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editorial

“Editorial: Artigo de fundo ou artigo destacado num perió dico, geralmente com as ideias e opiniões da di-recção do periódico” (Dicionário Priberam da Língua Portuguesa). Não pensem, estimados amigos da DIF, que é fácil resumir numa dúzia de linhas uma visão comum a um grupo generoso de colaboradores, como a DIF se orgu-lha de ter (já agora, se tiverem ideias criativas e origi-nais para artigos, é favor entrarem em contacto). Há dois, três tipos de fugir sorrateiramente à questão sempre fun-damental do editorial – por norma, o último texto a ser escrito antes das páginas que estão neste momento a ler serem impressas: por um lado, há a tendência de pegar num tema em foco na revista e abordá-lo nas primeiras páginas da mesma, quase que justificando o elo comum entre esse artigo e um sem número de outros; por outro, po-demos sempre agarrarmo-nos a algo comum à sociedade: se o nosso ângulo fosse mais noticioso, poderíamos trazer para a discussão algum tema político, social, económico – sendo a DIF voltada para a vida urbana e o quotidiano das emoções, poderíamos, no número em questão, falar da chegada da Primavera, do começo da época dos festivais (de música, cinema, etc.), das novas tendências de moda. Não impossível seria, ainda, fazer algum tipo de rescaldo de algum evento decorrido entre o número anterior e o pre-sente – o regresso da Moda Lisboa a Lisboa, por exemplo. Curiosamente, fosse qual fosse o caminho escolhido, dificil-mente estaríamos a falar em nome de todos os que da nos-sa ficha técnica constam. Por isso, optámos, no número 73 da DIF, em falar na dificuldade, por vezes alheia – natu-ral e felizmente – ao leitor, de apresentar um editorial coe-rente com as vontades e desejos de uma redacção exigente e criteriosa. Sabem que mais? Esqueçam, neste número, o editorial, e saltem já para os conteúdos à vossa frente. O editorial da DIF volta no número 74, e mais uma vez, não fazemos ideia do que nele constará. Voltem também e ve-nham descobrir o que nos une daqui a um mês (mas antes, claro, espreitem as dezenas de páginas a seguir a esta).

ficha técnica

Editor‑in‑chiEf

Trevenen Morris‑Grantham [email protected]

dEsign gráfico & dirEcção criativa

José Carlos Ruiz Martínez [email protected]

Editora dE Moda E BElEza

Susana Jacobetty [email protected]

Edição

Filipa Penteado (Moda . Cinema) [email protected] Pedro Primo Figueiredo (Música . Cultura) [email protected]élia Fialho (Música . Arte . Cultura)

colaBoradorEs

Ana Cristina Valente, Carlos Noronha Feio, Carolina de Almeida, Emanuel Amorim, Heike Himmel, Hugo Israel, João Bacelar, João Telmo Dias, José Reis, Laura Alves, Laura Hamilton, MANU, Margarida Rocha de Oliveira, Manuel Simões, Miguel Gomes‑Meruje, Nuno Moreira, Pedro Gonçalves, Raquel Botelho, Ricardo Preto, Rita Sobreiro, Samuel Cruz, Sara Vale, Sónia Abrantes, Telmo Mendes Leal, Tiago Santos, Tiago Sousa,.

EstE Mês

Afonso Cabral, Ana Rita Sevilha, Frederico van Zeller, Luciana Cristhovam, Luis Spencer Freitas, Madalena Saudade e Silva, Mariana Duarte Silva, Raquel Ochoa, Vasco Vicente, Vera Marmelo.

[email protected]/difmagazine

rEdacção E dEpartaMEnto coMErcial

Rua Santo António da Glória 81. 1250‑216 LisboaTelefone: 21 32 25 727 ‑ Fax: 21 32 25 729propriEdadE

Publicards, Publicidade Lda.distriBuição

Publicards ‑ [email protected]ão

BeProfit ‑ Av. das Robíneas 10, 2635‑545 Rio de MouroSogapal ‑ 2745‑578 Queluz de BaixorEgisto Erc125233núMEro dE dEpósito lEgal

185063/02 ISSN 1645‑5444copyright

Publicards, Publicidade Lda.tiragEM E circulação Média

21 000 exemplarespEriodicidadE

Mensalassinatura

10 €

parcEiro ilustração E artE

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fotografiaJoão Bacelar

stylingSusana Jacobetty

ModEloAlice (Central Models)

look outono/invErno 2010/11Aleksander Protic

ErrataNa edição passada no editorial Bosque na 1ª

e 2ª páginas, deveria ter entrado a seguinte legenda: vestido Pepe Jeans, casaco Pedro Pedro, colar Rita Vilhena Jóias, botas Louis Vuitton. E na última, anel Valentim Quaresma.

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Alexa Chung with Boyd Holbrook & Tom Guinness

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índicE

12. KuKies

28. RetRo CultuRe

Regresso ao futuro e directo ao passadoTexto Célia F

30. o que andamos a ouviR

31. músiCa

Sérgio HydalgoTexto Sónia AbrantesFotografia Vera Marmelo

32. músiCa

MeifumadoUma editora portuguesa, com certeza Texto Pedro Figueiredo

33. músiCa

IdealipsticksAs novas vozes do indie rock espanholTexto Ana Cristina Valente

34. new staRs FaCtoRy

Raquel OchoaTexto Ana Cristina Valente

36. Red Bull stReet style

Danças com bolasTexto Laura AlvesFotos Heike Himmel

38. moda

Organic Anagram Industries Texto Sara Vale

40. aRte

Estricnina, menina e moça Texto João Telmo Dias

44. design

Village UndergroundUma nova vida para antigas carruagens Texto Telmo Mendes Leal

46. aRquiteCtuRa

Moov, um estúdio híbrido de arte e projecto Texto Ana Rita Sevilha

48. suRFaCe

Alexander JamesTaxi Series ‑ Tóquio Texto Carolina de Almeida

54. Beleza

Looking 4 BeautyFotografia Luciana CristhovamRealização Susana Jacobetty

58. moda

Check Out the Product PlacementFotografia João BacelarRealização Susana Jacobetty

70. moda

BalanceFotografia Frederico van ZellerRealização Susana Jacobetty

76. agenda

Destaque, Música, Cinema

81. guia de CompRas

82. desilluminati

O Cavalheiro do Rossio Texto: Raquel OchoaIlustração: Vasco Vicente / WHO

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Afonso CAbrAl, nascido em Lisboa em 1986, concluiu a sua licenciatura em Ciências da Cultura na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em 2009. Depois de rápidas passagens enquanto esta‑giário pela Culturgest e Flur, onde se dedicou princi‑palmente à parte da comunicação, continua a exercer essa função, agora no Musicbox, no Cais do Sodré. Contudo, é na composição e na execução da música que Afonso Cabral se sente realmente em casa. É vo‑calista dos You Can’t Win, Charlie Brown, projecto ao qual dedica todo o seu tempo livre. Este mês es‑creve na DIF sobre o primeiro álbum de Toro Y Moi. -- AnA ritA sevilhA é arquitecta de forma‑ção, com uma passagem pela joalharia, e jornalista por acidente. Desde cedo que uma caixa de lápis e uma folha em branco lhe fazem as delícias. Gosta de arqui‑tectura, design, moda, arte, e de viajar, viajar muito, para depois regressar, e entre imagens, palavras e desenhos, contar como foi! Este mês escreve sobre o estúdio Moov. -- frederiCo vAn Zeller nasceu em Lisboa no ano de 1977. Estudou Fotografia e Publicidade em Lisboa e Barcelona. É sócio fun‑dador e fotógrafo da Kryptonphoto desde 2005. Este mês na Dif fotografou o editorial Balance. --

luCiAnA CristhovAm nasceu em São Paulo, Brasil, em 1978, e vive em Lisboa desde 2005. Começou a fotografar em 1999, influenciada pelos estudos das artes plásticas e moda. Foram essas ar‑tes que definiram o seu estilo de trabalho. Colabora com agências de publicidade e revistas em Portugal e no Brasil. Este mês fotografou as nossas páginas de beleza. -- mAdAlenA sAudAde e silvA nasceu em 1969. Frequentou de forma muito torta o curso de Direito até ao 5.º ano, e desistiu do mesmo a duas cadeiras do fim. Descobriu então que a músi‑ca africana era a sua paixão, e existia muito mais na rua do que aquela que se ouvia na Praça de Espanha. Madalena é uma das ex‑proprietárias da discote‑ca africana B.Leza, que geriu, com a irmã Sofia, entre 1995 e 2007. Gosta mesmo de programar e produzir e o B.Leza é a sua grande paixão e, ao mesmo tempo, o seu calcanhar de Aquiles. “Mandjoló”, de Costa Neto, tem estado na sua aparelhagem, e é sobre o mú‑sico moçambicano que a programadora escreve este mês na DIF. -- mAriAnA duArte silvA, 31 anos, é o rosto da Madame Management, mana‑ger e produtora de eventos. Nasceu em Lisboa, mas em 2007 optou pela cidade de Londres para viver e trabalhar, regressando a Portugal em 2009. É uma das responsáveis pelas festas «O Baile», divididas en‑tre Lisboa e Londres e já com uma mão cheia de edi‑ções realizadas. A base da Madame Management situa‑se em Campo de Ourique, mas o contacto com Londres é «diário», conta, e “se assim não fosse…seria muito mau”. Este mês escreve na DIF sobre Fanfarlo. --

10 este mês

rAquel oChoA tem dedicado grande parte do seu tempo a viajar e a escrever. Tem três livros publicados, cada qual sobre um continente dife‑rente. «O Vento dos Outros» (2008), sobre a América do Sul; «Bana – Uma vida a cantar Cabo Verde» (2008) e «A Casa‑Comboio» (2010) ro‑mance‑histórico sobre a Índia, lançado recente‑mente pela Gradiva e vencedor do Prémio Literário Revelação Agustina Bessa‑Luís. É licenciada em Direito e repórter de viagens. Nesta edição da DIF escreveu a crónica Desilluminati, para além de ser a nossa “New Star”. -- vAsCo viCente, 24 anos, licenciou‑se em 2008 em Design Gráfico pelo IADE, frequentando actualmente um mes‑trado em Cultura Visual. Depois de estagiar em agências de publicidade, trabalha como freelancer nas áreas da ilustração, design gráfico e animação para clientes como Vert Magazine, Dance Club, Visions Magazine, IPAM, Promotora Snooze Production e Red Bull. Em 2009 ficou classifica‑do em 2.º lugar no concurso Koziol Malas. É re‑presentado pela Who – creative talents agency. Nesta edição da DIF ilustra a crónica Desilluminati.

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12 kukies

Cute little

Pixie....a PePe Jeans foi fundada em 1973,

em londres, Pelos irmãos nitin, arun e milan shan. desde as bancas de Portobello road market, onde os ir-mãos shan começaram a vender as suas Peças, Passando Pela Primeira loJa em kings road, a PePe Jeans é, actualmente, uma das marcas de denim mais reconhecí-veis em todo o mundo, com Presença em centenas de Países.

Para além da sua linha Premium, a “seventy three”, a PePe Jeans aPosta em desenvolver iniciativas e colecções Para-lelas, como a andy Warhol. insPirada Pelo universo criativo do “rei” da PoP art, esta linha Para homem e senhora, que também inclui acessórios, é Já um clássico da marca.

Para esta Primavera/verão, a PePe Jeans volta a insPirar-se num dos seus te-mas favoritos: o rock n’ roll. a linha “seventy three”, Para senhora, caracteri-za-se Pelo Jogo entre tecidos fluídos e ma-teriais com efeito “segunda Pele”. casacos de cabedal são conJugados com vesti-dos fluídos, Jeans de asPecto vintage ou leggins com um Print leoPardo. as Peças são ricas em detalhes, desde as tachas às correntes, Passando também Por lante-Joulas, franJas e laços. na colecção masculina, o destaque vai Para as lava-gens aPlicadas a Peças denim insPiradas Pe-los uniformes de trabalho.

a cara da camPanha Primavera/verão é a manequim alexa chung, que usa uma das Peças emblemáticas desta co-lecção: os Jeans “Pixie”, umas calças de ganga de cintura subida, com efeito “se-gunda Pele”. as “Pixie” estão disPoníveis em várias cores, desde o azul claro ao índigo. Fp

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14 kukies

Mouton-Collet“moutoncollet é um Jogo de contrastes e oPosições. a nos-

sa assinatura adoPta outra linguagem e confronta o belo e o feio, atracção e rePulsa”. é assim que matthieW mouton e nicholas collet situam a sua arte – na dualidade. as Jóias são o seu univer-so, a nacionalidade que Partilham, o seu Ponto de convergência. “a maior Parte das nossas influências estão ligadas ao lado rural da bélgica. um mundo de silêncio no meio da natureza”, exPlicam à dif. todas as Peças desta duPla belga remetem Para o camPo, os animais da quinta, Jardins ou florestas. “a taxidermia e os caçadores de in-sectos semPre nos fascinaram”, declaram os criadores, que vão bus-car influências a Jacques tati, marcel duchamP e mattheW barney. Para a estação outono/inverno 2010-2011 na sua linha de mulher, os dois artistas ProPõem uma colecção “feroz”, mais radical e sofisti-cada, que viaJa através da “visão de Predadores retirados de contos de aventura e dos nossos Piores Pesadelos”, adiantam. a colecção inclui Pulseiras e colares de Pele, numa mistura de azul eléctrico e Preto. mas de todas as Peças, os chaPéus são, sem dúvida, o que cha-ma mais a atenção nesta colecção. “a insPiração Para os chaPéus Partiu da nossa última colecção de homem ‘bords de mer’”, exPli-cam. tratam-se de Peças insPiradas em lendas de cavaleiros heráldicos e aventuras éPicas no mar. a excentricidade das criações do duo Já atraiu a atenção de vários Pesos-Pesados, desde lady gaga, que in-tegrou um dos chaPéus moutoncollet no seu guarda-rouPa, a rei kaWakubo (comme des garçons). Ca

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16 moda lisboa

CHECKPOINT33ª Edição da Modalisboa de regresso a Lisboa, dias 11, 12, 13 e 14 de Março de 2010Fotos: João Bacelar

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Não

cam

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OA

007um dos grandes ícones da cultura

PoP do século xx, bond…James bond, o famoso 007, está de volta. não, não

é um novo filme do esPião mais famo-so do mundo. enquanto se aguarda

Pelo terceiro PaPel de daniel craig, che-ga ao mercado o livro “quantum of

solace”, que motiva a reedição, com novas caPas, de outros livros da saga

007. criado Pelo britânico ian fleming em 1953, e interPretado no cinema Por

alguns dos maiores actores de semPre, as aventuras de James bond são, em Pa-

lavras escritas, um comPlemento simPáti-co Para fãs e entusiastas. alimenta, não

matando Por comPleto a fome, enquan-to esPeramos Por mais um filme de 007.

pedRo pRimo FigueiRedo

Lookum olhar sobre

a obra de David Bailey

acabado de chegar às Prateleiras das livrarias, “look”, da autoria de Jackie higgins – escritora esPecializada em fo-tografia – faz uma retrosPectiva da carreira do aclamado fotógrafo in-glês david bailey. editado Pela Phaidon, “look” reúne os mais imPortantes traba-lhos do fotógrafo nas áreas da música e das artes desde a década de 1960. andy Warhol, catherine deneuve ou michael caine são alguns dos rostos que mar-cam a carreira de bailey, tal como a sé-rie “box of Pin-uPs” – que inclui retratos dos gangsters ronnie e reggie kray, dos beatles e de mick Jagger – e a série “the lady is a tramP”, com imagens da mulher, a ex-modelo caterine bailey. o livro in-clui ainda trabalhos menos conhecidos do fotógrafo Para caPas de discos, docu-mentários, anúncios e ProJectos mais Pes-soais. em “look”, Jackie higgins dá-nos conta das histórias Por detrás das ima-gens e revela como bailey se tornou uma referência incontornável no Panorama da fotografia de moda. lauRa alves

Look by David Bailey, com texto de Jackie Higgins, (preço: 9.95).

Phaidon 2010, www.phaidon.com

18 kukies

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SAG

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Herança incorporada no tecido. As mais duradouras relações entre moda e música. 1959: Os membros do incipiente movimento ‘Mod’ na Grã‑Bretanha rapidamente perceberam que a camisa pólo se adequava às suas actividades noctívagas. Tinha estilo, e com o botão de cima abotoado, assentava bem por baixo de um blazer ou fato de ‘mohair’, e era resistente o suficiente para ser usada toda a noite e, ainda assim, ter um ar fresco pela manhã, pelo que se tornou a primeira marca de vestuário desportivo a passar para o lado do street wear. E assim começou uma das mais duradouras relações entre a moda e a música.20 kukies

o 3d não é novidade. Pelo contrário — Já existe há muitos anos mas nunca com o imPulso necessário Para se massificar. 2010 Po-derá ser declarado o ano do arranque oficial do in your house 3d. Podemos comProvar isto em dois eixos — a tendência que a indústria de entretenimento demonstra seguir Para este ano e a PróPria criação de novos gadgets e aPare-lhos electrónicos que são fundamentados no 3d. decidimos Para esta edição da dif aPresen-tar alguns destes gadgets e tentações que se avizinham .

O aparelho mais interessante e, sem dúvida, mais básico é a televisão. E no meio dos vários lançamen‑tos, destacamos o Samsung 3D LED. Com um design de metal escovado e uma espessura inacreditavelmen‑te fina, o Samsung 3D LED não só converte o sinal 2D de um canal normal para 3D como também tem a capacidade de reprodução de conteúdo em 3D nati‑vo. Enquanto ao ver a conversão 2D para 3D a ima‑gem não nos arranca grande reacção, a visualização de um filme em Bluray 3D HD arranca uma reacção até ao mais céptico. Mas é claro, para realmente usufruir‑mos desta imagem precisamos de ter um leitor de Bluray 3D — que a Samsung convenientemente lançou para o mercado em simultâneo com o Samsung 3D LED. E para quem tem dúvidas — não, não podemos ver fil‑mes em 3D numa televisão normal só tendo um Leitor de Bluray 3D. A televisão é sempre necessária.

Para quem pretende criar conteúdo em 3D existem soluções disponíveis ou em vias de estar disponíveis no mercado, como por exemplo a Panasonic Full HD 3D, para além de filmar em 3D e em Alta Definição, ainda promete que irá conseguir definir, de forma automáti‑ca enquanto se filma, o ponto de convergência 3D e ainda fará a gravação em SSD, tornando a transferência das gravações para o PC muito simples.

A Câmara Digital Fujifilm FinePix Real 3D W1, com dois sensores distintos, não só permite filmar em 3D (de uma forma básica) como também tirar fotografias em 3D — o que significa que tendo uns óculos 3D, podemos ter uma galeria de fotografias toda em 3D.

Por fim, temos a Webcam 3D Novo Minoru. Uma das primeiras webcams do mercado que permite a di‑fusão de vídeo em 3D, esta permitirá a um utilizador do Skype, por exemplo, emitir a sua imagem 3D ‑ se a pes‑soa do outro lado do ecrã tiver óculos 3D, está claro.

Para terminar, não quisemos deixar de mostrar a derradeira prova que a tecnologia 3D vai além da tecnologia. Estando dependente de óculos, umas das principais queixas dos mesmos passa pela estética — são normalmente pouco elegantes e pesados. Para responder a esta questão, a Gunnar Optiks está a de‑senvolver óculos para visualização de conteúdos 3D para os mais style‑sensitive — com variados design e cores para todos os gostos e feitios.

3Dor not 3DTexto: Luis Spencer Freitas

1 Paralex Chrome da Gunnar oPtiks

2 FujiFilm FinePix real 3d W1

3 WebCam 3d novo minoru

4 samsunG 3d led

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22 kukies Cada gaveta esconde uma história, vem descobri-las em onitsukatiger.com

Sans titre-1 1 08-02-2010 11:56:50

Harley (by) Custo dePois de um avião da vueling, chegou a vez de imPrimir o cunho custo numa mota. a harley davidson e custo dalmau, designer da custo

barcelona, uniram forças Para criar a harley custo. a ideia nasceu da Paixão Partilhada Pelo estilista esPanhol e ferry clot, que modificou, adaPtou e deu forma às ideias de custo dalmau. os dois criativos dão voz aos mesmos valores: liberdade, indePendência e esPírito rebelde e incon-formista. custo dalmau é um fã incondicional de motas e adePto de aventuras em duas rodas. com um estilo muito mediterrâneo e colorido, esta harley custo é uma night rod sPecial transformada numa Peça de coleccionador e uma obra solidária, Já que será leiloada Para aJudar a fundação san Juan de dios e os seus ProJectos na serra leoa. Ca

Atenção: não usar às costasé o sonho de qualquer Pessoa que viva

num Pequeno aPartamento. acabaram-se as desculPas Para ter a sala desarruma-da, Pois o que aqui não falta são bolsos, fechos e esconderiJos de todos os tama-nhos. os sofás built to resi(s)t são a mais recente ProPosta da eastPak e resultam de uma Parceria com a marca de mobiliário italiana quinze & milan. as Peças são adaPtações de alguns modelos da quinze & milan – club sofa 01 e Primary Pouf 02 – com a vantagem engenhosa de ha-ver esPaço Para tudo aquilo que dá Jei-to ter à mão durante as tuas noites no sofá: revistas, cds, dvds, livros, coman-do da televisão, ou mesmo umas quantas barras de chocolate. design e funciona-lidade Podem, assim, coabitar eficazmente e ProPorcionar-te o melhor dos mundos. fabricadas em tecido ultra resistente e dis-Ponível em cores e Padrões vistosos, as Pe-ças da colecção built to resi(s)t serão aPresentadas em milão durante a design Week, Já este mês. la

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1 Maquina de café, edição liMitada “citiZ” da nespresso, €199

www.nespresso.com

2 chaMpagne, edição liMitada doM pérignon by Marc newson, €1050

www.oepicurista.pt

3 aluMiniuM suitcases, alfred dunhill www.richdun.pt

4 perfuMe issey Miyake x ettore sottsass, 2009, edição liMitada,

€225 design MuseuM shop

www.designmuseumshop.com

5 Maquina dourada loMo lc-a+, edição liMitada, €500

www.uk.shop.lomography.com

6 secrétaire “Martin” de benoìt convers, para ibride €3.200

www.madeindesign.com

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a benetton abriu uma nova megastore num edifício histórico de lisboa. situado na Praça do rossio, o Prédio escolhido (onde an-teriormente esteve aloJada a loJa das meias, agora fechada) foi submetido a obras de restauro que mantiveram os tíPicos azuleJos Portugueses como Parte da decoração. o destaque estético vai Para o terceiro Piso da loJa, no qual está situado o escritório e sho-Wroom da benetton / sisley. Para além dos azuleJos, os tectos tam-bém foram restaurados e a serralheria foi recriada com base nos seus “antePassados” históricos. Fp

a criadora (de moda e não só) lidiJa kolovrat está de volta a lisboa. dePois da loJa na rua do salitre, agora fechada, kolovrat abre um novo esPaço, com dois Pisos, em Pleno PrínciPe real. o concei-to do esPaço kolovrat Passa Pelo cruzamento de várias áreas artís-ticas. o Piso térreo é ocuPado Por uma loJa onde Podemos encontrar Peças da criadora bósnia mas também de outros artistas – desde acessó-rios de moda a Peças de decoração, Passando Por artigos em 2ª mão e Perfumes, entre outros. o Primeiro Piso dá lugar a um esPaço Polivalen-te disPonível Para todo o tiPo de eventos, desde exPosições a WorkshoPs. esteJa atento. Fp

rua d. Pedro v, nº 79d e 2ª a sábado, das 11h às 20h.

Kolovrat

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26 Places

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28 retroculture

Regresso ao futuro e directo ao passado

Texto: Célia F.

Parado no meio do nada com um Pneu furado. à velocidade de 120km/h, e Já infringindo o limite das estradas nacio-nais, vês Passar o carro do “regresso ao futuro”. esfregas os olhos. não Podes crer. o cansaço está a Provocar-te alucina-ções. agora, só falta uma nuvem de Pó e fumo branco e sair o michael J. fox voan-do no skate flutuante. o delorean Pára de facto, mas lá de dentro sai um homem baixi-nho que te Pergunta se Precisas de aJuda...

A máquina do tempo que povoou o ima-ginário de todos os seres minimamente pen-santes na década de 1980 está aí a rodar nas estradas. Não faz viagens entre épocas, antes tem um óptimo desempenho respeitando to-dos os parâmetros das relações consumo/per-formance. O mítico carro que foi a estrela da

triologia de filmes “Regresso ao Futuro” voltou a ser fabricado, e desta vez, de forma eficiente e sem listas de espera.

Entre 1981 e 1983, a Delorean Motor Company fabricou o DMC 12, um carro des-portivo feito de inox, com um design mais do que inovador que não se esgota com o passar dos tempos. Fabricá-lo na altura não era coisa fácil. O material e o formato das peças desa-fiam a gravidade da realização possível das coi-sas. Mesmo assim insistiam e o DMC existia, embora a produção se fizesse a conta gotas.

A fábrica situada na Irlanda, na qual exis-tia uma porta para os trabalhadores católicos e outra para os protestantes, começou então a passar por graves problemas financeiros. Apesar das inúmeras encomendas, o retorno

dos lucros era lento e os investidores aban-donaram o projecto. John Delorean, para ali-mentar o sonho, começou a traficar cocaína da Colômbia para a Irlanda, sendo depois apa-nhado em flagrante e arrumado as botas da empresa em 1983. John Delorean morreu em 2002, e a sua morte permitiu o renascer do seu projecto. A sua família vendeu os direitos de produção e do nome da máquina a uma empresa do Texas e o Delorean voltou a ser produzido em massa a partir de 2009.

Pode ser encomendado no site dos fabri-cantes e apenas aqui o vão encontrar à venda, em exclusivo. Igual a si mesmo. Respeitando todo o design antigo e a matéria-prima ante-riormente elegida. É possível fazer costumiza-ções egóicas ou de estilo. Novo ou usado, o DMC 12 está no mercado.

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30 o que andamos a ouvir

Madalena Saudade e SilvaProdutora de eventos

Costa Neto MandjolóEdição de autor 2009

Tenho o prazer de conhecer o Costa Neto de uma convivência quase diá‑ria das noites que passámos juntos no

B.Leza. Acerca dele, entre outras coisas, posso dizer que é um tipo sério. O mesmo se passa com a música que faz e com o seu último ál‑bum – Mandjolo – no qual, para além do mais, sente‑se a sua maturidade. Mandjolo é também o nome de uma vila na província de Maputo que os portugueses baptizaram de Bela Vista e onde se fala uma das línguas nativas de Moçambique, o ronga. Embora utilize instrumen‑tos convencionais, os ritmos no disco são tradi‑cionais. Mandjolo é um trabalho para se ouvir sem pressa e para se ir descobrindo aos poucos.

Mariana Duarte SilvaProdutora de eventos e manager

FanfarlorEsErvoirAtlantic 2009

Descobri os Fanfarlo quando estava a fazer a programação para uma noi‑te em Londres, em Maio de 2009.

Tinha de escolher duas bandas novas para apre‑sentar numa noite no The Hospital Club, a um

grupo de pessoas da área da publicidade, media e marketing. Bastou‑me uma música dos Fanfarlo no MySpace para perceber que a noite ia resul‑tar. O difícil seria explicar ao agente que o con‑certo seria apenas para 100 pessoas, e com um budget reduzido. Aceitaram. Quando começa‑ram a tocar, sentiram‑se demasiado confortáveis no palco, e decidiram então subir para uma mesa e cantar de lá, descalços e acapella. Mágico. Depois foi esperar pelo álbum, investigar me‑lhor sobre eles, e ouvi‑lo repetidamente, todos os dias até hoje. Eu que nunca me interessei por nada indie/pop/folk, estou rendida a Fanfarlo. Se calhar é porque não são nada disso, e são ape‑nas uma banda com um álbum de se ouvir do principio ao fim, com o sentimento de que o mundo às vezes não é assim tão cinzento.

Pedro Primo FigueiredoJornalista

Hot ChiponE lifE standEMI 2010

Crescer normalmente implica perder a inocência, o nervo dos primeiros passos, a energia própria das etapas

iniciais – seja do que for: da vida, pois, mas tam‑bém da música. E o que é que tem isto a ver com os britânicos Hot Chip? Simples: one life Stand, quarto álbum de originais dos Hot Chip, é o disco mais adulto do grupo mas consegue, espante‑se, ser o seu álbum mais entusiasmante, quer para o abanar de dança quer para a degus‑tação mental. Não terá singles tão fortes como outros trabalhos do grupo, reconhecemos, mas enquanto álbum providencia uma experiência sonora tão diversificada como empolgante, rica em forma e conteúdo. Ainda e sempre ligada à música de dança, mas cada vez mais direcciona‑da para palcos maiores que o da discoteca da moda. Essenciais.

Afonso CabralMúsico e responsável de comunicação

Toro Y MoicausErs of thisCarpark/Flur 2010

CauSerS of thiS, LP de estreia de Chad Bundick (mais conhecido como Toro Y Moi) é daqueles

álbuns difíceis de definir. Pegando pelo ca‑minho das comparações fáceis, poderíamos di‑zer que é uma espécie de Panda Bear mais virado para a pista de dança, com elementos de r&b e melodias mais pop à mistura – os entendidos na matéria chamam‑lhe chillwave. Mas apesar das parecenças com o lisboeta dos Animal Collective serem notórias e, se ca‑lhar, por vezes excessivas, há aqui mais, mui‑to mais. Batidas e loops que pedem para ser redescobertos a cada audição e que recom‑pensam quem o faz. CauSerS of thiS por vezes promete mais do que oferece mas mere‑ce ser ouvido. Há aqui boa música nova para descobrir.

sérgio hydalgo nasceu em estocolmo: ou-via os kiss e deslumbrava-se com o breakdance até que, aos doze anos, recebe “nevermind”, dos nirvana, de Presente. dePois, está bem de ver, nun-ca mais nada foi igual. é, desde 2007, Progra-mador de música na galeria zé dos bois (zdb).

“Assim que tive oportunidade de ir à ZdB foi para ver o Manuel Mota”, conta. Para si a Zé dos Bois representava “um milagre no meio da minha existên‑cia por poder oferecer música” que Sérgio “à partida desconhecia totalmente e que se abria como um novo mundo”. Sempre privilegiou a sensação de descober‑ta e, sobretudo, a “comunicação única e transcenden‑te entre músico e espectador” e era isso que o levava aos concertos, a procura do que chama “epifania de deslumbramento”.

Refere, sem hesitações, o concerto do guitarrista ale‑mão Steffen Basho‑Junghans, em 2004: “a forma dele tocar levou‑me para outro lado, foi literalmente uma via‑gem”, confessa. Outro foi no festival Where’s the Love onde os Gang Gang Dance, contrariamente ao espera‑do num concerto de rock – por mais bizarro ou expe‑rimental que fosse, como reforça – “fizeram‑nos dançar” e nessa altura só teve a certeza de duas coisas: “que aquilo produzia euforia e que eu queria mais”, confessa.

Relembra que começou a ir ainda mais à Zé dos Bois para as entrevistas do Má Fama, programa

Sérgio Hydalgothank you one more time to Sérgio! *

Texto: Sónia AbrantesFotografia: Vera Marmelo

Imperdível21 de Abril

Times New Viking + Lee Ranaldo (Sonic Youth) & Rafael Toral

20 de MaioHigh Places + Magina

24 de MaioShellac

JunhoBonnie ‘Prince’ Billy + Emmet Kelly e Susanna Wallumrød (Susanna & The Magical Orchestra)

de rádio com o qual pretendia, como conta, “criar um arquivo com os artistas que eu achava serem mais relevantes”. É nessa altura que acontece a transição de espectador para programador.

Confessa que na posição que ocupa lhe in‑teressa sobretudo a música “que procura romper paradigmas, que procura de certa forma trans‑cendência” e isso, continua, releva “várias dimen‑sões da minha pessoa”. Valoriza mais a canção e o intérprete que os seus antecessores, mas tenta combinar isso “com outras coisas que também me interessam e que fizeram escola na ZdB”, revela.

Fala dos Dirty Projectors, banda pela qual sen‑te algum paternalismo, já que foi uma aposta pesso‑al muito forte. Desde a sua passagem por Portugal, em 2008, a banda de Dave Longstreth já to‑cou com Björk, David Byrne, a Banda Filarmónica de Los Angeles, foi ao Late Show with David Letterman e teve Joanna Newsom na plateia, como viu o programador, recentemente, em Nova Iorque. “Eu imaginava que isso pudesse aconte‑cer, eu acreditava, mas nunca pensei que fosse tão, mas tão grande”, confessa orgulhoso. A verdade é que foi: nós agradecemos e pedimos mais destes, claro, no mítico aquário da Rua da Barroca.

* Agradecimento de Dave Longstreth (Dirty Projectors) no concerto de Junho 2008.

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a meifumado é uma editora diferen-te. arroJada. fez anos recentemente, e editou uma comPilação comemorativa dos seus “cinco anos de sobrevivência”, intitulada “meifumado – 5 anos, 13 mer-das”. Para 2010, trazem os mind da gaP de volta aos discos e consolidam artistas da casa, casos de Paco hunter ou guta naki. fomos falar com os mentores des-ta aventura na tradicionalmente conser-vadora indústria musical Portuguesa.

O essencial, para começar: como surgiu a editora e o porquê da sua fundação?

A génese da Meifumado está na The Zany Dislexic Band (ZDB) que integra quatro ele‑mentos fundadores da editora: Duarte Araújo (ZDB), Paulo Zé Pimenta (ZDB, PZ, Pplectro, Paco Hunter), Sérgio Rui Freitas (ZDB) e Zé Nando Pimenta (ZDB, Type), aos quais se jun‑tou o João Roquette (Precyz/Preto). A ideia de criação da editora surgiu com o ímpeto de mostrar os nossos projectos sem condicionalis‑mos de qualquer ordem. Numa fase posterior começámos a procurar artistas que, pela sua ori‑ginalidade, trajecto ou simples afinidade artís‑tica, pudessem encaixar no perfil editorial da Meifumado.

eva e Jave ryJlen são marido e mulher, tocam e cantam Juntos e têm atitude. há quem os aPelide de the kills esPanhóis e quem os comPare aos yeah yeah yeahs, mas curiosamente nem um nem outro é tido como insPiração Para este dúo de guadalaJara. bob dylan, blondie, the Who, Pixies, velvet underground e mui-tas canções de beatles formam a bíblia musical que os influenciou. idealiPsticks é o seu nome e com o álbum de estreia che-garam Para nos encantar. radio days é Para ser ouvido em clima de festa, a aba-nar o caPacete e sem Preconceitos.

Tudo começou no final dos anos 1990 quando Eva e Jave faziam parte de um quarte‑to, os Suitcase, com quem gravaram um álbum e um punhado de EPs. Mas o percurso da ban‑da ficaria por ali. Assim, com o futuro em aber‑to, os Ryjlen decidiram trocar Guadalajara por Londres e foi em terras de Sua Majestade que começou a germinar o que daria origem aos Idealipsticks. Lá procuraram a sua identidade,

Quais os lançamentos mais significativos até ver da editora e os momentos mais mar-cantes destes anos de vida?

O primeiro lançamento “Meifumado” ‑ The Zany Dislexic Band ‑, disco manifesto, inteiramente gravado em Barcelona, que estabe‑lece como matriz agregadora o cuidado meticu‑loso de todos os aspectos da produção, desde o som à parte gráfica, sempre na premissa de alcançar a coesão estética que transforma cada disco num objecto singular. Este disco funciona como o paradigma de álbum da editora. Todos os lançamentos têm o seu enquadramento e im‑portância. Da robótica de Pplectro às paisagens oníricas de Preto, passando pela spoken word de Kalaf & Type, pelos histriónicos e surpreen‑dentes AbztraQt Sir Q ou pelo lirismo surrea‑lista de PZ, são todos álbuns que contribuíram para gizar o percurso da editora visando o seu crescente ecletismo.

sem pressões, para produzir algo novo. É por isso que a sua originalidade não advém da mu‑sicalidade mas da forma como a interpretam. Em 2008 gravaram uma maqueta que foi conside‑rada uma das melhores do ano por ouvintes do programa Discogrande da Radio 3 – Rádio Nacional de Espanha.

Em 2009 surpreendem com “Radio Days”. Produzido por Paul Grau, nos estúdios Gismo 7 de Motril (Granada), e masterizado por Greg Calbi em Nova Iorque, o álbum é com‑posto por canções poderosas, repletas de uma força inebriante. Desde as guitarras de “Wet to the Bones”, ao refrão de “U Talk”, pas‑sando pela batida de “The King has Died” e pela vibração visceral de “There is no Music at Home”, ninguém conseguirá ficar indiferen‑te a este disco. “Radio Days” entranha‑se. Que o diga a imprensa especializada, que o rece‑beu com excelentes críticas. Já para não falar no prémio que receberam na 31.ª Edição dos Prémios Rock Villa de Madrid, no âmbito do festival Universimad.

MeifumadoUma editora portuguesa, com certeza

Texto: Pedro Primo Figueiredo

Idealipsticksas novas vozes do indie rock espanhol

Texto: Ana Cristina Valente

Em 2010, com novas bandas no vosso catálogo, como é que estão actualmente? Quais os projectos para o futuro mais ime-diato? Foi surpreendente a «contratação» dos Mind da Gap...

Na prática, continuamos a editar apenas e só o que gostamos. Em termos de edições para este ano, o novo disco dos Mind da Gap – “A Essência” – vem mesmo a calhar, uma vez que to‑dos gostamos e continuamos a ouvir muito hip‑hop que, segundo dizem, está fora de moda. Temos a sair o segundo álbum dos AbztraQt Sir Q, um punhado de canções frescas que se ama ou odeia. Por isso é que adoramos o disco. A Sam Amant está em fase de final de produ‑ção e vai surpreender. Está com um som pode‑roso. Apesar de ser um desafio, não escondemos o orgulho de ter no catálogo os Mind da Gap com 16 anos de carreira ao lado de uns Guta Naki que estão agora a dar os primeiros passos. No futuro gostaríamos que a Meifumado evoluís‑se como plataforma/rede de criadores (música, ví‑deo, design, artes plásticas, etc.) que se envolvam na exploração de novos contextos artísticos.

Actualmente em digressão por Espanha, a agenda de concertos dos Idealipsticks tem vindo a crescer. Como qualquer banda que ainda está a começar, o acolhimento junto do público é o que mais importa. E parecem estar a consegui‑lo. Ao vivo são ainda mais convincentes, sobretu‑do porque os primeiros a acreditar no que fazem são eles mesmos. Agora resta esperar que um dos próximos concertos possa ser em Portugal.

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códigos de linguagem distantes do seu.“Os locais têm tanta personalidade como as pessoas, ou mais. E quando viajas para conhecer essas personalida‑des, trazes na bagagem não só um álbum de foto‑grafias mas experiências de grande profundidade”, diz em tom nostálgico.

A Índia tornou‑se especial para Raquel por ter

sido a primeira viagem que fez fora da Europa e pela diversidade que encontrou. “Tive a sensação que quando mudava de estado, mudava de país”, refere com um brilho nos olhos. E foi também nessa multipli‑cidade que encontrou a história que viria a transportar para “A Casa‑Comboio”, uma casa que é simultane‑amente um espaço físico e metafórico. “Porque existe uma família que tem sempre as malas à porta que, por razões políticas, tem de estar sempre a viajar”, denota com grande emoção, como se aquela história, aque‑la família, lhe estivesse no sangue. A escrita corre‑lhe, com toda a certeza, nas veias e é por isso que tem mais do que um espaço onde marca encontro com a página em branco, até porque quando descobre um, tem de “saltar logo para outro”. “É como diz um

Raquel Ochoapor detrás das palavras

Texto Ana Cristina Valente

amigo meu, de 80 anos, que o seu grande drama na vida é a falta de isolamento. A vida tem muitas solici‑tações, sejam elas feita por sms, email ou mesmo por meio de jantares. Eu apenas espero não chegar aos 80 anos com um grande problema de isolamento”, suspira em jeito de confissão. “No entanto, já é um problema”, acrescenta.

É esta paixão que transpira nos escritores, aque‑les que não conseguem viver de outra forma senão através e pela escrita, deixando‑se seduzir por his‑tórias. Raquel Ochoa é uma contadora de histórias inata. Numa palavra, Raquel Ochoa é: escrita.

Para terminar, fizemos algumas Per-guntas ao estilo de James liPton do actors studio. raquel ochoa aceitou o desafio.

DIF: Qual é a tua palavra favorita?R.O: Obrigada.

DIF: Qual a palavra que odeias? R.O: Verborreia.

DIF: O que te anima? R.O: Estar no mar com dois ou três amigos e

ondas de metro e meio, perfeitas.

DIF: O que te entristece? R.O: Gente doida, sem motivos para o ser.

DIF: Que som adoras? R.O: O som ensurdecedor de um avião a le‑

vantar voo.

DIF: Que som odeias? R.O:Motoserras.

DIF: Qual a tua palavra favorita para praguejar?

R.O: Vou variando, mas «pó c....inferno!!!» ser‑ve bem.

DIF: Que outra profissão gostarias de ter que não a tua?

R.O: Esta é difícil...Guarda florestal em Madagáscar.

DIF: Que profissão jamais terias? R.O: Talhante.

DIF: Em hipótese, se moderasses um de-bate entre Deus e o Diabo, que pergunta farias a Um e a Outro?

R.O: A Deus perguntava: porquê tanta ten‑dência para a modéstia? Ao Diabo: porquê tanta tendência para o exagero?

E não se esqueça, embarque na “Casa‑

Comboio”, de Raquel Ochoa, numa livraria perto de si. A partir de 26 de Março.

nasceu na cidade de lisboa em 1980. é licenciada em direito, rePórter de via-gens e formadora na escola escrever escrever. mas raquel ochoa é mui-to mais que um conJunto de factos. é uma escritora em ebulição. Para o com-Provar está o seu Primeiro romance his-tórico, que foi também o Primeiro a ser Premiado Pelo Júri do Prémio revelação agustina-bessa luís. “casa-comboio” (gradiva) acomPanha quatro gerações dos carcomo, uma família indo-Portu-guesa originária de damão. a Pretexto do lançamento da obra decidimos co-nhecer melhor o rosto Por detrás da es-crita ou melhor, a escrita Por detrás do rosto.

Raquel Ochoa define‑se acima de tudo em duas palavras: viajar e escrever. Desde muito cedo soube que o que queria fazer da vida estaria rela‑cionado com uma ou com outra. A sede de aven‑tura conduziu a autora numa viagem pela América do Sul, da qual resultou a sua primeira incursão lite‑rária – “O Vento dos Outros”. Mas há um desti‑no que tem sido recorrente: a India. Por três vezes já percorreu o seu solo, por três vezes visitou locali‑dades distintas e por três vezes tomou consciência que o país é ainda um segredo por desvendar. Para Raquel, o território que outrora foi desbravado por conquistadores portugueses tem uma energia a que ninguém consegue ficar indiferente. É essa espiritua‑lidade que procura quando viaja e que se resume na palavra disponibilidade. Estar disponível para se deixar embrenhar numa cultura diferente da sua, com

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enquanto o Planeta vibra com o mundial de futebol, na áfrica do sul, desenrola-se um outro camPeonato, mais discreto, mas nem Por isso menos emocionante: o red bull street style. acontece Já no final deste mês e fábio simões, o nosso camPeão, Promete dar esPectáculo.

a música estilhaça-se nas Paredes. a Plateia está ao rubro. no centro da “arena” dois Jogadores aguardam, imPacientes, o som vibrante da buzina. ouve-se “eye of the tiger”, dos survivor, e não é Por acaso. a tensão é real. ao aviso da buzina, os dois raPazes que disPutam a final nacional do red bull street style dão tudo Por tudo. têm três minutos Para mostrar o que sabem fazer com os Pés e uma bola. a cabeça e os ombros também Podem entrar no Jogo. as mãos são a única Parte de corPo Proi-bida nesta dança desenfreada que consis-te em, durante 20 segundos alternados, executar todos os truques Possíveis com uma bola antes de esta tocar no chão ou ser Passada ao adversário.

Red Bull Street StyleDanças com bolas

Texto: Laura AlvesFotos: Heike Himmel

A 6 de Março, na Lx Factory, a luta foi re‑nhida. Ao som de DJ X‑Acto e DJ Nery, etapa após etapa, os 16 concorrentes ficaram reduzidos a um craque: Fábio Simões, de apenas 16 anos, conquistou o direito de viajar até à Cidade do Cabo, na África do Sul. É lá que decorre, a 28 deste mês, a final mundial do Red Bull Street Style, um evento que reúne participantes de mais de 50 países.

Fábio Simões, natural de Alverca do Ribatejo, e estudante da Escola Pedro Jacques de Magalhães, é exímio na técnica e sabe usar os trunfos nos momentos certos. Imperturbável quando dá toques na bola, rapidamente deixa de ouvir e ver o ambiente em redor. Foi essa ca‑pacidade de concentração e de equilíbrio que lhe valeu a vitória contra os adversários nacionais – e que os houve de peso, com tanta técnica e criatividade que, durante a meia‑final, Fábio teve de suar um bocado mais para vencer Kiko, um dos participantes favoritos.

Com a África do Sul à vista, Fábio terá a oportunidade de medir forças com os melho‑res futebolistas freestylers do mundo e provar que está à altura do desafio. Até lá, é treinar as

habituais três horas por dia e aumentar o reper‑tório de truques e movimentos. Porque a técnica conta, mas a criatividade e o “flow” são igual‑mente elementos muito importantes da equação. Tal como a rapidez de raciocínio e improviso, para responder no momento às manobras dos adversários. Se Lisboa não foi meiga, a África do Sul vai ser a doer.

“Sei que não vai ser fácil, por isso vou apos‑tar em sequências muito criativas, inventar truques novos, e também quero melhorar a minha ligação com a música”, diz‑nos Fábio, que aprendeu a dar toques na bola a ver vídeos no YouTube. A promessa fica feita: “Vou dar o meu melhor e arriscar.”

Nós por cá vamos acompanhando o desen‑rolar dos acontecimentos em:

www.redbullstreetstyle.com

E gritar: “Portugaaaaaaaal!!!!!”

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organic anagram industries. se Pri-meiro estranhas o nome, raPidamente o entranhas. dizemos-te Porquê. Por um lado, Porque a organic anagram é a marca de aPParel-barra-Print-club nacio-nal que desde o verão Passado anda a desPertar curiosidades e a fidelizar amigos. Por outro, Porque conhecimento não ocuPa lugar e tudo o que é original é bem-vindo. Por isso, a dif foi falar com o miguel meruJe, o caPitão do navio, Para saciar a curiosidade. seguindo a metáfo-ra do PróPrio, fica a dica: salta Para bor-do e entra na onda deste ProJecto.

Em poucas palavras roubadas, a Organic Anagram tem “uma secção do apparel dedica‑da a roupa e acessórios limitados e um print club, onde são lançados prints de alta qualidade de artistas de todo o mundo”. Já a ideia, essa surgiu no Verão passado enquanto Miguel atravessa‑va uma tempestade nocturna no Arizona. Dedo poético ou não, a forte brisa logo o transportou para uma letra da banda sueca Meshuggah: “I’m a carnal organic anagram, human flesh instead of written letters”.

Mais composto, lá decidiu construir o navio e tornar‑se capitão, com tudo o que isso implica pois “nenhum navio se aguenta em alto mar se não tem quem o carregue com comida, quem cozinhe, quem substituía o capitão quando ele dorme, etc.”, partilha. Palavra puxa palavra, boa vibração puxa melhor onda e lá nasce a Organic Anagram, numa lógica de amor à t‑shirt mais que apego aos euros.

Trata‑se pois de uma indústria sem fins lucra‑tivos, onde o objectivo é oferecer peças exclusi‑vas, limitadas, bem longe dos negócios e marcas massificadas. É a prova que viver do streetwear e

prints não tem que ser sinónimo de prostituição. E o Miguel tem (muito) orgulho nisso e nos seus companheiros de bordo.

Mas afinal quem é a malta que faz isto acon‑tecer? E de onde vem a inspiração? Curiosa ou inevitavelmente, muitos dos apoiantes da Organica Anagram estão do outro lado do Atlântico, embora sem esquecer o berço na Quinta das Lameiras, Viseu. “Os nossos apoian‑tes têm noção do tipo de pessoas que somos. Temos a página do Facebook, uma newsletter, bem como uma forte presença nas áreas do ska‑te, design, arte, e música ‑ Hardcore e Hip Hop, maioritariamente. No entanto, isto não é o nos‑so limite. Se têm background de literatura, ouvem jazz ou dançam ballet, podem sempre juntar‑se nós”, diz Miguel Meruje.

O objectivo da Organic Anagram é, no fundo, ser abraçada por todas as pessoas activas que por aí andam, proporcionar novas experiên‑cias e conceder novas oportunidades a todos os interessados. “É assim que nós somos”, remata Miguel. E nós gostamos disso.

Organic Anagram Industriesnem tudo o que é orgânico é para comer — e ainda bem!

Texto: Sara Vale

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Estricninamenina e moça

Texto: João Telmo DiasImagens: Cortesia Strychnin Gallery

A Strychnin Gallery é um projecto ambi‑cioso de triangulação artística, já com 7 anos de existência, com headquarters em Berlim, mas que se transcende tentacularmente até Nova Iorque e Londres. Três grémios de criação artística fervi‑lhante, três cidades cosmopolitas, três epicentros fulcrais da prolificação da arte. Um projecto que pretende ser uma galeria de arte (ou neste caso três) divergente e ousada, que se auto‑intitula de “recreio para artistas de todas as partes do globo. Um sítio onde as colaborações são encorajadas, onde os novos projectos estão constantemente a ser desenvolvidos e onde a criatividade é a úni‑ca coisa que verdadeiramente importa.” O gran‑de objectivo prende‑se com a fundação de uma transversalidade da arte, que passa exactamen‑te por essa relação tricotómica dos vários artistas se movimentarem pelas várias galerias, expondo o seu trabalho e desfrutando da oportunidade de reconhecimento fora da sua zona de confor‑to. Um conceito multi‑disciplinar. Um artista ale‑mão tem, deste modo, a possibilidade de expor em Nova Iorque e em Londres e vice‑versa, eli‑minando o casulo hermético de onde muitos ar‑tistas almejam sair.

a realidade modificou-se. metamor fo-seou-se. agora somos velozes. efémeros e transitórios. voláteis. fugazes. trans-missíveis e substituíveis. transferíveis e Pro-Pagáveis. reciclagem e regeneração. não há temPo. Já não somos os mesmos que éramos na semana Passada. Já não toca-mos as mesmas notas no Piano. Já não temos bolo Preferido. o verde-esmeralda é agora o cinzento — mesclado, que há-de ser o azul-toPázio e dePois o azul-ce-leste. Promiscuidade de texturas. teorias Pré-Pós-Proto-modernistas. Precisamos da arte. arte e estricnina. arte com estricni-na. arte cheia de estrica.

A estricnina é um alcalóide vegetal, muito venenoso, extraído da noz‑vómica, que pro‑voca a contracção e depois a paralisia dos músculos. Em doses fracas, a estricnina é esti‑mulante. Quantas doses temos de tomar an‑tes de entrar na Strychnin Gallery? Talvez o melhor será repartir em três porções e distri‑buí‑las irmãmente pelas viagens a Berlim, Nova Iorque e Londres.

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Till Krautkraemer ‘Smoke’

Annie Bertram ‘In My Garden’

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As colaborações constituem outro pon‑to‑chave. De mãos dadas com a Strychnin Gallery está a Perihelion Gallery (Phoenix, Arizona), a Resistance Gallery (Londres), as fei‑ras de arte de Colónia, Londres e a KunStart em Bozen, Itália, que já acolheu também a ar‑tista portuguesa Ângela Ferreira com a sua “Maison Tropicale” em 2008. O Hotel Palace Design em Cannes foi também invadido du‑rante um mês pelos artistas da Strychnin, com conferências, shows, mostras e happenings. O músico Joerg Huettner (“The Ring II”, “Batman Begins”) criou recentemente a música exclusiva para a exposição “Labyrinth” do artista cana‑diano Richard A. Kirk, para a galeria de Berlim. E até a Berlin Fashion Week teve direito a dis‑seminação artística por parte da Strychnin.

A Strychnin comporta, igualmente, uma vertente filantrópica e humanitária e elabora exposições em que as receitas revertem a fa‑vor de causas ou instituições. Exemplo disso é a exposição “Childhood heroes” (a favor das crianças da casa de acolhimento Berliner Herz) ou “Whaleness”, exposição internacional dedi‑cada às baleias, cujos lucros foram entregues à Greenpeace.

Dentro das galerias, com ou sem estricnina ingerida, podemos contemplar mostras de arte feminina, artistas que expõem pela primeira vez, festas de São Valentim e de Natal, vernissages com cunho etílico, residências artísticas e leilões. Há graffiti, escultura (Gene Guynn), pintura (Jason Shawn Alexander), fotografia (Manuel Cortez, Till Krautkrämer, Ansgar Noeth), ilustra‑ção (Seymour) brinquedos e vídeo. Numa su‑perfície espacial esbranquiçada, que se estende às três galerias, com iluminação natural e artificial, percorre‑se uma extensão criativa que acomo‑da todas as estirpes artísticas. Uma atmosfera micro‑climática, plural e incomparável.

A Strychnin Gallery não é nada mais do que uma materialização trifásica em estado puro do aparato actual do Mundo. Turbulento, contraditório, insubordinado, mas fascinante. A eterna contemporaneidade temporária. Uma concepção triádica de possibilidades, permutas e intercâmbios. Vamos a Berlim, a Londres e a Nova Iorque. Contraímos os músculos e de‑pois paralisamos.

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Annie Bertram ‘In My Garden’Annie Bertram ‘Matador’

Manuel Cortez ‘Clausen’

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Village Underground uma nova vida para antigas carruagens

Texto: Telmo Mendes Leal

dentro de um comboio em movimento, em Plena viagem, nasce uma ideia que Passa Por, dando nova vida a carruagens Paradas, Possibilitar novos e diferentes Percursos. é esta a filosofia de cada village underground, um ProJecto que este ano chega a lisboa e que estará tão alinhado com o seu con-ceito original como os carris Por onde, ou-trora, terão deslizado as carruagens.

Ao viajar de comboio pela Suíça, Auro Foxcroft teve uma ideia que prometia encarar os espaços de trabalho com uma perspectiva com‑pletamente diferente. Ao regressar a Londres, e depois de um telefonema para a empresa respon‑sável pelo metropolitano da capital britânica, a sua ideia começaria a ganhar os contornos de um projecto inovador hoje conhecido como Village

Underground (VU). Trata‑se, tão simplesmente, de criar espaços de trabalho «estúdios» que es‑tejam ao acesso de todos, ou seja, baratos. Para tal, poder‑se‑iam construir grandes complexos de betão‑armado destinados a alojar esses estúdios. No entanto, a ideia deste desenhador de móveis reveste‑se de um carácter bem mais arrojado.

Ao telefonar para a London Underground, Foxcroft perguntou se a empresa dispunha de car‑ruagens que pudesse dispensar para ele transformar em estúdios. A resposta foi positiva e hoje é possí‑vel alugar, de forma relativamente acessível, um espa‑ço diferente de trabalho na VU londrina. Foi nesse mesmo local que, no final de 2008, Auro Foxcroft conheceu Mariana Duarte Silva. Depressa esta por‑tuguesa se encantou com o projecto, tornou‑se ami‑ga do seu criador e traçou como objectivo pessoal

trazer o VU para Lisboa. Não levou mais de um ano e uma visita de Auro à capital portuguesa para que Mariana o convencesse a fundar, consigo, a primeira VU em solo português.

Desta forma, como nos conta a produtora portuguesa, «2010 é o ano da VU em Portugal» da mesma forma que 2009 foi o de Berlim. Tal como a da capital alemã, a VU de Lisboa não terá uma filosofia diferente da londrina. O concei‑to passa, para além de proporcionar bons espaços de trabalho a baixos custos, por fazer com que a VU se financie a si própria através de actividades culturais que, por um lado, geram a receita que permite os baixos preços e, por outro, contribuem para a dinamização da área onde é implantada. Outra das características inovadoras da VU é a sua vertente ecológica, pois procura dar novo uso

a carruagens de comboio, que, de acordo com Mariana Duarte Silva, em Lisboa se poderá es‑tender a «contentores, autocarros desactivados ou, quem sabe, ao velho eléctrico», pois, como acres‑centa, «o objectivo é sempre o de reutilizar».

No fundo, cada VU dá continuidade ao propósito para o qual os elementos que lhe dão corpo «as carruagens» foram criados: viajar. Nisso Lisboa não será excepção, pois, como em qual‑quer VU, irá proporcionar‑se o encontro dos mais diferentes tipos de pessoas e criatividades. Em tal ambiente, seguramente, trocar‑se‑ão experiências, ideias e conhecimentos que transbordarão muito para além dos metros quadrados a que estiver re‑tringido este complexo de escritórios. À cidade lisboeta basta deixar‑se contaminar por aquilo que a sua futura VU tiver para lhe oferecer.

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antónio louro, José niza e João calhau dão corPo ao ProJecto moov, um estúdio híbrido que trabalha na “intersecção entre arte e arquitectura”. em colaboração com outro atelier Português venceram recentemente um concurso Para dallas em que transfor-maram um lote vazio numa comunida-de carbono zero. com uma equiPa fixa, os três elementos articulam-se com um conJunto de colaboradores exterio-res, que Podem ser “arquitectos, artis-tas Plásticos ou meteorologistas...”. conheça os moov.

O EstúdioEm vez de atelier ou gabinete, intitulam‑se

de estúdio. “Vemo‑nos mais como uma oficina onde trabalho manual e intelectual pode acon‑tecer, desde que útil para os projectos que te‑mos em mãos. Gostamos, se a dimensão e a agenda o permitir, de executar alguns dos nos‑sos próprios projectos, talvez por isso, a desig‑nação se tenha inclinado para estúdio, mas não há nenhuma intenção conceptual profunda por detrás dessa denominação”, explica o colecti‑vo. Enquanto arquitectos e criativos, os Moov desenvolvem actividade em redor de três vec‑tores que se intersectam. São eles a dita arqui‑tectura mais convencional, “que se revela em projectos concretos para edifícios a construir, e em propostas mais conceptuais para concur‑sos de ideias” que se lhes apresentem como “oportunidades de pensar em temas que nos interessem”. O desenvolvimento de soluções, que não necessariamente arquitectónicas, que se traduz em auto‑propostas. E por último um vector de índole mais artística, e que se sob a forma de instalações para espaços públicos, onde o colectivo tem desenvolvido múltiplas colaborações com artistas. “Estes vectores in‑tersectam‑se e contaminam‑se, contribuindo de igual modo para um mesmo corpo de trabalho que se agrupa debaixo da designação Moov”, lembram. Como um estúdio dinâmico, onde a criatividade está em constante fervilhar António Louro, José Niza e João Calhau garantem que têm “algumas ideias e projectos a germinar, mas para já” gostariam “de os manter no segredo dos deuses”. No entanto, o trio levantou um pouco o véu e deixa pistas no ar: “para os pró‑ximos meses estão previstos a concretização de um pequeno filme sátira, a implementação de uma horta urbana e praia, muita praia”.

Moovum estúdio híbrido de arte e projecto

Texto: Ana Rita SevilhaFotos: Moov DR

«Forwarding Dallas»Em parceria com o Atelier Data, os Moov

foram os vencedores do concurso internacional de arquitectura “Re:vision Dallas”, com o projecto “Forwarding Dallas”. Subordinado ao tema “«What if one block in Texas became the sustainable model of the world?», o concurso foi organizado pelo gru‑po americano Re:vision, que se dedica ao incentivo de estratégias inovadoras e sustentáveis para o es‑paço urbano, promovendo concursos que se po‑sicionam como embriões de ideias visionárias para a cidade contemporânea. Como ponto de parti‑da, as duas equipas foram procurar como funcio‑nam os ciclos naturais, neste caso específico de uma montanha, com o objectivo de o replicar como for‑ma de organizar o espaço. Vales, encostas, cumes e declives deram o mote a um sistema que procu‑rava maximizar o aproveitamento solar, as vistas e as

superfícies de produção. O objectivo não era o de construir uma estrutura física, mas o de criar meios para que uma comunidade pudesse habitar essa es‑trutura, ao mesmo tempo que pretendia modernizar Dallas e promovê‑la como paradigma de uma solu‑ção para outras cidades. Espaços verdes no interior do quarteirão e coberturas verdes; sistema de estufas nos andares superiores; sistemas de construção pré‑fabricados com predominância nos materiais locais; unidades habitacionais diferenciadas; combinação de sistemas fotovoltaicos com sistemas eólicos; zonas permeáveis para a prevenção de cheias e áreas de prevenção agrícola na cobertura foram algumas das estratégias adoptadas. O desafio de transformar um lote vazio localizado no centro da cidade de Dallas, Texas, numa comunidade carbono zero vai começar a ganhar corpo em 2011.

Seta Amarela – Performance Urbana

Forwarding Dallas: Moov + Atelier Data

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Alexander James – Taxi Series – Tóquio

Texto: Carolina de AlmeidaFotos: Taxi Series By Alexander James © 2010. www.DistilEnnui.com

a última instalação da colecção “taxi”, de alexander James, foi fo-tografada nas ruas negras de tóquio e mostra elementos gráficos em neon a brilhar num Palco escuro. alexander James semPre sentiu um grande fascínio Pela energia que os táxis urbanos transmitem de noite e as imagens que aqui aPresenta dão forma a esse Ponto de vista.

Para criar este trabalho, o fotógrafo passou grande parte do tempo a deambular pelas ruas da capital nipónica, para capturar a emoção da cidade no seu estado natural e das suas muitas histórias nocturnas desconhecidas. A maneira como a paisagem urbana pode interagir com a superfície reflectora do táxi é muitas vezes neglicenciada e estas imagens pretendem capturar a luz que brinca com a energia da vida da metrópole. Uma forma de observação moderna, onde o artista interpreta o espírito da cidade através das luzes, tantas vezes ignoradas.

Com mais de 20 anos de experiência em publicidade, Alexander James conta no currículo com clientes como a Microsoft, HP, Peugeot, Samsung, Versace, Chanel, Ermenegildo Zegna. Todo o seu trabalho, sem excepção, é apresentado como foi cap-turado, sem cortes ou pós-produção. Alexander James vê o processo de captura como um objecto de catarse, mais do que um exercício crítico. A sua técnica permite que as imagens fluam e se conectem entre si com um grande sentido de simplicidade. Depois de Milão, em Fevereiro, “Taxi Series – Tóquio” poderá ser vista este mês em Londres, inserida na série de exposições de arte rotativas Art Mosh (www.artmosh.com).

48 surface

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50 surface

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52 surface

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54 beleza

arMani por alExandrE rodriguEs

Light master primerMaster corrector nº2Lasting silk fdt 4,5High precision retouch nº3Loose powder 00

Bronze mania 1Sheer blush 12Fluid sheer 6Fluid sheer 2Sheer lipstick 21Eyes to kill mascara nº1Eyebrow pencil nº3

Smooth silk eye pencil nº0Smooth silk eye pencil nº2Lip gloss nº16Palete sombras maestro nº5Perfume IDOLECasaco Malene Birger

ysl por MiguEl catrica

Fond de tent nº7Touchet Blush nº7Touche éclat nº1

Ombres duolumiéres nº25Ombres 5 lumiéres nº9Palette y-mail nº1Rouge volupté nº28Perfume Opium

Vestido H&M

LOOKING 4 BEAUTY com ana mesquita

fotografia Luciana CristhovamrEalização Susana JacobettycaBElos Yohann para &SoWhat

SugeStõeS de MaquilhageM PriMavera/verão

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56 beleza

dior por inês pais

Capture Totale 010Diorskin Sculpt 001Diorskin Flash 002Diorskin Poudre Libre 001

Diorskin 002Dior Sourcils Poudre 6535 Coulours Palette 008Crayon Khôl Blanc 007Tracé Précis 098Diorshow Black Out 099

Lip MaximizerDiorific Rouge 013Dior Addict Crystal GlossPerfume: Miss Dior ChérieVestido Totem

shisEido por alda salavisa

Fluid Foundation O40Concealer nº2Loose powder nº1

Luminising bruch powder nº2Blush luminising satin face colour PK304Luminising satin eye colour YE121 e PK319Advance volium mascara nº1Perfect rouge glowing mat PK224

Luminising lip gloss PK303Perfume Féminité du BoisColar Rita Vilhena Jóias

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CHECK OUTTHE PRODUCT

PLACEMENTFOTOGRAFIAJOÃO BACELARREALIZAÇÃOSUSANAJACOBETTYAlice(Central Models), tank top Nike, calções Fornarina.

58 moda

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Daria(Karacter), t-shirt e shorts Lightning Bolt, ténis Converse. Lia Serge(Elite Lisbon), long sleeved Levi’s, Hotpants Fornarina.60 moda

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Geovana Piveta (L’Agence), t-shirt Vans, Mini-Saia Adidas. Joaquim(Best Models), t-shirt Lacoste.62 moda

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Juliana Aneli(Best Models), t-shirt Fornarina. Pedro Lemos(Elite Lisbon), t-shirt Adidas.64 moda

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Pedro Martin(L’Agence), t-shirt Fred Perry, ténis Adidas. Marcela Dias(L’Agence) t-shirt Diesel, leggings Adidas by Stella McCartney.66 moda

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Fotografia_João BacelarRealização_Susana Jacobetty

Assistida por_Inês de OliveiraAgradecimento_Associação Modalisboa

Mariana Bier(Just Models), t-shirt Pepe Jeans, Calças Fornarina.

Bruno Rosendo (L’Agence) t-shirt Carhartt, calças Hilfiger.

68 moda

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Fotografia: Frederico van Zeller. Realização: Susana Jacobetty. Maquilhagem: Inês Pais com produtos Dior. Cabelos: Anne Sophie. Modelo: Andressa (Just Models).

BALANCE70 moda

À esquerda: Camisa e clutch Carolina Herrera, calças Adidas, pulseira Hoss, sapatos Replay.Á direita: Vestido Benetton, pregadeira H&M, sandálias Merrell.

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72 modaBiquini e bandolete H&M, casaco Patrizia Pepe, sandálias Fly. Macaco Mango, fita H&M, ténis Onitsuka Tiger.

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74 modaTop Lacoste, calças Fornarina, colar Hoss, botas Cubanas. Top H&M, saia Guess, brincos e cinto Fornarina, mala Converse, sandálias Cat.

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Sabe como participar em rockinrio-lisboa.sapo.pt

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Visite o Rio de Janeiro

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76 agenda -- destaque

soniC Youth - Thurston Moore, Kim Gordon, Lee Ranaldo, Steve Shelley e agora, Mark Ibold, (dos regressados Pavement) formam um colectivo que permanece activo e num percurso coerente, desde 1980. Nova Iorque é o berço dos Sonic Youth e das histórias que contam, e que se compreendem aos segredos de uma cidade envolta na dicotomia amor/ódio. As primeiras impressões no registo homónimo ou no mítico “Confusion is Sex”, expressam a raiz experimental da banda, sob a batuta de Glenn Branca e Rhys Chatham, e a atitude “No Wave”, em contraponto ao género comercial e popular “New Wave” de então. A entrada de Shelley na bateria arranca em 1986 com a fabulosa trilogia “Evol”, “Sister” e “Daydream Nation”, que muitos consideram como o melhor momento do outrora quarteto. No entanto, o início dos anos 1990, é marcado pelo contrato com a multinacional Geffen, em prol de total liberdade nas edições, o que lhes permitiu, para além de maior visibilidade, continuar no conforto dos moldes habituais. Facto evidente na relação com as artes e na sua união com a música dos Sonic Youth. Não é por acaso que muitos artistas plásticos e cineastas lhes atribuem enorme culto. Pelo meio e com entrada de Jim O’ Rourke, re‑alçam a veia experimental e lançam dois dos discos mais progressivos, “Murray Street” e “Sonic Nurse”, como também a série experimental na própria editora da banda (SYR). O 16.º trabalho, “The Eternal”, editado o ano passado pela independente Matador, leva‑nos a crer que o título não é mera coincidência. De facto, para nós, serão sempre eternos. Apesar das idades (andam na casa dos 50), os Sonic Youth parecem ter um saco sem fundo onde não param de brotar ideias e uma jovialidade que lhes é inerente. Este mês estarão por cá para o provar e o mais incrível é que, depois de tantos anos a preencher os nossos dias, temos a certeza que nos Coliseus de Lisboa e Porto iremos encontrar do adolescente borbulhento ao adulto convencional que os acompanha desde sempre.

Texto: Manuel Simões

Coliseu dos Recreios, Lisboa, 22 de AbrilColiseu do Porto, Porto, 23 de Abril

agenda

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Avenida da Boavista, 911 4100-128 Porto Tel: 226098968 Telm: 914943039

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78 agenda -- música

the horrors + CrYstAl CAstles - A Nokia Music Store portuguesa celebra a 17 de Abril o seu primeiro aniversário com o patrocínio a um con‑certo único em Lisboa que junta os canadianos Crystal Castles aos britânicos The Horrors, autores de um dos melhores discos de 2009, “Primary Colours”. Ambos os grupos são repetentes em palcos nacionais, tendo actu‑ado o ano passado em festivais portugueses, os Crystal Castles no Alive! e os The Horrors a norte, em Paredes de Coura. A expectativa para o concerto de Lisboa reside, no caso dos Crystal Castles, nas novas composi‑ções do duo, a integrar um novo álbum a editar em bre‑ve – e que deverá seguir na linha do primeiro disco, de 2008, meio caminho entre o noise electrónico e músi‑ca de videojogo dos anos 1980. Já dos The Horrors, a esperança é que, no mínimo, sejam tão bons como em disco: “Primary Colours”, segundo trabalho do grupo, foi uma pedrada no charco, daqueles discos que já não se fazem, intenso, sujo, feio, porco e mau – nós adorámos, portanto. Este concerto integra um “vasto leque de ac‑ções da Nokia Music Store”, e para quem não puder marcar presença, fica o alerta de que o espectáculo será transmitido em directo na loja virtual da marca. Para to‑dos os outros, os felizardos que marcarão presença no Coliseu dos Recreios, a dica é só uma: preparem os vos‑sos melhores penteados para tentar rivalizar com os por‑tentos capilares dos The Horrors.

Texto: Pedro Primo Figueiredo

Coliseu dos Recreios, Lisboa, 17 de Abril

uffie - Uffie nasceu nos Estados Unidos, passou grande parte da infância em Hong Kong, vive em Paris, é um dos nomes proeminentes de uma das editoras mais respeitadas da actualidade, a francesa Ed Banger, e um dos novos e mais seguros valores da música electrónica. Anna‑Catherine Hartley, Uffie nas lides artísticas, come‑çou por estudar moda mas o apelo da música foi mais forte. Apontada como uma das musas dos DJs fran‑ceses, a rapper emprestou a voz a ‘Tthhee Ppaarrttyy’, dos Justice, e a temas de Mr. Oizo ou DJ Feadz. A sua (ainda) curta carreira não se esgota nestas colabo‑rações e, desde 2006, já deu como frutos cinco EPs, entre os quais o recente “MCs Can Kiss”, que misturam géneros como o synthpop, a electrónica, o hip hop ou o rap. Os singles “Pop The Glock”, “First Love” e “Hot Chick” andam há muito na boca de todos, no entanto o êxito alcançado chegou a assustá‑la e, combinado com a vida intensa na estrada, acabou por conduzir a adia‑mentos sucessivos do lançamento de um longa‑duração. A espera parece ter terminado, já que está finalmente concluído o aguardado álbum de estreia, “Sex Dreams and Denim Jeans”, com produção assinada por Feadz, Mirwais, SebastiAn e Mr. Oizo e a colaboração de Pharrell Williams. A edição deve acontecer no final de Maio e o registo é descrito pela própria como «esqui‑zofrénico» e o seu «reflexo como artista». A 01 de Maio Uffie vai mostrar porque é um nome a seguir com aten‑ção, com o primeiro concerto em território nacional, no Lux, em Lisboa.

Texto: Samuel Cruz

Lux, Lisboa, 01 de Maio

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80 agenda -- cinema

humpdAY, de lYnn sheldon - Lynn Sheldon representa o conceito de one‑woman‑show no cinema independente norte‑americano. Escreve, realiza, produz, mas também já foi actriz, directora de fotografia e editora de imagem. Por vezes para se fazer os filmes que se quer, é ne‑cessário abraçar o processo em toda a sua complexidade, literalmente. “Humpday” é um filme que resulta desse trabalho árduo de conjugar tarefas tão distintas como escrita, realização e produção. Mas o esforço não foi inglório e na edição de 2009 do Festival de Sundance, o filme recebeu o Prémio especial do Júri para “Spirit of Independence”. Mas apesar do reconhecimento, há quem o considere ironicamente homofóbico (ao mostrar a homosexualidade como uma “moda”) e sexista (a mulher surge como “violadora” do homem). Por outro lado, alguns críticos apontam Humpday como parte do movimento mumblecore no cinema independente americano. Essencialmente o mo‑vimento caracteriza‑se por produções de orçamento muito reduzido, frequentemente com recurso a câmaras de vídeo digitais, em que o enredo giro à volta de relacionamentos entre personagens de vinte e muitos anos, os actores são inexperientes e os agumentos improvisados. Lynn Sheldon é apontada como uma das realizadoras do género. De certa forma podemos comprová‑lo neste seu último trabalho. No entanto não julguemos um livro pela capa. “Humpday” é muito mais que um filme independente, para muitos é uma lufada de ar fresco, nas palavras da Total Film, “o filme que Hollywood não teria a coragem de fazer”.A história começa quando dois amigos, heterossexuais, Ben (Mark Duplass) e Andrew (Joshua Leonard) voltam a encontrar‑se depois de 10 anos sem se verem. Durante uma festa tresloucada, vêem‑se envolvidos num desafio de “Verdade ou Consequência” em que ambos se comprome‑tem a realizar um filme pornográfico homossexual, que inclua sexo anal, como um “projecto de arte” entre dois homens heterossexuais e submetê‑lo ao festival de cinema HUMP!. Nenhum decide quem irá ser o sujeito activo e o sujeito passivo, mas Ben avisa Andrew que terá de falar primeiro com a mulher Anna (Delmore). Mas assim que lhe começa a falar do festival, a reacção de Anna é tão negativa que Ben decide mentir‑lhe e diz que apenas vai ser um assistente e não um actor no filme. No entanto, em conversa com Anna, Andrew apercebe‑se que ela já sabe da aventura em que ambos vão embarcar e sem querer, revela a verdade. Anna fica furiosa com Ben mas este insis‑te que quer ir avante com a experiência. Os dois amigos decidem encontrar‑se num hotel, levando consigo uma câmara de vídeo. Primeiro filmam‑se aos beijos e depois aos abraços, apenas de cue‑cas vestidas. Ambos têm em atenção o outro para nenhum desistir se o outro quiser continuar, mas desde logo eliminam qualquer outro avanço sexual. Lynn Sheldon constrói uma sátira ao androcentrismo, esperando despertar o sentido de humor em qualquer homem que se ria de si mesmo. O resultado só pode ser hilariante. Para os mais curiosos é preciso esperar pelo dia 06 de Maio, data prevista para a estreia.

Com Mark Duplass, Joshua Leonard e Alycia Delmore

Texto: Ana Cristina Valente agen

da

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82 desilluminati

O Cavalheiro do Rossio

ou a bestinha que merecia ficar sem cartaTexto: Raquel Ochoa

Ilustração: Vasco Vicente / WHO

Pelas ruas de Lisboa, lá ia eu bem sozinha…Tinha acabado de comprar um livro, esse prazer que é a esperança de trazer ali algo de bom. Mas é

sempre uma incógnita, bem o apalpamos e imaginamos, até nele mergulharmos nunca saberemos se foi o melhor companheiro para trazer da loja.

E andava nestas divagações quando parei em frente à Estação do Rossio. Semáforos e hora de ponta. Gente a querer voltar para casa quando eu acabara de sair da minha, pela primeira vez durante todo o dia. Obviamente olhava para as coisas como eles as tinham visto pela manhã, sendo no entanto, um final de tarde. Folheava o livro e, naturalmente, não me entregava à pressa da cidade. Até que ouvi uma grande buzina, estridente, corrupta, histérica de maldade.

Fui obrigada a levantar os olhos do meu livro e a olhar para aquela insanidade: um condutor carregava na sua buzina com a mesma força com que carregava no acelerador durante segundos, furando o espaço entre os peões que ainda tentavam alcançar o passeio.

Bem‑vindos! Estamos em Lisboa…A atitude foi tão desconcertante que fui obrigada a reflectir sobre três cenários:

Cenário A (e o verídico)Manuel, chamemos‑lhe assim, ao volante do seu BMW, carregou no acelerador e na buzina com tal

raiva que já tinha reflectido durante largas horas que pisar um peão a mais ou um peão a menos era algo tolamente ultrapassável. Se quisessem, que se desviassem, e assim o fizeram os que tinham pernas para correr. Ele passou o seu sinal verde, é verdade, mas logo à frente, assim que pôs o seu belo carro nos Restauradores, foi barrado por um vermelho, que desta vez acatou. Manuel não é doido. É apenas mal‑educado. Diria até, mal formado.

A vida das pessoas não é um joystick, muito menos um ponto de embriagagem entre o acelerador e a buzina. Ali à minha frente, podia ter acabado tão mal aquela tarde…

Cenário B (B de besta)O que nos leva ao pior cenário. Aliás, testemunhei‑o ‑ esteve a milímetros de acontecer. Manuel carrega no acelerador e até pestaneja. Mas não trava a tempo. Um jovem de 17 anos e uma

senhora de 55 não conseguiram estugar o passo, não tiveram como. É uma história triste, não a vou desen‑volver muito mais. Manuel, depois deste episódio, é preso e demora mais de 20 anos a desencarcerar‑se da culpa. Quando saiu desse estado letárgico, o seu BMW já estava fora de moda.

Cenário CC, de cavalheiro. É pois o cenário menos provável, mas tudo é possível.Manuel, nem acelerou, nem buzinou, apenas manteve a marcha nos 30 quilómetros hora. Barafustou

um pouco por estes peões não saberem respeitar os sinais de trânsito, mas não enviou quaisquer sinais de raiva ao seu estômago, nem produziu enzimas de stress no seu fígado. Foi barrado pelo sinal de trânsito ao entrar nos Restauradores. Ao seu lado, estava estacionada uma bela mulher, loira mas discreta, de olhar meigo a suportar o trânsito, ao volante de um ainda mais recente modelo da mesma marca de automóveis.

Viram‑se e arrancaram os dois ao mesmo tempo. Seguiram lado a lado e já no cruzamento (a Praça da Alegria para um lado, e Rua das Pretas para o outro), na Avenida da Liberdade, pararam lado a lado no mesmo sinal vermelho. Como a cor dos lábios dela. Estava calor embora fosse Fevereiro. Ela abriu um pou‑co o vidro do lugar ao seu lado. Ele abriu o seu, agarrou num cartão com os seus contactos e fê‑lo deslizar lá para dentro. O pessoal dos BM entende‑se…

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