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Categoria: Relações com Comunidades Dessedentação de Animais no Sertão Alagoano Nomes e e-mails dos Autores: Wilmar Felipe Manzi Neto [email protected] Claudemir Manoel da Silva [email protected] Vitor Silva Lima [email protected] Nome do Contrato/Unidade: Canal Adutor do Sertão Alagoano Trecho IV País: Brasil Empresa: Odebrecht Engenharia e Construção Internacional S/A Local: São José da Tapera / Alagoas GC: Pedro Carneiro Leão DR: Eduardo Quintella RESUMO: A água é um dos recursos naturais mais importantes para a humanidade, todos nós sabemos que é impossível vivermos sem ela. Da mesma forma, os vegetais e animais precisam dela para sobreviver. Argumentos mais do que suficientes para justificar a construção do Canal Adutor do Sertão Alagoano, a água, a vida! Desde o início das atividades de construção do trecho IV do Canal, Setembro de 2013, temos sentido na pele a escassez hídrica da região, com cidades faltando água por mais de 15 dias, vilarejos sendo abastecidos com água por caminhões pipa e cenas estarrecedoras de vários animais mortos pela falta de água. Quando havia qualquer precipitação pluviométrica, lamentavelmente a água logo escoava e não era armazenada para a dessedentação dos animais. Em algumas raras propriedades é que existiam os chamados “barreiros”, que são escavações no solo que visam o acúmulo de água. A maioria das propriedades não possuiam barreiros devido a falta de disponibilidade financeira das famílias para sua construção. Diante desta percepção da necessidade de se construir “acumuladores” de água para: dessedentação de animais; uso na irrigação de

Dessedentação de Animais no Sertão Alagoano · “acumuladores” de água para: ... disponível dentro da faixa de domínio da Obra estava se esgotando, fazendo-se necessário

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Categoria: Relações com Comunidades

Dessedentação de Animais no Sertão Alagoano Nomes e e-mails dos Autores: Wilmar Felipe Manzi Neto – [email protected] Claudemir Manoel da Silva – [email protected] Vitor Silva Lima – [email protected] Nome do Contrato/Unidade: Canal Adutor do Sertão Alagoano – Trecho IV País: Brasil Empresa: Odebrecht Engenharia e Construção Internacional S/A Local: São José da Tapera / Alagoas GC: Pedro Carneiro Leão DR: Eduardo Quintella RESUMO: A água é um dos recursos naturais mais importantes para a humanidade, todos nós sabemos que é impossível vivermos sem ela. Da mesma forma, os vegetais e animais precisam dela para sobreviver. Argumentos mais do que suficientes para justificar a construção do Canal Adutor do Sertão Alagoano, a água, a vida! Desde o início das atividades de construção do trecho IV do Canal, Setembro de 2013, temos sentido na pele a escassez hídrica da região, com cidades faltando água por mais de 15 dias, vilarejos sendo abastecidos com água por caminhões pipa e cenas estarrecedoras de vários animais mortos pela falta de água. Quando havia qualquer precipitação pluviométrica, lamentavelmente a água logo escoava e não era armazenada para a dessedentação dos animais. Em algumas raras propriedades é que existiam os chamados “barreiros”, que são escavações no solo que visam o acúmulo de água. A maioria das propriedades não possuiam barreiros devido a falta de disponibilidade financeira das famílias para sua construção. Diante desta percepção da necessidade de se construir “acumuladores” de água para: dessedentação de animais; uso na irrigação de

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plantações; com o menor custo possível para as famílias circunvizinhas à Obra; e devido a ausência de materiais de 1ª categoria, solo, disponíveis na faixa de domínio da Obra para execução de aterros para a construção do canal, fez com que tivéssemos esta ação de realizar a construção de 24 (vinte e quatro) Barreiros, que promoveram o acúmulo de mais de 240 milhões de litros de água, em parceria com a Comunidade local, Cliente, Fiscalização e Órgão Ambiental. Esta ação resultou em um volume de 244.104 m³ (duzentos e quarenta e quatro mil, cento e quatro metros cúbicos) de material de 1ª categoria extraídos, viabilizando a continuidade desta Obra tão necessitada e esperada pelos sertanejos, que é o Canal Adutor do Sertão Alagoano.

1. IDEIAS INCORPORADAS

1.1. Situação anterior O material de 1ª categoria, solo, disponível dentro da faixa de domínio da Obra estava se esgotando, fazendo-se necessário a identificação de uma área enorme que houvesse disponibilidade deste material e interesse do proprietário em comercializar, para que então pudéssemos licenciar, extrair e posteriormente recuperar esta área. 1.2. Ideias e ações incorporadas

Diante a enorme seca que atingiu a região da Obra do Canal Adutor do Sertão Alagoano, da falta de barreiros que pudessem acumular água para dessedentação animal, e a necessidade da Obra por materiais de 1ª categoria, solo, para compor os aterros que permitem a realização da Obra, incorporou-se a ideia de viabilizar a realização destes barreiros com área máxima de 02 hectares, em atendimento ao Decreto nº 20.028/2012 do Governo de Alagoas que define os parâmetros para as obras de enfrentamento da seca e com consentimento do Órgão Ambiental Estadual, Cliente, Fiscalização e Proprietários das áreas de interesse. 1.3. Origem do conhecimento

Interna: Vivência de parte de nossa equipe na Obra da Ferrovia Transnordestina, que devido a longa extensão, possui trechos em regiões semelhantes, com enorme escassez hídrica, e que em alguns casos realizou-se ações desta natureza.

Externa: SILVA, A.S.; PORTO, E.R.; GOMES, P.C.F. Seleção de áreas e construção de barreiros para uso em irrigação de salvação no trópico semi-árido. Petrolina, PE: Embrapa-CPATSA, 1981. 43p. il. (Embrapa-CPATSA. Circular Técnica, 3).

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2. METODOLOGIA

2.1. Descrição A etapa de planejamento constitui-se em:

deslocamento pela Equipe de Meio Ambiente e Engenharia pelos arredores da Obra, objetivando identificar potenciais áreas mais próximas para execução dos barreiros e extração de materiais de 1ª categoria (solo), também com o intuito de diminuir a distância média de transporte – DMT do material extraído;

após identificado uma área potencial, a Equipe de Meio Ambiente faz contato com o proprietário da área para confirmação de interesse do mesmo em realizar o barreiro. Confirmado o interesse, é colhida a assinatura do mesmo na Ficha de Autorização (Imagem 01) para Acesso à área e início dos estudos;

após a Ficha de Autorização devidamente assinada, inicia-se a verificação da qualidade do material existente pela Equipe do Laboratório de Qualidade da Obra;

caso o material seja aprovado pela Equipe da Qualidade, inicia-se o levantamento topográfico da área para quantificar o volume possível à ser extraído;

concluído o levantamento topográfico, as informações são repassadas para a Engenharia confeccionar o croqui da área, mapa de acesso ao local e estimativa de área e volume a ser extraído;

após liberadas estas informações pela Engenharia, a Equipe de Meio Ambiente desloca-se até o local para realizar a avaliação da área, confeccionar os Relatórios de Análise Ambiental e enviá-los ao Cliente para que sejam protocolados no Órgão Ambiental Estadual;

após emitida a Autorização Ambiental (Imagem 02) pelo Órgão competente, pode-se iniciar a construção do Barreiro.

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Imagem 1: autorização do proprietário para execução do Barreiro 31.

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Imagem 2: Autorização Ambiental para execução dos Barreiros 26 à 29. A etapa de construção do barreiro é composta por:

Demarcação da área, com piquetes de madeira, pela Equipe de Topografia, onde será construído o barreiro, visando-se não extrapolar o limite da área autorizado pelo proprietário e pelo Órgão Ambiental;

Decapeamento superficial da área, aproximadamente 30 cm do solo orgânico existente, removido e armazenado para que o proprietário possa reutilizá-lo;

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Escavação do material com escavadeira hidráulica e transporte deste material com caminhões caçamba até a Obra;

Após removido todo o material existente, a área é regularizada e compactada por um trator de esteiras, que deixa-a apta para receber contribuição pluvial e armazenar a água;

Concluído o processo de construção do barreiro, a Equipe de Meio Ambiente desloca-se até o local para inspecionar a área, registrar as imagens do barreiro e confeccionar o Relátorio Final, que é enviado ao Órgão Ambiental para que a Autorização Ambiental do Barreiro seja arquivada;

Após inspecionada a área pela Equipe de Meio Ambiente, e checado se todas as condicionantes da Autorização Ambiental foram cumpridas e não há nenhuma irregularidade na área, o Barreiro é entregue ao proprietário da área para que assim possa atingir o seu objetivo, que é promover a dessedentação dos animais existentes.

2.2. Composição das equipes

Na etapa de planejamento, foi envolvida equipe multidisciplinar composta pelos seguintes profissionais:

01 Técnico de Meio Ambiente;

01 Técnico Especializado (Engenharia/Projetos);

01 Auxiliar de Laboratório (Qualidade);

01 Laboratorista (Qualidade);

01 Auxiliar de Topografia;

01 Topógrafo. Na epata de construção foram utilizados os seguintes profissionais:

01 Técnico de Meio Ambiente;

01 Auxiliar de Topografia;

01 Topógrafo;

01 Encarregado de Serviços (Produção);

01 Operador de Escavadeira;

02 Motoristas de Caminhão Basculante;

01 Operador de Trator de Esteiras.

2.3. Equipamentos, insumos e instalações envolvidas:

01 veículo para deslocamento da Equipe;

01 máquina fotográfica;

01 estação total topográfica;

01 escavadeira hidráulica;

02 caminhões basculantes;

01 trator de esteiras.

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2.4. Produtividades alcançadas

Redução de gastos para o erário, pois as áreas destes barreiros localizam-se em média à 2 Km de distância da Obra, o que resulta em uma menor distância média de transporte - DMT destes materiais de 1ª categoria (solo), do que ter que transportar de uma área específica, licenciada e mais distante da Obra;

Redução na emissão de gases do efeito estufa, pelos caminhões da Obra, devido à menor distância de transporte destes materiais;

Redução dos gastos, aproximadamente R$ 30.000,00, com identificação e licenciamento de área específica (jazida) para fornecimento de solo;

Economia de R$ 1.540.000,00 com a recuperação 22 hectares, pois até o momento já realizamos a construção de 24 barreiros, com área total de 22 hectares.

Custo Médio de Recuperação de 01 hectare: R$ 70.000,00 Área total utilizada: 22 hectares Custo estimado: R$ 1.540.000,00

Proporcionar água, vida, aos animais da região, tem preço?

2.5. Problemas observados

i) Demora na liberação da Autorização Ambiental pelo órgão

competente, gerando expectativa no proprietário e frustrando o cronograma de obras;

ii) Desistência de alguns proprietários na construção do Barreiro; iii) Durante a construção do Barreiro encontra-se rocha (material de

3ª categoria), diminuindo o volume previsto anteriormente do Barreiro e dos materiais de 1ª categoria para a Obra.

2.6. Desenhos

Encontra-se disponível a seguir, dois exemplos dos croquis elaborados pela Engenharia e oficializados perante o Cliente (que por sua vez é responsável pela liberação dos barreiros no orgão ambiental), contendo as seguintes informações: coordenadas geográficas, área do barreiro, nome do proprietário e a distância do Barreiro para a Obra.

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Figura 1: exemplo do croqui elaborado para o Barreiro 36.

Figura 2: exemplo do croqui elaborado para o Barreiro 37.

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2.7. Custos incorridos e/ou investimentos:

Os valores para referência levaram em consideração a quantidade de horas necessárias de cada Equipe desde o planejamento até a conclusão e arquivamento do Barreiro nos Órgãos competentes. Ressalta-se que este custo iria ocorrer do mesmo modo para uma área específica de jazida de extração de material de 1ª categoria.

2.8. Fotos

Foto 1 – Área passível de instalação do Barreiro.

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Foto 3 – Inspeção inicial com o proprietário e a Equipe de Topografia e Meio

Ambiente, para definição do local.

Foto 2 – Realização de sondagem para verificação do material existente.

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Foto 4 – Construção do Barreiro, seguindo todas as condicionantes Ambientais.

Foto 5 – Barreiro construído e objetivo atingido, que é a dessedentação dos

animais do Sertão.

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Foto 6 – Barreiro em operação, promovendo a dessedentação de animais e a

irrigação de plantações, devido a excelente capacidade de armazenamento de água.

Foto 7 – Barreiro implantado, promovendo a irrigação de plantações e a

dessedentação de animais.

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3. RESULTADOS OBTIDOS

Acúmulo de mais de 240 milhões de litros de água em Barreiros;

Diminuição da mortalidade de animais e rebanhos na região;

Incremento da economia agrícola da região, através da utilização da água acumulada nos Barreiros para irrigar as plantações;

Ganho de imagem da Odebrecht em realizar ação de mitigação da mortalidade de animais na região do Projeto;

Atendimento aos requisitos legais e contratuais, especialmente o Decreto nº 20.028/2012 do Governo de Alagoas que define os parâmetros para as obras de enfrentamento da seca;

Minimização do impacto ambiental devido a redução dos gases do efeito estufa e preservação de áreas;

Reconhecimento social com a construção dos Barreiros para as comunidades circunvizinhas à Obra;

Economia de R$ 1.570.000,00 para a Obra, com licenciamento ambiental e recuperação de área degradada, com jazida de material de 1ª categoria, conforme memorial à seguir:

Custo Médio de Recuperação de 01 hectare: R$ 70.000,00 Área total utilizada: 22 hectares Identificação e licenciamento de Jazida: R$ 30.000,00 Custo total estimado = (70.000,00 x 22) + (30.000,00) = R$

1.570.000,00

4. ÁREAS DE APLICAÇÃO

Esta metodologia de construir Barreiros para dessedentação animal com uso do material escavado na Obra aplica-se a todos os empreendimentos que necessitem de materiais de 1ª categoria (solo) para realizarem suas obras de terraplenagem / construção de aterros, tais como: Hidrelétricas, Rodovias, Ferrovias, Aeroportos, dentre outros.

5. CONTATOS: Wilmar Felipe Manzi Neto – [email protected] Telefones: (82) 3142-1850 / (82) 98114-1820 Vitor Silva Lima – [email protected] Telefones : (82) 3142-1850 / (82) 98163-3944