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PEDIATRIA
Slides: Ana [email protected]
WWW.ACADEMIADAESPECIALIDADE.COM VERSÃO 2020
Doenças exantemáticasRelevância A
1
INCLUI:ABREVIATURAS E SIGLAS
AB – Antibioticoterapia
Ac – Anticorpo
ADPM – Atraso do desenvolvimento psicomotor
AINE – Anti-inflamatório não esteroide
Alt. – Alteração
Brb - Bilirrubina
CID – Coagulação Intravascular Disseminada
CK – Creatina quinase
CRS – Catarro respiratório superior
DDx – Diagnóstico diferencial
Dx – Diagnóstico
FC – Frequência cardíaca
FR – Frequência respiratória
IFN – Interferão
Ig – Imunoglobulina
IL – Interleucina
ITU – Infeção do trato urinário
IVRS – Infeção das vias respiratórias superiores
LCR – Líquido cefalorraquidiano
MRSA – Staphylococcus aureus meticilino-resistentes
NET – Necrólise Epidérmica Tóxica
OMA – Otite média aguda
PC – Perímetro cefálico
PCA – Persistência do canal arterial
PCR – Polymerase Chain Reaction
pCr – Proteína C reativa
PHS – Púrpura de Henoch-Schönlein
PNA – Pielonefrite aguda
PNV – Programa Nacional de Vacinação
PTI – Púrpura trombocitopénica imune
PTT – Púrpura trombocitopénica trombótica
RMN – Ressonância magnética nuclear
RN – Recém-nascido
RX – Radiografia
SCT – Síndrome do Choque Tóxico
SHU – Síndrome Hemolítico-urémico
SNC – Sistema nervoso central
SSJ – Síndrome de Stevens-Johnson
T – Temperatura
TA – Tensão arterial
TAC – Tomografia axial computorizada
TRC – Tempo de repreenchimento capilar
TSA – Teste de susceptibilidade aos antibióticos
Tx – Terapêutica/ tratamento
VS – Velocidade de sedimentação
2
INCLUI:FONTES/ BIBLIOGRAFIA
Manual de Diagnóstico y Terapéutica en Pediatría (Libro Verde LA PAZ) 6ª ed. – La Paz
Nelson Essential’s of Pediatrics 8.ª ed – NEP
Nelson Textbook of Pediatrics 20.ª ed – NTP
Protocolos de Urgência em pediatria, Departamento de Pediatria do Hospital de Santa Maria 4.ª ed – PUP
Lições de Pediatria, Universidade de Coimbra 2017 – LP
* Todos os slides sem referência a bibliografia diferente são baseados no La Paz *
3
LEGENDA
SÍMBOLO SIGNIFICADO
INTEGRAÇÃO DE
CONHECIMENTO
ESTRATÉGIA
PEDAGÓGICA
MUITO IMPORTANTE
CONHECIMENTO
ESSENCIAL
MENOS perguntável
INCOERÊNCIA
SÍMBOLO COMPETÊNCIA
MECANISMOS
de DOENÇA
Estabelecer um
DIAGNÓSTICO
Medidas de saúde e
PREVENÇÃO
Elaborar um plano
TERAPÊUTICO
Elaborar plano de GESTÃO DO
DOENTE
SÍMBOLO SIGNIFICADO
REFERÊNCIA a outros capítulos ou livros
MD
D
T
GD
CHECK
4
P
Cap. 132
Doenças exantemáticasde origem infeciosa
5
Introdução
6
As características da erupção e dos sintomas e sinais acompanhantes permitem orientar a etiologia
para uma doença ou para um conjunto de DDx
A maioria dos exantemas são benignos, mas podem ser manifestação de doença grave
Podem ocorrer por infeção direta das células (epiderme, derme, vascular), ação de toxinas, reação imunomediada
ou combinação de vários mecanismos
É um dos principais motivos de observação em urgência pediátrica
Quando atinge as mucosas, denomina-se enantema
Exantema – aparecimento de lesões cutâneas difusas e agudas associadas a patologia sistémica
Infeções Alergias Intoxicações
Completado com LP
Introdução
7
Descrição de lesões cutâneas – deve ser uniformizada
Lesão primária – lesão básica que surge de novo e é a principal caractéristica da doença; pode não ser observada na por ter
sido alterada por factores externos, mas quando descobertas ajudam ao DDx; pode existir mais do que uma em simultâneo
Completado com NEP
Introdução
8
Descrição de lesões cutâneas – deve ser uniformizada
Completado com NEP
IntroduçãoDescrição de lesões cutâneas – deve ser uniformizada
Lesão secundária – resulta dos efeitos de fatores externos sobre a lesão primária; pode ser a única observada na apresentação
9
Completado com NEP
Exantemas maculopapulares
10
Sarampo
11
D
ATENÇÃO
É uma doença de evicção escolar obrigatória (min. 4d após início do exantema)Decreto Lei Nº23 – 27-1-1995
Vírus do Sarampo, família Paramyxoviridae (RNA)
Epidemiologia
Extremamente contagioso » 90% dos indivíduos suscetíveis expostos são infetados
A incidência diminuiu muito devido à vacinação− O quadro clínico em vacinados é habitualmente incompleto (menos grave)
É endémico em alguns locais (África e Ásia): 20 milhões infeções e 150.000 mortes/ano
A maioria dos surtos, atualmente, deve-se a casos importados:
− Afeta ++ não vacinados/ parcialmente imunizados
− A maioria dos lactentes estão protegidos durante o 1º ano de vida por anticorpos maternos
Completado com NEP, LP, NOC-Sarampo
Sarampo
12
D
Período de incubação: 7-21d
Transmissão por via respiratória ou conjuntival:
Interpessoal - por via aérea ou contacto direto com secreções infetadas
Menos frequentemente por contacto com objetos infetados por secreções
Contagioso desde 5d antes do exantema (1-2d antes do resto dos sintomas) até 4d depois
− A transmissão é mínima após o 2.º d de exantema, sobretudo em vacinados
Completado com NEP, LP, NOC-Sarampo
Transmissão
Exantema maculopapular,
confluente, generalizado
Início na região retroauricular
e progressão cefalocaudal
Pode atingir palmas e plantas
Pode ser hemorrágico e
pruriginoso
Sarampo
13
D
Completado com NEP, LP, NOC-Sarampo
Febre moderada
Tosse
Coriza
Conjuntivite + fotofobia
Manchas de Koplik*(patognomónicas)
Manifestações clínicas
Pródromo ou
fase catarral
(3-5d)
Fase exantemática
(4-6d)Resolução
Desaparece ao 3.ºd pela mesma ordem em que apareceu,
com descamação furfurácea que poupa palmas e plantas
Prostração + mau estado geral
*Máculas punctiformes esbranquiçadas sobre base
eritematosa na mucosa oral (junto ao 1.º e 2.º molares)
A gravidade da doença correlaciona-se
com a extensão do exantema
Sarampo
14
D
Manifestações clínicas
Outros achados:
− Esplenomegalia
− Linfopenia
− Linfadenite mesentérica + dor abdominal
− Gengivoestomatite
− Apendicite
Radiologicamente podem observar-se adenopatias parahilares e infiltrados pulmonares
Sarampo modificado: variante da doença que ocorre em doentes com imunidade não protetora
(anticorpos maternos, após Ig EV, títulos baixos após vacinação, sarampo prévio); quadro semelhante mas
mais ligeiro, com incubação superior (17´-21d). O exantema pode não seguir a ordem de aparecimento típica.
Sarampo
15
D
Na prática, pensar SEMPRE em sarampo se criança com:
FebreQuadro
catarral
Exantema maculopapular
confluente
+++ se mau estado geral e vacinação ausente/ incompleta!
Sarampo
16
D
Complicações » surgem em cerca de 1/3 dos casos
Sobreinfeção bacteriana
» complicação mais frequente
Pneumonia Principal causa de morte
OMA
Reativação de TB pulmonar
Neurológicas
Meningoencefalite
1-2/1000
Surge aos 2-6d de doença
Sequelas em 25%
Mortalidade 10-20% (2ª causa)
Encefalite subaguda (imunodeprimidos)
Panencefalite esclerosante subaguda 7-10 A após a doença
Outras
Diarreia (comorbilidade mais frequente) Queratite
Miocardite/ pericardite Hepatite (+ adultos)
Pneumonia de células gigantes
(imunodeprimidos)
Sarampo hemorrágico (hemorragias
nasais, orais e intestinais)
Completado com NEP e LP
Sarampo
17
D
Diagnóstico
Clínico
Confirmação por elevação de IgM, cultura ou PCR de amostras nasofaríngeas ou de urina
Ligação epidemiológica a um caso confirmado
Completado com NOC-Sarampo
A principal forma de prevenção do sarampo é através da vacinação(PNV – 1.ª dose aos 12 M e 2.ª aos cinco/seis anos)
Sarampo
18
Tratamento
Sintomático
Isolamento
Casos gravesVitamina A (evidencia 2B, 1 dose diária durante 2d)
+ Ribavirina PO ou EV (dose = hepatite C – 15mg/kg/d q12h, max 1400mg/d)
Critérios de internamento - de acordo com os critérios de internamento das complicações
Não existe terapêutica específica
Profilaxia
Pós-exposição
Vacina nas 1ªs 72h após contacto em >6M
Ig nos 1ºs 6d após contacto em imunodeprimidos, grávidas e <6M
Ponderar ribavirina em dose = tx nos imunodeprimidos
T GD
Rubéola
19
D
Vírus da Rubéola, família Togaviridae (RNA)
Epidemiologia
Extremamente rara em locais com vacinação sistemática
O homem é o único hospedeiro
Anticorpos maternos são protetores durante os primeiros 6 meses vida
Transmissão
Período de incubação: 14-21d
Vias respiratória e de contacto
Contagiosa nos 5d antes do exantema e até 7d depois
ATENÇÃO
É uma doença de evicção escolar obrigatória (min. 7d após início do exantema)Decreto Lei Nº23 – 27-1-1995
Exantema maculopapular
discreto, morbiliforme
Progressão cefalocaudal e
predomínio no tronco
Desaparece a partir do 3.ºd com
descamação mínima
Conjuntivite
Coriza ligeira
Febrícula
Adenopatias dolorosas (suboccipitais, retroauriculares
e cervicais)
Petéquias no palato mole
(Pontos de Forchheimer –
20% dos casos)
Rubéola
20
D
Manifestações clínicas
Pródromo
(1-2d)
Fase exantemática
(4-6d)
Complicações – raras, incluem artrite de pequenas articulações, púrpura trombocitopénica, encefalite (1/16000) e nevrite
Diagnóstico – clínico é difícil porque o exantema é inespecífico; confirmação por IgM específica
Tratamento – sintomático
Linfadenopatia persiste
T GD
Rubéola
21
D
Na prática, pensar SEMPRE em rubéola se criança com:
Adenopatias
Exantema maculopapular
ligeiro
Estrangeiro,
não vacinado
Rubéola
22
D
Manifestações clínicas
Síndrome rubéola congénita
Infeção do feto no 1.º trimestre de gravidez
Continua a ser uma patologia relevante em zonas de África e no sudeste asiático
Caracteriza-se por: lesões oculares (cataratas, glaucoma, retinite), cardiopatia (PCA, estenose
pulmonar), vasculite generalizada com exantema purpúrico, microcefalia, ADPM, surdez
neurossensorial
Causa de aborto e nados-mortos
Completado com NEP
Eritema infecioso (5.ª doença)
23
D
Parvovirus B19, família Parvoviridae (DNA)
Epidemiologia
Comum
Mais frequentemente epidémico na primavera
Transmissão
Período de incubação: 6-12d
Vias respiratória e de contacto, transfusões sanguíneas
Contagiosa nos 5-10d após infeção e durante 7-10d (fase prodrómica)
Quando surge o exantema, não é contagioso
Completado com LP e NTP
Eritema infecioso (5.ª doença)
24
D
Completado com LP e NTP
Eritema das bochechas - “cara
esbofeteada” + palidez perioral
Exantema macular ou maculopapular do
tronco e membros (+ sup. extensão)
Nunca palmas/ plantas, nunca com febre
Pode ser reticulado e pruriginoso
Pode aparecer/ desaparecer durante
semanas com exercício, calor ou stress
Assintomático
ou
Síndrome gripal
ligeiro
(febre, mal-estar
generalizado, mialgias,
cefaleia)
Pródromo
(5-7d)
Fase exantemática
(5-10d)
Manifestações clínicas
Bre
ve p
erío
do a
ssin
tom
átic
o
DDx com Urticária
Eritema infecioso (5.ª doença)
25
D
Manifestações clínicas
Outros achados:
− Púrpura vascular
− Erupção petequial em “luvas e meias”
− Síndrome de Gianotti-Crosti
− Eritema nodoso
− ↑↑ transaminases
− Trombocitopenia, neutropenia ou pancitopenia transitórias
− Crise aplásica transitória (7-10 dias): febre, letargia, mal-estar generalizado, palidez, cefaleia, sintomas
GI ou respiratórios; pancitopenia transitória com ↓ reticulócitos
Completado com NTP
Diagnóstico – clínico
Confirmação por IgM específica; PCR na fase pré-exantemática, crises aplásicas ou se infeção persistente
Eritema infecioso (5.ª doença)
26
D
Na prática, pensar SEMPRE em eritema infecioso se criança com:
Epidemia
local
Exantema sem febre
Eritema infecioso (5.ª doença)
27
Completado com LP e NTP
Complicações
Benigno em crianças saudáveis
Crises aplásicas em doentes com anemias hemolíticas crónicas (drepanocitose, esferocitose e talassémias)
Infeção persistente e aplasia de eritrócitos em imunodeprimidos
Miocardite
Se infeção primária na gravidez » anemia fetal e hidrópsia fetal
Tratamento - sintomático
Pode ser necessário tratamento de suporte, incluindo transfusões, nas crises aplásicas
Ig – infeção persistente em imunodeprimidos ou miocardite
T GD
Exantema súbito (6.ª doença)
28
D
Herpesvirus 6(++) ou 7, família Herpesviridae (DNA)
Epidemiologia
Causa major de síndrome febril agudo entre os 6-18 M
Aos 12M, 60% das crianças têm Ac anti-HHV-6; aos 2-3 A quase 100%
Aos 3 A, 50% das crianças têm Ac anti-HHV-7; aos 3-6 A atinge 75%
Também conhecido como roseola infantum
Transmissão
Período de incubação: 9-10d
Via de contacto, pela saliva
HHV-6 e 7 colonizam a saliva de adultos (sugere infeção latente com viremia intermitente)
» a doença pode ser adquirida de adultos assintomáticos
Ac maternos são protetores durante os primeiros 6 M de vida
Completado com LP e NTP
Quadros semelhantes por enterovirus e adenovirus
Ao 4.º dia a febre desaparece
Exantema maculopapular
rosado no tronco e membros
Raro na face, mãos e pés
Febre alta (39-40ºC), sem
foco e com bom estado geral
Linfadenopatia (98%)
Hiperemia timpânica
Irritabilidade
Pontos de Nagayama (enantema
com úlceras no palato mole)
Exantema súbito (6.ª doença)
29
Manifestações clínicas
Pródromo
(3d)
Fase exantemática
(1-3d)
Complicações – ++ convulsão febril (0-6%), outras: encefalite, meningite asséptica e púrpura trombocitopénica
Diagnóstico – clínico
Tratamento – sintomático
Se encefalite, tratamento específico Aula Encefalite
D T GD
Exantema súbito (6.ª doença)
30
D
Na prática, pensar SEMPRE em exantema súbito se criança com:
Sem febre
quando surge
exantema
Exantema
de aparecimento abrupto
após quadro febril de 3d
Mononucleose infeciosa
31
D
Aula IVRSVer Vírus Epstein-Barr (EBV), família Herpesviridae (DNA)
Quadros semelhantes por CMV, Toxoplasma, VIH, VHA, HHV6 e 7
» nestes casos chamado Síndrome Mononucleósico
Exantema maculopapular surge em <20% dos casos
Pode atingir 80% se for administrada ampicilina ou amoxicilina
Na prática, o diagnóstico é feito perante o restante quadro de mononucleose infeciosa,
+++ se exantema após tx com uma penicilina (habitualmente por suspeita inicial de amigdalite estreptocócica)
Escarlatina
32
D
SGA = Streptococcus pyogenes
Epidemiologia
Complicação não supurativa da amigdalite e outras infeções provocadas por estirpes de SGA produtoras
de toxina eritrogénica
Pode ocorrer em qualquer idade, mas é pouco frequente <2 A e no final da adolescência/ idade adulta
Ocorre ao longo de todo o ano em climas temperados
Aula IVRS
Quadros semelhantes por S. aureus e outros streptococci
MAS escarlatina é o único sinal clínico que permite dx definitivo de amigdalite por SGA
ATENÇÃO
É uma doença de evicção escolar obrigatória (até cura clínica ou 24h de AB)Decreto Lei Nº23 – 27-1-1995
Completado com LP e PUP
Escarlatina
33
D
Completado com LP e NTP
Exantema generalizado, micropapular
(“lixa”) eritematoso, mais intenso nas
pregas e região inguinal
Palidez perioral
Linhas equimóticas nas flexuras
(Linhas de Pastia)
Pode atingir palmas/ plantas
Língua de morango
Enantema petequial no palato
Febre alta
Odinofagia
Cefaleia
Vómitos
Faringoamigdalite
Manifestações clínicas
Pródromo
(12-48h)
Fase exantemática
(4-6d)
Regressão em 3-4 d, descamação furfurácea no
tronco e em lâminas nas mãos e pés
Escarlatina
34
Complicações = Amigdalite estreptocócica
Tratamento = Amigdalite estreptocócica
Diagnóstico
É a única manifestação clínica que permite dx definitivo de amigdalite estreptocócica
Permite dispensar teste antigénico rápido, mas pode ser realizado se houver dúvidas
Aula IVRS
Na prática, pensar SEMPRE em escarlatina se criança com:
Febre alta
Exantema micropapular
eritematoso áspero
++ intenso nas pregas Amigdalite aguda
D T GD
Sínd. Choque Tóxico (SCT)
35
D
SGA ou S. aureus – estirpes produtoras de toxinas específicas
Epidemiologia
50% dos SCT estafilocócicos ocorrem em ♀ adolescentes/ jovens utilizadoras de tampões
MRSA adquiridos na comunidade são mais frequentemente produtores de exotoxinas de SCT
SCT estreptocócico associa-se sobretudo a infeções graves (celulite, fasceíte necrotizante, miosite, pneumonia,
infeção puerperal), mas em crianças pode ocorrer em infeções ligeiras (impetigo, faringoamigdalite, OMA)
Fatores predisponentes de SCT estreptocócico: varicela, traumatismos, cirurgia, tx com AINE
Há registo de casos de SCT por Streptococcus dos grupos B, C e G
Mortalidade: 5% - SCT estafilocócico / 30% - SCT estreptocócico
Atuam como superantigénios, com estimulação massiva de linfócitos T e libertação de citocinas
O choque ocorre por vasodilatação e ↑ da permeabilidade capilar, com extravasão de proteínas e fluido
Instalação brusca
Febre
Eritrodermia ou exantema
escarlatiniforme, pode ter petéquias
Hiperemia conjuntival e das mucosas
Edema, mialgias, odinofagia
Cefaleia
Mau estado geral (pode estar
conservado nos primeiros dias)
Sintomas GI (diarreia aquosa, vómitos)
Sínd. Choque Tóxico (SCT)
36
D
SCT estafilocócico
Manifestações clínicas
As toxinas atingem a corrente sanguínea a partir de infeção local, sépsis ou mucosa vaginal
Pródromo
(variável)Fase exantemática
Febre surge 2-3d após o
início da menstruação
Latência curta após
infeção local
(pele, tecidos moles,
queimadura, osteomielite, …)
Latência de horas a
semanas se a partir de
ferida cirúrgica
Descamação cutânea em 1-2 semanas
Pode haver queda de cabelo e das unhas
Sinal de Nikolsky negativo DDx com Sínd. Pele Escaldada
Analiticamente: hipoalbuminemia, trombocitopenia, alts. da coagulação, ↑↑ ureia, creatinina, AST, ALT e CK
Pode não haver leucocitose, mas é frequente o desvio esquerdo e aumento de formas imaturas
Instalação brusca
Febre
Exantema escarlatiniforme desde o
início, eritrodermia, pode ter petéquias
Hiperemia conjuntival e das mucosas
Edema, mialgias, odinofagia
Cefaleia
Mau estado geral (pode estar
conservado nos primeiros dias)
Sintomas GI (diarreia aquosa, vómitos)
Sínd. Choque Tóxico (SCT)
37
D
SCT estreptocócico
Manifestações clínicas
As toxinas atingem a corrente sanguínea a partir de infeção local, sépsis ou mucosa vaginal
Pródromo
(variável)Fase exantemática
Odinofagia
Infeção da pele
ou tecidos moles
Traumatismo
Analiticamente: hipoalbuminemia, trombocitopenia, alts. da coagulação, ↑↑ ureia, creatinina, AST, ALT e CK
Pode não haver leucocitose, mas é frequente o desvio esquerdo e aumento de formas imaturas
Descamação cutânea em 1-2 semanas
Pode haver queda de cabelo e das unhas
SCT estafilocócico SCT estreptocócico
Febre ≥38.9ºC
Eritrodermia macular difusa
Descamação 1-2sem após início, palmoplantar + dedos
HipoTA (TAs <P5) ou HipoTA ortostática
Afeção sistémica – 3 ou + dos seguintes: GI (vómitos/diarreia),
muscular (mialgias ou CK >2x limite superior normal),
mucosas (hiperemia vaginal, conjuntival ou orofaríngea), renal
(ureia ou creatinina séricas >2x limite superior normal ou
sedimento com >5 leucs/campo sem ITU), hepático (Brb, AST
ou ALT >2x limite superior normal), SNC (desorientação ou
alteração da consciência sem sinais focais, febre ou hipotensão)
Hemocultura negativa (ou positiva para S. aureus), culturas de
LCR e exsudado faríngeo negativas
I. Isolamento de SGA
A. Em local estéril (hemocultura, LCR, liq. pleural, …)
B. Em local não estéril (faringe, vagina, ferida cirúrgica, …)
II. Sinais de gravidade
A. HipoTA (TAs <P5)
B. 2 ou + dos seguintes: alt. renal (creatinina sérica >2x
limite superior normal), coagulopatia (trombocitopenia
<100.000 ou CID), alt. hepática (Brb, AST ou ALT >2x
limite superior normal), sínd. dificuldade respiratória do
adulto, exantema macular eritematoso generalizado, pode
ser descamativo, necrose de tecidos moles (fasceíte
necrotizante, miosite, gangrena)
6 achados incluindo descamação = caso confirmado
5 de 6 achados = caso provável
IA + IIA + IIB = caso confirmado
IB + IIA + IIB = caso provável, se não houver outra causa
Sínd. Choque Tóxico (SCT)
38
D
Diagnóstico
Critérios definidores – servem para vigilância epidemiológica;não devem ser usados para excluir casos:
Frequentemente ocorrem formas incompletas, sem hipoTA ou outros critérios
Devem procurar-se SGA e S. aureus em todos os locais possíveis; se não forem isolados, não se excluir o Dx
Hemoculturas positivas: 50% SGA e <10% S. aureus
Sínd. Choque Tóxico (SCT)
39
Tratamento
Internamento em UCI
Tratamento do choque
Expansão de volume
Vasopressores
Tratamento de suporte
AB empírica combinada
Vancomicina EV (40mg/kg/d q6h, max. 2g/d, controlo níveis séricos) +
Cefotaxima ou Cloxacilina EV (200mg/kg/d q6h, max 12g/d) +
fármaco inibidor da síntese proteica e de toxinas:
Clindamicina EV (30-40mg/kg/d q6-8h, max 1.8g/d) ou Linezolid EV
AB deve ser ajustada de acordo com os achados microbiológicos,
mas deve sempre manter-se um betalactâmico e um AB que bloqueie a síntese de toxinas
Drenagem de abcessos, limpeza de feridas, ressecção de tecido necrótico, …
Ig no SCT estreptocócico; discutível no SCT estafilocócico, pode ser usada em casos refratários
Corticóides – utilidade discutida
T GD
Sínd. Choque Tóxico (SCT)
40
D
Completado com LP e PUP
Na prática, pensar SEMPRE em SCT se criança com:
Mau estado geral
Sintomas e sinais de
afeção multiorgânica
Febre + eritrodermiatipo “queimadura solar”
Pródromo Febre Exantema Sinais característicos
Sarampo CRS AltaMorbiliforme, cor intensa,
confluente
Koplik prévio, conjuntive,
tosse intensa
Rubéola CRS FebrículaMaculopapular, extenso, cor
ténueAdenopatias
Eritema
infecioso ou febrícula durante o exantema
Máculas eritematosas
confluentes, reticulado,
oscilante
Exantema confluente na face
= cara esbofeteada
Exantema
súbitoFebre sem foco
Alta nos
3d antes do exantema
Máculas eritematosas não
confluentes
Exantema surge quando
desaparece a febre
Mononucleose Amigdalite Variável
Morbiliforme, cor intensa,
associado a ampicilina ou
amoxicilina
Exsudado amigdalino,
adenopatias,
hepatosplenomegalia,
edema palpebral
Escarlatina Amigdalite Alta, curta duraçãoMicropapular áspero, palidez
perioral
Língua morango,
linhas de Pastia
D. Kawasaki Alta ≥5d
Muito variável (morbiliforme,
escarlatiniforme, macular),
intermitente
Hiperemia conjuntival e
lábios, língua morango,
eritema palmoplantar
Exantemas maculopapulares
41
D
Diagnóstico diferencial
Exantemas vesiculares
42
Varicela
43
D
Vírus Varicela-zoster, família Herpesviridae (DNA)
Completado com LP, PUP e NTP
Epidemiologia
Surge na primoinfeção pelo varicela-zoster; na reativação da infeção latente surge a zona
O homem é o único hospedeiro e é extremamente contagiosa
Em Portugal, predomina no fim da primavera e início do verão
Mais frequente 2-8 A
Em meio hospitalar consideram-se em risco todos os que tenham estado no mesmo quarto e quartos próximos
Transmissão
Período de incubação: 14-21d
Vias respiratória e de contacto
Contagiosa nos 2d antes do exantema e até que desapareçam as crostas
ATENÇÃO
É uma doença de evicção escolar obrigatória (5d após início do exantema)Decreto Lei Nº23 – 27-1-1995
Varicela
44
D
Máculas e pápulas eritematosas,
não confluentes
Vesículas transparentes
de base eritematosa
Líquido vesicular fica turvo e a
vesícula rompe, deixando crosta
Muito pruriginosa
Atinge couro cabeludo e mucosas
Adenopatias retroauriculares
CRS ligeiro
Manifestações clínicas
Pródromo
(1-2d)Fase exantemática
(3-5d)
em horasRegride em 7-14 dias
Não deixa cicatrizes se não sobreinfetar
Febre baixa, durante 1-2d
Febre alta ou prolongada sugere complicações
Varicela
45
D
Manifestações clínicas
Varicela congénita
A maioria dos casos ocorrem quando a infeção se dá entre a 8ª e 20ª semanas de gestação
A manifestação mais comum é RCIU, mas também pode causar lesões cicatriciais na pele com distribuição
por dermátomos, alterações oculares (cataratas, sínd. Horner, microftalmia, nistagmo), alterações músculo-
esqueléticas (malformações das extremidades, hipoplasia óssea e/ou muscular), anomalias do SNC (atrofia
cortical, microcefalia, défice intelectual) ou alterações GI (RGE, atrésia ou estenose do cólon)
Pode causar morte fetal e prematuridade
Varicela neonatal
A transmissão pode ocorrer desde 2 semanas antes do parto, mas o maior risco é entre o 5.º dia pré-parto e
o 2.º dia pós-parto, já que não há tempo suficiente para a passagem de Ac maternos para o feto
Manifesta-se com febre e exantema
Pode complicar com atingimento de órgãos – pneumonia, hepatite ou meningoencefalite
É uma forma muito grave de varicela e a mortalidade atinge 30%
Varicela
46
D
Complicações
Sobreinfeção das lesões (++ S. aureus e S. pyogenes) – complicação mais frequente
− Desde impetiginização de algumas vesículas até celulite intensa ou fasceíte necrotizante
− Suspeitar de fasceíte necrotizante quando uma área de celulite se estende rapidamente
Pneumonia – suspeitar se febre elevada ou persistente + sintomas respiratórios
− Bacteriana: segmentar ou lobar, pode ser precoce
− Varicelosa: broncopneumonia produzida pelo próprio varicela-zoster;
Habitualmente precoce, nos primeiros 3d
Caracteriza-se por febre, SDR e hipoxemia
Mais frequente e grave em adultos, ligeira em crianças imunocompetentes
SNC – cerebelite (ataxia), meningite viral, meningoencefalite, sínd. Guillain-Barré
Vasculite de artérias cerebrais e enfarte cerebral – pode ocorrer sem varicela clínica ou meses após varicela
Outras: disseminação visceral em imunodeprimidos, trombocitopenia, hepatite, síndrome de Reye, artrite, glomerulonefrite
Aula Infeções da pele e tecidos moles
Varicela
47
Tratamento
Antihistamínicos
Medidas de higiene – cortar as unhas, hidratação cutânea com produto não abrasivo, banho com água tépida(água quente agrava o prurido)
Paracetamol se febre
AINEs estão absolutamente contraindicados pela associação com fasceíte necrotizante!
Tratamento da sobreinfeção de vesículas – AB tópico ou antisséptico
T GD
Varicela
48
Tratamento
Aciclovir/ valaciclovir
− Mais eficaz se iniciado nas primeiras 24h de exantema
− Não está recomendado como tratamento de crianças saudáveis – apesar de poderem ↓↓ duração e
intensidade da varicela, não está demonstrada a ↓↓ de complicações
Tratar sempreTratamento recomendado se riscode doença mais intensa ou de complicações
Imunodepressão congénita ou adquirida Idade >12 A
Sob corticoterapia sistémica ou anti-TNF Lactentes
Pós-transplante hematopoiético 2.º caso intrafamiliar
Pós quimioterapia anti-neoplásica Doentes crónicos
Meningoencefalite Doenças crónicas da pele
Varicela disseminada Ponderar se sob corticoterapia inalada em alta dose
Pneumonia varicelosa
Varicela neonatal
Arterite cerebral ou AVC
Sob tx com salicilatos
T GD
Varicela
49
Profilaxia
Ativa – vacinação antivaricela*
− Em crianças saudáveis previne ou atenua a doença se administrada 3-5d após o contacto
− Não deve ser administrada a crianças saudáveis fora de um Programa Nacional de Vacinação
Passiva – administração de Ig e/ou aciclovir/ valaciclovir
− Ig – útil nas primeiras 72h pós-exposição
− Aciclovir – administrar na segunda metade do período de incubação (iniciar 7-9d pós contacto); na maioria
dos casos não evita a infeção, mas torna-a assintomática; parece ter eficácia superior à Ig
*Não está recomendada a vacinação de crianças saudáveis fora de programas nacionais de vacinação uma vez que
coberturas vacinais baixas (<80%), têm riscos potenciais de alteração da epidemiologia, com desvio da infeção
para grupos etários mais velhos, onde o risco de complicações é maior.
A vacinação é apenas recomendada a adolescentes sem história prévia de varicela porque são mais suscetíveis a doença
grave e porque a vacinação deste grupo não acarretará o risco de modificação da epidemiologia (se ♀ deve ser excluída
possibilidade de gravidez) e a crianças que contactam habitualmente com doentes imunodeprimidos.
Adaptado de Recomendações sobre Vacinas Extra PNV – 2018, Comissão de Vacinas da Sociedade Portuguesa de Pediatria
T GD
Varicela
50
D
Na prática, pensar SEMPRE em varicela se criança com:
Exantema com lesões em
várias fases em simultâneo:
máculas, pápulas, vesículas(crostas se tardio)
Prurido intenso
Herpes-zoster (Zona)
51
D
Vírus Varicela-zoster, família Herpesviridae (DNA)
» Reativação da infeção latente no gânglio sensitivo
Lesões vesiculares
agrupadas, agrupadas em 1-3
dermátomos sensitivos,
dolorosas
Afeção unilateral e geralmente
no tórax
Em imunodeprimidos pode
disseminar-se
Dor e sensibilidade
ao toque/ palpação
ao longo do
dermátomo afetado
Febre
Mal-estar
generalizado
Fase pré-eruptivaFase eruptiva
(1-2 semanas)
Nevralgia pós-herpética
Pode durar semanas a meses, rara em crianças
Tratamento – sintomático: analgésicos
Em imunodeprimidos, afeção do trigémio e formas extensas (>2 dermátomos) – aciclovir/ valaciclovir
D. Mão-pé-boca
52
D
Vírus Coxsackie A16 (ou outros A e B) ou Enterovirus 71
Epidemiologia
Mais frequente no verão e outono
Transmissão
Período de incubação: 3-6 d
Vias respiratória e de contacto
Enantema: vesículas e pústulas na mucosa
oral, língua, palato mole com recusa da ingesta
Exantema: pústulas/ vesículas nos lábios,
períneo, mãos e pés, afeta palmas e plantas;
por vezes maculopapular face, membros e tronco
Febre alta
CRS
Diarreia
Pródromo
(1-2d)
Fase exantemática
(5-10d)
Completado com LP
Complicações – meningite e encefalite (enterovirus 71), pneumonite, miocardite
Tratamento – sintomático: analgésicos, dieta mole e fria
D. Mão-pé-boca
53
D
Na prática, pensar SEMPRE em doença mão-pé-boca se criança com:
Irritabilidade
e recusa alimentarVesículas na
cavidade oral
Pústulas/ vesículas
nas palmas, plantas,
lábios e/ou períneo
Infeções herpéticas
54
D
Vírus herpes simplex tipo 1 e 2, família Herpesviridae (DNA)
Completado com NEP e NTP
A infeção herpética primária ocorre após inoculação do vírus em qualquer localização mucocutânea
Primoinfeção é subclínica em 85% dos casos
Nos restantes pode causar lesões locais (locais (gengivostomatite herpética, herpes cutâneo, queratoconjuntivite) e,
raramente, infeção generalizada grave
Evolui com recorrências, habitualmente com lesões localizadas e sem reacção sistémica
HSV1 é frequente em crianças e classicamente causa gengivostomatite
HSV2 classicamente infeta os genitais e é considerado uma infeção sexualmente transmissível
Contudo, cerca de 30% dos herpes genitais são causados por HSV1 e o HSV2 também pode causar gengivostomatite
Infeções herpéticas
55
D
Gengivostomatite herpética aguda, estomatite recidivante e herpes labial
Epidemiologia
Primoinfeção – gengivostomatite herpética - causa mais frequente de estomatite entre 1-3 A
Frequentemente recidiva como estomatite ou herpes labial
Gengivostomatite herpética aguda
Úlceras orais múltiplas, muito dolorosas,
podem ser sangrantes ao toque
++ língua e gengivas com edema local, mas
podem atingir qualquer superfície da cavidade oral
Podem surgir vesículas periorais
Febre alta
Irritabilidade
Sialorreia
Halitose
Recusa alimentar
Autolimitada, com duração 4-9d (até 14d)
DDx - amigdalite bacteriana (na fase inicial da gengivostomatite pode surgir exsudado amigdalino),
doença mão-pé-boca (vesículas periorais, mas não surgem vesículas no corpo),
herpangina enterovírica (vesículas mais extensamente distribuídas na cavidade oral na gengivostomatite)
Infeções herpéticas
56
D
Gengivostomatite herpética aguda, estomatite recidivante e herpes labial
Recidivas
Desencadeadas por diversos estímulos
Uma ou várias lesões vesiculares na união cutâneo-mucosa,
associadas a dor, disestesia ou ardor
Sintomas sistémicos são raros
Reativação de HSV é uma das causas mais frequentes de eritema multiforme
O herpes labial é a manifestação mais comum de infeção HSV1 recorrente, surgindo em 20-40% dos adultos
Completado com NEP
Infeções herpéticas
57
D
Herpes cutâneo e eczema herpético
Completado com NEP
Herpes cutâneo
Agregados de vesículas de paredes finas
sobre base eritematosa, muito dolorosas
Rompem e formam crosta,
mas não deixam cicatriz
Podem surgir em lesões ou em pele intacta
Frequentemente a forma de panarício herpético surge
associada à gengivostomatite
Crianças que chucham no dedo
ou roem as unhas
Eczema herpético
Forma grave de HSV cutâneo, mais frequente em indivíduos
com doença cutânea como dermatite atópica
Disseminação da infeção pelo corpo, mesmo em pele intacta
Frequentemente com afeção sistémica
Infeções herpéticas
58
D
Queratoconjuntivite herpética
Completado com NEP
Conjuntivite folicular aguda
A afeção ocular por herpes pode ter várias formas, tanto na primoinfeção como nas recorrências
Queratoconjuntivite
Blefarite herpética
A forma mais frequente é a epitelial (úlcera dendrítica),
mas também pode afectar a córnea ou associar-se a uveíte
Infeções herpéticas
59
D
Herpes genital
Completado com NEP
++ adolescentes e adultos jovens que já iniciaram vida sexual
Até 90% dos infetados desconhecem infeção
Transmissão genital-genital (mais frequente HSV2) ou oral-genital (mais frequente HSV1)
Os infetados sintomáticos ou assintomáticos excretam periodicamente o vírus das
localizações anogenitais, permitindo a transmissão aos parceiros sexuais e, no
caso das mulheres grávidas, aos recém-nascidos
Aparecimento de vesículas na mucosa genital ou
pele em torno dos genitais, que rompe e deixam
úlceras muito dolorosas de bordo eritematoso e
exsudado amarelo acinzentado
Disúria (pode condicionar retenção urinária)
Dor/ desconforto
Sensação de
queimadura local
Febre, cefaleia, mialgias
Pelo menos uma recorrência no ano seguinte,
costuma ser menos grave e menos dolorosa
Infeções herpéticas
60
Completado com Chayavichitsilp, P. et al (2009). Herpes Simplex. Pediatrics in Review, 30(4), 119–130
Gengivostomatite herpética
Medidas de alívio sintomático – dieta mole e fria, analgésicos, anti-inflamatórios tópicos
Aciclovir – na primoinfeção reduz a duração até 50% e melhora tolerância alimentar se iniciada nas primeiras 72-96h
Nas recidivas é útil se: eritema multiforme, lesões extensas ou imunossupressão
Internamento – se intolerância oral total
Herpes labial
Medidas de alívio sintomático – protetor labial como vaselina e/ou um creme cicatrizante com óxido de zinco; evitar os
antivirais tópicos pelo seu pouco benefício e efeito fotossensibilizante; prevenir o contágio
Tx antiviral pode ser ponderada a utilização a longo prazo para prevenir recorrências quando são frequentes e/ou graves
Eczema herpético
Aciclovir PO ou EV
Queratoconjuntivite herpética
Colírio de ganciclovir – nas formas superficiais; pode ser adicionado ou colírio cicloplégico para diminuir a dor
Aciclovir PO ou EV – se afeção da córnea e na uveíte e manter profilaxia oral associada a corticoide tópico
Herpes genital
Aciclovir PO – na infeção primária, iniciar nos primeiros 6d; nas recorrências, iniciar 2d antes de aparecerem vesículas
Tratamento
T GD
Prurigo estrófulo
61
Lesões afastadas da área de contacto » Reação hipersensibilidade tipo III (imunocomplexos) associada a tipo I (IgE)
Pápulas eritematosas e
vesicobolhosas, com distribuição
assimétrica, muito pruriginosas
Podem surgir agrupadas
nas extremidades e cintura
Deixam lesão residual
hipo/ hiperpigmentada
Picada de inseto Fase exantemática
Complicações – sobreinfeção bacteriana
Tratamento – sintomático (controlo do prurido com anti-histamínico oral) + prevenção de picadas
Reação hipersensibilidade à saliva de artrópodes (++ ácaros, pulgas, mosquitos)
Epidemiologia
++ 2-10 A
Mais frequente nos meses quentes
» minutos/ horas depois –
D T GD
Sínd. Gianotti- Crosti
62
D
Aparecimento de pápulas eritematosas que se estendem
de forma assimétrica na face, glúteos e extremidades
Afeta palmas e plantas
Pode ser confluente, formando placas,
que se podem tornar purpúricas
Não atinge mucosas
Habitualmente não é pruriginoso
Duração 2-8 semanas
Vírus da Hepatite B, família Hepadnaviridae
Vírus Epstein-Barr (EBV), família Herpesviridae
Citomegalovírus (CMV), família Herpesviridae
Vírus respiratórios, vários
Enterovírus, vários
Exantema Sinais característicos
VaricelaVesículas transparentes (inicialmente); elementos
em várias fases de evolução
Prurido intenso; atinge couro cabeludo
Predomínio no tronco
Herpes zosterTrajeto segue dermátomos
UnilateralRaro no lactente; história de varicela prévia
Herpes simples Pústulas/ vesículas peribucais ou localizadas Gengivostomatite
Mão-pé-bocaPústulas isoladas nas palmas, plantas,
lábios, língua ou períneoVesículas no palato mole e pilares amigdalinos
Molusco
contagiosoVesícula dura e umbilicada Indolor e persistente
Prurigo
estrófulo
Lesões polimórficas
de predomínio no tronco e membrosPrurido; sinais alérgicos; alteração do habitat
Gianotti-Crosti Acropapular CRS, diarreia, febrícula
Impétigo
bolhosoBolhas que rompem facilmente Autoinoculação pelo corpo
Exantemas vesiculares
63
D
Diagnóstico diferencial
Aula Infeções da pele e tecidos moles
Exantemas bolhosos
64
Exantemas bolhosos
65
Incluem doenças infeciosas puras, complicações de doenças infeciosas mediadas imunologicamente e reações de
hipersensibilidade a fármacos; DDx é difícil e pode requerer biopsia cutânea
Sínd. pele escaldada Eritema multiforme SSJ e NET DRESS
EtiologiaToxinas esfoliativas
de S. aureus
Imunológico
infeções > medicamentos
Imunológico
Medicamentos > infeções
Imunológico
Medicamentos
Febre Sim Não Sim Sim
Estado geral Variável Conservado Afetado Variável
Bolhas(% sup. corporal)
Grandes, frágeis(>10%)
Lesões em alvo(<10% ou ausentes)
Grandes(SSJ <10%, SSJ/ NET 10-
29%, NET ≥30%)
Pequenas, tensas(<10% ou ausentes)
ExantemaEritema difuso ou
escarlatiniforme
Variável, pouco
confluente, lesões em
alvo com bolha central
Morbiliforme, extenso,
confluente
Morbiliforme, muito
extenso, confluente
MucosasSó conjuntivas; atinge
pele dos lábios
Lábios e oral
raro conjuntiva e genital
Conjuntiva e lábios
Menos frequente genitalNão
Biopsia da pele
Separação entre estratos
espinhoso e granuloso da
epiderme
Degeneração basal,
infiltrado linfohistiocitário
na derme
Necrose da epiderme e
descolamento
subepidérmico
Sem necrose, infiltrado
linfocitário, edema da
derme
Lesões viscerais/
outros
Replicação de HSV1
Rara afeção mucosa
digestiva e brônquica
Hepatite, nefrite,
miocardite, pneumonite
Eosinofilia
Aula Infeções da pele e tecidos moles
D
Eritema multiforme
66
D
Fármacos
Agentes infeciosos
Tóxicos
» Reação de hipersensibilidade
90% por infeções - HSV é o desencadeante mais frequente (primoinfeção ou reativação), seguido de
Mycoplasma pneumoniae, tuberculose e S. pyogenes
Fármacos – antibióticos (antituberculosos, vancomicina, betalactâmicos, sulfonamidas, …), AINEs,
anticonvulsivantes (fenobarbital, fenitoína)
Também pode ser causado por radioterapia e processos neoplásicos
Até 20% são idiopáticos
Eritema multiforme
67
D
Máculas ou pápulas urticariformes, de morfologia diversa, que surgem
primeiro nos membros de forma simétrica, afetam palmas e plantas
Extensão centrípeta
Lesão típica em alvo, com duplo halo eritematoso,
e vesícula ou bolha central
Lesões atípicas não têm bolha central
Podem surgir lesões hemorrágicas e edema
Manifestações clínicas
DDx com edema agudo hemorrágico da infância
Enantema caracterizado por placas eritematosas ou bolhas, +++ orais
Raramente pode afetar conjuntivas e mucosa urogenital
++ sem prurido e sem febre
Sintomas respiratórios se causado por M. pneumoniae
Diagnóstico – clínico. Pesquisar possíveis desencadeantes.
Eritema multiforme
68
Tratamento
Se causado por um fármaco, suspender
Se causado por uma infeção, tratar
Medidas sintomáticas – podem ser suficientes nos casos ligeiros
− Corticoide tópico em gel na mucosa oral
− Limpeza das bolhas com sulfato de cobre 1/1000
Prednisolona PO nos casos graves
T GD
Exantemas medicamentosos
69
D
Sínd. Stevens-Johnson – pode ser causado por fármacos, infeções ou doença sistémica; alguns vírus estão
implicados no desenvolvimento de reações de hipersensibilidade a fármacos
Os exantemas são responsáveis por até 30% das reações adversas a medicamentos
Deve suspeitar-se de etiologia farmacológica sempre que se desenvolva exantema ou febre inexplicados
após administração de um fármaco por qualquer via
Febre + enantema +/- edema = reação grave
Exantemas medicamentosos
70
D
Clínica Fármacos
Exantema Forma mais frequente (60%) Penicilinas, sulfonamidas, AINE
Urticaria15-30% das urticárias são
causadas por fármacosPenicilinas, sulfonamidas, AINE, vancomicina, aciclovir
Fotossensibilidade Eritema nas zonas expostas ao sol Doxiciclina, quinolonas, voriconazol
Melanodermia Escurecimento anormal da pele Amiodarona, antimaláricos
Alterações capilares
Defluvio telogénico Anovulatorios, tiroxina
Interrupção anagénica Citotóxicos
Hipertricose Corticoides, ciclosporina A
SSJ e NET
Febre, exantema, necrose
epidérmica com formação de
bolhas
Afeção de mucosas e epitélios,
mas não de parênquimas viscerais
Anticonvulsivantes – carbamazepina, lamotrigina,
oxcarbazepina, fenoarbital, fenitoína, levetiracetam
AB – sulfonamidas, vancomicina, penicilinas, cefalosporinas,
quinolonas, rifampicina, doxiciclina, macrólidos
Piroxicam, Metamizol, diclofenac
Nevirapina
DRESS
Febre, exantema macular muito
extenso, por vezes com bolhas,
adenopatias
Afeção visceral e eosinofilia
Antiepilépticos aromáticos – lamotrigina, carbamazepina,
fenitoína, fenobarbital
Antipsicóticos, sulfonamidas, dapsona, minociclina,
vancomicina, alopurinol, raltegravi
Aula Urticária
SSJ e NET
71
D
Atualmente consideram-se dois extremos do mesmo processo e independentes do eritema multiforme
Dividem-se em 3 graus de acordo com a % de superfície corporal coberta por bolhas
1. SSJ: <10%
2. Síndrome intermédio SSJ/NET: 10-29%
3. NET: ≥30%
Etiologia
− Fármacos (anticonvulsivantes, AB, outros)
− Frequentemente associado a M. pneumoniae ou CMV, com quadros mais leves e com menor afeção
cutânea do que os associados a fármacos
− NET mais frequentemente por fármacos
− Outros: produtos químicos, preparados de ervanária, vacinas, AIJ e doenças sistémicas
SSJ e NET
72
D
Exantema morbiliforme ou eritema difuso,
doloroso à pressão nalgumas zonas onde
posteriormente surgem bolhas que rompem
Nikolsky positivo
Não costuma atingir palmas, plantas ou couro
cabeludo
Enantema ++ conjuntivas, urogenital e oral
Processo febril
Mal-estar
Manifestações clínicas
Pródromo Fase exantemática
(>14d)
Biopsia cutânea: descolamento subepidérmico; necrose difusa da epiderme e posterior descolamento de toda a
espessura da epiderme; infiltrado inflamatório mínimo na derme superficial; queratinócitos apoptóticos periféricos
SSJ e NET
73
Complicações – idêntico a um grande queimado (perda de líquido e proteínas, sobreinfeção, pneumonia, sépsis)
Tratamento
Suspender rapidamente fármaco desencadeante
Admissão em unidade de queimados ou UCI
Tratamento de suporte idêntico a queimado
Deve evitar-se sulfadiazina de prata (sulfonamidas são desencadeantes de NET)
Cuidados especiais com afeção ocular e genital
Tx imunomoduladora tem resultados variáveis – ponderar corticoides + Ig, ciclosporina A, infliximab e/ou
etanercept
Prognóstico
Melhor em crianças do que em adultos com o mesmo grau de afeção
Melhor quanto menor a semivida do fármaco desencadeante
Score SCORTEN de mortalidade – cada critério soma 1 ponto: idade >40 A, doença maligna, sup. corporal com bolhas ≥10%,
taquicardia, ureia sérica ≥66 mg/dL, glicemia ≥252 mg/dL, bicarbonato <20mEq/l
>2 pontos: mortalidade >30% em adultos; >3 pontos: mortalidade >50% em adultos
D T GD
DRESS
74
D
DRESS = Drug Rash with Eosinophilia and Systemic Symptoms
Etiologia
− Hipersensibilidade tipo IV a vários fármacos
− ++ antiepilépticos aromáticos, com reação cruzada entre estes
− A maioria dos doentes apresenta reativação de infeção latente
por um herpesvirus, ++ HHV6
Diagnóstico implica
Exposição prolongada a fármaco suspeito*
+ exantema
+ ≥3 das seguintes:
Febre ≥38.0ºC
Alterações hematológicas(eosinofilia, linfocitose ou trombocitopenia)
Afeção visceral
Adenopatias em ≥ 2 territórios
*Pode confirmar-se a relação com o fármaco suspeito através de provas epicutâneas e testes de transformação linfobláctica
DRESS
75
D
Início com febre, eritema e edema facial
Exantema morbiliforme, confluente, de início no
tronco, atinge mais de 50% da sup. corporal
Pode progredir para dermatite esfoliativa
Linfadenopatia generalizada (60%)
Manifestações clínicas
Período de latência
(3-8 semanas)
Fase exantemática
(Prolongada, 2-6 semanas)
Afeção de 1 ou + órgãos: hepatite (95%), nefrite intersticial,
miocardite, pneumonite, SNC
Eosinofilia (≥700/μL ou ≥10%), linfocitose, linfócitos atípicos
Pesquisar reativação de HHV6 ou 7, EBV ou CMV
Biopsia cutânea: inespecífica com espongiose da epiderme, queratinócitos apoptóticos ocasionais, vacuolização
basal e infiltrado linfocitário dérmico; pode haver infiltração por linfócitos atípicos
DRESS
76
Tratamento
Medidas sintomáticas para prurido (antihistamínicos PO e corticoide tópico)
Prednisolona EV ou PO – com desmame muito lento iniciado só após da resolução da lesão visceral e da
febre, em 2-3 meses
Se desencadeado por um antiepiléptico aromático, evitar todos os da família
Não estão indicados antivirais a não ser que haja lesões ativas causadas pelo vírus (encefalite, sínd.
hemofagocítico, …)
DDx – Lupus eritematoso sistémico, hepatites virais e Mycoplasma
D T GD
Exantemas nodulares
77
Eritema nodoso
78
Paniculite septal não necrotizante, de base imunológica (hipersensibilidade tipo III e IV)
− Idiopático em 30-50% dos casos
− Infecioso: tuberculose, SGB, Yersinia, Salmonella, Shigella, EBV, VHB, Toxoplasma
− Fármacos: sulfonamidas
− Outros: lúpus eritematoso sistémico, doença inflamatória intestinal, linfoma, sarcoidose
Nódulos ovoides com 1-3cm, duros, dolorosos, quentes,
vermelho-brilhantes que evoluem para violáceos/ acastanhados
++ face anterior das pernas
Surgem em surtos de 3-6semanas
Manifestações clínicas
Pode surgir febre, mal estar e artrite/ artralgias de joelhos e tornozelos
Diagnóstico – clínico. Pesquisar possíveis causas.
Tratamento – sintomático (AINE); etiológico se se identificar causa
D T GD
Febre escaronodular
79
D
Grupo Rickettsia conorii
Epidemiologia
Bacia mediterrânica, África subsaariana, Índia e Médio Oriente
Endémica em Portugal com 900 casos/ano
++ primavera, verão e outono, zonas rurais e suburbanas
O humano é um hospedeiro acidental, sendo as crianças um grupo suscetível pela relação próxima com
animais domésticos e ar livre
++ 1-4 A
Transmissão
O vetor e reservatório habitual é a carraça do cão (Riphicephalus sanguineus)
São necessárias 6-20h de parasitação do Homem para haver transmissão da doença
Período de incubação 4-20d
Completado com LP e PUP
Febre escaronodular
80
D
Exantema máculo-pápulo-nodular rosado,
purpúrico* ou petequial,
que se inicia nos m. inferiores e generaliza em
24-36h para o tronco, m. superiores e face
Atinge palmas e plantas
Pode detetar-se (30-90%) tache-noire –
escara no local de fixação da carraça
Cefaleia intensas
Mialgias
Febre
Manifestações clínicas
Pródromo
(3-5d)
Fase exantemática
(15-20d)
Febre
ExantemaMancha
negra
Sem tratamento, febre dura 8-11d
Artralgias e mialgias
Hepatosplenomegalia
Náuseas, vómitos, diarreia
Completado com LP e PUP
*DDx com meningococemia, púrpura de Henoch-Schönlein
Febre escaronodular
81
Complicações – na maioria dos casos é benigna e autolimitada
Suspeitar de complicações se exantema purpúrico, insuficiência renal ou afeção hepática grave
Cardiovasculares e respiratórias: arritmias, tromboflebite, miocardite, pericardite, pneumonia, pleurite
SNC/ oculares: meningoencefalite, AVC, radiculonevriteuveíte, retinite
Renais: nefrite com insuficiência renal aguda
Gastrointestinais: hemorragia digestiva alta, pancreatite
Síndrome hemofagocítica
Forma maligna – vasculite generalizada, encefalopatia, choque, insuficiência renal aguda e CID – rapidamente fatal
As complicações são mais frequentes na presença de défice de glucose-6-fosfato-desidrogenase
Tratamento
Diminui o período febril e sintomático e evita complicações graves se administrado precocemente
Doxiciclina PO – manter pelo menos até 2d de apirexia
Alternativas: claritromicina e azitromicina (não utilizar nas formas graves); cloranfenicol (pode ser usado em casos graves)
Profilaxia – não deve ser utilizado AB profilático após picada de carraça
– Remover na totalidade o artrópode com pinça e vigiar sintomas/ sinais de doença
– Prevenir picadas: controlo de parasitas nos animais de estimação, usar repelente de insetos e roupas compridas e claras nas
atividades ao ar livre
Completado com LP e PUP
D T GD
Paniculites
82
D
Lobular Septal
VasculíticasVasculite nodular (eritema induratum de
Bazin)
Vasculite leucocitoclástica
Panarterite nodosa cutânea
Não vasculíticas
Paniculite pós-esteroides
Lúpus eritematoso sistémico
Pancreatite
Défice de 1-antitripsina
Necrose gorda subcutânea do RN
Escleredema NN
Perniose
Sarcoidose
Paniculite factícia
Eritema nodoso
Doença de Kawasaki
83
D. Kawasaki
84
D
Epidemiologia
2.ª vasculite mais comum em idade pediátrica
Causa mais frequente de doença cardíaca adquirida na infância
++ 6-24 M, infrequente >5 A e <6 M
++ ♂ (1,5:1)
Surge esporadicamente ou em surtos epidémicos, +++ inverno/ primavera (+ vírus em circulação)
Maior incidência no Japão e países próximos
Vasculite sistémica de etiopatogenia desconhecida, provável desencadeante infecioso
D. Kawasaki
85
D
Manifestações clínicas
Fase aguda febril
(1-2 semanas)
Fase subaguda
(2-4 semanas)Convalescença
(meses a anos)
Principais sinais
Febre Costuma ser elevada; desaparece espontaneamente entre 5-21d
Exantema Polimórfico, generalizado e evolutivo, pode surgir sozinho com a febre;
++ maculopapular e morbiliforme, mas também pode ser escarlatiniforme ou
só macular; + intenso na zona da fralda; pode descamar
Alts das mãos e pés Eritema de palmas e plantas na fase aguda, por vezes doloroso, ou edema de
dedos, mãos e pés; entre 7.º e 14.º d inicia-se descamação dos dedos a
partir do bordo das unhas
Hiperemia conjuntival Bilateral, sem exsudado, poupa o limbo esclero-córneo
Alts lábios e
cavidade oral
Língua de morango, enantema, lábios hiperemiados, edemaciado,
fissurados e/ou sangrantes
Adenopatia cervical Única ou múltipla, dolorosas, tamanho variável, podem ser bilaterais
D. Kawasaki
86
D
Manifestações clínicas
Outras manifestações
Afeção do estado geral – irritabilidade ou prostração
Sintomas GI – dor abdominal, vómitos, diarreia, icterícia, hepatite
Alterações cardiovasculares (15-25%) – arritmias, endo/mio/pericardite,
valvulopatias*, aneurismas* coronárias e arteriais de qualquer território
Oculares – uveíte*, queratite*
Pele e unhas – onicomadese*, dermatite, eczema*, linhas de Beau*, BCGite
Outros: meningite asséptica, disúria, artrite*, infiltrados pulmonares, hipoacusia*
*Aparecem na fase subaguda, ou persistem nessa fase
Alterações laboratoriais
Leucocitose com neutrofilia
↑↑ pCr, VS e PCT
Hipoalbuminemia (tardia); hiponatremia nos casos graves
↑↑ transaminases (precoce), GGT e bilirrubina
Piúria estéril
Trombocitopenia por CID (casos graves) ou síndrome hemofagocítico
Trombocitose na fase subaguda
↑↑ NT-proBNP (tardio)
D. Kawasaki
87
D
DiagnósticoApenas as dilatações coronárias são específicas da D. Kawasaki,
nenhum outro achado clínico ou laboratorial faz dx
Critérios clínicos de D. Kawasaki
Febre ≥5d de evolução e pelo menos 4 de:
Conjuntivite (bilateral, sem exsudado) Na presença de dilatações coronárias,
admitem-se menos de 4 critérios;
Também são admissíveis se a febre desaparecer
antes do 5.º dia com tx para D. Kawasaki
Alts orais (pelo menos 1 de lábios, língua ou enantema)
Alts pés e mãos (eritema, edema ou descamação)
Exantema polimórfico
Adenopatia (ou conglomerado) >1,5cm
Ddx
Escarlatina, sarampo, SCT, mononucleose infeciosa, febre faringoconjuntival (adenovírus), SSJ, PFAPA, AIJ, endocardite,
lúpus eritematoso sistémico
Em cerca de 30% deteta-se agente infecioso que não invalida o dx de D. Kawasaki,
mas se for considerado outro dx, deve explicar as alterações encontradas melhor que D. Kawasaki
D. Kawasaki
88
D
Diagnóstico
Critérios de D. Kawasaki incompleta
Febre ≥5d +
2-3 critérios clínicos +
PCR >3 mg/dL ou VS >40mm/h +
- Pelo menos 3 critérios laboratoriais:
Na ausência de critérios diagnósticos,
devem ser consideradas as restantes
alterações clínicas, analíticas, ECG, EcoCG
Anemia para a idade
Hipoalbuminemia
↑↑ ALT
Trombocitose ≥450.000/uL após 7d
Leucocitose ≥15.000/uL
Piúria estéril ≥10 células por campo no sedimento
D. Kawasaki
89
Tratamento
Internamento
Imunoglobulina G EV – infundir no mínimo em 12h – é o componente fundamental do tx
Iniciar tx o mais cedo possível, assim que o médico esteja convencido do dx
Iniciar tx antes do 8.º dia; depois do 10.º d não ↓ o n.º de doentes com doença coronária, mas ↓ gravidade
Não esperar pelo 5.º d de febre para iniciar tx
Ácido acetilsalicílico PO
Reduzir a dose após resolução da febre e manter 6-8 semanas
Corticoides – úteis se associados a Ig e AAS; a utilização não é consensual, mas é recomendada se houver alterações
coronárias aquando do dx, pontuação elevada nos scores preditivos de doença refratária, doença grave aquando do dx
(choque, sínd. hemofagocítico), lactentes, reagudizações ou doença refratária ao tx
T GD
D. Kawasaki
90
Prognóstico
Sem tratamento:
40% dos doentes desenvolvem dilatações coronárias transitórias
25% desenvolvem aneurismas coronários
15-20% dos doentes tratados com Ig e AAS continuam a ter febre (doença refratária) ou a febre e os
restantes sintomas reaparecem nos dias/ semanas seguintes (reagudizações)
A doença refratária e as reagudizações têm risco elevado de lesão coronária – 25-70%
Deve ser mantido seguimento EcoCG por cardiologista pediátrico
As ectasias ligeiras e transitórias não parecem ter complicações a longo prazo
Os aneurismas pequenos e médios tendem a remitir nos primeiros anos
Os aneurismas gigantes não remitem e têm um risco de EAM ou morte súbita de 50%
T GD
D. Kawasaki
91
D
Na prática, pensar SEMPRE em D. Kawasaki se criança com:
Febre há mais de 5d
Adenopatia >1.5cmConjuntivite bilateral sem exsudado
Enantema
Lábios hiperemiados/ fissurados
Língua de morango
Edema ou eritema
de mãos e pés Aneurismas coronários
Exantema polimórfico
D. Kawasaki
92
D
Na prática, pensar SEMPRE em D. Kawasaki se criança com:
Conjuntivite
Exantema febril inexplicado
com irritabilidade
e afeção do estado geral
Exantema variável ao longo do tempo,
eritema + intenso na zona da fralda
D. Kawasaki
93
D
Na prática, pensar SEMPRE em D. Kawasaki se criança com:
Lactente com febre
Edema
ou hipoalbuminemia
Exantemas purpúricos
94
Exantema purpúrico
95
D
Púrpura História + EO + Análises Plaquetas?
Normais(>150.000/uL)
Baixas(<150.000/uL)
Tempo de hemorragia? TP ou aPTT?
Normal Aumentado
Defeito de
função plaquetária
Congénito
Adquirido
NormaisAlterados
CID
Sépsis (meningococo,
pneumococo)
Megacariócitos?
Baixos
Aplasia, infiltração,
depósito, Fanconi,
Wiskott-Aldrich
Normais/ altos
PTI, SHU, PTT,
VIH, fármacos
Vasculite
Infeção viral
Valsalva
Maus-tratos
Fragilidade capilar
constitucional
Ehlers-Danlos
Púrpura de Henoch-Schönlein
96
D
Vasculite leucocitoclástica de pequenos vasos, mediada por IgA
Etiologia desconhecida
Possível desencandeante infecioso – em 75% dos casos há um antecedente de IVRS, ++ por SGA;outros microrganismos: Mycoplasma, EBV, VIH, parvovirus, adenovírus, varicela, Yersinia
Alguns casos relacionados com fármacos e vacinas
Epidemiologia
Vasculite sistémica mais frequente em idade pediátrica
++ 3-15 A
Completado com LP e PUP
Púrpura de Henoch-Schönlein
97
D
Manifestações clínicas
Manifestações
cutâneas (100%)
Obrigatórias para o diagnóstico, podem ou não estar presentes inicialmente
− Púrpura palpável, simétrica, predomínio nas zonas de declive e pressão
(++ glúteos e m.inferiores); melhora com o repouso e reaparece com a
deambulação
− Lesões purpúricas não palpáveis (equimoses, petéquias)
− Edema doloroso e errático na cabeça, pálpebras, dorso, mãos e pés,
escroto; se localizado na região periarticular confunde-se com artrite
Manifestações
articulares (65-75%)
− Inflamação periarticular dolorosa, sobretudo com a mobilização, predomínio
mãos e pés; pode preceder as lesões cutâneas
− A verdadeira artrite é rara
Manifestações GI
(50-60%)
− Desde náuseas, vómitos, dor abdominal a sinais graves como hemorragia
ou invaginação por vasculite da parede; se preceder a púrpura, o dx é difícil
Manifestações
renais (25-50%)
− Surgem geralmente nos primeiros 2 meses após o quadro, mas podem
surgir mais tarde
− Hematúria microscópica, proteinúria, sínd. nefrótico, nefrítico ou
insuficiência renal
Outras: neurológicas (cefaleia, alt. comportamento, coma, hemorragia intracraniana), genitourinárias (edema e
equimose escrotal, hematoma da parede vesical, uretrite, inflamação e hemorragia testicular, do cordão espermático, epidídimo
ou parede escrotal), pulmonares (pneumonia intersticial, hemorragia pulmonar)
Púrpura de Henoch-Schönlein
98
D
Diagnóstico
Hemograma Discreta leucocitose com neutrofilia ou eosinofilia
Contagem de plaquetas normal ou aumentada
VS Ligeiramente elevada
Coagulação NormalPode surgir elevação do fibrinogénio como reagente de fase aguda
Bioquímica Dosear amílase e lípase na presença de dor abdominal, apesar pancreatite ser rara
Urina Hematúria isolada (++ frequente)
Proteinúria abaixo do limite nefrótico
Ecografia abdominal Se o dx for claro, só é necessária se houver dor abdominal intensa para excluir invaginação
intestinal
Ecografia testicular Só é necessária se a dor sugerir torção testicular
Exsudado faríngeo Para excluir infeção SGA
Biópsia cutânea Para confirmação de dx nos casos atípicos
Biópsia renal Para confirmação de dx nos casos atípicos ou avaliação de casos com atingimento renal grave
Completado com PUP
Púrpura de Henoch-Schönlein
99
Tratamento
Completado com PUP
Critérios de internamento
Critérios para corticoterapia
Hemorragia digestiva ligeira, dor abdominal intensa ou vómitos
Afeção testicular
Afeção renal importante
Dor articular grave
Os corticoides não melhoram a afeção cutânea e não previnem a afeção renal
Alteração do estado geral (muito infrequente)
Dor abdominal intensa
Vómitos incoercíveis
Hemorragia digestiva (rara)
Afeção renal importante: HTA, ↑ creatinina, sínd. nefrótico
Alt. neurológicas (raro)
Alt. pulmonar (raro)
T GD
Púrpura de Henoch-Schönlein
100
Tratamento
Completado com PUP
Explicar aos pais que podem surgir mais lesões purpúricas que não significam agravamento,
desde que não se associem a outras manifestações
Analgesia
Repouso
Dieta ligeira/ líquida, de acordo com tolerância
Seguimento em consulta externa:
− Se exsudado faríngeo positivo para SGA, está recomendada erradicação e controlo;
as recidivas de PHS devem-se frequentemente a colonização por SGA
− Controlo com tira-teste de urina durante 3-6 meses; se ocorrer proteinúria, dosear em 24h
− Controlo de TA
T GD
EXTRA
106
Doenças Evicção Escolar Obrigatória
DifteriaInfeções meningocócicas
(meningite, sépsis)Tinha
Escarlatina
e outras infeções
nasofaríngeas por SGA
Parotidite epidémica Tosse convulsa
Hepatite A Poliomielite Tuberculose pulmonar
Hepatite B Rubéola Varicela
Impétigo Sarampo
EXTRA
107
Exantemas com afeção de palmas e plantas
Sarampo (raramente)
Síndrome mão-pé-boca
Febre escaro-nodular
Doença Kawasaki
Meningococémia
Síndrome Choque tóxico
Endocardite bacteriana
Síndrome Steven- Johnson
Eritema multiforme
Síflis secundária / congénita