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UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE PSICOLOGIA DETERMINANTES SOCIAIS E PSICOLÓGICOS DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL Maria da Graça Massano de Amorim Mavigné Andrade DOUTORAMENTO EM PSICOLOGIA Especialidade Psicologia da Saúde 2014

DETERMINANTES SOCIAIS E PSICOLÓGICOS DO … · 2017-12-18 · E, em especial, pelo apoio em alguns momentos mais difíceis, agradeço: à minha cunhada, aos meus amigos Nuno Medeiros,

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UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE PSICOLOGIA

DETERMINANTES SOCIAIS E PSICOLÓGICOS DO

COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

Maria da Graça Massano de Amorim Mavigné Andrade

DOUTORAMENTO EM PSICOLOGIA

Especialidade Psicologia da Saúde

2014

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UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE PSICOLOGIA

DERTERMINANTES SOCIAIS E PSICOLÓGICOS DO

COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

Maria da Graça Massano de Amorim Mavigné Andrade

DOUTORAMENTO EM PSICOLOGIA

Especialidade Psicologia da Saúde

Tese orientada pela Prof.ª Drª Luísa Barros, especialmente elaborada para a

obtenção do grau de doutor em Psicologia da Saúde

2014

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Esta investigação foi apoiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia,

do Ministério da Educação e Ciência, com a Bolsa de Doutoramento

referência Nº SFRH / BD / 45193 / 2008.

O projeto foi também apoiado pela Nestlé Portugal.

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Aos meus pais.

À Margarida e ao João,

pelo afeto incondicional.

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Agradecimentos

O meu primeiro agradecimento vai para a Professora Doutora Luísa Barros.

Ao longo deste projeto foi-me possível usufruir dos seus profundos conhecimentos,

do seu espírito crítico e criativo, da sua sensibilidade para as questões da

parentalidade. Um obrigado, igualmente forte, pela solidariedade e

disponibilidade.

Muitos colegas da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa

(ESTeSL) apoiaram diretamente este projeto. Aos professores Manuel Correia e

João Lobato, o meu agradecimento por terem facilitado o acesso às crianças e pais,

integrando este projeto como uma das parcerias entre a ESTeSL e a Câmara

Municipal de Loures. À Área Científica de Dietética e Nutrição, em particular ao seu

coordenador, professor Lino Mendes, que fomentou e possibilitou muito do apoio

recebido; à professora Rute Borrego, pelo tempo e esforço despendido no

acompanhamento da avaliação do peso e altura das crianças; a todos os estudantes

da Licenciatura em Dietética e Nutrição que colaboraram na avaliação das crianças

e também aos que ajudaram na adequação dos instrumentos de avaliação; à

professora Marisa Cebola, pelos seus esclarecimentos fundamentais. À professora

Luísa Veiga, pelo interesse e partilha de conhecimentos na preparação do

questionário de conhecimento nutricional. Ao professor André Coelho, pela imensa

afabilidade e pela ajuda na leitura ótica dos questionários. À professora Elisabete

Carolino, pelos conselhos, durante a fase inicial deste estudo.

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O meu especial agradecimento à Professora Doutora Rosário Ramos, pelo

apoio no tratamento estatístico dos dados e pela disponibilidade e simpatia.

Às psicólogas Ana Luísa Quintais, Ana Isabel Gomes, Melissa French e

Catarina Morais pela sua colaboração em vários momentos deste trabalho.

À Dr.ª Conceição Antunes e à Dr.ª Ana Vale, da Divisão de Inovação Social e

Promoção da Saúde da Câmara Municipal de Loures, pelo seu interesse e pela

divulgação do projeto nos agrupamentos escolares e serviços de saúde da zona

Norte de Loures. Às educadoras dos jardins-de-infância que colaboraram neste

estudo, cujo dinamismo foi determinante para a adesão dos pais.

À Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) por ter financiado este

projeto. À Nestlé Portugal, e em particular ao Dr. Gonçalo Granado, pelo apoio

recebido.

E, em especial, pelo apoio em alguns momentos mais difíceis, agradeço: à

minha cunhada, aos meus amigos Nuno Medeiros, David Tavares e Teresa Denis

pela sua constante solidariedade e à Isabel Pinto que, para além da sua presença

amiga, possibilitou o acesso às crianças e aos pais que participaram no estudo

prévio.

Porque este projeto reduziu a minha disponibilidade, mais nuns momentos

do que noutros, agradeço ao Jorge pela forma como compensou estas limitações.

A todas as crianças e pais que participaram neste projeto, obrigada!

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RESUMO

A redução da taxa de crescimento da obesidade infantil é um dos principais

objetivos de saúde, a nível nacional e internacional, o que reforça a importância da

aquisição de hábitos alimentares saudáveis nos primeiros anos da infância.

Uma vasta evidência empírica aponta para a influência de uma

multiplicidade de determinantes do comportamento alimentar infantil, sendo

contudo necessário aprofundar o conhecimento do processo de influência destes

fatores, em particular dos psicológicos e sociais. Com este objetivo foram

realizados dois estudos.

No primeiro estudo, observacional, transversal e analítico, recorreu-se a

uma amostra de 231 crianças dos jardins-de-infância oficiais da zona Norte de

Loures e respetivos pais. Todas as crianças foram pesadas e medidas para a

determinação do IMC. As preferências alimentares foram avaliadas diretamente

com as crianças, tendo-se utilizado uma adaptação do Rank Order Preference

Assessment. Foi utilizado o Caregiver’s Feeding Style Questionnaire para a avaliação

dos estilos parentais e o General Nutrition Knowledge Questionnaire for Adults para

o conhecimento nutricional dos pais. As restantes variáveis cognitivas dos pais, o

tempo de televisão e os hábitos alimentares das crianças foram também avaliados

por questionários preenchidos pelos pais.

O tempo de visionamento de televisão, as preferências alimentares da

criança, a dimensão de responsividade parental e a atribuição parental de controlo

foram identificados como preditores dos hábitos alimentares das crianças. O

conhecimento nutricional e a autoeficácia parental, embora não acrescentem valor

preditivo ao modelo, apresentam-se positivamente correlacionados com a

qualidade dos hábitos alimentares.

O conhecimento nutricional apresentou-se correlacionado com as

atribuições parentais de controlo e de autoeficácia e com as características

demográficas (idade, profissão e nível de escolaridade). A subavaliação do peso é

significativamente maior nos pais de crianças obesas e pré-obesas do que nos pais

de crianças com peso normal, sendo a perceção parental de peso a única

característica que se mostrou significativamente associada ao IMC. A análise das

relações entre algumas das variáveis cognitivas parentais permitiu concluir que a

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atribuição parental de autoeficácia e a perceção de controlo estão correlacionadas

entre si, e apresentam correlações negativas com a preocupação parental com o

peso.

O segundo estudo, exploratório, e com recurso a análise de conteúdo, teve

como objetivo identificar as significações parentais relacionadas com a

alimentação infantil. Foram entrevistados 26 pais, selecionados intencionalmente

da amostra do primeiro estudo. Os pais consideraram as suas ações como um

determinante importante da alimentação saudável da criança, embora muitos

refiram também as preferências alimentares inatas da criança. Os pais

identificaram consequências físicas e psicológicas de uma alimentação e peso

saudáveis. As barreiras a uma alimentação saudável mais referidas foram as

influências de outros familiares, o marketing e o contexto socioeconómico. Para

promover a alimentação saudável da criança os pais referiram tanto estratégias

adequadas como inadequadas. Muitos dos pais consideraram que os

comportamentos alimentares dos filhos resultam da coordenação da vontade

parental com outros determinantes alimentares ou com outros objetivos parentais.

Das conclusões do presente trabalho salienta-se a importância das variáveis

psicológicas, e em particular das variáveis cognitivas parentais, na determinação

dos comportamentos alimentares saudáveis da criança, as quais deverão ser

integradas em intervenções futuras.

Palavras-chave: comportamento alimentar infantil; preferências

alimentares, conhecimento nutricional, perceção parental de peso, controlo

parental, autoeficácia parental

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ABSTRACT

The inversion of ever-increasing rates in childhood obesity trends has been

prompted as a major health goal, one that enhances the importance of healthy

eating habits in early childhood. A vast body of research on children’s eating

behavior points out the influence of a complex set of factors deriving from multiple

contexts, which interact with each other. The underlying psychological and social

causes of the child eating behavior however, need further clarification. This

dissertation aims to explore the influence of social and psychological factors on

childhood eating behaviors. Pursuing this general purpose, two studies were

carried out.

The first, an observational, cross-sectional and analytical research, involved

231 kindergarten children and their parents from north Loures (a county located

in the Lisbon area). All children were weighed and measured to determine BMI.

Food preferences were assessed directly with the children, using an adaptation of

the Rank Order Preference Assessment. Parents completed a series of

questionnaires to evaluate parental styles (The Caregiver’s Feeding Style

Questionnaire), parental nutritional knowledge (General Nutrition Knowledge

Questionnaire for Adults), child’s eating habits, TV viewing, parental attribution of

control and self-efficacy, parental concern, parental perception of child weight and

demographics characteristics.

Children’s TV viewing, food preferences, parental responsiveness and parental

attribution of control were predictors of the children’s eating habits. Parental

nutritional knowledge and self-efficacy, though not adding predictive value to the

model, were clearly correlated with the quality of food habits.

Nutritional knowledge is correlated with parental attributions of control and

self-efficacy and with demographic characteristics (age, occupation and

education). The parental undervaluation of the child’s weight is significantly larger

in parents of overweight children. Parental perception of weight is the only feature

that was significantly associated with BMI. Both parental attribution of self-efficacy

and perception of control are negatively correlated with parental concern about

the child weight.

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In the second study, an exploratory methodology was used to identify parental

significations about child feeding. Twenty six parents were chosen from the first

study, using a criterion-based selection. The parents were interviewed, and

content analysis was carried-out. Parents identified physical and psychological

consequences of healthy dieting and weighting. The most referred barriers to child

healthy eating were the influence of other family members, marketing, and socio-

economic context. Parents tend to use both appropriate and inadequate strategies

to promote healthy eating. Many parents express the belief that parental dietary

goals need to be coordinated with other parenting aims or with other

determinants of child eating behavior.

The present work highlights the importance of psychological determinants,

particularly parental cognitive characteristics, in determining children healthy

eating behaviors, which should be integrated in future interventions.

Keywords: child eating behaviors, food preferences, nutritional knowledge,

parental perception of child weight, parental control, parental self-efficacy

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ÍNDICE

Página

Agradecimentos……………………………………………………………………………………………….. i

Resumo……………………………………………………………………………………………………………. iii

Abstract…………………………………………………………………………………………………………… v

Índice………………………………………………………………………………………………………………. vii

Abreviaturas………………………………………………………………………………………………......... xi

Índice de tabelas………………………………………………………………………………………………. xiii

Índice de figuras……………………………………………………………………………………………..... xvii

1. INTRODUÇÃO………………………………………………………………………………………….. 1

1.1. Contextualização da obesidade: um problema nutricional e de saúde……… 2

1.2. Obesidade infantil: dados epidemiológicos e comorbilidades………………….. 6

2. DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL………….. 11

2.1. Obesidade e comportamento alimentar infantil……………………………………… 12

2.2. Modelos explicativos do comportamento alimentar infantil……………………. 17

2.2.1. O modelo de Contento e Michela……………………………………………………….. 17

2.2.2. O Modelo ecológico…………………………………………………………………………… 19

2.3. Sistemas macro e micro - enquadramento da investigação em Psicologia

para o conhecimento e intervenção no comportamento alimentar

infantil…............................................................................................................................. ....... 23

2.4. Determinantes psicológicos e sociais do comportamento alimentar

infantil…………………………………………………………………………………………………

25

2.4.1. Determinantes relacionados com a criança………………………………………... 26

2.4.1.1. Características demográficas………………………………………………………… 26

2.4.1.2. Preferências alimentares………………………………………………………………. 27

2.4.1.3. Visionamento de televisão…………………………………………………………….. 31

2.4.2. Determinantes parentais………………………………………………………………….. 35

2.4.2.1. Estilos parentais…………………………………………………………………………… 35

2.4.2.2. Processos cognitivos parentais……………………………………………………… 40

2.5. Conclusões…………………………………………………………………………………….……... 61

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ÍNDICE

Página

2.6. Objetivos do estudo………………………………………………………………………………. 64

3. METODOLOGIA……………………………………………………………………………………….. 67

3.1. Metodologia Quantitativa……………………………………………………………………… 68

3.1.1. Amostra…………………………………………………………………………………………… 68

3.1.2. Procedimento………………………………………………………………………………..…. 69

3.1.3. Variáveis e instrumentos de avaliação……………………………………………….. 72

3.1.4. Procedimentos estatísticos…………………………………………..…………………… 101

3.2. Metodologia Qualitativa………………………………………………………………………… 104

3.2.1. Amostra…………………………………………………………………………………………… 104

3.2.2. Procedimento…………………………………………………………………………………… 105

3.2.3. Entrevista e metodologia de análise de conteúdo……………………………….. 106

4. RESULTADOS………………………………………………………………………………………….. 113

4.1. Resultados do estudo de determinantes e correlatos do comportamento

alimentar infantil………………………………………………………………………………….

114

4.1.1. Caracterização da amostra………………………………………………………………... 114

4.1.1.1. Caracterização sociodemográfica da amostra………………………………… 114

4.1.1.2. Caracterização da amostra em relação às variáveis em estudo……….. 117

4.1.2. Resultados relativos aos objetivos 1 a 7…………………………………………….. 132

4.2. Resultados relativos às significações parentais relacionadas com a

alimentação infantil…………………………………………………………………………………..

149

4.2.1. Caracterização sociodemográfica e grupos de comparação………………… 149

4.2.2. Apresentação dos resultados relativos aos objetivos 8 e 9………………...... 151

5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS………………………………………………………………... 181

5.1. Características das crianças e dos pais…………………………………………………… 182

5.2. Determinantes e fatores correlatos dos hábitos alimentares das crianças.. 189

5.3. Correlatos do conhecimento nutricional dos pais…………………………………… 196

5.4. Correlatos da perceção parental de peso………………………………………………...

197

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ÍNDICE

Página

5.5. Inter-relações entre a atribuição de autoeficácia, atribuição de controlo e

preocupação parental………………………………………………………………………………..

199

5.6. Correlatos do IMC…………………………………………………………………………………. 200

5.7. Significações parentais relacionadas com a alimentação infantil………..……. 204

6. CONCLUSÕES…………………………………………………………………………………………... 213

Referências bibliográficas………………………………………………………………………………… 227

Anexos……………………………………………………………………………………………………………… 272

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LISTA DE ABREVIATURAS Abreviaturas Significados

ADA American Dietetic Association

AVC Acidente Vascular Cerebral

BRFSS Behavioral Risk Factor Surveillance System - Center of Disease Control and Prevention

CDC Center of Disease Control and Prevention

CITP Classificação Internacional do Tipo de Profissões (Organização Mundial de Trabalho)

CML Câmara Municipal de Loures

CPP/2010 Classificação Portuguesa das Profissões de 2010 (Instituto Nacional de Estatística)

DALY Disability-adjusted life year

DECO Associação Portuguesa Para a Defesa do Consumidor

DGS Direção Geral de Saúde (Ministério da Saúde)

DXA Densitometria Radiológica de Dupla Energia

EB1 Escola básica de 1º ciclo

ESTeSL Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa

EUA Estados Unidos da América

EP Pais de crianças com excesso de peso

FAO Food and Agricultural Organization of the United Nations

IASO International Association for the Study ok Obesity

IOTF International Obesity Taskforce (IASO)

ICAP Instituto Civil da Autodisciplina da Comunicação Comercial

IFAD International Fund for Agricultural Development

IMC Índice de Massa Corporal

MHA Pais de crianças com os melhores hábitos alimentares

N/R Não responderam

OMS Organização Mundial de Saúde

P Percentil

PHA Pais de crianças com os piores hábitos alimentares

PHD Perturbação de Hiperatividade com Défice de Atenção

PN Pais de crianças com peso normal

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LISTA DE ABREVIATURAS Abreviaturas Significados

UNICEF United Nations Children's Fund (United Nations)

USDHHS United States Department of Health and Human Service

WFP World Food Programme (United Nations)

WHO World Health Organization

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ÍNDICE DE TABELAS

Pág.

Tabela 1.1 - Evolução da prevalência de excesso de peso e obesidade na população portuguesa adulta……………….………………………………………………………………………

4

Tabela 2.1 - Comportamentos alimentares das crianças e jovens - valores globais e para Portugal (HBSC 2009-2010) ……………...……………………………………………………

15

Tabela 2.2 - Síntese de estudos relativos à preocupação parental com o excesso de peso da criança……………………………………………………………………………………………………

50

Tabela 2.3 - Síntese de estudos sobre barreiras percecionadas pelos pais a uma alimentação saudável da criança ………………………………………………………................

57

Tabela 3.1 - Número de crianças participantes por agrupamento escolar e jardim-de-infância……………………………………………………………………………………………………….

71

Tabela 3.2 - Variáveis e instrumentos de avaliação do estudo………………………………………….. 73

Tabela 3.3 - Descrição dos critérios de diagnóstico do estado nutricional para crianças…… 75

Tabela 3.4 - Comparação da prevalência de excesso de peso e obesidade usando diferentes critérios de diagnóstico……………………………………………………................

77

Tabela 3.5 - Métodos de avaliação da dieta……………………………………………………………………… 79

Tabela 3.6 - Avaliação das preferências alimentares - classificação dos alimentos de acordo com a frequência ideal de ingestão…………………………………………………….

87

Tabela 3.7 - Síntese dos objetivos e metodologia de análise de dados………………………………. 102

Tabela 3.8 - Grupos de pais entrevistados em função do IMC e dos hábitos alimentares da criança………………………………………………………………………………………………………...

105

Tabela 3.9 - Temas da entrevista…………...……………………………………………………………………….. 107

Tabela 3.10 - Guião da entrevista - Perguntas e objetivos…………………………………………...…....... 110

Tabela 4.1 - Caracterização sociodemográfica específica às crianças………………………………... 114

Tabela 4.2 - Caracterização sociodemográfica da família………………..………………………………... 116

Tabela 4.3 - Frequência de refeições durante os dias de semana……………………………………… 117

Tabela 4.4 - Frequência de refeições durante o fim-de-semana………………………………………... 118

Tabela 4.5 - Frequência de ingestão de alimentos……………………………………….............................. 119

Tabela 4.6 - Variedade alimentar (valores para o período de uma semana)……………………… 120

Tabela 4.7 - Estatísticas descritivas dos hábitos alimentares (score total)………………………... 120

Tabela 4.8 - Frequências absolutas e relativas das categorias do estado nutricional das crianças……………………………………………………………………………………………………….

122

Tabela 4.9 - Estatísticas descritivas das preferências alimentares das crianças……………….... 123

Tabela 4.10 - Tempo de visionamento de televisão nos dias úteis e ao fim-de-semana………... 124

Tabela 4.11 - Tempo médio semanal de visionamento de televisão……………………………………. 125

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xiv

ÍNDICE DE TABELAS

Pág.

Tabela 4.12 - Estatísticas descritivas das dimensões parentais………………………………………….. 126

Tabela 4.13 - Estatísticas descritivas do conhecimento nutricional……………………………………. 127

Tabela 4.14 - Perceção parental de peso por categoria de IMC da criança…………………………... 129

Tabela 4.15 - Perceção parental de peso nas categorias correta e incorreta………………………... 129

Tabela 4.16 - Preocupação parental, atribuições parentais de autoeficácia e de controlo…….. 130

Tabela 4.17 - Teste de independência dos hábitos alimentares em relação ao sexo da criança………………………………………………………………………………………………………...

132

Tabela 4.18 - Correlações entre o tempo de visionamento de televisão e os hábitos alimentares………………………………………………………………………………………………….

133

Tabela 4.19 - Valores do teste t para comparação dos hábitos alimentares nas categorias de perceção parental de peso da criança……………………………………………………………

135

Tabela 4.20 - Modelo de regressão linear (método forward) dos hábitos alimentares………… 137

Tabela 4.21 - Valores centrais do conhecimento nutricional parental nas duas categorias de idade do adulto…………………………………………………………………………………………....

138

Tabela 4.22 - Valores centrais do conhecimento nutricional nas categorias de escolaridade.. 138

Tabela 4.23 - Valores centrais do conhecimento nutricional nas categorias profissionais do adulto....................................................................................................................................................

139

Tabela 4.24 - Valores centrais de conhecimento nutricional das categorias da atribuição de controlo parental…………………………………………………………………………………………

141

Tabela 4.25 -

Valores dos testes de associação da perceção parental de peso com as variáveis sociodemográficas…………………………………………………………………………

143

Tabela 4.26 - Grupos de cruzamento entre a perceção parental de peso e o conhecimento nutricional..........................................................................................................................................

143

Tabela 4.27 - Perceção parental de peso por preocupação parental com o peso da criança……….....................................................................................................................................

144

Tabela 4.28 - Valores centrais da atribuição de controlo nos dois grupos de perceção parental de peso…………………………………………………………………………………………..

145

Tabela 4.29 - Valores dos testes de correlação entre preocupação parental, atribuição parental de autoeficácia e de controlo…………………………………………………………..

146

Tabela 4.30 - Caracterização sociodemográfica dos pais entrevistados e respetivos filhos…………………………………………………………………………………………………………..

150

Tabela 4.31 - Definições das categorias relativas às significações parentais sobre determinantes da alimentação saudável da criança……………………………………….

152

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ÍNDICE DE TABELAS

Pág.

Tabela 4.32 - Definições das categorias relativas às significações parentais sobre os determinantes das preferências alimentares da criança………………………………...

156

Tabela 4.33 - Definições das categorias relativas às significações parentais sobre o grau de influência dos pais nas preferências alimentares da criança…………………………..

158

Tabela 4.34 - Definições das categorias relativas às significações parentais sobre as consequências da alimentação e peso saudáveis……………………………………………

160

Tabela 4.35 - Definições das categorias relativas às significações parentais relacionadas com autoeficácia/barreiras a uma alimentação saudável……………………………….

165

Tabela 4.36 - Definições das categorias relativas às significações parentais relacionadas com autoeficácia/estratégias………………………………………………………………………..

168

Tabela 4.37 - Definições das categorias relativas aos modelos parentais explicativos do desenvolvimento dos comportamentos alimentares saudáveis da criança……...

172

Tabela 6.1 - Estádios de prontidão parental para a mudança dos hábitos alimentares da criança com excesso de peso………………………………..……………………………………….

221

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xvii

ÍNDICE DE FIGURAS

Pag.

Figura 1.1 - Percentagens de população mundial e por zona geográfica com IMC≥ 30.00 kg/m2 (obesidade) em 2008…………………………………....................................................

3

Figura 2.1 - Processos de influência das escolhas alimentares das crianças e adolescentes (Contento & Michela, 1999) …………….…………………………………….

18

Figura 2.2 - Determinantes do comportamento alimentar infantil – Modelo ecológico…… 21

Figura 2.3 - Estilos parentais…………………….………………….……………………………………………… 37

Figura 3.1 - Procedimento de recolha de dados…………………………………………………………….. 70

Figura 4.1 - Gráfico boxplots dos três grupos de hábitos alimentares…………………………… 121

Figura 4.2 - Gráfico boxplot dos três grupos de preferências alimentares……………………… 123

Figura 4.3 - Gráfico de percentagens de pais por estilo parental alimentar…………................. 126

Figura 4.4 - Gráfico boxplot dos cluters do conhecimento nutricional………………………….. 128

Figura 4.5 - Síntese das relações entre os hábitos alimentares e as variáveis parentais… 135

Figura 4.6 - Síntese das relações entre o conhecimento nutricional e variáveis parentais. 141

Figura 4.7 - Hábitos alimentares nos grupos de IMC……………………………………………………… 147

Figura 4.8 - Categorias das significações parentais relativas aos determinantes de uma alimentação saudável da criança……………………………...…………………………………

155

Figura 4.9 - Categorias das significações parentais relativas aos determinantes das preferências alimentares das crianças - frequências absolutas das unidades de registo por categoria……………………………………………………………………………..

158

Figura 4.10 - Categorias das significações parentais relativas à possibilidade de influência dos pais sobre preferências alimentares das crianças - frequências absolutas das unidades de registo por categoria…………………………………………………………

159

Figura 4.11 - Categorias das significações parentais relativas às consequências de uma alimentação saudável - frequências absolutas das unidades de registo por categoria……………………………………………………………………………………………….

163

Figura 4.12 - Categorias das significações parentais relativas às barreiras a uma alimentação infantil saudável - frequências das unidades de registos por categoria…………………………………………………………………………………………………...

167

Figura 4.13 - Categorias das significações parentais realtivas às estratégias para a promoção de uma alimentação saudável infantil - frequências das unidades de registos por categoria…………………………………………………………………………..

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1. INTRODUÇÃO

Contextualização da obesidade como problema de

saúde

Obesidade infantil

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___________________________________ DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

2

1.1. Contextualização da obesidade: um problema nutricional e de saúde

O estudo do comportamento alimentar infantil e dos seus determinantes

torna-se fundamental numa época em que são conhecidos os efeitos devastadores

para a saúde física e psicológica de situações nutricionais desajustadas, quer de

sobre como de subalimentação.

A subnutrição é ainda uma realidade mundial principalmente na população

infantil e feminina adulta, mantendo-se como uma das principais causas de

morbilidade e mortalidade infantil. Durante o ano de 2000 foi a causa direta de

cerca de 3,7 milhões de mortes (Organização Mundial de Saúde, 2002).

Considerando as mortes que indiretamente estão relacionadas com a subnutrição

estima-se que 54% (10,8 milhões) das mortes de crianças estiveram associadas a

problemas de subnutrição em 2001 (OMS, 2004). Apesar dos indicadores infantis

de subnutrição (e.g., raquitismo e subpeso) tenderem a diminuir a nível mundial,

em 2010 a prevalência global de raquitismo (26%) e de baixo peso (16%), em

crianças com menos de 5 anos era ainda elevada (Unicef, WHO & WB, 2012). Entre

2010-12 a prevalência da subnutrição nas zonas desenvolvidas era baixa (1,4%)

comparada com as zonas em desenvolvimento (14,9%) (FAO, WFP & IFAD, 2012).

As implicações da subnutrição na infância são variadas e a sua gravidade

está diretamente relacionada com o período de desenvolvimento em que ocorre e

com o grau de subnutrição. As situações de subalimentação estão geralmente

associadas a problemas de desenvolvimento e a alterações do sistema imunitário

que geram uma maior suscetibilidade à doença e uma ampliação dos seus efeitos.

As consequências negativas da subnutrição no desenvolvimento motor têm sido

substancialmente comprovadas na literatura (Bertenthal & Campos, 1990; Pollit &

Oh, 1994; Simeon & Grantham-McGregor, 1990), sendo muitas vezes potenciadas

por pais pouco estimulantes, também eles em situação de subnutrição. As

implicações no desenvolvimento cognitivo parecem ser indiretas, mediadas pelos

problemas sociais, emocionais e motores associados à subalimentação (Alaimo,

Olson & Frongillo, 2001; Tanner & Finn-Stevenson, 2002).

Uma outra faceta da má nutrição consiste na ingestão excessiva de nutrientes,

que associada a atividade física reduzida gera um desequilíbrio entre as calorias

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___________________________________________________________________ INTRODUÇÃO

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consumidas e gastas, provocando uma acumulação de gordura corporal, que se

reflete em excesso de peso e obesidade.

Figura 1.1. Percentagens de população mundial e por zona geográfica com IMC≥ 30.00 kg/m2

(obesidade) em 2008. Fonte: World Health Statistics 2012 - OMS 2012 (http://www.who.int/healthinfo)

A nível global (OMS, 2012) cerca de 15% de mulheres e 10% dos homens são

obesos (figura 1.1). Consta-se que Portugal apresenta valores de prevalência de

obesidade semelhantes aos da Europa, mas superiores aos valores mundiais. A

Europa é a segunda zona geográfica com maior percentagem de adultos obesos,

cujos valores só são suplantados no continente americano.

Comparando dois estudos de prevalência de obesidade e excesso de peso

em amostras representativas da população adulta portuguesa entre os 18 e os 64

anos (do Carmo et al., 2007; Sardinha et al., 2010), cujos resultados se apresentam

na tabela 1.1, verifica-se que entre 2003-2005 e 2008-2009 houve um aumento da

percentagem de pessoas com obesidade e excesso de peso nos dois sexos. No

estudo mais recente, as prevalências combinadas de obesidade e excesso de peso

são superiores a 50% da população: 66.6% nos homens e 57.9% em mulheres.

10

5,3

23,5

1,7

20,4

13

5,1

20,4

14

11,1

29,5

3,7

23,1

24,5

6,8

22,3

0 5 10 15 20 25 30 35

Global

Africa

Américas

Sudeste asiático

Europa

Mediterrâneo oriental

Oeste Pacífico

Portugal

%

Mulheres

Homens

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___________________________________ DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

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Tabela 1.1. Evolução da prevalência de excesso de peso e obesidade na população portuguesa adulta

Excesso de peso (%) Obesidade (%)

Mulheres Homens Mulheres Homens

2003-20051 34,4 45,2 13,4 15

2008-20092 38,1 46,7 19,8 19,9

1 do Carmo et al., 2007 2 Sardinha et al., 2012

A obesidade na idade adulta é um risco para a saúde dada a sua forte ligação

a doenças crónicas graves. A OMS estima que a nível mundial 2,8 milhões de

pessoas morrem como resultado da obesidade e excesso de peso, e que estes

fatores de risco são responsáveis por 2,3% dos DALY1 mundiais (OMS, n.d.).

As comorbilidades da obesidade são múltiplas. O risco de sofrer de

hipertensão, Diabetes tipo 2, Dislipidémia e outras doenças metabólicas, doenças

coronárias, doenças da vesícula biliar e Apneia de Sono é bastante superior nas

pessoas obesas. Outras patologias apresentam uma associação não tão forte mas

significativa com a obesidade: alguns tipos de cancro, doenças do fígado e outras

patologias gastrointestinais, perturbações músculo-esqueléticas, alterações

endócrinas e problemas respiratórios (OMS, 1997a, 2000, 2003a).

Em termos das consequências sociais da obesidade, os adultos obesos tendem a

ter menos anos de escolaridade, frequentar escolas e exercer atividades

profissionais menos prestigiadas, a ter salários mais baixos que os não obesos com

as mesmas funções e a serem-lhes atribuídas características negativas pelos

empregadores (De Jong & Kreck, 1986; Gortmaker, Must, Perrin, Sobol & Dietz,

1993; Sonne-Holm & Sorensen, 1986; OMS, 2000; Pingitore, Dugoni, Tindale &

Spring, 1994; Rothblum, Brand, Miller & Oetjen, 1990). Esta descriminação ocorre

também na área da saúde, em que muitos profissionais têm expectativas negativas

relativamente aos resultados do aconselhamento de pessoas obesas (Evans, 1995),

associando-as a características negativas como hostilidade, comunicação

desonesta e má higiene pessoal (Klein, Najman, Kohrman & Munro, 1982).

1 Disability-adjusted life year (DALY) - número de anos perdidos devido a doença, incapacidade e morte

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___________________________________________________________________ INTRODUÇÃO

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A avaliação dos efeitos psicológicos diretos da obesidade aponta para uma

tendência de maior prevalência de sintomatologia ansiosa e depressiva na

população obesa, em particular na feminina (Carpenter, Hasin, Allison & Faith,

2000; Friedman & Brownell, 1995; Gariepy, Nitka & Schmitz, 2010; Mannucci et al.,

2010; Thuthill, Slawik, Rahilly & Finer, 2000). Alguns estudos têm identificado

comportamentos alimentares específicos (e.g., dieta, binge eating e perdas cíclicas

de peso) que, associados com certos problemas psicológicos, se tornam fatores de

risco psicopatológico em alguns indivíduos obesos (OMS, 2000; van der Merwe,

2007).

Os custos da Obesidade estimados para vários países apontam para valores

entre 2 e 6% dos gastos totais em saúde (OMS, 2003a). Em Portugal existem

poucos estudos nesta área. Para o ano de 1996 em Portugal foi calculado que o

custo direto da obesidade2 corresponde a 3,5% das despesas totais em saúde para

esse ano, uma percentagem mais alta do que a maioria dos países desenvolvidos

(Astrup, 2001; Pereira, Mateus & Amaral, 1999). Para o ano de 2002 foram

calculados em 199,8 milhões de euros para Portugal os custos indiretos da

obesidade3, o que corresponde a 40,2% do total de custos da obesidade (Pereira &

Mateus, 2009).

A elevada prevalência da obesidade em adultos, as comorbilidades

associadas, a diminuição da qualidade de vida e da esperança de vida saudável, que

se refletem em custos elevados, tornam a redução da prevalência da obesidade um

imperativo de saúde pública. Este objetivo tem vindo a refletir-se nas diretrizes

para a saúde da OMS. No relatório dos estados membros para a definição de

objetivos relativos à prevenção e controlo das doenças crónicas não transmissíveis

(2012b) foi definido, entre outros objetivos, a redução a zero da taxa de

crescimento da obesidade e uma redução em 10% na prevalência de atividade

física insuficiente. A redução da obesidade está também patente nas ações

definidas pela OMS para os governos da zona europeia até 2020 (OMS, 2012a).

2 Custo direto da obesidade- o custo à sociedade resultante da diversificação de recursos para diagnosticar e tratar

doenças diretamente relacionadas com a obesidade, bem como do custo do tratamento só da obesidade (incluindo os custos dos cuidados de saúde aos doentes e seus familiares e o custo dos prestadores de serviços). 3 Custo indiretos da obesidade – Perda de benefícios económicos e de bem-estar para os outros membros da sociedade, pela redução dos bens e serviços produzidos (i.e. o impacto da qualidade de vida reduzida do indivíduo obeso no potencial produtivo disponível para o resto da sociedade). Estes custos são geralmente avaliados pelas perdas de produtividade devidas ao absentismo no trabalho, a reforma por incapacidade e a morte prematura.

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1.2. Obesidade infantil: dados epidemiológicos e comorbilidades

Para atingir os objetivos propostos pela OMS é indispensável reduzir os

valores da obesidade infantil, na medida em que esta é um preditor da obesidade

na idade adulta (e.g., Guo, Roche, Chumlea, Gardner, Siervogel, 1994;

Magarey,Daniels,Boulton & Cockington, 2003b; Serdula, Ivery, Coates, Freedman.

Williamson & Byers, 1993).

Contudo, a obesidade em crianças surge como um problema preocupante a

nível mundial: estima-se que entre as crianças em idade pré-escolar em todo o

mundo 43 milhões de crianças são obesas, com um aumento da prevalência de

4,2% para 6,7% entre 1990 e 2010 (Onis, Blossner & Borgi, 2010). A OMS avaliava

que em Portugal entre 2000 e 2009 a percentagem de crianças com menos de 5

anos e com excesso de peso era de 8,3% (OMS, 2011). Contudo alguns estudos

epidemiológicos nacionais, que abarcam uma amplitude maior de idades, apontam

para valores de prevalência mais elevadas: entre 5,3% e 10,5% de crianças e

jovens obesos e entre 18,5% e 23,7% de pré-obesos (Matos et al., 2004; Ribeiro et

al., 2003; Ferreira, 2003). Numa revisão de literatura de estudos mais recentes

posteriores a 2007 e relativos à população de crianças e jovens portugueses,

Antunes e Moreira (2011) encontraram valores ainda mais elevados de

prevalência da obesidade que variavam entre os 5,9% e os 26% para o sexo

masculino e entre 6,1% e 21,3% para o sexo feminino. Para a prevalência de pré-

obesidade os valores oscilavam entre 8,3% e 27,4% para o sexo masculino e entre

13,4% e 35% para o sexo feminino.

As comorbilidades da obesidade infantil são tanto físicas como psicológicas.

Asma, Síndroma Metabólico e cáries dentárias são as mais documentadas na

bibliografia (Pulgarón, 2013). Outras comorbilidades também identificadas são:

doença hepática, insulino-resistência, problemas gastro intestinais, problemas

músculo-esqueléticos, apneia do sono e sono reduzido (Bayer, Rosario, Wabitsch &

von Krie, 2009; OMS, 2000; Pulgarón, 2013). O IMC e a gordura corporal estão

também relacionados com a hipertensão e outros fatores de risco cardiovascular

em crianças (Choy, 2011; Katzmarzyk, Trinivasan, Chen, Malina, Bouchard &

Berenson, 2004).

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___________________________________________________________________ INTRODUÇÃO

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Das comorbilidades psicológicas a patologia mais referenciada é a

Perturbação de Hiperatividade com Défice de Atenção (PHDA) (Agranat-Meged et

al., 2005) bem como alguns dos sintomas que lhe estão associados: impulsividade,

dificuldade no adiamento da gratificação e maior reatividade às recompensas

(Bonato & Boland, 1983; Davis, 2009; Nederkoorn, Braet, Van Eijs, Tanghe &

Jansen, 2006). Contudo nem todos os estudos confirmam a associação entre

obesidade infantil e PHDA (PitrouI, Shojaei, Wazana, Gilbert, Kovess-Masfety,

2010; Rojo, Ruiz, Dominguez, Calaf, Livianos, 2006; Waring & Lapane, 2008),

havendo indicadores de que esta relação será mediada por outros fatores (e.g.,

grau de obesidade, comportamentos de binge eating, nível socioeconómico, idade e

sexo) (Pulgarón, 2013).

Tal como os obesos adultos, as crianças obesas são socialmente

descriminadas. Van den Berg e colaboradores (2008) num estudo realizado nos

EUA concluíram que entre um terço a metade das crianças com excesso de peso se

sentiam incomodadas com a troça dos pares e familiares, variando contudo em

função da etnia da criança. Também os jovens vitimizados devido ao excesso de

peso são mais vulneráveis à depressão, baixa autoestima, imagem corporal

negativa e ideação suicida (Sargent & Blanchflower, 1994).

Os professores tendem a atribuir características negativas às crianças

obesas, avaliando-as mais frequentemente como desarrumadas, excessivamente

emocionais, com menor probabilidade de sucesso e com tendo mais problemas

familiares que as crianças não obesas (Price, Desmond & Stelzer, 1987). Da mesma

forma, em relação a algumas áreas de competências académicas, os professores

apresentam expectativas inferiores de desempenho quando a criança é obesa

(O’Brien, Hunter & Banks, 2007).

Embora haja indicação de uma associação entre sintomas de depressão e de

ansiedade com a obesidade infantil (Csabi, Tenyi & Molnar, 2000; Drukker,

Wojciechowski, Feron, Mengelers & Van Os, 2009; Lamertz, Jacobi, Yassouridis,

Arnold & Henkel, 2002; Pine, Goldstein, Wolk & Weissman, 2001; Vila et al., 2004),

são poucos os estudos que controlam a ordem de aparecimento destes sintomas e

da obesidade. No estudo longitudinal de Pines e colaboradores (2001) as crianças

foram avaliadas 10 e 15 anos depois do início do estudo, concluindo-se que a

depressão duplicava a probabilidade de vir a ter excesso de peso durante a

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___________________________________ DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

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infância e adolescência e era também um preditor do excesso de peso na idade

adulta. Uma explicação para esta comorbilidade pode residir na dificuldade das

crianças obesas em autorregularem emoções e consequentemente utilizarem a

ingestão emocional (emotional eating) como estratégia de confronto das emoções

negativas (Faith, Allison & Geliebter 1997; Galloway , Farrow & Marz, 2010).

O excesso de peso na infância e adolescência parece estar também

associado à insatisfação com a imagem corporal (Muris et al., 2006; O'Dea &

Wilson, 2006; Wardle & Cook, 2005). A relação com a autoestima não é tão clara.

Na meta-análise realizada por Wardle e Cook, identificou-se que a maior parte dos

dezoito estudos considerados apresentava associações fracas ou não significativas

entre esta variável e o excesso de peso. Esta meta-análise aponta também o efeito

moderador da idade, sexo e etnia na relação da obesidade tanto com a insatisfação

corporal como com a autoestima. Outros estudos apontam o papel mediador dos

fatores genéticos e bioquímicos/neurológicos na relação entre obesidade infantil e

as suas consequências psicológicas (Dockray, Susman & Dorn, 2009; Goossens,

Braet, Van Vlierberghe & Mels, 2009).

Assim o impacto psicológico da obesidade infantil não parece ser linear,

dependendo da interação de competências psicológicas, variáveis biológicas e

sociodemográficas.

A manutenção da obesidade infantil na idade adulta, a elevada prevalência

da obesidade na infância e as suas consequências na saúde física e psicológica

tornam necessária a intervenção junto da população mais jovem. Esta abordagem é

definida nos objetivos do documento Health 2020 (OMS, 2012a), em que se prevê

uma intervenção precoce, como por exemplo, através do controlo do peso durante

a gravidez, do aleitamento materno exclusivo até aos seis meses e de especial

atenção ao período de diversificação alimentar que se segue ao aleitamento. Para

os anos que se seguem, e em particular na fase pré-escolar, o documento salienta a

necessidade de intervenção para a criação de comportamentos alimentares

saudáveis, dado que estes influenciam a dieta nos períodos posteriores da infância

e também na idade adulta (Kelder et al. 1994; Singer, Moore, Garrahie & Ellison,

1995).

A importância do comportamento alimentar na idade pré-escolar é ainda

reforçado pelas mudanças pré-definidas na composição corporal da criança: um

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___________________________________________________________________ INTRODUÇÃO

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rápido aumento da gordura corporal durante o primeiro ano de vida, a que se

segue um declínio em média até aos 6 anos, idade em que se inicia um aumento de

gordura corporal (adiposity rebound) que continua pela adolescência e idade

adulta. A intensidade deste aumento de gordura corporal está diretamente

relacionado com o tipo de dieta anterior da criança. Nos obesos este aumento é

mais intenso e ocorre mais cedo (Boonpleng & Gallo, 2012; Rolland-Cachera et al.,

1984), razão pela qual a intervenção nos comportamentos alimentares com

crianças pré-escolares ganha ainda maior relevância. Contudo, a intervenção

deverá ser sustentada num conhecimento sólido sobre o processo de influência

dos múltiplos determinantes que estão associados aos comportamentos

alimentares neste período da infância.

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2. DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

Obesidade e comportamento alimentar

infantil

Determinantes psicológicos e sociais do

comportamento alimentar infantil

Objetivos do estudo

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___________________________________ DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

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2.1. Obesidade e comportamento alimentar infantil

De um modo geral é reconhecido que a prevenção da obesidade e excesso

de peso infantil exige a aquisição, desde cedo, de hábitos alimentares saudáveis.

Contudo não é clara a relação da ingestão alimentar infantil com a gordura

corporal na infância (Rodríguez & Moreno, 2006).

Os trabalhos que avaliam a ingestão calórica e a relacionam com o IMC

apresentam resultados heterogéneos. Alguns estudos indicam não haver relação

entre a ingestão calórica e o IMC da criança, mas encontram uma relação entre o

consumo de ácidos gordos e o IMC (Gazzaniga & Burns, 1993; McGloin et al., 2002),

o que está de acordo com os resultados de Hooper e colaboradores (2013), que

concluíram que a redução da ingestão de ácidos gordos na dieta leva a uma

pequena mas significativa redução no peso, IMC e perímetro da cintura em

crianças e adultos.

Num estudo canadiano com sujeitos entre os 4 e os 16 anos foi encontrada

uma relação positiva entre a obesidade e a ingestão calórica (Gillis, Kennedy, Gillis

& Bar-Or, 2006), enquanto outros estudos não encontram esta relação em crianças

pré-escolares (Atkin & Davies, 2000; Mira, 2006), em crianças dos 5 aos 8 anos

(McGloin et al., 2002), e em crianças mais velhas e adolescentes (Ferreira, 2010;

Fulton, 2009; Guillaume, Lapidus & Lambert, 1998). Existem ainda estudos em que

as crianças obesas têm uma ingestão calórica inferior à das crianças com pesos

normal (Maffeis, Pinelli & Schut, 1996), mesmo quando é controlado o grau de

atividade física (Gazanniga & Burns, 1993).

Esta diversidade de resultados pode dever-se a questões metodológicas de

avaliação da ingestão alimentar, mas também ao facto de as crianças obesas,

apesar de poderem ter tido uma dieta mais calórica no passado, terem no

momento da avaliação uma dieta menos rica em calorias. Por esta razão os estudos

longitudinais são uma forma mais fidedigna de avaliar esta relação, mas também

estes apresentam resultados contraditórios relativamente à relação entre ingestão

calórica e o IMC ou outras medidas de gordura corporal (Berkey et al., 2000;

Bogaert, Steinbeck, Baur, Brock & Bermingham, 2005; Maffeis, Talamini & Tato,

1998; Magarey, Daniels, Boulton & Cockington, 2003ª).

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___________________________________ DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

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O consumo adequado de nutrientes na infância, bem como um IMC normal,

parecem estar mais diretamente associados a vários comportamentos alimentares:

consumo diário de pequeno-almoço, consumo de fruta e vegetais, baixa ingestão de

alimentos e bebidas doces, consumo reduzido de gorduras, variedade alimentar e

número de refeições (Rodríguez & Moreno, 2006). Estas conclusões refletem-se

nas indicações que organizações mundiais, como a OMS e o USDA, divulgam para a

alimentação infantil.

O consumo de pequeno-almoço está associado a uma maior ingestão de

micronutrientes, a uma dieta mais saudável e, de um modo geral, a um IMC mais

baixo e a uma menor prevalência de obesidade (Dubois, Girard & Potvin, 2006;

Duerkse, Elder & Arredondo, 2007; Macfarlane et al., 2006; Utter, Scragg &

Mhurchu, 2007). Contudo, nem todos os estudos confirmam esta relação (Abalkhail

& Shawky, 2002; French, 2001; Nicklas, 2004). O consumo do pequeno-almoço está

também associado ao desenvolvimento das funções cognitivas e a um melhor

desempenho escolar (Miller, Forgac, Cline & McBean, 1998; Semeon & Grantham-

McGregor, 1989), sendo ainda mais nítido este efeito em crianças em situação de

subnutrição (Rampersaud, 2009).

O consumo de fruta promove um bom desenvolvimento físico e intelectual

da criança, menor gordura corporal e, combinado com o consumo de vegetais, está

associado a maior densidade óssea (OMS, 2005) e a padrões alimentares saudáveis

na idade adulta (Lien, Lytle & Klepp, 2001; Lytle, Seifert, Greenstein & McGovern,

2000). O consumo regular de fruta e vegetais diminui a probabilidade de

ocorrência de Obesidade, Diabetes, doenças cardiovasculares, AVC, alguns tipos de

cancro e de outras doenças crónicas (Block, Patterson & Subar, 1992; Gerster,

1991; Maynard, Gunnel, Emmett, Franke & Smith, 2003; Joshipura et al., 2001;

Steinmetz & Potter 1996; Willett & Trichopoulos, 1996). Contudo a relação entre o

consumo de fruta e vegetais e a adiposidade corporal parece ser mais evidente em

adultos do que em crianças (Ledoux, Hingl & Baranowski, 2011).

Embora sejam bem conhecidos os efeitos na saúde do consumo excessivo de

açúcar, a relação deste comportamento com o IMC da criança não é clara (Gibson &

Neate, 2007). O consumo de açúcar está associado a uma menor ingestão de

micronutrientes, vegetais e fruta (Øverby, Liligaard, Johansson & Anderson, 2003).

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___________________________________ DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

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Já o consumo de refrigerantes parece estar associado a maior ingestão calórica,

ganho de peso, risco de obesidade e excesso de peso e ao desenvolvimento de

doenças associadas à obesidade (Klesges, Klesges, Eck, & Shelton, 1995). O

consumo destas bebidas está também relacionado com um menor consumo de

leite e sumos naturais (Harnack, Stang & Story, 1999).

Está amplamente confirmada a relação inversa entre o IMC infantil e o

número de refeições diárias (Ferreira, 2010; Nicklas et al, 2004; Thompson et al.,

2006; Toschke, Küüchenhoff, Koletzko & von Kries, 2005; Toschke,

Thorsteinsdottir, Von Kries & The Gme Study Group, 2009; Zerva, Nassis,

Krekoukia, Psarra & Sidossis 2007). Intervalos não muito longos entre as refeições

reduzem a intensidade de fome, implicando um consumo de menor quantidade de

alimentos em particular os que geram saciação rápida. Por sua vez, a maior

quantidade de alimentos ingeridos por refeição leva a uma absorção mais rápida

de nutrientes e a alterações nos processos biológicos que ocorrem no tecido

adiposo, gerando aumento de peso (Tosche et al. 2009).

A variedade alimentar define-se como o consumo de alimentos pertencendo

aos diferentes grupos alimentares da Pirâmide dos Alimentos, sendo desejável o

consumo de quantidades mínimas (mas não máximas) diárias de cada grupo. A

variedade deve também refletir-se no consumo de diferentes alimentos dentro do

mesmo grupo alimentar. Uma dieta variada, ao expor a criança a diferentes

sabores, promove a aquisição de preferências por um leque alargado de alimentos,

facilitando uma dieta variada tanto na infância como mais tarde na idade adulta, o

que aumenta a probabilidade de uma ingestão equilibrada de nutrientes (Nicklaus,

Chabanet, Boggio & Issanchou, 2005; Steyn, Nel, Nantel, Kennedy & Labadarios,

2006). Apesar de a variedade alimentar estar presente em todas as orientações de

uma alimentação saudável, nem sempre está relacionada com a qualidade

alimentar (Drewnoski et al., 1996; Coulsten, 1999; Levitski, 2005). Um número

significativo de trabalhos aponta para que a variedade de alimentos numa refeição

leva ao aumento do consumo calórico e/ou maior gordura corporal (Bellisle & Le

Magnen, 1981; Epstein et al., 2006; McCrory et al., 1999; Pliner et al., 1980; Rolls et

al., 1982; Rolls, Rowe & Rolls, 1981). É também importante que a variedade ocorra

só para determinados grupos de alimentos. A variedade alimentar no grupo de

doces, snacks, glícidos e condimentos (e.g., manteiga, maionese) foi identificada

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como preditor de gordura corporal. Pelo contrário a variedade no grupo de

vegetais estava inversamente correlacionada com a gordura corporal e a ingestão

calórica (Nicklaus et al., 2005). Também Krebs-Smith e al. (1987, cit. em Coulston,

1999) concluem que as vantagens da variedade alimentar só ocorrem até um certo

ponto, a partir do qual não há melhorias na qualidade nutricional da dieta.

Conclui-se então que, para gerar comportamentos alimentares saudáveis,

este conceito de variedade deverá ser entendido pelos pais unicamente associado a

certos grupos de alimentos e a porções adequadas, de modo a impedir excessos

calóricos. A adesão dos pais a um conceito simplificado de variedade alimentar

(i.e., “comer um bocadinho de tudo”) pode ter efeitos adversos. Atualmente, as

possíveis consequências negativas de uma variedade alimentar "excessiva" são

potenciadas pelo facto da oferta de produtos alimentares ter aumentado

exponencialmente para os alimentos mais calóricos, o que não ocorreu para outros

alimentos como, por exemplo, vegetais ou fruta.

Tabela 2.1.

Comportamentos alimentares das crianças e jovens - HBSC 2009-2010

11 anos 13 anos 15 anos

Portugal Globala

%

Portugal Globala

%

Portugal Globala

%

% % % %

Consumo de pequeno-almoço

todos os dias de escola

91 91 71 78 88 61 69 82 55

Ingestão de pelo menos uma

peça fruta/dia

54 44 42 46 44 36 39 34 31

Ingestão diária de refrigerantes 14 21 18 25 25 23 21 24 25

a Global = crianças e jovens de todos países e dos dois sexos

Fonte: HBSC (Currie et al.,2012)

Muitas crianças do mundo ocidental apresentam padrões de consumo que

se distanciam do ideal em relação aos comportamentos alimentares acima

referidos (Currie, 2012; Krebs-Smith et al., 1997; Munoz, Krebs-Smith, Ballard-

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Barbash & Cleveland, 1997; Yngve et al., 2005). No relatório mais recente do

Health Behavior in School-aged Children (Currie et al.,2012) com dados recolhidos

entre 2009 e 2010 em 37 países europeus, EUA e Canadá, são apresentados os

valores globais para três comportamentos alimentares (i.e., ingestão de pequeno

almoço, consumo de fruta e de refrigerantes) assim como os dados recolhidos em

Portugal, com crianças e jovens entre os 11 e os 15 anos (tabela 2.1). A

percentagem de crianças e jovens que, a nível global, apresentam valores

adequados nos três comportamentos alimentares considerados é inferior ao

desejável, havendo um agravamento significativo com a idade. Os dados do

relatório confirmam que para além da idade, o sexo e o rendimento familiar

influenciam a adoção destes comportamentos. O número de crianças e jovens

portugueses que ingere diariamente o pequeno-almoço é claramente superior à da

maioria dos países, sendo unicamente suplantada pelas crianças holandesas. A

ingestão de fruta é ligeiramente superior à média dos outros países nos grupos

etários dos 13 e dos 15 anos. Relativamente aos restantes comportamentos os

resultados nacionais são menos favoráveis. Para a ingestão de refrigerantes, as

crianças portuguesas apresentam valores próximos do valor global, podendo-se

afirmar que a partir dos 13 anos cerca de 25% das crianças bebe diariamente

refrigerantes.

A relação do IMC com os comportamentos alimentares referidos parece ser

mais clara do que com a ingestão calórica. No momento atual este facto é ainda

difícil de explicar.

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2.2. Modelos explicativos do comportamento alimentar infantil

O vasto corpo de investigação sobre os determinantes do comportamento

alimentar infantil aponta para que este é influenciado por múltiplos fatores -

genéticos, fisiológicos, psicológicos, sociais e ambientais - cuja totalidade de

interações ainda não é conhecida. Esta complexidade torna-se ainda maior dado o

contexto de mudança que define o desenvolvimento infantil. A dificuldade de

abarcar num só modelo a ação (e interação) de todos os fatores envolvidos tem

sido um dos desafios da conceptualização e investigação do comportamento

alimentar infantil. Já há uma década Davinson e Birch (2001) levantavam este

problema no artigo em que defendiam a necessidade de um modelo que

integrassem características da criança, práticas parentais e o ambiente em que

estas práticas têm lugar. De acordo com os autores, este modelo seria um

instrumento indispensável para orientar a investigação da obesidade infantil.

São apresentados em seguida dois modelos que se enquadram nesta

perspetiva: i) o modelo de Contento e Michela (1999), que visa explicar as escolhas

alimentares da criança e do adolescente recorrendo a fatores fisiológicos,

cognitivos e ambientais (onde se incluem os determinantes familiares); ii) o

modelo ecológico, que se adequa à integração de múltiplos determinantes

provenientes de contextos proximais e distais da criança na explicação do

comportamento alimentar infantil.

2.2.1. O modelo de Contento e Michela

Uma das primeiras propostas integradoras foi feita por Contento e Michela

(1999), que a partir de uma vasta revisão de literatura propuseram um modelo

que envolve múltiplos determinantes do comportamento alimentar infantil e

propõe alguns processos de interação entre eles (figura 2.1).

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Os autores consideram que as escolhas alimentares das crianças e

adolescentes dependem de três tipos de fatores: fisiológicos,

cognitivos/motivacionais e ambientais. Os fatores fisiológicos são vistos como o

principal determinante das preferências alimentares, resultado dos efeitos

agradáveis ou aversivos das características organoléticas dos alimentos (e.g.,

sabor). Os fatores cognitivos e motivacionais combinam o conhecimento e as

crenças sobre alimentação com os objetivos que a criança ou o jovem pretende

atingir (e.g., objetivos saudáveis ou hedonistas), resultando nas decisões

alimentares do indivíduo. Por fim, os fatores ambientais determinam uma maior

ou menor disponibilidade dos alimentos que, com os restantes fatores, irá

determinar as escolhas alimentares.

Figura 2.1. Processos de influência das escolhas alimentares das crianças e adolescentes (Contento &

Michela, 1999).

Fonte: Contento & Michela (1999), pp. 264

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Os fatores envolvidos em cada um destes processos não são exclusivos. Por

exemplo, os fatores familiares influenciam a disponibilidade de alimentos mas

também são importantes no desenvolvimento de crenças que determinam as

escolhas alimentares.

Uma limitação deste modelo é o facto de não se adequar tão bem a crianças

mais novas, cujas escolhas alimentares são ainda pouco autónomas e em que

determinantes como as crenças e conhecimento não têm ainda impacto

significativo nas escolhas alimentares. Por outro lado, desde de que Contento e

Michela propuseram este modelo um número significativo de outras variáveis

envolvidas no comportamento alimentar da criança têm vindo a ser identificadas,

bem como a complexidade das suas interações. Os modelos explicativos mais

recentes enquadram-se na perspetiva ecológica, a qual se tem revelado um

referencial holista, adequado para a organização de múltiplos fatores e dos seus

processos de influência ao longo do desenvolvimento infantil.

2.2.2. O Modelo ecológico

O Modelo Ecológico proposto por Bronfenbrenner (1979) explica o

processo de desenvolvimento através da interação entre a criança e as

características do contexto, que a influenciam direta e indiretamente. Este contexto

organiza-se em quatro sistemas: o microssistema, o mesossistema, o exossistema e

o macrossistema.

O primeiro – microssistema - refere-se aos contextos mais próximos da

criança, nos quais está envolvida e com os quais tem experiências diretas (e.g.,

família, pares, escola). O nível seguinte – mesossistema - envolve as relações entre

os vários contextos do microssistema, por exemplo as relações existentes entre a

família e a escola. O mesossistema é muitas vezes esquecido na educação alimentar

na escola, a qual raramente engloba ativamente os pais das crianças, os quais

poderão ter um papel preponderante no reforço das aprendizagens escolares.

Tanto o microssistema como o mesossistema são influenciados e

influenciam os determinantes de desenvolvimento que integram o nível seguinte –

o exossistema – que se refere a contextos em que a criança não participa

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diretamente, mas que a afetam. A sua influência provém do sistema social alargado

em que a criança se insere (e.g., condições de trabalho dos pais).

O último nível, o macrossistema, também ele determinado e determinante

dos sistemas anteriores, consiste na organização das instituições sociais e das

ideologias existentes na sociedade em que a criança se insere, que se traduzem,

por exemplo, na legislação ou no apoio do estado a programas de promoção da

alimentação saudável.

De acordo com este modelo (Bronfenbrenner & Ceci, 1994) o

desenvolvimento da criança resulta: i) da interação dos fatores dentro de cada

sistema e entre os diferentes sistemas entre si (e.g., políticas de trabalho que

influenciam o tempo disponível dos pais que por sua vez podem influenciar a

maior ou menor exposição da criança a alimentos saudáveis e consequentemente

as suas preferências alimentares); ii) da influência da própria criança nos

determinantes mais próximos (e.g., comportamentos parentais) e também nos

mais distantes (e.g., a utilização crescente da internet pelas crianças determina o

aumento da publicidade alimentar nos sites mais visitados pelas crianças).

É com base no modelo ecológico que surgem duas teorias de referência,

uma proposta por Story e outra por Davinson e Birch, criadas a partir de uma

análise exaustiva da evidência empírica. Os modelos não diferem

significativamente, sendo que ambos propõem vários níveis de determinantes que

interagem entre si. Estes modelos facultam essencialmente um quadro organizador

dos múltiplos determinantes do comportamento alimentar.

O modelo de Story (Story, Kaphingst, Robinson-O’Brien & Glanz, 2008;

Story, Neumark-Sztainer & French, 2002) propõe a organização dos determinantes

do comportamento alimentar em quatro níveis de influência do adolescente:

intrapessoal, interpessoal, comunitário e social.

O modelo proposto por Davinson e Birch (2001) propõe três níveis que

integram os determinantes do IMC da criança. Na medida em que os

comportamentos alimentares e a atividade física/sedentarismo são variáveis

proximais do IMC, muitos dos fatores que incluídos neste modelo são

determinantes dos comportamentos alimentares.

Num primeiro nível os autores integram as características da criança (e.g.,

sexo, idade) que interatuam com os determinantes familiares, que constituem o

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nível seguinte. No último nível integram-se as características da comunidade,

demográficas e sociais que influenciam, mas são também influenciados, pelos

determinantes dos níveis anteriores.

Apesar da proximidade dos dois modelos referidos, no modelo de Birch

reflete-se a maior importância dada aos determinantes familiares, o que é natural

dado incidir na infância e não na adolescência. Em contrapartida o modelo de Story

foca diversos determinantes cognitivos do adolescente (crenças, atitudes,

autoeficácia, conhecimento) que têm um impacto ainda reduzido ou nulo no

comportamento alimentar infantil.

Figura 2.2. Determinantes do comportamento alimentar infantil – Modelo ecológico

Com base nestes dois modelos e considerando a literatura mais recente,

propõe-se na figura 2.2 uma organização dos vários determinantes do

comportamento alimentar infantil em três níveis: características da criança, os

microssistemas (social e familiar) e, por fim, o nível mais distante da criança que

agrupa os determinantes do macro e do exossistema. Embora alguns dos

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determinantes alimentares sejam abordados em detalhe mais à frente, apresenta-

se uma breve síntese de cada um dos sistemas.

As características da criança que estão identificadas como influenciando o

comportamento alimentar são demográfica (e.g., sexo e idade), fisiológicas (e.g.,

predisposição genética para ganhar peso, sensibilidade ao sabores que influenciam

as preferências alimentares, sistemas de autorregulação de ingestão),

psicofisiológicas (e.g., preferências alimentares, neofobia), comportamentais (e.g.,

tempo de visionamento da televisão) e cognitivas como as crenças da criança,

embora estas só influenciem o comportamento alimentar a partir dos 8 anos

(Contento, 1981).

No nível dos microssistemas são incluídos os sistemas familiar e social. No

microssistema familiar englobam-se determinantes diretamente relacionados com

a alimentação dos próprios pais como o peso, as preferências e os seus

comportamentos alimentares. Incluem-se igualmente determinantes cognitivos

que influenciam os comportamentos parentais como crenças, perceções e

conhecimento relacionados com a alimentação da criança. As emoções parentais,

como stress, ansiedade e cansaço, têm também sido referidas como barreiras

pessoais com que os pais se confrontam relativamente à alimentação dos filhos, em

parte relacionados com o tempo e o esforço despendidos no local de trabalho.

Incluem-se também os comportamentos parentais diretamente relacionados com a

alimentação da criança, como os estilos e práticas parentais, a influência sobre o

visionamento de televisão (e.g., feedback dado à publicidade televisiva alimentar) e

a disponibilidade dos alimentos em casa que influenciam diretamente a exposição

da criança aos mesmos.

No microssistema social encontram-se os fatores escolares, como a

integração de informação nutricional nos currículos e as refeições escolares. É

também na escola que se dá a maior parte da influência dos pares. As

características do ambiente físico estão presentes, em particular a acessibilidade

dos restaurantes e locais de venda de alimentos saudáveis/não saudáveis, que

influenciam a exposição alimentar. É também relevante acessibilidade das crianças

aos media e à internet, na medida em estes podem promover o desenvolvimento de

atitudes de acordo com uma alimentação mais ou menos saudável, mesmo em

crianças pré-escolares. As variáveis sociodemográficas, como o nível económico e

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cultural em que a criança e os pais se inserem, influenciam o tipo de alimentação

que a criança faz e a educação nutricional dos pais. Por fim o maior ou menor

acesso a programas de promoção da saúde determina o acesso a informação

nutricional por parte da criança, dos pais e dos professores.

No último sistema, que engloba os determinantes que exercem uma

influência mas indireta sobre a alimentação da criança, encontram-se as normas e

valores partilhados pelo grupo social em que a criança se insere e os aspetos

relacionados com a política e legislação, em particular as relacionadas com a saúde

e a regulamentação laboral assim como as políticas empresariais e estatais de

produção e publicidade dos alimentos.

De acordo com os pressupostos do modelo ecológico i) os determinantes

referidos interagem de forma bidirecional (e.g., a exposição frequente a

determinados alimentos aumenta as preferência da criança por esses alimentos,

mas as preferências da criança também influenciam os alimentos que os pais

servem); ii) os fatores de um nível interferem nos efeitos de determinantes de

outro nível (e.g., a disponibilidade de alimentos saudáveis a preços acessíveis nas

lojas de bairro gerará melhores resultados na alimentação da criança se os pais

tiverem um conhecimento nutricional que lhes permita fazerem as opções

adequadas).

2.3. Sistemas macro e micro - enquadramento da investigação em Psicologia

para o conhecimento e intervenção no comportamento alimentar

infantil

As respostas à complexidade desafiante do comportamento alimentar

infantil nem sempre correspondem a abordagens integradoras como o modelo

ecológico. Recentemente têm surgido algumas perspectivas que defendem a

intervenção exclusiva no nível social e político, depreciando a intervenção a nível

da família e do indivíduo. Exemplo desta mudança é, por exemplo, a nota

introdutória do ministro inglês Edward King ao relatório do Government Office for

Science, sobre a obesidade no Reino Unido (Butland et al., 2007), mas também os

conteudos de muitos dos encontros científicos nacionais e internacionais sobre

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obesidade, que se pretendem tranversais, e onde dominam as abordagens

orgânicas e ambientais em detrimento das centradas no indivíduo e na sua relação

direta com o meio envolvente. Por outro lado, a abordagem dominantemente

ambiental tem sido sustentada por um novo conceito, o de ambiente obesogénico,

que defende a centração (quase) exclusiva no ambiente como meio de explicação e

de intervenção na obesidade (e.g., utilização de transportes motorizados,

recreação sedentária, variedade e publicidade de alimentos calóricos,

acessibilidade da fast-food, aumento de doses, preços dos alimentos mais calóricos,

etc.). O excesso de peso passa a ser visto como uma resposta normal a um

ambiente anormal, não tendo em conta a variabilidade individual. De acordo com

este conceito o problema da obesidade deve ser visto como outras epidemias, e

resolvido através de alterações ambientais (Garry Egger & Swinburn, 1997). Esta

abordagem desvaloriza as intervenções comunitárias, defendendo que a solução

eficaz se resume a políticas governamentais e legislação (Walls, Peeters, Proietto &

McNeil, 2011).

Felizmente, entre os defensores deste modelo existem já algumas

perspetivas que manifestam um sentido crítico. Duas meta-análises identificam

que a maioria dos estudos sobre a influência do ambiente obesogénico não satisfaz

alguns requisitos metodológicos que o conceito implica, como por exemplo uma

definição operacional e adequada do que são exatamente variáveis ambientais e

também o facto de muitos estudos se limitarem a uma análise de fatores

microambientais, não abarcando vários níveis (Brug, Van Lenthe, & Kremers, 2006;

Kirk, Penney & McHugh, 2009). Alguns autores propõem como mais adequado o

conceito de comportamento obesogénico (vs. ambiente obesogénico), sendo este

determinado por fatores ambientais e individuais (Brug et al., 2006; Chaput,

Klingenberg, Astrup, & Sjödin, 2011; Hill, Wyatt, Reed & Peters, 2003).

É também importante salientar que a possibilidade de mudanças no

ambiente é limitada, sendo inviável a criação de um ambiente perfeito, livre da

maioria dos fatores obesogénicos. Para além disto, a abordagem centrada no

ambiente retira a Pessoa da equação e defende toda uma intervenção legal e

política extremamente paternalista e autoritária, que embore possa parecer

atraente por não ter que abarcar a complexidade do Ser Humano não é, por isso

mesmo, realista.

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Esta problemática enquadra-se na questão epistemológica que retrata a

oposição entre teorias macro e micro, entre o sujeito e a estrututra em que este se

insere. Contudo é necessário um esforço progressivo para superar esta cisão entre

micro e macro a nível teórico, sem contudo desconhecer os diferentes métodos de

estudo, análise e intervenção das duas perspectivas (Serapioni, 2013).

Dado que cada área científica tem o seu campo de estudo e intervenção

específico, o contributo da investigação em Psicologia centra-se no estudo das

variáveis individuais e do sistema familiar, bem como nos aspetos do sistema

social que as influenciam.

2.4. Determinantes psicológicos e sociais do comportamento alimentar

infantil

Em seguida serão abordados mais detalhadamente os determinantes

psicológicos do comportamento alimentar que estão diretamente relacionados

com a criança e com a família. Para a apresentação destes determinantes seguiram-

se alguns critérios, que se descrevem em seguida.

Dado que o presente trabalho incide sobre os comportamentos alimentares,

excluiram-se os determinantes exclusivamente associados ao sedentarismo da

criança (e.g., atividade física da criança; preferência e prática parental de atividade

física). Porque se trata do estudo das varíáveis psicológicas foram excluídos os

determinantes exclusivamente orgânicos (e.g., sistemas de autorregulação

orgânica da ingestão de nutrientes, fome). Não serão também abordadas os

determinantes cognitivos da criança na medida em que no período pré-escolar

estes ainda não interferem diretamente no seu comportamento alimentar

(Contento, 1981).

Na revisão de literatura os determinantes não serão apresentados de uma

forma individualizada por se tornar demasiado exaustivo e não refletir a interação

existente entre eles. A abordagem de cada determinante não será estanque e

remeterá para os processos de influência mútua com outros fatores. Por exemplo,

as preferências e comportamentos alimentares dos pais, a exposição aos alimentos,

a sensibilidade aos sabores e a neofobia são analisados no contexto das

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preferências alimentares da criança. Por outro lado a influência de certas

características dos pais (e.g., sociodemográficas, peso, condições e horário de

trabalho) serão abordadas transversalmente ao longo do texto.

Assim, começa-se por abordar as características da criança relacionadas

com o comportamento alimentar e em seguida os determinantes parentais. No

primeiro grupo são analisados as preferências alimentares e o tempo de

visionamento de televisão. Os determinantes familares/parentais serão focados a

partir dos estilos parentais, conhecimento nutricional dos pais, das suas crenças e

perceções, dando-se assim um enfoque especial aos determinantes cognitivos

parentais.

2.4.1. Determinantes relacionados com a criança

2.4.1.1. Características demográficas

As variáveis demográficas têm comprovado o seu impacto, de forma indireta, nos

comportamentos alimentares das crianças. Embora não sejam um aspeto central

do presente trabalho, importa salientar que as características demográficas que se

têm revelado como associações mais fortes aos comportamentos alimentares e ao

IMC de crianças pré-escolares são a idade e sexo da criança e o nível

socioeconómico dos pais (Dubois & Girard, 2006; McGowan et al., 2012;

Rasmussen et al., 2006). As raparigas e as crianças mais novas tendem a ter uma

ingestão calórica mais elevada, embora no estudo de McGowan e colaboradores

não tenha sido identificada diferenças entre os dois sexos. O nível socioeconómico

e o grau de escolaridade dos pais apresentam geralmente uma correlação positiva

com a qualidade da ingestão alimentar e com o IMC da criança (e.g., Hesketh et al.,

2007; Padez, Mourão, Moreira & Rosado, 2005).

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2.4.1.2. Preferências alimentares

As preferências e o sabor dos alimentos são os determinantes com maior

peso nas escolhas alimentares de adultos (ADA, 1997). Um dos aspetos que torna

central o estudo e intervenção sobre as preferências no início da infância é que

estas estão correlacionadas com as preferências nos anos posteriores e na idade

adulta. Num estudo longitudinal, Nicklaus e colaboradores (2004) concluíram

existir uma concordância significativa das preferências alimentares iniciais (2-3

anos de idade) com as preferências ao longo da vida: 40% aos 4-7 anos, 32% aos 8-

12 anos, 21% aos 13-16 anos e 18% de concordância com as preferências dos

mesmos indivíduos aos 17-22 anos. Este estudo confirma a importância da

intervenção precoce nas preferências alimentares. Esta intervenção parece viável

pois apesar de um forte determinismo genético nos primeiros meses de vida, um

vasto número de estudos comprova a influência da família e dos restantes sistemas

sociais na aquisição de preferências alimentares.

As preferências alimentares inatas pelo doce e salgado e a aversão pelo

azedo e ácido estão amplamente confirmadas (Beauchamp & Cowart, 1986, 1985;

Desor, Maller & Turner, 1973; Maller & Turner, 1973). A neofobia, que consiste na

aversão por alimentos novos, tem também base genética na medida em que é

comum à maioria dos seres humanos desde o nascimento até aos seis anos de

idade (Adessi et al., 2005; Cooke & Wardle, 2006; Dovey et al., 2008; Rozin, 1973),

e existe uma semelhança da intensidade da reação neofóbica entre pais e filhos e

entre irmãos, em cerca de 60 a 80% (Cooke, Haworth & Wardle,2007; Knaaapila et

al., 2007). Ao longo da infância a sensibilidade e a preferência pelo sabor amargo

parecem ser determinadas em parte pelo genótipo4 que influenciando a maior ou

menor sensibilidade a este sabor, afeta as preferências alimentares (Anliker et al.

1991; Drewnowski & Rock, 1995; Steiner, 1979; Rosenstein & Uster, 1988). Por

exemplo, em crianças pré-escolares aquelas com menor sensibilidade ao sabor

amargo consomem mais vegetais do que as crianças com maior sensibilidade, as

4 Os estudos têm focado essencialmente a influência genética na sensibilidade ao sabor amargo, especificamente a dois componentes que se encontram nos alimentos ácidos: 6-n-propil-tio-uracilo (PROP) e fenil-tio-carbamida (PTC), presente nos vegetais e frutas. Os indivíduos com menor sensibilidade ao amargo terão dois alelos recessivos enquanto que os com maior sensibilidade têm dois alelos dominantes.

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28

quais tendem a ter aversão pelos vegetais mais amargos (Drewnoswki & Rock,

1995;Kendra & Tepper, 2006).

Apesar da influência genética no início de vida, o papel da família e da

escola é determinante na evolução das preferências alimentares. Já antes do

nascimento, a exposição a um determinado alimento aumenta a preferência por

esse mesmo alimento. A dieta da mãe durante os últimos meses de gravidez e no

período de aleitamento refletem-se no líquido amniótico que a criança ingere e no

leite materno, levando a criança a manifestar maior preferência pelos alimentos

mais ingeridos pela mãe (Birch, 1999; Cook & Fields, 2011; Menella, Jagnow &

Beauchamp, 2001; Skinner et al., 2002). A amamentação (vs. Alimentação artificial)

leva a que a criança desde cedo seja exposta a uma maior variedade de sabores, o

que gera reações neofóbicas menos intensas (Sullivan & Birch, 1994).

Concomitantemente, a ausência de exposição a alimentos doces no início de vida

gera uma redução da preferência inata por este sabor (Beaucham & Moran, 1982).

O efeito da exposição nas preferências alimentares e na neofobia continua ao longo

da infância. As crianças pré-escolares, quando expostas aos sabores doces e

salgados, aumentam a preferência por estes sabores, potenciando assim as

preferências geneticamente determinadas (Sullivan & Birch, 1990). Ainda nesta

idade as crianças aumentam a sua preferência por vegetais após exposição

repetida (Anzman-Frasca et al., 2012), mesmo quando são expostas a pequenas

quantidades de vegetais de que não gostam (Lakkakula et al., 2010). Também a

aversão ao amargo pode ser rapidamente invertida pela repetição deste sabor

(Rosenstein & Oster, 1988; Steiner, 1979).

De um modo geral poderá afirmar-se que, em crianças de 5 anos, a

exposição aos alimentos explica cerca de 30% das preferências (Birch, 1979b). Não

se deve também esquecer que as próprias preferências da criança podem servir de

orientação para os pais na escolha dos alimentos que servem aos filhos,

aumentando a exposição e consequentemente a preferência por esses mesmos

alimentos (Holsten et al., 2012).

Para além da exposição, a modelagem é um dos fatores ambientais que

influi na neofobia e nas preferências alimentares. Vários estudos confirmam a

semelhança entre as preferências dos pais e dos filhos (Cathey & Gaylord,

2004;Savage, Fisher, & Birch, 2007; Scaglioni, Salvioni, & Galimberti, 2008).

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Contudo na maior parte dos estudos torna-se difícil discriminar o efeito da

modelagem e o da exposição, na medida em que as preferências alimentares da

criança poderão resultar da maior exposição aos alimentos preferidos pelos pais

(Cathey & Gaylord, 2004; Cooke et al., 2004; Falciglia, Pabst, Couch & Goody, 2004;

Howard et al., 2012; Skinner et al., 1998, 2002). Contudo, abordagens em contextos

mais controlados permitem concluir que, na presença de adultos que consomem

novos alimentos sem efeitos negativos, as crianças tendem a reduzir as reações

neofóbicas a esses alimentos (Adessi et al., 2005), sendo o efeito mais forte se os

modelos forem crianças da sua idade ou mais velhas (Birch, 1980; Hendy, 2002).

Os processos de condicionamento são outro aspeto importante na

aprendizagem de preferências ou aversões alimentares. A associação de um

alimento a sabores/alimentos preferidos pela criança aumenta a sua aceitação e

preferência (Birch & Anzman-Frasca, 2011), a qual é superior à preferência que

resulta da exposição isolada (Havermans & Jansen, 2007; Johnston, et al. 2011;

Williams, Paul, Pizzo & Riegel, 2006). Um estudo mais recente não encontrou esta

relação em crianças pré-escolares, embora concluísse que a associação de vegetais

com molhos preferidos pelas crianças encoraja a criança a provar os vegetais

(Anzman-Frasca et al., 2012).

As preferências são também influenciadas pelas consequências da ingestão.

Esta influência reflete-se na escolha preferencial por alimentos que devido à sua

elevada densidade calórica geram saciação rápida (Birch et al., 1990; Johnson,

McPhee & Birch, 1991; Sacalfani, 1991), mesmo quando se tratam de novos

sabores (Birch, 1992). Esta preferência ocorre também dentro do grupo de

vegetais e frutas, dado que as crianças tendem a preferir as frutas e os vegetais

mais calóricos (e.g., banana vs. Melão; batatas vs. curgetes) (Gibson & Wardle,

2003). As consequências da ingestão de alimentos incluem também reforços

externos (e.g., “Se comeres os vegetais podes ver televisão/comer chocolate”). Esta é

uma prática parental comum que resulta na diminuição da preferência pelo

alimento consumido (e.g., vegetais) e um aumento pela atividade ou alimento

utilizado como reforço (e.g., televisão/chocolate) (Birch, Marlin & Rotter, 1984).

A associação dos alimentos a interações sociais agradáveis ou aversivas tem

também impacto nas preferências alimentares. A utilização de pressão ou de

estratégias coercivas pelos pais pode produzir aversão ao alimento (Batsell et al.,

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2002; Birch et al., 1982; Galloway et al., 2006), dando-se o efeito contrário quando

a ingestão do alimento é associada à atenção do adulto ou a interações agradáveis

(Birch, Zimmerman & Hind, 1980). As preferências alimentares também podem ser

alteradas por associação a características do contexto que não exclusivamente

interpessoais, como por exemplo a imagem de marca. Numa investigação com

crianças entre os 3 e os 5 anos concluiu-se que estas preferiam o sabor de batatas

fritas, hambúrgueres, nugets de frango e cenouras anãs quando apresentadas em

embalagens da McDonalds em comparação com os mesmos alimentos em

embalagens simples (Robinson, Borzekowski, Matheson & Kraemer, 2007).

Podendo as preferências alimentares ser influenciadas pela intervenção

parental, torna-se importante perceber se aquelas influenciam o comportamento

alimentar da criança. Desde os anos 70 que um extenso corpo de investigação

confirma esta relação. A preferência por alimentos com elevado teor de gordura

está correlacionada com a ingestão de gordura e com a adiposidade (i.e., prega do

tricípede) em crianças pré-escolares (Fisher & Birch, 1995) e também em crianças

mais velhas (Rickets, 1997). A preferência por fruta e vegetais está também

correlacionada com o consumo destes alimentos em crianças em idade escolar

(Resnicow et al., 1997). Pelo contrário a associação entre a preferência e consumo

de alimentos doces parece não ser tão evidente (Lanfer, 2012), o que poderá ser

justificado por serem alimentos sobre os quais muitos pais exercerão um maior

controlo e restrição.

Em contrapartida, a relação entre preferências alimentares e o IMC da

criança não é evidente. Apesar de Lanfer e colaboradores (2012) identificarem

uma relação entre o IMC de crianças em idades escolar e a preferência por

alimentos ricos em açúcar e gordura (Lanfer et al., 2012), outros estudos não

identificam nenhuma relação do IMC da criança com a preferência por alimentos

ricos em gordura, glícidos e proteínas (Fieldstone et al., 1997), nem com a

preferência por frutas e vegetais (Hill, Wardle & Cook, 2009).

Embora a influência das preferências alimentares sobre o comportamento

alimentar pareça ser evidente, a maioria dos estudos foca-se em crianças em idade

escolar, em que a autonomia de decisão alimentar é superior à das crianças pré-

escolares. Por esta razão é importante confirmar esta relação em crianças mais

novas.

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2.4.1.3. Visionamento de televisão

Existe um vasto o conjunto de investigações que estuda os efeitos do

visionamento de televisão não só no IMC das crianças mas também nos

comportamentos alimentares.

O tempo gasto em frente à televisão está associado ao aumento de gordura

corporal (Jackson, Djafarian, Stewart & Speakman, 2009) e a um maior risco de

obesidade (Kristiansen, Júlíusson, Eide, Roelants & Bjerknes, 2013). Também

Toschke e colaboradores (2005) identificaram que o visionamento de mais de 1

hora por dia de televisão, a baixa atividade física e o menor número de refeições

diárias eram preditores da obesidade em crianças de 5-6 anos. Os estudos

longitudinais comprovam também esta relação (Velde et al., 2011). Num estudo em

que as crianças foram avaliadas no primeiro e no quarto ano de escolaridade, o

tempo de televisão (juntamente com o numero de refeições em família) foi um

preditor do início e da manutenção da obesidade no final dos quatro anos (Gable,

Chang & Krull, 2007). Outro estudo longitudinal de MacFarlane e colaboradores

(2009) confirmou que o tempo de visionamento de televisão era preditor do IMC

num intervalo de 3 anos, mas só no grupo de crianças mais velhas (com 10-12 anos

no início dos estudo). Relativamente a Portugal são conhecidos dois estudos que

confirmam a relação entre IMC e o tempo de visionamento de televisão em

crianças em idade escolar (Padez, Mourão, Moreira & Rosado, 2005), embora um

deles só tenha verificado esta relação nos rapazes (Carvalhal, Padez, Moreira, &

Rosado, 2006).

Também se verifica que os padrões alimentares das crianças que vêm mais

tempo televisão são geralmente menos saudáveis (Marquis, Filion & Dagenais,

2005), incluindo em crianças pré-escolares (Halford et al., 2007, Hare-Brunnet et

al., 2011). As crianças que passam mais tempo em frente à televisão têm uma

ingestão diária de calorias superior em comparação que as que vêm menos tempo

de televisão (Campbell, Crawford & Ball, 2006; Crespo et al., 2001; Wiecha, 2006),

comem mais alimentos ricos em gordura mas pouco nutritivos (Davinson, Marshal

& Birch, 2006; Dixon et al., 2007) e menos vegetais (Boynton-Jarret et al., 2003;

Coon, Goldberg, Rogers & Tucker, 2001).

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Associado ao tempo utilizado pelas crianças a ver televisão está o grau de

exposição à publicidade. Um estudo internacional (Lobstein & Dibb, 2005), que

envolveu crianças dos EUA, Austrália e de sete países europeus, encontrou uma

correlação positiva entre a prevalência de excesso de peso em cada país e o

número de anúncios televisivos a alimentos gordos e açucarados. Zimmerman e

Bell (2010), num estudo longitudinal com crianças entre os 0 e os 6 anos no início

do estudo, confirmaram a associação entre o visionamento de publicidade no início

do estudo e o IMC das mesmas crianças em três anos mais tarde.

As preferências alimentares são também influenciadas pela publicidade, na

medida em que as crianças parecem apresentar maior preferência pelos produtos

alimentares publicitados (Borzekowski & Robinson, 2001). Embora este efeito se

reflita na maioria das crianças, aquelas que vêm mais televisão são mais

suscetíveis à influência da publicidade nas suas preferências alimentares (Boyland,

Harrold, Kirkham & Halford, 2012).

O efeito da publicidade nos comportamentos alimentares reflete-se não só

no maior consumo do alimento publicitado, mas também no aumento de ingestão

dos alimentos da mesma categoria (Buijzen, Schuurman & Bomhof, 2008). Alguns

estudos laboratoriais indicam que o visionamento de publicidade alimentar gera

também um aumento da quantidade total de alimentos ingeridos após o

visionamento e não só dos produtos publicitados (Halford et al., 2007; Halford,

Gillespie, Brown, Pontin & Dovey, 2004), sendo que esta relação parece ser ainda

mais forte nas crianças obesas (Halford et al., 2008).

Os dados apresentados apontam de forma consistente que o tempo em

frente ao televisor e a exposição à publicidade alimentar interferem de modo

negativo nas preferências alimentares e na quantidade e tipo de alimentos

ingeridos pela criança.

Outros aspetos agravam a influência da publicidade alimentar na

alimentação da criança. Um deles é a incapacidade da criança pré-escolar em

identificar as estratégias persuasivas que são utilizadas (Boyland et al., 2011; Folta,

Goldberg, Economos, Reil & Meitzer, 2006) ou fazer uma análise crítica destas

(Bijmolt, Claassen & Brus, 1998; D'Alesio, Laghi & Baiocco, 2009), uma vez que a

capacidade de compreender a intenção manipulatória da publicidade surge por

volta dos oito anos (Robertson, Thomas, Rossiter & Johnson, 1974).

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A gravidade dos efeitos da publicidade é ainda maior, se tivermos em conta

a elevada frequência de anúncios a produtos alimentares nos períodos em que as

crianças vêm mais televisão. Estudos internacionais descrevem uma realidade em

que a maioria dos anúncios destinados às crianças são de produtos alimentares e

dentro destes dominam os alimentos que menos se adequam a uma alimentação

saudável (Batada, Seitz, Wootan & Story, 2008; Hawkes, 2004; Kelly et al., 2010;

Morgan, Fairchild, Phillips, Stewart & Hunter, 2008; OMS, 2003). Em Portugal a

realidade não é diferente. Um estudo realizado pela DECO em 2005 identificou que

na televisão portuguesa ao sábado de manhã cerca de 45% dos anúncios eram a

alimentos e bebidas. Os resultados de um trabalho mais recente (Fialho & Almeida,

2008), que analisou a publicidade durante o sábado e domingo em três canais

generalistas portugueses, confirma que de entre os anúncios a géneros

alimentícios a maioria focava produtos que não correspondiam às orientações para

uma alimentação saudável, 48% eram dirigidos ao público infantil/juvenil, e destes

a categoria mais publicitada era a dos alimentos açucarados. Em contrapartida os

produtos como fruta e vegetais são pouco publicitados (Deco, 2005; Magalhães,

2008).

A regulamentação da publicidade alimentar bem como a promoção da

publicidade a alimentos saudáveis são medidas importantes para melhorar os

comportamentos alimentares infantis (Beaudoin, Fernandez, Wall, & Farley, 2007;

Dixon, Scully, Wakefield, White, & Crawford, 2007; Rodrigues, Carmo, Breda & Rito,

2011). Neste sentido salientam-se os Princípios de Sidney criados pela IOTF (IASO,

2007) que, baseados em estudos empíricos, constituem linhas de orientação para a

regulamentação da publicidade a produtos alimentares destinada a crianças.

Contudo a experiência dos países que iniciaram já esta regulamentação demostra

que este processo se revela bastante mais complexo do que poderia inicialmente

parecer (Hawkes & Lobstein, 2011; Editorial, 2003). A autorregulação do setor

privado é outra das medidas adotadas em vários países (IASO, 2006), tanto nos

que têm já regulamentação governamental nesta área como nos restantes, sendo

que em Portugal estão a ser dados os primeiros passos nesta área (ICAP, 2010).

Contudo a intervenção não pode ser só baseada em intervenções macro

(e.g., regulamentação e legislação), nem estas podem ser vistas como a solução do

problema. Vários factos fundamentam esta conclusão: i) o visionamento de

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televisão, mesmo sem a exposição a anúncios, está associado a piores hábitos

alimentares e a ganho de peso infantil; ii) mesmo que este tipo de publicidade

televisiva seja proibido, esta medida só terá um efeito mais significativo se as

crianças não tiverem um acesso fácil a este tipo de alimentos em casa ou nos locais

de venda (e.g., apesar das gomas não serem um produto publicitado, existe um

elevado consumo nas camadas mais jovens, pela fácil acessibilidade de locais de

venda).

Para além de limitarem o tempo que a criança vê televisão5, ocupando-o em

atividades que combatam o sedentarismo, os pais têm outras formas de reduzir os

efeitos negativos da televisão na alimentação dos filhos. Uma delas é reduzindo o

seu próprio tempo de visionamento de televisão (Bleakley, Jordan &Hennessy,

2013; Frederick, Zimmerman, Ortiz, Christakis & Elkun, 2012). Por outro lado a

recusa aos pedidos das crianças diminuem consideravelmente o efeito da

publicidade na alimentação da criança, em particular nas pré-escolares (Buijzen &

Valkenburg, 2003), diminuindo a acessibilidade e a exposição aos alimentos

publicitados. Outra área de intervenção dos pais, principalmente em crianças a

partir dos 4-5 anos, que conseguem já descriminar os anúncios do resto da

programação (Levin, Petros & Petrella, 1982), é a educação das crianças para os

media, sendo ideal que o visionamento decorra na companhia dos pais e dê azo a

discussão com as crianças promovendo, por exemplo, a perceção das estratégias de

marketing mais simples (e.g., a utilização de celebridades que são pagas para fazer

o anúncio). Contudo não se deve presumir que todos os pais têm conhecimentos e

capacidade para fazer esta análise crítica adequada à idade da criança, sendo esta

uma área potencial de trabalho com os pais e também com as crianças.

Em conclusão, o tempo passado em frente ao ecrã de televisão e a exposição

à publicidade alimentar parecem influenciar negativamente as preferências

alimentares, os hábitos alimentares e o IMC da criança. Contudo, os pais podem

reduzir o impacto da televisão e publicidade nos hábitos alimentares. Através de

estratégias de restrição e controlo do visionamento televisivo, mas também da

modelagem deste comportamento, da comunicação familiar acerca da publicidade

5De acordo com a American Academy of Pediatrics (2001) o tempo ideal de visionamento de

televisão é 1 hora, no máximo 2 horas.

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e da seleção criteriosa dos alimentos que estão disponíveis em casa os pais

conseguem influenciar o efeito negativo da televisão nos hábitos alimentares dos

seus filhos.

2.4.2. Determinantes parentais

2.4.2.1. Estilos parentais

Desde há algumas décadas que têm sido estudadas tipologias do

comportamento parental que facilitem a compreensão do desenvolvimento e

comportamento da criança.

As teorias que focam as tipologias parentais centram-se em um de dois

conceitos: o de estilo parental e o de práticas parentais (parental practice), que se

refletem também no estudo sobre parentalidade e comportamento alimentar

infantil. Os estilos parentais baseiam-se em tipologias (e.g., autoritário), definidas

por um conjunto de características globais que influenciam o modo como os pais

interagem com os filhos e que são comuns a vários domínios de influência como o

desempenho académico ou a alimentação (Baumrind, 1991; Hughes, Power, Fisher,

Mueller & Nicklas 2005). O conceito de práticas parentais (Constanzo & Woody,

1985) tem subjacente uma análise mais específica, focada nos comportamentos

dos pais (e.g., pressão para a criança comer, restrição de alimentos, utilização de

reforços) que visam que a criança faça algo de específico. As práticas parentais

podem variar quando os pais avaliam que estes objetivos podem estar ameaçados

(Levine, 1988), sendo por isso mais variáveis em função do contexto.

O primeiro modelo teórico de desenvolvimento infantil que integrou os

estilos e práticas parentais foi o de Darling e Steinberg (1993). Os autores

consideram que o estilo parental, embora possa variar nos mesmos pais em função

da área educacional, é uma característica mais estável dos que a utilização de

práticas parentais específicas. Ainda de acordo com o modelo, os estilos parentais,

para além de determinarem um uso mais frequente de determinadas práticas e

não de outras, criam um contexto emocional em que as práticas parentais ocorrem,

podendo por isso ter impactos diferentes no comportamento da criança. Assim,

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pais com diferentes estilos parentais podem ter comportamentos semelhantes,

mas estes ocorrerem num contexto relacional diverso, sendo interpretados de

forma diferente pela criança, gerando efeitos diferenciados no seu comportamento

alimentar (Kremers et al., 2003; Musher-Eizenman & Holub, 2006; Van der Horst,

Kremers, Ferreira, Singh, Oenema & Brug, 2007).

Um dos estudos mais relevantes para o conceito de estilos parentais foi

realizado por Maccoby e Martin (1983) que através de análise fatorial detetaram

duas dimensões no comportamento parental: exigência (demandigness) e

responsividade (responsiviness)6. A exigência parental é definida pelas imposições

que os pais fazem consistentemente à criança de modo a integrar-se no seio da

família e a desenvolver a sua maturidade. Os pais com elevada exigência

desenvolvem esforços de supervisão e de disciplina e estão disponíveis para

confrontar a criança que desobedece.

A responsividade é definida pelo grau em que os pais intencionalmente

promovem a individualidade, a autorregulação e a autoafirmação da criança, sendo

empáticos, dando apoio e sendo sensíveis às suas necessidades especiais e

exigências. Baumrind (1997) refere que a responsividade se define por uma

relação parental calorosa, recíproca, com uma comunicação clara e centrada no

indivíduo e uma boa relação de vinculação. Esta dimensão é também associada à

proteção parental e aceitação (Sleddens et al., 2011).

Em 1991 Baumrind propôs a utilização destas duas dimensões na definição

de quatro estilos parentais: orientador, autoritário, permissivo e não envolvido. Na

figura 2.3 caracterizam-se sucintamente os quatro estilos parentais.

O estilo orientador tem sido associado a melhores resultados no

desenvolvimento da criança: competências sociais, melhor desempenho escolar,

maior autoconfiança, autonomia, capacidade de autorregulação, utilização de

estratégias adaptativas, menos probabilidade de comportamentos de risco, menor

ansiedade e depressão (Aunola, Stattin & Nurmi, 2000; Darling & Steinberg, 1991;

Glasgow, Dornbusch, Troyer, Steinberg &Ritter, 1997;Radziszewska, Richardson,

6 Estas duas dimensões aparecem referidas na bibliografia ou associadas a diferentes termos. Responsividade surge

também como “narturance”, centração na criança, aceitação, cuidado (care) e empatia. A exigência surge também designada como controlo firme e democracia (Sleddens et al., 2011).

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Dent & Flay,1996; Maccoby &Martin, 1983; Steinberg, Mounts, Lamborn &

Dornbusch, 1991).

EXIGÊNCIA

Controlo, exigências racionais e supervisão

RESPONSIVIDADE

Afeto caloroso

Aceitação

Envolvimento

PERMISSIVO

-Caloroso, aceitante

-Favorece a liberdade ao controlo

- Não estrutura o meio da criança nem

a supervisiona.

-Pouco convencional e brando, não

exige muita maturidade aos seus filhos.

-Conta essencialmente com a

capacidade de autorregulação da

criança, embora não a promova.

ORIENTADOR

-Envolvido, cuidadoso, refletido e com boa

estruturação do ambiente.

-Transmite claramente e controla o

cumprimento de regras; disciplina mais com

apoio do que por punição.

- É assertivo e democrático mas não

intrusivo; a comunicação é bidirecional

-É capaz de autorregulação na relação com

os filhos

NÃO ENVOLVIDO

- Não reage adequadamente às

necessidades do filho.

-Não estrutura o meio da criança nem

a supervisiona.

-Em situações extremas pode ser

rejeitante ou negligente face à

responsabilidade de educação da

criança

AUTORITÁRIO

-Comportamentos restritivos, punitivos,

rejeitantes e de poder

-Providencia um ambiente estruturado, com

regras claramente definidas

-Exigente e diretivo, espera ser obedecido

sem necessidade de explicações

-Supervisiona atentamente as atividades dos

filhos

A maioria dos estudos que aborda os estilos parentais no contexto da

alimentação infantil recorre ao conceito de estilo parental alimentar (feedind style).

De acordo com Blissett " os estilos parentais alimentares são concetualizados como

um subtipo dos estilos parentais, aos quais estão associadas algumas características

do comportamento parental relacionado com a alimentação" (2011, p. 827).

Para categorizar os diferentes estilos alimentares são geralmente utilizados

os mesmos grupos propostos por Baumrind, mas definidos por características que

definem o contexto socioemocional da alimentação. Assim o estilo autoritário

Baixa

Elevada

Elevada

Baixa

Figura 2.3. Estilos parentais (baseado em Baumrind, 1991)

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caracteriza-se por elevada exigência relativamente aos comportamentos

alimentares, que se reflete na imposição de regras centradas nos objetivos

parentais, cujo cumprimento é conseguido através de controlo, supervisão e

restrição do comportamento alimentar da criança.

O estilo parental orientador caracteriza-se por elevada exigência nos

comportamentos alimentares da criança, mas tendo em conta as características e

algumas das preferências da criança. O cumprimento dos objetivos parentais é

conseguido através de modelagem, comunicação com a criança, negociação e

interações calorosas durante as refeições. Este estilo tem sido considerado como o

mais adequado pois a responsividade e o envolvimento que o caracterizam

facilitam a recetividade da criança às orientações parentais. Por outro lado as

interações que os pais têm com a criança promovem a autorregulação do

comportamento alimentar da criança (Hughes et al., 2011).

O estilo parental alimentar permissivo caracteriza-se por ausência de

expetativas e de regras relativas à dieta da criança, sendo os limites do consumo

definidos pela disponibilidade de alimentos, mas as interações no contexto

alimentar são calorosas.

O estilo parental alimentar não envolvido caracteriza-se por uma

abordagem negligente ou sem objetivos em relação à alimentação da criança,

associada a uma tonalidade emocional fria.

Também na área do comportamento alimentar infantil o estilo orientador

tem vindo a ser associado a melhores hábitos alimentares e a um IMC mais baixo.

Numa revisão de literatura (Sleddens et al., 2007), a maioria dos estudos

analisados confirma o impacto positivo do estilo parental orientador: alimentação

mais saudável, maior prática de exercício físico e valores mais baixos de IMC das

crianças. Cinco dos sete estudos longitudinais que foram analisados nesta meta-

análise confirmam também que o estilo parental avaliado no início da infância é

um preditor do valor do IMC da criança nos anos seguintes. Os estudos analisados

numa outra revisão de literatura sobre a influência dos estilos parentais no

consumo de frutas e vegetais apontam para a associação entre estes

comportamentos e o estilo alimentar orientador (Blissett, 2011).

Contudo alguns dos trabalhos nesta área com crianças pré-escolares

identificam o impacto positivo não só do estilo orientador mas também do estilo

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autoritário em oposição aos estilos permissivo e não envolvido (Hoerr et al., 2009;

Hughes, 2005, 2008; Overa & Power, 2009; Wake, Nicholson, Hardy & Smith,

2007). Este resultado é expetável nestas idades em que os pais conseguem

controlar mais eficazmente o que as crianças comem, num período em que estas

têm ainda uma baixa autonomia de decisão (Blissett, 2011).

No entanto não devem ser ignorados os trabalhos que não encontram

diferenças quanto aos estilos parentais nos diferentes grupos de IMC e hábitos

alimentares. Em crianças entre os 24 e os 59 meses, Blissett e Haycraf (2008) não

encontraram diferenças significativas de IMC nas crianças filhas de pais

orientadores, autoritários e permissivos. Também Agras, Hammer, McNicholas e

Kraemer (2004) não encontraram relação entre o estilo parental autoritário e o

risco de obesidade, num estudo longitudinal com 150 crianças que foram

acompanhadas desde o nascimento até aos 9 anos e meio. A mesma ausência de

relação foi encontrada para o consumo de fruta e vegetais num estudo com cerca

de 4500 crianças de quatro países europeus (De Bourdeaudhuij et al., 2008). Os

resultados dos dois últimos estudos apresentam a limitação de só avaliarem os

pais relativamente ao estilo parental autoritário, sendo que o grupo de

comparação poderá incluir pais com diferentes estilos, limitando as conclusões.

A classificação nos quatro estilos parentais de acordo com a tipologia

proposta por Baumrind (i.e., orientador, autoritário, permissivo e não envolvido)

implica que pais com características razoavelmente diferentes nas dimensões base

(i.e., responsividade e exigência) possam ser classificados no mesmo estilo

parental. Por exemplo, um pai com um valor elevado de exigência e médio de

responsividade pode ser classificado no estilo orientador juntamente com um pai

com um nível médio de exigência e elevado de responsividade. Poucos estudos têm

considerado as relações entre o IMC e hábitos alimentares da criança e estas

dimensões base (em vez dos estilos parentais) (Kim et al., 2008; Ludrosky, 2005,

citados por Sleddens et al., 2011). Não é conhecido nenhum estudo que foque estas

relações em crianças pré-escolares. Kim e colaboradores estudaram a relação de

duas dimensões parentais (nurturing e controlo, que são geralmente associadas

respetivamente às dimensões de responsividade e exigência), em crianças do 1º ao

4º ano de escolaridade, salientando-se que de um modo geral o consumo calórico

estava inversamente relacionado com a responsividade materna.

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O corpo de investigação existente relativamente aos estilos parentais de

alimentação apresenta vários problemas metodológicos que serão, em parte, a

causa de alguma da heterogeneidade encontrada. O primeiro problema diz

respeito à variedade de instrumentos utilizados, com características bastante

diversas, o que leva a que diferentes artigos designem sob o mesmo nome (i.e.,

estilos parentais alimentares) aspetos diversos da relação pais-criança em

contextos alimentares. Existem também questionários que avaliam um só estilo

parental ou uma só dimensão (e.g., exigência), não permitindo tirar conclusões

sobre os outros estilos ou dimensões parentais, havendo claramente uma maior

incidência na avaliação dos estilos orientador e autoritário.

Apesar de alguns dos resultados apresentados apontarem para os efeitos

positivos do estilo orientador nos comportamentos alimentares e no IMC da

criança, esta é uma conclusão que precisa de ser consolidada para as crianças pré-

escolares. Por outro lado a possibilidade do estilo autoritário parental produzir

efeitos positivos semelhantes aos do estilo orientador nestas idades deverá ser

alvo de estudos confirmatórios, os quais devem ultrapassar as limitações

metodológicas que foram enunciadas.

2.4.2.2. Processos Cognitivos parentais

Apresenta-se em seguida a revisão de literatura relativa às variáveis cognitivas

parentais que têm sido relacionadas com o comportamento alimentar e com o IMC

da criança. Assim serão focadas inicialmente as pesquisas mais relevantes relativas

ao conhecimento nutricional. Em seguida focar-se-á a perceção parental de peso, a

preocupação com o peso da criança, e as atribuições de autoeficácia e de controlo

parental relativas ao comportamento alimentar do filho.

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Conhecimento nutricional dos pais

Os estudos existentes apresentam resultados heterogéneos sobre o impacto

do conhecimento nutriconal dos pais nos comportamentos alimentares e no IMC

da criança. Contudo a aquisição de informação nutricional tem sido o objetivo

primordial das ações de promoção de uma alimentação saudável. Por outro lado,

os pais parecem considerar a informação nutricional importante, principalmente

os pais de crianças mais novas (Andrade, 2007) e de níveis socioeconómicos mais

baixos (Hart et al., 2003). O facto de o conhecimento nutricional poder ser uma

variável que atenua a relação positiva entre o nível socioeconómico e a qualidade

da dieta (Mcleod, Campbell & Hesketh, 2011; Turrell & Kavanagh, 2006) reforça a

importância do estudo desta característica parental.

Realtivamente ao impacto do conhecimento nutricional, Kersey e

colaboradores (2010) não encontraram níveis diferentes de conhecimento entre os

pais das crianças normoponderais e com excesso de peso. A partir dos dados do

Health Knowledge Survey (DHKS)7, Varyam encontrou uma relação entre o

conhecimento alimentar dos pais e a qualidade dos hábitos alimentares de crianças

entre os 6 e os 17 anos: os pais com maior conhecimento nutricional tinham

filhos cujas dietas incluam menos alimentos com gordura, ingeriam menos ácidos

gordos saturados, colesterol e sódio e comiam mais fibra (Variyam, 2001; Variyam,

Blaylock , Lin , Ralston & Smallwood, 1999). Neste último estudo, o conhecimento

nutricional dos pais foi significativamente menor no grupo de pais de crianças

com excesso de peso (vs. peso normal), embora as diferenças entre os dois grupos

não fossem muito acentuadas. Este estudo aponta outro dado relevante: um

número significativo de pais tem informação correta realtivamente aos aspetos

essencias da informação nutricional. Por exemplo, 84% sabiam que se deveria

comer fruta pelo menos duas vezes por dia e 70% estavam a par que a baixa

ingestão de fibra está relacionado com algumas doenças. Os autores defendem a

importância do conhecimento nutricional mas reforçam que este, por si só, não se

traduz em comportamentos alimentares mais saudáveis, tendo que estar associado

a outros fatores psicológicos, como as atitudes parentais relativamente às

7 O DHKS - Diet Health Knowledge Survey - é um seguimento do Continuing Survey of Food Intakes by Individual (CSFII) da USDA.

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orientações para uma alimentação saudável ou à prontidão dos pais para a

mudança (Prochaska, Norcross & Diclemente, 1994).

Em entrevistas de grupo com 25 pais, McGarvey e colaboradores (2004)

concluiram que a maioria sobrealimentava os seus filhos. Apesar disto a

percentagem destes pais que tinha um conhecimento correto era elevada. Por

exemplo, 90% pais sabiam as doses corretas diárias de consumo de fruta e de

vegetais e que a manutenção de um peso saudável era importante. Quase todos os

pais de crianças com excesso de peso tinham a informação correta sobre as

doenças provocadas pela obesidade.

Um estudo de Shepherd e Towler (1992) vem também confirmar que as

atitudes parentais relativamente à alimentação dos filhos não estão

obrigatoriamente de acordo com os seus conhecimentos nutricionais. Neste estudo

a avaliação das atitudes baseou-se no Modelo do Comportamento Planeado (Ajzen

& Fishbein, 1980), incluindo algumas questões em que os pais deveriam associar

certos grupos de alimentos (carne, produtos à base de carne, laticínios e fritos) a

certos atributos nutricionais (e.g., saudável, rico em gorduras, proteínas,

vitaminas), havendo por isso uma sobreposição com temas que eram incluídos na

avaliação do conhecimento nutricional. A correlação entre atitudes e conhecimento

só foi encontrada para o grupo da carne e derivados e não para os laticínios e

fritos.

Alguns estudos indicam que a relação entre a qualidade da dieta e o

conhecimento nutricional é mais forte em pais de crianças mais novas (Variyam et

al., 1999) e em particular de crianças pré-escolares (Blaylock, Variyam, & Lin,

1999). Contudo o estudo de Colavito e colaboradores (1996) não identificou um

correlação significativa entre o conhecimento nutricional dos pais e a dieta de

crianças entre os 2 e os 5 anos.

Se alguns estudos apontam para que a conhecimento nutricional dos pais

está realcionado com o nível socioeconómico e anos de escolaridade (Parmenter,

Waller & Wardle, 2000) outros indicam que não existe uma relação direta entre

estas duas características parentais. Um estudo australiano com 527 primíparas,

identificou que a maioria destas mães tinha um elevado nível de conhecimento

nutricional, independentemente do nível socioeconómico (Mcleod, Campbell &

Hesketh, 2001). No mesmo sentido vão os resultados de outros estudos. Cluss e

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colaboradores (2013) confirmaram que a maioria dos pais de crianças obesas de

nível socioeconómico baixo tinham um bom conhecimento nutricional em relação

ao valor calórico e composição nutricional dos alimentos. Também Kersey e

colaboradores (2010) identificaram níveis razoáveis de conhecimento sobre

nutrição e obesidade em pais de níveis socioeconómicos baixos.

Com base nos estudos apresentados pode-se concluir que, de um modo

geral, o conhecimento nutricional dos pais é relativamente elevado. Este resultado,

de acordo com o que foi referido, deve ser atribuído às políticas de saúde dos

países desenvolvidos que levaram a uma aposta forte na informação para a saúde,

na qual o tema da alimentação tem sido central.

Nem todos os estudos confirmam que os pais de níveis socioeconómicos

mais elevados têm melhor conhecimento nutricional.

Não é claro se os comportamentos alimentares e o IMC das crianças têm

uma relação direta com o conhecimento nutricional dos pais. Esta relação poderá

variar com a idade da criança e deverá ser entendida em conjugação com as

crenças e atitudes parentais, as quais podem reduzir ou potenciar os efeitos dos

conhecimentos nos comportamentos parentais relacionadas com a alimentação

dos filhos.

Perceção parental de peso da criança

A importância de os pais reconhecerem o excesso de peso da criança é

fundamentada por vários modelos da Psicologia da Saúde. De acordo com o

modelo de autorregulação do comportamento de saúde (Leventhal, Nerenz &

Steele, 1984) a avaliação de uma situação como ameaça para a saúde é um dos

fatores que influencia a adoção de estratégias de confronto, que resultarão numa

diminuição dessa ameaça. Também os modelos de estádios de mudança dos

comportamentos de saúde (Prochaska & Velicer, 1997; Weinstein, 1988)

consideram que a consciência da existência de um problema relacionado com a

saúde é uma premissa fundamental para iniciar a mudança de comportamentos.

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Assim, a subavaliação do peso da criança pode levar os pais a não desenvolverem

as alterações necessárias para a redução de peso do filho.

Um número bastante significativo de estudos indica que a maioria dos pais

das crianças obesas e pré-obesas subavalia o peso da criança, confirmando uma

forte associação entre a perceção parental de peso e o IMC da criança (Doolen,

Alpert & Miller, 2009; Fitzgibbon & Beech, 2009; Parry, Netuveli, Parry & Saxena,

2008; Towns & D'Auria, 2009). Parry e colaboradores, numa revisão de literatura

identificaram que, nos vinte e três estudos incluídos, mais de 50% dos pais

subavaliavam o peso dos seus filhos pré-obesos e obesos. Os estudos analisados

por Towns e D’Auria indicam que a percentagem de pais que distorcia o peso

variava entre 45 a 98%. Estes valores são semelhantes aos encontrados em

estudos nacionais (Aparício, Cunha, Duarte & Pereira, 2011; Gomes, Espanca, Gato

& Miranda, 2010). Alguns estudos apontam que a percentagem de pais das

crianças pré-obesas que distorce o peso é menor do que a que é encontrada nos

pais de crianças pré-obesas (Macedo, Festas & Vieira, 2011)

A subavaliação de peso não é uma distorção percetiva dado que os pais que

subavaliam o peso do filho avaliam corretamente o peso em silhuetas ou

fotografias de outras crianças (Warschburger & Kröller, 2009; Huang et al., 2007)8.

A subavaliação parental do peso tem sido alvo de um corpo significativo de

estudos que, contudo, não é muito esclarecedor sobre este processo cognitivo.

Existem já alguns estudos que tentam relacionar a distorção parental de peso

com variáveis sociodemográficas. As crianças do sexo feminino parecem ter mais

probabilidade de terem o seu peso subavaliado pelos pais (Crouch, O'Dea &

Battisti, 2007; Huang et al., 2007; Maynard, Galuska, Blanck & Serdla, 2003; Wald

et al., 2007), mas nem todos os estudos confirmam esta conclusão (Goodman et al.,

2000; Intagliata, Gesell & Barkin, 2008; Wake et al., 2002; West et al., 2008). Em

relação à idade da criança o número de estudos é bastante superior mas também

com resultados contraditórios. Se uns estudos confirmam que as crianças mais

8 Para o presente trabalho optou-se pela designação de perceção parental de peso da criança por ser a tradução da terminologia mais utilizada na literatura de língua inglesa (parental percetion of child´s weight).

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novas9 têm mais probabilidade de ter o peso subavaliado pelos pais (Carnell,

Edwards, Croker, Boniface & Wardle, 2000; Eckstein et al., 2006; Fisher, Fraser &

Alexander, 2006; Maynard, Galuska, Blanck & Serdula, 2003; Rich et al., 2005; Wald

et al., 2007), outros estudos não sustentam esta conclusão (Cochran, Neal, Cottrell

& Ice, 2012; He & Evans, 2007).

Poucos estudos relacionam o nível educacional dos pais com a perceção

parental de peso. Baughcum e coalaboradores (2000) identificaram que o nível

educacional baixo da mãe estava associado a uma maior distorção do peso da

criança. À conclusão contrária chegaram Genovesi e colaboradores (2005) que

realizaram um estudo semelhante com famílias italianas. É de salientar os

resultados do estudo de Garrett-Wright (2011) com pré-escolares, que identificam

a relação entre a avaliação correta de peso da criança com o grau de literacia de

saúde, mas não com o nível educacional.

Alguns autores apontam para que a habituação dos pais a um padrão de

peso infantil superior ao normal promoveria uma noção errada de “normalidade”

dos filhos com excesso de peso. Mães que vivem em zonas onde a prevalência do

excesso de peso é elevada tendem a maior subavaliação do peso dos seus filhos

(Binkin, Spinelli, Baglio & Lamberti, 2011). Também o peso da criança à nascença

bem como um ganho de peso rápido no início da infância estão associados à

subavaliação parental do peso dos filhos (Chaparro, Langellier, Kim & Whaley,

2011; Manios, Moschonis, Grammatikaki, Anastasiadou & Liarigkovinos, 2010).

Num estudo com pais de crianças entre os 6 e os 8 anos (Parkinson et al.,

2011) o perímetro da cintura e as pregas corporais estavam associados a uma

perceção de peso mais correta do que o IMC da criança. Este resultado indica que

uma maior “visibilidade” da obesidade poderá facilitar uma perceção mais correta.

Alguns estudos têm abordado a possível influência do processo de

comunicação entre os profissionais de saúde e os pais na distorção parental de

peso. Os pais de crianças pré-escolares que referem que o excesso de peso não foi

abordado nas consultas de pediatria têm maior probabilidade de distorcer o peso

da criança (Hernandez, Cheng & Serwint, 2010). Contudo este resultado é pouco

9 Rich et al. (2005) sugerem que a subavaliação parental de peso ocorra mais frequentemente quando a criança tem menos de quatro anos, Eckstein et al. (2006) identificaram os seis anos como ponto de corte e Fisher et al. (2006) os oito anos.

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esclarecedor na medida em que os pais que subavaliam o peso tenderão a esquecer

mais facilmente conteúdos relativos ao excesso de peso, por não estarem de

acordo com as suas próprias perceções e crenças. Contudo, os resultados de um

questionário enviado aos pediatras e médicos de família de New England indicam

que vinte por cento da amostra sentia-se pouco à vontade em abordar a questão do

excesso de peso de crianças e adolescentes e cerca de 25% sentia-se pouco ou nada

competente para lidar com este problema (Jelalian, Boergers, Alday & Frank,

2003). Por outro lado os aspetos clínicos em que os profissionais de saúde se

centram quando abordam os problemas de peso não coincidem com os temas que

os pais consideram mais relevantes no excesso de peso, como por exemplo

qualidade de vida, aceitação social, vivência emocional da criança, autoestima,

limitações físicas (Goodell, Pierce, Bravo & Ferris, 2008; Jain et al., 2001; Reifsnider

et al., 2006; Stewart, Chapple, Hughes, Poustie & Reilly, 2008).

Como já foi referido, vários modelos da Psicologia da Saúde sustentam que a

os pais que subavaliam o peso dos filhos obesos tenderão a não identificar e a não

se preocupar com o problema de peso do filho, logo não tomam medidas para

promover um estilo de vida mais saudável da criança. Contudo a evidência

empírica, ainda que reduzida, não confirma cabalmente este processo.

Relativamente à relação entre perceção parental de peso e preocupação

parental os dados são heterogéneos. Alguns estudos mostram que realmente os

pais que subavaliam o peso estão menos preocupados com o peso (Tschamler,

Coon, Cook e Halterman, 2010; Wald, et al., 2007) e com os hábitos alimentares da

criança (Tremblay, Rinaldib, Lovsin & Zecevic,2012). Contudo o estudo de Garret-

White (2011) com pais de crianças dos 2 aos 5 com peso normal e excesso de peso

não identificou uma relação significativa entre a preocupação e a perceção de peso

em nenhum dos grupos de peso das crianças.

Ainda outros estudos mostram resultados no sentido contrário. Hughes,

Sheman e Whitaker (2010), a partir da entrevista a 21 mães de crianças pré-

escolares com excesso de peso, concluíram que a maioria subavaliava o peso da

criança mas estava preocupada com o peso, em particular com as consequências

no bem-estar emocional do filho. Também Parkinson e colaboradores (2011)

identificaram, que entre os pais de filhos com excesso de peso, a percentagem dos

que estava preocupado com o peso era superior à dos que tinham uma perceção

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correta, implicando que alguns destes pais estão preocupados com o peso da

criança apesar de o avaliarem como normal.

Por outro lado também se verifica que nem todos os pais que têm uma

perceção correta do excesso de peso do filho estão preocupados com o problema.

Num estudo com mães de crianças e jovens entre os 2 e os 20 anos que recorreram

a uma clínica para tratamento de peso, identificou-se que todas consideravam que

o filho tinha excesso de peso, mas 70% não estavam preocupadas com o peso da

criança/jovem (Watkins, Clark, Foster, Welch & Kasa-Vubu, 2007).

A diversidade dos resultados apresentados parece refletir um processo

cognitivo mais complexo, que não se limita a uma relação direta entre perceção

parental de peso e preocupação e onde intervirão outras variáveis.

Relativamente à relação entre a perceção parental de peso e os estilos de

vida da criança, existem poucos estudos e com resultados discordantes. Dois

estudos de Manios e colaboradores identificaram que os filhos das mães que

subavaliavam o peso tinham dietas mais calóricas (Manios et al., 2010) e menos de

3 horas/semana de atividade física (Manios et al., 2011), o que está de acordo com

a relação esperada. Num estudo com uma metodologia muito semelhante realizado

com crianças finlandesas de 7 anos foram obtidos resultados exatamente opostos:

os pais que subavaliavam o peso tinham maior probabilidade de ter filhos com

melhores hábitos alimentares e mais atividade física, do que os filhos de pais que

tinham uma perceção correta (Vanhala, Keinänen-Kiukaanniemi, Kaikkonen,

Laitinen & Korpelainen, 2011). Um outro estudo, com crianças entre os 6 e os 8

anos com excesso de peso, não identificou diferenças entre os pais relativamente

ao encorajamento para o consumo de alimentos saudáveis ou para a prática do

exercício físico entre as mães que avaliavam corretamente e as que subavaliavam o

peso (Parkinson et al., 2011).

Os resultados das intervenções que visam promover uma perceção parental

correta e o seu impacto nos estilos de vida da criança são também interessantes

para clarificar a relação entre a perceção parental de peso e os hábitos alimentares

dos filhos. Fitzgibbon e Beech (2009) reviram várias investigações, a maioria em

contexto escolar, cujos resultados apontam para que a informação aos pais sobre o

IMC elevado da criança tem como consequência uma perceção mais adequada e

alterações em outros comportamentos de saúde mas não gera, por si só, mudanças

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significativas nos comportamentos alimentares da maioria das crianças. Num

estudo posterior com cerca de 300 pais de crianças entre os 6 e os 11 anos

(Grimmet, Croker, Carnell & Wardle, 2010) não se verificaram alterações

significativas após envio de informação para casa sobre o IMC da criança, à exceção

de um aumento de restrições alimentares impostas pelos pais das raparigas com

excesso de peso. De salientar ainda que neste estudo a informação dada aos pais

não teve sequer efeitos significativos na melhoria da perceção parental de peso.

Em consonância com estas conclusões, Fitzgibbon e Beech (2009) salientam os

possíveis riscos da informação isolada aos pais sobre o IMC da criança, como a

diminuição da autoestima e da satisfação com a imagem corporal da criança,

aumento da imposição de restrições alimentares por parte dos pais e possibilidade

de estigmatização das crianças obesas, entre outros (Fitzgibbon & Beech,2009).

A ausência de relação entre a perceção correta de excesso de peso e a

mudança de comportamentos alimentares da criança pode não resultar da

indiferença dos pais a esta informação mas sim da inadequação das estratégias

escolhidas para lidar com o problema. Confirmando esta ideia alguns estudos

apontam para que a perceção correta promova a utilização de estratégias

restritivas (May et al., 2007; Tremblay, Rinaldib, Lovsin & Zecevic, 2012) que,

como já foi referido anteriormente, não são as mais adequadas para promover

bons hábitos alimentares. Um estudo longitudinal com 340 adolescestes e os seus

pais, identificou que os pais com uma perceção correta incentivavam mais os filhos

a fazerem dieta, o que não se revelou um preditor da diminuição do IMC cinco anos

depois (Neumark-Sztainer, Wall, Story & Van der Berg, 2008).

Paralelamente, o estudo de Perrin e colaboradores (2010), feito em consultas de

pediatria, aponta para que, quando se associa aconselhamento sobre

comportamentos de saúde à informação sobre o excesso de peso da criança, se

verificam alterações a curto prazo nos hábitos alimentares e de atividade física

(mas não no IMC).

Concluindo, é evidente que a maioria dos pais de crianças com excesso de peso

subavalia o peso da criança. Um dos aspetos que poderá fomentar esta distorção na

avaliação do peso é a comunicação entre profissionais de saúde e pais,

possivelmente influenciada pelo facto destes dois grupos terem quadros de

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referência diferentes no que se refere ao excesso de peso. Embora para alguns pais

a perceção correta do excesso de peso do seu filho gere maior preocupação, esta

relação não se verifica de um modo sistemático, fazendo supor que a relação entre

perceção de excesso de peso e a preocupação parental será mediada por outros

fatores.

A informação isolada sobre o IMC da criança não gera alterações nos

comportamentos alimentares da criança podendo gerar até algumas

consequências negativas para a criança. Contudo, se esta informação for

acompanhada de aconselhamento, em especial sobre estratégias que os pais devam

utilizar para promover mudança de comportamentos alimentares da criança,

poderá produzir resultados positivos.

Preocupação parental

A preocupação parental com aspetos relacionados com a alimentação da

criança tem sido o alvo de um número razoável de publicações. Os diversos

estudos que focam esta variável centram-se, na sua maioria, na preocupação com o

peso da criança, enquanto um menor número avalia a preocupação com a saúde. O

papel da preocupação na determinação da mudança de comportamentos de saúde

é fundamentado em vários modelos da Psicologia da Saúde como o modelo de

Weinstein & Sandman (1992), segundo o qual a preocupação é um dos fatores que

descrimina as pessoas que iniciaram já ações de prevenção da doença das que

ainda não as executaram. Também os modelos cognitivos consideram que a

perceção de vulnerabilidade à doença e da sua gravidade influenciam o grau em

que o indivíduo adere a comportamentos de saúde (Becker & Rosenstock, 1987;

Rogers 1985).

Como já foi referido, vários estudos comprovam que os pais das crianças

com excesso de peso e obesas não estão obrigatoriamente preocupados com o peso

ou com a saúde da criança.

Na tabela 2.2 apresentam-se os resultados de quatro estudos que ilustram a

grande variabilidade na percentagem de pais que estão preocupados com o

excesso de peso dos filhos.

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Tabela 2.2.

Síntese de estudos relativos à preocupação parental com o excesso de peso da criança

Estudo Nº e idade das crianças com excesso de

peso

Pais de crianças com excesso de

peso que estão preocupados

com o peso atual da criança

Eckstein et al. (2006) 230 crianças e jovens dos 2 aos 17 anos 30%

Campbell, Williams,

Hampton & Wake (2006)

324 crianças de 4 anos 83%

Crawford,Timperio,Telford

& Salmon (2005)

291 crianças de 5-6 anos

919 crianças 10-12 anos

71%

43%

Lampard, Byrne, Zubrick &Davis (2008)

347 crianças entre os 6 e os 13 anos 82% (Pais de crianças obesas)

18% (Pais de crianças pré-

obesas)

Wake, Salmon, Walters, Wright & Hesketh (2002)

3174 crianças do ensino básico 58% (Pais de crianças obesas)

19% (Pais de crianças pré-

obesas)

No que se refere à preocupação parental em função do grupo de IMC, alguns

estudos indicam que os pais de crianças com excesso de peso estão mais

preocupados com o peso da criança do que os pais com filhos normoponderais

(Karp et al., 2014; Moore, Harris & Bradlyn, 2011; Mulder, Kam, Uauy & Seidell,

2009). Um estudo nacional com 102 crianças portuguesas entre os 8 e os 10 anos

confirmou esta diferença (Costa, 2010). Dois dos estudos apresentados na tabela

2.2 (Lampard et al. 2008; Wake et al., 2002) mostram que o número de pais

preocupados varia bastante em função dos filhos apresentarem excesso de peso ou

obesidade. Contudo, um outro estudo com crianças entre os 4 e os 8 anos não

confirmou estes resultados (Etelson, Brand, Patrick & Shirali, 2003). Estes dados

permitem concluir que o IMC elevado da criança promove preocupação num

número significativo de pais, mas não em todos, estando a preocupação parental

dependente de outras variáveis.

Uma conclusão interessante surge em vários estudos: alguns pais estão

preocupados com o facto de a criança ter uma ingestão inferior ao

nutricionalmente desejado, mesmo quando a criança tem excesso de peso (e.g.,

Lopez-Dicastillo, Grande & Callery, 2010). Também Agras e colaboradores (2004)

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encontraram uma correlação significativa entre o excesso de peso da criança com a

preocupação parental com a magreza do filho.

Outro dado interessante é o facto de o número de mães que manifestam

preocupação com o peso futuro dos filhos ser bastante superior ao das que estão

preocupadas com o peso atual. Num estudo com cerca de 320 crianças de 4 anos

das quais 19% eram obesas, 16% dos pais estavam preocupadas que a criança

viesse a ter excesso de peso no futuro mas só 5% estavam preocupados com o peso

atual da criança (Campbell, Williams, Hampton & Wake, 2006). Um outro estudo

com crianças com excesso de peso e ligeiramente mais velhas (6 e os 8 anos)

confirmou estes resultados (Parkinson et al., 2011). Embora estes dados possam

ser interpretados como um processo de adiamento do problema por parte das

mães, eles deverão ser contextualizados no processo de parentalidade. Em função

dos objetivos que os pais têm para os filhos em várias áreas (e.g., saúde,

desempenho académico e social) é natural que se preocupem face à incerteza se

eles atingirão esses objetivos a longo prazo. Por exemplo, a maioria dos pais

preocupar-se-á com a saúde ou o desempenho académico do filho no futuro,

mesmo que a criança seja saudável ou tenha aproveitamento escolar no momento

presente. Assim a preocupação com o peso futuro da criança poderá refletir esta

preocupação generalizada com o futuro da criança, e em particular com aspetos

relacionados com a saúde, numa perspetiva de longo prazo.

Alguns dos estudos procuram identificar preditores da preocupação

parental, abarcando uma variedade ampla de variáveis. Um dos fatores que parece

ser relevante é o sexo da criança. As raparigas com excesso de peso parecem gerar

mais preocupação nos pais do que os rapazes na mesma categoria de peso

(Campbell, Williams, Hampton & Wake, 2006; Moore, Harris & Braddlyn, 2011),

embora Wake e colaboradores (2002) não tenham confirmado esta diferença.

Quanto à idade da criança os resultados são contraditórios, havendo estudos que

avaliam que a preocupação parental é maior quando a criança é mais nova (e.g.,

Crawford, Timperio, Telford & Salmon, 2006), enquanto outros não encontram

essas diferenças (e.g., Lampard, Byrne, Zubrick & Davis, 2008).

Um estudo de Eckstein et al. (2010) concluiu que as variáveis que prediziam

a preocupação com o peso dos pais de crianças com mais de 6 anos eram: perceção

de que a criança é menos ativa do que as outras, recordação do médico ter

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manifestado preocupação com o peso da criança e perceção da criança como tendo

excesso de peso. Estes resultados estão de acordo com alguns estudos que

identificam a atividade física da criança como uma característica central nas

definições parentais de criança saudável (Jain et al., 2001; Reifsnider, 2006).

Parece, então, que quando os pais de crianças com excesso de peso a avaliam como

tendo pouca atividade física têm mais probabilidade de ficarem preocupados com

o peso.

O facto de os pais mais preocupados se lembrarem de o médico referir o

peso da criança como problema não clarifica as relações de causa-efeito, como já

foi referido para a perceção parental de peso. Se por um lado a comunicação do

médico pode alertar os pais e gerar preocupação, esta mesma comunicação pode

ser mais facilmente memorizada pelos pais que já estão previamente preocupados.

Foram já apresentados alguns estudos que mostram que a relação da

perceção de excesso de peso com a preocupação parental é variável. Alguns dados

indicam que há pais que avaliam (erradamente) que o seu filho tem peso normal

mas mesmo assim estão preocupados com o peso da criança (Parkinson et al.,

2011), havendo também pais que percecionam os seus filhos com tendo excesso de

peso mas que não estão preocupados (Watkins et al., 2007).

Num outro estudo (Keller, Olsen, Kuilema, Meyermann & van Belle, 2013),

com pais de crianças entre os 4 e os 6 anos, identificaram a obesidade andróide da

criança (vs. ginóide), como um dos preditores da preocupação parental. Os autores

referem que a obesidade andróide, estando relacionada com consequências mais

graves para a saúde, pode suscitar nos pais maior preocupação. Embora esta possa

ser uma explicação, não se deve ignorar a possibilidade de a acumulação da

gordura corporal predominantemente na região abdominal possa tornar mais

"visível" o excesso de gordura corporal da criança e gerar maior preocupação.

Lampard e colaboradores (2008) identificaram como preditores da

preocupação parental as seguintes características: subavaliação parental do peso,

menor qualidade de vida da criança (avaliada pelos pais), IMC infantil mais

elevado, maior preocupação parental com o próprio peso e IMC parental mais

elevado. Este modelo explicava 75% da variância da preocupação parental, sendo

que as três primeiras variáveis se revelaram os preditores mais significativos. O

facto de a avaliação parental de uma menor qualidade de vida da criança ser um

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preditor da preocupação reflete, mais uma vez, que a preocupação dos pais com o

peso é mais frequente quando os pais percecionam, para além do peso, outro tipo

de problemas na criança. A possibilidade das mães com excesso ou preocupadas

com o seu próprio peso terem mais probabilidade de estar preocupadas com o

excesso de peso do filho foi confirmada por outros estudos (Campbell, Williams,

Hampton & Wake, 2006; Carnell et al., 2006; Faith et al., 2004), podendo indicar

que uma perceção aumentada de risco de obesidade da criança pode desencadear

maior preocupação parental.

O impacto da preocupação nos comportamentos parentais é uma área de

estudo fundamental, na medida em que é necessário clarificar se a preocupação

dos pais tem efeitos positivos ou negativos nos comportamentos relacionados com

a alimentação da criança. Contudo, esta questão tem sido puco abordada. Num

estudo comparativo entre crianças caucasianas e afroamericanas dos 9 aos 15 anos

conclui-se que, independentemente da etnia, os pais de filhos com excesso de peso

recorriam mais a estratégias de controlo, mas dentro deste grupo quem as

utilizava menos eram os pais que estavam preocupados com o peso da criança

(Polfuss & Frenn, 2012). Num estudo com 1500 crianças numa amostra

estratificada da pré-primária, 2º, 4º 5º, 7º e 9º ano, Moore e colaboradores (2011)

identificaram que os pais mais preocupados limitavam mais o tempo de

visionamento de televisão e tomavam medidas para melhorar a dieta da criança e a

frequência de atividade física. Outros estudos confirmam a relação entre a

preocupação e a utilização de práticas restritivas (Keller et al., 2013; MacFarlane,

Crawford & Worseley, 2010; Weber et al., 2010). Embora a maioria destas

estratégias possa ser vista como positiva, o facto de os pais relatarem que tomaram

medidas para a mudança alimentar não garante uma efetiva melhoria da dieta da

criança. Por outro lado, as práticas de controlo parental estão associadas a uma

menor capacidade de autorregulação alimentar da criança (John & Birch, 1994).

Alguns estudos encontram relações entre a ingestão da criança e a

preocupação parental. O estudo de Costa (2010), no qual foi feita uma avaliação

nutricional detalhada, confirma que os filhos dos pais preocupados têm um

consumo energético menor em comparação com as outras crianças. Também no

estudo de MacFarlane e colaboradores (2010) os filhos de pais preocupados

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ingerem menos alimentos calóricos, mas esta diferença não se verifica

relativamente à ingestão de fruta e vegetais.

Num estudo longitudinal realizado por Spruijt-Metz, Li, Cohen, Birch e

Goran (2006) as mães mais preocupadas tinham filhos com mais massa gorda na

avaliação inicial. Contudo, no follow-up (2 anos) estas crianças tinham tido um

menor aumento de gordura corporal em comparação com os filhos dos pais menos

preocupados. Os autores consideram que embora a preocupação possa não

corresponder diretamente a ações parentais, poderá estar ligada a uma intenção

de comportamentos ainda não definidos pelos pais, que se irá refletir em futuras

ações concretas para ajudar a criança a regular o peso.

Dos dados apresentados salientam-se algumas conclusões. O grau de

preocupação dos pais de crianças com excesso de peso varia bastante nos vários

estudos, indicando que a preocupação não é um fenómeno generalizado a todos

estes pais. Alguns estudos concluem que os pais que estão preocupados com o

excesso de peso têm filhos com uma dieta mais saudável em comparação com as

crianças cujos pais não estão preocupados, contudo os poucos estudos que

abordem esta relação não apresentam resultados homogéneos. Por outro lado, pais

de crianças com excesso de peso podem até estar preocupados com o facto da

criança não comer o suficiente, ou a sua preocupação incidir só no futuro da

criança e não no presente.

Os estudos que tentam identificar os preditores da preocupação parental

com o peso da criança são ainda em número reduzido, contudo existe alguma

evidência de que o excesso de peso da mãe, a acumulação androide da gordura

corporal (mais grave e mais visível), a preocupação dos pais com outros aspetos da

saúde do filho, bem como a perceção correta de excesso de peso da criança possam

aumentar a probabilidade dos pais estarem preocupados. A comunicação dos

profissionais de saúde parece estar relacionada com a preocupação mas a

direccionalidade desta relação não é clara.

Relativamente aos efeitos da preocupação no comportamento parental, os

pais que estão mais preocupados com o peso tendem a usar mais práticas de

controlo, em particular estratégias restritivas, o que não se reflete

obrigatoriamente em perda de peso da criança.

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Autoeficácia parental e barreiras percebidas

O conceito de autoeficácia teve a sua origem na teoria da cognição social e é

definida com a crença ou expetativa de que é possível, através do esforço pessoal,

realizar com sucesso uma determinada tarefa e alcançar um resultado desejado

(Bandura, 1977, 1997).

Embora sejam escassos os estudos sobre autoeficácia na área do

comportamento dos pais relacionado com a alimentação dos filhos, esta tem sido

muito estudada noutras áreas da parentalidade (Coleman & Karraker, 2003). A

autoeficácia elevada está relacionada com a adoção de comportamentos de

promoção da saúde (Maddux, Brawley & Boykin, 1995; Maibach & Murphy, 1995)

e especificamente com padrões alimentares mais saudáveis em adultos (Havas et

al., 1998) e perda de peso em adolescentes obesos (Smith, Annesi, Walsh, Lennon

& Bell, 2010).

A autoeficácia parental relacionada com a alimentação dos filhos traduz-se

nas expetativas que os pais têm sobre a sua capacidade de levar a cabo as ações

necessárias para conseguir que a criança tenha uma dieta saudável e nas suas

crenças sobre a sua competência para conseguirem ultrapassar satisfatoriamente

as barreiras encontradas.

Vários estudos indicam que os pais estão frequentemente bem informados

sobre dieta saudável e as recomendações de atividade física, mas relatam

problemas de autoeficácia em traduzir este conhecimento no dia-a-dia das suas

famílias (Hart, Herriot, Bishop & Truby, 2003; Hesketh, Waters, Green, Salmon

&Williams, 2005).

Campbell et al (2010), num estudo com 159 mães australianas com filhos

entre os 12 meses e aos 5 anos, avaliaram a autoeficácia materna para promover o

consumo de alimentos saudáveis e em limitar o consumo de alimentos pouco

saudáveis. No grupo das crianças de um ano a autoeficácia estava correlacionada

com a ingestão de vegetais e inversamente correlacionada com o consumo de

doces. No grupo dos 5 anos a autoeficácia parental em promover uma alimentação

saudável mostrou-se diretamente correlacionada com o consumo de fruta, vegetais

e água e inversamente correlacionada com o consumo de doces. Estes resultados

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apontam para que a autoeficácia parental está associada à qualidade da dieta da

criança, mas que essa associação não será semelhante para todos os alimentos.

A autoeficácia parental diminui com a idade da criança. Dois estudos

confirmam que os pais das crianças com 1- 2 anos apresentam uma autoeficácia

mais elevada do que os pais de crianças com 5 anos relativamente a conseguirem

que a criança tenha uma alimentação saudável e seja fisicamente ativa (Campbell,

Hesketh, Silverii & Abbott, 2010; Hesketh & Campbell, 2007). Esta alteração será

em grande parte resultado da progressiva autonomia da criança em relação aos

pais, a qual faz parte integrante desenvolvimento infantil, e que diminui a

possibilidade de os pais moldarem facilmente os comportamentos alimentares dos

filhos.

Conforme referido anteriormente a autoeficácia está inversamente

correlacionada com as barreiras percebidas. Van e colaboradores (2011)

verificaram que a qualidade dos hábitos alimentares estava inversamente

correlacionada com algumas barreiras percecionadas pelas mães (i.e., os filhos não

gostarem de alimentos saudáveis, a criança gostar de comer em frente da televisão

ou do computador, a criança só se portar bem se lhe fossem prometidas

guloseimas). West e Sanders (2009) compararam pais de crianças com excesso de

peso e normoponderais e identificaram diferenças significativas entre os dois

grupos relativamente ao grau de autoeficácia que os pais reconheciam para

resolver as barreiras com que se confrontavam (e.g., a criança comer muitos

snacks ou estar muito tempo no computador).

Dado que a diminuição das barreiras percebidas é uma dimensão que pode

ser trabalhada nas intervenções para a promoção da saúde infantil, vários estudos

têm procurado identificar o tipo de barreiras mais referidas pelos pais. Na tabela

2.3. apresenta-se uma síntese destes estudos.

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Tabela 2.3. Síntese de estudos sobre barreiras percecionadas pelos pais a uma alimentação saudável da criança

Estudo /origem Metodologia Barreiras percecionadas pelos pais à alimentação saudável

da criança

Dwyer, Needham,

Simpson &

Heeney, 2008

Origem: Canadá

Entrevistas em grupo

com mães de crianças

de 2 a 5 anos.

Intrapessoais: preferências alimentares da criança;

Interpessoais: diferentes perspetivas e práticas de outros

familiares ou adultos, influência do jardim-de-infância e

falta de tempo dos pais.

Ambiente físico: acessibilidade de alimentos saudáveis e

crianças com necessidade de dietas especiais.

Hoerr, Utech &

Ruth, 2005

Origem: EUA

Entrevistas em grupo a

pais de crianças de 3-5

anos de nível

socioeconómico baixo

Oposição aos alimentos servidos, controlo da criança nas

decisões alimentares, falta de tempo, custo dos alimentos.

Hesketh, Waters, Green, Salmon & Williams, 2005 Origem: Austrália

Entrevistas de grupo com pais de crianças de 7-8 e 10-11 anos

Propriedades organoléticas agradáveis dos alimentos não saudáveis, oferta alimentar não saudável nas escolas, pares, número crescente de estabelecimentos de fast-food, publicidade e embalagem atrativa dos alimentos menos saudáveis.

Andrade, 2007

Origem : Portugal

Entrevistas individuais

a pais de crianças entre

os 7 meses e os 12

anos

7-12 meses: Ingestão insuficiente, falta de informação

nutricional, distrações durante as refeições e neofobia

13-23 meses: Preferências alimentares, recusa de

alimentos, comportamento à mesa e falta de informação

nutricional.

2-5 anos: comportamento à mesa, preferências

alimentares, falta de informação nutricional

6-9 anos: Preferências alimentares, recusa de alimentos,

comportamento à mesa e omissão de refeições

10-12 anos: Preferências alimentares, influências dos pares, recusa de alimentos e comportamentos à mesa

Hart, Herriot,

Bishop & Truby,

2003

Origem: Inglaterra

Pais de crianças entre os 7 e os 12 anos de nível socioeconómico baixo e alto

Pais de nível socioeconómico alto: escola, pares, influência

de irmãos e outros familiares, preferências alimentares das

crianças, custo e falta de tempo

Pais de nível socioeconómico baixo: influência de irmãos e

outros familiares, falta de informação nutricional,

preferências alimentares das crianças, custo e falta de

tempo

As barreiras que surgem num maior número de estudos são: as preferências

alimentares da criança e aspetos que lhe estão associados (e.g., propriedades

organoléticas dos alimentos, oposição/recusa a alimentos oferecidos, neofobia), a

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falta de tempo dos pais, o custo de uma alimentação saudável e a oferta pouco

saudável de alimentos na escola10.

A falta de tempo, resultante em grande parte das condições de trabalho dos

pais, surge referido na tabela 2.3 e é também abordada noutros estudos (Blake,

2009, 2011; Brown, Broomb, Nicholson & Bittman, 2010; Devine et al., 2006; Jabs

et al., 2007).

Curiosamente a publicidade só é referida num estudo, bem como a

acessibilidade a estabelecimentos de fast-food (apesar de todos os estudos

apresentados terem sido realizados em meio citadino).

A falta de conhecimento nutricional é pouco mencionado e parece perder

importância nos níveis socioeconómicos mais altos (Hart et al., 2003) e conforme a

criança vai crescendo (Andrade, 2007). Pelo contrário, a influência negativa dos

pares parece ser mais sentida pelos pais das crianças mais velhas (de um modo

geral a partir dos sete anos). Para além da idade da criança, o nível socioeconómico

dos pais parece gerar diferenças nas barreiras que são vistas como problemáticas.

Por exemplo, no estudo de Hart e colaboradores a influência dos pares é visto

como barreira pelos pais de nível socioeconómico mais elevado mas é considerado

como um facilitador da alimentação saudável pelos pais de nível mais baixo.

Steinsbekk, Ødegård & Wichstrøm (2011) estudaram a importância das

barreiras emocionais (i.e., desconforto ou culpa sentida pelos pais por restringirem

comportamentos alimentares e sedentários das crianças). Tendo analisado o

impacto de várias variáveis (barreiras emocionais, autoeficácia parental, norma

subjetiva e atitudes), só as barreiras emocionais estavam (inversamente)

correlacionadas com a perda de peso de crianças durante os follow-up (6 meses e

2 anos após o final do tratamento). Embora não sejam conhecidos mais estudos

que abordem a questão das barreiras emocionais, estas poderão estar diretamente

relacionadas com o estilo parental (i.e., os pais com estilo indulgente serão

provavelmente aqueles que vivenciam mais as barreiras emocionais relacionadas

com as restrições impostas à criança).

10 A oferta de alimentos pouco saudáveis nas cantinas escolares não corresponde à realidade das escolas oficiais portuguesas. Contudo, as características organoléticas menos agradáveis dos alimentos oferecidos nas escolas portuguesas criam também problemas nutricionais (Figueira, 2012).

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Dos estudos apresentados a autoeficácia parental parece estar relacionada com

a qualidade da dieta das crianças. Esta relação vai diminuindo ao longo do

crescimento da criança, com o aumento de autonomia em relação aos pais. Um

aspeto importante para a autoeficácia dos pais é a atribuição que estes fazem da

sua capacidade de ultrapassar as barreiras subjetivas a uma alimentação saudável

da criança. Um número substancial de estudos identifica várias destas barreiras,

salientando-se as relacionadas com as preferências alimentares da criança.

Atribuição de Controlo parental

O conceito de controlo parental é central em vários modelos de psicologia

do desenvolvimento (Steinberg, 1990), sendo por exemplo um dos atributos

utilizados por Baumrind (1997) para a definição dos estilos parentais. Barber no

seu modelo sobre controlo parental (Barber, 1996; Barber & Hamon, 2002)

descrimina dois tipos de controlo (psicológico e comportamental), sendo que o

controlo comportamental é definido como os esforços dos pais para controlar o

comportamento dos filhos através de regras e restrições comportamentais,

visando essencialmente que a criança adquira comportamentos socialmente

valorizados. Trata-se aqui do controlo que é de facto exercido pelos pais sobre o

comportamento dos filhos e que pode ser avaliado pelas práticas educativas

utilizadas.

De acordo com os modelos da Psicologia da Saúde que recorrem à

abordagem de expetativa-valor (e.g., Fishbein & Azjen, 1980), os pais tentarão

controlar o comportamento alimentar dos seus filhos em função de dois tipos de

avaliação: do valor que atribuem aos resultados que possam obter e da expetativa

que o seu comportamento leve aos resultados desejados. Embora ainda em

número reduzido, alguns estudos têm vindo a avaliar o grau de controlo que os

pais consideram ter na alimentação da criança, diferenciando-se dos estudos que

avaliam o que os pais fazem para conseguir esse controlo (práticas parentais).

Num estudo em que foram avaliadas as crenças de pais de crianças com

peso normal e excesso de peso, concluiu-se que 37% dos pais consideravam ter

pouco controlo e 5% considerava não ter nenhum controlo sobre os

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comportamentos relacionados com o peso da criança (Kersey, Lipton, Quinn &

Lantos, 2010). Também Hoerr e colaboradores (20005), num estudo com pais de

crianças pré-escolares de nível socioeconómico baixo, encontraram uma

percentagem grande de pais que referia como problema diário o excesso de

controlo da criança (vs. controlo parental) sobre as decisões alimentares (e.g.,

servir vegetais às refeições). O estudo de Siebold, Knafl e Grey (2003) aponta que

uma das razões para a atribuição de baixo controlo será o facto das tentativas

parentais serem inconsistentes e irregulares, levando à perceção de ineficácia das

mesmas.

Também os profissionais de saúde consideram que uma das principais

barreiras para a perda de peso é o facto de os pais não disporem de formas eficazes

para disciplinarem a criança, o que resulta num baixo controlo em relação aos

comportamentos alimentares dos filhos (Chamberlin, Serman, Jain, Powers &

Whitaker, 2002).

Jonhson (2002) concluiu que os pais que têm filhos com menor capacidade

de autorregulação alimentar descrevem-se como tendo menor capacidade de

controlar a ingestão alimentar dos filhos, não se conhecendo outros estudos que

relacionem a perceção de controlo parental com as características da criança.

Mesmo os pais que consideram ter um controlo razoável sobre a

alimentação dos filhos em idade pré-escolar, relatam dificuldades maiores em

ultrapassar a vontade da criança quando se trata de introduzir novos alimentos ou

alimentos que a criança não gosta (Baughcum, Burklow, Deeks, Powers &

Whitaker, 1998; Dwyer et al., 2008), ou em controlarem os comportamentos

alimentares da criança fora de casa (Hoerr et al., 2004). Assim, a atribuição de

controlo não é uma dimensão única, mas antes pode variar em função da situação

ou tarefa específica.

Resumindo, os estudos revistos parecem indicar que os pais variam na sua

perceção de controlo parental e que alguns deles vêm o pouco controlo sobre os

comportamentos alimentares dos filhos como um problema. Os profissionais de

saúde também identificam este problema como uma barreira à perda de peso da

criança. Uma baixa atribuição parental de controlo resultará possivelmente dos

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pais não disporem de estratégias adequadas para lidar com as recusas ou

exigências alimentares da criança ou de as utilizarem de um modo inconsistente.

2.5. Conclusões

A prevenção e o tratamento precoce da obesidade é hoje uma das linhas

orientadoras das políticas internacionais de saúde (OMS, 2012a). Um vasto

número de estudos identifica uma multiplicidade de determinantes do

comportamento alimentar e IMC infantil, refletindo a complexidade de interação

entre fatores culturais, políticos, sociais, familiares e individuais.

O papel dos determinantes psicológicos e sociais, sobre os quais incide o

presente estudo, tem sido alvo de grande interesse, sendo contudo uma área de

conhecimento que necessita de maior aprofundamento e clarificação. Da

informação resultante da revisão de literatura sobre a influência dos

determinantes da criança e dos pais no comportamento alimentar infantil,

podemos desde já retirar algumas conclusões que abrem para novas questões.

Os resultados dos estudos são heterogéneos relativamente ao impacto da

maioria dos determinantes psicológicos e sociais nos comportamentos alimentares

infantis e ainda mais no IMC da criança. Embora questões metodológicas possam

explicar parte desta heterogeneidade, esta parece refletir a complexidade de

processos multifatoriais, que necessitam de ser melhor compreendidos.

Salienta-se a relação pouco clara entre o IMC e a ingestão nutricional da

criança, que não provou ser completamente clarificada com o efeito da atividade

física. Contudo está patente uma associação mais forte entre o IMC e

comportamentos alimentares da criança (e.g., consumo de pequeno almoço, de

fruta, de vegetais e número de refeições), ganhando estes um papel fundamental

no estudo da alimentação infantil.

De entre os determinantes do comportamento alimentar infantil, o estudo

das preferências alimentares traz um contributo importante, não só porque são

uma barreira a uma alimentação saudável consistentemente referida pelos pais,

mas também porque influenciam o tipo de alimentos ingeridos pelas crianças.

Apesar da influência genética, que se manifesta sobretudo nos primeiros tempos

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de vida, as preferências podem ser moldadas em função das experiências

alimentares que os pais proporcionam às crianças. A influência das preferências

nos comportamentos alimentares será tanto maior quanto a autonomia decisional.

O estudo desta relação no período pré-escolar revela-se de particular interesse

porque a criança tem já autonomia em algumas das decisões alimentares, mas os

pais continuam a ter um papel importante na determinação da dieta dos filhos.

O tempo de visionamento de televisão é dos poucos determinantes que

parece estar consistentemente relacionado tanto com o IMC como com os hábitos

alimentares. Também esta é uma área em que os pais podem ter uma intervenção

significativa, não só restringindo o tempo de visionamento e os alimentos

disponíveis em casa, mas também educando para uma postura crítica face à

publicidade alimentar.

Apesar de não haver evidências muito sólidas, alguns estudos apontam para

uma relação entre os estilos parentais e o comportamento alimentar da criança.

Nas crianças pré-escolares tem-se identificado o impacto positivo do estilo

orientador mas também do estilo autoritário.

A influência dos fatores cognitivos parentais no comportamento de saúde

da criança é sustentada por um vasto corpo de investigação. Relativamente ao

comportamento alimentar da criança, as dimensões cognitivas parentais mais

estudadas têm sido o conhecimento nutricional e a avaliação do peso da criança

(i.e., perceção parental de peso). Contudo a preocupação parental e as atribuições

de autoeficácia e de controlo sobre o comportamento alimentar da criança têm

também sido alvo de análise.

O conhecimento nutricional dos pais parece promover melhores hábitos

alimentares, embora níveis muito elevados de conhecimento não se reflitam num

acréscimo de qualidade da dieta da criança. Parece também ser evidente que nem

sempre os pais utilizam ou concretizam os seus conhecimentos na promoção de

uma alimentação saudável dos filhos, e que esta utilização poderá estar

relacionada com as crenças parentais relacionadas com a alimentação da criança. A

manutenção da informação nutricional como a componente principal de muitas

das intervenções para a promoção de uma alimentação saudável tem de ser

sustentada em mais estudos. As características parentais que têm sido mais

associadas ao conhecimento nutricional são o nível socioeconómico e as atitudes

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parentais, não existindo estudos que nos permitam concluir a relação do

conhecimento com outras variáveis cognitivas parentais como a preocupação ou as

atribuições de autoeficácia e controlo.

De um modo geral, mais de metade dos pais das crianças com excesso de

peso subavalia o peso do seu filho. Apesar da proliferação de estudos sobre este

tema, pouco se sabe ainda sobre o processo que lhe está subjacente. O facto de uma

perceção correta do excesso de peso não gerar maior preocupação parental, nem

ser suficiente para a mudança dos comportamentos dos pais, aponta para a

necessidade de aprofundar a compreensão deste processo.

A relação da preocupação parental com o peso ou com os comportamentos

alimentares da criança tem sido pouco estudada. Os diversos estudos que avaliam

a preocupação dos pais de crianças com excesso de peso indicam que alguns destes

pais se encontram preocupados, mas outros não. Alguns dos resultados apontam

que os pais de crianças com excesso de peso têm mais probabilidade de estarem

preocupados com o peso da criança quando estão também preocupados com

outros aspetos (e.g., atividade física da criança; qualidade de vida). Mesmo tendo

uma perceção do excesso de peso da criança, os pais tendem a estar menos

preocupados com as consequências a curto prazo do que a longo prazo. Por outro

lado, a preocupação nem sempre está associada a iniciativas parentais para

confrontar o problema de peso. Torna-se necessário clarificar a relação da

preocupação parental com os comportamentos alimentares da criança, assim como

o papel que outras variáveis parentais podem ter na relação da preocupação com

as ações dos pais.

No período pré-escolar a autoeficácia dos pais para mudar os

comportamentos alimentares dos filhos é inferior à dos primeiros anos de vida da

criança, pelo que se torna importante estudar esta atribuição parental. De acordo

com alguns estudos, os pais que apresentam uma maior autoeficácia relacionada

com a mudança dos comportamentos alimentares da criança têm filhos com um

IMC mais baixo e uma dieta mais saudável. A autoeficácia está inversamente

relacionada com a perceção de barreiras parentais. Assim torna-se importante não

só a confirmação do papel positivo da autoeficácia parental nos comportamentos

alimentares da criança como também conhecer melhor as barreiras percecionadas

pelos pais.

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64

A reduzida falta de estratégias eficazes para controlar o comportamento

alimentar dos filhos é um problema identificado por alguns pais e pelos

profissionais de saúde. A atribuição de controlo sobre o comportamento alimentar

do filho não é uniforme, variando em função dos objetivos e de diferentes situações

(e.g., controlo dentro e fora de casa). Já no período pré-escolar os pais começam a

sentir uma redução de controlo sobre o que os seus filhos comem.

Na medida em que a principal área de interesse do presente estudo incide

sobre as dimensões cognitivas parentais, interessa também assinalar a ausência de

estudos sobre algumas das significações parentais que são consideradas como

centrais na determinação dos comportamentos relacionados com a saúde da

criança (Barros, 1999). Dada que vários estudos identificam que a comunicação

dos profissionais de saúde muitas vezes se distancia das questões mais valorizadas

pelos pais em relação aos problemas de peso, é importante conhecer as

significações parentais sobre as consequências de uma alimentação saudável. Na

medida em que as significações parentais sobre os determinantes do

comportamento alimentar infantil poderão orientar os pais no modo como

promovem uma alimentação saudável, este é também um tema de interesse. As

estratégias que os pais utilizam para lidar com os problemas relacionados com a

alimentação da criança são também um tema que interessa conhecer melhor.

Dada a complexidade que envolve o comportamento alimentar infantil e a

vasta informação a que a maioria dos pais tem acesso, e porque a alimentação dos

filhos é uma questão de primordial interesse para a maioria dos pais, considera-se

também importante perceber como os pais integram e compreendem esta

complexidade.

2.6. Objetivos do estudo

O presente estudo tem como objetivo geral aprofundar o conhecimento da

influência dos determinantes psicológicos e sociais no comportamento alimentar

das crianças pré-escolares. De entre estes visa-se dar particular relevo aos

determinantes familiares e também àqueles sobre os quais os pais podem ter uma

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___________________________________ DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

65

intervenção direta. São também focadas algumas características

sociodemográficas.

Assim, são abordadas a influência das características da criança (i.e., sexo,

idade, preferências alimentares e tempo de visionamento de televisão) nos seus

comportamentos alimentares e IMC. Relativamente às características parentais,

foca-se a influência das variáveis cognitivas, dos estilos parentais e das

características sociodemográficas (idade, escolaridade e profissão). A relação entre

o comportamento alimentar e o IMC da criança é também estudada.

Dada a relevância que a transmissão de conhecimento nutricional tem

atualmente na prevenção e tratamento da obesidade considerou-se importante

clarificar a sua importância, mas também aprofundar a sua relação com as

variáveis cognitivas, os estilos parentais e as características sociodemográficas

parentais.

Como a maioria dos pais das crianças com excesso de peso tende a

subavaliar o peso dos seus filhos foi estudada a relação da perceção de peso com o

IMC, as restantes variáveis cognitivas e os estilos parentais, visando compreender

melhor este processo.

Ainda dentro do estudo das variáveis cognitivas parentais considerou-se

importante aprofundar o conhecimento das significações parentais relacionadas

com a alimentação da criança, em particular as significações sobre os

determinantes e consequências de uma alimentação e peso saudáveis, sobre as

preferências alimentares das crianças e sobre a autoeficácia parental (perceção de

barreiras e estratégias disponíveis).

Apresentam-se em seguida os objetivos específicos do estudo.

Objetivo 1 - Explorar a relação dos hábitos alimentares com as características da

criança: sexo, preferências alimentares e tempo de visionamento de televisão.

Objetivo 2 - Explorar a relação dos hábitos alimentares da criança com as

características parentais: demográficas, estilo parental, conhecimento nutricional,

preocupação com o peso da criança, atribuições de controlo e autoeficácia e

perceção parental de peso

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___________________________________ DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

66

Objetivo 3 - Identificar as características demográficas e psicológicas (da criança e

dos pais) preditoras dos hábitos alimentares das crianças.

Objetivo 4 - Estudar as relações entre o conhecimento nutricional e as

características parentais (demográficas, estilo parental, preocupação e atribuições

de controlo e autoeficácia).

Objetivo 5 - Estudar as relações da perceção parental do peso do filho com o IMC

da criança e com as características parentais (demográficas, conhecimento

nutricional, estilo parental, preocupação e atribuições de controlo e autoeficácia).

Objetivo 6 - Explorar as relações entre a preocupação parental com o peso da

criança, a atribuição parental de autoeficácia e a atribuição parental de controlo

Objetivo 7 - Explorar a relação do IMC com os hábitos alimentares da criança e com

as características sociodemográficas e psicológicas da criança e dos pais.

Objetivo 8 - Identificar as significações parentais sobre a alimentação infantil,

especificamente as relacionadas com os seguintes temas: determinantes de uma

alimentação e peso saudáveis, determinantes das preferências alimentares,

influência parental nas preferências alimentares, consequências de uma

alimentação e peso saudáveis, barreiras e estratégias parentais para uma

alimentação saudável e modelos parentais explicativos do desenvolvimento dos

comportamentos alimentares saudáveis da criança.

Objetivo 9 – Identificar as principais diferenças nas significações parentais

relacionadas com a alimentação infantil em função do IMC e da qualidade dos

hábitos alimentares da criança, mais especificamente:

- pais de crianças com excesso de peso vs. pais de crianças com peso normal

- pais de crianças com os piores hábitos alimentares vs. pais de crianças com os

melhores hábitos alimentares.

-

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3. METODOLOGIA

Metodologia quantitativa

Metodologia qualitativa

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___________________________________________ DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

68

Neste capítulo é descrita a amostra, os procedimentos e os instrumentos de

avaliação do estudo. De acordo com os objetivos apresentados no capítulo anterior

foi necessário a utilização de duas metodologias diferenciadas, uma quantitativa e

outra qualitativa. Na primeira parte deste capítulo descreve-se a metodologia

quantitativa utilizada no estudo dos determinantes e correlatos dos

comportamentos alimentares e do IMC da criança (objetivos 1 a 7). Na segunda

descreve-se a metodologia qualitativa para a avaliação das significações parentais

relacionadas com a alimentação da criança (objetivos 8 e 9).

O projeto deste trabalho foi aprovado pelo Conselho Científico da Faculdade

de Psicologia da Universidade de Lisboa, pela Presidência da Câmara Municipal de

Loures (CML) e pelo Conselho Diretivo da Escola Superior de Tecnologias da Saúde

de Lisboa do Instituto Politécnico de Lisboa.

3.1. Metodologia Quantitativa

O presente estudo obedece a um desenho observacional, transversal e

analítico, em que são observadas as covariações das variáveis e as diferenças entre

grupos, num único momento e sem a manipulação das mesmas pelo investigador

(Bowling, 2009).

3.1.1. Amostra

O universo ou população geral deste estudo é constituído pelos pais e

crianças de 5-6 anos.

Teve-se como critério de inclusão: crianças de 5-6 anos inscritos nos

jardins-de-infância oficiais da zona Norte de Loures e respetivos pais11. Foram

excluídos da amostra a crianças com limitações cognitivas que não permitissem

11 A Zona Norte do concelho de Loures é constituída pelas freguesias de Bucelas, Lousa, Fanhões, São Julião do Tojal, Santo

Antão do Tojal, Loures, Frielas e Santo António dos Cavaleiros. A área total ronda os 132,46 Km2 e em 2001 tinha cerca de 82500 habitantes. (Anexo A)

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__________________________________________________________________________ METODOLOGIA

69

realizar a avaliação das preferências alimentares, dado que se trata de uma

metodologia que exige a compreensão de alternativas alimentares e a capacidade

de decisão de acordo com as preferências pessoais.

Trata-se de uma amostra de conveniência, em que todos os elementos da

amostra de trabalho (i.e., todas as crianças de 5-6 anos inscritos nos jardins-de-

infância oficiais da zona Norte de Loures e respetivos pais) foram contactados,

tendo por isso a mesma probabilidade de serem incluídos no estudo.

A adesão ao estudo foi de 67% em relação a todos os pais contactados,

tendo a amostra final sido constituída por 232 díades de pais e crianças.

A amostra de crianças foi constituída por uma percentagem semelhante de

rapazes (48,9%) e de raparigas (51,1%), a maioria não apresentava nenhuma

doença com duração superior a seis meses (87,9%) nem tinha restrições

alimentares por razões de saúde ou religiosas (95,7%). Relativamente aos adultos

participantes 83,1% eram mães das crianças, 11,3% pais e os restantes eram

familiares que coabitavam ou cuidavam diariamente da criança12. A maioria

encontrava-se entre os 25 e os 44 anos de idade. Cerca de 34% tinha entre 5 a 9

anos de escolaridade e 25,5% entre 10 a 12 anos de escolaridade. Uma

caracterização sociodemográfica mais detalhada da amostra será apresentada no

capítulo dos resultados.

3.1.2. Procedimento

A escolha da amostra decorreu da colaboração da ESTeSL, onde a autora é

docente, e da CML, o que facilitou a acessibilidade à população pré-escolar dos

jardins-de-infância oficiais da zona Norte de Loures.

12 Para simplificação, são designados por pais todos os adultos da amostra.

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___________________________________________ DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

70

O procedimento para a recolha de dado apresenta-se na figura 3.1. Em

agosto/setembro de 2008, com o apoio logístico do Gabinete de Saúde da CML,

todos os jardins-de-infância da zona Norte de Loures foram contactados. Os

responsáveis pelos agrupamentos escolares envolvidos, bem com as respetivas

educadoras, foram convidados a estarem presentes numa sessão de apresentação

Figura 3.1. Procedimento de recolha de dados

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__________________________________________________________________________ METODOLOGIA

71

do projeto. A participação no estudo foi significativa pois dos 21 estabelecimentos

existentes na zona abrangida pelo projeto só dois não aceitaram participar.

Tabela 3.1

Número de crianças participantes por agrupamento escolar e jardim-de-infância Agrupamento escolar/jardim-de-infância N

Agrupamento de Escolas de Bucelas 18

Vila de Rei

Bucelas

Chamboeira

2

13

3

Agrupamento de Escolas de Loures 68

À-das-Lebre

Loures

Lousa

Montemor

Casaínhos

Salemas

Cabeço de Montachique

À-dos-Cãos

7

16

13

5

8

6

4

9

Agrupamento de Escolas João Villaret 58

Pintéus

Frielas

Fanqueiro

Manjoeira

Zambujal

3

11

30

5

9

Agrupamento de Escolas General

Humberto Delgado

35

Santo António dos Cavaleiros 35

Agrupamento de Escolas de Santo

António dos Cavaleiros 53

Fernando Bulhões

Flamenga

32

21

Total 223

Apresenta-se na tabela 3.1 o número de crianças da amostra, por jardim-de-

infância e agrupamento escolar. As diferentes dimensões dos jardins-de-infância

que participaram, e a consequente variabilidade no número de crianças inscritas

(i.e., de cinco até mais de cinquenta), levou a uma amplitude bastante grande do

número de crianças provenientes de cada estabelecimento.

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72

O pedido de autorização para participação no estudo foi enviado a todos os

pais das crianças inscritas nos jardins-de-infância (Anexo B), apresentando de uma

forma breve os objetivos do estudo, a autora e as instituições envolvidas, assim

como os procedimentos de avaliação que envolviam os pais e as crianças

(avaliação das preferências alimentares, peso e altura da criança e preenchimento

de questionários pelos pais). Foi também enviado o consentimento informado

relativo a estes procedimentos e um outro consentimento para a realização da

entrevista com os pais, salientando que a indisponibilidade para a entrevista não

inviabilizava a participação dos pais na restante componente da investigação. Na

informação enviada era referido que todos os pais que colaborassem no estudo

receberiam um relatório da avaliação.

Os questionários foram entregues e recolhidos pela autora e por duas

psicólogas com experiência em avaliação clínica de crianças, as quais estiveram

também envolvidas na avaliação das preferências alimentares. Os dados foram

recolhidos entre novembro de 2008 e julho de 2009. Os relatórios de avaliação

(Anexo C) foram enviados em julho de 2009 incluindo, para além do

agradecimento pela participação, informação personalizada sobre cada criança:

resultados da avaliação (estado nutricional e hábitos alimentares), informação

sobre algumas estratégias parentais relativamente à alimentação da criança de

acordo com o estilo parental orientador, informação nutricional personalizada13

(descrição breve da pirâmide alimentar, outras regras base de uma alimentação

saudável e um exemplo de um plano nutricional de acordo com o estado

nutricional de cada criança) e, por fim, alguns conselhos para facilitar a mudança

do comportamento alimentar, quando necessário. Foi fornecido o telefone e

endereço de correio eletrónico da autora para qualquer esclarecimento adicional.

3.1.3. Variáveis e instrumentos de avaliação

Apresentam-se na tabela 3.2 as variáveis consideradas no estudo

quantitativo e os respetivos métodos de avaliação. No texto, cada instrumento de

avaliação será descrito e, sempre que possível, serão apresentados estudos

13 Material disponibilizado pela da Área Científica de Dietética e Nutrição da ESTeSL

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__________________________________________________________________________ METODOLOGIA

73

anteriores em que foram utilizados. A escolha dos instrumentos será também

fundamentada.

Tabela 3.2

Variáveis e instrumentos de avaliação do estudo

Variável Metodologia/Instrumento de avaliação

IMC / estado nutricional da criança

Avaliação do peso e altura corporal / critérios do CDC (2002)

para diagnóstico do estado nutricional da criança

Comportamentos alimentares Questionário de Hábitos Alimentares Infantis

Preferências alimentares Avaliação Hierárquica das Preferências Alimentares

Adaptado de Rank Order Preference Assessment

(Birch, 1979; 1979a)

Estilo parental alimentar Questionário de Estilos Parentais de Alimentação

Caregiver’s Feeding Style Questionnaire ( Hughes, 2004)

Conhecimento nutricional Questionário de Conhecimento Nutricional

General Nutrition Knowledge Questionnaire for Adults

(Parmenter e Wardle, 1999)

Tempo de visionamento de

Televisão

Questionário de avaliação de determinantes do

comportamento alimentar

Perceção parental de peso

Preocupação parental com o peso da

criança

Atribuição de autoeficácia parental

Atribuição de controlo parental

sobre a alimentação da criança

Foi realizado um estudo prévio para testar todos aos questionários

utilizados e a metodologia de avaliação das preferências alimentares. Para este fim

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74

recorreu-se a uma amostra de conveniência de 40 crianças pré-escolares de dois

jardins-de-infância do ensino particular em Lisboa. Na escolha das duas escolas

teve-se a intenção de abranger crianças e pais com características sociais diversas.

Os dois jardins-de-infância que colaboraram nesta fase do estudo apresentavam

diferenças relevantes nos custos mensais e situavam-se em zonas com habitantes

com características sociais diferentes. Da informação recolhida foram feitas

pequenas alterações a alguns dos questionários. Foi também feito um estudo

prévio da fiabilidade dos instrumentos, cujos valores serão descritos quando da

apresentação dos instrumentos.

Índice de massa Corporal (IMC)

Não existe uma medida perfeita para a avaliação da gordura corporal. Para

além dos métodos indiretos de avaliação de composição corporal (e.g., Pesagem

hidrostática, Densitometria Radiológica de Dupla Energia-DXA), existem métodos

duplamente indiretos (i.e., validados pelos métodos diretos): a bioimpedância e a

antropometria. Esta última inclui perímetros corporais (e.g., perímetros da cintura

e da anca) e medidas de pregas cutâneas (e.g., do braço e do tronco). O IMC14 é uma

medida da proporção massa–estatura, que embora não permita estimar a

quantidade de massa gorda e massa magra do indivíduo, tem sido considerado um

indicador da gordura corporal em crianças (Bellizzi & Dietz, 1999; Frelut, 2001;

Lobstein, Baur & Uauy, 2004). As comparações do IMC infantil com medidas menos

indiretas de composição/gordura corporal apresentam correlações entre os 0.50 e

0.85 (Himes & Dietz, 1994; Pietrobelli et al., 1998), com maior probabilidade de

algumas crianças com excesso de gordura corporal serem classificadas como tendo

peso normal do que o inverso (Lazaruz, Baur, Webb, & Blyth, 1996; Sardinha,

Going, Teixeira & Lohman, 1999).

O IMC permite a utilização de critérios de diagnóstico do estado nutricional

da criança (e.g., baixo peso, peso normal, pré-obesidade e obesidade). O IMC da

criança altera-se substancialmente ao longo da infância (obesity rebound), pelo que

14 O cálculo do IMC é feito através da fórmula: IMC = peso / altura 2

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__________________________________________________________________________ METODOLOGIA

75

o cálculo do IMC em crianças baseia-se em curvas de referência e percentis por

idade/sexo, tendo como referencia uma população específica.

Não existem critérios específicos de diagnóstico do estado nutricional em

crianças para a população portuguesa, ao contrário do que acontece, por exemplo,

em França e no Reino Unido. A nível internacional não existem pontos de corte

universalmente aceites para definir as diferentes categorias de IMC. Os critérios

internacionais mais utilizados são apresentados na tabela 3.3.

Tabela 3.3

Descrição dos critérios de diagnóstico do estado nutricional para crianças

International Obesity

Task Force (IOTF)

Centre for Disease

Control and Prevention

(CDC)

NHANES/WHO

VALORES DE

REFERÊNCIA

Curvas propostas por

Cole e al.

(2000;2007)

Curvas de crescimento e

percentis (P) de IMC

específicas para a

idade/sexo das crianças

e adolescentes

americanos

(Kuczmarski e al.,2002)

Curvas de crescimento por

idade e sexo para crianças

e adolescentes americanos

(Must, Dall, Dietz, 1991; OMS,

2007)

IDADES 2-18 2-20 5-19

DEFINIÇÃO DO

ESTADO

NUTRICIONAL

Baixo peso <18,5 kg/m2 <P5 IMC/idade ≤ -2 DP*

Pré-obesidade ≥25 kg/m2 ≥P85 IMC/idade ≥ 1DP* a

Obesidade ≥30 kg/m2 ≥P95 IMC/idade ≥ +2DP* b

*Desvio padrão da mediana da amostra de referência aDefine o ponto de corte para pré-obesidade + obesidade; equivale ao P85 e ao IMC de 25kg/m2 na idade adulta bCorresponde ao P97 e ao IMC=30kg/m2 aos 19 anos

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___________________________________________ DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

76

Os pontos de corte propostos pela International Obesity Task Force (IOTOF)

baseiam-se em curvas de percentis do IMC específicas para a idade e sexo da

criança (Cole, 2000), obtidas pela avaliação de cerca de 2 milhões de crianças do

Brasil, Reino Unido, Hong-Kong, Holanda, Singapura e Estados Unidos. Estes

valores foram propostos para permitir a comparação de estudos internacionais. Os

critérios de diagnóstico para o estado nutricional do Centre for Disease Control

and Prevention (Kuczmarski et al.,2002) são uma revisão do estudo efetuado na

década de 1970 e fornecem gráficos de crescimento atualizados com percentis de

referência de IMC por meses de idade, expressos no ponto médio do mês (e.g., os

valores de referência para crianças entre os 97.0-97.9 são dados nos 97,5 meses).

Estes valores têm sido bastante utilizados quer em contexto clínico quer de

investigação. Resultado de um levantamento anterior, o National Health and

Nutrition Examination Survey I (NHANES I) realizado pelo US National Center for

Health Statistics (NCHS), foram criados gráficos de referência e pontos de corte

para a população americana (Must, Dallal & Dietz, 1991). Estes valores foram

recomendados por uma comissão de peritos da OMS em 1995 (OMS, 1995), tendo

sido proposto que, para crianças com menos de 10 anos, a utilização de percentis

fosse substituída por Z-scores (i.e., número de desvios-padrão em relação à média)

específicos para a idade e altura. Os pontos de corte da NHANES/WHO foram

recentemente atualizados (OMS, 2007).

Diferentes critérios de diagnóstico implicam resultados semelhantes mas

não idênticos de prevalência de excesso de peso e obesidade numa mesma

população. Na tabela 3.4 apresenta-se um exemplo destas diferenças num estudo

comparativo com crianças americanas (Flegall, Ogden, Wei, Kuczmarski & Johnson,

2001), sendo estes resultados confirmados por outros estudos (Onis, Garza,

Onyango & Borghi, 2007).

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__________________________________________________________________________ METODOLOGIA

77

Tabela 3.4

Comparação da prevalência de excesso de peso e obesidade usando diferentes critérios de diagnóstico

(Fonte: Flegal e al., 2001)

6-8 anos 12-14 anos

Rapazes Raparigas Rapazes Raparigas

Excesso

de peso

NHANES/OMS 25% 31% 30% 30%

CDC 23% 23% 29% 31%

IOTOF 18% 23% 29% 31%

Obesidade

NHANES/OMS 13% 17% 11% 12%

CDC 11% 11% 12% 12%

IOTOF 8% 8% 9% 10%

As percentagens mais elevadas de obesidade e excesso de peso em crianças

mais novas são obtidas com a utilização dos critérios da NHANES/OMS e os mais

baixos com os da IATOF. Esta ordenação entre os três critérios foi também

confirmada na população portuguesa, salientando-se ainda que os critérios da

IOTF são os que geraram taxas superiores de prevalência de baixo-peso (Rito,

Paixão, Carvalho & Ramos, 2011).

A utilização de qualquer destes critérios de diagnóstico assume que as

crianças avaliadas são comparáveis com a população de referência. Considerando

que nenhuma das pesquisas que os sustentam incluiu população portuguesa ou

mediterrânica, nenhum destes critérios nos pareceu ter como base uma população

com maior ou menor semelhança antropométrica à população portuguesa.

Neste contexto, no presente estudo optou-se pelos critérios do CDC. Para

além de serem amplamente utilizados em estudos internacionais, foram também já

utilizados em estudos epidemiológicos portugueses de grande dimensão (Moreira,

2007; Rito et al., 2011). Foram igualmente adotados pela Direção Geral de Saúde e

são os utilizados nos serviços de saúde portugueses (e.g., boletim da saúde

infantil). Considerando a variabilidade da prevalência de pré-obesidade e

obesidade em função dos critérios de diagnóstico adotados, os pontos de corte do

CDC originam valores intermédios de prevalência de obesidade, em comparação

com os dois critérios alternativos, em especial para as crianças mais novas, sobre

as quais o nosso estudo incide.

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___________________________________________ DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

78

No presente estudo a avaliação antropométrica – pesagem e medição da

altura – foi realizada por estudantes do 3º ano da Licenciatura em Dietética e

Nutrição da ESTeSL no âmbito da unidade curricular de Estágio, com supervisão

presencial de uma dietista docente do curso. Estes estudantes tinham já treino em

avaliação antropométrica e cálculo de IMC. Para a avaliação do peso foi utilizada

uma balança de chão com estadiómetro marca SECA® modelo 70, com precisão

milimétrica de estadiómetro e de duas casas decimais de peso. A idade das crianças

foi avaliada em anos e meses. O IMC foi calculado e comparado com os percentis

(P) para crianças do CDC, tendo o estado nutricional das crianças sido classificado

da seguinte forma: baixo peso (P<5), peso normal (5≤P≥84), pré-obesidade

(85≤P≥94), e obesidade (P≥95).

Hábitos alimentares

A avaliação de comportamentos alimentares, embora sempre associada à

ingestão alimentar da criança, tem sido realizada com métodos bastante distintos.

Todos estes métodos se baseiam em auto e hetero relatos e por isso estão sujeitos

a enviesamentos (Black & Cole, 2001; Falcão–Gomes, Coelho & Schmitz, 2006;

Hebert, Clemow, Ockene & Ockene, 1994).

Para a orientação relativamente à escolha do método a utilizar neste estudo

foram utilizadas as obras de Thompson e colaboradores (1994, 2008). Os autores

definem cinco tipos de métodos de avaliação da ingestão alimentar (dieta),

caracterizados na tabela 3.5.

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__________________________________________________________________________ METODOLOGIA

79

Tabela 3.5

Métodos de avaliação da dieta

METODOLOGIA

VANTAGENS

LIMITAÇÕES

Registos

Alimentares

Registo pelo indivíduo, logo a seguir à

ingestão, de tudo o que come e bebe e

respetivas quantidades, durante um período

específico de dias (3-4). Deve ser seguido de

entrevista para clarificar os registos feitos e

identificar esquecimentos.

Foram já utilizados autoregistos alimentares

por crianças, utilizando imagens e em forma

de pergunta fechada (i.e., a criança assinala

a figura correspondente ao grupo de

alimentos que ingeriu), mas não permitem

uma informação tão aprofundada como em

adultos.

Melhor forma de obter

informação quantitativa

fidedigna dos alimentos

ingeridos durante o

período de registo.

Registos tendem a

subestimar a ingestão

real ao que acresce o

efeito reativo do

autoregisto.

A taxa de adesão é baixa.

Com crianças a

informação recolhida é

mais limitada.

24-hour

recall

É pedido ao sujeito que se lembre e

enumere todos os alimentos e bebidas que

ingeriu nas últimas 24 horas. É geralmente

feito por entrevista (± 20 minutos). Exige

bastante perícia do entrevistador pois as

perguntas de aprofundamento feitas são

determinantes na recolha de informação

fidedigna.

É indicado ter dados de três ou quatro dias

não consecutivos, incluindo dias úteis e fim-

de-semana, para caracterizar a dieta do

indivíduo.

Pode ser realizado com crianças, geralmente

com a participação dos pais.

Permite recolher

informação quantitativa

sobre os alimentos

ingeridos, bem como o

modo de preparação.

Reduz omissões, em

especial as adições de

alimentos ao item

inicialmente referido

(ex.: tosta, em que o

doce que a

acompanhou é

omitido).

Exige um protocolo de

treino, administração,

registo de respostas e de

cálculo nutricional a

partir das respostas.

A utilização de um só 24

hour recall não é

aconselhado para

diferenciar elementos da

população com dietas

adequadas e

inadequadas porque há

muito variabilidade

alimentar ao longo dos

dias para o mesmo

sujeito e também entre

sujeitos.

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___________________________________________ DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

80

Tabela 3.5 (cont.)

Métodos de avaliação da dieta

METODOLOGIA

VANTAGENS

LIMITAÇÕES

Frequência

alimentar

É pedido aos sujeitos que relatem a

frequência com que ingerem um ou

mais tipos de alimentos. Para estimar o

valor nutricional pode incorporar

questões sobre as porções ingeridas.

Adequa-se à recolha de

informação sobre a dieta

habitual do sujeito e também

para avaliar alterações de

dieta. A recolha e o

processamento de dados são

simplificados em relação aos

restantes métodos.

A informação sobre o

modo de confeção ou a

combinação dos

alimentos às refeições é

limitada.

O cálculo da ingestão

nutricional é geralmente

sobrestimado.

Métodos

breves de

avaliação

dietética

Consistem em questionários com listas

de alimentos em que o respondente

assinala em resposta fechada a

frequência de ingestão ou somente se

consome ou não. A quantidade de

alimentos sobre a qual o sujeito é

inquirido pode ser variada (e.g.: entre

13 a 100 ou mais). Pode incidir sobre

outros comportamentos alimentares

que não a ingestão de alimentos

específicos (ex.: número de refeições

diárias). Apresenta correlações

satisfatórias com outros métodos de

avaliação dietética.

Permite, de forma rápida,

avaliar de um modo geral a

dieta do indivíduo ou a sua

ingestão de alimentos

específicos (ex.: alimentos

ricos em gordura).

Adequa-se a situações em

que se pretende uma

avaliação de parte da dieta

ou em que não seja

necessário a fiabilidade

quantitativa de nutrientes

ingeridos. Adequa-se

também à avaliação de

mudanças de dieta.

É especialmente indicado

para triagens de um número

elevado de sujeitos e para a

sua classificação em grupos

de risco diferenciado.

Não permite a avaliação

da ingestão diária de

nutrientes. Os estudos de

correlação com outros

métodos de avaliação

podem ser específicos

para uma população mas

não para outra com

diferentes padrões

alimentares.

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__________________________________________________________________________ METODOLOGIA

81

Tabela 3.5 (cont.)

Métodos de avaliação da dieta

METODOLOGIA

VANTAGENS

LIMITAÇÕES

Históricos

da dieta

Método que avalia a ingestão alimentar

em que são focadas muitas

características das refeições e dos

alimentos habitualmente consumidos,

para além da frequência e quantidade

ingerida. Abrangem um período de

avaliação geralmente superior aos

outros métodos.

Permite a avaliação do

padrão das refeições e da

ingestão alimentar por um

período longo, assim como o

modo de confeção e a

associação de alimentos.

Permite também a avaliação

de comportamentos

relevantes para a dieta (e.g.,

retirar a pele ao frango).

A extensão do período

avaliado implica o

aumento dos efeitos da

subjetividade dos

respondentes. É um

método pouco

estandardizado e que

exige profissionais

treinados.

Atendendo aos objetivos deste trabalho, ficou claro que não se pretendia a

determinação de nutrientes ingeridos, pelo que não seriam necessários

instrumentos que recolhessem informação nutricional muito detalhada. Teve-se

também como critério optar um instrumento de preenchimento simples e rápido,

visto que os pais tinham de responder a um número alargado de questionários.

Assim, foram excluídos os métodos de registo alimentar, frequência alimentar e

24-hour recall. Os dois últimos métodos exigiam também uma formação

aprofundada por parte dos avaliadores, bem como a presença de todos os pais nos

jardins-de-infância para a avaliação, o que reduziria drasticamente a taxa de

adesão. A mais-valia informacional dos históricos de dieta não era relevante para

os objetivos da avaliação, apresentando este método os inconvenientes já referidos

anteriormente.

Optou-se pelos métodos breves de avaliação dietética, pois a perda de

informação que implicam em relação aos restantes não representava um

inconveniente relevante para o presente estudo, são de aplicação mais fácil e

permitem a introdução de outros comportamentos alimentares para além da

frequência de ingestão de alimentos (e.g., número de refeições e variedade

alimentar). Paralelamente apresentam boas correlações com outros métodos de

avaliação dietética (Beresford et al., 1992; Connor et al., 1992; Kinlay, Heller &

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___________________________________________ DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

82

Halliday, 1991; Kristal, Abrams et al., 1990; Kristal, Shatuck & Henry, 1990;

Trieber et al. 1990).

Existem bastantes questionários breves de avaliação dietética, na sua

maioria extensos, que avaliam diferentes aspetos, como (a) a ingestão de um

nutriente (e.g., Morin, Herrmann, Ammann, Uebelhart & Rizzoli, 2005) ou de

alimentos específicos como frutas, vegetais (e.g., Thompsom, Subar, Smith et al.,

2002) ou gorduras (e.g., Coates e tal., 1995), (b) a eficácia de intervenções,

geralmente incidindo somente sobre os comportamentos alvo dessas mesmas

intervenções (e.g., Kristal et al., 1998; California Department of Health Services and

the Public Health Institute, 2005) (c) ou comportamentos de ingestão ou

preparação (e,g., opção por produtos magros, remoção da gordura da carne e da

pele das aves), geralmente relacionados com a ingestão de gordura, como o Eating

behaviors Questionnaire (Kristal et al., 1990), cujas últimas versões incorporam já

questões sobre ingestão de outros nutrientes e também comportamentos de

ingestão emocional e consumo compulsivo de snacks.

A informação sobre os hábitos alimentares de crianças pré-escolares é

normalmente recolhida junto dos pais (Burrows, Martin & Collins, 2010; Falcão-

Gomes, Coelho & Schmitz, 2006; Thopmson & Byers, 1994). Optámos por esta

alternativa pois antes dos 7-8 anos as crianças têm dificuldade em se lembrarem

do que comeram, cooperam pouco nos inquéritos alimentares e desconhecem

alguns dos alimentos sobre os quais são inquiridos (Baxter, Thompson, Litaker,

Frye & Guinn, 2002; Livingstone & Robson, 2000; Pereira, Fisberg, Brasil, Abreu,

Pacheco & Vasconcelos, 1997).

No presente estudo, a avaliação dos hábitos alimentares tinha como

objetivo diferenciar os comportamentos alimentares das crianças da amostra com

base em critérios gerais orientadores de uma alimentação saudável infantil, não

visando quantificar a ingestão de nutrientes ou de alimentos específicos. Por outro

lado, a inexistência de questionários breves e adaptados às necessidades

alimentares de crianças pré-escolares criou a necessidade de construir um

questionário específico para este estudo.

Os documentos de referência para a definição de uma alimentação saudável,

tanto os nacionais da DGS (Nunes & Breda, 2005) como os internacionais (USDA,

2008; 2011), incluem os seguintes critérios: mínimo de seis refeições diárias,

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__________________________________________________________________________ METODOLOGIA

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frequência diferenciada de ingestão dos alimentos dos vários grupos alimentares

com reduzida ingestão de gorduras, sal e açúcar e, por fim, a variedade alimentar.

Com base nestes comportamentos foi construído o Questionário sobre

Hábitos Alimentares (Anexo D) que inclui três grupos de perguntas que avaliam

respetivamente: (a) número de refeições diárias; (b) frequência de ingestão de

alimentos específicos e (c) variedade alimentar.

As perguntas do questionário inicial foram analisadas por um painel de três

dietistas e uma psicóloga, tendo sido integradas as alterações propostas, depois de

discutidas. As principais alterações situaram-se na parte referente à lista de

alimentos considerados para a frequência de ingestão e nas instruções

relativamente à variedade alimentar. São apresentadas e fundamentadas em

seguida as componentes do questionário.

Como já referido, o questionário é constituído por 3 componentes. O

número de refeições diárias, para além de fazer parte das recomendações

nacionais e internacionais, é um dos preditores do IMC da criança (Toschke et al.,

2007). Na primeira parte do questionário é avaliada a frequência com que a

criança toma o pequeno-almoço, o lanche da manhã, o almoço, o lanche da tarde, o

jantar e come antes de se deitar, durante os dias úteis da semana. As mesmas

perguntas são feitas para os dias de fim-de-semana. Esta diferenciação baseia-se

no facto do padrão de refeições ao fim de semana ser geralmente diferente do dos

dias úteis em crianças desta idade. Durante o fim-de-semana, em que a criança não

está na escola, há maior variabilidade no número de refeições e no tipo de

alimentos ingeridos, dependendo mais da disponibilidade de alimentos em casa e

da vontade e gestão de tempo da família (Biing-Hwan, Guthrie & Blaylock,1996;

Lin et al, 1996; Macdiarmid, et al., 2009; Sepp, Lennerna & Abrahamsson, 2006). A

resposta a esta parte do questionário é dada numa escala de Likert com três

pontos: Sempre, às vezes e Nunca, que foram cotadas com valores de 2 a 0

respetivamente.

Na segunda parte do questionário é avaliada a frequência semanal de

ingestão de 17 tipos de alimentos que são habituais na alimentação de uma

criança, com três alternativas de resposta (i.e., raramente ou nunca; pelo menos

uma vez por semana; pelo menos uma vez por dia). A frequência semanal de

ingestão é utilizada frequentemente em estudos sobre hábitos alimentares e foi

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___________________________________________ DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

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recentemente a forma de avaliação utilizada num estudo internacional - Cosi

Portugal 2008 (Rito et al., 2011). Os 17 alimentos considerados foram classificados

em função da frequência ideal de ingestão semanal para crianças pré-escolares de

acordo com as indicações da USDA (2008; 2011) e as recomendações da DGS

(Nunes e Breda, 2001). Assim consideraram-se alimentos a serem ingeridos

raramente (e.g., “alimentos temperados ou cozinhados com sal”), frequentemente

(e.g., “vegetais”; “fruta”) e moderadamente (e.g., “carne vermelha”). As respostas

aos itens desta parte do questionário foram cotadas com 2 (frequência adequada)

ou com zero (frequência inadequada). Embora não seja considerado na

classificação final do questionário, as respostas que indicam uma frequência

inadequada podem ser classificadas como ingestão excessiva ou ingestão por

défice, permitindo uma análise qualitativa mais detalhada da frequência de

ingestão dos alimentos.

A última parte do questionário remete para a variedade alimentar, que é

avaliada com a questão "Quantas variedades diferentes dos seguintes alimentos o

seu filho come geralmente por semana?". Esta pergunta é feita em relação a seis

categorias de alimentos: legumes, peixe, carne, cereais, leguminosas e fruta. São

dados vários exemplos de resposta para familiarizar os pais com a contagem de

diferentes alimentos de cada categoria. A cotação dos itens desta parte do

questionário é feita para cada categoria de alimento/item entre 0 (nenhuma

variedade) a 4 (mais de 5 variedades).

A cotação total do questionário pode oscilar entre 0 e 78, correspondendo

os valores mais elevados a hábitos alimentares mais saudáveis.

A partir dos questionários de hábitos alimentares respondidos pela amostra

do estudo foram calculados os valores de fiabilidade (Alpha de Cronbach) para os

três grupos de questões: 0,60 para o grupo de questões relativa à frequência de

refeições diárias, 0,66 para a frequência de ingestão de alimentos específicos 0,65

para a variedade alimentar e 0,63 para o resultado global. Estes valores foram

ligeiramente inferiores aos encontrados no pré-teste15.

15 Os valores do Alpha de Cronbach do questionário, obtidos com os resultados do estudo prévio,

foram: 0,67 para o grupo de questões relativa à frequência de refeições diárias, 0,62 para a

frequência de ingestão de alimentos específicos, 0.,81 para a variedade alimentar e 0,74 para o

resultado global.

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__________________________________________________________________________ METODOLOGIA

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Este questionário foi posteriormente utilizado em estudos nacionais sobre

comportamento alimentar de crianças pré-escolares (Filipe, 2011; Viveiros, 2012).

Preferências Alimentares

A metodologia de questionário tem sido já utilizada para avaliar as

preferências alimentares de crianças, sendo os questionários preenchidos pelas

próprias crianças geralmente a partir dos 8 anos (Hare-Bruun et al., 2011), ou

pelos pais no caso de crianças mais novas (Skinner, Carruth, Bounds & Ziegler,

2002; Skinner et al., 1998). A metodologia de entrevista foi também já utilizada

com crianças do quarto ano de escolaridade (Baxter, Fada & Thompson, 2002).

Contudo, muitos dos trabalhos de investigação sobre as preferências alimentares

em crianças pré-escolares baseiam-se numa metodologia lúdica - o Rank Order

Preference Assessment, criada por Lean Birch (1979a;1979b). Esta metodologia

permite a avaliação direta com crianças, sendo mais adequado que o questionário

quando se avaliam crianças mais novas. Este método foi utilizado pela primeira vez

com crianças entre os 3 e os 5 anos, que depois de provarem oito frutas escolhiam

aquela que tinham gostado menos, a qual era retirada. Repetia-se este processo até

ficar só um alimento para escolha. A estabilidade da ordem de preferências dos

indivíduos foi feita utilizando o mesmo método passados 17 dias, tendo-se

verificado correlações significativas entre as duas avaliações (Birch,1979a). Numa

investigação posterior, a autora utilizou a mesma metodologia com diferentes tipos

de sandes, tendo obtido resultados semelhantes (Birch, 1979b).

Num estudo mais recente (Fisher & Birch, 1995) esta metodologia foi

utilizada para avaliação de preferências por alimentos com diferentes teores de

gordura, contudo foi feita uma alteração. Depois de a criança provar o alimento

colocava-o em cima de uma de três imagens: um rosto sorridente que era dito à

criança representar a expressão “Yummy”, uma cara neutra representando “just

okay” e uma cara enrugada representando “yucky”.

Para o presente estudo a operacionalização da prova de alimentos era

inviável dada as condições em decorreu. As crianças que participaram neste estudo

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___________________________________________ DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

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encontravam-se repartidas por 19 estabelecimentos, cada um deles com um

número muito díspar de crianças e abrangendo uma área geográfica bastante

extensa. Acresce que as avaliações tiveram de ser coordenadas com as atividades

curriculares. Estas condicionantes implicariam o prolongamento do período de

recolha de dados para depois do final do ano escolar. Por outro lado estas

condições não permitiam cumprir algumas regras essenciais de segurança

alimentar, inviabilizando o transporte e a utilização de produtos alimentares

rapidamente perecíveis.

A utilização de fotografias de alimentos para a avaliação nutricional de

crianças é comum (Matthiessen, Steinberg & Kaiser, 2011) e foi já utilizada para a

avaliação das preferências alimentares (Noble, Corney, Eves, Kipps & Lumbers,

2000). Por outro lado as crianças pré-escolares têm competências cognitivas que

lhes permitem fazer a classificação de alimentos representados, de acordo com

características sensoriais (e.g., sabor) e preferências (Michela & Contento, 1986).

Deste modo optámos por apresentar às crianças fotografias de alimentos,

facilitando o processamento da imagem quer pelo seu tamanho (A4), quer por se

apresentar um só alimento ou categoria de alimentos em cada foto (Anexo D).

Sendo um dos objetivos do presente estudo avaliar de que modo as

preferências alimentares da criança incidiam em alimentos mais ou menos

saudáveis, foram selecionados 39 alimentos bem conhecidos pelas crianças. A lista

de alimentos foi depois submetida ao escrutínio de 25 estudantes finalistas da

licenciatura em Dietética e Nutrição da ESTeSL, tendo sido pedido que

classificassem os alimentos em três categorias de frequência ideal de consumo16.

Os alimentos que apresentaram uma concordância inferior a 80% dos

respondentes foram excluídos.

16 Alimento a ingerir raramente – alimento ou um conjunto de alimentos que as crianças de 5/6 anos não

devem comer ou então comer com pouca frequência. São alimentos que de uma forma geral apresentam

desvantagens para a saúde da criança.

Alimento a ingerir com frequência média - alimento ou um conjunto de alimentos que as crianças de 5/6 anos

podem comer com alguma moderação. Pode ser um alimento que deve fazer parte da dieta da criança mas que

não deve ser consumido muitas vezes por dia / semana.

Alimento a ingerir frequentemente – Alimento cujo consumo apresenta essencialmente vantagens para a

saúde da criança e cuja quantidade ideal a ser consumida é maior do que os alimentos da categoria anterior.

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A lista final de alimentos é constituída por 33 alimentos. A classificação

obtida em função da frequência ideal de ingestão apresenta-se na Tabela 3.6.

Tabela 3.6

Avaliação das preferências alimentares - classificação dos alimentos de acordo com a frequência ideal

de ingestão

Alimentos a ingerir frequentemente

Vegetais cozinhados, leite simples, maçã, peixe branco,

carne branca, sopa de vegetais, cerais matinais sem

adição de açúcar, queijos que não queijo fresco,

vegetais consumidos crus, sumo de laranja e água.

Alimentos a ingerir com frequência média

Arroz, massas, pão, queijo fresco, batatas cozidas ou

em puré, sumo de laranja, feijões, iogurtes, banana,

carne vermelha e ovos.

Alimentos a ingerir raramente

Cereais matinais doces com adição de açúcar, batatas

fritas, leite com chocolate ou outros sabores doces,

atum em lata, gelados, chocolate, refrigerantes, fruta

em calda, bolachas, gomas e piza.

A classificação está de acordo com a pirâmide alimentar para crianças pré-

escolares (USDA, 2008). A classificação refletiu também algumas das indicações

nutricionais comummente conhecidas e também elas divulgadas pela USDA. Assim,

o queijo fresco foi classificado como alimento de consumo médio pois, apesar de

ser um produto lácteo, não é recomendável que as crianças o comam com muita

frequência por razões de segurança alimentar. Os peixes em conserva foram

classificados como alimentos a comer raramente pelo seu elevado teor de sal bem

como as frutas enlatadas pelo seu elevado conteúdo de açúcar. A banana foi

classificada como alimento a ingerir com frequência média também por ser muito

rica em açúcar.

A avaliação das preferências alimentares foi realizada nos jardins-de-

infância por duas psicólogas com formação e experiência profissional na área de

avaliação clínica de crianças. A avaliação de cada criança durou em média cerca de

15 minutos. Previamente as avaliadoras estabeleceram relação com a criança e

explicaram o objetivo e procedimento, salientando que não havia respostas certas.

Cada fotografia foi apresentada individualmente e pediu-se à criança para

identificar o alimento. Uma vez identificado, solicitou-se à criança que colocasse a

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___________________________________________ DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

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fotografia numa das caixas, consoante gostasse muito (caixa com símbolos verdes -

), gostasse assim-assim (caixa com símbolos laranjas - ) ou não gostasse (caixa

com símbolos vermelhos - ). Caso a criança não conhecesse o alimento passava-

se à fotografia seguinte.

A cotação das respostas apresenta-se no Anexo D. Os valores mais elevados

indicam preferências alimentares mais saudáveis.

No estudo prévio foi avaliada a validade convergente do instrumento

através da correlação das respostas das crianças com as dos pais, de acordo com

estudos anteriores sobre preferências alimentares infantis (Skinner et al., 2002).

Após a avaliação das preferências das crianças na ausência dos pais, foi pedido ao

pai/mãe que classificasse as preferências alimentares do filho utilizando a mesma

metodologia. Obteve-se um coeficiente de correlação elevado de 0.82 (p<0.001)

entre as respostas dos pais e das crianças.

A metodologia de avaliação das preferências alimentares descrita foi já

utilizada posteriormente em outros estudos com crianças pré-escolares e escolares

(Pataco, 2013; Viveiros, 2012),

Estilo Parental alimentar

De acordo com os objetivos do presente o estudo a avaliação de tipologias

parentais relacionadas com a alimentação incide sobre estilos e não sobre as

práticas parentais. Os estilos parentais têm sido avaliados por diferentes métodos:

por gravação e codificação de comportamentos de interação mãe-filho (Rhee,

Lumeng, Appugliese, Kaciroti, Bradley, 2006), pelo método de Q-sort (e.g,, Child-

Rearing Practices Q-sort; Block, 1965; Roberts 1999)17 e por questionários. Estes

podem ser preenchidos pelos filhos adolescentes, como por exemplo o Parenting

Style Index (Steinberg, Mounts, Lamborn & Dornbusch, 1991), o Authoritative

Parenting Index (Jackson, Henriksen & Foshee, 1998) e o Parental Authority

Questionnaire (Buri, 1991; Agras, Hammer, McNicholas & Kraemer, 2004), entre

17 Na aplicação do Child-Rearing Practices Q-sort a/o mãe/pai tem de distribuir 99 cartões com afirmações que descrevem atitudes e valores parentais por 9 categorias em função da sua maior ou menor concordância com a afirmação.

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__________________________________________________________________________ METODOLOGIA

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outros (Aunola, Stattin & Nurmi, 2000; Glasgow, Dornbusch, Troyer, Steinberg &

Ritter, 1997).

No presente estudo a metodologia de observação e codificação de

interações não se adequava à dimensão da amostra. O preenchimento dos

questionários pelos filhos era inviável, por razões óbvias. Assim optou-se pela

metodologia de questionário a ser preenchido pelos próprios pais. Destes, foram

analisados os questionários mais utilizados em estudos relacionados com os

comportamentos alimentares infantis: o Child Feeding Questionnaire (Birch et al.,

2001), o Parenting Feeding Questionnaire – PFQ 1 (Baugham et al, 2001), o

Parenting Practices Questionnaire (Robinson, Mandleco, Olsen & Hart, 1995), o

Parenting Scale (Arnold, O'Leary, Wolff & Acker, 1993) e o o Caregiver’s Feeding

Style Questionnaire (Hughes, Power, Fisher, Mueller, & Nicklas , 2005).

O Child Feeding Questionnaire avalia práticas parentais (utilização de

pressão para comer, restrição alimentar e controlo sobre comportamentos

alimentares) e perceções parentais (responsabilidade percebida, perceção do peso

da criança, perceção do próprio peso, preocupação com o peso da criança). Estas

sete subescalas são suportadas pela análise factorial, apresentando todas elas

valores de consistência interna superiores a 0,70. Para os objetivos do presente

estudo este questionário apresentava uma limitação: permite somente avaliar em

que medida os pais apresentam características do estilo autoritativo (orientador),

inviabilizando a identificação de outros estilos parentais.

O Parenting Feeding Questionnaire – PFQ é destinado a pais de crianças

entre os 2 e os 5 anos. Inclui questões sobre controlo parental nas quantidades de

alimentos ingeridas, estruturação das interações durante as refeições, utilização da

comida para alterar comportamentos da criança, utilização diária de biberão,

preocupação com o peso da criança e com as quantidades de alimentos ingeridas.

Depois de realizada a análise fatorial os itens foram agrupados em oito fatores. A

consistência interna dos itens de cada fator é baixa. Esta foi uma das razões que

levou a abandono deste questionário, acrescendo ainda o facto de que alguns das

questões remetiam para um período bastante anterior aos 5 anos (e.g., utilização

do biberão, introdução de dieta sólida), o que diminui a fidedignidade das

respostas. Foram também identificados algumas dificuldades de compreensão de

algumas perguntas (Jain et al. 2005), tendo sido posteriormente construído uma

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___________________________________________ DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

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segunda forma do questionário – PFQ 2 (Powers, 2005), que contudo revelou uma

qualidade psicométrica ainda mais baixa que a do PFQ 1.

O Parenting Practices Questionnaire é constituído por 62 itens, adequados a

pais de crianças pré-escolares e de primeiro ciclo, que avaliam a utilização de três

dos estilos propostos por Baumrind (i.e., autoritativo, autoritário e permissivo).

Outro exemplo e o Parenting Scale, um questionário de origem clínica, é

constituído por 30 itens que avaliam práticas disciplinares disfuncionais dos pais,

permitindo identificar três estilos disciplinares: 1) laxismo, 2) hiper-reactividade,

3) verbosidade (Arnold, O'Leary, Wolff & Acker, 1993). Estes dois questionários

não são específicos para o comportamento alimentar da criança.

Optou-se pelo Caregiver’s Feeding Style Questionnaire (Hughes et al., 2005)

porque i) avalia comportamentos e atitudes parentais diretamente relacionados

com a alimentação; ii) permitia a classificação dos pais nos quatro estilos parentais

definidos por Baumrind (i.e., autoritário, orientador, permissivo e não envolvido);

iii) apresentava uma validação sólida; iv) era um questionário breve,

condicionante importante neste estudo dado os pais terem de preencher um

número elevado de questionários.

Neste questionário são descritos 38 comportamentos físicos e verbais que

os pais podem utilizar para fomentar que a criança coma os alimentos desejados,

cuja frequência é avaliada por uma escala de Likert de 5 pontos. Estes

comportamentos foram identificados após uma extensa pesquisa (i.e., análise de

refeições gravadas em vídeo, observações de campo, literatura e entrevistas).

A partir das respostas parentais são calculadas as medianas da amostra

para as duas dimensões base (i.e., exigência e responsividade)18. O estilo parental é

identificado a partir dos valores conjugados destas duas dimensões: (1) orientador

(valores elevados nas duas dimensões), (2) autoritário (exigência

elevada/responsividade baixa), (3) permissivo (baixa exigência/responsividade

elevada) e (4) não envolvido (valores baixos em ambas as dimensões).

A validação do questionário apresenta bons resultados (Hugues, 2005), com

valores elevados de confiança teste-reteste (rp=0.85 para a escala de exigência e

18 As normas de cotação do Caregiver’s Feeding Style Questionnaire pode ser consultada em: https://www.bcm.edu/research/centers/childrens-nutrition-research-center/faculty/Scoring.pdf

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__________________________________________________________________________ METODOLOGIA

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rp=0.82 para a escala de responsividade) e valores satisfatórios de consistência

interna: os valores do coeficiente Alpha de Cronbach oscilam entre 0,76 e 0.81 para

as duas escalas (Hugues, 2005). Ainda no mesmo estudo, para a análise da validade

convergente apresentou bons resultados, tendo o questionário sido comparado

com o Child Feeding Questionnaire (F(9,518)=3.17, p<0.001) e o Parenting

Dimensions Inventory (F(27,602)=2.26, p<0.001 ).

Para o presente estudo a versão inglesa do questionário foi traduzida para

português por dois tradutores fluentes em Português e Inglês. As duas versões

foram comparadas e conciliadas numa só versão. Esta versão foi retrovertida para

inglês por uma psicóloga e tradutora bilingue e comparada com o original, não se

tendo verificado discrepâncias relevantes. A versão em português foi depois

analisada por duas psicólogas com larga experiência em avaliação parental e

comportamentos alimentares infantis. Este painel avaliou a pertinência, adequação

e aceitabilidade dos itens, do estilo empregue bem como das palavras e frases

utilizadas. Foi também avaliado a facilidade de compreensão para indivíduos de

diferentes níveis culturais. Uma versão corrigida foi produzida a partir das

sugestões propostas.

Os valores de consistência interna encontrados a partir da amostra do

estudo foram de 0,87 para a escala de responsividade e de 0,78 para a escala de

exigência19.

Conhecimento nutricional dos pais

Um dos aspetos a ter em conta quando se avalia o conhecimento nutricional

é que a maioria da população tem acesso a informação nutricional, quer pela

presença continuada deste tema nos currículos escolares, quer pela exposição a

uma grande quantidade de informação na comunicação social (Wardle, Parmenter

& Walker, 2000). No entanto estes transmitem repetidamente informação sobre

determinados tópicos nutricionais (e.g.: consumo de gorduras e vegetais),

enquanto outros são raramente abordados (e.g.: segurança alimentar, leitura de

19 No pré-teste do questionário traduzido os valores do Alpha de Cronbach foram de 0,81 (escala de responsividade) e 0,88 (escala de exigência).

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___________________________________________ DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

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rótulos). Por outro lado, algumas mães com níveis razoáveis de conhecimento

nutricional geral têm poucos conhecimentos específicos relativos à alimentação

infantil (Walker, Conn, Davies & Moore, 2007).

Um outro problema reside na fraca validação psicométrica da maioria dos

instrumentos utilizados nos trabalhos de investigação (Axelson & Brinberg, 1992;

Sapp & Jensen,1997; Wardle, Parmenter & Waller, 2000). Muitos autores

constroem questionários não validados e específicos para a investigação que

realizam, focando somente os aspetos do conhecimento nutricional que são

abordados no seu trabalho (e.g., consumo de vegetais e fruta).

Como ponto de partida para a pesquisa de um instrumento que avaliasse o

conhecimento nutricional parental definiram-se cinco critérios orientadores:

1. Utilização de um instrumento devidamente validado.

2. A avaliação do conhecimento nutricional dos pais deveria ser feita de uma

forma abrangente, tanto numa perspetiva pragmática (e.g., composição de

uma refeição saudável) como numa perspetiva mais teórica (e.g., principais

nutrientes de alimentos ingeridos).

3. O questionário deveria ter um nível médio de exigência, para permitir

diferenciar conhecimentos de uma população que na sua maioria recebeu já

informação nutricional básica.

4. Algumas questões do questionário deveriam referenciar-se especificamente

à alimentação infantil.

5. Ser um questionário de aplicação rápida, pelas razões apresentadas

anteriormente.

Da pesquisa realizada sobre questionários que avaliassem o conhecimento

nutricional foram seleccionados três que apresentavam estudos de validação: o

Nutrition Knowledge Test (Sapp & Jensen, 1997), o Nutrition Knowledge

Questionnaire (Parmenter & Wardle, 1999) e o General Nutrition Knowledge

Questionnaire for Adults (Gibson, Wardle & Watts, 1998)

O Nutrion Knowledge Test é um questionário de fácil aplicação, com 23 itens

de escolha dicotómica (e.g., O que tem mais fibra: sumo de laranja – maçã), que

incidem sobre o conhecimento da presença de nutrientes em alimentos comuns.

Este teste foi excluído por apresentar uma fiabilidade bastante baixa no estudo de

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validação (Sapp et al., 1997) e por não focar nenhuma informação especificamente

relacionada com a alimentação infantil.

O Nutrition Knowledge Questionnaire apresenta boas qualidades

psicométricas (Parmenter & Wardle, 1999) e cobre várias áreas de conhecimento

nutricional: recomendações dos especialistas sobre alimentação saudável,

conteúdo nutricional dos alimentos, escolhas alimentares do dia-a-dia e relações

entre dieta e doença. Este questionário foi já aplicado em diversos estudos com

amostras de grande dimensão (Parmenter, Waller & Wardle, 2000; Wardle et al.,

2000) mas não apresenta questões específicas à alimentação infantil. Depois de

discutido com especialistas de Bioquímica Alimentar e de Psicologia da Saúde

identificou-se um nível de exigência de conhecimentos nutricionais

excessivamente elevado para a população portuguesa.

Assim, optou-se pelo General Nutrition Knowledge Questionnaire for Adults

(Gibson et al., 1998) que, sendo semelhante ao anterior, difere deste por

apresentar questões sobre alimentação infantil e ter um nível de dificuldade

inferior. Para além disso este questionário foi construído e utilizado para a

avaliação do conhecimento nutricional de mães de crianças entre os 9 e 10 anos

(Gibson et al., 1998). Avalia várias dimensões do conhecimento nutricional: vinte e

seis itens avaliam o conhecimento sobre os principais nutrientes de alimentos

comuns (grupo 1 e 2); nove itens focam o conhecimento dos pais sobre as

recomendações dos profissionais de saúde sobre o consumo de determinados

grupos de alimentos e nutrientes (grupo 3); dois itens avaliam o conhecimento das

doses diárias adequadas de vegetais e frutas adequadas a criança (grupo 4); os dez

itens finais avaliam a capacidade dos pais aplicarem os seus conhecimentos

nutricionais em situações alimentares do dia-a-dia, tratando-se por isso de um

conhecimento mais prático (grupo 5). Os valores do alpha de Cronbach para a

consistência interna dos itens de cada dimensão foram respectivamente: 0,69;

0,61; 0,61 (Gibson et al., 1998).

A tradução do questionário seguiu etapas semelhantes às descritas para a

tradução do Caregiver’s Feeding Style Questionnaire, sendo que para o presente

questionário o painel de especialista foi constituído por duas psicólogas, uma

dietista com vasta experiência em aconselhamento nutricional de crianças e uma

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___________________________________________ DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

94

especialista em Bioquímica. Este painel avaliou a pertinência, adequação e

aceitabilidade dos itens, do estilo empregue bem como das palavras e frases

utilizadas. Foi também avaliada a facilidade de compreensão para indivíduos de

diferentes níveis culturais. Uma versão corrigida foi produzida a partir das

sugestões propostas.

A versão traduzida para português (Anexo D) inclui os mesmos cinco

grupos de questões da versão original. O primeiro grupo inclui uma lista de 19

alimentos abrangendo todos os grupos alimentares, em relação aos quais o

respondente tem de identificar o principal nutriente entre os seguintes: gordura,

fibra, proteína, açúcar e hidratos de carbono. No grupo 2 os sujeitos são inquiridos

sobre o facto de oito alimentos serem ou não ricos em ferro, cálcio, sal ou vitamina

C. Para o presente estudo foi também acrescentada uma coluna para reduzir a

probabilidade de respostas ao acaso (“Não tenho a certeza”).

Para a avaliação do conhecimento parental sobre as recomendações dos

profissionais de saúde (grupo 3) são apresentados 16 alimentos, em relação aos

quais os pais devem referir a frequência ideal de ingestão com base na informação

dada pelos profissionais de saúde (comer mais, menos ou a mesma quantidade).

O grupo 4 é composto por questões de escolha múltipla que incidem sobre

as doses diárias de vegetais e fruta indicadas para crianças de cinco anos. O grupo

5 incide sobre a quantidade de fibra e gordura em diferentes alimentos ou pratos

confecionados.

A análise feita pelo painel de especialistas identificou alguns problemas na

cotação das respostas como certas ou erradas nos grupos 1, 2 e 3. Na versão

original as respostas dos grupos 1 e 2 eram cotadas como certas se a escolha

recaísse sobre um nutriente específico em que o alimento era rico e errada se a

escolha incidia sobre um nutriente inexistente ou de baixo teor no alimento.

Identificou-se que alguns dos alimentos tinham mais de um nutriente principal,

pelo que pedir a identificação de um único nutriente não era uma abordagem

adequada, e poderia ser confuso para alguns pais. Assim optou-se por pedir aos

respondentes, nos primeiros dois grupos do questionário, que assinalassem 1 ou 2

nutrientes principais. Nestes grupos a resposta era considerada certa sempre que

incluía pelo menos um nutriente dominante e não incluía nenhum dos nutrientes

inexistentes no alimento. Nos casos em que as escolhas feitas pelo sujeito não

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incluíam nenhum dos nutrientes predominantes no alimento a resposta foi

também considerada errada.

Para a parte 3, em que se avalia o conhecimento das recomendações atuais

dos profissionais de saúde, considerou-se que a correção das respostas a esta parte

do questionário era bastante influenciada por variáveis culturais e temporais.

Trata-se pois de uma área muito dependente dos conteúdos de informação

nutricional dominantes no momento, nas comunidades académica e profissional de

cada país. Por essa razão foi pedido a 30 estudantes do 3º e 4º ano da licenciatura

em Dietética e Nutrição da ESTeSL que classificassem os alimentos apresentados

neste grupo em função da tendência atual das recomendações dos profissionais de

saúde (i.e., comer mais, menos ou a mesma quantidade de cada um dos alimentos

apresentados). A resposta correta para cada item/alimento correspondeu à moda

das respostas dos futuros dietistas para cada item.

A cotação do questionário apresenta-se no Anexo D. O resultado final,

resultante da soma das cotações de todas as respostas, varia entre 0 e 46.

O valor do Alpha de Cronbach calculado a partir da amostra do estudo foi de

0,7120. Este valor deve ser analisado tendo em consideração que a escala de

medição de todos os itens é dicotómica (certo e errado) o que não otimiza a

estimação deste coeficiente.

Questionário de avaliação de determinantes do comportamento alimentar

Este questionário, respondido pelos pais, visa a avaliação dos seguintes

determinantes do comportamento alimentar infantil: tempo de visionamento de

televisão pela criança, preocupação parental com o peso da criança, atribuição de

autoeficácia para mudar os comportamentos alimentares do filho e atribuição de

controlo parental sobre o que a criança come (Anexo D). Apresenta-se em seguida

a fundamentação das questões utilizadas para a avaliação destas dimensões.

Tempo de visionamento de televisão. De acordo com outros trabalhos em que se

avalia o tempo que a criança utiliza a ver televisão (Dennison, Erb & Jenkins, 2002;

20 No estudo prévio o valor do Alpha de Cronbach (0,69) indicou uma consistência interna razoável.

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___________________________________________ DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

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Dietz & Gortmaker, 1985), recorreu-se à metodologia de pergunta fechada, com

intervalos de tempo diário que a criança passava em frente à televisão (menos de 1

hora; 1-2; 3-4; 5-6; mais de 6 horas). Optou-se pela avaliação diária e não semanal

pois considerou-se que permitiria respostas mais fidedignas. Para que se pudesse

considerar a diversidade diária de tempo de visionamento foram feitas duas

perguntas, uma remetia para o período do fim-de-semana e a outra para os dias

úteis.

Para o cálculo do tempo total de visionamento durante a semana foi

utilizado o seguinte método:

- calculou-se o ponto médio (M)21 para cada um dos intervalos de resposta:

0-1(M=0,5); 1-2(M=1,5); 3-4(M=3,5); 5-6(M=5,5); mais de 6 horas (M=6,5);

- para o cálculo do tempo semanal total de visionamento televisivo utilizou-

se a seguinte fórmula:

(5 X M do visionamento em dias úteis) + (2 X M do visionamento ao fim de semana).

Preocupação Parental com o Peso da Criança. Esta é uma dimensão considerada

em diversos instrumentos de avaliação que focam as crenças parentais dos pais em

relação à alimentação dos seus filhos. O Preschooler Feeding Questionnaire 1 -PFQ1

(Baughcum et al., 2001) avalia a preocupação com o excesso de peso através de

sete perguntas sobre as medidas parentais para impedir/reduzir o excesso de

peso, a preocupação com o facto da criança comer demais e com ter peso a mais no

presente e no futuro. Apresenta ainda duas perguntas relativas à preocupação com

o peso inferior ao normal, no presente e no futuro.

No Child Feeding Questionnaire (Birch et al., 2001) a preocupação com o

peso é avaliada relativamente ao que a criança come quando os pais não estão

presentes e à possibilidade da criança ter que fazer dieta e ficar obesa no futuro.

Estas questões são aliás utilizadas na íntegra para o fator de preocupação parental

do Parent Feeding Questionnare -PFQ2 (Powers, 2005).

21 O ponto médio foi calculado com a fórmula estatística correspondente: M = (X1+X2)/2, em que X1 é

o valor mais baixo e X2 o valor mais alto do intervalo considerado.

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No presente estudo pretendia-se saber especificamente com que frequência

os pais se sentiam preocupados com o peso atual da criança. Assim esta variável foi

avaliada com uma escala subjetiva, tal como em outros estudos anteriores

(Campbell e al., 2006; Carnell et al., 2005; May, Donohue, Scanlon, Sherry, Dalenius,

Faulkner & Birch, 2007). Os pais tinham de responder numa escala de Likert de 5

pontos à questão: “estou preocupado(a) com o peso do meu/minha filha(o)”. Esta

questão é semelhante a uma das utilizadas no PFQ 1.

Atribuição da Autoeficácia Parental. A avaliação deste domínio visava saber em

que medida os pais consideravam ser capazes de promover uma alimentação

saudável no seu filho. Muitos dos estudos avaliam esta variável em contexto de

entrevista. Dada a dimensão da nossa amostra a avaliação teria de ser feita por

questionário. Para esse efeito os pais responderam a uma escala subjetiva em que

avaliavam a frequência com se sentiam capazes de promover uma alimentação

saudável no seu filho: “Sou capaz de fazer com que o/a meu/minha filho/a tenha

uma alimentação saudável”, sendo a resposta dada numa escala de Likert de 5

pontos. Uma pergunta semelhante foi já utilizada no estudo de Kersey e

colaboradores (2010).

Atribuição de Controlo Parental. Esta dimensão é avaliada numa das

componentes do Child Feeding Questionnaire – monitoring - incidindo sobre o

controlo que os pais pensam ter sobre a ingestão de doces, snacks e alimentos ricos

em gordura. Estas questões focam unicamente o controlo que os pais consideram

ter sobre a ingestão de alimentos pouco saudáveis, não incluindo o controlo

relativo à ingestão de alimentos saudáveis. Pareceu-nos também útil diferenciar o

controlo fora e dentro de casa, dado que a evidência empírica aponta para que os

pais sintam mais facilidade em controlar o comportamento alimentar da criança

em casa (Herr et al., 2004). Deste modo optou-se por utilizar duas perguntas:

“Consigo controlar o que o meu/minha filho(a) come em casa” e “Consigo controlar o

que o meu/minha filha(a) come fora de casa”, respondendo os pais numa escala de

Likert de 5 pontos.

Para o cálculo de um valor global da atribuição de controlo parental (dentro

e fora de casa), atribuiu-se o valor numérico a cada uma das categorias (5 à

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___________________________________________ DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

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categoria Quase sempre até 1 à categoria nunca) e calculou-se a média das duas

respostas. Depois, tendo sido obtidas médias que são valores fracionários, estas

foram recodificadas em novas categorias da seguinte forma: valor 5 – quase

sempre; valores entre 4 e 4,5 – bastantes vezes; entre 3 e 3,5 - às vezes; entre 1,5 e

2,5 - poucas vezes e o valor um 1 foi recodificado como nunca.

Perceção Parental do Peso da Criança. A avaliação desta dimensão tem sido feita

por quatro métodos: entrevista presencial (Huang e al., 2007; Maynard, 2003) ou

telefónica (Anjali, 2001; Boutelle et al., 2004), identificação de silhuetas

(Warschburger & Kröller, 2009; Intagliata et al., 2008; Edmunds, 2005; Contento,

Basch & Zybert, 2003), escala analógica visual (Etelson et al., 2003) e por pergunta

em questionário (Baughcum, Chamberlain, Deeks, Powers & Whitaker, 2000;

Carnell, Edwards, Croker, boniface & Wardle, 2005; Goodman, Hinden &

Khandelwal, 2000; He & Evans, 2007; Moore, Harris & Bradlyn, 2011; Rhea,

DeLago, Arscott-Mills, Mehata & Krisko, 2005). Optou-se por esta última pela

adequação ao estudo e pela sua fácil e já ampla aplicação.

Assim, para avaliar a perceção parental de peso foi utilizada a pergunta

fechada utilizada em outros estudos (Chaparro, Langellier, Kim & Whaley, 2011;

Grimmet, Croker, Carnell & Wardle, 2008): “Considero que o meu/minha filho(a),

para a sua idade e altura, tem”, sendo dadas três alternativas de resposta - peso a

menos, peso normal e peso a mais. Estas três alternativas de resposta já foram

utilizadas em estudos anteriores (Jackson, Strauss, Lee & Hunter, 1990; Young-

Hyman, 2000).

A partir da comparação das respostas parentais com o IMC das crianças foi

possível classificar dicotomicamente a perceção parental de peso (i.e.,

correcta/incorrecta) e também em relação ao tipo de avaliação feita pelos pais

(sobreavaliação, subavaliação e avaliação correta do peso da criança).

Avaliação das características sociodemográficas

Para a avaliação das características sociodemográficas foram consideradas

variáveis diretamente relacionadas com a criança, com a família e com o meio

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social em que estas se inserem. A avaliação das características sociodemográficas

foi feita através de questionário a preencher pelo adulto respondente, incluindo

perguntas fechadas e abertas.

Relativamente à criança foi avaliado o sexo, data de nascimento e com que

adultos coabitava a criança (pai, mãe e outros). Considerou-se também útil

controlar o número de crianças prematuras dado que estas tendem a apresentar

menor peso à nascença, tendo este aspeto sido avaliado para caracterização da

amostra num estudo anterior sobre determinantes parentais do comportamento

alimentar infantil (Kersey, Lipton, Quinn & Santos, 2010). Assim foi incluída uma

pergunta fechada sobre o tempo de gravidez e uma pergunta aberta para as

crianças prematuras, em que era pedido o tempo exato de gestação.

Algumas doenças, em especial doenças crónicas ou prolongadas, podem ter

efeitos na alimentação e peso da criança. Por essa razão pretendeu-se garantir que

o IMC e os comportamentos alimentares da maioria da amostra não fossem

influenciados por um número relevante de crianças doentes. Para esta avaliação

foram incluídas no questionário uma pergunta fechada “A criança tem problema(s)

de saúde que dure(m) há mais de 6 meses” e uma pergunta aberta: “Se a criança tem

problemas de saúde há mais de 6 meses, diga qual ou quais”. As doenças foram

depois categorizadas em: imunológicas (essencialmente alergias),

cardiovasculares, doenças do nariz/ garganta/ ouvidos e outras.

Foi também avaliado o número de crianças que seguia algum regime

alimentar específico (e.g., vegetarianismo).

Sobre o respondente ao questionário era avaliado o parentesco com a

criança, a idade, o número de anos de escolaridade e a profissão. Era também

pedido os anos de escolaridade e a profissão do companheiro(a) /cônjuge do

respondente.

As atividades profissionais do pai respondente e do cônjuge/companheiro

foram também considerados através de duas perguntas abertas, em que se pedia

qual a profissão/ocupação. Para as situações de desemprego era requerido que

fosse referido a última atividade profissional desempenhada. As profissões foram

categorizadas de acordo com a Classificação Portuguesa das Profissões de 2010

(CPP/2010) do Instituto Nacional de Estatística, I.P., criada a partir da Classificação

Internacional Tipo de Profissões (CITP, 2008) da Organização Mundial de

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Trabalho. As categorias estão organizadas em função da especialização das

competências exigidas. Por razões de viabilização do estudo estatístico as dez

categorias da CPP/2010 foram agrupadas em sete categorias: 1) representantes do

poder legislativo e de órgãos executivos, dirigentes, diretores e gestores executivos

e especialistas das atividades intelectuais e científicas; 2) técnicos e profissões de

nível intermédio; 3) pessoal administrativo e similares; 4) trabalhadores dos

serviços pessoais, de proteção e segurança e vendedores; 5) agricultores,

operários, artífices, operadores instalação e máquinas, trabalhadores qualificados

da indústria, construção e artífices; 6) trabalhadores não qualificados; 7) outros

onde se incluíram estudantes, donas de casa e militares. Estes últimos são

integrados numa categoria aparte no CPP/2010. Contudo como o número de

militares da amostra era muito reduzido e de patente inferior a oficial considerou-

se adequada a integração destes na categoria de menor especialização.

A população da zona norte de Loures, onde se realizou o estudo, apresenta

alguma diversidade quanto à origem geográfica e cultural. Embora a maioria seja

de origem portuguesa (continental) existe um número significativo de crianças que

vivem em lares com forte influência de gerações anteriores provenientes de países

africanos de língua original portuguesa (PALOP), e também de influência hindu e

chinesa. A presença de famílias provenientes dos antigos países de Leste e do

Brasil é também uma realidade. Sendo que os fatores culturais interferem não só

na alimentação infantil mas também nos valores aceites que se refletem no

conceito de alimentação ideal, considerámos necessário ter dados sobre as

influências culturais de que a criança é alvo. Entre as famílias de origem

estrangeira algumas estão já em Portugal há mais de uma geração, pelo que foi

avaliada a origem dos avós das crianças. Posteriormente as respostas foram

registadas nas seguintes categorias: Portuguesa, Africana, Europa de Leste,

Oriental, Brasileira ou mista. Dado que quando avaliamos as origens dos avós das

crianças estamos a incidir a avaliação sobre quatro pessoas, que poderão ter

origens diversas, considerou-se a classificação numa categoria sempre que havia

dois ou mais avós com a mesma categoria de origem. Quando a origem era mais

diversificada, a classificação foi feita na categoria “mista”. O mesmo aconteceu

quando dois dos avós pertenciam a uma mesma categoria e os outros dois

pertenciam a outra categoria.

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__________________________________________________________________________ METODOLOGIA

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Foi também avaliado o número de menores que coabitavam com a criança.

Dada a variabilidade atual da estrutura familiar, poderão existir na mesma casa

menores sem laços familiares com a criança alvo de estudo, bem como meios-

irmãos ou crianças com outros laços de família. Porque o interesse era avaliar o

número de crianças que os pais tinham a cargo pareceu mais relevante controlar o

número de menores que coabitavam com a criança do que o número de irmãos.

Esta característica foi considerada já em outros estudos relacionados com o

comportamento alimentar infantil (e.g., Wake, Salmon, Waters, Wright & Hesketh,

2002).

3.1.4. Procedimentos estatísticos

Na tabela 3.7 apresenta-se uma síntese dos métodos de análise dos dados

para cada objetivo.

Tabela 3.7

Síntese dos objetivos e metodologia de análise de dados

Objetivo

Métodos de análise estatística

1. Explorar a relação dos hábitos alimentares com as

características da criança: sexo, preferências

alimentares e tempo de visionamento de televisão.

Teste de associação (qui-quadrado)

Correlação de Spearman

2. Explorar a relação dos hábitos alimentares da criança

com as características parentais: demográficas, estilo

parental, conhecimento nutricional, preocupação

com o peso da criança, atribuições de controlo e

autoeficácia e perceção parental de peso

Teste de associação (qui-quadrado)

Correlação (Pearson e Spearman)

Teste t

3. Identificar as características demográficas e

psicológicas (da criança e dos pais) preditoras dos

hábitos alimentares das crianças

Regressão linear

4. Estudar as relações entre o conhecimento nutricional

e as características parentais (demográficas, estilo

parental, preocupação e atribuições de controlo e

autoeficácia).

Teste de associação (qui-quadrado)

Correlação de Spearman

Teste U de Man-Whitney

Teste de kruskal-Wallis

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___________________________________________ DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

102

Tabela 3.7 (cont.)

Síntese dos objetivos e metodologia de análise de dados

Objetivo

Métodos de análise estatística

5. Estudar as relações da perceção parental do peso do

filho com o IMC da criança e com as características

parentais (demográficas, conhecimento nutricional,

estilo parental, preocupação e atribuições de

controlo e autoeficácia).

Teste de associação (qui-quadrado)

Teste U de Man-Whitney

6. Explorar as relações entre a preocupação parental

com o peso da criança, a atribuição parental de

autoeficácia e a atribuição parental de controlo

Correlação de Spearman

7. Explorar a relação do IMC com os hábitos

alimentares e com as características demográficas e

psicológicas da criança e dos pais.

Testes de associação (qui-quadrado)

Correlação de Spearman

Algumas das variáveis medidas inicialmente numa escala contínua (hábitos

alimentares, preferências alimentares e conhecimento nutricional) foram alvo de

análise de clusters. Esta opção visou o enriquecimento da caracterização da

amostra. Para os hábitos alimentares e preferências alimentares foi utilizado o

método de agrupamento das k-médias fixando o número de agrupamentos em

três22. Foi aplicado o algoritmo das k-médias para a formação dos grupos de corte.

Para a análise de clusters do conhecimento nutricional dos pais optou-se pela

solução gerada pelo agrupamento hierárquico que utiliza o método de Ward,

fixado em três grupos.23 Optou-se por este método de agrupamento por ser aquele

em que os grupos se apresentavam mais homogéneos, seguindo as medidas de

proximidade/qualidade.

Para a análise bivariada foram feitos estudos de associação e correlação de

acordo com o tipo de dados subjacentes. Os testes de associação do 2 e afins foram

utilizados sobre as variáveis que originalmente estavam numa escala nominal (i.e.

sexo, estilo parental, profissão, perceção parental de peso) ou em que uma escala

22 Este método não-hierárquico, para variáveis numéricas ou binárias, transfere cada indivíduo para o agrupamento cujo

centróide se encontra a menor distancia, com base no score final do questionário/instrumento de avaliação. 23 Este processo de agrupamento tenta assegurar que os casos agrupados sejam de facto casos próximos, segundo um

critério de incremento baseado no aumento da soma de quadrados, o algoritmo de Ward (fixado em 3 grupos) e a distância

euclidiana ao quadrado.

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__________________________________________________________________________ METODOLOGIA

103

quantitativa foi classificada em categorias, por análise de clusters. Os coeficientes

de correlação linear, paramétricos e não paramétricos, foram calculados a partir

dos dados numa escala contínua (i,e., IMC, conhecimento nutricional, hábitos e

preferências alimentares) ou no mínimo numa escala ordinal. Nos casos em que

era permitido, e se justificava, foram feitos testes estatísticos para a comparação

entre grupos (i.e., t de student, Kruskal-Wallis e o teste na o parame trico de Mann-

Whitney).

Para a identificação das variáveis preditoras dos hábitos alimentares

conduziu-se um ajustamento de um modelo de regressão linear pelo método

forward para seleção das variáveis24. Optou-se por este método por ser o que

gerou maior poder explicativo sem perda de outras qualidades do modelo. Foram

utilizados os valores em escala contínua para as variáveis que o permitiam. Para as

variáveis como valores em escalas ordinais, e porque estas eram inferiores a sete

pontos, foi feita uma introdução de variáveis indicadoras25 (Maroco, 2007).

Nos casos em que não se verificava uma das condições de validade dos

testes de associação (i.e., número de células da tabela de cruzamento com mais de

20% de frequências esperadas inferiores a 5), procedeu-se à junção de algumas

categorias de resposta desde que fosse teoricamente consistente. Esta junção de

categorias foi feita para as seguintes variáveis: preocupação parental com o peso

da criança, autoeficácia parental, controlo parental, idade, escolaridade e profissão

do adulto. Nos casos em que o procedimento anterior não foi suficiente recorreu-se

à estimativa do valor p através do Método de Monte Carlo aplicado a tabelas de

contingência. Este procedimento simula um número elevado (> 1000) de tabelas

de contingência a partir da original e, com base nas frequências observadas nas

tabelas simuladas, estima um valor p global.

Verificou-se existirem alguns questionários dos hábitos alimentares com

um número considerável de respostas em falta, o que dificultava o cálculo de um

24 Para a escolha do método de seleção de variáveis foram analisados os três métodos sequenciais de seleção de variáveis

(i.e., forward, backward e stepwise) com os seguintes passos (Maroco, 2007): identificar quais as variáveis que são deixadas

de fora pelos três métodos em simultâneo. Eliminar estas variáveis da análise e fazer o ajustamento de um modelo mais

parcimonioso, com as restantes variáveis. O método forward foi selecionado com base no valor R2 ajustado e através da

variância residual, em comparação com os restantes métodos. 25 A introdução de variáveis indicadoras (dummy) consiste em introduzir no modelo de regressão variáveis dicotómicas, uma

por cada categoria das variáveis ordinais. Permite analisar quais as categorias da variável que contribuem efetivamente na

predição da variável dependente (Maroco, 2007). O procedimento de introdução das variáveis indicadoras foi aplicado às

variáveis: Dimensão do Controlo parental, Estilo Parental, Autoeficácia e Preocupação com o peso.

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___________________________________________ DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

104

valor total fiável relativo aos hábitos alimentares. Para ultrapassar esta limitação,

procedeu-se à imputação de dados utilizando a técnica SRPI – Similar Response

Patern Imputation.26

Tomou-se o ní vel de significa ncia de 0,05 como refere ncia para todos os

testes estatí sticos.

O tratamento estatí stico foi realizado atrave s do programa SPSS verso es 19

e 20.

3.2. Metodologia Qualitativa

Os objetivos 8 e 9 visam aprofundar o conhecimento sobre as significações

parentais relacionadas com os comportamentos alimentares infantis e identificar

as principais diferenças entre as significações dos pais cujos filhos tivessem um

IMC ou hábitos alimentares distintos (ver tabela 3.8).

Para estes objetivos foi utilizada uma metodologia de avaliação qualitativa

na medida em que se tenta dar sentido ou interpretar fenómenos com base nas

significações das pessoas (Denzin & Lincoln, 1994). O desenho qualitativo é

também adequado por se tratar de um estudo exploratório, em que se pretende

conhecer uma realidade ainda pouco estudada e para a qual não existe ainda uma

teoria definida (Theodorson & Theodorson, 1970).

3.2.1. Amostra

Foram entrevistados 26 encarregados de educação da amostra inicial (23

mães, 2 pais e uma tia)27. Todos tinham idades compreendidas entre os 25 e os 44

26 Com esta te cnica e atribuí da uma resposta em falta num determinado item a um indiví duo, utilizando a resposta que e

dada por outro indiví duo que apresenta um perfil ide ntico em outros itens em que existe resposta em ambos (i.e., matching).

Nem sempre e possí vel completar totalmente os dados em falta, por na o se encontrarem indiví duos com perfil de resposta

compatí vel com o que tem dados em falta. Por esta raza o a amostra final para a ana lise de clusters ficou com 200 casos

depois da imputaça o.

27 Para simplificação, os encarregados de educação serão referidos por pais.

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__________________________________________________________________________ METODOLOGIA

105

anos. Relativamente ao grau de escolaridade o maior número de entrevistados

tinha entre 10 a 12 anos de escolaridade, seguindo-se os pais com mais de 12 anos

e os com 5 a 9 anos de escolaridade. As profissões da maioria dos pais

entrevistados integravam-se em três categorias: especialistas intelectuais e

científicos, pessoal administrativo e profissionais não qualificados. No capítulo dos

resultados será feita uma caracterização sociodemográfica mais detalhada desta

subamostra.

Tabela 3.8

Grupos de pais entrevistados em função do IMC e dos hábitos alimentares da

criança

Número de pais

Grupos por IMC da criança

Pais de crianças obesas e pré-obesas 10

Pais de crianças com peso normal 16

Grupos por hábitos alimentares da criança

Pais de crianças com os melhores hábitos alimentares 11

Pais de crianças com os piores hábitos alimentares 7

Apresenta-se na tabela 3.8 o número de pais de cada grupo, em função do

IMC e dos hábitos alimentares do filho. Por exemplo, um pai com o filho obeso e

hábitos alimentares médios foi só categorizado no grupo relativo ao peso (pais de

crianças obesas), enquanto um pai de uma criança obesa com piores hábitos

alimentares foi integrado no grupo de pais de crianças obesas e também no grupo

de pais de crianças com piores hábitos alimentares.

3.2.2. Procedimento

Todos os participantes assinaram um consentimento informado específico

para a entrevista (Anexo B).

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___________________________________________ DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

106

A seleção da amostra foi intencional, tendo-se procurado obter um número

próximo de pais de cada grupo com base no IMC e nos comportamentos

alimentares da criança. Este objetivo revelou-se difícil de atingir dado que o

número de pais de cada grupo na amostra inicial (estudo quantitativo) não era

semelhante. Por outro lado nem todos os pais que tinham assinado o

consentimento informado para a entrevista acederam a realizá-la quando

contactados. Dado que as entrevistas tiveram de ser realizadas no horário de

funcionamento dos jardins-de-infância, houve pais que não tiveram

disponibilidade para estarem presentes. Em alguns dos casos não foi possível um

contacto efetivo por telefone.

Dos pais que acederam a ser entrevistados só dois faltaram à entrevista

marcada. Todas as entrevistas foram realizadas pela autora, numa sala do jardim-

de-infância, em condições que garantissem privacidade. O tempo médio da

entrevista foi de 50 minutos. Todas as entrevistas foram gravadas com autorização

dos pais e posteriormente transcritas.

3.2.3. Entrevista e metodologia de análise de conteúdo

Entrevista

De acordo com o que já foi referido, o objetivo geral da entrevista era

conhecer melhor as significações parentais predominantes relacionadas com a

alimentação da criança.

Foram identificados os temas existentes na literatura relativos às cognições

parentais relacionadas com a alimentação da criança. Foram também consideradas

as temáticas centrais das crenças de saúde e doença incluídas nos modelos

cognitivos da Psicologia da Saúde. Sendo um campo vasto foram selecionados seis

temas a explorar, que se apresentam na tabela 3.9.

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__________________________________________________________________________ METODOLOGIA

107

Tabela 3.9

Temas da entrevista

Tema Definição do tema

Determinantes da alimentação saudável

da criança

Fatores que os pais consideram influenciarem os

comportamentos alimentares saudáveis da criança

Preferências alimentares da criança -

determinantes e possibilidade de

influência parental

Fatores que os pais identificam como influenciado as

preferências alimentares da criança. Perceções sobre a

possibilidade de influência parental nas preferências

alimentares infantis.

Consequências de uma alimentação e

peso saudáveis

Vantagens que os pais vêm relativamente à aquisição e

manutenção de comportamentos alimentares

saudáveis.

Autoeficácia parental - Barreiras à

promoção de uma alimentação saudável

Dificuldades sentidas pelos pais na implementação de

hábitos alimentares saudáveis

Autoeficácia - Estratégias parentais

O que fazem os pais para ultrapassar as barreiras

encontradas na implementação de comportamentos

alimentares saudáveis

Modelos parentais explicativos do

desenvolvimento dos comportamentos

alimentares saudáveis da criança

Como explicam os pais o processo de desenvolvimento

e mudança dos comportamentos alimentares infantis.

De acordo como o modelo de autorregulação (Leventhall, Nerenz & Steele,

1984) as causas que são atribuídos aos problemas ou riscos de saúde influenciam

as estratégias de confronto que são utilizadas. Assim os fatores que os pais

valorizam como determinantes do comportamento alimentar do seu filho

determinarão as estratégias que utilizam (ou consideram eficazes) para promover

uma alimentação saudável do filho. Por esta razão, um dos objetivos do presente

estudo é identificar os determinantes do comportamento alimentar infantil que os

pais consideravam mais relevantes.

As preferências alimentares são raramente abordadas na educação para a

saúde, no entanto os pais consideram-nas uma barreira importante na promoção

de uma alimentação saudável (e.g., Andrade, 2007; Dwyer, Needham, Simpson &

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___________________________________________ DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

108

Heeney, 2008). Estão também pouco estudadas as crenças que os pais têm

relativamente às preferências alimentares (Casey & Rozin, 1989). Assim será

relevante conhecer as significações parentais sobre os determinantes das

preferências alimentares e o modo como os pais vêm a possibilidade de

influenciarem as mesmas.

As consequências percebidas de um comportamento de saúde influenciam

as decisões relacionadas com esse comportamento (Leventhall et al., 1984;

Prochaska, Norcross & Diclemente, 1994). Assim incluiu-se esta temática, na

medida em que as significações sobre as consequências podem estar associadas à

motivação parental para promover comportamentos alimentares saudáveis do

filho.

As barreiras a um determinado comportamento e as estratégias disponíveis

para as confrontar são dois aspetos que, de acordo com o modelo da cognição

social (Bandura, 1986), são importantes para a perceção de autoeficácia. Com a

inclusão deste tema na entrevista não se pretendeu fazer uma avaliação do grau de

autoeficácia parental, já realizada no estudo quantitativo. Teve-se, sim, como

objetivo identificar as principais barreiras que os pais identificam e as estratégias

que utilizam quando se confrontam com dificuldades na implementação de uma

alimentação saudável do filho.

A exploração do último tema - modelos parentais explicativos do

desenvolvimento dos comportamentos alimentares saudáveis da criança - visa

aprofundar o modo como os pais compreendem o processo da aquisição de

comportamentos alimentares infantis. Face aos múltiplos determinantes e

barreiras, confrontando-se com informação nutricional diversa, com a realidade do

seu dia-a-dia, com os seus objetivos como pais e também com diferentes

perspetivas de qual o seu papel na determinação dos hábitos alimentares das

crianças, considerou-se importante perceber como coordenam os pais todos estes

dados. A identificação de diferentes tipos de modelos explicativos, a verificar-se,

poderia ser uma grelha de partida para abordagens diferenciadas de acordo com o

tipo de modelo parental.

Optou-se por entrevistas individuais (vs. grupos de discussão) por

permitirem uma expressão mais livre e espontânea por parte dos pais (em

particular para os pais de crianças com excesso de peso ou piores hábitos

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__________________________________________________________________________ METODOLOGIA

109

alimentares) e também por ser uma metodologia que permitia maior flexibilidade

na marcação das entrevistas de acordo com as disponibilidades dos pais,

facilitando a participação a um maior número de sujeitos.

A opção pela entrevista semiestruturada teve em conta várias

considerações. Tal como a entrevista não estruturada é um método adequado à

exploração de perceções e opiniões dos entrevistados sobre temas complexos, mas

em relação a esta apresenta a vantagem de permitir uma abordagem padronizada

de temas pré definidos através do guião da entrevista, facilitando assim a

comparação de conteúdos. Considerámos igualmente esta metodologia mais

adequada do que a de entrevista estruturada pois permite utilizar questões de

aprofundamento (probing) que facilitam a recolha de toda a informação

necessária, a clarificação de conteúdos, a exploração de aspetos que se revelem

interessantes das verbalizações dos entrevistados e atenuam o efeito de

desejabilidade social que é mais forte em temas, como a alimentação infantil, sobre

os quais a maioria dos pais tem informação sobre os padrões socialmente

valorizados (Barribal, 1994).

As perguntas foram elaboradas tendo em consideração os critérios de

clareza necessários a uma entrevista (Foddy, 1996). O guião inicial da entrevista

foi revisto por duas psicólogas com experiência no contacto e entrevista com pais

no contexto de investigação em psicologia pediátrica, foi realizado um pré-teste a

três pais, sendo a versão final apresentada na tabela 3.10. Em todas as entrevistas

foi seguido este guião tendo-se recorrido a questões de aprofundamento.

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Tabela 3.10 Guião da entrevista - Perguntas e objetivos

PERGUNTAS OBJECTIVOS

1 – O que é para si uma alimentação saudável para o seu filho? - Conhecer o conceito de alimentação saudável dos pais, para estabelecer uma base comum de entendimento concetual entre o entrevistado e o entrevistador.

2 – Acha possível ter a certeza do que é a alimentação ideal para o seu filho de modo a promover o máximo de bem-estar físico e psicológico? Se sim, como? Se não, Porquê? 3 - Como acaba por se decidir sobre o que deve fazer quando é confrontado(a) com novas informações, diferentes do seu ponto de vista?

- Identificar crenças /perceções dos pais relativas à possibilidade de conhecimento do que é uma alimentação saudável e as suas implicações no processo parental relacionado com a alimentação da criança.

4 – Quais são as implicações de uma alimentação saudável para o seu filho, agora e no futuro? - Identificação das crenças/perceções parentais relativamente às vantagens (e desvantagens) de uma alimentação saudável, a curto e ao longo prazo

5 - O que acha que influencia o que o seu filho come? De que modo pode influenciar estes

fatores?

7 – Qual o papel das preferências alimentares? Os pais podem influenciar as preferências

alimentares? Se sim, como? Se não, Porquê?

8 - Há pouco falou do que seria uma alimentação ideal. Acha que é fácil pôr em prática esse tipo

de alimentação com o seu filho? Porquê?

9 – As crianças vão evoluindo e mudando física e psicologicamente ao longo do crescimento. A

influência dos amigos e da escola também vai mudando. Acha que estas mudanças afetam o

comportamento alimentar do seu filho? O que acha que deve fazer ao longo deste processo para

promover uma alimentação saudável?

- Identificação dos determinantes percecionados pelos pais - Identificação do papel atribuído às preferências alimentares como determinante do comportamento alimentar da criança - Identificar as crenças/perceções dos pais sobre o processo de influência parental nos determinantes alimentares e em particular nas preferências alimentares - Identificação de barreiras à promoção de hábitos alimentares saudáveis nas crianças -Identificar as diferentes formas como os pais conjugam a multiplicidade de determinantes da alimentação infantil

10 – Sendo possível, acha que seria ideal ter um controlo absoluto sobre o que o seu filho come,

ou seja ele comer exatamente o que a mãe queria?

11 - Acha que é possível ter o controlo total? Porquê?

- Identificar questões relacionadas com o Controlo / vontade parental e a influência de outros determinantes do comportamento alimentar do filho

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____________________________________________________________________________________________________________________________ METODOLOGIA

111

28 Na pergunta 14 as seguintes estratégias foram verbalizadas uma a uma, sendo os pais inquiridos sobre a sua utilização e eficácia na mudança dos comportamentos alimentares da criança.

1 - Ter alimentos saudáveis à disposição e/ou de fácil acesso; 2 - Dificultar a acessibilidade/exposição a alimentos não saudáveis (ex.: esconder, não ter em casa, não dar à criança); 3 – Dar várias vezes o alimento

à criança, para ela se habituar; 4 - Fazer refeições atrativas (cor e aspeto); 5 - Preparação dos alimentos de modo a facilitar a ingestão (ex.: reduzir a puré, adicionar outras coisas de que ele/a gosta);

6 - Adicionar açúcar/sal aos alimentos; 7 – Dar os alimentos à boca; 8 - Planear refeições; 9 - Fazer brincadeiras associadas ao alimento/refeição; 10 - Premiar a ingestão do alimento dando-lhe outros alimentos

de que a criança gosta; 11 – Explicar à criança porque deve comer certos alimentos e outros não; 12 - Deixar a criança escolher entre opções saudáveis; 13 - Deixar a criança decidir o que come entre opções

saudáveis e não saudáveis; 14 - Deixar a criança decidir quando come; 15 - Deixar a criança decidir a quantidade que come; 16 - Permitir que a criança que colabore nas decisões de compras alimentares;

17 - Tomar decisões em família sobre alimentação (ex: mudança de horas de refeições, decisões sobre o tipo de alimentos); 18 - Negociar com a criança; 19 - Proibir de comer os alimentos que acha

inadequados; 20 - Castigar, quando a criança não come aquilo que quer que ela coma; 21 - Insistir verbalmente para ela comer; 22 - Criar regras; 23 – Repreender/ralhar; 24 – Comer o mesmo que quer que

a criança coma, para que sirva de modelo; 25 – Tentar que outras pessoas (ex: outros familiares ou amigos) convençam a criança a comer o alimento; 26 - Procurar informação (ex: Consultar um profissional

de saúde; internet; livros); 27 – Não fazer nada: 28 – Tenta distrair a criança (ex.: comer a ver tv, brincar enquanto come)

29 As estratégias parentais utilizadas para a pergunta 14 foram baseadas num trabalho anterior da autora (Andrade, 2012) sobre autoeficácia parental na mudança de comportamentos alimentares em crianças

dos 2 aos 12 anos.

Tabela 3.10 (cont.) Guião da entrevista - Perguntas e objetivos

PERGUNTAS OBJECTIVOS

12 – Quais as principais dificuldades que sente atualmente para que o seu filho coma aquilo que a

mãe/pai acha melhor para ele/a? O que faz para ultrapassar cada uma dessas dificuldades?

13 - O que a ajudaria a conseguir que a criança comesse mais vezes aquilo que acha melhor para

ela?

14 – Costuma ............ (28, 29)? Acha que é eficaz?

- Avaliação as crenças/perceções sobre autoeficácia: barreiras ao comportamento alimentar saudável, estratégias parentais de confronto e sua eficácia

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___________________________________________ DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

112

Metodologia de análise de conteúdo.

Dado que se trata de um estudo exploratório optou-se por um

procedimento aberto de análise de conteúdo (Ghiglione & Matalon, 2001; Henry &

Moscovici, 1968).

Começou-se por uma leitura e análise prévias de todas as entrevistas. Foi

utilizada a frase30 como unidade de registo. Em seguida selecionaram-se de cada

uma das entrevistas as unidades de registo que expressassem ideias sobre os seis

temas previamente definidos (Tabela 3.9). No total foram trabalhadas 463

unidades de registo.

A análise foi categorial, quantitativa e frequencial (Bardin, 1979). As

categorias foram sendo construídas e definidas ao longo da análise. Cada unidade

de registo foi integrada numa categoria já existente ou, quando não existisse uma

categoria adequada, foi criada uma nova categoria ou subcategoria.

Para garantir a fidelidade do processo de codificação esta foi realizada por

dois codificadores e as respetivas classificações comparadas. Nos casos em que

houve divergências estas foram discutidas até se obter uma concordância. Foi

também realizada uma validação intracodificador, sendo que cada um dos

codificadores analisou em pelo menos dois momentos diferentes as codificações

que realizou, tendo sido discutidos os casos em que a classificação intracodificador

apresentava divergências.

A organização e quantificação das unidades de registo foram feitas com o

apoio do programa NVIVO 9. O resultado final permitiu obter o número total de

unidades e registo para cada categoria e subcategoria31

30 Para efeito deste estudo considera-se a frase como um conjunto de palavras seguidas que constitui um enunciado de sentido completo capaz de transmitir uma ideia. Pode ser constituída por um ou mais períodos seguidos. 31 Cada frase atribuída a uma categoria foi quantificada como uma unidade, independentemente de já terem sido registadas

outras frases da mesma entrevista nessa mesma categoria.

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113

4. RESULTADOS

Caracterização da amostra

Determinantes e fatores correlatos do

comportamento alimentar infantil

Significações parentais relacionadas com a

alimentação infantil

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__________________________________________DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

114

Neste capítulo é feita a caracterização da amostra, seguindo-se a descrição

dos resultados relativos aos determinantes e correlatos do comportamento

alimentar infantil (objetivos 1 a 7). No final do capítulo apresentam-se os

resultados relativos às significações parentais relacionadas com a alimentação

infantil (objetivos 8 e 9), para os quais foi utilizada uma metodologia qualitativa.

4.1. Resultados do estudo dos determinantes e correlatos do comportamento

alimentar infantil

4.1.1. Caracterização da amostra

4.1.1.1. Caracterização Sociodemográfica da Amostra

Todas as crianças do estudo frequentavam o u ltimo ano do ensino pre -

escolar e tinham idades compreendidas entre os 5 e os 6 anos. A caraterizaça o

demogra fica das crianças apresenta-se na tabela 4.1.

Tabela 4.1

Caracterização sociodemográfica específica às crianças

N % N %

Sexo Tempo de gestação

Feminino 118 51,1% De termo 214 92,6%

Masculino 113 48,9% Prematuro 13 5,6%

Problemas de saúde com duração superior a 6 meses Leve (36-32 semanas) 10 4,3%

Não 203 87,9% Moderado (31-28 semanas) 2 0,9%

Sim 18 7,8% Extremo (<28 semanas) 1 0,4%

Respiratórias e/ou alérgicas 11 4,8% NR 4 2,6%

Oftalmológicos ou Auditivas 3 1,3% Restrições alimentares

Cardiovasculares 3 1,3% Sem restrições 221 95,7%

Outras 2 0,9% Exclusão de carne ou carne de porco 5 2,2%

NR 10 4,3% Dieta baixa em colesterol 1 0,4%

NR 4 1,7%

NR – não responderam

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____________________________________________________________________________RESULTADOS

115

A amostra de 231 sujeitos apresenta um número semelhante de crianças do

sexo feminino e masculino. A maioria das crianças não sofre de doença com

duração superior a 6 meses (87,9%), nasceu de termo (85,3%) e não tem

restrições alimentares por razões de doença ou religiosas (95,7%).

Na tabela 4.2 apresentam-se os resultados relativos às variáveis

sociodemográficas da família.

Verifica-se que as mães constituem a maioria dos respondentes aos

questionários e os pais representam somente 11,3% da amostra. Os respondentes

com outro grau de parentesco (e.g., maioritariamente cuidadores que são avós,

mas também tias e irmãos mais velhos) foram em número reduzido (3%), não

havendo nenhum respondente sem grau de parentesco com a criança.

Relativamente à idade do adulto, a grande maioria situa-se entre os 25 e os

44 anos. Foram avaliados os anos de escolaridade do adulto respondente e do seu

cônjuge/companheiro(a). A maioria dos respondentes tem 10 a 12 anos de

escolaridade. A ordenação de categorias de escolaridade é semelhante para ambos

os cônjuges, embora estes apresentem percentagens superiores nas categorias de

menor escolaridade (4 a 9 anos).

A origem dos avós ilustra uma predominância clara de crianças com origem

portuguesa (72,3%), a que se segue o grupo das crianças que têm avós de origem

africana (10,4%). A percentagem de crianças das restantes origens (i.e., Europa de

Leste, Brasileira e Oriental) é residual.

A percentagem mais elevada de respostas em falta (NR) foi de 18,6% para a

atividade profissional do cônjuge do adulto respondente. Este valor, que é superior

às percentagens de não resposta para as restantes variáveis (entre 2,6 e 8,7%),

poderá dever-se em parte ao facto de esta questão não ter a alternativa de resposta

“não se aplica”, pelo que o número de respostas ausentes incluirá também os casos

em que os respondentes não têm parceiro(a).

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__________________________________________DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

116

Tabela 4.2 Caracterização sociodemográfica da família

Parentesco com a criança Profissão /Ocupação do respondente 1

Mãe 192 (83,1%) Quadros superiores e dirigentes 5 (2,2%)

Pai 26 (11,3%) Especialistas intelectuais e científicos 19 (8,2%)

Outro 7 (3%) Técnicos e profissionais de nível intermédio 21 (9,1%)

Sem parentesco 0 (0,0%) Pessoal administrativo e similares 37 (16%)

NR 6 (2,6%) Pessoal de serviços e vendedores 46 (19,9%)

Idade do adulto

Agricultores e trabalhadores qualificados agricultura/

pesca

4 (1,7%)

Menos de 18 anos 2 (0,9%) Operários e artífices 13 (5,6%)

18-24 10 (4,3%) Operadores de instalações e máquinas e

trabalhadores da montagem

5 (2,2%)

25-34 95 (41,1%) Trabalhadores não qualificados 29 (12,6%)

35-44 104 (45%) Outros (militares, estudantes e domésticas) 33 (14,3%)

45-54 9 (3,9%) NR 19 (8,2%)

55-64 1 (0,4%) Profissão/Ocupação do cônjuge do respondente 1

65-74 0 (0,0%) Quadros superiores e dirigentes 9 (3,9%)

Mais de 74 anos 1 (0,4%) Especialistas intelectuais e científicos 10 (4,3%)

NR 9 (3,9%) Técnicos e profissionais de nível intermédio 21 (9,1%)

Anos de escolaridade do respondente Pessoal administrativo e similares 13 (5,6%)

1-4 anos 10 (4,3%) Pessoal de serviços e vendedores 27 (11,7%)

5-9 anos 73 (31,6%) Agricultores e trabalhadores qualificados agricultura/

pesca

4 (1,7%)

10-12 anos 79 (34,2%) Operários e artífices 46 (19,9%)

Mais de 12 anos 60 (26%) Operadores de instalações e máquinas e

trabalhadores da montagem 31 (13,4%)

NR 9 (3,9%) Trabalhadores não qualificados 19 (8,2%)

Escolaridade do cônjuge do respondente Outros (militares, estudantes e domésticas) 8 (3,5%)

1-4 anos 25 (10,8%) NR 43 (18,6%)

5-9 anos 78 (33,8%) Origem dos avós

10-12 anos 59 (25,5%) Portuguesa ou predominante portuguesa 167 (72,3%)

mais de 12 37 (16%) Africana ou predominante Africana 24 (10,4%)

Não se aplica 12 (5,2%) Mista 22 (9,5%)

NR 20 (8,7%) Europa Leste ou predominante de Leste 3 (1,3%)

Brasileira ou predominante brasileira 3 (1,3%)

Oriental ou predominante oriental (Índia) 2 (0,9%)

NR 10 (4,3%)

1 -De acordo com a Classificação Nacional de Profissões (CNP-94) do Instituto do Emprego e Formação Profissional

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____________________________________________________________________________RESULTADOS

117

4.1.1.2. Caracterização da amostra em relação às variáveis em estudo

Hábitos alimentares da criança

Relativamente aos hábitos alimentares são apresentadas as frequências

absolutas e relativas das respostas para cada item das três componentes do

Questionário de Hábitos Alimentares Infantis (i.e., número de refeições diárias,

frequência de consumo de diferentes tipos de alimentos e variedade alimentar).

Em seguida caracterizam-se os grupos que correspondem aos três níveis dos

hábitos alimentares que resultaram da análise de clusters.

Dos resultados respeitantes à frequência de refeições nos dias úteis da

semana (tabela 4.3), constata-se que a maioria das crianças toma todas as refeições

à exceção da refeição entre o jantar e o deitar, só ingerida todos os dias por 25,8%

das crianças. Os resultados relativos ao fim de semana são semelhantes (tabela

4.4), mas indicam um maior número de crianças que não toma o lanche da manhã.

Tabela 4.3

Frequência de refeições durante os dias de semana

0-1 vez/ semana 2-4 vezes/semana Todos os dias NR

N

%a

N

% a

N

% a

N

% b

Toma pequeno-almoço durante a

semana 5 2,2% 8 3,5% 215 94,3% 3 1,3%

Toma o lanche da manhã durante a

semana 8 3,7% 21 10% 183 86,3% 15 6,6%

Almoça durante a semana 1 ,4% 1 ,4% 224 99,2% 5 2,2%

Toma o lanche da tarde durante a

semana 0 0,0% 7 3,0% 219 97% 5 2,2%

Janta durante a semana 0 00,0% 5 2,3% 220 97,7% 6 2,6%

Come antes de ir para a cama

durante a semana 69 31,8% 92 42,4% 56 25,8% 12 5,2%

aPercentagem sobre o total de casos válidos bPercentagem sobre o total de casos da amostra

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__________________________________________DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

118

Tabela 4.4

Frequência de refeições durante o fim-de-semana

Nunca Ás vezes Sempre NR

N

% a

N

% a

N

% a

N

% b

Toma o pequeno-almoço no fim-de-

semana 0 0,0% 8 3,5% 220 96,5% 3 1,3%

Toma o lanche da manhã no fim-de-

semana 27 12% 114 50,5% 85 37,5% 5 2,2%

Almoça no fim-de-semana 0 0,0% 1 ,4% 223 99,6% 6 2,6%

Toma o lanche da tarde no fim-de-

semana 0 0,0% 14 6,3% 211 97,7% 6 2,6%

Janta no fim-de-semana 0 0,0% 6 2,6% 221 97,4% 4 1,7%

Come um pouco antes de ir para a

cama no fim-de-semana 47 20,8% 124 54,8% 55 24,4% 4 1,7%

a Percentagem sobre o total de casos válidos b Percentagem sobre o total de casos da amostra

Relativamente à frequência de ingestão de diferentes tipos de alimentos as

respostas para cada alimento foram cotadas de forma dicotómica: ingestão

adequada ou inadequada (excesso ou défice). Conforme já referido no capítulo da

metodologia, esta classificação baseou-se nas frequências de consumo

consideradas como adequadas para as crianças pré-escolares (Nunes e Breda,

2001; USDA, 2008, 2011).

Os resultados apresentados na tabela 4.5 permitem concluir que mais de

80% das crianças tem um consumo adequado de carne branca, laticínios, sopa,

fruta, cereais e leguminosas. Entre 50 a 80% das crianças consome com frequência

adequada vegetais, laticínios meio-gordos, carne vermelha e fast-food.

Mais de 80% das crianças consome em excesso guloseimas / doces fora das

refeições e alimentos temperados com sal. Entre 50 a 80% das crianças consomem

em excesso alimentos com açúcar adicionado, refrigerantes e sobremesas doces.

Mais de metade das crianças tem um consumo deficitário de alimentos integrais e

de peixe.

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____________________________________________________________________________RESULTADOS

119

Tabela 4.5

Frequência de ingestão de alimentos

Frequência de ingestão de alimentos NR

Inadequada Adequada

N

% a

N

%a

N

%b

Fruta 36 16,0%D 189 84,0% 6 2,6%

Vegetais 77 34,8% D 144 65,2% 10 4,3%

Guloseimas/doces fora refeições 180 82,9% E 37 17,1% 14 6,1%

Lacticínios 11 5,0% D 209 95,0% 11 4,8%

Carne vermelha 96 43,8% E 123 56,2% 12 5,2%

Carne branca 9 4,1% D 211 95,9% 11 4,8%

Peixe 129 58,9% D 90 41,1% 12 5,2%

Leguminosas 40 18,1% D 181 81,9% 10 4,3%

Cereais 38 17,6% D 178 82,4% 15 6,5%

Alimentos c/ açúcar adicionado 175 79,9% E 44 20,1% 12 5,2%

Alimentos temperados c/ sal 207 95,4% E 10 4,6% 14 6,1%

Alimentos integrais 192 89,3% D 23 10,7% 16 6,9%

Laticínios meio-gordos 67 31,0% D 149 69,0% 15 6,5%

Fast-food 48 21,6% E 174 78,4% 9 3,9%

Refrigerantes 136 61,8% E 84 38,2% 11 4,8%

Sopa 33 14,9% D 189 85,1% 9 3,9%

Sobremesas doces 162 72,0% E 63 28,0% 6 2,6%

a Percentagem sobre o total de casos válidos. b Percentagem sobre o total de casos da amostra.

D Ingestão inadequada por défice E Ingestão inadequada por excesso

Quanto à variedade de alimentos consumidos semanalmente em cada grupo

alimentar (tabela 4.6) pode-se constatar que uma percentagem maior de crianças

come semanalmente 2 a 3 variedades de carne, peixe e cereais ou alimentos à base

de cereais. Para as frutas e legumes as percentagens mais elevadas encontram-se

na categoria seguinte (4 a 5 variedades/semana). É na categoria fruta que há uma

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120

maior percentagem de crianças (22%) que consome mais de 5 variedades numa

semana. As leguminosas são o grupo de alimentos em que o consumo é menos

variado.

Tabela 4.6

Variedade alimentar (valores para o período de uma semana)

1 variedade 2-3 variedades 4-5 variedades Mais de 5

variedades NR

N

% a

N

% a

N

% a

N

% a

N

% b

Legumes 12 5,5% 67 30,7% 91 41,7% 48 2,7% 13 5,6%

Carne 6 2,8% 137 63,1% 56 25,8% 18 8,3% 14 6,1%

Peixe 33 15,9% 130 62,5% 36 17,3% 9 4,3% 23 10%

Leguminosas 79 41,4% 86 45% 19 9,9% 7 3,7% 40 17,3%

Cereais e

alimentos à

base de cereais

38 18,1% 103 49% 52 24,8% 17 8,1% 21 9,1%

Fruta 11 5% 65 29,5% 80 40,9% 54 24,5% 11 4,8%

a Percentagem sobre o total de casos válidos. b Percentagem sobre o total de casos da amostra

Apresentam-se na tabela 4.7 os valores da estatística descritiva relativa ao

score global dos hábitos alimentares, após a imputação de dados.32

Tabela 4.7

Estatísticas descritivas dos hábitos alimentares (score total)

N Min Max Média DP

200 45 78 65,18 6,08

Considerando que o valor final da cotação do questionário oscila entre 0 e

78, pode-se contatar que os hábitos alimentares da amostra são bons na medida

32 Para a substituição dos missing cases foi feita a imputação de dados utilizando a técnica SRPI – Similar Response Patern Imputation

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____________________________________________________________________________RESULTADOS

121

em que a média e o valor mínimo são superiores ao valor médio da cotação do

questionário (i.e., 39).

Com o intuito de aprofundar a caracterização da amostra e para estudos

posteriores de associação foi realizada a análise de clusters. Foi feito agrupamento

e classificação dos indivíduos em três grupos (i.e., piores hábitos, hábitos médios e

melhores hábitos), com base no score final dos hábitos alimentares (após a

imputação de dados). Não se optou por uma análise de clusters com base nas

classificações dos indivíduos nas três componentes do questionário (frequência

das refeições, frequência de ingestão e variedade) pois esta conduziria a grupos

que seriam dificilmente interpretáveis em termos da qualidade global dos seus

hábitos alimentares.

Os testes exploratórios para validação dos clusters (ANOVA) confirmaram

que há diferenças entre hábitos alimentares dos três grupos. No gráfico da figura

4.1. é feita a comparação entre os três grupos. A maioria da amostra tem hábitos

alimentares médios (53,7%; �̅�=64,36;DP=2,46), seguindo-se as crianças com os

melhores hábitos (30,5%; �̅�=71,79;DP=2,99). Só 16% se encontram na categoria

dos piores hábitos alimentares (�̅�=55,31; DP=3,26). Considerando a média deste

grupo pode-se concluir que a maioria destas crianças terão hábitos alimentares

razoáveis, embora piores que os restantes crianças da amostra.

Figura 4.1. Gráfico boxplots dos três grupos de hábitos alimentares

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122

Constata-se que a menor amplitude ocorre no grupo dos hábitos alimentares

médios (8) e a maior amplitude no grupo dos piores hábitos (14). Os valores

máximos e mínimo da amostra são outliers. As estatísticas descritivas mais

detalhadas dos três agrupamentos são apresentadas na tabela 1 do Anexo E.

IMC da criança

A distribuição das crianças pelas quatro categorias de estado nutricional33

apresenta-se na tabela 4.8.

Tabela 4.8

Frequências absolutas e relativas das categorias do estado nutricional das crianças

N %

Baixo peso

Peso normal

Pré obesidade

Obesidade

Total

7 3,4

126 60,9

36 17,4

38 18,4

207 100,0

Mais de metade das crianças tem peso normal sendo que 35,8% apresenta

excesso de peso (i.e., pré obesidade e obesidade).

Preferências alimentares da criança

Foram avaliadas as preferências alimentares de 220 crianças. Apresentam-

se na tabela 4.9 os valores das estatísticas descritivas do score total das

preferências alimentares. Estes variam entre -23,5 e 46,5, sendo que metade da

amostra se situa entre os valores -0,5 e 12,5 (2º e 3º quartis).

33 Neste capítulo e nos seguintes os termos estado nutricional e IMC serão utilizadas de forma indistinta

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____________________________________________________________________________RESULTADOS

123

Tabela 4.9

Estatísticas descritivas das preferências alimentares das crianças

N 220

Min -23,5

Max 46,5

Média 5,53

DP 9,64

Percentis

25 -,50

50 6,25

75 12,50

A análise de clusters conduziu a três grupos (figura 4.2): o grupo das

preferências alimentares mais saudáveis com 60 crianças (27,3%; �̅�= 14,63;

DP=6,88); o grupo das preferências alimentares médias constituído por 112

crianças (45,5%; �̅�= 5,5; DP=5,76); e o grupo das preferências alimentares menos

saudáveis com 48 crianças (21,8%; �̅�= -5,78; DP=7,68). Os testes exploratórios

para validação dos clusters (ANOVA) confirmaram diferenças entre as preferências

alimentares dos três grupos.

Figura 4.2. Gráfico boxplot dos três grupos de preferências alimentares

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124

Os restantes valores das estatísticas descritivas dos clusters apresentam-se

em anexo (tabela 2 - Anexo E). No gráfico da figura 4.2 constata-se a maior

amplitude no grupo de crianças com as preferências mais saudáveis, embora se

observe que o máximo (46,6) e o mínimo (-9,5) deste grupo são valores isolados,

considerados outliers. Observam-se ainda outras três crianças com valores

considerados discrepantes em relação ao seu grupo.

Tempo de visionamento de televisão da criança

Na tabela 4.10 são apresentados os valores relativos ao tempo de

visionamento de televisão durante os dias úteis e fim-de-semana para 225 casos

válidos.

Tabela 4.10

Tempo de visionamento de televisão nos dias úteis e ao fim-de-semana

Dias úteis Fim-de-semana

Tempo de visionamento de TV

N

%

N

%

0 horas 7 3,1% 2 0,9%

1-2 horas 159 70,7% 68 30,2%

3-4 horas 52 23,1% 106 47,2%

5-6 horas 5 2,2% 37 16,4%

mais de 6 horas 2 0,9% 12 5,3%

Durante os dias úteis a maioria das crianças vê 1 a 2 horas de televisão por dia,

enquanto aos fins-de-semana a maioria vê entre 3 a 4 horas diárias.

Concomitantemente, só 3,1% das crianças visionam cinco ou mais horas diárias de

televisão durante os dias úteis e 21,7% vê o mesmo número de horas ao fim de

semana.

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____________________________________________________________________________RESULTADOS

125

Tabela 4.11

Tempo médio semanal de visionamento de televisão

N %

5 -10 horas 6 2,6%

10,5-20 horas 156 69,6%

20,5-30 horas 52 21,2%

30,5-50 horas 4 1,7%

40,5-50 horas 6 2,6%

Total 224 100%

Na tabela 4.11 encontram-se as frequências e percentagens das crianças por

categoria de tempo médio semanal de visionamento de televisão, cujo método de

cálculo foi já descrita no capítulo anterior. A maioria das crianças vê entre 10,5 e

20 horas semanais, ultrapassando os valores desejáveis (i.e., máximo de 1 a 2

horas por dia). Cerca de 21% de crianças vê entre 20,5 a 30 horas por semana. As

categorias de maior e menor tempo médio de visionamento têm exatamente o

mesmo número de crianças (2,6%).

Estilos parentais

O questionário utilizado para avaliação dos estilos parentais relacionados

com a alimentação permite o cálculo dos valores correspondentes a duas

dimensões parentais: exigência (i.e., definição e supervisão do cumprimento de

regras que os pais impõem consistentemente à criança relativas aos

comportamentos alimentares) e responsividade (i.e., promoção da individualidade

da criança dando apoio e sendo sensível às suas necessidades e exigências). A

partir dos valores obtidos nestas duas dimensões é identificado o estilo parental.

Apresentam-se na tabela 4.12 os valores das estatísticas descritivas relativas à

exigência e responsividade parentais.

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126

Tabela 4.12

Estatísticas descritivas das dimensões parentais

Exigência Responsividade

N 224 224

Mínimo 1,53 0,66

Máximo 4,74 1,59

Média 2,77 1,05

DP 0,55 0,15

Tendo em conta que a exigência parental pode assumir valores entre 0 e 5,

a média desta amostra está próximo do valor médio da cotação do questionário. Os

valores mínimo e máximo mostram uma amplitude elevada. A responsividade

pode assumir valores entre 0,2 e 5. Considerando o máximo e mínimo assim como

a média, verifica-se uma tendência para valores baixos de responsividade parental.

A partir destas duas dimensões, os pais foram classificados em uma das

quatro tipologias de estilos parentais relacionados com a alimentação.

Apresentam-se na figura 4.3 o gráfico das percentagens de pais em cada estilo

parental.

Figura 4.3. Gráfico de percentagens de pais por estilo parental alimentar

30,5%

15,2%

36,3%

17,9%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

40,0%

Autoritário Orientador Permissivo Não Envolvido

Estilo Parental Alimentar

N=68 N=34 N=81 N=40

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____________________________________________________________________________RESULTADOS

127

Constata-se que um maior número de pais apresenta um estilo permissivo,

com uma percentagem ligeiramente superior à dos pais com estilo autoritário.

Estas categorias apresentam cerca do dobro de pais do que as dos estilos

orientador e não envolvido.

Conhecimento nutricional

Apresentam-se na tabela 4.13 os valores das estatísticas descritivas para os

resultados do conhecimento nutricional.

Tabela 4.13

Estatísticas descritivas do conhecimento nutricional

N 219

Mínimo 7

Máximo 44

Média 30,12

DP 6,69

Percentis

25 25

50 31

75 35

A média de conhecimento é razoável com uma larga amplitude de valores.

Metade dos pais apresenta valores de média entre os 25 e 35. Com conhecimento

nutricional inferior a 25 encontram-se 25% dos sujeitos, e uma percentagem igual

apresenta um conhecimento superior a 35.

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128

A partir dos scores finais no questionário foi feita a análise de clusters em

três grupos de conhecimento nutricional: mais elevado, médio e mais baixo (figura

4.4).

No grupo com conhecimento nutricional elevado situam-se 35,6% dos pais,

com valores máximos e mínimos de 34 e 44 (�̅�=36,51; DP=2,17). A maioria dos

pais tem um conhecimento médio com valores entre 22 e 33 (52,3%; �̅�=28.58; DP=

2,96). Só 12,2% têm um conhecimento baixo, com valores que oscilam entre 7 e 21

(�̅�=14,9; DP= 6,18), sendo neste grupo que a variância e o desvio padrão

apresentam um valor mais elevado. Os testes exploratórios para validação dos

clusters (ANOVA) confirmaram que há diferenças entre os graus de conhecimento

nutricional dos três grupos. Os restantes valores das estatísticas descritivas dos

três grupos são apresentadas mais detalhadamente na tabela 3 do Anexo E.

Perceção parental de peso da criança

Apresentam-se na tabela 4.14 os valores dos 195 casos válidos relativos à

avaliação da perceção parental de peso do filho (i.e., peso a menos, peso normal e

Figura 4.4. Gráfico boxplot dos cluters do conhecimento nutricional

parental

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____________________________________________________________________________RESULTADOS

129

peso a mais, para a idade e altura da criança), relativos a cada uma das categorias

de IMC da criança.

Tabela 4.14

Perceção parental de peso por categoria de IMC da criança

Perceção parental de peso

Peso a menos Peso normal Peso a mais Total

N % N % N % N %

IMC da

criança

Baixo peso 0 0,0% 5 100% 0 0% 5 100%

Peso normal 19 16,1% 90

76,3% 9 7,6% 118 100%

Pré-obesidade 1 2,8% 34 94,4% 1 2,8% 36 100%

Obesidade 1 2,8% 31 86,1% 4 11,1% 36 100%

Verifica-se que enquanto a totalidade dos pais das crianças com baixo peso

sobreavalia o peso da criança, a maioria dos pais de crianças pré-obesas (97,2%) e

obesas (88,9%) subavaliam o peso do seu filho. O mesmo já não acontece com os

pais das crianças normoponderais, dos quais só 23,7% têm uma perceção errada

do estado nutricional da criança.

A variável perceção de peso foi posteriormente convertida numa variável

dicotómica (perceção correta e incorreta) com vista a estudos posteriores. A

percentagem de pais nas duas categorias é semelhante (tabela 4.15), sendo que no

grupo que avalia incorretamente, a maior parte subavalia o peso da criança.

Tabela 4.15

Perceção parental de peso nas categorias correta e incorreta

N %

Perceção incorreta de peso 100 51,3%

Subestimação 86 44,1%

Sobrestimação 14 7,2%

Perceção correta de peso 95 48,7%

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130

Preocupação parental com o peso da criança

Na tabela 4.16 apresenta-se a distribuição dos pais pelas cinco alternativas

de resposta para a preocupação parental com o peso da criança, a atribuição de

autoeficácia na promoção de uma alimentação saudável do filho e a atribuição de

controlo sobre o que a criança ingere.

A maior parte dos pais situa-se nas categorias de preocupação média e

baixa, sendo a categoria mais escolhida correspondente a pais que se preocupam

poucas vezes com o peso do seu filho (29,9%), embora 19,1% dos pais esteja quase

sempre ou bastantes vezes preocupado com o peso da criança.

Tabela 4.16

Preocupação parental, atribuições parentais de autoeficácia e de controlo

Preocupação Autoeficácia Controlo

N % N % N %

Quase sempre 23 10% 97 42% 37 17,0%

Bastantes vezes 21 9,1% 82 35,5% 137 61,0%

Às vezes 62 26,9% 42 18,2% 41 18,0%

Poucas vezes 68 29,6% 7 3% 10 3,5%

Nunca 53 23,0% 0 0% 1 0,5%

NR 4 1,3% 3 1,3% 5 2,2%

Total 231 100% 231 100% 231 100%

Atribuição parental de autoeficácia na promoção de uma alimentação

saudável da criança

A maioria dos pais tem uma atribuição de autoeficácia elevada (tabela 4.16). Esta

tendência traduz-se pela categoria quase sempre ser a mais escolhida e ainda pelo

facto de 77,5% dos pais responder que se sente quase sempre ou bastantes vezes

capaz de fazer com que o filho tenha uma alimentação saudável. Apenas 3%

respondem poucas vezes e nenhum pai responde nunca.

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____________________________________________________________________________RESULTADOS

131

Atribuição parental de controlo sobre o que a criança come

Observou-se (tabela 4.16) uma tendência para valores elevados, sendo que 78%

dos pais afirma que controla quase sempre ou bastantes vezes o que a criança come,

embora 18% dos pais considera que só às vezes consegue exercer este controlo.

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132

4.1.2. Resultados relativos aos objetivos 1 a 7

Objetivo 1 - Explorar a relação dos hábitos alimentares com as

características da criança: sexo, preferências alimentares e tempo de

visionamento de televisão.

São apresentados em anexo os estudos de normalidade das variáveis

(tabela 4 - Anexo E) e os dados relativos ao cruzamento dos hábitos alimentares

com as restantes variáveis da criança (tabelas 5 a 16 – Anexo E).

Hábitos alimentares e sexo da criança. Os hábitos alimentares não

apresentaram relações significativas com o sexo da criança (2= 2,627, p= 0,269).

Os valores do teste t confirmam que não existem diferenças significativas entre os

dois sexos (tabela 4.17).

Tabela 4.17

Teste de independência dos hábitos alimentares em relação ao sexo da criança

Teste de Levena para igualdade de variâncias

Teste t para igualdade de médias

F p t gl P

bilateral Diferença entre

as médias

Variâncias iguais assumidas

,669 ,414 ,101 193 ,920 -,088

Variâncias iguais não assumidas

,813 192,778 ,919 -,088

Hábitos alimentares e preferências alimentares da criança. O estudo com os

valores contínuos destas variáveis determinou um coeficiente não significativo

(rs=0,089, p=0,219), confirmando que estas variáveis não se correlacionam.

Hábitos alimentares e tempo de visionamento de televisão. Na tabela 4.18

apresentam-se os valores do teste de correlação dos hábitos alimentares com o

tempo de visionamento de televisão (ao fim de semana, nos dias úteis e tempo

médio semanal).

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____________________________________________________________________________RESULTADOS

133

Tabela 4.18

Correlações entre o tempo de visionamento de televisão e os hábitos alimentares

rs

p

Tempo médio semanal de visionamento de TV

-0,211 0,003

Tempo visionamento TV dias úteis

-0,168 0,018

Tempo visionamento TV fim-de-semana

-0,207 0,003

Confirma-se que os hábitos alimentares estão inversamente

correlacionados com o tempo médio semanal de visionamento de televisão.

Apresentam-se também inversamente correlacionados com o tempo de

visionamento de televisão durante o fim-de-semana e durante os dias úteis.

Objetivo 2 - Explorar a relação dos hábitos alimentares da criança com as

características parentais: demográficas, estilo parental, conhecimento

nutricional, preocupação com o peso da criança, atribuições de controlo e

autoeficácia e perceção parental de peso

Hábitos alimentares e variáveis demográficas dos pais. Não foram encontradas

relações significativas entre os hábitos alimentares e a escolaridade (rs = 0,086, p=

0,055), profissão (2= 14,986, p= 0,059) e idade dos pais (rs = 0,086, p= 0,231).

Hábitos alimentares da criança e estilo parental. Para testar esta relação

começou-se por avaliar a correlação entre os hábitos alimentares e as duas

dimensões que definem os estilos parentais: exigência e responsividade.

Utilizaram-se testes paramétricos e não paramétricos em função da distribuição

das variáveis (tabela 4 - Anexo E). Foi encontrada uma correlação fraca e

significativa entre os hábitos alimentares e a responsividade (r=0,188, p=0,008),

permitindo concluir que existe uma tendência para que a qualidade dos hábitos

alimentares aumente com a responsividade parental. Em relação à exigência a

correlação não foi significativa (rs=-0,074, p=0,301).

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134

O estudo da relação entre os hábitos alimentares e as tipologias dos estilos

parentais (i.e., autoritário, orientador, permissivo e não envolvido) permite

concluir que estas variáveis não apresentam uma associação significativa

(2=10,088, p= 0,121).

Hábitos alimentares da criança e conhecimento nutricional parental. Existe

uma correlação fraca mas significativa entre estas duas variáveis (rs=0,160,

p=0,026), confirmando uma tendência para que quanto maior o conhecimento

nutricional dos pais, melhores os hábitos alimentares dos filhos.

Hábitos alimentares da criança e preocupação parental com o peso da

criança. O estudo de correlação com as cinco categorias de preocupação parental

resultou num coeficiente baixo e não significativo (rs=-0,092, p=0,196), permitindo

concluir que estas variáveis não estão correlacionadas.

Hábitos alimentares da criança e atribuição de autoeficácia parental para

promover uma alimentação saudável do filho. A correlação entre o hábitos

alimentares da criança e a atribuição parental de autoeficácia34 é fraca mas

significativa (rs=0,172, p=0,016), confirmando que existe uma tendência para que

quanto maior a atribuição de autoeficácia dos pais, mais saudáveis serão os hábitos

alimentares das crianças.

Hábitos alimentares da criança e atribuição de controlo parental. O valor de

correlação entre a atribuição de controlo parental (em 5 categorias) e o hábitos

alimentares é positivo e bastante significativo (rs = 0,271, p=0,000), permitindo

concluir que existe uma tendência para que quanto maior a atribuição de controlo

parental, mais saudáveis os hábitos alimentares das crianças.

Hábitos alimentares da criança e perceção parental de peso. Para estudar esta

relação começou-se por realizar um teste de associação entre os hábitos

alimentares e a perceção parental de peso (correta e incorreta), sendo o resultado

indicador de que estas duas variáveis são independentes (2=1,657, p=0,437).

34 Para este teste foram consideradas as quatro categorias de autoeficácia parental com frequências superiores a zero (Quase sempre; Bastantes vezes; às vezes; Poucas vezes).

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____________________________________________________________________________RESULTADOS

135

Tabela 4.19

Valores do teste t para comparação dos hábitos alimentares nas categorias de perceção parental de

peso da criança (Correto/Incorreto)

Teste de Levena para igualdade de variâncias Teste t para igualdade de médias

F p t gl P

bilateral Diferença entre

médias

Variâncias iguais assumidas ,465 ,496 ,811 161 ,418 ,750

Variâncias iguais não assumidas ,813 160,888 ,417 ,750

Utilizou-se em seguida o teste de t-student para comparação dos hábitos

alimentares das crianças nos dois grupos de perceção parental de peso (tabela

4.19). Conclui-se que não existem diferenças significativas nos hábitos alimentares

dos filhos nos dois grupos de perceção parental.

Na figura 4.5 apresenta-se um quadro síntese das associações e correlações

entre os hábitos alimentares e as variáveis parentais em estudo.

Figura 4.5. Síntese das relações entre os hábitos alimentares e as variáveis parentais

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136

Resumindo, pode-se concluir que quanto mais elevadas são as atribuições

parentais de autoeficácia e de controlo sobre o que a criança come, melhores os

hábitos alimentares das criança. Paralelamente, os pais com melhores

conhecimentos nutricionais tendem a ter filhos com melhores hábitos alimentares.

Embora os estilos parentais relacionados com a alimentação, como tipologia, não

estejam associados aos hábitos alimentares, a responsividade parental, como

dimensão, está correlacionada com a qualidade dos hábitos alimentares. As

restantes variáveis parentais (i.e., demográficas, perceção parental de peso e

preocupação parental) não mostraram ter uma relação estatisticamente

significativa com os hábitos alimentares da criança.

Objetivo 3 - Identificar as características demográficas e psicológicas (da

criança e dos pais) preditoras dos hábitos alimentares das crianças.

Para a identificação das variáveis preditoras do comportamento alimentar da

criança conduziu-se um ajustamento de um modelo de regressão linear pelos três

métodos de seleção sequencial. Após análise das variáveis excluídas

simultaneamente por todos os métodos, da análise do poder explicativo do modelo

dos vários modelos experimentados (R2 ajustado), e da análise do valor da

variância dos resíduos dos modelos, o modelo final (tabela 4.20), mais

parcimonioso, contempla as seguintes variáveis significativas: responsividade

(correlação positiva), preferências alimentares (correlação positiva), total de

visionamento de televisão (correlação positiva) e atribuição de controlo parental.

O modelo global com estas variáveis é significativo e explica cerca de 18% da

variabilidade dos Hábitos Alimentares.

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____________________________________________________________________________RESULTADOS

137

Tabela 4.20

Modelo de regressão linear (método forward) dos hábitos alimentares

Variável β Erro padrão

de β

B

(coeficientes

standardizados)

t P(t)

Constante do modelo 65,87 3,66 18,01 0,000*

Preferências alimentares 0,115 0,045 0,176 2,543 0,012*

Responsividade 6,072 2,976 0,142 2,040 0,043*

Atribuição controlo parental -2,371 0,589 -0,280 -4,029 0,000*

Total horas TV -0,164 0,059 -0,193 -2,789 0,006*

R=0,442 R2=0,195 R2 ajustado=0,177 (17,7%) F(4, 174)=10,57 P<0,001

* significativo aos níveis de significância de 5% ou 1%

Para uma análise mais detalhada da variável realizou-se o desdobramento

das categorias da atribuição do controlo (i.e., introdução de variáveis indicadoras),

de modo a identificar quais as categorias que contribuem efetivamente para as

diferenças nos hábitos alimentares. Verifica-se que a categoria de controlo Quase

Sempre corresponde a melhores hábitos e as categorias Às vezes, poucas, nunca têm

um coeficiente negativo, o que corresponde a valores de hábitos significativamente

mais baixos. A categoria da dimensão do Controlo Bastantes vezes está associada

aos valores mais medianos, dentro da amplitude total observada.

Objetivo 4 - Estudar as relações entre o conhecimento nutricional e as

características parentais (demográficas, estilo parental, preocupação e

atribuições de controlo e autoeficácia).

Os dados referentes ao cruzamento do conhecimento nutricional com as

variáveis parentais e os valores detalhados dos testes de comparação de grupos

são apresentados no Anexo E (tabelas 17 a 23).

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138

Conhecimento nutricional e idade parental. Considerando os 210 casos válidos

e utilizando as oito categorias inicias da idade do adulto encontrou-se uma

correlação positiva fraca (rs=0,196) entre a idade dos pais e o conhecimento

nutricional parental, a um nível de significância de 5%.

Com o intuito de conhecer melhor a relação entre as duas variáveis aplicou-

se o teste de Man-Whitney para comparar o conhecimento nutricional nos dois

grupos etários. Porque as frequências dos grupos etários superiores e inferiores

eram baixas, e para fortalecer a validade do teste estatístico, as categorias etárias

foram agrupadas em duas (18-34; 34-54), tendo-se excluído o único sujeito do

grupo com idade superior a 65 anos.

Tabela 4.21

Valores centrais do conhecimento nutricional parental das duas categorias de idade do adulto

Idade do adulto N Valor central do conhecimento nutricional

18-34 anos 97 93,94

35-54 anos 112 114,58

Total 209

Na tabela 4.21 apresentam-se os valores centrais para os dois grupos,

tendo-se confirmado que os pais mais novos têm um conhecimento nutricional

significativamente inferior ao grupo etário mais velho (U=4359,500, p=0,013).

Conhecimento nutricional e escolaridade parental. Observou-se uma

correlação bastante significativa (rs=0,370, p=0, 000) entre o conhecimento

nutricional e a escolaridade parental.

Tabela 4.22

Valores centrais do conhecimento nutricional nas categorias de escolaridade

N Valor central do conhecimento nutricional

≥ 9 anos de escolaridade 83 75,06

10-12 anos de escolaridade 79 124,57

<12 anos de escolaridade 60 126,27

Total 222

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139

Para aprofundar o estudo da relação entre o conhecimento nutricional e a

escolaridade dos pais foi utilizado o teste de Kruskal-Wallis (K-W(2) = 34,480;

p=0,000) que confirmou diferenças estatisticamente significativas entre os valores

centrais de conhecimento nutricional nos diferentes níveis escolaridade, os quais

aumentam do menor para o maior grau de escolaridade (tabela 4.22).

Conhecimento nutricional e profissão parental. Encontrou-se uma associação

válida e significativa (2= 31,595, p=0,002) entre o conhecimento nutricional e a

profissão parental.

Tabela 4.23

Valores centrais do conhecimento nutricional nas categorias profissionais do adulto

N

Valor central do conhecimento nutricional

Quadros superiores e dirigentes / Especialistas intelectuais e científicos

24 137,35

Técnicos e profissionais de nível intermédio 21 132,52

Pessoal administrativo e similares 37 127,85

Pessoal de serviços e vendedores 44 88,83

Agricultores, pesca /Operários, artífices / Operadores instalações e máquinas

21 93,64

Não qualificados 27 94,85

Outros 32 64,84

Total 206

O estudo da significância das diferenças entre os valores centrais de

conhecimento nutricional de cada grupo profissional (K-W(6)=36,276; p<0,001)

confirmou que as diferenças são significativas35. Pela análise da tabela 4.23

constata-se que o valor central do conhecimento nutricional diminui com a menor

35 Dado a existência de algumas categorias profissionais com frequências absolutas baixas, as dez categorias profissionais propostas no CPP/2010 foram agrupadas em sete, conforme referido no capítulo 3

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140

especialização profissional, à exceção dos grupos pessoal de serviços e vendedores e

não qualificados.

Os resultados apresentados indicam uma tendência para que os pais com

profissões mais especializadas tenham um conhecimento nutricional mais elevado.

Conhecimento nutricional e estilos parentais. Não foram encontradas

correlações significativas do conhecimento nutricional com a exigência (rs =-0,092;

p=0,180) e a responsividade parental (r =0,094, p=0,169).

Não se observou a associação entre o conhecimento nutricional e os estilos

parentais relacionados com a alimentação (2=8,042, p=0,235).

Conhecimento nutricional e preocupação parental com o peso da criança. O

valor de correlação entre estas duas variáveis é praticamente nulo e não

significativo (rs =0,075, p=0,272).

Conhecimento nutricional e atribuição de autoeficácia parental para

promover uma alimentação saudável do filho. O teste de correlação permitiu

identificar que os pais com maior conhecimento nutricional apresentam uma

atribuição de autoeficácia significativamente mais elevada. (rs = 0,134, p=0,048).

Conhecimento nutricional e atribuição de controlo parental sobre o

comportamento alimentar da criança. O valor de correlação entre estas duas

variáveis (rs =0,236, p= 0,000) é bastante significativo, permitindo confirmar que

quanto maior o nível de conhecimento nutricional parental maior será a atribuição

parental de controlo.

Paralelamente confirmou-se que as diferenças de conhecimento nutricional

nas três categorias de controlo parental são significativas (K-W(2)=12,843;

p=0,002).

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141

A análise dos valores centrais de conhecimento nutricional nas categorias

de controlo parental (tabela 4.24) permite concluir que os pais que consideram ter

frequentemente controlo sobre o que os filhos comem apresentam níveis

superiores de conhecimento nutricional. A categoria de controlo que se distancia

mais das restantes é a correspondente aos pais com menor atribuição de controlo.

Note-se, no entanto, que há mais pais na categoria Bastantes vezes, o que

pode ter algum efeito sobre estas conclusões.

Figura 4.6. Síntese das relações entre o conhecimento nutricional e variáveis parentais

Tabela 4.24 Valores centrais de conhecimento nutricional das categorias da atribuição de controlo parental

Atribuição de controlo parental N

Valor central

Quase sempre

32 122,72

Bastantes vezes

127 108,15

Às vezes, poucas vezes e nunca

47 77,85

Total

206 -

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142

De acordo com a síntese dos resultados apresentados na figura 4.6, pode-se

concluir que o conhecimento nutricional é maior no grupo de pais mais velhos e

com mais anos de escolaridade. Está associado à profissão parental e é superior

nas categorias de maior especialização. Verificou-se também que o conhecimento

nutricional está positivamente correlacionado com as atribuições parentais de

autoeficácia e controlo, mas não está relacionado com o estilo parental alimentar,

com a exigência e a responsividade parental, nem com o grau de preocupação com

o peso da criança.

Objetivo 5. Estudar as relações da perceção parental de peso do filho com o

IMC da criança e com as características demográficas e psicológicas parentais

(conhecimento nutricional, estilo parental, preocupação e atribuições de

controlo e autoeficácia).

Os dados referentes aos cruzamentos da perceção parental de peso com as

restantes variáveis são apresentados no Anexo E (tabelas 24 a 32).

Perceção parental de peso e IMC. O estudo de associação entre a perceção

parental de peso e o IMC da criança revelou que estas duas variáveis se encontram

significativamente associadas (2=94,558; p=0.000).

O resultado do teste Mann-Whitney permite concluir que existem diferenças

bastante significativas no IMC dos dois grupos de perceção de peso (U=2120,500,

p= 0,000), sendo que os indivíduos do grupo da perceção correta têm filhos com

IMC mais baixos do que os do grupo da perceção incorreta (tabelas 33 e 34 - Anexo

E).

Perceção parental de peso e variáveis sociodemográficas. Os resultados dos

testes de associação das variáveis demográficas com a perceção parental do peso

da criança apresentam-se na tabela 4.25.

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143

Tabela 4.25

Valores dos testes de associação da perceção parental de peso com as variáveis sociodemográficas

Variáveis demográficas 2 p

Sexo da criança 0,021 1,000

Idade parental 0,549 0,553

Escolaridade parental 0,510 0,775

Profissão parental 4,366 0,627

Relativamente às variáveis sexo da criança, idade, escolaridade e profissão

parental constata-se que nenhuma delas está significativamente associada à

perceção parental de peso.

Perceção parental de peso e conhecimento nutricional dos pais. Não se

verificaram associações significativas entre a perceção de peso e o conhecimento

nutricional dos pais (2= 3,55; p=0,169).

Na análise do cruzamento destas variáveis (tabela 4.26) verifica-se que o

grupo de pais com perceção correta apresenta uma percentagem inferior de pais

com conhecimento baixo e uma percentagem superior com conhecimento elevado,

em comparação com os pais com perceção incorreta. Prosseguiu-se então com uma

análise comparativa dos dois grupos de perceção. Os resultados (U=4229,50,

Tabela 4.26

Grupos de cruzamento entre a perceção parental de peso e o conhecimento nutricional

Perceção parental de peso

Correta

N (%)

Incorreta

N (%)

Conhecimento nutricional elevado 38(40,9) 33(34,4)

Conhecimento nutricional médio 50(53,8) 50(52,1)

Conhecimento nutricional baixo 5(5,4) 13(13,5)

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144

p=0,532) não confirmaram diferenças significativas de conhecimento nutricional

nas duas categorias de perceção de peso (tabelas 35-Anexo E).

Perceção parental de peso e estilo parental. Não se verificaram diferenças

significativas nos valores da exigência (U=4780,0; p=0,554) e da responsividade

(U=4723,5: p=0,657) nos dois grupos de perceção de peso.

A perceção parental de peso não se revelou associada às tipologias dos

estilos parentais relacionados com a alimentação (2 =0,538; p= 0,911).

Perceção parental de peso e preocupação parental com peso da criança. A

análise do cruzamento destas variáveis (tabela 4.27) permite constatar que os pais

com perceção incorreta estão representados em maior percentagem no nível de

maior preocupação do que aqueles que têm uma perceção correta, passando-se o

inverso na categoria de menor preocupação. Por outro lado contata-se que os pais

com perceção incorreta se distribuem de forma mais ou menos uniforme pelos

vários níveis de preocupação.

Tabela 4.27

Perceção parental de peso por preocupação parental com o peso da criança

Preocupação parental

Perceção parental de peso

Correta Incorreta

N(%) N(%)

Quase sempre / Bastantes vezes 10(10,9) 24(23,8)

Às vezes 29(31,5) 24(23,8)

Poucas vezes 28(30,4) 31(30,7)

Nunca 25(27,2) 22(21,8)

Contudo a perceção parental do peso da criança não está associada à

preocupação parental (2 =5,480; p=0,140) e não se encontraram diferenças

significativas de preocupação parental nas duas categorias de perceção de peso

(U=4100,0 p=0,144; tabela 36 – Anexo E).

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145

Perceção parental de peso e atribuição de autoeficácia parental. O estudo de

associação entre a perceção parental de peso e a atribuição de autoeficácia

parental mostrou que estas duas variáveis não estão associadas (2=4,863;

p=0,088), embora para um nível de significância de 10% essa associação fosse

considerada significativa.

Embora a percentagem de pais na categoria de autoeficácia mais baixa seja

superior nos pais com perceção incorreta (tabela 31 - Anexo E), não se confirma a

existência de diferenças significativas na autoeficácia dos pais em função do grupo

de perceção de peso (U=4296,500, p= 0,327; tabela 37 – Anexo E).

Perceção parental de peso e atribuição de controlo parental. A associação

entre a perceção parental de peso a atribuição de controlo parental sobre a

alimentação da criança é significativa (2 =8,904, p=0,012).

O teste de Man-Whitney (U=3744,0; p=0,022; tabela38 – Anexo E) permite

concluir que existem diferenças significativas nos dois grupos de perceção de peso,

em que o grupo de pais com uma perceção correta apresenta um valor superior de

atribuição de controlo (Tabela 4.28).

Em conclusão, os resultados apresentados relativos à perceção parental de

peso permitem concluir que os pais que têm uma perceção incorreta do peso da

criança têm filhos com o IMC significativamente superior aos filhos dos pais com

uma perceção correta. Os pais com perceção correta atribuem-se maior controlo

sobre os comportamentos alimentares da criança.

A perceção parental de peso não está relacionada com as variáveis

demográficas nem com as restantes variáveis parentais consideradas (i.e.,

conhecimento nutricional, estilo parental e atribuição de autoeficácia e

preocupação).

Tabela 4.28 Valores centrais da atribuição de controlo nos dois grupos de perceção parental de peso

N Valor central da

atribuição de controlo

Perceção parental de peso

Correcta 91 103,18

Incorrecta 99 87,15

Total 190

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146

Objetivo 6. Explorar as relações entre a preocupação parental com o peso da

criança, a atribuição parental de autoeficácia e a atribuição parental de

controlo

Para este objetivo foram estudadas as correlações entre a preocupação

parental com o peso da criança, as atribuições parentais de autoeficácia e de

controlo.

Tabela 4.29

Valores dos testes de correlação entre preocupação parental, atribuição parental de autoeficácia e de

controlo

Preocupação com o

peso

Atribuição de

Autoeficácia

Preocupação com o peso Coeficiente de

correlação1 - -0,248**

Sig. (2-tailed) - 0,000

N - 225

Atribuição de controlo

parental

Coeficiente de

correlação1 -0,208* 0,434**

Sig. (2-tailed) 0,002 0,000

N 224 223

1Correlação de Spearmen; **p< 0,005; * p<0,05

Dos dados apresentados na tabela 4.29 pode-se concluir que a correlação da

preocupação com o peso com a autoeficácia parental é negativa e significativa,

podendo-se concluir que quanto maior a preocupação parental com o peso, menor

a atribuição de autoeficácia.

Verifica-se também que os pais com níveis mais elevados de preocupação se

atribuem menor controlo sobre o que os filhos comem.

Realça-se que os coeficientes de correlação apresentados são baixos,

expressando tendências mas não uma proporcionalidade direta, pelo que haverá

outros fatores que influenciem a relação entre as variáveis.

A correlação entre a autoeficácia e a dimensão do controlo parental é

positiva, moderada e significativa, podendo-se afirmar que os pais com uma maior

atribuição de autoeficácia tenderão a atribuir-se um controlo mais elevado.

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147

Objetivo 7. Explorar a relação do IMC com os hábitos alimentares da criança

e com as características sociodemográficas e psicológicas da criança e dos

pais.

Os dados referentes aos cruzamentos do IMC com as restantes variáveis são

apresentados no Anexo E (tabelas 39 a 50).

IMC e hábitos alimentares. Na análise da distribuição percentual das

crianças (figura 4.7), a comparação dos hábitos alimentares das crianças com peso

normal e pré-obesidade permite constatar que estas têm, no geral, hábitos

alimentares menos saudáveis (i.e., mais crianças com hábitos alimentares piores e

menos crianças com melhores hábitos). Contudo, quando comparamos as crianças

pré-obesas e obesas verifica-se o contrário (i.e., no grupo de obesidade há menos

crianças com hábitos alimentares piores e mais crianças com melhores hábitos).

Contudo, a análise de correlação entre os valores contínuos das duas

variáveis não foi significativo (rs=-0, 105; p=0,208).

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Peso normal Pré-obesidade Obesidade

13,122,9

13,3

52,3

57,1

60

34,620

26,7

Melhores hábitos alimentares

Hábitos alimentares médios

Piores hábitos alimentares

Figura 4.7. Hábitos alimentares nos grupos de IMC

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148

IMC e variáveis sociodemográficas

Não se observou uma associação significativa entre sexo da criança e o IMC (2=

0,370, p= 0,831). As correlações do IMC com a idade parental36 (rs =0,006;

p=0,933) e com a escolaridade parental (rs=-0,036; p=0,594) são fracas e não

significativas. Não se verificou uma associação significativa entre o IMC e a origem

geográfica (2=2,843;p= 0,584) 37.

IMC e características da criança

No que respeita ao tempo médio semanal de visionamento de televisão

concluiu-se que esta variável não está correlacionada com o IMC (rs=-0,088; p=

0,231). A mesma conclusão foi obtida para a correlação entre o IMC e as

preferências alimentares da criança (rs = 0,054; p=0,444).

IMC da criança e características dos pais

O coeficiente de correlação entre o IMC e o conhecimento nutricional não é

significativo (rs = - 0,126; p=0,078), o mesmo sucedendo com a preocupação

parental (rs = 0,037; p= 0,597), a atribuição de controlo parental (rs = 0,072; p=

0,309) e a atribuição de autoeficácia (rs = -0,043; p= 0,541).

Relativamente aos estilos parentais começou-se por avaliar a correlação

entre o IMC e as duas dimensões parentais, tendo-se obtido correlações não

significativas tanto para a responsividade (r=0,050, p=0,480) como para a

exigência parental (rs=-0,085, p=0,230). Também as tipologias de estilos parentais

(i.e.,, autoritário, orientador, permissivo e não envolvido) não apresentam uma

associação significativa com o IMC (2=2,676;p=0,848).

36 Idade parental nas oito categorias iniciais 37 Com a origem geográfica em três categorias: portuguesa, Africana e outra

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____________________________________________________________________________RESULTADOS

149

Dos resultados apresentados conclui-se que o IMC não apresenta relações

significativas com nenhuma das variáveis em estudo, à exceção da perceção

parental de peso já analisada a propósito do objetivo 5.

4.2. Resultados relativos às significações parentais relacionadas com a

alimentação infantil

4.2.1. Caracterização sociodemográfica e grupos de comparação

O estudo qualitativo tem como objetivo explorar as significações parentais

relacionadas com a alimentação infantil (objetivos 8 e 9). Assim, após a

caracterização da amostra serão apresentadas as categorias identificadas para os

temas das significações parentais. No final serão identificadas as principais

diferenças entre as significações dos pais com filhos com peso normal e com

excesso de peso, e também entre os pais de filhos com os melhores e com os piores

hábitos alimentares.

Apresentam-se na tabela 4.30 a caracterização sociodemográfica dos 26

pais entrevistados e dos seus filhos. A distribuição das crianças e pais pelas

características sociodemográficas não apresenta dados a salientar

comparativamente à amostra original, à exceção de um maior número de crianças

do sexo feminino do que masculino e de um número elevado de pais em profissões

não qualificadas e um número baixo de pais Pessoal de serviços e vendedores.

Dos 26 pais entrevistados 10 têm filhos com excesso de peso e 16 têm filhos

com peso normal. Relativamente aos hábitos alimentares 11 pais têm filhos com

melhores hábitos e 7 têm filhos com piores hábitos alimentares.

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__________________________________________DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

150

Tabela 4.30

Caracterização sociodemográfica dos pais entrevistados e respetivos filhos

Caracterização da criança

Sexo N

Feminino 11

Masculino 15

Restrição alimentar

Não 25

Sim 1

Caracterização dos entrevistados

Parentesco do entrevistado com a criança N

Mãe

23

Pai 2

Outro 1

Idade do adulto

25-34 15

35-44 11

Anos de escolaridade do adulto

5-9 anos 7

10-12 anos 11

Mais de 12 anos 8

Origem dos avós

Portuguesa ou predominante portuguesa 22

Africana ou predominante africana 3

Profissão /Ocupação do entrevistado

Quadros superiores e dirigentes 1

Especialistas intelectuais e científicos 5

Técnicos e profissionais de nível intermédio 3

Pessoal administrativo e similares 6

Pessoal de serviços e vendedores 1

Operários e artífices 1

Operadores de instalações e máquinas e trabalhadores da montagem 2

Trabalhadores não qualificados 9

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____________________________________________________________________________RESULTADOS

151

4.2.2. Apresentação dos resultados relativos aos objetivos 8 e 9

Objetivo 8 - Identificar as significações parentais sobre a alimentação

infantil, especificamente as relacionadas com os seguintes temas:

determinantes de uma alimentação e peso saudáveis, determinantes das

preferências alimentares, influência parental nas preferências alimentares,

consequências de uma alimentação e peso saudáveis, barreiras e estratégias

parentais para uma alimentação saudável e modelos parentais explicativos

do desenvolvimento dos comportamentos alimentares saudáveis da criança.

Significações parentais relativas aos determinantes da alimentação saudável

da criança. Foram identificadas sete categorias de significações parentais relativas

aos determinantes da alimentação da criança. As categorias, as respetivas

definições e os exemplos são apresentados na tabela 4.31. Entre os determinantes

inatos ou intrínsecos à criança encontram-se duas categorias: as preferências

alimentares e outros fatores (orgânicos ou psicológicos). No grupo dos

determinantes adquiridos, que refletem a influência do meio no comportamento

alimentar da criança, os pais referiram fatores culturais, parentais (i.e.,

comportamentos intencionais dos pais), imitação de pares ou outros modelos

(modelagem), publicidade/ marketing e as refeições na escola.

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_____________________________________________________________________________________________________DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

152

Tabela 4.31 Definições das categorias relativas às significações parentais sobre determinantes da alimentação saudável da criança

TEMA: DETERMINANTES DA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL DA CRIANÇA

Categorias Definição Exemplos de unidades de registo

Determinantes inatos/intrínsecos à criança

Preferências

alimentares

inatas/intrínsecas

à criança

Preferências ou aversões por determinados alimentos ou grupo

de alimentos, intrínsecas à criança.

"Há coisas que já nascem connosco, que já são uma referência. Há coisas que eles não experimentam, olham, não põe sequer à boca e dizem que não gostam, há coisas que nunca provaram e que dizem que gostam." "Eu, em relação ao meu filho, sinto alguma dificuldade em fazê-lo experimentar algumas coisas. Ele tem uma resistência muito grande àquilo que não conhece. E por isso demorei muito a introduzir algumas frutas porque ele se recusava simplesmente a experimentar, e pronto" "Acho que vai da própria criança, há crianças que não gostam de chocolates, outras que não gostam de leite ou de iogurtes. Às vezes os pais insistem para eles comerem e eles não comem." "Eu acho que a alimentação saudável era a gente dar de tudo um bocadinho no dia-a-dia, só que infelizmente eles não querem. A minha B. não gosta de alface, o P. não gosta de couves, a B. não gosta de leite, o P. não gosta de batatas cozidas."

Outros Fatores orgânicos e psicológicos considerados como intrínsecos

à criança (e.g., doença, capacidades cognitivas para

compreender, personalidade).

"Ele tem tendência para fazer muitas amigdalites. Quando começa já sei: “ lá vamos nós, não vai comer nada“, e não consigo que ele coma nada de jeito. Isto é frequente" "Porque a gente também tem de compreender que ele agora tem uma idade que não percebe certas coisas, e que depois com o desenvolvimento, ele vai perceber, vai ter outros conhecimentos, vai-se alimentando melhor." "Se for uma criança que tenha um bom raciocínio, ajuda um bocadinho, basta falar com ele, ou vê qualquer coisa na televisão que ele consiga perceber que facilita as coisas aos pais, é normal. Agora se for uma criança com pouco raciocínio, claro que as coisas são mais complicadas, lá vai entrar naquela história das coisas de que ela gosta e as birras que vai fazer à volta disso" “Há crianças mais difíceis, algumas usam as refeições para contrariar, ou para fazer braço de ferro com os pais. É mesmo deles e depois mantêm a mesma teimosia de que não querem isto ou aquilo. Há miúdos que com isto acabam sempre por comer a mesma coisa, tipo hambúrguer todos os dias. ”

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_____________________________________________________________________________________________________________________________________RESULTADOS

153

Tabela 4.31 (cont.)

Definições das categorias relativas à perceção parental dos determinantes da alimentação e peso saudável da criança

Categorias Definição Exemplo de unidades de registo

Determinantes adquiridos

Culturais/Exposição Alimentação influenciada pela passagem geracional de

hábitos e tradições alimentares, através do contacto

com a família alargada ou com outros agentes de

socialização. Inclui a influência da exposição aos

alimentos desde que não seja referida como um modo

intencional por parte dos pais para a promoção de

comportamentos alimentares específicos.

"Se calhar as pessoas que estão mais próximas de nós, e aquilo que elas nos passaram, influenciam o que nós damos aos nossos filhos." "As crianças que se transformam em adultos normalmente levam os hábitos que têm de casa. É importante ter esta alimentação equilibrado por causa disto. Eles ganham autonomia mas existe uma base que se conserva" " "Isso depende dos pais, e principalmente de quem cozinha, da pessoa que cozinha. Do que gostam ou não gostam, vai dos pais, não tem nada a ver com a televisão nem com eles próprios. Quem cozinha está habituada a comer aquilo, e normalmente fazem porque acham que é melhor."

Parentais Comportamentos intencionais dos pais para

promoverem/modificarem certos comportamentos

alimentares. A influência parental é referida de um

modo geral ou mencionando estratégias parentais

específicas. Inclui a exposição intencional a

determinados alimentos.

"Também vai dos pais incentivarem a comer certos alimentos, de os servirem ou levarem a criança a comer menos." "Acho que o exemplo tem de vir sempre de casa. Nós não podemos dizer «Não faças» e depois sermos os primeiros a fazer." "Ele é extremamente olfativo, cheira tudo, qualquer coisa mete no nariz para ver como cheira, e a cozinha para ele, a preparação dos alimentos é uma coisa fascinante, portanto de nós queremos que ele coma é “vem fazer o jantar”, o estar a mexer, a fazer, a amassar, fica motivado e gosta de provar" "Eu costumo perguntar “como é que se sentem depois de comerem aquilo que se calhar não faz tão bem?” Acho que eles acabam por valorizar aquilo que o pai e a mãe dizem. "Ouço as pessoas queixarem-se que não é possível fazer porque não têm tempo. Eu não, porque tento arranjar sempre tempo para que tenham uma alimentação saudável. Mesmo quando estava a trabalhar, às vezes já eram 5 da manhã e já estava a fazer comidinha, para ficar tudo pronto. Eu acho que depende das pessoas e da forma como encaram a saúde dos filhos, o bem-estar dos filhos." "Eu agora comecei a criar regras e resulta porque ela já não come tanto aos lanches." "Temos de ter um diálogo com eles, para que os filhos quando podem escolher o que comem pensem «espera lá, que os meus pais não querem que eu coma assim» ". "Os pais têm de estar atentos ao que a criança gosta mas ir-lhe dando outros alimentos para eles se habituarem."

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_____________________________________________________________________________________________________DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

154

1 2

Tabela 4.31 (cont.) Definições das categorias relativas às significações parentais sobre determinantes da alimentação saudável da criança

Categorias Definição Exemplos de unidades de registo

Determinantes adquiridos (cont.)

Modelagem A motivação para comer determinados

alimentos e recusar outros é influenciada pela

imitação dos pais, dos pares ou de outros

modelos.

"Se comermos e eles nos virem a comer pode resultar. Depois há aquela expectativa de provarem e até resulta!" "Devem dar o exemplo, porque uma coisa é comerem de forma variada e darem o exemplo e outra é dizerem aos miúdos para comerem isto ou aquilo quando eles só comem o que não devem." "Ela tinha experimentado o kiwi e não gostou, e depois começou, os irmãos pegam e comem, e ela lá começou a interessar-se." "Ele vai a casa dos colegas e vê-os a comer coisas diferentes e depois vem para casa e diz para eu fazer igual."

Publicidade Alimentação determinada e influenciada pelo

marketing e publicidade. Inclui referências da

impotência dos pais face aos pedidos dos

alimentos publicitados.

Eles às vezes insistem tanto e a publicidade é tanta que nós acabamos por deixá-los comer." "A publicidade influencia pela negativa, eu acho que eles deviam influenciar para as coisas que eles deviam comer: as sopas, os legumes, as frutas, entre outras, mas não há publicidade para isso!" "Reclames que ele presta mais atenção, que chamam mais à atenção, há aqueles bonecos, depois querem tudo desses bonecos de que gostam. Isso já tem muito a ver com o marketing da televisão, que sempre teve muito peso nisto."

Refeições na escola

Os hábitos alimentares adquiridos na escola

influenciam a alimentação infantil ao longo do

tempo. Inclui referências ao fato de na escola

as crianças serem obrigadas (não terem

alternativas) a comer alimentos saudáveis

como um determinante de alimentação

saudável.

Às vezes não é nada fácil. Na escola é mais fácil. Ele quando está na escolinha tem as suas ementas e, desde que veio para aqui (escola), ele nunca teve problemas em comer o que lhe dão". "A escola tenta ajudar também, impondo pratos, eles todos os dias têm um prato diferente e têm de ser muito criativos para fazer pratos diferentes todos os dias. Ao irem impondo determinados pratos vão ajudando. Não se trata de obrigar, trata-se de adequar." "Ele vai ganhando gostos diferentes. Atualmente não gosta muito de fruta, espero que com o tempo ele passe a gostar mais e não coma só maçãs, que ele desde que anda aqui (escola) já come outras frutas. Em casa é sempre mais difícil que ele coma fruta."

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___________________________________________________________________________RESULTADOS

155

Apresenta-se na figura 4.8 as frequências absolutas das unidades de registo

de cada categoria.

Salienta-se que muitos pais atribuem a si próprios e às estratégias que

utilizam um papel determinante na alimentação dos filhos. O segundo fator mais

mencionado são as preferências alimentares inatas/intrínsecas à criança, A

passagem geracional de hábitos alimentares é também verbalizada com alguma

frequência.

Embora não sendo dos determinantes mais referidos, alguns pais

verbalizam a importância das refeições na escola e vêm-nas como uma forma de

aquisição de hábitos alimentares saudáveis que, em alguns casos, os próprios pais

não conseguem incutir nos filhos (“que ele desde que anda aqui (escola) já come

outras frutas. Em casa é sempre mais difícil que ele coma fruta”).

Salienta-se que quando os pais falam de alimentação saudável estão

principalmente centrados no tipo de alimentos ingeridos. Poucos referem a

quantidade, a variedade de alimentos (“Há miúdos que com isto acabam sempre por

comer a mesma coisa, tipo hambúrguer todos os dias”), ou ainda a segurança

alimentar (“Nem sabemos o que damos às crianças. Com as coisas que eles põem,

aditivos e outros produtos químicos) ”.

17

13

11

9

8

7

6

Parentais

Prefer. alim. Inatas/intrísecas à criança

Culturais

Publicidade

Modelagem

Refeições escola

Outros inatos

0 5 10 15 20

Unidades de registo

Figura 4.8. Categorias das significações parentais relativas aos determinantes de uma alimentação

saudável da criança – frequências absolutas das unidades de registo por categoria.

Nota. Total = 71 de unidades de registo

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156

Significações parentais relativas aos determinantes das preferências

alimentares das crianças. Relativamente às significações dos pais relacionadas

com os determinantes das preferências alimentares das crianças foram

identificadas cinco categorias (tabela 4.32). Para além de uma categoria de

determinantes inatos (genéticos ou intrínsecos à criança) foram identificados

quatro categorias de determinantes adquiridos: modelagem, estratégias parentais,

exposição a alimentos e outros (i.e., fatores ambientais não incluídos nas

categorias anteriores).

Tabela 4.32 Definições das categorias relativas às significações parentais sobre os determinantes das preferências alimentares da criança

Categorias Definição Exemplos de unidades de registo

Determinantes inatos Preferências alimentares

vistas como sendo

determinadas por fatores

genéticos e/ou intrínsecos

à criança.

"Eu acho que isso é um bocado difícil, a criança tem sempre a sua vontade própria, não é? Pode-se adaptar ao alimento, pode ingeri-lo de vez em quando, mas não quer dizer que passe a gostar." "Quer dizer, nós podemos tentar e incutir neles essa ideia de comerem menos doces ou mais vegetais mas é difícil, porque às vezes já vai mesmo deles."

Determinantes adquiridos

Modelagem Preferências alimentares

resultam da imitação dos

pares e pessoas próximas à

criança

"Algumas crianças nem pedem guloseimas, mas depois na escola há miúdos que levam coisas dessas todos os dias e eles vão comendo e passam a gostar" "Há crianças que nem sequer gostam de experimentar. Mas eu acho que se os pusermos a comer o mesmo tipo de comida em conjunto, porque eles veem os outros a comer e mesmo quando eles até eventualmente não gostam daquilo, eles fazem um esforço e acabam por comer." "Eu estou farta de pensar porque é que ela não gosta de banana, mas começo a pensar e eu também não gosto de banana. Até que ponto o facto de eu não comer não a influência também a ela?" "Eu tento, tento e resulta porque até o facto de eu não gostar de certos alimentos a influência. Não é que eu seja um bom modelo, mas ajuda."

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___________________________________________________________________________RESULTADOS

157

Tabela 4.32 (cont.) Definições das categorias relativas às significações parentais sobre os determinantes das preferências alimentares da criança

Categorias Definição Exemplos de unidades de registo

Determinantes adquiridos (cont.)

Estratégias parentais Preferências alimentares

são impostas ou

determinadas por ações

intencionais ou dirigidas

dos pais ou cuidadores das

crianças, à exceção da

exposição aos alimentos.

"Há coisas que resultam, se nós insistirmos de uma forma diferente ou de outra maneira a criança acaba por gostar." "Pode-se explicar à criança porque se deve comer apesar de ela não gostar. A minha experiência é que isso resulta." "Começa a gostar mais, desde que tenhamos o cuidado de lhe dar o alimento com o sabor mais natural possível, desde que não esteja alterado por temperos." " É tentar variar o mais possível, é tentar fazer com que as comidas sejam o mais frescas possível, e isso vê-se no aspeto e nas cores dos pratos e isso influencia as preferências."

Exposição a alimentos Preferências são adquiridas

através da exposição

repetida de alimentos.

"Eles gostarem ou não tem tudo a ver com os hábitos que se incutem e com aquilo que estão habituados a comer em casa." "Se estiverem expostas aos alimentos, as crianças vão gostar, vão querer aquilo." "Eu acho que o hábito visual também ajuda, mesmo que não os obriguemos a comer habituam-se a ver e acabam por gostar" "Se houver uma tendência para repetir um determinado tipo de comida mais vezes, é claro que vai preferir aquilo e não vai querer tanto as outras variedades." "Se calhar eu própria pus poucas vezes, quando ela era pequenina e por isso influenciei o que ela gosta e come atualmente."

Na figura 4.9 apresentam-se as frequências das unidades de registo das

categorias relativas aos determinantes das preferências alimentares. As muitas

referências à exposição mostram que os pais atribuem importância a este fator

como determinante das preferências e aversões alimentares da criança. Contudo a

exposição é descrita pela maioria dos pais como uma associação que estes

identificam e não como uma estratégia que utilizem. As categorias relativas a

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158

estratégias intencionais dos pais, à modelagem e aos fatores inatos apresentam

frequências iguais entre si.

Significações parentais relativas ao grau de influência dos pais sobre as

preferências alimentares. As respostas dos pais consideradas para esta análise

permitiram identificar três categorias que refletem graus progressivos de controlo

que os pais se atribuem sobre as preferências alimentares dos seus filhos (tabela

4.33).

Tabela 4.33 Definições das categorias relativas às significações parentais sobre o grau de influência dos pais nas

preferências alimentares da criança

Categorias Definição Exemplos de unidades de registo

Predomínio da

influência

parental

Pais consideram ter influência e

serem o fator determinante das

preferências alimentares dos

filhos. Inclui também os pais

que se veem como capazes de

ultrapassar eficazmente os

problemas criados pelas

preferências alimentares da

criança.

Eu acho que sim, a gente consegue. Eu acho que, nestas idades, a gente ainda consegue manobrar as preferências. Tento explicar que aquilo faz bem." "Eu acho que sim, somos nós que cozinhamos. Pode-se influenciar na maneira de confecionar, na maneira de apresentar. Há pratos engraçados, contar histórias, há sempre aquelas artimanhas que se podem utilizar para eles comerem alimentos que gostam menos."

Figura 4.9. Categoria das significações parentais relativas aos determinantes das preferências

alimentares das crianças - frequências absolutas das unidades de registo por categoria

Nota. total = 42 unidades de registo

8

8

18

8

0 5 10 15 20

Modelagem

Estratégias parentais

Exposição a alimentos

Inatos

unidades de registo

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___________________________________________________________________________RESULTADOS

159

Quase todos os pais referem ter um controlo grande ou parcial sobre as

preferências. Só um pai refere não ter qualquer controlo sobre as preferências do

filho (figura 4.10).

8

8

1

0 2 4 6 8 10

Predomínioda influência parental

Influência parental limitada

Impossibilidade de influênciaparental

Unidades de registo

Tabela 4.33 (cont.) Definições das categorias relativas às significações parentais sobre o grau de influência dos pais nas preferências alimentares da criança

Categorias Definição Exemplos de unidades de registo

Influência parental limitada A influência parental nem

sempre tem resultados

diretos nas preferências

alimentares da criança,

conjugando-se com outros

determinantes.

"Tento que ele coma um bocadinho de

tudo, mas eu talvez faça mais aquilo

que ele gosta do que aquilo que ele

não gosta."

"Há coisas que eles não comem

mesmo, mas outras se insistirmos eles

acabam por aceitar"

"Eu acho que isso é um bocado difícil,

a criança tem sempre a sua vontade

própria, não é? Pode adaptar-se ao

alimento, passar a aceitá-lo e ingeri-lo

de vez em quando, mas não é certo

que passe a gostar dele."

Impossibilidade de influência

parental

Pais referem que não têm

controlo sobre as

preferências alimentares.

"O que se influencia é eles comerem

sem criar grandes confusões ou não,

agora as preferências acho que não. Já

vai da pessoa e quando eles não

gostam, já não se faz nada deles."

Figura 4.10. Categorias das significações parentais relativas à possibilidade de influência dos pais sobre preferências alimentares das crianças - frequências absolutas das unidades de registo por categoria. Nota. total = 17 unidades de registo

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160

Significações parentais relativas às consequências da alimentação e peso

saudáveis. A partir da análise de conteúdo das verbalizações dos pais foram

identificadas quatro categorias de consequências psicológicas e seis de

consequências físicas, que se apresentam na tabela 4.34.

Tabela 4.34

Definições das categorias relativas às significações parentais sobre as consequências da alimentação e

peso saudáveis

Categorias

Definição

Exemplos de unidades de registo

Consequências psicológicas Feedback

social

O peso saudável evita situações de

feedback social negativo ou facilita a

integração social da criança.

"Se elas forem obesas vão para a escola, eles gozam uns com os outros e aí vai influenciar o estado psicológico." "Principalmente em rapazes, se houver diminuição física para fazer determinadas atividades, haverá uma dificuldade de integração." "Uma criança que se vê muito gorda e que é gozada pelos colegas e que de repente muda a sua forma habitual e fica «com as curvas no sítio», como eu costumo dizer, eu acho que vai ser muito bom."

Desempenho escolar e concentração

Uma alimentação saudável favorece

um melhor rendimento escolar,

concentração e atenção.

"Se não comer coisas essenciais que lhe façam bem, não tem capacidade de fazer os trabalhos que lhe competem." "E depois também a capacidade de aprendizagem do aluno, a alimentação também tem muita importância. Porque não é só o sono que é importante, mas também o que comem fornece os nutrientes necessários para conseguirem que o cérebro funcione de forma mais produtiva."

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___________________________________________________________________________RESULTADOS

161

Tabela 4.34 (cont.)

Definições das categorias relativas às significações parentais sobre as consequências da alimentação e

peso saudáveis

Categorias

Definição

Exemplos de unidades de registo

Consequências psicológicas (cont.)

Criação de

hábitos

futuros

Uma alimentação saudável no

presente desenvolve e favorece a

criação de bons hábitos alimentares

futuros.

Eu acho que se eles tiverem hábitos alimentares bons e se se habituarem desde pequeninos a aprenderem o que é bom para eles nunca vão perder estes hábitos saudáveis, disso tenho a certeza." "Se virmos os indianos, o picante nem faz mal nenhum! Eu acho que tentamos fazer uma alimentação variada para que eles tenham saúde agora, para que possam experimentar de tudo um pouco e para que, quando forem crescidos, o façam."

Bem-estar

psicológico

A alimentação/peso saudável favorece

o bem-estar psicológico no geral,

incluindo também implicações mais

específicos como a felicidade, a

motivação e a autoconfiança.

"Se ela tiver um peso adequado, acho que ela se vai sentir muito mais feliz ao longo da vida." "Se tiver uma alimentação mais variada, mais saudável, vai ajudar a ter uma vida mais ativa, vai ter mais vontade de pintar e isso, porque aquilo que a gente come também influencia as nossas atividades." "E depois há o fator da pessoa que faz alimentação saudável ter uma aparência física mais cuidada e bonita e sente-se bem com ela própria."

Consequências físicas

Saúde física Alimentação/peso saudável como forma

de promover a saúde de forma geral e/ou

evitar o excesso de peso e a obesidade.

Não é expresso o evitamento de doenças.

"Acho que se eu tiver atenção com a alimentação dele agora, como a minha não teve comigo, como eu estou agora, acho que o meu filho pode vir a ter o mesmo problema que eu, de obesidade." "Uma criança com menos corpo é mais saudável do que uma criança com mais peso." "Ele comendo bem isso vai influenciar vários fatores como a saúde e outras coisas."

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__________________________________________DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

162

Tabela 4.34 (cont.)

Definições das categorias relativas às significações parentais sobre as consequências da alimentação e peso

saudáveis

Categorias Definição Exemplos de unidades de registo

Consequências físicas (cont.)

Evitamento de

doenças

Alimentação/peso saudável como forma

de prevenir ou diminuir a probabilidade

do aparecimento de doenças, no presente

e no futuro.

"A nível de saúde também – uma criança obesa vai ter muitos problemas de saúde, que se vão acumulando – temos os problemas cardíacos, os de gordura, de sangue." " Podem ter algumas doenças por causa dos doces. Ela pode ficar com os dentes todos estragados, ganhar problemas no sangue por causa do excesso de açúcar." "Se vir ai uma criança que tenha 20 ou 15 quilos a mais do que é normal, para começar, tem mais problemas respiratórios como, qualquer pessoa obesa"

Evitamento de

ingestão

nutricional

insuficiente

Alimentação saudável como forma de

evitar a ingestão insuficiente de

nutrientes, o qual torna mais fácil à

criança atingir os objetivos valorizados

pelos pais. São nomeados nutrientes ou

funções / características destes.

Desde muito cedo, as crianças vão construindo as suas reservas de determinados nutrientes essenciais ao organismo a partir da alimentação que elas fazem e vão mantendo essas reservas, ao longo da vida." "Uma criança mais ativa se calhar precisa de mais alimentos energéticos do que uma não tão ativa, por exemplo o caso do meu filho, ele é uma criança que come muito, em quantidade, mas a gente olha para ele e até nem diz. Porque é uma criança que também queima muitas calorias. Ele tem muita energia." "Que ele não seja uma criança com debilidades físicas, por carências de cálcio, de proteínas, de outras coisas. E porque acho que faz parte do desenvolvimento, se ele tiver carências agora, mais tarde, vai tê-las de certeza e será muito mais complicado de resolver."

Energia e

agilidade

motora

Alimentação saudável referida como

fornecedora de energia necessária para a

atividade motora, e/ou o peso normal

referido como facilitador da agilidade e

resistência nas atividades motoras.

"Tem de ter energia durante o dia todo e se não comer coisas essenciais que lhe façam bem, ela também não anda com muita vontade de brincar e interagir no jardim-de-infância." "Uma criança que pese mais do que aquilo que devia, não é uma criança, não vou dizer tão feliz, mas não é uma criança que se consiga movimentar bem. Não consegue correr tão bem como os outros, a brincar queixa-se um bocadinho." “Ele engorda com muita facilidade e eu sei que ele está no percentil mais elevado para a idade. Como ele agora está mais gordinho noto que ele se cansa mais a correr ou a andar depressa do que uma criança que esteja magra."

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___________________________________________________________________________RESULTADOS

163

Tabela 4.34 (cont.)

Definições das categorias relativas às significações parentais sobre as consequências da alimentação e peso

saudáveis

Categorias Definição Exemplos de unidades de registo

Consequências físicas (cont.)

Crescimento Alimentação/peso saudável visto como

promotor do crescimento e

desenvolvimento físico da criança.

"Acima de tudo é dar-lhe alimentos que a ajudem a crescer." "A alimentação saudável é para que eles não tenham problemas de crescimento"

Outras Alimentação/peso saudável como forma de

evitar que a criança passe fome, emagreça

e/ou seja vítima de contaminação

alimentar.

"Porque se a criança não tiver uma alimentação adequada e como deve ser, ou passar fome, a criança não tem forças, começa a emagrecer, começa a não ter vocação para fazer nada…." "Sim, isto a nível de alimentação… o que nós comemos, hoje em dia, tudo leva químicos. E isto vai afetar a criança."

Na figura 4.11 apresenta-se a distribuição de todas as verbalizações

parentais, pelas categorias de significações parentais das consequências de uma

alimentação saudável.

Os pais referem mais as consequências físicas (73% das unidades de

registo) do que as psicológicas. As consequências psicológicas mais valorizadas são

8

21

23

24

37

49

9

24

17

8

0 10 20 30 40 50 60

Outras físicas

Crecimento

Energia/agilidade

Evitamento de ing. nutricional insuf.

Evitamento da doença

Saúde física

Bem-estar psicológico

Hábitos alim futuros

Desempenho escolar

Feedback social

Figura 4.11. Categorias das significações parentais relativas às consequências de

uma alimentação saudável - frequências absolutas das unidades de registo por

categoria

Nota. total = 220 unidades de registo

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164

a aquisição de hábitos alimentares saudáveis no futuro e as capacidades escolares

e de concentração. Embora menos referidas, o evitamento de feedback social

negativo e o bem-estar psicológico da criança são também associados pelos pais à

alimentação e peso saudáveis.

Das consequências físicas, muitos pais referem a saúde física, mas de uma

forma geral e algo vaga, ou focando-se na prevenção da obesidade. Já um número

menor de pais refere o evitamento de doenças específicas.

Alguns pais recorrem aos conceitos de nutriente e de equilíbrio nutricional

quando falam das vantagens de uma alimentação saudável. Certos pais valorizam a

agilidade e energia físicas para as atividades do dia-a-dia. Algumas referências

fazem uma associação da alimentação saudável com o objetivo geral de

crescimento, sem especificar aspetos concretos.

Salienta-se ainda que alguns pais vêm a alimentação saudável como uma

forma da criança não emagrecer nem passar fome. Para além destes pais, constata-

se que as consequências verbalizadas noutras categorias se centram no evitamento

resultante da subalimentação e não da sobrealimentação.

Significações parentais relacionadas com autoeficácia/barreiras a uma

alimentação saudável. As definições das categorias identificadas para as

barreiras verbalizadas pelos pais durante a entrevista apresentam-se na tabela

4.35.

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___________________________________________________________________________RESULTADOS

165

Tabela 4.35 Definições das categorias relativas às significações parentais relacionadas com autoeficácia/barreiras a uma alimentação saudável

Categorias Definição Exemplos de unidades de registo

Contexto

socioeconómico

Limitações económicas e/ou

características dos locais de venda

que dificultam a promoção de uma

alimentação saudável da criança.

Inclui também as dificuldades

geradas pelas condições de trabalho

dos pais.

"Acho que é sobretudo o ser caro, porque um quilo de

carne não é igual a um quilo de peixe. Os legumes, por

exemplo, às vezes não é fácil encontrar as coisas mais

apropriadas."

"Hoje em dia, com a situação que se está a viver, é um

bocadinho complicado ter essa variedade. E então ai já

vai influenciar negativamente a alimentação deles. Vai

haver aquele determinante - escolher esta ou aquela

fruta porque é mais económica - acaba tudo por

influenciar."

"Temos tão pouco tempo para os nossos filhos que

depois lhes acabamos por fazer as vontades todas."

"Eu saio do trabalho, chego a casa, o meu bebé está a

chorar, não há tempo para sentar e comer com o F.

Tenho também que deixar o comer para o meu filho

mais velho quando chega do curso à noite."

Frequência /

tipo de

refeições

Omissão de refeições ou substituição

de refeições por snacks ou alimentos

de saciação rápida.

"Porque ele às vezes come bolachas já em cima das

refeições e depois quando chega à mesa não tem fome."

"Às vezes a gente quer que ela coma o jantar e ela diz

que não quer jantar, quer um prato de Cerelac ou de

Nestum. A gente sabe que o prato de Nestum ou

Cerelac é uma refeição mais para o lanche, mas às vezes

a gente cede só para ela não ir para a cama sem nada no

estômago, como é costume."

Influências

externas

Barreiras relacionadas com a

publicidade e marketing ou com a

influência atual de outras pessoas

que não os pais, como avós, irmãos e

pares da criança.

"Para quem queira seguir um determinado regime

começa a ser mais complicado para os pais, porque

basta um colega trazer não sei o quê e ele diz logo

‹‹porque o outro traz sempre, e come sempre, e eu

não››”.

"Digamos, há coisas que a publicidade diz que a gente

tem de lhes mostrar que não é bem assim. Mas acho

que cada vez temos mais dificuldade em provar, as

coisas são tão bem feitas que às vezes é complicado."

" Eu acho que os avós têm mais tempo para eles e

acabam por lhes fazer mais as vontades. Eu nisto falo

por mim, nós tentamos seguir uma certa regra e depois

vem o avô e destrói a regra toda!"

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166

Na figura 4.12 encontram-se representadas as frequências das unidades de

registo para as categorias relativas às barreiras percecionadas pelos pais.

38 Quando, na verbalização, a pressão da criança é associada às preferências alimentares foi classificada na subcategoria Preferências Alimentares

Tabela 4.35 (cont.) Definições das categorias relativas às significações parentais relacionadas com autoeficácia/barreiras a uma alimentação saudável

Categorias Definição Exemplos de unidades de registo

Preferências

alimentares

Preferência da criança por alimentos

não saudáveis, aversão por alimentos

saudáveis ou por experimentar

alimentos novos.

"A gente também não pode estar a obrigar sempre, não

é que não deva, mas se a gente andar sempre a obrigar,

ele quando chegar ao ponto de ser ele a escolher que

aquilo é que faz bem, ele diz que já está farto, e não

quer."

"O caso dos legumes, as preferências dele, quando ele

não gosta é muito complicado estar a mudá-lo."

Pressão

exercida pela

criança

Efeito aversivo para os pais da

insistência da criança em

comportamentos alimentares que

consideram inadequados. 38

"Ela tem de comer a quantidade que ela come, que ela

quer. Se eu forçar ela vai gritar e é pior. Ela come e

depois diz que não quer mais e não come."

"Acho que, falando por mim, vem de cansaço, vem de

uma certa dificuldade em resistir à pressão que a

publicidade faz, e os miúdos saem connosco ao

supermercado, querem metade dos corredores, porque

o amigo tem, porque há muitas ofertas, tudo tem

brinde, tudo tem brinquedo."

"O D. é muito teimoso, extremamente teimoso e por

vezes desistimos."

Emoções

parentais

Dificuldade parental em concretizar

ações que promovam uma

alimentação saudável devido a

estados emocionais negativos dos

pais (ex.: stress, ambivalência).

"As emoções acabam sempre por influenciar. Se calhar,

se estiver mais chateada tento fazer uma coisa mais

simples e mais rápida para não me estar a chatear, sem

dúvida que isso às vezes acontece."

"Às vezes fico triste, fico aborrecida com ela, fico com

um nó no estômago porque ralho com ela e não gosto

que ela fique assim porque fica triste e enfim. Eu gosto

que a minha refeição seja uma refeição calma e

sossegada"

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___________________________________________________________________________RESULTADOS

167

As barreiras mencionadas abordam aspetos do sistema social bem como

outros mais diretamente relacionados com os pais e com a criança. A barreira mais

referida é a relacionada com as influências externas (e.g., marketing, avós, irmãos,

colegas). Seguem-se o contexto socioeconómico (e.g., dificuldades económicas,

características dos locais de venda e horários de trabalho), a pressão exercida pela

criança, as emoções parentais (e.g., stress, cansaço, ambivalência decisional) e as

preferências alimentares. A frequência/tipo de refeições é a barreira que os pais

menos mencionam.

Significações parentais relacionadas com autoeficácia/estratégias para a

promoção de uma alimentação saudável infantil. A partir das verbalizações

parentais foram identificadas nove categorias de estratégias que os pais utilizam

para promoverem uma alimentação saudável da criança (tabela 4.36).

15

12

11

11

10

3

0 2 4 6 8 10 12 14 16

Influências externas

Contexto socioeconómico

Pressão da criança

Emoções parentais

Preferências alimentares

Frequência/tipo de refeições

Figura 4.12. Categorias das significações parentais relativas às barreiras a uma alimentação infantil saudável - frequências das unidades de registos por categoria - frequências das unidades de registos por categoria Nota. total = 62 unidades de registo

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168

Tabela 4.36 Definições das categorias relativas às significações parentais relacionadas com autoeficácia/estratégias

Categorias Definição Exemplos de unidades de registo

Alteração de

refeições

Preparação dos alimentos de

modo a facilitar a ingestão ou a

torná-los mais atrativos.

"Sim, eles veem o verde, o laranja da cenoura, o roxo da couve…

quer dizer, acho que isso é importante."

"Da forma como o prato está decorado, porque os olhos também

comem um bocadinho. Eu noto pelos meus que quando vêm um

prato diferente, uma estrutura diferente, para eles é tudo uma

novidade e já comem com mais satisfação."

"A sopa se for toda passada já sei que levanta menos problemas,

por isso eu passo mesmo que seja só para ele."

Autogestão da

criança

Deixar a criança escolher as

quantidades ingeridas ou entre

alternativas saudáveis.

"Quando ele quer mais, a gente dá, mesmo que ele não vá comer,

se ele não comer tudo, como já comeu, não faz mal."

"Eu acho que sim, dentro da alimentação, se houver coisas que a

criança não gosta e prefira outras que também sejam saudáveis,

porque não adaptar? Eu acho que temos de ter em consideração

as características da criança. Acho que é importante porque senão

depois ela vai ganhar aversão ao comer."

“Desde que ela era bebé nunca me preocupei muito com as

quantidades. Quando ela pára de comer normalmente já comeu o

suficiente e não é uma criança que coma grandes quantidades.”

“Ele não come muitas porcarias nem grandes quantidades, dá

para o deixar à vontade. E também quando come mais de uma

vez, come menos a seguir”.

Estratégias coercivas Proibir, castigar, insistir

verbalmente, criar regras e/ou

repreender.

"Não resulta com os mais velhos, mas nestas idades eu uso

castigos: ‹‹Se não comes, não sais da mesa, não vais ver televisão,

não vais para aqui nem para ali….››. São as técnicas habituais que

todos os pais praticam, é normal.”

"Em casa, tenho uma rotina. Se não comerem não têm as mesmas

recompensas do que se comerem"

Estratégias de

condicionamento

positivo

Fazer brincadeiras nas

refeições ou associadas ao

alimento. Reforçar a ingestão

de alimentos saudáveis.

Hoje em dia, uma mãe para lhe dar de comer, para conseguir que

ele coma, tem de brincar com ele."

"Se ela estiver a fazer fita, a fazer uma birra para não comer, sou

capaz de mudar a disposição, de forma a que ela fique mais feliz

para comer."

"Eu pessoalmente acho que desde pequenos devemos cultivar a

ideia do mérito ‹‹fizeste bem, vais ter uma recompensa, fizeste

mal, vais ter que fazer melhor para ter uma recompensa”. Isto

também se aplica à alimentação››.

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___________________________________________________________________________RESULTADOS

169

As frequências das unidades de registo para cada categoria de estratégias

parentais são apresentadas na figura 4.13.

Tabela 4.36 (cont.) Definições das categorias relativas às significações parentais relacionadas com autoeficácia/estratégias

Categorias Definição Exemplos de unidades de registo

Dar informação à

criança

Explicar à criança as vantagens de uma

alimentação saudável.

“Para já, continuar a dar os bons conselhos, que eu acho

que nunca são demais. Podem ou não segui-los mas é

continuar a dar as explicações e os conselhos. Acho que

se eles já forem assim desde pequeninos, até podem

mudar mas fica sempre qualquer coisa."

"No fundo é tentar elucidar o que faz mal e o porquê,

por exemplo, as batatas fritas porque são gorduras e isso

implica que se coma poucas vezes."

Influências externas Modelagem e persuasão de terceiros

(familiares ou outros).

"Ainda assim, a pessoa que melhor lhe dá a volta é o

irmão mais velho, que consegue levar a experimentar

isto ou aquilo."

"Às vezes, para ele comer dizemos ‹‹Já viste, a mana

comeu tudo››.

Planear refeições Planear e/ou tomar medidas

antecipadas para servir refeições

saudáveis.

"O meu marido faz compras à semana e portanto

planeia mais ou menos as refeições para a semana, o

que permite refeições mais variadas"

"Se não a planearmos acabamos por cair no erro de

repetir demasiadas vezes um determinado tipo de

alimento."

Procura de

informação

Pesquisar informação junto dos

profissionais de saúde ou de fontes de

informação escrita ou em suporte

digital.

"Às vezes procuro informação junto do pediatra,

sugestões que ele dê, ou na Internet, nas receitas e isso."

"Procuro às vezes nas revistas e tenho uns livros sobre

alimentação. É útil porque permite mais variedade na

alimentação."

Acessibilidade Reduzir o acesso da criança a alimentos

não saudáveis e/ou facilitar o acesso a

alimentos saudáveis.

"A fruta está sempre em cima de mesa e acho que é

importante porque mais facilmente ele vai buscar um

iogurte ou uma peça de frutas do que um pacote de

bolachas, que não está tão acessível."

"Não tenho em casa os alimentos menos saudáveis e

quando tenho faço por tê-los em sítios mais

resguardados, onde ela não chegue."

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170

Mais de 25% das unidades de registo remetem para a estratégia de

informar a criança ou explicar-lhe as vantagens de uma alimentação saudável.

A estratégia seguinte mais referida foi a autogestão da criança.

Relativamente a esta categoria os pais abordam-na de forma diferente. Muitos

vêm-na como uma forma de expressão da individualidade da criança (e.g., “acho

que da mesma maneira que a gente come aquilo que quer, dentro de certas regras,

eles devem comer aquilo que os faz sentir bem”; “É importante também abrir o leque

e deixá-los explorar”). Outros recorrem à autogestão da criança como forma de

fundamentar o facto da criança comer menos do que os pais gostariam (“Ela não

gosta de comer muito, ela come pouco, é isso, eu não controlo, se ela quiser comer

sopa come, se não quer não come, mas ela come pouco”). Há pais que têm por

princípio a criança deve comer aquilo que quer (“ Se quiser comer come, se não

quiser não come”), embora alguns apliquem este princípio com alguns limites (“Eles

comem doses pequeninas, portanto, naquela dose pequenina há uma pequena

margem para poder deixar de parte. Eu fui um bocado traumatizada com uma avó

que enchia o prato todo e tínhamos de comer até rebentar e acho que isso não é

positivo”). Alguns pais referem que embora achem que a escolha deve ser deixada à

criança, esta estratégia não resulta obrigatoriamente em escolhas saudáveis (“Acho

que as crianças não devem viver numa escravatura mas… ele nem sempre vai ao

frigorífico para comer coisas que são saudáveis”).

Figura 4.13. Categorias das significações parentais relativas as estratégias para a

promoção de uma alimentação saudável infantil - Frequências das unidades de registo

por categoria

Nota: total = 118 unidades de registo

32

20

16

12

10

8

8

6

6

0 5 10 15 20 25 30 35

Dar informação à criança

Autogestão da criança

Influências externas

Acessibilidade

Estratégias coercivas

Alteração das refeições

Procura de informação

Condiciona mento positivo

Planear refeições

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___________________________________________________________________________RESULTADOS

171

Outro aspeto relevante é que a maioria dos pais descreve a autogestão da

criança como um princípio parental e só dois (i.e., últimos exemplos da categoria

autogestão, tabela 4.36) a referem como uma capacidade da criança de fazer

escolhas alimentares que lhe permitem a ingestão de nutrientes necessários em

quantidades adequadas (i.e., autorregulação).

Só alguns pais reconhecem a importância da acessibilidade dos alimentos

como uma possível estratégia educacional. Para além disso, é também relevante o

baixo número de verbalizações nas categorias de planeamento de refeições e

associação de contextos positivos à ingestão de alimentos saudáveis (i.e.,

condicionamento), dado que na literatura estas são geralmente associadas a

resultados positivos.

A maioria dos pais refere estratégias para a criança comer mais quantidades

ou mais alimentos saudáveis, e poucos referem estratégias com o objetivo de

reduzir as quantidades ou os alimentos menos saudáveis.

Significações parentais relativas aos modelos explicativos do

desenvolvimento dos comportamentos alimentares saudáveis da criança. A

análise das verbalizações relativas ao modo como os pais compreendem a ação dos

diferentes determinantes no desenvolvimento dos comportamentos alimentares

saudáveis dos filhos permitiu identificar quatro categorias principais: 1)

explicações centradas em fatores externos, 2) na criança, 3) na intervenção/ação

parental e, ainda, 4) na necessidade dos pais coordenarem diferentes perspetivas.

As subcategorias relativas a cada um destes grupos são apresentadas na tabela

4.37.

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172

Tabela 4.37 Definições das categorias relativas aos modelos parentais explicativos do desenvolvimento dos comportamentos alimentares saudáveis da criança

Categorias Definição Exemplos de unidades de registo

Centração em fatores externos

Centração em

fatores

externos

Os pais só conseguem que a criança tenha uma

alimentação saudável quando os determinantes

externos aos pais e à criança são favoráveis. Os fatores

externos explicam os comportamentos menos

saudáveis.

"Eu não consigo nada a não ser aos fins-de-semana. Ele passa mais tempo com os avós do que com os pais e

os avós acabam por fazer todas as vontades ao menino, porque acham que o menino não pode chorar nem

fazer birra. Passa mais tempo com os avós e são esses os hábitos alimentares que ele aprende."

"Com o marketing acho que se torna muito difícil. Aquilo que nós compramos, também não controlamos o

que possui ou como é tratado!"

Centração na criança

Características

psicológicas da

criança

A probabilidade dos pais conseguirem que a criança

tenha uma alimentação saudável está inversamente

relacionada com as reações negativas desta às

propostas alimentares dos pais. Estas reações das

crianças dependem de características intrínsecas como

personalidade, educação, idade e preferências

alimentares.

"É assim, se ela gosta come, se não gosta não come".

"Birras, ela faz muitas birras sempre que não quer comer e no supermercado quando quer que a gente lhe

compre coisas. Quando ela faz isso já sei que não consigo nada."

"Ele ainda não percebe a vantagem de comer isto ou aquilo. Quando for mais velho já vai perceber."

Negação ou não

reconhecimento

da capacidade de

autorregulação da

criança

A ausência de ações parentais para o controlo da

alimentação da criança resulta em comportamentos

alimentares errados da criança. Integra a perceção de

que as opções autónomas da criança são sempre não

saudáveis.

"Sim, porque se a gente não controlar então eles comem só porcarias, porque hoje em dia se vir, aliás, se os

deixarem, eles só comem porcarias. As batatas fritas, as gomas…"

" Às refeições eu sirvo o prato e digo: podes comer. Porque se eu a deixo comer, ela come o que ela quer,

porque ela come muito, só para quando está cheia"

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173

Tabela 4.37 (cont.) Definições das categorias relativas aos modelos parentais explicativos do desenvolvimento dos comportamentos alimentares saudáveis da criança

Categorias Definição Exemplos de unidades de registo

Centração na criança (cont.)

Valorização da

capacidade

de

autorregulação

alimentar da

criança

O controlo exaustivo sobre o que a criança come não é

necessário pois a criança tem capacidade para se

autorregular, em termos de quantidade e/ou qualidade

dos alimentos ingeridos.

"Não, eu com o D. acho que não é preciso nós andarmos sempre em cima, a nível de alimentação, não sinto

necessidade de controlar constantemente. Ele chega a um ponto que ele próprio já está habituado a dizer:

Para, não como mais, estou satisfeito. Ele próprio já está habituado."

Centração na intervenção /ações parentais

Presença

parental

Uma condição indispensável para que os pais promovam

uma alimentação saudável é estarem presentes quando a

criança ingere alimentos. Nas situações em que estão

ausentes perdem a sua capacidade de influência.

"Quando está connosco é fácil, agora se não estiver sempre connosco, é um bocadinho complicado porque a

gente não pode estar ali sempre em cima, se ela estiver em algum lado a gente não pode dizer «come isto e

aquilo», a gente não sabe se eles fazem ou deixam de fazer."

Eficácia das

estratégias

parentais

Os pais podem conseguir que a criança tenha uma

alimentação saudável na medida em que têm formas

eficazes para impor a sua vontade à criança e/ou

ultrapassar as barreiras a uma alimentação saudável.

"Às vezes, a maior dificuldade é o que fazer, tentar variar um bocadinho mas torna-se complicado. Eu, pessoalmente, acho que nós, mães, temos muito em que pensar, e há sempre isto e aquilo, mas tudo se consegue." "Está claro que para os pais que têm crianças mais difíceis é mais complicado conseguirem que eles comam bem, mas há sempre outras formas de lá chegar." "Eu em casa lido bem com ele, na rua quando começa a fazer birras e as pessoas começam a olhar para nós, aí já acabo por ceder"

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________________________________________________________________________________________________________________DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

174

Centração na coordenação de perspetivas

Necessidade de

equilíbrio nas

ações parentais

As ações e estratégias parentais podem ter efeitos

negativos, que se sobrepõem aos positivos, tais como

agravar o estado emocional da criança, reforçar a

preferência por alimentos proibidos ou a aversão por

alimentos saudáveis.

"Quanto mais se fecha e mais se controla, maior é o estrago."

"Não o vou forçar a comer uma coisa que ele não quer. A criança sente-se, começa a ficar aborrecida"

"Se elas comessem só o que nós queríamos provavelmente não provavam de tudo e ficariam com a

expectativa de saber como seria comer aquilo que até, se provassem, poderiam nem gostar!"

Direito da

criança à livre

escolha de

alimentos

Mesmo que as escolhas alimentares da criança não sejam

inteiramente saudáveis, deve ser dada oportunidade à

criança de escolher, explorar e/ou experimentar prazer na

alimentação.

"Eu também como aquilo de que gosto e sei que às vezes não como assim coisas tão boas como devia, mas

acho que isso faz parte. Faz parte podermos comer o chocolatinho e é uma questão de satisfação e de prazer

e de fazermos as nossas vontades de vez em quando."

"Ela pode comer, mas de forma controlada. Às vezes dou-lhe esse espaço, dou-lhe corda mas não a dou

toda. É a tal coisa das bolachas. Ela é doida por bolachas. Ela agora quer comer bolachas e eu deixo mas, em

vez de ser a quantidade que ela quer, controlo e pode comer duas, mais não."

"Eu às vezes pergunto o que ele quer para o jantar, ele diz e eu faço. É importante para ele sentir que

também tem um papel nas decisões"

Tabela 4.37 (cont.) Definições das categorias relativas aos modelos parentais explicativos do desenvolvimento dos comportamentos alimentares saudáveis da criança

Categorias Definição Exemplos de unidades de registo

Centração na intervenção /ações parentais (cont.)

Autorregulação

parental

Os pais podem conseguir que a criança tenha uma

alimentação saudável na medida em que têm estratégias

para lidar com as suas próprias dificuldades (ex.: falta de

tempo, saturação, pena da criança, preocupações).

"Está claro que se pode controlar muito mais: falar com a educadora sobre o que ele comeu, perguntar-lhe a

ele, eu devia fazer isso mas não tenho esse hábito."

"Uma pessoa quando chega a casa vem tão cansada, por vezes teve um dia complicado, tem tantas coisas

ainda para fazer, acaba por cozinhar o que é mais rápido, ter o jantar despachado. Não é o correto, mas é o

que se consegue!"

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175

Tabela 4.37 (cont.) Definições das categorias relativas aos modelos parentais explicativos do desenvolvimento dos comportamentos alimentares saudáveis da criança

Categorias Definição Exemplos de unidades de registo

Centração na coordenação de perspetivas (cont.)

Educação VS.

controlo

A promoção de uma alimentação saudável é um processo

que faz parte da educação. Educar é diferente de controlar

ou impor, implicando outras dimensões (e.g., explicar, ter

consciência das suas próprias preferências, desenvolver

competências de decisão alimentar da criança).

"Eu acho que nós temos de ensiná-los, o que devem ou não comer e que, às vezes, aquilo que ela come

não deve ser comido. É mais isso do que propriamente o proibir. Proibindo a gente não consegue nada, às

vezes só pioramos. O importante é explicarmos o porquê de não poder comer aquilo."

"E se for acompanhada devidamente e for aprendendo o que é bom e mau e sabendo separar dentro das

preferências, penso que a criança depois vai eventualmente fazer isso no futuro, vai optar por uma

alimentação saudável e vai passar aos seus descendentes."

Coordenação de

determinantes

Os pais conseguem que a criança tenha uma alimentação

saudável na medida em que coordenam a sua vontade

pessoal relativamente à alimentação da criança com outros

determinantes alimentares (e.g., controlo indireto para não

gerar reações negativas; concentrar a ação em casa para

compensar a possibilidade limitada de intervenção na

escola; adaptação da exigência dos objetivos parentais ao

grau de colaboração do resto da família).

"Depende da condição de cada um. Se eu não tivesse a ajuda do meu marido e do meu filho que também

está a trabalhar, eu não conseguia dar-lhe uma alimentação como deve ser. Se fosse eu sózinha, eu não

conseguia."

"Seria ótimo eles comerem só o que nós queríamos, mas penso que é um bocadinho impossível porque há

sempre o fator pessoal, preferencial da criança e temos de ter isso em conta."

"Como mãe galinha digo que gostaria de controlar tudo o que ele come mas se calhar é preferível que não.

Acho que ele não ia gostar que eu estivesse sempre a controlar, eu não faço isso! Quer dizer, faço-o

indiretamente mas não o controlo a esse nível, e o pai também não."

Impossibilidade

de

conhecimento

absoluto

A alimentação da criança não deve ser totalmente

dominada pela vontade dos pais porque é impossível o

conhecimento absoluto sobre qual a alimentação ideal para

a criança, ou porque não existe um só conceito de

alimentação ideal (ex.: vegetarianismo, alimentação como

padrão específico à cultura do indivíduo).

"Não é bom ele comer só o que eu acho certo, porque o meu Universo é um Universo muito pequenino e

eu está-lo a limitar ao meu Universo acho que não é minimamente bom."

"Acho que está cada vez mais complicado saber se nós realmente fazemos as melhores coisas. Quando falo

nos vegetarianos, é um bocado por isso, porque se calhar eles estão certos…eu acho que isto é tudo muito

complicado."

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___________________________________________DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

176

Mais de metade das verbalizações parentais centram-se na necessidade de

coordenação de perspetivas, indicando que muitos pais percecionam que os seus

desejos em relação à alimentação do filho têm de ser coordenados com: i) outros

determinantes do comportamento alimentar que os pais nem sempre podem

controlar, ii) outros objetivos parentais (e.g., ganho de autonomia da criança;

equilíbrio nas ações parentais; outros objetivos educacionais), e com iii) as

próprias incertezas dos pais (impossibilidade de conhecimento absoluto).

Um número elevado de pais centra as suas explicações do comportamento

alimentar infantil na intervenção/ação dos pais. A subcategoria mais verbalizada

reflete a crença que a alimentação saudável depende da eficácia das estratégias

utilizadas pelos pais. Ainda neste grupo há um número significativo de pais que

verbaliza a crença de que só poderão promover a alimentação saudável do filho em

situações em que estão presentes e não nas outras (e.g., escola). Poucos pais

referem a capacidade dos resolverem as dificuldades pessoais com que se

confrontam (i.e.,stress, falta de tempo) como um determinante fundamental.

Um número reduzido de pais considera os fatores externos ou as

características da criança como o principal determinante dos hábitos alimentares

infantis. Salienta-se que enquanto alguns pais afirmam a capacidade dos seus filhos

para, sozinhos, fazerem opções saudáveis, outros pais negam esta capacidade da

criança.

Objetivo 9 - Identificar as principais diferenças nas significações parentais

relacionadas com a alimentação infantil em função do IMC e da qualidade dos

hábitos alimentares da criança

Diferenças entre as significações dos pais com filhos com excesso de peso e

pais com filhos com peso normal.

Os determinantes do da alimentação saudável é uma das temáticas em que

os dois grupos de pais mais se diferenciam. Os pais das crianças com peso normal

(PN) referem mais os determinantes parentais e os culturais /exposição. Para os

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___________________________________________________________________________RESULTADOS

177

pais das crianças com excesso de peso (EP) o determinante mais referido foram as

preferências alimentares, as quais são o determinante menos referido pelos PN.

Assim, enquanto os EP estão mais centradas num determinante que consideram

mais difícil de mudar (i.e., preferências alimentares), os PN dão mais relevância à

influência parental e a fatores culturais que são, muitas vezes, mediados pelos pais

(e.g., "Se calhar as pessoas que estão mais próximas de nós, e aquilo que elas nos

passaram, influenciam o que nós damos aos nossos filhos.").

Relativamente aos determinantes das preferências alimentares das

crianças, as significações parentais nos dois grupos não apresentam diferenças

relevantes e seguem um padrão semelhante ao apresentado para os pais em geral

(figura 4.9). Contudo os PN referem mais a exposição que os EP e menos os

determinantes inatos.

Nos dois grupos os pais fazem mais referências relativas às consequências

físicas do que psicológicas. Contudo os PN tendem a referir mais vezes as variáveis

psicológicas do que os EP. As consequências físicas mais referidas nos dois grupos

são a saúde física e o evitamento de doenças. Contudo existem algumas diferenças

ligeiras. A agilidade motora é mais referida pelos PN, enquanto as EP referem mais

as categorias evitamento de doenças e outras (i.e., não passar fome, evitar

emagrecimento e intoxicações). Quanto às consequências psicológicas, os PN

centram-se mais na aquisição de hábitos alimentares futuros, enquanto as

verbalizações dos EP se distribuem de forma semelhante por todas as categorias

de consequências psicológicas, à exceção do evitamento de feedback social

negativo, que não é referido por nenhum dos pais deste grupo.

Nas barreiras a uma alimentação saudável os EP quase não referem a

pressão da criança, enquanto verbalizam com maior frequência do que os PN as

limitações socioeconómicas e as influências externas.

Das estratégias para a promoção de uma alimentação saudável infantil a

mais referida pelos dois grupos é o dar informação à criança, mas esta é bastante

mais frequente nos EP. Os PN referem mais a acessibilidade dos alimentos,

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___________________________________________DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

178

estratégias coercivas, o planear refeições e o condicionamento positivo do que os

EP. Estes não referem as duas últimas estratégias.

Relativamente aos modelos parentais explicativos do desenvolvimento dos

comportamentos alimentares da criança, os PN centram-se na coordenação de

determinantes e na presença parental para a explicação do comportamento

alimentar infantil. Este grupo de pais não apresenta referências à autorregulação

parental. Em contrapartida os EP tendem a referir mais a necessidade de permitir

a livre escolha à criança, e que a criança terá comportamentos alimentares

saudáveis em função da eficácia das estratégias utilizadas pelos pais.

Diferenças entre as significações dos pais com filhos com melhores hábitos

alimentares e pais com filhos com piores hábitos alimentares

Os determinantes do comportamento alimentar mais referidos pelos pais

com filhos com os melhores hábitos alimentares (MHA) são os parentais e os

culturais /exposição. As verbalizações dos pais com filhos com os piores hábitos

alimentares (PHA) distribuem-se de forma mais ou menos uniforme pelas

diferentes categorias, sendo as categorias que apresentam um número de

verbalizações ligeiramente mais elevadas: refeições na escola, publicidade, outros

inatos e culturais/exposição, que, à exceção deste último, são determinantes em

que os pais têm menor influência. Salienta-se que poucos PHA referem as

preferências alimentares.

Os PHA dão menos relevância que os MHA à exposição aos alimentos na

determinação das preferências alimentares e nenhum deles refere as estratégias

parentais, o que já não acontece com os MHA.

Embora os dois grupos se centrem nas consequências para a saúde física e

no evitamento de doenças, os PHA verbalizam mais que os MHA o facto da

alimentação saudável permitir ter energia suficiente e evitar situações de ingestão

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___________________________________________________________________________RESULTADOS

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nutricional insuficiente. Para as consequências psicológicas, a criação de hábitos

alimentares futuros é bastante mais valorizada pelos MHA.

As barreiras mais referidas pelo grupo de MHA são a pressão da criança e as

emoções parentais, enquanto os PHA se centram nas limitações socioeconómicas e

principalmente nas influências externas.

As estratégias parentais apresentam também diferenças importantes nos

dois grupos. As mais referidas pelos MHA são a acessibilidade de alimentos

saudáveis e o dar informação à criança. A estratégia mais referida pelos PHA é a

autogestão da criança que é vista, na maioria dos casos, como um princípio dos

pais em deixar a criança decidir quantidades e/ou alimentos que come e não

propriamente o fomentar que a criança opte por alternativas saudáveis. Os PHA

verbalizam também mais do que os MH as estratégias coercivas e a alteração das

refeições (moer, tornar o prato mais atraente) sendo estas estratégias utilizadas

para levar a criança a comer mais e por isso fomentando uma ingestão de

quantidades maiores.

A maioria dos MHA explicam o comportamento alimentar recorrendo à

eficácia das estratégias parentais, à necessidade de coordenação de determinantes

e à presença parental. Mais de metade das verbalizações dos PHA foca a eficácia

das estratégias parentais para explicar os comportamentos alimentares dos filhos.

A segunda categoria mais referida neste grupo é a impossibilidade do

conhecimento absoluto.

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5. DISCUSSÃO DE RESULTADOS

Características das crianças e dos pais

Determinantes e fatores correlatos dos hábitos

alimentares infantis

Correlatos do conhecimento nutricional e da perceção

parental de peso

Inter-relações entre a atribuição de autoeficácia,

atribuição de controlo e preocupação parental

Correlatos do IMC

Significações parentais relacionadas com a alimentação da

criança

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___________________________________________DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

182

A discussão dos resultados está organizada em função dos temas centrais sobre o

qual incide o presente trabalho. Será feita a discussão dos resultados relativos aos

fatores correlatos e preditores dos hábitos alimentares. Em seguida serão

abordados os resultados referentes ao conhecimento nutricional dos pais e à

perceção parental de peso. Serão ainda discutidas as relações entre três das

variáveis cognitivas parentais: preocupação, atribuições de controlo e de

autoeficácia parental. Segue-se a discussão dos resultados relativos à relação do

IMC com as variáveis em estudo. Por fim, serão analisadas as principais conclusões

relativas ao estudo das significações parentais relacionadas com a alimentação da

criança. Previamente, e iniciando o capítulo, será feita uma breve análise dos

resultados descritivos da amostra.

5.1. Características das crianças e dos pais

Características da criança

O presente estudo teve como amostra 231 crianças pré-escolares e seus

pais, inscritas nos jardins-de-infância oficiais da zona Norte de Loures. Cerca de

64% das crianças apresenta hábitos de qualidade média, cerca de 20% têm bons

hábitos e poucas crianças (16%) têm maus hábitos alimentares. Relativamente aos

resultados mais específicos constata-se que a maioria das crianças toma o

pequeno-almoço, o lanche da manhã e o da tarde, o almoço e o jantar. Só 25% das

crianças toma uma refeição entre o jantar e o deitar. Ao fim de semana os padrões

das refeições são semelhantes, à exceção de um número superior de crianças que

não toma o lanche da manhã.

Estes resultados apontam para um número mais adequado de refeições do

que os encontrados para crianças alemãs da mesma idade (Toschke,

Thorsteinsdottir & Kries, 2009), das quais só 28% toma cinco ou mais refeições.

Alguns estudos nacionais avaliam somente a frequência do pequeno-

almoço. Salienta-se que para as crianças portuguesas este comportamento será

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__________________________________________________________________DISCUSSÃO DE RESULTADOS

183

pouco discriminatório da qualidade dos hábitos alimentares infantis, dado que os

estudos apontam para que mais de 90% de crianças portuguesas toma esta

refeição (e.g., Rito, 2008; Currie et al., 2012). Este valor está de acordo com os do

presente estudo.

O número reduzido de crianças que toma todos os dias uma refeição entre o

jantar e o deitar está de acordo com um estudo com uma amostra portuguesa

representativa das crianças do ensino básico e adolescentes (Ferreira, 2010), que

concluiu que que cerca de 50% dos inquiridos nunca tomava esta refeição. Em

crianças pré-escolares este comportamento poderá estar relacionado com um

curto intervalo de tempo entre a hora do jantar e de deitar nos padrões familiares

portugueses.

Relativamente à frequência de ingestão de alimentos verifica-se que a

maioria das crianças: a) tem um consumo adequado de carne branca, laticínios,

sopa, fruta, cereais e leguminosas, b) consome em excesso alimentos temperados

com sal, doces fora das refeições, refrigerantes e sobremesas doces c) ingere

quantidades inferiores ao ideal de peixe e alimentos integrais. Os vegetais são

consumidos com a frequência adequada por cerca de metade das crianças.

McGowan e colaboradores (2012) chegaram a resultados semelhantes ao do

presente estudo relativamente ao consumo de fruta, vegetais e refrigerantes em

crianças pré-escolares inglesas.

Não são conhecidos estudos detalhados sobre frequência alimentar das

crianças portuguesas desta faixa etária. Comparando com o grupo mais jovem (11

anos) do projeto Health Behavior in School children 2009-2010 (Currie et al.,

2012) pode-se constatar que os valores para a ingestão de uma peça de fruta diária

são bastante mais elevados no presente estudo (84%) do que no HBSC (42%).

Relativamente ao consumo de refrigerantes, as diferentes metodologias de

avaliação não permitem uma comparação fiável entre os dois estudos.

O estudo de Ferreira (2010) identificou resultados semelhantes aos nossos,

relativamente ao consumo satisfatório de laticínios meio-gordos, ao maior

consumo de carne branca em relação à carne de vaca ou porco e ao consumo

deficitário de peixe. Contudo, para outro tipo de alimentos os resultados são

divergentes. As crianças do ensino básico e adolescentes portugueses consomem

menos fruta, sopa, leguminosas, cereais, peixe e sobremesas doces, tendo um

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___________________________________________DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

184

consumo superior de fastfood. Estes resultados podem ser indicadores de uma

deterioração na qualidade dos hábitos alimentares entre a pré-primária e os ciclos

de estudo seguintes. No entanto, a comparação deve ter em conta que no presente

estudo os dados foram relatados pelos pais, enquanto no estudo de Ferreira

(2010) se trata do auto-relato das crianças.

A variedade de alimentos ingerida pela maioria das crianças do presente

estudo é razoável. Uma percentagem reduzida consome cinco ou mais variedades

de alimentos, o que não é negativo, pois uma variedade excessiva pode estar

associada a sobrealimentação (McCrory e al., 1999). À exceção das frutas, onde a

variedade é maior, a maioria das crianças ingere 2 a 4 variedades semanais. É no

grupo das leguminosas que as crianças apresentam uma menor variedade (1 a 3

por semana).

No que concerne ao IMC da criança, verifica-se que a maioria apresenta

peso normal, sendo que 3,4% tem baixo peso e 35,8% apresenta excesso de peso.

Nestas últimas, a percentagem de crianças com pré-obesidade (17,4%) e obesidade

(18,4%) é semelhante. Os estudos epidemiológicos com amostras representativas

a nível nacional incidem sobre crianças e jovens a partir dos 6 anos. Contudo,

existem vários estudos regionais que avaliam crianças pré-escolares, os quais

apresentam na sua maioria valores entre os 30 a 35% de crianças com excesso de

peso. Alguns encontram uma percentagem de crianças obesas semelhante ao do

presente estudo (Afonso, 2009; Cordinhã, Paúl & Fernandes, 2009; Freitas, 2008),

enquanto outros indicam percentagens inferiores de crianças obesas com valores

superiores para as crianças pré-obesas (Duarte, 2008; Gomes, Espanca, Gato &

Miranda, 2010; Mira, 2006; Rito, 2006; Paúl, Rocha & Mota, 2006). Dado que se

tratam de estudos regionais, é importante contextualizar os resultados do nosso

estudo em função da origem geográfica da amostra. Rito e colaboradores (2008)

identificaram que na zona de Lisboa e Vale do Tejo (onde se inclui Loures) a

percentagem de crianças obesas era uma das mais elevadas de Portugal

Continental (15,6%, pelos critérios do CDC) e superior ao valor médio nacional, o

que apoia os valores elevados de obesidade encontrados no nosso estudo.

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__________________________________________________________________DISCUSSÃO DE RESULTADOS

185

Quanto às preferências alimentares das crianças, verificou-se que a maioria

tem preferências medianamente saudáveis, 27,3% apresenta preferências mais

saudáveis e 21,8% tem preferências menos saudáveis. São poucos os estudos que

permitam uma comparação com estes resultados, pois a maioria não apresenta

dados descritivos. Contudo, os valores encontrados estão de acordo com outros

estudos nacionais que utilizaram uma metodologia semelhante de avaliação

(Pataco, 2013; Viveiros, 2012).

Relativamente ao tempo de visionamento de televisão os resultados

mostram que a maioria das crianças gasta em média 10 a 20 horas por semana

nesta atividade. Este valor é superior ao máximo ideal de 1 a 2 horas por dia

(American Academy of Pediatrics, 2001). O número de horas que a maioria das

crianças vê televisão aos dias de semana (1-2 horas) e fim-de-semana (2-4h) é

semelhante aos valores de um estudo nacional (Rito et al., 2008). Não se pode

concluir que haja um aumento de sedentarismo ao fim de semana, pois de acordo

com o estudo de Rito e colaboradores o aumento do tempo de visionamento de

televisão é compensado com um aumento de horas ocupadas a brincar fora de

casa, durante o fim-de-semana.

Mais importante do que estes valores, é de salientar que durante a semana

23,1% de crianças vê 3 a 4 horas diárias de televisão. Isto poderá indicar que, para

estas crianças, a maior parte do tempo que estão acordadas em casa, aos dias de

semana, é passado a ver televisão.

Características parentais

Um dos objetivos centrais deste estudo foi a exploração de dimensões

parentais eventualmente associadas aos hábitos alimentares das crianças pré-

escolares. Apresenta-se em seguida uma análise dos resultados descritos relativos

a cada uma destas dimensões.

O estilo parental relacionado com a alimentação tem sido associado aos

hábitos alimentares dos filhos. No nosso estudo, verificámos que, quanto à

dimensão parental de responsividade a média da amostra é baixa, enquanto a

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___________________________________________DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

186

dimensão de exigência apresenta um valor médio. A maioria dos pais avaliados

distribuem-se pelos estilos alimentares permissivo (36,3%) e autoritário (30,5%).

Os pais permissivos não criam regras relativas à dieta da criança, os limites do

consumo são definidos essencialmente pela disponibilidade de alimentos, mas

estão preocupados em gerarem interações calorosas com o filho durante as

refeições. Os pais com estilo alimentar autoritário impõem regras alimentares

centradas nos objetivos parentais, que fazem cumprir através de controlo,

supervisão e restrição alimentar. Estes dois estilos poderão ter um impacto

negativo na educação alimentar da criança pré-escolar. No caso dos pais de estilo

permissivo, a criança terá uma maior autonomia do que o desejável e as suas

preferências menos saudáveis poderão ter um papel mais importante do que o

desejável na determinação dos seus hábitos alimentares. No caso dos pais com

estilo autoritário, embora possam impor padrões saudáveis no momento atual,

poderão conduzir a maiores erros alimentares assim que a criança adquire maior

autonomia.

Os resultados encontrados relativos aos estilos parentais relacionados com

a alimentação são próximos aos de outros estudos, tanto estrangeiros (Hoerr et al.,

2009; Hughes, 2005; Vereecken, Legiest, De Bourdeaudhuij & Maes, 2009), como

nacionais (Fernandes, 2010), embora estes apresentem uma percentagem superior

de pais autoritários em relação aos pais permissivos.

Relativamente ao conhecimento nutricional, identificou-se que a grande

maioria dos pais apresenta valores satisfatórios, sendo que a maioria tem um

conhecimento médio, seguindo-se os pais com conhecimento elevado (35,6%) e só

cerca de 12% têm um conhecimento nutricional baixo. O facto de os pais terem na

sua maioria uma informação nutricional razoável é confirmado por outros estudos

nacionais e estrangeiros, tanto para pais de crianças pré-escolares (Costa, Nunes;

Duarte & Pereira, 2012; McGarvey et al., 2004), como para pais de crianças e

jovens de um leque mais alargado de idades (Variyam, Blaylock , Lin, Ralston &

Smallwood, 1999).

Estes resultados estarão possivelmente relacionados com a forte aposta de

conteúdos nutricionais nos curriculos escolares e também com a divulgação de

informação nutricional pela comunicação social.

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__________________________________________________________________DISCUSSÃO DE RESULTADOS

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Verificou-se que um pouco mais de metade dos pais avaliados tem uma

perceção errada do peso da criança, sendo que 44,1% subestiam o peso e 7,2%

incorrem no erro de sobrestimação do peso do filho. Estes valores integram-se na

amplitude de percentagens da maioria dos estudos nacionais e internacionais (i.e.,

45 a 98% de pais distorce o peso do filho), sendo que na maioria dos estudos esta

percentagem é superior a 50% (Aparício, Cunha, Duarte & Pereira, 2011; Gomes,

Espanca, Gato & Miranda, 2010; Macedos, Festas & Vieira, 2011Parry, Netuveli,

Parry & Saxena, 2008; Towns & D’Auria, 2009).

As conclusões do presente estudo confirmam que a grande maioria dos pais

que têm filhos obesos (88,9%) ou com excesso de peso (97,2%) subavaliam o peso

da criança, o que está de acordo com a generalidade dos estudos nacionais e

estrangeiros (Aparício et al., , 2011; Doolen, Alpert & Miller, 2009; Fitzgibbon &

Beech, 2009; Gomes et al., 2010; Parry et al., , 2008; Towns et al.,, 2009)

Relativamente às restantes variáveis cognitivas a maioria dos pais descreve-

se como pouco preocupado com o peso atual da criança, com elevada autoeficácia

para fazer mudanças na dieta da criança e atribuindo-se um controlo elevado

sobre o que a criança come.

Relativamente à preocupação com o peso da criança, a maioria dos pais

distribui-se pelas categorias nunca (23%) e poucas vezes (29,6%). Só 19,1% diz

estar quase sempre ou bastantes vezes preocupado com o peso da craiança.

São bastante diversos os graus de preocupação parental com o peso que se

encontram noutros estudos. Por exemplo, Campbell, Williams, Hampton e Wake

(2006) encontraram também 19% de pais preocupados com o peso da criança mas

quando esta tinha excesso de peso, enquanto que só 4% dos pais das crianças

normoponderais tinham esta preocupação. Wake e colaboradores (2002)

encontraram valores mais baixos: 12% de pais preocupados com o peso atual da

criança. Em contrapartida, outros dois estudos, um com crianças dos 4 aos 8 anos

(Etelson, Brand, Patrick & Shirali, 2003) e outro com crianças mais velhas (Spruijt-

Metz, Li, Cohen, Birch & Goran, 2005), encontram níveis bastante mais elevados de

preocupação (e.g., cerca de 70% de pais muito preocupados). Um estudo português

(Costa, 2010) encontrou também valores mais elevados do que os do presente

estudo, embora avalie a preocupação com o excesso de peso da criança no futuro,

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___________________________________________DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

188

em relação à qual os pais manifestam habitualmente valores mais elevados

(Campbell et al., 2006; Parkinson et al., 2011).

A quase totalidade dos pais situa-se entre as categorias que indicam níveis

médios e elevados de autoeficácia. Só 3% dos pais se situou nas duas categorias de

menor autoeficácia. A avaliação da autoeficácia em pais de crianças de cinco anos é

bastante relevante, pois este é um período de desenvolvimento em que claramente

há uma redução da autoeficácia parental relacionada com a alimentação dos filhos

(Campbell, Hesketh, Silverii & Abbott, 2010; Hesketh & Campbell, 2007), o que

está de acordo com o progressivo ganho de autonomia das crianças.

Muitos dos estudos que focam a autoeficácia parental para gerar mudanças

na alimentação da criança são qualitativos e/ou focam-se mais na identificação de

barreiras a uma alimentação saudável. Por esta razão são poucos os dados

disponíveis para comparação. Campbell e colaboradores (2010) encontram

resultados semelhante de autoeficácia em pais de crianças de cinco anos. Taveras,

Mitchell & Gortmaker (2012) encontraram valores mais baixos de autoeficácia

parental, mas numa amostra com uma maior amplitude etária das crianças (2-12

anos) e focando a autoeficácia relativa à mudança de uma maior variedade de

comportamentos (alimentação, televisão, atividade física).

A maioria dos pais tem uma atribuição elevada de controlo sobre o que a

criança come. Setenta e oito por cento dos pais considera que controla quase

sempre e Bastantes vezes. Só 4% dos pais consideram que controla Poucas vezes ou

Nunca. Identificou-se que os pais têm uma atribuição de maior controlo nas

situações de ingestão em casa do que fora de casa. Apesar das estratégias que os

pais utlizam para controlar a alimentação da criança serem muito abordadas na

literatura, a atribuição parental de controlo sobre a alimentação da criança tem

sido alvo de poucos estudos. O único estudo conhecido que apresenta resultados

descritivos é o de Kersey, Lipton, Quinn e Lantos (2010), que aponta para valores

inferiores aos do presente estudo (52% dos pais considerava controlar bastante,

37% um pouco e 5% nada), o que em parte se pode justificar pela facto da

avaliação ser feita em relação ao controlo do peso e não só da alimentação.

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5.2. Determinantes e fatores correlatos dos hábitos alimentares das

crianças

Neste estudo identificámos como preditores dos hábitos alimentares as

preferências alimentares da criança, o tempo de visionamento de televisão, a

responsividade e a atribuição de controlo parental. O modelo global com estas

variáveis é válido e explica uma percentagem reduzida, mas mesmo assim

relevante (cerca de 18%), da variabilidade dos hábitos alimentares. A atribuição de

autoeficácia e o conhecimento nutricional dos pais, embora não aumentem o poder

explicativo do modelo, estão correlacionados com os hábitos alimentares. Todas as

restantes características dos pais (i.e., demográficas, tipologias do estilo parental,

exigência, preocupação, e perceção parental de peso) e o sexo da criança não

apresentaram relações significativas com os hábitos alimentares.

A relação inversa entre o tempo de televisão e a qualidade dos hábitos

alimentares está de acordo com a maioria dos estudos (e.g., Halford et al., 2007;

Hare-Brunnet al., 2011). Esta relação pode ser em parte explicada pelo facto de as

crianças que vêm mais televisão serem expostas a mais publicidade alimentar, o

que interfere negativamente na qualidade da ingestão alimentar.

Contudo, algumas características parentais poderão também estar

subjacentes à relação entre a alimentação da criança e o tempo de visionamento da

televisão. Numa revisão de estudos qualitativos sobre significações parentais

relacionadas com a alimentação infantil (Pocock, Trivedi, Wills, Bunn &

Magnusson, 2010) vários dos trabalhos identificam que os pais justificam o tempo

excessivo que os seus filhos passam a ver televisão com a falta de disponibilidade

para promoverem outras atividades da criança. Os pais atribuem esta falta de

disponibilidade a diversos fatores: falta de tempo, cansaço, excesso de tarefas

dentro e fora de casa, vários filhos em casa. Por outro lado, alguns pais valorizam o

efeito distrativo da televisão, permitindo que as crianças “não incomodem” os

adultos. Com base nestes dados poder-se-á colocar a hipótese de que os pais que

sentem esta falta de disponibilidade para reduzir o tempo de visionamento de

televisão dos filhos estarão também pouco recetivos a efetuarem mudanças nos

hábitos alimentares dos filhos, as quais lhes exigiriam um esforço suplementar.

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___________________________________________DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

190

O estudo da influência das preferências alimentares na explicação dos

hábitos alimentares é particularmente relevante em crianças pré-escolares, na

medida em que a autonomia de escolha alimentar é ainda limitada, sendo que a

família e a escola têm um papel preponderante na determinação do que a criança

come. Dos resultados obtidos conclui-se que as preferências da criança, embora

não estejam diretamente correlacionadas, têm algum peso na determinação dos

hábitos alimentares. Esta associação parece indicar que aos cinco anos as crianças

têm alguma liberdade para escolher de acordo com as suas preferências

alimentares. Contudo, podem também resultar do facto de os pais escolherem

alimentos que estão de acordo com as preferências da criança (Roberts, 2006).

Dois outros estudos avaliam a relação entre os hábitos e as preferências

alimentares. Fisher e Birch (1995), em contexto laboratorial com crianças pré-

escolares, identificaram que as preferências e o consumo de alimentos ricos em

gordura estavam correlacionados. O presente estudo não foi feito em ambiente

laboratorial o que poderá diminuir a relação entre as duas variáveis, dada a

influência de outros fatores, como a acessibilidade dos alimentos preferidos.

No estudo de Reniscow e colaboradores (1997) foram avaliadas as

preferências e consumo de frutas e vegetais em crianças mais velhas (8-10 anos).

As preferências eram um dos preditores dos hábitos de ingestão de frutas e

vegetais e, ao contrário do presente estudo, estavam correlacionadas com o

consumo. A avaliação só com base em fruta e vegetais facilitará a identificação de

relações diretas entre consumo e preferência, ao contrário do presente estudo em

que foi avaliada a relação entre a qualidade global das preferências e dos hábitos

alimentares da criança. Por outro lado, esta diferença poderá indicar que a

correlação entre preferências e hábitos alimentares aumenta com a idade (i.e.,

autonomia de decisão), embora só estudos longitudinais possam confirmar esta

hipótese.

Poucos estudos focam a relação dos hábitos alimentares com os estilos

parentais relacionados com a alimentação, sendo que a maioria se foca na

associação destes com o IMC da criança (Ventura & Birch, 2008).

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__________________________________________________________________DISCUSSÃO DE RESULTADOS

191

A partir dos resultados obtidos conclui-se que a dimensão de

responsividade parental está correlacionada e é um dos preditores dos hábitos

alimentares da criança. Assim, os pais que intencionalmente promovem a

individualidade, a autorregulação e a autoafirmação da criança, sendo empáticos e

protetores da criança, dando apoio e sendo sensíveis às suas necessidades, têm

maior probabilidade de ter filhos com melhores hábitos alimentares.

Vários estudos chegam a conclusões semelhantes. Os resultados obtidos por

Kim (2006, citado por Sleddens et al., 2011) com crianças do primeiro ao quarto

ano de escolaridade indicam que apenas a dimensão de “nurturance” (semelhante

à dimensão de responsividade) tem uma relação inversa com o consumo calórico

da criança.

McPhie e colaboradores (2013) identificaram, num estudo longitudinal de

um ano, que a responsividade parental era preditor (relação inversa) dos hábitos

alimentares não saudáveis em crianças pré-escolares. Pelo contrário a dimensão

de controlo parental (semelhante à dimensão de exigência) não estava relacionada

nem com o peso nem com a qualidade dos hábitos da criança.

Será importante ver esta relação de uma forma bidirecional. Se as

dimensões parentais poderão influenciar os hábitos alimentares da criança, a

relação inversa também poderá ocorrer. Os pais que têm filhos com hábitos

alimentares pouco adequados e que resistem mais às propostas parentais poderão

lidar com esta situação definindo regras alimentares e controlando o seu

cumprimento, aproximando-se assim de um perfil de exigência.

Alguns estudos apontam que no período pré-escolar, os pais orientadores e

autoritários têm filhos com um IMC mais baixo e melhores hábitos alimentares.

Contudo outros estudos apresentam resultados semelhantes aos nossos, não

encontrando diferenças nos hábitos alimentares da criança em função do estilo

parental (Agras, Hammer & Kraemer, 2004; Blissett & Haycraf, 2008; De

Bourdeaudhuij et al., 2008).

Os quatro estilos parentais estão fortemente consolidados, teórica e

empiricamente, embora se possam identificar algumas limitações. Uma delas

remete para o facto de que pais classificados no mesmo estilo parental poderem

apresentar valores bastante diferentes em cada uma das duas dimensões (e.g.,

podem ser classificados no estilo orientador pais com níveis médios a elevados de

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___________________________________________DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

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responsividade). Por essa razão no presente estudo foi analisada a relação da

exigência e da responsividade com os hábitos alimentares. Dos resultados obtidos

pode-se considerar que o estudo das dimensões parentais, em particularmente a

de responsividade, pode contribuir significativamente para um melhor

conhecimento da relação entre os comportamentos parentais e os hábitos

alimentares das crianças.

Verificou-se que a atribuição de controlo parental sobre o que a criança

come está correlacionada e é preditor da qualidade dos hábitos alimentares. Esta é

uma característica parental ainda pouco conhecida e a maioria dos estudos

existentes são qualitativos, não apresentando valores de correlação com os hábitos

alimentares da criança. A atribuição mais elevada de controlo em relação ao que a

criança come em casa em comparação com o que come fora de casa confirma

resultados anteriores (Hart, Herriot, Bishop & Truby, 2003).

Outro dado importante do presente estudo é que, de acordo com o modelo

de regressão, não são os pais que respondem na categoria máxima de controlo (i.e.,

Quase sempre) que têm filhos com os melhores hábitos, mas sim os da categoria

seguinte (i.e., Bastantes vezes). Este resultado indica que os melhores hábitos estão

associados aos pais com uma atribuição elevada, mas não máxima, de controlo.

Esta conclusão tem que ser considerada com alguma precaução na medida em que

61% dos pais se situam na categoria Bastantes vezes. Contudo, outros estudos

apontam para que níveis médios de controlo correspondem a melhores hábitos

alimentares (Gable & Litz, 2000; Golan & Grow, 2004).

A associação entre baixa atribuição de controlo parental e piores hábitos

alimentares é facilmente compreendida. Relativamente aos pais com uma

atribuição muito elevada de controlo pode-se colocar a hipótese de que estes pais

utilizem frequentemente estratégias de controlo (e.g., pressionar a criança para

comer alimentos saudáveis, restringir acesso a alimentos menos saudáveis), cuja

eficácia relativa é sustentada por um número elevado de estudos (e.g., Webber,

Hill, Cooke, Carnell & Wardle, 2010).

Não se deve esquecer que nos estudos realizados não é avaliado o objetivo

que os pais pretendem atingir ao controlar o comportamento alimentar. De acordo

com o presente estudo sobre as significações parentais e também com estudos

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__________________________________________________________________DISCUSSÃO DE RESULTADOS

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anteriores (Agras et al., 2004; Lopes-Dicastillo et al, 2010), alguns pais estão mais

preocupados com a subalimentação do que com a ingestão excessiva, mesmo

quando os filhos têm excesso de peso. É natural que estes pais exerçam controlo

para que a criança coma alimentos e, principalmente, quantidades desadequadas, o

que pode diminuir os valores de correlação entre controlo e a qualidade dos

hábitos alimentares. Os objetivos parentais do controlo devem ser considerados

em estudos futuros.

O conhecimento nutricional mostrou-se correlacionado com a qualidade

dos hábitos alimentares da criança, embora não acrescente poder explicativo ao

modelo de regressão dos hábitos alimentares. A correlação positiva entre estas

duas variáveis vem confirmar resultados de estudos anteriores com crianças pré-

escolares (Variyam, 2001; Variyam, Blaylock , Lin , Ralston & Smallwood, 1999).

Um aspeto que poderá estar subjacente ao facto do conhecimento

nutricional não ser um preditor dos hábitos alimentares é o facto de alguns pais

verem as linhas orientadoras que lhes são transmitidas como demasiado

prescritivas e rígidas (Hart el al. 2003), pelo que podem conhecer estas orientações

mas não terem com objetivo o seu cumprimento integral.

Estes dados apontam também para que a tradução do conhecimento

parental nos hábitos alimentares da criança estará, em parte, dependente das

variáveis preditores identificados no modelo. Por exemplo, o desejo de satisfazer

as preferências alimentares da criança pode condicionar as escolhas dos pais por

alimentos que eles sabem não serem as opções mais saudáveis. Os pais poderão

também não tentar impor padrões alimentares que sabem ser os mais adequados,

quando acham que têm pouco controlo sobre o que a criança come.

Embora a atribuição de autoeficácia parental não seja uma característica

preditora dos hábitos alimentares, os pais que consideram ser capazes de executar

com sucesso mudanças na alimentação dos seus filhos tendem a ter filhos com

melhores hábitos. Esta correlação entre a autoeficácia parental e os hábitos

alimentares do filho não permite inferir relações de causalidade, na medida em que

esta pode ser compreendida de um modo bidirecional. Por um lado os pais que

antecipam que conseguem implementar com sucesso alterações alimentares na

dieta do filho mais provavelmente as porão em prática. Por outro lado, ter um filho

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___________________________________________DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

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cujos comportamentos alimentares já são adequados levará os pais a avaliarem

como mais fácil promover mudanças saudáveis na alimentação da criança.

Na área da promoção da saúde infantil a autoeficácia parental tem sido uma

das características cognitivas parentais mais estudadas e que se tem mostrado

relacionada com os comportamentos de saúde infantil (Brenner, Simons-Morton,

Bhaskar, Das, & Clemens, 2001; Finlayson, Siefert, Ismail & Sohn, 2007; Maddux et

al., 1995; Maibach et al., 1995). Contudo os estudos sobre a sua influência nos

comportamentos alimentares da criança são escassos. Num estudo com crianças de

cinco anos verificou-se um resultado semelhante ao do presente estudo, tendo sido

identificada uma correlação entre alguns comportamentos alimentares saudáveis

da criança e a autoeficácia das mães para promover uma alimentação saudável e

para restringir certo tipo de alimentos (Hesketh, Silverii & Abbott, 2010).

A autoeficácia parental tem sido frequentemente relacionada com as

barreiras identificadas pelos pais para executar mudanças na alimentação da

criança (e.g., Anzman-Frasca, Stifter, Paulc & Birch, 2013). Estas serão abordadas

mais à frente, relativamente às significações parentais.

No nosso estudo verificou-se que a preocupação parental não estava

correlacionada com os hábitos alimentares da criança. Os trabalhos existentes têm

focado mais a associação da preocupação com o IMC da criança. Um dos estudos

conhecido que avalia a relação com os comportamentos alimentares da criança

(Keller, Olsen, Kuilema, Meyermann & van Belle, 2013) chega a conclusões

semelhantes às nossas, na medida em que, de uma variedade de alimentos, só a

ingestão de bebidas doces estava correlacionada com a preocupação parental com

o peso da criança. Também Spruijt-Metz,Li, Cohen, Birch e Goran (2006)

identificam que, mesmo que a preocupação não leve os pais a alterar de imediato

os comportamentos alimentares dos filhos, é um preditor da alteração desses

comportamentos no futuro (após 2 anos). Estes resultados podem ser lidos à luz

do modelo de estádios de mudança (Prochaska et al., 1994), que indica que entre

os pais preocupados, uns podem já ter tomado medidas para confrontar o

problema de peso (estádio de ação), enquanto outros não fizeram ainda mudanças

significativas (estádio de contemplação), mas provavelmente irão realizá-las no

futuro.

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__________________________________________________________________DISCUSSÃO DE RESULTADOS

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A perceção parental de peso revelou-se independente dos hábitos

alimentares da criança. Os dois estudos conhecidos que abordam esta relação

apresentam resultados significativos mas contraditórios: enquanto num se conclui

que os pais que têm filhos com os melhores hábitos alimentares têm uma perceção

mais correta do peso da criança (Manios et al., 2010), o outro aponta para que são

os pais com perceção incorreta que têm filhos com melhores hábitos (Vanhala,

Keinänen-Kiukaanniemi, Kaikkonen, Laitinen & Korpelainen, 2011).

Para clarificação desta relação seria importante estudá-la numa amostra

que incluísse exclusivamente pais de crianças com excesso de peso, na medida em

que só estes se confrontam realmente com um problema de peso. No presente

estudo não se avançou com esta análise na medida em que o número de pais de

crianças com excesso de peso e com perceção correta de peso era muito baixo,

inviabilizando a validade dos estudos estatísticos.

Nenhuma das variáveis demográficas se mostrou relacionada com os

hábitos alimentares. Embora o sexo da criança não seja identificado em todos os

estudos como um determinante significativo (McGowan, 2012), o nível

socioeconómico tem-se revelado mais sistematicamente relacionado com a

qualidade dos hábitos alimentares das crianças (Cook et al., 2003; Ramussen et al.,

2006; Robisson et al., 2007).

O facto de não ter sido utilizada uma amostra estratificada por níveis

socioeconómicos e de todas as crianças e pais pertencerem a uma zona geográfica

específica (i.e., zona norte de Loures) restringiu a heterogeneidade socioeconómica

da amostra, o que poderá explicar estes resultados.

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___________________________________________DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

196

5.3. Correlatos do conhecimento nutricional dos pais

Para além do conhecimento nutricional estar correlacionado com a

qualidade dos hábitos alimentares, os resultados obtidos permitem identificar a

tendência para que, quanto maior o conhecimento nutricional dos pais mais

elevadas as atribuições de autoeficácia e controlo. Salienta-se ainda que, ao

contrário do que se poderia esperar, os pais com maior conhecimento não estão

mais preocupados com a alimentação dos seus filhos. Na medida em que o estudo

destas relações é inovadora, não se conhecem outros estudos para comparação.

Os modelos da Psicologia da Saúde sustentam a relação entre conhecimento

e autoeficácia, na medida em que os pais só se sentirão capazes de levar a cabo

melhorias na alimentação dos seus filhos se souberem que alterações devem ser

feitas. Mas pode-se também colocar a hipótese de que os pais que se avaliam como

capazes de melhorar a alimentação da criança, pesquisem mais informação para

levar a cabo essas mudanças. Tendo em conta esta possível relação bidirecional, e

também o facto de não ser clara uma relação de causalidade entre a atribuição de

controlo parental e o conhecimento nutricional, não se avançou com o estudo de

um modelo de regressão para determinar preditores psicológicos do conhecimento

nutricional.

Os estilos parentais relacionados com a alimentação e as dimensões de

exigência e responsividade não apresentaram associações significativas com o

conhecimento nutricional. Salienta-se contudo uma tendência (não significativa)

para que os pais com estilo orientador apresentem níveis de conhecimento mais

elevados do que os pais com outros estilos.

As variáveis demográficas estudadas (idade, anos de escolaridade e

especialização profissional dos pais) estão positivamente relacionadas com o

conhecimento nutricional. Um estudo de Parmenter, Waller e Wardle (2000)

encontrou também diferenças significativas de conhecimento em função do nível

socioeconómico, do nível de escolaridade e da idade dos pais. Neste estudo os pais

mais novos apresentavam um conhecimento nutricional significativamente

inferior aos pais mais velhos, o que é confirmado em outros trabalhos sobre

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__________________________________________________________________DISCUSSÃO DE RESULTADOS

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conhecimento nutricional em adultos (Hansbro et al., 1997; Tate & Clade, 1990;

Whichelow & Prevost, 1996).

Enquanto a relação entre a escolaridade e profissão e o conhecimento

nutricional é facilmente compreendida, a relação com a idade é menos clara.

Alguns autores (Parmenter et al., 2000) relacionam este dado com o fato de as

pessoas de meia-idade terem uma perceção de vulnerabilidade à doença superior

aos jovens adultos estando, por isso, mais centrados e interessados em assuntos

relacionados com a saúde. Este é um resultado que necessita de maior

esclarecimento, mas que aponta para que, para além dos pais de níveis socio

educacionais mais baixos, serão os pais mais novos que poderão retirar maior

benefício da informação nutricional.

5.4. Correlatos da perceção parental do peso da criança

Como foi anteriormente referido, a maioria dos pais cujos filhos têm excesso

de peso subavaliam o peso da criança, o que não acontece com os pais de crianças

com peso normal. Este resultado está de acordo com a maioria dos estudos

nacionais e estrangeiros (Aparício, Cunha, Duarte & Pereira, 2011; Doolen, Alpert

& Miller, 2009; Fitzgibbon & Beech, 2009; Gomes, Espanca, Gato & Miranda, 2010;

Parry, Netuveli, Parry & Saxena, 2008; Towns & D’Auria, 2009). Embora não

existam estudos que clarifiquem o processo de distorção de peso, os resultados de

Jones e colaboradores (2011) identificam as razões que as mães consideram

estarem subjacentes à dificuldade de reconhecimento do excesso de peso: os meios

de comunicação social são a principal fonte de informação sobre o excesso de peso,

contudo os pais atribuem-lhes pouca credibilidade; relativização das categorias do

estado nutricional infantil, na medida em que são feitas com base em estatísticas

(vistas como pouco fiáveis); mensagens conflituantes dos profissionais de saúde

durante a 1ª infância (centração no ganho de peso) e em fases posteriores

(centração no evitamento do excesso de peso); diversidade das formas corporais

entre as crianças e a constante mudança corporal ao longo do desenvolvimento; a

criança usar roupas que são vendidas para a sua idade; a atenção dos pais ao

excesso de peso poder levar a perturbações do comportamento alimentar; os pais

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___________________________________________DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

198

focarem-se na qualidade da dieta e nas capacidades físicas e da criança e não tanto

no IMC. Alguns estudos indicam ainda outras razões que possam estar subjacentes

a esta distorção de avaliação do peso em pais de crianças com excesso de peso, de

que se salienta a comunicação dos profissionais de saúde, a “normalidade”(i.e.,

aumento da prevalência) de crianças com excesso de peso e uma divergência nos

critérios utilizados pelos pais e pelos profissionais de saúde na definição de

excesso de peso e obesidade.

Do estudo das relações da perceção parental de peso com as restantes

variáveis (demográficas, conhecimento nutricional dos pais, estilos parentais,

controlo, preocupação e autoeficácia) só se identificaram diferenças significativas

para a atribuição de controlo sobre o que a criança come, sendo que os pais com

perceção correta tendem a ter uma atribuição de controlo mais elevada do que os

pais com perceção incorreta.

No presente estudo não se verificou uma associação entre a perceção

parental de peso (correta/incorreta) e a preocupação parental. Este resultado é

semelhante a de outros estudos (Etelson, Brand,Patrick &Shirali, 2003; Garret-

White et al., 2011). Uma das causas para o resultado obtido estará relacionada com

o facto de que entre os pais com perceção incorreta, que na sua maioria têm filhos

com excesso de peso, 48% referem graus elevados de preocupação com o peso da

criança. Este é um resultado inesperado, de acordo com os modelos cognitivos que

explicam os comportamentos de saúde. O estudo de Etelson e colaboradores

(2003) mostra que, em pais de crianças com excesso de peso, a percentagem que

está preocupada com o peso ou com queimaduras solares é a mesma, indicando

que muitos pais se preocupam com o peso da mesma forma que se preocupam com

situações de potencial risco, mas que não são consideradas como problemas

presentes. A divulgação feita pelos meios de comunicação social sobre a obesidade

infantil faz com que as questões do peso e da alimentação estejam na “agenda” da

grande maioria dos pais. Estes factos poderão indicar que a preocupação de alguns

dos pais que subavaliam o peso da criança possa refletir uma preocupação com o

tema em geral, e não com o peso do próprio filho.

Os resultados obtidos indicam que as características sociodemográficas não

têm um papel determinante na capacidade dos pais avaliarem corretamente o peso

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__________________________________________________________________DISCUSSÃO DE RESULTADOS

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da criança. A ausência de associação com o sexo da criança está de acordo com

vários estudos (Goodman et al., 2000; Intagliata, Gesell & Barkin, 2008; Wake et al.,

2002; West et al., 2008). Contudo outros trabalhos têm identificado que os pais

distorcem mais o peso das filhas do que dos filhos (Crouch, O'Dea & Battisti, 2007;

Huang et al., 2007; Maynard, Galuska, Blanck & Serdla, 2003; Wald et al., 2007). Em

relação às restantes variáveis demográficas, só o nível educacional da mãe tem

sido associado à avaliação correta do peso, mas com resultados heterogéneos.

5.5. Inter-relações entre a atribuição de autoeficácia, atribuição de controlo e

preocupação parental

Os resultados apresentados anteriormente apontam que a qualidade dos

hábitos alimentares da criança está diretamente correlacionada com a autoeficácia

e inversamente com a preocupação parental, confirmando a importância destas

características parentais.

Concluiu-se também que quanto maior a preocupação dos pais com o peso

atual da criança menor a sua atribuição de autoeficácia para mudar os

comportamentos alimentares da criança e menor a atribuição de controlo sobre o

que a criança come.

A maioria das intervenções com pais inclui informação sobre os riscos do

excesso de peso infantil, a qual aumentará a preocupação parental. Com base nos

resultados do presente estudo e no modelo de prontidão para a mudança

(Prochaska et al., 1994), e apesar de não ser possível estabelecer relações causais,

podemos supor que o aumento isolado da preocupação parental poderá levar à

diminuição da autoeficácia e da atribuição de controlo parental, gerando uma

conjugação de fatores que facilmente podem levar ao evitamento do problema ou a

outras reações defensivas (Witte & Allan, 2000). Assim será adequado que antes de

aumentar a perceção de risco do excesso de peso infantil, gerando maior

preocupação dos pais, se incida no aumento da autoeficácia parental para as

mudanças alimentares (propondo estratégias eficazes e relativamente fáceis de

aplicar) e se fomente a possibilidade de controlo parental sobre a alimentação da

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___________________________________________DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

200

criança, mesmo para os pais que não se apresentem preocupados com o excesso de

peso da criança.

Um outro resultado relevante é que a autoeficácia parental e a atribuição de

controlo estão positivamente correlacionadas. Era expetável que estas duas

características cognitivas se relacionassem na medida em que a capacidade de

controlar o que a criança come (i.e., evitar que coma quantidades ou tipos

alimentos menos adequados e conseguir que coma as quantidades e alimentos

desejados) será um recurso importante para os pais considerarem que são capazes

de levar a cabo mudanças na alimentação da criança (i.e., autoeficácia). Contudo, e

porque não se trata de uma correlação linear perfeita (rs=0,434), estes dados

confirmam a diferenciação destes dois conceitos.

Salienta-se a relevância que a atribuição de controlo parental assume,

tratando-se de uma característica cognitiva parental pouco estudada e que se

apresenta relacionada com melhores comportamentos alimentares da criança, com

maior conhecimento nutricional e autoeficácia dos pais e com uma perceção

parental mais correta do peso da criança.

5.6. Correlatos do IMC

Nenhuma das variáveis em estudo (demográficas, hábitos e preferências

alimentares, tempo de visionamento de televisão, estilos parentais e variáveis

cognitivas parentais) se mostrou relacionada com o IMC da criança, à exceção da

perceção parental de peso, já analisada neste capítulo.

A ausência de relação significativa entre o IMC e os hábitos alimentares da

criança está de acordo com a maioria da literatura (Rodriguez & Moreno, 2006).

Este resultado pode ser em parte justificado pelo papel da atividade física na

determinação do IMC, embora alguma evidência científica não confirme esta

hipótese (Gazanniga & Burns, 1993). Também questões metodológicas podem

estar subjacentes a este resultado. A avaliação dos hábitos alimentares por relato

parental pode ser afetada pelo efeito de desejabilidade social e pela distorção do

processamento da informação relativa à ingestão alimentar da criança. Por outro

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201

lado, algumas das crianças com excesso de peso podem já ter sido alvo de

mudanças alimentares introduzidas pelos pais, quando da avaliação. Esta

possibilidade pode também ser uma explicação para o facto constatado no nosso

estudo, no qual a percentagem de crianças com piores hábitos alimentares é

inferior no grupo de crianças obesas em comparação com o grupo de pré-obesas.

As mudanças alimentares introduzidas intencionalmente pelos pais devem ser

controladas em estudos futuros.

A complexidade dos hábitos alimentares que envolvem frequência

eregularidade de refeições, outras situações de ingestão alimentar, quantidades

ingeridas, frequência e variedade alimentar torna difícil a avaliação abrangente de

todos estes fatores. No presente estudo optou-se por uma avaliação da qualidade

global dos hábitos alimentares, em que se incluiu o número de refeições, a

variedade alimentar e a frequência de alguns alimentos, o que poderá ter

dificultado a identificação de uma relação com o IMC. A dificuldade e diversidade

de métodos e instrumentos para a avaliação dos hábitos alimentares foi uma das

limitações para este trabalho.

É também possível que a obesity rebound39, que leva a que as crianças de 5-6

anos se encontrem num período de mudança no processo de acumulação de

gordura corporal, interfira na relação entre a dieta e o IMC da criança.

O estado da arte em relação a este tema mostra a necessidade de mais

estudos longitudinais que permitam perceber a influência dos hábitos alimentares

no período pré-escolar no peso futuro da criança. Por outro lado, é importante

compreender as razões subjacentes à ausência de relação entre o IMC e a ingestão

alimentar da criança, identificada num número muito sifgnificativo de estudos,

embora este não seja um objetivo primordial de estudo da Psicologia da Saúde.

A ausência de relação entre o tempo de visionamento de televisão e o IMC,

apesar de não ser inédita (Macfarlane, Cleland, Crawford, Campbell & Timperio,

2009; Robinson et al., 1993), não está de acordo com a maioria dos estudos nesta

área. Este resultado não se deverá a questões metodológicas, na medida em que o

39 Após um rápido aumento da gordura corporal durante o primeiro ano de vida, segue-se um declínio, em média, até aos 5-6 anos, idade em que se inicia um aumento de gordura corporal (adiposity rebound) que continua pela adolescência e idade adulta. Consequentemente, as crianças pré-escolares encontram-se num período de mudança no processo de acumulação de gordura corporal.

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___________________________________________DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

202

IMC resulta de uma avaliação objetiva e rigorosa e a avaliação do tempo de

visionamento de televisão por autorrelato dos pais é usada na maioria dos estudos.

Contudo, alguma especificidade da amostra, que não foi controlada, poderá

justificar este resultado.

O facto das preferências alimentares não estarem relacionadas com o IMC

da criança era esperado, na medida em que aquelas se refletirão mais diretamente

nos hábitos alimentares e só de forma indireta no peso da criança.

A ausência de relação entre os estilos parentais relacionados com a

alimentação e o IMC da criança está de acordo com outros estudos (Agras et al.,

2004; Blissett & Haycraf, 2008; De Bourdeaudhuij et al., 2008). Contudo esta é uma

área de estudo que carece de aprofundamento dada a heterogeneidade de

resultados existentes na bibliografia. É também necessária uma maior clarificação

dos múltiplos conceitos relacionados com os estilos parentais e também uma

maior homogeneidade nos instrumentos de avaliação utilizados.

Dos resultados referentes à correlação dos IMC com as variáveis cognitivas,

consideramos ser de destacar a ausência de relação do IMC com o conhecimento

nutricional e com a preocupação com o peso.

Apesar dos pais com melhores conhecimentos nutricionais não terem filhos

com um IMC mais baixo, têm filhos com melhores hábitos alimentares. A evidência

científica está de acordo com estes resultados, apesar de existir um número muito

superior de estudos que estuda a relação do conhecimento nutricional com os

hábitos alimentares do que com o IMC da criança. Será particularmente

esclarecedor a utilização de metodologias longitudinais que permitam esclarecer

se o conhecimento parental se reflete, a médio prazo, no IMC dos filhos.

De acordo com os resultados já analisados anteriormente, deve-se salientar

a necessidade dos pais terem acesso a informação sobre estratégias eficazes para

mudarem o comportamento alimentar do seu filho, para além da informação

nutricional. Esta necessidade é identificada pelos próprios pais em vários estudos

quantitativos (e.g., Hart el al, 2003) e pelos nossos resultados relativos às

significações parentais, que permitem concluir que muitos pais consideram que a

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__________________________________________________________________DISCUSSÃO DE RESULTADOS

203

eficácia (ou ineficácia) das estratégias parentais utilizadas é o determinante

principal da alimentação saudável infantil.

Um aspeto relevante neste estudo é o facto dos pais de crianças com o IMC

elevado não estarem mais preocupados do que os pais que têm filhos com um IMC

normal. Embora este resultado seja semelhante ao de um estudo anterior (Etelson,

Brand, Patrick & Shirali, 2003), a bibliografia existente aponta para que haverá

alguma variabilidade no grau de preocupação que os pais têm com o peso da

criança.

Vários fatores podem estar na base do resultado encontrado. Como já

vimos, a maior parte dos pais de filhos com excesso de peso consideram que a

criança tem peso normal, o que gerará níveis mais baixos de preocupação em

alguns destes pais.

Por outro lado, e com base em alguns dos modelos cognitivos (Becker &

Rosenstock, 1984; Leventhall,Nerenz & Steele,1984), a identificação de que a

criança tem excesso de peso não leva obrigatoriamente a uma preocupação

parental significativa, a qual será também determinada pelas crenças parentais

associadas ao excesso de peso (e.g., gravidade, consequências, evolução,

vulnerabilidade a ameaças para a saúde).

Na medida em que foi pedido aos pais para avaliarem a sua preocupação

com o peso, não podemos deixar de considerar que alguns pais estejam a

manifestar a sua preocupação com a criança ter peso a menos, e não com o excesso

de peso. De acordo com esta hipótese, Agras e colaboradores (2004) identificaram

uma correlação positiva entre o IMC da criança e a preocupação parental com a

magreza, o mesmo não se verificando para a preocupação com o excesso de peso.

Também os nossos resultados relativos às significações parentais reforçam esta

possibilidade.

Assim, para estudos futuros é importante que o tipo de preocupação seja

controlado (i.e., com a magreza e/ou com o excesso de peso). Serão de particular

interesse os estudos qualitativos para uma melhor compreensão dos processos

que levam os pais a diferentes níveis de preocupação com o peso.

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___________________________________________DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

204

Um número extenso de estudos tem identificado que o nível educacional e

socioeconómico estão inversamente correlacionados como IMC, contrariamente

aos resultados do presente trabalho. Tal como já foi referido anteriormente, a

amostra do presente estudo não é representativa dos vários grupos

socioeconómicos e educacionais, podendo ter originado alguns enviesamentos.

5.7. Significações parentais relacionadas com a alimentação infantil

Começaremos por discutir os resultados relativos às significações dos 26

pais entrevistados. Em seguida analisam-se as principais diferenças nas

significações dos pais de filhos com excesso de peso e com peso normal. Em

seguida discutem-se as diferenças nas significações entre os pais das crianças com

melhores e piores hábitos alimentares.

Em termos dos determinantes de uma alimentação infantil saudável, os pais

identificam um número bastante alargado de fatores, salientando-se contudo a

ausência de referências à exposição, que é só referida como determinante das

preferências alimentares. A maioria dos pais atribui a si próprio um papel

preponderante na determinação dos hábitos alimentares da criança, mas muitos

pais referem a influência das preferências alimentares intrínsecas à criança.

Salienta-se ainda a existência de várias referências às refeições da escola, vistas

como promotoras da qualidade da alimentação e da aquisição de novos hábitos

(geralmente mais saudáveis).40

Os determinantes das preferências alimentares referidos pelos pais são em

menor número (exposição, estratégias parentais, modelagem e inatos). A

exposição é a mais referida, embora na sua maioria não como uma estratégia

intencional. Parece que os pais embora tenham já identificado a forte relação entre

o que a criança está habituada a comer e aquilo de que gosta, não vêm esta relação

como algo que possam utilizar intencionalmente, para mudar as preferências do

40 Este dado deve ser contextualizado tendo em conta a boa qualidade nutricional das refeições que são servidas nos jardins-de-infância.

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__________________________________________________________________DISCUSSÃO DE RESULTADOS

205

filho. Apesar de muitos pais referirem a influência orgânica/genética nas

preferências alimentares, a maioria dos pais considera que as podem influenciar.

Em relação às consequências que antecipam de uma alimentação e peso

saudáveis os pais focam tanto consequências psicológicas como orgânicas, dando

mais relevância às últimas. Apesar da maioria de pais referir que a alimentação

saudável previne doenças específicas (e.g., diabetes) e relaciona a ingestão de

nutrientes específicos com a saúde da criança, muitos pais referem somente

consequências físicas gerais e vagas (saúde física geral; crescimento adequado), o

que indica a existência de perfis/necessidades de informação diferentes.

É importante salientar que alguns pais vêm a alimentação saudável como

uma forma da criança não emagrecer ou passar fome, e que algumas das

verbalizações de certas categorias (e.g., ingestão nutricional suficiente, energia

física, crescimento) focam-se nos problemas de subalimentação e não de

sobrealimentação. Este resultado está de acordo com que já foi referido antes

relativamente à preocupação de alguns pais com a magreza da criança, mesmo

quando o filho tem excesso de peso, o que está de acordo com estudos anteriores

(Agras, et al., 2004; Dicastillo, Grande & Callery, 2009; Pocock et al., 2009). Este

resultado é importante para a intervenção, na medida em que os conteúdos das

ações com pais estão centrados nos problemas de sobrealimentação, o que é pouco

adequado para pais com este tipo de significações.

Quanto às consequências psicológicas do peso e alimentação saudável, a que

é mais verbalizada é a aprendizagem de hábitos alimentares saudáveis que se

refletirão no futuro, o que está de acordo com outros estudos (Pocock et al., 2009).

Muitos pais referem que a alimentação saudável permite um bom desempenho

escolar e funcionamento cognitivo da criança, e alguns assinalam o evitamento de

feedback social negativo.

Ao contrário de outros estudos (Hart et al., 2003; Watt & Sheiham, 1997),

não se verificou que os pais estivessem mais centrados nas consequências de curto

prazo do que nas consequências a longo prazo da alimentação saudável, na medida

em que referem consequências físicas e psicológicas da alimentação saudável no

presente e no futuro (e.g., prevenção de doenças na idade adulta; criação da

hábitos alimentares futuros).

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___________________________________________DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

206

Pode-se ainda verificar que as significações parentais relativas às

consequências de uma alimentação e peso saudáveis não estão muito distanciadas

das abordagens feitas pelos profissionais de saúde, dado o elevado número de pais

que refere as vantagens para a saúde física da criança e o evitamento de doenças.

Contudo, os pais valorizam também outras vantagens, que deverão ser salientadas

pelos profissionais de saúde, como a energia e agilidade da criança e as

consequências psicológicas já mencionadas.

As barreiras a uma alimentação saudável atravessam os diferentes sistemas

propostos no modelo ecológico: do mesossistema são referidas características

socioeconómicas (financeiras, acessibilidade dos locais de venda e horários de

trabalho); do sistema familiar e social são referidas as emoções parentais e as

influências externas (marketing, outros familiares, pares); das características da

criança são referidas a pressão que a criança exerce sobre os pais e as suas

preferências alimentares. É de salientar que, apesar de se tratar de uma população

pré-escolar, alguns pais já referem o facto de a criança saltar refeições ou ingerir

alimentos de saciação rápida (e.g., papa) em vez de uma refeição normal. Estas

barreiras não se distanciam das referidas nos estudos anteriores.

Em termos das estratégias para promover uma alimentação saudável, um

elevado número de pais refere que dá informação à criança. No período pré-

escolar a informação que a criança detém não influencia ainda significativamente

os seus comportamentos alimentares. Contudo, um estudo qualitativo europeu

com pais de crianças em idade escolar e pré-escolar (Hebestreit et al., 2010)

identificou que a falta de comunicação entre pais e filhos estava na base da

discrepância entre as regras alimentares definidas pelos pais e as regras

percecionadas pelos filhos. Deste modo, embora a comunicação das vantagens da

alimentação saudável possa não ter benefícios imediatos, a comunicação clara de

regras alimentares adequa-se ao período de desenvolvimento pré-escolar, durante

o qual as crianças orientam o seu comportamento por normas definidas pelos

adultos, para evitarem as consequências que possam resultar das transgressões

(Kohlberg,1976; Piaget, 1932). Contudo, os pais por nós entrevistados centram a

sua comunicação com a criança na apresentação de argumentos a favor da

alimentação saudável.

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__________________________________________________________________DISCUSSÃO DE RESULTADOS

207

Os pais referem com alguma frequência estratégias que a evidência

científica aponta como inadequadas (estratégias coercivas/de pressão; autogestão

da criança), mas são também verbalizadas várias estratégias que estão

habitualmente associadas a resultados positivos - condicionamento positivo,

acessibilidade, procura de informação e planear refeições - embora sejam as

menos referidas, à exceção da acessibilidade. Frequentemente as estratégias

verbalizadas pelos pais são descritas como uma forma de facilitar a ingestão e

raramente como um meio de limitar o consumo de alimentos menos saudáveis.

É ainda importante notar que a segunda estratégia mais referida é a

autogestão da criança, mostrando que os pais deixam frequentemente a criança

decidir as quantidades ingeridas ou escolher que alimentos come, de entre os

servidos pelos pais. Poucos pais referem esta estratégia associada à capacidade de

autorregulação da criança.

Os pais não referiram utilizar a modelagem parental e poucos mencionam a

a criação de regras, estratégias que foram identificadas no estudo de De Lepeleere

e colaboradores (2010). Também no estudo de Hart e colaboradores (2005) os

autores encontraram mães (de nível socioeconómico baixo) que evitavam criar

regras alimentares, pois consideravam que estas perturbavam o bom ambiente

durante as refeições.

Salienta-se também que poucos pais referem a procura de informação. Este

facto pode estar relacionado com a idade da criança, o que está de acordo com um

estudo anterior da autora (Andrade, 2007), em que se concluiu que os pais de

crianças com cerca de 5-6 anos relatam com pouca frequência a falta de

informação nutricional. Outra explicação poderá estar relacionada com o facto de

os pais considerarem que são alvo de informação e opiniões nutricionais em

excesso, as quais defendem linhas orientadoras demasiado prescritivas e rígidas,

gerando sentimentos de frustração e insucesso (Hart el al., 2003). Estes dados

apontam que a passagem de informação não deve ser feita de forma uniformizada,

devendo ter em conta a diversidade das necessidades parentais, mas também o

feedback parental a essa mesma informação. Os profissionais de saúde devem

adotar uma atitude flexível e de compreensão das dificuldades sentidas pelos pais.

Relativamente ao modo como os pais compreendem o desenvolvimento dos

comportamentos alimentares da criança, foram encontrados três categorias

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___________________________________________DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

208

principais: i) compreensão do processo como resultado da interação/coordenação

da vontade dos pais com outros determinantes alimentares ou outros valores

parentais ii) compreensão do processo com dependendo essencialmente das ações

parentais, iii) centração nas características da criança ou iv) em fatores externos

(e.g., avós). Esta categorização é próxima dos resultados encontrados por Roberts

(2006) a partir de entrevistas a pais de crianças entre os 9 e os 11 anos.

Verifica-se que a maioria das significações parentais se integra no primeiro

grupo, em relação ao qual os pais verbalizam principalmente a necessidade de

coordenar os seus objetivos relativos à alimentação da criança com outros

determinantes alimentares e também com a necessidade de dar autonomia de

escolha à criança. Este último tipo de significação foi também encontrado

Hebestreit e colaboradores (2010) que, num estudo europeu, identificaram que

alguns pais de crianças pré-escolares e escolares consideravam que não se deveria

limitar muito a exposição a alimentos inadequados pois esta era uma forma das

crianças desenvolverem responsabilidade pessoal e autocontrolo. Estes dados

indicam que alguns pais têm dificuldade em compreender o processo de

desenvolvimento e as características desta fase e que, como tal, não estarão muito

recetivos a uma mensagem que defenda uma atitude de maior controlo sobre a

alimentação da criança.

Um número menor de pais centra-se quase exclusivamente na ação parental

para explicar o comportamento alimentar da criança, sendo que destes, a maioria

foca a eficácia das estratégias parentais como o aspeto fundamental no

desenvolvimento dos hábitos alimentares saudáveis.

Um número reduzido de pais centra a explicação do desenvolvimento dos

comportamentos alimentares da criança nas características da criança ou em

fatores externos.

Significações parentais por IMC da criança

As significações parentais em que se registam maiores diferenças entre os

pais com crianças com excesso de peso e peso normal são referentes a

determinantes, consequências psicológicas e barreiras a uma alimentação

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__________________________________________________________________DISCUSSÃO DE RESULTADOS

209

saudável, e também relativamente às estratégias e aos modelos explicativos do

desenvolvimento dos comportamentos alimentares.

Nos determinantes do comportamento alimentar os pais com crianças com

excesso de peso centram-se mais nas preferências. Os pais de crianças de peso

normal dão mais relevância aos determinantes parentais.

Quanto às consequências de uma alimentação saudável, os pais das crianças

com peso normal referem mais o evitamento do feedback social, que não é referido

por nenhum dos pais das crianças com excesso de peso. Outros estudos concluem

que os pais de crianças com excesso de peso estão particularmente preocupadas

com o feedback social negativo (Jackson et al, 2005; Jain et al.,2001). Embora as

reações negativas ao excesso de peso possam não ser ainda um problema muito

significativo no contexto pré-escolar, este resultado poderá eventualmente indiciar

um processo de evitamento parental. Esta questão só poderá ser esclarecida com

outro tipo de estudos.

As limitações socioeconómicas e as influências externas são as barreiras em

que se centra a maioria dos pais das crianças com excesso de peso. Os pais das

crianças com peso normal referem uma maior variedade de barreiras, em especial

as emoções parentais e a pressão da criança. Estes resultados evidenciam alguns

aspetos importantes a ter em conta na intervenção com pais cujos filhos tenham

excesso de peso. Salienta-se a importância de trabalhar as questões relacionadas

com a assertividade com outros cuidadores da criança (pais, sogros ou amas), a

educação para o marketing e publicidade, bem como estratégias para ultrapassar

as consequências das limitações económicas na qualidade da alimentação.

Quanto às estratégias utilizadas, embora não se verifiquem muitas

diferenças entre os dois grupos, os pais das crianças com peso normal tendem a

referir mais estratégias geralmente consideradas adequadas (planeamento de

refeições, acessibilidade dos alimentos, condicionamento positivo) do que os pais

com filhos com excesso de peso. Estes, por sua vez, tendem a referir mais as

estratégias tendencialmente ineficazes ou inadequadas para a idade (alteração das

refeições, dar informação, autogestão da criança).

Quanto à explicação do desenvolvimento dos comportamentos alimentares

da criança, os dois grupos recorrem essencialmente a explicações centradas na

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___________________________________________DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

210

necessidade de coordenar diferentes perspetivas ou na ação parental. Contudo, os

pais com filhos com excesso de peso referem mais vezes a relevância de dar

oportunidade à criança de fazer escolhas livres, e que esta estratégia tem de ser

também aplicada aos comportamentos alimentares. Estes pais avaliam a

necessidade de limitar as suas ações de controlo, pois consideram que o controlo

parental em excesso podem trazer mais desvantagens do que benefícios. Estas

duas conceções podem ser desenvolvidas como forma de racionalização face a uma

atitude parental mais permissiva. Em contrapartida, os pais de crianças com peso

normal salientam mais que as ações parentais devem ser coordenadas com outros

determinantes do comportamento alimentar. Referem também que o controlo não

deverá ser a estratégia central para o desenvolvimento de bons hábitos, pois a sua

função de educadores lhes exige uma abordagem mais complexa.

Significações parentais por hábitos alimentares da criança

Serão focadas de seguida as principais diferenças identificadas nas

significações parentais entre o grupo de pais de crianças com os melhores hábitos

e com os piores hábitos alimentares. Estas diferenças foram verificadas nas

seguintes temáticas: determinantes dos comportamentos e das preferências

alimentares, consequências de uma alimentação saudável, barreiras e modelos

explicativos do desenvolvimento dos comportamentos alimentares.

Os pais das crianças com os melhores hábitos referem mais frequentemente

determinantes sobre os quais os pais têm algum controlo (i.e., parentais e culturais

/exposição) enquanto os pais das crianças com os piores hábitos, além dos

determinantes culturais, referem mais frequentemente fatores sociais sobre os

pais têm menor controlo (refeições na escola, publicidade).

A exposição é o determinante das preferências alimentares mais mencionada

nos dois grupos, salientando-se contudo que nenhum dos pais das crianças com

piores hábitos referiu as estratégias intencionais dos pais como forma de moldar

as preferências das crianças.

Os pais dos dois grupos descrevem de forma semelhante as consequências

de uma alimentação saudável, embora os pais de crianças com piores hábitos

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__________________________________________________________________DISCUSSÃO DE RESULTADOS

211

alimentares referem com maior frequência a criança ter energia suficiente e o

evitamento de carências nutricionais.

Os pais com filhos com piores hábitos alimentares referem mais barreiras

sociais (socioeconómicas e influências de outros familiares e pares da criança),

enquanto o outro grupo refere mais barreiras diretamente relacionados com eles

próprios e com a criança (pressão da criança e emoções parentais).

Os pais das crianças com filhos com os melhores hábitos alimentares

centram-se em estratégias consideradas mais adequadas, sendo que a mais

mencionada é a acessibilidade de alimentos. Os pais com filhos com os piores

hábitos alimentares referem mais a autogestão da criança e estratégias coercivas.

Relativamente aos modelos explicativos do desenvolvimento dos

comportamentos alimentares a maioria dos pais dos dois grupos considera que

estes dependem das ações parentais serem ou não eficazes para desenvolver

hábitos alimentares saudáveis. As diferenças mais relevantes são que os pais das

crianças com piores hábitos valorizam mais a capacidade de autorregulação da

criança como um determinante de bons hábitos alimentares e referem menos

vezes a presença parental. Hart e coalboradores (2003) encontraram no seu

estudo mães que viam positivamente os momentos em que os pais não estão

presentes como um espaço de liberdade das crianças, apesar de saberem que elas

poderiam fazer escolhas menos saudáveis.

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___________________________________________DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

212

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___________________________________________DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

6.

CONCLUSÕES

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___________________________________________DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

214

A elevada prevalência da obesidade infantil tornou o combate a este

problema um objetivo prioritário de saúde (OMS, 2012). Este só poderá ser

atingido se as ações desenvolvidas abarcarem os vários sistemas que influenciam

direta e indiretamente a criança (Story, Kaphingst, Robinson-O’Brien & Glanz,

2008; Davinson & Birch, 2001). Contudo, é ainda necessário um melhor

conhecimento sobre os determinantes mais relevantes tanto dos comportamentos

sedentários como dos hábitos alimentares da criança.

O estudo dos comportamentos alimentares no período pré-escolar revela-se

de particular interesse por diversas razões. Entre os 5 e os 6 anos a gordura

corporal diminui para um mínimo (adiposity rebound), para depois aumentar até à

idade adulta. Embora se trate de um processo pré-determinado, o aumento de

gordura corporal está também relacionado com os hábitos alimentares da criança.

(Rolland-Cachera, Deheeger, Maillot & Bellisle, 2006; Whitaker, Pepe, Wright,

Seidel & Dietz, 1998). Concomitantemente, o desenvolvimento psicológico da

criança neste período implica um ganho crescente de autonomia, que ocorre

também no domínio alimentar. Em resultado deste processo, os pais tendem a

diminuir a sua autoeficácia para mudar os comportamentos alimentares da

criança.

O presente trabalho teve como objetivo geral o estudo de determinantes

psicológicos e sociais do comportamento alimentar das crianças pré-escolares.

Para este fim foram realizados dois estudos. No primeiro, foram focados os

determinantes e fatores correlatos do comportamento alimentar infantil. O

segundo visou aprofundar o conhecimento sobre as significações parentais

relacionadas com a alimentação da criança.

Para o primeiro estudo, e face à multiplicidade de determinantes

psicológicos e sociais abordados na literatura, a escolha dos determinantes a

incluir no presente estudo seguiu algumas linhas orientadoras. As variáveis

cognitivas parentais mereceram particular atenção. Uma vasta evidência científica

fundamenta os modelos cognitivos que explicam os comportamentos de saúde

(Norman, Abraham & Conner, 2000), sendo que os processos cognitivos parentais

assumem particular relevância na explicação dos comportamentos dos pais

relacionados com a saúde da criança (Barros, 1999). Também a longa atividade da

autora como docente, em particular na formação de profissionais de saúde, bem

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_________________________________________________________________________CONCLUSÕES

215

como os trabalhos anteriores sobre significações parentais relacionadas com a

alimentação da criança (Andrade, 2007; 2012), influenciaram o interesse por estes

processos. Assim, foram abordados neste estudo o conhecimento nutricional dos

pais, a perceção parental de peso da criança, a preocupação com a alimentação da

criança e as atribuições parentais de autoeficácia e controlo. O conhecimento

nutricional e a perceção parental de peso foram alvo de um estudo mais detalhado.

Para além dos processos exclusivamente cognitivos, foram também focadas as

relações entre os hábitos alimentares e os estilos parentais.

Dos determinantes específicos à própria criança foram analisadas as

relações dos hábitos alimentares com as preferências alimentares e o tempo de

visionamento de televisão. Estas são características com particular interesse para a

intervenção, na medida em que podem ser diretamente influenciadas pelos pais.

Considerou-se também de interesse o estudo das relações do IMC da criança

com as restantes variáveis em estudo.

Este primeiro estudo é transversal e correlacional, tendo incluído 231

crianças dos jardins-de-infância da zona Norte de Loures e respetivos pais. A

avaliação foi feita por questionários preenchidos pelos pais, à exceção das

preferências alimentares e do IMC que foram avaliadas diretamente com as

crianças.

Para o segundo estudo, de caráter descritivo, foi utilizada uma metodologia

qualitativa para a identificação das significações parentais relacionadas com a

alimentação. Foram entrevistados 26 pais da amostra original. Tratou-se de uma

subamostra intencional, que incluiu pais de crianças com excesso de peso e IMC

normal, bem como pais com filhos com os piores e os melhores hábitos

alimentares. Utilizou-se um procedimento aberto de análise de conteúdo para

trabalhar as verbalizações parentais.

Os resultados e as conclusões deste estudo foram já analisados nos

capítulos 4 e 5. A discussão de resultados confirmou as conclusões de estudos

anteriores, mas identificou aspetos inovadores e complementares em relação aos

estudos já existentes. Neste capítulo serão salientadas as conclusões mais

relevantes e inovadoras e será feita uma análise mais integradora dos resultados

obtidos.

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___________________________________________DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

216

- As preferências alimentares, o tempo de visionamento de televisão, a

atribuição parental de controlo e a dimensão de responsividade parental foram

identificados como preditores dos hábitos alimentares. O conhecimento

nutricional e a autoeficácia, embora não acrescentando valor preditivo ao modelo

estudado, estão diretamente correlacionados com os hábitos alimentares.

- A atribuição de controlo parental sobre o que a criança come revelou-se

uma característica importante. É um preditor da qualidade dos hábitos

alimentares, sendo que os pais que têm uma atribuição moderadamente elevada,

têm os filhos com os melhores hábitos. Por outro lado, está também correlacionada

com o conhecimento nutricional e está associada à perceção parental de peso (i.e.,

pais com perceção correta de peso têm atribuições mais elevadas de controlo).

De acordo com o esperado, a atribuição parental de controlo está

positivamente correlacionada com a autoeficácia parental para a mudança de

comportamentos alimentares do filho, e estas estão inversamente correlacionadas

com a preocupação parental com o peso da criança. Esta relação está de acordo

com os principais modelos cognitivos que explicam os comportamentos de saúde

(Becker & Rosenstock, 1984; Leventhal, Nerenz & Steele, 1984; Prochaska &

Nerenz, 1994).

-Os resultados obtidos confirmam que os pais de crianças com excesso de

peso tendem maioritariamente a subavaliar o peso dos seus filhos, o que não

acontece quando a criança tem peso normal. A perceção de peso não está associada

à preocupação parental. Os pais com perceção incorreta, que na sua maioria

subavaliam o excesso de peso da criança, distribuem-se de forma mais ou menos

uniforme pelas várias categorias (graus) de preocupação.

- Confirma-se que o conhecimento nutricional dos pais é um fator relevante

para a promoção dos hábitos alimentares saudáveis das crianças, embora não seja

suficiente, por si só, para os pais porem em prática mudanças efetivas na

alimentação dos seus filhos. Esta conclusão reforça as limitações da transmissão de

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_________________________________________________________________________CONCLUSÕES

217

informação se não forem trabalhados paralelamente outros determinantes dos

comportamentos alimentares.

- A dimensão de responsividade parental está correlacionada e é um

determinante dos hábitos alimentares da criança, confirmando a vantagem dos

pais que promovem a individualidade e a autorregulação do filho, e que estão

centrados nas necessidades da criança. Estas questões são levantadas também por

muitos dos pais entrevistados, que referem a necessidade de dar autonomia de

decisão alimentar às crianças e de promover a autorregulação da criança. Porém é

importante não esquecer que esta relação poderá ser bidirecional, na medida em

que os pais com crianças que já têm uma dieta saudável não necessitem de ter uma

atitude exigente e controladora em relação à alimentação, o que poderá facilitar

uma centração maior nas necessidades e características da criança e não tanto no

cumprimento das normas impostas pelos pais.

Não foi confirmada uma relação entre a qualidade dos hábitos alimentares e

os estilos parentais (i.e., autoritário, orientador, permissivo e não envolvido).

Possivelmente esta relação é influenciada por diversos fatores (e.g., práticas

parentais, grau adesão da criança às normas parentais), que contudo não puderam

ser abordados neste estudo.

- Das estratégias que os pais utilizam para promover uma alimentação

saudável do seu filho, algumas são consideradas como adequadas na literatura.

Contudo, os pais referem com alguma frequência a utilização de estratégias

coercivas e de delegação na autogestão da criança. Estas duas estratégias são mais

verbalizadas pelos pais de crianças com os piores hábitos alimentares e com

excesso de peso.

A estratégia mais referida foi a de fornecer informação à criança. Este

resultado é relevante na medida em que as crianças pré-escolares não orientam

ainda as suas ações por informação /crenças de saúde. Hebestreit e colaboradores

(2010) salientam a importância da comunicação de regras alimentares entre pais e

filhos, o que é adequado na idade pré-escolar. Contudo a comunicação dos pais

entrevistados foca-se mais na argumentação e explicação das vantagens da

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___________________________________________DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

218

alimentação saudável, e não diretamente na definição de regras alimentares a

serem cumpridas.

- Relativamente ao modo como os pais compreendem o desenvolvimento

dos hábitos alimentares dos filhos, muitos consideram que os seus objetivos da

alimentação saudável têm de ser coordenados com outros fatores, também eles

importantes, de que se salientam a necessidade da criança ter alguma autonomia

nas decisões alimentares e também os riscos do excesso de controlo parental.

Alguns pais referem ainda que a alimentação saudável é conseguida na medida em

que os pais souberem conjugar este objetivo com outros determinantes do

comportamento alimentar (e.g., falta de tempo, preferências da criança). Há ainda

pais que referem a necessidade de relativizar as linhas orientadoras de uma

alimentação saudável por ser impossível ter a certeza sobre qual é exatamente a

alimentação adequada para a criança, sendo que as orientações atuais são vistas

como uma entre várias alternativas adequadas.

Um número significativo de pais centra as suas explicações quase

exclusivamente na intervenção parental, considerando que a qualidade dos hábitos

alimentares depende dos pais disporem de estratégias eficazes ou de estarem

presentes quando a criança come.

Este estudo apresenta algumas limitações, que se mencionam em seguida.

- Optou-se por utilizar uma medida que permitisse a avaliação global da

qualidade dos hábitos alimentares da criança. Esta opção foi deliberada, na

tentativa de não limitar a avaliação a determinados tipos de nutrientes (e.g.,

ingestão de gorduras), ou alimento específicos (e.g., frutas e vegetais). Contudo

esta metodologia terá levado a uma perda de poder discriminativo.

O mesmo tipo de avaliação global foi feito para a avaliação das preferências

alimentares. Assim, para o estudo da correlação entre as preferências e os hábitos

alimentares foram utilizadas medidas gerais destas variáveis, o que reduziu a

possibilidade de se encontrarem relações mais significativas.

Para futuros estudos em que os hábitos alimentares sejam avaliados por

questionários breves, sugere-se que estes incidam num número restrito de

comportamentos alimentares, que sejam relevantes para descriminar as crianças

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_________________________________________________________________________CONCLUSÕES

219

em termos da qualidade dos seus hábitos alimentares. Por outro lado, o estudo da

relação entre hábitos e preferências alimentares deverá ser feita a partir da

preferência e consumo de alimentos específicos.

- A avaliação foi feita maioritariamente por questionários, à exceção do IMC

e das preferências alimentares, que foram avaliadas diretamente com a criança.

Para algumas das variáveis em estudo (conhecimentos nutricional, perceção

parental de peso e atribuições parentais) a metodologia de autorrelato é a mais

adequada. Contudo, a avaliação dos hábitos alimentares e dos estilos parentais

pode ter sido influenciada por distorções nas respostas dos pais, resultado do

efeito de desejabilidade social e de distorções no processamento de informação.

- De acordo com o Parentig Feeding Questionnaire, a classificação dos estilos

parentais foi feita a partir das medianas da amostra relativamente às duas

dimensões: responsividade e exigência. Este facto pode ter levado a um

enviezamento da classificação dos pais nos diferentes estilos. Para obviar este

efeito foram estudadas também as duas dimensões de base. Contudo, a ausência de

relações entre o estilo parental e os hábitos alimentares da criança poderá ter sido

afetada, em parte, pelo problema referido.

- Apesar de a amostra incluir um número alargado de crianças e pais, a

amostragem seguiu critérios de conveniência, com as limitações que lhe estão

associadas. Neste estudo o método de amostragem levantou dois problemas em

particular. O primeiro consistiu no número de pais com filhos com excesso de peso,

que se revelou insuficiente para análises mais finas, como foi referido ao longo da

discussão. Este problema tornou-se mais evidente nas conclusões relacionadas

com a perceção parental de peso, face ao baixo número de pais com perceção

correta do excesso de peso dos filhos. Por outro lado, o facto de não ser uma

amostra representativa dos diferentes níveis socioeconómicos poderá ter afetado o

papel pouco relevante que estes assumiram neste estudo, em particular na

explicação dos comportamentos alimentares e do IMC da criança.

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___________________________________________DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

220

- A avaliação da preocupação parental, embora feita através de uma questão

comum a muitos estudos, poderia ter beneficiado de uma formulação mais

específica. Alguns pais podem ter assinalado que estavam preocupados com o peso

da criança referindo-se à magreza e não ao excesso de peso, mesmo no caso dos

pais de crianças com um IMC superior ao normal. Em futuros estudos este

problema deverá ser ultrapassado através de uma questão que inquira sobre a

preocupação específica com o excesso de peso.

- Este estudo não incluiu todos os determinantes psicológicos e sociais que a

evidência científica tem identificado como relevantes (e.g., exposição; práticas

parentais relacionadas com a alimentação), pois o número de instrumentos de

avaliação reduziria a adesão dos pais. Esta poderá ser uma das razões pela qual o

valor preditivo do modelo de regressão dos hábitos alimentares não é forte.

Todavia o presente estudo centrou-se no papel das variáveis cognitivas parentais,

tendo permitido confirmar a sua importância para os hábitos alimentares das

crianças pré-escolares.

Propostas para estudos futuros

O presente estudo identificou relações importantes entre as variáveis

cognitivas analisadas. Porém estas relações necessitam de maior clarificação. Para

um estudo futuro, exclusivamente com pais de crianças com excesso de peso, seria

interessante a concetualização proposta na tabela 6.1, para a qual se recorre aos

estádios de prontidão para a mudança para equacionar o modo como estas

caracerísticas cognitivas se podem organizar entre si. Na coluna da direita da

tabela apresentam-se alguns dos resultados que foram orientadores para esta

conceptualização.

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_________________________________________________________________________CONCLUSÕES

221

Tabela 6.1.

Estádios de prontidão parental para a mudança dos hábitos alimentares da criança com excesso de peso

Estádio de

prontidão Caraterísticas Resultados orientadores

Pré-

contemplação

• Pais que consistentemente subavaliam o peso e

com baixa preocupação com o peso da criança.

Podem apresentar preocupações generalistas com

o peso, mas não especificamente com o excesso de

peso da criança, no presente.

• Pais não consideram haver necessidade de

mudanças alimentares

• As atribuições de

autoeficácia e controlo

estão correlacionadas

entre si e inversamente

correlacionadas com a

preocupação parental.

• A preocupação com peso

não está correlacionada

com a qualidade dos

hábitos alimentares, mas

é preditor da sua

alteração no futuro

(Spruijt-Metz et al.,

2006).

• Os pais com perceção

correta tendem a ter

níveis mais elevados de

controlo sobre o que a

criança come.

• As atribuições parentais

de autoeficácia e

controlo estão

positivamente

correlacionadas com a

qualidade dos hábitos

alimentares.

.Existe uma variabilidade

grande nos graus de

preocupação dos pais, a

qual não é

significativamente

superior nos pais com

filhos com excesso de

peso

Contemplação • Ambivalência em relação à perceção do excesso de

peso da criança e à preocupação. A subavaliação do

excesso de peso pode ser uma forma de reduzir

(temporariamente) a preocupação com o peso da

criança.

• As atribuições parentais de controlo e autoeficácia

limitam o início de mudanças no comportamento

alimentar da criança

Preparação • Perceção correta do excesso de peso da criança

• Pais manifestam preocupação elevada

• As atribuições parentais de controlo e autoeficácia

limitam ainda a realização de mudanças

significativas na alimentação da criança. Os pais

fazem algumas mudanças pontuais e/ou planeiam

mudanças futuras mais estruturadas.

Ação • Perceção correta do excesso de peso da criança

• Atribuições parentais de controlo e autoeficácia

elevadas.

• Pais realizam mudanças significativas dos

comportamentos alimentares da criança.

• Os pais poderão diminuir a sua preocupação por

terem já tomado medidas para a resolução do

problema de peso ou por constatarem a perda de

peso.

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___________________________________________DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

222

Esta proposta não pretende ser um modelo explicativo do comportamento

parental relacionado com a alimentação da criança, na medida em que se centra

somente nas características cognitivas parentais que foram abordadas no presente

estudo. No entanto, propõe um quadro integrador das relações entre estas

características, que poderá ser testado em estudos futuros.

Os estilos parentais são outra área de estudo em relação à qual se levantam

várias questões de interesse, suscitadas pelos resultados deste estudo e pela

restante evidência científica.

Seria relevante clarificar se a eficácia das práticas parentais (e.g., controlo,

pressão, modelagem) depende do contexto relacional em que estas ocorrem, o qual

é determinado pelo estilo parental. A título de exemplo, poderemos antecipar que

as estratégias de controlo parental serão mais eficaz quando exercidas num

contexto orientador do que num contexto autoritário.

Dada a existência de poucos estudos que foquem a relação entre os estilos

parentais e a utilização preferencial de determinadas práticas relacionadas com a

alimentação da criança, esta será outra área de interesse. Seria particularmente

inovadora a comparação das estratégias utilizadas pelos pais com níveis elevados

de responsividade e de exigência.

Seria também interessante confirmar se os estilos parentais relacionados

com a alimentação se alteram quando os pais adquirem uma perceção correta do

excesso de peso da criança e estão preocupados, em particular se estas condições

levam ao aumento da exigência parental (i.e., criação de normas alimentares e

supervisão do cumprimento dessas mesmas normas).

Implicações para a prática

Do presente estudo podem ser retiradas algumas indicações importantes

para as intervenções com pais que visem promover o comportamento alimentar

saudável da criança.

Com base nos determinantes identificados é fundamental a abordagem das

questões psicológicas da criança e dos pais, em particular a modificação das

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_________________________________________________________________________CONCLUSÕES

223

preferências alimentares e a atribuição parental de controlo sobre o que a criança

come.

Para além de serem um determinante dos hábitos alimentares, as

preferências alimentares são uma das barreiras mais mencionadas pelos pais. Por

estas razões as estratégias para modificação das preferências devem assumir

particular relevância na intervenção com pais. Na medida em que os pais referem a

modelagem e principalmente a exposição como determinantes das preferências

almientares, mas não como estratégias, estas devem ser realçadas como formas

dos pais intervirem intencionalmente nas preferências alimentares dos filhos.

Dado que o desenvolvimento de preferências alimentares saudáveis desde o

nascimento é um processos mais fácil do que a alteração de preferências já

adquiridas, torna-se de extrema importância a intervenção precoce com pais (e.g.,

aconselhamento a puérperas), de modo que desde os primeiros meses de vida os

pais possam ter ações dirigidas para o desenvolvimento de preferências saudáveis

e para a redução da neofobia.

Relativamente à atribuição de controlo, o presente estudo aponta para uma

correlação inversa entre a preocupação e as atribuições de autoeficácia e controlo.

Este resultado permite colocar a hipótese de que o aumento da preocupação

parental poderá ter como efeito uma redução nas expetativas dos pais em de

conseguirem lidar eficazmente com o problema de peso/alimentar do filho. De

acordo com o modelo de prontidão (Prochaska et al., 1994) os pais preocupados

com o peso da criança mas que tenham atribuições baixas de autoeficácia e

controlo tenderão a evitar ou minimizar o problema de saúde da criança. Estas

conclusões indicam que a estruturação da maioria dos programas, que incidem

inicialmente no aumento da perceção de risco e da preocupação e só depois

abordam as questões relacionada com a autoeficácia e o controlo, será desajustada.

Um dos aspetos relevantes deste estudo é a confirmação de que o

conhecimento nutricional é uma área importante a ser focada com os pais, em

particular os mais novos e os de níveis socio-educacionais mais baixos. Também a

partir das significações parentais sobre as consequências da alimentação saudável

se identifica que os pais têm diferentes necessidades de informação. Enquanto

alguns pais estão bem informados, referindo o evitamento de doenças específicas,

compreendendo o conceito de nutriente e a relação entre peso e saúde, outros têm

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___________________________________________DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

224

um conhecimento pouco aprofundado, abordando de uma forma muito geral os

benefícios da alimentação saudável para a saúde ou para o desenvolvimento da

criança.

Considerando que muitos pais identificam as limitações económicas como

barreira, um tema indispensável a abordar na informação nutricional serão formas

económicas de realizar uma alimentação saudável.

As conclusões do presente estudo, bem como a evidência empírica atual,

indicam que a intervenção na perceção parental do peso da criança deve ser feita

com alguma precaução. A perceção correta do peso não se mostrou associada a

melhores hábitos alimentares da criança. Por outro lado, as intervenções

apresentadas na literatura que visam a promoção de uma perceção correta do

excesso de peso não têm, na sua maioria, revelado resultados muito positivos. Será

ainda necessário um conhecimento mais aprofundado dos processos antecedentes

e consequentes da subavaliação do excesso de peso, antes de esta ser um dos alvos

de intervenção.

O objetivo de redução do tempo de visionamento de televisão é

fundamental nas intervenções com pais, mas não esquecendo que períodos de

tempo prolongados em frente à televisão podem ser um reflexo da falta de

disponibilidade dos pais para se ocuparem com outras atividades de

acompanhamento da criança. Assim, as propostas que visem a substituição do

tempo de visionamento da televisão por atividades que exijam maior envolvimento

dos pais poderão não ter uma adesão significativa. Os profissionais de saúde

poderão explorar com os pais atividades que exijam maior dispêndio de energia e

possam ser integradas nas rotinas familiares e facilmente aceites.

Considerando as barreiras mais verbalizadas pelos pais, que confirmam

estudos anteriores, será importante que o aconselhamento parental aborde

estratégias para: i) comunicar assertivamente com as pessoas que cuidam da

criança (e.g., avós), ii) promover a capacidade dos pais educarem a criança em

relação à publicidade, de uma forma adequada à idade da criança, iii) ultrapassar a

pressão exercida pela criança; iv) gerir as emoções parentais, em particular o

stress e a ambivalência resultantes das consequências negativas que alguns pais

associam às mudanças para uma alimentação saudável (e.g., tensões com a criança

e outros familiares, privar a criança de momentos de prazer, gerar emoções

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_________________________________________________________________________CONCLUSÕES

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negativas do filho, ou ainda reduzir a sua autonomia). Considerando que muitos

pais continuam a utilizar estratégias que a literatura aponta como pouco eficazes,

bem como inadequadas para o período de desenvolvimento psicológico da criança

pré-escolar, estas devem continuar a fazer parte integrante das intervenções para

a promoção da alimentação saudável em crianças.

Para terminar as conclusões deste trabalho é importante fazer algumas

considerações sobre a investigação em psicologia na área dos comportamentos

alimentares infantis.

Os estudos existentes têm-se centrado mais nos determinantes do IMC e

menos na explicação dos hábitos alimentares da criança. Entre outras explicações,

este facto poderá estar relacionado com questões metodológicas (i.e., maior

dificuldade na avaliação dos comportamento alimentares), mas também com a

circunstância dos objetivos nacionais e internacionais de saúde serem definidos

em termos do IMC. Contudo, a relação entre o IMC e os comportamentos

alimentares da criança não é clara e necessita de ser melhor compreendida. Por

esta razão, e sendo os comportamentos o âmbito de estudo da Psicologia, a

investigação deverá centrar-se mais na compreensão dos comportamentos e

hábitos alimentares da criança, ao contrário do que tem acontecido até agora.

Embora os estudos existentes recorram a modelos teóricos da Psicologia

(e.g., modelo de cognição social; modelo do comportamento planeado) para

identificar as características psicológicas (dos pais e das criança) que possam estar

relacionados com os comportamentos alimentares infantis, a diversidade de

determinantes envolvidos tem dificultado uma conceptualização teórica

abrangente e especifica para estes comportamentos. O modelo ecológico, embora

apresente linhas gerais importantes para a compreensão dos comportamentos

alimentares, é um modelo multidisciplinar global, que não traz um contributo

teórico específico a cada uma das áreas científicas envolvidas. Urge que, no futuro,

se comecem a testar modelos que englobem os determinantes psicológicos mais

relevantes do comportamento alimentar da criança, para que sejam ainda mais

profícuos os contributos da psicologia para o conhecimento e intervenção nesta

área.

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___________________________________________DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR INFANTIL

226

Por fim, e de acordo com a experiência da autora, a maioria dos

profissionais de saúde que trabalha na promoção da alimentação saudável infantil

está sensibilizada para a importância dos aspetos psicológicos no comportamento

alimentar das crianças, mas dispõe de informação e estratégias limitadas para a

intervenção nestas dimensões. É, por isso, necessário um maior esforço de

formação destes profissionais, para a aquisição de competências que lhes

permitam trabalhar adequadamente com estas características parentais e da

criança, sempre num enquadramento de parceria com os pais e longe de uma

atitude prescritiva de comportamentos de saúde.

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