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Lngua Portuguesa
Lngua Portuguesa
Telma Ardoim
2 e
di
o
Lngua Portuguesa
DIREO SUPERIOR Chanceler Joaquim de Oliveira
Reitora Marlene Salgado de Oliveira
Presidente da Mantenedora Jefferson Salgado de Oliveira
Pr-Reitor de Planejamento e Finanas Wellington Salgado de Oliveira
Pr-Reitor de Organizao e Desenvolvimento Jefferson Salgado de Oliveira
Pr-Reitor Administrativo Wallace Salgado de Oliveira
Pr-Reitora Acadmica Jaina dos Santos Mello Ferreira
Pr-Reitor de Extenso Manuel de Souza Esteves
Pr-Reitor de Ps-Graduao e Pesquisa Marcio Barros Dutra DEPARTAMENTO DE ENSINO A DISTNCIA Diretora Claudia Antunes Ruas Guimares
Assessora Andrea Jardim
FICHA TCNICA Texto: Telma Ardoim
Reviso: Livia Antunes Faria Maria e Walter P. Valverde Jnior
Projeto Grfico e Editorao: Andreza Nacif, An tonia Machado, Edu ardo Bordoni e Fabrcio Ramos
Superviso de Materiais Instrucionais: Janaina Gonalves de Jesus
Ilustrao: Leonardo Siebra, Tatiana Galliac e Eduardo Bordoni
Capa: Eduardo Bordoni e Fabrcio Ramos
COORDENA O GERAL: Departamento de Ensino a Distncia
Rua Marechal Deodoro 217, Centro, Niteri, RJ, CEP 24020-420 www.universo.edu.br
Ficha catalogrfica elaborada pela Biblioteca Universo Campus Niteri
Bibliotecria: An a Marta Toledo Piza Viana CRB 7/2224
Departamento de Ensino a D istncia - Universid ade Salgado de Oliveira
Todos os d ireitos reservados. Nenhuma p arte desta publ icao pode ser reproduzi da, arqu ivada ou tran smitida de nenhuma forma
ou por nenhum meio sem permisso expressa e por escrito da Associao Sa lgado de O liveira de Educao e Cultura , mantenedora
da Universidade Salga do de Ol iveira (UNIVERSO).
A6771m Ardoim, Telma.
Lngua Portuguesa / Telma Ardoim. 2.ed Niteri, RJ: Universo. 2010. 149. p .
1. Lngua Portuguesa Estudo ensino. 2. Lingstica. 3. Linguagem e lnguas. Comunicao no- verbal. 5. Semntica. I . Ttulo. CDD 469
marcos.silvaStamp
Lngua Portuguesa
Informaes sobre a disciplina
Ementa
A disciplina trata dos princpios bsicos da lngua escrita e falada e das
estruturas das diversas modalidades textuais com a inteno de desenvolver a
compreenso dos mecanismos da comunicao e de sua utilizao como forma de expresso.
Lngua Portuguesa
Palavra da Reit ora
Acompanhando as necessidades de um mundo cada vez mais complexo,
exigente e necessitado de aprendizagem contnua, a Universidade Salgado de
Oliveira (UNIVERSO) apresenta a UNIVERSO Virtual, que rene os diferentes
segmentos do ensino a distncia na universidade. Nosso programa foi
desenvolvido segundo as diretrizes do MEC e baseado em experincias do gnero
bem-sucedidas mundialmente.
So inmeras as vantagens de se estudar a distncia e somente por meio
dessa modalidade de ensino so sanadas as dificuldades de tempo e espao
presentes nos dias de hoje. O aluno tem a possibilidade de administrar seu prprio
tempo e gerenciar seu estudo de acordo com sua disponibilidade, tornando-se
responsvel pela prpria aprendizagem.
O ensino a distncia complementa os estudos presenciais medida que
permite que alunos e professores, fisicamente distanciados, possam estar a todo
momento ligados por ferramentas de interao presentes na Internet atravs de
nossa plataforma.
Alm disso, nosso material didtico foi desenvolvido por professores
especializados nessa modalidade de ensino, em que a clareza e objetividade so
fundamentais para a perfeita compreenso dos contedos.
A UNIVERSO tem uma histria de sucesso no que diz respeito educao a
distncia. Nossa experincia nos remete ao final da dcada de 80, com o bem-
sucedido projeto Novo Saber. Hoje, oferece uma estrutura em constante processo
de atualizao, ampliando as possibilidades de acesso a cursos de atualizao,
graduao ou ps-graduao.
Reafirmando seu compromisso com a excelncia no ensino e compartilhando
as novas tendncias em educao, a UNIV ERSO convida seu alunado a conhecer o
programa e usufruir das vantagens que o estudar a distncia proporciona.
Seja bem-vindo UNIVERSO Virtual!
Professora Marlene Salgado de Oliveira
Reitora
Lngua Portuguesa
Sumrio
1. Apresentao da disciplina................................ ................................ .......................... 06
2. Plano da disciplina................................ ................................ ................................ ....... 08
3. Unidade 1 A linguagem verbal e a linguagem no verbal................................ ...... 11
4 Unidade 2 Os signos lingusticos ................................ ................................ ............. 21
5. Unidade 3 Os elementos da comunicao humana................................ ................ 29
6. Unidade 4 As funes da linguagem ................................ ................................ ....... 44
7. Unidade 5 As diversidades do uso da lngua Os nveis da linguagem................. 60
8. Unidade 6 Os mecanismos de combinao e seleo................................ ............. 80
9. Unidade 7 Elementos coesivos O controle de ns lingusticos atravs
dos mecanismos coesivos ................................ ................................ ...... 98
10. Unidade 8 A semntica: o sentidos das palavras................................ ..................... 109
11. Unidade 9 A construo do texto Os gneros textuais - Reconhecimento......... 120
9. Consideraes finais ................................ ................................ ................................ .... 141
10. Conhecendo o autor ................................ ................................ ................................ .... 142
11. Referncias ................................ ................................ ................................ ................... 143
12. Anexos ................................ ................................ ................................ .......................... 144
Lngua Portuguesa
Apr esenta o da Di sci plina
Encontramos em Bechara (1991:15-6)1, a seguinte explicao: Cada
falante um poliglota na sua prpria lngua, medida que dispe da sua modalidade
lingustica e est altura de decodificar algumas outras modalidades lingusticas com
as quais entra em contato (....).
Em termos estruturais, uma lngua pode ser concebida como um sistema
que, associando os dois planos falado e escrito transforma o seu usurio em um
falante / ouvinte e/ou um leitor / escritor, capaz de integrar-se no meio em que vive,
como um cidado que, alm de ter o domnio de seu idioma, consegue interagir
com a lngua, cujo cdigo lingustico se insere em algo muito maior A
LINGUAGEM sistema de signos que permite a comunicao.
Para melhor entendermos essa noo, citamos o linguista dinamarqus
Louis Hjelmslev2 ( In. Terra, 2002:12 ) que reitera;
A linguagem inseparvel do homem,
segue-o em todos os seus atos. A
linguagem o instrumento graas ao
qual o homem modela seu
pensamento, seus sentimentos, suas
emoes, seus esforos, sua vontade,
seus atos, o instrumento graas ao qual
ele influencia e influenciado, a base
mais profunda da sociedade humana.
Em funo daquilo que foi dito acima, o nosso objetivo lev-lo a
compreender os mecanismos lingusticos que garantem a coeso e a coerncia do
texto oral e escrito, no nos desviando nunca de que o contato com a lngua um
processo natural, isto , deriva do que chamamos de processo internalizado,
prprio da natureza humana.
1 Gramtica Escolar da Lngua Portuguesa. Rio de Janeiro: Lucerna, 2001. 2 Linguagem, lngua e fala. So Paulo: Scipione, 1997.
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Lngua Portuguesa
Ao optar por fazer a disciplina Lngua Portuguesa no mtodo de Ensino
a Distncia, voc ter uma grande flexibilidade em efetuar o seu trabalho. O tempo,
por exemplo, ser definido por voc. Prevemos um prazo para que voc termine as
atividades propostas, portanto, no deixe para o ltimo momento a realizao
delas. Siga sempre as instrues de como proceder.
No mais... Bom trabalho.
Esperamos que voc tenha um timo desempenho e um excelente
aproveitamento.
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Lngua Portuguesa
Plan o Da Di sci plina
Dividimos a disciplina em nove unidades, sendo que algumas se subdividem,
por sua vez, em alguns tpicos para melhor compreenso.
Todas as unidades tm como base objetivos claros, baseados nas
competncias e habilidades necessrias para o seu enriquecimento enquanto usurio da lngua materna. So eles:
Aplicar correta e fluentemente a lngua, tanto escrita como falada, produzindo textos claros e coerentes;
Construir meios de expresso oral e escrita atravs das vrias
modalidades do uso da lngua materna atendendo, sempre que necessrio, norma culta da lngua;
Inferir as diversas representaes das palavras e das imagens no discurso do cotidiano;
Aplicar a lngua em sua relao com o contexto real da fala, propiciando a inter-relao idiomtica da sociedade;
Consolidar uma reflexo analtica e crtica sobre a linguagem como fenmeno psicolgico, social, educacional, histrico, cultural, poltico e ideolgico.
Faremos, ento, um pequeno resumo acerca de cada unidade para que voc possa ter uma viso global daquilo que ir estudar.
UNIDADE 1 A LINGUAGEM VERBAL E A LINGUAGEM NO-VERBAL
Sendo a linguagem um sistema de signos utilizados para a sua produ o,
podemos fazer uso da palavra (escrita ou falada) ou de outras formas de
comunicao (sons, gestos, desenhos, cores, etc.). Quando utilizamos a palavra,
estamos diante da LINGUAGEM VERBAL. No outro caso, temos a LINGUAGEM NO-VERBAL.
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Lngua Portuguesa
UNIDADE 2 OS SIGNOS LINGUSTICOS
A Lingustica cincia que estuda as mtuas relaes e princpios da
lngua nos apresenta o signo ling stico como o cdigo verbal necessrio para a comunicao. a lngua a mais concreta manifestao de identidade de um povo.
UNIDADE 3 OS ELEMENTOS DA COMUNICAO HUMANA
Para que, realmente, a comunicao acontea se fazem necessrios
alguns elementos que estabeleam vnculos fundamentais, visando o envio e a recepo da mensagem.
UNIDADE 4 AS FUNES DA LINGUAGEM
Sempre que nos comunicamos, temos uma razo para faz-lo. Assim, para
cada tipo de mensagem que enviamos (ou recebemos) h uma funo especfica
que est intrinsecamente ligada aos elementos da comunicao (contedo da Unidade III).
UNIDADE 5 - AS DIVERSIDADES DO USO DA LNGUA OS NVEIS DA LINGUAGEM
Do mesmo modo que temos funes diferentes para cada de tipo de
comunicao, tambm temos o uso diversificado da lngua em diferentes
situaes, ambientes, faixa etria, culturas, etc. sob esses aspectos que podemos caracterizar o dinamismo da lngua.
UNIDADE VI - OS MECANISMOS DE COMBINAO E SELEO: A COERNCIA A ARTICULAO DE SENTIDOS
A Coerncia a articulao de sentido. Todo texto independente do seu
tamanho necessita de uma estruturao lgica que faz com que palavr as e frases
componham um todo significativo para seus interlocutores. No s o texto em si deve ser coerente, mas tambm as idias tero que estar articuladas entre si.
UNIDADE VII ELEMENTOS COESIVOS O CONTROLE DO NS LINGUSTICOS ATRAVS DOS MECANISMOS COESIVOS
Se em um texto deve haver coerncia de idias; h de haver tambm uma
conexo gramatical capaz de fazer as articulaes entre as palavras, oraes, perodos e pargrafos.
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Lngua Portuguesa
UNIDADE VIII A SEMNTICA: O SENTIDO DAS PALAVRAS
Parte da gramtica que se dedica ao estudo dos aspectos relacionados
aos sentidos de palavras e enunciados. A Semntica se detm ao contexto em que essas palavras esto empregadas.
UNIDADE IX A CONSTRU O DO TEXTO OS GNEROS TEXTUAIS RECONHE CIMENTO
Ao construirmos um texto, teremos que atentar para o tipo de texto que
queremos redigir. Sendo assim, reconhecer os gneros textuais e suas caractersticas especficas fundamental para a sua elaborao.
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Lngua Portuguesa
A linguagem verbal e a linguagem no verbal
Linguagem e Sociedade.
A Linguagem e o Processo de Comunicao.
Conceitos de Linguagem, lngua, Fala e Discurso.
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Lngua Portuguesa
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O presente material faz parte da Unidade I do contedo da disciplina Lngua Portuguesa I.
importante que voc atente para o fato de que, como ser social que , usa e abusa da linguagem para se comunicar.
Imagine-se num mundo sem as diversas formas de comunicao encontradas. Seria possvel algo assim?
J dizia o comunicador Chacrinh a que quem no se comunica, se trumbica.
Portanto, vamos comear a nossa primeira comunicao, digo, a nossa primeira aula.
TEXTO 1:
Lngua e Sociedade
O carter social de uma lngua j parece ter sido fartamente demonstrado.
Entendida como um sistema de signos convencionais que faculta aos membros de
uma comunidade a possibilidade de comunicao, acredita-se, hoje, que seu papel
seja cada vez mais importante nas relaes humanas, razo pela qual seu estudo j
envolve modernos processos cientficos de pesquisa, interligados s mais novas cincias e tcnicas, como, por exemplo, a prpria Ciberntica.
Entre sociedade e lngua, de fato, no h uma relao de mera casualidade.
Desde que nascemos, um mundo de signos lingusticos nos cerca e suas inmeras
possibilidades comunicativas comeam a tornar-se reais a partir do momento em que, pela imitao e associao , comeamos a formular nossas mensagens. E toda
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a nossa vida em sociedade supe um problema de intercmbio e comunicao que
se realiza fundamentalmente pela lngua, o meio mais comum de que dispomos para tal.
Sons, gestos, imagens, diversos e imprevistos, cercam a vida do homem
moderno, compondo mensagens de toda ordem (Henri Lefbvre diria
poeticamente que nigaras de mensagens caem sobre pessoas mais ou menos
interessadas e contagiadas), transmitidas pelos mais diferentes canais, como a
televiso, o cinema, a imprensa, o rdio, o telefone, o telgrafo, os cartazes de
propaganda, os desenhos, a msica e tantos outros. Em todos, a lngua
desempenha um papel preponderante, seja em sua forma oral, seja atravs de seu
cdigo substitutivo escrito. E, atravs dela, o contato com um mundo que nos cerca permanentemente atualizado.
Nas grandes civilizaes, a lngua o suporte de uma dinmica social, que
compromete no s as relaes dirias entre os membros da comunidade, como
tambm uma atividade intelectual, que vai desde o fluxo informativo dos meios de comunicao de massa at a vida cultural, cientfica ou literria.
PRETI, Dino. Sociolingstica: os nveis da fala. So Paulo, Editora Nacional, 1974. P. 7
ATIVIDADE 1
PARA VOC PENSAR
Depois da leitura do texto que abre essa unidade, procure pensar nas seguintes questes:
Como podemos definir Lngua, baseado na leitura do 1 pargrafo do texto?
Lngua Portuguesa
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O 2 pargrafo nos mostra que a relao entre sociedade e lngua no mera casualidade. Por qu?
O que Henri Lefbre quis dizer ao enunciar que nigaras de mensagens caem sobre pessoas mais ou menos interessadas e contagiadas, no 3 pargrafo?
A lngua, sendo suporte de uma dinmica social (4 pargrafo) tem uma abrangncia que vai alm de nossas expectativas. Em que nveis isso acontece?
A linguagem e o processo de comunicao:
Muitas vezes no observamos algo que to normal para ns que no damos
a devida ateno: a nossa volt a, a lingu agem est presente em todas as suas manifestaes o tempo todo, fazendo parte do nosso cotidiano.
Para isso, faz-se necessrio conceituarmos o que LINGUAGEM, LNGUA, FALA e DISCURSO vocbulos que iremos usar com bastante constncia em nossas aulas:
LINGUAGEM: a representao do pensamento humano atravs de sina is que garantem a comunicao e a interao entre as pessoas.
LNGUA: um cdigo formado por palavras e combinaes de leis por meio do qual as pessoas se comunicam entre si.
FALA: a ao ou a faculdade de utilizao da lngua. A opos io lngua X fala separa o social do indiv idual.
DISCURSO: a utilizao individual da lngua. Ass im sendo, como a cada um
dado um modo prprio de se expressar, essa marca prpria, recebe o nome de estilo.
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Inmeras linguagens aparecem nos atos de comunicao. Entre elas fazemos
uso da linguagem verbal (que utiliza a lngua oral ou escrita) e a linguagem no-
verbal (faz uso de qualquer cdigo que no seja a palavr a sinais, smbolos, cores, gestos, expresses fisionmicas, sons, etc.).
Podemos citar como exemplo do uso da linguagem verbal uma carta, um out-
door anunciando grandes promoes de uma loja, um pedido de socorro, um grupo de alunos cantando o Hino Nacional.
J, o semforo, o apito de um guarda, o som da sirena de uma ambulncia
pedindo passagem e um cartaz com a foto de uma mulher vestida de enfermeira
pedindo silncio apenas com gesto, ao colocar o dedo indicador sobre a boc a, so exemplos da linguagem no-verbal.
Comece a perceber o ambiente que o cerca e a ouvir os mltiplos sons que
existem a sua volta e voc ter numerosos exemplos dessa fantstica mquina de sinais convencionais que se chama LINGUAGEM.
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EXERCCIOS UNIDADE 1
1- O conceito de lngua pode ser apresentado como:
a) um conjunto de signos convencionais que faculta aos membros de uma comunidade a possibilidade de uma comunicao;
b) uma unio de smbolos verbais ou no usados para a comunicao;
c) signos unidos no-convencionais que facilitam a comunicao entre os membros de uma comunidade;
d) um conjunto de significantes convencionais que faculta aos membros de uma comunidade a possibilidade de uma comunicao;
e) uma unio de signos convencionais ou no que possibilita a comunicao entre os membros de uma comunidade.
2 - Pode-se definir a linguagem como:
a) a utilizao individual da l ngua;
b) a ao ou a faculdade de utilizao da l ngua;
c) a marca prpria, individu al, que recebe o nome de estilo;
d) a representao do pensamento humano atravs de sinais que garantem a comunicao e a interao entre as pessoas;
e) um cdigo formado por palavras e combinaes de leis por meio do qual as pessoas se comunicam entre si.
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3-A fala tem por definio:
a) a comunicao coletiva por meio de palavras e combinaes de leis;
b) a ao ou a faculdade de utilizao da l ngua;
c) o estilo de cada um;
d) a representao do pensamento humano;
e) um conjunto de sinais que permitem a comunicao.
4 - correto afirmar que discurso :
a) a combinao das palavras por meio de leis;
b) a representao do pensamento humano atravs de sinais utilizados na comunicao;
c) a utilizao individual da l ngua;
d) a ao ou a faculdade de utilizao da l ngua;
e) a utilizao coletiva da lngua.
5-As palavras nunca esto sozinhas. E qualquer discusso sobre a linguagem, seu sentido e sua natureza dever, obrigatoriamente, discutir tambm as condies reais em que ela existe.
(Faraco & Cristvo Tezza) Baseado no trecho acima, podemos afirmar que:
a) Os conceitos de erro e acerto no so relativos.
b) A diversidade lingustica da oralidade est inegavelmente associada ignorncia do falante.
c) A linguagem uma realidade exclusivamente escrita.
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d) Toda lngua um conjunto de variedades que devem ser consideradas.
e) No h diferena entre a lngua falada e a lngua escrita.
6 -So exemplos de linguagem verbal:
a) gestos e cores das bandeiras;
b) discursos polticos;
c) desenhos que distinguem os banheiros femininos dos masculinos;
d) cartes apresentados pelo juiz durante uma partida de futebol a um jogador que tenha cometido uma infrao;
e) discursos polticos e cores das bandeiras.
7 - So exemplos de linguagem no-verbal:
a) sinais de trnsito e uma conversa informal entre alunos e professores;
b) cores das bandeiras e sinais de trnsito;
c) cantigas infantis;
d) discursos polticos;
e) apitos e discursos polticos.
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8 - Pode-se dizer que:
a) h dicotomia entre lngua e fala;
b) no h dicotomia entre lngua e fala;
c) tanto a lngua quanto a fala so bens pblicos e individuais;
d) todas as afirmativas anteriores so corretas;
e) todas as afirmativas anteriores so incorretas.
TEXTO PARA AS QUESTES 9 e 10:
Tanto que tenho falado, t anto que tenho escrito como no imaginar
que, sem querer, feri algum? s vezes sinto, numa pessoa que acabo de conhecer,
uma hostilidade surda, ou uma reticncia de mgoas. Imprudente ofcio este, de viver em voz alta.
s vezes, tambm a gente tem o consolo de saber que alguma coisa que
se disse por acaso ajudou algum a se reconciliar consigo mesmo ou com a sua
vida de cada dia; a sonhar um pouco, a sentir uma vontade de fazer alguma coisa boa.
Agora sei que outro dia eu disse uma palavra que fez bem a algum.
Nunca saberei que palavra foi; deve ter sido alguma frase espontnea e distrada que eu disse com naturalidade porque senti no momento e depois esqueci.
Alguma coisa que eu disse distrado talvez palavras de algum poeta
antigo foi despertar melodias: esquecidas dentro da alma de algum. Foi como se
a gente soubesse que de repente, num reino muito distante, uma princesa muito
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triste tivesse sorrido. E isso fizesse bem ao corao do povo; iluminasse um pouco as suas pobres choupanas e as suas remotas esperanas.
(Rubem Braga)
9 - A linguagem possui um papel de grande importncia como forma de
transmitir informaes do emissor ao receptor. O texto nos fala ainda de um outro poder que tem a palavra. Que pode r esse?
____________________________________________________________________
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10 - Na frase deve ter sido alguma frase espontnea e distrada que eu disse com naturalidade porque senti no momento, que caractersticas da fala foram destacadas? Explique.
____________________________________________________________________
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Os signos Lingusticos 2 Conceito de signo.
O significante e o significado conceituao.
A relao significante X significado.
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Como vimos na aula anterior, a comunicao se d pela linguagem verbal e pela linguagem no-verbal.
Agora, vamos tratar da linguagem verbal e de todos os mecanismos que a envolvem.
Voc ter contato com o s igno lingustico, isto , com todo o processo que envolve a lngua.
Vamos l, ento?
Ao introduzirmos essa aula com a definio de signo, queremos ressaltar
que signo , antes de mais nada, sinal, smbolo e, portanto, refere-se a alguma coisa.
Sempre que tentamos representar a realidade por meio da palavra, estamos falando de signo lingustico.
Conceituamos signo, linguisticamente falando, como a menor unidade
dotada de sentido. Compe-se de um elemento material, de carter linear,
denominado significante e do conceito, da idia, a imagem psquica que temos, - estamos falando do significado.
Veja o verbete tirado do dicionrio Eletrnico Michaelis UOL, 2002:
signo
s. m. 1. Astr. Cada uma das doze partes em que se divide o zodaco e cada uma
das constelaes respectivas. 2. Lingust. T udo aquilo que, sob ce rtos aspectos e
em alguma medida, substitui alguma coisa, representando-a para algum.
S. lingus tico: o que designa a combinao de conceito c om a imagem acstica, ou seja, a combinao de um significado com um signif icante. Em
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bola, por exemplo, a sequnc ia de sons b-o-l-a o signif icante, e a id ia do
objeto o signif icado. S.-de-salomo: emblema mstico, smbolo da unio do
corpo e da alma, que consiste em dois tringulos entrelaados formando uma
estrela de seis pontas; signo salomo. Era usado, outrora, como amuleto contra a febre e outras doenas. S.-salomo: signo-de-salomo.
A relao significante X significado convencional, ou seja, h um acordo
implcito e explcito entre os usurios da lngua. Convencionou-se chamar de gato
o animal mamfero, domstico, da classe dos feldeos, por exemplo.. essa relao
presente no signo lingustico tambm arbitrria, visto que no h qualquer
propsito entre a representao grfica g a t o e a idia que temos representada em nossas mentes desse animal.
Tambm temos o significante g a t o com outros significados, como:
Ladro, gatuno, larpio ou em expresses do tipo gato-pingado: cada um dos
poucos assistentes de uma reunio ou espetculo, ou de algum agrupamento e ainda gato e sapato: coisa desprezvel.
Sendo assim, signo a associao de um significante (sons da fala, imagens grficas, desenhos, etc.) e um significado (conceito, idia ou imagem mental).
O signo LIVRO se compe, portanto de:
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Devemos ressaltar, ainda, que quando falamos em signo lingustico, referimo-
nos a uma representao da realidade atravs da palavra. Acentuamos que palavra
criao humana, usada para representar algo que temos em mente. A palavra
ma no a ma (voc no come a palavra ma); mas ao dizermos ou lermos
essa palavra, claro que nos vem mente a idia da ma (fruto da macieira).
Mesmo que o objeto mencionado no esteja na nossa frente, ao evoc-lo, usamos
a palavr a que o nomeia, a sua imagem surge em nossa mente de maneira instantnea.
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EXERCCIOS UNIDADE 2
1 Com relao ao conceito de signo lingustico, NO correto afirmar que:
a) um conceito binrio j que se compe de dois elementos: o significante e o significado.
b) A imagem acstica o significado da palavr a.
c) A imagem psquica corresponde ao significado da palavra.
d) /m/e/z/a/ corresponde ao significante fnico da palavra mesa.
e) A palavra mesa corresponde ao significado da palavra.
2 Com relao ao conceito de signo lingustico, correto afirmar que:
a) A imagem acstica corresponde ao significado da palavra.
b) A forma grfica corresponde ao significado da palavra.
c) O conceito de signo se constitui de uma relao arbitrria ou convencionalizada entre significante e significado.
d) A imagem psquica corresponde ao significante da palavra.
e) O elemento material corresponde ao significado da palavra.
3 Escreva V (Verdadeiro) ou F (Falso) para as afirmativas abaixo. Depois, marque a alternativa correta: I ( ) O significado o conceito, a ideia, a imagem psquica que temos dos elementos verbalizados. II ( ) O signo lingustico a fuso do elemento material e da imagem psquica. III ( ) O signo lingustico tem duas faces: o significante e o significado. a) F V F b) V V F
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c) F F V d) V F F e) V V V 4 O elemento composto pelos sons da fala e pelas representaes grficas desses sons : a) o signo lingustico. b) o significado. c) a fala. d) o significante. e) a arbitrariedade. 5 Com relao ao conceito de signo lingustico, identifique a sequncia correta:
I O signo lingustico corresponde a uma relao simblica e arbitrria entre dois elementos: o significante e o significado.
II O significante corresponde representao material da palavra, seja por recursos grficos ou sonoros.
III O significante corresponde representao conceitual da palavra.
IV O signo lingustico se constitui em uma relao binria entre elementos de natureza concreta e abstrata, respectivamente.
a) V V F F
b) F V F V
c) V F V F
d) F F V V
e) V V F V
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6 Complete os espaos abaixo.
Um _____________ compe-se de um elemento material de carter linear,
denominado __________ e do conceito, da ideia, a imagem psquica que temos, ou
seja: ___________.
A alternativa que preenche adequadamente o enunciado :
a) signo significante significado. b) signo significado significante. c) signo significante signo. d) significante signo significado. e) significado significante signo.
7 Um signo lingustico a combinao de um elemento concreto com um elemento inteligvel. Qual a denominao dada, respectivamente, a cada um desses elementos?
a) Lngua e Linguagem. b) Linguagem e Lngua. c) Significante e Significado. d) Fala e Discurso. e) Lngua e Fala. 8 Signo = representao material (Significante) + conceito mental (Significado). claro que um mesmo significante pode nos remeter a vrios significados. Esse fato lingustico chama-se: a) sinnimo. b) antnimo. c) semntica. d) denotao. e) polissemia.
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TEXTO PARA A QUESTO 9: Marina, linda e loira, tinha quatro aninhos, as melenas j estavam nos ombros, quando a me resolveu dar um trato na cabea da criana. Pegou uma tesoura grande e disse: Mame s vai cortar dois dedinhos. Marina aos prantos, mostrando a mo para a mezinha, pergunta: Qual deles, mame? (ILARI, Rodolfo. Introduo Semntica brincando com a gramtica) 9 - O humor desta piada surge da confuso entre os signos e significados de algumas palavras. Qual a palavr a que gera confuso no texto lido? Quais os significados que esta palavra pode ter? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 10 Observe o anncio publicitrio e explique as relaes de significado exploradas pelo contexto no que diz respeito s palavras destacadas:
SE SEU AMIGO USA DROGAS
E VOC NO FALA NADA, QUE DROGA DE AMIGO VOC?
____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
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Os elementos da comunicao humana
3 Esquematizando o Processo Comunicativo.
Conceituando emissor, receptor, mensagem, canal, cdigo e referente.
O referente situacional e o referente textual.
A comunicao unilateral e a comunicao bilateral.
O rudo.
A Intencionalidade Discursiva.
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Nessa aula, ainda falaremos dos processos da comunicao humana. Desta
vez, vamos tratar dos componentes que formam todo esse processo. So, o que chamamos de ELEMENTOS DA COMUNICAO.
Falaremos, tambm, da intencionalidade discursiva, ou seja, dos mecanismos utilizados por quem fala/escreve
Mos a obra!
Para Francis Vanoye1
toda comunicao tem por objetivo a transmisso de
uma mensagem.
Assim para que a comunica o acontea temos que ter algum
construindo um texto (verbal ou no-verbal) e enviando-o a algum. Esse material
enviado se utilizar de um sistema de sinais e de um meio ou contato para fazer chegar quilo que se pretenda comunicar.
O ato comunicativo, portanto, sendo um ato social, concretiza vrias
manifestaes, tanto do ponto de vista cultural como no nosso cotidiano. Vale dizer: sempre estamos nos comunicando com algum atravs de uma mensagem.
Assim, podemos esquematizar esse processo comunicativo do seguinte modo:
1 Usos da Linguagem problemas e tcnicas na produo oral e escrita. 11 ed. So Paulo: Martins Fontes, 1998.
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O emissor ou destinador ou ainda remetente o que emite (envia) a
mensagem. Essa mensagem pode ser transmitida de forma individual ou em grupo.
O receptor ou destinatrio o que recebe a mensagem.
A mensagem o que se denomina, ainda segundo Vanoye objeto da comunicao. Constitui-se no contedo daquilo que transmitido.
O canal comunicativo definido como os meios utilizados pelo emissor a fim de enviar a mensagem ao receptor.
Uma mensagem, por exemplo, que transmitida por um rgo de controle de
trfego uma placa do tipo PERMITIDO ESTACIONAR se d atravs dos meios visuais de que o receptor portador.
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O som do apito de um guarda, sinalizando algo, acontece atravs do meio sonoro (ondas sonoras, ouvido ...)
atravs do canal de comunicao que utilizamos que podemos empreender a classificao das mensagens. Assim, teremos:
As mensagens visuais, cuja base so as imagens (desenhos, fotos) e os smbolos (a escrita ortogrfica).
As mensagens tcteis um aperto de mo, uma carcia..
As mensagens sonoras: os diversos sons significativos, as palavras faladas, as msicas, etc.
As mensagens gustativas: uma comida, por exemplo, apimentada ou salgada demais.
As mensagens olfativas: um perfume, um escapamento de gs de cozinha, etc.
O cdigo um conjunto de signos combinados entre si, do qual o emissor se
utiliza para elaborar a mensagem. Ao mont-la, o remetente estar operando a
codificao; ao receb-la, o destinatrio identificando o cdigo utiliz ado estar procedendo a decodificao.
Os processos de codificao / decodificao se realizam de algumas maneiras, tais como:
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a) O emissor envia uma mensagem. O destinatrio a recebe, mas no a compreende, porque no possuem signo em comum.
Como exemplo
poderamos apontar
uma tentativa de
dilogo entre um brasileiro e um japons.
b) O emissor tenta manter um dilogo com um receptor que domina pouco
o cdigo utilizado. Neste caso, a comunicao retrita, pois so poucos os signos em comum.
Um americano recm-
chegado ao Brasil, tentado
se comunicar com um
estudante que est
estudando ingls h apenas um ano.
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c) A comunicao mais abrangente; embora ainda no total quando, por
exemplo, um professor explica um determinado contedo, mas alguns alunos no dominaram ainda o anterior, que, por sua vez, seria pr-requisito do atual.
d) Finalmente, temos a comunicao total. Todos os signos emitidos pelo emissor so do conhecimento do receptor e a figura assim representar esse caso:
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O referente constitudo pelo contedo ao qual a mensagem nos
remete. Temos o referente situacional e o referente textual. O 1 diz respeito aos
elementos da situao e das circunstncias da transmisso da mensagem. Assim,
quando uma professora pede aos alunos que abram o livro na pgina 80, supe-se
que ela esteja dentro de uma sala de aula e os alunos, alm de possurem o referido livro, saibam sobre o que ela est falando.
J, o referente textual constitudo pelos elementos do contexto
lingustico. Num conto ou em um romance, por exemplo, todos os referentes so textuais, ou seja, tm como base o texto.
Temos, ainda, dois tipos de comunicao: a comunicao unilateral e a
comunicao bilateral. Quando se estabelece de um emissor para o receptor, sem
qualquer reciprocidade, chama-se comunicao unilateral. Uma palestra, um
anncio em out-door ou uma placa de sinalizao de trnsito transmitem mensagens sem precisar receber resposta, so bons exemplos.
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J, em uma conversa, em um debate em sala de aula temos a comunicao bilateral, pois o emissor e o receptor trocam de papis.
Muitas vezes, a transmisso da mensagem prejudicada por algo que
denominamos rudo. No podemos entend-lo apenas como um problema de
ordem sonora. Na verdade, para o processo de comunicao, rudo tudo aquilo
que pode atrapalh ar o receptor em receber a mensagem enviada pelo emissor.
Podemos estabelecer, por exemplo, que rudo pode ser, entre outros: uma voz
muito baixa, o barulho de uma britadeira funcionando perto de um orelho, um
defeito no sistema eletrnico de uma televiso; uma linha cruzada durante uma
ligao telefnica, uma notcia cujo jornal apresenta uma das pontas rasgadas, no permitindo a leitura em seu todo; uma mancha borrada no papel de uma carta, etc.
Como vimos, a comunicao humana est muito alm de um simples ato
mecnico de estmulo e resposta. No haver comunicao de fato se no houver
interao entre emissor e receptor; isto , sempre estamos nos relacionando com o
outro ou outros, atravs da linguagem (verbal ou no-verbal) num processo contnuo.
A intencionalidade discursiva
A piadinha que se segue constitui uma situao comunicativa entre duas pessoas:
Um amigo encontra o outro na rua:
Onde voc est morando, rapaz?
Em Copacaban a.
Em que altura ?
No 7 andar.
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Nesse caso, a comunicao entre o emissor e o receptor no tem muito
sucesso e a que o humor se faz presente; exatamente pelo fato de que os
interlocutores no atenderem a um princpio bsico da comunicao: a
intencionalidade discursiva intenes (explcitas ou implcitas ) existentes na
linguagem dos membros que participam de uma determinada situao comunicativa.
Ao interagir com outra pessoa atravs da linguagem, temos a inteno de modificar o pensamento ou o comportamento de nosso(s) interlocutor(es).
O sucesso da comunicao est, portanto, em saber lidar com a
intencionalidade. atravs dela que o emissor impressiona, persuade, informa, pede, solicita, etc. o receptor.
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EXERCCIOS UNIDADE 3
1) Para se obter uma comunicao efetiva, que elemento( s) da comunicao humana no pode(m) falhar:
a) o cdigo.
b) o emissor e o receptor.
c) o canal.
d) o assunto.
e) nenhum dos seis elementos.
2) Na frase (... ) se eu no compusesse este captulo, padeceria o leitor um forte abalo, assaz danoso ao efeito do livro de Machado de Assis, os elementos sublinhados denotam referncia, respectivamente, ao: a) canal, emissor, receptor.
b) emissor, contato, canal.
c) cdigo, receptor, mensagem.
d) cdigo, receptor, canal.
e) emissor, receptor, mensagem.
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Estudo de Texto
Nem a Rosa, Nem o Cravo As frases perdem seu sentido, as palavras perdem sua significao costumeira, como dizer das rvores e das flores, dos teus olhos e do mar, das canoas e do cais, das borboletas nas rvores, quando as crianas so assassinadas friamente pelos nazistas? Como falar da gratuita beleza dos campos e das cidades, quando as bestas soltas no mundo ainda destroem os campos e as cidades? J viste um loiro trigal balan ando ao vento? das coisas mais belas do mundo, mas os hitleristas e seus ces danados destruram os trigais e os povos morrem de fome. Como falar, ento, da beleza, dessa beleza simples e pura da farinha e do po, da gua da fonte, do cu azul, do teu rosto na tarde? No posso falar dessas coisas de todos os dias, dessas alegrias de todos os instantes. Porque elas esto perigando, todas elas, os trigais e o po, a farinha e a gua, o cu, o mar e teu rosto. (...) Sobre toda a beleza paira a sombra da escravido. como uma nuvem inesperada num cu azul e lmpido. Como ento encontrar palavras inocentes, doces palavras cariciosas, versos suaves e tristes? Perdi o sentido destas palavras, destas frases, elas me soam como uma traio neste momento. (...) Mas eu sei todas as palavras de dio e essas, sim, tm um significado neste momento. Houve um dia em que eu falei do amor e encontrei para ele os mais doces vocbulos, as frases mais trabalhadas. Hoje s o dio pode fazer com que o amor perdure sobre o mundo. S o dio ao fascismo, mas um dio mortal, um dio sem perdo, um dio que venha do corao e que nos tome todo, que se faa dono de todas as nossas palavras, que nos impea de ver qualquer espetculo desde o crepsculo aos olhos da amada sem que junto a ele vejamos o perigo que os cerca. Jamais as tardes seriam doces e jamais as madrugadas seriam de esperana. Sobre toda beleza do mundo, sobre a farinha e o po, sobre a pura gua da fonte e sobre o mar, sobre teus olhos tambm, se debruaria a desonra que o nazifascismo, se eles tivessem conseguido dominar o mundo. No restaria nenhuma parcela de beleza, a mais mnima. Amanh saberei de novo palavras doces e frases cariciosas. Hoje s sei palavras de dio, palavras de morte. No encontrars um cravo ou uma rosa, uma flor na minha literatura. Mas encontrars um punhal ou um fuzil, encontrars uma arma contra os inimigos da beleza, contra
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aqueles que amam as trevas e a desgraa, a lama e os esgotos, contra esses restos de podrido que sonharam esmagar a poesia, o amor e a liberdade! AMADO, Jorge. Folha da Manh . 22/04/1945) 3) O uso das palavras rosa e cravo recusado pelo enunciador do texto de Jorge Amado. Essa recusa ocorre, pois essas palavras assumem, no texto, o sentido de: a) ameaa. b) alienao. c) infelicidade. d) cumplicidade. e) medo. 4) Para expressar um ponto de vista definido, o enunc iador de Nem a rosa, Nem o cravo emprega determinados recursos discurs ivos. Um desses recursos e a justificativa para seu uso esto presentes em: a) emprego da 1 pessoa discusso de um tema polmico.
b) resgate de prticas pessoais passadas conservao de uma viso de mundo.
c) interlocuo direta com os possveis leitores fortalecimento de um pacto de omisso.
d) presena de um interlocutor em 2 pessoa - desenvolvimento de uma estratgia de confisso.
e) presena de um narrador em 3 pessoa demonstrao de pleno conhecimento dos fatos.
5) O enunciador do texto Nem a Rosa, nem o Cravo defende como modo de reao s crueldades referidas, a utilizao das mesmas armas dos agressores. O trecho em que essa ideia se apresenta mais claramente : a) Sobre toda a beleza paira a sombra da escravido.
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b) Houve um dia em que eu falei do amor encontrei para ele os mais doces vocbulos.
c) Hoje s o dio pode fazer com que o amor perdure sobre o mundo. d) Jamais as tardes seriam doces e jamais as madrugadas seriam de
esperana. e) No restaria nenhuma parcela de beleza, a mais mnima. Leia o texto. Meu corao estrala... Que imagem sem verdade. Porm no tive ideia de mentir... Foram os nervos, a alma?... Que quer dizer estralo! Nem ao menos sou Padre Vieira... Oh dicionrio pequitito! (Mrio de Andrade) 6) Este poema salienta um problema relacionado ao emissor, pois fala: a) da incomunicabilidade entre as pessoas.
b) da ineficcia das palavras em transmitir sensaes e estados dalma.
c) da falta de conhecimento de vocabulrio.
d) da solido.
e) da ausncia de equilbrio interior.
Leia o trecho com ateno. Minhas mos ainda esto molhadas do azul das ondas entreabertas e a cor que escorre dos meus dedos colore as areias desertas. ( Ceclia Meireles)
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7) A estrofe acima revela que o eu-potico ( a voz que fala no texto) desenvolve a percepo ................. do mundo. a) sentimental
b) racional
c) emotiva
d) sensorial
e) onrica
Leia . O matuto foi fazer uma consulta mdica. O mdico pede: - Tire a cala. E comea em seguida a examin-lo. - Mas o senhor est totalmente descalcificado! - Claro! Foi o senhor que mandou. ( Ziraldo ) 8) Segundo Saussure, a lngua no existe seno em virtude duma espcie de contrato estabe lecido entre os membros da comunidade. No texto, o contexto contraria esse conceito porque houve: a) identificao da mensagem.
b) decodificao da mensagem.
c) diversificao no emprego do cdigo.
d) sistematizao do emprego do cdigo.
e) identificao e decodificao entre emissor e receptor.
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Leia o texto abaixo e responda s questes 1 e 2. TRS APITOS Quando o apito Da fbrica de tecidos Vem ferir os meus ouvidos, Eu me lembro de voc. Mas voc anda, Sem dvida bem zangada E est mesmo interessada Em fingir que no me v. Voc que atende ao apito De uma chamin de barro Por que no atende ao grito, To aflito, Da buzina do meu carro? Voc no inverno Sem meias vai para o trabalho, No faz f com agasalho, Nem no firo voc cr. Mas voc mesmo Artigo que no se imita, Quando a fbrica apita Faz reclame de voc. Nos meus olhos voc l Que eu sofro cruelmente Com cimes do gerente Impertinente Que d ordens a voc. Sou do sereno, Poeta muito soturno Vou virar guarda-noturno E voc sabe por qu. Mas voc no sabe
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Que, enquanto voc faz pano, Fao junto do piano Estes versos pra voc.
Noel Rosa. 9) Em que pessoa est escrito o texto? Qual o elemento da comunicao em evidncia? Justifique com palavras retiradas do prprio texto. ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________ 10) Caracterize a segunda pessoa do discurso. A que elemento da comunicao se refere? Podemos afirmar que o texto est centrado exclusivamente na segunda pessoa do discurso? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
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As funes da linguagem 4 A funo referencial.
A funo expressiva ou emotiva.
A funo conativa ou apelativa: a inteno do emissor e a organizao da
mensagem.
A funo potica.
A funo ftica.
A funo metalingstica.
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Hoje estaremos falando de como toda mensagem tem uma finalidade
predominante, quer seja transmitir uma informao, uma emoo, quer seja um pedido.
Voc perceber, no decorrer da leitura, que nenhuma mensagem existe sem que haja uma inteno do emissor.
A nossa, hoje, lhe ensinar mais um contedo necessrio para a sua formao acadmica. Boa aula!!!
Quando realizamos um ato de comunicao verbal, procuramos
selecionar as palavras e depois de organiz-las, combin-las entre si, temos que
adequ-las de acordo com a inteno, com o sentido que queremos dar mensagem que enviaremos ao receptor.
Por ser o ato de falar algo bastante automtico, raramente percebemos
que essa organizao e adequao das palavr as usadas esto ligadas a uma ou
mais funes. Sendo assim, ao darmos nfase a um dos elementos de
comunicao, j estudados na aula anterior, estaremos priorizando uma das seis funes que a linguagem possui.
Foi o linguista russo Roman Jakobson quem elaborou, em 1969, estudos
acerca das fun es das linguagem. Para cada um dos elementos da comunicao
humana existe uma funo estritamente ligada a c ada elemento, como veremos a seguir:
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Estudaremos uma a uma dessas funes:
1. Funo referencial:
Tambm chamada de funo informativa centrada no referente, isto ,
naquilo que se fala. Cabe ao emissor a inteno de transmitir ao seu interlocutor,
de modo direto e objetivo, dados estruturados, geralmente, na ordem direta. Essa
funo est presente em grande parte dos textos dissertativos, tcnicos,
jornalsticos, em receitas mdicas, bulas de remdio, manuais de instruo, avisos institucionais, mapas, grficos, etc.
A funo referencial tratada por alguns autores como funo denotativa, visto que no texto no h ambigidades ou duplo sentido.
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2. Funo expressiva ou emotiva:
Centrada no emissor da mensagem, exprime a sua atitude em relao ao
contedo da mensagem e da situao. Nesse caso, o emissor expressa seus
sentimentos e emoes, resultando num texto subjetivo (diferente da objetividade da funo referencial).
A mensagem estruturada com algumas marcas gramaticais que merecem
registro: verbos e pronomes em 1 pessoa, interjeies, adjetivos de valores, sinais de pontuao como as reticncias, ponto de exclamao.
O exemplo que lhe daremos o famoso Soneto da Fidelidade, escrito por
Vincius de Moraes. Repare como o uso da 1 pessoa uma marca significativa para acentuar a subjetividade do eu-potico.
SONETO DA FIDELIDADE
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero viv-lo em cada vo momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
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E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angstia de que vive
Quem sabe a solido, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor ( que tive ):
Que no seja imortal, posto que chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
MORAES, Vinicius de. Obra Completa e prosa. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1998.
3. Funo conativa ou apelativa:
O destaque est no receptor que, por sua vez, estimulado pela mensagem.
Os textos em que essa funo predomina so marcados por verbos no
imperativo, por vocativos, por pronomes de tratamento. Outro recurso utilizado
pela imprensa para prender o receptor e que caracteriza muito bem a funo
CONATIVA a argumentao, em que o emissor procura a adeso do receptor ao seu ponto de vista.
Podemos traar um paralelo entre a inteno do emissor da mensagem e a organizao da mesma na funo conativa. Perceba:
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INTENO DO EMISSOR influenciar, envolver, persuadir
ORGANIZAO DA MENSAGEM apelo, splica, ordem, chamamento, argumento.
Numa mensagem publicitria, por exemplo, de um produto para limpeza,
o texto parece falar com a mulher dona-de-casa a quem interessa vender o produto.
J, quando o objetivo influenciar um jovem a comprar uma mochila, por
exemplo, a inteno discursiva outra e, consequentemente, o texto vai privilegiar
palavr as do universo dos adolescentes, usando grias do momento, termos centrados em seu linguajar.
Assim, a funo conativa ou apelativa da linguagem
predominantemente encontrada nos anncios publicitrios, nos discursos polticos, nos horscopos, nos livros de auto-ajuda, nas preces religiosas, etc.
4. Funo potica
Acontece quando a comunicao d nfase prpria mensagem.
Uma das caractersticas dessa funo o uso de recursos literrios na
construo da linguagem. Ao selecionar as palavras para compor um texto, o poeta
escolhe as que realam o sentido que ele quer dar ao seu texto e tambm a sua
sonoridade e o ritmo; privilegiar as figuras de linguagem, os recursos fonolgicos, a falta ou o excesso de sinais de pontuao.
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Nos textos em que predomina a funo potica da linguagem, podemos
encontrar, com muita frequncia, o sentido conotativo das palavras.
Tem tudo a ver
A poesia tem tudo a ver com o sorriso da criana, o dilogo dos namorados, as lgrimas diante da morte, os olhos pedindo po.
A poesia s abrir os olhos e ver tem tudo a ver com tudo. Elias Jos. Segredinhos de amor. So Paulo, Moderna, 1991
5. funo ftica
Esta funo se manifesta quando se percebe a preocupao do emissor em manter contato com o receptor, sem deixar com que a comunicao se perca.
Centrada no can al, ou c ontato como alguns autores preferem, a funo ftica
acontece tanto na comunicao oral, atravs de sons do tipo Hum ... hum ...,
Hein? ..., T... t ..., Sim ... sei ...; de frases como Est me ouvindo?, Esto me
entendendo? e de marcas sonoras como o famoso plim ! plim! da Rede Globo que chama o telespectador distrado para a retomada de comunicao.
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Como na comunicao escrita, encontramos a funo ftica da linguagem ao
empregarmos marcadores lingusticos que se repetem, como os bales que voc v e l no incio e no fim de cada aula desse curso.
6. funo metalingustica
Acontece quando a nfase est no cdigo, isto , quando o cdigo o tema da mensagem ou usado para explicar o prprio cdigo.
Sabemos que, na linguagem verbal, o cdigo a lngua; portanto,
quando utilizamos a lngua para explicar a prpria l ngua, temos a metalinguagem ou seja, a funo metalingustica.
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Um exemplo bem claro so os dicion rios e as gramtic as, pois utilizam palavr as para explicar as prprias palavras.
fren.te
s. f. 1. Parte superior do ros to, desde
os cabelos at as sobrancelhas.
2. Parte anterior de qua lquer coisa.
3. Fachada de edifcio. 4. Mil. Vanguarda.
5. Meteor. Superf cie que marca o contato
de duas massas de ar convergentes
e de temperaturas diferentes.
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EXERCCIOS UNIDADE 4
TEXTO PARA AS QUESTES 1 e 2:
O ltimo poema
Assim eu quereria o meu ltimo poema
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluo sem lgrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais lmpidos
A paixo dos suicidas que se matam sem explicao."
(Manuel Bandeira, Libertinagens)
1. Qual a funo predominante nessa poesia? a) funo referencial ou informativa.
b) funo potica.
c) funo emotiva ou expressiva.
d) funo metalingustica.
e) funo conativa ou apelativa.
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2. Podemos detectar outra funo, no predominante, mas presente ainda no poema. Marque o item em que ele se encontra.
a) funo referencial ou informativa.
b) funo potica.
c) funo emotiva ou expressiva.
d) funo metalingustica.
e) funo conativa ou apelativa.
3. Veja o texto abaixo adaptado de um anncio publicitrio e escolha o item correto quanto funo predominante:
CETIVA: Vitamina C sem cama. Adquira o hbito de tomar CETIVA regularmente e voc ter mais sade, dinamismo e resistncia s infeces. Tome CETIVA todos os dias e v para a cama s quando voc bem entender.
a) funo referencial ou informativa.
b) funo potica.
c) funo emotiva ou expressiva.
d) funo metalingustica.
e) funo conativa ou apelativa.
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4. Diga qual a funo da lingu agem predominante em:
Promover a recuperao de trabalhadores acidentados ou incapacitados fsica ou mentalmente para o trabalho, a nobre tarefa que o SESI realiza atravs da Subdiviso de Reabilitao.
a) funo referencial ou informativa.
b) funo potica.
c) funo emotiva ou expressiva.
d) funo metalingustica.
e) funo conativa ou apelativa.
5. A partir do texto abaixo, marque o item correto em relao funo predominante:
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a) funo referencial ou informativa.
b) funo potica.
c) funo emotiva ou expressiva.
d) funo ftica.
e) funo conativa ou apelativa.
6. Leia o texto abaixo e marque a funo da linguagem que nele predomina:
CNBB aceita explicaes de Arcoverde depois de um telefonema do Ministro Waldir Arcoverde que, segundo o secretrio-geral da CNBB, D. Luciano Mendes, fez reparos ao Programa de Planejamento familiar, a Conferncia Nacional dos Bispos do Brasil divulgou nota atribuindo a um equvoco da imprensa a notcia de que o Governo est disposto a adotar a esterilizao como mtodo anticoncepcional. (JB, 30/12/80)
a) funo referencial ou informativa.
b) funo potica.
c) funo emotiva ou expressiva.
d) funo metalingustica.
e) funo conativa ou apelativa.
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7. Numere os parnteses de acordo com a coluna da esquerda e depois escolha o item correto:
1. funo conativa. 2. funo ftica. 3. funo potica. 4. funo emotiva. 5. funo referencial. 6. funo metalingustica.
( ) centrada no emissor. ( ) centrada no receptor. ( ) centrada no canal. ( ) centrada no referente. ( ) centrada no cdigo. ( ) centrada na mensagem
a) 2 5 6 4 1 3
b) 4 2 3 5 3 6
c) 6 2 4 1 2 5
d) 4 1 2 5 6 3
e) 1 2 3 4 5 6
8. Leia o texto de Millr Fernandes e marque a alternativa que contm a funo da linguagem predominante:
A boite um local em que o excesso de escurido faz com
que cada um dance com a mulher do outro. Desse engano constante nasce o infinito nmero de maridos enganados. to escura a boite que nunca se sabe o que a orquestra est tocando. Nem o que se est comendo. Nem o que se est pagando. A boite o louvor da incgnita.
a) funo referencial ou informativa.
b) funo potica.
c) funo emotiva ou expressiva.
d) funo metalingustica.
e) funo conativa ou apelativa.
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9. D a funo da linguagem do seguinte anncio vinculado nas tevs, revistas e jornais e depois, justificando a sua resposta.
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
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10. Leia a poesia que se segue e diga quais as du as funes da linguagem que podem caracterizar o texto. Qual das duas a predominante? Por qu?
Que Poesia? uma ilha cercada de palavras
por todos os lados. (Cassiano Ricardo)
_____________________________________________________________________
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5 As diversidades do uso da lngua os nveis da linguagem
A modalidade escrita e falada.
As variantes socioculturais a norma culta e a norma coloquial; a gria; a
linguagem da Internet.
As variantes regionais.
As variantes de poca.
As variantes de estilo.
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Hoje, trataremos dos nveis da linguagem, ou seja, da diversidade lingstica,
fato que ocorre, muitas vezes com bastante evidncia; em outras, de forma pouco
perceptvel. Mas, de qualquer maneira, o estudo dessas variedades de uma lngua implica em fatores de vital importncia para o bom uso dela.
Boa aula!!!
TEXTO 1:
Uma das caractersticas mais evidentes das lnguas sua variedade. Entende-se
por isso, fundamentalmente, que as lnguas apresentam formas variveis em
determinada poca, o que significa que no so faladas uniformemente por todos os
falantes de uma sociedade. (....) Esta caracterstica no exclusiva das lngua
modernas. O latim e o grego antigo tambm tinham formas variveis. O portugus,
por exemplo, descende do chamado latim vulgar (popular), diferente em vrios
aspectos do latim dos escritores que chegou at ns.(...).
Uma outra caracterstica das lnguas que as diferenas que apresentam
decorrem do fato de que os falantes de uma comunidade lingustica no so
considerados iguais pela prpria sociedade. As diferenas de linguagem so uma
espcie de distintivo ou emblema dos grupos, e, nesse sentido, colaboram para
construir sua identidade. (...) As variedades (ou os dialetos) correspondem em grande
parte a grupos sociais relativamente definidos: os que residem numa regio ou em
outra; os que pertencem a uma classe social ou a outra; os que so mais jovens ou mais
velhos; os que so homens ou so mulheres; os que tm uma profisso ou outra etc.
M.B.M. Abaurre e S. Possenti. Vestibular Unicamp: Lngua Portuguesa.
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Apenas prestando ateno, percebemos intuitivamente que uma lngua
no falada do mesmo modo por todos os seus falantes. Em particular, veremos o
caso da Lngua Portuguesa, falada em Portugal, no Brasil, em Angola, Moambique,
Guin-Bissau, Cabo Verde, So Tom e Prncipe; em regies asiticas como Macau, Goa, Damo e Dio e em Timor Leste, na Oceania.
Alm do fator geogrfico, temos tambm a variao de ordem social do falante, a situao em que ele deve falar ou escrever, etc.
Sendo assim, podemos dizer que uma lngua sofre variaes de acordo com cinco eixos, criados pelo linguista romeno Eugenio Coseriu, que so:
1 EIXO: a modalidade escrita e falada.
2 EIXO: as variantes socioculturais a norma culta e a norma coloquial.
3 EIXO: as variantes regionais.
4 EIXO: as variantes de poca.
5 EIXO: as variantes de estilo.
No podemos esquecer de que, enquanto a linguagem em si mesma
um fenmeno universalmente igual para todos, a lngua se manifesta de maneira
diferente entre os falantes de uma mesma comunidade lingustica, quer por fatores de ordem interna como externa.
As lnguas, portanto, manifestam a mesma capacidade humana de
expresso, mas h, por exemplo, maneiras tpicas de falar relacionadas s regies
de um pas principalmente o nosso, com essa dimenso continental, s faixas
etrias, aos grupos e classes sociais, s situaes em que nos encontramos, ao estilo
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individual e at mesmo ao sexo, visto que, em algumas situaes, h palavras que contemplam mais o sexo masculino que o feminino.
Para tanto, existem as normas lingusticas. Algumas so mais livres e
espontneas; outras mais rgidas, com sanses formais queles que infringem a norma culta ou formal.
O gramtico Adriano da Gama Kury (In. Novas lies de anlise sinttica. 2
ed. So Paulo: tica, 1985.) tem uma frase que sintetiza todas essas variaes de
uma lngua dinmica e potencialmente rica: O bom falante um poliglota em sua prpria lngua.
Vamos, ento, analisar um a um os cinco eixos dessas variantes lingusticas:
1 eixo: a modalidade escrita e falada:
As diferenas entre o cdigo escrito e o falado no podem ser ignoradas,
visto que, ao contrrio da modalidade escrita, a falada tem uma caracterstica
marcante que se fundamenta na profunda vinculao s situaes em que usada.
Normalmente, o contato entre os interlocutores direto e, ao conversarem sobre
um determinado assunto, esses interlocutores elaboram mensagens marcadas por
fatos da lngua falada. O vocabulrio utilizado fortemente alusivo, pois usamos pronomes como eu, voc, isso e advrbios como aqui, agora, c, l, etc.
O cdigo oral tambm conta com elementos expressivos que o cdigo
escrito no contempla. Nesse caso, aparece a entonao, capaz de modificar totalmente o significado de certas frases.
Sabemos que nem todas as sociedades do mundo tem domnio sobre a modalidade escrita, mas todas as sociedades humanas fazem uso da modalidade
Lngua Portuguesa
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oral. A essas sociedades como muitas das comunidades indgenas do Brasil damos o nome de sociedades grafas.
J, nas sociedades ditas letradas podemos classificar a linguagem em
trs categorias, que veremos mais adiante: temos a linguagem coloquial, a norma culta ou padro e a linguagem literria.
Mas, antes da classificao cit ada, vamos analisar, no quadro que se
segue tirado de MESQUITA, Melo Roberto. Gramtica da Lngua Portuguesa. 8 ed.
ref. atual. So Paulo: Editor a Sar aiva, 1999 as diferenas entre a lngua falada e a lngua escrita:
LINGUA FALADA
LNGUA ESCRITA
Numa situao de comunicao,
a mensagem transmitida de forma imediata.
Numa situao de comunicao, a
mensagem transmitida de forma imediata.
Em geral, o emissor e o receptor
devem conhecer bem a situao e as
circunstncias que os rodeiam. Se,
por qualquer motivo, isso no
acontecer, pode haver problemas de
comunicao ou, simplesmente, no haver mensagem.
O receptor no precisa conhecer de
forma direta e situao do emissor nem o contexto da mensagem.
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A mensagem costuma ser
transmitida de forma mais breve,
notando-se ntida tentativa de economizar palavras.
Com a presena de um
interlocutor, que pode, a qualquer
momento, interromper a conversa,
comum o emprego de construes
mais simples, frases incompletas,
com nfase nas oraes
coordenadas, mais espontneas e mais livres, menos reflexivas2
So empregadas construes mais
complexas, mais planejadas, pois
subtende-se que o emissor teve mais
tempo para elaborar a mensagem,
repensando-a, modificando-a. , por
isso, mais comum o uso de oraes mais
complexas, subordinadas, que exigem
mais esforo de memria ou de raciocnio.
H elementos prosdicos, como
entonao, pausa, ritmo e gestos,
que enfatizam o significado dos vocbulos e das frases.
Como no possvel, na lngua
escrita, a utilizao dos elementos
prosdicos da lngua falada, o emprego
dos sinais de pontuao tenta reconstruir alguns desses elementos.
2 eixo: as variantes socioculturais a norma
culta e a norma coloquial.
Quanto varia o da linguagem (quer falada, quer escrita), deparamo-nos com alguns registros que merecem a nossa ateno:
2 BORBA, Francisco da Silva. Introduo aos estudos lingusticos. So Paulo: Companhia Editora Nacional, 1975. p. 262.
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LINGUAGEM COLOQUIAL ou norma popular: a linguagem que empregamos
em nosso cotidiano, em determinadas situaes que no exigem formalidade, com
interlocutores que consideramos iguais a ns no que diz respeito ao domnio da lngua.
Nesse tipo de linguagem, no temos preocupao em falar certo ou errado,
j que no somos obrigados a usar regras e o nosso objetivo a transmisso da
informao, dando prioridade expressividade.
1. Norma culta ou norma padro:
Leia o que nos fala Magda Soares, em Linguagem e escola: uma perspectiva social. 3 ed. So Paulo: tica, 1986.
Dialeto padro: tambm chamado norma padro culta, ou simplesmente norma
culta, o dialeto a que se atribui, em determinado contexto social, maior prestgio;
considerado o modelo da a designao de padro, de norma segundo o qual se
avaliam os demais dialetos. o dialeto falado pelas classes sociais privilegiadas,
particularmente em situaes de maior formalidade, usado nos meios de comunicao
de massa (jornais, revistas, noticirios de televiso etc.), ensinado na escola, e
codificado nas gramticas escolares (por isso, corrente a falsa idia de que s o
dialeto padro pode ter uma gramtica, quando qualquer variedade lingustica pode
ter a sua). ainda, fundamentalmente, o dialeto usado quando se escreve (h,
naturalmente, diferenas formais,. Que decorrem das condies especficas de
produo da lngua escrita, por exemplo, de sua descontextualizao). Efetuadas
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diferenas de pronncia e pequenas diferenas de vocabulrio, o dialeto padro
sobrepe-se aos dialetos regionais, e o mesmo, em toda a extenso do pas.
A) A gria: Segundo William Cereja (In. Gramtica Reflexiva: texto, semntica e
interao. So Paulo: Editor a Atual, 1999. p. 11) a gria um dos dialetos de uma
lngua. Quase sempre criada por um grupo social, como o dos fs de rap, de heavy
metal, o dos que praticam certas lutas, como capoeira, jiu-jtsu, etc. quando ligada a
profisses, a gria chamada de jargo. o caso do jargo dos jornalistas, dos
mdicos, dos dentistas e de outras profisses.
Temos a gria como uma contribuio da definio da identidade de um grupo
que a utiliza, s vezes de carter contestador, como a dos jovens de uma
determinada gerao, funcionando como uma espcie de meio de excluso dos
indivduos externos ao grupo. Algumas,funcionam como transgressoras dos padres sociais vigentes e, por conseqncia da prpria lngua.
Para ilustrar, leia o texto que se segue:
TRUS MOSTRAM VITALIDADE DA GRIA EM SP
Termo derivado de truta (amigo, companheiro), usual nas rodinhas de estudantes.
Ficar na port a de uma escola paulistana na hora da sada de aula pode ser uma
experincia nica. Para quem no faz parte da turma, compreender o que se diz
tarefa pra l de difcil. Meninos e meninas, com idade entre 13 e 17 anos, no economizam em grias das mais variadas e engraadas, num cdigo indecifrvel:
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E a, tru?! Bel?
Sussu
V na minha goma. Ta na fita?
Se p eu vou l.
Cola l. Falou?
Trata-se do dilogo entre amigos. Um convida o outro para ir sua casa. O que
foi convidado diz que talvez v, mas no tem certeza. O outro reafirma o convite e despede-se.
As grias paulistanas, que nem sempre pegam ou viram mania nacion al como
as do Rio, onde recentemente nasceram sangue bom, sarado e o ah1 Eu t maluco!,
originam-se, segundo os jovens da capital, nos bailes funk e escolas e entre praticantes de skate e de surfe.
Depois de criadas, elas podem ser ouvidas nas conversas de jovens de todas as
regies da cidade. Alm das j imortalizadas mina e , meu, so incontveis as
expresses inventadas pela moada. No sei explicar, mas minha goma o
mesmo que minha casa, diz Jonas Spindell, de 16 anos, estudante do Colgio Equipe, em Pinheiros, zona oeste.
S para falar Escrever o que se diz uma dificuldade. Acho que sussu se
escreve assim, com dois esses, arrisca Pedro Fiorino Barros, de 15 anos. A gria para ser dita e no escrita, define Spindell.
Muitas vezes, elas tm dois ou mais significados ou so criadas a partir de
outras. Tru, por exemplo, vem de truta, que significa companheiro, amigo. Nos
ltimos meses, os garotos tm pontuado suas frases com o t ligado?. Usam a
expresso no fim das frases para reafirmar uma idia. Tipo assim outra coisa que a gente fala muito, diz Gabriela Gehrke, de 15 anos.
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Colega de classe de Gabriela, Soraia Barbosa Cardoso, de 15 anos, nova na
escola, mas j ganhou um novo repertrio de palavras. No outro colgio no se falava tant a gria, diz. uma coisa que, quando a gente v, j est falando.
H divergncias na hor a de empregar as palavras. Os meninos no saem mais para azarar, mas para c atar umas minas.
Acho muito feio dizer isso, diz Lusa Werneck, de 17 anos, Sua colega Renata
Lins Alves, de 15 anos, no se intimida em adaptar a expresso: As meninas podem dizer que vo catar uns manos.
Proced Na escola Estadual Padre Manuel da Nbrega, na Casa Verde, zona
norte, so as meninas que mais usam termos esquisitos, Quando um cara est
interessado, mas no quero nada, digo: Ih! Parei com as drogas, diz Gabriela Novaes do Amaral, de 15 anos.
Surfar o mesmo que transar, trocar um proced quando o cara quer ficar
com uma menina, ensina Jaqueline de Oliveira Santos, de 14 anos. P e tal,
derrepentemente tambm serve para dizer que a pessoa est a fim de ficar, completa Diana Chaves da Silva de 15.
( Cludia Fontoura. O Estado de S. Paulo, 5 out. 1997.)
Lendo e respondendo sobre o texto
1) O uso de gria por parte dos jovens estudantes tem algum propsito
definido? Comente.
2) Qual a funo do itlico no texto? H coerncia no seu emprego?
3) Explique por que difcil escrever os termos de grias.
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4) O texto est dividido em trs partes. Essa diviso corresponde ao esquema de idias adotado pelo redator para desenvolver seu texto? Explique.
5) Voc usa gria? Os textos que l ou escreve apresentam termos de gria?Comente.
B) A linguagem da Internet: a natureza interativa da Internet, ao contrrio
da televiso, tenta estimular o intercmbio entre as pessoas, como interlocutores
das famosas salas de bate-papos. bom ressaltar, entretanto, que a lngua escrita,
na rede, assume uma forma peculiar, em que foi criado um cdigo misto, que faz uso de sinais capazes de expresso alegria, tristeza, choro, dvida, decepo, etc.
Tambm lanam mo de abreviaturas, de incio de palavras, de apenas uma
letra para significar muitas palavras e at frases. bom lembrar, porm, que essa
linguagem serve apenas para incrementar a agilidade da conversao, mas nunca
para responder a questionrio, enviar curriculum, mandar mensagens de carter formal, etc.
3 Eixo: variantes regionais
Tambm chamadas de variao geogrfica ou dialetos, esse tipo de
variante, no Brasil, bastante grande e facilmente notada. Caracteriza-se pela
diferenciao do acento lingustico conjunto das qualidades fisiolgicas do som
no que tange altura, ao timbre, intensidade e por isso um tipo de variante cujas marcas se notam basicamente na pronncia.
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Tambm percebemos essa varia o geogrfica no vocabulr io, em certas
frases estruturadas de modo diferente e no sentido que algumas palavras
assumem em diversas regies do pas. Tambm chamadas de dialetos, essas
variantes regionais podem ser bem distintas, quer no falar nordestino, pela
abertura das vogais pr-tnicas; quer na pronncia dos gachos, que se caracteriza
por uma entonao particular; quer na maneira peculiar de se pronunciar o fonema s final das palavras (normalmente, de modo chiado).
Ainda, chamamos ateno para as variaes geogrficas encontradas no
vocabulrio. Basta percebermos o uso de expresses encontradas nas diferentes regies geogrficas brasileiras, com toda a sua peculariedade e distino.
Da mesma maneira, as regies urbanas e rurais possuem vocabulrio e
pronncias diferentes, alm das expresses tpicas que encontramos em cada uma dessas localidades.
4 eixo: as variantes de poca:
Sabemos que as lnguas no so fixas, estticas. Esse carter dinmico,
mutvel que nos apresenta palavras cujo uso est defasado, perderam o seu
sentido original, deram lugar a outras palavras; enfim, houve uma mudana
significativa que registrada pelos livros escritos no incio do sculo XVIII, em contrapartida com os de hoje, por exemplo.
Para ilustrar esse tipo de variante, leia os trechos de dois textos de Carlos Drummond de Andrade, que mostram como a lngua vai mudando com o tempo:
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TEXTO 1: ANTIGAMENTE
Antigamente, as moas chamam-se mademoiselles e eram todas mimosas
e prendadas. No faziam anos: completavam primaveras, em geram dezoito. Os
janotas, mesmo no sendo rapages, faziam-lhes p-de-alferes, arrastando a asa,
mas ficavam longos meses debaixo do balaio. E se levavam tbua, o remdio era
tirar o cavalo da chuva e ir pregar em outra freguesia. (..) Os mais idosos, depois da
janta, faziam o quilo, saindo para tomar a fresca; e tambm tomavam cautela de
no apanhar sereno. Os mais jovens, esses iam ao animatgrafo, e mais tarde ao
cinematgrafo, chupando balas de altia. Ou sonhavam em andar de aeroplano; os
quais, de pouco siso, se metiam em camisas de onze varas, e at em calas pardas; no admira que dessem com os burros ngua.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1988.
TEXTO 2: ENTRE-PALAVRAS
Entre coisas e palavras principalmente entre palavras circulamos. A
maioria delas no figura nos dicionrios de h trinta anos, ou figura com outras
acepes. A todo momento impe-se tomar conhecimento de novas palavras e
combinaes de.
....................................................................................................................................
O malote, o cassete, o spray, o fusco, o copio, a Vemaguet, a chacrete, o
linleo, o nylon, o nycron, o dit afone, a informtica, a dublagem, o sinteco, o telex
..... existiam em 1940?
....................................................................................................................................
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Esto reclamando, porque no citei a conota o, o conglomerado, a
diagramao, o ideograma, o idioleto, o ICM, a IBM, o falou, as operaes
triangulares, o zoom e a guitarra eltrica.
.................................................................................................................................... No havia nada
disso no jornal do tempo de Venceslau Brs, ou mesmo, de Washington Lus.
Algumas dessas coisas comeam a aparecer sob Getlio Vargas. Hoje esto ali na
esquina, para consumo geral. A enumerao catica no uma inveno crtica de
Leo Spitzer. Est a, na vida de todos os dias. Entre palavras circulamos, vivemos,
morremos, e palavras somos, finalmente, mas com que significado?
ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1988.
5 Eixo: as variantes de estilo:
Entendemos, aqui, as variaes nos enunciados lingusticos que se relacionam
aos diferentes graus de formalidade do contexto de interlocuo. Podemos
explic-las, partindo do princpio de maior ou menor conhecimento e proximidade
entre os falantes. Em um dos plos, tomando-o como eixo contnuo de
formalidade, temos as situaes informais em que se manifesta a linguagem. No
outro extremo desse mesmo eixo temtico, encontramos as situaes formais de
uso da linguagem (por exemplo, as escolhas lingusticas caracterizando um discurso feito em um Congresso).
Tambm podemos lembrar que as variaes de estilo podem ocorrer em
relao aos escritores e poetas da nossa literatura. Mesmo sendo representantes de
um mesmo momento literrio, encontramos autores com estilos bastante diferentes. Como exemplo, podemos citar Manuel Bandeira e Mrio de Andrade.
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EXERCCIOS UNIDADE 5
As diversidades do uso da lngua: os nveis de linguagem Leia os itens abaixo e responda questo 1:
I) Positivo! O elemento acaba de ser preso
II) Que mandioca o qu, mineiro, aqui, isso se chama macaxeira
III) meu docinho, a mame te ama
1) Sobre os enunciados acima, s no correto afirmar que:
(a) em I, II e III, h variedades lingusticas
(b) em I e II, h, respectivamente, jargo profissional e variedade regional
(c) em III, h predominncia do uso familiar da linguagem
(d) em I, II e III, h exemplificao de homogeneidade lingustica
(e) em III, h afetividade por parte do falante.
2) Em vou cumprimentar a mademoiselle que completa 18 primaveras hoje;
ol, que tal um passeio pela cidade e o propsito da presente palestra
tornar claros os seguintes pontos: assiduidade profissional e credibilidade,
registram-se, respectivamente, as seguintes modalidades lingusticas:
(a) de poca, coloquial e formal
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(b) coloquial, de poca e formal
(c) formal, de poca e padro
(d) formal, de poca e coloquial
(e) coloquial, de poca e coloquial.
3) Um professor, em uma turma de 8a srie, ao solicitar que cada grupo de alunos
redija um texto, opinando sobre a reduo da maioridade penal, e o envie para
destinatrios diferentes: ao presidente da Repblica do Brasil; a um jornal de
grande circula o de sua cidade; autoridade mxima de sua denominao
religiosa; ao colega de outro turno escolar, objetiva, especialmente, que:
(a) os alunos respeitem a variao regional de cada falante
(b) os alunos conheam apenas a modalidade culta da lngua
(c) os alunos aprendam a usar diferentes registros lingusticos no meio
social
(d) os alunos preconizem apenas a modalidade coloquial da lngua
(e) os alunos deem preferncia a modalidade oral da lngua
Leia o relato a seguir e responda ao que se pede:
Nis fico sem liz. Tem uns inquilinu l n, ento, Tudo barracu qui meu padastru tinha alugadu. Ento um cume num pag, atras c u alugue, Dipois num pagava liz nem nada. A us otru falaru: S nis qui vai pag, tudu mundu usanu! A cumearu a num pag tamm, Um pag, u otru num pag, A meu padastru pego i corto. Num pag tamm na laiti,
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A cortaru n.
A ficamu sem liz dipois, n. (narrativa de um adolescente nascido em So Paulo, carregador de pacotes em
um grande supermercado e morador de uma das favelas da cidade, in:
TARALLO, Fernando. A Pesquisa Sociolingustica. tica, So Paulo, 1994).
4) Atravs do texto, nota-se um pensamento de grande parte dos brasileiros: no justo somente uma pessoa trabalhar e as outras apenas usufrurem desse trabalho. A alternativa abaixo que contm uma frase demonstradora desse pensamento :
(a) nis fico sem luiz a, seis mis sem luiz
(b) tem us inquilinu l n, ento
(c) a us otru falaru: S nis qui vai pag, tudu mundu usanu
(d) a cortaru n
(e) a ficaru sem luiz depois, n
5) Sobre o texto correto afirmar que:
(a) h predominncia de termos regionais
(b) o texto altamente formal, embora faa parte de um relato
(c) h, no texto, pormenores sociais de uma comunidade grafa
(d) a escrita do texto representa particularidades da oralidades lingustica
(e) o texto deixa transparecer particularidades lingusticas de uma modalidade de poca
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6) Marque a opo abaixo que registra aspectos predominantes na modalidade oral da lngua:
(a) h usos de elementos como: entonao, gestos, ritmos, etc.
(b) h amplo uso de orao subordinada
(c) h necessidade de explicar o contexto situacional (lugar onde se fala, momento da fala, etc.)
(d) h emprego marcante de sinais de pontuao, tais como: dois pontos, ponto e vrgula
(e) h preferncia pelo uso de frases longas
7) O uso coloquial da lngua s adequado na situao descrita na seguinte alternativa:
(a) pronunciamentos de altas autoridades em cerimnias de posses
(b) palestras para graduandos em congressos sobre Educao
(c) relatos de jogos de futebol aos amigos
(d) cumprimentos a autoridades como juzes, governadores e prefeitos
(e) editoriais feitos por telejornais como Jornal Nacional, Jornal Band e
Reprter Record.
Leia o texto abaixo e responda ao que se pede:
(...)- Ento l [Portugal] h moas bem arreadas?- perguntou Emlia.
Sim - respondeu a velha. Uma dama bem arreada no espanta ningum l no outro lado. Aqui [Brasil], MOO significa jovem; l, significa servial, criado.
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Tambm no modo de pronunciar as palavras existem variaes. Aqui, todos
dizem PEITO; l, todos dizem PAITO, embora escrevam a palavra da mesma maneira. Aqui se diz TENHO e l se diz TANHO. Aqui se diz VERO e l se diz VRO.
- Tambm eles dizem por l VATATA, VACALHAU, BAVA, VESOURO- lembrou Pedrinho.
- Sim, o povo de l troca muito o V pelo B e vice-versa.
Nesse caso, aqui nesta cidade [Brasil] se fala mais direito do que
na cidade velha [Portugal] - concluiu Narizinho. (...)
O que sucede que uma lngua, sempre que muda de terra, comea a variar
muito mais depressa do que se no tivesse mudado. Os costumes so outros, a
natureza outra - as necessidades de expresso tornam-se outras. Tudo junto fora uma lngua que emigra a adaptar-se sua nova ptria (...).
(MONTEIRO LOBATO in Emlia no Pas da Gramtica)
8) A respeito do texto de Monteiro Lobato, acima, correto afirmar que:
(a) uma lngua sofre variao apenas no mbito da escrita
(b) uma lngua no sofre variao na modalidade oral
(c) a lngua que emigra perde totalmente as caractersticas de sua terra de origem
(d) a mudana lingustica ocorre em razo da falta de apego ptria
(e) a variao lingustica ocorre em funo de fatores particulares: costumes, histrias, etc.
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9 - Explique o que se pode entender por variao lingustica e identifique a principal var iedade lingustica ilustrada no texto de Monteiro Lobato exemplificado na questo 8:
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________________________
Observe o texto seguinte para responder questo 10:
Cara, esse trambolho a j era: pineu furado, para brisa ferrado. Ah! Troque ele por outro carro mais cho.
10- Leia texto acima e responda ao que se pede nos itens I e II:
I) Diferencie modalidades formal e coloquial da lngua