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Aprecie algumas das páginas de “Liberdade”, em Pólen ® , o papel do livro e oficial da Flip 2012.

Degustação "Liberdade" Pólen

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A Suzano oferece a degustação do livro "Liberdade", em lançamento na Flip 2012. Aprecie algumas das páginas dessa obra em Pólen®, o papel do livro, que por sua cor proporciona mais conforto visual e faz você ler mais e melhor.

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Aprecie algumas das páginasde “Liberdade”, em Pólen®, o papel do livro e oficial da Flip 2012.

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A Suzano oferece uma degustação do livro Liberdadepara que você aprecie algumas das páginas dessa obra

com o conforto de leitura do Papel Pólen®.

Pólen® é o papel do livro.

Sua cor reflete menos luz e deixa a leitura muito mais confortável.

Quanto mais confortável a leitura, mais livros você consegue ler.

Quanto mais livros, mais conhecimento.

Quanto mais conhecimento, melhor para você e todo mundo.

Que seja o início de uma grande história.

Papel Pólen®.Você pode ler mais.

DeguStação FLIP 2012

O que você tem a ganhar

com a cor do papel de um livro?

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Bem perto do Days Inn ficava um restaurante de carne feito de plástico de cima a baixo, mas com um bar bem equipado. Era um lugar ridículo para se jantar, dado que nem Walter nem Lalitha comiam carne bovina, mas o re-cepcionista do motel não tinha nada de melhor a indicar. Numa cabine com assentos de plástico, Walter encostou a borda de seu copo de cerveja ao dry martini de Lalitha, que ela consumiu o mais rápido que pôde. Ele fez sinal para a garçonete, pedindo mais um, e em seguida se entregou ao penoso estu-

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do do cardápio da casa. Entre os horrores do metano de origem bovina e dos lagos de excremento que devastavam as fontes de água potável, produzidos pelas granjas de produção de porcos e frangos, a pesca catastroficamente ex-cessiva que devastava os mares, o pesadelo ecológico dos projetos de cultivo de camarão e salmão, a orgia antibiótica das fábricas de processamento de laticí-nios, e o combustível desperdiçado pela globalização dos produtos alimentí-cios, havia pouco que ele poderia pedir em boa consciência além de batatas, feijões e tilápia produzida em criadouros de água doce.

“Foda -se”, disse ele, fechando o cardápio. “Vou pedir um filé -mignon.”“Excelente, excelente comemoração”, disse Lalitha, com o rosto já cora-

do. “E eu vou pedir o delicioso sanduíche de queijo quente do menu infantil.”A cerveja era interessante. Inesperadamente amarga e quase gostosa,

lembrando o sabor de massa de pão. Depois de três ou quatro goles, vasos sanguíneos que raramente se manifestavam no cérebro de Walter pulsavam com um efeito perturbador.

“Recebi um e -mail de Richard”, disse ele. “Ele está disposto a vir para cá discutir estratégias conosco. Eu disse que viesse no fim de semana.”

“Ah! Viu só? E você achava que nem valia a pena falar com ele.”“Não, não. Nessa você tinha razão.”Lalitha percebeu alguma coisa no rosto dele. “Mas você não ficou satis-

feito com a ideia?” “Não, claro que sim”, disse ele. “Teoricamente. Só tem uma coisa que me

faz... desconfiar. Acho que basicamente por não entender por que ele aceitou.”“Porque nós dois fomos extremamente convincentes!”“É, pode ser. Ou talvez porque você seja extremamente bonita.”Ela ficou lisonjeada e ao mesmo tempo embaraçada por essas palavras.

“Ele é um amigo muito próximo, não é?”“Foi. Mas depois ficou famoso. E agora só consigo ver as partes dele em

que não confio.”“E no que você não confia?”Walter abanou a cabeça, sem querer responder.“Você não confia nele comigo?”“Não, seria uma estupidez imensa, não é? Quer dizer, por que algo que

você faça poderia me afetar? Você é adulta, e sabe cuidar de si mesma.”Lalitha riu dele, agora simplesmente satisfeita, e nada confusa.

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“Acho Richard muito engraçado e carismático”, disse ela. “Mas no geral o que mais sinto por ele é pena. Sabe como? Ele parece um desses homens que precisam ficar o tempo todo ostentando uma atitude, porque por dentro são fracos. Ele nem chega perto de você como homem. Enquanto nós três conversamos, eu só via o quanto ele admira você, e como ele tentava não dei-xar isso claro demais. Você não percebe?”

O grau de prazer que Walter sentiu ao ouvi -la dizer isso lhe pareceu até perigoso. Ele queria acreditar nela, mas não conseguia, porque sabia o quanto Richard, a seu modo, podia ser de uma persistência infatigável.

“É sério, Walter. Esse tipo de homem é muito primitivo. Só tem dignidade, autocontrole e atitude. E só tem uma coisa, enquanto você tem todo o resto.”

“Mas a coisa que ele tem é o que o mundo quer”, disse Walter. “Você leu todas as informações sobre ele que constam no Nexis, e sabe do que estou fa-lando. O mundo não quer ideias ou emoções, quer integridade e comedimen-to. E é por isso que não confio nele. Ele armou o jogo de um modo que sempre vai ganhar. Em particular, pode achar que admira o que estamos fazendo, mas nunca vai admitir em público, porque precisa manter a atitude, que é o que o mundo espera dele, e ele sabe disso muito bem.”

“Sim, mas é por isso que é tão bom ele ter aceitado trabalhar conosco. Eu não quero que você esteja na moda, não gosto de homens da moda. Gosto de um homem como você. Mas Richard pode nos ajudar na parte da comunicação.”

Walter ficou aliviado quando a garçonete veio anotar os pedidos e pôs fim ao prazer de ouvir os motivos pelos quais Lalitha gostava dele. Mas o perigo só fez se aprofundar quando ela tomou o segundo martíni.

“Posso lhe fazer uma pergunta pessoal?”, disse ela.“Ah—claro.”“A pergunta é a seguinte: você acha que eu devo ligar as minhas trompas?”Ela falara tão alto que outras mesas ouviram, e Walter, por reflexo, levou

o indicador aos lábios. Já sentia que estava chamando atenção demais, espa-lhafatosamente urbano, dividindo a mesa com uma garota de outra raça em meio às duas variedades de habitantes rurais da Virgínia Ocidental, os obesos e os muito magros.

“E me parece uma pergunta mais que lógica”, disse ela em voz mais bai-xa, “já que eu pelo menos sei que não quero filhos.”

“Bom”, disse ele, “eu não... eu não...” Queria dizer que, como Lalitha se

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encontrava tão pouco com Jairam, seu namorado havia tanto tempo, a gravidez não parecia um risco muito iminente, e que se ela engravidasse acidentalmente, sempre podia fazer um aborto. Mas parecia incrivelmente inadequado conver-sar com sua assistente sobre as suas trompas. Ela sorria para ele com uma espécie de timidez melosa, como se esperasse uma permissão sua ou temesse sua repro-vação. “Acho que no fim das contas”, disse ele, “Richard tem razão, se me lem-bro bem do que ele disse. Ele disse que as pessoas sempre mudam de ideia sobre essas coisas. O melhor talvez seja deixar as opções em aberto.”

“Mas e se eu tiver certeza de que agora estou com a razão, e quem eu vou ser no futuro não me despertar confiança?”

“Bom, no futuro você já não vai ser mais quem foi. Vai ser outra pessoa. E essa nova pessoa pode querer outras coisas.”

“Então a pessoa nova que vou ser no futuro que se foda”, disse Lalitha, debruçando -se para a frente. “Se ela quiser se reproduzir, já não tenho mais o menor respeito por ela.”

Walter fez um esforço deliberado para não olhar em volta. “Mas por que você resolveu falar disso agora? Você quase nunca se encontra com Jairam.”

“Porque Jairam quer ter filhos, só isso. E não acredita que eu possa estar realmente decidida a não ter. Preciso mostrar a ele, para ele parar de me abor-recer. Não quero mais ser namorada dele.”

“Não sei se eu e você devíamos estar conversando sobre essas coisas.”“Mas com quem eu posso conversar, então? Você é a única pessoa que

me entende.”“Ah, meu Deus, Lalitha.” A cabeça de Walter girava por causa da cerveja.

“Sinto muito. Sinto muito mesmo. Estou achando que induzi você a uma es-trada a que não queria induzir. Você ainda tem a vida toda pela frente, e eu... fico com a impressão de que induzi você a um caminho errado.”

A explicação não podia ser pior. Ao tentar dizer alguma coisa mais delimi-tada, mais específica em relação ao problema da população mundial, ele pare-ceu falar de alguma coisa ampla a respeito deles dois. Pareceu excluir uma possibilidade mais ampla que ainda não estava convencido de que devia ex-cluir, muito embora soubesse que não era uma possibilidade concreta.

“É assim que eu penso, e não você”, disse Lalitha. “Não foi você quem pôs essas ideias na minha cabeça. Eu só estava pedindo o seu conselho.”

“Está bem, então acho que o meu conselho é para não ligar.”

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“Está bem. Então vou tomar mais uma bebida. Ou você me aconselha a parar?”

“Aconselho você a parar.”“Mas peça mais uma para mim, de qualquer maneira.”Um despenhadeiro se abria à frente de Walter, em que ele poderia saltar

no momento em que quisesse. Ficou chocado de ver como uma coisa daquelas podia abrir -se tão depressa diante dele. Na única outra ocasião—ou melhor, não, não, não, na única ocasião—em que ele se apaixonara, levara quase todo um ano para tomar uma atitude a respeito, e mesmo depois disso Patty é que respondera pela maior parte do trabalho pesado em nome dele. Agora, parecia que essas coisas podiam acontecer numa questão de minutos. Mais umas pou-cas palavras imprudentes, mais uma caneca de cerveja, e só Deus sabe...

“O que eu quis dizer”, atalhou ele, “é que eu posso ter ido longe demais com você nos meus argumentos sobre a superpopulação do mundo. De uma forma um tanto louca. Com a minha raiva meio cega, por causa dos meus problemas. Foi só isso que eu quis dizer.”

Ela assentiu com a cabeça. Diminutas pérolas de lágrimas pendiam de seus cílios.

“Eu me sinto muito como se fosse seu pai”, balbuciou ele.“Entendi.”Mas pai também era a palavra errada—excludente demais do tipo de

amor que ainda lhe doía demais admitir que nunca haveria de se permitir.“Obviamente”, disse ele, “sou novo demais para ser seu pai, ou quase novo

demais, e além disso, de qualquer maneira, você tem o seu pai. Eu só estava falando de você ter me pedido um conselho paterno. Do fato de que, por ser seu chefe, e uma pessoa consideravelmente mais velha, eu sinto certa... preocu‑pação com você. E disse ‘pai’ nesse sentido. Não em nenhum sentido tabu.”

Tudo isso soava um completo absurdo no momento mesmo em que ele dizia. O problema dele era justamente a porra dos tabus. Lalitha, que parecia saber disso, ergueu seus lindos olhos e olhou direto nos dele. “Você não preci-sa me amar, Walter. Eu posso amar você sozinha. Está bem? E isso você não tem como evitar.”

O abismo se ampliou vertiginosamente.“Mas eu amo você!”, disse ele. “Quer dizer—de certa maneira. Uma

maneira bem determinada. Sem dúvida eu amo. Muito. Muito mesmo. Está

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bem? Só não vejo que isso possa nos levar a lugar algum. Quer dizer, se vamos continuar trabalhando juntos, não podemos ficar conversando desse jeito. Já chegamos a um ponto muito, muito, muito, muito perigoso.”

“Eu sei.” Ela baixou os olhos. “E você é casado.”“Pois é, exatamente. Exatamente. E aqui estamos nós.”“Aqui estamos nós, exatamente.”“Vou pedir a sua bebida.”O amor declarado, o desastre evitado, ele continuou à procura da garço-

nete que os atendia e lhe pediu um terceiro martíni, carregado no vermute. Seu rosto corado, que fora e voltara durante a vida inteira, agora tinha vindo e não o deixava mais. Refugiou -se, com o rosto em brasas, no banheiro dos ho-mens, e tentou urinar. Sua vontade era ao mesmo tempo premente e difícil de atender. Ficou de pé diante do mictório, respirando fundo, e estava finalmen-te a ponto de conseguir deixar as coisas fluírem quando a porta se abriu e al-guém entrou. Walter ouviu o sujeito lavar as mãos e secá -las enquanto ele fica-va ali parado com as faces em fogo e esperava a bexiga sobrepujar sua timidez. Estava de novo à beira do sucesso quando percebeu que o sujeito da pia se demorava de propósito, à espera dele. Desistiu de mijar, desperdiçou água com uma descarga desnecessária, e puxou o fecho das calças.

“Talvez fosse o caso de falar com um médico, amigo, sobre as suas dificul-dades urinárias”, comentou com um sotaque sádico e arrastado o sujeito da pia. Branco, com uns trinta anos e as marcas de uma vida dura no rosto, correspon-dia perfeitamente à descrição que Walter faria do tipo de motorista que era contrário a sinalizar suas mudanças de direção com a seta. Postou -se ao lado do ombro de Walter enquanto este lavava depressa as mãos e as secava.

“Quer dizer que você gosta de carne escura?”“O quê?”“Estou dizendo que vi o que você está fazendo com aquela pretinha.”“Ela é asiática”, disse Walter, contornando o sujeito. “Se me dá licença—”“Doce é bom mas a bebida sobe mais depressa, não é mesmo?”Sua voz vinha carregada de tanto ódio que Walter, temendo a violência,

procurou bater em retirada pela porta sem dar nenhuma resposta. Não dava ou absorvia um soco em trinta e cinco anos, e imaginava que uma porrada fosse incomodar muito mais aos quarenta e sete que aos doze anos. Todo o seu

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corpo tremia de violência contida, sua cabeça girando diante da injustiça, quando se sentou diante de uma salada de alface hidropônica em sua cabine.

“Que tal sua cerveja?”, perguntou Lalitha.“Interessante”, respondeu ele, tomando o resto de uma vez. Sentia a cabe-

ça a ponto de soltar -se do pescoço e ascender até o teto como um balão de gás.“Desculpe eu ter dito o que não devia.”“Não se preocupe”, disse ele. “Eu—” também estou apaixonado por

você. Terrivelmente apaixonado. “Eu estou numa posição difícil, querida”, dis-se ele, “quer dizer, não ‘querida’. Não ‘querida’ Lalitha. Querida. Estou numa posição difícil.”

“Talvez você devesse tomar mais uma cerveja”, disse ela com um sorriso malicioso.

“A questão é que eu também sou apaixonado pela minha mulher.”“Claro que sim”, disse ela. Mas não estava nem tentando ajudar Walter a

se livrar da situação. Arqueou as costas como uma gata e esticou -se para a frente por cima da mesa, exibindo as dez unhas claras de suas lindas mãos jo-vens dos dois lados de sua travessa de salada, convidando -o a tocá -las. “Estou tão bêbada!”, disse ela, sorrindo maldosamente para ele.

Ele correu os olhos em volta pelo salão de jantar de plástico para ver se o sujeito que o incomodara no banheiro estava assistindo à cena. Não estava patentemente à vista, e ninguém mais os fitava de maneira indevida. Baixando os olhos para Lalitha, que esfregava o rosto no tampo de plástico da mesa como se fosse o mais macio dos travesseiros, lembrou -se das palavras da profe-cia de Richard. A moça de joelhos, a cabeça subindo e descendo, sorrindo para cima. Ah, a clareza barata da visão do mundo de Richard Katz. Uma onda de ressentimento atravessou a relativa embriaguez de Walter e o fez recuperar o equilíbrio. Aproveitar -se daquela moça seria a atitude de Richard, mas não a dele.

“Sente -se direito”, disse ele em tom severo.“Daqui a pouquinho”, murmurou ela, ondulando os dedos esticados.“Não, sente -se direito agora. Somos a face pública do Fundo, e precisa-

mos agir de acordo.”“Acho que você devia me levar para o quarto, Walter.”“Primeiro você precisa comer alguma coisa.”“Hum”, disse ela, sorrindo de olhos fechados.

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Walter levantou -se, foi atrás da garçonete e pediu -lhe que embalasse seus pratos para viagem. Lalitha ainda estava desabada para a frente, o terceiro martí-ni inacabado ao lado do cotovelo, quando ele voltou para a cabine. Ele a desper-tou e a segurou com firmeza pela metade superior do braço enquanto a levava para fora e a instalava no banco do carona. Voltando ao restaurante para buscar a comida, encontrou, no vestíbulo envidraçado, o sujeito do banheiro.

“Filho da puta, que gosta de carne escura”, disse o sujeito. “Dando espe-táculo. Veio fazer o que aqui, filho da puta?”

Walter tentou contorná -lo, mas o sujeito barrou seu caminho. “Eu lhe fiz uma pergunta.”

“Não estou interessado”, disse Walter. Tentou abrir caminho mas o outro o empurrou com força contra a vidraça, fazendo sacudir a estrutura do vestíbu-lo. Naquele momento, antes que alguma coisa pior pudesse acontecer, a porta interna se abriu e a recepcionista veterana do restaurante perguntou o que es-tava havendo.

“Esta pessoa está me incomodando”, disse Walter, respirando com força.“Pervertido de merda.”“Resolvam essa questão fora do estabelecimento”, disse a recepcionista.“Não vou a lugar nenhum. Esse tarado é que vai embora.”“Então volte para a sua mesa, sente -se e não venha usar esse tipo de lin-

guagem comigo.”“Nem consigo comer, esse cara me deixa com o estômago embrulhado.”Deixando os dois outros discutindo suas pendências, Walter entrou e

descobriu -se na mira do olhar odiosamente assassino de uma jovem loura um tanto acima do peso, claramente a mulher do seu perseguidor, sozinha a uma mesa junto à porta. Enquanto esperava a chegada da comida, perguntou -se por que logo naquela noite, de todas as noites possíveis, ele e Lalitha haviam despertado aquele tipo de ódio. Tinham provocado alguns olhares aqui e ali, quase sempre em cidades menores, mas as coisas nunca tinham chegado a esse ponto. Na verdade, ficara agradavelmente surpreso com o número de ca-sais mistos que vira em Charleston, e pela prioridade relativamente baixa do racismo entre os muitos males do estado. A maior parte da Virgínia Ocidental era branca demais para que a raça se transformasse numa questão primordial. Viu -se levado à conclusão de que o que tinha atraído a atenção do jovem casal fora a culpa, a culpa suja que ele próprio sentia e que se irradiava de seu reser-

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vado. Não sentiam ódio de Lalitha, sentiam ódio dele. E ele merecia. Quando a comida finalmente chegou, suas mãos tremiam tanto que ele mal conseguiu assinar o recibo do cartão de crédito.

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