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 - 86 desvendaujo máscaras sociais Tradução de Cláudia Menezes "Atitudes relacionadas a _escroques?" Neste caso mostraria apenas que.existem atitudes conflitivas-em relação aos escroqu., "--cor- erville. somente um questionário (o quat diticitmentô daria conta deste assunto) mostrariá a crassificação de atitudes no bairro. Além disso,. seria importante saber como as pessoas se sentiam de uma maneira ou de outra em reração a este aisunto? parecia-me de maior Ii::.:::: c,ignliti.co poder relâcionar a aritude uo sru,pi-Áo qrur o Pdlvi9ug participava- rsto mrjstraria porque dois údivíduos iodem ter atitudes muito diferentes diante de^um mesmo problema. Na medida em que- o tempo passou, até mesmo as anotações da pasta eJóederam o iimite no quat mind;;ória pra.*" ãr.ilirr- me a.localizar qualquer informação rapidamente. Deste modo inventei um sistema de indexação rudimàntar: uma página com três "ãr.rrrur, ontendo para cada entrevista ou observaçãi a data, a pessoa ou grupo entrevistado ou observado, e t'- resumo da entrevista'ou obser- vação. Este índice tomava de três a oito páginas. euando foi neces- sário revisar as anotações ou redigir u 'puítir artas,-cãco o" o* minutos de manuseio eram suficiertãs pará dar--" u* quaoro-iuroa- velmente completo do que eu tinha, e^onde quatquei iiê-láoiu srt localizado. 4 - teoria e método em pesquisa de eampo* Aaron Cicourel Os pesquisadores - em ciências sociais defrontam-se com um problema metodológico singular: as próprias condições de suas pes- quisas constituem variável complexa e importante para o que se considera como os resultados de suas investigações. A pesquisa de campo, que para as finalidades do presente estudo inclui tanto a observação participante quanto a entrevista, é um método no qual as atividades do pesqúsador exercem um papel crucial na obtengão dos dados. Este capítulo pretende rever a literatura a respeito da i pesquisa de campo e examinar criticamente problemas de teoria e de método. Na discussão da literatura, tomo como ponto de particla que se pode alcançar uma forma ideal qualquer de trabalho de campo. Isto equivale em parte a criar um adversário fictício. Não procedo assim com a intenção de criticar a literatura pelos seus fracassos, mas sim de recomendar alguns ideais muito difíceis de se obter em pes- qúsa social. Espero indicar o tipo de teoria básica que pode ao mesrno tempo ser usada pelo observador e ser testada na pesquisa de campo. Quero também chamar a atenção para alguns dos problemas meto- dológicos que se encontram ao aplicar cânones da investigação cien- tiÍica ao trabalho de campq além de rever algumas soluções pro- postas. Este capítulo focallzaút a observação participante e o seguinte focúaarâ, a entrevista. "Theory and method in field research,,, capítulo II do livro Method and, measurement in sociologg, The Free press,- Nova Iorque, 1969 (6c edição), pgs. 39-?2.

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- 86 desvendaujo máscaras sociais

Tradução de Cláudia Menezes

"Atitudes relacionadas a _escroques?" Neste caso mostraria apenasque.existem atitudes conflitivas-em relação aos escroqu.,

"--cor-erville. somente um questionário (o quat diticitmentô daria contadeste assunto) mostrariá a crassificação de atitudes no bairro. Alémdisso,. seria importante saber como as pessoas se sentiam de umamaneira ou de outra em reração a este aisunto? parecia-me de maiorIi::.:::: c,ignliti.co poder relâcionar a aritude uo sru,pi-Áo qrur oPdlvi9ug participava- rsto mrjstraria porque dois údivíduos

iodemter atitudes muito diferentes diante de^um mesmo problema.Na medida em que- o tempo passou, até mesmo as anotaçõesda pasta eJóederam o iimite no quat mind;;ória pra.*" ãr.ilirr-me a.localizar qualquer informação rapidamente. Deste modo inventeium sistema de indexação rudimàntar: uma página com três

"ãr.rrrur,ontendo para cada entrevista ou observaçãi a data, a pessoa ougrupo entrevistado ou observado, e t'- resumo da entrevista'ou obser-vação. Este índice tomava de três a oito páginas. euando foi neces-sário revisar as anotações ou redigir u 'puítir artas,-cãco o" o*minutos de manuseio eram suficiertãs pará dar--" u* quaoro-iuroa-velmente completo do que eu tinha, e^onde quatquei iiê-láoiu srtlocalizado.

4 - teoria e

método em pesquisa de eampo*

Aaron Cicourel

Os pesquisadores - em ciências sociais defrontam-se com umproblema metodológico singular: as próprias condições de suas pes-quisas constituem variável complexa e importante para o que seconsidera como os resultados de suas investigações. A pesquisa de

campo, que para as finalidades do presente estudo inclui tanto aobservação participante quanto a entrevista, é um método no qualas atividades do pesqúsador exercem um papel crucial na obtengãodos dados. Este capítulo pretende rever a literatura a respeito da

i pesquisa de campo e examinar criticamente problemas de teoria ede método. Na discussão da literatura, tomo como ponto de particlaque se pode alcançar uma forma ideal qualquer de trabalho de campo.Isto equivale em parte a criar um adversário fictício. Não procedoassim com a intenção de criticar a literatura pelos seus fracassos, massim de recomendar alguns ideais muito difíceis de se obter em pes-qúsa social. Espero indicar o tipo de teoria básica que pode ao mesrnotempo ser usada pelo observador e ser testada na pesquisa de campo.

Quero também chamar a atenção para alguns dos problemas meto-dológicos que se encontram ao aplicar cânones da investigação cien-tiÍica ao trabalho de campq além de rever algumas soluções pro-postas. Este capítulo focallzaút a observação participante e o seguintefocúaarâ, a entrevista.

"Theory and method in field research,,, capítulo II do livro Methodand, measurement in sociologg, The Free press,- Nova Iorque, 1969 (6cedição), pgs. 39-?2.

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-,iliI

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idesvendando máscaras soc:ais

ama visão geral da literatura

Os antropólogos, usando as técnicas do trabalho de campo"acumularam uma enorme literatura a respeito de diÍerentes culturas.M-as, apesar da longa história do trabalho de campo e dos cursossobre técnicas de campo que já foram dados, teà havido poucoempenho em codificar as diferentes pesquisas.

A diferença entre trabalhar na p:ropiia sociedacle do observador

. e numa sociedade estrangeira fôrnecd o-ponto

de partida básico parase entender as condições nas quais as pelcepções ê interpretaçõe§ dooservador ganham significado.

"O sociólogo que limita o seu trabalho à sua '§ociedade está

.constantemente explorando o seu fundo de experiê4cias pessoais comobase de conhecimento. Ao fazer enúevistai estruturaàas, utiliza oseu conhecimento de significados conseguidos através da participaçãona ordem social que está estudando. Terá um mínimo-de suçessogarantido na comunicação pelo simples fato de que lida com a'mesmalinguagem e com o mesmo sistemá simbólico dõs seus entrevistados.Aquele-s_ que- trabalharam com técnicas estruturadas em linguagemnão-ocidentais, são testemunhas da dificuldade encontrada em-aluitaros seus próprios significados aos significados correntes na sociédadeinvestigada,

Íato que realça em que medida o sociólogo é um obser-vador especial em quase todo o seu trabalho,,l.A diferença entre trabalhar na própria sociedade de que se faz

parte e numa outra pode levar a diferenças no modo de estabelecero contato inicial. os comentários de Benjamin paul ilustram os pro-blemas do contato inicial.

"Não existe receita para enconffar-se a entrada correta numanova comunidade. Depende da sofisticação da comunidade e da infoç-mação prévia que o pesquisador consegue. Com freqüência, este podeccintar com uma cadeia de apresentações que o levam menos até olimiar d9

-seugrupg. Quando chegar ao centro provinciano ou posto

de comércio perto do seu destino, ele proíavelmánte já terá, apr"ididoalguns .nomes de_ pessoas que têm Contato com os nativoi. Aqui,na pedferia, pode ouvir informações esparsas que servlrão páraorientá-lo. o novato, que está ansioso parã ser completamente a-ceitopelos nativos, às vezes evita os administradores regflonais com medode prejudicar a sua recepção. Mas não o ajudaú muito ser bemrec_ebido pelos nativos para logo depois ser impedido pelas autori-dades mais altas que tomam conta ãos movimêntos dós estranhos.

Arthur J. vidich, "participant observation and the co[ection and!1lepretation of data,,,' Americai, jour:ial-oí uàiúisa,

-iX-i:r"Jü, a"1955), pg. 355.

teoria e método em pesquisa de campo g9

"Ao se realizar investigações em comunidades modernas ou emorganizações industriais, descobriu-se que é oportuoo,

"utgurus vezes

até mesmo essencial, fazer os contut;s inicàis ;á "r';",.tu. qu"controlaú a comunidade. Estas pessoas podem s"r hãmãm co-:yy^:r-!::lfq"i: de poder-ou p-essoas em posições infoimais quermpÕem respeito. O apoio^delas ao projeto põOe ser crucial, e elespodem ser úteis para se fazer outrós õontaios. Esse procedimentoaplica-se igualmente

àcomunidade

não_ocidental,,2.Paul chama a atenção pata a importância de se convercer aspessoas observadas de que o pesquisaddr não rhes fará nenhum mar.Essas pessoas p-odem ser membrós de uma tribo distante bem comodo quadro de funcionários de uma- organização industriar. o pes-quisador deve também. evitar o probleãa di desconsiderar algumafigura potencialmente importante ^pero fato de não contatá-ro parap:1l^.11,ltu!1.Coqo lugere

paüI, isso pode levar a práã"çao ae

::?^r::^g.rurpaÍres ofendidas e causar grandes dificuldádes ao pes_

qursador.

-^^^É.:_.1-que pesquisadores de campo levantem o problema da

necesldacre cre se encontrar um papel no grupo a ser estirdado. paulafirma: "Em parte b pesquisado.'d; i;;" define o seu próprio papel,

,:1,purt"^ o seu pape-l é d.efinido

pela siluação e pela pêrsp'ectiva dosnauvos. A sua estratégia é a de quem participa dê u_ ;ogà. Ele nãopode pred?er_as jogadgs precisai que o ouiro lado vâi"furer, -usode. antecipá-las da melhor-maneira possível e fazir ruu. jo!áou, a"acordo"8. O problema de definir um papel ou diferentes fuiãir-A.ntroe entre grupos levanta^a questão geral (ue ss refere ao {uâ ss obser-vadores participantes

.fazeqr-e aoi tipoi de papéis qr"-'a"r.rrntu.-{o:ul,: a sua pesquisa. Schwartz d Schwaitz propOem a seguintedefinição:

"Para nossos,fins, definimos oQservação participante como um' processo pelo qual mantém-se a presença do oLservaàor numa situa-ção social com a finalidade de rearizar uma investigação científica.o observador está em reração face-a-face com os oúsérvados e, aoparticipar da vida deles no seu cenário naturar,

colhe dados. Assim,o ob.servador é parte do contexto sob observação, ao mesmo tempomodificando e sendo modificado por este contexto,,a..

Il

t,

2 Benjamin D. Paul, "rnterview techniq-ues and fiel relationshipsr,,em A.L. Kroeber et at.,.Anthr9oótosÇ'-;;;;t; ú;r;;;iiiy'ãí"ôüi.ugoPress, Chicago, 1958, pgs.'480-481.3 Ibidem, pg. 481.a Morris S. Schwartz-e Charlotte G. Sc,hwartz, ,,problems in par-

#:rí#observation',, n*ertc"i í inà|- á t 7 o ão b sa, r,a i:ã".i* ãá'i si É ),

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desvenda r,f .r máscaras sociats0

Como conseqüência imediata da sua participação na vida dogrupo, o pesquisador inevitavelmente é solicitado a ajudar a decidira política que vai alterar as atividades do grupo. Embora rnuitospesquisadores recomendem ao novato que não se torne o'táo aLiYo"no grupo em estudo, dadas as circunstâncias práticas da situação depesquisa, o pesquisador pode não ter muita escolha. Muitas vezes ornelhor para ele é tentar compreender suas conseqüências para os

objetivos da pesquisa. Como jâ tem sido dito, muitos pesquisadorespodem ficar tão envolvidos na sua participação que "viram nativos"õ.

Todo artigo sobre trabalho de campo menciona o problema de

como o pesquiiador vem a ser definido pelos nativos. A importânciadisso deriva-se,. obviamente, do fato de que os tipos de atividade aos

quais o observador 5erá exposto vão variar de acordo com as suasrelações na gÍupo estudado. A maioria dos autores acentuam o tema"ser aceito" pelos nativos.

"Logo descobri que as pessoas estavam desenvolvendo a suaprópria explicação sobre mim: eu estava escrevendo um livro sobreCornerville. Isto podia paÍecer uma explicação muito vaga e, noentanto, era suficiente. Descobri que a minha aceitação no distritodependia muito mais das relações pessoais que desenvolvesse do que

das explicações que pudesse dar. Escrever um livro sobre Cornervilleseria bom ou não dependendo inteiramente das opiniões expressassobre a minha pessoa. Se eu fosse uma boa pessoa, meu projeto erabom; se não fosse, nenhuma explicação poderia convencê-los de queo livro era uma boa idéia."o. '

O relevo dado à aceitação do observador participante enquanto"pessoa" pode ser encontrada em muitas fontes:

"{Jma pessoa torna-se aceita como observador participantedevido em maior proporção ao tipo de pessoa que revela ser aos

olhos dos seus contatos no campo, do que aquilo que a pesquisarepÍesenta para eles. Os contatos no campo querem se assegurarde que o pesquisador é um "bom sujeito", de que se pode ter certezaque não fará "nenhuma sujeira" com o que descobrir. Eles não estão

úteressados em entender a base lógica de urlestudon'?.

Schwartz e Scfrwartz aconselham perspectivas similares visandoadiquirir am rapport máximo com os sujeitos a serem estudados. Uma

á Para um relato'informativo de participação total, o leitor deveconsultar o livro de W. F. Whyte, Street Corner Soci.eby, University ofChicago Press, Chicago, 1955, em especial o apêndice metodológico.

o Ibidern, pg. 300.? Jonh É.'ó.ut, í'Participant Observation and interviewing", emJohn T. Doby (org.), Introduction to social reseo,rch, The Stackpole Co.,Ilarrisburg, Pensilvânia, 1955, pg. 233, grifado no original.

teoria e método em pesquisa de campo g 1

,das dificuldades em seguir tal conselho está na falta de regras pro-cessuais, para alcançar o objetivo de "ser aceito", que sejam maisespecíficas. No seu dia-a-dia no campo, o pesquisador toma decisõessobre quem ó e quem náo é a "pessoa eerÍa" pata dar determinadasinformações, ou ainda como conduzir-se em uma variedade de novassituações que se criam a cada momento. Essas são informações instru-tivas para o principiante. O problema consiste em como controlar

a própria aparência e ação diante dos outros. As soluções oferecidaspor esses autores são especificações para o desempenho de papéis'diante dos outros no campo. Os comentários que se seguem ilustramesta afirmativa: o'A variável no-contínuo da representação de papéisé o grau em que o observador participa na situação de pesquisa,variando da participação "passiva" até a participação "ativa"8.Schwartz e Schwartz caracterizam o obsorvador participante "passivo"como sendo semelhante a alguém que observa põr detiás de üma telaque não deixa ver o observador. A idéia é interagir o mínimo possívelcom os nativos, supondo-se que tal compofiamento interferirá menosnas atividades do grupo e possibilitará uma observação natural doseventos. O observador participante "ativo" efetivamente "integra" ogrupo que está estudando a ponto de sentir-se aceito como um deles.Com freqüência isso significa, como dizem Schwartz e Schwartz, pãr-

ticipar ao "nível humano simplesmenteo' e ao "nível do papel pla-.nejado", isto é, participar como nativo e como cientista. Eles ããoum exemplo de como este sistema dual de papéis se desintegrava." . . . verificamos que, sem que tivéssemos consciência disso, o obser-vador tendia a ficar desligado quando o paciente estava desligadoe que também quando o moral baixo era o aspecto dominante nocontexto da enfermaria, o observador descobria estar funcionandoigualmente com menor eficiência" e.

Gold discutiu mais formalmente o problema dos diferentes tiposde papéis que podeq ser assumidos: "Buford Junker sugeriu quatropapéis teoricamente possíveis para o sociólogo em trabalho de campo.Estes variam do participante total, núm extremo, até o observadortotal , no outro extremo. Entre estes, estão o participante-como-obser-

vador, mais próximo do primeiro, e o observador-como-participante,mais próximo do último"lo. Os quatro tipos de papéis são definidosda seguinte maneira:-

'.A verdadeira identidade e o objetivo do participante total nãosão conhecidos pelas.pessoas que observa. Ele interage com estas

8 Schwartz e Schwartz op. cit., pg. 347.s Ibidem, pg. 350.. - i Raymond L. GoId, "Roles in sociological field observations,,, ,So-

cial Forces,36 (março de 1958), pg. 217.

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92 desvendanco má;caras sociais

pessoas da maneira mais naturar possível em todas as áreas da suavida que lhe inreresse e que rhes iejam acessív"i*;il;;;-ri*"çã.,nas quais-pode atuar, ou àprender .a afiJar, representando com sucess*Pgpíis ex-lgidos no cotidian-o. Ele pode, por êxemplo, trabarhai numa*fábrica afim de conhecer o funciodamríà i"t"gru,ío á"; gú; infor-mais, Após ser aceito, pelo menos como novato, pode vir a ter per--irq9 para tomar parie não apenas das atividádes e atiiuáes do.trabalho, como também da vida íntima dos operáriÀ.loiu áã tauri"u.

FingiÍ papéis é um tenna básico nestas atividades. Interessag:y^:: ,g_p3rticinalte rotal numa situação na fábrica é de origemde classe baixa-superioÍ e-tem talvez arguma experiência de fábíica,_ou se vem de um meio de classe médú ruperiãr t.m afastuoo aótrabalho de fábrica e das normas desses opeiários. o que irám.ot,i-polla é que ele. sabe estar fingindo ser'um colega. Or"- sugerirpor isto que o valor crucial, no que rljz respeito ãos resultados dapesquisa, reside mais na- auto-o,rieúuçao do pàrticipante total do queno seu papel superficial quando inicia o estudo,,ir.

o estudo de whyte flustra a afirmativa de Gord visto que des-creve vários incidentes nos quais sua origem de classe médiá diferiatadicalmente da origem do grupo que eãtudava. um dos inciàentesdlzra Íespeito a tirar o chapéu qupndo apenas homens estavam, pre-sentes, o outro tinha a ver com as regras de empréstiil d;

-ffin"iroaos membros da turma. Em ambas as Jituações, e-em inúmêras outras,ele.foi.ajudado pelo fato de fingir papéis e poi um informante crráve,muito importante no grupo. Gold «íesõreve os três outros papéis:

. -o'Embora seja basicamente semelhante ao papel do observador

tglal, o papel de participante-como-observador é significativamentediferente já que tanto o pesquisador de campo, quanto os informantes,estão conscientes de que a relação entre eles é meramente de campo.Essa consciência mútua tende a minimizar os problemas de fingirpapéis, mas, mesmo assinl, o papel traz consigo inúmeras opori[iidades para compartimentalaff eÍros e dilemas que atrapalhani o par-ticipante total.

Provavelmente usa-se com mais freqüência essepapel nos estudosde comunidade, nos quais o observador constrói relaçãei com os infor-

martes lentamente e onde pode usar mais tempo e energia na par_ticipação do que usa na obsêrvação. De vez em {uando obierva infor-malmente - quando vai às festas por exemplo. .

O papel de observador-como-participante é usado em estudosem que se usa entrevistas numa só visita. Exige relativamente mais

teoria e método em pesquisa de campo93

observação formal do que observação informal ou qualquer espéciee participação. Tambéà *.úã ,,iã ro"o menor de .,virar nati'o,,o que o risco inerente t9 papel oe participante-;","1";;; parrici-ante-como-observador. N" ;;i;"ã,'i,irto que o contato entre observador-como_narticip;; -"'ã"i,it"rrante

é tãe curto e talvezuperficial, é mais' provàver qu. á"'"o?preenda mal o informante eeja mar compreenáid"

q*&;

õ ffi;;'o.itiffiH T.i,ü"_.- o paper de observador totar retiia compretamente o pesquisadore campo da interação social càm ãi irto._urtes. Aqui o,pesqui_ador renra observar- as p.r;;;;; ,iãr.iru ral que nãã seia neces_ário para etas leválo"lr-.ãrrràíáção, p"1, etás ignoram, que eles esteja observando ou que, de ;h;.; torma,

"T;-Iil àsteiamervindo de informantes. Dds óú"-pãÉi; ";-;#ô;-;.,r,,; o únicoue quase nunca é o dominairte. Às iezes é usado como um dosapéis subsidiários oou *;., ,*;;"^:;-;:papéis dominantes',rg:"

tu representados para leuat.sá-ã tlbo o,Pode-se reraciona_r estes vários. papéis descritos à importância dee aprender a naturez_a.das experiêi"lu, ao grupo. a"purticipaçaoais intensa tem a. vantagem de e*por-mais o observador tanto àotina quanto às atividade"s ã."o,;;ffio- grupo

estudado. supõe-seue quanto mais intensa foJ 1 narticipiÇao, por um lado mais ricoserão os dados, e por outro lado-maior'r.Jra t'prirgJarIiirT."luriro,,além de, como cón.eqüência d" ;;;;;r a maneira de perceber enterpretar o ambiente- que é próp1iu-ãolgropo, tomar-se cego parauitas questões importántes ãirrtifi"u.rote. A,solução, que vejolursir. da literarura, ! -,

di ;rôffiiããã., qu., dizer, tornar_se bemonsciente dos papéis sendo repr-es";l;ã;;'e possibilitar-se ,,saídasdoampo" para revisões periódicãs sobre o-que aconteceu

",uoroãà] pesquisa. A esta altura^o teitor provavi,n;;;l;;;"ã"'l o*-uldades inerentes à tarefa d.. -..,ú-ú* Íegfas processuais cratrasdurante a pesquisa de campo. a aes"iiçaã anarítica de papéis formais1T.."1.rm guia parl o pesquisador e um conjunto de categoriaspara avatiar seu trabalho.

-Os

papéis .rb;urd;;-rãr-ãríãrr" ,riscolher obviamente vão variar'o^r u"ãiãà cor a situação de pes-uisa' os pesquisadores que permanecerem muito marginais às ativi-ades diárias do erupo lstuàado não conseguirão certos tipos denformações' a' oaíi"'paça, ãi.rrii, "pJa".,orou, impossível o testee hipótese., nnà, oode ajudar u o.J.àüii, o vernácuto do grupoestudado, os signifiôado. J.úeãd;;;;il grupo quando estranhosstão presentes. Assim, participãr

" "rirr*ií*.;o=;;;;; /Jol ,r,11 Ibidem, pg. 219.

t2 Ibidem, pg, ZZL.

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difícil quer se esteja trabalhando na própria sociedade a que se per-tence, quer numa estralgeira. Este problema levanta multo outros.Um-dos mais críticos, e o problema com o qual vamos terminar anossa resenha da literatura, é o da inferêncià e da prova na pes-quisa de campo.

- Registrar iúormações e verificar pistas e palpites durante agbseryagio- participante intensiva é um irabalho áurô e prolongado.As atividades do grupo podem não permitir o registro de eventosantes. que.t_enha passado muito tempo enhe a observãção e o registro.se a identidade verdadeira do pesqulsador não é conheóida pelo §rüpo,ele pode achar necessário cultivai alguma outra ocupação

^aceit7vále

iniciar outras atividades com o objetivo de registrar infórmações. Taisc-ondições o-bviaments dificultam o teste de hipóteses, visto qie muitasdas atividades observadas podem ser conhecidàs no processdda obser-vação. o pesquisador precisaria de um esquema teóiico muito extensoe um projeto minucioso para testar.hipóteses. É possível, entretanto,mesmo. duranÍe a participação intensa, dirigir a conversa para tópicosque sejam relwantes para o teste de hipóteses. O grande probiemaa superar aqui é o intervalo de tempo entre a observàção e d registro.os seguintes comentários por schwártz e schwartz são instrutivôs:

"O que acontece no intervalo de tempo entre o incidente e o seu

registro final é da maior importância. Nà observagão retrospectiva,o observador recria na sua imaginação, ou tenta recriar, o camposocial em todas as suas dimensões, ao nível de percepções e senti-mentos. Ele assume o papel de todas as outras pessoai que viveramaquela situação e tenta evocar em si mesmo os seus sentiméntos e pen-samentos no instante em que ocorria o incidente. Faz-se um lipode reconstrução da apresentação do fenômeno tar como foi iniciãl-mente registrado. . . Nessa reconstrução, pode-se manter os dadosiniciais inalterados ou pode-se adicionar a eles ou ainda mudá-los;aspectos significativos do incident€, antes omitidos, podem entãosuqgir; e conexões entre segmentos do incidente e entre

-esteincidente

e outros, antes não reconhecidos, podem também surgir,,r3.

Aobservação

retrospectiva torna impr:ssívetr o teste de hipótesediante do fato. Mas que exigência básica não foi mencionada nacitação acima que torna necessátria a observação retrospectiva napesquisa de campo? Os autores não adúitem que possam dispor deuma teoria que os instrua sobre que objetos devam ser observadose sobre as condições que cercam as observações em diversos momen-tos. Sem que se explicite previamente algumas suposições sobre a

teoria e método em pesquisa de campo gS

natateza de todos os grupos de que se faça o registro cuidadoso dosacontecimentos tal como, foram ôbservadài,"rirã o p.ri!ã*à" qr",

lgvido à .retrospectiva., as m,r_dançur- úo Áejam trataàu*'"oào tui,ao se adotar o Donto de vista do giupo. úai"'rrãp*tu pãru'ãir" pro-blema:

^_^^,j:O?articipante que estuda a mudança enquanto observador,precrsa, portanto, manter uma perspectiva fora ê inaependente dá

mudança. Não envolver-se ajudaã "'iitu, * alteraçãó ã"-ãrirrtoru, a.memória e permite ao observador ver mudanças"irÀrúirãr."'"ara refrescar a

-sua memória, o observador participante poderecorrer aos seus registros, mas, se sua peÍspectirà fiõ;-to. opassar do tempo, pode vir a desprezar ou a não dar o devido valora anotações s-impressões anterióres em favor das feitas ,órt.rior-mente. Anotações de campo feitas em dois períodos ouài"ãt., ,um

mesmo projeto, podem_, de fato, ser um dos-meios *ri, iãpoiturrtr*para se estudar a mudança. Em vez disso, o que acontece^é que opesquisador oculta a mudança por tratar os seus dados como se tudotivesse acontecido ao mesmo-tempo. rsto resurta numa descrição

I qu*ir de uma só perspectiva, em geral aquela tomada no-iúat AorraDallro de campo, mas redefinida em leituras posteriores de suasâootaçõeg" 1a.

A relação entre o não-envolvimento-e o estudo da mudança,assim como o teste de hipótese tarvez, nos leva de vorta ãã oirã-u ou"riqtJeza", tal como é rãvelada na participaçao intensa,-o";ãUi"ti

vidade", tal como é conseguida pelo^não envôlvimento. ú-u soluçãopossível pode ser a participaçãô intensa na primeira puri" Ju p"r_quisa afim de traçar os pormenores necessários para se testar hipó_teses, deixando os acontecimentos posteriorrr, ^qr. uqri ..- ,upO"serem recorrências de acontecimentos anterioa"s, iuru J" ,rua ao-obase-no teste de hipóteses. A questão ctítica aqui ? saber se o obser-vador seria ou não capaz de manter a disància o"".r*áriu- purure.alizar as observações posteriores e se o seu envorvimento o impe*diria ou não de fazer as observações necessárias ao teste de hipó-teses' se ! papel do gbservador foses convenientemente estruturado,rnais tarde ele poderia fazer entrevistas formais. A,

";ái;áã* a*pesquisa que surgem no campo nem sempre permitem as soluções pro_postas. Algum tipo de sorução semerhante siria necessaria se prúen-demos-conseguir o nível de formarização exigido pao t.rt" aJ nipo,teses' Howard s. Becker abordou alguns de*sses proutemas na ten-tativa de clarificar a formalização ne-cessária.

desvendand.r máicaras sociais

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13 Schwartz e Schwartz, op. cit., pgs. 845-846: t4 Vidich, op. eit., pS. 860.

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96desven«lando máscaras sc^rais

..'lO, sociólogos em geral utilizam esse método (observaçãoparticipante) quando estão:especiat-ent" irteressaoã,"ri-.ã-p...o-er lma organaação parti.uiãr oo u-m proutema substantivo e nãoen* demonstrar as rerãções entre uaiiãueis definidas abstratamente.Eles tentam fazer a sua pesquisa teoricamente significativa, masartem d'a idéia de .que nãoiabêm a priori o suficieníe-"ãü"'u orgu-tzaçáo para identificar os proti"áã." r.r*urtã-."-tifõr."r"., q.r"recisam descobri-los^no decor'rer ou p"rqu"u. Apesar de que a obser-vação participante

pos.sa ser usada para testar hipóte ses a priori. . ;não é isso que acontece gerarmente. Refiro-me nessa discussão aolip? d: estudô que, empregando a observação participante, procura- tanto descobrir hipóteses qoaoto testá_las,,1b. - :

Becker identifica- _quatro estágios na úservação participante:1) a seleção de orútáma;,;;;t* e índices e a sua definição;2) uma estimativà.ar- t.qtiier"ir;;r' distribuição cros fenômenosem estudo; (3) a articulação de Aescobertas individuais com o modeloa organaação em estudã; (4) ;, ;r;lemas de inferência e prova.No primeiro estágio são tomadàs decisões sobre problemas, con_eitos e indicadores..Éecker dirti;gr; iià, ,rrr., usados para verifi_ar peças de evidências. O primeirã e i aa,,credibilidade dos infor-mantes" que verifica se o informante teria ou nãorazões para nnentir,esconder informação gu pur?. tatar pouco do seu pup"l.;; J"orr._cimento ou da sua atitud]e aiant"-aãste,-'"oo,o também se teria ouão presenciado de fato o acontecimei-á, ; ,";;',"r; i"."rlo" .ua descrição em outros canais Oe inroiÃaçao. pntÀ,- a ["rri."riruo ator é importante. o segundo ,..t" ã.rr",oado ,.depoidentos

volun-lT:j :., {irieidgs,,. -rnvelt,.{a .3--g-.d;reidade ãã;;õ;tas, setoram ou não dadas com a finalidadó o" coiróiãi, ;;;;ã;;r.rr.,do observador e até que ponto a presença ;;;.;gr",à'. áãou"r_vador tiveram influência iobre o qu" ai..áru- os observados. o ter-ceiro teste, a "equação, grupo-obseruuoãr-irtor-ante,,, leva em consi-deração ? papel do obseriado, ,o g*po _ se fez ou não a suapesquisa incógnito- o cono_ir.o poãriiu ter influênciu .otr. ã qo.le viu e ouviu como

observador.No segundo estágiq o-pesquisador decide sobre a freqüênciae a distribuição dos dados reütiuãr uàr-p-bremas, conceitos e indi-adores' Aquilo que vai constituir u .niocí"iu é determinado. o inves-tigador tenta dar conta da tipiaaade ãe

-suasobservações, sua fre-

97cttriít c métoclo ern pesquisa de campo

:19::.,^qt-:i7. importância no grupo estudado. Neste estágio, sãopossrvels relatórios quantitativos da organização.

o terceiro estágio integra as viárias descobertas num modero geraldos aconrecimehtos*sob eítudo. B;;ü;il;;1;;'#r;J"L.tagio,o, observador procura o modelo que melhor se adapte aos dados queobteve 16.

\o- quarto estágio, o observador verifica de novo e reconstrói

o modelo onde for necessário segundo os seus dados. aqui eie oevedecidir.como-irá apresentar seuJ resultados. como átr.irã Êecker,o problema de apresentar os dados apó-s a pesquisa à" càÃpo framuito tempo incomoda os cienrisras sôciais.-E6';;pil

J*ságuintesolução:

-apresentar uma desciição da história natuiaiiã ãonàtrro..permitindo ao leitor seguir a évidência tal como veio á "íu.u. ,atenção do observadgr

1o. decorrer da pesquisa e tal como L pro-!1"91- sob investigação foi sendo conce'ituado durante esse tempo.A idéia de uma "história 4atural,, não significa que qualquer dadoserá apresentado; apenas os tipos gerais d"e áuáor' ãuiiããr-!,n

"uausragl. da pe,squisa o serão. Estariam incluidas as excessões signifi-cativas nos dados " a qul co*espondência às ;o";úçõ;;-t.óri.u,utilizadas. o ponto crucial das súgestões de Becker iià-em atrir

apossibilidade,

para o reitor, de verificar os irormenores da ànflisea-sstm cgmo a oportunidade de examinar a base de qualquer con_clusão iá alcançaf,vtt. -'---a---

Existem três probremas que deveriam ser réssaltados antes determinar esta seção. o primeiro diz respeito a importánciu-J"

figu,os problemas encontrados na pesquisa deiampo dirêtamente ao relatodos resultados' Essa maneira de'proceder permite ao reitor dir;;;que-

-problemas surgiram na coletã de que informação e como estesproblemas afetaram as concrusões sobre' or ,.ruitudÀ,".pr"iti.g.. o

segundo diz reqpeito à 6bvia falta de comentários, feitos por autoresque abordaram a pesquisa de campo, com relação a impãrtancia Aetornar explícitos os pressupostos teóricos antes de iniciai a pàsquisade-campo, como também.áo fato de que o próprio prn...ro'ã" p"r-quisa bem sucedida verifica tanto conceitos'teáricos: ua.i"* q-uurtoos processos sociais e as teorias substantivas que estamos interessados

"T "Ipli"g e predizer. o- terceiro problema deriva ao *.goráo ã estarelacionado à questão ,do que cõnstitue as condições-para testar

lltÍj:,r,.^r-na_

_pesquisade campo. Esres três protteàas ,ãúã àgoru

orscurldos nas próximas seções deste capítulo.

16 Ibidem, pg. 652.LT Ibidem, pS. 660.

lE Howard s. Becker, ,,problems of inference and proof in partici_,iã3: .'#:áÊji.on", americán so ciotisícii iàí-ir*, 28 ( dezãmbro

-ã"'isrs),

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98

Problemas Metodológicos e Dados,,Objetivos,,

Os problemas encontrados_ na observação, interpretação, registroe na decisão sobre a_importância de dados paÍa uma teoria rerevantesurgem na pesquisa de campo porque o otsôrvador e paite oã campode^ação.-o problema metoaotógjcà crucial qu, u!oi'*"!r-ã oorr._qüência da .diferença entre a'realidade física, ial"oiro

e ã?r"rita petocientista físico, e a rearidade social, tat comô é arr..it" pJo cientistasocial. Schutz coloca essa diferençâ nã segui"t, purrug.Irri- -"Este estado de coisa se baseia no fato de que há uma diferençaessencial na estrutqra dos objetos de pensamento ou construtos men-targ f9rm1d9s pelas ciênciai sociais'e os form*r- ffi;"iiênciasaturais. cabe ao cientista natural, e somente a ele, defiiir, ãe acordocom as regras processuais.de sua ciência, o seu campo de'ouservaláoe determinar os fatos, dados e aconteciáentos (dentio desse

-campo)que sejam rerevantes para os problemas ou para o objetivo científicoao seu alcance. Nem são essei fatos ou acdntecimentôs serecionactospreviamente, nem é o campo de ohservação interpretaâã prêuià,,"rt.,o mundo da natureza, tai como_9 exfüraao pero cientista natural,não "sign_ifica" nada para as morécurai, átomos , .iai;;;-rue nel"cxistem. O 91mfo de.bbservação do cienri.t, ,*iár, .rir.iaoiã, qo",

dizer, a realidade sociar, tem um significado "rp."iÍico ã-oma "stro-:1r:-* j^"]:Iâr:il para os seres huilanos que ,ío.-, àg* ã^!"nru*g,enffo dessa rearidade- Fazendo uso de uma série de

-constrritosdosenso-comum, eles selecionaraT, e intepprotaram previamrni, ert.mundo vivenciado como a rearidade de'suas vidas cotidianas, sãoestes objetos

-d-epensamelto que determinarn, por motivá_to, o com_portamento deles. os.objeios-de pemamento àonstruídos pãtã .i"r-tista social com a finaridãde de dai ;;; desta realidade úciar, têmue estar baseados nos objetos de pensamento construído, f.toi.oro-

"orrr,Íor homens que vivem ruairida cotidiana dentro á"-.ão -uoaoocial" lB. sv sw* r!

Se o observador não .é parte do campo de ação, mas apenasum cientista "desinteressado,,, éntão, como Sàhutz observa,

"

lriJ;;;cognitivo do cientista exige que etá subsiitua a sua situação biográ-fica pessoal pela situação científica le. o cientiuu ,oiur [ã"iru, uomesmo

-tempo que dá conta do significado dos atos do aàr, .unt.*uma atitude desinteressada em reiação ao ator e à cena ã" uçao.Não existe nenhum entrelaçamento dL motivos dirigindo suas relações

desvendando má-.caras soclais

formation in the social1954), pgs. 266-267,

99crrri;r c métoclo em pesquisa de campo

com o ator ou atores na a*u O. ação que observa. Este argumentodá, relevo à visão de Schutz de que o cientista social deve prestaratcnção às estruturas de significados empregados pelos atores da cenaque deseja observar, ao mesmo tempo, que traduz tais estruturas paraos construtos consistentes com os seus interesses teóricos. O cien-tista natural não enfrenta este problema. Discutimos, porém, asituação ideal de experiência ou situação cuidadosalnente preparada

de observação que não exigem a participação do observador no campode a!ão. De que maneira esta situação complicada afeta o observadorque é parte do campo de ação?

Antes que possamos tentar responder a esta questão, outra maisbásica precisa ser mencionada: . . . a exploração dos princípios geraisque os homens seguem na sua vida cotidiana para organizar suaexperiência, especialmente as do seu mundo social" 20.

O observador, como parte do campo de ação, trás com ele umconjunto de estruturas de significado ou de relevâncias que orientamsua interpretação do meio formado de objetos que estão dentro doseu campo de visão, qualquer que seja este meio. Diante de taiscondições, ele enfrenta os seguintes problemas:

1. Precisa interpretar as ações dos seus sujeitos (ou os relatosfeitos por elas sobre as suas ações) de acordo com as estruturas derelevância da vida cotidiana. O seu modelo do ator, os padrões típicosde conduta que atribui ao seu ator, tem que estar coordenado com os

acontecimentos observados (ou aqueles que lhe foram nartados peloator) 21.

2. Precisa manter simultaneamente uma perspectiva teórica queleve em consideração as estruturas de relevância do ator e um con-junto separado de relevâncias que lhe permita interagir com o ator.O que significa que o observador conseÍva um conjunto de motivosque lhe permitem continuar uma série de transações interpessoais.

20 Ibidem, pg. 267. Para maiores detalhes sobre o assunto, o leitordeve consultar'o ieguinte: Alfred Scüutz, "The problem of rationalityin the social world", Economica, l0 (1943), p§s. 130-1491 "On multiplerealities", PhilosophE anil, phenomenological raseatch, 5 (1945), pgs.533--575; "Common-sense and scientific interpretation of human action",Ibid., 14 (1953), pgs-1-38; Harold Garfinkel, "The rational propertiesof scientific and common-sense activities", Behaaioral sci,ences, S (janeirode 1960), pgs. 78-83.

2L Schutz, "Common-sense and scientif,ic interpretation....", op.cit. pg. 31.

,' !

,.Íi.

. 18 _Alfred Schut"r- ,.Concept and theorysciences ",- J ournal o f p hil o st i-fifr ,- Lí' j rü;ii;.e Ibidem, pg. 270.

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-=100 desvendando máscaras sociais

3. Mas, como comenta Schutz a respeito do observador: í.Elenunca pode entrar como sócio num padrão-de interação com-um aosatores da cena social sel q]re abandóne, pelo menos à.por-iuÃrtr,sua atitude científica. o observado, párii.ipurt{-ão-ãr'rqür#o, o.campo, estabelece contato com o grüpo esiudado coáo irro

-to*.-entro outros homens. Apenas seu- siitema de rerevâncias,-que lhe

:.It .9." gsquema.para súas seleções e interpretações, é Oeteuninaaopera arrtucle clentítica, temtrrorariamente

abandonada para ser retomadade novo"z.I Assim, o nosso observador, como parte do campo de ação,I1.:i:u' .(a) ter atgum modelo áo ator {ue inctua u, t.i*tura, A.srgnücado do ator como parte de sua teoria da ordem social; (b)empregar uma série !q regras processuais * que sejam consistente§com os construtos teóricos do seu modelo; (c) usai o seu conheci-mento do ator e a sua própria experiência dá vida cotidiana (queprovavelmente lhe forneceu ã base- do seu modelo) puru iiãuur: u,1rf,"r1,g?.:,i"terpessoais que são necessiárias à coletá á. ,.u, dados;lgJ -abandonar

temporariamente o uso de racionalidades científicas,embora mantendo uma atitude científica ao descrever as ações doator (ou as ações descritas pelo ator).

Porém como o observador conserva essasduas perspectivas dife-rentes? De acordo com Schutz, o observador deve ler ãlguma com-

preensão dos construtos do senso-com lm, usados na vida diária,através dos quais o ator interpÍeta o seu meio. o pesquisador nãopode começar a descrever nenhum acontecimento socãl sãm ter espe-cificado algo de sua teoria científica, quer dizer, sua teoria de objeàs,seu modelo do ator ou o tipo de ordem social suposta. Fazet o con-trário acarretaria um problema teórico e metodotó§ico sério, qual seja,como se saberia se a descrição de uma cena de ação, feita peio obsór-vador, estava baseada em construtos do senso-comum uiados peloobservador ao participar desta cena, ou em alguma teoria que ..prrguconstrutos científicos. Harold Garfinkel refere-se a isso

"õmoo'pro-

blema de "ver a sociedade de dentro,, 2a.

. n Ibidem.23 Ver Fe1ix Kaufmann, Method,otogy of the socia,l eciencee. Oxford

I:_i:-:fit" Press, Nova Iorque, 1941, paiã uma discussão d" ,ógru. pro-cessuals. l' sÍ-

24 O argumento é discutido num trabalho apresentado ao euartoÇqngresso _ rnternacionar de sociorogia, Milão, Itári",--i-98õ. l-"tü"uao"Common-Sense Knowledge of SociâÍ StrucúrLs;.

-o

-'tA-to-"'roa. -

Lcnareste argumgqlg discutido num artigo de Karl Mannheim--,iôrr-iüã i"t"r.retation of Wqlanschluuls,], e,\-Essays on the ;õri"i;w óí iíí*tiain,Routledge and Kegan paul,l Londres, tõfZ.

teoria e método em pesquisa de Campo 101 '

A não ser que aborde esse problema, o observador não podegarantir seus resultados em bases científicas. Do contrário ficaráexposto à crítica de que seus resultados não são necessariamentemuito diferente dos apresentados por um ator leigo da própria socie-dade. Dizer que se quer levar em consideração o ponto de vista do -

atoÍ ou, como afirma Malinowski, descrever a cultura através dosolhos de seus membros, não significa que as regras de evidência do

ator serão empregadas. O impasse metodológico deve estar claro.Ao especificaÍ sua teoria do atoÍ,. comenta Schutz, o observadorfornece a base metodológica paÍa estabelecer as regras e evidência, <Íeconhecimento e de prova correta. Estabelece, também, a base paraa comespondência entre sua teoria do ator e os conhecimentos queobserva e descreve. Ao adotar as regras de evidência do ator, ele nãorevolve o problema a não ser que possa especificar as propriedadesdestas regras. Mas como decide sobre tais piopriedades?

-

. Se aceitamos a proposição de que a primeira tarefa do sociólogoé descobrir as regras empregadas pélo ator para dirigir seus assuntose ocupações diários, o leitor pode muito bem levantar a seguinte ques-tão: quer isto dizer que'não podemos trabalhar em pesquisa sõcialantes que essa tarefa tenha sido cumprida? A resposta é um "sim"

abalizado. O fato de que pesquisadores estejam fazendo pesquisadiariamente não é prova suficiente para que se adote a posição de quepassar por uma série de operações lógicas e empíricas constitua pes-quisa relevante. As regras processuais empregadas devem ser exa-minadas. Tanto a observação participante quanto as entrevistas não-estruturadas e estruturadas e os questionários de levantamentos esta-tísticos (surveys) pressupõem a existência de uma comunidade entreo ator e o observador que exige o uso de construtos de senso-comum.Embora a existência dessas regras e construtos possam não ser reco-nhecidas, na verdade elas são variáveis da rcaÍizaçáo do projeto depesquisa. Quero chegar ao seguinte: /

1 Mesmo que as regras de interpretação clo senso-comum, tal

como são usadas por pessoas na vida cotidiana, não sejam conhe-cidas pelo pesquisador, ele pôde contribuir para o seu projeto par-ticular, para a teoria geral e para a metodologia da sociologia pelosimples fato de estar consciente da existência dessas regras e de pro-curar estudar as propriedades e a influência delas na sua pesquisa.

2. Pesquisadores, ao examinar a base para se entrar em umasituação de pesquisa, as ações exigidas e os tipos de pensamentogerados pelos sujeitos quando indagados sobre as suas atividades,como também as regras processuais que empregam enquanto obser-

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102 desvendand,o máscaras socr.ris

vadores, podem, ao mesmo tempo que estudam uma área particulardada, esclarecer algo da natareza dos construtos clo sensó-comum.

3. A especificação dos pormenores não. mencionados das per-guntas não estruturadas, nos questionários de escolha forçada e dasconveÍsas informais, os quais pÍovocam informações chamadas"dados" pelo observador, torna-se a baSe para se compreender os

elementos dos construtos do senso-comum

4. O conhecimento dos passos dados para se conseguir dadosnáo é novidade para o pesquisador, mas nas ctências

-sociais,a

informação sobre tais pasús ê geralmente obtida muito depois queuma das mais importantes seqüências de aconl.ecimentos já tenhapassado, qual seja, as relações sociais exigidas para que algum tipode comunidade entre o ator e o observador fosse estabelecida.

Os antropólogos há muito indicaram a importância desse pro-blema. Os relatórios de campo deles revelam muito pouco das expe-riências iniciais da pesquisa ou dos procedimentos usados para decidirsobre o significado de um acontecimento. O exame mais cuidadosode tais atividades poderia revelar que o pesquisador, mesmo quando

estuda uma cultura inteiramente estranha, baseia-se muito nas suasexperiências em sua própria cultura para decidir sobre o significadodos acontecimentos que presencia, Mas são poucos os que relatamos pormenores não elaborados da sua maneira de entrar na situaçãode pesquisa, muito menos de mantê-las e finalmente de terminá-las.Um dos estudos recentes mais informativos é uma mohografia deDalton 25. Seu apêndice metodológico, embora suprima ,I"o* por-menores nos quais obviamente está baseado, é um rlos mais revela-dores porque reflete sobre os tipos de relações sociais que seriamcompâráveis àquelas que o antropólogo no campo pode estabelecer eàs experiências de campo de certos sociólogos e cientistas políticos.O exame dos problemas revelados pelos pesquisadores ao obter osseus daiíos demonstraria que os problemas aqui levantados receberampouca ou nenhuma atenção. Quero dizer que, ao invés de reconhecertais condições como problemáticas, os pesquisadores fazem os comen-tários usuais sobre observações "objetivas" e a natateza do pro-blema "cieirtífico" abordado. Raramente encontra-se referências aosprocessos empregados na obtenção dos dados.

Os cientistas sociais têm dado, em todos os tipos de pesquisase inclusive na observação participante, tal importância à nobjefivi-

dade" que as condições do estágio atual de pesquisa nas ciências

tcoria e método em pesquisa de campo

sociais são explorados não pelo seu potencial metodológico e teórico,mas como veículos paÍa a obtenção de dados substantivos. A preo-cupação com os reiultados substantivos oculta o fato de que taisreiultados são apenas tão bons quanto a teoria básica e os métodosusados em "descobri-los" e interpretá-los. A situação de pesquisaconcreta, especialmente no caso da observação participante e de

métodos semelhantes, constitue uma fonte de dados importantes pois

está tão sujeita às predições e explicações quanto os resultadossubstantivos procurados. Assim, ao se propor estudar uma agênciagovernamental, adotando a observação participante junto com o usoextenso de gntrevistas estruturadas e não-estruturadas, deve-§e terem mente que ganhar acesso aos sujeitos em sua vida cotidiana,desenvolver as relações sociais necessárias com os que serão entre-vistados, bem como avaliar a importância de fonte de dados oficiaise não oficiais, são aspectos problemáticos da situação de pesquisa cuioestudo pode contribuir para o nosso conhecimento tanto de metodo-logia quanto de propriedades teóricas de organização social. A con-sideração dos problemas reais, que os pesquisadores encontram em

suas atividades, fornecem a base apropriada para discutir como a

situação de pesquisa pode tornar-se ao mesmo tempo uma fonte de

dados e um dado em simesmo da metodologia comparativa.

Considerações Teóricas e Práticas

fnúmeros problemas importantes são discutidos no apêndicemetodológico de Dalton que fornece um ponto de partida inclusivepara abranger afirmações anteriores de natureza similar. Um dosproblemas que ele levanta é o do estabelecimento da situação de pes-

quisa. Dalton não acredita na abordagem formal das altas autoridades

de qualquer organizaçáo a ser estudada devido à possibilidade de

que a gerência venha a colocar limites pata a pesquisa. A comple-xidade deste problema é muito grande. Os argumentos sobre o pro-blema de qual é a melhor maneira de se ganhar acesso à situação de

pesquisa podem ser assim apresentados:

1. Se canais formais são usados (vamos supor inicialmenteque o pesquisador hão tem nenhuma influência espécial sobre pessoas

de dentro e de fora) existe a possibilidade de que o estudo .do pes-

quisador seja restringido ou que lhe seja recusada a oportunidade de

estudar.

2. O uso de canais não-oficiais tem a vantagem óbvia de per-mitir explorar-se áreas sobre as quais altas autoridades poderiam

103

iti

r'l

,li

ll

26 Melville Dalton, Men who nxd,noge, Wiley, Nova Iorque, 1959.

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to4 desvendand,o máscaras sociais

O que fazer dos comentários acima? A codificação dos proce-dimentos pode ajudar. Os processos usados pelo pesquisador ãevemtornar-se públicos desde o início. Ele deveria estabeleier a priori ascondições (por exemplo o núrnero de suj,eitos exigidos, os tiposde questões necessiários pa{a provocar ceÍtos tipos de informaçãoetc.) para decidir sobre o carâtet factual de suas descobertas. Oscomentários de Dalton, como de outros também, indicam algumas dascomplicações

surgidas quando se obtem dados através de cãnais não-oÍiciais.- Ao explicitar o emaranhado dos contatos não-oficiais, o

observador participante pode contribuir para a formulação de questõesmais gerais de teoria e de método. Teoriãamente seu trabalho nos diria9T qo" papéis pode-se ter sucesso para'obter, de sujeitos clesconfiados,informações não oficiais. por exemplo, infoimaçãó sobre

"o-o "oo-eberr o sujeito enquanto base para iniciar a ação social, como osujeito reagiu, a inflysncia do sexo, idade, origem étnica, diferençassocio-econômicas, influências pessoais etc. oi cientistas sociais hámuito tempo reconhecem- a-importância de tais fatores, mas precisa-mos vê-los como contribuição não apenas para sua ieoriá comotambém'para seu método. Dalton fez um rélato rico e cuidâdosode suas atividades de pesquisas s fôrneceu um material informativo,mas

-não

os apresentou de maneira tal que o leitor pudesse avaliat

a influência das operações que empregou para obter os seus dados,as suposições quanto ao momento em que conseguia obter a confiançados sujeitos, quando deveria aceitar úma bebida para colocá-los àvontade, que tipos de questões ou de conversas provocavam que res-postas, como decidiu que certas respostas seriam aceitas como"dados" e outras como ilusórias, ou quàntos sujeitos e que tipos deÍespostas foram considerados para fundamentai uma gãneraÍizaçãoetc. É difícil obter e registrar õorretamente material quã Uae com ocontexto da interação entre o pesquisador e os indivíâuos que cons- -

tituem- seu objeto, mas esse mateiial também forneceria irnportantefonte de dados para documentar aqueles processos sociais que Dultonmenciona como importantes para se subir numa carreira, lutas pelopoder na linha de montagem, relações entre gerentes e operários

etc. Portanto, todos os cientistas sociais que adotam a obíervaçãoparticipante e a entrevista encontram dificuldades em' conseguir emanter acesso a sujeitos e em descobrir pistas e fatores não-oficiais.Apesar disso, esses fatores não oficiais são, com freqüência, a basepaÍa a obtenção de dados, mas não são descritos enquanto tal, emborase equiparem aos tipos de material que os pesquisadores descrevarnpara documentar afirmações sobre o funcionamento de organizaçõescomplexas.

Os esforços de Dalton para indicar alguns desses problemasno seu apêndice tornam-se contribuição metodológica importante

teoria e método em pesquisa de campo 105

colocar r-estrições. contatos oficiais podem ser valiosos (até mesmorlalton afirpS que provaÍam ser valiosos para"tej

pú f,.Jrruotue,pistas e palpites qué seriam de outra manôira entárràdo;.

- ---'

3. O uso de' canais formais permite ao' leitor seguir os passostomados para se entrar na situação de pesquisa, -". ã À"rÃo

"or_egue a a_bor{agem informal cuidadosaàenie ráratada. o piãrt.*u,na verdade, é étiço.--A pereunta é: deveria

" p"rqoiru-rJ, p,nUtrutanto para a comunidade científica do pesquisaO'or. tsoporOo; qr;se mantenha o anonimato, das pessoasf quanto pfua i comunidaclesocietária da qual os dados saà obtiaôsr a

"ie'rr.ir,.rqrànto o*conjunto de regras processuais,para admitir " .ii*iárr- fffisiçoesde-um corpo de conhecimentos2ê, não ê afetada.ràou"tá-o'p"râ"i-

sador seguir os cânones de investigação aceitos po, ,ru comu'nidadecientífica. Parece claro, então, qúe-o-problema éiico do pesquisador,com respeito a essa situação particular, surge porque elô e membroda comunidade leiga.

. 4' As -restrições formais ,que as autoridades tarvez coloquemsobre as atividades do.pesquisador podem ser superada, por.r- pro-

l,e-to

de pesquisa.que. l&e êm consideração as rôstriçõesj identifican-oo-as como variáveis a serem tratadas como complementares ouqualificadoras às variáveis substantivas.

5. No uso de. canais não-oficiais, o pesquisad or talvez tenhaH llfy num conjrlnto-.restrito de sujeitoj qu'e apenas possam serconsultactas em assuntos limitados ou tão infoimalmente que impeçaa coleta de dados sistemáticos que permitirir* o i"rt. o"'íçãt.r...Essa limitação resultou nom grur,de iú-r.o de .,estudos-pitotÃ5,-r.ito,na investigação de organjrfções co_mplexas por pesquisadores engaja-dos na observação pãrticipãnte. os' daàos retirados desses estudospeÍmanecern impressionísticos. para muitos sociólogos o termo iuudo,impressionísticos" e o'observação participante" torn"aram-ra sroÀor.Dalton usa, na realidade,.uma coúbinaçào ae proceái-.oiá, ãu ãtr.r-vação participante ao obter status oÍlciar ná organização, as

-quais

l*^*ry,i:am frequentar o local. A parrir O""rtão

urãiiria poriçaootlcral de base para rcalizar suas investigações não oficiais.

. 6. Ao encontrar apoio para os dados mediante fontes não-oficiais, o observador participãnrc tenta slpe_rar as restrições quealtas autoridades poderiãm faier às suas atividades.

26 Ver Kaufmann, op. cit., para uma discussão a respeito.

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106

l,I

t

desvendando máscaras sociars teoria e método em pesquisa de campo 107

membros duvidosos a dezessete amigos íntimos maçons para confir-mar se eram membros ou não" 20.

A pesquisa de campo poderia ser ainda mais benéfica para osque adotam a observação paÍticipante, se os problemas de acesso,interpretação e outros similares pudessem ser incluídos na discnssãodentro do texto. Por um lado. em muitas referênciaó a contatos compessoas, usa-se freqüentemente termos do vernáculo local sem expli-

cá-los ao leitor e cómunica-se material, sem que esteja claro como opesquisador interpretou os comentários das pessoas. por outro lado,muitos pesquisadores discutem que as pessoâs observadas ,,pensam,'ou "querem dizer" algo em que tenham documentado estas afir-mações. Tais descrições '!à distância" dificultam a comparação dosdados de diferentes pesquisadores.

Voltando ao nosso argr rrento, observaríamos mais uma vezque Dalton incluiu o material relativo aos seus esforços e sucessospara estabelecer contatos coin várias pessoas na organização estu-dada. Os comentários, embora reveladores, estão truncados demaispara que possam indicar que dados foram obtidos por que tipos decontatos e tampouco estão incorporados no relatório da pesquisapropriamente dito. Os seguintes comentários de Dalton indicam uma

importante aproximação ao ideal da observação participante:"Em geral esperando conversas cautelosas. procurei, sempre quepossível, apanhar as pessoas em situações críticas.e saber com antece-dência quando ia haver reuniões importantes e que conseqüênciaspoderiam ter para os aspectos não-oficiais de várias questões. Expe-riêícias com informantes que renegavam induziram-me a obter qual-quer comentário ou gesto de certas pessoas antes que estas esfriasSem_precavidas. Ao "entrevistar" em geral tinha em mente um roteirodos pontos a seguir. Mas quando a conversa dos inquiridos tocavaem acontecimentos que pareciam ser de importância maior, eu omitiaou adaptava as perguntas preparadas. Na ocasião ou num encontroposterior, quando já havia esgotado as perguntas planejadas parauma partÊ da pesquisa e estava seguro da pessoa, fazia perguntas

carregadas em várias direções e seguia respostas promissoras"so.

Por indicar precisamente que perguntas eram feitas em mo-mentos determinados, as respostas dos inquiridos, como aconteci-mentos de maior imFortância vinham à tona, como tudo isso afetavaa compreensão que o observador tinha dos aconteqimentos e a inter-pretação que deles faLia, o pesquisador se aproxinra de algo parecidocom a montagem de uma experiência. As exigências da o-bservação

Ibidem, pgs. 279-280.Ibidem, pgs. 280-281.

glli1ame1te porque fornece aquilo que outros estudos _ inten_cronatmente ou não- escondem com freqüência ao cofunicar seusresultados. sem ter uma base sistemática para descrever suas obser-vaeõe.s.à medida que as fa7 e as interpreta, o pesquisador enfrentao p,roblema de como comunicar os ,,fato's,, oú;.tiiru*.ri". ÃrJà, ,aopode resolver o problema, discutido anterioráente, de .oÀã-l,u,, usociedade de dentro,,. Do ponto Oe vista metodoíógico,-r.u. ,"rot-tados-só podem ser com_paiados

aos do joÃ;ilãõ-t r,ãã"_ oury1 Pgra-que hajam aàaos compà.utiuor, os métodos usados naobtenção de tais dâdos devem ,.r ããrí.fioor" á.uà*-*r*ãã.pura-veis. É desses métodos qu" fufu Oufi;';_ seguicta.

pessoas o que e porque ia fazer, entrevistava pouco 27. No entanto,indica vários processõs usados pâru ,àrin.u,"ã."ntarior'áJ, irtor-mantes e o emprego o} não dos mesmos maneirismos da- fãIa ou oa mesma gramática. Além disso, escreve: .,a prof*ção -quã*r".orr_

truia.entrevistas, anotei as eniares-1eitr.,"rpr.rsões

faciais, sinaisOe {jvi,9 e preocupação e outros gest;;: codsciente-d"-que-poaiamme iludir

- como possíveis chaies para entender coisas mais bási-cas" 28. Datron ,ao" ai, ãã i;;;r-"..ã;; fatores tais como manei-rismos de gramática e da fara, .ú"ruo.r tu.iáir, ,iriJi,ãr]"r.ã"upu-ção e outros mais, aÍetaram Jour'r"üço"s com se,s sujeitos B comoforam incluidas ,u ill::pl:tação Fqlrii; {ue observou. É pouco pro-vável que alguém possa- s-empre rembrar-s'", ou mesmo estar inteira-.mente consciente, des,sa informação. um exempro poà. *.-"o.ontradono seguinte breve relato de um- probtàÀã crüciat-tanto-"* fá."aientos da pesquisa adotados poi oatton quanto na sua explicaçãopara os resultados:

. "g assunto maçonaria era tão delicado em Milo que até mesmoalguns íntimos evitavam ajudar a definir qo"."r, membro e quantoscatólicos haviam- se tornado maç-ons. equ'iio que parecia ser simples,Íazia medo e afastava alguns àor ,,*ir'-.oi'rr*rãiã, õritÉri"àr, o.quem por engano esperei ajuda e quem via agora .o.o p.rrou,

merecedoras em si mesmas de um estudo maior. Ér;;,

;.;"I-ugo*e evitavam e me faziam temer pero sucesso da pesquisa. üui, iu.o"soube que eles temiam me ajudar bem como não me ajudar, comreceio de qug argumas pessoas chegadas a mim rhes causassemembaraços. (o que dev.eri.1 fazer o p"esquisador qruràã p.rior-uu usrtuação g*:_..,1. gostaria'de ver_tranqüila?) Viú que à, _uçon,estavam divididos em numerosas rojas, tive que apresentar listas de

272A

Dalton, op, cit.. 277,Ibidem. 2S

30

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108 desvendando máscaras socais

paÍticipante obviamente tornam-se muito maiores do que as corocadassobre outras formas de pesquisa, contando qr.-; pÃúüiJ,"rt.3unteressado em alcançar, oú mehor em se-apro*i-ui de, cânones' ideais do procedimenrô científico. ratiez,.iu ár-,,u.ããlo irirriu, qo"esse procedimento idear seja alcançado, mas o procedimento real-menre adotado deve ser comunicaoo a íim á" àrã-;-il;;;;ntaçãoe qualquer inferência sobre umà série de u.ortã.úrrtoilãrru ,.,onhecida por outros pesquisador.,

"

,.r,ti ;il;;'l;;;;;-#;base comparativa e a sãr rãp,cada de tai moáo qo. o, prãceãL"otosmelhorem.

. Alguns comentários devem ser feito sobre.as circunstâncias prárticas encontradas na pesquisa de camfo, mas tais conserhos sobre"como fazef' devem-ser expressos nuni arcabouço teóricó ãre ,"at"eas características básicas da interação social, o,) rrt" ,r-prffiedadesbásicas da ordem social.

A abordagem à organização ot grupo a ser estudado requerque sejam avaliados a poiição ão obseríado""* iàuçàã*JJs" suieitosa serem estudados, os meios de acesso, e como o acesso afetará suasrelações com os sujeiros.. Çomo ,pr.r.ítár_r" *rrtã-ãã? olr-iJrz rrruse torna uma ouestão básica. Como o observador faz o seu contato

Tr."r.?tcom as pessoas- que c-onseguem acesso para ele e com ossujeitosa serem estudadoi. enfim, ão'oloutqu;r;;;;";;rã i'rorr"bjeto de seu estudo? Goffman, ántr" -oiriror, considera esta questãouma questão crucial para qualquer interação'.o.iut.

--- ---* '1'

"Quando um indivíduo entra na presença de outros, estes emgeral procuram obter-informação sobre'ài" ou tÍazer à tona informa-ções sobre ele já obtidas. Eres-estarão interessados no seu status socio-econômico geral, sua concepção do ego, sua atitude para com eles,sua competência, sua lealdaãe etc. . .

Passemos_agora do enfoque dos outros para o do inclivíduo quese apresenta diante deles. Este pode desejai qr. o. orirã, Çrr._em dgle,^gu que pensem gug elô pensa ú". aôtrr, óo qo. p.Iàuu_o que de fato ele sente em ieraçãoã eles, ou ainda qrà,ia" ôui.rtumnenhuma impressão {tida. Ele pode desejar urr'"guru, ,rii"i"ot"harmonia para que a interação por-ru ,., mantida, o""á.rã3rrãrioria_los, co^nfundi-1os, enganá-los, aitago nizá+-ros, insurtá-ros ou rivrar-sedeles" 31.

O material teórico de Goffman diz respeito a como as pessoascontrolam sua presença diante dos outros ,à uida cotidiana.'À sua

teoria e método em pesquisa de campo Í09

monografia e artigos relacionados fornecem um arcabouço teóricopara descrever amplo conjunto de atividades sociais que ocorremsempre que as pessoas agem socialmente. A citação seguinte sugereum possível enfoque para muitos dos problemas já discutidos, apre-sentando base mais analitica para os procedimentos do pesquisadorde campo.

"Subjacente a toda interação paÍece haver uma dialética fun-

damental. Quando rrm indivíduo entra na presença de outros, pro-cura descobrir os fatos da situação. Se possuisse esta informáçãopoderia saber, e levar em consideração, o que acontecerá, podendoainda dar aos outros presentes o que lhe é devido na medida queseja consistente com o seu interesse próprio esclarecido. .. fnforma-ções completas"dessa ordem são raras. Na sua ausência, o indivíduotende a empregar substitutos - dsiazs, testes, insinuações, gestosexpressivos, símbolos de status etc. - como meios de previsão. Enfim,como a realidade da qual se ocupa um indivíduo não é perceptívelno momento, no lugar dela deve-se contar com aparência. E, parado-xalmente, quanto mais o indivíduo se interesse pela realidade quenão está disponível à percepção, mais deve ele concentrar suasatenções sobre as âparênciss" az.

Em trabalhosanteriores,

Schutzargumentou de maneira muitosemelhante a Goffman mas tratava do lado analítico das cafacte-

rísticas constitutivas da vida cotidiana. Schutz assinala explicitamenteque, enquanto observadores científicos, devemos construir um modelodo ator: os seus motivos, ações, gostos e aversões típicos como con-dição básica para observar e interpretar o comportamento de acordocom regras processuais ou teóricas de nossa disciplina.

"Nas páginas seguintes defendemos a posição de que as ciênciassociais têm que lidar com a conduta humana e com sua interpretaçãode senso-comum na realidade social, tornando necessária a análisedo sistema total de projetos e motivos, de relevâncias e constructosque foram tratados nas seções anteriores. Tal análise refere-se neces-sariamente ao ponto de vista subjetivo, ou seja, à interpretação da

ação e do seu cenário nos termos do ator. Visto que este postuladoda interpretaçáo é um princípio geral para construir tipos de linhade ação na experiência do senso-comum, qualquer ciência social queaspire dar conta da "realidade social" tem que adotar este princípiotambém" s3.

32 lbidem, pS. 249.

ii Alfred Schutz, "Common-sense and scientific interpretation...r,lop. cit., ps. 27.

31 Ervins Goffm4n,. The_presentation of ^setf in eaeryd,uy life, Dott-leday & Co..-Garde" Cil{,^§";3.-íàííáí,"ú!so. pgs. t_8. Dire*os auro-ais de Erviflg Goffman, rsfs. C-iàa;=.d;; permissão dos editores.

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11t10 desvendando máscaras sociars It:oria c método em pesquisa de campo

csta consciência fictícia um conjunto de motivos-para correspondentesaos objetivos dos padrões de linha de ação sob observação e demotivos-porque nos quais se baseiam os motivos-para. Supõe-se queos dois tipos de motivos são invariêntes na mente do ator-modeloimaginário.

Mas esses modelos de ator não são seres humanos que vivamsua situação biográfica no mundo social da vida cotidiana. Rigoro-samente falando, eles não têm nenhuma biografia ou nenhuma his-

tória. A situação em que são colocados não é uma situação definidapor eles e sim por seu criador, o cientista social. Este criou-os comofantoches ou homúnculos para manipulá-los segundo seu gosto. Ocientista atribui-lhes uma consciência meramente artificial e de talmaneira construída que .o seu estoque pressuposto de conhecimentodisponível (inclusive o conjunto adscrito de motivos invariantes)faria com que a ação, dele originâria, fosso compreensível subjeti-vamente, contanto que bstas ações, fossem executadas por atoresreais no mundo social. Mas o fantoche, e a sua consciência artificial,não está sujeito às condições ontológicas dos seres humanos. Ohomúnculo não nasceu, não cresce e não morrerá. Não tem nemesperanças nem dedos e não reconhece a ansiedade como o principalmotivo das suas ações. Não é livre no sentido de que sua atuação

poderia transgredir os limites que seu criador, o cientista social, pre-determinou. Não pode, portanto, ter outros motivos e conflitos deinteresses que não sejam os que o cientista social the atribuiu. Nãopode errar, se errar não for seu destino típico. Não pode escolher,exceto entre as alternativas postas diante dele pelo cientista socialpara que as pudesse escolher"84.

Os comentários de Schutz indicam que a lógica empregada pelocientista físico é também usada pelo cientista social para decidir oque é conhecimento, embora as regras processuais possam diferir.O que é diferente já foi citado anteriormente mas justifica a repeti-

ção:

'0. . . a estrutura dos objetos de pensamento ou constÍuctos

mentais formadospelas ciências sociais e os formados pelas ciências

naturais. Cabe ao cientista natural, e somente a ele, definir, de acordocom as regÍas processuais de sua ciência, o seu campo de observaçãoe determinar os fatos, dados e acontecimentos (dentro desse campo)que sejam relevantes para os problemas ou para o objetivo científicoao seu alcance. Nem são esses fatos ou acontecirnentos selecionadospreviamente, nem é o campo de observação interpretado previamente.

os trabarhos anteriores de Schutz e Goffman ,ustram umobjetivo fundamentar da sociologia: a pro.rru oos princípios básicosda interação sociar. o pesquisaãor de iampo não estará assim semum modelo do ator a güia-l,o em suas obserirações. De fato, se trataros princÍpios de inteúção soóiar como-probremáticos, ene. poderácontribuir para o.nosso óonhecimento ãã oru, maneiras: em primeirotugar, fornecendo um

-testepara a teoria.'tãii;;'ã:;g,#dPo rugur,tratando tais proposições cimo "dadasi'

" ".árão

tuii-",;fii.ipior,,como a base para travar relações sociais com os .,nativos,, assim comopara ordenar seus contatos iniciaii e desenvolve, fupei,

"*iiiãruç0"r.e é correto supoJ que as pessoas, na sua vida cotidiana,ordenem seu meio, airibuán.rig"ih.uao. 'e relevânciu* u áb3.tor,fundamentam suas ações ro"iuis-ilruJionaridades áã-rão*-.o-u*,não se pode fazer neiquisa o" .u*fà-o" usar quarquer outro métodods pesquisa nas ciência's ro.iuir-r.Hi.iri .r, consideração o princípioda interpretação subjetiru. nrqràrio-"Jnu"rru com as pessoas inves-tigadas no campo, fizendo p"rgurrtu,

"riroturaoa, ou não estruturadasem situação de entrevista bu-usando o questionário,'ã-áUr.ruuoo,

científico deve levar em conta os constructós de senso-ao,,ro, ,-pr.-ados pelo ator na vida cotidianu ." quir.r compreender os signifi-cados atribuídos às suas perguntas peio ator, qualquer que seja aforma pela qual eras.

foraá uipr.r.ntâàr, ao ator. rgnorar isto signi-fica tornar probremáticur oo ,ê- .."iiáítr"to as perguntas (ou con-versas) quanto as respostas recebidas. O pesquisaáor-r.,"rpàit.u,ua teoria de obietos _ o seu modelo do-atoi _ não seriacãpaz dedar mais garaoiia às suas proposições do que qualquer leigo inte_ressado nos mesmos:..:g"il:tà,

"" up"râ, aáiià"=;r.u ãfiniao,,sobre os mesmos acontecrmentos.Resumindo, o observador científico necessita de uma teoria queforneça um modelo do ator, o d;i ;tá orientado para agir nummeio de o-bjeros com caracrerísticas atribuíd;;;;o"âirJ-?ãrnr-.o observador precisa. distinguir as raciànariduo", ãruotirürl ãI" urupara ordenar sua teoria e seús resultados, das racionaridad"rãJ."rro-

comum que atribue aos atoÍes estudados. Os dois """il;t* d"";;;tructos

-o científico e o do senso-comum

-rao .o'rriiuloãi

ruitaspelo cientista, pois como nota Schutz:vEv vv'Dqsvvvü

-"Elecomeça por construir padrões de tinha de ação que corÍes-pondam aos acontecimentos obsêrvados. Em seguida, ".otia.ru, .o-stas linhas típicas de.ação, um tipo pessoal, oí sela, ,.-_áJéfo O.um ator que. ele imagina ser dotaão ãe consciên.iá.'ai"ou á;;ir,;onsciência é restrita e não contém nada além O" tãaà, * .tiã.oto,relevantes para o desempenho Oo. fáãO"u de linha de ação queestão.sob observação, e .que, conseqiientemente, são relevanàr- puruo problema que o cientiôta pesquiia. Dessll maneira, ete ãtriUri a 34 lbidem, pgs. 31-32.

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112

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I

lli'ir1i:i ,

i'

r;o mundo da natureza, tar como, é explorado pelo cientista naturar,i nãg, ''significa" nada para as moléculai, átomos e elétrons que nele

" :Tl:r-.i.-9^:1Tt, de.observação do cienrista socia, ãnt rlu,ità, qr.,o'o,eÍ,-a realidade social,, tem um significado erp"cúco . ,áu"rt

o-tura de relevância oara os seres hunianos que uiu.m, ág.,o ã-p.rru.dentro dessa realidàde. Fazendo;;; d" ;*u série de construóros dosenso-comr Ín, eres serecionaram e interppetaram previamente estemundo vivenciado como a realidade de suas vidas cotidianas. sãoestes objetos -d_e pensamento que determin66, por motivá_ió, á coin-portamento detres. os

,objetos- de- pensamento ionstruídos pãtà cien-tista social com a finaridãde de dai conã aesta realidade ,ã"iàr, te*que estar baseados nos objetos de pensamento .oort*iãã. ,"io-..rro-comum dos homens que vivem iua vida"otiaiuru

ã.nriJ"o" ..umundo social" 36.

Deveria estar claro,^ agoÍa, pgrgug Schutz insiste em dizer quea primeira tarefa das ciências sociaiô e a exptoiàlã; il piir"ir.,i",básicos pelos quais os rromens organizam suás experiências' na vidadiária. o pesquisador de campo tém escorha qú;ã à p;;ritiuaua.de ter ou não modelo d9 ator,-implicita ou expÉcitament", par; o.ae-nar suas observações e

-decidirsobre o significãdo oetas. sate-se algo

dos tipos de modelos disponíveis e conhãce-se também algumas das

características básicas que devem ser consideradas eni qualquermodelo. Não cabe aqui investigar de perto a noção de constructosdo senso-comum ou as condições que córcaram o seu uso, mas algunscomentfuios sobre a ",aplicação" desses conceitos são relevantes"

blemas de identificar, obter e sustentar os contatos que o pesquisádorde campo precisa fazer. Por exemplo, dada a er"olha dã pàpel oudos diferentes papéis que pode assumir perante os outros ou lhesatribuir, que tipos de intimidades deveria ele cultivar? eue tipos depessoas procurar? Como fazer os contatos? Como mantê_los? De quemaneira estes afetam os dados obtidos? De que maneira contatosespecíficos conduzem a certos dados? Estas queitões são apenas umafração das questões sobre as quais

opesquiiador

de campo precisapensar. Para ilustrar este argumento, pode ser instrutivo o cortrarte'entre os comentários do pesquisador de campo experiente, escrevendosobre os prgblemas metodológicos da observaçãô participante, e asafirmações de atguém preocupado em descrever as característicasbásicas da vida cotidiana.

desvendand,o máscaras sociais Iroria e método em pesquisa de campo lt 3

Dean36 apresenta importante discussão de vários tipo.s de infor-mantes, os quáis ele consiãera mais úteis do que a pessoa "mediana"'Distingue enlre aqueles que são mais sensíveis para discernir daquelesque cõnsidera coúo "mais inclinados a revelar" na âtea do problemaestudado. O primeiro grupo consiste de:

- o intruso, que vê as coisas sob a perspectiva de outra cultura,classe social, comunidade etc.

- s "7sç7sta", qrf,e se surpreende com o que sepassa

epercebe

coisas tomadas como óbvias que o adaptado deixa passar. E ainclapor cima pode não ter posição no sistema para proteger.

- o status novo, a pessoa em transição de um papel ou status pata,outro, na qual as tensões da nova experiência são delicadas e sensí-

Yt'r "ror*o1", ou seja, aquela pessoa rara que é objetiva e reflexivano campo. Pode algumas vezes ser indicado por outras pessoas inteli-gentes e reflexivas" 37.

O segundo grupo é caracterizado da seguinte maneira:"- s infevrnante ingênuo, que não sabe do que fala: seja (a) ingênuosobre o que o pesquisador representa, ou (b) ingênuo sobre o seupróprio grupo.

.- o fr'ustrado (rebelde ou descontente), em especial aquele que estáconsciente do bloqueio aos seus impulsos e deseios.

- ss'<fls !ora", que estão fora do poder mas que "sabem das coisas"€ que criticam os que estão "dent16" - ansioso por revelar fatosnegativos sobre estes.

- o habituá ou antigo freqüentadoÍ, "peça do cenário". que não temmais posições a defender ou que está tão bem aceito que não é amea'

' çado por expor o que os outros dizem ou fazem.

- a pessoa "carente", que se gruda no entrevistador porque precisade atenção e apoio. Enquanto o entrevistador sinta esta necessidade,ela falarâ.

- o subordinado, que precisa adaptar-se aos seus superiores. Em

geral desenvolve seu discernimentopata abrandar

oimpacto da

da autoridade e pode ser hostil e inclinado a "arrasar os de cima" 38.

O texto de Dean revela uma mistura de constructos do senso-' coÍnum de tipos sociais usados pelas pessoas na vida cotidiana e

categorias do observador que lidam com tipos sociais, podendo ser

36 John P. Dean, "Participant observation and interviewing", op.cit., pgs. 225-252.87 lbidem, pg. 235.

38 Ibidem, pg. 236.67-ru

Schutz, "Concept and theory formation.,.,1 op. cit., pgs. 266_

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ou não as mesmâs que as- pessoas estudadas utilizam. Voltemo_nos,agora' paÍa a discussão de Goffman sobÍe a§ pessoas qor ti.uo,,?:9::1r-,j:

*segredos.da equipe,, e que podem desacreditar ou

:^"_t^11g1Tr:l_,aÍepresentação que -um grupo quer pÍomover. Ele sererere as pessoas qy€ possuem tais inforúaçOàs como ocupantes de"papéis discrepantei,,. ^

. ,"Em primeiro lugar existe o papel do ,,delator,,. O delator él]SuCq que. finge,_ diúte dos atores; 'r.i memUro do seu time, quetem a permissão

de vir aos bastidorós e de "dq;irir;rilr.ução o.r-trutiva e que então, aberta ou secretamente, entrega tudo à pratéia...- ^ ^ Em segundo rugar,-existe o paper de "falso""qpé.iuáJJ (shir).o falso espectador é alguém q,rô âtoa como se fàsse .um rilpió.memblo daplaÍéia mas que é,.dt fato, aliado dos "a;;;;...

"-

.Consideremos, agorà, outro iúpostor na platéia, mas desta vezalgu;m que_usa sua sofisricação não manifesia;; il;r;; Ju pruteiue não no dos atores. Este-. iipo pode ser exemplificado pela pessoa

:l_: ."^ -":ntrutada^para.verificú oi padrões d; JÊ;üil qí"; atoresmantem com a finalidade_de assegurar que, em certos-aspeôtos, as1n^arências

promovidas não estarão .rito' r;;g"-;;-,.ãiiauo..

. .(uo[man usa o termo "orheko" (spotter) parí este papel discre-pante. )Existe ainda um outro indivíduo peculiar na platéia.

É oque

:::.p: ^lT lugar modesto e discreto ná platéiu " ,ir. ã;i*; a áreaJunro com os espectadores, mas que, ao cleixá_la, dirige_se ao seupafi.ão, um competidor da equrpe, cup representação observou, paracontar o que viu. É o.compiaObr prótissiónal _ã t".ãã qo. t u_balha numa grande loja e'qu. u"i .ããprar em outra, o espião damoda^e o estrangeiro nas Eiposições A?reas Nacionais. . .outro' papel discrepante ê o chamado l;";_;;;;'áu' mediador.o leva'e-ttaz fica sabendo dos segredos-ie caaa rado e dá a cada radoa falsa impressão de que é_maií leal a ele Oo qu" ;;;õ.--"

Embora não corespondam ponto por pontó, os dois coniuntosde tipos sociais descritos por Deãn

"pà, cãiiãão -ar.â--ãr'pr.o-upações idênticas do observador par-ticipante interàssaáã--em outer"bons contatos" no campo e o cien?ista sàcial interesraooi. .rtuou,padrões

básicos de interação sociar. o observado, p*ti.ipã*, qu"está interessado em estudar relações étnicas numa comunidade. çon-flitos entre a direção o os operãrios em fábrú;;;;ã;iirãiáo aoumédicos etc', precisa não apãnas expricitar o modelo de ator a ser'sado na sua pesquisa, como- tambérn-ter óm mente a possibflidade ãevir a estudar conceitos teóricos básicos enquanto estivôr oãupuãã.o*

<iesvenda.-,do máscaras. sociais lr.orit c rnétodo em pesquisa de campo 115

ir nrccânica de sua pe§quisa, pois ambos são cruciais para observàrr: intcrpretar a ârea substantiva que está sendo estudada. Tomancloconhecimento dos tipos sociais existentes nas diversas espécies degrupos; identificando-os estabelecendo relações com eles e obtendoscu-apoio, pode o pesquisador de campo restringir o quadro de possi-bilidades no seu projeto de pesquisas, em Íesumo, tentar especificaro testar tipóteses relevantes. O trabalho de Dean fornece algumassugestões excêlentes paÍa a identificação, obtendo e manutençãq

rkrs'contatos.

Os textos de Goffman apresenfam uma riqueza denrirterial que pode ser usado-por pesquisadores de campo para enten-clcrem os detalhes descritivos de como as pe.ssoas se apresentamdiante das outras e como manipulam sua aparência na vida diária ao.

O aspecto final que desejo discutir nesta seção refere-se à con-clusão da pesquisa. As relações .interpessoais que se desenvoivemdurante a pesquisa de campo não se terminam facilmente ao se aban-clonar o'campo de ação. O pesquisador necessita tomar suas própriasdecisões sobre os tipos de "contrato social" - paÍa usar uma expressão

cle Durkheim -qüe s1g irá cumprir. Isto é.particularmente.verdadeiro

porque estes "contratos" inóluem condições não, expres-sâs. -oq n{oconíratuais. Existem os problemas decorrentes da possibilidade dornaterial relatado afetar ou não de maneira adversa os indivíduos estu-

dados. Existe ainda o problema de se deixarintacto

omeio pes-

quisado, de modo a não desestimular outros cientistas sociais de obuscarem. As obrigações - supondo que estas são entendidas assim

- que repousam sobre o pesquisador nestas matérias está longe deser Codificãda a1. Desde que todos os esforços tenham sido feitos para

assegurar ao leitor um rglato completo dos pormenores do início,manÍtenção e término das relações sociais durante a pesquisa de

campo, ó pesquisador terá material suficiente para decidir quandofinaúzar o êstudo. Pesquisadores já assinalaram que,muitas pesquisas

conduzem a relações que se prolongam indefinidamente. Os incon-venientes óbvios decoriem da possibilidade de obscurecer totalmenteo valor da pesquisa ao !'tornar-se nativo", ou da iecusa por- partqdo observadõr db até mesmo relatar seus resultados, ou das diversasformas de sonegação de dados devido a possíveis danos^a pessoas.

Muitos estudantés são levados a crer que as próprias exigências paraa realizaçáo das pesquisas impedem o uso de certos dados. A con-

40 O leitor deve notar que o trabalho de II.G. Barnett, Innoaation,Nova Iorque, McGraw-Hill, 1953, é particularmente relevante -para esteargumentó. ó interesse de

'Barnettnôs tipos culturais -com mais- possibi-

lidãde de produzir mudanças culturais exige que ele faça uso dos tiposde atores discutidos. por Dean e Goffman.

4t Ao leitor reõomênda-se consultar o relato informativo sobre isso.de W.F. Whyte, Street corner societg, op. cit.'

n'jlnrlr"rng Goffman, The presentati.on of setf in eaersd,as life, pgs-

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tt6 desvendando máscaras sociais 1r',rlirr c método em pesquisa de campo Li7

E'L

ç.'

II[1

:L

clusão óbvia, mas de pouca va7ia, é ser o mais explícito possível aotomar as decisões necessárias. As várias descrições ãa entrãda, manu-tenção e término da pesquisa de campo estão usualmente encobertassob o arc,abouço do estudo específico feito por algum observador enão são discutidas explicitamente ou são tãà abstíatas que poucas,ou nenhuma, operações processuais são fornecidas.

Pesquisa de Campo e o Teste de Hipóteses

. N-esta_ seção quero focalizar as vantagens e desvantagens rela-tivas da observação participante como méItodo em pesquisa social.Meu interesse reside na suá utilidade em reração a ôutrôs métodos.

Um trabalho de Becker e Geer, e o comentário de Trow que oacompanha, discutem os méritos relatiVo_s da observação participantee das entrevistas a2. Na pesquisa de campo os doiJ prôcedirnentosdeveriam idealmente ser complementares. A participação intensivarestringe a padronização que as entrevistas permitem, mas a partici-pação dá uma visão mais íntima do processo social. Sem algum tipode sondagém sistemática e de perguntas durante a observação par-ticipante, o método seria de valor limitado para verificar hipóteses.A importância de uma teoria sistemática torna-se 6bvia aqúi paraque

op'esquisador possa

ter controle sobre suas atividades enquantoobservador participante. De outro modo, este método seria reduzidoa um "estudo piloto" continuado.

Os usos atuais da observação participante e das entrevistas empesquisa de campo limitam-se a um relato pos-facto. IJma recenteexceção pode ser encontrada em um estudo no qual hipóteses explí-citas foram formuladas para verificação no campo. Este é um estúdofeito por um grupo de psicólogos e antropólogos sobre as práticasna educação de filhos em diferentes culturas a3. Os trabalhos citadosanteriormente indicam uma consciência crescente da necessidade docientista social aperfeiçoar as técnicas de campo de modo que ashipóteses possam ser testadas. O principal obstáculo continua sendoa falta de uma teoria precisa, ou pelo menos, a disposição por partedo pesquisador'de tornar explícitas suas suposições sobre a teoria.

Uma posição poderia ser.a de que não estarnos melhorando nossateoria nem os métodos de pesquisa com os estudos de observaçãoparticipante, mas simplesmente âcrescentando um grande número de

obscrvações descritivas de validade e valor duvidosos para o, con-

irrrrto dõ conhecimento da ciência social. Pode-se contestar, evidente-

irrcnte, apontando que não há" nada de errado em ,se adquirir este

r:çuhccimlento descritivo ou impreqsionista, e que toda ciência jovem

l'cz algo semelhante. Este argumento carece de sentido, a menos

,;,.," sJ possa demonstrar que' não temos teorias suficientemente prc- '

cisas pãra especificar hipóteses antes da nossa pesquisa, -.e mais,

tluc é'impossível para oí pesquisadores usando a observação parti-

cipante etntrevistãndo, empregar métodos sistemáticos para a-obten-çiio de dados (isto é, perguntas padronizadas que fossem- fle-xíveis

l)ura a situação e,que aó mesm'o tempo perrnitissem discernir alguma

icndência).-Essa

demonstração, no entanto, não foi feita. Ao con-

trírrio, os trabalhos mencionados anteriormente indicam qu_e foi feito

bastante progresso no sentido da consciência das dificuldades prá'ticas e áetõaotOgicas da observação participante e da entrevista,

porém muito pouõo se fez para especificar a teoria que poderia ser

iraduzida em-procedimentos

operacionais a serem êmpregados antes

da obtenção de dados.

No caso das entrevistas, já existe um trabalho considerável para

chamar a atenção do pesquisádor para os perigos e os remédios da

utilização deste métodlo. Mas apesar das melhorias na técnica de

entrevistas, pouco foi feito para integrar a teoria da ciência socialcom a metoãologia. As sutilezas que os metodólogos apresentam ao

entrevistador prúcipiante podem ser lidas como propriedades das

interações diárias entre membros de uma sociedade. Assimi os prin-cípios da ,,boa e da má técnica de entrevistas" podem ser entendidos

co-mo características básicas da interação social, as quais o cientista

social supostamente procura estudar. Qualquer pesquisador deve ter'pelo menos implicitamente, algum domínio dos aspectos teóricos bási-

cos da interação se quiser observá-la e interpretá-lapara outros. As di-ficuldades encontradas na obtenção de dados através da observação

participante e da entrevista ndo são diferentes, embota destituidas

à" ,uu implicação paÍa a pesquisa, daquelas que seriam encontradas

por pessoat em situação anáioga na sua vida diária. A mudança para

novô endereço,.o início do trabalho em novo emprego, candidatar-sea novo emprego, o início das aulas, o encontro com grupos cujos

costumes e tiogoagem diferem dos nossos, a tentativa de-agradar

alguém para obler-certd informação, tentar vender mercadoria a um

frãguês,-tentar

conquistar uma garota - um sem número de processos

soclais semelhanteJ e divergentes incluem as mesmas características

qoe são encontradas na pesqriru de campo. Os problemas discutidos

ios trabalhos citados acima nos dãos dois tipos de informação: um

conjunto de proposições sobre interação social como um processo

42 Howard S. Becker e Blanche GeeT, .,Participant observation andint-erviewing: a comparison", em Humq,n organizaüon, 16, n9 B (Outono,195_7), pgs- 28-32; Martin Trow, ,,Comment on participant observationand interviewing: a comparison',, ibidem, pgs. BB-85.43 Ver Beatrice B. Whiting (ed.), Si,a-aultures, Nova forque, 'Wiley,1963.

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118 desvendando máscaras sociais t«rria e método em pesquisa de campo 11,9

social- e rrm _conjunto de regras paÍa a obtenção de dados sob asvariadas condições da pesquisa de campo .

Na medida em que o pesquisador puder observar e registrar seusdados mantendo-se consciente das dificuldades apontaaas ãcimà, seracapaz de especificar as bases das suas inferênciai Resumindo:

1. O pesquisador de campo deve formular tão explicitamentequanto possível o que busca realizar ao se empehhar nà pesquisa:

explorar, {qgur proposições_teóricas gerais, testar hipót"ir, ".pr-íficas, delimitar território ainda não estudado para pes{uisas futurase verificação de hipóteses, e assim por diante.

2. Qualquer conhecimento da situação de pesquisa independen-temente do que pode vir a ser obtido no-própriô tràbaho ddcampodeve, se possível, ser conseguido. rsto signiiica incluir a literaturapertinente, entrando em contato com as fontes que possam ter infor-mações sobre o problema a ser estudado, buscanão iàformações sobreo meio no qual a pesquisa de campo deverá efetuar-se etc.

3. Na medida em que o problema a ser explorado ou inves-tiga{o o permita, o pesquiiador àeue deixar craro q:"e-iipás a" ioror-mação seriam necessários para

cumprir seus objetivoi. rssô pode variardesde a fo-rmulação de. questões- específicas a ierem respontidas pelosentrevistados até a simples identificagão do desconliecimento porparte do pesquisador do qüe vai ser perguntado, ou mesmo comoo contato será feito.

. 4.- .A sugestão_ da "história natural" Íeita por Becker pode sermlito- útil, independentemente do que já for cõnhecido. Anotaçõescuidadosas sobre cada etapa da pesquisa podem revelar discrepântiaso.u congruências proceszuais .entre (i ) intenções expücitas o"' úpt-citas, (2) teoria e metodologia e (3)"a mudança de frosições ao loigodo tempo. A. menos que se possa especificar o quô C desconheciãonuma dada ârea, é difícil^Ver o que éstudar e coho estudar algumacoisa nesta mesma área. os pesqúsadores de campo e os outrãs só

podem avaliar suas tentativas de verificação de fiipóteses tornandoexplícito aquilo que conhecem, ou supõem, ou que ós preocupa.

5. Cada passo na "história natural,, pode ser tratado formal-{renle sg o..ploblema for posto com suficiente precisão. A Análises-eqlingial* de Abraham wald fornece um guia-formal para o testede hipóteses quando a pesquisa é conduzidi ao longo ào tempo e

ouando as hipóteses são continuamente testadas, reformuladas e. tes-

if;;ú;ãte. Cada passo produz dados que podem ser relaciona-

dos com os dados a seÍem obtidos posteriormente, a tim de memorar

;;rir; à-n,"tóOotogia, clarificar o problema central e, como Becker

" Íiái"h-"fir-arumi aumentar o nosso conhecimento de mudança

no processo social.

6. Embora um pesquisador possa ter começado com.um Ppjelocxíguo e com noções ap.rãr vagas sobre o problema a ser investigado,ele"pode chegar a tesàr alguãas hipótesei muito específicas. através

áã Jrpã"Ui"uiões minucioraí dos seuÀ procedimentos metodológicos e

ã; ;rã; limiiações, desde que as conãições no campo o-permitam'

p;";iõ"árn

ã hístória nátural da investigação, o estudante pode

t.o.iúiur-r. através do conhecimento dos erros do pesquisador e pode

reproduzir uma pafie ou a totalidade do trabalho'

Descrevemos sumariamente um conjunto ideal de "receitas" para

a pesquisa de campo. Algumas das realidades são as seguintes:

l. O pesquisador tem uma idéia do problema.e mesmo do

que ele

"rp.iuencontrar. Isto pode significar que ele implicitamente

"'ooau, a iua pesqúsa de modô a enContrar exatamente as informa-ções que vem- apôiar suas idéias- iniciais, por mais vagamente que

àstas 'tenham siào concebidas. Uma côisa é tornar públicas- essas

idéias, digamos numa forma preliminar, e outra é mantê-las privadas

ãiáu'p*ãoisa ser escrita. A declaração antecipada das intençõ_es exige

que se;ú dadas interpretações alternativas' Por outro laclo' se

mantiver Íeserva, o p.rquiroâor pode dizer que "já sabia disso o

ã;; iãdo', oo qur'.'"rtu foi a rianeira em que isto foi concebido

desde o início"'

2. Muitos observadores participantes, desse m,odo' -dirigem-seuo .u.pá *m algumas noçóei vagal sobre resultados obtidos por

estudos anteriores e os utilizãm parã entender erroneamente as infor-

;úil ãttiAur. Este argumentó- é- mencionaclofreqüentemente na

literatura citadu ,está"ufiitufo'

É comum sustentar-se 9]e uma das

uirirO.. da observafão irarticipante é que o pesquisador é capaz

Oã-,,oam"* continuàmeite concepções e resultados anteriores, colr-

siderados menos"orr.iór

do que-óbservaçóes ulteriores, à^luz das

ã-pãilt*i"t subseqüentes. Conio apontoü Becker, a iqPortância de

se'registrar e apresêntar os dados e inferências em sua "história natu-

iat; Z que foriece ao pesquisador- u-ma base para : ":t{:- qls mu-

danças em suas"or"tpiO"t,

seus dados, seus métodos e suas inferên-

cias ao lôngo do tempo.4 Abraham Wald, Seqüential analgsi.s, Wiley,.Nova forque, !g47,

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120desvendando máscaras sociai§ l(.rl i:r (. niétodo em pesquisa de campo LLi

3. A maioria dos p.esquisadores de campo apresentam seusesultados de modo.a mêttroiiãtça, o. piioffiirfi;# do seurabalho' Em geral isto significa nqã- rr ignoram as hudanças naserspectivas da1 pessoas . ão p..qi;Jador através do tempo. o fatote ser mais aceito pero grupo ártrááãã fãd;;iãüf, i.*f,t".rçao o"nformações mair iri"oclãsãi ;-";ã.informações não disponíveisnteriormente. maslrod" turrc._i-pããir o observador de notar dis-inções ou atividadês cruciais. niriinõo"s que poderiam rer sidootadas antes,são OesprezaOàs. O, ,àütrOos são apresentados comoe o problema de acesio, o.

"o"tinuãlao do contato e de seu términoão houvessem influen"i.à. ;..i;;;;iãil.nro e a interpretação dosados' o rerato, como nota vidich,--tem uma qualidade ,,interx-Potal"'

r 4e'Y,' I

4. o rerato feito-pos-racto é tido pelos pesquisadores e leitoresubseqüentes como .""É;ú;;l; Itirii,,,roureo grupo estudado. Emugar de reconhecer-se o.c:aiáúer prãttematico desses resultacros eentar então refinar-se princípiás r?ri*. ou estender nosso conhe_imento, permitindo- um-estudà *-,or-ãrã,r*,-, Gãã qrã

"-uoup.r-uisador seguinre o1:3r: o seu própiio

"e*.r*iuJlã.ãrã" i"r.quirur.ssa condura tenderia

^adestacàr à .rot iuoúã;rã;,;; d."'p.rqoiador, como tende a refore*

u iÀul._"ãl qo.."aaa grupo à-si,ngutar,xigindo mérodos sing.rares, r,t.ip?íâçàs teóricas singurares e umbservador singurar..iuoo islo-íp..ãi"0", reguraridades atestadasa observaÇão participante pelos ;ã;*"r pesquisadores ao discutiremários conceitos-. r _ f _-vv yvDyurü4uurcs ao olsc.

5' A tendência a1é aqui tem sido a de enfatizar resurtadosubstantivos e não" A..."iãiufãrirr" ã teoria básica. A ,,teoriageral" consiste muitas vezes em argumas proposições gerais difíceise serem traduzidas.em regras procrssuais e que são tratadas como"constantes,,, no sentido .d-il.;à; ,aã*ir..tionadas na pesquisa de

lltifui,.s simptesmente ,àpricaduri,-p=ara expticar óJ rãirituoo*

Resumo

A crescente literatura a respeito da. observação participante,ntrevistas e trabarho de campo-er1-À.rui"tr- servido para coãificarosso conhecimento sobre esies -etãàãr'de investigação, As infor-ações publicadas fornecem uma série de instrutivos ,.comoÍazê-ro,, "o que procurar,, na pesquisa A"

"á,opo.Mencionei a técnica dasntrevistas apenas tan§encialmert",- rlíãuuoao comentários maisormenorizados para o-próximo

"ãpiioro. A literatura contém um

rrurilcr.o cle trabalhos importantessobre como estabelecer contato com

() g,rupo a ser estudado, a identificação das pessoas importantes' o

cstirbciecimento de relações sociais, o exagero no envolvimento com

us pessoas, o registro ãos dados, a verificação dos dados, e assim

por'tliante. O aspecto que procurei destacar é que, permeando esta

ii,1u.ru de informãçOes ôUre a pesquisa de campo, estão os elementos

,lo conceitos básicoi em ciência-social. Em lugai de ingressar no localda pesquisa com um esquema teórico e um projeÍo explícitos, o

lr.squisádor freqüentement-e desenvolve sua 'oteotia" durante o estudo.,rr àepois dos

^dados terem sido colhidos, simultaneamente com a

rcdaçãã dos resultados. Tentei mostrar que se encontram nos materiais

sobrõ teoria básica muito do que se conhece sobre os problemas da

pcsquisa de campo. Se os pressupostos contidos nas suas interpreta-

iOeJ aos dados não são especificados, o pesquisador não tem como

iccomendar o caráter factüal do seus résultados, exceto apelandopara o senso-comum. Em ilecorrência disso, o pesquisador freqüente-

mente usa o sen próprio senso-comum para interpretar sgaS Observa-

çá.r. O pesquisaâor-que diz, por urn lado, seguir. os-procedimentosàientíficoi, riras, por ãutro 1aão, não existir teoria disponível para

realizat seu trabalho de campo, §ugeÍe que ele não que,r tornar

explícitas as bases das suas observações e interpretações. Sem essa

óriá.úi"açao, o leitor não pode distinguir en11e a descrigãocientífica

Oáuá .orioíto de acontecimentos, e ãquela que-seria obtida consul-

tando-se qüalquer membro leigo do grupo estudado. O fato de que os

constructds dó senso-comum sobre a" vida diária são básicas para

oualouer estudo da ordem social, exige que se dedique atenção explí-

;i;;;;r, problema. Finalmente, a pesquisa de campo Jornece uma

;;;.1.r;;;pkunidade tanto para a ütitizãção e verificação de teorias

básicas, quãnto para o estudô do modo como essas teorias penetram

oo*.o óoihecimento de áreas substantivas'

tradução de: Alba Zalaar Guimarães