12
Ilochnca 31 (I): 11-22, 22 fig., 2004 Cript6gamos do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, Sao Paulo, SP. Pteridophyta: 5. Dennstaedtiaceae Jefferson Prado I Rccebido: 19.11.2003: aceito: 09.02.2004 ABSTRACT - (Cryptogams of "Parque Estadual das Fontes do Ipiranga", Sao Paulo, SP. Pteridophyta: 5. Dennstaedtiaceae). In this paper are presented the data of the floristic survey of the family Dennstaedticeae in the "Parque Estadual das Fontes do Ipiranga". The family is represented in the area by five genera and II species. Lindsaea is the most representative genus with five taxa and three of them are endemic to southeast Brazil: L. bOlhrychioides St. Hil., L. quadranglilaris Raddi subsp. lerminalis K.U. Kramer and L. virescens Sw. var. virescens. Descriptions, comments, illustrations and identification keys for each studied taxa are also presented. Key words: Hisliopleris, Hypolepis, Lindsaea, Saccoloma RESUMO - (Cript6gamos do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, Sao Paulo, SP. Pteridophyta: 5. Dennstaedtiaceae). Neste trabalho sao apresentados os dados referentes ao levantamento floristico da familia Dennstaedtiaceae no Parque Estadual das Fontes do Ipiranga. A familia esta representada na area por cinco generos e II especies. 0 genero Lindsaea e o mais representativo com cinco taxons e tres deles sao endemicos do sudeste do Brazil: L. bOlh/ychioides St. Hil., L. quadrangularis Raddi Subsp.lerminalis K.U. Kramer e L. virescens Sw. var. virescens. Sao tambem apresentadas descric;:oes, comentarios, ilustrac;:oes e chaves para identificac;:ao de todos os taxons estudados. Palavras-chave: Hisliopleris, Hypolepis, Lindsaea, Saccoloma A fam it ia Dennstaedtiaceae foi anteriormente citada para a area do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga por Hoehne el 01. (1941). Neste trabalho os seus representantes encontram-se referidos como membros da familia Polypodiaceae sensu lola e foram citados dois generos (Lindsaea e Pteridium) e tres especies. De acordo com Kramer ( 1990), Dennstaedtiaceae e um grupo amplamente distribuido com muitas especies que ocorrem em regi6es de tlorestas e habitats alterados. No caso da area do PEFI, era de se esperar um numero maior de especies do que 0 que foi relatado por Hoehne el 01. (1941). Dessa forma, 0 presente trabalho teve como objetivo complementar 0 levantamento floristico anterior e atualizar a nomenclatura dos taxons ocorrentes na area. Material e rnCtodos o planejamento do estudo da presente tlora, bem como os dados referentes a localizayao, geomorfologia, clima e vegetayao do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga (PEFI), encontram-se descritos nos trabalhos de Melhem el 01. (1981) e Milanez el of. (1990). Os materia is estudados no presente trabalho encontram-se depositados nos herbarios do Instituto de Botanica - Herbario Cientifico do Estado "Maria Eneyda P. Kaulfmann Fidalgo" (SP) e no Herbario do Departamento de Botanica da Universidade de Sao Paulo (SPF). o material foi coletado e preparado de acordo com as tecnicas descritas por Fidalgo & Bononi ( 1984). Os taxons estao apresentados em ordem alfabetica de genero e, dentro de cada genero, em ordem alfabetica de especies. A chave para a familia Dennstaedtiaceae no PEFI foi publicada em Prado (2004). Resultados e Discussao Dennstaedtiaceae Plantas terrestres, as vezes epifitas ou hemiepifitas. Caule ereto ou decumbente, curto a longo- reptante, com tricomas ou escamas. Frondes eretas I. Instiluto de Botanica. Caixa Postal 4005. 01061-970 Sao Paulo. SP. Brasil. [email protected]

Cript6gamosdo ParqueEstadualdas Fontes do Ipiranga, Sao ...arquivos.ambiente.sp.gov.br/hoehnea/2016/12/311_T02_22_07_2015.pdf · Ilochnca 31 (I): 11-22, 22 fig., 2004 Cript6gamosdo

Embed Size (px)

Citation preview

Ilochnca 31 (I): 11-22, 22 fig., 2004

Cript6gamos do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, Sao Paulo, SP.Pteridophyta: 5. Dennstaedtiaceae

Jefferson Prado I

Rccebido: 19.11.2003: aceito: 09.02.2004

ABSTRACT - (Cryptogams of "Parque Estadual das Fontes do Ipiranga", Sao Paulo, SP. Pteridophyta: 5. Dennstaedtiaceae).In this paper are presented the data of the floristic survey of the family Dennstaedticeae in the "Parque Estadual das Fontesdo Ipiranga". The family is represented in the area by five genera and II species. Lindsaea is the most representative genuswith five taxa and three of them are endemic to southeast Brazil: L. bOlhrychioides St. Hil., L. quadranglilaris Raddi subsp.lerminalis K.U. Kramer and L. virescens Sw. var. virescens. Descriptions, comments, illustrations and identification keys foreach studied taxa are also presented.Key words: Hisliopleris, Hypolepis, Lindsaea, Saccoloma

RESUMO - (Cript6gamos do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, Sao Paulo, SP. Pteridophyta: 5. Dennstaedtiaceae).Neste trabalho sao apresentados os dados referentes ao levantamento floristico da familia Dennstaedtiaceae no ParqueEstadual das Fontes do Ipiranga. A familia esta representada na area por cinco generos e II especies. 0 genero Lindsaea eo mais representativo com cinco taxons e tres deles sao endemicos do sudeste do Brazil: L. bOlh/ychioides St. Hil.,L. quadrangularis Raddi Subsp.lerminalis K.U. Kramer e L. virescens Sw. var. virescens. Sao tambem apresentadas descric;:oes,comentarios, ilustrac;:oes e chaves para identificac;:ao de todos os taxons estudados.Palavras-chave: Hisliopleris, Hypolepis, Lindsaea, Saccoloma

Introdu~ao

A fam it ia Dennstaedtiaceae foi anteriormentecitada para a area do Parque Estadual das Fontes doIpiranga por Hoehne el 01. (1941). Neste trabalho osseus representantes encontram-se referidos comomembros da familia Polypodiaceae sensu lola e foramcitados dois generos (Lindsaea e Pteridium) e tres

especies.De acordo com Kramer ( 1990), Dennstaedtiaceae

e um grupo amplamente distribuido com muitasespecies que ocorrem em regi6es de tlorestas e habitatsalterados. No caso da area do PEFI, era de se esperarum numero maior de especies do que 0 que foi relatadopor Hoehne el 01. (1941). Dessa forma, 0 presentetrabalho teve como objetivo complementar 0

levantamento floristico anterior e atualizar anomenclatura dos taxons ocorrentes na area.

Material e rnCtodos

o planejamento do estudo da presente tlora, bemcomo os dados referentes a localizayao, geomorfologia,clima e vegetayao do Parque Estadual das Fontes do

Ipiranga (PEFI), encontram-se descritos nos trabalhosde Melhem el 01. (1981) e Milanez el of. (1990).

Os materia is estudados no presente trabalhoencontram-se depositados nos herbarios do Institutode Botanica - Herbario Cientifico do Estado "MariaEneyda P. Kaulfmann Fidalgo" (SP) e no Herbariodo Departamento de Botanica da Universidade de SaoPaulo (SPF).

o material foi coletado e preparado de acordocom as tecnicas descritas por Fidalgo & Bononi( 1984).

Os taxons estao apresentados em ordemalfabetica de genero e, dentro de cada genero, emordem alfabetica de especies.

A chave para a familia Dennstaedtiaceae noPEFI foi publicada em Prado (2004).

Resultados e Discussao

Dennstaedtiaceae

Plantas terrestres, as vezes epifitas ouhemiepifitas. Caule ereto ou decumbente, curto a longo­reptante, com tricomas ou escamas. Frondes eretas

I. Instiluto de Botanica. Caixa Postal 4005. 01061-970 Sao Paulo. SP. Brasil. [email protected]

12 Hoehnea 31 (I), 2004

ou escandentes, monomorfas a levemente dimorfas(a fronde fertil maior e com os segmentos maisestreitos); peciolo continuo com 0 caule, com 1,3 oumais feixes vasculares na base; lamina 1-4-pinada,pinatifida geralmente glabra ou pubescente; venayaoaberta ou parcialmente anastomosada. Sorosmarginais ou s bmarginais, formados na face abaxialda lamina, sobre as terminayoes das nervuras ou sobreuma comissura vascular, arredondados, alongados oulineares, com ou sem parafises; indusio de origemabaxial ausente ou se presente, em forma de tac;a oude bolsa, ou ainda 0 indusio formado pOI' um segmentoda margem da lamina revoluta e outro indllsio abaxial,menos desenvolvido; esporangios longo-pedicelados,

Chave para os generos

pedicelo como 1-3 fileiras de celulas; anulo longitudinal,interrompido pe10 pedicelo; esporos monoletes outriletes, sem clorofila.

Dennstaedtiaceae possui cerca de 18 generos e500 especies (Moran 1995). Na area do PEFI estarepresentada pelos generos Histiopteris, Hypolepis,Lindsaea, Pteridium e Saccoloma.

Trata-se de uma familia, cujos representantessao geralmente identificados como pertencendo itfamilia Pteridaceae. A presenc;a de indusio deorigem abaxial, as vezes rudimental', bem como osesporos monoletes, estes naqueles generos sem 0

indusio de origem abaxial, diferenciaDennstaedtiaceae de Pteridaceae.

I. Soros formados no apice de uma unica nervura2. Indusio formado pela margem da lamina recurvada e modificada, indusio abaxial ausente;

esporos monoletes Hypolepis2. Indusio formado pOI' uma porc;ao adaxial da lamina levemente modificada e pOI' uma porc;ao

abaxial bem desenvolvida, aderida Iateralmente SaccolomaI. Soros formados no apice de duas nervuras ou varias nervuras

3. Pinas au pinulas dilnidiadas Lindsaea3. Pinas ou pinulas nao dimidiadas, pinado-pinatifidas

4. Venac;ao aberta, nervuras simples ou furcadas; lamina coriacea Pteridium4. Venac;ao aberta ou parcialmente anastomosada; lamina cartacea Histiopteris

Histiopteris (J. Agardh) J. Sm.

Plantas terrestres. Cau Ie Iongo-reptante, comescamas e tricomas; frondes eretas a geralmenteescandentes; peciolo na base com escamas e tricomase glabro distalmente, com um feixe vascular na baseem forma de "C"; lamina 2-4-pinada, cartacea; pinasopostas a sub-opostas, sesseis ou subsesseis; venac;aoaberta ou parcialmente anastomosadas, com areolasjunto a costa e costulas, areolas sem venulas livresinclusas. Soros marginais, formados sobre umcomissura vascular que conecta 0 apice de variasnervuras; indusio formado pela margem da laminarevoluta e modificada, indllsio abaxial ausente; esporosmonoletes, elipsoidais.

Histiopteris e um genero que pode serfacilmente reconhecido pela lamina com nervurasparcialmente anastomosadas (areolas junto a costa ecostula) e com consistencia cartacea. Possui cincoespecies com ampla distribuic;ao mundial.

Histiopteris incisa (Thumb.) J. Sm., Hist. fil.: 295.1875.Basionimo: Pteris incisaThumb., Prodr. PI. Cap.: 171.1800.Figuras 1-3

Caule 0,5-1,0 cm diam., com tricomas e escamas,ambos castanho-escuros, escamas 0,3-0,4 cm compr.,tricomas 0,2-0,4 cm compr., catenuliformes. Frondeseretas a escandentes, 55-90 x 15-30 cm; peciolo 20-30x 0,4 cm, cilindrico, castanho-escuro a cor-de-cobre,brilhante, com tricomas e escamas na base, iguais aosdo caule, glabro distalmente; lamina deltoide, 2-pinado­pinatifida, cartacea, glabra em ambas as faces, glaucaabaxial mente; raque, castanho-escura a cor-de-cobre,brilhante, sulcada adaxialmente, glabra; pinas I-pinado­pinatifidas, sesseis ou subsesseis, opostas asub-opostas, perpendiculares a raque; pinulasperpendiculares a raquiola, sesseis, margens inteiras;venac;ao parcialmente anastomosada, com areolas

junto acosta e c6stula e nervuras livres, simples oufurcadas pr6ximas da margem da lamina.

Material examinado: 23-XII-1971, 0. Handro 2193(SPF).

Distribuic;;ao geografica: Sui do Mexico, America

Central, Antilhas, Colombia, Venezuela, Equador, Peru,Bolivia e Brasil. Ocorre tambem no arquipelago deJuan Fernandez, Sudeste da Asia, Africa, Nova

Zelandia e Tasmania.

De acordo com Moran (1995), e uma dasespecies de pterid6fitas mais amplamente distribufda

em todo 0 mundo.Distingue-se pelas pinas sesseis ou subsesseis,

glaucas na face abaxial e com nervuras parcial menteanastomosadas (Prado & Windisch 1996).

Na area do PEFI pode ser encontrada nas regi6esde baixada no interior da mata, em locais sombreados.

Hypo/epis Bernh.

Plantas terrestres. Caule longo-reptante, comtricomas; frondes eretas a escandentes; pecfolo liso aespinescente, na base com tricomas e glabrodistalmente, com gemas na base que se desenvolvemem rizoma, com mais de tres feixes vasculares na base;lamina 2-5-pinado-pinatffida, cartacea a subcoriacea;pinas alternas, pecioladas; venac;;ao aberta, nervurassimples ou furcadas. Soros marginais, arredondados,formados sobre a extremidade de uma unica nervura;indllsio formado pela margem da lamina revoluta emodificada, indusio abaxial ausente; esporosmonoletes, elipsoidais.

Segundo Moran (1995), Hypolepis e um dosgeneros menos estudados em pterid6fitas e variasespecies deverao ser descritas ainda. Ecomposto pOI'aproximadamente 50 especies e distribui-se nosneotropicos e regi6es temperadas meridionais.

Na area do Parque esta representado apenas pOI'Hypo/epis repens.

Hypo/epis repens (L.) C. Presl, Tent. Pterid.: 162.1836.Basionimo: Lonchitis repens L., Sp. PI. 1078. 1753.Figuras 4-5

Caule longo-reptante, 0,5-1,0 cm diam., comtricomas castanho-escuros, 0,2-0,4 cm compr.,catenuliformes. Frondes eretas a escandentes, 80-100x 30-40 cm; peciolo 20-30 x 0,3 cm, sulcado na faceadaxial, castanho-escuro a cor-de-cobre, com tricomas

1. Prado: Ptcrid6fitas do PEFI: Dcnl1staedtiaceae 13

na base, iguais aos do caule, glabro distalmente,esparsamente espinescente; lamina deltoide, 3-pinado­pinatifida na base e 2-pinado-pinatffida na porc;;aomediana e no apice, cartacea, pubescente em ambasas faces, tricomas catenuliformes dispostos apenassobre as nervuras, hialinos a castanho-claros; raquecastanho-escura a cor-de-cobre, sulcada adaxial­

mente, pubescente, tricomas semelhantes aos dalamina, esparsamente espinescente; pinas 1-2-pinado­

pinatffidas, pecioladas, alternas obliquas em relac;;ao araque; raqufola alada, ala formada pela base daspfnulas decorrentes; pfnulas obliquas em relac;;ao araqufola, sesseis, margens inteiras; venac;;ao aberta,nervuras simples ou furcadas; indllsio glabro.

Material examinado: 28-XI-I97I, 0. Handro 2185(SPF).

Distribuic;;ao geografica: Florida, SuI do Mexico,America Central, Antilhas, Colombia, Venezuela,

Guiana, Suriname, Guiana Francesa, Equador, Peru,Bolivia e Brasil.

Hypolepis repens pode ser reconhecida pelaraque com espinhos e pe10 indusio glabro. 0 unicoespecime coletado na area do PEFI esta esteril,entretanto todas as demais caracterfsticas concordamcom as de H. repens.

Cresce na margem da mata, em locais sombreados.

Lindsaea Dryand. ex Sm.

Plantas terrestres, raramente rupfcolas ouepffitas. Caule curto ou longo-reptante, com escamas;frondes eretas, monomorfas a levemente subdimorfas;pecfolo na base com escamas e glabro distalmente,com um feixe vascular na base em forma de "U" ou"V"; lamina inteira a 4-pinada, com ou sem uma pinaterminal conforme, cartacea a subcoriacea; pinas/pfnulas opostas a alternas, sesseis ou subsesseis, amaioria dimidiadas, as vezes arredondadas, com umanervura evidente no lade basiscopico da pina ou pfnula;venac;;ao aberta, nervuras simples ou furcadas, com aextremidade expand ida. Soros marginais, formadossobre a confluencia de duas ou mais nervuras unidaspor uma comissura vascular; indllsio abaxial presentee abrindo-se em direc;;ao a margem da pina ou pinula;esporos monoletes ou triletes.

Trata-se de 11111 genero com ampla distribuic;;aono neotropico e outras partes do mundo, como Asia,Africa, Australia e Oceania. Eum grupo complexo ecom cerca de 150 especies (Moran 1995).

14 Hoehnea 3 I (I), 2004

Chave para a especies de Lindsaea

I. Pina ou pinula apical reduzida nas frondes adultas, menores do que as pinas distais2. Lamina rigido-cartacea a subcoriacea; nervuras ocultas; pinas ou pinulas interias

....................................................................................................................................L. sfricfa var. sfricfa2. Lamina cartacea; nervuras visiveis; pinas 2-3 vezes incisas L. virescens var. virescem;

I. Pina ou pinula apical nao reduzida, maiores do que as pinas ou pinulas distais3. Pinulas medianas trapeziformes

4. Pinulas 2-2,5 vezes mais compridas que largas L. quadrangularis subsp. ferminalis4. Pinulas 3-3,5 vezes mais comprida que largas L. arCLwfa

3. Pinulas medianas semilunares ou arredondadas5. Pinulas medianas semilunares; lamina 2-pinada (raramente I-pinada) L. lancea var. lancea5. Pinulas medianas arredondas; lamina I-pinada L. botrychioides

Lindsaea arcuafa Kunze, Linnaea 9: 86. 1835.Figuras 6-7

Plantas terrestres. Caule curto-reptante,0,2-0,4 cm diam., com escamas lanceoladas,castanho-escuras, ca. 0, I cm compr. Frondes eretasmonomorfas, 70 x 20 cm; pecfolo castanho-escurona base e paleaceo distalmente, com escamas nabase, iguais as do caule, glabro distalmente, 42 x ca.0,2 cm; lamina 2-pinada, com uma pina terminalconforme, cartacea; raque paleacea, sulcada no ladoadaxial, sulcos continuos com a raquiola, glabra; pinas2 pares, oblongo-Ianceoladas, opostas a alternas,sesseis a curto-pecioladas, obliquas em relayao araque, 20-22 x 4-5 cm; pinulas reduzidas na base eapice das pinas, 3-3,5 vezes mais compridas quetargas, as maiores na poryao mediana da pina,trapeziformes, 2-2,5 x 0,5 cm, pinula apical inteira,livre, rombica, maior que as pinulas distais; venayaoaberta, nervuras simples ou furcadas, com aextremidade expand ida. Soros marginais, formadossobre uma comissura vascular; indusio continuo ouas vezes interrompido; esporos triletes.

Material exa inado: 3-VII-1950, 0. Handro s.n.(SP50611).

Distribuiyao geografica: Sui do Mexico, AmericaCentral, Grandes Antilhas, Colombia, Venezuela,Equador, Peru, Bolivia e Sudeste do Brasil.

Distingue-se pela lamina 2-pinada e pinulas 3-3,5vezes mais c mpridas que largas. Dentre as especiesque ocon'em na area de estudo e a que possui aspinulas de maiores dimensoes.

No PEFI e encontrada no interior da mata, emlocais sombreados e protegidos.

Lindsaea bOfrychioides St. Hil., Voy. Distr. Diam.1:379.1833.Figuras 8-9

Plantas terrestres. Caule curto-reptante,0,1-0,2 cm diam., com escamas lanceoladas,castanho-escuras, muito pequenas, ca. 0,05 cm compr.Frondes eretas monomorfas, conspicuamentecespitosas, 18-40 x 2-3 cm; pecfolo castanho-escuroa preto em toda sua extensao, com escamas na base,iguais as do caule, glabro distalmente, sulcadoadaxial mente e com duas projeyoes laterais ao sulcoe estas castanho-claras, 7-15 x ca. 0, I cm; laminaI-pinada, cartacea; raque preta a castanho­avermelhada na poryao distal, sulcada no lado adaxiale com duas projeyoes laterais ao sulco e estascastanho-claras, glabra; pinas 9-20 pares,arredondadas, alternas, curto-pecioladas, obliquas emrelayao a raque, 1-2,5 cm; pinas proximais naoreduzidas, pinas distais levemente reduzidas, pinaterminal delt6ide, base inequilateral, livre, maior queas distais; venayao aberta, nervuras simples oufurcadas, com a extremidade expand ida. Sorosmarginais, formados sobre uma comissura vascular;indllsio continuo ou as vezes interrompido nas pinasmaiores; esporos triletes.

Material examinado: 26-VI-1963, 0. Handro s.n.(SP46133); 21-11-1976, G Davidse & WG D'Arcy10-128 (SP).

Distribuic;ao geografica: Brasil (Minas Gerais, SaoPaulo, Rio de Janeiro, Parana, Santa Catarina e RioGrande do Sui).

Euma especie endemica das regioes Sudeste eSui do Brasil. Cresce no interior da Mata Atlantica.

J. Prado: Pterid6fitas do PEFI: Dennstaedtiaceae 15

Figuras 1-3. llisliopleris incisa (modificado de Prado & Windisch 1996). I. Parte de uma fronde fertil. 2. Dctalhc das ncrvuras na frondccsteril. 3. Dctalhc da pinula fertil. Figuras 4-5. Ilypolepis repens (Ilandro S. 11. , SPF67370). 4. Partc de uma lI'onde csteril. 5. Detalhe daraque COIll cspinhos. Figuras 6-7. Lindsaea arcliala (Ilandro S.I1.• SP5061 I). 6. lIabito. 7. Dctalhe das pinulas estercis. Figuras 8-9.L. bOI/)'chioides (Ilandro s.n., SP46133). 8. Ilabito. 9. Dctalhc das pinas eSlercis e lertcis.

16 Hoehnea J I (I), 2004

Caracteriza- e pela lamina I -pinada, pinasarredondadas, pinas proximais nao reduzidas e pelopeciolo e raque castanho-escuros a pretos. Estaespecie possui habito cespitoso bastante caracteristicocom os peciolos muito aproximados, dispostos sobreo caule cUI10-reptante.

Lindsaea lancea (L.) Bedd. var. lancea, Ferns Brit.India Suppl.: 6. J 876.Basionimo: Adiantum lanceul11 L., Sp. Pl., ed. 2, 1557.1763.Figuras 10-II

Plantas terrestres. Caule curto-reptante, 0,2­0,3 cm diam., com escamas linear-Ianceoladas,castanho-avermelhadas, ca. 0,2 cm compr. Frondeseretas monomorfas, 26-70 x 4,5-22 cm; peciolocastanho-escuro na base e esverdeado a paleaceodistalmente, raramente castanho-escuro, com escamasna base, iguais as do cauIe, glabro distalmente, sulcadoadaxialmente, II-30 x 0,1-0,2 cm; lamina 2-pinada(raramente I-pinada), com uma pin~ terminal conformee maior que as laterais, cartacea; raque esverdeada apaleacea, sulcada no lado adaxial e os sulcos continuosna raquiola, glabra; pinas 1-3 pares, oblongo­lanceoladas, alternas, curto-pecioladas, obliquas emrelaryao a raque, 8-18 x 3,0-4,5 cm; pinas proximaisnao reduzidas, pinas distais levemente reduzidas, pinaapical 13-24 cm; pinulas semilunares na porryaomediana da pina e delt6ides nas porryoes basal e distalda pina, 1-2 x 0,7-1,0 cm, margens inteiras nas pinulasferteis a crenuladas nas pinulas estereis, pinula terminaldelt6ide, livre, base inequilateral, nao reduzida; venaryaoaberta, nervuras simples ou furcadas, com aextremidade expand ida. Soros marginais, formadossobre uma comissura vascular; indusio continuo ou asvezes interrompido nas pinas maiores; esporos triletes.

Material examinado: 3-VII-I950, 0. Handro 181(SPF); I3-VlI-1960, G Eiten et at. 2058, 2079 (SP,US). 9-IV-1974, JA. Correa 13, 58 (SP); 7-V- I974,JA. Correa 50 (SP); 5-11-2004, J Prado 1458 (SP).

Distribuiryao geografica: America Central, Antilhas,Colombia, Venezuela, Guiana, Suriname, GuianaFrancesa, Equador, Peru, Bolivia, Paraguai e Brasil.

Segundo Kramer (1957), ha a forma I-pinadadesta variedade. No PEFI foi encontrada esta variaryaono material Eiten et al. 2058 (SP). Esta variedadese caracteriza pelas pinulas semilunares, pinula apicallivre, nao reduzida e margem das pinulas estereiscrenu lada.

Lindsaea quadrangularis Raddi ssp. terminalis K.U. Kramer, Acta Bot. Neerl. 6: 192, fig. 49. 1957.Figura 12

Plantas terrestres. CauIe curto-reptante,0, I -0,2 cm diam., com escamas lanceoladas,castanho-escuras, 0,1-0,2 cm compr. Frondes eretasmonomorfas, 53-70 x 15-25 cm; peciolo castanho­escuro a preto em toda sua extensao, quando jovemcastanho-claro, com escamas na base, iguais as docaule, glabro distalmente, cilindrico na base, nasporryoes mediana e distal sulcado adaxial mente e comduas projeryoes laterais ao sulco e estas castanho­claras, 28-33 x ca. 0,2 cm; lamina 2-pinada, com umapina terminal conforme, cal1acea; raque castanho­escura a preta, quadrangular, sulcada no lado adaxiale com duas projeryoes laterais ao sulco e estascastanho-c1aras, glabra; pinas 2-4 pares, oblongo­lanceoladas, alternas, curto-pecioladas, obliquas emrelaryao a raque, 8-74 x 1,0-2,5 cm; pinas proximaisnao reduzidas, pinas distais levemente reduzidas;raquioIa semelhante a raque na forma e cor; pinulas2-2,5 vezes mais compridas que largas, trapeziformesna regiao mediana da pina e delt6ides nas regioesbasal e distal da pina, margens inteiras a crenuladas,0,5- I,5 x 0,3-0,5 cm, pinula apical inteira, livre, delt6idee com base inequilateral, maior que as pinulas distais;venaryao aberta, nervuras simples ou furcadas, com aextremidade expand ida e unidas pOI' uma comissuravascular. Soros submarginais, formados sobre umacomissura vascular; indusio continuo ou as vezesinterrompido nas pinas maiores; esporos triletes.

Material examinado: 17-IV-1939, 0. Handro S.n.(SP450 I0, SPF 106941).

Distribuiryao geografica: Paraguai e Brasil (Sao Paulo,Rio de Janeiro, Parana, Santa Catarina e Rio Grandedo Sui).

Esta subespecie possui distribuiryao restrita aoSudeste e Sui do Brasil, chegando tambem a ocorrerno Paraguai. Cresce no interior da mata, em locaisprotegidos.

As frondes jovens possuem 0 peciolo e a raquepaleaceos, enquanto nas frondes adultas os mesmosapresentam coloraryao escura, variando de castanho­escuro a preta. Caracteriza-se pela raque e raquiolaquadrangulares, sulcadas adaxial mente, pelas pinulasmedianas trapeziformes e pinula apical livre, delt6idee com base inequilateral. Nas frondesjovens as pinulasdistais e apical sao reduzidas e esta variaryao podedificultar a identificaryao da subespecie.

Lindsaea stricta (Sw.) Dryand. var. stricta, Trans.Linn. Soc. London 3: 42. 1797.Basionimo: Adiantum strictum Sw., Prodr.: 135. 1788.Figuras 13-14

Plantas terrestres. Caule curto-reptante,0,3-0,4 cm diam., com escamas linear-Janceoladas,castanho-avermelhadas, ca. 0,2 cm compl". Frondeseretas monomorfas, 20-60 cm compr.; peciolocastanho-escuro na base e paleaceo distalmente, comescamas na base, iguais as do caule, glabro distalmente,10-37 x ca. 0,2 cm; lamina 1-2-pinada (raramente3-pinada na base), com uma pina/pinula terminal muitoreduzida, rigido-cartacea a subcoriacea, glabra; raquepaleacea, levemente achatada no lado adaxial, glabra;pinas inteiras dimidiadas na forma I-pinada ou na forma2-pinada 2-6 pares, lineares, alternas, sesseis a curto­pecioladas, obliquas em relayao a raque, 8-12 x ca.I cm; pinulas reduzidas na base e apice das pinas, asmaiores na poryao mediana da pina, dimidiadas,0,5-1,0 x 0,5 cm, pina/pinula apical muito reduzida, asvezes vestigial, menor que as pinas/pinulas distais;venayao aberta, nervuras simples ou furcadas, com aextremidade expand ida, ocultas. Soros marginais,formados sobre uma comissura vascular; indusiocontinuo ou as vezes interrompido; esporos triletes.

Material examinado: 26-VI-1936, FC Hoehne s.n.(SP35629); 26-VI-1936, FC Hoehne s.n. (SP35629,SPFI07003)

Distribuiyao geografica: Sui do Mexico, AmericaCentral, Grandes Antilhas, Colombia, Venezuela,Guiana, Suriname, Guiana Francesa, Trinidad,Equador, Peru, Bolivia e Brasil.

E uma especie com distribuiyao ampla naAmerica tropical (Prado & Windisch J996). Apresentavariayao morfol6gica marcante na forma da lamina,de 1-3-pinada. Caracteriza-se pelas frondes linearesna forma I-pinada e pinas Iineares na forma 2-3­pinada, lamina rigido-cartacea a subcoriacea, nervurasocultas e pelas pinas/pinulas muito reduzidas no apiceda fronde/pina, respectivamente.

No PEFI e encontrada como terrestre, crescendonos barrancos no interior e na margem da mata.

Lindsaea virescens Sw. var. virescens, Kungl. Vet.Akad. Handl.: 73, t. 4, fig. 4. 1817.Figuras 15-16

Plantas terrestres ou raramente epifitas. Caulecurto-reptante, 0,1-0,2 em diam., com escamas

J. Prado: Plcrid6fitas do PEFI: Dcnnstaedtiaceae 17

lanceoladas, castanho-avermelhadas a castanho­escuras, ca. 0, I cm compr. Frondes eretasmonomorfas, conspicuamente cespitosas, 10-40 x

4-15 cm; peciolo castanho-escuro a preto em quasetoda sua extensao, com escamas na base, iguais asdo caule, glabro distalmente, sulcado adaxialmentee corn duas projeyoes laterais ao sulco e estascastanho-claras, 6-20 x ca. 0, I cm; lamina 3-pinadana base, 2-pinada na regiao mediana e apical, comuma pina terminal conforme, cartacea; raquecastanho-clara, sulcada no lado adaxial e com duasprojeyoes laterais ao sulco e estas castanho-claras,glabra; pinas 1-5 pares, lanceoladas altern as, curto­pecioladas, obliquas em relayao a raque, 5-15 x1,0-2,5 cm; pinas proximais nao reduzidas, pinasdistais levemente reduzidas; raquiola semelhante araque na forma e cor; pinulas dimidiadas, 2-3-partidas,base cuneada, apice truncado, margens inteiras acrenuladas, 1,0-1,5 x 0,4-0,8 cm, pinulas distaisgradualmente reduzidas, pinula apical inteira, asvezes fusionada com as distais, linear, menor que aspinulas distais; venayao aberta, nervuras simples oufurcadas, com a extremidade expand ida. Sorossubmarginais, form ados sobre a extremidade de duasnervuras, raramente sobre uma nervura; indusiosemilunar, inteiro, margem crenada a denticulada;esporos tri letes.

Material examinado: 26-Vl-1936, 0. Handro s.n.(SP3563 I, SPF I07002); J3-VII-1960, G. Eiten et al.2078 (SP); 14-VII-1960, G Eiten et al. 2108A (SP,US); 6-VIII-1964, O. Handro 1092 (SPF);9-1V-1974, J.A. Correa 52 (SP); 9-V-1974, J.A.Correa 107 (SP).

Distribuiyao geografica: Brasil (Minas Gerais, SaoPaulo, Parana, Santa Catarina).

Lindsaea virescens' var. virescens e endemicadas regioes Sudeste e Sui do Brasil. Distingue-se pelohabito cespitoso, pela lamina 3-pinada na base e2-pinada nas poryoes mediana e distal e pelaspinas/pinulas duas a tres vezes partidas, dimidiadas.L. virescens var. catharinae nao foi encontrada noPEFI, entretanto, segundo Kramer (1957) ambasocon'em na mesma area de distribuiyao. Esta liltimavariedade difere por possuir as pinulas mais vezesincisas (4-5 vezes) e os segmentos lineares.

Cresce como uma planta terrestre, em solosllmidos, porem eventualmente pode ocorrer comoepifita na base de troncos (Eilen et al. 2078).

18 Hochnca 31 (I). 2004

smm[ __14

Figuras IO-li. Lindsaea lancea vaL lancea (Cordia 13). 10. lIabito. II. Detalhc das pinulas estercis. Figura 12. L. qlladrallglllarissubsp. ter/llinalis (llandro S.II .• SP450 I0). Detalhc das pinulas rertcis. Figuras 13-14. L. stricta vaL stricta (modificado de Prado &Windisch 1996) 13. Ilabito. 14. Dctalhc das pinulas cstereis. Figuras 15-16. L. virescens vaL virescens (£iten et al. 2078). 15. Ilabito.16. Dctalhc das pinulas lertcis.

P/eridiul11 Gled. ex Scop., nO/7/. cons.

Plantas terrestres. Caule longo-reptante, comtricomas; frandes eretas, monomorfas; peciolo na basecom gemas e tricomas. com mais de tres feixesvasculares na base; lamina 2-4-pinado-pinatifida, compina terminal conforme, coriacea; pinas au pinulassubopostas a alternas, pecioladas; vena9ao aberta,nervuras simples au furcadas. Soros marginais,formados sabre uma comissura vascular; indusiaabaxial presente, fimbriado, rudimentar e abrindo-seem dire9ao it margem da pina au pinula, indllsiotambem formado pela margem da lamina revoluta emodificada; esporos triletes.

PleridiulI1 e um genera cosmopolita, com cercade 12 especies. Varias dessas especies foram tratadascomo variedades por Tryon ( 1941 ), entretanto possuemcaracteristicas suficientes para serem tratadas no nivelde especie.

Pleridiul11 arachnoideu/7/ (Kaulf.) Maxon, J. Wash.Acad.Sci. 14:89. 1924.Basionimo: Pleris arachnoidea Kaulf., Enum. Filic.:190. 1824. PleridiulI1 aquilinulI1 (L.) Kuhn var.arachnoideulI1 (Kaulf.) Brade, Zeitschrift Deut. ver.Wissen Kunst Sao Paulo I: 56. 1920.Figuras 17-19

Caule ca. 3 cm diam., com tricomas castanho­escuros, 0,2-0,3 cm compr. Frondes eretas, 1-3 mcompr.; peciolo na base com tricomas iguais aos docaule, glabro distalmente, paleaceo a castanho-claro,sulcado adaxialmente, 50-150 x 0,8 cm; lamina4-pinada na base e 3-2-pinada nas por90es mediana edistal, coriacea, pubescente abaxialmente, tricomas ca.0,5 cm compr., adaxial mente glabra ou com tricomasesparsos; raque paleacea, sulcada adaxialmente,glabra; pinas de Ia ordem alternas, pecioluladas, pinasde 2a ordem estreitas ca. 0,3 cm larg.; raquiola de 2a

ordem portando lobos; vena9ao aberta, nervurassimples au furcadas, com a extremidade expand ida.Soros marginais, formados sabre uma comissuravascular; indusio abaxial presente e abrindo-se emdire9ao a margem da pina ou pinula, vestigial efimbriado; esporos triletes.

Material examinado: 26-IX-1938, FC Hoehne s.n.(SP39694, SPF94548); 6-X-2003, J. Prado & D.MVilal 1-129 (SP).

Distribui9ao geografica: America Central, Antilhas,Colombia, Venezuela, Guiana, Suriname, GuianaFrancesa, Trinidad, Equador, Peru, Bolivia, Paraguai,

J. Prado: Ptcrid6fitas do PEFI: Dcnnstaedliaceac 19

Norte da Argentina e Brasil.

Euma especie que cresce em locais abertos, ondea mata original foi cortada. Forma grandes popula90es.Pode ser reconhecida pelas frondes grandes, com ate3 m de compr., lamina coriacea e pelos lobos naraquiola de 2a ordem.

Saccoloma Kaulf.

Plantas terrestres. Caule ereto, recoberto pelasbases dos peciolos, com escamas; frondes eretas,monomorfas; peciolo sem gemas, com mais de tresfeixes vasculares na base; lamina 1-4-pinado­pinatifida, com pina terminal conforme, cattacea; pinasau pinulas alternas, pecioladas; raque e raquiolasulcadas e os sulcos continuos; vena9ao aberta,nervuras simples au furcadas. Soras submarginais,formados na extremidade de uma unica nervura;indusio abaxial presente, abrindo-se em dire9ao amargem da pina/pinula, indllsio tambem formado pelamargem da lamina nao modificada; esporos triletes.

De acordo com Moran (1995), Saccololl1a e umgenera que possui apenas tres especies no neotropico.Difere pelo rizoma ereto e curto com escamas epeciolo sem gemas na base.

Na area do PEFI ocon'em duas especies:Saccoloma elegans e S. inaequale.

Chave para as especies de Saccoloma

I. Lamina I-pinada; pinas inteiras S. elegansI. Lamina 3-4-pinado-pinatifida S. inaequale

Saccololl1a elegans Kaulf., Berlin. Jahrb. Pharm.Verbundenen Wiss. 2 I: 5 I. 1827.Figura 20

Caule ca. 2 cm diam., com escamas lanceoladas,castanho-escuras, 0,3-0,5 cm compr. Frondes eretas,1-2 m compr.; peciolo na base com escamas iguais asdo caule, glabro distalmente, castanho-escuro na basee castanho-claro distalmente, sulcado adaxialmente,50-60 x 0,5-1 cm; lamina I-pinada, cartacea, glabraem ambas as faces; raque castanho-clara, sulcadaadaxialmente, glabra; pinas inteiras, alternas,pecioluladas a sesseis, lanceoladas a oblongas, basecuneada, margens conspicuamente serreadas, apicelongo-atenuado e serreado, co ta sulcadaadaxialmente, 9-20 x 1,5-2,5 cm; pina apical igualnaforma as medianas; vena9ao aberta, nervuras simplesou furcadas, com a extremidade expand ida. Soros

20 lIoehnea 31 (I), 2004

18

, ,, ,, ,, ,

2mm[

Figuras 17-19. PteridiulII arachnoideulII (modificado dc Prado & Windisch 1996). 17. Parte de uma fronde fertil. 18. Detalhe das pinulasestercis. 19. Detalhe das pinulas fertcis. Figura 20. SaccololllCi elegans (llandro 2209). Pilla estcril. Figuras 21-22. S. inaequale (Handra283).21. Parte de uma pina esteril. 22. DClalhc da margclll da pillula fcrtil.

submarginais, formados sobre a extremidade de umanervura, formando um linha ao longo de ambos oslados da pina feliil; indllsio abaxial presente e abrindo­se em direy80 amargem da pina, inteiro, semi-circular.

Material examinado: 25-VII-1972, 0. Handro 2209(SPF).

Distribuiy80 geogratica: America Central, GrandesAntilhas, Colombia, Venezuela, Guiana Suriname,Guiana Francesa, Trinidad, Equador, Peru, Bolivia eBrasil.

Esta especie ocon'e no interior da mata, em locaisprotegidos e sombreados. Difere da outra especie dogenero que ocorre na area pela lamina I-pinada, comas pinas inteiras.

Encontra-se amplamente distribuida na Americatropical, ocorrendo em altitudes que variam de0-900 m.

S. inaequale (Kunze) Mett., Ann. Sci. Nat. Bot. ser.4,15: 80.1861.Basionimo: Davallia inaequalis Kunze, Linnaea 9:87. 1834.Figuras 21-22

Caule ca. 2 cm diam., com escamas lanceolado­acuminadas, castanho-escuras, 0,1-0,2 cm compr.Frondes eretas, 1-2 m compr.; peciolo na base comescamas iguais as do caule, glabro distalmente,castanho-avermelhado na base e castanho-clarodistalmente, sulcado adaxialmente, 50-70 x 1 cm;lamina 3-pinado-pinatifida na base e 2-pinado-pinatifidanas poryoes mediana e distal, cartacea, glabra emambas as faces; raque castanho-clara, sulcadaadaxial mente, glabra; pinas de Ia e 2a ordem altemas,pecioluladas 40-60 x 10- I4 cm; raquiola de 2a sulcada;venay80 aberta, nervuras simples ou furcadas, com aextremidade expand ida. Soros submarginais, formadossobre a extremidade de uma nervura; indllsio abaxialpresente e abrindo-se em direy80 amargem da pinalpinula, inteiro.

Material examinado: 20-XI- I95 1,0. Handro 283 (SP,SPF).

Distribuiy80 geografica: Sui do Mexico, AmericaCentral, Antilhas, Colombia, Venezuela, Guiana,Suriname, Guiana Francesa, Trinidad, Equador, Peru,Bolivia e Brasil.

Esta especie apresenta ampla distribui y80 naAmerica tropical e segundo Moran (1995), a divis80da lamina foliar e bastante variavel (2-4-pinado-

J. Prado: Ptcrid6filas do PEFI: Dennstaedtiaceac 2 I

pinatifida) e os especimes com a lamina 2-3-pinado­pinatifidas tendem a ocorrerem elevayoes mais baixas.Talvez esta diferenya de divis80 na lamina eocorrencia em diferentes altitudes possam indicar aexistencia de mais de uma especie. Na area do Parque,e uma especie que ocorre no interior da mata, a umaaltitude de 700-800 mea lamina e 2-3-pinado­pinatifida, coincidindo com as observayoes relatadaspor Moran (1995).

Agradecimentos

o autor agradece ao CNPq pela conceSS80 daBoisa de Produtividade em Pesquisa e 0 auxilio parao desenvolvimento deste projeto (processo300843/3-3). Ao Daniel M. Vital pela ajuda ecompanheirismo na realizay80 do trabalho decampo.

Literatura citada

Fidalgo, O. & Bononi, V.L.R (coords.). 1984. Tecnicas decoleta, preservayao e herborizayao de material botanico.Instituto de Botanica, Sao Paulo, 62 p. (Manual 4).

Hoehne, EC, Kuhlmann, M. & Handro, O. 1941.0 JardimBotanico de Sao Paulo. Secretaria da Agricultura,Indllstria e Comercio, Departamento de Botanica doEstado, Sao Paulo, 656 p.

Kramer, K.U. 1957. A revision of the genus Lindsaea inthe New World, with notes on allied genera. ActaBotanica Neerlandica 6: 97-290.

Kramer, K.U. 1990. Dennstaedtiaceae. In: K.U. Kramer &P.S. Green (eds.). Pteridophytes and Gymnosperms. In:K. Kubitzki (ed.). The families and genera ofvascularplants. Springer Verlag, Berlin, v. I, pp. 81-94.

Melhem, T.S., Giulietti,A.M., Forero, E., Barroso, GM.,Silvestre, M.S.F., Jung, S.L., Makino, H., Melo,M.M.RE, Chiea, S.C, Wanderley, M.GL., Kirizawa,M. & Muniz, C 1981. Planejamento para elaborayao da"Flora fanerogamica da Reserva do Parque Estadualdas Fontes do Ipiranga (Sao Paulo, Brasil)". Hoehnea9: 63-74.

Milanez,A.I., Bicudo, CE.M., Vital, D.M. & Grandi, R.A.P. 1990. Cript6gamos do Parque Estadual das Fontesdo Ipiranga, Sao Paulo, SP: Planejamento. Hoehnea 17:43-49.

Moran, RC 1995. Dennstaedtiaceae. In: R.C. Moran & R.Riba (eds.). Psilotaceae a Salviniaceae. In: G. Davidse,M., Sousa, S. & S. Knapp (eds.). Flora Mesoamericana.Universidad Nacional Aut6noma de Mexico, Ciudadde Mexico, v. I, pp. 150-163.

Prado, J. 2004. Cript6gamos do Parque Estadual das Fontesdo Ipiranga, Sao Paulo, SP. Pteridophyta: chave para asfamilias; 2. Blechnaceae. Hoehnea 31: 1-10.

22 Hochnca 31 (I), 2004

Prado, J. & Windisch, P.G 1996. Flora da Serra do Cip6,Minas Gerais: Dennstaedtiaceae. Boletim de Botanicada Universidade de Sao Paulo 15: 83-88.

Tryon, R.M. 1941. A revision of the genus Pleridiul11.

Rhodora 43: 1-31.