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“Cousas da Sciencia”: Circulação de conhecimentos de higiene e práticas
científicas nos periódicos diamantinenses nas primeiras décadas do século XX.
Ramon Feliphe Souza1
Resumo
O objetivo do artigo é descrever e analisar como na cidade de Diamantina, no estado de
Minas Gerais, noções sobre “conhecimentos úteis” em medicina e saúde foram
veiculadas pelos jornais locais nas primeiras décadas do século XX. Pretendemos
analisar o conteúdo vinculado nos periódicos O Municipio e A Idéa Nova, que
representavam respectivamente a Câmara Municipal e um grupo partidário local e
entender, em que medida, os mesmos estavam em consonância com as discussões sobre
ciência, higiene e saúde na capital federal e nas principais cidades brasileiras. Outro
aspecto enfatizado no artigo é observar o diálogo das elites locais com os grandes
centros urbanos, procurando discutir as interpretações sobre regiões interioranas que, de
modo geral, tendem a ser percebidas apenas sobre a dicotomia: litoral/sertão.
Palavras-chave: Ciência; Higiene; Saúde; Diamantina.
República: A questão nacional
Nas primeiras décadas do século XX, a consolidação da identidade brasileira
partia do ensejo de integrar o Brasil ao hall dos países “civilizados”. Nesse contexto, a
postura assumida pelo poder público ao tornar a saúde sob sua responsabilidade, marca
um processo através do qual a mesma se constituiu como um dos elementos chaves no
processo de construção de uma ideologia da nacionalidade brasileira (CASTRO
SANTOS, 2004).
E, nessa busca por civilizar-se, no país, desenvolve-se um cosmopolitismo, o
qual pode ser identificado como uma civilização de empréstimo, a cópia da fachada, da
aparência, principalmente do modelo francês. Processo que André Campos (1986)
1 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde da COC/FIOCRUZ.
Pesquisa desenvolvida com o apoio da CAPES.
2
considera como a importação, por parte das elites brasileiras, de hábitos, costumes e
ideais da “Belle Époque” parisiense. No referido período, o Brasil se constituía
enquanto um “satélite espiritual da França” (FARIA, 2007).
Portanto, de modo geral, as ideias políticas, sociais e econômicas de origem
francesas, orientaram os fundadores da nossa república – ou pelo menos a maioria
deles2. Entretanto, sobretudo a partir dos anos de 1910, uma perspectiva nacionalista
toma conta dos discursos sobre Brasil, e, nesse sentido, gradativamente, passa-se a se
enxergar um país não mais sobre a ótica europeia, embora a orientação a um ideal de
civilização permanecesse.
Esse movimento nacionalista – que se manifestou em diversos segmentos da
sociedade, com ênfase na literatura – mesmo que em diferentes contextos, trouxe à tona
características de brasis que até então estavam para serem descobertos. O Sertão, sua
improdutividade, o sertanejo, a miséria, a vida no interior, representam temas que
estiveram no centro das análises de autores como Alberto Torres, Euclides da Cunha e
Monteiro Lobato (CARVALHO, 2008; FARIA, 2007& HOCHMAN, 1998).
A preocupação com a interiorização do país, bem como com seus habitantes até
então pouco conhecidos quando não estereotipados, ganhou fôlego, uma vez que esses –
os sertões e suas populações – foram identificados como entraves à civilização que
pretendiam traçar para o país3. Assim, a projeção de uma nova identidade só se tornaria
possível mediante maior atenção do Estado e das elites nacionais aos sertões, portanto,
tornara se preciso redescobrir o Brasil, seu território, sua gente.
É importante destacar que, nessa lógica, sertão, constituiu-se não apenas como
um conceito geográfico, mas como uma categoria social e, nesse caso, representativo de
uma sociedade doente, incivilizada, ou seja, que ia contra os costumes do
cosmopolitismo europeu que prevalecia nos grandes centros brasileiros, especialmente
no litoral. Portanto, neste trabalho, sertão não é entendido como o interior, marcado
pela distância geográfica dos grandes centros, mas constituía-se, para o caso brasileiro,
2 Sobre essa discussão cf.: Faria, 2007. 3 Evidentemente esse processo se constituiu de forma gradual e complexa, haja vista que, conforme
destaca Maria Yedda L. Linhares (1990), embora a República tivesse consolidado o Estado, não alargou e
democratizou suas bases como nação.
3
como a condição de atraso, um modelo do que não se deveria ser, ao passo que,
paradoxalmente, também era associado com o espaço do futuro, do progresso – a região
problema4. Inclusive áreas da própria capital federal, Rio de Janeiro, eram entendidas
como sertão, tal qual como demonstra o trecho do discurso de Afrânio Peixoto em
homenagem ao médico Miguel Pereira, no qual enfatizou que não apenas nos rincões do
Brasil haveria sertões, mas no próprio Distrito Federal, aliás, “os sertões do Brasil
começavam no fim da Avenida Central (hoje Rio Branco)” (HOCHMAN, 2009).
Tamara Rangel Vieira (2012), bem como Janaina Amado (1995), ao tratarem
sobre a noção5 de sertão consideram que entendimento sobre o mesmo não possui uma
caracterização espacial precisa, especialmente pelo fato de muitas e diversificadas áreas
brasileiras terem sido, ao longo dos séculos, identificas como sertão. Porém, no intuito
de tornar mais específica nossa percepção sobre o mesmo, corroboramos com a
abordagem de Gilberto Hochman (2009) que entende que a localização espacial dos
sertões dependia do binômio abandono e doença, onde os houvesse, ali seria sertão.
É nesse contexto que se fortalece a denúncia de abandono do interior do país e a
máxima de um Brasil que não se enquadrasse apenas no “cidadão da metrópole, mas
também no sertanejo, vaqueiro, seringueiro” e etc. (HOCHMAN, 2009: p. 324). Essa
discussão possibilitou que, gradativamente, com as contribuições de intelectuais,
políticos, profissionais e todos os seguimentos imbuídos da perspectiva de construção
de uma consciência nacionalista, as explicações racialistas6 e determinantes raciais, que
em um primeiro momento, foram a matriz de explicações para o atraso do país caíssem
no limbo. Ao passo que a lógica para a explicação do atraso e “decadência física e
moral do brasileiro”, paulatinamente, passou a ser atribuída a elementos como “à
subnutrição, à ignorância, à pobreza, à herança escravista, entre outros fatores” (FARIA,
2007: p. 52).
4 Região delimitada política e administrativamente com fins de planejamento e interesses estatais –
porém, nem sempre públicos. Servilha, 2012. 5 Segundo José D’Assunção Barros (2011), “noções” são “quase conceitos”, em linhas gerais, são
resultados de uma descoberta progressiva, de experiências, de investimentos criativos de um ou mais
autores que, por enquanto, não estão delimitadas como um “conceito”. 6Sobre essa discussão cf.: Faria, 2007.
4
Nessa perspectiva, destacamos o papel desempenhado por médicos e cientistas
vinculados aos serviços sanitários e, no final da década de 1910, pelo movimento em
prol do saneamento dos sertões no processo de interiorização da saúde no país. Do qual
uma figura de expressão foi Belisario Penna sanitarista, ligado ao Instituto Oswaldo
Cruz7, que esteve entre os personagens centrais na formação de correntes de
pensamento em favor do saneamento dos interiores e de uma ação estatal mais
centralizada em prol da saúde. Uma de suas obras de maior relevância - Saneamento do
Brasil8 - diagnosticava um país atrasado onde “80% da população [...] era analfabeta, e
uma grande parte afetada por endemias” (PENNA apud FARIA 2007: p.57). Em
discurso proferido em 1918, Penna referindo-se ao seu estado de nascimento, Minas
Gerais, afirma que era um dos estados mais ricos do país, especialmente por suas terras
produtivas, porém era mal administrado. Além disso, Penna também comparava o
estado de Minas a uma “fazenda mal administrada” onde os governantes não se
atentavam a “conservar o homem do campo, mantê-lo forte e produtivo, ao contrário,
deixavam-no ignorante, definhando-se nas doenças” (CARVALHO, 2008: p.15).
No bojo destas discussões, uma das formas de ação utilizadas para sanar esses
espaços atrasados e suas populações, uma vez que poderiam comprometer a imagem
civilizada que pretendiam consagrar para o país (CAMPOS, 1986: p.6), foi à educação
sanitária, a qual teve nos jornais um espaço privilegiado para, por meio de suas
propagandas ou artigos, divulgar noções e preceitos da “higiene moderna”.
Lorelai Kury (2011) ao analisar um jornal da cidade do Rio de Janeiro, chama
atenção para o papel dos periódicos no que tange a difusão de “conhecimentos úteis”.
Sobre a noção de “ciência útil”, a autora enfatiza que se trata da busca por equilibrar
gastos, poupar tempo, aumentar a produtividade e entre outras questões, tudo isso, por
intermédio de preceitos da ciência. Não obstante, os periódicos diamantinenses que
pretendemos analisar não estavam à parte, uma vez que observamos que
7 Primeiramente denominado Instituto de Patologia Experimental de Manguinhos, criando em 1900,
considerado no período, o centro brasileiro de medicina sanitária, cuja influência intelectual era
predominantemente europeia. Inicialmente, os esforços do Instituto se voltaram para o combate da
epidemia de febre amarela no Rio de Janeiro em 1903, quando o prefeito Rodrigues Alves nomeou
Oswaldo Cruz Diretor Geral de Saúde Pública. Do ponto de vista científico, essa foi uma fase muito
positiva para a consolidação da medicina sanitária no Brasil. Carvalho, 2008. 8 Sobre essa discussão cf.: Faria, 2007
5
compartilhavam da crença de que era possível “ensinar, admoestar gestos e condutas a
partir da leitura de textos” (KURY, 2011: p. 116).
Assim, procederemos a esse texto observando a atuação da imprensa na cidade
de Diamantina, no estado de Minas Gerais, procurando identificar de que forma o
conteúdo vinculado em periódicos locais estavam em consonância com as discussões
supracitadas. Dessa forma, corroborando, em alguma medida, com a perspectiva de
educar e curar o povo do sertão mineiro, a fim de corrigir o descompasso que uma
região doente e incivilizada representava diante do processo de modernização da nação.
Diamantina, Sertão Norte Mineiro
A cidade de Diamantina é um espaço importante a ser estudado, pois, desde seu
início, foi centro político e teve grande importância no processo de formação das
regiões que, atualmente, correspondem ao Norte/Nordeste de Minas e Vale do
Jequitinhonha – nomenclatura adotada em meados do século XX9. Nesse espaço, a
imprensa possuía uma forte tradição, considerando que desde 1828 circulavam
publicações, constituindo-se enquanto o terceiro local de Minas Gerais a instalar a
“gloriosa filha de Guttenberg”10.
Enquanto Arraial do Tijuco, num processo que teve início nos anos finais do
século XVII estendendo-se até meados do século XVIII, tornou-se sede administrativa
da área mineradora, na qual se realizavam a prospecção de ouro e diamantes. Porém,
findo os anos áureos da mineração, a cidade, bem como toda a região circunvizinha
emergiu numa espécie de “esquecimento”. Em um primeiro momento, o declínio da
atividade mineradora pode ser explicado pelo esgotamento das jazidas de ouro e,
posteriormente, a queda nos preços dos diamantes devido à saturação do mercado
mundial após a abertura de minas diamantíferas na África do Sul (MAGNANI, 2004).
9 Somente no final da década de 1960 e início da década de 1970, com o desenvolvimento de estudos de
economia regional, a Fundação João Pinheiro, em 1973, apresenta uma nova regionalização do estado de
Minas Gerais, que aponta o termo Vale do Jequitinhonha como denominação de uma das regiões de
Minas Gerais, para fins de planejamento. 10A Idéa Nova, 04 de Abril de 1909, p.1.
6
Tal processo/discurso de isolamento, por sua vez, pode ser entendido enquanto
resultado de estudos que negligenciam aspectos importantes para entenderemos à
historicidade e a dinâmica de construção simbólica da referida região11. Partir do
pressuposto de construção significa entender que a referida região, que atualmente é
denominada de Vale Jequitinhonha, não existe desde sempre, antes, emerge num
determinado contexto histórico, no qual o Estado brasileiro se preocupava com a
unidade e identidade nacional, a qual fosse moderna. Daí a importância de se retomar e
reinterpretar fatores que se desenrolaram após o período minerador, os quais, de modo
geral, são temas pouco frequentados pela produção acadêmica nos campos da história.
Haja vista que elementos importantes para entendermos a formação e história da
referida região são suplantados e a história local permanece submetida à sombra da
mineração.
Desse modo, enquanto, em um primeiro momento, pareçam esgotar-se as
perspectivas interpretativas da formação social do Vale do Jequitinhonha e,
especificamente da cidade de Diamantina, a título de elucidação, podemos mencionar
outras abordagens, tais quais como: o desenvolvimento de outras atividades para além
da mineração, como a produção de algodão e a indústria têxtil12 e aspectos relacionados
à saúde e circulação de preceitos científicos.
Não é nosso objetivo nesse texto a realização de uma história regional. Mas
consideramos que inferir sobre esses aspectos nos permite entender que a dicotomia
sertão/litoral, comumente reforçada nos estudos acerca do pensamento social brasileiro,
é demasiado simplista para entender todo o processo de formação de regiões como, por
exemplo, o Vale do Jequitinhonha. Pois, consideramos às interpretações que
historicamente vêm representando a referida região sobre os estigmas de atraso, pobreza
11 Se a primeira vista, como enfatiza Albuquerque Júnior (2011), as palavras construção/invenção pode
causar um estranhamento, cabe esclarecermos que sua intenção é apontar a dimensão ideológica dos
elementos construídos historicamente. 12 Sobre o algodão, embora fosse de boa qualidade, sobretudo o da região de Minas Novas - que chegou a
ser exportado para a Inglaterra - “a distância do litoral em relação ao local de produção, aliada à
dificuldade e ao custo relativamente alto dos transportes, inviabilizaram a continuação de sua exportação”
(FERNANDES, 2005: p. 58).
7
e miséria, enquanto resultado contíguo da falta de estudos sobre a mesma, fazendo com
que sejam atenuados elementos importantes de sua própria história.
Vieira (2012), ao tratar sobre Goiás, demonstra que esse estado passou por um
processo semelhante, no qual, após o declino das atividades mineradoras, ainda no
século XVIII, a região se viu envolta ao que a autora apresenta como “paradigma da
decadência”. Assim, continua a autora, elementos sobre a dinâmica da referida região
foram, de certa forma, postos à parte, como, por exemplo, as atividades agrícolas.
Portanto, enfatiza Vieira (2012), é demasiado complexo associar a história de Goiás
apenas ao aspecto da mineração, uma vez que essa perspectiva fortalece a ideia de que
não só a região, mas também a população goiana entrou em um processo de decadência,
pois pouco se fala sobre o depois, sobre, por exemplo, os anseios e as dinâmicas locais.
Essa perspectiva se aproxima do que temos observado para o sertão mineiro. Ao
tratar sobre esse aspecto, Matheus Servilha (2012) enfatiza que, após o auge da
mineração, a referida região se viu envolta em um processo/discurso de isolamento. O
que, nesse texto, entendemos como “mito do isolamento”. Porém,
Como pensar uma região sem história por quase um século e meio,
estagnada e fechada em si mesmo? Nesse período não ocorreram
transformações, não houve momentos de maior ou menor contato com
regiões vizinhas? O Vale viva autarquicamente? Não necessitava
comprar nada, não dispunha de produtos para comercializar?
(RIBEIRO, 2008, apud SERVILHA, 2012: p.30).
É indagando sobre esse processo que procederemos ao texto buscando apontar
como, no início do século XX, os jornais da cidade de Diamantina estavam em
consonância com as discussões sobre higiene e saúde na capital federal. Partir dessa
perspectiva significa que consideramos que a referida região existia e ensejava ser
moderna, salubre, ou seja, tal qual como já salientamos ao tratar sobre o contexto da
Belle Époque, as elites diamantinenses pretendiam também compor a imagem civilizada
que estava em discussão nos primeiros anos republicanos. Ademais, é importante
ressaltar esse aspecto, uma vez que rompe com a noção de que as ideias de
modernização viam apenas do alto, ou seja, das regiões centrais para as periféricas, do
litoral para os sertões. Minimizando o papel desses últimos enquanto sujeitos de suas
8
próprias histórias. Ao passo que, ao contrário dessa perspectiva, ocorria por parte do
sertão diamantinense certa “vontade de civilização” 13.
Imprensa Diamantinense e o processo civilizatório
Assis do Carmo Pereira Junior (2014) evidencia que nos anos finais do século
XIX, na cidade de Diamantina circularam 45 títulos de jornais. Especificamente sobre o
período que pretendemos analisar, primeiras décadas do século XX, estimamos que na
cidade foram publicados cerca de 22 periódicos, isso considerando a relação de Jornais
da Biblioteca Antônio Torres (BAT)14.
Diante do exposto, podemos inferir acerca da influência dos jornais na região
Norte de Minas – pois, como salientamos, foi Diamantina o terceiro lugar de Minas
Gerais a ter publicações seriadas locais. Segundo dados coletados por Souza (1993), na
década de 1900, a população diamantinense chegava a 31.048 almas. Obviamente, nem
todos estes habitantes eram alfabetizados, mas podemos, em alguma medida, refletir
sobre o alcance da imprensa no período que investigamos se consideramos, por
exemplo, que a leitura poderia ser individual ou coletiva, pois um letrado, por exemplo,
poderia ler um determinado texto para os nãos letrados (BARROS, 2011).
A cidade constituía-se enquanto ponto de referência, portanto, modelo a toda
uma região. Em sua tese, ao tratar, especificamente sobre a imprensa diamantinense,
Goodwin Jr (2007) considera que a mesma incorporou a preocupação com o progresso,
na medida em que, procurava delinear e reclamar as características, os sinais e a
ausência do mesmo. Dessa forma, em Diamantina, a imprensa constituía-se como a
tribuna na qual as elites letradas, políticas e econômicas propagavam ideais de
progresso15.
Nesse sentindo, em acordo com a perspectiva supracitada, Venâncio (2013)
enfatiza que num momento de forte crença nos ideais de progresso, capacidade da
ciência e modernização, ganharam destaques na sociedade, publicações de caráter
13 Sobre essa discussão cf.: Vieira, 2012. 14Criada em 1954, a Biblioteca Antônio Torres (BAT) é vinculada à 13ª Superintendência Regional do
IPHAN em Minas Gerais. Tem a finalidade de zelar e enriquecer o acervo bibliográfico do escritor
Antônio Torres e promover a propagação da cultura popular na região. A BAT possuí um acervo que
conta com 88 títulos de jornais, totalizando mais de 3.324. 15 Sobre essa discussão cf.: Goodwin Jr, 2007.
9
informativo que poderiam cumprir a função de instruir. Assim, podemos observar o
quanto a redação dos artigos presentes nos periódicos não eram neutras, bem como a
recepção e significação por parte dos leitores também não o era, uma vez que, de modo
geral, partia do ensejo de construir para Diamantina, sua população e região
circunvizinha, uma história de superação da condição de incivilizados.
Portanto, as marcas deixadas no papel podem nos ajudar na interpretação do tipo
de cidade que os “homens de imprensa” queriam imprimir na realidade local16. Desse
modo, procederemos este texto observando os jornais diamantinenses, sejam eles: O
Municipio e o A idea Nova. Seus redatores estavam imbuídos de um caráter
missionário17, seja ele o de educar as pessoas em sua vivência, no dia a dia, com dicas,
as quais, neste texto, daremos ênfase as relacionadas à higiene e, especialmente, as
práticas científicas.
O Municipio: Porta Voz da Cidade de Diamantina.
De acordo com Goodwin Jr (2007), o contato dos homens de imprensa
diamantinenses com a intelligentsia brasileira e internacional foi parcial e esporádico,
embora, segundo o autor, isso não os tenha impedido de perceber e compartilhar das
noções acerca do progresso, as quais eram compartilhadas, por exemplo, nos grandes
centros. Consideramos, dada às devidas proporções, que a abordagem do autor em
considerar tal contato como parcial e esporádico é generalizante, uma vez que
observamos que os principais atores envolvidos na redação dos jornais de diamantina
haviam se formado em instituições centrais e regressado à cidade, portanto, podemos
inferir que, em alguma medida, compartilhavam de assuntos e inquietações dos grandes
centros.
Dentre esses intelectuais, podemos mencionar o diamantinense José Augusto
Neves (1875-1955), esse que foi jornalista, escritor, professor e fundador do
Recolhimento dos Pobres do Pão de Santo Antônio, instituição de caridade da cidade de
Diamantina ainda em funcionamento. Concluíra seus estudos em Ouro Preto, quando
esta era a capital de Minas Gerais. Dentre suas publicações destaca-se Chorografia do
16 Ibidem. 17 Sobre essa discussão cf.: Lima, 2013.
10
Município de Diamantina. (NEVES, 1986). Foi um dos principais colaboradores do
periódico O Municipio.
Fundado em 1894, O Municipio era conhecido como Órgão Oficial do Governo
Municipal e possuía publicação semanal. Produzido de forma quase artesanal - prelos
mecânicos – possuía poucas imagens e se dava a existência por edilidade. Em seus
artigos, observamos as principais atividades políticas da cidade e seu entorno, bem
como informações sobre a então recente capital do estado, Belo Horizonte. Além disso,
notamos a preocupação de seus colaboradores/redatores em apresentar aos leitores
conhecimentos considerados úteis, como exemplo, hábitos de higiene, noções sobre o
corpo humano, exterminação de pragas e etc18.
Ao tratar sobre vícios, na edição de 10 de Novembro de 1900, recomenda-se aos
leitores que evitassem o consumo de bebidas alcoólicas, pois este era “a origem do mal
que apavora a humanidade” (O Municipio, 10/11/1900: p.3.). O álcool, na perspectiva
apresentada pelo jornal era o que abria o terreno para o mal maior, a tuberculose. O
periódico ainda acrescenta que a “hygiene moderna fornece as melhores armas para
combater-se o mal” e que “sábios espalham os jornaes por toda parte, tendente a deter a
carreira da moléstia”, bem como evitar seu contágio. Porém, todo este esforço seria
inútil se não ocorresse à extinção do alcoolismo e tantas outras “causas de
enfraquecimento physico, no nosso paiz (O Municipio, 10/11/1900: p.3.)”.
Com efeito, segundo O Municipio, o combate ao enfraquecimento físico deveria
começar nas escolas por meio de “gymnastica” o que proporcionaria força e estrutura
aos organismos das crianças. Por meio da “educação physica e pelos preservativos”
como “hygiene das ruas e das casas, dos alimentos e das vestes” se combateria o avanço
de doenças na região norte de Minas. Segundo o Jornal estes “meios prophilaticos”
deveriam ser “proporcionados pelas camaras municipaes” (O Municipio, 10/11/1900:
p.3.). Assim, argumentavam que as câmaras municipais que se preocupassem com a
18 A edição de 12 de Dezembro de 1901, por exemplo, traz uma dessas “dicas” de higiene, sob forma de
crítica acerca de um hábito comum, qual seja “escarrar-se em assoalho”, pois tal hábito, na perspectiva
apresentada pelo Jornal, além de incivilizado, também se constituía como um dos principais propagadores
da tuberculose, assim “denota falta de asseio, e que tanto prejudica a saude publica” (O Municipio,
12/12/1901: p.3.).
11
felicidade de seus municípios, tomariam as medidas necessárias e modernas no combate
ao avanço de moléstias, uma vez que:
“é dever capital, estatuído em todos os códigos municipaes curar de
preferência, da hygiene da cidade, em seus múltiplos me variados
cuidados, em os quaes estam a esthetica, o asseio e tudo quanto
interessa ao serviço-obras publicas-; [...] (O Municipio, 2 de Junho de
1900: p.1.).
Diante do exposto, observamos a confirmação do que já viemos apresentando ao
longo do texto, que a cidade de Diamantina constituía-se enquanto modelo para toda a
região. Assim, ao reclamar a atenção das câmaras municipais, o periódico demonstrava
que a preocupação com a questão da salubridade da cidade de Diamantina, bem como
dos seus arredores, tornava-se cada vez mais essencial para se assegurar a saúde
pública. E essa, por sua vez, só seria alcançada por meio de obras públicas que visassem
melhorias no espaço urbano, tornando-o mais higiênico e, portanto, civilizado.
Brevemente, pudemos observar que em O Municipio, a questão dos
conhecimentos em higiene era recorrente. Porém, para além desse aspecto, percebemos
que os cuidados não se restringiam apenas ao corpo, o espaço urbano também foi alvo
de denuncias e recomendações do periódico19. Procederemos agora a este texto
observando o periódico A Idéa Nova, adiantando, desde já, que esse último, além de
recomendações de higiene, tinha o cuidado de divulgar informações acerca das ciências
e suas coisas, tal qual como veremos a seguir.
A Idéa Nova: A ciência e suas coisas
O periódico A Idéa Nova, fundado em 1906, também contava com publicações
semanais e teve dentre seus principais fundadores e colaboradores Pedro da Matta
Machado, jornalista, político e professor da Faculdade de Direito de Minas Gerais20. Foi
também fundador do jornal A cidade de Diamantina e, além disso, autor de diversas
publicações. Tal qual como José Augusto Neves, Matta Machado constitui-se enquanto
um intelectual diamantinense de relevo e, em o A Idéa Nova, compartilhava o uso de
19 Sobre essa discussão cf.: Goodwin Jr, 2007. 20Disponível:<http://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeirarepublica/MACHADO,%20Pedro%
20da%20Mata.pdf>, acesso em 06/08/2016.
12
conceitos tais como “progresso”, “sciência” e “civilização” o que demonstra sua postura
face às novidades tecnológicas e aos sinais de civilização.
Ligado a questões partidárias A Idéa Nova trazia em suas edições temas
variados, dentre os quais observamos abundância de anúncios produtos farmacêuticos,
sobretudo pílulas e xaropes, produzidos tanto na cidade de Diamantina quanto em
regiões distantes como Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul. Além disso, o
periódico apresentava um número consideravelmente maior de artigos que O Municipio.
Abaixo do seu título A Idéa Nova, é possível observar a epigrafe: “A Independência
Nacional é Funcção da Economia Nacional” (A Idea Nova, 18/07/1909: p.1.). Assim,
com uma perspectiva republicana e liberal, A Idéa Nova apresentava aos seus leitores
sucessivos artigos sobre economia, cidadania e, em especial, sobre doenças que
molestavam a região que atualmente corresponde ao Norte de Minas/Vale do
Jequitinhonha. Ademais, em nossa análise, percebemos que eram constantes as
transcrições de artigos científicos de outros periódicos nacionais, como, por exemplo, A
Folha de São Paulo e até mesmo de jornais estrangeiros, todos com a mesma
perspectiva de apresentar aos leitores conhecimentos considerados úteis.
Na edição de 18 de Julho de 1909 observamos a tradução e publicação de um
artigo, inicialmente publicado na Folha de São Paulo, o qual discorria sobre os
preceitos da higiene moderna aplicados em uma escola alemã. Intitulado “Cousas da
Sciencia” a justificativa para a transcrição do referido artigo era que “como reina
actualmente uma grande epidemia de sarampo em Diamantina, julgamos de utilidade” a
transcrição do mesmo (A Idea Nova, 18/07/1909: p. 2.). Em resumo, o artigo
apresentava o exemplo alemão, onde médicos escolares estariam incumbidos da
fiscalização das escolas e dos alunos, segue a apresentação.
Fonte: A Idéa Nova, 18 de Julho 1909: p.2.
13
Na mesma edição, talvez se inspirando no artigo alemão supracitado, é possível
notar a descrição de um ofício enviado pela “Delegacia de Hygiene do Municipio de
Diamantina” ao Dr. Cicero Arpino Caldeira Brapt, diretor do Grupo Escolar, ao qual se
fazia recomendações que seguiam “sábios preceitos da hygiene moderna”, as quais
consistiam em:
Os alumnos do Grupo Escolar, quando tenham de voltar para
freqüentar as aulas, que venham com as vestes limpas, e tenha as suas
casas desinfectadas, sobretudo aquelles que foram infeccionados, por
qualquer das moléstias contagiosas, que grassam actualmente; venho
solicitar de VSª a finesa de fornecer-me uma lista geral de todos os
alumnos do Grupo, e as ruas em que residem, afim de ser quanto antes
tomadas as providencias necessárias para esse fim (A Idea Nova,
18/07/1909: p. 2.).
Além da recomendação de que os alunos usassem roupas limpas, a Delegacia de
Higiene teria o cuidado de identificar os alunos que sofreram eventuais contágios, para
proceder à desinfecção de suas casas – no referido período as principais moléstias eram:
Sarampo, Tuberculose, Varíola e Febre Amarela. Dr. Alexandre Maia, delegado de
higiene municipal, ainda recomendou ao diretor escolar que fizesse público o ofício, a
fim de se evitar negligência aos cuidados recomendados aos alunos.
Esse fato nos permite inferir que, de um modo geral, em o A Idéa Nova era forte
era o “apelo à ciência”, por exemplo, nos frascos dos medicamentos anunciados haviam
referências a títulos como “doutor” ou “professor” entre outros, a fim de que o produto
fosse de alguma forma valorizado pelos leitores21. Associado aos ideais de progresso e
modernização, o saber científico era questão de fôlego nas páginas do periódico. Além
desses aspectos o A Idéa Nova também empreendeu um forte movimento em favor de
uma reestruturação da urbe da cidade. Manchetes, cujos títulos eram “Aguas e
Esgotos22”, O Sarampo23”, “Cura da Variola24“, “Pelo Extremo Norte25”, “Contra as
21 A título de elucidação, podemos observar: “Remédio Vegetativo Dr. Orhman” (A Idea Nova,
15/11/1908: p.2.) e “Pílulas Antidyspepticas do Dr. Oscar Heinzelman” (A Idea Nova, 18/07/1909: p.3.).
Ademais sobre essa discussão cf.: Bertucci, 2003. 22 A Idea Nova, 08/10/1911: p.1. 23 A Idea Nova, 18/07/1909: p.2. 24 A Idea Nova, 18/12/1910: p.1. 25 A Idea Nova, 08/10/1911: p.1.
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Formigas26” entre outros, quando não chamavam atenção para a falta de estrutura da
região reclamavam para os cuidados diários a fim de se evitar o avanço de epidemias.
São ricas as questões apontadas pelo A Idéa Nova, no entanto, a que mais nos
chamou a atenção refere-se ao já apresentado título, “Cousas da Sciencia”. Entendemos
que o mesmo nos remente à noção de que ciência e suas coisas, ou seja, o conhecimento
que a mesma produzira, estariam à parte de outras formas de saber. Assim, os
conhecimentos assegurados pela ciência seriam verdadeiros, absolutos.
Nesse sentindo, resta-nos a indagação: De que forma pessoas comuns, isto é,
sem um interesse profundo e/ou profissional na área das ciências, entendiam as
implicações do conceito ciência? A questão é pertinente, especialmente se partirmos do
pressuposto que ciência e seus personagens – os cientistas, de um modo geral,
tornaram-se mitos. E sabemos que os mitos, por sua vez, possuem uma função
pedagógica indiscutível, pois, enquanto metáforas servem a título de elucidação a
muitas coisas facilitando suas respectivas interpretações.
No entanto, mitos produzidos no âmbito das ciências, de um modo geral, são
associados aos ideais de progresso, modernidade. Tal qual como viemos demonstrando
na retorica dos periódicos analisados, os quais se comprometiam em transmitir os
preceitos da “hygiene moderna”. Porém, como nos chama atenção Gavroglu (2007),
mitos podem ser perigosos, ao passo que, podem traduzir preconceitos enraizados,
ideologias, bem como corresponder com uma discrepância com a realidade.
Ao observarmos o histórico dos debates acerca do conceito de ciência moderna,
como a entendemos hoje, é possível identificar, dada as devidas proporções, o porquê da
noção vislumbrada em o A Idea Nova de que a ciência e seus produtos [coisas] estariam
à parte. De modo geral, as primeiras obras de história das ciências datam do final do
século XIX, nas quais o ofício do historiador consistia em realizar uma descrição fiel
dos fatos, portanto, deveria ser uma história positiva. Nesse sentindo, entendiam que a
história das ciências possuía um papel claro, contribuir para o progresso da própria
ciência. Tais debates historiográficos contribuíam para fortalecer o mito de que a
26 A Idea Nova, 18/12/1910: p.3.
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ciência decorreria da ideia de verdade e estaria à parte da realidade humana passível a
erros.
A referida perspectiva foi alvo de debates a partir da terceira década do século
XX27. Assim, observamos que estas discussões acerca do conceito estavam ocorrendo
concomitantemente às publicações dos jornais que nos propomos analisar, o que, em um
primeiro momento, justifica o entendimento dos mesmos ao tratar sobre aspectos da
ciência como verdades absolutas28.
Essa abordagem nos permite inferir acerca da circulação de conhecimentos de
higiene e práticas científicas na cidade de Diamantina, na qual os preceitos tidos como
da ciência moderna além de representar um saber superior, cumpriam uma função local
indiscutível, seja ela: ser o meio de regenerar toda uma região bem como sua população.
Pois, juntamente com essas “noções do moderno” havia o ideal de tornar cada leitor um
colaborador no projeto de uma cidade (e região) moderna, salubre, portanto, civilizada.
FONTES
- Jornal A Idéa Nova, edições da década de 1930. Acervo da Biblioteca Antônio Torres,
Diamantina.
- Jornal O Município, edições de 1901. Acervo da Biblioteca Antônio Torres, Diamantina.
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27 Especialmente a partir das discussões do historiador francês Alexandre Koyré (1892 – 1964), o qual
possuía uma ampla circulação em instituições de ensino de países como Rússia, França, Inglaterra, Egito
e Estados Unidos e contribuiu para que o tema Revolução Científica, assim como as origens da ciência
moderna ganhassem fôlego entre os historiadores das ciências contribuindo para que se intensificasse
ainda mais o debate sobre as interpretações acerca da ciência e os mitos que a mesma produz. 28 Distintas perspectivas contribuíram para o melhor entendimento e inovação acerca do conceito de
ciência moderna. Dentre essas abordagens, destacamos as discussões de David Bloor (2009) que, de
modo geral, enfatiza o meio social como um fator que, além de importante, é determinante na produção
do conhecimento. Ver também cf.: Kuhn, 1987; Fleck, 2010 & Shapin, 1999;
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