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Reedição da Revista aula Magna, projecto editorial em Design de Comunicação.
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aulamagnaOUTUBRO DE 2009 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA MENSAL
a fabulosa determinação de
Rita Redshoes
o que promoteram os partidos para o ensino superior
NÚMERO
02
Pegou a moda das bandas estudantis.Quando apostámos nesse conceito, na nossa edição 00, parecia incrível que ninguém falasse nisso. Metade dos novos talentos do nosso país nascem nas universidades e nos politécnicos e ninguém reparava. O assunto deu que falar, apareceram concursos e até universidades a criar base de dados. A todos batemos palmas e só temos pena de não podermos ajudar mais.Dissemos desde o início, que o mundo muda, muda mesmo, muda todos os dias e a única questão é saber por quem e por onde muda. Cá está um exemplo de como se pode mudar um bocadinho do mundo, lançar uma luz sobre uma parte dele que estava escondida. alguém divulga daqui, alguém organiza um concerto ou concurso dali e o mundo académico inteirinho se enche de graça para ver a banda passar.É por aí que queremos ir, pelas bandas, pelos grupos de teatro, pelos núcleos políticos que andam a lutar pela descida ou pela subida das propinas, pelos projectos científicos e por quem faz seja o que for e não deixa que o pouco tempo de estudante das nossas vidas seja todo gasto apenas em aulas e a ver televisão.Deixa lá o sofá em paz e a televisão. Vem publicar a foto que fizeste da banda dos teus colegas, vem falar neles, vem dizer-nos o que pensas sobre o RJIES e o MCTES e todas as siglas que mais ninguém senão os estudantes conhecem, vem publicar o teu poema, o teu conto ( em papel ainda não publicámos nenhum, mas no nosso sítio de internet , a secção literária é das mais movimentadas).A Aula Magna ainda mal começou e já passaram dezenas de estudantes pelas nossas equipas, já se inscreveram centenas no nosso sítio. Não chega, queremos mais. Não somos um simples projecto de comunicação social, somos uma escola. Os fotógrafos, os jornalistas, os acessores de imprensa, os grafistas e paginadores do futuro passam por aqui. Não te esqueças que isso também é para ti. Não te esqueças que este é o único projecto comunitário do país que se pode dar ao luxo de te dizer: Não te perguntes sobre o que podes fazer pela Aula Magna, pergunta-te sobre o que a Aula Magna pode fazer por ti. Colabora.
Inscreve-te em www.aulamagna.pt imagem de capa autor desconhecido
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Parcerias
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Editorial 02
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Band of Horses na Aula Magna da Universidade de Lisboa (Fevereiro de 2011)
Data do evento: Seg, 07/02/2011 - 21:00 Local (ligação): Reitoria da Uni-versidade de Lisboa
Os Band of Horses vêm a Portugal apresentar o seu novo álbum Infinite Arms.Ticketline (+351 707 234 234 das 11h às 20h de seg a sex e das 13h às 20h aos sáb, dom e feri-ados), Centros Comerciais Dolce Vita (Coimbra, Ovar, Vial Real e Porto), Fnac, Livraria Bulhosa (Oeiras Parque), Lojas Abreu, Lojas Bliss (Oeiras Parque e Fórum Montijo), Lojas Worten, MegaRede.
Rosana da Aula Magna da Universidade de Lisboa (Outubro de 2010)
Data do evento: Sáb, 09/10/2010 - 21:00 Local (ligação): Reitoria da Universidade de Lisboa Con-certo adiado para 26 de Fevereiro de 2011
Swans na Aula Magna da Universidade de Lisboa (Abril de 2011)
Data do evento: Sáb, 09/04/2011 - 21:00 Local (ligação): Reitoria da Universidade de Lisboa
Concerto de apresentação do álbum My Father Will Guide Me Up a Rope to the Sky.Bilhetes: Ticketline (+351 707 234 234 das 11h às 20h de seg a sex e das 13h às 20h aos sáb, dom e feriados), Centros Comerciais Dolce Vita (Coimbra, Ovar, Vial Real e Porto), Fnac, Livraria Bulhosa (Oeiras Parque), Lojas Abreu, Lojas Bliss (Oeiras Parque e Fórum Montijo), Lojas Worten, MegaRede.Também na Agência ABEP, Agência Alvalade, CTT e El Corte
Agenda
ANFITEATRO
Eleições legislativas
O financiamento do ensino superior vai mudarAnalisámos os programas dos partidos, ainda antes de se conheceros resultados das legislativas, e percebemos que a maneira como o dinheiroentra nas instituições vai mudar. PS quer manter o valor das propinas, talcomo o CDS, no caso de o aluno seguir logo para mestrado, PSD é omisso,enquanto que PCP e BE pretendem a sua abolição
texto João Pedro Barrosfoto Catarina Fernandes |
Uma análise aos programas eleitorais dos cinco partidos com assento parlamentar permite, desde já, ter uma certeza sobre o futuro ensino superior: o modelo de financiamento vai mudar. A alteração do actual regime só não é assumida de forma directa no documento elaborado pelo CDS-PP, sendo que o PS fala num financiamento «a distribuir por fórmula, que assegure os recursos necessários às instituições». No entanto, isso não quer dizer que os socialistas assumam qualquer tipo de sub-financiamento das universidades e politécnicos, no final de uma legislatura em que várias instituições se queixaram
de não ter sequer verbas para as despesas correntes. «As regras não eram clarificadoras, eram sustentadas no número de alunos e prejudicavam as instituições em crescimento», esclareceu à Aula Magna o socialista Manuel Mota, coordenador do grupo de trabalho para o ensino superior da Assembleia da República. Para o PSD, a questão será abordada através da «aplicação de critérios transparentes para o financiamento público do ensino superior, assente numa base plurianual e de contratualização de objectivos».A Aula Magna tentou auscultar a opinião do deputado Pedro Duarte, mas não foi possível
O PS quer duplicar o número de bolsas Erasmus, atingindo as 12.000
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As opiniões veiculadas são da exclusiva responsabilidade dos seus autores e não reflectem necessariamente a opinião da revista ou dos seus colaboradores. Interdita a reprodução, mesmo parcial, de textos ou imagens por quaisquer meios e para quaisquer fins.
obter as suas respostas em tempo útil para esta edição. De qualquer forma, os social-democratas consideram, no programa de governo, que se assistiu ao «estrangulamento financeiro das mais importantes instituições» e à «escolha discricionária daquelas que seriam premiadas com apoios financeiros». Para o PCP, deveria assistir-se, pura e simplesmente, à revogação da actual lei do
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financiamento, acabando com o recurso às propinas. Os bloquistas também defendem uma maior dotação orçamental e abolição das propinas como regime ideal, mas contentar-se-iam, para já, em ver implementada uma nova fórmula de fixação do seu valor, indexado ao salário mínimo nacional. No programa dos «laranjas», há um ponto que poderá causar alguma polémica: o incentivo à participação dos estudantes no financiamento dos seus estudos, através de trabalho a tempo parcial nas instituições de ensino superior ou de estágios de Verão remunerados. Apesar do aparente cunho liberal e revolucionário, esta situação já acontece em algumas universidades, se bem que de forma discreta e com verbas modestas. Voltando ao programa socialista, a sua medida mais inovadora é a criação de um mestrado de Especialização em Tecnologias e Sistemas de Informação, dirigido a licenciados de qualquer área, com prioridade para os que se encontram à procura de emprego. Esta formação destina-se maioritariamente aos licenciados na área das humanísticas, de forma a tornar o seu currículo «mais apelativo» e adequado às necessidades das empresas, como explica Manuel Mota. Para concretizar esta medida, serão chamadas a contribuir instituições públicas e privadas, sendo ainda suscitada a colaboração de empresas e associações empresariais. A criação de gabinetes de apoio ao emprego e ao empreendedorismo, em todas as instituições de ensino superior e de forma articulada, é outra aposta vincada.
Ainda o RJIES O Regime Jurídico dasInstituições de Ensino Superior (RJIES),que implicou uma profunda reforma das estruturas de gestão do ensino superior, e cujos efeitos se fazem sentir há aproximadamente um ano, ainda gera polémica nos programas eleitorais. O RJIES foi aprovado na Assembleia da República em Julho de 2007, com os votos favoráveis do PS e os votos contra de toda a oposição. Para Manuel Mota, «ninguém tem dúvidas» de que se tratou de um «avanço muito significativo», mas os programas partidários parecem provar o contrário. Os partidos mais àesquerda (BE e PCP) pretendem mesmo a
O PSD vai incentivara participação dos estudantes no financiamento dos seus estudos, através de trabalho a tempo parcial ou de estágios de Verão remunerados
sua anulação e, em sentido aparentemente contrário, o PSD propõe um reforço da autonomia das instituições.Outro ponto sempre polémico é o dos numerusclausus, que limita as admissões ao ensino superior. O programa do CDS-PP tem um enfoque particular nessa área, preconizando que os alunos com classificação mínima de Bom (15 valores) possam inscrever-se sem limitações no curso para o qual se sentem vocacionados. A questão também é abordada pelos comunistas, que pretendem a eliminação total dos numerus clausus.Quanto às propinas, o PS propõe a manutençãodos valores, no que diz respeito às licenciaturas, em termos reais. O programa do PSD nem inclui a palavra «propinas», enquanto que o CDS-PP prevê a manutenção dos valores estabelecidos para a licenciatura na passagem para mestrados, quando os dois graus forem obtidos consecutivamente. O BE alarga a proposta também para os estudos com vista ao grau de doutor, mas defende a gratuitidade defrequência como regime ideal.O PCP dá relevo à acção social, defendendo
que ela deve permitir que «todos os cidadãosque satisfaçam as condições de acesso» possam frequentar o ensino superior, independentemente do seu rendimento. Os comunistas são também os únicos a prever a saída do sistema de ensino superior português do Processo de Bolonha, cujos modelos de aprendizagem o PSD quer ver reforçados. Terminemos esta análise com uma medida que poderá ser consensual: o PS apresenta o objectivo de duplicar o número de bolsas Erasmus, atingindo as 12.000.
Apesar de ser publicado depois, este texto foi escrito antes das
eleições legislativas de 2009, peloque, no quadro, os partidos
surgem pela ordem dos resultados das legislativas de 2005.
O CDS e o Bloco propõem propinas de mestrados como mesmo valor das de licenciatura, o Blocosempre e o CDS quandoos dois graus foremobtidos consecutivamente
O PCP defende a saídado sistema de ensinosuperior português doProcesso de Bolonha
Principais medidas
Lançamento de um programa especial para
o desenvolvimento do ensino superior,
com um nível de financiamento global
que assegure os recursos necessários às
instituições
Manutenção dos valores das propinas de
licenciatura, em termos reais
Triplicação do número de inscritos em
cursos de especialização politécnicos
Quadruplicação do número de estudantes in-
scritos no ensino à distância em Portugal e nas
comunidades portuguesas
Criação de um mestrado de Especialização
em Tecnologias e Sistemas de Informação,
dirigido a licenciados de qualquer formação
Criação de gabinetes de apoio ao emprego e
ao empreendedorismo em todas as institu-
ições de ensino superior
Investimento na acção social escolar,
designadamente alargando a rede de
residências
Duplicação do número de bolsas
Erasmus, atingindo as 12.000
Revisão do regime dos estágios obrigatórios
e reforço das condições de estágio de
estudantes e diplomados
Incentivo à participação dos estudantes
no financiamento dos seus estudos,
através de trabalho a tempo parcial nas
instituições de ensino superior ou de
estágios de Verão remunerados, como
estímulo à sua autonomia responsável e
experiência profissional
Concretização dos modelos de aprendizagem
delineados no âmbito do Processo de Bolonha
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Reforço da autonomia das instituições de
ensino superior
Aplicação de critérios transparentes para
o financiamento público do ensino superior,
assente numa base plurianual e de
contratualização de objectivos
Aplicação de uma avaliação externa eficaz
e rigorosa dos cursos superiores e de
sistemas de reconhecimento do mérito
Racionalização da rede pública de ofertas
de ensino superior
Saída do sistema de ensino superior portu-
guês do Processo de Bolonha e sua recon-
figuração autónoma dentro do espaço
internacional
Revogação da actual lei do financiamento
e a sua substituição por outra que consagre
o investimento no ensino superior,
excluindo o financiamento pela via de
propinas e atingindo níveis de financiamento
adequados para garantir ensino e
investigação de qualidade
Revogação do RJIES
Revisão dos estatutos de carreira docente
Eliminação de restrições quantitativas de
carácter global no acesso ao ensino superior
(numerus clausus)
Suporte pelo Estado, através da Acção
Social Escolar, das condições que garantam
a todos os cidadãos que satisfaçam as con-
dições de acesso a possibilidade de frequen-
tar o ensino superior, independentemente
da área de residência e nível de rendimento
Adequação da oferta à procura, assegurando
que os alunos com classificação no mínimo
de Bom possam inscrever-se no curso para o
qual se sentem vocacionados
Aumentar o financiamento das instituições
com serviços prestados a entidades diversas,
aluguer de instalações e doações específicas
Fixação das propinas de mestrados para
o mesmo valor das estabelecidas para a
obtenção da licenciatura, quando os dois
graus forem obtidos consecutivamente
Incentivo a intercâmbio de alunos e profes-
sores através de reforço de verbas para
bolsas
Fomento das parcerias entre instituições
nacionais e estrangeiras
Facilitação do intercâmbio e mobilidade
de professores de instituições nacionais
e internacionais
Incentivos fiscais nas licenças e patentes
pagas pelas empresas às institutições do
ensino superior
Incentivos fiscais para as empresas que
invistam em investigação e desenvolvimento
Reforço da cooperação com os PALOP no
domínio universitário
Prolongamento do subsídio de desemprego
a trabalhadores que utilizem o tempo em que
estão desempregados para a frequência de
um curso superior, com aproveitamento
Apoio às despesas das empresas com
empregados que concluem cursos de
nível académico superior
Revisão da fórmula de fixação do valor das
propinas, indexando-o ao valor do salário
mínimo nacional; idealmente, defesa da
gratuitidade de frequência
Fixação das propinas relativas ao ciclo de
estudos para a obtenção de grau de mestre e
doutor com o mesmo valor das estabelecidas
para a obtenção de grau de licenciado
Estabelecimento da isenção do pagamento
de propinas para todos os estudantes
a quem foi atribuída bolsa de estudo no
âmbito da acção social escolar, desemprega-
dos e estudantes cujo rendimento líquido per
capita do agregado familiar não ultrapasse o
dobro do indexante dos apoios sociais
Anulação do actual Regime Jurídico das
Instituições do Ensino Superior (RJIES) e
aprovação de uma nova lei de autonomia
que recupere os modelos democráticos
de gestão
Rejeição da lei de financiamento e dotação
orçamental adequada
Revisão do regulamento da atribuição de
bolsas
Defesa dos direitos dos trabalhadores
estudantes
Rejeição da proposta governamental de
Estatuto do Politécnico e exigência da
equiparação com as universidades
Reordenação da rede de ensino superior
Estabilidade laboral para professores e
investigadores
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LABORATÓRIO
Foi estudante de Música e de Psicologia. Desiludiu-se com a primeira, reencontrou-se com a segunda. Pelo meio, aprendeu a redifinir objectivos e a partir imediatamente para a luta. O percurso universitário de Rita Redshoes, uma das vozes mais destacadas da actualidade, tem uma única nota dominante: determinação. Mesmo quando um exame se revela mais difícil que um concerto
texto Luís Ricardo Duarte | fotografias Paulo Segadães
Tudo está bem quando acaba bem, diz uma conhecida peça de teatro de Shakespeare. No entanto, para Rita Redshoes, nascida em Loures, em 1981, o caminho até ao final nem sempre foi fácil. Depois de vários anos a lutar por aquilo que considerava um dos sonhos da sua vida (entrar na Escola Superior de Músi-ca), não resistiu ao choque de linguagens que teve. De um momento para o outro, viu-se sem chão e sem futuro. Ficou deprimida. Procurouajuda. Parecia uma tragédia para quem, desde pequena, sempre mostrou tendência para as artes. Mas transformou-se numa epopeia em vários actos, cujos pontos altos são a licen-ciatura em Psicologia e, mais recentemente, o lançamento da sua carreira musical, com o disco Golden Era.
Com este álbum e com tantos concertos que tens dado, pode dizer-se que estás a viver uma Golden Era?Sim, de certa forma… Não que alguma coisa tenha mudado na minha vida ou na minha ca-beça. Mas ter tornado real a possibilidade de tocar e cantar, e ainda por cima com uma boa receptividade, faz com que esteja, de facto, a viver um período dourado. Se calhar, para o público, aconteceu tudo rapidamente. Para mim não. Foram quase oito anos a trabalharneste disco.
E também a minha auto-realização. O que acaba por dar sentido a tudo o que fiz. Pode parecer um pouco dramático, mas a música é muito importante para mim. Passo 24 horas
de cada dia a ouvi-la, a interpretá-la e a pensar nela. Nesse sentido, assemelha-se a um mundo privado, a que poucas pessoas tinham acesso, que de repente se abriu.
Não posso dizer que sejauma pessoa atenta aoexterior. Centro-me maisno que se passa dentrode mim, no que possofazer, da forma maisperfeccionista possível
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A fabulosa determinaçãode Rita Redshoes
E é fácil viver-se com a realização de umsonho?Não posso dizer que seja uma pessoa atenta ao exterior. Centro-me mais no que se passa dentro de mim, no que ainda posso fazer, da forma mais perfeccionista possível. Realizar um sonho tem a ver com isso. Antes do lança-mento de Golden Era, estava inquieta porque não sabia se viria a realizá-lo, nem se iria ter sucesso para poder continuar a tocar, que é o meu objectivo. Agora, quando me sento no sofá à noite, tenho a calma de ter cumprido pelo menos essa parte. A inquietação, porém,não diminuiu e chama-me a atenção para cois-as que desconhecia. Sou uma pessoa ambiciosa e gostava de conquistar outros sonhos, porque sei que me vão fazer feliz.
Que outras conquistas são essas?Gostava de poder tocar em mais sítios, não só em Portugal, e que o disco também fosse ven-dido noutros países. No fundo, fazer disto a minha vida. Andar pelo mundo, porque gosto muito de viajar.
Olhando para trás, consegues descobrir o segredo do teu sucesso?Talvez a honestidade, na vida pessoal e profis-sional. E este é um disco muito honesto. Nunca me passou pela cabeça optar por um determi-nado som para vender mais. O ponto de parti-da nunca pode ser esse, tem de ser um mundo interior.
Quando é que percebeste que esse mundointerior passava pela música?É a história que se conta muitas vezes: desde pequenina que gostava de música. Tocava,
As pessoas devemestudar o mais queconseguirem, sem,no entanto, abdicaremda sua identidadee autonomia. É o quefaz a diferença
cantava e dava grandes secas à minha família com performances. Era, como diziam os meus pais, uma criança virada para as artes. A certa altura, achei que queria ser bailarina, e acabei por estudar ballet durante oito anos. Depois houve um período em que não estive ligada a nada. Até que o meu irmão comprou uma ba-teria, o que começou a mexer comigo. Sempre que ele não estava em casa eu tocava. Nessa época, também havia um grupo de teatro na minha escola, que fazia peças muito giras. Não pensava ser actriz, porque sou tímida para falar em público, mas como sabia tocar achei que provavelmente me aceitariam. Foi o que aconteceu. Fiz a banda sonora de um espec-táculo. Na primeira vez que toquei em público, pensei: «Hum, isto é muito giro». Percebi que havia ali algo que podia explorar, mesmo não sabendo como. Mais tarde, num ensaio da banda do meu irmão [Atomic Bees], o vocalis-ta faltou. Como sabia as músicas todas de cor, substituí-o. E fui ficando. A partir daí, dos 14 anos, nunca mais deixei essa ideia. Aliás, sou muito obstinada e convenci os meus pais a in-screverem- me numa escola de música.
Tiveste essa formação profissional no se-cundário, mas depois a passagem pela Escola Superior de Música não correu bem. Porquê?Por um lado, como comecei tarde a estudar música, tive de fazer um esforço redobrado no secundário. E na verdade nunca consegui acompanhar o ritmo. Por outro, o ensino da ES-Música do IP-Lisboa era demasiado fecha-do para mim. Eu vinha da pop, um universo mais livre e com mais piada. Mesmo tendo estudado canto lírico no secundário, senti um choque de linguagens, como se estives-sem a formatar-me. Nunca me habituei a essa sensação. Foi uma decisão complicada a que tomei, porque tinha sido muito difícil entrar naEscola Superior de Música, estudar e fazer em quatro anos o trabalho de sete. Musicalmente,foi um processo muito produtivo, porque compus imenso nessa altura, mas també muito conturbado.
Foi uma coisa má que acabou por se tornarboa?Sim. Fiz a minha escolha e desisti da Escola Superior de Música. Naquela idade complexados 18 anos, no final da adolescência, foi um bocado complicado não ter seguido o caminho que pensava ser o melhor para mim e ver-me obrigada a optar por outro. Marcou-me muito. Mesmo assim, nunca larguei a ideia de traba-lhar na música.
Uma prova de fogo à tua determinação.Sobretudo com todos os meus amigos a es-tudar e eu sem saber o que fazer. Tive a sorte de o David Fonseca ter ouvido o disco da banda do meu irmão. Gostou e convidou-me para integrar
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a banda do seu projecto a solo. Foi muito im-portante para mim e um momento de viragem.
Este percurso fez de ti uma militante anti-música clássica?Não, de todo. Num certo sentido, o que eu aprendi na formação clássica ainda me serve para muita coisa, como resolver problemas técnicos, vocais ou de composição. Embora eu não recorra a essa aprendizagem consci-entemente, sei que me abriu o leque de pos-sibilidades. As pessoas devem estudar o mais que conseguirem, sem, no entanto, abdicarem da sua identidade e autonomia. É o que faz a diferença.
Como surgiu depois a Psicologia?Com a desistência da ESM, fiquei deprimida,como qualquer adolescente que não vê um fu-turo à frente. Mas ao mesmo tempo, não me deixei acomodar. Fiz psicoterapia, pois pre-cisava de falar, e apaixonei-me pelo processo, que culminou num enorme enriquecimento pessoal. Quis saber mais do método, como é que a minha psicóloga chegava àquelas con-clusões e era capaz de me analisar daquela maneira. Aos 21 anos, depois de ter tirado um pequeno curso de marketing musical, entrei no Instituto Superior Psicologia Aplicada (ISPA).
E como era o teu dia-a-dia de estudante?Até ao 4.º ano tive sorte porque só tinha con-certos com o David Fonseca. O meu projecto ainda não estava a andar. Consegui embr-enhar-me nas duas coisas sem as prejudicar. Houve alturas mais complexas, em particular
Naquela idade complexados 18 anos, no finalda adolescência, foi umbocado complicado nãoter seguido o caminho quepensava ser o melhor paramim e ver-me obrigadaa optar por outro
com as frequências, mas tive colegas muito simpáticos, que compreendiam a minha situ-ação e me ajudavam com os apontamentos. Aliás, fiz bons amigos na faculdade, o que por vezes é raro.
Cantavas em festas?Não. Só tocava com o David e trabalhava nas minhas músicas quando podia.
Nunca descobriram o teu talento?Não… Porque eu também não me expunha.
Pela tua experiência, é mais difícil fazer um exame ou dar um concerto?Depende do exame… Se for de Estatística, o mais difícil é mesmo o exame. Não é fácil re-sponder, mas os concertos dão-me muito mais gozo. De longe. Por mais difíceis que sejam vários aspectos dos concertos, e alguns são, há sempre um equilíbrio entre dificuldade e pra-zer que me dá vontade de fazer mais.
A Universidade ensinou-te alguma coisa que aplicas na música e vice-versa?Acima de tudo, rigor, métodos de estudos, con-
Há quem passe muitos anos na faculdade e nunca aprenda como é que isso se faz.Também não tenho uma fórmula. Mas aprendi a separar as minhas actividades. Olhava para a agenda e pensava: «Quero fazer estas duas coi-sas, sem as comprometer». Quando começava uma, só pensava nela, deixando a outra de lado. Esse rigor e essa precisão foram-me mui-to úteis.
Porque a música é essencialmente isso, não sair da nota?Claro. Além disso, um músico não se pode cansar de tocar 20 vezes a mesma canção. De outra forma, não pode ser músico. A repetiçãoe a separação de campos são elementos muito importantes. É como tocar piano a duas mãos, cada uma a fazer o seu trabalho, ou cantar e tocar bateria ao mesmo tempo. O que aprendi rapidamente foi: «Se tenho uma frequência, vou estudar para ela, só a seguir vou tocar». O curso também me permitiu ter algo além da música.
Qual é agora o teu escape?Não tenho. É terrível. Acordo a meio da noite a pensar em e-mails ou na preparação dos es-pectáculos. Neste momento, estou muito cen-trada na divulgação do disco, não posso estar dividida.
E de onde vêm os sapatos vermelhos?
Acabaste recentemente o estágio. A ex-periência correspondeu às expectativas? Plenamente. Coincidiu com o período de lan-çamento do disco e de grande exposição, pelo que comecei com algum receio, pois não sa-bia como as pessoas iam reagir. Claro que há muitos psicólogos que são figuras públicas, mas queria que a minha pessoa interferisse o menos possível. Foi uma experiência muito curiosa e interessante, um apanhado do que tinha aprendido em quatro anos e também a altura em que estive mais próxima do que me levou a tirar o curso de Psicologia. Na verdade, é preciso saber muito para se ser bom nesta área. Ajudou-me ter vivido algumas coisas. Não sei se vou exercer, não é algo que tenha presente neste momento, mas é um grande desafio. É pena que nas conversas do dia-a-dia haja uma ideia errada da terapia. É tudo menos esotérico.
E a música também é terapêutica?Há estudos que dizem que sim, na linha da musicoterapia. Não é, contudo, uma área que me interesse particularmente, porque como tenho uma ligação à música acho que não con-seguiria separar as coisas. Mas para mim, de certa forma, é uma terapia, como provavel-mente para muitos músicos. Talvez por ter um sentido transcendente, que mexe com a cria-tividade ou com um imaginário menos real e pragmático. Tudo o que nos eleva um bocadin-ho tem sempre essa componente terapêutica, libertando-nos para explorar outras coisas.
centração e separação das águas.
Têm a ver com o imaginário do Feiticeiro de Oz, com algo ingénuo e sonhador, e com o lado mais feminino dos sapatos vermelhos, sexy e um bocadinho rock n’ roll. Uma música do Bob Dylan aborda precisamente isso, ao falar de uma personagem que age como uma mulher, mas depois chora como uma menina. Também eu salto de mulher para menina, tenho isso tudo dentro de mim. Interessa-me explorar es-ses universos imagéticos distintos.
O que sobressai nos teus telediscos.Precisamente. Mais do que me esconder atrás deles, estes são elementos que mostram a for-ma como componho e vejo as minhas músicas, que passam muito por imagens. Não há pro-priamente uma história, mas um ambiente. Um conjunto de referências, cores e situações que fazem parte do meu universo musical.
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Não é fama sem proveito: no ISCTE é que é 30 de Setembro (Qua) e 1 de Outu-bro (Qui) - Mega Festa do Caloiro 2009, no Parque das Nações
Tânia Elias confirma: «As melhores festas são as do ISCTE». Não se trata, garante, de fama sem proveito, nem de fundamentalismos de quem defende a faculdade onde estuda. É o «espírito» e o «ambiente» que as envolve que faz a diferença. Também não se pode dizer que a música seja a melhor ou que o bar seja o mais barato. Apenas que um conjunto de factores, como o espaço, a boa disposição dos estudantes da casa e o estatuto que atingiu nos últimos tempos, transformam cada festa numa noite inesquecível. Tânia Elias já se prepara mais um intenso ano lectivo. Para abrir o apetetite, não vai faltar à próxima Mega Festa do Caloiro 2009, no Parque das Nações, dias 30 de Se-tembro (Qua) e 1 de Outubro (Qui). Além das barraquinas, há muita música garantida, com actuações de NBC & Os Funks, DJ Enigma, Makongo, Nuno Lopes Dj Set e You Should Go Ahead.
Tânia EliasISCTE
Improvisar até comporJantar do Caloiro, na primeira semana de Outubro
Não tem sido fácil encontrar o tom certo para as festas da Escola Superior de Música. Há muita matéria-prima. Uns quantos instrumentos que, em conjunto, poderiam criar uma sinfonia electrizante e prolongar as noites por vários anda-mentos. Só falta mesmo, como explica Jorge Barroso, trompetista de vocação, o espírito académico, que tem andado fora da pauta. É verdade que as várias licen-turas têm tido aulas em espaços separados e que a disponibilidade dos estudantes é reduzida, pois muitos já trabalham. Mas vontade não falta. Para este início de ano lectivo, estão previstas muitas actividades de recepção aos novos alunos. Um jantar do caloiro na primeira semana de Outubro e festas à cadência do compasso escolar. A ideia é organizar também alguns concertos. No fundo, improvisar até se conseguir compor a partitura perfeita.
Jorge BarrosoP. da DAE da ES-Música do IP-Lisboa
Joana SantosEx-P. da DAE da ES-Turismo e Tecnologia do Mar do IP-Leiria
Animação em tracção total Até 15 de Outubro, em vários bares de Peniche
Já tem as malas prontas. Joana Santos vai para Lodz, na Polónia, em Erasmus, frequentar a Faculdade de Economia. As expectativas são altas, mas provavelmente será difícíl encontrar lá fora um ambiente nocturno tão animado como o que teve cá dentro. Em Peninche, as festas são constantes. Por semana, há sempre duas, em vários espaços da cidade, à segunda-feira, organizadas por núcleos, e à quinta, da responsabilidade da AE, com muitas noites temáticas. Aqui não se brinca em serviço, assegura Joana Santos. A prová-lo está a grande recepção ao caloiro, que teve início a 21 de Setembro e se prolonga até ao próximo dia 15 de Outubro. É tracção total, num 4x4 de arromba. Quatro semanas seguidas, com quatro festas em quatro dias, à segunda, à terça, à quarta e à quinta. Para todos os gostos. E todos os terrenos.
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Bandas Estudantis
The Ramblers
Nenhum dos membros era nascido na altura, mas isso não os impede de se definierem como herdeiros dos anos 50, 60 e 70. É que para os The Ramblers a juventude não é sinónimo de inexperiência, nem de falta de bom gosto. E o convite está feito: «Won’t you come to the blues nest?»
Nome:Retirado da música dos Rolling Stones, Midnight Rambler
Data de criação:Fevereiro de 2007
Membros da banda:Luís Nunes (Lou), do ISCTE, de Lisboa, baixista,Ricardo Lopes (Richards), guitarrista e harmónica,Luís Pinto (Lewis), teclista, ambos do IS-Técnicoda U-Técnica de Lisboa, Mafalda Raposo (Rosie),vocalista, e Ricardo Ferro (Ferro), baterista
Género:Blues Rock
Influências:Os grandes mestres dos blues e rock n’ roll das décadas de50, 60 e 70, assim como o soul, jazz e funk da mesma época. Em concreto: Muddy Waters, B.B. King, Eric Clapton, Stevie Ray Vaughan, Albert Collins, Buddy Guy, Janis Joplin, Jimi Hendrix, Rolling Stones, Elvis Presley, Chuck Berry, Led Zeppelin, Jefferson Airplane ou Bob Dylan, entre muitos outros.
Próximo concerto:.Catacumbas Jazz Bar, no Bairro Alto, em Lisboa, dia 16de Outubro, Sex, às 23h30.
Sítio oficial:www.myspace.com/theramblersbluesrock
Mais fotografias, textos e vídeos emwww.aulamagna.pt
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Procuram-se mulheres para competir
No desporto de lazer, as mulheres já suplantam os homens em algu-mas universidades, mas perdem claramente na vertente competitiva. No entanto, as equipas femininas têm vindo a aumentar
No ano lectivo de 2007/08, mais de 53 por cento das vagas no ensino superior em Portu-gal foram ocupadas pelo sexo feminino. Este domínio já não é novo, mas le-vou a revista Aula Magna a colocar a seguinte questão: será que esta proporção se mantém no desporto universitário? As perguntas levaram-nos a duas realidades distintas: na vertente com-petitiva, o domínio é fortemente masculino; na vertente de lazer, o número de mulheres suplanta, muitas vezes, o dos homens. «O fenómeno desportivo académico está muito concentrado nos homens. De acordo com dados de 2007/08, a proporção de mul-heres de cerca de 30 por cento», revela André Couto, presidente da Federação Académica do Desporto Universitário, que não possui in-dicadores relativamente à prática recreativa. De acordo com o dirigente, a diferença é mais gritante nas modalidades individuais, mas «há um crescimento grande em termos de equipas femininas». No entanto, tal não é suficiente para criar um campeonato universitário de futebol ou de hóquei em patins. «Vamos tentar lançar este ano um torneio de râguebi feminino», adian-tou. A adesão ao desporto sem fins competi-tivos depende muito das condições oferecidas. A Universidade de Lisboa (UL) tem ao dispor dos estudantes a Academia ULness, um espaço com 2 salas desportivas, no Campo Grande. De acordo com Duarte Lopes, responsável pelo Departamento de Desporto da UL, as inscritas representam 70 a 75 por cento. O mesmo acon-tece na Universidade de Aveiro (UA), onde há várias modalidades de academia disponíveis.No Instituto Politécnico do Porto (IPP), o número de praticantes em recreação é infla-cionado pela importância do futsal, esmaga-doramente praticado por homens. Porém, na vertente competitiva, o IPP tem equipas de bas-quetebol e andebol feminino, dois dos desportos mais populares entre as estudantes portuguesas,
texto João Pedro Barrosfotografia Maria Roque dos Santos
«Para um homem,pode bastar amotivação de praticardesporto com amigos,e não importa se obalneário está frio.Para as mulheres, nãoé tanto assim»
e uma equipa de hóquei em patins mista.Equilíbrio no centro da Europa «A realidade das universidades no centro da Europa não é esta, aí a diferença entre sexos quase que não se verifica», salienta Augusto Paulo, coorde-nador do gabinete de desporto da Associação Académica da UA. Em Aveiro, a disparidade entre sexos levou mesmo a medidas para «chamar alunas à competição»: «Criámos uma liga interna de futsal, por cursos, e este ano já
temos 15 equipas», destaca o técnico despor-tivo. Contudo, o material de corfebol (uma modalidade que exige equipas mistas, com quatro homens e quatro mulheres) está arma-zenado à espera de interessadas. Na opinião de André Couto, a baixa participação feminina na competição desportiva universitária está relacionada com o facto de haver poucas mul-heres «profissionais do desporto e dirigentes associativas». «Na FADU, em 15dirigentes, só há duas raparigas», nota. Para Duarte Lopes, a qualidade das instalações desportivas pode ser um factor determinante: «As pessoas são mais exigentes do que há 20 anos. Para um homem, pode bastar a motivação de praticar desporto com amigos, e não importa se o balneário está frio. Para as mulheres, não é tanto assim».
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Desporto
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Lisboeta republicanodo MinhoRojões com arroz de sarrabulho no centro de Lisboa? Sim, acompanhados por verde tinto servido em tigelas. Este Grémio fica em Campo de Orique junto aos Alunos de Apolo — e é um espaço com história onde se pode comer meias-doses instrutivas e muito bem servidas, por cinco eurostexto João Pachecofotografia Maria Roque dos Santos
Atrás do balcão há dois galhardetes pendura-dos. À esquerda está o do Grémio de Instrução Liberal de Campo de Ourique — a instituição criada por republicanos em 1910, padroe-ira destas mesas. O amarelo veio do Minho e tem o símbolo do Sporting Clube Courense de Paredes de Coura. Está bom de ver que a origem do espaço é republicana e a comida tem pronúncia do Minho. Mas quem tiver dúvidas pode dar uso ao A4 pendurado entre os galhardetes: «Há Vinho Verde à tigela – 1 euro cada». Chegada a tigela à mesa, fica ga-rantida a minhoticidade da casa. Aqui «vinho verde» significa «vinho verde tinto» e ao vinho tinto chama-se «vinho maduro tinto».Sabendo escolher, neste Grémio lisboeta come-se em geral bem e paga-se sempre um preço simpático. Para encontrar comidas mais interessantes e mais bem cozinhadas, a opção certa é vir ao almoço e pedir meia-dose de um dos pratos do dia. Custam cinco euros e ali-mentam um estivador. Entre as escolhas diári-as, os pratos típicos portugueses com carne ou bacalhau são os mais aconselháveis. Por exem-plo, à segundafeira há bacalhau à minhota e à quarta um bom cozido à portuguesa, com sete variedades de carne e enchidos, nabo, arroz, batata, couve, cenoura e feijão branco. Tudo numa travessinha que custa os tais cinco eu-ros. Em dias de sorte, os pratos do dia incluem rojões com arroz de sarrabulho, polvo à laga-reiro ou dobrada com feijão branco. Uma boa alternativa ao almoço é chegar à tarde, a bordo do eléctrico 28. Saindo a seguir à Estrela — no topo da Rua Domingos Sequeira — ver-se-á uma placa comemorativa sobre a porta do n.º 135, que é hoje um talho. Mantém-se gravada na pedra a memória da primeira granada da revolução republicana: foi ali que rebentou, na madrugada de 4 de Outubro de 1910.
Quem quiser saber mais sobre essas horas pode começar por ler A revolução portuguesa – 1907–1910, do carbonário Machado Santos. Mas antes, marche-se para o Grémio. À tarde, as tigelas de verde tinto ficam bem acompan-hadas por uma moirinha assada (cinco euros) ou por berbigão à Bulhão Pato (3,50 euros).Junto ao balcão poderá estar a ser discutido o último feito futebolístico do Atlético de Valde-vez, vizinho do mais modesto Sporting Clube Courense. E em meses mais quentes sairão da cozinha pratinhos de caracóis. Mas como não estamos em época de caça aos pires de caracol, valha-nos o chouriço de sangue assado — a tal moirinha. Sabe bem comê-la num restaurante familiar como este,onde a relação qualidade/preço e a minhoticidade são os pontos fortes. Seja para almoço ou petiscos, o Grémio é um bom pretexto para vir a Campo de Ourique. Aqui também se aprende.
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