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7/25/2019 Considerações sobre a Psicossociologia
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José Garajau da Silva Neto
“A partir de uma definição de Psicossociologia, explique como o teu trabalho /
questão de estudo, teórica e metodologicamente, reflete essa área de
estudos.”
1. Resposta
Nosso trabalho/questão de estudo diz respeito, ironicamente ou não, à crise
da modernidade. Esta, logicamente, traz consigo as mais diversas
manifestações – em nosso caso, explicáveis em nível social –,obviamente
ressonando nos indivíduos que dela fazem parte.
Acreditamos no fato de que o sistema capitalista de produção atingiu (ou pelo
menos está em vias de atingir) seu ápice no que diz respeito aos horizontes
que irrompeu, principalmente após os eventos da 2ª Grande Guerra,
legitimando-se após o período da Guerra Fria. Nesse sentido, ao contrário do
que preconizam os autores de linhagem pós moderna, muitas vezes
ancorados sob um viés inter/multi/transdisciplinar, vemos que a teoria
marxista (nossa declarada opção metodológica/teórica) é a mais adequada
para analisar a origem, o desenvolvimento e as implicações das articulações
sociais mais diversas que dizem respeito à relação do indivíduo com o aquilo
(e como) produz, distribui e consome.
Desse modo, acreditamos, ao contrário do que preconizam tais linhas de
pensamento, que o marxismo não é simplesmente uma teoriatotalizante, ou
uma metanarrativa anacrônica, neste último caso, principalmente se a
referência for a famigerada derrocada do sistema socialista com o
consequente triunfo do capitalismo como modo de produção hegemônico.
Neste último caso, vemos a ascensão da micropolítica e da relativização das
teorias supostamente totalizantes, como um mascaramento das questões
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mais abrangentes que envolvem a crise ontológica pós moderna.
Entendemos que esse questionamento voraz ao marxismo despertou
justamente no âmago do duelo cabal do (longo) século XX1 (socialismo x
capitalismo) na Revolução Russa de 1917 com o emblemático embate teórico
entre Trotsky e Weber, representantes, respectivamente, da URSS e da
Alemanha.
Nossa posição é a de que, muito embora desde a década de 50 uma larga
bibliografia tenha se estruturado colocando em questão a verdade do
casamento do ideário socialista soviético com o marxismo, as consequências
dademonizaçãode Marx se estendem aos dias atuais, acima de tudo com a
(então) ausência de uma linha teórica contra-hegemônica que conteste as
relações de produção atuais, o que coloca o sistema capitalista como
triunfante absoluto e tradutor inexorável da verdade da natureza humana, em
um retrato pavoroso de uma guerra de todos contra todos, como retratada por
Thomas Hobbes.Assim, os tempos atuais manifestam um indivíduo estranho 2. Com o
encorajamento da visão da sociedade comouma soma de micromundos
1 Somente para lembrarmos Hobsbawm.
2 Aqui propositadamente a palavraestranhotraz um conceito chave para o entendimento denossa questão –o estranhamento –o qual não permite que nos furtemos de uma breve
explicação. Nas palavras de Ranieri, Entäusserung [alienação] tem o significado de remissãopara fora, extrusão, passagem de um estado a outro qualitativamente diferente,
despojamento, realização de uma ação de transferência. Nesse sentido, Entäusserung
carrega o significado de exteriorização, um dos momentos da objetivação do homem que se
realiza através do trabalho num produto de sua criação. Por outro lado, Entfremdung[estranhamento] tem o significado dereal objeção social à realização humana, na medida em
que historicamente veio a determinar o conteúdo das exteriorizações(Entäusserunge) pormeio tanto da apropriação do trabalho quanto da determinação desta apropriação pelo
surgimento da propriedade privada [...]Enfim, a unidade existente entre alienaçãoeestranhamento no interior da teoria de Marx está associada, ao nosso ver, Não exatamente a
uma mesma significação, mas à determinação de um pelo outro[...]” (RANIERI, J., 2002,p.29)
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manifestando preferências conflitantes, as quais se estabelecem ou não de
acordo com as leis de oferta e demanda em um mercado que, por isso, é
fundado na ideia de liberdade e equidade tanto entre indivíduos como entre
nações, achamos lógico que adita autonomia do sujeito tenha passado a ser
considerada central na atualidade. Porém, contestamos essa assertiva.
Acreditamos, ao contrário, que esse resultado nada mais é do que mais uma
das consequências perniciosas (tanto o mais quanto mais abstratamente se
põem) do modo capitalista de produção. As relações estruturalmente
alienadas de interação dos indivíduos com o mundo em geral (em relação à
natureza, à si mesmos, à sociedade e ao produto de seu trabalho) os tornam
incapazes de sequer supor sua emancipação, justamente por que nesse
sistema a própria ideia de emancipação se encontra falsamenteem seu
interior.
Sem embargo, nas próximas páginas mostraremos a que ponto
consideramos que, de fato, é à partir das articulações internas do modo deprodução capitalista que somos capazes de realmente compreender a forma
como as noções deindividualidade,autonomia eliberdade tomam uma
roupagem que está submersa na mais profunda das alienações, logo,
impedindo de forma cada vez mais radical (ao longo de sua história), o
reconhecimentomesmo do indivíduo, o encontro com seu “eu maior” em
direção à verdadeira emancipação.
2. Justificativa – A crítica da crítica da Psicossociologia ao Marxismo.
2.1 A crítica da Psicossociologia
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De acordo com as abordagens modernas, vê-se como pertinente lançar uma
ferrenha crítica ao marxismo no que diz respeito à intersubjetividade. Grosso
modo, tal crítica parte do pressuposto de que há uma lacuna essencial na
visão de Marx, sustentado pelo materialismo histórico, que entende as
determinações fundamentais (porém não únicas) dos rumos da sociedade
como engendradas à partir dos movimentos da própria história. Nessa visão,
nenhuma manifestação presente pode ser entendida sem que seu contexto
histórico seja considerado e, via regra, é justamente esse contexto histórico
que permite a compreensão integral das relações que se dão no presente.
Não obstante, os movimentos históricos possuem, para Marx, as relações de
poder são sustentadas e propagadas pelas e através dasclasses sociais, e
com a ascensão do modo de produção capitalista, tais classes se mostraram
manifestas fundamentalmente como as dos detentores dos meios de
produção e dos destituídos dos mesmos submetidos (pornecessidade)
àqueles a venderem sua força de trabalho.A consequência disso, na visão de Marx, é a de que o capitalismo
inexoravelmente se figurará como um sistema estruturado naluta de classes
e, por isso, as relações de classe são seu foco de análise da sociedade.
Temos aqui, claramente, um viés que é visto por Nasciutti (1996) como o que
é compartilhado pela sociologia clássica que parte do pressuposto do
indivíduo
“[...] como parte de uma unidade maior que é a sociedade e
ignorado em suas particularidades e no que dele próprio constitui
o social [...] visto como um produto do determinismo social e até
mesmo colocado em oposição a esse social.3”
Essa crítica fundamental ao suposto reducionismo da sociologia clássica em
geral é compartilhada por uma série de teóricos da chamadaPsicologia
3 NASCIUTTI, J., 1996. p.51
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Social. O foco principal dessas críticas, à parte de considerar que as
(chamadas)metanarrativas são insuficientes para explicar as complexas
configurações sociais hoje manifestas. Fraser (2006) é uma boa referência na
tentativa de se buscar uma avaliação da insuficiência tanto dos pressupostos
neoliberais pós modernos – deidentidade,diferença,dominação cultural e
reconhecimento4 – como as categoriastotalizantes(nas palavras de Nasciutti,
“capelinhas do saber absoluto”), as quais estão presentes, a interesse de
nosso trabalho, no marxismo. No caso de Prado (2006), o autor sustenta a
ideia de que vivemos em “um mundo mais complexo do que a divisão de
classes sociaistradicional e a exploração sobre as relações de trabalho.5”
Não obstante, essas correntes salvaguardadas pela alcunha da Psicologia
Social entendem haver uma falha sistêmica no marxismo, que não considera
as motivações individuais comoigualmentefundamentais na determinação
dos rumos sociais. O pano de fundo da própria noção de sociologia desses
autores se baseia em uma crítica a um suposto reducionismo no que dizrespeito à consideração da preponderância das determinações sociais em
detrimento do indivíduo por si mesmo. Nesse sentido, o indivíduo aparece
como preponderante em uma ordem social que passa a lhedever um “lugar
de decisão”.
Além disso, essa ciência proclama que tal necessidade de lugar para o
indivíduo nas determinações sociais advém da obviedade da “vontade de
reconhecimento”, advinda das ditas “obras sociológicas de Freud”, que
justificariam, nas palavras de Nasciutti
os limites entre o social e o psíquico [que] se confundem, sefundem e nos confundem, lembrando-nos da importância
(científica e ética) de desviarmos um pouco nossa mente e nosso
olhar das especificidades teóricas que nos formaram e pelas
4 FRASER, N., 2001. p.2315 PRADO, M.A.M, 2002. p.202. grifos do autor.
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quais optamos, e de ampliarmos nossos horizontes, tanto na
análise das questões sociais, quanto na interpretação da
problemática psíquica do sujeito.6
Sem que precisemos negar a validade da consideração da “problemática
psíquica do sujeito”,devemos atentar ao fato de que ao sepensar, por
exemplo, em um conflito emocional fora da sociedade em que este se define
e tem suas possibilidades de enfrentamento, somos levados a um relativismo
radical. Apesar de serem osagentes, os sujeitos são afetados em um
processo de alienação intrínseco aesse modo de produção específico.
Pensar que seja possível uma ruptura (que levaria à emancipação desse
sujeito) sem que se leve em consideração o papel preponderante dessa
imposição do modo de produção nos soa um tanto ingênuo.
A posição de Prado (2002) é marcante nesse aspecto. O autor considera, por
exemplo, a chamadaPsicologia Comunitária da Norte Americana (PCNA), ao
contrário de sua disposição inicial, “[ampliou] a ideia de clínica,
materializando o indivíduo como supremacia de qualquer entendimento sobre
o mundo social, as relações de poder e as ações grupais7”. Como
consequência, há uma visão liberal do fenômeno político, já que o
cognitivismo associado nega a história e atribui ao indivíduo um poder que
não necessariamente existe. Concordamos com a crítica do autor, que nesse
sentido reconhece a artificialidade dessa tentativa de autonomização, paranós meramente ilustrativa e que, portanto, desencoraja a real politização do
sujeito.
Por outro lado, o mesmo autor desenvolve um contra-argumento
minimamente curioso àquilo que chama dePsicologia Comunitária da Latino-
Americana(PCLA); primeiramente, entende que a PCLAnega a ideia de um
6 NASCIUTTI, J., op.cit, p.53.7 PRADO, M., op. cit., p.205.
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sujeito individualizante tornando-a, em segundo lugar, um “locus de reflexões
sobre a própria Psicologia enquanto ciência e seus compromissos com uma
sociedade mais democrática8”, de modo que acredita residir aí uma
contradição em oposição aquela apontada à PCNA.
Ao passo que, nas palavras do autor, pela forte influencia do marxismo a
PCLA vê o ideal de coletivo como “um conjunto de atividades, discursos e
práticas capaz de criar autenticidade identitária” e “sem evidenciar então, que
qualquer processo criação de consenso implica necessariamente um
processo de exclusão”, o autor salta ao entendimento de que há por parte da
PCLA uma supervalorização do fenômeno social ao ponto de pensar a
resolução integral dos conflitos e a emancipação humanas simplesmente à
partir da superação da“sociedade capitalista9”.
Justamente por se basear na sobreposição das classes sociais (ou seja, por
fundamentar-se através do marxismo) no atual cenário socioeconômico, a
PCLA, na visão de Prado, possui um limite (que consequentemente há de sercompartilhado pelo marxismo como um todo), que é o de (no caso de Marx)
não ter tido, à sua época, elementos onipotentes que o serviriam para a
compreensão datotalidade social, (hoje) multifacetada e plural.
Aqui achamos um importante ponto de inflexão ao que consideramos ser uma
aliança adequada entre a Psicologia e a Sociologia, leia-se, a
Psicossociologia. Nesse sentido, vemos que há na literatura pertinente o que
se traduz na crítica deVasconcelos (2008), que se apoia na ideia de que
todas as vezes que revolucionários ou reformistas sociais trataram
os processo subjetivos e inconscientes de forma linear e
inteiramente subordinada aos ditames da projeção racional do
modelo de homem e sociedade que consideravam como o
caminho da verdadeira emancipação humana, e impondo esses
padrões como norma de comportamento e subjetividade a ser
8 Ibidem, p.2089 Ibidem, idem.
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seguido por todos, o resultado foi a mutilação e normatização
cultural e subjetiva, e muitas vezes, até mesmo o totalitarismo e o
genocídio.10
Pensamos que esse retrato estéril do marxismo é bastante prejudicial para o
verdadeiro entendimento do que representa a dialética como método de
apreensão da realidade. Acima de tudo, pensamos ser necessário
redesenhar, a critério deformação, algo como ummodelo psicossociológico
do marxismo, é claro, deixando claro os verdadeiros interesses do autor e,
acima de tudo, enfatizando os limites da imposição de uma necessidade de
visão amplificada que consideramos ser uma armadilha na análise social e na
tentativa de uma transformação significativa (no nosso caso) de um modo de
produção estruturalmenteopressor das individualidades através de uma
crítica à crítica justamente do que oprime aquilo que essa “nova” ciência visa
libertar.
2.2 O Marxismo na face Pós Moderna
2.2.1 Aderrocadado socialismo
Sabemos que para de fato redesenharmos11 um modelo psicossociológicodo
marxismo necessitaríamos de um espaço que não cabe à esse trabalho. No
entanto, compreendemos ser necessário apontar as razões pelas quais
consideramos ser mais conveniente à metodologia científica como tal,
deslegitimar o marxismo sob o viés triunfalista do modo de produção
(econômica mas também científica) capitalista e, igualmente, lançando a
10 VASCONCELOS, E.M., 2008. p.99. Grifos do autor.11 Dizemos redesenhar pois houve autores da tradição marxista que se dedicaram a taltrabalho. Por exemplo, Lukács e aOntologia do Ser Social, para não dizer outras obras, e
mencionando um autor brasileiro, Ivo Tonet eMétodo Científico: Uma abordagem ontológica.O primeiro será objeto de estudo para nossa tese, enquanto o segundo nos dará
fundamentos neste trabalho.
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crítica de que não há, em Marx, um apontamento certeiro acerca da
intersubjetividade. Vamos no entanto, tentar balizar essas assertivas.
A primeira questão que aparece nesse sentido diz respeito à falibilidade domarxismo em seucampo real, leia-se, sua aplicabilidade em termos práticos
nasditasexperiências socialistas. Estas, fundamentalmente, resumindo-se
aos países do leste europeu, porém fundamentando-se no “stalinizado
marxismo-leninismo12” soviético.
Adentraremos brevemente esse debate acerca do grau de realidade da
aplicação desse marxismo nesses países, porém nos cabe agora
compreender o caráter mais profundo dessa crítica, que veio a resultar no
que hoje nos é apresentado através do desmerecimento do pensamento
marxista, acusado, ao que interessa em nosso trabalho, de ser anacrônico e
falido para explicar onovo mundo do capitalismo triunfante13. Essa recusa se
deu em níveis profundos, amargando o núcleo das categorias desenvolvidaspor Marx, tendo como consequência o louvor a ideias que supostamente o
contraporiam, leiam-se, deliberdade e democracia. Não obstante, Netto diz
que
a mais óbvia grosseira resultante desse consórcio entre
epistemologia e ideologia (ambas em sentido estrito) a serviço daordem é a negação da categoria – ontológica e teórico-
metodológica 0 detotalidade, central no pensamento de Marx, por
via do estabelecimento de uma relação causal entre ela e o que
liberais e conservadores denominam “totalitarismo14”
12 NETTO, J.P, 2014.p.5.13 Muito embora saibamos não ser da monta de nosso trabalho apontar a fundo tais críticas,nos basta indicar uma bibliografia de ressonância admitida no mundo ocidental, nas idéias de
F. Fukuyama e sua obraO fim da história e o último homem, de 1992.
14 Ibidem.p.3. grifos do autor.
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Desse modo, partimos, como Tonet, do pressuposto de que “arazãodo
mundo é a razão domundo15”, o que, explicado em poucos termos, quer dizer
que deveria ser claro para o pesquisador sério que a própria lógica da ciência
de seu tempo reproduz o que émarcante à produção destetempo-histórico.
Queremos dizer com isso que é obviamente adequado que se pose uma
crítica severa ao marxismo nos tempos pós-modernos, e mais ainda, que
essa crítica perpasse de forma profunda o conceito detotalidade.
De forma reducionista, esse erro grosseiro do qual o marxismo foi vítima
resultou em uma incompreensão das aplicaçõesatravessadas do que foi
chamado desocialismo real em países como a URSS e a China. Não nos
custa dizer que tais modelos contém em si lacunas fundamentais àquilo
preconizado por Marx, ao passo que o próprio marxismo lhes serviria
facilmente de instrumento de crítica. A chamadaderrocada dosocialismo real
só se efetivou para fins demagógicos, ao passo que, em simples linhas,
instituir formas de “Capitalismo de Estado16
”, concedendo o mando daindústria e o ordenamento distributivo ao centro governista, de modo algum
favorece o rompimento com o sócio-metabolismo do capital17, ou seja, as
relações de produção quealienam diretamente o trabalhador, no caso, do
produto de seu trabalho.
Acreditamos que tal equívoco, tão comum aos nossos dias e tão caro ao
marxismo, já tenha sido devidamente esclarecido na academia18 desde os
15 TONET, I., 2013. p.23. grifos do autor.
16 Nas palavras de Trotsky: “O termo capitalismo de estado’ surgiu originalmente paradesignar todos os fenômenos que surgiram quando um estado burguês tomou diretamenteos meios de transporte ou as indústrias. A própria necessidade de tais medidas é um dos
sinais de que as forças produtivas superaram o capitalismo e o estão levando, na prática, a
uma autonegação parcial. Porém o sistema desgastado, junto com seus elementos de
autonegação, continua a existir como um sistema capitalista.”
17 Aqui utilizando-nos de um rico conceito de Ístvan Meszáros.18 Podemos mencionar Lenin, Emma Goldman, Murray Bookchin, Kautsky...
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anos 50, porém consideramos justo elucidar tais fatos, dado que nos tempos
atuais vimos exemplos nefastos que não se reduzem à Rússia e China, mas
se estendem a formas mais claras de ditaduras assassinas e totalitárias,
como os exemplos do nazismo de Hitler e do fascismo de Mussolini, que
compartilhavam desse ideal de Estado Capitalista, na realidadecontrapondo-
seaos interesses dos trabalhadores, além de partirem, “igualmente”, de uma
noção de totalidade.
2.2.2 A Ciência do Capitalismo
Para tanto, devemos igualmente de forma breve passar por momentos
importantes do desenvolvimento do processo de conhecimento humano ao
longo da história. Com este fim, nos utilizaremos de tempos históricos
determinados, leia-se aqui – os tempos greco-medievais e a modernidade.
Sabemos que nos tempos medievais os indivíduos se encontravam, no casoda pólis grega, subsumidos à coletividade. Tanto nesse caso, como no
feudalismo posterior, a situação material e as concepções de mundo, ideias e
valores, infundiam o indivíduo à comunidade. A própria noção de
individualidade, aliás, só veio a se instituir posteriormente com o
desenvolvimento da política moderna (paralelamente ao desenvolvimento das
forças produtivas). Sobre esse assunto, diz Tonet, “era, pois, o pertencimento
à comunidade que dava sentido à vida do indivíduo. Basta lembrar, aqui, o
célebre exemplo de Sócrates, que preferiu a morte à separar-se da pólis19”, o
que nos leva a refletir que o estilo gregário de vida fazia com que a
comunidade predominasse sobre a individualidade.
19 TONET, I., op. cit., p.33.
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Contudo, como também sabemos, o capitalismo demanda que os indivíduos
obtenham a realização mais plena possível de suas liberdades e assim
possam atuar nacompra e venda de suas forças de trabalho de forma
verdadeiramente desimpedida. Outrossim, é claro que estamos em uma
sociedade complexa, sociedade esta composta por indivíduos igualmente
complexos.Mesmo assim, não é demais dizer que nessa sociedade os
indivíduos sobrepujam os interesses da comunidade aos seus próprios.
Temos, nas palavras de Tonet, “uma forma particular do processo de
individuação [...] o ser humano singular se torna o eixo da vida social, sendo
o interesse comum subsumido ao interesse individual.trata-se, pois, de um
processo de individuação individualista.20”
De um ponto de vista cosmológico, universal, o mundo greco-medieval partia
de um pressuposto teleológico de ordenamento transcendente, de modo que
a ordem social (e todo o resto das relações dos sujeitos com a natureza) era
justificada à partir de princípios universalmente aceitos e tomados comoverdadeiros21. Aindividuação individualista, por outro lado, trouxe consigo a
centralidade cada vez maior de cada indivíduo comoagente de sua própria
história. Isso inequivocamente estilhaça toda e qualquer ideia detotalidade ou
deordem,definição ouimutabilidade da qual o os sujeitos pudessem fazer
parte, invertendo o polo da centralidade da universalidade para a
singularidade na modernidade.
Nesse sentido, cada sujeito comoagente distinto não poderia estar reprimido
a uma ordem que a ele fosse superior. Contudo, a natureza humana, dotada
20 Ibidem, idem.
21 No caso da pólis, aqui podemos inserir a naturalidade da escravidão e a ilegitimidade dasmulheres comoagentes políticos ativos, só a critério de lançarmos um confronto inicial com a
justiçamoderna.
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apenas de uma certa similaridade em relação ànatureza natural, institui uma
fronteira à ação humana. Sobre isso diz Tonet que
Relativamente ao perímetro posto por esta natureza humana
natural, o homem só poderia ter uma atividade acidental, nãopodendo intervir para modifica-la radicalmente. E, como a
economia era a expressão desta natureza (a luta de cada um para
satisfazer as suas necessidades básicas), suas categoriasfundamentais também teriam um caráter de naturalidade natural.
O resultado disso foi que a ação humana, na medida em que era
constituidora da sociedade, teria sua expressão propriamente dita
apenas no âmbito da subjetividade, ou seja no âmbito da política,do direito, dos valores, da educação, da arte, da filosofia, etc., não
no âmbito da estrutura fundamental, vale dizer, da economia. Asleis da economianão seriam leis históricas, mas naturais, e, por
isso mesmo, tão imodificáveis como aquelas que regem o evolver
da natureza.22
Dadas a imutabilidade do acesso a animalidade humana como tal e, no
homem históricoda atualidade, a sobreposição de sua individualidade sobre
toda e qualquer força social, temos aqui um procedimento que, além de todo
o mais, faz com que se legitimem e acentuem características humanas que
justificam a origem dobellum omnium contra omnes hobbesiano.
Fica assim fácil de concluir que isso não passa da reafirmação filosófica da
ordem capitalista comotriunfante universal, já que está de acordo com nada
menos que a própria natureza humana.
Tendo explicado como arazão do mundo atual é, apropriadamente,a razão
capitalista, fica patente que toda e qualquer questão detotalidade, aquiincluindo a noção decomunidade, são um anacronismo e, como tal, o
marxismo, que ativa e sistematicamente compartilha dessas noções também
o é.
Devemos dizer que é justamente esse o nosso ponto de inflexão ao que se
chamou vulgarmente, nos dizeres de Lukács, de marxismo. Esse
22 Ibidem, p.35
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reducionismo retira do sistema de Marx aquilo que lhe dá a maior
originalidade: leia-se aqui, o método dialético e o materialismo histórico. Para
tanto, é esse o assunto de nosso próximo tópico.
2.2.3 Marx e a Ciência
A ideia que temos de remontar um procedimento epistemológico
psicossociológico que possa encampar o marxismo pode parecer não ser
fácil por parte das críticas a ele lançadas, mas na verdade acreditamos poder
mostrar que na realidade estão contidos no próprio núcleo do marxismo como
tal.
Como já foi possível perceber, a modernidade trouxe consigo uma espécie de
centralização da subjetividade que fez com que sistemas como o de Marx,
que notadamente fundamentam suas análises, no caso aqui, nas classes
sociais, se tornassem anacrônicos essencialmente por não lidarem
exclusivamente com os indivíduos que compõem a construção desse da
sociedade. Ademais, já apontamos outras razões pelas quais se tentoudeslegitimar o marxismo como método de análise dado o seusuposto
insucesso nas experiências tidas comosocialistas.
Para nós, nesse momento, é válido asseverar que vemos em Marx, ao
contrário do que é preconizado pelos teóricos pós-modernos, uma junção
única entre a subjetividade e a objetividade (vista aqui como o fenômeno do
mundo e das coisas que ele compõem) que dá a possibilidade de uma
análise realmente completa das relações produtivas do homem que são, em
última instância, relações sociais mediadas por uma categoria fundante –o
trabalho.
Sobre essa questão, nos ateremos à elucidação fundamental, através do
próprio Marx que disse
Quando ohomemefetivo, corpóreo, com os pés bem firmes sobre
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a terra, as- pirando e expirando suas forças naturais, assenta
suas forças essenciais objetivas e efetivas como objetos
estranhos mediante sua exteriorização (Entäusserung), este (ato
de)assentarnão é o sujeito; é a subjetividade de forçasessenciaisobjetivas, cuja ação, por isso, tem também que ser
objetiva. O ser objetivo atua objetivamente e não atuariaobjetivamente se o objetivo (Gegenständliche) não estivesse
posto em sua determinação essencial. Ele cria, assenta apenasobjetos, porque ele é assentado mediante esses objetos, por que
é, desde a origem,natureza(weil es von Haus aus Natur ist). No
ato de assentar não baixa, pois, de sua “pura atividade” a um
criar do objeto, mas sim seu produto objetivo apenas confirma suaatividadeobjetiva, sua atividade enquanto atividade de um ser
natural objetivo.23
Só essas palavras já são suficientes para fazer cair por terra toda e qualquertentativa de deslegitimar o marxismo em seu aspecto de consideração à
subjetividade. Outrossim, aqui temos a forma como Marx expõe a união
intransponível entre a objetividade e a subjetividade no que diz respeito à
formação da história e do reconhecimento do sujeito como ser genérico
através do trabalho. Nesse sentido, o ser humanose constrói ao construir a
realidade. Trata-se de uma via de mão dupla. Trata-se de um processo
intrinsecamente dialético24. Mais ainda, se estivermos em busca de um
modelo psicossociológico, poderíamos aqui traduzir a integralidade do que
compreendemos ser essa disciplina.
Até aí não deveria haver nenhuma novidade, porém não podemos nos furtar
de um fato histórico que determina o capitalismo como tal: otrabalho humanoé mediado à partir dasclasses sociais, detentoras de meios de produção e
23MARX, K., 2004. p.126-7.
24 Aqui teríamos margem para adentrar um debate filosófico profundo acerca da questão daatividade e de sua ligação com a relação sujeito-objeto, dado o fato de que,
independentemente do tempo histórico, as objetivação da realidade humana, logo, da
sociedade como tal, se dá através da aproximação do sujeito com as coisas do mundo, se
enraizando justamente à medida que as relações de produção se desenvolvem. Não cabe aopresente trabalho o aprofundamento dessa discussão, mas vale o aviso de reconhecimento
da necessidade de tal empreitada.
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força de trabalho. Isso traz consigo um fato fundamental da modernidade: a
naturalização daalienação. Igualmente, justifica o que chamaremos aqui de
chave para a emancipação: à medida em que oestranhamento do indivíduo
em relação ao produto deseu próprio trabalho é colocado em questão,
coloca-se que é justamente por ser através do trabalho que o indivíduo
apreende ser capaz dereconhecer sua própria “natureza específica” que
Marx pôde de perceber que não há, ao contrário do que se pensa a seu
respeito, separação alguma entre o subjetivo e o objetivo, entre o sujeito e o
mundo. É justamente por que o sujeitoéumaforma de manifestação da
naturezaarticulada com o resto do mundo, e que tanto o sujeito como o
mundo formam-se e conformam-se mutuamente, que nessa relação
intrínseca manifesta-se a mais clara inter-relação entre o mundo do sujeito e
o sujeito do mundo. Nas palavras de Harvey,
Marx [...] buscou transformar o pensamento utópico – a luta para
os seres humanos realizarem sua “natureza específica”, como eledizia em suas primeiras obras – numa ciência materialista aomostrar que aemancipação humana universal poderia emergir dalógica classista e evidentemente repressiva, embora contraditória,
do desenvolvimento capitalista. Ao fazê-lo, concentrou-se na
classe trabalhadora como agente da libertação e da emancipação
humanas precisamente por ser ela a classe dominada damoderna sociedade capitalista.Só quando os produtores diretos
tivessem o controle do seu próprio destino, argumentava ele,
poderíamos alimentar a esperança de substituir o domínio e a
repressão por um reino de liberdade social.25
É claro que aqui, novamente, teríamos a possibilidade de adentrar a
discussão da relação entre aliberdadee anecessidade. No entanto, sem que
nos alonguemos por demais, podemos apenas dizer que toda aquela lógica
do desenvolvimento da própria “ciência do capitalismo”o reproduz como
25 HARVEY, D., 2006. p.24-25.
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necessárioe como umaconsequência indissociávelda natureza humana
como tal.
O fato de entendermos que ao invés deadentrarmos o reino da liberdade, nocapitalismo o pressuposto inicial de nossa manifestação como seres
produtores,sociais é o de nossasubsunção àcondição alienada de
reproduzirmo-nos e reconhecemo-nos como seres sociais, nos mostra que é
o próprio sistema capitalistaquebloqueia-nos de nossa verdadeira liberdade,
simplesmente por sua condição de existência. Por isso, vemos no marxismo
um modelo que poderia claramente ser considerado psicossociológico, ou
inversamente,sóciopsicológico já que são as forças sociais (objetivas) que
podem de fato engendrar uma verdadeira emancipação humana (subjetiva),
justamente por que são essas relações de produção as principais (mas não
todas) responsáveis por esse impedimento.
3. Conclusão
Tendo chegado até aqui, podemos dizer que a base de todo o conflito entre a
pós-modernidade e o marxismo se encontra na ideia desujeito. Nesse
sentido, os pós-modernos apelam para o fato de que a teoria de classes
subestima a preponderância do indivíduo nos rumos da sociedade em geral.
Contudo, tentamos em nosso trabalho deixar claro que obviamente Marx em
nenhum momentodeixou de levar em consideração a subjetividade, porém
mostrou claramente que a objetividade ouas forças do mundo são sim
preponderantes em relação à forma como osujeito irá se pôr e reconhecer
(ou não) neste mundo.
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Ao mesmo tempo, em nenhum momento deixamos a entender que a ideia da
teoria de classes dizia respeito à um juízo de valor entre obem e o mal. Na
verdade, só deixamos claro como Marx compreende que na forma como a
produção se organiza na atualidade, as relações de alienação recaem sobre
o trabalhador impedindo-o de forma crassa a empreender um processo de
reconhecimento. Ao mesmo tempo, quisemos enfatizar que esseretrato
falado do marxismo é adaptável à lógica de autolegitimação do capitalismo, e
que a própria ênfase na subjetividade é uma maneira deeliminar a história e
todo o processo de formação da sociedade. Confirmamos assim as palavras
de Eagleton, ao afirmar que
Como o próprio Marx comentou certa vez, o que havia de originalno seu pensamento e no de Hegel não era a descoberta da
classe social, que fora tão óbvia como a Mont Blanc muito antes
de começarem a escrever. Era, sim, a afirmação bem mais
controvertida de que o nascimento, crescimento e morte dasclasses sociais, junto com as lutas entre elas, estão intimamente
ligados ao desenvolvimento de modos históricos de produção
material [...] O marxismo não é apenas uma maneira imponentede achar odioso ou “privilegiado” que algumas pessoaspertençam a uma classe social e algumas a outra, como se poder
considerar objetável que uns frequentem coquetéis enquantooutros têm de se contentar com uma lata de cerveja na geladeira.
O marxismo é uma teoria do papel desempenhado peloconflitoentre as classes sociais num processo muito mais amplo de
mudança histórica, ou não é nada. E, segundo essa teoria, não sepode dizer que a classe social seja indiscutivelmente uma coisa
ruim, e por isso ser confundida com o racismo e o sexismo. Só
um esquecimento pós-modernista do caráter multifacetado dahistória poderia permitir uma manobra dessas.26
Sobre o “caráter multifacetado da história”, mencionado por Eagleton,
dizemos que justamente essaatomização, que é a forma naturalizada dos
tempos pós-modernos de se encarar os sujeitos como micromundos
independentes, pode transfigurar a ideia de classe à uma particularidade
26 EAGLETON, T., 1998. p.63-64. grifos nossos.
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qualquer, como o gênero e a raça. Trata-se justamente de uma manobra que
não visualiza o caráter transgressor que o modo de produção possui como
condiçãosine qua non. Esse mesmo “caráter multifacetado” quetransfigura a
história institui uma sociedade na qual “o valor de troca foi generalizado ao
ponto no qual a própria memória do valor de uso é apagada [...] na qual a
imagem se tornou a forma final da reificação da mercadoria27” assim
reproduzindo um mundo de pedaços sem ligação que produzem fatos sem
relação e que, por fim, obliteram integralmente as possibilidades de auto-
reconhecimento e libertação dos indivíduos que o formam. Nesse sentido,
constatamos que, ao contrário do que parece, é o marxismo que faz a
digressão mais coerente sobre o sujeito no mundo, dado o fato de que esse
sujeitose reconhece em um mundo queele mesmo produz. Ironicamente,
não poderia ser mais centrado no sujeito de forma tão objetiva.
Por fim, consideramos lícito que seja feita uma reflexão acerca da suposta
displicência de Marx em relação à subjetividade. Na realidade, o autor
alemão mais do que ninguém conseguiu inserir o sujeito em sua análise
social, obviamente deixando claro a subordinação do sujeito ao objeto, porém
enfatizando queentender a história não significa ignorar o indivíduo, mas
entender o indivíduo na história. Essa oposição indivíduo-sociedade para o
marxismo é só mais um produto da sociedade do capital, além de ser
incompatível com o marxismo como tal. Entender a determinação social não
significa colocar juízo de valor sobre o que é importante do ponto de vista
pessoal, mas relacionar as questões individuais ao contexto e entender o
contexto no movimento dos agentes sociais. Negar isso é cair em um
relativismo que nega as relações e a possibilidade do debate teórico.
27 JAMESON, F., 1991. p.18
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Além disso, com o pleno desenvolvimento do capitalismo, deu-se que temos
um sistema socioeconômico que efetivamente se expandiu por todos os
cantos do mundo, o que significa que sua compreensão e consequente
superação tornou-se uma tarefa que exige esforços de fato universalizantes.
Apesar de serem relevantes, o micro, o efêmero e o contingencial, não são
categoriascentrais para que se entenda o que de fato se passa na
contemporaneidade.
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