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Curso de Engenharia Mecânica – Automação e Sistemas “ANÁLISE ESTRUTURAL DA ARANHA DO ROTOR DE UNIDADE HIDRELÉTRICA ATRAVÉS DE SIMULAÇÃO NUMÉRICA (MEF)” Éverton Fernando Von Zuben Itatiba – São Paulo – Brasil Novembro de 2004

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Curso de Engenharia Mecânica – Automação e Sistemas

“ANÁLISE ESTRUTURAL DA ARANHA DO ROTOR DE

UNIDADE HIDRELÉTRICA ATRAVÉS DE SIMULAÇÃO

NUMÉRICA (MEF)”

Éverton Fernando Von Zuben

Itatiba – São Paulo – Brasil

Novembro de 2004

ii

Curso de Engenharia Mecânica – Automação e Sistemas

“ANÁLISE ESTRUTURAL DA ARANHA DO ROTOR DE

UNIDADE HIDRELÉTRICA ATRAVÉS DE SIMULAÇÃO

NUMÉRICA (MEF)”

Éverton Fernando Von Zuben

Monografia apresentada à disciplina Trabalho de Conclusão de Curso, do Curso de Engenharia Mecânica – Automação e Sistemas da Universidade São Francisco, sob a orientação do Prof. Fernando César Gentile, como exigência parcial para conclusão do curso de graduação. Orientador: Prof. Fernando César Gentile

Itatiba – São Paulo – Brasil

Novembro de 2004

iii

“Análise estrutural da Aranha do Rotor de Unidade Hidrelétrica

através de simulação numérica (MEF)”

Éverton Fernando Von Zuben

Monografia defendida e aprovada em 25 de Novembro de 2004 pela Banca

Examinadora assim constituída:

Prof Fernando César Gentile

USF – Universidade São Francisco – Itatiba – SP.

Prof Ivo Giannini

USF – Universidade São Francisco – Itatiba – SP.

Prof Mirian de Lourdes Noronha Motta Melo

USF – Universidade São Francisco – Itatiba – SP.

iv

Dedicatória

Este trabalho é dedicado ao meu pai, a minha mãe, ao meu irmão e a minha namorada

pelo incentivo ininterrupto durante minha vida escolar, pessoal, e profissional não permitindo

que fatores alheios interferissem em minhas decisões.

v

.Agradecimentos

Este trabalho não poderia ter terminado sem a ajuda de diversas pessoas às quais

presto minha homenagem:

Ao meu orientador de estágio, que me mostrou os caminhos a serem seguidos;

A todos os meus colegas e profissionais, que me ajudaram de forma direta ou indireta

na conclusão deste trabalho;

Agradeço a toda a equipe da PrestCad e a todo o Departamento de Geradores da GE

Hydro Inepar.

Em especial agradeço a:

• Fernando Gentile;

• Diogo Luís Von Zuben;

• Carlos Parise;

• Daniela Almeida;

• Sérgio Cuyabano;

• Rafael M. Seraphim;

vi

Sumário

Lista de Figuras ......................................................................................................................vii

Lista de Tabelas e Gráficos...................................................................................................viii

Resumo ..................................................................................................................................... ix

Abstract .................................................................................................................................... ix

1 Introdução e objetivos ....................................................................................................... 1 1.1 Introdução...................................................................................................................... 1 1.2 Objetivo......................................................................................................................... 2 1.3 Justificativa.................................................................................................................... 2

2 Revisão Bibliográfica......................................................................................................... 3 2.1 Histórico sobre o Método dos Elementos Finitos [2].................................................... 3 2.2 Método Matemático - O Elemento mais Simples : A Mola [4] .................................... 3 2.3 Implementação Computacional..................................................................................... 9 2.4 Notas importantes sobre o Método dos Elementos Finitos. [4] .................................. 11 2.5 Critério da Máxima Energia de Distorção (von Mises). [5]........................................ 11

3 Materiais e Métodos......................................................................................................... 13 3.1 Programas utilizados neste trabalho............................................................................ 13 3.2 Considerações feitas na Estrutura ............................................................................... 13 3.3 Análise Estática Estrutural para a Rotação Nominal .................................................. 16 3.4 Análise Estática Estrutural para a Rotação de Disparo ............................................... 17

4 Resultados e Discussões ................................................................................................... 18 4.1 Discretização do modelo ............................................................................................. 18 4.2 Análise Estática Estrutural para a Rotação Nominal .................................................. 20 4.3 Análise Estática Estrutural para a Rotação de Disparo ............................................... 21

5 Conclusão.......................................................................................................................... 24

6 Referências Bibliográficas............................................................................................... 25

vii

Lista de Figuras

FIGURA 2.2.1 – O DESLOCAMENTO U NO PONTO DE APLICAÇÃO DA FORÇA É PROPORCIONAL À

INTENSIDADE DELA. A CONSTANTE DE PROPORCIONALIDADE K CONTABILIZA A RIGIDEZ

NESSE PONTO DA VIGA, NESSA DIREÇÃO. O PROBLEMA NESSA DIREÇÃO É SEMELHANTE AO

COMPORTAMENTO DE UMA MOLA. [4] .................................................................................5

FIGURA 2.2.2 – DIAGRAMA DE CORPO LIVRE DE UM ELEMENTO DE MOLA. NO CASO B, O NÓ 1

DO ELEMENTO É SUBMETIDO A UM DESLOCAMENTO U1, MANTENDO O NÓ 2 BLOQUEADO.

NO CASO C, TEM-SE A SITUAÇÃO OPOSTA. [4] .....................................................................5

FIGURA 3.2.1 – ARANHA DO ROTOR EM PROCESSO DE FABRICAÇÃO .........................................14

FIGURA 3.2.2 – CORTE DA ARANHA DO ROTOR MOSTRANDO SUAS DIFERENTES PARTES ..........15

FIGURA 3.2.3 – MODELO COMPLETO DA ARANHA DO ROTOR. ..................................................15

FIGURA 3.3.1 – GEOMETRIA DO MODELO COM ALGUMAS CONDIÇÕES DE CONTORNO PARA A

ROTAÇÃO NOMINAL. ..........................................................................................................17

FIGURA 4.1.1 – MODELO COM A MALHA GERADA. ....................................................................18

FIGURA 4.2.1 – VISUALIZAÇÃO DOS NÍVEIS DE TENSÃO PELO CRITÉRIO DE VON MISES.............20

FIGURA 4.3.1 – VISUALIZAÇÃO DOS NÍVEIS DE TENSÃO PELO CRITÉRIO DE VON MISES.............21

viii

Lista de Tabelas e Gráficos

TABELA 2.3.1 – EXEMPLO DESCREVENDO PASSO-A-PASSO AS VÁRIAS ETAPAS A SEREM

SEGUIDAS EM ANÁLISES ESTRUTURAIS NOS PROGRAMAS QUE UTILIZAM O MÉTODO DOS

ELEMENTOS FINITOS. ..........................................................................................................9

TABELA 4.3.2 – DADOS EXTRAÍDOS DE ANÁLISES SUCESSIVAS PARA A CONSTRUÇÃO DO

GRÁFICO DE CONVERGÊNCIA .............................................................................................23

GRÁFICO 4.3.3 – GRÁFICO DE CONVERGÊNCIA PARA A SITUAÇÃO DE DISPARO .........................23

ix

Resumo

Este trabalho traz a análise estrutural da Aranha do Rotor de Unidade Hidrelétrica

utilizando o Método dos Elementos Finitos (MEF) como ferramenta para a aproximação dos

resultados. Toda simulação, assim como esta, tende a verificar o comportamento dos corpos

sob às condições impostas. Duas condições foram simuladas: a máquina em rotação nominal e

em rotação de disparo. Os níveis de tensões obtidos foram satisfatórios em ambas condições e

nenhuma recomendação foi feita no sentido de aumentar a rigidez do conjunto.

PALAVRAS-CHAVE: Método dos Elemento Finitos (MEF); Aranha do Rotor

Abstract

This report brings a structural analysis of the Hydraulic Unit’s Rotor Spider using the

Finite Elements Analysis (FEA) as a toll for the results approach. All simulations, like this

one, tends to verify the bodies behavior under loads conditions. Two conditions were

simulated: the machine on its nominal speed and in the over speed. The stress level was

satisfactory in both conditions and no recommendation was done to increase the conjunct

stiffness.

KEY WORDS: Finite Elements Analysis (FEA); Rotor Spider

1

1 INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

1.1 Introdução

Observa-se no momento uma maior procura por programas de análise estrutural,

devido a crescente facilidade de manuseio e resultados satisfatórios, porém os conceitos

básicos de resistência dos materiais nunca serão descontinuados dada sua importância para as

análises. Apesar da unanimidade na questão de que os fundamentos físicos e mecânicos

devem existir no momento de entrada de valores verifica-se, na prática, um certo

desconhecimento de tais fundamentos e das ferramentas disponíveis para as análises.

É de suma importância um adequado conhecimento desses fundamentos/ ferramentas

para que os resultados sejam confiáveis. A escolha errônea de algum parâmetro dentro das

etapas da análise comprometerá a acuidade dos resultados.

O Método de Elementos Finitos (MEF) é um método matemático/computacional para

análise de problemas do meio contínuo. O método permite que a peça em estudo tenha

geometria, carregamento e condições de contorno quaisquer. A idéia consiste em transformar

um problema complexo na soma de diversos problemas simples.

A Aranha do Rotor é fabricada atualmente a partir de chapas de aço soldadas. Na sua

parte inferior, junto ao diâmetro externo da mesma, são montados os segmentos da pista de

freio e na região central existe o cubo da Aranha do Rotor que é usinado para permitir o

perfeito acoplamento com o eixo superior e inferior.

A sua existência não é uma exigência para todas as máquinas. Normalmente é

necessário o seu uso em máquinas de grande porte para espaçar as lâminas do anel magnético

do eixo principal evitando assim a necessidade de se fazer um eixo com diâmetro muito

grande.

Conforme a pasta de dados #25361 feita por J.H.ANSTEENSEN; I.A.TERRY;

C.E.KILBOURNE [1] a Aranha do Rotor (rotor spider) pode ser construída de três formas:

fundida, chapas soldadas e uma combinação entre ambas.

Para maior precisão nos resultados, o Método dos Elementos Finitos com auxílio

computacional é o documento exigido para a aprovação do cliente dada a sua boa

confiabilidade. Várias considerações e aproximações são feitas e o bom censo na verificação

dos resultados é imprescindível.

2

Atualmente, cálculos e aproximações feitas sem o auxílio de computador para a

análise de tensão na Aranha do Rotor servem apenas de comparação porém, dependendo das

dimensões da aranha, os resultados se tornam inaceitáveis dada a discrepância de valores

comparados às ferramentas computacionais. Neste caso específico, os cálculos manuais não

serão executados devido às experiências anteriores que não foram bem sucedidas para esse

tipo de aranha. Isso significa que a análise por Elementos Finitos através do ANSYS será a

única base de análise utilizada. Apenas os níveis de tensão serão os limitantes para as análises

e validade do modelo. Experimentos feitos na própria peça não serão executados devido aos

altos custos.

1.2 Objetivo

O objetivo deste trabalho é simular as tensões internas que a Aranha do Rotor

apresentará quando submetida aos esforços de operação que serão descritos posteriormente.

Para isso será utilizado um programa baseado no Método dos Elementos Finitos (MEF).

O modelo será gerado no Inventor 7 e importado para o ANSYS Workbench 8.1.

Além disso, este trabalho mostra brevemente um ramo de atividade (MEF) que está crescendo

continuamente.

1.3 Justificativa

A Aranha do Rotor é uma das peças mais complexas no que diz respeito a

carregamentos externos em uma Unidade Hidrelétrica.

Esta peça já foi fabricada, porém a máquina não está ainda em operação. Caso os

resultados deste trabalho indiquem índices de tensão preocupantes, o departamento de

engenharia da empresa responsável será informado e novas análises serão executadas.

3

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Histórico sobre o Método dos Elementos Finitos [2]

Embora o Método dos Elementos Finitos tenha sido precedido de grandes realizações

das escolas francesas como Navier e St. Venant, o período de 1850 a 1875 é o ponto de

partida. Os conceitos de análise de malhas surgiram durante este período, devido aos esforços

de Maxwell, Castigliano, Mohr, entre outros. Os conceitos representam a pedra fundamental

da metodologia da análise estrutural através de matrizes, porém o desenvolvimento da teoria e

o surgimento de novas técnicas para a Análise de Elementos Finitos foi lento durante o

período de 1875 a 1920 devido às limitações práticas na resolução de equações algébricas.

Em 1920 aproximadamente, devido aos esforços de Maney nos Estados Unidos e

Ostenfeld na Dinamarca, a idéia básica de análise de treliça e malha baseado em parâmetros

de deformação como variáveis tomou forma. Severas limitações haviam quanto a quantidade

de variáveis até 1932, quando Hardy Cross introduziu seu método.

O computador apareceu no início dos anos 50 mas sua contribuição não foi imediata,

entretanto indivíduos adaptaram a análise estrutural para o formato de matrizes visando o

emprego do computador para tais resoluções.

A tecnologia da Análise de Elementos Finitos avançou muito a partir dos anos 60 e

seu progresso pode ser lido com detalhes no livro escrito por Zienkiewicz [3].

Os programas de Análise de Elementos Finitos estão cada vez mais difundidos. No

lado do desenvolvimento, muitos pesquisadores continuam ocupados com a formulação de

novos elementos e melhoramentos daqueles já existentes.

2.2 Método Matemático - O Elemento mais Simples : A Mola [4]

A partir do exemplo simples da mola, pode-se estabelecer as generalizações cabíveis.

A diferença essencial, do ponto de vista do procedimento de montagem, é que o elemento de

mola transmite apenas forças axiais e sofre deslocamentos axiais.

4

O estudo do comportamento físico do elemento pode ser efetuado isolando-o do resto

da estrutura por intermédio do Diagrama de Corpo Livre para o elemento de mola. Se a

estrutura está em equilíbrio, o elemento isolado também está, e pode-se representá-lo nessa

condição indicando as forças que esse elemento troca com o resto da estrutura.

Dois aspectos são importantes em caráter geral no estudo do Método dos Elementos

Finitos:

• O primeiro refere-se a uma “questão administrativa” da definição do Elemento

Finito. A formulação de um elemento para representar uma determinada situação física

“não nasceu matricial “. O conjunto de forças e deslocamentos considerados para o

elemento na condição de equilíbrio pode ser representado na forma matricial, apenas por

interesse de armazenamento no computador, e permitir a operação simultânea de um

conjunto de equações com diversas variáveis, algumas das quais independentes entre si.

• O segundo refere-se à importância do elemento de mola no estudo geral do Método.

A Figura 2.2.1 representa uma viga, sendo que no seu ponto extremo é aplicada uma força

que provoca nesse ponto um deslocamento. Para pequenas deflexões a relação força-

deslocamento é linear, ou seja, F = k. u, sendo k a constante que contabiliza a rigidez da

viga na direção da força aplicada, nesse ponto. Para um ponto da estrutura tem-se diversos

componentes de rigidez, que são representados como molas translacionais e rotacionais. O

modelo discretizado da estrutura é um ” imenso mar de molas” que contabiliza ponto a

ponto nodal a rigidez da estrutura.

5

Figura 2.2.1 – O deslocamento u no ponto de aplicação da força é proporcional à intensidade dela. A constante de proporcionalidade k contabiliza a rigidez nesse ponto da viga, nessa direção. O problema nessa direção é semelhante ao comportamento de uma mola. [4]

Aplicando a idéia do

Diagrama de Corpo Livre,

representa-se isoladamente um

elemento de mola na Figura 2.2.2.

São mostrados no caso A as forças

e os deslocamentos para a condição

de equilíbrio. As duas forças e os

dois deslocamentos aplicáveis ao

caso da mola estão representados

no sentido positivo do eixo de

referência, de sorte que , ao montar

as equações de equilíbrio, os sinais

obtidos para essas forças, indicarão

o sentido real da força em qualquer

caso. [4]

Figura 2.2.2 – Diagrama de Corpo Livre de um Elemento de Mola. No caso B, o nó 1 do elemento é submetido a um deslocamento u1, mantendo o nó 2 bloqueado. No caso C, tem-se a situação oposta. [4]

6

Para o caso geral A tem-se as seguintes equações:

Forças Nodais: f 2x1 = f1 Representação como Matriz Coluna 2x1 Equação 2.2.1

f2

Deslocamentos Nodais: u 2x1 = u1 Matriz Coluna 2x1 Equação 2.2.2

u2

A relação entre todas as forças e deslocamentos referidos a um elemento finito é

expressa pela Matriz de Rigidez do Elemento [ k ]e . Assim:

{ f }2x1 = [ k ]e 2x2. { u } 2x1

f1 = k 11 k12 . u1 Equação 2.2.3

f2 2x1 k 21 k 22 2x2 u2 2x1

Algumas conclusões extraídas das considerações anteriores são:

• O elemento de mola possui duas componentes de deslocamento possíveis, e como

consequência a sua Matriz de Rigidez tem dimensão 2x2.

• Para um Elemento Finito qualquer com n componentes de deslocamentos possíveis, a

sua Matriz de Rigidez terá dimensão n x n.

A Figura 2.2.2(A) representa o Diagrama de Corpo Livre de um Elemento de Mola.

No caso B, a mola é submetida a um deslocamento u1, mantendo u2 = 0. No caso C, a mola é

submetida a um deslocamento u2, mantendo u1 = 0.

Já no caso B a análise do sistema é a seguinte:

Condição de Equilibrio: f2 = -f1 (as forças nodais agem em sentidos opostos)

Força Interna : Tem-se que ℑ = Força Interna = k .d , em que d representa a

deformação da mola. Expandindo para os casos mais gerais, defini-se a deformação da mola,

considerando os deslocamentos u1 e u2. Isto se faz necessário, pois nos casos em que ambos

os nós do elemento possam se movimentar, a mola só estará sujeita à deformação se os

deslocamentos forem diferentes. Por exemplo, se u1 = u2, algebricamente, embora a mola se

movimente, ela não se deforma. Assim:

Equação 2.2.4 d = u2 – u1

7

Sendo no Caso B, u2 = 0, tem-se d= - u1

Assim: ℑ = Força Interna = k . d = - k . u1. Com u1 é positivo, pois tem a mesma

orientação do eixo de referência, a Força Interna é Negativa, o que corresponde à situação de

Compressão na Mola (ℑ < 0 ).

Do ponto de vista físico, a Força Aplicada na extremidade do elemento (nó 1) é

transferida internamente à mola. Um trecho de elemento também deve estar em equilibrio.

Assim, a Força ƒ1 deve ser equilibrada pela força interna ℑ, porém seus sinais são opostos.

Assim:

f1 = - ℑ e como ℑ = - k . u1 tem-se:

e como f2 = - f1 resultará: Equação 2.2.5

Equação 2.2.6

f1 = k 11 k12 . u1 Equação 2.2.7

f2 k 21 k 22 u2 = 0

efetuando o produto e substituindo f1 e f2 :

Equação 2.2.8

Para o caso C tem-se as seguintes condições de contorno:

Condição de Equilíbrio: f1 = -f2 (as forças nodais agem em sentidos opostos)

Força Interna : Neste caso tem-se u1 = 0. Assim , d = u2 – u1 = u2

Assim : ℑ = Força Interna = k . d = k. u2. Como u2 é positivo, pois tem a mesma

orientação do eixo de referência, a Força Interna é Positiva, o que corresponde à situação de

Tração na Mola (ℑ > 0 ).

Do ponto de vista físico, a Força Aplicada na extremidade do elemento (nó 2) é

transferida internamente à mola. Um trecho de elemento também deve estar em equilibrio.

Assim, a Força ƒ2 deve ser equilibrada pela força interna ℑ, e neste caso seus sinais são

iguais.

Assim:

f1 = k . u1

f2 = -k . u1

f1 = k11 . u1 + k12 . 0

f2 = K21 . u1 + k22 . 0

k. u1 = k11 . u1

-k. u1= k21 .u1

k11 =k

k21= -k

8

f2 = ℑ e como ℑ = k . u2 tem-se:

e como f1 = - f2 resultará: Equação 2.2.9

Equação 2.2.10

f1 = k 11 k12 . u1 =0 Equação 2.2.11

f2 k 21 k 22 u2

Efetuando o produto e substituindo f1 e f2 :

Equação 2.2.12

Assim, a relação entre as Forças Nodais e os Deslocamentos Nodais para o elemento

de mola é expressa por intermédio da Matriz de Rigidez do Elemento. [4]

Equação 2.2.13

f2 = k . u2

f1 = -k . u2

f1 = k11 . 0 + k12 . u2

f2 = K21 . 0 + k22 . u2

-k. u2 = k12 . u2

k. u2 = k22 .u2

k12= -k

k22= k

Matriz de Rigidez do

Elemento de Mola

[ K ]e = k - k

- k k

9

2.3 Implementação Computacional

Para efeito de exemplo, foi criada a Tabela 2.3.1 em que mostra simplificadamente as

várias etapas a serem executadas em programas de análise estrutural que utilizam o Método

de Elementos Finitos.

Tabela 2.3.1 – Exemplo descrevendo passo-a-passo as várias etapas a serem seguidas em análises estruturais nos programas que utilizam o Método dos Elementos Finitos.

Pré-Processamento

Modelamento: Consiste em modelar a

estrutura a ser calculada. Pode ser

modelada no próprio programa de

análise de tensões ou importada de

outros sistemas CAD.

Malha de elementos finitos: Consiste

na discretização da estrutura, ou seja, a

sua divisão em elementos conectados

pelos nós.

Condições de Contorno: Restrições -

definem como a estrutura se relaciona

com o meio ambiente. Carregamentos -

definem as solicitações as quais a

estrutura está submetida (Forças

nodais, pressões, momentos, etc.).

10

Propriedades do Material: Definição

das características físicas dos materiais

a serem utilizados na estrutura tais

como: Módulo de Elasticidade,

Densidade, Coeficiente de Poisson, etc.

Processamento

Cálculo da matriz de rigidez: Cálculo

dos deslocamentos nodais e tensões.

Feito de forma implícita ao

usuário.

Pós-Processamento

Deslocamentos: Pode ser visualizada a

estrutura deformada ou um mapa com

faixas coloridas de deslocamentos.

Pode-se conhecer também os

deslocamentos individuais dos nós.

Tensões: As tensões podem ser

visualizadas na forma de mapas com

faixas coloridas de acordo com os

critérios de ruptura selecionados.

Concentração de Tensões: Podem ser

visualizadas as regiões de maior

concentração de tensões, que durante a

vida útil da estrutura estarão mais

propensas a apresentarem trincas,

permitindo assim escolher futuros

pontos de inspeção.

11

2.4 Notas importantes sobre o Método dos Elementos Finitos. [4]

O conhecimento do problema e a visão do engenheiro são os pré-requisitos básicos

para a definição de uma boa análise e para a interpretação correta dos resultados. Neste

contexto o Método dos Elementos Finitos e os pacotes computacionais são apenas

ferramentas de análise. Dentre várias notas algumas levam destaque:

1) Quanto maior o número de Elementos a solução discretizada deve convergir para a

solução exata do modelo. Neste caso deve-se observar que o modelo contínuo possue infinitos

graus de liberdade. A validade prática dos resultados obtidos, depende ainda da

representatividade do modelo escolhido, e das condições de contorno adotadas.

2) A idéia global do método consiste em substituir uma solução complexa para todo o

domínio pela superposição de soluções simples em sub-domínios.

3) Após a discretização do problema, os únicos pontos onde se pode aplicar as

condições de contorno são nos nós. Assim, as forças e os deslocamentos impostos, devem ser

aplicados aos nós. No caso de forças distribuídas de área ou volume, deve-se calcular as

forças nodais equivalentes.

4) O comportamento de cada elemento é fundamental: poucos elementos de alta

precisão podem fornecer melhores resultados que um grande número de elementos pouco

precisos. A precisão de cada elemento está associada ao tipo de aproximação escolhida para

cada sub-domínio, bem como do seu suporte geométrico. Assim quanto maior for o número

de elementos, maior será a precisão. De uma forma global, para cada tipo de problema, existe

um elemento mais apropriado.

2.5 Critério da Máxima Energia de Distorção (von Mises). [5]

Esse critério se baseia na determinação da energia de distorção de um certo material,

quer dizer, da energia relacionada com mudanças na forma do material (em oposição à

energia relacionada com mudanças de volume nesse material). O critério também é chamado

de Critério de von Mises, devido ao especialista em matemática aplicada Richard von Mises

(1883-1953). Por esse critério, um componente estrutural estará em condições de segurança

enquanto o maior valor de energia em distorção por unidade de volume do material

12

permanecer abaixo da energia de distorção por unidade de volume necessária para provocar o

escoamento no corpo de prova de mesmo material submetido à ensaio de tração.

A tensão efetiva de von Mises 'σ é definida como uma tensão normal uniaxial que

gera a mesma energia de distorção que a tensão combinada efetivamente aplicada. Para o caso

tri-dimensional tem-se:

1332212

32

22

1' σσσσσσσσσσ −−−++= , onde 1σ é a tensão máxima, 2σ é

a tensão intermediária e 3σ é a tensão mínima.

Este é o critério mais empregado atualmente devido às facilidades computacionais.

13

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Programas utilizados neste trabalho

Basicamente foram utilizados dois programas neste trabalho:

• Inventor 7 – Ferramenta 3D-CAD (Computer Aided Design) utilizada para gerar o

modelo. A sua facilidade de manuseio e ótima integração com o ANSYS foram os

principais motivos que levaram à sua escolha.

• ANSYS Workbench 8.1 Environment– Ferramenta CAE (Computer Aided

Engineering) utilizada para a análise de tensões.

3.2 Considerações feitas na Estrutura

A peça modelada não possui todos os detalhes da peça efetivamente fabricada, porém

as características principais foram observadas.

Normalmente se trabalha com tensões admissíveis na ordem de 2/3 da tensão de

escoamento para as condições de operação severa e na ordem de 1/5 da tensão de ruptura para

as condições de içamento.

Todas as soldas são de penetração total e foram consideradas perfeitas do ponto de

vista de junção, porém sabe-se que isso não é verdade dado o caso de incidências de trincas

em soldas. No entanto, a má execução da solda não é prevista nos cálculos e riscos desse tipo

tenderão a ser minimizados pelos coeficientes de segurança.

A Aranha do Rotor de Unidade Hidrelétrica possui basicamente as seguintes funções:

• Suportar o peso dos pólos e anel magnético;

• Transmitir o torque da turbina ao anel magnético;

• Suportar a força centrífuga devido à rotação;

• Suportar o peso dos pólos, anel magnético e turbina quando da operação de

levantamento da unidade.

14

A Figura 3.2.1 mostra a Aranha do Rotor já fabricada porém, por facilidade de

fabricação, ela está posicionada de “ponta-cabeça”.

Figura 3.2.1 – Aranha do Rotor em processo de fabricação

O cálculo será feito sob duas condições de contorno diferentes:

• Em rotação nominal: rotação de operação normal do rotor;

• Em rotação de disparo: rotação máxima que o rotor pode atingir devido a uma avaria

no sistema.

Todas as forças estão em Newton [N] e as pressões em Pascal [Pa]. Algumas das

características do Hidrogerador em estudo são:

• Número de pólos: 36;

• Rotação nominal: 200 rpm;

• Rotação de Disparo: 395 rpm;

• Tensão: 13800 V.

A Aranha do Rotor é fabricada com aço ASTM A36 exceto o cilindro do cubo do

rotor, cujo material é o SAR2 (ver Figura 3.2.2).

As constantes utilizadas para os materiais que compõem a Aranha do Rotor são:

• Módulo de Elasticidade : 200 GPa;

• Densidade : 7850 kg/m3;

• Coeficiente de Poisson : 0.3

15

Figura 3.2.2 – Corte da Aranha do Rotor mostrando suas diferentes partes

O modelo completo gerado através do Inventor 7 está representado na Figura 3.2.3.

Figura 3.2.3 – Modelo completo da Aranha do Rotor.

16

3.3 Análise Estática Estrutural para a Rotação Nominal

Os módulos das forças aplicadas ao modelo e suas restrições para a condição nominal

seguem abaixo:

• Rotação nominal ao longo do eixo Y: 200 rpm (extraído da folha de dados do

projeto).

O peso dos pólos e do anel magnético foram aplicados na periferia do disco inferior da

Aranha do Rotor distribuídos da seguinte forma:

• Peso dos Pólos e Anel Magnético: 4,07 x 106 N (extraído da folha de dados do

projeto).

• 70% da força dividido por 12 = 237500 N por barra guia

• 30% da força dividido por 24 = 51000 N por yoke localizado abaixo do bloco de

torque.

O empuxo hidráulico e o peso das partes rotativas da turbina foram aplicados na

posição dos tirantes de acoplamento com o eixo da turbina (R=843mm) que totalizam 18

pontos (Equação 3.3.1).

• Empuxo Hidráulico: 4,22 x 106 N (extraído da folha de dados do projeto).

• Peso das Partes Rotativas da Turbina: 1,17 x 106 N (extraído da folha de dados do

projeto).

NF 3000001810.17,110.22,4 66

== +

Equação 3.3.1 Restrições foram necessárias no plano X-Z devido a problemas de translação do

modelo. Este tipo de problema não deveria acontecer já que todas as forças são simétricas e a

resultante deveria ser zero, porém por mais preciso que seja o modelo tais restrições se fazem

necessárias. Estas restrições foram introduzidas no modelo exatamente nos pontos dos tirantes

de acoplamento com o eixo da turbina.

Foi adicionado ainda ao modelo a ação da gravidade (9,80665m/s2) e o torque

magnético do estator sobre o rotor em 24 áreas localizadas nos chamados blocos de torque

(Equação 3.3.2).

O raio médio dessas regiões para aplicações das forças é de 2715 mm.

Utilizando o valor do raio de aplicação das forças e os dados de potência e fator de

potência, pode-se encontrar o torque magnético da seguinte forma:

• Potência: 311000 KVA

17

• Fator de Potência: 0,95

NFr

Fr

wTFPP

216500

)60

.2.200).(715,2..(2495,0.311000000

..

=

=

=

π Equação 3.3.2

Figura 3.3.1 – Geometria do modelo com algumas condições de contorno para a rotação nominal.

3.4 Análise Estática Estrutural para a Rotação de Disparo

Na condição de rotação de disparo o torque magnético não atua (devido a um curto-

circuito, por exemplo) e por este motivo o rotor será levado a uma condição de extrema

velocidade podendo atingir uma rotação de 395 rpm. Este valor de rotação é fornecido pelo

fabricante da turbina. Portanto, apenas estes dois itens serão alterados em relação a análise

anterior: exclusão do torque magnético e mudança da rotação para 395 rpm.

18

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Discretização do modelo

Alguns resultados são comuns a ambas situações, pois independem das condições de

contorno. São elas:

• Massa: 60416 kg;

• Número de elementos : 91696;

• Número de nós : 169214.

• Refinamento da malha: Default

• Ordem do elemento: standard

Figura 4.1.1 – Modelo com a malha gerada.

19

A Figura 4.1.1 mostra o modelo totalmente discretizado no nível “default” de

refinamento. Vários elementos do modelo foram verificados de perto para se certificar que

havia total conexão entre eles.

• Nesta versão do ANSYS (Workbench 8.1) não se faz nenhuma menção de qual tipo

de elemento utilizar, isso porque vários tipos de elementos são atribuídos ao modelo de

forma implícita ao usuário.

Este novo gerador de malhas do ANSYS 8.1 Workbench está sendo estudado com o

objetivo de criar apenas um código de elemento finito que suporte todas as áreas.[6]

20

4.2 Análise Estática Estrutural para a Rotação Nominal

Os níveis de tensão obtidos na simulação para a rotação nominal seguem na Figura

4.2.1. Observa-se que a maior tensão gerada foi de 168 MPa. Considerando que a tensão de

escoamento do ASTM A36 é de 250 MPa e a tensão admissível na ordem de 2/3 da tensão de

escoamento. Têm-se: 250*2/3 = 167 MPa.

Portanto maxσσ ≈adm .

As condições de contorno para a rotação nominal podem ser observadas no item 3.3

deste trabalho.

Figura 4.2.1 – Visualização dos níveis de tensão pelo critério de von Mises

21

4.3 Análise Estática Estrutural para a Rotação de Disparo

Observa-se que a maior tensão apresentada pela simulação para a rotação de disparo

foi de 140 MPa (Figura 4.3.1), o que é abaixo da tensão admissível (167 MPa). Por este dado

verifica-se ainda que a condição de disparo induziu tensões internas menores que na condição

nominal e por isso não seria este o pior caso.

As condições de contorno para a rotação de disparo podem ser observadas no item 3.4

deste trabalho.

Figura 4.3.1 – Visualização dos níveis de tensão pelo critério de von Mises

É importante ressaltar que o modelo não deve ser aceito ou rejeitado simplesmente

pelos resultados obtidos na simulação. Para qualquer ação é aconselhável fazer uso de testes

laboratoriais e da experiência profissional. Esta recomendação vêm do próprio fabricante do

ANSYS.

O gráfico de convergência foi feito apenas para a condição de disparo para a

observância de alguns pontos importantes:

• A Tabela 4.3.2 traz a coluna “Tensão Última” como sendo o máximo valor

encontrado no gráfico de cores que o ANSYS fornece.

22

• O Gráfico 4.3.3 mostra uma tendência de estabilização no nível de 250 MPa, o que

não significa que este é o melhor resultado. Por experiências anteriores o ANSYS, para

esta peça, maximiza os níveis de tensão.

• Na faixa de 140MPa (Gráfico 4.3.3) encontram-se três pontos. Observa-se que o

ponto com menor número de elementos, dentre os três, possui uma tensão mais próxima do

nível de convergência que os outros. Portanto o aumento na quantidade de elementos não

implicou em uma maior proximidade do valor de convergência.

23

Tabela 4.3.2 – Dados extraídos de análises sucessivas para a construção do gráfico de convergência

No. de elementos No. de nós Tensão Última91696 169214 14087927 163673 14291979 169225 137104270 193395 166135414 252410 221180614 323040 224295944 554131 253

Convergência

0

100

200

300

0 2E+05

4E+05

No. de elementos

Ten

são

últ

ima

ob

serv

ada

(MP

a)

Gráfico 4.3.3 – Gráfico de convergência para a situação de disparo

24

5 CONCLUSÃO

Os níveis de tensão que a Aranha do Rotor apresentou nas simulações foram

satisfatórios em ambas condições de contorno. A maior concentração de tensão foi observada

na rotação nominal com 169 MPa em pontos isolados e que ficaram bem próximos da tensão

admissível para o material que é de 167 MPa. Portanto, nenhuma recomendação foi feita no

sentido de aumentar a rigidez do conjunto.

25

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] – J.H.ANSTEENSEN; I.A.TERRY; C.E.KILBOURNE, “ Summary of Mechanical

Design Formulas For Saliente Pole Alternating And Direct Current

Machine Designs”, Motor and Generator Engr. Dept. , January – 1936.

[2] – GALLAGHER, R. H., “Finite Element Analysis Fundamentals”, Prentice-Hall,

Inc., Englewood Cliffs, N.J., 1975.

[3] – ZIENKIEWICZ, O. C., “The Finite Element Method: From Intuition to

Generality”, Appl. Mech. Rev., 23, No. 23, Mar., 1970, pp. 249-256.

[4] – ALVES FILHO, AVELINO, “Elementos Finitos: A base da tecnologia CAE”,

São Paulo, ed. Érica, 2000.

[5] – BEER, F. P., Tradução e revisão técnica Celso Pinto Morais Pereira, “Resistência

dos Materiais” – 3º ed. – São Paulo: MAKRON Books, 1995,

[6] – ANSYS WORKBENCH 8.1 – www.ansys.com.br Help - Apêndice B. “ANSYS

Workbench and ANSYS Meshing Differences”.