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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
O CÉREBRO SOCIAL E A DINÂMICA DA RELAÇÃO HUMANA
Por: Aline Rosas Magalhães da Silva
Orientadora
Prof. Marta Pires Relvas
Rio de Janeiro
2015
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
O CÉREBRO SOCIAL E A DINÂMICA DA RELAÇÃO HUMANA
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada
como requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Neurociência Pedagógica
Por: Aline Rosas Magalhães da Silva
AGRADECIMENTOS
A minha orientadora Marta Relvas, pela paciência e orientação
A professora Fátima Alves, por despertar a curiosidade sobre o assunto.
Aos meus amigos, por fazerem parte da minha vida e aguçar o desejo em pesquisar sobre o relacionamento humano
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a Deus, que sempre me
mostra que sou capaz e me leva a caminhos
mais altos. A minha mãe Marly (em memória),
que sempre me incentivou a estudar. A minha
avó Rosa pelo amor incondicional. Ao meu
esposo que sempre acreditou em mim. E a
minha amada filha Amanda.
RESUMO
A monografia debate o relacionamento humano desde a criação do
mundo, a capacidade do homem de se relacionar com o outro através das suas
interações e as conexões cerebrais numa perspectiva da neurociência pedagógica.
Este trabalho também investiga o processo de relacionamento entre indivíduos
considerando ser de extrema importância para a estruturação da personalidade do
ser humano. O estudo pressupõe um diálogo entre a neurociência e os diferentes
tipos de relacionamento humano.
PALAVRAS CHAVES: Ser humano, relacionamento, neurociência
METODOLOGIA
Neste trabalho foi realizada a investigação bibliográfica, caracterizado pelo
processo sistemático para a construção do conhecimento humano. O estudo é
baseado a partir de um levantamento de materiais publicados sobre o tema como
livros, revistas científicas, monografias, artigos científicos, internet.
Segundo Gil (1994) a pesquisa bibliográfica gera novos conhecimentos e
permite desenvolver, reproduzir e ampliar conhecimentos pré-existentes e auxilia na
construção do estudo proposto.
O primeiro capítulo vai descrever o surgimento do ser humano na Terra
segundo diferentes teorias da criação, tendo como base os autores Ambis, Martho e
Gleiser. As teorias da evolução contaram com a colaboração dos autores Futuyma,
Pouger e Neves. Esse capítulo relata também o relacionamento humano desde a
Pré-história, trazendo na base teórica os autores Cotrim e Savalle.
O segundo capitulo fará um diálogo entre diversos autores como, Goleman e
Goldenberg, iniciando na relação mãe-bebê, enfatizando a importância das
interações para a saúde emocional do ser humano e as relações na perspectiva da
neurociência pedagógica.
O terceiro capitulo vai relatar a importância do relacionamento em grupo e a
interação humana nos diferentes contextos da sociedade como, família, amigos,
religião, tribos, redes sociais.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO CAPÍTULO 1 - O RELACIONAMENTO HUMANO – COMO TUDO
COMEÇOU
1.1 – As diferentes faces da criação humana 1.2 _ A teoria Big Bang 1.3 _ A evolução humana
1.4 _ O relacionamento humano
1.5_ O relacionamento humano na Pré História
CAPÍTULO 2 – O RELACIONAMENTO HUMANO E A NEUROCIÊNCIA
2.1 _ O relacionamento mãe e bebê
2.2 _ A Protoconversa
2.3 _ Os neurônios Espelho
2.4 _ O sorriso conecta as pessoas
2.5 _ O Altruismo
2.6 _ A Empatia
2.7_ A conexão através dos olhos
2.8_ As células fusiformes
CAPÍTULO III – O CÉREBRO SOCIAL E AS SUAS DIFERENTES INTERAÇÕES
3.1 _ O Cérebro Social 3.2 _ As interações nos grupos 3.3 _ A Família
3.4 _ A Religião
3.5 _ A Amizade
3.6_ As tribos
3.7 _ As Redes sociais
CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
ÍNDICE
08
10
10
13
14
17
17
20
20
23
22
25
25
27
29
31
35
35
36
38
39
41
43
46
50
52
56
8
INTRODUÇÃO
As dificuldades e divergências do dia a dia fazem com que as pessoas
reflitam sobre o relacionamento humano. Como é difícil se relacionar com o outro,
entender, dividir, compartilhar e considerar as múltiplas diferenças que ao mesmo
tempo repelem e atraem as pessoas. Entender a complexidade do individuo e
estabelecer parcerias tornam as pessoas mais completas e capazes de mudanças a
partir do momento que se tenta compreender o próximo em sua totalidade.
Viver sozinho?! Jamais! O ser humano precisa se relacionar e acreditar que
interagir, e estabelecer trocas mutuas o torna uma pessoa cada vez mais feliz e
capaz de se doar a um relacionamento entre amigos, familiares, cônjuges, pais e
filhos, colegas de trabalho, entre outros. O relacionamento humano faz sorrir pra
vida e refletir de que sempre valerá à pena compartilhar experiências com o
próximo.
O primeiro capítulo traz em seu corpo as teorias da criação que relatam o
surgimento do universo e a formação do ser humano. Manuscritos bíblicos e
diferentes religiões dizem que um ser supremo criou o homem e viu que ele estava
só, e que não era bom que ele vivesse sozinho. Uma descrição de milhares de anos
traz a reflexão sobre a primeira relação humana na terra. Suas divergências,
concordâncias faz com que se perceba que o ser humano não conseguiria viver sem
se relacionar com o outro, e, que é no trabalho em grupo que se evidencia a
importância do estabelecimento de relações que propiciem trocas e a valorização
entre as pessoas. O presente estudo descreve a relação interpessoal desde a
criação do mundo.
O relacionamento interpessoal é, em sua essência, um processo dinâmico e
não um momento estático, estando sujeito as contingências espaciais, temporais,
sociais, educacionais, culturais e subjetivas de cada indivíduo.
O segundo capítulo descreve a perspectiva da Neurociência em relação ao
estudo do cérebro social, os mecanismos neurais que orquestram as interações,
bem como os pensamentos e sentimentos a respeito dos relacionamentos. A
pesquisa relata as ligações neurais durante as conexões pessoais.
9
Não existem dúvidas de que as pessoas são diferentes umas das outras.
Mesmo gêmeos univitelinos, que tiveram a mesma criação, a mesma educação,
desde pequenos demonstram características diferentes no comportamento, nas
personalidades e no modo de agir em sociedade. Apesar de tudo isso, as pessoas
compartilham de algo que é comum a todos os seres humanos: a capacidade de se
relacionar de forma consciente e voluntaria com o outro.
O terceiro capítulo expõem as relações em diferentes grupos existentes na
sociedade moderna. As relações humanas se estruturam através das interações
entre as pessoas no seu dia a dia. Desde a infância a criança aprende a se
relacionar primeiro com seus familiares. Este processo prolonga-se através do
tempo, acompanhando o indivíduo em todos os estágios da sua vida escolar, grupo
de amigos e trabalho. Este processo de relacionamento entre os indivíduos acaba
sendo de extrema importância para a estruturação da personalidade do ser humano.
Devido aos diferentes fatores que são envolvidos nas relações humanas, tais como:
a característica psicológica de cada pessoa, de como ela se integra nos ciclos
sociais, da sua história de vida, este é um processo de alta complexidade, que não
possui modelos ou fórmulas mágicas. É previsível a ocorrência de conflitos de
crenças, costumes, valores, etc., pois qualquer tipo de relacionamento, certamente
estará subordinado às características que distinguem um indivíduo do outro.
10
CAPITULO I
O RELACIONAMENTO HUMANO- COMO TUDO COMEÇOU
1.1 As Diferentes Faces da Criação Humana
A evolução humana, segundo Futuyma (2003b), é estudada a partir da
compreensão e da interrelação de vários pontos de vistas de diferentes áreas do
conhecimento, pois se trata de um tema de complexidade tão elevada que não é
possível ser abordado em apenas uma área do conhecimento, como somente nas
ciências biológicas.
Como pensar em um mundo sem cor, sem forma, vazio, sem vida, sem seres
humanos? Como explicar a existência de tudo? Sem pessoas para dar sentido a
tudo? Talvez fosse um mundo concreto e estático, sem movimentos, conflitos,
tristezas, angústias, alegrias, arrependimento, perdão, perdas, sem idas e vindas.
Segundo a teoria da criação e de acordo com as principais religiões monoteísta o
livro de Gênesis, que equivale ao livro de Sura do alcorão e Bereshit do Torá, relata
em seus manuscritos uma narrativa, em que o homem foi concebido depois que
Deus criou os céus e a terra. Segundo essa perspectiva o homem é criado a partir
do barro e que Deus soprou em suas narinas o fôlego da vida. (Amabis e Martho,
2002).
Desde as primeiras manifestações mítico-religiosas o homem busca resposta
para essa questão. Neste âmbito, a teoria criacionista é a que tem maior aceitação.
Segundo Futuyma (2003a), a teologia cristã sempre foi muito influente no mundo
ocidental. Ao mesmo tempo, ao contrário do que muitos pensam, as diferentes
religiões do mundo elaboraram uma versão própria da teoria criacionista. Em seu
livro, A dança do Universo, Marcelo Gleiser, físico e astrônomo, mostra alguns dos
mitos de criação que serão descritos a seguir. Sem dúvida, estes mitos dão prova
de que a imaginação humana é a grande criadora da realidade, como afirma Gleiser
em seu livro Criação Imperfeita “somos a consciência do universo”.
11
A mitologia grega atribui a origem do homem ao feito dos titãs Epimeteu e
Prometeu. Epimeteu teria criado os homens sem vida, imperfeitos e feitos a partir de
um molde de barro. Por compaixão, seu irmão Prometeu resolveu roubar o fogo do
deus Vulcano para dar vida à raça humana.
O mito chinês de Pan Ku, o ser absoluto, ou seja, Deus, morre dando origem
a tudo, uma visão de alteridade da divindade criadora.
“A criação do mundo não terminou até que Pan Ku morreu. Somente sua
morte pôde aperfeiçoar o Universo: de seu crânio surgiu a abóbada do firmamento,
e de sua pele a terra que cobre os campos; de seus ossos vieram as pedras, de seu
sangue, os rios e os oceanos; de seu cabelo veio toda a vegetação. Sua respiração
se transformou em vento, sua voz, em trovão; seu olho direito se transformou na
Lua, seu olho esquerdo, no Sol. De sua saliva e suor veio a chuva. E dos vermes
que cobriam seu corpo surgiu a humanidade.” (GLEISER, 1997:29)
Entre os egípcios havia a crença de que antes do mundo surgir existiam
somente as trevas e a chamada “água primordial”. A partir dessa água primordial
teria surgido o deus Atum, que deu origem a descendentes responsáveis pela
criação dos ares, das terras e do céu.
Os índios Hopi, dos Estados Unidos, acreditam que a criação do universo se
deu da seguinte forma: “O primeiro mundo foi Tokpela. Mas antes, se diz, existia
apenas o Criador, Taiowa. Todo o resto era espaço infinito. Não existia um começo
ou um fim, o tempo não existia, tampouco formas materiais ou vida. Simplesmente
um vazio incomensurável, com seu princípio e fim, tempo, formas e vida existindo na
mente de Taiowa, o Criador. Então Ele, o infinito, concebeu o finito: primeiro Ele
criou Sotuknang, dizendo-lhe: “Eu o criei, o primeiro poder e instrumento em forma
humana. Eu sou seu tio. Vá adiante e perfile os vários universos em ordem, para
que eles possam trabalhar juntos, de acordo com meu plano”. Sotuknang seguiu as
instruções de Taiowa; do espaço infinito ele conjurou o que se manifestaria como
substância sólida, e começou a moldar as formas concretas do mundo.” (GLEISER,
1997:26) Nesta história da criação, o infinito, Taiowa, criando o finito. Taiowa é
como a figura absoluta de um ser-deus criador de tudo que existe com poderes
ilimitados, assemelha-se à história do Gênesis em que Deus onipresente, onisciente
e onipotente, cria o mundo e todo o universo como conhecemos.
12
Na religião hindu de tradição milenar e com bilhões de fiéis se somados os da
Ásia e de todas as partes do mundo, a criação é um ciclo por si mesmo infinito,
repetindo-se eternamente num ciclo de criação e destruição pela dança rítimica do
deus Shiva. “Na noite do Brama (a essência de todas as coisas, a realidade
absoluta, infinita e incompreensível), a Natureza é inerte e não pode dançar até que
Shiva assim o deseje. O deus se alça de seu estupor e, através de sua dança, envia
ondas pulsando com o som do despertar, e a matéria também dança, aparecendo
gloriosamente à sua volta. Dançando, Ele sustenta seus infinitos fenômenos, e,
quando o tempo se esgota, ainda dançando, Ele destrói todas as formas e nomes
por meio do fogo e se põe de novo a descansar.’’ (GLEISER, 1997:27) Assim,
parece mais crível aos adeptos do hinduísmo que o universo inteiro tenha um fim e
um início, sobretudo quando os valores sociais tendem deturpar-se e se tornam
alheios àqueles que compõem a doutrina da religião.
Os mais intrigantes na miríade dos mitos de criação, são os mitos de criação
que não admitem criação, um paradoxo quase incompreensível, no entanto, partem
da premissa de que o universo é eterno, não é cíclico, iniciado, nem terá fim. Uma
religião originária da Índia, fundada por um contemporâneo de Buda, Maavira, do
século VI a.C., chamada jainismo, tem a seguinte história que é contada por um
jainista chamado Jinasena que viveu por volta do ano 900 d.C.
"Alguns homens tolos declaram que o Criador fez o mundo. A doutrina que
diz que o mundo foi criado é errônea e deve ser rejeitada. Se Deus criou o mundo,
onde estava Ele antes da criação? Se você argumenta que Ele era então
transcendente, e que portanto não precisava de suporte físico, onde Ele está agora?
Nenhum ser tem a habilidade de fazer este mundo — Pois como pode um deus
imaterial criar algo material? Como pode Deus criar o mundo sem nenhum material
básico? Se você argumenta que Ele criou o material antes, e depois o mundo, você
entrará em um processo de regressão infinita. Se você declarar que esse material
apareceu espontaneamente, você entra em outra falácia, Pois nesse caso o
Universo como um todo poderia ser seu próprio criador. Se Deus criou o mundo
como um ato de seu próprio desejo, sem nenhum -material, Então tudo vem de Seu
capricho e nada mais — e quem vai acreditar numa bobagem dessas? Se Ele é
perfeito e completo, como Ele pode ter o desejo de criar algo? Se, por outro lado,
13
Deus não é perfeito, Ele jamais poderia criar um Universo melhor do que um simples
artesão. Se Ele é perfeito, qual a vantagem que Ele teria em criar o Universo? Se
você argumenta que Ele criou sem motivo, por que essa é Sua natureza, então
Deus não tem objetivos. Se Ele criou o Universo como forma de diversão, então isso
é uma brincadeira de crianças tolas, que em geral acaba mal. Portanto, a doutrina
que diz que Deus criou o mundo não faz nenhum sentido homens de bem devem
combater os que creem na divina criação, enlouquecidos por essa doutrina maléfica.
Saiba que o mundo, assim como o tempo, não foi criado, não tendo princípio nem
fim, E é baseado nos Princípios, vida e Natureza. Eterno e indestrutível, o Universo
sobrevive sob a compulsão de sua própria natureza, Dividido em três seções—
inferno, terra e firmamento." A negação da criação está intrínseca à existência da
divindade criadora. O que fica claro nos raciocínios apresentados pelo texto jainista.
(GLEISER, 1997:28)
A comunidade cientifica baseia-se na teoria da Grande Explosão, em inglês,
Big Bang. Ela apoia-se, em parte, na teoria da relatividade do físico Albert Einstein
(1879-1955) e nos estudos dos astrônomos Edwin Hubble (1889-1953) e Milton
Humason (1891-1972), os quais demonstraram que o universo não é estático e se
encontra em constante expansão, ou seja, as galáxias estão se afastando umas das
outras. Portanto, no passado elas deveriam estar mais próximas que hoje, e, até
mesmo, formando um único ponto. (Allègre,1998)
1.2 A Teoria Big Bang
A teoria do Big Bang foi anunciada em 1948 pelo cientista russo naturalizado
estadunidense, George Gamow (1904-1968) e o padre e astrônomo belga Georges
Lemaître (1894-1966). Segundo eles, o universo teria surgido após uma grande
explosão cósmica, entre 10 e 20 bilhões de anos atrás. O termo explosão refere-se
a uma grande liberação de energia, criando o espaço-tempo.
Até então, havia uma mistura de partículas subatômicas (qharks, elétrons,
neutrinos e suas partículas) que se moviam em todos os sentidos com velocidades
próximas à da luz. As primeiras partículas pesadas, prótons e nêutrons, associaram-
se para formarem os núcleos de átomos leves, como hidrogênio, hélio e lítio, que
estão entre os principais elementos químicos do universo.
14
Ao expandir-se, o universo também se resfriou, passando da cor violeta à
amarela, depois laranja e vermelha. Cerca de 1 milhão de anos após o instante
inicial, a matéria e a radiação luminosa se separaram e o Universo tornou-se
transparente: com a união dos elétrons aos núcleos atômicos, a luz pode caminhar
livremente. Cerca de 1 bilhão de anos depois do Big Bang, os elementos químicos
começaram a se unir dando origem às galáxias. Essa é a explicação sistemática da
origem do universo, conforme a teoria do Big Bang.
1.3 A Evolução Humana
A teoria evolucionista é fruto de um conjunto de pesquisas, ainda em
desenvolvimento. Segundo Ridley (2006), Jean-Baptiste Lamarck (1744-1829),
naturalista francês, foi o primeiro cientista a propor uma teoria sistemática da
evolução. Sua teoria foi publicada em 1809, em um livro denominado Filosofia
zoológica. O autor ainda diz que segundo Lamarck, o principio evolutivo estaria
baseado em duas Leis fundamentais: Lei do uso ou desuso: o uso de determinadas
partes do corpo do organismo faz com que estas se desenvolvam, e o desuso faz
com que se atrofiem. Lei da transmissão dos caracteres adquiridos, que já havia
sido usado por Aristoteles (384a.C. - 322a.C.), é a então mais famosa: alterações
provocadas em determinadas características do organismo, pelo uso e desuso, são
transmitidas aos descendentes. Segundo ele, as aves aquáticas tornaram-se
pernaltas devido ao esforço que faziam no sentido de esticar as pernas para
evitarem molhar as penas durante a locomoção na água. A cada geração, esse
esforço produzia aves com pernas mais altas, que transmitiam essa característica à
geração seguinte. Após várias gerações, teriam sido originadas as atuais aves
pernaltas. A teoria de Lamarck não é aceita atualmente, pois suas idéias
apresentam um erro básico: as características adquiridas não são hereditárias.
Verificou-se que as alterações em células somáticas dos indivíduos não alteram as
informações genéticas contida nas células germinativas, não sendo, dessa forma,
hereditárias. Segundo Futuyma (2003a), isso seria uma injustiça, pois Lamark
merece crédito por ser o primeiro a tentar explicar os mecanismos evolutivos que os
seres vivos apresentam. Suas contribuições para a biologia evolutiva foram
15
rejeitadas, pois na época em que vivia não se reconhecia na academia as
evidências da evolução necessárias para que suas hipóteses fossem aceitas.
É neste cenário que, segundo Hopkinson (2009) e Strathern (2001), que
Darwin se encontrava fazendo suas anotações e desenvolvendo suas ideias do que
posteriormente seria uma das maiores teorias científicas de todos os tempos.
Cientista inglês, Charles Robert Darwin em suas pesquisas, ocorridas no século XIX,
procurou estabelecer um estudo comparativo entre espécies aparentadas que
viviam em diferentes regiões. Além disso, ele percebeu a existência de semelhanças
entre os animais vivos e em extinção. A partir daí ele concluiu que as características
biológicas dos seres vivos passam por um processo dinâmico onde fatores de
ordem natural seriam responsáveis por modificar os organismos vivos.
Contudo, “A sua teoria teria que explicar não somente porque as espécies
mudam, mas também porque elas são bem adaptadas à vida” (RIDLEY, 2006,
p.33). Futuyma (2003a), completa dizendo que Darwin não estava preocupado
apenas em demonstrar evidências de que a evolução ocorre, mas também em
tentar explicar quais eram os mecanismos evolutivos que a tornava viável.
Antes de entender o surgimento dos humanos é preciso conhecer um pouco
mais sobre as espécies e suas diferenças. Uma espécie representa vários seres que
são bem semelhantes e que podem se reproduzir juntos. Um bom exemplo para
diferenciar espécie é o do cavalo e da burra. Os dois podem até se reproduzir,
contudo eles geram mulas, que são seres não férteis. Por isso pode-se dizer que
cavalos e burros, apesar de todas as semelhanças, não são da mesma espécie.
Para que dois seres sejam considerados de espécies diferentes, eles
precisam realmente ser distintos. O responsável por essas desigualdades é o DNA,
que é um código que possui todas as informações para criar um ser. Por exemplo:
Se pegar o DNA de alguém, seria possível fazer outra pessoa igualzinha, pois ele
contém todos os detalhes necessários para sua criação.
Com o passar dos anos, o DNA vai se modificando. De geração em geração
ele sofre mudanças, que são tão pequenas que é impossível notar, somente
16
observando várias e várias gerações é possível ver as mudanças que são causadas
por ele.
Essas variações são aleatórias, dessa maneira ela pode ser boa ou ruim.
Normalmente as mudanças ruins são descartadas pela seleção natural, pois se um
ser tem uma falha, ele morre e não se reproduz, fazendo sua linhagem morrer e
deixando espaço para os seres daquela espécie que tem as mudanças boas.
Agindo desse jeito, a seleção natural vai pegando apenas os melhores. (FUTUYMA,
2003a)
A teoria da evolução acredita que o ser humano, assim como todos os outros
seres que vivem nesse planeta atualmente são sobreviventes dessas mudanças de
DNA ao longo de milhões de anos. Além disso, ainda existe a influência do
ambiente, alimentação, clima e outras coisas, que ajudam nessas transformações. É
por isso que existem tantos animais diferentes no mundo, pois cada um foi se
adaptando ao ambiente, as necessidades a sua volta e as mudanças do DNA.
Em algum momento dessa escalada adaptativa, surgiram os símios, que são
os macacos. O dado mais antigo que se tem dessa espécie é um fóssil do
Kenyapithecus, datando 14 milhões de anos. Acredita-se que esse possa ter sido o
ancestral em comum entre o homem e os macacos atuais. Essa é uma das
principais teorias de Darwin A Origem das Espécies, ou seja, que todos os seres
vivos surgem e descendem com modificações a partir de um ancestral comum a
todos. (FUTUYMA, 2003a). Esse ser, da mesma maneira que os outros passaram
por milhões de anos de evolução, gerando novas espécies que não podiam cruzar
entre si. Uma delas acabou gerando o que viria a ser os “homos” posteriormente.
Assim, há mais ou menos 2,5 milhões de anos, andava sobre a Terra o homo
habilis, que lembrava muito mais um macaco do que um homem. Mas bastaram
mais alguns milhões de anos para que surgisse o homo erectus, que era um
“rascunho” do que somos hoje. (Pough et al. (2008) e Neves (2006))
Segundo Pough et al. (2008) e Neves (2006) há mais ou menos 500 mil anos
atrás, surgiu o homo neanderthalensis, que é considerado o primeiro ser humano
que se assemelha ao que é hoje. É claro que eles foram extintos, dando lugar ao
homo sapiens, que é o ser humano de hoje, mas devido as grandes semelhanças,
pode-se dizer que os neanderthalensis foram os primeiros humanos do planeta. De
17
tal modo, há apenas 500 mil anos, surgiu o homem atual na Terra. E ninguém sabe
até quando ele ainda vai durar, afinal, mesmo com toda tecnologia e avanços, a
evolução não para e, provavelmente, daqui alguns milhares ou milhões de anos, o
ser humano será bem diferente do que é hoje.
1.4 O Relacionamento Humano
Seja a teoria evolucionista ou criacionista a existência da espécie humana
passa a dar sentido e vida e ao mundo existente. Porém um único ser vivente para
liderar, cuidar e controlar todo o mundo seria deprimente demais. Como seria não
ter ninguém para conversar, discutir, divergir, compartilhar.
Segundo os manuscritos Deus primeiramente fez a Adão, do solo, soprando
em suas narinas o fôlego de vida, o espírito humano. E ele era muito ocupado,
cuidava do jardim em toda sua extensão, plantas e animais, mesmo assim se sentia
sozinho, incompleto e talvez Deus pode ouvir os pensamentos de Adão sobre a
necessidade de interagir: com quem sorrir, se alegrar, se surpreender?! Então Deus
declarou que não era bom que o homem estivesse só e fez para ele alguém que o
auxiliasse e lhe correspondesse”
Enfim segundo a teoria da criação temos um relato de relacionamento
humano. Deus em sua infinita bondade e sabedoria percebe a necessidade que o
homem tem de se relacionar com o outro e cria uma mulher para compartilhar e
dividir.
Muitas são as discussões sobre esse assunto e remete a um amplo debate
entre filosofia, religião e ciência e leva algumas religiões a terem pontos de
explicação bastante semelhantes. Apesar de ser um tema polêmico e inacabado o
fato é que o ser humano existe e que segundo Goleman ele precisa estar em
constante conexão com o outro.
1.5 O Relacionamento Humano na Pré História
Os relatos históricos também descrevem a necessidade do homem de se
relacionar ao longo da história. O homem desde a pré história descobriu que a vida
em grupo facilitaria alcançar seus objetivos e que, viver isolado era privar se do
próprio crescimento; em contrapartida seria difícil garantir sua sobrevivência.
18
Entendia que precisava juntar as forças, para juntos conseguirem capturar animais.
(Cotrim,2007)
O homem pré histórico já notava as diferentes potencialidades existente na
vida em grupo. Destacavam-se por certas habilidades como: força, inteligência,
capacidade de pensamento estratégico, etc. Assim, estabeleciam as "ordens" no
grupo.
Segundo o autor com a descoberta do fogo, o homem desenvolveu técnicas e
a criação de novos modos de sobrevivência. É importante, compreender que
naquele período, o fogo era tão precioso para os grupos quanto o ouro ou o dinheiro
é para atualidade. O fogo então passa a estimular conquistas e lutas entre os
grupos. E para esses confrontos de conquistas cada grupo precisava ser muito forte
e unido. Os que não se adequavam eram banidos ou mortos. Os que saiam, iam
formando outros grupos com diferentes características e identificações.
Dessa forma, no decorrer da história, a evolução da humanidade
evidencia um variado número de grupos, cada qual com características
diferenciadas. Uma das principais características do homem daquele período era o
comportamento nômade, ou seja, viviam mudando de lugar para lugar, e á medida
que foram crescendo, se subdividindo e multiplicando-se, se espalharam por várias
regiões do planeta.
Com o decorrer dos tempos, o homem sentiu a necessidade de possuir
lugar fixo para o desenvolvimento de seus grupos, começou então a ocupar as
terras. Nelas, desenvolveram a agricultura de subsistência e a criação de gado.
Dessa vez, os grupos destacaram-se e se diferenciaram pela posse e pela idéia de
propriedade. (Savelle,1990)
A partir da marca de uma identidade, cada grupo possuía características
próprias com língua, religião, costumes, formas de economia, regras em comum etc.
O interessante é perceber que no decorrer da história, muitos desses grupos se
destacaram pela força, inteligência e pela quantidade de habitantes. E que cada
grupo com essa complexidade de estrutura recebia o nome de civilização. Nos
registros históricos percebe se a evidencia de diversas civilizações, desde as mais
simples até as mais complexas.
19
Todas essas explicações concluem que desde o inicio de tudo e
independente das teorias existentes sobre o ser humano, o homem precisa estar em
interação com o outro estabelecendo trocas e parcerias, vivendo em comunidade.
Segundo Daniel Goleman “fomos programados para nos conectar”, dialogar com as
pessoas e o mundo que nos rodeiam.
20
CAPÍTULO 2
O RELACIONAMENTO HUMANO E A NEUROCIÊNCIA
A neurociência descobriu ao longo dos anos que o próprio design do cérebro
o torna sociável, e o faz atrair-se para uma intima ligação cérebro a cérebro sempre
que a interação entre as pessoas. Essa conexão neural afeta o cérebro, e é claro o
corpo de todas as pessoas com as quais se interage. Quanto mais forte a ligação
emocional com as pessoas, maior é a força mútua. As trocas mais potentes
ocorrem com as pessoas com as quais se passa boa parte do tempo, sobretudo as
mais intimas.
Essas interações sociais operam com moduladores. Os sentimentos
resultantes têm conseqüências que se reproduzem no corpo, secretando hormônios
que regulam os sistemas biológicos - do coração ao sistema imunológico. Hoje a
ciência já é capaz de monitorar as conexões entre os relacionamentos mais
estressantes e o funcionamento de genes específicos que regulam o sistema
imunológico. Isso significa que os relacionamentos interferem e moldam não só a
experiência, como o sistema biológico. Essa ligação pode ser de duas formas: os
relacionamentos positivos que têm um impacto benéfico sobre a saúde e os
relacionamentos tóxicos ou negativos, que fazem mal e ao longo do tempo podem
funcionar como um lento envenenamento do organismo.
2.1 O Relacionamento da Mãe e o bebê
Ao analisar a relação mãe e bebê pode-se observar o inicio da interação do
ser humana em sua chegada ao mundo. A gravidez é uma situação que envolve
tanto a mulher quanto o companheiro e o meio social em que convivem. Poderia ser
chamada de vocação humana, mas nem toda mulher deseja procriar, não deseja
estar numa condição maternal em que dessa situação decorrem também sintomas
somáticos como acessos de ansiedade, sonolência, náusea, vômito, diarréia,
constipação, etc. Esse período sem dúvida é de muito sacrifício tanto para a mãe
quanto para o pai ou para quem esteja diretamente ligado a esse momento.
A maternidade não é algo confortável e a ansiedade causada é devida à
percepção da mãe dos movimentos fetais, pois experimenta uma relação tão íntima
21
com o feto, numa relação totalmente egoísta em que um é do outro e vive pelo
outro. O pequeno ser que carrega dentro de si será dela e vice-versa, num laço
mútuo e contínuo que se estende além do nascimento.
A troca entre mãe e bebê durante a gestação estabelece vínculos e
experiências tanto agradáveis como desagradáveis. (WINNICOTT) Isso mostra que
mesmo estando no ventre materno o bebê aprende muito com a mãe, compartilha
as mesmas refeições, os mesmos sentimentos, os mesmos hábitos, tudo é dividido.
Assim, conhece mais a mãe do que ela a ele, até que nasça e a mãe e o pai
possam acolhê-lo em seus braços, olhá-lo e amá-lo.
A mãe é sem dúvida, a pessoa que melhor o conhece, de tal forma que o
estudará minuciosamente para poder satisfazê-lo a todo o momento que precise.
Mas é uma tarefa absorvente e contínua. Apesar das dificuldades a palavra
desistência não deveria existir para a figura materna, fator que abalaria a inserção
do bebê no mundo em pequenas doses e na medida certa.
O parto representa a passagem do estado de gravidez para uma situação em
que a mãe não vê mais aquela barriga enorme e não percebe mais os movimentos
do feto dentro de si. Esse momento envolve a separação de dois seres muito
íntimos e o forte desejo dessa mãe de conhecer o seu bebê, sendo que "a partir da
expulsão, a criança adquire vida própria, devendo, nesse mesmo instante,
encarregar-se de uma variedade de funções fisiológicas que até então eram
cumpridas pela mãe, como a respiração, a alimentação, a evacuação, etc"
(SOIFER, 1980, p. 51). Além disso, o parto é a porta de entrada do novo ser no
meio social e a presença do pai é fundamental para a mãe e para a criança, pois
ambos agora estão juntos pela primeira vez, após nove meses de forte ansiedade e
muitas fantasias. A relação mãe-bebê é a evolução das relações sociais, ou seja, é
a primeira relação social da criança.
A partir do nascimento o bebê pertence ao meio social no qual seus pais
biológicos vivem e a vida representa para ele uma série de experiências boas e
más, mas terrivelmente intensas. O bebê agora não tem mais liberdade de
movimentos como antes e continua a ser um ser impotente que precisa interagir
com o meio ambiente para que possa desenvolver-se. Por outro lado, a família deve
22
oferecer valores, papéis e objetos que uma vez interiorizados ajudam o bebê a
estabelecer a sua identidade. Principalmente a mãe e o pai precisam ter atitudes de
muito apoio e cuidado nesse momento. (WINNICOTT)
2.2 A Protoconversa
É através do olhar, do toque, do sorriso dos pais, do beijo, dos balbucios e
diálogos tatibitates entre adulto e bebê, que este começa a se relacionar e interagir
com o meio social. Através dos estímulos ele passa a reconhecer as pessoas e a
esperar respostas aos seus desejos e necessidades, estabelecendo dessa maneira
comunicação. Nessa perspectiva Daniel Goleman relata a “protoconversa”, um
protótipo de toda interação humana, a comunicação no que ela tem de mais básico,
a primeira aula do bebê sobre interação. E tem como tema central as emoções
entrelaçadas nesse momento mágico entre mãe e filho, que podem despertar no
bebê momentos de alegria, agitação, calma ou choro.
A protoconversa perdura durante toda a vida do ser humano e através dela
que se aprende a sincronizar emocionalmente com alguém muito antes de se usar
as palavras para expressar tais sentimentos. É ela que define o ritmo, a conexão e a
interação com outra pessoa, e leva em consideração os sentimentos como alicerces
para a comunicação na vida adulta, é a “agenda oculta de toda e qualquer
interação”.
2.3 Os Neurônios Espelho
Durante o desenvolvimento da criança, ainda na primeira infância, se observa
que elas absorvem com muita facilidade tudo o que é ensinado e observado como
se fossem esponjas apreendendo todo o conhecimento oferecido. A imitação é um
importante componente da empatia. Desde crianças, se mimetiza as ações dos
pais, dos amigos e professores. A imitação fomenta semelhanças no
comportamento, cognição e sentimento, agindo como uma “Cola Social” que insere
nos padrões comportamentais em que se vive. Nesse âmbito existem os neurônios
espelhos que parecem ser essenciais para o aprendizado das crianças, e que
podem explicar como se aprende por meio de uma mera observação. “Ao
23
observarem, elas desenvolvem um repertório de emoções, de comportamentos e de
como o mundo funciona.” (Daniel Goleman)
Mas o que seriam neurônios espelhos?
Os neurônios-espelho começaram a ser descobertos, acidentalmente, na
Universidade de Parma, Itália, pelos neurocientistas Giacomo Rizzolatti, Leonardo
Fogassi e Vittorio Gallese em 1992. Eles constataram que a simples observação de
ações alheias ativava as mesmas regiões do cérebro dos observadores
normalmente estimuladas durante a ação do próprio indivíduo. Ao que tudo indica, a
percepção visual inicia uma espécie de simulação ou duplicação interna dos atos de
outros. A descoberta foi feita enquanto eles estavam mapeando a área sensório-
motora do cérebro de macacos usando eletrodos tão finos, que tinham de ser
implantados em células cerebrais isoladas, verificando quais células eram ativadas
durante um movimento específico. Os neurônios dessa área se mostravam precisos,
ou seja, alguns neurônios só eram ativados quando o macaco estava segurando
algo na mão; outros quando estavam rasgando um objeto. A descoberta aconteceu,
de fato, quando os cientistas viram uma célula sensório-motora ativada quando o
macaco observou o assistente da pesquisa levar um sorvete à boca.
Ficaram surpresos ao descobrir que um conjunto específico de neurônios
parecia ativar-se quando o macaco via outro macaco, ou um dos experimentadores,
fazer um dado movimento. Esta primeira observação dos neurônios espelho em
ação nos macacos, foi encontrado, também, no cérebro humano. No ser humano
um eletrodo mínimo monitorava um único neurônio em um indivíduo acordado, o
neurônio se ativava quando a pessoa previa o sofrimento – um beliscão, por
exemplo – ou quando via outra pessoa receber o beliscão. Isto foi considerado um
instantâneo neural da empatia primitiva em ação.
A partir desse experimento descobriu-se que muitos neurônios espelho atuam
no córtex pré-motor, que governa atividades que vão da fala e dos movimentos à
simples intenção de agir. Como eles estão próximos aos neurônios motores, sua
localização significa que as áreas do cérebro que iniciam um movimento podem
24
começar a se ativar, também, quando se observa uma outra pessoa fazendo aquele
mesmo movimento.
São diversos os sistemas neuronais no cérebro humano, não só para imitar,
mas, também, para ler intenções e para ler as emoções. Experiências feitas com
voluntários que se submeteram a uma ressonância magnética assistindo a um vídeo
mostram que o voluntário ativa no cérebro, as mesmas áreas que estão sendo
ativadas pelas pessoas que aparecem no vídeo. Isto significa que os neurônios
espelho tornam as emoções contagiosas. Ajuda às pessoas a entrarem em
sincronia, sentindo o outro, no sentido mais amplo da palavra, ou seja, tendo os
mesmos sentimentos, movimentos, sensações e emoções.
É através dos neurônios espelho que se tem o entrosamento com o outro e
se estabelece sofisticadas habilidades sociais. A conexão entre os neurônios
espelho permitem trazer para dentro de si um pouco mais do outro. Estabelece uma
comunicação mutua e permite entender um pouco mais os sentimentos de alguém,
fazendo com que tenham as mesmas experiências.
Segundo Giacomo Rizzolatti, esses sistemas “nos permitem entender a
mente dos outros não apenas pelo raciocínio conceitual, mas por simulação direta –
pensando, não sentindo.”
O cérebro de um adulto está conectado a outro como se existisse um elo
invisível. As mentes não são independentes, mas interagem continuamente,
estabelecendo diálogo com as pessoas. Daniel Stem diz que o sistema nervoso do
ser humano “foram construídos para ser captados pelos sistemas nervosos de
outras pessoas, para que possamos vivenciá-los como se estivéssemos vivendo
aquilo pessoalmente”.
O circuito dos músculos faciais garante que as emoções que fluem dentro das
pessoas sejam mostradas para que os outros as leiam. Os neurônios espelho
garantem que ao ver uma emoção expressa no rosto de outra pessoa, é possível
vivenciar o mesmo sentimento, ou um sentimento complementar. Esta ligação entre
25
os cérebros faz com que os corpos se movimentem em conjunto, os pensamentos
percorram as mesmas vias e as emoções transitem pelas mesmas linhas. Esse fato
abre caminho para comunicações sutis, porém muito poderosas, porque há
congruência entre os dois.
A integração entre os cérebros conectam as pessoas em que Daniel Goleman
chama de uma grande rede neural wifi. Seres humanos interligados muito antes de
surgir às palavras que saem pela boca. A comunicação mutua percebida pelo
sistema nervoso que se relaciona com o outro estabelecendo trocas e parcerias.
2.4 O Sorriso Conecta as Pessoas
A ponte entre dois cérebros inicia-se através de um sorriso. O sorriso tem
uma vantagem sobre todas as outras expressões, pois o cérebro humano prefere
faces sorridentes, reconhecendo-as com mais facilidade do que as expressões
negativas, essa seria a “vantagem da expressão da felicidade”. Segundo Ekman ao
sorrir movimenta-se 15 músculos da face e em suas varias combinações existem 18
tipos de sorrisos. O fato é que como no ditado tibetano: “quando você sorri para a
vida, metade do sorriso está em seu rosto e a outra metade no de outra pessoa.”
Alguns neurocientistas sugerem que o cérebro tenha um sistema para os
sentimentos positivos, permitindo que as pessoas tenham mais humor positivo ao
longo de suas vidas do que negativos. O fato é que pessoas estão aptas a se
relacionar mesmo quando ainda não tem muita intimidade. Estando sempre
dispostas a gostar e se integrar ao outro. De fato o riso é uma forma de contagio
imediato, e a menor distância entre dois cérebros e permite um elo social
instantâneo entre as pessoas.
2.5 O Altruísmo
Segundo Goleman um dos fatores importantes na relação humana é o
altruísmo. O fato de parar um pouco e prestar atenção no outro torna a empatia
26
mais forte em uma interação, fazendo com que esteja envolvido com o outro em
uma relação emocionalmente mais forte. Nos dias de hoje as pessoas andam nas
ruas com pressa, presas em seu próprio pensamento, sem dar atenção devida ao
que acontece enquanto caminha em direção a algum lugar.
O autor relata a questão do “transe urbano”, ou seja, as pessoas estão tão
concentradas no que precisam executar que não percebem o que acontece a sua
volta. Esse comportamento se deve ao elevado índice de estímulos recebidos em
grandes cidades. Seria uma forma de se preservar e de se proteger da sobrecarga
de estímulos ao redor.
Diante dessas circunstâncias a atenção acaba se voltando a pessoas que
possam estar mais próximas, mas sendo de extrema importância eliminar as
distrações para que isso ocorra. Muitas são as barreiras sociais que cercam as
pessoas, pois o que pode ser importante pra alguém, pode não ser importante pra
outro. Como ajudar um mendigo, por exemplo, ou participar de uma pesquisa
política. De fato Goleman diz que o interesse da pessoa atrelado a questões sociais
e psicológicas podem direcionar ou inibir atenção e a empatia pelo outro.
O simples gesto de olhar para uma pessoa e manter a atenção voltada pra
ela permite conectar-se emocionalmente. Quando o ser humano se desprende e se
disponibiliza para o outro consegue sintonizar com que está ao seu redor. Passa a
perceber o brilho nos olhos de alguém, um indício de sorriso ou um tom de voz
cordial. Tudo isso se deve a memória de trabalho que reside no córtex pré-frontal.
Este circuito desempenha um papel importante na alocação da atenção,
gerenciando o que ocorre nos bastidores de uma interação. Por exemplo, ele busca
em nossa memória o que dizer ou fazer, até mesmo determina quando prestar
atenção aos sinais que chegam e alteram as reações nas pessoas.
Quanto mais desafio maior a capacidade de atenção. Os sinais de
preocupação da amígdala inundam as regiões-chave do córtex pré-frontal,
manifestando-se sob forma de preocupações que roubam a atenção de tudo o mais.
(Daniel Goleman)
27
Sobretudo a natureza mantém uma intima e direta comunicação com
indivíduos de uma mesma espécie como, por exemplo, quando um bebê de dois
meses detecta a aproximidade da mãe, ele fica instantaneamente quieto, sua
respiração se acalma, ele se volta em direção a mãe e olha para o seu rosto,
concentrando seus olhos em sua boca, e orientando os seus ouvidos para quaisquer
sons que venham dela.
Isso quer dizer que quanto maior for o estado de atenção, mais se sentira do
interior do outro em uma inter-relação. Em contra partida quanto maior for a aflição,
menor será a capacidade de sentir a outra pessoa, diminuindo assim a empatia. O
fato é que se o ser humano olhar para dentro de si mesmo o seu mundo se contrai e
os problemas e as preocupações sobrecarregam a pessoa. No entanto, ao mudar o
foco e começar a perceber o outro, o mundo se expande e os problemas passam a
ocupar a periferia da mente e assim parecem ser menores, e dá lugar a capacidade
de se conectar.
2.6 A Empatia
“A empatia lubrifica a sociabilidade e nós, seres humanos, somos um animal
social por excelência.” (Goleman)
A compaixão pelo próximo está relacionada ao grau de compartilhamento
emocional, ou seja, empatia. Sendo assim a empatia é um pré-requisito para
compreender o mundo interior do outro. O neurônio-espelho é o responsável pelo
mecanismo fundamental que faz com que doa em um ser humano a dor do outro.
A tradução da palavra empatia quer dizer literalmente entrar na pele do outro,
sugerindo uma imitação interior dos sentimentos da outra pessoa. Goleman diz que
quanto mais ativos forem os sistemas de neurônios-espelho em uma pessoa, mais
forte é a empatia. Na psicologia atual, a palavra “empatia” tem três sentidos
distintos: conhecer os sentimentos do outro; sentir o que o outro sente; e reagir com
28
compaixão ao sofrimento do outro, ou seja, observo você, sinto o que está sentindo
e tomo uma atitude para ajudá-lo.
Segundo Daniel Goleman uma antiga polêmica ecoa com o simples fato de
uma pessoa ajudar um morador de rua dando-lhe esmola. Essa manifestação teria
apenas um principio religioso ou seria uma maneira de aliviar o sofrimento sentido
pelo doador do dinheiro? Muito se discutiu sobre essa questão e uma vertente
acredita que esse ato sugere uma ponta de interesse pessoal em aliviar o
sofrimento dos outros. E que automaticamente estaria aliviando a si próprio ao
amenizar o sofrimento alheio.
Uma outra vertente sugere que a mente humana não suporta ver o sofrimento
das pessoas. A neurociência propõe que o ser humano ao ver outra pessoa em
dificuldades, circuitos semelhantes reverberam no cérebro, como se fossem uma
espécie de ressonância por empatia, que se torna o prelúdio da compaixão. Pode se
ver explicitamente este fato quando um bebê chora e seus pais correm para tentar
aliviar de alguma forma aquele sofrimento.
“Nosso cérebro foi predefinido para a bondade” (Daniel Goleman)
Quando se ouve um grito angustiado, ativam-se as mesmas partes do
cérebro que vivenciam tal angústia, bem como o córtex pré-motor, sinal de que uma
pessoa está se preparando para agir. Da mesma maneira quando se ouve uma
pessoa contar uma história triste em tom lúgubre ativa o córtex motor, que guia os
movimentos, bem como a amígdala e os circuitos afins relacionados a tristeza. Este
estado compartilhado sinaliza a área motora do cérebro, na qual se prepara a
resposta, para que seja tomada a ação relevante. O fato de sentir qualquer emoção
provoca um estimulo relacionado à ação.
O Contagio emocional descrito pelo autor, além de disseminar sentimentos,
prepara o cérebro para ter uma ação adequada em determinado momento como
alegria, dor, medo, tristeza, entre outros. A sintonia emocional que leva uma pessoa
a ajudar um estranho em dificuldades e a mesma que a levaria a ajudar um ente
29
querido. Este fato ocorre por causa do elo primário de cérebro para cérebro, que faz
com que uma pessoa experimente o sofrimento como se fosse de si próprio,
preparando de imediato ajuda.
Goleman levanta a questão de que se o cérebro humano tem um sistema que
sintoniza as pessoas ao sofrimento alheio, porque essa ajuda nem sempre e
realizada? A resposta mais simples vista pela psicologia social seria o fato de que
as pessoas estão imersas nessa vida moderna, que conspira contra tal atitude. A
empatia estaria relacionada ao cognitivo e não ao contagio emocional, que levaria
uma pessoa a ajudar o próximo de maneira instantânea. Relacionamentos distantes
impedem o impulso inato de ajudar.
Nessa nova era de e-mail, internet, smatphones, zap, o mundo virtual de uma
maneira geral, impede de sentir e perceber o estado emocional do outro, o que
torna a empatia impossível. As distâncias sociais da atualidade criaram uma
anomalia na vida humana, embora pessoas tenham se acostumado a viver assim.
Essa separação impede a empatia e, na ausência dela, o altruísmo falha.
2.7 A Conexão Através dos olhos
Hoje a neurociência diz que os olhos oferecem lampejos para os sentimentos
mais íntimos de uma pessoa como em uma antiga idéia poética que fala que os
olhos são o espelho da alma. Os olhos contêm terminações nervosas que levam
diretamente a uma estrutura cerebral crucial para as emoções da empatia e da
combinação, a área orbitofrontal do córtex pré-frontal. (Elkhonon Goldberg)
É fácil perceber esse ajuste em um momento romântico como, por exemplo,
quando os olhares de duas pessoas apaixonadas se cruzam parece existir uma
força estranha que os envolvem. Nesse momento o que acontece é que suas
regiões orbitofrontais são especialmente sensíveis a pistas com o contato visual.
Essa sociabilidade desempenha um papel importante no reconhecimento do estado
emocional do outro.
30
O córtex orbitofrontal (COF), se localiza atrás e acima das orbitas dos olhos
(daí o prefixo “orbito), ocupando um lugar estratégico: a junção da parte mais
elevada dos centros emocionais e a parte mais baixa do cérebro pensante. O córtex
orbitofrontal conecta diretamente, neurônio a neurônio, três regiões importantes no
cérebro: o córtex (“ou cérebro pensante”), as amígdalas (o gatilho de muitas reações
emocionais) e o tronco cerebral (as zonas “reptilianas”, referentes à reação
automática). Essa estreita conexão sugere uma ligação rápida e poderosa, que
facilita a coordenação instantânea de pensamento, sentimento e ação. Essa auto
estrada de nervos reúne inputs dos centros emocionais, do corpo e dos sentidos, e
pistas da via principal que encontram significado nesses dados, criando os planos
intencionais que guiam as ações humanas. (Daniel Goleman)
Essas ligações do cérebro dão sentido ao mundo social ao reunir
experiências externas e internas, o COF realiza um cálculo social instantâneo, que
repassa as informações de como a pessoa está se sentindo em relação à outra e
vice versa e indica como reagir em determinada situação.
Delicadeza, afinidade e interações precisam em parte desse circuito nervoso,
como, por exemplo, O COF, que sintoniza e detecta as emoções expressas em uma
pessoa até mesmo pelo tom de voz e se conecta a essas mensagens sociais
fazendo com que duas pessoas percebam que se gostam. Esses circuitos trabalham
como se fossem rastreadores afetivos.
“Quanto maior é a atividade do COF, mais fortes são os sentimentos de amor
e afeto.” (GOLEMAN)
Segundo Goleman o COF também avalia a estética social, como, por
exemplo, o cheiro de uma pessoa, um sinal primordial para se avaliar se uma
pessoa gosta ou desgosta de outra. Estando ai definido o que chamam de afinidade.
A decisão de uma pessoa em querer se conectar com outra, seja em uma
amizade, no trabalho ou em um casamento, se inicia logo que se encontra a mesma
31
pela primeira vez com alguém. A intuição ao conhecer alguém é a mesma coisa de
se estabelecer se será gerada uma conexão ou não.
2.8 As Células Fusiformes
Esse julgamento instantâneo depende em grande parte de um conjunto
incomum de neurônios: as células do tipo fusiforme, com um grande bulbo em uma
das extremidades e uma extensão longa e grossa. Os neurocientistas desconfiam
que as células fusiformes são o segredo da rapidez da intuição social, o que
possibilita o instantâneo dos julgamentos.
A célula fusiforme tem o corpo cerca de quatro vezes maior do que o de
outras células cerebrais; de um ramo longo e largo originam-se os dentritos e
axônios que atuam como rede elétrica de célula para célula. A velocidade da
transmissão de um neurônio para outras células aumenta com o tamanho dos
longos braços que se projetam para os outros neurônios. Essas dimensões enormes
da célula fusiforme garantem a transmissão em altíssima velocidade.
As células fusiformes formam conexões especialmente densas entre o COF e
a parte mais elevada do sistema límbico, o córtex cingulado anterior (ou CCA). O
CCA direciona a atenção e coordena os pensamentos, emoções e reações do corpo
aos sentimentos de uma pessoa. Essa ligação cria uma espécie de comando
nervoso. A partir dessa junção, as células fusiformes se estendem para partes
diversas do cérebro.
As substâncias químicas especiais do cérebro que os axônios transmitem
sugerem o seu papel central na conexão social. As células fusiformes são ricas em
receptores de serotonina, dopamina e vasopressina. Essas substâncias químicas do
cérebro desempenham um papel, importante na empatia com os outros, no amor,
no humor e no prazer.
Os seres humanos têm cerca de mil vezes mais células fusiformes do que os
primatas mais próximos, os macacos, que só possuem algumas centenas. E talvez
32
seja esse o diferencial para tornar a espécie humana única, segundo alguns
neuroanatomistas. Nenhum outro cérebro mamífero possui as células fusiformes.
Alguns especulam que as células fusiformes são responsáveis de algumas pessoas
serem mais sociáveis, ou sensíveis do que outra.
As células fusiformes se concentram em uma área do COF que se ativa
durante reações emocionais dos seres humanos em relação à outra pessoa,
principalmente em casos de empatia instantânea. Por exemplo: Quando uma mãe
ouve seu bebê chorar, ou quando uma pessoa sente o sofrimento de um ente
querido, um exame de imagem atento do cérebro indica aquela zona iluminada.
O CCA é outro local, onde as células fusiformes podem ser encontradas com
fartura e que desempenha importante papel na vida social. Ela conduz o
reconhecimento das expressões faciais de emoções intensas. Essa área tem grande
conexão com as amígdalas, sendo o ponto inicial para os sentimentos e julgamentos
emocionais. Tudo se conecta com uma velocidade incrível e mesmo antes de se
proferir palavras uma pessoa já sabe se gostou ou não de algo em determinado
momento.
“As células fusiformes entretecem o que forma todo o sistema de orientação
social” (GOLEMAN)
O cérebro humano é capaz de perceber o outro através de insights, sem se
quer ser proferida uma palavra, e como se fossem flash, uma única expressão pode
dizer muita coisa. (Elkhonon Goldberg) Isso se deve aos circuitos nervosos que
parecem estar sempre ligados e preparados a agir nesses julgamentos sociais.
Mesmo quando o cérebro parece estar quieto, as aéreas nervosas permanecem
ativas prontas para uma resposta imediata. Essas aéreas aumentam a sua atividade
quando uma pessoa pensa sobre alguém ou observa a sua interação.
O cérebro social tem como sua atividade favorita criar novas possibilidades
para os relacionamentos sociais. Pessoas sensíveis a essa taxa metabólica revela a
importância do desenho do cérebro em relação ao mundo social. O cérebro precisa
33
apenas de um décimo de segundo para fazer um julgamento de uma pessoa, muito
mais rápido do que em relação a coisas. Ao fazer um julgamento de uma pessoa em
um encontro social esse circuito entra em ação e prevê a possibilidade de existir um
relacionamento ou até mesmo se haverá algum.
O desenvolvimento da atividade cerebral se inicia com a decisão rápida
envolvendo o cingulado, que se espalha pelas células fusiformes para áreas
altamente ligadas, em especial o COF. O circuito cingulado do COF entra em ação
sempre que se escolher a melhor resposta entre varias possibilidades. Esse circuito
faz um cálculo emocional e atribui valor, gosto, avalia tudo o que é experimentado e
molda o sentido e o significado do que é importante, sendo fundamental nos
relacionamentos interpessoais.
Nessas atividades neuronais o COF orienta as ações de uma pessoa assim
que a mesma sabe como se sente em relação ao outro. Ao inibir o impulso natural,
o COF orienta as ações que são adequadas, para que possa evitar que se faça ou
se diga algo inadequado de que se possa se arrepender depois. Essa sequência
acontece não apenas uma vez, mas continuamente, durante qualquer interação
social, segundo Daniel Goleman.
As relações sociais dependem de inclinações emocionais, como, por
exemplo, o fato de gostar ou odiar algo define como será a reação de uma pessoa
diante de uma situação. Durante as interações sociais o cérebro social se ajusta
calmamente ao que se diz ou ao que se faz.
“O que acontece durante essas ações é crucial para uma vida social
satisfatória.” (Daniel Goleman)
Quando um relacionamento humano se torna destrutivo o cérebro tem a
capacidade de proteger, de forma a criar estratégias necessárias para conter o
contagio emocional, criando uma distância emocional protetora.
34
As conexões operam em altíssima velocidade, porém quando a conexão
instantânea da via secundária machuca uma pessoa, a via principal pode proteger.
A via principal permite escolher as ligações nos circuitos ligados ao COF. Na via
secundária os fluxos de mensagens se movem gerando as reações emocionais
iniciais, inclusive o contágio. Enquanto isso, o COF reage provocando uma reflexão
sobre tal reação. Esse ramo superior permite que as pessoas tenham respostas
com mais variações, que levem em consideração a melhor compreensão do que
está acontecendo. Essas vias paralelas gerenciam todo encontro e o COF é a
estação comutadora entre elas.
A via secundária atua como sexto sentido, devido às ligações rápidas do
neurônio espelho e instiga uma pessoa a sentir algo com outra pessoa. Ela também
incentiva a solidariedade sem reflexão previa: uma empatia primária instantânea. Já
a via primária se abre à medida que se monitora tal mudança de humor e à medida
que se fica atento a pessoa com quem se conversa para entender melhor o que
aconteceu. Isso faz com que os centros pré-frontais entrem em ação. À medida que
se verifica que os milésimos de segundo se passam e a via principal ativa sua vasta
coleção de ramos nervosos, as possibilidades de resposta aumentam
exponencialmente.
Assim, embora a via secundária proporcione afinidade emocional instantânea,
a via primária gera um sentido emocional mais sofisticado, que, por sua vez, orienta
uma resposta apropriada. Essa flexibilidade se baseia nos recursos do córtex pré-
frontal, o centro executivo do cérebro, segundo Elkhonon Goldberg.
“... o COF orquestra o intercâmbio entre o mundo social e nossos
sentimentos, dizendo-nos como agir.” (Daniel Goleman)
35
CAPÍTULO 3
O CÉREBRO SOCIAL E SUAS DIFERENTES INTERAÇÕES
3.1 O Cérebro Social
Um conjunto de circuitos cerebrais precisa ter significado para quem o possui,
para que então sejam transmitidos as próximas gerações. Na época dos primatas
aconteceu exatamente esse tipo de adaptação na vida em grupo. Todos os primatas
poderiam compartilhar seus recursos disponíveis, suprindo assim as necessidades
da vida, multiplicando os seus bens e valorizando as interações sociais. O Cérebro
social se adapta muito bem as suas condições e consegue enfrentar os desafios da
sobrevivência da vida em grupo.
Quanto mais complexa for uma tarefa mental, mais recursos neuronais serão
usados pelo cérebro para concluí-las. As diferentes zonas do cérebro se
interconectam com uma complexidade alucinante.
As interações sociais são orquestradas pelo que os neurocientistas chamam
de cérebro social. Os módulos neuronais controlam as atividades desse cérebro
social nas interações sociais. Não existe um lugar especifico que controle essas
interações sócias e sim um conjunto de redes neurais distintas, porém fluidas e de
amplo alcance, que se sincronizam com outras. As extensas redes neurais são
coordenadas para servir a um propósito unificador.
A neurociência não tem um mapa cerebral exato de aceitação do cérebro
social, porém vem desenvolvendo estudos que se concentra nas áreas mais ativas
durante as interações sociais. Uma proposta inicial identificou uma estrutura na
região pré-frontal, particularmente no córtex orbitofrontal e no córtex anterior
cingulado, em conexão com as áreas no subcórtex, em especial a amígdala.
Por não terem uma parte fixa no cérebro social, as redes neurais envolvidas
dependem da interação social, como, por exemplo, no momento de uma conversa,
em que vários lugares se mantém sincronizados, enquanto outro sistema diferente
36
pode ser ativado quando uma pessoa reflete se gosta ou não de uma determinada
pessoa.
“Quanto mais complicada for uma interação social, mais complexas e
interconectadas as redes de neurônios ativadas.” (Daniel Goleman)
Para Goleman a melhor maneira de identificar o circuito central do cérebro
social é delinear as redes neurais mínimas envolvidas em um ato social. Por
exemplo, para o simples fato de perceber e imitar as emoções de outra pessoa, os
neurocientistas da UCLA propuseram os seguintes conjuntos de circuito neural
encadeados: o córtex temporal superior permite uma percepção visual inicial da
outra pessoa, enviando essa descrição a neurônios nessas áreas parietais, capazes
de associar o ato observado à sua execução. Em seguida, neurônios
correspondentes acrescentam informações somáticas e sensoriais à descrição.
Esse conjunto de dados, mais complexo, vai até o córtex frontal inferior, que, então,
codifica o objetivo da ação a ser imitada. Assim, cópias sensoriais das ações são
enviadas de volta ao córtex temporal superior, que monitora a ação resultante.
3.2 As Interações nos Grupos
As interações sociais se da em diferentes grupos nas sociedades. Desde os
primórdios da existência humana o homem tem a necessidade de criar grupos, de
andar em bandos, sejam por um único objetivo, ou pela necessidade de
compartilhar experiências ou facilitar a vida no seu dia a dia. O ser humano está,
constantemente, insatisfeito. E se está insatisfeito é porque possui necessidades.
Essa parece ser a principal e, talvez, primeira explicação para a organização das
sociedades humanas. A satisfação das necessidades.
O homem necessita do grupo porque nem tudo de que precisa consegue
isoladamente. A associação ocorre, portanto, não porque o ser humano é,
essencialmente, gregário, mas é segregacionista, é sectário, e se agrupa por
necessidade de sobrevivência. O grupo, portanto, nasce dos interesses pessoais e
das necessidades dos indivíduos.
37
O ser humano é um animal que ganhou a classificação de racional.
Aristóteles lhe afirmou mais uma característica: é político, de onde a característica
da sociabilidade. Racional porque consegue abstrair e aprender com as
experiências. E, mais do que aprender, consegue reproduzir e ampliar as aplicações
das experiências adquiridas. Isso porque aprendeu a raciocinar. É, além disso,
político porque vive, sobrevive e explora as relações sociais. Embora, goste do
isolamento, prefere viver em grupo. O grupo, portanto, não é essencial, mas opção:
para satisfazer suas necessidades, para satisfazer seus desejos, para superar seus
medos, para superar suas fraquezas.
Podem ser observadas mais algumas das características desse ser,
chamado homem. Diferentemente dos demais animais, o humano é frágil,
desprovido de garras ou pele resistente aos ataques dos predadores e intempéries.
Essa fragilidade produziu e ajudou no desenvolvimento de outra característica: o
medo. Como mecanismo de superação dos medos os humanos desenvolvem
mecanismos para conviver ou para superar adversidades da natureza. Um desses
mecanismos é a vida grupal.
Os humanos, portanto vivem em grupo, entre outros motivos, porque assim
se protegem mutuamente. Tanto para enfrentar a natureza como para atingir
objetivos comuns. O grupo passa ser um mecanismo de defesa. Os humanos
aproveitam-se de suas fraquezas para produzir forças. A força do grupo nasce de
uma característica muito marcante do ser humano: a capacidade de tirar benefício
dos demais membros do grupo, o que indica outra característica do humano: o
egocentrismo, sendo que o grupo aparece como refúgio, fortaleza e espaço de onde
o indivíduo tira proveito e benefícios. As relações grupais não estão para o grupo,
mas para os indivíduos do grupo. Trata-se, portanto, de uma relação de interesse e
trocas mutuas. (Hobbes, 2003)
O ser humano é pensante. É ele quem dá sentido a existência dos existentes.
Dá sentido porque pensa, porque se socializa e porque manipula os elementos da
realidade, gerando cultura. Essas características, pensamento, abstração,
38
manipulação, permitem, que o ser humano produza o que se chama de progresso
humano. O progresso é resultante da vida social, da superação dos medos e dos
desafios.
O progresso humano pode ser visto como resultado da capacidade humana
de resolver problemas e de se associar a outros humanos para fortalecer suas
fraquezas diante das realidades mais fortes e que demandam inteligência e ação
conjunta. Progredir implica em superar as limitações humanas e naturais em
benefício do grupo e, consequentemente, em benefício dos indivíduos. O progresso
ganha sentido, como toda ação humana, não em si mesmo, mas pelo benefício que
produz.
3.3 A Família
O ser humano é um ser de relações, seja entre amigos, família, trabalho ou
religião. Ele esta sempre em busca da vida em sociedade, das interações sociais.
Com base nos entendimentos de Perlingieri (2002), a família representa uma
formação social, um lugar-comunidade, destinado à formação e ao desenvolvimento
da personalidade de seus participantes, de modo que exprime uma função
instrumental para uma melhor realização dos interesses afetivos e existenciais de
seus componentes. (RAMOS FILHA, 2011).
A família compartilha funções sociais, educacionais e políticas e influência na
formação do cidadão, sendo responsável pela transmissão e construção do
conhecimento do mesmo. Sendo assim, a família é uma instituição fundamental
para desencadear o processo evolutivo das pessoas que nela estão inseridas,
atuando como propulsoras ou inibidoras do seu crescimento físico, intelectual,
emocional e social.
É no ambiente familiar que surgem as primeiras interações sociais, sendo a
família mediadora dessas relações sócio-afetivas. O contexto familiar busca
assegurar os seus membros de maneira a criar um ambiente de bem estar coletivo.
39
É na família que se aprende valores, cultura, crenças e significados da sociedade.
(Kreppner, 2000) Ela tem um impacto significativo na construção da criança
enquanto ser social, influenciando na maneira em que se vê o mundo e elabora as
construções das relações sociais.
Como principal mediadora a família dinamiza as relações afetivas, sócias,
cognitivas e estrutura as interações sociais em grupo. A família funciona como se
fosse à matriz da aprendizagem humana, que geram modelos de relação
interpessoal e construção individual e coletiva. As experiências vivenciadas dentro
do grupo familiar propiciam a formação de repertórios comportamentais, de ações e
resolução de problemas. Essas experiências vividas em conjunto interferem na
interação social.
Nas interações familiares o ser humano aprende a administrar e resolver
conflitos, controlar as emoções, a expressar os diferentes sentimentos que
constituem as relações interpessoais, a lidar com as diversidades e adversidades da
vida (Wagner, Ribeiro,Arteche & Bornholdt, 1999). Essas habilidades sociais e sua
forma de expressão, inicialmente desenvolvidas no âmbito familiar, têm
repercussões em outros ambientes com os quais a criança, o adolescente ou
mesmo o adulto interagem, acionando aspectos salutares ou
provocando problemas e alterando a saúde mental e física dos indivíduos (Del
Prette & Del Prette, 2001).
A família é composta por uma complexa e dinâmica rede de interações que
envolvem aspectos cognitivos, sociais, afetivos e culturais a família não pode ser
definida apenas pelos laços de consanguinidade, mas sim por um conjunto de
variáveis incluindo o significado das interações e relações entre as pessoas
(Petzold, 1996).
3.4 A Religião
O homem sempre em busca da interação com o outro, vê na religião a
possibilidade de se conectar com um ser supremo que o ajuda a compreender o
40
significado da sua origem e de tudo que está a sua volta. O medo do desconhecido,
do fracasso e a necessidade de dar sentido ao mundo que o cerca, levou o homem
a fundar diversos sistemas de crenças, cerimônias e cultos. (Rubem Alves,1999)
A palavra religião deriva do termo latino "Re-Ligare", que significa "religação"
com o divino. Essa definição engloba necessariamente qualquer forma de aspecto
místico e religioso, abrangendo seitas, mitologias e quaisquer outras doutrinas ou
formas de pensamento que tenham como característica fundamental um conteúdo
metafísico, ou seja, de além do mundo físico. (Nascimento, 2005)
A religião tem como referência laços que unam o homem à divindade, é como
o conjunto de relações teóricas e práticas estabelecidas entre os homens e uma
potência superior, à qual se rende culto, individual ou coletivo, pelo seu caráter
divino e sagrado. Assim, religião constitui um corpo organizado de crenças que
ultrapassam a realidade da ordem natural e que tem por objeto o sagrado ou
sobrenatural, sobre o qual elabora sentimentos, pensamentos e ações.
Sendo assim o hábito, geralmente por parte de grupos religiosos de taxarem
tal ou qual grupo religioso rival de seita, não têm apoio na definição do termo.
SEITA, derivado da palavra latina "Secta", nada mais é do que um segmento
minoritário que se diferencia das crenças majoritárias, mas como tal também é
religião.
Não há registro em qualquer estudo por parte da História, Antropologia,
Sociologia ou qualquer outra "ciência" social, de um grupamento humano em
qualquer época que não tenha professado algum tipo de crença religiosa. As
religiões são então um fenômeno inerente a cultura humana.
Pessoas ditas religiosas se unem e se reúnem com um único objetivo, em
favor de alguém ou de si mesma. Grande parte de todos os movimentos humanos
significativos tiveram a religião como impulsor, diversas guerras, geralmente as mais
terríveis, tiveram legitimação religiosa, estruturas sociais foram definidas com base
em religiões e grande parte do conhecimento científico, "filosófico" e artístico tiveram
41
como vetores os grupos religiosos, que durante a maior parte da história da
humanidade estiveram vinculados ao poder político e social.
A grande maioria da humanidade professa alguma crença religiosa direta ou
indiretamente e a Religião continua a promover diversos movimentos humanos, e
mantendo estatutos políticos e sociais. Tal como a Ciência, a Arte e a Filosofia, a
Religião é parte integrante e inseparável da cultura humana, é muito provavelmente
sempre continuará sendo.
3.5 A Amizade
O dicionário define amizade como a relação afetiva entre os indivíduos. É o
relacionamento que as pessoas têm de afeto e carinho por outra, que possuem um
sentimento de lealdade, proteção etc.
Em sentido amplo amizade é o relacionamento humano que envolve
conhecimento mútuo e a afeição, além de lealdade ao ponto de altruísmo. Quando
uma pessoa enxerga na outra uma possibilidade de estabelecer uma amizade,
surge uma empatia.
A sociedade valoriza tanto uma amizade que criou um dia especial para se
comemorar, o dia 20 de julho dia da amizade. Através de uma amizade o ser
humano se permite conectar-se com outra pessoa. Os encontros casuais com os
amigos envolvem empatia, proximidade, se criam laços que jamais serão desfeitos
ao longo da vida.
Nas relações de amizades se compartilha vivencias, ensinamentos,
conhecimentos e valores. Quanto se estabelece uma amizade com alguém, o ser
humano acaba se percebendo na outra pessoa, o que se chama de afinidade. As
pessoas quando estão entre amigos dividem alegrias e tristezas e são capazes de
marcar a vida de ambos para sempre. Muitas vezes, são os amigos que presenciam
ritos de passagem carregados de amplos significados, como casamentos,
formaturas, nascimentos, lutos, perdas, viagens entre outros ritos que fazem parte
da história do humano. (Rezende, 2002)
42
Poetas e compositores tentaram cantar e descrever sobre o significado de
uma amizade e a importância da mesma como no samba que tem por titulo “A
Amizade” do grupo fundo de Quintal que diz em um trecho:
A amizade. Nem mesmo a força do tempo irá destruir. Somos
verdade. Nem mesmo este samba de amor pode nos resumir.
Quero chorar o seu choro. Quero sorrir seu sorriso. Valeu por
você existir, amigo.
Quando uma pessoa esta entre amigos fica a vontade para abrir seu coração
e partilhar seus sentimentos mais íntimos e confessar segredos inconfessáveis a
qualquer outra pessoa. É para um amigo que um ser humano abre a porta de casa,
arruma com carinho e com detalhes cada canto para recebê-lo, prepara-se a melhor
comida e acorda bem sedo preocupado se tudo ira acontecer conforme o planejado.
Cientistas dizem que a relação entre amigos e fundamental para a saúde mental do
ser humano e traz inúmeros benefícios. (Argyle,2001; Berscheid & Regan, 2005)
Ser amigo de alguém é estar por inteiro para o outro. Amigos se abraçam, se
beijam, dizem “te amo”, telefonam, mandam e-mails, “quebram galhos”, brigam,
divergem, dizem não, somem por um tempo, retornam, pedem colo, oferecem o
ombro, guardam segredos, fofocam, se relacionam e, estão sempre vivos, seja na
memória ou na vida real. Berndt (1996)
O humano é falível, e a amizade como algo provindo da necessidade de
relacionamento entre os humanos, em alguns momentos está suscetível a falhas,
entretanto, há que se lembrar que tudo é relacional, inclusive quando se fala de
amizades. Nada pode ser considerado “culpa do outro” ou “falha do outro”, o outro é
também parte de alguém. Em todas as relações, há projeções e introjeções de
todas as partes envolvidas. Antes de pensar que a “falha” é do outro cabe uma
reflexão do todo e que tudo é relacional. Mesmo em meio as divergências amigos
sabem que podem contar um com o outro, não importam as circunstâncias.
Como diz a letra da música “Canção da América” de Milton Nascimento:
43
“Pois seja o que vier, venha o que vier. Qualquer dia, amigo, eu
volto a te encontrar. Qualquer dia, amigo, a gente vai se
encontrar”
3.6 As Tribos
A identificação e a relação entre seres humanos também pode ser facilmente
percebia quanto se trata de tribos. Esse universo que é composto por um misto de
afinidades e ideologias contrárias.
As tribos são inerentes do homem-social que sempre viveu em bandos. Isso é
devido à necessidade e costume de unir-se em garantia da sua própria
sobrevivência. A formação desse agrupamento fez então surgir às tribos humanas,
que não se baseava pelas afinidades sociais, mas sim por estar no mesmo espaço
físico. Essa “tribo” se agrupava para caçar, pescar e se reproduzir.
Esta "neotribalização" nas sociedades atuais destaca que o eixo central
desses novos agrupamentos está sob a contradição básica e característica da
sociedade moderna: auge da massificação social versus a proliferação de
microgrupos. Por um lado, o processo de massificação, de homogeneização ou
hegemonização das identidades, ou homo-hegemonização, como diria Derrida
(2001); por outro, o fenômeno das tribos urbanas, que constituem uma resposta a
esse movimento de "desindividualização" dos sujeitos.
Com a evolução do ser humano e da sociedade, o homem passou a viver em
classes, o que fundamentou o agrupamento por afinidades, ideologia e aspecto
social. Essa nova “tribo” passou então a se disseminar em localidades distintas,
expandido assim as suas relações humanas. Mesmo em outro contexto, o fato de
andar em bando ainda era mantido. No entanto, os costumes foram deixados de
lados, e o que era determinante na consolidação dessas tribos, eram as
semelhanças visuais, os gostos musicais, as vestimentas e as ideologias. Por viver
44
em cidades, e não necessariamente no mesmo espaço físico, assim surgiria às
tribos urbanas, que é composto na maioria por jovens. Dentre elas estão as “PATY”,
“PEÃO”, “EMO” e “HIPPIE” e etc. Esses grupos não vivem isolados, se relaciona
entre si, e compõe a grande diversidade social existente. (Harvey, 1992)
Para além dessas implicações, pode-se dizer que a necessidade do ser
humano de se coletivizar, estar junto aos outros, não decorre simplesmente de um
"instinto gregário", mas fundamentalmente pelo fato de que o ser humano só se
constitui em relação, ou seja, o eu só se constrói na relação com o outro por meio
da linguagem (Vigotsky, 2000).
Essas tribos gozam de diferentes gostos e estilos, e que o seu surgimento é
acompanhado de algum movimento social existente, onde as ideologias são
repassadas e seguidas à linha. Como são compostas por seres humanos sociais,
algumas delas sofrem pré-conceitos de grupos que defendem ideais antagônicos,
ou da própria sociedade. A explicação para o surgimento das tribos urbanas é
antropológica, porém os seus integrantes acreditam que só assim podem viver em
harmonia com as pessoas que tem os mesmos gostos, e que compartilham os
mesmos ideais.
Todo sujeito é sujeito da história social de seus grupos (Lane, 1984).
As tribos se diferenciam pelos hábitos, costumes, roupas, música, linguagem,
lugares que frequentam, símbolo, estética, entre outros como especificado a seguir
na tribo dos PUNKS:
Os PUNKS e a sua origem: A subcultura punk surgiu nos Estados Unidos, no
Reino Unido e na Austrália em meados dos anos 1970. Exatamente qual região
originou o punk tem sido uma grande controvérsia no seio do movimento.
Entretanto foi na Inglaterra de 1974 que o movimento veio a ganhar notoriedade
o âmbito político/social. No auge da Guerra Fria, jovens marginalizados pela
sociedade, pobres e desempregados, começaram a chocar a sociedade pelo seu
modo radical/agressivo de se impor e de se vestir. Eles defendiam o Anarquismo
45
e a liberdade individual, e manifestavam a sua rebeldia contra a hipocrisia, os
privilégios, a sociedade alienada, as desigualdades sociais etc.
Suas Características Gerais são: A subcultura punk inclui um diversificado
leque de ideologias e formas de expressão, incluindo a moda, artes visuais,
dança, literatura e cinema, que se desenvolveram fora de punk rock. O estilo
musical punk rock surgiu nos Estados Unidos com a banda The Ramones, que
se baseou no rock and roll, com músicas simples e curtas, no máximo com três
ou quatro acordes. Atualmente, o conceito de punk é um pouco diferente do
punk “clássico”. De fato, entre os membros da tribo não existe agressividade e
pessimismo, características atribuídas às tribos surgidas Inglaterra.
Os punks geralmente usam calças jeans justas, rasgadas, jaquetas de couro,
coturnos, tênis converse, correntes, corte de cabelo moicano ou cabelo um
pouco comprido. A moda punk contrasta com a moda vigente e sempre
apresenta elementos contestadores aos valores aceitos pela sociedade. Alguns
punks são anti-moda, argumentando que o punk deve ser definido pela música
ou por ideologia. Isso foi mais comum no período pós-1980 EUA na cena
hardcore punk, onde os membros da subcultura muitas vezes vestiam-se com
camiseta simples e jeans, em vez das roupas mais elaboradas e cabelo
espetado e pintado adotado por seus colegas britânicos.
Embora punks sejam frequentemente categorizados como tendo ponto de
vista de esquerdista ou progressista, a política punk abrange todo o cenário
político. O Punk quando relacionado com as ideologias é mais preocupado com
a liberdade individual e diferentes pontos de vista. Pontos de vista do punk
comuns incluem antiautoritaríssimo, uma ética DIY (de auto-suficiência), não
conformidade, ação direta e não vender para fora. Outras tendências notáveis na
política do punk incluem o niilismo, anarquismo, o socialismo, antimilitarismo,
anticapitalismo, antirracismo, antisexismo, antinacionalismo, anti-homofobia, o
ambientalismo, vegetarianismo, veganismo e direitos dos animais. No entanto,
alguns indivíduos dentro da subcultura punk contemplam uma visão de direita
46
(tais como aqueles associados com o site Conservative Punk), neo-nazistas, ou
são apolíticos (por exemplo, o horror punk ).
3.7 As Redes Sociais
As redes sociais representam um grande avanço na modernidade, em
relação ao relacionamento humano. Em apenas minutos ou segundos pessoas se
conectam com outra em diferentes partes de um continente, em um mundo sem
fronteiras. Essa ferramenta tecnológica poderosa revolucionou profundamente o
contexto dos relacionamentos humanos. A internet possibilitou aos seus usuários
construir, através das redes sociais, um complexo canal de relacionamentos.
As redes sociais influenciam nas relações sociais, tanto individualmente,
quanto em grupo e é capaz de unir os indivíduos. Segundo Castells (1999), para
milhões de usuários de internet as comunidades on-line se tornaram uma dimensão
fundamental na vida cotidiana que continua a crescer.
Conforme a concepção de Mizruchi (2006), as redes sociais influenciam o
comportamento tanto de indivíduos, quanto de grupos e a ação humana é afetada
pelas relações sociais em que os agentes estão imersos.
As redes sociais dinamizam as relações humanas e formam um conjunto
complexo de inter-relações. A concepção de Capra (2002), são redes de
comunicação que envolve a linguagem simbólica, os limites culturais, as relações de
poder, bem como a atuação das redes de solidariedade local no combate à
exclusão social.
A internet e as redes sociais parecem ser a extensão do homem e dos seus
relacionamentos, em busca da interatividade. Nesta linha, as mídias e redes têm a
função de atuar no aprimoramento das relações e na eficiência das mesmas e da
comunicação. Assim, Chamusca; Carvalhal (2010) contracena com as mídias e as
pessoas:
47
Dizem por aí que o negócio é twitter, é facebook, é linkedin, e
tantos outros. Isso é tão fugaz quanto às certezas absolutas. O
que de fato cabe em nossas preocupações é mesmo o
relacionamento humano e a utilização de tantas tecnologias na
melhoria, na qualificação, na valorização do entre-um-e-outro.
Organizações desejam e precisam disso. Nós, pessoas, ainda
mais. (CHAMUSCA; CARVALHAL, 2010, p. 332-333).
A correria do dia a dia tem dificultado os relacionamentos humanos face a
face e cada vez mais pessoas recorrem a essa ferramenta para se manterem em
contato com o outro. Nessa perspectiva Santos; Cabestré; Moraes (2011) dizem
que:
O fato de as pessoas vivenciarem cenários diferentes e
desenvolverem atividades diversas no seu cotidiano,
impossibilitando a realização e/ou efetivação de compromissos
por intermédio da comunicação face a face, fez da Internet um
canal bastante utilizado, otimizando os relacionamentos, sejam
de caráter profissional e/ou pessoal.
(SANTOS; CABESTRÉ; MORAES, 2011, p.07).
As redes sociais são mecanismos mediáticos que possibilitam a interação
simultânea, a formação de grupos e o compartilhar de informações. Apesar de
diminuir o espaço e o tempo entre as pessoas, possibilitando manter uma conexão
continua, não se pode esquecer que o relacionamento interpessoal ainda se faz
necessário nos dias de hoje.
A relação olho no olho, o contato físico com o outro precisam ser mantidos,
pois é através deles que se vivenciam emoções, se percebe o outro em sua
totalidade. Os laços que se faz com outra pessoa através do relacionamento
interpessoal são duradouros e permitem o compartilhar de experiências vividas em
tempo real e não virtual.
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A situação face a face baseia-se em um relacionamento
interpessoal, adois, no qual não somente a presença é
característica, mas a forma de relação e interação, que no
caso, pautam-se no compartilhamento mútuo de determinada
atividade e emocionalidade e sua influência nas
individualidades dos que a vivenciam. (MARQUES, 2010, p.44)
Não existem mistérios na interação entre os seres humanos. Perceber o outro
e permitir envolver-se em um relacionamento dinâmico e interpessoal faz bem ao
cérebro, afinal seu design foi feito para se conectar com o outro. Para manter um
relacionamento saudável basta olhar alguém e deixar-se envolver, sabendo que
pessoas são passiveis de erros, mas também são cheias de conhecimento.
Não existe receita pronta pra se estabelecer um bom relacionamento com o
outro, mas se uma pessoa tiver em mente o respeito ao próximo, talvez essa possa
ser a chave para o inicio de grandes conexões interpessoais. Segundo um autor
desconhecido esses seriam os dez mandamentos para as relações humanas:
1. FALE com as pessoas. Nada há tão agradável e animado quanto uma
palavra de saudação, particularmente hoje em dia quando precisamos mais
de "sorrisos amáveis".
2. SORRIA para as pessoas. Lembre-se que acionamos 72 músculos para
franzir a testa e somente 14 para sorrir.
3. CHAME as pessoas PELO NOME. A música mais suave para muitos ainda é
ouvir o seu próprio nome.
4. SEJA amigo e prestativo. Se você quiser ter amigos seja amigo.
5. SEJA cordial. Fale e aja com toda sinceridade: tudo o que você fizer, faça-o
com todo o prazer.
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6. INTERESSE-SE sinceramente pelos outros. Lembre-se que você sabe o que
sabe, porém você não sabe o que outros sabem. Seja sinceramente
interessado pelos outros.
7. SEJA generoso em elogiar, cauteloso em criticar. Os líderes elogiam, sabem
encorajar, dar confiança, e elevar os outros.
8. SAIBA considerar os sentimentos dos outros. Existem três lados numa
controvérsia: o seu, o do outro, e o lado de quem está certo.
9. PREOCUPE-SE com a opinião dos outros. Três comportamentos de um
verdadeiro líder: ouça, aprenda e saiba elogiar.
10. PROCURE apresentar um excelente serviço. O que realmente vale na vida é
aquilo que fazemos para os outros.
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CONCLUSÃO
As pessoas não são auto-suficientes precisam da outra. Um olhar, um afago,
um aperto de mãos, um carinho um abraço, uma palavra nas horas certas e às
vezes nas horas mais difíceis da vida. Deus em sua imensa sabedoria deixou como
um de seus mandamentos o de amar ao próximo como a si mesmo, pois com
certeza já previa que a troca e o compartilhar com alguém poderiam ser a chave de
toda a convivência humana.
A neurociência surgiu para testificar que o homem foi criado para estar em
plena interação com outro ser humano, visto o design do cérebro humano, que já
em seu formato está à espera para se conectar com individuo. Em uma linda e
completa ação seres se unem e dividem momentos de grande relevância na vida em
sociedade.
Porém é preciso ter em mente que para se relacionar com uma pessoa se faz
necessário despir-se de si próprio, para então ver no outro a possibilidade de
interagir e viver em comunidade. É preciso ter clara a idéia de que ao se relacionar
com alguém, devem-se levar em consideração as diferenças e os limites de cada
um, pois nem sempre a pessoa que estará ao seu lado será perfeita.
Nessa perspectiva é preciso estar sempre com a calculadora do
relacionamento humano a disposição pra somar, multiplicar, subtrair ou até mesmo
dividir. Ao estar em interação com uma pessoa é preciso se permitir conhecer e se
deixar conhecer.
O que se precisa compreender é que as pessoas desde sua origem recebem
influências de culturas, família, religião, escola, amigos, ambientes de trabalho etc, e
o bom relacionamento só se aperfeiçoam quando se respeita o outro com suas
particularidades, identificando e revendo possíveis necessidades de mudanças.
Se esforçar a cada dia, em conhecer o outro implica em ter um vasto
conhecimento da natureza humana e das motivações mais comuns e frequentes
que impulsionam o homem a agir.
51
Não só as pessoas são diferentes entre si, mas também as necessidades
que variam de individuo para individuo. E é exatamente essa grande diversidade
que se constitui em uma das imensas riquezas humanas, por isso é necessário que
se faça respeitar as diferenças.
O homem isolado é uma ficção, porque ele sempre trás consigo uma
dimensão que não pode ser destacada que é a sua condição social e histórica. O
homem assim como os outros animais vive em comunidade associados aos outros
indivíduos de sua espécie. Porém é o único que fala, pensa, aprende e ensina,
transforma a si e a natureza.
Enfim é de suma importância compreender esse processo de interação
com os semelhantes, interação esta que se dá entre dois indivíduos ou mais, em
que a ação de um deles é ao mesmo tempo resposta a outro individuo e estimulo
para as ações destes, ou seja, as ações de um é simultaneamente um resultado de
uma causa das ações do outro.
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO
AGRADECIMENTO
DEDICATÓRIA
RESUMO
METODOLOGIA
INTRODUÇÃO CAPÍTULO 1 - O RELACIONAMENTO HUMANO – COMO TUDO COMEÇOU 1.1 – As diferentes faces da criação humana 1.2 _ A teoria Big Bang 1.3 _ A evolução humana 1.4 _ O relacionamento humano
1.5_ O relacionamento humano na Pré História CAPÍTULO 2 – O RELACIONAMENTO HUMANO E A NEUROCIÊNCIA
2.1 _ O relacionamento mãe e bebê
2.2 _ A Protoconversa
2.3 _ Os neurônios Espelho
2.4 _ O sorriso conecta as pessoas
2.5 _ O Altruismo
2.6 _ A Empatia
2.7_ A conexão através dos olhos
2.8_ As células fusiformes
CAPÍTULO 3 – O CÉREBRO SOCIAL E AS SUAS DIFERENTES INTERAÇÕES
3.1 _ O Cérebro Social 3.2 _ As interações nos grupos 3.3 _ A Família
3.4 _ A Religião
3.5 _ A Amizade
3.6_ As tribos
3.7 _ As Redes sociais
CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
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