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SAGRA Climatologia Agricola - Ano 2004” COTR Boletim informativo do Centro Operativo e de Tecnologia de Regadio Ano III - Nº 7 Junho 2005 Nota Editorial informa Nota Editorial Área da Formação Nesta Edição Director Técnico Eng. Isaurindo Oliveira 1º Congresso Nacional de Rega e Drenagem Destacável 2 Estudo da Adaptação da Cultura do Algodoeiro à Área de Intervenção do Regadio do Alqueva “ Torna-se imperioso melhorar do uso e gestão da água de rega, tendo como objectivo aumentar a disponibilidade de água para mais regadios, aumentar a produtividade da água e diminuir o impacte ambiental negativo associado à rega. Esta estratégia não tem sido considerada, ou tendo-o, em termos teóricos, não o é em termos práticos, na exploração da generalidade dos regadios do País, o que levou, nos últimos anos, ao "desaparecimento" da generalidade dos serviços de apoio técnico que pudessem ter permitido ajudar os agricultores a interiorizarem e a aplicarem os conceitos de gestão optimizada da água como factor de produção, e à estagnação, ou mesmo ao enfraquecimento da estrutura técnica dos organismos de apoio e avaliação em Portugal, com a consequente diminuição das exigências ao nível do projecto, os quais, a maioria das vezes, se limitam a simples cartas de intenção com orçamento para o equipamento, já que não há qualquer estrutura que se dedique à análise e aprovação técnica dos projectos antes da sua execução. Mesmo a capacidade de investigação e experimentação nas áreas da rega e da drenagem têm estado, em grande medida, desligadas do sector produzido. Esta situação, motivada por inúmeras causas, tem levado a que os principais problemas práticos sejam "esquecidos" nos projectos de investigação, cavando-se, por este e outros motivos, um fosso cada vez maior entre os diferentes sectores. A drenagem - especialidade de extrema importância num País como Portugal, tem vindo a ser sucessivamente esquecida, e, quando abordada, é o feita de um modo muito superficial. Os problemas relacionados com a salinidade e qualidade da água de rega, são essencialmente considerados ao nível macro. Com a entrada em vigor de várias Medidas de carácter ambiental, o aumento da rega, o seu uso deficiente, pode ter consequências graves no que à agricultura em particular e ao ambiente em geral dizem respeito A rega, hoje em dia, cada vez mais mecanizada, leva à adopção de equipamentos cada vez mais desenvolvidos tecnologicamente. Este desenvolvimento não tem sido, regra geral, acompanhado de igual desenvolvimento ao nível da gestão, manutenção e conservação dos equipamentos. A rega é hoje utilizada não só como veículo de satisfação das necessidades em água das culturas, como tambem veículo para outras aplicações, aplicação de agro-químicos por exemplo. Esta multifuncionalidade da rega e dos sistemas de rega pode ter, quando não gerida de uma forma racional, implicações mais ou menos graves ao nível ambiental. Em Portugal não tem, salvo algumas iniciativas sectoriais, sido hábito discutir o tipo de problemas apresentados. Tendo consciência disso, considerou-se oportuno organizar um Congresso sobre Rega e Drenagem, que tem, como principal objectivo, reunir utilizadores da rega e discutir problemas, soluções, e apresentar ideias que, de algum modo, possam contribuir para a melhoria de um sector estratégico como é a agricultura de regadio. Neste COTR informa - Descalvel sobre a cultura do Algodão

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SAGRA“Climatologia Agricola - Ano 2004”

COTRBoletim informativo do Centro Operativo e de Tecnologia de Regadio

Ano III - Nº 7 Junho 2005

Nota Editorial

informa

Nota Editorial

Área da Formação

Nesta Edição Director TécnicoEng. Isaurindo Oliveira

1º Congresso Nacional deRega e Drenagem

Destacável 2“Estudo da Adaptação da Cultura doAlgodoeiro à Área de Intervenção doRegadio do Alqueva “

Torna-se imperioso melhorar do uso e gestãoda água de rega, tendo como objectivoaumentar a disponibilidade de água para maisregadios, aumentar a produtividade da águae diminuir o impacte ambiental negativoassociado à rega.

Esta estratégia não tem sido considerada, outendo-o, em termos teóricos, não o é emtermos práticos, na exploração dageneralidade dos regadios do País, o quelevou, nos últimos anos, ao"desaparecimento" da generalidade dosserviços de apoio técnico que pudessem terpermitido ajudar os agricultores ainteriorizarem e a aplicarem os conceitos degestão optimizada da água como factor deprodução, e à estagnação, ou mesmo aoenfraquecimento da estrutura técnica dosorganismos de apoio e avaliação em Portugal,com a consequente diminuição das exigênciasao nível do projecto, os quais, a maioria dasvezes, se limitam a simples cartas de intençãocom orçamento para o equipamento, já quenão há qualquer estrutura que se dedique àanálise e aprovação técnica dos projectosantes da sua execução.

Mesmo a capacidade de investigação eexperimentação nas áreas da rega e dadrenagem têm estado, em grande medida,desligadas do sector produzido. Estasituação, motivada por inúmeras causas, temlevado a que os principais problemas práticossejam "esquecidos" nos projectos deinvestigação, cavando-se, por este e outrosmotivos, um fosso cada vez maior entre osdiferentes sectores.

A drenagem - especialidade de extremaimportância num País como Portugal, temvindo a ser sucessivamente esquecida, e,quando abordada, é o feita de um modo muitosuperficial.

Os problemas relacionados com a salinidadee qualidade da água de rega, sãoessencialmente considerados ao nível macro.

Com a entrada em vigor de várias Medidas decarácter ambiental, o aumento da rega, o seuuso deficiente, pode ter consequências gravesno que à agricultura em particular e aoambiente em geral dizem respeito

A rega, hoje em dia, cada vez mais mecanizada,leva à adopção de equipamentos cada vez maisdesenvolvidos tecnologicamente. Estedesenvolvimento não tem sido, regra geral,acompanhado de igual desenvolvimento aonível da gestão, manutenção e conservaçãodos equipamentos.

A rega é hoje utilizada não só como veículode satisfação das necessidades em água dasculturas, como tambem veículo para outrasaplicações, aplicação de agro-químicos porexemplo. Esta multifuncionalidade da rega edos sistemas de rega pode ter, quando nãogerida de uma forma racional, implicaçõesmais ou menos graves ao nível ambiental.

Em Portugal não tem, salvo algumasiniciativas sectoriais, sido hábito discutir otipo de problemas apresentados. Tendoconsciência disso, considerou-se oportunoorganizar um Congresso sobre Rega eDrenagem, que tem, como principal objectivo,reunir utilizadores da rega e discutirproblemas, soluções, e apresentar ideias que,de algum modo, possam contribuir para amelhoria de um sector estratégico como é aagricultura de regadio.Neste

COTR informa -Descalvel sobrea cultura do

Algodão

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O COTR, além de disponibil izar os dadosmeteorológicos do Alentejo, com base em 10Estações dispersas nesta região, passou adisponibilizar também os dados meteorológicos doAlgarve na internet.

Os dados disponibilizados provém de 9 Estaçõesagro-meteorológicas pertencentes à DirecçãoRegional do Algarve. Este trabalho está englobadono projecto Interreg IIIA - “OptimizaciónAgronómica y Medioambiental del Uso del Agua deRiego”.

SAGRA-Sist. Agrometeorológico para a Gestão da Rega no AlentejoSAGRA - Sist. Agrometeorológico para a Gestão da Rega no Alentejo

SAGRAEngª. Marta Santos

Eng. Jorge MaiaO COTR Disponibiliza dadosMeteorológicos do Algarve

Figura 1 – Página web

Para aceder aos dados é necessário registar-se, veja como em:

http://www.cotr.pt/sagralg/

O SAGRALG - Sistema Agrometeorológicopara a Gestão da Rega no Algarve ofereceo acesso a um conjunto de relatórios sobre aevolução das condições meteorológicas daregião ao longo do ano agrícola para asseguintes estações meteorológicas:

- Alcantarilha - Alte- Arrochela- Cacela- Maragota

O MOGRALG - Modelo de Gestão daRega para o Algarve dá acesso a umcalendário de rega segundo a metodologiaproposta pela FAO.

- Messines - Norinha - Patacão - Tavira

FormaçãoEngª. Cristina Lourenço

Área da FormaçãoÁrea da Formação

Os tecnicos das Áreas da Assistencia Técnica, daExperimentação e do SAGRA, têm vindo a colaborarcom outras instituições (IDRHa, CONFAGRI, CAP,DRAALG, etc.) nas Acções de Formação "Reduçãoda Lixiviação dos Agro-químicos para os Aquíferos".

Técnicos do COTR colaboram comAcções de Formação da Redução daLixiviação dos Agro-químicos para osAquíferos Os módulos monitorados pelos técnicos do COTR

estão relacionados com a Gestão da Rega,nomeadamente, a água no solo, as necessidadeshídricas das culturas e equipamentos de rega.

Desde a implementação da medida Agro-Ambientalque está na base da criação desta Acção deFormação, os técnicos do COTR monitoraram 98horas de formação.

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Utilização de Recursos Hídricos NãoConvencionais

O COTR em colaboração com a Faculdade deEngenharia dos Recursos Naturais da Universidadedo Algarve irá promover uma Acção de formaçãoem "Util ização de Recursos Hídricos NãoConvencionais". Esta acção pretende proporcionaraos interessados conhecimentos e ferramentas sobrea gestão dos recursos hídricos não convencionais(águas residuais, águas salinas); tratamento,regeneração e melhoria da sua qualidade e dos seusefeitos; e sua reutilização na Rega e Fertilização

A data provável para a Acção de Formação seráJaneiro de 2006. Esteja atento à página Web doCOTR.

Acção de formação: "Estações deBombagem para rega"

A rega no Alentejo cobre actualmente uma áreasuperior a 100 000 ha (cerca de 47000 ha de regadioscolectivos e cerca de 60 000 ha de regadiosindividuais), não incluindo os cerca de 110 000 haque serão postos em marcha a partir doEmpreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva - EFMA.

De acordo com as estimativas existentes, os 60 000ha de regadios individuais são, em 99 % dos casos,regados em pressão, enquanto que os 110 000 haabastecidos a partir do EFMA serão na totalidadesob pressão.

CURSO DE FORMAÇÃO PÓS- GRADUADA"Conservação do Solo e da Água no Regadio

do Alentejo"

Decorreu de 11 de Fevereiro a 3 de Junho o Curso deFormação Pós- Graduada "Conservação do Solo e daÁgua no Regadio do Alentejo" Este curso foi umaparceria do COTR com a Universidade de Évora econtou com a participação de 30 técnicos provenientesde entidades estatais e privadas.

Na génese deste Curso de Formação estiveram váriosprojectos de I&D cujo objectivo central foi o decontribuir para o desenvolvimento de um conjunto detécnicas conjugadas da rega, drenagem e conservaçãodo solo e da água, constituindo uma tecnologiahidroagrícola que garanta o uso sustentado, emregadio, de alguns dos solos mais representados naárea do Alqueva, os quais apresentam condicionantesgraves do seu uso hidroagrícola.

ACÇÕES DE FORMAÇÃO FUTURAS

Esta constatação significa que, a generalidadedos regadios do Alentejo são abastecidos a partirde estações de bombagem com configuraçõese dimensões bastante variadas.

Por estas razões, o peso da componenteenergética no custo final do produto, e comotal, no rendimento do empresário agrícola, temum peso significativo.

Dos trabalhos que o COTR tem vindo a realizarconstata-se que, a grande maioria das estaçõesde bombagem privadas funcionam menos bem,já que há problemas ao nível dodimensionamento, da gestão, da manutençãoe conservação, agravando, por este motivo, orendimento do empresário agrícola.

Tendo em conta estes problemas, o COTR iráorganizar uma acção de formação destinada atécnicos e agricultores sobre o tema - Estaçõesde Bombagem para Rega.

Para a organização desta acção, o COTR contacom a colaboração dos diversos fabricantes/fornecedores de grupos de bombagem pararega.

A data provável para a Acção de Formaçãoserá novembro de 2005. Esteja atento à páginaWeb do COTR.

Pretendeu-se fazer deste Curso um veiculo através doqual se transferissem as tecnologias apreendidas,oferecendo, aos técnicos empenhados nodesenvolvimento do regadio do Alentejo, umaoportunidade para actualização de conhecimentos eformação avançada, tornando possível o contacto comtecnologias inovadoras, incorporando práticasconservativas do solo e da água que, por certo poderãocontribuir para a sustentabilidade do regadio no Alentejo.

A contabilização do n.º de horas neste Curso de formaçãopós-Graduada foi realizada de acordo com o estabelecidopela Declaração de Bolonha que estabeleceu um novosistema de créditos curriculares - ECTS (european credittransfer system). O o n.º de horas do presente curso foi:Formação em sala: 49 horas - 4 ECTSTrabalhos Projecto: 45 horas - 4 ECTSAvaliação de Conhecimentos: 45 horas - 4 ECTSA quem concluiu todas estas fases com aproveitamento,foram totalizados 139 horas de formação, o equivalentea 6 ECTS.

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Centro Operativo e de Tecnologia deRegadio

Quinta da Saúde, Apartado 354,7801-904 Beja

Tel: 284 321 582 Fax: 284 321 583

COTR Informa

Autor: COTREditor: COTRDesign Gráfico: COTRImpressão:amdbejaTiragem: 500 www.cotr.pt

FEOGA

1º Congresso Nacional de Rega e Drenagem5, 6 e 7 de Dezembro de 2005

O COTR, Centro Operativo e de Tecnologia de Regadio em conjuntocom o Departamento Engenharia Rural - ISA, DepartamentoEngenharia Rural - UE, Dep. Tecnol. Solo, Água e Matemática Aplicada- ESAB, Instituto de Desenvolvimento Rural e Hidráulica - IDRHa,Comissão Nacional de Irrigação e Drenagem - CNICID, SecçãoEspecializada de Engenharia Rural - SCAP e Empresa de Desenv. e deInfraestruturas Alqueva - EDIA (Comissão Organizadora), vai organizarem Beja, de 5 a 7 de Dezembro, no auditório do NERBE, o I CongressoNacional de Rega e Drenagem.

Este congresso tem como principal objectivo, reunir utilizadores darega e discutir problemas, soluções, e apresentar ideias que, de algummodo, possam contribuir para a melhoria de um sector estratégicocomo é a agricultura de regadio.

Quaisquer informações sobre o congresso podem ser obtidos na página webdo COTR:

http://www.cotr.pt/informacao/web2/CRD1.htm

ou dirigir-se ao Secretariado do Congresso através de: [email protected]: 284321582 Fax: 284321583Correio: Quinta da Saúde, Apartado 354

7801-904 Beja

TEMAS:

1) - Hidrologia Agrícola:- Moderador: Profª. Isabel Ferreira - ISA

2) - Ambiente e Qualidade da Água– Moderador: Engª. Teresa Avelar - Auditora do Ambiente- Orador Convidado: Prof. Luís Santos Pereira - ISA

3) - Engenharia da Rega e da Drenagem– Moderador: Prof. Serralheiro - UE- Orador Convidado: Eng. Gonçalo Leal - IDRHa

4) - Gestão da Rega – Moderador: Prof.José Luis Teixeira - ISA- Orador Convidado: Eng. Pedro Serra - Águas de Portugal

5) - Economia da Água– Moderador: Prof. Carlos Marques - UE- Orador Convidado: Prof. Carlos Noeme- ISA

PATROCÍNIOS:

Hidroprojecto

INSCRIÇÕES

Normal Estudantes*Ate ao dia 30/09/2005 200• 110•Do dia 30/9/2005 a 20/11/2005** 250• 160•

A inscrição inclui: documentação, café, recepção, três almoços ejantar de encerramento.

(*) Apenas são considerados os estudantes até ao nível do graude licenciatura (com apresentação de comprovativo).

(**) A organização não garante a entrega da documentaçãoimpressa para as inscrições após de dia 1/11/2005

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DestacávelCOTR

Boletim informativo do Centro Operativo e de Tecnologia de Regadio

Informa Destacável Junho 2005

CULTURA DO ALGODOEIRO(GOSSYPIUM HIRSUTUM L.)

"ESTUDO DA ADAPTAÇÃO DA CULTURA DO ALGODOEIRO À ÁREA DE INTERVENÇÃO DOREGADIO DO ALQUEVA"*

Amaro, J. A.T.1 ; Semedo, J. M.1; Boteta, L.2

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INTRODUÇÃO

Ao encerrar os trabalhosrelativos ao projecto PEDIZAem epígrafe pretendemos, demodo sintético, indicar osmotivos que levaram àexecução do projecto, osobjectivos do mesmo, asacções desenvolvidas e asilações retiradas no querespeita à adaptação econdução da cultura, aorendimento e qualidade dasramas produzidas, aosfactores adversos e àviabilidade económica daprodução de algodão.

HISTORIAL

A cultura do algodoeiro, pelointeresse que a sua fibra tempara o fabrico de tecidos, é

conhecida e apreciada desdea antiguidade.

Foi introduzida na PenínsulaIbérica pelos árabes, no valedo rio Guadalquivir onde aindase mantém, nos séculos IX ouX (Carvalho, 1996).

Em Portugal tem havido váriastentativas de introdução dacultura sem sucesso,remontado a primeira aoprimeiro quartel do século XIX,seguindo-se outras, nomea-damente, em 1953; 1960;1975 (Pereira, 1978) eactualmente a partir do ano2000.

Fase actual

Em finais do ano de 1998 poriniciativa do CITEVE - Centro

1Técnicos da estação Agronómica Nacional –2Técnicos do Centro Operativo e Tecnologia de Regadio

Tecnológico das IndústriasTêxtil e do Vestuário dePortugal, ponderou-se apossibilidade de se fazer umanova e actual experimentaçãosobre a cultura do algodoeiro,tendo em consideração asnecessidades da indústriatêxtil, visto que importa todasas ramas que labora, osavanços tecnológicos,particularmente no campo domelhoramento varietal e damecanização da cultura, e aentrada em funcionamento doEmpreendimento de FinsMúltiplos de Alqueva com airrigação de vastas áreas doAlentejo. Nesta perspectiva foifeito um projecto de curtaduração (2000 e 2001) paraavaliar, essencialmente, aqualidade das ramas (fibras) ea adaptação varietal que foifinanciado pelo programa

PPPPPROJECTOROJECTOROJECTOROJECTOROJECTO PEDIZA II PEDIZA II PEDIZA II PEDIZA II PEDIZA II NNNNNº 2002.64.002133.9º 2002.64.002133.9º 2002.64.002133.9º 2002.64.002133.9º 2002.64.002133.9

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PEDIZA I. Verificando-se quequalquer dos objectivos serevelava satisfatório ou mesmobom (particularmente o ano de2001 decorreu bem), avançou-se para um novo projecto,incidindo sobre as técnicas decondução da cultura, que foifinanciado pelo programaPEDIZA II, executado nos anosde 2002; 2003 e 2004 que é onosso tema.

OBJECTIVOS

Verificar a adaptabilidade dacultura do algodoeiro àscondições edafo - climáticas daárea de intervenção do regadiode Alqueva, particularmente doAlentejo interior e monitorizara qualidade das fibrasproduzidas, tendo em vista asua utilização pela indústriatêxtil. Nesta perspectiva darcontinuidade aos estudos deadaptação varietal iniciados navigência do Projecto Pediza I,elegendo para estudo, materialvegetal de ciclo curto,preferencialmente de origemespanhola, por ter sidomelhorado no sentido de seadaptar a regiões comcondições ambientais que têmalgumas semelhanças com asdo nosso local de instalação econdução dos ensaios decampo.

Executar estudos de técnicasculturais, particularmente defertilização azotada, oportu-nidades de sementeira edotações de rega, a fim deeleger as mais propícias aoenquadramento do ciclovegetativo e produtivo dacultura na época mais quentedo ano, condição essencial parao seu êxito.

Simultaneamente fazer oacompanhamento fisiológicopara conhecimento dasreacções das plantas às

condições de cultura e oacompanhamento fitossanitárioda cultura para protecção damesma e registo de pragas,doenças e outras eventuaisanomalias.

ACTIVIDADES REALIZADAS

As actividades desenvolveram-se no âmbito dos ensaios decampo que decorreram naHerdade dos Lameirões, centroexperimental do Baixo Alentejoda Direcção Regional deAgricultura do Alentejo,concelho de Moura, freguesiade Safara, numa situação devale aberto, junto a uma linhade água, em solo do tipo:Incipiente - AluviossolosModernos (A), de texturafranca - argilo - limosa.

ENSAIOS executados eRESULTADOS obtidos noconjunto dos Três Anos

Adaptação de variedades

Foram avaliadas setevariedades de algodoeiro(Gossypium hirsutum L.) deciclo curto(Tabladilla 16, Reina,Tauro, Essa 101, Essa 102,Essa 103, Essa 03-01),provenientes de Espanha, emensaios anuais delineadossegundo um desenhoexperimental de "BlocosCasualizados".

Resultados globais:

A Floração ocorreu, em termosmédios, entre os 59 e os 65dias após a sementeira.

Maturação - A abertura dasprimeiras cápsulas madurasocorreu, em média, entre os133 e os 145 dias após a

sementeira o que não significaque estivessem reunidas ascondições para se proceder àcolheita. Dum modo geral operíodo de maturação foidilatado devido à falta detemperaturas convenientes,sucedendo mesmo que amaturação não secompletasse, como foi o casodo ano de 2002 em que sócerca de 10% da produçãoamadureceu.

Produções - O compor-tamento das variedades, emtermos de produção, foivariável de ano para anodevido às variações climáticas(a produção média de 2002 foide 381 Kg.ha-1, cerca de 10%da produção esperada tendoem consideração o nº decápsulas formadas, e a de2004 de 3 368) porém, noconjunto, não se verificamdiferenças estatisticamentesignificativas entre elas epodemos afirmar que todasrevelaram boa adaptação comdestaque para as variedades:ESSA 03-01; ESSA 102;TAURO e ESSA 101. Opotencial produtivo dasvariedades pode atingir maisde 3 500 Kg.ha-1, desde queas condições edafo - climáticassejam favoráveis.

Figura 1 – Floração do Algodão

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Rendimento e Qualidade daFibra - O Rendimento (% aodescaroçamento) médio dasvariedades, no triénio, foi de36%, valor normal econsiderado bom. A qualidade(Análise detalhada do algodãoem rama - HVI) em termosgerais também foi boa.

TÉCNICAS CULTURAIS

Niveis de adubação azotada

Tendo em consideração oselevados teores de Fósforo ePotássio existentes no solo,revelados pelas respectivasanálises, optou-se por avaliarapenas o efeito do azoto.

Nesta perspectiva compa-raram-se os seguintes níveisde Azoto (N): 0 U.F. de N(testemunha); 20 U.F. de N;40 U.F. de N; 60 U.F. de N; 80U.F. de N e 100 U.F. de N.

Os ensaios foram delineadossegundo um desenhoexperimental de "BlocosCasualizados" com quatrorepetições e utilizou-se avariedade Essa 101.

Resultados globais:

Floração e Maturação - Ambosos estádios foram atingidosdentro dos períodos econdicionalismos citados parao caso das variedades, contudohá a notar que se verificaramvariações relacionadas com osníveis de azoto. As plantassujeitas aos níveis mais baixos(0 e 20 U.F.) anteciparam oinício da floração e damaturação cinco a sete dias eas que receberam os níveismais altos (60 e 100 U.F.)retardaram os estádios,também de cinco a sete dias.

Produções - Estas variaramcom os anos e, obviamente,com os níveis de fertilização,revelando-se os níveis de 40e 60 U.F. de N os maisinteressantes como indicativobase para a fertil izaçãoazotada. Necessariamente afertilização depende da texturado solo, do teor deste emnutrientes, revelado pelasrespectivas análises, dascondições meteorológicas, dométodo de fornecimento e dosistema de rega utilizado.Qualquer sugestãoeventualmente expressa,obtida em local diferentedaquele em que se trabalha,deve considerar-se meramenteindicativa.

Rendimento e Qualidade daFibra - O Rendimento (% aodescaroçamento) médio dasmodalidades, no triénio, foi,tal como nas variedades, de36%, valor normal econsiderado bom. A qualidade(Análise detalhada do algodão

em rama - HVI) em termosgerais também foi boa,contudo os níveis de 40 U.F. e60 U.F. de azoto foram os queproduziram fibras comcaracterísticas tecnológicasmais equilibradas, cita-se comoexemplo o índice "Micronaire"(finura das fibras) que são maisgrossas nos níveis mais baixose mais finas nos níveis maisaltos.

Datas conjugadas com densidades desementeira

Executaram-se sementeirasentre 26 de Março e 21 deMaio, em datas espaçadas cercade sete dias, conjugadas comduas densidades de sementes,25 e 15 sementes por metrolinear. As sementeiras feitas emMarço e Abril foram cobertascom plástico para conseguir atemperatura de germinação,atendendo a que atemperatura ambiente não erasuficiente. Esta prática favorece

Figura 2 –

Figura 3 –Campo após sementeira

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a germinação e acelera o ciclovegetativo se as temperaturasem Abril forem amenas e nãohouver muita precipitação, casocontrário as plantas param ocrescimento e só sedesenvolvem e crescemquando as temperaturas deMaio lhes forem favoráveis. Ouso do plástico, tendo emconsideração os custos queacarreta quer na aquisição,instalação e vigilância a queobriga para execução daperfuração, em sincronia comas temperaturas ambiente e ocrescimento das plantas querna sua remoção e destruição,e as, eventuais, fracasvantagens que possibilita, nãoé recomendável.

Resultados globais:

Os resultados obtidosmostram que o melhorperíodo para a sementeiradecorre, normalmente, daúltima semana do mês de Abrilaté cerca do dia 20 do mês deMaio.

Quanto às densidades desementeira avaliadasconfirmou-se que a maior (25sementes/m), usada na culturadestinada a ser colhidamecanicamente, é a maiseficaz.

Dotações de Rega

Foi instalado e monitorizadoum ensaio para o estudo dainteracção entre diferentesdisponibilidades hídricas paraa cultura do algodão. Ostratamentos de rega ensaiadosforam:

- 100% - Das necessidadesem água (Dotaçãomáxima)

- 75% - Das necessidadesem água (Dotação média)

- 50% - Das necessidadesem água (Dotação mínima)

O cálculo das necessidades deágua na cultura do algodão foiefectuada de acordo com ametodologia da FAO, e apóster sido determinada a ETo paraa região abrangida peloprojecto, de acordo com osdados meteorológicos daEstação automática instaladanesta herdade.

O balanço hídrico do solo foideterminado pelo métodocapacitivo recorrendo para oefeito a uma sonda enviroscan(Sentek Pty, Austrália). Foiinstalado um tubo de acesso àsonda, após a emergência doalgodão, posicionado na linhade sementeira. A monitorizaçãodo teor em água no solo foiefectuado com medições comuma frequência horária. Parao efeito seleccionaram-se 6profundidades - 0.10, 0.20,0.30, 0.40 e 0.60 m - para oregisto dos sensores.

A rega foi efectuada pelosistema de gota-a-gota, comgotejadores distanciados entresi de 0.2 m e com um débitode 1 l.h-1. De forma seremfornecidos os três níveis dedotação de rega, em talhõesdistintos, foram colocadoslaterais de rega nas entrelinhasde forma a debitar 100 % (D1),75 % (D2) e 50 % (D3) dasnecessidades em águaestimadas para aquele local.

Resultados globais:

As diferentes dotações de regainfluenciam a produção dealgodão. De todos ostratamentos testados, adotação que satisfaz asnecessidades máximas dacultura é aquela em que seobtêm menores rendimentos.Neste tratamento (D1) acultura esteve sempre emconforto hídrico sem qualquertipo de stress, o que foiexpresso pelo seu maiordesenvolvimento vegetativo,em detrimento à formação decápsulas, relativamente àsrestantes dotações de rega.

Para esta cultura, a conduçãoda rega deve ser feita de formaa induzir um stress hídricocontrolado a partir da faseintermédia, o que ocorrenormalmente a partir de Julho.

Figura 3 –Equipamento instalado no campo: a) logger e b) tubo de acesso àSonda enviroscan.

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A decisão do corte da rega éum factor fundamental para osucesso desta cultura. Assimeste deve acontecer, para umano normal, nos finais deAgosto. Nesta altura aformação de cápsulasprodutivas está concluída e énecessário que estasamadureçam e que seencontrem em condiçõesóptimas para a colheita antesdas chuvas Outonais.

Acompanhamento fisiológico

O objectivo primordial destetrabalho consistiu nadeterminação de parâmetrosfisiológicos ligados àprodutividade, em especial afotossíntese e a transpiração.

Procurou-se testar a adaptaçãode quatro variedades dealgodoeiro (Gossypiumhirsutum L.), de ciclovegetativo curto, às condiçõesedafo-climáticas do Alentejointerior assim como a pesquisade diferenças genotípicas, aonível de alguns parâmetrosfotossintéticos, em condiçõesde boa hidratação. Foi tambémavaliado o comportamentofisiológico da variedade Essa101, sujeita a diferentes Níveisde Fertilização Azotada.

Metodologia:

As determinações foramrealizadas durante o verão(Julho), em plantas com trêsmeses de idade.Foram comparadas ascultivares Essa 101, Essa 102,Tauro e Tabladilla, de forma aavaliar as diferenças geno-típicas entre cultivares. Foiquantificada a variação diurnadas trocas gasosas da cultivarEssa 101 e avaliando ocomportamento fisiológico dacultivar a diferentes Níveis deFertilização Azotada.

A cultura foi regada comregularidade durante o ciclocultural, em especial durante operíodo do verão onde asexigências hídricas forammaiores devido às elevadastemperaturas registadas.

A Fotossíntese Liquida (PN) ,Transpiração (E), Tempera-tura(T), Humidade Relativa(HR), Radiação FotossintéticaActiva (PAR), foram determi-nadas sobre condiçõesnaturais, usando um sistemaportátil de trocas gasosas porinfravermelhos (LI-6200 da LI-COR, Lincon USA). A avaliaçãodo estado hídrico da planta foiobtido através do Potencialhídrico (?), determinado porcâmara de pressão), usandotrês folhas destacadas porplanta, de acordo comScholander et al.(1965). Asmedições foram realizadas dapré-alvorada ao inicio da tarde,em folhas individuais adultas,sendo as determinaçõesdiurnas efectuadas em folhasexpostas à luz.

Os valores de condutânciaestomática (Gs) foram obtidasutil izando um porómetro(Cayuga, modelo VP 1C ). Adeterminação do teor declorofilas foi realizado deacordo com o método deLichtenthaler (1987), ligeira-mente modificado. A clorofilafoi extraída em metanol a 90%,usando 3 discos foliares de 1cm2 cada. Os resultados foramanalisados recorrendo a valoresestatísticos de médias e errosda Microsoft Excel 2000 /Microsoft Windows Me.

Resultados globais:

Numa análise global dafotossíntese líquida média,medida no campo ao longo dodia, não se verificaramdiferenças significativas entreas variedades, Essa 101 e 102,

Tabladilla e Tauro. Pode-se noentanto destacar que navariedade Tauro os valores defotossíntese não decresceramna fase mais quente do dia.

No que se refere à condutânciaestomática e à transpiração, asvariedades Essa 101 e 102apresentam valores maisbaixos. Os teores de clorofilasnão apresentam diferençasentre as quatro variedades.No ensaio onde foramcomparados diferentes níveisde adubação azotada, verificou-se que a fotossíntese líquidamédia foi melhor nasmodalidades de 40 U.F. de N ede 60 U.F. de N, ficandopatente que elevados níveis deadubação não representamnecessariamente melhoresdesempenhos fisiológicos.

As modalidades com 40 U.F.de N e 60 U.F. de N apresentamos melhores valores decondutância estomática e detranspiração.

Ao comparar os teores declorofila, verificou-se que asmodalidades com 80 U.F. de N

Figura 5 – sistema portátil detrocas gasosas por infravermelhos

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e 60 U.F. de N são as querevelam valores maiselevados.

As análises foliares, dasdiferentes modalidades deFertilização Azotada per-mitiram estabelecer a relaçãoentre as taxas de fotossíntesee quantidade de azoto nasfolhas, verificando-se umacorrelação positiva. Tambémse verificou uma correlaçãopositiva entre a área foliar equantidade de azoto presentenas folhas.

A c o m p a n h a m e n t oFitossanitário

Anualmente, no decurso dosensaios de campo, desde o15º - 20º dia após aemergência das plantas até 10- 15 dias depois das cápsulasestarem formadas, foramfeitos tratamentos fitossa-nitários, essencialmente, cominsecticidas, a intervalos de 15dias, para prevenção deataques de pragas. Porémsurgiram, todos os anos,algumas lagartas das espéciesHeliotis armigera (lagarta dosbotões) e Earias insulana(lagarta espinhosa) cujosdanos foram insignificantes.Em Agosto de 2003 surgiuuma praga de afídeos queobrigou a tratamentossuplementares mas que foidebelada sem causar danosdignos de registo.

Quanto a doenças, apenas seregistou, em 2004, umainfecção de Fusarium sp., emmanchas dispersas pelocampo dos ensaios quecausaram a morte em plantasmuito jovens, ainda comfolhas cotiledonares.

O Fusarium não é um fungoespecífico do algodoeiro oude qualquer outra culturamas sim um fungonormalmente presente nosolo que se manifestasempre que ocorremcondições favoráveis ao seudesenvolvimento e cujocombate é algo difícil.

Resultados globais:

Apesar da situação atrásdescrita ser bastante suave éimportante não descurar avigilância sobre a cultura,particularmente no querespeita a pragas porque acultura em apreço é bastanteapetecida por numerosaspragas cujo risco de presençaaumenta se aumentar a áreacultivada.

Infestantes

As infestantes cuja presençafoi mais intensa nalgumasmanchas do campo deensaios, foram a Beldroega(Portulaca oleracea), aFigueira-do-inferno (Daturastramonium) e a Grama(Cynodon dactylon). As duasprimeiras foram facilmentecontroladas pelo herbicida

incorporado no solo em présementeira. A grama foi dedifícil controlo, nas manchasonde surgiu, obrigando àexecução de sachas manuaisque, obviamente, nãodebelaram totalmente ainfestante dadas as suascaracterísticas intrínsecas.

CONCLUSÕES GERAIS

Face aos resultados obtidosnas acções realizadas,podemos concluir que, emtermos gerais, a cultura nãoapresenta dificuldades deadaptação quer no querespeita ao crescimento edesenvolvimento vegetativosquer no que respeita a técnicasculturais. As produções, osrendimentos em fibra e aqualidade das mesmas sãobastante aceitáveis, mesmoboas. Não se verificaramproblemas sanitários gravesquer de pragas quer dedoenças, nem outrosproblemas culturais.

O grande problema que acultura enfrenta respeitasimplesmente à variabilidadedo clima que é sub marginalpara a cultura, de acordo com"o método EHMNP

Figura 1 – Floração do Algodão

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(abreviatura em inglês deequivalente horária de máximafotossíntese líquida),estabelecido para a cultura doalgodão na Califórnia" e queaplicado por A. Martins,(Universidade de Évora, 1990)à Península Ibérica, revela quesó a Andaluzia (região deCórdova - Sevilha) satisfaz asexigências térmicas da cultura- mínimo de 820 EHMNP. Asregiões portuguesas de Elvase Moura (as que atingemvalores mais altos de EHMNP:750) são sub marginais porficarem muito aquém daquelelimite.

No nosso país as Primaverassão incertas, pois podem serchuvosas e frias até meados domês de Maio ou secas emornas. No primeiro caso, levaa fazer as sementeiras no fimde Maio, portanto játardiamente, sendo muitodifícil conseguir a maturaçãoantes das primeiras chuvas deOutono que normalmente sãoacompanhadas de decréscimodas temperaturas queretardam ou impedem amaturação das fibras. Nasegunda hipótese podesuceder que o fim do mês deMarço e o princípio de Abril seapresentem favoráveis àsementeira, embora astemperaturas nocturnas sejambaixas, obstáculo que se podecontornar usando cobertura deplástico com os inconvenientesdaí decorrentes, mas o maisprovável é que as três semanasrestantes, do mês em questão,sejam chuvosas e frias levandoa que as plantas não cresçamaté que as temperaturas lhessejam favoráveis ou, no casode chover muito e o soloencharcar, não germinem porapodrecimento das sementes egerminando morram porasfixia radicular. É uma decisão

bastante arriscada. Se nadadisto acontecer as coisas sócorrerão de modo satisfatóriose as temperaturas foremrelativamente elevadas, istoé, se a temperatura do solofor superior a 13-14º C.,assim não acontecendo asplantas mantêm-se"amuadas", até que astemperaturas lhes sejampropícias.

A melhor solução será a deenquadrar, tanto quantopossível, a cultura entre 10-15 de Maio e 15-20 deSetembro, porém asoscilações térmicas diurnas,particularmente do mês deJulho e da primeira quinzenade Agosto, normalmenteprovocam paragens decrescimento edesenvolvimento das plantas,dilatando o ciclo vegetativoe inviabilizando o objectivoda sua conclusão em quatromeses. No decurso de cincoanos de experimentação(Pediza I e Pediza II) nãoatingimos o objectivo deconseguir o cumprimento dociclo vegetativo em 120 dias.Nos anos de 2001 e 2004 acultura atingiu a maturação,isto é, completou o ciclo semproblemas, mas com muitomais de 120 dias (160-170dias), porque o mês deSetembro e a primeiradécada de Outubro, dessesanos, foram secos e mornos.

A cultura, em termoseconómicos, é uminvestimento de muito riscoou mesmo inviável nascondições climáticas doAlentejo que à partida seriaa região mais propícia, vistoque, normalmente, osomatório de temperaturas ede horas de insolação nãoatinge o mínimo necessárioao cumprimento do ciclo

vegetativo da cultura,contudo referimo-nos,essencialmente, àscondições do local ondeforam feitos os ensaios, oque não exclui apossibilidade de existiremsituações de microclimasmais uniformes quefavoreçam a cultura querno Alentejo quer noutrasregiões do país,nomeadamente na BeiraInterior.

BIBLIOGRAFIA

Carvalho, P. Pereira.Manual do Algodoeiro.Lisboa, Ministério daCiência e da Tecnologia,Instituto de InvestigaçãoCientífica Tropical, 1996,261p.

Martins, A. Antunes. ACultura do Algodão e oClima da PenínsulaIbérica. TecnologiasAgrárias, Revista deResumos, Lisboa, INIA, 8,1990, p. 2-6.

Pereira, J. Rodrigues. ACultura do Algodão -Variedades emE x p e r i m e n t a ç ã o .C o m u n i c a ç ã oApresentada no ColóquioVI realizado na EstaçãoAgronómica Nacional em24 de Novembro de 1978,OEIRAS, 1978, 20 p.

Oliveira, I (2003).Monitorização da água nosolo – ConsideraçõesGerais. Centro Operativoe de Tecnologia deRegadio, Guia de Rega.Beja, 35 pp.

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Programa Operacional Regional do AlentejoEixo IVDesenvolvimento Integrado da Zona do Alqueva – PEDIZA II

Medida 4 – Desenvolvimento Agrícola e RuralAcção 2 – Dinamização do Novo Modelo Agrícola Associado ao EFMASubacção 2.2 – Experimentação e Demonstração de Novas Práticas Culturais Relacionadas com o Regadio

FEOGA

Data de inicio - 2 DE ABRIL DE 2003

Data de fim - 1 DE ABRIL DE 2005

INSTITUIÇÕES INTERVENIENTES

INIAP/EAN - Estação Agronómica Nacional do Instituto Nacional de Investigação Agrária

COTR - Centro Operativo e de Tecnologia de Regadio.

CITEVE - Centro Tecnológico das Industrias Texteis e Vestuário de Portugal

PPPPPROJECTOROJECTOROJECTOROJECTOROJECTO PEDIZA II PEDIZA II PEDIZA II PEDIZA II PEDIZA II NNNNNº 2002.64.002133.9º 2002.64.002133.9º 2002.64.002133.9º 2002.64.002133.9º 2002.64.002133.9Estudo da adaptação da cultura do Algodoeiro à área de intervençãodo regadio do Alqueva