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Casa NúMERO 3

Casa - static.fnac-static.com · nascida no campo, desejando fugir a uma vida de ceifas e mondas, na tentativa de escapar a um destino que só prometia trabalho e pobreza, veio ajudar

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Casa

número 3

revista semestral

Bárbara Bulhosa

Carlos vaz marques

inês Hugon

madalena alfaia

vera tavares

Pedro serpa

rute Dias

Joaquim massano

eDitora

DireCtor

DireCção De ProDução

assistente eDitorial

DireCção gráfiCa

Paginação

PuBliCiDaDe

assinaturas

r. francisco ferrer, 6a|1500 ‑461 lisboa|Portugaltels. (00351) 21 726 90 28/9|email: [email protected]

© ruy Belo, mário de Carvalho, alexandra lucas Coelho, Hélia Correia, luísa ferreira, susana moreira marques, antónio osório,

tiago rodrigues, valério romão, teresa veigaUm passeio a Kobe © 2013, Haruki murakami

O meu pai, eu mesma © 2008, siri HustvedtNa Villa Moro © 2001, Paul theroux,

publicado com a autorização de Wylie agency (uK) limited

Nuestra Señora de la Asunción © 2013, lina Wolff, publicado com a autorização de nordin agency, suécia

No fogo cruzado © 2009, Ha JinAbatido © 1998, Hilary mantel

© ilustrações de alex gozblau© capa de luísa ferreira

Publicado sob licença de granta Publications,12 addison avenue, london W11 4Qr

© 2013, granta Publications © 2013, edições tinta ‑da ‑china

issn 2182 ‑9136

isbn 978 ‑989 ‑671‑211 ‑2

Depósito legal 374466/14

í n D i C e

7 Editorial Carlos Vaz Marques

13 Laparotomia Alexandra Lucas Coelho

23 A casa abandonada Teresa Veiga

45 Quando se pôs o meu irmão fora de casa Valério Romão

61 Um passeio a Kobe Haruki Murakami

81 Volte sempre Susana Moreira Marques

97 O meu pai, eu mesma Siri Hustvedt

123 [Foi um Verão exaltante] Ruy Belo

132 Ruy Belo em verso e prosa Manaíra Aires Athayde

137 Na Villa Moro Paul Theroux

183 Intimidade Luísa Ferreira

201 Nuestra Señora de la Asunción Lina Wolff

217 No fogo cruzado Ha Jin

249 Abatido Hilary Mantel

267 Cenas de um capítulo que nunca existiu Tiago Rodrigues

301 A clemência de Cremilde Mário de Carvalho

311 Inferno Hélia Correia

323 4 poemas António Osório

330 autores

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editorial

oh as casas as casas as casas», exclama o poema de ruy Belo. as casas, no plural. involuntária biografia de pedra.

P asso pela rua onde cresci e tudo nela me fala de mim. Por detrás daquela janela estou eu. aquele a que chamo eu. uma ficção, de que só eu sei vagamente o enredo, tecida por recordações que sou incapaz de validar.

Descobri o mundo a partir daquele meu posto de observação. foi à janela do primeiro andar que aprendi a temê‑lo. Houve um carna‑val em que os mascarados me fizeram tremer de medo. Desfilavam como um cortejo de espectros e julguei que vinham por minha causa.

a janela, apesar desse susto, continuou a ser a minha nau e a minha nave, o meu ponto de fuga. era ali, em cima de um banco, que passava os dias antes de aprender a ler. Pelo menos é assim que me lembro de mim nesse tempo inicial: à janela.

Às voltas com o sortilégio das casas, eu que nunca construí uma casa tento perceber como elas me construíram a mim. Preciso de factos, histórias, memórias. sentada à mesa, a minha mãe estranha a pergunta: quero saber em quantas casas vivi. as mães são reser‑vatórios inigualáveis de infância. Há nelas um arquivo profundo de instantes e episódios, de birras e façanhas nossas, de trivialidades e revelações. informações que nas famílias comunicativas se tornam lenda e que nas famílias silenciosas acabam como pequenos segre‑dos. só em ocasiões especiais se tem acesso a esse sótão onde ficou guardada a tralha do passado.

surpreendida pela pergunta, a minha mãe conta: três, antes de irmos para alvalade. em alvalade saí da infância, fiz amigos,

«

editorialcarlos vaz marques

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editorialcarlos vaz marques

encontrei o meu epicentro. antes disso não foram exactamente três casas: eram três partes de casa. assim se chamava na altura ao subaluguer de uma habitação onde morava mais alguém, fosse proprietário ou também inquilino. a alternativa possível mas inde‑sejada ficava a dois passos: as barracas do Casal ventoso.

na década de 60 do século xx, lisboa deu em crescer. gente nascida no campo, desejando fugir a uma vida de ceifas e mondas, na tentativa de escapar a um destino que só prometia trabalho e pobreza, veio ajudar a tornar a cidade maior. eram precisos braços para pôr de pé novos edifícios mas faltavam casas acessíveis a esses camponeses urbanos. nasceram os bairros faça‑você‑mesmo, casas construídas em dias de folga, recorrendo a amigos e vizinhos, só cimento e chapa, em lugares com nomes improváveis mas eloquen‑tes como galinheiras, Curraleira, Casal ventoso.

o Casal ventoso ficava nas traseiras da parte de casa onde a pro‑prietária, a D. Josefa, fez de mim o neto que não teve, embora nunca tenha querido que lhe chamasse avó. foi o meu primeiro lar feliz.

antes da casa da suzefa, como eu lhe chamava, tinha havido outras duas que não recordo. na primeira, conta a minha mãe, morámos com uma senhora idosa e simpática. foi para onde me levaram depois de sair da maternidade. uma morada breve. ao fim de pouco tempo, a filha da senhoria anunciou que estava noiva mas não tinha habitação disponível para a vida de casada. em lágrimas, a dona da casa pediu aos meus pais que encontrassem outra solução.

fomos morar com um casal que o tempo viria a revelar muito pouco recomendável. o homem era agente da polícia política, a mulher, uma megera. a minha mãe começou a alimentar suspei‑tas de que quando saía de casa a senhoria lhe entrava no quarto, lhe remexia os haveres e lhe roubava azeite. um dia, para esclarecer o assunto, polvilhou o chão de farinha, antes de sair. no regresso, as pegadas da intrusa estavam bem desenhadas no soalho. Desfeitas as dúvidas, voltar a mudar de casa era apenas uma questão de tempo. e quanto mais depressa melhor.

a devassa não era aliás o único problema. o bufo chegava a casa frequentemente bêbado. as discussões entre o casal pertur‑bavam o silêncio às horas mais inconvenientes. ele andava armado e gostava de exibir a arma. Certa noite, os gritos da discussão elevaram‑se acima do que já era costume. o homem insultava a mulher e a mulher gritava por socorro, que ele a matava se nin‑guém acudisse. o meu pai fez menção de saltar da cama, a minha mãe impediu‑o. o caso resolveu‑se sem sangue mas com nódoas negras. no dia seguinte toda a gente se comportou como se nada se tivesse passado. ainda não fora inventada a expressão violên‑cia doméstica. nesse tempo ainda só existia a violência doméstica propriamente dita.

assim encontraram os meus pais a parte de casa disponível da D. Josefa e eu, além da janela para o mundo, a primeira prova mate‑rial da felicidade. a dona da casa fazia regularmente em minha honra aquele que se tornaria o meu prato preferido na infância. esmagava um dente de alho num almofariz, juntando‑lhe sal e um raminho de coentros. num prato de água a ferver deitava azeite, a mistura do almofariz, mais um raminho de coentros e duas grandes fatias de pão alentejano. Podia acrescentar‑se um ovo, mas disso eu não gostava. a açorda da suzefa tinha com certeza um segredo qualquer, mas nunca cheguei a saber qual era.

lembro‑me também de coisas impossíveis. guardo por exem‑plo a memória fotográfica de um suicídio. o vizinho da frente, de perfil, põe na boca o cano de um revólver e puxa o gatilho. Depois disso mais nada. apenas um estore corrido.

o caso foi comentado durante vários dias. Parece que o homem tinha dívidas. eu nunca disse a ninguém que tinha visto acontecer a tragédia de que se falava baixando a voz, não fosse o suicida zan‑gar‑se ao perceber o tom de incredulidade e recriminação com que a história era contada.

uns anos mais tarde vim a saber que ele se teria matado na casa de campo para onde ia aos fins‑de‑semana no boca‑de‑sapo azul. o facto de durante meses o automóvel ter permanecido do outro

laParotomia

Alexandra Lucas Coelho

15

1.

nunca tinha sido levada assim na horizontal, é levemente nau‑seante. o tecto foge como o túnel de um comboio, quarto‑

‑corredor ‑elevador ‑corredor. estacionam ‑me numa antecâmara do bloco enquanto a cirurgia anterior não acaba. alguém concluiu que azul ‑petróleo era uma cor boa para hospital. os auxiliares flutuam de Crocs azuis, bata azul. também estou de bata, deitada na maca, pulseira de papel, meia de compressão até à virilha, para evitar uma trombose. nada disto é meu, tudo o que trazia ficou no quarto, incluindo o verniz das unhas. Precisamos de ver o nível de oxigénio durante a cirurgia, disse a enfermeira no quarto, antes de ir buscar acetona. Escreva ‑me, escreva ‑me, porque, além das suas cartas, nada tenho de meu, escreveu Camilo Pessanha em macau. encontrei os bisnetos dele quando voei para macau, depois de deixar a minha última casa. vai fazer um ano.

Durante anos consegui contar em quantas casas já tinha morado, 10, 15, 20. É como contar amantes, há um momento em que a mão larga a corda (e beijei pessoas com quem não dormi, e dormi com pessoas que não beijei). Penso como se estivesse no méxico, onde sem qualquer droga vi o tempo confluir. não me apetece pensar cronologicamente. Deitada numa maca em lisboa, tenho milha‑res de livros em alfama, malas junto ao estádio da luz, livros e malas em Xabregas, os caixotes da última casa no Baixo gávea, contas de telefone no alto Jardim Botânico, um computador na Praça são salvador: inquilinas, melhores amigas, ex ‑namorados,

a Casa aBanDonaDa

Teresa Veiga

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Calem ‑se, meninas, e ouçam ‑me com atenção. aliás quem não quiser ouvir tape os ouvidos ou saia desta sala mas sem fazer

barulho por favor. É que estou com uma tremenda dor de cabeça e se não fosse a urgência da comunicação que tenho a fazer atirava‑‑me para cima da cama e não me mexia até amanhã.

É realmente uma notícia de arromba. tentem apreendê ‑la com os vossos cerebrozinhos anémicos a trabalhar na sua capacidade máxima e esqueçam por momentos a tralha que os preenche. ama‑nhã a nossa benfeitora, a senhora dona maria da Purificação de figueiredo e morais, por quem rezamos um terço todas as noites, a mecenas da Casa ‑asilo florinhas do Campo, vem visitar ‑nos e escolher de entre vós uma afilhada, uma espécie de filha adoptiva, para ir viver com ela e usufruir de todos os privilégios inerentes ao seu estatuto e à sua enorme fortuna.

será a primeira vez que sai de casa desde que há longos anos se abateu sobre ela a tragédia que a amarrou ao leito, depois a uma cadeira de rodas, até que recentemente deitou fora as muletas, aju‑dada talvez, quem sabe?, pelas nossas orações.

não pensem no entanto que vão ver uma pessoa normal, como eu e vocês, que tivemos a sorte de nunca termos caído de uma altura de dez metros. nem sequer como a nossa lavadeira marisa, cada dia mais corcunda à força de carregar alguidares de roupa pesadíssimos, apesar de eu lhe estar sempre a chamar a atenção para os benefícios de uma postura correcta. a dona maria da Puri‑ficação, além de uma bossa que mais parece um cotovelo espetado a meio das costas, ficou com um olho encolhido e a face metida para dentro do lado em que partiu o maxilar. Desde então usa sempre

QuanDo se PÔs o meu irmão fora De Casa

Valério Romão

Toda a literatura consiste num esforço para tornar a vida real. Como todos sabem, ainda quando agem sem saber, a vida é absolutamente irreal na sua realidade direta; os campos, as cidades, as ideias, são

coisas absolutamente fictícias […]. São intransmissíveis todas as impressões salvo se as tornarmos literárias.

Fernando Pessoa

Agora em edição de bolso, o livro que inaugurou a Colecção Pessoa,

dirigida por Jerónimo Pizarro.

47

À Teresa

não me lembro exactamente o que motivou as discussões entre o meu pai e o meu irmão, que chegavam a tardar dias a fio,

pairando sobre o almoço, sobre a televisão no volume máximo, sobre a hora do banho um ficava à porta a desenrolar argumentos atrás de argu mentos enquanto o outro gritava, de dentro da casa de banho não te ouço, não te ouço!e foi assim durante muito tempo, até nos esquecermos, a minha mãe e eu e o Chinelo, o cão em miniatura que tremia não se sabe nunca se de frio ou de medode que havia sido de outra forma, de que nos tínhamos dado bem, até certa altura e de que, de repente ninguém se lembra do quando ou do comose instalou lá em casa a discórdia, essa voz de muitas vozes, às vezes na boca do meu pai mas, na maior parte do tempo, a orientar as palavras cada vez mais estranhas do meu irmão cada vez mais herméticas, mais políticas, mais talhadas de um sentido unicamente acessível a estudiosos ou a fiéise por ali ficou, anos a fio, a cabriolar entre um e outro até o meu pai, num acesso de fúria como nunca lhe tínhamos visto, pôr o meu irmão fora de casa, aos repelões, enquanto gritava, no paroxismo da raiva anda cá, meu camelo, anda cáe com isso lhe abria e fechava a porta na cara, pondo um abrupto e inesperado fim a um sem ‑número de anos de um contencioso verbal que, ironicamente, acabou por resolver ‑se à chapada.

182

paul theroux

intimiDaDe

Luísa Ferreira

— Por favor, permite ‑me — implorei, debatendo ‑me um pouco com ela, enquanto lançava olhares em torno, para me certificar de que estávamos sós no jardim, de que ninguém nos observava.

ela nada disse, mas estava a resistir ‑me, sem sombra de dúvida; tinha um corpo semelhante a uma árvore jovem, magro mas forte.acerquei a boca do ouvido dela. ofeguei um pouco, e senti no rosto o meu fôlego quente depois de reverberar na cabeça dela, tão próxima. estava à beira do precipício, sabia ‑o bem; só me restava atirar ‑me para o abismo.

— amo ‑te — disse, e, no momento em que o disse, faltou ‑me o ar e senti ‑me desfalecer, como se tivesse proferido uma frase per‑versa ou, pior ainda, como se lhe tivesse rogado uma praga — como se a tivesse apunhalado no coração e depois me tivesse apunhalado a mim próprio. e foi também assim que ela reagiu, porque começou a chorar, e abraçou ‑me e soluçou e tornou a ser uma garotinha.

— ajuda ‑me — suplicou. a voz soou ‑lhe débil no crepúsculo.Com aquela mentira, tornei ‑me amante dela. Permaneci na villa

moro, e Haroun foi pagando a conta com o dinheiro da gräfin. ao fim de duas semanas, parti, apanhei o comboio para Palermo e o navio de regresso a casa.

e depois vivi a minha vida, outros quarenta anos, os que mais contam, os anos da família e da luta, do amor e dos louvores do público, das minhas viagens ilustradas.

Quando os críticos me acusam de pintar quadros «acessíveis», eu respondo que a minha força reside no talento para contar histórias. o que eu nunca disse foi que os contadores de histórias mais enge‑nhosos são os que evitam uma determinada história, a única história que possuem; o próprio esforço para evitar essa história constitui o motivo para as outras narrativas mais imaginosas. a fonte de nar‑rativas fantásticas é muitas vezes este segredo, e o fantasista usa um subterfúgio para aludir à verdade, mas sempre contornando a his‑tória fundamental. trata ‑se de um ritual criativo. tal como eu disse no início, esta é a minha única história. ■

Publicado originalmente na Granta 75, outono de 2001.

só as casas explicam que existauma palavra como intimidade

Ruy Belo

Cenas De um CaPítulo

Que nunCa eXistiu

Tiago Rodrigues

271270

cenas de um capítulo que nunca existiutiago rodrigues

Sim. Entrei aqui inflamada pelo monstro do ciúme.

Nada… Pensei que…

Estou. Acho que sim.

Pensaste o quê?

Estás bem?

Nada parece poder deter a avalanche destruidora que se abate sobre o matrimónio de Luísa e Jorge.

No final do último capítulo, tinha todas as razões para acreditar que me estavas a trair.

Nada. Devo ter imaginado coisas.

Que coisas?

Eu? A trair-te? No final do último capítulo?

Não estou a entender.

O que é que queres dizer com “no final do último capítulo”?

Eu também não.

Não sei.

273272

cenas de um capítulo que nunca existiutiago rodriguesNão sabes? Mas foste tu que disseste “no final do último capítulo”.

É o que eu sinto. Não sei explicar!

O que é que se passa

contigo hoje?

Não consigo mexer-me. Ajuda-me.

Pronto. Tem calma. Imaginaste coisas. É normal.

Não consigo.

É?

Sim. Toda a gente imagina coisas.

Desculpa. Fui uma parva. Estavas só a ler.

Pronto. Deixa lá. Dá-me um abraço.

Abre os braços e enrola-os à minha volta. Simples.

Não dá.

Estás a brincar, não estás?

Não. Porque é que não me abraças tu?

Também não consigo.

awards (melhor romance e livro do ano); em 2013 recebeu, pelo conjunto da sua obra, o David Cohen Prize.

Susana Moreira Marques nasceu no Porto, em 1976. É escritora e jornalista freelance. É autora do livro Agora e na Hora da Nossa Morte (tinta ‑da‑‑china, 2011). vive em lisboa.

Haruki Murakami nasceu em Quioto, no Japão, em 1949. em 1986 partiu para a europa, acabando por fixar‑se nos eua. autor de vários romances, a sua obra encontra‑se traduzida em dezenas de países. em Portugal estão publicados, entre outros, Sputnik, Meu Amor, Kafka à Beira‑Mar, A Sul da Fronteira, a Oeste do Sol, 1Q84 e Underground. a sua obra tem vindo a ser distinguida com vários prémios, entre os quais o franz Kafka Prize (2006), o Jerusalem Prize (2009) e o international Catalunya Prize (2011).

António Osório nasceu em 1933. Publicou o pri‑meiro livro, A Raiz Afectuosa, em 1972, embora tenha começado a escrever ainda na década de 50. filho de mãe italiana e pai português, bilingue, cresceu acompanhado pela poesia de Dante e de Camões, de Camilo Pessanha e de eugénio montale, entre muitos outros. Publicou, entre outros, os livros A Ignorância da Morte, Décima Aurora e Casa de Sementes. o mais recente é O Concerto Interior – evo‑cações de um poeta, editado em 2012. tem a obra poé‑tica reunida no volume A Luz Fraterna.

Tiago Rodrigues nasceu em 1977. É drama‑turgo, actor e encenador. Com a sua companhia, mundo Perfeito, criou trinta peças durante a última década, tendo já apresentado trabalho em vinte países da europa, da américa do sul, da ásia e do médio oriente. tem desdobrado a sua acti‑vidade pelo cinema, pela dança, pelo jornalismo, pela curadoria e pelo ensino. várias das suas peças foram publicadas recentemente em livro pela uni‑versidade de Coimbra.

Valério Romão nasceu em frança, em 1974. Já em Portugal, licenciou ‑se em filosofia. tem escrito contos, peças de teatro e feito traduções. Colabora regularmente em projectos multi‑dis ciplinares. Publi cou em 2012 o seu primeiro romance, Autismo, e em 2013 publicou O da Joana, segundo volume da trilogia Paternidades falhadas, assim como um livro de contos, Facas.

Paul Theroux nasceu no massachusetts, eua, em 1941. autor de vários romances, distinguiu‑se na literatura de viagens, nomeadamente com O Grande Bazar Ferroviário (1975). os seus livros estão traduzidos em inúmeras línguas. em portu‑guês, encontram‑se, por exemplo, O Velho Expresso da Patagónia, Viagem por África ou Comboio‑Fan‑tasma Para o Oriente. o romance Picture Palace recebeu o Whitbread Prize e Riding the Iron Rooster recebeu o thomas Cook travel Book award. A Costa do Mosquito foi distinguido com o James tait Black memorial Prize.

Teresa Veiga nasceu em lisboa, em 1945. entre 1980 e 2008 escreveu seis livros. um deles, História da Bela Fria (1992), recebeu o Prémio Pen Clube Português de ficção e o grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco. este último foi novamente atribuído à autora pelo seu mais recente título, Uma Aventura Secreta do Marquês de Bradomín (2008).

Lina Wolff nasceu em 1973, em lund, na suécia. escreveu a colectânea de contos Många människor dör som du («muita gente morre Como tu»). em 2012, publicou Bret Easton Ellis och de andra hundarna («Bret easton ellis e os outros Cães»), romance nomeado para vários prémios literários no seu país. os seus livros não estão traduzidos em português.

aCtoresIsabel Abreu foi dirigida por encenadores como marco martins, tiago guedes, nuno Cardoso, ana luísa guimarães, tiago rodrigues, João mota, entre outros. além do percurso premiado no teatro, ganhou notoriedade também pelo seu trabalho em televisão e cinema. foi nomeada para o prémio de melhor actriz no festival internacio‑nal de televisão de monte Carlo, pela interpre‑tação na minissérie Noite Sangrenta. em cinema, trabalhou com realizadores como sandro aguilar, tiago guedes e frederico serra, entre outros.

Tónan Quito nasceu em 1976. trabalha regu‑larmente com tiago rodrigues/mundo Perfeito, com quem co ‑criou o espectáculo Entrelinhas. Começou o percurso como actor em 4.º Período — O do Prazer, dirigido por antónio fonseca. tem trabalhado em teatro, cinema e televisão. em 2003 co ‑fundou a truta, onde dirigiu vários espectáculos.

330

autores

Ruy Belo (1933‑1978) é um dos mais importantes poetas portugueses da segunda metade do século xx. Publicou o primeiro livro, Aquele Grande Rio Eufrates, em 1961. estudou Direito e doutorou‑se em Direito Canónico, em roma, vindo posterior‑mente a licenciar‑se em filologia românica. viveu em madrid, como leitor de Português, entre 1971 e 1977. Desenvolveu ainda uma importante acti‑vidade ensaística, destacando‑se neste aspecto a colectânea de ensaios Na Senda da Poesia, publi‑cada em 1969. tem a obra poética reunida no volume Todos os Poemas.

Mário de Carvalho nasceu em lisboa, em 1944. advogado. Participação nos movimentos estudantis e na resistência organizada à dita‑dura. Prisão, privação do sono e condenação a dois anos de cadeia. exílio na suécia. regresso após a revolução de 25 de abril. longa lista de publicações entre romance e novela, conto, teatro. muitos prémios literários e traduções em várias línguas. Para exemplo, os romances Um Deus Passeando pela Brisa da Tarde, Era Bom Que Tro‑cássemos Umas Ideias Sobre o Assunto e o livro de contos A Liberdade de Pátio.

Alexandra Lucas Coelho nasceu em lisboa, em Dezembro de 1967. Publicou cinco livros de repor‑tagem‑crónica‑viagem: Oriente Próximo (2007), Caderno Afegão (2009), Viva México (2010), Tahrir (2011), Vai, Brasil (2013) e o romance E a Noite Roda (grande Prémio de romance e novela aPe, 2012). tem carteira de jornalista desde Janeiro de 1987. viveu em Jerusalém e no rio de Janeiro.

Hélia Correia nasceu em lisboa, em 1949. Poetisa e dramaturga, revelou‑se enquanto ficcionista com O Separar das Águas. seguiram‑se outros roman‑ces, como Lillias Fraser e Adoecer. a sua escrita para tea tro tem privilegiado os clássicos gregos, desta‑cando‑se, por exemplo, Desmesura – Exercício com Medeia. É também autora de livros infanto‑juvenis, como A Chegada de Twainy. A Terceira Miséria é o seu mais recente livro de poesia. Distinguida com diversos outros prémios, recebeu em 2013 o Prémio vergílio ferreira pelo conjunto da sua obra.

Luísa Ferreira nasceu em 1961. trocou o curso de geografia pelo de fotografia e começou a foto‑grafar profissionalmente em meados dos anos 80. em 1989, integrou a equipa de fotojornalistas fundadores do Público. interrompeu a actividade diária de fotojornalista em 1998, depois de ter passado também pela associated Press. expõe individualmente com regularidade desde 1989, desenvolvendo projectos pessoais e trabalhos por encomenda.

João Gambino trabalha desde 2005 em cinema, teatro, publicidade e produções institucionais. foi o director de fotografia das curtas ‑metragens Valsinha (2013), de miguel Carranca, Candy Riot (2011), de David tutti dos reis, e de vários vídeo‑clips. em teatro, trabalhou como desenhador de luz e operador de câmara nos espectáculos Enquanto Vivermos (2012), de Pedro gil, e Os Dias São Connosco (2012), de raquel Castro.

Alex Gozblau é autor de trabalhos regulares de ilustração para a imprensa desde 1997. tem também trabalho em pintura, banda desenhada, cinema de animação, publicidade, cartazes, capas de livros e discos, design gráfico, argumento, ban‑das sonoras, teatro e rádio. em 2009, recebeu o grande Prémio stuart de Desenho de imprensa.

Siri Hustvedt nasceu no minnesota, eua, em 1955. É autora de vários livros, traduzidos em dezenas de línguas. em Portugal estão disponíveis, entre outros, De Olhos Vendados, Elegia Para Um Americano e Verão Sem Homens. acaba de publi‑car um novo romance, The Blazing World. vive em nova iorque desde 1978.

Ha Jin nasceu em liaoning, na China, em 1956, e foi viver para os estados unidos em 1984. escreve em inglês. recebeu duas vezes o Pen/faulkner award (com Destroços de Guerra e À Espera; este último foi ainda vencedor do national Book award). em Portugal estão também publicados O Noivo e Os Alienados. além de escritor, é profes‑sor de inglês na universidade de Boston.

Hilary Mantel nasceu em glossop, inglaterra, em 1952. escreveu dez romances. em Portugal estão publicados Wolf Hall e O Livro Negro. a autora foi amplamente distinguida com prémios: o Booker Prize duas vezes, para Wolf Hall e Bring Up the Bodies; este último recebeu também dois Costa

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a granta foi composta em caracteres

Plantin e impressa na guide, artes gráficas, em arcoprint milk de 85 g e

X ‑Per Premium White de 120 g, em maio de 2014.