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Apostila de Economia

Assunto:

FUNDAMENTOS DA ECONOMIA

Autor:

ADILSON ROCHA

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FUNDAMENTOS DA ECONOMIA

1. QUESTÕES BÁSICAS DA ECONOMIA

1.1 - Definição, divisões e natureza da Economia.

O termo economia origina-se das palavras gregas oikos (casa) e nomos (normas). Na Grécia antiga, Economia significava a arte de bem administrar o lar, levando-se em conta a renda familiar e os gastos efetuados, durante um período. Em seu tratado Ho Oikonomicos, Xenofonte (431-355 a . C.) ensinou as regras básicas para a administração de uma casa, para a caça, pesca, agricultura e o manejo dos escravos.. Posteriormente, as normas relativas à administração do lar e das terras de um senhor em particular foram estendidas à polis (cidade-estado).

Modernamente, define-se Economia como a ciência que estuda o emprego de recursos escassos, entre usos alternativos, com o fim de obter os melhores resultados, seja na produção de bens, ou na prestação de serviços. Os recursos escassos são os bens e serviços empregados na produção, mediante uma tecnologia conhecida, para a produção de outros bens e serviços de maior valor total e destinados a atender a demanda. Os usos são alternativos, porque os fatores e as matérias-primas podem ser utilizados para produzir mais estradas ou mais escolas, mais canhões ou mais tratores. A produção de todos os bens não pode ser aumentada ao mesmo tempo, no curto prazo, porque os recursos são limitados.

Os bens produzidos, como alimentos, vestuário, estradas, máquinas e os serviços prestados à população, como os ligados à saúde, educação e lazer, atendem às necessidades do indivíduo que, por definição, são ilimitadas, ao passo que a oferta dos bens e serviços que compõem sua cesta de consumo é escassa. Além disso, o consumidor só pode comprar todos os bens que deseja até o limite de sua renda.

Portanto, a Economia estuda as atividades econômicas cujas operações envolvem o emprego de moeda e a troca entre indivíduos, empresas e órgãos públicos. Ela enfoca, de um lado, o comportamento das empresas, que procuram produzir de modo mais eficiente, reduzindo custos, sem perder qualidade, a fim de obter os melhores resultados, ou lucro. De outro lado, ela avalia o comportamento dos consumidores, tendo em vista os preços, a renda de que dispõem e a oferta de bens e serviços no mercado.

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A expressão Economia Política era utilizada pelos economistas clássicos preferencialmente ao termo Economia. Com a análise marxista, a Economia Política passou a ter maior amplitude, com ênfase no estudo das relações sociais de produção, no sentido de luta entre capitalistas e trabalhadores.

Com a consolidação da atividade neoclássica, a partir de 1870, a expressão Economia Política passou a ser usada de preferência no contexto da análise marxista. Com a análise neoclássica, permaneceu o termo Economia. Nesta última abordagem, em seu aspecto teórico e positivo, predomina uma visão mais técnica do sistema econômico. As implicações sociais e políticas da Economia ficam reservadas para sua subdivisão política econômica.

A Economia moderna, portanto, pode ser dividida em Economia Descritiva, Teoria Econômica e Economia Aplicada. A Economia Descritiva estuda fatos particularizados, sem lançar mão de análise teórica, como estudos sobre a indústria petroquímica brasileira, a agricultura dos cerrados ou a economia informal de Salvador. Ela utiliza, basicamente, dados empíricos e análise comparativa.

A Teoria Econômica analisa, de forma simplificada, o funcionamento de um sistema econômico, utilizando um conjunto de suposições e hipóteses acerca do mundo real, procurando obter as leis que o regulam. Ela divide-se em dois grandes grupos:

a) Microeconomia, que trata do comportamento das firmas e dos indivíduos ou famílias, preocupando-se com a formação dos preços e o funcionamento do mercado de cada produto individual;

b) Macroeconomia, que diz respeito aos grandes agregados nacionais, estuda o funcionamento do conjunto da economia de um país, envolvendo o nível geral dos preços, formação da renda nacional, mudanças na taxa de desemprego, taxa de câmbio, balanço de pagamentos etc.

Por meio do estudo do comportamento dessas variáveis macroeconômicas, as autoridades econômicas estabelecem políticas monetárias, fiscais, cambiais, taxa de juro etc., visando influenciar o nível da atividade econômica. Para que se mantenha em uma situação de equilíbrio, ou em direção às metas estabelecidas. As decisões do nível macroeconômico têm suas repercussões no equilíbrio microeconômico do

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mercado. Da mesma forma, o comportamento dos consumidores e das firmas reflete-se no nível agregado, influenciando variáveis macroeconômicas.

A Economia Aplicada, por sua vez, utiliza “a estrutura geral de análise fornecida pela Teoria Econômica, para explicar as causas e o sentido das ocorrências relatadas pela Economia Descritiva” (Stonier & Hague, 1967). Como por exemplo de Economia Aplicada, tem-se as disciplinas de Economia do Meio Ambiente, Economia do Setor Público, Desenvolvimento Econômico etc.

Em síntese, a Economia estuda a utilização dos recursos escassos, escolhendo entre usos alternativos, com o fim de produzir bens e serviços úteis para a satisfação das necessidades dos consumidores.

1.2 - Os Problemas Econômicos Fundamentais.

O problema econômico fundamental consiste, em primeiro lugar, em decidir o que produzir e em quais quantidades. Sendo os recursos produtivos limitados, com mão-de-obra especializada (engenheiros, técnicos de nível médio, ferramenteiros, torneiros etc.), capital fixo (máquinas, equipamento, prédios, estradas, portos), capital financeiro para pagar os trabalhadores e adquirir matérias-primas, terras férteis para a agricultura e empresários dispostos a arriscar seus recursos no setor produtivo, e as necessidades humanas limitadas, a sociedade precisa decidir qual será a composição dos bens e serviços que naquele período será produzido e em quais quantidades.

Além da expectativa de obter lucro, a escolha de um empreendedor em produzir prédios ou produzir alimentos, armas ou medicamentos depende do conhecimento que ele tem do mercado, de seu acesso à tecnologia e da tradição familiar. Do ponto de vista da sociedade, a escolha do que produzir está relacionada com as opções de política econômica dos dirigentes. A sociedade pode desejar mais usinas hidrelétricas e mais estradas, ou maior produção de grãos e habitações populares.

Em segundo lugar, vem a questão de como produzir, que diz respeito à tecnologia. O conhecimento tecnológico pode ser comprado de outros países, mediante o pagamento de direitos (royalties). Para descobrir novos produtos e processos de produção novos ou aperfeiçoados, as empresas investem em pesquisa e desenvolvimento (P&D). Geralmente, os países menos desenvolvidos investem menos

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em P&D, por insuficiência de recursos técnicos e financeiros, preferindo importar técnicas conhecidas em outros países.

A decisão de como produzir implica a escolha das técnicas, o que, mais uma vez, envolve a questão dos preços dos recursos. Se a mão-de-obra for barata e o custo do capital elevado, as empresas tenderão a utilizar mais trabalho (L, de labor) e menos capital (K), isto é, o processo de produção será mais manual e menos mecanizado. Nesse caso, diz-se que as técnicas são de trabalho intensivo. Inversamente, nos países desenvolvidos, em que os salários são elevados e os direitos sociais dos trabalhadores mais amplos, as empresas tendem a mecanizar em massa o setor produtivo.

Outra tendência dessas empresas é produzir alguns tipos de bens nos países em desenvolvimento, com mão-de-obra barata. Elas continuam produzindo, em seus países, os produtos que exigem alta dose de capital; diz-se que elas empregam alta relação K/L (capital intensivo), implicando o emprego de máquinas sofisticadas e robôs. A robotização está sendo empregada em países em desenvolvimento, como o Brasil, principalmente na indústria automobilística. A explicação é a de que, com a globalização da produção em nível mundial, as empresas precisam reduzir custos, para poder competir. Entretanto, a robotização também é empregada em operações perigosas, como é o caso da Petrobrás, na prospecção de petróleo em águas profundas.

Em terceiro lugar, a decisão para quem produzir é tomada pelas empresas, em função da expectativa de realizar lucro. Com esse objetivo, elas escolhem os consumidores que desejam abastecer com bens e serviços, conforme as diferentes classes de renda a que pertencem. Por exemplo, uma empresa do ramo da construção civil pode escolher entre construir prédios de luxo para a classe A, ou prédios mais modernos para a classe média, ainda, uma combinação desses dois tipos de obra. Do ponto de vista privado, a escolha envolve sempre a expectativa de maximizar lucros e a disponibilidade de recursos e de tecnologia.

1.3 - A Economia fundamenta sua existência na escassez de bens e serviços para consumo e uso no sistema produtivo. Se todos os bens fossem livres, o problema econômico fundamental de quanto, como e para quem produzir deixaria de existir. Mas os bens são econômicos, isto é, relativamente raros. Os conceitos de escassez e de abundância diferenciam-se pela intensidade: terras agriculturáveis nos cerrados e minério de ferro em Minas Gerais são recursos abundantes, mas alimentos e produtos siderúrgicos são bens escassos, porque sua obtenção é relativamente dispendiosa.

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Os recursos escassos são os insumos, ou fatores de produção utilizados no processo produtivo para obter outros bens, destinados à satisfação das necessidades dos consumidores. Os fatores de produção são:

a) terra, ou recursos naturais, incluindo água, minerais, madeiras, peixes, solo para as fábricas e terra fértil para a agricultura;

b) trabalho, ou recursos humanos, englobando os trabalhadores qualificados e não qualificados, pessoal administrativo, técnicos, engenheiros, gerentes e administradores;

c) capital, compreendendo o conjunto de bens e serviços, como máquinas, equipamentos, prédios, ferramentas e dinheiro, necessários para produção de outros bens e serviços. O capital financeiro, necessário para a aquisição do capital fixo e o giro dos negócios (pagamentos de salários e serviços de compra de matérias-primas), pode ser obtido em parte pelo crédito bancário;

d) capacidade empresarial, envolvendo um segmento dos recursos humanos da economia, que assume riscos de perder seu capital, ou o capital tomado emprestado, ao empreender um negócio. O empresário é a pessoa que reúne capitais para adquirir recursos produtivos e produzir bens ou serviços destinados ao mercado, mediante determinada tecnologia, com o objetivo de realizar lucros.

Um bem econômico, assim, é o que possui uma raridade relativa e, portanto, um preço.

A escassez só existe porque há procura para o bem, que tem uma utilidade suscetível de atender a determinada necessidade dos consumidores.

O produto é um bem, porque satisfaz uma necessidade humana. O fumo, embora faça mal à saúde, é considerado um bem econômico, porque satisfaz a necessidade do fumante.

A Economia, como Ciência, não entra em considerações éticas ou de juízos de valor; ela não questiona o que é um bem ou um mal para o indivíduo e não determina quais as transações que devem ou não ser efetuadas.

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O consumidor é soberano e a ele cabe decidir qual será a composição de sua cesta de consumo, em função de suas preferências, necessidades e a renda de que dispõe.

Alguns indivíduos preferem levar uma vida mais simples e gastar com viagens; outros decidem trocar de carro todos os anos. A composição da cesta de consumo dos indivíduos depende também dos gostos e hábitos de consumo, que variam entre regiões e classes sociais.

O desenvolvimento dos meios de comunicação, a publicidade, as facilidades de pagamento com o uso do crédito tendem a homogeneizar os hábitos de consumo da população e a criar novas necessidades a serem satisfeitas.

Os bens econômicos são desejáveis porque são úteis e escassos (como a água e o diamante). Existem, porém, bens abundantes e úteis aos homens que se encontram fora da Economia.. Estes são os bens livres, ou seja, os que se encontram disponíveis a custo zero. O ar atmosférico constitui um exemplo típico de bem livre e, de certo modo, a água dos rios. No entanto, em determinados casos, a água utilizada para a irrigação, por exemplo, pode ser taxada, deixando de ser um bem livre típico.

Os bens econômicos classificam-se em:

- Bens de consumo final são aqueles adquiridos pelas famílias e dividem-se em bens de consumo durável e não durável.

- Bens de consumo durável são utilizados durante um tempo relativamente longo, como um refrigerador ou um automóvel.

- Bens de consumo não durável, como alimentos, são usados apenas uma vez, ou poucas vezes.

- Bens de consumo intermediário, ou insumos, são aqueles utilizados pelas empresas, direta e indiretamente, para a fabricação de outros bens, como matérias-primas, barras de ferro, peças de reposição, componentes e material de escritório. Esses bens têm ciclo curto no processo produtivo.

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- Bens de capital, também empregados direta e indiretamente na geração de outros bens, têm ciclo longo. Exemplos: máquinas, equipamentos, prédios e material de transporte.

- Bens de produção compreendem os bens de consumo intermediário e bens de

capital.

Como as necessidades são ilimitadas, as pessoas precisam estabelecer prioridades de gastos. Todos precisam de habitação, alimentação, vestuário, educação, saúde, lazer. Para ter acesso a esse conjunto de bens, segundo suas necessidades e preferências, elas precisam ter uma renda disponível em quantidades suficientes.

Além disso, o setor produtivo precisa produzir os bens e serviços desejados. Pode ocorrer que não seja possível ofertar algum tipo de produto por falta de matéria-prima no mercado nacional. É possível ofertar determinado produto, importando-se a matéria-prima necessária de outros países. Pode ocorrer, no entanto, que o país não tenha as divisas necessárias para pagar as importações. Quando o preço do petróleo quadruplicou nos anos de 1970, o racionamento de combustíveis no País foi evitado pelo financiamento de importações mediante endividamento externo.

Existem necessidades que não podem ser atendidas porque o setor produtivo ainda não sabe como produzir. Exemplo disso são os medicamentos para a cura definitiva do câncer e da Aids. Esse é outro exemplo de que apenas ter poder de compra não é suficiente para que as pessoas possam satisfazer determinadas necessidades. Após Fleming ter descoberto a penicilina, em 1929, o setor farmacêutico pode produzir um medicamento capaz de curar doenças contagiosas, como a tuberculose.

O acesso a novas tecnologias permite grande lucros para as empresas e isso as leva a gastar grandes somas de recursos financeiros na P&D de novos produtos e novos processos de produção. Novos produtos podem satisfazer necessidades ainda não satisfeitas, como novos medicamentos para combater o câncer, como atendem as necessidades novas ou de que os consumidores ainda não haviam se dado conta. Exemplos são o telefone celular, vídeo cassete, microcomputador, televisão a cabo, comunicação via Internet etc.

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Nas economias desenvolvidas e nas classes sociais ricas dos países em desenvolvimento, na maior parte dos casos, o consumo ultrapassa as necessidades fisiológicas dos indivíduos. Isso se deve à publicidade e aos ditames da moda. A exceção fica por conta da economia japonesa, em que os indivíduos possuem grande propensão a poupar, consumindo menos do que a média de países ricos. A solução encontrada pelas autoridades japonesas é promover campanhas de maior consumo interno e de incentivo às exportações, para absorver o excesso de bens produzidos e manter a economia em crescimento, ou, pelo menos, “aquecida”.

Em síntese, devido à escassez de recursos produtivos, utilizados na produção de bens e serviços para atendimento das necessidades dos consumidores, os agentes econômicos (produtores, consumidores, tomadores de decisão de órgãos do governo) precisam utilizá-los de forma mais racional e eficiente possível, de modo a obter os melhores resultados, em termos de quantidade e qualidade.

A teoria econômica supõe que as firmas e os consumidores sejam racionais em suas decisões, isto é, que os empresários procurem o máximo lucro e os consumidores a máxima satisfação no consumo de bens e serviços. O produtor quer minimizar custos e vender seus produtos aos preços mais altos possível. O consumidor, pelo contrário, age no sentido de obter o máximo de produtos, segundo seus gostos, com um mínimo de dispêndio. Seguindo a idéia de racionalidade, ele não age por caridade ou capricho, mas visando ao interesse próprio.

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2 - COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR,COMPORTAMENTO DA FIRMA E FUNCIONAMENTO DO MERCADO.

Uma empresa escolhe o que e quanto produzir em função dos preços e das preferências dos consumidores. O empresário não produz um bem para estocar, mas para vender no mercado. Exclui-se, portanto, aquele que produz por hobby, pois não está agindo como empresário. Por suposição, os empresários e consumidores têm objetivos bem definidos e agem racionalmente. Os primeiros procuram maximizar lucros, enquanto os segundos objetivam a maior satisfação possível no consumo de bens e serviços.

2.1 - Comportamento do consumidor

As suposições iniciais da análise são as de que o consumidor dispõe de determinada renda e conhece todas as informações sobre os bens e serviços disponíveis no mercado. Essas informações incluem os diferentes preços, a oferta de bens alternativos e o grau de satisfação que cada bem proporcionará ao consumidor, no atendimento de suas necessidades.

2.1.1 - Preferências

De posse de sua renda, o consumidor vai ao mercado a fim de comprar determinadas quantidades de um conjunto de bens, que formarão sua cesta de consumo. Ele faz uma lista de compras, que constitui sua escala de preferências, em função de seus gostos e dos preços. Ele age racionalmente no sentido de que irá procurar obter a máxima satisfação, com um mínimo de dispêndio. Os gastos estão limitados ao total de sua renda, incluindo-se o crédito recebido.

A lista de compras, ordenada segundo as preferências do consumidor, forma sua função preferência. As cestas de consumo serão, então, estabelecidas em função das preferências e do orçamento ou renda disponível do consumidor.

Diferentes cestas de consumo também podem ser ordenadas, como os bens individuais em função das preferências do consumidor. Por exemplo, o vegetariano rejeitará a cesta com carne e irá preferir, em princípio, a possuir mais legumes e saladas.

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2.2 - Demanda do consumidor e do mercado

A demanda por um bem X indica as quantidades desse bem que o consumidor está disposto a adquirir quando o preço de mercado. Ela pode ser derivada dos sucessivos pontos de equilíbrio, quando varia o preço do bem X, mantendo-se constantes os preços dos demais produtos.

2.2.1 - Lei da demanda

A figura 1 mostra que, quando o preço do bem X era igual a 60, o consumidor estava disposto a comprar apenas duas unidades do bem; o preço reduzindo-se para 40 e para 24, o consumidor aumenta as quantidades demandadas, respectivamente, para três e cinco unidades. O consumidor irá adquirir as quantidades determinadas pela curva de demanda e o preço de mercado.

Preço do bem X 60 -- ---------- -- 50 – -- 40 E1 linha de preços -- 30 – -------------------------------- Demanda do bem X 20 – -- 10 – -- 0 1 2 3 4 5 6 Quantidade do bem X Figura 1 - Curva de demanda e equilíbrio do consumidor.

Na figura 1, a linha de preços indica que o preço de mercado é igual a 40, o que corresponde ao consumo de três unidades do bem. A esse preço dado pelo mercado, o equilíbrio do consumidor ocorre no ponto E1. Tal comportamento do consumidor estabelece uma relação inversa entre preços e quantidades demandadas, indicando a lei da demanda: a quantidade demandada de um bem X varia inversamente com seu preço, permanecendo constantes a renda disponível do consumidor e o preço dos demais bens.

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A relação inversa entre preços e quantidades demandadas pode ser vista pela inclinação negativa da curva de demanda na Figura 1. Essa relação é válida para bens normais (ou superiores), ou seja, bens para os quais uma redução de seu preço implica aumento da renda real do consumidor e expansão de sua quantidade demandada. Inversamente, um aumento de seu preço traduz-se em redução da renda real e diminuição das quantidades demandadas.

No caso dos bens inferiores, as quantidades demandas variam inversamente com renda real. Por exemplo, considere um aumento da renda monetária do consumidor, mantendo-se constantes os preços. Nesse caso, aumentou tanto a renda monetária (como maior salário), como a renda real (renda monetária/preços), de sorte que o consumidor poderá mudar a composição de sua cesta, aumentando o consumo de bens de melhor qualidade e reduzindo os de pior qualidade, como carnes inferiores por carnes mais nobres.

Carnes de segunda qualidade e farinha de mandioca constituem de bens inferiores. O empobrecimento do consumidor leva a um maior consumo desses bens, cuja demanda varia inversamente com sua renda.

2.2.2 - Demanda do mercado

Considerando um consumidor típico, a demanda individual corresponderá à média dos n consumidores do mercado. Assim, a demanda agregada do conjunto dos n consumidores do mercado conservará a mesma inclinação da demanda individual: os mesmos preços determinarão as mesmas quantidades do consumidor típico multiplicadas pelo número de consumidores.

2.3 - A Oferta

A decisão do que produzir é tomada pelas empresas na expectativa de realizar lucros, isto é, em função dos preços do mercado e das quantidades que esperam vender. Preços altos sinalizam que as quantidades ofertadas pelas firmas estão em um nível inferior às quantidades que os consumidores estão dispostos a comprar. Isso leva as empresas a investir na produção, ou seja, a alocar recursos produtivos para produzir novos bens, ou para aumentar a produção existente.

2.3.1 - A oferta da firma

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Dada a tecnologia, as quantidades de um bem X que uma firma individual irá produzir e ofertar no mercado dependerá do preço desse bem, do preço dos demais produtos e do preço dos n insumos necessários para sua produção.

Por exemplo, a oferta de soja aumentará à medida que seus preços subirem e se reduzirem os preços dos insumos e dos produtos concorrentes, como o milho: os agricultores plantarão menos milho e mais soja. Inversamente, se o preço de todos os produtos concorrentes subir mais do que o da soja, sua oferta irá reduzir-se.

Do mesmo modo, o barateamento de insumos, como terra, fertilizantes e mão-de-obra provocará aumento das quantidades ofertadas no mercado, porque eleva a margem de lucro do agricultor.

Do que foi dito, deriva-se a lei da oferta: dados constantes os preços dos insumos e dos demais produtos, as quantidades ofertadas de um bem X variam diretamente com seu preço no mercado. Quanto maiores esses preços, tanto mais os produtores desejam produzir e vender, de sorte que a curva de oferta é positivamente inclinada.

A inclinação positiva da curva indica que, a preços mais altos, a firma estará disposta a vender maiores quantidades. Isso se explica não apenas para realizar maiores lucros, mas também porque maiores preços compensam custos que se elevam com o aumento da produção.

Devido à lei dos rendimentos decrescentes, um maior volume de produção, com alguns fatores fixos, acarreta expansão dos custos médios. Assim, o produtor somente elevará a produção de soja se o mercado concordar em pagar preços maiores.

Inversamente, se o preço cair, a firma ofertará quantidades menores. O comportamento da firma é similar ao comportamento do consumidor; porém, as quantidades ofertadas pela firma variam diretamente com o preço, enquanto as quantidades demandadas pelo consumidor mudam inversamente. A relação direta entre preços e quantidades ofertadas está indicada pela inclinação positiva da curva de oferta, enquanto a relação inversa entre preços e quantidades está representada pela inclinação negativa da curva de demanda do consumidor.

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2.3.2 - A oferta do mercado

A oferta do mercado obtém-se de modo similar à derivação da demanda do mercado. O comportamento da firma individual típica corresponde, em média, ao comportamento do conjunto das n firmas existentes no mercado.

Desse modo, a inclinação da curva de oferta do mercado terá a mesma inclinação da curva de oferta da firma individual: os mesmos preços determinarão as mesmas quantidades ofertadas pela firma típica multiplicadas pelo número de firmas existentes no mercado.

2.3.3 - Mudanças da oferta

Os preços dos diferentes insumos determinam uma estrutura de custo para a firma típica, como para o mercado. Como no caso da demanda, mudanças das quantidades ofertadas não constituem sinônimo de mudanças da curva de oferta.

O primeiro tipo de mudança ocorre ao longo de uma mesma curva, enquanto no segundo tipo de mudança, a curva de oferta desloca-se, mudando de posição. Isso se explica porque variações substanciais de custos induzem a firma a ofertar quantidades diferentes do produto, ao mesmo preço. A curva desloca-se para a direita, quando os custos caem e, para esquerda, quando eles aumentam.

Por exemplo, sementes mais produtivas, ou trabalhadores mais bem treinados, aumentam a produção por unidade de área, assim como por unidade de tempo. Sementes e trabalhadores com a mesma produtividade reduzem os custos médios se seus preços diminuírem.

Da mesma forma, uma mudança tecnológica importante na produção de soja, como um novo método de plantio, que reduza a quantidade utilizada de insumo por unidade de produto, corresponde a um deslocamento da curva de oferta para a direita. Outros aperfeiçoamentos no cultivo ou reduções do custo da terra, da mão-de-obra e fertilizantes deslocarão a curva de oferta, implicando aumento da quantidade ofertada, mesmo que o preço de mercado permaneça igual.

A curva de oferta também se desloca para a direita pela redução de impostos (como a diminuição dos encargos trabalhistas sobre a mão-de-obra empregada) e por subsídios

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(como o pagamento de juros de financiamentos abaixo dos valores de mercado). Aumentos da carga tributária e das taxas de juros deslocam a oferta para a esquerda e reduzem as quantidades ofertadas no mercado aos mesmos preços.

A curva da oferta também se desloca para a direita quando aumenta o número de firmas na indústria ( n’ n): cada firma, ofertando a mesma quantidade q1, gera uma oferta Q1’ Q1. Finalmente, com o mesmo número de firmas na indústria e mesma estrutura de custos, a oferta poderá aumentar se houver, por parte dos empresários, a expectativa de que os preços irão crescer. Obviamente, a oferta irá deslocar-se para a esquerda com a redução do número de firmas na indústria e com expectativas desfavoráveis acerca do nível futuro do preço de equilíbrio do mercado.

2.4 - O equilíbrio do mercado

As quantidades demandadas no mercado variam inversamente com os preços (curva de demanda negativamente inclinada) e que as quantidades ofertadas variam diretamente com os preços (curva de oferta positivamente inclinada)

2.4.1 - Teoria do equilíbrio parcial

A Tabela 1 e a Figura 2 mostram as quantidades ofertadas e demandadas de um bem agrícola, com os preços variando de R$ 10 / t a R$ 50 / t. Observa-se que, ao preço de R$ 10 / t, os consumidores estão dispostos a comprar 30t, mas vendedores somente oferecem 6t. Há um excesso de demanda ou ( escassez do produto) de 24t.

Tabela 1 - Quantidades ofertadas e demandas de um produto agrícola (t anuais).

Preço Quantidades Quantidades Diferença(R$/t) ofertadas demandadas

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50 30 6 24

40 24 12 12

30 18 18 0

20 12 24 -12

10 6 30 -24

Preço D Excesso de Oferta S´ 50 - -- - - - - | - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - | | | 40 - | | | E | 30 - - - - - - |- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - | | | | | 20 - | | | | | | 10 - - - - - - |- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - |- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - | S | Excesso de Demanda | D´ 0 | | | | | 6 12 18 24 30 Qtde.

Figura 2 - Equilíbrio entre oferta e demanda

Quando o preço sobe para R$ 20 / t, os consumidores demandam 24 t e as quantidades ofertadas sobem para 12 t e o excesso de demanda se reduz para 12 t. Ao preço de 40 / t, os vendedores desejam ofertar 24 t e os compradores só demandam 12 t: há um excesso de oferta de 12 t, que sobe para 24 t, quando o preço eleva-se para R$ 50 / t.

Constata-se, finalmente, que o preço de R$ 30/t quantidades ofertadas e demandadas igualam-se no nível de 18 t, sem excesso de demanda ou de oferta. Esse é o equilíbrio de mercado entre oferta e demanda, denominado, equilíbrio parcial marshalliano, por tratar-se de apenas um produto (em oposição ao chamado equilíbrio geral walrasiano, quando a análise envolve todos os produtos da economia).

Quando o preço está acima do ponto de equilíbrio (E), o aumento das quantidades ofertadas, gerando abundância do produto, faz os preços caírem até o nível de equilíbrio. Inversamente, se o preço estiver abaixo de E, por um motivo qualquer, o excesso de demanda faz o preço subir ao ponto de equilíbrio. O preço permanecerá

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nesse nível se nenhuma variável nova for introduzida, como um imposto, por exemplo.

2.4.2 - Introdução de um imposto

A introdução de um imposto modifica o equilíbrio do mercado. O imposto pode ser uma quota fixa, ou um percentual sobre as vendas (ad valorem). No primeiro caso, a curva de oferta S desloca-se paralelamente para a esquerda, para S’ (parte A da Figura 3); no imposto ad valorem (como é o caso do ICMS), a curva de oferta desloca-se da mesma forma para a esquerda, de S para S’, mas não paralelamente (parte B da Figura 3).

P P S´ S´ E´ E´ P2 - - - - - - - - - -|P2 = P1 + i - - - - - - - - | E S | E S

P1 - - - - - - - - | - - - -| P1 - - - - - - - - - - - - - - - | | | D | | D | | | | 0 Q2 Q1 Q 0 Q2 Q1 Q

(A) Imposto por quota fixa (B) Imposto “ad valorem”

Figura 3 - Modificação do equilíbrio pela introdução de um imposto.

O imposto mediante quota fixa independe do preço da mercadoria. No caso da soja, por exemplo, a quota poderia ser igual a R$ 1,00 / t, não importando se o preço fosse R$ 80 / t ou R$ 150/t. O novo ponto de equilíbrio P2 será igual ao preço original (P1), mais o imposto (i), ou seja: P2 = P1 + i. Na parte A da figura 3 o novo ponto de equilíbrio do mercado passa do ponto E para o ponto E’, com as quantidades de equilíbrio reduzindo-se de Q1 para Q2.

Já na parte B, observa-se que o valor do imposto varia com o preço do produto, pois ele incide sobre o valor da vendas. O percentual do imposto também aumenta o preço de mercado e reduz as quantidades de equilíbrio. O produtor receberá i % menos, não importando o preço das vendas. Tanto no sistema de quota fixa, como no ad valorem, o consumidor paga mais e recebe menores quantidades do produto.

2.4.3 - Mudanças da oferta e demanda

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Na Figura 4, o preço P1 é o que “limpa” o mercado, na situação inicial, produzindo o equilíbrio entre oferta demanda. No entanto, as condições do mercado podem mudar, gerando novos pontos de equilíbrio como E’. Na parte A da figura, a oferta S permanece estável, deslocando-se a demanda para D’: ao mesmo preço P1, os consumidores estão dispostos a adquirir maiores quantidades do bem. S P P P S´ E´ S S E´´ P2 - - - - - - - - - -| E P 3- - - - - E- - - - - - - - | P1 - - - - -

E | D´ P1- - - - - - | E´ S´ P1- - - - - | | | | D P2- - - - - - | - - - | | E´ | | | | | D P2- - - - -| - - - - -| | 0 | | 0 | | | | | D Q1 Q2 Q Q1 Q2 Q | | | 0 Q 1 Q2 Q3 Q

(A) Mudança da demanda (B) Mudança da oferta (C ) Mudança conjunta da e do equilíbrio. e do equilíbrio. oferta, da demanda e do equilíbrio.

Figura 4 - Mudanças da demanda, da oferta e do ponto de equilíbrio.

O deslocamento da demanda para D’ pode ser o resultado da mudança das preferências e gostos dos consumidores, do crescimento demográfico e do aumento do nível de renda, como já foi mencionado. O novo ponto de equilíbrio passa a ser E’ a um nível mais alto de preços (P2).

Na parte B da Figura 4 , a demanda permanece invariável, mudando a oferta para a direita, de S para S’. Isso pode ser o resultado de melhorias tecnológicas e por reduções gerais de custos, como o fim de algum imposto por quota fixa. Note que, ao mesmo P1, os produtores estão dispostos a oferecer maiores quantidades do produto, o que pode ser constatado pelo prolongamento da linha de preços P1 até alcançar a oferta S’.

Na parte C da Figura 4, pode-se observar que uma variação conjunta da oferta e da demanda muda o equilíbrio para o ponto E’, com um nível de preço P3 um pouco acima de P1 e com quantidades de equilíbrio bastante maiores. Se essas variações da oferta e da demanda forem estritamente proporcionais, o preço de equilíbrio pode permanecer inalterado em P1, variando tão-somente as quantidades de equilíbrio.

Um exemplo de mudança da oferta e da demanda, no Brasil, é o de carne de frango. A oferta tem aumentado devido aos avanços da genética e aos novos investimentos,

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que reduziram substancialmente o preço da carne de frango. Por outro lado, o crescimento demográfico, a elevação do nível de renda e a redução do preço do frango em relação às outras carnes têm provocado o deslocamento da demanda em favor da carne de frango. Como resultado, os preços de equilíbrio reduziram-se substancialmente, com grandes aumentos das quantidades comercializadas de frango.

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3- RETROSPECTO DE DEMANDA, OFERTA E ELASTICIDADE.

1) Preço e comportamento

Através dos preços, os indivíduos gananciosos verificam que o curso de ação vai maximizar suas rendas ou minimizar suas despesas.

Na palavra “preço”, incluímos os preços do trabalho, do capital ou dos recursos, que chamamos de salários, lucros, juros ou aluguéis, incluindo também, os preços ordinários que pagamos pelos bens e serviços que consumimos e pelos materiais que adquirimos a fim de construir uma casa ou acionar uma loja ou fábrica.

Portanto, se quisermos entender de que forma o mercado funciona como um mecanismo, isto é, de que maneira atua, como um guia para a solução do problema econômico, devemos primeiro compreender como o mercado fixa os preços. Quando falamos em “o mercado” estamos nos referindo à atividade de demanda e oferta.

2) Demanda

Quando entramos no mercado de bens e serviços, dois fatores determinarão se nos tornaremos compradores efetivos e não simplesmente observadores de vitrinas.

O primeiro fator é nosso gosto em relação ao bem. É nosso gosto que determina, em grande parte, se um bem nos oferece prazer ou utilidade e, caso ofereça, em que medida. As vitrinas das lojas estão repletas de coisas que estariam ao nosso alcance, mas que simplesmente não desejamos possuir, pois não oferecem suficiente utilidade. Talvez, se alguns desses artigos fossem mais baratos, desejaríamos possuí-los; mas alguns bens não iríamos querer nem de graça. Para tais bens, em relação aos quais nosso gosto é muito fraco para nos motivar, nossa demanda é zero. Assim, o gosto determina nossa disposição de comprar.

Por outro lado, o gosto não é de forma alguma o único componente da demanda. As vitrinas das lojas também estão repletas de artigos que muito desejaríamos possuir, mas que não dispomos de recursos para comprar. Em outras palavras, a demanda depende também de nossa capacidade de comprar - de nossa posse de riqueza ou renda suficientes, assim como de nosso gosto.

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Se a demanda não dependesse tanto da disposição quanto da capacidade de comprar, os pobres, cujas necessidades são sempre muito grandes, constituiriam uma grande fonte de demanda.

2.1) Orçamentos

Nossa restrição orçamentária se afrouxa quando os preços caem e se aperta quando eles se elevam.

2.2) Utilidade Marginal Decrescente

Por que nossa disposição de comprar haveria de estar relacionada com o preço ? A resposta encontra-se na natureza da utilidade. As pessoas são criaturas maximizadoras, mas elas não desejam sempre mais da mesma mercadoria.

Os Economistas consideram uma generalização plausível a afirmação de que incrementos adicionais do mesmo bem ou serviço, dentro de um período de tempo estabelecido, proporcionarão incrementos de prazer cada vez menores.

Esses incrementos de prazer são chamados de utilidade marginal, e a tendência geral da utilidade marginal no sentido de diminuir, é chamada de lei da utilidade marginal decrescente.

A utilidade marginal decrescente refere-se estritamente ao comportamento, e não à natureza. As unidades de bens que continuamos a comprar não são menores - é o prazer associado a cada unidade adicional que é menor.

2.3) Cursos de Demanda

No gráfico de barras abaixo, mostramos as quantias de dinheiro cada vez menores que estamos dispostos a pagar por unidades adicionais de algum bem ou serviço, simplesmente, porque cada unidade adicional nos proporciona menos utilidade do que a antecessora.

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Utilidade marginal decrescente

Preço que

pagaremos

unidades (gráfico 1)

No gráfico abaixo, traçamos uma curva de demanda para generalizar essa relação básica entre a quantidade de um bem que estamos interessados em adquirir e o preço que estamos dispostos a pagar por ele.

Curva de demanda Preço

Quantidade (por período de tempo)(gráfico 2)

Os dois gráficos merecem um exame cuidadoso. Note-se que cada unidade adicional, nos proporciona menos utilidade, de tal forma que não estamos dispostos a pagar pela unidade seguinte, a mesma quantia que pagamos pela unidade que acabamos de comprar. Isso não significa que a utilidade total que obtemos de todas as três ou quatro unidades, seja menor do que a obtida da primeira. Longe disso, é o acréscimo da última unidade à nossa utilidade que é muito inferior ao acréscimo da primeira ou segunda.

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2.4) Utilidade e Demanda

Será que a utilidade marginal decrescente realmente determina o quanto compramos?

Suponha-se que decidamos comprar uma caixa de sabonetes de luxo. Na linguagem comum, só o falaremos “se não for caro demais”. Na linguagem do economista, isso significa que só o faremos se as utilidades que esperamos do sabonete forem maiores do que esperamos do que as utilidades que extraímos do dinheiro que temos de gastar para comprar o sabonete.

Se comprarmos uma ou duas caixas, isso não estará demonstrando que o prazer do sabonete é maior do que o prazer de reter o dinheiro ou de gastá-lo em alguma outra coisa ? Nesse caso, por que não compramos um estoque de sabonetes para um ano todo ?

O bom senso nos diz que não precisamos de tanto sabonete. Não o usaríamos todo por meses e meses, entre outras coisas. Na linguagem do economista, as utilidades das caixas de sabonetes, após as primeiras, seriam inferiores às utilidades do dinheiro que custariam.

Através do diagrama abaixo, podemos mostrar essas utilidades marginais decrescentes de caixas sucessivas. O preço do sabonete representa a utilidade do dinheiro que temos de pagar.

Preço do sabonete = utilidade marginal do dinheiro que ele custa.

Utilidade

A

0 Caixas de sabonetes

(gráfico 3)

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Podemos verificar, através do diagrama, se o sabonete custar 0A, compraremos três caixas e não mais.

O Enigma do Pão e dos Diamantes

A noção de utilidade marginal decrescente também elucida um velho enigma da vida econômica. Por que estamos dispostos a pagar tão pouco pelo pão, que é um gênero de primeira necessidade e tão alto pelos diamantes, que não o são ?

A resposta é que temos tanto pão que a utilidade marginal de qualquer unidade que estivermos pensando em comprar é muito pequena, ao passo que temos tão poucos diamantes que cada quilate tem uma utilidade marginal muito elevada. Se ficássemos trancados dentro de uma joalheria durante um longo feriado, os preços que pagaríamos pelo pão e pelos diamantes, após alguns dias, seriam bens diferentes daqueles que teríamos pago ao entrar.

3) Oferta

A disposição e capacidade estão presentes nas ações do vendedor. Como seria de se esperar, acarretam reações diferentes daquelas resultantes no caso da demanda.

A preços altos, os vendedores estão muito mais dispostos a oferecer bens e serviços, pois receberão mais facilmente capazes de oferecer mais bens porque preços mais elevados possibilitarão a fornecedores menos eficientes entrar no mercado, ou cobrirão os custos de produção mais altos que podem resultar do aumento de suas produções.

Portanto, retratamos as curvas de ofertas normais como curvas ascendentes. Essas curvas ascendentes contrastam com as curvas descendentes dos demandantes: os vendedores respondem avidamente aos preços altos; os compradores respondem negativamente.

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O gráfico abaixo mostra tal curva de oferta típica.

Curva de Oferta a Curto Prazo

Preço curva de oferta

Quantidade (por unidade de tempo)

(gráfico 4)

Obs. Uma curva de oferta típica inclina-se para cima, porque a confecção de cada unidade adicional tende a ser mais difícil ou cara, pelo menos a curto prazo.

3.1) Oferta e Demanda

A idéia de que os compradores saúdam os preços baixos e os vendedores saúdam os preços altos, dificilmente poderá constituir surpresa. O surpreendente é que o significado das palavras oferta e demanda difira daquele que ordinariamente temos em mente. É muito importante compreender que, quando falamos de demanda, não nos referimos a uma compra única a um dado preço.

Demanda, no sentido econômico peculiar, refere-se às várias quantidades de bens ou serviços que estamos dispostos e capacitados a compra, a diferentes preços, num dado momento do tempo. Essa relação é mostrada por nossa curva de demanda.

A mesma relação entre preço e quantidade faz parte da palavra oferta . Quando dizemos oferta, não nos referimos ao montante que um vendedor coloca no mercado, a um dado preço. Referimo-nos aos vários montantes oferecidos a diferentes preços. Assim, como nossas curvas de demanda, nossas curvas de oferta retratam a relação entre disposição e capacidade de se desenvolver em transações a diferentes preços.

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3.2) Oferta e Demanda Individuais e Coletivas

Até o momento, consideramos apenas os fatores que tornam um indivíduo mais disposto e capaz de comprar ou menos disposto e capaz de vender quando os preços caem. Geralmente, quando falamos de oferta e demanda, referimo-nos a mercados compostos de muitos ofertantes e demandantes. Isso nos dá uma razão adicional para relacionarmos preço e comportamento. Se supusermos que a maioria dos indivíduos têm disposições e capacidades de comprar um pouco diferentes, pois suas rendas e seus gostos são diferentes, ou têm disposições e capacidades de vender desiguais, então poderemos ver que uma variação no preço colocará no mercado novos compradores e vendedores.

Quando o preço baixar, isso tentará ou permitirá a uma pessoa após outra comprar, aumentando assim a quantidade do bem que será adquirido àquele preço. Inversamente, quando o preço se elevar, o número de vendedores atraídos ao mercado vai aumentar, e a quantidade de bens que oferecem vai elevar-se correspondentemente.

R$ 200 1 1 2 3 1 2 3 4

demanda “B” demanda

“C”

Preço demanda “A” demanda coletiva ou

de mercado

R$ 100

1 2 3 4 5 6 7 8 9 unidades (gráfico 5)

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Podemos observar no gráfico acima. Mostramos as curvas de demanda de três indivíduos. Ao preço corrente de mercado de R$ 200, “A” não está disposto ou capacitado a comprar quantidade alguma da mercadoria. “B” está tanto disposto quanto capacitado a comprar uma unidade. “C” compra três unidades. Se somarmos suas demandas, obteremos uma curva de demanda coletiva ou de mercado. Ao preço de mercado indicado de R$ 200, a quantidade demandada são quatro unidades.

Obs. As curvas de demanda para um produto num mercado nada mais são que a soma das curvas de demandas individuais para esse mesmo produto.

Oferta oferta oferta oferta de “A” “B” “C” mercado

R$ 200 4 6

3Preço 5

2

4

2

R$ 100 1

3

1 2 1

1 2 3 4 5 6 7 unidades

“Curvas Individuais e de Mercado”(gráfico 6 )

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O mesmo se aplica a oferta. No gráfico acima mostramos curvas de oferta individuais e uma curva de oferta coletiva ou de mercado que é igual a 6 unidades ao preço de R$ 200.

3.3) A Equiparação entre Oferta e Demanda

É o comportamento oposto que uma variação nos preços provoca nos compradores e vendedores. A elevação dos preços, corresponderá a um aumento na disposição e capacidade dos vendedores de oferecerem bens, mas também uma diminuição na disposição e capacidade dos compradores de se apossarem de bens.

É através dessas relações opostas que o mecanismo de mercado funciona.

Vamos examinar um processo num mercado de sapatos imaginário numa pequena cidade. Nas figuras 1 e 2, mostramos as relações preço-quantidade dos compradores e vendedores: quanto milhares de pares serão oferecidos à venda ou procurados para compra numa faixa de preços variando de R$ 500 a R$ 50. A essa lista de relações preço-quantidade damos o nome de quadro (no original, “schedule”, também conhecido como escala) de oferta e demanda.

Como antes, os quadros nos dizem que compradores e vendedores reagem diferentemente aos preços. A preços elevados, os compradores não estão disposto ou capacitados a comprar senão pequenas quantidades de sapatos, ao passo que os vendedores estariam extremamente dispostos e capacitados a inundar a cidade com tais artigos. A preços muito baixos, a quantidade de sapatos demandada seria muito grande, mas poucos fabricantes estariam dispostos e capacitados a satisfazer os compradores e preços tão baixos.

Se examinarmos agora, ambos os quadros a cada nível de preço, descobriremos algo bem interessante. Existe um preço - R$ 250 em nosso exemplo - ao qual a quantidade demandada é exatamente igual à quantidade ofertada. A qualquer outro preço, um ou outro quadro é maior, mas a R$ 250 os montantes em ambas as colunas são iguais: 30 mil pares de sapatos. Chamamos esse preço de equiparação de preço de equilíbrio.

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Preço R$ Quantidade demandada Quantidade ofertada (1000 pares) (1000 pares)

500 1 125450 5 90400 10 70350 20 50300 25 35250 30 30200 40 20150 50 10100 75 5 50 100 0

(quadro 1) - Quadro de Demanda e Oferta

Obs. Descendo no quadro de preço, observamos que as quantidades demandadas não se igualam às quantidades ofertadas até chegarmos a R$ 250. Abaixo de R$ 250, essas quantidades são também desiguais. R$ 250 é o preço de equilíbrio.

4) A Emergência do Preço de Equilíbrio

4.1) A Interação da Oferta e da Demanda

Supondo que, por uma ou outra razão, os donos das lojas de calçados marcassem seus sapatos com um preço de R$ 451, e não de R$ 250. Que aconteceria ? Conforme o quadro 1, a esse preço os fabricantes de calçados estarão produzindo sapatos torrencialmente, à razão de 90 mil pares por ano, ao passo que os clientes os estariam comprando à razão de 5 mil pares por ano, somente.

Em breve, as fábricas de sapatos estariam repletas de mercadorias encalhadas. Fica evidente qual será, necessariamente, o resultado dessa situação. A fim de realizarem algumas receitas, os fabricantes de sapatos começarão a desfazer-se de seus estoques a preços mais baixos. Eles o fazem porque esse é o caminho racional como maximizadores competitivos.

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À medida que os fabricantes reduzem o preço, a situação começara a melhorar. A R$ 400, a demanda se revigora de 5 mil para 10 mil pares, enquanto que, ao mesmo tempo, o preço ligeiramente inferior desestimula alguns produtores, fazendo com que a produção caia de 90 mil para 70 mil pares. Os fabricantes de calçados ainda estão produzindo mais sapatos do que o mercado pode absorver aos preços correntes, embora a diferença entre as quantidades ofertadas e as quantidades demandadas seja menor do que era antes.

Imaginando que os preços continuassem a cair, até R$ 250, finalmente. Nesse ponto, a quantidade de sapatos ofertada pelos fabricantes - 30 mil pares - é exatamente igual à demandada pelos clientes. Já não há mais um excedente de sapatos não-vendidos pairando sobre o mercado e atuando no sentido de forçar a baixa dos preços.

Dessa forma, num preço de equilíbrio, as quantidades demandas igualam-se as quantidades ofertadas, e o mercado “se ajusta”.

Os preços de equilíbrio estabelecem-se espontaneamente através de interação da oferta e demanda, e persistirão, a menos que as disposições ou capacidades de compradores e vendedores se modifiquem.

Há um duplo aspecto na concorrência. Esta significa não só que os compradores se opõem aos vendedores, cada um tentando obter o máximo do outro, mas também que os compradores têm de sobrepujar outros compradores e que os vendedores têm de superar - ou equiparar-se a outros vendedores.

O “sistema de preço” é um mecanismo econômico que coordena os adjetivos e atividades muito diferentes de compradores e vendedores através de um único meio - o sinal do preço. Os preços informam as pessoas como maximizar racionalmente. A “mão invisível” faz o restante !

O “mercado” é o conjunto de atividades de compra e venda - um sistema, isto é, uma instituição social que exibe padrões ordenados e regulares de operação. Podemos seguir as operações desse mecanismo observando que ele pode conter dois circuitos, sendo um relacionado com a produção e outro com a distribuição.

Produção - a rede de mercado é o meio pelo qual uma sociedade de mercado organiza seus fatores de produção de modo a efetivar a produção. Isso se revela como um fluxo de serviços (força de trabalho, ou serviços de capital ou da terra) saindo das unidades familiares, que são seus proprietários, para as empresas, que lhes dão uma utilização produtiva. O circuito completa-se quando os bens produzidos pelas

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empresas retornam à unidades familiares para serem consumidos ou receberem novo uso.

Distribuição - é constituído de pagamentos monetários, e não de bens e serviços reais. Evolui na direção oposta ao circuito da produção, na medida em que as empresas pagam as unidades familiares por seus serviços como fatores de produção, e as unidades familiares pagam as empresas pelos produtos que compram.

Outra forma de revelar o caráter interligado do mecanismo de mercado é dividir a complexa totalidade da atividade de mercado em dois tipos de mercado:

1) Mercado de fatores: regula a produção. Nesse mercado as unidades familiares oferecem seus serviços às empresas como trabalhadores ou como proprietários de terra e capital. Suas atividades, portanto, configuram as curvas de oferta naquele mercado.

2) Mercado de bens e serviços: organiza a colocação. Nesse mercado ocorre juntamente o inverso, pois são as empresas que configuram a curva de oferta, pois elas são, então, os vendedores, ao passo que a demanda é formada pelos fatores de produção (comportando-se como unidades familiares).

Então, podemos verificar que os dois mercados - de fatores e de bens - são interligados. Isso é o mesmo que dizer que as atividades de produção e distribuição são interligadas. As rendas ganhas na produção determinam o porte das parcelas ou participações de cada fator; e o montante de receita obtido no mercado de bens, onde se efetua a distribuição, ajudará a determinar a capacidade das firmas de competirem pelos serviços de fatores.

5) Preços e Alocação

O dispositivo de racionamento usado pelo mercado não poderia ser mais simples. O preço, como racionador, determina quem entrará ou não no mercado, como comprador ou vendedor. Aqueles que não podem ou não querem vender ou comprar aos preços existentes são excluídos do mercado por esse racionamento.

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O sistema de alocação pelo preço tem duas grandes vantagens. Evita o tédio e a indiferença dos sistemas presos à tradição e torna desnecessária a burocracia ou intervenção política dos sistemas conduzidos pelo mando. O mercado governa a si mesmo. Os que são excluídos e os que são incluídos no mercado pelo racionamento de preço, habitualmente - embora nem sempre -, conformam-se às determinações do mercado.

O racionamento pelo preço apresenta uma grande desvantagem: não reconhece outro direito à produção senão a capacidade de entrar no mercado. Não tem, portanto, sentimento algum, nenhuma consciência social. Em decorrência disso, todos os sistemas de mercado fazem concessões especiais para aqueles que consideram terem sido mantidos fora do mercado injustamente.

A função do preço como alocador lança luz sobre a escassez e os excedentes.

Escassez é quando os preços estão abaixo do equilíbrio, as quantidades demandadas excedem as quantidades ofertadas. O resultado disso serão filas, mercados negros ou luta renhida para ficar entre os primeiros a serem atendidos.

Excedente se dá justamente de maneira oposta. Quando os preços são mantidos elevados acima dos níveis de ajustamento por políticas de preços mínimos ou algum outro meio, oferta-se ao mercado mais do que é demandado. A oferta para a qual não há compradores ao preço mínimo ou de sustentação é chamada de excedente.

6) Elasticidade

Os efeitos de mudanças dos preços sobre as quantidades de equilíbrio podem ser avaliados pela elasticidade-preço. O conceito de elasticidade é muito importante em economia, porque ele refere-se a sensibilidade de uma variável econômica em relação a outra. Essa sensibilidade indica que a mudança de uma variável, como preço ou renda, afeta a magnitude de outra variável, como quantidades demandadas ou ofertadas.

A elasticidade-preço da demanda de um bem X indica quanto irá variar a quantidade demandada desse bem em função de uma variação em seu preço. Em outras palavras,

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a elasticidade-preço da demanda (Epd) corresponde à variação proporcional das quantidades demandas (q/q) em relação à variação proporcional dos preços (P/P), ou seja:

Epd = (q/q) / (P/P)

No exemplo da demanda de um produto agrícola, quando o preço se reduz de R$ 40 para R$ 30, a elasticidade-preço da demanda é: [(12 - 18) / 12] / [(40 - 30) / 40] = -2; porém, quando o preço passa de R$ 30 para R$ 20, a elasticidade cai para -1. Assim, o valor da elasticidade varia ao longo da curva de demanda e o conceito refere-se, portanto, à elasticidade em determinado ponto da curva.

P - Epd 1 Epd 1

| | 50 - ---------- | |

40 - --------------------- 5 | |

30 - -------------------------------- 2 | |

20 - ------------------------------------------| 1 |

10 - ------------------------------------------|---------- 0,5 |

D

0 6 12 18 24 30 Q

(gráfico 7) Diferentes elasticidades sobre uma mesma curva de demanda.

O gráfico 7 mostra os diferentes valores que a elasticidade-preço da demanda assume ao longo de uma mesma curva de demanda. A Elasticidade é unitária no ponto em que o preço é 20 (os valores são considerados em módulo, isto é, sem o sinal), ou seja: [(18 - 24) / 18 ] / [ (30 - 20) / 30] = | 1 |. Pontos da curva referentes a preços maiores do que 20 fornecem Epd 1, enquanto as elasticidades para preços menores do que 20 geram Epd 1 .

Pode-se concluir que, quando a demanda é elástica, a firma pode aumentar sua receita total, diminuindo os preços. Isso se explica porque as quantidades vendidas

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aumentam mais do que proporcionalmente à redução original dos preços. Sendo a demanda inelástica, o aumento das receitas ocorre com aumento dos preços, pois as quantidades demandadas reduzem-se menos do que proporcionalmente ao aumento dos preços.

7) Estruturas de Mercado

7.1) Concorrência perfeita: Características principais:

a) elevado número de empresas produtoras e de compradores agindo independentemente .

- pequenas importância de cada um. - nenhum reúne condições ou poder suficiente para modificar os padrões e

os níveis de oferta e da procura.

b) inexistência de diferenças entre os produtos ofertados.- Perfeitamente substituíveis.

c) permeabilidade para ingresso de novas empresas - sem barreiras - sem conseqüências ao abandono das empresas no mercado.

d) padronização dos produtos, não alterem as condições vigentes (diferenciação de preço, praticamente, não existem).

7.2) Monopólio

É o oposto da concorrência perfeita. Há poder mas não é infinito, pois aquele que compra tem um limite de renda própria.

a) apenas uma empresa - domínio da oferta e do mercadob) inexistência de substitutos - sem alternativas para os compradores.c) inexistência de competidores imediatos.

A manutenção de barreiras (econômicas, técnicas ou legais) e das dificuldades de ingresso de novas empresas, constitui condição “sine qua non” para a permanência da dominação vigente.

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d) considerável poder de influência sobre os preços e sobre o abastecimento do mercado - controla os níveis de produção e da oferta. É tanto maior, quanto menor, as intervenções restritivas do governo.

e) devido a plena denominação do mercado, dificilmente recorrem a publicidade como incentivadora da procura. Quando recorrem é mais com finalidades institucionais.

7.3) Oligopólio

Principais características (não são precisamente definidas):

a) pequeno número de empresas dominando o mercado.

b) podem produzir bens padronizados ou diferenciados.Tanto pode ser mineração (padronizados) como automobilísticos, eletrodomésticos, cosméticos, onde os produtos são promovidos no mercado através de diferenciação.

c) poder sobre os preços é amplo, dando inclusive lugar a acordos. Manobras são dificultadas pelo temor entre si das rivais.

d) concorrência extra-preço é vital.Guerra de preços pode prejudicar a todos, recorrem então: a qualidade do produto; a extensão do mercado; e a tecnologia.

e) ingresso de novas empresas é dificultado, dada a dominação das grandes empresas que detém parcelas consideráveis do mercado. A margem do lucro e preço seriam função da extensão absoluta do mercado.

Tipos de Preços:

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de eliminação = preço inferior ao custo variável do concorrente.

de exclusão = preço que impede a entrada de novas empresas, pois assegura a estas empresas, taxa de lucro mínimo.

7.4) Concorrência Monopolística

a) grande número de empresas.

b) diferenciação dos produtos criando mercado próprio .

c) apreciável (não ampla) capacidade de controle dos preços (depende do grau de

diferenciação do produto).

d) esforço mercadológico.

e) facilidade de ingresso de novas empresas.

f) dificuldades existentes para conquistar fatias do mercado e para diferenciar o

produto.

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PRINCIPAIS ESTRUTURAS DE MERCADO:Síntese da Classificação de Stackelberg

oferta um só pequeno número grande número demanda vendedor de vendedores de vendedores

um só monopólio quase monopsônio comprador bilateral monopsônio

pequeno número quase oligopólio oligopsônio de compradores monopólio bilateral

grande número monopólio oligopólio concorrência de compradores perfeita

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