiabilidade dos resultados Assim se distingue os relatos cientiacuteficos (artigos
monografias teses e dissertaccedilotildees) de um simples estilo (padratildeo) ou arquitetura de texto orientados pelo que caracteriza as normas da Retoacuterica ou estudo do uso persuasivo da linguagem em funccedilatildeo da eloquumlecircncia
Eacute comum o uso da anaacutelise matemaacutetica ou estatiacutestica quando possiacutevel ou aproximaccedilatildeo de modelos abstratos (tipos ideais) e categorias de classificaccedilatildeo a depender do
objetivo da pesquisa (identificar descrever analisar) que pode ser basicamente quantitativa ou qualitativa A divisatildeo da ciecircncia em aacutereas ou distintas disciplinas
cientificas tem levado a tais adequaccedilotildees da metodologia Eacute comum a afirmaccedilatildeo de que em funccedilatildeo da evoluccedilatildeo do meacutetodo
cientifico num extremo temos a fiacutesica e quiacutemica seguida da biologia e por uacuteltimo as ciecircncias sociais psicologia e ciecircncias juriacutedicas quase se aproximando da filosofia e estudo das crenccedilas (senso comum) ou ciecircncias do espiacuterito
(sistemas miacutetico - religiosos) Contudo pesquisadores contemporacircneos vecircem nessas duas abordagens uma oposiccedilatildeo complementar enquanto as pesquisas quantitativas visam descrever e explicar fenocircmenos que produzem regularidades mensuraacuteveis satildeo recorrentes (ou discrepantes) e exteriores ao sujeito
33
(objetivos) na pesquisa qualitativa o observador (sujeito) eacute da mesma natureza que o objeto de sua anaacutelise e ele proacuteprio uma parte de sua observaccedilatildeo (o subjetivo)
Eacute importante ter em mente que as pesquisas cientificas relacionam-se com um modelo (paradigmaacutetico) ou uma
constelaccedilatildeo de pressupostos e crenccedilas escalas de valores teacutecnicas e conceitos compartilhados pelos membros de uma determinada comunidade cientiacutefica num determinado momento
histoacuterico
Ciecircncia eacute muito mais uma maneira de pensar do que um corpo de conhecimentos -
Elementos do meacutetodo cientiacutefico
Carl Sagan ciecircncia consiste em agrupar factos para que leis
gerais ou conclusotildees possam ser tiradas deles - Charles Darwin
O meacutetodo cientiacutefico eacute composto dos seguintes elementos bull Caracterizaccedilatildeo - Quantificaccedilotildees observaccedilotildees e
medidas bull Hipoacuteteses - Explicaccedilotildees hipoteacuteticas das observaccedilotildees e
medidas bull Previsotildees - Deduccedilotildees loacutegicas das hipoacuteteses
bull Experimentos - Testes dos trecircs elementos acima O meacutetodo cientiacutefico consiste dos seguintes aspectos bull Observaccedilatildeo - Uma observaccedilatildeo pode ser simples isto eacute
feita a olho nu ou pode exigir a utilizaccedilatildeo de instrumentos apropriados
bull Descriccedilatildeo - O experimento precisa ser replicaacutevel (capaz de ser reproduzido)
bull Previsatildeo - As hipoacuteteses precisam ser vaacutelidas para observaccedilotildees feitas no passado no presente e no
futuro bull Controle - Para maior seguranccedila nas conclusotildees toda
experiecircncia deve ser controlada Experiecircncia controlada eacute aquela que eacute realizada com teacutecnicas que permitem descartar as variaacuteveis passiacuteveis de mascarar
o resultado bull Falseabilidade[1]
bull Explicaccedilatildeo das Causas - Na maioria das aacutereas da Ciecircncia eacute necessaacuterio que haja causalidade Nessas
condiccedilotildees os seguintes requerimentos satildeo vistos como importantes no entendimento cientiacutefico
- toda hipoacutetese tem que ser falseaacutevel ou refutaacutevel Isso natildeo quer dizer que o experimento seja falso mas sim que ele pode ser verificado
contestado Ou seja se ele realmente for falso deve ser possiacutevel provaacute-lo
bull Identificaccedilatildeo das Causas bull Correlaccedilatildeo dos eventos - As causas precisam se
correlacionar com as observaccedilotildees bull Ordem dos eventos - As causas precisam preceder
no tempo os efeitos observados Na aacuterea da sauacutede a natureza da associaccedilatildeo causal foi formulada por Hence e adaptada por Robert Koch em 1877
para demonstraccedilatildeo da relaccedilatildeo causal entre microrganismos e patologias consistindo basicamente no enunciado acima ou seja forccedila da associaccedilatildeo (conectividade) sequumlecircncia temporal (assimetria) transitividade (evidecircncia experimental) previsibilidade estabilidade
Uma maneira linearizada e pragmaacutetica de apresentar os quatro pontos acima estaacute exposto a seguir passo-a-passo
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Vale a pena notar que eacute apenas um exemplo natildeo sendo obrigatoacuterio a existecircncia de todos esses passos Na
verdade na maioria dos casos natildeo se segue todos esses passos ou mesmo parte deles O meacutetodo cientiacutefico natildeo eacute
uma receita ele requer inteligecircncia imaginaccedilatildeo e criatividade O importante eacute que os aspectos e elementos
apresentados acima estejam presentes bull Definir o problema
bull Recolhimento de dados bull Proposta de uma hipoacutetese
bull Realizaccedilatildeo de uma experiecircncia controlada para testar a validade da hipoacutetese
bull Anaacutelise dos resultados bull Interpretar os dados e tirar conclusotildees o que serve
para a formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bull Publicaccedilatildeo dos resultados em monografias
dissertaccedilotildees teses artigos ou livros aceitos por universidades e ou reconhecidos pela comunidade
cientiacutefica Observe-se que nem todas as hipoacutetese podem ser confirmadas
ou refutadas por experimentos e que em muitas aacutereas do conhecimento o recolhimento de dados e a tentativas de interpretaacute-los jaacute eacute uma grande tarefa como nas ciecircncias
humanas e juriacutedicas (criminologia)
Ciecircncias humanas A limitaccedilatildeo eacutetica da realizaccedilatildeo experimentos com seres humanos o estudo das subjetividades ou essencialmente
subjetivo individual e particular psiquismo humano ou a natureza histoacuterica do objeto das ciecircncias sociais conduziram os pensadores a distintos caminhos ou
proposiccedilotildees de estudo para o meacutetodo cientiacutefico Contudo parafraseando Minayoldquouma base de dados quando bem trabalhada teoacuterica e praticamente produz riqueza de informaccedilotildees aprofundamento e maior fidedignidade
interpretativardquo As principais divergecircncias na anaacutelise dos resultados de pesquisas em ciecircncias sociais ou humanas se datildeo no plano da contextualizaccedilatildeo dos dados ou informaccedilotildees obtidas em campo nos diversos sistemas teoacutericos ou seja conjunto de teorias e leis reconhecidas como consensuais em distintos
momentos histoacutericos eou segmentos das comunidades cientiacuteficas Nas ciecircncias sociais identifica-se trecircs
grandes correntes de pensamentos bull Positivismo Auguste Comte
bull Fenomenologia (Fenomenologia do Espiacuterito Estruturalismo
bull Materialismo dialeacutetico Dialeacutetica Marxismo
A histoacuteria do meacutetodo cientiacutefico se mistura com a histoacuteria da ciecircncia Documentos do
A evoluccedilatildeo do conceito de meacutetodo
Antigo Egito jaacute descrevem meacutetodos de diagnoacutesticos meacutedicos Na cultura da Greacutecia
Antiga os primeiros indiacutecios do meacutetodo cientiacutefico comeccedilam a aparecer Grande avanccedilo no meacutetodo foi feito no comeccedilo da filosofia islacircmica principalmente no uso de experimentos
para decidir entre duas hipoacuteteses Os principios fundamentais do meacutetodo cientiacutefico se consolidaram com o surgimento da Fiacutesica nos seacuteculos XVII e XVIII Francis
Bacon em seu trabalho Novum Organum(1620)-uma referecircncia
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ao Organon de Aristoacuteteles-especifica um novo sistema loacutegico para melhorar o velho processo filosoacutefico do
silogismo A metodologia cientiacutefica tem sua origem no pensamento de
Descartes que foi posteriormente desenvolvimento empiricamente pelo fiacutesico inglecircs Isaac Newton Reneacute Descartes propocircs chegar agrave verdade atraveacutes da duacutevida sistemaacutetica e da decomposiccedilatildeo do problema em pequenas
partes caracteriacutesticas que definiram a base da pesquisa cientiacutefica
Lecirc-se no livro o Discurso do meacutetodo E como a multiplicidade de leis serve frequentemente para escusar os viacutecios de sorte que um estado eacute muito melhor governado quando possuindo poucas elas satildeo aiacute rigorosamente aplicadas assim em lugar de um grande
nuacutemero de preceitosde qua a loacutegica eacute composta acrediteis que jaacute me seriam bastante quatro contanto que tomasse a firme e constante resoluccedilatildeo de natildeo deixar uma vez soacute de
observaacute-los O primeiro consistia em nunca aceitar por verdadeira coisa nenhuma que natildeo conhecesse como evidente isto eacute
devia evitar cuidadosamente a precipitaccedilatildeo e a prevenccedilatildeo e nada incluir em meus juizos que natildeo se apresentasse tatildeo claramente e tatildeo distintamente ao meu espiacuterito que natildeo
tivesse nenhuma ocasiatildeo de o por em duacutevida O segundo ndash dividir cada uma das dificuldades que
examinasse em tantas parcelas quantas pudesse ser e fossem exigidas para melhor compreendecirc-las
O terceiro ndash conduzir por ordem os meus pensamento comeccedilando pelos objetos mais simples e faacuteceis de serem conhecidos para subir pouco a pouco como por degraus ateacute o conhecimento dos mais compostos e supondo mesmo
certa ordem entre os que natildeo se precedem naturalmente uns aos outros
e o uacuteltimo ndash fazer sempre enumeraccedilotildees tatildeo completas e revisotildees tatildeo gerais que ficasse certo de nada
omitir Correntemente estas regras satildeo 1 ndash da evidecircncia 2 ndash da
divisatildeo ou anaacutelise 3 ndash da ordem ou deduccedilatildeo 3 da enumeraccedilatildeo (contar especificar) classificaccedilatildeo
O acidente (serendipity
Eacute comum considerar alguns dos mais importantes avanccedilos na ciecircncia tais como as
)
descobertas da radioatividade por Henri Becquerel ou da penicilina por Alexander Fleming como tendo ocorrido por acidente no entanto o que eacute possiacutevel afirmar agrave luz da observaccedilatildeo cientiacutefica eacute que
teratildeo sido parcialmente acidentais uma vez que as pessoas envolvidas haviam aprendido a pensar cientificamente
estando portanto conscientes de que observaram algo novo e interessante
Os progressos da ciecircncia satildeo acompanhados de muitas horas de trabalho cuidadoso que segue um caminho mais ou menos sistemaacutetico na busca de respostas a questotildees cientiacuteficas
Eacute este o caminho denominado de meacutetodo cientiacutefico
A A hipoacutetese
Hipoacutetese (do gr Hypoacutethesis) eacute uma proposiccedilatildeo que se admite de modo provisoacuterio como princiacutepio do qual se pode
deduzir pelas regras da loacutegica um conjunto dado de proposiccedilotildees ou um mecanismo da experiecircncia a explicar
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Literalmente pode ser compreendida como uma suposiccedilatildeo ou pergunta conjetura que orienta uma investigaccedilatildeo por
antecipar caracteriacutesticas provaacuteveis do objeto investigado e que vale quer pela confirmaccedilatildeo atraveacutes de deduccedilotildees loacutegicas dessas caracteriacutesticas quer pelo encontro de novos caminhos de investigaccedilatildeo (novas hipoacuteteses e novos
experimentos) No meacutetodo cientiacutefico a hipoacutetese eacute o caminho que deve levar agrave formulaccedilatildeo de uma teoria O cientista na sua hipoacutetese tem dois objetivos explicar um fato e prever
outros acontecimentos dele decorrentes (deduzir as consequencias) A hipoacutetese deveraacute ser testada em
experiecircncias laboratoriais controladasSe apoacutes muitas dessas experiecircncias os resultados obtidos pelos
pesquisadores natildeo contrariarem a hipoacutetese entatildeo ela seraacute aceita como uma lei e integrada agrave uma teoria eou sistema
teacuteoacuterico
Referecircncias 1 uarr [PDF] Estudos do meacutetodo cientiacutefico
Ver tambeacutem bull Verdade
bull Falseabilidade bull Karl Popper
bull Filosofia da ciecircncia bull Histoacuteria da ciecircncia
bull Epistemologia bull Loacutegica
bull Aristoacuteteles bull Georg Wilhelm Friedrich Hegel
bull Complexidade bull Reducionismo
bull Navalha de Occam bull Ciecircncia
bull Pseudociecircncia bull Paradigma
bull Paul Feyerabend bull Thomas Kuhn
bull Gaston Bachelard bull Teoria
bull Lei (ciecircncias) bull Hipoacutetese
bull Tese bull Dissertaccedilatildeo
Bibliografia
Becker Howard S Meacutetodos de pesquisa em ciecircncias sociais SP Hucitec 1999
Chizzotti Antonio Pesquisa em ciecircncia humanas e sociais SP Cortez 2006
Comte August Discurso preliminar sobre o espiacuterito positivo
Descartes Reneacute Discurso do meacutetodo (traduccedilatildeo prefaacutecio e notas de Joatildeo Cruz Costa SP Ed de Ouro 1970 disponiacutevel
para download em domiacutenio puacuteblico httpwwwdominiopublico e eBooket
httpwwweBooketnet IntraText Reneacute Descartes - e-books
37
Haddad Nagib Metodologia de estudos em ciecircncias da sauacutede como planejar analisar e apresentar um trabalho
cientiacutefico SP Roca 2004 Minayo Maria C de Souza (org) Deslandes (Suely F
Gomes Romeu Pesquisa social teoria meacutetodo e criatividade Petroacutepolis RJ Vozes 2007
Lakatos Eva Maria Marconi Marina de A Meacutetodologia cientiacutefica SP Atlas 2007
Selye Hans Stress a tensatildeo da vida SP IBRASA 1965
Ligaccedilotildees externas bull Explicando o Meacutetodo Cientiacutefico
bull Prova Cientiacutefica bull Diretrizes para elaboraccedilatildeo de dissertaccedilotildees e teses -
USP bull Centro Cochrane do Brasil
bull Metodologiaorg bull Evidecircnciascom
bull Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq)
bull Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciecircncia bull Lista de Perioacutedicos cientificos brasileiros por
assunto bull SciELO - Scientific Electronic Library Online
bull Perioacutedicos UNESCO bull Ciecircncia Hoje
bull Scientific American - Brasil bull Scientific American
COLCHA DE RETALHOS CIENTIacuteFICA (a realidade natildeo eacute Frankenstein ela eacute uacutenica e funcional)
A realidade segundo a Ciecircncia geral
A senhora Ciecircncia trabalhando com
seus remendos
Drordf Ciecircncia e seu filho
Mary Shelley viu o futuro
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Somos Monstros 6 05 2008
Tudo comeccedilou com um desafio feito a Mary Shelley (1797-1851) entatildeo uma jovem de 21 anos por Lord Byron Na eacutepoca 1918 Byron propocircs a Mary e seu marido que
escrevessem um conto de terror uma maneira de passar o tempo jaacute que suas feacuterias estavam sendo consumidas
intediantemente pelo mau tempo Mary foi a uacuteltima a dar iniacutecio ao seu conto que acabou baseado em um pesadelo que
teve numa daquelas noites de chuva E dentre todos o conto de Shelley foi o que mais surpreendeu e arrepiou Insentivada a continuar Mary Shelley desenvolveu ainda
mais sua histoacuteria e transformou-a em um dos mais conhecidos e celebrados livros da Histoacuteria Frankenstein
Victor Frankenstein era um jovem curioso com sede de conhecimento apaixonado pela ciecircncia intrigado com os segredos da vida e louco para deixar sua marca no mundo Havia aprendido sozinho em casa sobre as fantasias da Alquimia no entanto apenas na universidade ele foi descobrir que toda sua bagagem de conhecimento estava ultrapassada haacute muito Acabou se tornando um aluno
exemplar dedicado agrave quiacutemica e agrave biologia Foi assim que sozinho em seu laboratoacuterio em Ingolstadt Victor deu iniacutecio agrave sua criaccedilatildeo misturando seus conhecimentos
teoacutericos de fisiologia e filosofia natural com princiacutepios de mecacircnica decido a descobrir se o princiacutepio que
mantinha animado o corpo poderia pernecer mesmo apoacutes a morte Como Victor fez isso todos jaacute sabemos deu vida a uma criatura formada por partes de cadaacuteveres de tamanho
descomunal (cerca de 25m de altura) e aparecircncia horripilante E eacute aqui que daacute-se iniacutecio ao grande trunfo
da histoacuteria Ao despertar da Criatura Frankenstein acaba por cair na realidade vendo como era realmente feia sua criaccedilatildeo com
seus membros desproporcionais seu olhos aquosos e amarelos incompleta a ponto de seus tecidos nem sequer
cobrirem todo o corpo deixando agrave mostra muacutesculos e ossos Desesperado e com medo arrependido de sua audaacutecia Victor
abandona sua Criatura decaindo num suacutebito acesso de naacuteusea e lucidez
Pobre Criatura um ser vazio de conhecimentos ignorante em relaccedilatildeo ao conviacutevio social solto num mundo de pessoas
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preconceituosas e indiferentes A personificaccedilatildeo perfeita da famosa teoria de Rousseau a do ldquobom selvagemrdquo que diz
que todo o homem nasce ldquopurordquo e eacute corrompido pela sociedade violenta viciosa e materialista Quem lecirc a
histoacuteria de Frankenstein espera encontrar terror suspense e aventura onde um monstro estaria a solta para destruir e matar No entanto descobre um mundo onde noacutes humanos somos totalmente repugnantes e no qual o uacutenico ser que
realmente tem algum valor eacute o monstro excluiacutedo por todos Poucos livros retratam tatildeo bem a indiferenccedila humana e a nossa mania de dar mais valor agraves aparecircncias do que aos
sentimentos carater e virtudes Mary Shelley escreveu uma autecircntica obra-prima da
literatura universal um romance capaz de despertar no leitor a pena e a compaixatildeo por um monstro e a repugnacircncia
de nossa proacutepria raccedila Uma liccedilatildeo que ainda natildeo foi aprendida mesmo depois de quase 200 anos
Ficha Teacutecnica Tiacutetulo Frankestein (Frankenstein or the Modern
Prometheus) Autor Mary Shalley Paiacutes Inglaterra
Publicaccedilatildeo Original 1818 Publicaccedilatildeo Lida Martin Claret Editora 2001
7
metade estaacute sendo socialmente suprido Natildeo somos 66 bilhotildees (para dar conta certa) somos 33 bilhotildees de pares potenciais
DUAS CABECcedilAS (mas natildeo somos monstros porque as cabeccedilas estatildeo postas em corpos diferentes)
DUAS E QUATRO FACES (embora natildeo reparemos na realidade partes de noacutes estatildeo operando suprindo nossas faltas)
casal
famiacutelia
Pois noacutes natildeo somos mais indiviacuteduos somos grupo Um desses grupos chamado ldquoGrande Vitoacuteriardquo tinha
menos de 300 mil faces em 1971 quando vim morar aqui agora passa de 1400 mil cresceu muito incorporando vaacuterias cidades Existem outros muito maiores
Maiores Cidades do planeta 7 nov 2006
AS MAIORES AGLOMERACcedilOtildeES URBANAS
8
OS MAIORES PIBs EM 2020
AS MELHORES CIDADES PARA VIVER
Segue-se uma lista com as melhores cidades do mundo para se viver de acordo com a revista
(cidades satildeo supermaacutequinas e superprogramas superprogramaacutequinas para se viver Le Corbusier natildeo as viu como maacutequinas de morar)
Business Week com relaccedilatildeo agrave qualidade de vida
215 grandes cidades foram avaliadas
Embora ainda nos vejamos como indiviacuteduos esses satildeo
grupos indefectivelmente grupos grupos imensos inimaginaacuteveis Por exemplo a cidade-capital de Satildeo Paulo sozinha tem 104 do PIB brasileiro e a Grande SP tem 2500 km2 de aacuterea ocupada com construccedilotildees
9
Embora eu diga ldquominha menterdquo metade dela a minha outra metade estaacute fora muito mais que isso 33 bilhotildees das nossas metades estatildeo amplamente disseminadas em toda longitude latitude altitude Quase natildeo sinto falta quando estou soacute (exceto sexualmente) porque todos esses 3300 milhotildees estatildeo por aiacute trabalhando com afinco para suprir o que natildeo sei fazer em relaccedilatildeo agraves ocupaccedilotildees delas (sem falar dos 33 bilhotildees do nosso lado que fazem tudo que vocecirc e eu natildeo sabemos mas isso eacute outra histoacuteria)
HEMISFEacuteRIAS
AS OUTRAS DUAS METADES
(vocecirc eu vivemos em feacuterias do que faz a outra metade e nem agradecemos isso)
NOSSAS DUAS METADES 12 12 12 12
hemisfeacuterio esquerdo
hemisfeacuterio direito
hemisfeacuterio esquerdo
hemisfeacuterio direito
Como Koestler disse primeiro (dividindo nosso ceacuterebro em reptiliano mamiacutefero e humano) e o modelo colocou de outro modo temos vaacuterios ceacuterebros em cada um de noacutes de fato reparando sermos um-em-dois eacute uma profusatildeo uma quantidade insuspeitada ainda mais porque vamos muito aleacutem do indiviacuteduo
Os paleontoacutelogos os arqueoacutelogos os antropoacutelogos e os geo-historiadores natildeo analisaram e porisso natildeo sintetizaram uma teoria-praacutetica coerente da convivecircncia um-uma e nem do conjunto da humanidade DO PONTO DE VISTA DA FUSAtildeO ou da tentativa constante dela exceto pelo lado do episoacutedico quer dizer de cada tentativa homem-mulher (ou outras) Mas esse vasto mecanismo no tempo e no espaccedilo natildeo foi visto a contento
a) GEO-HISTOacuteRIA DO CASAMENTO
1 casamento dos indiviacuteduos CASAMENTO PESSOAL
2 casamento das famiacutelias 3 casamento dos grupos 4 casamento das empresas (embora as empresas natildeo
prestem atenccedilatildeo se os indiviacuteduos no casamento natildeo satildeo estaacuteveis em todos os sentidos as empresas seratildeo afetadas com grandes danos)
b) 5 mediaccedilatildeo municipal-urbana
CASAMENTO COLETIVO
6 mediaccedilatildeo estadual 7 mediaccedilatildeo nacional 8 mediaccedilatildeo mundial O que quer dizer casamento 1 o que quer dizer ser o homem 2 o que quer dizer ser a mulher
Capiacutetulo 4
Casamento das Famiacutelias e Aleacutem
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UMA AacuteRVORE GENEALOacuteGICA Eacute UMA INDICACcedilAtildeO DE MISCIGENACcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS
O tempo todo em toda parte as pessoas estatildeo
miscigenando misturando indiviacuteduos formando famiacutelias estas grupos estes empresas e assim por diante Como diz o povo em toda parte a todo instante uma ldquoafliccedilatildeo de genterdquo estaacute se misturando sexualmente (homem e mulher) racialmente (negros brancos amarelos vermelhos) por idade (jovens e novos) por origem por classe social e segue
Onde fica a individualidade nisso tudo Essa individualidade QUE NAtildeO SE MISTURA eacute um defeito de visatildeo de nossas mentes racionais segregadoras Eacute verdade que somos indiviacuteduos poreacutem eacute verdade tambeacutem que natildeo somos
Primeiro haacute o aleacutem-de-mim que satildeo os ambientes e as pessoas natildeo-eu Depois temos TODAS AS MISTURAS de natildeo-eu (sexo raccedila idade origem classe e segue) de que dependo A seguir todo o saber natildeo-eu todas as memoacuterias e inteligecircncias que o mundo produz
Enfim o natildeo-eu eacute uma amplidatildeo para o passado e o futuro no presente abrindo-se em 200 naccedilotildees 4000 estados e o resto todo Em resumo natildeo-eu em relaccedilatildeo a eu eacute tanto mais aleacutem de mim que quase desapareccedilo
Sou metade com minha metade e soacute nesse par sou um embora metade 05 + 05 = 10 = casamento aleacutem desse par-de-
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defesa quer dizer aleacutem do casamento monogacircmico estatildeo as inumeraacuteveis facetas do mundo as complexidades ilimitadas que natildeo posso resolver
Entatildeo Natureza-Deus quebrou-nos em duas partes que devem voltar a se unir para produzir a necessidade de uniatildeo em famiacutelias e aleacutem para criar as sociedades
Capiacutetulo 5 Con-soacutecio de Construccedilatildeo
Entatildeo noacutes temos vaacuterios tipos de sociedades a) dentro de noacutes vieram nos montando todas as
sociedades que deram no indiviacuteduo por exemplo sociedade dos oacutergatildeos
b) a seguir nos unimos em famiacutelias com ou sem filhos (no meu caso tive dois grandes amigos)
c) e aiacute segue todos aqueles niacuteveis pessoais e ambientais De fato a vida eacute uma sociedade tremenda
i sociedades vitais (fungos plantas animais e primatas)
ii sociedades psicoloacutegicas (pessoas e ambientes)
Cada sociedade dessas abre-se em multiacuteplices camadas de complexidades complexidades quase indescritiacuteveis que os estudiosos penam para descrever apenas no niacutevel bioloacutegico-p2 No niacutevel psicoloacutegico-p3 claro eacute muito mais difiacutecil chega a ser impossiacutevel pois estamos dentro Natildeo existe nenhum SUPERMUNDO que esteja de fora olhando o mundo somos noacutes as mesmas cabeccedilas individuais que ousam pensar a totalidade dividindo-a e subdividindo-a em numerosas fraccedilotildees trataacuteveis
NOacuteS NOS SENTIMOS ESMAGADOS PELA CRESCENTE COMPLEXIDADE (eacute preciso comeccedilar urgentemente o processo de re-uniatildeo)
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Quanto mais tentamos alisar
mais o cabelo embola
Uma galaacutexia de dados e nem haacute um centro
gravitacional O meacutetodo cientiacutefico redutor eacute muito bom produziu a
maioria das coisas que vemos e grande parte de nossas liberdades (e prisotildees) atuais Contudo tambeacutem foi ruim porque o redutor (e ampliador) levou ao reducionismo a superafirmaccedilatildeo da reduccedilatildeo Jaacute que funcionava tatildeo bem as pessoas natildeo se preocuparam com um meacutetodo cientiacutefico ampliador
Em particular a Ciecircncia geral natildeo ajudou a colar homem e mulher despedaccedilados nem as famiacutelias nem os grupos nem mesmo coisa alguma na verdade ajudou a rebentar Natildeo fez de noacutes felizes criaturas re-unidas fez de noacutes consumidores seres infelizes superconsumindo e mesmo assim incapazes de chegar agrave felicidade ainda que livres para procuraacute-la
A re-uniatildeo deve comeccedilar pela re-uniatildeo do par fundamental Re-construir a famiacutelia eacute fundamental
Capiacutetulo 6 Feliz-Cidade
Se a cidade eacute apesar de tudo feliz se eacute feliz-cidade eacute
porque o trabalho eacute muito dividido e enquanto estou de feacuterias deitado na rede por toda parte milhotildees estatildeo se azafamando trabalhando continuamente com afinco se tiro um mecircs de feacuterias nem um dia de mim vai trabalhar ndash por 30 dias eu falto ao trabalho sem que o trabalho falte a mim
Minha casa continua comendo bebendo e fazendo todas as competentes graccedilas que nos datildeo E por toda parte milhotildees operam com vigor quando estou dormindo Se algueacutem entra em coma natildeo acorda num mundo destruiacutedo na sua ausecircncia todos continuaram a trabalhar diligentemente
13
O FORMIGUEIRO CONTINUA DIA E NOITE
Eu formiguinha formiguinha vocecirc VIDA DE FORMIGA Z NO FORMIGUEIRO Z (Woody Allen interpreta o filho quinto-milhatildeo Z pois existe todo um abecedaacuterio de formigas e formigueiros com iacutendices e sub-iacutendices)
A formiga Z se apaixona pela princesa Bala e termina enfrentando os desafios do mundo exterior e o impiedoso General Mandiacutebula Com vozes de Woody Allen Sharon Stone Jennifer Lopez Gene Hackman e Sylvester
Stallone
Ficha Teacutecnica Elenco
Sinopse Criacuteticas
Pocircsters
Imagens Trailers
Premiaccedilotildees Curiosidades
Ficha Teacutecnica
Tiacutetulo Original AntZ Gecircnero Animaccedilatildeo Computadorizada Tempo de Duraccedilatildeo 82 minutos Ano de Lanccedilamento (EUA) 1998
Site Oficial wwwpepsicomantz Estuacutedio DreamWorks SKG Pacific Data Images
Distribuiccedilatildeo DreamWorks Distribution LLC UIP Direccedilatildeo Eric Darnell e Tim Johnson
Roteiro Todd Alcott Chris Weitz e Paul Weitz Produccedilatildeo Brad Lewis Aron Warner e Patty Wooton Muacutesica Harry Gregson-Williams e John Powell
Desenho de Produccedilatildeo John Bell
Direccedilatildeo de Arte Kendall Crockhite Ediccedilatildeo Stan Webb
Efeitos Especiais Pacific Data Images Elenco (Vzes)
Woody Allen (Z) Sharon Stone (Princesa Bala)
Gene Hackman (General Mandiacutebula) Jennifer Lopez (Azteca) Danny Glover (Barbatus)
Sylvester Stallone (Weaver)
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Christopher Walken (Coronel Cutter) Dan Akroyd (Chip)
Anne Bancroft (Rainha) Jane Curtin (Muffy)
Paul Mazursky (Psicoacutelogo)
Sinopse A formiguinha Z eacute apenas um operaacuterio que sonha roubar o coraccedilatildeo da princesa Bala Para isso convence seu amigo
soldado a trocar de lugar com ele o que faz com que tenha que enfrentar o impiedoso General Mandiacutebula que planeja
uma grande ofensiva contra o formigueiro
A formiguinha tendo ao fundo o
formigueiro
Um dos formigueiros sem que se veja
uma soacute formiguinha Isto eacute a Terra o terraacuterio-aquaacuterio da humanidade a gaiola
redonda dos loucos de pedra Somos 66 bilhotildees de formigas dentro deste formigueiro-mundo
E NOacuteS AINDA PARTILHAMOS A TERRAARAacuteGUA (aqui as aves)
Em resumo embora nos vejamos como indiviacuteduos na
verdade somos um CORRELATIVO DE EMPREENDIMENTOS em furiosa mutaccedilatildeo tempespacial
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Capiacutetulo 7 Espaccedilotempo de Reuniatildeo
Pois entatildeo eacute hora de re-unir a humanidade de fazer
cessar o pecado original divisor RE-FAZENDO famiacutelia natildeo mais ilha Famiacutelias de todos os tipos com todas as uniotildees todas as misturas
Eacute preciso eacute fundamental que os governos de todo o
mundo invistam maciccedilamente na reuniatildeo dos pares fundamentais nos casamentos no estudo das uniotildees estaacuteveis na restauraccedilatildeo no contorno natildeo-forccedilado dos divoacutercios e separaccedilotildees digamos com um periacuteodo de experiecircncia antes da consagraccedilatildeo do casamento uniotildees-em-experiecircncia
A gestaccedilatildeo da nova famiacutelia deve ser o mote deste seacuteculo XXI todo e do futuro
Vitoacuteria quinta-feira 12 de marccedilo de 2009 Joseacute Augusto Gava
Anexos Capiacutetulo 5
O MEacuteTODO CIENTIacuteFICO REDUTOR (logo de cara esse quebrar em partes rompe os viacutenculos da totalidade da funcionabilidade total)
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II2 Caracteriacutesticas do meacutetodo cientiacutefico O meacutetodo dedutivo o meacutetodo indutivo e o meacutetodo
hipoteacutetico-dedutivo satildeo os trecircs meacutetodos cientiacuteficos a que se refere a denominaccedilatildeo geneacutetica de meacutetodo cientiacutefico A primeira caracteriacutestica do meacutetodo cientiacutefico eacute a sua
natureza convencional a de servir de marco de geraccedilatildeo do conhecimento objetivo Por isso existem muacuteltiplas caracteriacutesticas em funccedilatildeo da perspectiva com que se
classifiquem se estudem e inclusivamente se denominem A primeira que me chama a atenccedilatildeo eacute o fato de que os dois primeiros tecircm um nome difiacutecil de distinguir visto que no acircmbito linguumliacutestico podem representar um soacute conceito com
duas manifestaccedilotildees raciociacutenio numa direccedilatildeo ou na contraacuteria do geral para o particular ou vice-versa
O problema logicamente deriva da dificuldade conceptual de separar um meacutetodo cientiacutefico de outro de uma forma clara evidentemente os termos escolhidos natildeo ajudam a
reter na memoacuteria estes dois conceitos de meacutetodo cientiacutefico Tambeacutem natildeo ajuda muito a denominaccedilatildeo do
terceiro meacutetodo cientiacutefico Uma caracteriacutestica de ambos meacutetodos eacute que podem ir do
geral para o particular ou vice-versa num sentido ou no inverso Ambos utilizam a loacutegica e chegam a uma conclusatildeo
Em uacuteltima instacircncia sempre tecircm elementos filosoacuteficos subjacentes
Ambos costumam ser susceptiacuteveis de verificaccedilatildeo empiacuterica Ainda que o meacutetodo dedutivo seja mais proacuteprio das ciecircncias formais e o indutivo das ciecircncias empiacutericas nada impede a aplicaccedilatildeo indistinta de um meacutetodo cientiacutefico ou outro a
uma teoria concreta Para mim sem pretender entrar em polecircmica neste tema a diferenccedila fundamental entre o meacutetodo dedutivo e o meacutetodo indutivo eacute que o primeiro aspira a demonstrar mediante a loacutegica pura a conclusatildeo na sua totalidade a partir de
umas premissas de maneira que se garante a veracidade das conclusotildees se natildeo se invalida a loacutegica aplicada Trata-se do modelo axiomaacutetico proposto por Aristoacuteteles como meacutetodo
cientiacutefico ideal Pelo contraacuterio o meacutetodo indutivo cria leis a partir da
observaccedilatildeo dos fatos mediante a generalizaccedilatildeo do comportamento observado na realidade o que realiza eacute uma espeacutecie de generalizaccedilatildeo sem que atraveacutes da loacutegica possa conseguir uma demonstraccedilatildeo das citadas leis ou conjunto de
conclusotildees As referidas conclusotildees poderiam ser falsas e ao mesmo tempo a aplicaccedilatildeo parcial efetuada da loacutegica poderia manter a sua validade por isso o meacutetodo indutivo necessita de uma condiccedilatildeo adicional a sua aplicaccedilatildeo
considera-se vaacutelida enquanto natildeo se encontrar nenhum caso que natildeo cumpra o modelo proposto
O meacutetodo hipoteacutetico-dedutivo ou de verificaccedilatildeo de hipoacuteteses natildeo coloca em princiacutepio nenhum problema visto
que a sua validade depende dos resultados da proacutepria verificaccedilatildeo
Este meacutetodo cientiacutefico costuma utilizar-se para melhorar ou precisas teorias preacutevias em funccedilatildeo de novos
conhecimentos nas quais a complexidade do modelo natildeo permite formulaccedilotildees loacutegicas Portanto tem um caraacuteter
predominantemente intuitivo e necessita natildeo soacute para ser rejeitado mas tambeacutem para impor a sua validade a
verificaccedilatildeo das suas conclusotildees
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Poderia propor-se para estas trecircs variantes do meacutetodo cientiacutefico a denominaccedilatildeo de meacutetodo dedutivo meacutetodo
intuitivo e meacutetodo experimental ou meacutetodo de verificaccedilatildeo ou qualquer conjunto de palavras que faccedilam referecircncia agraves suas diferenccedilas fundamentais e natildeo coloquem problemas agrave memoacuteria linguumliacutestica Natildeo obstante nesta exposiccedilatildeo
manterei a nomenclatura geralmente utilizada A Teoria Geral da Evoluccedilatildeo Condicionada da Vida seria em
princiacutepio uma teoria baseada no meacutetodo hipoteacutetico-dedutivo ou meacutetodo de verificaccedilatildeo de hipoacuteteses
A teoria de Darwin pelo contraacuterio estaria enquadrada no meacutetodo indutivo mas que apesar de encontrar exemplos contraacuterios natildeo se invalida adeacutequa-se para encaixar
qualquer triacircngulo Porque seraacute
Como se disse anteriormente toda a teoria deve ser resistente agrave sua refutaccedilatildeo contudo uma teoria que natildeo pode ser refutada por nenhum fato concebiacutevel natildeo eacute
cientiacutefica A impossibilidade de refutaccedilatildeo de uma teoria cientiacutefica natildeo eacute uma virtude mas sim um viacutecio
TEORIA SOBRE O MEacuteTODO CIENTIacuteFICO EM BUSCA DE UM MODELO UNIFICANTE PARA AS CIEcircNCIAS
E DE UM RETORNO Agrave UNIVERSIDADE CRIATIVA I -- INTRODUCcedilAtildeO
Alberto Mesquita Filho Comeccedilo regra geral as minhas liccedilotildees sobre Meacutetodo
Cientiacutefico dizendo aos meus alunos que o meacutetodo cientiacutefico natildeo existe Acrescento que tenho obrigaccedilatildeo de saber isso tendo eu sido durante algum tempo pelo menos o uacutenico professor desse inexistente assunto em toda a Comunidade
Britacircnica
Tendo entatildeo explicado aos meus alunos que natildeo haacute essa coisa que seria o meacutetodo cientiacutefico apresso-me a comeccedilar o meu discurso e ficamos ocupadiacutessimos Pois um ano mal chega para roccedilar a superfiacutecie mesmo de um assunto
inexistente Karl R Popper [1]
Resumo Este artigo eacute o primeiro de uma seacuterie de artigos relacionados agrave metodologia cientiacutefica e cuja temaacutetica foi dividida em cinco toacutepicos principais Corresponde a uma
versatildeo atualizada de consideraccedilotildees expressas pelo autor a partir de 1983 em livros artigos e conferecircncias citados no texto colaborou para esta atualizaccedilatildeo a experiecircncia adquirida pelo autor no processo de remodelaccedilatildeo da Proacute-Reitoria Comunitaacuteria da USJT (1992-1993) bem como aquela adquirida junto aos demais membros da equipe criada pelos Conselhos Superiores da USJT (1994) --expandida em 1995--
com a finalidade de implantar o Centro de Pesquisa da USJT Os conceitos foram axiomatizados de forma a darem
corpo a uma nova teoria sobre o meacutetodo cientiacutefico permitindo mesmo a constataccedilatildeo de possiacuteveis aplicaccedilotildees dentro de um contexto abrangente tais como 1) a teoria
fornece os meios necessaacuterios para que se promova a integraccedilatildeo das ciecircncias e 2) propicia a sustentaccedilatildeo de um projeto visando a caracterizar a universidade como o local apropriado para a formaccedilatildeo de cientistas Os cinco
toacutepicos a serem abordados satildeo pela ordem I - Introduccedilatildeo na qual eacute proposta a regra delimitante da ciecircncia II - O macromeacutetodo cientiacutefico e a Histoacuteria da Ciecircncia III - O
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papel da universidade na produccedilatildeo de conhecimentos IV - O meacutetodo cientiacutefico propriamente dito a) A teoria da
praacutetica em ciecircncia b) A praacutetica da teorizaccedilatildeo cientiacutefica V - O micromeacutetodo cientiacutefico e a Filosofia da Ciecircncia Os demais toacutepicos estatildeo em fase de projeto natildeo havendo portanto previsatildeo quanto agrave eacutepoca de publicaccedilatildeo []
1 Colocaccedilatildeo do problema Meacutetodo entre outras coisas significa caminho para chegar
a um fim ou pelo qual se atinge um objetivo Que dizer entatildeo do meacutetodo cientiacutefico [2] Poderia dizer que eacute o caminho trilhado pelo cientista quando em busca de verdades cientiacuteficas
Afirma-se com grande frequumlecircncia que o cientista eacute aquele que se utiliza do meacutetodo cientiacutefico Os que aceitam esta
Percebam que estou meramente jogando com as palavras e associando-as ao conceito de
meacutetodo acima postulado Quais satildeo as verdades cientiacuteficas O que eacute ser cientista O que eacute ciecircncia Existe uma ciecircncia uacutenica Quando nos reportamos a uma hipoteacutetica linha demarcatoacuteria a separar o que julgamos
ser uma verdade cientiacutefica de outras possiacuteveis verdades a que nos estamos referindo
verdade --e haacute muitos que o fazem-- devem procurar uma conceituaccedilatildeo para meacutetodo cientiacutefico diferente da exposta no paraacutegrafo anterior sob pena de andarem em ciacuterculo Ou definimos cientista a partir da definiccedilatildeo de meacutetodo frac34algo tentado por Popper ao propor o falsificacionismo [3]frac34 ou definimos meacutetodo a partir da definiccedilatildeo de cientista do contraacuterio natildeo chegamos a nada Conservarei a ideacuteia de meacutetodo cientiacutefico como caminho trilhado pelo cientista
2 O que eacute ciecircncia
com o que estou assumindo o risco de ter que definir ciecircncia eou cientista Eacute o que tentarei fazer nesta
introduccedilatildeo
Natildeo eacute faacutecil definir ciecircncia e satildeo inuacutemeros os tratados sobre o assunto a abordarem esta dificuldade Ao leitor
principiante em ciecircncia e que queira penetrar na complexidade do tema ou entatildeo perceber a quantas anda nossa ignoracircncia a respeito sugiro se tiver pendores
filosoacuteficos que comece pelo livro de Chalmers (1976) [4] ou entatildeo se preferir algo mais ameno e mais voltado agrave
praacutetica cientiacutefica pelo livro de Beveridge (1980) [5] Ao leitor acomodado e que natildeo tenha amplo conhecimento do
assunto ou mesmo para aquele que pretenda prosseguir com esta leitura ciente de que eacute possiacutevel pelo menos em niacutevel conjetural enfrentar o desafio apontado relatarei aqui a
conclusatildeo de um ensaio que sintetiza uma ideacuteia que me ocorreu haacute cerca de dez anos [6] e que apresentei na
sessatildeo de debates da mesa redonda A Pesquisa na Universidade Particular ocorrida por ocasiatildeo da IV Semana de Psicologia da USJT (1994) com as seguintes palavras Vejo a ciecircncia como a aacuterea do conhecimento que se apoacuteia natildeo num meacutetodo mas sim na regra da repetitividade a que
eu tenho chamado de regra cientiacutefica fundamental Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que
pesquisado se repetiu eacute de se admitir que em futuras verificaccedilotildees o mesmo suceda [7]
A regra cientiacutefica fundamental conquanto aceita intuitivamente por todos os cientistas ocupa entre os mesmos e ateacute entre os filoacutesofos da ciecircncia um papel
secundaacuterio quando natildeo totalmente ignorada Via de regra considera-se a ciecircncia como que apoiada em regras outras
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como por exemplo o princiacutepio da causalidade de Kant a regra metodoloacutegica de Popper que se associa a seu meacutetodo
dedutivo de prova o princiacutepio ou argumento indutivista e as regras ou criteacuterios de utilidade Como posiccedilotildees
extremas e apoiadas em regras mais riacutegidas podemos citar a visatildeo paradigmaacutetica de Thomas Kuhn a defender o
dogmatismo cientiacutefico o ponto de vista de Chalmers a questionar a argumentaccedilatildeo filosoacutefica no que diz respeito agrave delimitaccedilatildeo da ciecircncia e a visatildeo anarquista de Feyerabend
a se opor frontalmente ao racionalismo em ciecircncia A fim de ilustrar o comentado no paraacutegrafo anterior
vejamos como Thomas Kuhn (1962) --defensor de uma posiccedilatildeo cientiacutefico-filosoacutefica incompatiacutevel com a que aqui pretendo apresentar-- retrata a importacircncia da repetitividade dos eventos como algo a semear o surgimento de novas ideacuteias Existem em princiacutepio somente trecircs tipos de fenocircmenos a propoacutesito dos quais pode ser desenvolvida uma nova teoria O primeiro tipo compreende os fenocircmenos jaacute bem explicados
pelos paradigmas existentes Tais fenocircmenos raramente fornecem motivos ou um ponto de partida para a construccedilatildeo de uma teoria Quando o fazem as teorias resultantes raramente satildeo aceitas visto que a natureza natildeo proporciona nenhuma base para uma discriminaccedilatildeo entre as alternativas Uma segunda classe de fenocircmenos compreende aqueles cuja
natureza eacute indicada pelos paradigmas existentes mas cujos detalhes somente podem ser entendidos apoacutes uma maior
articulaccedilatildeo da teoria Os cientistas dirigem a maior parte de sua pesquisa a esses fenocircmenos mas tal pesquisa visa antes agrave articulaccedilatildeo dos paradigmas existentes do que agrave invenccedilatildeo de novos Somente quando esses esforccedilos de articulaccedilatildeo fracassam eacute que os cientistas encontram o
terceiro tipo de fenocircmeno as anomalias reconhecidas cujo traccedilo caracteriacutestico eacute a sua recusa obstinada a serem
assimiladas aos paradigmas existentes Apenas esse uacuteltimo tipo de fenocircmeno faz surgir novas teorias [8]
Ora se um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se recusou obstinadamente a ser assimilado aos paradigmas
existentes e se esta recusa eacute quem orienta a caracterizaccedilatildeo de novas teorias e mais se a ciecircncia eacute fundamentalmente o conjunto das ideacuteias e teorias geradas pela mente humana bem como a aplicaccedilatildeo pelo homem dessas ideacuteias e teorias em busca de um relacionamento sadio com a natureza e com os seus semelhantes podemos sossegadamente
concluir que ciecircncia eacute o processo pelo qual o homem se relaciona com os fenocircmenos universais que se sujeitam agrave
regra cientiacutefica fundamental 3 O ser cientista
Cientista diz-nos Ferreira (1986) eacute a pessoa que cultiva ou que eacute especialista em alguma ciecircncia ou em ciecircncias
[9] e ciecircncia eacute um processo definido no item anterior Se aceitarmos estas premissas concluiremos que o conhecimento
cientiacutefico eacute aquele factiacutevel de reproduccedilatildeo enquanto o cientista eacute aquele que de alguma forma cultiva esses conhecimentos Eacute importante aqui salientar que muitas
vezes o que se espera reproduzir eacute um dado probabiliacutestico Por exemplo se dissermos que 80 das moleacuteculas de um gaacutes
satildeo do elemento quiacutemico oxigecircnio isto natildeo significa estarmos afirmando ser oxigecircnio esta ou aquela moleacutecula objeto de verificaccedilatildeo experimental o que a regra nos
preconiza eacute que independentemente de qual cientista for tentar reproduzir a medida ou do local escolhido para que
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esta segunda medida seja efetuada observando-se as condiccedilotildees em que a mesma foi realizada anteriormente o
valor obtido concordaraacute com o valor precedente dentro de uma margem de erro tambeacutem estimaacutevel por meacutetodos
experimentais Todos noacutes vez ou outra nos comportamos como cientistas Ser cientista natildeo eacute possuir um roacutetulo mas sim postar-se com uma atitude cientiacutefica por outro lado mesmo aquele que se diz cientista vez ou outra assume atitudes natildeo cientiacuteficas e penetra em terrenos apoiados em regras
proacuteprias ou ateacute mesmo sem regras O roacutetulo eacute frequumlentemente utilizado quando queremos nos referir agraves
pessoas que se utilizam de seus talentos cientiacuteficos como meio de vida seriam entatildeo os cientistas profissionais A filosofia por exemplo eacute um campo de atuaccedilatildeo bem mais
abrangente que aquele ditado pela regra cientiacutefica fundamental Poderiacuteamos dizer que a filosofia comporta a
ciecircncia ainda que esta ideacuteia natildeo agrade a alguns cientistas mas jamais poderiacuteamos dizer e quanto a isso
todos satildeo concordes que a ciecircncia comporta a filosofia O bom cientista utiliza-se da filosofia da mesma forma que a maioria dos indiviacuteduos com sede se utilizam do copo Outras
aacutereas do conhecimento seriam 1) o ocultismo frac34e aqui poderiacuteamos incluir a tiacutetulo de exemplo a alquimia e a astrologia 2) as artes frac34e vale a pena aqui frisar que a arte pode ser encarada cientificamente postura esta que foi frequumlentemente adotada por Leonardo da Vinci [10] e defendida em sua Teoria do Conhecimento 3) a teologia
etc A busca pela verdade que tambeacutem eacute objetivo da grande maioria destas aacutereas natildeo cientiacuteficas segue-se por caminhos nem sempre limitados ou compatiacuteveis com a regra cientiacutefica
fundamental O cultivo da ciecircncia pode se dar atraveacutes da observaccedilatildeo de alguns ou todos dentre seus objetivos nobres quais sejam
1) aquisiccedilatildeo transmissatildeo e aplicaccedilatildeo de conhecimentos cientiacuteficos jaacute sistematizados e 2) produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
de novos conhecimentos Visto sob este acircngulo satildeo cientistas 1) o estudioso eou o professor eou o
profissional bacharel em quaisquer das ciecircncias 2) o tecnoacutelogo 3) o pesquisador em aacutereas cientiacuteficas 4) o
teorizador em ciecircncias 5) e o autor de artigos cientiacuteficos relatando ideacuteias proacuteprias eou revisotildees bibliograacuteficas Sob um ponto de vista mais rigoroso o cientista seria apenas aquele capaz de dominar as teacutecnicas inerentes a todos os
objetivos nobres acima apontados Nem tanto ao ceacuteu nem tanto agrave terra Percebam que jaacute
conceituamos ciecircncia e jaacute conseguimos ir aleacutem a ponto de fornecer dados para que se analise o comportamento daqueles
que trabalham em ciecircncia Observado este comportamento poderiacuteamos assumir como cientistas aqueles que realmente contribuem para o progresso das ciecircncias Adotarei esta
postura mas gostaria de esclarecer conforme seraacute comentado oportunamente que a noccedilatildeo de progresso aqui defendida eacute um pouco mais abrangente do que aquela
preconizada pelos pensadores iluministas [11] que tanto influenciaram os positivistas Aceita esta premissa frac34a de que cientistas satildeo somente aqueles que real e diretamente [12] contribuem para o progresso das ciecircnciasfrac34 suponha que consigamos caracterizar os cientistas assim definidos como aqueles que ao contribuir para o progresso das
ciecircncias se utilizam de um meacutetodo comum a que chamaremos
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meacutetodo cientiacutefico Poderemos entatildeo afirmar e natildeo se trata aqui da busca por uma definiccedilatildeo que o cientista eacute aquele que se utiliza do meacutetodo cientiacutefico o raciociacutenio ciacuteclico da forma como foi agora utilizado estaacute livre de consequumlecircncias funestas Notem com o auxiacutelio da figura 1 a sintetizar as ideacuteias principais aqui focalizadas que do ponto de vista conceitual natildeo estamos andando em ciacuterculo
REGRA CIENTIacuteFICA FUNDAMENTAL
Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu eacute de se admitir que em futuras
verificaccedilotildees o mesmo suceda
DEFINICcedilAtildeO DE CIEcircNCIA
Ciecircncia eacute o processo pelo qual o homem se relaciona com os fenocircmenos universais que se sujeitam agrave regra cientiacutefica
fundamental
OBSERVACcedilAtildeO DO COMPORTAMENTO DOS QUE TRABALHAM EM CIEcircNCIA
VERIFICACcedilAtildeO DE QUE ALGUNS CONTRIBUEM PARA O PROGRESSO DAS CIEcircNCIAS
Cientista eacute todo ser racional que contribui diretamente para o progresso das ciecircncias
CONSTATACcedilAtildeO DE QUE ESTES SE UTILIZAM DE UM MEacuteTODO COMUM
Figura 1 - Para explicaccedilatildeo vide texto Resta-nos entatildeo para que a ideacuteia ganhe em consistecircncia comprovar a existecircncia de um uacutenico meacutetodo cientiacutefico e
isto natildeo parece ser uma tarefa faacutecil Antes de enfrentarmos esta dificuldade vamos verificar como as ideacuteias aqui apresentadas se conformam a conceitos classicamente
adotados como modelos de meacutetodo cientiacutefico
[] Muitos dentre esses toacutepicos satildeo apresentados em um contexto diverso em
Referecircncias
Ensaios sobre a Filosofia da Ciecircncia ou entatildeo em outros artigos expostos acima na
seccedilatildeo Temas relacionados [1] POPPER K R 1956 Acerca da inexistecircncia do meacutetodo
cientiacutefico in Prefaacutecio da ediccedilatildeo de 1956 do livro O realismo e o objetivo da ciecircncia
[2] FERREIRA A B H 1986
Publicaccedilotildees Dom Quixote (traduccedilatildeo) Lisboa 1987 Este prefaacutecio foi lido num
encontro dos Fellows of Center for Advanced Study in the Behavioral Sciences em Stanford Califoacuternia em novembro
de 1956 Novo dicionaacuterio da liacutengua
portuguesa[3] POPPER K R (1959)
Ed Nova Fronteira Rio de Janeiro p 1128 A loacutegica da pesquisa
cientiacutefica Ed Cultrix (traduccedilatildeo 1975) Satildeo Paulo
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[4] CHALMERS A F 1976 (traduccedilatildeo 1993) O que eacute ciecircncia afinal[5] BEVERIDGE W I B 1980
Ed Brasiliense Satildeo Paulo 225 p Sementes da descoberta
cientiacutefica[6] MESQUITA Fdeg A 1987
Edusp (traduccedilatildeo) Satildeo Paulo Confesso que blefei --
Fiacutesica antiga vs moderna
[7] Perguntas e Debates 1995 item V
editado pela USJT (na eacutepoca Faculdades Satildeo Judas Tadeu) Satildeo Paulo capiacutetulo 13 A
Ciecircncia Existe p 92-8 Sobre Pesquisa e
Filosofia da Ciecircncia p 75 in EspecialIntegraccedilatildeo A pesquisa na universidade particular Integraccedilatildeo
[8] KUHN T S 1962 (traduccedilatildeo 1975)
I(1)51-75 1995 Este ensaio foi tambeacutem apresentado e discutido em palestra (natildeo publicada) que ministrei por ocasiatildeo da
Semana de Filosofia da USJT de 1994 A estrutura das
revoluccedilotildees cientiacuteficas Ed Perspectiva Satildeo Paulo 257 pp capiacutetulo 8 A natureza e a necessidade das revoluccedilotildees
cientiacuteficas[9] FERREIRA 1986 Idem p 404
p 131 [Os grifos satildeo meus]
[10] Leonardo da Vinci in The New Encyclopaedia Britannica Vol 22 (Macropaedia) Enc Brit Inc
Chicago 1993 p 946 (Leonardo as artist-scientist[11] SANTOS G T
) Os caminhos do pensamento cientiacutefico a
partir do Iluminismo Integraccedilatildeo I(5)131-6 1996 conferecircncia proferida por ocasiatildeo da Semana de Filosofia da USJT de 1995 Na sessatildeo de debates Santos dentre outras consideraccedilotildees interessantes a respeito faz a
seguinte observaccedilatildeo O progresso como vai ser definido no Iluminismo eacute uma noccedilatildeo de abandono passa pelo abandono necessaacuterio de coisas que ficaram ou que deveratildeo ficar no
passado[12] O termo diretamente aqui empregado eacute essencial a natildeo ser levado em conta corremos o risco de considerar
como cientistas dentre outros os mecenas que no passado contribuiacuteram de maneira indireta para o progresso
das ciecircncias
O argumento indutivista Uma criacutetica imparcial conquanto demolidora ao
indutivismo eacute apresentada por Chalmers nos trecircs primeiros capiacutetulos de seu livro [13] Veremos aqui apenas alguns toacutepicos interessantes do ponto de vista epistemoloacutegico
eou necessaacuterios para um melhor entendimento da teoria ora sendo apresentada
Um sumaacuterio completo do argumento indutivista da ciecircncia estaacute esquematizado na figura 2 adaptada de Chalmers [14]
Chama a atenccedilatildeo a omissatildeo da deduccedilatildeo de hipoacuteteses o indutivista admite ser possiacutevel partir da observaccedilatildeo e chegar a leis apelando exclusivamente ao raciociacutenio
indutivo O meacutetodo indutivo baseia-se na crenccedila de que eacute possiacutevel confirmar um enunciado universal (lei) atraveacutes de um certo nuacutemero de observaccedilotildees singulares Via de regra
quando se questiona o indutivista a respeito da omissatildeo da hipoacutetese ele logo repete uma frase de Newton Natildeo faccedilo
hipoacuteteses Obviamente este indutivista ingecircnuo ouviu esta frase sabe que foi proferida por Newton mas demonstra
natildeo saber a que Newton estava se referindo A hipoacutetese a que Newton se refere natildeo eacute a mesma que hoje se conceitua nos tratados de metodologia cientiacutefica ou de estatiacutestica Newton deixou bastante claro em sua obra que natildeo fazia como cientista especulaccedilotildees ou conjecturas infundadas No
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que se refere a hipoacuteteses no contexto em que o termo eacute hoje aceito rariacutessimos foram os cientistas que em sua
fase produtiva as levantaram em nuacutemero tal cuja ordem de grandeza se aproximasse daquela atingida por Newton
O argumento indutivista baseia-se na crenccedila no princiacutepio da induccedilatildeo que dentre outras formas pode ser enunciado como Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno
sempre que pesquisado se repetiu em futuras verificaccedilotildees o mesmo sucederaacute
Figura 2 - O argumento indutivista (segundo Chalmers)
[15] Escolhi esta versatildeo para que fique claro o contraste entre o princiacutepio da induccedilatildeo e a regra
cientiacutefica fundamental expliacutecita na figura 1 Trecircs comentaacuterios merecem ser feitos a respeito 1) Conquanto
seja usado como regra metodoloacutegica o princiacutepio da induccedilatildeo natildeo define o nuacutemero de observaccedilotildees singulares a permitir uma generalizaccedilatildeo (obtenccedilatildeo de leis) 2) Esta e outras falhas conceituais inerentes ao argumento indutivista propiciam interpretaccedilotildees ingecircnuas ao princiacutepio conforme
veremos abaixo 3) O princiacutepio sem perder em generalidade no que diz respeito agraves premissas (tem o
mesmo campo de atuaccedilatildeo que a regra cientiacutefica fundamental) e para que possa caracterizar-se como metodoloacutegico e natildeo apenas norteador torna-se mais
restritivo que a regra cientiacutefica fundamental frac34afirma ao inveacutes de suporfrac34 Consequumlentemente os que abraccedilam esta ideologia devem procurar por uma outra definiccedilatildeo de ciecircncia que natildeo a apresentada no item 2 e figura 1 As
consequumlecircncias epistemoloacutegicas daiacute resultantes seratildeo objeto de discussatildeo em itens posteriores
O indutivista ingecircnuo eacute aquele que dentre outras falhas conceituais eou de raciociacutenio consegue provar
cientificamente por exemplo a inexistecircncia de Deus pelo simples fato de Deus natildeo se manifestar a ele tendo em vista que ele natildeo possui uma regra para delimitar a ciecircncia que natildeo seja o princiacutepio da causalidade --natildeo haacute efeito sem causa-- ele tenta inverter o princiacutepio frac34que no caso ficaria natildeo haacute causa sem efeitofrac34 e apelando para o argumento indutivista consegue por meacutetodos cientiacuteficos chegar a conclusotildees natildeo cientiacuteficas frac34no caso teoloacutegicas Mais comum no entanto eacute o erro agora natildeo tatildeo ingecircnuo cometido por alguns indutivistas que conseguem provar cientificamente que todas as maccedilatildes satildeo vermelhas prova esta vaacutelida somente ateacute o dia em que eles se
depararem com maccedilatildes verdes Neste caso a falha decorre da crenccedila num meacutetodo repleto de incoerecircncias internas
5 O argumento dedutivista
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O argumento dedutivista ainda que natildeo isento de criacuteticas representou sem duacutevida alguma uma evoluccedilatildeo no sentido em que propiciou uma metodologia cientiacutefica dotada de
coerecircncia interna A esse respeito eacute dito com frequumlecircncia que o raciociacutenio dedutivo constitui o
argumento da loacutegica A fim de padronizar comparaccedilotildees apresentarei o argumento
dedutivista como apoiado no seguinte princiacutepio Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa para que seja hipoacutetese deveraacute ser
passiacutevel de verificaccedilatildeo observacional A figura 3 ilustra a proposiccedilatildeo deste argumento
Eacute importante observar que nem toda a afirmaccedilatildeo deduzida seraacute uma hipoacutetese motivo pelo qual natildeo utilizamos o argumento loacutegico se e somente se ao enunciarmos o
princiacutepio
Figura 3 - O argumento dedutivista
[16] Em particular eacute de se ressaltar a opiniatildeo de Severino (1994) a respeito
Eacute preciso natildeo confundir hipoacutetese com pressuposto com evidecircncia preacutevia
Hipoacutetese eacute o que se pretende demonstrar e natildeo o que jaacute se tem
demonstrado [17] A loacutegica dedutiva ao caminhar do geral para o particular
nos garante a formulaccedilatildeo de hipoacuteteses e hipoacutetese comprovada atraveacutes de uma observaccedilatildeo controlada (teste eou experiecircncia) nos permite suspeitar atraveacutes de um raciociacutenio indutivo (do singular para o geral) sua condiccedilatildeo de lei Observem o cuidado na colocaccedilatildeo das palavras Eu disse nos permite suspeitar e natildeo nos
permite garantir Por que esse cuidado A experimentaccedilatildeo natildeo nos garante verdades A esse respeito Popper assim se
referiu Natildeo haacute um meacutetodo para determinar se
uma hipoacutetese eacute lsquoprovaacutevelrsquo ou provavelmente verdadeira [18]
Eacute interessante notar que algumas limitaccedilotildees inerentes ao indutivismo e que propiciam o aparecimento de conclusotildees ingecircnuas satildeo aqui substituiacutedas por uma impossibilidade
Sob esse aspecto o dedutivismo natildeo solucionou o problema mas simplesmente reduziu a possibilidade de que se
cometessem determinados raciociacutenios ingecircnuos Rigorosamente falando o problema natildeo eacute tatildeo insoluacutevel
assim Seraacute insoluacutevel tatildeo-somente para aqueles que julgam estar cientificamente buscando por verdades absolutas A verdade cientiacutefica e soacute o leigo talvez natildeo saiba eacute uma
verdade provisoacuteria tomada por empreacutestimo da natureza e da forma como ela se nos aparenta ser As verdades
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cientiacuteficas de hoje seratildeo quando natildeo negadas lapidadas e reformuladas amanhatilde Se chegaremos ou natildeo por meacutetodos
cientiacuteficos agrave verdade absoluta eacute um questionamento que a ciecircncia natildeo estaacute aparelhada para responder E talvez nunca esteja o que natildeo nos impede de que continuemos procurando
pela verdade Popper foi mais aleacutem demonstrando ser impossiacutevel ateacute mesmo probabilizar uma afirmaccedilatildeo comprovada por um
raciociacutenio que siga a metodologia dedutiva (incluindo e eacute aiacute que reside o problema principal do meacutetodo a induccedilatildeo -- vide lado direito da figura 3) A esse respeito Popper
propotildee a substituiccedilatildeo do termo probabilizar por corroborar Uma hipoacutetese seria tanto mais corroboraacutevel quanto mais propiciasse verificaccedilotildees experimentais e teria sido tanto mais corroborada e natildeo haacute como se
atribuir nuacutemeros probabiliacutesticos a esse efeito quanto mais resistisse a essas verificaccedilotildees Siegel (1977
traduccedilatildeo) adota provavelmente com o mesmo objetivo a expressatildeo grau de aceitabilidade
Efetuamos pesquisas a fim de determinar o grau de aceitabilidade de
hipoacuteteses deduzidas de nossas teorias [19]
Esta impossibilidade em garantir um acerto preocupou bastante Popper e certamente foi um dos motivos que o
levou a expandir o argumento dedutivista atraveacutes da proposiccedilatildeo do falsificacionismo a ser apresentado no
item 7 Independentemente das dificuldades apontadas neste e nos itens precedentes a verdade eacute que a ciecircncia progride e este progresso eacute guiado por homens que conhecem o terreno por onde pisam E conquanto todos saibam da natildeo existecircncia em ciecircncia de verdades absolutas da impossibilidade de se
chegar a uma soluccedilatildeo definitiva para os problemas cientiacuteficos e da natildeo existecircncia de provas observacionais irrefutaacuteveis quase todos [20] entendem e concordam com a
afirmaccedilatildeo de GIL (1994) expressa a seguir A pesquisa cientiacutefica inicia-se
sempre com a colocaccedilatildeo de um problema solucionaacutevel O passo seguinte
consiste em oferecer uma soluccedilatildeo possiacutevel atraveacutes de uma proposiccedilatildeo ou seja de uma expressatildeo suscetiacutevel de ser declarada verdadeira ou falsa A
esta proposiccedilatildeo daacute-se o nome de hipoacutetese Assim a hipoacutetese eacute a
proposiccedilatildeo testaacutevel que pode vir a ser a soluccedilatildeo do problema [21]
6 O que eacute teoria Eacute importante salientar que a finalidade primordial da ciecircncia natildeo eacute formular hipoacuteteses e sim sistematizar teorias e que teoria natildeo eacute pura e simplesmente uma
coletacircnea de hipoacuteteses Teoria eacute um conjunto de hipoacuteteses coerentemente interligadas tendo por finalidade explicar
elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio do conhecimento [22] Por que entatildeo os livros de
metodologia insistem em justificar os meacutetodos atraveacutes de hipoacuteteses uacutenicas e via de regra desinteressantes tais
como As maccedilatildes satildeo vermelhas os cisnes satildeo brancos etc A verdade eacute que nem sempre eacute faacutecil encontrar teorias ao mesmo tempo simples e de amplo espectro ou seja que
26
possam ser entendidas por leitores das vaacuterias aacutereas do conhecimento Por outro lado os argumentos que corroboram ou derrubam teorias satildeo em princiacutepio idecircnticos aos que corroboram ou derrubam hipoacuteteses frac34poderiacuteamos tambeacutem dizer
que uma hipoacutetese eacute ou simula ser uma teoria cujo conjunto de hipoacuteteses eacute unitaacuterio Em geral a dificuldade inerente ao grau de complexidade de uma teoria pode ser
superada desde que o cientista conheccedila a fundo esta teoria cujo grau de aceitabilidade pretende testar e domine a loacutegica envolvida em situaccedilotildees similares poreacutem simples como aquelas que aparecem nos compecircndios sobre o
assunto A ecircnfase dada pelos textos de metodologia cientiacutefica a meacutetodos relacionados a testes de hipoacuteteses contrasta com a quase ausecircncia de referecircncias a meacutetodos relativos agrave
praacutetica da teorizaccedilatildeo Existem exceccedilotildees a esta regra e eu natildeo poderia deixar de citar [23] os livros de Bunge [24] e de Lacey [25] indicados especialmente para os iniciantes da aacuterea de exatas Embora natildeo especificamente dirigido a esta temaacutetica haacute que se destacar tambeacutem o livro de Bohm e
Peat [26] e que merece ser lido posto que focaliza a essecircncia da problemaacutetica aqui apontada neste caso e por este motivo eacute indicado aos iniciantes de todas as aacutereas A praacutetica da teorizaccedilatildeo com rariacutessimas exceccedilotildees natildeo se
aprende na escola Grandes teorizadores por terem aprendido a utilizar uma teacutecnica natildeo encontrada nos livros tradicionais e que nem mesmo eacute ensinada na maioria dos
regimes de iniciaccedilatildeo cientiacutefica chegaram a ser confundidos com gecircnios Eacute bem possiacutevel que estes gecircnios tenham adquirido esta praacutexis cultuando algum resquiacutecio da
filosofia que a sociedade moderna natildeo conseguiu despedaccedilar
A lacuna acima apontada fomenta a ingenuidade ou ateacute mesmo o charlatanismo multiplicando sobremaneira o nuacutemero dos que sem estarem devidamente preparados para teorizar frac34uma atividade que natildeo eacute elementarfrac34 ainda assim teorizam e teorizam mal frac34fato este que chega a incomodar cientistas de respeito que ocupam postos importantes nas
universidades [27] Por outro lado e em decorrecircncia disto permite que se condene agrave marginalidade cientiacutefica
e por periacuteodos variaacuteveis de tempo todos aqueles que certos ou errados pretendem evoluir seriamente no sentido de atender agrave finalidade uacuteltima da ciecircncia a edificaccedilatildeo de
teorias representacionais Que meacutetodos estes homens seguiram que natildeo a paixatildeo a
devoccedilatildeo a persistecircncia e a crenccedila num espiacuterito universal frac34Espiacuterito este que segundo alguns admitem natildeo estaacute a se
divertir com nossos erros e acertos o que foi sintetizado pelo maior dos gecircnios do seacuteculo XX nas
seguintes palavras Deus natildeo joga dados A resposta nos eacute dada pelo proacuteprio autor desta afirmaccedilatildeo
O alvo de construir uma teoria de campo eletromagneacutetico da mateacuteria
permanece inatingiacutevel por ora embora em princiacutepio nenhuma objeccedilatildeo possa ser levantada contra a possibilidade de vir a se alcanccedilar tal objetivo O que reteve qualquer tentativa posterior nessa direccedilatildeo foi a falta de qualquer meacutetodo sistemaacutetico que levasse a uma
soluccedilatildeo [28]
27
Seraacute que natildeo existem meacutetodos ou regras a serem adotados nesta praacutexis E por falar nisso a praacutetica da teorizaccedilatildeo
natildeo seria uma teorexis [29] Seraacute que teorizar em ciecircncia eacute uma atividade puramente filosoacutefica Natildeo existe uma
metodologia cientiacutefica a orientar aqueles que se preocupam em decifrar os segredos que estatildeo por traacutes dos fenocircmenos que se adaptam agrave regra cientiacutefica fundamental Caso exista
um meacutetodo a ser sistematizado Seria ele diferente do meacutetodo cientiacutefico O que eacute o meacutetodo cientiacutefico
Tentarei dentro do possiacutevel e da finalidade a que me propus ao conceber esta seacuterie de artigos responder
oportunamente eou orientar o leitor se houver como no que diz respeito aos questionamentos aqui assinalados De qualquer forma mais detalhes sobre teoria eou teorizaccedilatildeo seratildeo apresentados no toacutepico IV-b A praacutetica da teorizaccedilatildeo
(em preparo)
[13] CHALMERS A F 1976 Referecircncias
op cit (Voltar pelo browser) pp 23-63
[14] Idem p 28 [15] Esta versatildeo eacute uma adaptaccedilatildeo do princiacutepio da induccedilatildeo
como enunciado por CHALMERS (1976) op cit Se um grande nuacutemero de As foi observado sob uma ampla variedade de condiccedilotildees e se todos esses As observados possuiacuteam sem exceccedilatildeo a propriedade B entatildeo todos os As possuem a propriedade B
[16] Neste caso o princiacutepio ficaria
Aparentes contradiccedilotildees que o iniciante possa descobrir ao comparar os dois enunciados natildeo
comprometem o raciociacutenio que se segue razatildeo pela qual admitirei a equivalecircncia sem justificaacute-la
Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa seraacute hipoacutetese se e somente se for passiacutevel de verificaccedilatildeo
observacional
[17] SEVERINO J S 1994
O primeiro se torna a afirmaccedilatildeo inconsistente
Metodologia do trabalho cientiacutefico[18] POPPER K R 1956
Cortez Editora Satildeo Paulo op cit
[19] SIEGEL S 1977 Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica
[20] Eacute possiacutevel que alguns dentre os indutivistas natildeo concordem com alguns dos termos da afirmaccedilatildeo por motivos que podem ser suspeitados tendo em vista o apresentado
neste e no item anterior
Ed McGraw-Hill do Brasil Ltda Satildeo Paulo p 6
[21] GIL A C 1994 Como elaborar projetos de pesquisas
[22] Em FERREIRA A B H 1986
Editora Atlas S A Satildeo Paulo p 35 [Os grifos satildeo
meus] op cit (Voltar pelo
browser) encontramos uma definiccedilatildeo mais geral a satisfazer tambeacutem o argumento indutivista Teoria eacute um
conjunto de conhecimentos natildeo ingecircnuos que apresentam graus diversos de sistematizaccedilatildeo e credibilidade e que se
propotildeem a explicar elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio de fenocircmenos ou de acontecimentos que se
oferecem agrave atividade praacutetica [23] Os trecircs livros citados a seguir natildeo satildeo os uacutenicos
nos gecircneros assinalados a despeito da disparidade apontada Ao tempo em que registro com estes exemplos a exceccedilatildeo agrave regra presto tambeacutem uma homenagem a autores que ao serem por mim lidos transmutaram em duacutevidas muitas das
respostas a questotildees fundamentais e que eu
28
pretensiosamente julgava possuir [24] BUNGE M Teoria e realidade
[25] LACEY HM 1972
Ed Perspectiva (traduccedilatildeo 1994) Satildeo Paulo
A linguagem do espaccedilo e do tempo
[26] BOHM D e PEAT F D
Ed Perspectiva SA
Ciecircncia ordem e criatividade
[27] A esse respeito vale a pena ler
Gradiva Publicaccedilotildees Ltda (traduccedilatildeo 1989) Lisboa
Cientiacuteficos Chiflados capiacutetulo XIV do livro BERNSTEIN J 1988 Observacioacuten de
la Ciencia[28] EINSTEIN A
Ed Fondo de Cultura Econoacutemica Meacutexico Fiacutesica e realidade in Albert Einstein
Pensamento poliacutetico e uacuteltimas conclusotildees (1983 traduccedilatildeo) Edit Brasiliense S A Satildeo Paulo [O grifo eacute meu]
[29] Este termo eu utilizei pela primeira vez no artigo MESQUITA Fdeg A 1983 Ciecircncia empiacuterica uma arma ou uma daacutediva Faculdade
Antes de mais nada afirmarei sem me alongar que uma teoria adotado o argumento dedutivista pode ser
corroborada ou negada fundamentalmente atraveacutes de um dos trecircs procedimentos seguintes 1) Pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de uma de suas hipoacuteteses 2) pela verificaccedilatildeo ou negaccedilatildeo de uma de suas prediccedilotildees 3) pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de teorias auxiliares deduzidas da teoria principal (teoria em teste ou sob suspeita) as teorias
auxiliares podem ser de trecircs tipos teorias ou hipoacuteteses de nulidade teorias ou hipoacuteteses salvadoras e teorias ou hipoacuteteses assassinas
(Revista do IAMC) ndeg 6 p 28-43 agosto83
7 O falsificacionismo O falsificacionismo natildeo foi proposto como um meacutetodo novo mas sim como um criteacuterio ou conduta a ser ou natildeo adotado por aqueles que se conformam ao meacutetodo dedutivo de prova
Natildeo haacute nada no falsificacionismo do ponto de vista metodoloacutegico que natildeo esteja previsto ou que natildeo decorra naturalmente de uma opccedilatildeo a ser seguida espontaneamente ou natildeo por este ou aquele dedutivista Qual seria entatildeo este criteacuterio Com que finalidade foi proposto A resposta a estas perguntas bem como o meacuterito do falsificacionismo constituem o objetivo deste e dos proacuteximos dois itens
[30] Incluem-se no rol das teorias auxiliares como veremos oportunamente as teorias
transcendentais frequumlentemente conotadas por experiecircncias de pensamento As prediccedilotildees e as hipoacuteteses ou teorias auxiliares satildeo teorias geradas utilizando-se do proacuteprio argumento dedutivista esquematizado na figura 3 Neste caso o foco de atenccedilatildeo inicial frac34representado na figura como observaccedilatildeofrac34 eacute nada mais nada menos que a proacutepria teoria que deu origem agrave prediccedilatildeo eou agrave teoria auxiliar Ao valorizar a falseabilidade como criteacuterio a ser adotado
pelos dedutivistas Popper nada mais fez que tentar expandir ou trazer para o domiacutenio da metodologia
cientiacutefica uma praacutetica amplamente utilizada com sucesso em estatiacutestica o criteacuterio de tomada de decisatildeo atraveacutes da
hipoacutetese de nulidade (Ho
O primeiro passo ou estaacutegio no processo de tomada de decisatildeo eacute
definir a hipoacutetese de nulidade (
)
Ho) Formula-se usualmente com o expresso propoacutesito de ser rejeitada Se eacute
29
rejeitada pode-se aceitar a hipoacutetese alternativa (H1) A hipoacutetese
alternativa eacute a definiccedilatildeo operacional da hipoacutetese de pesquisa do
pesquisador A hipoacutetese de pesquisa eacute a prediccedilatildeo deduzida da teoria que estaacute
sendo comprovada [31] A contribuiccedilatildeo de Popper a esse respeito limitou-se agrave ecircnfase que deu agrave importacircncia da procura por hipoacuteteses de
nulidade Ateacute entatildeo este costume estava restrito agrave procura por previsotildees frac34apresentadas via de regra pelo proacuteprio autor da teoriafrac34 eou hipoacuteteses salvadoras frac34levantadas
pelos adeptos da teoria em focofrac34 eou hipoacuteteses assassinas frac34levantadas pelos criacuteticos da teoria em questatildeo As quatro
tecircm uma caracteriacutestica comum satildeo todas teorias falseadoras
A boa teoria dentre outras qualidades [32] e segundo Popper eacute aquela potencialmente geradora de hipoacuteteses
falseadoras e tanto melhor seraacute quanto maior for o risco de ser negada Ela pode ateacute mesmo ser derrubada no primeiro teste a que for submetida o que natildeo invalida o que foi
dito foi uma boa teoria enquanto durou e voltaraacute a ser se conseguir ressurgir das cinzas Dito em outras palavras o criteacuterio para se avaliar a virtude de uma teoria nascente repousa no seu grau de submissatildeo a testes adversos Uma teoria de baixo risco raramente eacute bem vinda [33] e uma
teoria sem risco algum na opiniatildeo de Popper natildeo eacute cientiacutefica e eu iria aleacutem sequer eacute teoria
Levando-se em conta que o criteacuterio falsificacionista peca pela subjetividade deve-se tomar cuidado ao se optar por uma teoria em detrimento de outra pelo fato de a primeira
ser mais falseaacutevel que a segunda Diferentes hipoacuteteses falseadoras devem apresentar pesos diferentes e este peso
mesmo quando bem estimado frequumlentemente o eacute por um processo subjetivo Natildeo eacute raro utilizar-se desta
subjetividade inerente ao falsificacionismo para justificar escolhas feitas segundo criteacuterios poliacuteticos econocircmicos
interesseiros corporativistas ou entatildeo apoiados em princiacutepios outros que tambeacutem deixam a desejar no que diz
respeito agrave eacutetica do cientista 8 Entendendo o falsificacionismo
Suponha que algueacutem deduza a seguinte hipoacutetese H1 As maccedilatildes do Estado de Satildeo Paulo satildeo vermelhas A teoria assim
simulada eacute uma teoria de hipoacutetese uacutenica Percebam que no argumento da hipoacutetese estaacute se admitindo como pressupostos uma infinidade de conceitos tais como fruta maccedilatilde cor
vermelho local Satildeo Paulo Brasil etc Estes pressupostos satildeo o que Severino chama de evidecircncias preacutevias como vimos no item 5 e constituem uma das bases da argumentaccedilatildeo de Chalmers [34] ao contestar os que afirmam que a ciecircncia
comeccedila com a observaccedilatildeo Um exemplo de previsatildeo desta teoria seria as maccedilatildes de
Jundiaiacute devem ser vermelhas tendo em vista que Jundiaiacute se localiza no Estado de Satildeo Paulo
Suponha tambeacutem que algueacutem tenha demonstrado que em condiccedilotildees X outra fruta que natildeo a maccedilatilde e que
originalmente era de determinada cor se modifica e conclui que se a teoria sobre as maccedilatildes for verdadeira ela
deveraacute permanecer verdadeira nas condiccedilotildees X Pode-se entatildeo construir a seguinte hipoacutetese de nulidade Ho Em
condiccedilotildees X obter-se-atildeo em Satildeo Paulo maccedilatildes natildeo
30
vermelhas Esta previsatildeo natildeo decorre da teoria (H1) mas de evidecircncias preacutevias outras e estranhas agrave mesma Se esta
hipoacutetese (Ho) for verificada a hipoacutetese original H1
Seraacute que este simples fato condena a teoria original Para o falsificacionista ingecircnuo sim Para aquele que entendeu e aceitou o significado da afirmaccedilatildeo de Popper citada
neste artigo ao final do
estaraacute falseada
quarto paraacutegrafo do item 5 natildeo Optar por uma teoria natildeo significa crer numa verdade
absoluta Se eu afirmo que Ho eacute verdadeira e consequumlentemente H1 eacute falsa isto natildeo significa que eu
estou atribuindo o grau de veracidade 100 a uma hipoacutetese e 0 agrave outra significa simplesmente que a verificaccedilatildeo experimental me convenceu a optar por uma teoria em
detrimento da outra A opccedilatildeo eacute uma das maneiras pelas quais o cientista expressa a sua feacute na ciecircncia [35] e o
falsificacionismo estabelece normas a lhe orientar nesta opccedilatildeo
Suponha agora que em condiccedilotildees X ou em outra condiccedilatildeo qualquer se encontrem no Estado de Satildeo Paulo maccedilatildes verdes Significa isto que a hipoacutetese H1
Natildeo podemos em satilde consciecircncia dizer que a psicanaacutelise por exemplo natildeo pertenccedila ao campo da ciecircncia pelo simples
fato de uma de suas teorias precursoras ser natildeo falseaacutevel Sequer podemos dizer que o autor dessa ideacuteia natildeo
fosse cientista se eacute verdade que a psicanaacutelise se desenvolveu em cima desta ideacuteia e apesar disso conseguiu
eacute falsa Natildeo Simplesmente ela foi falseada Nada impede que amanhatilde com a evoluccedilatildeo da ciecircncia se descubra que estes frutos verdes a que hoje associamos a ideacuteia maccedilatilde estejam inseridos num
outro contexto e que realmente natildeo sejam maccedilatildes Por que entatildeo se daacute preferecircncia a verificaccedilotildees falseadoras em detrimento das corroboradoras Ora isto nem sempre
acontece conquanto seja esta uma das regras propostas pelo falsificacionismo Por exemplo tanto a teoria da
relatividade quanto a mecacircnica quacircntica satildeo teorias fiacutesicas amplamente aceitas graccedilas a terem sido
corroboradas por previsotildees que se confirmaram e pouco valor se deu a um grande nuacutemero de testes que as falsearam Por outro lado estas duas teorias satildeo concomitantemente aceitas pelos fiacutesicos conquanto existam fortes argumentos
a provar que cada uma destas duas teorias falseia a outra e ambas falseiam a teoria de Maxwell que tambeacutem eacute aceita como verdadeira Certos ou errados neste caso os fiacutesicos modernos dentre os quais se inclui Popper fizeram uma opccedilatildeo contraacuteria agrave norma falsificacionista e natildeo haacute
como criticaacute-los por essa conduta a menos que se pretenda atribuir ao falsificacionismo uma qualidade que ele natildeo
possui a de estabelecer criteacuterios absolutos de veracidade O falsificacionismo presta-se tambeacutem a fomentar o diaacutelogo e a criatividade Neste caso surge quase como que um apelo para que se invista mais em experiecircncias de pensamento um
recurso legiacutetimo e de grande valor em ciecircncia 9 O falsificacionismo como delimitador da ciecircncia
Vimos no item 7 que para Popper uma teoria sem risco algum natildeo eacute cientiacutefica e eu acrescentei sequer eacute teoria Popper quis se aproveitar deste argumento para delimitar a ciecircncia utilizando-se entatildeo do falsificacionismo como
criteacuterio de cientificidade Com esta opccedilatildeo Popper desagradou a muitos e convenceu a poucos ainda que sua
ideacuteia natildeo fosse de todo maacute
31
de alguma forma se impor como ciecircncia muito provavelmente queiramos ou natildeo seu autor contribuiu diretamente para o progresso da ciecircncia Mesmo que hoje algueacutem chegasse a concluir categoricamente pelo caraacuteter natildeo cientiacutefico da psicanaacutelise isto de forma alguma nos autorizaria a hipoteticamente condenaacute-la agrave estagnaccedilatildeo Se um cientista utilizando-se de maus criteacuterios ou ateacute mesmo apoiando-se em dogmas constroacutei de maneira natildeo
cientiacutefica um determinado campo do conhecimento isto natildeo significa que este campo natildeo possa vir a ser estudado cientificamente e que natildeo se possam criteriosamente
aproveitar as conclusotildees de seus estudos Nada impede que uma teoria considerada hoje como natildeo cientiacutefica pelo fato de possuir uma ou mais hipoacuteteses natildeo falseaacuteveis adquira
esse status apoacutes passar por ligeiras reformulaccedilotildees Natildeo podemos assumir que um campo do conhecimento seja natildeo cientiacutefico pelo simples fato de natildeo encontrarmos nele
teorias cientiacuteficas Este posicionamento de Popper a meu ver natildeo se justifica o falsificacionismo natildeo eacute um bom
criteacuterio delimitador da ciecircncia e isto eu espero que tenha ficado claro para o leitor E mais natildeo existem aacutereas natildeo cientiacuteficas mas sim aacutereas onde ainda natildeo foram produzidos conhecimentos cientiacuteficos O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo e pelo menos nesta etapa nada eacute absolutamente corroboraacutevel ou falseaacutevel Podemos ainda
dizer que a ciecircncia natildeo se localiza aqui ou acolaacute sob esse aspecto a ciecircncia natildeo tem fronteiras
10 Enfim a teoria do meacutetodo Nos demais artigos desta seacuterie irei demonstrar ser possiacutevel partindo da regra cientiacutefica fundamental desenvolver uma teoria sobre o meacutetodo cientiacutefico
utilizando-se das trecircs hipoacuteteses seguintes 1 O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo 2 A produccedilatildeo de conhecimentos passa
necessariamente pelas etapas deduccedilatildeo anaacutelise induccedilatildeo e
siacutentese na ordem apresentada 3 Os princiacutepios cientiacuteficos fundamentais satildeo universais
Por questatildeo de simplicidade subdividirei o estudo do meacutetodo em trecircs etapas correspondentes a cada uma das hipoacuteteses 1) o estudo do macromeacutetodo cientiacutefico 2) o estudo do meacutetodo cientiacutefico propriamente dito e 3) o estudo do micromeacutetodo cientiacutefico Os toacutepicos nos quais
desenvolverei estas etapas estatildeo em fase de projeto natildeo havendo portanto previsatildeo quanto agrave eacutepoca de publicaccedilatildeo
Meacutetodo cientiacutefico
Origem Wikipeacutedia a enciclopeacutedia livre
A palavra meacutetodo vem do grego meacutethodos (caminho para chegar a um fim) O meacutetodo cientiacutefico eacute um conjunto de regras baacutesicas para desenvolver uma experiecircncia a fim de produzir novo conhecimento bem como corrigir e integrar conhecimentos preacute-existentes Na maioria das disciplinas cientiacuteficas consiste em juntar evidecircncias observaacuteveis empiacutericas (ou seja baseadas apenas na experiecircncia) e
mensuraacuteveis e as analisar com o uso da loacutegica Para muitos autores o meacutetodo cientiacutefico nada mais eacute do que a loacutegica
32
aplicada agrave ciecircncia (Haddad) Metodologia literalmente refere-se ao estudo dos meacutetodos e especialmente do meacutetodo da ciecircncia que se supotildee universal Embora procedimentos variem de uma aacuterea da
ciecircncia para outra (as disciplinas cientiacuteficas) diferenciadas por seus distintos objetos de estudo
consegue-se determinar certos elementos que diferenciam o meacutetodo cientiacutefico de outros meacutetodos (filosoacutefico algoritmo
ndash matemaacutetico etc)
Primeiramente os pesquisadores definem proposiccedilotildees loacutegicas ou suposiccedilotildees (hipoacuteteses) para explicar certos fenocircmenos e observaccedilotildees e entatildeo desenvolvem experimentos que testam essas hipoacuteteses Se confirmadas as hipoacuteteses podem gerar leis e teorias Integrando-se hipoacuteteses de certa aacuterea em uma estrutura coerente de conhecimento contribuiacute-se na
formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bem como coloca as hipoacuteteses em um conjunto de conhecimento maior que satildeo as
leis e teorias reconhecidas consensualmente pela comunidade cientiacutefica eou o
O contexto de uma pesquisa
paradigma de seu tempo Outra caracteriacutestica do meacutetodo eacute que o processo precisa
ser objetivo e o cientista deve ser imparcial na interpretaccedilatildeo dos resultados Sobre a objetividade o seja
atente agraves propriedades do objeto e natildeo do sujeito (subjetividade) eacute conhecida a afirmaccedilatildeo de Hans Selye
pesquisador canadense que formulou a moderna concepccedilatildeo de stress ldquoQuem natildeo sabe o que procura natildeo entende o que encontrardquo referindo-se a necessidade de formulaccedilatildeo de definiccedilotildees precisas (a essecircncia dos conceitos) e que
possam ser respondidas com o simples sim ou natildeo Tanto a imparcialidade (evidecircncia) como a objetividade foram incluiacutedas por Reneacute Descartes (1596 ndash 1649) nas regras
loacutegicas que caracterizam o meacutetodo cientiacutefico Aleacutem disso o procedimento precisa ser documentado tanto no que diz respeito agrave fonte de dados como as regras de anaacutelise para que outros cientistas possam re-analisar reproduzir e verificar a confiabilidade dos resultados Assim se distingue os relatos cientiacuteficos (artigos
monografias teses e dissertaccedilotildees) de um simples estilo (padratildeo) ou arquitetura de texto orientados pelo que caracteriza as normas da Retoacuterica ou estudo do uso persuasivo da linguagem em funccedilatildeo da eloquumlecircncia
Eacute comum o uso da anaacutelise matemaacutetica ou estatiacutestica quando possiacutevel ou aproximaccedilatildeo de modelos abstratos (tipos ideais) e categorias de classificaccedilatildeo a depender do
objetivo da pesquisa (identificar descrever analisar) que pode ser basicamente quantitativa ou qualitativa A divisatildeo da ciecircncia em aacutereas ou distintas disciplinas
cientificas tem levado a tais adequaccedilotildees da metodologia Eacute comum a afirmaccedilatildeo de que em funccedilatildeo da evoluccedilatildeo do meacutetodo
cientifico num extremo temos a fiacutesica e quiacutemica seguida da biologia e por uacuteltimo as ciecircncias sociais psicologia e ciecircncias juriacutedicas quase se aproximando da filosofia e estudo das crenccedilas (senso comum) ou ciecircncias do espiacuterito
(sistemas miacutetico - religiosos) Contudo pesquisadores contemporacircneos vecircem nessas duas abordagens uma oposiccedilatildeo complementar enquanto as pesquisas quantitativas visam descrever e explicar fenocircmenos que produzem regularidades mensuraacuteveis satildeo recorrentes (ou discrepantes) e exteriores ao sujeito
33
(objetivos) na pesquisa qualitativa o observador (sujeito) eacute da mesma natureza que o objeto de sua anaacutelise e ele proacuteprio uma parte de sua observaccedilatildeo (o subjetivo)
Eacute importante ter em mente que as pesquisas cientificas relacionam-se com um modelo (paradigmaacutetico) ou uma
constelaccedilatildeo de pressupostos e crenccedilas escalas de valores teacutecnicas e conceitos compartilhados pelos membros de uma determinada comunidade cientiacutefica num determinado momento
histoacuterico
Ciecircncia eacute muito mais uma maneira de pensar do que um corpo de conhecimentos -
Elementos do meacutetodo cientiacutefico
Carl Sagan ciecircncia consiste em agrupar factos para que leis
gerais ou conclusotildees possam ser tiradas deles - Charles Darwin
O meacutetodo cientiacutefico eacute composto dos seguintes elementos bull Caracterizaccedilatildeo - Quantificaccedilotildees observaccedilotildees e
medidas bull Hipoacuteteses - Explicaccedilotildees hipoteacuteticas das observaccedilotildees e
medidas bull Previsotildees - Deduccedilotildees loacutegicas das hipoacuteteses
bull Experimentos - Testes dos trecircs elementos acima O meacutetodo cientiacutefico consiste dos seguintes aspectos bull Observaccedilatildeo - Uma observaccedilatildeo pode ser simples isto eacute
feita a olho nu ou pode exigir a utilizaccedilatildeo de instrumentos apropriados
bull Descriccedilatildeo - O experimento precisa ser replicaacutevel (capaz de ser reproduzido)
bull Previsatildeo - As hipoacuteteses precisam ser vaacutelidas para observaccedilotildees feitas no passado no presente e no
futuro bull Controle - Para maior seguranccedila nas conclusotildees toda
experiecircncia deve ser controlada Experiecircncia controlada eacute aquela que eacute realizada com teacutecnicas que permitem descartar as variaacuteveis passiacuteveis de mascarar
o resultado bull Falseabilidade[1]
bull Explicaccedilatildeo das Causas - Na maioria das aacutereas da Ciecircncia eacute necessaacuterio que haja causalidade Nessas
condiccedilotildees os seguintes requerimentos satildeo vistos como importantes no entendimento cientiacutefico
- toda hipoacutetese tem que ser falseaacutevel ou refutaacutevel Isso natildeo quer dizer que o experimento seja falso mas sim que ele pode ser verificado
contestado Ou seja se ele realmente for falso deve ser possiacutevel provaacute-lo
bull Identificaccedilatildeo das Causas bull Correlaccedilatildeo dos eventos - As causas precisam se
correlacionar com as observaccedilotildees bull Ordem dos eventos - As causas precisam preceder
no tempo os efeitos observados Na aacuterea da sauacutede a natureza da associaccedilatildeo causal foi formulada por Hence e adaptada por Robert Koch em 1877
para demonstraccedilatildeo da relaccedilatildeo causal entre microrganismos e patologias consistindo basicamente no enunciado acima ou seja forccedila da associaccedilatildeo (conectividade) sequumlecircncia temporal (assimetria) transitividade (evidecircncia experimental) previsibilidade estabilidade
Uma maneira linearizada e pragmaacutetica de apresentar os quatro pontos acima estaacute exposto a seguir passo-a-passo
34
Vale a pena notar que eacute apenas um exemplo natildeo sendo obrigatoacuterio a existecircncia de todos esses passos Na
verdade na maioria dos casos natildeo se segue todos esses passos ou mesmo parte deles O meacutetodo cientiacutefico natildeo eacute
uma receita ele requer inteligecircncia imaginaccedilatildeo e criatividade O importante eacute que os aspectos e elementos
apresentados acima estejam presentes bull Definir o problema
bull Recolhimento de dados bull Proposta de uma hipoacutetese
bull Realizaccedilatildeo de uma experiecircncia controlada para testar a validade da hipoacutetese
bull Anaacutelise dos resultados bull Interpretar os dados e tirar conclusotildees o que serve
para a formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bull Publicaccedilatildeo dos resultados em monografias
dissertaccedilotildees teses artigos ou livros aceitos por universidades e ou reconhecidos pela comunidade
cientiacutefica Observe-se que nem todas as hipoacutetese podem ser confirmadas
ou refutadas por experimentos e que em muitas aacutereas do conhecimento o recolhimento de dados e a tentativas de interpretaacute-los jaacute eacute uma grande tarefa como nas ciecircncias
humanas e juriacutedicas (criminologia)
Ciecircncias humanas A limitaccedilatildeo eacutetica da realizaccedilatildeo experimentos com seres humanos o estudo das subjetividades ou essencialmente
subjetivo individual e particular psiquismo humano ou a natureza histoacuterica do objeto das ciecircncias sociais conduziram os pensadores a distintos caminhos ou
proposiccedilotildees de estudo para o meacutetodo cientiacutefico Contudo parafraseando Minayoldquouma base de dados quando bem trabalhada teoacuterica e praticamente produz riqueza de informaccedilotildees aprofundamento e maior fidedignidade
interpretativardquo As principais divergecircncias na anaacutelise dos resultados de pesquisas em ciecircncias sociais ou humanas se datildeo no plano da contextualizaccedilatildeo dos dados ou informaccedilotildees obtidas em campo nos diversos sistemas teoacutericos ou seja conjunto de teorias e leis reconhecidas como consensuais em distintos
momentos histoacutericos eou segmentos das comunidades cientiacuteficas Nas ciecircncias sociais identifica-se trecircs
grandes correntes de pensamentos bull Positivismo Auguste Comte
bull Fenomenologia (Fenomenologia do Espiacuterito Estruturalismo
bull Materialismo dialeacutetico Dialeacutetica Marxismo
A histoacuteria do meacutetodo cientiacutefico se mistura com a histoacuteria da ciecircncia Documentos do
A evoluccedilatildeo do conceito de meacutetodo
Antigo Egito jaacute descrevem meacutetodos de diagnoacutesticos meacutedicos Na cultura da Greacutecia
Antiga os primeiros indiacutecios do meacutetodo cientiacutefico comeccedilam a aparecer Grande avanccedilo no meacutetodo foi feito no comeccedilo da filosofia islacircmica principalmente no uso de experimentos
para decidir entre duas hipoacuteteses Os principios fundamentais do meacutetodo cientiacutefico se consolidaram com o surgimento da Fiacutesica nos seacuteculos XVII e XVIII Francis
Bacon em seu trabalho Novum Organum(1620)-uma referecircncia
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ao Organon de Aristoacuteteles-especifica um novo sistema loacutegico para melhorar o velho processo filosoacutefico do
silogismo A metodologia cientiacutefica tem sua origem no pensamento de
Descartes que foi posteriormente desenvolvimento empiricamente pelo fiacutesico inglecircs Isaac Newton Reneacute Descartes propocircs chegar agrave verdade atraveacutes da duacutevida sistemaacutetica e da decomposiccedilatildeo do problema em pequenas
partes caracteriacutesticas que definiram a base da pesquisa cientiacutefica
Lecirc-se no livro o Discurso do meacutetodo E como a multiplicidade de leis serve frequentemente para escusar os viacutecios de sorte que um estado eacute muito melhor governado quando possuindo poucas elas satildeo aiacute rigorosamente aplicadas assim em lugar de um grande
nuacutemero de preceitosde qua a loacutegica eacute composta acrediteis que jaacute me seriam bastante quatro contanto que tomasse a firme e constante resoluccedilatildeo de natildeo deixar uma vez soacute de
observaacute-los O primeiro consistia em nunca aceitar por verdadeira coisa nenhuma que natildeo conhecesse como evidente isto eacute
devia evitar cuidadosamente a precipitaccedilatildeo e a prevenccedilatildeo e nada incluir em meus juizos que natildeo se apresentasse tatildeo claramente e tatildeo distintamente ao meu espiacuterito que natildeo
tivesse nenhuma ocasiatildeo de o por em duacutevida O segundo ndash dividir cada uma das dificuldades que
examinasse em tantas parcelas quantas pudesse ser e fossem exigidas para melhor compreendecirc-las
O terceiro ndash conduzir por ordem os meus pensamento comeccedilando pelos objetos mais simples e faacuteceis de serem conhecidos para subir pouco a pouco como por degraus ateacute o conhecimento dos mais compostos e supondo mesmo
certa ordem entre os que natildeo se precedem naturalmente uns aos outros
e o uacuteltimo ndash fazer sempre enumeraccedilotildees tatildeo completas e revisotildees tatildeo gerais que ficasse certo de nada
omitir Correntemente estas regras satildeo 1 ndash da evidecircncia 2 ndash da
divisatildeo ou anaacutelise 3 ndash da ordem ou deduccedilatildeo 3 da enumeraccedilatildeo (contar especificar) classificaccedilatildeo
O acidente (serendipity
Eacute comum considerar alguns dos mais importantes avanccedilos na ciecircncia tais como as
)
descobertas da radioatividade por Henri Becquerel ou da penicilina por Alexander Fleming como tendo ocorrido por acidente no entanto o que eacute possiacutevel afirmar agrave luz da observaccedilatildeo cientiacutefica eacute que
teratildeo sido parcialmente acidentais uma vez que as pessoas envolvidas haviam aprendido a pensar cientificamente
estando portanto conscientes de que observaram algo novo e interessante
Os progressos da ciecircncia satildeo acompanhados de muitas horas de trabalho cuidadoso que segue um caminho mais ou menos sistemaacutetico na busca de respostas a questotildees cientiacuteficas
Eacute este o caminho denominado de meacutetodo cientiacutefico
A A hipoacutetese
Hipoacutetese (do gr Hypoacutethesis) eacute uma proposiccedilatildeo que se admite de modo provisoacuterio como princiacutepio do qual se pode
deduzir pelas regras da loacutegica um conjunto dado de proposiccedilotildees ou um mecanismo da experiecircncia a explicar
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Literalmente pode ser compreendida como uma suposiccedilatildeo ou pergunta conjetura que orienta uma investigaccedilatildeo por
antecipar caracteriacutesticas provaacuteveis do objeto investigado e que vale quer pela confirmaccedilatildeo atraveacutes de deduccedilotildees loacutegicas dessas caracteriacutesticas quer pelo encontro de novos caminhos de investigaccedilatildeo (novas hipoacuteteses e novos
experimentos) No meacutetodo cientiacutefico a hipoacutetese eacute o caminho que deve levar agrave formulaccedilatildeo de uma teoria O cientista na sua hipoacutetese tem dois objetivos explicar um fato e prever
outros acontecimentos dele decorrentes (deduzir as consequencias) A hipoacutetese deveraacute ser testada em
experiecircncias laboratoriais controladasSe apoacutes muitas dessas experiecircncias os resultados obtidos pelos
pesquisadores natildeo contrariarem a hipoacutetese entatildeo ela seraacute aceita como uma lei e integrada agrave uma teoria eou sistema
teacuteoacuterico
Referecircncias 1 uarr [PDF] Estudos do meacutetodo cientiacutefico
Ver tambeacutem bull Verdade
bull Falseabilidade bull Karl Popper
bull Filosofia da ciecircncia bull Histoacuteria da ciecircncia
bull Epistemologia bull Loacutegica
bull Aristoacuteteles bull Georg Wilhelm Friedrich Hegel
bull Complexidade bull Reducionismo
bull Navalha de Occam bull Ciecircncia
bull Pseudociecircncia bull Paradigma
bull Paul Feyerabend bull Thomas Kuhn
bull Gaston Bachelard bull Teoria
bull Lei (ciecircncias) bull Hipoacutetese
bull Tese bull Dissertaccedilatildeo
Bibliografia
Becker Howard S Meacutetodos de pesquisa em ciecircncias sociais SP Hucitec 1999
Chizzotti Antonio Pesquisa em ciecircncia humanas e sociais SP Cortez 2006
Comte August Discurso preliminar sobre o espiacuterito positivo
Descartes Reneacute Discurso do meacutetodo (traduccedilatildeo prefaacutecio e notas de Joatildeo Cruz Costa SP Ed de Ouro 1970 disponiacutevel
para download em domiacutenio puacuteblico httpwwwdominiopublico e eBooket
httpwwweBooketnet IntraText Reneacute Descartes - e-books
37
Haddad Nagib Metodologia de estudos em ciecircncias da sauacutede como planejar analisar e apresentar um trabalho
cientiacutefico SP Roca 2004 Minayo Maria C de Souza (org) Deslandes (Suely F
Gomes Romeu Pesquisa social teoria meacutetodo e criatividade Petroacutepolis RJ Vozes 2007
Lakatos Eva Maria Marconi Marina de A Meacutetodologia cientiacutefica SP Atlas 2007
Selye Hans Stress a tensatildeo da vida SP IBRASA 1965
Ligaccedilotildees externas bull Explicando o Meacutetodo Cientiacutefico
bull Prova Cientiacutefica bull Diretrizes para elaboraccedilatildeo de dissertaccedilotildees e teses -
USP bull Centro Cochrane do Brasil
bull Metodologiaorg bull Evidecircnciascom
bull Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq)
bull Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciecircncia bull Lista de Perioacutedicos cientificos brasileiros por
assunto bull SciELO - Scientific Electronic Library Online
bull Perioacutedicos UNESCO bull Ciecircncia Hoje
bull Scientific American - Brasil bull Scientific American
COLCHA DE RETALHOS CIENTIacuteFICA (a realidade natildeo eacute Frankenstein ela eacute uacutenica e funcional)
A realidade segundo a Ciecircncia geral
A senhora Ciecircncia trabalhando com
seus remendos
Drordf Ciecircncia e seu filho
Mary Shelley viu o futuro
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Somos Monstros 6 05 2008
Tudo comeccedilou com um desafio feito a Mary Shelley (1797-1851) entatildeo uma jovem de 21 anos por Lord Byron Na eacutepoca 1918 Byron propocircs a Mary e seu marido que
escrevessem um conto de terror uma maneira de passar o tempo jaacute que suas feacuterias estavam sendo consumidas
intediantemente pelo mau tempo Mary foi a uacuteltima a dar iniacutecio ao seu conto que acabou baseado em um pesadelo que
teve numa daquelas noites de chuva E dentre todos o conto de Shelley foi o que mais surpreendeu e arrepiou Insentivada a continuar Mary Shelley desenvolveu ainda
mais sua histoacuteria e transformou-a em um dos mais conhecidos e celebrados livros da Histoacuteria Frankenstein
Victor Frankenstein era um jovem curioso com sede de conhecimento apaixonado pela ciecircncia intrigado com os segredos da vida e louco para deixar sua marca no mundo Havia aprendido sozinho em casa sobre as fantasias da Alquimia no entanto apenas na universidade ele foi descobrir que toda sua bagagem de conhecimento estava ultrapassada haacute muito Acabou se tornando um aluno
exemplar dedicado agrave quiacutemica e agrave biologia Foi assim que sozinho em seu laboratoacuterio em Ingolstadt Victor deu iniacutecio agrave sua criaccedilatildeo misturando seus conhecimentos
teoacutericos de fisiologia e filosofia natural com princiacutepios de mecacircnica decido a descobrir se o princiacutepio que
mantinha animado o corpo poderia pernecer mesmo apoacutes a morte Como Victor fez isso todos jaacute sabemos deu vida a uma criatura formada por partes de cadaacuteveres de tamanho
descomunal (cerca de 25m de altura) e aparecircncia horripilante E eacute aqui que daacute-se iniacutecio ao grande trunfo
da histoacuteria Ao despertar da Criatura Frankenstein acaba por cair na realidade vendo como era realmente feia sua criaccedilatildeo com
seus membros desproporcionais seu olhos aquosos e amarelos incompleta a ponto de seus tecidos nem sequer
cobrirem todo o corpo deixando agrave mostra muacutesculos e ossos Desesperado e com medo arrependido de sua audaacutecia Victor
abandona sua Criatura decaindo num suacutebito acesso de naacuteusea e lucidez
Pobre Criatura um ser vazio de conhecimentos ignorante em relaccedilatildeo ao conviacutevio social solto num mundo de pessoas
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preconceituosas e indiferentes A personificaccedilatildeo perfeita da famosa teoria de Rousseau a do ldquobom selvagemrdquo que diz
que todo o homem nasce ldquopurordquo e eacute corrompido pela sociedade violenta viciosa e materialista Quem lecirc a
histoacuteria de Frankenstein espera encontrar terror suspense e aventura onde um monstro estaria a solta para destruir e matar No entanto descobre um mundo onde noacutes humanos somos totalmente repugnantes e no qual o uacutenico ser que
realmente tem algum valor eacute o monstro excluiacutedo por todos Poucos livros retratam tatildeo bem a indiferenccedila humana e a nossa mania de dar mais valor agraves aparecircncias do que aos
sentimentos carater e virtudes Mary Shelley escreveu uma autecircntica obra-prima da
literatura universal um romance capaz de despertar no leitor a pena e a compaixatildeo por um monstro e a repugnacircncia
de nossa proacutepria raccedila Uma liccedilatildeo que ainda natildeo foi aprendida mesmo depois de quase 200 anos
Ficha Teacutecnica Tiacutetulo Frankestein (Frankenstein or the Modern
Prometheus) Autor Mary Shalley Paiacutes Inglaterra
Publicaccedilatildeo Original 1818 Publicaccedilatildeo Lida Martin Claret Editora 2001
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OS MAIORES PIBs EM 2020
AS MELHORES CIDADES PARA VIVER
Segue-se uma lista com as melhores cidades do mundo para se viver de acordo com a revista
(cidades satildeo supermaacutequinas e superprogramas superprogramaacutequinas para se viver Le Corbusier natildeo as viu como maacutequinas de morar)
Business Week com relaccedilatildeo agrave qualidade de vida
215 grandes cidades foram avaliadas
Embora ainda nos vejamos como indiviacuteduos esses satildeo
grupos indefectivelmente grupos grupos imensos inimaginaacuteveis Por exemplo a cidade-capital de Satildeo Paulo sozinha tem 104 do PIB brasileiro e a Grande SP tem 2500 km2 de aacuterea ocupada com construccedilotildees
9
Embora eu diga ldquominha menterdquo metade dela a minha outra metade estaacute fora muito mais que isso 33 bilhotildees das nossas metades estatildeo amplamente disseminadas em toda longitude latitude altitude Quase natildeo sinto falta quando estou soacute (exceto sexualmente) porque todos esses 3300 milhotildees estatildeo por aiacute trabalhando com afinco para suprir o que natildeo sei fazer em relaccedilatildeo agraves ocupaccedilotildees delas (sem falar dos 33 bilhotildees do nosso lado que fazem tudo que vocecirc e eu natildeo sabemos mas isso eacute outra histoacuteria)
HEMISFEacuteRIAS
AS OUTRAS DUAS METADES
(vocecirc eu vivemos em feacuterias do que faz a outra metade e nem agradecemos isso)
NOSSAS DUAS METADES 12 12 12 12
hemisfeacuterio esquerdo
hemisfeacuterio direito
hemisfeacuterio esquerdo
hemisfeacuterio direito
Como Koestler disse primeiro (dividindo nosso ceacuterebro em reptiliano mamiacutefero e humano) e o modelo colocou de outro modo temos vaacuterios ceacuterebros em cada um de noacutes de fato reparando sermos um-em-dois eacute uma profusatildeo uma quantidade insuspeitada ainda mais porque vamos muito aleacutem do indiviacuteduo
Os paleontoacutelogos os arqueoacutelogos os antropoacutelogos e os geo-historiadores natildeo analisaram e porisso natildeo sintetizaram uma teoria-praacutetica coerente da convivecircncia um-uma e nem do conjunto da humanidade DO PONTO DE VISTA DA FUSAtildeO ou da tentativa constante dela exceto pelo lado do episoacutedico quer dizer de cada tentativa homem-mulher (ou outras) Mas esse vasto mecanismo no tempo e no espaccedilo natildeo foi visto a contento
a) GEO-HISTOacuteRIA DO CASAMENTO
1 casamento dos indiviacuteduos CASAMENTO PESSOAL
2 casamento das famiacutelias 3 casamento dos grupos 4 casamento das empresas (embora as empresas natildeo
prestem atenccedilatildeo se os indiviacuteduos no casamento natildeo satildeo estaacuteveis em todos os sentidos as empresas seratildeo afetadas com grandes danos)
b) 5 mediaccedilatildeo municipal-urbana
CASAMENTO COLETIVO
6 mediaccedilatildeo estadual 7 mediaccedilatildeo nacional 8 mediaccedilatildeo mundial O que quer dizer casamento 1 o que quer dizer ser o homem 2 o que quer dizer ser a mulher
Capiacutetulo 4
Casamento das Famiacutelias e Aleacutem
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UMA AacuteRVORE GENEALOacuteGICA Eacute UMA INDICACcedilAtildeO DE MISCIGENACcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS
O tempo todo em toda parte as pessoas estatildeo
miscigenando misturando indiviacuteduos formando famiacutelias estas grupos estes empresas e assim por diante Como diz o povo em toda parte a todo instante uma ldquoafliccedilatildeo de genterdquo estaacute se misturando sexualmente (homem e mulher) racialmente (negros brancos amarelos vermelhos) por idade (jovens e novos) por origem por classe social e segue
Onde fica a individualidade nisso tudo Essa individualidade QUE NAtildeO SE MISTURA eacute um defeito de visatildeo de nossas mentes racionais segregadoras Eacute verdade que somos indiviacuteduos poreacutem eacute verdade tambeacutem que natildeo somos
Primeiro haacute o aleacutem-de-mim que satildeo os ambientes e as pessoas natildeo-eu Depois temos TODAS AS MISTURAS de natildeo-eu (sexo raccedila idade origem classe e segue) de que dependo A seguir todo o saber natildeo-eu todas as memoacuterias e inteligecircncias que o mundo produz
Enfim o natildeo-eu eacute uma amplidatildeo para o passado e o futuro no presente abrindo-se em 200 naccedilotildees 4000 estados e o resto todo Em resumo natildeo-eu em relaccedilatildeo a eu eacute tanto mais aleacutem de mim que quase desapareccedilo
Sou metade com minha metade e soacute nesse par sou um embora metade 05 + 05 = 10 = casamento aleacutem desse par-de-
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defesa quer dizer aleacutem do casamento monogacircmico estatildeo as inumeraacuteveis facetas do mundo as complexidades ilimitadas que natildeo posso resolver
Entatildeo Natureza-Deus quebrou-nos em duas partes que devem voltar a se unir para produzir a necessidade de uniatildeo em famiacutelias e aleacutem para criar as sociedades
Capiacutetulo 5 Con-soacutecio de Construccedilatildeo
Entatildeo noacutes temos vaacuterios tipos de sociedades a) dentro de noacutes vieram nos montando todas as
sociedades que deram no indiviacuteduo por exemplo sociedade dos oacutergatildeos
b) a seguir nos unimos em famiacutelias com ou sem filhos (no meu caso tive dois grandes amigos)
c) e aiacute segue todos aqueles niacuteveis pessoais e ambientais De fato a vida eacute uma sociedade tremenda
i sociedades vitais (fungos plantas animais e primatas)
ii sociedades psicoloacutegicas (pessoas e ambientes)
Cada sociedade dessas abre-se em multiacuteplices camadas de complexidades complexidades quase indescritiacuteveis que os estudiosos penam para descrever apenas no niacutevel bioloacutegico-p2 No niacutevel psicoloacutegico-p3 claro eacute muito mais difiacutecil chega a ser impossiacutevel pois estamos dentro Natildeo existe nenhum SUPERMUNDO que esteja de fora olhando o mundo somos noacutes as mesmas cabeccedilas individuais que ousam pensar a totalidade dividindo-a e subdividindo-a em numerosas fraccedilotildees trataacuteveis
NOacuteS NOS SENTIMOS ESMAGADOS PELA CRESCENTE COMPLEXIDADE (eacute preciso comeccedilar urgentemente o processo de re-uniatildeo)
12
Quanto mais tentamos alisar
mais o cabelo embola
Uma galaacutexia de dados e nem haacute um centro
gravitacional O meacutetodo cientiacutefico redutor eacute muito bom produziu a
maioria das coisas que vemos e grande parte de nossas liberdades (e prisotildees) atuais Contudo tambeacutem foi ruim porque o redutor (e ampliador) levou ao reducionismo a superafirmaccedilatildeo da reduccedilatildeo Jaacute que funcionava tatildeo bem as pessoas natildeo se preocuparam com um meacutetodo cientiacutefico ampliador
Em particular a Ciecircncia geral natildeo ajudou a colar homem e mulher despedaccedilados nem as famiacutelias nem os grupos nem mesmo coisa alguma na verdade ajudou a rebentar Natildeo fez de noacutes felizes criaturas re-unidas fez de noacutes consumidores seres infelizes superconsumindo e mesmo assim incapazes de chegar agrave felicidade ainda que livres para procuraacute-la
A re-uniatildeo deve comeccedilar pela re-uniatildeo do par fundamental Re-construir a famiacutelia eacute fundamental
Capiacutetulo 6 Feliz-Cidade
Se a cidade eacute apesar de tudo feliz se eacute feliz-cidade eacute
porque o trabalho eacute muito dividido e enquanto estou de feacuterias deitado na rede por toda parte milhotildees estatildeo se azafamando trabalhando continuamente com afinco se tiro um mecircs de feacuterias nem um dia de mim vai trabalhar ndash por 30 dias eu falto ao trabalho sem que o trabalho falte a mim
Minha casa continua comendo bebendo e fazendo todas as competentes graccedilas que nos datildeo E por toda parte milhotildees operam com vigor quando estou dormindo Se algueacutem entra em coma natildeo acorda num mundo destruiacutedo na sua ausecircncia todos continuaram a trabalhar diligentemente
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O FORMIGUEIRO CONTINUA DIA E NOITE
Eu formiguinha formiguinha vocecirc VIDA DE FORMIGA Z NO FORMIGUEIRO Z (Woody Allen interpreta o filho quinto-milhatildeo Z pois existe todo um abecedaacuterio de formigas e formigueiros com iacutendices e sub-iacutendices)
A formiga Z se apaixona pela princesa Bala e termina enfrentando os desafios do mundo exterior e o impiedoso General Mandiacutebula Com vozes de Woody Allen Sharon Stone Jennifer Lopez Gene Hackman e Sylvester
Stallone
Ficha Teacutecnica Elenco
Sinopse Criacuteticas
Pocircsters
Imagens Trailers
Premiaccedilotildees Curiosidades
Ficha Teacutecnica
Tiacutetulo Original AntZ Gecircnero Animaccedilatildeo Computadorizada Tempo de Duraccedilatildeo 82 minutos Ano de Lanccedilamento (EUA) 1998
Site Oficial wwwpepsicomantz Estuacutedio DreamWorks SKG Pacific Data Images
Distribuiccedilatildeo DreamWorks Distribution LLC UIP Direccedilatildeo Eric Darnell e Tim Johnson
Roteiro Todd Alcott Chris Weitz e Paul Weitz Produccedilatildeo Brad Lewis Aron Warner e Patty Wooton Muacutesica Harry Gregson-Williams e John Powell
Desenho de Produccedilatildeo John Bell
Direccedilatildeo de Arte Kendall Crockhite Ediccedilatildeo Stan Webb
Efeitos Especiais Pacific Data Images Elenco (Vzes)
Woody Allen (Z) Sharon Stone (Princesa Bala)
Gene Hackman (General Mandiacutebula) Jennifer Lopez (Azteca) Danny Glover (Barbatus)
Sylvester Stallone (Weaver)
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Christopher Walken (Coronel Cutter) Dan Akroyd (Chip)
Anne Bancroft (Rainha) Jane Curtin (Muffy)
Paul Mazursky (Psicoacutelogo)
Sinopse A formiguinha Z eacute apenas um operaacuterio que sonha roubar o coraccedilatildeo da princesa Bala Para isso convence seu amigo
soldado a trocar de lugar com ele o que faz com que tenha que enfrentar o impiedoso General Mandiacutebula que planeja
uma grande ofensiva contra o formigueiro
A formiguinha tendo ao fundo o
formigueiro
Um dos formigueiros sem que se veja
uma soacute formiguinha Isto eacute a Terra o terraacuterio-aquaacuterio da humanidade a gaiola
redonda dos loucos de pedra Somos 66 bilhotildees de formigas dentro deste formigueiro-mundo
E NOacuteS AINDA PARTILHAMOS A TERRAARAacuteGUA (aqui as aves)
Em resumo embora nos vejamos como indiviacuteduos na
verdade somos um CORRELATIVO DE EMPREENDIMENTOS em furiosa mutaccedilatildeo tempespacial
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Capiacutetulo 7 Espaccedilotempo de Reuniatildeo
Pois entatildeo eacute hora de re-unir a humanidade de fazer
cessar o pecado original divisor RE-FAZENDO famiacutelia natildeo mais ilha Famiacutelias de todos os tipos com todas as uniotildees todas as misturas
Eacute preciso eacute fundamental que os governos de todo o
mundo invistam maciccedilamente na reuniatildeo dos pares fundamentais nos casamentos no estudo das uniotildees estaacuteveis na restauraccedilatildeo no contorno natildeo-forccedilado dos divoacutercios e separaccedilotildees digamos com um periacuteodo de experiecircncia antes da consagraccedilatildeo do casamento uniotildees-em-experiecircncia
A gestaccedilatildeo da nova famiacutelia deve ser o mote deste seacuteculo XXI todo e do futuro
Vitoacuteria quinta-feira 12 de marccedilo de 2009 Joseacute Augusto Gava
Anexos Capiacutetulo 5
O MEacuteTODO CIENTIacuteFICO REDUTOR (logo de cara esse quebrar em partes rompe os viacutenculos da totalidade da funcionabilidade total)
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II2 Caracteriacutesticas do meacutetodo cientiacutefico O meacutetodo dedutivo o meacutetodo indutivo e o meacutetodo
hipoteacutetico-dedutivo satildeo os trecircs meacutetodos cientiacuteficos a que se refere a denominaccedilatildeo geneacutetica de meacutetodo cientiacutefico A primeira caracteriacutestica do meacutetodo cientiacutefico eacute a sua
natureza convencional a de servir de marco de geraccedilatildeo do conhecimento objetivo Por isso existem muacuteltiplas caracteriacutesticas em funccedilatildeo da perspectiva com que se
classifiquem se estudem e inclusivamente se denominem A primeira que me chama a atenccedilatildeo eacute o fato de que os dois primeiros tecircm um nome difiacutecil de distinguir visto que no acircmbito linguumliacutestico podem representar um soacute conceito com
duas manifestaccedilotildees raciociacutenio numa direccedilatildeo ou na contraacuteria do geral para o particular ou vice-versa
O problema logicamente deriva da dificuldade conceptual de separar um meacutetodo cientiacutefico de outro de uma forma clara evidentemente os termos escolhidos natildeo ajudam a
reter na memoacuteria estes dois conceitos de meacutetodo cientiacutefico Tambeacutem natildeo ajuda muito a denominaccedilatildeo do
terceiro meacutetodo cientiacutefico Uma caracteriacutestica de ambos meacutetodos eacute que podem ir do
geral para o particular ou vice-versa num sentido ou no inverso Ambos utilizam a loacutegica e chegam a uma conclusatildeo
Em uacuteltima instacircncia sempre tecircm elementos filosoacuteficos subjacentes
Ambos costumam ser susceptiacuteveis de verificaccedilatildeo empiacuterica Ainda que o meacutetodo dedutivo seja mais proacuteprio das ciecircncias formais e o indutivo das ciecircncias empiacutericas nada impede a aplicaccedilatildeo indistinta de um meacutetodo cientiacutefico ou outro a
uma teoria concreta Para mim sem pretender entrar em polecircmica neste tema a diferenccedila fundamental entre o meacutetodo dedutivo e o meacutetodo indutivo eacute que o primeiro aspira a demonstrar mediante a loacutegica pura a conclusatildeo na sua totalidade a partir de
umas premissas de maneira que se garante a veracidade das conclusotildees se natildeo se invalida a loacutegica aplicada Trata-se do modelo axiomaacutetico proposto por Aristoacuteteles como meacutetodo
cientiacutefico ideal Pelo contraacuterio o meacutetodo indutivo cria leis a partir da
observaccedilatildeo dos fatos mediante a generalizaccedilatildeo do comportamento observado na realidade o que realiza eacute uma espeacutecie de generalizaccedilatildeo sem que atraveacutes da loacutegica possa conseguir uma demonstraccedilatildeo das citadas leis ou conjunto de
conclusotildees As referidas conclusotildees poderiam ser falsas e ao mesmo tempo a aplicaccedilatildeo parcial efetuada da loacutegica poderia manter a sua validade por isso o meacutetodo indutivo necessita de uma condiccedilatildeo adicional a sua aplicaccedilatildeo
considera-se vaacutelida enquanto natildeo se encontrar nenhum caso que natildeo cumpra o modelo proposto
O meacutetodo hipoteacutetico-dedutivo ou de verificaccedilatildeo de hipoacuteteses natildeo coloca em princiacutepio nenhum problema visto
que a sua validade depende dos resultados da proacutepria verificaccedilatildeo
Este meacutetodo cientiacutefico costuma utilizar-se para melhorar ou precisas teorias preacutevias em funccedilatildeo de novos
conhecimentos nas quais a complexidade do modelo natildeo permite formulaccedilotildees loacutegicas Portanto tem um caraacuteter
predominantemente intuitivo e necessita natildeo soacute para ser rejeitado mas tambeacutem para impor a sua validade a
verificaccedilatildeo das suas conclusotildees
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Poderia propor-se para estas trecircs variantes do meacutetodo cientiacutefico a denominaccedilatildeo de meacutetodo dedutivo meacutetodo
intuitivo e meacutetodo experimental ou meacutetodo de verificaccedilatildeo ou qualquer conjunto de palavras que faccedilam referecircncia agraves suas diferenccedilas fundamentais e natildeo coloquem problemas agrave memoacuteria linguumliacutestica Natildeo obstante nesta exposiccedilatildeo
manterei a nomenclatura geralmente utilizada A Teoria Geral da Evoluccedilatildeo Condicionada da Vida seria em
princiacutepio uma teoria baseada no meacutetodo hipoteacutetico-dedutivo ou meacutetodo de verificaccedilatildeo de hipoacuteteses
A teoria de Darwin pelo contraacuterio estaria enquadrada no meacutetodo indutivo mas que apesar de encontrar exemplos contraacuterios natildeo se invalida adeacutequa-se para encaixar
qualquer triacircngulo Porque seraacute
Como se disse anteriormente toda a teoria deve ser resistente agrave sua refutaccedilatildeo contudo uma teoria que natildeo pode ser refutada por nenhum fato concebiacutevel natildeo eacute
cientiacutefica A impossibilidade de refutaccedilatildeo de uma teoria cientiacutefica natildeo eacute uma virtude mas sim um viacutecio
TEORIA SOBRE O MEacuteTODO CIENTIacuteFICO EM BUSCA DE UM MODELO UNIFICANTE PARA AS CIEcircNCIAS
E DE UM RETORNO Agrave UNIVERSIDADE CRIATIVA I -- INTRODUCcedilAtildeO
Alberto Mesquita Filho Comeccedilo regra geral as minhas liccedilotildees sobre Meacutetodo
Cientiacutefico dizendo aos meus alunos que o meacutetodo cientiacutefico natildeo existe Acrescento que tenho obrigaccedilatildeo de saber isso tendo eu sido durante algum tempo pelo menos o uacutenico professor desse inexistente assunto em toda a Comunidade
Britacircnica
Tendo entatildeo explicado aos meus alunos que natildeo haacute essa coisa que seria o meacutetodo cientiacutefico apresso-me a comeccedilar o meu discurso e ficamos ocupadiacutessimos Pois um ano mal chega para roccedilar a superfiacutecie mesmo de um assunto
inexistente Karl R Popper [1]
Resumo Este artigo eacute o primeiro de uma seacuterie de artigos relacionados agrave metodologia cientiacutefica e cuja temaacutetica foi dividida em cinco toacutepicos principais Corresponde a uma
versatildeo atualizada de consideraccedilotildees expressas pelo autor a partir de 1983 em livros artigos e conferecircncias citados no texto colaborou para esta atualizaccedilatildeo a experiecircncia adquirida pelo autor no processo de remodelaccedilatildeo da Proacute-Reitoria Comunitaacuteria da USJT (1992-1993) bem como aquela adquirida junto aos demais membros da equipe criada pelos Conselhos Superiores da USJT (1994) --expandida em 1995--
com a finalidade de implantar o Centro de Pesquisa da USJT Os conceitos foram axiomatizados de forma a darem
corpo a uma nova teoria sobre o meacutetodo cientiacutefico permitindo mesmo a constataccedilatildeo de possiacuteveis aplicaccedilotildees dentro de um contexto abrangente tais como 1) a teoria
fornece os meios necessaacuterios para que se promova a integraccedilatildeo das ciecircncias e 2) propicia a sustentaccedilatildeo de um projeto visando a caracterizar a universidade como o local apropriado para a formaccedilatildeo de cientistas Os cinco
toacutepicos a serem abordados satildeo pela ordem I - Introduccedilatildeo na qual eacute proposta a regra delimitante da ciecircncia II - O macromeacutetodo cientiacutefico e a Histoacuteria da Ciecircncia III - O
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papel da universidade na produccedilatildeo de conhecimentos IV - O meacutetodo cientiacutefico propriamente dito a) A teoria da
praacutetica em ciecircncia b) A praacutetica da teorizaccedilatildeo cientiacutefica V - O micromeacutetodo cientiacutefico e a Filosofia da Ciecircncia Os demais toacutepicos estatildeo em fase de projeto natildeo havendo portanto previsatildeo quanto agrave eacutepoca de publicaccedilatildeo []
1 Colocaccedilatildeo do problema Meacutetodo entre outras coisas significa caminho para chegar
a um fim ou pelo qual se atinge um objetivo Que dizer entatildeo do meacutetodo cientiacutefico [2] Poderia dizer que eacute o caminho trilhado pelo cientista quando em busca de verdades cientiacuteficas
Afirma-se com grande frequumlecircncia que o cientista eacute aquele que se utiliza do meacutetodo cientiacutefico Os que aceitam esta
Percebam que estou meramente jogando com as palavras e associando-as ao conceito de
meacutetodo acima postulado Quais satildeo as verdades cientiacuteficas O que eacute ser cientista O que eacute ciecircncia Existe uma ciecircncia uacutenica Quando nos reportamos a uma hipoteacutetica linha demarcatoacuteria a separar o que julgamos
ser uma verdade cientiacutefica de outras possiacuteveis verdades a que nos estamos referindo
verdade --e haacute muitos que o fazem-- devem procurar uma conceituaccedilatildeo para meacutetodo cientiacutefico diferente da exposta no paraacutegrafo anterior sob pena de andarem em ciacuterculo Ou definimos cientista a partir da definiccedilatildeo de meacutetodo frac34algo tentado por Popper ao propor o falsificacionismo [3]frac34 ou definimos meacutetodo a partir da definiccedilatildeo de cientista do contraacuterio natildeo chegamos a nada Conservarei a ideacuteia de meacutetodo cientiacutefico como caminho trilhado pelo cientista
2 O que eacute ciecircncia
com o que estou assumindo o risco de ter que definir ciecircncia eou cientista Eacute o que tentarei fazer nesta
introduccedilatildeo
Natildeo eacute faacutecil definir ciecircncia e satildeo inuacutemeros os tratados sobre o assunto a abordarem esta dificuldade Ao leitor
principiante em ciecircncia e que queira penetrar na complexidade do tema ou entatildeo perceber a quantas anda nossa ignoracircncia a respeito sugiro se tiver pendores
filosoacuteficos que comece pelo livro de Chalmers (1976) [4] ou entatildeo se preferir algo mais ameno e mais voltado agrave
praacutetica cientiacutefica pelo livro de Beveridge (1980) [5] Ao leitor acomodado e que natildeo tenha amplo conhecimento do
assunto ou mesmo para aquele que pretenda prosseguir com esta leitura ciente de que eacute possiacutevel pelo menos em niacutevel conjetural enfrentar o desafio apontado relatarei aqui a
conclusatildeo de um ensaio que sintetiza uma ideacuteia que me ocorreu haacute cerca de dez anos [6] e que apresentei na
sessatildeo de debates da mesa redonda A Pesquisa na Universidade Particular ocorrida por ocasiatildeo da IV Semana de Psicologia da USJT (1994) com as seguintes palavras Vejo a ciecircncia como a aacuterea do conhecimento que se apoacuteia natildeo num meacutetodo mas sim na regra da repetitividade a que
eu tenho chamado de regra cientiacutefica fundamental Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que
pesquisado se repetiu eacute de se admitir que em futuras verificaccedilotildees o mesmo suceda [7]
A regra cientiacutefica fundamental conquanto aceita intuitivamente por todos os cientistas ocupa entre os mesmos e ateacute entre os filoacutesofos da ciecircncia um papel
secundaacuterio quando natildeo totalmente ignorada Via de regra considera-se a ciecircncia como que apoiada em regras outras
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como por exemplo o princiacutepio da causalidade de Kant a regra metodoloacutegica de Popper que se associa a seu meacutetodo
dedutivo de prova o princiacutepio ou argumento indutivista e as regras ou criteacuterios de utilidade Como posiccedilotildees
extremas e apoiadas em regras mais riacutegidas podemos citar a visatildeo paradigmaacutetica de Thomas Kuhn a defender o
dogmatismo cientiacutefico o ponto de vista de Chalmers a questionar a argumentaccedilatildeo filosoacutefica no que diz respeito agrave delimitaccedilatildeo da ciecircncia e a visatildeo anarquista de Feyerabend
a se opor frontalmente ao racionalismo em ciecircncia A fim de ilustrar o comentado no paraacutegrafo anterior
vejamos como Thomas Kuhn (1962) --defensor de uma posiccedilatildeo cientiacutefico-filosoacutefica incompatiacutevel com a que aqui pretendo apresentar-- retrata a importacircncia da repetitividade dos eventos como algo a semear o surgimento de novas ideacuteias Existem em princiacutepio somente trecircs tipos de fenocircmenos a propoacutesito dos quais pode ser desenvolvida uma nova teoria O primeiro tipo compreende os fenocircmenos jaacute bem explicados
pelos paradigmas existentes Tais fenocircmenos raramente fornecem motivos ou um ponto de partida para a construccedilatildeo de uma teoria Quando o fazem as teorias resultantes raramente satildeo aceitas visto que a natureza natildeo proporciona nenhuma base para uma discriminaccedilatildeo entre as alternativas Uma segunda classe de fenocircmenos compreende aqueles cuja
natureza eacute indicada pelos paradigmas existentes mas cujos detalhes somente podem ser entendidos apoacutes uma maior
articulaccedilatildeo da teoria Os cientistas dirigem a maior parte de sua pesquisa a esses fenocircmenos mas tal pesquisa visa antes agrave articulaccedilatildeo dos paradigmas existentes do que agrave invenccedilatildeo de novos Somente quando esses esforccedilos de articulaccedilatildeo fracassam eacute que os cientistas encontram o
terceiro tipo de fenocircmeno as anomalias reconhecidas cujo traccedilo caracteriacutestico eacute a sua recusa obstinada a serem
assimiladas aos paradigmas existentes Apenas esse uacuteltimo tipo de fenocircmeno faz surgir novas teorias [8]
Ora se um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se recusou obstinadamente a ser assimilado aos paradigmas
existentes e se esta recusa eacute quem orienta a caracterizaccedilatildeo de novas teorias e mais se a ciecircncia eacute fundamentalmente o conjunto das ideacuteias e teorias geradas pela mente humana bem como a aplicaccedilatildeo pelo homem dessas ideacuteias e teorias em busca de um relacionamento sadio com a natureza e com os seus semelhantes podemos sossegadamente
concluir que ciecircncia eacute o processo pelo qual o homem se relaciona com os fenocircmenos universais que se sujeitam agrave
regra cientiacutefica fundamental 3 O ser cientista
Cientista diz-nos Ferreira (1986) eacute a pessoa que cultiva ou que eacute especialista em alguma ciecircncia ou em ciecircncias
[9] e ciecircncia eacute um processo definido no item anterior Se aceitarmos estas premissas concluiremos que o conhecimento
cientiacutefico eacute aquele factiacutevel de reproduccedilatildeo enquanto o cientista eacute aquele que de alguma forma cultiva esses conhecimentos Eacute importante aqui salientar que muitas
vezes o que se espera reproduzir eacute um dado probabiliacutestico Por exemplo se dissermos que 80 das moleacuteculas de um gaacutes
satildeo do elemento quiacutemico oxigecircnio isto natildeo significa estarmos afirmando ser oxigecircnio esta ou aquela moleacutecula objeto de verificaccedilatildeo experimental o que a regra nos
preconiza eacute que independentemente de qual cientista for tentar reproduzir a medida ou do local escolhido para que
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esta segunda medida seja efetuada observando-se as condiccedilotildees em que a mesma foi realizada anteriormente o
valor obtido concordaraacute com o valor precedente dentro de uma margem de erro tambeacutem estimaacutevel por meacutetodos
experimentais Todos noacutes vez ou outra nos comportamos como cientistas Ser cientista natildeo eacute possuir um roacutetulo mas sim postar-se com uma atitude cientiacutefica por outro lado mesmo aquele que se diz cientista vez ou outra assume atitudes natildeo cientiacuteficas e penetra em terrenos apoiados em regras
proacuteprias ou ateacute mesmo sem regras O roacutetulo eacute frequumlentemente utilizado quando queremos nos referir agraves
pessoas que se utilizam de seus talentos cientiacuteficos como meio de vida seriam entatildeo os cientistas profissionais A filosofia por exemplo eacute um campo de atuaccedilatildeo bem mais
abrangente que aquele ditado pela regra cientiacutefica fundamental Poderiacuteamos dizer que a filosofia comporta a
ciecircncia ainda que esta ideacuteia natildeo agrade a alguns cientistas mas jamais poderiacuteamos dizer e quanto a isso
todos satildeo concordes que a ciecircncia comporta a filosofia O bom cientista utiliza-se da filosofia da mesma forma que a maioria dos indiviacuteduos com sede se utilizam do copo Outras
aacutereas do conhecimento seriam 1) o ocultismo frac34e aqui poderiacuteamos incluir a tiacutetulo de exemplo a alquimia e a astrologia 2) as artes frac34e vale a pena aqui frisar que a arte pode ser encarada cientificamente postura esta que foi frequumlentemente adotada por Leonardo da Vinci [10] e defendida em sua Teoria do Conhecimento 3) a teologia
etc A busca pela verdade que tambeacutem eacute objetivo da grande maioria destas aacutereas natildeo cientiacuteficas segue-se por caminhos nem sempre limitados ou compatiacuteveis com a regra cientiacutefica
fundamental O cultivo da ciecircncia pode se dar atraveacutes da observaccedilatildeo de alguns ou todos dentre seus objetivos nobres quais sejam
1) aquisiccedilatildeo transmissatildeo e aplicaccedilatildeo de conhecimentos cientiacuteficos jaacute sistematizados e 2) produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
de novos conhecimentos Visto sob este acircngulo satildeo cientistas 1) o estudioso eou o professor eou o
profissional bacharel em quaisquer das ciecircncias 2) o tecnoacutelogo 3) o pesquisador em aacutereas cientiacuteficas 4) o
teorizador em ciecircncias 5) e o autor de artigos cientiacuteficos relatando ideacuteias proacuteprias eou revisotildees bibliograacuteficas Sob um ponto de vista mais rigoroso o cientista seria apenas aquele capaz de dominar as teacutecnicas inerentes a todos os
objetivos nobres acima apontados Nem tanto ao ceacuteu nem tanto agrave terra Percebam que jaacute
conceituamos ciecircncia e jaacute conseguimos ir aleacutem a ponto de fornecer dados para que se analise o comportamento daqueles
que trabalham em ciecircncia Observado este comportamento poderiacuteamos assumir como cientistas aqueles que realmente contribuem para o progresso das ciecircncias Adotarei esta
postura mas gostaria de esclarecer conforme seraacute comentado oportunamente que a noccedilatildeo de progresso aqui defendida eacute um pouco mais abrangente do que aquela
preconizada pelos pensadores iluministas [11] que tanto influenciaram os positivistas Aceita esta premissa frac34a de que cientistas satildeo somente aqueles que real e diretamente [12] contribuem para o progresso das ciecircnciasfrac34 suponha que consigamos caracterizar os cientistas assim definidos como aqueles que ao contribuir para o progresso das
ciecircncias se utilizam de um meacutetodo comum a que chamaremos
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meacutetodo cientiacutefico Poderemos entatildeo afirmar e natildeo se trata aqui da busca por uma definiccedilatildeo que o cientista eacute aquele que se utiliza do meacutetodo cientiacutefico o raciociacutenio ciacuteclico da forma como foi agora utilizado estaacute livre de consequumlecircncias funestas Notem com o auxiacutelio da figura 1 a sintetizar as ideacuteias principais aqui focalizadas que do ponto de vista conceitual natildeo estamos andando em ciacuterculo
REGRA CIENTIacuteFICA FUNDAMENTAL
Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu eacute de se admitir que em futuras
verificaccedilotildees o mesmo suceda
DEFINICcedilAtildeO DE CIEcircNCIA
Ciecircncia eacute o processo pelo qual o homem se relaciona com os fenocircmenos universais que se sujeitam agrave regra cientiacutefica
fundamental
OBSERVACcedilAtildeO DO COMPORTAMENTO DOS QUE TRABALHAM EM CIEcircNCIA
VERIFICACcedilAtildeO DE QUE ALGUNS CONTRIBUEM PARA O PROGRESSO DAS CIEcircNCIAS
Cientista eacute todo ser racional que contribui diretamente para o progresso das ciecircncias
CONSTATACcedilAtildeO DE QUE ESTES SE UTILIZAM DE UM MEacuteTODO COMUM
Figura 1 - Para explicaccedilatildeo vide texto Resta-nos entatildeo para que a ideacuteia ganhe em consistecircncia comprovar a existecircncia de um uacutenico meacutetodo cientiacutefico e
isto natildeo parece ser uma tarefa faacutecil Antes de enfrentarmos esta dificuldade vamos verificar como as ideacuteias aqui apresentadas se conformam a conceitos classicamente
adotados como modelos de meacutetodo cientiacutefico
[] Muitos dentre esses toacutepicos satildeo apresentados em um contexto diverso em
Referecircncias
Ensaios sobre a Filosofia da Ciecircncia ou entatildeo em outros artigos expostos acima na
seccedilatildeo Temas relacionados [1] POPPER K R 1956 Acerca da inexistecircncia do meacutetodo
cientiacutefico in Prefaacutecio da ediccedilatildeo de 1956 do livro O realismo e o objetivo da ciecircncia
[2] FERREIRA A B H 1986
Publicaccedilotildees Dom Quixote (traduccedilatildeo) Lisboa 1987 Este prefaacutecio foi lido num
encontro dos Fellows of Center for Advanced Study in the Behavioral Sciences em Stanford Califoacuternia em novembro
de 1956 Novo dicionaacuterio da liacutengua
portuguesa[3] POPPER K R (1959)
Ed Nova Fronteira Rio de Janeiro p 1128 A loacutegica da pesquisa
cientiacutefica Ed Cultrix (traduccedilatildeo 1975) Satildeo Paulo
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[4] CHALMERS A F 1976 (traduccedilatildeo 1993) O que eacute ciecircncia afinal[5] BEVERIDGE W I B 1980
Ed Brasiliense Satildeo Paulo 225 p Sementes da descoberta
cientiacutefica[6] MESQUITA Fdeg A 1987
Edusp (traduccedilatildeo) Satildeo Paulo Confesso que blefei --
Fiacutesica antiga vs moderna
[7] Perguntas e Debates 1995 item V
editado pela USJT (na eacutepoca Faculdades Satildeo Judas Tadeu) Satildeo Paulo capiacutetulo 13 A
Ciecircncia Existe p 92-8 Sobre Pesquisa e
Filosofia da Ciecircncia p 75 in EspecialIntegraccedilatildeo A pesquisa na universidade particular Integraccedilatildeo
[8] KUHN T S 1962 (traduccedilatildeo 1975)
I(1)51-75 1995 Este ensaio foi tambeacutem apresentado e discutido em palestra (natildeo publicada) que ministrei por ocasiatildeo da
Semana de Filosofia da USJT de 1994 A estrutura das
revoluccedilotildees cientiacuteficas Ed Perspectiva Satildeo Paulo 257 pp capiacutetulo 8 A natureza e a necessidade das revoluccedilotildees
cientiacuteficas[9] FERREIRA 1986 Idem p 404
p 131 [Os grifos satildeo meus]
[10] Leonardo da Vinci in The New Encyclopaedia Britannica Vol 22 (Macropaedia) Enc Brit Inc
Chicago 1993 p 946 (Leonardo as artist-scientist[11] SANTOS G T
) Os caminhos do pensamento cientiacutefico a
partir do Iluminismo Integraccedilatildeo I(5)131-6 1996 conferecircncia proferida por ocasiatildeo da Semana de Filosofia da USJT de 1995 Na sessatildeo de debates Santos dentre outras consideraccedilotildees interessantes a respeito faz a
seguinte observaccedilatildeo O progresso como vai ser definido no Iluminismo eacute uma noccedilatildeo de abandono passa pelo abandono necessaacuterio de coisas que ficaram ou que deveratildeo ficar no
passado[12] O termo diretamente aqui empregado eacute essencial a natildeo ser levado em conta corremos o risco de considerar
como cientistas dentre outros os mecenas que no passado contribuiacuteram de maneira indireta para o progresso
das ciecircncias
O argumento indutivista Uma criacutetica imparcial conquanto demolidora ao
indutivismo eacute apresentada por Chalmers nos trecircs primeiros capiacutetulos de seu livro [13] Veremos aqui apenas alguns toacutepicos interessantes do ponto de vista epistemoloacutegico
eou necessaacuterios para um melhor entendimento da teoria ora sendo apresentada
Um sumaacuterio completo do argumento indutivista da ciecircncia estaacute esquematizado na figura 2 adaptada de Chalmers [14]
Chama a atenccedilatildeo a omissatildeo da deduccedilatildeo de hipoacuteteses o indutivista admite ser possiacutevel partir da observaccedilatildeo e chegar a leis apelando exclusivamente ao raciociacutenio
indutivo O meacutetodo indutivo baseia-se na crenccedila de que eacute possiacutevel confirmar um enunciado universal (lei) atraveacutes de um certo nuacutemero de observaccedilotildees singulares Via de regra
quando se questiona o indutivista a respeito da omissatildeo da hipoacutetese ele logo repete uma frase de Newton Natildeo faccedilo
hipoacuteteses Obviamente este indutivista ingecircnuo ouviu esta frase sabe que foi proferida por Newton mas demonstra
natildeo saber a que Newton estava se referindo A hipoacutetese a que Newton se refere natildeo eacute a mesma que hoje se conceitua nos tratados de metodologia cientiacutefica ou de estatiacutestica Newton deixou bastante claro em sua obra que natildeo fazia como cientista especulaccedilotildees ou conjecturas infundadas No
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que se refere a hipoacuteteses no contexto em que o termo eacute hoje aceito rariacutessimos foram os cientistas que em sua
fase produtiva as levantaram em nuacutemero tal cuja ordem de grandeza se aproximasse daquela atingida por Newton
O argumento indutivista baseia-se na crenccedila no princiacutepio da induccedilatildeo que dentre outras formas pode ser enunciado como Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno
sempre que pesquisado se repetiu em futuras verificaccedilotildees o mesmo sucederaacute
Figura 2 - O argumento indutivista (segundo Chalmers)
[15] Escolhi esta versatildeo para que fique claro o contraste entre o princiacutepio da induccedilatildeo e a regra
cientiacutefica fundamental expliacutecita na figura 1 Trecircs comentaacuterios merecem ser feitos a respeito 1) Conquanto
seja usado como regra metodoloacutegica o princiacutepio da induccedilatildeo natildeo define o nuacutemero de observaccedilotildees singulares a permitir uma generalizaccedilatildeo (obtenccedilatildeo de leis) 2) Esta e outras falhas conceituais inerentes ao argumento indutivista propiciam interpretaccedilotildees ingecircnuas ao princiacutepio conforme
veremos abaixo 3) O princiacutepio sem perder em generalidade no que diz respeito agraves premissas (tem o
mesmo campo de atuaccedilatildeo que a regra cientiacutefica fundamental) e para que possa caracterizar-se como metodoloacutegico e natildeo apenas norteador torna-se mais
restritivo que a regra cientiacutefica fundamental frac34afirma ao inveacutes de suporfrac34 Consequumlentemente os que abraccedilam esta ideologia devem procurar por uma outra definiccedilatildeo de ciecircncia que natildeo a apresentada no item 2 e figura 1 As
consequumlecircncias epistemoloacutegicas daiacute resultantes seratildeo objeto de discussatildeo em itens posteriores
O indutivista ingecircnuo eacute aquele que dentre outras falhas conceituais eou de raciociacutenio consegue provar
cientificamente por exemplo a inexistecircncia de Deus pelo simples fato de Deus natildeo se manifestar a ele tendo em vista que ele natildeo possui uma regra para delimitar a ciecircncia que natildeo seja o princiacutepio da causalidade --natildeo haacute efeito sem causa-- ele tenta inverter o princiacutepio frac34que no caso ficaria natildeo haacute causa sem efeitofrac34 e apelando para o argumento indutivista consegue por meacutetodos cientiacuteficos chegar a conclusotildees natildeo cientiacuteficas frac34no caso teoloacutegicas Mais comum no entanto eacute o erro agora natildeo tatildeo ingecircnuo cometido por alguns indutivistas que conseguem provar cientificamente que todas as maccedilatildes satildeo vermelhas prova esta vaacutelida somente ateacute o dia em que eles se
depararem com maccedilatildes verdes Neste caso a falha decorre da crenccedila num meacutetodo repleto de incoerecircncias internas
5 O argumento dedutivista
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O argumento dedutivista ainda que natildeo isento de criacuteticas representou sem duacutevida alguma uma evoluccedilatildeo no sentido em que propiciou uma metodologia cientiacutefica dotada de
coerecircncia interna A esse respeito eacute dito com frequumlecircncia que o raciociacutenio dedutivo constitui o
argumento da loacutegica A fim de padronizar comparaccedilotildees apresentarei o argumento
dedutivista como apoiado no seguinte princiacutepio Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa para que seja hipoacutetese deveraacute ser
passiacutevel de verificaccedilatildeo observacional A figura 3 ilustra a proposiccedilatildeo deste argumento
Eacute importante observar que nem toda a afirmaccedilatildeo deduzida seraacute uma hipoacutetese motivo pelo qual natildeo utilizamos o argumento loacutegico se e somente se ao enunciarmos o
princiacutepio
Figura 3 - O argumento dedutivista
[16] Em particular eacute de se ressaltar a opiniatildeo de Severino (1994) a respeito
Eacute preciso natildeo confundir hipoacutetese com pressuposto com evidecircncia preacutevia
Hipoacutetese eacute o que se pretende demonstrar e natildeo o que jaacute se tem
demonstrado [17] A loacutegica dedutiva ao caminhar do geral para o particular
nos garante a formulaccedilatildeo de hipoacuteteses e hipoacutetese comprovada atraveacutes de uma observaccedilatildeo controlada (teste eou experiecircncia) nos permite suspeitar atraveacutes de um raciociacutenio indutivo (do singular para o geral) sua condiccedilatildeo de lei Observem o cuidado na colocaccedilatildeo das palavras Eu disse nos permite suspeitar e natildeo nos
permite garantir Por que esse cuidado A experimentaccedilatildeo natildeo nos garante verdades A esse respeito Popper assim se
referiu Natildeo haacute um meacutetodo para determinar se
uma hipoacutetese eacute lsquoprovaacutevelrsquo ou provavelmente verdadeira [18]
Eacute interessante notar que algumas limitaccedilotildees inerentes ao indutivismo e que propiciam o aparecimento de conclusotildees ingecircnuas satildeo aqui substituiacutedas por uma impossibilidade
Sob esse aspecto o dedutivismo natildeo solucionou o problema mas simplesmente reduziu a possibilidade de que se
cometessem determinados raciociacutenios ingecircnuos Rigorosamente falando o problema natildeo eacute tatildeo insoluacutevel
assim Seraacute insoluacutevel tatildeo-somente para aqueles que julgam estar cientificamente buscando por verdades absolutas A verdade cientiacutefica e soacute o leigo talvez natildeo saiba eacute uma
verdade provisoacuteria tomada por empreacutestimo da natureza e da forma como ela se nos aparenta ser As verdades
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cientiacuteficas de hoje seratildeo quando natildeo negadas lapidadas e reformuladas amanhatilde Se chegaremos ou natildeo por meacutetodos
cientiacuteficos agrave verdade absoluta eacute um questionamento que a ciecircncia natildeo estaacute aparelhada para responder E talvez nunca esteja o que natildeo nos impede de que continuemos procurando
pela verdade Popper foi mais aleacutem demonstrando ser impossiacutevel ateacute mesmo probabilizar uma afirmaccedilatildeo comprovada por um
raciociacutenio que siga a metodologia dedutiva (incluindo e eacute aiacute que reside o problema principal do meacutetodo a induccedilatildeo -- vide lado direito da figura 3) A esse respeito Popper
propotildee a substituiccedilatildeo do termo probabilizar por corroborar Uma hipoacutetese seria tanto mais corroboraacutevel quanto mais propiciasse verificaccedilotildees experimentais e teria sido tanto mais corroborada e natildeo haacute como se
atribuir nuacutemeros probabiliacutesticos a esse efeito quanto mais resistisse a essas verificaccedilotildees Siegel (1977
traduccedilatildeo) adota provavelmente com o mesmo objetivo a expressatildeo grau de aceitabilidade
Efetuamos pesquisas a fim de determinar o grau de aceitabilidade de
hipoacuteteses deduzidas de nossas teorias [19]
Esta impossibilidade em garantir um acerto preocupou bastante Popper e certamente foi um dos motivos que o
levou a expandir o argumento dedutivista atraveacutes da proposiccedilatildeo do falsificacionismo a ser apresentado no
item 7 Independentemente das dificuldades apontadas neste e nos itens precedentes a verdade eacute que a ciecircncia progride e este progresso eacute guiado por homens que conhecem o terreno por onde pisam E conquanto todos saibam da natildeo existecircncia em ciecircncia de verdades absolutas da impossibilidade de se
chegar a uma soluccedilatildeo definitiva para os problemas cientiacuteficos e da natildeo existecircncia de provas observacionais irrefutaacuteveis quase todos [20] entendem e concordam com a
afirmaccedilatildeo de GIL (1994) expressa a seguir A pesquisa cientiacutefica inicia-se
sempre com a colocaccedilatildeo de um problema solucionaacutevel O passo seguinte
consiste em oferecer uma soluccedilatildeo possiacutevel atraveacutes de uma proposiccedilatildeo ou seja de uma expressatildeo suscetiacutevel de ser declarada verdadeira ou falsa A
esta proposiccedilatildeo daacute-se o nome de hipoacutetese Assim a hipoacutetese eacute a
proposiccedilatildeo testaacutevel que pode vir a ser a soluccedilatildeo do problema [21]
6 O que eacute teoria Eacute importante salientar que a finalidade primordial da ciecircncia natildeo eacute formular hipoacuteteses e sim sistematizar teorias e que teoria natildeo eacute pura e simplesmente uma
coletacircnea de hipoacuteteses Teoria eacute um conjunto de hipoacuteteses coerentemente interligadas tendo por finalidade explicar
elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio do conhecimento [22] Por que entatildeo os livros de
metodologia insistem em justificar os meacutetodos atraveacutes de hipoacuteteses uacutenicas e via de regra desinteressantes tais
como As maccedilatildes satildeo vermelhas os cisnes satildeo brancos etc A verdade eacute que nem sempre eacute faacutecil encontrar teorias ao mesmo tempo simples e de amplo espectro ou seja que
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possam ser entendidas por leitores das vaacuterias aacutereas do conhecimento Por outro lado os argumentos que corroboram ou derrubam teorias satildeo em princiacutepio idecircnticos aos que corroboram ou derrubam hipoacuteteses frac34poderiacuteamos tambeacutem dizer
que uma hipoacutetese eacute ou simula ser uma teoria cujo conjunto de hipoacuteteses eacute unitaacuterio Em geral a dificuldade inerente ao grau de complexidade de uma teoria pode ser
superada desde que o cientista conheccedila a fundo esta teoria cujo grau de aceitabilidade pretende testar e domine a loacutegica envolvida em situaccedilotildees similares poreacutem simples como aquelas que aparecem nos compecircndios sobre o
assunto A ecircnfase dada pelos textos de metodologia cientiacutefica a meacutetodos relacionados a testes de hipoacuteteses contrasta com a quase ausecircncia de referecircncias a meacutetodos relativos agrave
praacutetica da teorizaccedilatildeo Existem exceccedilotildees a esta regra e eu natildeo poderia deixar de citar [23] os livros de Bunge [24] e de Lacey [25] indicados especialmente para os iniciantes da aacuterea de exatas Embora natildeo especificamente dirigido a esta temaacutetica haacute que se destacar tambeacutem o livro de Bohm e
Peat [26] e que merece ser lido posto que focaliza a essecircncia da problemaacutetica aqui apontada neste caso e por este motivo eacute indicado aos iniciantes de todas as aacutereas A praacutetica da teorizaccedilatildeo com rariacutessimas exceccedilotildees natildeo se
aprende na escola Grandes teorizadores por terem aprendido a utilizar uma teacutecnica natildeo encontrada nos livros tradicionais e que nem mesmo eacute ensinada na maioria dos
regimes de iniciaccedilatildeo cientiacutefica chegaram a ser confundidos com gecircnios Eacute bem possiacutevel que estes gecircnios tenham adquirido esta praacutexis cultuando algum resquiacutecio da
filosofia que a sociedade moderna natildeo conseguiu despedaccedilar
A lacuna acima apontada fomenta a ingenuidade ou ateacute mesmo o charlatanismo multiplicando sobremaneira o nuacutemero dos que sem estarem devidamente preparados para teorizar frac34uma atividade que natildeo eacute elementarfrac34 ainda assim teorizam e teorizam mal frac34fato este que chega a incomodar cientistas de respeito que ocupam postos importantes nas
universidades [27] Por outro lado e em decorrecircncia disto permite que se condene agrave marginalidade cientiacutefica
e por periacuteodos variaacuteveis de tempo todos aqueles que certos ou errados pretendem evoluir seriamente no sentido de atender agrave finalidade uacuteltima da ciecircncia a edificaccedilatildeo de
teorias representacionais Que meacutetodos estes homens seguiram que natildeo a paixatildeo a
devoccedilatildeo a persistecircncia e a crenccedila num espiacuterito universal frac34Espiacuterito este que segundo alguns admitem natildeo estaacute a se
divertir com nossos erros e acertos o que foi sintetizado pelo maior dos gecircnios do seacuteculo XX nas
seguintes palavras Deus natildeo joga dados A resposta nos eacute dada pelo proacuteprio autor desta afirmaccedilatildeo
O alvo de construir uma teoria de campo eletromagneacutetico da mateacuteria
permanece inatingiacutevel por ora embora em princiacutepio nenhuma objeccedilatildeo possa ser levantada contra a possibilidade de vir a se alcanccedilar tal objetivo O que reteve qualquer tentativa posterior nessa direccedilatildeo foi a falta de qualquer meacutetodo sistemaacutetico que levasse a uma
soluccedilatildeo [28]
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Seraacute que natildeo existem meacutetodos ou regras a serem adotados nesta praacutexis E por falar nisso a praacutetica da teorizaccedilatildeo
natildeo seria uma teorexis [29] Seraacute que teorizar em ciecircncia eacute uma atividade puramente filosoacutefica Natildeo existe uma
metodologia cientiacutefica a orientar aqueles que se preocupam em decifrar os segredos que estatildeo por traacutes dos fenocircmenos que se adaptam agrave regra cientiacutefica fundamental Caso exista
um meacutetodo a ser sistematizado Seria ele diferente do meacutetodo cientiacutefico O que eacute o meacutetodo cientiacutefico
Tentarei dentro do possiacutevel e da finalidade a que me propus ao conceber esta seacuterie de artigos responder
oportunamente eou orientar o leitor se houver como no que diz respeito aos questionamentos aqui assinalados De qualquer forma mais detalhes sobre teoria eou teorizaccedilatildeo seratildeo apresentados no toacutepico IV-b A praacutetica da teorizaccedilatildeo
(em preparo)
[13] CHALMERS A F 1976 Referecircncias
op cit (Voltar pelo browser) pp 23-63
[14] Idem p 28 [15] Esta versatildeo eacute uma adaptaccedilatildeo do princiacutepio da induccedilatildeo
como enunciado por CHALMERS (1976) op cit Se um grande nuacutemero de As foi observado sob uma ampla variedade de condiccedilotildees e se todos esses As observados possuiacuteam sem exceccedilatildeo a propriedade B entatildeo todos os As possuem a propriedade B
[16] Neste caso o princiacutepio ficaria
Aparentes contradiccedilotildees que o iniciante possa descobrir ao comparar os dois enunciados natildeo
comprometem o raciociacutenio que se segue razatildeo pela qual admitirei a equivalecircncia sem justificaacute-la
Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa seraacute hipoacutetese se e somente se for passiacutevel de verificaccedilatildeo
observacional
[17] SEVERINO J S 1994
O primeiro se torna a afirmaccedilatildeo inconsistente
Metodologia do trabalho cientiacutefico[18] POPPER K R 1956
Cortez Editora Satildeo Paulo op cit
[19] SIEGEL S 1977 Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica
[20] Eacute possiacutevel que alguns dentre os indutivistas natildeo concordem com alguns dos termos da afirmaccedilatildeo por motivos que podem ser suspeitados tendo em vista o apresentado
neste e no item anterior
Ed McGraw-Hill do Brasil Ltda Satildeo Paulo p 6
[21] GIL A C 1994 Como elaborar projetos de pesquisas
[22] Em FERREIRA A B H 1986
Editora Atlas S A Satildeo Paulo p 35 [Os grifos satildeo
meus] op cit (Voltar pelo
browser) encontramos uma definiccedilatildeo mais geral a satisfazer tambeacutem o argumento indutivista Teoria eacute um
conjunto de conhecimentos natildeo ingecircnuos que apresentam graus diversos de sistematizaccedilatildeo e credibilidade e que se
propotildeem a explicar elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio de fenocircmenos ou de acontecimentos que se
oferecem agrave atividade praacutetica [23] Os trecircs livros citados a seguir natildeo satildeo os uacutenicos
nos gecircneros assinalados a despeito da disparidade apontada Ao tempo em que registro com estes exemplos a exceccedilatildeo agrave regra presto tambeacutem uma homenagem a autores que ao serem por mim lidos transmutaram em duacutevidas muitas das
respostas a questotildees fundamentais e que eu
28
pretensiosamente julgava possuir [24] BUNGE M Teoria e realidade
[25] LACEY HM 1972
Ed Perspectiva (traduccedilatildeo 1994) Satildeo Paulo
A linguagem do espaccedilo e do tempo
[26] BOHM D e PEAT F D
Ed Perspectiva SA
Ciecircncia ordem e criatividade
[27] A esse respeito vale a pena ler
Gradiva Publicaccedilotildees Ltda (traduccedilatildeo 1989) Lisboa
Cientiacuteficos Chiflados capiacutetulo XIV do livro BERNSTEIN J 1988 Observacioacuten de
la Ciencia[28] EINSTEIN A
Ed Fondo de Cultura Econoacutemica Meacutexico Fiacutesica e realidade in Albert Einstein
Pensamento poliacutetico e uacuteltimas conclusotildees (1983 traduccedilatildeo) Edit Brasiliense S A Satildeo Paulo [O grifo eacute meu]
[29] Este termo eu utilizei pela primeira vez no artigo MESQUITA Fdeg A 1983 Ciecircncia empiacuterica uma arma ou uma daacutediva Faculdade
Antes de mais nada afirmarei sem me alongar que uma teoria adotado o argumento dedutivista pode ser
corroborada ou negada fundamentalmente atraveacutes de um dos trecircs procedimentos seguintes 1) Pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de uma de suas hipoacuteteses 2) pela verificaccedilatildeo ou negaccedilatildeo de uma de suas prediccedilotildees 3) pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de teorias auxiliares deduzidas da teoria principal (teoria em teste ou sob suspeita) as teorias
auxiliares podem ser de trecircs tipos teorias ou hipoacuteteses de nulidade teorias ou hipoacuteteses salvadoras e teorias ou hipoacuteteses assassinas
(Revista do IAMC) ndeg 6 p 28-43 agosto83
7 O falsificacionismo O falsificacionismo natildeo foi proposto como um meacutetodo novo mas sim como um criteacuterio ou conduta a ser ou natildeo adotado por aqueles que se conformam ao meacutetodo dedutivo de prova
Natildeo haacute nada no falsificacionismo do ponto de vista metodoloacutegico que natildeo esteja previsto ou que natildeo decorra naturalmente de uma opccedilatildeo a ser seguida espontaneamente ou natildeo por este ou aquele dedutivista Qual seria entatildeo este criteacuterio Com que finalidade foi proposto A resposta a estas perguntas bem como o meacuterito do falsificacionismo constituem o objetivo deste e dos proacuteximos dois itens
[30] Incluem-se no rol das teorias auxiliares como veremos oportunamente as teorias
transcendentais frequumlentemente conotadas por experiecircncias de pensamento As prediccedilotildees e as hipoacuteteses ou teorias auxiliares satildeo teorias geradas utilizando-se do proacuteprio argumento dedutivista esquematizado na figura 3 Neste caso o foco de atenccedilatildeo inicial frac34representado na figura como observaccedilatildeofrac34 eacute nada mais nada menos que a proacutepria teoria que deu origem agrave prediccedilatildeo eou agrave teoria auxiliar Ao valorizar a falseabilidade como criteacuterio a ser adotado
pelos dedutivistas Popper nada mais fez que tentar expandir ou trazer para o domiacutenio da metodologia
cientiacutefica uma praacutetica amplamente utilizada com sucesso em estatiacutestica o criteacuterio de tomada de decisatildeo atraveacutes da
hipoacutetese de nulidade (Ho
O primeiro passo ou estaacutegio no processo de tomada de decisatildeo eacute
definir a hipoacutetese de nulidade (
)
Ho) Formula-se usualmente com o expresso propoacutesito de ser rejeitada Se eacute
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rejeitada pode-se aceitar a hipoacutetese alternativa (H1) A hipoacutetese
alternativa eacute a definiccedilatildeo operacional da hipoacutetese de pesquisa do
pesquisador A hipoacutetese de pesquisa eacute a prediccedilatildeo deduzida da teoria que estaacute
sendo comprovada [31] A contribuiccedilatildeo de Popper a esse respeito limitou-se agrave ecircnfase que deu agrave importacircncia da procura por hipoacuteteses de
nulidade Ateacute entatildeo este costume estava restrito agrave procura por previsotildees frac34apresentadas via de regra pelo proacuteprio autor da teoriafrac34 eou hipoacuteteses salvadoras frac34levantadas
pelos adeptos da teoria em focofrac34 eou hipoacuteteses assassinas frac34levantadas pelos criacuteticos da teoria em questatildeo As quatro
tecircm uma caracteriacutestica comum satildeo todas teorias falseadoras
A boa teoria dentre outras qualidades [32] e segundo Popper eacute aquela potencialmente geradora de hipoacuteteses
falseadoras e tanto melhor seraacute quanto maior for o risco de ser negada Ela pode ateacute mesmo ser derrubada no primeiro teste a que for submetida o que natildeo invalida o que foi
dito foi uma boa teoria enquanto durou e voltaraacute a ser se conseguir ressurgir das cinzas Dito em outras palavras o criteacuterio para se avaliar a virtude de uma teoria nascente repousa no seu grau de submissatildeo a testes adversos Uma teoria de baixo risco raramente eacute bem vinda [33] e uma
teoria sem risco algum na opiniatildeo de Popper natildeo eacute cientiacutefica e eu iria aleacutem sequer eacute teoria
Levando-se em conta que o criteacuterio falsificacionista peca pela subjetividade deve-se tomar cuidado ao se optar por uma teoria em detrimento de outra pelo fato de a primeira
ser mais falseaacutevel que a segunda Diferentes hipoacuteteses falseadoras devem apresentar pesos diferentes e este peso
mesmo quando bem estimado frequumlentemente o eacute por um processo subjetivo Natildeo eacute raro utilizar-se desta
subjetividade inerente ao falsificacionismo para justificar escolhas feitas segundo criteacuterios poliacuteticos econocircmicos
interesseiros corporativistas ou entatildeo apoiados em princiacutepios outros que tambeacutem deixam a desejar no que diz
respeito agrave eacutetica do cientista 8 Entendendo o falsificacionismo
Suponha que algueacutem deduza a seguinte hipoacutetese H1 As maccedilatildes do Estado de Satildeo Paulo satildeo vermelhas A teoria assim
simulada eacute uma teoria de hipoacutetese uacutenica Percebam que no argumento da hipoacutetese estaacute se admitindo como pressupostos uma infinidade de conceitos tais como fruta maccedilatilde cor
vermelho local Satildeo Paulo Brasil etc Estes pressupostos satildeo o que Severino chama de evidecircncias preacutevias como vimos no item 5 e constituem uma das bases da argumentaccedilatildeo de Chalmers [34] ao contestar os que afirmam que a ciecircncia
comeccedila com a observaccedilatildeo Um exemplo de previsatildeo desta teoria seria as maccedilatildes de
Jundiaiacute devem ser vermelhas tendo em vista que Jundiaiacute se localiza no Estado de Satildeo Paulo
Suponha tambeacutem que algueacutem tenha demonstrado que em condiccedilotildees X outra fruta que natildeo a maccedilatilde e que
originalmente era de determinada cor se modifica e conclui que se a teoria sobre as maccedilatildes for verdadeira ela
deveraacute permanecer verdadeira nas condiccedilotildees X Pode-se entatildeo construir a seguinte hipoacutetese de nulidade Ho Em
condiccedilotildees X obter-se-atildeo em Satildeo Paulo maccedilatildes natildeo
30
vermelhas Esta previsatildeo natildeo decorre da teoria (H1) mas de evidecircncias preacutevias outras e estranhas agrave mesma Se esta
hipoacutetese (Ho) for verificada a hipoacutetese original H1
Seraacute que este simples fato condena a teoria original Para o falsificacionista ingecircnuo sim Para aquele que entendeu e aceitou o significado da afirmaccedilatildeo de Popper citada
neste artigo ao final do
estaraacute falseada
quarto paraacutegrafo do item 5 natildeo Optar por uma teoria natildeo significa crer numa verdade
absoluta Se eu afirmo que Ho eacute verdadeira e consequumlentemente H1 eacute falsa isto natildeo significa que eu
estou atribuindo o grau de veracidade 100 a uma hipoacutetese e 0 agrave outra significa simplesmente que a verificaccedilatildeo experimental me convenceu a optar por uma teoria em
detrimento da outra A opccedilatildeo eacute uma das maneiras pelas quais o cientista expressa a sua feacute na ciecircncia [35] e o
falsificacionismo estabelece normas a lhe orientar nesta opccedilatildeo
Suponha agora que em condiccedilotildees X ou em outra condiccedilatildeo qualquer se encontrem no Estado de Satildeo Paulo maccedilatildes verdes Significa isto que a hipoacutetese H1
Natildeo podemos em satilde consciecircncia dizer que a psicanaacutelise por exemplo natildeo pertenccedila ao campo da ciecircncia pelo simples
fato de uma de suas teorias precursoras ser natildeo falseaacutevel Sequer podemos dizer que o autor dessa ideacuteia natildeo
fosse cientista se eacute verdade que a psicanaacutelise se desenvolveu em cima desta ideacuteia e apesar disso conseguiu
eacute falsa Natildeo Simplesmente ela foi falseada Nada impede que amanhatilde com a evoluccedilatildeo da ciecircncia se descubra que estes frutos verdes a que hoje associamos a ideacuteia maccedilatilde estejam inseridos num
outro contexto e que realmente natildeo sejam maccedilatildes Por que entatildeo se daacute preferecircncia a verificaccedilotildees falseadoras em detrimento das corroboradoras Ora isto nem sempre
acontece conquanto seja esta uma das regras propostas pelo falsificacionismo Por exemplo tanto a teoria da
relatividade quanto a mecacircnica quacircntica satildeo teorias fiacutesicas amplamente aceitas graccedilas a terem sido
corroboradas por previsotildees que se confirmaram e pouco valor se deu a um grande nuacutemero de testes que as falsearam Por outro lado estas duas teorias satildeo concomitantemente aceitas pelos fiacutesicos conquanto existam fortes argumentos
a provar que cada uma destas duas teorias falseia a outra e ambas falseiam a teoria de Maxwell que tambeacutem eacute aceita como verdadeira Certos ou errados neste caso os fiacutesicos modernos dentre os quais se inclui Popper fizeram uma opccedilatildeo contraacuteria agrave norma falsificacionista e natildeo haacute
como criticaacute-los por essa conduta a menos que se pretenda atribuir ao falsificacionismo uma qualidade que ele natildeo
possui a de estabelecer criteacuterios absolutos de veracidade O falsificacionismo presta-se tambeacutem a fomentar o diaacutelogo e a criatividade Neste caso surge quase como que um apelo para que se invista mais em experiecircncias de pensamento um
recurso legiacutetimo e de grande valor em ciecircncia 9 O falsificacionismo como delimitador da ciecircncia
Vimos no item 7 que para Popper uma teoria sem risco algum natildeo eacute cientiacutefica e eu acrescentei sequer eacute teoria Popper quis se aproveitar deste argumento para delimitar a ciecircncia utilizando-se entatildeo do falsificacionismo como
criteacuterio de cientificidade Com esta opccedilatildeo Popper desagradou a muitos e convenceu a poucos ainda que sua
ideacuteia natildeo fosse de todo maacute
31
de alguma forma se impor como ciecircncia muito provavelmente queiramos ou natildeo seu autor contribuiu diretamente para o progresso da ciecircncia Mesmo que hoje algueacutem chegasse a concluir categoricamente pelo caraacuteter natildeo cientiacutefico da psicanaacutelise isto de forma alguma nos autorizaria a hipoteticamente condenaacute-la agrave estagnaccedilatildeo Se um cientista utilizando-se de maus criteacuterios ou ateacute mesmo apoiando-se em dogmas constroacutei de maneira natildeo
cientiacutefica um determinado campo do conhecimento isto natildeo significa que este campo natildeo possa vir a ser estudado cientificamente e que natildeo se possam criteriosamente
aproveitar as conclusotildees de seus estudos Nada impede que uma teoria considerada hoje como natildeo cientiacutefica pelo fato de possuir uma ou mais hipoacuteteses natildeo falseaacuteveis adquira
esse status apoacutes passar por ligeiras reformulaccedilotildees Natildeo podemos assumir que um campo do conhecimento seja natildeo cientiacutefico pelo simples fato de natildeo encontrarmos nele
teorias cientiacuteficas Este posicionamento de Popper a meu ver natildeo se justifica o falsificacionismo natildeo eacute um bom
criteacuterio delimitador da ciecircncia e isto eu espero que tenha ficado claro para o leitor E mais natildeo existem aacutereas natildeo cientiacuteficas mas sim aacutereas onde ainda natildeo foram produzidos conhecimentos cientiacuteficos O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo e pelo menos nesta etapa nada eacute absolutamente corroboraacutevel ou falseaacutevel Podemos ainda
dizer que a ciecircncia natildeo se localiza aqui ou acolaacute sob esse aspecto a ciecircncia natildeo tem fronteiras
10 Enfim a teoria do meacutetodo Nos demais artigos desta seacuterie irei demonstrar ser possiacutevel partindo da regra cientiacutefica fundamental desenvolver uma teoria sobre o meacutetodo cientiacutefico
utilizando-se das trecircs hipoacuteteses seguintes 1 O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo 2 A produccedilatildeo de conhecimentos passa
necessariamente pelas etapas deduccedilatildeo anaacutelise induccedilatildeo e
siacutentese na ordem apresentada 3 Os princiacutepios cientiacuteficos fundamentais satildeo universais
Por questatildeo de simplicidade subdividirei o estudo do meacutetodo em trecircs etapas correspondentes a cada uma das hipoacuteteses 1) o estudo do macromeacutetodo cientiacutefico 2) o estudo do meacutetodo cientiacutefico propriamente dito e 3) o estudo do micromeacutetodo cientiacutefico Os toacutepicos nos quais
desenvolverei estas etapas estatildeo em fase de projeto natildeo havendo portanto previsatildeo quanto agrave eacutepoca de publicaccedilatildeo
Meacutetodo cientiacutefico
Origem Wikipeacutedia a enciclopeacutedia livre
A palavra meacutetodo vem do grego meacutethodos (caminho para chegar a um fim) O meacutetodo cientiacutefico eacute um conjunto de regras baacutesicas para desenvolver uma experiecircncia a fim de produzir novo conhecimento bem como corrigir e integrar conhecimentos preacute-existentes Na maioria das disciplinas cientiacuteficas consiste em juntar evidecircncias observaacuteveis empiacutericas (ou seja baseadas apenas na experiecircncia) e
mensuraacuteveis e as analisar com o uso da loacutegica Para muitos autores o meacutetodo cientiacutefico nada mais eacute do que a loacutegica
32
aplicada agrave ciecircncia (Haddad) Metodologia literalmente refere-se ao estudo dos meacutetodos e especialmente do meacutetodo da ciecircncia que se supotildee universal Embora procedimentos variem de uma aacuterea da
ciecircncia para outra (as disciplinas cientiacuteficas) diferenciadas por seus distintos objetos de estudo
consegue-se determinar certos elementos que diferenciam o meacutetodo cientiacutefico de outros meacutetodos (filosoacutefico algoritmo
ndash matemaacutetico etc)
Primeiramente os pesquisadores definem proposiccedilotildees loacutegicas ou suposiccedilotildees (hipoacuteteses) para explicar certos fenocircmenos e observaccedilotildees e entatildeo desenvolvem experimentos que testam essas hipoacuteteses Se confirmadas as hipoacuteteses podem gerar leis e teorias Integrando-se hipoacuteteses de certa aacuterea em uma estrutura coerente de conhecimento contribuiacute-se na
formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bem como coloca as hipoacuteteses em um conjunto de conhecimento maior que satildeo as
leis e teorias reconhecidas consensualmente pela comunidade cientiacutefica eou o
O contexto de uma pesquisa
paradigma de seu tempo Outra caracteriacutestica do meacutetodo eacute que o processo precisa
ser objetivo e o cientista deve ser imparcial na interpretaccedilatildeo dos resultados Sobre a objetividade o seja
atente agraves propriedades do objeto e natildeo do sujeito (subjetividade) eacute conhecida a afirmaccedilatildeo de Hans Selye
pesquisador canadense que formulou a moderna concepccedilatildeo de stress ldquoQuem natildeo sabe o que procura natildeo entende o que encontrardquo referindo-se a necessidade de formulaccedilatildeo de definiccedilotildees precisas (a essecircncia dos conceitos) e que
possam ser respondidas com o simples sim ou natildeo Tanto a imparcialidade (evidecircncia) como a objetividade foram incluiacutedas por Reneacute Descartes (1596 ndash 1649) nas regras
loacutegicas que caracterizam o meacutetodo cientiacutefico Aleacutem disso o procedimento precisa ser documentado tanto no que diz respeito agrave fonte de dados como as regras de anaacutelise para que outros cientistas possam re-analisar reproduzir e verificar a confiabilidade dos resultados Assim se distingue os relatos cientiacuteficos (artigos
monografias teses e dissertaccedilotildees) de um simples estilo (padratildeo) ou arquitetura de texto orientados pelo que caracteriza as normas da Retoacuterica ou estudo do uso persuasivo da linguagem em funccedilatildeo da eloquumlecircncia
Eacute comum o uso da anaacutelise matemaacutetica ou estatiacutestica quando possiacutevel ou aproximaccedilatildeo de modelos abstratos (tipos ideais) e categorias de classificaccedilatildeo a depender do
objetivo da pesquisa (identificar descrever analisar) que pode ser basicamente quantitativa ou qualitativa A divisatildeo da ciecircncia em aacutereas ou distintas disciplinas
cientificas tem levado a tais adequaccedilotildees da metodologia Eacute comum a afirmaccedilatildeo de que em funccedilatildeo da evoluccedilatildeo do meacutetodo
cientifico num extremo temos a fiacutesica e quiacutemica seguida da biologia e por uacuteltimo as ciecircncias sociais psicologia e ciecircncias juriacutedicas quase se aproximando da filosofia e estudo das crenccedilas (senso comum) ou ciecircncias do espiacuterito
(sistemas miacutetico - religiosos) Contudo pesquisadores contemporacircneos vecircem nessas duas abordagens uma oposiccedilatildeo complementar enquanto as pesquisas quantitativas visam descrever e explicar fenocircmenos que produzem regularidades mensuraacuteveis satildeo recorrentes (ou discrepantes) e exteriores ao sujeito
33
(objetivos) na pesquisa qualitativa o observador (sujeito) eacute da mesma natureza que o objeto de sua anaacutelise e ele proacuteprio uma parte de sua observaccedilatildeo (o subjetivo)
Eacute importante ter em mente que as pesquisas cientificas relacionam-se com um modelo (paradigmaacutetico) ou uma
constelaccedilatildeo de pressupostos e crenccedilas escalas de valores teacutecnicas e conceitos compartilhados pelos membros de uma determinada comunidade cientiacutefica num determinado momento
histoacuterico
Ciecircncia eacute muito mais uma maneira de pensar do que um corpo de conhecimentos -
Elementos do meacutetodo cientiacutefico
Carl Sagan ciecircncia consiste em agrupar factos para que leis
gerais ou conclusotildees possam ser tiradas deles - Charles Darwin
O meacutetodo cientiacutefico eacute composto dos seguintes elementos bull Caracterizaccedilatildeo - Quantificaccedilotildees observaccedilotildees e
medidas bull Hipoacuteteses - Explicaccedilotildees hipoteacuteticas das observaccedilotildees e
medidas bull Previsotildees - Deduccedilotildees loacutegicas das hipoacuteteses
bull Experimentos - Testes dos trecircs elementos acima O meacutetodo cientiacutefico consiste dos seguintes aspectos bull Observaccedilatildeo - Uma observaccedilatildeo pode ser simples isto eacute
feita a olho nu ou pode exigir a utilizaccedilatildeo de instrumentos apropriados
bull Descriccedilatildeo - O experimento precisa ser replicaacutevel (capaz de ser reproduzido)
bull Previsatildeo - As hipoacuteteses precisam ser vaacutelidas para observaccedilotildees feitas no passado no presente e no
futuro bull Controle - Para maior seguranccedila nas conclusotildees toda
experiecircncia deve ser controlada Experiecircncia controlada eacute aquela que eacute realizada com teacutecnicas que permitem descartar as variaacuteveis passiacuteveis de mascarar
o resultado bull Falseabilidade[1]
bull Explicaccedilatildeo das Causas - Na maioria das aacutereas da Ciecircncia eacute necessaacuterio que haja causalidade Nessas
condiccedilotildees os seguintes requerimentos satildeo vistos como importantes no entendimento cientiacutefico
- toda hipoacutetese tem que ser falseaacutevel ou refutaacutevel Isso natildeo quer dizer que o experimento seja falso mas sim que ele pode ser verificado
contestado Ou seja se ele realmente for falso deve ser possiacutevel provaacute-lo
bull Identificaccedilatildeo das Causas bull Correlaccedilatildeo dos eventos - As causas precisam se
correlacionar com as observaccedilotildees bull Ordem dos eventos - As causas precisam preceder
no tempo os efeitos observados Na aacuterea da sauacutede a natureza da associaccedilatildeo causal foi formulada por Hence e adaptada por Robert Koch em 1877
para demonstraccedilatildeo da relaccedilatildeo causal entre microrganismos e patologias consistindo basicamente no enunciado acima ou seja forccedila da associaccedilatildeo (conectividade) sequumlecircncia temporal (assimetria) transitividade (evidecircncia experimental) previsibilidade estabilidade
Uma maneira linearizada e pragmaacutetica de apresentar os quatro pontos acima estaacute exposto a seguir passo-a-passo
34
Vale a pena notar que eacute apenas um exemplo natildeo sendo obrigatoacuterio a existecircncia de todos esses passos Na
verdade na maioria dos casos natildeo se segue todos esses passos ou mesmo parte deles O meacutetodo cientiacutefico natildeo eacute
uma receita ele requer inteligecircncia imaginaccedilatildeo e criatividade O importante eacute que os aspectos e elementos
apresentados acima estejam presentes bull Definir o problema
bull Recolhimento de dados bull Proposta de uma hipoacutetese
bull Realizaccedilatildeo de uma experiecircncia controlada para testar a validade da hipoacutetese
bull Anaacutelise dos resultados bull Interpretar os dados e tirar conclusotildees o que serve
para a formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bull Publicaccedilatildeo dos resultados em monografias
dissertaccedilotildees teses artigos ou livros aceitos por universidades e ou reconhecidos pela comunidade
cientiacutefica Observe-se que nem todas as hipoacutetese podem ser confirmadas
ou refutadas por experimentos e que em muitas aacutereas do conhecimento o recolhimento de dados e a tentativas de interpretaacute-los jaacute eacute uma grande tarefa como nas ciecircncias
humanas e juriacutedicas (criminologia)
Ciecircncias humanas A limitaccedilatildeo eacutetica da realizaccedilatildeo experimentos com seres humanos o estudo das subjetividades ou essencialmente
subjetivo individual e particular psiquismo humano ou a natureza histoacuterica do objeto das ciecircncias sociais conduziram os pensadores a distintos caminhos ou
proposiccedilotildees de estudo para o meacutetodo cientiacutefico Contudo parafraseando Minayoldquouma base de dados quando bem trabalhada teoacuterica e praticamente produz riqueza de informaccedilotildees aprofundamento e maior fidedignidade
interpretativardquo As principais divergecircncias na anaacutelise dos resultados de pesquisas em ciecircncias sociais ou humanas se datildeo no plano da contextualizaccedilatildeo dos dados ou informaccedilotildees obtidas em campo nos diversos sistemas teoacutericos ou seja conjunto de teorias e leis reconhecidas como consensuais em distintos
momentos histoacutericos eou segmentos das comunidades cientiacuteficas Nas ciecircncias sociais identifica-se trecircs
grandes correntes de pensamentos bull Positivismo Auguste Comte
bull Fenomenologia (Fenomenologia do Espiacuterito Estruturalismo
bull Materialismo dialeacutetico Dialeacutetica Marxismo
A histoacuteria do meacutetodo cientiacutefico se mistura com a histoacuteria da ciecircncia Documentos do
A evoluccedilatildeo do conceito de meacutetodo
Antigo Egito jaacute descrevem meacutetodos de diagnoacutesticos meacutedicos Na cultura da Greacutecia
Antiga os primeiros indiacutecios do meacutetodo cientiacutefico comeccedilam a aparecer Grande avanccedilo no meacutetodo foi feito no comeccedilo da filosofia islacircmica principalmente no uso de experimentos
para decidir entre duas hipoacuteteses Os principios fundamentais do meacutetodo cientiacutefico se consolidaram com o surgimento da Fiacutesica nos seacuteculos XVII e XVIII Francis
Bacon em seu trabalho Novum Organum(1620)-uma referecircncia
35
ao Organon de Aristoacuteteles-especifica um novo sistema loacutegico para melhorar o velho processo filosoacutefico do
silogismo A metodologia cientiacutefica tem sua origem no pensamento de
Descartes que foi posteriormente desenvolvimento empiricamente pelo fiacutesico inglecircs Isaac Newton Reneacute Descartes propocircs chegar agrave verdade atraveacutes da duacutevida sistemaacutetica e da decomposiccedilatildeo do problema em pequenas
partes caracteriacutesticas que definiram a base da pesquisa cientiacutefica
Lecirc-se no livro o Discurso do meacutetodo E como a multiplicidade de leis serve frequentemente para escusar os viacutecios de sorte que um estado eacute muito melhor governado quando possuindo poucas elas satildeo aiacute rigorosamente aplicadas assim em lugar de um grande
nuacutemero de preceitosde qua a loacutegica eacute composta acrediteis que jaacute me seriam bastante quatro contanto que tomasse a firme e constante resoluccedilatildeo de natildeo deixar uma vez soacute de
observaacute-los O primeiro consistia em nunca aceitar por verdadeira coisa nenhuma que natildeo conhecesse como evidente isto eacute
devia evitar cuidadosamente a precipitaccedilatildeo e a prevenccedilatildeo e nada incluir em meus juizos que natildeo se apresentasse tatildeo claramente e tatildeo distintamente ao meu espiacuterito que natildeo
tivesse nenhuma ocasiatildeo de o por em duacutevida O segundo ndash dividir cada uma das dificuldades que
examinasse em tantas parcelas quantas pudesse ser e fossem exigidas para melhor compreendecirc-las
O terceiro ndash conduzir por ordem os meus pensamento comeccedilando pelos objetos mais simples e faacuteceis de serem conhecidos para subir pouco a pouco como por degraus ateacute o conhecimento dos mais compostos e supondo mesmo
certa ordem entre os que natildeo se precedem naturalmente uns aos outros
e o uacuteltimo ndash fazer sempre enumeraccedilotildees tatildeo completas e revisotildees tatildeo gerais que ficasse certo de nada
omitir Correntemente estas regras satildeo 1 ndash da evidecircncia 2 ndash da
divisatildeo ou anaacutelise 3 ndash da ordem ou deduccedilatildeo 3 da enumeraccedilatildeo (contar especificar) classificaccedilatildeo
O acidente (serendipity
Eacute comum considerar alguns dos mais importantes avanccedilos na ciecircncia tais como as
)
descobertas da radioatividade por Henri Becquerel ou da penicilina por Alexander Fleming como tendo ocorrido por acidente no entanto o que eacute possiacutevel afirmar agrave luz da observaccedilatildeo cientiacutefica eacute que
teratildeo sido parcialmente acidentais uma vez que as pessoas envolvidas haviam aprendido a pensar cientificamente
estando portanto conscientes de que observaram algo novo e interessante
Os progressos da ciecircncia satildeo acompanhados de muitas horas de trabalho cuidadoso que segue um caminho mais ou menos sistemaacutetico na busca de respostas a questotildees cientiacuteficas
Eacute este o caminho denominado de meacutetodo cientiacutefico
A A hipoacutetese
Hipoacutetese (do gr Hypoacutethesis) eacute uma proposiccedilatildeo que se admite de modo provisoacuterio como princiacutepio do qual se pode
deduzir pelas regras da loacutegica um conjunto dado de proposiccedilotildees ou um mecanismo da experiecircncia a explicar
36
Literalmente pode ser compreendida como uma suposiccedilatildeo ou pergunta conjetura que orienta uma investigaccedilatildeo por
antecipar caracteriacutesticas provaacuteveis do objeto investigado e que vale quer pela confirmaccedilatildeo atraveacutes de deduccedilotildees loacutegicas dessas caracteriacutesticas quer pelo encontro de novos caminhos de investigaccedilatildeo (novas hipoacuteteses e novos
experimentos) No meacutetodo cientiacutefico a hipoacutetese eacute o caminho que deve levar agrave formulaccedilatildeo de uma teoria O cientista na sua hipoacutetese tem dois objetivos explicar um fato e prever
outros acontecimentos dele decorrentes (deduzir as consequencias) A hipoacutetese deveraacute ser testada em
experiecircncias laboratoriais controladasSe apoacutes muitas dessas experiecircncias os resultados obtidos pelos
pesquisadores natildeo contrariarem a hipoacutetese entatildeo ela seraacute aceita como uma lei e integrada agrave uma teoria eou sistema
teacuteoacuterico
Referecircncias 1 uarr [PDF] Estudos do meacutetodo cientiacutefico
Ver tambeacutem bull Verdade
bull Falseabilidade bull Karl Popper
bull Filosofia da ciecircncia bull Histoacuteria da ciecircncia
bull Epistemologia bull Loacutegica
bull Aristoacuteteles bull Georg Wilhelm Friedrich Hegel
bull Complexidade bull Reducionismo
bull Navalha de Occam bull Ciecircncia
bull Pseudociecircncia bull Paradigma
bull Paul Feyerabend bull Thomas Kuhn
bull Gaston Bachelard bull Teoria
bull Lei (ciecircncias) bull Hipoacutetese
bull Tese bull Dissertaccedilatildeo
Bibliografia
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Chizzotti Antonio Pesquisa em ciecircncia humanas e sociais SP Cortez 2006
Comte August Discurso preliminar sobre o espiacuterito positivo
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para download em domiacutenio puacuteblico httpwwwdominiopublico e eBooket
httpwwweBooketnet IntraText Reneacute Descartes - e-books
37
Haddad Nagib Metodologia de estudos em ciecircncias da sauacutede como planejar analisar e apresentar um trabalho
cientiacutefico SP Roca 2004 Minayo Maria C de Souza (org) Deslandes (Suely F
Gomes Romeu Pesquisa social teoria meacutetodo e criatividade Petroacutepolis RJ Vozes 2007
Lakatos Eva Maria Marconi Marina de A Meacutetodologia cientiacutefica SP Atlas 2007
Selye Hans Stress a tensatildeo da vida SP IBRASA 1965
Ligaccedilotildees externas bull Explicando o Meacutetodo Cientiacutefico
bull Prova Cientiacutefica bull Diretrizes para elaboraccedilatildeo de dissertaccedilotildees e teses -
USP bull Centro Cochrane do Brasil
bull Metodologiaorg bull Evidecircnciascom
bull Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq)
bull Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciecircncia bull Lista de Perioacutedicos cientificos brasileiros por
assunto bull SciELO - Scientific Electronic Library Online
bull Perioacutedicos UNESCO bull Ciecircncia Hoje
bull Scientific American - Brasil bull Scientific American
COLCHA DE RETALHOS CIENTIacuteFICA (a realidade natildeo eacute Frankenstein ela eacute uacutenica e funcional)
A realidade segundo a Ciecircncia geral
A senhora Ciecircncia trabalhando com
seus remendos
Drordf Ciecircncia e seu filho
Mary Shelley viu o futuro
38
Somos Monstros 6 05 2008
Tudo comeccedilou com um desafio feito a Mary Shelley (1797-1851) entatildeo uma jovem de 21 anos por Lord Byron Na eacutepoca 1918 Byron propocircs a Mary e seu marido que
escrevessem um conto de terror uma maneira de passar o tempo jaacute que suas feacuterias estavam sendo consumidas
intediantemente pelo mau tempo Mary foi a uacuteltima a dar iniacutecio ao seu conto que acabou baseado em um pesadelo que
teve numa daquelas noites de chuva E dentre todos o conto de Shelley foi o que mais surpreendeu e arrepiou Insentivada a continuar Mary Shelley desenvolveu ainda
mais sua histoacuteria e transformou-a em um dos mais conhecidos e celebrados livros da Histoacuteria Frankenstein
Victor Frankenstein era um jovem curioso com sede de conhecimento apaixonado pela ciecircncia intrigado com os segredos da vida e louco para deixar sua marca no mundo Havia aprendido sozinho em casa sobre as fantasias da Alquimia no entanto apenas na universidade ele foi descobrir que toda sua bagagem de conhecimento estava ultrapassada haacute muito Acabou se tornando um aluno
exemplar dedicado agrave quiacutemica e agrave biologia Foi assim que sozinho em seu laboratoacuterio em Ingolstadt Victor deu iniacutecio agrave sua criaccedilatildeo misturando seus conhecimentos
teoacutericos de fisiologia e filosofia natural com princiacutepios de mecacircnica decido a descobrir se o princiacutepio que
mantinha animado o corpo poderia pernecer mesmo apoacutes a morte Como Victor fez isso todos jaacute sabemos deu vida a uma criatura formada por partes de cadaacuteveres de tamanho
descomunal (cerca de 25m de altura) e aparecircncia horripilante E eacute aqui que daacute-se iniacutecio ao grande trunfo
da histoacuteria Ao despertar da Criatura Frankenstein acaba por cair na realidade vendo como era realmente feia sua criaccedilatildeo com
seus membros desproporcionais seu olhos aquosos e amarelos incompleta a ponto de seus tecidos nem sequer
cobrirem todo o corpo deixando agrave mostra muacutesculos e ossos Desesperado e com medo arrependido de sua audaacutecia Victor
abandona sua Criatura decaindo num suacutebito acesso de naacuteusea e lucidez
Pobre Criatura um ser vazio de conhecimentos ignorante em relaccedilatildeo ao conviacutevio social solto num mundo de pessoas
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preconceituosas e indiferentes A personificaccedilatildeo perfeita da famosa teoria de Rousseau a do ldquobom selvagemrdquo que diz
que todo o homem nasce ldquopurordquo e eacute corrompido pela sociedade violenta viciosa e materialista Quem lecirc a
histoacuteria de Frankenstein espera encontrar terror suspense e aventura onde um monstro estaria a solta para destruir e matar No entanto descobre um mundo onde noacutes humanos somos totalmente repugnantes e no qual o uacutenico ser que
realmente tem algum valor eacute o monstro excluiacutedo por todos Poucos livros retratam tatildeo bem a indiferenccedila humana e a nossa mania de dar mais valor agraves aparecircncias do que aos
sentimentos carater e virtudes Mary Shelley escreveu uma autecircntica obra-prima da
literatura universal um romance capaz de despertar no leitor a pena e a compaixatildeo por um monstro e a repugnacircncia
de nossa proacutepria raccedila Uma liccedilatildeo que ainda natildeo foi aprendida mesmo depois de quase 200 anos
Ficha Teacutecnica Tiacutetulo Frankestein (Frankenstein or the Modern
Prometheus) Autor Mary Shalley Paiacutes Inglaterra
Publicaccedilatildeo Original 1818 Publicaccedilatildeo Lida Martin Claret Editora 2001
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Embora eu diga ldquominha menterdquo metade dela a minha outra metade estaacute fora muito mais que isso 33 bilhotildees das nossas metades estatildeo amplamente disseminadas em toda longitude latitude altitude Quase natildeo sinto falta quando estou soacute (exceto sexualmente) porque todos esses 3300 milhotildees estatildeo por aiacute trabalhando com afinco para suprir o que natildeo sei fazer em relaccedilatildeo agraves ocupaccedilotildees delas (sem falar dos 33 bilhotildees do nosso lado que fazem tudo que vocecirc e eu natildeo sabemos mas isso eacute outra histoacuteria)
HEMISFEacuteRIAS
AS OUTRAS DUAS METADES
(vocecirc eu vivemos em feacuterias do que faz a outra metade e nem agradecemos isso)
NOSSAS DUAS METADES 12 12 12 12
hemisfeacuterio esquerdo
hemisfeacuterio direito
hemisfeacuterio esquerdo
hemisfeacuterio direito
Como Koestler disse primeiro (dividindo nosso ceacuterebro em reptiliano mamiacutefero e humano) e o modelo colocou de outro modo temos vaacuterios ceacuterebros em cada um de noacutes de fato reparando sermos um-em-dois eacute uma profusatildeo uma quantidade insuspeitada ainda mais porque vamos muito aleacutem do indiviacuteduo
Os paleontoacutelogos os arqueoacutelogos os antropoacutelogos e os geo-historiadores natildeo analisaram e porisso natildeo sintetizaram uma teoria-praacutetica coerente da convivecircncia um-uma e nem do conjunto da humanidade DO PONTO DE VISTA DA FUSAtildeO ou da tentativa constante dela exceto pelo lado do episoacutedico quer dizer de cada tentativa homem-mulher (ou outras) Mas esse vasto mecanismo no tempo e no espaccedilo natildeo foi visto a contento
a) GEO-HISTOacuteRIA DO CASAMENTO
1 casamento dos indiviacuteduos CASAMENTO PESSOAL
2 casamento das famiacutelias 3 casamento dos grupos 4 casamento das empresas (embora as empresas natildeo
prestem atenccedilatildeo se os indiviacuteduos no casamento natildeo satildeo estaacuteveis em todos os sentidos as empresas seratildeo afetadas com grandes danos)
b) 5 mediaccedilatildeo municipal-urbana
CASAMENTO COLETIVO
6 mediaccedilatildeo estadual 7 mediaccedilatildeo nacional 8 mediaccedilatildeo mundial O que quer dizer casamento 1 o que quer dizer ser o homem 2 o que quer dizer ser a mulher
Capiacutetulo 4
Casamento das Famiacutelias e Aleacutem
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UMA AacuteRVORE GENEALOacuteGICA Eacute UMA INDICACcedilAtildeO DE MISCIGENACcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS
O tempo todo em toda parte as pessoas estatildeo
miscigenando misturando indiviacuteduos formando famiacutelias estas grupos estes empresas e assim por diante Como diz o povo em toda parte a todo instante uma ldquoafliccedilatildeo de genterdquo estaacute se misturando sexualmente (homem e mulher) racialmente (negros brancos amarelos vermelhos) por idade (jovens e novos) por origem por classe social e segue
Onde fica a individualidade nisso tudo Essa individualidade QUE NAtildeO SE MISTURA eacute um defeito de visatildeo de nossas mentes racionais segregadoras Eacute verdade que somos indiviacuteduos poreacutem eacute verdade tambeacutem que natildeo somos
Primeiro haacute o aleacutem-de-mim que satildeo os ambientes e as pessoas natildeo-eu Depois temos TODAS AS MISTURAS de natildeo-eu (sexo raccedila idade origem classe e segue) de que dependo A seguir todo o saber natildeo-eu todas as memoacuterias e inteligecircncias que o mundo produz
Enfim o natildeo-eu eacute uma amplidatildeo para o passado e o futuro no presente abrindo-se em 200 naccedilotildees 4000 estados e o resto todo Em resumo natildeo-eu em relaccedilatildeo a eu eacute tanto mais aleacutem de mim que quase desapareccedilo
Sou metade com minha metade e soacute nesse par sou um embora metade 05 + 05 = 10 = casamento aleacutem desse par-de-
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defesa quer dizer aleacutem do casamento monogacircmico estatildeo as inumeraacuteveis facetas do mundo as complexidades ilimitadas que natildeo posso resolver
Entatildeo Natureza-Deus quebrou-nos em duas partes que devem voltar a se unir para produzir a necessidade de uniatildeo em famiacutelias e aleacutem para criar as sociedades
Capiacutetulo 5 Con-soacutecio de Construccedilatildeo
Entatildeo noacutes temos vaacuterios tipos de sociedades a) dentro de noacutes vieram nos montando todas as
sociedades que deram no indiviacuteduo por exemplo sociedade dos oacutergatildeos
b) a seguir nos unimos em famiacutelias com ou sem filhos (no meu caso tive dois grandes amigos)
c) e aiacute segue todos aqueles niacuteveis pessoais e ambientais De fato a vida eacute uma sociedade tremenda
i sociedades vitais (fungos plantas animais e primatas)
ii sociedades psicoloacutegicas (pessoas e ambientes)
Cada sociedade dessas abre-se em multiacuteplices camadas de complexidades complexidades quase indescritiacuteveis que os estudiosos penam para descrever apenas no niacutevel bioloacutegico-p2 No niacutevel psicoloacutegico-p3 claro eacute muito mais difiacutecil chega a ser impossiacutevel pois estamos dentro Natildeo existe nenhum SUPERMUNDO que esteja de fora olhando o mundo somos noacutes as mesmas cabeccedilas individuais que ousam pensar a totalidade dividindo-a e subdividindo-a em numerosas fraccedilotildees trataacuteveis
NOacuteS NOS SENTIMOS ESMAGADOS PELA CRESCENTE COMPLEXIDADE (eacute preciso comeccedilar urgentemente o processo de re-uniatildeo)
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Quanto mais tentamos alisar
mais o cabelo embola
Uma galaacutexia de dados e nem haacute um centro
gravitacional O meacutetodo cientiacutefico redutor eacute muito bom produziu a
maioria das coisas que vemos e grande parte de nossas liberdades (e prisotildees) atuais Contudo tambeacutem foi ruim porque o redutor (e ampliador) levou ao reducionismo a superafirmaccedilatildeo da reduccedilatildeo Jaacute que funcionava tatildeo bem as pessoas natildeo se preocuparam com um meacutetodo cientiacutefico ampliador
Em particular a Ciecircncia geral natildeo ajudou a colar homem e mulher despedaccedilados nem as famiacutelias nem os grupos nem mesmo coisa alguma na verdade ajudou a rebentar Natildeo fez de noacutes felizes criaturas re-unidas fez de noacutes consumidores seres infelizes superconsumindo e mesmo assim incapazes de chegar agrave felicidade ainda que livres para procuraacute-la
A re-uniatildeo deve comeccedilar pela re-uniatildeo do par fundamental Re-construir a famiacutelia eacute fundamental
Capiacutetulo 6 Feliz-Cidade
Se a cidade eacute apesar de tudo feliz se eacute feliz-cidade eacute
porque o trabalho eacute muito dividido e enquanto estou de feacuterias deitado na rede por toda parte milhotildees estatildeo se azafamando trabalhando continuamente com afinco se tiro um mecircs de feacuterias nem um dia de mim vai trabalhar ndash por 30 dias eu falto ao trabalho sem que o trabalho falte a mim
Minha casa continua comendo bebendo e fazendo todas as competentes graccedilas que nos datildeo E por toda parte milhotildees operam com vigor quando estou dormindo Se algueacutem entra em coma natildeo acorda num mundo destruiacutedo na sua ausecircncia todos continuaram a trabalhar diligentemente
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O FORMIGUEIRO CONTINUA DIA E NOITE
Eu formiguinha formiguinha vocecirc VIDA DE FORMIGA Z NO FORMIGUEIRO Z (Woody Allen interpreta o filho quinto-milhatildeo Z pois existe todo um abecedaacuterio de formigas e formigueiros com iacutendices e sub-iacutendices)
A formiga Z se apaixona pela princesa Bala e termina enfrentando os desafios do mundo exterior e o impiedoso General Mandiacutebula Com vozes de Woody Allen Sharon Stone Jennifer Lopez Gene Hackman e Sylvester
Stallone
Ficha Teacutecnica Elenco
Sinopse Criacuteticas
Pocircsters
Imagens Trailers
Premiaccedilotildees Curiosidades
Ficha Teacutecnica
Tiacutetulo Original AntZ Gecircnero Animaccedilatildeo Computadorizada Tempo de Duraccedilatildeo 82 minutos Ano de Lanccedilamento (EUA) 1998
Site Oficial wwwpepsicomantz Estuacutedio DreamWorks SKG Pacific Data Images
Distribuiccedilatildeo DreamWorks Distribution LLC UIP Direccedilatildeo Eric Darnell e Tim Johnson
Roteiro Todd Alcott Chris Weitz e Paul Weitz Produccedilatildeo Brad Lewis Aron Warner e Patty Wooton Muacutesica Harry Gregson-Williams e John Powell
Desenho de Produccedilatildeo John Bell
Direccedilatildeo de Arte Kendall Crockhite Ediccedilatildeo Stan Webb
Efeitos Especiais Pacific Data Images Elenco (Vzes)
Woody Allen (Z) Sharon Stone (Princesa Bala)
Gene Hackman (General Mandiacutebula) Jennifer Lopez (Azteca) Danny Glover (Barbatus)
Sylvester Stallone (Weaver)
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Christopher Walken (Coronel Cutter) Dan Akroyd (Chip)
Anne Bancroft (Rainha) Jane Curtin (Muffy)
Paul Mazursky (Psicoacutelogo)
Sinopse A formiguinha Z eacute apenas um operaacuterio que sonha roubar o coraccedilatildeo da princesa Bala Para isso convence seu amigo
soldado a trocar de lugar com ele o que faz com que tenha que enfrentar o impiedoso General Mandiacutebula que planeja
uma grande ofensiva contra o formigueiro
A formiguinha tendo ao fundo o
formigueiro
Um dos formigueiros sem que se veja
uma soacute formiguinha Isto eacute a Terra o terraacuterio-aquaacuterio da humanidade a gaiola
redonda dos loucos de pedra Somos 66 bilhotildees de formigas dentro deste formigueiro-mundo
E NOacuteS AINDA PARTILHAMOS A TERRAARAacuteGUA (aqui as aves)
Em resumo embora nos vejamos como indiviacuteduos na
verdade somos um CORRELATIVO DE EMPREENDIMENTOS em furiosa mutaccedilatildeo tempespacial
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Capiacutetulo 7 Espaccedilotempo de Reuniatildeo
Pois entatildeo eacute hora de re-unir a humanidade de fazer
cessar o pecado original divisor RE-FAZENDO famiacutelia natildeo mais ilha Famiacutelias de todos os tipos com todas as uniotildees todas as misturas
Eacute preciso eacute fundamental que os governos de todo o
mundo invistam maciccedilamente na reuniatildeo dos pares fundamentais nos casamentos no estudo das uniotildees estaacuteveis na restauraccedilatildeo no contorno natildeo-forccedilado dos divoacutercios e separaccedilotildees digamos com um periacuteodo de experiecircncia antes da consagraccedilatildeo do casamento uniotildees-em-experiecircncia
A gestaccedilatildeo da nova famiacutelia deve ser o mote deste seacuteculo XXI todo e do futuro
Vitoacuteria quinta-feira 12 de marccedilo de 2009 Joseacute Augusto Gava
Anexos Capiacutetulo 5
O MEacuteTODO CIENTIacuteFICO REDUTOR (logo de cara esse quebrar em partes rompe os viacutenculos da totalidade da funcionabilidade total)
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II2 Caracteriacutesticas do meacutetodo cientiacutefico O meacutetodo dedutivo o meacutetodo indutivo e o meacutetodo
hipoteacutetico-dedutivo satildeo os trecircs meacutetodos cientiacuteficos a que se refere a denominaccedilatildeo geneacutetica de meacutetodo cientiacutefico A primeira caracteriacutestica do meacutetodo cientiacutefico eacute a sua
natureza convencional a de servir de marco de geraccedilatildeo do conhecimento objetivo Por isso existem muacuteltiplas caracteriacutesticas em funccedilatildeo da perspectiva com que se
classifiquem se estudem e inclusivamente se denominem A primeira que me chama a atenccedilatildeo eacute o fato de que os dois primeiros tecircm um nome difiacutecil de distinguir visto que no acircmbito linguumliacutestico podem representar um soacute conceito com
duas manifestaccedilotildees raciociacutenio numa direccedilatildeo ou na contraacuteria do geral para o particular ou vice-versa
O problema logicamente deriva da dificuldade conceptual de separar um meacutetodo cientiacutefico de outro de uma forma clara evidentemente os termos escolhidos natildeo ajudam a
reter na memoacuteria estes dois conceitos de meacutetodo cientiacutefico Tambeacutem natildeo ajuda muito a denominaccedilatildeo do
terceiro meacutetodo cientiacutefico Uma caracteriacutestica de ambos meacutetodos eacute que podem ir do
geral para o particular ou vice-versa num sentido ou no inverso Ambos utilizam a loacutegica e chegam a uma conclusatildeo
Em uacuteltima instacircncia sempre tecircm elementos filosoacuteficos subjacentes
Ambos costumam ser susceptiacuteveis de verificaccedilatildeo empiacuterica Ainda que o meacutetodo dedutivo seja mais proacuteprio das ciecircncias formais e o indutivo das ciecircncias empiacutericas nada impede a aplicaccedilatildeo indistinta de um meacutetodo cientiacutefico ou outro a
uma teoria concreta Para mim sem pretender entrar em polecircmica neste tema a diferenccedila fundamental entre o meacutetodo dedutivo e o meacutetodo indutivo eacute que o primeiro aspira a demonstrar mediante a loacutegica pura a conclusatildeo na sua totalidade a partir de
umas premissas de maneira que se garante a veracidade das conclusotildees se natildeo se invalida a loacutegica aplicada Trata-se do modelo axiomaacutetico proposto por Aristoacuteteles como meacutetodo
cientiacutefico ideal Pelo contraacuterio o meacutetodo indutivo cria leis a partir da
observaccedilatildeo dos fatos mediante a generalizaccedilatildeo do comportamento observado na realidade o que realiza eacute uma espeacutecie de generalizaccedilatildeo sem que atraveacutes da loacutegica possa conseguir uma demonstraccedilatildeo das citadas leis ou conjunto de
conclusotildees As referidas conclusotildees poderiam ser falsas e ao mesmo tempo a aplicaccedilatildeo parcial efetuada da loacutegica poderia manter a sua validade por isso o meacutetodo indutivo necessita de uma condiccedilatildeo adicional a sua aplicaccedilatildeo
considera-se vaacutelida enquanto natildeo se encontrar nenhum caso que natildeo cumpra o modelo proposto
O meacutetodo hipoteacutetico-dedutivo ou de verificaccedilatildeo de hipoacuteteses natildeo coloca em princiacutepio nenhum problema visto
que a sua validade depende dos resultados da proacutepria verificaccedilatildeo
Este meacutetodo cientiacutefico costuma utilizar-se para melhorar ou precisas teorias preacutevias em funccedilatildeo de novos
conhecimentos nas quais a complexidade do modelo natildeo permite formulaccedilotildees loacutegicas Portanto tem um caraacuteter
predominantemente intuitivo e necessita natildeo soacute para ser rejeitado mas tambeacutem para impor a sua validade a
verificaccedilatildeo das suas conclusotildees
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Poderia propor-se para estas trecircs variantes do meacutetodo cientiacutefico a denominaccedilatildeo de meacutetodo dedutivo meacutetodo
intuitivo e meacutetodo experimental ou meacutetodo de verificaccedilatildeo ou qualquer conjunto de palavras que faccedilam referecircncia agraves suas diferenccedilas fundamentais e natildeo coloquem problemas agrave memoacuteria linguumliacutestica Natildeo obstante nesta exposiccedilatildeo
manterei a nomenclatura geralmente utilizada A Teoria Geral da Evoluccedilatildeo Condicionada da Vida seria em
princiacutepio uma teoria baseada no meacutetodo hipoteacutetico-dedutivo ou meacutetodo de verificaccedilatildeo de hipoacuteteses
A teoria de Darwin pelo contraacuterio estaria enquadrada no meacutetodo indutivo mas que apesar de encontrar exemplos contraacuterios natildeo se invalida adeacutequa-se para encaixar
qualquer triacircngulo Porque seraacute
Como se disse anteriormente toda a teoria deve ser resistente agrave sua refutaccedilatildeo contudo uma teoria que natildeo pode ser refutada por nenhum fato concebiacutevel natildeo eacute
cientiacutefica A impossibilidade de refutaccedilatildeo de uma teoria cientiacutefica natildeo eacute uma virtude mas sim um viacutecio
TEORIA SOBRE O MEacuteTODO CIENTIacuteFICO EM BUSCA DE UM MODELO UNIFICANTE PARA AS CIEcircNCIAS
E DE UM RETORNO Agrave UNIVERSIDADE CRIATIVA I -- INTRODUCcedilAtildeO
Alberto Mesquita Filho Comeccedilo regra geral as minhas liccedilotildees sobre Meacutetodo
Cientiacutefico dizendo aos meus alunos que o meacutetodo cientiacutefico natildeo existe Acrescento que tenho obrigaccedilatildeo de saber isso tendo eu sido durante algum tempo pelo menos o uacutenico professor desse inexistente assunto em toda a Comunidade
Britacircnica
Tendo entatildeo explicado aos meus alunos que natildeo haacute essa coisa que seria o meacutetodo cientiacutefico apresso-me a comeccedilar o meu discurso e ficamos ocupadiacutessimos Pois um ano mal chega para roccedilar a superfiacutecie mesmo de um assunto
inexistente Karl R Popper [1]
Resumo Este artigo eacute o primeiro de uma seacuterie de artigos relacionados agrave metodologia cientiacutefica e cuja temaacutetica foi dividida em cinco toacutepicos principais Corresponde a uma
versatildeo atualizada de consideraccedilotildees expressas pelo autor a partir de 1983 em livros artigos e conferecircncias citados no texto colaborou para esta atualizaccedilatildeo a experiecircncia adquirida pelo autor no processo de remodelaccedilatildeo da Proacute-Reitoria Comunitaacuteria da USJT (1992-1993) bem como aquela adquirida junto aos demais membros da equipe criada pelos Conselhos Superiores da USJT (1994) --expandida em 1995--
com a finalidade de implantar o Centro de Pesquisa da USJT Os conceitos foram axiomatizados de forma a darem
corpo a uma nova teoria sobre o meacutetodo cientiacutefico permitindo mesmo a constataccedilatildeo de possiacuteveis aplicaccedilotildees dentro de um contexto abrangente tais como 1) a teoria
fornece os meios necessaacuterios para que se promova a integraccedilatildeo das ciecircncias e 2) propicia a sustentaccedilatildeo de um projeto visando a caracterizar a universidade como o local apropriado para a formaccedilatildeo de cientistas Os cinco
toacutepicos a serem abordados satildeo pela ordem I - Introduccedilatildeo na qual eacute proposta a regra delimitante da ciecircncia II - O macromeacutetodo cientiacutefico e a Histoacuteria da Ciecircncia III - O
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papel da universidade na produccedilatildeo de conhecimentos IV - O meacutetodo cientiacutefico propriamente dito a) A teoria da
praacutetica em ciecircncia b) A praacutetica da teorizaccedilatildeo cientiacutefica V - O micromeacutetodo cientiacutefico e a Filosofia da Ciecircncia Os demais toacutepicos estatildeo em fase de projeto natildeo havendo portanto previsatildeo quanto agrave eacutepoca de publicaccedilatildeo []
1 Colocaccedilatildeo do problema Meacutetodo entre outras coisas significa caminho para chegar
a um fim ou pelo qual se atinge um objetivo Que dizer entatildeo do meacutetodo cientiacutefico [2] Poderia dizer que eacute o caminho trilhado pelo cientista quando em busca de verdades cientiacuteficas
Afirma-se com grande frequumlecircncia que o cientista eacute aquele que se utiliza do meacutetodo cientiacutefico Os que aceitam esta
Percebam que estou meramente jogando com as palavras e associando-as ao conceito de
meacutetodo acima postulado Quais satildeo as verdades cientiacuteficas O que eacute ser cientista O que eacute ciecircncia Existe uma ciecircncia uacutenica Quando nos reportamos a uma hipoteacutetica linha demarcatoacuteria a separar o que julgamos
ser uma verdade cientiacutefica de outras possiacuteveis verdades a que nos estamos referindo
verdade --e haacute muitos que o fazem-- devem procurar uma conceituaccedilatildeo para meacutetodo cientiacutefico diferente da exposta no paraacutegrafo anterior sob pena de andarem em ciacuterculo Ou definimos cientista a partir da definiccedilatildeo de meacutetodo frac34algo tentado por Popper ao propor o falsificacionismo [3]frac34 ou definimos meacutetodo a partir da definiccedilatildeo de cientista do contraacuterio natildeo chegamos a nada Conservarei a ideacuteia de meacutetodo cientiacutefico como caminho trilhado pelo cientista
2 O que eacute ciecircncia
com o que estou assumindo o risco de ter que definir ciecircncia eou cientista Eacute o que tentarei fazer nesta
introduccedilatildeo
Natildeo eacute faacutecil definir ciecircncia e satildeo inuacutemeros os tratados sobre o assunto a abordarem esta dificuldade Ao leitor
principiante em ciecircncia e que queira penetrar na complexidade do tema ou entatildeo perceber a quantas anda nossa ignoracircncia a respeito sugiro se tiver pendores
filosoacuteficos que comece pelo livro de Chalmers (1976) [4] ou entatildeo se preferir algo mais ameno e mais voltado agrave
praacutetica cientiacutefica pelo livro de Beveridge (1980) [5] Ao leitor acomodado e que natildeo tenha amplo conhecimento do
assunto ou mesmo para aquele que pretenda prosseguir com esta leitura ciente de que eacute possiacutevel pelo menos em niacutevel conjetural enfrentar o desafio apontado relatarei aqui a
conclusatildeo de um ensaio que sintetiza uma ideacuteia que me ocorreu haacute cerca de dez anos [6] e que apresentei na
sessatildeo de debates da mesa redonda A Pesquisa na Universidade Particular ocorrida por ocasiatildeo da IV Semana de Psicologia da USJT (1994) com as seguintes palavras Vejo a ciecircncia como a aacuterea do conhecimento que se apoacuteia natildeo num meacutetodo mas sim na regra da repetitividade a que
eu tenho chamado de regra cientiacutefica fundamental Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que
pesquisado se repetiu eacute de se admitir que em futuras verificaccedilotildees o mesmo suceda [7]
A regra cientiacutefica fundamental conquanto aceita intuitivamente por todos os cientistas ocupa entre os mesmos e ateacute entre os filoacutesofos da ciecircncia um papel
secundaacuterio quando natildeo totalmente ignorada Via de regra considera-se a ciecircncia como que apoiada em regras outras
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como por exemplo o princiacutepio da causalidade de Kant a regra metodoloacutegica de Popper que se associa a seu meacutetodo
dedutivo de prova o princiacutepio ou argumento indutivista e as regras ou criteacuterios de utilidade Como posiccedilotildees
extremas e apoiadas em regras mais riacutegidas podemos citar a visatildeo paradigmaacutetica de Thomas Kuhn a defender o
dogmatismo cientiacutefico o ponto de vista de Chalmers a questionar a argumentaccedilatildeo filosoacutefica no que diz respeito agrave delimitaccedilatildeo da ciecircncia e a visatildeo anarquista de Feyerabend
a se opor frontalmente ao racionalismo em ciecircncia A fim de ilustrar o comentado no paraacutegrafo anterior
vejamos como Thomas Kuhn (1962) --defensor de uma posiccedilatildeo cientiacutefico-filosoacutefica incompatiacutevel com a que aqui pretendo apresentar-- retrata a importacircncia da repetitividade dos eventos como algo a semear o surgimento de novas ideacuteias Existem em princiacutepio somente trecircs tipos de fenocircmenos a propoacutesito dos quais pode ser desenvolvida uma nova teoria O primeiro tipo compreende os fenocircmenos jaacute bem explicados
pelos paradigmas existentes Tais fenocircmenos raramente fornecem motivos ou um ponto de partida para a construccedilatildeo de uma teoria Quando o fazem as teorias resultantes raramente satildeo aceitas visto que a natureza natildeo proporciona nenhuma base para uma discriminaccedilatildeo entre as alternativas Uma segunda classe de fenocircmenos compreende aqueles cuja
natureza eacute indicada pelos paradigmas existentes mas cujos detalhes somente podem ser entendidos apoacutes uma maior
articulaccedilatildeo da teoria Os cientistas dirigem a maior parte de sua pesquisa a esses fenocircmenos mas tal pesquisa visa antes agrave articulaccedilatildeo dos paradigmas existentes do que agrave invenccedilatildeo de novos Somente quando esses esforccedilos de articulaccedilatildeo fracassam eacute que os cientistas encontram o
terceiro tipo de fenocircmeno as anomalias reconhecidas cujo traccedilo caracteriacutestico eacute a sua recusa obstinada a serem
assimiladas aos paradigmas existentes Apenas esse uacuteltimo tipo de fenocircmeno faz surgir novas teorias [8]
Ora se um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se recusou obstinadamente a ser assimilado aos paradigmas
existentes e se esta recusa eacute quem orienta a caracterizaccedilatildeo de novas teorias e mais se a ciecircncia eacute fundamentalmente o conjunto das ideacuteias e teorias geradas pela mente humana bem como a aplicaccedilatildeo pelo homem dessas ideacuteias e teorias em busca de um relacionamento sadio com a natureza e com os seus semelhantes podemos sossegadamente
concluir que ciecircncia eacute o processo pelo qual o homem se relaciona com os fenocircmenos universais que se sujeitam agrave
regra cientiacutefica fundamental 3 O ser cientista
Cientista diz-nos Ferreira (1986) eacute a pessoa que cultiva ou que eacute especialista em alguma ciecircncia ou em ciecircncias
[9] e ciecircncia eacute um processo definido no item anterior Se aceitarmos estas premissas concluiremos que o conhecimento
cientiacutefico eacute aquele factiacutevel de reproduccedilatildeo enquanto o cientista eacute aquele que de alguma forma cultiva esses conhecimentos Eacute importante aqui salientar que muitas
vezes o que se espera reproduzir eacute um dado probabiliacutestico Por exemplo se dissermos que 80 das moleacuteculas de um gaacutes
satildeo do elemento quiacutemico oxigecircnio isto natildeo significa estarmos afirmando ser oxigecircnio esta ou aquela moleacutecula objeto de verificaccedilatildeo experimental o que a regra nos
preconiza eacute que independentemente de qual cientista for tentar reproduzir a medida ou do local escolhido para que
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esta segunda medida seja efetuada observando-se as condiccedilotildees em que a mesma foi realizada anteriormente o
valor obtido concordaraacute com o valor precedente dentro de uma margem de erro tambeacutem estimaacutevel por meacutetodos
experimentais Todos noacutes vez ou outra nos comportamos como cientistas Ser cientista natildeo eacute possuir um roacutetulo mas sim postar-se com uma atitude cientiacutefica por outro lado mesmo aquele que se diz cientista vez ou outra assume atitudes natildeo cientiacuteficas e penetra em terrenos apoiados em regras
proacuteprias ou ateacute mesmo sem regras O roacutetulo eacute frequumlentemente utilizado quando queremos nos referir agraves
pessoas que se utilizam de seus talentos cientiacuteficos como meio de vida seriam entatildeo os cientistas profissionais A filosofia por exemplo eacute um campo de atuaccedilatildeo bem mais
abrangente que aquele ditado pela regra cientiacutefica fundamental Poderiacuteamos dizer que a filosofia comporta a
ciecircncia ainda que esta ideacuteia natildeo agrade a alguns cientistas mas jamais poderiacuteamos dizer e quanto a isso
todos satildeo concordes que a ciecircncia comporta a filosofia O bom cientista utiliza-se da filosofia da mesma forma que a maioria dos indiviacuteduos com sede se utilizam do copo Outras
aacutereas do conhecimento seriam 1) o ocultismo frac34e aqui poderiacuteamos incluir a tiacutetulo de exemplo a alquimia e a astrologia 2) as artes frac34e vale a pena aqui frisar que a arte pode ser encarada cientificamente postura esta que foi frequumlentemente adotada por Leonardo da Vinci [10] e defendida em sua Teoria do Conhecimento 3) a teologia
etc A busca pela verdade que tambeacutem eacute objetivo da grande maioria destas aacutereas natildeo cientiacuteficas segue-se por caminhos nem sempre limitados ou compatiacuteveis com a regra cientiacutefica
fundamental O cultivo da ciecircncia pode se dar atraveacutes da observaccedilatildeo de alguns ou todos dentre seus objetivos nobres quais sejam
1) aquisiccedilatildeo transmissatildeo e aplicaccedilatildeo de conhecimentos cientiacuteficos jaacute sistematizados e 2) produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
de novos conhecimentos Visto sob este acircngulo satildeo cientistas 1) o estudioso eou o professor eou o
profissional bacharel em quaisquer das ciecircncias 2) o tecnoacutelogo 3) o pesquisador em aacutereas cientiacuteficas 4) o
teorizador em ciecircncias 5) e o autor de artigos cientiacuteficos relatando ideacuteias proacuteprias eou revisotildees bibliograacuteficas Sob um ponto de vista mais rigoroso o cientista seria apenas aquele capaz de dominar as teacutecnicas inerentes a todos os
objetivos nobres acima apontados Nem tanto ao ceacuteu nem tanto agrave terra Percebam que jaacute
conceituamos ciecircncia e jaacute conseguimos ir aleacutem a ponto de fornecer dados para que se analise o comportamento daqueles
que trabalham em ciecircncia Observado este comportamento poderiacuteamos assumir como cientistas aqueles que realmente contribuem para o progresso das ciecircncias Adotarei esta
postura mas gostaria de esclarecer conforme seraacute comentado oportunamente que a noccedilatildeo de progresso aqui defendida eacute um pouco mais abrangente do que aquela
preconizada pelos pensadores iluministas [11] que tanto influenciaram os positivistas Aceita esta premissa frac34a de que cientistas satildeo somente aqueles que real e diretamente [12] contribuem para o progresso das ciecircnciasfrac34 suponha que consigamos caracterizar os cientistas assim definidos como aqueles que ao contribuir para o progresso das
ciecircncias se utilizam de um meacutetodo comum a que chamaremos
21
meacutetodo cientiacutefico Poderemos entatildeo afirmar e natildeo se trata aqui da busca por uma definiccedilatildeo que o cientista eacute aquele que se utiliza do meacutetodo cientiacutefico o raciociacutenio ciacuteclico da forma como foi agora utilizado estaacute livre de consequumlecircncias funestas Notem com o auxiacutelio da figura 1 a sintetizar as ideacuteias principais aqui focalizadas que do ponto de vista conceitual natildeo estamos andando em ciacuterculo
REGRA CIENTIacuteFICA FUNDAMENTAL
Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu eacute de se admitir que em futuras
verificaccedilotildees o mesmo suceda
DEFINICcedilAtildeO DE CIEcircNCIA
Ciecircncia eacute o processo pelo qual o homem se relaciona com os fenocircmenos universais que se sujeitam agrave regra cientiacutefica
fundamental
OBSERVACcedilAtildeO DO COMPORTAMENTO DOS QUE TRABALHAM EM CIEcircNCIA
VERIFICACcedilAtildeO DE QUE ALGUNS CONTRIBUEM PARA O PROGRESSO DAS CIEcircNCIAS
Cientista eacute todo ser racional que contribui diretamente para o progresso das ciecircncias
CONSTATACcedilAtildeO DE QUE ESTES SE UTILIZAM DE UM MEacuteTODO COMUM
Figura 1 - Para explicaccedilatildeo vide texto Resta-nos entatildeo para que a ideacuteia ganhe em consistecircncia comprovar a existecircncia de um uacutenico meacutetodo cientiacutefico e
isto natildeo parece ser uma tarefa faacutecil Antes de enfrentarmos esta dificuldade vamos verificar como as ideacuteias aqui apresentadas se conformam a conceitos classicamente
adotados como modelos de meacutetodo cientiacutefico
[] Muitos dentre esses toacutepicos satildeo apresentados em um contexto diverso em
Referecircncias
Ensaios sobre a Filosofia da Ciecircncia ou entatildeo em outros artigos expostos acima na
seccedilatildeo Temas relacionados [1] POPPER K R 1956 Acerca da inexistecircncia do meacutetodo
cientiacutefico in Prefaacutecio da ediccedilatildeo de 1956 do livro O realismo e o objetivo da ciecircncia
[2] FERREIRA A B H 1986
Publicaccedilotildees Dom Quixote (traduccedilatildeo) Lisboa 1987 Este prefaacutecio foi lido num
encontro dos Fellows of Center for Advanced Study in the Behavioral Sciences em Stanford Califoacuternia em novembro
de 1956 Novo dicionaacuterio da liacutengua
portuguesa[3] POPPER K R (1959)
Ed Nova Fronteira Rio de Janeiro p 1128 A loacutegica da pesquisa
cientiacutefica Ed Cultrix (traduccedilatildeo 1975) Satildeo Paulo
22
[4] CHALMERS A F 1976 (traduccedilatildeo 1993) O que eacute ciecircncia afinal[5] BEVERIDGE W I B 1980
Ed Brasiliense Satildeo Paulo 225 p Sementes da descoberta
cientiacutefica[6] MESQUITA Fdeg A 1987
Edusp (traduccedilatildeo) Satildeo Paulo Confesso que blefei --
Fiacutesica antiga vs moderna
[7] Perguntas e Debates 1995 item V
editado pela USJT (na eacutepoca Faculdades Satildeo Judas Tadeu) Satildeo Paulo capiacutetulo 13 A
Ciecircncia Existe p 92-8 Sobre Pesquisa e
Filosofia da Ciecircncia p 75 in EspecialIntegraccedilatildeo A pesquisa na universidade particular Integraccedilatildeo
[8] KUHN T S 1962 (traduccedilatildeo 1975)
I(1)51-75 1995 Este ensaio foi tambeacutem apresentado e discutido em palestra (natildeo publicada) que ministrei por ocasiatildeo da
Semana de Filosofia da USJT de 1994 A estrutura das
revoluccedilotildees cientiacuteficas Ed Perspectiva Satildeo Paulo 257 pp capiacutetulo 8 A natureza e a necessidade das revoluccedilotildees
cientiacuteficas[9] FERREIRA 1986 Idem p 404
p 131 [Os grifos satildeo meus]
[10] Leonardo da Vinci in The New Encyclopaedia Britannica Vol 22 (Macropaedia) Enc Brit Inc
Chicago 1993 p 946 (Leonardo as artist-scientist[11] SANTOS G T
) Os caminhos do pensamento cientiacutefico a
partir do Iluminismo Integraccedilatildeo I(5)131-6 1996 conferecircncia proferida por ocasiatildeo da Semana de Filosofia da USJT de 1995 Na sessatildeo de debates Santos dentre outras consideraccedilotildees interessantes a respeito faz a
seguinte observaccedilatildeo O progresso como vai ser definido no Iluminismo eacute uma noccedilatildeo de abandono passa pelo abandono necessaacuterio de coisas que ficaram ou que deveratildeo ficar no
passado[12] O termo diretamente aqui empregado eacute essencial a natildeo ser levado em conta corremos o risco de considerar
como cientistas dentre outros os mecenas que no passado contribuiacuteram de maneira indireta para o progresso
das ciecircncias
O argumento indutivista Uma criacutetica imparcial conquanto demolidora ao
indutivismo eacute apresentada por Chalmers nos trecircs primeiros capiacutetulos de seu livro [13] Veremos aqui apenas alguns toacutepicos interessantes do ponto de vista epistemoloacutegico
eou necessaacuterios para um melhor entendimento da teoria ora sendo apresentada
Um sumaacuterio completo do argumento indutivista da ciecircncia estaacute esquematizado na figura 2 adaptada de Chalmers [14]
Chama a atenccedilatildeo a omissatildeo da deduccedilatildeo de hipoacuteteses o indutivista admite ser possiacutevel partir da observaccedilatildeo e chegar a leis apelando exclusivamente ao raciociacutenio
indutivo O meacutetodo indutivo baseia-se na crenccedila de que eacute possiacutevel confirmar um enunciado universal (lei) atraveacutes de um certo nuacutemero de observaccedilotildees singulares Via de regra
quando se questiona o indutivista a respeito da omissatildeo da hipoacutetese ele logo repete uma frase de Newton Natildeo faccedilo
hipoacuteteses Obviamente este indutivista ingecircnuo ouviu esta frase sabe que foi proferida por Newton mas demonstra
natildeo saber a que Newton estava se referindo A hipoacutetese a que Newton se refere natildeo eacute a mesma que hoje se conceitua nos tratados de metodologia cientiacutefica ou de estatiacutestica Newton deixou bastante claro em sua obra que natildeo fazia como cientista especulaccedilotildees ou conjecturas infundadas No
23
que se refere a hipoacuteteses no contexto em que o termo eacute hoje aceito rariacutessimos foram os cientistas que em sua
fase produtiva as levantaram em nuacutemero tal cuja ordem de grandeza se aproximasse daquela atingida por Newton
O argumento indutivista baseia-se na crenccedila no princiacutepio da induccedilatildeo que dentre outras formas pode ser enunciado como Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno
sempre que pesquisado se repetiu em futuras verificaccedilotildees o mesmo sucederaacute
Figura 2 - O argumento indutivista (segundo Chalmers)
[15] Escolhi esta versatildeo para que fique claro o contraste entre o princiacutepio da induccedilatildeo e a regra
cientiacutefica fundamental expliacutecita na figura 1 Trecircs comentaacuterios merecem ser feitos a respeito 1) Conquanto
seja usado como regra metodoloacutegica o princiacutepio da induccedilatildeo natildeo define o nuacutemero de observaccedilotildees singulares a permitir uma generalizaccedilatildeo (obtenccedilatildeo de leis) 2) Esta e outras falhas conceituais inerentes ao argumento indutivista propiciam interpretaccedilotildees ingecircnuas ao princiacutepio conforme
veremos abaixo 3) O princiacutepio sem perder em generalidade no que diz respeito agraves premissas (tem o
mesmo campo de atuaccedilatildeo que a regra cientiacutefica fundamental) e para que possa caracterizar-se como metodoloacutegico e natildeo apenas norteador torna-se mais
restritivo que a regra cientiacutefica fundamental frac34afirma ao inveacutes de suporfrac34 Consequumlentemente os que abraccedilam esta ideologia devem procurar por uma outra definiccedilatildeo de ciecircncia que natildeo a apresentada no item 2 e figura 1 As
consequumlecircncias epistemoloacutegicas daiacute resultantes seratildeo objeto de discussatildeo em itens posteriores
O indutivista ingecircnuo eacute aquele que dentre outras falhas conceituais eou de raciociacutenio consegue provar
cientificamente por exemplo a inexistecircncia de Deus pelo simples fato de Deus natildeo se manifestar a ele tendo em vista que ele natildeo possui uma regra para delimitar a ciecircncia que natildeo seja o princiacutepio da causalidade --natildeo haacute efeito sem causa-- ele tenta inverter o princiacutepio frac34que no caso ficaria natildeo haacute causa sem efeitofrac34 e apelando para o argumento indutivista consegue por meacutetodos cientiacuteficos chegar a conclusotildees natildeo cientiacuteficas frac34no caso teoloacutegicas Mais comum no entanto eacute o erro agora natildeo tatildeo ingecircnuo cometido por alguns indutivistas que conseguem provar cientificamente que todas as maccedilatildes satildeo vermelhas prova esta vaacutelida somente ateacute o dia em que eles se
depararem com maccedilatildes verdes Neste caso a falha decorre da crenccedila num meacutetodo repleto de incoerecircncias internas
5 O argumento dedutivista
24
O argumento dedutivista ainda que natildeo isento de criacuteticas representou sem duacutevida alguma uma evoluccedilatildeo no sentido em que propiciou uma metodologia cientiacutefica dotada de
coerecircncia interna A esse respeito eacute dito com frequumlecircncia que o raciociacutenio dedutivo constitui o
argumento da loacutegica A fim de padronizar comparaccedilotildees apresentarei o argumento
dedutivista como apoiado no seguinte princiacutepio Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa para que seja hipoacutetese deveraacute ser
passiacutevel de verificaccedilatildeo observacional A figura 3 ilustra a proposiccedilatildeo deste argumento
Eacute importante observar que nem toda a afirmaccedilatildeo deduzida seraacute uma hipoacutetese motivo pelo qual natildeo utilizamos o argumento loacutegico se e somente se ao enunciarmos o
princiacutepio
Figura 3 - O argumento dedutivista
[16] Em particular eacute de se ressaltar a opiniatildeo de Severino (1994) a respeito
Eacute preciso natildeo confundir hipoacutetese com pressuposto com evidecircncia preacutevia
Hipoacutetese eacute o que se pretende demonstrar e natildeo o que jaacute se tem
demonstrado [17] A loacutegica dedutiva ao caminhar do geral para o particular
nos garante a formulaccedilatildeo de hipoacuteteses e hipoacutetese comprovada atraveacutes de uma observaccedilatildeo controlada (teste eou experiecircncia) nos permite suspeitar atraveacutes de um raciociacutenio indutivo (do singular para o geral) sua condiccedilatildeo de lei Observem o cuidado na colocaccedilatildeo das palavras Eu disse nos permite suspeitar e natildeo nos
permite garantir Por que esse cuidado A experimentaccedilatildeo natildeo nos garante verdades A esse respeito Popper assim se
referiu Natildeo haacute um meacutetodo para determinar se
uma hipoacutetese eacute lsquoprovaacutevelrsquo ou provavelmente verdadeira [18]
Eacute interessante notar que algumas limitaccedilotildees inerentes ao indutivismo e que propiciam o aparecimento de conclusotildees ingecircnuas satildeo aqui substituiacutedas por uma impossibilidade
Sob esse aspecto o dedutivismo natildeo solucionou o problema mas simplesmente reduziu a possibilidade de que se
cometessem determinados raciociacutenios ingecircnuos Rigorosamente falando o problema natildeo eacute tatildeo insoluacutevel
assim Seraacute insoluacutevel tatildeo-somente para aqueles que julgam estar cientificamente buscando por verdades absolutas A verdade cientiacutefica e soacute o leigo talvez natildeo saiba eacute uma
verdade provisoacuteria tomada por empreacutestimo da natureza e da forma como ela se nos aparenta ser As verdades
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cientiacuteficas de hoje seratildeo quando natildeo negadas lapidadas e reformuladas amanhatilde Se chegaremos ou natildeo por meacutetodos
cientiacuteficos agrave verdade absoluta eacute um questionamento que a ciecircncia natildeo estaacute aparelhada para responder E talvez nunca esteja o que natildeo nos impede de que continuemos procurando
pela verdade Popper foi mais aleacutem demonstrando ser impossiacutevel ateacute mesmo probabilizar uma afirmaccedilatildeo comprovada por um
raciociacutenio que siga a metodologia dedutiva (incluindo e eacute aiacute que reside o problema principal do meacutetodo a induccedilatildeo -- vide lado direito da figura 3) A esse respeito Popper
propotildee a substituiccedilatildeo do termo probabilizar por corroborar Uma hipoacutetese seria tanto mais corroboraacutevel quanto mais propiciasse verificaccedilotildees experimentais e teria sido tanto mais corroborada e natildeo haacute como se
atribuir nuacutemeros probabiliacutesticos a esse efeito quanto mais resistisse a essas verificaccedilotildees Siegel (1977
traduccedilatildeo) adota provavelmente com o mesmo objetivo a expressatildeo grau de aceitabilidade
Efetuamos pesquisas a fim de determinar o grau de aceitabilidade de
hipoacuteteses deduzidas de nossas teorias [19]
Esta impossibilidade em garantir um acerto preocupou bastante Popper e certamente foi um dos motivos que o
levou a expandir o argumento dedutivista atraveacutes da proposiccedilatildeo do falsificacionismo a ser apresentado no
item 7 Independentemente das dificuldades apontadas neste e nos itens precedentes a verdade eacute que a ciecircncia progride e este progresso eacute guiado por homens que conhecem o terreno por onde pisam E conquanto todos saibam da natildeo existecircncia em ciecircncia de verdades absolutas da impossibilidade de se
chegar a uma soluccedilatildeo definitiva para os problemas cientiacuteficos e da natildeo existecircncia de provas observacionais irrefutaacuteveis quase todos [20] entendem e concordam com a
afirmaccedilatildeo de GIL (1994) expressa a seguir A pesquisa cientiacutefica inicia-se
sempre com a colocaccedilatildeo de um problema solucionaacutevel O passo seguinte
consiste em oferecer uma soluccedilatildeo possiacutevel atraveacutes de uma proposiccedilatildeo ou seja de uma expressatildeo suscetiacutevel de ser declarada verdadeira ou falsa A
esta proposiccedilatildeo daacute-se o nome de hipoacutetese Assim a hipoacutetese eacute a
proposiccedilatildeo testaacutevel que pode vir a ser a soluccedilatildeo do problema [21]
6 O que eacute teoria Eacute importante salientar que a finalidade primordial da ciecircncia natildeo eacute formular hipoacuteteses e sim sistematizar teorias e que teoria natildeo eacute pura e simplesmente uma
coletacircnea de hipoacuteteses Teoria eacute um conjunto de hipoacuteteses coerentemente interligadas tendo por finalidade explicar
elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio do conhecimento [22] Por que entatildeo os livros de
metodologia insistem em justificar os meacutetodos atraveacutes de hipoacuteteses uacutenicas e via de regra desinteressantes tais
como As maccedilatildes satildeo vermelhas os cisnes satildeo brancos etc A verdade eacute que nem sempre eacute faacutecil encontrar teorias ao mesmo tempo simples e de amplo espectro ou seja que
26
possam ser entendidas por leitores das vaacuterias aacutereas do conhecimento Por outro lado os argumentos que corroboram ou derrubam teorias satildeo em princiacutepio idecircnticos aos que corroboram ou derrubam hipoacuteteses frac34poderiacuteamos tambeacutem dizer
que uma hipoacutetese eacute ou simula ser uma teoria cujo conjunto de hipoacuteteses eacute unitaacuterio Em geral a dificuldade inerente ao grau de complexidade de uma teoria pode ser
superada desde que o cientista conheccedila a fundo esta teoria cujo grau de aceitabilidade pretende testar e domine a loacutegica envolvida em situaccedilotildees similares poreacutem simples como aquelas que aparecem nos compecircndios sobre o
assunto A ecircnfase dada pelos textos de metodologia cientiacutefica a meacutetodos relacionados a testes de hipoacuteteses contrasta com a quase ausecircncia de referecircncias a meacutetodos relativos agrave
praacutetica da teorizaccedilatildeo Existem exceccedilotildees a esta regra e eu natildeo poderia deixar de citar [23] os livros de Bunge [24] e de Lacey [25] indicados especialmente para os iniciantes da aacuterea de exatas Embora natildeo especificamente dirigido a esta temaacutetica haacute que se destacar tambeacutem o livro de Bohm e
Peat [26] e que merece ser lido posto que focaliza a essecircncia da problemaacutetica aqui apontada neste caso e por este motivo eacute indicado aos iniciantes de todas as aacutereas A praacutetica da teorizaccedilatildeo com rariacutessimas exceccedilotildees natildeo se
aprende na escola Grandes teorizadores por terem aprendido a utilizar uma teacutecnica natildeo encontrada nos livros tradicionais e que nem mesmo eacute ensinada na maioria dos
regimes de iniciaccedilatildeo cientiacutefica chegaram a ser confundidos com gecircnios Eacute bem possiacutevel que estes gecircnios tenham adquirido esta praacutexis cultuando algum resquiacutecio da
filosofia que a sociedade moderna natildeo conseguiu despedaccedilar
A lacuna acima apontada fomenta a ingenuidade ou ateacute mesmo o charlatanismo multiplicando sobremaneira o nuacutemero dos que sem estarem devidamente preparados para teorizar frac34uma atividade que natildeo eacute elementarfrac34 ainda assim teorizam e teorizam mal frac34fato este que chega a incomodar cientistas de respeito que ocupam postos importantes nas
universidades [27] Por outro lado e em decorrecircncia disto permite que se condene agrave marginalidade cientiacutefica
e por periacuteodos variaacuteveis de tempo todos aqueles que certos ou errados pretendem evoluir seriamente no sentido de atender agrave finalidade uacuteltima da ciecircncia a edificaccedilatildeo de
teorias representacionais Que meacutetodos estes homens seguiram que natildeo a paixatildeo a
devoccedilatildeo a persistecircncia e a crenccedila num espiacuterito universal frac34Espiacuterito este que segundo alguns admitem natildeo estaacute a se
divertir com nossos erros e acertos o que foi sintetizado pelo maior dos gecircnios do seacuteculo XX nas
seguintes palavras Deus natildeo joga dados A resposta nos eacute dada pelo proacuteprio autor desta afirmaccedilatildeo
O alvo de construir uma teoria de campo eletromagneacutetico da mateacuteria
permanece inatingiacutevel por ora embora em princiacutepio nenhuma objeccedilatildeo possa ser levantada contra a possibilidade de vir a se alcanccedilar tal objetivo O que reteve qualquer tentativa posterior nessa direccedilatildeo foi a falta de qualquer meacutetodo sistemaacutetico que levasse a uma
soluccedilatildeo [28]
27
Seraacute que natildeo existem meacutetodos ou regras a serem adotados nesta praacutexis E por falar nisso a praacutetica da teorizaccedilatildeo
natildeo seria uma teorexis [29] Seraacute que teorizar em ciecircncia eacute uma atividade puramente filosoacutefica Natildeo existe uma
metodologia cientiacutefica a orientar aqueles que se preocupam em decifrar os segredos que estatildeo por traacutes dos fenocircmenos que se adaptam agrave regra cientiacutefica fundamental Caso exista
um meacutetodo a ser sistematizado Seria ele diferente do meacutetodo cientiacutefico O que eacute o meacutetodo cientiacutefico
Tentarei dentro do possiacutevel e da finalidade a que me propus ao conceber esta seacuterie de artigos responder
oportunamente eou orientar o leitor se houver como no que diz respeito aos questionamentos aqui assinalados De qualquer forma mais detalhes sobre teoria eou teorizaccedilatildeo seratildeo apresentados no toacutepico IV-b A praacutetica da teorizaccedilatildeo
(em preparo)
[13] CHALMERS A F 1976 Referecircncias
op cit (Voltar pelo browser) pp 23-63
[14] Idem p 28 [15] Esta versatildeo eacute uma adaptaccedilatildeo do princiacutepio da induccedilatildeo
como enunciado por CHALMERS (1976) op cit Se um grande nuacutemero de As foi observado sob uma ampla variedade de condiccedilotildees e se todos esses As observados possuiacuteam sem exceccedilatildeo a propriedade B entatildeo todos os As possuem a propriedade B
[16] Neste caso o princiacutepio ficaria
Aparentes contradiccedilotildees que o iniciante possa descobrir ao comparar os dois enunciados natildeo
comprometem o raciociacutenio que se segue razatildeo pela qual admitirei a equivalecircncia sem justificaacute-la
Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa seraacute hipoacutetese se e somente se for passiacutevel de verificaccedilatildeo
observacional
[17] SEVERINO J S 1994
O primeiro se torna a afirmaccedilatildeo inconsistente
Metodologia do trabalho cientiacutefico[18] POPPER K R 1956
Cortez Editora Satildeo Paulo op cit
[19] SIEGEL S 1977 Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica
[20] Eacute possiacutevel que alguns dentre os indutivistas natildeo concordem com alguns dos termos da afirmaccedilatildeo por motivos que podem ser suspeitados tendo em vista o apresentado
neste e no item anterior
Ed McGraw-Hill do Brasil Ltda Satildeo Paulo p 6
[21] GIL A C 1994 Como elaborar projetos de pesquisas
[22] Em FERREIRA A B H 1986
Editora Atlas S A Satildeo Paulo p 35 [Os grifos satildeo
meus] op cit (Voltar pelo
browser) encontramos uma definiccedilatildeo mais geral a satisfazer tambeacutem o argumento indutivista Teoria eacute um
conjunto de conhecimentos natildeo ingecircnuos que apresentam graus diversos de sistematizaccedilatildeo e credibilidade e que se
propotildeem a explicar elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio de fenocircmenos ou de acontecimentos que se
oferecem agrave atividade praacutetica [23] Os trecircs livros citados a seguir natildeo satildeo os uacutenicos
nos gecircneros assinalados a despeito da disparidade apontada Ao tempo em que registro com estes exemplos a exceccedilatildeo agrave regra presto tambeacutem uma homenagem a autores que ao serem por mim lidos transmutaram em duacutevidas muitas das
respostas a questotildees fundamentais e que eu
28
pretensiosamente julgava possuir [24] BUNGE M Teoria e realidade
[25] LACEY HM 1972
Ed Perspectiva (traduccedilatildeo 1994) Satildeo Paulo
A linguagem do espaccedilo e do tempo
[26] BOHM D e PEAT F D
Ed Perspectiva SA
Ciecircncia ordem e criatividade
[27] A esse respeito vale a pena ler
Gradiva Publicaccedilotildees Ltda (traduccedilatildeo 1989) Lisboa
Cientiacuteficos Chiflados capiacutetulo XIV do livro BERNSTEIN J 1988 Observacioacuten de
la Ciencia[28] EINSTEIN A
Ed Fondo de Cultura Econoacutemica Meacutexico Fiacutesica e realidade in Albert Einstein
Pensamento poliacutetico e uacuteltimas conclusotildees (1983 traduccedilatildeo) Edit Brasiliense S A Satildeo Paulo [O grifo eacute meu]
[29] Este termo eu utilizei pela primeira vez no artigo MESQUITA Fdeg A 1983 Ciecircncia empiacuterica uma arma ou uma daacutediva Faculdade
Antes de mais nada afirmarei sem me alongar que uma teoria adotado o argumento dedutivista pode ser
corroborada ou negada fundamentalmente atraveacutes de um dos trecircs procedimentos seguintes 1) Pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de uma de suas hipoacuteteses 2) pela verificaccedilatildeo ou negaccedilatildeo de uma de suas prediccedilotildees 3) pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de teorias auxiliares deduzidas da teoria principal (teoria em teste ou sob suspeita) as teorias
auxiliares podem ser de trecircs tipos teorias ou hipoacuteteses de nulidade teorias ou hipoacuteteses salvadoras e teorias ou hipoacuteteses assassinas
(Revista do IAMC) ndeg 6 p 28-43 agosto83
7 O falsificacionismo O falsificacionismo natildeo foi proposto como um meacutetodo novo mas sim como um criteacuterio ou conduta a ser ou natildeo adotado por aqueles que se conformam ao meacutetodo dedutivo de prova
Natildeo haacute nada no falsificacionismo do ponto de vista metodoloacutegico que natildeo esteja previsto ou que natildeo decorra naturalmente de uma opccedilatildeo a ser seguida espontaneamente ou natildeo por este ou aquele dedutivista Qual seria entatildeo este criteacuterio Com que finalidade foi proposto A resposta a estas perguntas bem como o meacuterito do falsificacionismo constituem o objetivo deste e dos proacuteximos dois itens
[30] Incluem-se no rol das teorias auxiliares como veremos oportunamente as teorias
transcendentais frequumlentemente conotadas por experiecircncias de pensamento As prediccedilotildees e as hipoacuteteses ou teorias auxiliares satildeo teorias geradas utilizando-se do proacuteprio argumento dedutivista esquematizado na figura 3 Neste caso o foco de atenccedilatildeo inicial frac34representado na figura como observaccedilatildeofrac34 eacute nada mais nada menos que a proacutepria teoria que deu origem agrave prediccedilatildeo eou agrave teoria auxiliar Ao valorizar a falseabilidade como criteacuterio a ser adotado
pelos dedutivistas Popper nada mais fez que tentar expandir ou trazer para o domiacutenio da metodologia
cientiacutefica uma praacutetica amplamente utilizada com sucesso em estatiacutestica o criteacuterio de tomada de decisatildeo atraveacutes da
hipoacutetese de nulidade (Ho
O primeiro passo ou estaacutegio no processo de tomada de decisatildeo eacute
definir a hipoacutetese de nulidade (
)
Ho) Formula-se usualmente com o expresso propoacutesito de ser rejeitada Se eacute
29
rejeitada pode-se aceitar a hipoacutetese alternativa (H1) A hipoacutetese
alternativa eacute a definiccedilatildeo operacional da hipoacutetese de pesquisa do
pesquisador A hipoacutetese de pesquisa eacute a prediccedilatildeo deduzida da teoria que estaacute
sendo comprovada [31] A contribuiccedilatildeo de Popper a esse respeito limitou-se agrave ecircnfase que deu agrave importacircncia da procura por hipoacuteteses de
nulidade Ateacute entatildeo este costume estava restrito agrave procura por previsotildees frac34apresentadas via de regra pelo proacuteprio autor da teoriafrac34 eou hipoacuteteses salvadoras frac34levantadas
pelos adeptos da teoria em focofrac34 eou hipoacuteteses assassinas frac34levantadas pelos criacuteticos da teoria em questatildeo As quatro
tecircm uma caracteriacutestica comum satildeo todas teorias falseadoras
A boa teoria dentre outras qualidades [32] e segundo Popper eacute aquela potencialmente geradora de hipoacuteteses
falseadoras e tanto melhor seraacute quanto maior for o risco de ser negada Ela pode ateacute mesmo ser derrubada no primeiro teste a que for submetida o que natildeo invalida o que foi
dito foi uma boa teoria enquanto durou e voltaraacute a ser se conseguir ressurgir das cinzas Dito em outras palavras o criteacuterio para se avaliar a virtude de uma teoria nascente repousa no seu grau de submissatildeo a testes adversos Uma teoria de baixo risco raramente eacute bem vinda [33] e uma
teoria sem risco algum na opiniatildeo de Popper natildeo eacute cientiacutefica e eu iria aleacutem sequer eacute teoria
Levando-se em conta que o criteacuterio falsificacionista peca pela subjetividade deve-se tomar cuidado ao se optar por uma teoria em detrimento de outra pelo fato de a primeira
ser mais falseaacutevel que a segunda Diferentes hipoacuteteses falseadoras devem apresentar pesos diferentes e este peso
mesmo quando bem estimado frequumlentemente o eacute por um processo subjetivo Natildeo eacute raro utilizar-se desta
subjetividade inerente ao falsificacionismo para justificar escolhas feitas segundo criteacuterios poliacuteticos econocircmicos
interesseiros corporativistas ou entatildeo apoiados em princiacutepios outros que tambeacutem deixam a desejar no que diz
respeito agrave eacutetica do cientista 8 Entendendo o falsificacionismo
Suponha que algueacutem deduza a seguinte hipoacutetese H1 As maccedilatildes do Estado de Satildeo Paulo satildeo vermelhas A teoria assim
simulada eacute uma teoria de hipoacutetese uacutenica Percebam que no argumento da hipoacutetese estaacute se admitindo como pressupostos uma infinidade de conceitos tais como fruta maccedilatilde cor
vermelho local Satildeo Paulo Brasil etc Estes pressupostos satildeo o que Severino chama de evidecircncias preacutevias como vimos no item 5 e constituem uma das bases da argumentaccedilatildeo de Chalmers [34] ao contestar os que afirmam que a ciecircncia
comeccedila com a observaccedilatildeo Um exemplo de previsatildeo desta teoria seria as maccedilatildes de
Jundiaiacute devem ser vermelhas tendo em vista que Jundiaiacute se localiza no Estado de Satildeo Paulo
Suponha tambeacutem que algueacutem tenha demonstrado que em condiccedilotildees X outra fruta que natildeo a maccedilatilde e que
originalmente era de determinada cor se modifica e conclui que se a teoria sobre as maccedilatildes for verdadeira ela
deveraacute permanecer verdadeira nas condiccedilotildees X Pode-se entatildeo construir a seguinte hipoacutetese de nulidade Ho Em
condiccedilotildees X obter-se-atildeo em Satildeo Paulo maccedilatildes natildeo
30
vermelhas Esta previsatildeo natildeo decorre da teoria (H1) mas de evidecircncias preacutevias outras e estranhas agrave mesma Se esta
hipoacutetese (Ho) for verificada a hipoacutetese original H1
Seraacute que este simples fato condena a teoria original Para o falsificacionista ingecircnuo sim Para aquele que entendeu e aceitou o significado da afirmaccedilatildeo de Popper citada
neste artigo ao final do
estaraacute falseada
quarto paraacutegrafo do item 5 natildeo Optar por uma teoria natildeo significa crer numa verdade
absoluta Se eu afirmo que Ho eacute verdadeira e consequumlentemente H1 eacute falsa isto natildeo significa que eu
estou atribuindo o grau de veracidade 100 a uma hipoacutetese e 0 agrave outra significa simplesmente que a verificaccedilatildeo experimental me convenceu a optar por uma teoria em
detrimento da outra A opccedilatildeo eacute uma das maneiras pelas quais o cientista expressa a sua feacute na ciecircncia [35] e o
falsificacionismo estabelece normas a lhe orientar nesta opccedilatildeo
Suponha agora que em condiccedilotildees X ou em outra condiccedilatildeo qualquer se encontrem no Estado de Satildeo Paulo maccedilatildes verdes Significa isto que a hipoacutetese H1
Natildeo podemos em satilde consciecircncia dizer que a psicanaacutelise por exemplo natildeo pertenccedila ao campo da ciecircncia pelo simples
fato de uma de suas teorias precursoras ser natildeo falseaacutevel Sequer podemos dizer que o autor dessa ideacuteia natildeo
fosse cientista se eacute verdade que a psicanaacutelise se desenvolveu em cima desta ideacuteia e apesar disso conseguiu
eacute falsa Natildeo Simplesmente ela foi falseada Nada impede que amanhatilde com a evoluccedilatildeo da ciecircncia se descubra que estes frutos verdes a que hoje associamos a ideacuteia maccedilatilde estejam inseridos num
outro contexto e que realmente natildeo sejam maccedilatildes Por que entatildeo se daacute preferecircncia a verificaccedilotildees falseadoras em detrimento das corroboradoras Ora isto nem sempre
acontece conquanto seja esta uma das regras propostas pelo falsificacionismo Por exemplo tanto a teoria da
relatividade quanto a mecacircnica quacircntica satildeo teorias fiacutesicas amplamente aceitas graccedilas a terem sido
corroboradas por previsotildees que se confirmaram e pouco valor se deu a um grande nuacutemero de testes que as falsearam Por outro lado estas duas teorias satildeo concomitantemente aceitas pelos fiacutesicos conquanto existam fortes argumentos
a provar que cada uma destas duas teorias falseia a outra e ambas falseiam a teoria de Maxwell que tambeacutem eacute aceita como verdadeira Certos ou errados neste caso os fiacutesicos modernos dentre os quais se inclui Popper fizeram uma opccedilatildeo contraacuteria agrave norma falsificacionista e natildeo haacute
como criticaacute-los por essa conduta a menos que se pretenda atribuir ao falsificacionismo uma qualidade que ele natildeo
possui a de estabelecer criteacuterios absolutos de veracidade O falsificacionismo presta-se tambeacutem a fomentar o diaacutelogo e a criatividade Neste caso surge quase como que um apelo para que se invista mais em experiecircncias de pensamento um
recurso legiacutetimo e de grande valor em ciecircncia 9 O falsificacionismo como delimitador da ciecircncia
Vimos no item 7 que para Popper uma teoria sem risco algum natildeo eacute cientiacutefica e eu acrescentei sequer eacute teoria Popper quis se aproveitar deste argumento para delimitar a ciecircncia utilizando-se entatildeo do falsificacionismo como
criteacuterio de cientificidade Com esta opccedilatildeo Popper desagradou a muitos e convenceu a poucos ainda que sua
ideacuteia natildeo fosse de todo maacute
31
de alguma forma se impor como ciecircncia muito provavelmente queiramos ou natildeo seu autor contribuiu diretamente para o progresso da ciecircncia Mesmo que hoje algueacutem chegasse a concluir categoricamente pelo caraacuteter natildeo cientiacutefico da psicanaacutelise isto de forma alguma nos autorizaria a hipoteticamente condenaacute-la agrave estagnaccedilatildeo Se um cientista utilizando-se de maus criteacuterios ou ateacute mesmo apoiando-se em dogmas constroacutei de maneira natildeo
cientiacutefica um determinado campo do conhecimento isto natildeo significa que este campo natildeo possa vir a ser estudado cientificamente e que natildeo se possam criteriosamente
aproveitar as conclusotildees de seus estudos Nada impede que uma teoria considerada hoje como natildeo cientiacutefica pelo fato de possuir uma ou mais hipoacuteteses natildeo falseaacuteveis adquira
esse status apoacutes passar por ligeiras reformulaccedilotildees Natildeo podemos assumir que um campo do conhecimento seja natildeo cientiacutefico pelo simples fato de natildeo encontrarmos nele
teorias cientiacuteficas Este posicionamento de Popper a meu ver natildeo se justifica o falsificacionismo natildeo eacute um bom
criteacuterio delimitador da ciecircncia e isto eu espero que tenha ficado claro para o leitor E mais natildeo existem aacutereas natildeo cientiacuteficas mas sim aacutereas onde ainda natildeo foram produzidos conhecimentos cientiacuteficos O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo e pelo menos nesta etapa nada eacute absolutamente corroboraacutevel ou falseaacutevel Podemos ainda
dizer que a ciecircncia natildeo se localiza aqui ou acolaacute sob esse aspecto a ciecircncia natildeo tem fronteiras
10 Enfim a teoria do meacutetodo Nos demais artigos desta seacuterie irei demonstrar ser possiacutevel partindo da regra cientiacutefica fundamental desenvolver uma teoria sobre o meacutetodo cientiacutefico
utilizando-se das trecircs hipoacuteteses seguintes 1 O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo 2 A produccedilatildeo de conhecimentos passa
necessariamente pelas etapas deduccedilatildeo anaacutelise induccedilatildeo e
siacutentese na ordem apresentada 3 Os princiacutepios cientiacuteficos fundamentais satildeo universais
Por questatildeo de simplicidade subdividirei o estudo do meacutetodo em trecircs etapas correspondentes a cada uma das hipoacuteteses 1) o estudo do macromeacutetodo cientiacutefico 2) o estudo do meacutetodo cientiacutefico propriamente dito e 3) o estudo do micromeacutetodo cientiacutefico Os toacutepicos nos quais
desenvolverei estas etapas estatildeo em fase de projeto natildeo havendo portanto previsatildeo quanto agrave eacutepoca de publicaccedilatildeo
Meacutetodo cientiacutefico
Origem Wikipeacutedia a enciclopeacutedia livre
A palavra meacutetodo vem do grego meacutethodos (caminho para chegar a um fim) O meacutetodo cientiacutefico eacute um conjunto de regras baacutesicas para desenvolver uma experiecircncia a fim de produzir novo conhecimento bem como corrigir e integrar conhecimentos preacute-existentes Na maioria das disciplinas cientiacuteficas consiste em juntar evidecircncias observaacuteveis empiacutericas (ou seja baseadas apenas na experiecircncia) e
mensuraacuteveis e as analisar com o uso da loacutegica Para muitos autores o meacutetodo cientiacutefico nada mais eacute do que a loacutegica
32
aplicada agrave ciecircncia (Haddad) Metodologia literalmente refere-se ao estudo dos meacutetodos e especialmente do meacutetodo da ciecircncia que se supotildee universal Embora procedimentos variem de uma aacuterea da
ciecircncia para outra (as disciplinas cientiacuteficas) diferenciadas por seus distintos objetos de estudo
consegue-se determinar certos elementos que diferenciam o meacutetodo cientiacutefico de outros meacutetodos (filosoacutefico algoritmo
ndash matemaacutetico etc)
Primeiramente os pesquisadores definem proposiccedilotildees loacutegicas ou suposiccedilotildees (hipoacuteteses) para explicar certos fenocircmenos e observaccedilotildees e entatildeo desenvolvem experimentos que testam essas hipoacuteteses Se confirmadas as hipoacuteteses podem gerar leis e teorias Integrando-se hipoacuteteses de certa aacuterea em uma estrutura coerente de conhecimento contribuiacute-se na
formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bem como coloca as hipoacuteteses em um conjunto de conhecimento maior que satildeo as
leis e teorias reconhecidas consensualmente pela comunidade cientiacutefica eou o
O contexto de uma pesquisa
paradigma de seu tempo Outra caracteriacutestica do meacutetodo eacute que o processo precisa
ser objetivo e o cientista deve ser imparcial na interpretaccedilatildeo dos resultados Sobre a objetividade o seja
atente agraves propriedades do objeto e natildeo do sujeito (subjetividade) eacute conhecida a afirmaccedilatildeo de Hans Selye
pesquisador canadense que formulou a moderna concepccedilatildeo de stress ldquoQuem natildeo sabe o que procura natildeo entende o que encontrardquo referindo-se a necessidade de formulaccedilatildeo de definiccedilotildees precisas (a essecircncia dos conceitos) e que
possam ser respondidas com o simples sim ou natildeo Tanto a imparcialidade (evidecircncia) como a objetividade foram incluiacutedas por Reneacute Descartes (1596 ndash 1649) nas regras
loacutegicas que caracterizam o meacutetodo cientiacutefico Aleacutem disso o procedimento precisa ser documentado tanto no que diz respeito agrave fonte de dados como as regras de anaacutelise para que outros cientistas possam re-analisar reproduzir e verificar a confiabilidade dos resultados Assim se distingue os relatos cientiacuteficos (artigos
monografias teses e dissertaccedilotildees) de um simples estilo (padratildeo) ou arquitetura de texto orientados pelo que caracteriza as normas da Retoacuterica ou estudo do uso persuasivo da linguagem em funccedilatildeo da eloquumlecircncia
Eacute comum o uso da anaacutelise matemaacutetica ou estatiacutestica quando possiacutevel ou aproximaccedilatildeo de modelos abstratos (tipos ideais) e categorias de classificaccedilatildeo a depender do
objetivo da pesquisa (identificar descrever analisar) que pode ser basicamente quantitativa ou qualitativa A divisatildeo da ciecircncia em aacutereas ou distintas disciplinas
cientificas tem levado a tais adequaccedilotildees da metodologia Eacute comum a afirmaccedilatildeo de que em funccedilatildeo da evoluccedilatildeo do meacutetodo
cientifico num extremo temos a fiacutesica e quiacutemica seguida da biologia e por uacuteltimo as ciecircncias sociais psicologia e ciecircncias juriacutedicas quase se aproximando da filosofia e estudo das crenccedilas (senso comum) ou ciecircncias do espiacuterito
(sistemas miacutetico - religiosos) Contudo pesquisadores contemporacircneos vecircem nessas duas abordagens uma oposiccedilatildeo complementar enquanto as pesquisas quantitativas visam descrever e explicar fenocircmenos que produzem regularidades mensuraacuteveis satildeo recorrentes (ou discrepantes) e exteriores ao sujeito
33
(objetivos) na pesquisa qualitativa o observador (sujeito) eacute da mesma natureza que o objeto de sua anaacutelise e ele proacuteprio uma parte de sua observaccedilatildeo (o subjetivo)
Eacute importante ter em mente que as pesquisas cientificas relacionam-se com um modelo (paradigmaacutetico) ou uma
constelaccedilatildeo de pressupostos e crenccedilas escalas de valores teacutecnicas e conceitos compartilhados pelos membros de uma determinada comunidade cientiacutefica num determinado momento
histoacuterico
Ciecircncia eacute muito mais uma maneira de pensar do que um corpo de conhecimentos -
Elementos do meacutetodo cientiacutefico
Carl Sagan ciecircncia consiste em agrupar factos para que leis
gerais ou conclusotildees possam ser tiradas deles - Charles Darwin
O meacutetodo cientiacutefico eacute composto dos seguintes elementos bull Caracterizaccedilatildeo - Quantificaccedilotildees observaccedilotildees e
medidas bull Hipoacuteteses - Explicaccedilotildees hipoteacuteticas das observaccedilotildees e
medidas bull Previsotildees - Deduccedilotildees loacutegicas das hipoacuteteses
bull Experimentos - Testes dos trecircs elementos acima O meacutetodo cientiacutefico consiste dos seguintes aspectos bull Observaccedilatildeo - Uma observaccedilatildeo pode ser simples isto eacute
feita a olho nu ou pode exigir a utilizaccedilatildeo de instrumentos apropriados
bull Descriccedilatildeo - O experimento precisa ser replicaacutevel (capaz de ser reproduzido)
bull Previsatildeo - As hipoacuteteses precisam ser vaacutelidas para observaccedilotildees feitas no passado no presente e no
futuro bull Controle - Para maior seguranccedila nas conclusotildees toda
experiecircncia deve ser controlada Experiecircncia controlada eacute aquela que eacute realizada com teacutecnicas que permitem descartar as variaacuteveis passiacuteveis de mascarar
o resultado bull Falseabilidade[1]
bull Explicaccedilatildeo das Causas - Na maioria das aacutereas da Ciecircncia eacute necessaacuterio que haja causalidade Nessas
condiccedilotildees os seguintes requerimentos satildeo vistos como importantes no entendimento cientiacutefico
- toda hipoacutetese tem que ser falseaacutevel ou refutaacutevel Isso natildeo quer dizer que o experimento seja falso mas sim que ele pode ser verificado
contestado Ou seja se ele realmente for falso deve ser possiacutevel provaacute-lo
bull Identificaccedilatildeo das Causas bull Correlaccedilatildeo dos eventos - As causas precisam se
correlacionar com as observaccedilotildees bull Ordem dos eventos - As causas precisam preceder
no tempo os efeitos observados Na aacuterea da sauacutede a natureza da associaccedilatildeo causal foi formulada por Hence e adaptada por Robert Koch em 1877
para demonstraccedilatildeo da relaccedilatildeo causal entre microrganismos e patologias consistindo basicamente no enunciado acima ou seja forccedila da associaccedilatildeo (conectividade) sequumlecircncia temporal (assimetria) transitividade (evidecircncia experimental) previsibilidade estabilidade
Uma maneira linearizada e pragmaacutetica de apresentar os quatro pontos acima estaacute exposto a seguir passo-a-passo
34
Vale a pena notar que eacute apenas um exemplo natildeo sendo obrigatoacuterio a existecircncia de todos esses passos Na
verdade na maioria dos casos natildeo se segue todos esses passos ou mesmo parte deles O meacutetodo cientiacutefico natildeo eacute
uma receita ele requer inteligecircncia imaginaccedilatildeo e criatividade O importante eacute que os aspectos e elementos
apresentados acima estejam presentes bull Definir o problema
bull Recolhimento de dados bull Proposta de uma hipoacutetese
bull Realizaccedilatildeo de uma experiecircncia controlada para testar a validade da hipoacutetese
bull Anaacutelise dos resultados bull Interpretar os dados e tirar conclusotildees o que serve
para a formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bull Publicaccedilatildeo dos resultados em monografias
dissertaccedilotildees teses artigos ou livros aceitos por universidades e ou reconhecidos pela comunidade
cientiacutefica Observe-se que nem todas as hipoacutetese podem ser confirmadas
ou refutadas por experimentos e que em muitas aacutereas do conhecimento o recolhimento de dados e a tentativas de interpretaacute-los jaacute eacute uma grande tarefa como nas ciecircncias
humanas e juriacutedicas (criminologia)
Ciecircncias humanas A limitaccedilatildeo eacutetica da realizaccedilatildeo experimentos com seres humanos o estudo das subjetividades ou essencialmente
subjetivo individual e particular psiquismo humano ou a natureza histoacuterica do objeto das ciecircncias sociais conduziram os pensadores a distintos caminhos ou
proposiccedilotildees de estudo para o meacutetodo cientiacutefico Contudo parafraseando Minayoldquouma base de dados quando bem trabalhada teoacuterica e praticamente produz riqueza de informaccedilotildees aprofundamento e maior fidedignidade
interpretativardquo As principais divergecircncias na anaacutelise dos resultados de pesquisas em ciecircncias sociais ou humanas se datildeo no plano da contextualizaccedilatildeo dos dados ou informaccedilotildees obtidas em campo nos diversos sistemas teoacutericos ou seja conjunto de teorias e leis reconhecidas como consensuais em distintos
momentos histoacutericos eou segmentos das comunidades cientiacuteficas Nas ciecircncias sociais identifica-se trecircs
grandes correntes de pensamentos bull Positivismo Auguste Comte
bull Fenomenologia (Fenomenologia do Espiacuterito Estruturalismo
bull Materialismo dialeacutetico Dialeacutetica Marxismo
A histoacuteria do meacutetodo cientiacutefico se mistura com a histoacuteria da ciecircncia Documentos do
A evoluccedilatildeo do conceito de meacutetodo
Antigo Egito jaacute descrevem meacutetodos de diagnoacutesticos meacutedicos Na cultura da Greacutecia
Antiga os primeiros indiacutecios do meacutetodo cientiacutefico comeccedilam a aparecer Grande avanccedilo no meacutetodo foi feito no comeccedilo da filosofia islacircmica principalmente no uso de experimentos
para decidir entre duas hipoacuteteses Os principios fundamentais do meacutetodo cientiacutefico se consolidaram com o surgimento da Fiacutesica nos seacuteculos XVII e XVIII Francis
Bacon em seu trabalho Novum Organum(1620)-uma referecircncia
35
ao Organon de Aristoacuteteles-especifica um novo sistema loacutegico para melhorar o velho processo filosoacutefico do
silogismo A metodologia cientiacutefica tem sua origem no pensamento de
Descartes que foi posteriormente desenvolvimento empiricamente pelo fiacutesico inglecircs Isaac Newton Reneacute Descartes propocircs chegar agrave verdade atraveacutes da duacutevida sistemaacutetica e da decomposiccedilatildeo do problema em pequenas
partes caracteriacutesticas que definiram a base da pesquisa cientiacutefica
Lecirc-se no livro o Discurso do meacutetodo E como a multiplicidade de leis serve frequentemente para escusar os viacutecios de sorte que um estado eacute muito melhor governado quando possuindo poucas elas satildeo aiacute rigorosamente aplicadas assim em lugar de um grande
nuacutemero de preceitosde qua a loacutegica eacute composta acrediteis que jaacute me seriam bastante quatro contanto que tomasse a firme e constante resoluccedilatildeo de natildeo deixar uma vez soacute de
observaacute-los O primeiro consistia em nunca aceitar por verdadeira coisa nenhuma que natildeo conhecesse como evidente isto eacute
devia evitar cuidadosamente a precipitaccedilatildeo e a prevenccedilatildeo e nada incluir em meus juizos que natildeo se apresentasse tatildeo claramente e tatildeo distintamente ao meu espiacuterito que natildeo
tivesse nenhuma ocasiatildeo de o por em duacutevida O segundo ndash dividir cada uma das dificuldades que
examinasse em tantas parcelas quantas pudesse ser e fossem exigidas para melhor compreendecirc-las
O terceiro ndash conduzir por ordem os meus pensamento comeccedilando pelos objetos mais simples e faacuteceis de serem conhecidos para subir pouco a pouco como por degraus ateacute o conhecimento dos mais compostos e supondo mesmo
certa ordem entre os que natildeo se precedem naturalmente uns aos outros
e o uacuteltimo ndash fazer sempre enumeraccedilotildees tatildeo completas e revisotildees tatildeo gerais que ficasse certo de nada
omitir Correntemente estas regras satildeo 1 ndash da evidecircncia 2 ndash da
divisatildeo ou anaacutelise 3 ndash da ordem ou deduccedilatildeo 3 da enumeraccedilatildeo (contar especificar) classificaccedilatildeo
O acidente (serendipity
Eacute comum considerar alguns dos mais importantes avanccedilos na ciecircncia tais como as
)
descobertas da radioatividade por Henri Becquerel ou da penicilina por Alexander Fleming como tendo ocorrido por acidente no entanto o que eacute possiacutevel afirmar agrave luz da observaccedilatildeo cientiacutefica eacute que
teratildeo sido parcialmente acidentais uma vez que as pessoas envolvidas haviam aprendido a pensar cientificamente
estando portanto conscientes de que observaram algo novo e interessante
Os progressos da ciecircncia satildeo acompanhados de muitas horas de trabalho cuidadoso que segue um caminho mais ou menos sistemaacutetico na busca de respostas a questotildees cientiacuteficas
Eacute este o caminho denominado de meacutetodo cientiacutefico
A A hipoacutetese
Hipoacutetese (do gr Hypoacutethesis) eacute uma proposiccedilatildeo que se admite de modo provisoacuterio como princiacutepio do qual se pode
deduzir pelas regras da loacutegica um conjunto dado de proposiccedilotildees ou um mecanismo da experiecircncia a explicar
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Literalmente pode ser compreendida como uma suposiccedilatildeo ou pergunta conjetura que orienta uma investigaccedilatildeo por
antecipar caracteriacutesticas provaacuteveis do objeto investigado e que vale quer pela confirmaccedilatildeo atraveacutes de deduccedilotildees loacutegicas dessas caracteriacutesticas quer pelo encontro de novos caminhos de investigaccedilatildeo (novas hipoacuteteses e novos
experimentos) No meacutetodo cientiacutefico a hipoacutetese eacute o caminho que deve levar agrave formulaccedilatildeo de uma teoria O cientista na sua hipoacutetese tem dois objetivos explicar um fato e prever
outros acontecimentos dele decorrentes (deduzir as consequencias) A hipoacutetese deveraacute ser testada em
experiecircncias laboratoriais controladasSe apoacutes muitas dessas experiecircncias os resultados obtidos pelos
pesquisadores natildeo contrariarem a hipoacutetese entatildeo ela seraacute aceita como uma lei e integrada agrave uma teoria eou sistema
teacuteoacuterico
Referecircncias 1 uarr [PDF] Estudos do meacutetodo cientiacutefico
Ver tambeacutem bull Verdade
bull Falseabilidade bull Karl Popper
bull Filosofia da ciecircncia bull Histoacuteria da ciecircncia
bull Epistemologia bull Loacutegica
bull Aristoacuteteles bull Georg Wilhelm Friedrich Hegel
bull Complexidade bull Reducionismo
bull Navalha de Occam bull Ciecircncia
bull Pseudociecircncia bull Paradigma
bull Paul Feyerabend bull Thomas Kuhn
bull Gaston Bachelard bull Teoria
bull Lei (ciecircncias) bull Hipoacutetese
bull Tese bull Dissertaccedilatildeo
Bibliografia
Becker Howard S Meacutetodos de pesquisa em ciecircncias sociais SP Hucitec 1999
Chizzotti Antonio Pesquisa em ciecircncia humanas e sociais SP Cortez 2006
Comte August Discurso preliminar sobre o espiacuterito positivo
Descartes Reneacute Discurso do meacutetodo (traduccedilatildeo prefaacutecio e notas de Joatildeo Cruz Costa SP Ed de Ouro 1970 disponiacutevel
para download em domiacutenio puacuteblico httpwwwdominiopublico e eBooket
httpwwweBooketnet IntraText Reneacute Descartes - e-books
37
Haddad Nagib Metodologia de estudos em ciecircncias da sauacutede como planejar analisar e apresentar um trabalho
cientiacutefico SP Roca 2004 Minayo Maria C de Souza (org) Deslandes (Suely F
Gomes Romeu Pesquisa social teoria meacutetodo e criatividade Petroacutepolis RJ Vozes 2007
Lakatos Eva Maria Marconi Marina de A Meacutetodologia cientiacutefica SP Atlas 2007
Selye Hans Stress a tensatildeo da vida SP IBRASA 1965
Ligaccedilotildees externas bull Explicando o Meacutetodo Cientiacutefico
bull Prova Cientiacutefica bull Diretrizes para elaboraccedilatildeo de dissertaccedilotildees e teses -
USP bull Centro Cochrane do Brasil
bull Metodologiaorg bull Evidecircnciascom
bull Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq)
bull Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciecircncia bull Lista de Perioacutedicos cientificos brasileiros por
assunto bull SciELO - Scientific Electronic Library Online
bull Perioacutedicos UNESCO bull Ciecircncia Hoje
bull Scientific American - Brasil bull Scientific American
COLCHA DE RETALHOS CIENTIacuteFICA (a realidade natildeo eacute Frankenstein ela eacute uacutenica e funcional)
A realidade segundo a Ciecircncia geral
A senhora Ciecircncia trabalhando com
seus remendos
Drordf Ciecircncia e seu filho
Mary Shelley viu o futuro
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Somos Monstros 6 05 2008
Tudo comeccedilou com um desafio feito a Mary Shelley (1797-1851) entatildeo uma jovem de 21 anos por Lord Byron Na eacutepoca 1918 Byron propocircs a Mary e seu marido que
escrevessem um conto de terror uma maneira de passar o tempo jaacute que suas feacuterias estavam sendo consumidas
intediantemente pelo mau tempo Mary foi a uacuteltima a dar iniacutecio ao seu conto que acabou baseado em um pesadelo que
teve numa daquelas noites de chuva E dentre todos o conto de Shelley foi o que mais surpreendeu e arrepiou Insentivada a continuar Mary Shelley desenvolveu ainda
mais sua histoacuteria e transformou-a em um dos mais conhecidos e celebrados livros da Histoacuteria Frankenstein
Victor Frankenstein era um jovem curioso com sede de conhecimento apaixonado pela ciecircncia intrigado com os segredos da vida e louco para deixar sua marca no mundo Havia aprendido sozinho em casa sobre as fantasias da Alquimia no entanto apenas na universidade ele foi descobrir que toda sua bagagem de conhecimento estava ultrapassada haacute muito Acabou se tornando um aluno
exemplar dedicado agrave quiacutemica e agrave biologia Foi assim que sozinho em seu laboratoacuterio em Ingolstadt Victor deu iniacutecio agrave sua criaccedilatildeo misturando seus conhecimentos
teoacutericos de fisiologia e filosofia natural com princiacutepios de mecacircnica decido a descobrir se o princiacutepio que
mantinha animado o corpo poderia pernecer mesmo apoacutes a morte Como Victor fez isso todos jaacute sabemos deu vida a uma criatura formada por partes de cadaacuteveres de tamanho
descomunal (cerca de 25m de altura) e aparecircncia horripilante E eacute aqui que daacute-se iniacutecio ao grande trunfo
da histoacuteria Ao despertar da Criatura Frankenstein acaba por cair na realidade vendo como era realmente feia sua criaccedilatildeo com
seus membros desproporcionais seu olhos aquosos e amarelos incompleta a ponto de seus tecidos nem sequer
cobrirem todo o corpo deixando agrave mostra muacutesculos e ossos Desesperado e com medo arrependido de sua audaacutecia Victor
abandona sua Criatura decaindo num suacutebito acesso de naacuteusea e lucidez
Pobre Criatura um ser vazio de conhecimentos ignorante em relaccedilatildeo ao conviacutevio social solto num mundo de pessoas
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preconceituosas e indiferentes A personificaccedilatildeo perfeita da famosa teoria de Rousseau a do ldquobom selvagemrdquo que diz
que todo o homem nasce ldquopurordquo e eacute corrompido pela sociedade violenta viciosa e materialista Quem lecirc a
histoacuteria de Frankenstein espera encontrar terror suspense e aventura onde um monstro estaria a solta para destruir e matar No entanto descobre um mundo onde noacutes humanos somos totalmente repugnantes e no qual o uacutenico ser que
realmente tem algum valor eacute o monstro excluiacutedo por todos Poucos livros retratam tatildeo bem a indiferenccedila humana e a nossa mania de dar mais valor agraves aparecircncias do que aos
sentimentos carater e virtudes Mary Shelley escreveu uma autecircntica obra-prima da
literatura universal um romance capaz de despertar no leitor a pena e a compaixatildeo por um monstro e a repugnacircncia
de nossa proacutepria raccedila Uma liccedilatildeo que ainda natildeo foi aprendida mesmo depois de quase 200 anos
Ficha Teacutecnica Tiacutetulo Frankestein (Frankenstein or the Modern
Prometheus) Autor Mary Shalley Paiacutes Inglaterra
Publicaccedilatildeo Original 1818 Publicaccedilatildeo Lida Martin Claret Editora 2001
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UMA AacuteRVORE GENEALOacuteGICA Eacute UMA INDICACcedilAtildeO DE MISCIGENACcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS
O tempo todo em toda parte as pessoas estatildeo
miscigenando misturando indiviacuteduos formando famiacutelias estas grupos estes empresas e assim por diante Como diz o povo em toda parte a todo instante uma ldquoafliccedilatildeo de genterdquo estaacute se misturando sexualmente (homem e mulher) racialmente (negros brancos amarelos vermelhos) por idade (jovens e novos) por origem por classe social e segue
Onde fica a individualidade nisso tudo Essa individualidade QUE NAtildeO SE MISTURA eacute um defeito de visatildeo de nossas mentes racionais segregadoras Eacute verdade que somos indiviacuteduos poreacutem eacute verdade tambeacutem que natildeo somos
Primeiro haacute o aleacutem-de-mim que satildeo os ambientes e as pessoas natildeo-eu Depois temos TODAS AS MISTURAS de natildeo-eu (sexo raccedila idade origem classe e segue) de que dependo A seguir todo o saber natildeo-eu todas as memoacuterias e inteligecircncias que o mundo produz
Enfim o natildeo-eu eacute uma amplidatildeo para o passado e o futuro no presente abrindo-se em 200 naccedilotildees 4000 estados e o resto todo Em resumo natildeo-eu em relaccedilatildeo a eu eacute tanto mais aleacutem de mim que quase desapareccedilo
Sou metade com minha metade e soacute nesse par sou um embora metade 05 + 05 = 10 = casamento aleacutem desse par-de-
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defesa quer dizer aleacutem do casamento monogacircmico estatildeo as inumeraacuteveis facetas do mundo as complexidades ilimitadas que natildeo posso resolver
Entatildeo Natureza-Deus quebrou-nos em duas partes que devem voltar a se unir para produzir a necessidade de uniatildeo em famiacutelias e aleacutem para criar as sociedades
Capiacutetulo 5 Con-soacutecio de Construccedilatildeo
Entatildeo noacutes temos vaacuterios tipos de sociedades a) dentro de noacutes vieram nos montando todas as
sociedades que deram no indiviacuteduo por exemplo sociedade dos oacutergatildeos
b) a seguir nos unimos em famiacutelias com ou sem filhos (no meu caso tive dois grandes amigos)
c) e aiacute segue todos aqueles niacuteveis pessoais e ambientais De fato a vida eacute uma sociedade tremenda
i sociedades vitais (fungos plantas animais e primatas)
ii sociedades psicoloacutegicas (pessoas e ambientes)
Cada sociedade dessas abre-se em multiacuteplices camadas de complexidades complexidades quase indescritiacuteveis que os estudiosos penam para descrever apenas no niacutevel bioloacutegico-p2 No niacutevel psicoloacutegico-p3 claro eacute muito mais difiacutecil chega a ser impossiacutevel pois estamos dentro Natildeo existe nenhum SUPERMUNDO que esteja de fora olhando o mundo somos noacutes as mesmas cabeccedilas individuais que ousam pensar a totalidade dividindo-a e subdividindo-a em numerosas fraccedilotildees trataacuteveis
NOacuteS NOS SENTIMOS ESMAGADOS PELA CRESCENTE COMPLEXIDADE (eacute preciso comeccedilar urgentemente o processo de re-uniatildeo)
12
Quanto mais tentamos alisar
mais o cabelo embola
Uma galaacutexia de dados e nem haacute um centro
gravitacional O meacutetodo cientiacutefico redutor eacute muito bom produziu a
maioria das coisas que vemos e grande parte de nossas liberdades (e prisotildees) atuais Contudo tambeacutem foi ruim porque o redutor (e ampliador) levou ao reducionismo a superafirmaccedilatildeo da reduccedilatildeo Jaacute que funcionava tatildeo bem as pessoas natildeo se preocuparam com um meacutetodo cientiacutefico ampliador
Em particular a Ciecircncia geral natildeo ajudou a colar homem e mulher despedaccedilados nem as famiacutelias nem os grupos nem mesmo coisa alguma na verdade ajudou a rebentar Natildeo fez de noacutes felizes criaturas re-unidas fez de noacutes consumidores seres infelizes superconsumindo e mesmo assim incapazes de chegar agrave felicidade ainda que livres para procuraacute-la
A re-uniatildeo deve comeccedilar pela re-uniatildeo do par fundamental Re-construir a famiacutelia eacute fundamental
Capiacutetulo 6 Feliz-Cidade
Se a cidade eacute apesar de tudo feliz se eacute feliz-cidade eacute
porque o trabalho eacute muito dividido e enquanto estou de feacuterias deitado na rede por toda parte milhotildees estatildeo se azafamando trabalhando continuamente com afinco se tiro um mecircs de feacuterias nem um dia de mim vai trabalhar ndash por 30 dias eu falto ao trabalho sem que o trabalho falte a mim
Minha casa continua comendo bebendo e fazendo todas as competentes graccedilas que nos datildeo E por toda parte milhotildees operam com vigor quando estou dormindo Se algueacutem entra em coma natildeo acorda num mundo destruiacutedo na sua ausecircncia todos continuaram a trabalhar diligentemente
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O FORMIGUEIRO CONTINUA DIA E NOITE
Eu formiguinha formiguinha vocecirc VIDA DE FORMIGA Z NO FORMIGUEIRO Z (Woody Allen interpreta o filho quinto-milhatildeo Z pois existe todo um abecedaacuterio de formigas e formigueiros com iacutendices e sub-iacutendices)
A formiga Z se apaixona pela princesa Bala e termina enfrentando os desafios do mundo exterior e o impiedoso General Mandiacutebula Com vozes de Woody Allen Sharon Stone Jennifer Lopez Gene Hackman e Sylvester
Stallone
Ficha Teacutecnica Elenco
Sinopse Criacuteticas
Pocircsters
Imagens Trailers
Premiaccedilotildees Curiosidades
Ficha Teacutecnica
Tiacutetulo Original AntZ Gecircnero Animaccedilatildeo Computadorizada Tempo de Duraccedilatildeo 82 minutos Ano de Lanccedilamento (EUA) 1998
Site Oficial wwwpepsicomantz Estuacutedio DreamWorks SKG Pacific Data Images
Distribuiccedilatildeo DreamWorks Distribution LLC UIP Direccedilatildeo Eric Darnell e Tim Johnson
Roteiro Todd Alcott Chris Weitz e Paul Weitz Produccedilatildeo Brad Lewis Aron Warner e Patty Wooton Muacutesica Harry Gregson-Williams e John Powell
Desenho de Produccedilatildeo John Bell
Direccedilatildeo de Arte Kendall Crockhite Ediccedilatildeo Stan Webb
Efeitos Especiais Pacific Data Images Elenco (Vzes)
Woody Allen (Z) Sharon Stone (Princesa Bala)
Gene Hackman (General Mandiacutebula) Jennifer Lopez (Azteca) Danny Glover (Barbatus)
Sylvester Stallone (Weaver)
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Christopher Walken (Coronel Cutter) Dan Akroyd (Chip)
Anne Bancroft (Rainha) Jane Curtin (Muffy)
Paul Mazursky (Psicoacutelogo)
Sinopse A formiguinha Z eacute apenas um operaacuterio que sonha roubar o coraccedilatildeo da princesa Bala Para isso convence seu amigo
soldado a trocar de lugar com ele o que faz com que tenha que enfrentar o impiedoso General Mandiacutebula que planeja
uma grande ofensiva contra o formigueiro
A formiguinha tendo ao fundo o
formigueiro
Um dos formigueiros sem que se veja
uma soacute formiguinha Isto eacute a Terra o terraacuterio-aquaacuterio da humanidade a gaiola
redonda dos loucos de pedra Somos 66 bilhotildees de formigas dentro deste formigueiro-mundo
E NOacuteS AINDA PARTILHAMOS A TERRAARAacuteGUA (aqui as aves)
Em resumo embora nos vejamos como indiviacuteduos na
verdade somos um CORRELATIVO DE EMPREENDIMENTOS em furiosa mutaccedilatildeo tempespacial
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Capiacutetulo 7 Espaccedilotempo de Reuniatildeo
Pois entatildeo eacute hora de re-unir a humanidade de fazer
cessar o pecado original divisor RE-FAZENDO famiacutelia natildeo mais ilha Famiacutelias de todos os tipos com todas as uniotildees todas as misturas
Eacute preciso eacute fundamental que os governos de todo o
mundo invistam maciccedilamente na reuniatildeo dos pares fundamentais nos casamentos no estudo das uniotildees estaacuteveis na restauraccedilatildeo no contorno natildeo-forccedilado dos divoacutercios e separaccedilotildees digamos com um periacuteodo de experiecircncia antes da consagraccedilatildeo do casamento uniotildees-em-experiecircncia
A gestaccedilatildeo da nova famiacutelia deve ser o mote deste seacuteculo XXI todo e do futuro
Vitoacuteria quinta-feira 12 de marccedilo de 2009 Joseacute Augusto Gava
Anexos Capiacutetulo 5
O MEacuteTODO CIENTIacuteFICO REDUTOR (logo de cara esse quebrar em partes rompe os viacutenculos da totalidade da funcionabilidade total)
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II2 Caracteriacutesticas do meacutetodo cientiacutefico O meacutetodo dedutivo o meacutetodo indutivo e o meacutetodo
hipoteacutetico-dedutivo satildeo os trecircs meacutetodos cientiacuteficos a que se refere a denominaccedilatildeo geneacutetica de meacutetodo cientiacutefico A primeira caracteriacutestica do meacutetodo cientiacutefico eacute a sua
natureza convencional a de servir de marco de geraccedilatildeo do conhecimento objetivo Por isso existem muacuteltiplas caracteriacutesticas em funccedilatildeo da perspectiva com que se
classifiquem se estudem e inclusivamente se denominem A primeira que me chama a atenccedilatildeo eacute o fato de que os dois primeiros tecircm um nome difiacutecil de distinguir visto que no acircmbito linguumliacutestico podem representar um soacute conceito com
duas manifestaccedilotildees raciociacutenio numa direccedilatildeo ou na contraacuteria do geral para o particular ou vice-versa
O problema logicamente deriva da dificuldade conceptual de separar um meacutetodo cientiacutefico de outro de uma forma clara evidentemente os termos escolhidos natildeo ajudam a
reter na memoacuteria estes dois conceitos de meacutetodo cientiacutefico Tambeacutem natildeo ajuda muito a denominaccedilatildeo do
terceiro meacutetodo cientiacutefico Uma caracteriacutestica de ambos meacutetodos eacute que podem ir do
geral para o particular ou vice-versa num sentido ou no inverso Ambos utilizam a loacutegica e chegam a uma conclusatildeo
Em uacuteltima instacircncia sempre tecircm elementos filosoacuteficos subjacentes
Ambos costumam ser susceptiacuteveis de verificaccedilatildeo empiacuterica Ainda que o meacutetodo dedutivo seja mais proacuteprio das ciecircncias formais e o indutivo das ciecircncias empiacutericas nada impede a aplicaccedilatildeo indistinta de um meacutetodo cientiacutefico ou outro a
uma teoria concreta Para mim sem pretender entrar em polecircmica neste tema a diferenccedila fundamental entre o meacutetodo dedutivo e o meacutetodo indutivo eacute que o primeiro aspira a demonstrar mediante a loacutegica pura a conclusatildeo na sua totalidade a partir de
umas premissas de maneira que se garante a veracidade das conclusotildees se natildeo se invalida a loacutegica aplicada Trata-se do modelo axiomaacutetico proposto por Aristoacuteteles como meacutetodo
cientiacutefico ideal Pelo contraacuterio o meacutetodo indutivo cria leis a partir da
observaccedilatildeo dos fatos mediante a generalizaccedilatildeo do comportamento observado na realidade o que realiza eacute uma espeacutecie de generalizaccedilatildeo sem que atraveacutes da loacutegica possa conseguir uma demonstraccedilatildeo das citadas leis ou conjunto de
conclusotildees As referidas conclusotildees poderiam ser falsas e ao mesmo tempo a aplicaccedilatildeo parcial efetuada da loacutegica poderia manter a sua validade por isso o meacutetodo indutivo necessita de uma condiccedilatildeo adicional a sua aplicaccedilatildeo
considera-se vaacutelida enquanto natildeo se encontrar nenhum caso que natildeo cumpra o modelo proposto
O meacutetodo hipoteacutetico-dedutivo ou de verificaccedilatildeo de hipoacuteteses natildeo coloca em princiacutepio nenhum problema visto
que a sua validade depende dos resultados da proacutepria verificaccedilatildeo
Este meacutetodo cientiacutefico costuma utilizar-se para melhorar ou precisas teorias preacutevias em funccedilatildeo de novos
conhecimentos nas quais a complexidade do modelo natildeo permite formulaccedilotildees loacutegicas Portanto tem um caraacuteter
predominantemente intuitivo e necessita natildeo soacute para ser rejeitado mas tambeacutem para impor a sua validade a
verificaccedilatildeo das suas conclusotildees
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Poderia propor-se para estas trecircs variantes do meacutetodo cientiacutefico a denominaccedilatildeo de meacutetodo dedutivo meacutetodo
intuitivo e meacutetodo experimental ou meacutetodo de verificaccedilatildeo ou qualquer conjunto de palavras que faccedilam referecircncia agraves suas diferenccedilas fundamentais e natildeo coloquem problemas agrave memoacuteria linguumliacutestica Natildeo obstante nesta exposiccedilatildeo
manterei a nomenclatura geralmente utilizada A Teoria Geral da Evoluccedilatildeo Condicionada da Vida seria em
princiacutepio uma teoria baseada no meacutetodo hipoteacutetico-dedutivo ou meacutetodo de verificaccedilatildeo de hipoacuteteses
A teoria de Darwin pelo contraacuterio estaria enquadrada no meacutetodo indutivo mas que apesar de encontrar exemplos contraacuterios natildeo se invalida adeacutequa-se para encaixar
qualquer triacircngulo Porque seraacute
Como se disse anteriormente toda a teoria deve ser resistente agrave sua refutaccedilatildeo contudo uma teoria que natildeo pode ser refutada por nenhum fato concebiacutevel natildeo eacute
cientiacutefica A impossibilidade de refutaccedilatildeo de uma teoria cientiacutefica natildeo eacute uma virtude mas sim um viacutecio
TEORIA SOBRE O MEacuteTODO CIENTIacuteFICO EM BUSCA DE UM MODELO UNIFICANTE PARA AS CIEcircNCIAS
E DE UM RETORNO Agrave UNIVERSIDADE CRIATIVA I -- INTRODUCcedilAtildeO
Alberto Mesquita Filho Comeccedilo regra geral as minhas liccedilotildees sobre Meacutetodo
Cientiacutefico dizendo aos meus alunos que o meacutetodo cientiacutefico natildeo existe Acrescento que tenho obrigaccedilatildeo de saber isso tendo eu sido durante algum tempo pelo menos o uacutenico professor desse inexistente assunto em toda a Comunidade
Britacircnica
Tendo entatildeo explicado aos meus alunos que natildeo haacute essa coisa que seria o meacutetodo cientiacutefico apresso-me a comeccedilar o meu discurso e ficamos ocupadiacutessimos Pois um ano mal chega para roccedilar a superfiacutecie mesmo de um assunto
inexistente Karl R Popper [1]
Resumo Este artigo eacute o primeiro de uma seacuterie de artigos relacionados agrave metodologia cientiacutefica e cuja temaacutetica foi dividida em cinco toacutepicos principais Corresponde a uma
versatildeo atualizada de consideraccedilotildees expressas pelo autor a partir de 1983 em livros artigos e conferecircncias citados no texto colaborou para esta atualizaccedilatildeo a experiecircncia adquirida pelo autor no processo de remodelaccedilatildeo da Proacute-Reitoria Comunitaacuteria da USJT (1992-1993) bem como aquela adquirida junto aos demais membros da equipe criada pelos Conselhos Superiores da USJT (1994) --expandida em 1995--
com a finalidade de implantar o Centro de Pesquisa da USJT Os conceitos foram axiomatizados de forma a darem
corpo a uma nova teoria sobre o meacutetodo cientiacutefico permitindo mesmo a constataccedilatildeo de possiacuteveis aplicaccedilotildees dentro de um contexto abrangente tais como 1) a teoria
fornece os meios necessaacuterios para que se promova a integraccedilatildeo das ciecircncias e 2) propicia a sustentaccedilatildeo de um projeto visando a caracterizar a universidade como o local apropriado para a formaccedilatildeo de cientistas Os cinco
toacutepicos a serem abordados satildeo pela ordem I - Introduccedilatildeo na qual eacute proposta a regra delimitante da ciecircncia II - O macromeacutetodo cientiacutefico e a Histoacuteria da Ciecircncia III - O
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papel da universidade na produccedilatildeo de conhecimentos IV - O meacutetodo cientiacutefico propriamente dito a) A teoria da
praacutetica em ciecircncia b) A praacutetica da teorizaccedilatildeo cientiacutefica V - O micromeacutetodo cientiacutefico e a Filosofia da Ciecircncia Os demais toacutepicos estatildeo em fase de projeto natildeo havendo portanto previsatildeo quanto agrave eacutepoca de publicaccedilatildeo []
1 Colocaccedilatildeo do problema Meacutetodo entre outras coisas significa caminho para chegar
a um fim ou pelo qual se atinge um objetivo Que dizer entatildeo do meacutetodo cientiacutefico [2] Poderia dizer que eacute o caminho trilhado pelo cientista quando em busca de verdades cientiacuteficas
Afirma-se com grande frequumlecircncia que o cientista eacute aquele que se utiliza do meacutetodo cientiacutefico Os que aceitam esta
Percebam que estou meramente jogando com as palavras e associando-as ao conceito de
meacutetodo acima postulado Quais satildeo as verdades cientiacuteficas O que eacute ser cientista O que eacute ciecircncia Existe uma ciecircncia uacutenica Quando nos reportamos a uma hipoteacutetica linha demarcatoacuteria a separar o que julgamos
ser uma verdade cientiacutefica de outras possiacuteveis verdades a que nos estamos referindo
verdade --e haacute muitos que o fazem-- devem procurar uma conceituaccedilatildeo para meacutetodo cientiacutefico diferente da exposta no paraacutegrafo anterior sob pena de andarem em ciacuterculo Ou definimos cientista a partir da definiccedilatildeo de meacutetodo frac34algo tentado por Popper ao propor o falsificacionismo [3]frac34 ou definimos meacutetodo a partir da definiccedilatildeo de cientista do contraacuterio natildeo chegamos a nada Conservarei a ideacuteia de meacutetodo cientiacutefico como caminho trilhado pelo cientista
2 O que eacute ciecircncia
com o que estou assumindo o risco de ter que definir ciecircncia eou cientista Eacute o que tentarei fazer nesta
introduccedilatildeo
Natildeo eacute faacutecil definir ciecircncia e satildeo inuacutemeros os tratados sobre o assunto a abordarem esta dificuldade Ao leitor
principiante em ciecircncia e que queira penetrar na complexidade do tema ou entatildeo perceber a quantas anda nossa ignoracircncia a respeito sugiro se tiver pendores
filosoacuteficos que comece pelo livro de Chalmers (1976) [4] ou entatildeo se preferir algo mais ameno e mais voltado agrave
praacutetica cientiacutefica pelo livro de Beveridge (1980) [5] Ao leitor acomodado e que natildeo tenha amplo conhecimento do
assunto ou mesmo para aquele que pretenda prosseguir com esta leitura ciente de que eacute possiacutevel pelo menos em niacutevel conjetural enfrentar o desafio apontado relatarei aqui a
conclusatildeo de um ensaio que sintetiza uma ideacuteia que me ocorreu haacute cerca de dez anos [6] e que apresentei na
sessatildeo de debates da mesa redonda A Pesquisa na Universidade Particular ocorrida por ocasiatildeo da IV Semana de Psicologia da USJT (1994) com as seguintes palavras Vejo a ciecircncia como a aacuterea do conhecimento que se apoacuteia natildeo num meacutetodo mas sim na regra da repetitividade a que
eu tenho chamado de regra cientiacutefica fundamental Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que
pesquisado se repetiu eacute de se admitir que em futuras verificaccedilotildees o mesmo suceda [7]
A regra cientiacutefica fundamental conquanto aceita intuitivamente por todos os cientistas ocupa entre os mesmos e ateacute entre os filoacutesofos da ciecircncia um papel
secundaacuterio quando natildeo totalmente ignorada Via de regra considera-se a ciecircncia como que apoiada em regras outras
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como por exemplo o princiacutepio da causalidade de Kant a regra metodoloacutegica de Popper que se associa a seu meacutetodo
dedutivo de prova o princiacutepio ou argumento indutivista e as regras ou criteacuterios de utilidade Como posiccedilotildees
extremas e apoiadas em regras mais riacutegidas podemos citar a visatildeo paradigmaacutetica de Thomas Kuhn a defender o
dogmatismo cientiacutefico o ponto de vista de Chalmers a questionar a argumentaccedilatildeo filosoacutefica no que diz respeito agrave delimitaccedilatildeo da ciecircncia e a visatildeo anarquista de Feyerabend
a se opor frontalmente ao racionalismo em ciecircncia A fim de ilustrar o comentado no paraacutegrafo anterior
vejamos como Thomas Kuhn (1962) --defensor de uma posiccedilatildeo cientiacutefico-filosoacutefica incompatiacutevel com a que aqui pretendo apresentar-- retrata a importacircncia da repetitividade dos eventos como algo a semear o surgimento de novas ideacuteias Existem em princiacutepio somente trecircs tipos de fenocircmenos a propoacutesito dos quais pode ser desenvolvida uma nova teoria O primeiro tipo compreende os fenocircmenos jaacute bem explicados
pelos paradigmas existentes Tais fenocircmenos raramente fornecem motivos ou um ponto de partida para a construccedilatildeo de uma teoria Quando o fazem as teorias resultantes raramente satildeo aceitas visto que a natureza natildeo proporciona nenhuma base para uma discriminaccedilatildeo entre as alternativas Uma segunda classe de fenocircmenos compreende aqueles cuja
natureza eacute indicada pelos paradigmas existentes mas cujos detalhes somente podem ser entendidos apoacutes uma maior
articulaccedilatildeo da teoria Os cientistas dirigem a maior parte de sua pesquisa a esses fenocircmenos mas tal pesquisa visa antes agrave articulaccedilatildeo dos paradigmas existentes do que agrave invenccedilatildeo de novos Somente quando esses esforccedilos de articulaccedilatildeo fracassam eacute que os cientistas encontram o
terceiro tipo de fenocircmeno as anomalias reconhecidas cujo traccedilo caracteriacutestico eacute a sua recusa obstinada a serem
assimiladas aos paradigmas existentes Apenas esse uacuteltimo tipo de fenocircmeno faz surgir novas teorias [8]
Ora se um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se recusou obstinadamente a ser assimilado aos paradigmas
existentes e se esta recusa eacute quem orienta a caracterizaccedilatildeo de novas teorias e mais se a ciecircncia eacute fundamentalmente o conjunto das ideacuteias e teorias geradas pela mente humana bem como a aplicaccedilatildeo pelo homem dessas ideacuteias e teorias em busca de um relacionamento sadio com a natureza e com os seus semelhantes podemos sossegadamente
concluir que ciecircncia eacute o processo pelo qual o homem se relaciona com os fenocircmenos universais que se sujeitam agrave
regra cientiacutefica fundamental 3 O ser cientista
Cientista diz-nos Ferreira (1986) eacute a pessoa que cultiva ou que eacute especialista em alguma ciecircncia ou em ciecircncias
[9] e ciecircncia eacute um processo definido no item anterior Se aceitarmos estas premissas concluiremos que o conhecimento
cientiacutefico eacute aquele factiacutevel de reproduccedilatildeo enquanto o cientista eacute aquele que de alguma forma cultiva esses conhecimentos Eacute importante aqui salientar que muitas
vezes o que se espera reproduzir eacute um dado probabiliacutestico Por exemplo se dissermos que 80 das moleacuteculas de um gaacutes
satildeo do elemento quiacutemico oxigecircnio isto natildeo significa estarmos afirmando ser oxigecircnio esta ou aquela moleacutecula objeto de verificaccedilatildeo experimental o que a regra nos
preconiza eacute que independentemente de qual cientista for tentar reproduzir a medida ou do local escolhido para que
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esta segunda medida seja efetuada observando-se as condiccedilotildees em que a mesma foi realizada anteriormente o
valor obtido concordaraacute com o valor precedente dentro de uma margem de erro tambeacutem estimaacutevel por meacutetodos
experimentais Todos noacutes vez ou outra nos comportamos como cientistas Ser cientista natildeo eacute possuir um roacutetulo mas sim postar-se com uma atitude cientiacutefica por outro lado mesmo aquele que se diz cientista vez ou outra assume atitudes natildeo cientiacuteficas e penetra em terrenos apoiados em regras
proacuteprias ou ateacute mesmo sem regras O roacutetulo eacute frequumlentemente utilizado quando queremos nos referir agraves
pessoas que se utilizam de seus talentos cientiacuteficos como meio de vida seriam entatildeo os cientistas profissionais A filosofia por exemplo eacute um campo de atuaccedilatildeo bem mais
abrangente que aquele ditado pela regra cientiacutefica fundamental Poderiacuteamos dizer que a filosofia comporta a
ciecircncia ainda que esta ideacuteia natildeo agrade a alguns cientistas mas jamais poderiacuteamos dizer e quanto a isso
todos satildeo concordes que a ciecircncia comporta a filosofia O bom cientista utiliza-se da filosofia da mesma forma que a maioria dos indiviacuteduos com sede se utilizam do copo Outras
aacutereas do conhecimento seriam 1) o ocultismo frac34e aqui poderiacuteamos incluir a tiacutetulo de exemplo a alquimia e a astrologia 2) as artes frac34e vale a pena aqui frisar que a arte pode ser encarada cientificamente postura esta que foi frequumlentemente adotada por Leonardo da Vinci [10] e defendida em sua Teoria do Conhecimento 3) a teologia
etc A busca pela verdade que tambeacutem eacute objetivo da grande maioria destas aacutereas natildeo cientiacuteficas segue-se por caminhos nem sempre limitados ou compatiacuteveis com a regra cientiacutefica
fundamental O cultivo da ciecircncia pode se dar atraveacutes da observaccedilatildeo de alguns ou todos dentre seus objetivos nobres quais sejam
1) aquisiccedilatildeo transmissatildeo e aplicaccedilatildeo de conhecimentos cientiacuteficos jaacute sistematizados e 2) produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
de novos conhecimentos Visto sob este acircngulo satildeo cientistas 1) o estudioso eou o professor eou o
profissional bacharel em quaisquer das ciecircncias 2) o tecnoacutelogo 3) o pesquisador em aacutereas cientiacuteficas 4) o
teorizador em ciecircncias 5) e o autor de artigos cientiacuteficos relatando ideacuteias proacuteprias eou revisotildees bibliograacuteficas Sob um ponto de vista mais rigoroso o cientista seria apenas aquele capaz de dominar as teacutecnicas inerentes a todos os
objetivos nobres acima apontados Nem tanto ao ceacuteu nem tanto agrave terra Percebam que jaacute
conceituamos ciecircncia e jaacute conseguimos ir aleacutem a ponto de fornecer dados para que se analise o comportamento daqueles
que trabalham em ciecircncia Observado este comportamento poderiacuteamos assumir como cientistas aqueles que realmente contribuem para o progresso das ciecircncias Adotarei esta
postura mas gostaria de esclarecer conforme seraacute comentado oportunamente que a noccedilatildeo de progresso aqui defendida eacute um pouco mais abrangente do que aquela
preconizada pelos pensadores iluministas [11] que tanto influenciaram os positivistas Aceita esta premissa frac34a de que cientistas satildeo somente aqueles que real e diretamente [12] contribuem para o progresso das ciecircnciasfrac34 suponha que consigamos caracterizar os cientistas assim definidos como aqueles que ao contribuir para o progresso das
ciecircncias se utilizam de um meacutetodo comum a que chamaremos
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meacutetodo cientiacutefico Poderemos entatildeo afirmar e natildeo se trata aqui da busca por uma definiccedilatildeo que o cientista eacute aquele que se utiliza do meacutetodo cientiacutefico o raciociacutenio ciacuteclico da forma como foi agora utilizado estaacute livre de consequumlecircncias funestas Notem com o auxiacutelio da figura 1 a sintetizar as ideacuteias principais aqui focalizadas que do ponto de vista conceitual natildeo estamos andando em ciacuterculo
REGRA CIENTIacuteFICA FUNDAMENTAL
Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu eacute de se admitir que em futuras
verificaccedilotildees o mesmo suceda
DEFINICcedilAtildeO DE CIEcircNCIA
Ciecircncia eacute o processo pelo qual o homem se relaciona com os fenocircmenos universais que se sujeitam agrave regra cientiacutefica
fundamental
OBSERVACcedilAtildeO DO COMPORTAMENTO DOS QUE TRABALHAM EM CIEcircNCIA
VERIFICACcedilAtildeO DE QUE ALGUNS CONTRIBUEM PARA O PROGRESSO DAS CIEcircNCIAS
Cientista eacute todo ser racional que contribui diretamente para o progresso das ciecircncias
CONSTATACcedilAtildeO DE QUE ESTES SE UTILIZAM DE UM MEacuteTODO COMUM
Figura 1 - Para explicaccedilatildeo vide texto Resta-nos entatildeo para que a ideacuteia ganhe em consistecircncia comprovar a existecircncia de um uacutenico meacutetodo cientiacutefico e
isto natildeo parece ser uma tarefa faacutecil Antes de enfrentarmos esta dificuldade vamos verificar como as ideacuteias aqui apresentadas se conformam a conceitos classicamente
adotados como modelos de meacutetodo cientiacutefico
[] Muitos dentre esses toacutepicos satildeo apresentados em um contexto diverso em
Referecircncias
Ensaios sobre a Filosofia da Ciecircncia ou entatildeo em outros artigos expostos acima na
seccedilatildeo Temas relacionados [1] POPPER K R 1956 Acerca da inexistecircncia do meacutetodo
cientiacutefico in Prefaacutecio da ediccedilatildeo de 1956 do livro O realismo e o objetivo da ciecircncia
[2] FERREIRA A B H 1986
Publicaccedilotildees Dom Quixote (traduccedilatildeo) Lisboa 1987 Este prefaacutecio foi lido num
encontro dos Fellows of Center for Advanced Study in the Behavioral Sciences em Stanford Califoacuternia em novembro
de 1956 Novo dicionaacuterio da liacutengua
portuguesa[3] POPPER K R (1959)
Ed Nova Fronteira Rio de Janeiro p 1128 A loacutegica da pesquisa
cientiacutefica Ed Cultrix (traduccedilatildeo 1975) Satildeo Paulo
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[4] CHALMERS A F 1976 (traduccedilatildeo 1993) O que eacute ciecircncia afinal[5] BEVERIDGE W I B 1980
Ed Brasiliense Satildeo Paulo 225 p Sementes da descoberta
cientiacutefica[6] MESQUITA Fdeg A 1987
Edusp (traduccedilatildeo) Satildeo Paulo Confesso que blefei --
Fiacutesica antiga vs moderna
[7] Perguntas e Debates 1995 item V
editado pela USJT (na eacutepoca Faculdades Satildeo Judas Tadeu) Satildeo Paulo capiacutetulo 13 A
Ciecircncia Existe p 92-8 Sobre Pesquisa e
Filosofia da Ciecircncia p 75 in EspecialIntegraccedilatildeo A pesquisa na universidade particular Integraccedilatildeo
[8] KUHN T S 1962 (traduccedilatildeo 1975)
I(1)51-75 1995 Este ensaio foi tambeacutem apresentado e discutido em palestra (natildeo publicada) que ministrei por ocasiatildeo da
Semana de Filosofia da USJT de 1994 A estrutura das
revoluccedilotildees cientiacuteficas Ed Perspectiva Satildeo Paulo 257 pp capiacutetulo 8 A natureza e a necessidade das revoluccedilotildees
cientiacuteficas[9] FERREIRA 1986 Idem p 404
p 131 [Os grifos satildeo meus]
[10] Leonardo da Vinci in The New Encyclopaedia Britannica Vol 22 (Macropaedia) Enc Brit Inc
Chicago 1993 p 946 (Leonardo as artist-scientist[11] SANTOS G T
) Os caminhos do pensamento cientiacutefico a
partir do Iluminismo Integraccedilatildeo I(5)131-6 1996 conferecircncia proferida por ocasiatildeo da Semana de Filosofia da USJT de 1995 Na sessatildeo de debates Santos dentre outras consideraccedilotildees interessantes a respeito faz a
seguinte observaccedilatildeo O progresso como vai ser definido no Iluminismo eacute uma noccedilatildeo de abandono passa pelo abandono necessaacuterio de coisas que ficaram ou que deveratildeo ficar no
passado[12] O termo diretamente aqui empregado eacute essencial a natildeo ser levado em conta corremos o risco de considerar
como cientistas dentre outros os mecenas que no passado contribuiacuteram de maneira indireta para o progresso
das ciecircncias
O argumento indutivista Uma criacutetica imparcial conquanto demolidora ao
indutivismo eacute apresentada por Chalmers nos trecircs primeiros capiacutetulos de seu livro [13] Veremos aqui apenas alguns toacutepicos interessantes do ponto de vista epistemoloacutegico
eou necessaacuterios para um melhor entendimento da teoria ora sendo apresentada
Um sumaacuterio completo do argumento indutivista da ciecircncia estaacute esquematizado na figura 2 adaptada de Chalmers [14]
Chama a atenccedilatildeo a omissatildeo da deduccedilatildeo de hipoacuteteses o indutivista admite ser possiacutevel partir da observaccedilatildeo e chegar a leis apelando exclusivamente ao raciociacutenio
indutivo O meacutetodo indutivo baseia-se na crenccedila de que eacute possiacutevel confirmar um enunciado universal (lei) atraveacutes de um certo nuacutemero de observaccedilotildees singulares Via de regra
quando se questiona o indutivista a respeito da omissatildeo da hipoacutetese ele logo repete uma frase de Newton Natildeo faccedilo
hipoacuteteses Obviamente este indutivista ingecircnuo ouviu esta frase sabe que foi proferida por Newton mas demonstra
natildeo saber a que Newton estava se referindo A hipoacutetese a que Newton se refere natildeo eacute a mesma que hoje se conceitua nos tratados de metodologia cientiacutefica ou de estatiacutestica Newton deixou bastante claro em sua obra que natildeo fazia como cientista especulaccedilotildees ou conjecturas infundadas No
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que se refere a hipoacuteteses no contexto em que o termo eacute hoje aceito rariacutessimos foram os cientistas que em sua
fase produtiva as levantaram em nuacutemero tal cuja ordem de grandeza se aproximasse daquela atingida por Newton
O argumento indutivista baseia-se na crenccedila no princiacutepio da induccedilatildeo que dentre outras formas pode ser enunciado como Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno
sempre que pesquisado se repetiu em futuras verificaccedilotildees o mesmo sucederaacute
Figura 2 - O argumento indutivista (segundo Chalmers)
[15] Escolhi esta versatildeo para que fique claro o contraste entre o princiacutepio da induccedilatildeo e a regra
cientiacutefica fundamental expliacutecita na figura 1 Trecircs comentaacuterios merecem ser feitos a respeito 1) Conquanto
seja usado como regra metodoloacutegica o princiacutepio da induccedilatildeo natildeo define o nuacutemero de observaccedilotildees singulares a permitir uma generalizaccedilatildeo (obtenccedilatildeo de leis) 2) Esta e outras falhas conceituais inerentes ao argumento indutivista propiciam interpretaccedilotildees ingecircnuas ao princiacutepio conforme
veremos abaixo 3) O princiacutepio sem perder em generalidade no que diz respeito agraves premissas (tem o
mesmo campo de atuaccedilatildeo que a regra cientiacutefica fundamental) e para que possa caracterizar-se como metodoloacutegico e natildeo apenas norteador torna-se mais
restritivo que a regra cientiacutefica fundamental frac34afirma ao inveacutes de suporfrac34 Consequumlentemente os que abraccedilam esta ideologia devem procurar por uma outra definiccedilatildeo de ciecircncia que natildeo a apresentada no item 2 e figura 1 As
consequumlecircncias epistemoloacutegicas daiacute resultantes seratildeo objeto de discussatildeo em itens posteriores
O indutivista ingecircnuo eacute aquele que dentre outras falhas conceituais eou de raciociacutenio consegue provar
cientificamente por exemplo a inexistecircncia de Deus pelo simples fato de Deus natildeo se manifestar a ele tendo em vista que ele natildeo possui uma regra para delimitar a ciecircncia que natildeo seja o princiacutepio da causalidade --natildeo haacute efeito sem causa-- ele tenta inverter o princiacutepio frac34que no caso ficaria natildeo haacute causa sem efeitofrac34 e apelando para o argumento indutivista consegue por meacutetodos cientiacuteficos chegar a conclusotildees natildeo cientiacuteficas frac34no caso teoloacutegicas Mais comum no entanto eacute o erro agora natildeo tatildeo ingecircnuo cometido por alguns indutivistas que conseguem provar cientificamente que todas as maccedilatildes satildeo vermelhas prova esta vaacutelida somente ateacute o dia em que eles se
depararem com maccedilatildes verdes Neste caso a falha decorre da crenccedila num meacutetodo repleto de incoerecircncias internas
5 O argumento dedutivista
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O argumento dedutivista ainda que natildeo isento de criacuteticas representou sem duacutevida alguma uma evoluccedilatildeo no sentido em que propiciou uma metodologia cientiacutefica dotada de
coerecircncia interna A esse respeito eacute dito com frequumlecircncia que o raciociacutenio dedutivo constitui o
argumento da loacutegica A fim de padronizar comparaccedilotildees apresentarei o argumento
dedutivista como apoiado no seguinte princiacutepio Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa para que seja hipoacutetese deveraacute ser
passiacutevel de verificaccedilatildeo observacional A figura 3 ilustra a proposiccedilatildeo deste argumento
Eacute importante observar que nem toda a afirmaccedilatildeo deduzida seraacute uma hipoacutetese motivo pelo qual natildeo utilizamos o argumento loacutegico se e somente se ao enunciarmos o
princiacutepio
Figura 3 - O argumento dedutivista
[16] Em particular eacute de se ressaltar a opiniatildeo de Severino (1994) a respeito
Eacute preciso natildeo confundir hipoacutetese com pressuposto com evidecircncia preacutevia
Hipoacutetese eacute o que se pretende demonstrar e natildeo o que jaacute se tem
demonstrado [17] A loacutegica dedutiva ao caminhar do geral para o particular
nos garante a formulaccedilatildeo de hipoacuteteses e hipoacutetese comprovada atraveacutes de uma observaccedilatildeo controlada (teste eou experiecircncia) nos permite suspeitar atraveacutes de um raciociacutenio indutivo (do singular para o geral) sua condiccedilatildeo de lei Observem o cuidado na colocaccedilatildeo das palavras Eu disse nos permite suspeitar e natildeo nos
permite garantir Por que esse cuidado A experimentaccedilatildeo natildeo nos garante verdades A esse respeito Popper assim se
referiu Natildeo haacute um meacutetodo para determinar se
uma hipoacutetese eacute lsquoprovaacutevelrsquo ou provavelmente verdadeira [18]
Eacute interessante notar que algumas limitaccedilotildees inerentes ao indutivismo e que propiciam o aparecimento de conclusotildees ingecircnuas satildeo aqui substituiacutedas por uma impossibilidade
Sob esse aspecto o dedutivismo natildeo solucionou o problema mas simplesmente reduziu a possibilidade de que se
cometessem determinados raciociacutenios ingecircnuos Rigorosamente falando o problema natildeo eacute tatildeo insoluacutevel
assim Seraacute insoluacutevel tatildeo-somente para aqueles que julgam estar cientificamente buscando por verdades absolutas A verdade cientiacutefica e soacute o leigo talvez natildeo saiba eacute uma
verdade provisoacuteria tomada por empreacutestimo da natureza e da forma como ela se nos aparenta ser As verdades
25
cientiacuteficas de hoje seratildeo quando natildeo negadas lapidadas e reformuladas amanhatilde Se chegaremos ou natildeo por meacutetodos
cientiacuteficos agrave verdade absoluta eacute um questionamento que a ciecircncia natildeo estaacute aparelhada para responder E talvez nunca esteja o que natildeo nos impede de que continuemos procurando
pela verdade Popper foi mais aleacutem demonstrando ser impossiacutevel ateacute mesmo probabilizar uma afirmaccedilatildeo comprovada por um
raciociacutenio que siga a metodologia dedutiva (incluindo e eacute aiacute que reside o problema principal do meacutetodo a induccedilatildeo -- vide lado direito da figura 3) A esse respeito Popper
propotildee a substituiccedilatildeo do termo probabilizar por corroborar Uma hipoacutetese seria tanto mais corroboraacutevel quanto mais propiciasse verificaccedilotildees experimentais e teria sido tanto mais corroborada e natildeo haacute como se
atribuir nuacutemeros probabiliacutesticos a esse efeito quanto mais resistisse a essas verificaccedilotildees Siegel (1977
traduccedilatildeo) adota provavelmente com o mesmo objetivo a expressatildeo grau de aceitabilidade
Efetuamos pesquisas a fim de determinar o grau de aceitabilidade de
hipoacuteteses deduzidas de nossas teorias [19]
Esta impossibilidade em garantir um acerto preocupou bastante Popper e certamente foi um dos motivos que o
levou a expandir o argumento dedutivista atraveacutes da proposiccedilatildeo do falsificacionismo a ser apresentado no
item 7 Independentemente das dificuldades apontadas neste e nos itens precedentes a verdade eacute que a ciecircncia progride e este progresso eacute guiado por homens que conhecem o terreno por onde pisam E conquanto todos saibam da natildeo existecircncia em ciecircncia de verdades absolutas da impossibilidade de se
chegar a uma soluccedilatildeo definitiva para os problemas cientiacuteficos e da natildeo existecircncia de provas observacionais irrefutaacuteveis quase todos [20] entendem e concordam com a
afirmaccedilatildeo de GIL (1994) expressa a seguir A pesquisa cientiacutefica inicia-se
sempre com a colocaccedilatildeo de um problema solucionaacutevel O passo seguinte
consiste em oferecer uma soluccedilatildeo possiacutevel atraveacutes de uma proposiccedilatildeo ou seja de uma expressatildeo suscetiacutevel de ser declarada verdadeira ou falsa A
esta proposiccedilatildeo daacute-se o nome de hipoacutetese Assim a hipoacutetese eacute a
proposiccedilatildeo testaacutevel que pode vir a ser a soluccedilatildeo do problema [21]
6 O que eacute teoria Eacute importante salientar que a finalidade primordial da ciecircncia natildeo eacute formular hipoacuteteses e sim sistematizar teorias e que teoria natildeo eacute pura e simplesmente uma
coletacircnea de hipoacuteteses Teoria eacute um conjunto de hipoacuteteses coerentemente interligadas tendo por finalidade explicar
elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio do conhecimento [22] Por que entatildeo os livros de
metodologia insistem em justificar os meacutetodos atraveacutes de hipoacuteteses uacutenicas e via de regra desinteressantes tais
como As maccedilatildes satildeo vermelhas os cisnes satildeo brancos etc A verdade eacute que nem sempre eacute faacutecil encontrar teorias ao mesmo tempo simples e de amplo espectro ou seja que
26
possam ser entendidas por leitores das vaacuterias aacutereas do conhecimento Por outro lado os argumentos que corroboram ou derrubam teorias satildeo em princiacutepio idecircnticos aos que corroboram ou derrubam hipoacuteteses frac34poderiacuteamos tambeacutem dizer
que uma hipoacutetese eacute ou simula ser uma teoria cujo conjunto de hipoacuteteses eacute unitaacuterio Em geral a dificuldade inerente ao grau de complexidade de uma teoria pode ser
superada desde que o cientista conheccedila a fundo esta teoria cujo grau de aceitabilidade pretende testar e domine a loacutegica envolvida em situaccedilotildees similares poreacutem simples como aquelas que aparecem nos compecircndios sobre o
assunto A ecircnfase dada pelos textos de metodologia cientiacutefica a meacutetodos relacionados a testes de hipoacuteteses contrasta com a quase ausecircncia de referecircncias a meacutetodos relativos agrave
praacutetica da teorizaccedilatildeo Existem exceccedilotildees a esta regra e eu natildeo poderia deixar de citar [23] os livros de Bunge [24] e de Lacey [25] indicados especialmente para os iniciantes da aacuterea de exatas Embora natildeo especificamente dirigido a esta temaacutetica haacute que se destacar tambeacutem o livro de Bohm e
Peat [26] e que merece ser lido posto que focaliza a essecircncia da problemaacutetica aqui apontada neste caso e por este motivo eacute indicado aos iniciantes de todas as aacutereas A praacutetica da teorizaccedilatildeo com rariacutessimas exceccedilotildees natildeo se
aprende na escola Grandes teorizadores por terem aprendido a utilizar uma teacutecnica natildeo encontrada nos livros tradicionais e que nem mesmo eacute ensinada na maioria dos
regimes de iniciaccedilatildeo cientiacutefica chegaram a ser confundidos com gecircnios Eacute bem possiacutevel que estes gecircnios tenham adquirido esta praacutexis cultuando algum resquiacutecio da
filosofia que a sociedade moderna natildeo conseguiu despedaccedilar
A lacuna acima apontada fomenta a ingenuidade ou ateacute mesmo o charlatanismo multiplicando sobremaneira o nuacutemero dos que sem estarem devidamente preparados para teorizar frac34uma atividade que natildeo eacute elementarfrac34 ainda assim teorizam e teorizam mal frac34fato este que chega a incomodar cientistas de respeito que ocupam postos importantes nas
universidades [27] Por outro lado e em decorrecircncia disto permite que se condene agrave marginalidade cientiacutefica
e por periacuteodos variaacuteveis de tempo todos aqueles que certos ou errados pretendem evoluir seriamente no sentido de atender agrave finalidade uacuteltima da ciecircncia a edificaccedilatildeo de
teorias representacionais Que meacutetodos estes homens seguiram que natildeo a paixatildeo a
devoccedilatildeo a persistecircncia e a crenccedila num espiacuterito universal frac34Espiacuterito este que segundo alguns admitem natildeo estaacute a se
divertir com nossos erros e acertos o que foi sintetizado pelo maior dos gecircnios do seacuteculo XX nas
seguintes palavras Deus natildeo joga dados A resposta nos eacute dada pelo proacuteprio autor desta afirmaccedilatildeo
O alvo de construir uma teoria de campo eletromagneacutetico da mateacuteria
permanece inatingiacutevel por ora embora em princiacutepio nenhuma objeccedilatildeo possa ser levantada contra a possibilidade de vir a se alcanccedilar tal objetivo O que reteve qualquer tentativa posterior nessa direccedilatildeo foi a falta de qualquer meacutetodo sistemaacutetico que levasse a uma
soluccedilatildeo [28]
27
Seraacute que natildeo existem meacutetodos ou regras a serem adotados nesta praacutexis E por falar nisso a praacutetica da teorizaccedilatildeo
natildeo seria uma teorexis [29] Seraacute que teorizar em ciecircncia eacute uma atividade puramente filosoacutefica Natildeo existe uma
metodologia cientiacutefica a orientar aqueles que se preocupam em decifrar os segredos que estatildeo por traacutes dos fenocircmenos que se adaptam agrave regra cientiacutefica fundamental Caso exista
um meacutetodo a ser sistematizado Seria ele diferente do meacutetodo cientiacutefico O que eacute o meacutetodo cientiacutefico
Tentarei dentro do possiacutevel e da finalidade a que me propus ao conceber esta seacuterie de artigos responder
oportunamente eou orientar o leitor se houver como no que diz respeito aos questionamentos aqui assinalados De qualquer forma mais detalhes sobre teoria eou teorizaccedilatildeo seratildeo apresentados no toacutepico IV-b A praacutetica da teorizaccedilatildeo
(em preparo)
[13] CHALMERS A F 1976 Referecircncias
op cit (Voltar pelo browser) pp 23-63
[14] Idem p 28 [15] Esta versatildeo eacute uma adaptaccedilatildeo do princiacutepio da induccedilatildeo
como enunciado por CHALMERS (1976) op cit Se um grande nuacutemero de As foi observado sob uma ampla variedade de condiccedilotildees e se todos esses As observados possuiacuteam sem exceccedilatildeo a propriedade B entatildeo todos os As possuem a propriedade B
[16] Neste caso o princiacutepio ficaria
Aparentes contradiccedilotildees que o iniciante possa descobrir ao comparar os dois enunciados natildeo
comprometem o raciociacutenio que se segue razatildeo pela qual admitirei a equivalecircncia sem justificaacute-la
Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa seraacute hipoacutetese se e somente se for passiacutevel de verificaccedilatildeo
observacional
[17] SEVERINO J S 1994
O primeiro se torna a afirmaccedilatildeo inconsistente
Metodologia do trabalho cientiacutefico[18] POPPER K R 1956
Cortez Editora Satildeo Paulo op cit
[19] SIEGEL S 1977 Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica
[20] Eacute possiacutevel que alguns dentre os indutivistas natildeo concordem com alguns dos termos da afirmaccedilatildeo por motivos que podem ser suspeitados tendo em vista o apresentado
neste e no item anterior
Ed McGraw-Hill do Brasil Ltda Satildeo Paulo p 6
[21] GIL A C 1994 Como elaborar projetos de pesquisas
[22] Em FERREIRA A B H 1986
Editora Atlas S A Satildeo Paulo p 35 [Os grifos satildeo
meus] op cit (Voltar pelo
browser) encontramos uma definiccedilatildeo mais geral a satisfazer tambeacutem o argumento indutivista Teoria eacute um
conjunto de conhecimentos natildeo ingecircnuos que apresentam graus diversos de sistematizaccedilatildeo e credibilidade e que se
propotildeem a explicar elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio de fenocircmenos ou de acontecimentos que se
oferecem agrave atividade praacutetica [23] Os trecircs livros citados a seguir natildeo satildeo os uacutenicos
nos gecircneros assinalados a despeito da disparidade apontada Ao tempo em que registro com estes exemplos a exceccedilatildeo agrave regra presto tambeacutem uma homenagem a autores que ao serem por mim lidos transmutaram em duacutevidas muitas das
respostas a questotildees fundamentais e que eu
28
pretensiosamente julgava possuir [24] BUNGE M Teoria e realidade
[25] LACEY HM 1972
Ed Perspectiva (traduccedilatildeo 1994) Satildeo Paulo
A linguagem do espaccedilo e do tempo
[26] BOHM D e PEAT F D
Ed Perspectiva SA
Ciecircncia ordem e criatividade
[27] A esse respeito vale a pena ler
Gradiva Publicaccedilotildees Ltda (traduccedilatildeo 1989) Lisboa
Cientiacuteficos Chiflados capiacutetulo XIV do livro BERNSTEIN J 1988 Observacioacuten de
la Ciencia[28] EINSTEIN A
Ed Fondo de Cultura Econoacutemica Meacutexico Fiacutesica e realidade in Albert Einstein
Pensamento poliacutetico e uacuteltimas conclusotildees (1983 traduccedilatildeo) Edit Brasiliense S A Satildeo Paulo [O grifo eacute meu]
[29] Este termo eu utilizei pela primeira vez no artigo MESQUITA Fdeg A 1983 Ciecircncia empiacuterica uma arma ou uma daacutediva Faculdade
Antes de mais nada afirmarei sem me alongar que uma teoria adotado o argumento dedutivista pode ser
corroborada ou negada fundamentalmente atraveacutes de um dos trecircs procedimentos seguintes 1) Pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de uma de suas hipoacuteteses 2) pela verificaccedilatildeo ou negaccedilatildeo de uma de suas prediccedilotildees 3) pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de teorias auxiliares deduzidas da teoria principal (teoria em teste ou sob suspeita) as teorias
auxiliares podem ser de trecircs tipos teorias ou hipoacuteteses de nulidade teorias ou hipoacuteteses salvadoras e teorias ou hipoacuteteses assassinas
(Revista do IAMC) ndeg 6 p 28-43 agosto83
7 O falsificacionismo O falsificacionismo natildeo foi proposto como um meacutetodo novo mas sim como um criteacuterio ou conduta a ser ou natildeo adotado por aqueles que se conformam ao meacutetodo dedutivo de prova
Natildeo haacute nada no falsificacionismo do ponto de vista metodoloacutegico que natildeo esteja previsto ou que natildeo decorra naturalmente de uma opccedilatildeo a ser seguida espontaneamente ou natildeo por este ou aquele dedutivista Qual seria entatildeo este criteacuterio Com que finalidade foi proposto A resposta a estas perguntas bem como o meacuterito do falsificacionismo constituem o objetivo deste e dos proacuteximos dois itens
[30] Incluem-se no rol das teorias auxiliares como veremos oportunamente as teorias
transcendentais frequumlentemente conotadas por experiecircncias de pensamento As prediccedilotildees e as hipoacuteteses ou teorias auxiliares satildeo teorias geradas utilizando-se do proacuteprio argumento dedutivista esquematizado na figura 3 Neste caso o foco de atenccedilatildeo inicial frac34representado na figura como observaccedilatildeofrac34 eacute nada mais nada menos que a proacutepria teoria que deu origem agrave prediccedilatildeo eou agrave teoria auxiliar Ao valorizar a falseabilidade como criteacuterio a ser adotado
pelos dedutivistas Popper nada mais fez que tentar expandir ou trazer para o domiacutenio da metodologia
cientiacutefica uma praacutetica amplamente utilizada com sucesso em estatiacutestica o criteacuterio de tomada de decisatildeo atraveacutes da
hipoacutetese de nulidade (Ho
O primeiro passo ou estaacutegio no processo de tomada de decisatildeo eacute
definir a hipoacutetese de nulidade (
)
Ho) Formula-se usualmente com o expresso propoacutesito de ser rejeitada Se eacute
29
rejeitada pode-se aceitar a hipoacutetese alternativa (H1) A hipoacutetese
alternativa eacute a definiccedilatildeo operacional da hipoacutetese de pesquisa do
pesquisador A hipoacutetese de pesquisa eacute a prediccedilatildeo deduzida da teoria que estaacute
sendo comprovada [31] A contribuiccedilatildeo de Popper a esse respeito limitou-se agrave ecircnfase que deu agrave importacircncia da procura por hipoacuteteses de
nulidade Ateacute entatildeo este costume estava restrito agrave procura por previsotildees frac34apresentadas via de regra pelo proacuteprio autor da teoriafrac34 eou hipoacuteteses salvadoras frac34levantadas
pelos adeptos da teoria em focofrac34 eou hipoacuteteses assassinas frac34levantadas pelos criacuteticos da teoria em questatildeo As quatro
tecircm uma caracteriacutestica comum satildeo todas teorias falseadoras
A boa teoria dentre outras qualidades [32] e segundo Popper eacute aquela potencialmente geradora de hipoacuteteses
falseadoras e tanto melhor seraacute quanto maior for o risco de ser negada Ela pode ateacute mesmo ser derrubada no primeiro teste a que for submetida o que natildeo invalida o que foi
dito foi uma boa teoria enquanto durou e voltaraacute a ser se conseguir ressurgir das cinzas Dito em outras palavras o criteacuterio para se avaliar a virtude de uma teoria nascente repousa no seu grau de submissatildeo a testes adversos Uma teoria de baixo risco raramente eacute bem vinda [33] e uma
teoria sem risco algum na opiniatildeo de Popper natildeo eacute cientiacutefica e eu iria aleacutem sequer eacute teoria
Levando-se em conta que o criteacuterio falsificacionista peca pela subjetividade deve-se tomar cuidado ao se optar por uma teoria em detrimento de outra pelo fato de a primeira
ser mais falseaacutevel que a segunda Diferentes hipoacuteteses falseadoras devem apresentar pesos diferentes e este peso
mesmo quando bem estimado frequumlentemente o eacute por um processo subjetivo Natildeo eacute raro utilizar-se desta
subjetividade inerente ao falsificacionismo para justificar escolhas feitas segundo criteacuterios poliacuteticos econocircmicos
interesseiros corporativistas ou entatildeo apoiados em princiacutepios outros que tambeacutem deixam a desejar no que diz
respeito agrave eacutetica do cientista 8 Entendendo o falsificacionismo
Suponha que algueacutem deduza a seguinte hipoacutetese H1 As maccedilatildes do Estado de Satildeo Paulo satildeo vermelhas A teoria assim
simulada eacute uma teoria de hipoacutetese uacutenica Percebam que no argumento da hipoacutetese estaacute se admitindo como pressupostos uma infinidade de conceitos tais como fruta maccedilatilde cor
vermelho local Satildeo Paulo Brasil etc Estes pressupostos satildeo o que Severino chama de evidecircncias preacutevias como vimos no item 5 e constituem uma das bases da argumentaccedilatildeo de Chalmers [34] ao contestar os que afirmam que a ciecircncia
comeccedila com a observaccedilatildeo Um exemplo de previsatildeo desta teoria seria as maccedilatildes de
Jundiaiacute devem ser vermelhas tendo em vista que Jundiaiacute se localiza no Estado de Satildeo Paulo
Suponha tambeacutem que algueacutem tenha demonstrado que em condiccedilotildees X outra fruta que natildeo a maccedilatilde e que
originalmente era de determinada cor se modifica e conclui que se a teoria sobre as maccedilatildes for verdadeira ela
deveraacute permanecer verdadeira nas condiccedilotildees X Pode-se entatildeo construir a seguinte hipoacutetese de nulidade Ho Em
condiccedilotildees X obter-se-atildeo em Satildeo Paulo maccedilatildes natildeo
30
vermelhas Esta previsatildeo natildeo decorre da teoria (H1) mas de evidecircncias preacutevias outras e estranhas agrave mesma Se esta
hipoacutetese (Ho) for verificada a hipoacutetese original H1
Seraacute que este simples fato condena a teoria original Para o falsificacionista ingecircnuo sim Para aquele que entendeu e aceitou o significado da afirmaccedilatildeo de Popper citada
neste artigo ao final do
estaraacute falseada
quarto paraacutegrafo do item 5 natildeo Optar por uma teoria natildeo significa crer numa verdade
absoluta Se eu afirmo que Ho eacute verdadeira e consequumlentemente H1 eacute falsa isto natildeo significa que eu
estou atribuindo o grau de veracidade 100 a uma hipoacutetese e 0 agrave outra significa simplesmente que a verificaccedilatildeo experimental me convenceu a optar por uma teoria em
detrimento da outra A opccedilatildeo eacute uma das maneiras pelas quais o cientista expressa a sua feacute na ciecircncia [35] e o
falsificacionismo estabelece normas a lhe orientar nesta opccedilatildeo
Suponha agora que em condiccedilotildees X ou em outra condiccedilatildeo qualquer se encontrem no Estado de Satildeo Paulo maccedilatildes verdes Significa isto que a hipoacutetese H1
Natildeo podemos em satilde consciecircncia dizer que a psicanaacutelise por exemplo natildeo pertenccedila ao campo da ciecircncia pelo simples
fato de uma de suas teorias precursoras ser natildeo falseaacutevel Sequer podemos dizer que o autor dessa ideacuteia natildeo
fosse cientista se eacute verdade que a psicanaacutelise se desenvolveu em cima desta ideacuteia e apesar disso conseguiu
eacute falsa Natildeo Simplesmente ela foi falseada Nada impede que amanhatilde com a evoluccedilatildeo da ciecircncia se descubra que estes frutos verdes a que hoje associamos a ideacuteia maccedilatilde estejam inseridos num
outro contexto e que realmente natildeo sejam maccedilatildes Por que entatildeo se daacute preferecircncia a verificaccedilotildees falseadoras em detrimento das corroboradoras Ora isto nem sempre
acontece conquanto seja esta uma das regras propostas pelo falsificacionismo Por exemplo tanto a teoria da
relatividade quanto a mecacircnica quacircntica satildeo teorias fiacutesicas amplamente aceitas graccedilas a terem sido
corroboradas por previsotildees que se confirmaram e pouco valor se deu a um grande nuacutemero de testes que as falsearam Por outro lado estas duas teorias satildeo concomitantemente aceitas pelos fiacutesicos conquanto existam fortes argumentos
a provar que cada uma destas duas teorias falseia a outra e ambas falseiam a teoria de Maxwell que tambeacutem eacute aceita como verdadeira Certos ou errados neste caso os fiacutesicos modernos dentre os quais se inclui Popper fizeram uma opccedilatildeo contraacuteria agrave norma falsificacionista e natildeo haacute
como criticaacute-los por essa conduta a menos que se pretenda atribuir ao falsificacionismo uma qualidade que ele natildeo
possui a de estabelecer criteacuterios absolutos de veracidade O falsificacionismo presta-se tambeacutem a fomentar o diaacutelogo e a criatividade Neste caso surge quase como que um apelo para que se invista mais em experiecircncias de pensamento um
recurso legiacutetimo e de grande valor em ciecircncia 9 O falsificacionismo como delimitador da ciecircncia
Vimos no item 7 que para Popper uma teoria sem risco algum natildeo eacute cientiacutefica e eu acrescentei sequer eacute teoria Popper quis se aproveitar deste argumento para delimitar a ciecircncia utilizando-se entatildeo do falsificacionismo como
criteacuterio de cientificidade Com esta opccedilatildeo Popper desagradou a muitos e convenceu a poucos ainda que sua
ideacuteia natildeo fosse de todo maacute
31
de alguma forma se impor como ciecircncia muito provavelmente queiramos ou natildeo seu autor contribuiu diretamente para o progresso da ciecircncia Mesmo que hoje algueacutem chegasse a concluir categoricamente pelo caraacuteter natildeo cientiacutefico da psicanaacutelise isto de forma alguma nos autorizaria a hipoteticamente condenaacute-la agrave estagnaccedilatildeo Se um cientista utilizando-se de maus criteacuterios ou ateacute mesmo apoiando-se em dogmas constroacutei de maneira natildeo
cientiacutefica um determinado campo do conhecimento isto natildeo significa que este campo natildeo possa vir a ser estudado cientificamente e que natildeo se possam criteriosamente
aproveitar as conclusotildees de seus estudos Nada impede que uma teoria considerada hoje como natildeo cientiacutefica pelo fato de possuir uma ou mais hipoacuteteses natildeo falseaacuteveis adquira
esse status apoacutes passar por ligeiras reformulaccedilotildees Natildeo podemos assumir que um campo do conhecimento seja natildeo cientiacutefico pelo simples fato de natildeo encontrarmos nele
teorias cientiacuteficas Este posicionamento de Popper a meu ver natildeo se justifica o falsificacionismo natildeo eacute um bom
criteacuterio delimitador da ciecircncia e isto eu espero que tenha ficado claro para o leitor E mais natildeo existem aacutereas natildeo cientiacuteficas mas sim aacutereas onde ainda natildeo foram produzidos conhecimentos cientiacuteficos O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo e pelo menos nesta etapa nada eacute absolutamente corroboraacutevel ou falseaacutevel Podemos ainda
dizer que a ciecircncia natildeo se localiza aqui ou acolaacute sob esse aspecto a ciecircncia natildeo tem fronteiras
10 Enfim a teoria do meacutetodo Nos demais artigos desta seacuterie irei demonstrar ser possiacutevel partindo da regra cientiacutefica fundamental desenvolver uma teoria sobre o meacutetodo cientiacutefico
utilizando-se das trecircs hipoacuteteses seguintes 1 O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo 2 A produccedilatildeo de conhecimentos passa
necessariamente pelas etapas deduccedilatildeo anaacutelise induccedilatildeo e
siacutentese na ordem apresentada 3 Os princiacutepios cientiacuteficos fundamentais satildeo universais
Por questatildeo de simplicidade subdividirei o estudo do meacutetodo em trecircs etapas correspondentes a cada uma das hipoacuteteses 1) o estudo do macromeacutetodo cientiacutefico 2) o estudo do meacutetodo cientiacutefico propriamente dito e 3) o estudo do micromeacutetodo cientiacutefico Os toacutepicos nos quais
desenvolverei estas etapas estatildeo em fase de projeto natildeo havendo portanto previsatildeo quanto agrave eacutepoca de publicaccedilatildeo
Meacutetodo cientiacutefico
Origem Wikipeacutedia a enciclopeacutedia livre
A palavra meacutetodo vem do grego meacutethodos (caminho para chegar a um fim) O meacutetodo cientiacutefico eacute um conjunto de regras baacutesicas para desenvolver uma experiecircncia a fim de produzir novo conhecimento bem como corrigir e integrar conhecimentos preacute-existentes Na maioria das disciplinas cientiacuteficas consiste em juntar evidecircncias observaacuteveis empiacutericas (ou seja baseadas apenas na experiecircncia) e
mensuraacuteveis e as analisar com o uso da loacutegica Para muitos autores o meacutetodo cientiacutefico nada mais eacute do que a loacutegica
32
aplicada agrave ciecircncia (Haddad) Metodologia literalmente refere-se ao estudo dos meacutetodos e especialmente do meacutetodo da ciecircncia que se supotildee universal Embora procedimentos variem de uma aacuterea da
ciecircncia para outra (as disciplinas cientiacuteficas) diferenciadas por seus distintos objetos de estudo
consegue-se determinar certos elementos que diferenciam o meacutetodo cientiacutefico de outros meacutetodos (filosoacutefico algoritmo
ndash matemaacutetico etc)
Primeiramente os pesquisadores definem proposiccedilotildees loacutegicas ou suposiccedilotildees (hipoacuteteses) para explicar certos fenocircmenos e observaccedilotildees e entatildeo desenvolvem experimentos que testam essas hipoacuteteses Se confirmadas as hipoacuteteses podem gerar leis e teorias Integrando-se hipoacuteteses de certa aacuterea em uma estrutura coerente de conhecimento contribuiacute-se na
formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bem como coloca as hipoacuteteses em um conjunto de conhecimento maior que satildeo as
leis e teorias reconhecidas consensualmente pela comunidade cientiacutefica eou o
O contexto de uma pesquisa
paradigma de seu tempo Outra caracteriacutestica do meacutetodo eacute que o processo precisa
ser objetivo e o cientista deve ser imparcial na interpretaccedilatildeo dos resultados Sobre a objetividade o seja
atente agraves propriedades do objeto e natildeo do sujeito (subjetividade) eacute conhecida a afirmaccedilatildeo de Hans Selye
pesquisador canadense que formulou a moderna concepccedilatildeo de stress ldquoQuem natildeo sabe o que procura natildeo entende o que encontrardquo referindo-se a necessidade de formulaccedilatildeo de definiccedilotildees precisas (a essecircncia dos conceitos) e que
possam ser respondidas com o simples sim ou natildeo Tanto a imparcialidade (evidecircncia) como a objetividade foram incluiacutedas por Reneacute Descartes (1596 ndash 1649) nas regras
loacutegicas que caracterizam o meacutetodo cientiacutefico Aleacutem disso o procedimento precisa ser documentado tanto no que diz respeito agrave fonte de dados como as regras de anaacutelise para que outros cientistas possam re-analisar reproduzir e verificar a confiabilidade dos resultados Assim se distingue os relatos cientiacuteficos (artigos
monografias teses e dissertaccedilotildees) de um simples estilo (padratildeo) ou arquitetura de texto orientados pelo que caracteriza as normas da Retoacuterica ou estudo do uso persuasivo da linguagem em funccedilatildeo da eloquumlecircncia
Eacute comum o uso da anaacutelise matemaacutetica ou estatiacutestica quando possiacutevel ou aproximaccedilatildeo de modelos abstratos (tipos ideais) e categorias de classificaccedilatildeo a depender do
objetivo da pesquisa (identificar descrever analisar) que pode ser basicamente quantitativa ou qualitativa A divisatildeo da ciecircncia em aacutereas ou distintas disciplinas
cientificas tem levado a tais adequaccedilotildees da metodologia Eacute comum a afirmaccedilatildeo de que em funccedilatildeo da evoluccedilatildeo do meacutetodo
cientifico num extremo temos a fiacutesica e quiacutemica seguida da biologia e por uacuteltimo as ciecircncias sociais psicologia e ciecircncias juriacutedicas quase se aproximando da filosofia e estudo das crenccedilas (senso comum) ou ciecircncias do espiacuterito
(sistemas miacutetico - religiosos) Contudo pesquisadores contemporacircneos vecircem nessas duas abordagens uma oposiccedilatildeo complementar enquanto as pesquisas quantitativas visam descrever e explicar fenocircmenos que produzem regularidades mensuraacuteveis satildeo recorrentes (ou discrepantes) e exteriores ao sujeito
33
(objetivos) na pesquisa qualitativa o observador (sujeito) eacute da mesma natureza que o objeto de sua anaacutelise e ele proacuteprio uma parte de sua observaccedilatildeo (o subjetivo)
Eacute importante ter em mente que as pesquisas cientificas relacionam-se com um modelo (paradigmaacutetico) ou uma
constelaccedilatildeo de pressupostos e crenccedilas escalas de valores teacutecnicas e conceitos compartilhados pelos membros de uma determinada comunidade cientiacutefica num determinado momento
histoacuterico
Ciecircncia eacute muito mais uma maneira de pensar do que um corpo de conhecimentos -
Elementos do meacutetodo cientiacutefico
Carl Sagan ciecircncia consiste em agrupar factos para que leis
gerais ou conclusotildees possam ser tiradas deles - Charles Darwin
O meacutetodo cientiacutefico eacute composto dos seguintes elementos bull Caracterizaccedilatildeo - Quantificaccedilotildees observaccedilotildees e
medidas bull Hipoacuteteses - Explicaccedilotildees hipoteacuteticas das observaccedilotildees e
medidas bull Previsotildees - Deduccedilotildees loacutegicas das hipoacuteteses
bull Experimentos - Testes dos trecircs elementos acima O meacutetodo cientiacutefico consiste dos seguintes aspectos bull Observaccedilatildeo - Uma observaccedilatildeo pode ser simples isto eacute
feita a olho nu ou pode exigir a utilizaccedilatildeo de instrumentos apropriados
bull Descriccedilatildeo - O experimento precisa ser replicaacutevel (capaz de ser reproduzido)
bull Previsatildeo - As hipoacuteteses precisam ser vaacutelidas para observaccedilotildees feitas no passado no presente e no
futuro bull Controle - Para maior seguranccedila nas conclusotildees toda
experiecircncia deve ser controlada Experiecircncia controlada eacute aquela que eacute realizada com teacutecnicas que permitem descartar as variaacuteveis passiacuteveis de mascarar
o resultado bull Falseabilidade[1]
bull Explicaccedilatildeo das Causas - Na maioria das aacutereas da Ciecircncia eacute necessaacuterio que haja causalidade Nessas
condiccedilotildees os seguintes requerimentos satildeo vistos como importantes no entendimento cientiacutefico
- toda hipoacutetese tem que ser falseaacutevel ou refutaacutevel Isso natildeo quer dizer que o experimento seja falso mas sim que ele pode ser verificado
contestado Ou seja se ele realmente for falso deve ser possiacutevel provaacute-lo
bull Identificaccedilatildeo das Causas bull Correlaccedilatildeo dos eventos - As causas precisam se
correlacionar com as observaccedilotildees bull Ordem dos eventos - As causas precisam preceder
no tempo os efeitos observados Na aacuterea da sauacutede a natureza da associaccedilatildeo causal foi formulada por Hence e adaptada por Robert Koch em 1877
para demonstraccedilatildeo da relaccedilatildeo causal entre microrganismos e patologias consistindo basicamente no enunciado acima ou seja forccedila da associaccedilatildeo (conectividade) sequumlecircncia temporal (assimetria) transitividade (evidecircncia experimental) previsibilidade estabilidade
Uma maneira linearizada e pragmaacutetica de apresentar os quatro pontos acima estaacute exposto a seguir passo-a-passo
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Vale a pena notar que eacute apenas um exemplo natildeo sendo obrigatoacuterio a existecircncia de todos esses passos Na
verdade na maioria dos casos natildeo se segue todos esses passos ou mesmo parte deles O meacutetodo cientiacutefico natildeo eacute
uma receita ele requer inteligecircncia imaginaccedilatildeo e criatividade O importante eacute que os aspectos e elementos
apresentados acima estejam presentes bull Definir o problema
bull Recolhimento de dados bull Proposta de uma hipoacutetese
bull Realizaccedilatildeo de uma experiecircncia controlada para testar a validade da hipoacutetese
bull Anaacutelise dos resultados bull Interpretar os dados e tirar conclusotildees o que serve
para a formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bull Publicaccedilatildeo dos resultados em monografias
dissertaccedilotildees teses artigos ou livros aceitos por universidades e ou reconhecidos pela comunidade
cientiacutefica Observe-se que nem todas as hipoacutetese podem ser confirmadas
ou refutadas por experimentos e que em muitas aacutereas do conhecimento o recolhimento de dados e a tentativas de interpretaacute-los jaacute eacute uma grande tarefa como nas ciecircncias
humanas e juriacutedicas (criminologia)
Ciecircncias humanas A limitaccedilatildeo eacutetica da realizaccedilatildeo experimentos com seres humanos o estudo das subjetividades ou essencialmente
subjetivo individual e particular psiquismo humano ou a natureza histoacuterica do objeto das ciecircncias sociais conduziram os pensadores a distintos caminhos ou
proposiccedilotildees de estudo para o meacutetodo cientiacutefico Contudo parafraseando Minayoldquouma base de dados quando bem trabalhada teoacuterica e praticamente produz riqueza de informaccedilotildees aprofundamento e maior fidedignidade
interpretativardquo As principais divergecircncias na anaacutelise dos resultados de pesquisas em ciecircncias sociais ou humanas se datildeo no plano da contextualizaccedilatildeo dos dados ou informaccedilotildees obtidas em campo nos diversos sistemas teoacutericos ou seja conjunto de teorias e leis reconhecidas como consensuais em distintos
momentos histoacutericos eou segmentos das comunidades cientiacuteficas Nas ciecircncias sociais identifica-se trecircs
grandes correntes de pensamentos bull Positivismo Auguste Comte
bull Fenomenologia (Fenomenologia do Espiacuterito Estruturalismo
bull Materialismo dialeacutetico Dialeacutetica Marxismo
A histoacuteria do meacutetodo cientiacutefico se mistura com a histoacuteria da ciecircncia Documentos do
A evoluccedilatildeo do conceito de meacutetodo
Antigo Egito jaacute descrevem meacutetodos de diagnoacutesticos meacutedicos Na cultura da Greacutecia
Antiga os primeiros indiacutecios do meacutetodo cientiacutefico comeccedilam a aparecer Grande avanccedilo no meacutetodo foi feito no comeccedilo da filosofia islacircmica principalmente no uso de experimentos
para decidir entre duas hipoacuteteses Os principios fundamentais do meacutetodo cientiacutefico se consolidaram com o surgimento da Fiacutesica nos seacuteculos XVII e XVIII Francis
Bacon em seu trabalho Novum Organum(1620)-uma referecircncia
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ao Organon de Aristoacuteteles-especifica um novo sistema loacutegico para melhorar o velho processo filosoacutefico do
silogismo A metodologia cientiacutefica tem sua origem no pensamento de
Descartes que foi posteriormente desenvolvimento empiricamente pelo fiacutesico inglecircs Isaac Newton Reneacute Descartes propocircs chegar agrave verdade atraveacutes da duacutevida sistemaacutetica e da decomposiccedilatildeo do problema em pequenas
partes caracteriacutesticas que definiram a base da pesquisa cientiacutefica
Lecirc-se no livro o Discurso do meacutetodo E como a multiplicidade de leis serve frequentemente para escusar os viacutecios de sorte que um estado eacute muito melhor governado quando possuindo poucas elas satildeo aiacute rigorosamente aplicadas assim em lugar de um grande
nuacutemero de preceitosde qua a loacutegica eacute composta acrediteis que jaacute me seriam bastante quatro contanto que tomasse a firme e constante resoluccedilatildeo de natildeo deixar uma vez soacute de
observaacute-los O primeiro consistia em nunca aceitar por verdadeira coisa nenhuma que natildeo conhecesse como evidente isto eacute
devia evitar cuidadosamente a precipitaccedilatildeo e a prevenccedilatildeo e nada incluir em meus juizos que natildeo se apresentasse tatildeo claramente e tatildeo distintamente ao meu espiacuterito que natildeo
tivesse nenhuma ocasiatildeo de o por em duacutevida O segundo ndash dividir cada uma das dificuldades que
examinasse em tantas parcelas quantas pudesse ser e fossem exigidas para melhor compreendecirc-las
O terceiro ndash conduzir por ordem os meus pensamento comeccedilando pelos objetos mais simples e faacuteceis de serem conhecidos para subir pouco a pouco como por degraus ateacute o conhecimento dos mais compostos e supondo mesmo
certa ordem entre os que natildeo se precedem naturalmente uns aos outros
e o uacuteltimo ndash fazer sempre enumeraccedilotildees tatildeo completas e revisotildees tatildeo gerais que ficasse certo de nada
omitir Correntemente estas regras satildeo 1 ndash da evidecircncia 2 ndash da
divisatildeo ou anaacutelise 3 ndash da ordem ou deduccedilatildeo 3 da enumeraccedilatildeo (contar especificar) classificaccedilatildeo
O acidente (serendipity
Eacute comum considerar alguns dos mais importantes avanccedilos na ciecircncia tais como as
)
descobertas da radioatividade por Henri Becquerel ou da penicilina por Alexander Fleming como tendo ocorrido por acidente no entanto o que eacute possiacutevel afirmar agrave luz da observaccedilatildeo cientiacutefica eacute que
teratildeo sido parcialmente acidentais uma vez que as pessoas envolvidas haviam aprendido a pensar cientificamente
estando portanto conscientes de que observaram algo novo e interessante
Os progressos da ciecircncia satildeo acompanhados de muitas horas de trabalho cuidadoso que segue um caminho mais ou menos sistemaacutetico na busca de respostas a questotildees cientiacuteficas
Eacute este o caminho denominado de meacutetodo cientiacutefico
A A hipoacutetese
Hipoacutetese (do gr Hypoacutethesis) eacute uma proposiccedilatildeo que se admite de modo provisoacuterio como princiacutepio do qual se pode
deduzir pelas regras da loacutegica um conjunto dado de proposiccedilotildees ou um mecanismo da experiecircncia a explicar
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Literalmente pode ser compreendida como uma suposiccedilatildeo ou pergunta conjetura que orienta uma investigaccedilatildeo por
antecipar caracteriacutesticas provaacuteveis do objeto investigado e que vale quer pela confirmaccedilatildeo atraveacutes de deduccedilotildees loacutegicas dessas caracteriacutesticas quer pelo encontro de novos caminhos de investigaccedilatildeo (novas hipoacuteteses e novos
experimentos) No meacutetodo cientiacutefico a hipoacutetese eacute o caminho que deve levar agrave formulaccedilatildeo de uma teoria O cientista na sua hipoacutetese tem dois objetivos explicar um fato e prever
outros acontecimentos dele decorrentes (deduzir as consequencias) A hipoacutetese deveraacute ser testada em
experiecircncias laboratoriais controladasSe apoacutes muitas dessas experiecircncias os resultados obtidos pelos
pesquisadores natildeo contrariarem a hipoacutetese entatildeo ela seraacute aceita como uma lei e integrada agrave uma teoria eou sistema
teacuteoacuterico
Referecircncias 1 uarr [PDF] Estudos do meacutetodo cientiacutefico
Ver tambeacutem bull Verdade
bull Falseabilidade bull Karl Popper
bull Filosofia da ciecircncia bull Histoacuteria da ciecircncia
bull Epistemologia bull Loacutegica
bull Aristoacuteteles bull Georg Wilhelm Friedrich Hegel
bull Complexidade bull Reducionismo
bull Navalha de Occam bull Ciecircncia
bull Pseudociecircncia bull Paradigma
bull Paul Feyerabend bull Thomas Kuhn
bull Gaston Bachelard bull Teoria
bull Lei (ciecircncias) bull Hipoacutetese
bull Tese bull Dissertaccedilatildeo
Bibliografia
Becker Howard S Meacutetodos de pesquisa em ciecircncias sociais SP Hucitec 1999
Chizzotti Antonio Pesquisa em ciecircncia humanas e sociais SP Cortez 2006
Comte August Discurso preliminar sobre o espiacuterito positivo
Descartes Reneacute Discurso do meacutetodo (traduccedilatildeo prefaacutecio e notas de Joatildeo Cruz Costa SP Ed de Ouro 1970 disponiacutevel
para download em domiacutenio puacuteblico httpwwwdominiopublico e eBooket
httpwwweBooketnet IntraText Reneacute Descartes - e-books
37
Haddad Nagib Metodologia de estudos em ciecircncias da sauacutede como planejar analisar e apresentar um trabalho
cientiacutefico SP Roca 2004 Minayo Maria C de Souza (org) Deslandes (Suely F
Gomes Romeu Pesquisa social teoria meacutetodo e criatividade Petroacutepolis RJ Vozes 2007
Lakatos Eva Maria Marconi Marina de A Meacutetodologia cientiacutefica SP Atlas 2007
Selye Hans Stress a tensatildeo da vida SP IBRASA 1965
Ligaccedilotildees externas bull Explicando o Meacutetodo Cientiacutefico
bull Prova Cientiacutefica bull Diretrizes para elaboraccedilatildeo de dissertaccedilotildees e teses -
USP bull Centro Cochrane do Brasil
bull Metodologiaorg bull Evidecircnciascom
bull Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq)
bull Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciecircncia bull Lista de Perioacutedicos cientificos brasileiros por
assunto bull SciELO - Scientific Electronic Library Online
bull Perioacutedicos UNESCO bull Ciecircncia Hoje
bull Scientific American - Brasil bull Scientific American
COLCHA DE RETALHOS CIENTIacuteFICA (a realidade natildeo eacute Frankenstein ela eacute uacutenica e funcional)
A realidade segundo a Ciecircncia geral
A senhora Ciecircncia trabalhando com
seus remendos
Drordf Ciecircncia e seu filho
Mary Shelley viu o futuro
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Somos Monstros 6 05 2008
Tudo comeccedilou com um desafio feito a Mary Shelley (1797-1851) entatildeo uma jovem de 21 anos por Lord Byron Na eacutepoca 1918 Byron propocircs a Mary e seu marido que
escrevessem um conto de terror uma maneira de passar o tempo jaacute que suas feacuterias estavam sendo consumidas
intediantemente pelo mau tempo Mary foi a uacuteltima a dar iniacutecio ao seu conto que acabou baseado em um pesadelo que
teve numa daquelas noites de chuva E dentre todos o conto de Shelley foi o que mais surpreendeu e arrepiou Insentivada a continuar Mary Shelley desenvolveu ainda
mais sua histoacuteria e transformou-a em um dos mais conhecidos e celebrados livros da Histoacuteria Frankenstein
Victor Frankenstein era um jovem curioso com sede de conhecimento apaixonado pela ciecircncia intrigado com os segredos da vida e louco para deixar sua marca no mundo Havia aprendido sozinho em casa sobre as fantasias da Alquimia no entanto apenas na universidade ele foi descobrir que toda sua bagagem de conhecimento estava ultrapassada haacute muito Acabou se tornando um aluno
exemplar dedicado agrave quiacutemica e agrave biologia Foi assim que sozinho em seu laboratoacuterio em Ingolstadt Victor deu iniacutecio agrave sua criaccedilatildeo misturando seus conhecimentos
teoacutericos de fisiologia e filosofia natural com princiacutepios de mecacircnica decido a descobrir se o princiacutepio que
mantinha animado o corpo poderia pernecer mesmo apoacutes a morte Como Victor fez isso todos jaacute sabemos deu vida a uma criatura formada por partes de cadaacuteveres de tamanho
descomunal (cerca de 25m de altura) e aparecircncia horripilante E eacute aqui que daacute-se iniacutecio ao grande trunfo
da histoacuteria Ao despertar da Criatura Frankenstein acaba por cair na realidade vendo como era realmente feia sua criaccedilatildeo com
seus membros desproporcionais seu olhos aquosos e amarelos incompleta a ponto de seus tecidos nem sequer
cobrirem todo o corpo deixando agrave mostra muacutesculos e ossos Desesperado e com medo arrependido de sua audaacutecia Victor
abandona sua Criatura decaindo num suacutebito acesso de naacuteusea e lucidez
Pobre Criatura um ser vazio de conhecimentos ignorante em relaccedilatildeo ao conviacutevio social solto num mundo de pessoas
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preconceituosas e indiferentes A personificaccedilatildeo perfeita da famosa teoria de Rousseau a do ldquobom selvagemrdquo que diz
que todo o homem nasce ldquopurordquo e eacute corrompido pela sociedade violenta viciosa e materialista Quem lecirc a
histoacuteria de Frankenstein espera encontrar terror suspense e aventura onde um monstro estaria a solta para destruir e matar No entanto descobre um mundo onde noacutes humanos somos totalmente repugnantes e no qual o uacutenico ser que
realmente tem algum valor eacute o monstro excluiacutedo por todos Poucos livros retratam tatildeo bem a indiferenccedila humana e a nossa mania de dar mais valor agraves aparecircncias do que aos
sentimentos carater e virtudes Mary Shelley escreveu uma autecircntica obra-prima da
literatura universal um romance capaz de despertar no leitor a pena e a compaixatildeo por um monstro e a repugnacircncia
de nossa proacutepria raccedila Uma liccedilatildeo que ainda natildeo foi aprendida mesmo depois de quase 200 anos
Ficha Teacutecnica Tiacutetulo Frankestein (Frankenstein or the Modern
Prometheus) Autor Mary Shalley Paiacutes Inglaterra
Publicaccedilatildeo Original 1818 Publicaccedilatildeo Lida Martin Claret Editora 2001
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defesa quer dizer aleacutem do casamento monogacircmico estatildeo as inumeraacuteveis facetas do mundo as complexidades ilimitadas que natildeo posso resolver
Entatildeo Natureza-Deus quebrou-nos em duas partes que devem voltar a se unir para produzir a necessidade de uniatildeo em famiacutelias e aleacutem para criar as sociedades
Capiacutetulo 5 Con-soacutecio de Construccedilatildeo
Entatildeo noacutes temos vaacuterios tipos de sociedades a) dentro de noacutes vieram nos montando todas as
sociedades que deram no indiviacuteduo por exemplo sociedade dos oacutergatildeos
b) a seguir nos unimos em famiacutelias com ou sem filhos (no meu caso tive dois grandes amigos)
c) e aiacute segue todos aqueles niacuteveis pessoais e ambientais De fato a vida eacute uma sociedade tremenda
i sociedades vitais (fungos plantas animais e primatas)
ii sociedades psicoloacutegicas (pessoas e ambientes)
Cada sociedade dessas abre-se em multiacuteplices camadas de complexidades complexidades quase indescritiacuteveis que os estudiosos penam para descrever apenas no niacutevel bioloacutegico-p2 No niacutevel psicoloacutegico-p3 claro eacute muito mais difiacutecil chega a ser impossiacutevel pois estamos dentro Natildeo existe nenhum SUPERMUNDO que esteja de fora olhando o mundo somos noacutes as mesmas cabeccedilas individuais que ousam pensar a totalidade dividindo-a e subdividindo-a em numerosas fraccedilotildees trataacuteveis
NOacuteS NOS SENTIMOS ESMAGADOS PELA CRESCENTE COMPLEXIDADE (eacute preciso comeccedilar urgentemente o processo de re-uniatildeo)
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Quanto mais tentamos alisar
mais o cabelo embola
Uma galaacutexia de dados e nem haacute um centro
gravitacional O meacutetodo cientiacutefico redutor eacute muito bom produziu a
maioria das coisas que vemos e grande parte de nossas liberdades (e prisotildees) atuais Contudo tambeacutem foi ruim porque o redutor (e ampliador) levou ao reducionismo a superafirmaccedilatildeo da reduccedilatildeo Jaacute que funcionava tatildeo bem as pessoas natildeo se preocuparam com um meacutetodo cientiacutefico ampliador
Em particular a Ciecircncia geral natildeo ajudou a colar homem e mulher despedaccedilados nem as famiacutelias nem os grupos nem mesmo coisa alguma na verdade ajudou a rebentar Natildeo fez de noacutes felizes criaturas re-unidas fez de noacutes consumidores seres infelizes superconsumindo e mesmo assim incapazes de chegar agrave felicidade ainda que livres para procuraacute-la
A re-uniatildeo deve comeccedilar pela re-uniatildeo do par fundamental Re-construir a famiacutelia eacute fundamental
Capiacutetulo 6 Feliz-Cidade
Se a cidade eacute apesar de tudo feliz se eacute feliz-cidade eacute
porque o trabalho eacute muito dividido e enquanto estou de feacuterias deitado na rede por toda parte milhotildees estatildeo se azafamando trabalhando continuamente com afinco se tiro um mecircs de feacuterias nem um dia de mim vai trabalhar ndash por 30 dias eu falto ao trabalho sem que o trabalho falte a mim
Minha casa continua comendo bebendo e fazendo todas as competentes graccedilas que nos datildeo E por toda parte milhotildees operam com vigor quando estou dormindo Se algueacutem entra em coma natildeo acorda num mundo destruiacutedo na sua ausecircncia todos continuaram a trabalhar diligentemente
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O FORMIGUEIRO CONTINUA DIA E NOITE
Eu formiguinha formiguinha vocecirc VIDA DE FORMIGA Z NO FORMIGUEIRO Z (Woody Allen interpreta o filho quinto-milhatildeo Z pois existe todo um abecedaacuterio de formigas e formigueiros com iacutendices e sub-iacutendices)
A formiga Z se apaixona pela princesa Bala e termina enfrentando os desafios do mundo exterior e o impiedoso General Mandiacutebula Com vozes de Woody Allen Sharon Stone Jennifer Lopez Gene Hackman e Sylvester
Stallone
Ficha Teacutecnica Elenco
Sinopse Criacuteticas
Pocircsters
Imagens Trailers
Premiaccedilotildees Curiosidades
Ficha Teacutecnica
Tiacutetulo Original AntZ Gecircnero Animaccedilatildeo Computadorizada Tempo de Duraccedilatildeo 82 minutos Ano de Lanccedilamento (EUA) 1998
Site Oficial wwwpepsicomantz Estuacutedio DreamWorks SKG Pacific Data Images
Distribuiccedilatildeo DreamWorks Distribution LLC UIP Direccedilatildeo Eric Darnell e Tim Johnson
Roteiro Todd Alcott Chris Weitz e Paul Weitz Produccedilatildeo Brad Lewis Aron Warner e Patty Wooton Muacutesica Harry Gregson-Williams e John Powell
Desenho de Produccedilatildeo John Bell
Direccedilatildeo de Arte Kendall Crockhite Ediccedilatildeo Stan Webb
Efeitos Especiais Pacific Data Images Elenco (Vzes)
Woody Allen (Z) Sharon Stone (Princesa Bala)
Gene Hackman (General Mandiacutebula) Jennifer Lopez (Azteca) Danny Glover (Barbatus)
Sylvester Stallone (Weaver)
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Christopher Walken (Coronel Cutter) Dan Akroyd (Chip)
Anne Bancroft (Rainha) Jane Curtin (Muffy)
Paul Mazursky (Psicoacutelogo)
Sinopse A formiguinha Z eacute apenas um operaacuterio que sonha roubar o coraccedilatildeo da princesa Bala Para isso convence seu amigo
soldado a trocar de lugar com ele o que faz com que tenha que enfrentar o impiedoso General Mandiacutebula que planeja
uma grande ofensiva contra o formigueiro
A formiguinha tendo ao fundo o
formigueiro
Um dos formigueiros sem que se veja
uma soacute formiguinha Isto eacute a Terra o terraacuterio-aquaacuterio da humanidade a gaiola
redonda dos loucos de pedra Somos 66 bilhotildees de formigas dentro deste formigueiro-mundo
E NOacuteS AINDA PARTILHAMOS A TERRAARAacuteGUA (aqui as aves)
Em resumo embora nos vejamos como indiviacuteduos na
verdade somos um CORRELATIVO DE EMPREENDIMENTOS em furiosa mutaccedilatildeo tempespacial
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Capiacutetulo 7 Espaccedilotempo de Reuniatildeo
Pois entatildeo eacute hora de re-unir a humanidade de fazer
cessar o pecado original divisor RE-FAZENDO famiacutelia natildeo mais ilha Famiacutelias de todos os tipos com todas as uniotildees todas as misturas
Eacute preciso eacute fundamental que os governos de todo o
mundo invistam maciccedilamente na reuniatildeo dos pares fundamentais nos casamentos no estudo das uniotildees estaacuteveis na restauraccedilatildeo no contorno natildeo-forccedilado dos divoacutercios e separaccedilotildees digamos com um periacuteodo de experiecircncia antes da consagraccedilatildeo do casamento uniotildees-em-experiecircncia
A gestaccedilatildeo da nova famiacutelia deve ser o mote deste seacuteculo XXI todo e do futuro
Vitoacuteria quinta-feira 12 de marccedilo de 2009 Joseacute Augusto Gava
Anexos Capiacutetulo 5
O MEacuteTODO CIENTIacuteFICO REDUTOR (logo de cara esse quebrar em partes rompe os viacutenculos da totalidade da funcionabilidade total)
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II2 Caracteriacutesticas do meacutetodo cientiacutefico O meacutetodo dedutivo o meacutetodo indutivo e o meacutetodo
hipoteacutetico-dedutivo satildeo os trecircs meacutetodos cientiacuteficos a que se refere a denominaccedilatildeo geneacutetica de meacutetodo cientiacutefico A primeira caracteriacutestica do meacutetodo cientiacutefico eacute a sua
natureza convencional a de servir de marco de geraccedilatildeo do conhecimento objetivo Por isso existem muacuteltiplas caracteriacutesticas em funccedilatildeo da perspectiva com que se
classifiquem se estudem e inclusivamente se denominem A primeira que me chama a atenccedilatildeo eacute o fato de que os dois primeiros tecircm um nome difiacutecil de distinguir visto que no acircmbito linguumliacutestico podem representar um soacute conceito com
duas manifestaccedilotildees raciociacutenio numa direccedilatildeo ou na contraacuteria do geral para o particular ou vice-versa
O problema logicamente deriva da dificuldade conceptual de separar um meacutetodo cientiacutefico de outro de uma forma clara evidentemente os termos escolhidos natildeo ajudam a
reter na memoacuteria estes dois conceitos de meacutetodo cientiacutefico Tambeacutem natildeo ajuda muito a denominaccedilatildeo do
terceiro meacutetodo cientiacutefico Uma caracteriacutestica de ambos meacutetodos eacute que podem ir do
geral para o particular ou vice-versa num sentido ou no inverso Ambos utilizam a loacutegica e chegam a uma conclusatildeo
Em uacuteltima instacircncia sempre tecircm elementos filosoacuteficos subjacentes
Ambos costumam ser susceptiacuteveis de verificaccedilatildeo empiacuterica Ainda que o meacutetodo dedutivo seja mais proacuteprio das ciecircncias formais e o indutivo das ciecircncias empiacutericas nada impede a aplicaccedilatildeo indistinta de um meacutetodo cientiacutefico ou outro a
uma teoria concreta Para mim sem pretender entrar em polecircmica neste tema a diferenccedila fundamental entre o meacutetodo dedutivo e o meacutetodo indutivo eacute que o primeiro aspira a demonstrar mediante a loacutegica pura a conclusatildeo na sua totalidade a partir de
umas premissas de maneira que se garante a veracidade das conclusotildees se natildeo se invalida a loacutegica aplicada Trata-se do modelo axiomaacutetico proposto por Aristoacuteteles como meacutetodo
cientiacutefico ideal Pelo contraacuterio o meacutetodo indutivo cria leis a partir da
observaccedilatildeo dos fatos mediante a generalizaccedilatildeo do comportamento observado na realidade o que realiza eacute uma espeacutecie de generalizaccedilatildeo sem que atraveacutes da loacutegica possa conseguir uma demonstraccedilatildeo das citadas leis ou conjunto de
conclusotildees As referidas conclusotildees poderiam ser falsas e ao mesmo tempo a aplicaccedilatildeo parcial efetuada da loacutegica poderia manter a sua validade por isso o meacutetodo indutivo necessita de uma condiccedilatildeo adicional a sua aplicaccedilatildeo
considera-se vaacutelida enquanto natildeo se encontrar nenhum caso que natildeo cumpra o modelo proposto
O meacutetodo hipoteacutetico-dedutivo ou de verificaccedilatildeo de hipoacuteteses natildeo coloca em princiacutepio nenhum problema visto
que a sua validade depende dos resultados da proacutepria verificaccedilatildeo
Este meacutetodo cientiacutefico costuma utilizar-se para melhorar ou precisas teorias preacutevias em funccedilatildeo de novos
conhecimentos nas quais a complexidade do modelo natildeo permite formulaccedilotildees loacutegicas Portanto tem um caraacuteter
predominantemente intuitivo e necessita natildeo soacute para ser rejeitado mas tambeacutem para impor a sua validade a
verificaccedilatildeo das suas conclusotildees
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Poderia propor-se para estas trecircs variantes do meacutetodo cientiacutefico a denominaccedilatildeo de meacutetodo dedutivo meacutetodo
intuitivo e meacutetodo experimental ou meacutetodo de verificaccedilatildeo ou qualquer conjunto de palavras que faccedilam referecircncia agraves suas diferenccedilas fundamentais e natildeo coloquem problemas agrave memoacuteria linguumliacutestica Natildeo obstante nesta exposiccedilatildeo
manterei a nomenclatura geralmente utilizada A Teoria Geral da Evoluccedilatildeo Condicionada da Vida seria em
princiacutepio uma teoria baseada no meacutetodo hipoteacutetico-dedutivo ou meacutetodo de verificaccedilatildeo de hipoacuteteses
A teoria de Darwin pelo contraacuterio estaria enquadrada no meacutetodo indutivo mas que apesar de encontrar exemplos contraacuterios natildeo se invalida adeacutequa-se para encaixar
qualquer triacircngulo Porque seraacute
Como se disse anteriormente toda a teoria deve ser resistente agrave sua refutaccedilatildeo contudo uma teoria que natildeo pode ser refutada por nenhum fato concebiacutevel natildeo eacute
cientiacutefica A impossibilidade de refutaccedilatildeo de uma teoria cientiacutefica natildeo eacute uma virtude mas sim um viacutecio
TEORIA SOBRE O MEacuteTODO CIENTIacuteFICO EM BUSCA DE UM MODELO UNIFICANTE PARA AS CIEcircNCIAS
E DE UM RETORNO Agrave UNIVERSIDADE CRIATIVA I -- INTRODUCcedilAtildeO
Alberto Mesquita Filho Comeccedilo regra geral as minhas liccedilotildees sobre Meacutetodo
Cientiacutefico dizendo aos meus alunos que o meacutetodo cientiacutefico natildeo existe Acrescento que tenho obrigaccedilatildeo de saber isso tendo eu sido durante algum tempo pelo menos o uacutenico professor desse inexistente assunto em toda a Comunidade
Britacircnica
Tendo entatildeo explicado aos meus alunos que natildeo haacute essa coisa que seria o meacutetodo cientiacutefico apresso-me a comeccedilar o meu discurso e ficamos ocupadiacutessimos Pois um ano mal chega para roccedilar a superfiacutecie mesmo de um assunto
inexistente Karl R Popper [1]
Resumo Este artigo eacute o primeiro de uma seacuterie de artigos relacionados agrave metodologia cientiacutefica e cuja temaacutetica foi dividida em cinco toacutepicos principais Corresponde a uma
versatildeo atualizada de consideraccedilotildees expressas pelo autor a partir de 1983 em livros artigos e conferecircncias citados no texto colaborou para esta atualizaccedilatildeo a experiecircncia adquirida pelo autor no processo de remodelaccedilatildeo da Proacute-Reitoria Comunitaacuteria da USJT (1992-1993) bem como aquela adquirida junto aos demais membros da equipe criada pelos Conselhos Superiores da USJT (1994) --expandida em 1995--
com a finalidade de implantar o Centro de Pesquisa da USJT Os conceitos foram axiomatizados de forma a darem
corpo a uma nova teoria sobre o meacutetodo cientiacutefico permitindo mesmo a constataccedilatildeo de possiacuteveis aplicaccedilotildees dentro de um contexto abrangente tais como 1) a teoria
fornece os meios necessaacuterios para que se promova a integraccedilatildeo das ciecircncias e 2) propicia a sustentaccedilatildeo de um projeto visando a caracterizar a universidade como o local apropriado para a formaccedilatildeo de cientistas Os cinco
toacutepicos a serem abordados satildeo pela ordem I - Introduccedilatildeo na qual eacute proposta a regra delimitante da ciecircncia II - O macromeacutetodo cientiacutefico e a Histoacuteria da Ciecircncia III - O
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papel da universidade na produccedilatildeo de conhecimentos IV - O meacutetodo cientiacutefico propriamente dito a) A teoria da
praacutetica em ciecircncia b) A praacutetica da teorizaccedilatildeo cientiacutefica V - O micromeacutetodo cientiacutefico e a Filosofia da Ciecircncia Os demais toacutepicos estatildeo em fase de projeto natildeo havendo portanto previsatildeo quanto agrave eacutepoca de publicaccedilatildeo []
1 Colocaccedilatildeo do problema Meacutetodo entre outras coisas significa caminho para chegar
a um fim ou pelo qual se atinge um objetivo Que dizer entatildeo do meacutetodo cientiacutefico [2] Poderia dizer que eacute o caminho trilhado pelo cientista quando em busca de verdades cientiacuteficas
Afirma-se com grande frequumlecircncia que o cientista eacute aquele que se utiliza do meacutetodo cientiacutefico Os que aceitam esta
Percebam que estou meramente jogando com as palavras e associando-as ao conceito de
meacutetodo acima postulado Quais satildeo as verdades cientiacuteficas O que eacute ser cientista O que eacute ciecircncia Existe uma ciecircncia uacutenica Quando nos reportamos a uma hipoteacutetica linha demarcatoacuteria a separar o que julgamos
ser uma verdade cientiacutefica de outras possiacuteveis verdades a que nos estamos referindo
verdade --e haacute muitos que o fazem-- devem procurar uma conceituaccedilatildeo para meacutetodo cientiacutefico diferente da exposta no paraacutegrafo anterior sob pena de andarem em ciacuterculo Ou definimos cientista a partir da definiccedilatildeo de meacutetodo frac34algo tentado por Popper ao propor o falsificacionismo [3]frac34 ou definimos meacutetodo a partir da definiccedilatildeo de cientista do contraacuterio natildeo chegamos a nada Conservarei a ideacuteia de meacutetodo cientiacutefico como caminho trilhado pelo cientista
2 O que eacute ciecircncia
com o que estou assumindo o risco de ter que definir ciecircncia eou cientista Eacute o que tentarei fazer nesta
introduccedilatildeo
Natildeo eacute faacutecil definir ciecircncia e satildeo inuacutemeros os tratados sobre o assunto a abordarem esta dificuldade Ao leitor
principiante em ciecircncia e que queira penetrar na complexidade do tema ou entatildeo perceber a quantas anda nossa ignoracircncia a respeito sugiro se tiver pendores
filosoacuteficos que comece pelo livro de Chalmers (1976) [4] ou entatildeo se preferir algo mais ameno e mais voltado agrave
praacutetica cientiacutefica pelo livro de Beveridge (1980) [5] Ao leitor acomodado e que natildeo tenha amplo conhecimento do
assunto ou mesmo para aquele que pretenda prosseguir com esta leitura ciente de que eacute possiacutevel pelo menos em niacutevel conjetural enfrentar o desafio apontado relatarei aqui a
conclusatildeo de um ensaio que sintetiza uma ideacuteia que me ocorreu haacute cerca de dez anos [6] e que apresentei na
sessatildeo de debates da mesa redonda A Pesquisa na Universidade Particular ocorrida por ocasiatildeo da IV Semana de Psicologia da USJT (1994) com as seguintes palavras Vejo a ciecircncia como a aacuterea do conhecimento que se apoacuteia natildeo num meacutetodo mas sim na regra da repetitividade a que
eu tenho chamado de regra cientiacutefica fundamental Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que
pesquisado se repetiu eacute de se admitir que em futuras verificaccedilotildees o mesmo suceda [7]
A regra cientiacutefica fundamental conquanto aceita intuitivamente por todos os cientistas ocupa entre os mesmos e ateacute entre os filoacutesofos da ciecircncia um papel
secundaacuterio quando natildeo totalmente ignorada Via de regra considera-se a ciecircncia como que apoiada em regras outras
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como por exemplo o princiacutepio da causalidade de Kant a regra metodoloacutegica de Popper que se associa a seu meacutetodo
dedutivo de prova o princiacutepio ou argumento indutivista e as regras ou criteacuterios de utilidade Como posiccedilotildees
extremas e apoiadas em regras mais riacutegidas podemos citar a visatildeo paradigmaacutetica de Thomas Kuhn a defender o
dogmatismo cientiacutefico o ponto de vista de Chalmers a questionar a argumentaccedilatildeo filosoacutefica no que diz respeito agrave delimitaccedilatildeo da ciecircncia e a visatildeo anarquista de Feyerabend
a se opor frontalmente ao racionalismo em ciecircncia A fim de ilustrar o comentado no paraacutegrafo anterior
vejamos como Thomas Kuhn (1962) --defensor de uma posiccedilatildeo cientiacutefico-filosoacutefica incompatiacutevel com a que aqui pretendo apresentar-- retrata a importacircncia da repetitividade dos eventos como algo a semear o surgimento de novas ideacuteias Existem em princiacutepio somente trecircs tipos de fenocircmenos a propoacutesito dos quais pode ser desenvolvida uma nova teoria O primeiro tipo compreende os fenocircmenos jaacute bem explicados
pelos paradigmas existentes Tais fenocircmenos raramente fornecem motivos ou um ponto de partida para a construccedilatildeo de uma teoria Quando o fazem as teorias resultantes raramente satildeo aceitas visto que a natureza natildeo proporciona nenhuma base para uma discriminaccedilatildeo entre as alternativas Uma segunda classe de fenocircmenos compreende aqueles cuja
natureza eacute indicada pelos paradigmas existentes mas cujos detalhes somente podem ser entendidos apoacutes uma maior
articulaccedilatildeo da teoria Os cientistas dirigem a maior parte de sua pesquisa a esses fenocircmenos mas tal pesquisa visa antes agrave articulaccedilatildeo dos paradigmas existentes do que agrave invenccedilatildeo de novos Somente quando esses esforccedilos de articulaccedilatildeo fracassam eacute que os cientistas encontram o
terceiro tipo de fenocircmeno as anomalias reconhecidas cujo traccedilo caracteriacutestico eacute a sua recusa obstinada a serem
assimiladas aos paradigmas existentes Apenas esse uacuteltimo tipo de fenocircmeno faz surgir novas teorias [8]
Ora se um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se recusou obstinadamente a ser assimilado aos paradigmas
existentes e se esta recusa eacute quem orienta a caracterizaccedilatildeo de novas teorias e mais se a ciecircncia eacute fundamentalmente o conjunto das ideacuteias e teorias geradas pela mente humana bem como a aplicaccedilatildeo pelo homem dessas ideacuteias e teorias em busca de um relacionamento sadio com a natureza e com os seus semelhantes podemos sossegadamente
concluir que ciecircncia eacute o processo pelo qual o homem se relaciona com os fenocircmenos universais que se sujeitam agrave
regra cientiacutefica fundamental 3 O ser cientista
Cientista diz-nos Ferreira (1986) eacute a pessoa que cultiva ou que eacute especialista em alguma ciecircncia ou em ciecircncias
[9] e ciecircncia eacute um processo definido no item anterior Se aceitarmos estas premissas concluiremos que o conhecimento
cientiacutefico eacute aquele factiacutevel de reproduccedilatildeo enquanto o cientista eacute aquele que de alguma forma cultiva esses conhecimentos Eacute importante aqui salientar que muitas
vezes o que se espera reproduzir eacute um dado probabiliacutestico Por exemplo se dissermos que 80 das moleacuteculas de um gaacutes
satildeo do elemento quiacutemico oxigecircnio isto natildeo significa estarmos afirmando ser oxigecircnio esta ou aquela moleacutecula objeto de verificaccedilatildeo experimental o que a regra nos
preconiza eacute que independentemente de qual cientista for tentar reproduzir a medida ou do local escolhido para que
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esta segunda medida seja efetuada observando-se as condiccedilotildees em que a mesma foi realizada anteriormente o
valor obtido concordaraacute com o valor precedente dentro de uma margem de erro tambeacutem estimaacutevel por meacutetodos
experimentais Todos noacutes vez ou outra nos comportamos como cientistas Ser cientista natildeo eacute possuir um roacutetulo mas sim postar-se com uma atitude cientiacutefica por outro lado mesmo aquele que se diz cientista vez ou outra assume atitudes natildeo cientiacuteficas e penetra em terrenos apoiados em regras
proacuteprias ou ateacute mesmo sem regras O roacutetulo eacute frequumlentemente utilizado quando queremos nos referir agraves
pessoas que se utilizam de seus talentos cientiacuteficos como meio de vida seriam entatildeo os cientistas profissionais A filosofia por exemplo eacute um campo de atuaccedilatildeo bem mais
abrangente que aquele ditado pela regra cientiacutefica fundamental Poderiacuteamos dizer que a filosofia comporta a
ciecircncia ainda que esta ideacuteia natildeo agrade a alguns cientistas mas jamais poderiacuteamos dizer e quanto a isso
todos satildeo concordes que a ciecircncia comporta a filosofia O bom cientista utiliza-se da filosofia da mesma forma que a maioria dos indiviacuteduos com sede se utilizam do copo Outras
aacutereas do conhecimento seriam 1) o ocultismo frac34e aqui poderiacuteamos incluir a tiacutetulo de exemplo a alquimia e a astrologia 2) as artes frac34e vale a pena aqui frisar que a arte pode ser encarada cientificamente postura esta que foi frequumlentemente adotada por Leonardo da Vinci [10] e defendida em sua Teoria do Conhecimento 3) a teologia
etc A busca pela verdade que tambeacutem eacute objetivo da grande maioria destas aacutereas natildeo cientiacuteficas segue-se por caminhos nem sempre limitados ou compatiacuteveis com a regra cientiacutefica
fundamental O cultivo da ciecircncia pode se dar atraveacutes da observaccedilatildeo de alguns ou todos dentre seus objetivos nobres quais sejam
1) aquisiccedilatildeo transmissatildeo e aplicaccedilatildeo de conhecimentos cientiacuteficos jaacute sistematizados e 2) produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
de novos conhecimentos Visto sob este acircngulo satildeo cientistas 1) o estudioso eou o professor eou o
profissional bacharel em quaisquer das ciecircncias 2) o tecnoacutelogo 3) o pesquisador em aacutereas cientiacuteficas 4) o
teorizador em ciecircncias 5) e o autor de artigos cientiacuteficos relatando ideacuteias proacuteprias eou revisotildees bibliograacuteficas Sob um ponto de vista mais rigoroso o cientista seria apenas aquele capaz de dominar as teacutecnicas inerentes a todos os
objetivos nobres acima apontados Nem tanto ao ceacuteu nem tanto agrave terra Percebam que jaacute
conceituamos ciecircncia e jaacute conseguimos ir aleacutem a ponto de fornecer dados para que se analise o comportamento daqueles
que trabalham em ciecircncia Observado este comportamento poderiacuteamos assumir como cientistas aqueles que realmente contribuem para o progresso das ciecircncias Adotarei esta
postura mas gostaria de esclarecer conforme seraacute comentado oportunamente que a noccedilatildeo de progresso aqui defendida eacute um pouco mais abrangente do que aquela
preconizada pelos pensadores iluministas [11] que tanto influenciaram os positivistas Aceita esta premissa frac34a de que cientistas satildeo somente aqueles que real e diretamente [12] contribuem para o progresso das ciecircnciasfrac34 suponha que consigamos caracterizar os cientistas assim definidos como aqueles que ao contribuir para o progresso das
ciecircncias se utilizam de um meacutetodo comum a que chamaremos
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meacutetodo cientiacutefico Poderemos entatildeo afirmar e natildeo se trata aqui da busca por uma definiccedilatildeo que o cientista eacute aquele que se utiliza do meacutetodo cientiacutefico o raciociacutenio ciacuteclico da forma como foi agora utilizado estaacute livre de consequumlecircncias funestas Notem com o auxiacutelio da figura 1 a sintetizar as ideacuteias principais aqui focalizadas que do ponto de vista conceitual natildeo estamos andando em ciacuterculo
REGRA CIENTIacuteFICA FUNDAMENTAL
Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu eacute de se admitir que em futuras
verificaccedilotildees o mesmo suceda
DEFINICcedilAtildeO DE CIEcircNCIA
Ciecircncia eacute o processo pelo qual o homem se relaciona com os fenocircmenos universais que se sujeitam agrave regra cientiacutefica
fundamental
OBSERVACcedilAtildeO DO COMPORTAMENTO DOS QUE TRABALHAM EM CIEcircNCIA
VERIFICACcedilAtildeO DE QUE ALGUNS CONTRIBUEM PARA O PROGRESSO DAS CIEcircNCIAS
Cientista eacute todo ser racional que contribui diretamente para o progresso das ciecircncias
CONSTATACcedilAtildeO DE QUE ESTES SE UTILIZAM DE UM MEacuteTODO COMUM
Figura 1 - Para explicaccedilatildeo vide texto Resta-nos entatildeo para que a ideacuteia ganhe em consistecircncia comprovar a existecircncia de um uacutenico meacutetodo cientiacutefico e
isto natildeo parece ser uma tarefa faacutecil Antes de enfrentarmos esta dificuldade vamos verificar como as ideacuteias aqui apresentadas se conformam a conceitos classicamente
adotados como modelos de meacutetodo cientiacutefico
[] Muitos dentre esses toacutepicos satildeo apresentados em um contexto diverso em
Referecircncias
Ensaios sobre a Filosofia da Ciecircncia ou entatildeo em outros artigos expostos acima na
seccedilatildeo Temas relacionados [1] POPPER K R 1956 Acerca da inexistecircncia do meacutetodo
cientiacutefico in Prefaacutecio da ediccedilatildeo de 1956 do livro O realismo e o objetivo da ciecircncia
[2] FERREIRA A B H 1986
Publicaccedilotildees Dom Quixote (traduccedilatildeo) Lisboa 1987 Este prefaacutecio foi lido num
encontro dos Fellows of Center for Advanced Study in the Behavioral Sciences em Stanford Califoacuternia em novembro
de 1956 Novo dicionaacuterio da liacutengua
portuguesa[3] POPPER K R (1959)
Ed Nova Fronteira Rio de Janeiro p 1128 A loacutegica da pesquisa
cientiacutefica Ed Cultrix (traduccedilatildeo 1975) Satildeo Paulo
22
[4] CHALMERS A F 1976 (traduccedilatildeo 1993) O que eacute ciecircncia afinal[5] BEVERIDGE W I B 1980
Ed Brasiliense Satildeo Paulo 225 p Sementes da descoberta
cientiacutefica[6] MESQUITA Fdeg A 1987
Edusp (traduccedilatildeo) Satildeo Paulo Confesso que blefei --
Fiacutesica antiga vs moderna
[7] Perguntas e Debates 1995 item V
editado pela USJT (na eacutepoca Faculdades Satildeo Judas Tadeu) Satildeo Paulo capiacutetulo 13 A
Ciecircncia Existe p 92-8 Sobre Pesquisa e
Filosofia da Ciecircncia p 75 in EspecialIntegraccedilatildeo A pesquisa na universidade particular Integraccedilatildeo
[8] KUHN T S 1962 (traduccedilatildeo 1975)
I(1)51-75 1995 Este ensaio foi tambeacutem apresentado e discutido em palestra (natildeo publicada) que ministrei por ocasiatildeo da
Semana de Filosofia da USJT de 1994 A estrutura das
revoluccedilotildees cientiacuteficas Ed Perspectiva Satildeo Paulo 257 pp capiacutetulo 8 A natureza e a necessidade das revoluccedilotildees
cientiacuteficas[9] FERREIRA 1986 Idem p 404
p 131 [Os grifos satildeo meus]
[10] Leonardo da Vinci in The New Encyclopaedia Britannica Vol 22 (Macropaedia) Enc Brit Inc
Chicago 1993 p 946 (Leonardo as artist-scientist[11] SANTOS G T
) Os caminhos do pensamento cientiacutefico a
partir do Iluminismo Integraccedilatildeo I(5)131-6 1996 conferecircncia proferida por ocasiatildeo da Semana de Filosofia da USJT de 1995 Na sessatildeo de debates Santos dentre outras consideraccedilotildees interessantes a respeito faz a
seguinte observaccedilatildeo O progresso como vai ser definido no Iluminismo eacute uma noccedilatildeo de abandono passa pelo abandono necessaacuterio de coisas que ficaram ou que deveratildeo ficar no
passado[12] O termo diretamente aqui empregado eacute essencial a natildeo ser levado em conta corremos o risco de considerar
como cientistas dentre outros os mecenas que no passado contribuiacuteram de maneira indireta para o progresso
das ciecircncias
O argumento indutivista Uma criacutetica imparcial conquanto demolidora ao
indutivismo eacute apresentada por Chalmers nos trecircs primeiros capiacutetulos de seu livro [13] Veremos aqui apenas alguns toacutepicos interessantes do ponto de vista epistemoloacutegico
eou necessaacuterios para um melhor entendimento da teoria ora sendo apresentada
Um sumaacuterio completo do argumento indutivista da ciecircncia estaacute esquematizado na figura 2 adaptada de Chalmers [14]
Chama a atenccedilatildeo a omissatildeo da deduccedilatildeo de hipoacuteteses o indutivista admite ser possiacutevel partir da observaccedilatildeo e chegar a leis apelando exclusivamente ao raciociacutenio
indutivo O meacutetodo indutivo baseia-se na crenccedila de que eacute possiacutevel confirmar um enunciado universal (lei) atraveacutes de um certo nuacutemero de observaccedilotildees singulares Via de regra
quando se questiona o indutivista a respeito da omissatildeo da hipoacutetese ele logo repete uma frase de Newton Natildeo faccedilo
hipoacuteteses Obviamente este indutivista ingecircnuo ouviu esta frase sabe que foi proferida por Newton mas demonstra
natildeo saber a que Newton estava se referindo A hipoacutetese a que Newton se refere natildeo eacute a mesma que hoje se conceitua nos tratados de metodologia cientiacutefica ou de estatiacutestica Newton deixou bastante claro em sua obra que natildeo fazia como cientista especulaccedilotildees ou conjecturas infundadas No
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que se refere a hipoacuteteses no contexto em que o termo eacute hoje aceito rariacutessimos foram os cientistas que em sua
fase produtiva as levantaram em nuacutemero tal cuja ordem de grandeza se aproximasse daquela atingida por Newton
O argumento indutivista baseia-se na crenccedila no princiacutepio da induccedilatildeo que dentre outras formas pode ser enunciado como Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno
sempre que pesquisado se repetiu em futuras verificaccedilotildees o mesmo sucederaacute
Figura 2 - O argumento indutivista (segundo Chalmers)
[15] Escolhi esta versatildeo para que fique claro o contraste entre o princiacutepio da induccedilatildeo e a regra
cientiacutefica fundamental expliacutecita na figura 1 Trecircs comentaacuterios merecem ser feitos a respeito 1) Conquanto
seja usado como regra metodoloacutegica o princiacutepio da induccedilatildeo natildeo define o nuacutemero de observaccedilotildees singulares a permitir uma generalizaccedilatildeo (obtenccedilatildeo de leis) 2) Esta e outras falhas conceituais inerentes ao argumento indutivista propiciam interpretaccedilotildees ingecircnuas ao princiacutepio conforme
veremos abaixo 3) O princiacutepio sem perder em generalidade no que diz respeito agraves premissas (tem o
mesmo campo de atuaccedilatildeo que a regra cientiacutefica fundamental) e para que possa caracterizar-se como metodoloacutegico e natildeo apenas norteador torna-se mais
restritivo que a regra cientiacutefica fundamental frac34afirma ao inveacutes de suporfrac34 Consequumlentemente os que abraccedilam esta ideologia devem procurar por uma outra definiccedilatildeo de ciecircncia que natildeo a apresentada no item 2 e figura 1 As
consequumlecircncias epistemoloacutegicas daiacute resultantes seratildeo objeto de discussatildeo em itens posteriores
O indutivista ingecircnuo eacute aquele que dentre outras falhas conceituais eou de raciociacutenio consegue provar
cientificamente por exemplo a inexistecircncia de Deus pelo simples fato de Deus natildeo se manifestar a ele tendo em vista que ele natildeo possui uma regra para delimitar a ciecircncia que natildeo seja o princiacutepio da causalidade --natildeo haacute efeito sem causa-- ele tenta inverter o princiacutepio frac34que no caso ficaria natildeo haacute causa sem efeitofrac34 e apelando para o argumento indutivista consegue por meacutetodos cientiacuteficos chegar a conclusotildees natildeo cientiacuteficas frac34no caso teoloacutegicas Mais comum no entanto eacute o erro agora natildeo tatildeo ingecircnuo cometido por alguns indutivistas que conseguem provar cientificamente que todas as maccedilatildes satildeo vermelhas prova esta vaacutelida somente ateacute o dia em que eles se
depararem com maccedilatildes verdes Neste caso a falha decorre da crenccedila num meacutetodo repleto de incoerecircncias internas
5 O argumento dedutivista
24
O argumento dedutivista ainda que natildeo isento de criacuteticas representou sem duacutevida alguma uma evoluccedilatildeo no sentido em que propiciou uma metodologia cientiacutefica dotada de
coerecircncia interna A esse respeito eacute dito com frequumlecircncia que o raciociacutenio dedutivo constitui o
argumento da loacutegica A fim de padronizar comparaccedilotildees apresentarei o argumento
dedutivista como apoiado no seguinte princiacutepio Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa para que seja hipoacutetese deveraacute ser
passiacutevel de verificaccedilatildeo observacional A figura 3 ilustra a proposiccedilatildeo deste argumento
Eacute importante observar que nem toda a afirmaccedilatildeo deduzida seraacute uma hipoacutetese motivo pelo qual natildeo utilizamos o argumento loacutegico se e somente se ao enunciarmos o
princiacutepio
Figura 3 - O argumento dedutivista
[16] Em particular eacute de se ressaltar a opiniatildeo de Severino (1994) a respeito
Eacute preciso natildeo confundir hipoacutetese com pressuposto com evidecircncia preacutevia
Hipoacutetese eacute o que se pretende demonstrar e natildeo o que jaacute se tem
demonstrado [17] A loacutegica dedutiva ao caminhar do geral para o particular
nos garante a formulaccedilatildeo de hipoacuteteses e hipoacutetese comprovada atraveacutes de uma observaccedilatildeo controlada (teste eou experiecircncia) nos permite suspeitar atraveacutes de um raciociacutenio indutivo (do singular para o geral) sua condiccedilatildeo de lei Observem o cuidado na colocaccedilatildeo das palavras Eu disse nos permite suspeitar e natildeo nos
permite garantir Por que esse cuidado A experimentaccedilatildeo natildeo nos garante verdades A esse respeito Popper assim se
referiu Natildeo haacute um meacutetodo para determinar se
uma hipoacutetese eacute lsquoprovaacutevelrsquo ou provavelmente verdadeira [18]
Eacute interessante notar que algumas limitaccedilotildees inerentes ao indutivismo e que propiciam o aparecimento de conclusotildees ingecircnuas satildeo aqui substituiacutedas por uma impossibilidade
Sob esse aspecto o dedutivismo natildeo solucionou o problema mas simplesmente reduziu a possibilidade de que se
cometessem determinados raciociacutenios ingecircnuos Rigorosamente falando o problema natildeo eacute tatildeo insoluacutevel
assim Seraacute insoluacutevel tatildeo-somente para aqueles que julgam estar cientificamente buscando por verdades absolutas A verdade cientiacutefica e soacute o leigo talvez natildeo saiba eacute uma
verdade provisoacuteria tomada por empreacutestimo da natureza e da forma como ela se nos aparenta ser As verdades
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cientiacuteficas de hoje seratildeo quando natildeo negadas lapidadas e reformuladas amanhatilde Se chegaremos ou natildeo por meacutetodos
cientiacuteficos agrave verdade absoluta eacute um questionamento que a ciecircncia natildeo estaacute aparelhada para responder E talvez nunca esteja o que natildeo nos impede de que continuemos procurando
pela verdade Popper foi mais aleacutem demonstrando ser impossiacutevel ateacute mesmo probabilizar uma afirmaccedilatildeo comprovada por um
raciociacutenio que siga a metodologia dedutiva (incluindo e eacute aiacute que reside o problema principal do meacutetodo a induccedilatildeo -- vide lado direito da figura 3) A esse respeito Popper
propotildee a substituiccedilatildeo do termo probabilizar por corroborar Uma hipoacutetese seria tanto mais corroboraacutevel quanto mais propiciasse verificaccedilotildees experimentais e teria sido tanto mais corroborada e natildeo haacute como se
atribuir nuacutemeros probabiliacutesticos a esse efeito quanto mais resistisse a essas verificaccedilotildees Siegel (1977
traduccedilatildeo) adota provavelmente com o mesmo objetivo a expressatildeo grau de aceitabilidade
Efetuamos pesquisas a fim de determinar o grau de aceitabilidade de
hipoacuteteses deduzidas de nossas teorias [19]
Esta impossibilidade em garantir um acerto preocupou bastante Popper e certamente foi um dos motivos que o
levou a expandir o argumento dedutivista atraveacutes da proposiccedilatildeo do falsificacionismo a ser apresentado no
item 7 Independentemente das dificuldades apontadas neste e nos itens precedentes a verdade eacute que a ciecircncia progride e este progresso eacute guiado por homens que conhecem o terreno por onde pisam E conquanto todos saibam da natildeo existecircncia em ciecircncia de verdades absolutas da impossibilidade de se
chegar a uma soluccedilatildeo definitiva para os problemas cientiacuteficos e da natildeo existecircncia de provas observacionais irrefutaacuteveis quase todos [20] entendem e concordam com a
afirmaccedilatildeo de GIL (1994) expressa a seguir A pesquisa cientiacutefica inicia-se
sempre com a colocaccedilatildeo de um problema solucionaacutevel O passo seguinte
consiste em oferecer uma soluccedilatildeo possiacutevel atraveacutes de uma proposiccedilatildeo ou seja de uma expressatildeo suscetiacutevel de ser declarada verdadeira ou falsa A
esta proposiccedilatildeo daacute-se o nome de hipoacutetese Assim a hipoacutetese eacute a
proposiccedilatildeo testaacutevel que pode vir a ser a soluccedilatildeo do problema [21]
6 O que eacute teoria Eacute importante salientar que a finalidade primordial da ciecircncia natildeo eacute formular hipoacuteteses e sim sistematizar teorias e que teoria natildeo eacute pura e simplesmente uma
coletacircnea de hipoacuteteses Teoria eacute um conjunto de hipoacuteteses coerentemente interligadas tendo por finalidade explicar
elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio do conhecimento [22] Por que entatildeo os livros de
metodologia insistem em justificar os meacutetodos atraveacutes de hipoacuteteses uacutenicas e via de regra desinteressantes tais
como As maccedilatildes satildeo vermelhas os cisnes satildeo brancos etc A verdade eacute que nem sempre eacute faacutecil encontrar teorias ao mesmo tempo simples e de amplo espectro ou seja que
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possam ser entendidas por leitores das vaacuterias aacutereas do conhecimento Por outro lado os argumentos que corroboram ou derrubam teorias satildeo em princiacutepio idecircnticos aos que corroboram ou derrubam hipoacuteteses frac34poderiacuteamos tambeacutem dizer
que uma hipoacutetese eacute ou simula ser uma teoria cujo conjunto de hipoacuteteses eacute unitaacuterio Em geral a dificuldade inerente ao grau de complexidade de uma teoria pode ser
superada desde que o cientista conheccedila a fundo esta teoria cujo grau de aceitabilidade pretende testar e domine a loacutegica envolvida em situaccedilotildees similares poreacutem simples como aquelas que aparecem nos compecircndios sobre o
assunto A ecircnfase dada pelos textos de metodologia cientiacutefica a meacutetodos relacionados a testes de hipoacuteteses contrasta com a quase ausecircncia de referecircncias a meacutetodos relativos agrave
praacutetica da teorizaccedilatildeo Existem exceccedilotildees a esta regra e eu natildeo poderia deixar de citar [23] os livros de Bunge [24] e de Lacey [25] indicados especialmente para os iniciantes da aacuterea de exatas Embora natildeo especificamente dirigido a esta temaacutetica haacute que se destacar tambeacutem o livro de Bohm e
Peat [26] e que merece ser lido posto que focaliza a essecircncia da problemaacutetica aqui apontada neste caso e por este motivo eacute indicado aos iniciantes de todas as aacutereas A praacutetica da teorizaccedilatildeo com rariacutessimas exceccedilotildees natildeo se
aprende na escola Grandes teorizadores por terem aprendido a utilizar uma teacutecnica natildeo encontrada nos livros tradicionais e que nem mesmo eacute ensinada na maioria dos
regimes de iniciaccedilatildeo cientiacutefica chegaram a ser confundidos com gecircnios Eacute bem possiacutevel que estes gecircnios tenham adquirido esta praacutexis cultuando algum resquiacutecio da
filosofia que a sociedade moderna natildeo conseguiu despedaccedilar
A lacuna acima apontada fomenta a ingenuidade ou ateacute mesmo o charlatanismo multiplicando sobremaneira o nuacutemero dos que sem estarem devidamente preparados para teorizar frac34uma atividade que natildeo eacute elementarfrac34 ainda assim teorizam e teorizam mal frac34fato este que chega a incomodar cientistas de respeito que ocupam postos importantes nas
universidades [27] Por outro lado e em decorrecircncia disto permite que se condene agrave marginalidade cientiacutefica
e por periacuteodos variaacuteveis de tempo todos aqueles que certos ou errados pretendem evoluir seriamente no sentido de atender agrave finalidade uacuteltima da ciecircncia a edificaccedilatildeo de
teorias representacionais Que meacutetodos estes homens seguiram que natildeo a paixatildeo a
devoccedilatildeo a persistecircncia e a crenccedila num espiacuterito universal frac34Espiacuterito este que segundo alguns admitem natildeo estaacute a se
divertir com nossos erros e acertos o que foi sintetizado pelo maior dos gecircnios do seacuteculo XX nas
seguintes palavras Deus natildeo joga dados A resposta nos eacute dada pelo proacuteprio autor desta afirmaccedilatildeo
O alvo de construir uma teoria de campo eletromagneacutetico da mateacuteria
permanece inatingiacutevel por ora embora em princiacutepio nenhuma objeccedilatildeo possa ser levantada contra a possibilidade de vir a se alcanccedilar tal objetivo O que reteve qualquer tentativa posterior nessa direccedilatildeo foi a falta de qualquer meacutetodo sistemaacutetico que levasse a uma
soluccedilatildeo [28]
27
Seraacute que natildeo existem meacutetodos ou regras a serem adotados nesta praacutexis E por falar nisso a praacutetica da teorizaccedilatildeo
natildeo seria uma teorexis [29] Seraacute que teorizar em ciecircncia eacute uma atividade puramente filosoacutefica Natildeo existe uma
metodologia cientiacutefica a orientar aqueles que se preocupam em decifrar os segredos que estatildeo por traacutes dos fenocircmenos que se adaptam agrave regra cientiacutefica fundamental Caso exista
um meacutetodo a ser sistematizado Seria ele diferente do meacutetodo cientiacutefico O que eacute o meacutetodo cientiacutefico
Tentarei dentro do possiacutevel e da finalidade a que me propus ao conceber esta seacuterie de artigos responder
oportunamente eou orientar o leitor se houver como no que diz respeito aos questionamentos aqui assinalados De qualquer forma mais detalhes sobre teoria eou teorizaccedilatildeo seratildeo apresentados no toacutepico IV-b A praacutetica da teorizaccedilatildeo
(em preparo)
[13] CHALMERS A F 1976 Referecircncias
op cit (Voltar pelo browser) pp 23-63
[14] Idem p 28 [15] Esta versatildeo eacute uma adaptaccedilatildeo do princiacutepio da induccedilatildeo
como enunciado por CHALMERS (1976) op cit Se um grande nuacutemero de As foi observado sob uma ampla variedade de condiccedilotildees e se todos esses As observados possuiacuteam sem exceccedilatildeo a propriedade B entatildeo todos os As possuem a propriedade B
[16] Neste caso o princiacutepio ficaria
Aparentes contradiccedilotildees que o iniciante possa descobrir ao comparar os dois enunciados natildeo
comprometem o raciociacutenio que se segue razatildeo pela qual admitirei a equivalecircncia sem justificaacute-la
Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa seraacute hipoacutetese se e somente se for passiacutevel de verificaccedilatildeo
observacional
[17] SEVERINO J S 1994
O primeiro se torna a afirmaccedilatildeo inconsistente
Metodologia do trabalho cientiacutefico[18] POPPER K R 1956
Cortez Editora Satildeo Paulo op cit
[19] SIEGEL S 1977 Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica
[20] Eacute possiacutevel que alguns dentre os indutivistas natildeo concordem com alguns dos termos da afirmaccedilatildeo por motivos que podem ser suspeitados tendo em vista o apresentado
neste e no item anterior
Ed McGraw-Hill do Brasil Ltda Satildeo Paulo p 6
[21] GIL A C 1994 Como elaborar projetos de pesquisas
[22] Em FERREIRA A B H 1986
Editora Atlas S A Satildeo Paulo p 35 [Os grifos satildeo
meus] op cit (Voltar pelo
browser) encontramos uma definiccedilatildeo mais geral a satisfazer tambeacutem o argumento indutivista Teoria eacute um
conjunto de conhecimentos natildeo ingecircnuos que apresentam graus diversos de sistematizaccedilatildeo e credibilidade e que se
propotildeem a explicar elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio de fenocircmenos ou de acontecimentos que se
oferecem agrave atividade praacutetica [23] Os trecircs livros citados a seguir natildeo satildeo os uacutenicos
nos gecircneros assinalados a despeito da disparidade apontada Ao tempo em que registro com estes exemplos a exceccedilatildeo agrave regra presto tambeacutem uma homenagem a autores que ao serem por mim lidos transmutaram em duacutevidas muitas das
respostas a questotildees fundamentais e que eu
28
pretensiosamente julgava possuir [24] BUNGE M Teoria e realidade
[25] LACEY HM 1972
Ed Perspectiva (traduccedilatildeo 1994) Satildeo Paulo
A linguagem do espaccedilo e do tempo
[26] BOHM D e PEAT F D
Ed Perspectiva SA
Ciecircncia ordem e criatividade
[27] A esse respeito vale a pena ler
Gradiva Publicaccedilotildees Ltda (traduccedilatildeo 1989) Lisboa
Cientiacuteficos Chiflados capiacutetulo XIV do livro BERNSTEIN J 1988 Observacioacuten de
la Ciencia[28] EINSTEIN A
Ed Fondo de Cultura Econoacutemica Meacutexico Fiacutesica e realidade in Albert Einstein
Pensamento poliacutetico e uacuteltimas conclusotildees (1983 traduccedilatildeo) Edit Brasiliense S A Satildeo Paulo [O grifo eacute meu]
[29] Este termo eu utilizei pela primeira vez no artigo MESQUITA Fdeg A 1983 Ciecircncia empiacuterica uma arma ou uma daacutediva Faculdade
Antes de mais nada afirmarei sem me alongar que uma teoria adotado o argumento dedutivista pode ser
corroborada ou negada fundamentalmente atraveacutes de um dos trecircs procedimentos seguintes 1) Pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de uma de suas hipoacuteteses 2) pela verificaccedilatildeo ou negaccedilatildeo de uma de suas prediccedilotildees 3) pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de teorias auxiliares deduzidas da teoria principal (teoria em teste ou sob suspeita) as teorias
auxiliares podem ser de trecircs tipos teorias ou hipoacuteteses de nulidade teorias ou hipoacuteteses salvadoras e teorias ou hipoacuteteses assassinas
(Revista do IAMC) ndeg 6 p 28-43 agosto83
7 O falsificacionismo O falsificacionismo natildeo foi proposto como um meacutetodo novo mas sim como um criteacuterio ou conduta a ser ou natildeo adotado por aqueles que se conformam ao meacutetodo dedutivo de prova
Natildeo haacute nada no falsificacionismo do ponto de vista metodoloacutegico que natildeo esteja previsto ou que natildeo decorra naturalmente de uma opccedilatildeo a ser seguida espontaneamente ou natildeo por este ou aquele dedutivista Qual seria entatildeo este criteacuterio Com que finalidade foi proposto A resposta a estas perguntas bem como o meacuterito do falsificacionismo constituem o objetivo deste e dos proacuteximos dois itens
[30] Incluem-se no rol das teorias auxiliares como veremos oportunamente as teorias
transcendentais frequumlentemente conotadas por experiecircncias de pensamento As prediccedilotildees e as hipoacuteteses ou teorias auxiliares satildeo teorias geradas utilizando-se do proacuteprio argumento dedutivista esquematizado na figura 3 Neste caso o foco de atenccedilatildeo inicial frac34representado na figura como observaccedilatildeofrac34 eacute nada mais nada menos que a proacutepria teoria que deu origem agrave prediccedilatildeo eou agrave teoria auxiliar Ao valorizar a falseabilidade como criteacuterio a ser adotado
pelos dedutivistas Popper nada mais fez que tentar expandir ou trazer para o domiacutenio da metodologia
cientiacutefica uma praacutetica amplamente utilizada com sucesso em estatiacutestica o criteacuterio de tomada de decisatildeo atraveacutes da
hipoacutetese de nulidade (Ho
O primeiro passo ou estaacutegio no processo de tomada de decisatildeo eacute
definir a hipoacutetese de nulidade (
)
Ho) Formula-se usualmente com o expresso propoacutesito de ser rejeitada Se eacute
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rejeitada pode-se aceitar a hipoacutetese alternativa (H1) A hipoacutetese
alternativa eacute a definiccedilatildeo operacional da hipoacutetese de pesquisa do
pesquisador A hipoacutetese de pesquisa eacute a prediccedilatildeo deduzida da teoria que estaacute
sendo comprovada [31] A contribuiccedilatildeo de Popper a esse respeito limitou-se agrave ecircnfase que deu agrave importacircncia da procura por hipoacuteteses de
nulidade Ateacute entatildeo este costume estava restrito agrave procura por previsotildees frac34apresentadas via de regra pelo proacuteprio autor da teoriafrac34 eou hipoacuteteses salvadoras frac34levantadas
pelos adeptos da teoria em focofrac34 eou hipoacuteteses assassinas frac34levantadas pelos criacuteticos da teoria em questatildeo As quatro
tecircm uma caracteriacutestica comum satildeo todas teorias falseadoras
A boa teoria dentre outras qualidades [32] e segundo Popper eacute aquela potencialmente geradora de hipoacuteteses
falseadoras e tanto melhor seraacute quanto maior for o risco de ser negada Ela pode ateacute mesmo ser derrubada no primeiro teste a que for submetida o que natildeo invalida o que foi
dito foi uma boa teoria enquanto durou e voltaraacute a ser se conseguir ressurgir das cinzas Dito em outras palavras o criteacuterio para se avaliar a virtude de uma teoria nascente repousa no seu grau de submissatildeo a testes adversos Uma teoria de baixo risco raramente eacute bem vinda [33] e uma
teoria sem risco algum na opiniatildeo de Popper natildeo eacute cientiacutefica e eu iria aleacutem sequer eacute teoria
Levando-se em conta que o criteacuterio falsificacionista peca pela subjetividade deve-se tomar cuidado ao se optar por uma teoria em detrimento de outra pelo fato de a primeira
ser mais falseaacutevel que a segunda Diferentes hipoacuteteses falseadoras devem apresentar pesos diferentes e este peso
mesmo quando bem estimado frequumlentemente o eacute por um processo subjetivo Natildeo eacute raro utilizar-se desta
subjetividade inerente ao falsificacionismo para justificar escolhas feitas segundo criteacuterios poliacuteticos econocircmicos
interesseiros corporativistas ou entatildeo apoiados em princiacutepios outros que tambeacutem deixam a desejar no que diz
respeito agrave eacutetica do cientista 8 Entendendo o falsificacionismo
Suponha que algueacutem deduza a seguinte hipoacutetese H1 As maccedilatildes do Estado de Satildeo Paulo satildeo vermelhas A teoria assim
simulada eacute uma teoria de hipoacutetese uacutenica Percebam que no argumento da hipoacutetese estaacute se admitindo como pressupostos uma infinidade de conceitos tais como fruta maccedilatilde cor
vermelho local Satildeo Paulo Brasil etc Estes pressupostos satildeo o que Severino chama de evidecircncias preacutevias como vimos no item 5 e constituem uma das bases da argumentaccedilatildeo de Chalmers [34] ao contestar os que afirmam que a ciecircncia
comeccedila com a observaccedilatildeo Um exemplo de previsatildeo desta teoria seria as maccedilatildes de
Jundiaiacute devem ser vermelhas tendo em vista que Jundiaiacute se localiza no Estado de Satildeo Paulo
Suponha tambeacutem que algueacutem tenha demonstrado que em condiccedilotildees X outra fruta que natildeo a maccedilatilde e que
originalmente era de determinada cor se modifica e conclui que se a teoria sobre as maccedilatildes for verdadeira ela
deveraacute permanecer verdadeira nas condiccedilotildees X Pode-se entatildeo construir a seguinte hipoacutetese de nulidade Ho Em
condiccedilotildees X obter-se-atildeo em Satildeo Paulo maccedilatildes natildeo
30
vermelhas Esta previsatildeo natildeo decorre da teoria (H1) mas de evidecircncias preacutevias outras e estranhas agrave mesma Se esta
hipoacutetese (Ho) for verificada a hipoacutetese original H1
Seraacute que este simples fato condena a teoria original Para o falsificacionista ingecircnuo sim Para aquele que entendeu e aceitou o significado da afirmaccedilatildeo de Popper citada
neste artigo ao final do
estaraacute falseada
quarto paraacutegrafo do item 5 natildeo Optar por uma teoria natildeo significa crer numa verdade
absoluta Se eu afirmo que Ho eacute verdadeira e consequumlentemente H1 eacute falsa isto natildeo significa que eu
estou atribuindo o grau de veracidade 100 a uma hipoacutetese e 0 agrave outra significa simplesmente que a verificaccedilatildeo experimental me convenceu a optar por uma teoria em
detrimento da outra A opccedilatildeo eacute uma das maneiras pelas quais o cientista expressa a sua feacute na ciecircncia [35] e o
falsificacionismo estabelece normas a lhe orientar nesta opccedilatildeo
Suponha agora que em condiccedilotildees X ou em outra condiccedilatildeo qualquer se encontrem no Estado de Satildeo Paulo maccedilatildes verdes Significa isto que a hipoacutetese H1
Natildeo podemos em satilde consciecircncia dizer que a psicanaacutelise por exemplo natildeo pertenccedila ao campo da ciecircncia pelo simples
fato de uma de suas teorias precursoras ser natildeo falseaacutevel Sequer podemos dizer que o autor dessa ideacuteia natildeo
fosse cientista se eacute verdade que a psicanaacutelise se desenvolveu em cima desta ideacuteia e apesar disso conseguiu
eacute falsa Natildeo Simplesmente ela foi falseada Nada impede que amanhatilde com a evoluccedilatildeo da ciecircncia se descubra que estes frutos verdes a que hoje associamos a ideacuteia maccedilatilde estejam inseridos num
outro contexto e que realmente natildeo sejam maccedilatildes Por que entatildeo se daacute preferecircncia a verificaccedilotildees falseadoras em detrimento das corroboradoras Ora isto nem sempre
acontece conquanto seja esta uma das regras propostas pelo falsificacionismo Por exemplo tanto a teoria da
relatividade quanto a mecacircnica quacircntica satildeo teorias fiacutesicas amplamente aceitas graccedilas a terem sido
corroboradas por previsotildees que se confirmaram e pouco valor se deu a um grande nuacutemero de testes que as falsearam Por outro lado estas duas teorias satildeo concomitantemente aceitas pelos fiacutesicos conquanto existam fortes argumentos
a provar que cada uma destas duas teorias falseia a outra e ambas falseiam a teoria de Maxwell que tambeacutem eacute aceita como verdadeira Certos ou errados neste caso os fiacutesicos modernos dentre os quais se inclui Popper fizeram uma opccedilatildeo contraacuteria agrave norma falsificacionista e natildeo haacute
como criticaacute-los por essa conduta a menos que se pretenda atribuir ao falsificacionismo uma qualidade que ele natildeo
possui a de estabelecer criteacuterios absolutos de veracidade O falsificacionismo presta-se tambeacutem a fomentar o diaacutelogo e a criatividade Neste caso surge quase como que um apelo para que se invista mais em experiecircncias de pensamento um
recurso legiacutetimo e de grande valor em ciecircncia 9 O falsificacionismo como delimitador da ciecircncia
Vimos no item 7 que para Popper uma teoria sem risco algum natildeo eacute cientiacutefica e eu acrescentei sequer eacute teoria Popper quis se aproveitar deste argumento para delimitar a ciecircncia utilizando-se entatildeo do falsificacionismo como
criteacuterio de cientificidade Com esta opccedilatildeo Popper desagradou a muitos e convenceu a poucos ainda que sua
ideacuteia natildeo fosse de todo maacute
31
de alguma forma se impor como ciecircncia muito provavelmente queiramos ou natildeo seu autor contribuiu diretamente para o progresso da ciecircncia Mesmo que hoje algueacutem chegasse a concluir categoricamente pelo caraacuteter natildeo cientiacutefico da psicanaacutelise isto de forma alguma nos autorizaria a hipoteticamente condenaacute-la agrave estagnaccedilatildeo Se um cientista utilizando-se de maus criteacuterios ou ateacute mesmo apoiando-se em dogmas constroacutei de maneira natildeo
cientiacutefica um determinado campo do conhecimento isto natildeo significa que este campo natildeo possa vir a ser estudado cientificamente e que natildeo se possam criteriosamente
aproveitar as conclusotildees de seus estudos Nada impede que uma teoria considerada hoje como natildeo cientiacutefica pelo fato de possuir uma ou mais hipoacuteteses natildeo falseaacuteveis adquira
esse status apoacutes passar por ligeiras reformulaccedilotildees Natildeo podemos assumir que um campo do conhecimento seja natildeo cientiacutefico pelo simples fato de natildeo encontrarmos nele
teorias cientiacuteficas Este posicionamento de Popper a meu ver natildeo se justifica o falsificacionismo natildeo eacute um bom
criteacuterio delimitador da ciecircncia e isto eu espero que tenha ficado claro para o leitor E mais natildeo existem aacutereas natildeo cientiacuteficas mas sim aacutereas onde ainda natildeo foram produzidos conhecimentos cientiacuteficos O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo e pelo menos nesta etapa nada eacute absolutamente corroboraacutevel ou falseaacutevel Podemos ainda
dizer que a ciecircncia natildeo se localiza aqui ou acolaacute sob esse aspecto a ciecircncia natildeo tem fronteiras
10 Enfim a teoria do meacutetodo Nos demais artigos desta seacuterie irei demonstrar ser possiacutevel partindo da regra cientiacutefica fundamental desenvolver uma teoria sobre o meacutetodo cientiacutefico
utilizando-se das trecircs hipoacuteteses seguintes 1 O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo 2 A produccedilatildeo de conhecimentos passa
necessariamente pelas etapas deduccedilatildeo anaacutelise induccedilatildeo e
siacutentese na ordem apresentada 3 Os princiacutepios cientiacuteficos fundamentais satildeo universais
Por questatildeo de simplicidade subdividirei o estudo do meacutetodo em trecircs etapas correspondentes a cada uma das hipoacuteteses 1) o estudo do macromeacutetodo cientiacutefico 2) o estudo do meacutetodo cientiacutefico propriamente dito e 3) o estudo do micromeacutetodo cientiacutefico Os toacutepicos nos quais
desenvolverei estas etapas estatildeo em fase de projeto natildeo havendo portanto previsatildeo quanto agrave eacutepoca de publicaccedilatildeo
Meacutetodo cientiacutefico
Origem Wikipeacutedia a enciclopeacutedia livre
A palavra meacutetodo vem do grego meacutethodos (caminho para chegar a um fim) O meacutetodo cientiacutefico eacute um conjunto de regras baacutesicas para desenvolver uma experiecircncia a fim de produzir novo conhecimento bem como corrigir e integrar conhecimentos preacute-existentes Na maioria das disciplinas cientiacuteficas consiste em juntar evidecircncias observaacuteveis empiacutericas (ou seja baseadas apenas na experiecircncia) e
mensuraacuteveis e as analisar com o uso da loacutegica Para muitos autores o meacutetodo cientiacutefico nada mais eacute do que a loacutegica
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aplicada agrave ciecircncia (Haddad) Metodologia literalmente refere-se ao estudo dos meacutetodos e especialmente do meacutetodo da ciecircncia que se supotildee universal Embora procedimentos variem de uma aacuterea da
ciecircncia para outra (as disciplinas cientiacuteficas) diferenciadas por seus distintos objetos de estudo
consegue-se determinar certos elementos que diferenciam o meacutetodo cientiacutefico de outros meacutetodos (filosoacutefico algoritmo
ndash matemaacutetico etc)
Primeiramente os pesquisadores definem proposiccedilotildees loacutegicas ou suposiccedilotildees (hipoacuteteses) para explicar certos fenocircmenos e observaccedilotildees e entatildeo desenvolvem experimentos que testam essas hipoacuteteses Se confirmadas as hipoacuteteses podem gerar leis e teorias Integrando-se hipoacuteteses de certa aacuterea em uma estrutura coerente de conhecimento contribuiacute-se na
formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bem como coloca as hipoacuteteses em um conjunto de conhecimento maior que satildeo as
leis e teorias reconhecidas consensualmente pela comunidade cientiacutefica eou o
O contexto de uma pesquisa
paradigma de seu tempo Outra caracteriacutestica do meacutetodo eacute que o processo precisa
ser objetivo e o cientista deve ser imparcial na interpretaccedilatildeo dos resultados Sobre a objetividade o seja
atente agraves propriedades do objeto e natildeo do sujeito (subjetividade) eacute conhecida a afirmaccedilatildeo de Hans Selye
pesquisador canadense que formulou a moderna concepccedilatildeo de stress ldquoQuem natildeo sabe o que procura natildeo entende o que encontrardquo referindo-se a necessidade de formulaccedilatildeo de definiccedilotildees precisas (a essecircncia dos conceitos) e que
possam ser respondidas com o simples sim ou natildeo Tanto a imparcialidade (evidecircncia) como a objetividade foram incluiacutedas por Reneacute Descartes (1596 ndash 1649) nas regras
loacutegicas que caracterizam o meacutetodo cientiacutefico Aleacutem disso o procedimento precisa ser documentado tanto no que diz respeito agrave fonte de dados como as regras de anaacutelise para que outros cientistas possam re-analisar reproduzir e verificar a confiabilidade dos resultados Assim se distingue os relatos cientiacuteficos (artigos
monografias teses e dissertaccedilotildees) de um simples estilo (padratildeo) ou arquitetura de texto orientados pelo que caracteriza as normas da Retoacuterica ou estudo do uso persuasivo da linguagem em funccedilatildeo da eloquumlecircncia
Eacute comum o uso da anaacutelise matemaacutetica ou estatiacutestica quando possiacutevel ou aproximaccedilatildeo de modelos abstratos (tipos ideais) e categorias de classificaccedilatildeo a depender do
objetivo da pesquisa (identificar descrever analisar) que pode ser basicamente quantitativa ou qualitativa A divisatildeo da ciecircncia em aacutereas ou distintas disciplinas
cientificas tem levado a tais adequaccedilotildees da metodologia Eacute comum a afirmaccedilatildeo de que em funccedilatildeo da evoluccedilatildeo do meacutetodo
cientifico num extremo temos a fiacutesica e quiacutemica seguida da biologia e por uacuteltimo as ciecircncias sociais psicologia e ciecircncias juriacutedicas quase se aproximando da filosofia e estudo das crenccedilas (senso comum) ou ciecircncias do espiacuterito
(sistemas miacutetico - religiosos) Contudo pesquisadores contemporacircneos vecircem nessas duas abordagens uma oposiccedilatildeo complementar enquanto as pesquisas quantitativas visam descrever e explicar fenocircmenos que produzem regularidades mensuraacuteveis satildeo recorrentes (ou discrepantes) e exteriores ao sujeito
33
(objetivos) na pesquisa qualitativa o observador (sujeito) eacute da mesma natureza que o objeto de sua anaacutelise e ele proacuteprio uma parte de sua observaccedilatildeo (o subjetivo)
Eacute importante ter em mente que as pesquisas cientificas relacionam-se com um modelo (paradigmaacutetico) ou uma
constelaccedilatildeo de pressupostos e crenccedilas escalas de valores teacutecnicas e conceitos compartilhados pelos membros de uma determinada comunidade cientiacutefica num determinado momento
histoacuterico
Ciecircncia eacute muito mais uma maneira de pensar do que um corpo de conhecimentos -
Elementos do meacutetodo cientiacutefico
Carl Sagan ciecircncia consiste em agrupar factos para que leis
gerais ou conclusotildees possam ser tiradas deles - Charles Darwin
O meacutetodo cientiacutefico eacute composto dos seguintes elementos bull Caracterizaccedilatildeo - Quantificaccedilotildees observaccedilotildees e
medidas bull Hipoacuteteses - Explicaccedilotildees hipoteacuteticas das observaccedilotildees e
medidas bull Previsotildees - Deduccedilotildees loacutegicas das hipoacuteteses
bull Experimentos - Testes dos trecircs elementos acima O meacutetodo cientiacutefico consiste dos seguintes aspectos bull Observaccedilatildeo - Uma observaccedilatildeo pode ser simples isto eacute
feita a olho nu ou pode exigir a utilizaccedilatildeo de instrumentos apropriados
bull Descriccedilatildeo - O experimento precisa ser replicaacutevel (capaz de ser reproduzido)
bull Previsatildeo - As hipoacuteteses precisam ser vaacutelidas para observaccedilotildees feitas no passado no presente e no
futuro bull Controle - Para maior seguranccedila nas conclusotildees toda
experiecircncia deve ser controlada Experiecircncia controlada eacute aquela que eacute realizada com teacutecnicas que permitem descartar as variaacuteveis passiacuteveis de mascarar
o resultado bull Falseabilidade[1]
bull Explicaccedilatildeo das Causas - Na maioria das aacutereas da Ciecircncia eacute necessaacuterio que haja causalidade Nessas
condiccedilotildees os seguintes requerimentos satildeo vistos como importantes no entendimento cientiacutefico
- toda hipoacutetese tem que ser falseaacutevel ou refutaacutevel Isso natildeo quer dizer que o experimento seja falso mas sim que ele pode ser verificado
contestado Ou seja se ele realmente for falso deve ser possiacutevel provaacute-lo
bull Identificaccedilatildeo das Causas bull Correlaccedilatildeo dos eventos - As causas precisam se
correlacionar com as observaccedilotildees bull Ordem dos eventos - As causas precisam preceder
no tempo os efeitos observados Na aacuterea da sauacutede a natureza da associaccedilatildeo causal foi formulada por Hence e adaptada por Robert Koch em 1877
para demonstraccedilatildeo da relaccedilatildeo causal entre microrganismos e patologias consistindo basicamente no enunciado acima ou seja forccedila da associaccedilatildeo (conectividade) sequumlecircncia temporal (assimetria) transitividade (evidecircncia experimental) previsibilidade estabilidade
Uma maneira linearizada e pragmaacutetica de apresentar os quatro pontos acima estaacute exposto a seguir passo-a-passo
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Vale a pena notar que eacute apenas um exemplo natildeo sendo obrigatoacuterio a existecircncia de todos esses passos Na
verdade na maioria dos casos natildeo se segue todos esses passos ou mesmo parte deles O meacutetodo cientiacutefico natildeo eacute
uma receita ele requer inteligecircncia imaginaccedilatildeo e criatividade O importante eacute que os aspectos e elementos
apresentados acima estejam presentes bull Definir o problema
bull Recolhimento de dados bull Proposta de uma hipoacutetese
bull Realizaccedilatildeo de uma experiecircncia controlada para testar a validade da hipoacutetese
bull Anaacutelise dos resultados bull Interpretar os dados e tirar conclusotildees o que serve
para a formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bull Publicaccedilatildeo dos resultados em monografias
dissertaccedilotildees teses artigos ou livros aceitos por universidades e ou reconhecidos pela comunidade
cientiacutefica Observe-se que nem todas as hipoacutetese podem ser confirmadas
ou refutadas por experimentos e que em muitas aacutereas do conhecimento o recolhimento de dados e a tentativas de interpretaacute-los jaacute eacute uma grande tarefa como nas ciecircncias
humanas e juriacutedicas (criminologia)
Ciecircncias humanas A limitaccedilatildeo eacutetica da realizaccedilatildeo experimentos com seres humanos o estudo das subjetividades ou essencialmente
subjetivo individual e particular psiquismo humano ou a natureza histoacuterica do objeto das ciecircncias sociais conduziram os pensadores a distintos caminhos ou
proposiccedilotildees de estudo para o meacutetodo cientiacutefico Contudo parafraseando Minayoldquouma base de dados quando bem trabalhada teoacuterica e praticamente produz riqueza de informaccedilotildees aprofundamento e maior fidedignidade
interpretativardquo As principais divergecircncias na anaacutelise dos resultados de pesquisas em ciecircncias sociais ou humanas se datildeo no plano da contextualizaccedilatildeo dos dados ou informaccedilotildees obtidas em campo nos diversos sistemas teoacutericos ou seja conjunto de teorias e leis reconhecidas como consensuais em distintos
momentos histoacutericos eou segmentos das comunidades cientiacuteficas Nas ciecircncias sociais identifica-se trecircs
grandes correntes de pensamentos bull Positivismo Auguste Comte
bull Fenomenologia (Fenomenologia do Espiacuterito Estruturalismo
bull Materialismo dialeacutetico Dialeacutetica Marxismo
A histoacuteria do meacutetodo cientiacutefico se mistura com a histoacuteria da ciecircncia Documentos do
A evoluccedilatildeo do conceito de meacutetodo
Antigo Egito jaacute descrevem meacutetodos de diagnoacutesticos meacutedicos Na cultura da Greacutecia
Antiga os primeiros indiacutecios do meacutetodo cientiacutefico comeccedilam a aparecer Grande avanccedilo no meacutetodo foi feito no comeccedilo da filosofia islacircmica principalmente no uso de experimentos
para decidir entre duas hipoacuteteses Os principios fundamentais do meacutetodo cientiacutefico se consolidaram com o surgimento da Fiacutesica nos seacuteculos XVII e XVIII Francis
Bacon em seu trabalho Novum Organum(1620)-uma referecircncia
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ao Organon de Aristoacuteteles-especifica um novo sistema loacutegico para melhorar o velho processo filosoacutefico do
silogismo A metodologia cientiacutefica tem sua origem no pensamento de
Descartes que foi posteriormente desenvolvimento empiricamente pelo fiacutesico inglecircs Isaac Newton Reneacute Descartes propocircs chegar agrave verdade atraveacutes da duacutevida sistemaacutetica e da decomposiccedilatildeo do problema em pequenas
partes caracteriacutesticas que definiram a base da pesquisa cientiacutefica
Lecirc-se no livro o Discurso do meacutetodo E como a multiplicidade de leis serve frequentemente para escusar os viacutecios de sorte que um estado eacute muito melhor governado quando possuindo poucas elas satildeo aiacute rigorosamente aplicadas assim em lugar de um grande
nuacutemero de preceitosde qua a loacutegica eacute composta acrediteis que jaacute me seriam bastante quatro contanto que tomasse a firme e constante resoluccedilatildeo de natildeo deixar uma vez soacute de
observaacute-los O primeiro consistia em nunca aceitar por verdadeira coisa nenhuma que natildeo conhecesse como evidente isto eacute
devia evitar cuidadosamente a precipitaccedilatildeo e a prevenccedilatildeo e nada incluir em meus juizos que natildeo se apresentasse tatildeo claramente e tatildeo distintamente ao meu espiacuterito que natildeo
tivesse nenhuma ocasiatildeo de o por em duacutevida O segundo ndash dividir cada uma das dificuldades que
examinasse em tantas parcelas quantas pudesse ser e fossem exigidas para melhor compreendecirc-las
O terceiro ndash conduzir por ordem os meus pensamento comeccedilando pelos objetos mais simples e faacuteceis de serem conhecidos para subir pouco a pouco como por degraus ateacute o conhecimento dos mais compostos e supondo mesmo
certa ordem entre os que natildeo se precedem naturalmente uns aos outros
e o uacuteltimo ndash fazer sempre enumeraccedilotildees tatildeo completas e revisotildees tatildeo gerais que ficasse certo de nada
omitir Correntemente estas regras satildeo 1 ndash da evidecircncia 2 ndash da
divisatildeo ou anaacutelise 3 ndash da ordem ou deduccedilatildeo 3 da enumeraccedilatildeo (contar especificar) classificaccedilatildeo
O acidente (serendipity
Eacute comum considerar alguns dos mais importantes avanccedilos na ciecircncia tais como as
)
descobertas da radioatividade por Henri Becquerel ou da penicilina por Alexander Fleming como tendo ocorrido por acidente no entanto o que eacute possiacutevel afirmar agrave luz da observaccedilatildeo cientiacutefica eacute que
teratildeo sido parcialmente acidentais uma vez que as pessoas envolvidas haviam aprendido a pensar cientificamente
estando portanto conscientes de que observaram algo novo e interessante
Os progressos da ciecircncia satildeo acompanhados de muitas horas de trabalho cuidadoso que segue um caminho mais ou menos sistemaacutetico na busca de respostas a questotildees cientiacuteficas
Eacute este o caminho denominado de meacutetodo cientiacutefico
A A hipoacutetese
Hipoacutetese (do gr Hypoacutethesis) eacute uma proposiccedilatildeo que se admite de modo provisoacuterio como princiacutepio do qual se pode
deduzir pelas regras da loacutegica um conjunto dado de proposiccedilotildees ou um mecanismo da experiecircncia a explicar
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Literalmente pode ser compreendida como uma suposiccedilatildeo ou pergunta conjetura que orienta uma investigaccedilatildeo por
antecipar caracteriacutesticas provaacuteveis do objeto investigado e que vale quer pela confirmaccedilatildeo atraveacutes de deduccedilotildees loacutegicas dessas caracteriacutesticas quer pelo encontro de novos caminhos de investigaccedilatildeo (novas hipoacuteteses e novos
experimentos) No meacutetodo cientiacutefico a hipoacutetese eacute o caminho que deve levar agrave formulaccedilatildeo de uma teoria O cientista na sua hipoacutetese tem dois objetivos explicar um fato e prever
outros acontecimentos dele decorrentes (deduzir as consequencias) A hipoacutetese deveraacute ser testada em
experiecircncias laboratoriais controladasSe apoacutes muitas dessas experiecircncias os resultados obtidos pelos
pesquisadores natildeo contrariarem a hipoacutetese entatildeo ela seraacute aceita como uma lei e integrada agrave uma teoria eou sistema
teacuteoacuterico
Referecircncias 1 uarr [PDF] Estudos do meacutetodo cientiacutefico
Ver tambeacutem bull Verdade
bull Falseabilidade bull Karl Popper
bull Filosofia da ciecircncia bull Histoacuteria da ciecircncia
bull Epistemologia bull Loacutegica
bull Aristoacuteteles bull Georg Wilhelm Friedrich Hegel
bull Complexidade bull Reducionismo
bull Navalha de Occam bull Ciecircncia
bull Pseudociecircncia bull Paradigma
bull Paul Feyerabend bull Thomas Kuhn
bull Gaston Bachelard bull Teoria
bull Lei (ciecircncias) bull Hipoacutetese
bull Tese bull Dissertaccedilatildeo
Bibliografia
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Comte August Discurso preliminar sobre o espiacuterito positivo
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para download em domiacutenio puacuteblico httpwwwdominiopublico e eBooket
httpwwweBooketnet IntraText Reneacute Descartes - e-books
37
Haddad Nagib Metodologia de estudos em ciecircncias da sauacutede como planejar analisar e apresentar um trabalho
cientiacutefico SP Roca 2004 Minayo Maria C de Souza (org) Deslandes (Suely F
Gomes Romeu Pesquisa social teoria meacutetodo e criatividade Petroacutepolis RJ Vozes 2007
Lakatos Eva Maria Marconi Marina de A Meacutetodologia cientiacutefica SP Atlas 2007
Selye Hans Stress a tensatildeo da vida SP IBRASA 1965
Ligaccedilotildees externas bull Explicando o Meacutetodo Cientiacutefico
bull Prova Cientiacutefica bull Diretrizes para elaboraccedilatildeo de dissertaccedilotildees e teses -
USP bull Centro Cochrane do Brasil
bull Metodologiaorg bull Evidecircnciascom
bull Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq)
bull Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciecircncia bull Lista de Perioacutedicos cientificos brasileiros por
assunto bull SciELO - Scientific Electronic Library Online
bull Perioacutedicos UNESCO bull Ciecircncia Hoje
bull Scientific American - Brasil bull Scientific American
COLCHA DE RETALHOS CIENTIacuteFICA (a realidade natildeo eacute Frankenstein ela eacute uacutenica e funcional)
A realidade segundo a Ciecircncia geral
A senhora Ciecircncia trabalhando com
seus remendos
Drordf Ciecircncia e seu filho
Mary Shelley viu o futuro
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Somos Monstros 6 05 2008
Tudo comeccedilou com um desafio feito a Mary Shelley (1797-1851) entatildeo uma jovem de 21 anos por Lord Byron Na eacutepoca 1918 Byron propocircs a Mary e seu marido que
escrevessem um conto de terror uma maneira de passar o tempo jaacute que suas feacuterias estavam sendo consumidas
intediantemente pelo mau tempo Mary foi a uacuteltima a dar iniacutecio ao seu conto que acabou baseado em um pesadelo que
teve numa daquelas noites de chuva E dentre todos o conto de Shelley foi o que mais surpreendeu e arrepiou Insentivada a continuar Mary Shelley desenvolveu ainda
mais sua histoacuteria e transformou-a em um dos mais conhecidos e celebrados livros da Histoacuteria Frankenstein
Victor Frankenstein era um jovem curioso com sede de conhecimento apaixonado pela ciecircncia intrigado com os segredos da vida e louco para deixar sua marca no mundo Havia aprendido sozinho em casa sobre as fantasias da Alquimia no entanto apenas na universidade ele foi descobrir que toda sua bagagem de conhecimento estava ultrapassada haacute muito Acabou se tornando um aluno
exemplar dedicado agrave quiacutemica e agrave biologia Foi assim que sozinho em seu laboratoacuterio em Ingolstadt Victor deu iniacutecio agrave sua criaccedilatildeo misturando seus conhecimentos
teoacutericos de fisiologia e filosofia natural com princiacutepios de mecacircnica decido a descobrir se o princiacutepio que
mantinha animado o corpo poderia pernecer mesmo apoacutes a morte Como Victor fez isso todos jaacute sabemos deu vida a uma criatura formada por partes de cadaacuteveres de tamanho
descomunal (cerca de 25m de altura) e aparecircncia horripilante E eacute aqui que daacute-se iniacutecio ao grande trunfo
da histoacuteria Ao despertar da Criatura Frankenstein acaba por cair na realidade vendo como era realmente feia sua criaccedilatildeo com
seus membros desproporcionais seu olhos aquosos e amarelos incompleta a ponto de seus tecidos nem sequer
cobrirem todo o corpo deixando agrave mostra muacutesculos e ossos Desesperado e com medo arrependido de sua audaacutecia Victor
abandona sua Criatura decaindo num suacutebito acesso de naacuteusea e lucidez
Pobre Criatura um ser vazio de conhecimentos ignorante em relaccedilatildeo ao conviacutevio social solto num mundo de pessoas
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preconceituosas e indiferentes A personificaccedilatildeo perfeita da famosa teoria de Rousseau a do ldquobom selvagemrdquo que diz
que todo o homem nasce ldquopurordquo e eacute corrompido pela sociedade violenta viciosa e materialista Quem lecirc a
histoacuteria de Frankenstein espera encontrar terror suspense e aventura onde um monstro estaria a solta para destruir e matar No entanto descobre um mundo onde noacutes humanos somos totalmente repugnantes e no qual o uacutenico ser que
realmente tem algum valor eacute o monstro excluiacutedo por todos Poucos livros retratam tatildeo bem a indiferenccedila humana e a nossa mania de dar mais valor agraves aparecircncias do que aos
sentimentos carater e virtudes Mary Shelley escreveu uma autecircntica obra-prima da
literatura universal um romance capaz de despertar no leitor a pena e a compaixatildeo por um monstro e a repugnacircncia
de nossa proacutepria raccedila Uma liccedilatildeo que ainda natildeo foi aprendida mesmo depois de quase 200 anos
Ficha Teacutecnica Tiacutetulo Frankestein (Frankenstein or the Modern
Prometheus) Autor Mary Shalley Paiacutes Inglaterra
Publicaccedilatildeo Original 1818 Publicaccedilatildeo Lida Martin Claret Editora 2001
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Quanto mais tentamos alisar
mais o cabelo embola
Uma galaacutexia de dados e nem haacute um centro
gravitacional O meacutetodo cientiacutefico redutor eacute muito bom produziu a
maioria das coisas que vemos e grande parte de nossas liberdades (e prisotildees) atuais Contudo tambeacutem foi ruim porque o redutor (e ampliador) levou ao reducionismo a superafirmaccedilatildeo da reduccedilatildeo Jaacute que funcionava tatildeo bem as pessoas natildeo se preocuparam com um meacutetodo cientiacutefico ampliador
Em particular a Ciecircncia geral natildeo ajudou a colar homem e mulher despedaccedilados nem as famiacutelias nem os grupos nem mesmo coisa alguma na verdade ajudou a rebentar Natildeo fez de noacutes felizes criaturas re-unidas fez de noacutes consumidores seres infelizes superconsumindo e mesmo assim incapazes de chegar agrave felicidade ainda que livres para procuraacute-la
A re-uniatildeo deve comeccedilar pela re-uniatildeo do par fundamental Re-construir a famiacutelia eacute fundamental
Capiacutetulo 6 Feliz-Cidade
Se a cidade eacute apesar de tudo feliz se eacute feliz-cidade eacute
porque o trabalho eacute muito dividido e enquanto estou de feacuterias deitado na rede por toda parte milhotildees estatildeo se azafamando trabalhando continuamente com afinco se tiro um mecircs de feacuterias nem um dia de mim vai trabalhar ndash por 30 dias eu falto ao trabalho sem que o trabalho falte a mim
Minha casa continua comendo bebendo e fazendo todas as competentes graccedilas que nos datildeo E por toda parte milhotildees operam com vigor quando estou dormindo Se algueacutem entra em coma natildeo acorda num mundo destruiacutedo na sua ausecircncia todos continuaram a trabalhar diligentemente
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O FORMIGUEIRO CONTINUA DIA E NOITE
Eu formiguinha formiguinha vocecirc VIDA DE FORMIGA Z NO FORMIGUEIRO Z (Woody Allen interpreta o filho quinto-milhatildeo Z pois existe todo um abecedaacuterio de formigas e formigueiros com iacutendices e sub-iacutendices)
A formiga Z se apaixona pela princesa Bala e termina enfrentando os desafios do mundo exterior e o impiedoso General Mandiacutebula Com vozes de Woody Allen Sharon Stone Jennifer Lopez Gene Hackman e Sylvester
Stallone
Ficha Teacutecnica Elenco
Sinopse Criacuteticas
Pocircsters
Imagens Trailers
Premiaccedilotildees Curiosidades
Ficha Teacutecnica
Tiacutetulo Original AntZ Gecircnero Animaccedilatildeo Computadorizada Tempo de Duraccedilatildeo 82 minutos Ano de Lanccedilamento (EUA) 1998
Site Oficial wwwpepsicomantz Estuacutedio DreamWorks SKG Pacific Data Images
Distribuiccedilatildeo DreamWorks Distribution LLC UIP Direccedilatildeo Eric Darnell e Tim Johnson
Roteiro Todd Alcott Chris Weitz e Paul Weitz Produccedilatildeo Brad Lewis Aron Warner e Patty Wooton Muacutesica Harry Gregson-Williams e John Powell
Desenho de Produccedilatildeo John Bell
Direccedilatildeo de Arte Kendall Crockhite Ediccedilatildeo Stan Webb
Efeitos Especiais Pacific Data Images Elenco (Vzes)
Woody Allen (Z) Sharon Stone (Princesa Bala)
Gene Hackman (General Mandiacutebula) Jennifer Lopez (Azteca) Danny Glover (Barbatus)
Sylvester Stallone (Weaver)
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Christopher Walken (Coronel Cutter) Dan Akroyd (Chip)
Anne Bancroft (Rainha) Jane Curtin (Muffy)
Paul Mazursky (Psicoacutelogo)
Sinopse A formiguinha Z eacute apenas um operaacuterio que sonha roubar o coraccedilatildeo da princesa Bala Para isso convence seu amigo
soldado a trocar de lugar com ele o que faz com que tenha que enfrentar o impiedoso General Mandiacutebula que planeja
uma grande ofensiva contra o formigueiro
A formiguinha tendo ao fundo o
formigueiro
Um dos formigueiros sem que se veja
uma soacute formiguinha Isto eacute a Terra o terraacuterio-aquaacuterio da humanidade a gaiola
redonda dos loucos de pedra Somos 66 bilhotildees de formigas dentro deste formigueiro-mundo
E NOacuteS AINDA PARTILHAMOS A TERRAARAacuteGUA (aqui as aves)
Em resumo embora nos vejamos como indiviacuteduos na
verdade somos um CORRELATIVO DE EMPREENDIMENTOS em furiosa mutaccedilatildeo tempespacial
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Capiacutetulo 7 Espaccedilotempo de Reuniatildeo
Pois entatildeo eacute hora de re-unir a humanidade de fazer
cessar o pecado original divisor RE-FAZENDO famiacutelia natildeo mais ilha Famiacutelias de todos os tipos com todas as uniotildees todas as misturas
Eacute preciso eacute fundamental que os governos de todo o
mundo invistam maciccedilamente na reuniatildeo dos pares fundamentais nos casamentos no estudo das uniotildees estaacuteveis na restauraccedilatildeo no contorno natildeo-forccedilado dos divoacutercios e separaccedilotildees digamos com um periacuteodo de experiecircncia antes da consagraccedilatildeo do casamento uniotildees-em-experiecircncia
A gestaccedilatildeo da nova famiacutelia deve ser o mote deste seacuteculo XXI todo e do futuro
Vitoacuteria quinta-feira 12 de marccedilo de 2009 Joseacute Augusto Gava
Anexos Capiacutetulo 5
O MEacuteTODO CIENTIacuteFICO REDUTOR (logo de cara esse quebrar em partes rompe os viacutenculos da totalidade da funcionabilidade total)
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II2 Caracteriacutesticas do meacutetodo cientiacutefico O meacutetodo dedutivo o meacutetodo indutivo e o meacutetodo
hipoteacutetico-dedutivo satildeo os trecircs meacutetodos cientiacuteficos a que se refere a denominaccedilatildeo geneacutetica de meacutetodo cientiacutefico A primeira caracteriacutestica do meacutetodo cientiacutefico eacute a sua
natureza convencional a de servir de marco de geraccedilatildeo do conhecimento objetivo Por isso existem muacuteltiplas caracteriacutesticas em funccedilatildeo da perspectiva com que se
classifiquem se estudem e inclusivamente se denominem A primeira que me chama a atenccedilatildeo eacute o fato de que os dois primeiros tecircm um nome difiacutecil de distinguir visto que no acircmbito linguumliacutestico podem representar um soacute conceito com
duas manifestaccedilotildees raciociacutenio numa direccedilatildeo ou na contraacuteria do geral para o particular ou vice-versa
O problema logicamente deriva da dificuldade conceptual de separar um meacutetodo cientiacutefico de outro de uma forma clara evidentemente os termos escolhidos natildeo ajudam a
reter na memoacuteria estes dois conceitos de meacutetodo cientiacutefico Tambeacutem natildeo ajuda muito a denominaccedilatildeo do
terceiro meacutetodo cientiacutefico Uma caracteriacutestica de ambos meacutetodos eacute que podem ir do
geral para o particular ou vice-versa num sentido ou no inverso Ambos utilizam a loacutegica e chegam a uma conclusatildeo
Em uacuteltima instacircncia sempre tecircm elementos filosoacuteficos subjacentes
Ambos costumam ser susceptiacuteveis de verificaccedilatildeo empiacuterica Ainda que o meacutetodo dedutivo seja mais proacuteprio das ciecircncias formais e o indutivo das ciecircncias empiacutericas nada impede a aplicaccedilatildeo indistinta de um meacutetodo cientiacutefico ou outro a
uma teoria concreta Para mim sem pretender entrar em polecircmica neste tema a diferenccedila fundamental entre o meacutetodo dedutivo e o meacutetodo indutivo eacute que o primeiro aspira a demonstrar mediante a loacutegica pura a conclusatildeo na sua totalidade a partir de
umas premissas de maneira que se garante a veracidade das conclusotildees se natildeo se invalida a loacutegica aplicada Trata-se do modelo axiomaacutetico proposto por Aristoacuteteles como meacutetodo
cientiacutefico ideal Pelo contraacuterio o meacutetodo indutivo cria leis a partir da
observaccedilatildeo dos fatos mediante a generalizaccedilatildeo do comportamento observado na realidade o que realiza eacute uma espeacutecie de generalizaccedilatildeo sem que atraveacutes da loacutegica possa conseguir uma demonstraccedilatildeo das citadas leis ou conjunto de
conclusotildees As referidas conclusotildees poderiam ser falsas e ao mesmo tempo a aplicaccedilatildeo parcial efetuada da loacutegica poderia manter a sua validade por isso o meacutetodo indutivo necessita de uma condiccedilatildeo adicional a sua aplicaccedilatildeo
considera-se vaacutelida enquanto natildeo se encontrar nenhum caso que natildeo cumpra o modelo proposto
O meacutetodo hipoteacutetico-dedutivo ou de verificaccedilatildeo de hipoacuteteses natildeo coloca em princiacutepio nenhum problema visto
que a sua validade depende dos resultados da proacutepria verificaccedilatildeo
Este meacutetodo cientiacutefico costuma utilizar-se para melhorar ou precisas teorias preacutevias em funccedilatildeo de novos
conhecimentos nas quais a complexidade do modelo natildeo permite formulaccedilotildees loacutegicas Portanto tem um caraacuteter
predominantemente intuitivo e necessita natildeo soacute para ser rejeitado mas tambeacutem para impor a sua validade a
verificaccedilatildeo das suas conclusotildees
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Poderia propor-se para estas trecircs variantes do meacutetodo cientiacutefico a denominaccedilatildeo de meacutetodo dedutivo meacutetodo
intuitivo e meacutetodo experimental ou meacutetodo de verificaccedilatildeo ou qualquer conjunto de palavras que faccedilam referecircncia agraves suas diferenccedilas fundamentais e natildeo coloquem problemas agrave memoacuteria linguumliacutestica Natildeo obstante nesta exposiccedilatildeo
manterei a nomenclatura geralmente utilizada A Teoria Geral da Evoluccedilatildeo Condicionada da Vida seria em
princiacutepio uma teoria baseada no meacutetodo hipoteacutetico-dedutivo ou meacutetodo de verificaccedilatildeo de hipoacuteteses
A teoria de Darwin pelo contraacuterio estaria enquadrada no meacutetodo indutivo mas que apesar de encontrar exemplos contraacuterios natildeo se invalida adeacutequa-se para encaixar
qualquer triacircngulo Porque seraacute
Como se disse anteriormente toda a teoria deve ser resistente agrave sua refutaccedilatildeo contudo uma teoria que natildeo pode ser refutada por nenhum fato concebiacutevel natildeo eacute
cientiacutefica A impossibilidade de refutaccedilatildeo de uma teoria cientiacutefica natildeo eacute uma virtude mas sim um viacutecio
TEORIA SOBRE O MEacuteTODO CIENTIacuteFICO EM BUSCA DE UM MODELO UNIFICANTE PARA AS CIEcircNCIAS
E DE UM RETORNO Agrave UNIVERSIDADE CRIATIVA I -- INTRODUCcedilAtildeO
Alberto Mesquita Filho Comeccedilo regra geral as minhas liccedilotildees sobre Meacutetodo
Cientiacutefico dizendo aos meus alunos que o meacutetodo cientiacutefico natildeo existe Acrescento que tenho obrigaccedilatildeo de saber isso tendo eu sido durante algum tempo pelo menos o uacutenico professor desse inexistente assunto em toda a Comunidade
Britacircnica
Tendo entatildeo explicado aos meus alunos que natildeo haacute essa coisa que seria o meacutetodo cientiacutefico apresso-me a comeccedilar o meu discurso e ficamos ocupadiacutessimos Pois um ano mal chega para roccedilar a superfiacutecie mesmo de um assunto
inexistente Karl R Popper [1]
Resumo Este artigo eacute o primeiro de uma seacuterie de artigos relacionados agrave metodologia cientiacutefica e cuja temaacutetica foi dividida em cinco toacutepicos principais Corresponde a uma
versatildeo atualizada de consideraccedilotildees expressas pelo autor a partir de 1983 em livros artigos e conferecircncias citados no texto colaborou para esta atualizaccedilatildeo a experiecircncia adquirida pelo autor no processo de remodelaccedilatildeo da Proacute-Reitoria Comunitaacuteria da USJT (1992-1993) bem como aquela adquirida junto aos demais membros da equipe criada pelos Conselhos Superiores da USJT (1994) --expandida em 1995--
com a finalidade de implantar o Centro de Pesquisa da USJT Os conceitos foram axiomatizados de forma a darem
corpo a uma nova teoria sobre o meacutetodo cientiacutefico permitindo mesmo a constataccedilatildeo de possiacuteveis aplicaccedilotildees dentro de um contexto abrangente tais como 1) a teoria
fornece os meios necessaacuterios para que se promova a integraccedilatildeo das ciecircncias e 2) propicia a sustentaccedilatildeo de um projeto visando a caracterizar a universidade como o local apropriado para a formaccedilatildeo de cientistas Os cinco
toacutepicos a serem abordados satildeo pela ordem I - Introduccedilatildeo na qual eacute proposta a regra delimitante da ciecircncia II - O macromeacutetodo cientiacutefico e a Histoacuteria da Ciecircncia III - O
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papel da universidade na produccedilatildeo de conhecimentos IV - O meacutetodo cientiacutefico propriamente dito a) A teoria da
praacutetica em ciecircncia b) A praacutetica da teorizaccedilatildeo cientiacutefica V - O micromeacutetodo cientiacutefico e a Filosofia da Ciecircncia Os demais toacutepicos estatildeo em fase de projeto natildeo havendo portanto previsatildeo quanto agrave eacutepoca de publicaccedilatildeo []
1 Colocaccedilatildeo do problema Meacutetodo entre outras coisas significa caminho para chegar
a um fim ou pelo qual se atinge um objetivo Que dizer entatildeo do meacutetodo cientiacutefico [2] Poderia dizer que eacute o caminho trilhado pelo cientista quando em busca de verdades cientiacuteficas
Afirma-se com grande frequumlecircncia que o cientista eacute aquele que se utiliza do meacutetodo cientiacutefico Os que aceitam esta
Percebam que estou meramente jogando com as palavras e associando-as ao conceito de
meacutetodo acima postulado Quais satildeo as verdades cientiacuteficas O que eacute ser cientista O que eacute ciecircncia Existe uma ciecircncia uacutenica Quando nos reportamos a uma hipoteacutetica linha demarcatoacuteria a separar o que julgamos
ser uma verdade cientiacutefica de outras possiacuteveis verdades a que nos estamos referindo
verdade --e haacute muitos que o fazem-- devem procurar uma conceituaccedilatildeo para meacutetodo cientiacutefico diferente da exposta no paraacutegrafo anterior sob pena de andarem em ciacuterculo Ou definimos cientista a partir da definiccedilatildeo de meacutetodo frac34algo tentado por Popper ao propor o falsificacionismo [3]frac34 ou definimos meacutetodo a partir da definiccedilatildeo de cientista do contraacuterio natildeo chegamos a nada Conservarei a ideacuteia de meacutetodo cientiacutefico como caminho trilhado pelo cientista
2 O que eacute ciecircncia
com o que estou assumindo o risco de ter que definir ciecircncia eou cientista Eacute o que tentarei fazer nesta
introduccedilatildeo
Natildeo eacute faacutecil definir ciecircncia e satildeo inuacutemeros os tratados sobre o assunto a abordarem esta dificuldade Ao leitor
principiante em ciecircncia e que queira penetrar na complexidade do tema ou entatildeo perceber a quantas anda nossa ignoracircncia a respeito sugiro se tiver pendores
filosoacuteficos que comece pelo livro de Chalmers (1976) [4] ou entatildeo se preferir algo mais ameno e mais voltado agrave
praacutetica cientiacutefica pelo livro de Beveridge (1980) [5] Ao leitor acomodado e que natildeo tenha amplo conhecimento do
assunto ou mesmo para aquele que pretenda prosseguir com esta leitura ciente de que eacute possiacutevel pelo menos em niacutevel conjetural enfrentar o desafio apontado relatarei aqui a
conclusatildeo de um ensaio que sintetiza uma ideacuteia que me ocorreu haacute cerca de dez anos [6] e que apresentei na
sessatildeo de debates da mesa redonda A Pesquisa na Universidade Particular ocorrida por ocasiatildeo da IV Semana de Psicologia da USJT (1994) com as seguintes palavras Vejo a ciecircncia como a aacuterea do conhecimento que se apoacuteia natildeo num meacutetodo mas sim na regra da repetitividade a que
eu tenho chamado de regra cientiacutefica fundamental Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que
pesquisado se repetiu eacute de se admitir que em futuras verificaccedilotildees o mesmo suceda [7]
A regra cientiacutefica fundamental conquanto aceita intuitivamente por todos os cientistas ocupa entre os mesmos e ateacute entre os filoacutesofos da ciecircncia um papel
secundaacuterio quando natildeo totalmente ignorada Via de regra considera-se a ciecircncia como que apoiada em regras outras
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como por exemplo o princiacutepio da causalidade de Kant a regra metodoloacutegica de Popper que se associa a seu meacutetodo
dedutivo de prova o princiacutepio ou argumento indutivista e as regras ou criteacuterios de utilidade Como posiccedilotildees
extremas e apoiadas em regras mais riacutegidas podemos citar a visatildeo paradigmaacutetica de Thomas Kuhn a defender o
dogmatismo cientiacutefico o ponto de vista de Chalmers a questionar a argumentaccedilatildeo filosoacutefica no que diz respeito agrave delimitaccedilatildeo da ciecircncia e a visatildeo anarquista de Feyerabend
a se opor frontalmente ao racionalismo em ciecircncia A fim de ilustrar o comentado no paraacutegrafo anterior
vejamos como Thomas Kuhn (1962) --defensor de uma posiccedilatildeo cientiacutefico-filosoacutefica incompatiacutevel com a que aqui pretendo apresentar-- retrata a importacircncia da repetitividade dos eventos como algo a semear o surgimento de novas ideacuteias Existem em princiacutepio somente trecircs tipos de fenocircmenos a propoacutesito dos quais pode ser desenvolvida uma nova teoria O primeiro tipo compreende os fenocircmenos jaacute bem explicados
pelos paradigmas existentes Tais fenocircmenos raramente fornecem motivos ou um ponto de partida para a construccedilatildeo de uma teoria Quando o fazem as teorias resultantes raramente satildeo aceitas visto que a natureza natildeo proporciona nenhuma base para uma discriminaccedilatildeo entre as alternativas Uma segunda classe de fenocircmenos compreende aqueles cuja
natureza eacute indicada pelos paradigmas existentes mas cujos detalhes somente podem ser entendidos apoacutes uma maior
articulaccedilatildeo da teoria Os cientistas dirigem a maior parte de sua pesquisa a esses fenocircmenos mas tal pesquisa visa antes agrave articulaccedilatildeo dos paradigmas existentes do que agrave invenccedilatildeo de novos Somente quando esses esforccedilos de articulaccedilatildeo fracassam eacute que os cientistas encontram o
terceiro tipo de fenocircmeno as anomalias reconhecidas cujo traccedilo caracteriacutestico eacute a sua recusa obstinada a serem
assimiladas aos paradigmas existentes Apenas esse uacuteltimo tipo de fenocircmeno faz surgir novas teorias [8]
Ora se um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se recusou obstinadamente a ser assimilado aos paradigmas
existentes e se esta recusa eacute quem orienta a caracterizaccedilatildeo de novas teorias e mais se a ciecircncia eacute fundamentalmente o conjunto das ideacuteias e teorias geradas pela mente humana bem como a aplicaccedilatildeo pelo homem dessas ideacuteias e teorias em busca de um relacionamento sadio com a natureza e com os seus semelhantes podemos sossegadamente
concluir que ciecircncia eacute o processo pelo qual o homem se relaciona com os fenocircmenos universais que se sujeitam agrave
regra cientiacutefica fundamental 3 O ser cientista
Cientista diz-nos Ferreira (1986) eacute a pessoa que cultiva ou que eacute especialista em alguma ciecircncia ou em ciecircncias
[9] e ciecircncia eacute um processo definido no item anterior Se aceitarmos estas premissas concluiremos que o conhecimento
cientiacutefico eacute aquele factiacutevel de reproduccedilatildeo enquanto o cientista eacute aquele que de alguma forma cultiva esses conhecimentos Eacute importante aqui salientar que muitas
vezes o que se espera reproduzir eacute um dado probabiliacutestico Por exemplo se dissermos que 80 das moleacuteculas de um gaacutes
satildeo do elemento quiacutemico oxigecircnio isto natildeo significa estarmos afirmando ser oxigecircnio esta ou aquela moleacutecula objeto de verificaccedilatildeo experimental o que a regra nos
preconiza eacute que independentemente de qual cientista for tentar reproduzir a medida ou do local escolhido para que
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esta segunda medida seja efetuada observando-se as condiccedilotildees em que a mesma foi realizada anteriormente o
valor obtido concordaraacute com o valor precedente dentro de uma margem de erro tambeacutem estimaacutevel por meacutetodos
experimentais Todos noacutes vez ou outra nos comportamos como cientistas Ser cientista natildeo eacute possuir um roacutetulo mas sim postar-se com uma atitude cientiacutefica por outro lado mesmo aquele que se diz cientista vez ou outra assume atitudes natildeo cientiacuteficas e penetra em terrenos apoiados em regras
proacuteprias ou ateacute mesmo sem regras O roacutetulo eacute frequumlentemente utilizado quando queremos nos referir agraves
pessoas que se utilizam de seus talentos cientiacuteficos como meio de vida seriam entatildeo os cientistas profissionais A filosofia por exemplo eacute um campo de atuaccedilatildeo bem mais
abrangente que aquele ditado pela regra cientiacutefica fundamental Poderiacuteamos dizer que a filosofia comporta a
ciecircncia ainda que esta ideacuteia natildeo agrade a alguns cientistas mas jamais poderiacuteamos dizer e quanto a isso
todos satildeo concordes que a ciecircncia comporta a filosofia O bom cientista utiliza-se da filosofia da mesma forma que a maioria dos indiviacuteduos com sede se utilizam do copo Outras
aacutereas do conhecimento seriam 1) o ocultismo frac34e aqui poderiacuteamos incluir a tiacutetulo de exemplo a alquimia e a astrologia 2) as artes frac34e vale a pena aqui frisar que a arte pode ser encarada cientificamente postura esta que foi frequumlentemente adotada por Leonardo da Vinci [10] e defendida em sua Teoria do Conhecimento 3) a teologia
etc A busca pela verdade que tambeacutem eacute objetivo da grande maioria destas aacutereas natildeo cientiacuteficas segue-se por caminhos nem sempre limitados ou compatiacuteveis com a regra cientiacutefica
fundamental O cultivo da ciecircncia pode se dar atraveacutes da observaccedilatildeo de alguns ou todos dentre seus objetivos nobres quais sejam
1) aquisiccedilatildeo transmissatildeo e aplicaccedilatildeo de conhecimentos cientiacuteficos jaacute sistematizados e 2) produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
de novos conhecimentos Visto sob este acircngulo satildeo cientistas 1) o estudioso eou o professor eou o
profissional bacharel em quaisquer das ciecircncias 2) o tecnoacutelogo 3) o pesquisador em aacutereas cientiacuteficas 4) o
teorizador em ciecircncias 5) e o autor de artigos cientiacuteficos relatando ideacuteias proacuteprias eou revisotildees bibliograacuteficas Sob um ponto de vista mais rigoroso o cientista seria apenas aquele capaz de dominar as teacutecnicas inerentes a todos os
objetivos nobres acima apontados Nem tanto ao ceacuteu nem tanto agrave terra Percebam que jaacute
conceituamos ciecircncia e jaacute conseguimos ir aleacutem a ponto de fornecer dados para que se analise o comportamento daqueles
que trabalham em ciecircncia Observado este comportamento poderiacuteamos assumir como cientistas aqueles que realmente contribuem para o progresso das ciecircncias Adotarei esta
postura mas gostaria de esclarecer conforme seraacute comentado oportunamente que a noccedilatildeo de progresso aqui defendida eacute um pouco mais abrangente do que aquela
preconizada pelos pensadores iluministas [11] que tanto influenciaram os positivistas Aceita esta premissa frac34a de que cientistas satildeo somente aqueles que real e diretamente [12] contribuem para o progresso das ciecircnciasfrac34 suponha que consigamos caracterizar os cientistas assim definidos como aqueles que ao contribuir para o progresso das
ciecircncias se utilizam de um meacutetodo comum a que chamaremos
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meacutetodo cientiacutefico Poderemos entatildeo afirmar e natildeo se trata aqui da busca por uma definiccedilatildeo que o cientista eacute aquele que se utiliza do meacutetodo cientiacutefico o raciociacutenio ciacuteclico da forma como foi agora utilizado estaacute livre de consequumlecircncias funestas Notem com o auxiacutelio da figura 1 a sintetizar as ideacuteias principais aqui focalizadas que do ponto de vista conceitual natildeo estamos andando em ciacuterculo
REGRA CIENTIacuteFICA FUNDAMENTAL
Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu eacute de se admitir que em futuras
verificaccedilotildees o mesmo suceda
DEFINICcedilAtildeO DE CIEcircNCIA
Ciecircncia eacute o processo pelo qual o homem se relaciona com os fenocircmenos universais que se sujeitam agrave regra cientiacutefica
fundamental
OBSERVACcedilAtildeO DO COMPORTAMENTO DOS QUE TRABALHAM EM CIEcircNCIA
VERIFICACcedilAtildeO DE QUE ALGUNS CONTRIBUEM PARA O PROGRESSO DAS CIEcircNCIAS
Cientista eacute todo ser racional que contribui diretamente para o progresso das ciecircncias
CONSTATACcedilAtildeO DE QUE ESTES SE UTILIZAM DE UM MEacuteTODO COMUM
Figura 1 - Para explicaccedilatildeo vide texto Resta-nos entatildeo para que a ideacuteia ganhe em consistecircncia comprovar a existecircncia de um uacutenico meacutetodo cientiacutefico e
isto natildeo parece ser uma tarefa faacutecil Antes de enfrentarmos esta dificuldade vamos verificar como as ideacuteias aqui apresentadas se conformam a conceitos classicamente
adotados como modelos de meacutetodo cientiacutefico
[] Muitos dentre esses toacutepicos satildeo apresentados em um contexto diverso em
Referecircncias
Ensaios sobre a Filosofia da Ciecircncia ou entatildeo em outros artigos expostos acima na
seccedilatildeo Temas relacionados [1] POPPER K R 1956 Acerca da inexistecircncia do meacutetodo
cientiacutefico in Prefaacutecio da ediccedilatildeo de 1956 do livro O realismo e o objetivo da ciecircncia
[2] FERREIRA A B H 1986
Publicaccedilotildees Dom Quixote (traduccedilatildeo) Lisboa 1987 Este prefaacutecio foi lido num
encontro dos Fellows of Center for Advanced Study in the Behavioral Sciences em Stanford Califoacuternia em novembro
de 1956 Novo dicionaacuterio da liacutengua
portuguesa[3] POPPER K R (1959)
Ed Nova Fronteira Rio de Janeiro p 1128 A loacutegica da pesquisa
cientiacutefica Ed Cultrix (traduccedilatildeo 1975) Satildeo Paulo
22
[4] CHALMERS A F 1976 (traduccedilatildeo 1993) O que eacute ciecircncia afinal[5] BEVERIDGE W I B 1980
Ed Brasiliense Satildeo Paulo 225 p Sementes da descoberta
cientiacutefica[6] MESQUITA Fdeg A 1987
Edusp (traduccedilatildeo) Satildeo Paulo Confesso que blefei --
Fiacutesica antiga vs moderna
[7] Perguntas e Debates 1995 item V
editado pela USJT (na eacutepoca Faculdades Satildeo Judas Tadeu) Satildeo Paulo capiacutetulo 13 A
Ciecircncia Existe p 92-8 Sobre Pesquisa e
Filosofia da Ciecircncia p 75 in EspecialIntegraccedilatildeo A pesquisa na universidade particular Integraccedilatildeo
[8] KUHN T S 1962 (traduccedilatildeo 1975)
I(1)51-75 1995 Este ensaio foi tambeacutem apresentado e discutido em palestra (natildeo publicada) que ministrei por ocasiatildeo da
Semana de Filosofia da USJT de 1994 A estrutura das
revoluccedilotildees cientiacuteficas Ed Perspectiva Satildeo Paulo 257 pp capiacutetulo 8 A natureza e a necessidade das revoluccedilotildees
cientiacuteficas[9] FERREIRA 1986 Idem p 404
p 131 [Os grifos satildeo meus]
[10] Leonardo da Vinci in The New Encyclopaedia Britannica Vol 22 (Macropaedia) Enc Brit Inc
Chicago 1993 p 946 (Leonardo as artist-scientist[11] SANTOS G T
) Os caminhos do pensamento cientiacutefico a
partir do Iluminismo Integraccedilatildeo I(5)131-6 1996 conferecircncia proferida por ocasiatildeo da Semana de Filosofia da USJT de 1995 Na sessatildeo de debates Santos dentre outras consideraccedilotildees interessantes a respeito faz a
seguinte observaccedilatildeo O progresso como vai ser definido no Iluminismo eacute uma noccedilatildeo de abandono passa pelo abandono necessaacuterio de coisas que ficaram ou que deveratildeo ficar no
passado[12] O termo diretamente aqui empregado eacute essencial a natildeo ser levado em conta corremos o risco de considerar
como cientistas dentre outros os mecenas que no passado contribuiacuteram de maneira indireta para o progresso
das ciecircncias
O argumento indutivista Uma criacutetica imparcial conquanto demolidora ao
indutivismo eacute apresentada por Chalmers nos trecircs primeiros capiacutetulos de seu livro [13] Veremos aqui apenas alguns toacutepicos interessantes do ponto de vista epistemoloacutegico
eou necessaacuterios para um melhor entendimento da teoria ora sendo apresentada
Um sumaacuterio completo do argumento indutivista da ciecircncia estaacute esquematizado na figura 2 adaptada de Chalmers [14]
Chama a atenccedilatildeo a omissatildeo da deduccedilatildeo de hipoacuteteses o indutivista admite ser possiacutevel partir da observaccedilatildeo e chegar a leis apelando exclusivamente ao raciociacutenio
indutivo O meacutetodo indutivo baseia-se na crenccedila de que eacute possiacutevel confirmar um enunciado universal (lei) atraveacutes de um certo nuacutemero de observaccedilotildees singulares Via de regra
quando se questiona o indutivista a respeito da omissatildeo da hipoacutetese ele logo repete uma frase de Newton Natildeo faccedilo
hipoacuteteses Obviamente este indutivista ingecircnuo ouviu esta frase sabe que foi proferida por Newton mas demonstra
natildeo saber a que Newton estava se referindo A hipoacutetese a que Newton se refere natildeo eacute a mesma que hoje se conceitua nos tratados de metodologia cientiacutefica ou de estatiacutestica Newton deixou bastante claro em sua obra que natildeo fazia como cientista especulaccedilotildees ou conjecturas infundadas No
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que se refere a hipoacuteteses no contexto em que o termo eacute hoje aceito rariacutessimos foram os cientistas que em sua
fase produtiva as levantaram em nuacutemero tal cuja ordem de grandeza se aproximasse daquela atingida por Newton
O argumento indutivista baseia-se na crenccedila no princiacutepio da induccedilatildeo que dentre outras formas pode ser enunciado como Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno
sempre que pesquisado se repetiu em futuras verificaccedilotildees o mesmo sucederaacute
Figura 2 - O argumento indutivista (segundo Chalmers)
[15] Escolhi esta versatildeo para que fique claro o contraste entre o princiacutepio da induccedilatildeo e a regra
cientiacutefica fundamental expliacutecita na figura 1 Trecircs comentaacuterios merecem ser feitos a respeito 1) Conquanto
seja usado como regra metodoloacutegica o princiacutepio da induccedilatildeo natildeo define o nuacutemero de observaccedilotildees singulares a permitir uma generalizaccedilatildeo (obtenccedilatildeo de leis) 2) Esta e outras falhas conceituais inerentes ao argumento indutivista propiciam interpretaccedilotildees ingecircnuas ao princiacutepio conforme
veremos abaixo 3) O princiacutepio sem perder em generalidade no que diz respeito agraves premissas (tem o
mesmo campo de atuaccedilatildeo que a regra cientiacutefica fundamental) e para que possa caracterizar-se como metodoloacutegico e natildeo apenas norteador torna-se mais
restritivo que a regra cientiacutefica fundamental frac34afirma ao inveacutes de suporfrac34 Consequumlentemente os que abraccedilam esta ideologia devem procurar por uma outra definiccedilatildeo de ciecircncia que natildeo a apresentada no item 2 e figura 1 As
consequumlecircncias epistemoloacutegicas daiacute resultantes seratildeo objeto de discussatildeo em itens posteriores
O indutivista ingecircnuo eacute aquele que dentre outras falhas conceituais eou de raciociacutenio consegue provar
cientificamente por exemplo a inexistecircncia de Deus pelo simples fato de Deus natildeo se manifestar a ele tendo em vista que ele natildeo possui uma regra para delimitar a ciecircncia que natildeo seja o princiacutepio da causalidade --natildeo haacute efeito sem causa-- ele tenta inverter o princiacutepio frac34que no caso ficaria natildeo haacute causa sem efeitofrac34 e apelando para o argumento indutivista consegue por meacutetodos cientiacuteficos chegar a conclusotildees natildeo cientiacuteficas frac34no caso teoloacutegicas Mais comum no entanto eacute o erro agora natildeo tatildeo ingecircnuo cometido por alguns indutivistas que conseguem provar cientificamente que todas as maccedilatildes satildeo vermelhas prova esta vaacutelida somente ateacute o dia em que eles se
depararem com maccedilatildes verdes Neste caso a falha decorre da crenccedila num meacutetodo repleto de incoerecircncias internas
5 O argumento dedutivista
24
O argumento dedutivista ainda que natildeo isento de criacuteticas representou sem duacutevida alguma uma evoluccedilatildeo no sentido em que propiciou uma metodologia cientiacutefica dotada de
coerecircncia interna A esse respeito eacute dito com frequumlecircncia que o raciociacutenio dedutivo constitui o
argumento da loacutegica A fim de padronizar comparaccedilotildees apresentarei o argumento
dedutivista como apoiado no seguinte princiacutepio Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa para que seja hipoacutetese deveraacute ser
passiacutevel de verificaccedilatildeo observacional A figura 3 ilustra a proposiccedilatildeo deste argumento
Eacute importante observar que nem toda a afirmaccedilatildeo deduzida seraacute uma hipoacutetese motivo pelo qual natildeo utilizamos o argumento loacutegico se e somente se ao enunciarmos o
princiacutepio
Figura 3 - O argumento dedutivista
[16] Em particular eacute de se ressaltar a opiniatildeo de Severino (1994) a respeito
Eacute preciso natildeo confundir hipoacutetese com pressuposto com evidecircncia preacutevia
Hipoacutetese eacute o que se pretende demonstrar e natildeo o que jaacute se tem
demonstrado [17] A loacutegica dedutiva ao caminhar do geral para o particular
nos garante a formulaccedilatildeo de hipoacuteteses e hipoacutetese comprovada atraveacutes de uma observaccedilatildeo controlada (teste eou experiecircncia) nos permite suspeitar atraveacutes de um raciociacutenio indutivo (do singular para o geral) sua condiccedilatildeo de lei Observem o cuidado na colocaccedilatildeo das palavras Eu disse nos permite suspeitar e natildeo nos
permite garantir Por que esse cuidado A experimentaccedilatildeo natildeo nos garante verdades A esse respeito Popper assim se
referiu Natildeo haacute um meacutetodo para determinar se
uma hipoacutetese eacute lsquoprovaacutevelrsquo ou provavelmente verdadeira [18]
Eacute interessante notar que algumas limitaccedilotildees inerentes ao indutivismo e que propiciam o aparecimento de conclusotildees ingecircnuas satildeo aqui substituiacutedas por uma impossibilidade
Sob esse aspecto o dedutivismo natildeo solucionou o problema mas simplesmente reduziu a possibilidade de que se
cometessem determinados raciociacutenios ingecircnuos Rigorosamente falando o problema natildeo eacute tatildeo insoluacutevel
assim Seraacute insoluacutevel tatildeo-somente para aqueles que julgam estar cientificamente buscando por verdades absolutas A verdade cientiacutefica e soacute o leigo talvez natildeo saiba eacute uma
verdade provisoacuteria tomada por empreacutestimo da natureza e da forma como ela se nos aparenta ser As verdades
25
cientiacuteficas de hoje seratildeo quando natildeo negadas lapidadas e reformuladas amanhatilde Se chegaremos ou natildeo por meacutetodos
cientiacuteficos agrave verdade absoluta eacute um questionamento que a ciecircncia natildeo estaacute aparelhada para responder E talvez nunca esteja o que natildeo nos impede de que continuemos procurando
pela verdade Popper foi mais aleacutem demonstrando ser impossiacutevel ateacute mesmo probabilizar uma afirmaccedilatildeo comprovada por um
raciociacutenio que siga a metodologia dedutiva (incluindo e eacute aiacute que reside o problema principal do meacutetodo a induccedilatildeo -- vide lado direito da figura 3) A esse respeito Popper
propotildee a substituiccedilatildeo do termo probabilizar por corroborar Uma hipoacutetese seria tanto mais corroboraacutevel quanto mais propiciasse verificaccedilotildees experimentais e teria sido tanto mais corroborada e natildeo haacute como se
atribuir nuacutemeros probabiliacutesticos a esse efeito quanto mais resistisse a essas verificaccedilotildees Siegel (1977
traduccedilatildeo) adota provavelmente com o mesmo objetivo a expressatildeo grau de aceitabilidade
Efetuamos pesquisas a fim de determinar o grau de aceitabilidade de
hipoacuteteses deduzidas de nossas teorias [19]
Esta impossibilidade em garantir um acerto preocupou bastante Popper e certamente foi um dos motivos que o
levou a expandir o argumento dedutivista atraveacutes da proposiccedilatildeo do falsificacionismo a ser apresentado no
item 7 Independentemente das dificuldades apontadas neste e nos itens precedentes a verdade eacute que a ciecircncia progride e este progresso eacute guiado por homens que conhecem o terreno por onde pisam E conquanto todos saibam da natildeo existecircncia em ciecircncia de verdades absolutas da impossibilidade de se
chegar a uma soluccedilatildeo definitiva para os problemas cientiacuteficos e da natildeo existecircncia de provas observacionais irrefutaacuteveis quase todos [20] entendem e concordam com a
afirmaccedilatildeo de GIL (1994) expressa a seguir A pesquisa cientiacutefica inicia-se
sempre com a colocaccedilatildeo de um problema solucionaacutevel O passo seguinte
consiste em oferecer uma soluccedilatildeo possiacutevel atraveacutes de uma proposiccedilatildeo ou seja de uma expressatildeo suscetiacutevel de ser declarada verdadeira ou falsa A
esta proposiccedilatildeo daacute-se o nome de hipoacutetese Assim a hipoacutetese eacute a
proposiccedilatildeo testaacutevel que pode vir a ser a soluccedilatildeo do problema [21]
6 O que eacute teoria Eacute importante salientar que a finalidade primordial da ciecircncia natildeo eacute formular hipoacuteteses e sim sistematizar teorias e que teoria natildeo eacute pura e simplesmente uma
coletacircnea de hipoacuteteses Teoria eacute um conjunto de hipoacuteteses coerentemente interligadas tendo por finalidade explicar
elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio do conhecimento [22] Por que entatildeo os livros de
metodologia insistem em justificar os meacutetodos atraveacutes de hipoacuteteses uacutenicas e via de regra desinteressantes tais
como As maccedilatildes satildeo vermelhas os cisnes satildeo brancos etc A verdade eacute que nem sempre eacute faacutecil encontrar teorias ao mesmo tempo simples e de amplo espectro ou seja que
26
possam ser entendidas por leitores das vaacuterias aacutereas do conhecimento Por outro lado os argumentos que corroboram ou derrubam teorias satildeo em princiacutepio idecircnticos aos que corroboram ou derrubam hipoacuteteses frac34poderiacuteamos tambeacutem dizer
que uma hipoacutetese eacute ou simula ser uma teoria cujo conjunto de hipoacuteteses eacute unitaacuterio Em geral a dificuldade inerente ao grau de complexidade de uma teoria pode ser
superada desde que o cientista conheccedila a fundo esta teoria cujo grau de aceitabilidade pretende testar e domine a loacutegica envolvida em situaccedilotildees similares poreacutem simples como aquelas que aparecem nos compecircndios sobre o
assunto A ecircnfase dada pelos textos de metodologia cientiacutefica a meacutetodos relacionados a testes de hipoacuteteses contrasta com a quase ausecircncia de referecircncias a meacutetodos relativos agrave
praacutetica da teorizaccedilatildeo Existem exceccedilotildees a esta regra e eu natildeo poderia deixar de citar [23] os livros de Bunge [24] e de Lacey [25] indicados especialmente para os iniciantes da aacuterea de exatas Embora natildeo especificamente dirigido a esta temaacutetica haacute que se destacar tambeacutem o livro de Bohm e
Peat [26] e que merece ser lido posto que focaliza a essecircncia da problemaacutetica aqui apontada neste caso e por este motivo eacute indicado aos iniciantes de todas as aacutereas A praacutetica da teorizaccedilatildeo com rariacutessimas exceccedilotildees natildeo se
aprende na escola Grandes teorizadores por terem aprendido a utilizar uma teacutecnica natildeo encontrada nos livros tradicionais e que nem mesmo eacute ensinada na maioria dos
regimes de iniciaccedilatildeo cientiacutefica chegaram a ser confundidos com gecircnios Eacute bem possiacutevel que estes gecircnios tenham adquirido esta praacutexis cultuando algum resquiacutecio da
filosofia que a sociedade moderna natildeo conseguiu despedaccedilar
A lacuna acima apontada fomenta a ingenuidade ou ateacute mesmo o charlatanismo multiplicando sobremaneira o nuacutemero dos que sem estarem devidamente preparados para teorizar frac34uma atividade que natildeo eacute elementarfrac34 ainda assim teorizam e teorizam mal frac34fato este que chega a incomodar cientistas de respeito que ocupam postos importantes nas
universidades [27] Por outro lado e em decorrecircncia disto permite que se condene agrave marginalidade cientiacutefica
e por periacuteodos variaacuteveis de tempo todos aqueles que certos ou errados pretendem evoluir seriamente no sentido de atender agrave finalidade uacuteltima da ciecircncia a edificaccedilatildeo de
teorias representacionais Que meacutetodos estes homens seguiram que natildeo a paixatildeo a
devoccedilatildeo a persistecircncia e a crenccedila num espiacuterito universal frac34Espiacuterito este que segundo alguns admitem natildeo estaacute a se
divertir com nossos erros e acertos o que foi sintetizado pelo maior dos gecircnios do seacuteculo XX nas
seguintes palavras Deus natildeo joga dados A resposta nos eacute dada pelo proacuteprio autor desta afirmaccedilatildeo
O alvo de construir uma teoria de campo eletromagneacutetico da mateacuteria
permanece inatingiacutevel por ora embora em princiacutepio nenhuma objeccedilatildeo possa ser levantada contra a possibilidade de vir a se alcanccedilar tal objetivo O que reteve qualquer tentativa posterior nessa direccedilatildeo foi a falta de qualquer meacutetodo sistemaacutetico que levasse a uma
soluccedilatildeo [28]
27
Seraacute que natildeo existem meacutetodos ou regras a serem adotados nesta praacutexis E por falar nisso a praacutetica da teorizaccedilatildeo
natildeo seria uma teorexis [29] Seraacute que teorizar em ciecircncia eacute uma atividade puramente filosoacutefica Natildeo existe uma
metodologia cientiacutefica a orientar aqueles que se preocupam em decifrar os segredos que estatildeo por traacutes dos fenocircmenos que se adaptam agrave regra cientiacutefica fundamental Caso exista
um meacutetodo a ser sistematizado Seria ele diferente do meacutetodo cientiacutefico O que eacute o meacutetodo cientiacutefico
Tentarei dentro do possiacutevel e da finalidade a que me propus ao conceber esta seacuterie de artigos responder
oportunamente eou orientar o leitor se houver como no que diz respeito aos questionamentos aqui assinalados De qualquer forma mais detalhes sobre teoria eou teorizaccedilatildeo seratildeo apresentados no toacutepico IV-b A praacutetica da teorizaccedilatildeo
(em preparo)
[13] CHALMERS A F 1976 Referecircncias
op cit (Voltar pelo browser) pp 23-63
[14] Idem p 28 [15] Esta versatildeo eacute uma adaptaccedilatildeo do princiacutepio da induccedilatildeo
como enunciado por CHALMERS (1976) op cit Se um grande nuacutemero de As foi observado sob uma ampla variedade de condiccedilotildees e se todos esses As observados possuiacuteam sem exceccedilatildeo a propriedade B entatildeo todos os As possuem a propriedade B
[16] Neste caso o princiacutepio ficaria
Aparentes contradiccedilotildees que o iniciante possa descobrir ao comparar os dois enunciados natildeo
comprometem o raciociacutenio que se segue razatildeo pela qual admitirei a equivalecircncia sem justificaacute-la
Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa seraacute hipoacutetese se e somente se for passiacutevel de verificaccedilatildeo
observacional
[17] SEVERINO J S 1994
O primeiro se torna a afirmaccedilatildeo inconsistente
Metodologia do trabalho cientiacutefico[18] POPPER K R 1956
Cortez Editora Satildeo Paulo op cit
[19] SIEGEL S 1977 Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica
[20] Eacute possiacutevel que alguns dentre os indutivistas natildeo concordem com alguns dos termos da afirmaccedilatildeo por motivos que podem ser suspeitados tendo em vista o apresentado
neste e no item anterior
Ed McGraw-Hill do Brasil Ltda Satildeo Paulo p 6
[21] GIL A C 1994 Como elaborar projetos de pesquisas
[22] Em FERREIRA A B H 1986
Editora Atlas S A Satildeo Paulo p 35 [Os grifos satildeo
meus] op cit (Voltar pelo
browser) encontramos uma definiccedilatildeo mais geral a satisfazer tambeacutem o argumento indutivista Teoria eacute um
conjunto de conhecimentos natildeo ingecircnuos que apresentam graus diversos de sistematizaccedilatildeo e credibilidade e que se
propotildeem a explicar elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio de fenocircmenos ou de acontecimentos que se
oferecem agrave atividade praacutetica [23] Os trecircs livros citados a seguir natildeo satildeo os uacutenicos
nos gecircneros assinalados a despeito da disparidade apontada Ao tempo em que registro com estes exemplos a exceccedilatildeo agrave regra presto tambeacutem uma homenagem a autores que ao serem por mim lidos transmutaram em duacutevidas muitas das
respostas a questotildees fundamentais e que eu
28
pretensiosamente julgava possuir [24] BUNGE M Teoria e realidade
[25] LACEY HM 1972
Ed Perspectiva (traduccedilatildeo 1994) Satildeo Paulo
A linguagem do espaccedilo e do tempo
[26] BOHM D e PEAT F D
Ed Perspectiva SA
Ciecircncia ordem e criatividade
[27] A esse respeito vale a pena ler
Gradiva Publicaccedilotildees Ltda (traduccedilatildeo 1989) Lisboa
Cientiacuteficos Chiflados capiacutetulo XIV do livro BERNSTEIN J 1988 Observacioacuten de
la Ciencia[28] EINSTEIN A
Ed Fondo de Cultura Econoacutemica Meacutexico Fiacutesica e realidade in Albert Einstein
Pensamento poliacutetico e uacuteltimas conclusotildees (1983 traduccedilatildeo) Edit Brasiliense S A Satildeo Paulo [O grifo eacute meu]
[29] Este termo eu utilizei pela primeira vez no artigo MESQUITA Fdeg A 1983 Ciecircncia empiacuterica uma arma ou uma daacutediva Faculdade
Antes de mais nada afirmarei sem me alongar que uma teoria adotado o argumento dedutivista pode ser
corroborada ou negada fundamentalmente atraveacutes de um dos trecircs procedimentos seguintes 1) Pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de uma de suas hipoacuteteses 2) pela verificaccedilatildeo ou negaccedilatildeo de uma de suas prediccedilotildees 3) pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de teorias auxiliares deduzidas da teoria principal (teoria em teste ou sob suspeita) as teorias
auxiliares podem ser de trecircs tipos teorias ou hipoacuteteses de nulidade teorias ou hipoacuteteses salvadoras e teorias ou hipoacuteteses assassinas
(Revista do IAMC) ndeg 6 p 28-43 agosto83
7 O falsificacionismo O falsificacionismo natildeo foi proposto como um meacutetodo novo mas sim como um criteacuterio ou conduta a ser ou natildeo adotado por aqueles que se conformam ao meacutetodo dedutivo de prova
Natildeo haacute nada no falsificacionismo do ponto de vista metodoloacutegico que natildeo esteja previsto ou que natildeo decorra naturalmente de uma opccedilatildeo a ser seguida espontaneamente ou natildeo por este ou aquele dedutivista Qual seria entatildeo este criteacuterio Com que finalidade foi proposto A resposta a estas perguntas bem como o meacuterito do falsificacionismo constituem o objetivo deste e dos proacuteximos dois itens
[30] Incluem-se no rol das teorias auxiliares como veremos oportunamente as teorias
transcendentais frequumlentemente conotadas por experiecircncias de pensamento As prediccedilotildees e as hipoacuteteses ou teorias auxiliares satildeo teorias geradas utilizando-se do proacuteprio argumento dedutivista esquematizado na figura 3 Neste caso o foco de atenccedilatildeo inicial frac34representado na figura como observaccedilatildeofrac34 eacute nada mais nada menos que a proacutepria teoria que deu origem agrave prediccedilatildeo eou agrave teoria auxiliar Ao valorizar a falseabilidade como criteacuterio a ser adotado
pelos dedutivistas Popper nada mais fez que tentar expandir ou trazer para o domiacutenio da metodologia
cientiacutefica uma praacutetica amplamente utilizada com sucesso em estatiacutestica o criteacuterio de tomada de decisatildeo atraveacutes da
hipoacutetese de nulidade (Ho
O primeiro passo ou estaacutegio no processo de tomada de decisatildeo eacute
definir a hipoacutetese de nulidade (
)
Ho) Formula-se usualmente com o expresso propoacutesito de ser rejeitada Se eacute
29
rejeitada pode-se aceitar a hipoacutetese alternativa (H1) A hipoacutetese
alternativa eacute a definiccedilatildeo operacional da hipoacutetese de pesquisa do
pesquisador A hipoacutetese de pesquisa eacute a prediccedilatildeo deduzida da teoria que estaacute
sendo comprovada [31] A contribuiccedilatildeo de Popper a esse respeito limitou-se agrave ecircnfase que deu agrave importacircncia da procura por hipoacuteteses de
nulidade Ateacute entatildeo este costume estava restrito agrave procura por previsotildees frac34apresentadas via de regra pelo proacuteprio autor da teoriafrac34 eou hipoacuteteses salvadoras frac34levantadas
pelos adeptos da teoria em focofrac34 eou hipoacuteteses assassinas frac34levantadas pelos criacuteticos da teoria em questatildeo As quatro
tecircm uma caracteriacutestica comum satildeo todas teorias falseadoras
A boa teoria dentre outras qualidades [32] e segundo Popper eacute aquela potencialmente geradora de hipoacuteteses
falseadoras e tanto melhor seraacute quanto maior for o risco de ser negada Ela pode ateacute mesmo ser derrubada no primeiro teste a que for submetida o que natildeo invalida o que foi
dito foi uma boa teoria enquanto durou e voltaraacute a ser se conseguir ressurgir das cinzas Dito em outras palavras o criteacuterio para se avaliar a virtude de uma teoria nascente repousa no seu grau de submissatildeo a testes adversos Uma teoria de baixo risco raramente eacute bem vinda [33] e uma
teoria sem risco algum na opiniatildeo de Popper natildeo eacute cientiacutefica e eu iria aleacutem sequer eacute teoria
Levando-se em conta que o criteacuterio falsificacionista peca pela subjetividade deve-se tomar cuidado ao se optar por uma teoria em detrimento de outra pelo fato de a primeira
ser mais falseaacutevel que a segunda Diferentes hipoacuteteses falseadoras devem apresentar pesos diferentes e este peso
mesmo quando bem estimado frequumlentemente o eacute por um processo subjetivo Natildeo eacute raro utilizar-se desta
subjetividade inerente ao falsificacionismo para justificar escolhas feitas segundo criteacuterios poliacuteticos econocircmicos
interesseiros corporativistas ou entatildeo apoiados em princiacutepios outros que tambeacutem deixam a desejar no que diz
respeito agrave eacutetica do cientista 8 Entendendo o falsificacionismo
Suponha que algueacutem deduza a seguinte hipoacutetese H1 As maccedilatildes do Estado de Satildeo Paulo satildeo vermelhas A teoria assim
simulada eacute uma teoria de hipoacutetese uacutenica Percebam que no argumento da hipoacutetese estaacute se admitindo como pressupostos uma infinidade de conceitos tais como fruta maccedilatilde cor
vermelho local Satildeo Paulo Brasil etc Estes pressupostos satildeo o que Severino chama de evidecircncias preacutevias como vimos no item 5 e constituem uma das bases da argumentaccedilatildeo de Chalmers [34] ao contestar os que afirmam que a ciecircncia
comeccedila com a observaccedilatildeo Um exemplo de previsatildeo desta teoria seria as maccedilatildes de
Jundiaiacute devem ser vermelhas tendo em vista que Jundiaiacute se localiza no Estado de Satildeo Paulo
Suponha tambeacutem que algueacutem tenha demonstrado que em condiccedilotildees X outra fruta que natildeo a maccedilatilde e que
originalmente era de determinada cor se modifica e conclui que se a teoria sobre as maccedilatildes for verdadeira ela
deveraacute permanecer verdadeira nas condiccedilotildees X Pode-se entatildeo construir a seguinte hipoacutetese de nulidade Ho Em
condiccedilotildees X obter-se-atildeo em Satildeo Paulo maccedilatildes natildeo
30
vermelhas Esta previsatildeo natildeo decorre da teoria (H1) mas de evidecircncias preacutevias outras e estranhas agrave mesma Se esta
hipoacutetese (Ho) for verificada a hipoacutetese original H1
Seraacute que este simples fato condena a teoria original Para o falsificacionista ingecircnuo sim Para aquele que entendeu e aceitou o significado da afirmaccedilatildeo de Popper citada
neste artigo ao final do
estaraacute falseada
quarto paraacutegrafo do item 5 natildeo Optar por uma teoria natildeo significa crer numa verdade
absoluta Se eu afirmo que Ho eacute verdadeira e consequumlentemente H1 eacute falsa isto natildeo significa que eu
estou atribuindo o grau de veracidade 100 a uma hipoacutetese e 0 agrave outra significa simplesmente que a verificaccedilatildeo experimental me convenceu a optar por uma teoria em
detrimento da outra A opccedilatildeo eacute uma das maneiras pelas quais o cientista expressa a sua feacute na ciecircncia [35] e o
falsificacionismo estabelece normas a lhe orientar nesta opccedilatildeo
Suponha agora que em condiccedilotildees X ou em outra condiccedilatildeo qualquer se encontrem no Estado de Satildeo Paulo maccedilatildes verdes Significa isto que a hipoacutetese H1
Natildeo podemos em satilde consciecircncia dizer que a psicanaacutelise por exemplo natildeo pertenccedila ao campo da ciecircncia pelo simples
fato de uma de suas teorias precursoras ser natildeo falseaacutevel Sequer podemos dizer que o autor dessa ideacuteia natildeo
fosse cientista se eacute verdade que a psicanaacutelise se desenvolveu em cima desta ideacuteia e apesar disso conseguiu
eacute falsa Natildeo Simplesmente ela foi falseada Nada impede que amanhatilde com a evoluccedilatildeo da ciecircncia se descubra que estes frutos verdes a que hoje associamos a ideacuteia maccedilatilde estejam inseridos num
outro contexto e que realmente natildeo sejam maccedilatildes Por que entatildeo se daacute preferecircncia a verificaccedilotildees falseadoras em detrimento das corroboradoras Ora isto nem sempre
acontece conquanto seja esta uma das regras propostas pelo falsificacionismo Por exemplo tanto a teoria da
relatividade quanto a mecacircnica quacircntica satildeo teorias fiacutesicas amplamente aceitas graccedilas a terem sido
corroboradas por previsotildees que se confirmaram e pouco valor se deu a um grande nuacutemero de testes que as falsearam Por outro lado estas duas teorias satildeo concomitantemente aceitas pelos fiacutesicos conquanto existam fortes argumentos
a provar que cada uma destas duas teorias falseia a outra e ambas falseiam a teoria de Maxwell que tambeacutem eacute aceita como verdadeira Certos ou errados neste caso os fiacutesicos modernos dentre os quais se inclui Popper fizeram uma opccedilatildeo contraacuteria agrave norma falsificacionista e natildeo haacute
como criticaacute-los por essa conduta a menos que se pretenda atribuir ao falsificacionismo uma qualidade que ele natildeo
possui a de estabelecer criteacuterios absolutos de veracidade O falsificacionismo presta-se tambeacutem a fomentar o diaacutelogo e a criatividade Neste caso surge quase como que um apelo para que se invista mais em experiecircncias de pensamento um
recurso legiacutetimo e de grande valor em ciecircncia 9 O falsificacionismo como delimitador da ciecircncia
Vimos no item 7 que para Popper uma teoria sem risco algum natildeo eacute cientiacutefica e eu acrescentei sequer eacute teoria Popper quis se aproveitar deste argumento para delimitar a ciecircncia utilizando-se entatildeo do falsificacionismo como
criteacuterio de cientificidade Com esta opccedilatildeo Popper desagradou a muitos e convenceu a poucos ainda que sua
ideacuteia natildeo fosse de todo maacute
31
de alguma forma se impor como ciecircncia muito provavelmente queiramos ou natildeo seu autor contribuiu diretamente para o progresso da ciecircncia Mesmo que hoje algueacutem chegasse a concluir categoricamente pelo caraacuteter natildeo cientiacutefico da psicanaacutelise isto de forma alguma nos autorizaria a hipoteticamente condenaacute-la agrave estagnaccedilatildeo Se um cientista utilizando-se de maus criteacuterios ou ateacute mesmo apoiando-se em dogmas constroacutei de maneira natildeo
cientiacutefica um determinado campo do conhecimento isto natildeo significa que este campo natildeo possa vir a ser estudado cientificamente e que natildeo se possam criteriosamente
aproveitar as conclusotildees de seus estudos Nada impede que uma teoria considerada hoje como natildeo cientiacutefica pelo fato de possuir uma ou mais hipoacuteteses natildeo falseaacuteveis adquira
esse status apoacutes passar por ligeiras reformulaccedilotildees Natildeo podemos assumir que um campo do conhecimento seja natildeo cientiacutefico pelo simples fato de natildeo encontrarmos nele
teorias cientiacuteficas Este posicionamento de Popper a meu ver natildeo se justifica o falsificacionismo natildeo eacute um bom
criteacuterio delimitador da ciecircncia e isto eu espero que tenha ficado claro para o leitor E mais natildeo existem aacutereas natildeo cientiacuteficas mas sim aacutereas onde ainda natildeo foram produzidos conhecimentos cientiacuteficos O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo e pelo menos nesta etapa nada eacute absolutamente corroboraacutevel ou falseaacutevel Podemos ainda
dizer que a ciecircncia natildeo se localiza aqui ou acolaacute sob esse aspecto a ciecircncia natildeo tem fronteiras
10 Enfim a teoria do meacutetodo Nos demais artigos desta seacuterie irei demonstrar ser possiacutevel partindo da regra cientiacutefica fundamental desenvolver uma teoria sobre o meacutetodo cientiacutefico
utilizando-se das trecircs hipoacuteteses seguintes 1 O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo 2 A produccedilatildeo de conhecimentos passa
necessariamente pelas etapas deduccedilatildeo anaacutelise induccedilatildeo e
siacutentese na ordem apresentada 3 Os princiacutepios cientiacuteficos fundamentais satildeo universais
Por questatildeo de simplicidade subdividirei o estudo do meacutetodo em trecircs etapas correspondentes a cada uma das hipoacuteteses 1) o estudo do macromeacutetodo cientiacutefico 2) o estudo do meacutetodo cientiacutefico propriamente dito e 3) o estudo do micromeacutetodo cientiacutefico Os toacutepicos nos quais
desenvolverei estas etapas estatildeo em fase de projeto natildeo havendo portanto previsatildeo quanto agrave eacutepoca de publicaccedilatildeo
Meacutetodo cientiacutefico
Origem Wikipeacutedia a enciclopeacutedia livre
A palavra meacutetodo vem do grego meacutethodos (caminho para chegar a um fim) O meacutetodo cientiacutefico eacute um conjunto de regras baacutesicas para desenvolver uma experiecircncia a fim de produzir novo conhecimento bem como corrigir e integrar conhecimentos preacute-existentes Na maioria das disciplinas cientiacuteficas consiste em juntar evidecircncias observaacuteveis empiacutericas (ou seja baseadas apenas na experiecircncia) e
mensuraacuteveis e as analisar com o uso da loacutegica Para muitos autores o meacutetodo cientiacutefico nada mais eacute do que a loacutegica
32
aplicada agrave ciecircncia (Haddad) Metodologia literalmente refere-se ao estudo dos meacutetodos e especialmente do meacutetodo da ciecircncia que se supotildee universal Embora procedimentos variem de uma aacuterea da
ciecircncia para outra (as disciplinas cientiacuteficas) diferenciadas por seus distintos objetos de estudo
consegue-se determinar certos elementos que diferenciam o meacutetodo cientiacutefico de outros meacutetodos (filosoacutefico algoritmo
ndash matemaacutetico etc)
Primeiramente os pesquisadores definem proposiccedilotildees loacutegicas ou suposiccedilotildees (hipoacuteteses) para explicar certos fenocircmenos e observaccedilotildees e entatildeo desenvolvem experimentos que testam essas hipoacuteteses Se confirmadas as hipoacuteteses podem gerar leis e teorias Integrando-se hipoacuteteses de certa aacuterea em uma estrutura coerente de conhecimento contribuiacute-se na
formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bem como coloca as hipoacuteteses em um conjunto de conhecimento maior que satildeo as
leis e teorias reconhecidas consensualmente pela comunidade cientiacutefica eou o
O contexto de uma pesquisa
paradigma de seu tempo Outra caracteriacutestica do meacutetodo eacute que o processo precisa
ser objetivo e o cientista deve ser imparcial na interpretaccedilatildeo dos resultados Sobre a objetividade o seja
atente agraves propriedades do objeto e natildeo do sujeito (subjetividade) eacute conhecida a afirmaccedilatildeo de Hans Selye
pesquisador canadense que formulou a moderna concepccedilatildeo de stress ldquoQuem natildeo sabe o que procura natildeo entende o que encontrardquo referindo-se a necessidade de formulaccedilatildeo de definiccedilotildees precisas (a essecircncia dos conceitos) e que
possam ser respondidas com o simples sim ou natildeo Tanto a imparcialidade (evidecircncia) como a objetividade foram incluiacutedas por Reneacute Descartes (1596 ndash 1649) nas regras
loacutegicas que caracterizam o meacutetodo cientiacutefico Aleacutem disso o procedimento precisa ser documentado tanto no que diz respeito agrave fonte de dados como as regras de anaacutelise para que outros cientistas possam re-analisar reproduzir e verificar a confiabilidade dos resultados Assim se distingue os relatos cientiacuteficos (artigos
monografias teses e dissertaccedilotildees) de um simples estilo (padratildeo) ou arquitetura de texto orientados pelo que caracteriza as normas da Retoacuterica ou estudo do uso persuasivo da linguagem em funccedilatildeo da eloquumlecircncia
Eacute comum o uso da anaacutelise matemaacutetica ou estatiacutestica quando possiacutevel ou aproximaccedilatildeo de modelos abstratos (tipos ideais) e categorias de classificaccedilatildeo a depender do
objetivo da pesquisa (identificar descrever analisar) que pode ser basicamente quantitativa ou qualitativa A divisatildeo da ciecircncia em aacutereas ou distintas disciplinas
cientificas tem levado a tais adequaccedilotildees da metodologia Eacute comum a afirmaccedilatildeo de que em funccedilatildeo da evoluccedilatildeo do meacutetodo
cientifico num extremo temos a fiacutesica e quiacutemica seguida da biologia e por uacuteltimo as ciecircncias sociais psicologia e ciecircncias juriacutedicas quase se aproximando da filosofia e estudo das crenccedilas (senso comum) ou ciecircncias do espiacuterito
(sistemas miacutetico - religiosos) Contudo pesquisadores contemporacircneos vecircem nessas duas abordagens uma oposiccedilatildeo complementar enquanto as pesquisas quantitativas visam descrever e explicar fenocircmenos que produzem regularidades mensuraacuteveis satildeo recorrentes (ou discrepantes) e exteriores ao sujeito
33
(objetivos) na pesquisa qualitativa o observador (sujeito) eacute da mesma natureza que o objeto de sua anaacutelise e ele proacuteprio uma parte de sua observaccedilatildeo (o subjetivo)
Eacute importante ter em mente que as pesquisas cientificas relacionam-se com um modelo (paradigmaacutetico) ou uma
constelaccedilatildeo de pressupostos e crenccedilas escalas de valores teacutecnicas e conceitos compartilhados pelos membros de uma determinada comunidade cientiacutefica num determinado momento
histoacuterico
Ciecircncia eacute muito mais uma maneira de pensar do que um corpo de conhecimentos -
Elementos do meacutetodo cientiacutefico
Carl Sagan ciecircncia consiste em agrupar factos para que leis
gerais ou conclusotildees possam ser tiradas deles - Charles Darwin
O meacutetodo cientiacutefico eacute composto dos seguintes elementos bull Caracterizaccedilatildeo - Quantificaccedilotildees observaccedilotildees e
medidas bull Hipoacuteteses - Explicaccedilotildees hipoteacuteticas das observaccedilotildees e
medidas bull Previsotildees - Deduccedilotildees loacutegicas das hipoacuteteses
bull Experimentos - Testes dos trecircs elementos acima O meacutetodo cientiacutefico consiste dos seguintes aspectos bull Observaccedilatildeo - Uma observaccedilatildeo pode ser simples isto eacute
feita a olho nu ou pode exigir a utilizaccedilatildeo de instrumentos apropriados
bull Descriccedilatildeo - O experimento precisa ser replicaacutevel (capaz de ser reproduzido)
bull Previsatildeo - As hipoacuteteses precisam ser vaacutelidas para observaccedilotildees feitas no passado no presente e no
futuro bull Controle - Para maior seguranccedila nas conclusotildees toda
experiecircncia deve ser controlada Experiecircncia controlada eacute aquela que eacute realizada com teacutecnicas que permitem descartar as variaacuteveis passiacuteveis de mascarar
o resultado bull Falseabilidade[1]
bull Explicaccedilatildeo das Causas - Na maioria das aacutereas da Ciecircncia eacute necessaacuterio que haja causalidade Nessas
condiccedilotildees os seguintes requerimentos satildeo vistos como importantes no entendimento cientiacutefico
- toda hipoacutetese tem que ser falseaacutevel ou refutaacutevel Isso natildeo quer dizer que o experimento seja falso mas sim que ele pode ser verificado
contestado Ou seja se ele realmente for falso deve ser possiacutevel provaacute-lo
bull Identificaccedilatildeo das Causas bull Correlaccedilatildeo dos eventos - As causas precisam se
correlacionar com as observaccedilotildees bull Ordem dos eventos - As causas precisam preceder
no tempo os efeitos observados Na aacuterea da sauacutede a natureza da associaccedilatildeo causal foi formulada por Hence e adaptada por Robert Koch em 1877
para demonstraccedilatildeo da relaccedilatildeo causal entre microrganismos e patologias consistindo basicamente no enunciado acima ou seja forccedila da associaccedilatildeo (conectividade) sequumlecircncia temporal (assimetria) transitividade (evidecircncia experimental) previsibilidade estabilidade
Uma maneira linearizada e pragmaacutetica de apresentar os quatro pontos acima estaacute exposto a seguir passo-a-passo
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Vale a pena notar que eacute apenas um exemplo natildeo sendo obrigatoacuterio a existecircncia de todos esses passos Na
verdade na maioria dos casos natildeo se segue todos esses passos ou mesmo parte deles O meacutetodo cientiacutefico natildeo eacute
uma receita ele requer inteligecircncia imaginaccedilatildeo e criatividade O importante eacute que os aspectos e elementos
apresentados acima estejam presentes bull Definir o problema
bull Recolhimento de dados bull Proposta de uma hipoacutetese
bull Realizaccedilatildeo de uma experiecircncia controlada para testar a validade da hipoacutetese
bull Anaacutelise dos resultados bull Interpretar os dados e tirar conclusotildees o que serve
para a formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bull Publicaccedilatildeo dos resultados em monografias
dissertaccedilotildees teses artigos ou livros aceitos por universidades e ou reconhecidos pela comunidade
cientiacutefica Observe-se que nem todas as hipoacutetese podem ser confirmadas
ou refutadas por experimentos e que em muitas aacutereas do conhecimento o recolhimento de dados e a tentativas de interpretaacute-los jaacute eacute uma grande tarefa como nas ciecircncias
humanas e juriacutedicas (criminologia)
Ciecircncias humanas A limitaccedilatildeo eacutetica da realizaccedilatildeo experimentos com seres humanos o estudo das subjetividades ou essencialmente
subjetivo individual e particular psiquismo humano ou a natureza histoacuterica do objeto das ciecircncias sociais conduziram os pensadores a distintos caminhos ou
proposiccedilotildees de estudo para o meacutetodo cientiacutefico Contudo parafraseando Minayoldquouma base de dados quando bem trabalhada teoacuterica e praticamente produz riqueza de informaccedilotildees aprofundamento e maior fidedignidade
interpretativardquo As principais divergecircncias na anaacutelise dos resultados de pesquisas em ciecircncias sociais ou humanas se datildeo no plano da contextualizaccedilatildeo dos dados ou informaccedilotildees obtidas em campo nos diversos sistemas teoacutericos ou seja conjunto de teorias e leis reconhecidas como consensuais em distintos
momentos histoacutericos eou segmentos das comunidades cientiacuteficas Nas ciecircncias sociais identifica-se trecircs
grandes correntes de pensamentos bull Positivismo Auguste Comte
bull Fenomenologia (Fenomenologia do Espiacuterito Estruturalismo
bull Materialismo dialeacutetico Dialeacutetica Marxismo
A histoacuteria do meacutetodo cientiacutefico se mistura com a histoacuteria da ciecircncia Documentos do
A evoluccedilatildeo do conceito de meacutetodo
Antigo Egito jaacute descrevem meacutetodos de diagnoacutesticos meacutedicos Na cultura da Greacutecia
Antiga os primeiros indiacutecios do meacutetodo cientiacutefico comeccedilam a aparecer Grande avanccedilo no meacutetodo foi feito no comeccedilo da filosofia islacircmica principalmente no uso de experimentos
para decidir entre duas hipoacuteteses Os principios fundamentais do meacutetodo cientiacutefico se consolidaram com o surgimento da Fiacutesica nos seacuteculos XVII e XVIII Francis
Bacon em seu trabalho Novum Organum(1620)-uma referecircncia
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ao Organon de Aristoacuteteles-especifica um novo sistema loacutegico para melhorar o velho processo filosoacutefico do
silogismo A metodologia cientiacutefica tem sua origem no pensamento de
Descartes que foi posteriormente desenvolvimento empiricamente pelo fiacutesico inglecircs Isaac Newton Reneacute Descartes propocircs chegar agrave verdade atraveacutes da duacutevida sistemaacutetica e da decomposiccedilatildeo do problema em pequenas
partes caracteriacutesticas que definiram a base da pesquisa cientiacutefica
Lecirc-se no livro o Discurso do meacutetodo E como a multiplicidade de leis serve frequentemente para escusar os viacutecios de sorte que um estado eacute muito melhor governado quando possuindo poucas elas satildeo aiacute rigorosamente aplicadas assim em lugar de um grande
nuacutemero de preceitosde qua a loacutegica eacute composta acrediteis que jaacute me seriam bastante quatro contanto que tomasse a firme e constante resoluccedilatildeo de natildeo deixar uma vez soacute de
observaacute-los O primeiro consistia em nunca aceitar por verdadeira coisa nenhuma que natildeo conhecesse como evidente isto eacute
devia evitar cuidadosamente a precipitaccedilatildeo e a prevenccedilatildeo e nada incluir em meus juizos que natildeo se apresentasse tatildeo claramente e tatildeo distintamente ao meu espiacuterito que natildeo
tivesse nenhuma ocasiatildeo de o por em duacutevida O segundo ndash dividir cada uma das dificuldades que
examinasse em tantas parcelas quantas pudesse ser e fossem exigidas para melhor compreendecirc-las
O terceiro ndash conduzir por ordem os meus pensamento comeccedilando pelos objetos mais simples e faacuteceis de serem conhecidos para subir pouco a pouco como por degraus ateacute o conhecimento dos mais compostos e supondo mesmo
certa ordem entre os que natildeo se precedem naturalmente uns aos outros
e o uacuteltimo ndash fazer sempre enumeraccedilotildees tatildeo completas e revisotildees tatildeo gerais que ficasse certo de nada
omitir Correntemente estas regras satildeo 1 ndash da evidecircncia 2 ndash da
divisatildeo ou anaacutelise 3 ndash da ordem ou deduccedilatildeo 3 da enumeraccedilatildeo (contar especificar) classificaccedilatildeo
O acidente (serendipity
Eacute comum considerar alguns dos mais importantes avanccedilos na ciecircncia tais como as
)
descobertas da radioatividade por Henri Becquerel ou da penicilina por Alexander Fleming como tendo ocorrido por acidente no entanto o que eacute possiacutevel afirmar agrave luz da observaccedilatildeo cientiacutefica eacute que
teratildeo sido parcialmente acidentais uma vez que as pessoas envolvidas haviam aprendido a pensar cientificamente
estando portanto conscientes de que observaram algo novo e interessante
Os progressos da ciecircncia satildeo acompanhados de muitas horas de trabalho cuidadoso que segue um caminho mais ou menos sistemaacutetico na busca de respostas a questotildees cientiacuteficas
Eacute este o caminho denominado de meacutetodo cientiacutefico
A A hipoacutetese
Hipoacutetese (do gr Hypoacutethesis) eacute uma proposiccedilatildeo que se admite de modo provisoacuterio como princiacutepio do qual se pode
deduzir pelas regras da loacutegica um conjunto dado de proposiccedilotildees ou um mecanismo da experiecircncia a explicar
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Literalmente pode ser compreendida como uma suposiccedilatildeo ou pergunta conjetura que orienta uma investigaccedilatildeo por
antecipar caracteriacutesticas provaacuteveis do objeto investigado e que vale quer pela confirmaccedilatildeo atraveacutes de deduccedilotildees loacutegicas dessas caracteriacutesticas quer pelo encontro de novos caminhos de investigaccedilatildeo (novas hipoacuteteses e novos
experimentos) No meacutetodo cientiacutefico a hipoacutetese eacute o caminho que deve levar agrave formulaccedilatildeo de uma teoria O cientista na sua hipoacutetese tem dois objetivos explicar um fato e prever
outros acontecimentos dele decorrentes (deduzir as consequencias) A hipoacutetese deveraacute ser testada em
experiecircncias laboratoriais controladasSe apoacutes muitas dessas experiecircncias os resultados obtidos pelos
pesquisadores natildeo contrariarem a hipoacutetese entatildeo ela seraacute aceita como uma lei e integrada agrave uma teoria eou sistema
teacuteoacuterico
Referecircncias 1 uarr [PDF] Estudos do meacutetodo cientiacutefico
Ver tambeacutem bull Verdade
bull Falseabilidade bull Karl Popper
bull Filosofia da ciecircncia bull Histoacuteria da ciecircncia
bull Epistemologia bull Loacutegica
bull Aristoacuteteles bull Georg Wilhelm Friedrich Hegel
bull Complexidade bull Reducionismo
bull Navalha de Occam bull Ciecircncia
bull Pseudociecircncia bull Paradigma
bull Paul Feyerabend bull Thomas Kuhn
bull Gaston Bachelard bull Teoria
bull Lei (ciecircncias) bull Hipoacutetese
bull Tese bull Dissertaccedilatildeo
Bibliografia
Becker Howard S Meacutetodos de pesquisa em ciecircncias sociais SP Hucitec 1999
Chizzotti Antonio Pesquisa em ciecircncia humanas e sociais SP Cortez 2006
Comte August Discurso preliminar sobre o espiacuterito positivo
Descartes Reneacute Discurso do meacutetodo (traduccedilatildeo prefaacutecio e notas de Joatildeo Cruz Costa SP Ed de Ouro 1970 disponiacutevel
para download em domiacutenio puacuteblico httpwwwdominiopublico e eBooket
httpwwweBooketnet IntraText Reneacute Descartes - e-books
37
Haddad Nagib Metodologia de estudos em ciecircncias da sauacutede como planejar analisar e apresentar um trabalho
cientiacutefico SP Roca 2004 Minayo Maria C de Souza (org) Deslandes (Suely F
Gomes Romeu Pesquisa social teoria meacutetodo e criatividade Petroacutepolis RJ Vozes 2007
Lakatos Eva Maria Marconi Marina de A Meacutetodologia cientiacutefica SP Atlas 2007
Selye Hans Stress a tensatildeo da vida SP IBRASA 1965
Ligaccedilotildees externas bull Explicando o Meacutetodo Cientiacutefico
bull Prova Cientiacutefica bull Diretrizes para elaboraccedilatildeo de dissertaccedilotildees e teses -
USP bull Centro Cochrane do Brasil
bull Metodologiaorg bull Evidecircnciascom
bull Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq)
bull Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciecircncia bull Lista de Perioacutedicos cientificos brasileiros por
assunto bull SciELO - Scientific Electronic Library Online
bull Perioacutedicos UNESCO bull Ciecircncia Hoje
bull Scientific American - Brasil bull Scientific American
COLCHA DE RETALHOS CIENTIacuteFICA (a realidade natildeo eacute Frankenstein ela eacute uacutenica e funcional)
A realidade segundo a Ciecircncia geral
A senhora Ciecircncia trabalhando com
seus remendos
Drordf Ciecircncia e seu filho
Mary Shelley viu o futuro
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Somos Monstros 6 05 2008
Tudo comeccedilou com um desafio feito a Mary Shelley (1797-1851) entatildeo uma jovem de 21 anos por Lord Byron Na eacutepoca 1918 Byron propocircs a Mary e seu marido que
escrevessem um conto de terror uma maneira de passar o tempo jaacute que suas feacuterias estavam sendo consumidas
intediantemente pelo mau tempo Mary foi a uacuteltima a dar iniacutecio ao seu conto que acabou baseado em um pesadelo que
teve numa daquelas noites de chuva E dentre todos o conto de Shelley foi o que mais surpreendeu e arrepiou Insentivada a continuar Mary Shelley desenvolveu ainda
mais sua histoacuteria e transformou-a em um dos mais conhecidos e celebrados livros da Histoacuteria Frankenstein
Victor Frankenstein era um jovem curioso com sede de conhecimento apaixonado pela ciecircncia intrigado com os segredos da vida e louco para deixar sua marca no mundo Havia aprendido sozinho em casa sobre as fantasias da Alquimia no entanto apenas na universidade ele foi descobrir que toda sua bagagem de conhecimento estava ultrapassada haacute muito Acabou se tornando um aluno
exemplar dedicado agrave quiacutemica e agrave biologia Foi assim que sozinho em seu laboratoacuterio em Ingolstadt Victor deu iniacutecio agrave sua criaccedilatildeo misturando seus conhecimentos
teoacutericos de fisiologia e filosofia natural com princiacutepios de mecacircnica decido a descobrir se o princiacutepio que
mantinha animado o corpo poderia pernecer mesmo apoacutes a morte Como Victor fez isso todos jaacute sabemos deu vida a uma criatura formada por partes de cadaacuteveres de tamanho
descomunal (cerca de 25m de altura) e aparecircncia horripilante E eacute aqui que daacute-se iniacutecio ao grande trunfo
da histoacuteria Ao despertar da Criatura Frankenstein acaba por cair na realidade vendo como era realmente feia sua criaccedilatildeo com
seus membros desproporcionais seu olhos aquosos e amarelos incompleta a ponto de seus tecidos nem sequer
cobrirem todo o corpo deixando agrave mostra muacutesculos e ossos Desesperado e com medo arrependido de sua audaacutecia Victor
abandona sua Criatura decaindo num suacutebito acesso de naacuteusea e lucidez
Pobre Criatura um ser vazio de conhecimentos ignorante em relaccedilatildeo ao conviacutevio social solto num mundo de pessoas
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preconceituosas e indiferentes A personificaccedilatildeo perfeita da famosa teoria de Rousseau a do ldquobom selvagemrdquo que diz
que todo o homem nasce ldquopurordquo e eacute corrompido pela sociedade violenta viciosa e materialista Quem lecirc a
histoacuteria de Frankenstein espera encontrar terror suspense e aventura onde um monstro estaria a solta para destruir e matar No entanto descobre um mundo onde noacutes humanos somos totalmente repugnantes e no qual o uacutenico ser que
realmente tem algum valor eacute o monstro excluiacutedo por todos Poucos livros retratam tatildeo bem a indiferenccedila humana e a nossa mania de dar mais valor agraves aparecircncias do que aos
sentimentos carater e virtudes Mary Shelley escreveu uma autecircntica obra-prima da
literatura universal um romance capaz de despertar no leitor a pena e a compaixatildeo por um monstro e a repugnacircncia
de nossa proacutepria raccedila Uma liccedilatildeo que ainda natildeo foi aprendida mesmo depois de quase 200 anos
Ficha Teacutecnica Tiacutetulo Frankestein (Frankenstein or the Modern
Prometheus) Autor Mary Shalley Paiacutes Inglaterra
Publicaccedilatildeo Original 1818 Publicaccedilatildeo Lida Martin Claret Editora 2001
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O FORMIGUEIRO CONTINUA DIA E NOITE
Eu formiguinha formiguinha vocecirc VIDA DE FORMIGA Z NO FORMIGUEIRO Z (Woody Allen interpreta o filho quinto-milhatildeo Z pois existe todo um abecedaacuterio de formigas e formigueiros com iacutendices e sub-iacutendices)
A formiga Z se apaixona pela princesa Bala e termina enfrentando os desafios do mundo exterior e o impiedoso General Mandiacutebula Com vozes de Woody Allen Sharon Stone Jennifer Lopez Gene Hackman e Sylvester
Stallone
Ficha Teacutecnica Elenco
Sinopse Criacuteticas
Pocircsters
Imagens Trailers
Premiaccedilotildees Curiosidades
Ficha Teacutecnica
Tiacutetulo Original AntZ Gecircnero Animaccedilatildeo Computadorizada Tempo de Duraccedilatildeo 82 minutos Ano de Lanccedilamento (EUA) 1998
Site Oficial wwwpepsicomantz Estuacutedio DreamWorks SKG Pacific Data Images
Distribuiccedilatildeo DreamWorks Distribution LLC UIP Direccedilatildeo Eric Darnell e Tim Johnson
Roteiro Todd Alcott Chris Weitz e Paul Weitz Produccedilatildeo Brad Lewis Aron Warner e Patty Wooton Muacutesica Harry Gregson-Williams e John Powell
Desenho de Produccedilatildeo John Bell
Direccedilatildeo de Arte Kendall Crockhite Ediccedilatildeo Stan Webb
Efeitos Especiais Pacific Data Images Elenco (Vzes)
Woody Allen (Z) Sharon Stone (Princesa Bala)
Gene Hackman (General Mandiacutebula) Jennifer Lopez (Azteca) Danny Glover (Barbatus)
Sylvester Stallone (Weaver)
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Christopher Walken (Coronel Cutter) Dan Akroyd (Chip)
Anne Bancroft (Rainha) Jane Curtin (Muffy)
Paul Mazursky (Psicoacutelogo)
Sinopse A formiguinha Z eacute apenas um operaacuterio que sonha roubar o coraccedilatildeo da princesa Bala Para isso convence seu amigo
soldado a trocar de lugar com ele o que faz com que tenha que enfrentar o impiedoso General Mandiacutebula que planeja
uma grande ofensiva contra o formigueiro
A formiguinha tendo ao fundo o
formigueiro
Um dos formigueiros sem que se veja
uma soacute formiguinha Isto eacute a Terra o terraacuterio-aquaacuterio da humanidade a gaiola
redonda dos loucos de pedra Somos 66 bilhotildees de formigas dentro deste formigueiro-mundo
E NOacuteS AINDA PARTILHAMOS A TERRAARAacuteGUA (aqui as aves)
Em resumo embora nos vejamos como indiviacuteduos na
verdade somos um CORRELATIVO DE EMPREENDIMENTOS em furiosa mutaccedilatildeo tempespacial
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Capiacutetulo 7 Espaccedilotempo de Reuniatildeo
Pois entatildeo eacute hora de re-unir a humanidade de fazer
cessar o pecado original divisor RE-FAZENDO famiacutelia natildeo mais ilha Famiacutelias de todos os tipos com todas as uniotildees todas as misturas
Eacute preciso eacute fundamental que os governos de todo o
mundo invistam maciccedilamente na reuniatildeo dos pares fundamentais nos casamentos no estudo das uniotildees estaacuteveis na restauraccedilatildeo no contorno natildeo-forccedilado dos divoacutercios e separaccedilotildees digamos com um periacuteodo de experiecircncia antes da consagraccedilatildeo do casamento uniotildees-em-experiecircncia
A gestaccedilatildeo da nova famiacutelia deve ser o mote deste seacuteculo XXI todo e do futuro
Vitoacuteria quinta-feira 12 de marccedilo de 2009 Joseacute Augusto Gava
Anexos Capiacutetulo 5
O MEacuteTODO CIENTIacuteFICO REDUTOR (logo de cara esse quebrar em partes rompe os viacutenculos da totalidade da funcionabilidade total)
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II2 Caracteriacutesticas do meacutetodo cientiacutefico O meacutetodo dedutivo o meacutetodo indutivo e o meacutetodo
hipoteacutetico-dedutivo satildeo os trecircs meacutetodos cientiacuteficos a que se refere a denominaccedilatildeo geneacutetica de meacutetodo cientiacutefico A primeira caracteriacutestica do meacutetodo cientiacutefico eacute a sua
natureza convencional a de servir de marco de geraccedilatildeo do conhecimento objetivo Por isso existem muacuteltiplas caracteriacutesticas em funccedilatildeo da perspectiva com que se
classifiquem se estudem e inclusivamente se denominem A primeira que me chama a atenccedilatildeo eacute o fato de que os dois primeiros tecircm um nome difiacutecil de distinguir visto que no acircmbito linguumliacutestico podem representar um soacute conceito com
duas manifestaccedilotildees raciociacutenio numa direccedilatildeo ou na contraacuteria do geral para o particular ou vice-versa
O problema logicamente deriva da dificuldade conceptual de separar um meacutetodo cientiacutefico de outro de uma forma clara evidentemente os termos escolhidos natildeo ajudam a
reter na memoacuteria estes dois conceitos de meacutetodo cientiacutefico Tambeacutem natildeo ajuda muito a denominaccedilatildeo do
terceiro meacutetodo cientiacutefico Uma caracteriacutestica de ambos meacutetodos eacute que podem ir do
geral para o particular ou vice-versa num sentido ou no inverso Ambos utilizam a loacutegica e chegam a uma conclusatildeo
Em uacuteltima instacircncia sempre tecircm elementos filosoacuteficos subjacentes
Ambos costumam ser susceptiacuteveis de verificaccedilatildeo empiacuterica Ainda que o meacutetodo dedutivo seja mais proacuteprio das ciecircncias formais e o indutivo das ciecircncias empiacutericas nada impede a aplicaccedilatildeo indistinta de um meacutetodo cientiacutefico ou outro a
uma teoria concreta Para mim sem pretender entrar em polecircmica neste tema a diferenccedila fundamental entre o meacutetodo dedutivo e o meacutetodo indutivo eacute que o primeiro aspira a demonstrar mediante a loacutegica pura a conclusatildeo na sua totalidade a partir de
umas premissas de maneira que se garante a veracidade das conclusotildees se natildeo se invalida a loacutegica aplicada Trata-se do modelo axiomaacutetico proposto por Aristoacuteteles como meacutetodo
cientiacutefico ideal Pelo contraacuterio o meacutetodo indutivo cria leis a partir da
observaccedilatildeo dos fatos mediante a generalizaccedilatildeo do comportamento observado na realidade o que realiza eacute uma espeacutecie de generalizaccedilatildeo sem que atraveacutes da loacutegica possa conseguir uma demonstraccedilatildeo das citadas leis ou conjunto de
conclusotildees As referidas conclusotildees poderiam ser falsas e ao mesmo tempo a aplicaccedilatildeo parcial efetuada da loacutegica poderia manter a sua validade por isso o meacutetodo indutivo necessita de uma condiccedilatildeo adicional a sua aplicaccedilatildeo
considera-se vaacutelida enquanto natildeo se encontrar nenhum caso que natildeo cumpra o modelo proposto
O meacutetodo hipoteacutetico-dedutivo ou de verificaccedilatildeo de hipoacuteteses natildeo coloca em princiacutepio nenhum problema visto
que a sua validade depende dos resultados da proacutepria verificaccedilatildeo
Este meacutetodo cientiacutefico costuma utilizar-se para melhorar ou precisas teorias preacutevias em funccedilatildeo de novos
conhecimentos nas quais a complexidade do modelo natildeo permite formulaccedilotildees loacutegicas Portanto tem um caraacuteter
predominantemente intuitivo e necessita natildeo soacute para ser rejeitado mas tambeacutem para impor a sua validade a
verificaccedilatildeo das suas conclusotildees
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Poderia propor-se para estas trecircs variantes do meacutetodo cientiacutefico a denominaccedilatildeo de meacutetodo dedutivo meacutetodo
intuitivo e meacutetodo experimental ou meacutetodo de verificaccedilatildeo ou qualquer conjunto de palavras que faccedilam referecircncia agraves suas diferenccedilas fundamentais e natildeo coloquem problemas agrave memoacuteria linguumliacutestica Natildeo obstante nesta exposiccedilatildeo
manterei a nomenclatura geralmente utilizada A Teoria Geral da Evoluccedilatildeo Condicionada da Vida seria em
princiacutepio uma teoria baseada no meacutetodo hipoteacutetico-dedutivo ou meacutetodo de verificaccedilatildeo de hipoacuteteses
A teoria de Darwin pelo contraacuterio estaria enquadrada no meacutetodo indutivo mas que apesar de encontrar exemplos contraacuterios natildeo se invalida adeacutequa-se para encaixar
qualquer triacircngulo Porque seraacute
Como se disse anteriormente toda a teoria deve ser resistente agrave sua refutaccedilatildeo contudo uma teoria que natildeo pode ser refutada por nenhum fato concebiacutevel natildeo eacute
cientiacutefica A impossibilidade de refutaccedilatildeo de uma teoria cientiacutefica natildeo eacute uma virtude mas sim um viacutecio
TEORIA SOBRE O MEacuteTODO CIENTIacuteFICO EM BUSCA DE UM MODELO UNIFICANTE PARA AS CIEcircNCIAS
E DE UM RETORNO Agrave UNIVERSIDADE CRIATIVA I -- INTRODUCcedilAtildeO
Alberto Mesquita Filho Comeccedilo regra geral as minhas liccedilotildees sobre Meacutetodo
Cientiacutefico dizendo aos meus alunos que o meacutetodo cientiacutefico natildeo existe Acrescento que tenho obrigaccedilatildeo de saber isso tendo eu sido durante algum tempo pelo menos o uacutenico professor desse inexistente assunto em toda a Comunidade
Britacircnica
Tendo entatildeo explicado aos meus alunos que natildeo haacute essa coisa que seria o meacutetodo cientiacutefico apresso-me a comeccedilar o meu discurso e ficamos ocupadiacutessimos Pois um ano mal chega para roccedilar a superfiacutecie mesmo de um assunto
inexistente Karl R Popper [1]
Resumo Este artigo eacute o primeiro de uma seacuterie de artigos relacionados agrave metodologia cientiacutefica e cuja temaacutetica foi dividida em cinco toacutepicos principais Corresponde a uma
versatildeo atualizada de consideraccedilotildees expressas pelo autor a partir de 1983 em livros artigos e conferecircncias citados no texto colaborou para esta atualizaccedilatildeo a experiecircncia adquirida pelo autor no processo de remodelaccedilatildeo da Proacute-Reitoria Comunitaacuteria da USJT (1992-1993) bem como aquela adquirida junto aos demais membros da equipe criada pelos Conselhos Superiores da USJT (1994) --expandida em 1995--
com a finalidade de implantar o Centro de Pesquisa da USJT Os conceitos foram axiomatizados de forma a darem
corpo a uma nova teoria sobre o meacutetodo cientiacutefico permitindo mesmo a constataccedilatildeo de possiacuteveis aplicaccedilotildees dentro de um contexto abrangente tais como 1) a teoria
fornece os meios necessaacuterios para que se promova a integraccedilatildeo das ciecircncias e 2) propicia a sustentaccedilatildeo de um projeto visando a caracterizar a universidade como o local apropriado para a formaccedilatildeo de cientistas Os cinco
toacutepicos a serem abordados satildeo pela ordem I - Introduccedilatildeo na qual eacute proposta a regra delimitante da ciecircncia II - O macromeacutetodo cientiacutefico e a Histoacuteria da Ciecircncia III - O
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papel da universidade na produccedilatildeo de conhecimentos IV - O meacutetodo cientiacutefico propriamente dito a) A teoria da
praacutetica em ciecircncia b) A praacutetica da teorizaccedilatildeo cientiacutefica V - O micromeacutetodo cientiacutefico e a Filosofia da Ciecircncia Os demais toacutepicos estatildeo em fase de projeto natildeo havendo portanto previsatildeo quanto agrave eacutepoca de publicaccedilatildeo []
1 Colocaccedilatildeo do problema Meacutetodo entre outras coisas significa caminho para chegar
a um fim ou pelo qual se atinge um objetivo Que dizer entatildeo do meacutetodo cientiacutefico [2] Poderia dizer que eacute o caminho trilhado pelo cientista quando em busca de verdades cientiacuteficas
Afirma-se com grande frequumlecircncia que o cientista eacute aquele que se utiliza do meacutetodo cientiacutefico Os que aceitam esta
Percebam que estou meramente jogando com as palavras e associando-as ao conceito de
meacutetodo acima postulado Quais satildeo as verdades cientiacuteficas O que eacute ser cientista O que eacute ciecircncia Existe uma ciecircncia uacutenica Quando nos reportamos a uma hipoteacutetica linha demarcatoacuteria a separar o que julgamos
ser uma verdade cientiacutefica de outras possiacuteveis verdades a que nos estamos referindo
verdade --e haacute muitos que o fazem-- devem procurar uma conceituaccedilatildeo para meacutetodo cientiacutefico diferente da exposta no paraacutegrafo anterior sob pena de andarem em ciacuterculo Ou definimos cientista a partir da definiccedilatildeo de meacutetodo frac34algo tentado por Popper ao propor o falsificacionismo [3]frac34 ou definimos meacutetodo a partir da definiccedilatildeo de cientista do contraacuterio natildeo chegamos a nada Conservarei a ideacuteia de meacutetodo cientiacutefico como caminho trilhado pelo cientista
2 O que eacute ciecircncia
com o que estou assumindo o risco de ter que definir ciecircncia eou cientista Eacute o que tentarei fazer nesta
introduccedilatildeo
Natildeo eacute faacutecil definir ciecircncia e satildeo inuacutemeros os tratados sobre o assunto a abordarem esta dificuldade Ao leitor
principiante em ciecircncia e que queira penetrar na complexidade do tema ou entatildeo perceber a quantas anda nossa ignoracircncia a respeito sugiro se tiver pendores
filosoacuteficos que comece pelo livro de Chalmers (1976) [4] ou entatildeo se preferir algo mais ameno e mais voltado agrave
praacutetica cientiacutefica pelo livro de Beveridge (1980) [5] Ao leitor acomodado e que natildeo tenha amplo conhecimento do
assunto ou mesmo para aquele que pretenda prosseguir com esta leitura ciente de que eacute possiacutevel pelo menos em niacutevel conjetural enfrentar o desafio apontado relatarei aqui a
conclusatildeo de um ensaio que sintetiza uma ideacuteia que me ocorreu haacute cerca de dez anos [6] e que apresentei na
sessatildeo de debates da mesa redonda A Pesquisa na Universidade Particular ocorrida por ocasiatildeo da IV Semana de Psicologia da USJT (1994) com as seguintes palavras Vejo a ciecircncia como a aacuterea do conhecimento que se apoacuteia natildeo num meacutetodo mas sim na regra da repetitividade a que
eu tenho chamado de regra cientiacutefica fundamental Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que
pesquisado se repetiu eacute de se admitir que em futuras verificaccedilotildees o mesmo suceda [7]
A regra cientiacutefica fundamental conquanto aceita intuitivamente por todos os cientistas ocupa entre os mesmos e ateacute entre os filoacutesofos da ciecircncia um papel
secundaacuterio quando natildeo totalmente ignorada Via de regra considera-se a ciecircncia como que apoiada em regras outras
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como por exemplo o princiacutepio da causalidade de Kant a regra metodoloacutegica de Popper que se associa a seu meacutetodo
dedutivo de prova o princiacutepio ou argumento indutivista e as regras ou criteacuterios de utilidade Como posiccedilotildees
extremas e apoiadas em regras mais riacutegidas podemos citar a visatildeo paradigmaacutetica de Thomas Kuhn a defender o
dogmatismo cientiacutefico o ponto de vista de Chalmers a questionar a argumentaccedilatildeo filosoacutefica no que diz respeito agrave delimitaccedilatildeo da ciecircncia e a visatildeo anarquista de Feyerabend
a se opor frontalmente ao racionalismo em ciecircncia A fim de ilustrar o comentado no paraacutegrafo anterior
vejamos como Thomas Kuhn (1962) --defensor de uma posiccedilatildeo cientiacutefico-filosoacutefica incompatiacutevel com a que aqui pretendo apresentar-- retrata a importacircncia da repetitividade dos eventos como algo a semear o surgimento de novas ideacuteias Existem em princiacutepio somente trecircs tipos de fenocircmenos a propoacutesito dos quais pode ser desenvolvida uma nova teoria O primeiro tipo compreende os fenocircmenos jaacute bem explicados
pelos paradigmas existentes Tais fenocircmenos raramente fornecem motivos ou um ponto de partida para a construccedilatildeo de uma teoria Quando o fazem as teorias resultantes raramente satildeo aceitas visto que a natureza natildeo proporciona nenhuma base para uma discriminaccedilatildeo entre as alternativas Uma segunda classe de fenocircmenos compreende aqueles cuja
natureza eacute indicada pelos paradigmas existentes mas cujos detalhes somente podem ser entendidos apoacutes uma maior
articulaccedilatildeo da teoria Os cientistas dirigem a maior parte de sua pesquisa a esses fenocircmenos mas tal pesquisa visa antes agrave articulaccedilatildeo dos paradigmas existentes do que agrave invenccedilatildeo de novos Somente quando esses esforccedilos de articulaccedilatildeo fracassam eacute que os cientistas encontram o
terceiro tipo de fenocircmeno as anomalias reconhecidas cujo traccedilo caracteriacutestico eacute a sua recusa obstinada a serem
assimiladas aos paradigmas existentes Apenas esse uacuteltimo tipo de fenocircmeno faz surgir novas teorias [8]
Ora se um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se recusou obstinadamente a ser assimilado aos paradigmas
existentes e se esta recusa eacute quem orienta a caracterizaccedilatildeo de novas teorias e mais se a ciecircncia eacute fundamentalmente o conjunto das ideacuteias e teorias geradas pela mente humana bem como a aplicaccedilatildeo pelo homem dessas ideacuteias e teorias em busca de um relacionamento sadio com a natureza e com os seus semelhantes podemos sossegadamente
concluir que ciecircncia eacute o processo pelo qual o homem se relaciona com os fenocircmenos universais que se sujeitam agrave
regra cientiacutefica fundamental 3 O ser cientista
Cientista diz-nos Ferreira (1986) eacute a pessoa que cultiva ou que eacute especialista em alguma ciecircncia ou em ciecircncias
[9] e ciecircncia eacute um processo definido no item anterior Se aceitarmos estas premissas concluiremos que o conhecimento
cientiacutefico eacute aquele factiacutevel de reproduccedilatildeo enquanto o cientista eacute aquele que de alguma forma cultiva esses conhecimentos Eacute importante aqui salientar que muitas
vezes o que se espera reproduzir eacute um dado probabiliacutestico Por exemplo se dissermos que 80 das moleacuteculas de um gaacutes
satildeo do elemento quiacutemico oxigecircnio isto natildeo significa estarmos afirmando ser oxigecircnio esta ou aquela moleacutecula objeto de verificaccedilatildeo experimental o que a regra nos
preconiza eacute que independentemente de qual cientista for tentar reproduzir a medida ou do local escolhido para que
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esta segunda medida seja efetuada observando-se as condiccedilotildees em que a mesma foi realizada anteriormente o
valor obtido concordaraacute com o valor precedente dentro de uma margem de erro tambeacutem estimaacutevel por meacutetodos
experimentais Todos noacutes vez ou outra nos comportamos como cientistas Ser cientista natildeo eacute possuir um roacutetulo mas sim postar-se com uma atitude cientiacutefica por outro lado mesmo aquele que se diz cientista vez ou outra assume atitudes natildeo cientiacuteficas e penetra em terrenos apoiados em regras
proacuteprias ou ateacute mesmo sem regras O roacutetulo eacute frequumlentemente utilizado quando queremos nos referir agraves
pessoas que se utilizam de seus talentos cientiacuteficos como meio de vida seriam entatildeo os cientistas profissionais A filosofia por exemplo eacute um campo de atuaccedilatildeo bem mais
abrangente que aquele ditado pela regra cientiacutefica fundamental Poderiacuteamos dizer que a filosofia comporta a
ciecircncia ainda que esta ideacuteia natildeo agrade a alguns cientistas mas jamais poderiacuteamos dizer e quanto a isso
todos satildeo concordes que a ciecircncia comporta a filosofia O bom cientista utiliza-se da filosofia da mesma forma que a maioria dos indiviacuteduos com sede se utilizam do copo Outras
aacutereas do conhecimento seriam 1) o ocultismo frac34e aqui poderiacuteamos incluir a tiacutetulo de exemplo a alquimia e a astrologia 2) as artes frac34e vale a pena aqui frisar que a arte pode ser encarada cientificamente postura esta que foi frequumlentemente adotada por Leonardo da Vinci [10] e defendida em sua Teoria do Conhecimento 3) a teologia
etc A busca pela verdade que tambeacutem eacute objetivo da grande maioria destas aacutereas natildeo cientiacuteficas segue-se por caminhos nem sempre limitados ou compatiacuteveis com a regra cientiacutefica
fundamental O cultivo da ciecircncia pode se dar atraveacutes da observaccedilatildeo de alguns ou todos dentre seus objetivos nobres quais sejam
1) aquisiccedilatildeo transmissatildeo e aplicaccedilatildeo de conhecimentos cientiacuteficos jaacute sistematizados e 2) produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
de novos conhecimentos Visto sob este acircngulo satildeo cientistas 1) o estudioso eou o professor eou o
profissional bacharel em quaisquer das ciecircncias 2) o tecnoacutelogo 3) o pesquisador em aacutereas cientiacuteficas 4) o
teorizador em ciecircncias 5) e o autor de artigos cientiacuteficos relatando ideacuteias proacuteprias eou revisotildees bibliograacuteficas Sob um ponto de vista mais rigoroso o cientista seria apenas aquele capaz de dominar as teacutecnicas inerentes a todos os
objetivos nobres acima apontados Nem tanto ao ceacuteu nem tanto agrave terra Percebam que jaacute
conceituamos ciecircncia e jaacute conseguimos ir aleacutem a ponto de fornecer dados para que se analise o comportamento daqueles
que trabalham em ciecircncia Observado este comportamento poderiacuteamos assumir como cientistas aqueles que realmente contribuem para o progresso das ciecircncias Adotarei esta
postura mas gostaria de esclarecer conforme seraacute comentado oportunamente que a noccedilatildeo de progresso aqui defendida eacute um pouco mais abrangente do que aquela
preconizada pelos pensadores iluministas [11] que tanto influenciaram os positivistas Aceita esta premissa frac34a de que cientistas satildeo somente aqueles que real e diretamente [12] contribuem para o progresso das ciecircnciasfrac34 suponha que consigamos caracterizar os cientistas assim definidos como aqueles que ao contribuir para o progresso das
ciecircncias se utilizam de um meacutetodo comum a que chamaremos
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meacutetodo cientiacutefico Poderemos entatildeo afirmar e natildeo se trata aqui da busca por uma definiccedilatildeo que o cientista eacute aquele que se utiliza do meacutetodo cientiacutefico o raciociacutenio ciacuteclico da forma como foi agora utilizado estaacute livre de consequumlecircncias funestas Notem com o auxiacutelio da figura 1 a sintetizar as ideacuteias principais aqui focalizadas que do ponto de vista conceitual natildeo estamos andando em ciacuterculo
REGRA CIENTIacuteFICA FUNDAMENTAL
Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu eacute de se admitir que em futuras
verificaccedilotildees o mesmo suceda
DEFINICcedilAtildeO DE CIEcircNCIA
Ciecircncia eacute o processo pelo qual o homem se relaciona com os fenocircmenos universais que se sujeitam agrave regra cientiacutefica
fundamental
OBSERVACcedilAtildeO DO COMPORTAMENTO DOS QUE TRABALHAM EM CIEcircNCIA
VERIFICACcedilAtildeO DE QUE ALGUNS CONTRIBUEM PARA O PROGRESSO DAS CIEcircNCIAS
Cientista eacute todo ser racional que contribui diretamente para o progresso das ciecircncias
CONSTATACcedilAtildeO DE QUE ESTES SE UTILIZAM DE UM MEacuteTODO COMUM
Figura 1 - Para explicaccedilatildeo vide texto Resta-nos entatildeo para que a ideacuteia ganhe em consistecircncia comprovar a existecircncia de um uacutenico meacutetodo cientiacutefico e
isto natildeo parece ser uma tarefa faacutecil Antes de enfrentarmos esta dificuldade vamos verificar como as ideacuteias aqui apresentadas se conformam a conceitos classicamente
adotados como modelos de meacutetodo cientiacutefico
[] Muitos dentre esses toacutepicos satildeo apresentados em um contexto diverso em
Referecircncias
Ensaios sobre a Filosofia da Ciecircncia ou entatildeo em outros artigos expostos acima na
seccedilatildeo Temas relacionados [1] POPPER K R 1956 Acerca da inexistecircncia do meacutetodo
cientiacutefico in Prefaacutecio da ediccedilatildeo de 1956 do livro O realismo e o objetivo da ciecircncia
[2] FERREIRA A B H 1986
Publicaccedilotildees Dom Quixote (traduccedilatildeo) Lisboa 1987 Este prefaacutecio foi lido num
encontro dos Fellows of Center for Advanced Study in the Behavioral Sciences em Stanford Califoacuternia em novembro
de 1956 Novo dicionaacuterio da liacutengua
portuguesa[3] POPPER K R (1959)
Ed Nova Fronteira Rio de Janeiro p 1128 A loacutegica da pesquisa
cientiacutefica Ed Cultrix (traduccedilatildeo 1975) Satildeo Paulo
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[4] CHALMERS A F 1976 (traduccedilatildeo 1993) O que eacute ciecircncia afinal[5] BEVERIDGE W I B 1980
Ed Brasiliense Satildeo Paulo 225 p Sementes da descoberta
cientiacutefica[6] MESQUITA Fdeg A 1987
Edusp (traduccedilatildeo) Satildeo Paulo Confesso que blefei --
Fiacutesica antiga vs moderna
[7] Perguntas e Debates 1995 item V
editado pela USJT (na eacutepoca Faculdades Satildeo Judas Tadeu) Satildeo Paulo capiacutetulo 13 A
Ciecircncia Existe p 92-8 Sobre Pesquisa e
Filosofia da Ciecircncia p 75 in EspecialIntegraccedilatildeo A pesquisa na universidade particular Integraccedilatildeo
[8] KUHN T S 1962 (traduccedilatildeo 1975)
I(1)51-75 1995 Este ensaio foi tambeacutem apresentado e discutido em palestra (natildeo publicada) que ministrei por ocasiatildeo da
Semana de Filosofia da USJT de 1994 A estrutura das
revoluccedilotildees cientiacuteficas Ed Perspectiva Satildeo Paulo 257 pp capiacutetulo 8 A natureza e a necessidade das revoluccedilotildees
cientiacuteficas[9] FERREIRA 1986 Idem p 404
p 131 [Os grifos satildeo meus]
[10] Leonardo da Vinci in The New Encyclopaedia Britannica Vol 22 (Macropaedia) Enc Brit Inc
Chicago 1993 p 946 (Leonardo as artist-scientist[11] SANTOS G T
) Os caminhos do pensamento cientiacutefico a
partir do Iluminismo Integraccedilatildeo I(5)131-6 1996 conferecircncia proferida por ocasiatildeo da Semana de Filosofia da USJT de 1995 Na sessatildeo de debates Santos dentre outras consideraccedilotildees interessantes a respeito faz a
seguinte observaccedilatildeo O progresso como vai ser definido no Iluminismo eacute uma noccedilatildeo de abandono passa pelo abandono necessaacuterio de coisas que ficaram ou que deveratildeo ficar no
passado[12] O termo diretamente aqui empregado eacute essencial a natildeo ser levado em conta corremos o risco de considerar
como cientistas dentre outros os mecenas que no passado contribuiacuteram de maneira indireta para o progresso
das ciecircncias
O argumento indutivista Uma criacutetica imparcial conquanto demolidora ao
indutivismo eacute apresentada por Chalmers nos trecircs primeiros capiacutetulos de seu livro [13] Veremos aqui apenas alguns toacutepicos interessantes do ponto de vista epistemoloacutegico
eou necessaacuterios para um melhor entendimento da teoria ora sendo apresentada
Um sumaacuterio completo do argumento indutivista da ciecircncia estaacute esquematizado na figura 2 adaptada de Chalmers [14]
Chama a atenccedilatildeo a omissatildeo da deduccedilatildeo de hipoacuteteses o indutivista admite ser possiacutevel partir da observaccedilatildeo e chegar a leis apelando exclusivamente ao raciociacutenio
indutivo O meacutetodo indutivo baseia-se na crenccedila de que eacute possiacutevel confirmar um enunciado universal (lei) atraveacutes de um certo nuacutemero de observaccedilotildees singulares Via de regra
quando se questiona o indutivista a respeito da omissatildeo da hipoacutetese ele logo repete uma frase de Newton Natildeo faccedilo
hipoacuteteses Obviamente este indutivista ingecircnuo ouviu esta frase sabe que foi proferida por Newton mas demonstra
natildeo saber a que Newton estava se referindo A hipoacutetese a que Newton se refere natildeo eacute a mesma que hoje se conceitua nos tratados de metodologia cientiacutefica ou de estatiacutestica Newton deixou bastante claro em sua obra que natildeo fazia como cientista especulaccedilotildees ou conjecturas infundadas No
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que se refere a hipoacuteteses no contexto em que o termo eacute hoje aceito rariacutessimos foram os cientistas que em sua
fase produtiva as levantaram em nuacutemero tal cuja ordem de grandeza se aproximasse daquela atingida por Newton
O argumento indutivista baseia-se na crenccedila no princiacutepio da induccedilatildeo que dentre outras formas pode ser enunciado como Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno
sempre que pesquisado se repetiu em futuras verificaccedilotildees o mesmo sucederaacute
Figura 2 - O argumento indutivista (segundo Chalmers)
[15] Escolhi esta versatildeo para que fique claro o contraste entre o princiacutepio da induccedilatildeo e a regra
cientiacutefica fundamental expliacutecita na figura 1 Trecircs comentaacuterios merecem ser feitos a respeito 1) Conquanto
seja usado como regra metodoloacutegica o princiacutepio da induccedilatildeo natildeo define o nuacutemero de observaccedilotildees singulares a permitir uma generalizaccedilatildeo (obtenccedilatildeo de leis) 2) Esta e outras falhas conceituais inerentes ao argumento indutivista propiciam interpretaccedilotildees ingecircnuas ao princiacutepio conforme
veremos abaixo 3) O princiacutepio sem perder em generalidade no que diz respeito agraves premissas (tem o
mesmo campo de atuaccedilatildeo que a regra cientiacutefica fundamental) e para que possa caracterizar-se como metodoloacutegico e natildeo apenas norteador torna-se mais
restritivo que a regra cientiacutefica fundamental frac34afirma ao inveacutes de suporfrac34 Consequumlentemente os que abraccedilam esta ideologia devem procurar por uma outra definiccedilatildeo de ciecircncia que natildeo a apresentada no item 2 e figura 1 As
consequumlecircncias epistemoloacutegicas daiacute resultantes seratildeo objeto de discussatildeo em itens posteriores
O indutivista ingecircnuo eacute aquele que dentre outras falhas conceituais eou de raciociacutenio consegue provar
cientificamente por exemplo a inexistecircncia de Deus pelo simples fato de Deus natildeo se manifestar a ele tendo em vista que ele natildeo possui uma regra para delimitar a ciecircncia que natildeo seja o princiacutepio da causalidade --natildeo haacute efeito sem causa-- ele tenta inverter o princiacutepio frac34que no caso ficaria natildeo haacute causa sem efeitofrac34 e apelando para o argumento indutivista consegue por meacutetodos cientiacuteficos chegar a conclusotildees natildeo cientiacuteficas frac34no caso teoloacutegicas Mais comum no entanto eacute o erro agora natildeo tatildeo ingecircnuo cometido por alguns indutivistas que conseguem provar cientificamente que todas as maccedilatildes satildeo vermelhas prova esta vaacutelida somente ateacute o dia em que eles se
depararem com maccedilatildes verdes Neste caso a falha decorre da crenccedila num meacutetodo repleto de incoerecircncias internas
5 O argumento dedutivista
24
O argumento dedutivista ainda que natildeo isento de criacuteticas representou sem duacutevida alguma uma evoluccedilatildeo no sentido em que propiciou uma metodologia cientiacutefica dotada de
coerecircncia interna A esse respeito eacute dito com frequumlecircncia que o raciociacutenio dedutivo constitui o
argumento da loacutegica A fim de padronizar comparaccedilotildees apresentarei o argumento
dedutivista como apoiado no seguinte princiacutepio Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa para que seja hipoacutetese deveraacute ser
passiacutevel de verificaccedilatildeo observacional A figura 3 ilustra a proposiccedilatildeo deste argumento
Eacute importante observar que nem toda a afirmaccedilatildeo deduzida seraacute uma hipoacutetese motivo pelo qual natildeo utilizamos o argumento loacutegico se e somente se ao enunciarmos o
princiacutepio
Figura 3 - O argumento dedutivista
[16] Em particular eacute de se ressaltar a opiniatildeo de Severino (1994) a respeito
Eacute preciso natildeo confundir hipoacutetese com pressuposto com evidecircncia preacutevia
Hipoacutetese eacute o que se pretende demonstrar e natildeo o que jaacute se tem
demonstrado [17] A loacutegica dedutiva ao caminhar do geral para o particular
nos garante a formulaccedilatildeo de hipoacuteteses e hipoacutetese comprovada atraveacutes de uma observaccedilatildeo controlada (teste eou experiecircncia) nos permite suspeitar atraveacutes de um raciociacutenio indutivo (do singular para o geral) sua condiccedilatildeo de lei Observem o cuidado na colocaccedilatildeo das palavras Eu disse nos permite suspeitar e natildeo nos
permite garantir Por que esse cuidado A experimentaccedilatildeo natildeo nos garante verdades A esse respeito Popper assim se
referiu Natildeo haacute um meacutetodo para determinar se
uma hipoacutetese eacute lsquoprovaacutevelrsquo ou provavelmente verdadeira [18]
Eacute interessante notar que algumas limitaccedilotildees inerentes ao indutivismo e que propiciam o aparecimento de conclusotildees ingecircnuas satildeo aqui substituiacutedas por uma impossibilidade
Sob esse aspecto o dedutivismo natildeo solucionou o problema mas simplesmente reduziu a possibilidade de que se
cometessem determinados raciociacutenios ingecircnuos Rigorosamente falando o problema natildeo eacute tatildeo insoluacutevel
assim Seraacute insoluacutevel tatildeo-somente para aqueles que julgam estar cientificamente buscando por verdades absolutas A verdade cientiacutefica e soacute o leigo talvez natildeo saiba eacute uma
verdade provisoacuteria tomada por empreacutestimo da natureza e da forma como ela se nos aparenta ser As verdades
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cientiacuteficas de hoje seratildeo quando natildeo negadas lapidadas e reformuladas amanhatilde Se chegaremos ou natildeo por meacutetodos
cientiacuteficos agrave verdade absoluta eacute um questionamento que a ciecircncia natildeo estaacute aparelhada para responder E talvez nunca esteja o que natildeo nos impede de que continuemos procurando
pela verdade Popper foi mais aleacutem demonstrando ser impossiacutevel ateacute mesmo probabilizar uma afirmaccedilatildeo comprovada por um
raciociacutenio que siga a metodologia dedutiva (incluindo e eacute aiacute que reside o problema principal do meacutetodo a induccedilatildeo -- vide lado direito da figura 3) A esse respeito Popper
propotildee a substituiccedilatildeo do termo probabilizar por corroborar Uma hipoacutetese seria tanto mais corroboraacutevel quanto mais propiciasse verificaccedilotildees experimentais e teria sido tanto mais corroborada e natildeo haacute como se
atribuir nuacutemeros probabiliacutesticos a esse efeito quanto mais resistisse a essas verificaccedilotildees Siegel (1977
traduccedilatildeo) adota provavelmente com o mesmo objetivo a expressatildeo grau de aceitabilidade
Efetuamos pesquisas a fim de determinar o grau de aceitabilidade de
hipoacuteteses deduzidas de nossas teorias [19]
Esta impossibilidade em garantir um acerto preocupou bastante Popper e certamente foi um dos motivos que o
levou a expandir o argumento dedutivista atraveacutes da proposiccedilatildeo do falsificacionismo a ser apresentado no
item 7 Independentemente das dificuldades apontadas neste e nos itens precedentes a verdade eacute que a ciecircncia progride e este progresso eacute guiado por homens que conhecem o terreno por onde pisam E conquanto todos saibam da natildeo existecircncia em ciecircncia de verdades absolutas da impossibilidade de se
chegar a uma soluccedilatildeo definitiva para os problemas cientiacuteficos e da natildeo existecircncia de provas observacionais irrefutaacuteveis quase todos [20] entendem e concordam com a
afirmaccedilatildeo de GIL (1994) expressa a seguir A pesquisa cientiacutefica inicia-se
sempre com a colocaccedilatildeo de um problema solucionaacutevel O passo seguinte
consiste em oferecer uma soluccedilatildeo possiacutevel atraveacutes de uma proposiccedilatildeo ou seja de uma expressatildeo suscetiacutevel de ser declarada verdadeira ou falsa A
esta proposiccedilatildeo daacute-se o nome de hipoacutetese Assim a hipoacutetese eacute a
proposiccedilatildeo testaacutevel que pode vir a ser a soluccedilatildeo do problema [21]
6 O que eacute teoria Eacute importante salientar que a finalidade primordial da ciecircncia natildeo eacute formular hipoacuteteses e sim sistematizar teorias e que teoria natildeo eacute pura e simplesmente uma
coletacircnea de hipoacuteteses Teoria eacute um conjunto de hipoacuteteses coerentemente interligadas tendo por finalidade explicar
elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio do conhecimento [22] Por que entatildeo os livros de
metodologia insistem em justificar os meacutetodos atraveacutes de hipoacuteteses uacutenicas e via de regra desinteressantes tais
como As maccedilatildes satildeo vermelhas os cisnes satildeo brancos etc A verdade eacute que nem sempre eacute faacutecil encontrar teorias ao mesmo tempo simples e de amplo espectro ou seja que
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possam ser entendidas por leitores das vaacuterias aacutereas do conhecimento Por outro lado os argumentos que corroboram ou derrubam teorias satildeo em princiacutepio idecircnticos aos que corroboram ou derrubam hipoacuteteses frac34poderiacuteamos tambeacutem dizer
que uma hipoacutetese eacute ou simula ser uma teoria cujo conjunto de hipoacuteteses eacute unitaacuterio Em geral a dificuldade inerente ao grau de complexidade de uma teoria pode ser
superada desde que o cientista conheccedila a fundo esta teoria cujo grau de aceitabilidade pretende testar e domine a loacutegica envolvida em situaccedilotildees similares poreacutem simples como aquelas que aparecem nos compecircndios sobre o
assunto A ecircnfase dada pelos textos de metodologia cientiacutefica a meacutetodos relacionados a testes de hipoacuteteses contrasta com a quase ausecircncia de referecircncias a meacutetodos relativos agrave
praacutetica da teorizaccedilatildeo Existem exceccedilotildees a esta regra e eu natildeo poderia deixar de citar [23] os livros de Bunge [24] e de Lacey [25] indicados especialmente para os iniciantes da aacuterea de exatas Embora natildeo especificamente dirigido a esta temaacutetica haacute que se destacar tambeacutem o livro de Bohm e
Peat [26] e que merece ser lido posto que focaliza a essecircncia da problemaacutetica aqui apontada neste caso e por este motivo eacute indicado aos iniciantes de todas as aacutereas A praacutetica da teorizaccedilatildeo com rariacutessimas exceccedilotildees natildeo se
aprende na escola Grandes teorizadores por terem aprendido a utilizar uma teacutecnica natildeo encontrada nos livros tradicionais e que nem mesmo eacute ensinada na maioria dos
regimes de iniciaccedilatildeo cientiacutefica chegaram a ser confundidos com gecircnios Eacute bem possiacutevel que estes gecircnios tenham adquirido esta praacutexis cultuando algum resquiacutecio da
filosofia que a sociedade moderna natildeo conseguiu despedaccedilar
A lacuna acima apontada fomenta a ingenuidade ou ateacute mesmo o charlatanismo multiplicando sobremaneira o nuacutemero dos que sem estarem devidamente preparados para teorizar frac34uma atividade que natildeo eacute elementarfrac34 ainda assim teorizam e teorizam mal frac34fato este que chega a incomodar cientistas de respeito que ocupam postos importantes nas
universidades [27] Por outro lado e em decorrecircncia disto permite que se condene agrave marginalidade cientiacutefica
e por periacuteodos variaacuteveis de tempo todos aqueles que certos ou errados pretendem evoluir seriamente no sentido de atender agrave finalidade uacuteltima da ciecircncia a edificaccedilatildeo de
teorias representacionais Que meacutetodos estes homens seguiram que natildeo a paixatildeo a
devoccedilatildeo a persistecircncia e a crenccedila num espiacuterito universal frac34Espiacuterito este que segundo alguns admitem natildeo estaacute a se
divertir com nossos erros e acertos o que foi sintetizado pelo maior dos gecircnios do seacuteculo XX nas
seguintes palavras Deus natildeo joga dados A resposta nos eacute dada pelo proacuteprio autor desta afirmaccedilatildeo
O alvo de construir uma teoria de campo eletromagneacutetico da mateacuteria
permanece inatingiacutevel por ora embora em princiacutepio nenhuma objeccedilatildeo possa ser levantada contra a possibilidade de vir a se alcanccedilar tal objetivo O que reteve qualquer tentativa posterior nessa direccedilatildeo foi a falta de qualquer meacutetodo sistemaacutetico que levasse a uma
soluccedilatildeo [28]
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Seraacute que natildeo existem meacutetodos ou regras a serem adotados nesta praacutexis E por falar nisso a praacutetica da teorizaccedilatildeo
natildeo seria uma teorexis [29] Seraacute que teorizar em ciecircncia eacute uma atividade puramente filosoacutefica Natildeo existe uma
metodologia cientiacutefica a orientar aqueles que se preocupam em decifrar os segredos que estatildeo por traacutes dos fenocircmenos que se adaptam agrave regra cientiacutefica fundamental Caso exista
um meacutetodo a ser sistematizado Seria ele diferente do meacutetodo cientiacutefico O que eacute o meacutetodo cientiacutefico
Tentarei dentro do possiacutevel e da finalidade a que me propus ao conceber esta seacuterie de artigos responder
oportunamente eou orientar o leitor se houver como no que diz respeito aos questionamentos aqui assinalados De qualquer forma mais detalhes sobre teoria eou teorizaccedilatildeo seratildeo apresentados no toacutepico IV-b A praacutetica da teorizaccedilatildeo
(em preparo)
[13] CHALMERS A F 1976 Referecircncias
op cit (Voltar pelo browser) pp 23-63
[14] Idem p 28 [15] Esta versatildeo eacute uma adaptaccedilatildeo do princiacutepio da induccedilatildeo
como enunciado por CHALMERS (1976) op cit Se um grande nuacutemero de As foi observado sob uma ampla variedade de condiccedilotildees e se todos esses As observados possuiacuteam sem exceccedilatildeo a propriedade B entatildeo todos os As possuem a propriedade B
[16] Neste caso o princiacutepio ficaria
Aparentes contradiccedilotildees que o iniciante possa descobrir ao comparar os dois enunciados natildeo
comprometem o raciociacutenio que se segue razatildeo pela qual admitirei a equivalecircncia sem justificaacute-la
Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa seraacute hipoacutetese se e somente se for passiacutevel de verificaccedilatildeo
observacional
[17] SEVERINO J S 1994
O primeiro se torna a afirmaccedilatildeo inconsistente
Metodologia do trabalho cientiacutefico[18] POPPER K R 1956
Cortez Editora Satildeo Paulo op cit
[19] SIEGEL S 1977 Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica
[20] Eacute possiacutevel que alguns dentre os indutivistas natildeo concordem com alguns dos termos da afirmaccedilatildeo por motivos que podem ser suspeitados tendo em vista o apresentado
neste e no item anterior
Ed McGraw-Hill do Brasil Ltda Satildeo Paulo p 6
[21] GIL A C 1994 Como elaborar projetos de pesquisas
[22] Em FERREIRA A B H 1986
Editora Atlas S A Satildeo Paulo p 35 [Os grifos satildeo
meus] op cit (Voltar pelo
browser) encontramos uma definiccedilatildeo mais geral a satisfazer tambeacutem o argumento indutivista Teoria eacute um
conjunto de conhecimentos natildeo ingecircnuos que apresentam graus diversos de sistematizaccedilatildeo e credibilidade e que se
propotildeem a explicar elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio de fenocircmenos ou de acontecimentos que se
oferecem agrave atividade praacutetica [23] Os trecircs livros citados a seguir natildeo satildeo os uacutenicos
nos gecircneros assinalados a despeito da disparidade apontada Ao tempo em que registro com estes exemplos a exceccedilatildeo agrave regra presto tambeacutem uma homenagem a autores que ao serem por mim lidos transmutaram em duacutevidas muitas das
respostas a questotildees fundamentais e que eu
28
pretensiosamente julgava possuir [24] BUNGE M Teoria e realidade
[25] LACEY HM 1972
Ed Perspectiva (traduccedilatildeo 1994) Satildeo Paulo
A linguagem do espaccedilo e do tempo
[26] BOHM D e PEAT F D
Ed Perspectiva SA
Ciecircncia ordem e criatividade
[27] A esse respeito vale a pena ler
Gradiva Publicaccedilotildees Ltda (traduccedilatildeo 1989) Lisboa
Cientiacuteficos Chiflados capiacutetulo XIV do livro BERNSTEIN J 1988 Observacioacuten de
la Ciencia[28] EINSTEIN A
Ed Fondo de Cultura Econoacutemica Meacutexico Fiacutesica e realidade in Albert Einstein
Pensamento poliacutetico e uacuteltimas conclusotildees (1983 traduccedilatildeo) Edit Brasiliense S A Satildeo Paulo [O grifo eacute meu]
[29] Este termo eu utilizei pela primeira vez no artigo MESQUITA Fdeg A 1983 Ciecircncia empiacuterica uma arma ou uma daacutediva Faculdade
Antes de mais nada afirmarei sem me alongar que uma teoria adotado o argumento dedutivista pode ser
corroborada ou negada fundamentalmente atraveacutes de um dos trecircs procedimentos seguintes 1) Pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de uma de suas hipoacuteteses 2) pela verificaccedilatildeo ou negaccedilatildeo de uma de suas prediccedilotildees 3) pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de teorias auxiliares deduzidas da teoria principal (teoria em teste ou sob suspeita) as teorias
auxiliares podem ser de trecircs tipos teorias ou hipoacuteteses de nulidade teorias ou hipoacuteteses salvadoras e teorias ou hipoacuteteses assassinas
(Revista do IAMC) ndeg 6 p 28-43 agosto83
7 O falsificacionismo O falsificacionismo natildeo foi proposto como um meacutetodo novo mas sim como um criteacuterio ou conduta a ser ou natildeo adotado por aqueles que se conformam ao meacutetodo dedutivo de prova
Natildeo haacute nada no falsificacionismo do ponto de vista metodoloacutegico que natildeo esteja previsto ou que natildeo decorra naturalmente de uma opccedilatildeo a ser seguida espontaneamente ou natildeo por este ou aquele dedutivista Qual seria entatildeo este criteacuterio Com que finalidade foi proposto A resposta a estas perguntas bem como o meacuterito do falsificacionismo constituem o objetivo deste e dos proacuteximos dois itens
[30] Incluem-se no rol das teorias auxiliares como veremos oportunamente as teorias
transcendentais frequumlentemente conotadas por experiecircncias de pensamento As prediccedilotildees e as hipoacuteteses ou teorias auxiliares satildeo teorias geradas utilizando-se do proacuteprio argumento dedutivista esquematizado na figura 3 Neste caso o foco de atenccedilatildeo inicial frac34representado na figura como observaccedilatildeofrac34 eacute nada mais nada menos que a proacutepria teoria que deu origem agrave prediccedilatildeo eou agrave teoria auxiliar Ao valorizar a falseabilidade como criteacuterio a ser adotado
pelos dedutivistas Popper nada mais fez que tentar expandir ou trazer para o domiacutenio da metodologia
cientiacutefica uma praacutetica amplamente utilizada com sucesso em estatiacutestica o criteacuterio de tomada de decisatildeo atraveacutes da
hipoacutetese de nulidade (Ho
O primeiro passo ou estaacutegio no processo de tomada de decisatildeo eacute
definir a hipoacutetese de nulidade (
)
Ho) Formula-se usualmente com o expresso propoacutesito de ser rejeitada Se eacute
29
rejeitada pode-se aceitar a hipoacutetese alternativa (H1) A hipoacutetese
alternativa eacute a definiccedilatildeo operacional da hipoacutetese de pesquisa do
pesquisador A hipoacutetese de pesquisa eacute a prediccedilatildeo deduzida da teoria que estaacute
sendo comprovada [31] A contribuiccedilatildeo de Popper a esse respeito limitou-se agrave ecircnfase que deu agrave importacircncia da procura por hipoacuteteses de
nulidade Ateacute entatildeo este costume estava restrito agrave procura por previsotildees frac34apresentadas via de regra pelo proacuteprio autor da teoriafrac34 eou hipoacuteteses salvadoras frac34levantadas
pelos adeptos da teoria em focofrac34 eou hipoacuteteses assassinas frac34levantadas pelos criacuteticos da teoria em questatildeo As quatro
tecircm uma caracteriacutestica comum satildeo todas teorias falseadoras
A boa teoria dentre outras qualidades [32] e segundo Popper eacute aquela potencialmente geradora de hipoacuteteses
falseadoras e tanto melhor seraacute quanto maior for o risco de ser negada Ela pode ateacute mesmo ser derrubada no primeiro teste a que for submetida o que natildeo invalida o que foi
dito foi uma boa teoria enquanto durou e voltaraacute a ser se conseguir ressurgir das cinzas Dito em outras palavras o criteacuterio para se avaliar a virtude de uma teoria nascente repousa no seu grau de submissatildeo a testes adversos Uma teoria de baixo risco raramente eacute bem vinda [33] e uma
teoria sem risco algum na opiniatildeo de Popper natildeo eacute cientiacutefica e eu iria aleacutem sequer eacute teoria
Levando-se em conta que o criteacuterio falsificacionista peca pela subjetividade deve-se tomar cuidado ao se optar por uma teoria em detrimento de outra pelo fato de a primeira
ser mais falseaacutevel que a segunda Diferentes hipoacuteteses falseadoras devem apresentar pesos diferentes e este peso
mesmo quando bem estimado frequumlentemente o eacute por um processo subjetivo Natildeo eacute raro utilizar-se desta
subjetividade inerente ao falsificacionismo para justificar escolhas feitas segundo criteacuterios poliacuteticos econocircmicos
interesseiros corporativistas ou entatildeo apoiados em princiacutepios outros que tambeacutem deixam a desejar no que diz
respeito agrave eacutetica do cientista 8 Entendendo o falsificacionismo
Suponha que algueacutem deduza a seguinte hipoacutetese H1 As maccedilatildes do Estado de Satildeo Paulo satildeo vermelhas A teoria assim
simulada eacute uma teoria de hipoacutetese uacutenica Percebam que no argumento da hipoacutetese estaacute se admitindo como pressupostos uma infinidade de conceitos tais como fruta maccedilatilde cor
vermelho local Satildeo Paulo Brasil etc Estes pressupostos satildeo o que Severino chama de evidecircncias preacutevias como vimos no item 5 e constituem uma das bases da argumentaccedilatildeo de Chalmers [34] ao contestar os que afirmam que a ciecircncia
comeccedila com a observaccedilatildeo Um exemplo de previsatildeo desta teoria seria as maccedilatildes de
Jundiaiacute devem ser vermelhas tendo em vista que Jundiaiacute se localiza no Estado de Satildeo Paulo
Suponha tambeacutem que algueacutem tenha demonstrado que em condiccedilotildees X outra fruta que natildeo a maccedilatilde e que
originalmente era de determinada cor se modifica e conclui que se a teoria sobre as maccedilatildes for verdadeira ela
deveraacute permanecer verdadeira nas condiccedilotildees X Pode-se entatildeo construir a seguinte hipoacutetese de nulidade Ho Em
condiccedilotildees X obter-se-atildeo em Satildeo Paulo maccedilatildes natildeo
30
vermelhas Esta previsatildeo natildeo decorre da teoria (H1) mas de evidecircncias preacutevias outras e estranhas agrave mesma Se esta
hipoacutetese (Ho) for verificada a hipoacutetese original H1
Seraacute que este simples fato condena a teoria original Para o falsificacionista ingecircnuo sim Para aquele que entendeu e aceitou o significado da afirmaccedilatildeo de Popper citada
neste artigo ao final do
estaraacute falseada
quarto paraacutegrafo do item 5 natildeo Optar por uma teoria natildeo significa crer numa verdade
absoluta Se eu afirmo que Ho eacute verdadeira e consequumlentemente H1 eacute falsa isto natildeo significa que eu
estou atribuindo o grau de veracidade 100 a uma hipoacutetese e 0 agrave outra significa simplesmente que a verificaccedilatildeo experimental me convenceu a optar por uma teoria em
detrimento da outra A opccedilatildeo eacute uma das maneiras pelas quais o cientista expressa a sua feacute na ciecircncia [35] e o
falsificacionismo estabelece normas a lhe orientar nesta opccedilatildeo
Suponha agora que em condiccedilotildees X ou em outra condiccedilatildeo qualquer se encontrem no Estado de Satildeo Paulo maccedilatildes verdes Significa isto que a hipoacutetese H1
Natildeo podemos em satilde consciecircncia dizer que a psicanaacutelise por exemplo natildeo pertenccedila ao campo da ciecircncia pelo simples
fato de uma de suas teorias precursoras ser natildeo falseaacutevel Sequer podemos dizer que o autor dessa ideacuteia natildeo
fosse cientista se eacute verdade que a psicanaacutelise se desenvolveu em cima desta ideacuteia e apesar disso conseguiu
eacute falsa Natildeo Simplesmente ela foi falseada Nada impede que amanhatilde com a evoluccedilatildeo da ciecircncia se descubra que estes frutos verdes a que hoje associamos a ideacuteia maccedilatilde estejam inseridos num
outro contexto e que realmente natildeo sejam maccedilatildes Por que entatildeo se daacute preferecircncia a verificaccedilotildees falseadoras em detrimento das corroboradoras Ora isto nem sempre
acontece conquanto seja esta uma das regras propostas pelo falsificacionismo Por exemplo tanto a teoria da
relatividade quanto a mecacircnica quacircntica satildeo teorias fiacutesicas amplamente aceitas graccedilas a terem sido
corroboradas por previsotildees que se confirmaram e pouco valor se deu a um grande nuacutemero de testes que as falsearam Por outro lado estas duas teorias satildeo concomitantemente aceitas pelos fiacutesicos conquanto existam fortes argumentos
a provar que cada uma destas duas teorias falseia a outra e ambas falseiam a teoria de Maxwell que tambeacutem eacute aceita como verdadeira Certos ou errados neste caso os fiacutesicos modernos dentre os quais se inclui Popper fizeram uma opccedilatildeo contraacuteria agrave norma falsificacionista e natildeo haacute
como criticaacute-los por essa conduta a menos que se pretenda atribuir ao falsificacionismo uma qualidade que ele natildeo
possui a de estabelecer criteacuterios absolutos de veracidade O falsificacionismo presta-se tambeacutem a fomentar o diaacutelogo e a criatividade Neste caso surge quase como que um apelo para que se invista mais em experiecircncias de pensamento um
recurso legiacutetimo e de grande valor em ciecircncia 9 O falsificacionismo como delimitador da ciecircncia
Vimos no item 7 que para Popper uma teoria sem risco algum natildeo eacute cientiacutefica e eu acrescentei sequer eacute teoria Popper quis se aproveitar deste argumento para delimitar a ciecircncia utilizando-se entatildeo do falsificacionismo como
criteacuterio de cientificidade Com esta opccedilatildeo Popper desagradou a muitos e convenceu a poucos ainda que sua
ideacuteia natildeo fosse de todo maacute
31
de alguma forma se impor como ciecircncia muito provavelmente queiramos ou natildeo seu autor contribuiu diretamente para o progresso da ciecircncia Mesmo que hoje algueacutem chegasse a concluir categoricamente pelo caraacuteter natildeo cientiacutefico da psicanaacutelise isto de forma alguma nos autorizaria a hipoteticamente condenaacute-la agrave estagnaccedilatildeo Se um cientista utilizando-se de maus criteacuterios ou ateacute mesmo apoiando-se em dogmas constroacutei de maneira natildeo
cientiacutefica um determinado campo do conhecimento isto natildeo significa que este campo natildeo possa vir a ser estudado cientificamente e que natildeo se possam criteriosamente
aproveitar as conclusotildees de seus estudos Nada impede que uma teoria considerada hoje como natildeo cientiacutefica pelo fato de possuir uma ou mais hipoacuteteses natildeo falseaacuteveis adquira
esse status apoacutes passar por ligeiras reformulaccedilotildees Natildeo podemos assumir que um campo do conhecimento seja natildeo cientiacutefico pelo simples fato de natildeo encontrarmos nele
teorias cientiacuteficas Este posicionamento de Popper a meu ver natildeo se justifica o falsificacionismo natildeo eacute um bom
criteacuterio delimitador da ciecircncia e isto eu espero que tenha ficado claro para o leitor E mais natildeo existem aacutereas natildeo cientiacuteficas mas sim aacutereas onde ainda natildeo foram produzidos conhecimentos cientiacuteficos O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo e pelo menos nesta etapa nada eacute absolutamente corroboraacutevel ou falseaacutevel Podemos ainda
dizer que a ciecircncia natildeo se localiza aqui ou acolaacute sob esse aspecto a ciecircncia natildeo tem fronteiras
10 Enfim a teoria do meacutetodo Nos demais artigos desta seacuterie irei demonstrar ser possiacutevel partindo da regra cientiacutefica fundamental desenvolver uma teoria sobre o meacutetodo cientiacutefico
utilizando-se das trecircs hipoacuteteses seguintes 1 O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo 2 A produccedilatildeo de conhecimentos passa
necessariamente pelas etapas deduccedilatildeo anaacutelise induccedilatildeo e
siacutentese na ordem apresentada 3 Os princiacutepios cientiacuteficos fundamentais satildeo universais
Por questatildeo de simplicidade subdividirei o estudo do meacutetodo em trecircs etapas correspondentes a cada uma das hipoacuteteses 1) o estudo do macromeacutetodo cientiacutefico 2) o estudo do meacutetodo cientiacutefico propriamente dito e 3) o estudo do micromeacutetodo cientiacutefico Os toacutepicos nos quais
desenvolverei estas etapas estatildeo em fase de projeto natildeo havendo portanto previsatildeo quanto agrave eacutepoca de publicaccedilatildeo
Meacutetodo cientiacutefico
Origem Wikipeacutedia a enciclopeacutedia livre
A palavra meacutetodo vem do grego meacutethodos (caminho para chegar a um fim) O meacutetodo cientiacutefico eacute um conjunto de regras baacutesicas para desenvolver uma experiecircncia a fim de produzir novo conhecimento bem como corrigir e integrar conhecimentos preacute-existentes Na maioria das disciplinas cientiacuteficas consiste em juntar evidecircncias observaacuteveis empiacutericas (ou seja baseadas apenas na experiecircncia) e
mensuraacuteveis e as analisar com o uso da loacutegica Para muitos autores o meacutetodo cientiacutefico nada mais eacute do que a loacutegica
32
aplicada agrave ciecircncia (Haddad) Metodologia literalmente refere-se ao estudo dos meacutetodos e especialmente do meacutetodo da ciecircncia que se supotildee universal Embora procedimentos variem de uma aacuterea da
ciecircncia para outra (as disciplinas cientiacuteficas) diferenciadas por seus distintos objetos de estudo
consegue-se determinar certos elementos que diferenciam o meacutetodo cientiacutefico de outros meacutetodos (filosoacutefico algoritmo
ndash matemaacutetico etc)
Primeiramente os pesquisadores definem proposiccedilotildees loacutegicas ou suposiccedilotildees (hipoacuteteses) para explicar certos fenocircmenos e observaccedilotildees e entatildeo desenvolvem experimentos que testam essas hipoacuteteses Se confirmadas as hipoacuteteses podem gerar leis e teorias Integrando-se hipoacuteteses de certa aacuterea em uma estrutura coerente de conhecimento contribuiacute-se na
formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bem como coloca as hipoacuteteses em um conjunto de conhecimento maior que satildeo as
leis e teorias reconhecidas consensualmente pela comunidade cientiacutefica eou o
O contexto de uma pesquisa
paradigma de seu tempo Outra caracteriacutestica do meacutetodo eacute que o processo precisa
ser objetivo e o cientista deve ser imparcial na interpretaccedilatildeo dos resultados Sobre a objetividade o seja
atente agraves propriedades do objeto e natildeo do sujeito (subjetividade) eacute conhecida a afirmaccedilatildeo de Hans Selye
pesquisador canadense que formulou a moderna concepccedilatildeo de stress ldquoQuem natildeo sabe o que procura natildeo entende o que encontrardquo referindo-se a necessidade de formulaccedilatildeo de definiccedilotildees precisas (a essecircncia dos conceitos) e que
possam ser respondidas com o simples sim ou natildeo Tanto a imparcialidade (evidecircncia) como a objetividade foram incluiacutedas por Reneacute Descartes (1596 ndash 1649) nas regras
loacutegicas que caracterizam o meacutetodo cientiacutefico Aleacutem disso o procedimento precisa ser documentado tanto no que diz respeito agrave fonte de dados como as regras de anaacutelise para que outros cientistas possam re-analisar reproduzir e verificar a confiabilidade dos resultados Assim se distingue os relatos cientiacuteficos (artigos
monografias teses e dissertaccedilotildees) de um simples estilo (padratildeo) ou arquitetura de texto orientados pelo que caracteriza as normas da Retoacuterica ou estudo do uso persuasivo da linguagem em funccedilatildeo da eloquumlecircncia
Eacute comum o uso da anaacutelise matemaacutetica ou estatiacutestica quando possiacutevel ou aproximaccedilatildeo de modelos abstratos (tipos ideais) e categorias de classificaccedilatildeo a depender do
objetivo da pesquisa (identificar descrever analisar) que pode ser basicamente quantitativa ou qualitativa A divisatildeo da ciecircncia em aacutereas ou distintas disciplinas
cientificas tem levado a tais adequaccedilotildees da metodologia Eacute comum a afirmaccedilatildeo de que em funccedilatildeo da evoluccedilatildeo do meacutetodo
cientifico num extremo temos a fiacutesica e quiacutemica seguida da biologia e por uacuteltimo as ciecircncias sociais psicologia e ciecircncias juriacutedicas quase se aproximando da filosofia e estudo das crenccedilas (senso comum) ou ciecircncias do espiacuterito
(sistemas miacutetico - religiosos) Contudo pesquisadores contemporacircneos vecircem nessas duas abordagens uma oposiccedilatildeo complementar enquanto as pesquisas quantitativas visam descrever e explicar fenocircmenos que produzem regularidades mensuraacuteveis satildeo recorrentes (ou discrepantes) e exteriores ao sujeito
33
(objetivos) na pesquisa qualitativa o observador (sujeito) eacute da mesma natureza que o objeto de sua anaacutelise e ele proacuteprio uma parte de sua observaccedilatildeo (o subjetivo)
Eacute importante ter em mente que as pesquisas cientificas relacionam-se com um modelo (paradigmaacutetico) ou uma
constelaccedilatildeo de pressupostos e crenccedilas escalas de valores teacutecnicas e conceitos compartilhados pelos membros de uma determinada comunidade cientiacutefica num determinado momento
histoacuterico
Ciecircncia eacute muito mais uma maneira de pensar do que um corpo de conhecimentos -
Elementos do meacutetodo cientiacutefico
Carl Sagan ciecircncia consiste em agrupar factos para que leis
gerais ou conclusotildees possam ser tiradas deles - Charles Darwin
O meacutetodo cientiacutefico eacute composto dos seguintes elementos bull Caracterizaccedilatildeo - Quantificaccedilotildees observaccedilotildees e
medidas bull Hipoacuteteses - Explicaccedilotildees hipoteacuteticas das observaccedilotildees e
medidas bull Previsotildees - Deduccedilotildees loacutegicas das hipoacuteteses
bull Experimentos - Testes dos trecircs elementos acima O meacutetodo cientiacutefico consiste dos seguintes aspectos bull Observaccedilatildeo - Uma observaccedilatildeo pode ser simples isto eacute
feita a olho nu ou pode exigir a utilizaccedilatildeo de instrumentos apropriados
bull Descriccedilatildeo - O experimento precisa ser replicaacutevel (capaz de ser reproduzido)
bull Previsatildeo - As hipoacuteteses precisam ser vaacutelidas para observaccedilotildees feitas no passado no presente e no
futuro bull Controle - Para maior seguranccedila nas conclusotildees toda
experiecircncia deve ser controlada Experiecircncia controlada eacute aquela que eacute realizada com teacutecnicas que permitem descartar as variaacuteveis passiacuteveis de mascarar
o resultado bull Falseabilidade[1]
bull Explicaccedilatildeo das Causas - Na maioria das aacutereas da Ciecircncia eacute necessaacuterio que haja causalidade Nessas
condiccedilotildees os seguintes requerimentos satildeo vistos como importantes no entendimento cientiacutefico
- toda hipoacutetese tem que ser falseaacutevel ou refutaacutevel Isso natildeo quer dizer que o experimento seja falso mas sim que ele pode ser verificado
contestado Ou seja se ele realmente for falso deve ser possiacutevel provaacute-lo
bull Identificaccedilatildeo das Causas bull Correlaccedilatildeo dos eventos - As causas precisam se
correlacionar com as observaccedilotildees bull Ordem dos eventos - As causas precisam preceder
no tempo os efeitos observados Na aacuterea da sauacutede a natureza da associaccedilatildeo causal foi formulada por Hence e adaptada por Robert Koch em 1877
para demonstraccedilatildeo da relaccedilatildeo causal entre microrganismos e patologias consistindo basicamente no enunciado acima ou seja forccedila da associaccedilatildeo (conectividade) sequumlecircncia temporal (assimetria) transitividade (evidecircncia experimental) previsibilidade estabilidade
Uma maneira linearizada e pragmaacutetica de apresentar os quatro pontos acima estaacute exposto a seguir passo-a-passo
34
Vale a pena notar que eacute apenas um exemplo natildeo sendo obrigatoacuterio a existecircncia de todos esses passos Na
verdade na maioria dos casos natildeo se segue todos esses passos ou mesmo parte deles O meacutetodo cientiacutefico natildeo eacute
uma receita ele requer inteligecircncia imaginaccedilatildeo e criatividade O importante eacute que os aspectos e elementos
apresentados acima estejam presentes bull Definir o problema
bull Recolhimento de dados bull Proposta de uma hipoacutetese
bull Realizaccedilatildeo de uma experiecircncia controlada para testar a validade da hipoacutetese
bull Anaacutelise dos resultados bull Interpretar os dados e tirar conclusotildees o que serve
para a formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bull Publicaccedilatildeo dos resultados em monografias
dissertaccedilotildees teses artigos ou livros aceitos por universidades e ou reconhecidos pela comunidade
cientiacutefica Observe-se que nem todas as hipoacutetese podem ser confirmadas
ou refutadas por experimentos e que em muitas aacutereas do conhecimento o recolhimento de dados e a tentativas de interpretaacute-los jaacute eacute uma grande tarefa como nas ciecircncias
humanas e juriacutedicas (criminologia)
Ciecircncias humanas A limitaccedilatildeo eacutetica da realizaccedilatildeo experimentos com seres humanos o estudo das subjetividades ou essencialmente
subjetivo individual e particular psiquismo humano ou a natureza histoacuterica do objeto das ciecircncias sociais conduziram os pensadores a distintos caminhos ou
proposiccedilotildees de estudo para o meacutetodo cientiacutefico Contudo parafraseando Minayoldquouma base de dados quando bem trabalhada teoacuterica e praticamente produz riqueza de informaccedilotildees aprofundamento e maior fidedignidade
interpretativardquo As principais divergecircncias na anaacutelise dos resultados de pesquisas em ciecircncias sociais ou humanas se datildeo no plano da contextualizaccedilatildeo dos dados ou informaccedilotildees obtidas em campo nos diversos sistemas teoacutericos ou seja conjunto de teorias e leis reconhecidas como consensuais em distintos
momentos histoacutericos eou segmentos das comunidades cientiacuteficas Nas ciecircncias sociais identifica-se trecircs
grandes correntes de pensamentos bull Positivismo Auguste Comte
bull Fenomenologia (Fenomenologia do Espiacuterito Estruturalismo
bull Materialismo dialeacutetico Dialeacutetica Marxismo
A histoacuteria do meacutetodo cientiacutefico se mistura com a histoacuteria da ciecircncia Documentos do
A evoluccedilatildeo do conceito de meacutetodo
Antigo Egito jaacute descrevem meacutetodos de diagnoacutesticos meacutedicos Na cultura da Greacutecia
Antiga os primeiros indiacutecios do meacutetodo cientiacutefico comeccedilam a aparecer Grande avanccedilo no meacutetodo foi feito no comeccedilo da filosofia islacircmica principalmente no uso de experimentos
para decidir entre duas hipoacuteteses Os principios fundamentais do meacutetodo cientiacutefico se consolidaram com o surgimento da Fiacutesica nos seacuteculos XVII e XVIII Francis
Bacon em seu trabalho Novum Organum(1620)-uma referecircncia
35
ao Organon de Aristoacuteteles-especifica um novo sistema loacutegico para melhorar o velho processo filosoacutefico do
silogismo A metodologia cientiacutefica tem sua origem no pensamento de
Descartes que foi posteriormente desenvolvimento empiricamente pelo fiacutesico inglecircs Isaac Newton Reneacute Descartes propocircs chegar agrave verdade atraveacutes da duacutevida sistemaacutetica e da decomposiccedilatildeo do problema em pequenas
partes caracteriacutesticas que definiram a base da pesquisa cientiacutefica
Lecirc-se no livro o Discurso do meacutetodo E como a multiplicidade de leis serve frequentemente para escusar os viacutecios de sorte que um estado eacute muito melhor governado quando possuindo poucas elas satildeo aiacute rigorosamente aplicadas assim em lugar de um grande
nuacutemero de preceitosde qua a loacutegica eacute composta acrediteis que jaacute me seriam bastante quatro contanto que tomasse a firme e constante resoluccedilatildeo de natildeo deixar uma vez soacute de
observaacute-los O primeiro consistia em nunca aceitar por verdadeira coisa nenhuma que natildeo conhecesse como evidente isto eacute
devia evitar cuidadosamente a precipitaccedilatildeo e a prevenccedilatildeo e nada incluir em meus juizos que natildeo se apresentasse tatildeo claramente e tatildeo distintamente ao meu espiacuterito que natildeo
tivesse nenhuma ocasiatildeo de o por em duacutevida O segundo ndash dividir cada uma das dificuldades que
examinasse em tantas parcelas quantas pudesse ser e fossem exigidas para melhor compreendecirc-las
O terceiro ndash conduzir por ordem os meus pensamento comeccedilando pelos objetos mais simples e faacuteceis de serem conhecidos para subir pouco a pouco como por degraus ateacute o conhecimento dos mais compostos e supondo mesmo
certa ordem entre os que natildeo se precedem naturalmente uns aos outros
e o uacuteltimo ndash fazer sempre enumeraccedilotildees tatildeo completas e revisotildees tatildeo gerais que ficasse certo de nada
omitir Correntemente estas regras satildeo 1 ndash da evidecircncia 2 ndash da
divisatildeo ou anaacutelise 3 ndash da ordem ou deduccedilatildeo 3 da enumeraccedilatildeo (contar especificar) classificaccedilatildeo
O acidente (serendipity
Eacute comum considerar alguns dos mais importantes avanccedilos na ciecircncia tais como as
)
descobertas da radioatividade por Henri Becquerel ou da penicilina por Alexander Fleming como tendo ocorrido por acidente no entanto o que eacute possiacutevel afirmar agrave luz da observaccedilatildeo cientiacutefica eacute que
teratildeo sido parcialmente acidentais uma vez que as pessoas envolvidas haviam aprendido a pensar cientificamente
estando portanto conscientes de que observaram algo novo e interessante
Os progressos da ciecircncia satildeo acompanhados de muitas horas de trabalho cuidadoso que segue um caminho mais ou menos sistemaacutetico na busca de respostas a questotildees cientiacuteficas
Eacute este o caminho denominado de meacutetodo cientiacutefico
A A hipoacutetese
Hipoacutetese (do gr Hypoacutethesis) eacute uma proposiccedilatildeo que se admite de modo provisoacuterio como princiacutepio do qual se pode
deduzir pelas regras da loacutegica um conjunto dado de proposiccedilotildees ou um mecanismo da experiecircncia a explicar
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Literalmente pode ser compreendida como uma suposiccedilatildeo ou pergunta conjetura que orienta uma investigaccedilatildeo por
antecipar caracteriacutesticas provaacuteveis do objeto investigado e que vale quer pela confirmaccedilatildeo atraveacutes de deduccedilotildees loacutegicas dessas caracteriacutesticas quer pelo encontro de novos caminhos de investigaccedilatildeo (novas hipoacuteteses e novos
experimentos) No meacutetodo cientiacutefico a hipoacutetese eacute o caminho que deve levar agrave formulaccedilatildeo de uma teoria O cientista na sua hipoacutetese tem dois objetivos explicar um fato e prever
outros acontecimentos dele decorrentes (deduzir as consequencias) A hipoacutetese deveraacute ser testada em
experiecircncias laboratoriais controladasSe apoacutes muitas dessas experiecircncias os resultados obtidos pelos
pesquisadores natildeo contrariarem a hipoacutetese entatildeo ela seraacute aceita como uma lei e integrada agrave uma teoria eou sistema
teacuteoacuterico
Referecircncias 1 uarr [PDF] Estudos do meacutetodo cientiacutefico
Ver tambeacutem bull Verdade
bull Falseabilidade bull Karl Popper
bull Filosofia da ciecircncia bull Histoacuteria da ciecircncia
bull Epistemologia bull Loacutegica
bull Aristoacuteteles bull Georg Wilhelm Friedrich Hegel
bull Complexidade bull Reducionismo
bull Navalha de Occam bull Ciecircncia
bull Pseudociecircncia bull Paradigma
bull Paul Feyerabend bull Thomas Kuhn
bull Gaston Bachelard bull Teoria
bull Lei (ciecircncias) bull Hipoacutetese
bull Tese bull Dissertaccedilatildeo
Bibliografia
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httpwwweBooketnet IntraText Reneacute Descartes - e-books
37
Haddad Nagib Metodologia de estudos em ciecircncias da sauacutede como planejar analisar e apresentar um trabalho
cientiacutefico SP Roca 2004 Minayo Maria C de Souza (org) Deslandes (Suely F
Gomes Romeu Pesquisa social teoria meacutetodo e criatividade Petroacutepolis RJ Vozes 2007
Lakatos Eva Maria Marconi Marina de A Meacutetodologia cientiacutefica SP Atlas 2007
Selye Hans Stress a tensatildeo da vida SP IBRASA 1965
Ligaccedilotildees externas bull Explicando o Meacutetodo Cientiacutefico
bull Prova Cientiacutefica bull Diretrizes para elaboraccedilatildeo de dissertaccedilotildees e teses -
USP bull Centro Cochrane do Brasil
bull Metodologiaorg bull Evidecircnciascom
bull Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq)
bull Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciecircncia bull Lista de Perioacutedicos cientificos brasileiros por
assunto bull SciELO - Scientific Electronic Library Online
bull Perioacutedicos UNESCO bull Ciecircncia Hoje
bull Scientific American - Brasil bull Scientific American
COLCHA DE RETALHOS CIENTIacuteFICA (a realidade natildeo eacute Frankenstein ela eacute uacutenica e funcional)
A realidade segundo a Ciecircncia geral
A senhora Ciecircncia trabalhando com
seus remendos
Drordf Ciecircncia e seu filho
Mary Shelley viu o futuro
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Somos Monstros 6 05 2008
Tudo comeccedilou com um desafio feito a Mary Shelley (1797-1851) entatildeo uma jovem de 21 anos por Lord Byron Na eacutepoca 1918 Byron propocircs a Mary e seu marido que
escrevessem um conto de terror uma maneira de passar o tempo jaacute que suas feacuterias estavam sendo consumidas
intediantemente pelo mau tempo Mary foi a uacuteltima a dar iniacutecio ao seu conto que acabou baseado em um pesadelo que
teve numa daquelas noites de chuva E dentre todos o conto de Shelley foi o que mais surpreendeu e arrepiou Insentivada a continuar Mary Shelley desenvolveu ainda
mais sua histoacuteria e transformou-a em um dos mais conhecidos e celebrados livros da Histoacuteria Frankenstein
Victor Frankenstein era um jovem curioso com sede de conhecimento apaixonado pela ciecircncia intrigado com os segredos da vida e louco para deixar sua marca no mundo Havia aprendido sozinho em casa sobre as fantasias da Alquimia no entanto apenas na universidade ele foi descobrir que toda sua bagagem de conhecimento estava ultrapassada haacute muito Acabou se tornando um aluno
exemplar dedicado agrave quiacutemica e agrave biologia Foi assim que sozinho em seu laboratoacuterio em Ingolstadt Victor deu iniacutecio agrave sua criaccedilatildeo misturando seus conhecimentos
teoacutericos de fisiologia e filosofia natural com princiacutepios de mecacircnica decido a descobrir se o princiacutepio que
mantinha animado o corpo poderia pernecer mesmo apoacutes a morte Como Victor fez isso todos jaacute sabemos deu vida a uma criatura formada por partes de cadaacuteveres de tamanho
descomunal (cerca de 25m de altura) e aparecircncia horripilante E eacute aqui que daacute-se iniacutecio ao grande trunfo
da histoacuteria Ao despertar da Criatura Frankenstein acaba por cair na realidade vendo como era realmente feia sua criaccedilatildeo com
seus membros desproporcionais seu olhos aquosos e amarelos incompleta a ponto de seus tecidos nem sequer
cobrirem todo o corpo deixando agrave mostra muacutesculos e ossos Desesperado e com medo arrependido de sua audaacutecia Victor
abandona sua Criatura decaindo num suacutebito acesso de naacuteusea e lucidez
Pobre Criatura um ser vazio de conhecimentos ignorante em relaccedilatildeo ao conviacutevio social solto num mundo de pessoas
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preconceituosas e indiferentes A personificaccedilatildeo perfeita da famosa teoria de Rousseau a do ldquobom selvagemrdquo que diz
que todo o homem nasce ldquopurordquo e eacute corrompido pela sociedade violenta viciosa e materialista Quem lecirc a
histoacuteria de Frankenstein espera encontrar terror suspense e aventura onde um monstro estaria a solta para destruir e matar No entanto descobre um mundo onde noacutes humanos somos totalmente repugnantes e no qual o uacutenico ser que
realmente tem algum valor eacute o monstro excluiacutedo por todos Poucos livros retratam tatildeo bem a indiferenccedila humana e a nossa mania de dar mais valor agraves aparecircncias do que aos
sentimentos carater e virtudes Mary Shelley escreveu uma autecircntica obra-prima da
literatura universal um romance capaz de despertar no leitor a pena e a compaixatildeo por um monstro e a repugnacircncia
de nossa proacutepria raccedila Uma liccedilatildeo que ainda natildeo foi aprendida mesmo depois de quase 200 anos
Ficha Teacutecnica Tiacutetulo Frankestein (Frankenstein or the Modern
Prometheus) Autor Mary Shalley Paiacutes Inglaterra
Publicaccedilatildeo Original 1818 Publicaccedilatildeo Lida Martin Claret Editora 2001
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Christopher Walken (Coronel Cutter) Dan Akroyd (Chip)
Anne Bancroft (Rainha) Jane Curtin (Muffy)
Paul Mazursky (Psicoacutelogo)
Sinopse A formiguinha Z eacute apenas um operaacuterio que sonha roubar o coraccedilatildeo da princesa Bala Para isso convence seu amigo
soldado a trocar de lugar com ele o que faz com que tenha que enfrentar o impiedoso General Mandiacutebula que planeja
uma grande ofensiva contra o formigueiro
A formiguinha tendo ao fundo o
formigueiro
Um dos formigueiros sem que se veja
uma soacute formiguinha Isto eacute a Terra o terraacuterio-aquaacuterio da humanidade a gaiola
redonda dos loucos de pedra Somos 66 bilhotildees de formigas dentro deste formigueiro-mundo
E NOacuteS AINDA PARTILHAMOS A TERRAARAacuteGUA (aqui as aves)
Em resumo embora nos vejamos como indiviacuteduos na
verdade somos um CORRELATIVO DE EMPREENDIMENTOS em furiosa mutaccedilatildeo tempespacial
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Capiacutetulo 7 Espaccedilotempo de Reuniatildeo
Pois entatildeo eacute hora de re-unir a humanidade de fazer
cessar o pecado original divisor RE-FAZENDO famiacutelia natildeo mais ilha Famiacutelias de todos os tipos com todas as uniotildees todas as misturas
Eacute preciso eacute fundamental que os governos de todo o
mundo invistam maciccedilamente na reuniatildeo dos pares fundamentais nos casamentos no estudo das uniotildees estaacuteveis na restauraccedilatildeo no contorno natildeo-forccedilado dos divoacutercios e separaccedilotildees digamos com um periacuteodo de experiecircncia antes da consagraccedilatildeo do casamento uniotildees-em-experiecircncia
A gestaccedilatildeo da nova famiacutelia deve ser o mote deste seacuteculo XXI todo e do futuro
Vitoacuteria quinta-feira 12 de marccedilo de 2009 Joseacute Augusto Gava
Anexos Capiacutetulo 5
O MEacuteTODO CIENTIacuteFICO REDUTOR (logo de cara esse quebrar em partes rompe os viacutenculos da totalidade da funcionabilidade total)
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II2 Caracteriacutesticas do meacutetodo cientiacutefico O meacutetodo dedutivo o meacutetodo indutivo e o meacutetodo
hipoteacutetico-dedutivo satildeo os trecircs meacutetodos cientiacuteficos a que se refere a denominaccedilatildeo geneacutetica de meacutetodo cientiacutefico A primeira caracteriacutestica do meacutetodo cientiacutefico eacute a sua
natureza convencional a de servir de marco de geraccedilatildeo do conhecimento objetivo Por isso existem muacuteltiplas caracteriacutesticas em funccedilatildeo da perspectiva com que se
classifiquem se estudem e inclusivamente se denominem A primeira que me chama a atenccedilatildeo eacute o fato de que os dois primeiros tecircm um nome difiacutecil de distinguir visto que no acircmbito linguumliacutestico podem representar um soacute conceito com
duas manifestaccedilotildees raciociacutenio numa direccedilatildeo ou na contraacuteria do geral para o particular ou vice-versa
O problema logicamente deriva da dificuldade conceptual de separar um meacutetodo cientiacutefico de outro de uma forma clara evidentemente os termos escolhidos natildeo ajudam a
reter na memoacuteria estes dois conceitos de meacutetodo cientiacutefico Tambeacutem natildeo ajuda muito a denominaccedilatildeo do
terceiro meacutetodo cientiacutefico Uma caracteriacutestica de ambos meacutetodos eacute que podem ir do
geral para o particular ou vice-versa num sentido ou no inverso Ambos utilizam a loacutegica e chegam a uma conclusatildeo
Em uacuteltima instacircncia sempre tecircm elementos filosoacuteficos subjacentes
Ambos costumam ser susceptiacuteveis de verificaccedilatildeo empiacuterica Ainda que o meacutetodo dedutivo seja mais proacuteprio das ciecircncias formais e o indutivo das ciecircncias empiacutericas nada impede a aplicaccedilatildeo indistinta de um meacutetodo cientiacutefico ou outro a
uma teoria concreta Para mim sem pretender entrar em polecircmica neste tema a diferenccedila fundamental entre o meacutetodo dedutivo e o meacutetodo indutivo eacute que o primeiro aspira a demonstrar mediante a loacutegica pura a conclusatildeo na sua totalidade a partir de
umas premissas de maneira que se garante a veracidade das conclusotildees se natildeo se invalida a loacutegica aplicada Trata-se do modelo axiomaacutetico proposto por Aristoacuteteles como meacutetodo
cientiacutefico ideal Pelo contraacuterio o meacutetodo indutivo cria leis a partir da
observaccedilatildeo dos fatos mediante a generalizaccedilatildeo do comportamento observado na realidade o que realiza eacute uma espeacutecie de generalizaccedilatildeo sem que atraveacutes da loacutegica possa conseguir uma demonstraccedilatildeo das citadas leis ou conjunto de
conclusotildees As referidas conclusotildees poderiam ser falsas e ao mesmo tempo a aplicaccedilatildeo parcial efetuada da loacutegica poderia manter a sua validade por isso o meacutetodo indutivo necessita de uma condiccedilatildeo adicional a sua aplicaccedilatildeo
considera-se vaacutelida enquanto natildeo se encontrar nenhum caso que natildeo cumpra o modelo proposto
O meacutetodo hipoteacutetico-dedutivo ou de verificaccedilatildeo de hipoacuteteses natildeo coloca em princiacutepio nenhum problema visto
que a sua validade depende dos resultados da proacutepria verificaccedilatildeo
Este meacutetodo cientiacutefico costuma utilizar-se para melhorar ou precisas teorias preacutevias em funccedilatildeo de novos
conhecimentos nas quais a complexidade do modelo natildeo permite formulaccedilotildees loacutegicas Portanto tem um caraacuteter
predominantemente intuitivo e necessita natildeo soacute para ser rejeitado mas tambeacutem para impor a sua validade a
verificaccedilatildeo das suas conclusotildees
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Poderia propor-se para estas trecircs variantes do meacutetodo cientiacutefico a denominaccedilatildeo de meacutetodo dedutivo meacutetodo
intuitivo e meacutetodo experimental ou meacutetodo de verificaccedilatildeo ou qualquer conjunto de palavras que faccedilam referecircncia agraves suas diferenccedilas fundamentais e natildeo coloquem problemas agrave memoacuteria linguumliacutestica Natildeo obstante nesta exposiccedilatildeo
manterei a nomenclatura geralmente utilizada A Teoria Geral da Evoluccedilatildeo Condicionada da Vida seria em
princiacutepio uma teoria baseada no meacutetodo hipoteacutetico-dedutivo ou meacutetodo de verificaccedilatildeo de hipoacuteteses
A teoria de Darwin pelo contraacuterio estaria enquadrada no meacutetodo indutivo mas que apesar de encontrar exemplos contraacuterios natildeo se invalida adeacutequa-se para encaixar
qualquer triacircngulo Porque seraacute
Como se disse anteriormente toda a teoria deve ser resistente agrave sua refutaccedilatildeo contudo uma teoria que natildeo pode ser refutada por nenhum fato concebiacutevel natildeo eacute
cientiacutefica A impossibilidade de refutaccedilatildeo de uma teoria cientiacutefica natildeo eacute uma virtude mas sim um viacutecio
TEORIA SOBRE O MEacuteTODO CIENTIacuteFICO EM BUSCA DE UM MODELO UNIFICANTE PARA AS CIEcircNCIAS
E DE UM RETORNO Agrave UNIVERSIDADE CRIATIVA I -- INTRODUCcedilAtildeO
Alberto Mesquita Filho Comeccedilo regra geral as minhas liccedilotildees sobre Meacutetodo
Cientiacutefico dizendo aos meus alunos que o meacutetodo cientiacutefico natildeo existe Acrescento que tenho obrigaccedilatildeo de saber isso tendo eu sido durante algum tempo pelo menos o uacutenico professor desse inexistente assunto em toda a Comunidade
Britacircnica
Tendo entatildeo explicado aos meus alunos que natildeo haacute essa coisa que seria o meacutetodo cientiacutefico apresso-me a comeccedilar o meu discurso e ficamos ocupadiacutessimos Pois um ano mal chega para roccedilar a superfiacutecie mesmo de um assunto
inexistente Karl R Popper [1]
Resumo Este artigo eacute o primeiro de uma seacuterie de artigos relacionados agrave metodologia cientiacutefica e cuja temaacutetica foi dividida em cinco toacutepicos principais Corresponde a uma
versatildeo atualizada de consideraccedilotildees expressas pelo autor a partir de 1983 em livros artigos e conferecircncias citados no texto colaborou para esta atualizaccedilatildeo a experiecircncia adquirida pelo autor no processo de remodelaccedilatildeo da Proacute-Reitoria Comunitaacuteria da USJT (1992-1993) bem como aquela adquirida junto aos demais membros da equipe criada pelos Conselhos Superiores da USJT (1994) --expandida em 1995--
com a finalidade de implantar o Centro de Pesquisa da USJT Os conceitos foram axiomatizados de forma a darem
corpo a uma nova teoria sobre o meacutetodo cientiacutefico permitindo mesmo a constataccedilatildeo de possiacuteveis aplicaccedilotildees dentro de um contexto abrangente tais como 1) a teoria
fornece os meios necessaacuterios para que se promova a integraccedilatildeo das ciecircncias e 2) propicia a sustentaccedilatildeo de um projeto visando a caracterizar a universidade como o local apropriado para a formaccedilatildeo de cientistas Os cinco
toacutepicos a serem abordados satildeo pela ordem I - Introduccedilatildeo na qual eacute proposta a regra delimitante da ciecircncia II - O macromeacutetodo cientiacutefico e a Histoacuteria da Ciecircncia III - O
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papel da universidade na produccedilatildeo de conhecimentos IV - O meacutetodo cientiacutefico propriamente dito a) A teoria da
praacutetica em ciecircncia b) A praacutetica da teorizaccedilatildeo cientiacutefica V - O micromeacutetodo cientiacutefico e a Filosofia da Ciecircncia Os demais toacutepicos estatildeo em fase de projeto natildeo havendo portanto previsatildeo quanto agrave eacutepoca de publicaccedilatildeo []
1 Colocaccedilatildeo do problema Meacutetodo entre outras coisas significa caminho para chegar
a um fim ou pelo qual se atinge um objetivo Que dizer entatildeo do meacutetodo cientiacutefico [2] Poderia dizer que eacute o caminho trilhado pelo cientista quando em busca de verdades cientiacuteficas
Afirma-se com grande frequumlecircncia que o cientista eacute aquele que se utiliza do meacutetodo cientiacutefico Os que aceitam esta
Percebam que estou meramente jogando com as palavras e associando-as ao conceito de
meacutetodo acima postulado Quais satildeo as verdades cientiacuteficas O que eacute ser cientista O que eacute ciecircncia Existe uma ciecircncia uacutenica Quando nos reportamos a uma hipoteacutetica linha demarcatoacuteria a separar o que julgamos
ser uma verdade cientiacutefica de outras possiacuteveis verdades a que nos estamos referindo
verdade --e haacute muitos que o fazem-- devem procurar uma conceituaccedilatildeo para meacutetodo cientiacutefico diferente da exposta no paraacutegrafo anterior sob pena de andarem em ciacuterculo Ou definimos cientista a partir da definiccedilatildeo de meacutetodo frac34algo tentado por Popper ao propor o falsificacionismo [3]frac34 ou definimos meacutetodo a partir da definiccedilatildeo de cientista do contraacuterio natildeo chegamos a nada Conservarei a ideacuteia de meacutetodo cientiacutefico como caminho trilhado pelo cientista
2 O que eacute ciecircncia
com o que estou assumindo o risco de ter que definir ciecircncia eou cientista Eacute o que tentarei fazer nesta
introduccedilatildeo
Natildeo eacute faacutecil definir ciecircncia e satildeo inuacutemeros os tratados sobre o assunto a abordarem esta dificuldade Ao leitor
principiante em ciecircncia e que queira penetrar na complexidade do tema ou entatildeo perceber a quantas anda nossa ignoracircncia a respeito sugiro se tiver pendores
filosoacuteficos que comece pelo livro de Chalmers (1976) [4] ou entatildeo se preferir algo mais ameno e mais voltado agrave
praacutetica cientiacutefica pelo livro de Beveridge (1980) [5] Ao leitor acomodado e que natildeo tenha amplo conhecimento do
assunto ou mesmo para aquele que pretenda prosseguir com esta leitura ciente de que eacute possiacutevel pelo menos em niacutevel conjetural enfrentar o desafio apontado relatarei aqui a
conclusatildeo de um ensaio que sintetiza uma ideacuteia que me ocorreu haacute cerca de dez anos [6] e que apresentei na
sessatildeo de debates da mesa redonda A Pesquisa na Universidade Particular ocorrida por ocasiatildeo da IV Semana de Psicologia da USJT (1994) com as seguintes palavras Vejo a ciecircncia como a aacuterea do conhecimento que se apoacuteia natildeo num meacutetodo mas sim na regra da repetitividade a que
eu tenho chamado de regra cientiacutefica fundamental Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que
pesquisado se repetiu eacute de se admitir que em futuras verificaccedilotildees o mesmo suceda [7]
A regra cientiacutefica fundamental conquanto aceita intuitivamente por todos os cientistas ocupa entre os mesmos e ateacute entre os filoacutesofos da ciecircncia um papel
secundaacuterio quando natildeo totalmente ignorada Via de regra considera-se a ciecircncia como que apoiada em regras outras
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como por exemplo o princiacutepio da causalidade de Kant a regra metodoloacutegica de Popper que se associa a seu meacutetodo
dedutivo de prova o princiacutepio ou argumento indutivista e as regras ou criteacuterios de utilidade Como posiccedilotildees
extremas e apoiadas em regras mais riacutegidas podemos citar a visatildeo paradigmaacutetica de Thomas Kuhn a defender o
dogmatismo cientiacutefico o ponto de vista de Chalmers a questionar a argumentaccedilatildeo filosoacutefica no que diz respeito agrave delimitaccedilatildeo da ciecircncia e a visatildeo anarquista de Feyerabend
a se opor frontalmente ao racionalismo em ciecircncia A fim de ilustrar o comentado no paraacutegrafo anterior
vejamos como Thomas Kuhn (1962) --defensor de uma posiccedilatildeo cientiacutefico-filosoacutefica incompatiacutevel com a que aqui pretendo apresentar-- retrata a importacircncia da repetitividade dos eventos como algo a semear o surgimento de novas ideacuteias Existem em princiacutepio somente trecircs tipos de fenocircmenos a propoacutesito dos quais pode ser desenvolvida uma nova teoria O primeiro tipo compreende os fenocircmenos jaacute bem explicados
pelos paradigmas existentes Tais fenocircmenos raramente fornecem motivos ou um ponto de partida para a construccedilatildeo de uma teoria Quando o fazem as teorias resultantes raramente satildeo aceitas visto que a natureza natildeo proporciona nenhuma base para uma discriminaccedilatildeo entre as alternativas Uma segunda classe de fenocircmenos compreende aqueles cuja
natureza eacute indicada pelos paradigmas existentes mas cujos detalhes somente podem ser entendidos apoacutes uma maior
articulaccedilatildeo da teoria Os cientistas dirigem a maior parte de sua pesquisa a esses fenocircmenos mas tal pesquisa visa antes agrave articulaccedilatildeo dos paradigmas existentes do que agrave invenccedilatildeo de novos Somente quando esses esforccedilos de articulaccedilatildeo fracassam eacute que os cientistas encontram o
terceiro tipo de fenocircmeno as anomalias reconhecidas cujo traccedilo caracteriacutestico eacute a sua recusa obstinada a serem
assimiladas aos paradigmas existentes Apenas esse uacuteltimo tipo de fenocircmeno faz surgir novas teorias [8]
Ora se um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se recusou obstinadamente a ser assimilado aos paradigmas
existentes e se esta recusa eacute quem orienta a caracterizaccedilatildeo de novas teorias e mais se a ciecircncia eacute fundamentalmente o conjunto das ideacuteias e teorias geradas pela mente humana bem como a aplicaccedilatildeo pelo homem dessas ideacuteias e teorias em busca de um relacionamento sadio com a natureza e com os seus semelhantes podemos sossegadamente
concluir que ciecircncia eacute o processo pelo qual o homem se relaciona com os fenocircmenos universais que se sujeitam agrave
regra cientiacutefica fundamental 3 O ser cientista
Cientista diz-nos Ferreira (1986) eacute a pessoa que cultiva ou que eacute especialista em alguma ciecircncia ou em ciecircncias
[9] e ciecircncia eacute um processo definido no item anterior Se aceitarmos estas premissas concluiremos que o conhecimento
cientiacutefico eacute aquele factiacutevel de reproduccedilatildeo enquanto o cientista eacute aquele que de alguma forma cultiva esses conhecimentos Eacute importante aqui salientar que muitas
vezes o que se espera reproduzir eacute um dado probabiliacutestico Por exemplo se dissermos que 80 das moleacuteculas de um gaacutes
satildeo do elemento quiacutemico oxigecircnio isto natildeo significa estarmos afirmando ser oxigecircnio esta ou aquela moleacutecula objeto de verificaccedilatildeo experimental o que a regra nos
preconiza eacute que independentemente de qual cientista for tentar reproduzir a medida ou do local escolhido para que
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esta segunda medida seja efetuada observando-se as condiccedilotildees em que a mesma foi realizada anteriormente o
valor obtido concordaraacute com o valor precedente dentro de uma margem de erro tambeacutem estimaacutevel por meacutetodos
experimentais Todos noacutes vez ou outra nos comportamos como cientistas Ser cientista natildeo eacute possuir um roacutetulo mas sim postar-se com uma atitude cientiacutefica por outro lado mesmo aquele que se diz cientista vez ou outra assume atitudes natildeo cientiacuteficas e penetra em terrenos apoiados em regras
proacuteprias ou ateacute mesmo sem regras O roacutetulo eacute frequumlentemente utilizado quando queremos nos referir agraves
pessoas que se utilizam de seus talentos cientiacuteficos como meio de vida seriam entatildeo os cientistas profissionais A filosofia por exemplo eacute um campo de atuaccedilatildeo bem mais
abrangente que aquele ditado pela regra cientiacutefica fundamental Poderiacuteamos dizer que a filosofia comporta a
ciecircncia ainda que esta ideacuteia natildeo agrade a alguns cientistas mas jamais poderiacuteamos dizer e quanto a isso
todos satildeo concordes que a ciecircncia comporta a filosofia O bom cientista utiliza-se da filosofia da mesma forma que a maioria dos indiviacuteduos com sede se utilizam do copo Outras
aacutereas do conhecimento seriam 1) o ocultismo frac34e aqui poderiacuteamos incluir a tiacutetulo de exemplo a alquimia e a astrologia 2) as artes frac34e vale a pena aqui frisar que a arte pode ser encarada cientificamente postura esta que foi frequumlentemente adotada por Leonardo da Vinci [10] e defendida em sua Teoria do Conhecimento 3) a teologia
etc A busca pela verdade que tambeacutem eacute objetivo da grande maioria destas aacutereas natildeo cientiacuteficas segue-se por caminhos nem sempre limitados ou compatiacuteveis com a regra cientiacutefica
fundamental O cultivo da ciecircncia pode se dar atraveacutes da observaccedilatildeo de alguns ou todos dentre seus objetivos nobres quais sejam
1) aquisiccedilatildeo transmissatildeo e aplicaccedilatildeo de conhecimentos cientiacuteficos jaacute sistematizados e 2) produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
de novos conhecimentos Visto sob este acircngulo satildeo cientistas 1) o estudioso eou o professor eou o
profissional bacharel em quaisquer das ciecircncias 2) o tecnoacutelogo 3) o pesquisador em aacutereas cientiacuteficas 4) o
teorizador em ciecircncias 5) e o autor de artigos cientiacuteficos relatando ideacuteias proacuteprias eou revisotildees bibliograacuteficas Sob um ponto de vista mais rigoroso o cientista seria apenas aquele capaz de dominar as teacutecnicas inerentes a todos os
objetivos nobres acima apontados Nem tanto ao ceacuteu nem tanto agrave terra Percebam que jaacute
conceituamos ciecircncia e jaacute conseguimos ir aleacutem a ponto de fornecer dados para que se analise o comportamento daqueles
que trabalham em ciecircncia Observado este comportamento poderiacuteamos assumir como cientistas aqueles que realmente contribuem para o progresso das ciecircncias Adotarei esta
postura mas gostaria de esclarecer conforme seraacute comentado oportunamente que a noccedilatildeo de progresso aqui defendida eacute um pouco mais abrangente do que aquela
preconizada pelos pensadores iluministas [11] que tanto influenciaram os positivistas Aceita esta premissa frac34a de que cientistas satildeo somente aqueles que real e diretamente [12] contribuem para o progresso das ciecircnciasfrac34 suponha que consigamos caracterizar os cientistas assim definidos como aqueles que ao contribuir para o progresso das
ciecircncias se utilizam de um meacutetodo comum a que chamaremos
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meacutetodo cientiacutefico Poderemos entatildeo afirmar e natildeo se trata aqui da busca por uma definiccedilatildeo que o cientista eacute aquele que se utiliza do meacutetodo cientiacutefico o raciociacutenio ciacuteclico da forma como foi agora utilizado estaacute livre de consequumlecircncias funestas Notem com o auxiacutelio da figura 1 a sintetizar as ideacuteias principais aqui focalizadas que do ponto de vista conceitual natildeo estamos andando em ciacuterculo
REGRA CIENTIacuteFICA FUNDAMENTAL
Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu eacute de se admitir que em futuras
verificaccedilotildees o mesmo suceda
DEFINICcedilAtildeO DE CIEcircNCIA
Ciecircncia eacute o processo pelo qual o homem se relaciona com os fenocircmenos universais que se sujeitam agrave regra cientiacutefica
fundamental
OBSERVACcedilAtildeO DO COMPORTAMENTO DOS QUE TRABALHAM EM CIEcircNCIA
VERIFICACcedilAtildeO DE QUE ALGUNS CONTRIBUEM PARA O PROGRESSO DAS CIEcircNCIAS
Cientista eacute todo ser racional que contribui diretamente para o progresso das ciecircncias
CONSTATACcedilAtildeO DE QUE ESTES SE UTILIZAM DE UM MEacuteTODO COMUM
Figura 1 - Para explicaccedilatildeo vide texto Resta-nos entatildeo para que a ideacuteia ganhe em consistecircncia comprovar a existecircncia de um uacutenico meacutetodo cientiacutefico e
isto natildeo parece ser uma tarefa faacutecil Antes de enfrentarmos esta dificuldade vamos verificar como as ideacuteias aqui apresentadas se conformam a conceitos classicamente
adotados como modelos de meacutetodo cientiacutefico
[] Muitos dentre esses toacutepicos satildeo apresentados em um contexto diverso em
Referecircncias
Ensaios sobre a Filosofia da Ciecircncia ou entatildeo em outros artigos expostos acima na
seccedilatildeo Temas relacionados [1] POPPER K R 1956 Acerca da inexistecircncia do meacutetodo
cientiacutefico in Prefaacutecio da ediccedilatildeo de 1956 do livro O realismo e o objetivo da ciecircncia
[2] FERREIRA A B H 1986
Publicaccedilotildees Dom Quixote (traduccedilatildeo) Lisboa 1987 Este prefaacutecio foi lido num
encontro dos Fellows of Center for Advanced Study in the Behavioral Sciences em Stanford Califoacuternia em novembro
de 1956 Novo dicionaacuterio da liacutengua
portuguesa[3] POPPER K R (1959)
Ed Nova Fronteira Rio de Janeiro p 1128 A loacutegica da pesquisa
cientiacutefica Ed Cultrix (traduccedilatildeo 1975) Satildeo Paulo
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[4] CHALMERS A F 1976 (traduccedilatildeo 1993) O que eacute ciecircncia afinal[5] BEVERIDGE W I B 1980
Ed Brasiliense Satildeo Paulo 225 p Sementes da descoberta
cientiacutefica[6] MESQUITA Fdeg A 1987
Edusp (traduccedilatildeo) Satildeo Paulo Confesso que blefei --
Fiacutesica antiga vs moderna
[7] Perguntas e Debates 1995 item V
editado pela USJT (na eacutepoca Faculdades Satildeo Judas Tadeu) Satildeo Paulo capiacutetulo 13 A
Ciecircncia Existe p 92-8 Sobre Pesquisa e
Filosofia da Ciecircncia p 75 in EspecialIntegraccedilatildeo A pesquisa na universidade particular Integraccedilatildeo
[8] KUHN T S 1962 (traduccedilatildeo 1975)
I(1)51-75 1995 Este ensaio foi tambeacutem apresentado e discutido em palestra (natildeo publicada) que ministrei por ocasiatildeo da
Semana de Filosofia da USJT de 1994 A estrutura das
revoluccedilotildees cientiacuteficas Ed Perspectiva Satildeo Paulo 257 pp capiacutetulo 8 A natureza e a necessidade das revoluccedilotildees
cientiacuteficas[9] FERREIRA 1986 Idem p 404
p 131 [Os grifos satildeo meus]
[10] Leonardo da Vinci in The New Encyclopaedia Britannica Vol 22 (Macropaedia) Enc Brit Inc
Chicago 1993 p 946 (Leonardo as artist-scientist[11] SANTOS G T
) Os caminhos do pensamento cientiacutefico a
partir do Iluminismo Integraccedilatildeo I(5)131-6 1996 conferecircncia proferida por ocasiatildeo da Semana de Filosofia da USJT de 1995 Na sessatildeo de debates Santos dentre outras consideraccedilotildees interessantes a respeito faz a
seguinte observaccedilatildeo O progresso como vai ser definido no Iluminismo eacute uma noccedilatildeo de abandono passa pelo abandono necessaacuterio de coisas que ficaram ou que deveratildeo ficar no
passado[12] O termo diretamente aqui empregado eacute essencial a natildeo ser levado em conta corremos o risco de considerar
como cientistas dentre outros os mecenas que no passado contribuiacuteram de maneira indireta para o progresso
das ciecircncias
O argumento indutivista Uma criacutetica imparcial conquanto demolidora ao
indutivismo eacute apresentada por Chalmers nos trecircs primeiros capiacutetulos de seu livro [13] Veremos aqui apenas alguns toacutepicos interessantes do ponto de vista epistemoloacutegico
eou necessaacuterios para um melhor entendimento da teoria ora sendo apresentada
Um sumaacuterio completo do argumento indutivista da ciecircncia estaacute esquematizado na figura 2 adaptada de Chalmers [14]
Chama a atenccedilatildeo a omissatildeo da deduccedilatildeo de hipoacuteteses o indutivista admite ser possiacutevel partir da observaccedilatildeo e chegar a leis apelando exclusivamente ao raciociacutenio
indutivo O meacutetodo indutivo baseia-se na crenccedila de que eacute possiacutevel confirmar um enunciado universal (lei) atraveacutes de um certo nuacutemero de observaccedilotildees singulares Via de regra
quando se questiona o indutivista a respeito da omissatildeo da hipoacutetese ele logo repete uma frase de Newton Natildeo faccedilo
hipoacuteteses Obviamente este indutivista ingecircnuo ouviu esta frase sabe que foi proferida por Newton mas demonstra
natildeo saber a que Newton estava se referindo A hipoacutetese a que Newton se refere natildeo eacute a mesma que hoje se conceitua nos tratados de metodologia cientiacutefica ou de estatiacutestica Newton deixou bastante claro em sua obra que natildeo fazia como cientista especulaccedilotildees ou conjecturas infundadas No
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que se refere a hipoacuteteses no contexto em que o termo eacute hoje aceito rariacutessimos foram os cientistas que em sua
fase produtiva as levantaram em nuacutemero tal cuja ordem de grandeza se aproximasse daquela atingida por Newton
O argumento indutivista baseia-se na crenccedila no princiacutepio da induccedilatildeo que dentre outras formas pode ser enunciado como Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno
sempre que pesquisado se repetiu em futuras verificaccedilotildees o mesmo sucederaacute
Figura 2 - O argumento indutivista (segundo Chalmers)
[15] Escolhi esta versatildeo para que fique claro o contraste entre o princiacutepio da induccedilatildeo e a regra
cientiacutefica fundamental expliacutecita na figura 1 Trecircs comentaacuterios merecem ser feitos a respeito 1) Conquanto
seja usado como regra metodoloacutegica o princiacutepio da induccedilatildeo natildeo define o nuacutemero de observaccedilotildees singulares a permitir uma generalizaccedilatildeo (obtenccedilatildeo de leis) 2) Esta e outras falhas conceituais inerentes ao argumento indutivista propiciam interpretaccedilotildees ingecircnuas ao princiacutepio conforme
veremos abaixo 3) O princiacutepio sem perder em generalidade no que diz respeito agraves premissas (tem o
mesmo campo de atuaccedilatildeo que a regra cientiacutefica fundamental) e para que possa caracterizar-se como metodoloacutegico e natildeo apenas norteador torna-se mais
restritivo que a regra cientiacutefica fundamental frac34afirma ao inveacutes de suporfrac34 Consequumlentemente os que abraccedilam esta ideologia devem procurar por uma outra definiccedilatildeo de ciecircncia que natildeo a apresentada no item 2 e figura 1 As
consequumlecircncias epistemoloacutegicas daiacute resultantes seratildeo objeto de discussatildeo em itens posteriores
O indutivista ingecircnuo eacute aquele que dentre outras falhas conceituais eou de raciociacutenio consegue provar
cientificamente por exemplo a inexistecircncia de Deus pelo simples fato de Deus natildeo se manifestar a ele tendo em vista que ele natildeo possui uma regra para delimitar a ciecircncia que natildeo seja o princiacutepio da causalidade --natildeo haacute efeito sem causa-- ele tenta inverter o princiacutepio frac34que no caso ficaria natildeo haacute causa sem efeitofrac34 e apelando para o argumento indutivista consegue por meacutetodos cientiacuteficos chegar a conclusotildees natildeo cientiacuteficas frac34no caso teoloacutegicas Mais comum no entanto eacute o erro agora natildeo tatildeo ingecircnuo cometido por alguns indutivistas que conseguem provar cientificamente que todas as maccedilatildes satildeo vermelhas prova esta vaacutelida somente ateacute o dia em que eles se
depararem com maccedilatildes verdes Neste caso a falha decorre da crenccedila num meacutetodo repleto de incoerecircncias internas
5 O argumento dedutivista
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O argumento dedutivista ainda que natildeo isento de criacuteticas representou sem duacutevida alguma uma evoluccedilatildeo no sentido em que propiciou uma metodologia cientiacutefica dotada de
coerecircncia interna A esse respeito eacute dito com frequumlecircncia que o raciociacutenio dedutivo constitui o
argumento da loacutegica A fim de padronizar comparaccedilotildees apresentarei o argumento
dedutivista como apoiado no seguinte princiacutepio Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa para que seja hipoacutetese deveraacute ser
passiacutevel de verificaccedilatildeo observacional A figura 3 ilustra a proposiccedilatildeo deste argumento
Eacute importante observar que nem toda a afirmaccedilatildeo deduzida seraacute uma hipoacutetese motivo pelo qual natildeo utilizamos o argumento loacutegico se e somente se ao enunciarmos o
princiacutepio
Figura 3 - O argumento dedutivista
[16] Em particular eacute de se ressaltar a opiniatildeo de Severino (1994) a respeito
Eacute preciso natildeo confundir hipoacutetese com pressuposto com evidecircncia preacutevia
Hipoacutetese eacute o que se pretende demonstrar e natildeo o que jaacute se tem
demonstrado [17] A loacutegica dedutiva ao caminhar do geral para o particular
nos garante a formulaccedilatildeo de hipoacuteteses e hipoacutetese comprovada atraveacutes de uma observaccedilatildeo controlada (teste eou experiecircncia) nos permite suspeitar atraveacutes de um raciociacutenio indutivo (do singular para o geral) sua condiccedilatildeo de lei Observem o cuidado na colocaccedilatildeo das palavras Eu disse nos permite suspeitar e natildeo nos
permite garantir Por que esse cuidado A experimentaccedilatildeo natildeo nos garante verdades A esse respeito Popper assim se
referiu Natildeo haacute um meacutetodo para determinar se
uma hipoacutetese eacute lsquoprovaacutevelrsquo ou provavelmente verdadeira [18]
Eacute interessante notar que algumas limitaccedilotildees inerentes ao indutivismo e que propiciam o aparecimento de conclusotildees ingecircnuas satildeo aqui substituiacutedas por uma impossibilidade
Sob esse aspecto o dedutivismo natildeo solucionou o problema mas simplesmente reduziu a possibilidade de que se
cometessem determinados raciociacutenios ingecircnuos Rigorosamente falando o problema natildeo eacute tatildeo insoluacutevel
assim Seraacute insoluacutevel tatildeo-somente para aqueles que julgam estar cientificamente buscando por verdades absolutas A verdade cientiacutefica e soacute o leigo talvez natildeo saiba eacute uma
verdade provisoacuteria tomada por empreacutestimo da natureza e da forma como ela se nos aparenta ser As verdades
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cientiacuteficas de hoje seratildeo quando natildeo negadas lapidadas e reformuladas amanhatilde Se chegaremos ou natildeo por meacutetodos
cientiacuteficos agrave verdade absoluta eacute um questionamento que a ciecircncia natildeo estaacute aparelhada para responder E talvez nunca esteja o que natildeo nos impede de que continuemos procurando
pela verdade Popper foi mais aleacutem demonstrando ser impossiacutevel ateacute mesmo probabilizar uma afirmaccedilatildeo comprovada por um
raciociacutenio que siga a metodologia dedutiva (incluindo e eacute aiacute que reside o problema principal do meacutetodo a induccedilatildeo -- vide lado direito da figura 3) A esse respeito Popper
propotildee a substituiccedilatildeo do termo probabilizar por corroborar Uma hipoacutetese seria tanto mais corroboraacutevel quanto mais propiciasse verificaccedilotildees experimentais e teria sido tanto mais corroborada e natildeo haacute como se
atribuir nuacutemeros probabiliacutesticos a esse efeito quanto mais resistisse a essas verificaccedilotildees Siegel (1977
traduccedilatildeo) adota provavelmente com o mesmo objetivo a expressatildeo grau de aceitabilidade
Efetuamos pesquisas a fim de determinar o grau de aceitabilidade de
hipoacuteteses deduzidas de nossas teorias [19]
Esta impossibilidade em garantir um acerto preocupou bastante Popper e certamente foi um dos motivos que o
levou a expandir o argumento dedutivista atraveacutes da proposiccedilatildeo do falsificacionismo a ser apresentado no
item 7 Independentemente das dificuldades apontadas neste e nos itens precedentes a verdade eacute que a ciecircncia progride e este progresso eacute guiado por homens que conhecem o terreno por onde pisam E conquanto todos saibam da natildeo existecircncia em ciecircncia de verdades absolutas da impossibilidade de se
chegar a uma soluccedilatildeo definitiva para os problemas cientiacuteficos e da natildeo existecircncia de provas observacionais irrefutaacuteveis quase todos [20] entendem e concordam com a
afirmaccedilatildeo de GIL (1994) expressa a seguir A pesquisa cientiacutefica inicia-se
sempre com a colocaccedilatildeo de um problema solucionaacutevel O passo seguinte
consiste em oferecer uma soluccedilatildeo possiacutevel atraveacutes de uma proposiccedilatildeo ou seja de uma expressatildeo suscetiacutevel de ser declarada verdadeira ou falsa A
esta proposiccedilatildeo daacute-se o nome de hipoacutetese Assim a hipoacutetese eacute a
proposiccedilatildeo testaacutevel que pode vir a ser a soluccedilatildeo do problema [21]
6 O que eacute teoria Eacute importante salientar que a finalidade primordial da ciecircncia natildeo eacute formular hipoacuteteses e sim sistematizar teorias e que teoria natildeo eacute pura e simplesmente uma
coletacircnea de hipoacuteteses Teoria eacute um conjunto de hipoacuteteses coerentemente interligadas tendo por finalidade explicar
elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio do conhecimento [22] Por que entatildeo os livros de
metodologia insistem em justificar os meacutetodos atraveacutes de hipoacuteteses uacutenicas e via de regra desinteressantes tais
como As maccedilatildes satildeo vermelhas os cisnes satildeo brancos etc A verdade eacute que nem sempre eacute faacutecil encontrar teorias ao mesmo tempo simples e de amplo espectro ou seja que
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possam ser entendidas por leitores das vaacuterias aacutereas do conhecimento Por outro lado os argumentos que corroboram ou derrubam teorias satildeo em princiacutepio idecircnticos aos que corroboram ou derrubam hipoacuteteses frac34poderiacuteamos tambeacutem dizer
que uma hipoacutetese eacute ou simula ser uma teoria cujo conjunto de hipoacuteteses eacute unitaacuterio Em geral a dificuldade inerente ao grau de complexidade de uma teoria pode ser
superada desde que o cientista conheccedila a fundo esta teoria cujo grau de aceitabilidade pretende testar e domine a loacutegica envolvida em situaccedilotildees similares poreacutem simples como aquelas que aparecem nos compecircndios sobre o
assunto A ecircnfase dada pelos textos de metodologia cientiacutefica a meacutetodos relacionados a testes de hipoacuteteses contrasta com a quase ausecircncia de referecircncias a meacutetodos relativos agrave
praacutetica da teorizaccedilatildeo Existem exceccedilotildees a esta regra e eu natildeo poderia deixar de citar [23] os livros de Bunge [24] e de Lacey [25] indicados especialmente para os iniciantes da aacuterea de exatas Embora natildeo especificamente dirigido a esta temaacutetica haacute que se destacar tambeacutem o livro de Bohm e
Peat [26] e que merece ser lido posto que focaliza a essecircncia da problemaacutetica aqui apontada neste caso e por este motivo eacute indicado aos iniciantes de todas as aacutereas A praacutetica da teorizaccedilatildeo com rariacutessimas exceccedilotildees natildeo se
aprende na escola Grandes teorizadores por terem aprendido a utilizar uma teacutecnica natildeo encontrada nos livros tradicionais e que nem mesmo eacute ensinada na maioria dos
regimes de iniciaccedilatildeo cientiacutefica chegaram a ser confundidos com gecircnios Eacute bem possiacutevel que estes gecircnios tenham adquirido esta praacutexis cultuando algum resquiacutecio da
filosofia que a sociedade moderna natildeo conseguiu despedaccedilar
A lacuna acima apontada fomenta a ingenuidade ou ateacute mesmo o charlatanismo multiplicando sobremaneira o nuacutemero dos que sem estarem devidamente preparados para teorizar frac34uma atividade que natildeo eacute elementarfrac34 ainda assim teorizam e teorizam mal frac34fato este que chega a incomodar cientistas de respeito que ocupam postos importantes nas
universidades [27] Por outro lado e em decorrecircncia disto permite que se condene agrave marginalidade cientiacutefica
e por periacuteodos variaacuteveis de tempo todos aqueles que certos ou errados pretendem evoluir seriamente no sentido de atender agrave finalidade uacuteltima da ciecircncia a edificaccedilatildeo de
teorias representacionais Que meacutetodos estes homens seguiram que natildeo a paixatildeo a
devoccedilatildeo a persistecircncia e a crenccedila num espiacuterito universal frac34Espiacuterito este que segundo alguns admitem natildeo estaacute a se
divertir com nossos erros e acertos o que foi sintetizado pelo maior dos gecircnios do seacuteculo XX nas
seguintes palavras Deus natildeo joga dados A resposta nos eacute dada pelo proacuteprio autor desta afirmaccedilatildeo
O alvo de construir uma teoria de campo eletromagneacutetico da mateacuteria
permanece inatingiacutevel por ora embora em princiacutepio nenhuma objeccedilatildeo possa ser levantada contra a possibilidade de vir a se alcanccedilar tal objetivo O que reteve qualquer tentativa posterior nessa direccedilatildeo foi a falta de qualquer meacutetodo sistemaacutetico que levasse a uma
soluccedilatildeo [28]
27
Seraacute que natildeo existem meacutetodos ou regras a serem adotados nesta praacutexis E por falar nisso a praacutetica da teorizaccedilatildeo
natildeo seria uma teorexis [29] Seraacute que teorizar em ciecircncia eacute uma atividade puramente filosoacutefica Natildeo existe uma
metodologia cientiacutefica a orientar aqueles que se preocupam em decifrar os segredos que estatildeo por traacutes dos fenocircmenos que se adaptam agrave regra cientiacutefica fundamental Caso exista
um meacutetodo a ser sistematizado Seria ele diferente do meacutetodo cientiacutefico O que eacute o meacutetodo cientiacutefico
Tentarei dentro do possiacutevel e da finalidade a que me propus ao conceber esta seacuterie de artigos responder
oportunamente eou orientar o leitor se houver como no que diz respeito aos questionamentos aqui assinalados De qualquer forma mais detalhes sobre teoria eou teorizaccedilatildeo seratildeo apresentados no toacutepico IV-b A praacutetica da teorizaccedilatildeo
(em preparo)
[13] CHALMERS A F 1976 Referecircncias
op cit (Voltar pelo browser) pp 23-63
[14] Idem p 28 [15] Esta versatildeo eacute uma adaptaccedilatildeo do princiacutepio da induccedilatildeo
como enunciado por CHALMERS (1976) op cit Se um grande nuacutemero de As foi observado sob uma ampla variedade de condiccedilotildees e se todos esses As observados possuiacuteam sem exceccedilatildeo a propriedade B entatildeo todos os As possuem a propriedade B
[16] Neste caso o princiacutepio ficaria
Aparentes contradiccedilotildees que o iniciante possa descobrir ao comparar os dois enunciados natildeo
comprometem o raciociacutenio que se segue razatildeo pela qual admitirei a equivalecircncia sem justificaacute-la
Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa seraacute hipoacutetese se e somente se for passiacutevel de verificaccedilatildeo
observacional
[17] SEVERINO J S 1994
O primeiro se torna a afirmaccedilatildeo inconsistente
Metodologia do trabalho cientiacutefico[18] POPPER K R 1956
Cortez Editora Satildeo Paulo op cit
[19] SIEGEL S 1977 Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica
[20] Eacute possiacutevel que alguns dentre os indutivistas natildeo concordem com alguns dos termos da afirmaccedilatildeo por motivos que podem ser suspeitados tendo em vista o apresentado
neste e no item anterior
Ed McGraw-Hill do Brasil Ltda Satildeo Paulo p 6
[21] GIL A C 1994 Como elaborar projetos de pesquisas
[22] Em FERREIRA A B H 1986
Editora Atlas S A Satildeo Paulo p 35 [Os grifos satildeo
meus] op cit (Voltar pelo
browser) encontramos uma definiccedilatildeo mais geral a satisfazer tambeacutem o argumento indutivista Teoria eacute um
conjunto de conhecimentos natildeo ingecircnuos que apresentam graus diversos de sistematizaccedilatildeo e credibilidade e que se
propotildeem a explicar elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio de fenocircmenos ou de acontecimentos que se
oferecem agrave atividade praacutetica [23] Os trecircs livros citados a seguir natildeo satildeo os uacutenicos
nos gecircneros assinalados a despeito da disparidade apontada Ao tempo em que registro com estes exemplos a exceccedilatildeo agrave regra presto tambeacutem uma homenagem a autores que ao serem por mim lidos transmutaram em duacutevidas muitas das
respostas a questotildees fundamentais e que eu
28
pretensiosamente julgava possuir [24] BUNGE M Teoria e realidade
[25] LACEY HM 1972
Ed Perspectiva (traduccedilatildeo 1994) Satildeo Paulo
A linguagem do espaccedilo e do tempo
[26] BOHM D e PEAT F D
Ed Perspectiva SA
Ciecircncia ordem e criatividade
[27] A esse respeito vale a pena ler
Gradiva Publicaccedilotildees Ltda (traduccedilatildeo 1989) Lisboa
Cientiacuteficos Chiflados capiacutetulo XIV do livro BERNSTEIN J 1988 Observacioacuten de
la Ciencia[28] EINSTEIN A
Ed Fondo de Cultura Econoacutemica Meacutexico Fiacutesica e realidade in Albert Einstein
Pensamento poliacutetico e uacuteltimas conclusotildees (1983 traduccedilatildeo) Edit Brasiliense S A Satildeo Paulo [O grifo eacute meu]
[29] Este termo eu utilizei pela primeira vez no artigo MESQUITA Fdeg A 1983 Ciecircncia empiacuterica uma arma ou uma daacutediva Faculdade
Antes de mais nada afirmarei sem me alongar que uma teoria adotado o argumento dedutivista pode ser
corroborada ou negada fundamentalmente atraveacutes de um dos trecircs procedimentos seguintes 1) Pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de uma de suas hipoacuteteses 2) pela verificaccedilatildeo ou negaccedilatildeo de uma de suas prediccedilotildees 3) pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de teorias auxiliares deduzidas da teoria principal (teoria em teste ou sob suspeita) as teorias
auxiliares podem ser de trecircs tipos teorias ou hipoacuteteses de nulidade teorias ou hipoacuteteses salvadoras e teorias ou hipoacuteteses assassinas
(Revista do IAMC) ndeg 6 p 28-43 agosto83
7 O falsificacionismo O falsificacionismo natildeo foi proposto como um meacutetodo novo mas sim como um criteacuterio ou conduta a ser ou natildeo adotado por aqueles que se conformam ao meacutetodo dedutivo de prova
Natildeo haacute nada no falsificacionismo do ponto de vista metodoloacutegico que natildeo esteja previsto ou que natildeo decorra naturalmente de uma opccedilatildeo a ser seguida espontaneamente ou natildeo por este ou aquele dedutivista Qual seria entatildeo este criteacuterio Com que finalidade foi proposto A resposta a estas perguntas bem como o meacuterito do falsificacionismo constituem o objetivo deste e dos proacuteximos dois itens
[30] Incluem-se no rol das teorias auxiliares como veremos oportunamente as teorias
transcendentais frequumlentemente conotadas por experiecircncias de pensamento As prediccedilotildees e as hipoacuteteses ou teorias auxiliares satildeo teorias geradas utilizando-se do proacuteprio argumento dedutivista esquematizado na figura 3 Neste caso o foco de atenccedilatildeo inicial frac34representado na figura como observaccedilatildeofrac34 eacute nada mais nada menos que a proacutepria teoria que deu origem agrave prediccedilatildeo eou agrave teoria auxiliar Ao valorizar a falseabilidade como criteacuterio a ser adotado
pelos dedutivistas Popper nada mais fez que tentar expandir ou trazer para o domiacutenio da metodologia
cientiacutefica uma praacutetica amplamente utilizada com sucesso em estatiacutestica o criteacuterio de tomada de decisatildeo atraveacutes da
hipoacutetese de nulidade (Ho
O primeiro passo ou estaacutegio no processo de tomada de decisatildeo eacute
definir a hipoacutetese de nulidade (
)
Ho) Formula-se usualmente com o expresso propoacutesito de ser rejeitada Se eacute
29
rejeitada pode-se aceitar a hipoacutetese alternativa (H1) A hipoacutetese
alternativa eacute a definiccedilatildeo operacional da hipoacutetese de pesquisa do
pesquisador A hipoacutetese de pesquisa eacute a prediccedilatildeo deduzida da teoria que estaacute
sendo comprovada [31] A contribuiccedilatildeo de Popper a esse respeito limitou-se agrave ecircnfase que deu agrave importacircncia da procura por hipoacuteteses de
nulidade Ateacute entatildeo este costume estava restrito agrave procura por previsotildees frac34apresentadas via de regra pelo proacuteprio autor da teoriafrac34 eou hipoacuteteses salvadoras frac34levantadas
pelos adeptos da teoria em focofrac34 eou hipoacuteteses assassinas frac34levantadas pelos criacuteticos da teoria em questatildeo As quatro
tecircm uma caracteriacutestica comum satildeo todas teorias falseadoras
A boa teoria dentre outras qualidades [32] e segundo Popper eacute aquela potencialmente geradora de hipoacuteteses
falseadoras e tanto melhor seraacute quanto maior for o risco de ser negada Ela pode ateacute mesmo ser derrubada no primeiro teste a que for submetida o que natildeo invalida o que foi
dito foi uma boa teoria enquanto durou e voltaraacute a ser se conseguir ressurgir das cinzas Dito em outras palavras o criteacuterio para se avaliar a virtude de uma teoria nascente repousa no seu grau de submissatildeo a testes adversos Uma teoria de baixo risco raramente eacute bem vinda [33] e uma
teoria sem risco algum na opiniatildeo de Popper natildeo eacute cientiacutefica e eu iria aleacutem sequer eacute teoria
Levando-se em conta que o criteacuterio falsificacionista peca pela subjetividade deve-se tomar cuidado ao se optar por uma teoria em detrimento de outra pelo fato de a primeira
ser mais falseaacutevel que a segunda Diferentes hipoacuteteses falseadoras devem apresentar pesos diferentes e este peso
mesmo quando bem estimado frequumlentemente o eacute por um processo subjetivo Natildeo eacute raro utilizar-se desta
subjetividade inerente ao falsificacionismo para justificar escolhas feitas segundo criteacuterios poliacuteticos econocircmicos
interesseiros corporativistas ou entatildeo apoiados em princiacutepios outros que tambeacutem deixam a desejar no que diz
respeito agrave eacutetica do cientista 8 Entendendo o falsificacionismo
Suponha que algueacutem deduza a seguinte hipoacutetese H1 As maccedilatildes do Estado de Satildeo Paulo satildeo vermelhas A teoria assim
simulada eacute uma teoria de hipoacutetese uacutenica Percebam que no argumento da hipoacutetese estaacute se admitindo como pressupostos uma infinidade de conceitos tais como fruta maccedilatilde cor
vermelho local Satildeo Paulo Brasil etc Estes pressupostos satildeo o que Severino chama de evidecircncias preacutevias como vimos no item 5 e constituem uma das bases da argumentaccedilatildeo de Chalmers [34] ao contestar os que afirmam que a ciecircncia
comeccedila com a observaccedilatildeo Um exemplo de previsatildeo desta teoria seria as maccedilatildes de
Jundiaiacute devem ser vermelhas tendo em vista que Jundiaiacute se localiza no Estado de Satildeo Paulo
Suponha tambeacutem que algueacutem tenha demonstrado que em condiccedilotildees X outra fruta que natildeo a maccedilatilde e que
originalmente era de determinada cor se modifica e conclui que se a teoria sobre as maccedilatildes for verdadeira ela
deveraacute permanecer verdadeira nas condiccedilotildees X Pode-se entatildeo construir a seguinte hipoacutetese de nulidade Ho Em
condiccedilotildees X obter-se-atildeo em Satildeo Paulo maccedilatildes natildeo
30
vermelhas Esta previsatildeo natildeo decorre da teoria (H1) mas de evidecircncias preacutevias outras e estranhas agrave mesma Se esta
hipoacutetese (Ho) for verificada a hipoacutetese original H1
Seraacute que este simples fato condena a teoria original Para o falsificacionista ingecircnuo sim Para aquele que entendeu e aceitou o significado da afirmaccedilatildeo de Popper citada
neste artigo ao final do
estaraacute falseada
quarto paraacutegrafo do item 5 natildeo Optar por uma teoria natildeo significa crer numa verdade
absoluta Se eu afirmo que Ho eacute verdadeira e consequumlentemente H1 eacute falsa isto natildeo significa que eu
estou atribuindo o grau de veracidade 100 a uma hipoacutetese e 0 agrave outra significa simplesmente que a verificaccedilatildeo experimental me convenceu a optar por uma teoria em
detrimento da outra A opccedilatildeo eacute uma das maneiras pelas quais o cientista expressa a sua feacute na ciecircncia [35] e o
falsificacionismo estabelece normas a lhe orientar nesta opccedilatildeo
Suponha agora que em condiccedilotildees X ou em outra condiccedilatildeo qualquer se encontrem no Estado de Satildeo Paulo maccedilatildes verdes Significa isto que a hipoacutetese H1
Natildeo podemos em satilde consciecircncia dizer que a psicanaacutelise por exemplo natildeo pertenccedila ao campo da ciecircncia pelo simples
fato de uma de suas teorias precursoras ser natildeo falseaacutevel Sequer podemos dizer que o autor dessa ideacuteia natildeo
fosse cientista se eacute verdade que a psicanaacutelise se desenvolveu em cima desta ideacuteia e apesar disso conseguiu
eacute falsa Natildeo Simplesmente ela foi falseada Nada impede que amanhatilde com a evoluccedilatildeo da ciecircncia se descubra que estes frutos verdes a que hoje associamos a ideacuteia maccedilatilde estejam inseridos num
outro contexto e que realmente natildeo sejam maccedilatildes Por que entatildeo se daacute preferecircncia a verificaccedilotildees falseadoras em detrimento das corroboradoras Ora isto nem sempre
acontece conquanto seja esta uma das regras propostas pelo falsificacionismo Por exemplo tanto a teoria da
relatividade quanto a mecacircnica quacircntica satildeo teorias fiacutesicas amplamente aceitas graccedilas a terem sido
corroboradas por previsotildees que se confirmaram e pouco valor se deu a um grande nuacutemero de testes que as falsearam Por outro lado estas duas teorias satildeo concomitantemente aceitas pelos fiacutesicos conquanto existam fortes argumentos
a provar que cada uma destas duas teorias falseia a outra e ambas falseiam a teoria de Maxwell que tambeacutem eacute aceita como verdadeira Certos ou errados neste caso os fiacutesicos modernos dentre os quais se inclui Popper fizeram uma opccedilatildeo contraacuteria agrave norma falsificacionista e natildeo haacute
como criticaacute-los por essa conduta a menos que se pretenda atribuir ao falsificacionismo uma qualidade que ele natildeo
possui a de estabelecer criteacuterios absolutos de veracidade O falsificacionismo presta-se tambeacutem a fomentar o diaacutelogo e a criatividade Neste caso surge quase como que um apelo para que se invista mais em experiecircncias de pensamento um
recurso legiacutetimo e de grande valor em ciecircncia 9 O falsificacionismo como delimitador da ciecircncia
Vimos no item 7 que para Popper uma teoria sem risco algum natildeo eacute cientiacutefica e eu acrescentei sequer eacute teoria Popper quis se aproveitar deste argumento para delimitar a ciecircncia utilizando-se entatildeo do falsificacionismo como
criteacuterio de cientificidade Com esta opccedilatildeo Popper desagradou a muitos e convenceu a poucos ainda que sua
ideacuteia natildeo fosse de todo maacute
31
de alguma forma se impor como ciecircncia muito provavelmente queiramos ou natildeo seu autor contribuiu diretamente para o progresso da ciecircncia Mesmo que hoje algueacutem chegasse a concluir categoricamente pelo caraacuteter natildeo cientiacutefico da psicanaacutelise isto de forma alguma nos autorizaria a hipoteticamente condenaacute-la agrave estagnaccedilatildeo Se um cientista utilizando-se de maus criteacuterios ou ateacute mesmo apoiando-se em dogmas constroacutei de maneira natildeo
cientiacutefica um determinado campo do conhecimento isto natildeo significa que este campo natildeo possa vir a ser estudado cientificamente e que natildeo se possam criteriosamente
aproveitar as conclusotildees de seus estudos Nada impede que uma teoria considerada hoje como natildeo cientiacutefica pelo fato de possuir uma ou mais hipoacuteteses natildeo falseaacuteveis adquira
esse status apoacutes passar por ligeiras reformulaccedilotildees Natildeo podemos assumir que um campo do conhecimento seja natildeo cientiacutefico pelo simples fato de natildeo encontrarmos nele
teorias cientiacuteficas Este posicionamento de Popper a meu ver natildeo se justifica o falsificacionismo natildeo eacute um bom
criteacuterio delimitador da ciecircncia e isto eu espero que tenha ficado claro para o leitor E mais natildeo existem aacutereas natildeo cientiacuteficas mas sim aacutereas onde ainda natildeo foram produzidos conhecimentos cientiacuteficos O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo e pelo menos nesta etapa nada eacute absolutamente corroboraacutevel ou falseaacutevel Podemos ainda
dizer que a ciecircncia natildeo se localiza aqui ou acolaacute sob esse aspecto a ciecircncia natildeo tem fronteiras
10 Enfim a teoria do meacutetodo Nos demais artigos desta seacuterie irei demonstrar ser possiacutevel partindo da regra cientiacutefica fundamental desenvolver uma teoria sobre o meacutetodo cientiacutefico
utilizando-se das trecircs hipoacuteteses seguintes 1 O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo 2 A produccedilatildeo de conhecimentos passa
necessariamente pelas etapas deduccedilatildeo anaacutelise induccedilatildeo e
siacutentese na ordem apresentada 3 Os princiacutepios cientiacuteficos fundamentais satildeo universais
Por questatildeo de simplicidade subdividirei o estudo do meacutetodo em trecircs etapas correspondentes a cada uma das hipoacuteteses 1) o estudo do macromeacutetodo cientiacutefico 2) o estudo do meacutetodo cientiacutefico propriamente dito e 3) o estudo do micromeacutetodo cientiacutefico Os toacutepicos nos quais
desenvolverei estas etapas estatildeo em fase de projeto natildeo havendo portanto previsatildeo quanto agrave eacutepoca de publicaccedilatildeo
Meacutetodo cientiacutefico
Origem Wikipeacutedia a enciclopeacutedia livre
A palavra meacutetodo vem do grego meacutethodos (caminho para chegar a um fim) O meacutetodo cientiacutefico eacute um conjunto de regras baacutesicas para desenvolver uma experiecircncia a fim de produzir novo conhecimento bem como corrigir e integrar conhecimentos preacute-existentes Na maioria das disciplinas cientiacuteficas consiste em juntar evidecircncias observaacuteveis empiacutericas (ou seja baseadas apenas na experiecircncia) e
mensuraacuteveis e as analisar com o uso da loacutegica Para muitos autores o meacutetodo cientiacutefico nada mais eacute do que a loacutegica
32
aplicada agrave ciecircncia (Haddad) Metodologia literalmente refere-se ao estudo dos meacutetodos e especialmente do meacutetodo da ciecircncia que se supotildee universal Embora procedimentos variem de uma aacuterea da
ciecircncia para outra (as disciplinas cientiacuteficas) diferenciadas por seus distintos objetos de estudo
consegue-se determinar certos elementos que diferenciam o meacutetodo cientiacutefico de outros meacutetodos (filosoacutefico algoritmo
ndash matemaacutetico etc)
Primeiramente os pesquisadores definem proposiccedilotildees loacutegicas ou suposiccedilotildees (hipoacuteteses) para explicar certos fenocircmenos e observaccedilotildees e entatildeo desenvolvem experimentos que testam essas hipoacuteteses Se confirmadas as hipoacuteteses podem gerar leis e teorias Integrando-se hipoacuteteses de certa aacuterea em uma estrutura coerente de conhecimento contribuiacute-se na
formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bem como coloca as hipoacuteteses em um conjunto de conhecimento maior que satildeo as
leis e teorias reconhecidas consensualmente pela comunidade cientiacutefica eou o
O contexto de uma pesquisa
paradigma de seu tempo Outra caracteriacutestica do meacutetodo eacute que o processo precisa
ser objetivo e o cientista deve ser imparcial na interpretaccedilatildeo dos resultados Sobre a objetividade o seja
atente agraves propriedades do objeto e natildeo do sujeito (subjetividade) eacute conhecida a afirmaccedilatildeo de Hans Selye
pesquisador canadense que formulou a moderna concepccedilatildeo de stress ldquoQuem natildeo sabe o que procura natildeo entende o que encontrardquo referindo-se a necessidade de formulaccedilatildeo de definiccedilotildees precisas (a essecircncia dos conceitos) e que
possam ser respondidas com o simples sim ou natildeo Tanto a imparcialidade (evidecircncia) como a objetividade foram incluiacutedas por Reneacute Descartes (1596 ndash 1649) nas regras
loacutegicas que caracterizam o meacutetodo cientiacutefico Aleacutem disso o procedimento precisa ser documentado tanto no que diz respeito agrave fonte de dados como as regras de anaacutelise para que outros cientistas possam re-analisar reproduzir e verificar a confiabilidade dos resultados Assim se distingue os relatos cientiacuteficos (artigos
monografias teses e dissertaccedilotildees) de um simples estilo (padratildeo) ou arquitetura de texto orientados pelo que caracteriza as normas da Retoacuterica ou estudo do uso persuasivo da linguagem em funccedilatildeo da eloquumlecircncia
Eacute comum o uso da anaacutelise matemaacutetica ou estatiacutestica quando possiacutevel ou aproximaccedilatildeo de modelos abstratos (tipos ideais) e categorias de classificaccedilatildeo a depender do
objetivo da pesquisa (identificar descrever analisar) que pode ser basicamente quantitativa ou qualitativa A divisatildeo da ciecircncia em aacutereas ou distintas disciplinas
cientificas tem levado a tais adequaccedilotildees da metodologia Eacute comum a afirmaccedilatildeo de que em funccedilatildeo da evoluccedilatildeo do meacutetodo
cientifico num extremo temos a fiacutesica e quiacutemica seguida da biologia e por uacuteltimo as ciecircncias sociais psicologia e ciecircncias juriacutedicas quase se aproximando da filosofia e estudo das crenccedilas (senso comum) ou ciecircncias do espiacuterito
(sistemas miacutetico - religiosos) Contudo pesquisadores contemporacircneos vecircem nessas duas abordagens uma oposiccedilatildeo complementar enquanto as pesquisas quantitativas visam descrever e explicar fenocircmenos que produzem regularidades mensuraacuteveis satildeo recorrentes (ou discrepantes) e exteriores ao sujeito
33
(objetivos) na pesquisa qualitativa o observador (sujeito) eacute da mesma natureza que o objeto de sua anaacutelise e ele proacuteprio uma parte de sua observaccedilatildeo (o subjetivo)
Eacute importante ter em mente que as pesquisas cientificas relacionam-se com um modelo (paradigmaacutetico) ou uma
constelaccedilatildeo de pressupostos e crenccedilas escalas de valores teacutecnicas e conceitos compartilhados pelos membros de uma determinada comunidade cientiacutefica num determinado momento
histoacuterico
Ciecircncia eacute muito mais uma maneira de pensar do que um corpo de conhecimentos -
Elementos do meacutetodo cientiacutefico
Carl Sagan ciecircncia consiste em agrupar factos para que leis
gerais ou conclusotildees possam ser tiradas deles - Charles Darwin
O meacutetodo cientiacutefico eacute composto dos seguintes elementos bull Caracterizaccedilatildeo - Quantificaccedilotildees observaccedilotildees e
medidas bull Hipoacuteteses - Explicaccedilotildees hipoteacuteticas das observaccedilotildees e
medidas bull Previsotildees - Deduccedilotildees loacutegicas das hipoacuteteses
bull Experimentos - Testes dos trecircs elementos acima O meacutetodo cientiacutefico consiste dos seguintes aspectos bull Observaccedilatildeo - Uma observaccedilatildeo pode ser simples isto eacute
feita a olho nu ou pode exigir a utilizaccedilatildeo de instrumentos apropriados
bull Descriccedilatildeo - O experimento precisa ser replicaacutevel (capaz de ser reproduzido)
bull Previsatildeo - As hipoacuteteses precisam ser vaacutelidas para observaccedilotildees feitas no passado no presente e no
futuro bull Controle - Para maior seguranccedila nas conclusotildees toda
experiecircncia deve ser controlada Experiecircncia controlada eacute aquela que eacute realizada com teacutecnicas que permitem descartar as variaacuteveis passiacuteveis de mascarar
o resultado bull Falseabilidade[1]
bull Explicaccedilatildeo das Causas - Na maioria das aacutereas da Ciecircncia eacute necessaacuterio que haja causalidade Nessas
condiccedilotildees os seguintes requerimentos satildeo vistos como importantes no entendimento cientiacutefico
- toda hipoacutetese tem que ser falseaacutevel ou refutaacutevel Isso natildeo quer dizer que o experimento seja falso mas sim que ele pode ser verificado
contestado Ou seja se ele realmente for falso deve ser possiacutevel provaacute-lo
bull Identificaccedilatildeo das Causas bull Correlaccedilatildeo dos eventos - As causas precisam se
correlacionar com as observaccedilotildees bull Ordem dos eventos - As causas precisam preceder
no tempo os efeitos observados Na aacuterea da sauacutede a natureza da associaccedilatildeo causal foi formulada por Hence e adaptada por Robert Koch em 1877
para demonstraccedilatildeo da relaccedilatildeo causal entre microrganismos e patologias consistindo basicamente no enunciado acima ou seja forccedila da associaccedilatildeo (conectividade) sequumlecircncia temporal (assimetria) transitividade (evidecircncia experimental) previsibilidade estabilidade
Uma maneira linearizada e pragmaacutetica de apresentar os quatro pontos acima estaacute exposto a seguir passo-a-passo
34
Vale a pena notar que eacute apenas um exemplo natildeo sendo obrigatoacuterio a existecircncia de todos esses passos Na
verdade na maioria dos casos natildeo se segue todos esses passos ou mesmo parte deles O meacutetodo cientiacutefico natildeo eacute
uma receita ele requer inteligecircncia imaginaccedilatildeo e criatividade O importante eacute que os aspectos e elementos
apresentados acima estejam presentes bull Definir o problema
bull Recolhimento de dados bull Proposta de uma hipoacutetese
bull Realizaccedilatildeo de uma experiecircncia controlada para testar a validade da hipoacutetese
bull Anaacutelise dos resultados bull Interpretar os dados e tirar conclusotildees o que serve
para a formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bull Publicaccedilatildeo dos resultados em monografias
dissertaccedilotildees teses artigos ou livros aceitos por universidades e ou reconhecidos pela comunidade
cientiacutefica Observe-se que nem todas as hipoacutetese podem ser confirmadas
ou refutadas por experimentos e que em muitas aacutereas do conhecimento o recolhimento de dados e a tentativas de interpretaacute-los jaacute eacute uma grande tarefa como nas ciecircncias
humanas e juriacutedicas (criminologia)
Ciecircncias humanas A limitaccedilatildeo eacutetica da realizaccedilatildeo experimentos com seres humanos o estudo das subjetividades ou essencialmente
subjetivo individual e particular psiquismo humano ou a natureza histoacuterica do objeto das ciecircncias sociais conduziram os pensadores a distintos caminhos ou
proposiccedilotildees de estudo para o meacutetodo cientiacutefico Contudo parafraseando Minayoldquouma base de dados quando bem trabalhada teoacuterica e praticamente produz riqueza de informaccedilotildees aprofundamento e maior fidedignidade
interpretativardquo As principais divergecircncias na anaacutelise dos resultados de pesquisas em ciecircncias sociais ou humanas se datildeo no plano da contextualizaccedilatildeo dos dados ou informaccedilotildees obtidas em campo nos diversos sistemas teoacutericos ou seja conjunto de teorias e leis reconhecidas como consensuais em distintos
momentos histoacutericos eou segmentos das comunidades cientiacuteficas Nas ciecircncias sociais identifica-se trecircs
grandes correntes de pensamentos bull Positivismo Auguste Comte
bull Fenomenologia (Fenomenologia do Espiacuterito Estruturalismo
bull Materialismo dialeacutetico Dialeacutetica Marxismo
A histoacuteria do meacutetodo cientiacutefico se mistura com a histoacuteria da ciecircncia Documentos do
A evoluccedilatildeo do conceito de meacutetodo
Antigo Egito jaacute descrevem meacutetodos de diagnoacutesticos meacutedicos Na cultura da Greacutecia
Antiga os primeiros indiacutecios do meacutetodo cientiacutefico comeccedilam a aparecer Grande avanccedilo no meacutetodo foi feito no comeccedilo da filosofia islacircmica principalmente no uso de experimentos
para decidir entre duas hipoacuteteses Os principios fundamentais do meacutetodo cientiacutefico se consolidaram com o surgimento da Fiacutesica nos seacuteculos XVII e XVIII Francis
Bacon em seu trabalho Novum Organum(1620)-uma referecircncia
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ao Organon de Aristoacuteteles-especifica um novo sistema loacutegico para melhorar o velho processo filosoacutefico do
silogismo A metodologia cientiacutefica tem sua origem no pensamento de
Descartes que foi posteriormente desenvolvimento empiricamente pelo fiacutesico inglecircs Isaac Newton Reneacute Descartes propocircs chegar agrave verdade atraveacutes da duacutevida sistemaacutetica e da decomposiccedilatildeo do problema em pequenas
partes caracteriacutesticas que definiram a base da pesquisa cientiacutefica
Lecirc-se no livro o Discurso do meacutetodo E como a multiplicidade de leis serve frequentemente para escusar os viacutecios de sorte que um estado eacute muito melhor governado quando possuindo poucas elas satildeo aiacute rigorosamente aplicadas assim em lugar de um grande
nuacutemero de preceitosde qua a loacutegica eacute composta acrediteis que jaacute me seriam bastante quatro contanto que tomasse a firme e constante resoluccedilatildeo de natildeo deixar uma vez soacute de
observaacute-los O primeiro consistia em nunca aceitar por verdadeira coisa nenhuma que natildeo conhecesse como evidente isto eacute
devia evitar cuidadosamente a precipitaccedilatildeo e a prevenccedilatildeo e nada incluir em meus juizos que natildeo se apresentasse tatildeo claramente e tatildeo distintamente ao meu espiacuterito que natildeo
tivesse nenhuma ocasiatildeo de o por em duacutevida O segundo ndash dividir cada uma das dificuldades que
examinasse em tantas parcelas quantas pudesse ser e fossem exigidas para melhor compreendecirc-las
O terceiro ndash conduzir por ordem os meus pensamento comeccedilando pelos objetos mais simples e faacuteceis de serem conhecidos para subir pouco a pouco como por degraus ateacute o conhecimento dos mais compostos e supondo mesmo
certa ordem entre os que natildeo se precedem naturalmente uns aos outros
e o uacuteltimo ndash fazer sempre enumeraccedilotildees tatildeo completas e revisotildees tatildeo gerais que ficasse certo de nada
omitir Correntemente estas regras satildeo 1 ndash da evidecircncia 2 ndash da
divisatildeo ou anaacutelise 3 ndash da ordem ou deduccedilatildeo 3 da enumeraccedilatildeo (contar especificar) classificaccedilatildeo
O acidente (serendipity
Eacute comum considerar alguns dos mais importantes avanccedilos na ciecircncia tais como as
)
descobertas da radioatividade por Henri Becquerel ou da penicilina por Alexander Fleming como tendo ocorrido por acidente no entanto o que eacute possiacutevel afirmar agrave luz da observaccedilatildeo cientiacutefica eacute que
teratildeo sido parcialmente acidentais uma vez que as pessoas envolvidas haviam aprendido a pensar cientificamente
estando portanto conscientes de que observaram algo novo e interessante
Os progressos da ciecircncia satildeo acompanhados de muitas horas de trabalho cuidadoso que segue um caminho mais ou menos sistemaacutetico na busca de respostas a questotildees cientiacuteficas
Eacute este o caminho denominado de meacutetodo cientiacutefico
A A hipoacutetese
Hipoacutetese (do gr Hypoacutethesis) eacute uma proposiccedilatildeo que se admite de modo provisoacuterio como princiacutepio do qual se pode
deduzir pelas regras da loacutegica um conjunto dado de proposiccedilotildees ou um mecanismo da experiecircncia a explicar
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Literalmente pode ser compreendida como uma suposiccedilatildeo ou pergunta conjetura que orienta uma investigaccedilatildeo por
antecipar caracteriacutesticas provaacuteveis do objeto investigado e que vale quer pela confirmaccedilatildeo atraveacutes de deduccedilotildees loacutegicas dessas caracteriacutesticas quer pelo encontro de novos caminhos de investigaccedilatildeo (novas hipoacuteteses e novos
experimentos) No meacutetodo cientiacutefico a hipoacutetese eacute o caminho que deve levar agrave formulaccedilatildeo de uma teoria O cientista na sua hipoacutetese tem dois objetivos explicar um fato e prever
outros acontecimentos dele decorrentes (deduzir as consequencias) A hipoacutetese deveraacute ser testada em
experiecircncias laboratoriais controladasSe apoacutes muitas dessas experiecircncias os resultados obtidos pelos
pesquisadores natildeo contrariarem a hipoacutetese entatildeo ela seraacute aceita como uma lei e integrada agrave uma teoria eou sistema
teacuteoacuterico
Referecircncias 1 uarr [PDF] Estudos do meacutetodo cientiacutefico
Ver tambeacutem bull Verdade
bull Falseabilidade bull Karl Popper
bull Filosofia da ciecircncia bull Histoacuteria da ciecircncia
bull Epistemologia bull Loacutegica
bull Aristoacuteteles bull Georg Wilhelm Friedrich Hegel
bull Complexidade bull Reducionismo
bull Navalha de Occam bull Ciecircncia
bull Pseudociecircncia bull Paradigma
bull Paul Feyerabend bull Thomas Kuhn
bull Gaston Bachelard bull Teoria
bull Lei (ciecircncias) bull Hipoacutetese
bull Tese bull Dissertaccedilatildeo
Bibliografia
Becker Howard S Meacutetodos de pesquisa em ciecircncias sociais SP Hucitec 1999
Chizzotti Antonio Pesquisa em ciecircncia humanas e sociais SP Cortez 2006
Comte August Discurso preliminar sobre o espiacuterito positivo
Descartes Reneacute Discurso do meacutetodo (traduccedilatildeo prefaacutecio e notas de Joatildeo Cruz Costa SP Ed de Ouro 1970 disponiacutevel
para download em domiacutenio puacuteblico httpwwwdominiopublico e eBooket
httpwwweBooketnet IntraText Reneacute Descartes - e-books
37
Haddad Nagib Metodologia de estudos em ciecircncias da sauacutede como planejar analisar e apresentar um trabalho
cientiacutefico SP Roca 2004 Minayo Maria C de Souza (org) Deslandes (Suely F
Gomes Romeu Pesquisa social teoria meacutetodo e criatividade Petroacutepolis RJ Vozes 2007
Lakatos Eva Maria Marconi Marina de A Meacutetodologia cientiacutefica SP Atlas 2007
Selye Hans Stress a tensatildeo da vida SP IBRASA 1965
Ligaccedilotildees externas bull Explicando o Meacutetodo Cientiacutefico
bull Prova Cientiacutefica bull Diretrizes para elaboraccedilatildeo de dissertaccedilotildees e teses -
USP bull Centro Cochrane do Brasil
bull Metodologiaorg bull Evidecircnciascom
bull Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq)
bull Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciecircncia bull Lista de Perioacutedicos cientificos brasileiros por
assunto bull SciELO - Scientific Electronic Library Online
bull Perioacutedicos UNESCO bull Ciecircncia Hoje
bull Scientific American - Brasil bull Scientific American
COLCHA DE RETALHOS CIENTIacuteFICA (a realidade natildeo eacute Frankenstein ela eacute uacutenica e funcional)
A realidade segundo a Ciecircncia geral
A senhora Ciecircncia trabalhando com
seus remendos
Drordf Ciecircncia e seu filho
Mary Shelley viu o futuro
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Somos Monstros 6 05 2008
Tudo comeccedilou com um desafio feito a Mary Shelley (1797-1851) entatildeo uma jovem de 21 anos por Lord Byron Na eacutepoca 1918 Byron propocircs a Mary e seu marido que
escrevessem um conto de terror uma maneira de passar o tempo jaacute que suas feacuterias estavam sendo consumidas
intediantemente pelo mau tempo Mary foi a uacuteltima a dar iniacutecio ao seu conto que acabou baseado em um pesadelo que
teve numa daquelas noites de chuva E dentre todos o conto de Shelley foi o que mais surpreendeu e arrepiou Insentivada a continuar Mary Shelley desenvolveu ainda
mais sua histoacuteria e transformou-a em um dos mais conhecidos e celebrados livros da Histoacuteria Frankenstein
Victor Frankenstein era um jovem curioso com sede de conhecimento apaixonado pela ciecircncia intrigado com os segredos da vida e louco para deixar sua marca no mundo Havia aprendido sozinho em casa sobre as fantasias da Alquimia no entanto apenas na universidade ele foi descobrir que toda sua bagagem de conhecimento estava ultrapassada haacute muito Acabou se tornando um aluno
exemplar dedicado agrave quiacutemica e agrave biologia Foi assim que sozinho em seu laboratoacuterio em Ingolstadt Victor deu iniacutecio agrave sua criaccedilatildeo misturando seus conhecimentos
teoacutericos de fisiologia e filosofia natural com princiacutepios de mecacircnica decido a descobrir se o princiacutepio que
mantinha animado o corpo poderia pernecer mesmo apoacutes a morte Como Victor fez isso todos jaacute sabemos deu vida a uma criatura formada por partes de cadaacuteveres de tamanho
descomunal (cerca de 25m de altura) e aparecircncia horripilante E eacute aqui que daacute-se iniacutecio ao grande trunfo
da histoacuteria Ao despertar da Criatura Frankenstein acaba por cair na realidade vendo como era realmente feia sua criaccedilatildeo com
seus membros desproporcionais seu olhos aquosos e amarelos incompleta a ponto de seus tecidos nem sequer
cobrirem todo o corpo deixando agrave mostra muacutesculos e ossos Desesperado e com medo arrependido de sua audaacutecia Victor
abandona sua Criatura decaindo num suacutebito acesso de naacuteusea e lucidez
Pobre Criatura um ser vazio de conhecimentos ignorante em relaccedilatildeo ao conviacutevio social solto num mundo de pessoas
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preconceituosas e indiferentes A personificaccedilatildeo perfeita da famosa teoria de Rousseau a do ldquobom selvagemrdquo que diz
que todo o homem nasce ldquopurordquo e eacute corrompido pela sociedade violenta viciosa e materialista Quem lecirc a
histoacuteria de Frankenstein espera encontrar terror suspense e aventura onde um monstro estaria a solta para destruir e matar No entanto descobre um mundo onde noacutes humanos somos totalmente repugnantes e no qual o uacutenico ser que
realmente tem algum valor eacute o monstro excluiacutedo por todos Poucos livros retratam tatildeo bem a indiferenccedila humana e a nossa mania de dar mais valor agraves aparecircncias do que aos
sentimentos carater e virtudes Mary Shelley escreveu uma autecircntica obra-prima da
literatura universal um romance capaz de despertar no leitor a pena e a compaixatildeo por um monstro e a repugnacircncia
de nossa proacutepria raccedila Uma liccedilatildeo que ainda natildeo foi aprendida mesmo depois de quase 200 anos
Ficha Teacutecnica Tiacutetulo Frankestein (Frankenstein or the Modern
Prometheus) Autor Mary Shalley Paiacutes Inglaterra
Publicaccedilatildeo Original 1818 Publicaccedilatildeo Lida Martin Claret Editora 2001
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Capiacutetulo 7 Espaccedilotempo de Reuniatildeo
Pois entatildeo eacute hora de re-unir a humanidade de fazer
cessar o pecado original divisor RE-FAZENDO famiacutelia natildeo mais ilha Famiacutelias de todos os tipos com todas as uniotildees todas as misturas
Eacute preciso eacute fundamental que os governos de todo o
mundo invistam maciccedilamente na reuniatildeo dos pares fundamentais nos casamentos no estudo das uniotildees estaacuteveis na restauraccedilatildeo no contorno natildeo-forccedilado dos divoacutercios e separaccedilotildees digamos com um periacuteodo de experiecircncia antes da consagraccedilatildeo do casamento uniotildees-em-experiecircncia
A gestaccedilatildeo da nova famiacutelia deve ser o mote deste seacuteculo XXI todo e do futuro
Vitoacuteria quinta-feira 12 de marccedilo de 2009 Joseacute Augusto Gava
Anexos Capiacutetulo 5
O MEacuteTODO CIENTIacuteFICO REDUTOR (logo de cara esse quebrar em partes rompe os viacutenculos da totalidade da funcionabilidade total)
16
II2 Caracteriacutesticas do meacutetodo cientiacutefico O meacutetodo dedutivo o meacutetodo indutivo e o meacutetodo
hipoteacutetico-dedutivo satildeo os trecircs meacutetodos cientiacuteficos a que se refere a denominaccedilatildeo geneacutetica de meacutetodo cientiacutefico A primeira caracteriacutestica do meacutetodo cientiacutefico eacute a sua
natureza convencional a de servir de marco de geraccedilatildeo do conhecimento objetivo Por isso existem muacuteltiplas caracteriacutesticas em funccedilatildeo da perspectiva com que se
classifiquem se estudem e inclusivamente se denominem A primeira que me chama a atenccedilatildeo eacute o fato de que os dois primeiros tecircm um nome difiacutecil de distinguir visto que no acircmbito linguumliacutestico podem representar um soacute conceito com
duas manifestaccedilotildees raciociacutenio numa direccedilatildeo ou na contraacuteria do geral para o particular ou vice-versa
O problema logicamente deriva da dificuldade conceptual de separar um meacutetodo cientiacutefico de outro de uma forma clara evidentemente os termos escolhidos natildeo ajudam a
reter na memoacuteria estes dois conceitos de meacutetodo cientiacutefico Tambeacutem natildeo ajuda muito a denominaccedilatildeo do
terceiro meacutetodo cientiacutefico Uma caracteriacutestica de ambos meacutetodos eacute que podem ir do
geral para o particular ou vice-versa num sentido ou no inverso Ambos utilizam a loacutegica e chegam a uma conclusatildeo
Em uacuteltima instacircncia sempre tecircm elementos filosoacuteficos subjacentes
Ambos costumam ser susceptiacuteveis de verificaccedilatildeo empiacuterica Ainda que o meacutetodo dedutivo seja mais proacuteprio das ciecircncias formais e o indutivo das ciecircncias empiacutericas nada impede a aplicaccedilatildeo indistinta de um meacutetodo cientiacutefico ou outro a
uma teoria concreta Para mim sem pretender entrar em polecircmica neste tema a diferenccedila fundamental entre o meacutetodo dedutivo e o meacutetodo indutivo eacute que o primeiro aspira a demonstrar mediante a loacutegica pura a conclusatildeo na sua totalidade a partir de
umas premissas de maneira que se garante a veracidade das conclusotildees se natildeo se invalida a loacutegica aplicada Trata-se do modelo axiomaacutetico proposto por Aristoacuteteles como meacutetodo
cientiacutefico ideal Pelo contraacuterio o meacutetodo indutivo cria leis a partir da
observaccedilatildeo dos fatos mediante a generalizaccedilatildeo do comportamento observado na realidade o que realiza eacute uma espeacutecie de generalizaccedilatildeo sem que atraveacutes da loacutegica possa conseguir uma demonstraccedilatildeo das citadas leis ou conjunto de
conclusotildees As referidas conclusotildees poderiam ser falsas e ao mesmo tempo a aplicaccedilatildeo parcial efetuada da loacutegica poderia manter a sua validade por isso o meacutetodo indutivo necessita de uma condiccedilatildeo adicional a sua aplicaccedilatildeo
considera-se vaacutelida enquanto natildeo se encontrar nenhum caso que natildeo cumpra o modelo proposto
O meacutetodo hipoteacutetico-dedutivo ou de verificaccedilatildeo de hipoacuteteses natildeo coloca em princiacutepio nenhum problema visto
que a sua validade depende dos resultados da proacutepria verificaccedilatildeo
Este meacutetodo cientiacutefico costuma utilizar-se para melhorar ou precisas teorias preacutevias em funccedilatildeo de novos
conhecimentos nas quais a complexidade do modelo natildeo permite formulaccedilotildees loacutegicas Portanto tem um caraacuteter
predominantemente intuitivo e necessita natildeo soacute para ser rejeitado mas tambeacutem para impor a sua validade a
verificaccedilatildeo das suas conclusotildees
17
Poderia propor-se para estas trecircs variantes do meacutetodo cientiacutefico a denominaccedilatildeo de meacutetodo dedutivo meacutetodo
intuitivo e meacutetodo experimental ou meacutetodo de verificaccedilatildeo ou qualquer conjunto de palavras que faccedilam referecircncia agraves suas diferenccedilas fundamentais e natildeo coloquem problemas agrave memoacuteria linguumliacutestica Natildeo obstante nesta exposiccedilatildeo
manterei a nomenclatura geralmente utilizada A Teoria Geral da Evoluccedilatildeo Condicionada da Vida seria em
princiacutepio uma teoria baseada no meacutetodo hipoteacutetico-dedutivo ou meacutetodo de verificaccedilatildeo de hipoacuteteses
A teoria de Darwin pelo contraacuterio estaria enquadrada no meacutetodo indutivo mas que apesar de encontrar exemplos contraacuterios natildeo se invalida adeacutequa-se para encaixar
qualquer triacircngulo Porque seraacute
Como se disse anteriormente toda a teoria deve ser resistente agrave sua refutaccedilatildeo contudo uma teoria que natildeo pode ser refutada por nenhum fato concebiacutevel natildeo eacute
cientiacutefica A impossibilidade de refutaccedilatildeo de uma teoria cientiacutefica natildeo eacute uma virtude mas sim um viacutecio
TEORIA SOBRE O MEacuteTODO CIENTIacuteFICO EM BUSCA DE UM MODELO UNIFICANTE PARA AS CIEcircNCIAS
E DE UM RETORNO Agrave UNIVERSIDADE CRIATIVA I -- INTRODUCcedilAtildeO
Alberto Mesquita Filho Comeccedilo regra geral as minhas liccedilotildees sobre Meacutetodo
Cientiacutefico dizendo aos meus alunos que o meacutetodo cientiacutefico natildeo existe Acrescento que tenho obrigaccedilatildeo de saber isso tendo eu sido durante algum tempo pelo menos o uacutenico professor desse inexistente assunto em toda a Comunidade
Britacircnica
Tendo entatildeo explicado aos meus alunos que natildeo haacute essa coisa que seria o meacutetodo cientiacutefico apresso-me a comeccedilar o meu discurso e ficamos ocupadiacutessimos Pois um ano mal chega para roccedilar a superfiacutecie mesmo de um assunto
inexistente Karl R Popper [1]
Resumo Este artigo eacute o primeiro de uma seacuterie de artigos relacionados agrave metodologia cientiacutefica e cuja temaacutetica foi dividida em cinco toacutepicos principais Corresponde a uma
versatildeo atualizada de consideraccedilotildees expressas pelo autor a partir de 1983 em livros artigos e conferecircncias citados no texto colaborou para esta atualizaccedilatildeo a experiecircncia adquirida pelo autor no processo de remodelaccedilatildeo da Proacute-Reitoria Comunitaacuteria da USJT (1992-1993) bem como aquela adquirida junto aos demais membros da equipe criada pelos Conselhos Superiores da USJT (1994) --expandida em 1995--
com a finalidade de implantar o Centro de Pesquisa da USJT Os conceitos foram axiomatizados de forma a darem
corpo a uma nova teoria sobre o meacutetodo cientiacutefico permitindo mesmo a constataccedilatildeo de possiacuteveis aplicaccedilotildees dentro de um contexto abrangente tais como 1) a teoria
fornece os meios necessaacuterios para que se promova a integraccedilatildeo das ciecircncias e 2) propicia a sustentaccedilatildeo de um projeto visando a caracterizar a universidade como o local apropriado para a formaccedilatildeo de cientistas Os cinco
toacutepicos a serem abordados satildeo pela ordem I - Introduccedilatildeo na qual eacute proposta a regra delimitante da ciecircncia II - O macromeacutetodo cientiacutefico e a Histoacuteria da Ciecircncia III - O
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papel da universidade na produccedilatildeo de conhecimentos IV - O meacutetodo cientiacutefico propriamente dito a) A teoria da
praacutetica em ciecircncia b) A praacutetica da teorizaccedilatildeo cientiacutefica V - O micromeacutetodo cientiacutefico e a Filosofia da Ciecircncia Os demais toacutepicos estatildeo em fase de projeto natildeo havendo portanto previsatildeo quanto agrave eacutepoca de publicaccedilatildeo []
1 Colocaccedilatildeo do problema Meacutetodo entre outras coisas significa caminho para chegar
a um fim ou pelo qual se atinge um objetivo Que dizer entatildeo do meacutetodo cientiacutefico [2] Poderia dizer que eacute o caminho trilhado pelo cientista quando em busca de verdades cientiacuteficas
Afirma-se com grande frequumlecircncia que o cientista eacute aquele que se utiliza do meacutetodo cientiacutefico Os que aceitam esta
Percebam que estou meramente jogando com as palavras e associando-as ao conceito de
meacutetodo acima postulado Quais satildeo as verdades cientiacuteficas O que eacute ser cientista O que eacute ciecircncia Existe uma ciecircncia uacutenica Quando nos reportamos a uma hipoteacutetica linha demarcatoacuteria a separar o que julgamos
ser uma verdade cientiacutefica de outras possiacuteveis verdades a que nos estamos referindo
verdade --e haacute muitos que o fazem-- devem procurar uma conceituaccedilatildeo para meacutetodo cientiacutefico diferente da exposta no paraacutegrafo anterior sob pena de andarem em ciacuterculo Ou definimos cientista a partir da definiccedilatildeo de meacutetodo frac34algo tentado por Popper ao propor o falsificacionismo [3]frac34 ou definimos meacutetodo a partir da definiccedilatildeo de cientista do contraacuterio natildeo chegamos a nada Conservarei a ideacuteia de meacutetodo cientiacutefico como caminho trilhado pelo cientista
2 O que eacute ciecircncia
com o que estou assumindo o risco de ter que definir ciecircncia eou cientista Eacute o que tentarei fazer nesta
introduccedilatildeo
Natildeo eacute faacutecil definir ciecircncia e satildeo inuacutemeros os tratados sobre o assunto a abordarem esta dificuldade Ao leitor
principiante em ciecircncia e que queira penetrar na complexidade do tema ou entatildeo perceber a quantas anda nossa ignoracircncia a respeito sugiro se tiver pendores
filosoacuteficos que comece pelo livro de Chalmers (1976) [4] ou entatildeo se preferir algo mais ameno e mais voltado agrave
praacutetica cientiacutefica pelo livro de Beveridge (1980) [5] Ao leitor acomodado e que natildeo tenha amplo conhecimento do
assunto ou mesmo para aquele que pretenda prosseguir com esta leitura ciente de que eacute possiacutevel pelo menos em niacutevel conjetural enfrentar o desafio apontado relatarei aqui a
conclusatildeo de um ensaio que sintetiza uma ideacuteia que me ocorreu haacute cerca de dez anos [6] e que apresentei na
sessatildeo de debates da mesa redonda A Pesquisa na Universidade Particular ocorrida por ocasiatildeo da IV Semana de Psicologia da USJT (1994) com as seguintes palavras Vejo a ciecircncia como a aacuterea do conhecimento que se apoacuteia natildeo num meacutetodo mas sim na regra da repetitividade a que
eu tenho chamado de regra cientiacutefica fundamental Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que
pesquisado se repetiu eacute de se admitir que em futuras verificaccedilotildees o mesmo suceda [7]
A regra cientiacutefica fundamental conquanto aceita intuitivamente por todos os cientistas ocupa entre os mesmos e ateacute entre os filoacutesofos da ciecircncia um papel
secundaacuterio quando natildeo totalmente ignorada Via de regra considera-se a ciecircncia como que apoiada em regras outras
19
como por exemplo o princiacutepio da causalidade de Kant a regra metodoloacutegica de Popper que se associa a seu meacutetodo
dedutivo de prova o princiacutepio ou argumento indutivista e as regras ou criteacuterios de utilidade Como posiccedilotildees
extremas e apoiadas em regras mais riacutegidas podemos citar a visatildeo paradigmaacutetica de Thomas Kuhn a defender o
dogmatismo cientiacutefico o ponto de vista de Chalmers a questionar a argumentaccedilatildeo filosoacutefica no que diz respeito agrave delimitaccedilatildeo da ciecircncia e a visatildeo anarquista de Feyerabend
a se opor frontalmente ao racionalismo em ciecircncia A fim de ilustrar o comentado no paraacutegrafo anterior
vejamos como Thomas Kuhn (1962) --defensor de uma posiccedilatildeo cientiacutefico-filosoacutefica incompatiacutevel com a que aqui pretendo apresentar-- retrata a importacircncia da repetitividade dos eventos como algo a semear o surgimento de novas ideacuteias Existem em princiacutepio somente trecircs tipos de fenocircmenos a propoacutesito dos quais pode ser desenvolvida uma nova teoria O primeiro tipo compreende os fenocircmenos jaacute bem explicados
pelos paradigmas existentes Tais fenocircmenos raramente fornecem motivos ou um ponto de partida para a construccedilatildeo de uma teoria Quando o fazem as teorias resultantes raramente satildeo aceitas visto que a natureza natildeo proporciona nenhuma base para uma discriminaccedilatildeo entre as alternativas Uma segunda classe de fenocircmenos compreende aqueles cuja
natureza eacute indicada pelos paradigmas existentes mas cujos detalhes somente podem ser entendidos apoacutes uma maior
articulaccedilatildeo da teoria Os cientistas dirigem a maior parte de sua pesquisa a esses fenocircmenos mas tal pesquisa visa antes agrave articulaccedilatildeo dos paradigmas existentes do que agrave invenccedilatildeo de novos Somente quando esses esforccedilos de articulaccedilatildeo fracassam eacute que os cientistas encontram o
terceiro tipo de fenocircmeno as anomalias reconhecidas cujo traccedilo caracteriacutestico eacute a sua recusa obstinada a serem
assimiladas aos paradigmas existentes Apenas esse uacuteltimo tipo de fenocircmeno faz surgir novas teorias [8]
Ora se um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se recusou obstinadamente a ser assimilado aos paradigmas
existentes e se esta recusa eacute quem orienta a caracterizaccedilatildeo de novas teorias e mais se a ciecircncia eacute fundamentalmente o conjunto das ideacuteias e teorias geradas pela mente humana bem como a aplicaccedilatildeo pelo homem dessas ideacuteias e teorias em busca de um relacionamento sadio com a natureza e com os seus semelhantes podemos sossegadamente
concluir que ciecircncia eacute o processo pelo qual o homem se relaciona com os fenocircmenos universais que se sujeitam agrave
regra cientiacutefica fundamental 3 O ser cientista
Cientista diz-nos Ferreira (1986) eacute a pessoa que cultiva ou que eacute especialista em alguma ciecircncia ou em ciecircncias
[9] e ciecircncia eacute um processo definido no item anterior Se aceitarmos estas premissas concluiremos que o conhecimento
cientiacutefico eacute aquele factiacutevel de reproduccedilatildeo enquanto o cientista eacute aquele que de alguma forma cultiva esses conhecimentos Eacute importante aqui salientar que muitas
vezes o que se espera reproduzir eacute um dado probabiliacutestico Por exemplo se dissermos que 80 das moleacuteculas de um gaacutes
satildeo do elemento quiacutemico oxigecircnio isto natildeo significa estarmos afirmando ser oxigecircnio esta ou aquela moleacutecula objeto de verificaccedilatildeo experimental o que a regra nos
preconiza eacute que independentemente de qual cientista for tentar reproduzir a medida ou do local escolhido para que
20
esta segunda medida seja efetuada observando-se as condiccedilotildees em que a mesma foi realizada anteriormente o
valor obtido concordaraacute com o valor precedente dentro de uma margem de erro tambeacutem estimaacutevel por meacutetodos
experimentais Todos noacutes vez ou outra nos comportamos como cientistas Ser cientista natildeo eacute possuir um roacutetulo mas sim postar-se com uma atitude cientiacutefica por outro lado mesmo aquele que se diz cientista vez ou outra assume atitudes natildeo cientiacuteficas e penetra em terrenos apoiados em regras
proacuteprias ou ateacute mesmo sem regras O roacutetulo eacute frequumlentemente utilizado quando queremos nos referir agraves
pessoas que se utilizam de seus talentos cientiacuteficos como meio de vida seriam entatildeo os cientistas profissionais A filosofia por exemplo eacute um campo de atuaccedilatildeo bem mais
abrangente que aquele ditado pela regra cientiacutefica fundamental Poderiacuteamos dizer que a filosofia comporta a
ciecircncia ainda que esta ideacuteia natildeo agrade a alguns cientistas mas jamais poderiacuteamos dizer e quanto a isso
todos satildeo concordes que a ciecircncia comporta a filosofia O bom cientista utiliza-se da filosofia da mesma forma que a maioria dos indiviacuteduos com sede se utilizam do copo Outras
aacutereas do conhecimento seriam 1) o ocultismo frac34e aqui poderiacuteamos incluir a tiacutetulo de exemplo a alquimia e a astrologia 2) as artes frac34e vale a pena aqui frisar que a arte pode ser encarada cientificamente postura esta que foi frequumlentemente adotada por Leonardo da Vinci [10] e defendida em sua Teoria do Conhecimento 3) a teologia
etc A busca pela verdade que tambeacutem eacute objetivo da grande maioria destas aacutereas natildeo cientiacuteficas segue-se por caminhos nem sempre limitados ou compatiacuteveis com a regra cientiacutefica
fundamental O cultivo da ciecircncia pode se dar atraveacutes da observaccedilatildeo de alguns ou todos dentre seus objetivos nobres quais sejam
1) aquisiccedilatildeo transmissatildeo e aplicaccedilatildeo de conhecimentos cientiacuteficos jaacute sistematizados e 2) produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
de novos conhecimentos Visto sob este acircngulo satildeo cientistas 1) o estudioso eou o professor eou o
profissional bacharel em quaisquer das ciecircncias 2) o tecnoacutelogo 3) o pesquisador em aacutereas cientiacuteficas 4) o
teorizador em ciecircncias 5) e o autor de artigos cientiacuteficos relatando ideacuteias proacuteprias eou revisotildees bibliograacuteficas Sob um ponto de vista mais rigoroso o cientista seria apenas aquele capaz de dominar as teacutecnicas inerentes a todos os
objetivos nobres acima apontados Nem tanto ao ceacuteu nem tanto agrave terra Percebam que jaacute
conceituamos ciecircncia e jaacute conseguimos ir aleacutem a ponto de fornecer dados para que se analise o comportamento daqueles
que trabalham em ciecircncia Observado este comportamento poderiacuteamos assumir como cientistas aqueles que realmente contribuem para o progresso das ciecircncias Adotarei esta
postura mas gostaria de esclarecer conforme seraacute comentado oportunamente que a noccedilatildeo de progresso aqui defendida eacute um pouco mais abrangente do que aquela
preconizada pelos pensadores iluministas [11] que tanto influenciaram os positivistas Aceita esta premissa frac34a de que cientistas satildeo somente aqueles que real e diretamente [12] contribuem para o progresso das ciecircnciasfrac34 suponha que consigamos caracterizar os cientistas assim definidos como aqueles que ao contribuir para o progresso das
ciecircncias se utilizam de um meacutetodo comum a que chamaremos
21
meacutetodo cientiacutefico Poderemos entatildeo afirmar e natildeo se trata aqui da busca por uma definiccedilatildeo que o cientista eacute aquele que se utiliza do meacutetodo cientiacutefico o raciociacutenio ciacuteclico da forma como foi agora utilizado estaacute livre de consequumlecircncias funestas Notem com o auxiacutelio da figura 1 a sintetizar as ideacuteias principais aqui focalizadas que do ponto de vista conceitual natildeo estamos andando em ciacuterculo
REGRA CIENTIacuteFICA FUNDAMENTAL
Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu eacute de se admitir que em futuras
verificaccedilotildees o mesmo suceda
DEFINICcedilAtildeO DE CIEcircNCIA
Ciecircncia eacute o processo pelo qual o homem se relaciona com os fenocircmenos universais que se sujeitam agrave regra cientiacutefica
fundamental
OBSERVACcedilAtildeO DO COMPORTAMENTO DOS QUE TRABALHAM EM CIEcircNCIA
VERIFICACcedilAtildeO DE QUE ALGUNS CONTRIBUEM PARA O PROGRESSO DAS CIEcircNCIAS
Cientista eacute todo ser racional que contribui diretamente para o progresso das ciecircncias
CONSTATACcedilAtildeO DE QUE ESTES SE UTILIZAM DE UM MEacuteTODO COMUM
Figura 1 - Para explicaccedilatildeo vide texto Resta-nos entatildeo para que a ideacuteia ganhe em consistecircncia comprovar a existecircncia de um uacutenico meacutetodo cientiacutefico e
isto natildeo parece ser uma tarefa faacutecil Antes de enfrentarmos esta dificuldade vamos verificar como as ideacuteias aqui apresentadas se conformam a conceitos classicamente
adotados como modelos de meacutetodo cientiacutefico
[] Muitos dentre esses toacutepicos satildeo apresentados em um contexto diverso em
Referecircncias
Ensaios sobre a Filosofia da Ciecircncia ou entatildeo em outros artigos expostos acima na
seccedilatildeo Temas relacionados [1] POPPER K R 1956 Acerca da inexistecircncia do meacutetodo
cientiacutefico in Prefaacutecio da ediccedilatildeo de 1956 do livro O realismo e o objetivo da ciecircncia
[2] FERREIRA A B H 1986
Publicaccedilotildees Dom Quixote (traduccedilatildeo) Lisboa 1987 Este prefaacutecio foi lido num
encontro dos Fellows of Center for Advanced Study in the Behavioral Sciences em Stanford Califoacuternia em novembro
de 1956 Novo dicionaacuterio da liacutengua
portuguesa[3] POPPER K R (1959)
Ed Nova Fronteira Rio de Janeiro p 1128 A loacutegica da pesquisa
cientiacutefica Ed Cultrix (traduccedilatildeo 1975) Satildeo Paulo
22
[4] CHALMERS A F 1976 (traduccedilatildeo 1993) O que eacute ciecircncia afinal[5] BEVERIDGE W I B 1980
Ed Brasiliense Satildeo Paulo 225 p Sementes da descoberta
cientiacutefica[6] MESQUITA Fdeg A 1987
Edusp (traduccedilatildeo) Satildeo Paulo Confesso que blefei --
Fiacutesica antiga vs moderna
[7] Perguntas e Debates 1995 item V
editado pela USJT (na eacutepoca Faculdades Satildeo Judas Tadeu) Satildeo Paulo capiacutetulo 13 A
Ciecircncia Existe p 92-8 Sobre Pesquisa e
Filosofia da Ciecircncia p 75 in EspecialIntegraccedilatildeo A pesquisa na universidade particular Integraccedilatildeo
[8] KUHN T S 1962 (traduccedilatildeo 1975)
I(1)51-75 1995 Este ensaio foi tambeacutem apresentado e discutido em palestra (natildeo publicada) que ministrei por ocasiatildeo da
Semana de Filosofia da USJT de 1994 A estrutura das
revoluccedilotildees cientiacuteficas Ed Perspectiva Satildeo Paulo 257 pp capiacutetulo 8 A natureza e a necessidade das revoluccedilotildees
cientiacuteficas[9] FERREIRA 1986 Idem p 404
p 131 [Os grifos satildeo meus]
[10] Leonardo da Vinci in The New Encyclopaedia Britannica Vol 22 (Macropaedia) Enc Brit Inc
Chicago 1993 p 946 (Leonardo as artist-scientist[11] SANTOS G T
) Os caminhos do pensamento cientiacutefico a
partir do Iluminismo Integraccedilatildeo I(5)131-6 1996 conferecircncia proferida por ocasiatildeo da Semana de Filosofia da USJT de 1995 Na sessatildeo de debates Santos dentre outras consideraccedilotildees interessantes a respeito faz a
seguinte observaccedilatildeo O progresso como vai ser definido no Iluminismo eacute uma noccedilatildeo de abandono passa pelo abandono necessaacuterio de coisas que ficaram ou que deveratildeo ficar no
passado[12] O termo diretamente aqui empregado eacute essencial a natildeo ser levado em conta corremos o risco de considerar
como cientistas dentre outros os mecenas que no passado contribuiacuteram de maneira indireta para o progresso
das ciecircncias
O argumento indutivista Uma criacutetica imparcial conquanto demolidora ao
indutivismo eacute apresentada por Chalmers nos trecircs primeiros capiacutetulos de seu livro [13] Veremos aqui apenas alguns toacutepicos interessantes do ponto de vista epistemoloacutegico
eou necessaacuterios para um melhor entendimento da teoria ora sendo apresentada
Um sumaacuterio completo do argumento indutivista da ciecircncia estaacute esquematizado na figura 2 adaptada de Chalmers [14]
Chama a atenccedilatildeo a omissatildeo da deduccedilatildeo de hipoacuteteses o indutivista admite ser possiacutevel partir da observaccedilatildeo e chegar a leis apelando exclusivamente ao raciociacutenio
indutivo O meacutetodo indutivo baseia-se na crenccedila de que eacute possiacutevel confirmar um enunciado universal (lei) atraveacutes de um certo nuacutemero de observaccedilotildees singulares Via de regra
quando se questiona o indutivista a respeito da omissatildeo da hipoacutetese ele logo repete uma frase de Newton Natildeo faccedilo
hipoacuteteses Obviamente este indutivista ingecircnuo ouviu esta frase sabe que foi proferida por Newton mas demonstra
natildeo saber a que Newton estava se referindo A hipoacutetese a que Newton se refere natildeo eacute a mesma que hoje se conceitua nos tratados de metodologia cientiacutefica ou de estatiacutestica Newton deixou bastante claro em sua obra que natildeo fazia como cientista especulaccedilotildees ou conjecturas infundadas No
23
que se refere a hipoacuteteses no contexto em que o termo eacute hoje aceito rariacutessimos foram os cientistas que em sua
fase produtiva as levantaram em nuacutemero tal cuja ordem de grandeza se aproximasse daquela atingida por Newton
O argumento indutivista baseia-se na crenccedila no princiacutepio da induccedilatildeo que dentre outras formas pode ser enunciado como Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno
sempre que pesquisado se repetiu em futuras verificaccedilotildees o mesmo sucederaacute
Figura 2 - O argumento indutivista (segundo Chalmers)
[15] Escolhi esta versatildeo para que fique claro o contraste entre o princiacutepio da induccedilatildeo e a regra
cientiacutefica fundamental expliacutecita na figura 1 Trecircs comentaacuterios merecem ser feitos a respeito 1) Conquanto
seja usado como regra metodoloacutegica o princiacutepio da induccedilatildeo natildeo define o nuacutemero de observaccedilotildees singulares a permitir uma generalizaccedilatildeo (obtenccedilatildeo de leis) 2) Esta e outras falhas conceituais inerentes ao argumento indutivista propiciam interpretaccedilotildees ingecircnuas ao princiacutepio conforme
veremos abaixo 3) O princiacutepio sem perder em generalidade no que diz respeito agraves premissas (tem o
mesmo campo de atuaccedilatildeo que a regra cientiacutefica fundamental) e para que possa caracterizar-se como metodoloacutegico e natildeo apenas norteador torna-se mais
restritivo que a regra cientiacutefica fundamental frac34afirma ao inveacutes de suporfrac34 Consequumlentemente os que abraccedilam esta ideologia devem procurar por uma outra definiccedilatildeo de ciecircncia que natildeo a apresentada no item 2 e figura 1 As
consequumlecircncias epistemoloacutegicas daiacute resultantes seratildeo objeto de discussatildeo em itens posteriores
O indutivista ingecircnuo eacute aquele que dentre outras falhas conceituais eou de raciociacutenio consegue provar
cientificamente por exemplo a inexistecircncia de Deus pelo simples fato de Deus natildeo se manifestar a ele tendo em vista que ele natildeo possui uma regra para delimitar a ciecircncia que natildeo seja o princiacutepio da causalidade --natildeo haacute efeito sem causa-- ele tenta inverter o princiacutepio frac34que no caso ficaria natildeo haacute causa sem efeitofrac34 e apelando para o argumento indutivista consegue por meacutetodos cientiacuteficos chegar a conclusotildees natildeo cientiacuteficas frac34no caso teoloacutegicas Mais comum no entanto eacute o erro agora natildeo tatildeo ingecircnuo cometido por alguns indutivistas que conseguem provar cientificamente que todas as maccedilatildes satildeo vermelhas prova esta vaacutelida somente ateacute o dia em que eles se
depararem com maccedilatildes verdes Neste caso a falha decorre da crenccedila num meacutetodo repleto de incoerecircncias internas
5 O argumento dedutivista
24
O argumento dedutivista ainda que natildeo isento de criacuteticas representou sem duacutevida alguma uma evoluccedilatildeo no sentido em que propiciou uma metodologia cientiacutefica dotada de
coerecircncia interna A esse respeito eacute dito com frequumlecircncia que o raciociacutenio dedutivo constitui o
argumento da loacutegica A fim de padronizar comparaccedilotildees apresentarei o argumento
dedutivista como apoiado no seguinte princiacutepio Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa para que seja hipoacutetese deveraacute ser
passiacutevel de verificaccedilatildeo observacional A figura 3 ilustra a proposiccedilatildeo deste argumento
Eacute importante observar que nem toda a afirmaccedilatildeo deduzida seraacute uma hipoacutetese motivo pelo qual natildeo utilizamos o argumento loacutegico se e somente se ao enunciarmos o
princiacutepio
Figura 3 - O argumento dedutivista
[16] Em particular eacute de se ressaltar a opiniatildeo de Severino (1994) a respeito
Eacute preciso natildeo confundir hipoacutetese com pressuposto com evidecircncia preacutevia
Hipoacutetese eacute o que se pretende demonstrar e natildeo o que jaacute se tem
demonstrado [17] A loacutegica dedutiva ao caminhar do geral para o particular
nos garante a formulaccedilatildeo de hipoacuteteses e hipoacutetese comprovada atraveacutes de uma observaccedilatildeo controlada (teste eou experiecircncia) nos permite suspeitar atraveacutes de um raciociacutenio indutivo (do singular para o geral) sua condiccedilatildeo de lei Observem o cuidado na colocaccedilatildeo das palavras Eu disse nos permite suspeitar e natildeo nos
permite garantir Por que esse cuidado A experimentaccedilatildeo natildeo nos garante verdades A esse respeito Popper assim se
referiu Natildeo haacute um meacutetodo para determinar se
uma hipoacutetese eacute lsquoprovaacutevelrsquo ou provavelmente verdadeira [18]
Eacute interessante notar que algumas limitaccedilotildees inerentes ao indutivismo e que propiciam o aparecimento de conclusotildees ingecircnuas satildeo aqui substituiacutedas por uma impossibilidade
Sob esse aspecto o dedutivismo natildeo solucionou o problema mas simplesmente reduziu a possibilidade de que se
cometessem determinados raciociacutenios ingecircnuos Rigorosamente falando o problema natildeo eacute tatildeo insoluacutevel
assim Seraacute insoluacutevel tatildeo-somente para aqueles que julgam estar cientificamente buscando por verdades absolutas A verdade cientiacutefica e soacute o leigo talvez natildeo saiba eacute uma
verdade provisoacuteria tomada por empreacutestimo da natureza e da forma como ela se nos aparenta ser As verdades
25
cientiacuteficas de hoje seratildeo quando natildeo negadas lapidadas e reformuladas amanhatilde Se chegaremos ou natildeo por meacutetodos
cientiacuteficos agrave verdade absoluta eacute um questionamento que a ciecircncia natildeo estaacute aparelhada para responder E talvez nunca esteja o que natildeo nos impede de que continuemos procurando
pela verdade Popper foi mais aleacutem demonstrando ser impossiacutevel ateacute mesmo probabilizar uma afirmaccedilatildeo comprovada por um
raciociacutenio que siga a metodologia dedutiva (incluindo e eacute aiacute que reside o problema principal do meacutetodo a induccedilatildeo -- vide lado direito da figura 3) A esse respeito Popper
propotildee a substituiccedilatildeo do termo probabilizar por corroborar Uma hipoacutetese seria tanto mais corroboraacutevel quanto mais propiciasse verificaccedilotildees experimentais e teria sido tanto mais corroborada e natildeo haacute como se
atribuir nuacutemeros probabiliacutesticos a esse efeito quanto mais resistisse a essas verificaccedilotildees Siegel (1977
traduccedilatildeo) adota provavelmente com o mesmo objetivo a expressatildeo grau de aceitabilidade
Efetuamos pesquisas a fim de determinar o grau de aceitabilidade de
hipoacuteteses deduzidas de nossas teorias [19]
Esta impossibilidade em garantir um acerto preocupou bastante Popper e certamente foi um dos motivos que o
levou a expandir o argumento dedutivista atraveacutes da proposiccedilatildeo do falsificacionismo a ser apresentado no
item 7 Independentemente das dificuldades apontadas neste e nos itens precedentes a verdade eacute que a ciecircncia progride e este progresso eacute guiado por homens que conhecem o terreno por onde pisam E conquanto todos saibam da natildeo existecircncia em ciecircncia de verdades absolutas da impossibilidade de se
chegar a uma soluccedilatildeo definitiva para os problemas cientiacuteficos e da natildeo existecircncia de provas observacionais irrefutaacuteveis quase todos [20] entendem e concordam com a
afirmaccedilatildeo de GIL (1994) expressa a seguir A pesquisa cientiacutefica inicia-se
sempre com a colocaccedilatildeo de um problema solucionaacutevel O passo seguinte
consiste em oferecer uma soluccedilatildeo possiacutevel atraveacutes de uma proposiccedilatildeo ou seja de uma expressatildeo suscetiacutevel de ser declarada verdadeira ou falsa A
esta proposiccedilatildeo daacute-se o nome de hipoacutetese Assim a hipoacutetese eacute a
proposiccedilatildeo testaacutevel que pode vir a ser a soluccedilatildeo do problema [21]
6 O que eacute teoria Eacute importante salientar que a finalidade primordial da ciecircncia natildeo eacute formular hipoacuteteses e sim sistematizar teorias e que teoria natildeo eacute pura e simplesmente uma
coletacircnea de hipoacuteteses Teoria eacute um conjunto de hipoacuteteses coerentemente interligadas tendo por finalidade explicar
elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio do conhecimento [22] Por que entatildeo os livros de
metodologia insistem em justificar os meacutetodos atraveacutes de hipoacuteteses uacutenicas e via de regra desinteressantes tais
como As maccedilatildes satildeo vermelhas os cisnes satildeo brancos etc A verdade eacute que nem sempre eacute faacutecil encontrar teorias ao mesmo tempo simples e de amplo espectro ou seja que
26
possam ser entendidas por leitores das vaacuterias aacutereas do conhecimento Por outro lado os argumentos que corroboram ou derrubam teorias satildeo em princiacutepio idecircnticos aos que corroboram ou derrubam hipoacuteteses frac34poderiacuteamos tambeacutem dizer
que uma hipoacutetese eacute ou simula ser uma teoria cujo conjunto de hipoacuteteses eacute unitaacuterio Em geral a dificuldade inerente ao grau de complexidade de uma teoria pode ser
superada desde que o cientista conheccedila a fundo esta teoria cujo grau de aceitabilidade pretende testar e domine a loacutegica envolvida em situaccedilotildees similares poreacutem simples como aquelas que aparecem nos compecircndios sobre o
assunto A ecircnfase dada pelos textos de metodologia cientiacutefica a meacutetodos relacionados a testes de hipoacuteteses contrasta com a quase ausecircncia de referecircncias a meacutetodos relativos agrave
praacutetica da teorizaccedilatildeo Existem exceccedilotildees a esta regra e eu natildeo poderia deixar de citar [23] os livros de Bunge [24] e de Lacey [25] indicados especialmente para os iniciantes da aacuterea de exatas Embora natildeo especificamente dirigido a esta temaacutetica haacute que se destacar tambeacutem o livro de Bohm e
Peat [26] e que merece ser lido posto que focaliza a essecircncia da problemaacutetica aqui apontada neste caso e por este motivo eacute indicado aos iniciantes de todas as aacutereas A praacutetica da teorizaccedilatildeo com rariacutessimas exceccedilotildees natildeo se
aprende na escola Grandes teorizadores por terem aprendido a utilizar uma teacutecnica natildeo encontrada nos livros tradicionais e que nem mesmo eacute ensinada na maioria dos
regimes de iniciaccedilatildeo cientiacutefica chegaram a ser confundidos com gecircnios Eacute bem possiacutevel que estes gecircnios tenham adquirido esta praacutexis cultuando algum resquiacutecio da
filosofia que a sociedade moderna natildeo conseguiu despedaccedilar
A lacuna acima apontada fomenta a ingenuidade ou ateacute mesmo o charlatanismo multiplicando sobremaneira o nuacutemero dos que sem estarem devidamente preparados para teorizar frac34uma atividade que natildeo eacute elementarfrac34 ainda assim teorizam e teorizam mal frac34fato este que chega a incomodar cientistas de respeito que ocupam postos importantes nas
universidades [27] Por outro lado e em decorrecircncia disto permite que se condene agrave marginalidade cientiacutefica
e por periacuteodos variaacuteveis de tempo todos aqueles que certos ou errados pretendem evoluir seriamente no sentido de atender agrave finalidade uacuteltima da ciecircncia a edificaccedilatildeo de
teorias representacionais Que meacutetodos estes homens seguiram que natildeo a paixatildeo a
devoccedilatildeo a persistecircncia e a crenccedila num espiacuterito universal frac34Espiacuterito este que segundo alguns admitem natildeo estaacute a se
divertir com nossos erros e acertos o que foi sintetizado pelo maior dos gecircnios do seacuteculo XX nas
seguintes palavras Deus natildeo joga dados A resposta nos eacute dada pelo proacuteprio autor desta afirmaccedilatildeo
O alvo de construir uma teoria de campo eletromagneacutetico da mateacuteria
permanece inatingiacutevel por ora embora em princiacutepio nenhuma objeccedilatildeo possa ser levantada contra a possibilidade de vir a se alcanccedilar tal objetivo O que reteve qualquer tentativa posterior nessa direccedilatildeo foi a falta de qualquer meacutetodo sistemaacutetico que levasse a uma
soluccedilatildeo [28]
27
Seraacute que natildeo existem meacutetodos ou regras a serem adotados nesta praacutexis E por falar nisso a praacutetica da teorizaccedilatildeo
natildeo seria uma teorexis [29] Seraacute que teorizar em ciecircncia eacute uma atividade puramente filosoacutefica Natildeo existe uma
metodologia cientiacutefica a orientar aqueles que se preocupam em decifrar os segredos que estatildeo por traacutes dos fenocircmenos que se adaptam agrave regra cientiacutefica fundamental Caso exista
um meacutetodo a ser sistematizado Seria ele diferente do meacutetodo cientiacutefico O que eacute o meacutetodo cientiacutefico
Tentarei dentro do possiacutevel e da finalidade a que me propus ao conceber esta seacuterie de artigos responder
oportunamente eou orientar o leitor se houver como no que diz respeito aos questionamentos aqui assinalados De qualquer forma mais detalhes sobre teoria eou teorizaccedilatildeo seratildeo apresentados no toacutepico IV-b A praacutetica da teorizaccedilatildeo
(em preparo)
[13] CHALMERS A F 1976 Referecircncias
op cit (Voltar pelo browser) pp 23-63
[14] Idem p 28 [15] Esta versatildeo eacute uma adaptaccedilatildeo do princiacutepio da induccedilatildeo
como enunciado por CHALMERS (1976) op cit Se um grande nuacutemero de As foi observado sob uma ampla variedade de condiccedilotildees e se todos esses As observados possuiacuteam sem exceccedilatildeo a propriedade B entatildeo todos os As possuem a propriedade B
[16] Neste caso o princiacutepio ficaria
Aparentes contradiccedilotildees que o iniciante possa descobrir ao comparar os dois enunciados natildeo
comprometem o raciociacutenio que se segue razatildeo pela qual admitirei a equivalecircncia sem justificaacute-la
Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa seraacute hipoacutetese se e somente se for passiacutevel de verificaccedilatildeo
observacional
[17] SEVERINO J S 1994
O primeiro se torna a afirmaccedilatildeo inconsistente
Metodologia do trabalho cientiacutefico[18] POPPER K R 1956
Cortez Editora Satildeo Paulo op cit
[19] SIEGEL S 1977 Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica
[20] Eacute possiacutevel que alguns dentre os indutivistas natildeo concordem com alguns dos termos da afirmaccedilatildeo por motivos que podem ser suspeitados tendo em vista o apresentado
neste e no item anterior
Ed McGraw-Hill do Brasil Ltda Satildeo Paulo p 6
[21] GIL A C 1994 Como elaborar projetos de pesquisas
[22] Em FERREIRA A B H 1986
Editora Atlas S A Satildeo Paulo p 35 [Os grifos satildeo
meus] op cit (Voltar pelo
browser) encontramos uma definiccedilatildeo mais geral a satisfazer tambeacutem o argumento indutivista Teoria eacute um
conjunto de conhecimentos natildeo ingecircnuos que apresentam graus diversos de sistematizaccedilatildeo e credibilidade e que se
propotildeem a explicar elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio de fenocircmenos ou de acontecimentos que se
oferecem agrave atividade praacutetica [23] Os trecircs livros citados a seguir natildeo satildeo os uacutenicos
nos gecircneros assinalados a despeito da disparidade apontada Ao tempo em que registro com estes exemplos a exceccedilatildeo agrave regra presto tambeacutem uma homenagem a autores que ao serem por mim lidos transmutaram em duacutevidas muitas das
respostas a questotildees fundamentais e que eu
28
pretensiosamente julgava possuir [24] BUNGE M Teoria e realidade
[25] LACEY HM 1972
Ed Perspectiva (traduccedilatildeo 1994) Satildeo Paulo
A linguagem do espaccedilo e do tempo
[26] BOHM D e PEAT F D
Ed Perspectiva SA
Ciecircncia ordem e criatividade
[27] A esse respeito vale a pena ler
Gradiva Publicaccedilotildees Ltda (traduccedilatildeo 1989) Lisboa
Cientiacuteficos Chiflados capiacutetulo XIV do livro BERNSTEIN J 1988 Observacioacuten de
la Ciencia[28] EINSTEIN A
Ed Fondo de Cultura Econoacutemica Meacutexico Fiacutesica e realidade in Albert Einstein
Pensamento poliacutetico e uacuteltimas conclusotildees (1983 traduccedilatildeo) Edit Brasiliense S A Satildeo Paulo [O grifo eacute meu]
[29] Este termo eu utilizei pela primeira vez no artigo MESQUITA Fdeg A 1983 Ciecircncia empiacuterica uma arma ou uma daacutediva Faculdade
Antes de mais nada afirmarei sem me alongar que uma teoria adotado o argumento dedutivista pode ser
corroborada ou negada fundamentalmente atraveacutes de um dos trecircs procedimentos seguintes 1) Pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de uma de suas hipoacuteteses 2) pela verificaccedilatildeo ou negaccedilatildeo de uma de suas prediccedilotildees 3) pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de teorias auxiliares deduzidas da teoria principal (teoria em teste ou sob suspeita) as teorias
auxiliares podem ser de trecircs tipos teorias ou hipoacuteteses de nulidade teorias ou hipoacuteteses salvadoras e teorias ou hipoacuteteses assassinas
(Revista do IAMC) ndeg 6 p 28-43 agosto83
7 O falsificacionismo O falsificacionismo natildeo foi proposto como um meacutetodo novo mas sim como um criteacuterio ou conduta a ser ou natildeo adotado por aqueles que se conformam ao meacutetodo dedutivo de prova
Natildeo haacute nada no falsificacionismo do ponto de vista metodoloacutegico que natildeo esteja previsto ou que natildeo decorra naturalmente de uma opccedilatildeo a ser seguida espontaneamente ou natildeo por este ou aquele dedutivista Qual seria entatildeo este criteacuterio Com que finalidade foi proposto A resposta a estas perguntas bem como o meacuterito do falsificacionismo constituem o objetivo deste e dos proacuteximos dois itens
[30] Incluem-se no rol das teorias auxiliares como veremos oportunamente as teorias
transcendentais frequumlentemente conotadas por experiecircncias de pensamento As prediccedilotildees e as hipoacuteteses ou teorias auxiliares satildeo teorias geradas utilizando-se do proacuteprio argumento dedutivista esquematizado na figura 3 Neste caso o foco de atenccedilatildeo inicial frac34representado na figura como observaccedilatildeofrac34 eacute nada mais nada menos que a proacutepria teoria que deu origem agrave prediccedilatildeo eou agrave teoria auxiliar Ao valorizar a falseabilidade como criteacuterio a ser adotado
pelos dedutivistas Popper nada mais fez que tentar expandir ou trazer para o domiacutenio da metodologia
cientiacutefica uma praacutetica amplamente utilizada com sucesso em estatiacutestica o criteacuterio de tomada de decisatildeo atraveacutes da
hipoacutetese de nulidade (Ho
O primeiro passo ou estaacutegio no processo de tomada de decisatildeo eacute
definir a hipoacutetese de nulidade (
)
Ho) Formula-se usualmente com o expresso propoacutesito de ser rejeitada Se eacute
29
rejeitada pode-se aceitar a hipoacutetese alternativa (H1) A hipoacutetese
alternativa eacute a definiccedilatildeo operacional da hipoacutetese de pesquisa do
pesquisador A hipoacutetese de pesquisa eacute a prediccedilatildeo deduzida da teoria que estaacute
sendo comprovada [31] A contribuiccedilatildeo de Popper a esse respeito limitou-se agrave ecircnfase que deu agrave importacircncia da procura por hipoacuteteses de
nulidade Ateacute entatildeo este costume estava restrito agrave procura por previsotildees frac34apresentadas via de regra pelo proacuteprio autor da teoriafrac34 eou hipoacuteteses salvadoras frac34levantadas
pelos adeptos da teoria em focofrac34 eou hipoacuteteses assassinas frac34levantadas pelos criacuteticos da teoria em questatildeo As quatro
tecircm uma caracteriacutestica comum satildeo todas teorias falseadoras
A boa teoria dentre outras qualidades [32] e segundo Popper eacute aquela potencialmente geradora de hipoacuteteses
falseadoras e tanto melhor seraacute quanto maior for o risco de ser negada Ela pode ateacute mesmo ser derrubada no primeiro teste a que for submetida o que natildeo invalida o que foi
dito foi uma boa teoria enquanto durou e voltaraacute a ser se conseguir ressurgir das cinzas Dito em outras palavras o criteacuterio para se avaliar a virtude de uma teoria nascente repousa no seu grau de submissatildeo a testes adversos Uma teoria de baixo risco raramente eacute bem vinda [33] e uma
teoria sem risco algum na opiniatildeo de Popper natildeo eacute cientiacutefica e eu iria aleacutem sequer eacute teoria
Levando-se em conta que o criteacuterio falsificacionista peca pela subjetividade deve-se tomar cuidado ao se optar por uma teoria em detrimento de outra pelo fato de a primeira
ser mais falseaacutevel que a segunda Diferentes hipoacuteteses falseadoras devem apresentar pesos diferentes e este peso
mesmo quando bem estimado frequumlentemente o eacute por um processo subjetivo Natildeo eacute raro utilizar-se desta
subjetividade inerente ao falsificacionismo para justificar escolhas feitas segundo criteacuterios poliacuteticos econocircmicos
interesseiros corporativistas ou entatildeo apoiados em princiacutepios outros que tambeacutem deixam a desejar no que diz
respeito agrave eacutetica do cientista 8 Entendendo o falsificacionismo
Suponha que algueacutem deduza a seguinte hipoacutetese H1 As maccedilatildes do Estado de Satildeo Paulo satildeo vermelhas A teoria assim
simulada eacute uma teoria de hipoacutetese uacutenica Percebam que no argumento da hipoacutetese estaacute se admitindo como pressupostos uma infinidade de conceitos tais como fruta maccedilatilde cor
vermelho local Satildeo Paulo Brasil etc Estes pressupostos satildeo o que Severino chama de evidecircncias preacutevias como vimos no item 5 e constituem uma das bases da argumentaccedilatildeo de Chalmers [34] ao contestar os que afirmam que a ciecircncia
comeccedila com a observaccedilatildeo Um exemplo de previsatildeo desta teoria seria as maccedilatildes de
Jundiaiacute devem ser vermelhas tendo em vista que Jundiaiacute se localiza no Estado de Satildeo Paulo
Suponha tambeacutem que algueacutem tenha demonstrado que em condiccedilotildees X outra fruta que natildeo a maccedilatilde e que
originalmente era de determinada cor se modifica e conclui que se a teoria sobre as maccedilatildes for verdadeira ela
deveraacute permanecer verdadeira nas condiccedilotildees X Pode-se entatildeo construir a seguinte hipoacutetese de nulidade Ho Em
condiccedilotildees X obter-se-atildeo em Satildeo Paulo maccedilatildes natildeo
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vermelhas Esta previsatildeo natildeo decorre da teoria (H1) mas de evidecircncias preacutevias outras e estranhas agrave mesma Se esta
hipoacutetese (Ho) for verificada a hipoacutetese original H1
Seraacute que este simples fato condena a teoria original Para o falsificacionista ingecircnuo sim Para aquele que entendeu e aceitou o significado da afirmaccedilatildeo de Popper citada
neste artigo ao final do
estaraacute falseada
quarto paraacutegrafo do item 5 natildeo Optar por uma teoria natildeo significa crer numa verdade
absoluta Se eu afirmo que Ho eacute verdadeira e consequumlentemente H1 eacute falsa isto natildeo significa que eu
estou atribuindo o grau de veracidade 100 a uma hipoacutetese e 0 agrave outra significa simplesmente que a verificaccedilatildeo experimental me convenceu a optar por uma teoria em
detrimento da outra A opccedilatildeo eacute uma das maneiras pelas quais o cientista expressa a sua feacute na ciecircncia [35] e o
falsificacionismo estabelece normas a lhe orientar nesta opccedilatildeo
Suponha agora que em condiccedilotildees X ou em outra condiccedilatildeo qualquer se encontrem no Estado de Satildeo Paulo maccedilatildes verdes Significa isto que a hipoacutetese H1
Natildeo podemos em satilde consciecircncia dizer que a psicanaacutelise por exemplo natildeo pertenccedila ao campo da ciecircncia pelo simples
fato de uma de suas teorias precursoras ser natildeo falseaacutevel Sequer podemos dizer que o autor dessa ideacuteia natildeo
fosse cientista se eacute verdade que a psicanaacutelise se desenvolveu em cima desta ideacuteia e apesar disso conseguiu
eacute falsa Natildeo Simplesmente ela foi falseada Nada impede que amanhatilde com a evoluccedilatildeo da ciecircncia se descubra que estes frutos verdes a que hoje associamos a ideacuteia maccedilatilde estejam inseridos num
outro contexto e que realmente natildeo sejam maccedilatildes Por que entatildeo se daacute preferecircncia a verificaccedilotildees falseadoras em detrimento das corroboradoras Ora isto nem sempre
acontece conquanto seja esta uma das regras propostas pelo falsificacionismo Por exemplo tanto a teoria da
relatividade quanto a mecacircnica quacircntica satildeo teorias fiacutesicas amplamente aceitas graccedilas a terem sido
corroboradas por previsotildees que se confirmaram e pouco valor se deu a um grande nuacutemero de testes que as falsearam Por outro lado estas duas teorias satildeo concomitantemente aceitas pelos fiacutesicos conquanto existam fortes argumentos
a provar que cada uma destas duas teorias falseia a outra e ambas falseiam a teoria de Maxwell que tambeacutem eacute aceita como verdadeira Certos ou errados neste caso os fiacutesicos modernos dentre os quais se inclui Popper fizeram uma opccedilatildeo contraacuteria agrave norma falsificacionista e natildeo haacute
como criticaacute-los por essa conduta a menos que se pretenda atribuir ao falsificacionismo uma qualidade que ele natildeo
possui a de estabelecer criteacuterios absolutos de veracidade O falsificacionismo presta-se tambeacutem a fomentar o diaacutelogo e a criatividade Neste caso surge quase como que um apelo para que se invista mais em experiecircncias de pensamento um
recurso legiacutetimo e de grande valor em ciecircncia 9 O falsificacionismo como delimitador da ciecircncia
Vimos no item 7 que para Popper uma teoria sem risco algum natildeo eacute cientiacutefica e eu acrescentei sequer eacute teoria Popper quis se aproveitar deste argumento para delimitar a ciecircncia utilizando-se entatildeo do falsificacionismo como
criteacuterio de cientificidade Com esta opccedilatildeo Popper desagradou a muitos e convenceu a poucos ainda que sua
ideacuteia natildeo fosse de todo maacute
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de alguma forma se impor como ciecircncia muito provavelmente queiramos ou natildeo seu autor contribuiu diretamente para o progresso da ciecircncia Mesmo que hoje algueacutem chegasse a concluir categoricamente pelo caraacuteter natildeo cientiacutefico da psicanaacutelise isto de forma alguma nos autorizaria a hipoteticamente condenaacute-la agrave estagnaccedilatildeo Se um cientista utilizando-se de maus criteacuterios ou ateacute mesmo apoiando-se em dogmas constroacutei de maneira natildeo
cientiacutefica um determinado campo do conhecimento isto natildeo significa que este campo natildeo possa vir a ser estudado cientificamente e que natildeo se possam criteriosamente
aproveitar as conclusotildees de seus estudos Nada impede que uma teoria considerada hoje como natildeo cientiacutefica pelo fato de possuir uma ou mais hipoacuteteses natildeo falseaacuteveis adquira
esse status apoacutes passar por ligeiras reformulaccedilotildees Natildeo podemos assumir que um campo do conhecimento seja natildeo cientiacutefico pelo simples fato de natildeo encontrarmos nele
teorias cientiacuteficas Este posicionamento de Popper a meu ver natildeo se justifica o falsificacionismo natildeo eacute um bom
criteacuterio delimitador da ciecircncia e isto eu espero que tenha ficado claro para o leitor E mais natildeo existem aacutereas natildeo cientiacuteficas mas sim aacutereas onde ainda natildeo foram produzidos conhecimentos cientiacuteficos O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo e pelo menos nesta etapa nada eacute absolutamente corroboraacutevel ou falseaacutevel Podemos ainda
dizer que a ciecircncia natildeo se localiza aqui ou acolaacute sob esse aspecto a ciecircncia natildeo tem fronteiras
10 Enfim a teoria do meacutetodo Nos demais artigos desta seacuterie irei demonstrar ser possiacutevel partindo da regra cientiacutefica fundamental desenvolver uma teoria sobre o meacutetodo cientiacutefico
utilizando-se das trecircs hipoacuteteses seguintes 1 O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo 2 A produccedilatildeo de conhecimentos passa
necessariamente pelas etapas deduccedilatildeo anaacutelise induccedilatildeo e
siacutentese na ordem apresentada 3 Os princiacutepios cientiacuteficos fundamentais satildeo universais
Por questatildeo de simplicidade subdividirei o estudo do meacutetodo em trecircs etapas correspondentes a cada uma das hipoacuteteses 1) o estudo do macromeacutetodo cientiacutefico 2) o estudo do meacutetodo cientiacutefico propriamente dito e 3) o estudo do micromeacutetodo cientiacutefico Os toacutepicos nos quais
desenvolverei estas etapas estatildeo em fase de projeto natildeo havendo portanto previsatildeo quanto agrave eacutepoca de publicaccedilatildeo
Meacutetodo cientiacutefico
Origem Wikipeacutedia a enciclopeacutedia livre
A palavra meacutetodo vem do grego meacutethodos (caminho para chegar a um fim) O meacutetodo cientiacutefico eacute um conjunto de regras baacutesicas para desenvolver uma experiecircncia a fim de produzir novo conhecimento bem como corrigir e integrar conhecimentos preacute-existentes Na maioria das disciplinas cientiacuteficas consiste em juntar evidecircncias observaacuteveis empiacutericas (ou seja baseadas apenas na experiecircncia) e
mensuraacuteveis e as analisar com o uso da loacutegica Para muitos autores o meacutetodo cientiacutefico nada mais eacute do que a loacutegica
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aplicada agrave ciecircncia (Haddad) Metodologia literalmente refere-se ao estudo dos meacutetodos e especialmente do meacutetodo da ciecircncia que se supotildee universal Embora procedimentos variem de uma aacuterea da
ciecircncia para outra (as disciplinas cientiacuteficas) diferenciadas por seus distintos objetos de estudo
consegue-se determinar certos elementos que diferenciam o meacutetodo cientiacutefico de outros meacutetodos (filosoacutefico algoritmo
ndash matemaacutetico etc)
Primeiramente os pesquisadores definem proposiccedilotildees loacutegicas ou suposiccedilotildees (hipoacuteteses) para explicar certos fenocircmenos e observaccedilotildees e entatildeo desenvolvem experimentos que testam essas hipoacuteteses Se confirmadas as hipoacuteteses podem gerar leis e teorias Integrando-se hipoacuteteses de certa aacuterea em uma estrutura coerente de conhecimento contribuiacute-se na
formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bem como coloca as hipoacuteteses em um conjunto de conhecimento maior que satildeo as
leis e teorias reconhecidas consensualmente pela comunidade cientiacutefica eou o
O contexto de uma pesquisa
paradigma de seu tempo Outra caracteriacutestica do meacutetodo eacute que o processo precisa
ser objetivo e o cientista deve ser imparcial na interpretaccedilatildeo dos resultados Sobre a objetividade o seja
atente agraves propriedades do objeto e natildeo do sujeito (subjetividade) eacute conhecida a afirmaccedilatildeo de Hans Selye
pesquisador canadense que formulou a moderna concepccedilatildeo de stress ldquoQuem natildeo sabe o que procura natildeo entende o que encontrardquo referindo-se a necessidade de formulaccedilatildeo de definiccedilotildees precisas (a essecircncia dos conceitos) e que
possam ser respondidas com o simples sim ou natildeo Tanto a imparcialidade (evidecircncia) como a objetividade foram incluiacutedas por Reneacute Descartes (1596 ndash 1649) nas regras
loacutegicas que caracterizam o meacutetodo cientiacutefico Aleacutem disso o procedimento precisa ser documentado tanto no que diz respeito agrave fonte de dados como as regras de anaacutelise para que outros cientistas possam re-analisar reproduzir e verificar a confiabilidade dos resultados Assim se distingue os relatos cientiacuteficos (artigos
monografias teses e dissertaccedilotildees) de um simples estilo (padratildeo) ou arquitetura de texto orientados pelo que caracteriza as normas da Retoacuterica ou estudo do uso persuasivo da linguagem em funccedilatildeo da eloquumlecircncia
Eacute comum o uso da anaacutelise matemaacutetica ou estatiacutestica quando possiacutevel ou aproximaccedilatildeo de modelos abstratos (tipos ideais) e categorias de classificaccedilatildeo a depender do
objetivo da pesquisa (identificar descrever analisar) que pode ser basicamente quantitativa ou qualitativa A divisatildeo da ciecircncia em aacutereas ou distintas disciplinas
cientificas tem levado a tais adequaccedilotildees da metodologia Eacute comum a afirmaccedilatildeo de que em funccedilatildeo da evoluccedilatildeo do meacutetodo
cientifico num extremo temos a fiacutesica e quiacutemica seguida da biologia e por uacuteltimo as ciecircncias sociais psicologia e ciecircncias juriacutedicas quase se aproximando da filosofia e estudo das crenccedilas (senso comum) ou ciecircncias do espiacuterito
(sistemas miacutetico - religiosos) Contudo pesquisadores contemporacircneos vecircem nessas duas abordagens uma oposiccedilatildeo complementar enquanto as pesquisas quantitativas visam descrever e explicar fenocircmenos que produzem regularidades mensuraacuteveis satildeo recorrentes (ou discrepantes) e exteriores ao sujeito
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(objetivos) na pesquisa qualitativa o observador (sujeito) eacute da mesma natureza que o objeto de sua anaacutelise e ele proacuteprio uma parte de sua observaccedilatildeo (o subjetivo)
Eacute importante ter em mente que as pesquisas cientificas relacionam-se com um modelo (paradigmaacutetico) ou uma
constelaccedilatildeo de pressupostos e crenccedilas escalas de valores teacutecnicas e conceitos compartilhados pelos membros de uma determinada comunidade cientiacutefica num determinado momento
histoacuterico
Ciecircncia eacute muito mais uma maneira de pensar do que um corpo de conhecimentos -
Elementos do meacutetodo cientiacutefico
Carl Sagan ciecircncia consiste em agrupar factos para que leis
gerais ou conclusotildees possam ser tiradas deles - Charles Darwin
O meacutetodo cientiacutefico eacute composto dos seguintes elementos bull Caracterizaccedilatildeo - Quantificaccedilotildees observaccedilotildees e
medidas bull Hipoacuteteses - Explicaccedilotildees hipoteacuteticas das observaccedilotildees e
medidas bull Previsotildees - Deduccedilotildees loacutegicas das hipoacuteteses
bull Experimentos - Testes dos trecircs elementos acima O meacutetodo cientiacutefico consiste dos seguintes aspectos bull Observaccedilatildeo - Uma observaccedilatildeo pode ser simples isto eacute
feita a olho nu ou pode exigir a utilizaccedilatildeo de instrumentos apropriados
bull Descriccedilatildeo - O experimento precisa ser replicaacutevel (capaz de ser reproduzido)
bull Previsatildeo - As hipoacuteteses precisam ser vaacutelidas para observaccedilotildees feitas no passado no presente e no
futuro bull Controle - Para maior seguranccedila nas conclusotildees toda
experiecircncia deve ser controlada Experiecircncia controlada eacute aquela que eacute realizada com teacutecnicas que permitem descartar as variaacuteveis passiacuteveis de mascarar
o resultado bull Falseabilidade[1]
bull Explicaccedilatildeo das Causas - Na maioria das aacutereas da Ciecircncia eacute necessaacuterio que haja causalidade Nessas
condiccedilotildees os seguintes requerimentos satildeo vistos como importantes no entendimento cientiacutefico
- toda hipoacutetese tem que ser falseaacutevel ou refutaacutevel Isso natildeo quer dizer que o experimento seja falso mas sim que ele pode ser verificado
contestado Ou seja se ele realmente for falso deve ser possiacutevel provaacute-lo
bull Identificaccedilatildeo das Causas bull Correlaccedilatildeo dos eventos - As causas precisam se
correlacionar com as observaccedilotildees bull Ordem dos eventos - As causas precisam preceder
no tempo os efeitos observados Na aacuterea da sauacutede a natureza da associaccedilatildeo causal foi formulada por Hence e adaptada por Robert Koch em 1877
para demonstraccedilatildeo da relaccedilatildeo causal entre microrganismos e patologias consistindo basicamente no enunciado acima ou seja forccedila da associaccedilatildeo (conectividade) sequumlecircncia temporal (assimetria) transitividade (evidecircncia experimental) previsibilidade estabilidade
Uma maneira linearizada e pragmaacutetica de apresentar os quatro pontos acima estaacute exposto a seguir passo-a-passo
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Vale a pena notar que eacute apenas um exemplo natildeo sendo obrigatoacuterio a existecircncia de todos esses passos Na
verdade na maioria dos casos natildeo se segue todos esses passos ou mesmo parte deles O meacutetodo cientiacutefico natildeo eacute
uma receita ele requer inteligecircncia imaginaccedilatildeo e criatividade O importante eacute que os aspectos e elementos
apresentados acima estejam presentes bull Definir o problema
bull Recolhimento de dados bull Proposta de uma hipoacutetese
bull Realizaccedilatildeo de uma experiecircncia controlada para testar a validade da hipoacutetese
bull Anaacutelise dos resultados bull Interpretar os dados e tirar conclusotildees o que serve
para a formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bull Publicaccedilatildeo dos resultados em monografias
dissertaccedilotildees teses artigos ou livros aceitos por universidades e ou reconhecidos pela comunidade
cientiacutefica Observe-se que nem todas as hipoacutetese podem ser confirmadas
ou refutadas por experimentos e que em muitas aacutereas do conhecimento o recolhimento de dados e a tentativas de interpretaacute-los jaacute eacute uma grande tarefa como nas ciecircncias
humanas e juriacutedicas (criminologia)
Ciecircncias humanas A limitaccedilatildeo eacutetica da realizaccedilatildeo experimentos com seres humanos o estudo das subjetividades ou essencialmente
subjetivo individual e particular psiquismo humano ou a natureza histoacuterica do objeto das ciecircncias sociais conduziram os pensadores a distintos caminhos ou
proposiccedilotildees de estudo para o meacutetodo cientiacutefico Contudo parafraseando Minayoldquouma base de dados quando bem trabalhada teoacuterica e praticamente produz riqueza de informaccedilotildees aprofundamento e maior fidedignidade
interpretativardquo As principais divergecircncias na anaacutelise dos resultados de pesquisas em ciecircncias sociais ou humanas se datildeo no plano da contextualizaccedilatildeo dos dados ou informaccedilotildees obtidas em campo nos diversos sistemas teoacutericos ou seja conjunto de teorias e leis reconhecidas como consensuais em distintos
momentos histoacutericos eou segmentos das comunidades cientiacuteficas Nas ciecircncias sociais identifica-se trecircs
grandes correntes de pensamentos bull Positivismo Auguste Comte
bull Fenomenologia (Fenomenologia do Espiacuterito Estruturalismo
bull Materialismo dialeacutetico Dialeacutetica Marxismo
A histoacuteria do meacutetodo cientiacutefico se mistura com a histoacuteria da ciecircncia Documentos do
A evoluccedilatildeo do conceito de meacutetodo
Antigo Egito jaacute descrevem meacutetodos de diagnoacutesticos meacutedicos Na cultura da Greacutecia
Antiga os primeiros indiacutecios do meacutetodo cientiacutefico comeccedilam a aparecer Grande avanccedilo no meacutetodo foi feito no comeccedilo da filosofia islacircmica principalmente no uso de experimentos
para decidir entre duas hipoacuteteses Os principios fundamentais do meacutetodo cientiacutefico se consolidaram com o surgimento da Fiacutesica nos seacuteculos XVII e XVIII Francis
Bacon em seu trabalho Novum Organum(1620)-uma referecircncia
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ao Organon de Aristoacuteteles-especifica um novo sistema loacutegico para melhorar o velho processo filosoacutefico do
silogismo A metodologia cientiacutefica tem sua origem no pensamento de
Descartes que foi posteriormente desenvolvimento empiricamente pelo fiacutesico inglecircs Isaac Newton Reneacute Descartes propocircs chegar agrave verdade atraveacutes da duacutevida sistemaacutetica e da decomposiccedilatildeo do problema em pequenas
partes caracteriacutesticas que definiram a base da pesquisa cientiacutefica
Lecirc-se no livro o Discurso do meacutetodo E como a multiplicidade de leis serve frequentemente para escusar os viacutecios de sorte que um estado eacute muito melhor governado quando possuindo poucas elas satildeo aiacute rigorosamente aplicadas assim em lugar de um grande
nuacutemero de preceitosde qua a loacutegica eacute composta acrediteis que jaacute me seriam bastante quatro contanto que tomasse a firme e constante resoluccedilatildeo de natildeo deixar uma vez soacute de
observaacute-los O primeiro consistia em nunca aceitar por verdadeira coisa nenhuma que natildeo conhecesse como evidente isto eacute
devia evitar cuidadosamente a precipitaccedilatildeo e a prevenccedilatildeo e nada incluir em meus juizos que natildeo se apresentasse tatildeo claramente e tatildeo distintamente ao meu espiacuterito que natildeo
tivesse nenhuma ocasiatildeo de o por em duacutevida O segundo ndash dividir cada uma das dificuldades que
examinasse em tantas parcelas quantas pudesse ser e fossem exigidas para melhor compreendecirc-las
O terceiro ndash conduzir por ordem os meus pensamento comeccedilando pelos objetos mais simples e faacuteceis de serem conhecidos para subir pouco a pouco como por degraus ateacute o conhecimento dos mais compostos e supondo mesmo
certa ordem entre os que natildeo se precedem naturalmente uns aos outros
e o uacuteltimo ndash fazer sempre enumeraccedilotildees tatildeo completas e revisotildees tatildeo gerais que ficasse certo de nada
omitir Correntemente estas regras satildeo 1 ndash da evidecircncia 2 ndash da
divisatildeo ou anaacutelise 3 ndash da ordem ou deduccedilatildeo 3 da enumeraccedilatildeo (contar especificar) classificaccedilatildeo
O acidente (serendipity
Eacute comum considerar alguns dos mais importantes avanccedilos na ciecircncia tais como as
)
descobertas da radioatividade por Henri Becquerel ou da penicilina por Alexander Fleming como tendo ocorrido por acidente no entanto o que eacute possiacutevel afirmar agrave luz da observaccedilatildeo cientiacutefica eacute que
teratildeo sido parcialmente acidentais uma vez que as pessoas envolvidas haviam aprendido a pensar cientificamente
estando portanto conscientes de que observaram algo novo e interessante
Os progressos da ciecircncia satildeo acompanhados de muitas horas de trabalho cuidadoso que segue um caminho mais ou menos sistemaacutetico na busca de respostas a questotildees cientiacuteficas
Eacute este o caminho denominado de meacutetodo cientiacutefico
A A hipoacutetese
Hipoacutetese (do gr Hypoacutethesis) eacute uma proposiccedilatildeo que se admite de modo provisoacuterio como princiacutepio do qual se pode
deduzir pelas regras da loacutegica um conjunto dado de proposiccedilotildees ou um mecanismo da experiecircncia a explicar
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Literalmente pode ser compreendida como uma suposiccedilatildeo ou pergunta conjetura que orienta uma investigaccedilatildeo por
antecipar caracteriacutesticas provaacuteveis do objeto investigado e que vale quer pela confirmaccedilatildeo atraveacutes de deduccedilotildees loacutegicas dessas caracteriacutesticas quer pelo encontro de novos caminhos de investigaccedilatildeo (novas hipoacuteteses e novos
experimentos) No meacutetodo cientiacutefico a hipoacutetese eacute o caminho que deve levar agrave formulaccedilatildeo de uma teoria O cientista na sua hipoacutetese tem dois objetivos explicar um fato e prever
outros acontecimentos dele decorrentes (deduzir as consequencias) A hipoacutetese deveraacute ser testada em
experiecircncias laboratoriais controladasSe apoacutes muitas dessas experiecircncias os resultados obtidos pelos
pesquisadores natildeo contrariarem a hipoacutetese entatildeo ela seraacute aceita como uma lei e integrada agrave uma teoria eou sistema
teacuteoacuterico
Referecircncias 1 uarr [PDF] Estudos do meacutetodo cientiacutefico
Ver tambeacutem bull Verdade
bull Falseabilidade bull Karl Popper
bull Filosofia da ciecircncia bull Histoacuteria da ciecircncia
bull Epistemologia bull Loacutegica
bull Aristoacuteteles bull Georg Wilhelm Friedrich Hegel
bull Complexidade bull Reducionismo
bull Navalha de Occam bull Ciecircncia
bull Pseudociecircncia bull Paradigma
bull Paul Feyerabend bull Thomas Kuhn
bull Gaston Bachelard bull Teoria
bull Lei (ciecircncias) bull Hipoacutetese
bull Tese bull Dissertaccedilatildeo
Bibliografia
Becker Howard S Meacutetodos de pesquisa em ciecircncias sociais SP Hucitec 1999
Chizzotti Antonio Pesquisa em ciecircncia humanas e sociais SP Cortez 2006
Comte August Discurso preliminar sobre o espiacuterito positivo
Descartes Reneacute Discurso do meacutetodo (traduccedilatildeo prefaacutecio e notas de Joatildeo Cruz Costa SP Ed de Ouro 1970 disponiacutevel
para download em domiacutenio puacuteblico httpwwwdominiopublico e eBooket
httpwwweBooketnet IntraText Reneacute Descartes - e-books
37
Haddad Nagib Metodologia de estudos em ciecircncias da sauacutede como planejar analisar e apresentar um trabalho
cientiacutefico SP Roca 2004 Minayo Maria C de Souza (org) Deslandes (Suely F
Gomes Romeu Pesquisa social teoria meacutetodo e criatividade Petroacutepolis RJ Vozes 2007
Lakatos Eva Maria Marconi Marina de A Meacutetodologia cientiacutefica SP Atlas 2007
Selye Hans Stress a tensatildeo da vida SP IBRASA 1965
Ligaccedilotildees externas bull Explicando o Meacutetodo Cientiacutefico
bull Prova Cientiacutefica bull Diretrizes para elaboraccedilatildeo de dissertaccedilotildees e teses -
USP bull Centro Cochrane do Brasil
bull Metodologiaorg bull Evidecircnciascom
bull Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq)
bull Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciecircncia bull Lista de Perioacutedicos cientificos brasileiros por
assunto bull SciELO - Scientific Electronic Library Online
bull Perioacutedicos UNESCO bull Ciecircncia Hoje
bull Scientific American - Brasil bull Scientific American
COLCHA DE RETALHOS CIENTIacuteFICA (a realidade natildeo eacute Frankenstein ela eacute uacutenica e funcional)
A realidade segundo a Ciecircncia geral
A senhora Ciecircncia trabalhando com
seus remendos
Drordf Ciecircncia e seu filho
Mary Shelley viu o futuro
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Somos Monstros 6 05 2008
Tudo comeccedilou com um desafio feito a Mary Shelley (1797-1851) entatildeo uma jovem de 21 anos por Lord Byron Na eacutepoca 1918 Byron propocircs a Mary e seu marido que
escrevessem um conto de terror uma maneira de passar o tempo jaacute que suas feacuterias estavam sendo consumidas
intediantemente pelo mau tempo Mary foi a uacuteltima a dar iniacutecio ao seu conto que acabou baseado em um pesadelo que
teve numa daquelas noites de chuva E dentre todos o conto de Shelley foi o que mais surpreendeu e arrepiou Insentivada a continuar Mary Shelley desenvolveu ainda
mais sua histoacuteria e transformou-a em um dos mais conhecidos e celebrados livros da Histoacuteria Frankenstein
Victor Frankenstein era um jovem curioso com sede de conhecimento apaixonado pela ciecircncia intrigado com os segredos da vida e louco para deixar sua marca no mundo Havia aprendido sozinho em casa sobre as fantasias da Alquimia no entanto apenas na universidade ele foi descobrir que toda sua bagagem de conhecimento estava ultrapassada haacute muito Acabou se tornando um aluno
exemplar dedicado agrave quiacutemica e agrave biologia Foi assim que sozinho em seu laboratoacuterio em Ingolstadt Victor deu iniacutecio agrave sua criaccedilatildeo misturando seus conhecimentos
teoacutericos de fisiologia e filosofia natural com princiacutepios de mecacircnica decido a descobrir se o princiacutepio que
mantinha animado o corpo poderia pernecer mesmo apoacutes a morte Como Victor fez isso todos jaacute sabemos deu vida a uma criatura formada por partes de cadaacuteveres de tamanho
descomunal (cerca de 25m de altura) e aparecircncia horripilante E eacute aqui que daacute-se iniacutecio ao grande trunfo
da histoacuteria Ao despertar da Criatura Frankenstein acaba por cair na realidade vendo como era realmente feia sua criaccedilatildeo com
seus membros desproporcionais seu olhos aquosos e amarelos incompleta a ponto de seus tecidos nem sequer
cobrirem todo o corpo deixando agrave mostra muacutesculos e ossos Desesperado e com medo arrependido de sua audaacutecia Victor
abandona sua Criatura decaindo num suacutebito acesso de naacuteusea e lucidez
Pobre Criatura um ser vazio de conhecimentos ignorante em relaccedilatildeo ao conviacutevio social solto num mundo de pessoas
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preconceituosas e indiferentes A personificaccedilatildeo perfeita da famosa teoria de Rousseau a do ldquobom selvagemrdquo que diz
que todo o homem nasce ldquopurordquo e eacute corrompido pela sociedade violenta viciosa e materialista Quem lecirc a
histoacuteria de Frankenstein espera encontrar terror suspense e aventura onde um monstro estaria a solta para destruir e matar No entanto descobre um mundo onde noacutes humanos somos totalmente repugnantes e no qual o uacutenico ser que
realmente tem algum valor eacute o monstro excluiacutedo por todos Poucos livros retratam tatildeo bem a indiferenccedila humana e a nossa mania de dar mais valor agraves aparecircncias do que aos
sentimentos carater e virtudes Mary Shelley escreveu uma autecircntica obra-prima da
literatura universal um romance capaz de despertar no leitor a pena e a compaixatildeo por um monstro e a repugnacircncia
de nossa proacutepria raccedila Uma liccedilatildeo que ainda natildeo foi aprendida mesmo depois de quase 200 anos
Ficha Teacutecnica Tiacutetulo Frankestein (Frankenstein or the Modern
Prometheus) Autor Mary Shalley Paiacutes Inglaterra
Publicaccedilatildeo Original 1818 Publicaccedilatildeo Lida Martin Claret Editora 2001
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II2 Caracteriacutesticas do meacutetodo cientiacutefico O meacutetodo dedutivo o meacutetodo indutivo e o meacutetodo
hipoteacutetico-dedutivo satildeo os trecircs meacutetodos cientiacuteficos a que se refere a denominaccedilatildeo geneacutetica de meacutetodo cientiacutefico A primeira caracteriacutestica do meacutetodo cientiacutefico eacute a sua
natureza convencional a de servir de marco de geraccedilatildeo do conhecimento objetivo Por isso existem muacuteltiplas caracteriacutesticas em funccedilatildeo da perspectiva com que se
classifiquem se estudem e inclusivamente se denominem A primeira que me chama a atenccedilatildeo eacute o fato de que os dois primeiros tecircm um nome difiacutecil de distinguir visto que no acircmbito linguumliacutestico podem representar um soacute conceito com
duas manifestaccedilotildees raciociacutenio numa direccedilatildeo ou na contraacuteria do geral para o particular ou vice-versa
O problema logicamente deriva da dificuldade conceptual de separar um meacutetodo cientiacutefico de outro de uma forma clara evidentemente os termos escolhidos natildeo ajudam a
reter na memoacuteria estes dois conceitos de meacutetodo cientiacutefico Tambeacutem natildeo ajuda muito a denominaccedilatildeo do
terceiro meacutetodo cientiacutefico Uma caracteriacutestica de ambos meacutetodos eacute que podem ir do
geral para o particular ou vice-versa num sentido ou no inverso Ambos utilizam a loacutegica e chegam a uma conclusatildeo
Em uacuteltima instacircncia sempre tecircm elementos filosoacuteficos subjacentes
Ambos costumam ser susceptiacuteveis de verificaccedilatildeo empiacuterica Ainda que o meacutetodo dedutivo seja mais proacuteprio das ciecircncias formais e o indutivo das ciecircncias empiacutericas nada impede a aplicaccedilatildeo indistinta de um meacutetodo cientiacutefico ou outro a
uma teoria concreta Para mim sem pretender entrar em polecircmica neste tema a diferenccedila fundamental entre o meacutetodo dedutivo e o meacutetodo indutivo eacute que o primeiro aspira a demonstrar mediante a loacutegica pura a conclusatildeo na sua totalidade a partir de
umas premissas de maneira que se garante a veracidade das conclusotildees se natildeo se invalida a loacutegica aplicada Trata-se do modelo axiomaacutetico proposto por Aristoacuteteles como meacutetodo
cientiacutefico ideal Pelo contraacuterio o meacutetodo indutivo cria leis a partir da
observaccedilatildeo dos fatos mediante a generalizaccedilatildeo do comportamento observado na realidade o que realiza eacute uma espeacutecie de generalizaccedilatildeo sem que atraveacutes da loacutegica possa conseguir uma demonstraccedilatildeo das citadas leis ou conjunto de
conclusotildees As referidas conclusotildees poderiam ser falsas e ao mesmo tempo a aplicaccedilatildeo parcial efetuada da loacutegica poderia manter a sua validade por isso o meacutetodo indutivo necessita de uma condiccedilatildeo adicional a sua aplicaccedilatildeo
considera-se vaacutelida enquanto natildeo se encontrar nenhum caso que natildeo cumpra o modelo proposto
O meacutetodo hipoteacutetico-dedutivo ou de verificaccedilatildeo de hipoacuteteses natildeo coloca em princiacutepio nenhum problema visto
que a sua validade depende dos resultados da proacutepria verificaccedilatildeo
Este meacutetodo cientiacutefico costuma utilizar-se para melhorar ou precisas teorias preacutevias em funccedilatildeo de novos
conhecimentos nas quais a complexidade do modelo natildeo permite formulaccedilotildees loacutegicas Portanto tem um caraacuteter
predominantemente intuitivo e necessita natildeo soacute para ser rejeitado mas tambeacutem para impor a sua validade a
verificaccedilatildeo das suas conclusotildees
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Poderia propor-se para estas trecircs variantes do meacutetodo cientiacutefico a denominaccedilatildeo de meacutetodo dedutivo meacutetodo
intuitivo e meacutetodo experimental ou meacutetodo de verificaccedilatildeo ou qualquer conjunto de palavras que faccedilam referecircncia agraves suas diferenccedilas fundamentais e natildeo coloquem problemas agrave memoacuteria linguumliacutestica Natildeo obstante nesta exposiccedilatildeo
manterei a nomenclatura geralmente utilizada A Teoria Geral da Evoluccedilatildeo Condicionada da Vida seria em
princiacutepio uma teoria baseada no meacutetodo hipoteacutetico-dedutivo ou meacutetodo de verificaccedilatildeo de hipoacuteteses
A teoria de Darwin pelo contraacuterio estaria enquadrada no meacutetodo indutivo mas que apesar de encontrar exemplos contraacuterios natildeo se invalida adeacutequa-se para encaixar
qualquer triacircngulo Porque seraacute
Como se disse anteriormente toda a teoria deve ser resistente agrave sua refutaccedilatildeo contudo uma teoria que natildeo pode ser refutada por nenhum fato concebiacutevel natildeo eacute
cientiacutefica A impossibilidade de refutaccedilatildeo de uma teoria cientiacutefica natildeo eacute uma virtude mas sim um viacutecio
TEORIA SOBRE O MEacuteTODO CIENTIacuteFICO EM BUSCA DE UM MODELO UNIFICANTE PARA AS CIEcircNCIAS
E DE UM RETORNO Agrave UNIVERSIDADE CRIATIVA I -- INTRODUCcedilAtildeO
Alberto Mesquita Filho Comeccedilo regra geral as minhas liccedilotildees sobre Meacutetodo
Cientiacutefico dizendo aos meus alunos que o meacutetodo cientiacutefico natildeo existe Acrescento que tenho obrigaccedilatildeo de saber isso tendo eu sido durante algum tempo pelo menos o uacutenico professor desse inexistente assunto em toda a Comunidade
Britacircnica
Tendo entatildeo explicado aos meus alunos que natildeo haacute essa coisa que seria o meacutetodo cientiacutefico apresso-me a comeccedilar o meu discurso e ficamos ocupadiacutessimos Pois um ano mal chega para roccedilar a superfiacutecie mesmo de um assunto
inexistente Karl R Popper [1]
Resumo Este artigo eacute o primeiro de uma seacuterie de artigos relacionados agrave metodologia cientiacutefica e cuja temaacutetica foi dividida em cinco toacutepicos principais Corresponde a uma
versatildeo atualizada de consideraccedilotildees expressas pelo autor a partir de 1983 em livros artigos e conferecircncias citados no texto colaborou para esta atualizaccedilatildeo a experiecircncia adquirida pelo autor no processo de remodelaccedilatildeo da Proacute-Reitoria Comunitaacuteria da USJT (1992-1993) bem como aquela adquirida junto aos demais membros da equipe criada pelos Conselhos Superiores da USJT (1994) --expandida em 1995--
com a finalidade de implantar o Centro de Pesquisa da USJT Os conceitos foram axiomatizados de forma a darem
corpo a uma nova teoria sobre o meacutetodo cientiacutefico permitindo mesmo a constataccedilatildeo de possiacuteveis aplicaccedilotildees dentro de um contexto abrangente tais como 1) a teoria
fornece os meios necessaacuterios para que se promova a integraccedilatildeo das ciecircncias e 2) propicia a sustentaccedilatildeo de um projeto visando a caracterizar a universidade como o local apropriado para a formaccedilatildeo de cientistas Os cinco
toacutepicos a serem abordados satildeo pela ordem I - Introduccedilatildeo na qual eacute proposta a regra delimitante da ciecircncia II - O macromeacutetodo cientiacutefico e a Histoacuteria da Ciecircncia III - O
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papel da universidade na produccedilatildeo de conhecimentos IV - O meacutetodo cientiacutefico propriamente dito a) A teoria da
praacutetica em ciecircncia b) A praacutetica da teorizaccedilatildeo cientiacutefica V - O micromeacutetodo cientiacutefico e a Filosofia da Ciecircncia Os demais toacutepicos estatildeo em fase de projeto natildeo havendo portanto previsatildeo quanto agrave eacutepoca de publicaccedilatildeo []
1 Colocaccedilatildeo do problema Meacutetodo entre outras coisas significa caminho para chegar
a um fim ou pelo qual se atinge um objetivo Que dizer entatildeo do meacutetodo cientiacutefico [2] Poderia dizer que eacute o caminho trilhado pelo cientista quando em busca de verdades cientiacuteficas
Afirma-se com grande frequumlecircncia que o cientista eacute aquele que se utiliza do meacutetodo cientiacutefico Os que aceitam esta
Percebam que estou meramente jogando com as palavras e associando-as ao conceito de
meacutetodo acima postulado Quais satildeo as verdades cientiacuteficas O que eacute ser cientista O que eacute ciecircncia Existe uma ciecircncia uacutenica Quando nos reportamos a uma hipoteacutetica linha demarcatoacuteria a separar o que julgamos
ser uma verdade cientiacutefica de outras possiacuteveis verdades a que nos estamos referindo
verdade --e haacute muitos que o fazem-- devem procurar uma conceituaccedilatildeo para meacutetodo cientiacutefico diferente da exposta no paraacutegrafo anterior sob pena de andarem em ciacuterculo Ou definimos cientista a partir da definiccedilatildeo de meacutetodo frac34algo tentado por Popper ao propor o falsificacionismo [3]frac34 ou definimos meacutetodo a partir da definiccedilatildeo de cientista do contraacuterio natildeo chegamos a nada Conservarei a ideacuteia de meacutetodo cientiacutefico como caminho trilhado pelo cientista
2 O que eacute ciecircncia
com o que estou assumindo o risco de ter que definir ciecircncia eou cientista Eacute o que tentarei fazer nesta
introduccedilatildeo
Natildeo eacute faacutecil definir ciecircncia e satildeo inuacutemeros os tratados sobre o assunto a abordarem esta dificuldade Ao leitor
principiante em ciecircncia e que queira penetrar na complexidade do tema ou entatildeo perceber a quantas anda nossa ignoracircncia a respeito sugiro se tiver pendores
filosoacuteficos que comece pelo livro de Chalmers (1976) [4] ou entatildeo se preferir algo mais ameno e mais voltado agrave
praacutetica cientiacutefica pelo livro de Beveridge (1980) [5] Ao leitor acomodado e que natildeo tenha amplo conhecimento do
assunto ou mesmo para aquele que pretenda prosseguir com esta leitura ciente de que eacute possiacutevel pelo menos em niacutevel conjetural enfrentar o desafio apontado relatarei aqui a
conclusatildeo de um ensaio que sintetiza uma ideacuteia que me ocorreu haacute cerca de dez anos [6] e que apresentei na
sessatildeo de debates da mesa redonda A Pesquisa na Universidade Particular ocorrida por ocasiatildeo da IV Semana de Psicologia da USJT (1994) com as seguintes palavras Vejo a ciecircncia como a aacuterea do conhecimento que se apoacuteia natildeo num meacutetodo mas sim na regra da repetitividade a que
eu tenho chamado de regra cientiacutefica fundamental Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que
pesquisado se repetiu eacute de se admitir que em futuras verificaccedilotildees o mesmo suceda [7]
A regra cientiacutefica fundamental conquanto aceita intuitivamente por todos os cientistas ocupa entre os mesmos e ateacute entre os filoacutesofos da ciecircncia um papel
secundaacuterio quando natildeo totalmente ignorada Via de regra considera-se a ciecircncia como que apoiada em regras outras
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como por exemplo o princiacutepio da causalidade de Kant a regra metodoloacutegica de Popper que se associa a seu meacutetodo
dedutivo de prova o princiacutepio ou argumento indutivista e as regras ou criteacuterios de utilidade Como posiccedilotildees
extremas e apoiadas em regras mais riacutegidas podemos citar a visatildeo paradigmaacutetica de Thomas Kuhn a defender o
dogmatismo cientiacutefico o ponto de vista de Chalmers a questionar a argumentaccedilatildeo filosoacutefica no que diz respeito agrave delimitaccedilatildeo da ciecircncia e a visatildeo anarquista de Feyerabend
a se opor frontalmente ao racionalismo em ciecircncia A fim de ilustrar o comentado no paraacutegrafo anterior
vejamos como Thomas Kuhn (1962) --defensor de uma posiccedilatildeo cientiacutefico-filosoacutefica incompatiacutevel com a que aqui pretendo apresentar-- retrata a importacircncia da repetitividade dos eventos como algo a semear o surgimento de novas ideacuteias Existem em princiacutepio somente trecircs tipos de fenocircmenos a propoacutesito dos quais pode ser desenvolvida uma nova teoria O primeiro tipo compreende os fenocircmenos jaacute bem explicados
pelos paradigmas existentes Tais fenocircmenos raramente fornecem motivos ou um ponto de partida para a construccedilatildeo de uma teoria Quando o fazem as teorias resultantes raramente satildeo aceitas visto que a natureza natildeo proporciona nenhuma base para uma discriminaccedilatildeo entre as alternativas Uma segunda classe de fenocircmenos compreende aqueles cuja
natureza eacute indicada pelos paradigmas existentes mas cujos detalhes somente podem ser entendidos apoacutes uma maior
articulaccedilatildeo da teoria Os cientistas dirigem a maior parte de sua pesquisa a esses fenocircmenos mas tal pesquisa visa antes agrave articulaccedilatildeo dos paradigmas existentes do que agrave invenccedilatildeo de novos Somente quando esses esforccedilos de articulaccedilatildeo fracassam eacute que os cientistas encontram o
terceiro tipo de fenocircmeno as anomalias reconhecidas cujo traccedilo caracteriacutestico eacute a sua recusa obstinada a serem
assimiladas aos paradigmas existentes Apenas esse uacuteltimo tipo de fenocircmeno faz surgir novas teorias [8]
Ora se um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se recusou obstinadamente a ser assimilado aos paradigmas
existentes e se esta recusa eacute quem orienta a caracterizaccedilatildeo de novas teorias e mais se a ciecircncia eacute fundamentalmente o conjunto das ideacuteias e teorias geradas pela mente humana bem como a aplicaccedilatildeo pelo homem dessas ideacuteias e teorias em busca de um relacionamento sadio com a natureza e com os seus semelhantes podemos sossegadamente
concluir que ciecircncia eacute o processo pelo qual o homem se relaciona com os fenocircmenos universais que se sujeitam agrave
regra cientiacutefica fundamental 3 O ser cientista
Cientista diz-nos Ferreira (1986) eacute a pessoa que cultiva ou que eacute especialista em alguma ciecircncia ou em ciecircncias
[9] e ciecircncia eacute um processo definido no item anterior Se aceitarmos estas premissas concluiremos que o conhecimento
cientiacutefico eacute aquele factiacutevel de reproduccedilatildeo enquanto o cientista eacute aquele que de alguma forma cultiva esses conhecimentos Eacute importante aqui salientar que muitas
vezes o que se espera reproduzir eacute um dado probabiliacutestico Por exemplo se dissermos que 80 das moleacuteculas de um gaacutes
satildeo do elemento quiacutemico oxigecircnio isto natildeo significa estarmos afirmando ser oxigecircnio esta ou aquela moleacutecula objeto de verificaccedilatildeo experimental o que a regra nos
preconiza eacute que independentemente de qual cientista for tentar reproduzir a medida ou do local escolhido para que
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esta segunda medida seja efetuada observando-se as condiccedilotildees em que a mesma foi realizada anteriormente o
valor obtido concordaraacute com o valor precedente dentro de uma margem de erro tambeacutem estimaacutevel por meacutetodos
experimentais Todos noacutes vez ou outra nos comportamos como cientistas Ser cientista natildeo eacute possuir um roacutetulo mas sim postar-se com uma atitude cientiacutefica por outro lado mesmo aquele que se diz cientista vez ou outra assume atitudes natildeo cientiacuteficas e penetra em terrenos apoiados em regras
proacuteprias ou ateacute mesmo sem regras O roacutetulo eacute frequumlentemente utilizado quando queremos nos referir agraves
pessoas que se utilizam de seus talentos cientiacuteficos como meio de vida seriam entatildeo os cientistas profissionais A filosofia por exemplo eacute um campo de atuaccedilatildeo bem mais
abrangente que aquele ditado pela regra cientiacutefica fundamental Poderiacuteamos dizer que a filosofia comporta a
ciecircncia ainda que esta ideacuteia natildeo agrade a alguns cientistas mas jamais poderiacuteamos dizer e quanto a isso
todos satildeo concordes que a ciecircncia comporta a filosofia O bom cientista utiliza-se da filosofia da mesma forma que a maioria dos indiviacuteduos com sede se utilizam do copo Outras
aacutereas do conhecimento seriam 1) o ocultismo frac34e aqui poderiacuteamos incluir a tiacutetulo de exemplo a alquimia e a astrologia 2) as artes frac34e vale a pena aqui frisar que a arte pode ser encarada cientificamente postura esta que foi frequumlentemente adotada por Leonardo da Vinci [10] e defendida em sua Teoria do Conhecimento 3) a teologia
etc A busca pela verdade que tambeacutem eacute objetivo da grande maioria destas aacutereas natildeo cientiacuteficas segue-se por caminhos nem sempre limitados ou compatiacuteveis com a regra cientiacutefica
fundamental O cultivo da ciecircncia pode se dar atraveacutes da observaccedilatildeo de alguns ou todos dentre seus objetivos nobres quais sejam
1) aquisiccedilatildeo transmissatildeo e aplicaccedilatildeo de conhecimentos cientiacuteficos jaacute sistematizados e 2) produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
de novos conhecimentos Visto sob este acircngulo satildeo cientistas 1) o estudioso eou o professor eou o
profissional bacharel em quaisquer das ciecircncias 2) o tecnoacutelogo 3) o pesquisador em aacutereas cientiacuteficas 4) o
teorizador em ciecircncias 5) e o autor de artigos cientiacuteficos relatando ideacuteias proacuteprias eou revisotildees bibliograacuteficas Sob um ponto de vista mais rigoroso o cientista seria apenas aquele capaz de dominar as teacutecnicas inerentes a todos os
objetivos nobres acima apontados Nem tanto ao ceacuteu nem tanto agrave terra Percebam que jaacute
conceituamos ciecircncia e jaacute conseguimos ir aleacutem a ponto de fornecer dados para que se analise o comportamento daqueles
que trabalham em ciecircncia Observado este comportamento poderiacuteamos assumir como cientistas aqueles que realmente contribuem para o progresso das ciecircncias Adotarei esta
postura mas gostaria de esclarecer conforme seraacute comentado oportunamente que a noccedilatildeo de progresso aqui defendida eacute um pouco mais abrangente do que aquela
preconizada pelos pensadores iluministas [11] que tanto influenciaram os positivistas Aceita esta premissa frac34a de que cientistas satildeo somente aqueles que real e diretamente [12] contribuem para o progresso das ciecircnciasfrac34 suponha que consigamos caracterizar os cientistas assim definidos como aqueles que ao contribuir para o progresso das
ciecircncias se utilizam de um meacutetodo comum a que chamaremos
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meacutetodo cientiacutefico Poderemos entatildeo afirmar e natildeo se trata aqui da busca por uma definiccedilatildeo que o cientista eacute aquele que se utiliza do meacutetodo cientiacutefico o raciociacutenio ciacuteclico da forma como foi agora utilizado estaacute livre de consequumlecircncias funestas Notem com o auxiacutelio da figura 1 a sintetizar as ideacuteias principais aqui focalizadas que do ponto de vista conceitual natildeo estamos andando em ciacuterculo
REGRA CIENTIacuteFICA FUNDAMENTAL
Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu eacute de se admitir que em futuras
verificaccedilotildees o mesmo suceda
DEFINICcedilAtildeO DE CIEcircNCIA
Ciecircncia eacute o processo pelo qual o homem se relaciona com os fenocircmenos universais que se sujeitam agrave regra cientiacutefica
fundamental
OBSERVACcedilAtildeO DO COMPORTAMENTO DOS QUE TRABALHAM EM CIEcircNCIA
VERIFICACcedilAtildeO DE QUE ALGUNS CONTRIBUEM PARA O PROGRESSO DAS CIEcircNCIAS
Cientista eacute todo ser racional que contribui diretamente para o progresso das ciecircncias
CONSTATACcedilAtildeO DE QUE ESTES SE UTILIZAM DE UM MEacuteTODO COMUM
Figura 1 - Para explicaccedilatildeo vide texto Resta-nos entatildeo para que a ideacuteia ganhe em consistecircncia comprovar a existecircncia de um uacutenico meacutetodo cientiacutefico e
isto natildeo parece ser uma tarefa faacutecil Antes de enfrentarmos esta dificuldade vamos verificar como as ideacuteias aqui apresentadas se conformam a conceitos classicamente
adotados como modelos de meacutetodo cientiacutefico
[] Muitos dentre esses toacutepicos satildeo apresentados em um contexto diverso em
Referecircncias
Ensaios sobre a Filosofia da Ciecircncia ou entatildeo em outros artigos expostos acima na
seccedilatildeo Temas relacionados [1] POPPER K R 1956 Acerca da inexistecircncia do meacutetodo
cientiacutefico in Prefaacutecio da ediccedilatildeo de 1956 do livro O realismo e o objetivo da ciecircncia
[2] FERREIRA A B H 1986
Publicaccedilotildees Dom Quixote (traduccedilatildeo) Lisboa 1987 Este prefaacutecio foi lido num
encontro dos Fellows of Center for Advanced Study in the Behavioral Sciences em Stanford Califoacuternia em novembro
de 1956 Novo dicionaacuterio da liacutengua
portuguesa[3] POPPER K R (1959)
Ed Nova Fronteira Rio de Janeiro p 1128 A loacutegica da pesquisa
cientiacutefica Ed Cultrix (traduccedilatildeo 1975) Satildeo Paulo
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[4] CHALMERS A F 1976 (traduccedilatildeo 1993) O que eacute ciecircncia afinal[5] BEVERIDGE W I B 1980
Ed Brasiliense Satildeo Paulo 225 p Sementes da descoberta
cientiacutefica[6] MESQUITA Fdeg A 1987
Edusp (traduccedilatildeo) Satildeo Paulo Confesso que blefei --
Fiacutesica antiga vs moderna
[7] Perguntas e Debates 1995 item V
editado pela USJT (na eacutepoca Faculdades Satildeo Judas Tadeu) Satildeo Paulo capiacutetulo 13 A
Ciecircncia Existe p 92-8 Sobre Pesquisa e
Filosofia da Ciecircncia p 75 in EspecialIntegraccedilatildeo A pesquisa na universidade particular Integraccedilatildeo
[8] KUHN T S 1962 (traduccedilatildeo 1975)
I(1)51-75 1995 Este ensaio foi tambeacutem apresentado e discutido em palestra (natildeo publicada) que ministrei por ocasiatildeo da
Semana de Filosofia da USJT de 1994 A estrutura das
revoluccedilotildees cientiacuteficas Ed Perspectiva Satildeo Paulo 257 pp capiacutetulo 8 A natureza e a necessidade das revoluccedilotildees
cientiacuteficas[9] FERREIRA 1986 Idem p 404
p 131 [Os grifos satildeo meus]
[10] Leonardo da Vinci in The New Encyclopaedia Britannica Vol 22 (Macropaedia) Enc Brit Inc
Chicago 1993 p 946 (Leonardo as artist-scientist[11] SANTOS G T
) Os caminhos do pensamento cientiacutefico a
partir do Iluminismo Integraccedilatildeo I(5)131-6 1996 conferecircncia proferida por ocasiatildeo da Semana de Filosofia da USJT de 1995 Na sessatildeo de debates Santos dentre outras consideraccedilotildees interessantes a respeito faz a
seguinte observaccedilatildeo O progresso como vai ser definido no Iluminismo eacute uma noccedilatildeo de abandono passa pelo abandono necessaacuterio de coisas que ficaram ou que deveratildeo ficar no
passado[12] O termo diretamente aqui empregado eacute essencial a natildeo ser levado em conta corremos o risco de considerar
como cientistas dentre outros os mecenas que no passado contribuiacuteram de maneira indireta para o progresso
das ciecircncias
O argumento indutivista Uma criacutetica imparcial conquanto demolidora ao
indutivismo eacute apresentada por Chalmers nos trecircs primeiros capiacutetulos de seu livro [13] Veremos aqui apenas alguns toacutepicos interessantes do ponto de vista epistemoloacutegico
eou necessaacuterios para um melhor entendimento da teoria ora sendo apresentada
Um sumaacuterio completo do argumento indutivista da ciecircncia estaacute esquematizado na figura 2 adaptada de Chalmers [14]
Chama a atenccedilatildeo a omissatildeo da deduccedilatildeo de hipoacuteteses o indutivista admite ser possiacutevel partir da observaccedilatildeo e chegar a leis apelando exclusivamente ao raciociacutenio
indutivo O meacutetodo indutivo baseia-se na crenccedila de que eacute possiacutevel confirmar um enunciado universal (lei) atraveacutes de um certo nuacutemero de observaccedilotildees singulares Via de regra
quando se questiona o indutivista a respeito da omissatildeo da hipoacutetese ele logo repete uma frase de Newton Natildeo faccedilo
hipoacuteteses Obviamente este indutivista ingecircnuo ouviu esta frase sabe que foi proferida por Newton mas demonstra
natildeo saber a que Newton estava se referindo A hipoacutetese a que Newton se refere natildeo eacute a mesma que hoje se conceitua nos tratados de metodologia cientiacutefica ou de estatiacutestica Newton deixou bastante claro em sua obra que natildeo fazia como cientista especulaccedilotildees ou conjecturas infundadas No
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que se refere a hipoacuteteses no contexto em que o termo eacute hoje aceito rariacutessimos foram os cientistas que em sua
fase produtiva as levantaram em nuacutemero tal cuja ordem de grandeza se aproximasse daquela atingida por Newton
O argumento indutivista baseia-se na crenccedila no princiacutepio da induccedilatildeo que dentre outras formas pode ser enunciado como Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno
sempre que pesquisado se repetiu em futuras verificaccedilotildees o mesmo sucederaacute
Figura 2 - O argumento indutivista (segundo Chalmers)
[15] Escolhi esta versatildeo para que fique claro o contraste entre o princiacutepio da induccedilatildeo e a regra
cientiacutefica fundamental expliacutecita na figura 1 Trecircs comentaacuterios merecem ser feitos a respeito 1) Conquanto
seja usado como regra metodoloacutegica o princiacutepio da induccedilatildeo natildeo define o nuacutemero de observaccedilotildees singulares a permitir uma generalizaccedilatildeo (obtenccedilatildeo de leis) 2) Esta e outras falhas conceituais inerentes ao argumento indutivista propiciam interpretaccedilotildees ingecircnuas ao princiacutepio conforme
veremos abaixo 3) O princiacutepio sem perder em generalidade no que diz respeito agraves premissas (tem o
mesmo campo de atuaccedilatildeo que a regra cientiacutefica fundamental) e para que possa caracterizar-se como metodoloacutegico e natildeo apenas norteador torna-se mais
restritivo que a regra cientiacutefica fundamental frac34afirma ao inveacutes de suporfrac34 Consequumlentemente os que abraccedilam esta ideologia devem procurar por uma outra definiccedilatildeo de ciecircncia que natildeo a apresentada no item 2 e figura 1 As
consequumlecircncias epistemoloacutegicas daiacute resultantes seratildeo objeto de discussatildeo em itens posteriores
O indutivista ingecircnuo eacute aquele que dentre outras falhas conceituais eou de raciociacutenio consegue provar
cientificamente por exemplo a inexistecircncia de Deus pelo simples fato de Deus natildeo se manifestar a ele tendo em vista que ele natildeo possui uma regra para delimitar a ciecircncia que natildeo seja o princiacutepio da causalidade --natildeo haacute efeito sem causa-- ele tenta inverter o princiacutepio frac34que no caso ficaria natildeo haacute causa sem efeitofrac34 e apelando para o argumento indutivista consegue por meacutetodos cientiacuteficos chegar a conclusotildees natildeo cientiacuteficas frac34no caso teoloacutegicas Mais comum no entanto eacute o erro agora natildeo tatildeo ingecircnuo cometido por alguns indutivistas que conseguem provar cientificamente que todas as maccedilatildes satildeo vermelhas prova esta vaacutelida somente ateacute o dia em que eles se
depararem com maccedilatildes verdes Neste caso a falha decorre da crenccedila num meacutetodo repleto de incoerecircncias internas
5 O argumento dedutivista
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O argumento dedutivista ainda que natildeo isento de criacuteticas representou sem duacutevida alguma uma evoluccedilatildeo no sentido em que propiciou uma metodologia cientiacutefica dotada de
coerecircncia interna A esse respeito eacute dito com frequumlecircncia que o raciociacutenio dedutivo constitui o
argumento da loacutegica A fim de padronizar comparaccedilotildees apresentarei o argumento
dedutivista como apoiado no seguinte princiacutepio Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa para que seja hipoacutetese deveraacute ser
passiacutevel de verificaccedilatildeo observacional A figura 3 ilustra a proposiccedilatildeo deste argumento
Eacute importante observar que nem toda a afirmaccedilatildeo deduzida seraacute uma hipoacutetese motivo pelo qual natildeo utilizamos o argumento loacutegico se e somente se ao enunciarmos o
princiacutepio
Figura 3 - O argumento dedutivista
[16] Em particular eacute de se ressaltar a opiniatildeo de Severino (1994) a respeito
Eacute preciso natildeo confundir hipoacutetese com pressuposto com evidecircncia preacutevia
Hipoacutetese eacute o que se pretende demonstrar e natildeo o que jaacute se tem
demonstrado [17] A loacutegica dedutiva ao caminhar do geral para o particular
nos garante a formulaccedilatildeo de hipoacuteteses e hipoacutetese comprovada atraveacutes de uma observaccedilatildeo controlada (teste eou experiecircncia) nos permite suspeitar atraveacutes de um raciociacutenio indutivo (do singular para o geral) sua condiccedilatildeo de lei Observem o cuidado na colocaccedilatildeo das palavras Eu disse nos permite suspeitar e natildeo nos
permite garantir Por que esse cuidado A experimentaccedilatildeo natildeo nos garante verdades A esse respeito Popper assim se
referiu Natildeo haacute um meacutetodo para determinar se
uma hipoacutetese eacute lsquoprovaacutevelrsquo ou provavelmente verdadeira [18]
Eacute interessante notar que algumas limitaccedilotildees inerentes ao indutivismo e que propiciam o aparecimento de conclusotildees ingecircnuas satildeo aqui substituiacutedas por uma impossibilidade
Sob esse aspecto o dedutivismo natildeo solucionou o problema mas simplesmente reduziu a possibilidade de que se
cometessem determinados raciociacutenios ingecircnuos Rigorosamente falando o problema natildeo eacute tatildeo insoluacutevel
assim Seraacute insoluacutevel tatildeo-somente para aqueles que julgam estar cientificamente buscando por verdades absolutas A verdade cientiacutefica e soacute o leigo talvez natildeo saiba eacute uma
verdade provisoacuteria tomada por empreacutestimo da natureza e da forma como ela se nos aparenta ser As verdades
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cientiacuteficas de hoje seratildeo quando natildeo negadas lapidadas e reformuladas amanhatilde Se chegaremos ou natildeo por meacutetodos
cientiacuteficos agrave verdade absoluta eacute um questionamento que a ciecircncia natildeo estaacute aparelhada para responder E talvez nunca esteja o que natildeo nos impede de que continuemos procurando
pela verdade Popper foi mais aleacutem demonstrando ser impossiacutevel ateacute mesmo probabilizar uma afirmaccedilatildeo comprovada por um
raciociacutenio que siga a metodologia dedutiva (incluindo e eacute aiacute que reside o problema principal do meacutetodo a induccedilatildeo -- vide lado direito da figura 3) A esse respeito Popper
propotildee a substituiccedilatildeo do termo probabilizar por corroborar Uma hipoacutetese seria tanto mais corroboraacutevel quanto mais propiciasse verificaccedilotildees experimentais e teria sido tanto mais corroborada e natildeo haacute como se
atribuir nuacutemeros probabiliacutesticos a esse efeito quanto mais resistisse a essas verificaccedilotildees Siegel (1977
traduccedilatildeo) adota provavelmente com o mesmo objetivo a expressatildeo grau de aceitabilidade
Efetuamos pesquisas a fim de determinar o grau de aceitabilidade de
hipoacuteteses deduzidas de nossas teorias [19]
Esta impossibilidade em garantir um acerto preocupou bastante Popper e certamente foi um dos motivos que o
levou a expandir o argumento dedutivista atraveacutes da proposiccedilatildeo do falsificacionismo a ser apresentado no
item 7 Independentemente das dificuldades apontadas neste e nos itens precedentes a verdade eacute que a ciecircncia progride e este progresso eacute guiado por homens que conhecem o terreno por onde pisam E conquanto todos saibam da natildeo existecircncia em ciecircncia de verdades absolutas da impossibilidade de se
chegar a uma soluccedilatildeo definitiva para os problemas cientiacuteficos e da natildeo existecircncia de provas observacionais irrefutaacuteveis quase todos [20] entendem e concordam com a
afirmaccedilatildeo de GIL (1994) expressa a seguir A pesquisa cientiacutefica inicia-se
sempre com a colocaccedilatildeo de um problema solucionaacutevel O passo seguinte
consiste em oferecer uma soluccedilatildeo possiacutevel atraveacutes de uma proposiccedilatildeo ou seja de uma expressatildeo suscetiacutevel de ser declarada verdadeira ou falsa A
esta proposiccedilatildeo daacute-se o nome de hipoacutetese Assim a hipoacutetese eacute a
proposiccedilatildeo testaacutevel que pode vir a ser a soluccedilatildeo do problema [21]
6 O que eacute teoria Eacute importante salientar que a finalidade primordial da ciecircncia natildeo eacute formular hipoacuteteses e sim sistematizar teorias e que teoria natildeo eacute pura e simplesmente uma
coletacircnea de hipoacuteteses Teoria eacute um conjunto de hipoacuteteses coerentemente interligadas tendo por finalidade explicar
elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio do conhecimento [22] Por que entatildeo os livros de
metodologia insistem em justificar os meacutetodos atraveacutes de hipoacuteteses uacutenicas e via de regra desinteressantes tais
como As maccedilatildes satildeo vermelhas os cisnes satildeo brancos etc A verdade eacute que nem sempre eacute faacutecil encontrar teorias ao mesmo tempo simples e de amplo espectro ou seja que
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possam ser entendidas por leitores das vaacuterias aacutereas do conhecimento Por outro lado os argumentos que corroboram ou derrubam teorias satildeo em princiacutepio idecircnticos aos que corroboram ou derrubam hipoacuteteses frac34poderiacuteamos tambeacutem dizer
que uma hipoacutetese eacute ou simula ser uma teoria cujo conjunto de hipoacuteteses eacute unitaacuterio Em geral a dificuldade inerente ao grau de complexidade de uma teoria pode ser
superada desde que o cientista conheccedila a fundo esta teoria cujo grau de aceitabilidade pretende testar e domine a loacutegica envolvida em situaccedilotildees similares poreacutem simples como aquelas que aparecem nos compecircndios sobre o
assunto A ecircnfase dada pelos textos de metodologia cientiacutefica a meacutetodos relacionados a testes de hipoacuteteses contrasta com a quase ausecircncia de referecircncias a meacutetodos relativos agrave
praacutetica da teorizaccedilatildeo Existem exceccedilotildees a esta regra e eu natildeo poderia deixar de citar [23] os livros de Bunge [24] e de Lacey [25] indicados especialmente para os iniciantes da aacuterea de exatas Embora natildeo especificamente dirigido a esta temaacutetica haacute que se destacar tambeacutem o livro de Bohm e
Peat [26] e que merece ser lido posto que focaliza a essecircncia da problemaacutetica aqui apontada neste caso e por este motivo eacute indicado aos iniciantes de todas as aacutereas A praacutetica da teorizaccedilatildeo com rariacutessimas exceccedilotildees natildeo se
aprende na escola Grandes teorizadores por terem aprendido a utilizar uma teacutecnica natildeo encontrada nos livros tradicionais e que nem mesmo eacute ensinada na maioria dos
regimes de iniciaccedilatildeo cientiacutefica chegaram a ser confundidos com gecircnios Eacute bem possiacutevel que estes gecircnios tenham adquirido esta praacutexis cultuando algum resquiacutecio da
filosofia que a sociedade moderna natildeo conseguiu despedaccedilar
A lacuna acima apontada fomenta a ingenuidade ou ateacute mesmo o charlatanismo multiplicando sobremaneira o nuacutemero dos que sem estarem devidamente preparados para teorizar frac34uma atividade que natildeo eacute elementarfrac34 ainda assim teorizam e teorizam mal frac34fato este que chega a incomodar cientistas de respeito que ocupam postos importantes nas
universidades [27] Por outro lado e em decorrecircncia disto permite que se condene agrave marginalidade cientiacutefica
e por periacuteodos variaacuteveis de tempo todos aqueles que certos ou errados pretendem evoluir seriamente no sentido de atender agrave finalidade uacuteltima da ciecircncia a edificaccedilatildeo de
teorias representacionais Que meacutetodos estes homens seguiram que natildeo a paixatildeo a
devoccedilatildeo a persistecircncia e a crenccedila num espiacuterito universal frac34Espiacuterito este que segundo alguns admitem natildeo estaacute a se
divertir com nossos erros e acertos o que foi sintetizado pelo maior dos gecircnios do seacuteculo XX nas
seguintes palavras Deus natildeo joga dados A resposta nos eacute dada pelo proacuteprio autor desta afirmaccedilatildeo
O alvo de construir uma teoria de campo eletromagneacutetico da mateacuteria
permanece inatingiacutevel por ora embora em princiacutepio nenhuma objeccedilatildeo possa ser levantada contra a possibilidade de vir a se alcanccedilar tal objetivo O que reteve qualquer tentativa posterior nessa direccedilatildeo foi a falta de qualquer meacutetodo sistemaacutetico que levasse a uma
soluccedilatildeo [28]
27
Seraacute que natildeo existem meacutetodos ou regras a serem adotados nesta praacutexis E por falar nisso a praacutetica da teorizaccedilatildeo
natildeo seria uma teorexis [29] Seraacute que teorizar em ciecircncia eacute uma atividade puramente filosoacutefica Natildeo existe uma
metodologia cientiacutefica a orientar aqueles que se preocupam em decifrar os segredos que estatildeo por traacutes dos fenocircmenos que se adaptam agrave regra cientiacutefica fundamental Caso exista
um meacutetodo a ser sistematizado Seria ele diferente do meacutetodo cientiacutefico O que eacute o meacutetodo cientiacutefico
Tentarei dentro do possiacutevel e da finalidade a que me propus ao conceber esta seacuterie de artigos responder
oportunamente eou orientar o leitor se houver como no que diz respeito aos questionamentos aqui assinalados De qualquer forma mais detalhes sobre teoria eou teorizaccedilatildeo seratildeo apresentados no toacutepico IV-b A praacutetica da teorizaccedilatildeo
(em preparo)
[13] CHALMERS A F 1976 Referecircncias
op cit (Voltar pelo browser) pp 23-63
[14] Idem p 28 [15] Esta versatildeo eacute uma adaptaccedilatildeo do princiacutepio da induccedilatildeo
como enunciado por CHALMERS (1976) op cit Se um grande nuacutemero de As foi observado sob uma ampla variedade de condiccedilotildees e se todos esses As observados possuiacuteam sem exceccedilatildeo a propriedade B entatildeo todos os As possuem a propriedade B
[16] Neste caso o princiacutepio ficaria
Aparentes contradiccedilotildees que o iniciante possa descobrir ao comparar os dois enunciados natildeo
comprometem o raciociacutenio que se segue razatildeo pela qual admitirei a equivalecircncia sem justificaacute-la
Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa seraacute hipoacutetese se e somente se for passiacutevel de verificaccedilatildeo
observacional
[17] SEVERINO J S 1994
O primeiro se torna a afirmaccedilatildeo inconsistente
Metodologia do trabalho cientiacutefico[18] POPPER K R 1956
Cortez Editora Satildeo Paulo op cit
[19] SIEGEL S 1977 Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica
[20] Eacute possiacutevel que alguns dentre os indutivistas natildeo concordem com alguns dos termos da afirmaccedilatildeo por motivos que podem ser suspeitados tendo em vista o apresentado
neste e no item anterior
Ed McGraw-Hill do Brasil Ltda Satildeo Paulo p 6
[21] GIL A C 1994 Como elaborar projetos de pesquisas
[22] Em FERREIRA A B H 1986
Editora Atlas S A Satildeo Paulo p 35 [Os grifos satildeo
meus] op cit (Voltar pelo
browser) encontramos uma definiccedilatildeo mais geral a satisfazer tambeacutem o argumento indutivista Teoria eacute um
conjunto de conhecimentos natildeo ingecircnuos que apresentam graus diversos de sistematizaccedilatildeo e credibilidade e que se
propotildeem a explicar elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio de fenocircmenos ou de acontecimentos que se
oferecem agrave atividade praacutetica [23] Os trecircs livros citados a seguir natildeo satildeo os uacutenicos
nos gecircneros assinalados a despeito da disparidade apontada Ao tempo em que registro com estes exemplos a exceccedilatildeo agrave regra presto tambeacutem uma homenagem a autores que ao serem por mim lidos transmutaram em duacutevidas muitas das
respostas a questotildees fundamentais e que eu
28
pretensiosamente julgava possuir [24] BUNGE M Teoria e realidade
[25] LACEY HM 1972
Ed Perspectiva (traduccedilatildeo 1994) Satildeo Paulo
A linguagem do espaccedilo e do tempo
[26] BOHM D e PEAT F D
Ed Perspectiva SA
Ciecircncia ordem e criatividade
[27] A esse respeito vale a pena ler
Gradiva Publicaccedilotildees Ltda (traduccedilatildeo 1989) Lisboa
Cientiacuteficos Chiflados capiacutetulo XIV do livro BERNSTEIN J 1988 Observacioacuten de
la Ciencia[28] EINSTEIN A
Ed Fondo de Cultura Econoacutemica Meacutexico Fiacutesica e realidade in Albert Einstein
Pensamento poliacutetico e uacuteltimas conclusotildees (1983 traduccedilatildeo) Edit Brasiliense S A Satildeo Paulo [O grifo eacute meu]
[29] Este termo eu utilizei pela primeira vez no artigo MESQUITA Fdeg A 1983 Ciecircncia empiacuterica uma arma ou uma daacutediva Faculdade
Antes de mais nada afirmarei sem me alongar que uma teoria adotado o argumento dedutivista pode ser
corroborada ou negada fundamentalmente atraveacutes de um dos trecircs procedimentos seguintes 1) Pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de uma de suas hipoacuteteses 2) pela verificaccedilatildeo ou negaccedilatildeo de uma de suas prediccedilotildees 3) pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de teorias auxiliares deduzidas da teoria principal (teoria em teste ou sob suspeita) as teorias
auxiliares podem ser de trecircs tipos teorias ou hipoacuteteses de nulidade teorias ou hipoacuteteses salvadoras e teorias ou hipoacuteteses assassinas
(Revista do IAMC) ndeg 6 p 28-43 agosto83
7 O falsificacionismo O falsificacionismo natildeo foi proposto como um meacutetodo novo mas sim como um criteacuterio ou conduta a ser ou natildeo adotado por aqueles que se conformam ao meacutetodo dedutivo de prova
Natildeo haacute nada no falsificacionismo do ponto de vista metodoloacutegico que natildeo esteja previsto ou que natildeo decorra naturalmente de uma opccedilatildeo a ser seguida espontaneamente ou natildeo por este ou aquele dedutivista Qual seria entatildeo este criteacuterio Com que finalidade foi proposto A resposta a estas perguntas bem como o meacuterito do falsificacionismo constituem o objetivo deste e dos proacuteximos dois itens
[30] Incluem-se no rol das teorias auxiliares como veremos oportunamente as teorias
transcendentais frequumlentemente conotadas por experiecircncias de pensamento As prediccedilotildees e as hipoacuteteses ou teorias auxiliares satildeo teorias geradas utilizando-se do proacuteprio argumento dedutivista esquematizado na figura 3 Neste caso o foco de atenccedilatildeo inicial frac34representado na figura como observaccedilatildeofrac34 eacute nada mais nada menos que a proacutepria teoria que deu origem agrave prediccedilatildeo eou agrave teoria auxiliar Ao valorizar a falseabilidade como criteacuterio a ser adotado
pelos dedutivistas Popper nada mais fez que tentar expandir ou trazer para o domiacutenio da metodologia
cientiacutefica uma praacutetica amplamente utilizada com sucesso em estatiacutestica o criteacuterio de tomada de decisatildeo atraveacutes da
hipoacutetese de nulidade (Ho
O primeiro passo ou estaacutegio no processo de tomada de decisatildeo eacute
definir a hipoacutetese de nulidade (
)
Ho) Formula-se usualmente com o expresso propoacutesito de ser rejeitada Se eacute
29
rejeitada pode-se aceitar a hipoacutetese alternativa (H1) A hipoacutetese
alternativa eacute a definiccedilatildeo operacional da hipoacutetese de pesquisa do
pesquisador A hipoacutetese de pesquisa eacute a prediccedilatildeo deduzida da teoria que estaacute
sendo comprovada [31] A contribuiccedilatildeo de Popper a esse respeito limitou-se agrave ecircnfase que deu agrave importacircncia da procura por hipoacuteteses de
nulidade Ateacute entatildeo este costume estava restrito agrave procura por previsotildees frac34apresentadas via de regra pelo proacuteprio autor da teoriafrac34 eou hipoacuteteses salvadoras frac34levantadas
pelos adeptos da teoria em focofrac34 eou hipoacuteteses assassinas frac34levantadas pelos criacuteticos da teoria em questatildeo As quatro
tecircm uma caracteriacutestica comum satildeo todas teorias falseadoras
A boa teoria dentre outras qualidades [32] e segundo Popper eacute aquela potencialmente geradora de hipoacuteteses
falseadoras e tanto melhor seraacute quanto maior for o risco de ser negada Ela pode ateacute mesmo ser derrubada no primeiro teste a que for submetida o que natildeo invalida o que foi
dito foi uma boa teoria enquanto durou e voltaraacute a ser se conseguir ressurgir das cinzas Dito em outras palavras o criteacuterio para se avaliar a virtude de uma teoria nascente repousa no seu grau de submissatildeo a testes adversos Uma teoria de baixo risco raramente eacute bem vinda [33] e uma
teoria sem risco algum na opiniatildeo de Popper natildeo eacute cientiacutefica e eu iria aleacutem sequer eacute teoria
Levando-se em conta que o criteacuterio falsificacionista peca pela subjetividade deve-se tomar cuidado ao se optar por uma teoria em detrimento de outra pelo fato de a primeira
ser mais falseaacutevel que a segunda Diferentes hipoacuteteses falseadoras devem apresentar pesos diferentes e este peso
mesmo quando bem estimado frequumlentemente o eacute por um processo subjetivo Natildeo eacute raro utilizar-se desta
subjetividade inerente ao falsificacionismo para justificar escolhas feitas segundo criteacuterios poliacuteticos econocircmicos
interesseiros corporativistas ou entatildeo apoiados em princiacutepios outros que tambeacutem deixam a desejar no que diz
respeito agrave eacutetica do cientista 8 Entendendo o falsificacionismo
Suponha que algueacutem deduza a seguinte hipoacutetese H1 As maccedilatildes do Estado de Satildeo Paulo satildeo vermelhas A teoria assim
simulada eacute uma teoria de hipoacutetese uacutenica Percebam que no argumento da hipoacutetese estaacute se admitindo como pressupostos uma infinidade de conceitos tais como fruta maccedilatilde cor
vermelho local Satildeo Paulo Brasil etc Estes pressupostos satildeo o que Severino chama de evidecircncias preacutevias como vimos no item 5 e constituem uma das bases da argumentaccedilatildeo de Chalmers [34] ao contestar os que afirmam que a ciecircncia
comeccedila com a observaccedilatildeo Um exemplo de previsatildeo desta teoria seria as maccedilatildes de
Jundiaiacute devem ser vermelhas tendo em vista que Jundiaiacute se localiza no Estado de Satildeo Paulo
Suponha tambeacutem que algueacutem tenha demonstrado que em condiccedilotildees X outra fruta que natildeo a maccedilatilde e que
originalmente era de determinada cor se modifica e conclui que se a teoria sobre as maccedilatildes for verdadeira ela
deveraacute permanecer verdadeira nas condiccedilotildees X Pode-se entatildeo construir a seguinte hipoacutetese de nulidade Ho Em
condiccedilotildees X obter-se-atildeo em Satildeo Paulo maccedilatildes natildeo
30
vermelhas Esta previsatildeo natildeo decorre da teoria (H1) mas de evidecircncias preacutevias outras e estranhas agrave mesma Se esta
hipoacutetese (Ho) for verificada a hipoacutetese original H1
Seraacute que este simples fato condena a teoria original Para o falsificacionista ingecircnuo sim Para aquele que entendeu e aceitou o significado da afirmaccedilatildeo de Popper citada
neste artigo ao final do
estaraacute falseada
quarto paraacutegrafo do item 5 natildeo Optar por uma teoria natildeo significa crer numa verdade
absoluta Se eu afirmo que Ho eacute verdadeira e consequumlentemente H1 eacute falsa isto natildeo significa que eu
estou atribuindo o grau de veracidade 100 a uma hipoacutetese e 0 agrave outra significa simplesmente que a verificaccedilatildeo experimental me convenceu a optar por uma teoria em
detrimento da outra A opccedilatildeo eacute uma das maneiras pelas quais o cientista expressa a sua feacute na ciecircncia [35] e o
falsificacionismo estabelece normas a lhe orientar nesta opccedilatildeo
Suponha agora que em condiccedilotildees X ou em outra condiccedilatildeo qualquer se encontrem no Estado de Satildeo Paulo maccedilatildes verdes Significa isto que a hipoacutetese H1
Natildeo podemos em satilde consciecircncia dizer que a psicanaacutelise por exemplo natildeo pertenccedila ao campo da ciecircncia pelo simples
fato de uma de suas teorias precursoras ser natildeo falseaacutevel Sequer podemos dizer que o autor dessa ideacuteia natildeo
fosse cientista se eacute verdade que a psicanaacutelise se desenvolveu em cima desta ideacuteia e apesar disso conseguiu
eacute falsa Natildeo Simplesmente ela foi falseada Nada impede que amanhatilde com a evoluccedilatildeo da ciecircncia se descubra que estes frutos verdes a que hoje associamos a ideacuteia maccedilatilde estejam inseridos num
outro contexto e que realmente natildeo sejam maccedilatildes Por que entatildeo se daacute preferecircncia a verificaccedilotildees falseadoras em detrimento das corroboradoras Ora isto nem sempre
acontece conquanto seja esta uma das regras propostas pelo falsificacionismo Por exemplo tanto a teoria da
relatividade quanto a mecacircnica quacircntica satildeo teorias fiacutesicas amplamente aceitas graccedilas a terem sido
corroboradas por previsotildees que se confirmaram e pouco valor se deu a um grande nuacutemero de testes que as falsearam Por outro lado estas duas teorias satildeo concomitantemente aceitas pelos fiacutesicos conquanto existam fortes argumentos
a provar que cada uma destas duas teorias falseia a outra e ambas falseiam a teoria de Maxwell que tambeacutem eacute aceita como verdadeira Certos ou errados neste caso os fiacutesicos modernos dentre os quais se inclui Popper fizeram uma opccedilatildeo contraacuteria agrave norma falsificacionista e natildeo haacute
como criticaacute-los por essa conduta a menos que se pretenda atribuir ao falsificacionismo uma qualidade que ele natildeo
possui a de estabelecer criteacuterios absolutos de veracidade O falsificacionismo presta-se tambeacutem a fomentar o diaacutelogo e a criatividade Neste caso surge quase como que um apelo para que se invista mais em experiecircncias de pensamento um
recurso legiacutetimo e de grande valor em ciecircncia 9 O falsificacionismo como delimitador da ciecircncia
Vimos no item 7 que para Popper uma teoria sem risco algum natildeo eacute cientiacutefica e eu acrescentei sequer eacute teoria Popper quis se aproveitar deste argumento para delimitar a ciecircncia utilizando-se entatildeo do falsificacionismo como
criteacuterio de cientificidade Com esta opccedilatildeo Popper desagradou a muitos e convenceu a poucos ainda que sua
ideacuteia natildeo fosse de todo maacute
31
de alguma forma se impor como ciecircncia muito provavelmente queiramos ou natildeo seu autor contribuiu diretamente para o progresso da ciecircncia Mesmo que hoje algueacutem chegasse a concluir categoricamente pelo caraacuteter natildeo cientiacutefico da psicanaacutelise isto de forma alguma nos autorizaria a hipoteticamente condenaacute-la agrave estagnaccedilatildeo Se um cientista utilizando-se de maus criteacuterios ou ateacute mesmo apoiando-se em dogmas constroacutei de maneira natildeo
cientiacutefica um determinado campo do conhecimento isto natildeo significa que este campo natildeo possa vir a ser estudado cientificamente e que natildeo se possam criteriosamente
aproveitar as conclusotildees de seus estudos Nada impede que uma teoria considerada hoje como natildeo cientiacutefica pelo fato de possuir uma ou mais hipoacuteteses natildeo falseaacuteveis adquira
esse status apoacutes passar por ligeiras reformulaccedilotildees Natildeo podemos assumir que um campo do conhecimento seja natildeo cientiacutefico pelo simples fato de natildeo encontrarmos nele
teorias cientiacuteficas Este posicionamento de Popper a meu ver natildeo se justifica o falsificacionismo natildeo eacute um bom
criteacuterio delimitador da ciecircncia e isto eu espero que tenha ficado claro para o leitor E mais natildeo existem aacutereas natildeo cientiacuteficas mas sim aacutereas onde ainda natildeo foram produzidos conhecimentos cientiacuteficos O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo e pelo menos nesta etapa nada eacute absolutamente corroboraacutevel ou falseaacutevel Podemos ainda
dizer que a ciecircncia natildeo se localiza aqui ou acolaacute sob esse aspecto a ciecircncia natildeo tem fronteiras
10 Enfim a teoria do meacutetodo Nos demais artigos desta seacuterie irei demonstrar ser possiacutevel partindo da regra cientiacutefica fundamental desenvolver uma teoria sobre o meacutetodo cientiacutefico
utilizando-se das trecircs hipoacuteteses seguintes 1 O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo 2 A produccedilatildeo de conhecimentos passa
necessariamente pelas etapas deduccedilatildeo anaacutelise induccedilatildeo e
siacutentese na ordem apresentada 3 Os princiacutepios cientiacuteficos fundamentais satildeo universais
Por questatildeo de simplicidade subdividirei o estudo do meacutetodo em trecircs etapas correspondentes a cada uma das hipoacuteteses 1) o estudo do macromeacutetodo cientiacutefico 2) o estudo do meacutetodo cientiacutefico propriamente dito e 3) o estudo do micromeacutetodo cientiacutefico Os toacutepicos nos quais
desenvolverei estas etapas estatildeo em fase de projeto natildeo havendo portanto previsatildeo quanto agrave eacutepoca de publicaccedilatildeo
Meacutetodo cientiacutefico
Origem Wikipeacutedia a enciclopeacutedia livre
A palavra meacutetodo vem do grego meacutethodos (caminho para chegar a um fim) O meacutetodo cientiacutefico eacute um conjunto de regras baacutesicas para desenvolver uma experiecircncia a fim de produzir novo conhecimento bem como corrigir e integrar conhecimentos preacute-existentes Na maioria das disciplinas cientiacuteficas consiste em juntar evidecircncias observaacuteveis empiacutericas (ou seja baseadas apenas na experiecircncia) e
mensuraacuteveis e as analisar com o uso da loacutegica Para muitos autores o meacutetodo cientiacutefico nada mais eacute do que a loacutegica
32
aplicada agrave ciecircncia (Haddad) Metodologia literalmente refere-se ao estudo dos meacutetodos e especialmente do meacutetodo da ciecircncia que se supotildee universal Embora procedimentos variem de uma aacuterea da
ciecircncia para outra (as disciplinas cientiacuteficas) diferenciadas por seus distintos objetos de estudo
consegue-se determinar certos elementos que diferenciam o meacutetodo cientiacutefico de outros meacutetodos (filosoacutefico algoritmo
ndash matemaacutetico etc)
Primeiramente os pesquisadores definem proposiccedilotildees loacutegicas ou suposiccedilotildees (hipoacuteteses) para explicar certos fenocircmenos e observaccedilotildees e entatildeo desenvolvem experimentos que testam essas hipoacuteteses Se confirmadas as hipoacuteteses podem gerar leis e teorias Integrando-se hipoacuteteses de certa aacuterea em uma estrutura coerente de conhecimento contribuiacute-se na
formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bem como coloca as hipoacuteteses em um conjunto de conhecimento maior que satildeo as
leis e teorias reconhecidas consensualmente pela comunidade cientiacutefica eou o
O contexto de uma pesquisa
paradigma de seu tempo Outra caracteriacutestica do meacutetodo eacute que o processo precisa
ser objetivo e o cientista deve ser imparcial na interpretaccedilatildeo dos resultados Sobre a objetividade o seja
atente agraves propriedades do objeto e natildeo do sujeito (subjetividade) eacute conhecida a afirmaccedilatildeo de Hans Selye
pesquisador canadense que formulou a moderna concepccedilatildeo de stress ldquoQuem natildeo sabe o que procura natildeo entende o que encontrardquo referindo-se a necessidade de formulaccedilatildeo de definiccedilotildees precisas (a essecircncia dos conceitos) e que
possam ser respondidas com o simples sim ou natildeo Tanto a imparcialidade (evidecircncia) como a objetividade foram incluiacutedas por Reneacute Descartes (1596 ndash 1649) nas regras
loacutegicas que caracterizam o meacutetodo cientiacutefico Aleacutem disso o procedimento precisa ser documentado tanto no que diz respeito agrave fonte de dados como as regras de anaacutelise para que outros cientistas possam re-analisar reproduzir e verificar a confiabilidade dos resultados Assim se distingue os relatos cientiacuteficos (artigos
monografias teses e dissertaccedilotildees) de um simples estilo (padratildeo) ou arquitetura de texto orientados pelo que caracteriza as normas da Retoacuterica ou estudo do uso persuasivo da linguagem em funccedilatildeo da eloquumlecircncia
Eacute comum o uso da anaacutelise matemaacutetica ou estatiacutestica quando possiacutevel ou aproximaccedilatildeo de modelos abstratos (tipos ideais) e categorias de classificaccedilatildeo a depender do
objetivo da pesquisa (identificar descrever analisar) que pode ser basicamente quantitativa ou qualitativa A divisatildeo da ciecircncia em aacutereas ou distintas disciplinas
cientificas tem levado a tais adequaccedilotildees da metodologia Eacute comum a afirmaccedilatildeo de que em funccedilatildeo da evoluccedilatildeo do meacutetodo
cientifico num extremo temos a fiacutesica e quiacutemica seguida da biologia e por uacuteltimo as ciecircncias sociais psicologia e ciecircncias juriacutedicas quase se aproximando da filosofia e estudo das crenccedilas (senso comum) ou ciecircncias do espiacuterito
(sistemas miacutetico - religiosos) Contudo pesquisadores contemporacircneos vecircem nessas duas abordagens uma oposiccedilatildeo complementar enquanto as pesquisas quantitativas visam descrever e explicar fenocircmenos que produzem regularidades mensuraacuteveis satildeo recorrentes (ou discrepantes) e exteriores ao sujeito
33
(objetivos) na pesquisa qualitativa o observador (sujeito) eacute da mesma natureza que o objeto de sua anaacutelise e ele proacuteprio uma parte de sua observaccedilatildeo (o subjetivo)
Eacute importante ter em mente que as pesquisas cientificas relacionam-se com um modelo (paradigmaacutetico) ou uma
constelaccedilatildeo de pressupostos e crenccedilas escalas de valores teacutecnicas e conceitos compartilhados pelos membros de uma determinada comunidade cientiacutefica num determinado momento
histoacuterico
Ciecircncia eacute muito mais uma maneira de pensar do que um corpo de conhecimentos -
Elementos do meacutetodo cientiacutefico
Carl Sagan ciecircncia consiste em agrupar factos para que leis
gerais ou conclusotildees possam ser tiradas deles - Charles Darwin
O meacutetodo cientiacutefico eacute composto dos seguintes elementos bull Caracterizaccedilatildeo - Quantificaccedilotildees observaccedilotildees e
medidas bull Hipoacuteteses - Explicaccedilotildees hipoteacuteticas das observaccedilotildees e
medidas bull Previsotildees - Deduccedilotildees loacutegicas das hipoacuteteses
bull Experimentos - Testes dos trecircs elementos acima O meacutetodo cientiacutefico consiste dos seguintes aspectos bull Observaccedilatildeo - Uma observaccedilatildeo pode ser simples isto eacute
feita a olho nu ou pode exigir a utilizaccedilatildeo de instrumentos apropriados
bull Descriccedilatildeo - O experimento precisa ser replicaacutevel (capaz de ser reproduzido)
bull Previsatildeo - As hipoacuteteses precisam ser vaacutelidas para observaccedilotildees feitas no passado no presente e no
futuro bull Controle - Para maior seguranccedila nas conclusotildees toda
experiecircncia deve ser controlada Experiecircncia controlada eacute aquela que eacute realizada com teacutecnicas que permitem descartar as variaacuteveis passiacuteveis de mascarar
o resultado bull Falseabilidade[1]
bull Explicaccedilatildeo das Causas - Na maioria das aacutereas da Ciecircncia eacute necessaacuterio que haja causalidade Nessas
condiccedilotildees os seguintes requerimentos satildeo vistos como importantes no entendimento cientiacutefico
- toda hipoacutetese tem que ser falseaacutevel ou refutaacutevel Isso natildeo quer dizer que o experimento seja falso mas sim que ele pode ser verificado
contestado Ou seja se ele realmente for falso deve ser possiacutevel provaacute-lo
bull Identificaccedilatildeo das Causas bull Correlaccedilatildeo dos eventos - As causas precisam se
correlacionar com as observaccedilotildees bull Ordem dos eventos - As causas precisam preceder
no tempo os efeitos observados Na aacuterea da sauacutede a natureza da associaccedilatildeo causal foi formulada por Hence e adaptada por Robert Koch em 1877
para demonstraccedilatildeo da relaccedilatildeo causal entre microrganismos e patologias consistindo basicamente no enunciado acima ou seja forccedila da associaccedilatildeo (conectividade) sequumlecircncia temporal (assimetria) transitividade (evidecircncia experimental) previsibilidade estabilidade
Uma maneira linearizada e pragmaacutetica de apresentar os quatro pontos acima estaacute exposto a seguir passo-a-passo
34
Vale a pena notar que eacute apenas um exemplo natildeo sendo obrigatoacuterio a existecircncia de todos esses passos Na
verdade na maioria dos casos natildeo se segue todos esses passos ou mesmo parte deles O meacutetodo cientiacutefico natildeo eacute
uma receita ele requer inteligecircncia imaginaccedilatildeo e criatividade O importante eacute que os aspectos e elementos
apresentados acima estejam presentes bull Definir o problema
bull Recolhimento de dados bull Proposta de uma hipoacutetese
bull Realizaccedilatildeo de uma experiecircncia controlada para testar a validade da hipoacutetese
bull Anaacutelise dos resultados bull Interpretar os dados e tirar conclusotildees o que serve
para a formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bull Publicaccedilatildeo dos resultados em monografias
dissertaccedilotildees teses artigos ou livros aceitos por universidades e ou reconhecidos pela comunidade
cientiacutefica Observe-se que nem todas as hipoacutetese podem ser confirmadas
ou refutadas por experimentos e que em muitas aacutereas do conhecimento o recolhimento de dados e a tentativas de interpretaacute-los jaacute eacute uma grande tarefa como nas ciecircncias
humanas e juriacutedicas (criminologia)
Ciecircncias humanas A limitaccedilatildeo eacutetica da realizaccedilatildeo experimentos com seres humanos o estudo das subjetividades ou essencialmente
subjetivo individual e particular psiquismo humano ou a natureza histoacuterica do objeto das ciecircncias sociais conduziram os pensadores a distintos caminhos ou
proposiccedilotildees de estudo para o meacutetodo cientiacutefico Contudo parafraseando Minayoldquouma base de dados quando bem trabalhada teoacuterica e praticamente produz riqueza de informaccedilotildees aprofundamento e maior fidedignidade
interpretativardquo As principais divergecircncias na anaacutelise dos resultados de pesquisas em ciecircncias sociais ou humanas se datildeo no plano da contextualizaccedilatildeo dos dados ou informaccedilotildees obtidas em campo nos diversos sistemas teoacutericos ou seja conjunto de teorias e leis reconhecidas como consensuais em distintos
momentos histoacutericos eou segmentos das comunidades cientiacuteficas Nas ciecircncias sociais identifica-se trecircs
grandes correntes de pensamentos bull Positivismo Auguste Comte
bull Fenomenologia (Fenomenologia do Espiacuterito Estruturalismo
bull Materialismo dialeacutetico Dialeacutetica Marxismo
A histoacuteria do meacutetodo cientiacutefico se mistura com a histoacuteria da ciecircncia Documentos do
A evoluccedilatildeo do conceito de meacutetodo
Antigo Egito jaacute descrevem meacutetodos de diagnoacutesticos meacutedicos Na cultura da Greacutecia
Antiga os primeiros indiacutecios do meacutetodo cientiacutefico comeccedilam a aparecer Grande avanccedilo no meacutetodo foi feito no comeccedilo da filosofia islacircmica principalmente no uso de experimentos
para decidir entre duas hipoacuteteses Os principios fundamentais do meacutetodo cientiacutefico se consolidaram com o surgimento da Fiacutesica nos seacuteculos XVII e XVIII Francis
Bacon em seu trabalho Novum Organum(1620)-uma referecircncia
35
ao Organon de Aristoacuteteles-especifica um novo sistema loacutegico para melhorar o velho processo filosoacutefico do
silogismo A metodologia cientiacutefica tem sua origem no pensamento de
Descartes que foi posteriormente desenvolvimento empiricamente pelo fiacutesico inglecircs Isaac Newton Reneacute Descartes propocircs chegar agrave verdade atraveacutes da duacutevida sistemaacutetica e da decomposiccedilatildeo do problema em pequenas
partes caracteriacutesticas que definiram a base da pesquisa cientiacutefica
Lecirc-se no livro o Discurso do meacutetodo E como a multiplicidade de leis serve frequentemente para escusar os viacutecios de sorte que um estado eacute muito melhor governado quando possuindo poucas elas satildeo aiacute rigorosamente aplicadas assim em lugar de um grande
nuacutemero de preceitosde qua a loacutegica eacute composta acrediteis que jaacute me seriam bastante quatro contanto que tomasse a firme e constante resoluccedilatildeo de natildeo deixar uma vez soacute de
observaacute-los O primeiro consistia em nunca aceitar por verdadeira coisa nenhuma que natildeo conhecesse como evidente isto eacute
devia evitar cuidadosamente a precipitaccedilatildeo e a prevenccedilatildeo e nada incluir em meus juizos que natildeo se apresentasse tatildeo claramente e tatildeo distintamente ao meu espiacuterito que natildeo
tivesse nenhuma ocasiatildeo de o por em duacutevida O segundo ndash dividir cada uma das dificuldades que
examinasse em tantas parcelas quantas pudesse ser e fossem exigidas para melhor compreendecirc-las
O terceiro ndash conduzir por ordem os meus pensamento comeccedilando pelos objetos mais simples e faacuteceis de serem conhecidos para subir pouco a pouco como por degraus ateacute o conhecimento dos mais compostos e supondo mesmo
certa ordem entre os que natildeo se precedem naturalmente uns aos outros
e o uacuteltimo ndash fazer sempre enumeraccedilotildees tatildeo completas e revisotildees tatildeo gerais que ficasse certo de nada
omitir Correntemente estas regras satildeo 1 ndash da evidecircncia 2 ndash da
divisatildeo ou anaacutelise 3 ndash da ordem ou deduccedilatildeo 3 da enumeraccedilatildeo (contar especificar) classificaccedilatildeo
O acidente (serendipity
Eacute comum considerar alguns dos mais importantes avanccedilos na ciecircncia tais como as
)
descobertas da radioatividade por Henri Becquerel ou da penicilina por Alexander Fleming como tendo ocorrido por acidente no entanto o que eacute possiacutevel afirmar agrave luz da observaccedilatildeo cientiacutefica eacute que
teratildeo sido parcialmente acidentais uma vez que as pessoas envolvidas haviam aprendido a pensar cientificamente
estando portanto conscientes de que observaram algo novo e interessante
Os progressos da ciecircncia satildeo acompanhados de muitas horas de trabalho cuidadoso que segue um caminho mais ou menos sistemaacutetico na busca de respostas a questotildees cientiacuteficas
Eacute este o caminho denominado de meacutetodo cientiacutefico
A A hipoacutetese
Hipoacutetese (do gr Hypoacutethesis) eacute uma proposiccedilatildeo que se admite de modo provisoacuterio como princiacutepio do qual se pode
deduzir pelas regras da loacutegica um conjunto dado de proposiccedilotildees ou um mecanismo da experiecircncia a explicar
36
Literalmente pode ser compreendida como uma suposiccedilatildeo ou pergunta conjetura que orienta uma investigaccedilatildeo por
antecipar caracteriacutesticas provaacuteveis do objeto investigado e que vale quer pela confirmaccedilatildeo atraveacutes de deduccedilotildees loacutegicas dessas caracteriacutesticas quer pelo encontro de novos caminhos de investigaccedilatildeo (novas hipoacuteteses e novos
experimentos) No meacutetodo cientiacutefico a hipoacutetese eacute o caminho que deve levar agrave formulaccedilatildeo de uma teoria O cientista na sua hipoacutetese tem dois objetivos explicar um fato e prever
outros acontecimentos dele decorrentes (deduzir as consequencias) A hipoacutetese deveraacute ser testada em
experiecircncias laboratoriais controladasSe apoacutes muitas dessas experiecircncias os resultados obtidos pelos
pesquisadores natildeo contrariarem a hipoacutetese entatildeo ela seraacute aceita como uma lei e integrada agrave uma teoria eou sistema
teacuteoacuterico
Referecircncias 1 uarr [PDF] Estudos do meacutetodo cientiacutefico
Ver tambeacutem bull Verdade
bull Falseabilidade bull Karl Popper
bull Filosofia da ciecircncia bull Histoacuteria da ciecircncia
bull Epistemologia bull Loacutegica
bull Aristoacuteteles bull Georg Wilhelm Friedrich Hegel
bull Complexidade bull Reducionismo
bull Navalha de Occam bull Ciecircncia
bull Pseudociecircncia bull Paradigma
bull Paul Feyerabend bull Thomas Kuhn
bull Gaston Bachelard bull Teoria
bull Lei (ciecircncias) bull Hipoacutetese
bull Tese bull Dissertaccedilatildeo
Bibliografia
Becker Howard S Meacutetodos de pesquisa em ciecircncias sociais SP Hucitec 1999
Chizzotti Antonio Pesquisa em ciecircncia humanas e sociais SP Cortez 2006
Comte August Discurso preliminar sobre o espiacuterito positivo
Descartes Reneacute Discurso do meacutetodo (traduccedilatildeo prefaacutecio e notas de Joatildeo Cruz Costa SP Ed de Ouro 1970 disponiacutevel
para download em domiacutenio puacuteblico httpwwwdominiopublico e eBooket
httpwwweBooketnet IntraText Reneacute Descartes - e-books
37
Haddad Nagib Metodologia de estudos em ciecircncias da sauacutede como planejar analisar e apresentar um trabalho
cientiacutefico SP Roca 2004 Minayo Maria C de Souza (org) Deslandes (Suely F
Gomes Romeu Pesquisa social teoria meacutetodo e criatividade Petroacutepolis RJ Vozes 2007
Lakatos Eva Maria Marconi Marina de A Meacutetodologia cientiacutefica SP Atlas 2007
Selye Hans Stress a tensatildeo da vida SP IBRASA 1965
Ligaccedilotildees externas bull Explicando o Meacutetodo Cientiacutefico
bull Prova Cientiacutefica bull Diretrizes para elaboraccedilatildeo de dissertaccedilotildees e teses -
USP bull Centro Cochrane do Brasil
bull Metodologiaorg bull Evidecircnciascom
bull Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq)
bull Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciecircncia bull Lista de Perioacutedicos cientificos brasileiros por
assunto bull SciELO - Scientific Electronic Library Online
bull Perioacutedicos UNESCO bull Ciecircncia Hoje
bull Scientific American - Brasil bull Scientific American
COLCHA DE RETALHOS CIENTIacuteFICA (a realidade natildeo eacute Frankenstein ela eacute uacutenica e funcional)
A realidade segundo a Ciecircncia geral
A senhora Ciecircncia trabalhando com
seus remendos
Drordf Ciecircncia e seu filho
Mary Shelley viu o futuro
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Somos Monstros 6 05 2008
Tudo comeccedilou com um desafio feito a Mary Shelley (1797-1851) entatildeo uma jovem de 21 anos por Lord Byron Na eacutepoca 1918 Byron propocircs a Mary e seu marido que
escrevessem um conto de terror uma maneira de passar o tempo jaacute que suas feacuterias estavam sendo consumidas
intediantemente pelo mau tempo Mary foi a uacuteltima a dar iniacutecio ao seu conto que acabou baseado em um pesadelo que
teve numa daquelas noites de chuva E dentre todos o conto de Shelley foi o que mais surpreendeu e arrepiou Insentivada a continuar Mary Shelley desenvolveu ainda
mais sua histoacuteria e transformou-a em um dos mais conhecidos e celebrados livros da Histoacuteria Frankenstein
Victor Frankenstein era um jovem curioso com sede de conhecimento apaixonado pela ciecircncia intrigado com os segredos da vida e louco para deixar sua marca no mundo Havia aprendido sozinho em casa sobre as fantasias da Alquimia no entanto apenas na universidade ele foi descobrir que toda sua bagagem de conhecimento estava ultrapassada haacute muito Acabou se tornando um aluno
exemplar dedicado agrave quiacutemica e agrave biologia Foi assim que sozinho em seu laboratoacuterio em Ingolstadt Victor deu iniacutecio agrave sua criaccedilatildeo misturando seus conhecimentos
teoacutericos de fisiologia e filosofia natural com princiacutepios de mecacircnica decido a descobrir se o princiacutepio que
mantinha animado o corpo poderia pernecer mesmo apoacutes a morte Como Victor fez isso todos jaacute sabemos deu vida a uma criatura formada por partes de cadaacuteveres de tamanho
descomunal (cerca de 25m de altura) e aparecircncia horripilante E eacute aqui que daacute-se iniacutecio ao grande trunfo
da histoacuteria Ao despertar da Criatura Frankenstein acaba por cair na realidade vendo como era realmente feia sua criaccedilatildeo com
seus membros desproporcionais seu olhos aquosos e amarelos incompleta a ponto de seus tecidos nem sequer
cobrirem todo o corpo deixando agrave mostra muacutesculos e ossos Desesperado e com medo arrependido de sua audaacutecia Victor
abandona sua Criatura decaindo num suacutebito acesso de naacuteusea e lucidez
Pobre Criatura um ser vazio de conhecimentos ignorante em relaccedilatildeo ao conviacutevio social solto num mundo de pessoas
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preconceituosas e indiferentes A personificaccedilatildeo perfeita da famosa teoria de Rousseau a do ldquobom selvagemrdquo que diz
que todo o homem nasce ldquopurordquo e eacute corrompido pela sociedade violenta viciosa e materialista Quem lecirc a
histoacuteria de Frankenstein espera encontrar terror suspense e aventura onde um monstro estaria a solta para destruir e matar No entanto descobre um mundo onde noacutes humanos somos totalmente repugnantes e no qual o uacutenico ser que
realmente tem algum valor eacute o monstro excluiacutedo por todos Poucos livros retratam tatildeo bem a indiferenccedila humana e a nossa mania de dar mais valor agraves aparecircncias do que aos
sentimentos carater e virtudes Mary Shelley escreveu uma autecircntica obra-prima da
literatura universal um romance capaz de despertar no leitor a pena e a compaixatildeo por um monstro e a repugnacircncia
de nossa proacutepria raccedila Uma liccedilatildeo que ainda natildeo foi aprendida mesmo depois de quase 200 anos
Ficha Teacutecnica Tiacutetulo Frankestein (Frankenstein or the Modern
Prometheus) Autor Mary Shalley Paiacutes Inglaterra
Publicaccedilatildeo Original 1818 Publicaccedilatildeo Lida Martin Claret Editora 2001
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Poderia propor-se para estas trecircs variantes do meacutetodo cientiacutefico a denominaccedilatildeo de meacutetodo dedutivo meacutetodo
intuitivo e meacutetodo experimental ou meacutetodo de verificaccedilatildeo ou qualquer conjunto de palavras que faccedilam referecircncia agraves suas diferenccedilas fundamentais e natildeo coloquem problemas agrave memoacuteria linguumliacutestica Natildeo obstante nesta exposiccedilatildeo
manterei a nomenclatura geralmente utilizada A Teoria Geral da Evoluccedilatildeo Condicionada da Vida seria em
princiacutepio uma teoria baseada no meacutetodo hipoteacutetico-dedutivo ou meacutetodo de verificaccedilatildeo de hipoacuteteses
A teoria de Darwin pelo contraacuterio estaria enquadrada no meacutetodo indutivo mas que apesar de encontrar exemplos contraacuterios natildeo se invalida adeacutequa-se para encaixar
qualquer triacircngulo Porque seraacute
Como se disse anteriormente toda a teoria deve ser resistente agrave sua refutaccedilatildeo contudo uma teoria que natildeo pode ser refutada por nenhum fato concebiacutevel natildeo eacute
cientiacutefica A impossibilidade de refutaccedilatildeo de uma teoria cientiacutefica natildeo eacute uma virtude mas sim um viacutecio
TEORIA SOBRE O MEacuteTODO CIENTIacuteFICO EM BUSCA DE UM MODELO UNIFICANTE PARA AS CIEcircNCIAS
E DE UM RETORNO Agrave UNIVERSIDADE CRIATIVA I -- INTRODUCcedilAtildeO
Alberto Mesquita Filho Comeccedilo regra geral as minhas liccedilotildees sobre Meacutetodo
Cientiacutefico dizendo aos meus alunos que o meacutetodo cientiacutefico natildeo existe Acrescento que tenho obrigaccedilatildeo de saber isso tendo eu sido durante algum tempo pelo menos o uacutenico professor desse inexistente assunto em toda a Comunidade
Britacircnica
Tendo entatildeo explicado aos meus alunos que natildeo haacute essa coisa que seria o meacutetodo cientiacutefico apresso-me a comeccedilar o meu discurso e ficamos ocupadiacutessimos Pois um ano mal chega para roccedilar a superfiacutecie mesmo de um assunto
inexistente Karl R Popper [1]
Resumo Este artigo eacute o primeiro de uma seacuterie de artigos relacionados agrave metodologia cientiacutefica e cuja temaacutetica foi dividida em cinco toacutepicos principais Corresponde a uma
versatildeo atualizada de consideraccedilotildees expressas pelo autor a partir de 1983 em livros artigos e conferecircncias citados no texto colaborou para esta atualizaccedilatildeo a experiecircncia adquirida pelo autor no processo de remodelaccedilatildeo da Proacute-Reitoria Comunitaacuteria da USJT (1992-1993) bem como aquela adquirida junto aos demais membros da equipe criada pelos Conselhos Superiores da USJT (1994) --expandida em 1995--
com a finalidade de implantar o Centro de Pesquisa da USJT Os conceitos foram axiomatizados de forma a darem
corpo a uma nova teoria sobre o meacutetodo cientiacutefico permitindo mesmo a constataccedilatildeo de possiacuteveis aplicaccedilotildees dentro de um contexto abrangente tais como 1) a teoria
fornece os meios necessaacuterios para que se promova a integraccedilatildeo das ciecircncias e 2) propicia a sustentaccedilatildeo de um projeto visando a caracterizar a universidade como o local apropriado para a formaccedilatildeo de cientistas Os cinco
toacutepicos a serem abordados satildeo pela ordem I - Introduccedilatildeo na qual eacute proposta a regra delimitante da ciecircncia II - O macromeacutetodo cientiacutefico e a Histoacuteria da Ciecircncia III - O
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papel da universidade na produccedilatildeo de conhecimentos IV - O meacutetodo cientiacutefico propriamente dito a) A teoria da
praacutetica em ciecircncia b) A praacutetica da teorizaccedilatildeo cientiacutefica V - O micromeacutetodo cientiacutefico e a Filosofia da Ciecircncia Os demais toacutepicos estatildeo em fase de projeto natildeo havendo portanto previsatildeo quanto agrave eacutepoca de publicaccedilatildeo []
1 Colocaccedilatildeo do problema Meacutetodo entre outras coisas significa caminho para chegar
a um fim ou pelo qual se atinge um objetivo Que dizer entatildeo do meacutetodo cientiacutefico [2] Poderia dizer que eacute o caminho trilhado pelo cientista quando em busca de verdades cientiacuteficas
Afirma-se com grande frequumlecircncia que o cientista eacute aquele que se utiliza do meacutetodo cientiacutefico Os que aceitam esta
Percebam que estou meramente jogando com as palavras e associando-as ao conceito de
meacutetodo acima postulado Quais satildeo as verdades cientiacuteficas O que eacute ser cientista O que eacute ciecircncia Existe uma ciecircncia uacutenica Quando nos reportamos a uma hipoteacutetica linha demarcatoacuteria a separar o que julgamos
ser uma verdade cientiacutefica de outras possiacuteveis verdades a que nos estamos referindo
verdade --e haacute muitos que o fazem-- devem procurar uma conceituaccedilatildeo para meacutetodo cientiacutefico diferente da exposta no paraacutegrafo anterior sob pena de andarem em ciacuterculo Ou definimos cientista a partir da definiccedilatildeo de meacutetodo frac34algo tentado por Popper ao propor o falsificacionismo [3]frac34 ou definimos meacutetodo a partir da definiccedilatildeo de cientista do contraacuterio natildeo chegamos a nada Conservarei a ideacuteia de meacutetodo cientiacutefico como caminho trilhado pelo cientista
2 O que eacute ciecircncia
com o que estou assumindo o risco de ter que definir ciecircncia eou cientista Eacute o que tentarei fazer nesta
introduccedilatildeo
Natildeo eacute faacutecil definir ciecircncia e satildeo inuacutemeros os tratados sobre o assunto a abordarem esta dificuldade Ao leitor
principiante em ciecircncia e que queira penetrar na complexidade do tema ou entatildeo perceber a quantas anda nossa ignoracircncia a respeito sugiro se tiver pendores
filosoacuteficos que comece pelo livro de Chalmers (1976) [4] ou entatildeo se preferir algo mais ameno e mais voltado agrave
praacutetica cientiacutefica pelo livro de Beveridge (1980) [5] Ao leitor acomodado e que natildeo tenha amplo conhecimento do
assunto ou mesmo para aquele que pretenda prosseguir com esta leitura ciente de que eacute possiacutevel pelo menos em niacutevel conjetural enfrentar o desafio apontado relatarei aqui a
conclusatildeo de um ensaio que sintetiza uma ideacuteia que me ocorreu haacute cerca de dez anos [6] e que apresentei na
sessatildeo de debates da mesa redonda A Pesquisa na Universidade Particular ocorrida por ocasiatildeo da IV Semana de Psicologia da USJT (1994) com as seguintes palavras Vejo a ciecircncia como a aacuterea do conhecimento que se apoacuteia natildeo num meacutetodo mas sim na regra da repetitividade a que
eu tenho chamado de regra cientiacutefica fundamental Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que
pesquisado se repetiu eacute de se admitir que em futuras verificaccedilotildees o mesmo suceda [7]
A regra cientiacutefica fundamental conquanto aceita intuitivamente por todos os cientistas ocupa entre os mesmos e ateacute entre os filoacutesofos da ciecircncia um papel
secundaacuterio quando natildeo totalmente ignorada Via de regra considera-se a ciecircncia como que apoiada em regras outras
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como por exemplo o princiacutepio da causalidade de Kant a regra metodoloacutegica de Popper que se associa a seu meacutetodo
dedutivo de prova o princiacutepio ou argumento indutivista e as regras ou criteacuterios de utilidade Como posiccedilotildees
extremas e apoiadas em regras mais riacutegidas podemos citar a visatildeo paradigmaacutetica de Thomas Kuhn a defender o
dogmatismo cientiacutefico o ponto de vista de Chalmers a questionar a argumentaccedilatildeo filosoacutefica no que diz respeito agrave delimitaccedilatildeo da ciecircncia e a visatildeo anarquista de Feyerabend
a se opor frontalmente ao racionalismo em ciecircncia A fim de ilustrar o comentado no paraacutegrafo anterior
vejamos como Thomas Kuhn (1962) --defensor de uma posiccedilatildeo cientiacutefico-filosoacutefica incompatiacutevel com a que aqui pretendo apresentar-- retrata a importacircncia da repetitividade dos eventos como algo a semear o surgimento de novas ideacuteias Existem em princiacutepio somente trecircs tipos de fenocircmenos a propoacutesito dos quais pode ser desenvolvida uma nova teoria O primeiro tipo compreende os fenocircmenos jaacute bem explicados
pelos paradigmas existentes Tais fenocircmenos raramente fornecem motivos ou um ponto de partida para a construccedilatildeo de uma teoria Quando o fazem as teorias resultantes raramente satildeo aceitas visto que a natureza natildeo proporciona nenhuma base para uma discriminaccedilatildeo entre as alternativas Uma segunda classe de fenocircmenos compreende aqueles cuja
natureza eacute indicada pelos paradigmas existentes mas cujos detalhes somente podem ser entendidos apoacutes uma maior
articulaccedilatildeo da teoria Os cientistas dirigem a maior parte de sua pesquisa a esses fenocircmenos mas tal pesquisa visa antes agrave articulaccedilatildeo dos paradigmas existentes do que agrave invenccedilatildeo de novos Somente quando esses esforccedilos de articulaccedilatildeo fracassam eacute que os cientistas encontram o
terceiro tipo de fenocircmeno as anomalias reconhecidas cujo traccedilo caracteriacutestico eacute a sua recusa obstinada a serem
assimiladas aos paradigmas existentes Apenas esse uacuteltimo tipo de fenocircmeno faz surgir novas teorias [8]
Ora se um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se recusou obstinadamente a ser assimilado aos paradigmas
existentes e se esta recusa eacute quem orienta a caracterizaccedilatildeo de novas teorias e mais se a ciecircncia eacute fundamentalmente o conjunto das ideacuteias e teorias geradas pela mente humana bem como a aplicaccedilatildeo pelo homem dessas ideacuteias e teorias em busca de um relacionamento sadio com a natureza e com os seus semelhantes podemos sossegadamente
concluir que ciecircncia eacute o processo pelo qual o homem se relaciona com os fenocircmenos universais que se sujeitam agrave
regra cientiacutefica fundamental 3 O ser cientista
Cientista diz-nos Ferreira (1986) eacute a pessoa que cultiva ou que eacute especialista em alguma ciecircncia ou em ciecircncias
[9] e ciecircncia eacute um processo definido no item anterior Se aceitarmos estas premissas concluiremos que o conhecimento
cientiacutefico eacute aquele factiacutevel de reproduccedilatildeo enquanto o cientista eacute aquele que de alguma forma cultiva esses conhecimentos Eacute importante aqui salientar que muitas
vezes o que se espera reproduzir eacute um dado probabiliacutestico Por exemplo se dissermos que 80 das moleacuteculas de um gaacutes
satildeo do elemento quiacutemico oxigecircnio isto natildeo significa estarmos afirmando ser oxigecircnio esta ou aquela moleacutecula objeto de verificaccedilatildeo experimental o que a regra nos
preconiza eacute que independentemente de qual cientista for tentar reproduzir a medida ou do local escolhido para que
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esta segunda medida seja efetuada observando-se as condiccedilotildees em que a mesma foi realizada anteriormente o
valor obtido concordaraacute com o valor precedente dentro de uma margem de erro tambeacutem estimaacutevel por meacutetodos
experimentais Todos noacutes vez ou outra nos comportamos como cientistas Ser cientista natildeo eacute possuir um roacutetulo mas sim postar-se com uma atitude cientiacutefica por outro lado mesmo aquele que se diz cientista vez ou outra assume atitudes natildeo cientiacuteficas e penetra em terrenos apoiados em regras
proacuteprias ou ateacute mesmo sem regras O roacutetulo eacute frequumlentemente utilizado quando queremos nos referir agraves
pessoas que se utilizam de seus talentos cientiacuteficos como meio de vida seriam entatildeo os cientistas profissionais A filosofia por exemplo eacute um campo de atuaccedilatildeo bem mais
abrangente que aquele ditado pela regra cientiacutefica fundamental Poderiacuteamos dizer que a filosofia comporta a
ciecircncia ainda que esta ideacuteia natildeo agrade a alguns cientistas mas jamais poderiacuteamos dizer e quanto a isso
todos satildeo concordes que a ciecircncia comporta a filosofia O bom cientista utiliza-se da filosofia da mesma forma que a maioria dos indiviacuteduos com sede se utilizam do copo Outras
aacutereas do conhecimento seriam 1) o ocultismo frac34e aqui poderiacuteamos incluir a tiacutetulo de exemplo a alquimia e a astrologia 2) as artes frac34e vale a pena aqui frisar que a arte pode ser encarada cientificamente postura esta que foi frequumlentemente adotada por Leonardo da Vinci [10] e defendida em sua Teoria do Conhecimento 3) a teologia
etc A busca pela verdade que tambeacutem eacute objetivo da grande maioria destas aacutereas natildeo cientiacuteficas segue-se por caminhos nem sempre limitados ou compatiacuteveis com a regra cientiacutefica
fundamental O cultivo da ciecircncia pode se dar atraveacutes da observaccedilatildeo de alguns ou todos dentre seus objetivos nobres quais sejam
1) aquisiccedilatildeo transmissatildeo e aplicaccedilatildeo de conhecimentos cientiacuteficos jaacute sistematizados e 2) produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
de novos conhecimentos Visto sob este acircngulo satildeo cientistas 1) o estudioso eou o professor eou o
profissional bacharel em quaisquer das ciecircncias 2) o tecnoacutelogo 3) o pesquisador em aacutereas cientiacuteficas 4) o
teorizador em ciecircncias 5) e o autor de artigos cientiacuteficos relatando ideacuteias proacuteprias eou revisotildees bibliograacuteficas Sob um ponto de vista mais rigoroso o cientista seria apenas aquele capaz de dominar as teacutecnicas inerentes a todos os
objetivos nobres acima apontados Nem tanto ao ceacuteu nem tanto agrave terra Percebam que jaacute
conceituamos ciecircncia e jaacute conseguimos ir aleacutem a ponto de fornecer dados para que se analise o comportamento daqueles
que trabalham em ciecircncia Observado este comportamento poderiacuteamos assumir como cientistas aqueles que realmente contribuem para o progresso das ciecircncias Adotarei esta
postura mas gostaria de esclarecer conforme seraacute comentado oportunamente que a noccedilatildeo de progresso aqui defendida eacute um pouco mais abrangente do que aquela
preconizada pelos pensadores iluministas [11] que tanto influenciaram os positivistas Aceita esta premissa frac34a de que cientistas satildeo somente aqueles que real e diretamente [12] contribuem para o progresso das ciecircnciasfrac34 suponha que consigamos caracterizar os cientistas assim definidos como aqueles que ao contribuir para o progresso das
ciecircncias se utilizam de um meacutetodo comum a que chamaremos
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meacutetodo cientiacutefico Poderemos entatildeo afirmar e natildeo se trata aqui da busca por uma definiccedilatildeo que o cientista eacute aquele que se utiliza do meacutetodo cientiacutefico o raciociacutenio ciacuteclico da forma como foi agora utilizado estaacute livre de consequumlecircncias funestas Notem com o auxiacutelio da figura 1 a sintetizar as ideacuteias principais aqui focalizadas que do ponto de vista conceitual natildeo estamos andando em ciacuterculo
REGRA CIENTIacuteFICA FUNDAMENTAL
Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu eacute de se admitir que em futuras
verificaccedilotildees o mesmo suceda
DEFINICcedilAtildeO DE CIEcircNCIA
Ciecircncia eacute o processo pelo qual o homem se relaciona com os fenocircmenos universais que se sujeitam agrave regra cientiacutefica
fundamental
OBSERVACcedilAtildeO DO COMPORTAMENTO DOS QUE TRABALHAM EM CIEcircNCIA
VERIFICACcedilAtildeO DE QUE ALGUNS CONTRIBUEM PARA O PROGRESSO DAS CIEcircNCIAS
Cientista eacute todo ser racional que contribui diretamente para o progresso das ciecircncias
CONSTATACcedilAtildeO DE QUE ESTES SE UTILIZAM DE UM MEacuteTODO COMUM
Figura 1 - Para explicaccedilatildeo vide texto Resta-nos entatildeo para que a ideacuteia ganhe em consistecircncia comprovar a existecircncia de um uacutenico meacutetodo cientiacutefico e
isto natildeo parece ser uma tarefa faacutecil Antes de enfrentarmos esta dificuldade vamos verificar como as ideacuteias aqui apresentadas se conformam a conceitos classicamente
adotados como modelos de meacutetodo cientiacutefico
[] Muitos dentre esses toacutepicos satildeo apresentados em um contexto diverso em
Referecircncias
Ensaios sobre a Filosofia da Ciecircncia ou entatildeo em outros artigos expostos acima na
seccedilatildeo Temas relacionados [1] POPPER K R 1956 Acerca da inexistecircncia do meacutetodo
cientiacutefico in Prefaacutecio da ediccedilatildeo de 1956 do livro O realismo e o objetivo da ciecircncia
[2] FERREIRA A B H 1986
Publicaccedilotildees Dom Quixote (traduccedilatildeo) Lisboa 1987 Este prefaacutecio foi lido num
encontro dos Fellows of Center for Advanced Study in the Behavioral Sciences em Stanford Califoacuternia em novembro
de 1956 Novo dicionaacuterio da liacutengua
portuguesa[3] POPPER K R (1959)
Ed Nova Fronteira Rio de Janeiro p 1128 A loacutegica da pesquisa
cientiacutefica Ed Cultrix (traduccedilatildeo 1975) Satildeo Paulo
22
[4] CHALMERS A F 1976 (traduccedilatildeo 1993) O que eacute ciecircncia afinal[5] BEVERIDGE W I B 1980
Ed Brasiliense Satildeo Paulo 225 p Sementes da descoberta
cientiacutefica[6] MESQUITA Fdeg A 1987
Edusp (traduccedilatildeo) Satildeo Paulo Confesso que blefei --
Fiacutesica antiga vs moderna
[7] Perguntas e Debates 1995 item V
editado pela USJT (na eacutepoca Faculdades Satildeo Judas Tadeu) Satildeo Paulo capiacutetulo 13 A
Ciecircncia Existe p 92-8 Sobre Pesquisa e
Filosofia da Ciecircncia p 75 in EspecialIntegraccedilatildeo A pesquisa na universidade particular Integraccedilatildeo
[8] KUHN T S 1962 (traduccedilatildeo 1975)
I(1)51-75 1995 Este ensaio foi tambeacutem apresentado e discutido em palestra (natildeo publicada) que ministrei por ocasiatildeo da
Semana de Filosofia da USJT de 1994 A estrutura das
revoluccedilotildees cientiacuteficas Ed Perspectiva Satildeo Paulo 257 pp capiacutetulo 8 A natureza e a necessidade das revoluccedilotildees
cientiacuteficas[9] FERREIRA 1986 Idem p 404
p 131 [Os grifos satildeo meus]
[10] Leonardo da Vinci in The New Encyclopaedia Britannica Vol 22 (Macropaedia) Enc Brit Inc
Chicago 1993 p 946 (Leonardo as artist-scientist[11] SANTOS G T
) Os caminhos do pensamento cientiacutefico a
partir do Iluminismo Integraccedilatildeo I(5)131-6 1996 conferecircncia proferida por ocasiatildeo da Semana de Filosofia da USJT de 1995 Na sessatildeo de debates Santos dentre outras consideraccedilotildees interessantes a respeito faz a
seguinte observaccedilatildeo O progresso como vai ser definido no Iluminismo eacute uma noccedilatildeo de abandono passa pelo abandono necessaacuterio de coisas que ficaram ou que deveratildeo ficar no
passado[12] O termo diretamente aqui empregado eacute essencial a natildeo ser levado em conta corremos o risco de considerar
como cientistas dentre outros os mecenas que no passado contribuiacuteram de maneira indireta para o progresso
das ciecircncias
O argumento indutivista Uma criacutetica imparcial conquanto demolidora ao
indutivismo eacute apresentada por Chalmers nos trecircs primeiros capiacutetulos de seu livro [13] Veremos aqui apenas alguns toacutepicos interessantes do ponto de vista epistemoloacutegico
eou necessaacuterios para um melhor entendimento da teoria ora sendo apresentada
Um sumaacuterio completo do argumento indutivista da ciecircncia estaacute esquematizado na figura 2 adaptada de Chalmers [14]
Chama a atenccedilatildeo a omissatildeo da deduccedilatildeo de hipoacuteteses o indutivista admite ser possiacutevel partir da observaccedilatildeo e chegar a leis apelando exclusivamente ao raciociacutenio
indutivo O meacutetodo indutivo baseia-se na crenccedila de que eacute possiacutevel confirmar um enunciado universal (lei) atraveacutes de um certo nuacutemero de observaccedilotildees singulares Via de regra
quando se questiona o indutivista a respeito da omissatildeo da hipoacutetese ele logo repete uma frase de Newton Natildeo faccedilo
hipoacuteteses Obviamente este indutivista ingecircnuo ouviu esta frase sabe que foi proferida por Newton mas demonstra
natildeo saber a que Newton estava se referindo A hipoacutetese a que Newton se refere natildeo eacute a mesma que hoje se conceitua nos tratados de metodologia cientiacutefica ou de estatiacutestica Newton deixou bastante claro em sua obra que natildeo fazia como cientista especulaccedilotildees ou conjecturas infundadas No
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que se refere a hipoacuteteses no contexto em que o termo eacute hoje aceito rariacutessimos foram os cientistas que em sua
fase produtiva as levantaram em nuacutemero tal cuja ordem de grandeza se aproximasse daquela atingida por Newton
O argumento indutivista baseia-se na crenccedila no princiacutepio da induccedilatildeo que dentre outras formas pode ser enunciado como Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno
sempre que pesquisado se repetiu em futuras verificaccedilotildees o mesmo sucederaacute
Figura 2 - O argumento indutivista (segundo Chalmers)
[15] Escolhi esta versatildeo para que fique claro o contraste entre o princiacutepio da induccedilatildeo e a regra
cientiacutefica fundamental expliacutecita na figura 1 Trecircs comentaacuterios merecem ser feitos a respeito 1) Conquanto
seja usado como regra metodoloacutegica o princiacutepio da induccedilatildeo natildeo define o nuacutemero de observaccedilotildees singulares a permitir uma generalizaccedilatildeo (obtenccedilatildeo de leis) 2) Esta e outras falhas conceituais inerentes ao argumento indutivista propiciam interpretaccedilotildees ingecircnuas ao princiacutepio conforme
veremos abaixo 3) O princiacutepio sem perder em generalidade no que diz respeito agraves premissas (tem o
mesmo campo de atuaccedilatildeo que a regra cientiacutefica fundamental) e para que possa caracterizar-se como metodoloacutegico e natildeo apenas norteador torna-se mais
restritivo que a regra cientiacutefica fundamental frac34afirma ao inveacutes de suporfrac34 Consequumlentemente os que abraccedilam esta ideologia devem procurar por uma outra definiccedilatildeo de ciecircncia que natildeo a apresentada no item 2 e figura 1 As
consequumlecircncias epistemoloacutegicas daiacute resultantes seratildeo objeto de discussatildeo em itens posteriores
O indutivista ingecircnuo eacute aquele que dentre outras falhas conceituais eou de raciociacutenio consegue provar
cientificamente por exemplo a inexistecircncia de Deus pelo simples fato de Deus natildeo se manifestar a ele tendo em vista que ele natildeo possui uma regra para delimitar a ciecircncia que natildeo seja o princiacutepio da causalidade --natildeo haacute efeito sem causa-- ele tenta inverter o princiacutepio frac34que no caso ficaria natildeo haacute causa sem efeitofrac34 e apelando para o argumento indutivista consegue por meacutetodos cientiacuteficos chegar a conclusotildees natildeo cientiacuteficas frac34no caso teoloacutegicas Mais comum no entanto eacute o erro agora natildeo tatildeo ingecircnuo cometido por alguns indutivistas que conseguem provar cientificamente que todas as maccedilatildes satildeo vermelhas prova esta vaacutelida somente ateacute o dia em que eles se
depararem com maccedilatildes verdes Neste caso a falha decorre da crenccedila num meacutetodo repleto de incoerecircncias internas
5 O argumento dedutivista
24
O argumento dedutivista ainda que natildeo isento de criacuteticas representou sem duacutevida alguma uma evoluccedilatildeo no sentido em que propiciou uma metodologia cientiacutefica dotada de
coerecircncia interna A esse respeito eacute dito com frequumlecircncia que o raciociacutenio dedutivo constitui o
argumento da loacutegica A fim de padronizar comparaccedilotildees apresentarei o argumento
dedutivista como apoiado no seguinte princiacutepio Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa para que seja hipoacutetese deveraacute ser
passiacutevel de verificaccedilatildeo observacional A figura 3 ilustra a proposiccedilatildeo deste argumento
Eacute importante observar que nem toda a afirmaccedilatildeo deduzida seraacute uma hipoacutetese motivo pelo qual natildeo utilizamos o argumento loacutegico se e somente se ao enunciarmos o
princiacutepio
Figura 3 - O argumento dedutivista
[16] Em particular eacute de se ressaltar a opiniatildeo de Severino (1994) a respeito
Eacute preciso natildeo confundir hipoacutetese com pressuposto com evidecircncia preacutevia
Hipoacutetese eacute o que se pretende demonstrar e natildeo o que jaacute se tem
demonstrado [17] A loacutegica dedutiva ao caminhar do geral para o particular
nos garante a formulaccedilatildeo de hipoacuteteses e hipoacutetese comprovada atraveacutes de uma observaccedilatildeo controlada (teste eou experiecircncia) nos permite suspeitar atraveacutes de um raciociacutenio indutivo (do singular para o geral) sua condiccedilatildeo de lei Observem o cuidado na colocaccedilatildeo das palavras Eu disse nos permite suspeitar e natildeo nos
permite garantir Por que esse cuidado A experimentaccedilatildeo natildeo nos garante verdades A esse respeito Popper assim se
referiu Natildeo haacute um meacutetodo para determinar se
uma hipoacutetese eacute lsquoprovaacutevelrsquo ou provavelmente verdadeira [18]
Eacute interessante notar que algumas limitaccedilotildees inerentes ao indutivismo e que propiciam o aparecimento de conclusotildees ingecircnuas satildeo aqui substituiacutedas por uma impossibilidade
Sob esse aspecto o dedutivismo natildeo solucionou o problema mas simplesmente reduziu a possibilidade de que se
cometessem determinados raciociacutenios ingecircnuos Rigorosamente falando o problema natildeo eacute tatildeo insoluacutevel
assim Seraacute insoluacutevel tatildeo-somente para aqueles que julgam estar cientificamente buscando por verdades absolutas A verdade cientiacutefica e soacute o leigo talvez natildeo saiba eacute uma
verdade provisoacuteria tomada por empreacutestimo da natureza e da forma como ela se nos aparenta ser As verdades
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cientiacuteficas de hoje seratildeo quando natildeo negadas lapidadas e reformuladas amanhatilde Se chegaremos ou natildeo por meacutetodos
cientiacuteficos agrave verdade absoluta eacute um questionamento que a ciecircncia natildeo estaacute aparelhada para responder E talvez nunca esteja o que natildeo nos impede de que continuemos procurando
pela verdade Popper foi mais aleacutem demonstrando ser impossiacutevel ateacute mesmo probabilizar uma afirmaccedilatildeo comprovada por um
raciociacutenio que siga a metodologia dedutiva (incluindo e eacute aiacute que reside o problema principal do meacutetodo a induccedilatildeo -- vide lado direito da figura 3) A esse respeito Popper
propotildee a substituiccedilatildeo do termo probabilizar por corroborar Uma hipoacutetese seria tanto mais corroboraacutevel quanto mais propiciasse verificaccedilotildees experimentais e teria sido tanto mais corroborada e natildeo haacute como se
atribuir nuacutemeros probabiliacutesticos a esse efeito quanto mais resistisse a essas verificaccedilotildees Siegel (1977
traduccedilatildeo) adota provavelmente com o mesmo objetivo a expressatildeo grau de aceitabilidade
Efetuamos pesquisas a fim de determinar o grau de aceitabilidade de
hipoacuteteses deduzidas de nossas teorias [19]
Esta impossibilidade em garantir um acerto preocupou bastante Popper e certamente foi um dos motivos que o
levou a expandir o argumento dedutivista atraveacutes da proposiccedilatildeo do falsificacionismo a ser apresentado no
item 7 Independentemente das dificuldades apontadas neste e nos itens precedentes a verdade eacute que a ciecircncia progride e este progresso eacute guiado por homens que conhecem o terreno por onde pisam E conquanto todos saibam da natildeo existecircncia em ciecircncia de verdades absolutas da impossibilidade de se
chegar a uma soluccedilatildeo definitiva para os problemas cientiacuteficos e da natildeo existecircncia de provas observacionais irrefutaacuteveis quase todos [20] entendem e concordam com a
afirmaccedilatildeo de GIL (1994) expressa a seguir A pesquisa cientiacutefica inicia-se
sempre com a colocaccedilatildeo de um problema solucionaacutevel O passo seguinte
consiste em oferecer uma soluccedilatildeo possiacutevel atraveacutes de uma proposiccedilatildeo ou seja de uma expressatildeo suscetiacutevel de ser declarada verdadeira ou falsa A
esta proposiccedilatildeo daacute-se o nome de hipoacutetese Assim a hipoacutetese eacute a
proposiccedilatildeo testaacutevel que pode vir a ser a soluccedilatildeo do problema [21]
6 O que eacute teoria Eacute importante salientar que a finalidade primordial da ciecircncia natildeo eacute formular hipoacuteteses e sim sistematizar teorias e que teoria natildeo eacute pura e simplesmente uma
coletacircnea de hipoacuteteses Teoria eacute um conjunto de hipoacuteteses coerentemente interligadas tendo por finalidade explicar
elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio do conhecimento [22] Por que entatildeo os livros de
metodologia insistem em justificar os meacutetodos atraveacutes de hipoacuteteses uacutenicas e via de regra desinteressantes tais
como As maccedilatildes satildeo vermelhas os cisnes satildeo brancos etc A verdade eacute que nem sempre eacute faacutecil encontrar teorias ao mesmo tempo simples e de amplo espectro ou seja que
26
possam ser entendidas por leitores das vaacuterias aacutereas do conhecimento Por outro lado os argumentos que corroboram ou derrubam teorias satildeo em princiacutepio idecircnticos aos que corroboram ou derrubam hipoacuteteses frac34poderiacuteamos tambeacutem dizer
que uma hipoacutetese eacute ou simula ser uma teoria cujo conjunto de hipoacuteteses eacute unitaacuterio Em geral a dificuldade inerente ao grau de complexidade de uma teoria pode ser
superada desde que o cientista conheccedila a fundo esta teoria cujo grau de aceitabilidade pretende testar e domine a loacutegica envolvida em situaccedilotildees similares poreacutem simples como aquelas que aparecem nos compecircndios sobre o
assunto A ecircnfase dada pelos textos de metodologia cientiacutefica a meacutetodos relacionados a testes de hipoacuteteses contrasta com a quase ausecircncia de referecircncias a meacutetodos relativos agrave
praacutetica da teorizaccedilatildeo Existem exceccedilotildees a esta regra e eu natildeo poderia deixar de citar [23] os livros de Bunge [24] e de Lacey [25] indicados especialmente para os iniciantes da aacuterea de exatas Embora natildeo especificamente dirigido a esta temaacutetica haacute que se destacar tambeacutem o livro de Bohm e
Peat [26] e que merece ser lido posto que focaliza a essecircncia da problemaacutetica aqui apontada neste caso e por este motivo eacute indicado aos iniciantes de todas as aacutereas A praacutetica da teorizaccedilatildeo com rariacutessimas exceccedilotildees natildeo se
aprende na escola Grandes teorizadores por terem aprendido a utilizar uma teacutecnica natildeo encontrada nos livros tradicionais e que nem mesmo eacute ensinada na maioria dos
regimes de iniciaccedilatildeo cientiacutefica chegaram a ser confundidos com gecircnios Eacute bem possiacutevel que estes gecircnios tenham adquirido esta praacutexis cultuando algum resquiacutecio da
filosofia que a sociedade moderna natildeo conseguiu despedaccedilar
A lacuna acima apontada fomenta a ingenuidade ou ateacute mesmo o charlatanismo multiplicando sobremaneira o nuacutemero dos que sem estarem devidamente preparados para teorizar frac34uma atividade que natildeo eacute elementarfrac34 ainda assim teorizam e teorizam mal frac34fato este que chega a incomodar cientistas de respeito que ocupam postos importantes nas
universidades [27] Por outro lado e em decorrecircncia disto permite que se condene agrave marginalidade cientiacutefica
e por periacuteodos variaacuteveis de tempo todos aqueles que certos ou errados pretendem evoluir seriamente no sentido de atender agrave finalidade uacuteltima da ciecircncia a edificaccedilatildeo de
teorias representacionais Que meacutetodos estes homens seguiram que natildeo a paixatildeo a
devoccedilatildeo a persistecircncia e a crenccedila num espiacuterito universal frac34Espiacuterito este que segundo alguns admitem natildeo estaacute a se
divertir com nossos erros e acertos o que foi sintetizado pelo maior dos gecircnios do seacuteculo XX nas
seguintes palavras Deus natildeo joga dados A resposta nos eacute dada pelo proacuteprio autor desta afirmaccedilatildeo
O alvo de construir uma teoria de campo eletromagneacutetico da mateacuteria
permanece inatingiacutevel por ora embora em princiacutepio nenhuma objeccedilatildeo possa ser levantada contra a possibilidade de vir a se alcanccedilar tal objetivo O que reteve qualquer tentativa posterior nessa direccedilatildeo foi a falta de qualquer meacutetodo sistemaacutetico que levasse a uma
soluccedilatildeo [28]
27
Seraacute que natildeo existem meacutetodos ou regras a serem adotados nesta praacutexis E por falar nisso a praacutetica da teorizaccedilatildeo
natildeo seria uma teorexis [29] Seraacute que teorizar em ciecircncia eacute uma atividade puramente filosoacutefica Natildeo existe uma
metodologia cientiacutefica a orientar aqueles que se preocupam em decifrar os segredos que estatildeo por traacutes dos fenocircmenos que se adaptam agrave regra cientiacutefica fundamental Caso exista
um meacutetodo a ser sistematizado Seria ele diferente do meacutetodo cientiacutefico O que eacute o meacutetodo cientiacutefico
Tentarei dentro do possiacutevel e da finalidade a que me propus ao conceber esta seacuterie de artigos responder
oportunamente eou orientar o leitor se houver como no que diz respeito aos questionamentos aqui assinalados De qualquer forma mais detalhes sobre teoria eou teorizaccedilatildeo seratildeo apresentados no toacutepico IV-b A praacutetica da teorizaccedilatildeo
(em preparo)
[13] CHALMERS A F 1976 Referecircncias
op cit (Voltar pelo browser) pp 23-63
[14] Idem p 28 [15] Esta versatildeo eacute uma adaptaccedilatildeo do princiacutepio da induccedilatildeo
como enunciado por CHALMERS (1976) op cit Se um grande nuacutemero de As foi observado sob uma ampla variedade de condiccedilotildees e se todos esses As observados possuiacuteam sem exceccedilatildeo a propriedade B entatildeo todos os As possuem a propriedade B
[16] Neste caso o princiacutepio ficaria
Aparentes contradiccedilotildees que o iniciante possa descobrir ao comparar os dois enunciados natildeo
comprometem o raciociacutenio que se segue razatildeo pela qual admitirei a equivalecircncia sem justificaacute-la
Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa seraacute hipoacutetese se e somente se for passiacutevel de verificaccedilatildeo
observacional
[17] SEVERINO J S 1994
O primeiro se torna a afirmaccedilatildeo inconsistente
Metodologia do trabalho cientiacutefico[18] POPPER K R 1956
Cortez Editora Satildeo Paulo op cit
[19] SIEGEL S 1977 Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica
[20] Eacute possiacutevel que alguns dentre os indutivistas natildeo concordem com alguns dos termos da afirmaccedilatildeo por motivos que podem ser suspeitados tendo em vista o apresentado
neste e no item anterior
Ed McGraw-Hill do Brasil Ltda Satildeo Paulo p 6
[21] GIL A C 1994 Como elaborar projetos de pesquisas
[22] Em FERREIRA A B H 1986
Editora Atlas S A Satildeo Paulo p 35 [Os grifos satildeo
meus] op cit (Voltar pelo
browser) encontramos uma definiccedilatildeo mais geral a satisfazer tambeacutem o argumento indutivista Teoria eacute um
conjunto de conhecimentos natildeo ingecircnuos que apresentam graus diversos de sistematizaccedilatildeo e credibilidade e que se
propotildeem a explicar elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio de fenocircmenos ou de acontecimentos que se
oferecem agrave atividade praacutetica [23] Os trecircs livros citados a seguir natildeo satildeo os uacutenicos
nos gecircneros assinalados a despeito da disparidade apontada Ao tempo em que registro com estes exemplos a exceccedilatildeo agrave regra presto tambeacutem uma homenagem a autores que ao serem por mim lidos transmutaram em duacutevidas muitas das
respostas a questotildees fundamentais e que eu
28
pretensiosamente julgava possuir [24] BUNGE M Teoria e realidade
[25] LACEY HM 1972
Ed Perspectiva (traduccedilatildeo 1994) Satildeo Paulo
A linguagem do espaccedilo e do tempo
[26] BOHM D e PEAT F D
Ed Perspectiva SA
Ciecircncia ordem e criatividade
[27] A esse respeito vale a pena ler
Gradiva Publicaccedilotildees Ltda (traduccedilatildeo 1989) Lisboa
Cientiacuteficos Chiflados capiacutetulo XIV do livro BERNSTEIN J 1988 Observacioacuten de
la Ciencia[28] EINSTEIN A
Ed Fondo de Cultura Econoacutemica Meacutexico Fiacutesica e realidade in Albert Einstein
Pensamento poliacutetico e uacuteltimas conclusotildees (1983 traduccedilatildeo) Edit Brasiliense S A Satildeo Paulo [O grifo eacute meu]
[29] Este termo eu utilizei pela primeira vez no artigo MESQUITA Fdeg A 1983 Ciecircncia empiacuterica uma arma ou uma daacutediva Faculdade
Antes de mais nada afirmarei sem me alongar que uma teoria adotado o argumento dedutivista pode ser
corroborada ou negada fundamentalmente atraveacutes de um dos trecircs procedimentos seguintes 1) Pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de uma de suas hipoacuteteses 2) pela verificaccedilatildeo ou negaccedilatildeo de uma de suas prediccedilotildees 3) pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de teorias auxiliares deduzidas da teoria principal (teoria em teste ou sob suspeita) as teorias
auxiliares podem ser de trecircs tipos teorias ou hipoacuteteses de nulidade teorias ou hipoacuteteses salvadoras e teorias ou hipoacuteteses assassinas
(Revista do IAMC) ndeg 6 p 28-43 agosto83
7 O falsificacionismo O falsificacionismo natildeo foi proposto como um meacutetodo novo mas sim como um criteacuterio ou conduta a ser ou natildeo adotado por aqueles que se conformam ao meacutetodo dedutivo de prova
Natildeo haacute nada no falsificacionismo do ponto de vista metodoloacutegico que natildeo esteja previsto ou que natildeo decorra naturalmente de uma opccedilatildeo a ser seguida espontaneamente ou natildeo por este ou aquele dedutivista Qual seria entatildeo este criteacuterio Com que finalidade foi proposto A resposta a estas perguntas bem como o meacuterito do falsificacionismo constituem o objetivo deste e dos proacuteximos dois itens
[30] Incluem-se no rol das teorias auxiliares como veremos oportunamente as teorias
transcendentais frequumlentemente conotadas por experiecircncias de pensamento As prediccedilotildees e as hipoacuteteses ou teorias auxiliares satildeo teorias geradas utilizando-se do proacuteprio argumento dedutivista esquematizado na figura 3 Neste caso o foco de atenccedilatildeo inicial frac34representado na figura como observaccedilatildeofrac34 eacute nada mais nada menos que a proacutepria teoria que deu origem agrave prediccedilatildeo eou agrave teoria auxiliar Ao valorizar a falseabilidade como criteacuterio a ser adotado
pelos dedutivistas Popper nada mais fez que tentar expandir ou trazer para o domiacutenio da metodologia
cientiacutefica uma praacutetica amplamente utilizada com sucesso em estatiacutestica o criteacuterio de tomada de decisatildeo atraveacutes da
hipoacutetese de nulidade (Ho
O primeiro passo ou estaacutegio no processo de tomada de decisatildeo eacute
definir a hipoacutetese de nulidade (
)
Ho) Formula-se usualmente com o expresso propoacutesito de ser rejeitada Se eacute
29
rejeitada pode-se aceitar a hipoacutetese alternativa (H1) A hipoacutetese
alternativa eacute a definiccedilatildeo operacional da hipoacutetese de pesquisa do
pesquisador A hipoacutetese de pesquisa eacute a prediccedilatildeo deduzida da teoria que estaacute
sendo comprovada [31] A contribuiccedilatildeo de Popper a esse respeito limitou-se agrave ecircnfase que deu agrave importacircncia da procura por hipoacuteteses de
nulidade Ateacute entatildeo este costume estava restrito agrave procura por previsotildees frac34apresentadas via de regra pelo proacuteprio autor da teoriafrac34 eou hipoacuteteses salvadoras frac34levantadas
pelos adeptos da teoria em focofrac34 eou hipoacuteteses assassinas frac34levantadas pelos criacuteticos da teoria em questatildeo As quatro
tecircm uma caracteriacutestica comum satildeo todas teorias falseadoras
A boa teoria dentre outras qualidades [32] e segundo Popper eacute aquela potencialmente geradora de hipoacuteteses
falseadoras e tanto melhor seraacute quanto maior for o risco de ser negada Ela pode ateacute mesmo ser derrubada no primeiro teste a que for submetida o que natildeo invalida o que foi
dito foi uma boa teoria enquanto durou e voltaraacute a ser se conseguir ressurgir das cinzas Dito em outras palavras o criteacuterio para se avaliar a virtude de uma teoria nascente repousa no seu grau de submissatildeo a testes adversos Uma teoria de baixo risco raramente eacute bem vinda [33] e uma
teoria sem risco algum na opiniatildeo de Popper natildeo eacute cientiacutefica e eu iria aleacutem sequer eacute teoria
Levando-se em conta que o criteacuterio falsificacionista peca pela subjetividade deve-se tomar cuidado ao se optar por uma teoria em detrimento de outra pelo fato de a primeira
ser mais falseaacutevel que a segunda Diferentes hipoacuteteses falseadoras devem apresentar pesos diferentes e este peso
mesmo quando bem estimado frequumlentemente o eacute por um processo subjetivo Natildeo eacute raro utilizar-se desta
subjetividade inerente ao falsificacionismo para justificar escolhas feitas segundo criteacuterios poliacuteticos econocircmicos
interesseiros corporativistas ou entatildeo apoiados em princiacutepios outros que tambeacutem deixam a desejar no que diz
respeito agrave eacutetica do cientista 8 Entendendo o falsificacionismo
Suponha que algueacutem deduza a seguinte hipoacutetese H1 As maccedilatildes do Estado de Satildeo Paulo satildeo vermelhas A teoria assim
simulada eacute uma teoria de hipoacutetese uacutenica Percebam que no argumento da hipoacutetese estaacute se admitindo como pressupostos uma infinidade de conceitos tais como fruta maccedilatilde cor
vermelho local Satildeo Paulo Brasil etc Estes pressupostos satildeo o que Severino chama de evidecircncias preacutevias como vimos no item 5 e constituem uma das bases da argumentaccedilatildeo de Chalmers [34] ao contestar os que afirmam que a ciecircncia
comeccedila com a observaccedilatildeo Um exemplo de previsatildeo desta teoria seria as maccedilatildes de
Jundiaiacute devem ser vermelhas tendo em vista que Jundiaiacute se localiza no Estado de Satildeo Paulo
Suponha tambeacutem que algueacutem tenha demonstrado que em condiccedilotildees X outra fruta que natildeo a maccedilatilde e que
originalmente era de determinada cor se modifica e conclui que se a teoria sobre as maccedilatildes for verdadeira ela
deveraacute permanecer verdadeira nas condiccedilotildees X Pode-se entatildeo construir a seguinte hipoacutetese de nulidade Ho Em
condiccedilotildees X obter-se-atildeo em Satildeo Paulo maccedilatildes natildeo
30
vermelhas Esta previsatildeo natildeo decorre da teoria (H1) mas de evidecircncias preacutevias outras e estranhas agrave mesma Se esta
hipoacutetese (Ho) for verificada a hipoacutetese original H1
Seraacute que este simples fato condena a teoria original Para o falsificacionista ingecircnuo sim Para aquele que entendeu e aceitou o significado da afirmaccedilatildeo de Popper citada
neste artigo ao final do
estaraacute falseada
quarto paraacutegrafo do item 5 natildeo Optar por uma teoria natildeo significa crer numa verdade
absoluta Se eu afirmo que Ho eacute verdadeira e consequumlentemente H1 eacute falsa isto natildeo significa que eu
estou atribuindo o grau de veracidade 100 a uma hipoacutetese e 0 agrave outra significa simplesmente que a verificaccedilatildeo experimental me convenceu a optar por uma teoria em
detrimento da outra A opccedilatildeo eacute uma das maneiras pelas quais o cientista expressa a sua feacute na ciecircncia [35] e o
falsificacionismo estabelece normas a lhe orientar nesta opccedilatildeo
Suponha agora que em condiccedilotildees X ou em outra condiccedilatildeo qualquer se encontrem no Estado de Satildeo Paulo maccedilatildes verdes Significa isto que a hipoacutetese H1
Natildeo podemos em satilde consciecircncia dizer que a psicanaacutelise por exemplo natildeo pertenccedila ao campo da ciecircncia pelo simples
fato de uma de suas teorias precursoras ser natildeo falseaacutevel Sequer podemos dizer que o autor dessa ideacuteia natildeo
fosse cientista se eacute verdade que a psicanaacutelise se desenvolveu em cima desta ideacuteia e apesar disso conseguiu
eacute falsa Natildeo Simplesmente ela foi falseada Nada impede que amanhatilde com a evoluccedilatildeo da ciecircncia se descubra que estes frutos verdes a que hoje associamos a ideacuteia maccedilatilde estejam inseridos num
outro contexto e que realmente natildeo sejam maccedilatildes Por que entatildeo se daacute preferecircncia a verificaccedilotildees falseadoras em detrimento das corroboradoras Ora isto nem sempre
acontece conquanto seja esta uma das regras propostas pelo falsificacionismo Por exemplo tanto a teoria da
relatividade quanto a mecacircnica quacircntica satildeo teorias fiacutesicas amplamente aceitas graccedilas a terem sido
corroboradas por previsotildees que se confirmaram e pouco valor se deu a um grande nuacutemero de testes que as falsearam Por outro lado estas duas teorias satildeo concomitantemente aceitas pelos fiacutesicos conquanto existam fortes argumentos
a provar que cada uma destas duas teorias falseia a outra e ambas falseiam a teoria de Maxwell que tambeacutem eacute aceita como verdadeira Certos ou errados neste caso os fiacutesicos modernos dentre os quais se inclui Popper fizeram uma opccedilatildeo contraacuteria agrave norma falsificacionista e natildeo haacute
como criticaacute-los por essa conduta a menos que se pretenda atribuir ao falsificacionismo uma qualidade que ele natildeo
possui a de estabelecer criteacuterios absolutos de veracidade O falsificacionismo presta-se tambeacutem a fomentar o diaacutelogo e a criatividade Neste caso surge quase como que um apelo para que se invista mais em experiecircncias de pensamento um
recurso legiacutetimo e de grande valor em ciecircncia 9 O falsificacionismo como delimitador da ciecircncia
Vimos no item 7 que para Popper uma teoria sem risco algum natildeo eacute cientiacutefica e eu acrescentei sequer eacute teoria Popper quis se aproveitar deste argumento para delimitar a ciecircncia utilizando-se entatildeo do falsificacionismo como
criteacuterio de cientificidade Com esta opccedilatildeo Popper desagradou a muitos e convenceu a poucos ainda que sua
ideacuteia natildeo fosse de todo maacute
31
de alguma forma se impor como ciecircncia muito provavelmente queiramos ou natildeo seu autor contribuiu diretamente para o progresso da ciecircncia Mesmo que hoje algueacutem chegasse a concluir categoricamente pelo caraacuteter natildeo cientiacutefico da psicanaacutelise isto de forma alguma nos autorizaria a hipoteticamente condenaacute-la agrave estagnaccedilatildeo Se um cientista utilizando-se de maus criteacuterios ou ateacute mesmo apoiando-se em dogmas constroacutei de maneira natildeo
cientiacutefica um determinado campo do conhecimento isto natildeo significa que este campo natildeo possa vir a ser estudado cientificamente e que natildeo se possam criteriosamente
aproveitar as conclusotildees de seus estudos Nada impede que uma teoria considerada hoje como natildeo cientiacutefica pelo fato de possuir uma ou mais hipoacuteteses natildeo falseaacuteveis adquira
esse status apoacutes passar por ligeiras reformulaccedilotildees Natildeo podemos assumir que um campo do conhecimento seja natildeo cientiacutefico pelo simples fato de natildeo encontrarmos nele
teorias cientiacuteficas Este posicionamento de Popper a meu ver natildeo se justifica o falsificacionismo natildeo eacute um bom
criteacuterio delimitador da ciecircncia e isto eu espero que tenha ficado claro para o leitor E mais natildeo existem aacutereas natildeo cientiacuteficas mas sim aacutereas onde ainda natildeo foram produzidos conhecimentos cientiacuteficos O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo e pelo menos nesta etapa nada eacute absolutamente corroboraacutevel ou falseaacutevel Podemos ainda
dizer que a ciecircncia natildeo se localiza aqui ou acolaacute sob esse aspecto a ciecircncia natildeo tem fronteiras
10 Enfim a teoria do meacutetodo Nos demais artigos desta seacuterie irei demonstrar ser possiacutevel partindo da regra cientiacutefica fundamental desenvolver uma teoria sobre o meacutetodo cientiacutefico
utilizando-se das trecircs hipoacuteteses seguintes 1 O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo 2 A produccedilatildeo de conhecimentos passa
necessariamente pelas etapas deduccedilatildeo anaacutelise induccedilatildeo e
siacutentese na ordem apresentada 3 Os princiacutepios cientiacuteficos fundamentais satildeo universais
Por questatildeo de simplicidade subdividirei o estudo do meacutetodo em trecircs etapas correspondentes a cada uma das hipoacuteteses 1) o estudo do macromeacutetodo cientiacutefico 2) o estudo do meacutetodo cientiacutefico propriamente dito e 3) o estudo do micromeacutetodo cientiacutefico Os toacutepicos nos quais
desenvolverei estas etapas estatildeo em fase de projeto natildeo havendo portanto previsatildeo quanto agrave eacutepoca de publicaccedilatildeo
Meacutetodo cientiacutefico
Origem Wikipeacutedia a enciclopeacutedia livre
A palavra meacutetodo vem do grego meacutethodos (caminho para chegar a um fim) O meacutetodo cientiacutefico eacute um conjunto de regras baacutesicas para desenvolver uma experiecircncia a fim de produzir novo conhecimento bem como corrigir e integrar conhecimentos preacute-existentes Na maioria das disciplinas cientiacuteficas consiste em juntar evidecircncias observaacuteveis empiacutericas (ou seja baseadas apenas na experiecircncia) e
mensuraacuteveis e as analisar com o uso da loacutegica Para muitos autores o meacutetodo cientiacutefico nada mais eacute do que a loacutegica
32
aplicada agrave ciecircncia (Haddad) Metodologia literalmente refere-se ao estudo dos meacutetodos e especialmente do meacutetodo da ciecircncia que se supotildee universal Embora procedimentos variem de uma aacuterea da
ciecircncia para outra (as disciplinas cientiacuteficas) diferenciadas por seus distintos objetos de estudo
consegue-se determinar certos elementos que diferenciam o meacutetodo cientiacutefico de outros meacutetodos (filosoacutefico algoritmo
ndash matemaacutetico etc)
Primeiramente os pesquisadores definem proposiccedilotildees loacutegicas ou suposiccedilotildees (hipoacuteteses) para explicar certos fenocircmenos e observaccedilotildees e entatildeo desenvolvem experimentos que testam essas hipoacuteteses Se confirmadas as hipoacuteteses podem gerar leis e teorias Integrando-se hipoacuteteses de certa aacuterea em uma estrutura coerente de conhecimento contribuiacute-se na
formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bem como coloca as hipoacuteteses em um conjunto de conhecimento maior que satildeo as
leis e teorias reconhecidas consensualmente pela comunidade cientiacutefica eou o
O contexto de uma pesquisa
paradigma de seu tempo Outra caracteriacutestica do meacutetodo eacute que o processo precisa
ser objetivo e o cientista deve ser imparcial na interpretaccedilatildeo dos resultados Sobre a objetividade o seja
atente agraves propriedades do objeto e natildeo do sujeito (subjetividade) eacute conhecida a afirmaccedilatildeo de Hans Selye
pesquisador canadense que formulou a moderna concepccedilatildeo de stress ldquoQuem natildeo sabe o que procura natildeo entende o que encontrardquo referindo-se a necessidade de formulaccedilatildeo de definiccedilotildees precisas (a essecircncia dos conceitos) e que
possam ser respondidas com o simples sim ou natildeo Tanto a imparcialidade (evidecircncia) como a objetividade foram incluiacutedas por Reneacute Descartes (1596 ndash 1649) nas regras
loacutegicas que caracterizam o meacutetodo cientiacutefico Aleacutem disso o procedimento precisa ser documentado tanto no que diz respeito agrave fonte de dados como as regras de anaacutelise para que outros cientistas possam re-analisar reproduzir e verificar a confiabilidade dos resultados Assim se distingue os relatos cientiacuteficos (artigos
monografias teses e dissertaccedilotildees) de um simples estilo (padratildeo) ou arquitetura de texto orientados pelo que caracteriza as normas da Retoacuterica ou estudo do uso persuasivo da linguagem em funccedilatildeo da eloquumlecircncia
Eacute comum o uso da anaacutelise matemaacutetica ou estatiacutestica quando possiacutevel ou aproximaccedilatildeo de modelos abstratos (tipos ideais) e categorias de classificaccedilatildeo a depender do
objetivo da pesquisa (identificar descrever analisar) que pode ser basicamente quantitativa ou qualitativa A divisatildeo da ciecircncia em aacutereas ou distintas disciplinas
cientificas tem levado a tais adequaccedilotildees da metodologia Eacute comum a afirmaccedilatildeo de que em funccedilatildeo da evoluccedilatildeo do meacutetodo
cientifico num extremo temos a fiacutesica e quiacutemica seguida da biologia e por uacuteltimo as ciecircncias sociais psicologia e ciecircncias juriacutedicas quase se aproximando da filosofia e estudo das crenccedilas (senso comum) ou ciecircncias do espiacuterito
(sistemas miacutetico - religiosos) Contudo pesquisadores contemporacircneos vecircem nessas duas abordagens uma oposiccedilatildeo complementar enquanto as pesquisas quantitativas visam descrever e explicar fenocircmenos que produzem regularidades mensuraacuteveis satildeo recorrentes (ou discrepantes) e exteriores ao sujeito
33
(objetivos) na pesquisa qualitativa o observador (sujeito) eacute da mesma natureza que o objeto de sua anaacutelise e ele proacuteprio uma parte de sua observaccedilatildeo (o subjetivo)
Eacute importante ter em mente que as pesquisas cientificas relacionam-se com um modelo (paradigmaacutetico) ou uma
constelaccedilatildeo de pressupostos e crenccedilas escalas de valores teacutecnicas e conceitos compartilhados pelos membros de uma determinada comunidade cientiacutefica num determinado momento
histoacuterico
Ciecircncia eacute muito mais uma maneira de pensar do que um corpo de conhecimentos -
Elementos do meacutetodo cientiacutefico
Carl Sagan ciecircncia consiste em agrupar factos para que leis
gerais ou conclusotildees possam ser tiradas deles - Charles Darwin
O meacutetodo cientiacutefico eacute composto dos seguintes elementos bull Caracterizaccedilatildeo - Quantificaccedilotildees observaccedilotildees e
medidas bull Hipoacuteteses - Explicaccedilotildees hipoteacuteticas das observaccedilotildees e
medidas bull Previsotildees - Deduccedilotildees loacutegicas das hipoacuteteses
bull Experimentos - Testes dos trecircs elementos acima O meacutetodo cientiacutefico consiste dos seguintes aspectos bull Observaccedilatildeo - Uma observaccedilatildeo pode ser simples isto eacute
feita a olho nu ou pode exigir a utilizaccedilatildeo de instrumentos apropriados
bull Descriccedilatildeo - O experimento precisa ser replicaacutevel (capaz de ser reproduzido)
bull Previsatildeo - As hipoacuteteses precisam ser vaacutelidas para observaccedilotildees feitas no passado no presente e no
futuro bull Controle - Para maior seguranccedila nas conclusotildees toda
experiecircncia deve ser controlada Experiecircncia controlada eacute aquela que eacute realizada com teacutecnicas que permitem descartar as variaacuteveis passiacuteveis de mascarar
o resultado bull Falseabilidade[1]
bull Explicaccedilatildeo das Causas - Na maioria das aacutereas da Ciecircncia eacute necessaacuterio que haja causalidade Nessas
condiccedilotildees os seguintes requerimentos satildeo vistos como importantes no entendimento cientiacutefico
- toda hipoacutetese tem que ser falseaacutevel ou refutaacutevel Isso natildeo quer dizer que o experimento seja falso mas sim que ele pode ser verificado
contestado Ou seja se ele realmente for falso deve ser possiacutevel provaacute-lo
bull Identificaccedilatildeo das Causas bull Correlaccedilatildeo dos eventos - As causas precisam se
correlacionar com as observaccedilotildees bull Ordem dos eventos - As causas precisam preceder
no tempo os efeitos observados Na aacuterea da sauacutede a natureza da associaccedilatildeo causal foi formulada por Hence e adaptada por Robert Koch em 1877
para demonstraccedilatildeo da relaccedilatildeo causal entre microrganismos e patologias consistindo basicamente no enunciado acima ou seja forccedila da associaccedilatildeo (conectividade) sequumlecircncia temporal (assimetria) transitividade (evidecircncia experimental) previsibilidade estabilidade
Uma maneira linearizada e pragmaacutetica de apresentar os quatro pontos acima estaacute exposto a seguir passo-a-passo
34
Vale a pena notar que eacute apenas um exemplo natildeo sendo obrigatoacuterio a existecircncia de todos esses passos Na
verdade na maioria dos casos natildeo se segue todos esses passos ou mesmo parte deles O meacutetodo cientiacutefico natildeo eacute
uma receita ele requer inteligecircncia imaginaccedilatildeo e criatividade O importante eacute que os aspectos e elementos
apresentados acima estejam presentes bull Definir o problema
bull Recolhimento de dados bull Proposta de uma hipoacutetese
bull Realizaccedilatildeo de uma experiecircncia controlada para testar a validade da hipoacutetese
bull Anaacutelise dos resultados bull Interpretar os dados e tirar conclusotildees o que serve
para a formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bull Publicaccedilatildeo dos resultados em monografias
dissertaccedilotildees teses artigos ou livros aceitos por universidades e ou reconhecidos pela comunidade
cientiacutefica Observe-se que nem todas as hipoacutetese podem ser confirmadas
ou refutadas por experimentos e que em muitas aacutereas do conhecimento o recolhimento de dados e a tentativas de interpretaacute-los jaacute eacute uma grande tarefa como nas ciecircncias
humanas e juriacutedicas (criminologia)
Ciecircncias humanas A limitaccedilatildeo eacutetica da realizaccedilatildeo experimentos com seres humanos o estudo das subjetividades ou essencialmente
subjetivo individual e particular psiquismo humano ou a natureza histoacuterica do objeto das ciecircncias sociais conduziram os pensadores a distintos caminhos ou
proposiccedilotildees de estudo para o meacutetodo cientiacutefico Contudo parafraseando Minayoldquouma base de dados quando bem trabalhada teoacuterica e praticamente produz riqueza de informaccedilotildees aprofundamento e maior fidedignidade
interpretativardquo As principais divergecircncias na anaacutelise dos resultados de pesquisas em ciecircncias sociais ou humanas se datildeo no plano da contextualizaccedilatildeo dos dados ou informaccedilotildees obtidas em campo nos diversos sistemas teoacutericos ou seja conjunto de teorias e leis reconhecidas como consensuais em distintos
momentos histoacutericos eou segmentos das comunidades cientiacuteficas Nas ciecircncias sociais identifica-se trecircs
grandes correntes de pensamentos bull Positivismo Auguste Comte
bull Fenomenologia (Fenomenologia do Espiacuterito Estruturalismo
bull Materialismo dialeacutetico Dialeacutetica Marxismo
A histoacuteria do meacutetodo cientiacutefico se mistura com a histoacuteria da ciecircncia Documentos do
A evoluccedilatildeo do conceito de meacutetodo
Antigo Egito jaacute descrevem meacutetodos de diagnoacutesticos meacutedicos Na cultura da Greacutecia
Antiga os primeiros indiacutecios do meacutetodo cientiacutefico comeccedilam a aparecer Grande avanccedilo no meacutetodo foi feito no comeccedilo da filosofia islacircmica principalmente no uso de experimentos
para decidir entre duas hipoacuteteses Os principios fundamentais do meacutetodo cientiacutefico se consolidaram com o surgimento da Fiacutesica nos seacuteculos XVII e XVIII Francis
Bacon em seu trabalho Novum Organum(1620)-uma referecircncia
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ao Organon de Aristoacuteteles-especifica um novo sistema loacutegico para melhorar o velho processo filosoacutefico do
silogismo A metodologia cientiacutefica tem sua origem no pensamento de
Descartes que foi posteriormente desenvolvimento empiricamente pelo fiacutesico inglecircs Isaac Newton Reneacute Descartes propocircs chegar agrave verdade atraveacutes da duacutevida sistemaacutetica e da decomposiccedilatildeo do problema em pequenas
partes caracteriacutesticas que definiram a base da pesquisa cientiacutefica
Lecirc-se no livro o Discurso do meacutetodo E como a multiplicidade de leis serve frequentemente para escusar os viacutecios de sorte que um estado eacute muito melhor governado quando possuindo poucas elas satildeo aiacute rigorosamente aplicadas assim em lugar de um grande
nuacutemero de preceitosde qua a loacutegica eacute composta acrediteis que jaacute me seriam bastante quatro contanto que tomasse a firme e constante resoluccedilatildeo de natildeo deixar uma vez soacute de
observaacute-los O primeiro consistia em nunca aceitar por verdadeira coisa nenhuma que natildeo conhecesse como evidente isto eacute
devia evitar cuidadosamente a precipitaccedilatildeo e a prevenccedilatildeo e nada incluir em meus juizos que natildeo se apresentasse tatildeo claramente e tatildeo distintamente ao meu espiacuterito que natildeo
tivesse nenhuma ocasiatildeo de o por em duacutevida O segundo ndash dividir cada uma das dificuldades que
examinasse em tantas parcelas quantas pudesse ser e fossem exigidas para melhor compreendecirc-las
O terceiro ndash conduzir por ordem os meus pensamento comeccedilando pelos objetos mais simples e faacuteceis de serem conhecidos para subir pouco a pouco como por degraus ateacute o conhecimento dos mais compostos e supondo mesmo
certa ordem entre os que natildeo se precedem naturalmente uns aos outros
e o uacuteltimo ndash fazer sempre enumeraccedilotildees tatildeo completas e revisotildees tatildeo gerais que ficasse certo de nada
omitir Correntemente estas regras satildeo 1 ndash da evidecircncia 2 ndash da
divisatildeo ou anaacutelise 3 ndash da ordem ou deduccedilatildeo 3 da enumeraccedilatildeo (contar especificar) classificaccedilatildeo
O acidente (serendipity
Eacute comum considerar alguns dos mais importantes avanccedilos na ciecircncia tais como as
)
descobertas da radioatividade por Henri Becquerel ou da penicilina por Alexander Fleming como tendo ocorrido por acidente no entanto o que eacute possiacutevel afirmar agrave luz da observaccedilatildeo cientiacutefica eacute que
teratildeo sido parcialmente acidentais uma vez que as pessoas envolvidas haviam aprendido a pensar cientificamente
estando portanto conscientes de que observaram algo novo e interessante
Os progressos da ciecircncia satildeo acompanhados de muitas horas de trabalho cuidadoso que segue um caminho mais ou menos sistemaacutetico na busca de respostas a questotildees cientiacuteficas
Eacute este o caminho denominado de meacutetodo cientiacutefico
A A hipoacutetese
Hipoacutetese (do gr Hypoacutethesis) eacute uma proposiccedilatildeo que se admite de modo provisoacuterio como princiacutepio do qual se pode
deduzir pelas regras da loacutegica um conjunto dado de proposiccedilotildees ou um mecanismo da experiecircncia a explicar
36
Literalmente pode ser compreendida como uma suposiccedilatildeo ou pergunta conjetura que orienta uma investigaccedilatildeo por
antecipar caracteriacutesticas provaacuteveis do objeto investigado e que vale quer pela confirmaccedilatildeo atraveacutes de deduccedilotildees loacutegicas dessas caracteriacutesticas quer pelo encontro de novos caminhos de investigaccedilatildeo (novas hipoacuteteses e novos
experimentos) No meacutetodo cientiacutefico a hipoacutetese eacute o caminho que deve levar agrave formulaccedilatildeo de uma teoria O cientista na sua hipoacutetese tem dois objetivos explicar um fato e prever
outros acontecimentos dele decorrentes (deduzir as consequencias) A hipoacutetese deveraacute ser testada em
experiecircncias laboratoriais controladasSe apoacutes muitas dessas experiecircncias os resultados obtidos pelos
pesquisadores natildeo contrariarem a hipoacutetese entatildeo ela seraacute aceita como uma lei e integrada agrave uma teoria eou sistema
teacuteoacuterico
Referecircncias 1 uarr [PDF] Estudos do meacutetodo cientiacutefico
Ver tambeacutem bull Verdade
bull Falseabilidade bull Karl Popper
bull Filosofia da ciecircncia bull Histoacuteria da ciecircncia
bull Epistemologia bull Loacutegica
bull Aristoacuteteles bull Georg Wilhelm Friedrich Hegel
bull Complexidade bull Reducionismo
bull Navalha de Occam bull Ciecircncia
bull Pseudociecircncia bull Paradigma
bull Paul Feyerabend bull Thomas Kuhn
bull Gaston Bachelard bull Teoria
bull Lei (ciecircncias) bull Hipoacutetese
bull Tese bull Dissertaccedilatildeo
Bibliografia
Becker Howard S Meacutetodos de pesquisa em ciecircncias sociais SP Hucitec 1999
Chizzotti Antonio Pesquisa em ciecircncia humanas e sociais SP Cortez 2006
Comte August Discurso preliminar sobre o espiacuterito positivo
Descartes Reneacute Discurso do meacutetodo (traduccedilatildeo prefaacutecio e notas de Joatildeo Cruz Costa SP Ed de Ouro 1970 disponiacutevel
para download em domiacutenio puacuteblico httpwwwdominiopublico e eBooket
httpwwweBooketnet IntraText Reneacute Descartes - e-books
37
Haddad Nagib Metodologia de estudos em ciecircncias da sauacutede como planejar analisar e apresentar um trabalho
cientiacutefico SP Roca 2004 Minayo Maria C de Souza (org) Deslandes (Suely F
Gomes Romeu Pesquisa social teoria meacutetodo e criatividade Petroacutepolis RJ Vozes 2007
Lakatos Eva Maria Marconi Marina de A Meacutetodologia cientiacutefica SP Atlas 2007
Selye Hans Stress a tensatildeo da vida SP IBRASA 1965
Ligaccedilotildees externas bull Explicando o Meacutetodo Cientiacutefico
bull Prova Cientiacutefica bull Diretrizes para elaboraccedilatildeo de dissertaccedilotildees e teses -
USP bull Centro Cochrane do Brasil
bull Metodologiaorg bull Evidecircnciascom
bull Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq)
bull Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciecircncia bull Lista de Perioacutedicos cientificos brasileiros por
assunto bull SciELO - Scientific Electronic Library Online
bull Perioacutedicos UNESCO bull Ciecircncia Hoje
bull Scientific American - Brasil bull Scientific American
COLCHA DE RETALHOS CIENTIacuteFICA (a realidade natildeo eacute Frankenstein ela eacute uacutenica e funcional)
A realidade segundo a Ciecircncia geral
A senhora Ciecircncia trabalhando com
seus remendos
Drordf Ciecircncia e seu filho
Mary Shelley viu o futuro
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Somos Monstros 6 05 2008
Tudo comeccedilou com um desafio feito a Mary Shelley (1797-1851) entatildeo uma jovem de 21 anos por Lord Byron Na eacutepoca 1918 Byron propocircs a Mary e seu marido que
escrevessem um conto de terror uma maneira de passar o tempo jaacute que suas feacuterias estavam sendo consumidas
intediantemente pelo mau tempo Mary foi a uacuteltima a dar iniacutecio ao seu conto que acabou baseado em um pesadelo que
teve numa daquelas noites de chuva E dentre todos o conto de Shelley foi o que mais surpreendeu e arrepiou Insentivada a continuar Mary Shelley desenvolveu ainda
mais sua histoacuteria e transformou-a em um dos mais conhecidos e celebrados livros da Histoacuteria Frankenstein
Victor Frankenstein era um jovem curioso com sede de conhecimento apaixonado pela ciecircncia intrigado com os segredos da vida e louco para deixar sua marca no mundo Havia aprendido sozinho em casa sobre as fantasias da Alquimia no entanto apenas na universidade ele foi descobrir que toda sua bagagem de conhecimento estava ultrapassada haacute muito Acabou se tornando um aluno
exemplar dedicado agrave quiacutemica e agrave biologia Foi assim que sozinho em seu laboratoacuterio em Ingolstadt Victor deu iniacutecio agrave sua criaccedilatildeo misturando seus conhecimentos
teoacutericos de fisiologia e filosofia natural com princiacutepios de mecacircnica decido a descobrir se o princiacutepio que
mantinha animado o corpo poderia pernecer mesmo apoacutes a morte Como Victor fez isso todos jaacute sabemos deu vida a uma criatura formada por partes de cadaacuteveres de tamanho
descomunal (cerca de 25m de altura) e aparecircncia horripilante E eacute aqui que daacute-se iniacutecio ao grande trunfo
da histoacuteria Ao despertar da Criatura Frankenstein acaba por cair na realidade vendo como era realmente feia sua criaccedilatildeo com
seus membros desproporcionais seu olhos aquosos e amarelos incompleta a ponto de seus tecidos nem sequer
cobrirem todo o corpo deixando agrave mostra muacutesculos e ossos Desesperado e com medo arrependido de sua audaacutecia Victor
abandona sua Criatura decaindo num suacutebito acesso de naacuteusea e lucidez
Pobre Criatura um ser vazio de conhecimentos ignorante em relaccedilatildeo ao conviacutevio social solto num mundo de pessoas
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preconceituosas e indiferentes A personificaccedilatildeo perfeita da famosa teoria de Rousseau a do ldquobom selvagemrdquo que diz
que todo o homem nasce ldquopurordquo e eacute corrompido pela sociedade violenta viciosa e materialista Quem lecirc a
histoacuteria de Frankenstein espera encontrar terror suspense e aventura onde um monstro estaria a solta para destruir e matar No entanto descobre um mundo onde noacutes humanos somos totalmente repugnantes e no qual o uacutenico ser que
realmente tem algum valor eacute o monstro excluiacutedo por todos Poucos livros retratam tatildeo bem a indiferenccedila humana e a nossa mania de dar mais valor agraves aparecircncias do que aos
sentimentos carater e virtudes Mary Shelley escreveu uma autecircntica obra-prima da
literatura universal um romance capaz de despertar no leitor a pena e a compaixatildeo por um monstro e a repugnacircncia
de nossa proacutepria raccedila Uma liccedilatildeo que ainda natildeo foi aprendida mesmo depois de quase 200 anos
Ficha Teacutecnica Tiacutetulo Frankestein (Frankenstein or the Modern
Prometheus) Autor Mary Shalley Paiacutes Inglaterra
Publicaccedilatildeo Original 1818 Publicaccedilatildeo Lida Martin Claret Editora 2001
18
papel da universidade na produccedilatildeo de conhecimentos IV - O meacutetodo cientiacutefico propriamente dito a) A teoria da
praacutetica em ciecircncia b) A praacutetica da teorizaccedilatildeo cientiacutefica V - O micromeacutetodo cientiacutefico e a Filosofia da Ciecircncia Os demais toacutepicos estatildeo em fase de projeto natildeo havendo portanto previsatildeo quanto agrave eacutepoca de publicaccedilatildeo []
1 Colocaccedilatildeo do problema Meacutetodo entre outras coisas significa caminho para chegar
a um fim ou pelo qual se atinge um objetivo Que dizer entatildeo do meacutetodo cientiacutefico [2] Poderia dizer que eacute o caminho trilhado pelo cientista quando em busca de verdades cientiacuteficas
Afirma-se com grande frequumlecircncia que o cientista eacute aquele que se utiliza do meacutetodo cientiacutefico Os que aceitam esta
Percebam que estou meramente jogando com as palavras e associando-as ao conceito de
meacutetodo acima postulado Quais satildeo as verdades cientiacuteficas O que eacute ser cientista O que eacute ciecircncia Existe uma ciecircncia uacutenica Quando nos reportamos a uma hipoteacutetica linha demarcatoacuteria a separar o que julgamos
ser uma verdade cientiacutefica de outras possiacuteveis verdades a que nos estamos referindo
verdade --e haacute muitos que o fazem-- devem procurar uma conceituaccedilatildeo para meacutetodo cientiacutefico diferente da exposta no paraacutegrafo anterior sob pena de andarem em ciacuterculo Ou definimos cientista a partir da definiccedilatildeo de meacutetodo frac34algo tentado por Popper ao propor o falsificacionismo [3]frac34 ou definimos meacutetodo a partir da definiccedilatildeo de cientista do contraacuterio natildeo chegamos a nada Conservarei a ideacuteia de meacutetodo cientiacutefico como caminho trilhado pelo cientista
2 O que eacute ciecircncia
com o que estou assumindo o risco de ter que definir ciecircncia eou cientista Eacute o que tentarei fazer nesta
introduccedilatildeo
Natildeo eacute faacutecil definir ciecircncia e satildeo inuacutemeros os tratados sobre o assunto a abordarem esta dificuldade Ao leitor
principiante em ciecircncia e que queira penetrar na complexidade do tema ou entatildeo perceber a quantas anda nossa ignoracircncia a respeito sugiro se tiver pendores
filosoacuteficos que comece pelo livro de Chalmers (1976) [4] ou entatildeo se preferir algo mais ameno e mais voltado agrave
praacutetica cientiacutefica pelo livro de Beveridge (1980) [5] Ao leitor acomodado e que natildeo tenha amplo conhecimento do
assunto ou mesmo para aquele que pretenda prosseguir com esta leitura ciente de que eacute possiacutevel pelo menos em niacutevel conjetural enfrentar o desafio apontado relatarei aqui a
conclusatildeo de um ensaio que sintetiza uma ideacuteia que me ocorreu haacute cerca de dez anos [6] e que apresentei na
sessatildeo de debates da mesa redonda A Pesquisa na Universidade Particular ocorrida por ocasiatildeo da IV Semana de Psicologia da USJT (1994) com as seguintes palavras Vejo a ciecircncia como a aacuterea do conhecimento que se apoacuteia natildeo num meacutetodo mas sim na regra da repetitividade a que
eu tenho chamado de regra cientiacutefica fundamental Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que
pesquisado se repetiu eacute de se admitir que em futuras verificaccedilotildees o mesmo suceda [7]
A regra cientiacutefica fundamental conquanto aceita intuitivamente por todos os cientistas ocupa entre os mesmos e ateacute entre os filoacutesofos da ciecircncia um papel
secundaacuterio quando natildeo totalmente ignorada Via de regra considera-se a ciecircncia como que apoiada em regras outras
19
como por exemplo o princiacutepio da causalidade de Kant a regra metodoloacutegica de Popper que se associa a seu meacutetodo
dedutivo de prova o princiacutepio ou argumento indutivista e as regras ou criteacuterios de utilidade Como posiccedilotildees
extremas e apoiadas em regras mais riacutegidas podemos citar a visatildeo paradigmaacutetica de Thomas Kuhn a defender o
dogmatismo cientiacutefico o ponto de vista de Chalmers a questionar a argumentaccedilatildeo filosoacutefica no que diz respeito agrave delimitaccedilatildeo da ciecircncia e a visatildeo anarquista de Feyerabend
a se opor frontalmente ao racionalismo em ciecircncia A fim de ilustrar o comentado no paraacutegrafo anterior
vejamos como Thomas Kuhn (1962) --defensor de uma posiccedilatildeo cientiacutefico-filosoacutefica incompatiacutevel com a que aqui pretendo apresentar-- retrata a importacircncia da repetitividade dos eventos como algo a semear o surgimento de novas ideacuteias Existem em princiacutepio somente trecircs tipos de fenocircmenos a propoacutesito dos quais pode ser desenvolvida uma nova teoria O primeiro tipo compreende os fenocircmenos jaacute bem explicados
pelos paradigmas existentes Tais fenocircmenos raramente fornecem motivos ou um ponto de partida para a construccedilatildeo de uma teoria Quando o fazem as teorias resultantes raramente satildeo aceitas visto que a natureza natildeo proporciona nenhuma base para uma discriminaccedilatildeo entre as alternativas Uma segunda classe de fenocircmenos compreende aqueles cuja
natureza eacute indicada pelos paradigmas existentes mas cujos detalhes somente podem ser entendidos apoacutes uma maior
articulaccedilatildeo da teoria Os cientistas dirigem a maior parte de sua pesquisa a esses fenocircmenos mas tal pesquisa visa antes agrave articulaccedilatildeo dos paradigmas existentes do que agrave invenccedilatildeo de novos Somente quando esses esforccedilos de articulaccedilatildeo fracassam eacute que os cientistas encontram o
terceiro tipo de fenocircmeno as anomalias reconhecidas cujo traccedilo caracteriacutestico eacute a sua recusa obstinada a serem
assimiladas aos paradigmas existentes Apenas esse uacuteltimo tipo de fenocircmeno faz surgir novas teorias [8]
Ora se um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se recusou obstinadamente a ser assimilado aos paradigmas
existentes e se esta recusa eacute quem orienta a caracterizaccedilatildeo de novas teorias e mais se a ciecircncia eacute fundamentalmente o conjunto das ideacuteias e teorias geradas pela mente humana bem como a aplicaccedilatildeo pelo homem dessas ideacuteias e teorias em busca de um relacionamento sadio com a natureza e com os seus semelhantes podemos sossegadamente
concluir que ciecircncia eacute o processo pelo qual o homem se relaciona com os fenocircmenos universais que se sujeitam agrave
regra cientiacutefica fundamental 3 O ser cientista
Cientista diz-nos Ferreira (1986) eacute a pessoa que cultiva ou que eacute especialista em alguma ciecircncia ou em ciecircncias
[9] e ciecircncia eacute um processo definido no item anterior Se aceitarmos estas premissas concluiremos que o conhecimento
cientiacutefico eacute aquele factiacutevel de reproduccedilatildeo enquanto o cientista eacute aquele que de alguma forma cultiva esses conhecimentos Eacute importante aqui salientar que muitas
vezes o que se espera reproduzir eacute um dado probabiliacutestico Por exemplo se dissermos que 80 das moleacuteculas de um gaacutes
satildeo do elemento quiacutemico oxigecircnio isto natildeo significa estarmos afirmando ser oxigecircnio esta ou aquela moleacutecula objeto de verificaccedilatildeo experimental o que a regra nos
preconiza eacute que independentemente de qual cientista for tentar reproduzir a medida ou do local escolhido para que
20
esta segunda medida seja efetuada observando-se as condiccedilotildees em que a mesma foi realizada anteriormente o
valor obtido concordaraacute com o valor precedente dentro de uma margem de erro tambeacutem estimaacutevel por meacutetodos
experimentais Todos noacutes vez ou outra nos comportamos como cientistas Ser cientista natildeo eacute possuir um roacutetulo mas sim postar-se com uma atitude cientiacutefica por outro lado mesmo aquele que se diz cientista vez ou outra assume atitudes natildeo cientiacuteficas e penetra em terrenos apoiados em regras
proacuteprias ou ateacute mesmo sem regras O roacutetulo eacute frequumlentemente utilizado quando queremos nos referir agraves
pessoas que se utilizam de seus talentos cientiacuteficos como meio de vida seriam entatildeo os cientistas profissionais A filosofia por exemplo eacute um campo de atuaccedilatildeo bem mais
abrangente que aquele ditado pela regra cientiacutefica fundamental Poderiacuteamos dizer que a filosofia comporta a
ciecircncia ainda que esta ideacuteia natildeo agrade a alguns cientistas mas jamais poderiacuteamos dizer e quanto a isso
todos satildeo concordes que a ciecircncia comporta a filosofia O bom cientista utiliza-se da filosofia da mesma forma que a maioria dos indiviacuteduos com sede se utilizam do copo Outras
aacutereas do conhecimento seriam 1) o ocultismo frac34e aqui poderiacuteamos incluir a tiacutetulo de exemplo a alquimia e a astrologia 2) as artes frac34e vale a pena aqui frisar que a arte pode ser encarada cientificamente postura esta que foi frequumlentemente adotada por Leonardo da Vinci [10] e defendida em sua Teoria do Conhecimento 3) a teologia
etc A busca pela verdade que tambeacutem eacute objetivo da grande maioria destas aacutereas natildeo cientiacuteficas segue-se por caminhos nem sempre limitados ou compatiacuteveis com a regra cientiacutefica
fundamental O cultivo da ciecircncia pode se dar atraveacutes da observaccedilatildeo de alguns ou todos dentre seus objetivos nobres quais sejam
1) aquisiccedilatildeo transmissatildeo e aplicaccedilatildeo de conhecimentos cientiacuteficos jaacute sistematizados e 2) produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
de novos conhecimentos Visto sob este acircngulo satildeo cientistas 1) o estudioso eou o professor eou o
profissional bacharel em quaisquer das ciecircncias 2) o tecnoacutelogo 3) o pesquisador em aacutereas cientiacuteficas 4) o
teorizador em ciecircncias 5) e o autor de artigos cientiacuteficos relatando ideacuteias proacuteprias eou revisotildees bibliograacuteficas Sob um ponto de vista mais rigoroso o cientista seria apenas aquele capaz de dominar as teacutecnicas inerentes a todos os
objetivos nobres acima apontados Nem tanto ao ceacuteu nem tanto agrave terra Percebam que jaacute
conceituamos ciecircncia e jaacute conseguimos ir aleacutem a ponto de fornecer dados para que se analise o comportamento daqueles
que trabalham em ciecircncia Observado este comportamento poderiacuteamos assumir como cientistas aqueles que realmente contribuem para o progresso das ciecircncias Adotarei esta
postura mas gostaria de esclarecer conforme seraacute comentado oportunamente que a noccedilatildeo de progresso aqui defendida eacute um pouco mais abrangente do que aquela
preconizada pelos pensadores iluministas [11] que tanto influenciaram os positivistas Aceita esta premissa frac34a de que cientistas satildeo somente aqueles que real e diretamente [12] contribuem para o progresso das ciecircnciasfrac34 suponha que consigamos caracterizar os cientistas assim definidos como aqueles que ao contribuir para o progresso das
ciecircncias se utilizam de um meacutetodo comum a que chamaremos
21
meacutetodo cientiacutefico Poderemos entatildeo afirmar e natildeo se trata aqui da busca por uma definiccedilatildeo que o cientista eacute aquele que se utiliza do meacutetodo cientiacutefico o raciociacutenio ciacuteclico da forma como foi agora utilizado estaacute livre de consequumlecircncias funestas Notem com o auxiacutelio da figura 1 a sintetizar as ideacuteias principais aqui focalizadas que do ponto de vista conceitual natildeo estamos andando em ciacuterculo
REGRA CIENTIacuteFICA FUNDAMENTAL
Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu eacute de se admitir que em futuras
verificaccedilotildees o mesmo suceda
DEFINICcedilAtildeO DE CIEcircNCIA
Ciecircncia eacute o processo pelo qual o homem se relaciona com os fenocircmenos universais que se sujeitam agrave regra cientiacutefica
fundamental
OBSERVACcedilAtildeO DO COMPORTAMENTO DOS QUE TRABALHAM EM CIEcircNCIA
VERIFICACcedilAtildeO DE QUE ALGUNS CONTRIBUEM PARA O PROGRESSO DAS CIEcircNCIAS
Cientista eacute todo ser racional que contribui diretamente para o progresso das ciecircncias
CONSTATACcedilAtildeO DE QUE ESTES SE UTILIZAM DE UM MEacuteTODO COMUM
Figura 1 - Para explicaccedilatildeo vide texto Resta-nos entatildeo para que a ideacuteia ganhe em consistecircncia comprovar a existecircncia de um uacutenico meacutetodo cientiacutefico e
isto natildeo parece ser uma tarefa faacutecil Antes de enfrentarmos esta dificuldade vamos verificar como as ideacuteias aqui apresentadas se conformam a conceitos classicamente
adotados como modelos de meacutetodo cientiacutefico
[] Muitos dentre esses toacutepicos satildeo apresentados em um contexto diverso em
Referecircncias
Ensaios sobre a Filosofia da Ciecircncia ou entatildeo em outros artigos expostos acima na
seccedilatildeo Temas relacionados [1] POPPER K R 1956 Acerca da inexistecircncia do meacutetodo
cientiacutefico in Prefaacutecio da ediccedilatildeo de 1956 do livro O realismo e o objetivo da ciecircncia
[2] FERREIRA A B H 1986
Publicaccedilotildees Dom Quixote (traduccedilatildeo) Lisboa 1987 Este prefaacutecio foi lido num
encontro dos Fellows of Center for Advanced Study in the Behavioral Sciences em Stanford Califoacuternia em novembro
de 1956 Novo dicionaacuterio da liacutengua
portuguesa[3] POPPER K R (1959)
Ed Nova Fronteira Rio de Janeiro p 1128 A loacutegica da pesquisa
cientiacutefica Ed Cultrix (traduccedilatildeo 1975) Satildeo Paulo
22
[4] CHALMERS A F 1976 (traduccedilatildeo 1993) O que eacute ciecircncia afinal[5] BEVERIDGE W I B 1980
Ed Brasiliense Satildeo Paulo 225 p Sementes da descoberta
cientiacutefica[6] MESQUITA Fdeg A 1987
Edusp (traduccedilatildeo) Satildeo Paulo Confesso que blefei --
Fiacutesica antiga vs moderna
[7] Perguntas e Debates 1995 item V
editado pela USJT (na eacutepoca Faculdades Satildeo Judas Tadeu) Satildeo Paulo capiacutetulo 13 A
Ciecircncia Existe p 92-8 Sobre Pesquisa e
Filosofia da Ciecircncia p 75 in EspecialIntegraccedilatildeo A pesquisa na universidade particular Integraccedilatildeo
[8] KUHN T S 1962 (traduccedilatildeo 1975)
I(1)51-75 1995 Este ensaio foi tambeacutem apresentado e discutido em palestra (natildeo publicada) que ministrei por ocasiatildeo da
Semana de Filosofia da USJT de 1994 A estrutura das
revoluccedilotildees cientiacuteficas Ed Perspectiva Satildeo Paulo 257 pp capiacutetulo 8 A natureza e a necessidade das revoluccedilotildees
cientiacuteficas[9] FERREIRA 1986 Idem p 404
p 131 [Os grifos satildeo meus]
[10] Leonardo da Vinci in The New Encyclopaedia Britannica Vol 22 (Macropaedia) Enc Brit Inc
Chicago 1993 p 946 (Leonardo as artist-scientist[11] SANTOS G T
) Os caminhos do pensamento cientiacutefico a
partir do Iluminismo Integraccedilatildeo I(5)131-6 1996 conferecircncia proferida por ocasiatildeo da Semana de Filosofia da USJT de 1995 Na sessatildeo de debates Santos dentre outras consideraccedilotildees interessantes a respeito faz a
seguinte observaccedilatildeo O progresso como vai ser definido no Iluminismo eacute uma noccedilatildeo de abandono passa pelo abandono necessaacuterio de coisas que ficaram ou que deveratildeo ficar no
passado[12] O termo diretamente aqui empregado eacute essencial a natildeo ser levado em conta corremos o risco de considerar
como cientistas dentre outros os mecenas que no passado contribuiacuteram de maneira indireta para o progresso
das ciecircncias
O argumento indutivista Uma criacutetica imparcial conquanto demolidora ao
indutivismo eacute apresentada por Chalmers nos trecircs primeiros capiacutetulos de seu livro [13] Veremos aqui apenas alguns toacutepicos interessantes do ponto de vista epistemoloacutegico
eou necessaacuterios para um melhor entendimento da teoria ora sendo apresentada
Um sumaacuterio completo do argumento indutivista da ciecircncia estaacute esquematizado na figura 2 adaptada de Chalmers [14]
Chama a atenccedilatildeo a omissatildeo da deduccedilatildeo de hipoacuteteses o indutivista admite ser possiacutevel partir da observaccedilatildeo e chegar a leis apelando exclusivamente ao raciociacutenio
indutivo O meacutetodo indutivo baseia-se na crenccedila de que eacute possiacutevel confirmar um enunciado universal (lei) atraveacutes de um certo nuacutemero de observaccedilotildees singulares Via de regra
quando se questiona o indutivista a respeito da omissatildeo da hipoacutetese ele logo repete uma frase de Newton Natildeo faccedilo
hipoacuteteses Obviamente este indutivista ingecircnuo ouviu esta frase sabe que foi proferida por Newton mas demonstra
natildeo saber a que Newton estava se referindo A hipoacutetese a que Newton se refere natildeo eacute a mesma que hoje se conceitua nos tratados de metodologia cientiacutefica ou de estatiacutestica Newton deixou bastante claro em sua obra que natildeo fazia como cientista especulaccedilotildees ou conjecturas infundadas No
23
que se refere a hipoacuteteses no contexto em que o termo eacute hoje aceito rariacutessimos foram os cientistas que em sua
fase produtiva as levantaram em nuacutemero tal cuja ordem de grandeza se aproximasse daquela atingida por Newton
O argumento indutivista baseia-se na crenccedila no princiacutepio da induccedilatildeo que dentre outras formas pode ser enunciado como Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno
sempre que pesquisado se repetiu em futuras verificaccedilotildees o mesmo sucederaacute
Figura 2 - O argumento indutivista (segundo Chalmers)
[15] Escolhi esta versatildeo para que fique claro o contraste entre o princiacutepio da induccedilatildeo e a regra
cientiacutefica fundamental expliacutecita na figura 1 Trecircs comentaacuterios merecem ser feitos a respeito 1) Conquanto
seja usado como regra metodoloacutegica o princiacutepio da induccedilatildeo natildeo define o nuacutemero de observaccedilotildees singulares a permitir uma generalizaccedilatildeo (obtenccedilatildeo de leis) 2) Esta e outras falhas conceituais inerentes ao argumento indutivista propiciam interpretaccedilotildees ingecircnuas ao princiacutepio conforme
veremos abaixo 3) O princiacutepio sem perder em generalidade no que diz respeito agraves premissas (tem o
mesmo campo de atuaccedilatildeo que a regra cientiacutefica fundamental) e para que possa caracterizar-se como metodoloacutegico e natildeo apenas norteador torna-se mais
restritivo que a regra cientiacutefica fundamental frac34afirma ao inveacutes de suporfrac34 Consequumlentemente os que abraccedilam esta ideologia devem procurar por uma outra definiccedilatildeo de ciecircncia que natildeo a apresentada no item 2 e figura 1 As
consequumlecircncias epistemoloacutegicas daiacute resultantes seratildeo objeto de discussatildeo em itens posteriores
O indutivista ingecircnuo eacute aquele que dentre outras falhas conceituais eou de raciociacutenio consegue provar
cientificamente por exemplo a inexistecircncia de Deus pelo simples fato de Deus natildeo se manifestar a ele tendo em vista que ele natildeo possui uma regra para delimitar a ciecircncia que natildeo seja o princiacutepio da causalidade --natildeo haacute efeito sem causa-- ele tenta inverter o princiacutepio frac34que no caso ficaria natildeo haacute causa sem efeitofrac34 e apelando para o argumento indutivista consegue por meacutetodos cientiacuteficos chegar a conclusotildees natildeo cientiacuteficas frac34no caso teoloacutegicas Mais comum no entanto eacute o erro agora natildeo tatildeo ingecircnuo cometido por alguns indutivistas que conseguem provar cientificamente que todas as maccedilatildes satildeo vermelhas prova esta vaacutelida somente ateacute o dia em que eles se
depararem com maccedilatildes verdes Neste caso a falha decorre da crenccedila num meacutetodo repleto de incoerecircncias internas
5 O argumento dedutivista
24
O argumento dedutivista ainda que natildeo isento de criacuteticas representou sem duacutevida alguma uma evoluccedilatildeo no sentido em que propiciou uma metodologia cientiacutefica dotada de
coerecircncia interna A esse respeito eacute dito com frequumlecircncia que o raciociacutenio dedutivo constitui o
argumento da loacutegica A fim de padronizar comparaccedilotildees apresentarei o argumento
dedutivista como apoiado no seguinte princiacutepio Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa para que seja hipoacutetese deveraacute ser
passiacutevel de verificaccedilatildeo observacional A figura 3 ilustra a proposiccedilatildeo deste argumento
Eacute importante observar que nem toda a afirmaccedilatildeo deduzida seraacute uma hipoacutetese motivo pelo qual natildeo utilizamos o argumento loacutegico se e somente se ao enunciarmos o
princiacutepio
Figura 3 - O argumento dedutivista
[16] Em particular eacute de se ressaltar a opiniatildeo de Severino (1994) a respeito
Eacute preciso natildeo confundir hipoacutetese com pressuposto com evidecircncia preacutevia
Hipoacutetese eacute o que se pretende demonstrar e natildeo o que jaacute se tem
demonstrado [17] A loacutegica dedutiva ao caminhar do geral para o particular
nos garante a formulaccedilatildeo de hipoacuteteses e hipoacutetese comprovada atraveacutes de uma observaccedilatildeo controlada (teste eou experiecircncia) nos permite suspeitar atraveacutes de um raciociacutenio indutivo (do singular para o geral) sua condiccedilatildeo de lei Observem o cuidado na colocaccedilatildeo das palavras Eu disse nos permite suspeitar e natildeo nos
permite garantir Por que esse cuidado A experimentaccedilatildeo natildeo nos garante verdades A esse respeito Popper assim se
referiu Natildeo haacute um meacutetodo para determinar se
uma hipoacutetese eacute lsquoprovaacutevelrsquo ou provavelmente verdadeira [18]
Eacute interessante notar que algumas limitaccedilotildees inerentes ao indutivismo e que propiciam o aparecimento de conclusotildees ingecircnuas satildeo aqui substituiacutedas por uma impossibilidade
Sob esse aspecto o dedutivismo natildeo solucionou o problema mas simplesmente reduziu a possibilidade de que se
cometessem determinados raciociacutenios ingecircnuos Rigorosamente falando o problema natildeo eacute tatildeo insoluacutevel
assim Seraacute insoluacutevel tatildeo-somente para aqueles que julgam estar cientificamente buscando por verdades absolutas A verdade cientiacutefica e soacute o leigo talvez natildeo saiba eacute uma
verdade provisoacuteria tomada por empreacutestimo da natureza e da forma como ela se nos aparenta ser As verdades
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cientiacuteficas de hoje seratildeo quando natildeo negadas lapidadas e reformuladas amanhatilde Se chegaremos ou natildeo por meacutetodos
cientiacuteficos agrave verdade absoluta eacute um questionamento que a ciecircncia natildeo estaacute aparelhada para responder E talvez nunca esteja o que natildeo nos impede de que continuemos procurando
pela verdade Popper foi mais aleacutem demonstrando ser impossiacutevel ateacute mesmo probabilizar uma afirmaccedilatildeo comprovada por um
raciociacutenio que siga a metodologia dedutiva (incluindo e eacute aiacute que reside o problema principal do meacutetodo a induccedilatildeo -- vide lado direito da figura 3) A esse respeito Popper
propotildee a substituiccedilatildeo do termo probabilizar por corroborar Uma hipoacutetese seria tanto mais corroboraacutevel quanto mais propiciasse verificaccedilotildees experimentais e teria sido tanto mais corroborada e natildeo haacute como se
atribuir nuacutemeros probabiliacutesticos a esse efeito quanto mais resistisse a essas verificaccedilotildees Siegel (1977
traduccedilatildeo) adota provavelmente com o mesmo objetivo a expressatildeo grau de aceitabilidade
Efetuamos pesquisas a fim de determinar o grau de aceitabilidade de
hipoacuteteses deduzidas de nossas teorias [19]
Esta impossibilidade em garantir um acerto preocupou bastante Popper e certamente foi um dos motivos que o
levou a expandir o argumento dedutivista atraveacutes da proposiccedilatildeo do falsificacionismo a ser apresentado no
item 7 Independentemente das dificuldades apontadas neste e nos itens precedentes a verdade eacute que a ciecircncia progride e este progresso eacute guiado por homens que conhecem o terreno por onde pisam E conquanto todos saibam da natildeo existecircncia em ciecircncia de verdades absolutas da impossibilidade de se
chegar a uma soluccedilatildeo definitiva para os problemas cientiacuteficos e da natildeo existecircncia de provas observacionais irrefutaacuteveis quase todos [20] entendem e concordam com a
afirmaccedilatildeo de GIL (1994) expressa a seguir A pesquisa cientiacutefica inicia-se
sempre com a colocaccedilatildeo de um problema solucionaacutevel O passo seguinte
consiste em oferecer uma soluccedilatildeo possiacutevel atraveacutes de uma proposiccedilatildeo ou seja de uma expressatildeo suscetiacutevel de ser declarada verdadeira ou falsa A
esta proposiccedilatildeo daacute-se o nome de hipoacutetese Assim a hipoacutetese eacute a
proposiccedilatildeo testaacutevel que pode vir a ser a soluccedilatildeo do problema [21]
6 O que eacute teoria Eacute importante salientar que a finalidade primordial da ciecircncia natildeo eacute formular hipoacuteteses e sim sistematizar teorias e que teoria natildeo eacute pura e simplesmente uma
coletacircnea de hipoacuteteses Teoria eacute um conjunto de hipoacuteteses coerentemente interligadas tendo por finalidade explicar
elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio do conhecimento [22] Por que entatildeo os livros de
metodologia insistem em justificar os meacutetodos atraveacutes de hipoacuteteses uacutenicas e via de regra desinteressantes tais
como As maccedilatildes satildeo vermelhas os cisnes satildeo brancos etc A verdade eacute que nem sempre eacute faacutecil encontrar teorias ao mesmo tempo simples e de amplo espectro ou seja que
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possam ser entendidas por leitores das vaacuterias aacutereas do conhecimento Por outro lado os argumentos que corroboram ou derrubam teorias satildeo em princiacutepio idecircnticos aos que corroboram ou derrubam hipoacuteteses frac34poderiacuteamos tambeacutem dizer
que uma hipoacutetese eacute ou simula ser uma teoria cujo conjunto de hipoacuteteses eacute unitaacuterio Em geral a dificuldade inerente ao grau de complexidade de uma teoria pode ser
superada desde que o cientista conheccedila a fundo esta teoria cujo grau de aceitabilidade pretende testar e domine a loacutegica envolvida em situaccedilotildees similares poreacutem simples como aquelas que aparecem nos compecircndios sobre o
assunto A ecircnfase dada pelos textos de metodologia cientiacutefica a meacutetodos relacionados a testes de hipoacuteteses contrasta com a quase ausecircncia de referecircncias a meacutetodos relativos agrave
praacutetica da teorizaccedilatildeo Existem exceccedilotildees a esta regra e eu natildeo poderia deixar de citar [23] os livros de Bunge [24] e de Lacey [25] indicados especialmente para os iniciantes da aacuterea de exatas Embora natildeo especificamente dirigido a esta temaacutetica haacute que se destacar tambeacutem o livro de Bohm e
Peat [26] e que merece ser lido posto que focaliza a essecircncia da problemaacutetica aqui apontada neste caso e por este motivo eacute indicado aos iniciantes de todas as aacutereas A praacutetica da teorizaccedilatildeo com rariacutessimas exceccedilotildees natildeo se
aprende na escola Grandes teorizadores por terem aprendido a utilizar uma teacutecnica natildeo encontrada nos livros tradicionais e que nem mesmo eacute ensinada na maioria dos
regimes de iniciaccedilatildeo cientiacutefica chegaram a ser confundidos com gecircnios Eacute bem possiacutevel que estes gecircnios tenham adquirido esta praacutexis cultuando algum resquiacutecio da
filosofia que a sociedade moderna natildeo conseguiu despedaccedilar
A lacuna acima apontada fomenta a ingenuidade ou ateacute mesmo o charlatanismo multiplicando sobremaneira o nuacutemero dos que sem estarem devidamente preparados para teorizar frac34uma atividade que natildeo eacute elementarfrac34 ainda assim teorizam e teorizam mal frac34fato este que chega a incomodar cientistas de respeito que ocupam postos importantes nas
universidades [27] Por outro lado e em decorrecircncia disto permite que se condene agrave marginalidade cientiacutefica
e por periacuteodos variaacuteveis de tempo todos aqueles que certos ou errados pretendem evoluir seriamente no sentido de atender agrave finalidade uacuteltima da ciecircncia a edificaccedilatildeo de
teorias representacionais Que meacutetodos estes homens seguiram que natildeo a paixatildeo a
devoccedilatildeo a persistecircncia e a crenccedila num espiacuterito universal frac34Espiacuterito este que segundo alguns admitem natildeo estaacute a se
divertir com nossos erros e acertos o que foi sintetizado pelo maior dos gecircnios do seacuteculo XX nas
seguintes palavras Deus natildeo joga dados A resposta nos eacute dada pelo proacuteprio autor desta afirmaccedilatildeo
O alvo de construir uma teoria de campo eletromagneacutetico da mateacuteria
permanece inatingiacutevel por ora embora em princiacutepio nenhuma objeccedilatildeo possa ser levantada contra a possibilidade de vir a se alcanccedilar tal objetivo O que reteve qualquer tentativa posterior nessa direccedilatildeo foi a falta de qualquer meacutetodo sistemaacutetico que levasse a uma
soluccedilatildeo [28]
27
Seraacute que natildeo existem meacutetodos ou regras a serem adotados nesta praacutexis E por falar nisso a praacutetica da teorizaccedilatildeo
natildeo seria uma teorexis [29] Seraacute que teorizar em ciecircncia eacute uma atividade puramente filosoacutefica Natildeo existe uma
metodologia cientiacutefica a orientar aqueles que se preocupam em decifrar os segredos que estatildeo por traacutes dos fenocircmenos que se adaptam agrave regra cientiacutefica fundamental Caso exista
um meacutetodo a ser sistematizado Seria ele diferente do meacutetodo cientiacutefico O que eacute o meacutetodo cientiacutefico
Tentarei dentro do possiacutevel e da finalidade a que me propus ao conceber esta seacuterie de artigos responder
oportunamente eou orientar o leitor se houver como no que diz respeito aos questionamentos aqui assinalados De qualquer forma mais detalhes sobre teoria eou teorizaccedilatildeo seratildeo apresentados no toacutepico IV-b A praacutetica da teorizaccedilatildeo
(em preparo)
[13] CHALMERS A F 1976 Referecircncias
op cit (Voltar pelo browser) pp 23-63
[14] Idem p 28 [15] Esta versatildeo eacute uma adaptaccedilatildeo do princiacutepio da induccedilatildeo
como enunciado por CHALMERS (1976) op cit Se um grande nuacutemero de As foi observado sob uma ampla variedade de condiccedilotildees e se todos esses As observados possuiacuteam sem exceccedilatildeo a propriedade B entatildeo todos os As possuem a propriedade B
[16] Neste caso o princiacutepio ficaria
Aparentes contradiccedilotildees que o iniciante possa descobrir ao comparar os dois enunciados natildeo
comprometem o raciociacutenio que se segue razatildeo pela qual admitirei a equivalecircncia sem justificaacute-la
Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa seraacute hipoacutetese se e somente se for passiacutevel de verificaccedilatildeo
observacional
[17] SEVERINO J S 1994
O primeiro se torna a afirmaccedilatildeo inconsistente
Metodologia do trabalho cientiacutefico[18] POPPER K R 1956
Cortez Editora Satildeo Paulo op cit
[19] SIEGEL S 1977 Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica
[20] Eacute possiacutevel que alguns dentre os indutivistas natildeo concordem com alguns dos termos da afirmaccedilatildeo por motivos que podem ser suspeitados tendo em vista o apresentado
neste e no item anterior
Ed McGraw-Hill do Brasil Ltda Satildeo Paulo p 6
[21] GIL A C 1994 Como elaborar projetos de pesquisas
[22] Em FERREIRA A B H 1986
Editora Atlas S A Satildeo Paulo p 35 [Os grifos satildeo
meus] op cit (Voltar pelo
browser) encontramos uma definiccedilatildeo mais geral a satisfazer tambeacutem o argumento indutivista Teoria eacute um
conjunto de conhecimentos natildeo ingecircnuos que apresentam graus diversos de sistematizaccedilatildeo e credibilidade e que se
propotildeem a explicar elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio de fenocircmenos ou de acontecimentos que se
oferecem agrave atividade praacutetica [23] Os trecircs livros citados a seguir natildeo satildeo os uacutenicos
nos gecircneros assinalados a despeito da disparidade apontada Ao tempo em que registro com estes exemplos a exceccedilatildeo agrave regra presto tambeacutem uma homenagem a autores que ao serem por mim lidos transmutaram em duacutevidas muitas das
respostas a questotildees fundamentais e que eu
28
pretensiosamente julgava possuir [24] BUNGE M Teoria e realidade
[25] LACEY HM 1972
Ed Perspectiva (traduccedilatildeo 1994) Satildeo Paulo
A linguagem do espaccedilo e do tempo
[26] BOHM D e PEAT F D
Ed Perspectiva SA
Ciecircncia ordem e criatividade
[27] A esse respeito vale a pena ler
Gradiva Publicaccedilotildees Ltda (traduccedilatildeo 1989) Lisboa
Cientiacuteficos Chiflados capiacutetulo XIV do livro BERNSTEIN J 1988 Observacioacuten de
la Ciencia[28] EINSTEIN A
Ed Fondo de Cultura Econoacutemica Meacutexico Fiacutesica e realidade in Albert Einstein
Pensamento poliacutetico e uacuteltimas conclusotildees (1983 traduccedilatildeo) Edit Brasiliense S A Satildeo Paulo [O grifo eacute meu]
[29] Este termo eu utilizei pela primeira vez no artigo MESQUITA Fdeg A 1983 Ciecircncia empiacuterica uma arma ou uma daacutediva Faculdade
Antes de mais nada afirmarei sem me alongar que uma teoria adotado o argumento dedutivista pode ser
corroborada ou negada fundamentalmente atraveacutes de um dos trecircs procedimentos seguintes 1) Pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de uma de suas hipoacuteteses 2) pela verificaccedilatildeo ou negaccedilatildeo de uma de suas prediccedilotildees 3) pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de teorias auxiliares deduzidas da teoria principal (teoria em teste ou sob suspeita) as teorias
auxiliares podem ser de trecircs tipos teorias ou hipoacuteteses de nulidade teorias ou hipoacuteteses salvadoras e teorias ou hipoacuteteses assassinas
(Revista do IAMC) ndeg 6 p 28-43 agosto83
7 O falsificacionismo O falsificacionismo natildeo foi proposto como um meacutetodo novo mas sim como um criteacuterio ou conduta a ser ou natildeo adotado por aqueles que se conformam ao meacutetodo dedutivo de prova
Natildeo haacute nada no falsificacionismo do ponto de vista metodoloacutegico que natildeo esteja previsto ou que natildeo decorra naturalmente de uma opccedilatildeo a ser seguida espontaneamente ou natildeo por este ou aquele dedutivista Qual seria entatildeo este criteacuterio Com que finalidade foi proposto A resposta a estas perguntas bem como o meacuterito do falsificacionismo constituem o objetivo deste e dos proacuteximos dois itens
[30] Incluem-se no rol das teorias auxiliares como veremos oportunamente as teorias
transcendentais frequumlentemente conotadas por experiecircncias de pensamento As prediccedilotildees e as hipoacuteteses ou teorias auxiliares satildeo teorias geradas utilizando-se do proacuteprio argumento dedutivista esquematizado na figura 3 Neste caso o foco de atenccedilatildeo inicial frac34representado na figura como observaccedilatildeofrac34 eacute nada mais nada menos que a proacutepria teoria que deu origem agrave prediccedilatildeo eou agrave teoria auxiliar Ao valorizar a falseabilidade como criteacuterio a ser adotado
pelos dedutivistas Popper nada mais fez que tentar expandir ou trazer para o domiacutenio da metodologia
cientiacutefica uma praacutetica amplamente utilizada com sucesso em estatiacutestica o criteacuterio de tomada de decisatildeo atraveacutes da
hipoacutetese de nulidade (Ho
O primeiro passo ou estaacutegio no processo de tomada de decisatildeo eacute
definir a hipoacutetese de nulidade (
)
Ho) Formula-se usualmente com o expresso propoacutesito de ser rejeitada Se eacute
29
rejeitada pode-se aceitar a hipoacutetese alternativa (H1) A hipoacutetese
alternativa eacute a definiccedilatildeo operacional da hipoacutetese de pesquisa do
pesquisador A hipoacutetese de pesquisa eacute a prediccedilatildeo deduzida da teoria que estaacute
sendo comprovada [31] A contribuiccedilatildeo de Popper a esse respeito limitou-se agrave ecircnfase que deu agrave importacircncia da procura por hipoacuteteses de
nulidade Ateacute entatildeo este costume estava restrito agrave procura por previsotildees frac34apresentadas via de regra pelo proacuteprio autor da teoriafrac34 eou hipoacuteteses salvadoras frac34levantadas
pelos adeptos da teoria em focofrac34 eou hipoacuteteses assassinas frac34levantadas pelos criacuteticos da teoria em questatildeo As quatro
tecircm uma caracteriacutestica comum satildeo todas teorias falseadoras
A boa teoria dentre outras qualidades [32] e segundo Popper eacute aquela potencialmente geradora de hipoacuteteses
falseadoras e tanto melhor seraacute quanto maior for o risco de ser negada Ela pode ateacute mesmo ser derrubada no primeiro teste a que for submetida o que natildeo invalida o que foi
dito foi uma boa teoria enquanto durou e voltaraacute a ser se conseguir ressurgir das cinzas Dito em outras palavras o criteacuterio para se avaliar a virtude de uma teoria nascente repousa no seu grau de submissatildeo a testes adversos Uma teoria de baixo risco raramente eacute bem vinda [33] e uma
teoria sem risco algum na opiniatildeo de Popper natildeo eacute cientiacutefica e eu iria aleacutem sequer eacute teoria
Levando-se em conta que o criteacuterio falsificacionista peca pela subjetividade deve-se tomar cuidado ao se optar por uma teoria em detrimento de outra pelo fato de a primeira
ser mais falseaacutevel que a segunda Diferentes hipoacuteteses falseadoras devem apresentar pesos diferentes e este peso
mesmo quando bem estimado frequumlentemente o eacute por um processo subjetivo Natildeo eacute raro utilizar-se desta
subjetividade inerente ao falsificacionismo para justificar escolhas feitas segundo criteacuterios poliacuteticos econocircmicos
interesseiros corporativistas ou entatildeo apoiados em princiacutepios outros que tambeacutem deixam a desejar no que diz
respeito agrave eacutetica do cientista 8 Entendendo o falsificacionismo
Suponha que algueacutem deduza a seguinte hipoacutetese H1 As maccedilatildes do Estado de Satildeo Paulo satildeo vermelhas A teoria assim
simulada eacute uma teoria de hipoacutetese uacutenica Percebam que no argumento da hipoacutetese estaacute se admitindo como pressupostos uma infinidade de conceitos tais como fruta maccedilatilde cor
vermelho local Satildeo Paulo Brasil etc Estes pressupostos satildeo o que Severino chama de evidecircncias preacutevias como vimos no item 5 e constituem uma das bases da argumentaccedilatildeo de Chalmers [34] ao contestar os que afirmam que a ciecircncia
comeccedila com a observaccedilatildeo Um exemplo de previsatildeo desta teoria seria as maccedilatildes de
Jundiaiacute devem ser vermelhas tendo em vista que Jundiaiacute se localiza no Estado de Satildeo Paulo
Suponha tambeacutem que algueacutem tenha demonstrado que em condiccedilotildees X outra fruta que natildeo a maccedilatilde e que
originalmente era de determinada cor se modifica e conclui que se a teoria sobre as maccedilatildes for verdadeira ela
deveraacute permanecer verdadeira nas condiccedilotildees X Pode-se entatildeo construir a seguinte hipoacutetese de nulidade Ho Em
condiccedilotildees X obter-se-atildeo em Satildeo Paulo maccedilatildes natildeo
30
vermelhas Esta previsatildeo natildeo decorre da teoria (H1) mas de evidecircncias preacutevias outras e estranhas agrave mesma Se esta
hipoacutetese (Ho) for verificada a hipoacutetese original H1
Seraacute que este simples fato condena a teoria original Para o falsificacionista ingecircnuo sim Para aquele que entendeu e aceitou o significado da afirmaccedilatildeo de Popper citada
neste artigo ao final do
estaraacute falseada
quarto paraacutegrafo do item 5 natildeo Optar por uma teoria natildeo significa crer numa verdade
absoluta Se eu afirmo que Ho eacute verdadeira e consequumlentemente H1 eacute falsa isto natildeo significa que eu
estou atribuindo o grau de veracidade 100 a uma hipoacutetese e 0 agrave outra significa simplesmente que a verificaccedilatildeo experimental me convenceu a optar por uma teoria em
detrimento da outra A opccedilatildeo eacute uma das maneiras pelas quais o cientista expressa a sua feacute na ciecircncia [35] e o
falsificacionismo estabelece normas a lhe orientar nesta opccedilatildeo
Suponha agora que em condiccedilotildees X ou em outra condiccedilatildeo qualquer se encontrem no Estado de Satildeo Paulo maccedilatildes verdes Significa isto que a hipoacutetese H1
Natildeo podemos em satilde consciecircncia dizer que a psicanaacutelise por exemplo natildeo pertenccedila ao campo da ciecircncia pelo simples
fato de uma de suas teorias precursoras ser natildeo falseaacutevel Sequer podemos dizer que o autor dessa ideacuteia natildeo
fosse cientista se eacute verdade que a psicanaacutelise se desenvolveu em cima desta ideacuteia e apesar disso conseguiu
eacute falsa Natildeo Simplesmente ela foi falseada Nada impede que amanhatilde com a evoluccedilatildeo da ciecircncia se descubra que estes frutos verdes a que hoje associamos a ideacuteia maccedilatilde estejam inseridos num
outro contexto e que realmente natildeo sejam maccedilatildes Por que entatildeo se daacute preferecircncia a verificaccedilotildees falseadoras em detrimento das corroboradoras Ora isto nem sempre
acontece conquanto seja esta uma das regras propostas pelo falsificacionismo Por exemplo tanto a teoria da
relatividade quanto a mecacircnica quacircntica satildeo teorias fiacutesicas amplamente aceitas graccedilas a terem sido
corroboradas por previsotildees que se confirmaram e pouco valor se deu a um grande nuacutemero de testes que as falsearam Por outro lado estas duas teorias satildeo concomitantemente aceitas pelos fiacutesicos conquanto existam fortes argumentos
a provar que cada uma destas duas teorias falseia a outra e ambas falseiam a teoria de Maxwell que tambeacutem eacute aceita como verdadeira Certos ou errados neste caso os fiacutesicos modernos dentre os quais se inclui Popper fizeram uma opccedilatildeo contraacuteria agrave norma falsificacionista e natildeo haacute
como criticaacute-los por essa conduta a menos que se pretenda atribuir ao falsificacionismo uma qualidade que ele natildeo
possui a de estabelecer criteacuterios absolutos de veracidade O falsificacionismo presta-se tambeacutem a fomentar o diaacutelogo e a criatividade Neste caso surge quase como que um apelo para que se invista mais em experiecircncias de pensamento um
recurso legiacutetimo e de grande valor em ciecircncia 9 O falsificacionismo como delimitador da ciecircncia
Vimos no item 7 que para Popper uma teoria sem risco algum natildeo eacute cientiacutefica e eu acrescentei sequer eacute teoria Popper quis se aproveitar deste argumento para delimitar a ciecircncia utilizando-se entatildeo do falsificacionismo como
criteacuterio de cientificidade Com esta opccedilatildeo Popper desagradou a muitos e convenceu a poucos ainda que sua
ideacuteia natildeo fosse de todo maacute
31
de alguma forma se impor como ciecircncia muito provavelmente queiramos ou natildeo seu autor contribuiu diretamente para o progresso da ciecircncia Mesmo que hoje algueacutem chegasse a concluir categoricamente pelo caraacuteter natildeo cientiacutefico da psicanaacutelise isto de forma alguma nos autorizaria a hipoteticamente condenaacute-la agrave estagnaccedilatildeo Se um cientista utilizando-se de maus criteacuterios ou ateacute mesmo apoiando-se em dogmas constroacutei de maneira natildeo
cientiacutefica um determinado campo do conhecimento isto natildeo significa que este campo natildeo possa vir a ser estudado cientificamente e que natildeo se possam criteriosamente
aproveitar as conclusotildees de seus estudos Nada impede que uma teoria considerada hoje como natildeo cientiacutefica pelo fato de possuir uma ou mais hipoacuteteses natildeo falseaacuteveis adquira
esse status apoacutes passar por ligeiras reformulaccedilotildees Natildeo podemos assumir que um campo do conhecimento seja natildeo cientiacutefico pelo simples fato de natildeo encontrarmos nele
teorias cientiacuteficas Este posicionamento de Popper a meu ver natildeo se justifica o falsificacionismo natildeo eacute um bom
criteacuterio delimitador da ciecircncia e isto eu espero que tenha ficado claro para o leitor E mais natildeo existem aacutereas natildeo cientiacuteficas mas sim aacutereas onde ainda natildeo foram produzidos conhecimentos cientiacuteficos O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo e pelo menos nesta etapa nada eacute absolutamente corroboraacutevel ou falseaacutevel Podemos ainda
dizer que a ciecircncia natildeo se localiza aqui ou acolaacute sob esse aspecto a ciecircncia natildeo tem fronteiras
10 Enfim a teoria do meacutetodo Nos demais artigos desta seacuterie irei demonstrar ser possiacutevel partindo da regra cientiacutefica fundamental desenvolver uma teoria sobre o meacutetodo cientiacutefico
utilizando-se das trecircs hipoacuteteses seguintes 1 O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo 2 A produccedilatildeo de conhecimentos passa
necessariamente pelas etapas deduccedilatildeo anaacutelise induccedilatildeo e
siacutentese na ordem apresentada 3 Os princiacutepios cientiacuteficos fundamentais satildeo universais
Por questatildeo de simplicidade subdividirei o estudo do meacutetodo em trecircs etapas correspondentes a cada uma das hipoacuteteses 1) o estudo do macromeacutetodo cientiacutefico 2) o estudo do meacutetodo cientiacutefico propriamente dito e 3) o estudo do micromeacutetodo cientiacutefico Os toacutepicos nos quais
desenvolverei estas etapas estatildeo em fase de projeto natildeo havendo portanto previsatildeo quanto agrave eacutepoca de publicaccedilatildeo
Meacutetodo cientiacutefico
Origem Wikipeacutedia a enciclopeacutedia livre
A palavra meacutetodo vem do grego meacutethodos (caminho para chegar a um fim) O meacutetodo cientiacutefico eacute um conjunto de regras baacutesicas para desenvolver uma experiecircncia a fim de produzir novo conhecimento bem como corrigir e integrar conhecimentos preacute-existentes Na maioria das disciplinas cientiacuteficas consiste em juntar evidecircncias observaacuteveis empiacutericas (ou seja baseadas apenas na experiecircncia) e
mensuraacuteveis e as analisar com o uso da loacutegica Para muitos autores o meacutetodo cientiacutefico nada mais eacute do que a loacutegica
32
aplicada agrave ciecircncia (Haddad) Metodologia literalmente refere-se ao estudo dos meacutetodos e especialmente do meacutetodo da ciecircncia que se supotildee universal Embora procedimentos variem de uma aacuterea da
ciecircncia para outra (as disciplinas cientiacuteficas) diferenciadas por seus distintos objetos de estudo
consegue-se determinar certos elementos que diferenciam o meacutetodo cientiacutefico de outros meacutetodos (filosoacutefico algoritmo
ndash matemaacutetico etc)
Primeiramente os pesquisadores definem proposiccedilotildees loacutegicas ou suposiccedilotildees (hipoacuteteses) para explicar certos fenocircmenos e observaccedilotildees e entatildeo desenvolvem experimentos que testam essas hipoacuteteses Se confirmadas as hipoacuteteses podem gerar leis e teorias Integrando-se hipoacuteteses de certa aacuterea em uma estrutura coerente de conhecimento contribuiacute-se na
formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bem como coloca as hipoacuteteses em um conjunto de conhecimento maior que satildeo as
leis e teorias reconhecidas consensualmente pela comunidade cientiacutefica eou o
O contexto de uma pesquisa
paradigma de seu tempo Outra caracteriacutestica do meacutetodo eacute que o processo precisa
ser objetivo e o cientista deve ser imparcial na interpretaccedilatildeo dos resultados Sobre a objetividade o seja
atente agraves propriedades do objeto e natildeo do sujeito (subjetividade) eacute conhecida a afirmaccedilatildeo de Hans Selye
pesquisador canadense que formulou a moderna concepccedilatildeo de stress ldquoQuem natildeo sabe o que procura natildeo entende o que encontrardquo referindo-se a necessidade de formulaccedilatildeo de definiccedilotildees precisas (a essecircncia dos conceitos) e que
possam ser respondidas com o simples sim ou natildeo Tanto a imparcialidade (evidecircncia) como a objetividade foram incluiacutedas por Reneacute Descartes (1596 ndash 1649) nas regras
loacutegicas que caracterizam o meacutetodo cientiacutefico Aleacutem disso o procedimento precisa ser documentado tanto no que diz respeito agrave fonte de dados como as regras de anaacutelise para que outros cientistas possam re-analisar reproduzir e verificar a confiabilidade dos resultados Assim se distingue os relatos cientiacuteficos (artigos
monografias teses e dissertaccedilotildees) de um simples estilo (padratildeo) ou arquitetura de texto orientados pelo que caracteriza as normas da Retoacuterica ou estudo do uso persuasivo da linguagem em funccedilatildeo da eloquumlecircncia
Eacute comum o uso da anaacutelise matemaacutetica ou estatiacutestica quando possiacutevel ou aproximaccedilatildeo de modelos abstratos (tipos ideais) e categorias de classificaccedilatildeo a depender do
objetivo da pesquisa (identificar descrever analisar) que pode ser basicamente quantitativa ou qualitativa A divisatildeo da ciecircncia em aacutereas ou distintas disciplinas
cientificas tem levado a tais adequaccedilotildees da metodologia Eacute comum a afirmaccedilatildeo de que em funccedilatildeo da evoluccedilatildeo do meacutetodo
cientifico num extremo temos a fiacutesica e quiacutemica seguida da biologia e por uacuteltimo as ciecircncias sociais psicologia e ciecircncias juriacutedicas quase se aproximando da filosofia e estudo das crenccedilas (senso comum) ou ciecircncias do espiacuterito
(sistemas miacutetico - religiosos) Contudo pesquisadores contemporacircneos vecircem nessas duas abordagens uma oposiccedilatildeo complementar enquanto as pesquisas quantitativas visam descrever e explicar fenocircmenos que produzem regularidades mensuraacuteveis satildeo recorrentes (ou discrepantes) e exteriores ao sujeito
33
(objetivos) na pesquisa qualitativa o observador (sujeito) eacute da mesma natureza que o objeto de sua anaacutelise e ele proacuteprio uma parte de sua observaccedilatildeo (o subjetivo)
Eacute importante ter em mente que as pesquisas cientificas relacionam-se com um modelo (paradigmaacutetico) ou uma
constelaccedilatildeo de pressupostos e crenccedilas escalas de valores teacutecnicas e conceitos compartilhados pelos membros de uma determinada comunidade cientiacutefica num determinado momento
histoacuterico
Ciecircncia eacute muito mais uma maneira de pensar do que um corpo de conhecimentos -
Elementos do meacutetodo cientiacutefico
Carl Sagan ciecircncia consiste em agrupar factos para que leis
gerais ou conclusotildees possam ser tiradas deles - Charles Darwin
O meacutetodo cientiacutefico eacute composto dos seguintes elementos bull Caracterizaccedilatildeo - Quantificaccedilotildees observaccedilotildees e
medidas bull Hipoacuteteses - Explicaccedilotildees hipoteacuteticas das observaccedilotildees e
medidas bull Previsotildees - Deduccedilotildees loacutegicas das hipoacuteteses
bull Experimentos - Testes dos trecircs elementos acima O meacutetodo cientiacutefico consiste dos seguintes aspectos bull Observaccedilatildeo - Uma observaccedilatildeo pode ser simples isto eacute
feita a olho nu ou pode exigir a utilizaccedilatildeo de instrumentos apropriados
bull Descriccedilatildeo - O experimento precisa ser replicaacutevel (capaz de ser reproduzido)
bull Previsatildeo - As hipoacuteteses precisam ser vaacutelidas para observaccedilotildees feitas no passado no presente e no
futuro bull Controle - Para maior seguranccedila nas conclusotildees toda
experiecircncia deve ser controlada Experiecircncia controlada eacute aquela que eacute realizada com teacutecnicas que permitem descartar as variaacuteveis passiacuteveis de mascarar
o resultado bull Falseabilidade[1]
bull Explicaccedilatildeo das Causas - Na maioria das aacutereas da Ciecircncia eacute necessaacuterio que haja causalidade Nessas
condiccedilotildees os seguintes requerimentos satildeo vistos como importantes no entendimento cientiacutefico
- toda hipoacutetese tem que ser falseaacutevel ou refutaacutevel Isso natildeo quer dizer que o experimento seja falso mas sim que ele pode ser verificado
contestado Ou seja se ele realmente for falso deve ser possiacutevel provaacute-lo
bull Identificaccedilatildeo das Causas bull Correlaccedilatildeo dos eventos - As causas precisam se
correlacionar com as observaccedilotildees bull Ordem dos eventos - As causas precisam preceder
no tempo os efeitos observados Na aacuterea da sauacutede a natureza da associaccedilatildeo causal foi formulada por Hence e adaptada por Robert Koch em 1877
para demonstraccedilatildeo da relaccedilatildeo causal entre microrganismos e patologias consistindo basicamente no enunciado acima ou seja forccedila da associaccedilatildeo (conectividade) sequumlecircncia temporal (assimetria) transitividade (evidecircncia experimental) previsibilidade estabilidade
Uma maneira linearizada e pragmaacutetica de apresentar os quatro pontos acima estaacute exposto a seguir passo-a-passo
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Vale a pena notar que eacute apenas um exemplo natildeo sendo obrigatoacuterio a existecircncia de todos esses passos Na
verdade na maioria dos casos natildeo se segue todos esses passos ou mesmo parte deles O meacutetodo cientiacutefico natildeo eacute
uma receita ele requer inteligecircncia imaginaccedilatildeo e criatividade O importante eacute que os aspectos e elementos
apresentados acima estejam presentes bull Definir o problema
bull Recolhimento de dados bull Proposta de uma hipoacutetese
bull Realizaccedilatildeo de uma experiecircncia controlada para testar a validade da hipoacutetese
bull Anaacutelise dos resultados bull Interpretar os dados e tirar conclusotildees o que serve
para a formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bull Publicaccedilatildeo dos resultados em monografias
dissertaccedilotildees teses artigos ou livros aceitos por universidades e ou reconhecidos pela comunidade
cientiacutefica Observe-se que nem todas as hipoacutetese podem ser confirmadas
ou refutadas por experimentos e que em muitas aacutereas do conhecimento o recolhimento de dados e a tentativas de interpretaacute-los jaacute eacute uma grande tarefa como nas ciecircncias
humanas e juriacutedicas (criminologia)
Ciecircncias humanas A limitaccedilatildeo eacutetica da realizaccedilatildeo experimentos com seres humanos o estudo das subjetividades ou essencialmente
subjetivo individual e particular psiquismo humano ou a natureza histoacuterica do objeto das ciecircncias sociais conduziram os pensadores a distintos caminhos ou
proposiccedilotildees de estudo para o meacutetodo cientiacutefico Contudo parafraseando Minayoldquouma base de dados quando bem trabalhada teoacuterica e praticamente produz riqueza de informaccedilotildees aprofundamento e maior fidedignidade
interpretativardquo As principais divergecircncias na anaacutelise dos resultados de pesquisas em ciecircncias sociais ou humanas se datildeo no plano da contextualizaccedilatildeo dos dados ou informaccedilotildees obtidas em campo nos diversos sistemas teoacutericos ou seja conjunto de teorias e leis reconhecidas como consensuais em distintos
momentos histoacutericos eou segmentos das comunidades cientiacuteficas Nas ciecircncias sociais identifica-se trecircs
grandes correntes de pensamentos bull Positivismo Auguste Comte
bull Fenomenologia (Fenomenologia do Espiacuterito Estruturalismo
bull Materialismo dialeacutetico Dialeacutetica Marxismo
A histoacuteria do meacutetodo cientiacutefico se mistura com a histoacuteria da ciecircncia Documentos do
A evoluccedilatildeo do conceito de meacutetodo
Antigo Egito jaacute descrevem meacutetodos de diagnoacutesticos meacutedicos Na cultura da Greacutecia
Antiga os primeiros indiacutecios do meacutetodo cientiacutefico comeccedilam a aparecer Grande avanccedilo no meacutetodo foi feito no comeccedilo da filosofia islacircmica principalmente no uso de experimentos
para decidir entre duas hipoacuteteses Os principios fundamentais do meacutetodo cientiacutefico se consolidaram com o surgimento da Fiacutesica nos seacuteculos XVII e XVIII Francis
Bacon em seu trabalho Novum Organum(1620)-uma referecircncia
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ao Organon de Aristoacuteteles-especifica um novo sistema loacutegico para melhorar o velho processo filosoacutefico do
silogismo A metodologia cientiacutefica tem sua origem no pensamento de
Descartes que foi posteriormente desenvolvimento empiricamente pelo fiacutesico inglecircs Isaac Newton Reneacute Descartes propocircs chegar agrave verdade atraveacutes da duacutevida sistemaacutetica e da decomposiccedilatildeo do problema em pequenas
partes caracteriacutesticas que definiram a base da pesquisa cientiacutefica
Lecirc-se no livro o Discurso do meacutetodo E como a multiplicidade de leis serve frequentemente para escusar os viacutecios de sorte que um estado eacute muito melhor governado quando possuindo poucas elas satildeo aiacute rigorosamente aplicadas assim em lugar de um grande
nuacutemero de preceitosde qua a loacutegica eacute composta acrediteis que jaacute me seriam bastante quatro contanto que tomasse a firme e constante resoluccedilatildeo de natildeo deixar uma vez soacute de
observaacute-los O primeiro consistia em nunca aceitar por verdadeira coisa nenhuma que natildeo conhecesse como evidente isto eacute
devia evitar cuidadosamente a precipitaccedilatildeo e a prevenccedilatildeo e nada incluir em meus juizos que natildeo se apresentasse tatildeo claramente e tatildeo distintamente ao meu espiacuterito que natildeo
tivesse nenhuma ocasiatildeo de o por em duacutevida O segundo ndash dividir cada uma das dificuldades que
examinasse em tantas parcelas quantas pudesse ser e fossem exigidas para melhor compreendecirc-las
O terceiro ndash conduzir por ordem os meus pensamento comeccedilando pelos objetos mais simples e faacuteceis de serem conhecidos para subir pouco a pouco como por degraus ateacute o conhecimento dos mais compostos e supondo mesmo
certa ordem entre os que natildeo se precedem naturalmente uns aos outros
e o uacuteltimo ndash fazer sempre enumeraccedilotildees tatildeo completas e revisotildees tatildeo gerais que ficasse certo de nada
omitir Correntemente estas regras satildeo 1 ndash da evidecircncia 2 ndash da
divisatildeo ou anaacutelise 3 ndash da ordem ou deduccedilatildeo 3 da enumeraccedilatildeo (contar especificar) classificaccedilatildeo
O acidente (serendipity
Eacute comum considerar alguns dos mais importantes avanccedilos na ciecircncia tais como as
)
descobertas da radioatividade por Henri Becquerel ou da penicilina por Alexander Fleming como tendo ocorrido por acidente no entanto o que eacute possiacutevel afirmar agrave luz da observaccedilatildeo cientiacutefica eacute que
teratildeo sido parcialmente acidentais uma vez que as pessoas envolvidas haviam aprendido a pensar cientificamente
estando portanto conscientes de que observaram algo novo e interessante
Os progressos da ciecircncia satildeo acompanhados de muitas horas de trabalho cuidadoso que segue um caminho mais ou menos sistemaacutetico na busca de respostas a questotildees cientiacuteficas
Eacute este o caminho denominado de meacutetodo cientiacutefico
A A hipoacutetese
Hipoacutetese (do gr Hypoacutethesis) eacute uma proposiccedilatildeo que se admite de modo provisoacuterio como princiacutepio do qual se pode
deduzir pelas regras da loacutegica um conjunto dado de proposiccedilotildees ou um mecanismo da experiecircncia a explicar
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Literalmente pode ser compreendida como uma suposiccedilatildeo ou pergunta conjetura que orienta uma investigaccedilatildeo por
antecipar caracteriacutesticas provaacuteveis do objeto investigado e que vale quer pela confirmaccedilatildeo atraveacutes de deduccedilotildees loacutegicas dessas caracteriacutesticas quer pelo encontro de novos caminhos de investigaccedilatildeo (novas hipoacuteteses e novos
experimentos) No meacutetodo cientiacutefico a hipoacutetese eacute o caminho que deve levar agrave formulaccedilatildeo de uma teoria O cientista na sua hipoacutetese tem dois objetivos explicar um fato e prever
outros acontecimentos dele decorrentes (deduzir as consequencias) A hipoacutetese deveraacute ser testada em
experiecircncias laboratoriais controladasSe apoacutes muitas dessas experiecircncias os resultados obtidos pelos
pesquisadores natildeo contrariarem a hipoacutetese entatildeo ela seraacute aceita como uma lei e integrada agrave uma teoria eou sistema
teacuteoacuterico
Referecircncias 1 uarr [PDF] Estudos do meacutetodo cientiacutefico
Ver tambeacutem bull Verdade
bull Falseabilidade bull Karl Popper
bull Filosofia da ciecircncia bull Histoacuteria da ciecircncia
bull Epistemologia bull Loacutegica
bull Aristoacuteteles bull Georg Wilhelm Friedrich Hegel
bull Complexidade bull Reducionismo
bull Navalha de Occam bull Ciecircncia
bull Pseudociecircncia bull Paradigma
bull Paul Feyerabend bull Thomas Kuhn
bull Gaston Bachelard bull Teoria
bull Lei (ciecircncias) bull Hipoacutetese
bull Tese bull Dissertaccedilatildeo
Bibliografia
Becker Howard S Meacutetodos de pesquisa em ciecircncias sociais SP Hucitec 1999
Chizzotti Antonio Pesquisa em ciecircncia humanas e sociais SP Cortez 2006
Comte August Discurso preliminar sobre o espiacuterito positivo
Descartes Reneacute Discurso do meacutetodo (traduccedilatildeo prefaacutecio e notas de Joatildeo Cruz Costa SP Ed de Ouro 1970 disponiacutevel
para download em domiacutenio puacuteblico httpwwwdominiopublico e eBooket
httpwwweBooketnet IntraText Reneacute Descartes - e-books
37
Haddad Nagib Metodologia de estudos em ciecircncias da sauacutede como planejar analisar e apresentar um trabalho
cientiacutefico SP Roca 2004 Minayo Maria C de Souza (org) Deslandes (Suely F
Gomes Romeu Pesquisa social teoria meacutetodo e criatividade Petroacutepolis RJ Vozes 2007
Lakatos Eva Maria Marconi Marina de A Meacutetodologia cientiacutefica SP Atlas 2007
Selye Hans Stress a tensatildeo da vida SP IBRASA 1965
Ligaccedilotildees externas bull Explicando o Meacutetodo Cientiacutefico
bull Prova Cientiacutefica bull Diretrizes para elaboraccedilatildeo de dissertaccedilotildees e teses -
USP bull Centro Cochrane do Brasil
bull Metodologiaorg bull Evidecircnciascom
bull Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq)
bull Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciecircncia bull Lista de Perioacutedicos cientificos brasileiros por
assunto bull SciELO - Scientific Electronic Library Online
bull Perioacutedicos UNESCO bull Ciecircncia Hoje
bull Scientific American - Brasil bull Scientific American
COLCHA DE RETALHOS CIENTIacuteFICA (a realidade natildeo eacute Frankenstein ela eacute uacutenica e funcional)
A realidade segundo a Ciecircncia geral
A senhora Ciecircncia trabalhando com
seus remendos
Drordf Ciecircncia e seu filho
Mary Shelley viu o futuro
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Somos Monstros 6 05 2008
Tudo comeccedilou com um desafio feito a Mary Shelley (1797-1851) entatildeo uma jovem de 21 anos por Lord Byron Na eacutepoca 1918 Byron propocircs a Mary e seu marido que
escrevessem um conto de terror uma maneira de passar o tempo jaacute que suas feacuterias estavam sendo consumidas
intediantemente pelo mau tempo Mary foi a uacuteltima a dar iniacutecio ao seu conto que acabou baseado em um pesadelo que
teve numa daquelas noites de chuva E dentre todos o conto de Shelley foi o que mais surpreendeu e arrepiou Insentivada a continuar Mary Shelley desenvolveu ainda
mais sua histoacuteria e transformou-a em um dos mais conhecidos e celebrados livros da Histoacuteria Frankenstein
Victor Frankenstein era um jovem curioso com sede de conhecimento apaixonado pela ciecircncia intrigado com os segredos da vida e louco para deixar sua marca no mundo Havia aprendido sozinho em casa sobre as fantasias da Alquimia no entanto apenas na universidade ele foi descobrir que toda sua bagagem de conhecimento estava ultrapassada haacute muito Acabou se tornando um aluno
exemplar dedicado agrave quiacutemica e agrave biologia Foi assim que sozinho em seu laboratoacuterio em Ingolstadt Victor deu iniacutecio agrave sua criaccedilatildeo misturando seus conhecimentos
teoacutericos de fisiologia e filosofia natural com princiacutepios de mecacircnica decido a descobrir se o princiacutepio que
mantinha animado o corpo poderia pernecer mesmo apoacutes a morte Como Victor fez isso todos jaacute sabemos deu vida a uma criatura formada por partes de cadaacuteveres de tamanho
descomunal (cerca de 25m de altura) e aparecircncia horripilante E eacute aqui que daacute-se iniacutecio ao grande trunfo
da histoacuteria Ao despertar da Criatura Frankenstein acaba por cair na realidade vendo como era realmente feia sua criaccedilatildeo com
seus membros desproporcionais seu olhos aquosos e amarelos incompleta a ponto de seus tecidos nem sequer
cobrirem todo o corpo deixando agrave mostra muacutesculos e ossos Desesperado e com medo arrependido de sua audaacutecia Victor
abandona sua Criatura decaindo num suacutebito acesso de naacuteusea e lucidez
Pobre Criatura um ser vazio de conhecimentos ignorante em relaccedilatildeo ao conviacutevio social solto num mundo de pessoas
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preconceituosas e indiferentes A personificaccedilatildeo perfeita da famosa teoria de Rousseau a do ldquobom selvagemrdquo que diz
que todo o homem nasce ldquopurordquo e eacute corrompido pela sociedade violenta viciosa e materialista Quem lecirc a
histoacuteria de Frankenstein espera encontrar terror suspense e aventura onde um monstro estaria a solta para destruir e matar No entanto descobre um mundo onde noacutes humanos somos totalmente repugnantes e no qual o uacutenico ser que
realmente tem algum valor eacute o monstro excluiacutedo por todos Poucos livros retratam tatildeo bem a indiferenccedila humana e a nossa mania de dar mais valor agraves aparecircncias do que aos
sentimentos carater e virtudes Mary Shelley escreveu uma autecircntica obra-prima da
literatura universal um romance capaz de despertar no leitor a pena e a compaixatildeo por um monstro e a repugnacircncia
de nossa proacutepria raccedila Uma liccedilatildeo que ainda natildeo foi aprendida mesmo depois de quase 200 anos
Ficha Teacutecnica Tiacutetulo Frankestein (Frankenstein or the Modern
Prometheus) Autor Mary Shalley Paiacutes Inglaterra
Publicaccedilatildeo Original 1818 Publicaccedilatildeo Lida Martin Claret Editora 2001
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como por exemplo o princiacutepio da causalidade de Kant a regra metodoloacutegica de Popper que se associa a seu meacutetodo
dedutivo de prova o princiacutepio ou argumento indutivista e as regras ou criteacuterios de utilidade Como posiccedilotildees
extremas e apoiadas em regras mais riacutegidas podemos citar a visatildeo paradigmaacutetica de Thomas Kuhn a defender o
dogmatismo cientiacutefico o ponto de vista de Chalmers a questionar a argumentaccedilatildeo filosoacutefica no que diz respeito agrave delimitaccedilatildeo da ciecircncia e a visatildeo anarquista de Feyerabend
a se opor frontalmente ao racionalismo em ciecircncia A fim de ilustrar o comentado no paraacutegrafo anterior
vejamos como Thomas Kuhn (1962) --defensor de uma posiccedilatildeo cientiacutefico-filosoacutefica incompatiacutevel com a que aqui pretendo apresentar-- retrata a importacircncia da repetitividade dos eventos como algo a semear o surgimento de novas ideacuteias Existem em princiacutepio somente trecircs tipos de fenocircmenos a propoacutesito dos quais pode ser desenvolvida uma nova teoria O primeiro tipo compreende os fenocircmenos jaacute bem explicados
pelos paradigmas existentes Tais fenocircmenos raramente fornecem motivos ou um ponto de partida para a construccedilatildeo de uma teoria Quando o fazem as teorias resultantes raramente satildeo aceitas visto que a natureza natildeo proporciona nenhuma base para uma discriminaccedilatildeo entre as alternativas Uma segunda classe de fenocircmenos compreende aqueles cuja
natureza eacute indicada pelos paradigmas existentes mas cujos detalhes somente podem ser entendidos apoacutes uma maior
articulaccedilatildeo da teoria Os cientistas dirigem a maior parte de sua pesquisa a esses fenocircmenos mas tal pesquisa visa antes agrave articulaccedilatildeo dos paradigmas existentes do que agrave invenccedilatildeo de novos Somente quando esses esforccedilos de articulaccedilatildeo fracassam eacute que os cientistas encontram o
terceiro tipo de fenocircmeno as anomalias reconhecidas cujo traccedilo caracteriacutestico eacute a sua recusa obstinada a serem
assimiladas aos paradigmas existentes Apenas esse uacuteltimo tipo de fenocircmeno faz surgir novas teorias [8]
Ora se um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se recusou obstinadamente a ser assimilado aos paradigmas
existentes e se esta recusa eacute quem orienta a caracterizaccedilatildeo de novas teorias e mais se a ciecircncia eacute fundamentalmente o conjunto das ideacuteias e teorias geradas pela mente humana bem como a aplicaccedilatildeo pelo homem dessas ideacuteias e teorias em busca de um relacionamento sadio com a natureza e com os seus semelhantes podemos sossegadamente
concluir que ciecircncia eacute o processo pelo qual o homem se relaciona com os fenocircmenos universais que se sujeitam agrave
regra cientiacutefica fundamental 3 O ser cientista
Cientista diz-nos Ferreira (1986) eacute a pessoa que cultiva ou que eacute especialista em alguma ciecircncia ou em ciecircncias
[9] e ciecircncia eacute um processo definido no item anterior Se aceitarmos estas premissas concluiremos que o conhecimento
cientiacutefico eacute aquele factiacutevel de reproduccedilatildeo enquanto o cientista eacute aquele que de alguma forma cultiva esses conhecimentos Eacute importante aqui salientar que muitas
vezes o que se espera reproduzir eacute um dado probabiliacutestico Por exemplo se dissermos que 80 das moleacuteculas de um gaacutes
satildeo do elemento quiacutemico oxigecircnio isto natildeo significa estarmos afirmando ser oxigecircnio esta ou aquela moleacutecula objeto de verificaccedilatildeo experimental o que a regra nos
preconiza eacute que independentemente de qual cientista for tentar reproduzir a medida ou do local escolhido para que
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esta segunda medida seja efetuada observando-se as condiccedilotildees em que a mesma foi realizada anteriormente o
valor obtido concordaraacute com o valor precedente dentro de uma margem de erro tambeacutem estimaacutevel por meacutetodos
experimentais Todos noacutes vez ou outra nos comportamos como cientistas Ser cientista natildeo eacute possuir um roacutetulo mas sim postar-se com uma atitude cientiacutefica por outro lado mesmo aquele que se diz cientista vez ou outra assume atitudes natildeo cientiacuteficas e penetra em terrenos apoiados em regras
proacuteprias ou ateacute mesmo sem regras O roacutetulo eacute frequumlentemente utilizado quando queremos nos referir agraves
pessoas que se utilizam de seus talentos cientiacuteficos como meio de vida seriam entatildeo os cientistas profissionais A filosofia por exemplo eacute um campo de atuaccedilatildeo bem mais
abrangente que aquele ditado pela regra cientiacutefica fundamental Poderiacuteamos dizer que a filosofia comporta a
ciecircncia ainda que esta ideacuteia natildeo agrade a alguns cientistas mas jamais poderiacuteamos dizer e quanto a isso
todos satildeo concordes que a ciecircncia comporta a filosofia O bom cientista utiliza-se da filosofia da mesma forma que a maioria dos indiviacuteduos com sede se utilizam do copo Outras
aacutereas do conhecimento seriam 1) o ocultismo frac34e aqui poderiacuteamos incluir a tiacutetulo de exemplo a alquimia e a astrologia 2) as artes frac34e vale a pena aqui frisar que a arte pode ser encarada cientificamente postura esta que foi frequumlentemente adotada por Leonardo da Vinci [10] e defendida em sua Teoria do Conhecimento 3) a teologia
etc A busca pela verdade que tambeacutem eacute objetivo da grande maioria destas aacutereas natildeo cientiacuteficas segue-se por caminhos nem sempre limitados ou compatiacuteveis com a regra cientiacutefica
fundamental O cultivo da ciecircncia pode se dar atraveacutes da observaccedilatildeo de alguns ou todos dentre seus objetivos nobres quais sejam
1) aquisiccedilatildeo transmissatildeo e aplicaccedilatildeo de conhecimentos cientiacuteficos jaacute sistematizados e 2) produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
de novos conhecimentos Visto sob este acircngulo satildeo cientistas 1) o estudioso eou o professor eou o
profissional bacharel em quaisquer das ciecircncias 2) o tecnoacutelogo 3) o pesquisador em aacutereas cientiacuteficas 4) o
teorizador em ciecircncias 5) e o autor de artigos cientiacuteficos relatando ideacuteias proacuteprias eou revisotildees bibliograacuteficas Sob um ponto de vista mais rigoroso o cientista seria apenas aquele capaz de dominar as teacutecnicas inerentes a todos os
objetivos nobres acima apontados Nem tanto ao ceacuteu nem tanto agrave terra Percebam que jaacute
conceituamos ciecircncia e jaacute conseguimos ir aleacutem a ponto de fornecer dados para que se analise o comportamento daqueles
que trabalham em ciecircncia Observado este comportamento poderiacuteamos assumir como cientistas aqueles que realmente contribuem para o progresso das ciecircncias Adotarei esta
postura mas gostaria de esclarecer conforme seraacute comentado oportunamente que a noccedilatildeo de progresso aqui defendida eacute um pouco mais abrangente do que aquela
preconizada pelos pensadores iluministas [11] que tanto influenciaram os positivistas Aceita esta premissa frac34a de que cientistas satildeo somente aqueles que real e diretamente [12] contribuem para o progresso das ciecircnciasfrac34 suponha que consigamos caracterizar os cientistas assim definidos como aqueles que ao contribuir para o progresso das
ciecircncias se utilizam de um meacutetodo comum a que chamaremos
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meacutetodo cientiacutefico Poderemos entatildeo afirmar e natildeo se trata aqui da busca por uma definiccedilatildeo que o cientista eacute aquele que se utiliza do meacutetodo cientiacutefico o raciociacutenio ciacuteclico da forma como foi agora utilizado estaacute livre de consequumlecircncias funestas Notem com o auxiacutelio da figura 1 a sintetizar as ideacuteias principais aqui focalizadas que do ponto de vista conceitual natildeo estamos andando em ciacuterculo
REGRA CIENTIacuteFICA FUNDAMENTAL
Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu eacute de se admitir que em futuras
verificaccedilotildees o mesmo suceda
DEFINICcedilAtildeO DE CIEcircNCIA
Ciecircncia eacute o processo pelo qual o homem se relaciona com os fenocircmenos universais que se sujeitam agrave regra cientiacutefica
fundamental
OBSERVACcedilAtildeO DO COMPORTAMENTO DOS QUE TRABALHAM EM CIEcircNCIA
VERIFICACcedilAtildeO DE QUE ALGUNS CONTRIBUEM PARA O PROGRESSO DAS CIEcircNCIAS
Cientista eacute todo ser racional que contribui diretamente para o progresso das ciecircncias
CONSTATACcedilAtildeO DE QUE ESTES SE UTILIZAM DE UM MEacuteTODO COMUM
Figura 1 - Para explicaccedilatildeo vide texto Resta-nos entatildeo para que a ideacuteia ganhe em consistecircncia comprovar a existecircncia de um uacutenico meacutetodo cientiacutefico e
isto natildeo parece ser uma tarefa faacutecil Antes de enfrentarmos esta dificuldade vamos verificar como as ideacuteias aqui apresentadas se conformam a conceitos classicamente
adotados como modelos de meacutetodo cientiacutefico
[] Muitos dentre esses toacutepicos satildeo apresentados em um contexto diverso em
Referecircncias
Ensaios sobre a Filosofia da Ciecircncia ou entatildeo em outros artigos expostos acima na
seccedilatildeo Temas relacionados [1] POPPER K R 1956 Acerca da inexistecircncia do meacutetodo
cientiacutefico in Prefaacutecio da ediccedilatildeo de 1956 do livro O realismo e o objetivo da ciecircncia
[2] FERREIRA A B H 1986
Publicaccedilotildees Dom Quixote (traduccedilatildeo) Lisboa 1987 Este prefaacutecio foi lido num
encontro dos Fellows of Center for Advanced Study in the Behavioral Sciences em Stanford Califoacuternia em novembro
de 1956 Novo dicionaacuterio da liacutengua
portuguesa[3] POPPER K R (1959)
Ed Nova Fronteira Rio de Janeiro p 1128 A loacutegica da pesquisa
cientiacutefica Ed Cultrix (traduccedilatildeo 1975) Satildeo Paulo
22
[4] CHALMERS A F 1976 (traduccedilatildeo 1993) O que eacute ciecircncia afinal[5] BEVERIDGE W I B 1980
Ed Brasiliense Satildeo Paulo 225 p Sementes da descoberta
cientiacutefica[6] MESQUITA Fdeg A 1987
Edusp (traduccedilatildeo) Satildeo Paulo Confesso que blefei --
Fiacutesica antiga vs moderna
[7] Perguntas e Debates 1995 item V
editado pela USJT (na eacutepoca Faculdades Satildeo Judas Tadeu) Satildeo Paulo capiacutetulo 13 A
Ciecircncia Existe p 92-8 Sobre Pesquisa e
Filosofia da Ciecircncia p 75 in EspecialIntegraccedilatildeo A pesquisa na universidade particular Integraccedilatildeo
[8] KUHN T S 1962 (traduccedilatildeo 1975)
I(1)51-75 1995 Este ensaio foi tambeacutem apresentado e discutido em palestra (natildeo publicada) que ministrei por ocasiatildeo da
Semana de Filosofia da USJT de 1994 A estrutura das
revoluccedilotildees cientiacuteficas Ed Perspectiva Satildeo Paulo 257 pp capiacutetulo 8 A natureza e a necessidade das revoluccedilotildees
cientiacuteficas[9] FERREIRA 1986 Idem p 404
p 131 [Os grifos satildeo meus]
[10] Leonardo da Vinci in The New Encyclopaedia Britannica Vol 22 (Macropaedia) Enc Brit Inc
Chicago 1993 p 946 (Leonardo as artist-scientist[11] SANTOS G T
) Os caminhos do pensamento cientiacutefico a
partir do Iluminismo Integraccedilatildeo I(5)131-6 1996 conferecircncia proferida por ocasiatildeo da Semana de Filosofia da USJT de 1995 Na sessatildeo de debates Santos dentre outras consideraccedilotildees interessantes a respeito faz a
seguinte observaccedilatildeo O progresso como vai ser definido no Iluminismo eacute uma noccedilatildeo de abandono passa pelo abandono necessaacuterio de coisas que ficaram ou que deveratildeo ficar no
passado[12] O termo diretamente aqui empregado eacute essencial a natildeo ser levado em conta corremos o risco de considerar
como cientistas dentre outros os mecenas que no passado contribuiacuteram de maneira indireta para o progresso
das ciecircncias
O argumento indutivista Uma criacutetica imparcial conquanto demolidora ao
indutivismo eacute apresentada por Chalmers nos trecircs primeiros capiacutetulos de seu livro [13] Veremos aqui apenas alguns toacutepicos interessantes do ponto de vista epistemoloacutegico
eou necessaacuterios para um melhor entendimento da teoria ora sendo apresentada
Um sumaacuterio completo do argumento indutivista da ciecircncia estaacute esquematizado na figura 2 adaptada de Chalmers [14]
Chama a atenccedilatildeo a omissatildeo da deduccedilatildeo de hipoacuteteses o indutivista admite ser possiacutevel partir da observaccedilatildeo e chegar a leis apelando exclusivamente ao raciociacutenio
indutivo O meacutetodo indutivo baseia-se na crenccedila de que eacute possiacutevel confirmar um enunciado universal (lei) atraveacutes de um certo nuacutemero de observaccedilotildees singulares Via de regra
quando se questiona o indutivista a respeito da omissatildeo da hipoacutetese ele logo repete uma frase de Newton Natildeo faccedilo
hipoacuteteses Obviamente este indutivista ingecircnuo ouviu esta frase sabe que foi proferida por Newton mas demonstra
natildeo saber a que Newton estava se referindo A hipoacutetese a que Newton se refere natildeo eacute a mesma que hoje se conceitua nos tratados de metodologia cientiacutefica ou de estatiacutestica Newton deixou bastante claro em sua obra que natildeo fazia como cientista especulaccedilotildees ou conjecturas infundadas No
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que se refere a hipoacuteteses no contexto em que o termo eacute hoje aceito rariacutessimos foram os cientistas que em sua
fase produtiva as levantaram em nuacutemero tal cuja ordem de grandeza se aproximasse daquela atingida por Newton
O argumento indutivista baseia-se na crenccedila no princiacutepio da induccedilatildeo que dentre outras formas pode ser enunciado como Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno
sempre que pesquisado se repetiu em futuras verificaccedilotildees o mesmo sucederaacute
Figura 2 - O argumento indutivista (segundo Chalmers)
[15] Escolhi esta versatildeo para que fique claro o contraste entre o princiacutepio da induccedilatildeo e a regra
cientiacutefica fundamental expliacutecita na figura 1 Trecircs comentaacuterios merecem ser feitos a respeito 1) Conquanto
seja usado como regra metodoloacutegica o princiacutepio da induccedilatildeo natildeo define o nuacutemero de observaccedilotildees singulares a permitir uma generalizaccedilatildeo (obtenccedilatildeo de leis) 2) Esta e outras falhas conceituais inerentes ao argumento indutivista propiciam interpretaccedilotildees ingecircnuas ao princiacutepio conforme
veremos abaixo 3) O princiacutepio sem perder em generalidade no que diz respeito agraves premissas (tem o
mesmo campo de atuaccedilatildeo que a regra cientiacutefica fundamental) e para que possa caracterizar-se como metodoloacutegico e natildeo apenas norteador torna-se mais
restritivo que a regra cientiacutefica fundamental frac34afirma ao inveacutes de suporfrac34 Consequumlentemente os que abraccedilam esta ideologia devem procurar por uma outra definiccedilatildeo de ciecircncia que natildeo a apresentada no item 2 e figura 1 As
consequumlecircncias epistemoloacutegicas daiacute resultantes seratildeo objeto de discussatildeo em itens posteriores
O indutivista ingecircnuo eacute aquele que dentre outras falhas conceituais eou de raciociacutenio consegue provar
cientificamente por exemplo a inexistecircncia de Deus pelo simples fato de Deus natildeo se manifestar a ele tendo em vista que ele natildeo possui uma regra para delimitar a ciecircncia que natildeo seja o princiacutepio da causalidade --natildeo haacute efeito sem causa-- ele tenta inverter o princiacutepio frac34que no caso ficaria natildeo haacute causa sem efeitofrac34 e apelando para o argumento indutivista consegue por meacutetodos cientiacuteficos chegar a conclusotildees natildeo cientiacuteficas frac34no caso teoloacutegicas Mais comum no entanto eacute o erro agora natildeo tatildeo ingecircnuo cometido por alguns indutivistas que conseguem provar cientificamente que todas as maccedilatildes satildeo vermelhas prova esta vaacutelida somente ateacute o dia em que eles se
depararem com maccedilatildes verdes Neste caso a falha decorre da crenccedila num meacutetodo repleto de incoerecircncias internas
5 O argumento dedutivista
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O argumento dedutivista ainda que natildeo isento de criacuteticas representou sem duacutevida alguma uma evoluccedilatildeo no sentido em que propiciou uma metodologia cientiacutefica dotada de
coerecircncia interna A esse respeito eacute dito com frequumlecircncia que o raciociacutenio dedutivo constitui o
argumento da loacutegica A fim de padronizar comparaccedilotildees apresentarei o argumento
dedutivista como apoiado no seguinte princiacutepio Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa para que seja hipoacutetese deveraacute ser
passiacutevel de verificaccedilatildeo observacional A figura 3 ilustra a proposiccedilatildeo deste argumento
Eacute importante observar que nem toda a afirmaccedilatildeo deduzida seraacute uma hipoacutetese motivo pelo qual natildeo utilizamos o argumento loacutegico se e somente se ao enunciarmos o
princiacutepio
Figura 3 - O argumento dedutivista
[16] Em particular eacute de se ressaltar a opiniatildeo de Severino (1994) a respeito
Eacute preciso natildeo confundir hipoacutetese com pressuposto com evidecircncia preacutevia
Hipoacutetese eacute o que se pretende demonstrar e natildeo o que jaacute se tem
demonstrado [17] A loacutegica dedutiva ao caminhar do geral para o particular
nos garante a formulaccedilatildeo de hipoacuteteses e hipoacutetese comprovada atraveacutes de uma observaccedilatildeo controlada (teste eou experiecircncia) nos permite suspeitar atraveacutes de um raciociacutenio indutivo (do singular para o geral) sua condiccedilatildeo de lei Observem o cuidado na colocaccedilatildeo das palavras Eu disse nos permite suspeitar e natildeo nos
permite garantir Por que esse cuidado A experimentaccedilatildeo natildeo nos garante verdades A esse respeito Popper assim se
referiu Natildeo haacute um meacutetodo para determinar se
uma hipoacutetese eacute lsquoprovaacutevelrsquo ou provavelmente verdadeira [18]
Eacute interessante notar que algumas limitaccedilotildees inerentes ao indutivismo e que propiciam o aparecimento de conclusotildees ingecircnuas satildeo aqui substituiacutedas por uma impossibilidade
Sob esse aspecto o dedutivismo natildeo solucionou o problema mas simplesmente reduziu a possibilidade de que se
cometessem determinados raciociacutenios ingecircnuos Rigorosamente falando o problema natildeo eacute tatildeo insoluacutevel
assim Seraacute insoluacutevel tatildeo-somente para aqueles que julgam estar cientificamente buscando por verdades absolutas A verdade cientiacutefica e soacute o leigo talvez natildeo saiba eacute uma
verdade provisoacuteria tomada por empreacutestimo da natureza e da forma como ela se nos aparenta ser As verdades
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cientiacuteficas de hoje seratildeo quando natildeo negadas lapidadas e reformuladas amanhatilde Se chegaremos ou natildeo por meacutetodos
cientiacuteficos agrave verdade absoluta eacute um questionamento que a ciecircncia natildeo estaacute aparelhada para responder E talvez nunca esteja o que natildeo nos impede de que continuemos procurando
pela verdade Popper foi mais aleacutem demonstrando ser impossiacutevel ateacute mesmo probabilizar uma afirmaccedilatildeo comprovada por um
raciociacutenio que siga a metodologia dedutiva (incluindo e eacute aiacute que reside o problema principal do meacutetodo a induccedilatildeo -- vide lado direito da figura 3) A esse respeito Popper
propotildee a substituiccedilatildeo do termo probabilizar por corroborar Uma hipoacutetese seria tanto mais corroboraacutevel quanto mais propiciasse verificaccedilotildees experimentais e teria sido tanto mais corroborada e natildeo haacute como se
atribuir nuacutemeros probabiliacutesticos a esse efeito quanto mais resistisse a essas verificaccedilotildees Siegel (1977
traduccedilatildeo) adota provavelmente com o mesmo objetivo a expressatildeo grau de aceitabilidade
Efetuamos pesquisas a fim de determinar o grau de aceitabilidade de
hipoacuteteses deduzidas de nossas teorias [19]
Esta impossibilidade em garantir um acerto preocupou bastante Popper e certamente foi um dos motivos que o
levou a expandir o argumento dedutivista atraveacutes da proposiccedilatildeo do falsificacionismo a ser apresentado no
item 7 Independentemente das dificuldades apontadas neste e nos itens precedentes a verdade eacute que a ciecircncia progride e este progresso eacute guiado por homens que conhecem o terreno por onde pisam E conquanto todos saibam da natildeo existecircncia em ciecircncia de verdades absolutas da impossibilidade de se
chegar a uma soluccedilatildeo definitiva para os problemas cientiacuteficos e da natildeo existecircncia de provas observacionais irrefutaacuteveis quase todos [20] entendem e concordam com a
afirmaccedilatildeo de GIL (1994) expressa a seguir A pesquisa cientiacutefica inicia-se
sempre com a colocaccedilatildeo de um problema solucionaacutevel O passo seguinte
consiste em oferecer uma soluccedilatildeo possiacutevel atraveacutes de uma proposiccedilatildeo ou seja de uma expressatildeo suscetiacutevel de ser declarada verdadeira ou falsa A
esta proposiccedilatildeo daacute-se o nome de hipoacutetese Assim a hipoacutetese eacute a
proposiccedilatildeo testaacutevel que pode vir a ser a soluccedilatildeo do problema [21]
6 O que eacute teoria Eacute importante salientar que a finalidade primordial da ciecircncia natildeo eacute formular hipoacuteteses e sim sistematizar teorias e que teoria natildeo eacute pura e simplesmente uma
coletacircnea de hipoacuteteses Teoria eacute um conjunto de hipoacuteteses coerentemente interligadas tendo por finalidade explicar
elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio do conhecimento [22] Por que entatildeo os livros de
metodologia insistem em justificar os meacutetodos atraveacutes de hipoacuteteses uacutenicas e via de regra desinteressantes tais
como As maccedilatildes satildeo vermelhas os cisnes satildeo brancos etc A verdade eacute que nem sempre eacute faacutecil encontrar teorias ao mesmo tempo simples e de amplo espectro ou seja que
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possam ser entendidas por leitores das vaacuterias aacutereas do conhecimento Por outro lado os argumentos que corroboram ou derrubam teorias satildeo em princiacutepio idecircnticos aos que corroboram ou derrubam hipoacuteteses frac34poderiacuteamos tambeacutem dizer
que uma hipoacutetese eacute ou simula ser uma teoria cujo conjunto de hipoacuteteses eacute unitaacuterio Em geral a dificuldade inerente ao grau de complexidade de uma teoria pode ser
superada desde que o cientista conheccedila a fundo esta teoria cujo grau de aceitabilidade pretende testar e domine a loacutegica envolvida em situaccedilotildees similares poreacutem simples como aquelas que aparecem nos compecircndios sobre o
assunto A ecircnfase dada pelos textos de metodologia cientiacutefica a meacutetodos relacionados a testes de hipoacuteteses contrasta com a quase ausecircncia de referecircncias a meacutetodos relativos agrave
praacutetica da teorizaccedilatildeo Existem exceccedilotildees a esta regra e eu natildeo poderia deixar de citar [23] os livros de Bunge [24] e de Lacey [25] indicados especialmente para os iniciantes da aacuterea de exatas Embora natildeo especificamente dirigido a esta temaacutetica haacute que se destacar tambeacutem o livro de Bohm e
Peat [26] e que merece ser lido posto que focaliza a essecircncia da problemaacutetica aqui apontada neste caso e por este motivo eacute indicado aos iniciantes de todas as aacutereas A praacutetica da teorizaccedilatildeo com rariacutessimas exceccedilotildees natildeo se
aprende na escola Grandes teorizadores por terem aprendido a utilizar uma teacutecnica natildeo encontrada nos livros tradicionais e que nem mesmo eacute ensinada na maioria dos
regimes de iniciaccedilatildeo cientiacutefica chegaram a ser confundidos com gecircnios Eacute bem possiacutevel que estes gecircnios tenham adquirido esta praacutexis cultuando algum resquiacutecio da
filosofia que a sociedade moderna natildeo conseguiu despedaccedilar
A lacuna acima apontada fomenta a ingenuidade ou ateacute mesmo o charlatanismo multiplicando sobremaneira o nuacutemero dos que sem estarem devidamente preparados para teorizar frac34uma atividade que natildeo eacute elementarfrac34 ainda assim teorizam e teorizam mal frac34fato este que chega a incomodar cientistas de respeito que ocupam postos importantes nas
universidades [27] Por outro lado e em decorrecircncia disto permite que se condene agrave marginalidade cientiacutefica
e por periacuteodos variaacuteveis de tempo todos aqueles que certos ou errados pretendem evoluir seriamente no sentido de atender agrave finalidade uacuteltima da ciecircncia a edificaccedilatildeo de
teorias representacionais Que meacutetodos estes homens seguiram que natildeo a paixatildeo a
devoccedilatildeo a persistecircncia e a crenccedila num espiacuterito universal frac34Espiacuterito este que segundo alguns admitem natildeo estaacute a se
divertir com nossos erros e acertos o que foi sintetizado pelo maior dos gecircnios do seacuteculo XX nas
seguintes palavras Deus natildeo joga dados A resposta nos eacute dada pelo proacuteprio autor desta afirmaccedilatildeo
O alvo de construir uma teoria de campo eletromagneacutetico da mateacuteria
permanece inatingiacutevel por ora embora em princiacutepio nenhuma objeccedilatildeo possa ser levantada contra a possibilidade de vir a se alcanccedilar tal objetivo O que reteve qualquer tentativa posterior nessa direccedilatildeo foi a falta de qualquer meacutetodo sistemaacutetico que levasse a uma
soluccedilatildeo [28]
27
Seraacute que natildeo existem meacutetodos ou regras a serem adotados nesta praacutexis E por falar nisso a praacutetica da teorizaccedilatildeo
natildeo seria uma teorexis [29] Seraacute que teorizar em ciecircncia eacute uma atividade puramente filosoacutefica Natildeo existe uma
metodologia cientiacutefica a orientar aqueles que se preocupam em decifrar os segredos que estatildeo por traacutes dos fenocircmenos que se adaptam agrave regra cientiacutefica fundamental Caso exista
um meacutetodo a ser sistematizado Seria ele diferente do meacutetodo cientiacutefico O que eacute o meacutetodo cientiacutefico
Tentarei dentro do possiacutevel e da finalidade a que me propus ao conceber esta seacuterie de artigos responder
oportunamente eou orientar o leitor se houver como no que diz respeito aos questionamentos aqui assinalados De qualquer forma mais detalhes sobre teoria eou teorizaccedilatildeo seratildeo apresentados no toacutepico IV-b A praacutetica da teorizaccedilatildeo
(em preparo)
[13] CHALMERS A F 1976 Referecircncias
op cit (Voltar pelo browser) pp 23-63
[14] Idem p 28 [15] Esta versatildeo eacute uma adaptaccedilatildeo do princiacutepio da induccedilatildeo
como enunciado por CHALMERS (1976) op cit Se um grande nuacutemero de As foi observado sob uma ampla variedade de condiccedilotildees e se todos esses As observados possuiacuteam sem exceccedilatildeo a propriedade B entatildeo todos os As possuem a propriedade B
[16] Neste caso o princiacutepio ficaria
Aparentes contradiccedilotildees que o iniciante possa descobrir ao comparar os dois enunciados natildeo
comprometem o raciociacutenio que se segue razatildeo pela qual admitirei a equivalecircncia sem justificaacute-la
Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa seraacute hipoacutetese se e somente se for passiacutevel de verificaccedilatildeo
observacional
[17] SEVERINO J S 1994
O primeiro se torna a afirmaccedilatildeo inconsistente
Metodologia do trabalho cientiacutefico[18] POPPER K R 1956
Cortez Editora Satildeo Paulo op cit
[19] SIEGEL S 1977 Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica
[20] Eacute possiacutevel que alguns dentre os indutivistas natildeo concordem com alguns dos termos da afirmaccedilatildeo por motivos que podem ser suspeitados tendo em vista o apresentado
neste e no item anterior
Ed McGraw-Hill do Brasil Ltda Satildeo Paulo p 6
[21] GIL A C 1994 Como elaborar projetos de pesquisas
[22] Em FERREIRA A B H 1986
Editora Atlas S A Satildeo Paulo p 35 [Os grifos satildeo
meus] op cit (Voltar pelo
browser) encontramos uma definiccedilatildeo mais geral a satisfazer tambeacutem o argumento indutivista Teoria eacute um
conjunto de conhecimentos natildeo ingecircnuos que apresentam graus diversos de sistematizaccedilatildeo e credibilidade e que se
propotildeem a explicar elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio de fenocircmenos ou de acontecimentos que se
oferecem agrave atividade praacutetica [23] Os trecircs livros citados a seguir natildeo satildeo os uacutenicos
nos gecircneros assinalados a despeito da disparidade apontada Ao tempo em que registro com estes exemplos a exceccedilatildeo agrave regra presto tambeacutem uma homenagem a autores que ao serem por mim lidos transmutaram em duacutevidas muitas das
respostas a questotildees fundamentais e que eu
28
pretensiosamente julgava possuir [24] BUNGE M Teoria e realidade
[25] LACEY HM 1972
Ed Perspectiva (traduccedilatildeo 1994) Satildeo Paulo
A linguagem do espaccedilo e do tempo
[26] BOHM D e PEAT F D
Ed Perspectiva SA
Ciecircncia ordem e criatividade
[27] A esse respeito vale a pena ler
Gradiva Publicaccedilotildees Ltda (traduccedilatildeo 1989) Lisboa
Cientiacuteficos Chiflados capiacutetulo XIV do livro BERNSTEIN J 1988 Observacioacuten de
la Ciencia[28] EINSTEIN A
Ed Fondo de Cultura Econoacutemica Meacutexico Fiacutesica e realidade in Albert Einstein
Pensamento poliacutetico e uacuteltimas conclusotildees (1983 traduccedilatildeo) Edit Brasiliense S A Satildeo Paulo [O grifo eacute meu]
[29] Este termo eu utilizei pela primeira vez no artigo MESQUITA Fdeg A 1983 Ciecircncia empiacuterica uma arma ou uma daacutediva Faculdade
Antes de mais nada afirmarei sem me alongar que uma teoria adotado o argumento dedutivista pode ser
corroborada ou negada fundamentalmente atraveacutes de um dos trecircs procedimentos seguintes 1) Pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de uma de suas hipoacuteteses 2) pela verificaccedilatildeo ou negaccedilatildeo de uma de suas prediccedilotildees 3) pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de teorias auxiliares deduzidas da teoria principal (teoria em teste ou sob suspeita) as teorias
auxiliares podem ser de trecircs tipos teorias ou hipoacuteteses de nulidade teorias ou hipoacuteteses salvadoras e teorias ou hipoacuteteses assassinas
(Revista do IAMC) ndeg 6 p 28-43 agosto83
7 O falsificacionismo O falsificacionismo natildeo foi proposto como um meacutetodo novo mas sim como um criteacuterio ou conduta a ser ou natildeo adotado por aqueles que se conformam ao meacutetodo dedutivo de prova
Natildeo haacute nada no falsificacionismo do ponto de vista metodoloacutegico que natildeo esteja previsto ou que natildeo decorra naturalmente de uma opccedilatildeo a ser seguida espontaneamente ou natildeo por este ou aquele dedutivista Qual seria entatildeo este criteacuterio Com que finalidade foi proposto A resposta a estas perguntas bem como o meacuterito do falsificacionismo constituem o objetivo deste e dos proacuteximos dois itens
[30] Incluem-se no rol das teorias auxiliares como veremos oportunamente as teorias
transcendentais frequumlentemente conotadas por experiecircncias de pensamento As prediccedilotildees e as hipoacuteteses ou teorias auxiliares satildeo teorias geradas utilizando-se do proacuteprio argumento dedutivista esquematizado na figura 3 Neste caso o foco de atenccedilatildeo inicial frac34representado na figura como observaccedilatildeofrac34 eacute nada mais nada menos que a proacutepria teoria que deu origem agrave prediccedilatildeo eou agrave teoria auxiliar Ao valorizar a falseabilidade como criteacuterio a ser adotado
pelos dedutivistas Popper nada mais fez que tentar expandir ou trazer para o domiacutenio da metodologia
cientiacutefica uma praacutetica amplamente utilizada com sucesso em estatiacutestica o criteacuterio de tomada de decisatildeo atraveacutes da
hipoacutetese de nulidade (Ho
O primeiro passo ou estaacutegio no processo de tomada de decisatildeo eacute
definir a hipoacutetese de nulidade (
)
Ho) Formula-se usualmente com o expresso propoacutesito de ser rejeitada Se eacute
29
rejeitada pode-se aceitar a hipoacutetese alternativa (H1) A hipoacutetese
alternativa eacute a definiccedilatildeo operacional da hipoacutetese de pesquisa do
pesquisador A hipoacutetese de pesquisa eacute a prediccedilatildeo deduzida da teoria que estaacute
sendo comprovada [31] A contribuiccedilatildeo de Popper a esse respeito limitou-se agrave ecircnfase que deu agrave importacircncia da procura por hipoacuteteses de
nulidade Ateacute entatildeo este costume estava restrito agrave procura por previsotildees frac34apresentadas via de regra pelo proacuteprio autor da teoriafrac34 eou hipoacuteteses salvadoras frac34levantadas
pelos adeptos da teoria em focofrac34 eou hipoacuteteses assassinas frac34levantadas pelos criacuteticos da teoria em questatildeo As quatro
tecircm uma caracteriacutestica comum satildeo todas teorias falseadoras
A boa teoria dentre outras qualidades [32] e segundo Popper eacute aquela potencialmente geradora de hipoacuteteses
falseadoras e tanto melhor seraacute quanto maior for o risco de ser negada Ela pode ateacute mesmo ser derrubada no primeiro teste a que for submetida o que natildeo invalida o que foi
dito foi uma boa teoria enquanto durou e voltaraacute a ser se conseguir ressurgir das cinzas Dito em outras palavras o criteacuterio para se avaliar a virtude de uma teoria nascente repousa no seu grau de submissatildeo a testes adversos Uma teoria de baixo risco raramente eacute bem vinda [33] e uma
teoria sem risco algum na opiniatildeo de Popper natildeo eacute cientiacutefica e eu iria aleacutem sequer eacute teoria
Levando-se em conta que o criteacuterio falsificacionista peca pela subjetividade deve-se tomar cuidado ao se optar por uma teoria em detrimento de outra pelo fato de a primeira
ser mais falseaacutevel que a segunda Diferentes hipoacuteteses falseadoras devem apresentar pesos diferentes e este peso
mesmo quando bem estimado frequumlentemente o eacute por um processo subjetivo Natildeo eacute raro utilizar-se desta
subjetividade inerente ao falsificacionismo para justificar escolhas feitas segundo criteacuterios poliacuteticos econocircmicos
interesseiros corporativistas ou entatildeo apoiados em princiacutepios outros que tambeacutem deixam a desejar no que diz
respeito agrave eacutetica do cientista 8 Entendendo o falsificacionismo
Suponha que algueacutem deduza a seguinte hipoacutetese H1 As maccedilatildes do Estado de Satildeo Paulo satildeo vermelhas A teoria assim
simulada eacute uma teoria de hipoacutetese uacutenica Percebam que no argumento da hipoacutetese estaacute se admitindo como pressupostos uma infinidade de conceitos tais como fruta maccedilatilde cor
vermelho local Satildeo Paulo Brasil etc Estes pressupostos satildeo o que Severino chama de evidecircncias preacutevias como vimos no item 5 e constituem uma das bases da argumentaccedilatildeo de Chalmers [34] ao contestar os que afirmam que a ciecircncia
comeccedila com a observaccedilatildeo Um exemplo de previsatildeo desta teoria seria as maccedilatildes de
Jundiaiacute devem ser vermelhas tendo em vista que Jundiaiacute se localiza no Estado de Satildeo Paulo
Suponha tambeacutem que algueacutem tenha demonstrado que em condiccedilotildees X outra fruta que natildeo a maccedilatilde e que
originalmente era de determinada cor se modifica e conclui que se a teoria sobre as maccedilatildes for verdadeira ela
deveraacute permanecer verdadeira nas condiccedilotildees X Pode-se entatildeo construir a seguinte hipoacutetese de nulidade Ho Em
condiccedilotildees X obter-se-atildeo em Satildeo Paulo maccedilatildes natildeo
30
vermelhas Esta previsatildeo natildeo decorre da teoria (H1) mas de evidecircncias preacutevias outras e estranhas agrave mesma Se esta
hipoacutetese (Ho) for verificada a hipoacutetese original H1
Seraacute que este simples fato condena a teoria original Para o falsificacionista ingecircnuo sim Para aquele que entendeu e aceitou o significado da afirmaccedilatildeo de Popper citada
neste artigo ao final do
estaraacute falseada
quarto paraacutegrafo do item 5 natildeo Optar por uma teoria natildeo significa crer numa verdade
absoluta Se eu afirmo que Ho eacute verdadeira e consequumlentemente H1 eacute falsa isto natildeo significa que eu
estou atribuindo o grau de veracidade 100 a uma hipoacutetese e 0 agrave outra significa simplesmente que a verificaccedilatildeo experimental me convenceu a optar por uma teoria em
detrimento da outra A opccedilatildeo eacute uma das maneiras pelas quais o cientista expressa a sua feacute na ciecircncia [35] e o
falsificacionismo estabelece normas a lhe orientar nesta opccedilatildeo
Suponha agora que em condiccedilotildees X ou em outra condiccedilatildeo qualquer se encontrem no Estado de Satildeo Paulo maccedilatildes verdes Significa isto que a hipoacutetese H1
Natildeo podemos em satilde consciecircncia dizer que a psicanaacutelise por exemplo natildeo pertenccedila ao campo da ciecircncia pelo simples
fato de uma de suas teorias precursoras ser natildeo falseaacutevel Sequer podemos dizer que o autor dessa ideacuteia natildeo
fosse cientista se eacute verdade que a psicanaacutelise se desenvolveu em cima desta ideacuteia e apesar disso conseguiu
eacute falsa Natildeo Simplesmente ela foi falseada Nada impede que amanhatilde com a evoluccedilatildeo da ciecircncia se descubra que estes frutos verdes a que hoje associamos a ideacuteia maccedilatilde estejam inseridos num
outro contexto e que realmente natildeo sejam maccedilatildes Por que entatildeo se daacute preferecircncia a verificaccedilotildees falseadoras em detrimento das corroboradoras Ora isto nem sempre
acontece conquanto seja esta uma das regras propostas pelo falsificacionismo Por exemplo tanto a teoria da
relatividade quanto a mecacircnica quacircntica satildeo teorias fiacutesicas amplamente aceitas graccedilas a terem sido
corroboradas por previsotildees que se confirmaram e pouco valor se deu a um grande nuacutemero de testes que as falsearam Por outro lado estas duas teorias satildeo concomitantemente aceitas pelos fiacutesicos conquanto existam fortes argumentos
a provar que cada uma destas duas teorias falseia a outra e ambas falseiam a teoria de Maxwell que tambeacutem eacute aceita como verdadeira Certos ou errados neste caso os fiacutesicos modernos dentre os quais se inclui Popper fizeram uma opccedilatildeo contraacuteria agrave norma falsificacionista e natildeo haacute
como criticaacute-los por essa conduta a menos que se pretenda atribuir ao falsificacionismo uma qualidade que ele natildeo
possui a de estabelecer criteacuterios absolutos de veracidade O falsificacionismo presta-se tambeacutem a fomentar o diaacutelogo e a criatividade Neste caso surge quase como que um apelo para que se invista mais em experiecircncias de pensamento um
recurso legiacutetimo e de grande valor em ciecircncia 9 O falsificacionismo como delimitador da ciecircncia
Vimos no item 7 que para Popper uma teoria sem risco algum natildeo eacute cientiacutefica e eu acrescentei sequer eacute teoria Popper quis se aproveitar deste argumento para delimitar a ciecircncia utilizando-se entatildeo do falsificacionismo como
criteacuterio de cientificidade Com esta opccedilatildeo Popper desagradou a muitos e convenceu a poucos ainda que sua
ideacuteia natildeo fosse de todo maacute
31
de alguma forma se impor como ciecircncia muito provavelmente queiramos ou natildeo seu autor contribuiu diretamente para o progresso da ciecircncia Mesmo que hoje algueacutem chegasse a concluir categoricamente pelo caraacuteter natildeo cientiacutefico da psicanaacutelise isto de forma alguma nos autorizaria a hipoteticamente condenaacute-la agrave estagnaccedilatildeo Se um cientista utilizando-se de maus criteacuterios ou ateacute mesmo apoiando-se em dogmas constroacutei de maneira natildeo
cientiacutefica um determinado campo do conhecimento isto natildeo significa que este campo natildeo possa vir a ser estudado cientificamente e que natildeo se possam criteriosamente
aproveitar as conclusotildees de seus estudos Nada impede que uma teoria considerada hoje como natildeo cientiacutefica pelo fato de possuir uma ou mais hipoacuteteses natildeo falseaacuteveis adquira
esse status apoacutes passar por ligeiras reformulaccedilotildees Natildeo podemos assumir que um campo do conhecimento seja natildeo cientiacutefico pelo simples fato de natildeo encontrarmos nele
teorias cientiacuteficas Este posicionamento de Popper a meu ver natildeo se justifica o falsificacionismo natildeo eacute um bom
criteacuterio delimitador da ciecircncia e isto eu espero que tenha ficado claro para o leitor E mais natildeo existem aacutereas natildeo cientiacuteficas mas sim aacutereas onde ainda natildeo foram produzidos conhecimentos cientiacuteficos O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo e pelo menos nesta etapa nada eacute absolutamente corroboraacutevel ou falseaacutevel Podemos ainda
dizer que a ciecircncia natildeo se localiza aqui ou acolaacute sob esse aspecto a ciecircncia natildeo tem fronteiras
10 Enfim a teoria do meacutetodo Nos demais artigos desta seacuterie irei demonstrar ser possiacutevel partindo da regra cientiacutefica fundamental desenvolver uma teoria sobre o meacutetodo cientiacutefico
utilizando-se das trecircs hipoacuteteses seguintes 1 O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo 2 A produccedilatildeo de conhecimentos passa
necessariamente pelas etapas deduccedilatildeo anaacutelise induccedilatildeo e
siacutentese na ordem apresentada 3 Os princiacutepios cientiacuteficos fundamentais satildeo universais
Por questatildeo de simplicidade subdividirei o estudo do meacutetodo em trecircs etapas correspondentes a cada uma das hipoacuteteses 1) o estudo do macromeacutetodo cientiacutefico 2) o estudo do meacutetodo cientiacutefico propriamente dito e 3) o estudo do micromeacutetodo cientiacutefico Os toacutepicos nos quais
desenvolverei estas etapas estatildeo em fase de projeto natildeo havendo portanto previsatildeo quanto agrave eacutepoca de publicaccedilatildeo
Meacutetodo cientiacutefico
Origem Wikipeacutedia a enciclopeacutedia livre
A palavra meacutetodo vem do grego meacutethodos (caminho para chegar a um fim) O meacutetodo cientiacutefico eacute um conjunto de regras baacutesicas para desenvolver uma experiecircncia a fim de produzir novo conhecimento bem como corrigir e integrar conhecimentos preacute-existentes Na maioria das disciplinas cientiacuteficas consiste em juntar evidecircncias observaacuteveis empiacutericas (ou seja baseadas apenas na experiecircncia) e
mensuraacuteveis e as analisar com o uso da loacutegica Para muitos autores o meacutetodo cientiacutefico nada mais eacute do que a loacutegica
32
aplicada agrave ciecircncia (Haddad) Metodologia literalmente refere-se ao estudo dos meacutetodos e especialmente do meacutetodo da ciecircncia que se supotildee universal Embora procedimentos variem de uma aacuterea da
ciecircncia para outra (as disciplinas cientiacuteficas) diferenciadas por seus distintos objetos de estudo
consegue-se determinar certos elementos que diferenciam o meacutetodo cientiacutefico de outros meacutetodos (filosoacutefico algoritmo
ndash matemaacutetico etc)
Primeiramente os pesquisadores definem proposiccedilotildees loacutegicas ou suposiccedilotildees (hipoacuteteses) para explicar certos fenocircmenos e observaccedilotildees e entatildeo desenvolvem experimentos que testam essas hipoacuteteses Se confirmadas as hipoacuteteses podem gerar leis e teorias Integrando-se hipoacuteteses de certa aacuterea em uma estrutura coerente de conhecimento contribuiacute-se na
formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bem como coloca as hipoacuteteses em um conjunto de conhecimento maior que satildeo as
leis e teorias reconhecidas consensualmente pela comunidade cientiacutefica eou o
O contexto de uma pesquisa
paradigma de seu tempo Outra caracteriacutestica do meacutetodo eacute que o processo precisa
ser objetivo e o cientista deve ser imparcial na interpretaccedilatildeo dos resultados Sobre a objetividade o seja
atente agraves propriedades do objeto e natildeo do sujeito (subjetividade) eacute conhecida a afirmaccedilatildeo de Hans Selye
pesquisador canadense que formulou a moderna concepccedilatildeo de stress ldquoQuem natildeo sabe o que procura natildeo entende o que encontrardquo referindo-se a necessidade de formulaccedilatildeo de definiccedilotildees precisas (a essecircncia dos conceitos) e que
possam ser respondidas com o simples sim ou natildeo Tanto a imparcialidade (evidecircncia) como a objetividade foram incluiacutedas por Reneacute Descartes (1596 ndash 1649) nas regras
loacutegicas que caracterizam o meacutetodo cientiacutefico Aleacutem disso o procedimento precisa ser documentado tanto no que diz respeito agrave fonte de dados como as regras de anaacutelise para que outros cientistas possam re-analisar reproduzir e verificar a confiabilidade dos resultados Assim se distingue os relatos cientiacuteficos (artigos
monografias teses e dissertaccedilotildees) de um simples estilo (padratildeo) ou arquitetura de texto orientados pelo que caracteriza as normas da Retoacuterica ou estudo do uso persuasivo da linguagem em funccedilatildeo da eloquumlecircncia
Eacute comum o uso da anaacutelise matemaacutetica ou estatiacutestica quando possiacutevel ou aproximaccedilatildeo de modelos abstratos (tipos ideais) e categorias de classificaccedilatildeo a depender do
objetivo da pesquisa (identificar descrever analisar) que pode ser basicamente quantitativa ou qualitativa A divisatildeo da ciecircncia em aacutereas ou distintas disciplinas
cientificas tem levado a tais adequaccedilotildees da metodologia Eacute comum a afirmaccedilatildeo de que em funccedilatildeo da evoluccedilatildeo do meacutetodo
cientifico num extremo temos a fiacutesica e quiacutemica seguida da biologia e por uacuteltimo as ciecircncias sociais psicologia e ciecircncias juriacutedicas quase se aproximando da filosofia e estudo das crenccedilas (senso comum) ou ciecircncias do espiacuterito
(sistemas miacutetico - religiosos) Contudo pesquisadores contemporacircneos vecircem nessas duas abordagens uma oposiccedilatildeo complementar enquanto as pesquisas quantitativas visam descrever e explicar fenocircmenos que produzem regularidades mensuraacuteveis satildeo recorrentes (ou discrepantes) e exteriores ao sujeito
33
(objetivos) na pesquisa qualitativa o observador (sujeito) eacute da mesma natureza que o objeto de sua anaacutelise e ele proacuteprio uma parte de sua observaccedilatildeo (o subjetivo)
Eacute importante ter em mente que as pesquisas cientificas relacionam-se com um modelo (paradigmaacutetico) ou uma
constelaccedilatildeo de pressupostos e crenccedilas escalas de valores teacutecnicas e conceitos compartilhados pelos membros de uma determinada comunidade cientiacutefica num determinado momento
histoacuterico
Ciecircncia eacute muito mais uma maneira de pensar do que um corpo de conhecimentos -
Elementos do meacutetodo cientiacutefico
Carl Sagan ciecircncia consiste em agrupar factos para que leis
gerais ou conclusotildees possam ser tiradas deles - Charles Darwin
O meacutetodo cientiacutefico eacute composto dos seguintes elementos bull Caracterizaccedilatildeo - Quantificaccedilotildees observaccedilotildees e
medidas bull Hipoacuteteses - Explicaccedilotildees hipoteacuteticas das observaccedilotildees e
medidas bull Previsotildees - Deduccedilotildees loacutegicas das hipoacuteteses
bull Experimentos - Testes dos trecircs elementos acima O meacutetodo cientiacutefico consiste dos seguintes aspectos bull Observaccedilatildeo - Uma observaccedilatildeo pode ser simples isto eacute
feita a olho nu ou pode exigir a utilizaccedilatildeo de instrumentos apropriados
bull Descriccedilatildeo - O experimento precisa ser replicaacutevel (capaz de ser reproduzido)
bull Previsatildeo - As hipoacuteteses precisam ser vaacutelidas para observaccedilotildees feitas no passado no presente e no
futuro bull Controle - Para maior seguranccedila nas conclusotildees toda
experiecircncia deve ser controlada Experiecircncia controlada eacute aquela que eacute realizada com teacutecnicas que permitem descartar as variaacuteveis passiacuteveis de mascarar
o resultado bull Falseabilidade[1]
bull Explicaccedilatildeo das Causas - Na maioria das aacutereas da Ciecircncia eacute necessaacuterio que haja causalidade Nessas
condiccedilotildees os seguintes requerimentos satildeo vistos como importantes no entendimento cientiacutefico
- toda hipoacutetese tem que ser falseaacutevel ou refutaacutevel Isso natildeo quer dizer que o experimento seja falso mas sim que ele pode ser verificado
contestado Ou seja se ele realmente for falso deve ser possiacutevel provaacute-lo
bull Identificaccedilatildeo das Causas bull Correlaccedilatildeo dos eventos - As causas precisam se
correlacionar com as observaccedilotildees bull Ordem dos eventos - As causas precisam preceder
no tempo os efeitos observados Na aacuterea da sauacutede a natureza da associaccedilatildeo causal foi formulada por Hence e adaptada por Robert Koch em 1877
para demonstraccedilatildeo da relaccedilatildeo causal entre microrganismos e patologias consistindo basicamente no enunciado acima ou seja forccedila da associaccedilatildeo (conectividade) sequumlecircncia temporal (assimetria) transitividade (evidecircncia experimental) previsibilidade estabilidade
Uma maneira linearizada e pragmaacutetica de apresentar os quatro pontos acima estaacute exposto a seguir passo-a-passo
34
Vale a pena notar que eacute apenas um exemplo natildeo sendo obrigatoacuterio a existecircncia de todos esses passos Na
verdade na maioria dos casos natildeo se segue todos esses passos ou mesmo parte deles O meacutetodo cientiacutefico natildeo eacute
uma receita ele requer inteligecircncia imaginaccedilatildeo e criatividade O importante eacute que os aspectos e elementos
apresentados acima estejam presentes bull Definir o problema
bull Recolhimento de dados bull Proposta de uma hipoacutetese
bull Realizaccedilatildeo de uma experiecircncia controlada para testar a validade da hipoacutetese
bull Anaacutelise dos resultados bull Interpretar os dados e tirar conclusotildees o que serve
para a formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bull Publicaccedilatildeo dos resultados em monografias
dissertaccedilotildees teses artigos ou livros aceitos por universidades e ou reconhecidos pela comunidade
cientiacutefica Observe-se que nem todas as hipoacutetese podem ser confirmadas
ou refutadas por experimentos e que em muitas aacutereas do conhecimento o recolhimento de dados e a tentativas de interpretaacute-los jaacute eacute uma grande tarefa como nas ciecircncias
humanas e juriacutedicas (criminologia)
Ciecircncias humanas A limitaccedilatildeo eacutetica da realizaccedilatildeo experimentos com seres humanos o estudo das subjetividades ou essencialmente
subjetivo individual e particular psiquismo humano ou a natureza histoacuterica do objeto das ciecircncias sociais conduziram os pensadores a distintos caminhos ou
proposiccedilotildees de estudo para o meacutetodo cientiacutefico Contudo parafraseando Minayoldquouma base de dados quando bem trabalhada teoacuterica e praticamente produz riqueza de informaccedilotildees aprofundamento e maior fidedignidade
interpretativardquo As principais divergecircncias na anaacutelise dos resultados de pesquisas em ciecircncias sociais ou humanas se datildeo no plano da contextualizaccedilatildeo dos dados ou informaccedilotildees obtidas em campo nos diversos sistemas teoacutericos ou seja conjunto de teorias e leis reconhecidas como consensuais em distintos
momentos histoacutericos eou segmentos das comunidades cientiacuteficas Nas ciecircncias sociais identifica-se trecircs
grandes correntes de pensamentos bull Positivismo Auguste Comte
bull Fenomenologia (Fenomenologia do Espiacuterito Estruturalismo
bull Materialismo dialeacutetico Dialeacutetica Marxismo
A histoacuteria do meacutetodo cientiacutefico se mistura com a histoacuteria da ciecircncia Documentos do
A evoluccedilatildeo do conceito de meacutetodo
Antigo Egito jaacute descrevem meacutetodos de diagnoacutesticos meacutedicos Na cultura da Greacutecia
Antiga os primeiros indiacutecios do meacutetodo cientiacutefico comeccedilam a aparecer Grande avanccedilo no meacutetodo foi feito no comeccedilo da filosofia islacircmica principalmente no uso de experimentos
para decidir entre duas hipoacuteteses Os principios fundamentais do meacutetodo cientiacutefico se consolidaram com o surgimento da Fiacutesica nos seacuteculos XVII e XVIII Francis
Bacon em seu trabalho Novum Organum(1620)-uma referecircncia
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ao Organon de Aristoacuteteles-especifica um novo sistema loacutegico para melhorar o velho processo filosoacutefico do
silogismo A metodologia cientiacutefica tem sua origem no pensamento de
Descartes que foi posteriormente desenvolvimento empiricamente pelo fiacutesico inglecircs Isaac Newton Reneacute Descartes propocircs chegar agrave verdade atraveacutes da duacutevida sistemaacutetica e da decomposiccedilatildeo do problema em pequenas
partes caracteriacutesticas que definiram a base da pesquisa cientiacutefica
Lecirc-se no livro o Discurso do meacutetodo E como a multiplicidade de leis serve frequentemente para escusar os viacutecios de sorte que um estado eacute muito melhor governado quando possuindo poucas elas satildeo aiacute rigorosamente aplicadas assim em lugar de um grande
nuacutemero de preceitosde qua a loacutegica eacute composta acrediteis que jaacute me seriam bastante quatro contanto que tomasse a firme e constante resoluccedilatildeo de natildeo deixar uma vez soacute de
observaacute-los O primeiro consistia em nunca aceitar por verdadeira coisa nenhuma que natildeo conhecesse como evidente isto eacute
devia evitar cuidadosamente a precipitaccedilatildeo e a prevenccedilatildeo e nada incluir em meus juizos que natildeo se apresentasse tatildeo claramente e tatildeo distintamente ao meu espiacuterito que natildeo
tivesse nenhuma ocasiatildeo de o por em duacutevida O segundo ndash dividir cada uma das dificuldades que
examinasse em tantas parcelas quantas pudesse ser e fossem exigidas para melhor compreendecirc-las
O terceiro ndash conduzir por ordem os meus pensamento comeccedilando pelos objetos mais simples e faacuteceis de serem conhecidos para subir pouco a pouco como por degraus ateacute o conhecimento dos mais compostos e supondo mesmo
certa ordem entre os que natildeo se precedem naturalmente uns aos outros
e o uacuteltimo ndash fazer sempre enumeraccedilotildees tatildeo completas e revisotildees tatildeo gerais que ficasse certo de nada
omitir Correntemente estas regras satildeo 1 ndash da evidecircncia 2 ndash da
divisatildeo ou anaacutelise 3 ndash da ordem ou deduccedilatildeo 3 da enumeraccedilatildeo (contar especificar) classificaccedilatildeo
O acidente (serendipity
Eacute comum considerar alguns dos mais importantes avanccedilos na ciecircncia tais como as
)
descobertas da radioatividade por Henri Becquerel ou da penicilina por Alexander Fleming como tendo ocorrido por acidente no entanto o que eacute possiacutevel afirmar agrave luz da observaccedilatildeo cientiacutefica eacute que
teratildeo sido parcialmente acidentais uma vez que as pessoas envolvidas haviam aprendido a pensar cientificamente
estando portanto conscientes de que observaram algo novo e interessante
Os progressos da ciecircncia satildeo acompanhados de muitas horas de trabalho cuidadoso que segue um caminho mais ou menos sistemaacutetico na busca de respostas a questotildees cientiacuteficas
Eacute este o caminho denominado de meacutetodo cientiacutefico
A A hipoacutetese
Hipoacutetese (do gr Hypoacutethesis) eacute uma proposiccedilatildeo que se admite de modo provisoacuterio como princiacutepio do qual se pode
deduzir pelas regras da loacutegica um conjunto dado de proposiccedilotildees ou um mecanismo da experiecircncia a explicar
36
Literalmente pode ser compreendida como uma suposiccedilatildeo ou pergunta conjetura que orienta uma investigaccedilatildeo por
antecipar caracteriacutesticas provaacuteveis do objeto investigado e que vale quer pela confirmaccedilatildeo atraveacutes de deduccedilotildees loacutegicas dessas caracteriacutesticas quer pelo encontro de novos caminhos de investigaccedilatildeo (novas hipoacuteteses e novos
experimentos) No meacutetodo cientiacutefico a hipoacutetese eacute o caminho que deve levar agrave formulaccedilatildeo de uma teoria O cientista na sua hipoacutetese tem dois objetivos explicar um fato e prever
outros acontecimentos dele decorrentes (deduzir as consequencias) A hipoacutetese deveraacute ser testada em
experiecircncias laboratoriais controladasSe apoacutes muitas dessas experiecircncias os resultados obtidos pelos
pesquisadores natildeo contrariarem a hipoacutetese entatildeo ela seraacute aceita como uma lei e integrada agrave uma teoria eou sistema
teacuteoacuterico
Referecircncias 1 uarr [PDF] Estudos do meacutetodo cientiacutefico
Ver tambeacutem bull Verdade
bull Falseabilidade bull Karl Popper
bull Filosofia da ciecircncia bull Histoacuteria da ciecircncia
bull Epistemologia bull Loacutegica
bull Aristoacuteteles bull Georg Wilhelm Friedrich Hegel
bull Complexidade bull Reducionismo
bull Navalha de Occam bull Ciecircncia
bull Pseudociecircncia bull Paradigma
bull Paul Feyerabend bull Thomas Kuhn
bull Gaston Bachelard bull Teoria
bull Lei (ciecircncias) bull Hipoacutetese
bull Tese bull Dissertaccedilatildeo
Bibliografia
Becker Howard S Meacutetodos de pesquisa em ciecircncias sociais SP Hucitec 1999
Chizzotti Antonio Pesquisa em ciecircncia humanas e sociais SP Cortez 2006
Comte August Discurso preliminar sobre o espiacuterito positivo
Descartes Reneacute Discurso do meacutetodo (traduccedilatildeo prefaacutecio e notas de Joatildeo Cruz Costa SP Ed de Ouro 1970 disponiacutevel
para download em domiacutenio puacuteblico httpwwwdominiopublico e eBooket
httpwwweBooketnet IntraText Reneacute Descartes - e-books
37
Haddad Nagib Metodologia de estudos em ciecircncias da sauacutede como planejar analisar e apresentar um trabalho
cientiacutefico SP Roca 2004 Minayo Maria C de Souza (org) Deslandes (Suely F
Gomes Romeu Pesquisa social teoria meacutetodo e criatividade Petroacutepolis RJ Vozes 2007
Lakatos Eva Maria Marconi Marina de A Meacutetodologia cientiacutefica SP Atlas 2007
Selye Hans Stress a tensatildeo da vida SP IBRASA 1965
Ligaccedilotildees externas bull Explicando o Meacutetodo Cientiacutefico
bull Prova Cientiacutefica bull Diretrizes para elaboraccedilatildeo de dissertaccedilotildees e teses -
USP bull Centro Cochrane do Brasil
bull Metodologiaorg bull Evidecircnciascom
bull Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq)
bull Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciecircncia bull Lista de Perioacutedicos cientificos brasileiros por
assunto bull SciELO - Scientific Electronic Library Online
bull Perioacutedicos UNESCO bull Ciecircncia Hoje
bull Scientific American - Brasil bull Scientific American
COLCHA DE RETALHOS CIENTIacuteFICA (a realidade natildeo eacute Frankenstein ela eacute uacutenica e funcional)
A realidade segundo a Ciecircncia geral
A senhora Ciecircncia trabalhando com
seus remendos
Drordf Ciecircncia e seu filho
Mary Shelley viu o futuro
38
Somos Monstros 6 05 2008
Tudo comeccedilou com um desafio feito a Mary Shelley (1797-1851) entatildeo uma jovem de 21 anos por Lord Byron Na eacutepoca 1918 Byron propocircs a Mary e seu marido que
escrevessem um conto de terror uma maneira de passar o tempo jaacute que suas feacuterias estavam sendo consumidas
intediantemente pelo mau tempo Mary foi a uacuteltima a dar iniacutecio ao seu conto que acabou baseado em um pesadelo que
teve numa daquelas noites de chuva E dentre todos o conto de Shelley foi o que mais surpreendeu e arrepiou Insentivada a continuar Mary Shelley desenvolveu ainda
mais sua histoacuteria e transformou-a em um dos mais conhecidos e celebrados livros da Histoacuteria Frankenstein
Victor Frankenstein era um jovem curioso com sede de conhecimento apaixonado pela ciecircncia intrigado com os segredos da vida e louco para deixar sua marca no mundo Havia aprendido sozinho em casa sobre as fantasias da Alquimia no entanto apenas na universidade ele foi descobrir que toda sua bagagem de conhecimento estava ultrapassada haacute muito Acabou se tornando um aluno
exemplar dedicado agrave quiacutemica e agrave biologia Foi assim que sozinho em seu laboratoacuterio em Ingolstadt Victor deu iniacutecio agrave sua criaccedilatildeo misturando seus conhecimentos
teoacutericos de fisiologia e filosofia natural com princiacutepios de mecacircnica decido a descobrir se o princiacutepio que
mantinha animado o corpo poderia pernecer mesmo apoacutes a morte Como Victor fez isso todos jaacute sabemos deu vida a uma criatura formada por partes de cadaacuteveres de tamanho
descomunal (cerca de 25m de altura) e aparecircncia horripilante E eacute aqui que daacute-se iniacutecio ao grande trunfo
da histoacuteria Ao despertar da Criatura Frankenstein acaba por cair na realidade vendo como era realmente feia sua criaccedilatildeo com
seus membros desproporcionais seu olhos aquosos e amarelos incompleta a ponto de seus tecidos nem sequer
cobrirem todo o corpo deixando agrave mostra muacutesculos e ossos Desesperado e com medo arrependido de sua audaacutecia Victor
abandona sua Criatura decaindo num suacutebito acesso de naacuteusea e lucidez
Pobre Criatura um ser vazio de conhecimentos ignorante em relaccedilatildeo ao conviacutevio social solto num mundo de pessoas
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preconceituosas e indiferentes A personificaccedilatildeo perfeita da famosa teoria de Rousseau a do ldquobom selvagemrdquo que diz
que todo o homem nasce ldquopurordquo e eacute corrompido pela sociedade violenta viciosa e materialista Quem lecirc a
histoacuteria de Frankenstein espera encontrar terror suspense e aventura onde um monstro estaria a solta para destruir e matar No entanto descobre um mundo onde noacutes humanos somos totalmente repugnantes e no qual o uacutenico ser que
realmente tem algum valor eacute o monstro excluiacutedo por todos Poucos livros retratam tatildeo bem a indiferenccedila humana e a nossa mania de dar mais valor agraves aparecircncias do que aos
sentimentos carater e virtudes Mary Shelley escreveu uma autecircntica obra-prima da
literatura universal um romance capaz de despertar no leitor a pena e a compaixatildeo por um monstro e a repugnacircncia
de nossa proacutepria raccedila Uma liccedilatildeo que ainda natildeo foi aprendida mesmo depois de quase 200 anos
Ficha Teacutecnica Tiacutetulo Frankestein (Frankenstein or the Modern
Prometheus) Autor Mary Shalley Paiacutes Inglaterra
Publicaccedilatildeo Original 1818 Publicaccedilatildeo Lida Martin Claret Editora 2001
20
esta segunda medida seja efetuada observando-se as condiccedilotildees em que a mesma foi realizada anteriormente o
valor obtido concordaraacute com o valor precedente dentro de uma margem de erro tambeacutem estimaacutevel por meacutetodos
experimentais Todos noacutes vez ou outra nos comportamos como cientistas Ser cientista natildeo eacute possuir um roacutetulo mas sim postar-se com uma atitude cientiacutefica por outro lado mesmo aquele que se diz cientista vez ou outra assume atitudes natildeo cientiacuteficas e penetra em terrenos apoiados em regras
proacuteprias ou ateacute mesmo sem regras O roacutetulo eacute frequumlentemente utilizado quando queremos nos referir agraves
pessoas que se utilizam de seus talentos cientiacuteficos como meio de vida seriam entatildeo os cientistas profissionais A filosofia por exemplo eacute um campo de atuaccedilatildeo bem mais
abrangente que aquele ditado pela regra cientiacutefica fundamental Poderiacuteamos dizer que a filosofia comporta a
ciecircncia ainda que esta ideacuteia natildeo agrade a alguns cientistas mas jamais poderiacuteamos dizer e quanto a isso
todos satildeo concordes que a ciecircncia comporta a filosofia O bom cientista utiliza-se da filosofia da mesma forma que a maioria dos indiviacuteduos com sede se utilizam do copo Outras
aacutereas do conhecimento seriam 1) o ocultismo frac34e aqui poderiacuteamos incluir a tiacutetulo de exemplo a alquimia e a astrologia 2) as artes frac34e vale a pena aqui frisar que a arte pode ser encarada cientificamente postura esta que foi frequumlentemente adotada por Leonardo da Vinci [10] e defendida em sua Teoria do Conhecimento 3) a teologia
etc A busca pela verdade que tambeacutem eacute objetivo da grande maioria destas aacutereas natildeo cientiacuteficas segue-se por caminhos nem sempre limitados ou compatiacuteveis com a regra cientiacutefica
fundamental O cultivo da ciecircncia pode se dar atraveacutes da observaccedilatildeo de alguns ou todos dentre seus objetivos nobres quais sejam
1) aquisiccedilatildeo transmissatildeo e aplicaccedilatildeo de conhecimentos cientiacuteficos jaacute sistematizados e 2) produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
de novos conhecimentos Visto sob este acircngulo satildeo cientistas 1) o estudioso eou o professor eou o
profissional bacharel em quaisquer das ciecircncias 2) o tecnoacutelogo 3) o pesquisador em aacutereas cientiacuteficas 4) o
teorizador em ciecircncias 5) e o autor de artigos cientiacuteficos relatando ideacuteias proacuteprias eou revisotildees bibliograacuteficas Sob um ponto de vista mais rigoroso o cientista seria apenas aquele capaz de dominar as teacutecnicas inerentes a todos os
objetivos nobres acima apontados Nem tanto ao ceacuteu nem tanto agrave terra Percebam que jaacute
conceituamos ciecircncia e jaacute conseguimos ir aleacutem a ponto de fornecer dados para que se analise o comportamento daqueles
que trabalham em ciecircncia Observado este comportamento poderiacuteamos assumir como cientistas aqueles que realmente contribuem para o progresso das ciecircncias Adotarei esta
postura mas gostaria de esclarecer conforme seraacute comentado oportunamente que a noccedilatildeo de progresso aqui defendida eacute um pouco mais abrangente do que aquela
preconizada pelos pensadores iluministas [11] que tanto influenciaram os positivistas Aceita esta premissa frac34a de que cientistas satildeo somente aqueles que real e diretamente [12] contribuem para o progresso das ciecircnciasfrac34 suponha que consigamos caracterizar os cientistas assim definidos como aqueles que ao contribuir para o progresso das
ciecircncias se utilizam de um meacutetodo comum a que chamaremos
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meacutetodo cientiacutefico Poderemos entatildeo afirmar e natildeo se trata aqui da busca por uma definiccedilatildeo que o cientista eacute aquele que se utiliza do meacutetodo cientiacutefico o raciociacutenio ciacuteclico da forma como foi agora utilizado estaacute livre de consequumlecircncias funestas Notem com o auxiacutelio da figura 1 a sintetizar as ideacuteias principais aqui focalizadas que do ponto de vista conceitual natildeo estamos andando em ciacuterculo
REGRA CIENTIacuteFICA FUNDAMENTAL
Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu eacute de se admitir que em futuras
verificaccedilotildees o mesmo suceda
DEFINICcedilAtildeO DE CIEcircNCIA
Ciecircncia eacute o processo pelo qual o homem se relaciona com os fenocircmenos universais que se sujeitam agrave regra cientiacutefica
fundamental
OBSERVACcedilAtildeO DO COMPORTAMENTO DOS QUE TRABALHAM EM CIEcircNCIA
VERIFICACcedilAtildeO DE QUE ALGUNS CONTRIBUEM PARA O PROGRESSO DAS CIEcircNCIAS
Cientista eacute todo ser racional que contribui diretamente para o progresso das ciecircncias
CONSTATACcedilAtildeO DE QUE ESTES SE UTILIZAM DE UM MEacuteTODO COMUM
Figura 1 - Para explicaccedilatildeo vide texto Resta-nos entatildeo para que a ideacuteia ganhe em consistecircncia comprovar a existecircncia de um uacutenico meacutetodo cientiacutefico e
isto natildeo parece ser uma tarefa faacutecil Antes de enfrentarmos esta dificuldade vamos verificar como as ideacuteias aqui apresentadas se conformam a conceitos classicamente
adotados como modelos de meacutetodo cientiacutefico
[] Muitos dentre esses toacutepicos satildeo apresentados em um contexto diverso em
Referecircncias
Ensaios sobre a Filosofia da Ciecircncia ou entatildeo em outros artigos expostos acima na
seccedilatildeo Temas relacionados [1] POPPER K R 1956 Acerca da inexistecircncia do meacutetodo
cientiacutefico in Prefaacutecio da ediccedilatildeo de 1956 do livro O realismo e o objetivo da ciecircncia
[2] FERREIRA A B H 1986
Publicaccedilotildees Dom Quixote (traduccedilatildeo) Lisboa 1987 Este prefaacutecio foi lido num
encontro dos Fellows of Center for Advanced Study in the Behavioral Sciences em Stanford Califoacuternia em novembro
de 1956 Novo dicionaacuterio da liacutengua
portuguesa[3] POPPER K R (1959)
Ed Nova Fronteira Rio de Janeiro p 1128 A loacutegica da pesquisa
cientiacutefica Ed Cultrix (traduccedilatildeo 1975) Satildeo Paulo
22
[4] CHALMERS A F 1976 (traduccedilatildeo 1993) O que eacute ciecircncia afinal[5] BEVERIDGE W I B 1980
Ed Brasiliense Satildeo Paulo 225 p Sementes da descoberta
cientiacutefica[6] MESQUITA Fdeg A 1987
Edusp (traduccedilatildeo) Satildeo Paulo Confesso que blefei --
Fiacutesica antiga vs moderna
[7] Perguntas e Debates 1995 item V
editado pela USJT (na eacutepoca Faculdades Satildeo Judas Tadeu) Satildeo Paulo capiacutetulo 13 A
Ciecircncia Existe p 92-8 Sobre Pesquisa e
Filosofia da Ciecircncia p 75 in EspecialIntegraccedilatildeo A pesquisa na universidade particular Integraccedilatildeo
[8] KUHN T S 1962 (traduccedilatildeo 1975)
I(1)51-75 1995 Este ensaio foi tambeacutem apresentado e discutido em palestra (natildeo publicada) que ministrei por ocasiatildeo da
Semana de Filosofia da USJT de 1994 A estrutura das
revoluccedilotildees cientiacuteficas Ed Perspectiva Satildeo Paulo 257 pp capiacutetulo 8 A natureza e a necessidade das revoluccedilotildees
cientiacuteficas[9] FERREIRA 1986 Idem p 404
p 131 [Os grifos satildeo meus]
[10] Leonardo da Vinci in The New Encyclopaedia Britannica Vol 22 (Macropaedia) Enc Brit Inc
Chicago 1993 p 946 (Leonardo as artist-scientist[11] SANTOS G T
) Os caminhos do pensamento cientiacutefico a
partir do Iluminismo Integraccedilatildeo I(5)131-6 1996 conferecircncia proferida por ocasiatildeo da Semana de Filosofia da USJT de 1995 Na sessatildeo de debates Santos dentre outras consideraccedilotildees interessantes a respeito faz a
seguinte observaccedilatildeo O progresso como vai ser definido no Iluminismo eacute uma noccedilatildeo de abandono passa pelo abandono necessaacuterio de coisas que ficaram ou que deveratildeo ficar no
passado[12] O termo diretamente aqui empregado eacute essencial a natildeo ser levado em conta corremos o risco de considerar
como cientistas dentre outros os mecenas que no passado contribuiacuteram de maneira indireta para o progresso
das ciecircncias
O argumento indutivista Uma criacutetica imparcial conquanto demolidora ao
indutivismo eacute apresentada por Chalmers nos trecircs primeiros capiacutetulos de seu livro [13] Veremos aqui apenas alguns toacutepicos interessantes do ponto de vista epistemoloacutegico
eou necessaacuterios para um melhor entendimento da teoria ora sendo apresentada
Um sumaacuterio completo do argumento indutivista da ciecircncia estaacute esquematizado na figura 2 adaptada de Chalmers [14]
Chama a atenccedilatildeo a omissatildeo da deduccedilatildeo de hipoacuteteses o indutivista admite ser possiacutevel partir da observaccedilatildeo e chegar a leis apelando exclusivamente ao raciociacutenio
indutivo O meacutetodo indutivo baseia-se na crenccedila de que eacute possiacutevel confirmar um enunciado universal (lei) atraveacutes de um certo nuacutemero de observaccedilotildees singulares Via de regra
quando se questiona o indutivista a respeito da omissatildeo da hipoacutetese ele logo repete uma frase de Newton Natildeo faccedilo
hipoacuteteses Obviamente este indutivista ingecircnuo ouviu esta frase sabe que foi proferida por Newton mas demonstra
natildeo saber a que Newton estava se referindo A hipoacutetese a que Newton se refere natildeo eacute a mesma que hoje se conceitua nos tratados de metodologia cientiacutefica ou de estatiacutestica Newton deixou bastante claro em sua obra que natildeo fazia como cientista especulaccedilotildees ou conjecturas infundadas No
23
que se refere a hipoacuteteses no contexto em que o termo eacute hoje aceito rariacutessimos foram os cientistas que em sua
fase produtiva as levantaram em nuacutemero tal cuja ordem de grandeza se aproximasse daquela atingida por Newton
O argumento indutivista baseia-se na crenccedila no princiacutepio da induccedilatildeo que dentre outras formas pode ser enunciado como Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno
sempre que pesquisado se repetiu em futuras verificaccedilotildees o mesmo sucederaacute
Figura 2 - O argumento indutivista (segundo Chalmers)
[15] Escolhi esta versatildeo para que fique claro o contraste entre o princiacutepio da induccedilatildeo e a regra
cientiacutefica fundamental expliacutecita na figura 1 Trecircs comentaacuterios merecem ser feitos a respeito 1) Conquanto
seja usado como regra metodoloacutegica o princiacutepio da induccedilatildeo natildeo define o nuacutemero de observaccedilotildees singulares a permitir uma generalizaccedilatildeo (obtenccedilatildeo de leis) 2) Esta e outras falhas conceituais inerentes ao argumento indutivista propiciam interpretaccedilotildees ingecircnuas ao princiacutepio conforme
veremos abaixo 3) O princiacutepio sem perder em generalidade no que diz respeito agraves premissas (tem o
mesmo campo de atuaccedilatildeo que a regra cientiacutefica fundamental) e para que possa caracterizar-se como metodoloacutegico e natildeo apenas norteador torna-se mais
restritivo que a regra cientiacutefica fundamental frac34afirma ao inveacutes de suporfrac34 Consequumlentemente os que abraccedilam esta ideologia devem procurar por uma outra definiccedilatildeo de ciecircncia que natildeo a apresentada no item 2 e figura 1 As
consequumlecircncias epistemoloacutegicas daiacute resultantes seratildeo objeto de discussatildeo em itens posteriores
O indutivista ingecircnuo eacute aquele que dentre outras falhas conceituais eou de raciociacutenio consegue provar
cientificamente por exemplo a inexistecircncia de Deus pelo simples fato de Deus natildeo se manifestar a ele tendo em vista que ele natildeo possui uma regra para delimitar a ciecircncia que natildeo seja o princiacutepio da causalidade --natildeo haacute efeito sem causa-- ele tenta inverter o princiacutepio frac34que no caso ficaria natildeo haacute causa sem efeitofrac34 e apelando para o argumento indutivista consegue por meacutetodos cientiacuteficos chegar a conclusotildees natildeo cientiacuteficas frac34no caso teoloacutegicas Mais comum no entanto eacute o erro agora natildeo tatildeo ingecircnuo cometido por alguns indutivistas que conseguem provar cientificamente que todas as maccedilatildes satildeo vermelhas prova esta vaacutelida somente ateacute o dia em que eles se
depararem com maccedilatildes verdes Neste caso a falha decorre da crenccedila num meacutetodo repleto de incoerecircncias internas
5 O argumento dedutivista
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O argumento dedutivista ainda que natildeo isento de criacuteticas representou sem duacutevida alguma uma evoluccedilatildeo no sentido em que propiciou uma metodologia cientiacutefica dotada de
coerecircncia interna A esse respeito eacute dito com frequumlecircncia que o raciociacutenio dedutivo constitui o
argumento da loacutegica A fim de padronizar comparaccedilotildees apresentarei o argumento
dedutivista como apoiado no seguinte princiacutepio Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa para que seja hipoacutetese deveraacute ser
passiacutevel de verificaccedilatildeo observacional A figura 3 ilustra a proposiccedilatildeo deste argumento
Eacute importante observar que nem toda a afirmaccedilatildeo deduzida seraacute uma hipoacutetese motivo pelo qual natildeo utilizamos o argumento loacutegico se e somente se ao enunciarmos o
princiacutepio
Figura 3 - O argumento dedutivista
[16] Em particular eacute de se ressaltar a opiniatildeo de Severino (1994) a respeito
Eacute preciso natildeo confundir hipoacutetese com pressuposto com evidecircncia preacutevia
Hipoacutetese eacute o que se pretende demonstrar e natildeo o que jaacute se tem
demonstrado [17] A loacutegica dedutiva ao caminhar do geral para o particular
nos garante a formulaccedilatildeo de hipoacuteteses e hipoacutetese comprovada atraveacutes de uma observaccedilatildeo controlada (teste eou experiecircncia) nos permite suspeitar atraveacutes de um raciociacutenio indutivo (do singular para o geral) sua condiccedilatildeo de lei Observem o cuidado na colocaccedilatildeo das palavras Eu disse nos permite suspeitar e natildeo nos
permite garantir Por que esse cuidado A experimentaccedilatildeo natildeo nos garante verdades A esse respeito Popper assim se
referiu Natildeo haacute um meacutetodo para determinar se
uma hipoacutetese eacute lsquoprovaacutevelrsquo ou provavelmente verdadeira [18]
Eacute interessante notar que algumas limitaccedilotildees inerentes ao indutivismo e que propiciam o aparecimento de conclusotildees ingecircnuas satildeo aqui substituiacutedas por uma impossibilidade
Sob esse aspecto o dedutivismo natildeo solucionou o problema mas simplesmente reduziu a possibilidade de que se
cometessem determinados raciociacutenios ingecircnuos Rigorosamente falando o problema natildeo eacute tatildeo insoluacutevel
assim Seraacute insoluacutevel tatildeo-somente para aqueles que julgam estar cientificamente buscando por verdades absolutas A verdade cientiacutefica e soacute o leigo talvez natildeo saiba eacute uma
verdade provisoacuteria tomada por empreacutestimo da natureza e da forma como ela se nos aparenta ser As verdades
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cientiacuteficas de hoje seratildeo quando natildeo negadas lapidadas e reformuladas amanhatilde Se chegaremos ou natildeo por meacutetodos
cientiacuteficos agrave verdade absoluta eacute um questionamento que a ciecircncia natildeo estaacute aparelhada para responder E talvez nunca esteja o que natildeo nos impede de que continuemos procurando
pela verdade Popper foi mais aleacutem demonstrando ser impossiacutevel ateacute mesmo probabilizar uma afirmaccedilatildeo comprovada por um
raciociacutenio que siga a metodologia dedutiva (incluindo e eacute aiacute que reside o problema principal do meacutetodo a induccedilatildeo -- vide lado direito da figura 3) A esse respeito Popper
propotildee a substituiccedilatildeo do termo probabilizar por corroborar Uma hipoacutetese seria tanto mais corroboraacutevel quanto mais propiciasse verificaccedilotildees experimentais e teria sido tanto mais corroborada e natildeo haacute como se
atribuir nuacutemeros probabiliacutesticos a esse efeito quanto mais resistisse a essas verificaccedilotildees Siegel (1977
traduccedilatildeo) adota provavelmente com o mesmo objetivo a expressatildeo grau de aceitabilidade
Efetuamos pesquisas a fim de determinar o grau de aceitabilidade de
hipoacuteteses deduzidas de nossas teorias [19]
Esta impossibilidade em garantir um acerto preocupou bastante Popper e certamente foi um dos motivos que o
levou a expandir o argumento dedutivista atraveacutes da proposiccedilatildeo do falsificacionismo a ser apresentado no
item 7 Independentemente das dificuldades apontadas neste e nos itens precedentes a verdade eacute que a ciecircncia progride e este progresso eacute guiado por homens que conhecem o terreno por onde pisam E conquanto todos saibam da natildeo existecircncia em ciecircncia de verdades absolutas da impossibilidade de se
chegar a uma soluccedilatildeo definitiva para os problemas cientiacuteficos e da natildeo existecircncia de provas observacionais irrefutaacuteveis quase todos [20] entendem e concordam com a
afirmaccedilatildeo de GIL (1994) expressa a seguir A pesquisa cientiacutefica inicia-se
sempre com a colocaccedilatildeo de um problema solucionaacutevel O passo seguinte
consiste em oferecer uma soluccedilatildeo possiacutevel atraveacutes de uma proposiccedilatildeo ou seja de uma expressatildeo suscetiacutevel de ser declarada verdadeira ou falsa A
esta proposiccedilatildeo daacute-se o nome de hipoacutetese Assim a hipoacutetese eacute a
proposiccedilatildeo testaacutevel que pode vir a ser a soluccedilatildeo do problema [21]
6 O que eacute teoria Eacute importante salientar que a finalidade primordial da ciecircncia natildeo eacute formular hipoacuteteses e sim sistematizar teorias e que teoria natildeo eacute pura e simplesmente uma
coletacircnea de hipoacuteteses Teoria eacute um conjunto de hipoacuteteses coerentemente interligadas tendo por finalidade explicar
elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio do conhecimento [22] Por que entatildeo os livros de
metodologia insistem em justificar os meacutetodos atraveacutes de hipoacuteteses uacutenicas e via de regra desinteressantes tais
como As maccedilatildes satildeo vermelhas os cisnes satildeo brancos etc A verdade eacute que nem sempre eacute faacutecil encontrar teorias ao mesmo tempo simples e de amplo espectro ou seja que
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possam ser entendidas por leitores das vaacuterias aacutereas do conhecimento Por outro lado os argumentos que corroboram ou derrubam teorias satildeo em princiacutepio idecircnticos aos que corroboram ou derrubam hipoacuteteses frac34poderiacuteamos tambeacutem dizer
que uma hipoacutetese eacute ou simula ser uma teoria cujo conjunto de hipoacuteteses eacute unitaacuterio Em geral a dificuldade inerente ao grau de complexidade de uma teoria pode ser
superada desde que o cientista conheccedila a fundo esta teoria cujo grau de aceitabilidade pretende testar e domine a loacutegica envolvida em situaccedilotildees similares poreacutem simples como aquelas que aparecem nos compecircndios sobre o
assunto A ecircnfase dada pelos textos de metodologia cientiacutefica a meacutetodos relacionados a testes de hipoacuteteses contrasta com a quase ausecircncia de referecircncias a meacutetodos relativos agrave
praacutetica da teorizaccedilatildeo Existem exceccedilotildees a esta regra e eu natildeo poderia deixar de citar [23] os livros de Bunge [24] e de Lacey [25] indicados especialmente para os iniciantes da aacuterea de exatas Embora natildeo especificamente dirigido a esta temaacutetica haacute que se destacar tambeacutem o livro de Bohm e
Peat [26] e que merece ser lido posto que focaliza a essecircncia da problemaacutetica aqui apontada neste caso e por este motivo eacute indicado aos iniciantes de todas as aacutereas A praacutetica da teorizaccedilatildeo com rariacutessimas exceccedilotildees natildeo se
aprende na escola Grandes teorizadores por terem aprendido a utilizar uma teacutecnica natildeo encontrada nos livros tradicionais e que nem mesmo eacute ensinada na maioria dos
regimes de iniciaccedilatildeo cientiacutefica chegaram a ser confundidos com gecircnios Eacute bem possiacutevel que estes gecircnios tenham adquirido esta praacutexis cultuando algum resquiacutecio da
filosofia que a sociedade moderna natildeo conseguiu despedaccedilar
A lacuna acima apontada fomenta a ingenuidade ou ateacute mesmo o charlatanismo multiplicando sobremaneira o nuacutemero dos que sem estarem devidamente preparados para teorizar frac34uma atividade que natildeo eacute elementarfrac34 ainda assim teorizam e teorizam mal frac34fato este que chega a incomodar cientistas de respeito que ocupam postos importantes nas
universidades [27] Por outro lado e em decorrecircncia disto permite que se condene agrave marginalidade cientiacutefica
e por periacuteodos variaacuteveis de tempo todos aqueles que certos ou errados pretendem evoluir seriamente no sentido de atender agrave finalidade uacuteltima da ciecircncia a edificaccedilatildeo de
teorias representacionais Que meacutetodos estes homens seguiram que natildeo a paixatildeo a
devoccedilatildeo a persistecircncia e a crenccedila num espiacuterito universal frac34Espiacuterito este que segundo alguns admitem natildeo estaacute a se
divertir com nossos erros e acertos o que foi sintetizado pelo maior dos gecircnios do seacuteculo XX nas
seguintes palavras Deus natildeo joga dados A resposta nos eacute dada pelo proacuteprio autor desta afirmaccedilatildeo
O alvo de construir uma teoria de campo eletromagneacutetico da mateacuteria
permanece inatingiacutevel por ora embora em princiacutepio nenhuma objeccedilatildeo possa ser levantada contra a possibilidade de vir a se alcanccedilar tal objetivo O que reteve qualquer tentativa posterior nessa direccedilatildeo foi a falta de qualquer meacutetodo sistemaacutetico que levasse a uma
soluccedilatildeo [28]
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Seraacute que natildeo existem meacutetodos ou regras a serem adotados nesta praacutexis E por falar nisso a praacutetica da teorizaccedilatildeo
natildeo seria uma teorexis [29] Seraacute que teorizar em ciecircncia eacute uma atividade puramente filosoacutefica Natildeo existe uma
metodologia cientiacutefica a orientar aqueles que se preocupam em decifrar os segredos que estatildeo por traacutes dos fenocircmenos que se adaptam agrave regra cientiacutefica fundamental Caso exista
um meacutetodo a ser sistematizado Seria ele diferente do meacutetodo cientiacutefico O que eacute o meacutetodo cientiacutefico
Tentarei dentro do possiacutevel e da finalidade a que me propus ao conceber esta seacuterie de artigos responder
oportunamente eou orientar o leitor se houver como no que diz respeito aos questionamentos aqui assinalados De qualquer forma mais detalhes sobre teoria eou teorizaccedilatildeo seratildeo apresentados no toacutepico IV-b A praacutetica da teorizaccedilatildeo
(em preparo)
[13] CHALMERS A F 1976 Referecircncias
op cit (Voltar pelo browser) pp 23-63
[14] Idem p 28 [15] Esta versatildeo eacute uma adaptaccedilatildeo do princiacutepio da induccedilatildeo
como enunciado por CHALMERS (1976) op cit Se um grande nuacutemero de As foi observado sob uma ampla variedade de condiccedilotildees e se todos esses As observados possuiacuteam sem exceccedilatildeo a propriedade B entatildeo todos os As possuem a propriedade B
[16] Neste caso o princiacutepio ficaria
Aparentes contradiccedilotildees que o iniciante possa descobrir ao comparar os dois enunciados natildeo
comprometem o raciociacutenio que se segue razatildeo pela qual admitirei a equivalecircncia sem justificaacute-la
Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa seraacute hipoacutetese se e somente se for passiacutevel de verificaccedilatildeo
observacional
[17] SEVERINO J S 1994
O primeiro se torna a afirmaccedilatildeo inconsistente
Metodologia do trabalho cientiacutefico[18] POPPER K R 1956
Cortez Editora Satildeo Paulo op cit
[19] SIEGEL S 1977 Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica
[20] Eacute possiacutevel que alguns dentre os indutivistas natildeo concordem com alguns dos termos da afirmaccedilatildeo por motivos que podem ser suspeitados tendo em vista o apresentado
neste e no item anterior
Ed McGraw-Hill do Brasil Ltda Satildeo Paulo p 6
[21] GIL A C 1994 Como elaborar projetos de pesquisas
[22] Em FERREIRA A B H 1986
Editora Atlas S A Satildeo Paulo p 35 [Os grifos satildeo
meus] op cit (Voltar pelo
browser) encontramos uma definiccedilatildeo mais geral a satisfazer tambeacutem o argumento indutivista Teoria eacute um
conjunto de conhecimentos natildeo ingecircnuos que apresentam graus diversos de sistematizaccedilatildeo e credibilidade e que se
propotildeem a explicar elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio de fenocircmenos ou de acontecimentos que se
oferecem agrave atividade praacutetica [23] Os trecircs livros citados a seguir natildeo satildeo os uacutenicos
nos gecircneros assinalados a despeito da disparidade apontada Ao tempo em que registro com estes exemplos a exceccedilatildeo agrave regra presto tambeacutem uma homenagem a autores que ao serem por mim lidos transmutaram em duacutevidas muitas das
respostas a questotildees fundamentais e que eu
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pretensiosamente julgava possuir [24] BUNGE M Teoria e realidade
[25] LACEY HM 1972
Ed Perspectiva (traduccedilatildeo 1994) Satildeo Paulo
A linguagem do espaccedilo e do tempo
[26] BOHM D e PEAT F D
Ed Perspectiva SA
Ciecircncia ordem e criatividade
[27] A esse respeito vale a pena ler
Gradiva Publicaccedilotildees Ltda (traduccedilatildeo 1989) Lisboa
Cientiacuteficos Chiflados capiacutetulo XIV do livro BERNSTEIN J 1988 Observacioacuten de
la Ciencia[28] EINSTEIN A
Ed Fondo de Cultura Econoacutemica Meacutexico Fiacutesica e realidade in Albert Einstein
Pensamento poliacutetico e uacuteltimas conclusotildees (1983 traduccedilatildeo) Edit Brasiliense S A Satildeo Paulo [O grifo eacute meu]
[29] Este termo eu utilizei pela primeira vez no artigo MESQUITA Fdeg A 1983 Ciecircncia empiacuterica uma arma ou uma daacutediva Faculdade
Antes de mais nada afirmarei sem me alongar que uma teoria adotado o argumento dedutivista pode ser
corroborada ou negada fundamentalmente atraveacutes de um dos trecircs procedimentos seguintes 1) Pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de uma de suas hipoacuteteses 2) pela verificaccedilatildeo ou negaccedilatildeo de uma de suas prediccedilotildees 3) pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de teorias auxiliares deduzidas da teoria principal (teoria em teste ou sob suspeita) as teorias
auxiliares podem ser de trecircs tipos teorias ou hipoacuteteses de nulidade teorias ou hipoacuteteses salvadoras e teorias ou hipoacuteteses assassinas
(Revista do IAMC) ndeg 6 p 28-43 agosto83
7 O falsificacionismo O falsificacionismo natildeo foi proposto como um meacutetodo novo mas sim como um criteacuterio ou conduta a ser ou natildeo adotado por aqueles que se conformam ao meacutetodo dedutivo de prova
Natildeo haacute nada no falsificacionismo do ponto de vista metodoloacutegico que natildeo esteja previsto ou que natildeo decorra naturalmente de uma opccedilatildeo a ser seguida espontaneamente ou natildeo por este ou aquele dedutivista Qual seria entatildeo este criteacuterio Com que finalidade foi proposto A resposta a estas perguntas bem como o meacuterito do falsificacionismo constituem o objetivo deste e dos proacuteximos dois itens
[30] Incluem-se no rol das teorias auxiliares como veremos oportunamente as teorias
transcendentais frequumlentemente conotadas por experiecircncias de pensamento As prediccedilotildees e as hipoacuteteses ou teorias auxiliares satildeo teorias geradas utilizando-se do proacuteprio argumento dedutivista esquematizado na figura 3 Neste caso o foco de atenccedilatildeo inicial frac34representado na figura como observaccedilatildeofrac34 eacute nada mais nada menos que a proacutepria teoria que deu origem agrave prediccedilatildeo eou agrave teoria auxiliar Ao valorizar a falseabilidade como criteacuterio a ser adotado
pelos dedutivistas Popper nada mais fez que tentar expandir ou trazer para o domiacutenio da metodologia
cientiacutefica uma praacutetica amplamente utilizada com sucesso em estatiacutestica o criteacuterio de tomada de decisatildeo atraveacutes da
hipoacutetese de nulidade (Ho
O primeiro passo ou estaacutegio no processo de tomada de decisatildeo eacute
definir a hipoacutetese de nulidade (
)
Ho) Formula-se usualmente com o expresso propoacutesito de ser rejeitada Se eacute
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rejeitada pode-se aceitar a hipoacutetese alternativa (H1) A hipoacutetese
alternativa eacute a definiccedilatildeo operacional da hipoacutetese de pesquisa do
pesquisador A hipoacutetese de pesquisa eacute a prediccedilatildeo deduzida da teoria que estaacute
sendo comprovada [31] A contribuiccedilatildeo de Popper a esse respeito limitou-se agrave ecircnfase que deu agrave importacircncia da procura por hipoacuteteses de
nulidade Ateacute entatildeo este costume estava restrito agrave procura por previsotildees frac34apresentadas via de regra pelo proacuteprio autor da teoriafrac34 eou hipoacuteteses salvadoras frac34levantadas
pelos adeptos da teoria em focofrac34 eou hipoacuteteses assassinas frac34levantadas pelos criacuteticos da teoria em questatildeo As quatro
tecircm uma caracteriacutestica comum satildeo todas teorias falseadoras
A boa teoria dentre outras qualidades [32] e segundo Popper eacute aquela potencialmente geradora de hipoacuteteses
falseadoras e tanto melhor seraacute quanto maior for o risco de ser negada Ela pode ateacute mesmo ser derrubada no primeiro teste a que for submetida o que natildeo invalida o que foi
dito foi uma boa teoria enquanto durou e voltaraacute a ser se conseguir ressurgir das cinzas Dito em outras palavras o criteacuterio para se avaliar a virtude de uma teoria nascente repousa no seu grau de submissatildeo a testes adversos Uma teoria de baixo risco raramente eacute bem vinda [33] e uma
teoria sem risco algum na opiniatildeo de Popper natildeo eacute cientiacutefica e eu iria aleacutem sequer eacute teoria
Levando-se em conta que o criteacuterio falsificacionista peca pela subjetividade deve-se tomar cuidado ao se optar por uma teoria em detrimento de outra pelo fato de a primeira
ser mais falseaacutevel que a segunda Diferentes hipoacuteteses falseadoras devem apresentar pesos diferentes e este peso
mesmo quando bem estimado frequumlentemente o eacute por um processo subjetivo Natildeo eacute raro utilizar-se desta
subjetividade inerente ao falsificacionismo para justificar escolhas feitas segundo criteacuterios poliacuteticos econocircmicos
interesseiros corporativistas ou entatildeo apoiados em princiacutepios outros que tambeacutem deixam a desejar no que diz
respeito agrave eacutetica do cientista 8 Entendendo o falsificacionismo
Suponha que algueacutem deduza a seguinte hipoacutetese H1 As maccedilatildes do Estado de Satildeo Paulo satildeo vermelhas A teoria assim
simulada eacute uma teoria de hipoacutetese uacutenica Percebam que no argumento da hipoacutetese estaacute se admitindo como pressupostos uma infinidade de conceitos tais como fruta maccedilatilde cor
vermelho local Satildeo Paulo Brasil etc Estes pressupostos satildeo o que Severino chama de evidecircncias preacutevias como vimos no item 5 e constituem uma das bases da argumentaccedilatildeo de Chalmers [34] ao contestar os que afirmam que a ciecircncia
comeccedila com a observaccedilatildeo Um exemplo de previsatildeo desta teoria seria as maccedilatildes de
Jundiaiacute devem ser vermelhas tendo em vista que Jundiaiacute se localiza no Estado de Satildeo Paulo
Suponha tambeacutem que algueacutem tenha demonstrado que em condiccedilotildees X outra fruta que natildeo a maccedilatilde e que
originalmente era de determinada cor se modifica e conclui que se a teoria sobre as maccedilatildes for verdadeira ela
deveraacute permanecer verdadeira nas condiccedilotildees X Pode-se entatildeo construir a seguinte hipoacutetese de nulidade Ho Em
condiccedilotildees X obter-se-atildeo em Satildeo Paulo maccedilatildes natildeo
30
vermelhas Esta previsatildeo natildeo decorre da teoria (H1) mas de evidecircncias preacutevias outras e estranhas agrave mesma Se esta
hipoacutetese (Ho) for verificada a hipoacutetese original H1
Seraacute que este simples fato condena a teoria original Para o falsificacionista ingecircnuo sim Para aquele que entendeu e aceitou o significado da afirmaccedilatildeo de Popper citada
neste artigo ao final do
estaraacute falseada
quarto paraacutegrafo do item 5 natildeo Optar por uma teoria natildeo significa crer numa verdade
absoluta Se eu afirmo que Ho eacute verdadeira e consequumlentemente H1 eacute falsa isto natildeo significa que eu
estou atribuindo o grau de veracidade 100 a uma hipoacutetese e 0 agrave outra significa simplesmente que a verificaccedilatildeo experimental me convenceu a optar por uma teoria em
detrimento da outra A opccedilatildeo eacute uma das maneiras pelas quais o cientista expressa a sua feacute na ciecircncia [35] e o
falsificacionismo estabelece normas a lhe orientar nesta opccedilatildeo
Suponha agora que em condiccedilotildees X ou em outra condiccedilatildeo qualquer se encontrem no Estado de Satildeo Paulo maccedilatildes verdes Significa isto que a hipoacutetese H1
Natildeo podemos em satilde consciecircncia dizer que a psicanaacutelise por exemplo natildeo pertenccedila ao campo da ciecircncia pelo simples
fato de uma de suas teorias precursoras ser natildeo falseaacutevel Sequer podemos dizer que o autor dessa ideacuteia natildeo
fosse cientista se eacute verdade que a psicanaacutelise se desenvolveu em cima desta ideacuteia e apesar disso conseguiu
eacute falsa Natildeo Simplesmente ela foi falseada Nada impede que amanhatilde com a evoluccedilatildeo da ciecircncia se descubra que estes frutos verdes a que hoje associamos a ideacuteia maccedilatilde estejam inseridos num
outro contexto e que realmente natildeo sejam maccedilatildes Por que entatildeo se daacute preferecircncia a verificaccedilotildees falseadoras em detrimento das corroboradoras Ora isto nem sempre
acontece conquanto seja esta uma das regras propostas pelo falsificacionismo Por exemplo tanto a teoria da
relatividade quanto a mecacircnica quacircntica satildeo teorias fiacutesicas amplamente aceitas graccedilas a terem sido
corroboradas por previsotildees que se confirmaram e pouco valor se deu a um grande nuacutemero de testes que as falsearam Por outro lado estas duas teorias satildeo concomitantemente aceitas pelos fiacutesicos conquanto existam fortes argumentos
a provar que cada uma destas duas teorias falseia a outra e ambas falseiam a teoria de Maxwell que tambeacutem eacute aceita como verdadeira Certos ou errados neste caso os fiacutesicos modernos dentre os quais se inclui Popper fizeram uma opccedilatildeo contraacuteria agrave norma falsificacionista e natildeo haacute
como criticaacute-los por essa conduta a menos que se pretenda atribuir ao falsificacionismo uma qualidade que ele natildeo
possui a de estabelecer criteacuterios absolutos de veracidade O falsificacionismo presta-se tambeacutem a fomentar o diaacutelogo e a criatividade Neste caso surge quase como que um apelo para que se invista mais em experiecircncias de pensamento um
recurso legiacutetimo e de grande valor em ciecircncia 9 O falsificacionismo como delimitador da ciecircncia
Vimos no item 7 que para Popper uma teoria sem risco algum natildeo eacute cientiacutefica e eu acrescentei sequer eacute teoria Popper quis se aproveitar deste argumento para delimitar a ciecircncia utilizando-se entatildeo do falsificacionismo como
criteacuterio de cientificidade Com esta opccedilatildeo Popper desagradou a muitos e convenceu a poucos ainda que sua
ideacuteia natildeo fosse de todo maacute
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de alguma forma se impor como ciecircncia muito provavelmente queiramos ou natildeo seu autor contribuiu diretamente para o progresso da ciecircncia Mesmo que hoje algueacutem chegasse a concluir categoricamente pelo caraacuteter natildeo cientiacutefico da psicanaacutelise isto de forma alguma nos autorizaria a hipoteticamente condenaacute-la agrave estagnaccedilatildeo Se um cientista utilizando-se de maus criteacuterios ou ateacute mesmo apoiando-se em dogmas constroacutei de maneira natildeo
cientiacutefica um determinado campo do conhecimento isto natildeo significa que este campo natildeo possa vir a ser estudado cientificamente e que natildeo se possam criteriosamente
aproveitar as conclusotildees de seus estudos Nada impede que uma teoria considerada hoje como natildeo cientiacutefica pelo fato de possuir uma ou mais hipoacuteteses natildeo falseaacuteveis adquira
esse status apoacutes passar por ligeiras reformulaccedilotildees Natildeo podemos assumir que um campo do conhecimento seja natildeo cientiacutefico pelo simples fato de natildeo encontrarmos nele
teorias cientiacuteficas Este posicionamento de Popper a meu ver natildeo se justifica o falsificacionismo natildeo eacute um bom
criteacuterio delimitador da ciecircncia e isto eu espero que tenha ficado claro para o leitor E mais natildeo existem aacutereas natildeo cientiacuteficas mas sim aacutereas onde ainda natildeo foram produzidos conhecimentos cientiacuteficos O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo e pelo menos nesta etapa nada eacute absolutamente corroboraacutevel ou falseaacutevel Podemos ainda
dizer que a ciecircncia natildeo se localiza aqui ou acolaacute sob esse aspecto a ciecircncia natildeo tem fronteiras
10 Enfim a teoria do meacutetodo Nos demais artigos desta seacuterie irei demonstrar ser possiacutevel partindo da regra cientiacutefica fundamental desenvolver uma teoria sobre o meacutetodo cientiacutefico
utilizando-se das trecircs hipoacuteteses seguintes 1 O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo 2 A produccedilatildeo de conhecimentos passa
necessariamente pelas etapas deduccedilatildeo anaacutelise induccedilatildeo e
siacutentese na ordem apresentada 3 Os princiacutepios cientiacuteficos fundamentais satildeo universais
Por questatildeo de simplicidade subdividirei o estudo do meacutetodo em trecircs etapas correspondentes a cada uma das hipoacuteteses 1) o estudo do macromeacutetodo cientiacutefico 2) o estudo do meacutetodo cientiacutefico propriamente dito e 3) o estudo do micromeacutetodo cientiacutefico Os toacutepicos nos quais
desenvolverei estas etapas estatildeo em fase de projeto natildeo havendo portanto previsatildeo quanto agrave eacutepoca de publicaccedilatildeo
Meacutetodo cientiacutefico
Origem Wikipeacutedia a enciclopeacutedia livre
A palavra meacutetodo vem do grego meacutethodos (caminho para chegar a um fim) O meacutetodo cientiacutefico eacute um conjunto de regras baacutesicas para desenvolver uma experiecircncia a fim de produzir novo conhecimento bem como corrigir e integrar conhecimentos preacute-existentes Na maioria das disciplinas cientiacuteficas consiste em juntar evidecircncias observaacuteveis empiacutericas (ou seja baseadas apenas na experiecircncia) e
mensuraacuteveis e as analisar com o uso da loacutegica Para muitos autores o meacutetodo cientiacutefico nada mais eacute do que a loacutegica
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aplicada agrave ciecircncia (Haddad) Metodologia literalmente refere-se ao estudo dos meacutetodos e especialmente do meacutetodo da ciecircncia que se supotildee universal Embora procedimentos variem de uma aacuterea da
ciecircncia para outra (as disciplinas cientiacuteficas) diferenciadas por seus distintos objetos de estudo
consegue-se determinar certos elementos que diferenciam o meacutetodo cientiacutefico de outros meacutetodos (filosoacutefico algoritmo
ndash matemaacutetico etc)
Primeiramente os pesquisadores definem proposiccedilotildees loacutegicas ou suposiccedilotildees (hipoacuteteses) para explicar certos fenocircmenos e observaccedilotildees e entatildeo desenvolvem experimentos que testam essas hipoacuteteses Se confirmadas as hipoacuteteses podem gerar leis e teorias Integrando-se hipoacuteteses de certa aacuterea em uma estrutura coerente de conhecimento contribuiacute-se na
formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bem como coloca as hipoacuteteses em um conjunto de conhecimento maior que satildeo as
leis e teorias reconhecidas consensualmente pela comunidade cientiacutefica eou o
O contexto de uma pesquisa
paradigma de seu tempo Outra caracteriacutestica do meacutetodo eacute que o processo precisa
ser objetivo e o cientista deve ser imparcial na interpretaccedilatildeo dos resultados Sobre a objetividade o seja
atente agraves propriedades do objeto e natildeo do sujeito (subjetividade) eacute conhecida a afirmaccedilatildeo de Hans Selye
pesquisador canadense que formulou a moderna concepccedilatildeo de stress ldquoQuem natildeo sabe o que procura natildeo entende o que encontrardquo referindo-se a necessidade de formulaccedilatildeo de definiccedilotildees precisas (a essecircncia dos conceitos) e que
possam ser respondidas com o simples sim ou natildeo Tanto a imparcialidade (evidecircncia) como a objetividade foram incluiacutedas por Reneacute Descartes (1596 ndash 1649) nas regras
loacutegicas que caracterizam o meacutetodo cientiacutefico Aleacutem disso o procedimento precisa ser documentado tanto no que diz respeito agrave fonte de dados como as regras de anaacutelise para que outros cientistas possam re-analisar reproduzir e verificar a confiabilidade dos resultados Assim se distingue os relatos cientiacuteficos (artigos
monografias teses e dissertaccedilotildees) de um simples estilo (padratildeo) ou arquitetura de texto orientados pelo que caracteriza as normas da Retoacuterica ou estudo do uso persuasivo da linguagem em funccedilatildeo da eloquumlecircncia
Eacute comum o uso da anaacutelise matemaacutetica ou estatiacutestica quando possiacutevel ou aproximaccedilatildeo de modelos abstratos (tipos ideais) e categorias de classificaccedilatildeo a depender do
objetivo da pesquisa (identificar descrever analisar) que pode ser basicamente quantitativa ou qualitativa A divisatildeo da ciecircncia em aacutereas ou distintas disciplinas
cientificas tem levado a tais adequaccedilotildees da metodologia Eacute comum a afirmaccedilatildeo de que em funccedilatildeo da evoluccedilatildeo do meacutetodo
cientifico num extremo temos a fiacutesica e quiacutemica seguida da biologia e por uacuteltimo as ciecircncias sociais psicologia e ciecircncias juriacutedicas quase se aproximando da filosofia e estudo das crenccedilas (senso comum) ou ciecircncias do espiacuterito
(sistemas miacutetico - religiosos) Contudo pesquisadores contemporacircneos vecircem nessas duas abordagens uma oposiccedilatildeo complementar enquanto as pesquisas quantitativas visam descrever e explicar fenocircmenos que produzem regularidades mensuraacuteveis satildeo recorrentes (ou discrepantes) e exteriores ao sujeito
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(objetivos) na pesquisa qualitativa o observador (sujeito) eacute da mesma natureza que o objeto de sua anaacutelise e ele proacuteprio uma parte de sua observaccedilatildeo (o subjetivo)
Eacute importante ter em mente que as pesquisas cientificas relacionam-se com um modelo (paradigmaacutetico) ou uma
constelaccedilatildeo de pressupostos e crenccedilas escalas de valores teacutecnicas e conceitos compartilhados pelos membros de uma determinada comunidade cientiacutefica num determinado momento
histoacuterico
Ciecircncia eacute muito mais uma maneira de pensar do que um corpo de conhecimentos -
Elementos do meacutetodo cientiacutefico
Carl Sagan ciecircncia consiste em agrupar factos para que leis
gerais ou conclusotildees possam ser tiradas deles - Charles Darwin
O meacutetodo cientiacutefico eacute composto dos seguintes elementos bull Caracterizaccedilatildeo - Quantificaccedilotildees observaccedilotildees e
medidas bull Hipoacuteteses - Explicaccedilotildees hipoteacuteticas das observaccedilotildees e
medidas bull Previsotildees - Deduccedilotildees loacutegicas das hipoacuteteses
bull Experimentos - Testes dos trecircs elementos acima O meacutetodo cientiacutefico consiste dos seguintes aspectos bull Observaccedilatildeo - Uma observaccedilatildeo pode ser simples isto eacute
feita a olho nu ou pode exigir a utilizaccedilatildeo de instrumentos apropriados
bull Descriccedilatildeo - O experimento precisa ser replicaacutevel (capaz de ser reproduzido)
bull Previsatildeo - As hipoacuteteses precisam ser vaacutelidas para observaccedilotildees feitas no passado no presente e no
futuro bull Controle - Para maior seguranccedila nas conclusotildees toda
experiecircncia deve ser controlada Experiecircncia controlada eacute aquela que eacute realizada com teacutecnicas que permitem descartar as variaacuteveis passiacuteveis de mascarar
o resultado bull Falseabilidade[1]
bull Explicaccedilatildeo das Causas - Na maioria das aacutereas da Ciecircncia eacute necessaacuterio que haja causalidade Nessas
condiccedilotildees os seguintes requerimentos satildeo vistos como importantes no entendimento cientiacutefico
- toda hipoacutetese tem que ser falseaacutevel ou refutaacutevel Isso natildeo quer dizer que o experimento seja falso mas sim que ele pode ser verificado
contestado Ou seja se ele realmente for falso deve ser possiacutevel provaacute-lo
bull Identificaccedilatildeo das Causas bull Correlaccedilatildeo dos eventos - As causas precisam se
correlacionar com as observaccedilotildees bull Ordem dos eventos - As causas precisam preceder
no tempo os efeitos observados Na aacuterea da sauacutede a natureza da associaccedilatildeo causal foi formulada por Hence e adaptada por Robert Koch em 1877
para demonstraccedilatildeo da relaccedilatildeo causal entre microrganismos e patologias consistindo basicamente no enunciado acima ou seja forccedila da associaccedilatildeo (conectividade) sequumlecircncia temporal (assimetria) transitividade (evidecircncia experimental) previsibilidade estabilidade
Uma maneira linearizada e pragmaacutetica de apresentar os quatro pontos acima estaacute exposto a seguir passo-a-passo
34
Vale a pena notar que eacute apenas um exemplo natildeo sendo obrigatoacuterio a existecircncia de todos esses passos Na
verdade na maioria dos casos natildeo se segue todos esses passos ou mesmo parte deles O meacutetodo cientiacutefico natildeo eacute
uma receita ele requer inteligecircncia imaginaccedilatildeo e criatividade O importante eacute que os aspectos e elementos
apresentados acima estejam presentes bull Definir o problema
bull Recolhimento de dados bull Proposta de uma hipoacutetese
bull Realizaccedilatildeo de uma experiecircncia controlada para testar a validade da hipoacutetese
bull Anaacutelise dos resultados bull Interpretar os dados e tirar conclusotildees o que serve
para a formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bull Publicaccedilatildeo dos resultados em monografias
dissertaccedilotildees teses artigos ou livros aceitos por universidades e ou reconhecidos pela comunidade
cientiacutefica Observe-se que nem todas as hipoacutetese podem ser confirmadas
ou refutadas por experimentos e que em muitas aacutereas do conhecimento o recolhimento de dados e a tentativas de interpretaacute-los jaacute eacute uma grande tarefa como nas ciecircncias
humanas e juriacutedicas (criminologia)
Ciecircncias humanas A limitaccedilatildeo eacutetica da realizaccedilatildeo experimentos com seres humanos o estudo das subjetividades ou essencialmente
subjetivo individual e particular psiquismo humano ou a natureza histoacuterica do objeto das ciecircncias sociais conduziram os pensadores a distintos caminhos ou
proposiccedilotildees de estudo para o meacutetodo cientiacutefico Contudo parafraseando Minayoldquouma base de dados quando bem trabalhada teoacuterica e praticamente produz riqueza de informaccedilotildees aprofundamento e maior fidedignidade
interpretativardquo As principais divergecircncias na anaacutelise dos resultados de pesquisas em ciecircncias sociais ou humanas se datildeo no plano da contextualizaccedilatildeo dos dados ou informaccedilotildees obtidas em campo nos diversos sistemas teoacutericos ou seja conjunto de teorias e leis reconhecidas como consensuais em distintos
momentos histoacutericos eou segmentos das comunidades cientiacuteficas Nas ciecircncias sociais identifica-se trecircs
grandes correntes de pensamentos bull Positivismo Auguste Comte
bull Fenomenologia (Fenomenologia do Espiacuterito Estruturalismo
bull Materialismo dialeacutetico Dialeacutetica Marxismo
A histoacuteria do meacutetodo cientiacutefico se mistura com a histoacuteria da ciecircncia Documentos do
A evoluccedilatildeo do conceito de meacutetodo
Antigo Egito jaacute descrevem meacutetodos de diagnoacutesticos meacutedicos Na cultura da Greacutecia
Antiga os primeiros indiacutecios do meacutetodo cientiacutefico comeccedilam a aparecer Grande avanccedilo no meacutetodo foi feito no comeccedilo da filosofia islacircmica principalmente no uso de experimentos
para decidir entre duas hipoacuteteses Os principios fundamentais do meacutetodo cientiacutefico se consolidaram com o surgimento da Fiacutesica nos seacuteculos XVII e XVIII Francis
Bacon em seu trabalho Novum Organum(1620)-uma referecircncia
35
ao Organon de Aristoacuteteles-especifica um novo sistema loacutegico para melhorar o velho processo filosoacutefico do
silogismo A metodologia cientiacutefica tem sua origem no pensamento de
Descartes que foi posteriormente desenvolvimento empiricamente pelo fiacutesico inglecircs Isaac Newton Reneacute Descartes propocircs chegar agrave verdade atraveacutes da duacutevida sistemaacutetica e da decomposiccedilatildeo do problema em pequenas
partes caracteriacutesticas que definiram a base da pesquisa cientiacutefica
Lecirc-se no livro o Discurso do meacutetodo E como a multiplicidade de leis serve frequentemente para escusar os viacutecios de sorte que um estado eacute muito melhor governado quando possuindo poucas elas satildeo aiacute rigorosamente aplicadas assim em lugar de um grande
nuacutemero de preceitosde qua a loacutegica eacute composta acrediteis que jaacute me seriam bastante quatro contanto que tomasse a firme e constante resoluccedilatildeo de natildeo deixar uma vez soacute de
observaacute-los O primeiro consistia em nunca aceitar por verdadeira coisa nenhuma que natildeo conhecesse como evidente isto eacute
devia evitar cuidadosamente a precipitaccedilatildeo e a prevenccedilatildeo e nada incluir em meus juizos que natildeo se apresentasse tatildeo claramente e tatildeo distintamente ao meu espiacuterito que natildeo
tivesse nenhuma ocasiatildeo de o por em duacutevida O segundo ndash dividir cada uma das dificuldades que
examinasse em tantas parcelas quantas pudesse ser e fossem exigidas para melhor compreendecirc-las
O terceiro ndash conduzir por ordem os meus pensamento comeccedilando pelos objetos mais simples e faacuteceis de serem conhecidos para subir pouco a pouco como por degraus ateacute o conhecimento dos mais compostos e supondo mesmo
certa ordem entre os que natildeo se precedem naturalmente uns aos outros
e o uacuteltimo ndash fazer sempre enumeraccedilotildees tatildeo completas e revisotildees tatildeo gerais que ficasse certo de nada
omitir Correntemente estas regras satildeo 1 ndash da evidecircncia 2 ndash da
divisatildeo ou anaacutelise 3 ndash da ordem ou deduccedilatildeo 3 da enumeraccedilatildeo (contar especificar) classificaccedilatildeo
O acidente (serendipity
Eacute comum considerar alguns dos mais importantes avanccedilos na ciecircncia tais como as
)
descobertas da radioatividade por Henri Becquerel ou da penicilina por Alexander Fleming como tendo ocorrido por acidente no entanto o que eacute possiacutevel afirmar agrave luz da observaccedilatildeo cientiacutefica eacute que
teratildeo sido parcialmente acidentais uma vez que as pessoas envolvidas haviam aprendido a pensar cientificamente
estando portanto conscientes de que observaram algo novo e interessante
Os progressos da ciecircncia satildeo acompanhados de muitas horas de trabalho cuidadoso que segue um caminho mais ou menos sistemaacutetico na busca de respostas a questotildees cientiacuteficas
Eacute este o caminho denominado de meacutetodo cientiacutefico
A A hipoacutetese
Hipoacutetese (do gr Hypoacutethesis) eacute uma proposiccedilatildeo que se admite de modo provisoacuterio como princiacutepio do qual se pode
deduzir pelas regras da loacutegica um conjunto dado de proposiccedilotildees ou um mecanismo da experiecircncia a explicar
36
Literalmente pode ser compreendida como uma suposiccedilatildeo ou pergunta conjetura que orienta uma investigaccedilatildeo por
antecipar caracteriacutesticas provaacuteveis do objeto investigado e que vale quer pela confirmaccedilatildeo atraveacutes de deduccedilotildees loacutegicas dessas caracteriacutesticas quer pelo encontro de novos caminhos de investigaccedilatildeo (novas hipoacuteteses e novos
experimentos) No meacutetodo cientiacutefico a hipoacutetese eacute o caminho que deve levar agrave formulaccedilatildeo de uma teoria O cientista na sua hipoacutetese tem dois objetivos explicar um fato e prever
outros acontecimentos dele decorrentes (deduzir as consequencias) A hipoacutetese deveraacute ser testada em
experiecircncias laboratoriais controladasSe apoacutes muitas dessas experiecircncias os resultados obtidos pelos
pesquisadores natildeo contrariarem a hipoacutetese entatildeo ela seraacute aceita como uma lei e integrada agrave uma teoria eou sistema
teacuteoacuterico
Referecircncias 1 uarr [PDF] Estudos do meacutetodo cientiacutefico
Ver tambeacutem bull Verdade
bull Falseabilidade bull Karl Popper
bull Filosofia da ciecircncia bull Histoacuteria da ciecircncia
bull Epistemologia bull Loacutegica
bull Aristoacuteteles bull Georg Wilhelm Friedrich Hegel
bull Complexidade bull Reducionismo
bull Navalha de Occam bull Ciecircncia
bull Pseudociecircncia bull Paradigma
bull Paul Feyerabend bull Thomas Kuhn
bull Gaston Bachelard bull Teoria
bull Lei (ciecircncias) bull Hipoacutetese
bull Tese bull Dissertaccedilatildeo
Bibliografia
Becker Howard S Meacutetodos de pesquisa em ciecircncias sociais SP Hucitec 1999
Chizzotti Antonio Pesquisa em ciecircncia humanas e sociais SP Cortez 2006
Comte August Discurso preliminar sobre o espiacuterito positivo
Descartes Reneacute Discurso do meacutetodo (traduccedilatildeo prefaacutecio e notas de Joatildeo Cruz Costa SP Ed de Ouro 1970 disponiacutevel
para download em domiacutenio puacuteblico httpwwwdominiopublico e eBooket
httpwwweBooketnet IntraText Reneacute Descartes - e-books
37
Haddad Nagib Metodologia de estudos em ciecircncias da sauacutede como planejar analisar e apresentar um trabalho
cientiacutefico SP Roca 2004 Minayo Maria C de Souza (org) Deslandes (Suely F
Gomes Romeu Pesquisa social teoria meacutetodo e criatividade Petroacutepolis RJ Vozes 2007
Lakatos Eva Maria Marconi Marina de A Meacutetodologia cientiacutefica SP Atlas 2007
Selye Hans Stress a tensatildeo da vida SP IBRASA 1965
Ligaccedilotildees externas bull Explicando o Meacutetodo Cientiacutefico
bull Prova Cientiacutefica bull Diretrizes para elaboraccedilatildeo de dissertaccedilotildees e teses -
USP bull Centro Cochrane do Brasil
bull Metodologiaorg bull Evidecircnciascom
bull Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq)
bull Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciecircncia bull Lista de Perioacutedicos cientificos brasileiros por
assunto bull SciELO - Scientific Electronic Library Online
bull Perioacutedicos UNESCO bull Ciecircncia Hoje
bull Scientific American - Brasil bull Scientific American
COLCHA DE RETALHOS CIENTIacuteFICA (a realidade natildeo eacute Frankenstein ela eacute uacutenica e funcional)
A realidade segundo a Ciecircncia geral
A senhora Ciecircncia trabalhando com
seus remendos
Drordf Ciecircncia e seu filho
Mary Shelley viu o futuro
38
Somos Monstros 6 05 2008
Tudo comeccedilou com um desafio feito a Mary Shelley (1797-1851) entatildeo uma jovem de 21 anos por Lord Byron Na eacutepoca 1918 Byron propocircs a Mary e seu marido que
escrevessem um conto de terror uma maneira de passar o tempo jaacute que suas feacuterias estavam sendo consumidas
intediantemente pelo mau tempo Mary foi a uacuteltima a dar iniacutecio ao seu conto que acabou baseado em um pesadelo que
teve numa daquelas noites de chuva E dentre todos o conto de Shelley foi o que mais surpreendeu e arrepiou Insentivada a continuar Mary Shelley desenvolveu ainda
mais sua histoacuteria e transformou-a em um dos mais conhecidos e celebrados livros da Histoacuteria Frankenstein
Victor Frankenstein era um jovem curioso com sede de conhecimento apaixonado pela ciecircncia intrigado com os segredos da vida e louco para deixar sua marca no mundo Havia aprendido sozinho em casa sobre as fantasias da Alquimia no entanto apenas na universidade ele foi descobrir que toda sua bagagem de conhecimento estava ultrapassada haacute muito Acabou se tornando um aluno
exemplar dedicado agrave quiacutemica e agrave biologia Foi assim que sozinho em seu laboratoacuterio em Ingolstadt Victor deu iniacutecio agrave sua criaccedilatildeo misturando seus conhecimentos
teoacutericos de fisiologia e filosofia natural com princiacutepios de mecacircnica decido a descobrir se o princiacutepio que
mantinha animado o corpo poderia pernecer mesmo apoacutes a morte Como Victor fez isso todos jaacute sabemos deu vida a uma criatura formada por partes de cadaacuteveres de tamanho
descomunal (cerca de 25m de altura) e aparecircncia horripilante E eacute aqui que daacute-se iniacutecio ao grande trunfo
da histoacuteria Ao despertar da Criatura Frankenstein acaba por cair na realidade vendo como era realmente feia sua criaccedilatildeo com
seus membros desproporcionais seu olhos aquosos e amarelos incompleta a ponto de seus tecidos nem sequer
cobrirem todo o corpo deixando agrave mostra muacutesculos e ossos Desesperado e com medo arrependido de sua audaacutecia Victor
abandona sua Criatura decaindo num suacutebito acesso de naacuteusea e lucidez
Pobre Criatura um ser vazio de conhecimentos ignorante em relaccedilatildeo ao conviacutevio social solto num mundo de pessoas
39
preconceituosas e indiferentes A personificaccedilatildeo perfeita da famosa teoria de Rousseau a do ldquobom selvagemrdquo que diz
que todo o homem nasce ldquopurordquo e eacute corrompido pela sociedade violenta viciosa e materialista Quem lecirc a
histoacuteria de Frankenstein espera encontrar terror suspense e aventura onde um monstro estaria a solta para destruir e matar No entanto descobre um mundo onde noacutes humanos somos totalmente repugnantes e no qual o uacutenico ser que
realmente tem algum valor eacute o monstro excluiacutedo por todos Poucos livros retratam tatildeo bem a indiferenccedila humana e a nossa mania de dar mais valor agraves aparecircncias do que aos
sentimentos carater e virtudes Mary Shelley escreveu uma autecircntica obra-prima da
literatura universal um romance capaz de despertar no leitor a pena e a compaixatildeo por um monstro e a repugnacircncia
de nossa proacutepria raccedila Uma liccedilatildeo que ainda natildeo foi aprendida mesmo depois de quase 200 anos
Ficha Teacutecnica Tiacutetulo Frankestein (Frankenstein or the Modern
Prometheus) Autor Mary Shalley Paiacutes Inglaterra
Publicaccedilatildeo Original 1818 Publicaccedilatildeo Lida Martin Claret Editora 2001
21
meacutetodo cientiacutefico Poderemos entatildeo afirmar e natildeo se trata aqui da busca por uma definiccedilatildeo que o cientista eacute aquele que se utiliza do meacutetodo cientiacutefico o raciociacutenio ciacuteclico da forma como foi agora utilizado estaacute livre de consequumlecircncias funestas Notem com o auxiacutelio da figura 1 a sintetizar as ideacuteias principais aqui focalizadas que do ponto de vista conceitual natildeo estamos andando em ciacuterculo
REGRA CIENTIacuteFICA FUNDAMENTAL
Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu eacute de se admitir que em futuras
verificaccedilotildees o mesmo suceda
DEFINICcedilAtildeO DE CIEcircNCIA
Ciecircncia eacute o processo pelo qual o homem se relaciona com os fenocircmenos universais que se sujeitam agrave regra cientiacutefica
fundamental
OBSERVACcedilAtildeO DO COMPORTAMENTO DOS QUE TRABALHAM EM CIEcircNCIA
VERIFICACcedilAtildeO DE QUE ALGUNS CONTRIBUEM PARA O PROGRESSO DAS CIEcircNCIAS
Cientista eacute todo ser racional que contribui diretamente para o progresso das ciecircncias
CONSTATACcedilAtildeO DE QUE ESTES SE UTILIZAM DE UM MEacuteTODO COMUM
Figura 1 - Para explicaccedilatildeo vide texto Resta-nos entatildeo para que a ideacuteia ganhe em consistecircncia comprovar a existecircncia de um uacutenico meacutetodo cientiacutefico e
isto natildeo parece ser uma tarefa faacutecil Antes de enfrentarmos esta dificuldade vamos verificar como as ideacuteias aqui apresentadas se conformam a conceitos classicamente
adotados como modelos de meacutetodo cientiacutefico
[] Muitos dentre esses toacutepicos satildeo apresentados em um contexto diverso em
Referecircncias
Ensaios sobre a Filosofia da Ciecircncia ou entatildeo em outros artigos expostos acima na
seccedilatildeo Temas relacionados [1] POPPER K R 1956 Acerca da inexistecircncia do meacutetodo
cientiacutefico in Prefaacutecio da ediccedilatildeo de 1956 do livro O realismo e o objetivo da ciecircncia
[2] FERREIRA A B H 1986
Publicaccedilotildees Dom Quixote (traduccedilatildeo) Lisboa 1987 Este prefaacutecio foi lido num
encontro dos Fellows of Center for Advanced Study in the Behavioral Sciences em Stanford Califoacuternia em novembro
de 1956 Novo dicionaacuterio da liacutengua
portuguesa[3] POPPER K R (1959)
Ed Nova Fronteira Rio de Janeiro p 1128 A loacutegica da pesquisa
cientiacutefica Ed Cultrix (traduccedilatildeo 1975) Satildeo Paulo
22
[4] CHALMERS A F 1976 (traduccedilatildeo 1993) O que eacute ciecircncia afinal[5] BEVERIDGE W I B 1980
Ed Brasiliense Satildeo Paulo 225 p Sementes da descoberta
cientiacutefica[6] MESQUITA Fdeg A 1987
Edusp (traduccedilatildeo) Satildeo Paulo Confesso que blefei --
Fiacutesica antiga vs moderna
[7] Perguntas e Debates 1995 item V
editado pela USJT (na eacutepoca Faculdades Satildeo Judas Tadeu) Satildeo Paulo capiacutetulo 13 A
Ciecircncia Existe p 92-8 Sobre Pesquisa e
Filosofia da Ciecircncia p 75 in EspecialIntegraccedilatildeo A pesquisa na universidade particular Integraccedilatildeo
[8] KUHN T S 1962 (traduccedilatildeo 1975)
I(1)51-75 1995 Este ensaio foi tambeacutem apresentado e discutido em palestra (natildeo publicada) que ministrei por ocasiatildeo da
Semana de Filosofia da USJT de 1994 A estrutura das
revoluccedilotildees cientiacuteficas Ed Perspectiva Satildeo Paulo 257 pp capiacutetulo 8 A natureza e a necessidade das revoluccedilotildees
cientiacuteficas[9] FERREIRA 1986 Idem p 404
p 131 [Os grifos satildeo meus]
[10] Leonardo da Vinci in The New Encyclopaedia Britannica Vol 22 (Macropaedia) Enc Brit Inc
Chicago 1993 p 946 (Leonardo as artist-scientist[11] SANTOS G T
) Os caminhos do pensamento cientiacutefico a
partir do Iluminismo Integraccedilatildeo I(5)131-6 1996 conferecircncia proferida por ocasiatildeo da Semana de Filosofia da USJT de 1995 Na sessatildeo de debates Santos dentre outras consideraccedilotildees interessantes a respeito faz a
seguinte observaccedilatildeo O progresso como vai ser definido no Iluminismo eacute uma noccedilatildeo de abandono passa pelo abandono necessaacuterio de coisas que ficaram ou que deveratildeo ficar no
passado[12] O termo diretamente aqui empregado eacute essencial a natildeo ser levado em conta corremos o risco de considerar
como cientistas dentre outros os mecenas que no passado contribuiacuteram de maneira indireta para o progresso
das ciecircncias
O argumento indutivista Uma criacutetica imparcial conquanto demolidora ao
indutivismo eacute apresentada por Chalmers nos trecircs primeiros capiacutetulos de seu livro [13] Veremos aqui apenas alguns toacutepicos interessantes do ponto de vista epistemoloacutegico
eou necessaacuterios para um melhor entendimento da teoria ora sendo apresentada
Um sumaacuterio completo do argumento indutivista da ciecircncia estaacute esquematizado na figura 2 adaptada de Chalmers [14]
Chama a atenccedilatildeo a omissatildeo da deduccedilatildeo de hipoacuteteses o indutivista admite ser possiacutevel partir da observaccedilatildeo e chegar a leis apelando exclusivamente ao raciociacutenio
indutivo O meacutetodo indutivo baseia-se na crenccedila de que eacute possiacutevel confirmar um enunciado universal (lei) atraveacutes de um certo nuacutemero de observaccedilotildees singulares Via de regra
quando se questiona o indutivista a respeito da omissatildeo da hipoacutetese ele logo repete uma frase de Newton Natildeo faccedilo
hipoacuteteses Obviamente este indutivista ingecircnuo ouviu esta frase sabe que foi proferida por Newton mas demonstra
natildeo saber a que Newton estava se referindo A hipoacutetese a que Newton se refere natildeo eacute a mesma que hoje se conceitua nos tratados de metodologia cientiacutefica ou de estatiacutestica Newton deixou bastante claro em sua obra que natildeo fazia como cientista especulaccedilotildees ou conjecturas infundadas No
23
que se refere a hipoacuteteses no contexto em que o termo eacute hoje aceito rariacutessimos foram os cientistas que em sua
fase produtiva as levantaram em nuacutemero tal cuja ordem de grandeza se aproximasse daquela atingida por Newton
O argumento indutivista baseia-se na crenccedila no princiacutepio da induccedilatildeo que dentre outras formas pode ser enunciado como Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno
sempre que pesquisado se repetiu em futuras verificaccedilotildees o mesmo sucederaacute
Figura 2 - O argumento indutivista (segundo Chalmers)
[15] Escolhi esta versatildeo para que fique claro o contraste entre o princiacutepio da induccedilatildeo e a regra
cientiacutefica fundamental expliacutecita na figura 1 Trecircs comentaacuterios merecem ser feitos a respeito 1) Conquanto
seja usado como regra metodoloacutegica o princiacutepio da induccedilatildeo natildeo define o nuacutemero de observaccedilotildees singulares a permitir uma generalizaccedilatildeo (obtenccedilatildeo de leis) 2) Esta e outras falhas conceituais inerentes ao argumento indutivista propiciam interpretaccedilotildees ingecircnuas ao princiacutepio conforme
veremos abaixo 3) O princiacutepio sem perder em generalidade no que diz respeito agraves premissas (tem o
mesmo campo de atuaccedilatildeo que a regra cientiacutefica fundamental) e para que possa caracterizar-se como metodoloacutegico e natildeo apenas norteador torna-se mais
restritivo que a regra cientiacutefica fundamental frac34afirma ao inveacutes de suporfrac34 Consequumlentemente os que abraccedilam esta ideologia devem procurar por uma outra definiccedilatildeo de ciecircncia que natildeo a apresentada no item 2 e figura 1 As
consequumlecircncias epistemoloacutegicas daiacute resultantes seratildeo objeto de discussatildeo em itens posteriores
O indutivista ingecircnuo eacute aquele que dentre outras falhas conceituais eou de raciociacutenio consegue provar
cientificamente por exemplo a inexistecircncia de Deus pelo simples fato de Deus natildeo se manifestar a ele tendo em vista que ele natildeo possui uma regra para delimitar a ciecircncia que natildeo seja o princiacutepio da causalidade --natildeo haacute efeito sem causa-- ele tenta inverter o princiacutepio frac34que no caso ficaria natildeo haacute causa sem efeitofrac34 e apelando para o argumento indutivista consegue por meacutetodos cientiacuteficos chegar a conclusotildees natildeo cientiacuteficas frac34no caso teoloacutegicas Mais comum no entanto eacute o erro agora natildeo tatildeo ingecircnuo cometido por alguns indutivistas que conseguem provar cientificamente que todas as maccedilatildes satildeo vermelhas prova esta vaacutelida somente ateacute o dia em que eles se
depararem com maccedilatildes verdes Neste caso a falha decorre da crenccedila num meacutetodo repleto de incoerecircncias internas
5 O argumento dedutivista
24
O argumento dedutivista ainda que natildeo isento de criacuteticas representou sem duacutevida alguma uma evoluccedilatildeo no sentido em que propiciou uma metodologia cientiacutefica dotada de
coerecircncia interna A esse respeito eacute dito com frequumlecircncia que o raciociacutenio dedutivo constitui o
argumento da loacutegica A fim de padronizar comparaccedilotildees apresentarei o argumento
dedutivista como apoiado no seguinte princiacutepio Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa para que seja hipoacutetese deveraacute ser
passiacutevel de verificaccedilatildeo observacional A figura 3 ilustra a proposiccedilatildeo deste argumento
Eacute importante observar que nem toda a afirmaccedilatildeo deduzida seraacute uma hipoacutetese motivo pelo qual natildeo utilizamos o argumento loacutegico se e somente se ao enunciarmos o
princiacutepio
Figura 3 - O argumento dedutivista
[16] Em particular eacute de se ressaltar a opiniatildeo de Severino (1994) a respeito
Eacute preciso natildeo confundir hipoacutetese com pressuposto com evidecircncia preacutevia
Hipoacutetese eacute o que se pretende demonstrar e natildeo o que jaacute se tem
demonstrado [17] A loacutegica dedutiva ao caminhar do geral para o particular
nos garante a formulaccedilatildeo de hipoacuteteses e hipoacutetese comprovada atraveacutes de uma observaccedilatildeo controlada (teste eou experiecircncia) nos permite suspeitar atraveacutes de um raciociacutenio indutivo (do singular para o geral) sua condiccedilatildeo de lei Observem o cuidado na colocaccedilatildeo das palavras Eu disse nos permite suspeitar e natildeo nos
permite garantir Por que esse cuidado A experimentaccedilatildeo natildeo nos garante verdades A esse respeito Popper assim se
referiu Natildeo haacute um meacutetodo para determinar se
uma hipoacutetese eacute lsquoprovaacutevelrsquo ou provavelmente verdadeira [18]
Eacute interessante notar que algumas limitaccedilotildees inerentes ao indutivismo e que propiciam o aparecimento de conclusotildees ingecircnuas satildeo aqui substituiacutedas por uma impossibilidade
Sob esse aspecto o dedutivismo natildeo solucionou o problema mas simplesmente reduziu a possibilidade de que se
cometessem determinados raciociacutenios ingecircnuos Rigorosamente falando o problema natildeo eacute tatildeo insoluacutevel
assim Seraacute insoluacutevel tatildeo-somente para aqueles que julgam estar cientificamente buscando por verdades absolutas A verdade cientiacutefica e soacute o leigo talvez natildeo saiba eacute uma
verdade provisoacuteria tomada por empreacutestimo da natureza e da forma como ela se nos aparenta ser As verdades
25
cientiacuteficas de hoje seratildeo quando natildeo negadas lapidadas e reformuladas amanhatilde Se chegaremos ou natildeo por meacutetodos
cientiacuteficos agrave verdade absoluta eacute um questionamento que a ciecircncia natildeo estaacute aparelhada para responder E talvez nunca esteja o que natildeo nos impede de que continuemos procurando
pela verdade Popper foi mais aleacutem demonstrando ser impossiacutevel ateacute mesmo probabilizar uma afirmaccedilatildeo comprovada por um
raciociacutenio que siga a metodologia dedutiva (incluindo e eacute aiacute que reside o problema principal do meacutetodo a induccedilatildeo -- vide lado direito da figura 3) A esse respeito Popper
propotildee a substituiccedilatildeo do termo probabilizar por corroborar Uma hipoacutetese seria tanto mais corroboraacutevel quanto mais propiciasse verificaccedilotildees experimentais e teria sido tanto mais corroborada e natildeo haacute como se
atribuir nuacutemeros probabiliacutesticos a esse efeito quanto mais resistisse a essas verificaccedilotildees Siegel (1977
traduccedilatildeo) adota provavelmente com o mesmo objetivo a expressatildeo grau de aceitabilidade
Efetuamos pesquisas a fim de determinar o grau de aceitabilidade de
hipoacuteteses deduzidas de nossas teorias [19]
Esta impossibilidade em garantir um acerto preocupou bastante Popper e certamente foi um dos motivos que o
levou a expandir o argumento dedutivista atraveacutes da proposiccedilatildeo do falsificacionismo a ser apresentado no
item 7 Independentemente das dificuldades apontadas neste e nos itens precedentes a verdade eacute que a ciecircncia progride e este progresso eacute guiado por homens que conhecem o terreno por onde pisam E conquanto todos saibam da natildeo existecircncia em ciecircncia de verdades absolutas da impossibilidade de se
chegar a uma soluccedilatildeo definitiva para os problemas cientiacuteficos e da natildeo existecircncia de provas observacionais irrefutaacuteveis quase todos [20] entendem e concordam com a
afirmaccedilatildeo de GIL (1994) expressa a seguir A pesquisa cientiacutefica inicia-se
sempre com a colocaccedilatildeo de um problema solucionaacutevel O passo seguinte
consiste em oferecer uma soluccedilatildeo possiacutevel atraveacutes de uma proposiccedilatildeo ou seja de uma expressatildeo suscetiacutevel de ser declarada verdadeira ou falsa A
esta proposiccedilatildeo daacute-se o nome de hipoacutetese Assim a hipoacutetese eacute a
proposiccedilatildeo testaacutevel que pode vir a ser a soluccedilatildeo do problema [21]
6 O que eacute teoria Eacute importante salientar que a finalidade primordial da ciecircncia natildeo eacute formular hipoacuteteses e sim sistematizar teorias e que teoria natildeo eacute pura e simplesmente uma
coletacircnea de hipoacuteteses Teoria eacute um conjunto de hipoacuteteses coerentemente interligadas tendo por finalidade explicar
elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio do conhecimento [22] Por que entatildeo os livros de
metodologia insistem em justificar os meacutetodos atraveacutes de hipoacuteteses uacutenicas e via de regra desinteressantes tais
como As maccedilatildes satildeo vermelhas os cisnes satildeo brancos etc A verdade eacute que nem sempre eacute faacutecil encontrar teorias ao mesmo tempo simples e de amplo espectro ou seja que
26
possam ser entendidas por leitores das vaacuterias aacutereas do conhecimento Por outro lado os argumentos que corroboram ou derrubam teorias satildeo em princiacutepio idecircnticos aos que corroboram ou derrubam hipoacuteteses frac34poderiacuteamos tambeacutem dizer
que uma hipoacutetese eacute ou simula ser uma teoria cujo conjunto de hipoacuteteses eacute unitaacuterio Em geral a dificuldade inerente ao grau de complexidade de uma teoria pode ser
superada desde que o cientista conheccedila a fundo esta teoria cujo grau de aceitabilidade pretende testar e domine a loacutegica envolvida em situaccedilotildees similares poreacutem simples como aquelas que aparecem nos compecircndios sobre o
assunto A ecircnfase dada pelos textos de metodologia cientiacutefica a meacutetodos relacionados a testes de hipoacuteteses contrasta com a quase ausecircncia de referecircncias a meacutetodos relativos agrave
praacutetica da teorizaccedilatildeo Existem exceccedilotildees a esta regra e eu natildeo poderia deixar de citar [23] os livros de Bunge [24] e de Lacey [25] indicados especialmente para os iniciantes da aacuterea de exatas Embora natildeo especificamente dirigido a esta temaacutetica haacute que se destacar tambeacutem o livro de Bohm e
Peat [26] e que merece ser lido posto que focaliza a essecircncia da problemaacutetica aqui apontada neste caso e por este motivo eacute indicado aos iniciantes de todas as aacutereas A praacutetica da teorizaccedilatildeo com rariacutessimas exceccedilotildees natildeo se
aprende na escola Grandes teorizadores por terem aprendido a utilizar uma teacutecnica natildeo encontrada nos livros tradicionais e que nem mesmo eacute ensinada na maioria dos
regimes de iniciaccedilatildeo cientiacutefica chegaram a ser confundidos com gecircnios Eacute bem possiacutevel que estes gecircnios tenham adquirido esta praacutexis cultuando algum resquiacutecio da
filosofia que a sociedade moderna natildeo conseguiu despedaccedilar
A lacuna acima apontada fomenta a ingenuidade ou ateacute mesmo o charlatanismo multiplicando sobremaneira o nuacutemero dos que sem estarem devidamente preparados para teorizar frac34uma atividade que natildeo eacute elementarfrac34 ainda assim teorizam e teorizam mal frac34fato este que chega a incomodar cientistas de respeito que ocupam postos importantes nas
universidades [27] Por outro lado e em decorrecircncia disto permite que se condene agrave marginalidade cientiacutefica
e por periacuteodos variaacuteveis de tempo todos aqueles que certos ou errados pretendem evoluir seriamente no sentido de atender agrave finalidade uacuteltima da ciecircncia a edificaccedilatildeo de
teorias representacionais Que meacutetodos estes homens seguiram que natildeo a paixatildeo a
devoccedilatildeo a persistecircncia e a crenccedila num espiacuterito universal frac34Espiacuterito este que segundo alguns admitem natildeo estaacute a se
divertir com nossos erros e acertos o que foi sintetizado pelo maior dos gecircnios do seacuteculo XX nas
seguintes palavras Deus natildeo joga dados A resposta nos eacute dada pelo proacuteprio autor desta afirmaccedilatildeo
O alvo de construir uma teoria de campo eletromagneacutetico da mateacuteria
permanece inatingiacutevel por ora embora em princiacutepio nenhuma objeccedilatildeo possa ser levantada contra a possibilidade de vir a se alcanccedilar tal objetivo O que reteve qualquer tentativa posterior nessa direccedilatildeo foi a falta de qualquer meacutetodo sistemaacutetico que levasse a uma
soluccedilatildeo [28]
27
Seraacute que natildeo existem meacutetodos ou regras a serem adotados nesta praacutexis E por falar nisso a praacutetica da teorizaccedilatildeo
natildeo seria uma teorexis [29] Seraacute que teorizar em ciecircncia eacute uma atividade puramente filosoacutefica Natildeo existe uma
metodologia cientiacutefica a orientar aqueles que se preocupam em decifrar os segredos que estatildeo por traacutes dos fenocircmenos que se adaptam agrave regra cientiacutefica fundamental Caso exista
um meacutetodo a ser sistematizado Seria ele diferente do meacutetodo cientiacutefico O que eacute o meacutetodo cientiacutefico
Tentarei dentro do possiacutevel e da finalidade a que me propus ao conceber esta seacuterie de artigos responder
oportunamente eou orientar o leitor se houver como no que diz respeito aos questionamentos aqui assinalados De qualquer forma mais detalhes sobre teoria eou teorizaccedilatildeo seratildeo apresentados no toacutepico IV-b A praacutetica da teorizaccedilatildeo
(em preparo)
[13] CHALMERS A F 1976 Referecircncias
op cit (Voltar pelo browser) pp 23-63
[14] Idem p 28 [15] Esta versatildeo eacute uma adaptaccedilatildeo do princiacutepio da induccedilatildeo
como enunciado por CHALMERS (1976) op cit Se um grande nuacutemero de As foi observado sob uma ampla variedade de condiccedilotildees e se todos esses As observados possuiacuteam sem exceccedilatildeo a propriedade B entatildeo todos os As possuem a propriedade B
[16] Neste caso o princiacutepio ficaria
Aparentes contradiccedilotildees que o iniciante possa descobrir ao comparar os dois enunciados natildeo
comprometem o raciociacutenio que se segue razatildeo pela qual admitirei a equivalecircncia sem justificaacute-la
Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa seraacute hipoacutetese se e somente se for passiacutevel de verificaccedilatildeo
observacional
[17] SEVERINO J S 1994
O primeiro se torna a afirmaccedilatildeo inconsistente
Metodologia do trabalho cientiacutefico[18] POPPER K R 1956
Cortez Editora Satildeo Paulo op cit
[19] SIEGEL S 1977 Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica
[20] Eacute possiacutevel que alguns dentre os indutivistas natildeo concordem com alguns dos termos da afirmaccedilatildeo por motivos que podem ser suspeitados tendo em vista o apresentado
neste e no item anterior
Ed McGraw-Hill do Brasil Ltda Satildeo Paulo p 6
[21] GIL A C 1994 Como elaborar projetos de pesquisas
[22] Em FERREIRA A B H 1986
Editora Atlas S A Satildeo Paulo p 35 [Os grifos satildeo
meus] op cit (Voltar pelo
browser) encontramos uma definiccedilatildeo mais geral a satisfazer tambeacutem o argumento indutivista Teoria eacute um
conjunto de conhecimentos natildeo ingecircnuos que apresentam graus diversos de sistematizaccedilatildeo e credibilidade e que se
propotildeem a explicar elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio de fenocircmenos ou de acontecimentos que se
oferecem agrave atividade praacutetica [23] Os trecircs livros citados a seguir natildeo satildeo os uacutenicos
nos gecircneros assinalados a despeito da disparidade apontada Ao tempo em que registro com estes exemplos a exceccedilatildeo agrave regra presto tambeacutem uma homenagem a autores que ao serem por mim lidos transmutaram em duacutevidas muitas das
respostas a questotildees fundamentais e que eu
28
pretensiosamente julgava possuir [24] BUNGE M Teoria e realidade
[25] LACEY HM 1972
Ed Perspectiva (traduccedilatildeo 1994) Satildeo Paulo
A linguagem do espaccedilo e do tempo
[26] BOHM D e PEAT F D
Ed Perspectiva SA
Ciecircncia ordem e criatividade
[27] A esse respeito vale a pena ler
Gradiva Publicaccedilotildees Ltda (traduccedilatildeo 1989) Lisboa
Cientiacuteficos Chiflados capiacutetulo XIV do livro BERNSTEIN J 1988 Observacioacuten de
la Ciencia[28] EINSTEIN A
Ed Fondo de Cultura Econoacutemica Meacutexico Fiacutesica e realidade in Albert Einstein
Pensamento poliacutetico e uacuteltimas conclusotildees (1983 traduccedilatildeo) Edit Brasiliense S A Satildeo Paulo [O grifo eacute meu]
[29] Este termo eu utilizei pela primeira vez no artigo MESQUITA Fdeg A 1983 Ciecircncia empiacuterica uma arma ou uma daacutediva Faculdade
Antes de mais nada afirmarei sem me alongar que uma teoria adotado o argumento dedutivista pode ser
corroborada ou negada fundamentalmente atraveacutes de um dos trecircs procedimentos seguintes 1) Pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de uma de suas hipoacuteteses 2) pela verificaccedilatildeo ou negaccedilatildeo de uma de suas prediccedilotildees 3) pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de teorias auxiliares deduzidas da teoria principal (teoria em teste ou sob suspeita) as teorias
auxiliares podem ser de trecircs tipos teorias ou hipoacuteteses de nulidade teorias ou hipoacuteteses salvadoras e teorias ou hipoacuteteses assassinas
(Revista do IAMC) ndeg 6 p 28-43 agosto83
7 O falsificacionismo O falsificacionismo natildeo foi proposto como um meacutetodo novo mas sim como um criteacuterio ou conduta a ser ou natildeo adotado por aqueles que se conformam ao meacutetodo dedutivo de prova
Natildeo haacute nada no falsificacionismo do ponto de vista metodoloacutegico que natildeo esteja previsto ou que natildeo decorra naturalmente de uma opccedilatildeo a ser seguida espontaneamente ou natildeo por este ou aquele dedutivista Qual seria entatildeo este criteacuterio Com que finalidade foi proposto A resposta a estas perguntas bem como o meacuterito do falsificacionismo constituem o objetivo deste e dos proacuteximos dois itens
[30] Incluem-se no rol das teorias auxiliares como veremos oportunamente as teorias
transcendentais frequumlentemente conotadas por experiecircncias de pensamento As prediccedilotildees e as hipoacuteteses ou teorias auxiliares satildeo teorias geradas utilizando-se do proacuteprio argumento dedutivista esquematizado na figura 3 Neste caso o foco de atenccedilatildeo inicial frac34representado na figura como observaccedilatildeofrac34 eacute nada mais nada menos que a proacutepria teoria que deu origem agrave prediccedilatildeo eou agrave teoria auxiliar Ao valorizar a falseabilidade como criteacuterio a ser adotado
pelos dedutivistas Popper nada mais fez que tentar expandir ou trazer para o domiacutenio da metodologia
cientiacutefica uma praacutetica amplamente utilizada com sucesso em estatiacutestica o criteacuterio de tomada de decisatildeo atraveacutes da
hipoacutetese de nulidade (Ho
O primeiro passo ou estaacutegio no processo de tomada de decisatildeo eacute
definir a hipoacutetese de nulidade (
)
Ho) Formula-se usualmente com o expresso propoacutesito de ser rejeitada Se eacute
29
rejeitada pode-se aceitar a hipoacutetese alternativa (H1) A hipoacutetese
alternativa eacute a definiccedilatildeo operacional da hipoacutetese de pesquisa do
pesquisador A hipoacutetese de pesquisa eacute a prediccedilatildeo deduzida da teoria que estaacute
sendo comprovada [31] A contribuiccedilatildeo de Popper a esse respeito limitou-se agrave ecircnfase que deu agrave importacircncia da procura por hipoacuteteses de
nulidade Ateacute entatildeo este costume estava restrito agrave procura por previsotildees frac34apresentadas via de regra pelo proacuteprio autor da teoriafrac34 eou hipoacuteteses salvadoras frac34levantadas
pelos adeptos da teoria em focofrac34 eou hipoacuteteses assassinas frac34levantadas pelos criacuteticos da teoria em questatildeo As quatro
tecircm uma caracteriacutestica comum satildeo todas teorias falseadoras
A boa teoria dentre outras qualidades [32] e segundo Popper eacute aquela potencialmente geradora de hipoacuteteses
falseadoras e tanto melhor seraacute quanto maior for o risco de ser negada Ela pode ateacute mesmo ser derrubada no primeiro teste a que for submetida o que natildeo invalida o que foi
dito foi uma boa teoria enquanto durou e voltaraacute a ser se conseguir ressurgir das cinzas Dito em outras palavras o criteacuterio para se avaliar a virtude de uma teoria nascente repousa no seu grau de submissatildeo a testes adversos Uma teoria de baixo risco raramente eacute bem vinda [33] e uma
teoria sem risco algum na opiniatildeo de Popper natildeo eacute cientiacutefica e eu iria aleacutem sequer eacute teoria
Levando-se em conta que o criteacuterio falsificacionista peca pela subjetividade deve-se tomar cuidado ao se optar por uma teoria em detrimento de outra pelo fato de a primeira
ser mais falseaacutevel que a segunda Diferentes hipoacuteteses falseadoras devem apresentar pesos diferentes e este peso
mesmo quando bem estimado frequumlentemente o eacute por um processo subjetivo Natildeo eacute raro utilizar-se desta
subjetividade inerente ao falsificacionismo para justificar escolhas feitas segundo criteacuterios poliacuteticos econocircmicos
interesseiros corporativistas ou entatildeo apoiados em princiacutepios outros que tambeacutem deixam a desejar no que diz
respeito agrave eacutetica do cientista 8 Entendendo o falsificacionismo
Suponha que algueacutem deduza a seguinte hipoacutetese H1 As maccedilatildes do Estado de Satildeo Paulo satildeo vermelhas A teoria assim
simulada eacute uma teoria de hipoacutetese uacutenica Percebam que no argumento da hipoacutetese estaacute se admitindo como pressupostos uma infinidade de conceitos tais como fruta maccedilatilde cor
vermelho local Satildeo Paulo Brasil etc Estes pressupostos satildeo o que Severino chama de evidecircncias preacutevias como vimos no item 5 e constituem uma das bases da argumentaccedilatildeo de Chalmers [34] ao contestar os que afirmam que a ciecircncia
comeccedila com a observaccedilatildeo Um exemplo de previsatildeo desta teoria seria as maccedilatildes de
Jundiaiacute devem ser vermelhas tendo em vista que Jundiaiacute se localiza no Estado de Satildeo Paulo
Suponha tambeacutem que algueacutem tenha demonstrado que em condiccedilotildees X outra fruta que natildeo a maccedilatilde e que
originalmente era de determinada cor se modifica e conclui que se a teoria sobre as maccedilatildes for verdadeira ela
deveraacute permanecer verdadeira nas condiccedilotildees X Pode-se entatildeo construir a seguinte hipoacutetese de nulidade Ho Em
condiccedilotildees X obter-se-atildeo em Satildeo Paulo maccedilatildes natildeo
30
vermelhas Esta previsatildeo natildeo decorre da teoria (H1) mas de evidecircncias preacutevias outras e estranhas agrave mesma Se esta
hipoacutetese (Ho) for verificada a hipoacutetese original H1
Seraacute que este simples fato condena a teoria original Para o falsificacionista ingecircnuo sim Para aquele que entendeu e aceitou o significado da afirmaccedilatildeo de Popper citada
neste artigo ao final do
estaraacute falseada
quarto paraacutegrafo do item 5 natildeo Optar por uma teoria natildeo significa crer numa verdade
absoluta Se eu afirmo que Ho eacute verdadeira e consequumlentemente H1 eacute falsa isto natildeo significa que eu
estou atribuindo o grau de veracidade 100 a uma hipoacutetese e 0 agrave outra significa simplesmente que a verificaccedilatildeo experimental me convenceu a optar por uma teoria em
detrimento da outra A opccedilatildeo eacute uma das maneiras pelas quais o cientista expressa a sua feacute na ciecircncia [35] e o
falsificacionismo estabelece normas a lhe orientar nesta opccedilatildeo
Suponha agora que em condiccedilotildees X ou em outra condiccedilatildeo qualquer se encontrem no Estado de Satildeo Paulo maccedilatildes verdes Significa isto que a hipoacutetese H1
Natildeo podemos em satilde consciecircncia dizer que a psicanaacutelise por exemplo natildeo pertenccedila ao campo da ciecircncia pelo simples
fato de uma de suas teorias precursoras ser natildeo falseaacutevel Sequer podemos dizer que o autor dessa ideacuteia natildeo
fosse cientista se eacute verdade que a psicanaacutelise se desenvolveu em cima desta ideacuteia e apesar disso conseguiu
eacute falsa Natildeo Simplesmente ela foi falseada Nada impede que amanhatilde com a evoluccedilatildeo da ciecircncia se descubra que estes frutos verdes a que hoje associamos a ideacuteia maccedilatilde estejam inseridos num
outro contexto e que realmente natildeo sejam maccedilatildes Por que entatildeo se daacute preferecircncia a verificaccedilotildees falseadoras em detrimento das corroboradoras Ora isto nem sempre
acontece conquanto seja esta uma das regras propostas pelo falsificacionismo Por exemplo tanto a teoria da
relatividade quanto a mecacircnica quacircntica satildeo teorias fiacutesicas amplamente aceitas graccedilas a terem sido
corroboradas por previsotildees que se confirmaram e pouco valor se deu a um grande nuacutemero de testes que as falsearam Por outro lado estas duas teorias satildeo concomitantemente aceitas pelos fiacutesicos conquanto existam fortes argumentos
a provar que cada uma destas duas teorias falseia a outra e ambas falseiam a teoria de Maxwell que tambeacutem eacute aceita como verdadeira Certos ou errados neste caso os fiacutesicos modernos dentre os quais se inclui Popper fizeram uma opccedilatildeo contraacuteria agrave norma falsificacionista e natildeo haacute
como criticaacute-los por essa conduta a menos que se pretenda atribuir ao falsificacionismo uma qualidade que ele natildeo
possui a de estabelecer criteacuterios absolutos de veracidade O falsificacionismo presta-se tambeacutem a fomentar o diaacutelogo e a criatividade Neste caso surge quase como que um apelo para que se invista mais em experiecircncias de pensamento um
recurso legiacutetimo e de grande valor em ciecircncia 9 O falsificacionismo como delimitador da ciecircncia
Vimos no item 7 que para Popper uma teoria sem risco algum natildeo eacute cientiacutefica e eu acrescentei sequer eacute teoria Popper quis se aproveitar deste argumento para delimitar a ciecircncia utilizando-se entatildeo do falsificacionismo como
criteacuterio de cientificidade Com esta opccedilatildeo Popper desagradou a muitos e convenceu a poucos ainda que sua
ideacuteia natildeo fosse de todo maacute
31
de alguma forma se impor como ciecircncia muito provavelmente queiramos ou natildeo seu autor contribuiu diretamente para o progresso da ciecircncia Mesmo que hoje algueacutem chegasse a concluir categoricamente pelo caraacuteter natildeo cientiacutefico da psicanaacutelise isto de forma alguma nos autorizaria a hipoteticamente condenaacute-la agrave estagnaccedilatildeo Se um cientista utilizando-se de maus criteacuterios ou ateacute mesmo apoiando-se em dogmas constroacutei de maneira natildeo
cientiacutefica um determinado campo do conhecimento isto natildeo significa que este campo natildeo possa vir a ser estudado cientificamente e que natildeo se possam criteriosamente
aproveitar as conclusotildees de seus estudos Nada impede que uma teoria considerada hoje como natildeo cientiacutefica pelo fato de possuir uma ou mais hipoacuteteses natildeo falseaacuteveis adquira
esse status apoacutes passar por ligeiras reformulaccedilotildees Natildeo podemos assumir que um campo do conhecimento seja natildeo cientiacutefico pelo simples fato de natildeo encontrarmos nele
teorias cientiacuteficas Este posicionamento de Popper a meu ver natildeo se justifica o falsificacionismo natildeo eacute um bom
criteacuterio delimitador da ciecircncia e isto eu espero que tenha ficado claro para o leitor E mais natildeo existem aacutereas natildeo cientiacuteficas mas sim aacutereas onde ainda natildeo foram produzidos conhecimentos cientiacuteficos O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo e pelo menos nesta etapa nada eacute absolutamente corroboraacutevel ou falseaacutevel Podemos ainda
dizer que a ciecircncia natildeo se localiza aqui ou acolaacute sob esse aspecto a ciecircncia natildeo tem fronteiras
10 Enfim a teoria do meacutetodo Nos demais artigos desta seacuterie irei demonstrar ser possiacutevel partindo da regra cientiacutefica fundamental desenvolver uma teoria sobre o meacutetodo cientiacutefico
utilizando-se das trecircs hipoacuteteses seguintes 1 O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo 2 A produccedilatildeo de conhecimentos passa
necessariamente pelas etapas deduccedilatildeo anaacutelise induccedilatildeo e
siacutentese na ordem apresentada 3 Os princiacutepios cientiacuteficos fundamentais satildeo universais
Por questatildeo de simplicidade subdividirei o estudo do meacutetodo em trecircs etapas correspondentes a cada uma das hipoacuteteses 1) o estudo do macromeacutetodo cientiacutefico 2) o estudo do meacutetodo cientiacutefico propriamente dito e 3) o estudo do micromeacutetodo cientiacutefico Os toacutepicos nos quais
desenvolverei estas etapas estatildeo em fase de projeto natildeo havendo portanto previsatildeo quanto agrave eacutepoca de publicaccedilatildeo
Meacutetodo cientiacutefico
Origem Wikipeacutedia a enciclopeacutedia livre
A palavra meacutetodo vem do grego meacutethodos (caminho para chegar a um fim) O meacutetodo cientiacutefico eacute um conjunto de regras baacutesicas para desenvolver uma experiecircncia a fim de produzir novo conhecimento bem como corrigir e integrar conhecimentos preacute-existentes Na maioria das disciplinas cientiacuteficas consiste em juntar evidecircncias observaacuteveis empiacutericas (ou seja baseadas apenas na experiecircncia) e
mensuraacuteveis e as analisar com o uso da loacutegica Para muitos autores o meacutetodo cientiacutefico nada mais eacute do que a loacutegica
32
aplicada agrave ciecircncia (Haddad) Metodologia literalmente refere-se ao estudo dos meacutetodos e especialmente do meacutetodo da ciecircncia que se supotildee universal Embora procedimentos variem de uma aacuterea da
ciecircncia para outra (as disciplinas cientiacuteficas) diferenciadas por seus distintos objetos de estudo
consegue-se determinar certos elementos que diferenciam o meacutetodo cientiacutefico de outros meacutetodos (filosoacutefico algoritmo
ndash matemaacutetico etc)
Primeiramente os pesquisadores definem proposiccedilotildees loacutegicas ou suposiccedilotildees (hipoacuteteses) para explicar certos fenocircmenos e observaccedilotildees e entatildeo desenvolvem experimentos que testam essas hipoacuteteses Se confirmadas as hipoacuteteses podem gerar leis e teorias Integrando-se hipoacuteteses de certa aacuterea em uma estrutura coerente de conhecimento contribuiacute-se na
formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bem como coloca as hipoacuteteses em um conjunto de conhecimento maior que satildeo as
leis e teorias reconhecidas consensualmente pela comunidade cientiacutefica eou o
O contexto de uma pesquisa
paradigma de seu tempo Outra caracteriacutestica do meacutetodo eacute que o processo precisa
ser objetivo e o cientista deve ser imparcial na interpretaccedilatildeo dos resultados Sobre a objetividade o seja
atente agraves propriedades do objeto e natildeo do sujeito (subjetividade) eacute conhecida a afirmaccedilatildeo de Hans Selye
pesquisador canadense que formulou a moderna concepccedilatildeo de stress ldquoQuem natildeo sabe o que procura natildeo entende o que encontrardquo referindo-se a necessidade de formulaccedilatildeo de definiccedilotildees precisas (a essecircncia dos conceitos) e que
possam ser respondidas com o simples sim ou natildeo Tanto a imparcialidade (evidecircncia) como a objetividade foram incluiacutedas por Reneacute Descartes (1596 ndash 1649) nas regras
loacutegicas que caracterizam o meacutetodo cientiacutefico Aleacutem disso o procedimento precisa ser documentado tanto no que diz respeito agrave fonte de dados como as regras de anaacutelise para que outros cientistas possam re-analisar reproduzir e verificar a confiabilidade dos resultados Assim se distingue os relatos cientiacuteficos (artigos
monografias teses e dissertaccedilotildees) de um simples estilo (padratildeo) ou arquitetura de texto orientados pelo que caracteriza as normas da Retoacuterica ou estudo do uso persuasivo da linguagem em funccedilatildeo da eloquumlecircncia
Eacute comum o uso da anaacutelise matemaacutetica ou estatiacutestica quando possiacutevel ou aproximaccedilatildeo de modelos abstratos (tipos ideais) e categorias de classificaccedilatildeo a depender do
objetivo da pesquisa (identificar descrever analisar) que pode ser basicamente quantitativa ou qualitativa A divisatildeo da ciecircncia em aacutereas ou distintas disciplinas
cientificas tem levado a tais adequaccedilotildees da metodologia Eacute comum a afirmaccedilatildeo de que em funccedilatildeo da evoluccedilatildeo do meacutetodo
cientifico num extremo temos a fiacutesica e quiacutemica seguida da biologia e por uacuteltimo as ciecircncias sociais psicologia e ciecircncias juriacutedicas quase se aproximando da filosofia e estudo das crenccedilas (senso comum) ou ciecircncias do espiacuterito
(sistemas miacutetico - religiosos) Contudo pesquisadores contemporacircneos vecircem nessas duas abordagens uma oposiccedilatildeo complementar enquanto as pesquisas quantitativas visam descrever e explicar fenocircmenos que produzem regularidades mensuraacuteveis satildeo recorrentes (ou discrepantes) e exteriores ao sujeito
33
(objetivos) na pesquisa qualitativa o observador (sujeito) eacute da mesma natureza que o objeto de sua anaacutelise e ele proacuteprio uma parte de sua observaccedilatildeo (o subjetivo)
Eacute importante ter em mente que as pesquisas cientificas relacionam-se com um modelo (paradigmaacutetico) ou uma
constelaccedilatildeo de pressupostos e crenccedilas escalas de valores teacutecnicas e conceitos compartilhados pelos membros de uma determinada comunidade cientiacutefica num determinado momento
histoacuterico
Ciecircncia eacute muito mais uma maneira de pensar do que um corpo de conhecimentos -
Elementos do meacutetodo cientiacutefico
Carl Sagan ciecircncia consiste em agrupar factos para que leis
gerais ou conclusotildees possam ser tiradas deles - Charles Darwin
O meacutetodo cientiacutefico eacute composto dos seguintes elementos bull Caracterizaccedilatildeo - Quantificaccedilotildees observaccedilotildees e
medidas bull Hipoacuteteses - Explicaccedilotildees hipoteacuteticas das observaccedilotildees e
medidas bull Previsotildees - Deduccedilotildees loacutegicas das hipoacuteteses
bull Experimentos - Testes dos trecircs elementos acima O meacutetodo cientiacutefico consiste dos seguintes aspectos bull Observaccedilatildeo - Uma observaccedilatildeo pode ser simples isto eacute
feita a olho nu ou pode exigir a utilizaccedilatildeo de instrumentos apropriados
bull Descriccedilatildeo - O experimento precisa ser replicaacutevel (capaz de ser reproduzido)
bull Previsatildeo - As hipoacuteteses precisam ser vaacutelidas para observaccedilotildees feitas no passado no presente e no
futuro bull Controle - Para maior seguranccedila nas conclusotildees toda
experiecircncia deve ser controlada Experiecircncia controlada eacute aquela que eacute realizada com teacutecnicas que permitem descartar as variaacuteveis passiacuteveis de mascarar
o resultado bull Falseabilidade[1]
bull Explicaccedilatildeo das Causas - Na maioria das aacutereas da Ciecircncia eacute necessaacuterio que haja causalidade Nessas
condiccedilotildees os seguintes requerimentos satildeo vistos como importantes no entendimento cientiacutefico
- toda hipoacutetese tem que ser falseaacutevel ou refutaacutevel Isso natildeo quer dizer que o experimento seja falso mas sim que ele pode ser verificado
contestado Ou seja se ele realmente for falso deve ser possiacutevel provaacute-lo
bull Identificaccedilatildeo das Causas bull Correlaccedilatildeo dos eventos - As causas precisam se
correlacionar com as observaccedilotildees bull Ordem dos eventos - As causas precisam preceder
no tempo os efeitos observados Na aacuterea da sauacutede a natureza da associaccedilatildeo causal foi formulada por Hence e adaptada por Robert Koch em 1877
para demonstraccedilatildeo da relaccedilatildeo causal entre microrganismos e patologias consistindo basicamente no enunciado acima ou seja forccedila da associaccedilatildeo (conectividade) sequumlecircncia temporal (assimetria) transitividade (evidecircncia experimental) previsibilidade estabilidade
Uma maneira linearizada e pragmaacutetica de apresentar os quatro pontos acima estaacute exposto a seguir passo-a-passo
34
Vale a pena notar que eacute apenas um exemplo natildeo sendo obrigatoacuterio a existecircncia de todos esses passos Na
verdade na maioria dos casos natildeo se segue todos esses passos ou mesmo parte deles O meacutetodo cientiacutefico natildeo eacute
uma receita ele requer inteligecircncia imaginaccedilatildeo e criatividade O importante eacute que os aspectos e elementos
apresentados acima estejam presentes bull Definir o problema
bull Recolhimento de dados bull Proposta de uma hipoacutetese
bull Realizaccedilatildeo de uma experiecircncia controlada para testar a validade da hipoacutetese
bull Anaacutelise dos resultados bull Interpretar os dados e tirar conclusotildees o que serve
para a formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bull Publicaccedilatildeo dos resultados em monografias
dissertaccedilotildees teses artigos ou livros aceitos por universidades e ou reconhecidos pela comunidade
cientiacutefica Observe-se que nem todas as hipoacutetese podem ser confirmadas
ou refutadas por experimentos e que em muitas aacutereas do conhecimento o recolhimento de dados e a tentativas de interpretaacute-los jaacute eacute uma grande tarefa como nas ciecircncias
humanas e juriacutedicas (criminologia)
Ciecircncias humanas A limitaccedilatildeo eacutetica da realizaccedilatildeo experimentos com seres humanos o estudo das subjetividades ou essencialmente
subjetivo individual e particular psiquismo humano ou a natureza histoacuterica do objeto das ciecircncias sociais conduziram os pensadores a distintos caminhos ou
proposiccedilotildees de estudo para o meacutetodo cientiacutefico Contudo parafraseando Minayoldquouma base de dados quando bem trabalhada teoacuterica e praticamente produz riqueza de informaccedilotildees aprofundamento e maior fidedignidade
interpretativardquo As principais divergecircncias na anaacutelise dos resultados de pesquisas em ciecircncias sociais ou humanas se datildeo no plano da contextualizaccedilatildeo dos dados ou informaccedilotildees obtidas em campo nos diversos sistemas teoacutericos ou seja conjunto de teorias e leis reconhecidas como consensuais em distintos
momentos histoacutericos eou segmentos das comunidades cientiacuteficas Nas ciecircncias sociais identifica-se trecircs
grandes correntes de pensamentos bull Positivismo Auguste Comte
bull Fenomenologia (Fenomenologia do Espiacuterito Estruturalismo
bull Materialismo dialeacutetico Dialeacutetica Marxismo
A histoacuteria do meacutetodo cientiacutefico se mistura com a histoacuteria da ciecircncia Documentos do
A evoluccedilatildeo do conceito de meacutetodo
Antigo Egito jaacute descrevem meacutetodos de diagnoacutesticos meacutedicos Na cultura da Greacutecia
Antiga os primeiros indiacutecios do meacutetodo cientiacutefico comeccedilam a aparecer Grande avanccedilo no meacutetodo foi feito no comeccedilo da filosofia islacircmica principalmente no uso de experimentos
para decidir entre duas hipoacuteteses Os principios fundamentais do meacutetodo cientiacutefico se consolidaram com o surgimento da Fiacutesica nos seacuteculos XVII e XVIII Francis
Bacon em seu trabalho Novum Organum(1620)-uma referecircncia
35
ao Organon de Aristoacuteteles-especifica um novo sistema loacutegico para melhorar o velho processo filosoacutefico do
silogismo A metodologia cientiacutefica tem sua origem no pensamento de
Descartes que foi posteriormente desenvolvimento empiricamente pelo fiacutesico inglecircs Isaac Newton Reneacute Descartes propocircs chegar agrave verdade atraveacutes da duacutevida sistemaacutetica e da decomposiccedilatildeo do problema em pequenas
partes caracteriacutesticas que definiram a base da pesquisa cientiacutefica
Lecirc-se no livro o Discurso do meacutetodo E como a multiplicidade de leis serve frequentemente para escusar os viacutecios de sorte que um estado eacute muito melhor governado quando possuindo poucas elas satildeo aiacute rigorosamente aplicadas assim em lugar de um grande
nuacutemero de preceitosde qua a loacutegica eacute composta acrediteis que jaacute me seriam bastante quatro contanto que tomasse a firme e constante resoluccedilatildeo de natildeo deixar uma vez soacute de
observaacute-los O primeiro consistia em nunca aceitar por verdadeira coisa nenhuma que natildeo conhecesse como evidente isto eacute
devia evitar cuidadosamente a precipitaccedilatildeo e a prevenccedilatildeo e nada incluir em meus juizos que natildeo se apresentasse tatildeo claramente e tatildeo distintamente ao meu espiacuterito que natildeo
tivesse nenhuma ocasiatildeo de o por em duacutevida O segundo ndash dividir cada uma das dificuldades que
examinasse em tantas parcelas quantas pudesse ser e fossem exigidas para melhor compreendecirc-las
O terceiro ndash conduzir por ordem os meus pensamento comeccedilando pelos objetos mais simples e faacuteceis de serem conhecidos para subir pouco a pouco como por degraus ateacute o conhecimento dos mais compostos e supondo mesmo
certa ordem entre os que natildeo se precedem naturalmente uns aos outros
e o uacuteltimo ndash fazer sempre enumeraccedilotildees tatildeo completas e revisotildees tatildeo gerais que ficasse certo de nada
omitir Correntemente estas regras satildeo 1 ndash da evidecircncia 2 ndash da
divisatildeo ou anaacutelise 3 ndash da ordem ou deduccedilatildeo 3 da enumeraccedilatildeo (contar especificar) classificaccedilatildeo
O acidente (serendipity
Eacute comum considerar alguns dos mais importantes avanccedilos na ciecircncia tais como as
)
descobertas da radioatividade por Henri Becquerel ou da penicilina por Alexander Fleming como tendo ocorrido por acidente no entanto o que eacute possiacutevel afirmar agrave luz da observaccedilatildeo cientiacutefica eacute que
teratildeo sido parcialmente acidentais uma vez que as pessoas envolvidas haviam aprendido a pensar cientificamente
estando portanto conscientes de que observaram algo novo e interessante
Os progressos da ciecircncia satildeo acompanhados de muitas horas de trabalho cuidadoso que segue um caminho mais ou menos sistemaacutetico na busca de respostas a questotildees cientiacuteficas
Eacute este o caminho denominado de meacutetodo cientiacutefico
A A hipoacutetese
Hipoacutetese (do gr Hypoacutethesis) eacute uma proposiccedilatildeo que se admite de modo provisoacuterio como princiacutepio do qual se pode
deduzir pelas regras da loacutegica um conjunto dado de proposiccedilotildees ou um mecanismo da experiecircncia a explicar
36
Literalmente pode ser compreendida como uma suposiccedilatildeo ou pergunta conjetura que orienta uma investigaccedilatildeo por
antecipar caracteriacutesticas provaacuteveis do objeto investigado e que vale quer pela confirmaccedilatildeo atraveacutes de deduccedilotildees loacutegicas dessas caracteriacutesticas quer pelo encontro de novos caminhos de investigaccedilatildeo (novas hipoacuteteses e novos
experimentos) No meacutetodo cientiacutefico a hipoacutetese eacute o caminho que deve levar agrave formulaccedilatildeo de uma teoria O cientista na sua hipoacutetese tem dois objetivos explicar um fato e prever
outros acontecimentos dele decorrentes (deduzir as consequencias) A hipoacutetese deveraacute ser testada em
experiecircncias laboratoriais controladasSe apoacutes muitas dessas experiecircncias os resultados obtidos pelos
pesquisadores natildeo contrariarem a hipoacutetese entatildeo ela seraacute aceita como uma lei e integrada agrave uma teoria eou sistema
teacuteoacuterico
Referecircncias 1 uarr [PDF] Estudos do meacutetodo cientiacutefico
Ver tambeacutem bull Verdade
bull Falseabilidade bull Karl Popper
bull Filosofia da ciecircncia bull Histoacuteria da ciecircncia
bull Epistemologia bull Loacutegica
bull Aristoacuteteles bull Georg Wilhelm Friedrich Hegel
bull Complexidade bull Reducionismo
bull Navalha de Occam bull Ciecircncia
bull Pseudociecircncia bull Paradigma
bull Paul Feyerabend bull Thomas Kuhn
bull Gaston Bachelard bull Teoria
bull Lei (ciecircncias) bull Hipoacutetese
bull Tese bull Dissertaccedilatildeo
Bibliografia
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para download em domiacutenio puacuteblico httpwwwdominiopublico e eBooket
httpwwweBooketnet IntraText Reneacute Descartes - e-books
37
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Gomes Romeu Pesquisa social teoria meacutetodo e criatividade Petroacutepolis RJ Vozes 2007
Lakatos Eva Maria Marconi Marina de A Meacutetodologia cientiacutefica SP Atlas 2007
Selye Hans Stress a tensatildeo da vida SP IBRASA 1965
Ligaccedilotildees externas bull Explicando o Meacutetodo Cientiacutefico
bull Prova Cientiacutefica bull Diretrizes para elaboraccedilatildeo de dissertaccedilotildees e teses -
USP bull Centro Cochrane do Brasil
bull Metodologiaorg bull Evidecircnciascom
bull Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq)
bull Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciecircncia bull Lista de Perioacutedicos cientificos brasileiros por
assunto bull SciELO - Scientific Electronic Library Online
bull Perioacutedicos UNESCO bull Ciecircncia Hoje
bull Scientific American - Brasil bull Scientific American
COLCHA DE RETALHOS CIENTIacuteFICA (a realidade natildeo eacute Frankenstein ela eacute uacutenica e funcional)
A realidade segundo a Ciecircncia geral
A senhora Ciecircncia trabalhando com
seus remendos
Drordf Ciecircncia e seu filho
Mary Shelley viu o futuro
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Somos Monstros 6 05 2008
Tudo comeccedilou com um desafio feito a Mary Shelley (1797-1851) entatildeo uma jovem de 21 anos por Lord Byron Na eacutepoca 1918 Byron propocircs a Mary e seu marido que
escrevessem um conto de terror uma maneira de passar o tempo jaacute que suas feacuterias estavam sendo consumidas
intediantemente pelo mau tempo Mary foi a uacuteltima a dar iniacutecio ao seu conto que acabou baseado em um pesadelo que
teve numa daquelas noites de chuva E dentre todos o conto de Shelley foi o que mais surpreendeu e arrepiou Insentivada a continuar Mary Shelley desenvolveu ainda
mais sua histoacuteria e transformou-a em um dos mais conhecidos e celebrados livros da Histoacuteria Frankenstein
Victor Frankenstein era um jovem curioso com sede de conhecimento apaixonado pela ciecircncia intrigado com os segredos da vida e louco para deixar sua marca no mundo Havia aprendido sozinho em casa sobre as fantasias da Alquimia no entanto apenas na universidade ele foi descobrir que toda sua bagagem de conhecimento estava ultrapassada haacute muito Acabou se tornando um aluno
exemplar dedicado agrave quiacutemica e agrave biologia Foi assim que sozinho em seu laboratoacuterio em Ingolstadt Victor deu iniacutecio agrave sua criaccedilatildeo misturando seus conhecimentos
teoacutericos de fisiologia e filosofia natural com princiacutepios de mecacircnica decido a descobrir se o princiacutepio que
mantinha animado o corpo poderia pernecer mesmo apoacutes a morte Como Victor fez isso todos jaacute sabemos deu vida a uma criatura formada por partes de cadaacuteveres de tamanho
descomunal (cerca de 25m de altura) e aparecircncia horripilante E eacute aqui que daacute-se iniacutecio ao grande trunfo
da histoacuteria Ao despertar da Criatura Frankenstein acaba por cair na realidade vendo como era realmente feia sua criaccedilatildeo com
seus membros desproporcionais seu olhos aquosos e amarelos incompleta a ponto de seus tecidos nem sequer
cobrirem todo o corpo deixando agrave mostra muacutesculos e ossos Desesperado e com medo arrependido de sua audaacutecia Victor
abandona sua Criatura decaindo num suacutebito acesso de naacuteusea e lucidez
Pobre Criatura um ser vazio de conhecimentos ignorante em relaccedilatildeo ao conviacutevio social solto num mundo de pessoas
39
preconceituosas e indiferentes A personificaccedilatildeo perfeita da famosa teoria de Rousseau a do ldquobom selvagemrdquo que diz
que todo o homem nasce ldquopurordquo e eacute corrompido pela sociedade violenta viciosa e materialista Quem lecirc a
histoacuteria de Frankenstein espera encontrar terror suspense e aventura onde um monstro estaria a solta para destruir e matar No entanto descobre um mundo onde noacutes humanos somos totalmente repugnantes e no qual o uacutenico ser que
realmente tem algum valor eacute o monstro excluiacutedo por todos Poucos livros retratam tatildeo bem a indiferenccedila humana e a nossa mania de dar mais valor agraves aparecircncias do que aos
sentimentos carater e virtudes Mary Shelley escreveu uma autecircntica obra-prima da
literatura universal um romance capaz de despertar no leitor a pena e a compaixatildeo por um monstro e a repugnacircncia
de nossa proacutepria raccedila Uma liccedilatildeo que ainda natildeo foi aprendida mesmo depois de quase 200 anos
Ficha Teacutecnica Tiacutetulo Frankestein (Frankenstein or the Modern
Prometheus) Autor Mary Shalley Paiacutes Inglaterra
Publicaccedilatildeo Original 1818 Publicaccedilatildeo Lida Martin Claret Editora 2001
22
[4] CHALMERS A F 1976 (traduccedilatildeo 1993) O que eacute ciecircncia afinal[5] BEVERIDGE W I B 1980
Ed Brasiliense Satildeo Paulo 225 p Sementes da descoberta
cientiacutefica[6] MESQUITA Fdeg A 1987
Edusp (traduccedilatildeo) Satildeo Paulo Confesso que blefei --
Fiacutesica antiga vs moderna
[7] Perguntas e Debates 1995 item V
editado pela USJT (na eacutepoca Faculdades Satildeo Judas Tadeu) Satildeo Paulo capiacutetulo 13 A
Ciecircncia Existe p 92-8 Sobre Pesquisa e
Filosofia da Ciecircncia p 75 in EspecialIntegraccedilatildeo A pesquisa na universidade particular Integraccedilatildeo
[8] KUHN T S 1962 (traduccedilatildeo 1975)
I(1)51-75 1995 Este ensaio foi tambeacutem apresentado e discutido em palestra (natildeo publicada) que ministrei por ocasiatildeo da
Semana de Filosofia da USJT de 1994 A estrutura das
revoluccedilotildees cientiacuteficas Ed Perspectiva Satildeo Paulo 257 pp capiacutetulo 8 A natureza e a necessidade das revoluccedilotildees
cientiacuteficas[9] FERREIRA 1986 Idem p 404
p 131 [Os grifos satildeo meus]
[10] Leonardo da Vinci in The New Encyclopaedia Britannica Vol 22 (Macropaedia) Enc Brit Inc
Chicago 1993 p 946 (Leonardo as artist-scientist[11] SANTOS G T
) Os caminhos do pensamento cientiacutefico a
partir do Iluminismo Integraccedilatildeo I(5)131-6 1996 conferecircncia proferida por ocasiatildeo da Semana de Filosofia da USJT de 1995 Na sessatildeo de debates Santos dentre outras consideraccedilotildees interessantes a respeito faz a
seguinte observaccedilatildeo O progresso como vai ser definido no Iluminismo eacute uma noccedilatildeo de abandono passa pelo abandono necessaacuterio de coisas que ficaram ou que deveratildeo ficar no
passado[12] O termo diretamente aqui empregado eacute essencial a natildeo ser levado em conta corremos o risco de considerar
como cientistas dentre outros os mecenas que no passado contribuiacuteram de maneira indireta para o progresso
das ciecircncias
O argumento indutivista Uma criacutetica imparcial conquanto demolidora ao
indutivismo eacute apresentada por Chalmers nos trecircs primeiros capiacutetulos de seu livro [13] Veremos aqui apenas alguns toacutepicos interessantes do ponto de vista epistemoloacutegico
eou necessaacuterios para um melhor entendimento da teoria ora sendo apresentada
Um sumaacuterio completo do argumento indutivista da ciecircncia estaacute esquematizado na figura 2 adaptada de Chalmers [14]
Chama a atenccedilatildeo a omissatildeo da deduccedilatildeo de hipoacuteteses o indutivista admite ser possiacutevel partir da observaccedilatildeo e chegar a leis apelando exclusivamente ao raciociacutenio
indutivo O meacutetodo indutivo baseia-se na crenccedila de que eacute possiacutevel confirmar um enunciado universal (lei) atraveacutes de um certo nuacutemero de observaccedilotildees singulares Via de regra
quando se questiona o indutivista a respeito da omissatildeo da hipoacutetese ele logo repete uma frase de Newton Natildeo faccedilo
hipoacuteteses Obviamente este indutivista ingecircnuo ouviu esta frase sabe que foi proferida por Newton mas demonstra
natildeo saber a que Newton estava se referindo A hipoacutetese a que Newton se refere natildeo eacute a mesma que hoje se conceitua nos tratados de metodologia cientiacutefica ou de estatiacutestica Newton deixou bastante claro em sua obra que natildeo fazia como cientista especulaccedilotildees ou conjecturas infundadas No
23
que se refere a hipoacuteteses no contexto em que o termo eacute hoje aceito rariacutessimos foram os cientistas que em sua
fase produtiva as levantaram em nuacutemero tal cuja ordem de grandeza se aproximasse daquela atingida por Newton
O argumento indutivista baseia-se na crenccedila no princiacutepio da induccedilatildeo que dentre outras formas pode ser enunciado como Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno
sempre que pesquisado se repetiu em futuras verificaccedilotildees o mesmo sucederaacute
Figura 2 - O argumento indutivista (segundo Chalmers)
[15] Escolhi esta versatildeo para que fique claro o contraste entre o princiacutepio da induccedilatildeo e a regra
cientiacutefica fundamental expliacutecita na figura 1 Trecircs comentaacuterios merecem ser feitos a respeito 1) Conquanto
seja usado como regra metodoloacutegica o princiacutepio da induccedilatildeo natildeo define o nuacutemero de observaccedilotildees singulares a permitir uma generalizaccedilatildeo (obtenccedilatildeo de leis) 2) Esta e outras falhas conceituais inerentes ao argumento indutivista propiciam interpretaccedilotildees ingecircnuas ao princiacutepio conforme
veremos abaixo 3) O princiacutepio sem perder em generalidade no que diz respeito agraves premissas (tem o
mesmo campo de atuaccedilatildeo que a regra cientiacutefica fundamental) e para que possa caracterizar-se como metodoloacutegico e natildeo apenas norteador torna-se mais
restritivo que a regra cientiacutefica fundamental frac34afirma ao inveacutes de suporfrac34 Consequumlentemente os que abraccedilam esta ideologia devem procurar por uma outra definiccedilatildeo de ciecircncia que natildeo a apresentada no item 2 e figura 1 As
consequumlecircncias epistemoloacutegicas daiacute resultantes seratildeo objeto de discussatildeo em itens posteriores
O indutivista ingecircnuo eacute aquele que dentre outras falhas conceituais eou de raciociacutenio consegue provar
cientificamente por exemplo a inexistecircncia de Deus pelo simples fato de Deus natildeo se manifestar a ele tendo em vista que ele natildeo possui uma regra para delimitar a ciecircncia que natildeo seja o princiacutepio da causalidade --natildeo haacute efeito sem causa-- ele tenta inverter o princiacutepio frac34que no caso ficaria natildeo haacute causa sem efeitofrac34 e apelando para o argumento indutivista consegue por meacutetodos cientiacuteficos chegar a conclusotildees natildeo cientiacuteficas frac34no caso teoloacutegicas Mais comum no entanto eacute o erro agora natildeo tatildeo ingecircnuo cometido por alguns indutivistas que conseguem provar cientificamente que todas as maccedilatildes satildeo vermelhas prova esta vaacutelida somente ateacute o dia em que eles se
depararem com maccedilatildes verdes Neste caso a falha decorre da crenccedila num meacutetodo repleto de incoerecircncias internas
5 O argumento dedutivista
24
O argumento dedutivista ainda que natildeo isento de criacuteticas representou sem duacutevida alguma uma evoluccedilatildeo no sentido em que propiciou uma metodologia cientiacutefica dotada de
coerecircncia interna A esse respeito eacute dito com frequumlecircncia que o raciociacutenio dedutivo constitui o
argumento da loacutegica A fim de padronizar comparaccedilotildees apresentarei o argumento
dedutivista como apoiado no seguinte princiacutepio Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa para que seja hipoacutetese deveraacute ser
passiacutevel de verificaccedilatildeo observacional A figura 3 ilustra a proposiccedilatildeo deste argumento
Eacute importante observar que nem toda a afirmaccedilatildeo deduzida seraacute uma hipoacutetese motivo pelo qual natildeo utilizamos o argumento loacutegico se e somente se ao enunciarmos o
princiacutepio
Figura 3 - O argumento dedutivista
[16] Em particular eacute de se ressaltar a opiniatildeo de Severino (1994) a respeito
Eacute preciso natildeo confundir hipoacutetese com pressuposto com evidecircncia preacutevia
Hipoacutetese eacute o que se pretende demonstrar e natildeo o que jaacute se tem
demonstrado [17] A loacutegica dedutiva ao caminhar do geral para o particular
nos garante a formulaccedilatildeo de hipoacuteteses e hipoacutetese comprovada atraveacutes de uma observaccedilatildeo controlada (teste eou experiecircncia) nos permite suspeitar atraveacutes de um raciociacutenio indutivo (do singular para o geral) sua condiccedilatildeo de lei Observem o cuidado na colocaccedilatildeo das palavras Eu disse nos permite suspeitar e natildeo nos
permite garantir Por que esse cuidado A experimentaccedilatildeo natildeo nos garante verdades A esse respeito Popper assim se
referiu Natildeo haacute um meacutetodo para determinar se
uma hipoacutetese eacute lsquoprovaacutevelrsquo ou provavelmente verdadeira [18]
Eacute interessante notar que algumas limitaccedilotildees inerentes ao indutivismo e que propiciam o aparecimento de conclusotildees ingecircnuas satildeo aqui substituiacutedas por uma impossibilidade
Sob esse aspecto o dedutivismo natildeo solucionou o problema mas simplesmente reduziu a possibilidade de que se
cometessem determinados raciociacutenios ingecircnuos Rigorosamente falando o problema natildeo eacute tatildeo insoluacutevel
assim Seraacute insoluacutevel tatildeo-somente para aqueles que julgam estar cientificamente buscando por verdades absolutas A verdade cientiacutefica e soacute o leigo talvez natildeo saiba eacute uma
verdade provisoacuteria tomada por empreacutestimo da natureza e da forma como ela se nos aparenta ser As verdades
25
cientiacuteficas de hoje seratildeo quando natildeo negadas lapidadas e reformuladas amanhatilde Se chegaremos ou natildeo por meacutetodos
cientiacuteficos agrave verdade absoluta eacute um questionamento que a ciecircncia natildeo estaacute aparelhada para responder E talvez nunca esteja o que natildeo nos impede de que continuemos procurando
pela verdade Popper foi mais aleacutem demonstrando ser impossiacutevel ateacute mesmo probabilizar uma afirmaccedilatildeo comprovada por um
raciociacutenio que siga a metodologia dedutiva (incluindo e eacute aiacute que reside o problema principal do meacutetodo a induccedilatildeo -- vide lado direito da figura 3) A esse respeito Popper
propotildee a substituiccedilatildeo do termo probabilizar por corroborar Uma hipoacutetese seria tanto mais corroboraacutevel quanto mais propiciasse verificaccedilotildees experimentais e teria sido tanto mais corroborada e natildeo haacute como se
atribuir nuacutemeros probabiliacutesticos a esse efeito quanto mais resistisse a essas verificaccedilotildees Siegel (1977
traduccedilatildeo) adota provavelmente com o mesmo objetivo a expressatildeo grau de aceitabilidade
Efetuamos pesquisas a fim de determinar o grau de aceitabilidade de
hipoacuteteses deduzidas de nossas teorias [19]
Esta impossibilidade em garantir um acerto preocupou bastante Popper e certamente foi um dos motivos que o
levou a expandir o argumento dedutivista atraveacutes da proposiccedilatildeo do falsificacionismo a ser apresentado no
item 7 Independentemente das dificuldades apontadas neste e nos itens precedentes a verdade eacute que a ciecircncia progride e este progresso eacute guiado por homens que conhecem o terreno por onde pisam E conquanto todos saibam da natildeo existecircncia em ciecircncia de verdades absolutas da impossibilidade de se
chegar a uma soluccedilatildeo definitiva para os problemas cientiacuteficos e da natildeo existecircncia de provas observacionais irrefutaacuteveis quase todos [20] entendem e concordam com a
afirmaccedilatildeo de GIL (1994) expressa a seguir A pesquisa cientiacutefica inicia-se
sempre com a colocaccedilatildeo de um problema solucionaacutevel O passo seguinte
consiste em oferecer uma soluccedilatildeo possiacutevel atraveacutes de uma proposiccedilatildeo ou seja de uma expressatildeo suscetiacutevel de ser declarada verdadeira ou falsa A
esta proposiccedilatildeo daacute-se o nome de hipoacutetese Assim a hipoacutetese eacute a
proposiccedilatildeo testaacutevel que pode vir a ser a soluccedilatildeo do problema [21]
6 O que eacute teoria Eacute importante salientar que a finalidade primordial da ciecircncia natildeo eacute formular hipoacuteteses e sim sistematizar teorias e que teoria natildeo eacute pura e simplesmente uma
coletacircnea de hipoacuteteses Teoria eacute um conjunto de hipoacuteteses coerentemente interligadas tendo por finalidade explicar
elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio do conhecimento [22] Por que entatildeo os livros de
metodologia insistem em justificar os meacutetodos atraveacutes de hipoacuteteses uacutenicas e via de regra desinteressantes tais
como As maccedilatildes satildeo vermelhas os cisnes satildeo brancos etc A verdade eacute que nem sempre eacute faacutecil encontrar teorias ao mesmo tempo simples e de amplo espectro ou seja que
26
possam ser entendidas por leitores das vaacuterias aacutereas do conhecimento Por outro lado os argumentos que corroboram ou derrubam teorias satildeo em princiacutepio idecircnticos aos que corroboram ou derrubam hipoacuteteses frac34poderiacuteamos tambeacutem dizer
que uma hipoacutetese eacute ou simula ser uma teoria cujo conjunto de hipoacuteteses eacute unitaacuterio Em geral a dificuldade inerente ao grau de complexidade de uma teoria pode ser
superada desde que o cientista conheccedila a fundo esta teoria cujo grau de aceitabilidade pretende testar e domine a loacutegica envolvida em situaccedilotildees similares poreacutem simples como aquelas que aparecem nos compecircndios sobre o
assunto A ecircnfase dada pelos textos de metodologia cientiacutefica a meacutetodos relacionados a testes de hipoacuteteses contrasta com a quase ausecircncia de referecircncias a meacutetodos relativos agrave
praacutetica da teorizaccedilatildeo Existem exceccedilotildees a esta regra e eu natildeo poderia deixar de citar [23] os livros de Bunge [24] e de Lacey [25] indicados especialmente para os iniciantes da aacuterea de exatas Embora natildeo especificamente dirigido a esta temaacutetica haacute que se destacar tambeacutem o livro de Bohm e
Peat [26] e que merece ser lido posto que focaliza a essecircncia da problemaacutetica aqui apontada neste caso e por este motivo eacute indicado aos iniciantes de todas as aacutereas A praacutetica da teorizaccedilatildeo com rariacutessimas exceccedilotildees natildeo se
aprende na escola Grandes teorizadores por terem aprendido a utilizar uma teacutecnica natildeo encontrada nos livros tradicionais e que nem mesmo eacute ensinada na maioria dos
regimes de iniciaccedilatildeo cientiacutefica chegaram a ser confundidos com gecircnios Eacute bem possiacutevel que estes gecircnios tenham adquirido esta praacutexis cultuando algum resquiacutecio da
filosofia que a sociedade moderna natildeo conseguiu despedaccedilar
A lacuna acima apontada fomenta a ingenuidade ou ateacute mesmo o charlatanismo multiplicando sobremaneira o nuacutemero dos que sem estarem devidamente preparados para teorizar frac34uma atividade que natildeo eacute elementarfrac34 ainda assim teorizam e teorizam mal frac34fato este que chega a incomodar cientistas de respeito que ocupam postos importantes nas
universidades [27] Por outro lado e em decorrecircncia disto permite que se condene agrave marginalidade cientiacutefica
e por periacuteodos variaacuteveis de tempo todos aqueles que certos ou errados pretendem evoluir seriamente no sentido de atender agrave finalidade uacuteltima da ciecircncia a edificaccedilatildeo de
teorias representacionais Que meacutetodos estes homens seguiram que natildeo a paixatildeo a
devoccedilatildeo a persistecircncia e a crenccedila num espiacuterito universal frac34Espiacuterito este que segundo alguns admitem natildeo estaacute a se
divertir com nossos erros e acertos o que foi sintetizado pelo maior dos gecircnios do seacuteculo XX nas
seguintes palavras Deus natildeo joga dados A resposta nos eacute dada pelo proacuteprio autor desta afirmaccedilatildeo
O alvo de construir uma teoria de campo eletromagneacutetico da mateacuteria
permanece inatingiacutevel por ora embora em princiacutepio nenhuma objeccedilatildeo possa ser levantada contra a possibilidade de vir a se alcanccedilar tal objetivo O que reteve qualquer tentativa posterior nessa direccedilatildeo foi a falta de qualquer meacutetodo sistemaacutetico que levasse a uma
soluccedilatildeo [28]
27
Seraacute que natildeo existem meacutetodos ou regras a serem adotados nesta praacutexis E por falar nisso a praacutetica da teorizaccedilatildeo
natildeo seria uma teorexis [29] Seraacute que teorizar em ciecircncia eacute uma atividade puramente filosoacutefica Natildeo existe uma
metodologia cientiacutefica a orientar aqueles que se preocupam em decifrar os segredos que estatildeo por traacutes dos fenocircmenos que se adaptam agrave regra cientiacutefica fundamental Caso exista
um meacutetodo a ser sistematizado Seria ele diferente do meacutetodo cientiacutefico O que eacute o meacutetodo cientiacutefico
Tentarei dentro do possiacutevel e da finalidade a que me propus ao conceber esta seacuterie de artigos responder
oportunamente eou orientar o leitor se houver como no que diz respeito aos questionamentos aqui assinalados De qualquer forma mais detalhes sobre teoria eou teorizaccedilatildeo seratildeo apresentados no toacutepico IV-b A praacutetica da teorizaccedilatildeo
(em preparo)
[13] CHALMERS A F 1976 Referecircncias
op cit (Voltar pelo browser) pp 23-63
[14] Idem p 28 [15] Esta versatildeo eacute uma adaptaccedilatildeo do princiacutepio da induccedilatildeo
como enunciado por CHALMERS (1976) op cit Se um grande nuacutemero de As foi observado sob uma ampla variedade de condiccedilotildees e se todos esses As observados possuiacuteam sem exceccedilatildeo a propriedade B entatildeo todos os As possuem a propriedade B
[16] Neste caso o princiacutepio ficaria
Aparentes contradiccedilotildees que o iniciante possa descobrir ao comparar os dois enunciados natildeo
comprometem o raciociacutenio que se segue razatildeo pela qual admitirei a equivalecircncia sem justificaacute-la
Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa seraacute hipoacutetese se e somente se for passiacutevel de verificaccedilatildeo
observacional
[17] SEVERINO J S 1994
O primeiro se torna a afirmaccedilatildeo inconsistente
Metodologia do trabalho cientiacutefico[18] POPPER K R 1956
Cortez Editora Satildeo Paulo op cit
[19] SIEGEL S 1977 Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica
[20] Eacute possiacutevel que alguns dentre os indutivistas natildeo concordem com alguns dos termos da afirmaccedilatildeo por motivos que podem ser suspeitados tendo em vista o apresentado
neste e no item anterior
Ed McGraw-Hill do Brasil Ltda Satildeo Paulo p 6
[21] GIL A C 1994 Como elaborar projetos de pesquisas
[22] Em FERREIRA A B H 1986
Editora Atlas S A Satildeo Paulo p 35 [Os grifos satildeo
meus] op cit (Voltar pelo
browser) encontramos uma definiccedilatildeo mais geral a satisfazer tambeacutem o argumento indutivista Teoria eacute um
conjunto de conhecimentos natildeo ingecircnuos que apresentam graus diversos de sistematizaccedilatildeo e credibilidade e que se
propotildeem a explicar elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio de fenocircmenos ou de acontecimentos que se
oferecem agrave atividade praacutetica [23] Os trecircs livros citados a seguir natildeo satildeo os uacutenicos
nos gecircneros assinalados a despeito da disparidade apontada Ao tempo em que registro com estes exemplos a exceccedilatildeo agrave regra presto tambeacutem uma homenagem a autores que ao serem por mim lidos transmutaram em duacutevidas muitas das
respostas a questotildees fundamentais e que eu
28
pretensiosamente julgava possuir [24] BUNGE M Teoria e realidade
[25] LACEY HM 1972
Ed Perspectiva (traduccedilatildeo 1994) Satildeo Paulo
A linguagem do espaccedilo e do tempo
[26] BOHM D e PEAT F D
Ed Perspectiva SA
Ciecircncia ordem e criatividade
[27] A esse respeito vale a pena ler
Gradiva Publicaccedilotildees Ltda (traduccedilatildeo 1989) Lisboa
Cientiacuteficos Chiflados capiacutetulo XIV do livro BERNSTEIN J 1988 Observacioacuten de
la Ciencia[28] EINSTEIN A
Ed Fondo de Cultura Econoacutemica Meacutexico Fiacutesica e realidade in Albert Einstein
Pensamento poliacutetico e uacuteltimas conclusotildees (1983 traduccedilatildeo) Edit Brasiliense S A Satildeo Paulo [O grifo eacute meu]
[29] Este termo eu utilizei pela primeira vez no artigo MESQUITA Fdeg A 1983 Ciecircncia empiacuterica uma arma ou uma daacutediva Faculdade
Antes de mais nada afirmarei sem me alongar que uma teoria adotado o argumento dedutivista pode ser
corroborada ou negada fundamentalmente atraveacutes de um dos trecircs procedimentos seguintes 1) Pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de uma de suas hipoacuteteses 2) pela verificaccedilatildeo ou negaccedilatildeo de uma de suas prediccedilotildees 3) pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de teorias auxiliares deduzidas da teoria principal (teoria em teste ou sob suspeita) as teorias
auxiliares podem ser de trecircs tipos teorias ou hipoacuteteses de nulidade teorias ou hipoacuteteses salvadoras e teorias ou hipoacuteteses assassinas
(Revista do IAMC) ndeg 6 p 28-43 agosto83
7 O falsificacionismo O falsificacionismo natildeo foi proposto como um meacutetodo novo mas sim como um criteacuterio ou conduta a ser ou natildeo adotado por aqueles que se conformam ao meacutetodo dedutivo de prova
Natildeo haacute nada no falsificacionismo do ponto de vista metodoloacutegico que natildeo esteja previsto ou que natildeo decorra naturalmente de uma opccedilatildeo a ser seguida espontaneamente ou natildeo por este ou aquele dedutivista Qual seria entatildeo este criteacuterio Com que finalidade foi proposto A resposta a estas perguntas bem como o meacuterito do falsificacionismo constituem o objetivo deste e dos proacuteximos dois itens
[30] Incluem-se no rol das teorias auxiliares como veremos oportunamente as teorias
transcendentais frequumlentemente conotadas por experiecircncias de pensamento As prediccedilotildees e as hipoacuteteses ou teorias auxiliares satildeo teorias geradas utilizando-se do proacuteprio argumento dedutivista esquematizado na figura 3 Neste caso o foco de atenccedilatildeo inicial frac34representado na figura como observaccedilatildeofrac34 eacute nada mais nada menos que a proacutepria teoria que deu origem agrave prediccedilatildeo eou agrave teoria auxiliar Ao valorizar a falseabilidade como criteacuterio a ser adotado
pelos dedutivistas Popper nada mais fez que tentar expandir ou trazer para o domiacutenio da metodologia
cientiacutefica uma praacutetica amplamente utilizada com sucesso em estatiacutestica o criteacuterio de tomada de decisatildeo atraveacutes da
hipoacutetese de nulidade (Ho
O primeiro passo ou estaacutegio no processo de tomada de decisatildeo eacute
definir a hipoacutetese de nulidade (
)
Ho) Formula-se usualmente com o expresso propoacutesito de ser rejeitada Se eacute
29
rejeitada pode-se aceitar a hipoacutetese alternativa (H1) A hipoacutetese
alternativa eacute a definiccedilatildeo operacional da hipoacutetese de pesquisa do
pesquisador A hipoacutetese de pesquisa eacute a prediccedilatildeo deduzida da teoria que estaacute
sendo comprovada [31] A contribuiccedilatildeo de Popper a esse respeito limitou-se agrave ecircnfase que deu agrave importacircncia da procura por hipoacuteteses de
nulidade Ateacute entatildeo este costume estava restrito agrave procura por previsotildees frac34apresentadas via de regra pelo proacuteprio autor da teoriafrac34 eou hipoacuteteses salvadoras frac34levantadas
pelos adeptos da teoria em focofrac34 eou hipoacuteteses assassinas frac34levantadas pelos criacuteticos da teoria em questatildeo As quatro
tecircm uma caracteriacutestica comum satildeo todas teorias falseadoras
A boa teoria dentre outras qualidades [32] e segundo Popper eacute aquela potencialmente geradora de hipoacuteteses
falseadoras e tanto melhor seraacute quanto maior for o risco de ser negada Ela pode ateacute mesmo ser derrubada no primeiro teste a que for submetida o que natildeo invalida o que foi
dito foi uma boa teoria enquanto durou e voltaraacute a ser se conseguir ressurgir das cinzas Dito em outras palavras o criteacuterio para se avaliar a virtude de uma teoria nascente repousa no seu grau de submissatildeo a testes adversos Uma teoria de baixo risco raramente eacute bem vinda [33] e uma
teoria sem risco algum na opiniatildeo de Popper natildeo eacute cientiacutefica e eu iria aleacutem sequer eacute teoria
Levando-se em conta que o criteacuterio falsificacionista peca pela subjetividade deve-se tomar cuidado ao se optar por uma teoria em detrimento de outra pelo fato de a primeira
ser mais falseaacutevel que a segunda Diferentes hipoacuteteses falseadoras devem apresentar pesos diferentes e este peso
mesmo quando bem estimado frequumlentemente o eacute por um processo subjetivo Natildeo eacute raro utilizar-se desta
subjetividade inerente ao falsificacionismo para justificar escolhas feitas segundo criteacuterios poliacuteticos econocircmicos
interesseiros corporativistas ou entatildeo apoiados em princiacutepios outros que tambeacutem deixam a desejar no que diz
respeito agrave eacutetica do cientista 8 Entendendo o falsificacionismo
Suponha que algueacutem deduza a seguinte hipoacutetese H1 As maccedilatildes do Estado de Satildeo Paulo satildeo vermelhas A teoria assim
simulada eacute uma teoria de hipoacutetese uacutenica Percebam que no argumento da hipoacutetese estaacute se admitindo como pressupostos uma infinidade de conceitos tais como fruta maccedilatilde cor
vermelho local Satildeo Paulo Brasil etc Estes pressupostos satildeo o que Severino chama de evidecircncias preacutevias como vimos no item 5 e constituem uma das bases da argumentaccedilatildeo de Chalmers [34] ao contestar os que afirmam que a ciecircncia
comeccedila com a observaccedilatildeo Um exemplo de previsatildeo desta teoria seria as maccedilatildes de
Jundiaiacute devem ser vermelhas tendo em vista que Jundiaiacute se localiza no Estado de Satildeo Paulo
Suponha tambeacutem que algueacutem tenha demonstrado que em condiccedilotildees X outra fruta que natildeo a maccedilatilde e que
originalmente era de determinada cor se modifica e conclui que se a teoria sobre as maccedilatildes for verdadeira ela
deveraacute permanecer verdadeira nas condiccedilotildees X Pode-se entatildeo construir a seguinte hipoacutetese de nulidade Ho Em
condiccedilotildees X obter-se-atildeo em Satildeo Paulo maccedilatildes natildeo
30
vermelhas Esta previsatildeo natildeo decorre da teoria (H1) mas de evidecircncias preacutevias outras e estranhas agrave mesma Se esta
hipoacutetese (Ho) for verificada a hipoacutetese original H1
Seraacute que este simples fato condena a teoria original Para o falsificacionista ingecircnuo sim Para aquele que entendeu e aceitou o significado da afirmaccedilatildeo de Popper citada
neste artigo ao final do
estaraacute falseada
quarto paraacutegrafo do item 5 natildeo Optar por uma teoria natildeo significa crer numa verdade
absoluta Se eu afirmo que Ho eacute verdadeira e consequumlentemente H1 eacute falsa isto natildeo significa que eu
estou atribuindo o grau de veracidade 100 a uma hipoacutetese e 0 agrave outra significa simplesmente que a verificaccedilatildeo experimental me convenceu a optar por uma teoria em
detrimento da outra A opccedilatildeo eacute uma das maneiras pelas quais o cientista expressa a sua feacute na ciecircncia [35] e o
falsificacionismo estabelece normas a lhe orientar nesta opccedilatildeo
Suponha agora que em condiccedilotildees X ou em outra condiccedilatildeo qualquer se encontrem no Estado de Satildeo Paulo maccedilatildes verdes Significa isto que a hipoacutetese H1
Natildeo podemos em satilde consciecircncia dizer que a psicanaacutelise por exemplo natildeo pertenccedila ao campo da ciecircncia pelo simples
fato de uma de suas teorias precursoras ser natildeo falseaacutevel Sequer podemos dizer que o autor dessa ideacuteia natildeo
fosse cientista se eacute verdade que a psicanaacutelise se desenvolveu em cima desta ideacuteia e apesar disso conseguiu
eacute falsa Natildeo Simplesmente ela foi falseada Nada impede que amanhatilde com a evoluccedilatildeo da ciecircncia se descubra que estes frutos verdes a que hoje associamos a ideacuteia maccedilatilde estejam inseridos num
outro contexto e que realmente natildeo sejam maccedilatildes Por que entatildeo se daacute preferecircncia a verificaccedilotildees falseadoras em detrimento das corroboradoras Ora isto nem sempre
acontece conquanto seja esta uma das regras propostas pelo falsificacionismo Por exemplo tanto a teoria da
relatividade quanto a mecacircnica quacircntica satildeo teorias fiacutesicas amplamente aceitas graccedilas a terem sido
corroboradas por previsotildees que se confirmaram e pouco valor se deu a um grande nuacutemero de testes que as falsearam Por outro lado estas duas teorias satildeo concomitantemente aceitas pelos fiacutesicos conquanto existam fortes argumentos
a provar que cada uma destas duas teorias falseia a outra e ambas falseiam a teoria de Maxwell que tambeacutem eacute aceita como verdadeira Certos ou errados neste caso os fiacutesicos modernos dentre os quais se inclui Popper fizeram uma opccedilatildeo contraacuteria agrave norma falsificacionista e natildeo haacute
como criticaacute-los por essa conduta a menos que se pretenda atribuir ao falsificacionismo uma qualidade que ele natildeo
possui a de estabelecer criteacuterios absolutos de veracidade O falsificacionismo presta-se tambeacutem a fomentar o diaacutelogo e a criatividade Neste caso surge quase como que um apelo para que se invista mais em experiecircncias de pensamento um
recurso legiacutetimo e de grande valor em ciecircncia 9 O falsificacionismo como delimitador da ciecircncia
Vimos no item 7 que para Popper uma teoria sem risco algum natildeo eacute cientiacutefica e eu acrescentei sequer eacute teoria Popper quis se aproveitar deste argumento para delimitar a ciecircncia utilizando-se entatildeo do falsificacionismo como
criteacuterio de cientificidade Com esta opccedilatildeo Popper desagradou a muitos e convenceu a poucos ainda que sua
ideacuteia natildeo fosse de todo maacute
31
de alguma forma se impor como ciecircncia muito provavelmente queiramos ou natildeo seu autor contribuiu diretamente para o progresso da ciecircncia Mesmo que hoje algueacutem chegasse a concluir categoricamente pelo caraacuteter natildeo cientiacutefico da psicanaacutelise isto de forma alguma nos autorizaria a hipoteticamente condenaacute-la agrave estagnaccedilatildeo Se um cientista utilizando-se de maus criteacuterios ou ateacute mesmo apoiando-se em dogmas constroacutei de maneira natildeo
cientiacutefica um determinado campo do conhecimento isto natildeo significa que este campo natildeo possa vir a ser estudado cientificamente e que natildeo se possam criteriosamente
aproveitar as conclusotildees de seus estudos Nada impede que uma teoria considerada hoje como natildeo cientiacutefica pelo fato de possuir uma ou mais hipoacuteteses natildeo falseaacuteveis adquira
esse status apoacutes passar por ligeiras reformulaccedilotildees Natildeo podemos assumir que um campo do conhecimento seja natildeo cientiacutefico pelo simples fato de natildeo encontrarmos nele
teorias cientiacuteficas Este posicionamento de Popper a meu ver natildeo se justifica o falsificacionismo natildeo eacute um bom
criteacuterio delimitador da ciecircncia e isto eu espero que tenha ficado claro para o leitor E mais natildeo existem aacutereas natildeo cientiacuteficas mas sim aacutereas onde ainda natildeo foram produzidos conhecimentos cientiacuteficos O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo e pelo menos nesta etapa nada eacute absolutamente corroboraacutevel ou falseaacutevel Podemos ainda
dizer que a ciecircncia natildeo se localiza aqui ou acolaacute sob esse aspecto a ciecircncia natildeo tem fronteiras
10 Enfim a teoria do meacutetodo Nos demais artigos desta seacuterie irei demonstrar ser possiacutevel partindo da regra cientiacutefica fundamental desenvolver uma teoria sobre o meacutetodo cientiacutefico
utilizando-se das trecircs hipoacuteteses seguintes 1 O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo 2 A produccedilatildeo de conhecimentos passa
necessariamente pelas etapas deduccedilatildeo anaacutelise induccedilatildeo e
siacutentese na ordem apresentada 3 Os princiacutepios cientiacuteficos fundamentais satildeo universais
Por questatildeo de simplicidade subdividirei o estudo do meacutetodo em trecircs etapas correspondentes a cada uma das hipoacuteteses 1) o estudo do macromeacutetodo cientiacutefico 2) o estudo do meacutetodo cientiacutefico propriamente dito e 3) o estudo do micromeacutetodo cientiacutefico Os toacutepicos nos quais
desenvolverei estas etapas estatildeo em fase de projeto natildeo havendo portanto previsatildeo quanto agrave eacutepoca de publicaccedilatildeo
Meacutetodo cientiacutefico
Origem Wikipeacutedia a enciclopeacutedia livre
A palavra meacutetodo vem do grego meacutethodos (caminho para chegar a um fim) O meacutetodo cientiacutefico eacute um conjunto de regras baacutesicas para desenvolver uma experiecircncia a fim de produzir novo conhecimento bem como corrigir e integrar conhecimentos preacute-existentes Na maioria das disciplinas cientiacuteficas consiste em juntar evidecircncias observaacuteveis empiacutericas (ou seja baseadas apenas na experiecircncia) e
mensuraacuteveis e as analisar com o uso da loacutegica Para muitos autores o meacutetodo cientiacutefico nada mais eacute do que a loacutegica
32
aplicada agrave ciecircncia (Haddad) Metodologia literalmente refere-se ao estudo dos meacutetodos e especialmente do meacutetodo da ciecircncia que se supotildee universal Embora procedimentos variem de uma aacuterea da
ciecircncia para outra (as disciplinas cientiacuteficas) diferenciadas por seus distintos objetos de estudo
consegue-se determinar certos elementos que diferenciam o meacutetodo cientiacutefico de outros meacutetodos (filosoacutefico algoritmo
ndash matemaacutetico etc)
Primeiramente os pesquisadores definem proposiccedilotildees loacutegicas ou suposiccedilotildees (hipoacuteteses) para explicar certos fenocircmenos e observaccedilotildees e entatildeo desenvolvem experimentos que testam essas hipoacuteteses Se confirmadas as hipoacuteteses podem gerar leis e teorias Integrando-se hipoacuteteses de certa aacuterea em uma estrutura coerente de conhecimento contribuiacute-se na
formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bem como coloca as hipoacuteteses em um conjunto de conhecimento maior que satildeo as
leis e teorias reconhecidas consensualmente pela comunidade cientiacutefica eou o
O contexto de uma pesquisa
paradigma de seu tempo Outra caracteriacutestica do meacutetodo eacute que o processo precisa
ser objetivo e o cientista deve ser imparcial na interpretaccedilatildeo dos resultados Sobre a objetividade o seja
atente agraves propriedades do objeto e natildeo do sujeito (subjetividade) eacute conhecida a afirmaccedilatildeo de Hans Selye
pesquisador canadense que formulou a moderna concepccedilatildeo de stress ldquoQuem natildeo sabe o que procura natildeo entende o que encontrardquo referindo-se a necessidade de formulaccedilatildeo de definiccedilotildees precisas (a essecircncia dos conceitos) e que
possam ser respondidas com o simples sim ou natildeo Tanto a imparcialidade (evidecircncia) como a objetividade foram incluiacutedas por Reneacute Descartes (1596 ndash 1649) nas regras
loacutegicas que caracterizam o meacutetodo cientiacutefico Aleacutem disso o procedimento precisa ser documentado tanto no que diz respeito agrave fonte de dados como as regras de anaacutelise para que outros cientistas possam re-analisar reproduzir e verificar a confiabilidade dos resultados Assim se distingue os relatos cientiacuteficos (artigos
monografias teses e dissertaccedilotildees) de um simples estilo (padratildeo) ou arquitetura de texto orientados pelo que caracteriza as normas da Retoacuterica ou estudo do uso persuasivo da linguagem em funccedilatildeo da eloquumlecircncia
Eacute comum o uso da anaacutelise matemaacutetica ou estatiacutestica quando possiacutevel ou aproximaccedilatildeo de modelos abstratos (tipos ideais) e categorias de classificaccedilatildeo a depender do
objetivo da pesquisa (identificar descrever analisar) que pode ser basicamente quantitativa ou qualitativa A divisatildeo da ciecircncia em aacutereas ou distintas disciplinas
cientificas tem levado a tais adequaccedilotildees da metodologia Eacute comum a afirmaccedilatildeo de que em funccedilatildeo da evoluccedilatildeo do meacutetodo
cientifico num extremo temos a fiacutesica e quiacutemica seguida da biologia e por uacuteltimo as ciecircncias sociais psicologia e ciecircncias juriacutedicas quase se aproximando da filosofia e estudo das crenccedilas (senso comum) ou ciecircncias do espiacuterito
(sistemas miacutetico - religiosos) Contudo pesquisadores contemporacircneos vecircem nessas duas abordagens uma oposiccedilatildeo complementar enquanto as pesquisas quantitativas visam descrever e explicar fenocircmenos que produzem regularidades mensuraacuteveis satildeo recorrentes (ou discrepantes) e exteriores ao sujeito
33
(objetivos) na pesquisa qualitativa o observador (sujeito) eacute da mesma natureza que o objeto de sua anaacutelise e ele proacuteprio uma parte de sua observaccedilatildeo (o subjetivo)
Eacute importante ter em mente que as pesquisas cientificas relacionam-se com um modelo (paradigmaacutetico) ou uma
constelaccedilatildeo de pressupostos e crenccedilas escalas de valores teacutecnicas e conceitos compartilhados pelos membros de uma determinada comunidade cientiacutefica num determinado momento
histoacuterico
Ciecircncia eacute muito mais uma maneira de pensar do que um corpo de conhecimentos -
Elementos do meacutetodo cientiacutefico
Carl Sagan ciecircncia consiste em agrupar factos para que leis
gerais ou conclusotildees possam ser tiradas deles - Charles Darwin
O meacutetodo cientiacutefico eacute composto dos seguintes elementos bull Caracterizaccedilatildeo - Quantificaccedilotildees observaccedilotildees e
medidas bull Hipoacuteteses - Explicaccedilotildees hipoteacuteticas das observaccedilotildees e
medidas bull Previsotildees - Deduccedilotildees loacutegicas das hipoacuteteses
bull Experimentos - Testes dos trecircs elementos acima O meacutetodo cientiacutefico consiste dos seguintes aspectos bull Observaccedilatildeo - Uma observaccedilatildeo pode ser simples isto eacute
feita a olho nu ou pode exigir a utilizaccedilatildeo de instrumentos apropriados
bull Descriccedilatildeo - O experimento precisa ser replicaacutevel (capaz de ser reproduzido)
bull Previsatildeo - As hipoacuteteses precisam ser vaacutelidas para observaccedilotildees feitas no passado no presente e no
futuro bull Controle - Para maior seguranccedila nas conclusotildees toda
experiecircncia deve ser controlada Experiecircncia controlada eacute aquela que eacute realizada com teacutecnicas que permitem descartar as variaacuteveis passiacuteveis de mascarar
o resultado bull Falseabilidade[1]
bull Explicaccedilatildeo das Causas - Na maioria das aacutereas da Ciecircncia eacute necessaacuterio que haja causalidade Nessas
condiccedilotildees os seguintes requerimentos satildeo vistos como importantes no entendimento cientiacutefico
- toda hipoacutetese tem que ser falseaacutevel ou refutaacutevel Isso natildeo quer dizer que o experimento seja falso mas sim que ele pode ser verificado
contestado Ou seja se ele realmente for falso deve ser possiacutevel provaacute-lo
bull Identificaccedilatildeo das Causas bull Correlaccedilatildeo dos eventos - As causas precisam se
correlacionar com as observaccedilotildees bull Ordem dos eventos - As causas precisam preceder
no tempo os efeitos observados Na aacuterea da sauacutede a natureza da associaccedilatildeo causal foi formulada por Hence e adaptada por Robert Koch em 1877
para demonstraccedilatildeo da relaccedilatildeo causal entre microrganismos e patologias consistindo basicamente no enunciado acima ou seja forccedila da associaccedilatildeo (conectividade) sequumlecircncia temporal (assimetria) transitividade (evidecircncia experimental) previsibilidade estabilidade
Uma maneira linearizada e pragmaacutetica de apresentar os quatro pontos acima estaacute exposto a seguir passo-a-passo
34
Vale a pena notar que eacute apenas um exemplo natildeo sendo obrigatoacuterio a existecircncia de todos esses passos Na
verdade na maioria dos casos natildeo se segue todos esses passos ou mesmo parte deles O meacutetodo cientiacutefico natildeo eacute
uma receita ele requer inteligecircncia imaginaccedilatildeo e criatividade O importante eacute que os aspectos e elementos
apresentados acima estejam presentes bull Definir o problema
bull Recolhimento de dados bull Proposta de uma hipoacutetese
bull Realizaccedilatildeo de uma experiecircncia controlada para testar a validade da hipoacutetese
bull Anaacutelise dos resultados bull Interpretar os dados e tirar conclusotildees o que serve
para a formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bull Publicaccedilatildeo dos resultados em monografias
dissertaccedilotildees teses artigos ou livros aceitos por universidades e ou reconhecidos pela comunidade
cientiacutefica Observe-se que nem todas as hipoacutetese podem ser confirmadas
ou refutadas por experimentos e que em muitas aacutereas do conhecimento o recolhimento de dados e a tentativas de interpretaacute-los jaacute eacute uma grande tarefa como nas ciecircncias
humanas e juriacutedicas (criminologia)
Ciecircncias humanas A limitaccedilatildeo eacutetica da realizaccedilatildeo experimentos com seres humanos o estudo das subjetividades ou essencialmente
subjetivo individual e particular psiquismo humano ou a natureza histoacuterica do objeto das ciecircncias sociais conduziram os pensadores a distintos caminhos ou
proposiccedilotildees de estudo para o meacutetodo cientiacutefico Contudo parafraseando Minayoldquouma base de dados quando bem trabalhada teoacuterica e praticamente produz riqueza de informaccedilotildees aprofundamento e maior fidedignidade
interpretativardquo As principais divergecircncias na anaacutelise dos resultados de pesquisas em ciecircncias sociais ou humanas se datildeo no plano da contextualizaccedilatildeo dos dados ou informaccedilotildees obtidas em campo nos diversos sistemas teoacutericos ou seja conjunto de teorias e leis reconhecidas como consensuais em distintos
momentos histoacutericos eou segmentos das comunidades cientiacuteficas Nas ciecircncias sociais identifica-se trecircs
grandes correntes de pensamentos bull Positivismo Auguste Comte
bull Fenomenologia (Fenomenologia do Espiacuterito Estruturalismo
bull Materialismo dialeacutetico Dialeacutetica Marxismo
A histoacuteria do meacutetodo cientiacutefico se mistura com a histoacuteria da ciecircncia Documentos do
A evoluccedilatildeo do conceito de meacutetodo
Antigo Egito jaacute descrevem meacutetodos de diagnoacutesticos meacutedicos Na cultura da Greacutecia
Antiga os primeiros indiacutecios do meacutetodo cientiacutefico comeccedilam a aparecer Grande avanccedilo no meacutetodo foi feito no comeccedilo da filosofia islacircmica principalmente no uso de experimentos
para decidir entre duas hipoacuteteses Os principios fundamentais do meacutetodo cientiacutefico se consolidaram com o surgimento da Fiacutesica nos seacuteculos XVII e XVIII Francis
Bacon em seu trabalho Novum Organum(1620)-uma referecircncia
35
ao Organon de Aristoacuteteles-especifica um novo sistema loacutegico para melhorar o velho processo filosoacutefico do
silogismo A metodologia cientiacutefica tem sua origem no pensamento de
Descartes que foi posteriormente desenvolvimento empiricamente pelo fiacutesico inglecircs Isaac Newton Reneacute Descartes propocircs chegar agrave verdade atraveacutes da duacutevida sistemaacutetica e da decomposiccedilatildeo do problema em pequenas
partes caracteriacutesticas que definiram a base da pesquisa cientiacutefica
Lecirc-se no livro o Discurso do meacutetodo E como a multiplicidade de leis serve frequentemente para escusar os viacutecios de sorte que um estado eacute muito melhor governado quando possuindo poucas elas satildeo aiacute rigorosamente aplicadas assim em lugar de um grande
nuacutemero de preceitosde qua a loacutegica eacute composta acrediteis que jaacute me seriam bastante quatro contanto que tomasse a firme e constante resoluccedilatildeo de natildeo deixar uma vez soacute de
observaacute-los O primeiro consistia em nunca aceitar por verdadeira coisa nenhuma que natildeo conhecesse como evidente isto eacute
devia evitar cuidadosamente a precipitaccedilatildeo e a prevenccedilatildeo e nada incluir em meus juizos que natildeo se apresentasse tatildeo claramente e tatildeo distintamente ao meu espiacuterito que natildeo
tivesse nenhuma ocasiatildeo de o por em duacutevida O segundo ndash dividir cada uma das dificuldades que
examinasse em tantas parcelas quantas pudesse ser e fossem exigidas para melhor compreendecirc-las
O terceiro ndash conduzir por ordem os meus pensamento comeccedilando pelos objetos mais simples e faacuteceis de serem conhecidos para subir pouco a pouco como por degraus ateacute o conhecimento dos mais compostos e supondo mesmo
certa ordem entre os que natildeo se precedem naturalmente uns aos outros
e o uacuteltimo ndash fazer sempre enumeraccedilotildees tatildeo completas e revisotildees tatildeo gerais que ficasse certo de nada
omitir Correntemente estas regras satildeo 1 ndash da evidecircncia 2 ndash da
divisatildeo ou anaacutelise 3 ndash da ordem ou deduccedilatildeo 3 da enumeraccedilatildeo (contar especificar) classificaccedilatildeo
O acidente (serendipity
Eacute comum considerar alguns dos mais importantes avanccedilos na ciecircncia tais como as
)
descobertas da radioatividade por Henri Becquerel ou da penicilina por Alexander Fleming como tendo ocorrido por acidente no entanto o que eacute possiacutevel afirmar agrave luz da observaccedilatildeo cientiacutefica eacute que
teratildeo sido parcialmente acidentais uma vez que as pessoas envolvidas haviam aprendido a pensar cientificamente
estando portanto conscientes de que observaram algo novo e interessante
Os progressos da ciecircncia satildeo acompanhados de muitas horas de trabalho cuidadoso que segue um caminho mais ou menos sistemaacutetico na busca de respostas a questotildees cientiacuteficas
Eacute este o caminho denominado de meacutetodo cientiacutefico
A A hipoacutetese
Hipoacutetese (do gr Hypoacutethesis) eacute uma proposiccedilatildeo que se admite de modo provisoacuterio como princiacutepio do qual se pode
deduzir pelas regras da loacutegica um conjunto dado de proposiccedilotildees ou um mecanismo da experiecircncia a explicar
36
Literalmente pode ser compreendida como uma suposiccedilatildeo ou pergunta conjetura que orienta uma investigaccedilatildeo por
antecipar caracteriacutesticas provaacuteveis do objeto investigado e que vale quer pela confirmaccedilatildeo atraveacutes de deduccedilotildees loacutegicas dessas caracteriacutesticas quer pelo encontro de novos caminhos de investigaccedilatildeo (novas hipoacuteteses e novos
experimentos) No meacutetodo cientiacutefico a hipoacutetese eacute o caminho que deve levar agrave formulaccedilatildeo de uma teoria O cientista na sua hipoacutetese tem dois objetivos explicar um fato e prever
outros acontecimentos dele decorrentes (deduzir as consequencias) A hipoacutetese deveraacute ser testada em
experiecircncias laboratoriais controladasSe apoacutes muitas dessas experiecircncias os resultados obtidos pelos
pesquisadores natildeo contrariarem a hipoacutetese entatildeo ela seraacute aceita como uma lei e integrada agrave uma teoria eou sistema
teacuteoacuterico
Referecircncias 1 uarr [PDF] Estudos do meacutetodo cientiacutefico
Ver tambeacutem bull Verdade
bull Falseabilidade bull Karl Popper
bull Filosofia da ciecircncia bull Histoacuteria da ciecircncia
bull Epistemologia bull Loacutegica
bull Aristoacuteteles bull Georg Wilhelm Friedrich Hegel
bull Complexidade bull Reducionismo
bull Navalha de Occam bull Ciecircncia
bull Pseudociecircncia bull Paradigma
bull Paul Feyerabend bull Thomas Kuhn
bull Gaston Bachelard bull Teoria
bull Lei (ciecircncias) bull Hipoacutetese
bull Tese bull Dissertaccedilatildeo
Bibliografia
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para download em domiacutenio puacuteblico httpwwwdominiopublico e eBooket
httpwwweBooketnet IntraText Reneacute Descartes - e-books
37
Haddad Nagib Metodologia de estudos em ciecircncias da sauacutede como planejar analisar e apresentar um trabalho
cientiacutefico SP Roca 2004 Minayo Maria C de Souza (org) Deslandes (Suely F
Gomes Romeu Pesquisa social teoria meacutetodo e criatividade Petroacutepolis RJ Vozes 2007
Lakatos Eva Maria Marconi Marina de A Meacutetodologia cientiacutefica SP Atlas 2007
Selye Hans Stress a tensatildeo da vida SP IBRASA 1965
Ligaccedilotildees externas bull Explicando o Meacutetodo Cientiacutefico
bull Prova Cientiacutefica bull Diretrizes para elaboraccedilatildeo de dissertaccedilotildees e teses -
USP bull Centro Cochrane do Brasil
bull Metodologiaorg bull Evidecircnciascom
bull Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq)
bull Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciecircncia bull Lista de Perioacutedicos cientificos brasileiros por
assunto bull SciELO - Scientific Electronic Library Online
bull Perioacutedicos UNESCO bull Ciecircncia Hoje
bull Scientific American - Brasil bull Scientific American
COLCHA DE RETALHOS CIENTIacuteFICA (a realidade natildeo eacute Frankenstein ela eacute uacutenica e funcional)
A realidade segundo a Ciecircncia geral
A senhora Ciecircncia trabalhando com
seus remendos
Drordf Ciecircncia e seu filho
Mary Shelley viu o futuro
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Somos Monstros 6 05 2008
Tudo comeccedilou com um desafio feito a Mary Shelley (1797-1851) entatildeo uma jovem de 21 anos por Lord Byron Na eacutepoca 1918 Byron propocircs a Mary e seu marido que
escrevessem um conto de terror uma maneira de passar o tempo jaacute que suas feacuterias estavam sendo consumidas
intediantemente pelo mau tempo Mary foi a uacuteltima a dar iniacutecio ao seu conto que acabou baseado em um pesadelo que
teve numa daquelas noites de chuva E dentre todos o conto de Shelley foi o que mais surpreendeu e arrepiou Insentivada a continuar Mary Shelley desenvolveu ainda
mais sua histoacuteria e transformou-a em um dos mais conhecidos e celebrados livros da Histoacuteria Frankenstein
Victor Frankenstein era um jovem curioso com sede de conhecimento apaixonado pela ciecircncia intrigado com os segredos da vida e louco para deixar sua marca no mundo Havia aprendido sozinho em casa sobre as fantasias da Alquimia no entanto apenas na universidade ele foi descobrir que toda sua bagagem de conhecimento estava ultrapassada haacute muito Acabou se tornando um aluno
exemplar dedicado agrave quiacutemica e agrave biologia Foi assim que sozinho em seu laboratoacuterio em Ingolstadt Victor deu iniacutecio agrave sua criaccedilatildeo misturando seus conhecimentos
teoacutericos de fisiologia e filosofia natural com princiacutepios de mecacircnica decido a descobrir se o princiacutepio que
mantinha animado o corpo poderia pernecer mesmo apoacutes a morte Como Victor fez isso todos jaacute sabemos deu vida a uma criatura formada por partes de cadaacuteveres de tamanho
descomunal (cerca de 25m de altura) e aparecircncia horripilante E eacute aqui que daacute-se iniacutecio ao grande trunfo
da histoacuteria Ao despertar da Criatura Frankenstein acaba por cair na realidade vendo como era realmente feia sua criaccedilatildeo com
seus membros desproporcionais seu olhos aquosos e amarelos incompleta a ponto de seus tecidos nem sequer
cobrirem todo o corpo deixando agrave mostra muacutesculos e ossos Desesperado e com medo arrependido de sua audaacutecia Victor
abandona sua Criatura decaindo num suacutebito acesso de naacuteusea e lucidez
Pobre Criatura um ser vazio de conhecimentos ignorante em relaccedilatildeo ao conviacutevio social solto num mundo de pessoas
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preconceituosas e indiferentes A personificaccedilatildeo perfeita da famosa teoria de Rousseau a do ldquobom selvagemrdquo que diz
que todo o homem nasce ldquopurordquo e eacute corrompido pela sociedade violenta viciosa e materialista Quem lecirc a
histoacuteria de Frankenstein espera encontrar terror suspense e aventura onde um monstro estaria a solta para destruir e matar No entanto descobre um mundo onde noacutes humanos somos totalmente repugnantes e no qual o uacutenico ser que
realmente tem algum valor eacute o monstro excluiacutedo por todos Poucos livros retratam tatildeo bem a indiferenccedila humana e a nossa mania de dar mais valor agraves aparecircncias do que aos
sentimentos carater e virtudes Mary Shelley escreveu uma autecircntica obra-prima da
literatura universal um romance capaz de despertar no leitor a pena e a compaixatildeo por um monstro e a repugnacircncia
de nossa proacutepria raccedila Uma liccedilatildeo que ainda natildeo foi aprendida mesmo depois de quase 200 anos
Ficha Teacutecnica Tiacutetulo Frankestein (Frankenstein or the Modern
Prometheus) Autor Mary Shalley Paiacutes Inglaterra
Publicaccedilatildeo Original 1818 Publicaccedilatildeo Lida Martin Claret Editora 2001
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que se refere a hipoacuteteses no contexto em que o termo eacute hoje aceito rariacutessimos foram os cientistas que em sua
fase produtiva as levantaram em nuacutemero tal cuja ordem de grandeza se aproximasse daquela atingida por Newton
O argumento indutivista baseia-se na crenccedila no princiacutepio da induccedilatildeo que dentre outras formas pode ser enunciado como Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno
sempre que pesquisado se repetiu em futuras verificaccedilotildees o mesmo sucederaacute
Figura 2 - O argumento indutivista (segundo Chalmers)
[15] Escolhi esta versatildeo para que fique claro o contraste entre o princiacutepio da induccedilatildeo e a regra
cientiacutefica fundamental expliacutecita na figura 1 Trecircs comentaacuterios merecem ser feitos a respeito 1) Conquanto
seja usado como regra metodoloacutegica o princiacutepio da induccedilatildeo natildeo define o nuacutemero de observaccedilotildees singulares a permitir uma generalizaccedilatildeo (obtenccedilatildeo de leis) 2) Esta e outras falhas conceituais inerentes ao argumento indutivista propiciam interpretaccedilotildees ingecircnuas ao princiacutepio conforme
veremos abaixo 3) O princiacutepio sem perder em generalidade no que diz respeito agraves premissas (tem o
mesmo campo de atuaccedilatildeo que a regra cientiacutefica fundamental) e para que possa caracterizar-se como metodoloacutegico e natildeo apenas norteador torna-se mais
restritivo que a regra cientiacutefica fundamental frac34afirma ao inveacutes de suporfrac34 Consequumlentemente os que abraccedilam esta ideologia devem procurar por uma outra definiccedilatildeo de ciecircncia que natildeo a apresentada no item 2 e figura 1 As
consequumlecircncias epistemoloacutegicas daiacute resultantes seratildeo objeto de discussatildeo em itens posteriores
O indutivista ingecircnuo eacute aquele que dentre outras falhas conceituais eou de raciociacutenio consegue provar
cientificamente por exemplo a inexistecircncia de Deus pelo simples fato de Deus natildeo se manifestar a ele tendo em vista que ele natildeo possui uma regra para delimitar a ciecircncia que natildeo seja o princiacutepio da causalidade --natildeo haacute efeito sem causa-- ele tenta inverter o princiacutepio frac34que no caso ficaria natildeo haacute causa sem efeitofrac34 e apelando para o argumento indutivista consegue por meacutetodos cientiacuteficos chegar a conclusotildees natildeo cientiacuteficas frac34no caso teoloacutegicas Mais comum no entanto eacute o erro agora natildeo tatildeo ingecircnuo cometido por alguns indutivistas que conseguem provar cientificamente que todas as maccedilatildes satildeo vermelhas prova esta vaacutelida somente ateacute o dia em que eles se
depararem com maccedilatildes verdes Neste caso a falha decorre da crenccedila num meacutetodo repleto de incoerecircncias internas
5 O argumento dedutivista
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O argumento dedutivista ainda que natildeo isento de criacuteticas representou sem duacutevida alguma uma evoluccedilatildeo no sentido em que propiciou uma metodologia cientiacutefica dotada de
coerecircncia interna A esse respeito eacute dito com frequumlecircncia que o raciociacutenio dedutivo constitui o
argumento da loacutegica A fim de padronizar comparaccedilotildees apresentarei o argumento
dedutivista como apoiado no seguinte princiacutepio Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa para que seja hipoacutetese deveraacute ser
passiacutevel de verificaccedilatildeo observacional A figura 3 ilustra a proposiccedilatildeo deste argumento
Eacute importante observar que nem toda a afirmaccedilatildeo deduzida seraacute uma hipoacutetese motivo pelo qual natildeo utilizamos o argumento loacutegico se e somente se ao enunciarmos o
princiacutepio
Figura 3 - O argumento dedutivista
[16] Em particular eacute de se ressaltar a opiniatildeo de Severino (1994) a respeito
Eacute preciso natildeo confundir hipoacutetese com pressuposto com evidecircncia preacutevia
Hipoacutetese eacute o que se pretende demonstrar e natildeo o que jaacute se tem
demonstrado [17] A loacutegica dedutiva ao caminhar do geral para o particular
nos garante a formulaccedilatildeo de hipoacuteteses e hipoacutetese comprovada atraveacutes de uma observaccedilatildeo controlada (teste eou experiecircncia) nos permite suspeitar atraveacutes de um raciociacutenio indutivo (do singular para o geral) sua condiccedilatildeo de lei Observem o cuidado na colocaccedilatildeo das palavras Eu disse nos permite suspeitar e natildeo nos
permite garantir Por que esse cuidado A experimentaccedilatildeo natildeo nos garante verdades A esse respeito Popper assim se
referiu Natildeo haacute um meacutetodo para determinar se
uma hipoacutetese eacute lsquoprovaacutevelrsquo ou provavelmente verdadeira [18]
Eacute interessante notar que algumas limitaccedilotildees inerentes ao indutivismo e que propiciam o aparecimento de conclusotildees ingecircnuas satildeo aqui substituiacutedas por uma impossibilidade
Sob esse aspecto o dedutivismo natildeo solucionou o problema mas simplesmente reduziu a possibilidade de que se
cometessem determinados raciociacutenios ingecircnuos Rigorosamente falando o problema natildeo eacute tatildeo insoluacutevel
assim Seraacute insoluacutevel tatildeo-somente para aqueles que julgam estar cientificamente buscando por verdades absolutas A verdade cientiacutefica e soacute o leigo talvez natildeo saiba eacute uma
verdade provisoacuteria tomada por empreacutestimo da natureza e da forma como ela se nos aparenta ser As verdades
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cientiacuteficas de hoje seratildeo quando natildeo negadas lapidadas e reformuladas amanhatilde Se chegaremos ou natildeo por meacutetodos
cientiacuteficos agrave verdade absoluta eacute um questionamento que a ciecircncia natildeo estaacute aparelhada para responder E talvez nunca esteja o que natildeo nos impede de que continuemos procurando
pela verdade Popper foi mais aleacutem demonstrando ser impossiacutevel ateacute mesmo probabilizar uma afirmaccedilatildeo comprovada por um
raciociacutenio que siga a metodologia dedutiva (incluindo e eacute aiacute que reside o problema principal do meacutetodo a induccedilatildeo -- vide lado direito da figura 3) A esse respeito Popper
propotildee a substituiccedilatildeo do termo probabilizar por corroborar Uma hipoacutetese seria tanto mais corroboraacutevel quanto mais propiciasse verificaccedilotildees experimentais e teria sido tanto mais corroborada e natildeo haacute como se
atribuir nuacutemeros probabiliacutesticos a esse efeito quanto mais resistisse a essas verificaccedilotildees Siegel (1977
traduccedilatildeo) adota provavelmente com o mesmo objetivo a expressatildeo grau de aceitabilidade
Efetuamos pesquisas a fim de determinar o grau de aceitabilidade de
hipoacuteteses deduzidas de nossas teorias [19]
Esta impossibilidade em garantir um acerto preocupou bastante Popper e certamente foi um dos motivos que o
levou a expandir o argumento dedutivista atraveacutes da proposiccedilatildeo do falsificacionismo a ser apresentado no
item 7 Independentemente das dificuldades apontadas neste e nos itens precedentes a verdade eacute que a ciecircncia progride e este progresso eacute guiado por homens que conhecem o terreno por onde pisam E conquanto todos saibam da natildeo existecircncia em ciecircncia de verdades absolutas da impossibilidade de se
chegar a uma soluccedilatildeo definitiva para os problemas cientiacuteficos e da natildeo existecircncia de provas observacionais irrefutaacuteveis quase todos [20] entendem e concordam com a
afirmaccedilatildeo de GIL (1994) expressa a seguir A pesquisa cientiacutefica inicia-se
sempre com a colocaccedilatildeo de um problema solucionaacutevel O passo seguinte
consiste em oferecer uma soluccedilatildeo possiacutevel atraveacutes de uma proposiccedilatildeo ou seja de uma expressatildeo suscetiacutevel de ser declarada verdadeira ou falsa A
esta proposiccedilatildeo daacute-se o nome de hipoacutetese Assim a hipoacutetese eacute a
proposiccedilatildeo testaacutevel que pode vir a ser a soluccedilatildeo do problema [21]
6 O que eacute teoria Eacute importante salientar que a finalidade primordial da ciecircncia natildeo eacute formular hipoacuteteses e sim sistematizar teorias e que teoria natildeo eacute pura e simplesmente uma
coletacircnea de hipoacuteteses Teoria eacute um conjunto de hipoacuteteses coerentemente interligadas tendo por finalidade explicar
elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio do conhecimento [22] Por que entatildeo os livros de
metodologia insistem em justificar os meacutetodos atraveacutes de hipoacuteteses uacutenicas e via de regra desinteressantes tais
como As maccedilatildes satildeo vermelhas os cisnes satildeo brancos etc A verdade eacute que nem sempre eacute faacutecil encontrar teorias ao mesmo tempo simples e de amplo espectro ou seja que
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possam ser entendidas por leitores das vaacuterias aacutereas do conhecimento Por outro lado os argumentos que corroboram ou derrubam teorias satildeo em princiacutepio idecircnticos aos que corroboram ou derrubam hipoacuteteses frac34poderiacuteamos tambeacutem dizer
que uma hipoacutetese eacute ou simula ser uma teoria cujo conjunto de hipoacuteteses eacute unitaacuterio Em geral a dificuldade inerente ao grau de complexidade de uma teoria pode ser
superada desde que o cientista conheccedila a fundo esta teoria cujo grau de aceitabilidade pretende testar e domine a loacutegica envolvida em situaccedilotildees similares poreacutem simples como aquelas que aparecem nos compecircndios sobre o
assunto A ecircnfase dada pelos textos de metodologia cientiacutefica a meacutetodos relacionados a testes de hipoacuteteses contrasta com a quase ausecircncia de referecircncias a meacutetodos relativos agrave
praacutetica da teorizaccedilatildeo Existem exceccedilotildees a esta regra e eu natildeo poderia deixar de citar [23] os livros de Bunge [24] e de Lacey [25] indicados especialmente para os iniciantes da aacuterea de exatas Embora natildeo especificamente dirigido a esta temaacutetica haacute que se destacar tambeacutem o livro de Bohm e
Peat [26] e que merece ser lido posto que focaliza a essecircncia da problemaacutetica aqui apontada neste caso e por este motivo eacute indicado aos iniciantes de todas as aacutereas A praacutetica da teorizaccedilatildeo com rariacutessimas exceccedilotildees natildeo se
aprende na escola Grandes teorizadores por terem aprendido a utilizar uma teacutecnica natildeo encontrada nos livros tradicionais e que nem mesmo eacute ensinada na maioria dos
regimes de iniciaccedilatildeo cientiacutefica chegaram a ser confundidos com gecircnios Eacute bem possiacutevel que estes gecircnios tenham adquirido esta praacutexis cultuando algum resquiacutecio da
filosofia que a sociedade moderna natildeo conseguiu despedaccedilar
A lacuna acima apontada fomenta a ingenuidade ou ateacute mesmo o charlatanismo multiplicando sobremaneira o nuacutemero dos que sem estarem devidamente preparados para teorizar frac34uma atividade que natildeo eacute elementarfrac34 ainda assim teorizam e teorizam mal frac34fato este que chega a incomodar cientistas de respeito que ocupam postos importantes nas
universidades [27] Por outro lado e em decorrecircncia disto permite que se condene agrave marginalidade cientiacutefica
e por periacuteodos variaacuteveis de tempo todos aqueles que certos ou errados pretendem evoluir seriamente no sentido de atender agrave finalidade uacuteltima da ciecircncia a edificaccedilatildeo de
teorias representacionais Que meacutetodos estes homens seguiram que natildeo a paixatildeo a
devoccedilatildeo a persistecircncia e a crenccedila num espiacuterito universal frac34Espiacuterito este que segundo alguns admitem natildeo estaacute a se
divertir com nossos erros e acertos o que foi sintetizado pelo maior dos gecircnios do seacuteculo XX nas
seguintes palavras Deus natildeo joga dados A resposta nos eacute dada pelo proacuteprio autor desta afirmaccedilatildeo
O alvo de construir uma teoria de campo eletromagneacutetico da mateacuteria
permanece inatingiacutevel por ora embora em princiacutepio nenhuma objeccedilatildeo possa ser levantada contra a possibilidade de vir a se alcanccedilar tal objetivo O que reteve qualquer tentativa posterior nessa direccedilatildeo foi a falta de qualquer meacutetodo sistemaacutetico que levasse a uma
soluccedilatildeo [28]
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Seraacute que natildeo existem meacutetodos ou regras a serem adotados nesta praacutexis E por falar nisso a praacutetica da teorizaccedilatildeo
natildeo seria uma teorexis [29] Seraacute que teorizar em ciecircncia eacute uma atividade puramente filosoacutefica Natildeo existe uma
metodologia cientiacutefica a orientar aqueles que se preocupam em decifrar os segredos que estatildeo por traacutes dos fenocircmenos que se adaptam agrave regra cientiacutefica fundamental Caso exista
um meacutetodo a ser sistematizado Seria ele diferente do meacutetodo cientiacutefico O que eacute o meacutetodo cientiacutefico
Tentarei dentro do possiacutevel e da finalidade a que me propus ao conceber esta seacuterie de artigos responder
oportunamente eou orientar o leitor se houver como no que diz respeito aos questionamentos aqui assinalados De qualquer forma mais detalhes sobre teoria eou teorizaccedilatildeo seratildeo apresentados no toacutepico IV-b A praacutetica da teorizaccedilatildeo
(em preparo)
[13] CHALMERS A F 1976 Referecircncias
op cit (Voltar pelo browser) pp 23-63
[14] Idem p 28 [15] Esta versatildeo eacute uma adaptaccedilatildeo do princiacutepio da induccedilatildeo
como enunciado por CHALMERS (1976) op cit Se um grande nuacutemero de As foi observado sob uma ampla variedade de condiccedilotildees e se todos esses As observados possuiacuteam sem exceccedilatildeo a propriedade B entatildeo todos os As possuem a propriedade B
[16] Neste caso o princiacutepio ficaria
Aparentes contradiccedilotildees que o iniciante possa descobrir ao comparar os dois enunciados natildeo
comprometem o raciociacutenio que se segue razatildeo pela qual admitirei a equivalecircncia sem justificaacute-la
Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa seraacute hipoacutetese se e somente se for passiacutevel de verificaccedilatildeo
observacional
[17] SEVERINO J S 1994
O primeiro se torna a afirmaccedilatildeo inconsistente
Metodologia do trabalho cientiacutefico[18] POPPER K R 1956
Cortez Editora Satildeo Paulo op cit
[19] SIEGEL S 1977 Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica
[20] Eacute possiacutevel que alguns dentre os indutivistas natildeo concordem com alguns dos termos da afirmaccedilatildeo por motivos que podem ser suspeitados tendo em vista o apresentado
neste e no item anterior
Ed McGraw-Hill do Brasil Ltda Satildeo Paulo p 6
[21] GIL A C 1994 Como elaborar projetos de pesquisas
[22] Em FERREIRA A B H 1986
Editora Atlas S A Satildeo Paulo p 35 [Os grifos satildeo
meus] op cit (Voltar pelo
browser) encontramos uma definiccedilatildeo mais geral a satisfazer tambeacutem o argumento indutivista Teoria eacute um
conjunto de conhecimentos natildeo ingecircnuos que apresentam graus diversos de sistematizaccedilatildeo e credibilidade e que se
propotildeem a explicar elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio de fenocircmenos ou de acontecimentos que se
oferecem agrave atividade praacutetica [23] Os trecircs livros citados a seguir natildeo satildeo os uacutenicos
nos gecircneros assinalados a despeito da disparidade apontada Ao tempo em que registro com estes exemplos a exceccedilatildeo agrave regra presto tambeacutem uma homenagem a autores que ao serem por mim lidos transmutaram em duacutevidas muitas das
respostas a questotildees fundamentais e que eu
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pretensiosamente julgava possuir [24] BUNGE M Teoria e realidade
[25] LACEY HM 1972
Ed Perspectiva (traduccedilatildeo 1994) Satildeo Paulo
A linguagem do espaccedilo e do tempo
[26] BOHM D e PEAT F D
Ed Perspectiva SA
Ciecircncia ordem e criatividade
[27] A esse respeito vale a pena ler
Gradiva Publicaccedilotildees Ltda (traduccedilatildeo 1989) Lisboa
Cientiacuteficos Chiflados capiacutetulo XIV do livro BERNSTEIN J 1988 Observacioacuten de
la Ciencia[28] EINSTEIN A
Ed Fondo de Cultura Econoacutemica Meacutexico Fiacutesica e realidade in Albert Einstein
Pensamento poliacutetico e uacuteltimas conclusotildees (1983 traduccedilatildeo) Edit Brasiliense S A Satildeo Paulo [O grifo eacute meu]
[29] Este termo eu utilizei pela primeira vez no artigo MESQUITA Fdeg A 1983 Ciecircncia empiacuterica uma arma ou uma daacutediva Faculdade
Antes de mais nada afirmarei sem me alongar que uma teoria adotado o argumento dedutivista pode ser
corroborada ou negada fundamentalmente atraveacutes de um dos trecircs procedimentos seguintes 1) Pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de uma de suas hipoacuteteses 2) pela verificaccedilatildeo ou negaccedilatildeo de uma de suas prediccedilotildees 3) pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de teorias auxiliares deduzidas da teoria principal (teoria em teste ou sob suspeita) as teorias
auxiliares podem ser de trecircs tipos teorias ou hipoacuteteses de nulidade teorias ou hipoacuteteses salvadoras e teorias ou hipoacuteteses assassinas
(Revista do IAMC) ndeg 6 p 28-43 agosto83
7 O falsificacionismo O falsificacionismo natildeo foi proposto como um meacutetodo novo mas sim como um criteacuterio ou conduta a ser ou natildeo adotado por aqueles que se conformam ao meacutetodo dedutivo de prova
Natildeo haacute nada no falsificacionismo do ponto de vista metodoloacutegico que natildeo esteja previsto ou que natildeo decorra naturalmente de uma opccedilatildeo a ser seguida espontaneamente ou natildeo por este ou aquele dedutivista Qual seria entatildeo este criteacuterio Com que finalidade foi proposto A resposta a estas perguntas bem como o meacuterito do falsificacionismo constituem o objetivo deste e dos proacuteximos dois itens
[30] Incluem-se no rol das teorias auxiliares como veremos oportunamente as teorias
transcendentais frequumlentemente conotadas por experiecircncias de pensamento As prediccedilotildees e as hipoacuteteses ou teorias auxiliares satildeo teorias geradas utilizando-se do proacuteprio argumento dedutivista esquematizado na figura 3 Neste caso o foco de atenccedilatildeo inicial frac34representado na figura como observaccedilatildeofrac34 eacute nada mais nada menos que a proacutepria teoria que deu origem agrave prediccedilatildeo eou agrave teoria auxiliar Ao valorizar a falseabilidade como criteacuterio a ser adotado
pelos dedutivistas Popper nada mais fez que tentar expandir ou trazer para o domiacutenio da metodologia
cientiacutefica uma praacutetica amplamente utilizada com sucesso em estatiacutestica o criteacuterio de tomada de decisatildeo atraveacutes da
hipoacutetese de nulidade (Ho
O primeiro passo ou estaacutegio no processo de tomada de decisatildeo eacute
definir a hipoacutetese de nulidade (
)
Ho) Formula-se usualmente com o expresso propoacutesito de ser rejeitada Se eacute
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rejeitada pode-se aceitar a hipoacutetese alternativa (H1) A hipoacutetese
alternativa eacute a definiccedilatildeo operacional da hipoacutetese de pesquisa do
pesquisador A hipoacutetese de pesquisa eacute a prediccedilatildeo deduzida da teoria que estaacute
sendo comprovada [31] A contribuiccedilatildeo de Popper a esse respeito limitou-se agrave ecircnfase que deu agrave importacircncia da procura por hipoacuteteses de
nulidade Ateacute entatildeo este costume estava restrito agrave procura por previsotildees frac34apresentadas via de regra pelo proacuteprio autor da teoriafrac34 eou hipoacuteteses salvadoras frac34levantadas
pelos adeptos da teoria em focofrac34 eou hipoacuteteses assassinas frac34levantadas pelos criacuteticos da teoria em questatildeo As quatro
tecircm uma caracteriacutestica comum satildeo todas teorias falseadoras
A boa teoria dentre outras qualidades [32] e segundo Popper eacute aquela potencialmente geradora de hipoacuteteses
falseadoras e tanto melhor seraacute quanto maior for o risco de ser negada Ela pode ateacute mesmo ser derrubada no primeiro teste a que for submetida o que natildeo invalida o que foi
dito foi uma boa teoria enquanto durou e voltaraacute a ser se conseguir ressurgir das cinzas Dito em outras palavras o criteacuterio para se avaliar a virtude de uma teoria nascente repousa no seu grau de submissatildeo a testes adversos Uma teoria de baixo risco raramente eacute bem vinda [33] e uma
teoria sem risco algum na opiniatildeo de Popper natildeo eacute cientiacutefica e eu iria aleacutem sequer eacute teoria
Levando-se em conta que o criteacuterio falsificacionista peca pela subjetividade deve-se tomar cuidado ao se optar por uma teoria em detrimento de outra pelo fato de a primeira
ser mais falseaacutevel que a segunda Diferentes hipoacuteteses falseadoras devem apresentar pesos diferentes e este peso
mesmo quando bem estimado frequumlentemente o eacute por um processo subjetivo Natildeo eacute raro utilizar-se desta
subjetividade inerente ao falsificacionismo para justificar escolhas feitas segundo criteacuterios poliacuteticos econocircmicos
interesseiros corporativistas ou entatildeo apoiados em princiacutepios outros que tambeacutem deixam a desejar no que diz
respeito agrave eacutetica do cientista 8 Entendendo o falsificacionismo
Suponha que algueacutem deduza a seguinte hipoacutetese H1 As maccedilatildes do Estado de Satildeo Paulo satildeo vermelhas A teoria assim
simulada eacute uma teoria de hipoacutetese uacutenica Percebam que no argumento da hipoacutetese estaacute se admitindo como pressupostos uma infinidade de conceitos tais como fruta maccedilatilde cor
vermelho local Satildeo Paulo Brasil etc Estes pressupostos satildeo o que Severino chama de evidecircncias preacutevias como vimos no item 5 e constituem uma das bases da argumentaccedilatildeo de Chalmers [34] ao contestar os que afirmam que a ciecircncia
comeccedila com a observaccedilatildeo Um exemplo de previsatildeo desta teoria seria as maccedilatildes de
Jundiaiacute devem ser vermelhas tendo em vista que Jundiaiacute se localiza no Estado de Satildeo Paulo
Suponha tambeacutem que algueacutem tenha demonstrado que em condiccedilotildees X outra fruta que natildeo a maccedilatilde e que
originalmente era de determinada cor se modifica e conclui que se a teoria sobre as maccedilatildes for verdadeira ela
deveraacute permanecer verdadeira nas condiccedilotildees X Pode-se entatildeo construir a seguinte hipoacutetese de nulidade Ho Em
condiccedilotildees X obter-se-atildeo em Satildeo Paulo maccedilatildes natildeo
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vermelhas Esta previsatildeo natildeo decorre da teoria (H1) mas de evidecircncias preacutevias outras e estranhas agrave mesma Se esta
hipoacutetese (Ho) for verificada a hipoacutetese original H1
Seraacute que este simples fato condena a teoria original Para o falsificacionista ingecircnuo sim Para aquele que entendeu e aceitou o significado da afirmaccedilatildeo de Popper citada
neste artigo ao final do
estaraacute falseada
quarto paraacutegrafo do item 5 natildeo Optar por uma teoria natildeo significa crer numa verdade
absoluta Se eu afirmo que Ho eacute verdadeira e consequumlentemente H1 eacute falsa isto natildeo significa que eu
estou atribuindo o grau de veracidade 100 a uma hipoacutetese e 0 agrave outra significa simplesmente que a verificaccedilatildeo experimental me convenceu a optar por uma teoria em
detrimento da outra A opccedilatildeo eacute uma das maneiras pelas quais o cientista expressa a sua feacute na ciecircncia [35] e o
falsificacionismo estabelece normas a lhe orientar nesta opccedilatildeo
Suponha agora que em condiccedilotildees X ou em outra condiccedilatildeo qualquer se encontrem no Estado de Satildeo Paulo maccedilatildes verdes Significa isto que a hipoacutetese H1
Natildeo podemos em satilde consciecircncia dizer que a psicanaacutelise por exemplo natildeo pertenccedila ao campo da ciecircncia pelo simples
fato de uma de suas teorias precursoras ser natildeo falseaacutevel Sequer podemos dizer que o autor dessa ideacuteia natildeo
fosse cientista se eacute verdade que a psicanaacutelise se desenvolveu em cima desta ideacuteia e apesar disso conseguiu
eacute falsa Natildeo Simplesmente ela foi falseada Nada impede que amanhatilde com a evoluccedilatildeo da ciecircncia se descubra que estes frutos verdes a que hoje associamos a ideacuteia maccedilatilde estejam inseridos num
outro contexto e que realmente natildeo sejam maccedilatildes Por que entatildeo se daacute preferecircncia a verificaccedilotildees falseadoras em detrimento das corroboradoras Ora isto nem sempre
acontece conquanto seja esta uma das regras propostas pelo falsificacionismo Por exemplo tanto a teoria da
relatividade quanto a mecacircnica quacircntica satildeo teorias fiacutesicas amplamente aceitas graccedilas a terem sido
corroboradas por previsotildees que se confirmaram e pouco valor se deu a um grande nuacutemero de testes que as falsearam Por outro lado estas duas teorias satildeo concomitantemente aceitas pelos fiacutesicos conquanto existam fortes argumentos
a provar que cada uma destas duas teorias falseia a outra e ambas falseiam a teoria de Maxwell que tambeacutem eacute aceita como verdadeira Certos ou errados neste caso os fiacutesicos modernos dentre os quais se inclui Popper fizeram uma opccedilatildeo contraacuteria agrave norma falsificacionista e natildeo haacute
como criticaacute-los por essa conduta a menos que se pretenda atribuir ao falsificacionismo uma qualidade que ele natildeo
possui a de estabelecer criteacuterios absolutos de veracidade O falsificacionismo presta-se tambeacutem a fomentar o diaacutelogo e a criatividade Neste caso surge quase como que um apelo para que se invista mais em experiecircncias de pensamento um
recurso legiacutetimo e de grande valor em ciecircncia 9 O falsificacionismo como delimitador da ciecircncia
Vimos no item 7 que para Popper uma teoria sem risco algum natildeo eacute cientiacutefica e eu acrescentei sequer eacute teoria Popper quis se aproveitar deste argumento para delimitar a ciecircncia utilizando-se entatildeo do falsificacionismo como
criteacuterio de cientificidade Com esta opccedilatildeo Popper desagradou a muitos e convenceu a poucos ainda que sua
ideacuteia natildeo fosse de todo maacute
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de alguma forma se impor como ciecircncia muito provavelmente queiramos ou natildeo seu autor contribuiu diretamente para o progresso da ciecircncia Mesmo que hoje algueacutem chegasse a concluir categoricamente pelo caraacuteter natildeo cientiacutefico da psicanaacutelise isto de forma alguma nos autorizaria a hipoteticamente condenaacute-la agrave estagnaccedilatildeo Se um cientista utilizando-se de maus criteacuterios ou ateacute mesmo apoiando-se em dogmas constroacutei de maneira natildeo
cientiacutefica um determinado campo do conhecimento isto natildeo significa que este campo natildeo possa vir a ser estudado cientificamente e que natildeo se possam criteriosamente
aproveitar as conclusotildees de seus estudos Nada impede que uma teoria considerada hoje como natildeo cientiacutefica pelo fato de possuir uma ou mais hipoacuteteses natildeo falseaacuteveis adquira
esse status apoacutes passar por ligeiras reformulaccedilotildees Natildeo podemos assumir que um campo do conhecimento seja natildeo cientiacutefico pelo simples fato de natildeo encontrarmos nele
teorias cientiacuteficas Este posicionamento de Popper a meu ver natildeo se justifica o falsificacionismo natildeo eacute um bom
criteacuterio delimitador da ciecircncia e isto eu espero que tenha ficado claro para o leitor E mais natildeo existem aacutereas natildeo cientiacuteficas mas sim aacutereas onde ainda natildeo foram produzidos conhecimentos cientiacuteficos O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo e pelo menos nesta etapa nada eacute absolutamente corroboraacutevel ou falseaacutevel Podemos ainda
dizer que a ciecircncia natildeo se localiza aqui ou acolaacute sob esse aspecto a ciecircncia natildeo tem fronteiras
10 Enfim a teoria do meacutetodo Nos demais artigos desta seacuterie irei demonstrar ser possiacutevel partindo da regra cientiacutefica fundamental desenvolver uma teoria sobre o meacutetodo cientiacutefico
utilizando-se das trecircs hipoacuteteses seguintes 1 O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo 2 A produccedilatildeo de conhecimentos passa
necessariamente pelas etapas deduccedilatildeo anaacutelise induccedilatildeo e
siacutentese na ordem apresentada 3 Os princiacutepios cientiacuteficos fundamentais satildeo universais
Por questatildeo de simplicidade subdividirei o estudo do meacutetodo em trecircs etapas correspondentes a cada uma das hipoacuteteses 1) o estudo do macromeacutetodo cientiacutefico 2) o estudo do meacutetodo cientiacutefico propriamente dito e 3) o estudo do micromeacutetodo cientiacutefico Os toacutepicos nos quais
desenvolverei estas etapas estatildeo em fase de projeto natildeo havendo portanto previsatildeo quanto agrave eacutepoca de publicaccedilatildeo
Meacutetodo cientiacutefico
Origem Wikipeacutedia a enciclopeacutedia livre
A palavra meacutetodo vem do grego meacutethodos (caminho para chegar a um fim) O meacutetodo cientiacutefico eacute um conjunto de regras baacutesicas para desenvolver uma experiecircncia a fim de produzir novo conhecimento bem como corrigir e integrar conhecimentos preacute-existentes Na maioria das disciplinas cientiacuteficas consiste em juntar evidecircncias observaacuteveis empiacutericas (ou seja baseadas apenas na experiecircncia) e
mensuraacuteveis e as analisar com o uso da loacutegica Para muitos autores o meacutetodo cientiacutefico nada mais eacute do que a loacutegica
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aplicada agrave ciecircncia (Haddad) Metodologia literalmente refere-se ao estudo dos meacutetodos e especialmente do meacutetodo da ciecircncia que se supotildee universal Embora procedimentos variem de uma aacuterea da
ciecircncia para outra (as disciplinas cientiacuteficas) diferenciadas por seus distintos objetos de estudo
consegue-se determinar certos elementos que diferenciam o meacutetodo cientiacutefico de outros meacutetodos (filosoacutefico algoritmo
ndash matemaacutetico etc)
Primeiramente os pesquisadores definem proposiccedilotildees loacutegicas ou suposiccedilotildees (hipoacuteteses) para explicar certos fenocircmenos e observaccedilotildees e entatildeo desenvolvem experimentos que testam essas hipoacuteteses Se confirmadas as hipoacuteteses podem gerar leis e teorias Integrando-se hipoacuteteses de certa aacuterea em uma estrutura coerente de conhecimento contribuiacute-se na
formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bem como coloca as hipoacuteteses em um conjunto de conhecimento maior que satildeo as
leis e teorias reconhecidas consensualmente pela comunidade cientiacutefica eou o
O contexto de uma pesquisa
paradigma de seu tempo Outra caracteriacutestica do meacutetodo eacute que o processo precisa
ser objetivo e o cientista deve ser imparcial na interpretaccedilatildeo dos resultados Sobre a objetividade o seja
atente agraves propriedades do objeto e natildeo do sujeito (subjetividade) eacute conhecida a afirmaccedilatildeo de Hans Selye
pesquisador canadense que formulou a moderna concepccedilatildeo de stress ldquoQuem natildeo sabe o que procura natildeo entende o que encontrardquo referindo-se a necessidade de formulaccedilatildeo de definiccedilotildees precisas (a essecircncia dos conceitos) e que
possam ser respondidas com o simples sim ou natildeo Tanto a imparcialidade (evidecircncia) como a objetividade foram incluiacutedas por Reneacute Descartes (1596 ndash 1649) nas regras
loacutegicas que caracterizam o meacutetodo cientiacutefico Aleacutem disso o procedimento precisa ser documentado tanto no que diz respeito agrave fonte de dados como as regras de anaacutelise para que outros cientistas possam re-analisar reproduzir e verificar a confiabilidade dos resultados Assim se distingue os relatos cientiacuteficos (artigos
monografias teses e dissertaccedilotildees) de um simples estilo (padratildeo) ou arquitetura de texto orientados pelo que caracteriza as normas da Retoacuterica ou estudo do uso persuasivo da linguagem em funccedilatildeo da eloquumlecircncia
Eacute comum o uso da anaacutelise matemaacutetica ou estatiacutestica quando possiacutevel ou aproximaccedilatildeo de modelos abstratos (tipos ideais) e categorias de classificaccedilatildeo a depender do
objetivo da pesquisa (identificar descrever analisar) que pode ser basicamente quantitativa ou qualitativa A divisatildeo da ciecircncia em aacutereas ou distintas disciplinas
cientificas tem levado a tais adequaccedilotildees da metodologia Eacute comum a afirmaccedilatildeo de que em funccedilatildeo da evoluccedilatildeo do meacutetodo
cientifico num extremo temos a fiacutesica e quiacutemica seguida da biologia e por uacuteltimo as ciecircncias sociais psicologia e ciecircncias juriacutedicas quase se aproximando da filosofia e estudo das crenccedilas (senso comum) ou ciecircncias do espiacuterito
(sistemas miacutetico - religiosos) Contudo pesquisadores contemporacircneos vecircem nessas duas abordagens uma oposiccedilatildeo complementar enquanto as pesquisas quantitativas visam descrever e explicar fenocircmenos que produzem regularidades mensuraacuteveis satildeo recorrentes (ou discrepantes) e exteriores ao sujeito
33
(objetivos) na pesquisa qualitativa o observador (sujeito) eacute da mesma natureza que o objeto de sua anaacutelise e ele proacuteprio uma parte de sua observaccedilatildeo (o subjetivo)
Eacute importante ter em mente que as pesquisas cientificas relacionam-se com um modelo (paradigmaacutetico) ou uma
constelaccedilatildeo de pressupostos e crenccedilas escalas de valores teacutecnicas e conceitos compartilhados pelos membros de uma determinada comunidade cientiacutefica num determinado momento
histoacuterico
Ciecircncia eacute muito mais uma maneira de pensar do que um corpo de conhecimentos -
Elementos do meacutetodo cientiacutefico
Carl Sagan ciecircncia consiste em agrupar factos para que leis
gerais ou conclusotildees possam ser tiradas deles - Charles Darwin
O meacutetodo cientiacutefico eacute composto dos seguintes elementos bull Caracterizaccedilatildeo - Quantificaccedilotildees observaccedilotildees e
medidas bull Hipoacuteteses - Explicaccedilotildees hipoteacuteticas das observaccedilotildees e
medidas bull Previsotildees - Deduccedilotildees loacutegicas das hipoacuteteses
bull Experimentos - Testes dos trecircs elementos acima O meacutetodo cientiacutefico consiste dos seguintes aspectos bull Observaccedilatildeo - Uma observaccedilatildeo pode ser simples isto eacute
feita a olho nu ou pode exigir a utilizaccedilatildeo de instrumentos apropriados
bull Descriccedilatildeo - O experimento precisa ser replicaacutevel (capaz de ser reproduzido)
bull Previsatildeo - As hipoacuteteses precisam ser vaacutelidas para observaccedilotildees feitas no passado no presente e no
futuro bull Controle - Para maior seguranccedila nas conclusotildees toda
experiecircncia deve ser controlada Experiecircncia controlada eacute aquela que eacute realizada com teacutecnicas que permitem descartar as variaacuteveis passiacuteveis de mascarar
o resultado bull Falseabilidade[1]
bull Explicaccedilatildeo das Causas - Na maioria das aacutereas da Ciecircncia eacute necessaacuterio que haja causalidade Nessas
condiccedilotildees os seguintes requerimentos satildeo vistos como importantes no entendimento cientiacutefico
- toda hipoacutetese tem que ser falseaacutevel ou refutaacutevel Isso natildeo quer dizer que o experimento seja falso mas sim que ele pode ser verificado
contestado Ou seja se ele realmente for falso deve ser possiacutevel provaacute-lo
bull Identificaccedilatildeo das Causas bull Correlaccedilatildeo dos eventos - As causas precisam se
correlacionar com as observaccedilotildees bull Ordem dos eventos - As causas precisam preceder
no tempo os efeitos observados Na aacuterea da sauacutede a natureza da associaccedilatildeo causal foi formulada por Hence e adaptada por Robert Koch em 1877
para demonstraccedilatildeo da relaccedilatildeo causal entre microrganismos e patologias consistindo basicamente no enunciado acima ou seja forccedila da associaccedilatildeo (conectividade) sequumlecircncia temporal (assimetria) transitividade (evidecircncia experimental) previsibilidade estabilidade
Uma maneira linearizada e pragmaacutetica de apresentar os quatro pontos acima estaacute exposto a seguir passo-a-passo
34
Vale a pena notar que eacute apenas um exemplo natildeo sendo obrigatoacuterio a existecircncia de todos esses passos Na
verdade na maioria dos casos natildeo se segue todos esses passos ou mesmo parte deles O meacutetodo cientiacutefico natildeo eacute
uma receita ele requer inteligecircncia imaginaccedilatildeo e criatividade O importante eacute que os aspectos e elementos
apresentados acima estejam presentes bull Definir o problema
bull Recolhimento de dados bull Proposta de uma hipoacutetese
bull Realizaccedilatildeo de uma experiecircncia controlada para testar a validade da hipoacutetese
bull Anaacutelise dos resultados bull Interpretar os dados e tirar conclusotildees o que serve
para a formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bull Publicaccedilatildeo dos resultados em monografias
dissertaccedilotildees teses artigos ou livros aceitos por universidades e ou reconhecidos pela comunidade
cientiacutefica Observe-se que nem todas as hipoacutetese podem ser confirmadas
ou refutadas por experimentos e que em muitas aacutereas do conhecimento o recolhimento de dados e a tentativas de interpretaacute-los jaacute eacute uma grande tarefa como nas ciecircncias
humanas e juriacutedicas (criminologia)
Ciecircncias humanas A limitaccedilatildeo eacutetica da realizaccedilatildeo experimentos com seres humanos o estudo das subjetividades ou essencialmente
subjetivo individual e particular psiquismo humano ou a natureza histoacuterica do objeto das ciecircncias sociais conduziram os pensadores a distintos caminhos ou
proposiccedilotildees de estudo para o meacutetodo cientiacutefico Contudo parafraseando Minayoldquouma base de dados quando bem trabalhada teoacuterica e praticamente produz riqueza de informaccedilotildees aprofundamento e maior fidedignidade
interpretativardquo As principais divergecircncias na anaacutelise dos resultados de pesquisas em ciecircncias sociais ou humanas se datildeo no plano da contextualizaccedilatildeo dos dados ou informaccedilotildees obtidas em campo nos diversos sistemas teoacutericos ou seja conjunto de teorias e leis reconhecidas como consensuais em distintos
momentos histoacutericos eou segmentos das comunidades cientiacuteficas Nas ciecircncias sociais identifica-se trecircs
grandes correntes de pensamentos bull Positivismo Auguste Comte
bull Fenomenologia (Fenomenologia do Espiacuterito Estruturalismo
bull Materialismo dialeacutetico Dialeacutetica Marxismo
A histoacuteria do meacutetodo cientiacutefico se mistura com a histoacuteria da ciecircncia Documentos do
A evoluccedilatildeo do conceito de meacutetodo
Antigo Egito jaacute descrevem meacutetodos de diagnoacutesticos meacutedicos Na cultura da Greacutecia
Antiga os primeiros indiacutecios do meacutetodo cientiacutefico comeccedilam a aparecer Grande avanccedilo no meacutetodo foi feito no comeccedilo da filosofia islacircmica principalmente no uso de experimentos
para decidir entre duas hipoacuteteses Os principios fundamentais do meacutetodo cientiacutefico se consolidaram com o surgimento da Fiacutesica nos seacuteculos XVII e XVIII Francis
Bacon em seu trabalho Novum Organum(1620)-uma referecircncia
35
ao Organon de Aristoacuteteles-especifica um novo sistema loacutegico para melhorar o velho processo filosoacutefico do
silogismo A metodologia cientiacutefica tem sua origem no pensamento de
Descartes que foi posteriormente desenvolvimento empiricamente pelo fiacutesico inglecircs Isaac Newton Reneacute Descartes propocircs chegar agrave verdade atraveacutes da duacutevida sistemaacutetica e da decomposiccedilatildeo do problema em pequenas
partes caracteriacutesticas que definiram a base da pesquisa cientiacutefica
Lecirc-se no livro o Discurso do meacutetodo E como a multiplicidade de leis serve frequentemente para escusar os viacutecios de sorte que um estado eacute muito melhor governado quando possuindo poucas elas satildeo aiacute rigorosamente aplicadas assim em lugar de um grande
nuacutemero de preceitosde qua a loacutegica eacute composta acrediteis que jaacute me seriam bastante quatro contanto que tomasse a firme e constante resoluccedilatildeo de natildeo deixar uma vez soacute de
observaacute-los O primeiro consistia em nunca aceitar por verdadeira coisa nenhuma que natildeo conhecesse como evidente isto eacute
devia evitar cuidadosamente a precipitaccedilatildeo e a prevenccedilatildeo e nada incluir em meus juizos que natildeo se apresentasse tatildeo claramente e tatildeo distintamente ao meu espiacuterito que natildeo
tivesse nenhuma ocasiatildeo de o por em duacutevida O segundo ndash dividir cada uma das dificuldades que
examinasse em tantas parcelas quantas pudesse ser e fossem exigidas para melhor compreendecirc-las
O terceiro ndash conduzir por ordem os meus pensamento comeccedilando pelos objetos mais simples e faacuteceis de serem conhecidos para subir pouco a pouco como por degraus ateacute o conhecimento dos mais compostos e supondo mesmo
certa ordem entre os que natildeo se precedem naturalmente uns aos outros
e o uacuteltimo ndash fazer sempre enumeraccedilotildees tatildeo completas e revisotildees tatildeo gerais que ficasse certo de nada
omitir Correntemente estas regras satildeo 1 ndash da evidecircncia 2 ndash da
divisatildeo ou anaacutelise 3 ndash da ordem ou deduccedilatildeo 3 da enumeraccedilatildeo (contar especificar) classificaccedilatildeo
O acidente (serendipity
Eacute comum considerar alguns dos mais importantes avanccedilos na ciecircncia tais como as
)
descobertas da radioatividade por Henri Becquerel ou da penicilina por Alexander Fleming como tendo ocorrido por acidente no entanto o que eacute possiacutevel afirmar agrave luz da observaccedilatildeo cientiacutefica eacute que
teratildeo sido parcialmente acidentais uma vez que as pessoas envolvidas haviam aprendido a pensar cientificamente
estando portanto conscientes de que observaram algo novo e interessante
Os progressos da ciecircncia satildeo acompanhados de muitas horas de trabalho cuidadoso que segue um caminho mais ou menos sistemaacutetico na busca de respostas a questotildees cientiacuteficas
Eacute este o caminho denominado de meacutetodo cientiacutefico
A A hipoacutetese
Hipoacutetese (do gr Hypoacutethesis) eacute uma proposiccedilatildeo que se admite de modo provisoacuterio como princiacutepio do qual se pode
deduzir pelas regras da loacutegica um conjunto dado de proposiccedilotildees ou um mecanismo da experiecircncia a explicar
36
Literalmente pode ser compreendida como uma suposiccedilatildeo ou pergunta conjetura que orienta uma investigaccedilatildeo por
antecipar caracteriacutesticas provaacuteveis do objeto investigado e que vale quer pela confirmaccedilatildeo atraveacutes de deduccedilotildees loacutegicas dessas caracteriacutesticas quer pelo encontro de novos caminhos de investigaccedilatildeo (novas hipoacuteteses e novos
experimentos) No meacutetodo cientiacutefico a hipoacutetese eacute o caminho que deve levar agrave formulaccedilatildeo de uma teoria O cientista na sua hipoacutetese tem dois objetivos explicar um fato e prever
outros acontecimentos dele decorrentes (deduzir as consequencias) A hipoacutetese deveraacute ser testada em
experiecircncias laboratoriais controladasSe apoacutes muitas dessas experiecircncias os resultados obtidos pelos
pesquisadores natildeo contrariarem a hipoacutetese entatildeo ela seraacute aceita como uma lei e integrada agrave uma teoria eou sistema
teacuteoacuterico
Referecircncias 1 uarr [PDF] Estudos do meacutetodo cientiacutefico
Ver tambeacutem bull Verdade
bull Falseabilidade bull Karl Popper
bull Filosofia da ciecircncia bull Histoacuteria da ciecircncia
bull Epistemologia bull Loacutegica
bull Aristoacuteteles bull Georg Wilhelm Friedrich Hegel
bull Complexidade bull Reducionismo
bull Navalha de Occam bull Ciecircncia
bull Pseudociecircncia bull Paradigma
bull Paul Feyerabend bull Thomas Kuhn
bull Gaston Bachelard bull Teoria
bull Lei (ciecircncias) bull Hipoacutetese
bull Tese bull Dissertaccedilatildeo
Bibliografia
Becker Howard S Meacutetodos de pesquisa em ciecircncias sociais SP Hucitec 1999
Chizzotti Antonio Pesquisa em ciecircncia humanas e sociais SP Cortez 2006
Comte August Discurso preliminar sobre o espiacuterito positivo
Descartes Reneacute Discurso do meacutetodo (traduccedilatildeo prefaacutecio e notas de Joatildeo Cruz Costa SP Ed de Ouro 1970 disponiacutevel
para download em domiacutenio puacuteblico httpwwwdominiopublico e eBooket
httpwwweBooketnet IntraText Reneacute Descartes - e-books
37
Haddad Nagib Metodologia de estudos em ciecircncias da sauacutede como planejar analisar e apresentar um trabalho
cientiacutefico SP Roca 2004 Minayo Maria C de Souza (org) Deslandes (Suely F
Gomes Romeu Pesquisa social teoria meacutetodo e criatividade Petroacutepolis RJ Vozes 2007
Lakatos Eva Maria Marconi Marina de A Meacutetodologia cientiacutefica SP Atlas 2007
Selye Hans Stress a tensatildeo da vida SP IBRASA 1965
Ligaccedilotildees externas bull Explicando o Meacutetodo Cientiacutefico
bull Prova Cientiacutefica bull Diretrizes para elaboraccedilatildeo de dissertaccedilotildees e teses -
USP bull Centro Cochrane do Brasil
bull Metodologiaorg bull Evidecircnciascom
bull Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq)
bull Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciecircncia bull Lista de Perioacutedicos cientificos brasileiros por
assunto bull SciELO - Scientific Electronic Library Online
bull Perioacutedicos UNESCO bull Ciecircncia Hoje
bull Scientific American - Brasil bull Scientific American
COLCHA DE RETALHOS CIENTIacuteFICA (a realidade natildeo eacute Frankenstein ela eacute uacutenica e funcional)
A realidade segundo a Ciecircncia geral
A senhora Ciecircncia trabalhando com
seus remendos
Drordf Ciecircncia e seu filho
Mary Shelley viu o futuro
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Somos Monstros 6 05 2008
Tudo comeccedilou com um desafio feito a Mary Shelley (1797-1851) entatildeo uma jovem de 21 anos por Lord Byron Na eacutepoca 1918 Byron propocircs a Mary e seu marido que
escrevessem um conto de terror uma maneira de passar o tempo jaacute que suas feacuterias estavam sendo consumidas
intediantemente pelo mau tempo Mary foi a uacuteltima a dar iniacutecio ao seu conto que acabou baseado em um pesadelo que
teve numa daquelas noites de chuva E dentre todos o conto de Shelley foi o que mais surpreendeu e arrepiou Insentivada a continuar Mary Shelley desenvolveu ainda
mais sua histoacuteria e transformou-a em um dos mais conhecidos e celebrados livros da Histoacuteria Frankenstein
Victor Frankenstein era um jovem curioso com sede de conhecimento apaixonado pela ciecircncia intrigado com os segredos da vida e louco para deixar sua marca no mundo Havia aprendido sozinho em casa sobre as fantasias da Alquimia no entanto apenas na universidade ele foi descobrir que toda sua bagagem de conhecimento estava ultrapassada haacute muito Acabou se tornando um aluno
exemplar dedicado agrave quiacutemica e agrave biologia Foi assim que sozinho em seu laboratoacuterio em Ingolstadt Victor deu iniacutecio agrave sua criaccedilatildeo misturando seus conhecimentos
teoacutericos de fisiologia e filosofia natural com princiacutepios de mecacircnica decido a descobrir se o princiacutepio que
mantinha animado o corpo poderia pernecer mesmo apoacutes a morte Como Victor fez isso todos jaacute sabemos deu vida a uma criatura formada por partes de cadaacuteveres de tamanho
descomunal (cerca de 25m de altura) e aparecircncia horripilante E eacute aqui que daacute-se iniacutecio ao grande trunfo
da histoacuteria Ao despertar da Criatura Frankenstein acaba por cair na realidade vendo como era realmente feia sua criaccedilatildeo com
seus membros desproporcionais seu olhos aquosos e amarelos incompleta a ponto de seus tecidos nem sequer
cobrirem todo o corpo deixando agrave mostra muacutesculos e ossos Desesperado e com medo arrependido de sua audaacutecia Victor
abandona sua Criatura decaindo num suacutebito acesso de naacuteusea e lucidez
Pobre Criatura um ser vazio de conhecimentos ignorante em relaccedilatildeo ao conviacutevio social solto num mundo de pessoas
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preconceituosas e indiferentes A personificaccedilatildeo perfeita da famosa teoria de Rousseau a do ldquobom selvagemrdquo que diz
que todo o homem nasce ldquopurordquo e eacute corrompido pela sociedade violenta viciosa e materialista Quem lecirc a
histoacuteria de Frankenstein espera encontrar terror suspense e aventura onde um monstro estaria a solta para destruir e matar No entanto descobre um mundo onde noacutes humanos somos totalmente repugnantes e no qual o uacutenico ser que
realmente tem algum valor eacute o monstro excluiacutedo por todos Poucos livros retratam tatildeo bem a indiferenccedila humana e a nossa mania de dar mais valor agraves aparecircncias do que aos
sentimentos carater e virtudes Mary Shelley escreveu uma autecircntica obra-prima da
literatura universal um romance capaz de despertar no leitor a pena e a compaixatildeo por um monstro e a repugnacircncia
de nossa proacutepria raccedila Uma liccedilatildeo que ainda natildeo foi aprendida mesmo depois de quase 200 anos
Ficha Teacutecnica Tiacutetulo Frankestein (Frankenstein or the Modern
Prometheus) Autor Mary Shalley Paiacutes Inglaterra
Publicaccedilatildeo Original 1818 Publicaccedilatildeo Lida Martin Claret Editora 2001
24
O argumento dedutivista ainda que natildeo isento de criacuteticas representou sem duacutevida alguma uma evoluccedilatildeo no sentido em que propiciou uma metodologia cientiacutefica dotada de
coerecircncia interna A esse respeito eacute dito com frequumlecircncia que o raciociacutenio dedutivo constitui o
argumento da loacutegica A fim de padronizar comparaccedilotildees apresentarei o argumento
dedutivista como apoiado no seguinte princiacutepio Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa para que seja hipoacutetese deveraacute ser
passiacutevel de verificaccedilatildeo observacional A figura 3 ilustra a proposiccedilatildeo deste argumento
Eacute importante observar que nem toda a afirmaccedilatildeo deduzida seraacute uma hipoacutetese motivo pelo qual natildeo utilizamos o argumento loacutegico se e somente se ao enunciarmos o
princiacutepio
Figura 3 - O argumento dedutivista
[16] Em particular eacute de se ressaltar a opiniatildeo de Severino (1994) a respeito
Eacute preciso natildeo confundir hipoacutetese com pressuposto com evidecircncia preacutevia
Hipoacutetese eacute o que se pretende demonstrar e natildeo o que jaacute se tem
demonstrado [17] A loacutegica dedutiva ao caminhar do geral para o particular
nos garante a formulaccedilatildeo de hipoacuteteses e hipoacutetese comprovada atraveacutes de uma observaccedilatildeo controlada (teste eou experiecircncia) nos permite suspeitar atraveacutes de um raciociacutenio indutivo (do singular para o geral) sua condiccedilatildeo de lei Observem o cuidado na colocaccedilatildeo das palavras Eu disse nos permite suspeitar e natildeo nos
permite garantir Por que esse cuidado A experimentaccedilatildeo natildeo nos garante verdades A esse respeito Popper assim se
referiu Natildeo haacute um meacutetodo para determinar se
uma hipoacutetese eacute lsquoprovaacutevelrsquo ou provavelmente verdadeira [18]
Eacute interessante notar que algumas limitaccedilotildees inerentes ao indutivismo e que propiciam o aparecimento de conclusotildees ingecircnuas satildeo aqui substituiacutedas por uma impossibilidade
Sob esse aspecto o dedutivismo natildeo solucionou o problema mas simplesmente reduziu a possibilidade de que se
cometessem determinados raciociacutenios ingecircnuos Rigorosamente falando o problema natildeo eacute tatildeo insoluacutevel
assim Seraacute insoluacutevel tatildeo-somente para aqueles que julgam estar cientificamente buscando por verdades absolutas A verdade cientiacutefica e soacute o leigo talvez natildeo saiba eacute uma
verdade provisoacuteria tomada por empreacutestimo da natureza e da forma como ela se nos aparenta ser As verdades
25
cientiacuteficas de hoje seratildeo quando natildeo negadas lapidadas e reformuladas amanhatilde Se chegaremos ou natildeo por meacutetodos
cientiacuteficos agrave verdade absoluta eacute um questionamento que a ciecircncia natildeo estaacute aparelhada para responder E talvez nunca esteja o que natildeo nos impede de que continuemos procurando
pela verdade Popper foi mais aleacutem demonstrando ser impossiacutevel ateacute mesmo probabilizar uma afirmaccedilatildeo comprovada por um
raciociacutenio que siga a metodologia dedutiva (incluindo e eacute aiacute que reside o problema principal do meacutetodo a induccedilatildeo -- vide lado direito da figura 3) A esse respeito Popper
propotildee a substituiccedilatildeo do termo probabilizar por corroborar Uma hipoacutetese seria tanto mais corroboraacutevel quanto mais propiciasse verificaccedilotildees experimentais e teria sido tanto mais corroborada e natildeo haacute como se
atribuir nuacutemeros probabiliacutesticos a esse efeito quanto mais resistisse a essas verificaccedilotildees Siegel (1977
traduccedilatildeo) adota provavelmente com o mesmo objetivo a expressatildeo grau de aceitabilidade
Efetuamos pesquisas a fim de determinar o grau de aceitabilidade de
hipoacuteteses deduzidas de nossas teorias [19]
Esta impossibilidade em garantir um acerto preocupou bastante Popper e certamente foi um dos motivos que o
levou a expandir o argumento dedutivista atraveacutes da proposiccedilatildeo do falsificacionismo a ser apresentado no
item 7 Independentemente das dificuldades apontadas neste e nos itens precedentes a verdade eacute que a ciecircncia progride e este progresso eacute guiado por homens que conhecem o terreno por onde pisam E conquanto todos saibam da natildeo existecircncia em ciecircncia de verdades absolutas da impossibilidade de se
chegar a uma soluccedilatildeo definitiva para os problemas cientiacuteficos e da natildeo existecircncia de provas observacionais irrefutaacuteveis quase todos [20] entendem e concordam com a
afirmaccedilatildeo de GIL (1994) expressa a seguir A pesquisa cientiacutefica inicia-se
sempre com a colocaccedilatildeo de um problema solucionaacutevel O passo seguinte
consiste em oferecer uma soluccedilatildeo possiacutevel atraveacutes de uma proposiccedilatildeo ou seja de uma expressatildeo suscetiacutevel de ser declarada verdadeira ou falsa A
esta proposiccedilatildeo daacute-se o nome de hipoacutetese Assim a hipoacutetese eacute a
proposiccedilatildeo testaacutevel que pode vir a ser a soluccedilatildeo do problema [21]
6 O que eacute teoria Eacute importante salientar que a finalidade primordial da ciecircncia natildeo eacute formular hipoacuteteses e sim sistematizar teorias e que teoria natildeo eacute pura e simplesmente uma
coletacircnea de hipoacuteteses Teoria eacute um conjunto de hipoacuteteses coerentemente interligadas tendo por finalidade explicar
elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio do conhecimento [22] Por que entatildeo os livros de
metodologia insistem em justificar os meacutetodos atraveacutes de hipoacuteteses uacutenicas e via de regra desinteressantes tais
como As maccedilatildes satildeo vermelhas os cisnes satildeo brancos etc A verdade eacute que nem sempre eacute faacutecil encontrar teorias ao mesmo tempo simples e de amplo espectro ou seja que
26
possam ser entendidas por leitores das vaacuterias aacutereas do conhecimento Por outro lado os argumentos que corroboram ou derrubam teorias satildeo em princiacutepio idecircnticos aos que corroboram ou derrubam hipoacuteteses frac34poderiacuteamos tambeacutem dizer
que uma hipoacutetese eacute ou simula ser uma teoria cujo conjunto de hipoacuteteses eacute unitaacuterio Em geral a dificuldade inerente ao grau de complexidade de uma teoria pode ser
superada desde que o cientista conheccedila a fundo esta teoria cujo grau de aceitabilidade pretende testar e domine a loacutegica envolvida em situaccedilotildees similares poreacutem simples como aquelas que aparecem nos compecircndios sobre o
assunto A ecircnfase dada pelos textos de metodologia cientiacutefica a meacutetodos relacionados a testes de hipoacuteteses contrasta com a quase ausecircncia de referecircncias a meacutetodos relativos agrave
praacutetica da teorizaccedilatildeo Existem exceccedilotildees a esta regra e eu natildeo poderia deixar de citar [23] os livros de Bunge [24] e de Lacey [25] indicados especialmente para os iniciantes da aacuterea de exatas Embora natildeo especificamente dirigido a esta temaacutetica haacute que se destacar tambeacutem o livro de Bohm e
Peat [26] e que merece ser lido posto que focaliza a essecircncia da problemaacutetica aqui apontada neste caso e por este motivo eacute indicado aos iniciantes de todas as aacutereas A praacutetica da teorizaccedilatildeo com rariacutessimas exceccedilotildees natildeo se
aprende na escola Grandes teorizadores por terem aprendido a utilizar uma teacutecnica natildeo encontrada nos livros tradicionais e que nem mesmo eacute ensinada na maioria dos
regimes de iniciaccedilatildeo cientiacutefica chegaram a ser confundidos com gecircnios Eacute bem possiacutevel que estes gecircnios tenham adquirido esta praacutexis cultuando algum resquiacutecio da
filosofia que a sociedade moderna natildeo conseguiu despedaccedilar
A lacuna acima apontada fomenta a ingenuidade ou ateacute mesmo o charlatanismo multiplicando sobremaneira o nuacutemero dos que sem estarem devidamente preparados para teorizar frac34uma atividade que natildeo eacute elementarfrac34 ainda assim teorizam e teorizam mal frac34fato este que chega a incomodar cientistas de respeito que ocupam postos importantes nas
universidades [27] Por outro lado e em decorrecircncia disto permite que se condene agrave marginalidade cientiacutefica
e por periacuteodos variaacuteveis de tempo todos aqueles que certos ou errados pretendem evoluir seriamente no sentido de atender agrave finalidade uacuteltima da ciecircncia a edificaccedilatildeo de
teorias representacionais Que meacutetodos estes homens seguiram que natildeo a paixatildeo a
devoccedilatildeo a persistecircncia e a crenccedila num espiacuterito universal frac34Espiacuterito este que segundo alguns admitem natildeo estaacute a se
divertir com nossos erros e acertos o que foi sintetizado pelo maior dos gecircnios do seacuteculo XX nas
seguintes palavras Deus natildeo joga dados A resposta nos eacute dada pelo proacuteprio autor desta afirmaccedilatildeo
O alvo de construir uma teoria de campo eletromagneacutetico da mateacuteria
permanece inatingiacutevel por ora embora em princiacutepio nenhuma objeccedilatildeo possa ser levantada contra a possibilidade de vir a se alcanccedilar tal objetivo O que reteve qualquer tentativa posterior nessa direccedilatildeo foi a falta de qualquer meacutetodo sistemaacutetico que levasse a uma
soluccedilatildeo [28]
27
Seraacute que natildeo existem meacutetodos ou regras a serem adotados nesta praacutexis E por falar nisso a praacutetica da teorizaccedilatildeo
natildeo seria uma teorexis [29] Seraacute que teorizar em ciecircncia eacute uma atividade puramente filosoacutefica Natildeo existe uma
metodologia cientiacutefica a orientar aqueles que se preocupam em decifrar os segredos que estatildeo por traacutes dos fenocircmenos que se adaptam agrave regra cientiacutefica fundamental Caso exista
um meacutetodo a ser sistematizado Seria ele diferente do meacutetodo cientiacutefico O que eacute o meacutetodo cientiacutefico
Tentarei dentro do possiacutevel e da finalidade a que me propus ao conceber esta seacuterie de artigos responder
oportunamente eou orientar o leitor se houver como no que diz respeito aos questionamentos aqui assinalados De qualquer forma mais detalhes sobre teoria eou teorizaccedilatildeo seratildeo apresentados no toacutepico IV-b A praacutetica da teorizaccedilatildeo
(em preparo)
[13] CHALMERS A F 1976 Referecircncias
op cit (Voltar pelo browser) pp 23-63
[14] Idem p 28 [15] Esta versatildeo eacute uma adaptaccedilatildeo do princiacutepio da induccedilatildeo
como enunciado por CHALMERS (1976) op cit Se um grande nuacutemero de As foi observado sob uma ampla variedade de condiccedilotildees e se todos esses As observados possuiacuteam sem exceccedilatildeo a propriedade B entatildeo todos os As possuem a propriedade B
[16] Neste caso o princiacutepio ficaria
Aparentes contradiccedilotildees que o iniciante possa descobrir ao comparar os dois enunciados natildeo
comprometem o raciociacutenio que se segue razatildeo pela qual admitirei a equivalecircncia sem justificaacute-la
Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa seraacute hipoacutetese se e somente se for passiacutevel de verificaccedilatildeo
observacional
[17] SEVERINO J S 1994
O primeiro se torna a afirmaccedilatildeo inconsistente
Metodologia do trabalho cientiacutefico[18] POPPER K R 1956
Cortez Editora Satildeo Paulo op cit
[19] SIEGEL S 1977 Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica
[20] Eacute possiacutevel que alguns dentre os indutivistas natildeo concordem com alguns dos termos da afirmaccedilatildeo por motivos que podem ser suspeitados tendo em vista o apresentado
neste e no item anterior
Ed McGraw-Hill do Brasil Ltda Satildeo Paulo p 6
[21] GIL A C 1994 Como elaborar projetos de pesquisas
[22] Em FERREIRA A B H 1986
Editora Atlas S A Satildeo Paulo p 35 [Os grifos satildeo
meus] op cit (Voltar pelo
browser) encontramos uma definiccedilatildeo mais geral a satisfazer tambeacutem o argumento indutivista Teoria eacute um
conjunto de conhecimentos natildeo ingecircnuos que apresentam graus diversos de sistematizaccedilatildeo e credibilidade e que se
propotildeem a explicar elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio de fenocircmenos ou de acontecimentos que se
oferecem agrave atividade praacutetica [23] Os trecircs livros citados a seguir natildeo satildeo os uacutenicos
nos gecircneros assinalados a despeito da disparidade apontada Ao tempo em que registro com estes exemplos a exceccedilatildeo agrave regra presto tambeacutem uma homenagem a autores que ao serem por mim lidos transmutaram em duacutevidas muitas das
respostas a questotildees fundamentais e que eu
28
pretensiosamente julgava possuir [24] BUNGE M Teoria e realidade
[25] LACEY HM 1972
Ed Perspectiva (traduccedilatildeo 1994) Satildeo Paulo
A linguagem do espaccedilo e do tempo
[26] BOHM D e PEAT F D
Ed Perspectiva SA
Ciecircncia ordem e criatividade
[27] A esse respeito vale a pena ler
Gradiva Publicaccedilotildees Ltda (traduccedilatildeo 1989) Lisboa
Cientiacuteficos Chiflados capiacutetulo XIV do livro BERNSTEIN J 1988 Observacioacuten de
la Ciencia[28] EINSTEIN A
Ed Fondo de Cultura Econoacutemica Meacutexico Fiacutesica e realidade in Albert Einstein
Pensamento poliacutetico e uacuteltimas conclusotildees (1983 traduccedilatildeo) Edit Brasiliense S A Satildeo Paulo [O grifo eacute meu]
[29] Este termo eu utilizei pela primeira vez no artigo MESQUITA Fdeg A 1983 Ciecircncia empiacuterica uma arma ou uma daacutediva Faculdade
Antes de mais nada afirmarei sem me alongar que uma teoria adotado o argumento dedutivista pode ser
corroborada ou negada fundamentalmente atraveacutes de um dos trecircs procedimentos seguintes 1) Pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de uma de suas hipoacuteteses 2) pela verificaccedilatildeo ou negaccedilatildeo de uma de suas prediccedilotildees 3) pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de teorias auxiliares deduzidas da teoria principal (teoria em teste ou sob suspeita) as teorias
auxiliares podem ser de trecircs tipos teorias ou hipoacuteteses de nulidade teorias ou hipoacuteteses salvadoras e teorias ou hipoacuteteses assassinas
(Revista do IAMC) ndeg 6 p 28-43 agosto83
7 O falsificacionismo O falsificacionismo natildeo foi proposto como um meacutetodo novo mas sim como um criteacuterio ou conduta a ser ou natildeo adotado por aqueles que se conformam ao meacutetodo dedutivo de prova
Natildeo haacute nada no falsificacionismo do ponto de vista metodoloacutegico que natildeo esteja previsto ou que natildeo decorra naturalmente de uma opccedilatildeo a ser seguida espontaneamente ou natildeo por este ou aquele dedutivista Qual seria entatildeo este criteacuterio Com que finalidade foi proposto A resposta a estas perguntas bem como o meacuterito do falsificacionismo constituem o objetivo deste e dos proacuteximos dois itens
[30] Incluem-se no rol das teorias auxiliares como veremos oportunamente as teorias
transcendentais frequumlentemente conotadas por experiecircncias de pensamento As prediccedilotildees e as hipoacuteteses ou teorias auxiliares satildeo teorias geradas utilizando-se do proacuteprio argumento dedutivista esquematizado na figura 3 Neste caso o foco de atenccedilatildeo inicial frac34representado na figura como observaccedilatildeofrac34 eacute nada mais nada menos que a proacutepria teoria que deu origem agrave prediccedilatildeo eou agrave teoria auxiliar Ao valorizar a falseabilidade como criteacuterio a ser adotado
pelos dedutivistas Popper nada mais fez que tentar expandir ou trazer para o domiacutenio da metodologia
cientiacutefica uma praacutetica amplamente utilizada com sucesso em estatiacutestica o criteacuterio de tomada de decisatildeo atraveacutes da
hipoacutetese de nulidade (Ho
O primeiro passo ou estaacutegio no processo de tomada de decisatildeo eacute
definir a hipoacutetese de nulidade (
)
Ho) Formula-se usualmente com o expresso propoacutesito de ser rejeitada Se eacute
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rejeitada pode-se aceitar a hipoacutetese alternativa (H1) A hipoacutetese
alternativa eacute a definiccedilatildeo operacional da hipoacutetese de pesquisa do
pesquisador A hipoacutetese de pesquisa eacute a prediccedilatildeo deduzida da teoria que estaacute
sendo comprovada [31] A contribuiccedilatildeo de Popper a esse respeito limitou-se agrave ecircnfase que deu agrave importacircncia da procura por hipoacuteteses de
nulidade Ateacute entatildeo este costume estava restrito agrave procura por previsotildees frac34apresentadas via de regra pelo proacuteprio autor da teoriafrac34 eou hipoacuteteses salvadoras frac34levantadas
pelos adeptos da teoria em focofrac34 eou hipoacuteteses assassinas frac34levantadas pelos criacuteticos da teoria em questatildeo As quatro
tecircm uma caracteriacutestica comum satildeo todas teorias falseadoras
A boa teoria dentre outras qualidades [32] e segundo Popper eacute aquela potencialmente geradora de hipoacuteteses
falseadoras e tanto melhor seraacute quanto maior for o risco de ser negada Ela pode ateacute mesmo ser derrubada no primeiro teste a que for submetida o que natildeo invalida o que foi
dito foi uma boa teoria enquanto durou e voltaraacute a ser se conseguir ressurgir das cinzas Dito em outras palavras o criteacuterio para se avaliar a virtude de uma teoria nascente repousa no seu grau de submissatildeo a testes adversos Uma teoria de baixo risco raramente eacute bem vinda [33] e uma
teoria sem risco algum na opiniatildeo de Popper natildeo eacute cientiacutefica e eu iria aleacutem sequer eacute teoria
Levando-se em conta que o criteacuterio falsificacionista peca pela subjetividade deve-se tomar cuidado ao se optar por uma teoria em detrimento de outra pelo fato de a primeira
ser mais falseaacutevel que a segunda Diferentes hipoacuteteses falseadoras devem apresentar pesos diferentes e este peso
mesmo quando bem estimado frequumlentemente o eacute por um processo subjetivo Natildeo eacute raro utilizar-se desta
subjetividade inerente ao falsificacionismo para justificar escolhas feitas segundo criteacuterios poliacuteticos econocircmicos
interesseiros corporativistas ou entatildeo apoiados em princiacutepios outros que tambeacutem deixam a desejar no que diz
respeito agrave eacutetica do cientista 8 Entendendo o falsificacionismo
Suponha que algueacutem deduza a seguinte hipoacutetese H1 As maccedilatildes do Estado de Satildeo Paulo satildeo vermelhas A teoria assim
simulada eacute uma teoria de hipoacutetese uacutenica Percebam que no argumento da hipoacutetese estaacute se admitindo como pressupostos uma infinidade de conceitos tais como fruta maccedilatilde cor
vermelho local Satildeo Paulo Brasil etc Estes pressupostos satildeo o que Severino chama de evidecircncias preacutevias como vimos no item 5 e constituem uma das bases da argumentaccedilatildeo de Chalmers [34] ao contestar os que afirmam que a ciecircncia
comeccedila com a observaccedilatildeo Um exemplo de previsatildeo desta teoria seria as maccedilatildes de
Jundiaiacute devem ser vermelhas tendo em vista que Jundiaiacute se localiza no Estado de Satildeo Paulo
Suponha tambeacutem que algueacutem tenha demonstrado que em condiccedilotildees X outra fruta que natildeo a maccedilatilde e que
originalmente era de determinada cor se modifica e conclui que se a teoria sobre as maccedilatildes for verdadeira ela
deveraacute permanecer verdadeira nas condiccedilotildees X Pode-se entatildeo construir a seguinte hipoacutetese de nulidade Ho Em
condiccedilotildees X obter-se-atildeo em Satildeo Paulo maccedilatildes natildeo
30
vermelhas Esta previsatildeo natildeo decorre da teoria (H1) mas de evidecircncias preacutevias outras e estranhas agrave mesma Se esta
hipoacutetese (Ho) for verificada a hipoacutetese original H1
Seraacute que este simples fato condena a teoria original Para o falsificacionista ingecircnuo sim Para aquele que entendeu e aceitou o significado da afirmaccedilatildeo de Popper citada
neste artigo ao final do
estaraacute falseada
quarto paraacutegrafo do item 5 natildeo Optar por uma teoria natildeo significa crer numa verdade
absoluta Se eu afirmo que Ho eacute verdadeira e consequumlentemente H1 eacute falsa isto natildeo significa que eu
estou atribuindo o grau de veracidade 100 a uma hipoacutetese e 0 agrave outra significa simplesmente que a verificaccedilatildeo experimental me convenceu a optar por uma teoria em
detrimento da outra A opccedilatildeo eacute uma das maneiras pelas quais o cientista expressa a sua feacute na ciecircncia [35] e o
falsificacionismo estabelece normas a lhe orientar nesta opccedilatildeo
Suponha agora que em condiccedilotildees X ou em outra condiccedilatildeo qualquer se encontrem no Estado de Satildeo Paulo maccedilatildes verdes Significa isto que a hipoacutetese H1
Natildeo podemos em satilde consciecircncia dizer que a psicanaacutelise por exemplo natildeo pertenccedila ao campo da ciecircncia pelo simples
fato de uma de suas teorias precursoras ser natildeo falseaacutevel Sequer podemos dizer que o autor dessa ideacuteia natildeo
fosse cientista se eacute verdade que a psicanaacutelise se desenvolveu em cima desta ideacuteia e apesar disso conseguiu
eacute falsa Natildeo Simplesmente ela foi falseada Nada impede que amanhatilde com a evoluccedilatildeo da ciecircncia se descubra que estes frutos verdes a que hoje associamos a ideacuteia maccedilatilde estejam inseridos num
outro contexto e que realmente natildeo sejam maccedilatildes Por que entatildeo se daacute preferecircncia a verificaccedilotildees falseadoras em detrimento das corroboradoras Ora isto nem sempre
acontece conquanto seja esta uma das regras propostas pelo falsificacionismo Por exemplo tanto a teoria da
relatividade quanto a mecacircnica quacircntica satildeo teorias fiacutesicas amplamente aceitas graccedilas a terem sido
corroboradas por previsotildees que se confirmaram e pouco valor se deu a um grande nuacutemero de testes que as falsearam Por outro lado estas duas teorias satildeo concomitantemente aceitas pelos fiacutesicos conquanto existam fortes argumentos
a provar que cada uma destas duas teorias falseia a outra e ambas falseiam a teoria de Maxwell que tambeacutem eacute aceita como verdadeira Certos ou errados neste caso os fiacutesicos modernos dentre os quais se inclui Popper fizeram uma opccedilatildeo contraacuteria agrave norma falsificacionista e natildeo haacute
como criticaacute-los por essa conduta a menos que se pretenda atribuir ao falsificacionismo uma qualidade que ele natildeo
possui a de estabelecer criteacuterios absolutos de veracidade O falsificacionismo presta-se tambeacutem a fomentar o diaacutelogo e a criatividade Neste caso surge quase como que um apelo para que se invista mais em experiecircncias de pensamento um
recurso legiacutetimo e de grande valor em ciecircncia 9 O falsificacionismo como delimitador da ciecircncia
Vimos no item 7 que para Popper uma teoria sem risco algum natildeo eacute cientiacutefica e eu acrescentei sequer eacute teoria Popper quis se aproveitar deste argumento para delimitar a ciecircncia utilizando-se entatildeo do falsificacionismo como
criteacuterio de cientificidade Com esta opccedilatildeo Popper desagradou a muitos e convenceu a poucos ainda que sua
ideacuteia natildeo fosse de todo maacute
31
de alguma forma se impor como ciecircncia muito provavelmente queiramos ou natildeo seu autor contribuiu diretamente para o progresso da ciecircncia Mesmo que hoje algueacutem chegasse a concluir categoricamente pelo caraacuteter natildeo cientiacutefico da psicanaacutelise isto de forma alguma nos autorizaria a hipoteticamente condenaacute-la agrave estagnaccedilatildeo Se um cientista utilizando-se de maus criteacuterios ou ateacute mesmo apoiando-se em dogmas constroacutei de maneira natildeo
cientiacutefica um determinado campo do conhecimento isto natildeo significa que este campo natildeo possa vir a ser estudado cientificamente e que natildeo se possam criteriosamente
aproveitar as conclusotildees de seus estudos Nada impede que uma teoria considerada hoje como natildeo cientiacutefica pelo fato de possuir uma ou mais hipoacuteteses natildeo falseaacuteveis adquira
esse status apoacutes passar por ligeiras reformulaccedilotildees Natildeo podemos assumir que um campo do conhecimento seja natildeo cientiacutefico pelo simples fato de natildeo encontrarmos nele
teorias cientiacuteficas Este posicionamento de Popper a meu ver natildeo se justifica o falsificacionismo natildeo eacute um bom
criteacuterio delimitador da ciecircncia e isto eu espero que tenha ficado claro para o leitor E mais natildeo existem aacutereas natildeo cientiacuteficas mas sim aacutereas onde ainda natildeo foram produzidos conhecimentos cientiacuteficos O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo e pelo menos nesta etapa nada eacute absolutamente corroboraacutevel ou falseaacutevel Podemos ainda
dizer que a ciecircncia natildeo se localiza aqui ou acolaacute sob esse aspecto a ciecircncia natildeo tem fronteiras
10 Enfim a teoria do meacutetodo Nos demais artigos desta seacuterie irei demonstrar ser possiacutevel partindo da regra cientiacutefica fundamental desenvolver uma teoria sobre o meacutetodo cientiacutefico
utilizando-se das trecircs hipoacuteteses seguintes 1 O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo 2 A produccedilatildeo de conhecimentos passa
necessariamente pelas etapas deduccedilatildeo anaacutelise induccedilatildeo e
siacutentese na ordem apresentada 3 Os princiacutepios cientiacuteficos fundamentais satildeo universais
Por questatildeo de simplicidade subdividirei o estudo do meacutetodo em trecircs etapas correspondentes a cada uma das hipoacuteteses 1) o estudo do macromeacutetodo cientiacutefico 2) o estudo do meacutetodo cientiacutefico propriamente dito e 3) o estudo do micromeacutetodo cientiacutefico Os toacutepicos nos quais
desenvolverei estas etapas estatildeo em fase de projeto natildeo havendo portanto previsatildeo quanto agrave eacutepoca de publicaccedilatildeo
Meacutetodo cientiacutefico
Origem Wikipeacutedia a enciclopeacutedia livre
A palavra meacutetodo vem do grego meacutethodos (caminho para chegar a um fim) O meacutetodo cientiacutefico eacute um conjunto de regras baacutesicas para desenvolver uma experiecircncia a fim de produzir novo conhecimento bem como corrigir e integrar conhecimentos preacute-existentes Na maioria das disciplinas cientiacuteficas consiste em juntar evidecircncias observaacuteveis empiacutericas (ou seja baseadas apenas na experiecircncia) e
mensuraacuteveis e as analisar com o uso da loacutegica Para muitos autores o meacutetodo cientiacutefico nada mais eacute do que a loacutegica
32
aplicada agrave ciecircncia (Haddad) Metodologia literalmente refere-se ao estudo dos meacutetodos e especialmente do meacutetodo da ciecircncia que se supotildee universal Embora procedimentos variem de uma aacuterea da
ciecircncia para outra (as disciplinas cientiacuteficas) diferenciadas por seus distintos objetos de estudo
consegue-se determinar certos elementos que diferenciam o meacutetodo cientiacutefico de outros meacutetodos (filosoacutefico algoritmo
ndash matemaacutetico etc)
Primeiramente os pesquisadores definem proposiccedilotildees loacutegicas ou suposiccedilotildees (hipoacuteteses) para explicar certos fenocircmenos e observaccedilotildees e entatildeo desenvolvem experimentos que testam essas hipoacuteteses Se confirmadas as hipoacuteteses podem gerar leis e teorias Integrando-se hipoacuteteses de certa aacuterea em uma estrutura coerente de conhecimento contribuiacute-se na
formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bem como coloca as hipoacuteteses em um conjunto de conhecimento maior que satildeo as
leis e teorias reconhecidas consensualmente pela comunidade cientiacutefica eou o
O contexto de uma pesquisa
paradigma de seu tempo Outra caracteriacutestica do meacutetodo eacute que o processo precisa
ser objetivo e o cientista deve ser imparcial na interpretaccedilatildeo dos resultados Sobre a objetividade o seja
atente agraves propriedades do objeto e natildeo do sujeito (subjetividade) eacute conhecida a afirmaccedilatildeo de Hans Selye
pesquisador canadense que formulou a moderna concepccedilatildeo de stress ldquoQuem natildeo sabe o que procura natildeo entende o que encontrardquo referindo-se a necessidade de formulaccedilatildeo de definiccedilotildees precisas (a essecircncia dos conceitos) e que
possam ser respondidas com o simples sim ou natildeo Tanto a imparcialidade (evidecircncia) como a objetividade foram incluiacutedas por Reneacute Descartes (1596 ndash 1649) nas regras
loacutegicas que caracterizam o meacutetodo cientiacutefico Aleacutem disso o procedimento precisa ser documentado tanto no que diz respeito agrave fonte de dados como as regras de anaacutelise para que outros cientistas possam re-analisar reproduzir e verificar a confiabilidade dos resultados Assim se distingue os relatos cientiacuteficos (artigos
monografias teses e dissertaccedilotildees) de um simples estilo (padratildeo) ou arquitetura de texto orientados pelo que caracteriza as normas da Retoacuterica ou estudo do uso persuasivo da linguagem em funccedilatildeo da eloquumlecircncia
Eacute comum o uso da anaacutelise matemaacutetica ou estatiacutestica quando possiacutevel ou aproximaccedilatildeo de modelos abstratos (tipos ideais) e categorias de classificaccedilatildeo a depender do
objetivo da pesquisa (identificar descrever analisar) que pode ser basicamente quantitativa ou qualitativa A divisatildeo da ciecircncia em aacutereas ou distintas disciplinas
cientificas tem levado a tais adequaccedilotildees da metodologia Eacute comum a afirmaccedilatildeo de que em funccedilatildeo da evoluccedilatildeo do meacutetodo
cientifico num extremo temos a fiacutesica e quiacutemica seguida da biologia e por uacuteltimo as ciecircncias sociais psicologia e ciecircncias juriacutedicas quase se aproximando da filosofia e estudo das crenccedilas (senso comum) ou ciecircncias do espiacuterito
(sistemas miacutetico - religiosos) Contudo pesquisadores contemporacircneos vecircem nessas duas abordagens uma oposiccedilatildeo complementar enquanto as pesquisas quantitativas visam descrever e explicar fenocircmenos que produzem regularidades mensuraacuteveis satildeo recorrentes (ou discrepantes) e exteriores ao sujeito
33
(objetivos) na pesquisa qualitativa o observador (sujeito) eacute da mesma natureza que o objeto de sua anaacutelise e ele proacuteprio uma parte de sua observaccedilatildeo (o subjetivo)
Eacute importante ter em mente que as pesquisas cientificas relacionam-se com um modelo (paradigmaacutetico) ou uma
constelaccedilatildeo de pressupostos e crenccedilas escalas de valores teacutecnicas e conceitos compartilhados pelos membros de uma determinada comunidade cientiacutefica num determinado momento
histoacuterico
Ciecircncia eacute muito mais uma maneira de pensar do que um corpo de conhecimentos -
Elementos do meacutetodo cientiacutefico
Carl Sagan ciecircncia consiste em agrupar factos para que leis
gerais ou conclusotildees possam ser tiradas deles - Charles Darwin
O meacutetodo cientiacutefico eacute composto dos seguintes elementos bull Caracterizaccedilatildeo - Quantificaccedilotildees observaccedilotildees e
medidas bull Hipoacuteteses - Explicaccedilotildees hipoteacuteticas das observaccedilotildees e
medidas bull Previsotildees - Deduccedilotildees loacutegicas das hipoacuteteses
bull Experimentos - Testes dos trecircs elementos acima O meacutetodo cientiacutefico consiste dos seguintes aspectos bull Observaccedilatildeo - Uma observaccedilatildeo pode ser simples isto eacute
feita a olho nu ou pode exigir a utilizaccedilatildeo de instrumentos apropriados
bull Descriccedilatildeo - O experimento precisa ser replicaacutevel (capaz de ser reproduzido)
bull Previsatildeo - As hipoacuteteses precisam ser vaacutelidas para observaccedilotildees feitas no passado no presente e no
futuro bull Controle - Para maior seguranccedila nas conclusotildees toda
experiecircncia deve ser controlada Experiecircncia controlada eacute aquela que eacute realizada com teacutecnicas que permitem descartar as variaacuteveis passiacuteveis de mascarar
o resultado bull Falseabilidade[1]
bull Explicaccedilatildeo das Causas - Na maioria das aacutereas da Ciecircncia eacute necessaacuterio que haja causalidade Nessas
condiccedilotildees os seguintes requerimentos satildeo vistos como importantes no entendimento cientiacutefico
- toda hipoacutetese tem que ser falseaacutevel ou refutaacutevel Isso natildeo quer dizer que o experimento seja falso mas sim que ele pode ser verificado
contestado Ou seja se ele realmente for falso deve ser possiacutevel provaacute-lo
bull Identificaccedilatildeo das Causas bull Correlaccedilatildeo dos eventos - As causas precisam se
correlacionar com as observaccedilotildees bull Ordem dos eventos - As causas precisam preceder
no tempo os efeitos observados Na aacuterea da sauacutede a natureza da associaccedilatildeo causal foi formulada por Hence e adaptada por Robert Koch em 1877
para demonstraccedilatildeo da relaccedilatildeo causal entre microrganismos e patologias consistindo basicamente no enunciado acima ou seja forccedila da associaccedilatildeo (conectividade) sequumlecircncia temporal (assimetria) transitividade (evidecircncia experimental) previsibilidade estabilidade
Uma maneira linearizada e pragmaacutetica de apresentar os quatro pontos acima estaacute exposto a seguir passo-a-passo
34
Vale a pena notar que eacute apenas um exemplo natildeo sendo obrigatoacuterio a existecircncia de todos esses passos Na
verdade na maioria dos casos natildeo se segue todos esses passos ou mesmo parte deles O meacutetodo cientiacutefico natildeo eacute
uma receita ele requer inteligecircncia imaginaccedilatildeo e criatividade O importante eacute que os aspectos e elementos
apresentados acima estejam presentes bull Definir o problema
bull Recolhimento de dados bull Proposta de uma hipoacutetese
bull Realizaccedilatildeo de uma experiecircncia controlada para testar a validade da hipoacutetese
bull Anaacutelise dos resultados bull Interpretar os dados e tirar conclusotildees o que serve
para a formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bull Publicaccedilatildeo dos resultados em monografias
dissertaccedilotildees teses artigos ou livros aceitos por universidades e ou reconhecidos pela comunidade
cientiacutefica Observe-se que nem todas as hipoacutetese podem ser confirmadas
ou refutadas por experimentos e que em muitas aacutereas do conhecimento o recolhimento de dados e a tentativas de interpretaacute-los jaacute eacute uma grande tarefa como nas ciecircncias
humanas e juriacutedicas (criminologia)
Ciecircncias humanas A limitaccedilatildeo eacutetica da realizaccedilatildeo experimentos com seres humanos o estudo das subjetividades ou essencialmente
subjetivo individual e particular psiquismo humano ou a natureza histoacuterica do objeto das ciecircncias sociais conduziram os pensadores a distintos caminhos ou
proposiccedilotildees de estudo para o meacutetodo cientiacutefico Contudo parafraseando Minayoldquouma base de dados quando bem trabalhada teoacuterica e praticamente produz riqueza de informaccedilotildees aprofundamento e maior fidedignidade
interpretativardquo As principais divergecircncias na anaacutelise dos resultados de pesquisas em ciecircncias sociais ou humanas se datildeo no plano da contextualizaccedilatildeo dos dados ou informaccedilotildees obtidas em campo nos diversos sistemas teoacutericos ou seja conjunto de teorias e leis reconhecidas como consensuais em distintos
momentos histoacutericos eou segmentos das comunidades cientiacuteficas Nas ciecircncias sociais identifica-se trecircs
grandes correntes de pensamentos bull Positivismo Auguste Comte
bull Fenomenologia (Fenomenologia do Espiacuterito Estruturalismo
bull Materialismo dialeacutetico Dialeacutetica Marxismo
A histoacuteria do meacutetodo cientiacutefico se mistura com a histoacuteria da ciecircncia Documentos do
A evoluccedilatildeo do conceito de meacutetodo
Antigo Egito jaacute descrevem meacutetodos de diagnoacutesticos meacutedicos Na cultura da Greacutecia
Antiga os primeiros indiacutecios do meacutetodo cientiacutefico comeccedilam a aparecer Grande avanccedilo no meacutetodo foi feito no comeccedilo da filosofia islacircmica principalmente no uso de experimentos
para decidir entre duas hipoacuteteses Os principios fundamentais do meacutetodo cientiacutefico se consolidaram com o surgimento da Fiacutesica nos seacuteculos XVII e XVIII Francis
Bacon em seu trabalho Novum Organum(1620)-uma referecircncia
35
ao Organon de Aristoacuteteles-especifica um novo sistema loacutegico para melhorar o velho processo filosoacutefico do
silogismo A metodologia cientiacutefica tem sua origem no pensamento de
Descartes que foi posteriormente desenvolvimento empiricamente pelo fiacutesico inglecircs Isaac Newton Reneacute Descartes propocircs chegar agrave verdade atraveacutes da duacutevida sistemaacutetica e da decomposiccedilatildeo do problema em pequenas
partes caracteriacutesticas que definiram a base da pesquisa cientiacutefica
Lecirc-se no livro o Discurso do meacutetodo E como a multiplicidade de leis serve frequentemente para escusar os viacutecios de sorte que um estado eacute muito melhor governado quando possuindo poucas elas satildeo aiacute rigorosamente aplicadas assim em lugar de um grande
nuacutemero de preceitosde qua a loacutegica eacute composta acrediteis que jaacute me seriam bastante quatro contanto que tomasse a firme e constante resoluccedilatildeo de natildeo deixar uma vez soacute de
observaacute-los O primeiro consistia em nunca aceitar por verdadeira coisa nenhuma que natildeo conhecesse como evidente isto eacute
devia evitar cuidadosamente a precipitaccedilatildeo e a prevenccedilatildeo e nada incluir em meus juizos que natildeo se apresentasse tatildeo claramente e tatildeo distintamente ao meu espiacuterito que natildeo
tivesse nenhuma ocasiatildeo de o por em duacutevida O segundo ndash dividir cada uma das dificuldades que
examinasse em tantas parcelas quantas pudesse ser e fossem exigidas para melhor compreendecirc-las
O terceiro ndash conduzir por ordem os meus pensamento comeccedilando pelos objetos mais simples e faacuteceis de serem conhecidos para subir pouco a pouco como por degraus ateacute o conhecimento dos mais compostos e supondo mesmo
certa ordem entre os que natildeo se precedem naturalmente uns aos outros
e o uacuteltimo ndash fazer sempre enumeraccedilotildees tatildeo completas e revisotildees tatildeo gerais que ficasse certo de nada
omitir Correntemente estas regras satildeo 1 ndash da evidecircncia 2 ndash da
divisatildeo ou anaacutelise 3 ndash da ordem ou deduccedilatildeo 3 da enumeraccedilatildeo (contar especificar) classificaccedilatildeo
O acidente (serendipity
Eacute comum considerar alguns dos mais importantes avanccedilos na ciecircncia tais como as
)
descobertas da radioatividade por Henri Becquerel ou da penicilina por Alexander Fleming como tendo ocorrido por acidente no entanto o que eacute possiacutevel afirmar agrave luz da observaccedilatildeo cientiacutefica eacute que
teratildeo sido parcialmente acidentais uma vez que as pessoas envolvidas haviam aprendido a pensar cientificamente
estando portanto conscientes de que observaram algo novo e interessante
Os progressos da ciecircncia satildeo acompanhados de muitas horas de trabalho cuidadoso que segue um caminho mais ou menos sistemaacutetico na busca de respostas a questotildees cientiacuteficas
Eacute este o caminho denominado de meacutetodo cientiacutefico
A A hipoacutetese
Hipoacutetese (do gr Hypoacutethesis) eacute uma proposiccedilatildeo que se admite de modo provisoacuterio como princiacutepio do qual se pode
deduzir pelas regras da loacutegica um conjunto dado de proposiccedilotildees ou um mecanismo da experiecircncia a explicar
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Literalmente pode ser compreendida como uma suposiccedilatildeo ou pergunta conjetura que orienta uma investigaccedilatildeo por
antecipar caracteriacutesticas provaacuteveis do objeto investigado e que vale quer pela confirmaccedilatildeo atraveacutes de deduccedilotildees loacutegicas dessas caracteriacutesticas quer pelo encontro de novos caminhos de investigaccedilatildeo (novas hipoacuteteses e novos
experimentos) No meacutetodo cientiacutefico a hipoacutetese eacute o caminho que deve levar agrave formulaccedilatildeo de uma teoria O cientista na sua hipoacutetese tem dois objetivos explicar um fato e prever
outros acontecimentos dele decorrentes (deduzir as consequencias) A hipoacutetese deveraacute ser testada em
experiecircncias laboratoriais controladasSe apoacutes muitas dessas experiecircncias os resultados obtidos pelos
pesquisadores natildeo contrariarem a hipoacutetese entatildeo ela seraacute aceita como uma lei e integrada agrave uma teoria eou sistema
teacuteoacuterico
Referecircncias 1 uarr [PDF] Estudos do meacutetodo cientiacutefico
Ver tambeacutem bull Verdade
bull Falseabilidade bull Karl Popper
bull Filosofia da ciecircncia bull Histoacuteria da ciecircncia
bull Epistemologia bull Loacutegica
bull Aristoacuteteles bull Georg Wilhelm Friedrich Hegel
bull Complexidade bull Reducionismo
bull Navalha de Occam bull Ciecircncia
bull Pseudociecircncia bull Paradigma
bull Paul Feyerabend bull Thomas Kuhn
bull Gaston Bachelard bull Teoria
bull Lei (ciecircncias) bull Hipoacutetese
bull Tese bull Dissertaccedilatildeo
Bibliografia
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para download em domiacutenio puacuteblico httpwwwdominiopublico e eBooket
httpwwweBooketnet IntraText Reneacute Descartes - e-books
37
Haddad Nagib Metodologia de estudos em ciecircncias da sauacutede como planejar analisar e apresentar um trabalho
cientiacutefico SP Roca 2004 Minayo Maria C de Souza (org) Deslandes (Suely F
Gomes Romeu Pesquisa social teoria meacutetodo e criatividade Petroacutepolis RJ Vozes 2007
Lakatos Eva Maria Marconi Marina de A Meacutetodologia cientiacutefica SP Atlas 2007
Selye Hans Stress a tensatildeo da vida SP IBRASA 1965
Ligaccedilotildees externas bull Explicando o Meacutetodo Cientiacutefico
bull Prova Cientiacutefica bull Diretrizes para elaboraccedilatildeo de dissertaccedilotildees e teses -
USP bull Centro Cochrane do Brasil
bull Metodologiaorg bull Evidecircnciascom
bull Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq)
bull Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciecircncia bull Lista de Perioacutedicos cientificos brasileiros por
assunto bull SciELO - Scientific Electronic Library Online
bull Perioacutedicos UNESCO bull Ciecircncia Hoje
bull Scientific American - Brasil bull Scientific American
COLCHA DE RETALHOS CIENTIacuteFICA (a realidade natildeo eacute Frankenstein ela eacute uacutenica e funcional)
A realidade segundo a Ciecircncia geral
A senhora Ciecircncia trabalhando com
seus remendos
Drordf Ciecircncia e seu filho
Mary Shelley viu o futuro
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Somos Monstros 6 05 2008
Tudo comeccedilou com um desafio feito a Mary Shelley (1797-1851) entatildeo uma jovem de 21 anos por Lord Byron Na eacutepoca 1918 Byron propocircs a Mary e seu marido que
escrevessem um conto de terror uma maneira de passar o tempo jaacute que suas feacuterias estavam sendo consumidas
intediantemente pelo mau tempo Mary foi a uacuteltima a dar iniacutecio ao seu conto que acabou baseado em um pesadelo que
teve numa daquelas noites de chuva E dentre todos o conto de Shelley foi o que mais surpreendeu e arrepiou Insentivada a continuar Mary Shelley desenvolveu ainda
mais sua histoacuteria e transformou-a em um dos mais conhecidos e celebrados livros da Histoacuteria Frankenstein
Victor Frankenstein era um jovem curioso com sede de conhecimento apaixonado pela ciecircncia intrigado com os segredos da vida e louco para deixar sua marca no mundo Havia aprendido sozinho em casa sobre as fantasias da Alquimia no entanto apenas na universidade ele foi descobrir que toda sua bagagem de conhecimento estava ultrapassada haacute muito Acabou se tornando um aluno
exemplar dedicado agrave quiacutemica e agrave biologia Foi assim que sozinho em seu laboratoacuterio em Ingolstadt Victor deu iniacutecio agrave sua criaccedilatildeo misturando seus conhecimentos
teoacutericos de fisiologia e filosofia natural com princiacutepios de mecacircnica decido a descobrir se o princiacutepio que
mantinha animado o corpo poderia pernecer mesmo apoacutes a morte Como Victor fez isso todos jaacute sabemos deu vida a uma criatura formada por partes de cadaacuteveres de tamanho
descomunal (cerca de 25m de altura) e aparecircncia horripilante E eacute aqui que daacute-se iniacutecio ao grande trunfo
da histoacuteria Ao despertar da Criatura Frankenstein acaba por cair na realidade vendo como era realmente feia sua criaccedilatildeo com
seus membros desproporcionais seu olhos aquosos e amarelos incompleta a ponto de seus tecidos nem sequer
cobrirem todo o corpo deixando agrave mostra muacutesculos e ossos Desesperado e com medo arrependido de sua audaacutecia Victor
abandona sua Criatura decaindo num suacutebito acesso de naacuteusea e lucidez
Pobre Criatura um ser vazio de conhecimentos ignorante em relaccedilatildeo ao conviacutevio social solto num mundo de pessoas
39
preconceituosas e indiferentes A personificaccedilatildeo perfeita da famosa teoria de Rousseau a do ldquobom selvagemrdquo que diz
que todo o homem nasce ldquopurordquo e eacute corrompido pela sociedade violenta viciosa e materialista Quem lecirc a
histoacuteria de Frankenstein espera encontrar terror suspense e aventura onde um monstro estaria a solta para destruir e matar No entanto descobre um mundo onde noacutes humanos somos totalmente repugnantes e no qual o uacutenico ser que
realmente tem algum valor eacute o monstro excluiacutedo por todos Poucos livros retratam tatildeo bem a indiferenccedila humana e a nossa mania de dar mais valor agraves aparecircncias do que aos
sentimentos carater e virtudes Mary Shelley escreveu uma autecircntica obra-prima da
literatura universal um romance capaz de despertar no leitor a pena e a compaixatildeo por um monstro e a repugnacircncia
de nossa proacutepria raccedila Uma liccedilatildeo que ainda natildeo foi aprendida mesmo depois de quase 200 anos
Ficha Teacutecnica Tiacutetulo Frankestein (Frankenstein or the Modern
Prometheus) Autor Mary Shalley Paiacutes Inglaterra
Publicaccedilatildeo Original 1818 Publicaccedilatildeo Lida Martin Claret Editora 2001
25
cientiacuteficas de hoje seratildeo quando natildeo negadas lapidadas e reformuladas amanhatilde Se chegaremos ou natildeo por meacutetodos
cientiacuteficos agrave verdade absoluta eacute um questionamento que a ciecircncia natildeo estaacute aparelhada para responder E talvez nunca esteja o que natildeo nos impede de que continuemos procurando
pela verdade Popper foi mais aleacutem demonstrando ser impossiacutevel ateacute mesmo probabilizar uma afirmaccedilatildeo comprovada por um
raciociacutenio que siga a metodologia dedutiva (incluindo e eacute aiacute que reside o problema principal do meacutetodo a induccedilatildeo -- vide lado direito da figura 3) A esse respeito Popper
propotildee a substituiccedilatildeo do termo probabilizar por corroborar Uma hipoacutetese seria tanto mais corroboraacutevel quanto mais propiciasse verificaccedilotildees experimentais e teria sido tanto mais corroborada e natildeo haacute como se
atribuir nuacutemeros probabiliacutesticos a esse efeito quanto mais resistisse a essas verificaccedilotildees Siegel (1977
traduccedilatildeo) adota provavelmente com o mesmo objetivo a expressatildeo grau de aceitabilidade
Efetuamos pesquisas a fim de determinar o grau de aceitabilidade de
hipoacuteteses deduzidas de nossas teorias [19]
Esta impossibilidade em garantir um acerto preocupou bastante Popper e certamente foi um dos motivos que o
levou a expandir o argumento dedutivista atraveacutes da proposiccedilatildeo do falsificacionismo a ser apresentado no
item 7 Independentemente das dificuldades apontadas neste e nos itens precedentes a verdade eacute que a ciecircncia progride e este progresso eacute guiado por homens que conhecem o terreno por onde pisam E conquanto todos saibam da natildeo existecircncia em ciecircncia de verdades absolutas da impossibilidade de se
chegar a uma soluccedilatildeo definitiva para os problemas cientiacuteficos e da natildeo existecircncia de provas observacionais irrefutaacuteveis quase todos [20] entendem e concordam com a
afirmaccedilatildeo de GIL (1994) expressa a seguir A pesquisa cientiacutefica inicia-se
sempre com a colocaccedilatildeo de um problema solucionaacutevel O passo seguinte
consiste em oferecer uma soluccedilatildeo possiacutevel atraveacutes de uma proposiccedilatildeo ou seja de uma expressatildeo suscetiacutevel de ser declarada verdadeira ou falsa A
esta proposiccedilatildeo daacute-se o nome de hipoacutetese Assim a hipoacutetese eacute a
proposiccedilatildeo testaacutevel que pode vir a ser a soluccedilatildeo do problema [21]
6 O que eacute teoria Eacute importante salientar que a finalidade primordial da ciecircncia natildeo eacute formular hipoacuteteses e sim sistematizar teorias e que teoria natildeo eacute pura e simplesmente uma
coletacircnea de hipoacuteteses Teoria eacute um conjunto de hipoacuteteses coerentemente interligadas tendo por finalidade explicar
elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio do conhecimento [22] Por que entatildeo os livros de
metodologia insistem em justificar os meacutetodos atraveacutes de hipoacuteteses uacutenicas e via de regra desinteressantes tais
como As maccedilatildes satildeo vermelhas os cisnes satildeo brancos etc A verdade eacute que nem sempre eacute faacutecil encontrar teorias ao mesmo tempo simples e de amplo espectro ou seja que
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possam ser entendidas por leitores das vaacuterias aacutereas do conhecimento Por outro lado os argumentos que corroboram ou derrubam teorias satildeo em princiacutepio idecircnticos aos que corroboram ou derrubam hipoacuteteses frac34poderiacuteamos tambeacutem dizer
que uma hipoacutetese eacute ou simula ser uma teoria cujo conjunto de hipoacuteteses eacute unitaacuterio Em geral a dificuldade inerente ao grau de complexidade de uma teoria pode ser
superada desde que o cientista conheccedila a fundo esta teoria cujo grau de aceitabilidade pretende testar e domine a loacutegica envolvida em situaccedilotildees similares poreacutem simples como aquelas que aparecem nos compecircndios sobre o
assunto A ecircnfase dada pelos textos de metodologia cientiacutefica a meacutetodos relacionados a testes de hipoacuteteses contrasta com a quase ausecircncia de referecircncias a meacutetodos relativos agrave
praacutetica da teorizaccedilatildeo Existem exceccedilotildees a esta regra e eu natildeo poderia deixar de citar [23] os livros de Bunge [24] e de Lacey [25] indicados especialmente para os iniciantes da aacuterea de exatas Embora natildeo especificamente dirigido a esta temaacutetica haacute que se destacar tambeacutem o livro de Bohm e
Peat [26] e que merece ser lido posto que focaliza a essecircncia da problemaacutetica aqui apontada neste caso e por este motivo eacute indicado aos iniciantes de todas as aacutereas A praacutetica da teorizaccedilatildeo com rariacutessimas exceccedilotildees natildeo se
aprende na escola Grandes teorizadores por terem aprendido a utilizar uma teacutecnica natildeo encontrada nos livros tradicionais e que nem mesmo eacute ensinada na maioria dos
regimes de iniciaccedilatildeo cientiacutefica chegaram a ser confundidos com gecircnios Eacute bem possiacutevel que estes gecircnios tenham adquirido esta praacutexis cultuando algum resquiacutecio da
filosofia que a sociedade moderna natildeo conseguiu despedaccedilar
A lacuna acima apontada fomenta a ingenuidade ou ateacute mesmo o charlatanismo multiplicando sobremaneira o nuacutemero dos que sem estarem devidamente preparados para teorizar frac34uma atividade que natildeo eacute elementarfrac34 ainda assim teorizam e teorizam mal frac34fato este que chega a incomodar cientistas de respeito que ocupam postos importantes nas
universidades [27] Por outro lado e em decorrecircncia disto permite que se condene agrave marginalidade cientiacutefica
e por periacuteodos variaacuteveis de tempo todos aqueles que certos ou errados pretendem evoluir seriamente no sentido de atender agrave finalidade uacuteltima da ciecircncia a edificaccedilatildeo de
teorias representacionais Que meacutetodos estes homens seguiram que natildeo a paixatildeo a
devoccedilatildeo a persistecircncia e a crenccedila num espiacuterito universal frac34Espiacuterito este que segundo alguns admitem natildeo estaacute a se
divertir com nossos erros e acertos o que foi sintetizado pelo maior dos gecircnios do seacuteculo XX nas
seguintes palavras Deus natildeo joga dados A resposta nos eacute dada pelo proacuteprio autor desta afirmaccedilatildeo
O alvo de construir uma teoria de campo eletromagneacutetico da mateacuteria
permanece inatingiacutevel por ora embora em princiacutepio nenhuma objeccedilatildeo possa ser levantada contra a possibilidade de vir a se alcanccedilar tal objetivo O que reteve qualquer tentativa posterior nessa direccedilatildeo foi a falta de qualquer meacutetodo sistemaacutetico que levasse a uma
soluccedilatildeo [28]
27
Seraacute que natildeo existem meacutetodos ou regras a serem adotados nesta praacutexis E por falar nisso a praacutetica da teorizaccedilatildeo
natildeo seria uma teorexis [29] Seraacute que teorizar em ciecircncia eacute uma atividade puramente filosoacutefica Natildeo existe uma
metodologia cientiacutefica a orientar aqueles que se preocupam em decifrar os segredos que estatildeo por traacutes dos fenocircmenos que se adaptam agrave regra cientiacutefica fundamental Caso exista
um meacutetodo a ser sistematizado Seria ele diferente do meacutetodo cientiacutefico O que eacute o meacutetodo cientiacutefico
Tentarei dentro do possiacutevel e da finalidade a que me propus ao conceber esta seacuterie de artigos responder
oportunamente eou orientar o leitor se houver como no que diz respeito aos questionamentos aqui assinalados De qualquer forma mais detalhes sobre teoria eou teorizaccedilatildeo seratildeo apresentados no toacutepico IV-b A praacutetica da teorizaccedilatildeo
(em preparo)
[13] CHALMERS A F 1976 Referecircncias
op cit (Voltar pelo browser) pp 23-63
[14] Idem p 28 [15] Esta versatildeo eacute uma adaptaccedilatildeo do princiacutepio da induccedilatildeo
como enunciado por CHALMERS (1976) op cit Se um grande nuacutemero de As foi observado sob uma ampla variedade de condiccedilotildees e se todos esses As observados possuiacuteam sem exceccedilatildeo a propriedade B entatildeo todos os As possuem a propriedade B
[16] Neste caso o princiacutepio ficaria
Aparentes contradiccedilotildees que o iniciante possa descobrir ao comparar os dois enunciados natildeo
comprometem o raciociacutenio que se segue razatildeo pela qual admitirei a equivalecircncia sem justificaacute-la
Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa seraacute hipoacutetese se e somente se for passiacutevel de verificaccedilatildeo
observacional
[17] SEVERINO J S 1994
O primeiro se torna a afirmaccedilatildeo inconsistente
Metodologia do trabalho cientiacutefico[18] POPPER K R 1956
Cortez Editora Satildeo Paulo op cit
[19] SIEGEL S 1977 Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica
[20] Eacute possiacutevel que alguns dentre os indutivistas natildeo concordem com alguns dos termos da afirmaccedilatildeo por motivos que podem ser suspeitados tendo em vista o apresentado
neste e no item anterior
Ed McGraw-Hill do Brasil Ltda Satildeo Paulo p 6
[21] GIL A C 1994 Como elaborar projetos de pesquisas
[22] Em FERREIRA A B H 1986
Editora Atlas S A Satildeo Paulo p 35 [Os grifos satildeo
meus] op cit (Voltar pelo
browser) encontramos uma definiccedilatildeo mais geral a satisfazer tambeacutem o argumento indutivista Teoria eacute um
conjunto de conhecimentos natildeo ingecircnuos que apresentam graus diversos de sistematizaccedilatildeo e credibilidade e que se
propotildeem a explicar elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio de fenocircmenos ou de acontecimentos que se
oferecem agrave atividade praacutetica [23] Os trecircs livros citados a seguir natildeo satildeo os uacutenicos
nos gecircneros assinalados a despeito da disparidade apontada Ao tempo em que registro com estes exemplos a exceccedilatildeo agrave regra presto tambeacutem uma homenagem a autores que ao serem por mim lidos transmutaram em duacutevidas muitas das
respostas a questotildees fundamentais e que eu
28
pretensiosamente julgava possuir [24] BUNGE M Teoria e realidade
[25] LACEY HM 1972
Ed Perspectiva (traduccedilatildeo 1994) Satildeo Paulo
A linguagem do espaccedilo e do tempo
[26] BOHM D e PEAT F D
Ed Perspectiva SA
Ciecircncia ordem e criatividade
[27] A esse respeito vale a pena ler
Gradiva Publicaccedilotildees Ltda (traduccedilatildeo 1989) Lisboa
Cientiacuteficos Chiflados capiacutetulo XIV do livro BERNSTEIN J 1988 Observacioacuten de
la Ciencia[28] EINSTEIN A
Ed Fondo de Cultura Econoacutemica Meacutexico Fiacutesica e realidade in Albert Einstein
Pensamento poliacutetico e uacuteltimas conclusotildees (1983 traduccedilatildeo) Edit Brasiliense S A Satildeo Paulo [O grifo eacute meu]
[29] Este termo eu utilizei pela primeira vez no artigo MESQUITA Fdeg A 1983 Ciecircncia empiacuterica uma arma ou uma daacutediva Faculdade
Antes de mais nada afirmarei sem me alongar que uma teoria adotado o argumento dedutivista pode ser
corroborada ou negada fundamentalmente atraveacutes de um dos trecircs procedimentos seguintes 1) Pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de uma de suas hipoacuteteses 2) pela verificaccedilatildeo ou negaccedilatildeo de uma de suas prediccedilotildees 3) pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de teorias auxiliares deduzidas da teoria principal (teoria em teste ou sob suspeita) as teorias
auxiliares podem ser de trecircs tipos teorias ou hipoacuteteses de nulidade teorias ou hipoacuteteses salvadoras e teorias ou hipoacuteteses assassinas
(Revista do IAMC) ndeg 6 p 28-43 agosto83
7 O falsificacionismo O falsificacionismo natildeo foi proposto como um meacutetodo novo mas sim como um criteacuterio ou conduta a ser ou natildeo adotado por aqueles que se conformam ao meacutetodo dedutivo de prova
Natildeo haacute nada no falsificacionismo do ponto de vista metodoloacutegico que natildeo esteja previsto ou que natildeo decorra naturalmente de uma opccedilatildeo a ser seguida espontaneamente ou natildeo por este ou aquele dedutivista Qual seria entatildeo este criteacuterio Com que finalidade foi proposto A resposta a estas perguntas bem como o meacuterito do falsificacionismo constituem o objetivo deste e dos proacuteximos dois itens
[30] Incluem-se no rol das teorias auxiliares como veremos oportunamente as teorias
transcendentais frequumlentemente conotadas por experiecircncias de pensamento As prediccedilotildees e as hipoacuteteses ou teorias auxiliares satildeo teorias geradas utilizando-se do proacuteprio argumento dedutivista esquematizado na figura 3 Neste caso o foco de atenccedilatildeo inicial frac34representado na figura como observaccedilatildeofrac34 eacute nada mais nada menos que a proacutepria teoria que deu origem agrave prediccedilatildeo eou agrave teoria auxiliar Ao valorizar a falseabilidade como criteacuterio a ser adotado
pelos dedutivistas Popper nada mais fez que tentar expandir ou trazer para o domiacutenio da metodologia
cientiacutefica uma praacutetica amplamente utilizada com sucesso em estatiacutestica o criteacuterio de tomada de decisatildeo atraveacutes da
hipoacutetese de nulidade (Ho
O primeiro passo ou estaacutegio no processo de tomada de decisatildeo eacute
definir a hipoacutetese de nulidade (
)
Ho) Formula-se usualmente com o expresso propoacutesito de ser rejeitada Se eacute
29
rejeitada pode-se aceitar a hipoacutetese alternativa (H1) A hipoacutetese
alternativa eacute a definiccedilatildeo operacional da hipoacutetese de pesquisa do
pesquisador A hipoacutetese de pesquisa eacute a prediccedilatildeo deduzida da teoria que estaacute
sendo comprovada [31] A contribuiccedilatildeo de Popper a esse respeito limitou-se agrave ecircnfase que deu agrave importacircncia da procura por hipoacuteteses de
nulidade Ateacute entatildeo este costume estava restrito agrave procura por previsotildees frac34apresentadas via de regra pelo proacuteprio autor da teoriafrac34 eou hipoacuteteses salvadoras frac34levantadas
pelos adeptos da teoria em focofrac34 eou hipoacuteteses assassinas frac34levantadas pelos criacuteticos da teoria em questatildeo As quatro
tecircm uma caracteriacutestica comum satildeo todas teorias falseadoras
A boa teoria dentre outras qualidades [32] e segundo Popper eacute aquela potencialmente geradora de hipoacuteteses
falseadoras e tanto melhor seraacute quanto maior for o risco de ser negada Ela pode ateacute mesmo ser derrubada no primeiro teste a que for submetida o que natildeo invalida o que foi
dito foi uma boa teoria enquanto durou e voltaraacute a ser se conseguir ressurgir das cinzas Dito em outras palavras o criteacuterio para se avaliar a virtude de uma teoria nascente repousa no seu grau de submissatildeo a testes adversos Uma teoria de baixo risco raramente eacute bem vinda [33] e uma
teoria sem risco algum na opiniatildeo de Popper natildeo eacute cientiacutefica e eu iria aleacutem sequer eacute teoria
Levando-se em conta que o criteacuterio falsificacionista peca pela subjetividade deve-se tomar cuidado ao se optar por uma teoria em detrimento de outra pelo fato de a primeira
ser mais falseaacutevel que a segunda Diferentes hipoacuteteses falseadoras devem apresentar pesos diferentes e este peso
mesmo quando bem estimado frequumlentemente o eacute por um processo subjetivo Natildeo eacute raro utilizar-se desta
subjetividade inerente ao falsificacionismo para justificar escolhas feitas segundo criteacuterios poliacuteticos econocircmicos
interesseiros corporativistas ou entatildeo apoiados em princiacutepios outros que tambeacutem deixam a desejar no que diz
respeito agrave eacutetica do cientista 8 Entendendo o falsificacionismo
Suponha que algueacutem deduza a seguinte hipoacutetese H1 As maccedilatildes do Estado de Satildeo Paulo satildeo vermelhas A teoria assim
simulada eacute uma teoria de hipoacutetese uacutenica Percebam que no argumento da hipoacutetese estaacute se admitindo como pressupostos uma infinidade de conceitos tais como fruta maccedilatilde cor
vermelho local Satildeo Paulo Brasil etc Estes pressupostos satildeo o que Severino chama de evidecircncias preacutevias como vimos no item 5 e constituem uma das bases da argumentaccedilatildeo de Chalmers [34] ao contestar os que afirmam que a ciecircncia
comeccedila com a observaccedilatildeo Um exemplo de previsatildeo desta teoria seria as maccedilatildes de
Jundiaiacute devem ser vermelhas tendo em vista que Jundiaiacute se localiza no Estado de Satildeo Paulo
Suponha tambeacutem que algueacutem tenha demonstrado que em condiccedilotildees X outra fruta que natildeo a maccedilatilde e que
originalmente era de determinada cor se modifica e conclui que se a teoria sobre as maccedilatildes for verdadeira ela
deveraacute permanecer verdadeira nas condiccedilotildees X Pode-se entatildeo construir a seguinte hipoacutetese de nulidade Ho Em
condiccedilotildees X obter-se-atildeo em Satildeo Paulo maccedilatildes natildeo
30
vermelhas Esta previsatildeo natildeo decorre da teoria (H1) mas de evidecircncias preacutevias outras e estranhas agrave mesma Se esta
hipoacutetese (Ho) for verificada a hipoacutetese original H1
Seraacute que este simples fato condena a teoria original Para o falsificacionista ingecircnuo sim Para aquele que entendeu e aceitou o significado da afirmaccedilatildeo de Popper citada
neste artigo ao final do
estaraacute falseada
quarto paraacutegrafo do item 5 natildeo Optar por uma teoria natildeo significa crer numa verdade
absoluta Se eu afirmo que Ho eacute verdadeira e consequumlentemente H1 eacute falsa isto natildeo significa que eu
estou atribuindo o grau de veracidade 100 a uma hipoacutetese e 0 agrave outra significa simplesmente que a verificaccedilatildeo experimental me convenceu a optar por uma teoria em
detrimento da outra A opccedilatildeo eacute uma das maneiras pelas quais o cientista expressa a sua feacute na ciecircncia [35] e o
falsificacionismo estabelece normas a lhe orientar nesta opccedilatildeo
Suponha agora que em condiccedilotildees X ou em outra condiccedilatildeo qualquer se encontrem no Estado de Satildeo Paulo maccedilatildes verdes Significa isto que a hipoacutetese H1
Natildeo podemos em satilde consciecircncia dizer que a psicanaacutelise por exemplo natildeo pertenccedila ao campo da ciecircncia pelo simples
fato de uma de suas teorias precursoras ser natildeo falseaacutevel Sequer podemos dizer que o autor dessa ideacuteia natildeo
fosse cientista se eacute verdade que a psicanaacutelise se desenvolveu em cima desta ideacuteia e apesar disso conseguiu
eacute falsa Natildeo Simplesmente ela foi falseada Nada impede que amanhatilde com a evoluccedilatildeo da ciecircncia se descubra que estes frutos verdes a que hoje associamos a ideacuteia maccedilatilde estejam inseridos num
outro contexto e que realmente natildeo sejam maccedilatildes Por que entatildeo se daacute preferecircncia a verificaccedilotildees falseadoras em detrimento das corroboradoras Ora isto nem sempre
acontece conquanto seja esta uma das regras propostas pelo falsificacionismo Por exemplo tanto a teoria da
relatividade quanto a mecacircnica quacircntica satildeo teorias fiacutesicas amplamente aceitas graccedilas a terem sido
corroboradas por previsotildees que se confirmaram e pouco valor se deu a um grande nuacutemero de testes que as falsearam Por outro lado estas duas teorias satildeo concomitantemente aceitas pelos fiacutesicos conquanto existam fortes argumentos
a provar que cada uma destas duas teorias falseia a outra e ambas falseiam a teoria de Maxwell que tambeacutem eacute aceita como verdadeira Certos ou errados neste caso os fiacutesicos modernos dentre os quais se inclui Popper fizeram uma opccedilatildeo contraacuteria agrave norma falsificacionista e natildeo haacute
como criticaacute-los por essa conduta a menos que se pretenda atribuir ao falsificacionismo uma qualidade que ele natildeo
possui a de estabelecer criteacuterios absolutos de veracidade O falsificacionismo presta-se tambeacutem a fomentar o diaacutelogo e a criatividade Neste caso surge quase como que um apelo para que se invista mais em experiecircncias de pensamento um
recurso legiacutetimo e de grande valor em ciecircncia 9 O falsificacionismo como delimitador da ciecircncia
Vimos no item 7 que para Popper uma teoria sem risco algum natildeo eacute cientiacutefica e eu acrescentei sequer eacute teoria Popper quis se aproveitar deste argumento para delimitar a ciecircncia utilizando-se entatildeo do falsificacionismo como
criteacuterio de cientificidade Com esta opccedilatildeo Popper desagradou a muitos e convenceu a poucos ainda que sua
ideacuteia natildeo fosse de todo maacute
31
de alguma forma se impor como ciecircncia muito provavelmente queiramos ou natildeo seu autor contribuiu diretamente para o progresso da ciecircncia Mesmo que hoje algueacutem chegasse a concluir categoricamente pelo caraacuteter natildeo cientiacutefico da psicanaacutelise isto de forma alguma nos autorizaria a hipoteticamente condenaacute-la agrave estagnaccedilatildeo Se um cientista utilizando-se de maus criteacuterios ou ateacute mesmo apoiando-se em dogmas constroacutei de maneira natildeo
cientiacutefica um determinado campo do conhecimento isto natildeo significa que este campo natildeo possa vir a ser estudado cientificamente e que natildeo se possam criteriosamente
aproveitar as conclusotildees de seus estudos Nada impede que uma teoria considerada hoje como natildeo cientiacutefica pelo fato de possuir uma ou mais hipoacuteteses natildeo falseaacuteveis adquira
esse status apoacutes passar por ligeiras reformulaccedilotildees Natildeo podemos assumir que um campo do conhecimento seja natildeo cientiacutefico pelo simples fato de natildeo encontrarmos nele
teorias cientiacuteficas Este posicionamento de Popper a meu ver natildeo se justifica o falsificacionismo natildeo eacute um bom
criteacuterio delimitador da ciecircncia e isto eu espero que tenha ficado claro para o leitor E mais natildeo existem aacutereas natildeo cientiacuteficas mas sim aacutereas onde ainda natildeo foram produzidos conhecimentos cientiacuteficos O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo e pelo menos nesta etapa nada eacute absolutamente corroboraacutevel ou falseaacutevel Podemos ainda
dizer que a ciecircncia natildeo se localiza aqui ou acolaacute sob esse aspecto a ciecircncia natildeo tem fronteiras
10 Enfim a teoria do meacutetodo Nos demais artigos desta seacuterie irei demonstrar ser possiacutevel partindo da regra cientiacutefica fundamental desenvolver uma teoria sobre o meacutetodo cientiacutefico
utilizando-se das trecircs hipoacuteteses seguintes 1 O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo 2 A produccedilatildeo de conhecimentos passa
necessariamente pelas etapas deduccedilatildeo anaacutelise induccedilatildeo e
siacutentese na ordem apresentada 3 Os princiacutepios cientiacuteficos fundamentais satildeo universais
Por questatildeo de simplicidade subdividirei o estudo do meacutetodo em trecircs etapas correspondentes a cada uma das hipoacuteteses 1) o estudo do macromeacutetodo cientiacutefico 2) o estudo do meacutetodo cientiacutefico propriamente dito e 3) o estudo do micromeacutetodo cientiacutefico Os toacutepicos nos quais
desenvolverei estas etapas estatildeo em fase de projeto natildeo havendo portanto previsatildeo quanto agrave eacutepoca de publicaccedilatildeo
Meacutetodo cientiacutefico
Origem Wikipeacutedia a enciclopeacutedia livre
A palavra meacutetodo vem do grego meacutethodos (caminho para chegar a um fim) O meacutetodo cientiacutefico eacute um conjunto de regras baacutesicas para desenvolver uma experiecircncia a fim de produzir novo conhecimento bem como corrigir e integrar conhecimentos preacute-existentes Na maioria das disciplinas cientiacuteficas consiste em juntar evidecircncias observaacuteveis empiacutericas (ou seja baseadas apenas na experiecircncia) e
mensuraacuteveis e as analisar com o uso da loacutegica Para muitos autores o meacutetodo cientiacutefico nada mais eacute do que a loacutegica
32
aplicada agrave ciecircncia (Haddad) Metodologia literalmente refere-se ao estudo dos meacutetodos e especialmente do meacutetodo da ciecircncia que se supotildee universal Embora procedimentos variem de uma aacuterea da
ciecircncia para outra (as disciplinas cientiacuteficas) diferenciadas por seus distintos objetos de estudo
consegue-se determinar certos elementos que diferenciam o meacutetodo cientiacutefico de outros meacutetodos (filosoacutefico algoritmo
ndash matemaacutetico etc)
Primeiramente os pesquisadores definem proposiccedilotildees loacutegicas ou suposiccedilotildees (hipoacuteteses) para explicar certos fenocircmenos e observaccedilotildees e entatildeo desenvolvem experimentos que testam essas hipoacuteteses Se confirmadas as hipoacuteteses podem gerar leis e teorias Integrando-se hipoacuteteses de certa aacuterea em uma estrutura coerente de conhecimento contribuiacute-se na
formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bem como coloca as hipoacuteteses em um conjunto de conhecimento maior que satildeo as
leis e teorias reconhecidas consensualmente pela comunidade cientiacutefica eou o
O contexto de uma pesquisa
paradigma de seu tempo Outra caracteriacutestica do meacutetodo eacute que o processo precisa
ser objetivo e o cientista deve ser imparcial na interpretaccedilatildeo dos resultados Sobre a objetividade o seja
atente agraves propriedades do objeto e natildeo do sujeito (subjetividade) eacute conhecida a afirmaccedilatildeo de Hans Selye
pesquisador canadense que formulou a moderna concepccedilatildeo de stress ldquoQuem natildeo sabe o que procura natildeo entende o que encontrardquo referindo-se a necessidade de formulaccedilatildeo de definiccedilotildees precisas (a essecircncia dos conceitos) e que
possam ser respondidas com o simples sim ou natildeo Tanto a imparcialidade (evidecircncia) como a objetividade foram incluiacutedas por Reneacute Descartes (1596 ndash 1649) nas regras
loacutegicas que caracterizam o meacutetodo cientiacutefico Aleacutem disso o procedimento precisa ser documentado tanto no que diz respeito agrave fonte de dados como as regras de anaacutelise para que outros cientistas possam re-analisar reproduzir e verificar a confiabilidade dos resultados Assim se distingue os relatos cientiacuteficos (artigos
monografias teses e dissertaccedilotildees) de um simples estilo (padratildeo) ou arquitetura de texto orientados pelo que caracteriza as normas da Retoacuterica ou estudo do uso persuasivo da linguagem em funccedilatildeo da eloquumlecircncia
Eacute comum o uso da anaacutelise matemaacutetica ou estatiacutestica quando possiacutevel ou aproximaccedilatildeo de modelos abstratos (tipos ideais) e categorias de classificaccedilatildeo a depender do
objetivo da pesquisa (identificar descrever analisar) que pode ser basicamente quantitativa ou qualitativa A divisatildeo da ciecircncia em aacutereas ou distintas disciplinas
cientificas tem levado a tais adequaccedilotildees da metodologia Eacute comum a afirmaccedilatildeo de que em funccedilatildeo da evoluccedilatildeo do meacutetodo
cientifico num extremo temos a fiacutesica e quiacutemica seguida da biologia e por uacuteltimo as ciecircncias sociais psicologia e ciecircncias juriacutedicas quase se aproximando da filosofia e estudo das crenccedilas (senso comum) ou ciecircncias do espiacuterito
(sistemas miacutetico - religiosos) Contudo pesquisadores contemporacircneos vecircem nessas duas abordagens uma oposiccedilatildeo complementar enquanto as pesquisas quantitativas visam descrever e explicar fenocircmenos que produzem regularidades mensuraacuteveis satildeo recorrentes (ou discrepantes) e exteriores ao sujeito
33
(objetivos) na pesquisa qualitativa o observador (sujeito) eacute da mesma natureza que o objeto de sua anaacutelise e ele proacuteprio uma parte de sua observaccedilatildeo (o subjetivo)
Eacute importante ter em mente que as pesquisas cientificas relacionam-se com um modelo (paradigmaacutetico) ou uma
constelaccedilatildeo de pressupostos e crenccedilas escalas de valores teacutecnicas e conceitos compartilhados pelos membros de uma determinada comunidade cientiacutefica num determinado momento
histoacuterico
Ciecircncia eacute muito mais uma maneira de pensar do que um corpo de conhecimentos -
Elementos do meacutetodo cientiacutefico
Carl Sagan ciecircncia consiste em agrupar factos para que leis
gerais ou conclusotildees possam ser tiradas deles - Charles Darwin
O meacutetodo cientiacutefico eacute composto dos seguintes elementos bull Caracterizaccedilatildeo - Quantificaccedilotildees observaccedilotildees e
medidas bull Hipoacuteteses - Explicaccedilotildees hipoteacuteticas das observaccedilotildees e
medidas bull Previsotildees - Deduccedilotildees loacutegicas das hipoacuteteses
bull Experimentos - Testes dos trecircs elementos acima O meacutetodo cientiacutefico consiste dos seguintes aspectos bull Observaccedilatildeo - Uma observaccedilatildeo pode ser simples isto eacute
feita a olho nu ou pode exigir a utilizaccedilatildeo de instrumentos apropriados
bull Descriccedilatildeo - O experimento precisa ser replicaacutevel (capaz de ser reproduzido)
bull Previsatildeo - As hipoacuteteses precisam ser vaacutelidas para observaccedilotildees feitas no passado no presente e no
futuro bull Controle - Para maior seguranccedila nas conclusotildees toda
experiecircncia deve ser controlada Experiecircncia controlada eacute aquela que eacute realizada com teacutecnicas que permitem descartar as variaacuteveis passiacuteveis de mascarar
o resultado bull Falseabilidade[1]
bull Explicaccedilatildeo das Causas - Na maioria das aacutereas da Ciecircncia eacute necessaacuterio que haja causalidade Nessas
condiccedilotildees os seguintes requerimentos satildeo vistos como importantes no entendimento cientiacutefico
- toda hipoacutetese tem que ser falseaacutevel ou refutaacutevel Isso natildeo quer dizer que o experimento seja falso mas sim que ele pode ser verificado
contestado Ou seja se ele realmente for falso deve ser possiacutevel provaacute-lo
bull Identificaccedilatildeo das Causas bull Correlaccedilatildeo dos eventos - As causas precisam se
correlacionar com as observaccedilotildees bull Ordem dos eventos - As causas precisam preceder
no tempo os efeitos observados Na aacuterea da sauacutede a natureza da associaccedilatildeo causal foi formulada por Hence e adaptada por Robert Koch em 1877
para demonstraccedilatildeo da relaccedilatildeo causal entre microrganismos e patologias consistindo basicamente no enunciado acima ou seja forccedila da associaccedilatildeo (conectividade) sequumlecircncia temporal (assimetria) transitividade (evidecircncia experimental) previsibilidade estabilidade
Uma maneira linearizada e pragmaacutetica de apresentar os quatro pontos acima estaacute exposto a seguir passo-a-passo
34
Vale a pena notar que eacute apenas um exemplo natildeo sendo obrigatoacuterio a existecircncia de todos esses passos Na
verdade na maioria dos casos natildeo se segue todos esses passos ou mesmo parte deles O meacutetodo cientiacutefico natildeo eacute
uma receita ele requer inteligecircncia imaginaccedilatildeo e criatividade O importante eacute que os aspectos e elementos
apresentados acima estejam presentes bull Definir o problema
bull Recolhimento de dados bull Proposta de uma hipoacutetese
bull Realizaccedilatildeo de uma experiecircncia controlada para testar a validade da hipoacutetese
bull Anaacutelise dos resultados bull Interpretar os dados e tirar conclusotildees o que serve
para a formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bull Publicaccedilatildeo dos resultados em monografias
dissertaccedilotildees teses artigos ou livros aceitos por universidades e ou reconhecidos pela comunidade
cientiacutefica Observe-se que nem todas as hipoacutetese podem ser confirmadas
ou refutadas por experimentos e que em muitas aacutereas do conhecimento o recolhimento de dados e a tentativas de interpretaacute-los jaacute eacute uma grande tarefa como nas ciecircncias
humanas e juriacutedicas (criminologia)
Ciecircncias humanas A limitaccedilatildeo eacutetica da realizaccedilatildeo experimentos com seres humanos o estudo das subjetividades ou essencialmente
subjetivo individual e particular psiquismo humano ou a natureza histoacuterica do objeto das ciecircncias sociais conduziram os pensadores a distintos caminhos ou
proposiccedilotildees de estudo para o meacutetodo cientiacutefico Contudo parafraseando Minayoldquouma base de dados quando bem trabalhada teoacuterica e praticamente produz riqueza de informaccedilotildees aprofundamento e maior fidedignidade
interpretativardquo As principais divergecircncias na anaacutelise dos resultados de pesquisas em ciecircncias sociais ou humanas se datildeo no plano da contextualizaccedilatildeo dos dados ou informaccedilotildees obtidas em campo nos diversos sistemas teoacutericos ou seja conjunto de teorias e leis reconhecidas como consensuais em distintos
momentos histoacutericos eou segmentos das comunidades cientiacuteficas Nas ciecircncias sociais identifica-se trecircs
grandes correntes de pensamentos bull Positivismo Auguste Comte
bull Fenomenologia (Fenomenologia do Espiacuterito Estruturalismo
bull Materialismo dialeacutetico Dialeacutetica Marxismo
A histoacuteria do meacutetodo cientiacutefico se mistura com a histoacuteria da ciecircncia Documentos do
A evoluccedilatildeo do conceito de meacutetodo
Antigo Egito jaacute descrevem meacutetodos de diagnoacutesticos meacutedicos Na cultura da Greacutecia
Antiga os primeiros indiacutecios do meacutetodo cientiacutefico comeccedilam a aparecer Grande avanccedilo no meacutetodo foi feito no comeccedilo da filosofia islacircmica principalmente no uso de experimentos
para decidir entre duas hipoacuteteses Os principios fundamentais do meacutetodo cientiacutefico se consolidaram com o surgimento da Fiacutesica nos seacuteculos XVII e XVIII Francis
Bacon em seu trabalho Novum Organum(1620)-uma referecircncia
35
ao Organon de Aristoacuteteles-especifica um novo sistema loacutegico para melhorar o velho processo filosoacutefico do
silogismo A metodologia cientiacutefica tem sua origem no pensamento de
Descartes que foi posteriormente desenvolvimento empiricamente pelo fiacutesico inglecircs Isaac Newton Reneacute Descartes propocircs chegar agrave verdade atraveacutes da duacutevida sistemaacutetica e da decomposiccedilatildeo do problema em pequenas
partes caracteriacutesticas que definiram a base da pesquisa cientiacutefica
Lecirc-se no livro o Discurso do meacutetodo E como a multiplicidade de leis serve frequentemente para escusar os viacutecios de sorte que um estado eacute muito melhor governado quando possuindo poucas elas satildeo aiacute rigorosamente aplicadas assim em lugar de um grande
nuacutemero de preceitosde qua a loacutegica eacute composta acrediteis que jaacute me seriam bastante quatro contanto que tomasse a firme e constante resoluccedilatildeo de natildeo deixar uma vez soacute de
observaacute-los O primeiro consistia em nunca aceitar por verdadeira coisa nenhuma que natildeo conhecesse como evidente isto eacute
devia evitar cuidadosamente a precipitaccedilatildeo e a prevenccedilatildeo e nada incluir em meus juizos que natildeo se apresentasse tatildeo claramente e tatildeo distintamente ao meu espiacuterito que natildeo
tivesse nenhuma ocasiatildeo de o por em duacutevida O segundo ndash dividir cada uma das dificuldades que
examinasse em tantas parcelas quantas pudesse ser e fossem exigidas para melhor compreendecirc-las
O terceiro ndash conduzir por ordem os meus pensamento comeccedilando pelos objetos mais simples e faacuteceis de serem conhecidos para subir pouco a pouco como por degraus ateacute o conhecimento dos mais compostos e supondo mesmo
certa ordem entre os que natildeo se precedem naturalmente uns aos outros
e o uacuteltimo ndash fazer sempre enumeraccedilotildees tatildeo completas e revisotildees tatildeo gerais que ficasse certo de nada
omitir Correntemente estas regras satildeo 1 ndash da evidecircncia 2 ndash da
divisatildeo ou anaacutelise 3 ndash da ordem ou deduccedilatildeo 3 da enumeraccedilatildeo (contar especificar) classificaccedilatildeo
O acidente (serendipity
Eacute comum considerar alguns dos mais importantes avanccedilos na ciecircncia tais como as
)
descobertas da radioatividade por Henri Becquerel ou da penicilina por Alexander Fleming como tendo ocorrido por acidente no entanto o que eacute possiacutevel afirmar agrave luz da observaccedilatildeo cientiacutefica eacute que
teratildeo sido parcialmente acidentais uma vez que as pessoas envolvidas haviam aprendido a pensar cientificamente
estando portanto conscientes de que observaram algo novo e interessante
Os progressos da ciecircncia satildeo acompanhados de muitas horas de trabalho cuidadoso que segue um caminho mais ou menos sistemaacutetico na busca de respostas a questotildees cientiacuteficas
Eacute este o caminho denominado de meacutetodo cientiacutefico
A A hipoacutetese
Hipoacutetese (do gr Hypoacutethesis) eacute uma proposiccedilatildeo que se admite de modo provisoacuterio como princiacutepio do qual se pode
deduzir pelas regras da loacutegica um conjunto dado de proposiccedilotildees ou um mecanismo da experiecircncia a explicar
36
Literalmente pode ser compreendida como uma suposiccedilatildeo ou pergunta conjetura que orienta uma investigaccedilatildeo por
antecipar caracteriacutesticas provaacuteveis do objeto investigado e que vale quer pela confirmaccedilatildeo atraveacutes de deduccedilotildees loacutegicas dessas caracteriacutesticas quer pelo encontro de novos caminhos de investigaccedilatildeo (novas hipoacuteteses e novos
experimentos) No meacutetodo cientiacutefico a hipoacutetese eacute o caminho que deve levar agrave formulaccedilatildeo de uma teoria O cientista na sua hipoacutetese tem dois objetivos explicar um fato e prever
outros acontecimentos dele decorrentes (deduzir as consequencias) A hipoacutetese deveraacute ser testada em
experiecircncias laboratoriais controladasSe apoacutes muitas dessas experiecircncias os resultados obtidos pelos
pesquisadores natildeo contrariarem a hipoacutetese entatildeo ela seraacute aceita como uma lei e integrada agrave uma teoria eou sistema
teacuteoacuterico
Referecircncias 1 uarr [PDF] Estudos do meacutetodo cientiacutefico
Ver tambeacutem bull Verdade
bull Falseabilidade bull Karl Popper
bull Filosofia da ciecircncia bull Histoacuteria da ciecircncia
bull Epistemologia bull Loacutegica
bull Aristoacuteteles bull Georg Wilhelm Friedrich Hegel
bull Complexidade bull Reducionismo
bull Navalha de Occam bull Ciecircncia
bull Pseudociecircncia bull Paradigma
bull Paul Feyerabend bull Thomas Kuhn
bull Gaston Bachelard bull Teoria
bull Lei (ciecircncias) bull Hipoacutetese
bull Tese bull Dissertaccedilatildeo
Bibliografia
Becker Howard S Meacutetodos de pesquisa em ciecircncias sociais SP Hucitec 1999
Chizzotti Antonio Pesquisa em ciecircncia humanas e sociais SP Cortez 2006
Comte August Discurso preliminar sobre o espiacuterito positivo
Descartes Reneacute Discurso do meacutetodo (traduccedilatildeo prefaacutecio e notas de Joatildeo Cruz Costa SP Ed de Ouro 1970 disponiacutevel
para download em domiacutenio puacuteblico httpwwwdominiopublico e eBooket
httpwwweBooketnet IntraText Reneacute Descartes - e-books
37
Haddad Nagib Metodologia de estudos em ciecircncias da sauacutede como planejar analisar e apresentar um trabalho
cientiacutefico SP Roca 2004 Minayo Maria C de Souza (org) Deslandes (Suely F
Gomes Romeu Pesquisa social teoria meacutetodo e criatividade Petroacutepolis RJ Vozes 2007
Lakatos Eva Maria Marconi Marina de A Meacutetodologia cientiacutefica SP Atlas 2007
Selye Hans Stress a tensatildeo da vida SP IBRASA 1965
Ligaccedilotildees externas bull Explicando o Meacutetodo Cientiacutefico
bull Prova Cientiacutefica bull Diretrizes para elaboraccedilatildeo de dissertaccedilotildees e teses -
USP bull Centro Cochrane do Brasil
bull Metodologiaorg bull Evidecircnciascom
bull Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq)
bull Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciecircncia bull Lista de Perioacutedicos cientificos brasileiros por
assunto bull SciELO - Scientific Electronic Library Online
bull Perioacutedicos UNESCO bull Ciecircncia Hoje
bull Scientific American - Brasil bull Scientific American
COLCHA DE RETALHOS CIENTIacuteFICA (a realidade natildeo eacute Frankenstein ela eacute uacutenica e funcional)
A realidade segundo a Ciecircncia geral
A senhora Ciecircncia trabalhando com
seus remendos
Drordf Ciecircncia e seu filho
Mary Shelley viu o futuro
38
Somos Monstros 6 05 2008
Tudo comeccedilou com um desafio feito a Mary Shelley (1797-1851) entatildeo uma jovem de 21 anos por Lord Byron Na eacutepoca 1918 Byron propocircs a Mary e seu marido que
escrevessem um conto de terror uma maneira de passar o tempo jaacute que suas feacuterias estavam sendo consumidas
intediantemente pelo mau tempo Mary foi a uacuteltima a dar iniacutecio ao seu conto que acabou baseado em um pesadelo que
teve numa daquelas noites de chuva E dentre todos o conto de Shelley foi o que mais surpreendeu e arrepiou Insentivada a continuar Mary Shelley desenvolveu ainda
mais sua histoacuteria e transformou-a em um dos mais conhecidos e celebrados livros da Histoacuteria Frankenstein
Victor Frankenstein era um jovem curioso com sede de conhecimento apaixonado pela ciecircncia intrigado com os segredos da vida e louco para deixar sua marca no mundo Havia aprendido sozinho em casa sobre as fantasias da Alquimia no entanto apenas na universidade ele foi descobrir que toda sua bagagem de conhecimento estava ultrapassada haacute muito Acabou se tornando um aluno
exemplar dedicado agrave quiacutemica e agrave biologia Foi assim que sozinho em seu laboratoacuterio em Ingolstadt Victor deu iniacutecio agrave sua criaccedilatildeo misturando seus conhecimentos
teoacutericos de fisiologia e filosofia natural com princiacutepios de mecacircnica decido a descobrir se o princiacutepio que
mantinha animado o corpo poderia pernecer mesmo apoacutes a morte Como Victor fez isso todos jaacute sabemos deu vida a uma criatura formada por partes de cadaacuteveres de tamanho
descomunal (cerca de 25m de altura) e aparecircncia horripilante E eacute aqui que daacute-se iniacutecio ao grande trunfo
da histoacuteria Ao despertar da Criatura Frankenstein acaba por cair na realidade vendo como era realmente feia sua criaccedilatildeo com
seus membros desproporcionais seu olhos aquosos e amarelos incompleta a ponto de seus tecidos nem sequer
cobrirem todo o corpo deixando agrave mostra muacutesculos e ossos Desesperado e com medo arrependido de sua audaacutecia Victor
abandona sua Criatura decaindo num suacutebito acesso de naacuteusea e lucidez
Pobre Criatura um ser vazio de conhecimentos ignorante em relaccedilatildeo ao conviacutevio social solto num mundo de pessoas
39
preconceituosas e indiferentes A personificaccedilatildeo perfeita da famosa teoria de Rousseau a do ldquobom selvagemrdquo que diz
que todo o homem nasce ldquopurordquo e eacute corrompido pela sociedade violenta viciosa e materialista Quem lecirc a
histoacuteria de Frankenstein espera encontrar terror suspense e aventura onde um monstro estaria a solta para destruir e matar No entanto descobre um mundo onde noacutes humanos somos totalmente repugnantes e no qual o uacutenico ser que
realmente tem algum valor eacute o monstro excluiacutedo por todos Poucos livros retratam tatildeo bem a indiferenccedila humana e a nossa mania de dar mais valor agraves aparecircncias do que aos
sentimentos carater e virtudes Mary Shelley escreveu uma autecircntica obra-prima da
literatura universal um romance capaz de despertar no leitor a pena e a compaixatildeo por um monstro e a repugnacircncia
de nossa proacutepria raccedila Uma liccedilatildeo que ainda natildeo foi aprendida mesmo depois de quase 200 anos
Ficha Teacutecnica Tiacutetulo Frankestein (Frankenstein or the Modern
Prometheus) Autor Mary Shalley Paiacutes Inglaterra
Publicaccedilatildeo Original 1818 Publicaccedilatildeo Lida Martin Claret Editora 2001
26
possam ser entendidas por leitores das vaacuterias aacutereas do conhecimento Por outro lado os argumentos que corroboram ou derrubam teorias satildeo em princiacutepio idecircnticos aos que corroboram ou derrubam hipoacuteteses frac34poderiacuteamos tambeacutem dizer
que uma hipoacutetese eacute ou simula ser uma teoria cujo conjunto de hipoacuteteses eacute unitaacuterio Em geral a dificuldade inerente ao grau de complexidade de uma teoria pode ser
superada desde que o cientista conheccedila a fundo esta teoria cujo grau de aceitabilidade pretende testar e domine a loacutegica envolvida em situaccedilotildees similares poreacutem simples como aquelas que aparecem nos compecircndios sobre o
assunto A ecircnfase dada pelos textos de metodologia cientiacutefica a meacutetodos relacionados a testes de hipoacuteteses contrasta com a quase ausecircncia de referecircncias a meacutetodos relativos agrave
praacutetica da teorizaccedilatildeo Existem exceccedilotildees a esta regra e eu natildeo poderia deixar de citar [23] os livros de Bunge [24] e de Lacey [25] indicados especialmente para os iniciantes da aacuterea de exatas Embora natildeo especificamente dirigido a esta temaacutetica haacute que se destacar tambeacutem o livro de Bohm e
Peat [26] e que merece ser lido posto que focaliza a essecircncia da problemaacutetica aqui apontada neste caso e por este motivo eacute indicado aos iniciantes de todas as aacutereas A praacutetica da teorizaccedilatildeo com rariacutessimas exceccedilotildees natildeo se
aprende na escola Grandes teorizadores por terem aprendido a utilizar uma teacutecnica natildeo encontrada nos livros tradicionais e que nem mesmo eacute ensinada na maioria dos
regimes de iniciaccedilatildeo cientiacutefica chegaram a ser confundidos com gecircnios Eacute bem possiacutevel que estes gecircnios tenham adquirido esta praacutexis cultuando algum resquiacutecio da
filosofia que a sociedade moderna natildeo conseguiu despedaccedilar
A lacuna acima apontada fomenta a ingenuidade ou ateacute mesmo o charlatanismo multiplicando sobremaneira o nuacutemero dos que sem estarem devidamente preparados para teorizar frac34uma atividade que natildeo eacute elementarfrac34 ainda assim teorizam e teorizam mal frac34fato este que chega a incomodar cientistas de respeito que ocupam postos importantes nas
universidades [27] Por outro lado e em decorrecircncia disto permite que se condene agrave marginalidade cientiacutefica
e por periacuteodos variaacuteveis de tempo todos aqueles que certos ou errados pretendem evoluir seriamente no sentido de atender agrave finalidade uacuteltima da ciecircncia a edificaccedilatildeo de
teorias representacionais Que meacutetodos estes homens seguiram que natildeo a paixatildeo a
devoccedilatildeo a persistecircncia e a crenccedila num espiacuterito universal frac34Espiacuterito este que segundo alguns admitem natildeo estaacute a se
divertir com nossos erros e acertos o que foi sintetizado pelo maior dos gecircnios do seacuteculo XX nas
seguintes palavras Deus natildeo joga dados A resposta nos eacute dada pelo proacuteprio autor desta afirmaccedilatildeo
O alvo de construir uma teoria de campo eletromagneacutetico da mateacuteria
permanece inatingiacutevel por ora embora em princiacutepio nenhuma objeccedilatildeo possa ser levantada contra a possibilidade de vir a se alcanccedilar tal objetivo O que reteve qualquer tentativa posterior nessa direccedilatildeo foi a falta de qualquer meacutetodo sistemaacutetico que levasse a uma
soluccedilatildeo [28]
27
Seraacute que natildeo existem meacutetodos ou regras a serem adotados nesta praacutexis E por falar nisso a praacutetica da teorizaccedilatildeo
natildeo seria uma teorexis [29] Seraacute que teorizar em ciecircncia eacute uma atividade puramente filosoacutefica Natildeo existe uma
metodologia cientiacutefica a orientar aqueles que se preocupam em decifrar os segredos que estatildeo por traacutes dos fenocircmenos que se adaptam agrave regra cientiacutefica fundamental Caso exista
um meacutetodo a ser sistematizado Seria ele diferente do meacutetodo cientiacutefico O que eacute o meacutetodo cientiacutefico
Tentarei dentro do possiacutevel e da finalidade a que me propus ao conceber esta seacuterie de artigos responder
oportunamente eou orientar o leitor se houver como no que diz respeito aos questionamentos aqui assinalados De qualquer forma mais detalhes sobre teoria eou teorizaccedilatildeo seratildeo apresentados no toacutepico IV-b A praacutetica da teorizaccedilatildeo
(em preparo)
[13] CHALMERS A F 1976 Referecircncias
op cit (Voltar pelo browser) pp 23-63
[14] Idem p 28 [15] Esta versatildeo eacute uma adaptaccedilatildeo do princiacutepio da induccedilatildeo
como enunciado por CHALMERS (1976) op cit Se um grande nuacutemero de As foi observado sob uma ampla variedade de condiccedilotildees e se todos esses As observados possuiacuteam sem exceccedilatildeo a propriedade B entatildeo todos os As possuem a propriedade B
[16] Neste caso o princiacutepio ficaria
Aparentes contradiccedilotildees que o iniciante possa descobrir ao comparar os dois enunciados natildeo
comprometem o raciociacutenio que se segue razatildeo pela qual admitirei a equivalecircncia sem justificaacute-la
Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa seraacute hipoacutetese se e somente se for passiacutevel de verificaccedilatildeo
observacional
[17] SEVERINO J S 1994
O primeiro se torna a afirmaccedilatildeo inconsistente
Metodologia do trabalho cientiacutefico[18] POPPER K R 1956
Cortez Editora Satildeo Paulo op cit
[19] SIEGEL S 1977 Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica
[20] Eacute possiacutevel que alguns dentre os indutivistas natildeo concordem com alguns dos termos da afirmaccedilatildeo por motivos que podem ser suspeitados tendo em vista o apresentado
neste e no item anterior
Ed McGraw-Hill do Brasil Ltda Satildeo Paulo p 6
[21] GIL A C 1994 Como elaborar projetos de pesquisas
[22] Em FERREIRA A B H 1986
Editora Atlas S A Satildeo Paulo p 35 [Os grifos satildeo
meus] op cit (Voltar pelo
browser) encontramos uma definiccedilatildeo mais geral a satisfazer tambeacutem o argumento indutivista Teoria eacute um
conjunto de conhecimentos natildeo ingecircnuos que apresentam graus diversos de sistematizaccedilatildeo e credibilidade e que se
propotildeem a explicar elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio de fenocircmenos ou de acontecimentos que se
oferecem agrave atividade praacutetica [23] Os trecircs livros citados a seguir natildeo satildeo os uacutenicos
nos gecircneros assinalados a despeito da disparidade apontada Ao tempo em que registro com estes exemplos a exceccedilatildeo agrave regra presto tambeacutem uma homenagem a autores que ao serem por mim lidos transmutaram em duacutevidas muitas das
respostas a questotildees fundamentais e que eu
28
pretensiosamente julgava possuir [24] BUNGE M Teoria e realidade
[25] LACEY HM 1972
Ed Perspectiva (traduccedilatildeo 1994) Satildeo Paulo
A linguagem do espaccedilo e do tempo
[26] BOHM D e PEAT F D
Ed Perspectiva SA
Ciecircncia ordem e criatividade
[27] A esse respeito vale a pena ler
Gradiva Publicaccedilotildees Ltda (traduccedilatildeo 1989) Lisboa
Cientiacuteficos Chiflados capiacutetulo XIV do livro BERNSTEIN J 1988 Observacioacuten de
la Ciencia[28] EINSTEIN A
Ed Fondo de Cultura Econoacutemica Meacutexico Fiacutesica e realidade in Albert Einstein
Pensamento poliacutetico e uacuteltimas conclusotildees (1983 traduccedilatildeo) Edit Brasiliense S A Satildeo Paulo [O grifo eacute meu]
[29] Este termo eu utilizei pela primeira vez no artigo MESQUITA Fdeg A 1983 Ciecircncia empiacuterica uma arma ou uma daacutediva Faculdade
Antes de mais nada afirmarei sem me alongar que uma teoria adotado o argumento dedutivista pode ser
corroborada ou negada fundamentalmente atraveacutes de um dos trecircs procedimentos seguintes 1) Pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de uma de suas hipoacuteteses 2) pela verificaccedilatildeo ou negaccedilatildeo de uma de suas prediccedilotildees 3) pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de teorias auxiliares deduzidas da teoria principal (teoria em teste ou sob suspeita) as teorias
auxiliares podem ser de trecircs tipos teorias ou hipoacuteteses de nulidade teorias ou hipoacuteteses salvadoras e teorias ou hipoacuteteses assassinas
(Revista do IAMC) ndeg 6 p 28-43 agosto83
7 O falsificacionismo O falsificacionismo natildeo foi proposto como um meacutetodo novo mas sim como um criteacuterio ou conduta a ser ou natildeo adotado por aqueles que se conformam ao meacutetodo dedutivo de prova
Natildeo haacute nada no falsificacionismo do ponto de vista metodoloacutegico que natildeo esteja previsto ou que natildeo decorra naturalmente de uma opccedilatildeo a ser seguida espontaneamente ou natildeo por este ou aquele dedutivista Qual seria entatildeo este criteacuterio Com que finalidade foi proposto A resposta a estas perguntas bem como o meacuterito do falsificacionismo constituem o objetivo deste e dos proacuteximos dois itens
[30] Incluem-se no rol das teorias auxiliares como veremos oportunamente as teorias
transcendentais frequumlentemente conotadas por experiecircncias de pensamento As prediccedilotildees e as hipoacuteteses ou teorias auxiliares satildeo teorias geradas utilizando-se do proacuteprio argumento dedutivista esquematizado na figura 3 Neste caso o foco de atenccedilatildeo inicial frac34representado na figura como observaccedilatildeofrac34 eacute nada mais nada menos que a proacutepria teoria que deu origem agrave prediccedilatildeo eou agrave teoria auxiliar Ao valorizar a falseabilidade como criteacuterio a ser adotado
pelos dedutivistas Popper nada mais fez que tentar expandir ou trazer para o domiacutenio da metodologia
cientiacutefica uma praacutetica amplamente utilizada com sucesso em estatiacutestica o criteacuterio de tomada de decisatildeo atraveacutes da
hipoacutetese de nulidade (Ho
O primeiro passo ou estaacutegio no processo de tomada de decisatildeo eacute
definir a hipoacutetese de nulidade (
)
Ho) Formula-se usualmente com o expresso propoacutesito de ser rejeitada Se eacute
29
rejeitada pode-se aceitar a hipoacutetese alternativa (H1) A hipoacutetese
alternativa eacute a definiccedilatildeo operacional da hipoacutetese de pesquisa do
pesquisador A hipoacutetese de pesquisa eacute a prediccedilatildeo deduzida da teoria que estaacute
sendo comprovada [31] A contribuiccedilatildeo de Popper a esse respeito limitou-se agrave ecircnfase que deu agrave importacircncia da procura por hipoacuteteses de
nulidade Ateacute entatildeo este costume estava restrito agrave procura por previsotildees frac34apresentadas via de regra pelo proacuteprio autor da teoriafrac34 eou hipoacuteteses salvadoras frac34levantadas
pelos adeptos da teoria em focofrac34 eou hipoacuteteses assassinas frac34levantadas pelos criacuteticos da teoria em questatildeo As quatro
tecircm uma caracteriacutestica comum satildeo todas teorias falseadoras
A boa teoria dentre outras qualidades [32] e segundo Popper eacute aquela potencialmente geradora de hipoacuteteses
falseadoras e tanto melhor seraacute quanto maior for o risco de ser negada Ela pode ateacute mesmo ser derrubada no primeiro teste a que for submetida o que natildeo invalida o que foi
dito foi uma boa teoria enquanto durou e voltaraacute a ser se conseguir ressurgir das cinzas Dito em outras palavras o criteacuterio para se avaliar a virtude de uma teoria nascente repousa no seu grau de submissatildeo a testes adversos Uma teoria de baixo risco raramente eacute bem vinda [33] e uma
teoria sem risco algum na opiniatildeo de Popper natildeo eacute cientiacutefica e eu iria aleacutem sequer eacute teoria
Levando-se em conta que o criteacuterio falsificacionista peca pela subjetividade deve-se tomar cuidado ao se optar por uma teoria em detrimento de outra pelo fato de a primeira
ser mais falseaacutevel que a segunda Diferentes hipoacuteteses falseadoras devem apresentar pesos diferentes e este peso
mesmo quando bem estimado frequumlentemente o eacute por um processo subjetivo Natildeo eacute raro utilizar-se desta
subjetividade inerente ao falsificacionismo para justificar escolhas feitas segundo criteacuterios poliacuteticos econocircmicos
interesseiros corporativistas ou entatildeo apoiados em princiacutepios outros que tambeacutem deixam a desejar no que diz
respeito agrave eacutetica do cientista 8 Entendendo o falsificacionismo
Suponha que algueacutem deduza a seguinte hipoacutetese H1 As maccedilatildes do Estado de Satildeo Paulo satildeo vermelhas A teoria assim
simulada eacute uma teoria de hipoacutetese uacutenica Percebam que no argumento da hipoacutetese estaacute se admitindo como pressupostos uma infinidade de conceitos tais como fruta maccedilatilde cor
vermelho local Satildeo Paulo Brasil etc Estes pressupostos satildeo o que Severino chama de evidecircncias preacutevias como vimos no item 5 e constituem uma das bases da argumentaccedilatildeo de Chalmers [34] ao contestar os que afirmam que a ciecircncia
comeccedila com a observaccedilatildeo Um exemplo de previsatildeo desta teoria seria as maccedilatildes de
Jundiaiacute devem ser vermelhas tendo em vista que Jundiaiacute se localiza no Estado de Satildeo Paulo
Suponha tambeacutem que algueacutem tenha demonstrado que em condiccedilotildees X outra fruta que natildeo a maccedilatilde e que
originalmente era de determinada cor se modifica e conclui que se a teoria sobre as maccedilatildes for verdadeira ela
deveraacute permanecer verdadeira nas condiccedilotildees X Pode-se entatildeo construir a seguinte hipoacutetese de nulidade Ho Em
condiccedilotildees X obter-se-atildeo em Satildeo Paulo maccedilatildes natildeo
30
vermelhas Esta previsatildeo natildeo decorre da teoria (H1) mas de evidecircncias preacutevias outras e estranhas agrave mesma Se esta
hipoacutetese (Ho) for verificada a hipoacutetese original H1
Seraacute que este simples fato condena a teoria original Para o falsificacionista ingecircnuo sim Para aquele que entendeu e aceitou o significado da afirmaccedilatildeo de Popper citada
neste artigo ao final do
estaraacute falseada
quarto paraacutegrafo do item 5 natildeo Optar por uma teoria natildeo significa crer numa verdade
absoluta Se eu afirmo que Ho eacute verdadeira e consequumlentemente H1 eacute falsa isto natildeo significa que eu
estou atribuindo o grau de veracidade 100 a uma hipoacutetese e 0 agrave outra significa simplesmente que a verificaccedilatildeo experimental me convenceu a optar por uma teoria em
detrimento da outra A opccedilatildeo eacute uma das maneiras pelas quais o cientista expressa a sua feacute na ciecircncia [35] e o
falsificacionismo estabelece normas a lhe orientar nesta opccedilatildeo
Suponha agora que em condiccedilotildees X ou em outra condiccedilatildeo qualquer se encontrem no Estado de Satildeo Paulo maccedilatildes verdes Significa isto que a hipoacutetese H1
Natildeo podemos em satilde consciecircncia dizer que a psicanaacutelise por exemplo natildeo pertenccedila ao campo da ciecircncia pelo simples
fato de uma de suas teorias precursoras ser natildeo falseaacutevel Sequer podemos dizer que o autor dessa ideacuteia natildeo
fosse cientista se eacute verdade que a psicanaacutelise se desenvolveu em cima desta ideacuteia e apesar disso conseguiu
eacute falsa Natildeo Simplesmente ela foi falseada Nada impede que amanhatilde com a evoluccedilatildeo da ciecircncia se descubra que estes frutos verdes a que hoje associamos a ideacuteia maccedilatilde estejam inseridos num
outro contexto e que realmente natildeo sejam maccedilatildes Por que entatildeo se daacute preferecircncia a verificaccedilotildees falseadoras em detrimento das corroboradoras Ora isto nem sempre
acontece conquanto seja esta uma das regras propostas pelo falsificacionismo Por exemplo tanto a teoria da
relatividade quanto a mecacircnica quacircntica satildeo teorias fiacutesicas amplamente aceitas graccedilas a terem sido
corroboradas por previsotildees que se confirmaram e pouco valor se deu a um grande nuacutemero de testes que as falsearam Por outro lado estas duas teorias satildeo concomitantemente aceitas pelos fiacutesicos conquanto existam fortes argumentos
a provar que cada uma destas duas teorias falseia a outra e ambas falseiam a teoria de Maxwell que tambeacutem eacute aceita como verdadeira Certos ou errados neste caso os fiacutesicos modernos dentre os quais se inclui Popper fizeram uma opccedilatildeo contraacuteria agrave norma falsificacionista e natildeo haacute
como criticaacute-los por essa conduta a menos que se pretenda atribuir ao falsificacionismo uma qualidade que ele natildeo
possui a de estabelecer criteacuterios absolutos de veracidade O falsificacionismo presta-se tambeacutem a fomentar o diaacutelogo e a criatividade Neste caso surge quase como que um apelo para que se invista mais em experiecircncias de pensamento um
recurso legiacutetimo e de grande valor em ciecircncia 9 O falsificacionismo como delimitador da ciecircncia
Vimos no item 7 que para Popper uma teoria sem risco algum natildeo eacute cientiacutefica e eu acrescentei sequer eacute teoria Popper quis se aproveitar deste argumento para delimitar a ciecircncia utilizando-se entatildeo do falsificacionismo como
criteacuterio de cientificidade Com esta opccedilatildeo Popper desagradou a muitos e convenceu a poucos ainda que sua
ideacuteia natildeo fosse de todo maacute
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de alguma forma se impor como ciecircncia muito provavelmente queiramos ou natildeo seu autor contribuiu diretamente para o progresso da ciecircncia Mesmo que hoje algueacutem chegasse a concluir categoricamente pelo caraacuteter natildeo cientiacutefico da psicanaacutelise isto de forma alguma nos autorizaria a hipoteticamente condenaacute-la agrave estagnaccedilatildeo Se um cientista utilizando-se de maus criteacuterios ou ateacute mesmo apoiando-se em dogmas constroacutei de maneira natildeo
cientiacutefica um determinado campo do conhecimento isto natildeo significa que este campo natildeo possa vir a ser estudado cientificamente e que natildeo se possam criteriosamente
aproveitar as conclusotildees de seus estudos Nada impede que uma teoria considerada hoje como natildeo cientiacutefica pelo fato de possuir uma ou mais hipoacuteteses natildeo falseaacuteveis adquira
esse status apoacutes passar por ligeiras reformulaccedilotildees Natildeo podemos assumir que um campo do conhecimento seja natildeo cientiacutefico pelo simples fato de natildeo encontrarmos nele
teorias cientiacuteficas Este posicionamento de Popper a meu ver natildeo se justifica o falsificacionismo natildeo eacute um bom
criteacuterio delimitador da ciecircncia e isto eu espero que tenha ficado claro para o leitor E mais natildeo existem aacutereas natildeo cientiacuteficas mas sim aacutereas onde ainda natildeo foram produzidos conhecimentos cientiacuteficos O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo e pelo menos nesta etapa nada eacute absolutamente corroboraacutevel ou falseaacutevel Podemos ainda
dizer que a ciecircncia natildeo se localiza aqui ou acolaacute sob esse aspecto a ciecircncia natildeo tem fronteiras
10 Enfim a teoria do meacutetodo Nos demais artigos desta seacuterie irei demonstrar ser possiacutevel partindo da regra cientiacutefica fundamental desenvolver uma teoria sobre o meacutetodo cientiacutefico
utilizando-se das trecircs hipoacuteteses seguintes 1 O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo 2 A produccedilatildeo de conhecimentos passa
necessariamente pelas etapas deduccedilatildeo anaacutelise induccedilatildeo e
siacutentese na ordem apresentada 3 Os princiacutepios cientiacuteficos fundamentais satildeo universais
Por questatildeo de simplicidade subdividirei o estudo do meacutetodo em trecircs etapas correspondentes a cada uma das hipoacuteteses 1) o estudo do macromeacutetodo cientiacutefico 2) o estudo do meacutetodo cientiacutefico propriamente dito e 3) o estudo do micromeacutetodo cientiacutefico Os toacutepicos nos quais
desenvolverei estas etapas estatildeo em fase de projeto natildeo havendo portanto previsatildeo quanto agrave eacutepoca de publicaccedilatildeo
Meacutetodo cientiacutefico
Origem Wikipeacutedia a enciclopeacutedia livre
A palavra meacutetodo vem do grego meacutethodos (caminho para chegar a um fim) O meacutetodo cientiacutefico eacute um conjunto de regras baacutesicas para desenvolver uma experiecircncia a fim de produzir novo conhecimento bem como corrigir e integrar conhecimentos preacute-existentes Na maioria das disciplinas cientiacuteficas consiste em juntar evidecircncias observaacuteveis empiacutericas (ou seja baseadas apenas na experiecircncia) e
mensuraacuteveis e as analisar com o uso da loacutegica Para muitos autores o meacutetodo cientiacutefico nada mais eacute do que a loacutegica
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aplicada agrave ciecircncia (Haddad) Metodologia literalmente refere-se ao estudo dos meacutetodos e especialmente do meacutetodo da ciecircncia que se supotildee universal Embora procedimentos variem de uma aacuterea da
ciecircncia para outra (as disciplinas cientiacuteficas) diferenciadas por seus distintos objetos de estudo
consegue-se determinar certos elementos que diferenciam o meacutetodo cientiacutefico de outros meacutetodos (filosoacutefico algoritmo
ndash matemaacutetico etc)
Primeiramente os pesquisadores definem proposiccedilotildees loacutegicas ou suposiccedilotildees (hipoacuteteses) para explicar certos fenocircmenos e observaccedilotildees e entatildeo desenvolvem experimentos que testam essas hipoacuteteses Se confirmadas as hipoacuteteses podem gerar leis e teorias Integrando-se hipoacuteteses de certa aacuterea em uma estrutura coerente de conhecimento contribuiacute-se na
formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bem como coloca as hipoacuteteses em um conjunto de conhecimento maior que satildeo as
leis e teorias reconhecidas consensualmente pela comunidade cientiacutefica eou o
O contexto de uma pesquisa
paradigma de seu tempo Outra caracteriacutestica do meacutetodo eacute que o processo precisa
ser objetivo e o cientista deve ser imparcial na interpretaccedilatildeo dos resultados Sobre a objetividade o seja
atente agraves propriedades do objeto e natildeo do sujeito (subjetividade) eacute conhecida a afirmaccedilatildeo de Hans Selye
pesquisador canadense que formulou a moderna concepccedilatildeo de stress ldquoQuem natildeo sabe o que procura natildeo entende o que encontrardquo referindo-se a necessidade de formulaccedilatildeo de definiccedilotildees precisas (a essecircncia dos conceitos) e que
possam ser respondidas com o simples sim ou natildeo Tanto a imparcialidade (evidecircncia) como a objetividade foram incluiacutedas por Reneacute Descartes (1596 ndash 1649) nas regras
loacutegicas que caracterizam o meacutetodo cientiacutefico Aleacutem disso o procedimento precisa ser documentado tanto no que diz respeito agrave fonte de dados como as regras de anaacutelise para que outros cientistas possam re-analisar reproduzir e verificar a confiabilidade dos resultados Assim se distingue os relatos cientiacuteficos (artigos
monografias teses e dissertaccedilotildees) de um simples estilo (padratildeo) ou arquitetura de texto orientados pelo que caracteriza as normas da Retoacuterica ou estudo do uso persuasivo da linguagem em funccedilatildeo da eloquumlecircncia
Eacute comum o uso da anaacutelise matemaacutetica ou estatiacutestica quando possiacutevel ou aproximaccedilatildeo de modelos abstratos (tipos ideais) e categorias de classificaccedilatildeo a depender do
objetivo da pesquisa (identificar descrever analisar) que pode ser basicamente quantitativa ou qualitativa A divisatildeo da ciecircncia em aacutereas ou distintas disciplinas
cientificas tem levado a tais adequaccedilotildees da metodologia Eacute comum a afirmaccedilatildeo de que em funccedilatildeo da evoluccedilatildeo do meacutetodo
cientifico num extremo temos a fiacutesica e quiacutemica seguida da biologia e por uacuteltimo as ciecircncias sociais psicologia e ciecircncias juriacutedicas quase se aproximando da filosofia e estudo das crenccedilas (senso comum) ou ciecircncias do espiacuterito
(sistemas miacutetico - religiosos) Contudo pesquisadores contemporacircneos vecircem nessas duas abordagens uma oposiccedilatildeo complementar enquanto as pesquisas quantitativas visam descrever e explicar fenocircmenos que produzem regularidades mensuraacuteveis satildeo recorrentes (ou discrepantes) e exteriores ao sujeito
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(objetivos) na pesquisa qualitativa o observador (sujeito) eacute da mesma natureza que o objeto de sua anaacutelise e ele proacuteprio uma parte de sua observaccedilatildeo (o subjetivo)
Eacute importante ter em mente que as pesquisas cientificas relacionam-se com um modelo (paradigmaacutetico) ou uma
constelaccedilatildeo de pressupostos e crenccedilas escalas de valores teacutecnicas e conceitos compartilhados pelos membros de uma determinada comunidade cientiacutefica num determinado momento
histoacuterico
Ciecircncia eacute muito mais uma maneira de pensar do que um corpo de conhecimentos -
Elementos do meacutetodo cientiacutefico
Carl Sagan ciecircncia consiste em agrupar factos para que leis
gerais ou conclusotildees possam ser tiradas deles - Charles Darwin
O meacutetodo cientiacutefico eacute composto dos seguintes elementos bull Caracterizaccedilatildeo - Quantificaccedilotildees observaccedilotildees e
medidas bull Hipoacuteteses - Explicaccedilotildees hipoteacuteticas das observaccedilotildees e
medidas bull Previsotildees - Deduccedilotildees loacutegicas das hipoacuteteses
bull Experimentos - Testes dos trecircs elementos acima O meacutetodo cientiacutefico consiste dos seguintes aspectos bull Observaccedilatildeo - Uma observaccedilatildeo pode ser simples isto eacute
feita a olho nu ou pode exigir a utilizaccedilatildeo de instrumentos apropriados
bull Descriccedilatildeo - O experimento precisa ser replicaacutevel (capaz de ser reproduzido)
bull Previsatildeo - As hipoacuteteses precisam ser vaacutelidas para observaccedilotildees feitas no passado no presente e no
futuro bull Controle - Para maior seguranccedila nas conclusotildees toda
experiecircncia deve ser controlada Experiecircncia controlada eacute aquela que eacute realizada com teacutecnicas que permitem descartar as variaacuteveis passiacuteveis de mascarar
o resultado bull Falseabilidade[1]
bull Explicaccedilatildeo das Causas - Na maioria das aacutereas da Ciecircncia eacute necessaacuterio que haja causalidade Nessas
condiccedilotildees os seguintes requerimentos satildeo vistos como importantes no entendimento cientiacutefico
- toda hipoacutetese tem que ser falseaacutevel ou refutaacutevel Isso natildeo quer dizer que o experimento seja falso mas sim que ele pode ser verificado
contestado Ou seja se ele realmente for falso deve ser possiacutevel provaacute-lo
bull Identificaccedilatildeo das Causas bull Correlaccedilatildeo dos eventos - As causas precisam se
correlacionar com as observaccedilotildees bull Ordem dos eventos - As causas precisam preceder
no tempo os efeitos observados Na aacuterea da sauacutede a natureza da associaccedilatildeo causal foi formulada por Hence e adaptada por Robert Koch em 1877
para demonstraccedilatildeo da relaccedilatildeo causal entre microrganismos e patologias consistindo basicamente no enunciado acima ou seja forccedila da associaccedilatildeo (conectividade) sequumlecircncia temporal (assimetria) transitividade (evidecircncia experimental) previsibilidade estabilidade
Uma maneira linearizada e pragmaacutetica de apresentar os quatro pontos acima estaacute exposto a seguir passo-a-passo
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Vale a pena notar que eacute apenas um exemplo natildeo sendo obrigatoacuterio a existecircncia de todos esses passos Na
verdade na maioria dos casos natildeo se segue todos esses passos ou mesmo parte deles O meacutetodo cientiacutefico natildeo eacute
uma receita ele requer inteligecircncia imaginaccedilatildeo e criatividade O importante eacute que os aspectos e elementos
apresentados acima estejam presentes bull Definir o problema
bull Recolhimento de dados bull Proposta de uma hipoacutetese
bull Realizaccedilatildeo de uma experiecircncia controlada para testar a validade da hipoacutetese
bull Anaacutelise dos resultados bull Interpretar os dados e tirar conclusotildees o que serve
para a formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bull Publicaccedilatildeo dos resultados em monografias
dissertaccedilotildees teses artigos ou livros aceitos por universidades e ou reconhecidos pela comunidade
cientiacutefica Observe-se que nem todas as hipoacutetese podem ser confirmadas
ou refutadas por experimentos e que em muitas aacutereas do conhecimento o recolhimento de dados e a tentativas de interpretaacute-los jaacute eacute uma grande tarefa como nas ciecircncias
humanas e juriacutedicas (criminologia)
Ciecircncias humanas A limitaccedilatildeo eacutetica da realizaccedilatildeo experimentos com seres humanos o estudo das subjetividades ou essencialmente
subjetivo individual e particular psiquismo humano ou a natureza histoacuterica do objeto das ciecircncias sociais conduziram os pensadores a distintos caminhos ou
proposiccedilotildees de estudo para o meacutetodo cientiacutefico Contudo parafraseando Minayoldquouma base de dados quando bem trabalhada teoacuterica e praticamente produz riqueza de informaccedilotildees aprofundamento e maior fidedignidade
interpretativardquo As principais divergecircncias na anaacutelise dos resultados de pesquisas em ciecircncias sociais ou humanas se datildeo no plano da contextualizaccedilatildeo dos dados ou informaccedilotildees obtidas em campo nos diversos sistemas teoacutericos ou seja conjunto de teorias e leis reconhecidas como consensuais em distintos
momentos histoacutericos eou segmentos das comunidades cientiacuteficas Nas ciecircncias sociais identifica-se trecircs
grandes correntes de pensamentos bull Positivismo Auguste Comte
bull Fenomenologia (Fenomenologia do Espiacuterito Estruturalismo
bull Materialismo dialeacutetico Dialeacutetica Marxismo
A histoacuteria do meacutetodo cientiacutefico se mistura com a histoacuteria da ciecircncia Documentos do
A evoluccedilatildeo do conceito de meacutetodo
Antigo Egito jaacute descrevem meacutetodos de diagnoacutesticos meacutedicos Na cultura da Greacutecia
Antiga os primeiros indiacutecios do meacutetodo cientiacutefico comeccedilam a aparecer Grande avanccedilo no meacutetodo foi feito no comeccedilo da filosofia islacircmica principalmente no uso de experimentos
para decidir entre duas hipoacuteteses Os principios fundamentais do meacutetodo cientiacutefico se consolidaram com o surgimento da Fiacutesica nos seacuteculos XVII e XVIII Francis
Bacon em seu trabalho Novum Organum(1620)-uma referecircncia
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ao Organon de Aristoacuteteles-especifica um novo sistema loacutegico para melhorar o velho processo filosoacutefico do
silogismo A metodologia cientiacutefica tem sua origem no pensamento de
Descartes que foi posteriormente desenvolvimento empiricamente pelo fiacutesico inglecircs Isaac Newton Reneacute Descartes propocircs chegar agrave verdade atraveacutes da duacutevida sistemaacutetica e da decomposiccedilatildeo do problema em pequenas
partes caracteriacutesticas que definiram a base da pesquisa cientiacutefica
Lecirc-se no livro o Discurso do meacutetodo E como a multiplicidade de leis serve frequentemente para escusar os viacutecios de sorte que um estado eacute muito melhor governado quando possuindo poucas elas satildeo aiacute rigorosamente aplicadas assim em lugar de um grande
nuacutemero de preceitosde qua a loacutegica eacute composta acrediteis que jaacute me seriam bastante quatro contanto que tomasse a firme e constante resoluccedilatildeo de natildeo deixar uma vez soacute de
observaacute-los O primeiro consistia em nunca aceitar por verdadeira coisa nenhuma que natildeo conhecesse como evidente isto eacute
devia evitar cuidadosamente a precipitaccedilatildeo e a prevenccedilatildeo e nada incluir em meus juizos que natildeo se apresentasse tatildeo claramente e tatildeo distintamente ao meu espiacuterito que natildeo
tivesse nenhuma ocasiatildeo de o por em duacutevida O segundo ndash dividir cada uma das dificuldades que
examinasse em tantas parcelas quantas pudesse ser e fossem exigidas para melhor compreendecirc-las
O terceiro ndash conduzir por ordem os meus pensamento comeccedilando pelos objetos mais simples e faacuteceis de serem conhecidos para subir pouco a pouco como por degraus ateacute o conhecimento dos mais compostos e supondo mesmo
certa ordem entre os que natildeo se precedem naturalmente uns aos outros
e o uacuteltimo ndash fazer sempre enumeraccedilotildees tatildeo completas e revisotildees tatildeo gerais que ficasse certo de nada
omitir Correntemente estas regras satildeo 1 ndash da evidecircncia 2 ndash da
divisatildeo ou anaacutelise 3 ndash da ordem ou deduccedilatildeo 3 da enumeraccedilatildeo (contar especificar) classificaccedilatildeo
O acidente (serendipity
Eacute comum considerar alguns dos mais importantes avanccedilos na ciecircncia tais como as
)
descobertas da radioatividade por Henri Becquerel ou da penicilina por Alexander Fleming como tendo ocorrido por acidente no entanto o que eacute possiacutevel afirmar agrave luz da observaccedilatildeo cientiacutefica eacute que
teratildeo sido parcialmente acidentais uma vez que as pessoas envolvidas haviam aprendido a pensar cientificamente
estando portanto conscientes de que observaram algo novo e interessante
Os progressos da ciecircncia satildeo acompanhados de muitas horas de trabalho cuidadoso que segue um caminho mais ou menos sistemaacutetico na busca de respostas a questotildees cientiacuteficas
Eacute este o caminho denominado de meacutetodo cientiacutefico
A A hipoacutetese
Hipoacutetese (do gr Hypoacutethesis) eacute uma proposiccedilatildeo que se admite de modo provisoacuterio como princiacutepio do qual se pode
deduzir pelas regras da loacutegica um conjunto dado de proposiccedilotildees ou um mecanismo da experiecircncia a explicar
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Literalmente pode ser compreendida como uma suposiccedilatildeo ou pergunta conjetura que orienta uma investigaccedilatildeo por
antecipar caracteriacutesticas provaacuteveis do objeto investigado e que vale quer pela confirmaccedilatildeo atraveacutes de deduccedilotildees loacutegicas dessas caracteriacutesticas quer pelo encontro de novos caminhos de investigaccedilatildeo (novas hipoacuteteses e novos
experimentos) No meacutetodo cientiacutefico a hipoacutetese eacute o caminho que deve levar agrave formulaccedilatildeo de uma teoria O cientista na sua hipoacutetese tem dois objetivos explicar um fato e prever
outros acontecimentos dele decorrentes (deduzir as consequencias) A hipoacutetese deveraacute ser testada em
experiecircncias laboratoriais controladasSe apoacutes muitas dessas experiecircncias os resultados obtidos pelos
pesquisadores natildeo contrariarem a hipoacutetese entatildeo ela seraacute aceita como uma lei e integrada agrave uma teoria eou sistema
teacuteoacuterico
Referecircncias 1 uarr [PDF] Estudos do meacutetodo cientiacutefico
Ver tambeacutem bull Verdade
bull Falseabilidade bull Karl Popper
bull Filosofia da ciecircncia bull Histoacuteria da ciecircncia
bull Epistemologia bull Loacutegica
bull Aristoacuteteles bull Georg Wilhelm Friedrich Hegel
bull Complexidade bull Reducionismo
bull Navalha de Occam bull Ciecircncia
bull Pseudociecircncia bull Paradigma
bull Paul Feyerabend bull Thomas Kuhn
bull Gaston Bachelard bull Teoria
bull Lei (ciecircncias) bull Hipoacutetese
bull Tese bull Dissertaccedilatildeo
Bibliografia
Becker Howard S Meacutetodos de pesquisa em ciecircncias sociais SP Hucitec 1999
Chizzotti Antonio Pesquisa em ciecircncia humanas e sociais SP Cortez 2006
Comte August Discurso preliminar sobre o espiacuterito positivo
Descartes Reneacute Discurso do meacutetodo (traduccedilatildeo prefaacutecio e notas de Joatildeo Cruz Costa SP Ed de Ouro 1970 disponiacutevel
para download em domiacutenio puacuteblico httpwwwdominiopublico e eBooket
httpwwweBooketnet IntraText Reneacute Descartes - e-books
37
Haddad Nagib Metodologia de estudos em ciecircncias da sauacutede como planejar analisar e apresentar um trabalho
cientiacutefico SP Roca 2004 Minayo Maria C de Souza (org) Deslandes (Suely F
Gomes Romeu Pesquisa social teoria meacutetodo e criatividade Petroacutepolis RJ Vozes 2007
Lakatos Eva Maria Marconi Marina de A Meacutetodologia cientiacutefica SP Atlas 2007
Selye Hans Stress a tensatildeo da vida SP IBRASA 1965
Ligaccedilotildees externas bull Explicando o Meacutetodo Cientiacutefico
bull Prova Cientiacutefica bull Diretrizes para elaboraccedilatildeo de dissertaccedilotildees e teses -
USP bull Centro Cochrane do Brasil
bull Metodologiaorg bull Evidecircnciascom
bull Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq)
bull Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciecircncia bull Lista de Perioacutedicos cientificos brasileiros por
assunto bull SciELO - Scientific Electronic Library Online
bull Perioacutedicos UNESCO bull Ciecircncia Hoje
bull Scientific American - Brasil bull Scientific American
COLCHA DE RETALHOS CIENTIacuteFICA (a realidade natildeo eacute Frankenstein ela eacute uacutenica e funcional)
A realidade segundo a Ciecircncia geral
A senhora Ciecircncia trabalhando com
seus remendos
Drordf Ciecircncia e seu filho
Mary Shelley viu o futuro
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Somos Monstros 6 05 2008
Tudo comeccedilou com um desafio feito a Mary Shelley (1797-1851) entatildeo uma jovem de 21 anos por Lord Byron Na eacutepoca 1918 Byron propocircs a Mary e seu marido que
escrevessem um conto de terror uma maneira de passar o tempo jaacute que suas feacuterias estavam sendo consumidas
intediantemente pelo mau tempo Mary foi a uacuteltima a dar iniacutecio ao seu conto que acabou baseado em um pesadelo que
teve numa daquelas noites de chuva E dentre todos o conto de Shelley foi o que mais surpreendeu e arrepiou Insentivada a continuar Mary Shelley desenvolveu ainda
mais sua histoacuteria e transformou-a em um dos mais conhecidos e celebrados livros da Histoacuteria Frankenstein
Victor Frankenstein era um jovem curioso com sede de conhecimento apaixonado pela ciecircncia intrigado com os segredos da vida e louco para deixar sua marca no mundo Havia aprendido sozinho em casa sobre as fantasias da Alquimia no entanto apenas na universidade ele foi descobrir que toda sua bagagem de conhecimento estava ultrapassada haacute muito Acabou se tornando um aluno
exemplar dedicado agrave quiacutemica e agrave biologia Foi assim que sozinho em seu laboratoacuterio em Ingolstadt Victor deu iniacutecio agrave sua criaccedilatildeo misturando seus conhecimentos
teoacutericos de fisiologia e filosofia natural com princiacutepios de mecacircnica decido a descobrir se o princiacutepio que
mantinha animado o corpo poderia pernecer mesmo apoacutes a morte Como Victor fez isso todos jaacute sabemos deu vida a uma criatura formada por partes de cadaacuteveres de tamanho
descomunal (cerca de 25m de altura) e aparecircncia horripilante E eacute aqui que daacute-se iniacutecio ao grande trunfo
da histoacuteria Ao despertar da Criatura Frankenstein acaba por cair na realidade vendo como era realmente feia sua criaccedilatildeo com
seus membros desproporcionais seu olhos aquosos e amarelos incompleta a ponto de seus tecidos nem sequer
cobrirem todo o corpo deixando agrave mostra muacutesculos e ossos Desesperado e com medo arrependido de sua audaacutecia Victor
abandona sua Criatura decaindo num suacutebito acesso de naacuteusea e lucidez
Pobre Criatura um ser vazio de conhecimentos ignorante em relaccedilatildeo ao conviacutevio social solto num mundo de pessoas
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preconceituosas e indiferentes A personificaccedilatildeo perfeita da famosa teoria de Rousseau a do ldquobom selvagemrdquo que diz
que todo o homem nasce ldquopurordquo e eacute corrompido pela sociedade violenta viciosa e materialista Quem lecirc a
histoacuteria de Frankenstein espera encontrar terror suspense e aventura onde um monstro estaria a solta para destruir e matar No entanto descobre um mundo onde noacutes humanos somos totalmente repugnantes e no qual o uacutenico ser que
realmente tem algum valor eacute o monstro excluiacutedo por todos Poucos livros retratam tatildeo bem a indiferenccedila humana e a nossa mania de dar mais valor agraves aparecircncias do que aos
sentimentos carater e virtudes Mary Shelley escreveu uma autecircntica obra-prima da
literatura universal um romance capaz de despertar no leitor a pena e a compaixatildeo por um monstro e a repugnacircncia
de nossa proacutepria raccedila Uma liccedilatildeo que ainda natildeo foi aprendida mesmo depois de quase 200 anos
Ficha Teacutecnica Tiacutetulo Frankestein (Frankenstein or the Modern
Prometheus) Autor Mary Shalley Paiacutes Inglaterra
Publicaccedilatildeo Original 1818 Publicaccedilatildeo Lida Martin Claret Editora 2001
27
Seraacute que natildeo existem meacutetodos ou regras a serem adotados nesta praacutexis E por falar nisso a praacutetica da teorizaccedilatildeo
natildeo seria uma teorexis [29] Seraacute que teorizar em ciecircncia eacute uma atividade puramente filosoacutefica Natildeo existe uma
metodologia cientiacutefica a orientar aqueles que se preocupam em decifrar os segredos que estatildeo por traacutes dos fenocircmenos que se adaptam agrave regra cientiacutefica fundamental Caso exista
um meacutetodo a ser sistematizado Seria ele diferente do meacutetodo cientiacutefico O que eacute o meacutetodo cientiacutefico
Tentarei dentro do possiacutevel e da finalidade a que me propus ao conceber esta seacuterie de artigos responder
oportunamente eou orientar o leitor se houver como no que diz respeito aos questionamentos aqui assinalados De qualquer forma mais detalhes sobre teoria eou teorizaccedilatildeo seratildeo apresentados no toacutepico IV-b A praacutetica da teorizaccedilatildeo
(em preparo)
[13] CHALMERS A F 1976 Referecircncias
op cit (Voltar pelo browser) pp 23-63
[14] Idem p 28 [15] Esta versatildeo eacute uma adaptaccedilatildeo do princiacutepio da induccedilatildeo
como enunciado por CHALMERS (1976) op cit Se um grande nuacutemero de As foi observado sob uma ampla variedade de condiccedilotildees e se todos esses As observados possuiacuteam sem exceccedilatildeo a propriedade B entatildeo todos os As possuem a propriedade B
[16] Neste caso o princiacutepio ficaria
Aparentes contradiccedilotildees que o iniciante possa descobrir ao comparar os dois enunciados natildeo
comprometem o raciociacutenio que se segue razatildeo pela qual admitirei a equivalecircncia sem justificaacute-la
Se em dadas condiccedilotildees um determinado fenocircmeno sempre que pesquisado se repetiu qualquer afirmaccedilatildeo decorrente desta premissa seraacute hipoacutetese se e somente se for passiacutevel de verificaccedilatildeo
observacional
[17] SEVERINO J S 1994
O primeiro se torna a afirmaccedilatildeo inconsistente
Metodologia do trabalho cientiacutefico[18] POPPER K R 1956
Cortez Editora Satildeo Paulo op cit
[19] SIEGEL S 1977 Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica
[20] Eacute possiacutevel que alguns dentre os indutivistas natildeo concordem com alguns dos termos da afirmaccedilatildeo por motivos que podem ser suspeitados tendo em vista o apresentado
neste e no item anterior
Ed McGraw-Hill do Brasil Ltda Satildeo Paulo p 6
[21] GIL A C 1994 Como elaborar projetos de pesquisas
[22] Em FERREIRA A B H 1986
Editora Atlas S A Satildeo Paulo p 35 [Os grifos satildeo
meus] op cit (Voltar pelo
browser) encontramos uma definiccedilatildeo mais geral a satisfazer tambeacutem o argumento indutivista Teoria eacute um
conjunto de conhecimentos natildeo ingecircnuos que apresentam graus diversos de sistematizaccedilatildeo e credibilidade e que se
propotildeem a explicar elucidar interpretar ou unificar um dado domiacutenio de fenocircmenos ou de acontecimentos que se
oferecem agrave atividade praacutetica [23] Os trecircs livros citados a seguir natildeo satildeo os uacutenicos
nos gecircneros assinalados a despeito da disparidade apontada Ao tempo em que registro com estes exemplos a exceccedilatildeo agrave regra presto tambeacutem uma homenagem a autores que ao serem por mim lidos transmutaram em duacutevidas muitas das
respostas a questotildees fundamentais e que eu
28
pretensiosamente julgava possuir [24] BUNGE M Teoria e realidade
[25] LACEY HM 1972
Ed Perspectiva (traduccedilatildeo 1994) Satildeo Paulo
A linguagem do espaccedilo e do tempo
[26] BOHM D e PEAT F D
Ed Perspectiva SA
Ciecircncia ordem e criatividade
[27] A esse respeito vale a pena ler
Gradiva Publicaccedilotildees Ltda (traduccedilatildeo 1989) Lisboa
Cientiacuteficos Chiflados capiacutetulo XIV do livro BERNSTEIN J 1988 Observacioacuten de
la Ciencia[28] EINSTEIN A
Ed Fondo de Cultura Econoacutemica Meacutexico Fiacutesica e realidade in Albert Einstein
Pensamento poliacutetico e uacuteltimas conclusotildees (1983 traduccedilatildeo) Edit Brasiliense S A Satildeo Paulo [O grifo eacute meu]
[29] Este termo eu utilizei pela primeira vez no artigo MESQUITA Fdeg A 1983 Ciecircncia empiacuterica uma arma ou uma daacutediva Faculdade
Antes de mais nada afirmarei sem me alongar que uma teoria adotado o argumento dedutivista pode ser
corroborada ou negada fundamentalmente atraveacutes de um dos trecircs procedimentos seguintes 1) Pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de uma de suas hipoacuteteses 2) pela verificaccedilatildeo ou negaccedilatildeo de uma de suas prediccedilotildees 3) pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de teorias auxiliares deduzidas da teoria principal (teoria em teste ou sob suspeita) as teorias
auxiliares podem ser de trecircs tipos teorias ou hipoacuteteses de nulidade teorias ou hipoacuteteses salvadoras e teorias ou hipoacuteteses assassinas
(Revista do IAMC) ndeg 6 p 28-43 agosto83
7 O falsificacionismo O falsificacionismo natildeo foi proposto como um meacutetodo novo mas sim como um criteacuterio ou conduta a ser ou natildeo adotado por aqueles que se conformam ao meacutetodo dedutivo de prova
Natildeo haacute nada no falsificacionismo do ponto de vista metodoloacutegico que natildeo esteja previsto ou que natildeo decorra naturalmente de uma opccedilatildeo a ser seguida espontaneamente ou natildeo por este ou aquele dedutivista Qual seria entatildeo este criteacuterio Com que finalidade foi proposto A resposta a estas perguntas bem como o meacuterito do falsificacionismo constituem o objetivo deste e dos proacuteximos dois itens
[30] Incluem-se no rol das teorias auxiliares como veremos oportunamente as teorias
transcendentais frequumlentemente conotadas por experiecircncias de pensamento As prediccedilotildees e as hipoacuteteses ou teorias auxiliares satildeo teorias geradas utilizando-se do proacuteprio argumento dedutivista esquematizado na figura 3 Neste caso o foco de atenccedilatildeo inicial frac34representado na figura como observaccedilatildeofrac34 eacute nada mais nada menos que a proacutepria teoria que deu origem agrave prediccedilatildeo eou agrave teoria auxiliar Ao valorizar a falseabilidade como criteacuterio a ser adotado
pelos dedutivistas Popper nada mais fez que tentar expandir ou trazer para o domiacutenio da metodologia
cientiacutefica uma praacutetica amplamente utilizada com sucesso em estatiacutestica o criteacuterio de tomada de decisatildeo atraveacutes da
hipoacutetese de nulidade (Ho
O primeiro passo ou estaacutegio no processo de tomada de decisatildeo eacute
definir a hipoacutetese de nulidade (
)
Ho) Formula-se usualmente com o expresso propoacutesito de ser rejeitada Se eacute
29
rejeitada pode-se aceitar a hipoacutetese alternativa (H1) A hipoacutetese
alternativa eacute a definiccedilatildeo operacional da hipoacutetese de pesquisa do
pesquisador A hipoacutetese de pesquisa eacute a prediccedilatildeo deduzida da teoria que estaacute
sendo comprovada [31] A contribuiccedilatildeo de Popper a esse respeito limitou-se agrave ecircnfase que deu agrave importacircncia da procura por hipoacuteteses de
nulidade Ateacute entatildeo este costume estava restrito agrave procura por previsotildees frac34apresentadas via de regra pelo proacuteprio autor da teoriafrac34 eou hipoacuteteses salvadoras frac34levantadas
pelos adeptos da teoria em focofrac34 eou hipoacuteteses assassinas frac34levantadas pelos criacuteticos da teoria em questatildeo As quatro
tecircm uma caracteriacutestica comum satildeo todas teorias falseadoras
A boa teoria dentre outras qualidades [32] e segundo Popper eacute aquela potencialmente geradora de hipoacuteteses
falseadoras e tanto melhor seraacute quanto maior for o risco de ser negada Ela pode ateacute mesmo ser derrubada no primeiro teste a que for submetida o que natildeo invalida o que foi
dito foi uma boa teoria enquanto durou e voltaraacute a ser se conseguir ressurgir das cinzas Dito em outras palavras o criteacuterio para se avaliar a virtude de uma teoria nascente repousa no seu grau de submissatildeo a testes adversos Uma teoria de baixo risco raramente eacute bem vinda [33] e uma
teoria sem risco algum na opiniatildeo de Popper natildeo eacute cientiacutefica e eu iria aleacutem sequer eacute teoria
Levando-se em conta que o criteacuterio falsificacionista peca pela subjetividade deve-se tomar cuidado ao se optar por uma teoria em detrimento de outra pelo fato de a primeira
ser mais falseaacutevel que a segunda Diferentes hipoacuteteses falseadoras devem apresentar pesos diferentes e este peso
mesmo quando bem estimado frequumlentemente o eacute por um processo subjetivo Natildeo eacute raro utilizar-se desta
subjetividade inerente ao falsificacionismo para justificar escolhas feitas segundo criteacuterios poliacuteticos econocircmicos
interesseiros corporativistas ou entatildeo apoiados em princiacutepios outros que tambeacutem deixam a desejar no que diz
respeito agrave eacutetica do cientista 8 Entendendo o falsificacionismo
Suponha que algueacutem deduza a seguinte hipoacutetese H1 As maccedilatildes do Estado de Satildeo Paulo satildeo vermelhas A teoria assim
simulada eacute uma teoria de hipoacutetese uacutenica Percebam que no argumento da hipoacutetese estaacute se admitindo como pressupostos uma infinidade de conceitos tais como fruta maccedilatilde cor
vermelho local Satildeo Paulo Brasil etc Estes pressupostos satildeo o que Severino chama de evidecircncias preacutevias como vimos no item 5 e constituem uma das bases da argumentaccedilatildeo de Chalmers [34] ao contestar os que afirmam que a ciecircncia
comeccedila com a observaccedilatildeo Um exemplo de previsatildeo desta teoria seria as maccedilatildes de
Jundiaiacute devem ser vermelhas tendo em vista que Jundiaiacute se localiza no Estado de Satildeo Paulo
Suponha tambeacutem que algueacutem tenha demonstrado que em condiccedilotildees X outra fruta que natildeo a maccedilatilde e que
originalmente era de determinada cor se modifica e conclui que se a teoria sobre as maccedilatildes for verdadeira ela
deveraacute permanecer verdadeira nas condiccedilotildees X Pode-se entatildeo construir a seguinte hipoacutetese de nulidade Ho Em
condiccedilotildees X obter-se-atildeo em Satildeo Paulo maccedilatildes natildeo
30
vermelhas Esta previsatildeo natildeo decorre da teoria (H1) mas de evidecircncias preacutevias outras e estranhas agrave mesma Se esta
hipoacutetese (Ho) for verificada a hipoacutetese original H1
Seraacute que este simples fato condena a teoria original Para o falsificacionista ingecircnuo sim Para aquele que entendeu e aceitou o significado da afirmaccedilatildeo de Popper citada
neste artigo ao final do
estaraacute falseada
quarto paraacutegrafo do item 5 natildeo Optar por uma teoria natildeo significa crer numa verdade
absoluta Se eu afirmo que Ho eacute verdadeira e consequumlentemente H1 eacute falsa isto natildeo significa que eu
estou atribuindo o grau de veracidade 100 a uma hipoacutetese e 0 agrave outra significa simplesmente que a verificaccedilatildeo experimental me convenceu a optar por uma teoria em
detrimento da outra A opccedilatildeo eacute uma das maneiras pelas quais o cientista expressa a sua feacute na ciecircncia [35] e o
falsificacionismo estabelece normas a lhe orientar nesta opccedilatildeo
Suponha agora que em condiccedilotildees X ou em outra condiccedilatildeo qualquer se encontrem no Estado de Satildeo Paulo maccedilatildes verdes Significa isto que a hipoacutetese H1
Natildeo podemos em satilde consciecircncia dizer que a psicanaacutelise por exemplo natildeo pertenccedila ao campo da ciecircncia pelo simples
fato de uma de suas teorias precursoras ser natildeo falseaacutevel Sequer podemos dizer que o autor dessa ideacuteia natildeo
fosse cientista se eacute verdade que a psicanaacutelise se desenvolveu em cima desta ideacuteia e apesar disso conseguiu
eacute falsa Natildeo Simplesmente ela foi falseada Nada impede que amanhatilde com a evoluccedilatildeo da ciecircncia se descubra que estes frutos verdes a que hoje associamos a ideacuteia maccedilatilde estejam inseridos num
outro contexto e que realmente natildeo sejam maccedilatildes Por que entatildeo se daacute preferecircncia a verificaccedilotildees falseadoras em detrimento das corroboradoras Ora isto nem sempre
acontece conquanto seja esta uma das regras propostas pelo falsificacionismo Por exemplo tanto a teoria da
relatividade quanto a mecacircnica quacircntica satildeo teorias fiacutesicas amplamente aceitas graccedilas a terem sido
corroboradas por previsotildees que se confirmaram e pouco valor se deu a um grande nuacutemero de testes que as falsearam Por outro lado estas duas teorias satildeo concomitantemente aceitas pelos fiacutesicos conquanto existam fortes argumentos
a provar que cada uma destas duas teorias falseia a outra e ambas falseiam a teoria de Maxwell que tambeacutem eacute aceita como verdadeira Certos ou errados neste caso os fiacutesicos modernos dentre os quais se inclui Popper fizeram uma opccedilatildeo contraacuteria agrave norma falsificacionista e natildeo haacute
como criticaacute-los por essa conduta a menos que se pretenda atribuir ao falsificacionismo uma qualidade que ele natildeo
possui a de estabelecer criteacuterios absolutos de veracidade O falsificacionismo presta-se tambeacutem a fomentar o diaacutelogo e a criatividade Neste caso surge quase como que um apelo para que se invista mais em experiecircncias de pensamento um
recurso legiacutetimo e de grande valor em ciecircncia 9 O falsificacionismo como delimitador da ciecircncia
Vimos no item 7 que para Popper uma teoria sem risco algum natildeo eacute cientiacutefica e eu acrescentei sequer eacute teoria Popper quis se aproveitar deste argumento para delimitar a ciecircncia utilizando-se entatildeo do falsificacionismo como
criteacuterio de cientificidade Com esta opccedilatildeo Popper desagradou a muitos e convenceu a poucos ainda que sua
ideacuteia natildeo fosse de todo maacute
31
de alguma forma se impor como ciecircncia muito provavelmente queiramos ou natildeo seu autor contribuiu diretamente para o progresso da ciecircncia Mesmo que hoje algueacutem chegasse a concluir categoricamente pelo caraacuteter natildeo cientiacutefico da psicanaacutelise isto de forma alguma nos autorizaria a hipoteticamente condenaacute-la agrave estagnaccedilatildeo Se um cientista utilizando-se de maus criteacuterios ou ateacute mesmo apoiando-se em dogmas constroacutei de maneira natildeo
cientiacutefica um determinado campo do conhecimento isto natildeo significa que este campo natildeo possa vir a ser estudado cientificamente e que natildeo se possam criteriosamente
aproveitar as conclusotildees de seus estudos Nada impede que uma teoria considerada hoje como natildeo cientiacutefica pelo fato de possuir uma ou mais hipoacuteteses natildeo falseaacuteveis adquira
esse status apoacutes passar por ligeiras reformulaccedilotildees Natildeo podemos assumir que um campo do conhecimento seja natildeo cientiacutefico pelo simples fato de natildeo encontrarmos nele
teorias cientiacuteficas Este posicionamento de Popper a meu ver natildeo se justifica o falsificacionismo natildeo eacute um bom
criteacuterio delimitador da ciecircncia e isto eu espero que tenha ficado claro para o leitor E mais natildeo existem aacutereas natildeo cientiacuteficas mas sim aacutereas onde ainda natildeo foram produzidos conhecimentos cientiacuteficos O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo e pelo menos nesta etapa nada eacute absolutamente corroboraacutevel ou falseaacutevel Podemos ainda
dizer que a ciecircncia natildeo se localiza aqui ou acolaacute sob esse aspecto a ciecircncia natildeo tem fronteiras
10 Enfim a teoria do meacutetodo Nos demais artigos desta seacuterie irei demonstrar ser possiacutevel partindo da regra cientiacutefica fundamental desenvolver uma teoria sobre o meacutetodo cientiacutefico
utilizando-se das trecircs hipoacuteteses seguintes 1 O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo 2 A produccedilatildeo de conhecimentos passa
necessariamente pelas etapas deduccedilatildeo anaacutelise induccedilatildeo e
siacutentese na ordem apresentada 3 Os princiacutepios cientiacuteficos fundamentais satildeo universais
Por questatildeo de simplicidade subdividirei o estudo do meacutetodo em trecircs etapas correspondentes a cada uma das hipoacuteteses 1) o estudo do macromeacutetodo cientiacutefico 2) o estudo do meacutetodo cientiacutefico propriamente dito e 3) o estudo do micromeacutetodo cientiacutefico Os toacutepicos nos quais
desenvolverei estas etapas estatildeo em fase de projeto natildeo havendo portanto previsatildeo quanto agrave eacutepoca de publicaccedilatildeo
Meacutetodo cientiacutefico
Origem Wikipeacutedia a enciclopeacutedia livre
A palavra meacutetodo vem do grego meacutethodos (caminho para chegar a um fim) O meacutetodo cientiacutefico eacute um conjunto de regras baacutesicas para desenvolver uma experiecircncia a fim de produzir novo conhecimento bem como corrigir e integrar conhecimentos preacute-existentes Na maioria das disciplinas cientiacuteficas consiste em juntar evidecircncias observaacuteveis empiacutericas (ou seja baseadas apenas na experiecircncia) e
mensuraacuteveis e as analisar com o uso da loacutegica Para muitos autores o meacutetodo cientiacutefico nada mais eacute do que a loacutegica
32
aplicada agrave ciecircncia (Haddad) Metodologia literalmente refere-se ao estudo dos meacutetodos e especialmente do meacutetodo da ciecircncia que se supotildee universal Embora procedimentos variem de uma aacuterea da
ciecircncia para outra (as disciplinas cientiacuteficas) diferenciadas por seus distintos objetos de estudo
consegue-se determinar certos elementos que diferenciam o meacutetodo cientiacutefico de outros meacutetodos (filosoacutefico algoritmo
ndash matemaacutetico etc)
Primeiramente os pesquisadores definem proposiccedilotildees loacutegicas ou suposiccedilotildees (hipoacuteteses) para explicar certos fenocircmenos e observaccedilotildees e entatildeo desenvolvem experimentos que testam essas hipoacuteteses Se confirmadas as hipoacuteteses podem gerar leis e teorias Integrando-se hipoacuteteses de certa aacuterea em uma estrutura coerente de conhecimento contribuiacute-se na
formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bem como coloca as hipoacuteteses em um conjunto de conhecimento maior que satildeo as
leis e teorias reconhecidas consensualmente pela comunidade cientiacutefica eou o
O contexto de uma pesquisa
paradigma de seu tempo Outra caracteriacutestica do meacutetodo eacute que o processo precisa
ser objetivo e o cientista deve ser imparcial na interpretaccedilatildeo dos resultados Sobre a objetividade o seja
atente agraves propriedades do objeto e natildeo do sujeito (subjetividade) eacute conhecida a afirmaccedilatildeo de Hans Selye
pesquisador canadense que formulou a moderna concepccedilatildeo de stress ldquoQuem natildeo sabe o que procura natildeo entende o que encontrardquo referindo-se a necessidade de formulaccedilatildeo de definiccedilotildees precisas (a essecircncia dos conceitos) e que
possam ser respondidas com o simples sim ou natildeo Tanto a imparcialidade (evidecircncia) como a objetividade foram incluiacutedas por Reneacute Descartes (1596 ndash 1649) nas regras
loacutegicas que caracterizam o meacutetodo cientiacutefico Aleacutem disso o procedimento precisa ser documentado tanto no que diz respeito agrave fonte de dados como as regras de anaacutelise para que outros cientistas possam re-analisar reproduzir e verificar a confiabilidade dos resultados Assim se distingue os relatos cientiacuteficos (artigos
monografias teses e dissertaccedilotildees) de um simples estilo (padratildeo) ou arquitetura de texto orientados pelo que caracteriza as normas da Retoacuterica ou estudo do uso persuasivo da linguagem em funccedilatildeo da eloquumlecircncia
Eacute comum o uso da anaacutelise matemaacutetica ou estatiacutestica quando possiacutevel ou aproximaccedilatildeo de modelos abstratos (tipos ideais) e categorias de classificaccedilatildeo a depender do
objetivo da pesquisa (identificar descrever analisar) que pode ser basicamente quantitativa ou qualitativa A divisatildeo da ciecircncia em aacutereas ou distintas disciplinas
cientificas tem levado a tais adequaccedilotildees da metodologia Eacute comum a afirmaccedilatildeo de que em funccedilatildeo da evoluccedilatildeo do meacutetodo
cientifico num extremo temos a fiacutesica e quiacutemica seguida da biologia e por uacuteltimo as ciecircncias sociais psicologia e ciecircncias juriacutedicas quase se aproximando da filosofia e estudo das crenccedilas (senso comum) ou ciecircncias do espiacuterito
(sistemas miacutetico - religiosos) Contudo pesquisadores contemporacircneos vecircem nessas duas abordagens uma oposiccedilatildeo complementar enquanto as pesquisas quantitativas visam descrever e explicar fenocircmenos que produzem regularidades mensuraacuteveis satildeo recorrentes (ou discrepantes) e exteriores ao sujeito
33
(objetivos) na pesquisa qualitativa o observador (sujeito) eacute da mesma natureza que o objeto de sua anaacutelise e ele proacuteprio uma parte de sua observaccedilatildeo (o subjetivo)
Eacute importante ter em mente que as pesquisas cientificas relacionam-se com um modelo (paradigmaacutetico) ou uma
constelaccedilatildeo de pressupostos e crenccedilas escalas de valores teacutecnicas e conceitos compartilhados pelos membros de uma determinada comunidade cientiacutefica num determinado momento
histoacuterico
Ciecircncia eacute muito mais uma maneira de pensar do que um corpo de conhecimentos -
Elementos do meacutetodo cientiacutefico
Carl Sagan ciecircncia consiste em agrupar factos para que leis
gerais ou conclusotildees possam ser tiradas deles - Charles Darwin
O meacutetodo cientiacutefico eacute composto dos seguintes elementos bull Caracterizaccedilatildeo - Quantificaccedilotildees observaccedilotildees e
medidas bull Hipoacuteteses - Explicaccedilotildees hipoteacuteticas das observaccedilotildees e
medidas bull Previsotildees - Deduccedilotildees loacutegicas das hipoacuteteses
bull Experimentos - Testes dos trecircs elementos acima O meacutetodo cientiacutefico consiste dos seguintes aspectos bull Observaccedilatildeo - Uma observaccedilatildeo pode ser simples isto eacute
feita a olho nu ou pode exigir a utilizaccedilatildeo de instrumentos apropriados
bull Descriccedilatildeo - O experimento precisa ser replicaacutevel (capaz de ser reproduzido)
bull Previsatildeo - As hipoacuteteses precisam ser vaacutelidas para observaccedilotildees feitas no passado no presente e no
futuro bull Controle - Para maior seguranccedila nas conclusotildees toda
experiecircncia deve ser controlada Experiecircncia controlada eacute aquela que eacute realizada com teacutecnicas que permitem descartar as variaacuteveis passiacuteveis de mascarar
o resultado bull Falseabilidade[1]
bull Explicaccedilatildeo das Causas - Na maioria das aacutereas da Ciecircncia eacute necessaacuterio que haja causalidade Nessas
condiccedilotildees os seguintes requerimentos satildeo vistos como importantes no entendimento cientiacutefico
- toda hipoacutetese tem que ser falseaacutevel ou refutaacutevel Isso natildeo quer dizer que o experimento seja falso mas sim que ele pode ser verificado
contestado Ou seja se ele realmente for falso deve ser possiacutevel provaacute-lo
bull Identificaccedilatildeo das Causas bull Correlaccedilatildeo dos eventos - As causas precisam se
correlacionar com as observaccedilotildees bull Ordem dos eventos - As causas precisam preceder
no tempo os efeitos observados Na aacuterea da sauacutede a natureza da associaccedilatildeo causal foi formulada por Hence e adaptada por Robert Koch em 1877
para demonstraccedilatildeo da relaccedilatildeo causal entre microrganismos e patologias consistindo basicamente no enunciado acima ou seja forccedila da associaccedilatildeo (conectividade) sequumlecircncia temporal (assimetria) transitividade (evidecircncia experimental) previsibilidade estabilidade
Uma maneira linearizada e pragmaacutetica de apresentar os quatro pontos acima estaacute exposto a seguir passo-a-passo
34
Vale a pena notar que eacute apenas um exemplo natildeo sendo obrigatoacuterio a existecircncia de todos esses passos Na
verdade na maioria dos casos natildeo se segue todos esses passos ou mesmo parte deles O meacutetodo cientiacutefico natildeo eacute
uma receita ele requer inteligecircncia imaginaccedilatildeo e criatividade O importante eacute que os aspectos e elementos
apresentados acima estejam presentes bull Definir o problema
bull Recolhimento de dados bull Proposta de uma hipoacutetese
bull Realizaccedilatildeo de uma experiecircncia controlada para testar a validade da hipoacutetese
bull Anaacutelise dos resultados bull Interpretar os dados e tirar conclusotildees o que serve
para a formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bull Publicaccedilatildeo dos resultados em monografias
dissertaccedilotildees teses artigos ou livros aceitos por universidades e ou reconhecidos pela comunidade
cientiacutefica Observe-se que nem todas as hipoacutetese podem ser confirmadas
ou refutadas por experimentos e que em muitas aacutereas do conhecimento o recolhimento de dados e a tentativas de interpretaacute-los jaacute eacute uma grande tarefa como nas ciecircncias
humanas e juriacutedicas (criminologia)
Ciecircncias humanas A limitaccedilatildeo eacutetica da realizaccedilatildeo experimentos com seres humanos o estudo das subjetividades ou essencialmente
subjetivo individual e particular psiquismo humano ou a natureza histoacuterica do objeto das ciecircncias sociais conduziram os pensadores a distintos caminhos ou
proposiccedilotildees de estudo para o meacutetodo cientiacutefico Contudo parafraseando Minayoldquouma base de dados quando bem trabalhada teoacuterica e praticamente produz riqueza de informaccedilotildees aprofundamento e maior fidedignidade
interpretativardquo As principais divergecircncias na anaacutelise dos resultados de pesquisas em ciecircncias sociais ou humanas se datildeo no plano da contextualizaccedilatildeo dos dados ou informaccedilotildees obtidas em campo nos diversos sistemas teoacutericos ou seja conjunto de teorias e leis reconhecidas como consensuais em distintos
momentos histoacutericos eou segmentos das comunidades cientiacuteficas Nas ciecircncias sociais identifica-se trecircs
grandes correntes de pensamentos bull Positivismo Auguste Comte
bull Fenomenologia (Fenomenologia do Espiacuterito Estruturalismo
bull Materialismo dialeacutetico Dialeacutetica Marxismo
A histoacuteria do meacutetodo cientiacutefico se mistura com a histoacuteria da ciecircncia Documentos do
A evoluccedilatildeo do conceito de meacutetodo
Antigo Egito jaacute descrevem meacutetodos de diagnoacutesticos meacutedicos Na cultura da Greacutecia
Antiga os primeiros indiacutecios do meacutetodo cientiacutefico comeccedilam a aparecer Grande avanccedilo no meacutetodo foi feito no comeccedilo da filosofia islacircmica principalmente no uso de experimentos
para decidir entre duas hipoacuteteses Os principios fundamentais do meacutetodo cientiacutefico se consolidaram com o surgimento da Fiacutesica nos seacuteculos XVII e XVIII Francis
Bacon em seu trabalho Novum Organum(1620)-uma referecircncia
35
ao Organon de Aristoacuteteles-especifica um novo sistema loacutegico para melhorar o velho processo filosoacutefico do
silogismo A metodologia cientiacutefica tem sua origem no pensamento de
Descartes que foi posteriormente desenvolvimento empiricamente pelo fiacutesico inglecircs Isaac Newton Reneacute Descartes propocircs chegar agrave verdade atraveacutes da duacutevida sistemaacutetica e da decomposiccedilatildeo do problema em pequenas
partes caracteriacutesticas que definiram a base da pesquisa cientiacutefica
Lecirc-se no livro o Discurso do meacutetodo E como a multiplicidade de leis serve frequentemente para escusar os viacutecios de sorte que um estado eacute muito melhor governado quando possuindo poucas elas satildeo aiacute rigorosamente aplicadas assim em lugar de um grande
nuacutemero de preceitosde qua a loacutegica eacute composta acrediteis que jaacute me seriam bastante quatro contanto que tomasse a firme e constante resoluccedilatildeo de natildeo deixar uma vez soacute de
observaacute-los O primeiro consistia em nunca aceitar por verdadeira coisa nenhuma que natildeo conhecesse como evidente isto eacute
devia evitar cuidadosamente a precipitaccedilatildeo e a prevenccedilatildeo e nada incluir em meus juizos que natildeo se apresentasse tatildeo claramente e tatildeo distintamente ao meu espiacuterito que natildeo
tivesse nenhuma ocasiatildeo de o por em duacutevida O segundo ndash dividir cada uma das dificuldades que
examinasse em tantas parcelas quantas pudesse ser e fossem exigidas para melhor compreendecirc-las
O terceiro ndash conduzir por ordem os meus pensamento comeccedilando pelos objetos mais simples e faacuteceis de serem conhecidos para subir pouco a pouco como por degraus ateacute o conhecimento dos mais compostos e supondo mesmo
certa ordem entre os que natildeo se precedem naturalmente uns aos outros
e o uacuteltimo ndash fazer sempre enumeraccedilotildees tatildeo completas e revisotildees tatildeo gerais que ficasse certo de nada
omitir Correntemente estas regras satildeo 1 ndash da evidecircncia 2 ndash da
divisatildeo ou anaacutelise 3 ndash da ordem ou deduccedilatildeo 3 da enumeraccedilatildeo (contar especificar) classificaccedilatildeo
O acidente (serendipity
Eacute comum considerar alguns dos mais importantes avanccedilos na ciecircncia tais como as
)
descobertas da radioatividade por Henri Becquerel ou da penicilina por Alexander Fleming como tendo ocorrido por acidente no entanto o que eacute possiacutevel afirmar agrave luz da observaccedilatildeo cientiacutefica eacute que
teratildeo sido parcialmente acidentais uma vez que as pessoas envolvidas haviam aprendido a pensar cientificamente
estando portanto conscientes de que observaram algo novo e interessante
Os progressos da ciecircncia satildeo acompanhados de muitas horas de trabalho cuidadoso que segue um caminho mais ou menos sistemaacutetico na busca de respostas a questotildees cientiacuteficas
Eacute este o caminho denominado de meacutetodo cientiacutefico
A A hipoacutetese
Hipoacutetese (do gr Hypoacutethesis) eacute uma proposiccedilatildeo que se admite de modo provisoacuterio como princiacutepio do qual se pode
deduzir pelas regras da loacutegica um conjunto dado de proposiccedilotildees ou um mecanismo da experiecircncia a explicar
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Literalmente pode ser compreendida como uma suposiccedilatildeo ou pergunta conjetura que orienta uma investigaccedilatildeo por
antecipar caracteriacutesticas provaacuteveis do objeto investigado e que vale quer pela confirmaccedilatildeo atraveacutes de deduccedilotildees loacutegicas dessas caracteriacutesticas quer pelo encontro de novos caminhos de investigaccedilatildeo (novas hipoacuteteses e novos
experimentos) No meacutetodo cientiacutefico a hipoacutetese eacute o caminho que deve levar agrave formulaccedilatildeo de uma teoria O cientista na sua hipoacutetese tem dois objetivos explicar um fato e prever
outros acontecimentos dele decorrentes (deduzir as consequencias) A hipoacutetese deveraacute ser testada em
experiecircncias laboratoriais controladasSe apoacutes muitas dessas experiecircncias os resultados obtidos pelos
pesquisadores natildeo contrariarem a hipoacutetese entatildeo ela seraacute aceita como uma lei e integrada agrave uma teoria eou sistema
teacuteoacuterico
Referecircncias 1 uarr [PDF] Estudos do meacutetodo cientiacutefico
Ver tambeacutem bull Verdade
bull Falseabilidade bull Karl Popper
bull Filosofia da ciecircncia bull Histoacuteria da ciecircncia
bull Epistemologia bull Loacutegica
bull Aristoacuteteles bull Georg Wilhelm Friedrich Hegel
bull Complexidade bull Reducionismo
bull Navalha de Occam bull Ciecircncia
bull Pseudociecircncia bull Paradigma
bull Paul Feyerabend bull Thomas Kuhn
bull Gaston Bachelard bull Teoria
bull Lei (ciecircncias) bull Hipoacutetese
bull Tese bull Dissertaccedilatildeo
Bibliografia
Becker Howard S Meacutetodos de pesquisa em ciecircncias sociais SP Hucitec 1999
Chizzotti Antonio Pesquisa em ciecircncia humanas e sociais SP Cortez 2006
Comte August Discurso preliminar sobre o espiacuterito positivo
Descartes Reneacute Discurso do meacutetodo (traduccedilatildeo prefaacutecio e notas de Joatildeo Cruz Costa SP Ed de Ouro 1970 disponiacutevel
para download em domiacutenio puacuteblico httpwwwdominiopublico e eBooket
httpwwweBooketnet IntraText Reneacute Descartes - e-books
37
Haddad Nagib Metodologia de estudos em ciecircncias da sauacutede como planejar analisar e apresentar um trabalho
cientiacutefico SP Roca 2004 Minayo Maria C de Souza (org) Deslandes (Suely F
Gomes Romeu Pesquisa social teoria meacutetodo e criatividade Petroacutepolis RJ Vozes 2007
Lakatos Eva Maria Marconi Marina de A Meacutetodologia cientiacutefica SP Atlas 2007
Selye Hans Stress a tensatildeo da vida SP IBRASA 1965
Ligaccedilotildees externas bull Explicando o Meacutetodo Cientiacutefico
bull Prova Cientiacutefica bull Diretrizes para elaboraccedilatildeo de dissertaccedilotildees e teses -
USP bull Centro Cochrane do Brasil
bull Metodologiaorg bull Evidecircnciascom
bull Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq)
bull Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciecircncia bull Lista de Perioacutedicos cientificos brasileiros por
assunto bull SciELO - Scientific Electronic Library Online
bull Perioacutedicos UNESCO bull Ciecircncia Hoje
bull Scientific American - Brasil bull Scientific American
COLCHA DE RETALHOS CIENTIacuteFICA (a realidade natildeo eacute Frankenstein ela eacute uacutenica e funcional)
A realidade segundo a Ciecircncia geral
A senhora Ciecircncia trabalhando com
seus remendos
Drordf Ciecircncia e seu filho
Mary Shelley viu o futuro
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Somos Monstros 6 05 2008
Tudo comeccedilou com um desafio feito a Mary Shelley (1797-1851) entatildeo uma jovem de 21 anos por Lord Byron Na eacutepoca 1918 Byron propocircs a Mary e seu marido que
escrevessem um conto de terror uma maneira de passar o tempo jaacute que suas feacuterias estavam sendo consumidas
intediantemente pelo mau tempo Mary foi a uacuteltima a dar iniacutecio ao seu conto que acabou baseado em um pesadelo que
teve numa daquelas noites de chuva E dentre todos o conto de Shelley foi o que mais surpreendeu e arrepiou Insentivada a continuar Mary Shelley desenvolveu ainda
mais sua histoacuteria e transformou-a em um dos mais conhecidos e celebrados livros da Histoacuteria Frankenstein
Victor Frankenstein era um jovem curioso com sede de conhecimento apaixonado pela ciecircncia intrigado com os segredos da vida e louco para deixar sua marca no mundo Havia aprendido sozinho em casa sobre as fantasias da Alquimia no entanto apenas na universidade ele foi descobrir que toda sua bagagem de conhecimento estava ultrapassada haacute muito Acabou se tornando um aluno
exemplar dedicado agrave quiacutemica e agrave biologia Foi assim que sozinho em seu laboratoacuterio em Ingolstadt Victor deu iniacutecio agrave sua criaccedilatildeo misturando seus conhecimentos
teoacutericos de fisiologia e filosofia natural com princiacutepios de mecacircnica decido a descobrir se o princiacutepio que
mantinha animado o corpo poderia pernecer mesmo apoacutes a morte Como Victor fez isso todos jaacute sabemos deu vida a uma criatura formada por partes de cadaacuteveres de tamanho
descomunal (cerca de 25m de altura) e aparecircncia horripilante E eacute aqui que daacute-se iniacutecio ao grande trunfo
da histoacuteria Ao despertar da Criatura Frankenstein acaba por cair na realidade vendo como era realmente feia sua criaccedilatildeo com
seus membros desproporcionais seu olhos aquosos e amarelos incompleta a ponto de seus tecidos nem sequer
cobrirem todo o corpo deixando agrave mostra muacutesculos e ossos Desesperado e com medo arrependido de sua audaacutecia Victor
abandona sua Criatura decaindo num suacutebito acesso de naacuteusea e lucidez
Pobre Criatura um ser vazio de conhecimentos ignorante em relaccedilatildeo ao conviacutevio social solto num mundo de pessoas
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preconceituosas e indiferentes A personificaccedilatildeo perfeita da famosa teoria de Rousseau a do ldquobom selvagemrdquo que diz
que todo o homem nasce ldquopurordquo e eacute corrompido pela sociedade violenta viciosa e materialista Quem lecirc a
histoacuteria de Frankenstein espera encontrar terror suspense e aventura onde um monstro estaria a solta para destruir e matar No entanto descobre um mundo onde noacutes humanos somos totalmente repugnantes e no qual o uacutenico ser que
realmente tem algum valor eacute o monstro excluiacutedo por todos Poucos livros retratam tatildeo bem a indiferenccedila humana e a nossa mania de dar mais valor agraves aparecircncias do que aos
sentimentos carater e virtudes Mary Shelley escreveu uma autecircntica obra-prima da
literatura universal um romance capaz de despertar no leitor a pena e a compaixatildeo por um monstro e a repugnacircncia
de nossa proacutepria raccedila Uma liccedilatildeo que ainda natildeo foi aprendida mesmo depois de quase 200 anos
Ficha Teacutecnica Tiacutetulo Frankestein (Frankenstein or the Modern
Prometheus) Autor Mary Shalley Paiacutes Inglaterra
Publicaccedilatildeo Original 1818 Publicaccedilatildeo Lida Martin Claret Editora 2001
28
pretensiosamente julgava possuir [24] BUNGE M Teoria e realidade
[25] LACEY HM 1972
Ed Perspectiva (traduccedilatildeo 1994) Satildeo Paulo
A linguagem do espaccedilo e do tempo
[26] BOHM D e PEAT F D
Ed Perspectiva SA
Ciecircncia ordem e criatividade
[27] A esse respeito vale a pena ler
Gradiva Publicaccedilotildees Ltda (traduccedilatildeo 1989) Lisboa
Cientiacuteficos Chiflados capiacutetulo XIV do livro BERNSTEIN J 1988 Observacioacuten de
la Ciencia[28] EINSTEIN A
Ed Fondo de Cultura Econoacutemica Meacutexico Fiacutesica e realidade in Albert Einstein
Pensamento poliacutetico e uacuteltimas conclusotildees (1983 traduccedilatildeo) Edit Brasiliense S A Satildeo Paulo [O grifo eacute meu]
[29] Este termo eu utilizei pela primeira vez no artigo MESQUITA Fdeg A 1983 Ciecircncia empiacuterica uma arma ou uma daacutediva Faculdade
Antes de mais nada afirmarei sem me alongar que uma teoria adotado o argumento dedutivista pode ser
corroborada ou negada fundamentalmente atraveacutes de um dos trecircs procedimentos seguintes 1) Pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de uma de suas hipoacuteteses 2) pela verificaccedilatildeo ou negaccedilatildeo de uma de suas prediccedilotildees 3) pela corroboraccedilatildeo ou
negaccedilatildeo de teorias auxiliares deduzidas da teoria principal (teoria em teste ou sob suspeita) as teorias
auxiliares podem ser de trecircs tipos teorias ou hipoacuteteses de nulidade teorias ou hipoacuteteses salvadoras e teorias ou hipoacuteteses assassinas
(Revista do IAMC) ndeg 6 p 28-43 agosto83
7 O falsificacionismo O falsificacionismo natildeo foi proposto como um meacutetodo novo mas sim como um criteacuterio ou conduta a ser ou natildeo adotado por aqueles que se conformam ao meacutetodo dedutivo de prova
Natildeo haacute nada no falsificacionismo do ponto de vista metodoloacutegico que natildeo esteja previsto ou que natildeo decorra naturalmente de uma opccedilatildeo a ser seguida espontaneamente ou natildeo por este ou aquele dedutivista Qual seria entatildeo este criteacuterio Com que finalidade foi proposto A resposta a estas perguntas bem como o meacuterito do falsificacionismo constituem o objetivo deste e dos proacuteximos dois itens
[30] Incluem-se no rol das teorias auxiliares como veremos oportunamente as teorias
transcendentais frequumlentemente conotadas por experiecircncias de pensamento As prediccedilotildees e as hipoacuteteses ou teorias auxiliares satildeo teorias geradas utilizando-se do proacuteprio argumento dedutivista esquematizado na figura 3 Neste caso o foco de atenccedilatildeo inicial frac34representado na figura como observaccedilatildeofrac34 eacute nada mais nada menos que a proacutepria teoria que deu origem agrave prediccedilatildeo eou agrave teoria auxiliar Ao valorizar a falseabilidade como criteacuterio a ser adotado
pelos dedutivistas Popper nada mais fez que tentar expandir ou trazer para o domiacutenio da metodologia
cientiacutefica uma praacutetica amplamente utilizada com sucesso em estatiacutestica o criteacuterio de tomada de decisatildeo atraveacutes da
hipoacutetese de nulidade (Ho
O primeiro passo ou estaacutegio no processo de tomada de decisatildeo eacute
definir a hipoacutetese de nulidade (
)
Ho) Formula-se usualmente com o expresso propoacutesito de ser rejeitada Se eacute
29
rejeitada pode-se aceitar a hipoacutetese alternativa (H1) A hipoacutetese
alternativa eacute a definiccedilatildeo operacional da hipoacutetese de pesquisa do
pesquisador A hipoacutetese de pesquisa eacute a prediccedilatildeo deduzida da teoria que estaacute
sendo comprovada [31] A contribuiccedilatildeo de Popper a esse respeito limitou-se agrave ecircnfase que deu agrave importacircncia da procura por hipoacuteteses de
nulidade Ateacute entatildeo este costume estava restrito agrave procura por previsotildees frac34apresentadas via de regra pelo proacuteprio autor da teoriafrac34 eou hipoacuteteses salvadoras frac34levantadas
pelos adeptos da teoria em focofrac34 eou hipoacuteteses assassinas frac34levantadas pelos criacuteticos da teoria em questatildeo As quatro
tecircm uma caracteriacutestica comum satildeo todas teorias falseadoras
A boa teoria dentre outras qualidades [32] e segundo Popper eacute aquela potencialmente geradora de hipoacuteteses
falseadoras e tanto melhor seraacute quanto maior for o risco de ser negada Ela pode ateacute mesmo ser derrubada no primeiro teste a que for submetida o que natildeo invalida o que foi
dito foi uma boa teoria enquanto durou e voltaraacute a ser se conseguir ressurgir das cinzas Dito em outras palavras o criteacuterio para se avaliar a virtude de uma teoria nascente repousa no seu grau de submissatildeo a testes adversos Uma teoria de baixo risco raramente eacute bem vinda [33] e uma
teoria sem risco algum na opiniatildeo de Popper natildeo eacute cientiacutefica e eu iria aleacutem sequer eacute teoria
Levando-se em conta que o criteacuterio falsificacionista peca pela subjetividade deve-se tomar cuidado ao se optar por uma teoria em detrimento de outra pelo fato de a primeira
ser mais falseaacutevel que a segunda Diferentes hipoacuteteses falseadoras devem apresentar pesos diferentes e este peso
mesmo quando bem estimado frequumlentemente o eacute por um processo subjetivo Natildeo eacute raro utilizar-se desta
subjetividade inerente ao falsificacionismo para justificar escolhas feitas segundo criteacuterios poliacuteticos econocircmicos
interesseiros corporativistas ou entatildeo apoiados em princiacutepios outros que tambeacutem deixam a desejar no que diz
respeito agrave eacutetica do cientista 8 Entendendo o falsificacionismo
Suponha que algueacutem deduza a seguinte hipoacutetese H1 As maccedilatildes do Estado de Satildeo Paulo satildeo vermelhas A teoria assim
simulada eacute uma teoria de hipoacutetese uacutenica Percebam que no argumento da hipoacutetese estaacute se admitindo como pressupostos uma infinidade de conceitos tais como fruta maccedilatilde cor
vermelho local Satildeo Paulo Brasil etc Estes pressupostos satildeo o que Severino chama de evidecircncias preacutevias como vimos no item 5 e constituem uma das bases da argumentaccedilatildeo de Chalmers [34] ao contestar os que afirmam que a ciecircncia
comeccedila com a observaccedilatildeo Um exemplo de previsatildeo desta teoria seria as maccedilatildes de
Jundiaiacute devem ser vermelhas tendo em vista que Jundiaiacute se localiza no Estado de Satildeo Paulo
Suponha tambeacutem que algueacutem tenha demonstrado que em condiccedilotildees X outra fruta que natildeo a maccedilatilde e que
originalmente era de determinada cor se modifica e conclui que se a teoria sobre as maccedilatildes for verdadeira ela
deveraacute permanecer verdadeira nas condiccedilotildees X Pode-se entatildeo construir a seguinte hipoacutetese de nulidade Ho Em
condiccedilotildees X obter-se-atildeo em Satildeo Paulo maccedilatildes natildeo
30
vermelhas Esta previsatildeo natildeo decorre da teoria (H1) mas de evidecircncias preacutevias outras e estranhas agrave mesma Se esta
hipoacutetese (Ho) for verificada a hipoacutetese original H1
Seraacute que este simples fato condena a teoria original Para o falsificacionista ingecircnuo sim Para aquele que entendeu e aceitou o significado da afirmaccedilatildeo de Popper citada
neste artigo ao final do
estaraacute falseada
quarto paraacutegrafo do item 5 natildeo Optar por uma teoria natildeo significa crer numa verdade
absoluta Se eu afirmo que Ho eacute verdadeira e consequumlentemente H1 eacute falsa isto natildeo significa que eu
estou atribuindo o grau de veracidade 100 a uma hipoacutetese e 0 agrave outra significa simplesmente que a verificaccedilatildeo experimental me convenceu a optar por uma teoria em
detrimento da outra A opccedilatildeo eacute uma das maneiras pelas quais o cientista expressa a sua feacute na ciecircncia [35] e o
falsificacionismo estabelece normas a lhe orientar nesta opccedilatildeo
Suponha agora que em condiccedilotildees X ou em outra condiccedilatildeo qualquer se encontrem no Estado de Satildeo Paulo maccedilatildes verdes Significa isto que a hipoacutetese H1
Natildeo podemos em satilde consciecircncia dizer que a psicanaacutelise por exemplo natildeo pertenccedila ao campo da ciecircncia pelo simples
fato de uma de suas teorias precursoras ser natildeo falseaacutevel Sequer podemos dizer que o autor dessa ideacuteia natildeo
fosse cientista se eacute verdade que a psicanaacutelise se desenvolveu em cima desta ideacuteia e apesar disso conseguiu
eacute falsa Natildeo Simplesmente ela foi falseada Nada impede que amanhatilde com a evoluccedilatildeo da ciecircncia se descubra que estes frutos verdes a que hoje associamos a ideacuteia maccedilatilde estejam inseridos num
outro contexto e que realmente natildeo sejam maccedilatildes Por que entatildeo se daacute preferecircncia a verificaccedilotildees falseadoras em detrimento das corroboradoras Ora isto nem sempre
acontece conquanto seja esta uma das regras propostas pelo falsificacionismo Por exemplo tanto a teoria da
relatividade quanto a mecacircnica quacircntica satildeo teorias fiacutesicas amplamente aceitas graccedilas a terem sido
corroboradas por previsotildees que se confirmaram e pouco valor se deu a um grande nuacutemero de testes que as falsearam Por outro lado estas duas teorias satildeo concomitantemente aceitas pelos fiacutesicos conquanto existam fortes argumentos
a provar que cada uma destas duas teorias falseia a outra e ambas falseiam a teoria de Maxwell que tambeacutem eacute aceita como verdadeira Certos ou errados neste caso os fiacutesicos modernos dentre os quais se inclui Popper fizeram uma opccedilatildeo contraacuteria agrave norma falsificacionista e natildeo haacute
como criticaacute-los por essa conduta a menos que se pretenda atribuir ao falsificacionismo uma qualidade que ele natildeo
possui a de estabelecer criteacuterios absolutos de veracidade O falsificacionismo presta-se tambeacutem a fomentar o diaacutelogo e a criatividade Neste caso surge quase como que um apelo para que se invista mais em experiecircncias de pensamento um
recurso legiacutetimo e de grande valor em ciecircncia 9 O falsificacionismo como delimitador da ciecircncia
Vimos no item 7 que para Popper uma teoria sem risco algum natildeo eacute cientiacutefica e eu acrescentei sequer eacute teoria Popper quis se aproveitar deste argumento para delimitar a ciecircncia utilizando-se entatildeo do falsificacionismo como
criteacuterio de cientificidade Com esta opccedilatildeo Popper desagradou a muitos e convenceu a poucos ainda que sua
ideacuteia natildeo fosse de todo maacute
31
de alguma forma se impor como ciecircncia muito provavelmente queiramos ou natildeo seu autor contribuiu diretamente para o progresso da ciecircncia Mesmo que hoje algueacutem chegasse a concluir categoricamente pelo caraacuteter natildeo cientiacutefico da psicanaacutelise isto de forma alguma nos autorizaria a hipoteticamente condenaacute-la agrave estagnaccedilatildeo Se um cientista utilizando-se de maus criteacuterios ou ateacute mesmo apoiando-se em dogmas constroacutei de maneira natildeo
cientiacutefica um determinado campo do conhecimento isto natildeo significa que este campo natildeo possa vir a ser estudado cientificamente e que natildeo se possam criteriosamente
aproveitar as conclusotildees de seus estudos Nada impede que uma teoria considerada hoje como natildeo cientiacutefica pelo fato de possuir uma ou mais hipoacuteteses natildeo falseaacuteveis adquira
esse status apoacutes passar por ligeiras reformulaccedilotildees Natildeo podemos assumir que um campo do conhecimento seja natildeo cientiacutefico pelo simples fato de natildeo encontrarmos nele
teorias cientiacuteficas Este posicionamento de Popper a meu ver natildeo se justifica o falsificacionismo natildeo eacute um bom
criteacuterio delimitador da ciecircncia e isto eu espero que tenha ficado claro para o leitor E mais natildeo existem aacutereas natildeo cientiacuteficas mas sim aacutereas onde ainda natildeo foram produzidos conhecimentos cientiacuteficos O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo e pelo menos nesta etapa nada eacute absolutamente corroboraacutevel ou falseaacutevel Podemos ainda
dizer que a ciecircncia natildeo se localiza aqui ou acolaacute sob esse aspecto a ciecircncia natildeo tem fronteiras
10 Enfim a teoria do meacutetodo Nos demais artigos desta seacuterie irei demonstrar ser possiacutevel partindo da regra cientiacutefica fundamental desenvolver uma teoria sobre o meacutetodo cientiacutefico
utilizando-se das trecircs hipoacuteteses seguintes 1 O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo 2 A produccedilatildeo de conhecimentos passa
necessariamente pelas etapas deduccedilatildeo anaacutelise induccedilatildeo e
siacutentese na ordem apresentada 3 Os princiacutepios cientiacuteficos fundamentais satildeo universais
Por questatildeo de simplicidade subdividirei o estudo do meacutetodo em trecircs etapas correspondentes a cada uma das hipoacuteteses 1) o estudo do macromeacutetodo cientiacutefico 2) o estudo do meacutetodo cientiacutefico propriamente dito e 3) o estudo do micromeacutetodo cientiacutefico Os toacutepicos nos quais
desenvolverei estas etapas estatildeo em fase de projeto natildeo havendo portanto previsatildeo quanto agrave eacutepoca de publicaccedilatildeo
Meacutetodo cientiacutefico
Origem Wikipeacutedia a enciclopeacutedia livre
A palavra meacutetodo vem do grego meacutethodos (caminho para chegar a um fim) O meacutetodo cientiacutefico eacute um conjunto de regras baacutesicas para desenvolver uma experiecircncia a fim de produzir novo conhecimento bem como corrigir e integrar conhecimentos preacute-existentes Na maioria das disciplinas cientiacuteficas consiste em juntar evidecircncias observaacuteveis empiacutericas (ou seja baseadas apenas na experiecircncia) e
mensuraacuteveis e as analisar com o uso da loacutegica Para muitos autores o meacutetodo cientiacutefico nada mais eacute do que a loacutegica
32
aplicada agrave ciecircncia (Haddad) Metodologia literalmente refere-se ao estudo dos meacutetodos e especialmente do meacutetodo da ciecircncia que se supotildee universal Embora procedimentos variem de uma aacuterea da
ciecircncia para outra (as disciplinas cientiacuteficas) diferenciadas por seus distintos objetos de estudo
consegue-se determinar certos elementos que diferenciam o meacutetodo cientiacutefico de outros meacutetodos (filosoacutefico algoritmo
ndash matemaacutetico etc)
Primeiramente os pesquisadores definem proposiccedilotildees loacutegicas ou suposiccedilotildees (hipoacuteteses) para explicar certos fenocircmenos e observaccedilotildees e entatildeo desenvolvem experimentos que testam essas hipoacuteteses Se confirmadas as hipoacuteteses podem gerar leis e teorias Integrando-se hipoacuteteses de certa aacuterea em uma estrutura coerente de conhecimento contribuiacute-se na
formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bem como coloca as hipoacuteteses em um conjunto de conhecimento maior que satildeo as
leis e teorias reconhecidas consensualmente pela comunidade cientiacutefica eou o
O contexto de uma pesquisa
paradigma de seu tempo Outra caracteriacutestica do meacutetodo eacute que o processo precisa
ser objetivo e o cientista deve ser imparcial na interpretaccedilatildeo dos resultados Sobre a objetividade o seja
atente agraves propriedades do objeto e natildeo do sujeito (subjetividade) eacute conhecida a afirmaccedilatildeo de Hans Selye
pesquisador canadense que formulou a moderna concepccedilatildeo de stress ldquoQuem natildeo sabe o que procura natildeo entende o que encontrardquo referindo-se a necessidade de formulaccedilatildeo de definiccedilotildees precisas (a essecircncia dos conceitos) e que
possam ser respondidas com o simples sim ou natildeo Tanto a imparcialidade (evidecircncia) como a objetividade foram incluiacutedas por Reneacute Descartes (1596 ndash 1649) nas regras
loacutegicas que caracterizam o meacutetodo cientiacutefico Aleacutem disso o procedimento precisa ser documentado tanto no que diz respeito agrave fonte de dados como as regras de anaacutelise para que outros cientistas possam re-analisar reproduzir e verificar a confiabilidade dos resultados Assim se distingue os relatos cientiacuteficos (artigos
monografias teses e dissertaccedilotildees) de um simples estilo (padratildeo) ou arquitetura de texto orientados pelo que caracteriza as normas da Retoacuterica ou estudo do uso persuasivo da linguagem em funccedilatildeo da eloquumlecircncia
Eacute comum o uso da anaacutelise matemaacutetica ou estatiacutestica quando possiacutevel ou aproximaccedilatildeo de modelos abstratos (tipos ideais) e categorias de classificaccedilatildeo a depender do
objetivo da pesquisa (identificar descrever analisar) que pode ser basicamente quantitativa ou qualitativa A divisatildeo da ciecircncia em aacutereas ou distintas disciplinas
cientificas tem levado a tais adequaccedilotildees da metodologia Eacute comum a afirmaccedilatildeo de que em funccedilatildeo da evoluccedilatildeo do meacutetodo
cientifico num extremo temos a fiacutesica e quiacutemica seguida da biologia e por uacuteltimo as ciecircncias sociais psicologia e ciecircncias juriacutedicas quase se aproximando da filosofia e estudo das crenccedilas (senso comum) ou ciecircncias do espiacuterito
(sistemas miacutetico - religiosos) Contudo pesquisadores contemporacircneos vecircem nessas duas abordagens uma oposiccedilatildeo complementar enquanto as pesquisas quantitativas visam descrever e explicar fenocircmenos que produzem regularidades mensuraacuteveis satildeo recorrentes (ou discrepantes) e exteriores ao sujeito
33
(objetivos) na pesquisa qualitativa o observador (sujeito) eacute da mesma natureza que o objeto de sua anaacutelise e ele proacuteprio uma parte de sua observaccedilatildeo (o subjetivo)
Eacute importante ter em mente que as pesquisas cientificas relacionam-se com um modelo (paradigmaacutetico) ou uma
constelaccedilatildeo de pressupostos e crenccedilas escalas de valores teacutecnicas e conceitos compartilhados pelos membros de uma determinada comunidade cientiacutefica num determinado momento
histoacuterico
Ciecircncia eacute muito mais uma maneira de pensar do que um corpo de conhecimentos -
Elementos do meacutetodo cientiacutefico
Carl Sagan ciecircncia consiste em agrupar factos para que leis
gerais ou conclusotildees possam ser tiradas deles - Charles Darwin
O meacutetodo cientiacutefico eacute composto dos seguintes elementos bull Caracterizaccedilatildeo - Quantificaccedilotildees observaccedilotildees e
medidas bull Hipoacuteteses - Explicaccedilotildees hipoteacuteticas das observaccedilotildees e
medidas bull Previsotildees - Deduccedilotildees loacutegicas das hipoacuteteses
bull Experimentos - Testes dos trecircs elementos acima O meacutetodo cientiacutefico consiste dos seguintes aspectos bull Observaccedilatildeo - Uma observaccedilatildeo pode ser simples isto eacute
feita a olho nu ou pode exigir a utilizaccedilatildeo de instrumentos apropriados
bull Descriccedilatildeo - O experimento precisa ser replicaacutevel (capaz de ser reproduzido)
bull Previsatildeo - As hipoacuteteses precisam ser vaacutelidas para observaccedilotildees feitas no passado no presente e no
futuro bull Controle - Para maior seguranccedila nas conclusotildees toda
experiecircncia deve ser controlada Experiecircncia controlada eacute aquela que eacute realizada com teacutecnicas que permitem descartar as variaacuteveis passiacuteveis de mascarar
o resultado bull Falseabilidade[1]
bull Explicaccedilatildeo das Causas - Na maioria das aacutereas da Ciecircncia eacute necessaacuterio que haja causalidade Nessas
condiccedilotildees os seguintes requerimentos satildeo vistos como importantes no entendimento cientiacutefico
- toda hipoacutetese tem que ser falseaacutevel ou refutaacutevel Isso natildeo quer dizer que o experimento seja falso mas sim que ele pode ser verificado
contestado Ou seja se ele realmente for falso deve ser possiacutevel provaacute-lo
bull Identificaccedilatildeo das Causas bull Correlaccedilatildeo dos eventos - As causas precisam se
correlacionar com as observaccedilotildees bull Ordem dos eventos - As causas precisam preceder
no tempo os efeitos observados Na aacuterea da sauacutede a natureza da associaccedilatildeo causal foi formulada por Hence e adaptada por Robert Koch em 1877
para demonstraccedilatildeo da relaccedilatildeo causal entre microrganismos e patologias consistindo basicamente no enunciado acima ou seja forccedila da associaccedilatildeo (conectividade) sequumlecircncia temporal (assimetria) transitividade (evidecircncia experimental) previsibilidade estabilidade
Uma maneira linearizada e pragmaacutetica de apresentar os quatro pontos acima estaacute exposto a seguir passo-a-passo
34
Vale a pena notar que eacute apenas um exemplo natildeo sendo obrigatoacuterio a existecircncia de todos esses passos Na
verdade na maioria dos casos natildeo se segue todos esses passos ou mesmo parte deles O meacutetodo cientiacutefico natildeo eacute
uma receita ele requer inteligecircncia imaginaccedilatildeo e criatividade O importante eacute que os aspectos e elementos
apresentados acima estejam presentes bull Definir o problema
bull Recolhimento de dados bull Proposta de uma hipoacutetese
bull Realizaccedilatildeo de uma experiecircncia controlada para testar a validade da hipoacutetese
bull Anaacutelise dos resultados bull Interpretar os dados e tirar conclusotildees o que serve
para a formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bull Publicaccedilatildeo dos resultados em monografias
dissertaccedilotildees teses artigos ou livros aceitos por universidades e ou reconhecidos pela comunidade
cientiacutefica Observe-se que nem todas as hipoacutetese podem ser confirmadas
ou refutadas por experimentos e que em muitas aacutereas do conhecimento o recolhimento de dados e a tentativas de interpretaacute-los jaacute eacute uma grande tarefa como nas ciecircncias
humanas e juriacutedicas (criminologia)
Ciecircncias humanas A limitaccedilatildeo eacutetica da realizaccedilatildeo experimentos com seres humanos o estudo das subjetividades ou essencialmente
subjetivo individual e particular psiquismo humano ou a natureza histoacuterica do objeto das ciecircncias sociais conduziram os pensadores a distintos caminhos ou
proposiccedilotildees de estudo para o meacutetodo cientiacutefico Contudo parafraseando Minayoldquouma base de dados quando bem trabalhada teoacuterica e praticamente produz riqueza de informaccedilotildees aprofundamento e maior fidedignidade
interpretativardquo As principais divergecircncias na anaacutelise dos resultados de pesquisas em ciecircncias sociais ou humanas se datildeo no plano da contextualizaccedilatildeo dos dados ou informaccedilotildees obtidas em campo nos diversos sistemas teoacutericos ou seja conjunto de teorias e leis reconhecidas como consensuais em distintos
momentos histoacutericos eou segmentos das comunidades cientiacuteficas Nas ciecircncias sociais identifica-se trecircs
grandes correntes de pensamentos bull Positivismo Auguste Comte
bull Fenomenologia (Fenomenologia do Espiacuterito Estruturalismo
bull Materialismo dialeacutetico Dialeacutetica Marxismo
A histoacuteria do meacutetodo cientiacutefico se mistura com a histoacuteria da ciecircncia Documentos do
A evoluccedilatildeo do conceito de meacutetodo
Antigo Egito jaacute descrevem meacutetodos de diagnoacutesticos meacutedicos Na cultura da Greacutecia
Antiga os primeiros indiacutecios do meacutetodo cientiacutefico comeccedilam a aparecer Grande avanccedilo no meacutetodo foi feito no comeccedilo da filosofia islacircmica principalmente no uso de experimentos
para decidir entre duas hipoacuteteses Os principios fundamentais do meacutetodo cientiacutefico se consolidaram com o surgimento da Fiacutesica nos seacuteculos XVII e XVIII Francis
Bacon em seu trabalho Novum Organum(1620)-uma referecircncia
35
ao Organon de Aristoacuteteles-especifica um novo sistema loacutegico para melhorar o velho processo filosoacutefico do
silogismo A metodologia cientiacutefica tem sua origem no pensamento de
Descartes que foi posteriormente desenvolvimento empiricamente pelo fiacutesico inglecircs Isaac Newton Reneacute Descartes propocircs chegar agrave verdade atraveacutes da duacutevida sistemaacutetica e da decomposiccedilatildeo do problema em pequenas
partes caracteriacutesticas que definiram a base da pesquisa cientiacutefica
Lecirc-se no livro o Discurso do meacutetodo E como a multiplicidade de leis serve frequentemente para escusar os viacutecios de sorte que um estado eacute muito melhor governado quando possuindo poucas elas satildeo aiacute rigorosamente aplicadas assim em lugar de um grande
nuacutemero de preceitosde qua a loacutegica eacute composta acrediteis que jaacute me seriam bastante quatro contanto que tomasse a firme e constante resoluccedilatildeo de natildeo deixar uma vez soacute de
observaacute-los O primeiro consistia em nunca aceitar por verdadeira coisa nenhuma que natildeo conhecesse como evidente isto eacute
devia evitar cuidadosamente a precipitaccedilatildeo e a prevenccedilatildeo e nada incluir em meus juizos que natildeo se apresentasse tatildeo claramente e tatildeo distintamente ao meu espiacuterito que natildeo
tivesse nenhuma ocasiatildeo de o por em duacutevida O segundo ndash dividir cada uma das dificuldades que
examinasse em tantas parcelas quantas pudesse ser e fossem exigidas para melhor compreendecirc-las
O terceiro ndash conduzir por ordem os meus pensamento comeccedilando pelos objetos mais simples e faacuteceis de serem conhecidos para subir pouco a pouco como por degraus ateacute o conhecimento dos mais compostos e supondo mesmo
certa ordem entre os que natildeo se precedem naturalmente uns aos outros
e o uacuteltimo ndash fazer sempre enumeraccedilotildees tatildeo completas e revisotildees tatildeo gerais que ficasse certo de nada
omitir Correntemente estas regras satildeo 1 ndash da evidecircncia 2 ndash da
divisatildeo ou anaacutelise 3 ndash da ordem ou deduccedilatildeo 3 da enumeraccedilatildeo (contar especificar) classificaccedilatildeo
O acidente (serendipity
Eacute comum considerar alguns dos mais importantes avanccedilos na ciecircncia tais como as
)
descobertas da radioatividade por Henri Becquerel ou da penicilina por Alexander Fleming como tendo ocorrido por acidente no entanto o que eacute possiacutevel afirmar agrave luz da observaccedilatildeo cientiacutefica eacute que
teratildeo sido parcialmente acidentais uma vez que as pessoas envolvidas haviam aprendido a pensar cientificamente
estando portanto conscientes de que observaram algo novo e interessante
Os progressos da ciecircncia satildeo acompanhados de muitas horas de trabalho cuidadoso que segue um caminho mais ou menos sistemaacutetico na busca de respostas a questotildees cientiacuteficas
Eacute este o caminho denominado de meacutetodo cientiacutefico
A A hipoacutetese
Hipoacutetese (do gr Hypoacutethesis) eacute uma proposiccedilatildeo que se admite de modo provisoacuterio como princiacutepio do qual se pode
deduzir pelas regras da loacutegica um conjunto dado de proposiccedilotildees ou um mecanismo da experiecircncia a explicar
36
Literalmente pode ser compreendida como uma suposiccedilatildeo ou pergunta conjetura que orienta uma investigaccedilatildeo por
antecipar caracteriacutesticas provaacuteveis do objeto investigado e que vale quer pela confirmaccedilatildeo atraveacutes de deduccedilotildees loacutegicas dessas caracteriacutesticas quer pelo encontro de novos caminhos de investigaccedilatildeo (novas hipoacuteteses e novos
experimentos) No meacutetodo cientiacutefico a hipoacutetese eacute o caminho que deve levar agrave formulaccedilatildeo de uma teoria O cientista na sua hipoacutetese tem dois objetivos explicar um fato e prever
outros acontecimentos dele decorrentes (deduzir as consequencias) A hipoacutetese deveraacute ser testada em
experiecircncias laboratoriais controladasSe apoacutes muitas dessas experiecircncias os resultados obtidos pelos
pesquisadores natildeo contrariarem a hipoacutetese entatildeo ela seraacute aceita como uma lei e integrada agrave uma teoria eou sistema
teacuteoacuterico
Referecircncias 1 uarr [PDF] Estudos do meacutetodo cientiacutefico
Ver tambeacutem bull Verdade
bull Falseabilidade bull Karl Popper
bull Filosofia da ciecircncia bull Histoacuteria da ciecircncia
bull Epistemologia bull Loacutegica
bull Aristoacuteteles bull Georg Wilhelm Friedrich Hegel
bull Complexidade bull Reducionismo
bull Navalha de Occam bull Ciecircncia
bull Pseudociecircncia bull Paradigma
bull Paul Feyerabend bull Thomas Kuhn
bull Gaston Bachelard bull Teoria
bull Lei (ciecircncias) bull Hipoacutetese
bull Tese bull Dissertaccedilatildeo
Bibliografia
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para download em domiacutenio puacuteblico httpwwwdominiopublico e eBooket
httpwwweBooketnet IntraText Reneacute Descartes - e-books
37
Haddad Nagib Metodologia de estudos em ciecircncias da sauacutede como planejar analisar e apresentar um trabalho
cientiacutefico SP Roca 2004 Minayo Maria C de Souza (org) Deslandes (Suely F
Gomes Romeu Pesquisa social teoria meacutetodo e criatividade Petroacutepolis RJ Vozes 2007
Lakatos Eva Maria Marconi Marina de A Meacutetodologia cientiacutefica SP Atlas 2007
Selye Hans Stress a tensatildeo da vida SP IBRASA 1965
Ligaccedilotildees externas bull Explicando o Meacutetodo Cientiacutefico
bull Prova Cientiacutefica bull Diretrizes para elaboraccedilatildeo de dissertaccedilotildees e teses -
USP bull Centro Cochrane do Brasil
bull Metodologiaorg bull Evidecircnciascom
bull Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq)
bull Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciecircncia bull Lista de Perioacutedicos cientificos brasileiros por
assunto bull SciELO - Scientific Electronic Library Online
bull Perioacutedicos UNESCO bull Ciecircncia Hoje
bull Scientific American - Brasil bull Scientific American
COLCHA DE RETALHOS CIENTIacuteFICA (a realidade natildeo eacute Frankenstein ela eacute uacutenica e funcional)
A realidade segundo a Ciecircncia geral
A senhora Ciecircncia trabalhando com
seus remendos
Drordf Ciecircncia e seu filho
Mary Shelley viu o futuro
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Somos Monstros 6 05 2008
Tudo comeccedilou com um desafio feito a Mary Shelley (1797-1851) entatildeo uma jovem de 21 anos por Lord Byron Na eacutepoca 1918 Byron propocircs a Mary e seu marido que
escrevessem um conto de terror uma maneira de passar o tempo jaacute que suas feacuterias estavam sendo consumidas
intediantemente pelo mau tempo Mary foi a uacuteltima a dar iniacutecio ao seu conto que acabou baseado em um pesadelo que
teve numa daquelas noites de chuva E dentre todos o conto de Shelley foi o que mais surpreendeu e arrepiou Insentivada a continuar Mary Shelley desenvolveu ainda
mais sua histoacuteria e transformou-a em um dos mais conhecidos e celebrados livros da Histoacuteria Frankenstein
Victor Frankenstein era um jovem curioso com sede de conhecimento apaixonado pela ciecircncia intrigado com os segredos da vida e louco para deixar sua marca no mundo Havia aprendido sozinho em casa sobre as fantasias da Alquimia no entanto apenas na universidade ele foi descobrir que toda sua bagagem de conhecimento estava ultrapassada haacute muito Acabou se tornando um aluno
exemplar dedicado agrave quiacutemica e agrave biologia Foi assim que sozinho em seu laboratoacuterio em Ingolstadt Victor deu iniacutecio agrave sua criaccedilatildeo misturando seus conhecimentos
teoacutericos de fisiologia e filosofia natural com princiacutepios de mecacircnica decido a descobrir se o princiacutepio que
mantinha animado o corpo poderia pernecer mesmo apoacutes a morte Como Victor fez isso todos jaacute sabemos deu vida a uma criatura formada por partes de cadaacuteveres de tamanho
descomunal (cerca de 25m de altura) e aparecircncia horripilante E eacute aqui que daacute-se iniacutecio ao grande trunfo
da histoacuteria Ao despertar da Criatura Frankenstein acaba por cair na realidade vendo como era realmente feia sua criaccedilatildeo com
seus membros desproporcionais seu olhos aquosos e amarelos incompleta a ponto de seus tecidos nem sequer
cobrirem todo o corpo deixando agrave mostra muacutesculos e ossos Desesperado e com medo arrependido de sua audaacutecia Victor
abandona sua Criatura decaindo num suacutebito acesso de naacuteusea e lucidez
Pobre Criatura um ser vazio de conhecimentos ignorante em relaccedilatildeo ao conviacutevio social solto num mundo de pessoas
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preconceituosas e indiferentes A personificaccedilatildeo perfeita da famosa teoria de Rousseau a do ldquobom selvagemrdquo que diz
que todo o homem nasce ldquopurordquo e eacute corrompido pela sociedade violenta viciosa e materialista Quem lecirc a
histoacuteria de Frankenstein espera encontrar terror suspense e aventura onde um monstro estaria a solta para destruir e matar No entanto descobre um mundo onde noacutes humanos somos totalmente repugnantes e no qual o uacutenico ser que
realmente tem algum valor eacute o monstro excluiacutedo por todos Poucos livros retratam tatildeo bem a indiferenccedila humana e a nossa mania de dar mais valor agraves aparecircncias do que aos
sentimentos carater e virtudes Mary Shelley escreveu uma autecircntica obra-prima da
literatura universal um romance capaz de despertar no leitor a pena e a compaixatildeo por um monstro e a repugnacircncia
de nossa proacutepria raccedila Uma liccedilatildeo que ainda natildeo foi aprendida mesmo depois de quase 200 anos
Ficha Teacutecnica Tiacutetulo Frankestein (Frankenstein or the Modern
Prometheus) Autor Mary Shalley Paiacutes Inglaterra
Publicaccedilatildeo Original 1818 Publicaccedilatildeo Lida Martin Claret Editora 2001
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rejeitada pode-se aceitar a hipoacutetese alternativa (H1) A hipoacutetese
alternativa eacute a definiccedilatildeo operacional da hipoacutetese de pesquisa do
pesquisador A hipoacutetese de pesquisa eacute a prediccedilatildeo deduzida da teoria que estaacute
sendo comprovada [31] A contribuiccedilatildeo de Popper a esse respeito limitou-se agrave ecircnfase que deu agrave importacircncia da procura por hipoacuteteses de
nulidade Ateacute entatildeo este costume estava restrito agrave procura por previsotildees frac34apresentadas via de regra pelo proacuteprio autor da teoriafrac34 eou hipoacuteteses salvadoras frac34levantadas
pelos adeptos da teoria em focofrac34 eou hipoacuteteses assassinas frac34levantadas pelos criacuteticos da teoria em questatildeo As quatro
tecircm uma caracteriacutestica comum satildeo todas teorias falseadoras
A boa teoria dentre outras qualidades [32] e segundo Popper eacute aquela potencialmente geradora de hipoacuteteses
falseadoras e tanto melhor seraacute quanto maior for o risco de ser negada Ela pode ateacute mesmo ser derrubada no primeiro teste a que for submetida o que natildeo invalida o que foi
dito foi uma boa teoria enquanto durou e voltaraacute a ser se conseguir ressurgir das cinzas Dito em outras palavras o criteacuterio para se avaliar a virtude de uma teoria nascente repousa no seu grau de submissatildeo a testes adversos Uma teoria de baixo risco raramente eacute bem vinda [33] e uma
teoria sem risco algum na opiniatildeo de Popper natildeo eacute cientiacutefica e eu iria aleacutem sequer eacute teoria
Levando-se em conta que o criteacuterio falsificacionista peca pela subjetividade deve-se tomar cuidado ao se optar por uma teoria em detrimento de outra pelo fato de a primeira
ser mais falseaacutevel que a segunda Diferentes hipoacuteteses falseadoras devem apresentar pesos diferentes e este peso
mesmo quando bem estimado frequumlentemente o eacute por um processo subjetivo Natildeo eacute raro utilizar-se desta
subjetividade inerente ao falsificacionismo para justificar escolhas feitas segundo criteacuterios poliacuteticos econocircmicos
interesseiros corporativistas ou entatildeo apoiados em princiacutepios outros que tambeacutem deixam a desejar no que diz
respeito agrave eacutetica do cientista 8 Entendendo o falsificacionismo
Suponha que algueacutem deduza a seguinte hipoacutetese H1 As maccedilatildes do Estado de Satildeo Paulo satildeo vermelhas A teoria assim
simulada eacute uma teoria de hipoacutetese uacutenica Percebam que no argumento da hipoacutetese estaacute se admitindo como pressupostos uma infinidade de conceitos tais como fruta maccedilatilde cor
vermelho local Satildeo Paulo Brasil etc Estes pressupostos satildeo o que Severino chama de evidecircncias preacutevias como vimos no item 5 e constituem uma das bases da argumentaccedilatildeo de Chalmers [34] ao contestar os que afirmam que a ciecircncia
comeccedila com a observaccedilatildeo Um exemplo de previsatildeo desta teoria seria as maccedilatildes de
Jundiaiacute devem ser vermelhas tendo em vista que Jundiaiacute se localiza no Estado de Satildeo Paulo
Suponha tambeacutem que algueacutem tenha demonstrado que em condiccedilotildees X outra fruta que natildeo a maccedilatilde e que
originalmente era de determinada cor se modifica e conclui que se a teoria sobre as maccedilatildes for verdadeira ela
deveraacute permanecer verdadeira nas condiccedilotildees X Pode-se entatildeo construir a seguinte hipoacutetese de nulidade Ho Em
condiccedilotildees X obter-se-atildeo em Satildeo Paulo maccedilatildes natildeo
30
vermelhas Esta previsatildeo natildeo decorre da teoria (H1) mas de evidecircncias preacutevias outras e estranhas agrave mesma Se esta
hipoacutetese (Ho) for verificada a hipoacutetese original H1
Seraacute que este simples fato condena a teoria original Para o falsificacionista ingecircnuo sim Para aquele que entendeu e aceitou o significado da afirmaccedilatildeo de Popper citada
neste artigo ao final do
estaraacute falseada
quarto paraacutegrafo do item 5 natildeo Optar por uma teoria natildeo significa crer numa verdade
absoluta Se eu afirmo que Ho eacute verdadeira e consequumlentemente H1 eacute falsa isto natildeo significa que eu
estou atribuindo o grau de veracidade 100 a uma hipoacutetese e 0 agrave outra significa simplesmente que a verificaccedilatildeo experimental me convenceu a optar por uma teoria em
detrimento da outra A opccedilatildeo eacute uma das maneiras pelas quais o cientista expressa a sua feacute na ciecircncia [35] e o
falsificacionismo estabelece normas a lhe orientar nesta opccedilatildeo
Suponha agora que em condiccedilotildees X ou em outra condiccedilatildeo qualquer se encontrem no Estado de Satildeo Paulo maccedilatildes verdes Significa isto que a hipoacutetese H1
Natildeo podemos em satilde consciecircncia dizer que a psicanaacutelise por exemplo natildeo pertenccedila ao campo da ciecircncia pelo simples
fato de uma de suas teorias precursoras ser natildeo falseaacutevel Sequer podemos dizer que o autor dessa ideacuteia natildeo
fosse cientista se eacute verdade que a psicanaacutelise se desenvolveu em cima desta ideacuteia e apesar disso conseguiu
eacute falsa Natildeo Simplesmente ela foi falseada Nada impede que amanhatilde com a evoluccedilatildeo da ciecircncia se descubra que estes frutos verdes a que hoje associamos a ideacuteia maccedilatilde estejam inseridos num
outro contexto e que realmente natildeo sejam maccedilatildes Por que entatildeo se daacute preferecircncia a verificaccedilotildees falseadoras em detrimento das corroboradoras Ora isto nem sempre
acontece conquanto seja esta uma das regras propostas pelo falsificacionismo Por exemplo tanto a teoria da
relatividade quanto a mecacircnica quacircntica satildeo teorias fiacutesicas amplamente aceitas graccedilas a terem sido
corroboradas por previsotildees que se confirmaram e pouco valor se deu a um grande nuacutemero de testes que as falsearam Por outro lado estas duas teorias satildeo concomitantemente aceitas pelos fiacutesicos conquanto existam fortes argumentos
a provar que cada uma destas duas teorias falseia a outra e ambas falseiam a teoria de Maxwell que tambeacutem eacute aceita como verdadeira Certos ou errados neste caso os fiacutesicos modernos dentre os quais se inclui Popper fizeram uma opccedilatildeo contraacuteria agrave norma falsificacionista e natildeo haacute
como criticaacute-los por essa conduta a menos que se pretenda atribuir ao falsificacionismo uma qualidade que ele natildeo
possui a de estabelecer criteacuterios absolutos de veracidade O falsificacionismo presta-se tambeacutem a fomentar o diaacutelogo e a criatividade Neste caso surge quase como que um apelo para que se invista mais em experiecircncias de pensamento um
recurso legiacutetimo e de grande valor em ciecircncia 9 O falsificacionismo como delimitador da ciecircncia
Vimos no item 7 que para Popper uma teoria sem risco algum natildeo eacute cientiacutefica e eu acrescentei sequer eacute teoria Popper quis se aproveitar deste argumento para delimitar a ciecircncia utilizando-se entatildeo do falsificacionismo como
criteacuterio de cientificidade Com esta opccedilatildeo Popper desagradou a muitos e convenceu a poucos ainda que sua
ideacuteia natildeo fosse de todo maacute
31
de alguma forma se impor como ciecircncia muito provavelmente queiramos ou natildeo seu autor contribuiu diretamente para o progresso da ciecircncia Mesmo que hoje algueacutem chegasse a concluir categoricamente pelo caraacuteter natildeo cientiacutefico da psicanaacutelise isto de forma alguma nos autorizaria a hipoteticamente condenaacute-la agrave estagnaccedilatildeo Se um cientista utilizando-se de maus criteacuterios ou ateacute mesmo apoiando-se em dogmas constroacutei de maneira natildeo
cientiacutefica um determinado campo do conhecimento isto natildeo significa que este campo natildeo possa vir a ser estudado cientificamente e que natildeo se possam criteriosamente
aproveitar as conclusotildees de seus estudos Nada impede que uma teoria considerada hoje como natildeo cientiacutefica pelo fato de possuir uma ou mais hipoacuteteses natildeo falseaacuteveis adquira
esse status apoacutes passar por ligeiras reformulaccedilotildees Natildeo podemos assumir que um campo do conhecimento seja natildeo cientiacutefico pelo simples fato de natildeo encontrarmos nele
teorias cientiacuteficas Este posicionamento de Popper a meu ver natildeo se justifica o falsificacionismo natildeo eacute um bom
criteacuterio delimitador da ciecircncia e isto eu espero que tenha ficado claro para o leitor E mais natildeo existem aacutereas natildeo cientiacuteficas mas sim aacutereas onde ainda natildeo foram produzidos conhecimentos cientiacuteficos O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo e pelo menos nesta etapa nada eacute absolutamente corroboraacutevel ou falseaacutevel Podemos ainda
dizer que a ciecircncia natildeo se localiza aqui ou acolaacute sob esse aspecto a ciecircncia natildeo tem fronteiras
10 Enfim a teoria do meacutetodo Nos demais artigos desta seacuterie irei demonstrar ser possiacutevel partindo da regra cientiacutefica fundamental desenvolver uma teoria sobre o meacutetodo cientiacutefico
utilizando-se das trecircs hipoacuteteses seguintes 1 O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo 2 A produccedilatildeo de conhecimentos passa
necessariamente pelas etapas deduccedilatildeo anaacutelise induccedilatildeo e
siacutentese na ordem apresentada 3 Os princiacutepios cientiacuteficos fundamentais satildeo universais
Por questatildeo de simplicidade subdividirei o estudo do meacutetodo em trecircs etapas correspondentes a cada uma das hipoacuteteses 1) o estudo do macromeacutetodo cientiacutefico 2) o estudo do meacutetodo cientiacutefico propriamente dito e 3) o estudo do micromeacutetodo cientiacutefico Os toacutepicos nos quais
desenvolverei estas etapas estatildeo em fase de projeto natildeo havendo portanto previsatildeo quanto agrave eacutepoca de publicaccedilatildeo
Meacutetodo cientiacutefico
Origem Wikipeacutedia a enciclopeacutedia livre
A palavra meacutetodo vem do grego meacutethodos (caminho para chegar a um fim) O meacutetodo cientiacutefico eacute um conjunto de regras baacutesicas para desenvolver uma experiecircncia a fim de produzir novo conhecimento bem como corrigir e integrar conhecimentos preacute-existentes Na maioria das disciplinas cientiacuteficas consiste em juntar evidecircncias observaacuteveis empiacutericas (ou seja baseadas apenas na experiecircncia) e
mensuraacuteveis e as analisar com o uso da loacutegica Para muitos autores o meacutetodo cientiacutefico nada mais eacute do que a loacutegica
32
aplicada agrave ciecircncia (Haddad) Metodologia literalmente refere-se ao estudo dos meacutetodos e especialmente do meacutetodo da ciecircncia que se supotildee universal Embora procedimentos variem de uma aacuterea da
ciecircncia para outra (as disciplinas cientiacuteficas) diferenciadas por seus distintos objetos de estudo
consegue-se determinar certos elementos que diferenciam o meacutetodo cientiacutefico de outros meacutetodos (filosoacutefico algoritmo
ndash matemaacutetico etc)
Primeiramente os pesquisadores definem proposiccedilotildees loacutegicas ou suposiccedilotildees (hipoacuteteses) para explicar certos fenocircmenos e observaccedilotildees e entatildeo desenvolvem experimentos que testam essas hipoacuteteses Se confirmadas as hipoacuteteses podem gerar leis e teorias Integrando-se hipoacuteteses de certa aacuterea em uma estrutura coerente de conhecimento contribuiacute-se na
formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bem como coloca as hipoacuteteses em um conjunto de conhecimento maior que satildeo as
leis e teorias reconhecidas consensualmente pela comunidade cientiacutefica eou o
O contexto de uma pesquisa
paradigma de seu tempo Outra caracteriacutestica do meacutetodo eacute que o processo precisa
ser objetivo e o cientista deve ser imparcial na interpretaccedilatildeo dos resultados Sobre a objetividade o seja
atente agraves propriedades do objeto e natildeo do sujeito (subjetividade) eacute conhecida a afirmaccedilatildeo de Hans Selye
pesquisador canadense que formulou a moderna concepccedilatildeo de stress ldquoQuem natildeo sabe o que procura natildeo entende o que encontrardquo referindo-se a necessidade de formulaccedilatildeo de definiccedilotildees precisas (a essecircncia dos conceitos) e que
possam ser respondidas com o simples sim ou natildeo Tanto a imparcialidade (evidecircncia) como a objetividade foram incluiacutedas por Reneacute Descartes (1596 ndash 1649) nas regras
loacutegicas que caracterizam o meacutetodo cientiacutefico Aleacutem disso o procedimento precisa ser documentado tanto no que diz respeito agrave fonte de dados como as regras de anaacutelise para que outros cientistas possam re-analisar reproduzir e verificar a confiabilidade dos resultados Assim se distingue os relatos cientiacuteficos (artigos
monografias teses e dissertaccedilotildees) de um simples estilo (padratildeo) ou arquitetura de texto orientados pelo que caracteriza as normas da Retoacuterica ou estudo do uso persuasivo da linguagem em funccedilatildeo da eloquumlecircncia
Eacute comum o uso da anaacutelise matemaacutetica ou estatiacutestica quando possiacutevel ou aproximaccedilatildeo de modelos abstratos (tipos ideais) e categorias de classificaccedilatildeo a depender do
objetivo da pesquisa (identificar descrever analisar) que pode ser basicamente quantitativa ou qualitativa A divisatildeo da ciecircncia em aacutereas ou distintas disciplinas
cientificas tem levado a tais adequaccedilotildees da metodologia Eacute comum a afirmaccedilatildeo de que em funccedilatildeo da evoluccedilatildeo do meacutetodo
cientifico num extremo temos a fiacutesica e quiacutemica seguida da biologia e por uacuteltimo as ciecircncias sociais psicologia e ciecircncias juriacutedicas quase se aproximando da filosofia e estudo das crenccedilas (senso comum) ou ciecircncias do espiacuterito
(sistemas miacutetico - religiosos) Contudo pesquisadores contemporacircneos vecircem nessas duas abordagens uma oposiccedilatildeo complementar enquanto as pesquisas quantitativas visam descrever e explicar fenocircmenos que produzem regularidades mensuraacuteveis satildeo recorrentes (ou discrepantes) e exteriores ao sujeito
33
(objetivos) na pesquisa qualitativa o observador (sujeito) eacute da mesma natureza que o objeto de sua anaacutelise e ele proacuteprio uma parte de sua observaccedilatildeo (o subjetivo)
Eacute importante ter em mente que as pesquisas cientificas relacionam-se com um modelo (paradigmaacutetico) ou uma
constelaccedilatildeo de pressupostos e crenccedilas escalas de valores teacutecnicas e conceitos compartilhados pelos membros de uma determinada comunidade cientiacutefica num determinado momento
histoacuterico
Ciecircncia eacute muito mais uma maneira de pensar do que um corpo de conhecimentos -
Elementos do meacutetodo cientiacutefico
Carl Sagan ciecircncia consiste em agrupar factos para que leis
gerais ou conclusotildees possam ser tiradas deles - Charles Darwin
O meacutetodo cientiacutefico eacute composto dos seguintes elementos bull Caracterizaccedilatildeo - Quantificaccedilotildees observaccedilotildees e
medidas bull Hipoacuteteses - Explicaccedilotildees hipoteacuteticas das observaccedilotildees e
medidas bull Previsotildees - Deduccedilotildees loacutegicas das hipoacuteteses
bull Experimentos - Testes dos trecircs elementos acima O meacutetodo cientiacutefico consiste dos seguintes aspectos bull Observaccedilatildeo - Uma observaccedilatildeo pode ser simples isto eacute
feita a olho nu ou pode exigir a utilizaccedilatildeo de instrumentos apropriados
bull Descriccedilatildeo - O experimento precisa ser replicaacutevel (capaz de ser reproduzido)
bull Previsatildeo - As hipoacuteteses precisam ser vaacutelidas para observaccedilotildees feitas no passado no presente e no
futuro bull Controle - Para maior seguranccedila nas conclusotildees toda
experiecircncia deve ser controlada Experiecircncia controlada eacute aquela que eacute realizada com teacutecnicas que permitem descartar as variaacuteveis passiacuteveis de mascarar
o resultado bull Falseabilidade[1]
bull Explicaccedilatildeo das Causas - Na maioria das aacutereas da Ciecircncia eacute necessaacuterio que haja causalidade Nessas
condiccedilotildees os seguintes requerimentos satildeo vistos como importantes no entendimento cientiacutefico
- toda hipoacutetese tem que ser falseaacutevel ou refutaacutevel Isso natildeo quer dizer que o experimento seja falso mas sim que ele pode ser verificado
contestado Ou seja se ele realmente for falso deve ser possiacutevel provaacute-lo
bull Identificaccedilatildeo das Causas bull Correlaccedilatildeo dos eventos - As causas precisam se
correlacionar com as observaccedilotildees bull Ordem dos eventos - As causas precisam preceder
no tempo os efeitos observados Na aacuterea da sauacutede a natureza da associaccedilatildeo causal foi formulada por Hence e adaptada por Robert Koch em 1877
para demonstraccedilatildeo da relaccedilatildeo causal entre microrganismos e patologias consistindo basicamente no enunciado acima ou seja forccedila da associaccedilatildeo (conectividade) sequumlecircncia temporal (assimetria) transitividade (evidecircncia experimental) previsibilidade estabilidade
Uma maneira linearizada e pragmaacutetica de apresentar os quatro pontos acima estaacute exposto a seguir passo-a-passo
34
Vale a pena notar que eacute apenas um exemplo natildeo sendo obrigatoacuterio a existecircncia de todos esses passos Na
verdade na maioria dos casos natildeo se segue todos esses passos ou mesmo parte deles O meacutetodo cientiacutefico natildeo eacute
uma receita ele requer inteligecircncia imaginaccedilatildeo e criatividade O importante eacute que os aspectos e elementos
apresentados acima estejam presentes bull Definir o problema
bull Recolhimento de dados bull Proposta de uma hipoacutetese
bull Realizaccedilatildeo de uma experiecircncia controlada para testar a validade da hipoacutetese
bull Anaacutelise dos resultados bull Interpretar os dados e tirar conclusotildees o que serve
para a formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bull Publicaccedilatildeo dos resultados em monografias
dissertaccedilotildees teses artigos ou livros aceitos por universidades e ou reconhecidos pela comunidade
cientiacutefica Observe-se que nem todas as hipoacutetese podem ser confirmadas
ou refutadas por experimentos e que em muitas aacutereas do conhecimento o recolhimento de dados e a tentativas de interpretaacute-los jaacute eacute uma grande tarefa como nas ciecircncias
humanas e juriacutedicas (criminologia)
Ciecircncias humanas A limitaccedilatildeo eacutetica da realizaccedilatildeo experimentos com seres humanos o estudo das subjetividades ou essencialmente
subjetivo individual e particular psiquismo humano ou a natureza histoacuterica do objeto das ciecircncias sociais conduziram os pensadores a distintos caminhos ou
proposiccedilotildees de estudo para o meacutetodo cientiacutefico Contudo parafraseando Minayoldquouma base de dados quando bem trabalhada teoacuterica e praticamente produz riqueza de informaccedilotildees aprofundamento e maior fidedignidade
interpretativardquo As principais divergecircncias na anaacutelise dos resultados de pesquisas em ciecircncias sociais ou humanas se datildeo no plano da contextualizaccedilatildeo dos dados ou informaccedilotildees obtidas em campo nos diversos sistemas teoacutericos ou seja conjunto de teorias e leis reconhecidas como consensuais em distintos
momentos histoacutericos eou segmentos das comunidades cientiacuteficas Nas ciecircncias sociais identifica-se trecircs
grandes correntes de pensamentos bull Positivismo Auguste Comte
bull Fenomenologia (Fenomenologia do Espiacuterito Estruturalismo
bull Materialismo dialeacutetico Dialeacutetica Marxismo
A histoacuteria do meacutetodo cientiacutefico se mistura com a histoacuteria da ciecircncia Documentos do
A evoluccedilatildeo do conceito de meacutetodo
Antigo Egito jaacute descrevem meacutetodos de diagnoacutesticos meacutedicos Na cultura da Greacutecia
Antiga os primeiros indiacutecios do meacutetodo cientiacutefico comeccedilam a aparecer Grande avanccedilo no meacutetodo foi feito no comeccedilo da filosofia islacircmica principalmente no uso de experimentos
para decidir entre duas hipoacuteteses Os principios fundamentais do meacutetodo cientiacutefico se consolidaram com o surgimento da Fiacutesica nos seacuteculos XVII e XVIII Francis
Bacon em seu trabalho Novum Organum(1620)-uma referecircncia
35
ao Organon de Aristoacuteteles-especifica um novo sistema loacutegico para melhorar o velho processo filosoacutefico do
silogismo A metodologia cientiacutefica tem sua origem no pensamento de
Descartes que foi posteriormente desenvolvimento empiricamente pelo fiacutesico inglecircs Isaac Newton Reneacute Descartes propocircs chegar agrave verdade atraveacutes da duacutevida sistemaacutetica e da decomposiccedilatildeo do problema em pequenas
partes caracteriacutesticas que definiram a base da pesquisa cientiacutefica
Lecirc-se no livro o Discurso do meacutetodo E como a multiplicidade de leis serve frequentemente para escusar os viacutecios de sorte que um estado eacute muito melhor governado quando possuindo poucas elas satildeo aiacute rigorosamente aplicadas assim em lugar de um grande
nuacutemero de preceitosde qua a loacutegica eacute composta acrediteis que jaacute me seriam bastante quatro contanto que tomasse a firme e constante resoluccedilatildeo de natildeo deixar uma vez soacute de
observaacute-los O primeiro consistia em nunca aceitar por verdadeira coisa nenhuma que natildeo conhecesse como evidente isto eacute
devia evitar cuidadosamente a precipitaccedilatildeo e a prevenccedilatildeo e nada incluir em meus juizos que natildeo se apresentasse tatildeo claramente e tatildeo distintamente ao meu espiacuterito que natildeo
tivesse nenhuma ocasiatildeo de o por em duacutevida O segundo ndash dividir cada uma das dificuldades que
examinasse em tantas parcelas quantas pudesse ser e fossem exigidas para melhor compreendecirc-las
O terceiro ndash conduzir por ordem os meus pensamento comeccedilando pelos objetos mais simples e faacuteceis de serem conhecidos para subir pouco a pouco como por degraus ateacute o conhecimento dos mais compostos e supondo mesmo
certa ordem entre os que natildeo se precedem naturalmente uns aos outros
e o uacuteltimo ndash fazer sempre enumeraccedilotildees tatildeo completas e revisotildees tatildeo gerais que ficasse certo de nada
omitir Correntemente estas regras satildeo 1 ndash da evidecircncia 2 ndash da
divisatildeo ou anaacutelise 3 ndash da ordem ou deduccedilatildeo 3 da enumeraccedilatildeo (contar especificar) classificaccedilatildeo
O acidente (serendipity
Eacute comum considerar alguns dos mais importantes avanccedilos na ciecircncia tais como as
)
descobertas da radioatividade por Henri Becquerel ou da penicilina por Alexander Fleming como tendo ocorrido por acidente no entanto o que eacute possiacutevel afirmar agrave luz da observaccedilatildeo cientiacutefica eacute que
teratildeo sido parcialmente acidentais uma vez que as pessoas envolvidas haviam aprendido a pensar cientificamente
estando portanto conscientes de que observaram algo novo e interessante
Os progressos da ciecircncia satildeo acompanhados de muitas horas de trabalho cuidadoso que segue um caminho mais ou menos sistemaacutetico na busca de respostas a questotildees cientiacuteficas
Eacute este o caminho denominado de meacutetodo cientiacutefico
A A hipoacutetese
Hipoacutetese (do gr Hypoacutethesis) eacute uma proposiccedilatildeo que se admite de modo provisoacuterio como princiacutepio do qual se pode
deduzir pelas regras da loacutegica um conjunto dado de proposiccedilotildees ou um mecanismo da experiecircncia a explicar
36
Literalmente pode ser compreendida como uma suposiccedilatildeo ou pergunta conjetura que orienta uma investigaccedilatildeo por
antecipar caracteriacutesticas provaacuteveis do objeto investigado e que vale quer pela confirmaccedilatildeo atraveacutes de deduccedilotildees loacutegicas dessas caracteriacutesticas quer pelo encontro de novos caminhos de investigaccedilatildeo (novas hipoacuteteses e novos
experimentos) No meacutetodo cientiacutefico a hipoacutetese eacute o caminho que deve levar agrave formulaccedilatildeo de uma teoria O cientista na sua hipoacutetese tem dois objetivos explicar um fato e prever
outros acontecimentos dele decorrentes (deduzir as consequencias) A hipoacutetese deveraacute ser testada em
experiecircncias laboratoriais controladasSe apoacutes muitas dessas experiecircncias os resultados obtidos pelos
pesquisadores natildeo contrariarem a hipoacutetese entatildeo ela seraacute aceita como uma lei e integrada agrave uma teoria eou sistema
teacuteoacuterico
Referecircncias 1 uarr [PDF] Estudos do meacutetodo cientiacutefico
Ver tambeacutem bull Verdade
bull Falseabilidade bull Karl Popper
bull Filosofia da ciecircncia bull Histoacuteria da ciecircncia
bull Epistemologia bull Loacutegica
bull Aristoacuteteles bull Georg Wilhelm Friedrich Hegel
bull Complexidade bull Reducionismo
bull Navalha de Occam bull Ciecircncia
bull Pseudociecircncia bull Paradigma
bull Paul Feyerabend bull Thomas Kuhn
bull Gaston Bachelard bull Teoria
bull Lei (ciecircncias) bull Hipoacutetese
bull Tese bull Dissertaccedilatildeo
Bibliografia
Becker Howard S Meacutetodos de pesquisa em ciecircncias sociais SP Hucitec 1999
Chizzotti Antonio Pesquisa em ciecircncia humanas e sociais SP Cortez 2006
Comte August Discurso preliminar sobre o espiacuterito positivo
Descartes Reneacute Discurso do meacutetodo (traduccedilatildeo prefaacutecio e notas de Joatildeo Cruz Costa SP Ed de Ouro 1970 disponiacutevel
para download em domiacutenio puacuteblico httpwwwdominiopublico e eBooket
httpwwweBooketnet IntraText Reneacute Descartes - e-books
37
Haddad Nagib Metodologia de estudos em ciecircncias da sauacutede como planejar analisar e apresentar um trabalho
cientiacutefico SP Roca 2004 Minayo Maria C de Souza (org) Deslandes (Suely F
Gomes Romeu Pesquisa social teoria meacutetodo e criatividade Petroacutepolis RJ Vozes 2007
Lakatos Eva Maria Marconi Marina de A Meacutetodologia cientiacutefica SP Atlas 2007
Selye Hans Stress a tensatildeo da vida SP IBRASA 1965
Ligaccedilotildees externas bull Explicando o Meacutetodo Cientiacutefico
bull Prova Cientiacutefica bull Diretrizes para elaboraccedilatildeo de dissertaccedilotildees e teses -
USP bull Centro Cochrane do Brasil
bull Metodologiaorg bull Evidecircnciascom
bull Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq)
bull Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciecircncia bull Lista de Perioacutedicos cientificos brasileiros por
assunto bull SciELO - Scientific Electronic Library Online
bull Perioacutedicos UNESCO bull Ciecircncia Hoje
bull Scientific American - Brasil bull Scientific American
COLCHA DE RETALHOS CIENTIacuteFICA (a realidade natildeo eacute Frankenstein ela eacute uacutenica e funcional)
A realidade segundo a Ciecircncia geral
A senhora Ciecircncia trabalhando com
seus remendos
Drordf Ciecircncia e seu filho
Mary Shelley viu o futuro
38
Somos Monstros 6 05 2008
Tudo comeccedilou com um desafio feito a Mary Shelley (1797-1851) entatildeo uma jovem de 21 anos por Lord Byron Na eacutepoca 1918 Byron propocircs a Mary e seu marido que
escrevessem um conto de terror uma maneira de passar o tempo jaacute que suas feacuterias estavam sendo consumidas
intediantemente pelo mau tempo Mary foi a uacuteltima a dar iniacutecio ao seu conto que acabou baseado em um pesadelo que
teve numa daquelas noites de chuva E dentre todos o conto de Shelley foi o que mais surpreendeu e arrepiou Insentivada a continuar Mary Shelley desenvolveu ainda
mais sua histoacuteria e transformou-a em um dos mais conhecidos e celebrados livros da Histoacuteria Frankenstein
Victor Frankenstein era um jovem curioso com sede de conhecimento apaixonado pela ciecircncia intrigado com os segredos da vida e louco para deixar sua marca no mundo Havia aprendido sozinho em casa sobre as fantasias da Alquimia no entanto apenas na universidade ele foi descobrir que toda sua bagagem de conhecimento estava ultrapassada haacute muito Acabou se tornando um aluno
exemplar dedicado agrave quiacutemica e agrave biologia Foi assim que sozinho em seu laboratoacuterio em Ingolstadt Victor deu iniacutecio agrave sua criaccedilatildeo misturando seus conhecimentos
teoacutericos de fisiologia e filosofia natural com princiacutepios de mecacircnica decido a descobrir se o princiacutepio que
mantinha animado o corpo poderia pernecer mesmo apoacutes a morte Como Victor fez isso todos jaacute sabemos deu vida a uma criatura formada por partes de cadaacuteveres de tamanho
descomunal (cerca de 25m de altura) e aparecircncia horripilante E eacute aqui que daacute-se iniacutecio ao grande trunfo
da histoacuteria Ao despertar da Criatura Frankenstein acaba por cair na realidade vendo como era realmente feia sua criaccedilatildeo com
seus membros desproporcionais seu olhos aquosos e amarelos incompleta a ponto de seus tecidos nem sequer
cobrirem todo o corpo deixando agrave mostra muacutesculos e ossos Desesperado e com medo arrependido de sua audaacutecia Victor
abandona sua Criatura decaindo num suacutebito acesso de naacuteusea e lucidez
Pobre Criatura um ser vazio de conhecimentos ignorante em relaccedilatildeo ao conviacutevio social solto num mundo de pessoas
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preconceituosas e indiferentes A personificaccedilatildeo perfeita da famosa teoria de Rousseau a do ldquobom selvagemrdquo que diz
que todo o homem nasce ldquopurordquo e eacute corrompido pela sociedade violenta viciosa e materialista Quem lecirc a
histoacuteria de Frankenstein espera encontrar terror suspense e aventura onde um monstro estaria a solta para destruir e matar No entanto descobre um mundo onde noacutes humanos somos totalmente repugnantes e no qual o uacutenico ser que
realmente tem algum valor eacute o monstro excluiacutedo por todos Poucos livros retratam tatildeo bem a indiferenccedila humana e a nossa mania de dar mais valor agraves aparecircncias do que aos
sentimentos carater e virtudes Mary Shelley escreveu uma autecircntica obra-prima da
literatura universal um romance capaz de despertar no leitor a pena e a compaixatildeo por um monstro e a repugnacircncia
de nossa proacutepria raccedila Uma liccedilatildeo que ainda natildeo foi aprendida mesmo depois de quase 200 anos
Ficha Teacutecnica Tiacutetulo Frankestein (Frankenstein or the Modern
Prometheus) Autor Mary Shalley Paiacutes Inglaterra
Publicaccedilatildeo Original 1818 Publicaccedilatildeo Lida Martin Claret Editora 2001
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vermelhas Esta previsatildeo natildeo decorre da teoria (H1) mas de evidecircncias preacutevias outras e estranhas agrave mesma Se esta
hipoacutetese (Ho) for verificada a hipoacutetese original H1
Seraacute que este simples fato condena a teoria original Para o falsificacionista ingecircnuo sim Para aquele que entendeu e aceitou o significado da afirmaccedilatildeo de Popper citada
neste artigo ao final do
estaraacute falseada
quarto paraacutegrafo do item 5 natildeo Optar por uma teoria natildeo significa crer numa verdade
absoluta Se eu afirmo que Ho eacute verdadeira e consequumlentemente H1 eacute falsa isto natildeo significa que eu
estou atribuindo o grau de veracidade 100 a uma hipoacutetese e 0 agrave outra significa simplesmente que a verificaccedilatildeo experimental me convenceu a optar por uma teoria em
detrimento da outra A opccedilatildeo eacute uma das maneiras pelas quais o cientista expressa a sua feacute na ciecircncia [35] e o
falsificacionismo estabelece normas a lhe orientar nesta opccedilatildeo
Suponha agora que em condiccedilotildees X ou em outra condiccedilatildeo qualquer se encontrem no Estado de Satildeo Paulo maccedilatildes verdes Significa isto que a hipoacutetese H1
Natildeo podemos em satilde consciecircncia dizer que a psicanaacutelise por exemplo natildeo pertenccedila ao campo da ciecircncia pelo simples
fato de uma de suas teorias precursoras ser natildeo falseaacutevel Sequer podemos dizer que o autor dessa ideacuteia natildeo
fosse cientista se eacute verdade que a psicanaacutelise se desenvolveu em cima desta ideacuteia e apesar disso conseguiu
eacute falsa Natildeo Simplesmente ela foi falseada Nada impede que amanhatilde com a evoluccedilatildeo da ciecircncia se descubra que estes frutos verdes a que hoje associamos a ideacuteia maccedilatilde estejam inseridos num
outro contexto e que realmente natildeo sejam maccedilatildes Por que entatildeo se daacute preferecircncia a verificaccedilotildees falseadoras em detrimento das corroboradoras Ora isto nem sempre
acontece conquanto seja esta uma das regras propostas pelo falsificacionismo Por exemplo tanto a teoria da
relatividade quanto a mecacircnica quacircntica satildeo teorias fiacutesicas amplamente aceitas graccedilas a terem sido
corroboradas por previsotildees que se confirmaram e pouco valor se deu a um grande nuacutemero de testes que as falsearam Por outro lado estas duas teorias satildeo concomitantemente aceitas pelos fiacutesicos conquanto existam fortes argumentos
a provar que cada uma destas duas teorias falseia a outra e ambas falseiam a teoria de Maxwell que tambeacutem eacute aceita como verdadeira Certos ou errados neste caso os fiacutesicos modernos dentre os quais se inclui Popper fizeram uma opccedilatildeo contraacuteria agrave norma falsificacionista e natildeo haacute
como criticaacute-los por essa conduta a menos que se pretenda atribuir ao falsificacionismo uma qualidade que ele natildeo
possui a de estabelecer criteacuterios absolutos de veracidade O falsificacionismo presta-se tambeacutem a fomentar o diaacutelogo e a criatividade Neste caso surge quase como que um apelo para que se invista mais em experiecircncias de pensamento um
recurso legiacutetimo e de grande valor em ciecircncia 9 O falsificacionismo como delimitador da ciecircncia
Vimos no item 7 que para Popper uma teoria sem risco algum natildeo eacute cientiacutefica e eu acrescentei sequer eacute teoria Popper quis se aproveitar deste argumento para delimitar a ciecircncia utilizando-se entatildeo do falsificacionismo como
criteacuterio de cientificidade Com esta opccedilatildeo Popper desagradou a muitos e convenceu a poucos ainda que sua
ideacuteia natildeo fosse de todo maacute
31
de alguma forma se impor como ciecircncia muito provavelmente queiramos ou natildeo seu autor contribuiu diretamente para o progresso da ciecircncia Mesmo que hoje algueacutem chegasse a concluir categoricamente pelo caraacuteter natildeo cientiacutefico da psicanaacutelise isto de forma alguma nos autorizaria a hipoteticamente condenaacute-la agrave estagnaccedilatildeo Se um cientista utilizando-se de maus criteacuterios ou ateacute mesmo apoiando-se em dogmas constroacutei de maneira natildeo
cientiacutefica um determinado campo do conhecimento isto natildeo significa que este campo natildeo possa vir a ser estudado cientificamente e que natildeo se possam criteriosamente
aproveitar as conclusotildees de seus estudos Nada impede que uma teoria considerada hoje como natildeo cientiacutefica pelo fato de possuir uma ou mais hipoacuteteses natildeo falseaacuteveis adquira
esse status apoacutes passar por ligeiras reformulaccedilotildees Natildeo podemos assumir que um campo do conhecimento seja natildeo cientiacutefico pelo simples fato de natildeo encontrarmos nele
teorias cientiacuteficas Este posicionamento de Popper a meu ver natildeo se justifica o falsificacionismo natildeo eacute um bom
criteacuterio delimitador da ciecircncia e isto eu espero que tenha ficado claro para o leitor E mais natildeo existem aacutereas natildeo cientiacuteficas mas sim aacutereas onde ainda natildeo foram produzidos conhecimentos cientiacuteficos O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo e pelo menos nesta etapa nada eacute absolutamente corroboraacutevel ou falseaacutevel Podemos ainda
dizer que a ciecircncia natildeo se localiza aqui ou acolaacute sob esse aspecto a ciecircncia natildeo tem fronteiras
10 Enfim a teoria do meacutetodo Nos demais artigos desta seacuterie irei demonstrar ser possiacutevel partindo da regra cientiacutefica fundamental desenvolver uma teoria sobre o meacutetodo cientiacutefico
utilizando-se das trecircs hipoacuteteses seguintes 1 O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo 2 A produccedilatildeo de conhecimentos passa
necessariamente pelas etapas deduccedilatildeo anaacutelise induccedilatildeo e
siacutentese na ordem apresentada 3 Os princiacutepios cientiacuteficos fundamentais satildeo universais
Por questatildeo de simplicidade subdividirei o estudo do meacutetodo em trecircs etapas correspondentes a cada uma das hipoacuteteses 1) o estudo do macromeacutetodo cientiacutefico 2) o estudo do meacutetodo cientiacutefico propriamente dito e 3) o estudo do micromeacutetodo cientiacutefico Os toacutepicos nos quais
desenvolverei estas etapas estatildeo em fase de projeto natildeo havendo portanto previsatildeo quanto agrave eacutepoca de publicaccedilatildeo
Meacutetodo cientiacutefico
Origem Wikipeacutedia a enciclopeacutedia livre
A palavra meacutetodo vem do grego meacutethodos (caminho para chegar a um fim) O meacutetodo cientiacutefico eacute um conjunto de regras baacutesicas para desenvolver uma experiecircncia a fim de produzir novo conhecimento bem como corrigir e integrar conhecimentos preacute-existentes Na maioria das disciplinas cientiacuteficas consiste em juntar evidecircncias observaacuteveis empiacutericas (ou seja baseadas apenas na experiecircncia) e
mensuraacuteveis e as analisar com o uso da loacutegica Para muitos autores o meacutetodo cientiacutefico nada mais eacute do que a loacutegica
32
aplicada agrave ciecircncia (Haddad) Metodologia literalmente refere-se ao estudo dos meacutetodos e especialmente do meacutetodo da ciecircncia que se supotildee universal Embora procedimentos variem de uma aacuterea da
ciecircncia para outra (as disciplinas cientiacuteficas) diferenciadas por seus distintos objetos de estudo
consegue-se determinar certos elementos que diferenciam o meacutetodo cientiacutefico de outros meacutetodos (filosoacutefico algoritmo
ndash matemaacutetico etc)
Primeiramente os pesquisadores definem proposiccedilotildees loacutegicas ou suposiccedilotildees (hipoacuteteses) para explicar certos fenocircmenos e observaccedilotildees e entatildeo desenvolvem experimentos que testam essas hipoacuteteses Se confirmadas as hipoacuteteses podem gerar leis e teorias Integrando-se hipoacuteteses de certa aacuterea em uma estrutura coerente de conhecimento contribuiacute-se na
formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bem como coloca as hipoacuteteses em um conjunto de conhecimento maior que satildeo as
leis e teorias reconhecidas consensualmente pela comunidade cientiacutefica eou o
O contexto de uma pesquisa
paradigma de seu tempo Outra caracteriacutestica do meacutetodo eacute que o processo precisa
ser objetivo e o cientista deve ser imparcial na interpretaccedilatildeo dos resultados Sobre a objetividade o seja
atente agraves propriedades do objeto e natildeo do sujeito (subjetividade) eacute conhecida a afirmaccedilatildeo de Hans Selye
pesquisador canadense que formulou a moderna concepccedilatildeo de stress ldquoQuem natildeo sabe o que procura natildeo entende o que encontrardquo referindo-se a necessidade de formulaccedilatildeo de definiccedilotildees precisas (a essecircncia dos conceitos) e que
possam ser respondidas com o simples sim ou natildeo Tanto a imparcialidade (evidecircncia) como a objetividade foram incluiacutedas por Reneacute Descartes (1596 ndash 1649) nas regras
loacutegicas que caracterizam o meacutetodo cientiacutefico Aleacutem disso o procedimento precisa ser documentado tanto no que diz respeito agrave fonte de dados como as regras de anaacutelise para que outros cientistas possam re-analisar reproduzir e verificar a confiabilidade dos resultados Assim se distingue os relatos cientiacuteficos (artigos
monografias teses e dissertaccedilotildees) de um simples estilo (padratildeo) ou arquitetura de texto orientados pelo que caracteriza as normas da Retoacuterica ou estudo do uso persuasivo da linguagem em funccedilatildeo da eloquumlecircncia
Eacute comum o uso da anaacutelise matemaacutetica ou estatiacutestica quando possiacutevel ou aproximaccedilatildeo de modelos abstratos (tipos ideais) e categorias de classificaccedilatildeo a depender do
objetivo da pesquisa (identificar descrever analisar) que pode ser basicamente quantitativa ou qualitativa A divisatildeo da ciecircncia em aacutereas ou distintas disciplinas
cientificas tem levado a tais adequaccedilotildees da metodologia Eacute comum a afirmaccedilatildeo de que em funccedilatildeo da evoluccedilatildeo do meacutetodo
cientifico num extremo temos a fiacutesica e quiacutemica seguida da biologia e por uacuteltimo as ciecircncias sociais psicologia e ciecircncias juriacutedicas quase se aproximando da filosofia e estudo das crenccedilas (senso comum) ou ciecircncias do espiacuterito
(sistemas miacutetico - religiosos) Contudo pesquisadores contemporacircneos vecircem nessas duas abordagens uma oposiccedilatildeo complementar enquanto as pesquisas quantitativas visam descrever e explicar fenocircmenos que produzem regularidades mensuraacuteveis satildeo recorrentes (ou discrepantes) e exteriores ao sujeito
33
(objetivos) na pesquisa qualitativa o observador (sujeito) eacute da mesma natureza que o objeto de sua anaacutelise e ele proacuteprio uma parte de sua observaccedilatildeo (o subjetivo)
Eacute importante ter em mente que as pesquisas cientificas relacionam-se com um modelo (paradigmaacutetico) ou uma
constelaccedilatildeo de pressupostos e crenccedilas escalas de valores teacutecnicas e conceitos compartilhados pelos membros de uma determinada comunidade cientiacutefica num determinado momento
histoacuterico
Ciecircncia eacute muito mais uma maneira de pensar do que um corpo de conhecimentos -
Elementos do meacutetodo cientiacutefico
Carl Sagan ciecircncia consiste em agrupar factos para que leis
gerais ou conclusotildees possam ser tiradas deles - Charles Darwin
O meacutetodo cientiacutefico eacute composto dos seguintes elementos bull Caracterizaccedilatildeo - Quantificaccedilotildees observaccedilotildees e
medidas bull Hipoacuteteses - Explicaccedilotildees hipoteacuteticas das observaccedilotildees e
medidas bull Previsotildees - Deduccedilotildees loacutegicas das hipoacuteteses
bull Experimentos - Testes dos trecircs elementos acima O meacutetodo cientiacutefico consiste dos seguintes aspectos bull Observaccedilatildeo - Uma observaccedilatildeo pode ser simples isto eacute
feita a olho nu ou pode exigir a utilizaccedilatildeo de instrumentos apropriados
bull Descriccedilatildeo - O experimento precisa ser replicaacutevel (capaz de ser reproduzido)
bull Previsatildeo - As hipoacuteteses precisam ser vaacutelidas para observaccedilotildees feitas no passado no presente e no
futuro bull Controle - Para maior seguranccedila nas conclusotildees toda
experiecircncia deve ser controlada Experiecircncia controlada eacute aquela que eacute realizada com teacutecnicas que permitem descartar as variaacuteveis passiacuteveis de mascarar
o resultado bull Falseabilidade[1]
bull Explicaccedilatildeo das Causas - Na maioria das aacutereas da Ciecircncia eacute necessaacuterio que haja causalidade Nessas
condiccedilotildees os seguintes requerimentos satildeo vistos como importantes no entendimento cientiacutefico
- toda hipoacutetese tem que ser falseaacutevel ou refutaacutevel Isso natildeo quer dizer que o experimento seja falso mas sim que ele pode ser verificado
contestado Ou seja se ele realmente for falso deve ser possiacutevel provaacute-lo
bull Identificaccedilatildeo das Causas bull Correlaccedilatildeo dos eventos - As causas precisam se
correlacionar com as observaccedilotildees bull Ordem dos eventos - As causas precisam preceder
no tempo os efeitos observados Na aacuterea da sauacutede a natureza da associaccedilatildeo causal foi formulada por Hence e adaptada por Robert Koch em 1877
para demonstraccedilatildeo da relaccedilatildeo causal entre microrganismos e patologias consistindo basicamente no enunciado acima ou seja forccedila da associaccedilatildeo (conectividade) sequumlecircncia temporal (assimetria) transitividade (evidecircncia experimental) previsibilidade estabilidade
Uma maneira linearizada e pragmaacutetica de apresentar os quatro pontos acima estaacute exposto a seguir passo-a-passo
34
Vale a pena notar que eacute apenas um exemplo natildeo sendo obrigatoacuterio a existecircncia de todos esses passos Na
verdade na maioria dos casos natildeo se segue todos esses passos ou mesmo parte deles O meacutetodo cientiacutefico natildeo eacute
uma receita ele requer inteligecircncia imaginaccedilatildeo e criatividade O importante eacute que os aspectos e elementos
apresentados acima estejam presentes bull Definir o problema
bull Recolhimento de dados bull Proposta de uma hipoacutetese
bull Realizaccedilatildeo de uma experiecircncia controlada para testar a validade da hipoacutetese
bull Anaacutelise dos resultados bull Interpretar os dados e tirar conclusotildees o que serve
para a formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bull Publicaccedilatildeo dos resultados em monografias
dissertaccedilotildees teses artigos ou livros aceitos por universidades e ou reconhecidos pela comunidade
cientiacutefica Observe-se que nem todas as hipoacutetese podem ser confirmadas
ou refutadas por experimentos e que em muitas aacutereas do conhecimento o recolhimento de dados e a tentativas de interpretaacute-los jaacute eacute uma grande tarefa como nas ciecircncias
humanas e juriacutedicas (criminologia)
Ciecircncias humanas A limitaccedilatildeo eacutetica da realizaccedilatildeo experimentos com seres humanos o estudo das subjetividades ou essencialmente
subjetivo individual e particular psiquismo humano ou a natureza histoacuterica do objeto das ciecircncias sociais conduziram os pensadores a distintos caminhos ou
proposiccedilotildees de estudo para o meacutetodo cientiacutefico Contudo parafraseando Minayoldquouma base de dados quando bem trabalhada teoacuterica e praticamente produz riqueza de informaccedilotildees aprofundamento e maior fidedignidade
interpretativardquo As principais divergecircncias na anaacutelise dos resultados de pesquisas em ciecircncias sociais ou humanas se datildeo no plano da contextualizaccedilatildeo dos dados ou informaccedilotildees obtidas em campo nos diversos sistemas teoacutericos ou seja conjunto de teorias e leis reconhecidas como consensuais em distintos
momentos histoacutericos eou segmentos das comunidades cientiacuteficas Nas ciecircncias sociais identifica-se trecircs
grandes correntes de pensamentos bull Positivismo Auguste Comte
bull Fenomenologia (Fenomenologia do Espiacuterito Estruturalismo
bull Materialismo dialeacutetico Dialeacutetica Marxismo
A histoacuteria do meacutetodo cientiacutefico se mistura com a histoacuteria da ciecircncia Documentos do
A evoluccedilatildeo do conceito de meacutetodo
Antigo Egito jaacute descrevem meacutetodos de diagnoacutesticos meacutedicos Na cultura da Greacutecia
Antiga os primeiros indiacutecios do meacutetodo cientiacutefico comeccedilam a aparecer Grande avanccedilo no meacutetodo foi feito no comeccedilo da filosofia islacircmica principalmente no uso de experimentos
para decidir entre duas hipoacuteteses Os principios fundamentais do meacutetodo cientiacutefico se consolidaram com o surgimento da Fiacutesica nos seacuteculos XVII e XVIII Francis
Bacon em seu trabalho Novum Organum(1620)-uma referecircncia
35
ao Organon de Aristoacuteteles-especifica um novo sistema loacutegico para melhorar o velho processo filosoacutefico do
silogismo A metodologia cientiacutefica tem sua origem no pensamento de
Descartes que foi posteriormente desenvolvimento empiricamente pelo fiacutesico inglecircs Isaac Newton Reneacute Descartes propocircs chegar agrave verdade atraveacutes da duacutevida sistemaacutetica e da decomposiccedilatildeo do problema em pequenas
partes caracteriacutesticas que definiram a base da pesquisa cientiacutefica
Lecirc-se no livro o Discurso do meacutetodo E como a multiplicidade de leis serve frequentemente para escusar os viacutecios de sorte que um estado eacute muito melhor governado quando possuindo poucas elas satildeo aiacute rigorosamente aplicadas assim em lugar de um grande
nuacutemero de preceitosde qua a loacutegica eacute composta acrediteis que jaacute me seriam bastante quatro contanto que tomasse a firme e constante resoluccedilatildeo de natildeo deixar uma vez soacute de
observaacute-los O primeiro consistia em nunca aceitar por verdadeira coisa nenhuma que natildeo conhecesse como evidente isto eacute
devia evitar cuidadosamente a precipitaccedilatildeo e a prevenccedilatildeo e nada incluir em meus juizos que natildeo se apresentasse tatildeo claramente e tatildeo distintamente ao meu espiacuterito que natildeo
tivesse nenhuma ocasiatildeo de o por em duacutevida O segundo ndash dividir cada uma das dificuldades que
examinasse em tantas parcelas quantas pudesse ser e fossem exigidas para melhor compreendecirc-las
O terceiro ndash conduzir por ordem os meus pensamento comeccedilando pelos objetos mais simples e faacuteceis de serem conhecidos para subir pouco a pouco como por degraus ateacute o conhecimento dos mais compostos e supondo mesmo
certa ordem entre os que natildeo se precedem naturalmente uns aos outros
e o uacuteltimo ndash fazer sempre enumeraccedilotildees tatildeo completas e revisotildees tatildeo gerais que ficasse certo de nada
omitir Correntemente estas regras satildeo 1 ndash da evidecircncia 2 ndash da
divisatildeo ou anaacutelise 3 ndash da ordem ou deduccedilatildeo 3 da enumeraccedilatildeo (contar especificar) classificaccedilatildeo
O acidente (serendipity
Eacute comum considerar alguns dos mais importantes avanccedilos na ciecircncia tais como as
)
descobertas da radioatividade por Henri Becquerel ou da penicilina por Alexander Fleming como tendo ocorrido por acidente no entanto o que eacute possiacutevel afirmar agrave luz da observaccedilatildeo cientiacutefica eacute que
teratildeo sido parcialmente acidentais uma vez que as pessoas envolvidas haviam aprendido a pensar cientificamente
estando portanto conscientes de que observaram algo novo e interessante
Os progressos da ciecircncia satildeo acompanhados de muitas horas de trabalho cuidadoso que segue um caminho mais ou menos sistemaacutetico na busca de respostas a questotildees cientiacuteficas
Eacute este o caminho denominado de meacutetodo cientiacutefico
A A hipoacutetese
Hipoacutetese (do gr Hypoacutethesis) eacute uma proposiccedilatildeo que se admite de modo provisoacuterio como princiacutepio do qual se pode
deduzir pelas regras da loacutegica um conjunto dado de proposiccedilotildees ou um mecanismo da experiecircncia a explicar
36
Literalmente pode ser compreendida como uma suposiccedilatildeo ou pergunta conjetura que orienta uma investigaccedilatildeo por
antecipar caracteriacutesticas provaacuteveis do objeto investigado e que vale quer pela confirmaccedilatildeo atraveacutes de deduccedilotildees loacutegicas dessas caracteriacutesticas quer pelo encontro de novos caminhos de investigaccedilatildeo (novas hipoacuteteses e novos
experimentos) No meacutetodo cientiacutefico a hipoacutetese eacute o caminho que deve levar agrave formulaccedilatildeo de uma teoria O cientista na sua hipoacutetese tem dois objetivos explicar um fato e prever
outros acontecimentos dele decorrentes (deduzir as consequencias) A hipoacutetese deveraacute ser testada em
experiecircncias laboratoriais controladasSe apoacutes muitas dessas experiecircncias os resultados obtidos pelos
pesquisadores natildeo contrariarem a hipoacutetese entatildeo ela seraacute aceita como uma lei e integrada agrave uma teoria eou sistema
teacuteoacuterico
Referecircncias 1 uarr [PDF] Estudos do meacutetodo cientiacutefico
Ver tambeacutem bull Verdade
bull Falseabilidade bull Karl Popper
bull Filosofia da ciecircncia bull Histoacuteria da ciecircncia
bull Epistemologia bull Loacutegica
bull Aristoacuteteles bull Georg Wilhelm Friedrich Hegel
bull Complexidade bull Reducionismo
bull Navalha de Occam bull Ciecircncia
bull Pseudociecircncia bull Paradigma
bull Paul Feyerabend bull Thomas Kuhn
bull Gaston Bachelard bull Teoria
bull Lei (ciecircncias) bull Hipoacutetese
bull Tese bull Dissertaccedilatildeo
Bibliografia
Becker Howard S Meacutetodos de pesquisa em ciecircncias sociais SP Hucitec 1999
Chizzotti Antonio Pesquisa em ciecircncia humanas e sociais SP Cortez 2006
Comte August Discurso preliminar sobre o espiacuterito positivo
Descartes Reneacute Discurso do meacutetodo (traduccedilatildeo prefaacutecio e notas de Joatildeo Cruz Costa SP Ed de Ouro 1970 disponiacutevel
para download em domiacutenio puacuteblico httpwwwdominiopublico e eBooket
httpwwweBooketnet IntraText Reneacute Descartes - e-books
37
Haddad Nagib Metodologia de estudos em ciecircncias da sauacutede como planejar analisar e apresentar um trabalho
cientiacutefico SP Roca 2004 Minayo Maria C de Souza (org) Deslandes (Suely F
Gomes Romeu Pesquisa social teoria meacutetodo e criatividade Petroacutepolis RJ Vozes 2007
Lakatos Eva Maria Marconi Marina de A Meacutetodologia cientiacutefica SP Atlas 2007
Selye Hans Stress a tensatildeo da vida SP IBRASA 1965
Ligaccedilotildees externas bull Explicando o Meacutetodo Cientiacutefico
bull Prova Cientiacutefica bull Diretrizes para elaboraccedilatildeo de dissertaccedilotildees e teses -
USP bull Centro Cochrane do Brasil
bull Metodologiaorg bull Evidecircnciascom
bull Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq)
bull Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciecircncia bull Lista de Perioacutedicos cientificos brasileiros por
assunto bull SciELO - Scientific Electronic Library Online
bull Perioacutedicos UNESCO bull Ciecircncia Hoje
bull Scientific American - Brasil bull Scientific American
COLCHA DE RETALHOS CIENTIacuteFICA (a realidade natildeo eacute Frankenstein ela eacute uacutenica e funcional)
A realidade segundo a Ciecircncia geral
A senhora Ciecircncia trabalhando com
seus remendos
Drordf Ciecircncia e seu filho
Mary Shelley viu o futuro
38
Somos Monstros 6 05 2008
Tudo comeccedilou com um desafio feito a Mary Shelley (1797-1851) entatildeo uma jovem de 21 anos por Lord Byron Na eacutepoca 1918 Byron propocircs a Mary e seu marido que
escrevessem um conto de terror uma maneira de passar o tempo jaacute que suas feacuterias estavam sendo consumidas
intediantemente pelo mau tempo Mary foi a uacuteltima a dar iniacutecio ao seu conto que acabou baseado em um pesadelo que
teve numa daquelas noites de chuva E dentre todos o conto de Shelley foi o que mais surpreendeu e arrepiou Insentivada a continuar Mary Shelley desenvolveu ainda
mais sua histoacuteria e transformou-a em um dos mais conhecidos e celebrados livros da Histoacuteria Frankenstein
Victor Frankenstein era um jovem curioso com sede de conhecimento apaixonado pela ciecircncia intrigado com os segredos da vida e louco para deixar sua marca no mundo Havia aprendido sozinho em casa sobre as fantasias da Alquimia no entanto apenas na universidade ele foi descobrir que toda sua bagagem de conhecimento estava ultrapassada haacute muito Acabou se tornando um aluno
exemplar dedicado agrave quiacutemica e agrave biologia Foi assim que sozinho em seu laboratoacuterio em Ingolstadt Victor deu iniacutecio agrave sua criaccedilatildeo misturando seus conhecimentos
teoacutericos de fisiologia e filosofia natural com princiacutepios de mecacircnica decido a descobrir se o princiacutepio que
mantinha animado o corpo poderia pernecer mesmo apoacutes a morte Como Victor fez isso todos jaacute sabemos deu vida a uma criatura formada por partes de cadaacuteveres de tamanho
descomunal (cerca de 25m de altura) e aparecircncia horripilante E eacute aqui que daacute-se iniacutecio ao grande trunfo
da histoacuteria Ao despertar da Criatura Frankenstein acaba por cair na realidade vendo como era realmente feia sua criaccedilatildeo com
seus membros desproporcionais seu olhos aquosos e amarelos incompleta a ponto de seus tecidos nem sequer
cobrirem todo o corpo deixando agrave mostra muacutesculos e ossos Desesperado e com medo arrependido de sua audaacutecia Victor
abandona sua Criatura decaindo num suacutebito acesso de naacuteusea e lucidez
Pobre Criatura um ser vazio de conhecimentos ignorante em relaccedilatildeo ao conviacutevio social solto num mundo de pessoas
39
preconceituosas e indiferentes A personificaccedilatildeo perfeita da famosa teoria de Rousseau a do ldquobom selvagemrdquo que diz
que todo o homem nasce ldquopurordquo e eacute corrompido pela sociedade violenta viciosa e materialista Quem lecirc a
histoacuteria de Frankenstein espera encontrar terror suspense e aventura onde um monstro estaria a solta para destruir e matar No entanto descobre um mundo onde noacutes humanos somos totalmente repugnantes e no qual o uacutenico ser que
realmente tem algum valor eacute o monstro excluiacutedo por todos Poucos livros retratam tatildeo bem a indiferenccedila humana e a nossa mania de dar mais valor agraves aparecircncias do que aos
sentimentos carater e virtudes Mary Shelley escreveu uma autecircntica obra-prima da
literatura universal um romance capaz de despertar no leitor a pena e a compaixatildeo por um monstro e a repugnacircncia
de nossa proacutepria raccedila Uma liccedilatildeo que ainda natildeo foi aprendida mesmo depois de quase 200 anos
Ficha Teacutecnica Tiacutetulo Frankestein (Frankenstein or the Modern
Prometheus) Autor Mary Shalley Paiacutes Inglaterra
Publicaccedilatildeo Original 1818 Publicaccedilatildeo Lida Martin Claret Editora 2001
31
de alguma forma se impor como ciecircncia muito provavelmente queiramos ou natildeo seu autor contribuiu diretamente para o progresso da ciecircncia Mesmo que hoje algueacutem chegasse a concluir categoricamente pelo caraacuteter natildeo cientiacutefico da psicanaacutelise isto de forma alguma nos autorizaria a hipoteticamente condenaacute-la agrave estagnaccedilatildeo Se um cientista utilizando-se de maus criteacuterios ou ateacute mesmo apoiando-se em dogmas constroacutei de maneira natildeo
cientiacutefica um determinado campo do conhecimento isto natildeo significa que este campo natildeo possa vir a ser estudado cientificamente e que natildeo se possam criteriosamente
aproveitar as conclusotildees de seus estudos Nada impede que uma teoria considerada hoje como natildeo cientiacutefica pelo fato de possuir uma ou mais hipoacuteteses natildeo falseaacuteveis adquira
esse status apoacutes passar por ligeiras reformulaccedilotildees Natildeo podemos assumir que um campo do conhecimento seja natildeo cientiacutefico pelo simples fato de natildeo encontrarmos nele
teorias cientiacuteficas Este posicionamento de Popper a meu ver natildeo se justifica o falsificacionismo natildeo eacute um bom
criteacuterio delimitador da ciecircncia e isto eu espero que tenha ficado claro para o leitor E mais natildeo existem aacutereas natildeo cientiacuteficas mas sim aacutereas onde ainda natildeo foram produzidos conhecimentos cientiacuteficos O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo e pelo menos nesta etapa nada eacute absolutamente corroboraacutevel ou falseaacutevel Podemos ainda
dizer que a ciecircncia natildeo se localiza aqui ou acolaacute sob esse aspecto a ciecircncia natildeo tem fronteiras
10 Enfim a teoria do meacutetodo Nos demais artigos desta seacuterie irei demonstrar ser possiacutevel partindo da regra cientiacutefica fundamental desenvolver uma teoria sobre o meacutetodo cientiacutefico
utilizando-se das trecircs hipoacuteteses seguintes 1 O progresso cientiacutefico tem sua
origem na intuiccedilatildeo 2 A produccedilatildeo de conhecimentos passa
necessariamente pelas etapas deduccedilatildeo anaacutelise induccedilatildeo e
siacutentese na ordem apresentada 3 Os princiacutepios cientiacuteficos fundamentais satildeo universais
Por questatildeo de simplicidade subdividirei o estudo do meacutetodo em trecircs etapas correspondentes a cada uma das hipoacuteteses 1) o estudo do macromeacutetodo cientiacutefico 2) o estudo do meacutetodo cientiacutefico propriamente dito e 3) o estudo do micromeacutetodo cientiacutefico Os toacutepicos nos quais
desenvolverei estas etapas estatildeo em fase de projeto natildeo havendo portanto previsatildeo quanto agrave eacutepoca de publicaccedilatildeo
Meacutetodo cientiacutefico
Origem Wikipeacutedia a enciclopeacutedia livre
A palavra meacutetodo vem do grego meacutethodos (caminho para chegar a um fim) O meacutetodo cientiacutefico eacute um conjunto de regras baacutesicas para desenvolver uma experiecircncia a fim de produzir novo conhecimento bem como corrigir e integrar conhecimentos preacute-existentes Na maioria das disciplinas cientiacuteficas consiste em juntar evidecircncias observaacuteveis empiacutericas (ou seja baseadas apenas na experiecircncia) e
mensuraacuteveis e as analisar com o uso da loacutegica Para muitos autores o meacutetodo cientiacutefico nada mais eacute do que a loacutegica
32
aplicada agrave ciecircncia (Haddad) Metodologia literalmente refere-se ao estudo dos meacutetodos e especialmente do meacutetodo da ciecircncia que se supotildee universal Embora procedimentos variem de uma aacuterea da
ciecircncia para outra (as disciplinas cientiacuteficas) diferenciadas por seus distintos objetos de estudo
consegue-se determinar certos elementos que diferenciam o meacutetodo cientiacutefico de outros meacutetodos (filosoacutefico algoritmo
ndash matemaacutetico etc)
Primeiramente os pesquisadores definem proposiccedilotildees loacutegicas ou suposiccedilotildees (hipoacuteteses) para explicar certos fenocircmenos e observaccedilotildees e entatildeo desenvolvem experimentos que testam essas hipoacuteteses Se confirmadas as hipoacuteteses podem gerar leis e teorias Integrando-se hipoacuteteses de certa aacuterea em uma estrutura coerente de conhecimento contribuiacute-se na
formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bem como coloca as hipoacuteteses em um conjunto de conhecimento maior que satildeo as
leis e teorias reconhecidas consensualmente pela comunidade cientiacutefica eou o
O contexto de uma pesquisa
paradigma de seu tempo Outra caracteriacutestica do meacutetodo eacute que o processo precisa
ser objetivo e o cientista deve ser imparcial na interpretaccedilatildeo dos resultados Sobre a objetividade o seja
atente agraves propriedades do objeto e natildeo do sujeito (subjetividade) eacute conhecida a afirmaccedilatildeo de Hans Selye
pesquisador canadense que formulou a moderna concepccedilatildeo de stress ldquoQuem natildeo sabe o que procura natildeo entende o que encontrardquo referindo-se a necessidade de formulaccedilatildeo de definiccedilotildees precisas (a essecircncia dos conceitos) e que
possam ser respondidas com o simples sim ou natildeo Tanto a imparcialidade (evidecircncia) como a objetividade foram incluiacutedas por Reneacute Descartes (1596 ndash 1649) nas regras
loacutegicas que caracterizam o meacutetodo cientiacutefico Aleacutem disso o procedimento precisa ser documentado tanto no que diz respeito agrave fonte de dados como as regras de anaacutelise para que outros cientistas possam re-analisar reproduzir e verificar a confiabilidade dos resultados Assim se distingue os relatos cientiacuteficos (artigos
monografias teses e dissertaccedilotildees) de um simples estilo (padratildeo) ou arquitetura de texto orientados pelo que caracteriza as normas da Retoacuterica ou estudo do uso persuasivo da linguagem em funccedilatildeo da eloquumlecircncia
Eacute comum o uso da anaacutelise matemaacutetica ou estatiacutestica quando possiacutevel ou aproximaccedilatildeo de modelos abstratos (tipos ideais) e categorias de classificaccedilatildeo a depender do
objetivo da pesquisa (identificar descrever analisar) que pode ser basicamente quantitativa ou qualitativa A divisatildeo da ciecircncia em aacutereas ou distintas disciplinas
cientificas tem levado a tais adequaccedilotildees da metodologia Eacute comum a afirmaccedilatildeo de que em funccedilatildeo da evoluccedilatildeo do meacutetodo
cientifico num extremo temos a fiacutesica e quiacutemica seguida da biologia e por uacuteltimo as ciecircncias sociais psicologia e ciecircncias juriacutedicas quase se aproximando da filosofia e estudo das crenccedilas (senso comum) ou ciecircncias do espiacuterito
(sistemas miacutetico - religiosos) Contudo pesquisadores contemporacircneos vecircem nessas duas abordagens uma oposiccedilatildeo complementar enquanto as pesquisas quantitativas visam descrever e explicar fenocircmenos que produzem regularidades mensuraacuteveis satildeo recorrentes (ou discrepantes) e exteriores ao sujeito
33
(objetivos) na pesquisa qualitativa o observador (sujeito) eacute da mesma natureza que o objeto de sua anaacutelise e ele proacuteprio uma parte de sua observaccedilatildeo (o subjetivo)
Eacute importante ter em mente que as pesquisas cientificas relacionam-se com um modelo (paradigmaacutetico) ou uma
constelaccedilatildeo de pressupostos e crenccedilas escalas de valores teacutecnicas e conceitos compartilhados pelos membros de uma determinada comunidade cientiacutefica num determinado momento
histoacuterico
Ciecircncia eacute muito mais uma maneira de pensar do que um corpo de conhecimentos -
Elementos do meacutetodo cientiacutefico
Carl Sagan ciecircncia consiste em agrupar factos para que leis
gerais ou conclusotildees possam ser tiradas deles - Charles Darwin
O meacutetodo cientiacutefico eacute composto dos seguintes elementos bull Caracterizaccedilatildeo - Quantificaccedilotildees observaccedilotildees e
medidas bull Hipoacuteteses - Explicaccedilotildees hipoteacuteticas das observaccedilotildees e
medidas bull Previsotildees - Deduccedilotildees loacutegicas das hipoacuteteses
bull Experimentos - Testes dos trecircs elementos acima O meacutetodo cientiacutefico consiste dos seguintes aspectos bull Observaccedilatildeo - Uma observaccedilatildeo pode ser simples isto eacute
feita a olho nu ou pode exigir a utilizaccedilatildeo de instrumentos apropriados
bull Descriccedilatildeo - O experimento precisa ser replicaacutevel (capaz de ser reproduzido)
bull Previsatildeo - As hipoacuteteses precisam ser vaacutelidas para observaccedilotildees feitas no passado no presente e no
futuro bull Controle - Para maior seguranccedila nas conclusotildees toda
experiecircncia deve ser controlada Experiecircncia controlada eacute aquela que eacute realizada com teacutecnicas que permitem descartar as variaacuteveis passiacuteveis de mascarar
o resultado bull Falseabilidade[1]
bull Explicaccedilatildeo das Causas - Na maioria das aacutereas da Ciecircncia eacute necessaacuterio que haja causalidade Nessas
condiccedilotildees os seguintes requerimentos satildeo vistos como importantes no entendimento cientiacutefico
- toda hipoacutetese tem que ser falseaacutevel ou refutaacutevel Isso natildeo quer dizer que o experimento seja falso mas sim que ele pode ser verificado
contestado Ou seja se ele realmente for falso deve ser possiacutevel provaacute-lo
bull Identificaccedilatildeo das Causas bull Correlaccedilatildeo dos eventos - As causas precisam se
correlacionar com as observaccedilotildees bull Ordem dos eventos - As causas precisam preceder
no tempo os efeitos observados Na aacuterea da sauacutede a natureza da associaccedilatildeo causal foi formulada por Hence e adaptada por Robert Koch em 1877
para demonstraccedilatildeo da relaccedilatildeo causal entre microrganismos e patologias consistindo basicamente no enunciado acima ou seja forccedila da associaccedilatildeo (conectividade) sequumlecircncia temporal (assimetria) transitividade (evidecircncia experimental) previsibilidade estabilidade
Uma maneira linearizada e pragmaacutetica de apresentar os quatro pontos acima estaacute exposto a seguir passo-a-passo
34
Vale a pena notar que eacute apenas um exemplo natildeo sendo obrigatoacuterio a existecircncia de todos esses passos Na
verdade na maioria dos casos natildeo se segue todos esses passos ou mesmo parte deles O meacutetodo cientiacutefico natildeo eacute
uma receita ele requer inteligecircncia imaginaccedilatildeo e criatividade O importante eacute que os aspectos e elementos
apresentados acima estejam presentes bull Definir o problema
bull Recolhimento de dados bull Proposta de uma hipoacutetese
bull Realizaccedilatildeo de uma experiecircncia controlada para testar a validade da hipoacutetese
bull Anaacutelise dos resultados bull Interpretar os dados e tirar conclusotildees o que serve
para a formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bull Publicaccedilatildeo dos resultados em monografias
dissertaccedilotildees teses artigos ou livros aceitos por universidades e ou reconhecidos pela comunidade
cientiacutefica Observe-se que nem todas as hipoacutetese podem ser confirmadas
ou refutadas por experimentos e que em muitas aacutereas do conhecimento o recolhimento de dados e a tentativas de interpretaacute-los jaacute eacute uma grande tarefa como nas ciecircncias
humanas e juriacutedicas (criminologia)
Ciecircncias humanas A limitaccedilatildeo eacutetica da realizaccedilatildeo experimentos com seres humanos o estudo das subjetividades ou essencialmente
subjetivo individual e particular psiquismo humano ou a natureza histoacuterica do objeto das ciecircncias sociais conduziram os pensadores a distintos caminhos ou
proposiccedilotildees de estudo para o meacutetodo cientiacutefico Contudo parafraseando Minayoldquouma base de dados quando bem trabalhada teoacuterica e praticamente produz riqueza de informaccedilotildees aprofundamento e maior fidedignidade
interpretativardquo As principais divergecircncias na anaacutelise dos resultados de pesquisas em ciecircncias sociais ou humanas se datildeo no plano da contextualizaccedilatildeo dos dados ou informaccedilotildees obtidas em campo nos diversos sistemas teoacutericos ou seja conjunto de teorias e leis reconhecidas como consensuais em distintos
momentos histoacutericos eou segmentos das comunidades cientiacuteficas Nas ciecircncias sociais identifica-se trecircs
grandes correntes de pensamentos bull Positivismo Auguste Comte
bull Fenomenologia (Fenomenologia do Espiacuterito Estruturalismo
bull Materialismo dialeacutetico Dialeacutetica Marxismo
A histoacuteria do meacutetodo cientiacutefico se mistura com a histoacuteria da ciecircncia Documentos do
A evoluccedilatildeo do conceito de meacutetodo
Antigo Egito jaacute descrevem meacutetodos de diagnoacutesticos meacutedicos Na cultura da Greacutecia
Antiga os primeiros indiacutecios do meacutetodo cientiacutefico comeccedilam a aparecer Grande avanccedilo no meacutetodo foi feito no comeccedilo da filosofia islacircmica principalmente no uso de experimentos
para decidir entre duas hipoacuteteses Os principios fundamentais do meacutetodo cientiacutefico se consolidaram com o surgimento da Fiacutesica nos seacuteculos XVII e XVIII Francis
Bacon em seu trabalho Novum Organum(1620)-uma referecircncia
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ao Organon de Aristoacuteteles-especifica um novo sistema loacutegico para melhorar o velho processo filosoacutefico do
silogismo A metodologia cientiacutefica tem sua origem no pensamento de
Descartes que foi posteriormente desenvolvimento empiricamente pelo fiacutesico inglecircs Isaac Newton Reneacute Descartes propocircs chegar agrave verdade atraveacutes da duacutevida sistemaacutetica e da decomposiccedilatildeo do problema em pequenas
partes caracteriacutesticas que definiram a base da pesquisa cientiacutefica
Lecirc-se no livro o Discurso do meacutetodo E como a multiplicidade de leis serve frequentemente para escusar os viacutecios de sorte que um estado eacute muito melhor governado quando possuindo poucas elas satildeo aiacute rigorosamente aplicadas assim em lugar de um grande
nuacutemero de preceitosde qua a loacutegica eacute composta acrediteis que jaacute me seriam bastante quatro contanto que tomasse a firme e constante resoluccedilatildeo de natildeo deixar uma vez soacute de
observaacute-los O primeiro consistia em nunca aceitar por verdadeira coisa nenhuma que natildeo conhecesse como evidente isto eacute
devia evitar cuidadosamente a precipitaccedilatildeo e a prevenccedilatildeo e nada incluir em meus juizos que natildeo se apresentasse tatildeo claramente e tatildeo distintamente ao meu espiacuterito que natildeo
tivesse nenhuma ocasiatildeo de o por em duacutevida O segundo ndash dividir cada uma das dificuldades que
examinasse em tantas parcelas quantas pudesse ser e fossem exigidas para melhor compreendecirc-las
O terceiro ndash conduzir por ordem os meus pensamento comeccedilando pelos objetos mais simples e faacuteceis de serem conhecidos para subir pouco a pouco como por degraus ateacute o conhecimento dos mais compostos e supondo mesmo
certa ordem entre os que natildeo se precedem naturalmente uns aos outros
e o uacuteltimo ndash fazer sempre enumeraccedilotildees tatildeo completas e revisotildees tatildeo gerais que ficasse certo de nada
omitir Correntemente estas regras satildeo 1 ndash da evidecircncia 2 ndash da
divisatildeo ou anaacutelise 3 ndash da ordem ou deduccedilatildeo 3 da enumeraccedilatildeo (contar especificar) classificaccedilatildeo
O acidente (serendipity
Eacute comum considerar alguns dos mais importantes avanccedilos na ciecircncia tais como as
)
descobertas da radioatividade por Henri Becquerel ou da penicilina por Alexander Fleming como tendo ocorrido por acidente no entanto o que eacute possiacutevel afirmar agrave luz da observaccedilatildeo cientiacutefica eacute que
teratildeo sido parcialmente acidentais uma vez que as pessoas envolvidas haviam aprendido a pensar cientificamente
estando portanto conscientes de que observaram algo novo e interessante
Os progressos da ciecircncia satildeo acompanhados de muitas horas de trabalho cuidadoso que segue um caminho mais ou menos sistemaacutetico na busca de respostas a questotildees cientiacuteficas
Eacute este o caminho denominado de meacutetodo cientiacutefico
A A hipoacutetese
Hipoacutetese (do gr Hypoacutethesis) eacute uma proposiccedilatildeo que se admite de modo provisoacuterio como princiacutepio do qual se pode
deduzir pelas regras da loacutegica um conjunto dado de proposiccedilotildees ou um mecanismo da experiecircncia a explicar
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Literalmente pode ser compreendida como uma suposiccedilatildeo ou pergunta conjetura que orienta uma investigaccedilatildeo por
antecipar caracteriacutesticas provaacuteveis do objeto investigado e que vale quer pela confirmaccedilatildeo atraveacutes de deduccedilotildees loacutegicas dessas caracteriacutesticas quer pelo encontro de novos caminhos de investigaccedilatildeo (novas hipoacuteteses e novos
experimentos) No meacutetodo cientiacutefico a hipoacutetese eacute o caminho que deve levar agrave formulaccedilatildeo de uma teoria O cientista na sua hipoacutetese tem dois objetivos explicar um fato e prever
outros acontecimentos dele decorrentes (deduzir as consequencias) A hipoacutetese deveraacute ser testada em
experiecircncias laboratoriais controladasSe apoacutes muitas dessas experiecircncias os resultados obtidos pelos
pesquisadores natildeo contrariarem a hipoacutetese entatildeo ela seraacute aceita como uma lei e integrada agrave uma teoria eou sistema
teacuteoacuterico
Referecircncias 1 uarr [PDF] Estudos do meacutetodo cientiacutefico
Ver tambeacutem bull Verdade
bull Falseabilidade bull Karl Popper
bull Filosofia da ciecircncia bull Histoacuteria da ciecircncia
bull Epistemologia bull Loacutegica
bull Aristoacuteteles bull Georg Wilhelm Friedrich Hegel
bull Complexidade bull Reducionismo
bull Navalha de Occam bull Ciecircncia
bull Pseudociecircncia bull Paradigma
bull Paul Feyerabend bull Thomas Kuhn
bull Gaston Bachelard bull Teoria
bull Lei (ciecircncias) bull Hipoacutetese
bull Tese bull Dissertaccedilatildeo
Bibliografia
Becker Howard S Meacutetodos de pesquisa em ciecircncias sociais SP Hucitec 1999
Chizzotti Antonio Pesquisa em ciecircncia humanas e sociais SP Cortez 2006
Comte August Discurso preliminar sobre o espiacuterito positivo
Descartes Reneacute Discurso do meacutetodo (traduccedilatildeo prefaacutecio e notas de Joatildeo Cruz Costa SP Ed de Ouro 1970 disponiacutevel
para download em domiacutenio puacuteblico httpwwwdominiopublico e eBooket
httpwwweBooketnet IntraText Reneacute Descartes - e-books
37
Haddad Nagib Metodologia de estudos em ciecircncias da sauacutede como planejar analisar e apresentar um trabalho
cientiacutefico SP Roca 2004 Minayo Maria C de Souza (org) Deslandes (Suely F
Gomes Romeu Pesquisa social teoria meacutetodo e criatividade Petroacutepolis RJ Vozes 2007
Lakatos Eva Maria Marconi Marina de A Meacutetodologia cientiacutefica SP Atlas 2007
Selye Hans Stress a tensatildeo da vida SP IBRASA 1965
Ligaccedilotildees externas bull Explicando o Meacutetodo Cientiacutefico
bull Prova Cientiacutefica bull Diretrizes para elaboraccedilatildeo de dissertaccedilotildees e teses -
USP bull Centro Cochrane do Brasil
bull Metodologiaorg bull Evidecircnciascom
bull Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq)
bull Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciecircncia bull Lista de Perioacutedicos cientificos brasileiros por
assunto bull SciELO - Scientific Electronic Library Online
bull Perioacutedicos UNESCO bull Ciecircncia Hoje
bull Scientific American - Brasil bull Scientific American
COLCHA DE RETALHOS CIENTIacuteFICA (a realidade natildeo eacute Frankenstein ela eacute uacutenica e funcional)
A realidade segundo a Ciecircncia geral
A senhora Ciecircncia trabalhando com
seus remendos
Drordf Ciecircncia e seu filho
Mary Shelley viu o futuro
38
Somos Monstros 6 05 2008
Tudo comeccedilou com um desafio feito a Mary Shelley (1797-1851) entatildeo uma jovem de 21 anos por Lord Byron Na eacutepoca 1918 Byron propocircs a Mary e seu marido que
escrevessem um conto de terror uma maneira de passar o tempo jaacute que suas feacuterias estavam sendo consumidas
intediantemente pelo mau tempo Mary foi a uacuteltima a dar iniacutecio ao seu conto que acabou baseado em um pesadelo que
teve numa daquelas noites de chuva E dentre todos o conto de Shelley foi o que mais surpreendeu e arrepiou Insentivada a continuar Mary Shelley desenvolveu ainda
mais sua histoacuteria e transformou-a em um dos mais conhecidos e celebrados livros da Histoacuteria Frankenstein
Victor Frankenstein era um jovem curioso com sede de conhecimento apaixonado pela ciecircncia intrigado com os segredos da vida e louco para deixar sua marca no mundo Havia aprendido sozinho em casa sobre as fantasias da Alquimia no entanto apenas na universidade ele foi descobrir que toda sua bagagem de conhecimento estava ultrapassada haacute muito Acabou se tornando um aluno
exemplar dedicado agrave quiacutemica e agrave biologia Foi assim que sozinho em seu laboratoacuterio em Ingolstadt Victor deu iniacutecio agrave sua criaccedilatildeo misturando seus conhecimentos
teoacutericos de fisiologia e filosofia natural com princiacutepios de mecacircnica decido a descobrir se o princiacutepio que
mantinha animado o corpo poderia pernecer mesmo apoacutes a morte Como Victor fez isso todos jaacute sabemos deu vida a uma criatura formada por partes de cadaacuteveres de tamanho
descomunal (cerca de 25m de altura) e aparecircncia horripilante E eacute aqui que daacute-se iniacutecio ao grande trunfo
da histoacuteria Ao despertar da Criatura Frankenstein acaba por cair na realidade vendo como era realmente feia sua criaccedilatildeo com
seus membros desproporcionais seu olhos aquosos e amarelos incompleta a ponto de seus tecidos nem sequer
cobrirem todo o corpo deixando agrave mostra muacutesculos e ossos Desesperado e com medo arrependido de sua audaacutecia Victor
abandona sua Criatura decaindo num suacutebito acesso de naacuteusea e lucidez
Pobre Criatura um ser vazio de conhecimentos ignorante em relaccedilatildeo ao conviacutevio social solto num mundo de pessoas
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preconceituosas e indiferentes A personificaccedilatildeo perfeita da famosa teoria de Rousseau a do ldquobom selvagemrdquo que diz
que todo o homem nasce ldquopurordquo e eacute corrompido pela sociedade violenta viciosa e materialista Quem lecirc a
histoacuteria de Frankenstein espera encontrar terror suspense e aventura onde um monstro estaria a solta para destruir e matar No entanto descobre um mundo onde noacutes humanos somos totalmente repugnantes e no qual o uacutenico ser que
realmente tem algum valor eacute o monstro excluiacutedo por todos Poucos livros retratam tatildeo bem a indiferenccedila humana e a nossa mania de dar mais valor agraves aparecircncias do que aos
sentimentos carater e virtudes Mary Shelley escreveu uma autecircntica obra-prima da
literatura universal um romance capaz de despertar no leitor a pena e a compaixatildeo por um monstro e a repugnacircncia
de nossa proacutepria raccedila Uma liccedilatildeo que ainda natildeo foi aprendida mesmo depois de quase 200 anos
Ficha Teacutecnica Tiacutetulo Frankestein (Frankenstein or the Modern
Prometheus) Autor Mary Shalley Paiacutes Inglaterra
Publicaccedilatildeo Original 1818 Publicaccedilatildeo Lida Martin Claret Editora 2001
32
aplicada agrave ciecircncia (Haddad) Metodologia literalmente refere-se ao estudo dos meacutetodos e especialmente do meacutetodo da ciecircncia que se supotildee universal Embora procedimentos variem de uma aacuterea da
ciecircncia para outra (as disciplinas cientiacuteficas) diferenciadas por seus distintos objetos de estudo
consegue-se determinar certos elementos que diferenciam o meacutetodo cientiacutefico de outros meacutetodos (filosoacutefico algoritmo
ndash matemaacutetico etc)
Primeiramente os pesquisadores definem proposiccedilotildees loacutegicas ou suposiccedilotildees (hipoacuteteses) para explicar certos fenocircmenos e observaccedilotildees e entatildeo desenvolvem experimentos que testam essas hipoacuteteses Se confirmadas as hipoacuteteses podem gerar leis e teorias Integrando-se hipoacuteteses de certa aacuterea em uma estrutura coerente de conhecimento contribuiacute-se na
formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bem como coloca as hipoacuteteses em um conjunto de conhecimento maior que satildeo as
leis e teorias reconhecidas consensualmente pela comunidade cientiacutefica eou o
O contexto de uma pesquisa
paradigma de seu tempo Outra caracteriacutestica do meacutetodo eacute que o processo precisa
ser objetivo e o cientista deve ser imparcial na interpretaccedilatildeo dos resultados Sobre a objetividade o seja
atente agraves propriedades do objeto e natildeo do sujeito (subjetividade) eacute conhecida a afirmaccedilatildeo de Hans Selye
pesquisador canadense que formulou a moderna concepccedilatildeo de stress ldquoQuem natildeo sabe o que procura natildeo entende o que encontrardquo referindo-se a necessidade de formulaccedilatildeo de definiccedilotildees precisas (a essecircncia dos conceitos) e que
possam ser respondidas com o simples sim ou natildeo Tanto a imparcialidade (evidecircncia) como a objetividade foram incluiacutedas por Reneacute Descartes (1596 ndash 1649) nas regras
loacutegicas que caracterizam o meacutetodo cientiacutefico Aleacutem disso o procedimento precisa ser documentado tanto no que diz respeito agrave fonte de dados como as regras de anaacutelise para que outros cientistas possam re-analisar reproduzir e verificar a confiabilidade dos resultados Assim se distingue os relatos cientiacuteficos (artigos
monografias teses e dissertaccedilotildees) de um simples estilo (padratildeo) ou arquitetura de texto orientados pelo que caracteriza as normas da Retoacuterica ou estudo do uso persuasivo da linguagem em funccedilatildeo da eloquumlecircncia
Eacute comum o uso da anaacutelise matemaacutetica ou estatiacutestica quando possiacutevel ou aproximaccedilatildeo de modelos abstratos (tipos ideais) e categorias de classificaccedilatildeo a depender do
objetivo da pesquisa (identificar descrever analisar) que pode ser basicamente quantitativa ou qualitativa A divisatildeo da ciecircncia em aacutereas ou distintas disciplinas
cientificas tem levado a tais adequaccedilotildees da metodologia Eacute comum a afirmaccedilatildeo de que em funccedilatildeo da evoluccedilatildeo do meacutetodo
cientifico num extremo temos a fiacutesica e quiacutemica seguida da biologia e por uacuteltimo as ciecircncias sociais psicologia e ciecircncias juriacutedicas quase se aproximando da filosofia e estudo das crenccedilas (senso comum) ou ciecircncias do espiacuterito
(sistemas miacutetico - religiosos) Contudo pesquisadores contemporacircneos vecircem nessas duas abordagens uma oposiccedilatildeo complementar enquanto as pesquisas quantitativas visam descrever e explicar fenocircmenos que produzem regularidades mensuraacuteveis satildeo recorrentes (ou discrepantes) e exteriores ao sujeito
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(objetivos) na pesquisa qualitativa o observador (sujeito) eacute da mesma natureza que o objeto de sua anaacutelise e ele proacuteprio uma parte de sua observaccedilatildeo (o subjetivo)
Eacute importante ter em mente que as pesquisas cientificas relacionam-se com um modelo (paradigmaacutetico) ou uma
constelaccedilatildeo de pressupostos e crenccedilas escalas de valores teacutecnicas e conceitos compartilhados pelos membros de uma determinada comunidade cientiacutefica num determinado momento
histoacuterico
Ciecircncia eacute muito mais uma maneira de pensar do que um corpo de conhecimentos -
Elementos do meacutetodo cientiacutefico
Carl Sagan ciecircncia consiste em agrupar factos para que leis
gerais ou conclusotildees possam ser tiradas deles - Charles Darwin
O meacutetodo cientiacutefico eacute composto dos seguintes elementos bull Caracterizaccedilatildeo - Quantificaccedilotildees observaccedilotildees e
medidas bull Hipoacuteteses - Explicaccedilotildees hipoteacuteticas das observaccedilotildees e
medidas bull Previsotildees - Deduccedilotildees loacutegicas das hipoacuteteses
bull Experimentos - Testes dos trecircs elementos acima O meacutetodo cientiacutefico consiste dos seguintes aspectos bull Observaccedilatildeo - Uma observaccedilatildeo pode ser simples isto eacute
feita a olho nu ou pode exigir a utilizaccedilatildeo de instrumentos apropriados
bull Descriccedilatildeo - O experimento precisa ser replicaacutevel (capaz de ser reproduzido)
bull Previsatildeo - As hipoacuteteses precisam ser vaacutelidas para observaccedilotildees feitas no passado no presente e no
futuro bull Controle - Para maior seguranccedila nas conclusotildees toda
experiecircncia deve ser controlada Experiecircncia controlada eacute aquela que eacute realizada com teacutecnicas que permitem descartar as variaacuteveis passiacuteveis de mascarar
o resultado bull Falseabilidade[1]
bull Explicaccedilatildeo das Causas - Na maioria das aacutereas da Ciecircncia eacute necessaacuterio que haja causalidade Nessas
condiccedilotildees os seguintes requerimentos satildeo vistos como importantes no entendimento cientiacutefico
- toda hipoacutetese tem que ser falseaacutevel ou refutaacutevel Isso natildeo quer dizer que o experimento seja falso mas sim que ele pode ser verificado
contestado Ou seja se ele realmente for falso deve ser possiacutevel provaacute-lo
bull Identificaccedilatildeo das Causas bull Correlaccedilatildeo dos eventos - As causas precisam se
correlacionar com as observaccedilotildees bull Ordem dos eventos - As causas precisam preceder
no tempo os efeitos observados Na aacuterea da sauacutede a natureza da associaccedilatildeo causal foi formulada por Hence e adaptada por Robert Koch em 1877
para demonstraccedilatildeo da relaccedilatildeo causal entre microrganismos e patologias consistindo basicamente no enunciado acima ou seja forccedila da associaccedilatildeo (conectividade) sequumlecircncia temporal (assimetria) transitividade (evidecircncia experimental) previsibilidade estabilidade
Uma maneira linearizada e pragmaacutetica de apresentar os quatro pontos acima estaacute exposto a seguir passo-a-passo
34
Vale a pena notar que eacute apenas um exemplo natildeo sendo obrigatoacuterio a existecircncia de todos esses passos Na
verdade na maioria dos casos natildeo se segue todos esses passos ou mesmo parte deles O meacutetodo cientiacutefico natildeo eacute
uma receita ele requer inteligecircncia imaginaccedilatildeo e criatividade O importante eacute que os aspectos e elementos
apresentados acima estejam presentes bull Definir o problema
bull Recolhimento de dados bull Proposta de uma hipoacutetese
bull Realizaccedilatildeo de uma experiecircncia controlada para testar a validade da hipoacutetese
bull Anaacutelise dos resultados bull Interpretar os dados e tirar conclusotildees o que serve
para a formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bull Publicaccedilatildeo dos resultados em monografias
dissertaccedilotildees teses artigos ou livros aceitos por universidades e ou reconhecidos pela comunidade
cientiacutefica Observe-se que nem todas as hipoacutetese podem ser confirmadas
ou refutadas por experimentos e que em muitas aacutereas do conhecimento o recolhimento de dados e a tentativas de interpretaacute-los jaacute eacute uma grande tarefa como nas ciecircncias
humanas e juriacutedicas (criminologia)
Ciecircncias humanas A limitaccedilatildeo eacutetica da realizaccedilatildeo experimentos com seres humanos o estudo das subjetividades ou essencialmente
subjetivo individual e particular psiquismo humano ou a natureza histoacuterica do objeto das ciecircncias sociais conduziram os pensadores a distintos caminhos ou
proposiccedilotildees de estudo para o meacutetodo cientiacutefico Contudo parafraseando Minayoldquouma base de dados quando bem trabalhada teoacuterica e praticamente produz riqueza de informaccedilotildees aprofundamento e maior fidedignidade
interpretativardquo As principais divergecircncias na anaacutelise dos resultados de pesquisas em ciecircncias sociais ou humanas se datildeo no plano da contextualizaccedilatildeo dos dados ou informaccedilotildees obtidas em campo nos diversos sistemas teoacutericos ou seja conjunto de teorias e leis reconhecidas como consensuais em distintos
momentos histoacutericos eou segmentos das comunidades cientiacuteficas Nas ciecircncias sociais identifica-se trecircs
grandes correntes de pensamentos bull Positivismo Auguste Comte
bull Fenomenologia (Fenomenologia do Espiacuterito Estruturalismo
bull Materialismo dialeacutetico Dialeacutetica Marxismo
A histoacuteria do meacutetodo cientiacutefico se mistura com a histoacuteria da ciecircncia Documentos do
A evoluccedilatildeo do conceito de meacutetodo
Antigo Egito jaacute descrevem meacutetodos de diagnoacutesticos meacutedicos Na cultura da Greacutecia
Antiga os primeiros indiacutecios do meacutetodo cientiacutefico comeccedilam a aparecer Grande avanccedilo no meacutetodo foi feito no comeccedilo da filosofia islacircmica principalmente no uso de experimentos
para decidir entre duas hipoacuteteses Os principios fundamentais do meacutetodo cientiacutefico se consolidaram com o surgimento da Fiacutesica nos seacuteculos XVII e XVIII Francis
Bacon em seu trabalho Novum Organum(1620)-uma referecircncia
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ao Organon de Aristoacuteteles-especifica um novo sistema loacutegico para melhorar o velho processo filosoacutefico do
silogismo A metodologia cientiacutefica tem sua origem no pensamento de
Descartes que foi posteriormente desenvolvimento empiricamente pelo fiacutesico inglecircs Isaac Newton Reneacute Descartes propocircs chegar agrave verdade atraveacutes da duacutevida sistemaacutetica e da decomposiccedilatildeo do problema em pequenas
partes caracteriacutesticas que definiram a base da pesquisa cientiacutefica
Lecirc-se no livro o Discurso do meacutetodo E como a multiplicidade de leis serve frequentemente para escusar os viacutecios de sorte que um estado eacute muito melhor governado quando possuindo poucas elas satildeo aiacute rigorosamente aplicadas assim em lugar de um grande
nuacutemero de preceitosde qua a loacutegica eacute composta acrediteis que jaacute me seriam bastante quatro contanto que tomasse a firme e constante resoluccedilatildeo de natildeo deixar uma vez soacute de
observaacute-los O primeiro consistia em nunca aceitar por verdadeira coisa nenhuma que natildeo conhecesse como evidente isto eacute
devia evitar cuidadosamente a precipitaccedilatildeo e a prevenccedilatildeo e nada incluir em meus juizos que natildeo se apresentasse tatildeo claramente e tatildeo distintamente ao meu espiacuterito que natildeo
tivesse nenhuma ocasiatildeo de o por em duacutevida O segundo ndash dividir cada uma das dificuldades que
examinasse em tantas parcelas quantas pudesse ser e fossem exigidas para melhor compreendecirc-las
O terceiro ndash conduzir por ordem os meus pensamento comeccedilando pelos objetos mais simples e faacuteceis de serem conhecidos para subir pouco a pouco como por degraus ateacute o conhecimento dos mais compostos e supondo mesmo
certa ordem entre os que natildeo se precedem naturalmente uns aos outros
e o uacuteltimo ndash fazer sempre enumeraccedilotildees tatildeo completas e revisotildees tatildeo gerais que ficasse certo de nada
omitir Correntemente estas regras satildeo 1 ndash da evidecircncia 2 ndash da
divisatildeo ou anaacutelise 3 ndash da ordem ou deduccedilatildeo 3 da enumeraccedilatildeo (contar especificar) classificaccedilatildeo
O acidente (serendipity
Eacute comum considerar alguns dos mais importantes avanccedilos na ciecircncia tais como as
)
descobertas da radioatividade por Henri Becquerel ou da penicilina por Alexander Fleming como tendo ocorrido por acidente no entanto o que eacute possiacutevel afirmar agrave luz da observaccedilatildeo cientiacutefica eacute que
teratildeo sido parcialmente acidentais uma vez que as pessoas envolvidas haviam aprendido a pensar cientificamente
estando portanto conscientes de que observaram algo novo e interessante
Os progressos da ciecircncia satildeo acompanhados de muitas horas de trabalho cuidadoso que segue um caminho mais ou menos sistemaacutetico na busca de respostas a questotildees cientiacuteficas
Eacute este o caminho denominado de meacutetodo cientiacutefico
A A hipoacutetese
Hipoacutetese (do gr Hypoacutethesis) eacute uma proposiccedilatildeo que se admite de modo provisoacuterio como princiacutepio do qual se pode
deduzir pelas regras da loacutegica um conjunto dado de proposiccedilotildees ou um mecanismo da experiecircncia a explicar
36
Literalmente pode ser compreendida como uma suposiccedilatildeo ou pergunta conjetura que orienta uma investigaccedilatildeo por
antecipar caracteriacutesticas provaacuteveis do objeto investigado e que vale quer pela confirmaccedilatildeo atraveacutes de deduccedilotildees loacutegicas dessas caracteriacutesticas quer pelo encontro de novos caminhos de investigaccedilatildeo (novas hipoacuteteses e novos
experimentos) No meacutetodo cientiacutefico a hipoacutetese eacute o caminho que deve levar agrave formulaccedilatildeo de uma teoria O cientista na sua hipoacutetese tem dois objetivos explicar um fato e prever
outros acontecimentos dele decorrentes (deduzir as consequencias) A hipoacutetese deveraacute ser testada em
experiecircncias laboratoriais controladasSe apoacutes muitas dessas experiecircncias os resultados obtidos pelos
pesquisadores natildeo contrariarem a hipoacutetese entatildeo ela seraacute aceita como uma lei e integrada agrave uma teoria eou sistema
teacuteoacuterico
Referecircncias 1 uarr [PDF] Estudos do meacutetodo cientiacutefico
Ver tambeacutem bull Verdade
bull Falseabilidade bull Karl Popper
bull Filosofia da ciecircncia bull Histoacuteria da ciecircncia
bull Epistemologia bull Loacutegica
bull Aristoacuteteles bull Georg Wilhelm Friedrich Hegel
bull Complexidade bull Reducionismo
bull Navalha de Occam bull Ciecircncia
bull Pseudociecircncia bull Paradigma
bull Paul Feyerabend bull Thomas Kuhn
bull Gaston Bachelard bull Teoria
bull Lei (ciecircncias) bull Hipoacutetese
bull Tese bull Dissertaccedilatildeo
Bibliografia
Becker Howard S Meacutetodos de pesquisa em ciecircncias sociais SP Hucitec 1999
Chizzotti Antonio Pesquisa em ciecircncia humanas e sociais SP Cortez 2006
Comte August Discurso preliminar sobre o espiacuterito positivo
Descartes Reneacute Discurso do meacutetodo (traduccedilatildeo prefaacutecio e notas de Joatildeo Cruz Costa SP Ed de Ouro 1970 disponiacutevel
para download em domiacutenio puacuteblico httpwwwdominiopublico e eBooket
httpwwweBooketnet IntraText Reneacute Descartes - e-books
37
Haddad Nagib Metodologia de estudos em ciecircncias da sauacutede como planejar analisar e apresentar um trabalho
cientiacutefico SP Roca 2004 Minayo Maria C de Souza (org) Deslandes (Suely F
Gomes Romeu Pesquisa social teoria meacutetodo e criatividade Petroacutepolis RJ Vozes 2007
Lakatos Eva Maria Marconi Marina de A Meacutetodologia cientiacutefica SP Atlas 2007
Selye Hans Stress a tensatildeo da vida SP IBRASA 1965
Ligaccedilotildees externas bull Explicando o Meacutetodo Cientiacutefico
bull Prova Cientiacutefica bull Diretrizes para elaboraccedilatildeo de dissertaccedilotildees e teses -
USP bull Centro Cochrane do Brasil
bull Metodologiaorg bull Evidecircnciascom
bull Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq)
bull Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciecircncia bull Lista de Perioacutedicos cientificos brasileiros por
assunto bull SciELO - Scientific Electronic Library Online
bull Perioacutedicos UNESCO bull Ciecircncia Hoje
bull Scientific American - Brasil bull Scientific American
COLCHA DE RETALHOS CIENTIacuteFICA (a realidade natildeo eacute Frankenstein ela eacute uacutenica e funcional)
A realidade segundo a Ciecircncia geral
A senhora Ciecircncia trabalhando com
seus remendos
Drordf Ciecircncia e seu filho
Mary Shelley viu o futuro
38
Somos Monstros 6 05 2008
Tudo comeccedilou com um desafio feito a Mary Shelley (1797-1851) entatildeo uma jovem de 21 anos por Lord Byron Na eacutepoca 1918 Byron propocircs a Mary e seu marido que
escrevessem um conto de terror uma maneira de passar o tempo jaacute que suas feacuterias estavam sendo consumidas
intediantemente pelo mau tempo Mary foi a uacuteltima a dar iniacutecio ao seu conto que acabou baseado em um pesadelo que
teve numa daquelas noites de chuva E dentre todos o conto de Shelley foi o que mais surpreendeu e arrepiou Insentivada a continuar Mary Shelley desenvolveu ainda
mais sua histoacuteria e transformou-a em um dos mais conhecidos e celebrados livros da Histoacuteria Frankenstein
Victor Frankenstein era um jovem curioso com sede de conhecimento apaixonado pela ciecircncia intrigado com os segredos da vida e louco para deixar sua marca no mundo Havia aprendido sozinho em casa sobre as fantasias da Alquimia no entanto apenas na universidade ele foi descobrir que toda sua bagagem de conhecimento estava ultrapassada haacute muito Acabou se tornando um aluno
exemplar dedicado agrave quiacutemica e agrave biologia Foi assim que sozinho em seu laboratoacuterio em Ingolstadt Victor deu iniacutecio agrave sua criaccedilatildeo misturando seus conhecimentos
teoacutericos de fisiologia e filosofia natural com princiacutepios de mecacircnica decido a descobrir se o princiacutepio que
mantinha animado o corpo poderia pernecer mesmo apoacutes a morte Como Victor fez isso todos jaacute sabemos deu vida a uma criatura formada por partes de cadaacuteveres de tamanho
descomunal (cerca de 25m de altura) e aparecircncia horripilante E eacute aqui que daacute-se iniacutecio ao grande trunfo
da histoacuteria Ao despertar da Criatura Frankenstein acaba por cair na realidade vendo como era realmente feia sua criaccedilatildeo com
seus membros desproporcionais seu olhos aquosos e amarelos incompleta a ponto de seus tecidos nem sequer
cobrirem todo o corpo deixando agrave mostra muacutesculos e ossos Desesperado e com medo arrependido de sua audaacutecia Victor
abandona sua Criatura decaindo num suacutebito acesso de naacuteusea e lucidez
Pobre Criatura um ser vazio de conhecimentos ignorante em relaccedilatildeo ao conviacutevio social solto num mundo de pessoas
39
preconceituosas e indiferentes A personificaccedilatildeo perfeita da famosa teoria de Rousseau a do ldquobom selvagemrdquo que diz
que todo o homem nasce ldquopurordquo e eacute corrompido pela sociedade violenta viciosa e materialista Quem lecirc a
histoacuteria de Frankenstein espera encontrar terror suspense e aventura onde um monstro estaria a solta para destruir e matar No entanto descobre um mundo onde noacutes humanos somos totalmente repugnantes e no qual o uacutenico ser que
realmente tem algum valor eacute o monstro excluiacutedo por todos Poucos livros retratam tatildeo bem a indiferenccedila humana e a nossa mania de dar mais valor agraves aparecircncias do que aos
sentimentos carater e virtudes Mary Shelley escreveu uma autecircntica obra-prima da
literatura universal um romance capaz de despertar no leitor a pena e a compaixatildeo por um monstro e a repugnacircncia
de nossa proacutepria raccedila Uma liccedilatildeo que ainda natildeo foi aprendida mesmo depois de quase 200 anos
Ficha Teacutecnica Tiacutetulo Frankestein (Frankenstein or the Modern
Prometheus) Autor Mary Shalley Paiacutes Inglaterra
Publicaccedilatildeo Original 1818 Publicaccedilatildeo Lida Martin Claret Editora 2001
33
(objetivos) na pesquisa qualitativa o observador (sujeito) eacute da mesma natureza que o objeto de sua anaacutelise e ele proacuteprio uma parte de sua observaccedilatildeo (o subjetivo)
Eacute importante ter em mente que as pesquisas cientificas relacionam-se com um modelo (paradigmaacutetico) ou uma
constelaccedilatildeo de pressupostos e crenccedilas escalas de valores teacutecnicas e conceitos compartilhados pelos membros de uma determinada comunidade cientiacutefica num determinado momento
histoacuterico
Ciecircncia eacute muito mais uma maneira de pensar do que um corpo de conhecimentos -
Elementos do meacutetodo cientiacutefico
Carl Sagan ciecircncia consiste em agrupar factos para que leis
gerais ou conclusotildees possam ser tiradas deles - Charles Darwin
O meacutetodo cientiacutefico eacute composto dos seguintes elementos bull Caracterizaccedilatildeo - Quantificaccedilotildees observaccedilotildees e
medidas bull Hipoacuteteses - Explicaccedilotildees hipoteacuteticas das observaccedilotildees e
medidas bull Previsotildees - Deduccedilotildees loacutegicas das hipoacuteteses
bull Experimentos - Testes dos trecircs elementos acima O meacutetodo cientiacutefico consiste dos seguintes aspectos bull Observaccedilatildeo - Uma observaccedilatildeo pode ser simples isto eacute
feita a olho nu ou pode exigir a utilizaccedilatildeo de instrumentos apropriados
bull Descriccedilatildeo - O experimento precisa ser replicaacutevel (capaz de ser reproduzido)
bull Previsatildeo - As hipoacuteteses precisam ser vaacutelidas para observaccedilotildees feitas no passado no presente e no
futuro bull Controle - Para maior seguranccedila nas conclusotildees toda
experiecircncia deve ser controlada Experiecircncia controlada eacute aquela que eacute realizada com teacutecnicas que permitem descartar as variaacuteveis passiacuteveis de mascarar
o resultado bull Falseabilidade[1]
bull Explicaccedilatildeo das Causas - Na maioria das aacutereas da Ciecircncia eacute necessaacuterio que haja causalidade Nessas
condiccedilotildees os seguintes requerimentos satildeo vistos como importantes no entendimento cientiacutefico
- toda hipoacutetese tem que ser falseaacutevel ou refutaacutevel Isso natildeo quer dizer que o experimento seja falso mas sim que ele pode ser verificado
contestado Ou seja se ele realmente for falso deve ser possiacutevel provaacute-lo
bull Identificaccedilatildeo das Causas bull Correlaccedilatildeo dos eventos - As causas precisam se
correlacionar com as observaccedilotildees bull Ordem dos eventos - As causas precisam preceder
no tempo os efeitos observados Na aacuterea da sauacutede a natureza da associaccedilatildeo causal foi formulada por Hence e adaptada por Robert Koch em 1877
para demonstraccedilatildeo da relaccedilatildeo causal entre microrganismos e patologias consistindo basicamente no enunciado acima ou seja forccedila da associaccedilatildeo (conectividade) sequumlecircncia temporal (assimetria) transitividade (evidecircncia experimental) previsibilidade estabilidade
Uma maneira linearizada e pragmaacutetica de apresentar os quatro pontos acima estaacute exposto a seguir passo-a-passo
34
Vale a pena notar que eacute apenas um exemplo natildeo sendo obrigatoacuterio a existecircncia de todos esses passos Na
verdade na maioria dos casos natildeo se segue todos esses passos ou mesmo parte deles O meacutetodo cientiacutefico natildeo eacute
uma receita ele requer inteligecircncia imaginaccedilatildeo e criatividade O importante eacute que os aspectos e elementos
apresentados acima estejam presentes bull Definir o problema
bull Recolhimento de dados bull Proposta de uma hipoacutetese
bull Realizaccedilatildeo de uma experiecircncia controlada para testar a validade da hipoacutetese
bull Anaacutelise dos resultados bull Interpretar os dados e tirar conclusotildees o que serve
para a formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bull Publicaccedilatildeo dos resultados em monografias
dissertaccedilotildees teses artigos ou livros aceitos por universidades e ou reconhecidos pela comunidade
cientiacutefica Observe-se que nem todas as hipoacutetese podem ser confirmadas
ou refutadas por experimentos e que em muitas aacutereas do conhecimento o recolhimento de dados e a tentativas de interpretaacute-los jaacute eacute uma grande tarefa como nas ciecircncias
humanas e juriacutedicas (criminologia)
Ciecircncias humanas A limitaccedilatildeo eacutetica da realizaccedilatildeo experimentos com seres humanos o estudo das subjetividades ou essencialmente
subjetivo individual e particular psiquismo humano ou a natureza histoacuterica do objeto das ciecircncias sociais conduziram os pensadores a distintos caminhos ou
proposiccedilotildees de estudo para o meacutetodo cientiacutefico Contudo parafraseando Minayoldquouma base de dados quando bem trabalhada teoacuterica e praticamente produz riqueza de informaccedilotildees aprofundamento e maior fidedignidade
interpretativardquo As principais divergecircncias na anaacutelise dos resultados de pesquisas em ciecircncias sociais ou humanas se datildeo no plano da contextualizaccedilatildeo dos dados ou informaccedilotildees obtidas em campo nos diversos sistemas teoacutericos ou seja conjunto de teorias e leis reconhecidas como consensuais em distintos
momentos histoacutericos eou segmentos das comunidades cientiacuteficas Nas ciecircncias sociais identifica-se trecircs
grandes correntes de pensamentos bull Positivismo Auguste Comte
bull Fenomenologia (Fenomenologia do Espiacuterito Estruturalismo
bull Materialismo dialeacutetico Dialeacutetica Marxismo
A histoacuteria do meacutetodo cientiacutefico se mistura com a histoacuteria da ciecircncia Documentos do
A evoluccedilatildeo do conceito de meacutetodo
Antigo Egito jaacute descrevem meacutetodos de diagnoacutesticos meacutedicos Na cultura da Greacutecia
Antiga os primeiros indiacutecios do meacutetodo cientiacutefico comeccedilam a aparecer Grande avanccedilo no meacutetodo foi feito no comeccedilo da filosofia islacircmica principalmente no uso de experimentos
para decidir entre duas hipoacuteteses Os principios fundamentais do meacutetodo cientiacutefico se consolidaram com o surgimento da Fiacutesica nos seacuteculos XVII e XVIII Francis
Bacon em seu trabalho Novum Organum(1620)-uma referecircncia
35
ao Organon de Aristoacuteteles-especifica um novo sistema loacutegico para melhorar o velho processo filosoacutefico do
silogismo A metodologia cientiacutefica tem sua origem no pensamento de
Descartes que foi posteriormente desenvolvimento empiricamente pelo fiacutesico inglecircs Isaac Newton Reneacute Descartes propocircs chegar agrave verdade atraveacutes da duacutevida sistemaacutetica e da decomposiccedilatildeo do problema em pequenas
partes caracteriacutesticas que definiram a base da pesquisa cientiacutefica
Lecirc-se no livro o Discurso do meacutetodo E como a multiplicidade de leis serve frequentemente para escusar os viacutecios de sorte que um estado eacute muito melhor governado quando possuindo poucas elas satildeo aiacute rigorosamente aplicadas assim em lugar de um grande
nuacutemero de preceitosde qua a loacutegica eacute composta acrediteis que jaacute me seriam bastante quatro contanto que tomasse a firme e constante resoluccedilatildeo de natildeo deixar uma vez soacute de
observaacute-los O primeiro consistia em nunca aceitar por verdadeira coisa nenhuma que natildeo conhecesse como evidente isto eacute
devia evitar cuidadosamente a precipitaccedilatildeo e a prevenccedilatildeo e nada incluir em meus juizos que natildeo se apresentasse tatildeo claramente e tatildeo distintamente ao meu espiacuterito que natildeo
tivesse nenhuma ocasiatildeo de o por em duacutevida O segundo ndash dividir cada uma das dificuldades que
examinasse em tantas parcelas quantas pudesse ser e fossem exigidas para melhor compreendecirc-las
O terceiro ndash conduzir por ordem os meus pensamento comeccedilando pelos objetos mais simples e faacuteceis de serem conhecidos para subir pouco a pouco como por degraus ateacute o conhecimento dos mais compostos e supondo mesmo
certa ordem entre os que natildeo se precedem naturalmente uns aos outros
e o uacuteltimo ndash fazer sempre enumeraccedilotildees tatildeo completas e revisotildees tatildeo gerais que ficasse certo de nada
omitir Correntemente estas regras satildeo 1 ndash da evidecircncia 2 ndash da
divisatildeo ou anaacutelise 3 ndash da ordem ou deduccedilatildeo 3 da enumeraccedilatildeo (contar especificar) classificaccedilatildeo
O acidente (serendipity
Eacute comum considerar alguns dos mais importantes avanccedilos na ciecircncia tais como as
)
descobertas da radioatividade por Henri Becquerel ou da penicilina por Alexander Fleming como tendo ocorrido por acidente no entanto o que eacute possiacutevel afirmar agrave luz da observaccedilatildeo cientiacutefica eacute que
teratildeo sido parcialmente acidentais uma vez que as pessoas envolvidas haviam aprendido a pensar cientificamente
estando portanto conscientes de que observaram algo novo e interessante
Os progressos da ciecircncia satildeo acompanhados de muitas horas de trabalho cuidadoso que segue um caminho mais ou menos sistemaacutetico na busca de respostas a questotildees cientiacuteficas
Eacute este o caminho denominado de meacutetodo cientiacutefico
A A hipoacutetese
Hipoacutetese (do gr Hypoacutethesis) eacute uma proposiccedilatildeo que se admite de modo provisoacuterio como princiacutepio do qual se pode
deduzir pelas regras da loacutegica um conjunto dado de proposiccedilotildees ou um mecanismo da experiecircncia a explicar
36
Literalmente pode ser compreendida como uma suposiccedilatildeo ou pergunta conjetura que orienta uma investigaccedilatildeo por
antecipar caracteriacutesticas provaacuteveis do objeto investigado e que vale quer pela confirmaccedilatildeo atraveacutes de deduccedilotildees loacutegicas dessas caracteriacutesticas quer pelo encontro de novos caminhos de investigaccedilatildeo (novas hipoacuteteses e novos
experimentos) No meacutetodo cientiacutefico a hipoacutetese eacute o caminho que deve levar agrave formulaccedilatildeo de uma teoria O cientista na sua hipoacutetese tem dois objetivos explicar um fato e prever
outros acontecimentos dele decorrentes (deduzir as consequencias) A hipoacutetese deveraacute ser testada em
experiecircncias laboratoriais controladasSe apoacutes muitas dessas experiecircncias os resultados obtidos pelos
pesquisadores natildeo contrariarem a hipoacutetese entatildeo ela seraacute aceita como uma lei e integrada agrave uma teoria eou sistema
teacuteoacuterico
Referecircncias 1 uarr [PDF] Estudos do meacutetodo cientiacutefico
Ver tambeacutem bull Verdade
bull Falseabilidade bull Karl Popper
bull Filosofia da ciecircncia bull Histoacuteria da ciecircncia
bull Epistemologia bull Loacutegica
bull Aristoacuteteles bull Georg Wilhelm Friedrich Hegel
bull Complexidade bull Reducionismo
bull Navalha de Occam bull Ciecircncia
bull Pseudociecircncia bull Paradigma
bull Paul Feyerabend bull Thomas Kuhn
bull Gaston Bachelard bull Teoria
bull Lei (ciecircncias) bull Hipoacutetese
bull Tese bull Dissertaccedilatildeo
Bibliografia
Becker Howard S Meacutetodos de pesquisa em ciecircncias sociais SP Hucitec 1999
Chizzotti Antonio Pesquisa em ciecircncia humanas e sociais SP Cortez 2006
Comte August Discurso preliminar sobre o espiacuterito positivo
Descartes Reneacute Discurso do meacutetodo (traduccedilatildeo prefaacutecio e notas de Joatildeo Cruz Costa SP Ed de Ouro 1970 disponiacutevel
para download em domiacutenio puacuteblico httpwwwdominiopublico e eBooket
httpwwweBooketnet IntraText Reneacute Descartes - e-books
37
Haddad Nagib Metodologia de estudos em ciecircncias da sauacutede como planejar analisar e apresentar um trabalho
cientiacutefico SP Roca 2004 Minayo Maria C de Souza (org) Deslandes (Suely F
Gomes Romeu Pesquisa social teoria meacutetodo e criatividade Petroacutepolis RJ Vozes 2007
Lakatos Eva Maria Marconi Marina de A Meacutetodologia cientiacutefica SP Atlas 2007
Selye Hans Stress a tensatildeo da vida SP IBRASA 1965
Ligaccedilotildees externas bull Explicando o Meacutetodo Cientiacutefico
bull Prova Cientiacutefica bull Diretrizes para elaboraccedilatildeo de dissertaccedilotildees e teses -
USP bull Centro Cochrane do Brasil
bull Metodologiaorg bull Evidecircnciascom
bull Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq)
bull Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciecircncia bull Lista de Perioacutedicos cientificos brasileiros por
assunto bull SciELO - Scientific Electronic Library Online
bull Perioacutedicos UNESCO bull Ciecircncia Hoje
bull Scientific American - Brasil bull Scientific American
COLCHA DE RETALHOS CIENTIacuteFICA (a realidade natildeo eacute Frankenstein ela eacute uacutenica e funcional)
A realidade segundo a Ciecircncia geral
A senhora Ciecircncia trabalhando com
seus remendos
Drordf Ciecircncia e seu filho
Mary Shelley viu o futuro
38
Somos Monstros 6 05 2008
Tudo comeccedilou com um desafio feito a Mary Shelley (1797-1851) entatildeo uma jovem de 21 anos por Lord Byron Na eacutepoca 1918 Byron propocircs a Mary e seu marido que
escrevessem um conto de terror uma maneira de passar o tempo jaacute que suas feacuterias estavam sendo consumidas
intediantemente pelo mau tempo Mary foi a uacuteltima a dar iniacutecio ao seu conto que acabou baseado em um pesadelo que
teve numa daquelas noites de chuva E dentre todos o conto de Shelley foi o que mais surpreendeu e arrepiou Insentivada a continuar Mary Shelley desenvolveu ainda
mais sua histoacuteria e transformou-a em um dos mais conhecidos e celebrados livros da Histoacuteria Frankenstein
Victor Frankenstein era um jovem curioso com sede de conhecimento apaixonado pela ciecircncia intrigado com os segredos da vida e louco para deixar sua marca no mundo Havia aprendido sozinho em casa sobre as fantasias da Alquimia no entanto apenas na universidade ele foi descobrir que toda sua bagagem de conhecimento estava ultrapassada haacute muito Acabou se tornando um aluno
exemplar dedicado agrave quiacutemica e agrave biologia Foi assim que sozinho em seu laboratoacuterio em Ingolstadt Victor deu iniacutecio agrave sua criaccedilatildeo misturando seus conhecimentos
teoacutericos de fisiologia e filosofia natural com princiacutepios de mecacircnica decido a descobrir se o princiacutepio que
mantinha animado o corpo poderia pernecer mesmo apoacutes a morte Como Victor fez isso todos jaacute sabemos deu vida a uma criatura formada por partes de cadaacuteveres de tamanho
descomunal (cerca de 25m de altura) e aparecircncia horripilante E eacute aqui que daacute-se iniacutecio ao grande trunfo
da histoacuteria Ao despertar da Criatura Frankenstein acaba por cair na realidade vendo como era realmente feia sua criaccedilatildeo com
seus membros desproporcionais seu olhos aquosos e amarelos incompleta a ponto de seus tecidos nem sequer
cobrirem todo o corpo deixando agrave mostra muacutesculos e ossos Desesperado e com medo arrependido de sua audaacutecia Victor
abandona sua Criatura decaindo num suacutebito acesso de naacuteusea e lucidez
Pobre Criatura um ser vazio de conhecimentos ignorante em relaccedilatildeo ao conviacutevio social solto num mundo de pessoas
39
preconceituosas e indiferentes A personificaccedilatildeo perfeita da famosa teoria de Rousseau a do ldquobom selvagemrdquo que diz
que todo o homem nasce ldquopurordquo e eacute corrompido pela sociedade violenta viciosa e materialista Quem lecirc a
histoacuteria de Frankenstein espera encontrar terror suspense e aventura onde um monstro estaria a solta para destruir e matar No entanto descobre um mundo onde noacutes humanos somos totalmente repugnantes e no qual o uacutenico ser que
realmente tem algum valor eacute o monstro excluiacutedo por todos Poucos livros retratam tatildeo bem a indiferenccedila humana e a nossa mania de dar mais valor agraves aparecircncias do que aos
sentimentos carater e virtudes Mary Shelley escreveu uma autecircntica obra-prima da
literatura universal um romance capaz de despertar no leitor a pena e a compaixatildeo por um monstro e a repugnacircncia
de nossa proacutepria raccedila Uma liccedilatildeo que ainda natildeo foi aprendida mesmo depois de quase 200 anos
Ficha Teacutecnica Tiacutetulo Frankestein (Frankenstein or the Modern
Prometheus) Autor Mary Shalley Paiacutes Inglaterra
Publicaccedilatildeo Original 1818 Publicaccedilatildeo Lida Martin Claret Editora 2001
34
Vale a pena notar que eacute apenas um exemplo natildeo sendo obrigatoacuterio a existecircncia de todos esses passos Na
verdade na maioria dos casos natildeo se segue todos esses passos ou mesmo parte deles O meacutetodo cientiacutefico natildeo eacute
uma receita ele requer inteligecircncia imaginaccedilatildeo e criatividade O importante eacute que os aspectos e elementos
apresentados acima estejam presentes bull Definir o problema
bull Recolhimento de dados bull Proposta de uma hipoacutetese
bull Realizaccedilatildeo de uma experiecircncia controlada para testar a validade da hipoacutetese
bull Anaacutelise dos resultados bull Interpretar os dados e tirar conclusotildees o que serve
para a formulaccedilatildeo de novas hipoacuteteses bull Publicaccedilatildeo dos resultados em monografias
dissertaccedilotildees teses artigos ou livros aceitos por universidades e ou reconhecidos pela comunidade
cientiacutefica Observe-se que nem todas as hipoacutetese podem ser confirmadas
ou refutadas por experimentos e que em muitas aacutereas do conhecimento o recolhimento de dados e a tentativas de interpretaacute-los jaacute eacute uma grande tarefa como nas ciecircncias
humanas e juriacutedicas (criminologia)
Ciecircncias humanas A limitaccedilatildeo eacutetica da realizaccedilatildeo experimentos com seres humanos o estudo das subjetividades ou essencialmente
subjetivo individual e particular psiquismo humano ou a natureza histoacuterica do objeto das ciecircncias sociais conduziram os pensadores a distintos caminhos ou
proposiccedilotildees de estudo para o meacutetodo cientiacutefico Contudo parafraseando Minayoldquouma base de dados quando bem trabalhada teoacuterica e praticamente produz riqueza de informaccedilotildees aprofundamento e maior fidedignidade
interpretativardquo As principais divergecircncias na anaacutelise dos resultados de pesquisas em ciecircncias sociais ou humanas se datildeo no plano da contextualizaccedilatildeo dos dados ou informaccedilotildees obtidas em campo nos diversos sistemas teoacutericos ou seja conjunto de teorias e leis reconhecidas como consensuais em distintos
momentos histoacutericos eou segmentos das comunidades cientiacuteficas Nas ciecircncias sociais identifica-se trecircs
grandes correntes de pensamentos bull Positivismo Auguste Comte
bull Fenomenologia (Fenomenologia do Espiacuterito Estruturalismo
bull Materialismo dialeacutetico Dialeacutetica Marxismo
A histoacuteria do meacutetodo cientiacutefico se mistura com a histoacuteria da ciecircncia Documentos do
A evoluccedilatildeo do conceito de meacutetodo
Antigo Egito jaacute descrevem meacutetodos de diagnoacutesticos meacutedicos Na cultura da Greacutecia
Antiga os primeiros indiacutecios do meacutetodo cientiacutefico comeccedilam a aparecer Grande avanccedilo no meacutetodo foi feito no comeccedilo da filosofia islacircmica principalmente no uso de experimentos
para decidir entre duas hipoacuteteses Os principios fundamentais do meacutetodo cientiacutefico se consolidaram com o surgimento da Fiacutesica nos seacuteculos XVII e XVIII Francis
Bacon em seu trabalho Novum Organum(1620)-uma referecircncia
35
ao Organon de Aristoacuteteles-especifica um novo sistema loacutegico para melhorar o velho processo filosoacutefico do
silogismo A metodologia cientiacutefica tem sua origem no pensamento de
Descartes que foi posteriormente desenvolvimento empiricamente pelo fiacutesico inglecircs Isaac Newton Reneacute Descartes propocircs chegar agrave verdade atraveacutes da duacutevida sistemaacutetica e da decomposiccedilatildeo do problema em pequenas
partes caracteriacutesticas que definiram a base da pesquisa cientiacutefica
Lecirc-se no livro o Discurso do meacutetodo E como a multiplicidade de leis serve frequentemente para escusar os viacutecios de sorte que um estado eacute muito melhor governado quando possuindo poucas elas satildeo aiacute rigorosamente aplicadas assim em lugar de um grande
nuacutemero de preceitosde qua a loacutegica eacute composta acrediteis que jaacute me seriam bastante quatro contanto que tomasse a firme e constante resoluccedilatildeo de natildeo deixar uma vez soacute de
observaacute-los O primeiro consistia em nunca aceitar por verdadeira coisa nenhuma que natildeo conhecesse como evidente isto eacute
devia evitar cuidadosamente a precipitaccedilatildeo e a prevenccedilatildeo e nada incluir em meus juizos que natildeo se apresentasse tatildeo claramente e tatildeo distintamente ao meu espiacuterito que natildeo
tivesse nenhuma ocasiatildeo de o por em duacutevida O segundo ndash dividir cada uma das dificuldades que
examinasse em tantas parcelas quantas pudesse ser e fossem exigidas para melhor compreendecirc-las
O terceiro ndash conduzir por ordem os meus pensamento comeccedilando pelos objetos mais simples e faacuteceis de serem conhecidos para subir pouco a pouco como por degraus ateacute o conhecimento dos mais compostos e supondo mesmo
certa ordem entre os que natildeo se precedem naturalmente uns aos outros
e o uacuteltimo ndash fazer sempre enumeraccedilotildees tatildeo completas e revisotildees tatildeo gerais que ficasse certo de nada
omitir Correntemente estas regras satildeo 1 ndash da evidecircncia 2 ndash da
divisatildeo ou anaacutelise 3 ndash da ordem ou deduccedilatildeo 3 da enumeraccedilatildeo (contar especificar) classificaccedilatildeo
O acidente (serendipity
Eacute comum considerar alguns dos mais importantes avanccedilos na ciecircncia tais como as
)
descobertas da radioatividade por Henri Becquerel ou da penicilina por Alexander Fleming como tendo ocorrido por acidente no entanto o que eacute possiacutevel afirmar agrave luz da observaccedilatildeo cientiacutefica eacute que
teratildeo sido parcialmente acidentais uma vez que as pessoas envolvidas haviam aprendido a pensar cientificamente
estando portanto conscientes de que observaram algo novo e interessante
Os progressos da ciecircncia satildeo acompanhados de muitas horas de trabalho cuidadoso que segue um caminho mais ou menos sistemaacutetico na busca de respostas a questotildees cientiacuteficas
Eacute este o caminho denominado de meacutetodo cientiacutefico
A A hipoacutetese
Hipoacutetese (do gr Hypoacutethesis) eacute uma proposiccedilatildeo que se admite de modo provisoacuterio como princiacutepio do qual se pode
deduzir pelas regras da loacutegica um conjunto dado de proposiccedilotildees ou um mecanismo da experiecircncia a explicar
36
Literalmente pode ser compreendida como uma suposiccedilatildeo ou pergunta conjetura que orienta uma investigaccedilatildeo por
antecipar caracteriacutesticas provaacuteveis do objeto investigado e que vale quer pela confirmaccedilatildeo atraveacutes de deduccedilotildees loacutegicas dessas caracteriacutesticas quer pelo encontro de novos caminhos de investigaccedilatildeo (novas hipoacuteteses e novos
experimentos) No meacutetodo cientiacutefico a hipoacutetese eacute o caminho que deve levar agrave formulaccedilatildeo de uma teoria O cientista na sua hipoacutetese tem dois objetivos explicar um fato e prever
outros acontecimentos dele decorrentes (deduzir as consequencias) A hipoacutetese deveraacute ser testada em
experiecircncias laboratoriais controladasSe apoacutes muitas dessas experiecircncias os resultados obtidos pelos
pesquisadores natildeo contrariarem a hipoacutetese entatildeo ela seraacute aceita como uma lei e integrada agrave uma teoria eou sistema
teacuteoacuterico
Referecircncias 1 uarr [PDF] Estudos do meacutetodo cientiacutefico
Ver tambeacutem bull Verdade
bull Falseabilidade bull Karl Popper
bull Filosofia da ciecircncia bull Histoacuteria da ciecircncia
bull Epistemologia bull Loacutegica
bull Aristoacuteteles bull Georg Wilhelm Friedrich Hegel
bull Complexidade bull Reducionismo
bull Navalha de Occam bull Ciecircncia
bull Pseudociecircncia bull Paradigma
bull Paul Feyerabend bull Thomas Kuhn
bull Gaston Bachelard bull Teoria
bull Lei (ciecircncias) bull Hipoacutetese
bull Tese bull Dissertaccedilatildeo
Bibliografia
Becker Howard S Meacutetodos de pesquisa em ciecircncias sociais SP Hucitec 1999
Chizzotti Antonio Pesquisa em ciecircncia humanas e sociais SP Cortez 2006
Comte August Discurso preliminar sobre o espiacuterito positivo
Descartes Reneacute Discurso do meacutetodo (traduccedilatildeo prefaacutecio e notas de Joatildeo Cruz Costa SP Ed de Ouro 1970 disponiacutevel
para download em domiacutenio puacuteblico httpwwwdominiopublico e eBooket
httpwwweBooketnet IntraText Reneacute Descartes - e-books
37
Haddad Nagib Metodologia de estudos em ciecircncias da sauacutede como planejar analisar e apresentar um trabalho
cientiacutefico SP Roca 2004 Minayo Maria C de Souza (org) Deslandes (Suely F
Gomes Romeu Pesquisa social teoria meacutetodo e criatividade Petroacutepolis RJ Vozes 2007
Lakatos Eva Maria Marconi Marina de A Meacutetodologia cientiacutefica SP Atlas 2007
Selye Hans Stress a tensatildeo da vida SP IBRASA 1965
Ligaccedilotildees externas bull Explicando o Meacutetodo Cientiacutefico
bull Prova Cientiacutefica bull Diretrizes para elaboraccedilatildeo de dissertaccedilotildees e teses -
USP bull Centro Cochrane do Brasil
bull Metodologiaorg bull Evidecircnciascom
bull Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq)
bull Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciecircncia bull Lista de Perioacutedicos cientificos brasileiros por
assunto bull SciELO - Scientific Electronic Library Online
bull Perioacutedicos UNESCO bull Ciecircncia Hoje
bull Scientific American - Brasil bull Scientific American
COLCHA DE RETALHOS CIENTIacuteFICA (a realidade natildeo eacute Frankenstein ela eacute uacutenica e funcional)
A realidade segundo a Ciecircncia geral
A senhora Ciecircncia trabalhando com
seus remendos
Drordf Ciecircncia e seu filho
Mary Shelley viu o futuro
38
Somos Monstros 6 05 2008
Tudo comeccedilou com um desafio feito a Mary Shelley (1797-1851) entatildeo uma jovem de 21 anos por Lord Byron Na eacutepoca 1918 Byron propocircs a Mary e seu marido que
escrevessem um conto de terror uma maneira de passar o tempo jaacute que suas feacuterias estavam sendo consumidas
intediantemente pelo mau tempo Mary foi a uacuteltima a dar iniacutecio ao seu conto que acabou baseado em um pesadelo que
teve numa daquelas noites de chuva E dentre todos o conto de Shelley foi o que mais surpreendeu e arrepiou Insentivada a continuar Mary Shelley desenvolveu ainda
mais sua histoacuteria e transformou-a em um dos mais conhecidos e celebrados livros da Histoacuteria Frankenstein
Victor Frankenstein era um jovem curioso com sede de conhecimento apaixonado pela ciecircncia intrigado com os segredos da vida e louco para deixar sua marca no mundo Havia aprendido sozinho em casa sobre as fantasias da Alquimia no entanto apenas na universidade ele foi descobrir que toda sua bagagem de conhecimento estava ultrapassada haacute muito Acabou se tornando um aluno
exemplar dedicado agrave quiacutemica e agrave biologia Foi assim que sozinho em seu laboratoacuterio em Ingolstadt Victor deu iniacutecio agrave sua criaccedilatildeo misturando seus conhecimentos
teoacutericos de fisiologia e filosofia natural com princiacutepios de mecacircnica decido a descobrir se o princiacutepio que
mantinha animado o corpo poderia pernecer mesmo apoacutes a morte Como Victor fez isso todos jaacute sabemos deu vida a uma criatura formada por partes de cadaacuteveres de tamanho
descomunal (cerca de 25m de altura) e aparecircncia horripilante E eacute aqui que daacute-se iniacutecio ao grande trunfo
da histoacuteria Ao despertar da Criatura Frankenstein acaba por cair na realidade vendo como era realmente feia sua criaccedilatildeo com
seus membros desproporcionais seu olhos aquosos e amarelos incompleta a ponto de seus tecidos nem sequer
cobrirem todo o corpo deixando agrave mostra muacutesculos e ossos Desesperado e com medo arrependido de sua audaacutecia Victor
abandona sua Criatura decaindo num suacutebito acesso de naacuteusea e lucidez
Pobre Criatura um ser vazio de conhecimentos ignorante em relaccedilatildeo ao conviacutevio social solto num mundo de pessoas
39
preconceituosas e indiferentes A personificaccedilatildeo perfeita da famosa teoria de Rousseau a do ldquobom selvagemrdquo que diz
que todo o homem nasce ldquopurordquo e eacute corrompido pela sociedade violenta viciosa e materialista Quem lecirc a
histoacuteria de Frankenstein espera encontrar terror suspense e aventura onde um monstro estaria a solta para destruir e matar No entanto descobre um mundo onde noacutes humanos somos totalmente repugnantes e no qual o uacutenico ser que
realmente tem algum valor eacute o monstro excluiacutedo por todos Poucos livros retratam tatildeo bem a indiferenccedila humana e a nossa mania de dar mais valor agraves aparecircncias do que aos
sentimentos carater e virtudes Mary Shelley escreveu uma autecircntica obra-prima da
literatura universal um romance capaz de despertar no leitor a pena e a compaixatildeo por um monstro e a repugnacircncia
de nossa proacutepria raccedila Uma liccedilatildeo que ainda natildeo foi aprendida mesmo depois de quase 200 anos
Ficha Teacutecnica Tiacutetulo Frankestein (Frankenstein or the Modern
Prometheus) Autor Mary Shalley Paiacutes Inglaterra
Publicaccedilatildeo Original 1818 Publicaccedilatildeo Lida Martin Claret Editora 2001
35
ao Organon de Aristoacuteteles-especifica um novo sistema loacutegico para melhorar o velho processo filosoacutefico do
silogismo A metodologia cientiacutefica tem sua origem no pensamento de
Descartes que foi posteriormente desenvolvimento empiricamente pelo fiacutesico inglecircs Isaac Newton Reneacute Descartes propocircs chegar agrave verdade atraveacutes da duacutevida sistemaacutetica e da decomposiccedilatildeo do problema em pequenas
partes caracteriacutesticas que definiram a base da pesquisa cientiacutefica
Lecirc-se no livro o Discurso do meacutetodo E como a multiplicidade de leis serve frequentemente para escusar os viacutecios de sorte que um estado eacute muito melhor governado quando possuindo poucas elas satildeo aiacute rigorosamente aplicadas assim em lugar de um grande
nuacutemero de preceitosde qua a loacutegica eacute composta acrediteis que jaacute me seriam bastante quatro contanto que tomasse a firme e constante resoluccedilatildeo de natildeo deixar uma vez soacute de
observaacute-los O primeiro consistia em nunca aceitar por verdadeira coisa nenhuma que natildeo conhecesse como evidente isto eacute
devia evitar cuidadosamente a precipitaccedilatildeo e a prevenccedilatildeo e nada incluir em meus juizos que natildeo se apresentasse tatildeo claramente e tatildeo distintamente ao meu espiacuterito que natildeo
tivesse nenhuma ocasiatildeo de o por em duacutevida O segundo ndash dividir cada uma das dificuldades que
examinasse em tantas parcelas quantas pudesse ser e fossem exigidas para melhor compreendecirc-las
O terceiro ndash conduzir por ordem os meus pensamento comeccedilando pelos objetos mais simples e faacuteceis de serem conhecidos para subir pouco a pouco como por degraus ateacute o conhecimento dos mais compostos e supondo mesmo
certa ordem entre os que natildeo se precedem naturalmente uns aos outros
e o uacuteltimo ndash fazer sempre enumeraccedilotildees tatildeo completas e revisotildees tatildeo gerais que ficasse certo de nada
omitir Correntemente estas regras satildeo 1 ndash da evidecircncia 2 ndash da
divisatildeo ou anaacutelise 3 ndash da ordem ou deduccedilatildeo 3 da enumeraccedilatildeo (contar especificar) classificaccedilatildeo
O acidente (serendipity
Eacute comum considerar alguns dos mais importantes avanccedilos na ciecircncia tais como as
)
descobertas da radioatividade por Henri Becquerel ou da penicilina por Alexander Fleming como tendo ocorrido por acidente no entanto o que eacute possiacutevel afirmar agrave luz da observaccedilatildeo cientiacutefica eacute que
teratildeo sido parcialmente acidentais uma vez que as pessoas envolvidas haviam aprendido a pensar cientificamente
estando portanto conscientes de que observaram algo novo e interessante
Os progressos da ciecircncia satildeo acompanhados de muitas horas de trabalho cuidadoso que segue um caminho mais ou menos sistemaacutetico na busca de respostas a questotildees cientiacuteficas
Eacute este o caminho denominado de meacutetodo cientiacutefico
A A hipoacutetese
Hipoacutetese (do gr Hypoacutethesis) eacute uma proposiccedilatildeo que se admite de modo provisoacuterio como princiacutepio do qual se pode
deduzir pelas regras da loacutegica um conjunto dado de proposiccedilotildees ou um mecanismo da experiecircncia a explicar
36
Literalmente pode ser compreendida como uma suposiccedilatildeo ou pergunta conjetura que orienta uma investigaccedilatildeo por
antecipar caracteriacutesticas provaacuteveis do objeto investigado e que vale quer pela confirmaccedilatildeo atraveacutes de deduccedilotildees loacutegicas dessas caracteriacutesticas quer pelo encontro de novos caminhos de investigaccedilatildeo (novas hipoacuteteses e novos
experimentos) No meacutetodo cientiacutefico a hipoacutetese eacute o caminho que deve levar agrave formulaccedilatildeo de uma teoria O cientista na sua hipoacutetese tem dois objetivos explicar um fato e prever
outros acontecimentos dele decorrentes (deduzir as consequencias) A hipoacutetese deveraacute ser testada em
experiecircncias laboratoriais controladasSe apoacutes muitas dessas experiecircncias os resultados obtidos pelos
pesquisadores natildeo contrariarem a hipoacutetese entatildeo ela seraacute aceita como uma lei e integrada agrave uma teoria eou sistema
teacuteoacuterico
Referecircncias 1 uarr [PDF] Estudos do meacutetodo cientiacutefico
Ver tambeacutem bull Verdade
bull Falseabilidade bull Karl Popper
bull Filosofia da ciecircncia bull Histoacuteria da ciecircncia
bull Epistemologia bull Loacutegica
bull Aristoacuteteles bull Georg Wilhelm Friedrich Hegel
bull Complexidade bull Reducionismo
bull Navalha de Occam bull Ciecircncia
bull Pseudociecircncia bull Paradigma
bull Paul Feyerabend bull Thomas Kuhn
bull Gaston Bachelard bull Teoria
bull Lei (ciecircncias) bull Hipoacutetese
bull Tese bull Dissertaccedilatildeo
Bibliografia
Becker Howard S Meacutetodos de pesquisa em ciecircncias sociais SP Hucitec 1999
Chizzotti Antonio Pesquisa em ciecircncia humanas e sociais SP Cortez 2006
Comte August Discurso preliminar sobre o espiacuterito positivo
Descartes Reneacute Discurso do meacutetodo (traduccedilatildeo prefaacutecio e notas de Joatildeo Cruz Costa SP Ed de Ouro 1970 disponiacutevel
para download em domiacutenio puacuteblico httpwwwdominiopublico e eBooket
httpwwweBooketnet IntraText Reneacute Descartes - e-books
37
Haddad Nagib Metodologia de estudos em ciecircncias da sauacutede como planejar analisar e apresentar um trabalho
cientiacutefico SP Roca 2004 Minayo Maria C de Souza (org) Deslandes (Suely F
Gomes Romeu Pesquisa social teoria meacutetodo e criatividade Petroacutepolis RJ Vozes 2007
Lakatos Eva Maria Marconi Marina de A Meacutetodologia cientiacutefica SP Atlas 2007
Selye Hans Stress a tensatildeo da vida SP IBRASA 1965
Ligaccedilotildees externas bull Explicando o Meacutetodo Cientiacutefico
bull Prova Cientiacutefica bull Diretrizes para elaboraccedilatildeo de dissertaccedilotildees e teses -
USP bull Centro Cochrane do Brasil
bull Metodologiaorg bull Evidecircnciascom
bull Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq)
bull Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciecircncia bull Lista de Perioacutedicos cientificos brasileiros por
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COLCHA DE RETALHOS CIENTIacuteFICA (a realidade natildeo eacute Frankenstein ela eacute uacutenica e funcional)
A realidade segundo a Ciecircncia geral
A senhora Ciecircncia trabalhando com
seus remendos
Drordf Ciecircncia e seu filho
Mary Shelley viu o futuro
38
Somos Monstros 6 05 2008
Tudo comeccedilou com um desafio feito a Mary Shelley (1797-1851) entatildeo uma jovem de 21 anos por Lord Byron Na eacutepoca 1918 Byron propocircs a Mary e seu marido que
escrevessem um conto de terror uma maneira de passar o tempo jaacute que suas feacuterias estavam sendo consumidas
intediantemente pelo mau tempo Mary foi a uacuteltima a dar iniacutecio ao seu conto que acabou baseado em um pesadelo que
teve numa daquelas noites de chuva E dentre todos o conto de Shelley foi o que mais surpreendeu e arrepiou Insentivada a continuar Mary Shelley desenvolveu ainda
mais sua histoacuteria e transformou-a em um dos mais conhecidos e celebrados livros da Histoacuteria Frankenstein
Victor Frankenstein era um jovem curioso com sede de conhecimento apaixonado pela ciecircncia intrigado com os segredos da vida e louco para deixar sua marca no mundo Havia aprendido sozinho em casa sobre as fantasias da Alquimia no entanto apenas na universidade ele foi descobrir que toda sua bagagem de conhecimento estava ultrapassada haacute muito Acabou se tornando um aluno
exemplar dedicado agrave quiacutemica e agrave biologia Foi assim que sozinho em seu laboratoacuterio em Ingolstadt Victor deu iniacutecio agrave sua criaccedilatildeo misturando seus conhecimentos
teoacutericos de fisiologia e filosofia natural com princiacutepios de mecacircnica decido a descobrir se o princiacutepio que
mantinha animado o corpo poderia pernecer mesmo apoacutes a morte Como Victor fez isso todos jaacute sabemos deu vida a uma criatura formada por partes de cadaacuteveres de tamanho
descomunal (cerca de 25m de altura) e aparecircncia horripilante E eacute aqui que daacute-se iniacutecio ao grande trunfo
da histoacuteria Ao despertar da Criatura Frankenstein acaba por cair na realidade vendo como era realmente feia sua criaccedilatildeo com
seus membros desproporcionais seu olhos aquosos e amarelos incompleta a ponto de seus tecidos nem sequer
cobrirem todo o corpo deixando agrave mostra muacutesculos e ossos Desesperado e com medo arrependido de sua audaacutecia Victor
abandona sua Criatura decaindo num suacutebito acesso de naacuteusea e lucidez
Pobre Criatura um ser vazio de conhecimentos ignorante em relaccedilatildeo ao conviacutevio social solto num mundo de pessoas
39
preconceituosas e indiferentes A personificaccedilatildeo perfeita da famosa teoria de Rousseau a do ldquobom selvagemrdquo que diz
que todo o homem nasce ldquopurordquo e eacute corrompido pela sociedade violenta viciosa e materialista Quem lecirc a
histoacuteria de Frankenstein espera encontrar terror suspense e aventura onde um monstro estaria a solta para destruir e matar No entanto descobre um mundo onde noacutes humanos somos totalmente repugnantes e no qual o uacutenico ser que
realmente tem algum valor eacute o monstro excluiacutedo por todos Poucos livros retratam tatildeo bem a indiferenccedila humana e a nossa mania de dar mais valor agraves aparecircncias do que aos
sentimentos carater e virtudes Mary Shelley escreveu uma autecircntica obra-prima da
literatura universal um romance capaz de despertar no leitor a pena e a compaixatildeo por um monstro e a repugnacircncia
de nossa proacutepria raccedila Uma liccedilatildeo que ainda natildeo foi aprendida mesmo depois de quase 200 anos
Ficha Teacutecnica Tiacutetulo Frankestein (Frankenstein or the Modern
Prometheus) Autor Mary Shalley Paiacutes Inglaterra
Publicaccedilatildeo Original 1818 Publicaccedilatildeo Lida Martin Claret Editora 2001
36
Literalmente pode ser compreendida como uma suposiccedilatildeo ou pergunta conjetura que orienta uma investigaccedilatildeo por
antecipar caracteriacutesticas provaacuteveis do objeto investigado e que vale quer pela confirmaccedilatildeo atraveacutes de deduccedilotildees loacutegicas dessas caracteriacutesticas quer pelo encontro de novos caminhos de investigaccedilatildeo (novas hipoacuteteses e novos
experimentos) No meacutetodo cientiacutefico a hipoacutetese eacute o caminho que deve levar agrave formulaccedilatildeo de uma teoria O cientista na sua hipoacutetese tem dois objetivos explicar um fato e prever
outros acontecimentos dele decorrentes (deduzir as consequencias) A hipoacutetese deveraacute ser testada em
experiecircncias laboratoriais controladasSe apoacutes muitas dessas experiecircncias os resultados obtidos pelos
pesquisadores natildeo contrariarem a hipoacutetese entatildeo ela seraacute aceita como uma lei e integrada agrave uma teoria eou sistema
teacuteoacuterico
Referecircncias 1 uarr [PDF] Estudos do meacutetodo cientiacutefico
Ver tambeacutem bull Verdade
bull Falseabilidade bull Karl Popper
bull Filosofia da ciecircncia bull Histoacuteria da ciecircncia
bull Epistemologia bull Loacutegica
bull Aristoacuteteles bull Georg Wilhelm Friedrich Hegel
bull Complexidade bull Reducionismo
bull Navalha de Occam bull Ciecircncia
bull Pseudociecircncia bull Paradigma
bull Paul Feyerabend bull Thomas Kuhn
bull Gaston Bachelard bull Teoria
bull Lei (ciecircncias) bull Hipoacutetese
bull Tese bull Dissertaccedilatildeo
Bibliografia
Becker Howard S Meacutetodos de pesquisa em ciecircncias sociais SP Hucitec 1999
Chizzotti Antonio Pesquisa em ciecircncia humanas e sociais SP Cortez 2006
Comte August Discurso preliminar sobre o espiacuterito positivo
Descartes Reneacute Discurso do meacutetodo (traduccedilatildeo prefaacutecio e notas de Joatildeo Cruz Costa SP Ed de Ouro 1970 disponiacutevel
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Haddad Nagib Metodologia de estudos em ciecircncias da sauacutede como planejar analisar e apresentar um trabalho
cientiacutefico SP Roca 2004 Minayo Maria C de Souza (org) Deslandes (Suely F
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bull Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciecircncia bull Lista de Perioacutedicos cientificos brasileiros por
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COLCHA DE RETALHOS CIENTIacuteFICA (a realidade natildeo eacute Frankenstein ela eacute uacutenica e funcional)
A realidade segundo a Ciecircncia geral
A senhora Ciecircncia trabalhando com
seus remendos
Drordf Ciecircncia e seu filho
Mary Shelley viu o futuro
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Somos Monstros 6 05 2008
Tudo comeccedilou com um desafio feito a Mary Shelley (1797-1851) entatildeo uma jovem de 21 anos por Lord Byron Na eacutepoca 1918 Byron propocircs a Mary e seu marido que
escrevessem um conto de terror uma maneira de passar o tempo jaacute que suas feacuterias estavam sendo consumidas
intediantemente pelo mau tempo Mary foi a uacuteltima a dar iniacutecio ao seu conto que acabou baseado em um pesadelo que
teve numa daquelas noites de chuva E dentre todos o conto de Shelley foi o que mais surpreendeu e arrepiou Insentivada a continuar Mary Shelley desenvolveu ainda
mais sua histoacuteria e transformou-a em um dos mais conhecidos e celebrados livros da Histoacuteria Frankenstein
Victor Frankenstein era um jovem curioso com sede de conhecimento apaixonado pela ciecircncia intrigado com os segredos da vida e louco para deixar sua marca no mundo Havia aprendido sozinho em casa sobre as fantasias da Alquimia no entanto apenas na universidade ele foi descobrir que toda sua bagagem de conhecimento estava ultrapassada haacute muito Acabou se tornando um aluno
exemplar dedicado agrave quiacutemica e agrave biologia Foi assim que sozinho em seu laboratoacuterio em Ingolstadt Victor deu iniacutecio agrave sua criaccedilatildeo misturando seus conhecimentos
teoacutericos de fisiologia e filosofia natural com princiacutepios de mecacircnica decido a descobrir se o princiacutepio que
mantinha animado o corpo poderia pernecer mesmo apoacutes a morte Como Victor fez isso todos jaacute sabemos deu vida a uma criatura formada por partes de cadaacuteveres de tamanho
descomunal (cerca de 25m de altura) e aparecircncia horripilante E eacute aqui que daacute-se iniacutecio ao grande trunfo
da histoacuteria Ao despertar da Criatura Frankenstein acaba por cair na realidade vendo como era realmente feia sua criaccedilatildeo com
seus membros desproporcionais seu olhos aquosos e amarelos incompleta a ponto de seus tecidos nem sequer
cobrirem todo o corpo deixando agrave mostra muacutesculos e ossos Desesperado e com medo arrependido de sua audaacutecia Victor
abandona sua Criatura decaindo num suacutebito acesso de naacuteusea e lucidez
Pobre Criatura um ser vazio de conhecimentos ignorante em relaccedilatildeo ao conviacutevio social solto num mundo de pessoas
39
preconceituosas e indiferentes A personificaccedilatildeo perfeita da famosa teoria de Rousseau a do ldquobom selvagemrdquo que diz
que todo o homem nasce ldquopurordquo e eacute corrompido pela sociedade violenta viciosa e materialista Quem lecirc a
histoacuteria de Frankenstein espera encontrar terror suspense e aventura onde um monstro estaria a solta para destruir e matar No entanto descobre um mundo onde noacutes humanos somos totalmente repugnantes e no qual o uacutenico ser que
realmente tem algum valor eacute o monstro excluiacutedo por todos Poucos livros retratam tatildeo bem a indiferenccedila humana e a nossa mania de dar mais valor agraves aparecircncias do que aos
sentimentos carater e virtudes Mary Shelley escreveu uma autecircntica obra-prima da
literatura universal um romance capaz de despertar no leitor a pena e a compaixatildeo por um monstro e a repugnacircncia
de nossa proacutepria raccedila Uma liccedilatildeo que ainda natildeo foi aprendida mesmo depois de quase 200 anos
Ficha Teacutecnica Tiacutetulo Frankestein (Frankenstein or the Modern
Prometheus) Autor Mary Shalley Paiacutes Inglaterra
Publicaccedilatildeo Original 1818 Publicaccedilatildeo Lida Martin Claret Editora 2001
37
Haddad Nagib Metodologia de estudos em ciecircncias da sauacutede como planejar analisar e apresentar um trabalho
cientiacutefico SP Roca 2004 Minayo Maria C de Souza (org) Deslandes (Suely F
Gomes Romeu Pesquisa social teoria meacutetodo e criatividade Petroacutepolis RJ Vozes 2007
Lakatos Eva Maria Marconi Marina de A Meacutetodologia cientiacutefica SP Atlas 2007
Selye Hans Stress a tensatildeo da vida SP IBRASA 1965
Ligaccedilotildees externas bull Explicando o Meacutetodo Cientiacutefico
bull Prova Cientiacutefica bull Diretrizes para elaboraccedilatildeo de dissertaccedilotildees e teses -
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A realidade segundo a Ciecircncia geral
A senhora Ciecircncia trabalhando com
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Drordf Ciecircncia e seu filho
Mary Shelley viu o futuro
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Tudo comeccedilou com um desafio feito a Mary Shelley (1797-1851) entatildeo uma jovem de 21 anos por Lord Byron Na eacutepoca 1918 Byron propocircs a Mary e seu marido que
escrevessem um conto de terror uma maneira de passar o tempo jaacute que suas feacuterias estavam sendo consumidas
intediantemente pelo mau tempo Mary foi a uacuteltima a dar iniacutecio ao seu conto que acabou baseado em um pesadelo que
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mais sua histoacuteria e transformou-a em um dos mais conhecidos e celebrados livros da Histoacuteria Frankenstein
Victor Frankenstein era um jovem curioso com sede de conhecimento apaixonado pela ciecircncia intrigado com os segredos da vida e louco para deixar sua marca no mundo Havia aprendido sozinho em casa sobre as fantasias da Alquimia no entanto apenas na universidade ele foi descobrir que toda sua bagagem de conhecimento estava ultrapassada haacute muito Acabou se tornando um aluno
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mantinha animado o corpo poderia pernecer mesmo apoacutes a morte Como Victor fez isso todos jaacute sabemos deu vida a uma criatura formada por partes de cadaacuteveres de tamanho
descomunal (cerca de 25m de altura) e aparecircncia horripilante E eacute aqui que daacute-se iniacutecio ao grande trunfo
da histoacuteria Ao despertar da Criatura Frankenstein acaba por cair na realidade vendo como era realmente feia sua criaccedilatildeo com
seus membros desproporcionais seu olhos aquosos e amarelos incompleta a ponto de seus tecidos nem sequer
cobrirem todo o corpo deixando agrave mostra muacutesculos e ossos Desesperado e com medo arrependido de sua audaacutecia Victor
abandona sua Criatura decaindo num suacutebito acesso de naacuteusea e lucidez
Pobre Criatura um ser vazio de conhecimentos ignorante em relaccedilatildeo ao conviacutevio social solto num mundo de pessoas
39
preconceituosas e indiferentes A personificaccedilatildeo perfeita da famosa teoria de Rousseau a do ldquobom selvagemrdquo que diz
que todo o homem nasce ldquopurordquo e eacute corrompido pela sociedade violenta viciosa e materialista Quem lecirc a
histoacuteria de Frankenstein espera encontrar terror suspense e aventura onde um monstro estaria a solta para destruir e matar No entanto descobre um mundo onde noacutes humanos somos totalmente repugnantes e no qual o uacutenico ser que
realmente tem algum valor eacute o monstro excluiacutedo por todos Poucos livros retratam tatildeo bem a indiferenccedila humana e a nossa mania de dar mais valor agraves aparecircncias do que aos
sentimentos carater e virtudes Mary Shelley escreveu uma autecircntica obra-prima da
literatura universal um romance capaz de despertar no leitor a pena e a compaixatildeo por um monstro e a repugnacircncia
de nossa proacutepria raccedila Uma liccedilatildeo que ainda natildeo foi aprendida mesmo depois de quase 200 anos
Ficha Teacutecnica Tiacutetulo Frankestein (Frankenstein or the Modern
Prometheus) Autor Mary Shalley Paiacutes Inglaterra
Publicaccedilatildeo Original 1818 Publicaccedilatildeo Lida Martin Claret Editora 2001
38
Somos Monstros 6 05 2008
Tudo comeccedilou com um desafio feito a Mary Shelley (1797-1851) entatildeo uma jovem de 21 anos por Lord Byron Na eacutepoca 1918 Byron propocircs a Mary e seu marido que
escrevessem um conto de terror uma maneira de passar o tempo jaacute que suas feacuterias estavam sendo consumidas
intediantemente pelo mau tempo Mary foi a uacuteltima a dar iniacutecio ao seu conto que acabou baseado em um pesadelo que
teve numa daquelas noites de chuva E dentre todos o conto de Shelley foi o que mais surpreendeu e arrepiou Insentivada a continuar Mary Shelley desenvolveu ainda
mais sua histoacuteria e transformou-a em um dos mais conhecidos e celebrados livros da Histoacuteria Frankenstein
Victor Frankenstein era um jovem curioso com sede de conhecimento apaixonado pela ciecircncia intrigado com os segredos da vida e louco para deixar sua marca no mundo Havia aprendido sozinho em casa sobre as fantasias da Alquimia no entanto apenas na universidade ele foi descobrir que toda sua bagagem de conhecimento estava ultrapassada haacute muito Acabou se tornando um aluno
exemplar dedicado agrave quiacutemica e agrave biologia Foi assim que sozinho em seu laboratoacuterio em Ingolstadt Victor deu iniacutecio agrave sua criaccedilatildeo misturando seus conhecimentos
teoacutericos de fisiologia e filosofia natural com princiacutepios de mecacircnica decido a descobrir se o princiacutepio que
mantinha animado o corpo poderia pernecer mesmo apoacutes a morte Como Victor fez isso todos jaacute sabemos deu vida a uma criatura formada por partes de cadaacuteveres de tamanho
descomunal (cerca de 25m de altura) e aparecircncia horripilante E eacute aqui que daacute-se iniacutecio ao grande trunfo
da histoacuteria Ao despertar da Criatura Frankenstein acaba por cair na realidade vendo como era realmente feia sua criaccedilatildeo com
seus membros desproporcionais seu olhos aquosos e amarelos incompleta a ponto de seus tecidos nem sequer
cobrirem todo o corpo deixando agrave mostra muacutesculos e ossos Desesperado e com medo arrependido de sua audaacutecia Victor
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Pobre Criatura um ser vazio de conhecimentos ignorante em relaccedilatildeo ao conviacutevio social solto num mundo de pessoas
39
preconceituosas e indiferentes A personificaccedilatildeo perfeita da famosa teoria de Rousseau a do ldquobom selvagemrdquo que diz
que todo o homem nasce ldquopurordquo e eacute corrompido pela sociedade violenta viciosa e materialista Quem lecirc a
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realmente tem algum valor eacute o monstro excluiacutedo por todos Poucos livros retratam tatildeo bem a indiferenccedila humana e a nossa mania de dar mais valor agraves aparecircncias do que aos
sentimentos carater e virtudes Mary Shelley escreveu uma autecircntica obra-prima da
literatura universal um romance capaz de despertar no leitor a pena e a compaixatildeo por um monstro e a repugnacircncia
de nossa proacutepria raccedila Uma liccedilatildeo que ainda natildeo foi aprendida mesmo depois de quase 200 anos
Ficha Teacutecnica Tiacutetulo Frankestein (Frankenstein or the Modern
Prometheus) Autor Mary Shalley Paiacutes Inglaterra
Publicaccedilatildeo Original 1818 Publicaccedilatildeo Lida Martin Claret Editora 2001
39
preconceituosas e indiferentes A personificaccedilatildeo perfeita da famosa teoria de Rousseau a do ldquobom selvagemrdquo que diz
que todo o homem nasce ldquopurordquo e eacute corrompido pela sociedade violenta viciosa e materialista Quem lecirc a
histoacuteria de Frankenstein espera encontrar terror suspense e aventura onde um monstro estaria a solta para destruir e matar No entanto descobre um mundo onde noacutes humanos somos totalmente repugnantes e no qual o uacutenico ser que
realmente tem algum valor eacute o monstro excluiacutedo por todos Poucos livros retratam tatildeo bem a indiferenccedila humana e a nossa mania de dar mais valor agraves aparecircncias do que aos
sentimentos carater e virtudes Mary Shelley escreveu uma autecircntica obra-prima da
literatura universal um romance capaz de despertar no leitor a pena e a compaixatildeo por um monstro e a repugnacircncia
de nossa proacutepria raccedila Uma liccedilatildeo que ainda natildeo foi aprendida mesmo depois de quase 200 anos
Ficha Teacutecnica Tiacutetulo Frankestein (Frankenstein or the Modern
Prometheus) Autor Mary Shalley Paiacutes Inglaterra
Publicaccedilatildeo Original 1818 Publicaccedilatildeo Lida Martin Claret Editora 2001