DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA À DIGNIDADE DA · PDF fileA Grécia Antiga é um marco onde ser registram os primeiros ensaios da pretensão da superação do mito em busca do logos,

Embed Size (px)

Citation preview

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAN FACULDADE DE DIREITO

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM DIREITO

    MARIO JOS GISI

    DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA DIGNIDADE DA VIDA

    CURITIBA 2005

  • ii

    MARIO JOS GISI

    DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

    DIGNIDADE DA VIDA

    Dissertao apresentada como requisito parcial obteno do grau de Mestre em Direito, Programa de Ps-Graduao em Direito, Setor de Cincias Jurdicas, Universidade Federal do Paran.

    Orientador: Prof. Dr. Clmerson Merlin Clve

    CURITIBA

    2005

  • iii

    TERMO DE APROVAO

    MARIO JOS GISI

    DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA DIGNIDADE DA VIDA

    Dissertao aprovada como requisito parcial para obteno do grau de Mestre no

    Curso de Ps-Graduao em Direito, Setor de Cincias Jurdicas, da Universidade

    Federal do Paran, pela seguinte banca examinadora:

    Orientador: _______________________________________

    Professor Doutor Clmerson Merlin Clve

    Setor de Cincias Jurdicas, UFPR.

    ___________________________________________________________

    ___________________________________________________________

  • iv

    Mas se Deus as flores e as rvores

    E os montes e sol e o luar, Ento acredito nele,

    Ento acredito nele a toda a hora, E a minha vida toda uma orao e uma missa, E uma comunho com os olhos e pelos ouvidos.

    Mas se Deus as arvores e as flores

    E os montes e o luar e o sol, Para que lhe chamo eu Deus?

    Chamo-lhe flores e rvores e montes e sol e luar; Porque, se ele se fez, para eu o ver,

    Sol e luar e flores e rvores e montes, Se ele me aparece como sendo rvores e montes

    E luar e sol e flores, que ele quer que eu o conhea

    Como rvores e montes e flores e luar e sol. ...

    (Fernando Pessoa)

  • v

    Ana Maria (em memria)

    Aos filhos

    Daniel, Caetano e Fernando

    Marcinha

  • vi

    Agradecimentos

    A confluncia de fatores favorveis que nos deparamos quando

    delineamos um objetivo, confirma o dito popular de que o mundo conspira a nosso

    favor quando sabemos o que queremos. medida em que buscava a realizao deste

    propsito, que de alguma forma tambm um encontro comigo mesmo, s vi

    generosidade, e em abundncia.

    Generosidade traduzida na qualidade, competncia e seriedade dos

    professores do Programa de Ps-Graduao em Direito da UFPR, do meu orientador,

    Prof. Clmerson Merlin Clve, do Prof. Celso Luiz Ludwig e passando, sem exceo,

    por todos aqueles com quem tive a grata oportunidade de cumprir com alguma das

    disciplinas que cursei, e que traduzem a maturidade do PPGD, que, no por acaso,

    encontra-se dentre os mais prestigiados do pas.

    Da mesma forma, os colegas com quem convivi nesse perodo, foram

    fortes aliados na superao dos desafios, destacando especialmente Ana Letcia e Jairo

    Augusto.

    A aventura do aprender, da pesquisa, nos fez sentir na carne o que

    Maturana e Varela queriam dizer com viver conhecer. Que enquanto viver, possa

    participar ativamente desse maravilhoso processo.

    Este projeto no teria chegado a termo sem o apoio e o enorme corao

    de Mrcia Brando Zollinger, companheira presente e atenta, importante aliada na sua

    viabilizao.

    MJG

  • vii

    SUMRIO

    Resumo x

    Abstract xi

    Introduo 01

    Captulo I OS CAMINHOS DO PENSAMENTO CIENTFICO

    1.1 A aurora da razo 04

    1.2 Razo e f 05

    1.3 A poca das luzes 07

    1.4 O paradigma da cincia tradicional 13

    1.4.1 A simplicidade 14

    1.4.2 A estabilidade 16

    1.4.3 A objetividade 17

    1.5 Os percalos do paradigma tradicional 17

    1.6 O paradigma emergente 19

    1.7 As dimenses do paradigma emergente 22

    1.7.1 Complexidade 22

    1.7.2 Instabilidade 24

    1.7.3 Intersubjetividade 27

    1.7.3.1 Ao comunicativa 29

    1.8 O novo pensar sistmico 30

    Captulo II - A VIDA NA PERSPECTIVA DO NOVO PARADIGMA

    2.1 A evoluo da vida 37

    2.2 Autopoiese 39

    2.3 Estrutura dissipativa 40

    2.4 Cognio 41

  • viii

    2.5 Acoplamento estrutural 44

    2.6 A dimenso ecolgica 44

    2.7 A integrao 47

    2.8 A relao ecolgica 49

    2.9 A eco-auto-organizao 51

    2.10 A natureza subjugada 51

    2.11 Eco-sistema eco-logia 53

    2.12 Autonomia 54

    2.13 A auto-organizao geno-fenotpica 55

    2.14 A individualidade complexa 59

    2.15 O sujeito 60

    2.16 As associaes vivas 65

    2.17 O animal 66

    2.18 As interaes cognitivas 68

    2.19 A noo de vida 69

    2.20 O ser humano 70

    Captulo III A SOCIEDADE

    3.1 Os seres de terceiro tipo 72

    3.2 Gnese social dos homindeos 74

    3.3 Da paleo arqui-sociedade 76

    3.4 A sociedade histrica 77

    3.5 A encruzilhada 79

    3.6 Um outro mundo 79

    3.7 A crtica da razo indolente na perspectiva ambiental 80

    3.7.1 A cincia e o direito na transio paradigmtica 82

    3.7.2 Um senso comum participativo 86

    3.7.3 A tenso entre a regulao e a emancipao 87

  • ix

    3.7.4 Os modos de produo do poder, do direito e

    senso comum 90

    3.7.5 Expandir o jurdico e o poltico 94

    3.7.6 A utopia 95

    3.7.7 A fronteira 97

    3.7.8 O barroco 98

    3.7.9 O sul 99

    3.8 A perspectiva de Edgar Morin 100

    Captulo IV - A NATUREZA E O DIREITO

    4.1 O contrato natural 105

    4.2 A natureza margem da lei 107

    4.2.1 A natureza objeto 108

    4.2.2 A natureza sujeito 111

    4.2.3 A natureza projeto 114

    4.3 O princpio de responsabilidade 115

    4.4 Crtica a Ost 120

    4.5 A igualdade 121

    4.5.1 A diversidade gentica e a igualdade 123

    4.5.2 A diversidade de espcies e a igualdade 124

    4.6 Alimento e crueldade 125

    4.7 Tirar a vida 126

    4.8 Os efeitos de uma viso horizontal da vida 129

    4.9 A positividade da dignidade da vida no Brasil 131

    Consideraes finais 135

    Referncias bibliogrficas 137

  • x

    RESUMO

    O presente trabalho percorre a evoluo do pensamento racional e cientfico,

    confrontando suas premissas com as novas perspectivas apresentadas pela abordagem

    sistmica. Aprecia, sob a tica da complexidade, a realidade biolgica na qual o ser

    humano se insere, sua projeo no social e no cultural. Analisa ainda as relaes de

    poder na sociedade humana e as possibilidades emancipatrias a partir da

    compreenso da rede de fatores que se somam para a manuteno do status quo.

    Considera, finalmente, a possibilidade de abordar o princpio da igualdade na extenso

    a todos os seres vivos, bem como a adequao dos princpios constitucionais que se

    reportam vida e sua dignidade, como no limitados espcie humana.

    Palavras-chave: Meio ambiente, sistema, complexidade, dignidade, vida, igualdade

  • xi

    ABSTRACT

    The present work investigates the scientific and rational thought evolution and

    compares its premises with the systemic approach new perspectives. It also assesses

    the human being biological reality, social status and culture from the viewpoint of its

    complexity. In addition, This work analyses the power relation and emancipating

    possibilities existing within human society, starting from understanding a set of factors

    that are added up to maintain the society status quo. Finally, it takes into consideration

    the possibility of extending the equality principle and adequate the constitutional

    principles addressed to life and dignity to all living beings, not just to the human

    beings.

    Key-words: environment, system, complexity, dignity, life, equality.

  • INTRODUO

    O presente trabalho foi motivado pela preocupao com a intensidade e

    velocidade com que os ecossistemas vm sendo destrudos no planeta, aliado a um

    crescimento populacional sem precedentes, evidenciadores de que, a continuar nesse

    ritmo e nessa lgica, a vida, na sua totalidade, estar comprometida, a comear pelo

    prprio ser humano.

    O termo desenvolvimento sustentvel tornou-se um mero ornamento

    na mesma retrica e lgica destrutiva. Nada se mostra sustentvel. Continuamos

    consumindo combustveis fsseis em quantidades impressionantes; continuamos a

    aquecer o planeta, continuamos e at aumentamos o desmatamento; a lista das espcies

    ameaadas de extino da fauna e flora continua crescendo; a lgica do mercado e do

    consumo, alm de excludente, produz lixo e lixes em abundncia; nossos esgotos,

    domsticos e industriais continuam sendo despejados in natura e, mais do que isso,

    continuamos a aumentar essas mesmas necessidades, sob o discurso ainda muito

    slido, do desenvolvimento e do progresso, da gerao de empregos, da necessidade

    de superar os dficits econmicos e sociais etc.

    Parece a histria do cachorro que corre atrs do seu rabo. Agimos

    erradamente e justificamos nossa ao que continua errada, pelas conseqncias que

    ela est produzindo. O resultado disso se evidencia na presso cada vez maior pelas

    reas ainda preservada