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SEXTA-FEIRA, 17 AGOSTO 2012 | Diretor: Paulo Barriga Ano LXXXI, N. o 1582 (II Série) | Preço: 0,90 IPBeja mantém valor das propinas O Instituto Politécnico de Beja anunciou recentemente que vai manter o valor das propinas para o próximo ano letivo. Em declarações ao “Diário do Alentejo”, Vito Carioca, presidente do politécnico, afir- mou que “o instituto tem a noção exata das condições em que se encontram as famílias, mas também todo o País”. E, neste sentido, pretende “contribuir, dentro do possível, para minimizar esta situação”. pág. 6 Fotógrafos de Beja lutam contra a crise No próximo domingo, dia 19, assinala- -se o Dia Mundial da Fotografia. Não fosse o “amor pela profissão”, o “bichi- nho da fotografia”, o facto de “ser uma forma de arte”, e pouco ou nada haveria para comemorar, dizem ao “Diário do Alentejo” alguns proprietários de lojas de fotografia existentes na cidade de Beja. págs. 10/11 Igreja de Santiago à Luz do dia em Moura As obras para a construção do posto de turismo de Moura vieram revelar estruturas desconhe- cidas que numa primeira fase levaram à remo- delação do projeto, mas que, com o continuar das escavações, vieram pôr a nu importantes “espaços públicos” medievais, nomeadamente uma rua da primeira metade do século XIII e, finalmente, a igreja de Santiago. pág. 6 Descoberta a Casa da Moeda pág. 7 JOSÉ SERRANO O turismo é por estes dias, e muitos mais,omotordeVilaNovadeMilfontes e, este ano, apesar da crise, a terra está cheia, cheia de turistas que procuram a baía, as praias de areia fina, a calma e a beleza da terra. Há os que se agradam com a chegada do movimento, mas tantos outros há que já esperam pelo fim de setembro. A comunidade, essa, continua a voltar-se para o rio e dele continua a tirar partido. De olhos postos no Mira. págs. 4/5 Milfontes de olhos postos no Mira José Ameixa Um dos mais antigos e carismáticos columbófilos do distrito de Beja pág. 20

Edição nº 1582

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Diario do Alentejo

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SEXTA-FEIRA, 17 AGOSTO 2012 | Diretor: Paulo BarrigaAno LXXXI, N.o 1582 (II Série) | Preço: € 0,90

IPBeja mantém valordas propinas O Instituto Politécnico de Beja anunciou recentemente que vai manter o valor das propinas para o próximo ano letivo. Em declarações ao “Diário do Alentejo”, Vito Carioca, presidente do politécnico, afi r-mou que “o instituto tem a noção exata das condições em que se encontram as famílias, mas também todo o País”. E, neste sentido, pretende “contribuir, dentro do possível, para minimizar esta situação”. pág. 6

Fotógrafos de Bejalutam contra a criseNo próximo domingo, dia 19, assinala--se o Dia Mundial da Fotografia. Não fosse o “amor pela profissão”, o “bichi-nho da fotografia”, o facto de “ser uma forma de arte”, e pouco ou nada haveria para comemorar, dizem ao “Diário do Alentejo” alguns proprietários de lojas de fotografia existentes na cidade de Beja. págs. 10/11

Igreja de Santiagoà Luz do dia em MouraAs obras para a construção do posto de turismo de Moura vieram revelar estruturas desconhe-cidas que numa primeira fase levaram à remo-delação do projeto, mas que, com o continuar das escavações, vieram pôr a nu importantes “espaços públicos” medievais, nomeadamente uma rua da primeira metade do século XIII e, fi nalmente, a igreja de Santiago. pág. 6

Descobertaa Casa

da Moedapág. 7

JOSÉ

SER

RA

NO

O turismo é por estes dias, e muitos

mais, o motor de Vila Nova de Milfontes

e, este ano, apesar da crise, a terra está

cheia, cheia de turistas que procuram

a baía, as praias de areia fina, a calma e

a beleza da terra. Há os que se agradam

com a chegada do movimento, mas

tantos outros há que já esperam pelo

fim de setembro. A comunidade, essa,

continua a voltar-se para o rio e dele

continua a tirar partido. De olhos

postos no Mira. págs. 4/5

Milfontesde olhos

postosno Mira

José AmeixaUm dos mais antigos e carismáticoscolumbófi los do distrito de Beja

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12 EditorialPolegaresPaulo Barriga

Escrever com os pole-

gares é como escrever

com os pés. Dizia um

delicioso inteletual pátrio so-

bre o advento das SMS e das

resta ntes escr itas produ zi-

das nos aparelhos de telemó-

vel. Penso que a repulsa tinha

muito mais a ver com os conte-

údos grafados, com as abrevia-

turas, com a invenção, af inal,

de uma nova escrita. Imediata.

Ag ra mat ica l . Si mplesmente

utilitária. E despojada de toda

e qualquer religiosidade lite-

rária. Porque escrever com os

polegares, por si só, não re-

vela qualquer ação criminal,

deplorável, de lesa Língua. É

apenas um recurso pouco na-

tura l, par vo, desajeitado de

comunicar. Mas também um

g ra nde desenra sca nço. Ta l

como agora, neste preciso ins-

tante, me acontece. Não se vis-

lumbram computadores nem

Internet nas falésias mais pró-

ximas. E a solução para este

texto chegar a tempo e horas

às páginas do jornal foi esta:

amacacar este conjunto de pa-

lavras, marteladas letra a letra

com o “pai de todos”, no raio

das miseravelmente minúscu-

las teclas do telemóvel. Quanto

ao conteúdo... Bom essa é ou-

tra história. Parte gorda do ar-

tigo já se foi com a polegariza-

ção da escrita. A estação parva

do jornalismo no seu melhor,

dirão os leitores mais apressa-

dos. Talvez com razão. O resto

do texto estava previsto para

qualquer coisa que tivesse a ver

com férias. Com a Zambujeira

do Mar, que por cá me vai

tendo ano após ano. Com o ve-

rão. Ou com as coisas que ape-

nas ao verão são dadas. Como

por exemplo... A arqueologia.

Essa ciência exata da ilusão do

passado. Essa aventura essen-

cialmente de veraneio que nos

ajuda a aclarar os nebulosos

invernos da História. Esse bem

cada vez mais raro e escasso

que nos ajuda a descobrir a nós

próprios. Como agora acontece

nas cercanias de Reguengos,

na praça central de Beja. Ou na

alcáçova do castelo de Moura.

Esta edição do “DA” fala nisso.

Sem ser com os polegares.

O autarca socialista justifica a anulação da empreitada que ali estava a decorrer e que estava orçada em 3,230 milhões de euros com a “incapacidade revelada” pelo empreiteiro para executar a obra, “desde o seu início” (…) e refuta as acusações de “incumprimento das obrigações contratuais perante o empreiteiro, não pagando nas datas de vencimento, nem posteriormente, os trabalhos executados e aceites”.

Jorge Pulido Valente, presidente da Câmara de Beja, citado pelo “Público”

Manuel Marques,

67 anos, aposentado dos CTTA fotografia que está à en-trada da minha casa. Em cima do móvel. O dia do meu casa-mento. Foi tirada numa rua de Beja por um fotógrafo profis-sional. Há 34 anos. Estou eu ao lado da minha mulher. Os dois vestidos de noivos. Sorridentes e felizes. Ela muito bonita. E eu com muito cabelo, que é coisa que hoje não tenho.

Gisette Silva,

61 anos, reformadaUma fotografia que tenho na minha sala. Daquelas que são as pessoas mais importantes na minha vida. Os meus dois ne-tos. O Lucas com nove anos e a Nicole com sete. É uma foto-grafia recente que lhe tiraram há dois anos. Na escola Mário Beirão. Ele está com aquele sor-riso malandreco. E ela está muito engraçada também.

David Silva,

31 anos, encenadorUma fotografia da minha irmã. Tirada no jardim pú-blico de Sines. Há mais de 30 anos, no carnaval. Ela peque-nina vestida de anjo. De pé, com as mãos unidas a segu-rar o terço. As asas de papel fei-tas pela minha mãe. Aquela imagem reporta-me para a mi-nha infância. E acompanha--me para onde quer que eu vá.

Marta Rosa,

37 anos, professoraUma fotografia que tenho da minha filha. Ainda ela era bebé. Foi o meu marido que lha tirou num dia de verão. Há para aí quatro anos. Está ela no nosso quintal muito sorridente agarrada à avó. De vestidinho e cabelo muito curto. Essa fo-tografia representa uma fase muito marcante da minha vida.

Voz do povo …e a sua fotografi a preferida é? (Dia 19 é Dia Mundial da Fotografi a) Inquérito de José Serrano

Vice-versa“O empreiteiro começou a obra [do edifício sustentável]. A câmara de Beja não pagava ao empreiteiro. Dos quatro autos de medição apresentados mensal e sucessivamente desde outubro de 2011, apenas o primeiro foi pago pelo município. Como a câmara não pagava ao empreiteiro, não podia solicitar pagamento de verbas ao InAlentejo e por isso viu anulado o contrato do financiamento, mais de dois milhões de euros!” Comunicado dos vereadores da CDU na Câmara de Beja

Fotonotícia Todos prá piscina. Este ano até nem tem sido dos mais quentes. Está quentinho sim senhor, mas ainda assim

nada de especial. Tirando obviamente um ou outro dia em que até custa pensar, comer, dormir, pensar outra vez e quase todos e quaisquer ver-

bos que possamos congeminar, o tempo até tem estado fresquinho. Que é o que nós por cá dizemos quando a temperatura não vai para além dos

35 graus celsius. Ainda assim ir à piscina é um clássico refrescante enraizado nos bejenses. Esta prática tem o seu início desde tenra idade e pro-

longa-se vida adiante. Começamos a mergulhar agarrados às mãos dos pais, dos tios e dos avós (que são os que têm mais tempo, mais paciência

e mais vontade de nos oferecer as primeiras experiências radicais e as mais inesquecíveis). Depois largamos-lhes as mãos e submergimos sozi-

nhos. Com os amigos com as namoradas, com as mulheres, com os filhos e com os netos. Dá-se a volta completa num instantinho. Da dos pe-

queninos para os oitenta centímetros, para o metro e vinte, para os quatro metros, para a dos pequeninos outra vez. Este ano até nem tem sido

dos mais quentes. Mas aquela relva molhada debaixo dos nossos pés sabe sempre tão bem. Texto de José Serrano Foto de José Ferrolho

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Rede social

A Câmara Municipal de Beja decla-

rou a tauromaquia como Património

Cultural Imaterial de Interesse

Municipal. Que comentário lhe me-

rece esta decisão?

Já há alguns anos que diversos gru-pos organizados entenderam opor-se à realização de espetáculos que envol-vam touros de lide. Estão no seu mais pleno direito. Infelizmente a forma como, por vezes, expressam essa sua opção não cumpre as regras elementa-res de convivência cívica. Em determi-nado momento, sobretudo no Norte de Portugal, onde de facto a tradição da lide taurina é menos arreigada do que no Sul, houve câmaras municipais que interditaram estes espetáculos. O que agora estamos a assistir é a uma posi-ção contrária por parte de algumas câ-maras do Centro e Sul, quase 40, que com esta sua atitude afirmam publi-camente que aqui se pratica e respeita a “festa brava”, nas suas diferentes for-mas e modalidades. Toureio a pé, a ca-valo, forcados, forcão no Sabugal, tou-ros de morte em Barrancos, condução de touros e cabrestos no Ribatejo, larga-das em diversas povoações no Alentejo e vacadas para o povo em festas e ro-marias. É tão só isto o que quer dizer este pomposo nome.

Em que medida é que esse reconhe-

cimento pode ser benéfico para o

trabalho desenvolvido pelo Grupo

de Forcados Amadores de Beja?

Tudo o que refletir o apoio, expresso de qualquer forma e não necessa-riamente monetário, do município às atividades de quem transporta e apresenta o nome de Beja por esse País fora – e também em Espanha – é bem-vindo. Todos os anos o nome de Beja tem surgido a este propósito na televisão – corridas transmitidas. As modalidades desportivas do con-celho, por quem obviamente temos o maior respeito, dirão possivelmente, e muito bem, exatamente o mesmo.

Como é que está a decorrer a vossa

temporada tauromáquica?

A crise passa por todo o lado. Este ano já nos desmarcaram pratica-mente, depois de tudo estar organi-zado, cerca de uma dezena de corri-das. Mas estamos bem, já estivemos em várias corridas pelo País. No nosso caso, acrescendo a estas difi-culdades, que são gerais, verificou-se uma incompreensível atitude por parte do empresário da Praça de Beja que nos forçou a recusar ali atuar. Os grupos de forcados amadores são gente honrada. O de Beja também. Aproveito para citar o inesquecí-vel Vasco Santana: “Empresários há muitos!”. Acrescento, e há uns bons, outros nem por isso. Nélia Pedrosa

3 perguntasa Manuel

AlmodôvarCabo do Grupo de Forcados

Amadores de Beja

Semana passada

DIA 9, QUINTA-FEIRA

ALQUEVA GRUPO LIDERADO POR ROQUETTE APRESENTOU INSOLVÊNCIA DE EMPRESAS

A Sociedade Alentejana de Investimento e Participações (SAIP), liderada pelo empresário José Roquette, apresentou em tribunal pedidos de insolvência de quatro empresas, que já tiveram distribuição judicial, mas ainda não chegaram ao juiz de turno. Os pedidos de insolvência deram entrada no Tribunal de Reguengos de Monsaraz, concelho onde estava a “nascer” o projeto turístico Roncão d’El Rei, nas margens do Alqueva e promovido pela SAIP. A SAIP, Sgps, S.A. e a SAIP Turismo – Sociedade Alentejana de Investimento e Promoção, S.A., a Monte das Areias – Gestão Cinegética e Turística, S.A. e a Sociedade Imobiliária Lagoa do Alqueva, S.A. são as empresas insolventes do grupo.

SANTIAGO CAMIÃO DERRAMA LIXO PERIGOSO NA RUA, CÂMARA VAI PARTICIPAR AO MP

Um camião de transporte de lixo industrial perigoso derramou nafta e lamas em várias ruas da cidade de Santiago do Cacém. O incidente deixou indignado o presidente da Câmara, Vítor Proença, que anunciou que vai participar o caso ao Ministério Público. “Devem ser imputadas responsabilidades civis e criminais”, sustentou à Lusa, vincando que se trata de “matéria viscosa que entra no sistema pluvial”. “É um risco tremendo”, assinalou. O diretor da Proteção Civil Municipal, Fernando Dinis, disse que se tratou de lixo produzido pela indústria petroquímica de Sines e que está depositado em aterro, tendo como destino final a incineração num dos centros de tratamento de resíduos industriais perigosos da Chamusca. O Comando Distrital de Operações de Socorro do Distrito de Setúbal precisou que o derrame de resíduos ocorreu na via pública, numa extensão de três quilómetros. Ao longo de pouco mais de dois quilómetros foram apenas salpicos, ressalvou. As operações de remoção estiveram a cargo de duas empresas contratadas pela Câmara de Santiago, tendo as ruas afetadas sido cortadas ao trânsito. “O camião não devia ter passado pela cidade”, enfatizou o presidente da Câmara de Santiago do Cacém, Vítor Proença, que culpa a Estradas de Portugal por ter “retirado a sinalização que proibia o transporte de matérias perigosas no perímetro urbano”.

DIA 13, SEGUNDA-FEIRA

VIDIGUEIRA SUSPEITO DE ESFAQUEAR JOVEM EM PEDRÓGÃO GRANDE CONSTITUÍDO ARGUIDO

O homem de 32 anos que, no domingo à noite, 12, alegadamente esfaqueou um jovem em Pedrógão, no concelho de Vidigueira, que se encontra “livre de perigo”, já foi constituído arguido. Fonte do Comando Territorial de Beja da GNR avançou que o presumível agressor “dirigiu-se hoje [segunda-feira] ao posto da GNR e foi constituído arguido”. Para justificar o sucedido, o homem alegou, primeiro, “ter sido vítima de ofensas à sua integridade física”, tendo, “daí, resultado a sua ação”. O caso aconteceu durante as festas de Pedrógão, quando um jovem, de 25 anos, foi esfaqueado, sofrendo “uma perfuração no tórax”. O mesmo atacante também agrediu o pai do jovem, de 54 anos, que “foi vítima de um ligeiro corte no pescoço”. O incidente, de acordo com o Comando Geral da GNR, terá sido suscitado por um desentendimento entre os intervenientes. O jovem esfaqueado foi entretanto transferido do Hospital de Beja para o de São José, em Lisboa, para “observação pela cirurgia torácica”, revelou fonte hospitalar.

ALQUEVA PS RECLAMA “AÇÕES NECESSÁRIAS”DO GOVERNO PARA AVANÇO DO RONCÃO D’EL REI

O presidente da Federação Distrital de Évora do PS, José Bravo Nico, exigiu ao Governo que “assuma as suas responsabilidades políticas” e promova “as ações necessárias” para a concretização do investimento turístico no projeto Roncão d’El Rei, nas margens do Alqueva. Em comunicado, a propósito do pedido de insolvência do grupo promotor do projeto, liderado por José Roquette, o dirigente socialista apela a “todos os envolvidos” para que encontrem “uma solução que viabilize o investimento, garanta o financiamento e os financiadores e contribua para o desenvolvimento do Alentejo”. “O Alentejo e o interior do país não podem perder estas oportunidades de desenvolvimento e reclamam, do Governo português, uma atitude de respeito e consideração para com todos os que aqui vivem, trabalham e tentam investir”, argumenta.

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Messejana vestida a rigorMessejana entrou na máquina do tempo e voltou aos tempos da realeza. O povo vestiu-se a rigor para receber a visita de D. Sebastião e era ver os moços e as moças a desfilarem cheios de orgulho. Foram longos os dias, mas mais longas foram ainda as noites.

Alvalade ao ritmo do verãoA noite estava quente e as gentes de Alvalade do Sado, no concelho de Santiago do Cacém, não se fizeram rogadas e saíram à rua. Saíram para dançar e ficar ainda com mais calor. Nada que uma água ou uma cerveja fresquinha não resolva. Na Fonte da Bica Summer Party.

Há sardinhas no jardim públicoCheira a sardinhas. Em todo o lado. É o tempo delas e as gentes de Aljustrel, amigas do Sport Clube Mineiro Aljustrelense, resolveram utilizar o jardim público e fazer lá uma grande sardinhada. E foi comer até fartar. As sardinhas, boas e pequeninas.

Um banho e um livro em AlmodôvarOs livros saíram da biblioteca de Almodôvar e foram até à piscina. Pequenos e graúdos deram um mergulho na água da grande banheira da terra, mas também nas letras. É caso para dizer: se as pessoas não vão ter com os livros, vão os livros até elas.

Teatro Fórum de Moura foi à praiaO Teatro Fórum de Moura foi ao Festival Ria Fest. “Alto e Para o Trabalho” apresentou-se na praia de Faro. A companhia mudou-se de malas e bagagens e trocou a planície por uns dias para ir ver as praias algarvias.

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Vila Nova de MilfontesTurismo é o motor de desenvolvimento da terra

De olhos postos no Mira

O nevoeiro que cobre a baía de Vila Nova de Milfontes, no concelho de Odemira, esvai-se lentamente. Os

banhistas dão graças por mais um dia de sol. E ao mesmo ritmo que a neblina desa-parece, erguem-se chapéus de sol, uns atrás dos outros, que preenchem o areal, de am-bos os lados do rio.

Os barcos balançam consoante a ondu-lação. Esperam por tripulantes e, enquanto isso não acontece, na ponte sobre o Mira passam os carros repletos de turistas.

A terra, na verdade, está cheia de gente. Cheia de gente de fora, que escolheu a lo-calidade para passar as suas férias. Esta é a altura de excelência para o comércio, mas a chegada dos turistas, como em tudo na vida, agrada a uns, mas desanima outros. Desanima os que estão ávidos pela vinda dos dias mais calmos, mais serenos, e que, naturalmente, não têm nenhum negócio, nenhuma casa para alugar.

Maria da Conceição é uma das muitas pessoas da terra que vive do turismo e es-pera no cais, todos os dias, pelos que quei-ram atravessar o rio na sua embarcação. Promove viagens de ida e volta, entre as margens do Mira. “Faço este trabalho há muitos anos. Desde 1990 que o faço sozi-nha. O meu pai fazia este trabalho ainda quando não existia a ponte. Era um serviço que fazia falta, hoje existe mais para os tu-ristas, que procuram este meio de trans-porte”, explica.

Agosto é, por norma, o mês forte do tu-rismo em Vila Nova de Milfontes, mas este ano, segundo as gentes da terra, notam- -se mais estrangeiros e menos portugueses. “Estão cá muitos espanhóis, mas também estão franceses, suíços e belgas”, diz Maria da Conceição.

António Francisco, que navega no rio desde criança, concorda. É ele que conduz a embarcação de Maria da Conceição. E se no verão não tem mãos a medir, no tempo frio as coisas são diferentes. “De inverno joga-se às cartas, está-se no café e espera--se pelo ano seguinte”, afirma, mas de-pressa acrescenta: “No entanto, também há muita coisa para fazer, como reparações e pinturas. Há que preparar a época bal-near seguinte”.

Enquanto conduz a embarcação, vis-lumbra o rio e não tem dúvidas: “Há hoje menos atividades do que há 30 anos, no-meadamente no que ao rio diz respeito, mas mesmo assim ainda há alguma coisa”. E lembra: “Construíam-se aqui barcos e

O turismo é por estes dias, e muitos mais, o motor de Vila Nova de Milfontes

e, este ano, apesar da crise, a terra está cheia, cheia de turistas que procu-

ram a baía, as praias de areia fina, a calma e a beleza da terra. Há os que se

agradam com a chegada do movimento, mas tantos outros há que já espe-

ram pelo fim de setembro. A comunidade, essa, continua a voltar-se para o

rio e dele continua a tirar partido. De olhos postos no Mira.

Texto Bruna Soares Fotos José Serrano

entravam embarcações de grande porte, carregados de cereal e carvão. Era um rio muito navegável, muito movimentado, com navios de grande porte. Os tempos modifi-caram-se. Agora o rio está mais virado para o turismo”.

O turismo, sempre o turismo. E quem também espera pela chegada de turistas é Sérgio Manuel. Tem uma empresa que pro-move pesca desportiva em mar alto e pas-seios no Mira, mas também junto à costa. “Esta costa está muito bem situada para todo o tipo de animação turística. É uma costa muito rica em peixe, mas a observa-ção de golfinhos será, sem dúvida, uma aposta futura”, adianta.

Para Sérgio Manuel, em Vila Nova de Milfontes, “há boa oferta” e, sobretudo, “há oferta de muita qualidade”. E, neste sentido, sem hesitação, afirma: “Há cada vez mais gente a trocar o Algarve por este destino. As pessoas gostam desta calma”.

E calma é algo que Joaquim Pereira, que divide o seu tempo entre Lisboa e Vila Nova de Milfontes, espera encon-trar por estas paragens a partir de setem-bro. “De inverno aqui é tudo bom. A partir do mês que vem isto é um paraíso”, con-sidera. Joaquim arranja o peixe que poste-riormente será colocado na frigideira para ser servido com um arroz de tomate e uma salada. É que peixe é algo que estas águas ainda dão. Joaquim costuma pescar à cana e garante: “Neste momento há pouco peixe porque há muito limo”. E explica: “Para o consumo daqui ainda há peixe suficiente, mas está caríssimo. E este mês ainda está mais. Está tudo cheio de gente e isso faz disparar os preços. Próximo do fim de se-mana aumenta ainda mais. Um quilo de sardinhas num dia custa oito euros e à sexta-feira chega aos 10”.

Está quase na hora de almoço. E na casa de D’Irene, assim batizada por um alemão, está quase na hora do petisco. É aqui que encontramos Norberto Vicente, uma das figuras mais carismáticas da terra. Está reformado e lembra o dia em que um tu-barão entrou no rio. Foi há muito tempo, ainda Norberto andava à escola. A terra, em sua opinião, entretanto, “alterou-se muito”. “Antes chegava-se ao forte e aca-bava a estrada. Era tudo junto à praia. Isto está muito modificado. Eram 400 pessoas, agora, há aí muita gente. Estamos cá umas seis mil”. Faz uma pausa, puxa um cigarro e de olhos postos no rio conclui: “Isto mo-dificou-se muito, mas continua a ser uma terra linda”.

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Vila Nova de Milfontes não sofre do mesmo mal

que muitas freguesias: a perda de população…

Sim, não sofre. Tenho estado a analisar o Censos, desde o primeiro (1864) até ao último (2011). O con-celho de Odemira, por exemplo, em 1950 contava com 44 000 habitantes e hoje tem 26 000. Vila Nova de Milfontes no primeiro Censo tinha 683 habitan-tes e hoje chega aos 5 065 residentes. Temos carac-terísticas muito especiais e há inclusive pessoas que atingiram a idade de reforma e vêm para cá morar. O concelho de Odemira não perdeu população por-que Vila Nova cresceu cerca de 24 por cento. O fe-nómeno da desertificação, no entanto, vem desde os anos 50. Não é de todo recente.

São muitas as restrições impostas pelo facto de

a freguesia estar em pleno Parque Natural do

Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina?

A história é um bocado complicada. Acompanhei este processo desde o início. Participei na instala-ção e definição do parque natural. Julgo que par-ticipei até à sexta ou sétima proposta da discussão do regulamento, mas era incrível como todas aque-las propostas eram exageradamente fundamen-talistas em relação à realidade local. Não tinham qualquer noção do que era esta zona. Esta faixa li-toral, de Sines até ao Burgau. Não tiveram a preo-cupação de perceber que, independentemente de ser Alentejo ou Algarve, havia aqui uma particu-laridade: uma economia de subsistência familiar. Várias microeconomias e Vila Nova de Milfontes não era exceção. O património que nós tínhamos e continuamos a ter sempre foi defendido pelas po-pulações, e ninguém mais que elas o quer preser-var. Mas julgo que estamos numa fase de viragem e pela primeira vez se está a perceber que tem de ha-ver uma aposta nesta faixa.

O nome que foi dado a esta terra acaba por ser

curioso…

Desde pequeno que oiço dizer que Vila Nova de Milfontes era a terra das três mentiras. Não é vila, não é nova e não tem mil fontes. Esta é a histó-ria que quem está de fora conta. No entanto, para nós, aquela que é verdade, e que correspondia à realidade, é que Milfontes era a terra de três “B”. A família que tivesse um brejo, um burro e um bote era autossuficiente. Podia viver da pesca, da terra e o burro dava para as duas atividades.

A praia Furnas – Rio é uma das candidatas a 7

Maravilhas – Praias de Portugal. Que importância

tem esta distinção para Vila Nova de Milfontes, e

também para o concelho?

Para o concelho é extramente importante. Vila Nova de Milfontes faz parte do todo. A praia de Furnas – Rio pertence à freguesia de Longueira/ /Almograve. A freguesia de Vila Nova de Milfontes é só até ao meio do rio. Mas esta praia só é impor-tante porque está numa das margens do rio Mira e porque tem Vila Nova de Milfontes do outro lado. A sua beleza vem um pouco daí. As poten-cialidades do concelho de Odemira, no entanto, não se ficam só pelo litoral, passam muito tam-bém pelo interior. Talvez a atribuição deste galar-dão provocasse em muita gente a curiosidade de visitar o concelho.

As praias de Vila Nova de Milfontes

As praias de Vila Nova de Milfontes situam-se em plena foz do Mira, nomeadamente na margem norte do rio. Conhecidas pela fraca ondulação e pelo acesso fácil, tanto a praia da Franquia, como a praia do Farol, têm instala-ções de apoio. Destaque ainda para outras praias da fre-guesia que cativam cada vez mais visitantes: Malhão e Aivados.

Porto de pesca

O porto de pesca de Vila Nova de Milfontes, conhecido como “o portinho do canal”, continua a ser um dos ex-lí-bris da freguesia. Local de chegada e saída de pescadores, ainda hoje serve de sustento a algumas famílias. À che-gada os visitantes podem aproveitar o miradouro e des-frutar de uma ampla vista sobre o mar. Os acessos são bons e há ainda nas proximidades oferta de restauração, com vista privilegiada sobre o oceano.

Forte de São Clemente

O Forte de São Clemente, erguido sobre a vila piscatória, na margem direita do rio Mira, tinha a função de proteção do seu porto e o acesso a Odemira das incursões de pira-tas oriundos do Norte d’África. O forte, de planta poligo-nal, aproximadamente quadrangular, foi erguido no es-tilo maneirista, com o baluarte voltado para a foz do rio. Hoje continua a ser local de romaria, procurado por todos os que visitam a terra.

José Gabriel LourençoPresidente da Junta de Freguesia de Vila Nova de Milfontes

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AtualArqueólogos descobrem templo do século XIV

Igreja de Santiagoà luz do dia em Moura

O Instituto Politécnico de Beja (IPBeja) anunciou recente-mente que vai manter o va-

lor das propinas para o próximo ano letivo. A decisão foi tomada em reu-nião de Conselho de Gestão e, em de-clarações ao “Diário do Alentejo”, Vito Carioca, presidente do IPBeja, afirmou que “o instituto tem a noção exata das condições em que se encon-tram as famílias, mas também todo o País”. E, neste sentido, pretende “con-tribuir, dentro do possível, para mini-mizar esta situação”, até porque “en-contrando-se as famílias com mais dificuldades, os alunos acabam tam-bém por sofrer as consequências de toda esta situação”.

O IPBeja garante, assim, aos es-tudantes, que no 1.º ciclo de estudos (licenciatura) o valor anual da pro-pina se fixa nos 780 euros. No que diz ao respeito ao 2.º ciclo (mestrado), o

valor é de 950 euros. Já nos Cursos de Especialização Tecnológica (CET) a propina mantém-se nos 500 euros.

“O desenvolvimento do País só acontece quando todas as pessoas têm acesso à cultura, à educação. É por isto que nos continuaremos a debater”, diz o presidente do IPBeja.

A decisão foi tomada por unanimi-dade e o IPBeja vai ainda permitir aos alunos pagamentos faseados. “Faremos tudo para que os nossos alunos não de-sistam. Defendemos o ensino obrigató-rio para todos os portugueses e, neste sentido, queremos fazer parte da solu-ção”, garante Vito Carioca.

Para compensar alguma falta de re-ceita que poderá advir do não aumento de propinas, o IPBeja esta a analisar todas as situações e a pedir esforços a toda a comunidade do IPBeja. “Temos de poupar. Temos de gerir o politéc-nico como se da nossa casa se tratasse

e, neste sentido, estamos a solicitar às pessoas que tenha atenção a alguns gastos desnecessários. Tem de se pou-par ainda mais”, defende o presidente do IPBeja. Embora considere que “é quase impossível cortar mais”.

No que diz respeito ao próximo ano letivo, Vito Carioca defende: “Sou um otimista e o IPBeja vai saber enfrentar e estar à altura de todos os desafios”. E acrescenta: “As nossas expectativas são sempre positivas”.

Vito Carioca lembra ainda que o instituto “apostou num programa de divulgação, levado a cabo pelo Gabinete de Comunicação e Imagem, muito bem estruturado”. “Definimos muito bem as estratégias a adotar e, dentro das dificuldades que encontra-remos certamente, acredito que não haverá uma grande oscilação em rela-ção ao ano letivo transato”.

Bruna Soares

Sabia-se por textos dos séculos XIV e XVI da existência de duas igrejas no interior do castelo de Moura, mas ao contrário do templo que está hoje integrado no con-vento, tinha-se perdido o rasto da de Santiago.

As obras para a construção do posto de turismo vieram revelar estruturas desconhecidas, que

numa primeira fase levaram à remodela-ção do projeto, mas que, com o continuar das escavações, vieram pôr a nu impor-tantes “espaços públicos” medievais, no-meadamente uma rua da primeira me-tade do século XIII e, finalmente, a igreja de Santiago.

Vanessa Gaspar, José Gonçalo Valente e Santiago Macias (que escreve na coluna ao lado) são os arqueólogos responsá-veis pelas escavações, sendo que o último também é vereador na Câmara Municipal de Moura.

Ao “Diário do Alentejo”, Macias reve-lou que em determinada altura dos traba-lhos “numa antiga zona agricultada e sem construção desde o século XVI”, perante a descoberta de materiais cada vez mais

Vito Carioca otimista em relação ao próximo ano letivo

IPBeja mantém valor das propinas

Castelo de Moura Escavações vão continuar

06

Igreja de Santiago: o momento Kim-Il-Sung

de uma carreira

Quando a Lígia me enviou a sms com o texto “a moeda da ue 9 é um dinheiro de D. Afonso IV (1325-1357)” quase

íamos (a Vanessa, o José Gonçalo e eu) tendo um badagaio com a emoção. Comecemos, contudo, pelo princípio. A Lígia Rafael é uma colega e amiga que se disponibilizou a fazer a limpeza e estabilização de uma moeda, en-contrada junto a um muro de um vasto com-partimento que estava a ser escavado no cas-telo de Moura. De repente tudo fazia sentido: os muros fortes, o pavimento argamassado, o pequeno quadrilátero junto à parede este, os enterramentos no exterior do edifício.

Se o conjunto de elementos parecia apontar para a presença de uma igreja associada a uma necrópole ainda nos custava a acreditar que pudéssemos estar em presença de um templo medieval. A moeda do séc. XIV no interior do altar ajudou a afastar dúvidas, os ceitis de D. Afonso V pertencentes aos enterramentos do exterior vieram dar solidez a uma hipótese que não sonharíamos à partida. Acabávamos de identificar a igreja de Santiago, referida na documentação medieval mas que estava, até à data, por localizar. É quase um milagre que, ante as sucessivas obras no castelo de Moura, concretizadas ao longo de vários séculos, te-nha sobrevivido uma parte importante da ci-dade medieval.

A igreja é bonita? Nem por isso. É uma simples nave, bem pobrezinha, benza-a Deus. Nada de decoração, nada de elementos arqui-tetónicos elaborados. Uma nave e nada mais. Talvez mais interessante, do ponto de vista histórico, por isso mesmo. Até porque o asce-tismo com que o espaço foi pensado vai a par com o austeridade dos dias que vivemos…

Verdade se diga que, apesar das referências escritas, várias vezes duvidámos da existência da igreja de Santiago, ao ponto de pensarmos ser a alusão ao templo fruto de um qualquer equívoco. A localização é, contudo, perfeita: dentro do perímetro fortificado e junto à porta da alcáçova. Estamos perto, muito perto, do local da antiga mesquita de Moura. As sacra-lizações destas são, por norma, feitas através do nome de Santa Maria, mas os exemplos de locais de culto muçulmanos convertidos em igrejas de S. João, do Espírito Santo ou, até, de Santiago não faltam. Encontrar uma mesquita no meio dos restos dos enterramentos cristãos e numa área muito refeita após meados do sé-culo XIII seria ter uma sorte pouco comum. Provavelmente, não teremos essa fortuna.

Como sugeriu uma amiga “ainda vão dizer que inventaste o nome da igreja, só para ser o teu”. É pouco provável que o digam, mas essa parte é aquela que ao José Gonçalo, à Vanessa e a mim menos interessa. A campanha está ganha e o modelo da ocupação medieval do castelo fica, a cada dia, mais claro. Esse é o dado essencial.

Texto publicado em avenidasalúqia34.blogspot.pt

interessantes, se depararam com um sé-rie de muros, que posteriormente vieram a perceber “ser um espaço religioso”. Tal conclusão foi possível visto junto a uma das alas da construção, pelo lado exterior, terem sido identificadas uma série de se-pulturas datadas do século XV.

A quantidade e o facto de se en-contrarem dispostas na ala oriental,

normalmente aquela onde se situa o altar, veio confirmar a hipótese de se estar pe-rante o que restava da igreja de Santiago.

Perante isso, os arqueólogos decidi-ram “alargar significativamente” o es-paço de escavações, que depois de devi-damente estudadas serão integradas no projeto do posto de turismo, de forma a poderem ser visitadas. AF

SantiagoMaciasArqueólogo, vereador na Câmara Municipal de Moura

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Arqueólogos mostram-se à cidade de Beja no outono

Escavações arqueológicas serão retomadas em breve

As escavações arqueológicas que es-tão a decorrer junto à rua da Moeda têm sido pródigas em revelações. A

equipa da Universidade de Coimbra, che-fiada pela arqueóloga Conceição Lopes, pretende que o projeto “Onde a Cidade se Encontra com a Sua Construção” dê lugar a um grande evento na praça da República, no princípio do outono, para “que a cons-trução venha ao encontro da cidade”, disse ao “Diário do Alentejo” a responsável.

Notícias recentemente vindas a público dão conta da descoberta de indícios de que a localização da Casa da Moeda, que re-monta ao primeiro quartel do século XVI, possa ser no espaço onde funcionavam os antigos serviços técnicos do município.

Conceição Lopes confirmou ao “DA” que os achados que se encontram em fase de validação podem vir a confir-mar esta hipótese e que, ainda este ano, pretende “chamar as pessoas da cidade” para mostrar os resultados do traba-lho até agora efetuado. Os trabalhos de campo, entretanto suspensos, “vão ser retomados antes do fim de agosto”, reve-lou a arqueóloga.

Recorde-se que os trabalhos estão a ser desenvolvidos no espaço onde está pre-visto nascer o edifício sustentável que, en-tretanto, viu as obras serem suspensas de-pois de o InAlentejo ter anulado o contrato de financiamento e de a Câmara Municipal de Beja ter cancelado a empreitada devido

à “incapacidade” do empreiteiro para con-cluir a obra, disse Jorge Pulido Valente ao “Público”.

O presidente do município revelou ainda na última reunião do executivo que após a resolução da rescisão do contrato com o empreiteiro, que contesta a decisão, pretende aprovar um projeto “profunda-mente reformulado” e promover uma nova candidatura de financiamento ao Banco Europeu de Investimento.

As razões apontadas são de duas or-dens: por questões económicas (o projeto original estava orçamentado em 3 232 mi-lhões de euros); e por no espaço em causa se terem descoberto “importantes vestí-gios arqueológicos”. AF

CDU critica cancelamento das obras do edifício sustentável

“Consenso para minimizar prejuízos”

Escavações Os trabalhos serão retomados ainda este mês

07

Beja aprova regulamento do Conselho Consultivo Municipal da Juventude A Câmara Municipal de Beja aprovou o regulamento do Conselho Consultivo Municipal da Juventude, o qual deverá entrar em funcionamento no último trimestre deste ano. “Este é mais um passo do município no que toca ao aumento da participação pública na gestão municipal,

nomeadamente da juventude do concelho”, realça o município. O Conselho Municipal da Juventude é o órgão consultivo do muni-cípio sobre matérias relacionadas com a política de juventude e contará com a participação das associações juvenis do concelho, associações de estudantes, juventudes partidárias, entre outras entidades.

O presidente da Câmara Municipal de Aljustrel, Nelson Brito, reivindicou junto da Estradas de

Portugal a construção da variante à vila que é sede do concelho, garantindo que a via “melhoraria em

muito a segurança rodoviária”. Esta mesma segurança, afiançou, “é colocada todos os dias em causa

pelo enorme volume de tráfego, principalmente de pesados, que cruza o centro da vila”, podendo

a situação ser resolvida com a construção da variante. O tema foi discutido durante uma reunião

com a direção da delegação regional de Beja da Estradas de Portugal, na qual foi ainda feita a análise

de questões relacionadas com a avaliação das estradas, pontes ou cruzamentos no concelho.

Câmara de Aljustrel

quer construção de variante à vila

Andoni Canela expõe “Terras de Linces” em Beja

A Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas

do Alqueva (EDIA) promove, em colaboração

com a Câmara Municipal de Beja, a exposição

de fotografia “Terra de Linces”, da autoria do

fotógrafo Andoni Canela, que será inaugurada

na próxima quarta-feira, dia 22, pelas 18 horas,

no castelo de Beja. Trata-se, de acordo com os

promotores, “de uma exposição que compreende

um conjunto de fotografias verdadeiramente

espetaculares de linces-ibéricos Lynx pardinus

em liberdade, no seu habitat natural, a qual está

em itinerância desde 2010 por vários espaços

em Portugal e Espanha, tendo já ultrapassado

os 200 000 visitantes”. Andoni Canela é um

fotógrafo profissional de nacionalidade espanhola

especializado em fotografia de Natureza.

Vencedor de diversos prémios, o seu trabalho

ilustra mais de 30 reportagens da revista National

Geographic, em diferentes edições publicadas em

Espanha, Portugal, Itália e França, para além de

trabalhos igualmente publicados noutras edições

de prestígio como BBC Wildlife, Geo, Newsweek,

La Vanguardia ou The Sunday Times.

Serpa apoia jovens criadores

A Câmara Municipal de Serpa, através do

Musibéria – Centro Internacional de Músicas

e Danças do Mundo Ibérico, convida jovens

criadores a candidatarem-se a apoios para o

desenvolvimento dos seus projetos na área

da música, dança ou artes plásticas. Podem

candidatar-se jovens criadores e investigadores

de qualquer nacionalidade, tendo como requisito

obrigatório o conhecimento do português escrito

e falado e idade mínima de 18 anos e máxima de

30 anos. As inscrições encontram-se abertas até

ao dia 31. Os apoios substanciam-se na atribuição

de subsídios, alojamento, estadia, bem como

cedência de materiais, recursos e condições

técnicas necessários ao desenvolvimento criativo

de um projeto durante o ano académico 2012-

-2013. A iniciativa é promovida em conjunto

com a Fundación Antonio Gala para Jóvenes

Creadores, Universidade de Salamanca,

Fundação Robinson, Fundação Eugénio de

Almeida e Centro de Estudos Ibéricos, no âmbito

do Programa Operacional de Cooperação

Transfronteiriça Espanha Portugal 2007-

-2013 e cofinanciado pelo Fundo Europeu de

Desenvolvimento Regional.

Vidigueira mostra tradições

O Museu Municipal de Vidigueira tem

patente ao público, até ao dia 2 de setembro, a

exposição “Tradições populares portuguesas:

cantar, dançar, trajar”. Propriedade do Museu

Municipal de Ferreira do Alentejo, a mostra é

constituída “por um conjunto de manequins com

trajes representativos das várias regiões do País,

acompanhada de textos e de imagens com eles

relacionados”. A cedência da exposição integra-se

no protocolo de colaboração entre os vários

membros da Rede de Museus do Distrito de Beja.

Os vereadores da CDU na Câmara de Beja apelam, em comunicado, “ao bom senso para remediar as

consequências do cancelamento do fi-nanciamento de um projeto emblemá-tico, em pleno coração da cidade”, o edifí-cio sustentável no local onde funcionaram os serviços técnicos do município e a grá-fica do “Diário do Alentejo”, na praça da República.

Num documento em que passam em re-sumo todo o processo, os comunistas vêm,

em defesa do empreiteiro, acusar a câmara de não ter respeitado “quatro atos de medi-ção apresentados” e apenas ter pago o pri-meiro, o que impediu o construtor de “so-licitar pagamento de verbas ao InAlentejo e por isso viu anulado o contrato de finan-ciamento”, lê-se no documento divulgado na passada terça-feira.

Em consequência disto a CCDR Alentejo, em junho, comunicou ao mu-nicípio que a operação se encontrava em “incumprimento”, mas sugeria à Câmara

de Beja para se “pronunciar por escrito no âmbito do Código de Procedimento Administrativo”. Tal prerrogativa, se-gundo os vereadores comunistas, não foi exercida pelo executivo.

Com o financiamento e o empréstimo do Banco Europeu de Investimento (BEI) anulados por “laxismo e irresponsabili-dade” do executivo, resta, segundo a CDU, a “procura de consenso entre as partes en-volvidas para que se venham a minimizar ao máximo” os prejuízos. AF

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Novo centro escolar de Ourique não está pronto

Escola de Panoias vai permanecer aberta

A escola do 1.º ciclo do Ensino Básico de Panoias, em Ourique, com 20 alunos e que

o Ministério da Educação previa en-cerrar, vai continuar aberta no pró-ximo ano letivo, anunciou no final da semana passada o município.

O presidente da Câmara Municipal de Ourique, Pedro do Carmo, expli-cou que a autarquia chegou a acordo com o ministério em virtude de o novo Centro Escolar em construção na sede de concelho não estar pronto.

“O centro escolar, num investi-mento de um milhão de euros e com capacidade para cerca de 200 alunos, ainda está em construção. As obras fi-cam prontas em 2013 e, por isso, a es-cola de Panoias não fecha neste ano le-tivo”, frisou.

Segundo o autarca, a escola do 1.º ciclo do Ensino Básico de Panoias, a cerca de 15 quilómetros da sede de concelho, é frequentada por “20 alu-nos, do pré-escolar ao quarto ano”.

Estas crianças, em caso de fecho, “teriam de ser transferidas para um estabelecimento com melhores con-dições”, afiançou o presidente da câmara.

“Para a escola encerrar, teríamos que levar os alunos para um estabeleci-mento melhor, o que, neste momento, com as obras ainda em curso no cen-tro escolar, não se verifica. Como tal, a

escola não fecha”, congratulou-se.Considerando tratar-se de uma

“boa notícia”, Pedro do Carmo admitiu que o Ministério da Educação “foi sen-sível” aos argumentos do município.

“O ministério percebeu, efetiva-mente, que não é possível deslocar os alunos para escolas que não tenham condições para absorver essas crian-ças. Compreendemos que é necessário encerrar as escolas, mas também te-mos que ter condições para os alunos”, argumentou.

O Ministério da Educação anun-

ciou, a 23 de julho, que vão fechar no próximo ano letivo 239 do 1.º ciclo do Ensino Básico, num processo que irá continuar em 2013.

Segundo o ministério, “em todos os casos”, os fechos de escolas “decor-rem em articulação com as respetivas autarquias, atendendo à melhoria da qualidade do ensino”.

No Alentejo, está previsto o fe-cho de uma dezena de estabelecimen-tos, um dos quais o de Panoias, que é agora, na prática e de forma temporá-ria, subtraído desta lista.

Bispo de Beja falou para milhares de peregrinos em Fátima

“Indiferentes” também sãoo “grande perigo”, diz Vitalino Dantas

08

Câmara de Aljustrel aprova normas do Cartão Jovem Munícipe A Câmara Municipal de Aljustrel aprovou, em reunião ca-marária, as normas do Cartão Jovem Munícipe, que confere vários be-nefícios aos jovens do concelho. Habitação, empreendedorismo, am-biente, compras no comércio local, desporto e cultura são algumas das áreas em que o cartão proporciona vantagens aos seus portadores.

Vidigueira recebe Serões

ao Fresco

No âmbito do programa Serões ao Fresco, a Câmara Municipal de Vidigueira está

a promover diversas iniciativas, proporcionando à população “uma oferta cultural

que integra um conjunto de espetáculos, nas áreas da música e teatro”. A autarquia

pretende também “rentabilizar o espaço ao ar livre do Centro Multifacetado de

Novas Tecnologia de Vidigueira, recentemente inaugurado, e criar hábitos de um

consumo cultural regular”. O espetáculo de música tradicional “Cant’ai”, na quinta-

-feira, dia 23, pelas 21 e 30 horas, é a próxima proposta dos Serões ao Fresco.

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Alunos Escola é frequentada por 20 crianças

Entidade Regional lança terceira edição dos prémios “Turismo do Alentejo”

Pelo terceiro ano consecutivo, a Entidade Regional de

Turismo lança os prémios “Turismo do Alentejo” que,

na edição 2012, conta com sete categorias a concurso,

nomeadamente “melhor empreendimento turístico,

melhor animação turística, melhor turismo rural, melhor

enoturismo, melhor evento, melhor gastronomia e melhor

projeto público”. A iniciativa, dirigida aos agentes públicos

ou privados que desenvolvam projetos de interesse

turístico na região, tem por objetivo “distinguir e divulgar

a excelência e inovação da oferta que, de modo geral,

tem contribuído para projetar e afirmar o destino nos

mercados”. As candidaturas devem ser apresentadas entre

os dias 19 e 28 de setembro, através do preenchimento do

formulário disponível em www.visitalentejo.pt. O anúncio

dos vencedores e a entrega dos galardões está prevista para

outubro.

Exposição em Odemira mostra“Versões de um Amor de Perdição”

Uma exposição bibliográfica intitulada “Versões de

um Amor de Perdição” vai estar patente na Biblioteca

Municipal José Saramago, em Odemira, entre os dias

23 de agosto e 12 de setembro. A mostra coincide com

o ano em que se assinalam os 150 anos da publicação

da obra Amor de Perdição, da autoria de Camilo

Castelo Branco.“A Biblioteca Municipal de Odemira

apresenta uma exposição bibliográfica sobre a

obra de um dos escritores marcantes da literatura

portuguesa”, realça a câmara municipal local. A

iniciativa conta com a colaboração da Biblioteca da

Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, que

cedeu as obras expostas.

O bispo de Beja defendeu, durante a homilia da primeira eucaristia da peregrinação de 12 e 13 de agosto,

em Fátima, que “o grande perigo” da atu-alidade “não são apenas os fanáticos reli-giosos, mas também os indiferentes, sem razões profundas do sentido das suas vi-das, vazias de sentido, de amor e respeito ao próximo”.

Para Vitalino Dantas, que é o vogal da Comissão Episcopal da Pastoral Social e da Mobilidade Humana, “os que se to-mam a si mesmos como referência última de tudo são perigosos”.

Falando para milhares de peregri-nos reunidos em Fátima, o bispo de Beja alertou para a necessidade de “liberdade” para a movimentação das pessoas, ape-lando ao respeito pelas crenças religiosas de todos, mas exortando fortemente os cristãos a darem testemunho da sua fé.

Reconhecendo a existência de “muitas situações de ruturas familiares e de espe-ranças desiludidas”, o bispo defendeu que “quem acredita em Jesus Cristo não se de-siludirá jamais”.

António Vitalino deixou ainda uma mensagem de conforto para “os que

sofrem com a atual crise económica, so-cial e ética”.

Vitalino Dantas considerou, tam-bém, que os cristãos têm necessidade de “aferir a qualidade” da sua fé e for-talecê-la, “para que não dobrem os joe-lhos diante dos ídolos (…) que desviam do cumprimento dos mandamentos, da prática da justiça, da verdade, do per-dão, do amor fraterno” e empurram “pe-los caminhos da maledicência, da in-veja, da cólera, do azedume, da mentira, da cobiça, da opressão da dignidade dos semelhantes”.

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Investimentos em Alqueva

“O potencial não acabou agora”

Alqueva Muitos são e têm sido os projetos turísticos em torno das águas do maior lago artificial da Europa

09A Câmara Municipal de Vidigueira está a promover no concelho o programa

Turismo Solidário, organizado pela Fundação Inatel, que consiste “numa

inovadora modalidade de turismo que permite aos participantes usufruírem

de um período de férias turístico-cultural, em família, na unidade hoteleira

do Inatel no Luso”, entre 2 e 7 de setembro. As inscrições para este programa

podem ser feitas até hoje, sexta-feira, junto do Serviço de Ação Social da

Câmara Municipal de Vidigueira, juntas de freguesia e centros de convívio.

Um dos maiores investimentos previs-tos para as terras em torno de Alqueva, o empreendimento Roncão D’El Rey, da Sociedade Alentejana de Investimento e Participações liderada por José Roquette, foi notícia nos últimos dias por ter dado entrada com um processo de insolvência no tribunal de Reguengos de Monsaraz. O não financiamento por parte da Caixa Geral de Depósitos, por alegada falta de garantias bancárias, levou a que o investimento, que gera-ria cerca de 500 postos de trabalhos di-retos e indiretos, conhecesse um forte contratempo na sua concretização. Algo que não compromete o investimento na região, segundo os responsáveis pelo turismo.

Texto Marco Monteiro Cândido

Apesar do revés naquele que era con-siderado como um dos mais impor-tantes projetos para Alqueva, e que

“causa alguma apreensão do ponto de vista do desenvolvimento de toda a região”, o pre-sidente do Turismo do Alentejo, António Ceia da Silva, revela que este é um processo “a que estava atento”. “Nós sabemos que, hoje em dia, é cada vez mais difícil encontrar um financiamento para a economia portuguesa em Portugal e, inclusivamente, na Europa”. Tendo em conta o cenário presente de con-tenção económica, António Ceia da Silva refere que a Turismo do Alentejo, ERT ini-ciou, há uns meses, um projeto de criação de uma missão empresarial direcionada para os Emirados Árabes Unidos e para o Brasil, e que deverá acontecer no final de 2012, início de 2013. “Serão os próprios empresários que vão participar e temos vindo a preparar um

Moura

Reguengos de Monsaraz

Reguengos de Monsaraz

Reguengos de Monsaraz

Alandroal

Mourão

Mourão

Cuba, Portel

Sociedade Agrícola da Defesa de S. Brás

Sociedade Alentejana de Investimentos e Participações, SGPS

Proprietário: José António Uva

Aprigius, S.A., Grupo Imoholding

Parceria entre a Câmara Municipal do Alandroal (51%) e privados (49%)

Sousa Cunhal – SGPS, SA

Guadiana Parque – Compra e venda de imóveis, SA – Grupo Bernardino Gomes/Hotéis Real

Placan – Sociedade de Construções e urbanizações, Lda

Herdade da Defesa de S. Brás

Roncão D’ El Rey

Herdade do Barrocal

Vila Lago Monsaraz Golf & Nautic Resort

Fortaleza da Juromenha (UT1)

Herdade do Mercador

Herdade das Ferrarias

Herdade da Cegonha

Concelho Promotor Projeto

Os projetos de Alqueva Muitos são e têm sido os projetos turísticos em torno das águas de Alqueva. Sem contar com inúmeros projetos de turismo rural e agroturismo de pequenas dimensões, as terras em torno do grande lago continuam a atrair investimento, público e privado.

dossiê de investimento, de oportunidade de investimento, porque temos consciência de que há muitos projetos, alguns que estão no terreno e que necessitam de parcerias finan-ceiras, e outros, de grande qualidade, que fi-zeram a via-sacra do ponto de vista das ques-tões administrativas e que estão na fase final das aprovações e dos licenciamentos, que, neste momento, necessitam de capital”.

No entanto, o presidente da Turismo do Alentejo realça que o Alqueva não se resume

a estes projetos, uma vez que o trabalho na região tem sido feito de há anos para cá. “Ao longo de muitos anos, houve muitos inves-tidores que apostaram naquela zona. Que têm os seus projetos há muitos anos, cons-truídos e edificados nas terras banhadas hoje pelo Alqueva”. Para Ceia da Silva, no Alqueva “há um potencial enorme e o po-tencial não acabou agora”.

Segundo dados do Turismo Terras do Grande Lago Alqueva (Ttgla), quase todos os

concelhos tocados pela albufeira de Alqueva têm projetos turísticos de dimensão consi-derável previstos, apesar das diferentes fases em que se encontram (ver caixa). Contudo, o presidente do Ttgla, Francisco Chalaça, vê com desagrado a situação em torno do em-preendimento Roncão D’El Rey. “Era um projeto estruturante, um projeto que lide-rava um conjunto de outros que estariam em fase de implementação. Já tinha obra física no terreno, tinha um número de empregabi-lidade alto, um volume de investimento tam-bém alto e, como tal, era um projeto sinaliza-dor e extremamente importante”.

Francisco Chalaça alinha pela mesma bi-tola de Ceia da Silva, convicto que está de que o destino Alqueva não será posto em causa pelo contratempo de um projeto, acreditando que, reunidas as condições financeiras, reto-mará a sua marcha normal. “Isto deverá ser motivo de reflexão por parte dos nossos go-vernantes sobre o papel que deve ter o banco público no apoio ao desenvolvimento, às nos-sas empresas e aos nossos empresários. A Caixa Geral de Depósitos não pode colocar-se no mercado como a restante banca privada, até porque estamos a falar de um projeto que já tinha passado por um crivo rigoroso”.

Apesar do contratempo, o presidente da Ttgla sublinha que este deve ser entendido no contexto que o País vive, já que, nou-tro momento, seria apoiado e financiado. António Ceia da Silva, por seu turno, tam-bém não está desanimado, apreensivo sim, mas não desanimado. “Eu estaria desani-mado se o projeto terminasse. O projeto ainda estava numa fase embrionária. O im-portante é que há outras iniciativas que se estão a desenvolver e que mesmo aquele se volte a erguer e a encontrar os parceiros desejáveis”.

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ReportagemFotógrafos de Beja lutam contra a crise na era do digital

Casamentos e fotos de estúdio

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Maria Helena Favinha Luís Luzia

No próximo domingo, dia 19, assinala--se o Dia Mundial da Fotografia. Não fosse o “amor pela profissão”, o “bichi-

nho da fotografia”, o facto de “ser uma forma de arte”, e pouco ou nada haveria para come-morar, dizem ao “Diário do Alentejo” alguns proprietários de lojas de fotografia existentes na cidade de Beja. Nos últimos anos a fotogra-fia digital levou à diminuição da procura da revelação fotográfica ou de acessórios e mate-rial fotográfico, obrigando estes profissionais a investimentos de modo a responderem às novas necessidades do mercado. Mais recente-mente, e atendendo às características do atual contexto económico, o fraco poder de compra das famílias tem vindo a refletir-se nos servi-ços solicitados.

“A fotografia nunca esteve tão em moda como agora, mas no que toca a ter um retorno financeiro para os lojistas, não tem qualquer tipo de retorno”. Manuel Bráulia, 41 anos, fo-tógrafo há 25 anos e sócio-gerente da Foto Star, espaço fundado em 1958 pelo pai, diz que atualmente existe “uma independência do fotógrafo dito amador em relação às casas de fotografia”, graças ao advento da fotogra-fia digital.

“A partir da era digital qualquer fotógrafo tem tudo o que precisa em casa. Tem, digamos, um laboratório virtual no qual manuseia as fo-tografias, daí que não tenha uma dependência em relação à loja. O serviço de fotografia para

A fotografia digital levou à diminuição da procura da revela-

ção fotográfica ou de acessórios e material fotográfico, obri-

gando os profissionais a investimentos de modo a responde-

rem às novas necessidades do mercado. Mais recentemente, e

atendendo às características do atual contexto económico, o fraco poder

de compra das famílias tem vindo a refletir-se nos serviços solicitados.

Texto Nélia Pedrosa Fotos José Serrano

o cliente amador decaiu muito. O puro ama-dor, que antigamente chegava ao verão e reve-lava três, quatro rolos, das férias, isso desapa-receu”. E com a diminuição significativa das revelações de rolos de fotografia analógica e respetiva impressão, decresceram igualmente as vendas de molduras ou de álbuns, entre ou-tros produtos. No caso da Foto Star, que sem-pre fez serviço de casamentos, a componente ligada à fotografia analógica “representava 50 a 60 por cento”, mas Manuel Bráulia acredita que “haverá lojas em que essa dependência se-ria de 70, 80 por cento, visto que praticamente não faziam casamentos”.

Atualmente a reportagem de eventos como “casamentos, festas de finalistas, batizados,

festas de ballet ou entregas de pastas” é res-ponsável por “uma grande fatia dos lucros” da Foto Star, diz Manuel Bráulia, apesar de se as-sistir também a quebras significativas nesse segmento. “A quebra normal, a chamada que-bra dos 60, 70 por cento, que há em tudo, e que tem a ver com a conjuntura atual”. O jovem ge-rente recorda que há “três, quatro anos podia fazer 40, 50 casamentos”: “Agora se ficar pe-los 15, 20, se calhar considero-me de muito su-cesso”. Fotografias de estúdio, principalmente com crianças, “também ainda se vai fazendo alguma coisa”.

Saturação do mercado na área dos casamen-

tos São também a reportagem e a fotografia

de estúdio que suportam nos dias de hoje uma das duas lojas José Espinho & Filhas, situada no centro histórico da cidade. A outra, ins-talada numa grande superfície comercial, “é uma loja essencialmente de serviços e venda de equipamento”, diz José Espinho, 56 anos, fotógrafo profissional desde 1974 e proprietá-rio há 16.

“O trabalho de estúdio mantem-se, fa-zem-se menos grandes ampliações, no en-tanto, hoje é normal uma criança nos primei-ros dois anos de vida vir tirar fotografias todos os meses, isto no meu caso concreto. Depois há a gama dos 15, 20 anos, aquele sonho de se-rem modelos, com a criação do book”. E com o trabalho de estúdio, realça o sócio-gerente, há “todo um complemento”, que pode ir da sim-ples moldura ao brinde personalizado.

No que toca às reportagens, nomeada-mente casamentos, tem-se vindo a registar um decréscimo “devido à crise”, mas tam-bém à saturação do mercado. “Há uma oferta muito grande, mas eu não considero que seja concorrência porque depois vejo os trabalhos finais e não têm nada a ver com aquilo que eu faço”, diz o fotógrafo, adiantando que a crise também se sente no setor “de venda de equi-pamentos e alguns serviços”, dado que “a função pública tinha uma quota de mercado muito significativa” na sua loja.

Com o surgimento do digital, que, segundo José Espinho, “tornou a fotografia acessível a

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José Espinho

Sérgio Carocinho

Manuel Bráulia

praticamente toda a gente”, embora com ní-veis de qualidade bastante distintos, também nas suas lojas “a revelação do rolo pratica-mente acabou” e mesmo que se façam serviços de impressão de fotos digitais, estas são sem-pre em menor número comparativamente às revelações analógicas. “Antigamente faziam-se todas as fotografias que se tiravam e agora não. Agora a pessoa tira e vê logo, depois co-loca no computador, e quando manda im-primir já sabe o que é que quer. O rolo tinha aquela magia de esperar pela revelação para ver o que é que se tinha feito. Essa magia da fo-tografia, do tirar, do ter que se saber tirar, aca-bou. Hoje a pessoa tira, se está clara, repete, faz mais escura…”.

A saída encontrada por Sérgio Carocinho, 36 anos, fotógrafo há duas décadas, para con-tornar a quebra significativa do número de re-velações de rolos de fotografia analógica e da venda de todo o material associado, foi apostar na reportagem, principalmente de casamen-tos, e nas fotografias de estúdio, invertendo assim o peso que aqueles serviços tinham na faturação da sua loja, a Foto Baltazar, de que é proprietário há quatro anos. “Fazemos pou-cas impressões de fotografia, o rolo analógico acabou. Temos provavelmente a revelação de um rolo por mês, nem tanto. Os produtos de loja, como molduras, álbuns, já é muito raro vendermos. Essa parte representava, talvez, 75 por cento das receitas. Neste momento vi-rámo-nos para outras áreas, tivemos que fa-zer com que os restantes 25 por cento [repor-tagens e estúdio] passassem a 75 por cento”. “Neste momento estou mais dedicado aos ca-samentos, é a minha área forte”, diz, adian-tando que em termos de negócio não se pode queixar.

As fotografias de estúdio, à semelhança do que acontece na Foto Star e na José Espinho & Filhas, têm no topo da lista dos fotografados as crianças, às quais se seguem os adolescentes, na sua grande maioria aspirantes a modelos.

Menos fotografias tipo passe devido ao cartão

do cidadão Luís Luzia, 45 anos, proprietário da Foto Luzia há 17, apostou, por sua vez, na oferta de serviços que não estão ao alcance do consumidor comum, “como reproduções, re-toques de fotografias digitais ou recuperação de fotografias antigas”. Na componente de es-túdio “também ainda se vai fazendo alguma coisa, principalmente de crianças”: “Tivemos que avançar para o digital, tivemos que ir para as novas tecnologias, se não já não estávamos cá, isto já tinha fechado. Porque as pessoas já só têm digital, ninguém utiliza o filme. Fomos obrigados a desmobilizar as máquinas de reve-lação porque os químicos iam perdendo pro-priedades, porque eram pouco usados. Agora, os poucos rolos que aparecem enviamos para o laboratório, mas já não leva a meia hora que levava, leva mais tempo”, diz Luís Luzia, fotó-grafo desde os 16 anos.

Dentro dos serviços prestados, destacam--se ainda as fotografias tipo passe que, no en-tanto, com a criação do cartão do cidadão, “são cada vez menos”. “O sistema que foi intro-duzido nos registos [civis] também nos tirou

esse trabalho, que era o nosso ganha-pão, de maneira que não sei em que é que estão a pen-sar, se calhar em acabar com isto…”. A contri-buir para o fraco negócio, diz o fotógrafo, está ainda a tão falada crise e as obras nas portas de Mértola: “As obras também prejudicam, as pessoas vêm menos para aqui”.

As fotografias tipo passe eram igualmente uma componente bastante importante da fa-turação da Foto Favinha, diz Maria Helena Favinha, fotógrafa profissional desde 1964. “As fotografias para documentos representa-vam uma percentagem significativa, não digo que ao longo do dia se fizessem uns 50 por cento de identificações, mas era muito bom. Vinham oito, nove, 10 pessoas, no mínimo, era bastante compensador, agora não vem ninguém ou vem um às vezes de dois em dois dias, ou de três em três dias”.

As reportagens de casamento e as fotogra-fias de estúdio também já não têm o peso que tinham. Maria Helena aponta o dedo à crise e à fotografia digital. “Não há motivos para fes-tejar nada. Isto está muito mau. Os clientes não vêm às lojas, o digital acabou com os fo-tógrafos. Vê-se ao longo do País quantas lo-jas têm fechado. É claro que o digital permitiu que entrássemos noutros campos, mas acabou com as revelações, que também eram muito significativas. E com o digital as pessoas aca-bam por colocar as fotografias no computa-dor e também não as imprimem. Os pais con-tentam-se em ver as fotografias dos filhos no computador, as crianças deixaram de ter o ál-bum personalizado, que os acompanhava ao longo da vida, desde que nasciam…”.

A fotógrafa considera, no entanto, que “mesmo com a crise”, o serviço de fotografias tipo passe, “teria sempre saída”, “porque toda a gente precisa do bilhete de identidade, do passaporte, de renovar documentos”. Em re-lação aos casamentos, Maria Helena Favinha recorda o início de carreira, em que “fazia 100 casamentos por ano”. “Agora se fizer 10 já fico muito satisfeita”, adianta a proprietária, frisando que a diminuição de serviço no caso concreto não se deve exclusivamente à crise mas também aos gostos pessoais dos poten-ciais clientes “que também vão mudando” e “à concorrência desleal”: “Nós mantemos os mesmos preços há cinco ou seis anos, e há co-legas que baixaram os preços para valores im-praticáveis, preços que não se faziam há mais de 10 anos. Assim não vale a pena, para ven-der fotografias ao desbarato estou em casa”, adianta a fotógrafa, que detém uma outra loja na cidade de Serpa, onde “o cenário” não é muito diferente. “A continuar assim dentro de pouco tempo é para fechar, mais mês, me-nos mês, vamos deixar passar o verão, vamos ver, é um remar contra a maré”.

Também Luís Luzia não antevê “um futuro muito animador” para as lojas de fotografia – “Talvez melhore quando a crise acabar um dia, va-mos ver”. Já para Manuel Bráulia não restam dúvi-das de que as lojas deverão dar lugar “a showrooms, uma casa de exposições, de mostra de trabalhos, onde alguém aceita as marcações de serviços, ser-viços de excelência”, como já existe “em certos paí-ses”, como “por exemplo no Reino Unido”.

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História

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Arqueologia

Estatuetas descobertas no Alentejotêm 4 500 anos e cabem na palma da mão

São de marfim, cabem na palma da mão e têm pormenores delicados, que surpreendem. António Valera,

o arqueólogo que dirige as escavações na Herdade dos Perdigões, em Reguengos de Monsaraz, fala com entusiasmo das esta-tuetas de marfim que ontem apresentou aos jornalistas como “descoberta única” em Portugal.

“Difunde-se muito a ideia de que o ho-mem pré-histórico era rude, um brutamon-tes, graças ao cinema”, diz Valera. “Mas o que povoados como o dos Perdigões mos-tram, com toda a sua simbiose com o mundo natural, é algo que estas esculturas vêm re-forçar – nesta Pré-História havia um grande grau de sofisticação que está muito longe do preconceito.”

Com 4 500 anos, as 20 esculturas em mi-niatura (com tamanho entre os 12 e os 15 centímetros), “pelo menos nove das quais muito realistas”, começaram a aparecer no ano passado, quando os arqueólogos escava-vam um fosso onde, depois de cremados, fo-ram depositados vários corpos. Para os in-vestigadores da Era, a empresa que há 15 anos trabalha nos Perdigões, a herdade que a Finagra (actual Esporão S.A.) comprou para plantar vinha, mas que acabou por transfor-mar num campo arqueológico com 16 hec-tares, encontrar representações humanas de marfim, “com grande qualidade estética e de execução”, foi “emocionante”, embora não tenha sido uma surpresa completa.

Estatuetas semelhantes são relativa-mente frequentes na Andaluzia, região com a qual o Sul do país forma uma unidade ter-ritorial na Pré-História. Como escavaram apenas uma área muito reduzida deste com-plexo arqueológico em que descobriram já mais de 500 peças e fragmentos de marfim, entre elas algumas representações de ani-mais muito pormenorizadas, Valera e a sua equipa acreditavam que, mais cedo ou mais tarde, poderiam vir a dar com esculturas an-tropomórficas. “O que surpreendeu foi o ri-gor realista de algumas das figuras, que terá

exigido grande capacidade técnica”, explica.Para Vítor Gonçalves, catedrático da

Faculdade de Letras de Lisboa, especialista em Pré-História, a grande singularidade das estatuetas humanas dos Perdigões é simples-mente o facto de terem sobrevivido milha-res de anos às agressões do solo alentejano. “Temos poucas figurações antropomórfi-cas de marfim na Pré-História portuguesa, mas ainda menos no Alentejo, porque lá a terra é tão ácida que destrói tudo”, explicou ao “Público” pelo telefone, não tendo visto ainda ao vivo as peças da herdade. A des-coberta, que considera “impressionante”, é para este arqueólogo mais uma das origina-lidades dos Perdigões, a juntar ao facto de ser um “complexo mágico-religioso alente-jano em que os sepulcros não são antas”.

Conhecido desde 1983, o sítio dos Perdigões só começou a ser escavado em 1997, depois de um estudo geotérmico, que fez uma espécie de radiografia à paisagem, ter identificado uma série de fossos con-cêntricos, mais ou menos circulares, e ou-tras estruturas: possíveis cabanas, silos e sepulturas.

O que os trabalhos têm revelado nos úl-timos anos, explica Valera, é que o povoado, que começou por ser construído por comu-nidades neolíticas (c.5500 anos), teria grande importância na região, tendo sido, possivel-mente, lugar de festas cerimoniais e de ritu-ais associados ao culto dos mortos. O crome-leque perto da necrópole, já fora dos limites do povoado, reforça esta teoria.

“Estas povoações, das antigas sociedades camponesas, eram já capazes de construir obras públicas de envergadura, como estes fossos. Identificámos 12 e fizemos sonda-gens em quatro. Para fazer estes quatro es-timamos que terão sido retiradas 60 mil to-neladas de rocha, impressionante para as ferramentas rudimentares da época”, diz Valera.

Em seguida, os arqueólogos vão apro-fundar os estudos dos materiais nas valas e nas sepulturas com a ajuda de antropólogos

da Universidade de Coimbra e fazer sonda-gens nos fossos para determinar a idade de cada um e a dinâmica de ocupação do povo-ado. Pelo meio, há que continuar a analisar as “miniesculturas”. Para já as perguntas são muitas e as certezas quase nulas. Porque são tão realistas numa altura em que a represen-tação da figura humana é essencialmente estilizada, como prova a maioria das 20 es-tatuetas? Serão deuses? Porque têm algu-mas o género tão bem definido e outras são assexuadas?

Têm o corpo esguio, com as nádegas e o tronco bem delineados, nariz e orelhas defi-nidas, tatuagens faciais, cabelos a cobrirem as costas, olhos grandes que poderiam ter incrustações e as mãos sobre a barriga, se-gurando o que parece ser um bastão. “Nesta fase só podemos lançar hipóteses, especu-lar”, reconhece Valera. “São todas muito pa-recidas e o facto de serem realistas faz-nos pensar que podem querer comunicar uma ideia muito específica. A própria postura do corpo pode ter um significado, como quando nos ajoelhamos na igreja. Podem representar um estatuto social, um grupo dentro da comunidade ou até mesmo uma família.”

Mas também podem ser divindades, teoria que parece mais provável a Vítor Gonçalves, que conhece as estatuetas da Andaluzia. “Muitas das representações hu-manas neste período, como as das placas de xisto portuguesas, estão ligadas à deusa- -mãe. Depois, progressivamente, chegamos a outras de um deus jovem.”

Os arqueólogos dos Perdigões vão tam-bém estudar o marfim de que são fei-tas. Dos 500 fragmentos encontrados nos Perdigões analisaram apenas 15 e concluí-ram que se trata de marfim de elefante afri-cano, o que prova que o povoado mantinha contactos com regiões distantes. Mas en-tre os restantes pode haver elefante asiático, marfim fóssil (de quando havia elefantes na Península) e até osso de outros animais, ex-plica Valera. Na península de Lisboa, acres-centa Gonçalves, já foram encontrados frag-mentos de cachalote.

Muitos dos enigmas das esculturas dos Perdigões vão ficar por decifrar, diz o direc-tor das escavações, mas os problemas que elas colocam, associados às práticas funerá-rias, sobre a concepção do corpo são só por si fascinantes. E se para o homem que viveu no Alentejo pré-histórico o corpo não fosse uma unidade? “É difícil saber o que vai na cabeça das pessoas de há 5 000 anos.” Mas vale a pena pensar nisso.

As primeiras foram encontradas no ano passado, mas só foram mostra-

das ontem, na Herdade dos Perdigões. São 20 figuras humanas de mar-

fim, únicas em Portugal. Agora há que as estudar para saber que fun-

ção tinham.

Texto Lucinda Canelas com Marta Portocarrero

Exclusivo “Público”/”Diário do Alentejo”

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OpiniãoValorizem o trabalho, por favor!Ana Paula Figueira Docente do ensino superior

Mês de Agosto ou o mês de férias para muitos indivíduos emprega-dos… Numa altura em que se ouve dizer que os Portugueses traba-lham pouco, li na Net esta fantástica frase: “O que é fundamen-tal é que estejam con-

tinuamente a preparar-nos para garantir a nossa emprega-bilidade”. Quem assim o afirma parece entender que algo ou alguma entidade – talvez, o Estado, por via da Escola – deva oferecer uma formação, necessária e continuamente adequada, que garanta o emprego às pessoas. Infelizmente, em tudo na vida e hoje em particular, não há garantias de coisa nenhuma; depois, não se podem usar as palavras “em-prego” e “trabalho” como se tivessem o mesmo significado quando têm significados diferentes… Resumidamente, o trabalho faz parte de qualquer sociedade na medida em que é responsável pela produção dos bens de consumo. Envolve

a transformação da natureza através do uso de capacidades físicas ou intelectuais de cada um. Por isso, o desempenho de uma mesma tarefa pode ter um melhor ou pior resultado em função da pessoa que a está a desempenhar. Tem uma cono-tação cultural que é variável de acordo com a organização so-cial e política da sociedade em causa; esta condiciona o con-ceito, a classificação e o va-lor do trabalho. Mas é sempre o trabalho que produz riqueza, independentemente da forma como a sociedade está organi-zada ou da época, o que releva a sua importância. O mesmo já não se pode afirmar relativa-mente ao emprego. Trata-se de um conceito recente e implica uma relação de troca com um carácter mais ou menos está-vel: o trabalhador (que realiza o trabalho) vende a sua “força” ao empregador (que organiza o trabalho) e recebe como contra-partida um determinado salá-rio. Assim, numa breve, curta e crua síntese: nenhuma socie-dade pode funcionar e organi-zar-se sem o trabalho; todavia, isso pode acontecer sem o em-prego. A forma como o trabalho é interpretado e valorizado tem sido alvo de entendimentos di-ferentes ao longo dos tempos e das sociedades. Este é um tema fascinante e sobre o qual muito se poderá escrever. Contudo, terei de restringir-me apenas a

mais algumas linhas e tomar como base a minha existência: ainda muito pequena, lembro-me com perfeição de ouvir as pessoas referirem-se ao trabalho – fosse qual fosse a profis-são – com orgulho e distinção. “Fulano é muito bom rapaz e um excelente trabalhador”. O trabalho tinha o cunho in-dividual de quem o produzia. Sensivelmente a partir da dé-cada de 60, com a mecanização, o trabalho começou a des-caracterizar-se e a perder o toque do mestre: quem soubesse operar devidamente com a máquina, fazia o trabalho, com a vantagem de ser mais rápido! Com a chegada dos anos 80, as escolas comerciais e industriais foram afastadas e o ensino foi massificado. Recordo a entrevista que o prof. António José Saraiva deu em 1976 onde afirmou o seguinte: “Hoje, o que há ao nível universitário são reivindicações do tipo co-mer lagosta no lugar de sardinha, ou seja, obter o diploma mais depressa e com mais facilidade. Isto é uma herança de um longo passado, a que eu chamo de diplomacracia. (…) Quer dizer, é o sistema antigo de aspirações que vem à su-perfície, que rompe os diques, mas o pessoal não quer ser mais nada senão aquilo que eram os que dominavam an-teriormente o Estado e a burguesia. O ideal neste momento em Portugal não é abolir os doutores, mas sim que todos se-jam doutores”. Hoje, convivemos com alguns novos sinais de mudança: já nenhum curso oferece as garantias de an-tes (o número de licenciados aumentou exponencialmente) sendo, cada vez mais, as características individuais que fa-zem a diferença; rendidos às facilidades da máquina, mais uma vez é a capacidade de inovação do operador que pode marcar a distinção. Mas não podemos escamotear a situ-ação: isto é uma “pescadinha de rabo na boca”! A Europa atravessa um período muito difícil o que, estrutural e con-junturalmente, cria enormes dificuldades a todos. É fácil fa-lar e apelar ao empreendedorismo, abordar as oportunida-des que a crise também pode colocar… mas é muito difícil pôr em prática ideias quando quase não há dinheiro sequer para, no entretanto, dar de comer aos filhos e à família… Volto, pois, àquilo que me parece essencial: a valorização do trabalho individual e o reconhecimento da dignidade de quem efectivamente trabalha! Talvez este possa ser o princí-pio de uma longa e dura transformação…

Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o Novo Acordo Ortográfico

Um amor de verãoBruno Ferreira Humorista

Em mês de temperaturas cálidas, praias amontoadas de gente que há um ano estava no Brasil a fazer vida de rico, e piscinas com cloro e chi-chi, venho falar de um amor, que não é só de verão. Não estou a falar da minha mulher, nem muito menos de alguma outra com quem a ande a enganar, apesar de muitas vezes também me enganar com este amor

de verão. Esta é uma paixão antiga, que vem do tempo das borbulhas de acne e dos óculos de massa. Falo da menina Língua Portuguesa, de quem sou amante, já desde os tempos em que as noites de agosto ainda eram de calor sufocante. Arranjaram-lhe um marido à pressa, daqueles casamentos de conveniência, chamado senhor Acordo Ortográfico. E a Língua Portuguesa deixou de poder passear-se por aí com o ar leve, mas altivo, que a caracterizava.

Mas pior do que isso, a Língua Portuguesa anda a ser tra-ída. Mais grave ainda, é alvo de violência doméstica. Não é uma Maria-vai-com-as-outras, a Língua Portuguesa. Mas

entra-nos em casa e anda na boca de toda a gente. E é aí que são cometidas as piores agressões.

É engraçado constatar que os abusos à Língua Portuguesa acontecem por vagas. São como modas. Apesar de às vezes parecer mais difícil cometer algumas das traições do que resistir-lhes. Não pretende esta crónica ser uma espécie de manual do João Catatau, mas da Língua Portuguesa. Até porque muitos portugueses não conduzem, mas quase to-dos têm de falar. Claro que também há os que conduzem mal, mas esses a polícia sempre pode prender por condu-ção perigosa, ao invés dos que colocam a Língua Portuguesa em perigo.

Por isso, como é que isto tudo começou? Vá, agora os caros leitores tentem adivinhar antes de ler. Ora aí está. Portanto, ilustre leitora, deixe de se armar em viúva Porcina. E ao leitor relembro-lhe que não é o Odorico de Paraguaçú. Desculpem a antiguidade dos personagens, mas são os mais recentes representantes de novelas brasileiras de que agora, assim de repente, me lembro.

Vamos aos casos práticos: há uma dezena de anos atrás, não se dizia, por exemplo (e porque estamos em mês de fé-rias), “vou lá em cima buscar a boia”. Se a boia está lá em cima, “vou lá acima buscá-la”. O mesmo para “cheguei na praia”. Se já está na praia, então é porque “chegou à praia”.

Outra facada noveleira tão comum na Língua Portuguesa é esta: o traidor anda a escolher o restaurante para jantar em Albufeira, e exclama: “Olha! Ali tem boas sardinhas!”. Mas quem é que tem? O Ali? Babá? Ou o restaurante? Se o

restaurante tem boas sardi-nhas, é porque há lá boas sar-dinhas. Logo, seria tão mais fá-cil, e galanteador para com a Língua Portuguesa, dizer “Ali há boas sardinhas”. O verbo ha-ver, quando se emprega com o significado de “existir” é im-pessoal, não tem pessoa, su-jeito: “Ali há boas sardinhas”.

Mais um exemplo frequente de ofensa à Língua Portuguesa: as placas que pululam por cada vez mais janelas e varan-das deste país dizendo “Vende” ou “Arrenda”. Mas quem é que vende ou arrenda? A casa? E a casa vende ou arrenda o quê? O proprietário? Se a casa se vende, ela vende-se. E quem a vende é o seu proprietário. Que se casou. E nunca, que casou. E por falar nisso, quando o avião partiu, ele descolou. Foi-se em-bora. Não se lhe partiram as asas, ou quaisquer outras pe-ças. Mas se foi esse o caso, en-tão o avião partiu-se.

É sensual, a Língua Por-tuguesa. E não queremos que se lhe parta o encanto. É uma mu-lher difícil porque se dá ao res-peito, mas também é quente, es-corregadia, permite trocadilhos, caminhos enviesados. Por que é que em vez dos atropelos, não flartamos todos com ela? Imagine o leitor um imenso bacanal de 10 milhões numa festa de prazeres libidinosos com a sintaxe, numa cálida noite de verão. Tem… Há imagem mais poética?

Passam os dias de papo esticado ao sol. Muitas vezes são criticados por inoperância. Mas quando o perigo espreita,

lá estão eles, os NADADORES SALVADORES. Ou banheiros, como se preferir. Este ano já os vi a devolver a vida a uma jovem, nas perigosas correntes da Zambujeira. Obrigado! PB

(…) o grande perigo da atualidade não são apenas os fanáti-cos religiosos, mas também os indiferentes, sem razões pro-fundas do sentido das suas vidas, vazias de sentido, de amor e respeito ao próximo. António Vitalino Dantas, bispo de Beja, Lusa, 12 de agosto de 2012

Volto, pois, àquilo que me parece essencial: a valorização do trabalho individual e o reconhecimentoda dignidade de quem efectivamente trabalha!Talvez este possa ser o princípio de uma longa e dura transformação…

Mas pior do que isso, a Língua Portuguesa anda a ser traída. Mais grave ainda, é alvo de violência doméstica. Não é uma Maria-vai-com-as-outras, a Língua Portuguesa. Mas entra-nos em casa e anda na boca de toda a gente. E é aí que são cometidas as piores agressões.

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Horror turísticoFilipe Nunes Arqueólogo

Neste “querido mês de agosto” estamos em plena época de férias. Altura devidamente calendarizada para enganar a rotina do ano, para logo a retomar com as baterias re-carregadas. Desejada época do ano, em que a latência do sol nos leva a mergulhar nas águas e caminhos de la-

zer e deste modo a mergulhar coletivamente entre os ba-nhos de outros tantos… É então que a desejada fuga se en-contra com o horror turístico. Torna-se difícil e penoso acabar por reconhecer o desencanto da evasão e da alme-jada pausa, muito menos a nós próprios, mas uma coisa é descansar o espírito, outra coisa é engana-lo e mante-lo em modo de pausa. Não posso por isso deixar de refletir em plena época veraneante nessa condição que nos faz a

nós todos turistas.Não se trata de ridiculari-

zar gratuitamente o turista e aquilo em que se tornaram as nossas férias, mas de tentar entender o grande logro a que vamos, quando genuinamente partimos do desejo do escape, que em última instância mais não é do que procurar a felici-dade de sermos livres. O que a partir daí nos leva inevitavel-mente a olhar para a que di-zem ser a grande vocação na-cional, e a grande aposta para o Alentejo: o turismo.

A condição de turista – ul-trapassando o receio em nos assumirmos como tal, apeli-dando sobranceiramente ape-nas “os de fora” – carrega em si o reconhecimento da mais plena vitória desta nossa civi-lização industrializada e ur-banizada. Desta sociedade capitalista e de consumo de-senfreado. Nascida outrora dos ímpetos românticos da burguesia viajante em busca do imaginário exótico, da na-tureza virgem, do folclore e do passado, essas mesmas ima-gens continuam a servir como diretrizes do turismo em todo o mundo e a guiar a sua força motriz, que é basicamente o desejo humano de libertar-se do seu quotidiano (olha-se aos títulos da imprensa de via-gens: “Fugas”, “Evasões”…).

Semelhantes desejos as-piram a ser perigosos, pelo que cedo foram disciplinados no quadro maquinal que en-forma o mundo laboral, recar-regando-nos como máquinas e com tempo contado, como sobretudo cedo se revelaram

extremamente proveitosos ao sistema que move essa fuga. Nesse quadro nasceu a indústria do turismo, de que mais não somos do que consumidores e colaboradores simul-taneamente. E mais nenhuma outra indústria conseguiu a proeza de tornar o seu objeto de oferta o inverso do ob-jetivo daquele que o procura: o turismo é o reflexo fiel da sociedade de que o turista pretende evadir-se.

Para ordenar e lucrar com esse ímpeto de evasão, o tu-rismo definiu-se como um produto empacotado de coi-sas e experiências a ver, que à semelhança da diversidade da realidade internáutica não para de aumentar. E desde a invenção do guia turístico a oferta do lazer e das férias tornou-se cada vez mais condicionada à produção em sé-rie e à lógica das massas (o que a sopinha de massas hu-manas das nossas praias bem o testemunha). Foi essa “turistificação” do território que remeteu, face às poten-cialidades ambientais únicas de Portugal, este país à con-dição de empregados de mesa ou à tendência geriátrica e acolhedora dos reformados da Europa do norte.

Nesse mesmo cenário as nossas férias rapidamente correm o risco de equivalerem a uma experiência de quartel, ref letindo como nenhuma outro momento, a or-gânica consumista e totalitária da sociedade: é a mobili-zação geral decretada em agosto, são os quarteis generais – do parque de campismo, do festival, ao resort de luxo – movendo compassadamente os movimentos da tropa em sandálias, a hábitos e comportamentos que de tão pré-de-terminados que estão impedem a transgressão para lá dos espaços estandardizados do verão e sobretudo a subver-são desse valor tão inerente ao espirito de férias: o tempo “livre”.

A “compensação terapêutica” em que se tornaram as férias para o turista – o adoentado e stressado desta so-ciedade – nada mais produz que um álbum de fotogra-fias repleto no Facebook, aferindo o dever cumprido ou galanteando cada vez mais as proezas alcançadas nas programadas aventuras “radicais” junto da natureza “pura” e do ambiente ecológico, mas asseado. E a grande conquista das férias parece jogar-se mais no relato di-fundido nas redes sociais impessoais, em jeito de com-petição com aqueles sortudos que vendem as suas via-gens aos media e ao mercado de ilusão de que vive afinal de contas o turismo.

É nesses termos em que o meu espírito se vê inquie-tado com o horror turístico, quando na verdade só pedia descanso. Pior mesmo é que vivendo naquele que é ofi-cialmente determinado como terra de potencial turís-tico – neste Alentejo já ali, do litoral atlântico ao litoral do grande lago – todo o resto do ano passarei a ver como esse futuro inegável cai nas mãos da indústria turística que nada mais vende senão aquilo que contribui a destruir. Toda a terra compete pelo turista, tudo sendo consumido, da natureza ao humano. Qualquer vila é um museu, qual-quer campo um parque de atrações. E quanto mais au-têntica, mais atrativa é ao discurso folclorisado do tu-rismo. Por isso ele é cada vez mais eco, de natureza cada vez mais natural, cada vez mais rural e cada vez mais tí-pico e tradicional. Este sossego afinal vale ouro, e não fal-tam vendilhões por uma meia dúzia abonada de promes-sas de empregos.

Devolvo por isso à sensação de horror de tamanha e bem real perspetiva, a noção que é de fuga e de evasão que se alimenta o turista. Desafia-lo a procurar uma fuga permanente, jogar-se-á certamente para lá deste “querido mês de agosto”, mas sobretudo potenciará a que este re-gresse por cá para vivenciar o seu espaço e tempo de fé-rias de outro modo, compatibilizando o que pode ser um outro Alentejo, não o da oferta turística, mas passo a passo, o da partilha e, então sim, de descoberta e da me-recida pausa.

Se persistir uma lógica de resort, se continuarmos a ancorar projetos em campos de golfe (golfe com temperaturas a roçar o negativo no inverno e a passar os 40º no verão?), se insistirmos nos mega-investimentos, se acharmos que o aeroporto de Beja vai alimentar esse turismo e que assim o turismo se tornará uma mola para a riqueza da região, a conclusão é simples: nada aconteceu e nada acontecerá. Santiago Macias, blogue “Avenida da Salúquia 34”, dia 12 de agosto de 2012

14 Tudo na mesma, como a lesma, no que se refere ao COMBATE AOS FOGOS em Portugal. O incêndio gigantesco

de Tavira e São Brás poderia ter sido abreviado. Todos os especialistas o dizem. Apenas o Governo parece ainda ter dúvidas quanto à descoordenação dos meios no terreno. E toca a pedir nova perícia para que a culpa, como é hábito, venha a morrer solteira. PB

Os milhares de atletas que competiram em Londres, com melhores ou piores resultados, geniais ou medianos, esforçados ou tocados pelo azar, são a razão maior desta prova universal e do seu espírito. Portugal, que trouxe uma só medalha, algumas boas provas e mui-tas interrogações, tem agora de pensar melhor no seu futuro olím-pico. Se o quiser, claro. Editorial, “Público”, 13 de agosto de 2012

Há 50 anos

“Empatocracia”– ou as minúcias e os berbicachos da burocracia

Como alguma outra imprensa portuguesa desses tempos som-brios, o “Diário do Alentejo” re-

corria por vezes a um truque para con-tornar a Censura fascista: transcrevia de outro jornal escritos interessantes que por uma razão qualquer já haviam pas-sado noutras regiões o crivo dos senho-res do lápis azul.

Assim aconteceu na edição de 18 de agosto de 1962, quando o vespertino be-jense reproduziu em “Nota do Dia” um texto do “Diário de Lisboa” que lhe me-recia “inteira concordância”.

O artigo, cuja transcrição abria a primeira página, intitulava-se “Empatocracia” e abordava uma questão ainda hoje atual:

“Um dos aspectos mais antipáticos da resistência em que a nossa burocracia se compraz é aquele que exige um sem número de licenças, vistos e autorizações para a realização de qualquer festa pro-fana, ainda mesmo que tenha fins bene-ficentes. As dificuldades são tantas e tão insuperáveis que levam, muitas vezes, os organizadores a desistir de iniciati-vas que tinham os mais simpáticos e re-comendáveis objectivos. A omnipotente burocracia prende-se com tais minúcias e berbicachos que os mais pacientes e os mais bem-intencionados desanimam e aqueles que um dia se abalançaram a levar por diante uma ideia generosa fi-cam de tal modo escarmentados com as exigências e prepotências burocráticas de que foram vítimas que tomam com os seus botões o solene compromisso de nunca mais se meterem noutra. Acerca da inexplicável teimosia e da manifesta impertinência da ‘empatocracia’ nacio-nal, como um ilustre jornalista deno-minou o aspecto negativo da burocra-cia portuguesa, temos recebido queixas e muitos pontos do País contra autorida-des incompreensíveis e prepotentes que não cessam de levantar complicações quando se pretendem levar a efeito fes-tas que estão na melhor tradição popular e que, a maior parte das vezes, se reves-tem dos mais nobres propósitos filan-trópicos. Não haverá quem tenha sufi-ciente autoridade para pôr termo a esses excessos de zelo que se traduzem pura e simplesmente em abusos de poder e não contribuem, de modo nenhum, para o prestígio da função administrativa, a qual deve atender mais ás necessidades e ás aspirações dos povos do que ao amor-próprio dos pequenos sátrapas que, em vez de as procurar resolver, teimam es-tupidamente em as contrariar?”.

Carlos Lopes Pereira

A “compensação terapêutica” em que se tornaram as férias para o turista – o adoentado e stressado desta sociedade – nada mais produz que um álbum de fotografias repleto no Facebook, aferindo o dever cumprido ou galanteando cada vez mais as proezas alcançadas nas programadas aventuras “radicais” junto da natureza “pura” e do ambiente ecológico, mas asseado.

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Foi um ano a cortar: primeiro o subsídio de Natal, depois as novas tabelas de retenção do IRS, a subida agressiva do IVA, os despedimentos que acabaram em salários mais baixos. Os nú-meros chegam agora: desde 2010, quem trabalhava por conta de outrem perdeu 107 euros de salário, um corte histórico que atirou o rendimento disponível para os níveis de 2014. Tudo em nome de uma nova competitividade e contra os vícios de dez anos de expansionismo excessivo do Estado e das empresas. Editorial do “DN”,10 de agosto de 2012

15Sucedem-se as trapalhadas, as desconfianças de trafolhice e o desaparecimento de documentos de Estado no gabinete

de Paulo Portas, qundo este era ministro da tropa, no governo do fujão Barroso. Mas se falta papelada que confirme a aldrabice do negócio dos SUBMARINOS, por que não pedi-la ao próprio Portas. Ele mandou copiar tudo quando foi corrido. Lembram-se? PB

As sucessivas revelações sobre a compra dos submarinos no mandato de Paulo Portas no Ministério da Defesa Nacional levam o padrão de organização e de exigência do Estado português ao nível da anedota. Em causa estava um ne-gócio de centenas de milhões de euros para a aquisição de equipamentos mili-tares. O que não é o mesmo do que comprar carros de bombeiros ou locomoti-vas para a CP: são operações que exigem zelo, sigilo, ponderação e método na proteção de documentos. Editorial, “Público”,14 de agosto de 2012

Cartas ao diretor

O futebolJosé Ramos Almada

Certamente que por causa do Europeu se pensa mais no futebol. No mês de junho muito se viu e ouviu na TV acerca deste po-pular desporto. A boa prestação de Portugal ajudou nesse sentido e, com certeza, que, pelo menos no desporto, possamos ganhar alguma coisa.

No sempre desenho do imaginativo Luca, o pastor, por ver muito futebol, pon-tapeia uma bola (ou uma pedra mais re-donda). E eu, cada vez que vejo a bola do neto, sinto desejo de pontapeá-la, não fos-sem os vidros de casa.

É verdade, neste Euro 2012 não se notou qualquer crise: os países apurados recebe-ram milhões, mais ganharam com as vitó-rias, e o público que foi assistindo aos jo-gos gastou o que tinha e não tinha em hotéis e mais despesas. (Isto, evidentemente, os amantes que foram à Polónia e Ucrânia).

Mas, no futebol de pequenos clubes, amadores de pouco capital, é diferente. E se no desporto profissional já se veem proble-mas, quanto mais nas categorias inferiores! Há um ano veio escrito no nosso “Diário do Alentejo” que os clubes da II Distrital de Beja estavam de “tanga”! E se os da I Distrital não estão financeiramente bem, quanto pior os clubes da divisão inferior!

Talvez por causa da extensão do distrito (o maior do País com 10 239 quilómetros quadrados), o campeonato foi bem chamado de “Distritalão” por alguém do jornal.

Ora como cada vez há menos clubes na II Distrital, já não há duas zonas, mas sim só uma, obriga estes clubes a grandes deslo-cações, como os da I Divisão.

Eu, como velho alentejano bejense, te-nho uma proposta para a Associação de Beja, para que numa assembleia fosse ana-lisada ou discutida: haver só uma catego-ria nos clubes associados da I e II divisões. Depois seriam separados geograficamente em duas zonas, talvez oriental e ociden-tal. Assim todos os clubes fariam viagens

mais pequenas, gastando menos, porque têm muitas outras despesas. Numa segunda fase, seria encontrado o campeão entre os melhores das duas zonas ou grupos. Aliás, a Associação de Vila Real, e penso que a de Portalegre, já fazem assim, e com a continu-ação da crise sentida outras associações fa-rão o mesmo.

A propósito de “outras despesas”, não compreendo por que é que as forças da or-dem levam ou ganham dinheiro com clubes pobres amadores, elas (PSP ou GNR) que já recebem do Estado! Sim, porque penso que não recebem mais quando impõem a ordem em aglomeração de pessoas nas ruas ou ma-nifestações. Bem, é melhor ficar por aqui, se não vêm busca-me… ou à AF Beja por ter metido “o pé em ramo verde…”.

Partido Socialistade Cubae as rendas em atrasoMaria José Fernandes São Domingos de Rana

A sede do Partido Socialista de Cuba fun-ciona desde abril de 2006 no prédio urbano n.º 26 da rua Álvaro de Castelões, em Cuba.

Em 2010 começou a haver atrasos no pa-gamento mensal da renda, situação que em 2011 se agravou de tal maneira que chega-ram a estar cinco meses seguidos sem pa-gar, apesar de terem sido avisados diver-sas vezes pelos proprietários do prédio. Este ano a situação está a repetir-se.

Cartas e telefonemas para o presidente da concelhia, e para outros membros da direção do PS de Cuba, não resultaram. Empurram de uns para outros a responsa-bilidade e como resposta aos avisos disse-ram que iam “pagar quatro meses de renda mas ainda não sabiam quando”!

Agora, em 1 de agosto, pagaram mais um mês, referente a março. Em 2012 o PS de Cuba só pagou três meses de renda.

Recentemente foi eleito um novo (nova) presidente do partido, mas no que consta à dívidas os velhos hábitos continuam.

Não se compreende como isto é possí-vel, tratando-se de um tão prestigiado par-tido político, que quer governar na Câmara Municipal de Cuba, com maioria absoluta, e que deveria ser o primeiro a dar o exemplo do bom cumprimento da lei.

Talvez que a publicação deste comuni-cado no vosso semanário alerte os sócios e militantes do PS de Cuba para esta situação, que só prejudica a boa imagem do Partido Socialista.

O correiodo Marquês - IIManuel Dias Horta Beja

Antes de tudo, parabéns a quem tomou a de-cisão. Parabéns à cidade, aos seus habitantes e a todos quantos dela gostam.

Foi anunciado o início das obras no Mercado Municipal!

Haja saúde e bom tempo e voltaremos a este tema.

Tenho em meu poder uma carta subscrita pelo sr. Camilo Ferreira Castelo Branco, que foi o primeiro visconde de Correia Botelho, escritor português, romancista crítico, poeta e historiador.

Dada a extensão da mesma, é de todo im-possível recriá-la no espaço disponibilizado. Vou tentar sintetizá-la até as malhas não ce-derem (tarefa ingrata para um simples es-criba, revolver no texto de um dos maiores es-critores portugueses).

O conteúdo da carta é todo um libelo ao Marquês de Pombal mimoseando-o com os epítetos de déspota, sanguinário, criminoso e mentiroso, desenvolvendo mais adiante as razões por que usa tal terminologia. Evoca os episódios mais célebres de que foi protago-nista o Marquês: o processo dos Távoras, os Jesuítas, o padre Malagarida e até a mentira do garfo.

Eis o pregão da sentença que mandou queimar o padre Malagarida: “Vista a sen-tença dos inquisidores, Ordinário e Deputados

do Santo Ofício…herege da nossa Santa Fé Católica… e vista a disposição de direito… e ordenação em tal caso o condenam a que com baraço e pregão seja levado pelas ruas desta cidade, até à praça do Rossio e que nela morra de garrote e que pois de morto seja seu corpo queimado e reduzido a pó e cinza para que dele e da sua sepultura, não haja memória alguma. E que pague as custas, acrescenta o acórdão”. O condenado apenas tinha de seu o esfarrapado hábito em que o garrotaram.

Julgava-se Pombal a primeira pessoa a in-troduzir o garfo no seu país. Mas não é ver-dade. Duzentos anos antes de Sebastião José ter nascido já se comia em Portugal com aquele utensílio. “Se isto assim fosse antes de 1745 comia-se sordidamente sem garfos, com os dedos engordurados e as belfas num es-corrimento de gemas de ovos, obrigadas em todos os fricassés e empadas. Um jantar de mesa redonda seria uma grande pia de ceva-dos; e as mãos das senhoras besuntadas de salsichas de porco em vez de provocarem bei-jos, mostrar-se-iam muito reconhecidas ao fino brinde de uma quarta de sabão”.

Termina a carta, fazendo uma recomen-dação “que não cave muito fundo, pois o sub-solo é húmido e escorregadio e está cheio de vermes de toda a espécie”.

Altinho eternoFrancisco José Parreira

No Altinho sozinho vivo e sonhoCenário mui amplo onde vão as gentesTão perto do céu ao azul me exponhoMirando paisagem de tantas sementes.

Sossego das aves deixa-me risonhoNão sei porquê talvez sejam parentesDa sã natureza porque lhe reponhoPresenças no monte que estão ausentes.

As árvores verdes com muitos raminhos Movidas p’lo vento abanam as folhasAo toque do sino seguram os ninhos.

Os lares das aves são como as bolhasMirados de baixo todos redondinhosImitam ermida porque dão recolhas.

Haja saúde ambiental Agrião... é hora do banho

Coordenação Raquel Santos e Rogério Nunes Texto Ana Machado e Stephanie Gouveia Desenho Patrícia Correia

Projeto de educação para a saúde no âmbito do curso de Saúde Ambiental do IPBeja

OLÁ MÃE!

O QUE ESTÁS

A FAZER?QUERES AJUDA? COMO

É QUE SE

DESINFETAM?

PARA OS AGRIÕES E OUTRAS VERDURAS

É SÓ SEGUIR ESTES PASSOS: PRIMEIRO,

LAVAR COM ÁGUA CORRENTE PARA TIRAR

AS FOLHAS ESTRAGADAS. SEGUNDO,

DEITAR 10 GOTAS DE LIXÍVIA NUM LITRO

DE ÁGUA DEIXANDO ATUAR ENTRE 15

A 20 MINUTOS. TERCEIRO LAVAR OUTRA

VEZ EM ÁGUA CORRENTE.

PORQUE ESTES AGRIÕES SÃO

SILVESTRES E PODEM ALOJAR

MICROORGANISMOS PRODUTORES

DE DOENÇAS. ASSIM, DEVEMOS

DESINFETÁ-LOS BEM.QUERO SIM.

PODES LAVAR

ESSES AGRIÕES?

OLÁ! ESTOU A ADIANTAR O JANTAR.

PORQUÊ?

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FotorreportagemPorque nem todas as foto-

grafias que se tiram em re-

portagem podem ser publi-

cadas, o “Diário do Alentejo”

apresenta hoje aos seus lei-

tores uma coleção de seis

imagens preteridas por ra-

zões de enquadramento, de

contexto informativo ou ou-

tras. Fazem parte do portfó-

lio que tem vindo a ser cons-

tituído pelos fotojornalistas

do “DA” sobre as aldeias do

distrito de Beja. Uma coleção

de retratos que vai de Ficalho

a Zambujeira do Mar.

Fotos José Ferrolho e José Serrano

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Fernando Piçarra conhece as diferentes realidades do futebol alentejano

Vasco da Gama faráa pré-época em competição

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Desporto

Fundado em 1945, o Clube de Futebol Vasco da Gama, de Vidigueira, vai pela primeira vez no seu historial com-petir no Campeonato Nacional da 3.ª Divisão.

Texto e foto Firmino Paixão

O clube aceitou um convite da Federação Portuguesa de Futebol para preencher uma das inúme-

ras vagas provocadas pela desistência de muitos clubes que disputavam provas na-cionais e depois de o Milfontes, vice-cam-peão da AF Beja na época passada, ter de-clinado. Chegado à Vidigueira a meio da época anterior, o treinador Fernando Piçarra, 52 anos, conduziu a equipa vas-caína ao terceiro lugar do Distrital de Beja e assume esta oportunidade de dispu-tarem uma prova nacional como impor-tante para a projeção do clube e da terra, sublinhando que o pior que pode aconte-

cer é voltarem ao lugar onde estavam.

A direção do Vasco da Gama renovou a con-

fiança no Fernando para uma segunda

temporada?

No final da época passada tínhamos acor-dado que eu continuaria a treinar o clube, dei a minha palavra às pessoas nesse sen-tido, entretanto surgiu o convite para o Vasco da Gama disputar a 3.ª Divisão, fa-lei com o presidente, sabíamos que seria uma situação nova cuja decisão teve que ser rápida, e estamos a trabalhar com esse objetivo.

Teria outro sabor se tivessem subido pela via

do título distrital…A questão não é essa, nós não pedimos nada a ninguém, a federação é que nos convidou a disputar o campeonato. O problema é que foi tudo muito rápido, muito em cima, tínhamos programado o regresso no final de agosto e tivemos que antecipar o início da época. Mas

estamos a tentar trabalhar o melhor possível, dentro das possibilidades que temos.

O Fernando foi ouvido antes de o Vasco da

Gama aceitar?

Sim, eu aconselhei a direção. Parece-me que este campeonato não terá grandes di-ficuldades, praticamente será uma espécie de “Distritalão”. Temos oito equipas alen-tejanas, entre Beja e Évora. Repare que te-ríamos que sair para Odemira e Milfontes, assim vamos a Lagoa e a Lagos, as despesas são praticamente as mesmas.

Quais são os fatores positivos desta decisão?

Principalmente o facto de o Vasco da Gama nunca ter estado na 3.ª Divisão. Será uma boa experiência, sobem apenas duas equi-pas, sabemos das dificuldades que vamos encontrar, mas será algo de importante para a terra e para o clube, e se o Vasco da Gama descer vem para o mesmo sítio onde estava, portanto não vejo nada de negativo.

FERNANDO PIÇARRA

Nascido em Moura, em 15 de dezembro de 1959 (52 anos)

Percurso como jogador: Moura, Académica de Coimbra, Vasco da Gama de Sines, Desportivo de Beja, Moura.Percurso como treinador: Moura, Amarelejense, Piense (três épocas); Barrancos (três épocas e título distrital da 2.ª Divisão em 2007/2008), Moura (duas épocas com subida à 2.ª Divisão Nacional), Vasco da Gama da Vidigueira (duas épocas)

jogadores, a pouco e pouco vamos ter que tomar decisões e formar a equipa. Como costumo dizer, faremos a pré-época já em competição.

O objetivo é conseguir o melhor lugar

possível…

Seria um discurso irrealista da minha parte se eu dissesse o contrário. Mas o nosso objetivo também depende muito da-quilo que a direção do clube quiser e tiver possibilidade de investir. Vamos tentar fi-car nos primeiros seis lugares e depois va-mos ver.

Lamentavelmente a 3.ª Divisão vai acabar…

O problema está aí, se fosse mais cedo seria um trabalho mais fácil, mas estamos a duas semanas da Taça de Portugal. Acho que vai ser um campeonato competitivo, as pessoas fazem sempre um esforço e vão um pouco mais além do que podem para tentarem ir o mais longe possível. Mas a grande ques-tão é esta, se houver uma segunda fase para as últimas, o que vão as últimas seis equipas lá fazer, sabendo antecipadamente que des-cem aos distritais? Mas as regras são estas, temos que viver com elas.

Três das equipas competiam na época pas-

sada na 2.ª Divisão. Serão os principais

candidatos?

É uma resposta que não lhe posso dar, eles é que saberão. Mas é natural que assim seja, são equipas com mais talento, mais expe-riência, principalmente experientes ao ní-vel da 2.ª e 3.ª divisões. E depois têm outro tipo de orçamento que nós não temos. Mas é importante referir que dentro do campo é que se vê o potencial e a dimensão das equipas. Não sou pessoa de baixar os bra-ços, acredito no meu trabalho e não facili-taremos a vida a ninguém.

O futebol amador passa por grandes

dificuldades…

Estes são os sinais das mudanças que têm existido a nível global. Costumo dizer que quem não sabe ler vê os bonecos, porque isto é assim, esta conversa que estou aqui a ter podia mudar em 10 minutos se apa-recesse dinheiro, cinco ou seis telefonemas e vinham outros tantos jogadores, o pro-blema é que não o temos e assim gerimos a realidade que temos. O futebol é cada vez mais uma indústria. Nem imagina a quan-tidade de telefonemas de empresários que temos todos os dias.

Ana Cabecinha classificou-se em 9.º lugar da prova de 20

quilómetros marcha nos Jogos Olímpicos de Londres com um

registo (1.28.03h) que constitui a melhor marca pessoal do ano.

A atleta estará amanhã, sábado, pelas 13 horas, em Baleizão,

sua terra natal, onde participará num almoço promovido pela

junta de freguesia local e pela Associação de Atletismo de Beja.

Ana Cabecinha

em 9.º lugar nos jogos olímpicos

Troféu Ramon Carranza O Nacional da Madeira, equipa treinada pelo bejense Pedro Caixinha, que recentemente se exi-biu em Beja, terminou a pré-temporada com uma importante vi-tória no 58.º Troféu Ramon Carranza ao bater na final, em Cadiz, a formação do Rayo Vallecano por 3-1.

A época teve que ser repensada?

Vamos fazendo isso pouco a pouco. Estamos a tentar melhorar as coisas,

sempre dentro da nossa realidade, não queremos ir além daquilo que é pos-

sível, não embandeiramos em arco, não entraremos em loucuras, va-

mos “comer o nosso feijãozinho com arroz” dentro da nossa

humildade, com uma equipa competitiva, que entre em

campo para nunca sair derrotada. Estamos a ver

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Francisco Fernandes foi sempre uma voz crítica sobre os caminhos por onde o futebol, nacional e regional, estava a enveredar. Não se enganou.

Texto e foto Firmino Paixão

Campeão distrital com o Castrense na úl-tima época, assumirá o seu lugar na 3.ª Divisão num ano em que se anuncia o

fim deste patamar do futebol português, ou seja, as equipas ou sobem para a 2.ª Divisão Nacional ou regressam ao regional, por isso o treinador do Castrense alerta para a necessidade de os clubes olharem mais profundamente para o fu-turo e dá o exemplo do Castrense, que, subindo ou não, mantém um plantel da região, competi-tivo e com grande potencial de progressão.

O futebol amador está a morrer?

Infelizmente o futebol amador está em deca-dência, sabemos que o futebol português de vez em quando tem coisas que ninguém percebe. Todos os anos têm vindo a experimentar altera-ções, com modelos que nos outros países já ten-taram e depois desistiram deles e nós andamos agora a percorrer esse caminho. O futebol ama-dor está a morrer e isso entristece-me muito.

Vamos para o último ano de 3.ª Divisão…

Ao que parece será esta a última época, pas-sando a existir uma 2.ª divisão amadora. Mas há cerca de 1 200 praticantes que ficam de fora. Se queremos qualidade temos que perguntar para onde irão todos esses jogadores. É verdade que o distrital pode ganhar mais qualidade, mas os jogadores não cabem em todas as equi-pas. Outra aberração será o facto de iniciar uma segunda fase do campeonato sabendo que o se-gundo grupo de seis equipas já está despromo-vido e que servirá apenas para os clubes gasta-rem dinheiro. Isto é brincar ao futebol.

Sempre alertou para a iminência desta

degradação…

Estava a ver que cada vez mais perdíamos qua-lidade. Há menos jogadores, menos motiva-ção. Vinha falando nisto há muitos anos e não me enganei. Tenho sido uma voz crítica e, neste caso, não gostaria de ter razão, mas a verdade é que vejo as coisas cada vez mais difíceis e mais degradadas. Os jogadores deixaram de so-nhar, de ter ambição e gosto pelo jogo. E como, e quando, é que vamos dar a volta a esta situa-ção? As pessoas que decidem não pensam nisto, é tudo feito em cima do joelho, sem diálogo, im-pondo regras sem ouvirem as pessoas.

Como é que o Castrense vai reagir a este

cenário?

Independentemente destes ou daqueles objeti-vos, o Castrense tem um olhar mais para além do presente. Temos que pensar no futuro, nos

A divisão de Desporto da Câmara Municipal de Beja associa-se

à Meia Maratona RTP Vodafone, que se realiza no dia 30 de

setembro, com o propósito de sensibilizar os munícipes para os

benefícios da prática da corrida e da caminhada, de acordo com

os objetivos do programa de atividade física e saúde – Bejactiva.

O município faculta transporte de ida e volta para o evento.

Correre caminhar

na ponte Vasco

da Gama

I Copa Alentejo Torneio de Futebol Juvenil A I Copa Alentejo, torneio que se disputa nas cidades de Beja, Évora, Portalegre e Vendas Novas, en-tre os dias 15 de setembro e 7 de outubro, tem a sua primeira jornada agendada para Beja, com o seguinte programa: no dia 15 de setembro, das 9 às 19 horas, 1.ª jornada de todas as sedes e escalões; pelas 19 horas terá lugar a cerimónia de abertura com animação e desfile dos participantes. No dia 16 de setembro, das 9 às 19 horas, decorrerá a 2.ª jornada. O evento terá lugar no Complexo Desportivo Fernando Mamede.

Mais do que a viver o presente, o Castrense está a acautelar o seu futuro

Um tempo de olhares distantes

próximos dois a três anos, e o Castrense, seja comigo ou com outro treinador, terá que acau-telar o futuro. O clube tem condições, tem uma boa direção. O presidente gostava de manter o clube enquadrado numa prova nacional, por isto a equipa deste ano é um pouco projetada para o futuro. Quero uma equipa com deter-minação, sem medo, ambiciosa, que entre em campo para ganhar.

Com alguns reforços?

Não conseguirei ter uma equipa apenas com jo-gadores do Alentejo porque há posições que não consegui preencher e agora temos que optar por dois ou três jogadores de fora da região.

Se não subirem de divisão perde-se o investi-

mento feito até aqui?

Há equipas que fizeram grandes investimentos, inclusive na região, mas o nosso investimento enquadra-se naquilo que são as possibilidades do clube. Vamos para um campeonato atípico, com uma equipa com grande margem de pro-gressão sem limitarmos o pensamento à época em curso, mas olhando já para os próximos anos. Se o Castrense, eventualmente, descesse de divisão ficaria com uma equipa com grande futuro, com média de idades baixa e a maioria da região, um grupo que pode dar muitas ale-grias ao clube no futuro.

Mas o pensamento está na subida…

FRANCISCO FERNANDES

Nascido em Cabeça Gorda (Beja), em 3 de janeiro de 1960 (52 anos)

Percurso como jogador: Desportivo de Beja, Zona Azul, Vitória de Setúbal, União da Madeira, Nacional, Olhanense, União de Santiago do Cacém. Internacional sub/19

Percurso como treinador: Odemirense (duas épocas), Ferreirense, Moura, Desportivo de Beja (quatro épocas), Vasco da Gama Sines (duas épocas), Aljustrelense (cinco épocas), Castrense (três épocas). Títulos: campeão distrital da 1.ª Divisão (com subidas à 3.ª Divisão) pelo Odemirense, Ferreirense, Moura, Aljustrelense e Castrense. Taça Distrito de Beja com o Ferreirense e Moura. Super Taça com o Castrense. Subida do Vasco da Gama de Sines da 3.ª à 2.ª Divisão.

Neste momento não pensamos em desci-das ou subidas, pedimos que a equipa entre em campo dando tudo para ganhar, mas nós já temos condições para no futuro chegarmos a uma segunda divisão. Temos que ver a dife-rença competitiva que existe. O campeão dis-trital do próximo ano vai para uma 2.º divisão. É um fosso muito grande para uma equipa que não esteja preparada. Naturalmente que de-sejo a todas as equipas da região o melhor su-cesso, cada um trabalha como quer, mas vemos que o Castrense a o Mineiro estão a trabalhar com uma boa base da região, e o Moura, com 15 ou 16 jogadores de fora, se não subir esta época como é que dá continuidade ao trabalho no futuro? Esses jogadores ficam em Moura no distrital?

Nunca se falou tanto alentejano na 3.ª Divisão

Nacional?

Há muito que eu gostava de ver isto e este ano concretizou-se. No passado falava-se mais al-garvio, com todas aquelas nuances que a gente sabe em finais de campeonato. Espero que as equipas se respeitem, que façam bons jogos e que tragam mais gente para os estádios. Desejo que, independentemente das incertezas deste campeonato, seja um ano em que o Alentejo consiga promover os seus jogadores e o seu fu-tebol. Temos qualidade, não somos uns coitadi-nhos, mas temos que nos unir e tomarmos de-cisões em conjunto.

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Campeões absolutos de columbofilia analisaram incidências da campanha

“Quando o Ameixa não ganhaaté os adversários ficam tristes”

Os campeonatos regulares de columbofilia disputam-se, en-tre outras, nas especialidades de velocidade, meio fundo e fundo, com somatório de pon-tos de cada concorrente a ver-ter para uma pontuação global de regularidade que determina o campeão absoluto.

Texto e foto Firmino Paixão

José Ameixa, na zona centro leste, e a Dupla de Entradas, na zona sul, conquistaram es-

ses títulos na campanha columbó-fila 2012, que acumularam com os das respetivas coletividades. Ambos analisam aqui as suas prestações, comentam o atual momento da mo-dalidade e perspetivam a próxima edição dos campeonatos.

O columbófilo bejense, 62 anos, também líder da assembleia-geral da coletividade Asas de Beja, re-feriu que foi uma boa campanha mas “podia ter sido melhor”: “Há sempre provas que fogem à nossa programação, mas a regularidade manteve-se, isso é que interessa, porque vão surgindo outros bons columbófilos que também temos que felicitar”.

L a ment a ndo a s perd a s da época, Ameixa acentuou: “Tivemos uns quantos concur-sos mais irregulares, com muito calor ou alguma solta que não foi muito bem conseguida, e quando é assim, as vítimas são os grandes pombos que se perdem, aconte-ceu comigo e com a generalidade dos columbófilos”. Sobre a colónia que gere em conjunto com o filho João, onde tem 120 voadores para concurso e uma reserva de 80 bor-rachos, José Ameixa referiu: “Os pombos têm correspondido bem, mas há sempre fatores que não controlamos e que tornam as pro-vas mais irregulares, temos que estar preparados para aceitarmos isso desportivamente. Concorro em todas as disciplinas, temos mais pombos fundistas, mas tam-bém tenho bons atletas em meio fundo e velocidade. É uma colónia equilibrada”.

Ameixa concorda que a

columbofilia não tem passado ao lado da crise, sustentando: “As di-ficuldades são gerais, aqui ainda conseguimos ter uma grande so-ciedade como é a Asas de Beja, uma coletividade que, numa al-tura destas, envia mil e tal pom-bos para solta é importante, se ca-lhar, será a maior do País, mas ao nível do distrito as coisas enfra-queceram um bocado”.

Quanto à próxima época diz: “Vamos ter um campeonato vi-rado para o sul de Espanha, numa linha de voo completamente dife-rente, vamos ver se os pombos se adaptam bem. Essas mudanças nem sempre resultam, mas isso vai dar um bocado de complexi-dade à próxima campanha”, acen-tuou José Ameixa, prometendo: “É para ganhar, mas só se consegue ter sucesso com muito trabalho e o meu filho é um columbófilo exem-plar, muito rigoroso, muito pre-ocupado. Quando entramos em

competição é sempre para fazer-mos o melhor possível, admitindo que os nossos adversários têm o mesmo pensamento”, concluiu.

Na vila de Entradas a ambi-ção não é menor. Paulo Bárbara, 46 anos, e Manuel Nobre, 43, for-mam a dupla que nas duas últimas épocas se tem vindo a impor na coletividade Asas Verdes (Castro Verde). E a próxima? “É outra vez para ganhar, não pode ser de ou-tra maneira”, diz Paulo, perentó-rio: “É sempre assim, procuramos vencer em todas as frentes”.

Uma dupla alicerçada na amizade, reforçou o seu porta-voz: “Sou amigo de infância do Manuel, ele foi columbófilo pri-meiro do que eu, mas sempre gos-tei de pombos. O Manuel não gosta muito deste trabalho, gosta mais de ver chegar os pombos, então es-tava a pensar abandonar e convi-dou-me para nos juntarmos, as-sim foi. Há quatro anos juntámos

A primeira jornada do Campeonato Nacional de Juniores

B (juvenis), prova em que competem as equipas do

Odemirense e do Despertar, realiza-se no próximo

domingo, pelas 11 horas, com os jogos V.Setúbal-Beira Mar

Almada; Louletano-Imortal; Estoril Praia-Odemirense;

Cova Piedade-Lusitano Évora e Despertar-Oeiras.

Primeira jornada do

Nacional de Juvenis

Mértola Radical A edição 2012 do evento Mértola Radical, que inclui um diversificado conjunto de atividades de aventura, está a decorrer em Mina de São Domingos, Mértola e Alcaria Ruiva. O programa contempla o 15.º Encontro Internacional de Parapente, paramotor e voos bilugar.

os pombos e temos sido uma du-pla vencedora, temos três títu-los de meio fundo e dois de fundo consecutivos, temos uma fêmea que na época passada foi terceira classificada a nível nacional em sport absoluto”.

Um investimento, ao que pa-rece, moderado mas bem-suce-dido: “Não investimos muito, isto é mesmo um entretenimento, mas trabalhamos sempre para ganhar. Os produtos para man-termos a colónia em forma são muito caros. Temos entre 80 a 90 pombos voadores e cerca de 120 borrachos e o trabalho é muito, gastam-se muitas horas à volta do pombal”.

Quanto à última campanha, Paulo Bárbara assumiu: “Foi muito difícil e sobretudo muito dura. Temperaturas elevadas e ventos desfavoráveis, muitos pombos per-didos. Mas desde que concorro que não me lembro de uma campanha

tão competitiva, com diferenças mínimas entre os concorrentes”. Com uma colónia diversificada, assumem a preferência pelo fundo mas têm pombos “para concorrer em todas as disciplinas”.

Paulo Bárbara lembrou: “Ainda não felicitei o meu adversário di-reto nas Asas Verdes, que era o Carlos Rodrigues. Estava à mi-nha frente mas eu fui mais feliz, meti nove pombos nos primeiros 10 e ganhei, mas deixo-lhe aqui os meus parabéns”.

Na zona centro leste venceu José Ameixa, lembrámos… “É um veterano, está tão habituado a ga-nhar que já nem deve festejar, e quando ele não ganha alguma coisa até os adversários ficam tris-tes”, brincou Paulo Bárbara, co-lumbófilo das Asas Verdes, adian-tando que a sua coletividade está “entre as mais fortes do distrito” e tem “columbófilos com muito valor”.

Campeão José Ameixa, um dos mais antigos e carismáticos columbófilos do distrito de Beja

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Conhecia-a há três anos, numa tarde de canícula, onde o objetivo do encontro foi trazer às páginas do “Diário do Alentejo” os propósitos de uma jovem atleta que despontava, marcadamente, na disciplina da marcha feminina. A apresentação recíproca ocorreu na aldeia de cima, junto à igreja de Nossa Senhora da Graça, em Baleizão. Na minha frente estava uma miúda franzina, mas com fibra, de coração enorme, que jamais renegou as suas origens. Disse-me que era de Baleizão e que o Alentejo estava- -lhe na alma. Depois de uma longa conversa e tirar ilações sobre a sua voluntariedade no mundo do desporto que um dia abraçou, perspetivei-lhe, de imediato, um futuro risonho, tendo em conta as marcas já alcançadas quer a nível nacional quer internacional. Hoje debruço-me, apaixonadamente, sobre o feito de Ana Cabecinha nas Olimpíadas de Londres 2012, onde conseguiu o nono lugar na maratona dos 20 quilómetros marcha, cortando a meta com o tempo de 1.29’03’’. Neste contexto, é de plena justiça que enaltecemos a sua entrega a uma disciplina atlética que a coloca no “top 10” olímpico. Ana Cabecinha é atleta do Clube Oriental de Pechão e uma referência no atletismo, porém, foi Baleizão a urbe alentejana que literalmente a colocou no berço universal. Perante a inquestionável realidade mundialmente conhecida, Ana Cabecinha será neste sábado, 18, alvo de uma homenagem em Baleizão, sendo que, para além da confraternização à volta de um repasto, haverá também lugar a uma prova de marcha popular onde a internacional portuguesa participará. Elevar ao púlpito os atletas nascidos nesta província sagrada é, sobretudo, enaltecer o sangue que nos corre nas veias quando o timbre averbado ressalta para aqueles que sempre honraram os tons ímpares de uma planície alentejana que recusa, perentoriamente, quedar-se pelo infortúnio. Parabéns, Ana Cabecinha.

Ana Cabecinha

José Saúde

Maratonista regressa “à terra”, sempre que pode, em busca de paz

“Chaíça, a treinar, faria melhor”É na travessa do Alto dos Moinhos, em Ervidel, que o maratonista Alberto Chaíça guarda muitos dos símbolos da sua bem-sucedida carreira de atleta.

Texto e foto Firmino Paixão

O velho moinho já não tem as velas de outrora, mas a ambição e o orgulho do

segundo melhor atleta português certamente que fariam mover as mós e dariam asas aos sonhos do homem humilde, conhecedor da realidade do atletismo portu-guês e que chama as coisas pelos nomes. Um campeão. Poucas ho-ras depois de terminar a maratona de Londres dos Jogos Olímpicos, onde não esteve porque ficou a 22 segundos dos mínimos exigidos, Alberto Chaíça, 38 anos, abriu-nos as portas da sua sala de tro-féus. Mal refeito dos fracos resul-tados da representação nacional em Londres e a receber mensa-gens de amigos a dizer-lhe “Oh Alberto, tu mesmo a treinar farias melhor do que eles”.

“Foi duro, e ainda mais duro quando depois se repescam atletas que, na maratona, nem têm o his-torial que eu tenho, nem deram as alegrias que eu dei ao País”. Assim reagiu Chaíça quando lhe recor-dámos os 22 segundos que o afas-taram de Londres em detrimento de repescados: “É completamente ridículo. Mais uma vez fui um bastardo”.

Um mero acaso do destino fez com que Alberto nascesse em Monte da Caparica quando toda a sua família viu a luz do dia na freguesia de Ervidel, mas esta é a sua terra adotiva, o seu porto de

abrigo: “Quando cá venho digo que vou à terra. Inspira-me esta paz e o sossego, passei aqui a mi-nha mocidade”. O atleta do Sport União Caparica (SUC) recorda que “ainda rapazito de escola” fazia os corta-matos escolares: “Não é que na altura gostasse, nessa idade queríamos era jogar à bola, mas quando os fazia era sempre a ga-nhar”. “Os meus ídolos? Eram Carlos Lopes e Rosa Mota, era pe-quenino e foram eles que ilumina-ram a minha estrelinha”.

Chaíça começou pelas pro-vas populares e destaca “o Troféu de Almada, uma prova que já não existe, mas de onde saíram muitos Chaíças”, e por ali foi progredindo em provas distritais e alguns títu-los regionais.

Aos 25 anos tornou-se atleta de alta competição, mas lembra: “Não entrei logo, andei sempre preso por centésimos para ganhar esse estatuto. Quando fiz a transição do SUC para o Maratona Clube de Portugal já andava na roda da alta competição e quando me estreei nos 5 000m fiquei a sete centési-mos de me darem uma bolsa de 30 contos”. Mas não deram, por isso Chaíça acusa: “Fui um filho bas-tardo para a Federação Portuguesa de Atletismo, deixaram-me sem-pre pendurado por centésimos de segundo, o que é ridículo para um fundista”. O atleta de Ervidel iro-niza: “Tem graça que eu comecei no atletismo ao contrário dos ou-tros. Enquanto os jovens entram pelos 800, 1 500, 3 000m, eu era ju-venil e já corria os 25 quilómetros jumbo, entre Cascais e Alfragide. Sempre fui um fundista”.

E na vida pessoal também o tem sido? “Naturalmente, filho de pais emigrantes, saído de uma

terra no interior do Alentejo, tudo o que consegui foi a pulso, com muito trabalho e muita dedica-ção”. Com o coração mais aberto confessou: “Tinha como meta deixar as sapatilhas nestes jogos olímpicos, ia lá dar o meu melhor, não defraudar a minha camisola e a nossa bandeira, como sempre fiz, e não consegui, fiquei triste comigo, magoado com o des-tino”. Uma desilusão justificada: “Foram 20 anos em que não estive a 100 por cento com a minha fa-mília, nem acompanhei o cresci-mento da minha filha, e todos eles sofreram com isto. Vivemos das alegrias que damos ao País, mas há sempre alguém, que é a família, que se priva de nós”.

Soa a renúncia mas o atleta nega: “Nunca baixei os braços, se tiver que ir ainda a uma compe-tição internacional irei, mesmo

que tenha 50 anos, agora não ab-dico mais da minha família como fiz no passado, e levei muito pon-tapé. Se não tivesse investido na minha profissão acabava uma carreira de 29 anos num país que tem uma federação e um comité olímpico que não olha para os seus atletas, terminem, ou não, a sua carreira”. Alberto Chaíça correu grandes maratonas, foi 8.º nos Jogos Olímpicos de Atenas, 4.º nos Mundiais de Paris, me-dalha de prata nos Europeus de Gotemburgo e assume: “Sou o segundo melhor atleta de sem-pre nas grandes competições, o meu tempo de 2.09,25 ainda é a oitava melhor marca mundial de sempre na maratona, não caí de paraquedas no atletismo, só te-nho um homem à minha frente que é o Carlos Lopes, e isso é um orgulho”.

E o que leva este homem do atletismo? “As glórias para o meu País e o dinheiro que ganhei. Nenhum atleta tem coragem para dizer isto, mas eu digo. Sempre convivi com o sucesso com humil-dade, quem me conheceu antes e depois se ter feito o que já fiz vê que sou o mesmo”.

Em Ervidel tem um torneio de futebol com o seu nome, mas lamenta a inexistência de uma equipa de atletismo. Alberto Chaíça, fisioterapeuta e marato-nista, nasceu no mesmo dia do poeta e romancista português Guerra Junqueiro, e a sua vida será um poema ou um romance? “Tem um pouco de romance com algu-mas peripécias pelo meio, tenho uma longa história de vida pessoal e desportiva que daria um bom li-vro, quem sabe se um dia ele não será escrito”.

Maratona Alberto Chaíça exibe a sua camisola dos Jogos Olímpicos de Atenas 2004 (8.º lugar)

“Nunca baixei os braços, se tiver que ir ainda a uma competição internacional irei, mesmo que tenha 50 anos, agora não abdico mais da minha família como fiz no passado, e levei muito pontapé”.

Page 22: Edição nº 1582

Diário do Alentejo17 agosto 2012

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Page 23: Edição nº 1582

Diário do Alentejo17 agosto 2012

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Page 24: Edição nº 1582

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28 de Setembro a 06 de Outubro

* Festa da Desfolhada – Valença do Minho – Dias 29

e 30 de Setembro

* Mariscada na Ericeira – “Viveiros do Atlântico” –

Dia 30 de Setembro

* Astúrias, Cantábria e Picos da Europa – De 3 a 7

de Outubro

* Cruzeiros no Douro – VÁRIOS PROGRAMAS DISPO-

NÍVEIS TODO O VERÃO!

* FÉRIAS EM BENIDORM – JULHO, AGOSTO E SETEM-

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Diário do Alentejo n.º 1582 de 17/08/2012 2.ª Publicação

CÂMARA MUNICIPAL DE VIDIGUEIRA

EDITAL N.º 29/2012

ABERTURA DA 1.ª FASE DE CANDIDATURAS

ALIENAÇÃO DE LOTES 18 LOTES DE TERRENO

NO LOTEAMENTO DO POÇO DA FIGUEIRA

MANUEL LUÍS DA ROSA NARRA, PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE

VIDIGUEIRA, TORNA PÚBLICO em cumprimento do disposto no n.º 1 do artigo 91.º da

Lei n.º 169/99, de 18 de Setembro, na redação da Lei n.º 5-A/2002, de 11 de Janeiro,

que, em conformidade com a deliberação de Câmara Municipal de Vidigueira, tomada

em reunião ordinária realizada no dia 21 de Dezembro de 2011, encontra-se aberta a

1.ª fase de candidaturas para alienação de 18 lotes de terreno, para construção urbana,

no Loteamento do Poço da Figueira, freguesia e concelho de Vidigueira, identifi cados

no quadro seguinte:

(*) Y=Índice constante no Plano de Urbanização de Vidigueira em vigor à data do

licenciamento do projeto.

O Regulamento de alienação de lotes destinados a habitação no Loteamento

do Poço da Figueira, bem como o Regulamento do Loteamento Urbano do Poço da

Figueira que defi ne as regras de construção, devem ser consultados na Subunidade

de Gestão e Planeamento Urbanístico da Câmara Municipal, sita na Rua da Malheira,

em Vidigueira, todos os dias úteis, das 9h00 às 17h30, ou na página da internet do

Município em www.cm-vidigueira.pt (em Apoio ao Munícipe Normas e Regulamentos

Ambiente, Urbanismo e Ordenamento do Território).

A hasta pública terá lugar no dia 03 de setembro de 2012, pelas 11h00, na Sala de

Sessões da Câmara Municipal de Vidigueira.

Em cumprimento da deliberação de Câmara Municipal acima mencionada, o preço

base de licitação dos lotes é de €120/m2 (cento e vinte euros por metro quadrado) e

os lanços mínimos no valor de €100 (cem euros).

Para constar se publica este e outros de igual teor, os quais irão ser afi xados nos

lugares públicos do costume.

E eu, Dr. Francisco Caipirra, Chefe da Divisão de Administração Municipal, o

subscrevo.

Paços do Município de Vidigueira, 2 de agosto de 2012.

O Presidente da Câmara Municipal,

Manuel Luís da Rosa Narra

Page 25: Edição nº 1582

Diário do Alentejo17 agosto 2012

institucional diversos 25

Diário do Alentejo n.º 1582 de 17/08/2012 Única Publicação

NOTÁRIA MANUELA SEMEDO TENAZINHA

Certifi co, para efeitos de publicação, nos termos do disposto no artigo

cem número um do Código do Notariado, que foi exarada hoje, neste Cartório,

no livro número cento e setenta e oito, de notas para escrituras diversas,

de folhas noventa e sete, a folhas cem, uma escritura de Justifi cação e

Doações, em que JOSÉ ANTÓNIO GUERREIRO e mulher LUCÍLIA DA

PALMA, casados sob o regime da comunhão geral de bens, ambos naturais

da freguesia de São Barnabé, concelho de Almodôvar, onde residem no

sítio do Cerro das Covas, contribuintes fi scais números 127 095 055 e 169

771 040, declaram:

Que são donos e legítimos possuidores, com exclusão de outrem, dos

sete prédios que se encontram identifi cados num documento complementar,

elaborado nos termos do número um do artigo sessenta e quatro do Código do

Notariado, que se arquiva fi cando a fazer parte integrante desta escritura.

Que o valor atribuído global dos identifi cados prédios é de seis mil

trezentos e vinte nove euros e oitenta e dois cêntimos.

Que adquiriram os prédios que agora se encontram identifi cados no alu-

dido documento complementar sob as verbas números um, três e quatro, em

data imprecisa mas que sabem ter sido por volta do ano de mil novecentos e

sessenta, por partilha meramente verbal e nunca reduzida a escritura pública,

a que procederam conjuntamente com os demais herdeiros e interessados,

das heranças abertas por óbito, de seus pais e sogros respectivamente,

José António e Teresa de Jesus da Palma, casados segundo o regime da

comunhão geral de bens, residentes que foram no referido sitio de Cerro das

Covas, falecidos respectivamente em treze de novembro de mil novecentos

e cinquenta e sete e dezassete de dezembro de mil novecentos e quarenta

e três, tendo os prédios que agora se encontram identifi cados no aludido

documento complementar sob as verbas números um, três e quatro, sido

adjudicados aos ora justifi cantes.

Que desde a referida data, portanto há mais de vinte anos, sempre

os primeiros outorgantes, têm vindo a possuir os aludidos prédios iden-

tifi cados nas verbas um, três e quatro, habitando o urbano e cultivando

e colhendo os frutos nos rústicos, no gozo pleno das utilidades por eles

proporcionadas, pagando os respectivos impostos, com ânimo de que

exercita direito próprio, sendo reconhecidos como seus donos por toda a

gente, fazendo-o de boa fé por ignorar lesar direito alheio, pacifi camente

porque sem violência, continua e publicamente, à vista e com conheci-

mento de toda a gente e sem oposição de ninguém. Mais declararam

que adquiriram o prédio que agora se encontra identifi cado no aludido

documento complementar sob a verba número dois, também em data

imprecisa, mas que sabem ter sido por volta do ano de mil novecentos e

sessenta e três, por partilha meramente verbal e nunca reduzida a escri-

tura pública, a que procederam conjuntamente com os demais herdeiros

e interessados, dos bens da herança aberta por óbito de sua tia Maria

da Palma, solteira, maior, residente que foi no referido sitio de Cerro das

Covas, falecida no ano de mil novecentos e trinta e cinco, tendo o prédio

rústico identifi cado no aludido documento complementar sob a verba

número dois, sido adjudicado aos ora justifi cantes.

Que desde a referida data, portanto há mais de vinte anos, sempre os

primeiros outorgantes, têm vindo a possuir o aludido prédio rústico identifi ca-

do na verba dois do documento complementar, cultivando-o e colhendo os

frutos, no gozo pleno das utilidades por ele proporcionadas, com ânimo de

que exercita direito próprio, sendo reconhecidos como seus donos por toda

a gente, fazendo-o de boa fé por ignorar lesar direito alheio, pacifi camente

porque sem violência, continua e publicamente, à vista e com conhecimento

de toda a gente e sem oposição de ninguém.

Mais declararam que adquiriram os prédios que agora se encontram

identifi cados no aludido documento complementar sob as verbas números

cinco, seis e sete, também em data imprecisa mas que sabem ter sido por

volta do ano de mil novecentos e setenta, por partilha meramente verbal

e nunca reduzida a escritura pública, a que procederam conjuntamente

com os demais herdeiros e interessados, das heranças abertas por Óbito,

respetivamente de seus sogros e pais Manuel António e Maria Francisca,

casados segundo o regime da comunhão geral de bens, residentes que

foram no sitio da Brunheira, freguesia de São Barnabé, concelho de Almo-

dôvar, falecidos respectivamente em vinte de setembro de mil novecentos e

quarenta e um e vinte de junho de mil novecentos e sessenta e oito, tendo

os prédios rústicos que se encontram devidamente identifi cados no aludido

documento complementar sob as verbas números cinco, seis e sete, sido

adjudicados aos justifi cantes. Que desde a referida data, portanto há mais

de vinte anos, sempre

os primeiros outorgantes, têm vindo a possuir os aludidos prédio rústi-

cos identifi cados sob as verbas cinco, seis e sete, cultivando-os e colhendo

os frutos, no gozo pleno das utilidades por eles proporcionadas, pagando

os respectivos impostos, com ânimo de que exercita direito próprio, sendo

reconhecidos como seus donos por toda a gente, fazendo-o de boa fé por

ignorar lesar direito alheio, pacifi camente porque sem violência, contínua e

publicamente, à vista e com conhecimento de toda a gente e sem oposição

de ninguém.

Que dadas as enunciadas características de tal posse, adquiriram todos

os referidos prédios devidamente identifi cados no documento complementar,

por usucapião, título este que, por natureza, não susceptível de ser compro-

vado pelos meios normais

DOCUMENTO COMPLEMENTAR

Elaborado nos termos do número um do artigo sessenta e quatro do

Código do Notariado, para fi car a instruir a escritura lavrada a folhas noventa

e sete, do livro número cento e setenta e oito de notas para escrituras diversas

em Loulé, da notária Manuela Maria Palma Nobre Semedo Tenazinha

Verba n.º1

Prédio urbano, sito no lugar de Serro das covas, freguesia de S. Barnabé,

concelho de Almodôvar, composto de um edifício térreo, destinado a habita-

ção, com urna divisão, sótão e logradouro, confrontando a norte com Lucília

Tolosa e Outros, a nascente com Herdeiros de José da Palma, a sul com

António Constâncio e a poente com Manuel Amaro, com a área de cinquenta

e oito metros quadrados, inscrito na respectiva matriz predial sob o artigo

número 1.312, com o valor patrimonial tributário de 6.180,00, Euros – seis mil

cento e oitenta euros, igual ao que lhe atribuem, omisso na Conservatória do

Registo Predial de Almodôvar.

Verba n.º 2

Prédio rústico, sito no lugar de Ribeira de Mira, freguesia de Santa

Clara-a-Nova, concelho de Almodôvar, composto de prado natural e solo

subjacente com sobreiros, confrontando a norte com Victor António Santos, a

nascente com Herdeiros de Maria da Palma, a sul com ribeira e a poente com

Manuel Coelho da Palma, com a área de trinta e oito mil metros quadrados,

inscrito na respectiva matriz predial sob o artigo número 76 - Secção V, com

o valor patrimonial tributário de 33,19 Euros – trinta e três euros e dezanove

cêntimos, igual ao que lhe atribuem, omisso na Conservatória do Registo

Predial de Almodôvar.

Verba n.º 3

Prédio rústico, sito no Lugar de Cerro das Covas, freguesia do São Bar-

nabé, concelho de Almodôvar, composto de terreno estéril, confrontando a

norte com caminho, a nascente com Manuel Alexandre, a sul com Herdeiros

de Manuel Afonso e a poente com Manuel Afonso Anastácio, com a área de

mil trezentos e cinquenta e sete metros quadrados, inscrito na respectiva

matriz predial sob o artigo número 174 – Secção N, com o valor patrimonial

tributário de 0,00 Euros – zero euros e zero cêntimos, e o atribuído de 25,00

Euros – vinte e cinco euros, omisso na Conservatória do Registo Predial de

Almodôvar.

Verba n.º 4

Prédio rústico, sito no lugar de Pedra Riscada do Meio, freguesia de São

Barnabé, concelho de Almodôvar, composto de cultura arvense, prado natural

e solo subjacente com sobreiros, confrontando a norte com José Manuel Fer-

nandes Guerreiro, a nascente com Artur da Palma, a sul com Antônio Teixeira

Nuno e a poente com Antônio Teixeira Nuno e Lucinda Rodrigues Guerreiro

com a área de vinte e dois mil metros quadrados, inscrito na respectiva matriz

predial sob o artigo número 68 – Secção R, com o valor patrimonial tribuído

de 14,96 Euros – catorze euros e noventa e seis cêntimos, igual ao que lhe

atribuem, omisso na Conservatória do Registo Predial de Almodôvar.

Verba n.º 5

Prédio rústico, sito no lugar de Bolido, freguesia de São Barnabé, conce-

lho de Almodôvar, composto de prado natural, solo subjacente com sobreiros,

cultura arvense, oliveiras e cultura arvense de regadio, confrontando a norte

e nascente com Herdeiros de Manuel Afonso, a sul com Maria Lisete da

Palma Viegas e a poente com Manuel Alexandre e José António Guerreiro,

com a área de quarenta mil e quinhentos metros quadrados, inscrito na

respectiva matriz predial sob o artigo número 21 – Secção T, com o valor

patrimonial tributário de 59,58 Euros – cinquenta e nove euros e cinquenta e

oito cêntimos, igual ao que lhe atribuem, omisso na Conservatória do Registo

Predial de Almodôvar.

Verba n.º 6

Prédio rústico, sito no lugar de Barranco do Brejo Longo, freguesia de

São Barnabé, concelho de Almodôvar, composto de cultura arvense e solo

subjacente com sobreiros, confrontando a norte com Maria Coelho da Palma,

a nascente e sul com Manuel Duarte da Palma, e a poente com Artur da Palma

com a área de dez mil metros quadrados, inscrito na respectiva matriz predial

sob o artigo número 77 – Secção Z, com o valor patrimonial tributário de 8,42

Euros – oito ouros e quarenta e dois cêntimos, igual ao que lhe atribuem,

omisso na Conservatória do Registo Predial de Almodôvar.

Verba n.º 7

Prédio rústico, sito no lugar de Courela do Montinho de Baixo, freguesia

de São Barnabé, concelho de Almodôvar, composto de cultura arvense e solo

subjacente com sobreiros, confrontando a norte com Manuel Duarte da Palma

e Herdeiros de Manuel Coelho da Palma, a nascente com Álvaro da Palma

e a sul e poente com Amílcar Nunes, com a área de sete mil e quinhentos

metros quadrados, inscrito na respectiva matriz predial sob o artigo número

81 – Secção Z, com o valor patrimonial tributário de 8,67 Euros – oito euros e

sessenta e sete cêntimos, igual ao que lhe atribuem, omisso na Conservatória

do Registo Predial de Almodôvar.

Assinaturas Ilegíveis

A notária

Manuela Maria Palma Nobre Semedo Tenazinha

28 000É o número de leitores que todas as semanas

lê o “Diário do Alentejo” na sua versão papel.

No facebook, todos os dias, mais de 4 000 leitores

seguem a atualidade regional na página do “DA”

www.diariodoalentejo.pt facebook.com/diariodoalentejo

Diár

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Fonte: Marktest. Relatório de resultados da imprensa regional no período compreendido entre abril de 2010 e março de 2011

Page 26: Edição nº 1582

Diário do Alentejo17 agosto 2012

necrologia diversos26

Beja

MISSA E

AGRADECIMENTO

Maria José Carolina

Figueiredo

30.º Dia de Eterna Saudade

Seus familiares, na impos-

sibilidade de o fazer pesso-

almente, vêm por este meio

agradecer a todas as pes-

soas que acompanharam a

sua ente querida à sua últi-

ma morada ou que de outro

modo manifestaram o seu

pesar e participam que se re-

alizou missa pelo seu eterno

descanso no dia 14/08/2012

pelas 18 e 30 horas, na Igreja

da Sé em Beja, agradecendo

a todas as pessoas que nela

participaram.

Beja

PARTICIPAÇÃO E

AGRADECIMENTO

Maria José da Silva

MestreFaleceu a 04/08/2012

Seu esposo, filhos, noras e

restante família cumprem o

doloroso dever de participar o

falecimento da sua ente queri-

da, ocorrido no dia 04/08/2012

e na impossibilidade de o fazer

individualmente vêm por este

meio agradecer a todas as

pessoas que a acompanharam

à sua última morada ou que de

outra forma lhes manifestaram

o seu pesar.

Vale de Açor

MISSA

E AGRADECIMENTO

António dos Santos

Palma30.º Dia de Eterna Saudade

Seus familiares na impossibili-

dade de o fazer pessoalmente,

vêm por este meio agradecer

a todas as pessoas que acom-

panharam o seu ente querido

à sua última morada ou que

de outro modo manifestaram

o seu pesar e participam que

será celebrada missa pelo

seu eterno descanso no dia

24/08/2012, sexta-feira pelas

10 horas, na Igreja de Vale de

Açor, Mértola, agradecendo

desde já a todas as pessoas

que nela participem.

Beja

MISSA

E AGRADECIMENTO

Engrácia do

Carmo Aurélio Paixão

Velhuco1.º Ano de Eterna Saudade

A família participa a todas as

pessoas de suas relações e

amizade que será celebrada

missa pelo eterno descanso

da sua ente querida, no dia

20/08/2012, segunda-feira,

pelas 18 e 30 horas na Igreja

da Sé em Beja, agradecendo

desde já a todas as pessoas

que comparecerem no pie-

doso acto.

Alcaria da Serra

AGRADECIMENTO

Joana Maria Coelho

Patrocínio Raminhos Nasceu 15.11.1930

Faleceu 11.08.2012

Seu Esposo, fi lho e restante

família na impossibilidade de

o fazer pessoalmente agrade-

cem por este meio a todas as

pessoas que a acompanha-

ram á sua última morada ou

de outro modo manifestaram

o seu pesar.

Beja

José Manuel

Ragageles Borralho2.º Ano de Eterna Saudade

Seus irmãos e restante famí-

lia, cumprem o doloroso de-

ver de participar a todas as

pessoas de suas relações e

amizade o falecimento do seu

ente querido ocorrido no dia

13/08/2010.

Diário do Alentejo n.º 1582 de 17/08/2012 Única Publicação

UNIÃO DOS SINDICATOS DE BEJA

CONVOCATÓRIA

Nos termos do número 1 do artigo 29º e para

efeitos do disposto na alínea d) do artigo 25º.dos

Estatutos convoca-se o Plenário Eleitoral da União

dos Sindicatos do Distrito de Beja/CGTP-IN, para

uma reunião, em sessão ordinária, no dia 28 de

Setembro de 2012 pelas 09,00 horas, nas insta-

lações do SINDICATO DA INDUSTRIA MINEIRA,

Largo do Mineiro, nº 15 – 7600 ALJUSTREL com

a seguinte:

ORDEM DE TRABALHOS

1. Discussão e deliberação sobre o regulamen-

to de funcionamento do Plenário Eleitoral;

2. Discussão e deliberação sobre o Programa

de Acção para o quadriénio 2012/2016;

3. Eleição dos Órgãos Dirigentes da USDBEJA/

CGTP-IN para o quadriénio 2012/2016.

Beja, 13 de Agosto de 2012.

A Direcção

Diário do Alentejo n.º 1582 de 17/08/2012 Única Publicação

SANTA CASA DA MISERICÓRDIA

DE ALJUSTREL

CONVOCATÓRIADe harmonia com #5 do Artigo 30º dos Estatutos,

convoco a Assembleia Geral Extraordinária, desta Santa

Casa da Misericórdia de Aljustrel, a reunir no dia 27 de

Agosto de 2012, pelas dezanove hora e trinta minutos,

na sede da mesma “Lar da 3ª Idade” na Avenida 1º de

Maio nº 4 7600-010 Aljustrel com a seguinte ordem de

trabalhos:

1º- Contração de empréstimo bancário ao abrigo

da linha de crédito às Instituições Particulares de So-

lidariedade Social, para a construção do Novo Lar da

3ª Idade de Aljustrel.

2º - Contração de empréstimo junto de uma Insti-

tuição Bancária, para Construção do Novo Lar da 3ª

Idade de Aljustrel.

3º- Outros assuntos de interesse para a SCMA.

Não reunindo o número legal de sócios, para a As-

sembleia Geral poder funcionar, fi ca a mesma desde já

convocada para as vinte horas do mesmo dia, conforme

o # 2 do Artigo 28º dos Estatutos.

Aljustrel, 10 de Agosto de 2012.O Presidente da Assembleia Geral

Luís Maria Bartolomeu Afonso da Palma

Agência FuneráriaEspírito Santo, Lda.

Tm.963044570 – Tel. 284441108Rua

Das Graciosas, 7 7960-444

Vila de Frades/Vidigueira

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DESLOCAÇÕES POR TODO O PAÍS

EXPLICAÇÕES– Dou explicações de Espanhol

– Faço traduções com o par Português/

Espanhol

Contacto: 934047165

[email protected]

Page 27: Edição nº 1582

Diá

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12

27As Palavras Andarilhas são uma festa da palavra – lida, escutada, contada – que de

dois em dois anos se faz em Beja – a “Cidade dos Contos”. Durante três dias (30 e 31 de

agosto e 1 de setembro), os “andarilhos” são convidados a participar em conferências,

oficinas, exposições, sessões de narração oral, tertúlias e ações coletivas de mediação

da leitura, mas, atenção, há atividades paralelas gratuitas para desfrutar em família.

Cidadede Beja em

festa com Palavras

Andarilhas

Dica da semanaBeth Curtain é uma artista americana residente na Suíça. Mãe de três crianças sabe o quanto é difícil mantê-las ocu-padas sem recorrer à televisão ou aos jogos de computador, por isso o seu blogue está cheio de ideias para pais e filhos fazerem em conjunto. Aproveitem. http://acornpies.blogspot.ch

A páginas tantas...Gatinho e a Bola de Joel Franz Ros-sel e com ilustrações de Constanze Kitzing, conta-nos a recém-chegada do protago-nista desta história a uma nova casa, com novos vizinhos e a difícil adaptação, pois terá que vencer a sua timidez para conseguir fazer novos amigos.Mas parece que uma bola perdida o faz acreditar que poderá vencer este novo desafio sozinho. A insistência da mãe para que ele procure o verdadeiro dono da bola fará com que conheça novos amigos. E é assim que conhece a Pata, o Esquilo, o Coelho e o Ouriço. Um livro que fomenta o sentido de propriedade, de responsabilidade, a convivência e a generosidade face ao individualismo e ao egoísmo.

Segue o link para descobrires mais sobre esta ilustradora

http://www.constanzevonkitzing.de/

Pais

Panquecas – Talvez a tentação seja a de com-prar umas já feitas, mas quem o fez sabe que a oferta que o mercado, dá é uma bomba de açú-car. Desafiamos os pais a preparar umas delicio-sas panquecas e, claro, a apresentá-las da ma-neira mais original.

À soltaO trabalho que te mostramos é de Shashank Nimkar, uma es-tudante indiana da Symbiosis Institute of Design. Aprende e cria as tuas personagens.

http://www.behance.net/SSNimkarCAMPAS E JAZIGOS

DECORAÇÃO

Page 28: Edição nº 1582

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12

Boa vidaComer

Gaspacho pobre à alentejanaIngredientes6 tomates maduros,3 dentes de alho,1 cebola, 2 pepinos,1 pimento vermelho, q.b. de azeite, q.b. de vinagre de vinho branco,400 gr. de pão do dia anterior,q.b. de sal grosso, q.b. de água bem fria,azeitonas para acompanhar.

PreparaçãoNuma tigela colocam-se os dentes de alho com um pouco de sal e pisam-se até ficarem desfeitos. De se-guida junte azeite, vinagre e mexa com uma colher. Nesta mistura coloque os toma-tes sem pele e sem grainhas, pepino descascado sem pe-vides, pimentos e cebola, tudo cortado aos cubinhos. Adicione água bem fresca e polvilhe com os orégãos. Acrescente mais sal se ne-cessário e retifique os tem-peros a seu gosto. Entretanto corte o pão aos cubos e sirva tudo misturado com o gas-pacho. Sirva de imediato e bom apetite… com um vi-nho rosé bem fresco.

SugestõesEste é um gaspacho pobre, mas para o tornar rico basta acompanhá-lo com pre-sunto, paio, uvas, carapau-zinhos fritos, sardinhas as-sadas, etc…

António Nobre Chefe executivo de cozinha – Hotéis M’AR De AR, Évora

Letras

Gabriela,cravoe canela

Agosto é mês de centenário do nascimento de Jorge Amado, que – disse ou-

tro escritor, Mia Couto – não es-creveu só livros, escreveu um país, o Brasil.

Para muitos portugueses o contacto com a sua obra começou, precisamente, com a adaptação televisiva, em 1975, de Gabriela, cravo e canela, sobre os amores da mulata doce – que será sem-pre Sónia Braga - e do sírio Nacib. O livro, numa edição definitiva fi-xada sob a supervisão do próprio escritor, foi reeditado, entre nós, pela Dom Quixote.

Por volta de 1925, e com a ri-queza trazida pela cultura do ca-cau, a cidade de Ilhéus trans-figura-se e é este o fundo dos amores da heroína sertaneja com o imigrante.

Gabriela é também um mo-mento de viragem na carreira de Amado (é o primeiro livro que publica após deixar o Partido Comunista) que aligeira o registo político das suas primeiras obras para optar por um registo sensu-alista e sublinhar a mistura rácica na sociedade brasileira.

Coronéis e jagunços, prosti-tutas e imigrantes amam-se, in-trigam, engendram artimanhas eróticas e políticas num enredo es-crito com ironia e em que o geral e o particular se equilibram. Elogio da sensualidade e liberdade da mulher articula este registo com a fixação dos desafios ao poder dos coronéis numa sociedade tradi-cional em fase de mudança social e económica.

A obra tem mais de meio sé-culo – foi editada em 1958 – e a sua qualidade aliada ao su-cesso grangearam ao autor os prémios Machado de Assis e Jabuti bem como, em 1961, a elei-ção de Amado para a Academia Brasileira de Letras.

Maria do Carmo Piçarra

Filatelia

O pão bíblico (XI)

São inúmeras as referências bíblicas ao pão; felizmente algumas já se encontram re-gistadas na filatelia portuguesa, como é o

caso do Maná, alimento com que Deus alimentou o seu povo a caminho da Terra Prometida .

Um dos livros da bíblia sagrada, o do Êxodo, refere que os hebreus, que à época es-tavam no Egito, perdida a sua inf luência de ou-trora, oprimidos e receosos do seu futuro pelas medidas que contra si o faraó tomava, “ergue-ram até Deus o seu grito de socorro”. Este, ou-vindo-os “recordou-se da sua aliança com Abraão, Isac e Jacob” (Êxodo 2 – 23/24), apare-ceu a Moisés e intruiu-o para falar com o faraó pedindo permissão de saída.

Como o faraó se opôs, Deus fez cair sobre o Egito 10 pragas, cada uma mais terrível que a anterior, até que anui ao pedido de Moisés.

O livro já referido dá destaque à insatisfa-ção dos hebreus pela incapacidade do deserto em os alimentar. Preocupado com a rebeldia e a falta de fé que sentia no seu povo, Moisés inter-cedeu junto do Senhor e este fez chover pão – o Maná – alimento que foi indispensável para o bom êxito da travessia.

Sobre o Maná, o livro do Êxodo (16 - 11, 1-15, 31-34), refere que “O Senhor disse a Moisés: ‘Eis que vou fazer chover do céu pão para vós. O povo sairá e recolherá em cada dia a porção de um dia. Isto é para o pôr à prova e ver se andará, ou não, na minha lei. (...) e pela manhã havia uma camada de orvalho ao re-dor do acampamento. A camada de orvalho le-vantou, e eis que à superfície do deserto havia uma substância fina e granulosa (...) disse-lhes Moisés. Isto é o pão que o Senhor vos deu para comer”’ (...).

O selo reproduzido, “Moisés no Deserto – a Apanha do Maná”, é um óleo sobre madeira de André Gonçalves e encontra-se na igeja de Santa Catarina, em Lisboa.

(continua)Geada de Sousa

Jazz

Jesper Zeuthen Trio – “Live”

Depois de se dar a conhecer, no final dos anos 1960, através da sua participação no grupo de jazz-rock Blue Sun, o saxo-

fonista dinamarquês Jesper Zeuthen empreendeu uma relevante carreira, com reflexos sobretudo no norte da Europa. Primeiro no tenor e, a par-tir de 1977, no alto, desdobrou a sua atividade por diversos projetos e colaborações (o trio Zeuthen/ /Friis/Mazur, WBZ, Det Flyvende Hus ou com a Pierre Dørge s New Jungle Orchestra), percurso durante o qual burilou uma sonoridade própria e reconhecível, onde, no entanto, é possível des-

cortinar traços remotos de Rollins, Ornette ou Ayler. Em 2008, o saxo-fonista formou um novo trio, com o contrabai-xista Adam Pultz Melbye e o baterista Thomas Præstegaard, dois mú-sicos de créditos firma-dos no panorama do jazz e da música impro-visada da Dinamarca e não só. Um intenso perí-odo de ensaios e concer-tos conduziu à gravação de um disco, na prima-vera de 2009, o primeiro em quase três décadas constituído apenas por composições originais de Zeuthen. Em março do ano passado foi re-gistada uma sequela ao vivo na LiteraturHaus de Copenhaga, que evi-dencia o elevado nível

de coesão e empatia do trio, com o líder em na-tural posição de destaque, mas onde o trabalho da secção rítmica é absolutamente central para o cômputo do que se escuta. Na peça de abertura, “Husene På Volden”, o saxofonista desenvolve li-nhas serpenteantes, onde deixa transparecer in-fluências particulares da música do sudoeste asi-ático. O crescendo de intensidade desemboca num festim de energia, municiado por contrabaixista e baterista. No efervescente “Solajma I Solen”, muito “ayleriano”, Zeuthen exibe a altivez do seu canto, com o contrabaixista a assinar um notá-vel solo. Momentos como “Træet” (com o uso do arco por parte de Melbye e a delicadeza do traba-lho de Præstegaard a acentuarem a carga dramá-tica) e “Efter Stormen” deixam a descoberto um outro lado mais lírico e de maior apelo melódico. O disco termina em paz com “Marie På Bænken”, quase uma canção de embalar.

António Branco

Nota: António Branco regressa a este espaço em outubro.

Jesper Zeuthen Trio – “Live”Jesper Zeuthen (saxofone alto), Adam Pultz Melbye (contrabaixo) e Thomas Præstegaard (bateria)Editora: BlackoutAno: 2012

Gabriela, cravo e canelaJorge AmadoDom Quixote464 págs.16,90 euros

28 A Twin é uma cadela de porte grande que apareceu perdida/abandonada junto à estrada nacional.

Foi recolhida pela associação e entretanto esterilizada. É uma menina meiga, muito

sociável com as pessoas… por vezes com outros cães tem comportamento dominante.

Devido ao seu tamanho precisa de bastante espaço onde possa fazer exercício. Venham

conhecê-la ao Cantinho dos Animais. Será vacinada e desparasitada antes da adoção.

Contactos: 962432844; [email protected]

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Crónica de verão

Algarve,ainda.João Mário Caldeira

Se todas as aves apontam a Sul, como diz o poeta, porque não nós? Nem que seja uma vez por ano. No verão. Em agosto, que é o

mês de todos os portugueses. Partem obstina-dos, como se cumprissem um mandado dos Céus. Como se a agulha da bússola estivesse virada ao contrário, norteada a Sul. Um apelo do mar? Não só. Também há mar, outro mar, mais cheiroso, ba-tido pelo vento, a oeste. De rochas, de percebes, de algas como tiras de couro verde. Poucos o querem. O Algarve é que é. Em especial a Sotavento, para os do interior. A aspereza do sol, a areia em brasa. A mansidão azul da água, a quentura. A morni-dão.

A meio da manhã as ruas apinhadas. As mulhe-res à frente, de chapéu de palha, fato de banho sob o vestido, saco ao ombro, revista sobre o braço, a pele a ansiar pelo castanho do retorno. Eles atrás, sobraçando as sombrinhas, bonés do Benfica a marcar atitude, a águia sobre a testa. Crianças pelo meio, mais ou menos bem dispostas. Descem as ruas em formigueiro, como se do mar brotasse maná.

Algarve. Lugar onde há umas dezenas de anos quase nos insultavam quando queríamos comprar peixe na praça ou quando ao balcão, pedíamos uma imperial e um prato de tremoços. Tratados como se fôssemos intrusos. Como se viéssemos roubar qualquer coisa. Aprenderam tarde de mais os que vendiam e hoje alguns torcem a orelha e

não deita pinga de sangue. Para Sul, como as aves, aí vamos todos. De

carro atafulhado. Inventando desculpas para mais uma vez voltar. Os netos, como a desculpa mais bonita para os que são avós. O passado de mais de trinta anos teimando em vir ao nosso encontro. Teimoso. Doloroso. Mértola, Álamo, Alcaria dos Javazes, Sedas, Vascão, Alcoutim, nomes a atro-pelarem-se uns aos outros na berma da estrada. Retomados ano a ano. Como que gravados a ferro em brasa nas placas. Odeleite, a barragem como primeiro refrigério. A melancolia sempre, sempre, a nosso lado. O sul cada vez mais à mão. Salgado como sempre. A memória nem tanto, perdendo sal ano a ano. O porta-moedas do Zé Joaquim quase esquecido, abrindo-se para participar na conta do prato de conquilhas avaliado em dinheiro velho. Então compadre, como vai isso? Enchia-me a alma a companhia do Manel Madeira, chapéu de palhi-nha tombado sobre uma banda. Conversas demo-radas. Petiscos. Estopeta de atum. Pés de burro. Os bares da praia montados sobre as dunas como portos de salvamento e de encontro. Encerrados desde o primeiro dia se então já investigasse a ASAE. Condenados depois a bem do ambiente. Hoje nem sinal, nem deles nem da presença dos seus donos que só se designavam falar-nos quando aparecíamos, dia após dia. Mesmo assim mal dis-postos, como se nos fizessem um favor. Algarvios de raça, à antiga. Gente que se vai perdendo.

Há noites em que mal se respira. O vento roda a norte trazendo a fornalha da serra. A brisa do mar desiste, vencida, guardando-se para outra oportu-nidade. Os mosquitos preparam-se então para o banquete noturno. Mesmo a calhar a pele enrubes-cida dos migrantes. O sangue à f lor, de bandeja.

– As melgas esta noite vão morder, diz uma vi-zinha da rua que veio do Laranjeiro, casada com um pintor da antiga Setenave. Lá terá aprendido que os impertinentes bichos têm dentes. Sabe-se lá se alguns (ou algumas, porque melgas cheira

mais a feminino) não trocaram o ferrão por denta-dura implantada.

– Mas eu cá não as deixo morder – acrescenta a vizinha, a mesma – ligo o Exalo e é um descanso, as bichas fogem logo que sentem a exalação.

São de temer as noites quentes algarvias. Nelas tudo pode acontecer. Até morderem-nos os mos-quitos, como no Laranjeiro.

Repetindo experiência anterior, o nosso pri-meiro-ministro veio veranear para uma casa muito perto da que a lugamos todos os anos. Gente simpát ica, ele e toda a famí l ia , cum-primentando e estabelecendo natura l relação quando oportuno. A segurança r igorosa que lhes montam, e a que inquestionavelmente têm direito, toca-nos também por tabela. Guarda à porta foi luxo que nunca tivemos. Este ano a segurança parece ter sido reforçada, não vá o diabo tecê-las. O descontentamento lavra por todo o País. Mas esteja o senhor primeiro-mi-nistro descansado: os e as que passam com trajes de praia, sombrinhas às costas, bonés garridos, olhos f itos na auréola do mar, são inofensivos. Guardam as queixas para quando regressarem a casa e deitarem contas à vida. Agora f izeram um investimento, muitos com o dinheiro contado ao cêntimo. Querem sossego.

Entretanto o verão vai-se esgueirando em agosto, deixando mais sujo o Algarve. Já de saída, quer se queira, quer não. Mas, ainda assim, amea-çador. O sol em brasa. Os avós invetivando os ne-tos a porem os chapéus. A negarem-lhes na praia mais bolas de Berlim. Eles com modos e pergun-tas muito velhas, soando como repiques na memó-ria dos avós. O mar trazendo ondas que já se des-conhecem, de tão novas. O passado outra vez ao nosso encontro com o regaço pejado de conqui-lhas, em pratinhos, o vinho branco refulgindo nos copos dos amigos. A saudade a banhos.

Mas Algar ve a inda. Quase já o do nosso descontentamento.

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História do jazz no espaço Oficinas Arranca hoje, sexta-feira, no espaço Oficinas, em Aljustrel, o curso livre de iniciação à história do jazz “Jazz de A a Z”. A ação, que decorrerá até 4 de maio estruturada em oito sessões, sempre às sextas-feiras, é mi-nistrada por António Branco, dinamizador do Clube de Jazz do Conservatório Regional do Baixo Alentejo. A primeira sessão, pelas 21 e 30 horas, abordará o tema “Dos campos de algodão a Nova Orleães”.

Amanhã, sábado, dia 18, tem lugar em Zambujeira

do Mar, no concelho de Odemira, as festas em

honra de Nossa Senhora do Mar. A tradição

volta a cumprir-se e a população homenageia

a sua padroeira, com vários momentos

religiosos, mas também com animação.

Festas em honra de Nossa Senhora

do Mar

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Fim de semana

Banda de Nova Iorque em Beja

The Last Internacionale no Pax Julia

Hoje, sexta-feira, 17, há música no Pax Julia Teatro Municipal. The Last Internacionale, banda de Nova Iorque, sobe ao palco principal pelas 22 horas.

Na verdade, os The Last Internationale são um trio de Nova Iorque com fortes raízes portuguesas, em evidente expansão in-ternacional. As suas atuações explosivas e imprevisíveis são já a imagem de marca da banda, oscilando as sonoridades entre o folk, o blues, o rock’n’roll e o punk. A banda, segundo os especia-listas da área, “chega a meter em causa os limites da composição musical tradicional, podendo apresentar, por vezes, melodias so-turnas, com instrumentais atípicos e ruidosos, como apenas so-mente o som das botas a marcar o ritmo das canções”.

A música dos The Last Internacionale conta com “solos de guitarra”, “gritos primordiais” e “letras inteligentes e inter-ventivas”. A banda preocupa-se ainda com a crítica social, es-tando esta sempre presente.

O resultado de todas estas influências e diferentes formas de composição, de acordo com a banda, “é um novo som”, “um novo género”. Nada mais, nada menos que “Blues with Boots”.

Os The Last Internationale surgem em Nova Iorque em 2009 com a edição de autor de um álbum homónimo. Devido ao sucesso imediato, o disco foi reeditado no mercado ame-ricano em 2010. Em junho de 2011 editam o segundo álbum “Choose Your Killer”, registo que capta as raízes profundas do blues e rock’n’roll da banda, e que chegou a Portugal em ja-neiro de 2012.

Teatro no jardimda Liberdade em ErvidelA Junta de Freguesia de Ervidel organiza até ao

fim do mês a iniciativa Cesta de Animação. Hoje,

sexta-feira, no jardim da Liberdade, o teatro

chega à freguesia. “Alto e para o trabalho”, do

Teatro Fórum de Moura, sobe ao palco pelas 21 e

30 horas.

Pool Party anima noite de hoje em AljustrelA Piscina Municipal de Aljustrel acolhe

hoje, sexta-feira, a iniciativa Noite Branca

Pool Party. A festa começa pelas 22 horas

e a noite promete ser animada. O Dj Rui

Miguel e o Dj Dual X são os responsáveis por

dar muita música a todos os participantes.

O evento faz parte do programa Aljustrel

Jovem, que foi recentemente criado, e que

ocupará os jovens durante todo o ano.

A festa acolherá ainda a apresentação

do Cartão Jovem Munícipe.

As festas de Santada Serra começam hojeComeçam hoje, sexta-feira, as Festa de Santana

da Serra, no concelho de Ourique. As festas têm

início com uma corrida de touros à portuguesa

e amanhã, sábado, há espaço para um peddy-

-paper, para uma corrida de carrinhos radicais,

para uma corrida à alentejana (porco ensebado),

para um baile e para um espetáculo musical com

o duo brasileiro Leo & Leandro. No domingo há

várias atividades agendadas, destacando-se um

passeio BTT, a atuação de ranchos folclóricos,

um desfile equestre, cavalhadas, um baile e

vários momentos religiosos.

Exposição de fotografia em OdemiraAté amanhã, sábado, está patente na

Biblioteca Municipal José Saramago,

em Odemira, a exposição “Frágil”, da

autoria de José Carlos Martins. O autor

dá a conhecer ao público um conjunto de

fotografias registadas na zona envolvente

da vila de Odemira, onde captou a

fragilidade das libélulas no seu habitat.

Noites de Rua Cheia no concelho de Serpa até domingoA iniciativa Noites de Rua Cheia continua a

percorrer as várias freguesias do concelho

de Serpa e hoje, sexta-feira, em Brinches,

pelas 21 e 30 horas, atua o grupo Rastolhice.

No mesmo dia, em Pias, o grupo Ardila

dá música às gentes da terra. Amanhã,

domingo, último dia da iniciativa, há Noites

de Rua Cheia em Vila Nova de São Bento (Os

Amigos da Pinguinha), Vila Verde de Ficalho

(Shokes com Tinta), A do Pinto (Devaneios

Filarmónicos) e Mina da Orada (Ecos do

Enxoé).

DR

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facebook.com/naoconfirmonemdesminto

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Inquérito Prezado leitor, achava que era só no “Correio da Manhã” que iria ler inquéritos de verão que não interessam nem ao Menino Jesus? Engana-se, pois a Não confirmo, nem des-minto, sempre na vanguarda do que é atual e superficial, apresenta também o seu inquérito de verão. Os nossos entrevistados responderão a três perguntas: 1. A quem não pediria que lhe passasse creme nas costas, mesmo que tivesse queimaduras de 1.º grau? 2. Qual é a sua praia de eleição? 3. O que vai aproveitar para fazer durante as férias que não pôde fazer no resto do ano?

JOSÉ ROQUETTE, 75 ANOS

Pessoa que teve a coragem de suceder a

Santana Lopes na presidência do Sporting

1. Ao presidente da CGD. O pedido de insolvência do Parque Alqueva

tem a sua assinatura. 2. Qualquer uma em que as pessoas da CGD

que recusaram o financiamento ao Parque Alqueva se estejam a

afogar. 3. Se tiver tempo, gostava de puxar fogo à CGD.

MÁRIO SIMÕES, 42 ANOS

Deputado do PSD e pessoa que acha que a

Luciana devia esmifrar o Yannick até ao úl-

timo cêntimo

1. Ao deputado Pita Ameixa. É pelo contacto na pele que se apanha o

“socratismo”. 2. Barragem de Alvito e praia da Manta Rota 3. Vou ler

a Fenomenologia do Ser de Sartre. O PM teve a gentileza de me ofe-

recer a versão para iPad.

TELMO BOLA NÍVEA, 30 ANOS

Pessoa que espalhou no Facebook o boato

de que Beja vai organizar os Jogos Olímpicos

em 2028

1. À Fanny da “Casa dos Segredos”. A sério, já viu aquele vídeo em

que ela “canta” uma música em portunhol? Medonho. Pelo menos já

sabe dançar alguma coisa: é bom ver que as aulas de expressão cor-

poral com a foca do Zoomarine deram resultado. 2. Monte Gordo,

claro. É muito revigorante passar o ano a desejar passar as férias

longe de uma data de gente que não suporto e encontrá-la durante

as férias. 3. Começar a cortar nos fritos... A bola de Berlim não conta

pois não engorda.

Beja: Executivo congratula-se com descoberta da Casa da Moeda de D. João III pois assim será mais fácil reaprender a cunhar escudos

As escavações arqueológicas que decorrem nos

terrenos onde se situava o departamento técnico

da Câmara de Beja continuam a revelar descober-

tas surpreendentes. Depois da necrópole islâmica

e de uma marquise do tempo dos visigodos, o sub-

solo bejense apresenta aquela que poderá ter sido

a Casa da Moeda do tempo de D. João III – foram

descobertas grandes quantidades de moedas, a

oficina onde eram cunhadas e uma marmita com

arroz de tomate e carapaus fritos ostentando um

post it com a mensagem: “Almoço de SAR D. João

III, quem lhe tocar mete asco, vai de carrinho com

o carrasco”. Um representante do Governo, que já

admitiu que o executivo e os mercados financei-

ros rejubilaram com a descoberta e que até no ga-

binete de Vítor Gaspar se celebrou o achado com

uma garrafa de vinho de mesa, explica o porquê

de tais comportamentos: “Perante a hipótese do

euro acabar, esta casa representa a possibilidade

de reaprendermos a cunhar escudos. Além disso,

também nos estamos a tentar afiambrar a todas

as moedas de cobre encontradas para financiar os

depauperados cofres do Estado…”. Mas as opini-

ões não ficam por aqui. Fonte da Secretaria de

Estado da Numismática afirma que esta desco-

berta estava escrita nas estrelas: “Isto não pode

ser coincidência! Descobrimos estas moedas to-

das em Beja e no nosso governo está um senhor de

Beja cujo apelido é… Moedas! Deus não dorme!”.

Médicos cubanos chegam ao Alentejo numa jangada

São 17 os médicos cubanos (daqueles que con-

seguem curar as cataratas com uma espátula e

uma embalagem de Betadine) destinados a pres-

tar cuidados de saúde na nossa região, em particu-

lar no Alentejo Litoral e na Unidade Local de Saúde

do Baixo Alentejo. Ao que apurámos, os médicos,

que vieram diretamente de Cuba numa jangada,

chegaram bem, apesar da insolação, da sede e do

escorbuto: “O nosso objetivo era ir para a Flórida,

mas o sacana do Ramón enganou-se, virou logo

na primeira rotunda à direita e aqui estamos… É

bem-feita para não voltar a comprar um GPS dos

chineses”, afirmou um obstetra da terra de Fidel

e Raul Castro. “Estamos muito entusiasmados e

gratos por estar no centro da Europa! Estamos a

duas horas de Lisboa, a uma do Algarve, a duas

de Sevilha, a 12 de Belgrado e a 27 de Jakarta.

Também posso adiantar que aproveitámos a via-

gem para aprender português com as maiores re-

ferências de Portugal: José Mourinho e Cristiano

Ronaldo. O que é que já sabemos dizer? Frases

como: “Onde é que posso fazer a mudança de óleo

do meu Ferrari”, “O Jorge Mendes ligou?”, “Eu uso

Linic for men”, “Eu não sou convencido, o meu ego

é que é grande”, … Foi muito bom, assim já con-

seguimos ir ao restaurante e não passamos fome,

não é?”.

A pretensão de fechar o posto da GNR está a indignar as gentes

de Ervidel. Recorde-se que a população vive assustada com

alguns delitos registados naquela zona, como o ocorrido há

uns meses em Montes Velhos: o assalto com recurso a uma

catana fez aquela freguesia do concelho de Aljustrel parecer

a linha de Sintra às 3 da manhã depois de um acidente

nuclear. Contudo, segundo apurámos, o MAI terá já proposto

uma alternativa ao encerramento do posto: a redução do

contingente com três efetivos a um espantalho vestido de

GNR. “Ao contrário do que se possa pensar, o espantalho

representará um elemento disuasor para a bandidagem

porque estará equipado com um moderno sensor que deteta

movimentações suspeitas e reproduz frases ameaçadores que

um GNR normalmente diria, como: “O senhor não viu o sinal

de sentido proibido?”, “Dura lex sed lex, meu amigo!”, “O meu

amigo até podia ser filho do PR, paga como os outros” ou

“Outra boca à Duarte Lima e vai passar a noite ao quartel…”.

Ervidel: Administração Interna quer reduzir o número

e agentes da autoridade a um espantalho vestido de GNR

notÍcias

de rodapÉ

Ana Cabecinha (natural de Baleizão) teve uma excelente participação nos Jogos Olímpicos, terminando a prova de 20 quilómetros marcha em 9.º lugar. A atleta portuguesa foi das poucas que não desmaiou por causa do tempo: “Só pen-sava, se faz calor em Londres, como não estará em Beja! Isto é para meninos…”.

Utentes em Serpa que protestam contra o encerramento das Urgências que nunca tiveram, reclamam contra a impossi-bilidade de esperar por uma consulta de urgência durante seis horas, insurgem-se contra a impossibilidade de proces-sarem alguém por negligência médica e mostram desagrado por não terem possibilidade de estarem na sala de espera e não entenderem nada do que sai dos altifalantes.

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Nº 1582 (II Série) | 17 agosto 2012

RIbanho POR LUCA

FUNDADO A 1/6/1932 POR CARLOS DAS DORES MARQUES E MANUEL ANTÓNIO ENGANA PROPRIEDADE DA AMBAAL – ASSOCIAÇÃO DE MUNICÍPIOS DO BAIXO

ALENTEJO E ALENTEJO LITORAL | Presidente do Conselho Directivo José Maria Pós-de-Mina | Praceta Rainha D. Leonor, 1 – 7800-431 BEJA | Publicidade e

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da Redacção Alberto Franco, Aníbal Fernandes, Carlos Júlio, Firmino Paixão, Marco Monteiro Cândido Provedor do Leitor João Mário Caldeira | Colunistas Aníbal

Coutinho, António Almodôvar, António Branco, António Nobre, Carlos Lopes Pereira, Constantino Piçarra, Francisco Pratas, Geada de Sousa, José Saúde, Rute Reimão

Opinião Ana Paula Figueira, Bruno Ferreira, Cristina Taquelim, Daniel Mantinhas, Filipe Pombeiro, Francisco Marques, João Machado, João Madeira, José Manuel Basso,

Luís Afonso, Luís Covas Lima, Luís Pedro Nunes, Manuel António do Rosário, Marcos Aguiar, Maria Graça Carvalho, Martinho Marques, Nuno Figueiredo | Publicidade

e assinaturas Ana Neves | Paginação Antónia Bernardo, Aurora Correia, Cláudia Serafim | DTP/Informática Miguel Medalha | Projecto Gráfico Alémtudo, Design e Comunicação

([email protected]) Depósito Legal Nº 29 738/89 | Nº de Registo do título 100 585 | ISSN 1646-9232 | Nº de Pessoa Colectiva 501 144 587 | Tiragem semanal 6000 Exemplares

Impressão Empresa Gráfica Funchalense, SA | Distribuição VASP

www.diariodoalentejo.pt

Hoje, sexta-feira, são esperadas poucas nuvens e a temperatura oscilará entre os 16 e os 35 graus centígrados. Amanhã, sábado, o céu estará limpo e no domingo o sol deverá brilhar em toda a região, prevendo-se uma subida da temperatura.

Feira Histórica e Tradicionalde Serpa regressa de 24 a 26

A revolução de 1383-1385 vai estar em destaque na

5.ª edição da Feira Histórica e Tradicional de Serpa,

que decorre no centro histórico da cidade, entre os

próximos dias 24 e 26. Música, falcoaria, torneios

de armas a cavalo, danças palacianas, do povo e do

ventre, animação de rua e oficinas são algumas das

propostas do evento. O certame inclui ainda uma ceia

medieval.

Portugal, Itália e Galizano Festival Sines em Jazz

Kekko Fornarelli Trio, liderado por um dos melhores

pianistas e compositores de jazz italianos, abre na

próxima quarta-feira, dia 23, pelas 21 e 30 horas, o

sexto festival Sines em Jazz, que decorrerá até ao dia 25

no auditório do Centro de Artes. Segue-se, às 22 e 45

horas, Cornettada, trio de bateria, contrabaixo e piano

que trabalha repertórios menos conhecidos de Ornette

Coleman, “um dos génios do free jazz”. Completa o

programa do primeiro dia do festival, à meia-noite,

a banda Cró!, oriunda de Vigo, Galiza, uma mistura

de “sentimentos” de jazz, música clássica e rock, com

vídeo em tempo real. No dia 24 os destaques vão para

Kolme, “que apresenta uma nova perspetiva do trio

de piano, provavelmente a formação mais marcante

na história do jazz pós-bebop” (21 e 30 horas); para

Elisa Rodrigues, considerada uma “das vozes mais

promissoras do jazz feito em Portugal”, e que será

acompanhada pelo pianista Júlio Resende (22 e 45

horas); e para The Mingus Project, com “a participação

de cinco dos melhores músicos de jazz a trabalhar em

Portugal” (meia-noite). Para o último dia de festival,

o programa propõe concertos com RED Trio, “uma

formação com amplo reconhecimento internacional

e uma abordagem original ao clássico trio de piano”

(21 e 30 horas); com um quarteto composto por Joana

Sá, Pedro Sousa, Manuel Mota e Margarida Garcia,

“alguns dos mais notáveis improvisadores nacionais”,

e que fazem a sua primeira atuação pública (22 e 45

horas); e com Kubik, projeto de música eletrónica

de Victor Afonso, artista da Guarda com larga

experiência no rock, na improvisação e na música

experimental (meia-noite). O festival é organizado

pela Associação Pro Artes e tem o apoio da Câmara

Municipal de Sines.

Clara Palma é a voz do projeto be-jense Cantigas do Baú, um grupo de música de raiz tradicional.

Entrou nesta aventura em 2011 e ga-rante que “está a ser uma experiência de aprendizagem e crescimento pessoal”. A técnica de recursos humanos garante que está de “alma e coração” neste pro-jeto, até porque o importante é que não se perca este património que é de todos.

É o rosto feminino do grupo Cantigas do

Baú. É a sua primeira experiência na mú-

sica? Como surgiu esta vontade?

A música fez sempre parte dos meus in-teresses pessoais. Em miúda fiz parte de um grupo de mensagem cristã. Foi uma experiência maravilhosa. Também neste projeto assumia as funções de vo-calista. Paralelamente escrevia as letras das canções e aventurei-me na constru-ção melódica de alguns dos temas. As Cantigas do Baú assumem um perfil completamente diferente, quer pela ma-turidade dos elementos do grupo, quer pelo estilo musical. Os músicos Luís Melgueira, João Nunes e Gabriel Costa) já pensavam neste projeto há algum tempo e convidaram-me para integrar o grupo. Para mim foi ouro sobre azul.

Traz o Alentejo na voz e agora pode levá-

-lo, através da música, a muitos mais sí-

tios. Como está a ser esta experiência?

Está a ser uma experiência de aprendi-zagem e crescimento pessoal. O “baú” da música tradicional tem temas muito belos ao nível das letras. O segredo está na simplicidade das palavras: os senti-mentos e a vida assumem configurações pouco usuais noutros estilos musicais.

Cantigas do Baú é um grupo de música

Clara Palma43 anosNatural de Montedo Salto, Castro Verde

Formou-se em Psicologia Social e fez uma pós-graduação em Gestão de Recursos Humanos por Competências. Trabalha na EDIA há 17 anos e, se primeiro passou pelo Gabinete de Comunicação e Relações Públicas, atualmente desempenha funções na área de Gestão de Recursos Humanos. Foi radialista e chegou, inclusive, a ter carteira de jornalista de imprensa regional. A música sempre fez parte da sua vida e dá voz às Cantigas do Baú. É mãe, esposa e ainda Carmelita Missionária Secular. Uma das suas “missões” é ser catequista de adolescentes. Entre tantas atividades ainda tem tempo para animar a liturgia de sábado à tarde, na Paróquia do Carmo, em Beja.

de raiz tradicional. Considera que há

hoje uma maior preocupação em pre-

servar e recuperar as vivências antigas?

Sem dúvida, e a todos os níveis. Penso que a geração a que pertenço tem um de-sejo enorme de fazer a ponte entre a vi-vência dos seus avós e o legado que quer deixar às gerações futuras. Muitos jo-vens estão já contagiados por este desejo de ir ao encontro das raízes da nossa cultura. E esse encontro pode dar-se de diferentes formas, assumindo um ca-riz mais ou menos conservador, mais ou menos inovador. O importante é que não se perca este património que é de todos.

E a paixão pela rádio continua a existir?

Quem faz rádio durante algum tempo fica sempre com o “bichinho”. Durante seis anos da minha vida profissional de-diquei-me exclusivamente a fazer rá-dio. Comecei na Rádio Pax, nos bons ve-lhos tempos da pirataria. Depois, mais a sério, trabalhei em animação de pro-gramas e cheguei a ter “carteira de jor-nalista da imprensa regional” num verdadeiro processo de equivalências (risos). Atualmente não posso dizer que faço rádio, mas colaboro com a Rádio Voz da Planície quando me solicitam. Dá para matar a saudade.

Onde pode chegar agora na música a

técnica de recursos humanos?

O futuro a Deus pertence. Estou de alma e coração nas Cantigas do Baú e o meu futuro musical depende do futuro do grupo. Temos um repertório muito bo-nito e o meu desejo é que o trabalho que estamos a gravar neste momento te-nha boa aceitação e que isso nos per-mita levar as “nossas” cantigas estrada fora. Bruna Soares

Clara Palma e as suas várias atividades

A voz de Cantigas do Baú

PU

B

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